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GEOGRAFIA ECONÔMICA – (2018) Prof. Sérgio Magaldi. NOTAS – ECONOMIA INTERNACIONAL [PARTE#1] Ref. Bibliográficas: KRUGMAN, P. E OBSTFELD, M. Economia Internacional. 8ª ed. S. Paulo. Pearson, 2010: – CAPÍTULO 1 (Introdução), pp. 01-06; - CAPÍTULO 2 (Comércio mundial: uma visão geral), pp. 09-19; - CAPÍTULO 6 (Economia de escala, concorrência imperfeita e comércio internacional), pp. 87-114 (*partes 87-91; 98-114). - Visão Geral: Aspectos introdutórios - Fluxo Circular da Economia (interdependência de setores e agentes; abordagem macroeconômica) - Caráter cíclico da Economia (lógicas dos processos de crescimento/retração, etc). - Economia Internacional, Comércio e Geografia Econômica: - análise geoeconômica das trocas comerciais, fluxos, etc. – remete à análise das diferenças/semelhanças, assimetrias e desigualdades entre as formações socioespaciais (e suas respectivas politicas comerciais), bem como dos papéis na Divisão Internacional do Trabalho. - AUMENTO DA FLUIDEZ DOS ESPAÇOS (expansão e aceleração dos fluxos de bens, serviços, energia, pessoas, informações). - “UNIDADES DE ANÁLISE”: além dos Estados Nacionais; as firmas globais (corporações); os organismos regionais e multilaterais. 1

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GEOGRAFIA ECONÔMICA – (2018) Prof. Sérgio Magaldi.

NOTAS – ECONOMIA INTERNACIONAL [PARTE#1]Ref. Bibliográficas: KRUGMAN, P. E OBSTFELD, M. Economia Internacional. 8ª ed. S. Paulo. Pearson, 2010: – CAPÍTULO 1 (Introdução), pp. 01-06; - CAPÍTULO 2 (Comércio mundial: uma visão geral), pp. 09-19; - CAPÍTULO 6 (Economia de escala, concorrência imperfeita e comércio internacional), pp. 87-114 (*partes 87-91; 98-114).

- Visão Geral: Aspectos introdutórios- Fluxo Circular da Economia (interdependência de setores e

agentes; abordagem macroeconômica) - Caráter cíclico da Economia (lógicas dos processos de

crescimento/retração, etc).- Economia Internacional, Comércio e Geografia Econômica: -

análise geoeconômica das trocas comerciais, fluxos, etc. – remete à análise das diferenças/semelhanças, assimetrias e desigualdades entre as formações socioespaciais (e suas respectivas politicas comerciais), bem como dos papéis na Divisão Internacional do Trabalho.

- AUMENTO DA FLUIDEZ DOS ESPAÇOS (expansão e aceleração dos fluxos de bens, serviços, energia, pessoas, informações).

- “UNIDADES DE ANÁLISE”: além dos Estados Nacionais; as firmas globais (corporações); os organismos regionais e multilaterais.

- Embora a produção de bens e a oferta e prestação de serviços estejam cada vez mais dispersos espacialmente, os FLUXOS COMERCIAIS MAIS INTENSOS E DE MAIOR ESCALA envolvem DETERMINADOS países e regiões (há uma seletividade espacial). - CONCENTRAÇÃO/DISPERSÃO DA PRODUÇÃO E DO CONSUMO...

COMÉRCIO INTERNACIONAL (UMA DEFINIÇÃO)Intercâmbio de bens e serviços entre países, resultante de suas especializações na divisão internacional do trabalho. Seu desenvolvimento depende basicamente do nível dos termos de intercâmbio (ou relações de troca), que se obtém comparando o poder aquisitivo de dois países que mantenham comércio entre si. Quando um

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país precisa exportar maior quantidade de determinada mercadoria para importar a mesma quantidade de bens, diz-se que há uma deterioração de suas relações de troca.

