wellness magazine

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w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w CAMPINAS - MAIo/juNho DE 2011 - ANo I - Nº 4 WELLNESS MAGAZINE INSTITUTO WILSON MELLO ESPECIAL CORRIDA Dieta é especial em dia de competições A importância do core training para os corredores Correr faz bem Gesto natural na infância, correr torna-se difícil na idade adulta. Mas com orientação e regularidade só traz benefícios à saúde. w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w Erros no treinamento podem levar a lesões

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Revista do Instituto Wilson Mello

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Page 1: WELLNESS MAGAZINE

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CAMPINAS - MAIo/juNho DE 2011 - ANo I - Nº 4

WELLNESS MAGAZINEINSTITUTO WILSON MELLO

ESPECIAL CORRIDA

Dieta é especial emdia de competições

A importância do core training para os corredores

Correr faz bem

Gesto natural na infância,

correr torna-se difícil na idade

adulta. Mas com orientação e

regularidade só traz benefícios

à saúde.w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w w

Erros no treinamentopodem levar a lesões

Page 2: WELLNESS MAGAZINE

Quem somos

wellness 2 maio/junho de 2011

Expediente:Wellness Magazine é um informativo do Instituto Wilson MelloCondomínio Praça Capital, Edifício Chicago, 1º andar Campinas/SP Telefone: 19 3708-9999 www.iwmello.com.br.Jornalista responsável: Ilone Vilas Boas - Mtb 24.216Edição: Ponto da Notícia Assessoria de ComunicaçãoE-mail: [email protected]: 19 3258-2742.

CoNSElho EDITorIAlWilson Mello A. Jr.Fernanda MelloFábio MirandaIlone Vilas BoasPaulo Cesar F. Penteadorenata Ciolrodrigo Vasconcelos

Foto da capa: roberto De Biasi

EDItorIAl

Correr é uma atividade democrática e segura que traz inúmeros benefícios a

seus praticantes. Ela faz bem ao coração, aos pulmões, aos ossos, à pressão arterial, aos rins, ao cérebro, aos músculos e às ar-ticulações. E tem mais: diminui o colesterol ruim e o estresse, melhora o sono e aumen-ta a libido. São tantas as indicações, que a corrida se transformou em um fenômeno mundial, haja vista a quantidade de provas que existem atualmente e o crescente nú-mero de pessoas que adotam essa atividade.

Para aprofundar este assunto, elabora-mos uma edição especial da revista Well-ness Magazine. Mostramos os benefícios de sua prática, orientamos sobre quando e como iniciar, indicamos o tipo de alimenta-ção mais adequado para dias de competição e também falamos sobre os treinamentos musculares específicos para um corredor.

Nossa especialista em pé e tornozelo, Dra. Cintia Bittar, que já foi corredora pro-fissional, recorda sua experiência e escreve sobre as lesões mais comuns entre os cor-redores. Ela faz um alerta para a necessida-de de usar tênis adequado e substituí-lo no tempo certo.

Para finalizar, ouvimos relatos de pesso-as que fazem parte do nosso Grupo de Cor-rida, contando como essa atividade esportiva tem contribuído para seu bem-estar.

Por tudo isso, a Wellness Magazine dessa vez é especial. Espero que vocês apreciem a leitura!

Dr. Wilson Mello – coordenador da equipe do Instituto Wilson Mello.

o Instituto Wilson Mello é um centro de referência em or-topedia e traumatologia, me-dicina esportiva, fisioterapia,

atividade física e centro de estudos com sede em Campinas (SP). Seu maior di-ferencial é contar com uma estrutura física completa que permite o atendi-mento integrado pelos profissionais de todas as áreas, facilitando a discussão das condutas para oferecer saúde e qualidade de vida a seus clientes.

Na parte clínica, o Instituto Wilson Mello reúne um corpo médico especia-

lizado em todas as áreas da ortopedia. A fisioterapia faz reabilitação ortopédica e esportiva de forma individualizada. E a academia atua com ênfase no concei-to de wellness, que busca o bem-estar do aluno – paciente ou público em ge-ral –, e conta também com orientação e acompanhamento nutricional.

o Núcleo de Estudos completa a es-trutura do IWMello com o desenvolvi-mento de projetos de pesquisa em or-topedia, traumatologia e reabilitação do aparelho locomotor com foco na educa-ção médica continuada.

o Instituto Wilson Mello fica na rua José rocha Bonfim, 214, Ed. Chicago, 1º andar - Condomínio Praça Capital

