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Dental Press International ISSN 2176-9451 Volume 16, Number 3, May / June 2011 Versão em português

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Revista Dental Press Journal Of Ortodontics - PT

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Dental Press Journal of O

rthodonticsVolum

e 16, Num

ber 3, May / June 2011

Versão em

português Dental Press International

ISSN 2176-9451

Volume 16, Number 3, May / June 2011

Versão em português

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ISSN 2176-9451Dental Press J Orthod. 2011 May-June;16(3):1-164

v. 16, no. 3 May/June 2011

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EDITOR CHEFE

Jorge Faber UnB - DF - Brasil

EDITORA ASSOCIADA

Telma Martins de Araujo UFBA - BA - Brasil

EDITORES ADJUNTOS

(artigos online)

Daniela Gamba Garib HRAC/FOB-USP - SP - Brasil

Fernanda Angelieri USP - SP - Brasil

Matheus Melo Pithon UESB - BA - Brasil

EDITOR ADJUNTO

(Odontologia baseada em evidências)

David Normando UFPA - PA - Brasil

EDITORA ADJUNTA

(revisão língua inglesa)

Flávia Artese UERJ - RJ - Brasil

PUBLISHER

Laurindo Z. Furquim UEM - PR - Brasil

CONSELHO EDITORIAL CIENTÍFICO

Adilson Luiz Ramos UEM - PR - Brasil

Danilo Furquim Siqueira UNICID - SP - Brasil

Maria F. Martins-Ortiz ACOPEM - SP - Brasil

CONSULTORES EDITORIAIS

Ortodontia

Adriana C. da Silveira Univ. de Illinois - Chicago - EUA

Adriana de Alcântara Cury-Saramago UFF - RJ - Brasil

Adriano de Castro UCB - DF - Brasil

Aldrieli Regina Ambrósio SOEPAR - PR - Brasil

Alexandre Trindade Motta UFF - RJ - Brasil

Ana Carla R. Nahás Scocate UNICID - SP - Brasil

Ana Maria Bolognese UFRJ - RJ - Brasil

Andre Wilson Machado UFBA - BA - Brasil

Antônio C. O. Ruellas UFRJ - RJ - Brasil

Armando Yukio Saga ABO – PR - Brasil

Arno Locks UFSC – SC - Brasil

Ary dos Santos-Pinto FOAR/UNESP – SP - Brasil

Björn U. Zachrisson Univ. de Oslo - Noruega

Bruno D'Aurea Furquim Clín. Partic. – PR - Brasil

Camila Alessandra Pazzini UFMG – MG - Brasil

Camilo Aquino Melgaço UFMG – MG - Brasil

Carla D'Agostini Derech UFSC – SC - Brasil

Carla Karina S. Carvalho ABO – DF - Brasil

Carlos A. Estevanel Tavares ABO – RS - Brasil

Carlos Martins Coelho UFMA – MA - Brasil

Cauby Maia Chaves Junior UFC – CE - Brasil

Célia Regina Maio Pinzan Vercelino FOB-USP – SP - Brasil

Christian Viezzer UFRGS – RS - Brasil

Clarice Nishio Univ. de Montreal - Canadá

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Eduardo C. Almada Santos FOA/UNESP - SP - Brasil

Eduardo Franzotti Sant'Anna UFRJ - RJ - Brasil

Eduardo Silveira Ferreira UFRGS - RS - Brasil

Enio Tonani Mazzieiro PUC-MG - MG - Brasil

Eustáquio Araújo Univ. de Saint Louis - EUA

Fabrício Pinelli Valarelli UNINGÁ - PR - Brasil

Fernando César Torres UMESP - SP - Brasil

Giovana Rembowski Casaccia Clín. Partic. - RS - Brasil

Gisele Moraes Abrahão UERJ - RJ - Brasil

Glaucio Serra Guimarães UFF - RJ - Brasil

Guilherme Janson FOB-USP - SP - Brasil

Guilherme Pessôa Cerveira ULBRA-Torres - RS - Brasil

Gustavo Hauber Gameiro UFRGS - RS - Brasil

Haroldo R. Albuquerque Jr. UNIFOR - CE - Brasil

Helio Scavone Júnior UNICID - SP - Brasil

Henri Menezes Kobayashi UNICID - SP - Brasil

Hiroshi Maruo PUC-PR - PR - Brasil

Hugo Cesar P. M. Caracas UNB - DF - Brasil

Jesús Fernández Sánchez Univ. de Madrid - Madrid - Espanha

Jonas Capelli Junior UERJ - RJ - Brasil

José Antônio Bósio Univ. de Marquette - Milwaukee - EUA

José Augusto Mendes Miguel UERJ - RJ - Brasil

José Fernando Castanha Henriques FOB-USP - SP - Brasil

José Nelson Mucha UFF - RJ - Brasil

José Renato Prietsch UFRGS - RS - Brasil

José Vinicius B. Maciel PUC-PR - PR - Brasil

Julia Cristina de Andrade Vitral Clín. Partic. - SP - Brasil

Júlia Harfin Univ. de Maimonides - Buenos Aires - Argentina

Júlio de Araújo Gurgel FOB-USP - SP - Brasil

Julio Pedra e Cal Neto UFF - RJ - Brasil

Karina Maria S. de Freitas UNINGÁ - PR - Brasil

Larry White AAO - Dallas - EUA

Leandro Silva Marques UNINCOR - MG - Brasil

Leniana Santos Neves UFVJM - MG - Brasil

Leopoldino Capelozza Filho HRAC/USP - SP - Brasil

Liliana Ávila Maltagliati USC - SP - Brasil

Lívia Barbosa Loriato PUC-MG - MG - Brasil

Luciana Abrão Malta Clín. Partic. - SP - Brasil

Luciana Baptista Pereira Abi-Ramia UERJ - RJ - Brasil

Luciana Rougemont Squeff UFRJ - RJ - Brasil

Luciane M. de Menezes PUC-RS - RS - Brasil

Luís Antônio de Arruda Aidar UNISANTA - SP - Brasil

Luiz Filiphe Canuto FOB-USP - SP - Brasil

Luiz G. Gandini Jr. FOAR-UNESP - SP - Brasil

Luiz Sérgio Carreiro UEL - PR - Brasil

Marcelo Bichat P. de Arruda UFMS - MS - Brasil

Marcelo Reis Fraga UFJF - MG - Brasil

Márcio Rodrigues de Almeida UNIMEP - SP - Brasil

Marco Antônio de O. Almeida UERJ - RJ - Brasil

Marcos Alan V. Bittencourt UFBA - BA - Brasil

Marcos Augusto Lenza UFG-GO - Brasil

Maria C. Thomé Pacheco UFES - ES - Brasil

Maria Carolina Bandeira Macena FOP-UPE - PB - Brasil

Maria Perpétua Mota Freitas ULBRA - RS - Brasil

Marília Teixeira Costa UFG - GO - Brasil

Marinho Del Santo Jr. Clín. Partic. - SP - Brasil

Maristela S. Inoue Arai Univ. Médica e Odontológica de Tokyo - Japão

Mônica T. de Souza Araújo UFRJ - RJ - Brasil

Orlando M. Tanaka PUC-PR - PR - Brasil

Oswaldo V. Vilella UFF - RJ - Brasil

Patrícia Medeiros Berto Clín. Partic. - DF - Brasil

Patricia Valeria Milanezi Alves Clín. Partic. - RS - Brasil

Pedro Paulo Gondim UFPE - PE - Brasil

Renata C. F. R. de Castro UMESP - SP - Brasil

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O Dental Press Journal of Orthodontics (ISSN 2176-9451) é uma publicação bimestral da Dental Press International. Av. Euclides da Cunha, 1.718 - Zona 5 - CEP 87.015-180 - Maringá / PR - Fone/Fax: (0xx44) 3031-9818 - www.dentalpress.com.br - [email protected].

O Dental Press Journal of Orthodontics (ISSN 2176-9451) é continuação da Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial (ISSN 1415-5419).

Diretora: Teresa R. D'Aurea Furquim - Diretor eDitorial: Bruno D’Aurea Furquim - Diretor De marketing: Fernando Marson - analista Da informação: Carlos Alexandre Venancio - ProDU-tor eDitorial: Júnior Bianco - Diagramação: Fernando Truculo Evangelista - Gildásio Oliveira Reis Júnior - Tatiane Comochena - revisão/CoPYDesk: Ronis Furquim Siqueira - tratamento De imagens: Andrés Sebastián - BiBlioteCa/normaliZação: Simone Lima Lopes Rafael - BanCo De DaDos: Adriana Azevedo Vasconcelos - sUBmissão De artigos: Roberta Baltazar de Oliveira - CUrsos e eventos: Ana Claudia da Silva - Rachel Furquim Scattolin - internet: Edmar Baladeli - finanCei-ro: Roseli Martins - ComerCial: Roseneide Martins Garcia - eXPeDição: Diego Moraes - Jornalismo: Beatriz Lemes - seCretaria: Rosane Aparecida Albino.

Renata Rodrigues de Almeida-Pedrin CORA - SP - Brasil

Ricardo Machado Cruz UNIP - DF - Brasil

Ricardo Moresca UFPR - PR - Brasil

Robert W. Farinazzo Vitral UFJF - MG - Brasil

Roberto Justus Univ. Tecn. do México – México

Roberto Rocha UFSC - SC - Brasil

Rodrigo César Santiago UFJF - MG - Brasil

Rodrigo Hermont Cançado UNINGÁ - PR - Brasil

Rolf M. Faltin Clín. Partic. - SP - Brasil

Sávio R. Lemos Prado UFPA - PA - Brasil

Sérgio Estelita FOB-USP - SP - Brasil

Tarcila Triviño UMESP - SP - Brasil

Weber José da Silva Ursi FOSJC/UNESP - SP - Brasil

Wellington Pacheco PUC-MG - MG - Brasil

Biologia e Patologia Bucal

Alberto Consolaro FOB-USP - SP - Brasil

Edvaldo Antonio R. Rosa PUC - PR - Brasil

Victor Elias Arana-Chavez USP - SP - Brasil

Bioquímica e Cariologia

Marília Afonso Rabelo Buzalaf FOB-USP - SP - Brasil

Cirurgia Ortognática

Eduardo Sant’Ana FOB/USP - SP - Brasil

Laudimar Alves de Oliveira UNIP - DF - Brasil

Liogi Iwaki Filho UEM - PR - Brasil

Rogério Zambonato Clín. Partic. - DF - Brasil

Waldemar Daudt Polido Clín. Partic. - RS - Brasil

Dentística

Maria Fidela L. Navarro FOB-USP - SP - Brasil

Disfunção da ATM

José Luiz Villaça Avoglio CTA - SP - Brasil

Paulo César Conti FOB-USP - SP - Brasil

Fonoaudiologia

Esther M. G. Bianchini CEFAC-FCMSC - SP - Brasil

Implantologia

Carlos E. Francischone FOB-USP - SP - Brasil

Ortopedia Dentofacial

Dayse Urias Clín. Partic. - PR - Brasil

Kurt Faltin Jr. UNIP - SP - Brasil

Periodontia

Maurício G. Araújo UEM - PR - Brasil

Prótese

Marco Antonio Bottino UNESP-SJC - SP - Brasil

Sidney Kina Clín. Partic. - PR - Brasil

Radiologia

Rejane Faria Ribeiro-Rotta UFG - GO - Brasil

COLABORADORES CIENTÍFICOS

Adriana C. P. Sant’Ana FOB-USP - SP - Brasil

Ana Carla J. Pereira UNICOR - MG - Brasil

Luiz Roberto Capella CRO - SP - Brasil

Mário Taba Jr. FORP - USP - Brasil

Dental Press Journal of Orthodontics v. 1, n. 1 (set./out. 1996) - . -- Maringá : Dental Press International, 1996 - Bimestral ISSN 2176-9451

1. Ortodontia - Perióidico. I. Dental Press International. CDD 617.643005

Indexação:

desde 1998 desde 2005

BBOdesde 1998

desde 2002 desde 2008 desde 2009

desde 1999

desde 2008

desde 1998

desde 2008

desde 2011

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6 Editorial

19 Calendário de Eventos / Events Calendar

20 Acontecimentos / News

22 O que há de novo na Odontologia / What’s new in Dentistry

25 Insight Ortodôntico / Orthodontic Insight

32 Entrevista com James A. McNamara Jr. / Interview

S u m á r i o

Artigos Online / Online Articles

54 Imaginologia da articulação temporomandibular durante o tratamento ortodôntico: uma revisão sistemática

Imaging from temporomandibular joint during orthodontic treatment: a systematic review

Eduardo Machado, Renésio Armindo Grehs, Paulo Afonso Cunali

57 Citotoxicidade de soldas elétricas a ponto: estudo in vitro

Cytotoxicity of electric spot welding: an in vitro study

Rogério Lacerda dos Santos, Matheus Melo Pithon, Leonard Euler A. G. Nascimento, Fernanda Otaviano Martins, Maria Teresa Villela Romanos, Matilde da Cunha G. Nojima, Lincoln Issamu Nojima, Antônio Carlos de Oliveira Ruellas

60 Estudo in vitro da resistência ao cisalhamento da colagem direta de

tubos ortodônticos em molares

In vitro study of shear bond strength in direct bonding of orthodontic molar tubes

Célia Regina Maio Pinzan Vercelino, Arnaldo Pinzan, Júlio de Araújo Gurgel, Fausto Silva Bramante, Luciana Maio Pinzan

Artigos Inéditos / Original Articles

63 Avaliação da idade óssea em crianças de 9 a 12 anos de idade na cidade de Manaus-AM

Evaluation of the bone age in 9-12 years old children in Manaus-AM city

Wilson Maia de Oliveira Junior, Julio Wilson Vigorito, Carlos Eduardo Nossa Tuma

70 Efeitos do tratamento da Classe II divisão 1 em pacientes dolicofaciais tratados segundo a Terapia Bioprogressiva (AEB cervical e arco base inferior), com ênfase no controle vertical

Treatment effects on Class II division 1 high angle patients treated according to the Bioprogressive therapy (cervical headgear and lower utility arch), with emphasis on vertical control

Viviane Santini Tamburús, João Sarmento Pereira Neto, Vânia Célia Vieira de Siqueira, Weber Luiz Tamburús

Gráfico 1 - Delineamento dos estudos.

Estudos clínicos randomizados

2

12

Estudos longitudinais sem randomização

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79 Análise da correlação entre a angulação (mesiodistal) dos caninos e a inclinação (vestibulolingual) dos incisivos

Analysis of the correlation between mesiodistal angulation of canines and labiolingual inclination of incisors

Amanda Sayuri Cardoso Ohashi, Karen Costa Guedes do Nascimento, David Normando

87 Avaliação da resistência ao cisalhamento de braquetes da técnica lingual colados sobre superfície cerâmica

Evaluation of shear strength of lingual brackets bonded to ceramic surfaces

Michele Balestrin Imakami, Karyna Martins Valle-Corotti, Paulo Eduardo Guedes Carvalho, Ana Carla Raphaelli Nahás Scocate

95 Educação e motivação em saúde bucal – prevenindo doenças e promovendo saúde em pacientes sob tratamento ortodôntico

Education and motivation in oral health – preventing disease and promoting health in patients undergoing orthodontic treatment

Priscila Ariede Petinuci Bardal, Kelly Polido Kaneshiro Olympio, José Roberto de Magalhães Bastos, José Fernando Castanha Henriques, Marília Afonso Rabelo Buzalaf

103 Análises microbiológicas de alicates ortodônticos

Microbiological analysis of orthodontic pliers

Fabiane Azeredo, Luciane Macedo de Menezes, Renata Medina da Silva, Susana Maria Deon Rizzatto, Gisela Gressler Garcia, Karen Revers

113 Avaliação cefalométrica dos efeitos do aparelho de protração mandibular (APM) associado à aparatologia fixa em relação às estruturas esqueléticas em pacientes portadores de má oclusão Classe II, 1ª divisão

Cephalometric evaluation of the effects of the joint use of a mandibular protraction appliance (MPA) and a fixed orthodontic appliance on the skeletal structures of patients with Angle Class II, division 1 malocclusion

Emmanuelle Medeiros de Araújo, Rildo Medeiros Matoso, Alexandre Magno Negreiros Diógenes, Kenio Costa Lima

125 Caso Clínico BBO / BBO Case Report

Má oclusão Classe II, 2ª divisão de Angle, tratada com exodontias de dentes permanentes

Angle Class II, division 2 malocclusion treated with extraction of permanent teeth

Sílvio Luís Dalagnol

136 Tópico Especial / Special Article

Critérios para o diagnóstico e tratamento estável da mordida aberta anterior

Criteria for diagnosing and treating anterior open bite with stability

Alderico Artese, Stephanie Drummond, Juliana Mendes do Nascimento, Flavia Artese

162 Normas para publicação / Information for authors

Sumário

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Dental Press J orthod 6 2011 May-June;16(3):6

Planejar é preciso, correr perigo não é preciso

E d i t o r i a l

Ao longo de anos orbitando assuntos na fron-teira das possibilidades ortodônticas, várias vezes respondi perguntas sobre os riscos dos tratamen-tos. Isso se iniciou junto com as primeiras aulas sobre ancoragem esquelética, há cerca de quinze anos. Olhos preocupados se atentavam — e ainda se atentam — para novas formas de tratar. É de se esperar essa preocupação, pois aqueles que são responsáveis têm receio de, com um novo tratamento, não atingir o resultado esperado. Isso é especialmente verdadeiro quando estamos à volta com tratamentos complexos, que envolvem novas etapas ou mais conhecimento. Mas será que necessariamente esses tratamentos oferecem maiores riscos?

É provável, vá lá, mas não sempre. Porém, para dar uma melhor resposta para essa pergunta, é muito importante esclarecer que existe uma gran-de diferença entre “correr perigo” e “correr risco”. Essa diferença é denominada planejamento. Pla-nejar envolve identificar exatamente o problema; compreender sua evolução e as consequências da sua não solução; estabelecer diferentes cenários de resolução e optar por um, de forma consciente; e, por fim, registrar passo a passo as ações que serão executadas. Na Segunda Guerra Mundial, o maior comandante das Forças Aliadas, general Dwight Eisenhower, uma vez disse: “Planos são nada, planejamento é tudo”.

Os novos recursos para o planejamento não se esgotam, e recentemente testemunhei um ex-celente exemplo disso. Em um congresso, assisti uma apresentação que está entre as melhores que já vi. Ela tratava de uma nova perspectiva

do diagnóstico das mordidas abertas anteriores, permitindo um planejamento de tratamento realmente focado na etiologia do problema. A pa-lestrante, Dra. Flávia Artese, mostrava o trabalho desenvolvido por seu pai, Prof. Alderico Artese, enquanto nós, audientes, nos encantávamos com as insólitas revelações do trabalho. É incrível que, na era de fantásticos diagnósticos por imagem e exames sofisticadíssimos, uma nova forma de diagnóstico — e para um problema tão antigo — seja trazida à baila pelas mãos da observação crítica e da inteligência aguçada.

O trabalho foi condensado para a seção Tópico Especial desse número. Nesse artigo observa-se que a falta de consenso sobre a etiologia da mordida aberta anterior originou tratamentos variados, o que provavelmente explica o alto índice de instabilidade pós-tratamento dessa má oclusão. E mais, ele oferece critérios de diagnós-tico e tratamento da mordida aberta baseados nas diferentes posturas de língua. Algo tão claro que choca o fato de ninguém ter percebido isso antes.