ASPECTOS HISTÓRICOSCom o início da Revolução Industrial, no fim do século XVIII, a Inglaterra, encontrando-se numa situação em que suas mercadorias podiam competir vantajosamente com as demais,passou a opor ao mercantilismo o livrecambismo. Essa doutrina, que num contexto liberal mais amplo preconiza o mínimo de interferência governamental, nega sentido econômico às fronteiras nacionais e propõe ampla liberdade de comércio. Tal liberdade propiciaria a especialização internacional e facilitaria o desenvolvimento da concorrência, permitindo a ampliação dos mercados. Largamente difundido no século XIX, o livre-cambismo foi desde o início denunciado como conveniente apenas às nações industrializadas, pois na prática impedia que os outros países se industrializassem. Em contraposição, formulou-se a doutrina do protecionismo, preconizando barreiras alfandegárias contra a importação de mercadorias que competissem com as indústrias passíveis de serem desenvolvidas no país. O protecionismo foi posto em prática em primeiro lugar pelos Estados Unidos e pela Alemanha, que disputavam os mercados de produtos industriais com a Grã-Bretanha, sendo seguidos, gradualmente, pela maioria dos países. A acirrada disputa de mercados culminou com a Primeira Guerra Mundial, durante a qual se desorganizou o comércio internacional com o bloqueio das linhas industriais de numerosos países produtores de matérias-primas. Estes aproveitaram a oportunidade para se industrializar. A desorientação do comércio internacional persistiu durante o período que se seguiu ao conflito, predominando uma acentuada tendência ao controle governamental das atividades mercantis. As tentativas de restaurar as liberdades comerciais de antes da guerra fracassaram com a crise de 1929. A disseminação daindústria em diversos países da Europa e no Japão, constituindo ameaça ao monopólio mundial exercido pelas grandes potências, causou nova retração das atividades comerciais. Nesse contexto, eclodiu a Segunda

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Guerra Mundial, de que resultou nova redistribuição dos mercados entre os países vitoriosos. Após a guerra, numa tentativa de desobstruir as vias de intercâmbio comercial, concluiu-se em Genebra o Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT). Os países-membros negociam periodicamenteacordos de redução mútua das barreiras tarifárias. Embora o efeito geral dessas reduções possa ser interpretado como uma volta ao livre-cambismo, na verdade a expansão do comércio internacional tem ocorrido sob cuidadoso controle dos governos. São numerosos os acordos internacionais de mercadorias, buscando conciliar os interesses dos países compradores e vendedores para evitar as bruscas oscilações de preços. Outro incremento ao comércio internacional tem sido a constituição dos blocos de países (como o Mercado Comum Europeu — MCE) integrando seus mercados e, às vezes, suas economias. Desde meados da década de 70, com a crise econômica internacional evidenciada pelo grande aumento nos preços do petróleo, surgiu um novo surto de protecionismo, embora, formalmente, se conservassem os princípios da liberdade de comércio.

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- Nas últimas décadas, o debate central: - defesa do livre comércio (um dos aspectos mais importantes da mundialização/globalização), vis a vis aos argumentos favoráveis às políticas e instrumentos protecionistas e regulatórios (em diferentes graus). - Argumentos pautados nas análises e constatações sobre os processos de desequilíbrio gerados pela ampliação do comércio internacional, cujas regras e modelo produzem mais (e não menos) desigualdades entre as nações, bem como internamente às nações e regiões (o que nos remete à discussão da Teoria da Dependência).

- Antecedentes/diferentes abordagens sobre o comércio internacional: - visão mercantilista (contraponto de A. Smith); - visão a partir da revolução industrial; - modelo da “gravitação”; - visões liberal/(neo)liberal; - abordagem da “trocas desiguais”; da teoria da dependência; etc....

Modelo RicardianoO modelo ricardiano foca nas vantagens comparativas (ou vantagens relativas) e é talvez o mais importante conceito de teoria de comércio internacional. Neste modelo, os países se especializam em bens ou serviços que produzem relativamente melhor. Diferentemente de outros modelos, o ricardiano prevê que países irão se especializar em poucos produtos em vez de produzir um grande número de bens. No modelo ricardiano, temos apenas um fator de produção, que se trata da mão de obra (trabalho). O diferencial de produtividade do trabalho nos países justificaria a especialização dos países, que realizariam, desta maneira, trocas internacionais depois da especialização.

Ricardo formulou também a Lei dos CustosComparativos (ou Lei das Vantagens Comparativas),

com que procurou demonstrar a vantagemde um país importar determinados produtos,mesmo que pudesse produzi-los por preço

inferior, desde que sua vantagem, em comparaçãocom outros produtos, fosse ainda maior.

Essa lei constitui ainda hoje uma parte importante

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da teoria do comércio internacional.VANTAGENS COMPARATIVAS. Concepção

teórica sobre o comércio internacional desenvolvidapor David Ricardo, em 1817. A principal

conseqüência prática dessa concepção teórica éque cada país deveria dedicar-se ou especializar-se onde os custos comparativos fossem menores.

