zuzana licko: bio

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Licko A Typeface is the ornamental manifestation of the alphabet. Zuzana

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Typography: iPad magazine with exclusive interview

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Page 1: Zuzana Licko: Bio

LickoA Typefaceis the ornamentalmanifestationof the alphabet.

Zuzana

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00.01

Nota de editorA presente publicação é fruto do exercício académico individual de tipografia, disciplina referente ao primeiro ano do mestrado em design e multimédia da Universidade de Coimbra. Onde deveria seleccionar um tipógrafo de forma a preparar uma apresentação, paginada num formato e meio livres. Tendo que usar apenas e somente famílias tipográficas desenhadas por este, no meu caso pela tipográfa Zuzana Licko, fazendo chegar ao possivel leitor a personalidade e a obra da minha escolha, tecendo um comentário crítico.

Licko é uma personalidade que eu admiro e por isso tenho-a como exemplo a segir. Posto isto coloquei à prova os meus conhecimentos sobre a tipografia e a sua prática, desenvolvendo capacidades de composição. Rumo à inovação, e tal qual Licko o fez, decidi aproveitar ao máximo a tecnologia fazendo a publica-ção para Ipad. Decição dificíl e arriscada, mas ainda assim consciente, que me levou a despender bastante tempo a entender as especificidades técnicas deste novo suporte, por exemplo: os softwares adicionais que eram necessários.

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02.01

A revista Emigre foi fundada por Rudy Vanderlans, Zuzana Licko e mais dois holandesses em 1984, com o objectivo de dár a conhecer o que de novo se fazia na arquitecura, fotografia, poesia, etc. Devido à falta de dinheiro o texto era escrito à máquina para em seguida ser esticado, através da fotocopiadora, assumindo um formato de 29,21 cm por 43,18 cm. Este grupo de emigrantes tinham como objectivo a criação de uma revista sem limites ou regras rigidas e para isso já no segundo número Licko criou, através do Bitmap Font Tool, a Emperor, Oakland e a Emigre, com o propóstio de servir a impressão de baixa resolução. Diversas variações foram feitas, cada uma com uma quantidade de pixels diferente, como é o caso da Emperor.

A reacção do público foi tão positiva que depressa o nome da revista se fez conhecer, não só pelo o seu sonteúdo irreverente mas também pela própria apresentação da informação, através dos layouts fléxiveis de Rudy, onde a tipografia de Zuzana encontrava conforto e equilibrio. Posto isto e devido à quantidade de telefonemas que chegaram a Califórnia, a Emigre lançou, no seu segundo número, anúncios sobre como adquirir as suas fontes.

Em 1985 a Adobe lança a linguagem de programação PostScript, tornando possível o desenho de curvas perfeitas, podendo ser redimensionadas para qualquer tamanho. Mais uma vez a typedesigner que outrora tinha trabalhado com o que de mais recente a tecnologia lhe oferecia, viu-se na vontade de criar a Matrix, um tipo baseado na estrutura da Emigre, rectas de quarenta e cinco e noventa graus a constituiam. Um desenho que necessitava de pouca memória, aproveitando as vantagens do PostScript. Um ano também marcado pela criação da Modula, tipo não serifado inspirado na Emperor de quinze pixels. Possuindo um corpo geométrico, salientado pela linha vertical, uma altura-x generosa, um pouco mais até que a Emperor e uma maior abertura da curva dos ascendente. A familia incluí também uma versão com serifas.

De revista a typefoundry

Emperor, fonte desenhada em 4 variações (8,10,15 e 19 pixels)por Zuzana Licko em 1985. Quantidade de pixels usada evidênciada na imagem.

Comparação entre fontes, detalhe da diferença de pontos que as duas serifas possuem, produzindo um resulltado diferente

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02.02

Àgua

nao

logótipo da Beach Culture revista desenhada por David Carson

Triplex

Journal

No ano de 1990 Emigre possuia já um grande volume de vendas, quer da sua publicação quer das suas fontes. É neste cenário que insurgem-se alguns modernista, como Massimo Vignelli ou Paul Rand, criticando a incoerência visual patente na Emigre. O motivo que movia estas críticas, era também razão para o crescente sucesso. A quebra de preconceitos tanto na tipografia, com uso de tipos marcantes e variados, como na paginação, com o uso de gralhas orgânicas quem não eram forçadas a ser sempre as mesmas. Estavamos perante um grupo de pessoas que tinha abraçado a experimentação em detrimento de ideias preconcebidas, ou axiomas que nunca se poderiam romper, visto que segundo os ideais modernistas a beleza é só uma e é toda ela universal, o que quer dizer que as composições ritmicas de Rudy, com vairiações de grelhas e no uso da tipografia eram tidos como uma ameaça para algo tão sagrado como a beleza. Isto não quer dizer, nem que o trabalho feito na Emigre era aprior bom porque desafiava os limites,nem que era mau por o fazer, apenas de-monstra a coragem e determinação que Rudy e Licko tiveram, não desistindo, mesmo quando grandes nomes do design mundial se oposeram. Um facto curioso foi o uso da Senator, fonte criada por Licko em 1988 e feita à imagem da Modula, no logótipo da Beach Culture magazine[, revista desenhada por David Carson que irónicamente continha um artigo entitulado: “no Emigré fonts“, onde era criticada a falta de readability das fontes.