Novamente: planos são nada, planejamento é tudo. Mas como podemos planejar se sequer entendemos a causa do problema? Sugiro for-temente a leitura desse artigo, que marcará a literatura sobre essa que é uma das anomalias de mais difícil correção.

Boa leitura.

Jorge [email protected]

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Imagens do paciente

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10 | 11 | 12 | NOV | 2011 | CENTRO DE CONGRESSOS DE LISBOA | PORTUGAL

GOLD SPONSORS PATROCINADORES OFICIAIS

JORGE FABER | BR ORTODONTIA

CONFERENCISTA CONVIDADO

Page 13: v16n3-pt

Albino TriacaAlemanha

Eustáquio AraújoEstados Unidos

Giuseppe ScuzzoItália

James McNamaraEstados Unidos

Marco RosaItália

Martim PalomoEstados Unidos

Rolf BehrentsEstados Unidos

Stephen YenEstados Unidos

Leena PalomoEstados Unidos

ApoioRealização Patrocínio Organização Agência Oficial

abor abormg

twitter.com/abormg

[ [Inscreva seu Trabalho Científico:

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[email protected]@americanortho.com

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RealizaçãoRealization

PromoçãoPromotion

ApoioInstitutional Support

Uma programação científica voltada para a prática avançada da Ortodontia

e da Ortopedia Funcional dos Maxilares.

A scientific agenda focused on the advancedpractice of Orthodontics and the Functional

Orthopedics of the Maxillaries.

Informações adicionais e adesões / Additional information and enrollments 55 11 2168-3400 (Camila Adrieli) – [email protected]

Programação científica completa e adesões on-line / Complete scientific agenda and on-line enrollmentswww.ortociencia.com.br/ortonews

Um encontro para quem é Mais. Participe. Virada de preço em 3/6.A meeting for someone who is More. Participate. Enrollment fee will change on June 3rd.

15 a 17 de setembro • 2011 • Anhembi • São PauloSeptember 15 thru 17, Anhembi Convention Center, Sao Paulo, Brazil

Módulo/module 1: Finalização ortodôntica: estética e oclusão / Orthodontic completion: esthetics and occlusionMinistradores/lecturers: Ana Carla Nahás; Flávio Vellini Ferreira; Weber Ursi; Flavio Cotrim-Ferreira

Módulo/module 2: Tratamento ortodôntico de más-oclusões assimétricas / Orthodontic treatment of bad asymmetric occlusionsMinistradores/lecturers: Arno Locks; Marcos Janson; Maurício Sakima; Guilherme Janson

Módulo/module 3: O estado da arte na Ortodontia – filosofia de tratamento ortodôntico MBT – uma Ortodontia ao alcance de todos / The state-of-the-art in Orthodontics – philosophy of the MBT orthodontic treatment – Orthodontics that everyone can affordMinistradores/lecturers: Ricardo Moresca; Reginaldo Zanelato Trevisi; Cristina Domingues; Hugo Trevisi

Módulo/module 4: Disgenesias: visão contemporânea do diagnóstico; bases biológicas para compreensão, orientação e tratamento / Dysgenesis, contemporary vision of the diagnosis; biological bases for understanding, guidance and treatmentMinistradores/lecturers: Alberto Consolaro; Daniela Garib; Maurício Cardoso; Leopoldino Capelozza Filho

700 places

320 already completed

RealizaçãoRealization

PromoçãoPromotion

ApoioInstitutional Support

Uma programação científica voltada para a prática avançada da Ortodontia

e da Ortopedia Funcional dos Maxilares.

A scientific agenda focused on the advancedpractice of Orthodontics and the Functional

Orthopedics of the Maxillaries.

Informações adicionais e adesões / Additional information and enrollments 55 11 2168-3400 (Camila Adrieli) – [email protected]

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Um encontro para quem é Mais. Participe. Virada de preço em 3/6.A meeting for someone who is More. Participate. Enrollment fee will change on June 3rd.

15 a 17 de setembro • 2011 • Anhembi • São PauloSeptember 15 thru 17, Anhembi Convention Center, Sao Paulo, Brazil

Módulo/module 1: Finalização ortodôntica: estética e oclusão / Orthodontic completion: esthetics and occlusionMinistradores/lecturers: Ana Carla Nahás; Flávio Vellini Ferreira; Weber Ursi; Flavio Cotrim-Ferreira

Módulo/module 2: Tratamento ortodôntico de más-oclusões assimétricas / Orthodontic treatment of bad asymmetric occlusionsMinistradores/lecturers: Arno Locks; Marcos Janson; Maurício Sakima; Guilherme Janson

Módulo/module 3: O estado da arte na Ortodontia – filosofia de tratamento ortodôntico MBT – uma Ortodontia ao alcance de todos / The state-of-the-art in Orthodontics – philosophy of the MBT orthodontic treatment – Orthodontics that everyone can affordMinistradores/lecturers: Ricardo Moresca; Reginaldo Zanelato Trevisi; Cristina Domingues; Hugo Trevisi

Módulo/module 4: Disgenesias: visão contemporânea do diagnóstico; bases biológicas para compreensão, orientação e tratamento / Dysgenesis, contemporary vision of the diagnosis; biological bases for understanding, guidance and treatmentMinistradores/lecturers: Alberto Consolaro; Daniela Garib; Maurício Cardoso; Leopoldino Capelozza Filho

700 places

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Dental Press J orthod 19 2011 May-June;16(3):19

10 | 11 | 12 | NOV | 2011 | CENTRO DE CONGRESSOS DE LISBOA | PORTUGAL

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C a l E n d á r i o d E E v E n t o S

2º CIOMT – Congresso Internacional de Odontologia de Mato GrossoData: 15, 16 e 17 de setembro de 2011Local: Hotel fazenda Mato Grosso - cuiabá / MTinformações: (65) 3321-4428 / 3624-5212 www.ipeodonto.com.br

Congresso Internacional de Ortodontia, Implantodontia e Cirurgia OrtognáticaData: 4 e 5 de novembro de 2011Local: Vale do Paraíba / SPinformações: (11) 4368-5678

15º Encontro AOA - “De Volta Para o Seu Futuro”Data: 26 e 27 de agosto de 2011Local: Hotel fazenda Salto Grande - Araraquara / SPinformações: (16) 3397-4924 [email protected]

XX Congresso OMD (Ordem dos Médicos Dentistas)Data: 10, 11 e 12 de novembro de 2011Local: centro de congressos de Lisboa - Portugalinformações: www.omd.pt/congresso

2º Congresso Internacional MBTData: 25, 26 e 27 de agosto de 2011Local: Abzil - São José do rio Preto /SPinformações: (18) 3222-4285 [email protected]

8º Congresso da Associação Brasileira de Ortodontia e Ortopedia FacialData: 12 a 15 de outubro de 2011Local: Belo Horizonte / MGinformações: www.congressoabor2011.com.br/

1º Congresso Internacional FASURGS - Cirurgia Bucomaxilofacial, Implantodontia e OrtodontiaData: 12, 13 e 14 de novembro de 2011Local: fASUrGS - Passo fundo / rSinformações: (54) 3312-4121 www.fasurgs.edu.br/congresso

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Dental Press J orthod 20 2011 May-June;16(3):20-1

a C o n t E C i m E n t o S

Congresso AAO Chicago 2011

A Dental Press esteve presente no 111° Congresso da AAO (Associação Americana de Ortodontistas), que foi realizado entre os dias 13 e 17 de maio em Chicago (EUA). Durante o evento, a Editora apresentou a versão do Dental Press Journal of Orthodontics para iPad, a primeira revista do segmento para tablets.

Drs. Vincent Kokich, rachel furquim, Teresa fur-quim e Adilson ramos.

Drs. Patricia e Márcio Almeida rodrigues. Drs. Merian L. de Moura e Ertty Silva.

Participaram da reunião: presidente do ABo, Barry S. Briss; presi-dente do BBo, Ademir roberto Brunetto. os diretores: Deocleciano da Silva carvalho, Sadí flávio Horst, Eustáquio Afonso Araújo, ro-berto rocha, carlos Alberto Estevanell Tavares, Jonas capelli Junior, roberto carlos Bodart Brandão, além dos ex-presidentes roberto Mário Amaral Lima filho, carlos Jorge Vogel, José Nelson Mucha e Telma Martins de Araújo.

Drs. Telma Martins de Araújo e carlos Vogel.

Drs. Teresa furquim, Larry White e rachel furquim.

Durante o Congresso da AAO, em Chicago/EUA, na manhã de segunda-feira, 16 de maio, no Hotel Península, foi realizada uma reunião históri-ca. O encontro entre diretores e ex-presidentes do Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial (BBO) e diretores do American Board of Orthodon-tics (ABO). Na pauta da reunião, a discussão sobre as razões para a certificação do Board, entre elas a elevação da qualidade dos tratamentos e a proteção do público. Foi uma oportunidade extremamente positiva, com vários questionamentos e a promes-sa de apoio, em todos os sentidos, da ABO para a consolidação e aprimoramento do Board Brasileiro.

Board Brasileiro em reunião com o Board Americano, em Chicago

Drs. Guilherme Janson, Tassiana Simão, Ajalmar e Nair Maia.

Dr. Marcos Janson.

Drs. rachel furquim, Kurt faltin Jr. e Merian L. de Moura.

Drs. Will A. Andrews, Thiene e David Normando.

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Dental Press J orthod 21 2011 May-June;16(3):20-1

7º Encontro Abzil/ 3M de Ortodontia IndividualizadaFoi realizado em Belém (PA), entre os dias 26 e 28 de maio, o 7º Encontro de Ortodontia Individualiza-

da, com a presença dos palestrantes Leopoldino Capelozza Filho, Laurindo Furquim, Jesus M. Pinheiro Jr., Silvia Braga Reis, Sérgio Luiz de Azevedo Silva, José Valladares Neto e David Normando. O Prof. Capelozza apresentou o livro “Metas Terapêuticas Individualizadas”, sua segunda publicação pela editora Dental Press.

Dra. Diana A. Athayde fernandes com o Dr. Leo-poldino capelozza.

Dras. Thiene Normando e Sílvia reis. organizadores e professores do evento.

Dras. Marília Guimarães e fernanda Pinheiro. Drs. Murilo Neves e rafael Simas. Drs. iara reis, Yuri Sasai, Laurindo furquim e So-cene Veloso.

Dra. Mielli Teixeira e Silva ao lado da Dra. Mara Sandra ferrais Tobias.

Drs. Eduardo Maranhão, Eurico correia, Jesus Maués P. Junior e Theodorico Neto.

Drs. Adriana V. M. da Silva e Edilson da Silva.

Dras. Hellen G. A. Santos e Lucyana Azevedo. Dras. roberta f. Marbá e renata B. Neri. Dr. Leopoldino capelozza autografando livro para a Dra. carolina Lima.

Acontecimentos

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Dental Press J orthod 22 2011 May-June;16(3):22-4

o q u E h á d E n o v o n a o d o n t o l o g i a

a cefalometria é um importante preditor de Distúrbios respiratórios do sono em crianças

Os Distúrbios Respiratórios do Sono (DRS) têm sido estudados e tratados há muito tempo em adultos, porém pouca atenção tem sido dada às crianças, que podem apresentar DRS tão gra-ves quanto os adultos. Esses problemas merecem muita atenção dos responsáveis e dos profissionais que têm a oportunidade de tratá-los durante a infância, pois as consequências para o dia-a-dia, como menor rendimento escolar e hiperativida-de, podem ter profundo impacto na formação do indivíduo, além, é claro, da repercussão na saúde.

Devido à relevância do problema, pesquisa-dores avaliaram as características cefalométricas de crianças com DRS1. A cefalometria é uma importante ferramenta na morfometria da face e está disponível em praticamente todo o mun-do. A amostra incluiu 70 crianças (34 meninos e 36 meninas, média de idade 7,3±1,72 anos) com ronco habitual e sintomas de distúrbio obstruti-vo do sono por mais de 6 meses. Com base nos achados da polissonografia noturna, os indivíduos foram subdivididos em grupos de 26 crianças com diagnósticos de apneia obstrutiva do sono (AOS), 17 com sinais da síndrome de resistência das vias aéreas superiores (SRVAS), e 27 com ronco. Um grupo controle de 70 crianças sem obstrução, pa-readas por idade e sexo, foi selecionado. Radiogra-fias laterais do crânio foram realizadas e cefalogra-mas foram traçados e medidos.

As crianças com DRS foram caracterizadas por uma mandíbula mais curta (P = 0,001) e com inclinação aumentada em relação ao plano palatal (P = 0,01). A altura facial anterior era au-mentada em relação aos controles (P = 0,019), bem como a altura facial inferior (P = 0,005). O palato mole era mais longo (P = 0,018) e espesso (P = 0,002). As vias aéreas tinham menor diâme-tro aos níveis da naso e orofaringe, porém maior diâmetro da orofaringe ao nível da base da língua (P = 0,011). A posição do osso hioide era mais inferior (P < 0,001), e os ângulos craniocervicais maiores, quando comparados com o grupo con-trole sem obstrução.

Quando divididos em subgrupos conforme a gravidade da doença, crianças com AOS desvia-ram significativamente das crianças do grupo con-trole, especialmente nas variáveis da orofaringe. Crianças com SRVAS e ronco também desviaram dos controles, porém os subgrupos com obstrução não foram confiavelmente distinguidos uns dos outros pelas medidas cefalométricas. Uma análise de regressão logística mostrou que SRVAS e AOS estão associadas com a diminuição do diâmetro fa-ringeano no nível das adenoides e da extremidade da úvula, com o aumento do diâmetro no nível da base da língua, e possuem palato mole espesso. Além disso, há um posicionamento anteriorizado da maxila em relação à base do crânio.

Jorge faber*, flávia velasque**

* Professor Adjunto de Ortodontia – Universidade de Brasília. ** Ortodontista e Odontopediatra em clínica privada.

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i n S i g h t o r t o d ô n t i C o

reabsorção óssea à distância na movimentação ortodôntica: quando se inicia e o como ocorre a reorganização periodontal

alberto Consolaro*, lysete Berriel Cardoso**, angela mitie otta kinoshita***, leda aparecida francischone***, milton santamaria Jr****, ana Carolina Cuzuol fracalossi*****, vanessa Bernardini maldonado******

A movimentação dentária induzida por apa-relhos ortodônticos constitui-se em um dos pro-cedimentos terapêuticos mais aplicados na clínica odontológica. A procura da estética e da funcio-nalidade bucal e dentária requer o tratamento or-todôntico, o qual, muito frequentemente, está as-sociado às reabsorções radiculares — que podem, em situação extrema, levar à perda dentária e/ou ao comprometimento periodontal.

O conhecimento da biologia da movimentação dentária induzida implica em reconhecer os fenô-menos teciduais, celulares e moleculares a cada dia de sua evolução. Assim, poder-se-á interferir de forma segura e consciente com medicação, pro-cedimentos e intervenções para otimizar o trata-mento ortodôntico e o conforto do paciente, redu-zir as reabsorções radiculares ou evitá-las e, ainda, viabilizar o tratamento ortodôntico para pacientes sistemicamente comprometidos.

O modelo experimental de movimentação dentária induzida de Heller e Nanda5 está uni-versalmente consagrado3,10 pela sua utilização na maioria das pesquisas sobre o assunto, em decor-rência da viabilidade de extrapolação dos resul-tados para a clínica ortodôntica (Fig. 1). Quanto maior a padronização e detalhamento desse mo-delo experimental, maior será sua aplicabilidade

e potencialidade de extrapolação de resultados. Melhorar esse modelo implica em aperfeiçoar esta fonte de conhecimentos sobre a biologia da movi-mentação dentária induzida3,10.

Em geral, nos primeiros trabalhos os tempos experimentais se estendiam até o quinto ou séti-mo dia7,8,9,13. Depois desse período, quais eram os fenômenos teciduais nas raízes do primeiro molar superior murino submetidas a forças intensas e nas quais apresentava-se reabsorção óssea à distância? Havia questionamentos que os trabalhos anterio-res4,6,10,11 nesse modelo não responderam, como:

» As reabsorções radiculares associadas ao mo-vimento dentário experimentalmente indu-zido estão mais relacionadas à reabsorção ós-sea frontal ou à reabsorção óssea à distância?

» Em que tempo as áreas de hialinização são eliminadas e o ligamento periodontal inicia seu processo de reorganização?

» Quando e como ocorre a substituição da cor-tical óssea alveolar reabsorvida para reinserir o ligamento periodontal?

» As áreas hialinizadas do tecido conjuntivo são fagocitadas, reabsorvidas ou circunscritas?

» Em que locais a reabsorção radicular ocorre em relação às áreas hialinas: imediatamente próximos ou distantes das áreas hialinas?

* Professor Titular da FOB e da Pós-graduação da FORP-USP. ** Professora de Histologia da Faculdade Anhanguera de Bauru. *** Professora da Universidade Sagrado Coração - Programa de Biologia Oral. **** Professor da Universidade de Araras – Programa de Ortodontia. ***** Mestre em Patologia Bucal pela FOB e Doutora pela UNIFESP. ****** Mestre em Odontopediatria pela FORP-USP.

Como citar este artigo: Consolaro A, Cardoso LB, Kinoshita AMO, Francischone LA, Santamaria Jr M, Fracalossi ACC, Maldonado VB. Reabsorção óssea à distância na movimentação ortodôntica: quando se inicia e o como ocorre a reorganização periodontal. Dental Press J Orthod. 2011 May-June;16(3):25-31.

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consolaro A, cardoso LB, Kinoshita AMo, francischone LA, Santamaria Jr M, fracalossi Acc, Maldonado VB

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considerações finaisNas conclusões do referido trabalho, verificou-

se que: 1. Aos 3 dias de movimentação dentária indu-

zida por forças intensas, a reabsorção óssea à distância ainda não se iniciou na maioria dos espécimes examinados, mas em alguns notavam-se discretos focos com unidades osteorremodeladoras instaladas (Fig. 4).

2. Apenas aos 5 dias havia clastos de unidades osteorremodeladoras instaladas nas superfí-cies ósseas circunvizinhas e na periferia das áreas hialinas. Nesse período, a reabsorção radicular ainda era incipiente e limitada ao cemento (Fig. 5).

3. Aos 7 dias, a reabsorção óssea à distância ocorre plenamente nas superfícies das trabé-culas e cortical alveolar, mas distantes e sub-jacentes à cortical óssea alveolar associada ao segmento do ligamento periodontal hia-linizado (Fig. 6). A reabsorção óssea no mo-

vimento ortodôntico, quando induzido por forças leves/moderadas, ocorre na superfície da cortical óssea alveolar em frente à área de compressão do ligamento periodontal, sendo, por isso, denominada reabsorção ós-sea frontal. Na reabsorção óssea à distância, a cortical óssea alveolar está sendo solapada em suas ligações com o osso vizinho e subja-cente, pela ação de numerosas unidades oste-orremodeladoras. As reabsorções radiculares estão ativas e ocorrendo em maior extensão, afetando a dentina mais profundamente.