O exemplo simplificado dessa concepçãoconsiste em relacionar os custos de produçãodos produtos A e B produzidos por dois países

distintos, X e Y. Os custos de produção do produtoA são expressos em relação aos custos de

produção do produto B. Possui a vantagem comparativao país em que for menor a relação dos

custos de produção dos produtos A e B.Ricardo introduziu esse conceito como

prova de que é vantajosa para um país sua especializaçãointernacional

Modelo da gravitação (ou de gravidade) O modelo da gravitação apresenta uma análise mais empírica dos padrões de comércio em contraposição aos modelos teóricos discutidos acima. O modelo da gravitação, basicamente, prevê que o comércio será baseado na distância entre os países e na interação derivada do tamanho das suas economias. O modelo mimetiza a lei da gravidade de Isaac Newton que considera a distância e o tamanho de objetos que se atraem. O modelo tem sido comprovado como robusto na área da econometria. Outros fatores como a renda, as relações

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diplomáticas entre países e as políticas de comércio foram incluídas em versões expandidas do modelo.O enorme crescimento do comércio internacional ao longo das últimas décadas foi, não só, a causa principal como o efeito da globalização. O volume do comércio mundial aumentou vinte vezes desde 1950 até hoje. Este aumento do comércio bens manufaturados ultrapassa o aumento da taxa de produção dessas mercadorias em três vezes. - Como todo “modelo”, os acima citados apresentam algumas referências a respeito de possíveis padrões de funcionamento do comércio ou mesmo de lógicas e normas gerais que estão na base das relações de troca. Portanto, não devem ser tomados como estruturas explicativas prontas e acabadas que esgotam a riqueza e a diversidade da dinâmica do comércio internacional. Até porque são estáticos e “isolam” apenas algum(ns) aspecto(s) e fator(es) que determinam e participam das relações comerciais entre países. O modelo da gravidade, olha portanto para a massa econômica de cada país e para a distância entre os parceiros comerciais. O modelo de gravidade chega a uma previsão dos fluxos comerciais entre os países, com base nesses elementos e em outros fatores, como a história colonial entre os países, que afetam os padrões comerciais. Este modelo tem algum apoio de observações empíricas das transações dentro de blocos comerciais, como a North American Free Trade Association (NAFTA), por exemplo.

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- Teoria da Dependência e Deterioração dos termos de troca[Refs. Autores: R. Prebisch; Celso Furtado; P. Baran; Arghiri Emmanuel; André Gunder Frank; Ruy M. Marini; O. Sunkel; Ma. Conceição Tavares; Paul Singer; I. Wallerstein]A tese é uma contestação à teoria das vantagens comparativas de Ricardo. Ao invés de os ganhos de produtividade do centro serem transferidos para a periferia, ocorria o contrário. Como os preços dos produtos primários produzidos pela periferia sofriam constante desvalorização, em contraste com os preços dos bens industrializados vendidos pelo centro, disso resultava uma crescente perda da periferia nas relações de troca com o centro. Havia uma desvantagem comparativano intercâmbio entre os países que se especializaram em produzir alimentos e matérias-primas e aqueles voltados para a produção de bens industriais, os quais agregavam maior valor. A razão para isso é que, com o avanço do progresso técnico intensivo em capital e poupador de matérias-primas no centro, a demanda externa por produtos primários da periferia tende a ser decrescente ao longo do tempo, gerando um descompasso estrutural entre oferta e demanda que se reflete em queda sistemática dos preços.

Tendência ao desequilíbrio externoO desequilíbrio externo tendia a ser recorrente nas economias da AL, tanto em razão da inelasticidade de suas exportações quanto da necessidade de importar bens de capital e insumos intermediários não disponíveis internamente. Por outro lado, o chamado “efeito demonstração” – tendência das elites dos países periféricos de copiarem os padrões de consumo dos países do centro – ampliava a pressão sobre as importações.Considerando o atraso da indústria dos países periféricos em relação à dos países do centro do sistema capitalista, a Cepal defendia a implantação de tarifas e subsídios como forma de compensar a diferença de produtividade entre os produtos locais e os importados.

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- Outros aspectos históricos: - Acordos internacionais de comércio; - Regulamentação do Comércio (e da economia internacional); - Bretton Woods e desdobramentos (OMC); - Zonas de livre comércio e Processos de Integração de mercados.

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