volume 1 (2014) completo
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Artigos publicados no primeiro ano do periódico Journal of Bioenergy and Food Science.TRANSCRIPT
Journal of Bioenergy and Food Science eISSN 2359-2710
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Reitor “Pro tempore”
Emanuel Alves de Moura
Diretora Geral do Câmpus Macapá
Marialva do Socorro de Oliveira de Almeida
Diretor de Pesquisa
Franciolli Silva Dantas de Araújo
Pro reitor de Pesquisa
Rone Franklin Carvalho Dias
O periódico é um mecanismo difusor de conhecimento do Instituto
Federal do Amapá – Câmpus Macapá. É dirigido para profissionais e
estudantes interessados nas áreas de Ciências Agrárias, Ciência e
Tecnologia de Alimentos, Biotecnologia e Biodiversidade, Ciências ambientais, Química e nas áreas Interdisciplinares. Contemplando
publicação de artigos científicos inéditos, revisões bibliográficas e
notas técnicas publicados em Português, Espanhol ou Inglês.
A responsabilidade pelos juízos, opiniões e pontos de vista
expressados nos artigos publicados correspondem exclusivamente a seus autores.
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CONSELHO EDITORIAL
EDITOR GERAL
Victor Hugo Gomes Sales, Instituto Federal do Amapá, Brasil
EDITORES CIENTÍFICOS
Dr. Wardsson Lustrino Borges, Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (EMBRAPA), Brasil
Ph.D Jorge M. A. Saraiva, Universidade de Aveiro, Portugal
Dr. Jesus Nazareno Silva Souza, Universidade Federal do Pará
(UFPA), Brasil
Dra. Olga Lucia Mondragon Bernal, Universidade Federal de Lavras
(UFLA), Departamento de Ciência dos Alimentos, Brasil
Ph.D Meram Chalamaiah, Food and Drug Toxicology Research
Centre, National Institute of Nutrition, India
Dr. Anderson Luís Alves, EMBRAPA Pesca e Aquicultura,
CNPASA, Brasil
Drª. Poliana Mendes de Souza, Instituto de Ciência e Tecnologia -
ICT, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri –
(UFVJM), Brasil
Drª. Nedja Suely Fernandes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, UFRN, Brasil
Me. Gilson Araujo de Freitas, Universidade Federal do Tocantins
(UFT), Brasil
Dr. Aroldo Arévalo Pinedo, Universidade Federal do Tocantins
(UFT), Brasil
Dr. William Renzo Cortez-Vega, Universidade Federal da Grande
Dourados (UFGD), Brasil
Ma. Giselle Pereira Cardoso, Instituto de Ciência e Tecnologia - ICT,
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM),
Brasil
Drª. Mariana Saragiotto da Silva Alves, Instituto Federal do
Tocantins, IFTO, Brasil
Dr. Rafael de Araújo Lira, Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT),
Brasil
Dr. Emerson Adriano Guarda, Universidade Federal do Tocantins,
UFT, Brasil
Me. Irene Rodrigues Freitas, Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho (UNESP), Brasil
Dr. Cleber Nogueira Borges, Universidade Federal de Lavras
(UFLA), Brasil
Dr. Gessiel Newton Scheidt, Universidade Federal do Tocantins,
(UFT), Brasil
Me. Taciano Peres Ferreira, Universidade Federal do Tocantins
(UFT), Brasil
Dr. Sidney Fernandes Bandeira, Instituto Federal do Mato Grosso
(IFMT), Brasil
Dr. Fabiano de Paula Machado, Universidade do Estado do Mato
Grosso (UNEMAT), Brasil
Dr. Harvey Alexander Villa Vélez, Universidade Estadual
Paulista"Júlio de Mesquita Filho", UNESP
Drª. Vanessa Riani Olmi Silva, Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia (IFSEMG, Brasil
Me. Paulo Victor Gomes Sales, Instituto Federal do Tocantins
(IFTO), Brasil
Dr. Rodrigo de Oliveira Simões, Universidade Federal Rural de
Pernambuco (UFRPE), Brasil
Me. Adriano Alvarenga Gajo, Instituto Federal Sudeste de Minas
Gerais, (IFSUDESTE-MG), Brasil
Dr. Joenes Mucci Peluzio, Universidade Federal do Tocantins (UFT),
Brasil
Me. Carolina Médici Veronezi, Universidade Estadual Paulista Júlio
de Mesquita Filho (UNESP), Brasil
EDITORES DE LAY OUT
Me. Victor Hugo Gomes Sales, Instituto Federal do Amapá (Ifap),
Brasil.
Ma. Elisa Maria de Oliveira, Universidade Federal do Tocantins
(UFT)
Ma. Marília de Almeida Cavalcante, Instituto Federal do Amapá
(Ifap), Brasil.
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MISSÃO
O Journal of Bioenergy and Food
Science tem como missão a difusão
do conhecimento derivado da
investigação científica e de revisões
bibliográficas, mediante a publicação
com cobertura a nível nacional e
internacional.
APRESENTAÇÃO
O periódico Journal of Bioenergy and
Food Science, é uma publicação
eletrônica trimestral do Instituto
Federal do Amapá – IFAP, que
objetiva contribuir para a
disseminação do conhecimento
através da publicação de textos
científicos (artigos inéditos e
originais, revisões bibliográficas e
notas científicas) em Português ou
Inglês, nas áreas de Ciências
Agrárias, Ciência e Tecnologia de
Alimentos, Biotecnologia e
Biodiversidade, Química, Ciências
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Através deste, a comissão editorial da
revista convida pesquisadores,
profissionais, alunos de graduação e
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estudos e experiências com a
comunidade científica e acadêmica
através da nossa revista eletrônica.
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revista e o processo de submissão de
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MISIÓN
La Journal of Bioenergy and Food
Science tiene como misión la difusión
del conocimiento derivado de la
investigación y de las revisiones
bibliográficas, mediante
publicaciones que tienen cobertura
tanto a nivel nacional y internacional
PRESENTACIÓN
La revista Journal of Bioenergy and
Food Science, es una publicación
electronica trimestral del Instituto
Federal do Amapá – IFAP, que tiene
como objetivo contribuir para la
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atraves de la publicación de textos
cientificos (artículos ineditos y
originales, revisiones bibliograficas y
notas cientificas) en portugues o
ingles, en las areas de: Ciencias
agrarias, Ciencia y tecnologia de
alimentos, Biotecnologia y
Biodiversidad, Química, Ciencias
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Atraves de este, la comisión editorial
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MISSION
Journal of Bioenergy and Food
Science’s mission is the diffusion of
the knowledge derived from
researches and bibliographic reviews,
through publications of both national
and international coverage.
PRESENTATION
The Journal of Bioenergy and Food
Science is a quarterly electronic
publication of the Federal Institute of
Amapá – IFAP. The aim of this work
is to contribute to the dissemination
of knowledge through the publication
of scientific papers (unpublished and
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Spanish or English, in the areas of
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and Technology, Biotechnology and
Biodiversity, Chemistry,
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the editorial board of the journal
invites researchers, professionals,
undergraduate and postgraduate
students and to share their
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Atenciosamente /Atentamente / Best Regards,
Journal of Bioenergy and Food Science – Editor Geral
Prof. MSc. Victor Hugo Gomes Sales.
SUMÁRIO
Properties of the argentine anchovy and whitemouth croaker muscle proteins obtained by alkali
solubilization process ........................................................................................................................... 1
Associação micorrízica como uma estratégia para o estabelecimento de espécies em áreas
impactadas ............................................................................................................................................ 7
Tratamento de resíduos industriais farmoquímicos por reagente de Fenton. .................................... 17
Conservação de produtos refrigerados e congelados expostos para a venda em supermercados da
cidade de Palmas-TO. ........................................................................................................................ 27
Alta pressão hidrostática na conservação de alimentos: um enfoque para o processamento de sucos
............................................................................................................................................................ 32
Secagem natural de banana nanica com e sem pré tratamento osmótico. .......................................... 41
Caracterização física e físico-química de pitayas vermelhas (Hylocereus costaricensis) produzidas
em três municípios paraenses. ............................................................................................................ 46
O ciclo do Marabaixo em Macapá e a Igreja Católica Romana: conflitos, ideologias e sincretismo
religioso. ............................................................................................................................................. 57
Biorrefinarias: Conceitos, classificação, matérias primas e produtos ................................................ 61
Produção do algodoeiro em função da adubação fosfatada utilizando fertilizante Basiduo® ........... 79
Produção e Análise de Cerveja Artesanal à Base de Milho ............................................................... 88
A incompatibilidade da Festa de São Tiago com o debate interreligioso do século XXI .................. 91
J. Bioen. Food Sci, 01 (1): 1-6, 2014
Journal homepage: http://periodicos.ifap.edu.br/index.php/JBFS
ISSN 2359-2710
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J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.1-6, 2014 1 | P a g e
Properties of the argentine anchovy and whitemouth croaker muscle
proteins obtained by alkali solubilization process
I. R. Freitas1* and C. Prentice-Hernández1
1 Laboratory of Food Technology, School of Chemical and Food.Federal University of Rio Grande.Avenida Itália km 8, Bairro
Carreiros. Postal Code: 96203-900, Rio Grande-RS, Brazil.
INF. ARTICLE ABSTRACT
Received: 02 Mar 2014
Approved: 10 Jun 2014
Publicado em: 05July 2014
The aim of this study was to evaluate functional properties and
microbiological characteristics of recovered proteins of anchovy (Engraulis
anchoita) and whitemouth croaker (Micropogonias furnieri) through the
process of alkaline solubilization and isoelectric precipitation, using
different solubilization at pH 11 (NaOH and KOH) and precipitation at pH
5.5 (HCl and H3PO4) reagents. Analyses of water holding capacity were
carried out (at pH 3,5,7,9 and 11), oil holding capacity and Salmonella sp,
Escherichia coli and Staphylococcus aureus. The water holding capacity
was lowest at pH 5. The low value of the proteins recovered by alkaline
solubilization process also indicates changes in the protein. The highest oil
holding capacity was observed in whitemouth croaker concentrates
(NaOH/H3PO4) at 5.6 ml oil.g protein-1. As for microbiological analyses,
results showed no Salmonella in 25 g for all treatments and maximum
count of 2.75 x 102 CFU.g-1 for coagulase positive Staphylococcus for the
muscle of anchovy concentrated. The protein concentrate obtained by
combining NaOH/H3PO4 showed better functional quality. This process is
an alternative to recover fish protein of low commercial value that may be
used as an ingredient in foods.
Termos de indexação:
Fish
Solubilization
Functionality
Quality.
*Autor para correspondência
© 2014 JBFS all rights. This is an open access article distributed under the Creative Commons Attribution License,
which permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided the original work is properly
cited.
Como referenciar esse documento (ABNT):
FREITAS, I. R.; PRENTICE-HERNÁNDEZ, C. Properties of the argentine anchovy and whitemouth croaker muscle
proteins obtained by alkali solubilization process. Journal of Bioenergy and Food Science, Macapá, v.1, n. 1, p. 1-6,
abr. / jun. 2014. ________________________________________________________________________________________________________________________
INTRODUÇÃO
Proteins play a very important role in
stability, functionality and texture of food systems.
This functionality is governed by physicochemical
and structural properties of proteins like intrinsic
amphiphilic character, surface activity, molecular
weight, net charge, solubility, conformational
flexibility and extrinsic conditions of the aqueous
medium such as pH, ionic strength and temperature
(BRYANT & McCLEMENTS, 2000).
The fish muscle proteins have the advantage
of possessing a high biological value, due to the
sensitivity to hydrolysis and balanced amino acid
composition, particularly those which tend to be
limiting in the vegetable proteins such as
methionine and cysteine.
Another relates to the use of fish advantage is
the fact that certain species are not suitable for
marketing, usually because of lack of satisfactory
performance respecting to filleting, due to body
structure and present a low commercial value
(BÁRZANA & GARIBAYGARCÍA, 1994;
FONTANA et al., 2009).
The isolated protein generally has good
functional and nutritional properties that can be
used in a higher value product (GEHRING et al.,
Sci
enti
fic
art
icle
Food Science and Technology
2 | P a g e J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.1-6, 2014
2011; TAHERGORABI et al., 2012). This
contribution is very important because of the world
population increasing, so there is need to get
products that have good properties (ALU’DATT et
al., 2012).
Knowledge of the specific functional
properties of isolate and concentrate tends to
facilitate direct your application, contributing to a
better use, resulting in products with higher
nutritional and technological quality
(CENTENARO et al., 2009). The water retention
capacity is very useful in the manufacture of meat
products, preventing water loss in the cooking
process, and which usually improves the texture of
foods.
The oil holding capacity is of great
importance in the formulation of food, being able to
influence the order of addition of dry ingredients
into the mixture, besides being used to determine
the mixing times using a uniform distribution of oil
or fat in the dry mixtures (CHAUD & SGARBIERI,
2006).
The works aims to evaluate functional
properties and microbiological characteristics of
recovered proteins of anchovy (Engraulis anchoita)
and whitemouth croaker (Micropogonias furnieri)
through the process of alkaline solubilization and
isoelectric precipitation, using different
solubilization and precipitation reagents.
MATERIAIS E ÉTODOS
Raw Material
The raw material used was muscle from the
anchovy (Engraulis anchoita) captured off the coast
of Rio Grande do Sul on cruises conducted by the
"South Atlantic Oceanographic Vessel", owned by
the Federal University of Rio Grande - FURG, and
the croaker muscle (Micropogonias furnieri)
provided by Pescal S.A. fish industry located in the
city of Rio Grande - Rio Grande do Sul state. The
anchovy and croaker were transported in coolers
with ice to the Laboratory of Food Technology,
Federal University of Rio Grande - FURG where
they were cleaned with chlorinated water 2.0 g.L-1,
filleted and stored frozen at (- 18° C) until use.
Methods
Obtaining the recovered protein
The process of alkaline solubilization was
performed as described by Kristinsson et al., (2005)
and Nolsoe & Undeland (2009) with slight
modifications. The filets were minced and then
homogenized (IKA Model RW 20DZM.n) in a ratio
of 1:9 (w/v) with distilled water at 4 °C for 60 s.
Protein solubilization was performed at 3-4 °C in
controlled temperature by an ultrathermostatic bath
(Quimis, model 214 D2) for 20 minutes under
constant stirring with propeller stirrer shaft (IKA,
model RW 20DZM.n). Two alkaline solutions, 1N
KOH and 1N NaOH were used for protein
extraction at pH 11.0 for 20 min then centrifuged
(SIGMA, Model 6-15) at 9000 × g for 20 min.
Soluble proteins were subjected to isoelectric
precipitation (pH 5.5) with addition of 1N HCl
solution and 1N H3PO4. A second centrifugation
was performed at 9000 x g for 20 min, where the
precipitate referred to as recovered protein was
mixed with cryoprotectants (0.3% polyphosphate,
4% sorbitol and 4% sucrose).
Microbiological analysis
Microbiological analysis was performed
using the method recommended by APHA (2001)
for Coagulase-Positive Staphylococcus, Salmonella
and Escherichia coli.
Determination of the water holding capacity
(WHC)
WRC was determined according to the
method by Regenstein et al., (1984), adapted to
laboratory conditions. Protein dispersion at 1% with
varying pH (3, 5, 7, 9 and 11) was prepared. 2 ml of
0.1M NaCl was added to the dispersion to obtain a
homogeneous paste, and then added to the
appropriate buffer according to the corresponding
pH up to the volume of 40 ml, the dispersion was
stirred for 15 minutes and centrifuged at 8667 x g
for 20 minutes. Soluble proteins in the supernatant
were quantified by the method defined by Bradford
(1976), and deducted from the total protein of the
original sample. The WHC was determined as
follows.
𝑊𝐻𝐶 = 𝐴𝑚𝑜𝑢𝑛𝑡 𝑤𝑎𝑡𝑒𝑟 𝑟𝑒𝑡𝑎𝑖𝑛𝑒𝑑 𝑜𝑖𝑙 (g)
𝑂𝑟𝑖𝑔𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑃𝑟𝑜𝑡𝑒𝑖𝑛 𝑚𝑎𝑠𝑠 (𝑔) x100 Eq.(1)
Determination of the oil holding capacity
(OHC)
ORC was determined according to the
method described by Fonkwe & Singh (1996).
0.5 g of protein was weighed and mixed with
10 ml of soybean oil in centrifuge tubes and
stirred for 10 min. in a tube stirrer at speed 4
(56 PROENIX AP).
Later, the mixture was centrifuged at
8667 x for 20 minutes, and the difference
between the added oil and the oil that is not
Freitas & Prentice-Hernández (2014)
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J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.1-6, 2014 3 | P a g e
retained was considered as the amount of oil
retained by the protein. The data was obtained
using the equation 2.
𝑂𝐻𝐶 = 𝑅𝑒𝑡𝑎𝑖𝑛𝑒𝑑 𝑜𝑖𝑙 (𝑚𝐿)
𝑃𝑟𝑜𝑡𝑒𝑖𝑛 𝑚𝑎𝑠𝑠 (𝑔) 𝑥 100 Eq.(2)
Statistical Analysis
The experiments were conducted in triplicate.
Results were expressed as mean and standard
deviation values. The results were evaluated using
analysis of variance (ANOVA) and Tukey's
multiple comparison tests, with the significance
level of 5%, using Statistica 7.0 software.
RESULTADOS
Microbiological analysis Microbiological
evaluation is of great importance during the
production and storage of food products. Freshly
caught seafood often has a large numbers of
microorganisms on its surface (NOLSØE &
UNDELAND, 2009). The results of microbiological
analysis for recovered fish proteins are shown in
Table 1. These results are in agreement with the
RDC No. 12, January 2, 2001 (Brazil, 2001) which
regulates the quality standards for products derived
from fish, i.e surimi and similars, which require the
absence of Salmonella in 25g and allows maximum
count of 5 x 102 CFU.g-1 for coagulase-positive
Staphylococcus.
Table 1: Microbiological analysis of recovered proteins by the process of alkaline solubilization
Recovered Protein Salmonella
sp/25g
Escherichia coli
(NMP/g)
Staphylococcus aureus
(UFC/g)
Anchovy Muscle
(KOH/HCl) Absent < 3.0 1.52x102
Anchovy Muscle
(NaOH/H3PO4) Absent < 3.0 2.52x102
Croaker Muscle
(KOH/HCl) Absent < 3.0 2.75x102
Croaker Muscle
(NaOH/ H3PO4) Absent < 3.0 Absent
Functional properties
Table 2 shows the water holding capacity
(WHC) as a function of pH. It is observed that for
all samples, WHC increased at pH 3.0, showed a
decrease in pH 5.0 and increased again at pH’s 7.0,
9.0 and 11.0. It was verified by Tukey test that no
significant difference (P> 0.05) was presented
between the muscle proteins of croakers using
different solubilization reagents at pH 5. The same
was observed for the solubilized anchovy muscle
protein. Among the pH's studied, maximum values
were observed at pH 11 for the croaker muscle
proteins with 15.34% and 22.50%, and at pH 3,
23.64% was obtained.
Table 2: Values pH of water holding capacity (WHC) presented by fish proteins recovered by the process of
alkaline solubilization.
Recovered protein pH
3 5 7 9 11
Anchovy Muscle
(KOH/HCl) 9.46±0.52c 2.34±0.18b 3.35±0.58b 6.08±0.71b 11.31±0.59c
Anchovy Muscle
(NaOH/H3PO4) 15.38±0.65b 3.12±0.02b 5.89±0.01a 5.59±0.98b 2.12±0.04d
Croaker Muscle
(KOH/HCl) nd 4.34±0.05ªb 5.10±0.70ab 9.36±5.73ab 15.34±0.55b
Croaker Muscle
(NaOH/H3PO4) 23.64±0.17ª 6.05±2.19a 6.35±2.05a 12.13±2.32a 22.50±0.42a
Averages of three determinations (n = 3) ± standard deviation. The same letters in the same column do
not differ by Tukey test p>0.05. nd- not detected.
For anchovy muscle protein, low pHs were
obtained for the studied WHC. The low WHC of
proteins recovered by the process of acid or alkaline
solubilization also indicates changes in the protein.
However, the treated proteins had their structure
changed as a result of intermolecular charge
repulsion induced by extremes of pH (Hultin &
Kelleher, 1999).
Batista et al. (2007) found a reduced capacity
for water holding in protein extracted from sardine
muscle for both alkaline solubilization processes
(approximately 3%).
Food Science and Technology
4 | P a g e J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.1-6, 2014
The oil holding capacity (OHC) is one of the
most important functional properties in the
elaboration of products. The oil retention
mechanism is mainly due to physical capture of the
oil by the protein and is an important functional
feature, required mainly by the meat and emulsified
products industries (Sathivel & Bechtel, 2006).
The Figure 1 shows the values of the OHC of
proteins recovered by alkaline solubilization
process. In this study, the OHC values obtained
were 3.73 and 5.63 mL of oil/g of protein for the
croaker muscle protein isolates, and 4.70 and 4.40
mL of oil/g of protein for the anchovy muscle
protein isolates, which indicates that there is a high
amount of hydrophobic regions in proteins which
favor them with the oil. Similar results were found
by Sathivel & Bechtel (2008), who obtained 4.8 mL
of oil/g of sole muscle protein isolate solubilized at
pH (11), while Fontana et al., (2009) found 4.7 ml
of oil/g of protein for croaker muscle concentrate
obtained by the alkaline processes.
Figure 1: Oil holding capacity of proteins recovered by
alkaline solubilization process. AM- Anchovy Muscle; CM-
Croaker Muscle.
CONCLUSION
It was found that the functional properties of
the protein isolates of fish can be modified
according to the type of solvent used and the type of
raw material used.This difference to the functional
properties can be made available for various
technological purposes in food formulations
according to the characteristics of the desired
product.
The microbiological results presented in
accordance with the standards of the Brazilian law,
Freitas & Prentice-Hernández (2014)
____________
J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.1-6, 2014 5 | P a g e
this shows that the isolated protein can be used for direct application.
Propriedades das proteínas de músculo de anchoita e corvina obtidas pelo processo de
solubilização alcalina.
Resumo - O objetivo deste estudo foi avaliar as propriedades funcionais e as características
microbiológicas da proteina recuperada de músculo de anchoita (Engraulis anchoita) e corvine
(Micropogonias furnieri) obtida pelo processo de solubilização alcalina e precipitação isoelétrica
usando diferentes solventes de solubilização (NaOH e KOH) a pH 11 e precipitação (HCl e H3PO4) a
pH 5.5. Foram realizadas analises da capacidade de retenção de água na faixa de pH 3,5,7,9 e 11;
capacidade de retenção de óleos; Salmonella sp, Escherichia coli e Staphylococcus aureus. Baixa
capacidade de retenção de água foi encontrado em pH 5 para todos as amostras, e esse baixo valor
obtido indica mudanças na proteína ocorrido pelo processo de solubilização alcalina. Alta capacidade
de retenção de óleo foi observado no concentrado de corvina (NaOH/H3PO4) 5,6 ml oil/g protein.
Quanto as análises microbiológicas os resultados apresentaram ausência de Salmonella sp em 25 g
para todos os tratamentos e contagem máxima de 2,75 x 102 UFC/g para Staphylococcus coagulase
positiva para o concentrado de músculo de anchoita. A proteína concentrada obtida pela combinação
NaOH/H3PO4 mostrou melhor qualidade funcional. Este processo é uma alternativa para recuperar
proteínas de pescados de baixo valor comercial e pode ser usado como ingredientes em alimentos.
Palavras-chave: Pescado; solubilização; funcionalidade; qualidade
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JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.7-16, 2014 7 | P á g i n a
Associação micorrízica como uma estratégia para o estabelecimento
de espécies em áreas impactadas
L. G. S. M. Rodrigues1*; S. R.Goi2 e F. M. Rodrigues3
1 Doutoranda pela Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais e Florestais (PPGCAF) na Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro-UFRRJ e Professora do Instituto Federal do Tocantins-IFTO. AC Universidade Rural,
BR 465, Km 07, Caixa Postal: 74515, Seropédica- RJ, Brasil. CEP: 23.897-970.
2 Doutora, Pesquisadora e Professora no PPGCAF pela UFRRJ. BR 465, Km 07, Seropédica-RJ. Brasil. CEP: 23897-
000 (21) 2682-1128, Ramal 203, e-mail: [email protected]
3 Doutorando em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela UFRRJ e Professor do IFTO. e-mail:
INF. REVISÃO RESUMO
Convite: 01 Mar 2014
Recebido em: 08 Jun 2014
Publicado em: 05 Jul 2014
Os impactos ambientais causados pela exploração solo, mesmo que
necessária, causam degradação ambiental sobre o solo. Assim fazem-se
indispensáveis intervenções nessas áreas, escolhendo metodologia e
selecionando espécies de plantas, podem acelerar sua regeneração,
permitindo o processo sucessional. Esse trabalho teve o objetivo de realizar
um levantamento bibliográfico sobre o papel da atividade microbiana para
recuperação de áreas degradadas. Os fungos micorrízicos, nesse contexto
são eficientes na aquisição de água e nutrientes do solo, melhorando o
crescimento das plantas, além de participar da agregação e estruturação do
solo e, consequentemente, na sua recuperação. Assim, sob diversas
condições de degradação ambiental, a maioria das plantas superiores é
colonizada por micorrizas, e que podem ter vários efeitos benéficos no
crescimento da planta.
Termos de indexação:
Degradação
Fungos
Biodiversidade.
*Autor para correspondência
© 2014 JBFS all rights. This is an open access article distributed under the Creative Commons Attribution License,
which permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided the original work is properly
cited.
Como referenciar esse documento (ABNT):
RODRIGUES, L. G. S. M.; GOI, S. R.; RODRIGUES, F. M. Associação micorrízica como uma estratégia para o
estabelecimento de espécies em áreas impactadas. Journal of Bioenergy and Food Science, Macapá, v.1, n. 1, p.7-16,
abr. / jun. 2014. _________________________________________________________________________________________________________________
INTRODUÇÃO
A análise de indicadores bioquímicos e
microbiológicos em solos degradados ou em
processo de recuperação é de suma importância
quando se deseja obter informações sobre a
qualidade do ambiente e da sustentabilidade do
ecossistema nos tratamentos indicados (LONGO &
RIBEIRO, 2011).
Além disso, de constituírem informações
complementares na avaliação qualitativa dos solos,
os indicadores microbiológicos têm sido
frequentemente sugeridos como sensíveis aos
impactos causados pelo manejo do solo, quando
comparado àqueles de caráter físico ou químico
(BENDING et al., 2004).
Algumas atividades antrópicas podem
proporcionar impactos diretos e indiretos de
diferentes naturezas sobre o ambiente. Os impactos
sobre o solo, a vegetação e os recursos hídricos
presentes no sistema são observados na forma de
alterações estéticas, físicas, químicas e biológicas,
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Biotecnologia e Biodiversidade
8 | P a g e J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.7-16, 2014
dependendo, logicamente, das características da
geologia, vegetação, relevo e solo locais (LONGO
& RIBEIRO, 2011).
A recuperação natural de áreas devastadas é
demorada e, muitas vezes, requer intervenção
antrópica, além de ser extremamente limitada e
altamente imprevisível, devido, principalmente, à
ausência de banco de sementes e à baixa fertilidade
do solo (VÊNIA et al., 2006).
Os principais problemas edáficos associados a
recuperação de áreas degradadas são: baixa taxa de
infiltração de água no solo, reduzida capacidade de
armazenamento de água, deficiência de oxigênio,
aumento na densidade global, elevada resistência à
penetração de raízes, falta de matéria orgânica (MO)
e baixa fertilidade, entre outros (CORREA, 1996).
Independentemente da finalidade a que se
propõe um programa de recuperação, as ações
recuperadoras pressupõem o uso de medidas de
proteção do solo, dentre as quais afirmação de uma
vegetação de cobertura tem sido imprescindível.
A produção de mudas de espécies arbóreas
nativas, para reflorestamento ou recomposição de
áreas degradadas, é considerada como uma
alternativa tecnológica em programas de
recuperação de áreas devastadas, tendo como
finalidade a diminuição do impacto ambiental, a
melhoria das condições edafoclimáticas e a
conservação da biodiversidade (CARNEIRO ET al.,
2004).
Todavia, à grande dificuldade no
estabelecimento da vegetação inicial deverão ser
utilizadas espécies rústicas e agressivas o bastante
para se desenvolverem em ambientes hostis e,
preferencialmente, com características que
contribuam para o reequilíbrio e a estabilização do
ecossistema, propiciando atuação dos mecanismos e
dos processos naturais de colonização e integração
da flora e fauna (RESENDE & KONDO, 2001).
O solo submetido a um processo de
recuperação via implantação de florestas plantadas
que se assemelham ao processo natural de sucessão
ecológica secundária, como decorrer do tempo,
tende aumentar os teores de nutrientes e de matéria
orgânica do solo (MOS), bem como promover a
diminuição da acidez e aumentar a estabilidade dos
agregados do solo. Considerando-se a baixa
fertilidade natural e o baixo potencial de inoculo de
áreas a serem reflorestada, a inoculação com fungos
micorrízicos, na fase de formação de mudas de
espécies florestais, é fundamental para o sucesso de
programas de reflorestamento (CARNEIRO et al.,
2004).
Ferraz et al., (2004) afirma que “o
conhecimento gerado pelos estudos dos grupos
sucessionais pode ser aplicado diretamente na
conservação, no manejo sustentando as florestas e
na reabilitação da floresta e na reabilitação de áreas
degradadas”. Pois, a vegetação influencia
diferentemente a biomassa microbiana, e por esse
motivo, sua eliminação ocasiona uma drástica queda
da biomassa carbono, como revelam estudos
envolvendo desmatamentos (CARNEIRO et al.,
2004).
Modelos de recuperação de solos degradados
devem se basear em tecnologias que sejam capazes
de melhorá-lo por meio do aporte de matéria
orgânica com baixa relação C/N permitindo o
restabelecimento da vida no solo. A biomassa
microbiana do solo pode ser bom indicador de
recuperação de solos postos em recuperação, pois
atua como agente da transformação bioquímica dos
compostos orgânicos, sendo também um
reservatório de N, P e S (VÊNIA et al., 2006).
O conhecimento das relações ecológicas e das
exigências nutricionais das espécies pode facilitar o
desenvolvimento de tecnologias para a obtenção de
mudas sadias destinadas aos programas de
revegetação ou recuperação do ambiente, bem como
a utilização econômica das espécies nativas para os
diversos fins (VÊNIA et al., 2006).
Dentre as diversas relações biológicas
existentes, destaca-se a simbiose micorrízica, que
constituem vários tipos de micorrizas. Os fungos
micorrízicos são do tipo predominante nas espécies
vegetais e de maior importância nos ecossistemas
tropicais (CARNEIRO et al.,2004).
Formadas por fungos da ordem Glomales
(Zigomicotina), seus benefícios à planta hospedeira
são a melhoria das condições nutricionais, em
especial de P, e a tolerância a estresses diversos,
principalmente estresse hídrico; enquanto a planta
fornece fotossintatos essenciais para o
desenvolvimento do fungo (VÊNIA et al., 2006).
Portanto, a efetividade simbiótica, definida
como capacidade do fungo em promover o
crescimento da planta hospedeira, é controlada pela
eficiência do fungo, pela dependência da planta e
modulada pelo ambiente (CARNEIRO et al., 2004).
Nesse sentido, o presente projeto tem por
objetivo básico de realizar um levantamento
bibliográfico sobre associação micorrízica para o
estabelecimento de espécies vegetais em áreas
degradadas.
ÁREAS DEGRADADAS E A RECUPERAÇÃO
AMBIENTAL
No artigo 2º da Lei 9.985, que estabelece o
Sistema Nacional de Unidades de Conservação, há
definições de:
Recuperação: restituição de um ecossistema ou
de uma população silvestre degradada a uma
condição não degradada, que pode ser diferente
de sua condição original;
Rodrigues, Goi & Rodrigues (2014)
____________
JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.7-16, 2014 9 | P á g i n a
Restauração: restituição de um ecossistema ou
de uma população silvestre degradada o mais
próximo possível da sua condição original.
Já um ecossistema degradado é o que, após
certo distúrbio, teve eliminado, junto com a
vegetação, os meios bióticos, apresentando assim,
baixa resiliência, ou seja, o seu retorno ao estado
anterior pode não acontecer, ou ser extremamente
lento, necessitando da intervenção humana
(CRESTANA et al., 2006).
Ainda, uma área degradada pode ser
considerada por ter sofrido alterações de suas
características originais, em função de causas
naturais ou oriundas de ação antrópica
(REICHMANN NETO, 1993).
São numerosos os problemas nos processos
de regeneração natural em áreas impactadas, os
quais parecem estar em parte, associados às
condições desfavoráveis do solo exposto, por
exemplo, toxicidade do alumínio, acidez, altas
temperaturas do solo e baixa atividade microbiana
(PERRY et al., 1987).
A preocupação com o meio ambiente tem
colocado em destaque a questão da recuperação de
áreas degradadas. No entanto, muitas vezes,
medidas adotadas para a recuperação de áreas
fortemente impactadas, geralmente são inócuas, pois
utilizam técnicas e procedimentos eficientes,
testados e aprovados em outros ambientes, mas
quando aplicado em situações distintas podem não
trazer os resultados esperados (SOUZA, 2004).
Espécies para recuperação de áreas degradadas
Em virtude ao reflorestamento com espécies
florestais, pesquisas têm buscado conhecer as
estratégias sucessionais e habilidades competitivas
das diferentes espécies florestais (JANOS 1996;
HERRERA et al., 1997).
Para ter a sucessão natural e nos processos de
ciclagem para a plantação de florestas, são
importantes instrumentos para a reabilitação de
solos tropicais degradado, acelerando a recuperação
da fertilidade do solo quando comparados a um
processo de sucessão secundária natural, ou seja,
sem interferência humana, nesse sentido a chave
para esse sucesso, é a seleção cuidadosa de espécies
vegetais e as práticas de manejos (PARROTA,
1992).
Para haver introdução de plantas
leguminosas, no processo de recuperação destas
áreas, contribui para a incorporação de carbono e
nitrogênio ao solo, favorecendo a atividade
microbiana e melhorando a agregação do solo.
O estabelecimento das comunidades
rizosféricas e suas relações mutualísticas (bactérias
fixadoras de nitrogênio e fungos micorrízicos) têm
papel crucial na dinâmica de nutrientes no solo, pois
a capacidade destas espécies crescerem em
condições limitantes de fertilidade, com elevada
produção de biomassa que é aportada ao solo via
serrapilheira, proporciona maior ciclagem e
acúmulo de nutrientes no solo (FARIA & CHADA,
2003)
Na região dos trópicos, há a baixa fertilidade
do solo e a limitada disponibilidade do fósforo
proporciona a formação das associações
micorrízicas, que são essenciais para o
desenvolvimento de uma grande variedade de
espécies de plantas (NEWSHAM et al., 1995).
Nesse sentido, o sucesso da revegetação
depende da capacidade das mudas em absorver
nutrientes e água, resistir às doenças e sobreviver
aos estresses impostos pelo ambiente, sendo
bastante conhecido que certos fungos do solo como
os fungos micorrizicos arbusculares podem
contribuir para aliviar esses estresses (SIQUEIRA &
SAGGIN-JUNIOR, 1995).
SOLO E MICRORGANISMOS
O reservatório que possuiu o maior
compartimento terrestre de carbono, contendo
quantidades desse elemento, que superam os
presentes na biomassa vegetal e na atmosfera do
planeta, é o solo. Cuja, a maior parte do carbono
estocado no solo é constituída por formas orgânicas,
cuja quantidade, num dado momento, é o reflexo do
balanço entre as adições de resíduos e as perdas por
oxidação de materiais orgânicos (Roscoe et al.,
2006).
Da fração porosa do solo, os microrganismos
ocupam em torno de 0,5%, porém essa porcentagem
aumenta significativamente no solo rizosférico,
devido ao aumento na disponibilidade de substrato.
Por isso, é importante a natureza dos materiais que
fornecem carbono, os nutrientes a energia estocada e
a dinâmica dos fatores físicoquímicos afetando o
metabolismo celular e a disponibilidade de
substrato. A microbiota heterotrófica utiliza resíduos
de plantas, animais e outros microrganismos em
vários estádios de decomposição (MOREIRA &
SIQUEIRA, 2006).
Geralmente os materiais húmicos não são
fonte de energia prontamente disponível devido à
sua alta complexidade, porém são importantes como
reservatório de N, P, C e outros elementos
(MOREIRA & SIQUEIRA, 2006).
Evidências da contribuição da MOS e dos
microrganismos, especialmente dos filamentosos,
são baseados no fato que tanto a formação quanto a
estabilidade dos agregados, mostram correlações
positivas do comprimento de hifas e raízes com o
teor de MO (JASTROW & MILLER, 1991).
Biotecnologia e Biodiversidade
10 | P a g e J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.7-16, 2014
Essa relação resulta dos efeitos do maior
suprimento de carbono para a microbiota do solo, e
não dos efeitos diretos da MO. A relação entre os
microrganismos, a MO e a estruturação do solo são
bastante evidentes, porém a distinção entre causa e
efeito não é totalmente clara. Os microrganismos e a
MO estabilizam a estrutura do solo, enquanto uma
boa estrutura protege fisicamente os
microrganismos e a MO, formando um circuito
complexo e intimamente ligado entre agregação,
microbiota e MO (MOREIRA & SIQUEIRA, 2006).
O efeito das hifas fúngicas, principalmente
dos fungos associados às raízes (micorrizas) na
agregação do solo, também tem recebido maior
atenção, pois esta simbiose possui grande
importância na agricultura e na restauração
ambiental. As micorrizas contribuem para maior
produtividade, sustentabilidade agrícola e
conservação ambiental por meio de inúmeros
efeitos, podendo ainda atenuar os efeitos dispersivos da
adsorção de fosfato, que afeta negativamente a agregação
do solo (SIQUEIRA, 1994).
Como a biomassa microbiana apresenta rápida
ciclagem e responde ao cultivo e ao manejo de resíduos
orgânicos, esta pode ser utilizada como um indicador
biológico dos níveis de MOS, ou como índice para
aferição da sustentabilidade de sistemas de produção
(MELE & CARTER, 1993).
A atividade respiratória pode ser alterada por
diferentes manejos e tratamentos do solo, como também
pelas flutuações sazonais de temperatura, umidade,
aeração e disponibilidade de substrato, entre outros
(BEHERA et al., 1990).
A determinação da respiração basal pela
quantificação do carbono de CO2 (C-CO2) liberado é um
procedimento importante para avaliar a atividade dos
microrganismos do solo, pois a decomposição dos
resíduos orgânicos é envolvida por reações microbianas
de oxidação, onde os microrganismos obtêm o carbono e
energia para o seu crescimento e funções celulares, pela
transformação de compostos orgânicos complexos em
substratos mais simples (CAMPBELL et al., 1992).
Nestas reações, parte do carbono presente no
resíduo é assimilada pela microbiota como fonte de
energia para construção do protoplasma celular e a outra
parte é perdida na forma de CO2. O monitoramento das
comunidades microbianas, por meio destes parâmetros,
tem sido utilizado como indicador da qualidade do solo
em função dos diferentes sistemas de manejo e rotações
de culturas, podendo ajudar na detecção de alterações nas
populações microbianas resultantes de mudanças
ambientais (MELE & CARTER, 1993).
CLASSIFICAÇÃO DAS MICORRIZAS
Há dois grupos principais de micorrizas:
endomicorrizas e ectomicorrizas. As endomicorrizas são
as mais comuns, ocorrendo em cerca de 80% das plantas
vasculares. O fungo componente é um zigomiceto; com
menos de 200 espécies envolvidas em tais associações;
amplamente distribuídas por todo o mundo; assim, as
relações endomicorrízicas não são altamente específicas.