4. Aos 9 dias de movimentação dentária indu-zida com forças intensas, as áreas hialinas já foram e continuam sendo parcialmente reab-sorvidas (Fig. 7, 8). O ligamento periodontal está se reorganizando. A cortical óssea alveo-lar solapada mostra apenas sinais isolados de sua existência anterior, pois está sendo refor-mada completamente. As reabsorções radi-culares ainda estavam ocorrendo ativamente.

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3. Consolaro A. Reabsorções dentárias nas especialidades clínicas. 2ª ed. Maringá: Dental Press; 2005.

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endereço para correspondênciaalberto Consolaroe-mail: [email protected]

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E n t r E v i S t a

Uma entrevista com James A. McNamara Jr.

Conheci James A. McNamara Jr. no final dos anos 70, quando nós dois nos tornamos membros efetivos da Edward H. Angle Society of Orthodontists - Midwest. Jim é um dos membros mais ativos, sempre procurando romper fronteiras com trabalhos novos. Nestes mais de 30 anos, eu o vi sendo agraciado com todos os prêmios e honrarias existentes no campo da Ortodontia. Conhecendo sua capacidade e persistência, tenho certeza de que, se no futuro forem instituídos outros prêmios, Jim estará lá para, com todo mérito, conquistá-los. É afortunado por possuir uma família que o apoia e incentiva: sua mulher Charlene, que o acompanha em todas as viagens, e Laurie, sua filha e colega, hoje sócia em sua clínica. Além da Ortodontia, é apaixonado por golfe e fotografia.

Meus sinceros agradecimentos aos colegas Bernardo Quiroga Souki, José Maurício de Barros Vieira, Roberto Mario Amaral Lima Filho, Weber Ursi e Carlos Alexandre Câmara, que aceitaram o convite para elaborar perguntas que facili-taram o desenvolvimento do roteiro desta entrevista. Espero que os leitores experimentem o mesmo prazer e satisfação que eu senti ao ler as respostas. Jim conseguiu mostrar o crescimento e amadurecimento de sua carreira clínica, baseado em evidências científicas, com uma clareza e simplicidade que o fazem, além de clínico e pesquisador emérito, um dos melhores conferencistas da atualidade.

Agradeço à Dental Press pela oportunidade de conduzir esta entrevista e desejo a todos uma boa leitura.

Carlos Jorge Vogel

• Graduado em Odontologia e Ortodontia pela University of California, San Francisco.• Doutor em Anatomia pela University of Michigan.• Professor da Cadeira Thomas M. e Doris Graber, no Departamento de

Ortodontia e Odontopediatria - University of Michigan.• Professor de Biologia Celular e Desenvolvimento - University of Michigan. • Professor Pesquisador no Centro para Crescimento e Desenvolvimento

Humano na University of Michigan. • Autor do livro “Orthodontics and Dentofacial Orthopedics”.• Prêmio Milo Hellman Research (AAO - 1973).• Conferencista E. Sheldon Friel (Sociedade Europeia de Ortodontia - 1979).• Prêmio Jacob A. Salzmann (AAO - 1994).• Prêmio James E. Brophy (AAO - 2001).• Conferencista Valentine Mershon (AAO - 2002).• Prêmio Albert H. Ketcham (AAO - 2008).• Diplomado pelo American Board of Orthodontics - ABO.• Fellow do American College of Dentists.• Ex-Presidente da Edward H. Angle Society of Orthodontists - Midwest.• Editor-Chefe da série “Craniofacial Growth Monograph” - publicada pela University of Michigan.• Mais de 250 artigos publicados.• Escreveu, editou ou contribuiu com mais de 68 livros.• Ministrou cursos e conferências em 37 países.

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McNamara JA Jr

Dental Press J orthod 51 2011 May-June;16(3):32-53

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Dental Press J orthod 52 2011 May-June;16(3):32-53

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McNamara JA Jr

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Carlos Alexandre Câmara

- especialista em ortodontia pela Universidade estadual do rio de Janeiro - UerJ.

- Diplomado pelo Board Brasileiro de ortodontia e ortopedia facial.

- Consultor Científico da revista Dental Press de estética.

Roberto Mario Amaral Lima Filho

- Pós-graduado em ortodontia pela Universidade de illinois, Chicago, eUa.

- mestrado e Doutorado pela Universidade federal do rio de Janeiro – UfrJ.

- Diplomado pelo american Board of orthodontics – aBo.- membro da edward H. angle society of orthodontists -

midwest.- ex-Diretor Presidente do Board Brasileiro de ortodontia e

ortopedia facial – BBo.- autor do livro “ortodontia: arte e Ciência”.

Weber Ursi

- mestrado e Doutorado pela Universidade de são Paulo – UsP, Bauru.

- Professor livre-Docente pela UnesP – são José dos Campos.

- Coordenador do Curso de especialização em ortodontia – aPCD / são José dos Campos.

- editor interino – revista Clínica de ortodontia Dental Press.

Bernardo Quiroga Souki

- especialista em odontopediatria pela faculdade de odontologia de ribeirão Preto - UsP.

- especialista em ortodontia pela PUC minas.- mestre em odontopediatria pela Ufmg.- Doutor em Ciências da saúde pela Ufmg.- Professor adjunto iii do Curso de mestrado em

ortodontia da PUC minas.

José Maurício de Barros Vieira

- mestre e especialista em ortodontia pela PUC minas. - Professor adjunto iii do Curso de mestrado em

ortodontia da PUC minas.- Diplomado pelo Board Brasileiro de ortodontia e

ortopedia facial.- ex-Presidente da aBor-mg.

Endereço para correspondênciaJames a. mcnamara [email protected]

Carlos Jorge Vogel

- Pós-graduado em ortodontia pela University of illinois, Chicago, eUa.

- Doutor pela Universidade de são Paulo – UsP.- membro da edward H. angle society of orthodontists –

midwest.- Diplomado pelo Board Brasileiro de ortodontia e

ortopedia facial – BBo.- ex-Diretor Presidente do Board Brasileiro de ortodontia e

ortopedia facial – BBo.

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a r t i g o o n l i n E *

* acesse www.dentalpress.com.br/revistas para ler o artigo na íntegra.

imaginologia da articulação temporomandibular durante o tratamento ortodôntico: uma revisão sistemática

eduardo machado**, renésio armindo grehs***, Paulo afonso Cunali****

** Especialista em Disfunções Temporomandibulares (DTM) e Dor Orofacial pela UFPR. Graduado em Odontologia pela UFSM. *** Doutor em Ortodontia e Ortopedia Facial pela UNESP/Araraquara – SP. Professor dos Cursos de Graduação e Pós-graduação em Odontologia

da UFSM. **** Doutor em Ciências pela UNIFESP. Professor dos Cursos de Graduação e Pós-graduação em Odontologia da UFPR. Coordenador do Curso de

Especialização em DTM e Dor Orofacial da UFPR.

Introdução: a evolução da Imaginologia na Odontologia propiciou uma série de vantagens para o diagnóstico e elaboração de planos de tratamento em diversas especialidades. Exames como ressonância magnética nuclear, tomografia computadorizada e tomografia volumétrica Cone Beam, bem como métodos de reconstrução em 3D, permitiram analisar de forma precisa estruturas orofaciais. Aliado a esse fato, com a realização de estudos clínicos com metodologias e desenhos adequados, pode-se avaliar os efeitos do tratamento ortodôntico sobre a articula-ção temporomandibular (ATM). Objetivo: esse trabalho, através de uma revisão sistemática de literatura, teve como objetivo analisar a inter-relação entre o tratamento ortodôntico e a ATM, verificando se a Ortodontia acarreta alguma alteração das estruturas internas da ATM. Métodos: levantamento em bases de pesquisa (MEDLINE, Cochrane, EMBASE, Pubmed, Lilacs e BBO), entre os anos de 1966 e 2009, com enfoque em estudos clínicos randomizados, estudos longitudinais prospectivos não randomizados, revisões sistemáticas e meta-análises. Resultados: após a aplicação dos critérios de inclusão, chegou-se a 14 artigos, sendo que 2 eram estudos clínicos randomizados e 12 eram estudos longitudinais sem critérios de rando-mização. Conclusões: pela análise da literatura, conclui-se que a realização do tratamento or-todôntico não ocorre à custa de posicionamentos não fisiológicos do côndilo e disco articular. Algumas mecânicas podem acarretar remodelações dos componentes ósseos articulares.

Resumo

Palavras-chave: Articulação temporomandibular. Síndrome da disfunção da articulação temporoman-dibular. Transtornos da articulação temporomandibular. Ortodontia. Imagem por ressonância Magné-tica. Tomografia.

Como citar este artigo: Machado E, Grehs RA, Cunali PA. Imaginologia da articulação temporomandibular durante o tratamento ortodôntico: uma revisão sistemática. Dental Press J Orthod. 2011 May-June;16(3):54-6.

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que avaliaram os efeitos do tratamento orto-dôntico na ATM; estudos clínicos randomizados (RCTs), estudos longitudinais prospectivos não randomizados, revisões sistemáticas e meta-aná-lises; estudos em que o tratamento ortodôntico já estivesse finalizado nas amostras analisadas; estudos escritos nos idiomas inglês e espanhol.

Após a aplicação dos critérios de inclusão se obteve 14 estudos, sendo 2 estudos clínicos randomizados e 12 estudos longitudinais sem critérios de randomização. Entre os estudos se-lecionados, 11 eram baseados em imagens de ressonância magnética; e 3, em imagens de to-mografia computadorizada.

Os autores concluem, com a realização dessa revisão sistemática, que a Ortodontia, quando utilizada de forma correta, não acarreta efeitos adversos à ATM. Ainda, a aplicação de forças durante determinadas mecânicas ortodônticas, especialmente situações ortopédicas, pode acar-retar alterações no crescimento condilar e em estruturas ósseas da ATM.

Os autores finalizam o artigo salientando que é necessária a realização de novos estudos clínicos randomizados, de natureza longitudi-nal e intervencionista, para que se determinem associações causais mais precisas, dentro de um contexto de uma Odontologia Baseada em Evi-dências Científicas.

Resumo do editor Os efeitos do tratamento ortodôntico sobre a

Articulação Temporomandibular (ATM) é tema de dúvidas e discussões até os dias atuais. Muitas dessas dúvidas persistem em virtude da utiliza-ção de exames radiográficos convencionais, os quais apresentam limitações. Com o advento de exames de imagens com especificidade, sensibi-lidade e maior precisão na reprodução das es-truturas anatômicas articulares, tais como a res-sonância magnética nuclear (RMN), tomografia computadorizada (TC) e tomografia volumétri-ca Cone Beam (TVCB), bem como métodos de reconstrução em 3D, essa inter-relação pode ser avaliada com maior exatidão.

A proposta dos autores com esse artigo foi analisar, dentro de um contexto de uma Odon-tologia baseada em evidências científicas, quais as implicações que a Ortodontia acarreta na ATM e, especificamente, verificar quais as modi-ficações na posição condilar e do disco articular, bem como alterações morfológicas articulares que ocorrem devido ao tratamento ortodôntico.

Para tal, foi realizada busca nas bases de da-dos MEDLINE, Cochrane, EMBASE, Pubmed, Lilacs e BBO, no período compreendido de 1966 a fevereiro de 2009. Os critérios de in-clusão para a seleção dos artigos foram: estudos baseados em imagens de RMN, TC e/ou TVCB,

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imaginologia da articulação temporomandibular durante o tratamento ortodôntico: uma revisão sistemática

Endereço para correspondênciaeduardo machadorua francisco trevisan 20, nossa sra. de lourdes CeP: 97.050-230 - santa maria / rse-mail: [email protected]

Questões aos autores

1) O fato da maioria dos artigos ter utili-zado aparelhos ortopédicos nos faz pensar que o tratamento realizado tenha sido exe-cutado em pacientes em crescimento. com isso, pergunto: em paciente adulto, os re-sultados seriam os mesmos?

Em estudos envolvendo pacientes adultos nos quais foi realizado acompanhamento por exames de imagens, também foi verificado que o correto relacionamento oclusal pós-tratamento ortodôntico não foi obtido às custas de altera-ções no complexo côndilo-disco articular. A es-ses resultados baseados em exames de imagens, somam-se os achados de estudos clínicos, os quais também forneceram evidências de que a Ortodontia não consiste em uma forma de de-sencadeamento, prevenção e tratamento para Disfunções Temporomandibulares (DTM).

2) na discussão do artigo, vocês citam que, em alguns casos de DTM, uma melhora pode ser obtida em decorrência do tratamento ortodôntico. a que se deve essa melhora?

É importante ser salientado que os achados des-ses estudos são apenas sugestivos, visto que o ob-jetivo primário dos estudos não era avaliar a Orto-dontia como possível opção terapêutica para DTM.

Ainda, se faz necessário ressaltar que as evidências científicas apontam que o tratamento ortodôntico não consiste em uma forma de prevenção nem de tratamento para sinais e sintomas de DTM. Frente a pacientes com DTM, a opção de tratamento re-cai sobre terapêuticas conservadoras, minimamen-te invasivas e reversíveis.

3) Quais seriam as maiores dificuldades em se realizar um estudo clínico controlado ran-domizado avaliando a inter-relação entre DTM e tratamento ortodôntico?

Já é consenso na literatura que protocolos de tratamento para Disfunções Temporoman-dibulares devem ser pautados em terapêuticas conservadoras, reversíveis e minimamente inva-sivas. Dessa forma, a realização de estudos clíni-cos randomizados esbarra em limitações éticas e práticas, pois alguns participantes deixariam de receber um tratamento benéfico, além do que algumas situações não podem ser pesquisa-das com essa metodologia. Assim, terapias que alterem de forma irreversível o padrão oclusal, como a Ortodontia, iriam prover ao paciente um tratamento que não apresenta embasamen-to científico que o sustente, e que alteraria a oclusão de forma irreversível, sendo que os tra-tamentos conservadores disponíveis apresentam efetividade no controle e tratamento das DTM.

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a r t i g o i n é d i t o

imaginologia da articulação temporomandibular durante o tratamento ortodôntico: uma revisão sistemática

Introdução: a evolução da Imaginologia na Odontologia propiciou uma série de vantagens para o diagnóstico e elaboração de planos de tratamento em diversas especialidades. Exames como ressonância magnética nuclear, tomografia computadorizada e tomografia volumétrica Cone Beam, bem como métodos de reconstrução em 3D, permitiram analisar de forma precisa estruturas orofaciais. Aliado a esse fato, com a realização de estudos clínicos com metodologias e desenhos adequados, pode-se avaliar os efeitos do tratamento ortodôntico sobre a articula-ção temporomandibular (ATM). Objetivo: esse trabalho, através de uma revisão sistemática de literatura, teve como objetivo analisar a inter-relação entre o tratamento ortodôntico e a ATM, verificando se a Ortodontia acarreta alguma alteração das estruturas internas da ATM. Métodos: levantamento em bases de pesquisa (MEDLINE, Cochrane, EMBASE, Pubmed, Lilacs e BBO), entre os anos de 1966 e 2009, com enfoque em estudos clínicos randomizados, estudos longitudinais prospectivos não randomizados, revisões sistemáticas e meta-análises. Resultados: após a aplicação dos critérios de inclusão, chegou-se a 14 artigos, sendo que 2 eram estudos clínicos randomizados e 12 eram estudos longitudinais sem critérios de rando-mização. Conclusões: pela análise da literatura, conclui-se que a realização do tratamento or-todôntico não ocorre à custa de posicionamentos não fisiológicos do côndilo e disco articular. Algumas mecânicas podem acarretar remodelações dos componentes ósseos articulares.

Resumo

Palavras-chave: Articulação temporomandibular. Síndrome da disfunção da articulação temporoman-dibular. Transtornos da articulação temporomandibular. Ortodontia. Imagem por ressonância Magné-tica. Tomografia.

INTRODUÇÃOOs efeitos do tratamento ortodôntico sobre a

articulação temporomandibular (ATM) ainda são tema de dúvidas e discussões. A utilização de exa-

mes complementares sempre foi uma constante na avaliação dessa inter-relação, sendo os exames radiográficos convencionais muito utilizados para avaliar as implicações do tratamento ortodôntico

eduardo machado*, renésio armindo grehs**, Paulo afonso Cunali***

* Especialista em Disfunções Temporomandibulares (DTM) e Dor Orofacial pela UFPR. Graduado em Odontologia pela UFSM. ** Doutor em Ortodontia e Ortopedia Facial pela UNESP/Araraquara – SP. Professor dos Cursos de Graduação e Pós-graduação em Odontologia

da UFSM. *** Doutor em Ciências pela UNIFESP. Professor dos Cursos de Graduação e Pós-graduação em Odontologia da UFPR. Coordenador do Curso de

Especialização em DTM e Dor Orofacial da UFPR.

Como citar este artigo: Machado E, Grehs RA, Cunali PA. Imaginologia da articulação temporomandibular durante o tratamento ortodôntico: uma revisão sistemática. Dental Press J Orthod. 2011 May-June;16(3):54.e1-7.

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sobre a ATM. Porém, essa modalidade de exame de imagem apresenta limitações, pois a ATM é uma das estruturas do corpo humano mais difícil de ser bem visualizada radiograficamente, devido às so-breposições de várias estruturas ósseas adjacentes. Assim, os efeitos da Ortodontia sobre as estruturas da ATM ainda permanecem controversos.

Com o advento de exames imaginológicos com especificidade, sensibilidade e maior precisão na reprodução das estruturas anatômicas articu-lares — tais como ressonância magnética nuclear (RMN), tomografia computadorizada e tomogra-fia volumétrica Cone Beam, bem como métodos de reconstrução em 3D —, essa inter-relação pode ser avaliada com maior exatidão. Somado a esse fato, teve-se a realização de estudos clínicos com desenhos e critérios metodológicos mais rigorosos, gerando maiores índices de evidências.

Dessa forma, o objetivo geral desse estudo, através da revisão sistemática da literatura, foi analisar, dentro de um contexto de uma Odon-tologia baseada em evidências científicas, quais as implicações que a Ortodontia acarreta na ATM; e, especificamente, verificar quais as modificações na posição do côndilo e do disco articular, bem como as alterações morfológicas articulares que ocorrem devido ao tratamento ortodôntico.

MATERIAL E MÉTODOS

Foi realizada uma busca computadorizada nas bases de dados MEDLINE, Cochrane, EMBASE, Pubmed, Lilacs e BBO no período compreen-dido de 1966 a fevereiro de 2009. Os descrito-res de pesquisa utilizados foram “orthodontics”, “orthodontic treatment”, “temporomandibular disorder”, “temporomandibular joint”, “cranio-mandibular disorder”, “tmd”, “tmj”, “magnetic resonance imaging” e “tomography”, os quais fo-ram cruzados nos mecanismos de busca. A lista inicial de artigos foi submetida à revisão por dois avaliadores, que aplicaram critérios de inclusão para determinar a amostra final de artigos, que foram avaliados pelo seu título e resumo. Caso

houvesse alguma discordância entre os resulta-dos dos revisores, um terceiro avaliador realizava a leitura do artigo completo.

Os critérios de inclusão para a seleção dos ar-tigos foram: » Estudos baseados em imagens de ressonância

magnética nuclear (RMN), tomografia com-putadorizada (TC) e/ou tomografia volumé-trica Cone Beam, que avaliaram os efeitos do tratamento ortodôntico na ATM. Estudos baseados somente em eletromiografias, cefa-lometrias e radiografias convencionais foram excluídos, bem como estudos que envolviam cirurgia ortognática.