Jardim Santa Genebra, Campinas SP.www.iwmello.com.br - 19 3708 9999

Page 3: WELLNESS MAGAZINE

CORRIDA: QUEM PRATICA SABE O BEM QUE FAZ

A pequena larissa tem um ano e meio e, apenas cinco meses após aprender a andar, já cor-re para todos os lados. Esse

é um gesto natural do ser humano, e deveria continuar assim com o passar dos anos, mas não é o que acontece. Com o tempo, as pessoas vão limitando o ato de correr até não praticá-lo mais. Quando mais velhos, porém, surge a necessidade da prática esportiva e mui-tos vão reaprender a correr em benefí-cio da saúde. Esse movimento cresce a cada dia e envolve cada vez mais pesso-as preocupadas com a saúde e a quali-dade de vida, transformando a corrida em um evento social que dá status a seus praticantes.

Esse longo intervalo entre a juventu-de - quando se para de correr - e a ida-de adulta - quando surge a necessidade de cuidar da saúde - provoca uma perda significativa do gesto motor, da flexibili-dade e da resistência das estruturas en-volvidas no processo da corrida. “Temos menos resistência funcional, muscular e ao impacto e menor aproveitamento energético, e a corrida passa a ser algo desconfortável, difícil e muitas vezes até doloroso”, explica o educador físico Fá-bio Miranda, coordenador do Centro de Fitness & Wellness do Instituto Wilson Mello.

Ele afirma que quando se opta pela corrida como atividade física, é preciso começar com intensidades mais bai-xas, como se estivesse aprendendo a andar novamente. Em muitos casos é isso mesmo: a pessoa aprende a pisar da forma correta, fazer uma amplitude de passada mais adequada e coorde-nar braços e pernas. Existem exercícios para isso, conhecidos como exercícios coordenativos, que até atletas profis-sionais praticam para que haja melhor rendimento técnico e melhor economia

Atividade ajuda a queimar gordura e ganhar resistência, melhora a qualidade de vida e previne doenças

só, e isso várias vezes e em velocida-de, submetendo o corpo a situações de desequilíbrio constante, e para que se mantenha em linha reta e em equi-líbrio, os braços fazem o movimento de compensação dessa troca de pernas”, esclarece.

As atividades do dia a dia de um adul-to que trabalha sentado na frente de um computador são muito limitadas do ponto de vista motor, por isso as pes-soas desaprendem como fazer deter-minados movimentos. A pisada muda, a coluna adquire outra acomodação, e ao caminhar aparecem desvios postu-rais importantes, que podem ocasionar sobrecargas não-naturais em tornozelo, joelho, quadril, e evoluir a patologias fu-turas. “Quando digo aprender a andar, é aprender a ter uma postura correta, aprender a pisar, fazendo calcanhar, ponta de pé, pisando em toda sola do pé, e distribuindo melhor o peso”, explica.

Métodos de treinamentoo condicionamento cardiorrespirató-

rio é, em grande parte, ditado pela con-dição genética, por isso muitas pessoas têm mais facilidade de correr por longas distâncias, durante um longo período de tempo, e outras têm mais facilidade de correr curtas distâncias, com maior ve-

wellness 3 maio/junho de 2011

energética para cada movimento.Segundo o professor, o corpo precisa

ter uma relação correta entre muscu-latura anterior e posterior. “A partir do momento em que se dá uma passada, tem que se equilibrar em uma perna

Heloisa Jampaulo, com

o professor Júlio César: melhor exercício para desenvolver a

musculatura da perna

Fábio Miranda: para começar

a correr é preciso

aprender a postura correta

Robson Martins, do Grupo de Corrida: mais disposto e feliz desde que começou a correr

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o Centro de Fitness & Wellness do Instituto Wilson Mello criou este ano um Grupo de Corrida, que se reúne às quartas-feiras,

às 6h30, para realizar exercícios específicos. o trabalho visa melho-rar tanto a parte coordenativa quanto a parte metabólica, o que torna a prática mais segura e ajuda a melhorar a performance durante as competições. As aulas são outdoor e contam com orientação do professor Júlio César de Freitas. o grupo vem participando de provas em Campinas, como a Corrida da lua e a Corrida oba, e até o final do ano disputará várias competições, mantendo a média de uma por mês. Quem quiser fazer parte desse grupo é muito bem-vindo!

wellness 4 maio/junho de 2011

Grupo do IWMello na Corrida da Lua: participação mensal em provas de rua

1. Coração: a corrida exige que o coração aumente o fluxo de sangue para todo o corpo. As fibras do músculo se fortalecem e a cavidade aumenta. Há uma hipertrofia excêntrica do miocárdio (alteração na parede e na cavidade do ventrículo esquerdo), que melhora a ejeção sanguínea. Desta forma o coração bombeia mais sangue com menos batidas, tornando-se mais eficiente. Com o aumento da circulação sanguínea pelo corpo, aumenta também a entrada de oxigênio nos tecidos.