A hifa do fungo penetra nas células corticais da raiz da
planta, onde são formadas pequenas estruturas
densamente ramificadas, com aspecto de minúscula
árvore (arbúsculos oudilatações denominadas vesículas).
As endomicorrizas são freqüentemente chamadas fungos
micorrízicos arbusculares. A maioria ou quase todas as
trocas entre fungos e plantas ocorre nos arbúsculos. A
hifa se estende para o solo por vários centímetros,
aumentando significativamente a quantidade absorvida de
fosfato e outros nutrientes essenciais (RAVEN et al.,
1996).
As ectomicorrizas são características de certos
grupos de árvores e arbustos encontrados principalmente
em regiões temperadas. Este grupo inclui a família das
faias e carvalhos (Fagaceae); a família dos salgueiros,
álamos e choupos (Salicaceae) e a família dos pinheiros
(Pinaceae) além de certos grupos de árvores tropicais que
formam densos agregados puros.
Essas árvores que crescem em diferentes partes do
mundo, frequentemente são ectomicorrízicas. A
associação micorrízica aparentemente torna as árvores
mais resistentes às rigorosas condições de frio e de seca
que ocorrem nas zonas limites de crescimento das árvores
(VÊNIA et al, 2006).
O fungo envolve, mas não penetra nas células
vivas das raízes. As hifas crescem entre as células do
córtex da raiz, formando uma estrutura característica, a
rede de Hartig, as quais, eventualmente, circundam
muitas das células corticais. A presença da rede de Hartig
parece prolongar a vida, tanto das células como da raiz,
esta funciona como interface entre o fungo e a planta. Em
adição a esta estrutura, as raízes são circundadas por um
manto de hifas a partir do qual cordões miceliais se
estendem para o solo vizinho (VÊNIA et al, 2006).
Nas raízes com ectomicorrizas, os pêlos estão
geralmente ausentes, sendo suas funções aparentemente
desempenhadas pelas hifas. As ectomicorrizas são, em
sua maioria, formadas por basidiomicetos, incluindo
muitos gêneros de cogumelos, mas algumas envolvem
associações com ascomicetos, inclusive trufas (VÊNIA et
al, 2006).
Pelo menos 5.000 espécies de fungos estão
envolvidas nas associações ectomicorrizas, geralmente
com alto grau de especificidade (RAVEN et al., 1996).
Outro aspecto a considerar é que muitos fungos
ectomicorrízicos são, comprovadamente, fonte de
alimento para animais em florestas temperadas e tropicais
(TAYLOR, 1991), participando de maneira decisiva na
manutenção da estabilidade de comunidades florestais
(HAWKSWORTH, 1991).
As características diferenciam entre os tipos de
micorrizas são apresentadas na Tabela 1.
Rodrigues, Goi & Rodrigues (2014)
____________
JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.7-16, 2014 11 | P á g i n a
Tabela 1. Características diferenciais dos principais tipos de micorrizas
Características Ectomicorrizas Endomicorrizas
Morfoanatômicas
Penetração apenas intercelular com
formação de manto, rede de Hartig e
rizomorfo. Modificações acentuadas nas
raízes colonizadas
Penetração inter e intracelular com formação
de pelotões, vesículas, arbúsculos e esporos.
Sem alteração morfológica visual
Exploração do solo Manto, micélio e rizomorfo Hifas e micélio
Fungo simbionte Principalmente basidiomicetos e alguns
ascomicetos
Ascomicetos, fungos imperfeitos e
zigomicetos
Planta hospedeira A maioria das gimnospermas e algumas das
angiospermas
Ericales, Orquidaceae e maioria das
angiospermas; 97%¨das plantas vasculares
formam MVA.
Especificidade Presente em alguns grupos Apenas nas Ericóides e Orquidóides
Distribuição
geográfica
Ocorrência natural generalizada nas regiões
temperadas; exótica nos trópicos.
Cosmopolita, com maior incidência nos
trópicos
Principais efeitos
benéficos para
plantas hospedeiras
Absorção de nutrientes (N, P), tolerância a
estresses bióticos (doenças) e abióticos
Absorção de vários nutrientes (N, P, Zn e Cu).
Favorecimento na fixação biológica do
nitrogênio e tolerância a estresses diversos.
Produção de
antibióticos, enzimas
e hormônios
Muito freqüente em grande quantidade Sem evidências. Plantas com MVA acumulam
hormônios
Troca de metabólitos Na rede de Hartig e micélio intra-radicular Nos pelotões, haustórios e arbúsculos
Ecossistema
predominante
Floresta de coníferas temperadas nativas e
tropicais plantadas e de eucaliptos
Solos ácidos turfosos, liteira florestal, agro e
ecossistemas naturais não dominados por
coníferas
Aplicação
biotecnológica Inoculante vegetativo no mercado exterior
Grande potencial, mais falta inoculante
comercial
Fonte: Adaptado de Siqueira& Franco (1988).
BIOLOGIA DAS MICORRIZAS
Evidências de que os vegetais ancestrais já
tinham micorrizas, indicam que plantas e fungos
micorrízicos passaram por um processo de co-
evolução, o que explica a ocorrência generalizada,
as diferenciações em tipos e a distribuição
geográfica dessas associações. Do ponto de vista
ecológico e sob considerações práticas, as
ectomicorrizas e endomicorrizas são as mais
importantes (SIQUEIRA & FRANCO, 1988).
Nas ectomicorrizas, o estabelecimento da
simbiose ectomicorrízica se inicia pela ativação dos
propágulos do fungo que, no caso de esporos,
germinam e formam um tufo de hifas na rizosfera,
colonizando a superfície das raízes e, finalmente,
penetrando-a através das junções celulares na Zona
de Infecção Micorrízica (ZIM), que se localiza logo
atrás da zona meristemática apical da raiz. Após a
penetração, as hifas colonizam o córtex
intercelularmente, por meio da digestão enzimática
da lamela média com ocupação de todo o espaço
intercelular, dando origem à rede de Hartig, que é
intra-radicular, ao manto e ao rizomorfo, que são
extra-radiculares (SIQUEIRA & FRANCO, 1988).
Todos esses tecidos resultam de
diferenciações morfológicas no micélio do fungo. A
penetração e interação fungo-planta promovem
modificações acentuadas no hábito de crescimento e
morfologia dos segmentos de raízes colonizadas, o
que permite a detecção visual das ectomicorrizas. O
processo de micorrização é dinâmico e segue o
crescimento e desenvolvimento das raízes; ao
mesmo tempo em que os segmentos micorrizados
mais velhos entram em senescência, os novos se
tornam colonizados, em função do potencial de
inoculo na rizosfera, da fisiologia da planta e das
condições ambientais (SIQUEIRA & FRANCO,
1988).
Uma vez estabelecida a colonização primária,
ela tende a se perpetuar, pelo acompanhamento do
crescimento apical da raiz, da colonização
secundária, resultante do micélio extra-radicular e
da elevação do potencial de inoculo na rizosfera
(SIQUEIRA & FRANCO, 1988).
Nas endomicorrizas não se verificam
modificações anatômicas resultantes da invasão das
raízes pelo fungo; portanto, não são reconhecidas a
olho nu, o que difere das ectomicorrizas, porém as
raízes de algumas plantas, como cebola e milho e
representantes da família Liliaceae, tornam-se
Biotecnologia e Biodiversidade
12 | P a g e J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.7-16, 2014
amareladas quando micorrizadas (VÊNIA et al,
2006).
Observações microscópicas mostram que os
fungos penetram nas células corticais das raízes sem
causar danos, o que os diferencia dos fungos
patogênicos, fato também verificado nos outros
tipos de micorrizas com penetração intracelular
(VÊNIA et al., 2006).
A formação da associação se inicia a partir da
interface formada entre os propágulos do fungo no
solo, que podem ser esporos, células auxiliares e
hifas que crescem de raízes colonizadas (infecção
secundária). Dos propágulos, formam-se as hifas
infectivas que, estimuladas pelos componentes
bióticos dos exudatos e pelas condições físico
químicas da rizosfera, crescem abundantemente,
aumentando as chances de contato entre a raiz e o
fungo (VÊNIA et al., 2006).
Essas hifas, ao encontrarem as raízes, aderem
à sua superfície (epiderme ou pêlos radiculares) e
formam um apressório, através do qual penetram as
células da epiderme na zona de diferenciação e
alongamento, formando a “unidade de infecção”
(VÊNIA et al., 2006).
A partir deste ponto, as hifas se espalham
pelo córtex intercelularmente, através da lamela
média tornando-se, posteriormente, intracelulares,
quando formam as hifas enoveladas nas camadas
mais externas do córtex, diferenciando-se em
arbúsculos nas camadas mais internas e, finalmente,
em vesículas e esporos (VÊNIA et al., 2006).
A velocidade de espalhamento, diferenciação
intra e extraradicular e esporulação, é relativamente
rápida e depende do genoma da planta hospedeira e
da espécie de fungo envolvida, além das condições
do meio ambiente, sobretudo do solo.
Além das estruturas intraradiculares,
externamente é formada uma rede de hifas ou
micélio, células auxiliares e esporos. O micélio é
dimórfico, em geral não septado, de coloração
amarelada e com diâmetro variando de 2 a 27 μm.
Ele se ramifica no solo, permanecendo contínuo à
fase intra-radicular, localizado no córtex
(SIQUEIRA & FRANCO, 1988).
O desenvolvimento e o espalhamento deste
micélio na rizosfera são determinados pelo fungo,
condições ambientais e idade da planta ou da
simbiose, sendo de grande importância para o
funcionamento da associação, além de representar
uma extensão do órgão de absorção das plantas com
vantagens geométricas e espaciais em relação às
raízes absorventes. A quantidade de micélio extra-
radicular pode atingir até 1,5/cm de hifa de raiz
colonizada, ou 55 mg/L de solo rizosférico
(SIQUEIRA & FRANCO, 1988).
UTILIZAÇÃO DAS MICORRIZAS EM
RECUPERAÇÃO DE ÁREA DEGRADADAS
A Tabela 2 apresenta alguns dados sobre
trabalhos que utilizaram micorrizas para
recuperação de áreas degradadas, bem como os
métodos e resultados alcançados.
Tabela 2. Trabalhos que utilizaram de micorrizas para recuperação de áreas degradadas
Título Métodos Conclusões Referências
Associação de fungos
ectomicorrízicos com
espécies florestais nativas
do Estado do Rio Grande
do Sul.
As raízes foram processadas e
analisadas quanto ao tipo de
colonização micorrízica
Os esporocarpos fungos
ectomicorrízicos nativos
encontrados foram dentificados,
isolados e multiplicados
As espécies florestais estudadas
não apresentaram colonização
ectomicorrízicas a campo,
entretanto, foram encontrados
esporocarpos próximos de
algumas plantas Observou-se a
presença de associações com
fungos endomicorrízicos em todas
as espécies
ANDREAZZA, R.
(2006)
Atividade microbiana e
diversidade de fungos
micorrízicos arbusculares
em espécies arbóreas
Avaliação das características
químicas e microbiológicas
Porcentagem de colonização por
FMA (COL)
Identificação das espécies de
FMA autóctones
As espécies de plantas que mais
estimularam as comunidades de
FMA, sendo estas seis as espécies
mais indicadas para a recuperação
dessas áreas
SCABORA, M. H.
(2007)
“Continua”
Rodrigues, Goi & Rodrigues (2014)
____________
JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.7-16, 2014 13 | P á g i n a
Tabela 2. Continua
Título Métodos Conclusões Referências
Ocorrência de associação
micorrízica em seis
essências florestais nativas
do Estado do Rio Grande
do Sul
As amostras de raízes, os corpos de
frutificação dos fungos e o solo
foram analisados no laboratório
As raízes foram processadas e
analisadas quanto ao tipo de
micorriza presente
Os fungos ectomicorrízicos
nativos encontrados foram
identificados, isolados e
mantidos em cultura
As espécies estudadas não
apresentaram colonização
ectomicorrízica, embora em
alguns locais tenham sido
encontrados esporocarpos
próximos às plantas
A associação com micorrizas
arbusculares foi encontrada em
todas as espécies de essências
florestais nativas estudadas.
ANDREAZZA
et al. (2008)
O papel da comunidade de
fungos micorrízicos
arbusculares (FMA)
autóctones no
desenvolvimento de
espécies vegetais nativas
em área de dunas de
restinga revegetadas no
litoral do Estado da
Paraíba
Avaliados: altura, diâmetro do
caule, número de folhas, área foliar,
biomassa seca e conteúdo de
nutrientes nas partes aérea e
radicular, densidade de
glomerosporos, colonização
micorrízica hifálica, arbuscular,
vesicular e total e produção de
proteínas do solo relacionadas à
glomalina (PSRG)
A colonização micorrízica na
peroba foi de 80% e no jenipapo-
bravo 60%
Os FMA estão presentes em
áreas revegetadas após extração
de minérios, e contribuem para o
crescimento das espécies nativas
testadas em condições de casa de
vegetação, sugerindo assim, que
o desempenho dessas plantas é
influenciado pela simbiose
micorrízica arbuscular
OLIVEIRA
et al. (2009)
Fungos micorrízicos
arbusculares na
recuperação de áreas
mineradas no Município
de Lauro Müller, Sul de
Santa Catarina.
Determinou-se a diversidade de
FMAs
Determinação da densidade de
esporos de FMAs
A inoculação de fungos
micorrízicos arbusculares e de
rizobactérias promotoras de
crescimento (RBPC) constitui
estratégia importante na
revegetação de solos
reconstruídos ou mesmo de áreas
com deposição superficial de
estéril
A baixa diversidade e o baixo
número de esporos de FMAs
observados nas áreas sugere a
necessidade do estabelecimento
de programas de inoculação
destes fungos em plantas como
estratégia de revegetação dos
solos construídos após a
mineração de carvão no Sul de
Santa Catarina
CEOLA (2010)
Diversidade de fungos
micorrízicos arbusculares
em remanescente florestal
impactado (Parque
Cinqüentenário - Maringá,
Paraná, Brasil)
Avaliação da diversidade de FMA
nativos no solo e o grau de
micorrização das plantas neste
ecossistema
Determinação da porcentagem de
colonização micorrízica arbuscular
Identificação das espécies de FMA
Índices de diversidade
Foi verificada a ocorrência de 50
espécies de FMA, distribuídas
em cinco gêneros
SANTOS. &
CARRENHO
(2011)
“Continua”
Biotecnologia e Biodiversidade
14 | P a g e J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.7-16, 2014
Tabela 2. Conclusão
Título Métodos Conclusões Referências
Micorriza arbuscular e a
tolerância das plantas ao
estresse
Revisão de literatura
Os FMAs são essenciais no
estabelecimento e adaptação
das plantas em locais
perturbados
PEREIRA
et al. (2012)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através dos resultados da pesquisa realizada
pôde-se considerar que:
Sob diversas condições de degradação
ambiental, a maioria das plantas superiores é
colonizada por micorrizas, que podem ter vários
efeitos benéficos no crescimento da planta;
As micorrizas são sistemas biológicos, que
são influenciadas pelo ambiente e por
inúmeros fatores edáficos de cada
componente, que influenciam de modo direto
ou indireto a formação, o funcionamento e a
ocorrência das micorrizas.
Há poucos são os trabalhos que examinam
com detalhes os fatores capazes de alterar a
sobrevivência de micorrizas em seus habitats
naturais;
Porém há estudos sobre os fatores que podem
regular o estabelecimento e o funcionamento
de micorrizas e as alterações bioquímicas,
fisiológicas e moleculares em ambos os
simbiontes durante condições de estresse
biótico e físico.
________________________________________________________________________________________
Mycorrhizal association as a strategy for the establishment of species in impacted surface
Abstract - The environmental impacts caused by exploration soil, even if necessary, cause
environmental degradation on the ground. Therefore, it is indispensable interventions in these
surfaces, choosing methodology and selecting plant species can speed the regeneration, allowing the
successional process. This study aimed to perform a literature on the role of microbial activity for
reclamation. Mycorrhizal fungi in this context are efficient in the acquisition of water and nutrients
from the soil, improving the growth of plants, besides participating in the aggregation and soil
structure and consequently in their recovery. Thus, under various conditions of environmental
degradation, higher plants are colonized by mycorrhizae, and may have several beneficial effects on
plant growth.
Index terms: degradation; fungi; biodiversity.
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JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.17-26, 2014 17 | P á g i n a
Tratamento de resíduos industriais farmoquímicos por reagente de
Fenton.
T. P. Ferreira1*, J. C. V. Viana1, L. A. Alves2 e M. A. de Paula2
1 Campus Gurupi, Universidade Federal do Tocantins, Rua Badejós, Lote 7, Chácaras 69/72, Zona Rural, Cx.postal 66,
CEP: 77402-970, Gurupi-TO. Brasil.
2 Unidade Universitária de Ciências Exatas e Tecnológicas, Universidade Estadual de Goiás, Br 153, Km 98, CP 459,
75001-970, Anápolis- GO, Brasil.
INF. ARTIGO RESUMO
Recebido: 05Abr 2014
Aprovado em: 23 Jun 2014
Publicado em: 05 Jul 2014
O presente trabalho tem como objetivo determinar a concentração ideal do
Reagente de Fenton para uma indústria farmoquímica, variando a
concentração de sulfato ferroso e água oxigenada, posteriormente
acompanhar o tratamento em escala piloto e na estação de tratamento de
efluente (ETE) dos principais parâmetros: Cor, Odor, pH e DQO. Foram
realizados ensaios pilotos para a obtenção das diretrizes empregadas na
formulação do reagente de Fenton a ser utilizado em larga escala, no tanque
de efluente, o teste piloto do experimento T12 foi o que apresentou melhor
resultado (Cor e DQO) para a composição do tratamento com: 3,2 mL de
H2O2 e 160 mg de Sulfato Ferroso. A partir deste parâmetro foi realizado o
tratamento com acompanhamento diário no laboratório e em escala piloto,
sendo que os valores foram similares para ambos os tratamentos, sendo o
percentual de redução de DQO de 93,57% no ensaio de laboratório e
94,00% na ETE. O processo de tratamento de efluente utilizando o
Reagente de Fenton apresentou ótimos resultados, com valores melhores
que os limites estabelecidos pela legislação. Entretanto o tempo de
tratamento de 16 dias se torna inviável para algumas indústrias, mas sendo
tranquilamente realizado na indústria estudada.
Termos de indexação:
Reagente de Fenton
Efluente industrial
Farmoquímico
*Autor para correspondência
© 2014 JBFS all rights. This is an open access article distributed under the Creative Commons Attribution License,
which permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided the original work is properly
cited.
Como referenciar esse documento (ABNT):
FERREIRA, T. P.; VIANA, J. V. C.; ALVES, L. A.; PAULA, M. A. Tratamento de resíduos industriais farmoquímicos
por reagente de Fenton. Journal of Bioenergy and Food Science, Macapá, v.1, n. 1, p.17-26, abr. / jun. 2014.
INTRODUÇÃO
A necessidade de desenvolvimento e
implantação de tratamentos alternativos para
efluentes que não aceitam intervenção
microbiológica faz com que os processos de
tratamento químico sejam cada dia mais estudados.
Um dos processos atuais de maior eficácia é o
tratamento com Reagente de Fenton, o qual vem
sendo largamente utilizado nas indústrias químicas,
onde os efluentes gerados possuem uma maior carga
orgânica não biodegradável, devido a substâncias
presentes no meio que inibem o crescimento
microbiológico (CHACÓN et al, 2006).
Uma das preocupações no tratamento dos
efluentes líquidos, e em particular nas indústrias
envolvendo processos químicos, é a redução da sua
demanda química de oxigênio (DQO), como, aliás,
está determinado na legislação em vigor. Das várias
tecnologias disponíveis atualmente, uma que se
apresenta como bastante promissora para o pré-
tratamento de águas residuais é a oxidação com
reagente de Fenton (mistura de peróxido de
hidrogênio e ferro, atuando este último como
catalisador), num reator que opera à pressão
atmosférica e a temperaturas moderadas (KUO,
1992). O reagente de Fenton é atualmente utilizado
para tratar uma grande variedade de compostos
Art
igo
cie
ntí
fico
Química
18 | P á g i n a JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.17-26, 2014
orgânicos tóxicos que não são passíveis de
tratamentos biológicos. Pode ser aplicado a uma
grande variedade de águas residuais, lama ou
mesmo na remediação de solos contaminados
(ARAUJO et al, 2006; DZOMBAK et al, 1990).
Na literatura podem-se encontrar muitos estudos
relacionados com o estabelecimento do mecanismo
e com a cinética desta reação. Apesar de não existir
ainda um consenso geral, em parte condicionado
pela complexidade do mecanismo, parece ser
geralmente aceito que um passo limitante é a
formação dos radicais hidroxilas (OH) a partir da
decomposição catalítica do peróxido de hidrogênio
pelo ferro (II) em meio ácido, segundo equação:
Fe2+ + H2O2 → Fe3+ + OH- + OH- Eq. (1)
São estes radicais hidroxilas, com elevado
potencial de oxidação, os responsáveis pela
oxidação dos compostos orgânicos presentes nas
águas residuais. Sendo o Fe(II) o catalisador da
reação, é importante que este exista em quantidade
suficiente no meio reacional ou, por outro lado, que
vá sendo regenerado a uma velocidade suficiente (o
que pode ocorrer por uma série de reações
(GULKAYA et al, 2006).
Na reação da matéria orgânica com o reagente
de Fenton formam-se diversos produtos ou
intermediários oxidados, podendo, no caso
particular da oxidação ser completa, dar-se à
formação de dióxido de carbono e água. As
regulamentações ambientais podem obviamente não
implicar uma oxidação completa, mas sim uma
oxidação parcial que seja suficiente para tornar o
efluente aceitável dentro dos limites de toxicidade.
No que diz respeito à cinética da reação é de referir
que as conclusões dos estudos realizados são
obviamente condicionadas pelas condições
empregues, em particular pela natureza da matéria
orgânica utilizada. No entanto, a velocidade da
reação parece depender diretamente da concentração
de substrato orgânico e de radicais hidroxila no
meio reacional (ALVES et al, 2003; LEE et al,
2003).
Um fator preponderante é a concentração de
ferro. Na ausência de ferro não há qualquer
evidência de formação de radicais hidroxila quando
se adiciona, por exemplo, apenas H2O2 a uma água
residual fenólica. Existe, no entanto, um teor ótimo
de catalisador de ferro, o que é característico do
reagente de Fenton. É também aconselhável um teor
mínimo de Fe no meio reacional, o que permite que
o tempo de reação não seja demasiado longo
(ALVES et al, 2003).
Além da concentração e natureza dos
reagentes, diversos são os fatores que afetam
diretamente a reação em causa. A temperatura, por
exemplo, é também importante, sendo tipicamente
utilizadas temperaturas na gama dos 20-40ºC. O
controle do pH do meio reacional é também
extremamente importante, sendo o pH ótimo entre 3
e 6. Convém salientar que a adição do reagente, bem
como a própria reação de oxidação (que conduz
geralmente à formação de ácidos orgânicos), afetam
o pH do meio. Convém por isso controlar
cuidadosamente o pH no reator de forma a que este
se mantenha entre 3-5 (ALVES et al, 2003; BIDGA,
1995).
Para se avaliar o grau de oxidação alcançado,
é conveniente a determinação de alguns parâmetros
que caracterizam o efluente tratado. Um
particularmente relevante é a Demanda Química de
Oxigênio (DQO), a qual poderá ser feita num
laboratório de análises, necessitando-se por isso de
recolher uma amostra do efluente. Apesar do
processo ser, como se referiu anteriormente,
bastante atrativo, apresenta, no entanto, algumas
limitações. Assim, torna-se crucial o seu estudo
prévio quer ao nível laboratorial quer mesmo à
escala piloto antes de se decidir acerca da
implementação a nível industrial (YUN et al, 1999).
Fala-se em adsorção, quando determinadas
substâncias dissolvidas se depositam na superfície
de corpos sólidos. Muitas substâncias nocivas para
os peixes são de origem química, como o cloro da
água sanitária, resíduos alcalinos dos produtos de
limpeza e restos de medicamentos. O carvão tem a
propriedade de acumular esses elementos em sua
superfície, ou seja, adsorvê-los, retirando-os de
circulação. Deve-se ter cuidado, pois ao fim de um
determinado período de trabalho, dependendo da
consistência e do tipo de carvão, podem desprender-
se novas substâncias nocivas, que voltariam a
contaminar a água. Obtém-se, assim, o efeito
contrário. Isto significa, por tanto, que só se pode
realizar a filtração através do carvão por um curto
período de tempo. Transcorridos uns dias, deverá
revolver e efetuar a filtração específica com
camadas de materiais filtrantes mecânicos e
biológicos (8). Para a efetividade e rapidez de
adsorção do filtro de carvão são de vital
importância, alem do material de base empregado
em cada caso, a mistura, o tratamento e a estrutura
do material (LOPEZ et al, 2004).
O presente trabalho tem como objetivo
determinar a concentração ideal do Reagente de
Fenton para uma indústria farmoquímica, variando a
concentração de sulfato ferroso e água oxigenada,
posteriormente acompanhar o tratamento em escala
piloto e na estação de tratamento de efluente (ETE)
dos principais parâmetros: Cor, Odor, pH e DQO.
Ferreira et al. (2014)
____________
JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.17-26, 2014 19 | P á g i n a
MATERIAISD E MÉTODOS
Ensaios pilotos em laboratório do Reagente de
Fenton
Para a determinação da composição ideal do
Regente de Fenton foi montado o experimento com
8 béqueres de 2000 mL nos quais introduziu-se
1600 mL de efluente coletado durante a produção de
um lote de um dos farmoquímicos. O efluente
apresentou pH inicial igual a 3, dado pela literatura
como apropriado para aplicação do Reagente em
questão. Esses béqueres foram identificados e o
efluente de cada um deles recebeu uma combinação
de Reagente de Fenton conforme descrito na Tabela
1.
Tabela 1. Identificação dos testes realizados no efluente. Identificação pH Volume H2O2 (mL) Massa FeSO4.H2O (mg)
T11 3,0 3,20 32
T12 3,0 3,20 160
T13 3,0 3,20 320
T14 3,0 3,20 640
T21 3,0 0,03 640
T22 3,0 0,80 640
T23 3,0 1,60 640
T24 3,0 3,20 640
Branco 3,0 0,00 0,00
A operação do Reagente deu-se pela
adição inicial da Água Oxigenada em todos os
béqueres e a posterior mistura das massas de
Sulfato Ferroso indicada na Tabela 1. Após a
adição do Sulfato de Ferro (II) a mistura foi
agitada para a completa dissolução do reagente
e homogeneização do meio. Este experimento
foi mantido por um período de 15 dias, durante
os quais não se promoveu a agitação dos
sistemas. Para a certeza de que qualquer
modificação teria sido em decorrência da
administração do Regente de Fenton foi tomado
um quinto béquer de 2000 mL e cheio até 1600
mL com o mesmo efluente e sob as mesmas
condições no qual não adicionou-se nenhum
tipo de reagente. Este foi chamado de “Branco”.
Durante os 15 dias do experimento foi feito
monitoramento, dia-a-dia, da qualidade do
efluente de todos os béqueres e feito
comparação com o Branco, sendo considerado
aumento ou diminuição da medida de algum
parâmetro a diferença entre essa medida para o
teste e para o Branco. Os parâmetros medidos
foram: Cor; Odor; pH; DQO (Demanda
Química de Oxigênio); A partir dos dados
obtidos ao fim deste experimento foi possível
determinar qual proporção (H2O2:FeSO4)
melhor se adequava ao efluente em tratamento.
Após a determinação da melhor composição
para Reagente de Fenton foi feito um novo teste
para avaliar a ação do Carvão Ativado sobre a
cor, o odor e a DQO. Para este teste foi tomado
um efluente com características idênticas ás do
efluente do teste anterior e este foi submetido
ao teste com o Reagente de Fenton que
apresentou o melhor efeito sobre os parâmetros
analisados. Foram, então, tomados 4 béqueres
com efluente que foram submetidos, todos, ao
mesmo teste. No 16° dia de tratamento com
Reagente de Fenton o efluente teve seu pH
elevado a 6 (pH dentro da faixa de operação do
Carvão Ativado) em cada um dos 4 béqueres e
adicionado uma massa diferente de Carvão
Ativado como indicado na Tabela 2.
A mistura de efluente e Carvão Ativado
foi mantida em agitação lenta por 1 hora e ao
fim deste tempo o efluente foi deixado em
repouso por 3 horas para decantação do Carvão
Ativado. O sobrenadante teve seu pH elevado a
8 para floculação do Ferro e, então, os mesmos
parâmetros de antes (Cor, Odor, pH, DQO)
foram medidos para monitoramento da ação do
Carvão Ativado no efluente já tratado com
Reagente de Fenton.
Química
20 | P á g i n a JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.17-26, 2014
Tabela 2. Adição de Carvão Ativado ao fim do teste com Reagente de Fenton.
Volume Efluente (mL) pH Massa de Carvão Ativado (mg)
800 6,0 80
800 6,0 400
800 6,0 800
800 6,0 1200
Tratamento experimental na ETE com o
Reagente de Fenton
Para o teste na ETE foi utilizado um volume
total de 50 m3 de efluente contido em um
tanque de concreto impermeabilizado e uma
quantidade de Reagente de Fenton proporcional
às indicadas pelos melhores testes do
laboratório. Inicialmente foi adicionado a Água
Oxigenada enquanto o efluente era mantido em
reciclo através do sistema de bombeamento de
efluente da ETE. Terminada a adição de H2O2 o
Sulfato Ferroso, em solução ácida, foi jogado
sobre o tanque e a agitação mantida por mais 20
minutos. Terminada a fase da adição o efluente
foi mantido em repouso por 15 dias e teve os
mesmos parâmetros dos testes laboratoriais
medidos dia-a-dia (Cor, Odor, pH, DQO). Para
este teste o Branco foi feito utilizando-se uma
Barrica de Polietileno cortada a uma altura de
80 cm e cheia com 120 litros de efluente, o que
mantém a mesma relação, Área
Superficial/Volume, do tanque de efluente
utilizado para o teste. Dessa forma a evaporação
e a concentração de possíveis materiais não
voláteis seria a mesma para o tanque e para o
Branco que foi mantido ao lado do tanque, sob
as mesmas condições. No 16° dia de tratamento
o pH do efluente do tanque foi elevado a 6, com
NaOH, e mantido em reciclo enquanto era
misturado a este a quantidade de Carvão
Ativado indicada pelo melhor teste do
laboratório. O efluente foi mantido em agitação
por 1 hora e deixado em repouso para
decantação do Carvão Ativado, o que demorou
cerca de 3 horas. Neste momento, o efluente foi
transferido para outro tanque de 50 m3 e o pH
foi ajustado para 8 a fim de que o Ferro fosse
floculado. Após a decantação do Hidróxido de
Ferro o efluente foi transferido para o tanque
final de onde foi descartado após ter medido
todos os parâmetros mencionados para os testes
laboratoriais e para o tratamento com Reagente
de Fenton (Cor, Odor, pH, DQO).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Ensaios pilotos em laboratório do Reagente
de Fenton
Os resultados das medições feitas, no
efluente, durante o teste para a adaptação do
tratamento Reagente de Fenton – Carvão
Ativado, realizado neste exemplo citado,
serviram para nortear os rumos do experimento
em larga escala. Variáveis como quantidades de
regentes e tempo de tratamento foram definidas
a partir de tais resultados. Estes ensaios pilotos
no laboratorial foram realizados para a obtenção
das diretrizes responsáveis pela formulação do
reagente a ser empregado, em larga escala, no
tanque de efluente. Foi, desta forma, o teste
piloto do experimento T12 que apresentou o
melhor resultado (Cor e DQO) para a
composição: 3,2 mL de H2O2 e 160 mg de
Sulfato Ferroso. Os resultados do parâmetro
cor, para o teste T12 (3,2 mL de H2O2 e 160 mg
de Sulfato Ferroso) que mostrou o melhor
índice de redução, mostrado no gráfico da 1.
Este relaciona os valores de porcentagem de
transmitância, da amostra, com o tempo a que o
efluente está submetido ao tratamento com
Reagente de Fenton. Os valores relativos ao
tratamento com Reagente de Fenton estão
dispostos até o décimo quinto dia de tratamento.
A partir desta deste tempo os resultados serão
apresentados para o tratamento com Carvão
Ativado. A medida de cor no efluente tem uma
importância grande, pois indica quantidade de
poluição no efluente e pode, por si só, indicar a
eficácia de um tratamento quanto a medidas
comparativas de redução de carga orgânica de
uma água residuária em tratamento.
Ferreira et al. (2014)
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JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.17-26, 2014 21 | P á g i n a
Figura 1. Comportamento da Cor do Efluente com o tratamento com Reagente de Fenton.
O Gráfico da Figura 1 mostra um
comportamento, aproximadamente, logarítmico
(R2 = 0.9657) para a diminuição de cor
(aumento da transmitância). Isto sugere que a
reação do Reagente de Fenton com os
compostos coloridos do efluente seja de ordem
diferente de 0, ou seja, depende da concentração
dos compostos coloridos e da concentração do
Reagente de Fenton.
Para o parâmetro odor obteve-se apenas
resultados que auxiliaram na definição de qual a
melhor composição do Reagente de Fenton. De
modo que o teste T12 ofereceu, também, a maior
redução do odor do efluente em tratamento.
Inicialmente aconteceu a exalação de forte
cheiro, possivelmente da degradação inicial da
carga poluidora, que diminui com o passar do
tempo de tratamento. Sendo que no final dos 15
dias ainda eram presentes e persistentes odores
oriundos do efluente.
O teste de pH mostrou resultados
parecidos para todos os tratamentos
experimentais. No Gráfico da Figura 2 este
comportamento é mostrado sendo que estes
dados referem-se ao teste T12
Figura 2. Comportamento do pH do Efluente com o tratamento com Reagente de Fenton
Segundo a literatura consultada o Regente
de Fenton converte, em primeira instância,
compostos orgânicos, como os fenólicos, em
ácidos orgânicos. Isto pode ser a explicação
para o comportamento da curva de pH
apresentado na Figura 2. É possível ver uma
y = 15,352ln(x) + 28,009
R² = 0,9657
0,00
15,00
30,00
45,00
60,00
75,00
0,00 5,00 10,00 15,00
Co
r (%
T)
Tempo (dias)
Tempo de tratamento x Cor (% T)
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
0,00 5,00 10,00 15,00
pH
(-l
og
[H
+]
Tempo (dias)
Tempo de tratamento x pH (-log [H+])
Química
22 | P á g i n a JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.17-26, 2014
queda e um posterior aumento do pH como o
passar do tempo, o que seria em decorrência da
oxidação final desses compostos; inicialmente a
ácidos e finalmente a CO2 e H2O.
As medidas de DQO foram tomadas
como principal parâmetro de acompanhamento
do tratamento do efluente. Desta forma, o
tempo de tratamento ficou condicionado à
estabilização dos valores de DQO. Isto foi
tomado como o ponto em que o Reagente de
Fenton não mais agiria sobre a carga poluidora
do efluente. No gráfico da Figura 3 tem-se o
comportamento da DQO ao longo do tempo de
tratamento com Reagente de Fenton, ou seja, 15
dias.
Figura 3. Comportamento da DQO do Efluente com o tratamento com Reagente de Fenton.
O gráfico da Figura 3 que mostra a queda da
DQO com o passar do tempo durante o tratamento
com Fenton, sugere que está queda inicial é linear e
a posterior é aproximadamente exponencial
(R2=0,8834). No entanto, este valor de R2 ainda é
pequeno para uma completa caracterização do
comportamento dos dados, mas uma possível
explicação para a mudança de intensidade da
derivada da curva durante o tempo é que este
tratamento pode apresentar mais de uma modalidade
de reação química (pelo menos o tipo radicalar e
oxidação simples pelo peróxido de hidrogênio). Por
fim o gráfico estabiliza e a derivada da curva se
aproxima de zero o que indica que a ação do
reagente se torna desprezível, neste momento. A
partir daí faz se necessário a intervenção com
Carvão Ativado.
Para escolha de quantidade de Carvão
Ativado a ser adicionada ao efluente para a
complementação do Tratamento com Reagente de
Fenton foi feito o teste descrito anteriormente e o
resultado é mostrado nos itens abaixo. Este
tratamento com Carvão Ativado se justifica pelas
propriedades adsortivas verificadas para este sólido.
Esta propriedade é útil, pois permite a redução de
parâmetros como cor, odor e DQO já que os
compostos responsáveis por estas características
adsorvem-se ao Carvão que é separado do efluente
ao fim da operação.
Para as medidas de cor obtiveram-se dados
que estão representados pelo gráfico da Figura 4.
Como mencionado anteriormente o Carvão Ativado
é um tratamento complementar ao Reagente de
Fenton e, portanto, adicionado após o fim da ação
deste. Os valores de redução de cor mostrados no
gráfico da Figura 4 são relativos a esta medida
tomada imediatamente após o fim do tratamento
com Reagente de Fenton. Desta forma, a redução de
cor global (em relação ao valor inicial) é maior e
será mostrada e discutida logo à frente.
O gráfico da Figura 4, mostra uma tendência
de estabilidade na redução de cor com o aumento da
adição de carvão ativado. A partir do segundo ponto
(400 mg de Carvão Ativado) a redução não se torna
significativa com o aumento do adsorvente, não
justificando, porém, o uso destas quantidades para
uma campanha de tratamento de efluentes. Para
o tratamento em questão a decisão foi pela
DQO = 1303,6e-0,1216 t
R2 = 0,8834
0
250
500
750
1000
1250
1500
1750
2000
0 2 4 6 8 10 12 14 16
DQ
O (
mg
O2
/L)
Tempo (dias)
Tempo de Tratamento x DQO (mg O2/L)
Ferreira et al. (2014)
____________
JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.17-26, 2014 23 | P á g i n a
aplicação de quantidades proporcionais a 400 mg/800 mL de efluente.
Figura 4. Comportamento da Cor do Efluente com adição de Carvão Ativado.
Após a adição de carvão não foi verificado
odor em nível sensorialmente perceptível para
nenhuma das quantidades de Carvão Ativado
adicionadas. Isto coloca o parâmetro odor como um
quesito não decisivo na escolha da massa de
adsorvente a ser ministrada ao efluente em
tratamento. Também, o pH, não sofre influência
notável destas diferentes quantidades de Carvão
Ativado testadas neste experimento. Este sólido
requer uma faixa de pH na qual ele melhor
desenvolve sua ação, mas não atua modificando
estes valores de concentração de cátions hidrogênio.
Os resultados das medidas de DQO estão no gráfico
da Figura 5. Da mesma forma que para a cor o
Carvão Ativado age adsorvendo compostos
oxidáveis presentes no efluente e isto causa redução
dos índices de Demanda Química de Oxigênio.
Figura 5. Comportamento da DQO do Efluente com adição de Carvão Ativado.
O gráfico da Figura 5 é muito parecido com
aquele que descreve a redução de cor. Isto sugere
que os compostos coloridos presentes no efluente,
que não sofreram degradação com Reagente de
93
94
95
96
97
0 500 1000
Red
uçã
o d
e C
or
(%)
Massa de Carvão/800 mL Efluente
Quantidade de Carvão x Redução de Cor (%)
48
50
52
54
0 500 1000
Red
uçã
o d
e D
QO
(%
)
Massa de Carvão/800 mL Efluente
Quantidade de Carvão x Redução de DQO (%)
Química
24 | P á g i n a JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.17-26, 2014
Fenton foram, também, oxidados pelo teste de
DQO. Estas medidas confirmam a escolha da
quantidade de Carvão Ativado feita com base na
redução de cor, pois, a redução de Demanda
Química de Oxigênio oferecida pelo aumento do
Carvão Ativado, a partir de 400 mg/800 mL de
efluente, não justifica o gasto adicional que isto
acarretaria para tratamento de uma grande
quantidade de efluente.