» Estudos clínicos randomizados (RCTs), estu-dos longitudinais prospectivos não randomi-zados, revisões sistemáticas e meta-análises.

» Estudos em que o tratamento ortodôntico já estivesse finalizado nas amostras analisadas.

» Estudos escritos nos idiomas inglês e espanhol, e publicados entre 1966 e fevereiro de 2009.

Dessa forma, foram excluídos estudos trans-versais, relatos de caso clínico, série de casos, re-visões simples e opiniões de autores, bem como estudos no qual o tratamento ortodôntico ainda não tivesse sido concluído.

RESULTADOSApós a aplicação dos critérios de inclusão, ob-

tiveram-se 14 estudos, sendo o índice Kappa de concordância entre os revisores igual a 1,00. Desses estudos, 2 eram estudos clínicos randomizados e 12 eram estudos longitudinais sem critérios de rando-mização (Gráf. 1).

Entre os estudos selecionados, 11 eram basea-dos em imagens de ressonância magnética e 3 em imagens de tomografia computadorizada, confor-me demonstra o Gráfico 2. Nenhum estudo sele-cionado utilizou a tomografia volumétrica Cone Beam para avaliação da ATM.

A amostra de artigos selecionados pelos crité-rios metodológicos da revisão sistemática está dis-ponível no Quadro 1.

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Gráfico 1 - Delineamento dos estudos. Gráfico 2 - características dos estudos.

imagens de ressonância magnéticaEstudos clínicos randomizados

imagens de tomografia computadorizadaEstudos longitudinais sem randomização

QUADro 1 - Estudos baseados em exames de imagens de ressonância magnética, tomografia computadorizada e/ou tomografia volumétrica cone Beam.

L= longitudinal, P= prospectivo, rcT= estudo clínico randomizado, tt= tratamento, irM= imagem de ressonância magnética, Tc= tomografia computadori-zada, f= aparelhos fixos, Af= aparelhos funcionais, Me= mentoneira, EA= espaço articular, An= anterior, Po= posterior, ErM= expansão rápida da maxila.

Autores Ano de Publicação Desenho Tamanho da amostra

Exame imaginológico

Aparelhagem ortodôntica

utilizadaAlterações na ATM

Major et al.23 1997 P, L 35 tt Tc f Aumento EA An

ruf, Pancherz26 1998 P, L 15 tt irM Herbstremodelação

condilar e da fossa glenoide

ruf, Pancherz27 1999 P, L 39 tt irM Herbstremodelação

condilar e da fossa glenoide

carlton, Nanda6 2002 P, L 106 tt Tc f, Af Sem efeitos adversos

franco et al.9 2002 rcT 28 tt 28 não tt irM Af Sem efeitos

adversos

Gokalp, Kurt12 2005 P, L 13 tt 7 não tt irM Me remodelação

condilar

Kinzinger et al.21 2006 P, L 20 tt irM Af Sem efeitos adversos

Kinzinger et al.22 2006 P, L 20 tt irM Af Sem efeitos adversos

Kinzinger et al.19 2006 P, L 15 tt irM Af Sem efeitos adversos

Kinzinger et al.20 2007 P, L 20 tt irM Af Sem efeitos adversos

Arici et al.3 2008 rcT 30 tt30 não tt Tc Af Alterações nos EA,

An e Po

Arat et al.1 2008 P, L 18 tt irM f (ErM) Sem efeitos adversos

Arat et al.2 2008 P, L 18 tt irM f (ErM) Sem efeitos adversos

Wadhawan et al.30 2008 P, L 12 tt irM f, Af Sem efeitos adversos

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imaginologia da articulação temporomandibular durante o tratamento ortodôntico: uma revisão sistemática

DISCUSSÃOTorna-se cada vez mais importante analisar

a literatura corrente de uma maneira crítica e rigorosa, de modo a verificar-se qual o nível de evidência científica que a informação gera. A aplicação de critérios metodológicos de pes-quisa — como cálculo amostral, randomização, calibragem, cegamento e controle de fatores envolvidos — é extremamente importante para qualificar o nível de evidência gerada. E essas in-formações devem estar disponíveis para a apre-ciação e discussão do leitor28.

Atualmente, o acesso a informações cientí-ficas encontra-se disponível por meio das mais diferentes formas. Devido a essa facilidade, o conhecimento acerca da hierarquia dos níveis de evidência científica é essencial para avaliar a qualidade do estudo em questão. Assim, meta-análises, revisões sistemáticas e estudos clínicos randomizados ganham papel de destaque. Estar atento a esse fato é importante, visto que a gran-de maioria dos artigos publicados em periódicos brasileiros corresponde a estudos de baixo poten-cial de aplicação clínica direta.

A ressonância magnética (RMN) e a tomo-grafia computadorizada (TC) são métodos com maior acurácia diagnóstica em comparação à ra-diologia convencional, em virtude da maior reso-lução anatômica que proporcionam. A TC é o mé-todo ideal para a avaliação das estruturas ósseas, ao passo que a RMN possibilita o estudo de partes moles, incluindo o disco intra-articular. Os dois métodos frequentemente se completam no estudo das anormalidades das ATMs, constituindo-se em importantes instrumentos no diagnóstico diferen-cial das diversas doenças dessa região11.

A TC é o exame de escolha para avaliar as estru-turas ósseas da ATM, principalmente para o diag-nóstico de fraturas, deformações articulares, anqui-loses e tumores. Não há superposição de qualquer outra estrutura, permitindo a avaliação da qualida-de e densidade óssea5. Da mesma forma, a RMN é o padrão-ouro para a representação dos tecidos

moles e determinação da posição do disco articular da ATM17, permitindo informações sobre a posição, função e forma desse disco e condições dos tecidos musculares e ligamentos, além da avaliação da seve-ridade de várias afecções: traumas, artrites, artroses e degeneração neoplásica10.

Já a tomografia volumétrica de feixes cônicos (Cone Beam) permite a visualização de estruturas de dimensões reduzidas com um mínimo de ex-posição à radiação para o paciente e menor tempo operacional, em relação à TC. Essa modalidade de imagem tem emprego diverso, auxiliando no diag-nóstico e elaboração do plano de tratamento em diferentes especialidades odontológicas29. A tomo-grafia Cone Beam é de relevante importância no diagnóstico, localização e reconstrução de imagens tomográficas com excelente precisão, auxiliando nas decisões terapêuticas4.

Clinicamente, as evidências científicas apon-tam para uma tendência de não associação do tratamento ortodôntico com as Disfunções Tem-poromandibulares (DTM), ou seja, a Ortodontia não aumenta a prevalência de sinais e sintomas de DTM, com estudos longitudinais e experi-mental-intervencionistas7,8,13,14,15,16,25, bem como revisão sistemática24 e meta-análise18, atestando isso. Já através da análise de exames de imagem, de acordo com os critérios metodológicos adota-dos por esse estudo, verifica-se que a movimen-tação ortodôntica não acarreta efeitos adversos para a ATM6,9,19-22.

A revisão sistemática da literatura demonstra que o correto relacionamento oclusal entre os den-tes não ocasionou uma mudança na posição fisioló-gica dos côndilos e dos discos articulares na ATM quando analisados exames de RMN e TC19,21,22, sendo que, em alguns casos de DTM, uma melho-ra pode ser obtida em decorrência do tratamento ortodôntico9,19,22. Alguns estudos verificaram uma alteração da posição condilar3 e alterações dos volumes dos espaços articulares anterior e poste-rior3,23 devido à mecânica ortodôntica aplicada. Além disso, a utilização de mentoneira acarretou

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uma alteração morfológica no crescimento condi-lar, que pose estar associada à correção da má oclu-são esquelética juntamente com a remodelação na mandíbula12, assim como o aparelho de Herbst26,27.

A aplicação de diferentes mecânicas ortodôn-ticas não acarretou posicionamentos incorretos do complexo côndilo-disco articular. Mecânica de elásticos6,23, aparelhos extrabucais6, expansões rápidas da maxila com disjuntor de Haas1,2, apa-relho funcional de Frankel9, Bionator30, aparelhos funcionais ortopédicos fixos20,21,22, Twin Block30 e aparelho funcional de avanço mandibular19 não causaram alterações no posicionamento fisiológico do côndilo e disco articular, sendo que a realização de protocolos de exodontia, ou não, também não alterou essa situação6,23.

Grandes geradores de evidências científicas, os estudos clínicos randomizados foram encontra-dos em baixo número nessa revisão sistemática: apenas dois estudos3,9. Esse fato está associado a dificuldades na realização desse tipo de estudo em pacientes submetidos a tratamento ortodôntico, devido a questões éticas e práticas18. Da mesma forma, não foram selecionadas meta-análises e re-visões sistemáticas, após a aplicação dos critérios de inclusão. É importante salientar-se que todos os estudos selecionados apresentavam caráter de avaliação longitudinal, que é o desenho de estudo ideal para a verificação de fatores de risco, devido ao seu componente temporal28.

A utilização de exames de imagem — TC, to-mografia volumétrica Cone Beam e RMN — na prática ortodôntica, não somente para a avaliação da parte oclusal, mas também para estruturas ad-jacentes, tende a se tornar uma ferramenta bas-tante útil. Através da reconstrução 3D das super-fícies do côndilo e suas sobreposições, visualiza-ções detalhadas de mecanismos adaptativos e sua

avaliação não invasiva podem tornar-se possíveis na rotina clínica ortodôntica20. Através dessas modalidades de exames, aliadas ao conhecimen-to científico, o diagnóstico e a decisão terapêutica podem ser pautados e baseados em evidências, de modo a propiciar-se o tratamento mais adequado e seguro para o paciente.

CONCLUSÕES » Pela revisão sistemática da literatura, verifica-

se que o correto relacionamento oclusal, em decorrência do tratamento ortodôntico, não é obtido às custas de um posicionamento não fisiológico tanto do côndilo quanto do disco articular. Assim, a Ortodontia, quando utili-zada de forma correta, não acarreta efeitos adversos à ATM.

» A aplicação de forças durante determinadas mecânicas ortodônticas, especialmente situ-ações ortopédicas, pode acarretar alterações no crescimento condilar e em estruturas ós-seas da ATM. Assim, a aplicação da mecâ-nica deve ser realizada de forma adequada e deve-se ter conhecimento acerca dessas repercussões.

» Em alguns estudos, através da análise de exa-mes de imagens, observou-se que houve me-lhoras em situações de DTM preexistentes no início da terapia ortodôntica. Porém, esses dados são apenas sugestivos, necessitando-se de mais estudos clínicos randomizados para se obter conclusões mais precisas.

» É necessária a realização de novos estudos clínicos randomizados, de natureza longitu-dinal e intervencionista, para que se deter-minem associações causais mais precisas, dentro de um contexto de uma Odontologia Baseada em Evidências Científicas.

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imaginologia da articulação temporomandibular durante o tratamento ortodôntico: uma revisão sistemática

imaging from temporomandibular joint during orthodontic treatment: a systematic review

Abstract

Introduction: The evolution of imaging in dentistry has provided several advantages for the diagnosis and develop-ment of treatment plans in various dental specialties. Examinations as nuclear magnetic resonance, computed tomog-raphy and Cone Beam volumetric tomography, as well as 3D reconstruction methods, have enabled a precise analysis of orofacial structures. Allied to this fact, the effects of orthodontic treatment on temporomandibular joint (TMJ) could be evaluated with the accomplishment of clinical studies with appropriate designs and methodologies. Objective: This study, a systematic literature review, had the objective of analyzing the interrelation between orthodontic treat-ment and TMJ, verifying if orthodontic treatment causes changes in the internal structures of TMJ. Methods: Survey in research bases MEDLINE, Cochrane, EMBASE, Pubmed, Lilacs and BBO, between the years of 1966 and 2009, with focus in randomized clinical trials, longitudinal prospective nonrandomized studies, systematic reviews and meta-analysis. Results: After application of the inclusion criteria 14 articles were selected, 2 were randomized clinical trials and 12 longitudinal nonrandomized studies. Conclusions: According to the literature analysis, the data concludes that orthodontic treatment does not occur at the expense of unphysiological disc-condyle position. Some orthodontic mechanics may cause remodeling of articular bone components. Keywords: Temporomandibular joint. Temporomandibular joint dysfunction syndrome. Temporomandibular joint disorders. Orthodontics. Magnetic resonance imaging. Tomography.

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Endereço para correspondênciaeduardo machadorua francisco trevisan 20, nossa sra. de lourdes CeP: 97.050-230 - santa maria / rse-mail: [email protected]

Enviado em: fevereiro de 2009Revisado e aceito: maio de 2010

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a r t i g o o n l i n E *

* acesse www.dentalpress.com.br/revistas para ler o artigo na íntegra.

Citotoxicidade de soldas elétricas a ponto: estudo in vitro

rogério lacerda dos santos**, matheus melo Pithon***, leonard euler a. g. nascimento****, fernanda otaviano martins*****, maria teresa villela romanos******, matilde da Cunha g. nojima*******, lincoln issamu nojima*******, antônio Carlos de oliveira ruellas*******

Objetivo: o processo de solda envolve íons metálicos capazes de provocar lise celular. Dian-te disso, o objetivo deste estudo foi testar a hipótese de que existe citotoxicidade entre diferentes tipos de ligas (CrNi, TMA, NiTi) utilizadas em Ortodontia, submetidas à solda elétrica a ponto. Métodos: três tipos de ligas foram avaliados neste estudo. Foram confeccio-nados 36 corpos de prova, 6 para cada combinação entre os fios, divididos em 6 grupos — grupo AA (aço com aço), grupo AT (aço com TMA), grupo AN (aço com NiTi), grupo TT (TMA com TMA), grupo TN (TMA com NiTi) e grupo NN (NiTi com NiTi) — que foram submetidos à solda a ponto para avaliação quanto ao possível efeito citotóxico nos tecidos bucais. Previamente, os corpos de prova foram limpos com álcool isopropílico e esterilizados em luz ultravioleta. O ensaio de citotoxicidade foi realizado utilizando-se cultura de células (linhagem L929, fibroblastos de camundongos), submetida ao teste para células viáveis em vermelho neutro (“dye-uptake”) no tempo de 24h. A análise de variância e comparação múltipla (ANOVA) e teste de Tukey foram utilizados (p< 0,05). Resultados: os resultados demonstraram que não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos expe-rimentais (P> 0,05). Foi observada maior viabilidade celular no grupo TT, seguido dos gru-pos AT, TN, AA, NA e NN. Conclusão: pôde-se evidenciar que solda em fios de liga de NiTi causaram maior quantidade de lise celular. Soldas elétricas a ponto demonstraram pequena capacidade de causar lise celular.

Resumo

Palavras-chave: Toxicidade. Técnicas de cultura de células. Soldagem em Odontologia.

** Especialista em Ortodontia pela Universidade Federal de Alfenas - UNIFAL. Mestre e Doutor em Ortodontia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. Professor Adjunto da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG.

*** Especialista em Ortodontia pela Universidade Federal de Alfenas - UNIFAL. Mestre e Doutor em Ortodontia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Professor Auxiliar de Ortodontia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB.

**** Doutorando em Ortodontia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. ***** Graduada em Microbiologia e Imunologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Estagiária do Instituto de Microbiologia Prof.

Paulo de Góes - UFRJ. ****** Doutora em Ciências (Microbiologia e Imunologia) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. Professora Adjunta da Univer-

sidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. ******* Mestre e Doutor em Ortodontia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. Professor Adjunto de Ortodontia da Universidade

Federal do Rio de Janeiro - UFRJ.

Como citar este artigo: Santos RL, Pithon MM, Nascimento LEAG, Martins FO, Romanos MTV, Nojima MCG, Nojima LI, Ruellas ACO. Cito-toxicidade de soldas elétricas a ponto: estudo in vitro. Dental Press J Orthod. 2011 May-June;16(3):57-9.

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citotoxicidade de soldas elétricas a ponto: estudo in vitro

cilindros de aço inoxidável, níquel-titânio e TMA. Após a esterilização com luz ultravioleta, os es-pécimes foram expostos durante 24h ao meio de cultura de células L929, ou seja, fibroblastos de camundongos. A citotoxicidade foi avaliada por meio do teste para células viáveis do vermelho neutro (“dye-uptake”). Os dados foram subme-tidos à Análise de Variância, seguida do teste de comparações múltiplas de Tukey (p<0,05). Os resultados mostraram que nenhum dos corpos de prova submetidos à solda a ponto demonstrou citotoxicidade. Verificou-se diferença estatistica-mente significativa somente entre os grupos NN (níquel-titânio) e o controle de célula. Portanto, não se verificou um potencial citotóxico da solda a ponto realizada entre fios de aço inoxidável, de níquel-titânio e TMA. Todavia, o grupo compos-to somente por liga de níquel-titânio apresentou maior citotoxicidade em relação às células não expostas (controle de célula), provavelmente em decorrência da acentuada quantidade de níquel existente nesse tipo de liga.

Resumo do editor Alguns estudos demonstraram que a solda

de prata, largamente empregada em Ortodon-tia, possui algum potencial citotóxico. Diante desse fato, a opção clínica recai sobre a solda a ponto, com a finalidade de união de acessórios e fios ortodônticos para a obtenção da mecânica ortodôntica desejada. Assim, o objetivo deste es-tudo consistiu em avaliar o potencial citotóxico da soldagem a ponto realizada entre fios de aço inoxidável, de níquel-titânio (NiTi) e titânio-molibdênio (TMA). A partir de fios retangulares (0,019” x 0,025”) soldados entre si, por meio da máquina de soldagem elétrica a ponto, foram confeccionados seis corpos de prova para cada um dos seguintes grupos: AA (aço/aço); AT (aço/TMA); AN (aço/NiTi); TT (TMA/TMA); TN (TMA/NiTi) e NN (NiTi/NiTi). Para o controle positivo, empregou-se amálgama de cobre; para o negativo, vidro; e como controle de célula, célu-las não expostas a nenhum material. Como con-trole negativo de cada material, foram utilizados

Questões aos autores

1) estudos avaliando a citotoxicidade e ge-notoxicidade de materiais utilizados na Orto-dontia não são comuns, apesar do emprego de diferentes materiais, no tratamento orto-dôntico, por um tempo relativamente longo e em íntimo contato com a mucosa bucal. frente a isso, qual a importância da realiza-ção de estudos como esse?

Nos últimos anos, a quantidade de estudos de citotoxicidade de materiais ortodônticos tem sido cada vez mais expressiva. Isso representa um grande avanço científico na área, pois não basta um material ter boas características físicas, mecâ-nicas, estéticas, entre outras. Ele deve também ser inerte aos tecidos bucais. A realização de estudos que visem identificar os materiais que possuem capacidade de causar dano celular possibilitará

classificar esses materiais, além de orientar o pro-fissional na escolha de materiais com melhores características biológicas.

2) Verificou-se, nesse estudo, um maior po-tencial citotóxico da liga de níquel-titânio em relação ao grupo de controle de célula. esse fato poderia contribuir para uma possí-vel participação da liga niTi no processo de carcinogênese?