A Emigre, quase que em jeito de resposta, lança o seu número 15, em que era explicado o interesse que movia esta typefoundry e inclusivé era explicado a razão da necessidade de novos tipos. Assumindo uma forte posição, veja-se o interior da publicação, onde é dito que todos os textos daquele número foram feitos para serem vistos e lidos. Na capa desta edição lia-se uma mensagem forte, em tamanho exacerbado: “do you read me?” utilizando a Tiplex.

Um exemplo que ilutra bem o este espirito, racional e geométrico, não tivesse sido desenhado apartir de tipos bitmap anteriores. A Triplex, que incluí a versão serifada, a negrito e itálica, distanciou-se da rigidez ao fazer com que alguns caracteres poisassem sobre vértices na linha de base, ou até pelo facto das terminações serem formas orgânicas, tida por alguns como uma boa alter-nativa à helvética, aliás era esse o objectivo de Licko. Eis o processo criativo:

No mesmo ano (1990) nasceram, pela mesma mão, fontes bastante distin-tas, como é o caso da Journal que transmite o sentimento da impressão não digital, através da ausência de curvas, apenas linhas tangentes e possuindo terminações que não acentavam de forma estável, simulando os sistemas não computacionais, que eram característicos das revistas e jornais no passado.

Anos 90, o sucesso e a crítica

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02.03

BASE12BASE9

Conciliar dois meios

Em 1995 duas famílias de fontes, a Base12 e a Base 9, desenhadas por Zuzana Licko, foram um marco para o processo do desenho de fontes, pela primeira vez a harmonia que uma mesma fonte poderia ou não ter em diferentes meios foi questionada e estudada. Para perceber a existência ou não desta harmonia é necessário recuar no tempo e analisar como é que, uma fonte para ecrã era criada e quais as suas implicações aquando a sua eventual impressão.

Quando um typedesigner queria desenhar para fontes bitmap baseava-se em fontes para impressão já existentes, até porque a diferença quantitativa entre os dois meios era avassaladora. Na prática a fonte que estava a ser criada era ajustada de forma a encaixar na forma da fonte que estava a ser usada como modelo, implicando a alteração da largura e consequentemente perturbações no corpo desta, pois estes ajustes não tinham em conta a resolução do ecrã, apenas a linha de contorno do modelo que estáva a ser usado.

A quantização da informação traduzia-se noutro problema. Enquanto que no ecrã é possivel trabalhar com números racionais, na impressão isto não acontece, apenas números inteiros são permitidos, daí que o computador seja capaz de converter medidas físicas, pontos para pixeis, porém o resultado está dependente da quantidade de pixeis por polegada da máquina, originando incongruências nos espaços entre o texto aquando a impressão, onde era feita a conversão inversa (pixeis para pontos).

Tipo Base 12 e Base 9 com seis vezes as suas bases, ou seja, 72px e 54px respectivamente.Duas famílias baseadas nas fontes de ecrã de doze e de nove pontos, completando ao todo 24 tipos diferentes.

Licko resolveu estes problemas mudando de estratégia, partindo da fonte bitmap criada para ecrã para fazer a mesma mas para impressão. Como visto nas imagens anteriores, 10x10 pixeis significam mais pontos para descrever a mesma informação. Tendo isto em conta a Base 12 foi criada, sendo que os múltiplos da sua base (12,24,36,etc) foram editados à mão de forma a atingir um resultado identico em diferentes meios. Também foi criada a Base 9 para que assim os tamanhos, largamente usados, 9 e 18 também possam ser usados.

O mesmo objecto visual pode ser quantificado de forma diferente.

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02.04

Reviver para criar

Filosofia

Mrs Eaves

Cartaz promocional da Filosofia, criado em 1996 por Massimo Vignelli.

Imagem retirada da secção referente à Mr. Eaves do site emigre.com, onde as palavras printing e quality surgem em tamanho maior, ilustrando a escelência do trabalho de John Baskerville.

No número 37 da Emigre de 1996 é perceptível a mudança para um formato bastante diferente dos anteriores, mais reduzido. Nesta edição foram usadas as fontes Base-12 e Base-9. No entanto e como Licko explica em 2002, na sua entrevista à revista Eye, número 43, esta mudança de formato começou a requerer um tipo que facilitasse a leitura de textos mais longos e até porque o conteúdo da própria revista começava a incidir mais sobre a teoria do design. Iniciando a procura e recordando tipos clássicos que oferecessem um maior conforto na leitura e que fossem mais indicados para o tipo de conteúdo, Licko escolheu estudar os tipos Baskerville e Bodoni, criando revivalismos, a Mrs Eaves e a Filosofia. Esta decisão não encontrou obstáculos técnicos, por-que a própria tecnologia tinha evoluído e isso verificava-se na resolução dos ecrãs, permitindo um melhor resultado no trabalho com curvas.