Os gráficos das Figuras 6, 7 e 8 mostram o
tratamento com um todo, juntando a primeira e a
segunda fase do tratamento de efluente em pesquisa.
Os gráficos levaram em conta intervenções como as
alterações do pH para aplicação de Carvão Ativado
e para a floculação do ferro adicionado. O gráfico da
Figura 6 mostra o comportamento da Cor durante e
ao final do teste completo (Reagente de Fenton +
Carvão Ativado).
Figura 6. Cor do Efluente após Regente de Fenton e
carvão ativado.
Os valores de pH não representam
exatamente uma resposta ao tratamento. Como
mencionado anteriormente o pH do efluente foi
acertado por duas ocasiões durante o tratamento.
Uma vez para a aplicação do Carvão Ativado já que
este requer uma faixa de pH diferente daquela em
que o efluente se encontrava para ter sua ação
potencializada. A outra vez foi na etapa final em que
se tem a necessidade de flocular o ferro adicionado
na composição do Reagente de Fenton. Dessa
forma, os valores mostrados no gráfico da Figura 7 é
resultado da soma da ação do tratamento e da adição
de quantidades de NaOH para a elevação do valor
de pH. No entanto, o pH final está propício ao
descarte do efluente o que torna esta operação
totalmente benéfica ao tratamento; flocula o ferro e
deixa o efluente pronto para o descarte.
Figura 7. pH do Efluente após Regente de Fenton e
Carvão Ativado.
O gráfico da Figura 8, abaixo, mostra o
comportamento da DQO durante e ao final do
tratamento completo (Reagente de Fenton + Carvão
Ativado). Neste caso a queda abrupta é decorrência
direta do tratamento com Carvão Ativado, ao fim da
aplicação do Reagente de Fenton, e mostra bem o
efeito que o carvão tem sobre a DQO. Este resultado
é muito bom, mas tem que se observar que isso só
ocorre com valores pequenos de DQO, uma vez que
a quantidade de matéria orgânica retida pelo carvão
deve ser fixa ou próximo disso, representando uma
queda (em percentual) bem menor em um efluente
com valores altos de DQO; caso desse mesmo
efluente ao início do tratamento com Reagente de
Fenton.
Figura 8. DQO do Efluente após Regente de Fenton e
Carvão Ativado.
98,76
40,00
55,00
70,00
85,00
100,00
4,00 6,00 8,00 10,0012,0014,0016,0018,00
Co
r (%
T)
Tempo (dias)
Tempo de tratamento x Cor (% T)
8,09
1,50
3,00
4,50
6,00
7,50
4,00 9,00 14,00
pH
(-l
og
[H
+])
Tempo (dias)
Tempo de tratamento x pH (-log [H+])
135120
370
620
4 6 8 10 12 14 16 18
DQ
O (
mg
O2
/L)
Tempo (dias)
Tempo de Tratamento x DQO (mg O2/L)
Ferreira et al. (2014)
____________
JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.17-26, 2014 25 | P á g i n a
Tratamento experimental na ETE com o
Reagente de Fenton
Após estes resultados no laboratório o
tratamento relativo ao teste T12 e à adição de 400 mg
de Carvão Ativado/800 mL de efluente foi aplicado
a um tanque com 50 m3 de efluente com
características idênticas às do efluente testado no
laboratório. Os resultados deste teste, após 16 dias
de tratamento, são apresentados na Tabela 3
Tabela 3. Resultados do tratamento em grande
escala.
Parâmetros Resultados
Ensaios pilotos
Resultados
tratamento na
ETE
Volume 800 mL 45,00 m3
pH 8,09 8,13
Cor (%T) 98,76 98,78
DQO (mg O2/L) 135,0 126,0
Redução DQO (%) 93,57 94,00
Os resultados são muito parecidos com
aqueles obtidos no laboratório. Isto se deve,
possivelmente, ao fato de que neste período não
houve mudanças bruscas do tempo como, por
exemplo, chuvas ou ventos constantes. Ou seja, as
condições do tanque mesmo em ambiente externo se
assemelharam às condições do laboratório.
Naturalmente, é lógico pensar que estes
valores de redução de Cor, Odor e DQO estejam
ligados ao nível de poluição inicial do efluente em
tratamento e que quanto maior a adição do Reagente
de Fenton mais rápido seria os resultados. Porém
este tempo de tratamento, que seria longo para
algumas indústrias, é plenamente satisfatório para o
exemplo citado uma vez que a ETE e o volume de
efluente gerado por dia permitem que o mesmo
permaneça em tratamento por 16 dias. A ETE
possui número de tanques e em volumes tais que é
possível o tipo de procedimento pesquisado,
desenvolvido e implantado no tratamento de suas
águas residuárias.
CONCLUSÃO
Para a determinação das diretrizes
empregadas na formulação do reagente de Fenton
foram realizados ensaios pilotos, sendo que o teste
piloto do experimento T12 foi o que apresentou o
melhor resultado (Cor e DQO), avaliando custo e
benefício. O teste T12 apresenta composição de 3,2
mL de H2O2 e 160 mg de Sulfato Ferroso para um
volume de 800mL. Posteriormente foi realizado o
tratamento com acompanhamento diário no
laboratório e em escala piloto, com resultados
similares para todos os parâmetros. O percentual de
transmitância como avaliação da cor apresentou
resultado de 98,76% para o piloto e 98,78% na ETE,
o percentual de redução de DQO foi de 93,57% no
ensaio de laboratório e 94,00% na ETE. O processo
de tratamento de efluente utilizando o Reagente de
Fenton apresentou ótimos resultados, sendo que
após o tratamento o efluente se encontrava dentro
dos limites estabelecidos pela legislação. Entretanto
o tempo de tratamento de 16 dias se dorna inviável
para algumas indústrias, mas sendo tranquilamente
utilizado na indústria estudada.
Treatment of industrial waste pharmochemical by fenton’s reagent
Abstract - This study aims to determine the optimal concentration of Fenton reagent for
pharmaceutical chemistry industry, varying the concentration of ferrous sulfate and hydrogen
peroxide subsequently monitor the treatment in pilot scale and wastewater treatment (WWTP) station
of the main parameters: color, odor, pH and COD. Pilot tests to obtain the guidelines used in
formulating the Fenton reagent to be used in large scale in the effluent tank were performed, the pilot
test of experiment T12 showed the best result (Color and COD) for the composition of the treatment
with: 3.2 mL of H2O2 and 160 mg Ferrous Sulfate. From this parameter the treatment was carried
out daily monitoring in the laboratory and pilot scale, and the values were similar for both
treatments, with the percentage reduction of COD of 93.57% in the lab test and 94.00% in the ETE
test. The process of wastewater treatment using Fenton reagent showed excellent results, with better
values than the limits established by law. But the treatment time of 16 days is not feasible for some
industries, but is smoothly carried out in the study industry.
Keywords: Fenton's reagent, industrial effluent, pharmochemical
Química
JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.17-26, 2014 26 | P á g i n a
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CHACÓN, J.M.; LEAL, M.T.; SÁNCHEZ, M.;
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ISSN 2359-2710
J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.27-31, 2014 27 | P á g i n a
Conservação de produtos refrigerados e congelados expostos para a
venda em supermercados da cidade de Palmas-TO.
P. R. A. Rocha1*; E. F. Rocha2; M. R. R. Alves3 e I. R. Freitas4
1 Mestrando em Engenharia de Alimentos na Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP, Av.: Albert Einstein, Cidade
Universitária “Zeferino Vaz”, 13.083-852. Campinas-SP, Brasil.
2 Mestranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos da Fundação Universidade Federal do Tocantins (UFT), Av. NS 15, ALC NO 14
– Campus Universitário de Palmas, 77020-210. Palmas-TO, Brasil. e-mail [email protected]
3 Doutoranda em Biotecnologia e Biodiversidade pela Rede BIONORTE, Professora da Fundação Universidade Federal do Tocantins
(UFT), Palmas-TO, Brasil. e-mail: [email protected]
4 Doutoranda em Engenharia e Tecnologia de Alimentos, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). Rua
Cristovão Colombo, 2265. Departamento de Engenharia e Tecnologia de Alimentos, São José do Rio Preto-SP, Brasil e-mail
INF. ARTIGO RESUMO
Received: 20 Jul 2014
Approved: 31 Ago 2014
Publicado em: 03 Out 2014
Esse estudo teve o intuito de avaliar se as temperaturas de produtos
refrigerados e congelados expostos à venda estão dentro das normas
estabelecidas para que não ocorram transformações indesejáveis no
produto. Foram realizadas 200 medidas de temperatura em três
supermercados localizados em três diferentes regiões (Norte, Centro e Sul)
da cidade de Palmas. As leituras eram feitas 1 vez por semana 2 vezes ao
dia para cada supermercado. A primeira medição feita das 7:00 às 8:00 h e
a segunda das 17:00 às 18:00 h, em cinco tipos de alimentos sendo,
refrigerados: leite pasteurizado e iogurte e congelados: frango, pizza e
hambúrguer. Observou-se que a temperatura dos alimentos refrigerados
divergiu que pode ter ocorrido pela utilização de diferentes equipamentos
e/ou pela utilização de um equipamento não adequado para o tipo de
alimento. Em relação aos congelados foi notório que todos os
supermercados estavam com no mínimo mais de 70 % de amostras fora das
normas estabelecidas pela legislação e pelo fabricante.
Termos de indexação:
Termômetro
Leite pasteurizado
Iogurte
Frango
Pizza
Hamburguer
*Autor para correspondência
© 2014 JBFS all rights. This is an open access article distributed under the Creative Commons Attribution License,
which permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided the original work is properly
cited.
Como referenciar esse documento (ABNT):
ROCHA, P. R. A.; ROCHA, E. F.; ALVES, M. R. R.; FREITAS, I. R. Conservação de produtos refrigerados e
congelados expostos para a venda em supermercados da cidade de Palmas-TO. Journal of Bioenergy and Food
Science, Macapá, v.1, n. 2, p. 27-31, jul. / set. 2014. _________________________________________________________________________________________________________________
INTRODUÇÃO
O emprego de baixas temperaturas tem sido
muito utilizado para a conservação de alimentos
com o intuito de diminuir a velocidade das reações
químicas e enzimáticas, retardar ou inibir o
crescimento e a atividade dos microrganismos.
Como as alterações são consequência dessas reações
de microrganismos e enzimas a vida útil de alguns
alimentos pode ser prolongada por meio do
armazenamento sob refrigeração ou congelamento
(ADAMS & MOSS, 1997).
Dentre os fatores extrínsecos que interferem
no crescimento de microrganismo e na deterioração
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Ciência e Tecnologia de Alimentos
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dos alimentos destaca a temperatura. Assim como as
altas temperaturas auxiliam na diminuição da carga
microbiana, as temperaturas mais baixas também
inibem o metabolismo de micro-organismos
patógenos e deteriorantes. A temperatura de
refrigeração e a de congelamento não tem ação
esterilizante sobre os microrganismos, sendo assim
essas temperaturas não podem melhorar o alimento
que já esteja em condições não próprio para o
consumo (TORASSI, 2009).
Na refrigeração são utilizadas temperaturas
ligeiramente acima do ponto de congelamento do
produto, com o seu emprego ocorre uma diminuição
da velocidade de deterioração, aumento da oferta de
alimentos frescos ao consumidor e apresenta mais
facilidade da manutenção da cadeia de frio devido à
exigência de temperaturas mais elevadas por um
período mais curto de tempo (ADAMS & MOSS,
1997).
O congelamento é um processo que visa
reduzir a temperatura do produto de maneira que
transforme a água livre em gelo, estado que deve ser
mantido durante todo o tempo de estocagem
(BOURGEOIS et al., 1994). As temperaturas
utilizadas nesse processo são baixas o suficiente
para reduzir ou parar a deterioração causada pela
ação de enzimas, microrganismos e de agentes
químicos sem causar perdas significativas de
nutrientes, diminuição da digestibilidade nem alterar
suas características organolépticas (FRANCO &
LANDGRAF, 2008).
De acordo com a Resolução CISA nº 10/1982
da ANVISA, alimento é considerado congelado
quando sua temperatura é inferior ou igual a -8ºC e
resfriado quando inferior ou igual a 10ºC. Alguns
alimentos não podem ser submetidos a esses
tratamentos, pois sofrerão injuria pelo frio
(FRANCO & LANDGRAF, 2008). As condições
para a conservação devem ser estabelecidas pelas
empresas produtoras. Ela considera um alimento
próprio para consumo aquele que é mantido sob
condições adequadas de conservação e preserva suas
propriedades nutritivas e não expõe a agravos à
saúde da população (ANVISA, 1982).
O armazenamento dos alimentos refrigerados
e/ou congelados durante a exposição deve ser
adequado para que a cadeia de frio seja mantida
com isso preservando a inocuidade, características
sensoriais e a vida de prateleira desses alimentos. A
temperatura na qual o alimento pode ser estocado
vai depender do tipo de alimento e de questões
econômicas, pois após a retirada de calor é
necessária à manutenção do frio que é onerosa
(FRANCO & LANDGRAF, 2008).
É de fundamental importância à escolha dos
equipamentos utilizados para a manutenção da
temperatura dos alimentos quando estocados, não
podendo ficar de fora a maneira como os mesmos
são manipulados e processados (BAZELLA &
MARTINS, 2008).
O presente estudo teve como objetivo avaliar
a temperatura de produtos refrigerados e congelados
e suas condições de armazenamento expostos à
venda em supermercados de Palmas – TO.
MATERIAIS E ÉTODOS
Três supermercados de mesmo porte foram
escolhidos em regiões diferentes da cidade de
Palmas - TO localizados nas regiões Norte, Centro e
Sul, visando cobrir todas as classes sociais no ano
de 2010.
As temperaturas dos alimentos foram medidas
usando um Termômetro digital (modelo espeto
French Cooking by Allá) a prova de água podendo
medir temperatura variando de -50ºC até 150ºC.
O procedimento foi realizado conforme
descrito por Macêdo, (2000) com modificações. As
leituras foram realizadas 1 vez por semana, 2 vezes
ao dia para cada supermercado durante 3 meses
completando 200 medições no total. A primeira
medição feita das 7:00 às 8:00 h e a segunda das
17:00 às 18:00 h, em cinco tipos de alimentos mais
vendidos de acordo com os estabelecimentos, sendo
os seguintes alimentos, refrigerados: leite
pasteurizado e iogurte e congelados: frango, pizza e
hambúrguer. As informações foram coletadas por
meio de planilhas, contendo informações como o
local da coleta de dados, data, alimento, temperatura
máxima e mínima do alimento e equipamentos
utilizados na estocagem.
Em todos os alimentos escolhidos nesta
pesquisa, a mensuração foi realizada com a haste do
termômetro entre dois alimentos do mesmo tipo
para simular a temperatura medida no centro
geométrico dos alimentos.
Foram verificadas temperaturas dos alimentos
e comparando-as com as especificadas com o
fabricante e também de acordo com a CISA nº 10.
Também foram analisadas as condições físicas dos
freezers e o tipo dos mesmos: horizontal/vertical e
fechado/aberto, quantas unidades de cada produto e
disposição destes alimentos no equipamento.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram realizadas 200 medições de
temperatura no total durante 3 meses de pesquisa e
seus resultados expressos em temperatura média,
mínima e máximas. Na Tabela 1 estão dispostas as
médias das temperaturas máximas, mínimas, a
temperatura estabelecida pelo fabricante, pela
legislação, o percentual de amostras satisfatória à
legislação e a recomendação do fabricante para
alimentos refrigerados.
Rocha et al. (2014)
J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.27-31, 2014 29 | P á g i n a
Tabela 1. Temperaturas máxima, mínima e média encontradas nos produtos refrigerados dos
supermercados das regiões Sul, Centro e Norte.
Tipo de produto
Temperaturas (ºC) Condição das amostras durante a análise
Média Mínima Máxima Satisfatória de acordo
com a Legislação (%)
Satisfatória de acordo
com o Fabricante (%)
Leite Pasteurizado1
Regiões
Sul 5,9 4,2 7,7 100 100
Centro 8,4 5,5 11,4 33 67
Norte 12,9 11,4 14,1 0 0
Iorgute2
Regiões
Sul 11,2 2,7 15,8 0 25
Centro 12,3 3,2 17,5 43 57
Norte 8,2 2,6 11,6 50 100
1 Temperaturas satisfatórias para o leite pasteurizado - A legislação e o fabricante do produto recomendam conservação
em temperaturas ≤ 8ºC. 2 Temperaturas satisfatórias para o iogurte - A legislação determina temperaturas ≤ 8ºC e o fabricante a temperatura de 1
a 10ºC.
De acordo com a Tabela 1, no que diz
respeito ao leite pasteurizado, apenas na região Sul a
temperatura apresentou-se dentro do especificado
pela legislação (ANVISA, 1982) e pelo fabricante,
representando 100% das amostras observadas. Isso
se deve provavelmente a boas condições do
equipamento e a quantidade adequada desse produto
armazenada no mesmo. Maciel (2007) observou que
os produtos lácteos expostos apresentavam 100% de
adequação quanto à temperatura de armazenamento
na cidade de Rio de Janeiro.
Já o mesmo produto nas regiões Centro e
Norte as temperaturas foram observadas máximo de
11,4 e 14,1ºC (Tabela 1), valores que estão acima
dos valores determinados pela legislação e pelo
fabricante. Na região central 33% das amostras
estavam insatisfatórias, isso pode ter o ocorrido pelo
fator de superlotação do equipamento, por defeito
no equipamento ou por desligamento noturno.
Superlotação também foi um dos problemas
constatados na literatura (SEREJO, 2009).
A temperatura média do produto na região
Norte, de acordo com os dados coletados, ficou
acima do permitido pela legislação e também pelo
fabricante com media 14,1°C, totalizando 100% das
amostras insatisfatórias. Isto provavelmente do
recipiente que elas utilizavam que não era
apropriado e da utilização do equipamento para o
resfriamento de outros produtos lácteos.
Em relação ao iogurte, como demonstra na
Tabela 1, na região Sul 100% das amostras estavam
fora do valor estabelecido pela legislação e 75% das
amostram estavam inadequadas de acordo com o
fabricante. Esses resultados insatisfatórios podem
ter ocorrido por falta de manutenção dos
equipamentos onde os mesmos encontravam-se,
com a porta danificada, impossibilitando a
manutenção da temperatura.
Na região central, como verificado na Tabela
1, 57% das amostras encontram-se inadequadas
tanto pela legislação quanto pelo fabricante. Apesar
do bom estado de conservação do freezer, o
acumulo de gelo pode ter interferido na temperatura
inadequada neste equipamento.
O mesmo produto na região Norte apresentou
100% das amostram adequada segundo a
temperatura estabelecida pelo fabricante e 50%
inadequados conforme a legislação o que pode ter
ocorrido pelo eventual desligamento do
equipamento para economia de energia. Observou
em um estudo feito com carnes refrigeradas que em
um dos supermercados a temperatura sempre estava
acima da recomendada enquanto no outro apenas
em uma semana no período das análises isso ocorreu
e no terceiro estava dentro dos limites desejáveis
(PORTE et al., 2003).
Os valores das temperaturas dos produtos
congelados estão representados na Tabela 2.
Pode-se observar que para o frango o
número de amostras insatisfatórias ficou
superior que 70% nos 3 supermercados, tanto
pela legislação quanto pelo fabricante. Em outro
estudo (SOUZA, 2009) verificou que 42,08%
das amostras de frango estavam inadequadas.
Apesar dos freezers não encontrarem com
crostas de gelo é provável que haja o
desligamento dos mesmos durante a noite e/ou a
falta de manutenção.
Ciência e Tecnologia de Alimentos
30 | P á g i n a J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.27-31, 2014
Tabela 2. Temperaturas máxima, mínima e média encontradas nos produtos congelados dos
supermercados das regiões Sul, Centro e Norte.
Tipo de produto
Temperaturas (ºC) Condição das amostras durante a análise
Média Mínima Máxima Satisfatória de acordo
com a Legislação (%)
Satisfatória de acordo
com o Fabricante (%)
Frango
Regiões
Sul -3,95 -2,1 -5,8 25 22
Centro 0 -3,1 3,1 7,1 14,3
Norte 1 -5,3 7,3 28,6 0
Hambúrguer
Regiões
Sul 4,2 -0,1 8,5 0 0
Centro 1,2 -4,3 6,7 15 0
Norte 2,15 -3,1 7,4 0 0
Pizza
Regiões
Sul 1,7 0,8 2,6 0 0
Centro -1,2 -4,6 2,2 0 0
Norte 1,1 -4,4 6,6 0 0
Temperatura dos produtos congelados. A legislação determina temperaturas ≤ - 8º, enquanto que os
fabricantes dos produtos recomendam conservação em temperaturas ≤ - 12ºC.
Pode-se observar que para o frango o número
de amostras insatisfatórias ficou superior que 70%
nos 3 supermercados, tanto pela legislação quanto
pelo fabricante. Em outro estudo (SOUZA, 2009)
verificou que 42,08% das amostras de frango
estavam inadequadas. Apesar dos freezers não
encontrarem com crostas de gelo é provável que
haja o desligamento dos mesmos durante a noite
e/ou a falta de manutenção.
Na região Sul, conforme a Tabela 2, 100%
das amostras de hamburguer estavam inadequadas,
os valores de temperatura não satisfazia a legislação
e nem ao fabricante. Foi observado ainda durante a
coleta dos dados que as amostras de hambúrguer
apresentavam textura mole e macia. Esse fato pode
ter ocorrido por superlotação do Freezer, uma vez
que os mesmos apresentavam excesso de gelo e
excesso de produto armazenado, prejudicando assim
o rendimento do equipamento.
Já na região Central, 100% das amostras
estavam inadequadas segundo ao fabricante e 85%
estavam fora dos valores estabelecidos pela
legislação. E na região Norte todas as amostras
estavam inadequadas de acordo com a legislação e
pelo fabricante. Os problemas que ocorrem na
regiao Central e Norte, são os mesmos que ocorrem
para esse mesmo produto na região Sul.
Em todas as regiões, as amostras de pizza se
encontram fora dos valores estabelecidos pela
legislação e pelo fabricante. Situação considerada
grave, tendo como provaveis motivos
superlotamento dos freezers com outros produtos
prontos, crostas de gelo, embalagens umedecidas,
poças d’aguas na tampa dos freezers, termomentro
do equipamento não marcava a temperatura certa.
Problemas que também foram constatados por
(SEREJO, 2009).
De acordo com Porte et al. (2003) a
necessidade de circulação do ar refrigerado entre os
alimentos é comprometida pelo abarrotamento deles
nos equipamentos.
Os diversos resultados nas diferentes regiões
demonstrada nas Tabelas 1 e 2, pode ter sido pela
utilização de diferentes tipos de equipamentos e/ou
se o mesmo é aberto ou fechado. Também pode ser
decorrente dos comerciantes não terem o
conhecimento dos motivos pelos quais a
manutenção da cadeia de frio é importante e de
como a mesma pode ser monitorada/controlada.
Foi possível verificar que em todos os
supermercados a temperatura marcada no
termômetro do equipamento era diferente da medida
nos produtos, sendo que a medida estava sempre
acima da marcada no equipamento o que também
foi observado em outro estudo (SOUZA, 2005).
CONCLUSÃO
O estudo demonstra que os alimentos
estudados não estão sendo refrigerados/congelados
adequadamente como determina a resolução CISA
Nº 10. Assim o consumidor está sendo prejudicado
ao realizar a compra desses produtos.
As temperaturas dos produtos analisados
divergiram em sua grande maioria da legislação
vigente e da recomendação do fabricante, em alguns
casos apresentando 100% de temperaturas
insatisfatórias para o armazenamento.
A falta de capacitação em BPF dos
responsáveis pelas empresas e também o não
Rocha et al. (2014)
J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.27-31, 2014 31 | P á g i n a
acompanhamento dessas empresas por parte do
órgão responsável, pode acarretar em consumo de
alimentos impróprios.
Conservation of refrigerated products and frozen displayed for sale in supermarkets in the city
of Palmas-TO.
Abstract - This study aimed to assess whether temperature of refrigerated and frozen products are
exposed for sale within the norms established so that no unwanted changes occur in the product. 200
temperature measurements were performed at three supermarkets located in three different regions
(North, Center and South) of the city of Palmas. Initial measurements made from 7:00 to 8:00 h and
the second from 17:00 to 18:00 in five types of foods being, chilled and pasteurized milk and frozen
yogurt, chicken, pizza and hamburger. It was observed that the temperature of chilled foods differed
that may have occurred by using different equipment and / or use of any equipment not appropriate
for the type of food. Regarding frozen was striking that all the supermarkets were with at least more
than 70% of samples outside the norms established by law and by the manufacturer
Index terms: thermometer, pasteurized milk, yogurt, chicken, pizza, hamburger.
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Município de Cascavel – Paraná. Cascavel, 2008,
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Extensão. 14 a 17 de Setembro de 2005.
SOUZA, Almeida Cristiana. Avaliação da
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TORASSI, Michele. Avaliação da temperatura de
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(Graduação) - Curso de Farmácia, Universidade do
Extremo Sul Catarinense, Criciúma, 2009.
J. Bioen. Food Sci, 01 (2): 32-40, 2014
Journal homepage: http://periodicos.ifap.edu.br/index.php/JBFS
ISSN 2359-2710
32 | P á g i n a J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.32-40, 2014
Alta pressão hidrostática na conservação de alimentos: um enfoque
para o processamento de sucos
F. M. Rodrigues1*; L. G. S. M. Rodrigues2, C. R. B. Mendonça3, E. M. Oliveira4 e V. H. G. Sales5
1 Doutorando em Ciência e Tecnologia de Alimentos – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – (UFRRJ). Cx.
Postal 74515, 23.897-970. Seropédica-RJ, Professor do Instituto Federal do Tocantins – IFTO, Brasil.
2 Doutoranda pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Professora do Instituto Federal do Tocantins
- IFTO. e-mail [email protected]
3 Doutora em Química, Professora Adjunta do Centro de Ciências Químicas, Farmacêuticas e de Alimentos -
Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Campus Universitário, 96.010-900 Cx. Postal 354. Pelotas-RS, Brasil. e-mail
4 Mestranda em Biotecnologia pela Universidade Federal do Tocantins (UFT), Campus Gurupi, Brasil. e-mail
5 Mestre em Agroenergia. Professor do Instituto Federal do Amapá (Ifap). Rodovia BR 210, km 03, s/n – Bairro Brasil
Novo, 68.909-398, Campus Macapá. Macapá-AP, Brasil. Email: [email protected]
INF. REVISÃO RESUMO
Convite: 20 Mai 2014
Recebido em: 16 Ago 2014
Publicado em: 03 Out 2014
O Brasil é um dos maiores produtores de fruta do mundo e o consumo
destas na forma de suco tem apresentado crescente aumento. Os
consumidores estão cada vez mais preocupados com a alimentação
saudável e o suco de fruta pode ser um grande aliado para uma dieta com
esta característica. Com o intuito de satisfazer às expectativas das pessoas,
cada vez mais exigentes com relação à qualidade dos produtos que
adquirem, novas tecnologias não térmicas têm sido desenvolvidas, como é
o caso da Alta Pressão Hidrostática (APH). Este trabalho consistiu numa
revisão bibliográfica sobre o uso de processo não térmico de alta pressão
hidrostática, focando sua aplicação no processamento de sucos. Constatou-
se que a APH trata-se de uma tecnologia promissora, especialmente, por
mostrar-se eficiente na conservação e manutenção das características
sensoriais e nutricionais do produto. Os investimentos e custos operacionais
associados a essa tecnologia são os maiores responsáveis pela limitação de
seu emprego, porém, o desenvolvimento tecnológico e o incentivo de
consumidores dispostos a adquirir produtos de maior qualidade apontam
para sua maior aplicação.
Termos de indexação:
Conservação de alimentos
Processo não térmico
Tecnologia não convencional
Métodos isostáticos.
*Autor para correspondência
© 2014 JBFS all rights. This is an open access article distributed under the Creative Commons Attribution License,
which permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided the original work is properly
cited.
Como referenciar esse documento (ABNT):
RODRIGUES, F. M.; RODRIGUES, L. G. S. M.; GOI, S. R.; MENDONÇA, C. R. B.; OLIVEIRA, E. M.; SALES, V.
H. G. S. Altas pressões hidrostática na conservação de alimentos: um enfoque para o processamento de sucos. Journal
of Bioenergy and Food Science, Macapá, v.1, n. 2, p.32-40, jul. / set. 2014. _________________________________________________________________________________________________________________
INTRODUÇÃO
Apreciados em todo o mundo, e
mundialmente consumidos, sucos de frutas fazem
sucesso não só pelo seu sabor, mas, também, por
serem fontes naturais de carboidratos, carotenóides,
vitaminas, minerais e outros componentes
importantes à dieta humana (BERTO, 2003;
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Ciência e Tecnologia de Alimentos
____________
J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.32-40, 2014 33 | P á g i n a
PINHEIRO et al., 2006; SEERAM et al, 2008;
SHINAGAWA et al., 2013).
Associado à produção de suco está o
tratamento térmico, como meio de estender o tempo
de vida útil do produto. Entretanto, o calor deprecia
a qualidade do suco (degradação de pigmentos,
especialmente carotenóides e antocianinas, reações
de escurecimento (Maillard), escurecimento
enzimático e oxidação de ácido ascórbico),
comprometendo suas propriedades funcionais
(IBARZ et al., 1999; SUH et al., 2003), nutricionais
e sensoriais (CAO et al., 2012; LEE & COATES,
2003; PATRAS et al., 2011;
RATTANATHANALERK et al., 2005).
Neste sentido, há uma crescente demanda de
consumidores por produtos alimentares frescos,
impulsionando o surgimento de tecnologias não
convencionais na produção de alimentos seguros
(TRUJILLO et al., 2002), com o mínimo de perda
nutricional e sensorial, mantendo-se os mais
próximos do produto in natura e com uma maior
estabilidade na sua vida de prateleira (BUTZ et al.,
2003; MONTEIRO, 2006).
Dessa maneira, tratamentos como, pulsos
elétricos, aquecimento ôhmico, irradiação,
engenharia genética, biotecnologia e alta pressão,
entre outros vêm sendo estudados como alternativas
na melhor preservação da qualidade dos produtos
frescos (MARX et al., 2011; ZHANG et al., 2011;
CAMPOS et al., 2003; COSTA et al., 1999;
OLIVEIRA & OLIVEIRA, 1999).
Com o intuito de satisfazer às expectativas
dos consumidores, cada vez mais exigentes com
relação à qualidade dos produtos que adquirem,
novas tecnologias não térmicas têm sido
desenvolvidas, como é o caso da Alta Pressão
Hidrostática (APH) (MARX et al, 2011; ZHANG et
al., 2011), processo não-térmico, capaz de inativar
microrganismos patogênicos e deteriorantes nos
alimentos, assim como ativar e inativar enzimas
(KNORR, 1993; GOULD, 2000). Como alternativa
ao processamento convencional de alimentos
(processamento térmico), a APH tem sido sugerida
como uma tecnologia efetiva para ser empregada na
pasteurização de sucos.
A técnica de APH consiste em submeter
alimentos líquidos ou sólidos a pressões entre 100
MPa e 1000 MPa (1 Mpa = 9,869 atm = 10 bar)
(Oey et al., 2008), associada ou não a certa elevação
da temperatura, podendo o alimento estar ou não
embalado (FDA, 2000; YUSTE et al., 2001).
Visando determinar os parâmetros ideais de
processo para as diferentes matrizes que compõem
os alimentos, tais como, sucos de frutas (RODRIGO
et al, 2007; ZIMMERMAN & BERGMAN, 1993),
diversos estudos têm avaliado o uso da alta pressão
hidrostática como substituto (parcial ou total) ao
processamento térmico convencional. Por exemplo,
suco de maça (BARON et al., 2006; DONSI et al.,
2009; PATHANIBUL et al., 2009;
VALDRAMIDIS et al., 2009), polpa de manga
(TRIBST et al., 2011; AHMED et al., 2005), suco
de laranja (KATSAROS et al., 2010), suco de
morango (CAO et al, 2011), açaí (ALIBERTI,
2009), suco de tomate (CORBO et al, 2010) e
damasco (PATRIGNANI, 2009; 2010).
Esta revisão teve por objetivo abordar os
princípios da alta pressão hidrostática e, entre outros
aspectos, seu efeito sobre os microrganismos e sua
aplicação para o processamento de sucos.
Cenário do mercado de sucos
Na esfera global, o setor de bebidas mostra
constante ascensão e o consenso entre especialistas é
a tendência de aumento no consumo das bebidas não
alcoólicas (ESPERANCINI, 2005; BERTO, 2003).
Neste mercado estão incluídas as bebidas como
refrigerantes, sucos, chás, energéticos e água
mineral engarrafada (BOLETIM NEIT, 2004). As
bebidas à base de frutas, como sucos e néctares, nas
suas mais diversas formas de apresentação (Queiroz
& Menezes 2005; Berto, 2003), são as que mais têm
se destacado dentro desse segmento.
A grande diversidade de climas e solos
existente no Brasil constitui excelente ambiente para
a expansão da produção de frutas e hortaliças
(VIANA et al., 2010). A Associação Brasileira das
Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas Não
Alcoólicas – ABIR fez um levantamento do
consumo de sucos entre os anos de 2002 a 2009 e
verificou que houve um crescimento de 21% durante
o período, sendo que em 2009 foram
comercializados 1413 milhões de litros a mais que
2002. Entre 2008 e 2009, o consumo total de suco
de frutas cresceu 1,6 %, alcançando a marca de
8.133 milhões de litros de suco.
O destaque de 2009 foi novamente para o
crescimento de sucos e néctares, com um acréscimo
de quase 9 % em relação a 2008. Em 2011 no
período de janeiro a maio foram consumidos 315,6
milhões de litros de suco. Já no mesmo período em
2012, foram consumidos aproximadamente 352,1
milhões de litros de sucos prontos para beber no
Brasil, o que representou quase 12 % de aumento do
consumo de suco em relação ao ano de 2011. O que
acaba por confirmar o potencial do segmento, que
durante os últimos anos vem registrando aumento
do consumo no Brasil.
Processamento por alta pressão hidrostática
Rodrigues et al. (2014)
34 | P á g i n a J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.32-40, 2014
Os primeiros estudos sobre a inativação de
micro-organismos por efeito da pressão foram
realizados na França por Certes, em 1884, e nos
EUA por Hite entre 1899 e 1914, que estudaram a
resistência dos micro-organismos a altas pressões
em alimentos (HOOVER, 1993). A partir dos
primeiros trabalhos, estudos pontuais objetivando a
aplicação da alta pressão em alimentos foram
realizados, porém, devido ao avanço dos processos
térmicos, a tecnologia ficou relegada a um segundo
plano (JAY et al., 2005; PATTERSON, 2005;
ROSENTHAL et al., 2008).
Somente a partir de 1990, com pesquisas
realizadas no Japão, objetivando avaliação do
potencial de aplicação comercial, a retomada dos
estudos foi restabelecida em vários outros países,
com destaque para os Estados Unidos e países
europeus (CAMPOS et al., 2003). Tais pesquisas
resultaram em grande avanço tecnológico,
acarretando surgimento de diversos produtos
comercializados em vários países (MERTENS &
DEPLACE, 1993), por exemplo: geleia de frutas
(primeiro produto pressurizado) no Japão, suco de
laranja na França, guacamole no México e leite
pasteurizado no mercado inglês (ADAMS & MOSS,
2000; CAMPOS et al., 2003; MERTENS &
DEPLACE, 1993).
Por APH o processamento dos alimentos pode
ser executado de duas formas: pasteurização do
produto já dentro da embalagem final, ou
homogeneização a alta pressão (HAP), no qual o
produto é pasteurizado de forma contínua e depois
assepticamente embalado (CAMPOS et al., 2003;
MERMELSTEIN, 1999). No método de alta pressão
hidrostática, o produto é submetido a uma pressão
muito alta (100 a 1000) MPa, dentro de um vaso
pressurizado, por determinado tempo e temperatura,
causando a destruição microbiológica e podendo
haver inativação parcial enzimática (BALA et al.,
2008; CAMPOS et al., 2003). Ligações covalentes
não são rompidas a determinadas faixas de pressões,
mantendo assim, atributos dos alimentos como cor,
aroma e sabor, inalterados (FARKAS & HOOVER,
2000; BARBOSA-CÁNOVAS & RODRÍGUEZ,
2002).
À temperatura ambiente, pressões na faixa de
200 a 600 MPa são suficientes para reduzir o
número de micro-organismos patogênicos e
deteriorantes, além de possibilitar a inativação de
enzimas envolvidas na deterioração dos alimentos,
com isso, propiciando ao produto a manutenção de
seu frescor, juntamente com as demais
características sensoriais e nutricionais (HEIJI et al.,
2006).
Princípios da alta pressão hidrostática
O método de APH fundamenta-se em dois
princípios, a saber: o primeiro trata-se do Princípio
de Lê Chatelier em que qualquer aumento da
pressão, está associado à redução de volume e vice-
versa (CHEFTEL, 1995; EARNSHAW, 1996;
CAMPOS, 2004). O segundo baseia-se no
“Princípio Isostático”, segundo o qual a pressão é
transmitida ao alimento quase que instantaneamente
e uniformemente por todo o alimento, independente
da forma, tamanho e composição (BALA et al.,
2008; CAMPOS, 2004; OEY et al., 2008; RASO et
al., 1998; SMELT, 1998; FDA, 2000).
Como consequência da pressurização vale
ressaltar que durante a compressão e descompressão
do equipamento e alimento, há uma pequena
variação da temperatura no interior do equipamento,
proporcional a pressão utilizada (PFLANZER et al.,
2008). Basicamente o equipamento de APH consiste
de quatro componentes: recipiente de pressão,
sistema gerador de pressão, dispositivo para
controle da temperatura e sistema operacional
(PFLANZER et al., 2008).
Efeito da APH nos micro-organismos e enzimas
Um dos efeitos diretos do tratamento por
APH sob o micro-organismo, são as lesões
celulares, destacando-se as modificações
morfológicas da parede celular e membrana,
alterações das funções bioquímicas e mecanismos
genéticos (YUSTE et al, 2001). O alongamento
celular e separação da parede celular da membrana
citoplasmática exemplificam as modificações
morfológicas ocorrido a nível (MAÑAS & PAGAN,
2004). Alterações na conformação das estruturas
secundária, terciária e quaternária de
macromoléculas, como ácidos nucléicos,
polissacarídeos e proteínas também são afetadas
(YUSTE et al, 2001). Entretanto, estudos apontam
que entre as principais causas da morte dos micro-
organismos está a lesão na membrana citoplasmática
(SMELT, 1998; YUSTE et al., 2001; MAÑAS &
PAGAN, 2004). A coagulação das proteínas
citoplasmáticas e a cristalização dos fosfolipídios
também são relatadas (SMELT, 1998). De acordo
com (CHEFTEL, 1992; MANAS & PAGAN,
2004), como consequência da pressurização, ocorre
a desnaturação protéica, como exemplo a inativação
de enzimas como ATPase, provocando com isso,
alterações dos mecanismos genéticos. A resposta do
micro-organismos frente à alta pressão hidrostática
depende de alguns fatores, como, o tipo (bactérias,
bolores, leveduras) e forma (eucariontes e
procariontes) (SMELT, 1998;
BALASUBRAMANIAM & FARKAS, 2008).