2. Pulmões: correr faz com que o volume de ar inspirado seja maior, aumentando a sua capacidade de respiração. Há também um aumento da quantidade de oxigênio absorvido do ar atmosférico.

3. Ossos: estimula a formação de massa óssea, aumentando a densidade e prevenindo problemas como a osteoporose.

4. Pressão arterial: correr estimula a vasodilatação, o que reduz a resistência para a circulação de sangue. Há treinos específicos para alunos hipertensos que trabalham a velocidade em terrenos planos.

5. Cérebro: aumenta os níveis de serotonina, neurotransmissor que regula o sono e o apetite. Em baixas quantidades, essa substância está associada ao surgimento de problemas como a depressão.

6. Peso: quanto maior a intensidade do exercício maior a queima calórica e de gordura. A

corrida ajuda a gastar muitas calorias, por isso favorece a perda ou manutenção do peso. Em uma hora de treino, um atleta chega a queimar até 950 calorias.

7. Colesterol: diminui os níveis de LDL (colesterol ruim). Corredores de longas distâncias têm o nível mais alto de HDL (colesterol bom), encarregado de transportar os ácidos graxos no sangue e de evitar o seu depósito nas artérias.

8. Estresse: com a corrida, há liberação do hormônio cortisol, aliviando o estresse e a ansiedade.

9. Sono: fazer atividade física melhora a qualidade de sono. Correr faz a pessoa dormir melhor. Após o exercício, o corpo libera endorfina, substância que provoca a sensação

de bem-estar e ajuda a relaxar.

10. Músculos: a corrida ajuda a melhorar a resistência muscular

os benefícios da prática regular

IWMello cria grupo de corrida

larissa Figueiredo e Eduarda Giacomello: correr deve ser uma

prática em todas as idadesPara o analista de suporte robson Martins, 31 anos, que integra o Grupo

de Corrida do Instituto Wilson Mello há três meses, a corrida o deixa mais dis-posto e feliz. “Acordo mais cedo e quando inicio o trabalho parece que estou sempre um passo à frente dos outros”, compara, ressaltando que o exercício físico é es-sencial para sua saúde, pois passou por uma cirurgia bariátrica e precisa manter o peso equilibrado. “Cheguei a pesar 130 quilos”, declara.

robson tem a companhia da esposa, heloisa Jampaulo, para correr, o que dá um ânimo extra. “Corremos três vezes por semana e ainda frequentamos as aulas de musculação”, diz. Para heloisa, além do prazer, esse é o melhor exercício para desenvolver a musculatura da per-na. “É ótimo, estou adorando”, afirma.

A empresária luciene Vieira, 48 anos, está no esporte há mais tempo e até já participou de provas tradicionais, como a São Silvestre. No IWMello há um ano, ela também acorda mais cedo para correr às quartas-feiras e garante que vale a pena. “A corrida é um esporte solitário, por isso para mim é um momento de meditar”, revela. Se no início o objetivo era apenas a boa forma física, hoje luciene sabe que os benefícios da corrida vão mais além: “É um bem-estar pleno”.

o American College of Sports Medicine e a American heart Association fazem a

seguinte recomendação quanto a frequência e intensidade do exercício aeróbico: Adultos entre 18 e 65 anos devem praticar ao menos 30 minutos de atividade aeróbia cinco dias por semana, em intensidade moderada, ou

ao menos 20 minutos em três dias da se-mana em intensidade forte. Isso é o mínimo necessário para prevenção de doenças crô-nicas relacionadas ao sedentarismo.

Se o objetivo for controle de peso ou com-petições, a frequência e a intensidade do exercício também mudam, aumentando dias

Mais disposição e bem-estar

Frequência e intensidade

locidade. É uma característica que está ligada à qualidade de cada musculatu-ra. Sendo assim, existem métodos de treinamento variados, que se adaptam às diferenças individuais, tornando a prática da corrida agradável a todos os gostos. o importante para começar a treinar é fazer exame cardiológico e avaliação física com teste de esforço, no qual se tem os dados de batimento cardíaco.