Filosofia foi o nome que Licko deu à sua interpretação do Bodoni, em 1996. Denotando a sua preferência pelas variações mais geométricas de Giambattista Bodoni, e sendo fiel à sua personalidade, Licko desenhou um corpo com uma forte linha vertical com um contraste mais suave que o original, sendo por isso susceptível o uso em textos mais pequenos, as suas serifas, com os cantos arredondados, são também uma forte característica distintiva.

No mesmo ano nasceu Mrs. Eaves um revivalismo de Baskerville. Esta escolha ficou desde logo pré tomada, por força da simpatia que Licko sentia ao saber que Baskerville também tinha sido fortemente criticado. Com o nome da esposa de Jhon Baskerville. Mrs Eaves representa uma homenagem à mulher, que completou a impressão dos volumes inacabados do seu marido, e a tantos outros que o fizeram ao longo da história.

A redução do contraste é uma das principais características da Mrs. Eaves, porém o objectivo era tentar não perder o corpo aberto de J. Baskerville.A solução passou pelo ajuste da altura-x em relação à altura da caixa alta, aumentando-a, produzindo um tipo claro mesmo em textos longos.

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03.01

As sete perguntas nunca feitas

Licko aceitou responder a sete perguntas nunca antes feitas. A entrevista foi feita na totalidade via e-mail por Pedro Pinto,

Pedro Pinto (P): A sua perseverança é admirável, Architecture, Photography, Programming e Graphic Communications(GC), nunca desistiu até encontrar o curso certo. Como é que vê o que aprendeu antes do curso GC? Foi importante para a sua evolução?

Zuzana Licko (Z): Todas as várias áreas contribuíram, mas na altura não existiam cursos de tipografia na minha universidade. Além de que mesmo a nível mundial existiam muito poucos programas a ensinar tipografia. O que não acontece na actualidade, hoje em dia os estudantes têm acesso a um conhecimento mais profundo e um curriculum certificado.

P Os seus revivalismos apareceram graças à evolução tecnológica que é acompanhado pela sua enquanto typedesigner . Hoje em dia é visível a crescente utilização de revivalismos clássicos até mesmo em ecrã. Estaremos perante uma nova forma de pensar os tipos? Qual será o próximo passo?

Z Eu não posso adivinhar o futuro, mas o estado actual do design parece conservador, talvez devida a uma economia incerta.

P Nos tempos que correm é mais fácil aprender tipografia, contudo qualquer pessoa que possua um editor de fontes pode copiar e colar, alterando apenas pequenos detalhes e distribui-la no mercado. O que pensa sobre a situação actual dos direitos de autor? A educação pode ser a solução para uma consciência cívica sobre a tipografia?

Z Os direitos de autor precisam de ser actualizados, mas a lei está sempre a tentar acompanhar as mudanças tecnológicas na sociedade.

P Já alguma vez pensou o que teria acontecido se não tivesse ido para os Estados Unidos da América?

Z É impossível saber.

P Tem curiosidade no design feito no seu país natal? As suas origens influenciaram-na no seu trabalho?

Z Eu deixei a Eslováquia com sete anos, e desde então que perdi quase na totalidade a comunicação com esse país. Contudo, o facto de ser emigrante influenciou-me de alguma maneira.

P O OpenType poderá ser um perigo para os typedesigners independentes?Se sim, qual o caminho a seguir para conseguirem ultrapassar essas dificuldades?

Z Sim. A única maneira é evoluírem, percebendo os detalhes técnicos da produção ou colaborarem com alguem que perceba.

P Em todo o seu trabalho, sempre tentou criar coisas novas, mesmo que fossem inspiradas noutros trabalhos. O que faz quando não consegue trabalhar, ou quando está bloqueada? Tem algum ritual que precise de fazer antes de começar algum projecto?

Z O único ritual que tenho é sentar-me todos os dias em frente ao meu computador. Por vezes as coisas correm bem, outras nem tanto, mas eu não quero perder o ritmo apenas por não aparecer.

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04.01

O legado

Base 9 and 12

Elecktrix Filosofia Hypnopaedia Journal Lo-Res Lo-Res

Lunatix

Mrs Eaves

Soda Script

Variex

Matrix II

Mrs Eaves XL

Solex

Whirligig

Matrix II Display

Narly

Tall Pack

Modula

Oblong

Tarzan

Mr Eaves

Puzzler

Totally Gothic

Mr Eaves XL Sans

Senator

Triplex

Base 900 Base Monospace Citizen Dogma Dogma

Page 10: Zuzana Licko: Bio

00.01

Webgrafia

http://fontfeed.com/archives/an-interview-with-zuzana-licko/ http://www.eyemagazine.com/feature.php?id=62&fid=272 http://emigre.com/Licko6.php http://www.emigre.com/Editorial.php?sect=3 http://www.emigre.com/EFfeature.php?di=105 http://www.edgarafonsodesign.com/index.phphttp://typedia.com/explore/designer/zuzana-licko/ http://www.aiga.org/content.cfm/medalist-zuzanalickoandrudyvanderlans http://www.identifont.com/show?1I2 http://new.myfonts.com/person/Zuzana_Licko/ http://typophile.com/node/12166 http://emigre.com/Bios.php?d=10