Quanto às enzimas, a resposta ao tratamento
por APH depende de variáveis, como estruturas
secundárias, terciárias e quaternárias (TEWARI et
Ciência e Tecnologia de Alimentos
____________
J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.32-40, 2014 35 | P á g i n a
al., 1999). A inativação e ativação das enzimas
depende da origem, pH, natureza do substrato, e
condições operacionais (SAN MARTÍN et al.,
2002; TEWARI et al., 1999). Entre as principais
enzimas deteriorantes de frutas e hortaliças, estão a
polifenoloxidase (PPO) e peroxidase (POD)
(ROSENTHAL et al., 2002). A PPO e a POD são
responsáveis pela transformação dos fenóis
existentes nos vegetais em compostos que
conferem coloração escura ao alimento, através de
reações químicas como a hidroxilação e a oxidação
de estruturas fenólicas (CHEFTEL, 1995). A
inativação de enzimas é dependente da temperatura
e tempo de processo (ROSENTHAL et al., 2002).
A APH pode ser usada como alternativa às altas
temperaturas para a inativação irreversível da PPO
e POD (HENDRICKX et al., 1998). Rosenthal et
al. (2002) em estudo com o extrato enzimático de
PPO e POD, obtido a partir do abacaxi, avaliou a
atividade destas enzimas frente às diferentes
condições de tempo, temperatura e pressão. Os
autores observaram que a inativação enzimática foi
maior quando valores mais elevados dos
parâmetros tempo (45 minutos), temperatura (60
ºC) e pressão (600 MPa) foram utilizados. A
máxima redução foi de 60,08 % para POD e 33,17
% para PPO. No entanto, os efeitos das
condições de processamento, tais como pressão,
temperatura e tempo variam amplamente conforme
tipo de enzima, a fonte de enzima (fruta e
hortaliças), propriedades da matriz alimentar (pH e
umidade) e tipo de matriz (fruta inteira, partes da
fruta, purê ou suco) (MÚJICA-PAZ et al., 2011).
Aplicações de altas pressões em sucos
Pressões maiores que 400Mpa são utilizadas
no processamento de sucos (HOOVER, 1993).
Estudos de (LINTON et al., 1999; RAMASWAMY
et al., 2003) eliminaram leveduras e fungos,
prolongando o shelf life do produto para próximo
de 30 dias. Dede et al. (2007) verificaram que o
tratamento de alta pressão em suco de cenoura a
250 MPa durante 15 minutos e temperatura de 35
ºC, reduziu a contagem total de aeróbio para um
nível inferior ao limite de detecção, apesar de uma
carga microbiana inicial de 5,5 log UFC ml-1.
Da mesma forma, Kim et al. (2001) não
encontrou microrganismos após o tratamento de
pressão em suco de cenoura a 300 MPa durante 10
minutos e 50 º C. Em trabalho realizado por
Bayindirli et al. (2006), foi verificada a completa
inativação de Staphylococcus aureus, Escherichia
coli O157:H7 e Salmonella Enteritidis em sucos de
maçã, laranja, damasco e cereja quando tratados a
350 MPa a 40 ºC por 5 minutos. Pressões na faixa
de 100 a 600Mpa foram utilizadas em suco de
tangeria (OGAWA et al. 1990) Os resultados desse
trabalho mostraram que tratamentos a 350 MPa
durante 30 minutos ou 400 MPa durante 4 minutos,
à temperatura ambiente, permitiram a redução da
carga microbiana em 5 unidades logarítmicas.
Sucos de uva e laranja já vêm sendo processado em
países da Europa, desde o ano de 1994. De acordo
com (BASAK & RMASWAMY, 1996;
CASTELLARI et al., 2000; GOODNER et al.,
1998; GOODNER et al., 1999) é possível
estabilizar produtos cítricos, como suco de frutas,
concentrados e produtos a base de tomate, em
pressões superiores a 300Mpa. O produto é
estabilizado sem afetar suas características físico-
químicas, funcionais e seu valor nutricional,
especialmente os teores das vitaminas C e A. Dede
et al (2007), constatou que a retenção de ácido
ascórbico em suco de cenoura pressurizado,
estocado a 4 e 25°C, foi significativamente mais
elevada que em suco de cenoura tratado
termicamente. Butz et al. (2003) mostrou que os
carotenóides em suco de laranja e em uma mistura
de laranja, suco de cenoura e limão não foram
afetadas pelo tratamento a alta pressão em
condições operacionais de até 600 MPa por 6 min.
Kim et al., (2001) demonstrou que a α e β-caroteno
permaneceram mais estáveis ao tratamento por alta
pressão do que quando comparado ao tratamento
térmico convencional.
Porém, para a inativação de enzimas
resistentes à pressão, como as pectinolíticas e
polifenoloxidases é necessário um tratamento
térmico moderado junto à alta pressão (FARR,
1990). Tratamentos com APH em produtos
vegetais que apresentam pH relativamente elevado
são problemáticos, devido possibilidade de
sobrevivência e crescimento de esporos de micro-
organismos patogênicos (TONELLO, 2011). No
trabalho de (CRELIER et al., 1999) o efeito da
pressão sob a textura a atividade enzimática em
suco de tomate, mostrou que a viscosidade do suco
aumenta consideravelmente com a pressão e que as
atividades das enzimas poligalacturonase (PG),
pectinametilesterase (PME) e peroxidase (POD)
foram afetadas por pressões superiores a 500 MPa.
Marcellini (2006) realizou trabalho com suco de
abacaxi, aplicando APH à polpa da fruta, à 300
MPa durante 5 minutos a 25 ºC, onde demonstrou-
se ser eficaz para produção da polpa com vida útil
de 14 dias, estando de acordo com os parâmetros
(microbiológicos e sensoriais) determinados pela
legislação brasileira. Goodner et al. (1999)
estabilizaram suco de laranja, promovendo uma
vida de prateleira de 90 dias, armazenado sob
refrigeração, em condições de tratamento de
700Mpa durante 1 minuto. Estudos realizados por
Rodrigues et al. (2014)
36 | P á g i n a J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.32-40, 2014
Deliza et al. (2003), verificou que informar os
consumidores sobre a utilização da APH no
processamento de suco de abacaxi causou um
impacto positivo na percepção do produto.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tecnologias não convencionais de
conservação de alimentos têm sido estudadas como
alternativa ao tratamento térmico, especialmente
para preservar a qualidade sensorial e nutricional
dos produtos. Neste contexto, a alta pressão
hidrostática vem se mostrando uma tecnologia
promissora, especialmente na destruição de micro-
organismos patogênicos e deteriorantes, na
ampliação da vida útil do produto, e manutenção das
características sensoriais. Sua aplicação no
processamento de sucos tem mostrado ótimos
resultados. Entretanto, essa ainda é uma
tecnologia cara para ser implementado, fato este
responsável pela limitação de seu emprego.
Contudo, o desenvolvimento tecnológico tem
permitido uma redução crescente dos investimentos
e custos operacionais associados a ela. Nessa
perspectiva, espera-se que venha ocorrer ampliação
do mercado de produtos conservados por esse
tratamento. Demandas por alimentos de maior
qualidade podem incentivar sua aplicação,
notadamente para produtos de maior valor agregado.
High hydrostatic pressure in food preservation: an approach to the processing of juice
Abstract - Brazil is a major producer of fruit in the world and the consumption of these in the form
of juice has shown increasing. Consumers are increasingly concerned about healthy eating and fruit
juice can be a great ally for a diet with this characteristic. In order to meet the expectations of
consumers, more demanding regarding the quality of the products they purchase, non-thermal
technologies have been developed, such as the High Hydrostatic Pressure (APH). This work
consisted of a literature review on the use of innovative technology to high hydrostatic pressure,
focusing on its application in juice processing. It was found that APH has proved a promising
technology, especially because it appears effective in the conservation and maintenance of sensory
and nutritional characteristics of the product. The investment and operating costs associated with this
technology are the most responsible for limiting its use, however, technological development and
encouragement of consumers willing to purchase higher quality products point to its main
application.
Index terms: Food preservation; non-thermal process; unconventional technology; isostatic
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JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.41-45, 2014 41 | P á g i n a
Secagem natural de banana nanica com e sem pré tratamento
osmótico.
P. V. G. Sales1*; A. C. R. da Costa2 e E. M. de Oliveira3.
1 Doutorando em Biotecnologia e Biodiversidade pela rede BIONORTE, Professor do Instituto Federal do Tocantins –
IFTO, Brasil.
2 Graduanda Curso de Engenheira Biotecnológica da Universidade Federal do Tocantins-UFT, Campus Gurupi. Rua
Padejós, Lt. 07 Chácaras 69/72 Zona Rural Cx Postal 66, CEP: 77402-970. Gurupi-TO, Brasil. e-mail
3 Mestranda do Programa de Pós Graduação em Biotecnologia da Universidade Federal do Tocantins-UFT, Campus
Gurupi. e-mail [email protected]
INF. ARTIGO RESUMO
Recebido: 20 Jul 2014
Aprovado em: 07 Set 2014
Publicado em: 03 Out 2014
O presente trabalho objetivou caracterizar os parâmetros de Sólidos
Solúveis (SS), Acidez Titulável (AT), pH, e o ratio em bananas
desidratadas por secagem natural com dois tratamentos: F1 – Bananas pré-
tratadas em solução osmótica de sacarose a 10% e F2 – Controle. Os dados
foram submetidos a um delineamento experimental inteiramente
casualizados, com dois tratamentos (F1 e F2) e 10 repetições. As bananas
permaneceram expostas à secagem por um período de aproximadamente 96
horas para atingir a umidade média final em ambos tratamentos de 32%. Na
análise dos resultados foi verificado diferenças significativas entre os dois
tratamentos para todas as variáveis analisadas, sendo valores de SS (28,98)
e ratio (21,60) com maior média para F1 e os valores pH (5,15) e AT
(1,51%) com maior média para F2. A secagem em temperatura ambiente
demonstra ser uma alternativa viável por manter a qualidade da fruta, bem
como a facilidade da sua inserção em comunidades de baixa renda por ser
um método barato e simples.
Termos de indexação:
Musa spp
Secagem
Desidratação osmótica.
*Autor para correspondência
© 2014 JBFS all rights. This is an open access article distributed under the Creative Commons Attribution License,
which permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided the original work is properly
cited.
Como referenciar esse documento (ABNT):
SALES, P. V. G.; COSTA, A. C. R.; OLIVEIRA, E. M. Secagem natural de banana nanica com e sem pré tratamento
osmótico. Journal of Bioenergy and Food Science, Macapá, v.1, n. 2, p.41-45, jul. / set. 2014.
INTRODUÇÃO
A Banana (Musa sapientum L.) é uma das
frutas tropicais mais importantes no mundo. Os
frutos maduros contêm muitos dos nutrientes
essenciais necessários que são essenciais para uma
dieta equilibrada, a qual contém em sua
composição, açúcares naturais, proteínas, potássio e
vitaminas A, do complexo B e C, a fruta quando
madura é facilmente digerida, colaborando com o
fornecimento rápido de energia ao organismo, a
fruta também pode ser utilizada com fins
medicinais, usada como antidiarréico, contra o
escorbuto e linfatismo (CRAVO, 2003). Conforme
Toda Fruta (2012) a banana é usada principalmente
na recuperação da anemia, pressão arterial,
intensificação da capacidade mental e constipação
intestinal, e de acordo com Amer et al. (2010) outras
vantagens são relacionadas como no tratamento da
depressão, ressaca e úlcera.
A fruta de acordo com Hassan et al. (2005) e
Amer et al. (2010) é classificada climatérica
(continua processo de respiração, após a colheita),
apresentando textura macia, o que incide na maior
vulnerabilidade durante as etapas de conservação,
transporte e comercialização. Amer et al (2010)
Art
igo
cie
ntí
fico
Ciência e Tecnologia de Alimentos
42 | P á g i n a JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.41-45, 2014
infere que o alto teor de umidade da fruta é um dos
principais fatores que afetam a qualidade da banana,
implicando em perdas qualitativas e quantitativas
durante o seu armazenamento pela perda de
umidade, carboidratos, vitaminas, distúrbios
fisiológicos e o aparecimento de pragas e doenças.
O método da desidratação é utilizado para
reduzir a deterioração dos produtos devido à
remoção parcial da água. Conforme Smitabhidu et
al. (2008) esses problemas da secagem das bananas
podem ser resolvidos por meio do uso da tecnologia
de secagem solar, devido ao fato de que as áreas de
produção de banana são geralmente situadas em
regiões tropicais com abundante radiação solar.
O método de secagem natural de produtos
agrícolas vem sendo utilizado na maioria dos países
em desenvolvimento e consiste na exposição de um
produto a radiação solar direta e ao vento
convectivo natural, oferecendo assim um método
barato (Esper & Muhlbauer 1998), ecologicamente
correto e economicamente viável (EKECHUKWU
& NORTON, 1999).
A banana seca é um alimento popular em
muitos países, sendo que as perdas pós-colheita
podem ser minimizadas através do processo de
desidratação (HASSAN et al. 2005).
A desidratação osmótica contribui para
inibição do escurecimento enzimático e retenção da
cor natural da fruta sem a utilização de sulfitos
(None et al. 2002). Esse método consiste na imersão
do alimento sólido, inteiro ou em pedaços, em
soluções aquosas concentradas de açúcares ou sais
(ANDRADE et al. 2003; SOUZA NETO et al.
2005), diminuindo, assim, a atividade de água e
aumentando a sua estabilidade (SOUSA et al. 2003).
A transferência da tecnologia de secagem
solar é muito fácil e com capital inicial muito baixo
sendo aplicável em comunidades carentes que não
dispõe de energia elétrica, distantes dos grandes
centros e com recursos de materiais escassos, como
fonte alternativa para a conservação e a
comercialização desses produtos, assim o objetivo
desse trabalho foi o de avaliar o processo de
secagem natural de bananas por meio da
caracterização físico-química do produto com e sem
pré-tratamento osmótico.
MATERIAIS E MÉTODOS
O experimento foi realizado no Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Tocantins – IFTO, Campus Paraíso do Tocantins.
Foram utilizadas bananas (Musa, ssp. nannica)
adquiridas em um supermercado local, sendo que as
mesmas apresentavam-se com tamanhos uniformes,
totalmente amarelas – classificada grau 6 de
maturação de acordo com escala de Maturação de
Von Loesecke (CEAGESP, 2006). Os frutos foram
acondicionados em caixas plásticas de modo a evitar
injúrias durante o transporte, em seguida foram
encaminhadas para o laboratório de análises de
alimentos do IFTO.
Os frutos foram sanitizados por imersão em
água clorada (2,5 mL de NaClO 2% Cl2 / Litro de
solução) por aproximadamente 10 minutos,
enxaguados e descascados manualmente,
selecionados de acordo com a sua aparência,
descartando aqueles que apresentaram alguma
injúria. Em seguida foram cortados em rodelas com
aproximadamente 2 cm de espessura e divididas em
dois tratamentos:
F1 – Bananas pré-tratadas em solução aquosa
de sacarose a 10%; e
F2 – Controle - bananas sem o tratamento
osmótico.
Para a preparação da solução aquosa de
sacarose o açúcar foi adicionado à água sob agitação
manual até atingir a quantidade de sólidos solúveis
desejados de 10% em massa de sacarose por litro de
solução, em seguida as bananas foram imersas
totalmente nessa solução por aproximadamente 2
horas, para posterior secagem.
Para o procedimento de desidratação das
bananas foi construído um secador solar a partir de
caixas de papelão visando à redução de custos. A
caracterização físico-química das amostras
submetidas ao processo de secagem consistiu nas
determinações sólidos solúveis totais (SS), de acidez
total titulável (AT), ratio e potencial hidrogeniônico
(pH), de acordo com as normas do Instituto Adolfo
Lutz (IAL, 2005).
O delineamento experimental utilizado foi
inteiramente casualizados, com dois tratamentos (F1
e F2) e com 10 repetições, os dados obtidos foram
submetidos à análise de variância (ANOVA) e teste
t-Student a 5% de significância utilizando o
programa ASSISTAT Versão 7.7 beta (SILVA &
AZEVEDO, 2002).
RESULTADOS
As bananas da variedade nanica foram
submetidas ao processo de secagem em temperatura
ambiente nos dois tratamentos, por um período de
aproximadamente 96 horas e atingiram umidade
média final em ambos os tratamentos de
aproximadamente 32%.
A análise de variância individual está
representada na Tabela 1, onde pode se observar que
houve efeito significativo p<0,01 demonstrando a
variabilidade entre os tratamentos estudados. Na
Tabela 2 está representada a comparação das médias
dos tratamentos.
Sales, Costa & Oliveira (2014)
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JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.41-45, 2014 43 | P á g i n a
Tabela 1 Análise de Variância (ANOVA).
Fonte de Variação GL QM
SS AT Ratio pH
Tratamentos 1 742,98** 2,66** 27,92** 4,68*
Resíduos 18 0,054 0,015 0,74 0,005
CV% 1,02 3,36 4,22 1,51
Média Geral 22,88 1,14 20,41 4,66
* significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < .01)
Tabela 2 Caracterização físico-química das amostras de banana nos dois tratamentos realizados, F1 – Pré-
tratamento com 10% de sacarose e F2 – Controle.
Tratamentos SS (ºBrix) AT (% ácido málico) Ratio pH
F1 28,98a ± 0,17 0,78b ± 0,03 21,60a ± 1,06 4,18b ± 0,06
F2 16,79b ± 0,29 1,51a ± 0,04 19,23b ± 0,60 5,15 a ± 0,08
As médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem entre si, ao nível de 5% de significância pelo teste t-
Student.
Ao comparar os parâmetros analisados nos
dois tratamentos conforme a Tabela 2, foi possível
observar algumas tendências, sendo elas: O valor do
pH das amostras pré-tratadas com solução de
sacarose apresentaram-se inferiores a 4,5, essa
mesma condição foi encontrada por Sousa et al
(2003), Mota (2005) e Pontes (2009) em seus
estudos que observaram valores de pH de 4,05, 4,35
e 4,34, respectivamente, caracterizando dessa forma
os produtos como alimentos ácidos, o que contribui
para a sua conservação. Essa condição pode ser
devido ao aumento da concentração dos ácidos após
a remoção da água, no entanto as bananas que não
sofreram pré-tratamento apresentaram valores acima
de 4,5, estando de acordo com o encontrado por
(PONTES et al. 2007).
Para os teores médios de AT o tratamento F2
apresentou maior média, os teores encontrados estão
de acordo com os obtidos por Pontes et al. (2007),
Pontes (2009), sendo de 1,19% e 0,97% de ácido
málico para bananas sem e com pré-tratamento
osmótico, respectivamente. Sousa et al. (2003)
trabalhando com processo de secagem com e sem
tratamento osmótico encontrou valores de acidez em
bananas da variedade prata entre 0,81 a 1,18%,
respectivamente, valores aproximados aos
encontrados no presente estudo.
Os valores de sólidos solúveis na banana
desidratada apresentaram-se maiores no tratamento
F1 em relação ao F2, o que pode ser explicado,
devido ao ganho de sólidos no pré-tratamento
osmótico, contudo o conteúdo de SS encontrado de
28,98 ºBrix foram bem inferiores aos valores
encontrados por Sousa et al. (2003), Jesus (2005),
Mota (2005) e Pontes (2009), os quais em seus
trabalhos encontraram valores acima de 50 ºBrix, a
divergência encontrada entre os valores da pesquisa
e dos autores relacionados, pode estar relacionada à
concentração superior da solução osmótica utilizada
por esses pesquisadores, aumentando dessa forma a
pressão osmótica e a taxa de difusão.
Em trabalhos realizados por Sablani et al.
(2002), Park et al. (2002), Giraldo et al. (2003) e
Rodrigues et al. (2003) foi observado que o aumento
na concentração da solução osmótica proporcionava
uma maior perda de água e consequentemente o
aumento dos sólidos solúveis, devido à pressão
osmótica exercida pelo meio desidrante.
O ratio apresentou valores de 21,60 e 19,23
respectivamente para F1 e F2, onde de acordo com
Lira Junior et al. (2005), valores superiores a 10
estão dentro dos padrões de identidade e qualidade
para alimentos em geral, indicando um sabor
agradável ao produto.
A desidratação em temperatura ambiente
(secagem natural) demonstrou grande potencial,
inicialmente por agregar valor comercial às frutas
devido à redução dos custos operacionais, bem
como a manutenção da qualidade e conservação dos
produtos.
As bananas pré-tratadas com a desidratação
osmótica apresentaram maior concentração de
sólidos e consequentemente maior ratio, devido a
translocação de açúcar da solução osmótica.
Ciência e Tecnologia de Alimentos
44 | P á g i n a JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.41-45, 2014
CONCLUSÃO
A partir das análises realizadas os produtos
submetidos à secagem natural apresentaram padrões
de identidade e qualidade de acordo com a
literatura.
Drying of natural banana nanica with and without pretreatment osmotic.
Abstract - The present work aimed to characterize the parameters of Soluble Solids (SS), Titratable
Acidity (TA), pH and the ratio in dehydrated bananas for natural drying with two treatments: F1 -
Bananas pretreated in osmotic solution 10% sucrose and F2 - Control. The data were submitted a
completely randomized experimental design with two treatments (F1 and F2) and 10 repetitions.
Bananas remained exposed to drying for a period of approximately 96 hours to achieve the final
average humidity in both treatments of 32%. In the analysis of the results was found significant
differences between the two treatments for all variables analyzed, being values of SS (28.98) and
ratio (21.60) with highest average for F1 and the pH values (5.15) and AT (1.51%) with highest
average for F2. Concludes that drying at room temperature proves to be a viable alternative for
keeping quality of the fruit, as well as to ease their insertion in low-income communities by being a
cheap and simple method.
Keywords: Musa spp; drying; osmotic dehydration.
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J. Bioen. Food Sci, 01 (2): 46-56, 2014
Journal homepage: http://periodicos.ifap.edu.br/index.php/JBFS
ISSN 2359-2710
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Caracterização física e físico-química de pitayas vermelhas
(Hylocereus costaricensis) produzidas em três municípios paraenses.
S. T. A. Sato1, S. C. A. Ribeiro2, M. K. Sato3 e J. N. S. de Souza4*
1 Universidade Federal do Pará, Faculdade de Nutrição. Rua Augusto Corrêa, Campus IV da UFPA, Cidade
Universitária Prof. José da Silveira Netto/Guamá, com acesso pela Av. Perimetral, CEP: 66075-110 - Belém, PA –
Brasil. e-mail [email protected]
2 Universidade do Estado do Pará, Departamento de Tecnologia de Alimentos - DETA. Travessa Enéas Pinheiro, Nº
2626, Marco, CEP: 66000-000 – Belém, PA - Brasil. e-mail: [email protected]
3 Universidade Federal Rural da Amazônia, Programa de Pós - Graduação em Agronomia. Avenida Presidente Tancredo
Neves, Nº 2501, Bairro: Terra Firme, Cep: 66.077-530, Caixa Postal: 917, Belém, Pará – Brasil. e-mail:
4 Universidade Federal do Pará, Faculdade de Engenharia de Alimentos. Cidade Universitária Prof. José da Silveira
Netto/Guamá, Belém, PA – Brasil.
INF. ARTIGO RESUMO
Recebido: 20 Set 2014
Aprovado em: 21 Set 2014
Publicado em: 03 Out 2014
A pitaya é uma cactácea que produzem fruto exótico, que se apresenta
como opção potencial para diversificação da fruticultura nacional. Assim
este trabalho teve por objetivo avaliar as características físicas e físico-
químicas de pitayas vermelhas produzidas nos municípios paraenses:
Castanhal, Tomé-Açu e Santa Izabel do Pará. As características físicas dos
frutos foram avaliadas quanto ao peso do fruto, de casca, da polpa e
sementes, medida do diâmetro transversal, longitudinal, espessura da casca,
rendimento e cor da polpa. Quanto às análises físico-químicas das polpas,
foram determinadas as porcentagens de umidade, sólidos solúveis totais,
sólidos totais, cinzas, acidez total titulável, pH, lipídios, proteínas, fibras,
carboidratos e valor energético total. A menor média de peso encontrada foi
de 351,25g para frutos provenientes de Santa Izabel do Pará e todos os
frutos tiveram rendimento em polpa de mais de 70%. Todas as amostras
apresentaram tendência ao vermelho com variações na tonalidade dessa
coloração, sendo que as amostras de Castanhal e Tomé-Açu foram as que
apresentaram maior diferença de cor. A caracterização físico-química
mostrou que as polpas de pitayas vermelhas possuem elevado teor de água,
sólidos solúveis, fibras insolúveis, carboidratos, baixa acidez, baixo
conteúdo de proteínas, de lipídeos, cinzas e baixo valor calórico, variando
de 50,14 a 52,21 Kcal/100g.Os frutos de pitaya apresentam atributos
físicos, sensoriais e nutricionais interessantes, viáveis à implementação em
uma alimentação saudável e possível inserção em outros alimentos.
Termos de indexação:
Fruta exótica
Amazônia
Composição nutricional
Hylocereus costaricensis
*Autor para correspondência
© 2014 JBFS all rights. This is an open access article distributed under the Creative Commons Attribution License,
which permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided the original work is properly
cited.
Como referenciar esse documento (ABNT):
SATO, S. T. A.; RIBEIRO, S. C. A; SATO, M. K.; SOUZA, J. N. S. Caracterização física e físico-química de pitayas
vermelhas (Hylocereus costaricensis). Journal of Bioenergy and Food Science, Macapá, v.1, n. 2, p.46-56, jul. / set.
2014.
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INTRODUÇÃO
A pitaya é uma planta originária da América e
se encontra distribuída nos países da Costa Rica,
Venezuela, Panamá, Uruguai, Brasil, Colômbia e
México. É uma planta perene, trepadeira, que
comumente cresce sobre árvores ou pedras; têm
raízes fibrosas, abundantes e desenvolve numerosas
raízes adventícias que ajudam na fixação e obtenção
de nutrientes; os talos (caules) são triangulares,
suculentos e apresentam espinhos com 2 a 4 mm de
largura, e quando plantados, com o tempo se
convertem em raízes. A flor é tubular, hermafrodita,
de coloração branca, grande (mede cerca de 20 a 30
cm de largura) e se abre durante a noite (CANTO et
al., 1993; MIZRAHI et al., 1997). Segundo ZEE et
al. (2004) o nome “pitaya” é empregado tanto para a
planta como para o fruto.
Os frutos de pitaya possuem formato globoso
ou subgloboso, medem de 10 a 20 cm de diâmetro,
são de coloração vermelha ou amarela, cobertos
com brácteas (escamas) e a polpa é doce e
abundante (CANTO et al., 1993); as sementes são
ovaladas, negras, medem de 2-3 mm de largura,
apresentam-se distribuídas em toda a polpa, em
grande quantidade e com elevada capacidade de
germinação (HERNÁNDEZ,2000).
Há grande variabilidade entre as espécies de
pitaya em relação ao tamanho e coloração dos
frutos, dentre as quais podem ser citadas Hylocereus
undatus (pitaya vermelha de polpa branca),
Hylocereus costaricensis (pitaya vermelha de polpa
vermelha), Selenicereus megalanthus(pitaya
amarela de polpa branca), também conhecida como
“pitaya colombiana” e Selenicereus setaceus
também chamada “pitaya do cerrado” (a casca é
vermelha e a polpa esbranquiçada), semelhante à
espécie Hylocereus undatus, porém o fruto é de
tamanho menor e apresenta espinhos
(HERNÁNDEZ,2000; JUNQUEIRA et al., 2010).
A pitaya possui alto potencial agronômico e
econômico, sendo considerada uma opção para o
cultivo em solos pedregosos, arenosos e maciços
rochosos, em função de sua pouca exigência
nutricional, tendo como característica também, a
resistência à baixa disponibilidade hídrica, manejo
simples e de baixo custo (JUNQUEIRA et al., 2002;
JUNQUEIRA et al., 2010).
Na região Sudeste do Brasil, a produção dos
frutos ocorre durante os meses de dezembro a maio.
Até 2006 a produtividade média anual foi de 14
toneladas de fruto/ha (BASTOS et al., 2006).
Segundo Silva et al. (2011), com base em dados
fornecidos pela Companhia de Entrepostos e
Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP), no ano
de 2009, foram comercializadas 115 toneladas de
frutos, enquanto que em 2010, até novembro, a
quantidade comercializada já passava de 138
toneladas.
No Estado do Pará(Brasil), a pitaya vem
sendo cultivada em vários municípios, incluindo
Tomé-Açu, Castanhal, Santo Antônio do Tauá e
Santa Izabel do Pará. A principal espécie é a pitaya
vermelha de polpa vermelha (Hylocereus
costaricensis). Nessa região, a pitaya produz durante
todo o ano, no entanto de forma geral, existem dois
períodos principais de safra; um com início de
floração em junho e colheita em julho e agosto, e o
outro com início de floração em dezembro, com
colheita em janeiro e fevereiro. Os frutos geralmente
são comercializados em feiras-livres, devido ainda a
pouca expressividade da produção, quando
comparada com outras regiões. De acordo com os
dados da Central de Abastecimento do Pará S/A
(CEASA/PA), no ano de 2011 foram
comercializados 13.194 Kg de pitayas com
procedência apenas do município de Tomé-Açu.
O mercado da pitaya vem crescendo, e isso se
deve a maior procura por frutas exóticas por parte
dos consumidores, à busca dos fruticultores por
alternativas de plantio e cultivo (BASTOS et al.,
2006), associado aos altos preços alcançados pela
fruta no mercado. De acordo com os dados
fornecidos pela CEASA/PA, os preços de
comercialização da pitaya no primeiro semestre de
2014, variaram de R$6,00 a R$8,00 o quilo.
Quanto aos aspectos nutricionais, várias
pesquisas atestaram os benefícios à saúde
promovidos pela pitaya. Estudos demonstram que a
pitaya vermelha (Hylocereus costaricensis)
apresenta capacidade de agir na prevenção do
câncer, propriedade antinflamatória, antidiabética e
de redução do risco de mortalidade cardiovascular.
Seus benefícios estão relacionados ao conteúdo de
compostos fenólicos e principalmente de betalaínas,
que além de apresentar potencial como fonte de
pigmentos naturais para alimentos, mostra-se com
expressiva capacidade antioxidante. Além disso, os
frutos dessa cactácea são fontes de ácido ascórbico
(vitamina C), licopeno, algumas vitaminas do
complexo B, tais como a tiamina (B1), riboflavina
(B2), niacina e B3, contendo também quantidade
importante de cálcio, carotenoides, zinco, fósforo,
potássio e magnésio (LIM & KHOO, 1999;
KANNER et al., 2001; STINTZINGet al., 2004;
VAILLANT et al., 2005; HERBACH et al., 2006;
WU et al., 2006)
O conteúdo de oligossacarídeos de diferentes
pesos moleculares encontrados tanto na polpa de
pitaya branca, quanto na vermelha apresentam
propriedades prebióticas (WICHIENCHOT et al.,
2010). As sementes de pitaya contêm um óleo com
Sato et al. (2014)
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função laxativa suave, e que contribuem para
redução dos níveis de LDL-colesterol (Lipoproteína
de Baixa Densidade) em humanos, por inibição da
absorção do colesterol no intestino. O óleo das
sementes é rico em ácido linoléico, em quantidade
superior à encontrada em linhaça e canola, podendo
ser utilizado como uma nova fonte de óleo essencial
(CRANE & BALERNI, 2005; LIM et al., 2010;
ARIFFIN et al., 2009).
Embora os frutos de pitaya apresentem-se em
expansão no mercado de frutas exóticas, com
qualidade nutricional e sensorial, no Brasil a maioria
dos estudos estão relacionados aos aspectos
agronômicos, encontrando até mesmo estudos
econômicos para a cultura; porém a caracterização
dos frutos em termos biométricos, físicos e físico-
químicos ainda é incipiente. Chistéet al. (2009)
ressaltam que o conhecimento dos constituintes
físico-químicos dos alimentos é de suma
importância para a avaliação do potencial da
matéria-prima a ser utilizada no preparo de
alimentos, bem como para o conhecimento do seu
valor nutricional. No entanto, apesar da
caracterização biométrica se constituir como uma
importante ferramenta para a classificação de frutos,
bem como para o dimensionamento de
equipamentos para as principais operações na sua
industrialização, Abudet al. (2010) confirmam que
aspectos relacionados à caracterização morfológica
de frutos, sementes e plântulas, em cactáceas,
particularmente de espécies nativas brasileiras, são
escassos. Além disso, Carvalho et al. (2003) ainda
relatam que a biometria dos frutos fornece
informações tanto para a conservação e exploração
dos recursos de valor econômico, permitindo um
incremento contínuo da busca racional e uso eficaz
dos frutos, quanto para auxiliar a diferenciação de
espécies do mesmo gênero.
Diante disso, o objetivo do trabalho foi
avaliar e comparar as características físicas e físico-
químicas de pitayas vermelhas (Hylocereus
costaricensis) produzidas nos municípios de
Castanhal, Tomé-Açu e Santa Izabel do Pará,
localizados no Estado do Pará, Brasil.
MATERIAIS E MÉTODOS
Os frutos de pitaya foram adquiridos de
produtores localizados nos municípios de Castanhal
(CA) Tomé-Açu (TA) e Santa Izabel do Pará (SI),
no estádio maduro, no período de abril a maio de
2012.
Os frutos foram embalados em sacos de
polietileno e colocados em caixas de papelão como
embalagens secundárias, devidamente identificadas
com o nome de cada proveniência, quantidade de
frutos e data de coleta. As amostras foram
transportadas até o laboratório de análise de
alimentos da Universidade do Estado do Pará –
Belém – PA.
Inicialmente, os frutos foram lavados em água
corrente e em seguida submetidos à sanitização por
imersão em solução aquosa de hipoclorito de sódio
na concentração de 100 mg L-1, durante 20 minutos
(Figura 1) e em seguida secos à temperatura
ambiente.
Figura 1. Frutos de pitayas sendo submetidas à
sanitização.
Avaliação biométrica
Para a caracterização biométrica,oito frutos
de pitaya de cada proveniência foram selecionados
aleatoriamente. Foram realizadas medições dos
diâmetros transversais e longitudinais, com o auxílio
de um paquímetro da marca VONDER. Os frutos
foram partidos com o auxílio de uma faca de aço
inoxidável, no sentido do eixo transversal (Figura
2), separando as polpas manualmente das cascas,
com auxílio de colher de aço inoxidável. As
pesagens foram realizadas em balança analítica da
marca QUIMIS, sendo os resultados expressos com
precisão de duas casas decimais.
Figura 2. Fruto de pitaya partido no eixo transversal
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Análise colorimétrica
A análise colorimétrica da polpa de pitaya
previamente calibrado, de acordo com as instruções
do fabricante, aplicado o sistema CIELAB, obtendo-
se os valores de L*, a* e b*. OL* representa a
luminosidade, a* define a transição da cor verde (-
a*) para o vermelho (+a*) e b* representa a
transição da cor azul (-b*) para a cor amarela (+b*).
As medidas foram realizadas em triplicatas
utilizando um colorímetro Minolta CE (CR- 310),
A diferença total de cor (ΔE*), foi calculada
de acordo com a Equação 1.
∆E∗ = [(∆L∗)2 + (∆a∗)2 + (∆b∗)2]1/2 Eq. (1)
Para verificar a direção da diferença de cor
entre as polpas foram calculados os seus croma e
ângulos hue (matiz). O croma (C*) mostra a
saturação da cor (intensidade) que pode ser utilizada
na distinção entre uma cor fraca e uma cor forte. O
valor do croma é zero no centro do eixo de cores e
aumenta conforme se distância do centro
(HEIMDAL et al., 1995). O valor do croma foi
calculado de acordo com a Equação 2.
𝐶∗ = [(𝑎∗)2 + (𝑏∗)2]1
2⁄ Eq.(2)
O ângulo hue representa a tonalidade de cor
da amostra. O matiz (h) é expresso em graus e
inicia-se no eixo de (a*). O h vale zero em (+a*),
90º em (+b*), 180º em (-a*) e 270º em (-b*)
(Heimdalet al., 1995). O matiz foi obtido de acordo
com a Equação 3.
ℎ = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 (𝑏∗
𝑎∗) Eq. (3)
Caracterização Físico-Química
As polpas das pitayas contendo as sementes
foram trituradas em liquidificador doméstico, para
melhor homogeneização, antes da caracterização
físico-química.
a) Potencial hidrogeniônico (pH)
Segundo método nº 981.12 da AOAC (1997),
com uso de potenciômetro previamente calibrado
com soluções tampão pH 4 e 7.
b) Sólidos solúveis (ºBrix)
Obtido por leitura direta em refratômetro
portátil de acordo com o método nº 932.12 da
AOAC (1997).
c) Acidez titulável (AT)
Segundo normas analíticas do Instituto
Adolfo Lutz (1985) determinada através de titulação
por volumetria potenciométrica;
d) Umidade e sólidos totais
De acordo com o método no 920.151 da
AOAC (1997);
e) Proteína bruta
Pelo método de micro Kjeldahl no 950.48 da
AOAC (1997), que se baseia na determinação da
quantidade de nitrogênio total existente na amostra.
O teor de proteína bruta foi calculado através da
multiplicação do nitrogênio total pelo fator 5,46
(%N x 5,46), segundo a Resolução RDC n° 360, de
23 de dezembro de 2003 (BRASIL, 2003);
f) Lipídios totais
Conforme o método no 948.22 da AOAC
(1997), que consiste de extração em equipamento
tipo Soxhlet usando como solvente éter de petróleo;
g) Fibras
Pelo método de detergência, segundo
(GOERING & VANSOEST,1970).
h) Conteúdo de cinzas
Determinado por incineração da amostra em
forno mufla a 550 °C, de acordo com método
930.05 da AOAC (1997).
i) Carboidratos totais
Calculados por diferença (100 g - gramas
totais de umidade, proteínas, lipídios e cinzas),
segundo a Resolução RDC n° 360, de 23 de
dezembro de 2003 (BRASIL, 2003). Cálculo do
valor energético: foi obtido aplicando-se os fatores 4
- 9 - 4 kcal/g para os valores de proteínas, lipídios e
carboidratos totais, respectivamente, segundo a
Resolução RDC n° 360, de 23 de dezembro de 2003
(Brasil, 2003).
Análises estatísticas
Os resultados obtidos durante o estudo da
caracterização física e físico-química dos frutos de
pitaya (média ± desvio padrão) foram avaliados com
o auxílio do programa SAS® versão 9.1,
empregando as metodologias de Análise de
variância (ANOVA) a 5% de significância
Sato et al. (2014)
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estatística, segundo o teste F, sendo as médias
comparadas através do teste de Tukey (p<0,05).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados da caracterização biométrica
dos frutos de pitaya são apresentados na Tabela 1.
Com relação ao peso total dos frutos, não houve
diferença significativa entre as pitayas provenientes
dos três municípios. A média de peso total
encontrada, aproximaram-se da média de peso de
mangas ‘tommyatkins’ (449,62 g) avaliadas por
Xavier et al. (2009).
Quando se avaliou o peso da polpa com
sementes, apenas os frutos produzidos nos
municípios de TA e SI diferenciaram-se entre si.
O peso das cascas dos frutos de TA e SI
foram iguais; no entanto os frutos do município de
CA apresentaram menor percentual de casca, com
redução de 24,84% em relação aos demais,
diferindo-se significativamente.