O intuito de realizar esse estudo com soldas a ponto surgiu a partir da evidenciação de que a sol-da de prata tem demonstrado significativo caráter citotóxico. A “World Health Organization Interna-tional Agency for Research on Cancer” e o “United States National Toxicology Program” têm conside-rado o cádmio, o cobre, a prata e o zinco, compo-nentes da solda de prata, como metais com poten-cial carcinogênico em humanos. O presente estudo

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evidenciou que a solda a ponto entre ligas de NiTi apresentou a menor viabilidade celular, mas dentro de valores aceitáveis, ou seja, viabilidade acima de 80%. Somente materiais ortodônticos que apresen-tem uma viabilidade menor que 50% devem ser desestimulados para uso clínico. O níquel é conhe-cido por seu potencial alergênico, e pode ter rela-ção com a menor viabilidade apresentada por esse grupo. Estudos de David, Lobner1 e Eliades et al.2 salientaram que não há evidência clara de que exis-ta relação direta entre a citotoxicidade e o níquel. Porém, achados de Sestini et al.3 evidenciaram que o níquel e o cromo causam diminuição da ativida-de celular. A participação do níquel no processo de carcinogênese ainda necessita de esclarecimentos, mas esse material parece apresentar papel poten-cializador pouco significativo, e que depende da duração e quantidade que entra em contato com as células da cavidade bucal.

3) Diante dos resultados encontrados, os autores consideram a solda a ponto um procedimento ortodôntico seguro em ter-mos biológicos?

A solda elétrica a ponto demonstrou ser um procedimento prático, rápido e, com as máqui-nas atuais, tem apresentado boa resistência, o que é fundamental. Os fios ortodônticos após a solda a ponto apresentam-se mais limpos e com

melhor estética, o que representa menor libera-ção de íons de caráter citotóxico, além de facili-tar o polimento quando necessário, e certamen-te existe uma relação direta entre a liberação desses íons e os resultados apresentados nesse estudo. Uma das condições fundamentais para a utilização de materiais metálicos no meio bucal é que esses resistam à ação corrosiva da saliva, bem como às variações de pH e temperatura. Um dos materiais de uso ortodôntico muito sus-cetível à corrosão são as soldas à prata. Além disso, a utilização dessa solda para a união de fios ortodônticos tem demonstrado a liberação de íons metálicos com caráter citotóxico, refle-xo, em parte, do polimento da mesma, que nem sempre é satisfatório, o que facilita a liberação desses íons. Sendo assim, a solda a ponto tem sido utilizada como uma alternativa viável e se-gura em Ortodontia.

Endereço para correspondênciaantônio Carlos de oliveira ruellasav. Professor rodolpho Paulo rocco, 325 - ilha do fundãoCeP: 21.941-617 - rio de Janeiro / rJe-mail: [email protected]

REFERêNCIAS

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Citotoxicidade de soldas elétricas a ponto: estudo in vitro

rogério lacerda dos santos*, matheus melo Pithon**, leonard euler a. g. nascimento***, fernanda otaviano martins****, maria teresa villela romanos*****, matilde da Cunha g. nojima******, lincoln issamu nojima******, antônio Carlos de oliveira ruellas******

Objetivo: o processo de solda envolve íons metálicos capazes de provocar lise celular. Dian-te disso, o objetivo deste estudo foi testar a hipótese de que existe citotoxicidade entre diferentes tipos de ligas (CrNi, TMA, NiTi) utilizadas em Ortodontia, submetidas à solda elétrica a ponto. Métodos: três tipos de ligas foram avaliados neste estudo. Foram confeccio-nados 36 corpos de prova, 6 para cada combinação entre os fios, divididos em 6 grupos — grupo AA (aço com aço), grupo AT (aço com TMA), grupo AN (aço com NiTi), grupo TT (TMA com TMA), grupo TN (TMA com NiTi) e grupo NN (NiTi com NiTi) — que foram submetidos à solda a ponto para avaliação quanto ao possível efeito citotóxico nos tecidos bucais. Previamente, os corpos de prova foram limpos com álcool isopropílico e esterilizados em luz ultravioleta. O ensaio de citotoxicidade foi realizado utilizando-se cultura de células (linhagem L929, fibroblastos de camundongos), submetida ao teste para células viáveis em vermelho neutro (“dye-uptake”) no tempo de 24h. A análise de variância e comparação múltipla (ANOVA) e teste de Tukey foram utilizados (p< 0,05). Resultados: os resultados demonstraram que não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos expe-rimentais (P> 0,05). Foi observada maior viabilidade celular no grupo TT, seguido dos gru-pos AT, TN, AA, NA e NN. Conclusão: pôde-se evidenciar que solda em fios de liga de NiTi causaram maior quantidade de lise celular. Soldas elétricas a ponto demonstraram pequena capacidade de causar lise celular.

Resumo

Palavras-chave: Toxicidade. Técnicas de cultura de células. Soldagem em Odontologia.

* Especialista em Ortodontia pela Universidade Federal de Alfenas - UNIFAL. Mestre e Doutor em Ortodontia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. Professor Adjunto da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG.

** Especialista em Ortodontia pela Universidade Federal de Alfenas - UNIFAL. Mestre e Doutor em Ortodontia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Professor Auxiliar de Ortodontia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB.

*** Doutorando em Ortodontia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. **** Graduada em Microbiologia e Imunologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Estagiária do Instituto de Microbiologia Prof. Paulo de

Góes - UFRJ. ***** Doutora em Ciências (Microbiologia e Imunologia) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. Professora Adjunta da Universidade Fe-

deral do Rio de Janeiro - UFRJ. ****** Mestre e Doutor em Ortodontia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. Professor Adjunto de Ortodontia da Universidade Federal

do Rio de Janeiro - UFRJ.

Como citar este artigo: Santos RL, Pithon MM, Nascimento LEAG, Martins FO, Romanos MTV, Nojima MCG, Nojima LI, Ruellas ACO. Cito-toxicidade de soldas elétricas a ponto: estudo in vitro. Dental Press J Orthod. 2011 May-June;16(3):57.e1-6.

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citotoxicidade de soldas elétricas a ponto: estudo in vitro

INTRODUÇÃOA maioria das ligas metálicas utilizadas em Or-

todontia apresenta composição similar à do aço inoxidável (18/8, i.e., 18% de cromo e 8% de ní-quel), sendo que muitos dispositivos como másca-ras faciais, anéis ortodônticos e braquetes utilizam algum tipo de solda no processo de confecção. Pesquisas têm mostrado que alguns íons podem ser liberados pela solda13,17,22,26,27,28, cuja exposição pode determinar uma variedade de efeitos adver-sos com alterações tóxicas diretas, de forma aguda ou de forma crônica1. A World Health Organiza-tion - International Agency for Research on Can-cer e o United States National Toxicology Pro-gram têm considerado o cádmio, o cobre, a prata e o zinco, componentes da solda de prata, como me-tais com potencial carcinogênico em humanos1.

No entanto, a solda é largamente utilizada, na prática ortodôntica, com intuito de auxiliar a mo-vimentação dentária. A solda elétrica a ponto é uma solda que apresenta menor tempo de confec-ção, facilidade de trabalho, custo inferior, higiene e estética favoráveis5. Porém, esse tipo de solda tem sido evitado, devido à pouca resistência mecânica apresentada quando comparado à solda de prata14.

Para obtenção de qualidade na solda a ponto, são fatores que devem ser considerados: o tipo de máquina de solda, o formato dos eletrodos e a liga do fio utilizado7. A máquina de solda a ponto foi introduzida no mercado em 1934 e, atu-almente, há relato de máquinas que propõem a obtenção de soldas resistentes a partir de funções que permitem uma adequada fusão dos materiais, diminuição da presença de óxidos que podem en-fraquecer a união entre os fios, além de ausência de calor em torno dos contatos dos eletrodos, o que possibilita que fios de diferentes tipos de ligas mantenham suas características mecânicas.

O uso da liga de aço inoxidável (CrNi) pre-dominou na Ortodontia durante décadas; mas, com o advento de novas ligas metálicas, tornou-se diversificado o universo de fios disponíveis com características de soldabilidade.

Diante da comprovada citotoxicidade apresen-tada pelas soldas à prata, outras formas de união isentas de íons metálicos provenientes da solda de prata vêm sendo utilizadas, com intuito de dimi-nuir os efeitos citotóxicos. O objetivo do presente estudo foi testar a hipótese de que existe citotoxi-cidade entre diferentes tipos de ligas (CrNi, TMA, NiTi) submetidas à solda elétrica a ponto utilizada em Ortodontia.

MATERIAL E MÉTODOSCultura de células

Para a realização desse estudo, foi utilizada a cultura de células L929 (fibroblastos de camun-dongos) obtida do American Type Culture Col-lection (ATCC, Rockville, MD, EUA), mantidas em Meio Mínimo Essencial de Eagle (MEM-Eagle) (Cultilab, Campinas, Brasil) acrescido de 0,03mg/ml de glutamina (Sigma, St. Louis, Mis-souri), 50µg/ml de garamicina (Schering Plough, Kenilworth, New Jersey), 2,5mg/ml de fungizona (Bristol-Myers-Squibb, New York, EUA), solução de bicarbonato de sódio a 0,25% (Merck, Darms-tadt, Germany), HEPES 10mM (Sigma, St. Louis, Missouri) e 10% de soro fetal bovino (Cultilab, Campinas, Brasil) e mantida a 37°C em ambiente contendo 5% de CO2.

Confecção dos corpos de provaTrês diferentes tipos de ligas foram avaliados

nesse estudo. Os corpos de prova foram confec-cionados com fios retangulares (0,019” x 0,025”), cortados em segmentos de 25mm, que foram sol-dados utilizando-se combinações entre os fios (Mo-relli, Sorocaba, São Paulo, Brasil) de aço inoxidável (CrNi); níquel-titânio (NiTi) e titânio-molibdênio (TMA). Para a execução da soldagem entre os dois segmentos de fios, os mesmos foram colocados sobrepostos em forma de “X”, levados à máquina de soldagem elétrica a ponto (SMP- Super Micro Ponto 3000, Kernit, Indaiatuba, São Paulo, Brasil) e submetidos a um único ponto de solda, regu-lado na potência de 30W para todas as amostras.

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Para cada solda realizada, as extremidades dos ele-trodos foram limpas com uma lixa d’água de granu-lação 400 (3M, Sumaré, São Paulo, Brasil).

Foram confeccionados 36 corpos de prova, 6 para cada combinação entre os fios, divididos em: grupo AA (aço com aço), grupo AT (aço com TMA), grupo AN (aço com NiTi), grupo TT (TMA com TMA), grupo TN (TMA com NiTi) e grupo NN (NiTi com NiTi). Após a solda, todos os espéci-mes foram limpos com álcool isopropílico e, em se-guida, esterilizados por exposição à luz ultravioleta (Labconco, Kansas, Missouri, EUA) durante 30 mi-nutos para cada superfície do corpo de prova, assim como os controles positivo e negativo. A confecção dos corpos de prova e a execução da solda foram realizadas por um único operador.

ControlesPara verificar a resposta celular frente aos ex-

tremos, outros seis grupos foram inseridos: grupo CC (controle de célula), no qual as células não foram expostas a nenhum material; grupo C+ (controle positivo), constituído de um cilindro de amálgama de cobre (Pratic NG 2, Vigodent, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil); grupo C- (con-trole negativo), constituído por cilindro de vidro; e os grupos C- (aço), C- (TMA), C- (NiTi) (con-troles negativos, respectivamente, dos seguintes fios: aço inoxidável, TMA e NiTi), que ficaram em contato com as células.

Ensaio de citotoxicidade dos materiaisApós esterilização, as 6 amostras de cada

material foram colocadas em placas de 24 po-ços contendo meio de cultura (MEM) (Cultilab, Campinas, São Paulo, Brasil). Após 24h, o meio de cultura foi coletado e avaliado quanto à to-xicidade para as células L929. Os sobrenadan-tes foram colocados, em triplicata, em placa de 96 poços contendo monocamada confluente de L929 e incubados por 24 horas a 37ºC em am-biente contendo 5% de CO2. Terminado o tem-po de incubação, o efeito na viabilidade celular

foi determinado através da técnica “dye-uptake”, descrita por Neyndorff et al.16, com pequenas modificações. Após 24 horas de incubação, foram adicionados 100µl de vermelho neutro a 0,01% (Sigma, St. Louis, Missouri, EUA), em meio de cultura, em cada poço das microplacas e essas foram incubadas a 37ºC por 3 horas para pene-tração do corante vital nas células vivas. Passado esse período, após desprezar o corante, foram adi-cionados 100µl de solução de formaldeído (Re-agen) a 4% em PBS (NaCl 130mM; KCl 2mM; Na2HPO4 2H2O 6mM; K2HPO4 1mM, pH 7,2) por 5 minutos, para promover a fixação das célu-las às placas. Em seguida, para a extração do co-rante, foram adicionados 100µl de uma solução de ácido acético (Vetec, Rio de Janeiro, Brasil) a 1% com metanol (Reagen, Rio de Janeiro, Brasil) a 50%. Após 20 minutos, a leitura da densidade óptica dos grupos experimentais e controles posi-tivo e negativo foi realizada em espectrofotôme-tro (BioTek, Winooski, Vermont, EUA) em um comprimento de onda de 492nm (λ = 492nm).

As análises estatísticas foram realizadas com au-xílio do programa SPSS 13.0 (SPSS Inc.,Chicago, Illinois, EUA). Os dados foram comparados pela análise de variância (ANOVA) e, em seguida, teste de Tukey para avaliação entre grupos, com confia-bilidade ao nível de 0,05 de significância.

RESULTADOSOs resultados demonstraram que não hou-

ve diferença estatisticamente significativa entre os grupos experimentais (AA, AT, AN, TT, TN e NN) (P>0,05). Houve diferença estatisticamen-te significativa entre o grupo CC e o grupo NN (P<0,05). Foi observada maior viabilidade celular no grupo TT, seguido dos grupos AT, TN, AA, NA e NN (Tab. 1).

Pôde-se evidenciar que a liga TMA apresentou maior viabilidade celular do que as ligas de aço e NiTi, o mesmo sendo demonstrado pelos contro-les negativos dessas respectivas ligas que não rece-beram solda (Tab. 1).

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citotoxicidade de soldas elétricas a ponto: estudo in vitro

DISCUSSÃOA maioria dos materiais ortodônticos apre-

senta algum tipo de interação com o ambiente, o que pode comprometer sua utilização, devido à deterioração de suas propriedades mecânicas e físicas ou de sua aparência. Um dos processos de degradação é a corrosão15. A corrosão de metais que ocorre na boca é, principalmente, do tipo ele-trolítica, devido à interação de duas ligas, o que gera corrosão galvânica15.

Os íons liberados pelo processo de corrosão têm o potencial de interagir com os tecidos por meio de diferentes mecanismos. As reações bio-lógicas acontecem pela interação do íon liberado com uma molécula do hospedeiro, sendo a com-posição da liga de fundamental importância. Os efeitos causados no organismo aparecem devido à influência do íon sobre os mecanismos de adesão bacteriana, por toxicidade, efeitos subtóxicos ou alergia aos íons metálicos liberados15.

Uma das condições fundamentais para a utiliza-ção de materiais metálicos no meio bucal é que es-ses resistam à ação corrosiva da saliva e de alimentos

alcalinos ou ácidos4,8, bem como às variações de pH e de temperatura. Um dos materiais de uso orto-dôntico muito suscetível à corrosão são as soldas à prata10, material que é utilizado quando deseja-se unir ligas de aço inoxidável ou outros tipos de ligas para a confecção de aparelhos ortodônticos.

Ao serem analisados os aspectos biológicos da solda à prata, os resultados sugerem que, ao con-trário do que tem sido rotina na prática ortodôn-tica, o uso da solda à prata deve ser indicado com parcimônia para permanecer no meio bucal18,19.

Baseado nessa premissa, tem-se buscado uti-lizar outras formas de soldas27,28, isentas dos íons metálicos provenientes da solda à prata13,17,22,26,27,28, como a solda elétrica a ponto. O presente estudo foi realizado no intuito de averiguar o comporta-mento das ligas de CrNi, NiTi e TMA submeti-das à solda a ponto frente à cultura de fibroblastos.

A utilização de cultura de células vem sendo adotada como parte de uma série de testes recomen-dados para avaliar o comportamento biológico dos materiais a serem colocados em contato com tecidos humanos. Nesse estudo utilizou-se o amálgama de cobre como controle positivo, por ser comprovada-mente citotóxico23, e o vidro como controle negativo — necessários para a validação dos resultados.

Os achados do presente estudo demonstraram baixa citotoxicidade celular dos grupos experi-mentais quando comparados aos grupos controle de célula e ao grupo controle negativo; exceto o grupo NN, que apresentou diferença estatistica-mente significativa com o grupo controle de célula (p<0,05). Tal resultado pode ser justificado pela alta presença de níquel nesse tipo de liga, se com-parado aos outros tipos de ligas avaliadas.

O percentual de níquel nos braquetes, fios e aparelhos auxiliares usados em Ortodontia varia de 8% (como no aço inoxidável) até mais de 50% (como no caso do níquel-titânio)9,20.

O níquel é conhecido por seu potencial alergê-nico11,21,25. Estima-se que 4,5% a 28,5% da popula-ção têm hipersensibilidade ao níquel3,12,21,24. O sexo feminino apresenta maior prevalência de alergia ao

TABELA 1 - Técnica Dye-uptake. Descrição estatística para densidade óptica dos grupos experimentais (n=6).

Valores seguidos por letras iguais não apresentam diferença estatisti-camente significativa (p>0,05) (DP= Desvio-padrão).

Grupos N

Tempo (24 h)

Média Mediana DP Células Viáveis (%)

CC 6 1,107a 0,989 0,119 100,0

C+ 6 0,377 0,349 0,076 34,1

C- 6 1,098 0,991 0,129 99,2

C- (aço) 6 1,052 0,960 0,076 95,1

C- (TMA) 6 1,092 0,946 0,139 98,8

C- (NiTi) 6 0,919 0,859 0,116 83,1

AA 6 0,927a 0,889 0,129 83,8

AT 6 0,994a 0,917 0,115 89,8

AN 6 0,897a 0,829 0,123 81,1

TT 6 1,039a 0,963 0,137 93,9

TN 6 0,943a 0,891 0,125 85,2

NN 6 0,787b 0,721 0,113 71,1

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Santos rL, Pithon MM, Nascimento LEAG, Martins fo, romanos MTV, Nojima McG, Nojima Li, ruellas Aco

Dental Press J orthod 2011 May-June;16(3):57.e1-657.e5

níquel, na proporção de 10 mulheres para cada homem 21. Diante da presença nos aparelhos or-todônticos de íons metálicos como o níquel, esse tem sido associado a reações de hipersensibilidade em Ortodontia2.

Os grupos NN e AN demonstraram maior ci-totoxicidade quando comparados aos grupos que possuíam titânio-molibdênio. Porém, quando ava-liados os controles negativos C- (NiTi) e C- (aço), que não receberam solda, essas ligas causaram bai-xa quantidade de lise celular. Todos os grupos sub-metidos à solda apresentaram maior quantidade de lise celular se comparados aos seus respectivos controles, o que sugere a liberação de íons metáli-cos capazes de causar lise celular, como o níquel, durante o processo de fusão entre os fios.