Professor Júlio César de Freitas com a corredora Luciene Vieira: treino outdoor toda quarta-feira

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wellness 5 maio/junho de 2011

Grupo do IWMello na Corrida da Lua: participação mensal em provas de rua

de bem-estar e ajuda a relaxar.

10. Músculos: a corrida ajuda a melhorar a resistência muscular

e também queima a gordura dos tecidos musculares, deixando-os mais fortes e definidos. 11. Rins: com o aumento da circulação, há também melhora da função dos rins, que filtram o sangue e reduzem o número de substâncias tóxicas que circulam pelo corpo.

12. Articulações: correr torna a cartilagem das articulações mais espessa, o que protege melhor as articulações do corpo.

13. Aumenta a libido: após 30 minutos de corrida, há um aumento da testosterona que permanece assim por mais uma hora aproximadamente. No caso das mulheres, também há aumento dos hormônios relacionados ao desejo, além de aumentar a autoconfiança.

os benefícios da prática regular

Alimentação adequada melhora desempenho

nas competições

o dia da competição é muito especial, mui-tas pessoas ficam tensas e ansiosas e

isto pode afetar não só a in-gestão, mas a digestibilida-de dos alimentos. Às vezes, alimentos que são consumi-dos diariamente podem ficar “pesados” ou provocar mal estar. Existem alimentos que, por serem ricos em gorduras (digestibilidade lenta) ou em fibras (retardam a absorção de glicose e favorecem o fun-cionamento do intestino du-rante a prova), devem ser evitados no dia da competição. Veja algumas orientações que contribuirão para melhorar o desempenho nas competições:

Véspera da prova: l Aumentar o consumo de carboidratos (pães, cereais como arroz ou milho, batata etc), que são alimentos energéticos e vão favorecer a reposição dos estoques de gli-cose do músculo para melhor performance no dia da prova. l Aumentar o consumo de carboidratos em cada refeição, pois a entrada de glicose no músculo é lenta; se no café da manhã o há-bito é consumir um pãozinho, passe a comer dois; se nos intervalos das refeições (entre café e almoço e entre almoço e jantar) tem por hábito consumir uma fruta ou uma bar-ra de cereal, aumente para duas. Coma um prato de macarrão no almoço e também no jantar na véspera de competição. l Manter porções pequenas de carnes e hortaliças (verduras e legumes) na véspera. l Quanto à hidratação, não adianta tomar lí-quidos em excesso na véspera, pois o orga-nismo se encarrega de eliminar o excedente na urina, ou seja, não armazenamos água para suprir perdas posteriores. o ideal é in-gerir em torno de 1,5 a 2 litros de líquidos entre água e sucos na véspera.

Dia da prova: l Na refeição que antecede a corrida, au-mentar o consumo de carboidratos para favorecer a reposição adequada de glicose no fígado (este estoque é gasto durante o período noturno), evitando assim quadros de hipoglicemia durante a prova.

Maria Lígia de Azevedo Valim Gobbo

Maria Lígia de Azevedo Valim Gobbo é nutricionista do Instituto Wilson Mello

l Duas horas antes de largar, comer ao me-nos 150 gramas de carboidratos na refeição que antecede a prova, que corresponde a dois pãezinhos com geléia (2 colheres de sopa) + 1 copo de suco + 1 fruta com cere-al (pode ser granola) + 1 colher de sopa de mel.l 15 ou 20 minutos antes da largada, to-mar um gel de carboidratos (sempre com um copo de água).l Em provas curtas de corrida (10 km no máximo) não há necessidade de consumir carboidratos durante o percurso, exceto se a pessoa ultrapassar uma hora para per-correr esta distância; neste caso, durante a prova (na metade), pode ser consumido um gel de carboidratos (sempre com água). l Em provas mais curtas a desidratação é menor, mas é indicado aproveitar os pontos de água e tomar no mínimo 500ml duran-te percursos de uma hora. Para dias mais quentes, tomar de 750 ml até um litro de líquidos por hora de corrida.

larissa Figueiredo e Eduarda Giacomello: correr deve ser uma

prática em todas as idades

de treino, percursos e velocidades de acordo com fatores genéticos, idade, sexo, compo-sição corporal, tempo de treino, estado de saúde etc.