Com relação ao diâmetro transversal, os
frutos de TA apresentaram média com maior valor,
não apresentando diferença estatística quando
comparado com os frutos de CA; no entanto
diferindo-se dos frutos provenientes de SI, que
apresentaram menor média para esta variável. Para o
diâmetro longitudinal, os valores encontrados
referentes aos frutos dos três municípios foram
iguais. Comparativamente, as amostras de pitayas
quanto às médias dos diâmetros longitudinal e
transversal, assemelharam-se a tangerinas ‘pokan’
avaliadas por Detoni et al. (2009), onde encontraram
para o diâmetro longitudinal 71,09 mm e diâmetro
transversal 73,65 mm. Dessa forma, identificando as
pitayas como um fruto globuloso e moderadamente
achatado.
Segundo Carvalho et al. (2003) que
estudaram as características de um tipo de bacuri
com rendimento porcentual de polpa superior ao da
maioria dos tipos ocorrentes, ressaltaram que a
análise do rendimento de polpas dos frutos indica
valor tanto para o consumo de fruta fresca, como
para utilização agroindustrial. Ao verificar o
rendimento das polpas de pitayas vermelhas, todas
as amostras tiveram rendimento superior a 70%,
constituindo uma característica importante para
seleção desses frutos na indústria de processamento.
A diferença foi significativa entre as três
proveniências, constatando que as pitayas do
município de CA foram as que apresentam maior
média de rendimento em polpa. Isso está
relacionado aos menores valores, de média para
casca e espessura da casca, encontrados também
para os frutos dessa procedência.
Tabela 1. Características biométricas de pitayas vermelhas (Hylocereus costaricensis) provenientes dos
municípios de Castanhal (CA), Tomé-Açu (TA) e Santa Izabel do Pará (SI), no Estado do Pará, Brasil
Características biométricas
Proveniências
CA TA SI
Peso total do fruto (g) 388,75±84,25 a 430±50,85 a 351,25±57,55 a
Peso da polpa + sementes (g) 315,00±73,97 ab 330,00±44,80 a 248,75±41,44 b
Peso da casca (g) 75,62±12,37 a 100,62±11,16 b 100,62±24,70 b
Diâmetro transversal (mm) 86,00±6,46 ab 89,70±4,61 a 82,17±4,89 b
Diâmetro longitudinal (mm) 91,12±11,21 a 93,61±4,37 a 91,63±9,43 a
Espessura da casca (mm) 1,86±0,31 a 2,88±0,54 b 3,04±0,48 b
Rendimento em polpa (%) 80,69±2,81 a 76,60±2,25 b 70,86±2,37 c
Médias com letras iguais, em uma mesma linha, não diferem significativamente entre si pelo Teste de Tukey, a 5% de
probabilidade. Dados representam a média de oito medições ± desvio-padrão.
No estudo de Moreira et al. (2011) foi
verificado que entre espécies de Hylocereus
undatus, mesmo utilizando diferentes tipos de
adubações, os frutos não apresentaram variação
significativa quanto a sua massa, percentual de
polpa, diâmetro transversal e longitudinal,
identificando para o peso dos frutos, uma média de
240,67g. Takata (2012) encontrou para a mesma
espécie, peso dos frutos entre 430 e 435g, valores
estes superiores aos encontrados no presente estudo;
para comprimento médio de frutos, encontrou
valores aproximados (89 e 90 mm) e para diâmetro
médio de frutos, valores inferiores (média de 77
mm). As variações encontradas para as amostras de
pitayas podem ser influenciadas por diversos
fatores, como genéticos, fisiológicos, e
principalmente localização, que implica em
condições climáticas e nutricionais diferentes, pois
Almeida et al. (2009) ao caracterizar fisicamente os
frutos do mandacaru, da família das cactáceas,
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provenientes de dois municípios diferentes no
Estado da Paraíba/Brasil, observaram que os
diâmetros (maior, intermediário e menor), os pesos
(fruto, polpa, casca e semente) e os percentuais de
casca, polpa e semente variaram de acordo com o
município de origem. Relatando que essas variações
que ocorreram, foram principalmente pelas
condições climáticas diferentes nos dois locais de
cultivo.
Na Tabela 2 estão dispostos os parâmetros de
cor, croma e ângulo de tonalidade das polpas de
pitayas.De acordo com os resultados, as polpas de
todas as amostras dos três municípios pesquisados,
apresentaram tendência para as cores vermelha e
amarela, com base nos parâmetros a* e b*, onde
apresentaram valores positivos. Stintzinget al.
(2004) citam em seu trabalho que em cactos, os
pigmentos de fruta mais importantes são os
betacianinas (vermelho-violeta) e as betaxantinas
(amarelo) que pertencem aos pigmentos das
betalaínas, o que confirma a tendência de cores
encontrada através dos valores obtidos para os
parâmetros a* e b* neste trabalho.
Em relação aos parâmetros de luminosidade
(L*) pode-se observar que apenas as polpas
provenientes de CA e TA foram diferentes
significativamente, sendo que as polpas dos frutos
de CA e SI expressaram-se como a polpa de
coloração mais escura, de acordo com o valor da
média obtida desse parâmetro para a proveniência.
Tabela 2. Comparação das variações de cor de pitayas vermelhas provenientes dos municípios de Castanhal
(CA), Tomé-Açu (TA) e Santa Izabel do Pará (SI), no Estado do Pará, Brasil.
Parâmetros
Proveniências
CA TA SI
Luminosidade (L*) 25,61 ± 0,55 a 29,95 ± 0,03 b 27,94 ± 1,77 ab
Intensidade de (+a*) 7,60 ± 0,18 a 11,18 ± 0,12 b 15,72 ± 1,68 c
Intensidade de (+b*) 1,17 ± 0,05 a 2,08 ± 0,06 b 1,44 ± 0,16 c
Croma (C*) 7,69 ± 0,18 a 11,36 ± 0,12 b 15,79 ± 1,66 c
Matiz (h°) 8,74° ± 0,37 a 10,55° ± 0,27 b 5,30° ± 1,10 c
Médias com letras iguais, em uma mesma linha, não diferem significativamente entre si pelo Teste de Tukey, a 5%
deprobabilidade. Dados representam a média de três medições ± desvio-padrão.
Como o croma é dependente de a* e b* na
mesma intensidade, verificou-se que tanto para as
amostras provenientes CA, quanto de TA e SI, os
resultados sofreram maior influência da cor
vermelha, entretanto, todas as amostras foram
diferentes. Dessa forma, com base nos valores de
Croma obtidos, pode-se identificar que as polpas de
pitaya provenientes do município de SI apresentam
com maior saturação da cor, enquanto que nas
polpas de CA detectou-se saturação de cor menos
intensa, dentre as amostras analisadas.
De acordo com o sistema CIELAB, a matiz
(h) varia de 0º a 90º. Quanto maior o ângulo da
matiz obtido, mais amarelo é o material, e quanto
menor o ângulo obtido, mais vermelho é o material.
A partir das análises colorimétricas nas polpas das
pitayas, os ângulos do matiz (h) obtidos variaram de
5,30º a 10,55º; portanto, pode-se confirmar que
todas as amostras de polpa de pitayas apresentaram
coloração tendendo à coloração vermelha. Apesar
da diferença significativa na tonalidade dessa cor
para as três amostras analisadas, a amostra
proveniente de SI apresentou tonalidade mais
próxima ao vermelho puro, por apresentar valor para
matiz mais próximo de 0º.Essa tendência da cor
vermelha encontrada para as polpas de pitayas pode
ser considerada um interessante atrativo para o seu
uso como ingrediente em outros alimentos. A polpa
de pitaya pode contribuir para melhorar as
qualidades sensoriais de vários produtos
alimentícios, pois Donadio (2009) afirma que a
pitaya além de poder ser consumida em sucos,
sorvete ou mousse, também podem ser usadas como
corante de doces.
A diferença total de cor entre as amostras dos
diferentes municípios pode ser visualizada na
Tabela 3, sendo que a maior diferença de cor foi
encontrada entre as amostras de polpa de pitaya
provenientes de CA e TA, e a menor diferença foi
observada entre as amostras de TA e SI. Essas
diferenças encontradas podem estar relacionadas a
vários fatores, pois de acordo com Stintzinget al.
(2004) a cor e a estabilidade de pigmentos de
plantas dependem de fatores como a estrutura e a
concentração do pigmento, o pH, a temperatura, a
intensidade luminosa, a presença de íons metálicos,
Sato et al. (2014)
52 | P á g i n a JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.46-56, 2014
enzimas, de oxigênio e de ácido ascórbico, açúcares
e seus produtos de degradação, entre outros.
Tabela 3. Comparação da diferença de cor entre as
amostras provenientes dos municípios de Castanhal
(CA) e Tomé-Açu (TA), Tomé-Açu (TA) e Santa
Izabel do Pará (SI) e Castanhal (CA) e Santa Izabel
do Pará (SI), no Estado do Pará, Brasil.
Comparação das amostras ∆E
CA e TA 23,43 ± 0,55
TA e SI 11,19 ± 0,18
CA e SI 14,73 ± 0,05
Dados representam a média de três medições ±
desvio-padrão.
Conforme os resultados das análises físico-
químicas dispostos na Tabela 4, verifica-se que os
valores médios de pH encontrados para cada
proveniência, diferenciaram-se significativamente
entre si. No entanto, esses valores aproximam-se
dos encontrados por Lima et al. (2010) para a
mesma espécie (pH4,85). Stintzing et al. (2004)
quando analisaram pitayas vermelhas da espécie
Hylocereuspolyrhizus, encontraram valor de pH de
4,4 e para a espécie Hylocereus undatus, pH 4,6.
Takata (2012) para Hylocereus undatus encontrou
valores de pH próximos a 4,3. Dessa forma, as
pitayas são frutos com tendência à baixa acidez, o
que requer a administração de cuidados pós-colheita
especiais, tendo em vista que os alimentos desta
natureza (pH >4,5) são sujeitos a multiplicação
microbiana, tanto de espécies patogênicas quanto de
espécies deteriorantes, enquanto que nos alimentos
ácidos (pH entre 4,0 e 4,5), há predominância de
crescimento de leveduras, bolores, e de algumas
poucas espécies de bactérias, principalmente
bactérias láticas e algumas espécies de Bacillus
(FRANCO & LANDGRAF, 2008).
Tabela 4 - Caracterização físico-química das polpas de pitayas vermelhas provenientes dos municípios de
Castanhal (CA), Tomé-Açu (TA) e Santa Izabel do Pará (SI), no Estado do Pará, Brasil.
Determinação Proveniências
CA TA SI pH 4,75 ± 0,04 a 4,25 ± 0,03 b 4,02 ± 0,02 c
Sólidos solúveis (°Brix) 10,13 ± 0,32 a 10,90 ± 0,10 b 12,17 ± 0,29 c
Acidez titulável (% ác. Cítrico) 0,14 ± 0,03 a 0,18 ± 0,01 ab 0,20 ± 0,02 b
Umidade (%) 87,03 ± 0,05 a 86,99 ± 0,06 ab 86,62 ± 0,25 b
Sólidos Totais (%) 12,96 ± 0,05 a 13,00 ± 0,06 ab 13,37 ± 0,25 b
Cinzas (%) 0,69 ± 0,01 a 0,65 ± 0,02 ab 0,54 ± 0,08 b
Fibras (%) 1,84 ± 0,09 a 2,00 ± 0,12 a 1,92 ± 0,49 a
Proteínas (%) 1,12 ± 0,01 a 0,92 ± 0,01 b 0,88 ± 0,01 c
Lipídios (%) 0,21 ± 0,01 a 0,20 ± 0,01 a 0,18 ± 0,02 a
Carboidratos (%) 10,93 ± 0,04 a 11,22 ± 0,09 b 11,75 ± 0,17 c
Valor Energético Total (Kcal/100g) 50,14 ± 0,13 a 50,43 ± 0,42 a 52,21 ± 0,76 b
Médias com letras iguais, em uma mesma linha, não diferem significativamente entre si pelo Teste de Tukey, a 5% de
Probabilidade. Determinações calculadas em triplicata. Carboidratos totais obtidos por diferença.
O teor de sólidos solúveis presentes nas
polpas de pitayas de todas as proveniências foram
diferentes entre si. No entanto, todos os valores
encontrados para esta variável estão de acordo com
os estudos de Vaillant et al.(2005), que afirmaram
que os sólidos solúveis em polpas de pitayas variam
de 7 a 11°Brix. Chitarra & Chitarra (2005)
reportaram que as frutas no geral, quando maduras
apresentam valores médios de sólidos solúveis
entre 8 e 14%. Importante destacar que teores
elevados de sólidos solúveis demonstram boas
vantagens para o setor agroindustrial, já que nessas
condições, a indústria de suco e polpa reduz de
forma considerável o custo do processamento
desses produtos, por dispensar ou reduzir a
incorporação de açúcar. Por outro lado, de acordo
com Bruniniet al. (2004), baixos teores de sólidos
solúveis requerem um potencial maior de
conservação pós-colheita, uma vez que o excesso
de açúcares pode estar associado a uma rápida
deterioração.
Os valores encontrados para acidez titulável
no presente estudo variaram de 0,14 a 0,20 em %
de ácido cítrico e são superiores ao encontrado por
Lima et al. 2010 (0,13 em % ácido cítrico) para a
mesma espécie de pitaya. Dentre as amostras,
apenas as procedentes de CA e SI diferenciaram-se
significativamente (p≤0,05). Essa diferença pode
Ciência e Tecnologia de Alimentos
____________
JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.46-56, 2014 53 | P á g i n a
estar relacionada ao metabolismo contínuo,
posterior à colheita das frutas e durante o
armazenamento, em consequência do avanço da
maturação (VENTURA et al., 1992).
Em todas as amostras de polpas de pitaya foi
constatado elevado teor de água, onde se obteve
valores de 87,03% (CA), 86,99% (TA) e 86,62%
(SI) e, portanto valores de sólidos totais de 12,96%,
13,00% e 13,37% respectivamente, sendo
encontrada diferença significativa para os dois
parâmetros, entre os frutos de CA e SI. Em
trabalhos com pitayas do gênero Hylocereus,
realizado por Canto et al. (1993) encontraram
89,4% de umidade, e Oliveira et al. (2010)
encontraram 85,52% de umidade.
Os teores de cinzas das amostras variaram de
0,54 a 0,69%, sendo encontrada diferença
significativa entre os frutos provenientes de SI e
CA. Tais valores são superiores aos encontrados em
frutos da espécie Hylocereuspolyrhizus analisados
por Oliveira et al. (2010), onde quantificaram
0,36% de cinzas.
Segundo Pimentel et al. (2005), a ingestão de
fibras com finalidades terapêuticas tem sido
bastante explorada em função dos seus benefícios
sobre o aparelho digestivo, dentre os quais estão,
ação sobre redução da absorção da glicose, combate
a doenças cardiovasculares, obesidade e doenças do
cólon. Desta forma, é atribuído aos alimentos ricos
em fibras um lugar de destaque. As amostras de
pitayas foram consideradas fontes naturais de fibras
insolúveis, pois os valores encontrados variaram de
1,84 a 2,00%, sendo que todas as amostras foram
consideradas iguais estatisticamente. Tais
resultados são superiores a quantidade de fibras em
polpa de outras frutas, como mamão e cajá
(CARVALHO et al.,2011).
Os valores médios de proteínas variaram de
0,88% (SI) a 1,12% (CA), havendo diferença
significativa entre as três proveniências. Valores
semelhantes (1,06% de proteína) foram encontrados
em Hylocereuspolyrhizus por Oliveira et al. (2010).
Quando comparados com outras frutas, os
resultados foram inferiores ao encontrado em
abacaxi in natura (1,47%) (BORTOLATTO &
LORA, 2009) e superiores a quantidade encontrada
em polpa de manga ‘tommyatkins’ por Marques et
al. (2010) que obtiveram valor de 0,44%.
Para os lipídios, os valores variaram de
0,18% (SI) a 0,21% (CA) e todas as proveniências
mostraram valores estatisticamente iguais para esse
macronutriente. Tais valores foram inferiores
quando comparados aos encontrados por Oliveira et
al. (2010) na polpa de Hylocereuspolyrhizus, onde
quantificaram 0,36% de lipídios. No entanto, é
semelhante ao teor de lipídios encontrado no
abacaxi in natura (BORTOLATTO & LORA,
2009).
As quantidades de carboidratos obtidos das
polpas de pitayas foram diferentes para cada
proveniência, obtendo os valores de 10,93% (CA),
11,22% (TA) e 11,75% (SI). Valores próximos a
esses foram encontrados por Oliveira et al. (2010)
para Hylocereuspolyrhizus (12,34%). Mamão e cajá
também apresentam quantidade de carboidratos
semelhantes, 10,93% e 10,09% respectivamente
(CARVALHO et al., 2011).
As pitayas provenientes dos três municípios
apresentaram baixo valor energético, possibilitando
a inclusão desse fruto em cardápios diários, pois
contribuem para uma alimentação saudável. Dentre
as amostras, os frutos provenientes de SI
apresentaram maior valor energético (52,21
Kcal/100 g), diferindo significativamente dos
demais; entretanto, mantendo-se na condição de
alimento pouco calórico. De acordo com a Tabela
TACO (2006), a quantidade de calorias das pitayas
estudadas é semelhante à da goiaba vermelha (54
Kcal/100g), do kiwi (51Kcal/100g), abacaxi (48
Kcal/100g), manga Tommy Atkims (51 Kcal/100g),
e inferior à da maçã (63 Kcal/100g).
CONCLUSÕES
Os frutos de pitayas provenientes dos três
municípios apresentaram formato subgloboso, com
peso elevado e expressivo rendimento de polpa. As
colorações atribuídas às polpas foram as de
tonalidades vermelhas, constituindo-se, portanto em
uma fruta atrativa tanto sensorialmente quanto
tecnologicamente, já que a coloração encontrada é
uma boa indicação da presença de pigmentos, com
possível aplicabilidade a ser investigada. Conforme
as características químicas encontradas, as pitayas
foram consideradas de baixo valor energético, rica
em água e fibras podendo contribuir para uma
alimentação saudável.
AGRADECIMENTOS
Aos produtores rurais Alberto Sawada
(Tomé-Açu), Armando KojiMuto (Castanhal) e
Paulo ShinichiSunaga (Santa Izabel do Pará) pela
contribuição na obtenção dos frutos para realização
do presente trabalho. À Faculdade de Engenharia
de Alimentos da UFPA e ao Centro de Ciências
Naturais e Tecnologia da UEPA pela permissão da
utilização dos Laboratórios.
Sato et al. (2014)
54 | P á g i n a JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.46-56, 2014
Physical and physiochemical characterization of the pitayas red (Hylocereus costaricensis)
produced in three cities of Pará
ABSTRACT - The pitaya is an exotic fruit produced from a cactaceae. This fruit has proved as a
potential option for diversification of the national fruit production.Thus, the aim of this study was to
the evaluate the physical and physicochemical characteristics of red pitayas produced in Pará
counties: Castanhal, Tome-Acu and Santa Izabel do Pará. Physical characteristics such as weight of
fruit, peel, pulp and seeds, transverse and longitudinal diameter of the fruit, peel thickness, and color
and pulp yield were investigated. For the characterization the physiochemical pulps were determined
the percentages of moisture, total soluble solids, total solids, ash, titratable acidity, pH, fat, protein,
fiber, carbohydrates and total energy. The lowest fruit weight was found to 351,25g fruit from Santa
Izabel do Pará. All samples had higher pulp yield 70%. The samples showed a trend toward red with
variations in tone this color. Castanhal and Tomé-Açu samples showed the largest difference in
color.The physicochemical characterization showed that the pulp of red pitaya has high water
content, soluble solids, insoluble fiber and carbohydrates, low acidity, low content of protein, lipid,
ash and low calorific value, ranging from 50,14 to 52,21 kcal/100g.The pitaya fruit exhibit
interesting physical, sensory and nutritional attributes, feasible to implement in a healthy diet
possible inclusion in other foods.
Keywords:red pitaya, exotic fruit, Amazon, nutritional composition, Hylocereus costaricensis
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JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.57-60, 2014 57 | P á g i n a
O ciclo do Marabaixo em Macapá e a Igreja Católica Romana:
conflitos, ideologias e sincretismo religioso.
I. C. Alves.1; L. G. R. Lobato 2; M. L. Pereira3 e R. S. Nogueira3*
1 Graduado em História pela Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), Professor da Rede de Ensino Básico do
Governo do Estado do Amapá. e-mail [email protected]
2 Graduada em Licenciatura em Filosofia pela Universidade do Estado do Amapá (UEAP), Macapá-AP, Brasil. e-mail: [email protected]
3 Professores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá (Ifap). Rod. BR 210, km 03 s/n Bairro
Brasil Novo, 68909-398. Macapá-AP, Brasil. e-mail [email protected]
* Autor parta correspondência e-mail
INF. ARTIGO RESUMO
Recebido: 20 Jul 2014
Aprovado em: 07 Set 2014
Publicado em: 03 Out 2014
O presente artigo analisa o sincretismo religioso no Ciclo do
Marabaixo na cidade de Macapá, capital do Estado do Amapá.
Contextualiza-se historicamente o surgimento do Marabaixo e
descreve-se o seu conceito, práticas e a relação com a Igreja
Católica Romana e as religiões de matrizes africanas. Identificam-se
os fatores que contribuíram para que o marabaixo se consolidasse
como expressão da identidade negra amapaense e problematizam-se
as dificuldades atuais de preservar e difundir está manifestação
cultural no estado e no restante do Brasil.
Termos de indexação:
Sincretismo
Religiosidade
Marabaixo
Cultura.
*Autor para correspondência
© 2014 JBFS all rights. This is an open access article distributed under the Creative Commons Attribution License,
which permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided the original work is properly
cited.
Como referenciar esse documento (ABNT):
ALVES, I. C.; LOBATO, L. G. R.; PEREIRA, M. L.; NOGUEIRA, R. S. O ciclo do Marabaixo em Macapá e a Igreja
Católica Romana. Journal of Bioenergy and Food Science, Macapá, v.1, n. 2, p.57-60, jul. / set. 2014.
INTRODUÇÃO
A problemática que motivou essa pesquisa
foi a necessidade de compreender o sincretismo
religioso presente no Ciclo do Marabaixo, analisar
de que forma essa prática contribui para a formação
da identidade da população afrodescendente e para
o patrimônio cultural do Amapá. Deste modo este
estudo quer servir de base teórica para outras
pesquisas e também ser fonte de informação para a
formulação de políticas públicas que venham
beneficiar as comunidades envolvidas nessa grande
manifestação social, cultural e de fé.
A metodologia utilizada foi à pesquisa
bibliográfica e de campo com aplicação de
questionário e registros de imagens, áudio e vídeos,
todos arquivados no banco de dados do GPRHUM
e nos relatórios mensais da pesquisa que estão
disponíveis através da PROPESQ/IFAP. Espera-se
que este trabalho possa contribuir para uma melhor
compreensão da prática do Marabaixo em Macapá
enquanto atividade religiosamente sincrética, e
possa refletir sobre a importância dos fenômenos
Ass
un
tos
con
exo
s
Interdisciplinar
58 | P á g i n a JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.57-60, 2014
religiosos e das culturas tradicionais para a
formação da identidade de um povo.
1. Contexto histórico do surgimento do
Marabaixo
Os registros históricos revelam que os
primeiros escravos africanos chegaram ao Amapá
no início do século XVII trazidos por diversas rotas
de comercialização para, dentre outros objetivos,
defender e fortificar as fronteiras brasileiras. Nesse
contexto, sua mão de obra foi utilizada na
construção da Fortaleza de São José de Macapá
para impedir a invasão de holandeses, ingleses e
principalmente franceses. Além destes, aportaram
no município de Mazagão, várias famílias negras
refugiadas das guerras travadas no norte da África
entre mouros e cristãos.
A maior expressão deste encontro é o
Marabaixo, no qual os negros, em meio a todas as
condições adversas, descobriram na música e na
dança uma forma de afirmarem sua identidade.
Suas músicas, repletas de imagens e sentidos que
remontam a um passado distante, foram
reelaboradas a partir das influências locais,
advindas, sobretudo, do catolicismo popular.
A partir de 1943 com a criação estratégica do
Território Federal do Amapá com o objetivo de
proteger e defender as áreas consideradas de
segurança nacional, a prática do marabaixo sofreu
uma significativa mudança. O então presidente da
República Getúlio Vargas nomeou o Capitão Janary
Nunes como Governador do Território do Amapá,
que chegou à Macapá em 1944 seguindo o
programa de desenvolvimento baseado no lema:
“sanear, educar e povoar”. Adepto das teorias que
difundiam a ideia de que o branqueamento era
sinônimo de progresso, Janary Nunes iniciou o
processo de urbanização, deslocando os negros da
parte compreendida pelo Largo de São Sebastião,
Formigueiro, Largo de São João, e a Vila de Santa
Engrácia para áreas mais distantes da cidade. Dessa
forma, o ciclo do Marabaixo que até então era
realizado de forma unificada na capital Macapá,
dividiu-se e passou a ser realizado no Laguinho e
no Santa Rita (Favela), pelo Mestre Julião Ramos e
Dona Gertrudes Saturnino, respectivamente, de
acordo com CANTO (1998).
Quanto à origem do termo, ligar-se-á, por
acaso, às longas e dramáticas travessias do
Atlântico, ao léu das correntes marinhas e dos
ventos alísios, para o regime de trabalho escravo,
ou como uma expressão portuguesa de abandono e
de desgraça? Há relatos também de que o termo
tenha surgido após uma homenagem feita com
toques de caixas a um poeta negro que faleceu
durante uma viagem da África ao Brasil e que não
havendo como enterrá-lo, seus companheiros
jogaram seu corpo ao mar a baixo, pois segundo as
crenças africanas o mar era bento e o corpo do
poeta estaria protegido. Em meio a esta diversidade
de teorias, não é possível chegar a uma definição
precisa sobre o significado etimológico do termo.
2. O sincretismo religioso no Ciclo do
Marabaixo
Gilberto Freyre (1998) defende que a
formação social do Brasil girou em torno da casa-
grande, onde se criou condições para a estruturação
de uma sociedade agrária, escravocrata e híbrida.
Nesse contexto, a religião desempenhou papel
essencial na imposição das ideologias da classe
dominante, porém, esta imposição esbarrou na
resistência dos indígenas e negros que
desenvolveram estratégias para praticarem seus
cultos e manifestarem suas crenças sem serem
perseguidos. Portanto, quando se pensa na prática
do Marabaixo, logo se associa a sua prática ao
sincretismo religioso, que surgiu do encontro entre
as religiões de matriz africana trazidas pelos negros
escravizados e refugiados da África, com o
catolicismo romano difundido durante colonização
portuguesa.
São muitas as evidências que caracterizam a
presença do sincretismo religioso no ciclo do
Marabaixo, pois, ainda que fosse uma prática
vinculada exclusivamente a Igreja Católica Romana
como defendem alguns integrantes de grupos de
Marabaixo, já se configuraria com uma atividade
religiosamente sincrética, tendo em vista que o
catolicismo romano foi fortemente influenciado
pelo paganismo greco-romano. Os santos católicos
são produtos e instrumentos de uma contínua
adaptação da cristandade às culturas com as quais
foi se relacionando e disputando a hegemonia, pois
assim como o politeísmo grego apresentava vários
deuses protetores, o catolicismo romano inseriu os
santos como protetores de várias causas. Outro
aspecto relevante também presente na liturgia é o
uso de cores e do calendário do ano litúrgico que
seguem o calendário gregoriano e não o Justiniano,
dando resultado em um Ciclo Litúrgico dentro do
ano civil que obedece a práticas e preces que
misturam uma religião com traços bem marcados
de sagrado e profano.
No sentido inverso, o culto católico aos
santos foi utilizado pelos escravos africanos
trazidos ao Brasil e transmitido aos seus
descendentes como mecanismo para praticarem
suas crenças sem sofrerem repressões e
perseguições. Através de um processo sincrético, os
escravos associaram cada santo católico a uma
divindade africana e continuaram a realizar seus
cultos tradicionais com a permissão dos líderes da
Alves et al. (2014)
____________
JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.57-60, 2014 59 | P á g i n a
Igreja Católica Romana sob uma ritualística
aparentemente católica, desde que fossem
submissos ao bispo de Roma.
Ao acompanhar o ciclo do Marabaixo
puderam-se observar reflexos da influência do
catolicismo romano e das religiões de matriz
africanas nas cantigas em louvor ao Divino Espírito
Santo e a Santíssima Trindade; na licença e
proteção pedida aos Orixás da Natureza pelos
grupos de Marabaixo ao adentrarem no interior da
mata do Curiaú para o corte do tronco da árvore
que serviria como mastro na homenagem aos
santos, e na raiz da erva (gengibre) com que é feita
a bebida típica (gengibirra), que segundo o
dicionário de Cultos Afro-brasileiros
(CACCIATORE, 1988, p. 131) se trata de uma erva
cuja raiz é utilizada em bebidas de preferência de
alguns orixás e entidades guias.
Fernando Canto (1998) conclui que os
conflitos na relação entre a Igreja Católica Romana
e o Marabaixo, em meados da década de 40 do
século XX, podem ter contribuído para o
enfraquecimento desta tradição, e
consequentemente para a negação das influências
das religiões de matrizes africanas, na medida em
que a Igreja tentou extirpar gradativamente as
referências culturais africanas através de um
discurso moralista e ideológico para que sua
hegemonia pudesse prevalecer.
2.1 O ciclo do Marabaixo
Denomina-se Ciclo por ser uma versão
profana do Ciclo Quaresmal e apresenta um grave
erro teológico ao celebrar a Santíssima Trindade e o
Divino Espírito Santo como entidades distintas,
contradizendo o mistério teológico do Deus Uno e
Trino. O ciclo do Marabaixo é praticado na cidade
de Macapá e inicia após a Quaresma, no sábado de
aleluia (Vigília Pascal) e termina no domingo após
Corpus Christi, conhecido como domingo do
Senhor (derrubada do mastro) quando é escolhido o
festeiro do ano seguinte.
Antigamente, as famílias se disponibilizavam
em realizar o festejo para cumprir alguma promessa
após alcançarem uma benção, entretanto,
atualmente a realização do ciclo do Marabaixo
depende de investimentos do Governo do Estado e
da Prefeitura Municipal, além das apresentações de
alguns grupos estarem condicionadas ao pagamento
de cachês, fato este que acaba reduzindo as
manifestações culturais às relações estritamente
comerciais e dificultando assim o fortalecimento e
difusão desta tradição.
As festas homenageiam o Divino Espírito
Santo e a Santíssima Trindade. Dois mastros são
enfeitados com uma erva aromática chamada murta
e posteriormente são erguidos com bandeiras
estampadas com as imagens. No intervalo entre o
levantamento e o derrubamento do mastro, as
atividades do ciclo, dividem-se em duas partes: A
religiosa e a profana, segundo a perspectiva do
catolicismo romano.
A primeira compreende as missas, oferendas,
promessas e dezoito ladainhas rezadas em latim
popular, sendo nove em homenagem à Santíssima
Trindade e nove em homenagem ao Divino Espírito
Santo. A segunda parte envolve as danças, cuja
coreografia é composta por movimentos corporais
relativamente simples, mas cheios de significados
que remetem aos passos acorrentados dos negros
escravizados. As cantadeiras ficam no centro do
barracão, acompanhadas pelos tocadores de caixas
(instrumentos de percussão) e rodeada por
dançadeiras e dançadores - crianças, jovens, adultos
e idosos - que contagiam a todos com sua alegria
estonteante, tudo regado a muito cozidão e
gengibirra.
As cantigas de Marabaixo são compostas
por versos conhecidos como “ladrões”, pois um
participante rouba a deixa do outro e a partir do
mote roubado, de forma improvisada, compõe
novos versos que satirizam, exaltam, denunciam,
criticam, relata romances, dissabores, sofrimentos,
felicidade, enfim, as vivências da comunidade
negra do Amapá.
Uma constatação feita ao decorrer das
observações in loco do ciclo do Marabaixo é que
grande parte da população amapaense está alheia e
indiferente a esta forma de expressão da sua
identidade cultural, como se observou nas
apresentações abertas à população que adentram a
madrugada. Assim, tendo em vista que quem
acompanha este evento são majoritariamente os
grupos festeiros de marabaixo da capital Macapá,
autoridades políticas ou seus representantes e
pesquisadores. A esmagadora maioria dos
amapaenses não reconhece sua história retratada
nos elementos e simbolismo do Marabaixo.
O ciclo do ano 2013 foi marcado pelo retorno
da prática do Marabaixo ao interior da Igreja de São
José, pois na metade do século passado, o padre
Júlio Maria Lombaerd, proibiu as manifestações de
Marabaixo dentro da catedral, por considerá-las
profanas e imorais. Esta reaproximação entre a
Igreja Católica Romana e o Marabaixo representa
um resgate histórico e reflete a necessidade e a
importância de se estabelecer um diálogo inter-
religioso, sem imposições de ideologias e tentativas
de dominação de uma prática religiosa sobre as
outras, como também demonstra um interesse pela
inculturação.
O Marabaixo, enquanto expressão das
necessidades imediatas dos africanos em busca de
Interdisciplinar
60 | P á g i n a JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.57-60, 2014
conforto é uma autentica manifestação de fé,
exteriorização de crenças e afirmação da identidade
negra, e reflete os entrecruzamentos e sincretismo
provocados pelas relações estabelecidas com a
Igreja Católica Romana em um contexto de lutas,
influências, imposições das ideologias dominantes
para exploração e controle das classes dominadas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa contribuiu para uma melhor
compreensão das atividades do Ciclo do Marabaixo
em Macapá, considerando os aspectos políticos,
antropológicos, históricos, educacionais, religiosos
e culturais envolvidos nesta prática.
A partir do acompanhamento in loco,
concluiu-se que a divulgação desta manifestação
cultural apenas em situações pontuais como no
ciclo e no dia do Marabaixo, e na semana da
consciência negra, resultou na falta de
conhecimento e indiferença da maioria dos
amapaenses, comprometendo a difusão desta
cultura e demonstrando a necessidade de incluir
estudos étnicos raciais no currículo escolar,
trabalhando de forma interdisciplinar em um
diálogo com os mais variados campos do saber,
praticando de forma efetiva o que preconiza a lei
10.639/03 e revertendo a lógica que reduziu os
negros a meros objetos nas aulas de história, de
modo a reproduzir a ideologia eurocêntrica e a
atender fatores socioeconômicos, políticos,
ideológica e cultural.
Torna-se necessário e urgente desenvolver
um projeto educacional pautado na diversidade
étnica e cultural do Brasil e, mais especificamente,
do Amapá. É de extrema importância, por parte dos
discentes, o reconhecimento da cultura
afrodescendente como constituinte e formadora da
sociedade brasileira, sociedade na qual os negros
possam se reconhecer como sujeitos históricos,
valorizando-se, portanto, o pensamento e as idéias
de importantes intelectuais negros brasileiros, a
cultura e as religiões de matrizes africanas.
Também se ressalta a contribuição do
GPRHUM para pesquisa amapaense uma vez que
este estudo é resultado das atividades do período de
Novembro de 2012 a Outubro de 2013, dentro da
linha de pesquisa ‘Religiosidade nas Comunidades
Tradicionais’, cujo objetivo foi apresentar uma
visão interdisciplinar e crítica, próprias da Filosofia
da Religião, para o fenômeno sociocultural das
indagações dos membros do Grupo de Pesquisa
The cycle Marabaixo in Macapá and the Roman Catholic Church: conflicts, ideologies and religious
syncretism.
Abstract - This paper examines the religious syncretism of the so-called "Marabaixo Cycle" in the
city of Macapá, state capital of Amapá, Brazil. It historically contextualizes the emergence of the
Marabaixo and describes its concept, practices and relationship with the Roman Catholic Church
and African religions, identifying the factors that contributed to its consolidation as an expression of
black identity in Amapá. The article also problematizes the difficulties in preserving and
disseminating this cultural event in the state and the rest of Brazil
Keywords: Syncretism; Religiousness; Marabaixo; Culture.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei Nº 10.639/03. Estabelece o Estudo da
História e Cultura Afro-Brasileira. Presidência da
República. Brasília-DF.
CANTO, Fernando. A Água Benta e o Diabo. 2ª ed.
Macapá: Fundação de Cultura do Estado do Amapá
(FUNDECAP), 1998.
CACCIATORE, O.G. Dicionário de Cultos Afro-
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FREYRE, Gilberto. Casa-Grande e Senzala. 34ª
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MONTEIRO, Danniela Patrícia da Silva.
Entrevista concedia a Ilton da Cruz Alves, pesquisador do GPRHUM (gravada). Macapá: 2012.
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afrodescendente. Fortaleza: edições UFC, 2009.
J. Bioen. Food Sci, 01 (3): 61-78, 2014
Journal homepage: http://periodicos.ifap.edu.br/index.php/JBFS
ISSN 2359-2710
J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.61-78, 2014 61 | P á g i n a
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Biorrefinarias: Conceitos, classificação, matérias primas e produtos
J. C. Alvim1, F. A. L. S. Alvim2, V. H. G. Sales3*, P. V. G. Sales3, E. M. de Oliveira4 e A. C. R. da Costa5
1 PhD student University of Leeds- Faculty of Biological Sciences, Centre for Plant Sciences. L C Miall Building -
Room 9.13/9.14 Clarendon Way, Leeds - LS2 9JT, West Yorkshire. Phone: +44 07404238622, [email protected]
2 Mestra em Agroenergia, Universidade Federal do Tocantins, Campus Palmas. Av: NS 15 ALC NO 14, 109 Norte -
77001-090. [email protected]
3 Estudantes do programa de pós-graduação em Biotecnologia e Biodiversidade (BIONORTE), Universidade Federal do
Tocantins, Campus Palmas. Av: NS 15 ALC NO 14, 109 Norte - 77001-090. [email protected];
4 Estudante do programa de pós-graduação em Biotecnologia da Universidade Federal do Tocantins, Campus Gurupi.
Rua Badejós Lt.07 Chacara 69/72 Zona Rural Cx postal 66, 77402-970. [email protected]
5 Estudante de graduação em Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia da Universidade Federal do Tocantins,
Campus Gurupi. Rua Badejós Lt.07 Chacara 69/72 Zona Rural Cx postal 66, 77402-970. [email protected]
INF. ARTIGOS RESUMO
Convite: 18 Ago, 2014
Recebido: 06 Jan, 2015
Publicado: 15 Jan, 2015
Em função da crescente demanda de combustíveis e do aumento da emissão
de gases do efeito estufa, faz-se necessário cada vez mais o uso de
combustíveis limpos e renováveis. Dentre os combustíveis renováveis dois
tem o uso atual em larga escala no mundo, o bioetanol e o biodiesel. Um dos
principais desafios da cadeia produtiva destes combustíveis é a dependência
do preço do produto no mercado, a flutuação do mesmo pode levar empresas
a terem grandes perdas. O termo biorrefinarias é amplamente discutido e
existem várias definições para o mesmo. A introdução do conceito de
biorrefinarias nas usinas produtoras de biocombustíveis pode levar a uma
redução de custos, aumento do lucro e independência.
Termos de indexação:
Biorrefinarias
Bioetanol
Biodiesel
Biohidrogênio
Produção conjunta
*Autor para correspondência
© 2014 JBFS all rights. This is an open access article distributed under the Creative Commons Attribution License, which permits unrestricted use,
distribution, and reproduction in any medium, provided the original work is properly cited.