Diante da citotoxicidade observada nos grupos avaliados, parece existir uma relação entre a quan-tidade de níquel presente nas ligas e a quantidade de lise celular causada pelas mesmas. Para David, Lobner6 e Eliades et al.9, não há evidência clara de que exista relação direta entre a citotoxicidade e o níquel, porém os achados de Sestini et al.27 evi-

denciaram que o níquel e o cromo causaram dimi-nuição da atividade celular. Apesar da avaliação in vitro não simular um meio bucal, faz-se necessário não julgá-lo clinicamente inertes.

Os resultados desse trabalho estão de acordo com os de Sestini et al.27, que avaliaram duas ligas diferentes submetidas à solda a ponto e concluí-ram que ambas foram bem toleradas por diferen-tes tipos celulares, incluindo fibroblastos e osteo-blastos, o que concorda também com os achados de Vande Vannet et al.28

O sucesso na clínica ortodôntica não envolve somente o domínio da técnica corretiva para atin-gir a oclusão dentária ideal, mas exige também materiais que sejam inertes ao meio bucal.

CONCLUSÕESCom base nos resultados obtidos, pode-se con-

cluir que soldas elétricas a ponto mostraram pe-quena capacidade de provocar lise celular, sendo que as soldas envolvendo fios de liga de NiTi causa-ram menor viabilidade celular, e as envolvendo fios de liga de TMA causaram maior viabilidade celular.

Cytotoxicity of electric spot welding: an in vitro study

Abstract

Objective: The welding process involves metal ions capable of causing cell lysis. In view of this fact, the aim of this study was to test the hypothesis that cytotoxicity is present in different types of alloys (CrNi, TMA, NiTi) commonly used in orthodontic practice when these alloys are subjected to electric spot welding. Methods: Three types of al-loys were evaluated in this study. Thirty-six test specimens were fabricated, 6 for each wire combination, and divided into 6 groups: Group SS (stainless steel), Group ST (steel with TMA), Group SN (steel with NiTi), Group TT (TMA with TMA), Group TN group (TMA with NiTi) and Group NN (NiTi with NiTi). All groups were subjected to spot welding and assessed in terms of their potential cytotoxicity to oral tissues. The specimens were first cleaned with isopropyl alcohol and sterilized with ultraviolet light (UV). A cytotoxicity assay was performed using cultured cells (strain L929, mouse fibroblast cells), which were tested for viable cells in neutral red dye-uptake over 24 hours. Analysis of variance and multiple comparison (ANOVA), as well as Tukey test were employed (p<0.05). Results: The results showed no statistically significant difference between experimental groups (P>0.05). Cell viability was higher in the TT group, fol-lowed by groups ST, TN, SS, NS and NN. Conclusions: It became evident that the welding of NiTi alloy wires caused a greater amount of cell lysis. Electric spot welding was found to cause little cell lysis.

Keywords: Toxicity. Cell culture techniques. Welding in dentistry.

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citotoxicidade de soldas elétricas a ponto: estudo in vitro

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Enviado em: fevereiro de 2009Revisado e aceito: outubro de 2009

Endereço para correspondênciaantônio Carlos de oliveira ruellasav. Professor rodolpho Paulo rocco, 325 - ilha do fundãoCeP: 21.941-617 - rio de Janeiro / rJe-mail: [email protected]

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a r t i g o o n l i n E *

* acesse www.dentalpress.com.br/revistas para ler o artigo na íntegra.

estudo in vitro da resistência ao cisalhamento da colagem direta de tubos ortodônticos em molares

Célia regina maio Pinzan vercelino**, arnaldo Pinzan***, Júlio de araújo gurgel****, fausto silva Bramante*****, luciana maio Pinzan******

Introdução: apesar da colagem direta despender menor tempo clínico, com maior preser-vação da integridade gengival, ainda hoje se observa uma alta incidência de bandagem dos molares. Portanto, torna-se interessante a idealização de recursos para o aumento da efici-ência desse procedimento para dentes submetidos a maiores impactos mastigatórios, como, por exemplo, os molares. Objetivo: esse estudo teve o propósito de avaliar se a resistência à adesão com a aplicação de uma camada de resina adicional na região oclusal da interface tubo/dente aumenta a qualidade do procedimento de colagem direta de tubos em molares. Métodos: selecionou-se uma amostra composta por 40 terceiros molares inferiores, que foram aleatoriamente divididos em 2 grupos: Grupo 1 — colagem direta convencional, se-guida pela aplicação de uma camada de resina na oclusal da interface tubo/dente; e Grupo 2 — colagem direta convencional. O teste de resistência ao cisalhamento foi realizado 24 horas após a colagem, utilizando-se uma máquina de ensaio universal, operando a uma ve-locidade de 0,5mm/min. Os resultados foram analisados por meio do teste t independente. Resultados: os valores médios obtidos nos testes de cisalhamento foram: 17,08MPa para o Grupo 1 e 12,60MPa para o Grupo 2. O Grupo 1 apresentou uma resistência ao cisalha-mento estatisticamente significativa mais alta do que o Grupo 2. Conclusão: a aplicação de uma camada adicional de resina na oclusal da interface tubo/dente aumenta a qualidade da adesão do procedimento de colagem direta de tubos ortodônticos em molares.

Resumo

Palavras-chave: Colagem dentária. Resistência ao cisalhamento. Dente molar.

** Doutorado em Ortodontia pela FOB/USP. Professora do Mestrado em Odontologia, área de concentração Ortodontia do UNICEUMA (São Luís, MA). *** Livre docente em Ortodontia pela FOB/USP. Professor Associado do departamento de Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade

de São Paulo. **** Doutor em Ortodontia pela FOB/USP. Coordenador e professor do Mestrado em Odontologia, área de concentração Ortodontia do UNICEUMA (São

Luís, MA). ***** Doutor em Ortodontia pela FOB/USP. Professor do Mestrado em Odontologia, área de concentração Ortodontia do UNICEUMA (São Luís, MA). Profes-

sor Assistente Doutor do Curso de Fonoaudiologia da FFC – UNESP/Marília. ****** Aluna do curso de especialização em Ortodontia da APCD Bauru/SP.

Como citar este artigo: Vercelino CRMP, Pinzan A, Gurgel JA, Bramante FS, Pinzan LM. Estudo in vitro da resistência ao cisalhamento da colagem direta de tubos ortodônticos em molares. Dental Press J Orthod. 2011 May-June;16(3):60-2.

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Vercelino crMP, Pinzan A, Gurgel JA, Bramante fS, Pinzan LM

Resumo do editor A colagem direta de acessórios nos dentes pos-

teriores possui como principais vantagens em re-lação à bandagem: o menor tempo clínico; maior preservação dos tecidos periodontais, devido à facilidade de higienização e à preservação das dis-tâncias biológicas; e a não necessidade da separação interdentária prévia. Entretanto, devido à incidên-cia de maiores forças mastigatórias na região pos-terior, observa-se um índice relativamente alto de falhas na colagem, o que explica uma grande pre-valência da bandagem dos dentes posteriores nos consultórios ortodônticos. Com vistas a aumentar a eficácia dos tubos colados nos dentes posteriores, o presente estudo se propôs a avaliar se a inserção de uma camada adicional de resina na interface tubo/dente (por oclusal) poderia aumentar sua resistên-cia adesiva. Foram avaliados 40 terceiros molares inferiores, divididos em dois grupos, sendo: Grupo 1 – tubos colados de maneira convencional, com o emprego da resina Transbond XT (3M Unitek, Monrovia, EUA), fotopolimerizada por 20 segun-dos, seguida da aplicação de uma camada adicional

de resina composta na interface oclusal tubo/dente, fotopolimerizada durante 10 segundos; Grupo 2 – colagem dos tubos de forma convencional, utilizan-do a mesma resina, fotopolimerizada inicialmente durante 20 segundos, e, decorridos 40 segundos, re-alizou-se nova fotopolimerização por 10 segundos. Os corpos de prova foram armazenados em água destilada a 37°C, durante 24h. A seguir, iniciaram-se os testes de cisalhamento em máquina universal (Emic, São José dos Pinhais, Brasil). As resistências adesivas dos grupos foram comparadas por meio do teste t independente (p<0,05). Verificou-se que no Grupo 1, onde foi inserida uma camada adicio-nal de resina composta para a colagem dos tubos, a resistência ao cisalhamento apresentou-se maior, de forma estatisticamente significativa em relação ao Grupo 2, com colagem convencional dos tubos. Com isso, os autores concluem que a inserção de uma camada adicional de resina composta na in-terface oclusal dente/tubo aumenta a resistência adesiva dos tubos colados nos dentes posteriores, em decorrência provavelmente da maior área de contato entre a resina e o dente.

Questões aos autores

1) no presente estudo, observou-se que a inserção de uma camada adicional de resina composta promoveu um aumento na resis-tência adesiva de tubos colados em molares inferiores. Os autores recomendariam a re-alização do mesmo procedimento durante a colagem de acessórios nos molares superio-res? Por quê?

Sim, recomendamos a realização do mesmo procedimento nos molares superiores. Inclusive, recentemente, essa proposta para a colagem dire-ta de tubos em molares foi testada clinicamente por uma de nossas alunas do curso de mestrado

em Ortodontia da Uniceuma. O estudo foi do tipo Split-mouth, no qual 84 molares superiores e inferiores selecionados foram aleatoriamente divididos em dois grupos: sendo que, em um de-les, aplicou-se uma camada de resina na porção oclusal da interface tubo/dente e, no outro, foi realizada somente a colagem direta convencio-nal. O desempenho clínico foi acompanhado du-rante 1 ano. Os resultados demonstraram que a aplicação da camada de resina adicional na inter-face tubo/dente aumentou a longevidade clínica dos tubos colados, tanto em molares superiores como nos inferiores.

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Estudo in vitro da resistência ao cisalhamento da colagem direta de tubos ortodônticos em molares

Endereço para correspondênciaCélia regina maio Pinzan vercelinoalameda dos sabiás, 58CeP: 18.550-000 - Boituva / sPe-mail: [email protected]

2) estudos laboratoriais fornecem muitas in-formações clínicas, contudo, muitas vezes, torna-se difícil a reprodução exata do com-plexo ambiente bucal, com as variações de pH, temperatura, além das diferentes forças a que os acessórios ortodônticos estão ex-postos. Dessa forma, quais seriam os fatores a serem considerados clinicamente quando da aplicação da camada adicional de resina na interface oclusal tubo/dente recomenda-da na presente pesquisa?

Na clínica, alguns fatores devem ser avalia-dos para se tomar a decisão entre bandar ou co-lar os molares. Deve-se considerar a qualidade do material adesivo, o substrato (amálgama, re-sina, porcelana, esmalte, ligas metálicas), as ne-cessidades clínicas (tipo de movimento, altura da coroa clínica, necessidade de instalação de dispositivos de ancoragem) e, também, a ida-de do paciente. Se a opção recair sobre a co-lagem direta, utilizando-se o método proposto, recomenda-se quantificar o material adesivo de forma a não interferir na relação oclusal entre os molares superiores e inferiores, e não obs-truir o espaço destinado à amarração por meio de amarrilhos ou elásticos, no caso da utilização de tubos conversíveis. Clinicamente, indica-se que, após a aplicação do reforço, solicite-se que o paciente oclua algumas vezes previamente à fotopolimerização da resina, a fim de evitar a

ocorrência de interferências oclusais. Essa che-cagem pode ser realizada também após o proce-dimento, utilizando-se uma fita articular.

3) clinicamente, uma das maiores dificul-dades em se colar acessórios nos dentes posteriores consiste no acúmulo excessivo de saliva nessa região, o que interfere de maneira crucial no sucesso do procedimen-to. Quais as possíveis soluções clínicas para esse problema?

Realizamos, frequentemente, a colagem direta de tubos nos molares e, sinceramente, não obser-vamos grandes diferenças no acúmulo de saliva na região dos molares em relação aos segundos pré-molares que são, rotineiramente, colados na prática ortodôntica. Além de um isolamento re-lativo adequado, sugerimos que os molares sejam colados um por vez, ou seja, cola-se o molar de um dos lados e, depois, do outro lado. Somente após finalizado o procedimento de colagem dos tubos, cola-se os acessórios nos outros dentes, ou seja, inicia-se a colagem de posterior para ante-rior. Além disso, recomendamos que o procedi-mento seja realizado com a ajuda de uma auxiliar odontológica e com a utilização do sugador com bomba a vácuo. Normalmente, solicitamos que o paciente incline a cabeça para o lado contrário ao do dente a ser colado, o que diminui o acúmulo de saliva na região.

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a r t i g o i n é d i t o

estudo in vitro da resistência ao cisalhamento da colagem direta de tubos ortodônticos em molares

Célia regina maio Pinzan vercelino*, arnaldo Pinzan**, Júlio de araújo gurgel***, fausto silva Bramante****, luciana maio Pinzan*****

Introdução: apesar da colagem direta despender menor tempo clínico, com maior preser-vação da integridade gengival, ainda hoje se observa uma alta incidência de bandagem dos molares. Portanto, torna-se interessante a idealização de recursos para o aumento da efici-ência desse procedimento para dentes submetidos a maiores impactos mastigatórios, como, por exemplo, os molares. Objetivo: esse estudo teve o propósito de avaliar se a resistência à adesão com a aplicação de uma camada de resina adicional na região oclusal da interface tubo/dente aumenta a qualidade do procedimento de colagem direta de tubos em molares. Métodos: selecionou-se uma amostra composta por 40 terceiros molares inferiores, que foram aleatoriamente divididos em 2 grupos: Grupo 1 — colagem direta convencional, se-guida pela aplicação de uma camada de resina na oclusal da interface tubo/dente; e Grupo 2 — colagem direta convencional. O teste de resistência ao cisalhamento foi realizado 24 horas após a colagem, utilizando-se uma máquina de ensaio universal, operando a uma ve-locidade de 0,5mm/min. Os resultados foram analisados por meio do teste t independente. Resultados: os valores médios obtidos nos testes de cisalhamento foram: 17,08MPa para o Grupo 1 e 12,60MPa para o Grupo 2. O Grupo 1 apresentou uma resistência ao cisalha-mento estatisticamente significativa mais alta do que o Grupo 2. Conclusão: a aplicação de uma camada adicional de resina na oclusal da interface tubo/dente aumenta a qualidade da adesão do procedimento de colagem direta de tubos ortodônticos em molares.

Resumo

Palavras-chave: Colagem dentária. Resistência ao cisalhamento. Dente molar.

* Doutorado em Ortodontia pela FOB/USP. Professora do Mestrado em Odontologia, área de concentração Ortodontia do UNICEUMA (São Luís, MA). ** Livre docente em Ortodontia pela FOB/USP. Professor Associado do departamento de Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade

de São Paulo. *** Doutor em Ortodontia pela FOB/USP. Coordenador e professor do Mestrado em Odontologia, área de concentração Ortodontia do UNICEUMA (São

Luís, MA). **** Doutor em Ortodontia pela FOB/USP. Professor do Mestrado em Odontologia, área de concentração Ortodontia do UNICEUMA (São Luís, MA). Profes-

sor Assistente Doutor do Curso de Fonoaudiologia da FFC – UNESP/Marília. ***** Aluna do curso de especialização em Ortodontia da APCD Bauru/SP.

INTRODUÇÃONa atualidade, há uma preocupação inces-

sante com a eficiência clínica dos procedimentos realizados na clínica ortodôntica. Tanto os orto-

dontistas, como os pacientes e seus responsáveis, ensejam pela obtenção dos melhores resultados no menor tempo de tratamento. Entre os fatores que influenciam no tempo de tratamento, deve-se

Como citar este artigo: Vercelino CRMP, Pinzan A, Gurgel JA, Bramante FS, Pinzan LM. Estudo in vitro da resistência ao cisalhamento da colagem direta de tubos ortodônticos em molares. Dental Press J Orthod. 2011 May-June;16(3):60.e1-8.

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Estudo in vitro da resistência ao cisalhamento da colagem direta de tubos ortodônticos em molares

considerar a recolagem dos acessórios e também a recimentação das bandas. Muitas vezes, os proce-dimentos frequentes de recolagem e/ou recimen-tação dos acessórios impossibilita o avanço da me-canoterapia, colaborando para um maior tempo de tratamento, além de maiores custos e tempo de atendimento clínico12.

Em muitos casos, opta-se pelo procedimen-to de bandagem, principalmente, dos molares e segundos pré-molares inferiores a fim de evitar a necessidade de se recolar acessórios nessas re-giões. Entretanto, sabe-se que a colagem direta, possibilita um menor tempo clínico, visto que não há necessidade de separação prévia e também da adaptação das bandas. Além disso, quando o pro-cedimento de bandagem não é meticulosamente realizado, pode-se causar danos aos tecidos perio-dontais (invasão das distâncias biológicas)2 e/ou dentários (infiltração na interface dente/banda).

A literatura contemporânea sugere a colagem de todos os dentes, sendo importante avaliar o grau de dificuldade da má oclusão do paciente e a necessidade do uso de aparelhos de ancoragem17. No mercado já se encontram disponíveis tubos rebaixados para molares inferiores, possibilitando um ganho de 2mm de espaço vertical na área de intercuspidação dos dentes posteriores17.

A colagem direta de molares — apesar das vantagens em relação ao conforto, aos danos pe-riodontais e ao tempo clínico — não é realizada frequentemente durante a terapia ortodôntica fixa. Uma pesquisa realizada nos EUA demons-trou, em 2002, uma maior frequência de molares bandados em comparação aos colados7. Esse fato, provavelmente, encontra-se relacionado aos estu-dos que avaliaram a colagem de tubos e demons-traram menor adesividade8 e maior porcentagem de falha clínica3 do que nos braquetes colados mais anteriormente na arcada. Os tubos colados em molares com resina química3,18 ou fotopoli-merizável9,10 demonstraram porcentagem de fa-lha superior a 14%. De acordo com os autores, esses resultados podem estar relacionados à difi-

culdade em se manter um isolamento adequado da região, adaptação inadequada da base do aces-sório à face dentária, aos maiores esforços mas-tigatórios, diferentes tempos de condicionamen-to ácido e a variações individuais relacionadas à composição do esmalte8,18.

Entretanto, atualmente — com a evolução dos adesivos4,16,17 e das bases dos acessórios11 ortodôn-ticos para colagem direta e cientes dos benefícios deste procedimento —, torna-se interessante a ide-alização de recursos para o aumento da eficiência da colagem tradicional para dentes submetidos a maiores impactos mastigatórios (como, por exem-plo, os molares inferiores). Na literatura revisada, apenas um estudo avaliou in vitro uma aborda-gem alternativa para a redução da porcentagem de falhas da colagem direta de molares6. Johnston e McSherry6 avaliaram o efeito do jateamento com óxido de alumínio nas bases dos tubos e, a partir dos resultados obtidos, concluíram que não houve um aumento significativo na resistência adesiva.

Portanto, o presente estudo foi delineado com o propósito de avaliar se a resistência à adesão pela aplicação de uma camada de resina adicional na região oclusal da interface tubo/dente aumenta a qualidade do procedimento de colagem direta.

MATERIAL E MÉTODOSPara a realização do estudo, selecionou-se uma

amostra composta por 40 terceiros molares infe-riores hígidos com indicação de remoção cirúrgica.