Apenas após uma avaliação criteriosa é que se pode definir qual o melhor programa de treinamento para cada indivíduo.

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wellness 6 maio/junho de 2011

A importância do core training para a corrida

o core training é um sistema de treinamento e reabilitaçao que tem por objetivo o desenvolvi-mento e a melhora da ativação

da musculatura central do corpo humano. Composta por 29 pares de músculos que sustentam o complexo de quadril – coluna lombar – cintura pélvica, a musculatura central ajuda a estabilizar a coluna ver-tebral, pélvis e membros inferiores du-rante os movimentos funcionais. Quando o sistema funciona de forma eficiente, o resultado é a distribuição adequada das forças de impacto do solo e a ausência de compressão excessiva e de forças de des-lizamento que geram instabilidade sobre as articulações favorecendo a economia de energia durante a corrida.

Uma sólida base de equilíbrio muscu-lar e estabilidade da musculatura central são essenciais para corredores de rua, cujos eventos envolvem movimentos de equilíbrio, resistência muscular e potência do corpo humano. Em muitos corredo-res, porém, mesmo os que estão em nível olímpico, a musculatura central não está totalmente desenvolvida. Fraqueza ou falta de coordenação adequada na musculatura central podem levar a movimentos me-nos eficientes, a padrões de movimentos compensatórios, excesso de tensão nos músculos e tendões, resultando em lesões principalmente nos membros inferiores.

Para o desenvolvimento de uma mus-culatura central estável, o importante é trabalhar os músculos abdominais. Exis-tem dois diferentes tipos de fibras muscu-lares (contração lenta e contração rápida) que os formam, e por causa desta com-posição diferente das fibras, metodologias distintas de exercícios são necessárias para treinar esta parte do corpo.

o primeiro tipo são as fibras de contra-ção lenta, que compõem principalmente o sistema muscular local, os músculos das camadas mais profundas da musculatura abdominal. Esses músculos são mais pró-ximos do centro de rotação dos segmen-tos da coluna e, devido ao comprimento menor destes músculos, eles são ideais para o controle dos movimentos, manten-do a estabilidade da coluna vertebral du-

rante a corrida. os músculos principais das camadas

profundas incluem o transverso abdomi-nal, multífidus, oblíquo interno, transver-sospinalis e os do assoalho pélvico. A co-contração destes músculos produz uma força através da fáscia toracolombar e au-mento da pressão intra-abdominal esta-bilizando a coluna contra forças externas que agem sobre a mesma.

o segundo tipo são as fibras de contra-ção rápida, que compõem os músculos superficiais ou a camada exterior. Estes músculos possuem longos braços de alavanca que são capazes de produzir re-sultados elevados de torque, com ênfase

Dr. Rodrigo Vasconcelos é

coordenador da equipe de

fisioterapia do Instituto

Wilson Mello

na velocidade, potência e arcos de maior amplitude de movimento. os principais músculos nesta camada são o eretor da espinha, oblíquos externos e músculo reto abdominal. Estes músculos são reforça-dos pelos exercícios abdominais tradicio-nais, responsáveis por gerar movimentos de grande amplitude, como flexão, exten-são e rotação do tronco.

É importante entender que os mús-culos profundos têm padrão de recruta-mento e ativação diferente dos músculos superficiais e um programa adequado de treinamento para corredores deve in-cluir treinamento específico para o gru-po muscular profundo com o objetivo de prevenir lesões, o qual recebe o nome de core training. Porém, acontece com gran-de frequência a falta de atenção com o treinamento da musculatura central, fa-tor importante na causa das lesões que encontramos em corredores de rua, pois o treinamento é voltado somente a abdo-minais tradicionais ou musculação ge-ral. o core training utiliza modalidades e exercícios que são encontrados em aulas específicas que levam seu próprio nome, como também no pilates e em aulas de treinamento funcional.

Exercícios de core training

Dr. Rodrigo Vasconcelos

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wellness 7 maio/junho de 2011

Pés saudáveis são extremamente importantes

para os corredores. São quase mil passos por quilômetro. Cada choque do calcanhar com o solo absorve uma força de até seis vezes o peso corporal. o pé tem 26 ossos, 33 articulações e 112 ligamentos que trabalham simultaneamente e incansavelmente para podermos nos locomover. Em corredores profissionais ou amadores, o impacto com o chão, a fricção com o tênis e o suor excessivo podem resultar em lesões ou micoses, e a probabilidade de problemas acontecerem aumenta quando não há acompanhamento de um profissional especializado.