Como referenciar esse documento (ABNT):
ALVIM, J. C.; ALVIM, F. A. L. S.; SALES, V. H. G.; SALES, P. V. G.; OLIVEIRA, E. M.; COSTA, A. C. R. Biorrefinarias: Conceitos,
classificação, matérias primas e produtos. Journal of Bioenergy and Food Science. Macapá, v.1, n. 3, p. 61-78, out./dez. 2014.
________________________________________________________________________________________________________________________ INTRODUÇÃO
Em função da elevada dependência pelos
combustíveis fósseis qualquer redução na
disponibilidade atual de petróleo e seus derivados
pode levar a uma crise mundial de combustíveis.
A cada ano o planeta apresenta novos
problemas relacionados ao aquecimento global, que
está diretamente ligado à emissão de gases do efeito
estufa proveniente da queima de combustíveis
fósseis.
Em virtude destes fatores faz-se necessária a
alteração da matriz energética mundial para uma
mais limpa, renovável e sustentável, para isto é
necessário o desenvolvimento de novas cultivares
além de técnicas e tecnologias para o uso das
mesmas visando altos rendimentos e baixos custos.
Alvim et al. (2014)
62 | P á g i n a J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.61-78, 2014
Dois principais combustíveis renováveis são
produzidos hoje no mundo, estes são o bioetanol e o
biodiesel, cada qual com suas técnicas e matérias
primas.
A introdução do conceito de biorrefinarias
nas usinas produtoras de biocombustíveis pode
levar a uma redução de custos, aumento do lucro e
independência, pois não mais estariam sujeitas às
flutuações de mercado do preço de somente um
produto, problema este que assola as usinas
produtoras de bioetanol a partir da cana-de-açúcar.
Além de agregar valor e criar novos produtos
a partir de material antes considerado lixo,
transformando os antes chamados resíduos no que
atualmente chamamos de subprodutos.
Assim, este trabalho tem como objetivo
agrupar um conjunto de informações acerca dos
conceitos de biorrefinarias, os tipos de
biorrefinarias, os processos realizados e os produtos
passiveis de serem obtidos nas nestas.
BIORREFINARIAS
O termo biorrefinaria é amplamente discutido
e existem várias definições para o mesmo. Diversos
autores e órgãos criaram diferentes definições para
este termo, no etando poucas diferenças são
encontradas entre as definições atuais. Segundo a
American National Renewable Energy Laboratory,
biorrefinarias são todas as indústrias que convertam
a biomassa e que a utilizem para produzir:
combustíveis, energia ou produtos químicos
(NREL, 2008). As biorrefinarias são definidas
também como sendo o processamento sustentável
de biomassa em um espectro de produtos vendíveis
(alimentos, rações, materiais, químicos) e/ou
energia (combustíveis, eletricidade, calor) (IEA
BIOENERGY, 2010). A principal diferença entre
estes dois conceitos apresentados é que o primeiro
deles só inclui como biorrefinarias as indústrias e o
segundo inclui também os processos. O terceiro
conceito a ser discutido é o proposto por Demirbas
(2009a), este autor define as biorrefinarias de
maneira muito parecida com o primeiro conceito
aqui discutido, no entanto ele comenta que as
biorrefinarias são análogas as refinarias de petróleo
onde múltiplos produtos são obtidos de uma matéria
primas, o conceito geral das biorrefinarias pode ser
visto na Figura 1.
Figura 1. Diagrama esquemático do conceito de uma biorefinaria (Adaptado de DEMIRBAS, 2009a).
As biorrefinarias podem ser classificadas de
acordo com o tipo de plataforma utilizada, os tipos
de produtos a serem produzidos, a matéria-prima e
processos de conversão. Dentre os principais
fatores de separação pode-se citar: agrupamento
dos produtos em dois grupos principais, os produtos
energéticos (bioetanol, biodiesel e combustíveis
sintéticos) e os materiais (químicos, comida, ração,
etc); o tipo de biomassa pode a obtida das culturas
energéticas, das culturas alimentares ou ainda dos
resíduos (agroindústrias, florestais ou industriais);
os processo de conversão, podem ser bioquímicos
(fermentação e conversão enzimática),
termoquímicos (pirólise e gaseificação), químicos
(hidrólise acida, transesterificação, etc.) e
mecânicos (fracionamento, pressão, etc.), assim
Biotecnologia e biodiversidade
J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.61-78, 2014 63 | P á g i n a
pode-se notar que a classificação das biorrefinarias
são complicadas e com muitas vertentes, deste
modo a sobreposição dos fatores citados pode e
deve ocorrer visando a maior diversidade possível
(DEMIRBAS, 2009b; IEA BIOENERGY, 2010).
Fica evidente que o conceito de biorefinaria é
muito abrangente e engloba todas as vertentes de
uso da biomassa, seja para produção de
bicombustíveis como para a produção de outros.
As vantagens das biorrefinarias também são
amplamente discutidas. Ao produzir diversos
produtos as biorrefinarias podem explorar o
potencial máximo das biomassas e agregar o maior
valor possível a estas, assim aumentando a
rentabilidade, reduzindo a demanda energética e
reduzindo a emissão de gases do efeito estufa
(NREL, 2008). O amplo espectro de produtos reduz
também a dependência da produção de somente um
produto, aumentando assim a sustentabilidade do
uso racional da biomassa, reduzindo a competição
existente entre o uso da biomassa para alimentos ou
combustíveis (GHATAK, 2011; IEA, 2011).
BIORREFINARIAS DE ETANOL
Matérias primas
O mundo necessita de novas fontes de
combustíveis que sejam renováveis e limpas
(BANÕS, 2011), o uso de biomassas é uma das
mais promissoras dentre estas, o bioetanol é obtido
através da conversão da biomassa e aparece como
uma maneira eficiente de reduzir o consumo e a
dependência de combustíveis fósseis. Por estes
motivos hoje o bioetanol é o combustível não fóssil
mais utilizado no mundo (DEMIRBAS,
2009c).
O bioetanol pode ser utilizado com aditivo
ou substituto da gasolina. É obtido a partir da
biomassa por duas rotas de conversão principais:
fermentação do açúcar/amido e fermentação da
biomassa lignocelulósica. Algumas biomassas não
apresentam a necessidade de serem hidrolisadas
(fontes sacarinas), no entanto outras necessitam ter
os monossacarídeos disponibilizados antes de
serem fermentados, por exemplo, as biomassas
amiláceas e lignocelulósicas (IEA, 2011).
Huang et. al (2009) em seu trabalho discute
os diversos processos e matérias primas possíveis
para obtenção do bioetanol nas biorrefinarias, no
entanto ele não discute o etanol obtido de fontes
sacarinas.
Visando liberar os açucares fermentescíveis é
necessário que antes da fermentação algumas
biomassas sofram um processo chamado hidrólise
(LIMA, 2001; IEA, 2011) que pode ser ácida
(ácidos são utilizados para quebrar as ligações
químicas) ou enzimática (realizada por enzimas
produzidas por microorganismos, estas atuam sobre
as ligações químicas).
Diversas matérias-primas podem ser
utilizadas para a produção de bioetanol, usualmente
as mais utilizadas são as culturas dedicadas (são as
culturas normalmente utilizadas para a
alimentação), resíduos agrícolas, biomassa
proveniente da madeira e as microalgas (GHATAK,
2011).
A energia da biomassa é uma fonte
promissora de energia renovável, mas a matéria-
prima utilizada para produzi-la deve vir de culturas
não alimentares ou de resíduos agrícolas (matéria-
prima de segunda geração), para evitar a
concorrência com fontes de alimento e terras
aráveis. A segunda geração de biocombustíveis
principalmente utiliza materiais lignocelulósicos
para a produção de combustíveis líquidos (etanol e
butanol) ou combustíveis gasosos (hidrogênio ou
metano) (DATAR et al., 2007).
a) Fontes sacarinas e amiláceas usadas em
biorrefinarias
Os chamados combustíveis de primeira
geração são aqueles obtidos das culturas dedicadas,
usualmente estas culturas são utilizadas na
alimentação, humana e animal. Nos Estados Unidos
a principal cultura dedicada é o milho, já no Brasil
nós temos a cana-de-açúcar (GHATAK, 2011;
HOEKMAN, 2009).
Nestas culturas os açucares podem estar
livres ou parcialmente livres, como por exemplo,
nas fontes sacarinas, como é o caso da cana-de-
açúcar e da beterraba sacarina; podem estar também
na forma de amido (polímero de glicose que as
plantas sintetizam para armazenar energia), como
nas fontes amiláceas, dentre estas podemos citar o
milho, a mandioca e a batata (HALFORD, 2010).
b) Fontes lignocelulósicas usadas em
biorrefinarias
É possível a obtenção do bioetanol das
chamadas fontes lignocelulósicas, neste caso é
necessário que a celulose e hemicelulose sejam
convertidas em açúcares fermentescíveis, seja por
ação química ou biológica (IEA, 2011).
As fontes lignocelulósicas não são
encontradas em abundância e não são utilizadas
como alimento pelos seres humanos (GHATAK,
2011).
A celulose é rica em açucares facilmente
fermentescíveis, em sua maioria a glicose, no
entanto a hemicelulose é composta também por
pentoses (xilose, arabinose) as quais não são
fermentadas pelos organismos usualmente
Alvim et al. (2014)
64 | P á g i n a J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.61-78, 2014
utilizados na industria de biocombustíveis
(RAGAUSKAS, 2006).
A matéria-prima lignocelulósica pode ser
derivada do ecossistema (florestas, ecossistema
aquático), pode ser produzida através de culturas
(gramíneas perenes) ou ainda obtida de resíduos
(agroindústrias), e os combustíveis obtidos a partir
desta são conhecidos como os de segunda-geração
ou combustíveis avançados (IEA, 2010; IEA, 2011;
SIMS, 2010).
Deste modo fica evidente que as
biorrefinarias a partir de materiais lignocelulósicos
usam um “mix” de fontes de biomassa para a
produção de uma série de produtos por meio de
combinação de tecnologias, consistindo de três
frações básicas: hemicelulose, celulose e lignina
(SANTOS et al, 2012).
Segundo Pereira Júnior et al. (2008), a
utilização da biomassa lignocelulósica é
fundamentada em duas plaformas distintas:
plataforma termoquímica e plataforma de açucar,
ambas plataformas objetivando a produção de
combustíveis, produtos químicos, polímeros e
materiais.
A conversão da biomassa lignocelulósica por
processo termoquímico inclui os processos de
pirólise, gaseifiicação e liquefação, todos esses
processos finalizam com a produção de
biocombustiveis renováveis e produtos químicos
(DEMIRBAS, 2009a).
A biomassa lignocelulósica pode ser
convertida em biocombustíveis e os metabólicos
secundários são produtos com alto valor e
econômico, tais como: gomas, resinas, ceras,
terpenos, esteróides, taninos, ácidos, alcalóides de
plantas. Os metabólicos secundários podem ser
utilizados para a produção de produtos químicos de
alto valor, tais como: flavorizantes, rações,
produtos farmacêuticos, cosméticos e nutracêuticos,
usando técnicas de processamento integrado (NAIK
et al, 2010).
Segundo Goh (2010), nos últimos anos foi
iniciada em diversas partes do mundo a instalação
de biorrefinarias lenho-celulósicos. No entanto, as
biorrefinarias ainda não são amplamente e
comercialmente viáveis em todos os países em
termos de capital e custo operacional.
c) Biomassa aquática usadas em
biorrefinarias
As mais recentes tecnologias para obtenção
de biocombustíveis, os chamados de terceira
geração, utilizam como matérias-primas fontes
antes nunca exploradas, como por exemplo, as
microalgas.
Microalgas são consideradas um dos
organismos mais antigos do planeta, e estão
dispersos em quase toda sua superfície, nos mais
diversos ambientes e nas mais diversas condições
(MATA, 2010).
Algas apresentam três mecanismos de
produção distintos para o crescimento:
fotoautotrófico, heterotrófico e mixotrófico.
Podendo assim fixar o carbono e produzir tanto
lipídeos quanto açucares, são ricas em proteínas,
esse conjunto de características faz com que
possam vir a ser utilizadas como fontes para
fermentação e conseqüente produção de bioetanol.
(SINGH, 2010)
O uso desta biomassa desperta atenção, pois
em teoria o uso de microalgas não compete com a
disponibilidade das commodities alimentares e
muitas acreditam que esta é uma fonte sustentável
(GHATAK, 2011).
PRODUTOS DAS BIORREFINARIAS DE
ETANOL
Como foi apresentado anteriormente, para
que a produção de bioetanol se encaixe no conceito
das biorrefinarias, em conjunto a sua produção
usual (bicombustíveis), é necessária a obtenção de
outros produtos de valor agregado, podendo ser:
alimentos, materiais, químicos e etc.
Diversos produtos podem e devem ter sua
produção explorada nestas biorrefinarias, estes
podem ser: químicos (adesivos, detergentes, tintas,
lubrificantes, ácido e etc.), materiais (fibras, papel,
gomas e etc.) ou alimentícios (rações, glúten e etc.)
(GHATAK, 2011).
Os produtos que podem ser obtidos a partir
das frações lignocelulósicas estão representados na
Figura 2.
Biotecnologia e biodiversidade
J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.61-78, 2014 65 | P á g i n a
Figura 2. Produtos e co-produtos das biorrefinarias de materiais lignocelulósicos. (Adaptado de DEMIRBAS,
2009a)
Demirbas (2009a) relaciona os principais
produtos químicos obtidos a partir do
fracionamento de madeira ou biomassa vegetal da
amostra que são:
A dissociação dos componentes
celulares - Fragmento de lignina +
Oligossacarídeos + celulose;
A hidrólise de celulose (Sacarificação)
– Glicose;
A conversão de glicose (fermentação)
- Etanol + ácido láctico;
Degradação química da celulose -
Ácido Levulínicos + Xilitol; e
Degradação química da lignina –
Produtos Fenólicos.
Matérias-primas biorenováveis podem ser
utilizadas nas formas sólidas ou convertidas nas
formas líquidas ou gasosas para a produção de
energia elétrica, calor, químicos e combustíveis
gasosos ou líquidos (DEMIRBAS, 2008;
GONZALEZ et al, 2008).
Produção de Bioetanol a partir de biomassa
lignocelulósica
Hill et al, (2006) destaca que para um
biocombustível ser uma alternativa viável, esse
deve proporcionar um ganho líquido de energia,
benefícios ambientais, seja economicamente
competitivo e ser reproduzível em grandes
quantidades sem redução do fornecimento de
alimentos.
Menon e Rao(2012) destacam que o
desenvolvimento dos biocombustíveis de segunda
geração a partir de biomassa lignocelulósica tem
muitas vantagens quando comparado com os
biocombustíveis de primeira geração que são
derivados principalmente de culturas alimentares,
Hidrólise
Hemicelulose
(Pentoses e hexoses)
Goma de plantas,
espessantes, adesivos, colóides protetores,
emulsificantes e
estabilizantes
Xilose
Xilitol
Furfural
Resinas de furano
Produtos
químicos
Nylon 6; Nylon 6,6
Biorrefinaria Materiais Lignocelulósicos
Matérias-primas
Lignocelulose (LC)
Cereais (Palhas, joio); biomassa lignocelulósica (Cana de açúcar, caniço); Biomassa florestal (vegetação
rasteira e madeira); Resíduos sólidos municipais de
Celulose e papel.
Aglutinante natural e
adesivo
Lignina
Carvão sub betuminoso
Combustível sólido livre
de enxofre
Celulose
Glicose
Celuloses
(Aplicações) Hidrólise
(E/C)
HMF (5-hidroximetil-
furfural)
Amaciantes +
solventes
Lubrificantes
Produtos químicos e
polímeros
Produtos de
fermentação: 1) Combustíveis
Ex: etanol
2) Ácidos Orgânicos
Ex: Acido lático
3) Solventes
Ex: Acetona,
butanol
Alvim et al. (2014)
66 | P á g i n a J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.61-78, 2014
podendo a vim criar muitos problemas que vão desde
as perdas de energia líquida para a emissão de gases
de efeito estufa bem como o aumento nos preços dos
alimentos.
Para Hill et al (2006) a conversão eficiente
de materiais lignocelulósicos (LCMs) em etanol
combustível se tornou uma prioridade mundial para
a produção ecológica de energia renovável a um
preço razoável para o setor de transportes. O Etanol
combustível pode ser utilizado para melhorar o seu
teor de oxigênio, permitindo uma melhor oxidação
de hidrocarbonetos e redução da quantidade de
emissões de gases de efeito estufa na atmosfera.
Alternativamente, a bioconversão de material
lignocelulósico em etanol combustível poderia
fazer uso de abundantes fontes renováveis, mas em
grande parte ainda inexplorada, tais como os
resíduos agrícolas (palha de milho, bagaço de cana,
trigo e palha de arroz, etc) e resíduos florestais
(como serragem) (INGRAM e DORAN, 1995;
ZALDIVAR et al, 2001).
Uma razão adicional para a introdução de
resíduos agrícolas como potenciais fontes de
energia renováveis é que os métodos atuais para a
sua alienação têm causado preocupações ambientais
(ZABANIOTOU et. al, 2008).
Um fator importante para vencer os
obstáculos que impedem a produção rentável do
bioetanol a partir de lignoceluloses seria melhorar a
tecnologia na fase de pré-tratamento que tem o
objetivo de solubilizar a hemicelulose (HENDRIKS
e ZEEMAN, 2009). Embora existam inúmeras
tecnologias de pré-tratamento essa etapa tornou-se
o maior componente de custo do processo de
obtenção do bioetanol (MOSIER et al, 2005; KIM e
HONG, 2001).
A conversão das unidades da biomassa para
combustíveis líquidos tais como o etanol requer um
número de operações unitárias básicas, incluindo
pré-tratamento, a hidrólise enzimática, destilação e
recuperação do etanol estão representados na
Figura 3 dá detalhes dos passos necessários para a
conversão de biomassa lignocelulósica ao etanol e
utilização dos produtos intermédios para os
produtos químicos de valor acrescentado.
Figura 3. Operações unitárias para a obtenção de álcool a partir de biomassa lignocelulósica (Adaptado de
NAIK, 2010).
Produção de ácido succínico
A produção de ácido succínico é
considerada uma das plataformas químicas mais
importantes, este ácido é amplamente utilizado
(aditivos alimentares, tintas, plásticos) por este
motivo tem bom valor agregado (LYKO, 2009).
Diversos trabalhos mostram que a produção
deste ácido a partir de fontes renováveis é possível,
pois o microrganismo Actinobacillus succinogenes
(dentre outros) fermenta açucares dando origem ao
mesmo, podendo assim substituir a obtenção deste
ácido a partir do petróleo (ISAR, 2006; ZHENG,
2010; ZHENG, 2009).
Orjuela et al. (2011) em seu trabalho
apresenta uma plataforma para obtenção conjunta
de ácido succínico e etanol além de sumarizar
diversos métodos para recuperação deste ácido.
Biomassa lignocelulósica Pré-tratamento Explosão de
vapor/tratamento com amônia
Hidrolise enzimática
Destilação
Etanol
Xilose
Produção de CO2
SC-CO2
Extração planta
Ligante natural e Adesivo
Lignina
Biotecnologia e biodiversidade
J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.61-78, 2014 67 | P á g i n a
Pode-se concluir então que esta plataforma se
mostra cada vez mais viável e interessante.
Uso da biomassa lignocelulósica para diversos
produtos
O material lignocelulósico, principalmente a
madeira, pode ser convertido em diversos materiais
e químicos, além da produção de etanol. Os
principais produtos obtidos são fibras, plásticos
sintéticos, borracha e papel. Além de diversos gases
obtidos pelo processo de gaseificação
(DEMIRBAS, 2009b).
Pode-se citar também a obtenção de xilanas a
partir desta biomassa residual, a aplicação deste
químico é reconhecida na indústria de alimentos,
novos materiais e na biotecnologia (SEDLMEYER,
2011).
Bludowsky (2009) apresenta em seu trabalho
uma alternativa para produção de gases sintéticos
em biorrefinarias com temperaturas muito
reduzidas em relação ao processo de gaseificação
convencional.
Uso da biomassa lignocelulósica para obtenção de
biohidrogênio
A obtenção de hidrogênio pela fermentação
do bagaço de cana-de-açúcar é um processo muito
conhecido e estudado e é uma alternativa para
utilização do resíduo da produção de bioetanol
(SINGH, 2007).
Muitos autores têm investigado a produção
de hidrogênio biológico. Em geral, existem duas
maneiras para produzir hidrogênio, primeiro
utilizando organismos vivos fotossintéticos (como
bactérias fotossintética bactérias, cianobactérias e
algas verdes) e, segundo, por organismos
fermentativos (anaeróbios estritos e anaeróbios
facultativos) (KUMAR et al, 2000).
A produção de hidrogênio apresenta ser
importante alternativa de combustível livre de
poluição gasosa para o futuro. Entre as diferentes
vias de produção de hidrogênio os processos de
produção tanto fotossintética (DAS e
VEZIROǦLU, 2001) e com microrganismos
fermentativos (TAGUCHI et al, 1996; YOKOI,
1995) são os mais utilizados.
Kumar e Das (2001) relata que os processos
que utilizam microrganismos fermentativos
necessitam de melhoras significativas para a sua
exploração comercial e que a taxa de produção de
hidrogênio utilizando microorganismos
fermentativos pode ser melhorada através do
desenvolvimento de estirpes microbianas e também
por melhoria na densidade celular pela
imobilização das células.
O principal obstáculo para a
comercialização de bioH2 é o alto custo de
produção e, portanto, há uma necessidade urgente
de chegar a estratégias que podem torná-lo
economicamente mais viável (CHENG, et al,
2011).
Das e Veziroǧlu, (2001) relacionam os
processos de produção de biohidrogênio em:
1. Biofotólise da água usando algas e
cianobactérias;
2. Foto decomposição de compostos
orgânicos por bactérias fotossintéticas;
3. Produção fermentativa de hidrogênio a
partir de compostos orgânico; e
4. Sistemas híbridos usando fermentação
e bactérias fotossintéticas.
Cheng et al. (2011) realizou um
levantamento bibliográfico sobre a utilização de
diferentes matérias-primas para a produção de
Biohidrogênio com diferentes fontes de matérias-
primas as quais estão resumidas na Tabela 1.
Produção de Metano a partir de materiais
lignocelulósicos
Segundo Chandra, Takeuchi e Hasegawa
(2012) a produção de metano a partir de uma
variedade de resíduos biológicos através da
tecnologia de digestão anaeróbia está crescendo em
todo o mundo e é considerado ideal em muitos
aspectos, por causa de seus benefícios econômicos
e ambientais.
Produção de Metano a partir de materiais
lignocelulósicos
Segundo Chandra, Takeuchi e Hasegawa
(2012) a produção de metano a partir de uma
variedade de resíduos biológicos através da
tecnologia de digestão anaeróbia está crescendo em
todo o mundo e é considerado ideal em muitos
aspectos, por causa de seus benefícios econômicos
e ambientais.
Dois dos fatores mais importantes a serem
considerados quando da aplicação de fermentação
do material lignocelulósico para a produção de
metano são: a velocidade e a biodegradabilidade do
material, os quais demonstram que quanto mais
rápido for a degradabilidade da biomassa menor o
tamanho do reator para a reação e
consequentemente menor o custo, tornando dessa
forma o processo economicamente mais atrativo.
Ambos os fatores são funções das propriedades
intrínsecas do material lignocelulósico em si e dos
microorganismos envolvidos (TONG et al, 1990).
Segundo NAIK et al (2010) ao utilizar
resíduos de biomassa lignocelulósica através do
Alvim et al. (2014)
68 | P á g i n a J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.61-78, 2014
processo de digestão anaeróbica haverá a geração
de combustível líquido e biofertilizante para
produção agrícola. O conceito biorefinaria de
digestão anaeróbica da biomassa está representado
na Figura 4
BIORREFINARIAS DE BIODIESEL
Há um grande interesse no biodiesel por
causa de sua origem renovável, bem como as
reduções das emissões do GEE. Além disso, há um
conjunto substancial de evidências mostrando que o
uso de biodiesel (e suas misturas com o diesel) tem
um efeito benéfico forte e consistente sobre as
emissões de hidrocarbonetos, monóxido de carbono
e material particulado (HOEKMAN e ROBINS,
2012).
Figura 4. Representação digestão anaeróbica (Adaptado de NAIK, 2010).
Van Gerpen (2005) destaca que embora o
biodiesel não substitua inteiramente à base de
petróleo combustível, há pelo menos cinco razões
que justificam o seu desenvolvimento, sendo elas:
Ele fornece um mercado para a
produção a partir do excesso de óleos
vegetais e gorduras animais;
Ela diminui, apesar de não eliminar, a
dependência do país do petróleo
importado;
Biodiesel é renovável e não contribui
para o aquecimento global devido ao
seu ciclo de carbono fechado;
Redução nas emissões de monóxido de
carbono, hidrocarbonetos e de
materiais particulados, mas um ligeiro
aumento na emissão de óxidos de
nitrogênio; e
Quando adicionado ao diesel
convencional melhora a lubricidade do
combustível.
Em contraste, esses combustíveis podem
apresentar desafios técnicos, tais como: combustão
incompleta, emissões elevadas de NOx, em
temperaturas frias entupimento, ponto de fluidez
altos e baixa volatilidade (ATADASHI et.a,l 2012).
A técnica mais comum para a produção de
biodiesel é a transesterificação, que se refere a uma
reação química catalisada de óleo vegetal com um
álcool para produzir ésteres de ácidos graxos
(biodiesel) e glicerol. (MA e HANNA, 1999;
SRIVASTAVA e PRASAD, 2000; KNOTHE,
VAN GERPEN e KRAHL, 2005; VAN GERPEN,
2005; HILL et al., 2006; MITTELBACH e
REMSCHMIDT, 2006; HOEKMAN e ROBINS,
2012).
Hoje em dia, as matérias-primas mais
empregadas na produção de biodiesel são os óleos
de canola, soja, girassol e palma, com a tecnologia
convencional estes óleos devem ser altamente
refinados, antes da sua utilização, para a eliminação
de ácidos graxos livres e formação de sabões.
Outras fontes de óleos mais baratos que não
competem com os alimentos foram recentemente
considerados como possíveis candidatos de
matéria-prima para o futuro. Em particular, óleos de
algas, de resíduos, óleos a partir de pinhão manso
(SANTACESARIA et al, 2012).
Segundo Skarlis e colaboradores (2011) a
seleção das matérias-primas - primeira ou segunda
geração, culturas específicas, etc - afetam não
apenas o desempenho financeiro de uma planta,
mas também várias outras avaliações ambientais,
bem como o design das instalações de produção.
Biomassa lignocelulósica Digestão anaeróbica
Biofertilizante
Biogás/Gás de Aterro
Metanol CH4 Refrigeração ou processo de
lavagem do CO2
CO2 Líquido
Reforma
Biotecnologia e biodiversidade
J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.61-78, 2014 69 | P á g i n a
Tabela 1. Diferentes matérias-primas para a produção de Biohidrogênio.
Geração dos
biocombustíveis Matérias-primas Microrganismos
Tipo de
Fermentação Produção Referencias
Mat
éria
-pri
ma
de
1ª
ger
ação
Glicose Thermotoga marítima Batelada 1.67 mol H2/mol Glicose Nguyen et al. (2008)
Glicose Thermotoga neapolitana Batelada 1.84 mol H2/mol Glicose Nguyen et al. (2008)
Glicose Microflora mista CSTR 2.1 mol H2/mol Glicose Fang e Liu (2002)
Glicose Lodos Ativados AGSB 1.4 -1.5 mol H2/mol glicose Hung et al. (2007)
Maltose Lodos Ativados Batelada 180 mL H2/g maltose Zhao et al. (2010)
Sacarose Lodos Ativados AGSB 3.42 mol H2/mol sucrose Lo et al. (2009)
Sacarose Microflora mista ASBR 2.53 mol H2/mol sucrose Chen et al. (2009)
Amido Lodos Ativados CSTR 2.32 mol H2/mol Glicose Akutsu et al. (2008)
Amido Lodos Ativados CSTR 2.32 mol H2/mol Glicose Akutsu et al. (2008)
Geração dos
biocombustíveis Matérias-primas Microrganismos
Tipo de
Fermentação Produção Referencias
Mat
éria
s-p
rim
as d
e 2
ª g
eraç
ão.
Palha de milho Thermoanaerobacterium
thermosaccharolyticum W16 Batelada 2.24 mol H2/mol hexose Cao et al. (2009)
Palha de milho Clostridium butyricum AS1.209 Batelada 68 ml H2/g palha de milho Li and Chen (2007)
Palha de milho Lodos Ativados Batelada 1.53 mol H2/mol Glicose Liu e Cheng (2010)
Palha de trigo Microflora Mista Batelada 68.1 ml H2/g TVS Fan et al. (2006)
Palha de trigo Microflora Mista Batelada 68.1 ml H2/g TVS Fan et al. (2006)
Palha de trigo Lodos Ativados UASB 212.0 ml H2/g açúcar Kongjan e Angelidaki
(2010)
Farelo de arroz Microflora mista CSTR 0.98 mol H2/mol hexose Noike (2002)
Bagaço da cana Clostridium butyricum Batelada 1.73 mol H2/mol hexose Pattra et al. (2008)
Sorgo Sacarino Caldicellulosiruptor
saccharolyticus
Batelada 2.6 mol H2/mol hexose Panagiotopoulos et al.
(2010)
Casca de batata Caldicellulosiruptor
saccharolyticus
Batelada 2.4–3.8 mol H2/mol Glicose Mars et al. (2010)
Folhas de álamo Microflora mista Batelada 15.04–44.92 ml/g folhas de álamo Cui et al. (2010)
Borra de cerveja Microflora mista Batelada 53.03 ml/g borra de cerveja seca Cui et al. (2009)
Resíduos de alimentos Lodos Ativados ASBR 1.12 mol H2/mol hexose Kim et al. (2008)
Resíduos de
alimentos
Thermoanaerobacteriumsp IRPR 2.4 mol H2/mol hexose Ueno et al. (2007)
“Continua”
Alvim et al. (2014)
70 | P á g i n a J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.61-78, 2014
Tabela 1. Conclusão
Geração dos
biocombustíveis Matérias-primas Microrganismos
Tipo de
Fermentação Produção Referencias
Mat
éria
s-p
rim
as d
e
3ª
Ger
ação
Scenedesmus
sp.(microalga) Lodos Ativados Batelada 45.54 ml/g sólidos voláteis Yang et al. (2010)
Laminaria japonica
(alga marrom marinha)
Clostridium e
Bacillus sp Batelada 44 ml H2/g alga na base seca Lee et al. (2010)
Taihu alga azul Lodos Ativados Batelada 105 ml H2 /g sólidos voláteis Yan et al. (2010)
Biotecnologia e biodiversidade
J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.61-78, 2014 71 | P á g i n a
PRODUÇÃO DE BIODIESEL A PARTIR DE
MATERIAIS LIGNOCELULÓSICOS
Hill et al. (2006) afirma que a produção de
biodiesel a partir de biomassa residual agrícola teria
benefícios ambientais que excedem as suas
vantagens econômicas. Parikka (2004) e Yousuf
(2012) relacionam outros benefícios do uso da
biomassa de resíduos agrícolas que são: a
estabilização dos rendimentos dos agricultores e a
ajuda para manter e melhorar a sustentabilidade
ecológica e social.
Embora a bioconversão de resíduos
lignocelulósicos em etanol ou butanol foi realizada
com sucesso, a técnica para produzir biodiesel a
partir de materiais lignocelulósicos ainda representa
um grande desafio. As principais fontes dos
recursos vêm dos resíduos gerados por empresas
agrícolas, florestais e de fontes industriais
(YOUSUF, 2012).
Segundo Hossain e Badr (2007) nem todos
os resíduos de biomassa lignocelulósica podem ser
utilizados para a energia. Em alguns casos, a sua
larga dispersão ou suas baixas densidades a granel
tornam o transporte, recuperação e o
armazenamento muito dispendioso.
PRODUÇÃO DE BIODIESEL A PARTIR DE
MICRO E MACRO ALGAS
Recentemente, a viabilidade do uso de
algas (matéria-prima de terceira geração) para a
produção de biocombustíveis tem recebido mais
atenção (LEE et al., 2010; SINGH e CU, 2010).
O uso de matéria-prima tradicional tais como
óleos vegetais, pode resultar em uma escassez de
óleo comestível e aumento dos preços dos
alimentos. Portanto, nos últimos anos, os
investigadores têm procurado fontes alternativas,
tais como óleos microbianos, também conhecidos
como óleos de única célula (SCOs), que consistem
de lipídeos produzidos por microrganismos
oleaginosos, incluindo leveduras, fungos e
microalgas (YOUSUF, 2012; GALAFASSI et al,
2012).
Brennan e Owende (2010) relacionam as
principais vantagens da utilização de microalgas na
produção de biocombustíveis, sendo elas:
Microalgas são capazes de produzir óleo o
ano todo e a produtividade de biodiesel
excede os melhores rendimentos das
oleaginosas;
Crescem em meio aquoso, mas
necessitam de menos água que as culturas
terrestres, portanto reduzindo a carga
sobre as fontes de água doce;
Microalgas podem ser cultivadas em água
salobra e em terras não cultiváveis,
minimizando os impactos ambientais;
Microalgas têm um potencial de
crescimento rápido e muitas espécies têm
teor de óleo na faixa de 20-50% de peso
seco;
A produção de biomassa de microalgas
efetua biofixação do CO2;
Os nutrientes para o cultivo de microalgas
(especialmente nitrogênio e fósforo)
podem ser obtidos a partir de águas
residuais, além de proporcionar meio de
crescimento, existe potencialidade na
utilização para o tratamento de efluentes
orgânicos da agroindústria;
O cultivo de algas não exige utilização de
herbicidas e nem pesticidas;
Podem também produzir valiosos co-
produtos tais como proteínas e biomassa
residual depois da extração do óleo, o
qual pode ser utilizado como alimento ou
fertilizantes, ou passar por processo de
fermentação para produção de etanol ou
metano;
A composição bioquímica da microalga
pode ser melhorada por variação das
condições de crescimento, aumentando
dessa forma o rendimento na produção de
óleo;
Microalgas são capazes de produzir
Biohidrogênio.
Mata, Martins e Caetano (2010) relacionaram
as principais espécies de microalgas com seus
conteúdos de lipídeos e produtividades, que estão
relacionados na Tabela 2.
As tecnologias de conversão para a
utilização de biomassa de microalgas podem ser
separadas em duas categorias básicas: conversão
termoquímicas e bioquímicas e estão representados
na Figura 5.
Demirbas e Demirbas (2011) descrevem
que devido ao elevado rendimento de produção de
óleo pela a alta densidade de biomassa de algumas
microalgas, estas são ideais para a agricultura
intensiva e podem ser uma fonte excelente para a
produção de biodiesel, na Figura 6 segue a
representação do fluxograma de obtenção de
biodiesel a partir de microalgas.
Alvim et al. (2014)
72 | P á g i n a J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.61-78, 2014
Tabela 2. Algumas espécies de microalgas marinhas e de alga doce.
Espécies de microalgas
marinhas e de água doce
Conteúdo
Lipídeos (%
base seca
biomassa)
Produtividade
de Lipídeos
(mg/L/dia)
Produtividade
Volumétrica de
biomassa
(g/L/dia)
Produtividade de
biomassa por
área (g/m2/dia)
Ankistrodesmus sp. 24.0–31.0 – – 11.5–17.4
Botryococcus braunii 25.0–75.0 – 0.02 3.0
Chaetoceros muelleri 33.6 21.8 0.07 –
Chlorella emersonii 25.0–63.0 10.3–50.0 0.036–0.041 0.91–0.97
Chlorella sorokiniana 19.0–22.0 44.7 0.23–1.47 –
Chlorella vulgaris 5.0–58.0 11.2–40.0 0.02–0.20 0.57–0.95
Chlorella sp. 10.0–48.0 42.1 0.02–2.5 1.61–16.47/25
Chlorella pyrenoidosa 2.0 – 2.90–3.64 72.5/130
Chlorella 18.0–57.0 18.7 – 3.50–13.90
Chlorococcum sp. 19.3 53.7 0.28 –
Dunaliella salina 6.0–25.0 116.0 0.22–0.34 1.6–3.5/20–38
Dunaliella primolecta 23.1 – 0.09 14
Dunaliella tertiolecta 16.7–71.0 – 0.12 –
Dunaliella sp. 17.5–67.0 33.5 – –
Ellipsoidion sp. 27.4 47.3 0.17 –
Euglena gracilis 14.0–20.0 – 7.70 –
Isochrysis galbana 7.0–40.0 – 0.32–1.60 –
Isochrysis sp. 7.1–33 37.8 0.08–0.17 –
Monodus subterraneus 16.0 30.4 0.19 –
Monallanthus salina 20.0–22.0 – 0.08 12
Nannochloris sp. 20.0–56.0 60.9–76.5 0.17–0.51 –
Nannochloropsis sp. 12.0–53.0 37.6–90.0 0.17–1.43 1.9–5.3
Nitzschia sp. 16.0–47.0 8.8–21.6
Oocystis pusilla 10.5 – – 40.6–45.8
Pavlova salina 30.9 49.4 0.16 –
Pavlova lutheri 35.5 40.2 0.14 –
Scenedesmus obliquus 11.0–55.0 – 0.004–0.74 –
Scenedesmus sp. 19.6–21.1 40.8–53.9 0.03–0.26 2.43–13.52
Skeletonema sp. 13.3–31.8 27.3 0.09 –
Skeletonema costatum 13.5–51.3 17.4 0.08 –
Spirulina maxima 4.0–9.0 – 0.21–0.25 25
Tetraselmis suecica 8.5–23.0 27.0–36.4 0.12–0.32 19
Tetraselmis sp. 12.6–14.7 43.4 0.30 –
Biotecnologia e biodiversidade
J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.61-78, 2014 73 | P á g i n a
Figura 5. Rotas de conversão de biomassa de algas em biocombustíveis .
Figura 6. Fluxograma produção de biodiesel a partir micro e macro algas.
CONCLUSÃO
Para que a produção de bicombustíveis
ocupe o seu lugar na matriz energética mundial,
substituindo parcialmente ou completamente os
combustíveis fósseis, é necessário que as indústrias
que disponibilizam este produto, estejam
conscientes de que ao se adequarem ao conceito de
biorrefinarias, elas estarão aproveitando melhor a
biomassa, com menos desperdício, maior
quantidade de produtos a ofertar e tornando-se mais
independente das flutuações de preço do mercado
atual.
Os materiais lignocelulósicos são fontes
com grande potencial para a produção de
biocombustíveis obtidos por hidrolise e
fermentação (bioetanol), digestão anaeróbica
(metano), gaseificação (FT-diesel), biodiesel,
Biomassa Alga
Conversão
Termoquímica
anaeróbica
Gaseificação Singás
Liquefação Bio-óleo
Pirólise
Bio-óleo,
singás e
carvão
Pirólise Eletricidade
Conversão
Bioquímica
anaeróbica
Digestão Metano e H2
Fermentação Etanol
Biofotólise Hidrogênio
Micro e Macro Alga
Moagem
Extração
Transesterificação
Separação das fases
Lavagem com água
Biodiesel
Alvim et al. (2014)
74 | P á g i n a J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.61-78, 2014
biohidrogênio entre outros biocombustíveis e
metabólicos secundários com maior valor agregado.
Processos inovadores, principalmente
utilizando materiais lignocelulósicos para utilização
comercial estão em desenvolvimento constante,
entretanto há a necessidade de desenvolvimento de
novas tecnologias com o objetivo de reduzir os
custos do processo de produção de biocombustíveis
de segunda geração.