Os dentes foram obtidos em uma clínica par-ticular, e foram limpos e armazenados em clora-mina T a 1%. Em seguida, o material foi incluído em anéis de PVC rígido com resina acrílica, de tal forma que apenas as coroas ficassem expostas. Na inclusão, as superfícies vestibulares das coroas fo-ram posicionadas perpendicularmente à base do troquel, com o auxílio de um esquadro de acrílico em ângulo de 90º, com o intuito de possibilitar o correto ensaio mecânico. Após a polimerização da resina, todos os conjuntos foram armazenados em água destilada.

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Vercelino crMP, Pinzan A, Gurgel JA, Bramante fS, Pinzan LM

60.e3

Os corpos de prova foram aleatoriamente di-vididos em 2 grupos, de acordo com os diferentes protocolos de colagem: Grupo 1 — colagem dire-ta convencional com posterior aplicação de uma camada de resina na oclusal da interface tubo/dente e fotopolimerização de mais 10 segundos sobre o reforço; Grupo 2 — colagem direta con-vencional, seguida pela aplicação de mais 10 se-gundos de fotopolimerização com a luz incidin-do sobre a oclusal dos dentes. Visando a padroni-zação, todos os procedimentos foram realizados por um único ortodontista.

Previamente à colagem direta, foi realizada a profilaxia da face vestibular do dente com o auxí-lio de taça de borracha e pedra-pomes extrafina, seguida pelo enxágue com água e secagem com jato de ar. Em seguida, os dentes foram subme-tidos ao condicionamento com ácido fosfórico a 37% em gel, por 30 segundos e rinsagem e seca-gem do esmalte. No Grupo 1, a área submetida ao condicionamento ácido foi maior, visto que havia a necessidade do condicionamento da região onde o reforço de resina seria aplicado. Prosseguiu-se com a aplicação do primer Transbond XT (3M Unitek Orthodontic Products, Monrovia CA, EUA) e a colagem direta dos tubos (Morelli Ortodontia, Sorocaba SP, Brasil), com área de 13,6mm2, uti-lizando-se a resina fotopolimerizável Transbond XT (3M Unitek Orthodontic Products, Monro-via CA, EUA). Os tubos ficaram armazenados em suas embalagens até a realização do experimento e o manuseio foi realizado com pinça específica para colagem, para que não ocorresse nenhum tipo de contaminação que pudesse afetar os re-sultados obtidos. A resina foi aplicada sobre a base dos tubos e, então, o conjunto foi levado em po-sição. Os tubos foram posicionados no centro da face vestibular e, depois, pressionados firmemente para a obtenção de uma camada fina do material de colagem. Os excessos foram cuidadosamente removidos, com o auxílio de uma sonda explora-dora, antes da fotopolimerização, que foi realizada com um fotopolimerizador (Ultraled Dabi Atlan-

te, Ribeirão Preto, SP, Brasil, potência 10VA), com intensidade de luz aferida por um radiômetro (Demetron Research Corp.) de 450mW/cm2, por um intervalo de tempo de 20 segundos, conforme orientações do fabricante.

Inicialmente, a colagem direta foi realizada da mesma forma para os dois grupos.

No Grupo 1, imediatamente após a colagem direta convencional, aplicou-se uma camada de resina adicional na interface tubo/dente. Para a padronização da quantidade de resina aplicada, foi utilizada uma espátula metálica. Na extre-midade dessa espátula foi confeccionada uma marcação a 2mm e a bisnaga da Transbond XT foi pressionada até o preenchimento da espátula à linha demarcada (Fig. 1). A resina foi, então, aplicada na interface tubo/dente com o auxílio de um pincel embebido no adesivo, seguida pela fotopolimerização por mais 10 segundos (Fig. 2, 3, 4). Optou-se por utilizar 10 segundos de foto-polimerização sobre o reforço, pois a luz incindiu diretamente sobre a resina adicional e, de acordo com as normas do fabricante, esse é o tempo de fotopolimerização recomendado quando se utili-zam braquetes estéticos que permitem a ilumi-nação direta do material de colagem.

fiGUrA 1 - Padronização da quantidade de resina adicional aplicada na região oclusal da interface tubo/dente no Grupo 1.

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Estudo in vitro da resistência ao cisalhamento da colagem direta de tubos ortodônticos em molares

No Grupo 2 (Fig. 5), após a colagem direta convencional, aguardou-se um intervalo de tempo de 40 segundos, para então incidir a luz do foto-polimerizador por oclusal por mais 10 segundos, visto que o tempo total de fotopolimerização do grupo experimental foi de 30 segundos. O tempo de 40 segundos foi determinado a partir do tempo médio para a aplicação do reforço no Grupo 1.

Após a colagem, os corpos de prova foram armazenados em água destilada e mantidos em estufa durante 24 horas, à temperatura de 37ºC. Após esse período, os conjuntos foram submeti-dos aos testes de cisalhamento em uma máquina universal (EMIC, linha DL, série 385, São José dos Pinhais, PR, Brasil) operando a uma velocida-de de 0,5mm/min (Fig. 6). Os resultados obtidos em kilogramaforça (kgf) foram transformados em Newtons e divididos pela área da base do tubo, fornecendo os resultados em MPa. Os re-sultados, obtidos em MPa, foram registrados pelo computador da máquina de ensaios quando da descolagem dos braquetes.

Procedeu-se com a estatística descritiva: mé-dias, desvios-padrão (DP), medianas e valores mí-nimo e máximo.

Os resultados foram analisados por meio do test t independente de Student. O nível de signifi-cância adotado foi de 5%.

RESULTADOSA Tabela 1 apresenta os valores das médias,

desvios-padrão (DP), medianas e valores mínimo e máximo, em MPa e em kilogramaforça (Kgf) no momento da descolagem dos tubos.

O Grupo 1 apresentou uma resistência ao cisa-lhamento mais alta do que o Grupo 2, com signi-ficância estatística (Tab. 2).

fiGUrA 2 - Aplicação da resina na região oclusal da interface tubo/dente no Grupo 1.

fiGUrA 3 - Assentamento da resina aplicada na região oclusal da interface tubo/dente com o auxílio de um pincel embebido no adesivo.

fiGUrA 4 - corpo de prova do Grupo 1: cola-gem direta convencional seguida pela aplica-ção de uma camada adicional de resina na oclusal da interface tubo/dente.

fiGUrA 5 - corpo-de-prova do Grupo 2: colagem direta convencional, seguida por um tempo adicional de fotopolimerização de 10 segundos.

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Vercelino crMP, Pinzan A, Gurgel JA, Bramante fS, Pinzan LM

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DISCUSSÃOA Ortodontia, como ciência, tem apresentado

um avanço inquestionável nas últimas décadas. As evoluções dos materiais para colagem direta e ci-mentação, das ligas metálicas dos fios ortodônticos, dos acessórios ortodônticos, das técnicas, da mecâ-nica e dos dispositivos para ancoragem têm sido de extrema relevância para a execução dos tratamentos.

Entretanto, apesar de todos esses aperfeiço-amentos, há décadas a maioria dos ortodontistas tem bandado os molares em vez de realizar a cola-gem direta dos tubos ortodônticos7. Na literatura, há evidências de que os tubos colados aos molares apresentam maior falha clínica quando compa-rados aos acessórios colados mais anteriormente na arcada10,18. Porém, torna-se imprescindível res-saltar que os dentes posteriores são submetidos a maiores esforços mastigatórios15 e, portanto, seria justificável a ocorrência de maior porcentual de falhas clínicas nessa região. Observa-se também que não há estudos clínicos que comprovem que

a bandagem dos molares apresente maior eficácia do que a colagem direta desses dentes. Apenas, Boyd e Baumrind2, ao realizar um estudo longi-tudinal a fim de avaliar clinicamente o periodonto de molares bandados e colados, verificaram que os molares superiores bandados apresentaram maior falha clínica do que os colados e a situação inversa foi verificada para os molares inferiores.

Com a evolução dos materiais para colagem direta em Ortodontia, atualmente parece mais importante focar os procedimentos clínicos do que aumentar a resistência à adesão dos materiais disponíveis. Portanto, o propósito desse estudo foi o de verificar se a aplicação de uma camada adicional de resina na oclusal da interface tubo/dente aumenta a qualidade da adesão dos tubos ortodônticos em molares.

Para isso, foram realizados ensaios laboratoriais em dois grupos: no Grupo 1, experimental, foi aplicada a camada adicional de resina na oclusal da interface tubo/dente; e no Grupo 2, controle, após a colagem direta convencional, a interface tubo/dente foi fotopolimerizada por mais 10 se-gundos. O tempo adicional de fotopolimerização foi aplicado ao Grupo 2 a fim de eliminar a vari-ável relacionada ao tempo de fotopolimerização, visto que o tempo total do Grupo 1, após a aplica-ção do reforço foi de 30 segundos.

fiGUrA 6 - Posicionamento do dispositivo para o teste de cisalhamento.

Grupo 1 Grupo 2

MPa Kgf MPa Kgf

Média 17,08 23,69 12,60 17,48

DP 3,28 4,55 1,97 2,74

Mediana 16,35 22,66 13,1 18,16

Mínimo 11,68 16,2 8,38 11,63

Máximo 24,54 34,03 15,68 21,75

TABELA 1 - Médias, desvios-padrão (DP), medianas, valores mínimo e máximo em MPa e em kilogramaforça (Kgf) para os dois grupos.

TABELA 2 - comparação entre os grupos (teste t independente).

*Estatisticamente significativo (p< 0,05).

Grupo 1 Grupo 2 p

Média(MPa) 17,08 12,60 0,00*

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Estudo in vitro da resistência ao cisalhamento da colagem direta de tubos ortodônticos em molares

De acordo com a teoria de resistência dos ma-teriais, quando uma força é aplicada a um corpo (tubo), que se encontra fixado em outro elemento (dente) utilizando-se um material adesivo (resi-na), a tensão (T) é calculada por meio da força aplicada (F) dividida pela área de contato (A) (T=F/A). Considerando-se que a resina é o ma-terial com a menor tensão para ruptura entre os elementos envolvidos, para aumentar a resistên-cia adesiva do conjunto tubo/resina/dente deve-se aumentar a sua área. Portanto, com esse propósito, foi aplicado o reforço de resina (Fig. 7).

A partir dos resultados obtidos, foi possível ve-rificar uma maior resistência adesiva para o Grupo 1, com uma diferença estatisticamente significati-va em relação ao Grupo 2 (Tab. 1, 2). A camada adicional de resina criou uma área de contato adi-cional entre o dente e o tubo e, portanto, a força aplicada foi dividida por uma área mais extensa, com melhores resultados para esse grupo.

O valor médio obtido para o Grupo 2 (con-trole) encontra-se próximo aos resultados obtidos por Knoll et al.8, que observaram uma resistência adesiva de 11±4MPa; e por Bishara et al.1, que en-contraram um valor médio de 11,8±4,1MPa.

Após a conclusão do presente estudo, um tercei-ro grupo foi delineado, sendo que os dentes recebe-ram apenas a colagem direta convencional dos tubos, com o tempo total de fotopolimerização de 20 se-gundos. Os resultados obtidos demonstraram existir diferença estatisticamente significativa em relação ao grupo que recebeu o reforço durante a colagem, porém foram similares ao grupo que recebeu o tem-po adicional de 10 segundos de fotopolimerização14.

Proffit et al.15 demonstraram que, em faces equilibradas, os dentes posteriores encontram-se submetidos a maiores esforços mastigatórios, com forças exercidas em torno de 30kg. No presente estudo, a força média, em kilogramaforça, no mo-mento da descolagem dos tubos no Grupo 1 foi de 23,69kgf (Tab. 1), encontrando-se mais próxima do valor descrito por Proffit et al.15 do que a obtida no Grupo 2 (17,48kgf) (Tab. 1).

Como grande parte dos fatores envolvidos no procedimento de colagem direta de tubos em molares não podem ser alterados pelo orto-dontista (salivação, dificuldade de acesso para o procedimento de colagem, falta de uniformidade da face vestibular e da espessura da camada de resina, idade inicial do paciente e ocorrência de interferências oclusais)9, esse método alternativo para a execução desse procedimento clínico pa-rece aumentar a qualidade da colagem direta dos tubos ortodônticos.

Além disso, Pandis et al.10 — ao avaliar in vivo tubos colados em molares, por meio do método convencional de colagem, com adesivo autocondi-cionante e resina Transbond XT — observaram que a primeira falha foi observada, em média, após 23 meses (20 a 26 meses). No presente estudo, como o grupo com o reforço de resina apresentou uma melhor resistência à adesão do que o grupo com co-lagem convencional, provavelmente o tempo para a observação da falha clínica seja superior a esse período, quando, então, a maioria dos tratamentos ortodônticos já se encontram finalizados.

Apesar dos materiais adesivos apresenta-rem uma rugosidade superficial que favorece o acúmulo de placa18, a região onde a camada de resina adicional foi aplicada pode ser facilmen-te higienizada pelo paciente e controlada nas consultas pelo profissional, além de localizar-se

fiGUrA 7 - A) colagem direta convencional; B) aumento da área da resina a fim de aumentar a resistência adesiva do conjunto tubo/re-sina/dente.

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Vercelino crMP, Pinzan A, Gurgel JA, Bramante fS, Pinzan LM

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distante da gengiva marginal, não causando da-nos aos tecidos periodontais.

Para se tomar a decisão entre bandar ou colar os molares, diversos fatores devem ser avaliados, como a qualidade do material adesivo disponível para a colagem direta, o substrato (amálgama, resina, porcelana, esmalte, ligas metálicas) e as necessidades clínicas (tipo de movimento, altura da coroa clínica, necessidade de instalação de dis-positivos de ancoragem)2,17,18. Após uma análise criteriosa desses fatores, se a opção recair sobre a colagem direta, o método proposto no presente estudo parece aumentar a sua efetividade.

O índice de adesivo remanescente não foi cal-culado, pois o objetivo desse estudo foi avaliar uma nova abordagem para a colagem dos tubos ortodôn-ticos nos molares, e não avaliar o sistema adesivo.

Apesar dos altos valores obtidos nesse estudo, em apenas um espécime foi observada a fratura do esmalte durante a descolagem dos tubos. A fratura ocorreu no dente que obteve o valor mais alto durante os testes de cisalhamento (34,03kgf, 24,54MPa, Tab. 1). Entretanto, torna-se importan-te enfatizar que estudos recentes que compararam a resistência adesiva in vivo e in vitro demonstra-ram que os valores obtidos in vivo apresentaram-se significativamente menores do que os obtidos in vitro5,13. A partir dos resultados obtidos, Penido et al.13 ressaltam a importância de se avaliar os va-

lores aceitáveis de resistência dos acessórios orto-dônticos obtidos por meio de ensaios mecânicos.

A quantidade de camada de resina adicional empregada nessa pesquisa in vitro representa um valor fixo para comparação entre os grupos. Baseando-se nos resultados encontrados, pode-se inferir que essa quantidade de resina mostrou-se eficaz para o aumento da resistência ao cisalha-mento. Contudo, para utilização clínica desse mé-todo, recomenda-se quantificar o material adesivo de forma a não interferir na relação oclusal entre os molares superiores e inferiores.

Uma investigação clínica está sendo desen-volvida para verificar os achados desse estudo laboratorial, pois durante a colagem não houve o empecilho da contaminação por saliva e a difi-culdade do posicionamento dos tubos na região posterior. Portanto, os resultados laboratoriais podem ser melhores do que uma pesquisa clínica poderia obter. Porém, os dois grupos estavam li-vres dessas variáveis e o grupo com reforço apre-sentou melhores resultados.

CONCLUSÃOOs resultados encontrados permitiram con-

cluir que a aplicação de uma camada adicional de resina na oclusal da interface tubo/dente aumenta a qualidade da adesão do procedimento de cola-gem direta de tubos ortodônticos em molares.

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a r t i g o i n é d i t o

avaliação da idade óssea em crianças de 9 a 12 anos de idade na cidade de manaus-amWilson maia de oliveira Junior*, Julio Wilson vigorito**, Carlos eduardo nossa tuma***

Objetivo: o presente estudo teve como objetivo avaliar a idade óssea pelo método de Greu-lich & Pyle (1959) e o período do crescimento puberal, de acordo com o trabalho de Mar-tins (1979). Métodos: utilizaram-se radiografias de mão e punho de 201 crianças amazo-nenses, sendo 103 do sexo masculino e 98 do feminino, com idades cronológicas de 9 a 12 anos. Para análise estatística, utilizou-se o teste de qui-quadrado com nível de significância em 5% (p<0,05). Resultados e Conclusões: as crianças do sexo feminino, em relação às do sexo masculino, encontravam-se mais adiantadas em todas as fases do crescimento esque-lético, para as idades estudadas, estando 50% das meninas no pico do crescimento puberal, enquanto apenas 11,6% dos meninos estavam na mesma fase. As idades do início e pico do surto de crescimento puberal foram mais precoces nas meninas (10,1±0,7 e 11,1±0,8 anos, respectivamente) do que nos meninos (11,4±0,7 e 12,3±0,4 anos, respectivamente). As meninas apresentaram uma maior porcentagem de maturação precoce do que os meninos (41,8% e 5,8%, respectivamente); enquanto a maturação tardia foi mais prevalente nos meninos (38,8%) do que nas meninas (11,2%). A idade óssea média dos meninos foi de 10,4±1,7 anos e das meninas, 11,7±1,8 anos, para o grupo estudado.

Resumo

Palavras-chave: Crescimento e desenvolvimento. Puberdade. Maturidade sexual.

* Especialista em Ortopedia Craniofacial e Mestre em Ortodontia pela USP. Professor Assistente de Ortodontia e Oclusão da UFAM. ** Professor Titular de Ortodontia da FO-USP. Coordenador dos Cursos de Pós-graduação em nível de mestrado e doutorado da FO-USP. *** Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial pela UFAM. Mestre em Ortodontia pela São Leopoldo Mandic. Professor de Ortodontia da UEA.

INTRODUÇÃODois terços dos casos tratados ortodonticamente

incluem más oclusões onde o crescimento e desen-volvimento desempenham papel preponderante no êxito ou fracasso da mecanoterapia, influenciando diretamente na escolha de mecânicas extrabucais, aparelhos funcionais, necessidade de extrações e até mesmo de cirurgia ortognática. A compreensão dos eventos relacionados ao crescimento é de grande im-portância para os ortodontistas, já que os estágios de

maturação têm influência decisiva no diagnóstico, plano e duração do tratamento, e prognóstico de uma má oclusão13. Sendo assim, a individualização do padrão de crescimento de cada paciente é fun-damental para o êxito dos tratamentos ortodônticos.

Existem várias idades biológicas — como a ida-de óssea, idade morfológica, idade de caráter sexu-al secundário, idade da menarca e idade dentária — que foram propostas para determinar a idade fisio-lógica18, sendo possível fazer-se uma estimativa de

Como citar este artigo: Oliveira Junior WM, Vigorito JW, Tuma CEN. Avaliação da idade óssea em crianças de 9 a 12 anos de idade na cidade de Manaus-AM. Dental Press J Orthod. 2011 May-June;16(3):63-9.

