viagens futuras

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Unit 1.1 – Introduction – What is the International Space Station

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Capítulo 5 – Viagens futuras

Durante os próximos 20 anos, a Estação Espacial Internacional estará no centro dasatenções da aventura do Homem no espaço. Mas, e depois? Temos todo um universopara descobrir: os astronautas que voam a bordo da Estação Espacial, em órbita a 400km de altura, estão apenas a «molhar os pés» na imensidão do oceano espacial. A ESAe outras agências espaciais já estão a trabalhar em projectos de longo prazo, quepoderão levar os seres humanos muito além no nosso Sistema Solar.

Por onde começar? Se oespaço é um oceano, a Lua éa ilha mais próxima. A últimavez que recebeu a visita deseres humanos foi emDezembro de 1972, quandoos últimos astronautasamericanos da Apollo lávoltaram para uma missãonas montanhas lunares. Noentanto, os cientistas nãoestão a ignorar a Lua há 30anos. Ao contrário, uma sériede sondas espaciais enviaramdurante os anos 90informações que poderãofacilitar e tornar mais eficazesas futuras missões humanas.

A hipótese mais interessante é a possibilidade de que, na superfície sem ar eaparentemente árida da Lua, exista água congelada, escondida pelas sombraspermanentes das crateras profundas situadas perto dos pólos da Lua. Esta água é,provavelmente, proveniente de impactos de cometas ocorridos há milhões de anos, oque a torna cientificamente muito interessante. Os cometas são formados pela matériaoriginal que constituiu o Sistema Solar, há quase cinco mil milhões de anos atrás. Imaginase pudesses encontrar umfragmento desta matériano teu quintal!

Esta água poderiatambém viabilizar aconstrução de uma baselunar. Os astronautaspoderiam utilizar aenergia solar e convertê-laem oxigénio ou atémesmo em combustívelpara os foguetões. Nomínimo, a água lunarreduziria de maneirasignificativa a necessidadede transportar água daTerra.

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Capítulo 5 – Viagens futuras

Para construirmos uma Base Lunar realmente eficaz, temos de desenvolver novosfoguetões e naves de aterragem. Esta tecnologia seria muito útil para o nosso próximopasso no espaço: o planeta Marte. Desde o início da era espacial, Marte fascinacientistas e engenheiros. As primeiras sondas lançadas para Marte, já nos anos 60 e 70,representaram uma grande conquista, mas trouxeram más notícias a todos aqueles queesperavam que houvesse vida no nosso planeta vizinho. O lugar é muito frio: atemperatura nunca ultrapassa 15°C, até mesmo em pleno Verão sob o equador, e atemperatura invernal à noite desce a -130°C. 95% da sua atmosfera é composta dedióxido de carbono, além de ser muito fina, o que a torna incapaz de proteger asuperfície da radiação ultravioleta proveniente do Sol.

No entanto, as últimas sondastrouxeram notícias animadoras. Asfotografias realizadas pelas navesespaciais – todo o planeta foimapeado a partir da sua órbita –mostram que houve presença deágua na superfície árida de Marte.Certamente, Marte já foi umplaneta muito mais quente.Mesmo que não exista vida noplaneta actualmente, pode terhavido nos seus primórdios.Possíveis fósseis de bactérias jáforam encontrados num meteoritode origem marciana; talvez haja

ainda muitos outros à nossa espera no próprio planeta. E não apenas fósseis: ao menos umaparte da água perdida de Marte deve ainda estar lá, adormecida sob a superfície de Marte.Se for o caso, há fortes probabilidades de que a vida marciana se tenha desenvolvidotambém subterraneamente: existem na Terra bactérias que poderiam viver prosperamenteem tais condições.

De facto, a investigação da vida extraterrestre é uma razão importante para secontinuarem as explorações. A vida fora da Terra poderia ser, sem dúvida, uma dasdescobertas mais interessantes de todos os tempos. E deve existir vida em algum outrolugar, afinal, o Universo é imenso. Há pelo menos 100 mil milhões de estrelas na nossagaláxia, e talvez tantas outras galáxias no espaço longínquo. Até bem recentemente, no

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entanto, os astrobiólogos (cientistas que estudam a vida extraterrestre) não semostravam muito optimistas no que diz respeito à existência de vida no nosso próprioSistema Solar, fora da Terra, é claro. No entanto, nos último anos, novas descobertastanto na Terra como no espaço mudaram as coisas radicalmente.

Na Terra, os biólogos descobriram que existem formas de vida muito mais resistentes doque a maioria dos cientistas imaginava. Os microrganismos terrestres continuam adesenvolver-se em ambientes surpreendentemente inóspitos. Nas profundezas dosoceanos, por exemplo, perto de chaminés vulcânicas situadas em campos hidrotermaisactivos, certos micróbios crescem e multiplicam-se a temperaturas acima de 110°C(segundo alguns cientistas, talvez 170°C). Outros desenvolvem-se em ambientes ácidos,que queimariam a pele humana, enquanto outros vivem tranquilamente em rochasquentes, quilómetros abaixo do solo. Alguns preferem o frio ao calor: formas de vida naAntártida dão-se muito bem em ambientes permanentemente congelados.

Entretanto, sondas espaciais descobriram muitos outros lugares no Sistema Solar ondeestes organismos extremófilos – «amigos de condições extremas» – poderiam viver emultiplicar-se tranquilamente. Os «rios subterrâneos» de Marte, caso existam, são uma dasmelhores hipóteses. Mas há muitos outros lugares também. a lua Europa, em órbita àvolta do planeta gigante Júpiter, a quase cinco vezes a distância da Terra ao Sol, pareceocultar um oceano líquido e salgado sob a sua superfície, mais do que suficiente paraabrigar alguma forma de vida. De facto, considerando o que se sabe hoje sobre as formasde vida terrestres mais resistentes, é pelo menos possível que certos micróbios possamsobreviver até mesmo no interior de certos cometas.

Só teremos a certeza quando chegarmos lá e descobrirmos. Levará ainda muito tempopara criarmos as tecnologias avançadas necessárias para uma viagem espacial de longadistância. Isto implica, obviamente, a criação de foguetões mais potentes e mais eficazes,assim como de sistemas de suporte de vida capazes de manter a sobrevivência daspessoas em condições satisfatórias por longos períodos longe da Terra. No entanto, antesque o homem possa pisar outros planetas ou asteróides ainda temos muito que descobrirsobre o que poderão lá encontrar. Quais seriam os riscos de radiação, por exemplo?

Quais seriam os perigos (e possibilidades deexistência) de ambientes estranhos doSistema Solar?

Consequentemente, os primeiros passospara a exploração do espaço longínquoconduzir-nos-ão à concepção de navesautomatizadas sofisticadas, com sensoresaltamente avançados e excelentes sistemasde comunicação de longa distância. Aindaassim, os homens são melhoresexploradores que quaisquer robôs, eestamos a aprender constantemente sobreas viagens espaciais de longa distância apartir do trabalho realizado a bordo da ISS.Estes novos conhecimentos serão essenciaisno futuro, talvez daqui a vinte ou trintaanos, para enviar homens e mulheres para aspróximas etapas da exploração do espaço.

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