Biorefineries: Concepts, classification, raw materials and products
ABSTRACT
Due to the growing demand for fuel and the increased emission of greenhouse gases, it’s necessary
to increase the use of clean and renewable fuels. Among the renewable fuels there was two with
current use is in large scale, bioethanol and biodiesel. One of the main challenges for the production
chain of biofuels is the dependence of the product price in the market, the fluctuation of the same
can lead companies to have large losses. The term biorefineries is widely discussed and there are
several definitions for the same. The introduction of the concept of biorefineries in the plants
producing biofuels can lead to reduced costs, increased profitability and independence.
Keywords: Biorefineries, Bioethanol, Biodiesel, Biohydrogen, Joint production.
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____________
J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.79-87, 2014 79 | P á g i n a
Produção do algodoeiro em função da adubação fosfatada utilizando
fertilizante Basiduo®
G. A. Freitas1,*, A. C. M. dos Santos1, A. J. G. de Faria1, M. A. S. de Souza2 and R.R. da Silva1
1 Programa de Pós graduação em Produção Vegetal (Mestrado e Doutorado) do curso de Agronomia da Universidade Federal do
Tocantins, UFT, Gurupi-TO. Rua Badejós, Chácaras 69 e 72, Lote 07 Zona Rural 77402-970 - Gurupi, TO. E-mail:
[email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]
2 Engenheira Agrônoma – Supervisora de Marketing - Timac Agro País Bahia Oeste, Via Portuária, km 20, s/nº, Caixa Postal, 49 -
Cia Norte, CEP 43805-190, Candeias – BA. E-mail: [email protected]
INF. ARTIGOS RESUMO
Recebido: 20 Dez, 2014
Aceito: 06 Jan, 2015
Publicado: 15 Jan, 2015
O manejo eficiente da adubação fosfatada em solos de cerrado é essencial para o
aumento da produtividade, redução de custo e viabilização dos sistemas de produção
vigentes. Assim, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito das doses do
fertilizante fosfatado BASIDUO® nos indicadores de produção e calibração da
adubação fosfatada para o cultivo de algodão. O ensaio foi realizado utilizando o
delineamento experimental em blocos casualizados, com cinco repetições e três
replicatas em cada repetição. Os cinco tratamentos avaliados foram compostos pela
aplicação do fertilizante fosfatado BASIDUO® nas doses de 0; 357,14; 714,29;
1071,43 e 1428,57 kg ha-1 o que correspondeu à 0; 100; 200; 300 e 400 kg ha-1 de
P2O5. As variáveis avaliadas foram: altura de plantas, número de ramos por planta,
altura do primeiro ramo, diâmetro do colo, número de ramos produtivos por planta,
número de capulho por planta, massa de um capulho, massa de sementes de 20
capulhos, massa de 100 sementes, produção de fibras de 20 capulhos, massa de 20
capulhos e produtividade. A adubação fosfatada utilizando fertilizantes BASIDUO®
influenciou de forma significativa na maioria das características avaliadas, tendo
maior destaque para o aumento da produtividade em 16 @ ha-1 a mais em relação às
plantas testemunha.
Termos de indexação:
Gossypium hirsutum
Fósforo
Tecnologia MPPA DUO
*Autor para correspondência
© 2014 JBFS all rights. This is an open access article distributed under the Creative Commons Attribution License, which permits unrestricted use,
distribution, and reproduction in any medium, provided the original work is properly cited.
Como referenciar esse documento (ABNT):
FREITAS, G. A. et al. Produção do algodoeiro em função da adubação fosfatada utilizando fertilizante Basiduo®. Journal of Bioenergy and Food
Science. Macapá, v.1, n. 3, p. 79-88, out./dez. 2014.
________________________________________________________________________________________________________________________
INTRODUÇÃO
O algodão (Gossypium L.) está entre as mais
importantes culturas de fibras no mundo,
movimentando anualmente no mundo cerca de US$
12 bilhões. Nas últimas três safras, com volume
médio próximo de 1,7 milhão de toneladas de
pluma, o Brasil se colocou entre os cinco maiores
produtores mundiais, além de ser também o
terceiro país exportador e o primeiro em
produtividade em sequeiro (ABRAPA, 2014).
O estado da Bahia é o segundo maior
produtor de algodão do Brasil, com destaque
especial para o oeste do estado. Região esta que está
inserida no bioma cerrado. Dentre as culturas anuais,
o algodoeiro destaca-se pela tolerância relativamente
alta a seca, devido principalmente ao
aprofundamento de seu sistema radicular,
explorando água de camadas subsuperficiais no solo
(ROSOLEM, 2006). Para adequada nutrição da
cultura do algodão em solos do Cerrado brasileiro,
se faz necessária à utilização de elevadas doses de
fertilizantes, devido ao predomínio de solos
altamente intemperizados, caracterizados pela baixa
disponibilidade de nutrientes às plantas, como
encontrado nos solos de cerrado. Neste contexto, o P
merece especial atenção por causa da sua grande
adsorção à fase mineral do solo, predominantemente
de baixa reversibilidade, principalmente nos óxidos
de Fe e Al (SCHONINGER et al., 2013).
Esse elemento apresenta função estrutural,
são constituintes de ácidos nucleicos, fosfolipídios,
Art
igo
cie
ntí
fico
Ciências Agrárias
80 | P á g i n a J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.79-87, 2014
estando envolvido também na regulação da
fotossíntese e respiração. É essencial para a boa
formação de sementes e frutos. Está presente,
também, nos processos de transferência de energia e
o seu suprimento adequado, desde o início do
desenvolvimento vegetativo, é importante para a
formação dos primórdios das partes reprodutivas
(PEREIRA & FONTES, 2005).
A suplementação de fósforo na fase inicial
do desenvolvimento das culturas é crucial na
otimização da produção final, onde em estágios
posteriores sua limitação demonstra-se menos
relacionada à produtividade (GRANT et al., 2005).
Em função do seu conhecido efeito residual e do
baixo aproveitamento pelas culturas, o fósforo tende
a se acumular no solo em áreas continuamente
adubadas, sendo possível diminuir as quantidades
aplicadas com o passar dos anos (CARVALHO et
al., 2007).
Zancanaro (2004) cita que na cultura do
algodão cultivada no cerrado, tem-se utilizado doses
totais de fósforo que variam de 80 a 200 kg ha-1,
independentemente do teor de fósforo disponível no
solo. Já Ferreira & Carvalho (2005) verificou que o
algodoeiro deve ser cultivado em solo de cerrado
corrigido em sua fertilidade. Sob plantio
convencional, é comum o uso de 120 a 150 kg ha-1
no primeiro ano de cultivo do algodoeiro, a lanço
usando superfosfato simples, logo após a rotação
com a soja no Estado da Bahia, em sua maior área
sob plantio convencional.
Considerando a necessidade de se calibrar
uma dose eficiente e econômica de fósforo a ser
aplicada e que as reservas de rochas fosfatadas no
país são escassas, aliado aos altos custos desses
fertilizantes e o fato de que o nutriente é um recurso
não renovável, justificam-se estudos para
aperfeiçoar a eficiência no uso de fertilizantes
fosfatados (PROCHNOW et al., 2003),
principalmente na região do Cerrado onde a
eficiência deste é reduzida devida a elevada taxa de
adsorção do P aplicado.
Assim, o presente trabalho teve como
objetivo avaliar o efeito das doses do fertilizante
fosfatado BASIDUO® nos indicadores de produção
e calibração da adubação fosfatada para o cultivo de
algodão.
MATERIAIS E MÉTODOS
O presente trabalho foi realizado em
parceria estabelecida entre a empresa TIMAC Agro/
Zona Oeste, Fazenda grupo Mizote e Universidade
Federal do Tocantins - Campus de Gurupi. O
experimento foi realizado na área de produção da
Fazenda grupo Mizote, sendo implantado na safra
2014 em uma área de sequeiro. A fazenda está
localizada no município de Luiz Eduardo
Magalhães, extremo Oeste da Bahia, entre as
coordenadas de 11º 51’ 08” e 12º 33’ 50” de latitude
Sul e 45º 37’ 50” e 46º 23’35” de longitude Oeste. O
clima da região segundo a classificação climática de
Kopen é do tipo Bsh, quente e seco com chuvas de
inverno. A precipitação local é sempre superior a
1000 mm anual (Figura 1), concentrando-se nos
meses de outubro a março e período de seca entre os
meses de abril e setembro e temperatura média entre
34 e 18 °C (CASTRO et al., 2010).
Figura 1 Precipitação durante o período de
condução do experimento (média de cinco
pluviômetros), Luiz Eduardo Magalhães - BA
(2013/2014).
O ensaio foi realizado utilizando o
delineamento experimental de blocos casualizados
(DBC), com cinco repetições e três replicatas em
cada repetição. Os cinco tratamentos avaliados
foram compostos pela aplicação do fertilizante
BASIDUO® nas doses de 0; 357,14; 714,29;
1071,43 e 1428,57 kg ha-1 o que correspondeu à 0;
100; 200; 300 e 400 kg ha-1 de P2O5. Resultando
assim nos seguintes tratamentos: T1: Testemunha - 0
kg ha-1 de P2O5; T2: 100 kg ha-1 de P2O5; T3: 200 kg
ha-1 de P2O5; T4: 300 kg ha-1 de P2O5; e T5: 400 kg
ha-1 de P2O5.
A área experimental foi de 5000 m² sendo
que cada parcela foi constituída por área equivalente
a 1000 m² cultivada com a cultivar de algodão na
qual foi utilizada a variedade DP 1228- BT2 RR
FLEX no espaçamento de 0,76 m entre linhas, com
aproximadamente 11 plantas por metro, totalizando
um stand de aproximadamente 144.737 plantas ha-1.
O fertilizante BASIDUO® é um produto da
empresa TIMAC AGRO. O fertilizante promove a
proteção, atração e principalmente maior absorção
para a planta. Este fertilizante tem como vantagens a
ação protetora dos nutrientes presentes no grânulo
através da tecnologia MPPA DUO; Maior proteção
contra lixiviação (N e K); Maior proteção contra a
fixação do fósforo no solo (P); Maior
disponibilidade de nutrientes para as plantas.
A semeadura foi realizada utilizando
semeadora mecanizada, regulada para 12 sementes
0
100
200
300
400
500
Out. Nov. Dez. Jan. Fev. Mar. Abr. Mai.
Pre
cip
ita
ção
(m
m)
Meses (2013/2014)
Freitas et al.
____________
J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.79-87, 2014 81 | P á g i n a
por metro linear. Após a emergência das plantas foi
feito duas aplicações nos sucos ao lado da linha de
plantio utilizando ureia como fertilizante
nitrogenado numa quantidade de 350 kg ha-1. Os
tratos culturais foram realizados segundo as
recomendações para a cultura do algodão no Estado
da Bahia.
Após o término do ciclo do algodoeiro que
ocorreu em 160 dias após o plantio, foi realizada a
colheita manual dos capulhos na área útil da parcela,
desprezando se dois metros de bordaduras.
Para avaliar o efeito de doses de P2O5 com
uso do fertilizante BASIDUO® nos indicadores de
produção das plantas do algodão DP 1228- BT2 RR
FLEX e a calibração da adubação fosfatada para os
solos da região oeste do Estado da Bahia foram
usados os indicadores de produção: altura de plantas
(AP) (cm); número de ramos por planta (NRP);
altura do primeiro ramos (APR) (cm); diâmetro do
colo (DC) (mm); número de ramos produtivos por
planta (NRPP); número de capulho por planta
(NCP); massa de um capulho (g); massa de sementes
de 20 capulho (g); massa de 100 sementes (g);
produção de fibras de 20 capulhos (g); massa de 20
capulhos (g) e produtividade (P) (@ ha-1). A altura
de plantas e altura do primeiro ramo foi determinada
através da medição direta utilizando régua graduada
em milímetros. O diâmetro do colo de cada planta
amostrada foi determinado através de medição direta
em milímetro com o auxílio de um paquímetro
digital. O número de ramos por planta, número de
ramos produtivo por planta, número de capulhos por
planta foi determinada através da contagem desses
indicadores nas plantas amostradas. A massa de um
capulho, a massa de sementes de 20 capulhos, a
massa de 100 sementes, as massas de 20 capulhos
produtivos foram determinadas em balança com
precisão com três casas decimais. A produtividade
foi determinada com base na produção de fibras de
20 capulhos amostrados e colhidos em cada
experimento, sendo estes corrigidos a partir do
espaçamento e quantidade de plantas por metro
linear e transformados para @ ha-1.
Os dados obtidos foram submetidos à
análise de regressão, avaliando a significância dos
betas e dos coeficientes de determinação utilizando o
programa Statística versão 7.0 (STATSOFT, 2014).
Os gráficos das regressões foram plotados utilizando
o programa estatístico SigmaPlot versão 10®
(SYSTAT, 2014).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A altura da planta (AP) apresentou resposta
quadrática significativa em função das doses de
fósforo (P) avaliadas a partir da fonte BASIDUO®
(Figura 2). A máxima resposta em crescimento das
plantas de algodão à adubação fosfatada foi obtida
na dose de 154 kg ha-1 de P2O5, dose na qual as
plantas atingiram altura máxima de 105,14 cm,
apresentando um incremento de aproximadamente
9,5 % em relação a testemunhas.
Figura 2. Altura de plantas (AP) e Número de
ramos/planta (NRP) de plantas de Algodão (DP 1228-
BT2 RR FLEX) em função de doses crescentes de P2O5
aplicado via fertilizante BASIDUO®, Luiz Eduardo
Magalhães-BA (2014).
O valor da altura de plantas (AP),
encontrado no presente ensaio, foram superiores
aquelas verificados por Gonçalves et al. (2010)
avaliando 10 cultivares de algodoeiro em quatro
municípios do Norte de Minas, os quais obtiveram
médias de altura de plantas de 75 cm até médias
superiores a 90 cm. Aquino (2009) trabalhando no
parcelamento do fósforo na cultura do algodão
irrigado em Neossolo quartzarênico obteve altura de
plantas aos 80 dias após a emergência de 79,2 cm,
77,0 cm e 78,0 cm nas respectivas doses de 0, 50 e
120 kg ha-1 de P2O5. Kaneko et al. (2011)
trabalhando com resposta do algodão adensado a
doses de fósforo (50, 100, 150, 200 kg ha-1 de P2O5)
na “região dos chapadões” observaram efeito não
significativo na altura das plantas apresentando em
média 0,74 m em função das doses de fósforo.
De acordo com Silva et al. (2011) a altura
média das plantas é um dos fatores que mais afetam
Ciências Agrárias
82 | P á g i n a J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.79-87, 2014
a colheita do algodão, pois a plataforma de colheita
possui tamanho fixo e as plantas muito altas podem
vir a serem tombadas e amassadas pela máquina.
Fato também observado por Gonçalves et al. (2010)
que relataram também que há maior suscetibilidade
de plantas altas ao acamamento.
O número de ramos por planta de algodão
(NRP) apresentou resposta quadrática significativa
em função das doses de fósforo (P) aplicados a partir
da fonte fosfatada BASIDUO ® (Figura 2). A dose
de máxima eficiência no número de ramos por
planta de algodão à adubação fosfatada foi obtida na
dose de 199,5 kg ha-1 de P2O5, na qual obteve
resposta de 11,65 ramos por planta, apresentando um
incremento de 16,5 % em relação às plantas
testemunhas.
Esse incremento no número de ramos por
planta pode ser explicado pelo efeito da adubação
fosfatada aliada ao espaçamento em que foi
implantado o experimento, caracterizando um
plantio não adensado de plantas. Bednarz et al.
(1998) realizando trabalho com avaliação de
diferentes espaçamentos de cultivo para o algodão,
concluiu que os números de ramos vegetativos são
influenciados pelo espaçamento de plantio, onde o
mesmo reduz com o maior adensamento das plantas.
A altura do primeiro ramo (APR) das plantas
de algodão apresentou resposta linear em função das
doses de fósforo (P) aplicadas a partir das fontes
fosfatadas BASIDUO® (Figura 3). No entanto, esta
regressão não foi significativa, indicando que os
resultados não diferem de zero (ausência de
adubação fosfatada) e que não houve resposta
significativa dessa característica (APR) ao aumento
das doses de P aplicados no solo. Além disso, o
efeito da adubação fosfatada sobre essa variável
apresentou pouca amplitude (2 cm) entre a maior e a
menor APR, tendo as plantas apresentando em
média 32 cm de APR. São escassos na literatura
estudos focando avaliações desse tipo de
características em relação a diferentes níveis de
adubação fosfatada, bem como resultados
observados que possa ser representativo. No entanto
pesquisas relacionadas a essa variável são realizados
em função da densidade de plantio. Em relação ao
espaçamento e a densidade de plantas no
experimento podemos comparar com experimento
proposto por Justi et al. (2003a) que estudaram
quatro cultivares de algodão e quatro densidades de
planta na linha (5,10,15 e 20 plantas m-1) concluíram
que, nas maiores densidades para todas as cultivares
avaliadas, ocorreu um incremento na altura de
inserção do primeiro ramo. Fato explicado pela
maior competitividade das plantas em relação ao
espaço e nutrientes, causando um fenômeno
denominado de estiolamento do caule.
Figura 3. Altura do primeiro ramo (APR) e o Diâmetro do colo
(DC) de plantas de Algodão (DP 1228- BT2 RR FLEX) em
função de doses crescentes de P2O5 aplicado via fertilizante
BASIDUO®, Luiz Eduardo Magalhães-BA (2014).
Ao passo que Silva (2007) não apresentou
variação da altura de inserção do primeiro ramo em
diferentes espaçamentos (0,30; 0,60 e 90 cm) entre
linhas avaliadas nas cidades de campinas e em leme
(SP) nas safras de 1999/00 e 2000/01.
O diâmetro do colo (DC) das plantas de
algodão apresentou resposta linear crescente
significativa em função das doses de fósforo (P)
aplicado a partir da fonte fosfatada BASIDUO®
(Figura 3). A dose de máxima eficiência no diâmetro
do colo foi obtida na dose de 400 kg ha-1 de P2O5, na
qual obteve uma resposta de 9,2 mm no diâmetro do
colo das plantas. Dado superior ao encontrado na
testemunha que foi de 7,2 mm. Obtendo assim um
incremento de 27,7% em relação à testemunha que
não recebeu adubação fosfatada. Este resultado
mostra que o fertilizante ainda não alcançou sua
máxima eficiência agronomia podendo as plantas
responder em diâmetro do colo superior a 400 kg ha-
1 de P2O5.
Assim como a variável altura de inserção do
primeiro ramo, são escassos na literatura estudos
focando avaliações desse tipo de características em
relação a diferentes níveis de adubação fosfatada.
Entretanto, o diâmetro de colo varia de acordo com
o espaçamento inserido. Fawler & Ray (1977)
avaliando duas cultivares de algodão em relação a
cinco espaçamentos entre linhas, variando de 12,7 a
Freitas et al.
____________
J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.79-87, 2014 83 | P á g i n a
50,8 cm, observou menor diâmetro de colo.
Resultado este incompatível com o experimento
realizado, onde o diâmetro do colo obteve
incrementos significativos, podendo ser explicado
pelo maior espaçamento entre linhas (0,76 m) e a
adubação fosfatada de 400 kg ha-1 de P2O5, assim
esta variável sofreu influência significativa da
adubação fosfatada.
No entanto podemos dizer que adubação
fosfatada contribuiu para o crescimento do diâmetro
do caule evitando o quebramento e o acamamento
das plantas. Carmo et al. (2010) observaram o
mesmo resultado na avaliação do diâmetro de caule
de duas variedades de mamona (Ricinus communis
L.) cultivadas sob diferentes níveis de fósforo nos
cerrados, onde a adubação fosfatada nas doses de
148,66 kg ha-1 e 124,83 kg ha-1 proporcionaram nas
duas variedades de mamona um acréscimo no
diâmetro de caule.
O número de ramos produtivos por planta (NRPP)
não apresentou ajuste significativo à regressão,
indicando que as doses de fósforo aplicado a partir
da fonte fosfatada BASIDUO® (Figura 4) não
apresentaram efeito significativos sobre essa
variável. O número de ramos produtivos apresentou
pouca variação em função das doses de fósforo (P),
diferindo menos de um ramo produtivo entre a maior
e a menor resposta as doses de adubação fosfatada,
produzindo em média 6,4 ramos produtivos.
São escassos na literatura estudos focando
avaliações desse tipo de características em relação à
O número de capulhos por planta (NC) não
apresentou ajuste significativo à regressão,
indicando que as doses de fósforo aplicado a partir
da fonte fosfatada BASIDUO® (Figura 4) não
apresentaram efeito significativo sobre essa variável.
O número de capulhos apresentou pouca variação
em função das doses de fósforo (P), diferindo uma
unidade de capulho entre a maior e a menor resposta
as doses de adubação fosfatada, produzindo em
média 8 capulhos por planta de algodão. Os maiores
números de estruturas reprodutivas interferem
diretamente no número de capulhos por planta,
como as duas características não apresentaram
diferenças significativas em função das doses, assim
era de se esperar uma igualdade no número de
capulhos por planta em função das doses.
Resultado este superior ao encontrado por
Kaneko et al. (2011) trabalhando com resposta do
algodão adensado a doses de fósforo (50, 100, 150,
200 kg ha-1 de P2O5) na “região dos chapadões” pode
observa-se efeito não significativo entre os
tratamentos sendo que em média as plantas
apresentavam 5,6 capulhos por planta. Aquino et al.
(2011), trabalhando com parcelamento do
fertilizante fosfatado no algodoeiro em sistema de
cultivo irrigado e de sequeiro verificaram que na
dose de 50 kg ha-1 de P2O5, 80 dias após a
emergência das plantas obteve número de capulhos
por planta correspondente a 4,8 unidades em
sequeiro, dados muito abaixo em relação aos
encontrados neste trabalho.
Figura 4. Números de ramos produtivos por planta (NRPP) e o
Número de capulhos/planta (DC) de plantas de Algodão (DP
1228- BT2 RR FLEX) em função de doses crescentes de P2O5
aplicado via fertilizante BASIDUO®.
Foloni et al. (2000) também não verificou
ajuste significativo a regressão para o número e peso
médio de capulhos no terço inferior (primeiro e
segundo ramos reprodutivos), médio (localizados
entre o nono e décimo primeiro ramo reprodutivo) e
superior (correspondeu aos demais ramos
produtivos) do algodão e não apresentaram efeitos
estatisticamente significativos como resultado da
aplicação de doses crescentes de adubação fosfatada
em Latossolo vermelho-amarelo textura muito
argilosa e solo Latossolo vermelho-amarelo textura
argilosa.
De acordo com Silva et al. (1990), o
adequado suprimento de fósforo concorre para maior
pegamento das estruturas reprodutivas. Isso resulta
em maior número de capulhos por planta na colheita
e, por conseguinte em maior produtividade.
Ciências Agrárias
84 | P á g i n a J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.79-87, 2014
A massa de um capulho apresentou resposta
quadrática significativa em função das doses de
doses de P2O5 aplicado a partir da fonte fosfatada
BASIDUO® (Figura 5). A dose de máxima eficiência
para o ganho de massa de um capulho foi de 159,1
kg ha-1 de P2O5. Dose na qual obtiveram massa
máxima de 4,61 g de apenas um capulho.
Apresentando um incremento de 2,7% em relação à
massa de capulhos de plantas que não receberam
adubação fosfatada. Tais resultados ficaram abaixo
do encontrado por Aquino et al. (2011), os quais
citam que a massa de um capulho encontrada em
plantio de sequeiro com dose fixa de 50 kg ha-1 de
P2O5, 35 dias após a emergência foi de 5,9 g. Tal
resultado pode ser explicado pelo efeito residual do
parcelamento dessa adubação fosfatada na
semeadura e na cobertura, tornado o solo com níveis
altos de fósforo na sua solução e com grande
disponibilidade para a planta, onde o mesmo vai ser
absorvido gradualmente durante o ciclo da cultura.
Figura 5. Massa de um capulho (g) e a Massa de sementes de
20 capulhos (g) de plantas de Algodão (DP 1228- BT2 RR
FLEX) em função de doses crescentes de P2O5 aplicado via
fertilizante BASIDUO®, Luiz Eduardo Magalhães-BA (2014).
A massa de um capulho, que é proporcional
ao seu tamanho, além de ser um fator de produção, é
importante na cultura do algodoeiro por determinar a
facilidade da colheita (SABINO et al., 1998).
A massa de sementes de 20 capulhos
apresentou resposta quadrática significativa em
função das doses de P2O5 aplicado a partir da fonte
fosfatada BASIDUO® (Figura 5). A dose de máxima
eficiência para ganho de massa de sementes de 20
capulhos foi 192,26 Kg ha-1 de P2O5. Dose na qual
obtiveram massa máxima de 55,03 g, apresentando
um incremento de 4% quando comparadas com as
plantas cultivadas na ausência da adubação
fosfatada.
A baixa disponibilidade de P nos solos
limita o desenvolvimento dos vegetais e, por sua
vez, pode reduzir o tamanho, o número, a
viabilidade e o vigor das sementes (SCHUCH,
2000). Grant et al. (2001) relatando a importância do
fósforo no desenvolvimento inicial da planta, resalta
que o estresse de fósforo diminui mais o número
total de sementes produzidas que o tamanho da
semente.
A massa de 100 sementes apresentou
resposta linear significativa crescente em função das
doses de P2O5 aplicado a partir da fonte fosfatada
BASIDUO® (Figura 6).
Figura 6. Massa de 100 sementes (g) e a Produção de fibras de
20 capulhos (g) de plantas de Algodão (DP 1228- BT2 RR
FLEX) em função de doses crescentes de P2O5 aplicado via
fertilizante BASIDUO®, Luiz Eduardo Magalhães-BA (2014).
As plantas de algodão apresentaram máxima
resposta para a dose de 400 kg ha-1 de P2O5. Dose na
qual obtiveram uma massa máxima de 8,57 g,
apresentando um incremento de 4% quando
comparadas com as plantas cultivadas na ausência
da adubação fosfatada. Este resultado mostra que o
fertilizante ainda não alcançou sua máxima
eficiência agronomia podendo as plantas responder
em massa de 100 sementes a doses superiores 400
Freitas et al.
____________
J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.79-87, 2014 85 | P á g i n a
kg ha-1 de P2O5. Vieira (1986) observou que plantas
cultivadas em solo com altos teores de fósforo
produziram sementes com maior massa e vigor em
relação às das plantas mal nutridas com esse
nutriente. De acordo com Schuch (2000) a baixa
disponibilidade de P nos solos limita o
desenvolvimento dos vegetais e, por sua vez, pode
reduzir o tamanho, o número, a viabilidade e o vigor
das sementes. Em relação ao espaçamento Nichols
& Sniper (2001) concluíram que a massa de
sementes não varia com a população de plantas ou o
espaçamento adotado.
A produção de fibras de 20 capulhos
apresentou resposta quadrática significativa em
função das doses de P2O5 aplicado a partir da fonte
fosfatada BASIDUO® (Figura 6). A dose de máxima
eficiência para a produção de fibras de 20 capulhos
foi de 160,04 kg ha-1 de P2O5. Dose na qual
obtiveram massa máxima de 37,74 g, apresentando
um incremento de 2,3 % quando comparadas com as
plantas cultivadas na ausência da adubação
fosfatada. De acordo com Silva et al. (1990) há a
aplicação da dose de 726 kg ha-1 de P2O5 (121 kg ha-
1 P2O5 ano-1) parcelada ao longo de seis anos no
sulco de semeadura ou no primeiro e quarto ano a
lanço, proporcionou maior produtividade e efeitos
positivos na qualidade da fibra quando comparada
com a aplicação a lanço em dose única, no primeiro
ano.
A massa de 20 capulhos apresentou resposta
quadrática significativa em função das doses de P2O5
aplicados com o uso da fonte BASIDUO® (Figura
7). A dose de máxima eficiência foi de 160,04 kg ha-
1 de P2O5. Dose na qual obtiveram massa máxima de
62,38 g, a adubação fosfatada promoveu um
incremento 31% quando comparadas com as plantas
cultivadas na ausência da adubação fosfatada.
Resultado este superior ao encontrado por Kaneko et
al. (2011) trabalhando com resposta do algodão
adensado a doses de fósforo (50, 100, 150, 200 kg
ha-1 de P2O5) na “região dos chapadões” pode
observa-se efeito não significativo entre os
tratamentos em relação a massa de 15 capulhos.
A produtividade (P) do algodão apresentou
resposta quadrática significativa em função das
doses de P2O5 aplicados com o uso da fonte
BASIDUO® (Figura 7). A produtividade (P)
apresentou sua máxima resposta na dose de 200,61
kg ha-1 de P2O5. Dose na qual obtiveram
produtividade máxima de 139,20 @ ha-1. A
adubação fosfatada promoveu um incremento de
11,57% na produtividade, quando comparada com as
plantas cultivadas na ausência da adubação
fosfatada. Tais resultados para uma maior produção
também foi encontrado por Medeiros et al. (2004)
avaliando diferentes doses de adubação fosfatada,
cita que a melhor dose para se obter uma maior
produção na cultura de algodão está em torno de 200
kg ha-1. O que comprova o resultado obtido.
Carvalho (2011) avaliando resposta do algodoeiro a
adubação fosfatada demonstra que para se conseguir
uma maior produtividade para algodão em caroço
(6.709 kg ha-1) e necessário uma dose de 115 kg ha-
1de P2O5.
Figura 7. Massa de 20 capulhos e a Produtividade de plantas
de Algodão (DP 1228- BT2 RR FLEX) em função de doses
crescentes de P2O5 aplicado via fertilizante BASIDUO®, Luiz
Eduardo Magalhães-BA (2014).
A adubação com fósforo e necessária para
alcançar elevadas produtividades. Em colos com
baixa disponibilidade de fósforo, a resposta do
algodoeiro à aplicação de fósforo pode sobressair a
de outros nutrientes.
CONCLUSÕES
1- As plantas de algodão respondem a altas doses de
P2O5 aplicados em solos do Cerrado no Oeste da
Bahia, aumentando sua produtividade em função das
doses crescentes de P2O5 em até 11,57% em relação
à não aplicação de fósforo.
2- A adubação fosfatada influência de forma
significativa na Altura de plantas (AP); número de
ramos por planta (NRP), diâmetro do colo (DC), a
massa de um capulho, massa de sementes de 20
capulhos, massa de 100 sementes, produção de
fibras de 20 capulhos, massa de 20 capulhos e a
produtividade (P).
Ciências Agrárias
86 | P á g i n a J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.79-87, 2014
3- A adubação fosfatada promoveu um aumento na
produtividade de 16 @ ha-1 a mais em relação às
plantas testemunha.
Culture Cotton one phosphorus fertilization using Basiduo® fertilizer in cerrado soils
Abstract - The management of phosphate fertilizer efficient cerrado soils is essential pair increased
productivity, cost reduction and viability of existing production systems. Thus, the present work was to
evaluate the effect of fertilizer doses phosphate BASIDUO® In Production Indicators and calibration of
phosphorus fertilization for cotton cultivation. The test was conducted using a randomized block design with
five replicates and three replicates in each repetition. The five treatments consisted of application of phosphate
fertilizer BASIDUO® at rates of 0 ; 357.14 ; 714.29 ; 1071.43 and 1428.57 kg ha- 1 which corresponds to 0 ;
100; 200; 300 and 400 kg ha- 1 of P2O5. The variables evaluated were: plant height, number of branches per
plant, the first branches height, stem diameter, number of branches per plant, number of bolls per plant, boll
mass, mass of 20 boll seed mass 100 seeds and cotton boll fibers 20, 20 bolls and mass productivity. The
phosphorus fertilization using BASIDUO® fertilizers significantly influenced most of the traits evaluated, with
greater emphasis on increasing productivity in 16 @ ha- 1 more than in the control plants.
Index terms: Gossypium hirsutum , phosphorus , MPPA DUO technology.
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ISSN 2359-2710
88 | P á g i n a JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.88-90, 2014
Produção e Análise de Cerveja Artesanal à Base de Milho
S. L.M. Viroli1*, J. T. F. Vieira1 e L. M. C. de Sousa2
1 Instituto Federal de Ciência, Tecnologia e Educação do Tocantins (IFTO) - Distrito Agroindustrial de Paraíso - Vila Santana (BR
153), CEP 77600-000, Paraíso do Tocantins-TO, Brasil. [email protected]; [email protected]
2 Discente do programa de pós-graduação (mestrado) em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal do Tocantins,
Campus Palmas, Av.: NS 15 ALC NO 14, 109 Norte - 77001-090.Palmas-TO, Brasil. [email protected]
INF. ARTIGOS RESUMO
Recebido: 16 Ago, 2014
Aceito: 08 Dez, 2014
Publicado: 13 Jan, 2015
A cerveja é uma bebida de ampla difusão e intenso consumo, sendo
conhecida em diversos países no mundo desde a antiguidade. Segundo o Art.
64 da Lei nº. 8.918, de 14 de julho de 1994, define cerveja, como: “Bebida
obtida pela fermentação alcoólica do mosto cervejeiro oriundo do malte de
cevada e água potável, por ação da levedura, com adição de lúpulo. O malte
de cevada usado na elaboração de cerveja e o lúpulo poderão ser substituídos
por seus respectivos extratos. Parte do malte de cevada poderá ser substituído
por cereais maltados ou não, e por carboidratos de origem vegetal
transformados ou não”. O presente estudo teve por objetivo produzir e
avaliar a qualidade de cerveja artesanal a base de milho através das análises
físico-químicas de pH, extrato seco, densidade e acidez total e também de
evidenciar a viabilidade da produção de cerveja a partir do malte deste
cereal. Os valores encontrados para esses parâmetros foram: pH (2,93);
Extrato Seco (4,233 g.L-1); densidade (0,997 g.cm-3) e acidez (2,46 meq.L-1).
Os valores encontrados estão dentro dos padrões estabelecidos pela
legislação o que demonstra viabilidade na produção de cerveja a base de
milho.
Termos de indexação:
Cerveja
Fermentação alcoólica
Cereais maltados
*Autor para correspondência
© 2014 JBFS all rights. This is an open access article distributed under the Creative Commons Attribution License, which permits unrestricted use,
distribution, and reproduction in any medium, provided the original work is properly cited.
Como referenciar esse documento (ABNT):
VIROLI, S. L. M.; VIEIRA, J. T. F.; SOUSA, L.M. C. Produção e análise de cerveja artesanal a base de milho. Journal of Bioenergy and Food
Science. Macapá, v.1, n. 3, p.96-98 out./dez. 2014.
________________________________________________________________________________________________________________________
INTRODUÇÃO
Cerveja é a bebida obtida pela fermentação
alcoólica do mosto cervejeiro oriundo do malte de
cevada e água potável, por ação da levedura, com
adição de lúpulo. O malte de cevada usado na
elaboração de cerveja e o lúpulo poderão ser
substituídos por seus respectivos extratos. Parte do
malte de cevada poderá ser substituída por cereais
maltados ou não, e por carboidratos de origem
vegetal transformados ou não (BRASIL, 1994).
As bebidas alcoólicas são tão antigas quanto
a humanidade e numerosas como suas etnias.
Fenícios, hebreus, egípcio, chineses, germânicos,
gregos e romanos mencionaram-nas e cada povo
praticamente tem as suas, a partir das fontes naturais
próprias, açúcares e amiláceos, como frutas, cana,
milho, trigo, arroz, batata, centeio, aveia, cevada,
raízes e folhas. (AQUARONE, et al, 2001).
Embora existam similaridades entre a
produção do vinho e a cerveja, esta última é feita a
partir de grão, particularmente da cevada.
Primeiramente deve-se germinar a cevada mediante
o processo de maltagem de forma que a amilase
possa decompor parte dos amidos em maltose. É
esta maltose que é fermentada pelo levedo, ao passo
que, no vinho, os açúcares para a fermentação já
estão disponíveis na uva. (PROUDLOVE, 1996).
O termo técnico malte define a matéria
prima resultante da germinação de qualquer cereal
sob condições controladas. Quando não há
denominação, subentende-se que é feito de cevada;
em qualquer outro caso, acrescenta-se o nome do
cereal. Assim, tem-se malte de milho, de trigo, de
No
ta t
écn
ica
Nota técnica
____________
J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.88-90, 2014 89 | P á g i n a
centeio, de aveia e de outros cereais (AQUARONE,
et al, 1983).
Este trabalho teve por objetivo produzir e
analisar uma cerveja artesanal a base de milho (Zea
mays).
MATERIAIS E MÉTODOS
O experimento foi realizado no Laboratório
de Alimentos do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia - Campus Paraíso do
Tocantins.
Para a produção da cerveja foram utilizados
os procedimentos descritos por Aquarone et. al.
(1983) e Reguly (1996).
A caracterização da qualidade da cerveja
produzida foi realizada através das análises de pH,
extrato seco, densidade e acidez total, conforme
normas do Instituto Adolfo Lutz (IAL, 1985).
Segundo Aquarone (1983) quanto a escolha
do cereal, devem ser levadas em conta as seguintes
características, que constituem métodos de avaliação
do potencial de maltagem:
O processo de produção de cerveja consiste
basicamente em quatro etapas como descrito na
Figura 01 abaixo:
Figura 01: Fluxograma de Produção da Cerveja.
10 Kg de grãos de milho foram adquiridos
no comércio local, selecionados, sanitizados com
solução de hipoclorito de sódio a 150 ppm, lavados
em água corrente e acondicionados em recipiente
plástico, com capacidade para 50 litros, com gelo e
água, para que ocorresse a absorção de umidade e o
efeito germinativo em aproximadamente 5 a 7 dias
conforme a Figura 02.
O recipiente permaneceu tampado mantido
na temperatura de 4ºC a 10ºC, com troca da água de
refrigeração a cada 8 horas.
Após absorção de umidade e germinação o
milho foi seco a temperatura ambiente por 5 dias,
em local protegido do ataque de insetos e poeiras
em seguida triturado, seguido da brasagem para a
extração dos açucares para a fermentação conforme
apresentado na Figura 03
Figura 02 Germinação do Milho.
Figura 03. Trituração do Milho (A); Brassagem
(B).
Para o preparo do mosto foi utilizada
proporção 10:1 de malte em relação ao mosto,
0,5g/L de NH2H2PO4, 0,05 g/L de MgSO4 e 0,5g/L
de lúpulo. Adicionou-se sacarose até obter 10° Brix
no mosto. Posteriormente o pH foi corrigido a 4,5
com Na2CO3. A inoculação do mosto foi realizada
com Saccharomyces cerevisiae (Fermento
Fleishmann©).
A etapa mais lenta do processo é a
fermentação, na qual as células livres em suspensão
fermentam o mosto de forma descontínua, sem
agitação. A fermentação primária requer um tempo
de aproximadamente sete dias para ser completada e
a maturação pode levar várias semanas. Atualmente,
com o emprego de elevadas temperaturas de
fermentação e cepas selecionadas de leveduras, é
possível produzir cervejas entre 12 e 15 dias
(DEAGONE, 2007).
Após a fermentação o produto foi envasado
em garrafas de vidro âmbar previamente sanitizados
e em seguida encaminhados para as análises dos
parâmetros de qualidade.
Fermentação
Preparo do Mosto
Inoculação
Envase
Obtenção do Malte
Viroli, Vieira & Sousa
90 | P á g i n a JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.88-90, 2014
RESULTADOS
Os resultados obtidos nas amostras de
cerveja estão na Tabela 1.
Tabela 01 Valores das Análises Físico-Químicas.