Do ponto de vista da qualidade de vida, a corrida traz ao praticante benefícios cardiorrespiratórios e musculoesqueléticos. o início da prática só é recomendado por volta dos sete anos de idade, quando o sistema nervoso central da criança já está amadurecido. Já a idade limite para continuar correndo depende mais da condição física de cada

indivíduo. A corrida é uma atividade

física segura, desde que executada da forma correta. A maioria das lesões nos corredores está ligada a erros de treinamento (frequência, intensidade e duração). outra preocupação é quanto ao calçado apropriado: depois de seis meses de uso contínuo, o tênis perde o sistema de amortecimento, precisando ser trocado. Estes fatores podem levar a sérias lesões musculares e ósseas nos pés. As mais comuns são:

• Tendinite do Aquiles - inflamação do tendão de Aquiles ou do tecido que o rodeia;

• Entorse do tornozelo - torção do tornozelo para dentro ou fora, comprometendo estruturas como ligamentos e pequenos ossos do tornozelo e pés;

• Fascite plantar – inflamação da estrutura de sustentação da região plantar dos pés associada a uma dor na região do calcanhar (quando crônico forma o esporão de calcâneo);

• Metatarsalgia - dor na região metatársica do pé;

• Dedos em garra - deformidades dos dedos do pé;

• Micose nas unhas ou entre os dedos, unha encravada, bolhas;

• Sesamoidite - dor abaixo dos dois pequenos ossos localizados sob o grande dedo do pé;

• Fratura por estresse - ocorre devido à fadiga óssea. Inicialmente a dor ocorre no final

do treinamento;• Neuropatias - as

compressões neurológicas dos membros inferiores afetam 10 a 15% dos corredores e são decorrentes de contusão, compressão, ou estiramento.

A recuperação pode variar de um a seis meses, dependendo da gravidade da lesão. Além disso, o retorno à atividade física deve ser gradativo, de preferência iniciando-se com atividades sem impacto, como bicicleta, natação e corrida na água.

Prevenção Com o avanço da tecnologia,

a baropodometria dinâmica auxilia a pessoa a saber qual é o seu tipo de pisada (pronada, neutra ou supinada) e comprar o tênis adequado. outras medidas preventivas importantes são conhecer e respeitar os limites do corpo, seguir um programa equilibrado e com a supervisão de um profissional, aquecer-se antes da prática esportiva, e aumentar a distância e a velocidade da corrida de acordo com a evolução do treinamento.

os pés dos corredores Dra. Cintia Bittar

Dra. Cintia Bittar é especialista em cirurgia do pé e tornozelo e integra a equipe médica do Instituto Wilson Mello

A paixão de Cíntia Bittar pela corrida começou aos 14 anos, quando já

competia pelo Círculo Militar de Campinas, clube que fre-quenta até hoje. Durante qua-tro anos ela treinou e competiu profissionalmente, disputando provas de 1.500 m, 3.000 m e corridas de rua, de 10 km, na categoria juvenil. Chegou, in-clusive, a defender a Seleção de Campinas em Jogos Aber-tos e conquistar importantes colocações em campeonatos regionais e paulistas pelo Cír-culo Militar.

Foi uma lesão grave na coxa, aos 18 anos, que a fez se afastar da corrida. Além disso, a aproximação do vestibular

trouxe uma nova prioridade para a vida de Cíntia, e a deci-são quanto a que curso esco-lher não foi difícil: o esporte já havia despertado seu interesse

para a medicina, mais especifi-camente para a área músculo-esquelética. “Foi por isso que decidi pela ortopedia”, conta.

o ingresso na universidade

trouxe também a oportunidade de voltar a competir, mesmo que não profissionalmente. Foi assim que Cíntia garantiu diversos troféus para a PUC Campinas, nos Intermeds – jo-gos entre faculdades de medi-cina.

hoje, médica formada e es-pecialista em pé e tornozelo, Dra. Cíntia Bittar ainda corre por hobby quatro vezes por semana. Mas o cuidado com o treinamento é essencial, pois além da lesão na coxa ela ainda se submeteu a uma cirurgia de hérnia de disco há dois anos. “Tomo todos os cuidados para continuar correndo, porque é um esporte que eu amo desde a infância.”

Médica já foi corredora profissionalCintia Bittar guarda medalhas, troféus e até a última sapatilha usada em competição

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