Parâmetros analisados Média e Desvio Padrão
pH 2,933 ± 0,015
Extrato seco (g L-1) 4,233 ± 0,252
Densidade (g cm-3) 0,997 ± 0,001
Acidez Total (meq L-1) 2,46 ± 0,01
É possível observar que a acidez total
apresentou valores dentro dos permitidos para baixa
fermentação. A quantidade de extrato seco
apresenta-se relativamente baixa, já que a
quantidade permitida para baixa fermentação é de
33 g/L. Como era de se esperar o pH da cerveja está
próximo dos valores desejados, em torno de 3,0,
evitando assim, posteriores contaminações por
microrganismos, que poderiam alterar a coloração, o
sabor e o seu potencial de oxirredução.
CONCLUSÕES
As análises físico-químicas (pH, extrato
seco, densidade e acidez total) obtidas do produto
artesanal à base de milho apresentaram-se dentro
dos padrões estabelecidos pela legislação vigente
que normatiza os parâmetros de qualidade para a
cerveja.
Production and analysis of a craft beer the base of corn
ABSTRACT
The beer is a drink of widespread and intense consumption, being known in several countries in the
world since antiquity. According to the Art. 64 of Law nº. 8.918, of July 14, 1994, defines beer as:
"drink obtained by alcoholic fermentation of the must from Brewer's barley malt and drinking water,
by action of the yeast, with addition of hops. The malted barley used in making beer and hops can be
replaced by their respective extracts. Part of the barley malt can be replaced by cereals malted or not
and per processed carbohydrates of plant origin or not. The present study aimed to produce and
evaluate the quality of craft beer through the physicochemical analysis of pH, dry extract, density
and total acidity and to demonstrate the feasibility of the production of beer from malt this cereal.
The values for theses parameters were: pH (2.93); Dry Extract (4.233 g.L-1); Density (0.997 g.cm-3)
and acidity (2.46 meq.L-1). The values are within the standards established by legislation, which
demonstrates viability in the production of corn-based beer.
Keywords: Beer; alcoholic fermentation; malted cereals.
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ISSN 2359-2710
J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.91-96, 2014 91 | P á g i n a
A incompatibilidade da Festa de São Tiago com o debate interreligioso
do século XXI
I. C. A. Carneiro1 e R. S. Nogueira2
1 Graduanda em Direito pela Universidade Federal do Amapá – UNIFAP. Rodovia Juscelino Kubitscheck, Km 02 - Jardim Marco
Zero, 68903-419. Macapá-AP, Brasil. [email protected]
2 Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá – Ifap. BR 220km 03, s/n. Bairro Brasil Novo. 68909-
398. Macapá-AP, Brasil. [email protected]
INF. ARTIGOS RESUMO
Enviado: 10 Out, 2014
Aceito: 28 Dez, 2014
Publicado: 07 Jan, 2015
O presente texto objetiva analisar o contexto social e político em que
ocorreu a guerra entre cristãos e muçulmanos no século XVIII com o
contexto atual, século XXI, em que vivemos o desafio da efetivação do
diálogo interreligioso, em que se acredita ser possível uma conversação
entre pessoas de crenças diferentes. Do ponto de vista do diálogo
interreligioso, toda religião que afirme e promova o ser humano
representa de certa forma uma possibilidade de ser verdadeira, devendo,
portanto ser respeitada. A partir dessa perspectiva, pode-se aprender a
coexistir, respeitar e aprender mutuamente com pessoas de diferentes
religiões.
Termos de indexação:
Mazagão Velho
Diálogo interreligioso
Ecumenismo
*Autor para correspondência
© 2014 JBFS all rights. This is an open access article distributed under the Creative Commons Attribution License, which permits unrestricted use,
distribution, and reproduction in any medium, provided the original work is properly cited.
Como referenciar esse documento (ABNT):
CARNEIRO, I. C. A.; NOGUEIRA, R. S. A incompatibilidade da Festa de São Tiago com o debate interreligioso do século XXI. Journal of
Bioenergy and Food Science. Macapá, v.1, n. 3, p. 91-96, out./dez. 2014.
_________________________________________________________________________________________________________________________
INTRODUÇÃO
No mundo contemporâneo, o diálogo
interreligioso é uma alternativa para romper a
tendência de supremacia de religiões sobre as
outras, que tem gerado intolerância, violência,
opressões e genocídios pelo mundo ao longo
dos séculos. Os três principais modelos de
relacionamento entre as religiões são:
exclusivismo (só uma religião é verdadeira),
inclusivismo (uma religião é verdadeira, mas há
elementos de verdade em outras religiões) e
pluralismo (todas as religiões são autênticas,
sem que uma seja superior à outra) (SINNER,
2007, p. 119). Este esclarecimento é importante
para compreender que o diálogo interreligioso
só acontece quando a identidade de cada
religião é preservada e quando há disposição
para ouvir a crença do outro sem preconceito,
de maneira a existir uma convivência pacífica,
que se dá mediante a ênfase em elementos
comuns que são essenciais às diversas
religiosidades e gera enriquecimento mútuo,
através da troca de experiências. O diálogo
entre as religiões representa o caminho para o
pluralismo e o respeito à alteridade. O trabalho intitulado como “A
incompatibilidade da Festa de São Tiago com o
debate interreligioso do séc. XXI” tem por
escopo, por meio do método procedimental
histórico e comparativo, desenvolver uma
análise crítica a respeito da festividade de São
Ass
un
tos
Con
exo
s
Interdisciplinar
92 | P á g i n a J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.91-96, 2014
Tiago, que acontece há 236 anos, no distrito de
Mazagão Velho (Mazagão-AP), e vem, desde
então, reproduzindo um massacre entre cristãos
e muçulmanos que ocorreu ainda no continente
africano no séc. XVIII, e se transformou em
uma festa que comemora a vitória do
cristianismo sobre o islamismo e homenageia os
santos Tiago e Jorge, que segundo a lenda
participaram da batalha ao lado dos cristãos. O trabalho é dividido em três momentos.
O primeiro abordará os pontos em comum entre
o islamismo e o cristianismo, para que seja
analisada de que maneira é possível existir o
diálogo entre essas duas religiões. O segundo
faz uma contextualização histórica sobre a
origem da festa de São Tiago e do distrito de
Mazagão Velho, que será importante para
compreender o significado da representação da
festa na atualidade e de que maneira isso afeta
os princípios do diálogo interreligioso. O
terceiro tratará especificamente da teatralização
da batalha entre cristãos e muçulmanos na Festa
de São Tiago e algumas peculiaridades do
festejo. A partir desse trabalho, pretende-se
instigar uma visão crítica da sociedade perante
os eventos culturais, festividades e demais
atividades presentes no cotidiano, para que haja
uma preocupação com o contexto social,
econômico e político em que ocorrem, haja vista
que existem tradições que são perpetuadas ao
longo dos anos sem haver questionamentos
sobre os seus valores e significação social.
Pontos em comum entre islamismo e
cristianismo
No contexto do século XXI, é possível
debater pacificamente com as religiões
islâmicas e cristãs, tendo em vista que ambas
compartilham elementos teológicos, históricos e
éticos em comum, além do mesmo monoteísta. O primeiro aspecto em comum a se
observar entre essas duas religiões é a crença
em um único Deus criador, eterno, indivisível,
clemente e misericordioso (ISBELLE, 2003, p.
17). Os monoteístas têm seus princípios de fé
regidos eticamente pelas escrituras sagradas. Os
livros sagrados dos cristãos juntos formam a
Bíblia, o dos islâmicos, por sua vez, é o Alcorão
ou Corão. A proposta de diálogo entre cristãos e
islâmicos na perspectiva de seus escritos
sagrados, parece difícil, mas o diálogo pode
acontecer através da consideração de serem
civilizações irmãs. Do ponto de vista
ecumênico, todos os seres humanos são irmãos,
pois são pertencentes a uma Unidade, portanto
os aspectos de comunhão intrínsecos ao ser
humano são mais importantes que suas
diferenças culturais ou religiosas (CAMBÓN,
1994, p. 63). Já Jesus Cristo em sua oração
sacerdotal, lembra “... guarda-os em teu nome,
que me deste, para que eles sejam um, assim
como nós” (JO. 17, 11-b.), isto é, a comunhão
não é de todos os viventes em uma mesma
instituição, uma mesma liturgia, mas de todos os
viventes em um mesmo Deus verdadeiro
possibilitando o diálogo entre todos. Segundo o turco Mustafá Aykol, autor do
livro “Islã: sem extremos”, em palestra realizada
à Fundação TED “Fé versus tradição no Islã”,
esclareceu que os conflitos culturais ocorridos
em países do Oriente Médio ao longo dos anos
refletem as barreiras em se adaptar a
convivência com outras religiões senão a
muçulmana no mundo islâmico, porém, se
analisarmos tais conflitos políticos e sociais
profundamente, percebe-se que estes ocorrem
devido a tradições que precedem o Islã e se
mantiveram na cultura local com o decorrer dos
anos. A exemplo da cultura de separar homens e
mulheres, segundo Mustafá Aykol, foi uma
prática bizantina e persa, que os muçulmanos
adotaram e fizeram com que fosse parte de sua
religião. No entanto, conforme defende Mustafá
Aykol, atualmente discute-se a importância de
uma nova tendência, surgida no final do século
XIX, chamada modernismo islâmico, tal
perspectiva procura conciliar o islamismo com
outras crenças e também com a existência de
um país democrático. Tal sistema vem sendo
implantado na Turquia ao longo dos anos, entre
as medidas mais relembradas de seu governo,
encontram-se o outorgamento do direito
eleitoral e político das mulheres, em 1923 e a
abolição da lei religiosa, em 1924. Neste
contexto, é defendida a ideia de uma sociedade
multicultural e multirreligiosa. Há também uma
característica básica entre o cristianismo e o
islamismo que fortalece a ideia de haver uma
possibilidade de coexistência entre ambos: o
amor a Deus e o amor ao próximo. (ISBELLE,
2003, p. 7)
A origem da festa de São Tiago
Carneiro & Nogueira
____________
J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.91-96, 2014 93 | P á g i n a
A festa de São Tiago estende-se durante
doze dias (16 a 28 de julho), no distrito de
Mazagão Velho, dentre os quais o auge da
festividade acontece no dia 25 de julho, data em
que sucede a reprodução da batalha ocorrida no
século XVIII entre cristãos portugueses e árabes
muçulmanos. O festejo remonta há mais de dois
séculos, isto é, tem 236 anos, tendo se originado
no continente africano, no século XVIII, a partir
dos conflitos entre cristãos e mouros na cidade
da Mauritânia (costa da África). A festividade
transformou-se, portanto, em uma tradição
secular do povo mazaganense (CABRAL;
CARDOSO; PENA, 2011, p. 9). “Assim, como o Brasil, a África também
era colônia de Portugal que tinha sob seus
domínios a cidade africana denominada
Mazagão” (CABRAL; CARDOSO; PENA,
2011, p. 9). Mazagão Velho está situada a 30
quilômetros da sede do município de Mazagão,
às margens do rio Mutuacá, distante 70
quilômetros da capital Macapá. Em 1770 a vila
de Mazagão Velho foi escolhida para abrigar
136 famílias de colonos lusos da costa africana,
em virtude dos conflitos político-religiosos
gerados entre portugueses e muçulmanos, após
sofrer pressão dos mouros, a Coroa portuguesa
decide retirar-se da costa marroquina e enviar
famílias para habitar Mazagão. (CABRAL;
CARDOSO; PENA, 2011, p. 12) Em 1771, diversas famílias,
acompanhadas de seus escravos foram morar
em Mazagão (atualmente localizada em
Mazagão Velho). A partir de 1777, deu-se início
à festividade de São Tiago, e até o presente os
habitantes de Mazagão Velho cultivam a
tradição de encenar, relembrar e celebrar o
massacre ocorrido entre cristãos e muçulmanos,
que ocorreu em razão de se tratar de religiões
com doutrinas distintas, num contexto histórico
em que uma religião queria se sobrepor a outra,
de maneira a existir intolerância de uma religião
que fosse diferente de outra. A guerra existiu porque os mouros
queriam expulsar os portugueses e estes tinham
o intuito de difundir definitivamente a fé cristã,
sendo que os mouros não consentiram em
mudar de religião. Os portugueses obrigavam a população da
Mauritânia, em sua maioria muçulmana, a se
tornar cristã e aceitar a fé e o batismo. Os
moradores daquela cidade, em geral
muçulmanos, não suportaram a presença
lusitana em sua cidade e não consentiram em
mudar de religião e trair suas raízes, tendo, por
isso, declarado guerra no dia 16 de julho aos
cristãos lusitanos. Estes foram liderados pelos
capitães Atalaia, Jorge e Tiago. Durante dias seguidos, batalhas
sangrentas tiveram lugar no solo africano entre
os portugueses cristãos e mouros muçulmanos. Os mouros estavam perdendo a batalha e,
chefiados pelo rei Caldeira, resolveram planejar
uma cilada aos cristãos. Pediram trégua e
solicitaram o fim da guerra através de
mensagem. Após o pedido de apaziguamento,
os mouros decidiram envenenar comidas típicas
e alimentos para oferecer aos cristãos com o
objetivo de assassiná-los. Em nome da suposta
paz, os mouros ofereceram um baile de
máscaras, com intuito de também oferecer
regalias aos cristãos que quisessem passar para
o seu lado, sem que estes pudessem ser
reconhecidos por seus superiores. Os cristãos
desconfiaram que houvesse algo errado, e por
isso, durante a madrugada, enviaram jovens
soldados, disfarçados de camponeses, para
jogar boa parte da comida na granja dos
mouros, onde ficavam os animais, sendo que
após ingerir o alimento, os animais logo
morriam, tendo-se percebido, dessa maneira,
que se tratava de uma armadilha. Os cristãos perceberam a emboscada e
levaram as comidas envenenadas para ser
servidas durante o baile, o que mais tarde
ocasionou a morte de vários muçulmanos
envenenados, inclusive do rei Caldeira. A partir
de então, desencadeou-se uma batalha sangrenta
entre cristãos e muçulmanos que só foi
amenizada ao meio-dia. Nesse horário, os
mouros aproveitaram-se do período de descanso
de seus inimigos para enviar o Bobo Velho
espião para tentar convencer alguns mouros que
haviam sido convertidos a religião cristã a
retornarem ao acampamento mouro, a peso de
ouro e joias, para derrotar os cristãos. O Bobo
Velho também tinha por missão observar o
poder de luta de seus rivais, suas munições,
armas, efetivo e etc. No entanto, logo os cristãos
perceberam os planos do mouro de enviar um
espião e, assim que o mesmo se aproximou do
acampamento cristão, foi apedrejado e voltou
correndo para os mouros. No fim da tarde, antes
de recomeçar a batalha, o capitão cristão Atalaia
Interdisciplinar
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resolveu espionar os mouros, verificar o que
estavam planejando, suas munições e etc.
Contudo, Atalaia logo foi descoberto e alvejado
à bala, só tendo tempo para roubar a bandeira
do acampamento inimigo. A história conta que,
posteriormente, Atalaia foi capturado e
assassinado pelos mouros, tendo a cabeça
decepada, e pendurada em uma vara próximo ao
muro do acampamento cristão, com finalidade
de gerar pânico e desespero entre os cristãos. No dia 25 de julho ocorreu o ato
conhecido como “a venda dos meninos”, em
que o rei Caldeirinha (filho do Caldeira)
mandou roubar todas as crianças cristãs. O
plano foi executado e com o dinheiro da venda
das crianças compraram armas e munições e
corromperam os cristãos indecisos. Ao dar falta das crianças, com grande
pesar e dor, os cristãos iniciam uma violenta
guerra contra os muçulmanos. O rei Caldeirinha propôs aos cristãos que
devolvessem a bandeira moura, e, em troca, os
muçulmanos devolveriam o corpo do capitão
Atalaia. Os cristãos aceitaram a troca, na hora
receberam o corpo, mas não devolveram a
bandeira. Por conta disso, a batalha recomeçou
de forma ainda mais violenta. Ao anoitecer, os
cristãos pediram a Deus que prolongasse o dia
a fim de que pudessem vencer a luta. Com a
intercessão divina, o dia foi se prolongando, e
os cristãos foram vencendo a guerra. A lenda
conta também que a figura mitológica do
cavaleiro São Tiago aparecia vez por outra no
campo de batalha com uma armadura brilhante,
guiando os soldados cristãos e assassinando
vários mouros, gerando pânico entre eles, que
começaram a fugir. Dessa forma, terminou a
batalha com a vitória dos cristãos lusitanos. É importante ressaltar que São Tiago, não
é o mesmo santo das escrituras sagradas, e sim
um “guerreiro” como é chamado pelos devotos,
pois o São Tiago de Mazagão Velho foi um
missionário enviado por Deus para lutar ao lado
dos mazaganenses contra os árabes
muçulmanos, o que temos dúvidas, pois o
caráter leigo da própria fé católica romana do
povo os leva aos constantes equívocos entre a
Divindade, a personificação de mitos,
parábolas, culminando no sincretismo de praxe.
A teatralização da batalha entre cristãos e
muçulmanos e seus reflexos – a metodologia
empregada
Partindo da visitação ao lugar do evento
religioso, nossa metodologia investigativa
partiu da análise de fotografias e vídeos
antigos, como também de entrevistas com
moradores locais, inferindo-se que a
teatralização da batalha entre cristãos e
muçulmanos acontece no dia 25 de julho, a
partir das 12h ocorre uma encenação da
passagem do bobo velho (vigilante dos mouros)
para espionar os cristãos, às 14h sucede a saída
do arauto anunciando o início da batalha, que
pode ser dividida em sete partes: 1: Descoberta
do Atalaia. 2: Morte do Atalaia. 3: Armadilha.
4: Captura e venda dos meninos cristãos e
partilha do dinheiro entre os mouros. 5: Troca
do corpo do Atalaia pela bandeira moura. 6:
Batalha entre mouros e cristãos, tomada do
estandarte dos mouros e batalha final. 7:
Vominê (toque de vitória dos cristãos).
(CABRAL; CARDOSO; PENA, 2011, p. 33).
Questiona-se aqui haver uma incompatibilidade
da encenação perpétua do genocídio ocorrido
entre cristãos e muçulmanos no distrito de
Mazagão Velho (Festa de São Tiago) com os
valores do diálogo interreligioso, uma vez que
este diz respeito à superação de conflitos e
mágoas passadas para manter o amor, a
tolerância, a busca de conhecimento e respeito
às diferenças, à defesa dos direitos humanos,
principalmente à vida, sendo para isso
fundamental escutar pessoas de crenças
diferentes, de maneira a construir uma
identidade própria com a colaboração do outro,
reconhecendo-o como um ser humano e hoje o
que se vê é o contrário, o festejo nega a
aproximação com o diferente, normal em uma
democracia, usa o dinheiro público para tal e
decreta feriado estadual para se comemorar um
atraso na paz entre os povos e suas culturas. O festejo durante muito tempo foi
comemorado apenas por adultos. As crianças
observavam a representação da batalha e
questionavam os pais sobre o significado da
festa, como surgiu, o porquê da batalha e etc.
Logo que terminava a festa dos adultos, as
crianças iam para as ruas e imitavam tudo o que
os adultos faziam. Em virtude da curiosidade
das crianças, foi criada a festa de São Tiago das
Carneiro & Nogueira
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crianças que acontece nos dias 26 e 27 de julho,
devidamente fantasiadas e mascaradas tal como
os adultos, as crianças remontam a batalha.
(CABRAL; CARDOSO; PENA, 2011, p. 21).
Assim, as crianças acabam sendo levadas a
desde cedo reproduzir um genocídio entre
cristãos e muçulmanos e a comemorar a vitória
do cristianismo sobre o islamismo. É incontestável os benefícios econômicos
e turísticos trazidos pela festividade ao distrito
de Mazagão Velho, uma vez que o comércio
fica aquecido, os restaurantes ficam lotados e
há geração de lucro e trabalho aos
mazaganenses. Em 2013, de acordo com o
secretário Luiz Pingarrilho, a festa de São
Tiago recebeu a contribuição de R$ 463.000,00
do Governo do Estado do Amapá, por meio de
um convênio celebrado entre a Secretaria de
Estado da Cultura (Secult) e a Associação
Cultural Festa de São Tiago (ACFST).
(MARQUES, 2013). No ano de 2012, os
valores para a realização da festa custaram R$
457.000,00. (PENHA; SANTIAGO, 2013).
Contudo, além da falta de questionamento
sobre o sentido por trás da teatralização do
genocídio entre cristãos e muçulmanos, falta
também transparência em relação aos gastos
desse montante destinado ao festejo, sendo
fundamental o esclarecimento minucioso desses
valores à população em geral, por uma questão
de respeito à democracia, uma vez que a
transparência é uma forma essencial de controle
social e inibição da corrupção na administração
pública.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir de uma visão aprofundada da
festividade de São Tiago, pode-se constatar que
há uma cultura de repetição que ocorre há mais
de dois séculos no município de Mazagão
Velho que diz respeito à festa de São Tiago,
quer dizer, há uma mentalidade secularista
dominante entre os moradores do município
que os impossibilita de vislumbrar o novo
contexto social do século XXI, onde existem
valores distintos e diferentes sistemas políticos,
em que se discute a efetivação de um diálogo
interreligioso para que não haja sobreposição
ou subjugação de uma religião sobre a outra, o
que tem ocasionado massacres e intolerância
religiosa pelo mundo. Culturalmente ainda
carece de melhoramento, fato este perceptível
no baile de máscaras, onde a população sem
nenhuma orientação artístico-cultural para o
turismo religioso, por exemplo, dirige-se até as
lojas da área de livre comércio de Macapá e
Santana para comprar máscaras de festas
temáticas ou de carnaval, quando, na verdade,
historicamente as máscaras citadas são as de
bailes de gala europeu. A Constituição Federal do Brasil tem
caráter multicultural e pluriétnico, em que o
direito à liberdade de consciência e de crença é
considerado direito e garantia fundamental do
ser humano, é, portanto, no mínimo
contraditório que haja uma tradição secular no
distrito de Mazagão Velho que reproduz um
genocídio entre religiões diferentes
(cristianismo e islamismo), sendo que, tal
encenação é repetida também por crianças, que
não tem ainda total formação do senso crítico, e
desde cedo, encenam a luta de cristãos e
muçulmanos, acarretando em uma
discriminação cultural camuflada ao islamismo
e a seus adeptos, pois, durante a encenação é
comemorada a morte dos muçulmanos e a
vitória do cristianismo sobre o islamismo.
The incompatibility of the Feast of St. James with inter-religious debate of the century. XXI
ABSTRACT
This paper aims to analyze the social and political context in which there was the war between
Christians and Muslims in the eighteenth century to the present context, twenty-first century, we live
in the effectuation of the challenge of interreligious dialogue, which is believed to be possible a
conversation between people of different beliefs. From the point of view of interreligious dialogue,
every religion that affirms and promotes the human being is somehow a possibility of being true, and
should therefore be respected. From this perspective, we can learn to coexist with each other and
learn to respect people of different religions.
Interdisciplinar
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Keywords: Old Mazagão; Interreligious Dialogue; Ecumenism. REFERÊNCIAS
BÍBLIA SAGRADA. Traduzida por João Ferreira de
Almeida. Revista e Atualizada no Brasil. 2 ed. Barueri-
SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993.
CAMBÓN, E. Fazendo ecumenismo: uma exigência
evangélica e uma urgência histórica. São Paulo:
Cidade Nova, 1994.
CABRAL, I. V.; CARDOSO, T. S.; PENA, R. C.
A. Manifestação religiosa da igreja católica. A Festa
de São Tiago no Município de Mazagão Velho – AP.
Disponível em: <http://www.eumed.net/libros-
gratis/ciencia/2012/6/origem_festa_sao_tiago.html>.
Acessado em 19 fev 2013.
ISBELLE, S. A. Islã: a sua crença e a sua prática. Rio
de Janeiro: Azaan, 2003.
MARQUES, K. Secretários participam da abertura
oficial da Festa de São Tiago em Mazagão Velho,
julho de 2013 Disponível em:
<http://www.secult.ap.gov.br/secretarios-participam-da-
abertura-oficial-da-festa-de-sao-tiago-em-mazagao-
velho>. Acessado em 19 jul 2013.
PENHA, G.; SANTIAGO, A. Divulgada programação
da Festa de São Tiago 2013, em Mazagão, no AP,
julho de 2013. Disponível em:
<http://g1.globo.com/ap/amapa/noticia/2013/07/divulgad
a-programacao-da-festa-de-sao-tiago-2013-em-mazagao-
no-ap.html>. Acessado em 19 jul 2013.
Vídeo: Fé versus Tradição no Islã (com legendas em
português). Palestra realizada por Mustafa Akyol à
Fundação TED. Disponível em:
<http://veduca.com.br/play/5242>. Acessado em 01 mar
2013.
SINNER, Rudolf von. Confiança e convivência:
reflexões éticas e ecumênicas. São Leopoldo: Sinodal,
2007.
____________
J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.88-90, 2014 97 | P á g i n a
DIRETRIZES PARA SUBMISSÃO Normas para a preparação dos manuscritos
Modelo do padrão de formatação dos manuscritos
Os trabalhos enviados à JBFS devem ser inéditos (não terem
dados – tabelas e figuras – publicadas parcial ou integralmente
em nenhum outro veículo de divulgação técnico-científica,
como boletins institucionais, anais de eventos, comunicados
técnicos, notas científicas e etc.) e não podem ter sido
encaminhados simultaneamente a outro periódico científico ou
técnico. Dados que foram publicados na forma de resumos,
com mais de 250 palavras, não devem ser incluídos no
trabalho.
- São considerados, para publicação, os seguintes tipos de
trabalho: Artigos Científicos, Notas Técnicas e Artigos de
Revisão, este último a convite do Editor
O texto deve ser digitado no editor de texto Microsoft Word,
em espaço duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha
formato A4, com margens de 2,5 cm e com páginas e linhas
numeradas.
___________________________________________________
A) Organização do Artigo Científico
A ordenação do artigo deve ser feita da seguinte forma:
- Artigos em português - Título, autoria, endereços
institucionais e eletrônicos, Resumo, Termos para indexação,
título em inglês, Abstract, Index terms, Introdução, Material e
Métodos, Resultados e Discussão, Conclusões,
Agradecimentos, Referências, tabelas e figuras.
- Artigos em inglês - Título, autoria, endereços institucionais
e eletrônicos, Abstract, Index terms, título em português,
Resumo, Termos para indexação, Introduction, Materials and
Methods, Results and Discussion, Conclusions,
Acknowledgements, References, tables, figures.
- O título, o resumo e os termos para indexação devem ser
traduzidos para o inglês, no caso de artigos redigidos em
português, e para o português, no caso de artigos redigidos em
inglês
- O artigo científico deve ter, no mínimo 5 e no máximo 20
páginas, incluindo-se as ilustrações (tabelas e figuras), que
devem ser limitadas a seis, sempre que possível.
___________________________________________________
Título
- Deve representar o conteúdo e o objetivo do trabalho e ter no
máximo 15 palavras, incluindo-se os artigos, as preposições e
as conjunções.
- Deve ser grafado em letras minúsculas, exceto a letra inicial,
e em negrito.
- Deve ser iniciado com palavras chaves e não com palavras
como "efeito" ou "influência".
Autores (inclusão da formatação quando o artigo for aceito
após a avaliação pelos pares)
- Grafar os nomes dos autores com letra inicial maiúscula, por
extenso, separados por vírgula; os dois últimos são separados
pela conjunção "e" ou "and", no caso de artigo em português
ou em inglês, respectivamente.
- O último sobrenome de cada autor deve ser seguido de um
número em algarismo arábico entre parênteses, em forma de
expoente, correspondente à chamada de endereço e afiliação
dos autores.
- São apresentados abaixo dos nomes dos autores, o nome e o
endereço postal completos da instituição e o endereço
eletrônico dos autores, indicados pelo número em algarismo
arábico, em forma de expoente.
- O autor principal ou correspondente, deverá apresentar além
da numeração um asterisco, em forma de expoente.
- Devem ser agrupados pelo endereço da instituição.
- Os endereços eletrônicos de autores da mesma instituição
devem ser separados por vírgula
___________________________________________________
Resumo
- O termo Resumo deve ser grafado em letras minúsculas,
exceto a letra inicial, em negrito, na margem esquerda e
separada do texto por travessão.
- Deve conter, no máximo, 250 palavras, incluindo números,
preposições, conjunções e artigos
- Deve ser elaborado em frases curtas e conter o objetivo, o
material e os métodos, os resultados e a conclusão
- Não deve conter citações bibliográficas nem abreviaturas
- O final do texto deve conter a principal conclusão, com o
verbo no presente do indicativo.
___________________________________________________
Termos de indexação (palavras-chaves)
- A expressão Termos para indexação, seguida de dois-pontos,
deve ser grafada em letras minúsculas, exceto a letra inicial.
- Os termos devem ser separados por vírgula e iniciados com
letra minúscula.
- Devem ser no mínimo três e no máximo seis, considerando-se
que um termo pode possuir duas ou mais palavras.
- Não devem conter palavras que componham o título.
- Devem conter o nome científico (só o nome binário) da
espécie estudada.
___________________________________________________
Introdução
- A palavra Introdução deve ser centralizada e grafada com
letras minúsculas, exceto a letra inicial, e em negrito.
- Deve apresentar a justificativa para a realização do trabalho.
- O último parágrafo deve expressar o objetivo de forma
coerente com o descrito no início do Resumo.
__________________________________________________
Material e métodos
- A expressão Material e Métodos, deve ser centralizada e
grafada em negrito;
- Deve ser organizado, de preferência, em ordem cronológica
- Deve apresentar a descrição do local, a data e o delineamento
do experimento, e indicar os tratamentos, o número de
repetições e o tamanho da unidade experimental
- Deve conter a descrição detalhada dos tratamentos e variáveis
- Deve-se evitar o uso de abreviações ou as siglas
- Os materiais e os métodos devem ser descritos de modo que
outro pesquisador possa repetir o experimento
- Devem ser evitados detalhes supérfluos e extensas descrições
de técnicas de uso corrente
- Deve conter informação sobre os métodos estatísticos e as
transformações de dados quando os mesmos não apresentarem
distribuição normal.
- Deve-se evitar o uso de subtítulos; quando indispensáveis,
grafá-los em negrito, com letras minúsculas, exceto a letra
inicial, na margem esquerda da página.
___________________________________________________
Resultados e discussão
- A expressão Resultados e Discussão deve ser centralizada e
grafada em negrito, com letras minúsculas, exceto a letra
inicial;
- Os dados apresentados em tabelas ou figuras devem ser
discutidos;
- As tabelas e figuras são citadas seqüencialmente;
- Dados não apresentados não podem ser discutidos;
- Não deve conter afirmações que não possam ser sustentadas
pelos dados obtidos no próprio trabalho ou por outros trabalhos
citados;
- As chamadas às tabelas ou às figuras devem ser feitas no final
da primeira oração do texto em questão; se as demais sentenças
do parágrafo referirem-se à mesma tabela ou figura, não é
necessária nova chamada.
___________________________________________________
Conclusões
- O termo Conclusões deve ser centralizado e grafado em
negrito, com letras minúsculas, exceto a letra inicial;
- Devem ser apresentadas em frases curtas, sem comentários
adicionais, com o verbo no presente do indicativo;
- Devem ser elaboradas com base no objetivo do trabalho;
- Não podem consistir no resumo dos resultados;
- Devem apresentar as novas descobertas da pesquisa;
- Devem ser numeradas e no máximo cinco.
___________________________________________________
Agradecimentos
- A palavra "Agradecimentos" deve ser centralizada e grafada
em negrito, com letras minúsculas, exceto a letra inicial
- Devem ser breves e diretos, iniciando-se com "Ao, Aos, À ou
Às" (pessoas ou instituições)
- Devem conter o motivo do agradecimento
OBS.: Trabalhos que foram subsidiados total ou
parcialmente por agências de fomento devem
obrigatoriamente apresentar os agradecimentos.
___________________________________________________
Referências
- A palavra "Referências" deve ser centralizada e grafada em
negrito, com letras minúsculas, exceto a letra inicial;
- Devem ser de fontes atuais e de periódicos: sendo pelo menos
70% das referências devem ser dos últimos 10 anos e 70% de
artigos de periódicos(preferencialmente);
- Devem ser normalizadas de acordo com a NBR 6023 da
ABNT, com as adaptações descritas a seguir;
- Devem ser apresentadas em ordem alfabética dos nomes dos
autores, separados por ponto-e-vírgula, sem numeração;
- Devem apresentar os nomes de todos os autores da obra;
- Devem conter os títulos das obras ou dos periódicos grafados
em negrito;
Exemplos
a) Livros
SARRUGE, J. R.; HAAG, H. P. Análises químicas em
plantas. Piracicaba: ESALQ, 1974. 56 p.
b) Capítulo de livros
WILLIAMS, E. S. Canine distemper. In: WILLIAMS, E. S.;
BARKER, I. K. (Eds.). Infectious diseases of wild mammals.
3. ed. Ames: Iowa State University Press, 2001. p. 50-58.
AZEVEDO, D.M.P. de; NÓBREGA, L.B. da; LIMA, E.F.;
BATISTA, F.A.S.; BELTRÃO, N.E. de M. Manejo cultural.
In: AZEVEDO, D.M.P.; LIMA, E.F. (Ed.). O agronegócio da
mamona no Brasil. Campina Grande: Embrapa Algodão;
Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2001. p.121-160.
c) Periódicos
KOUTINAS, A. F.; POLIZOPOULOU, Z. S.;
BAUMGAERTNER, W.; LEKKAS, S.; KONTOS, V. Relation
of clinical signs to pathological changes in 19 cases of canine
distemper encephalomyelitis. Journal of Comparative
Pathology, v. 126, n. 1, p. 47-56, 2002.
SANTOS, M.A. dos; NICOLÁS, M.F.; HUNGRIA, M.
Identificação de QTL associados à simbiose entre
Bradyrhizobium japonicum, B. elkanii e soja.Pesquisa
Agropecuária Brasileira, v.41, p.67-75, 2006.
d) Teses e Dissertações (devem ser evitadas)
HAMADA, E. Desenvolvimento fenológico do trigo (cultivar
IAC 24 - Tucuruí), comportamento espectral e utilização de
imagens NOAA-AVHRR. 2000. 152p. Tese (Doutorado) -
Universidade Estadual de Campinas, Campinas.
GUEDES, E. M. S. Atributos químicos e físicos de um
Latossolo Amarelo argiloso e produção de soja em sistemas
de manejo, no município de Paragominas/PA. 75 f. 2009.
Dissertação (Mestrado em Agronomia)-Universidade Federal
Rural da Amazônia, Belém, 2009.
Obs.: É aconselhável procurar os artigos que foram
publicados em periódicos pelos autores das teses e
dissertações.
e) Fontes eletrônicas
SILVA, M. S.; SILVA, L. R. D.; SILVA, S. M.; SOBRINHO,
R. S. D. Qualidade de jaca dura (Artocarpus heterophylus)
minimamente processada armazenada em diferentes
temperaturas. SENGE-PB, 2009. Disponível em:
<http:/www.sengepb.com.br/site/wp-
content/uploads/2009/12/t023.pdf>. Acesso: 5 mai 2010.
f) Artigos de Anais de Eventos (aceitos apenas trabalhos
completos)
AHRENS, S. A fauna silvestre e o manejo sustentável de
ecossistemas florestais. In: SIMPÓSIO LATINO-
AMERICANO SOBRE MANEJO FLORESTAL, 3. 2004,
Santa Maria. Anais... Santa Maria: UFSM, Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Florestal, 2004. p.153-162.
g) Legislação
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 27, de 13 de janeiro
de 1998. Aprova o Regulamento Técnico referente à
Informação Nutricional Complementar (declarações
relacionadas ao conteúdo de nutrientes), constantes do anexo
desta Portaria. Diário Oficial da República Federativa do
Brasil, Brasília, DF, 16 jan. 1998.
___________________________________________________
Citações
- Não serão aceitas citações de resumos, comunicação pessoal,
documentos no prelo ou qualquer outra fonte, cujos dados não
tenham sido publicados.
- A autocitação deve ser evitada.
- Devem ser normalizadas de acordo com a NBR 10520 da
ABNT, com as adaptações descritas a seguir;
a) Redação das citações dentro de parêntese
- Citação com um autor: sobrenome grafado com as letras
maiúsculas, seguido de vírgula e ano de publicação;
- Citação com dois autores: sobrenomes grafados com as letras
maiúsculas, separados pelo "e" comercial (&), seguidos de
vírgula e ano de publicação;
Ex.: (COSTA & GOMES, 1998)
- Citação com mais de dois autores: sobrenome do primeiro
autor grafado com as letras maiúsculas, seguido da expressão
"et al.", em fonte normal, seguido de vírgula e ano de
publicação;
Ex.: (COSTA et al., 2010)
- Citação de mais de uma obra: deve obedecer à ordem
cronológica e em seguida à ordem alfabética dos autores;
Ex.: (FERNANDES, 1990; COSTA et al., 2010)
- Citação de mais de uma obra dos mesmos autores: os nomes
destes não devem ser repetidos; colocar os anos de publicação
separados por vírgula.
Ex.: (GOMES & PASSOS, 2001, 2005)
b) Redação das citações fora de parêntese
- Citações com os nomes dos autores incluídos na sentença:
seguem as orientações anteriores, com os anos de publicação
entre parênteses; são separadas por vírgula.
Fórmulas, expressões e equações matemáticas
- Devem ser iniciadas à margem esquerda da página e
apresentar tamanho padronizado da fonte Times New Roman;
- Não devem apresentar letras em itálico ou negrito, à exceção
de símbolos escritos convencionalmente em itálico.
O manuscrito enviado pelo Editor ao autor correspondente
para correções e/ou sugestões deve retornar à revista com
as correções no prazo de 20 dias, sob pena de ser
automaticamente cancelado. No envio pela segunda vez, o
prazo passa para 10 dias. O não atendimento as solicitações
dos avaliadores e editores sem justificativas também leva ao
cancelamento automático do manuscrito.
___________________________________________________
Tabelas, figuras e notas de rodapé
Apresentadas no texto, logo após a primeira chamada (não no
final do texto);
a) Tabelas
- As tabelas devem ser numeradas sequencialmente e com
algarismo arábico;
- Seus elementos essenciais são: título, cabeçalho, corpo
(colunas e linhas) e coluna indicadora dos tratamentos ou das
variáveis;
- Os elementos complementares são: notas-de-rodapé e fontes
bibliográficas;
- O título, com ponto no final, deve ser precedido da palavra
Tabela, em negrito; deve ser claro, conciso e completo; deve
incluir o nome (vulgar ou científico) da espécie e das variáveis
dependentes;
- No cabeçalho, os nomes das variáveis que representam o
conteúdo de cada coluna devem ser grafados por extenso; se
isso não for possível, explicar o significado das abreviaturas no
título ou nas notas-de-rodapé;
- Todas as unidades de medida devem ser apresentadas
segundo o Sistema Internacional de Unidades (SI);
- Nas colunas de dados, os valores numéricos devem ser
alinhados pelo último algarismo;
- Nenhuma célula deve ficar vazia no corpo da tabela; dados
não apresentados devem ser representados por hífen;
- Na comparação de médias de tratamentos são utilizadas, no
corpo da tabela, na coluna ou na linha, à direita do dado, letras
minúsculas ou maiúsculas, com a indicação em nota-de-rodapé
do teste utilizado e a probabilidade
- As tabelas devem ser editadas em arquivo Word, usando os
recursos do menu Tabela; não fazer espaçamento utilizando a
barra de espaço do teclado, mas o recurso recuo do menu
Formatar Parágrafo
b) Notas de rodapé das tabelas
- Notas de fonte: indicam a origem dos dados que
constam da tabela; as fontes devem constar nas referências;