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Dental Press J orthod 69 2011 May-June;16(3):63-9

oliveira Junior WM, Vigorito JW, Tuma cEN

Endereço para correspondênciaWilson maia o. Jrrua 6, 192, Conj. Castelo Branco - Parque DezCeP: 69.055-240 - manaus / ame-mail: [email protected]

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Enviado em: janeiro de 2008Revisado e aceito: outubro de 2008

evaluation of the bone age in 9-12 years old children in manaus-am city

Abstract

Objective: This study evaluated the bone age using the Greulich & Pyle method (1959) and pubertal growth according to the study conducted by Martins (1979). Methods: Hand and wrist radiographs of 201 children (103 boys) aged 9 to 12 years living in Amazonas were analyzed. A chi-square test was used for statistical analysis at a level of significance of 5% (p<0.05). Results and Conclusions: Girls were at more advanced stages in all phases of skeletal growth than boys for the ages under study; 50% of the girls had reached pubertal growth peak, whereas only 11.6% of the boys were in the same stage. The beginning and the peak of the pubertal growth spurt occurred earlier among girls (10.1 ± 0.7 and 11.1 ± 0.8 years) than among boys (11.4 ± 0.7 and 12.3 ± 0.4 years). Early maturation was more frequent among girls than among boys (41.8% vs. 5.8%), and late maturation was more prevalent among boys (38.8% vs. 11.2%). Mean bone age in the group of boys was 10.4 ± 1.7 years, and in the group of girls, 11.7 ± 1.8 years.

Keywords: Growth and development. Puberty. Sexual maturation.

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a r t i g o i n é d i t o

efeitos do tratamento da Classe ii divisão 1 em pacientes dolicofaciais tratados segundo a terapia Bioprogressiva (aeB cervical e arco base inferior), com ênfase no controle vertical

viviane santini tamburús*, João sarmento Pereira neto**, vânia Célia vieira de siqueira***, Weber luiz tamburús****

Objetivo: o presente estudo investigou o controle vertical e os efeitos do tratamento ortodôn-tico em pacientes dolicofaciais, empregando o AEB cervical e o arco base inferior. Métodos: foi realizada a avaliação cefalométrica de 26 pacientes dolicofaciais com Classe II, divisão 1, idade média de 114 meses. O tratamento ortodôntico envolveu a utilização do AEB cervical na arcada superior e arco base na arcada inferior, até a obtenção da chave de oclusão normal dos molares, e finalizado segundo a Terapia Bioprogressiva, com duração média de 56 meses. Foram avaliados os valores de FMA, SN.GoGn, ANB, Fg-S, S-FPm, comprimento maxilar, comprimento mandibular, AFP (altura facial posterior), AFA (altura facial anterior), IAF (ín-dice de altura facial), ângulo do plano oclusal, ângulo do plano palatino, QT (queixo total), LS (lábio superior) e ângulo Z. Resultados: o tratamento promoveu estabilidade dos planos mandibular, oclusal e palatino. Ocorreu a correção anteroposterior das bases apicais, verificada pela redução significativa da grandeza ANB. A maxila apresentou um suave deslocamento an-terior, com um suave aumento da dimensão anteroposterior. A mandíbula apresentou melhora de seu posicionamento em relação à base do crânio e sua dimensão anteroposterior aumen-tou significativamente. As alturas faciais posterior e anterior permaneceram em equilíbrio, não alterando significativamente o IAF. O perfil tegumentar apresentou melhora significativa. Conclusão: o tratamento realizado promoveu a correção das bases apicais, com controle dos planos horizontais e das alturas faciais, sendo efetivo no controle vertical.

Resumo

Palavras-chave: Aparelhos de tração extrabucal cervical. Cefalometria. Ortodontia. Controle vertical. Má oclusão. Classe II divisão 1.

* Professora e Coordenadora do Curso de Especialização em Ortodontia e Ortopedia Facial da Associação Odontológica de Ribeirão Preto (AORP). ** Professor Doutor Assistente da Área de Ortodontia da FOP/UNICAMP. *** Professora Doutora Adjunta da disciplina de Ortodontia da FOP/UNICAMP. **** Professor do Curso de Especialização em Ortodontia e Ortopedia Facial da Associação Odontológica de Ribeirão Preto (AORP). Professor do Centro de

Estudos de Ricketts.

Como citar este artigo: Tamburús VS, Pereira Neto JS, Siqueira VCV, Tamburús WL. Efeitos do tratamento da Classe II divisão 1 em pacien-tes dolicofaciais tratados segundo a Terapia Bioprogressiva (AEB cervical e arco base inferior), com ênfase no controle vertical. Dental Press J Orthod. 2011 May-June;16(3):70-8.

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Tamburús VS, Pereira Neto JS, Siqueira VcV, Tamburús WL

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mento ortodôntico (Tab. 3), os pacientes possuíam um valor médio do ângulo Z diminuído, confirman-do um perfil convexo. Um dos objetivos do trata-mento ortodôntico centraliza-se no aumento desse ângulo, tornando os perfis dos pacientes mais har-moniosos. Os resultados do presente estudo mos-traram que o ângulo Z aumentou significativamen-te (8,33±5,16º e P<0,001), devido principalmente ao crescimento mandibular expressivo ocorrido, com média final de 70,31±6,49º, valor próximo dos valores normais verificados em pacientes com perfis harmoniosos13,20.

CONCLUSÕES

De acordo com a metodologia utilizada e com os resultados obtidos com o tratamento das más oclusões de Classe II, divisão 1, em pacientes do-licofaciais, pode-se concluir que houve correção das bases apicais da má oclusão de Classe II, divi-são 1, verificada pela redução significativa do ân-gulo ANB, devida principalmente ao crescimento expressivo do comprimento mandibular, restrição ou redirecionamento do crescimento maxilar pelo uso do AEB cervical do tipo Kloehn, melhorando

significativamente o perfil. Houve, também, con-trole dos planos horizontais e das alturas faciais, verificado pelas mudanças ocorridas nos ângulos FMA, SN.GoGn, ângulo do plano oclusal, ângulo do plano palatino e IAF, mostrando que o trata-mento ortodôntico foi efetivo no controle vertical.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho foi uma avaliação retrospec-tiva realizada para obtenção do título de mestre em Ortodontia da FOP/UNICAMP. A ideia de sua rea-lização veio da experiência clínica de vários anos de bons resultados obtidos com a metodologia aplica-da pelos Drs. Clóvis Roberto Teixeira e Weber Luiz Tamburús. Como foram encontrados apenas dois trabalhos na literatura internacional que relatam o tratamento da má oclusão de Classe II, divisão 1, com o AEB cervical e arco base inferior, fazem-se necessárias mais pesquisas para que se comprove e explique todas as modificações ocorridas.

AGRADECIMENTOSAo Dr. Clóvis Roberto Teixeira, pela colabora-

ção com esse trabalho.

treatment effects on Class ii division 1 high angle patients treated according to the Bioprogressive therapy (cervical headgear and lower utility arch), with em-phasis on vertical control

Abstract

Objective: This study investigated vertical control and the effects of orthodontic treatment on dolichofacial patients, using cervical headgear (CHG) and lower utility arch. Methods: Cephalometric assessment of 26 dolichofacial patients with Class II, division 1, and mean age of 114 months. Orthodontic treatment involved the use of cervical headgear (CHG) in the maxillary arch, lower utility arch in the mandibular arch until normal occlusion of the molars was obtained and finished in accordance with Bioprogressive therapy, with a mean duration of 56 months. The values of FMA, SN.GoGn, ANB, Fg-S, S-FPm, maxillary length, mandibular length, posterior facial height (PFH), anterior facial height (AFH), facial height index (FHI), occlusal plane angle (OPA), palatal plane angle (PPA), total chin (TC), upper lip (UL) and Z angle were evaluated. Results: The results showed that treatment promoted stability of the mandibular, occlusal and palatal planes. Anteroposterior correction of the apical bases occurred, verified by the significant reduction in the variable ANB. The maxilla presented slight anterior displacement and increase in the anteroposterior dimension. The mandible presented improvement in its position in relation to the cranial base and its anteroposterior dimension increased significantly. The posterior and anterior facial heights remained in equilibrium, with no significant alteration in FHI. The tegumental profile presented significant improvement. Conclusion: The treatment performed produced correction of the apical basis with control of the horizontal planes and facial heights, and was effective for vertical control.

Keywords: Extraoral cervical traction appliances. Cephalometry. Orthodontics. Vertical control. Malocclusion. Class II, Division 1.

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Efeitos do tratamento da classe ii divisão 1 em pacientes dolicofaciais tratados segundo a Terapia Bioprogressiva (AEB cervical e arco base inferior), com ênfase no controle vertical

Endereço para correspondênciaviviane santini tamburúsrua visconde de inhaúma, nº 580, sala 611 - Centro CeP: 14.010-100 - ribeirão Preto / sPe-mail: [email protected]

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Enviado em: julho de 2008Revisado e aceito: fevereiro de 2009

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Dental Press J orthod 79 2011 May-June;16(3):79-86

a r t i g o i n é d i t o

análise da correlação entre a angulação (mesiodistal) dos caninos e a inclinação (vestibulolingual) dos incisivos

amanda sayuri Cardoso ohashi*, karen Costa guedes do nascimento*, David normando**

Objetivo: avaliar o nível de correlação entre a angulação dos caninos e a inclinação dos incisivos. Métodos: a angulação mesiodistal dos caninos e a inclinação vestibulolingual dos incisivos foram obtidas em um programa digital gráfico (Imagetool®), a partir de fotografias padronizadas dos modelos de 60 pacientes. A inclinação dos incisivos foi, ainda, avaliada pela cefalometria lateral. Resultados: o erro casual mostrou uma variação em torno de 2° nas medidas feitas nos modelos (1,8–2,5º), enquanto o erro sistemático, avaliado pela teste de correlação intraclasse, revelou uma excelente reprodutibilidade para ambos os métodos empregados (p<0,001, r=0,84–0,96). Testes de correlação linear revelaram uma correlação positiva significativa entre a angulação dos caninos e a inclinação dos incisivos para a arcada superior (r=0,3, p<0,05), e mais significativa para a arcada inferior (r=0,46–0,51, p<0,001), quando ambas foram mensuradas nos modelos. Entretanto, quando a inclinação dos incisi-vos foi examinada pela cefalometria, o nível de correlação foi estatisticamente insignificante para os incisivos superiores (r=-0,06–0,21, p>0,05) e variou bastante na arcada inferior (r=0,14–0,50), dependendo da grandeza correlacionada. Conclusão: ratifica-se a introdução de mudanças na angulação dos caninos com o intuito de acompanhar as compensações ob-servadas na inclinação dos incisivos, principalmente na arcada inferior.

Resumo

Palavras-chave: Má oclusão. Caninos, angulação. Incisivos, inclinação.

* Cirurgiã-dentista estagiária da Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Pará. ** Doutor em Ortodontia pela UERJ. Mestre em Clínica Integrada pela FOUSP. Especialista em Ortodontia pela PROFIS-USP/Bauru. Professor

da Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia da UFPA e Coordenador do Curso de Especialização em Ortodontia da ABO-PA.

INTRODUÇÃOAs inclinações e angulações dentárias são obje-

tos de estudo na Ortodontia há muito tempo. Em 1928, Angle3 sistematizou o tratamento ortodôn-tico, desenvolvendo o aparelho Edgewise (arco de canto), onde as inclinações e angulações den-tárias eram definidas a partir de dobras nos arcos

de nivelamento, conforme inseridos nas canaletas dos braquetes.

O estudo de Andrews1, publicado em 1972, examinou em profundidade as características de normalidade da oclusão ótima natural, e siste-matizou seis características comuns aos modelos examinados. O autor criou, então, “As Seis Chaves

Como citar este artigo: Ohashi ASC, Nascimento KCG, Normando D. Análise da correlação entre a angulação (mesiodistal) dos caninos e a inclinação (vestibu-lolingual) dos incisivos. Dental Press J Orthod. 2011 May-June;16(3):79-86.

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Dental Press J orthod 94 2011 May-June;16(3):87-94

Avaliação da resistência ao cisalhamento de braquetes da técnica lingual colados sobre superfície cerâmica

Endereço para correspondênciamichele Balestrin imakamiavenida vila rica, 6 - CentroCeP: 87.250-000 - Peabiru / Pre-mail: [email protected]

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Enviado em: maio de 2007Revisado e aceito: novembro de 2007

evaluation of shear strength of lingual brackets bonded to ceramic surfaces

Abstract

Objective: The aim of this study was to evaluate the shear strength of lingual metal brackets (American Orthodontics) bonded to ceramic veneers. Methods: A total of 40 specimens were divided into four groups of 10, according to bonding material and ceramics preparation: Group I - Sondhi Rapid-Set resin and Hydrofluoric acid, Group II - Sondhi Rapid-Set resin and aluminum oxide, Group III - Transbond XT resin and Hydrofluoric acid, and Group IV - Transbond XT resin and aluminum oxide. Prior to bonding, the brackets were prepared with heavy-duty resin base (Z-250) and the ceramic veneers were treated with silane. The shear test was conducted with a Kratos testing machine at a speed of 0.5 mm/min. Results: The results were statistically analyzed by the Tukey test (p<0.05) and showed a statistically significant difference between groups I (2.77 MPa) and IV (6.00 MPa), and between groups III (3.33 MPa) and IV. Conclusion: In conclusion, the bonding of lingual brackets to ceramic surfaces exhibited greater shear strength when aluminum oxide was used in association with the two resins utilized in this study, although Transbond XT showed greater shear strength than Sondhi Rapid-Set.

Keywords: Bonding. Ceramic surface. Orthodontics. Lingual brackets.

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Dental Press J orthod 95 2011 May-June;16(3):95-102

a r t i g o i n é d i t o

educação e motivação em saúde bucal – prevenindo doenças e promovendo saúde em pacientes sob tratamento ortodôntico

Priscila ariede Petinuci Bardal*, kelly Polido kaneshiro olympio*, José roberto de magalhães Bastos**, José fernando Castanha Henriques**, marília afonso rabelo Buzalaf***

Introdução: os cirurgiões-dentistas têm a responsabilidade de prevenir doenças, minimizar ris-cos e promover saúde. Os pacientes também precisam ser despertados sobre o seu papel nos cuidados com a saúde bucal. No caso de pacientes em tratamento ortodôntico, é particularmen-te difícil manter uma higiene bucal satisfatória devido à presença de bandas, fios e ligaduras. Torna-se, então, indispensável a instituição de métodos preventivos de motivação e orientação para o controle mecânico da placa dentária. Objetivo: verificar os efeitos de ações educativas, preventivas e motivacionais sobre a saúde bucal de pacientes em tratamento ortodôntico fixo. Métodos: os participantes receberam gratuitamente dentifrício e escova dental durante todo o estudo e instruções sobre higiene bucal foram fornecidas e reforçadas no decorrer dos 6 meses da pesquisa. Foram realizados exames clínicos baseline e após 6, 12 e 24 semanas, para verifica-ção dos índices de Placa, Gengival e Sangramento. Resultados: as condições de saúde bucal dos participantes, que inicialmente eram insatisfatórias, melhoraram significativamente no decorrer do estudo, considerando-se todos os índices. As ações preventivas, educativas e motivacionais realizadas foram estatisticamente eficazes na melhora da saúde bucal dos pacientes ortodônticos. Conclusões: a promoção de saúde e a prevenção de doenças devem fazer parte do atendimento que os ortodontistas direcionam aos seus pacientes, sendo que a orientação e motivação quanto aos cuidados com a saúde bucal devem estar presentes antes e durante o tratamento.

Resumo

Palavras-chave: Prevenção. Educação. Motivação. Ortodontia. Saúde bucal.

* Mestre em Ortodontia e Odontologia em Saúde Coletiva, opção Odontologia em Saúde Coletiva, FOB-USP. Doutora em Saúde Pública, FSP-USP. ** Professor Titular do Departamento de Odontopediatria, Ortodontia e Saúde Coletiva, FOB-USP. *** Professor Titular de Departamento de Ciências Biológicas, FOB-USP.

INTRODUÇÃOA Odontologia Preventiva tem se destacado

na área da saúde. Os cuidados com a saúde bu-cal têm ido além de aspectos estéticos. No novo paradigma de saúde, se desperta uma maior

consciência sobre a necessidade de se manter uma saúde bucal satisfatória que, por sua vez, é refletida na saúde geral.

Os profissionais da saúde têm a responsabilida-de de atuar na prevenção de doenças, minimizando

Como citar este artigo: Bardal PAP, Olympio KPK, Bastos JRM, Henriques JFC, Buzalaf MAR. Educação e motivação em saúde bucal – prevenindo doenças e promovendo saúde em pacientes sob tratamento ortodôntico. Dental Press J Orthod. 2011 May-June;16(3):95-102.

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Dental Press J orthod 101 2011 May-June;16(3):95-102

Bardal PAP, olympio KPK, Bastos JrM, Henriques Jfc, Buzalaf MAr

education and motivation in oral health - preventing disease and promoting health in patients undergoing orthodontic treatment

Abstract

Introduction: It is incumbent upon dentists to prevent disease, minimize risks and promote health. Patients also need to be made aware of their role in oral health care. Patients undergoing orthodontic treatment find it particularly difficult to main-tain satisfactory oral hygiene owing to the presence of bands, wires and ligatures. It is therefore crucial to establish preven-tive motivation and guidance methods to ensure mechanical control of dental plaque. Objectives: This study investigated the effects of educational, preventive and motivational actions on the oral health of patients undergoing fixed orthodontic treatment. Methods: Participants received free toothpaste and toothbrushes throughout the study and instructions on oral hygiene were provided and reinforced throughout the six months of research. Physical examination was performed at baseline and after 6, 12 and 24 weeks for verification of plaque, gingival and bleeding indices. Results: Initially, the oral hygiene of participants was inadequate. During the study, significant improvement in oral health occurred in all indices. Preventive, educational and motivational actions undertaken in this study were statistically effective in improving the oral health of orthodontic patients. Conclusion: Health promotion and disease prevention should be part and parcel of the care provided by orthodontists directly to their patients whereas oral health care guidance and motivation should be provided before and during treatment.

Keywords: Prevention. Education. Motivation. Orthodontics. Oral health.

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Dental Press J orthod 102 2011 May-June;16(3):95-102

Educação e motivação em saúde bucal – prevenindo doenças e promovendo saúde em pacientes sob tratamento ortodôntico

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Dental Press J orthod 103 2011 May-June;16(3):103-12

a r t i g o i n é d i t o

análises microbiológicas de alicates ortodônticos

fabiane azeredo*, luciane macedo de menezes**, renata medina da silva***, susana maria Deon rizzatto****, gisela gressler garcia*****, karen revers******

Objetivo: avaliar a contaminação bacteriana presente na ponta ativa de alicates ortodônti-cos utilizados no meio acadêmico. Métodos: selecionou-se 34 alicates, 17 do modelo 347 e 17 do modelo 139. O grupo controle foi composto por 3 alicates de cada modelo, previa-mente autoclavados. Os alicates do grupo experimental, após o uso, foram imersos em 10ml do meio de cultura líquido Brain-Heart Infusion (BHI) por 2 minutos, seguido de cultivo a 37°C (24 a 48h) e semeadura (duplicata) em diferentes meios de cultura sólidos à base de ágar, para detecção e identificação de agentes microbianos. Resultados: as análises microbio-lógicas revelaram contaminação em ambos os tipos de alicates ortodônticos. Observaram-se variadas formas bacterianas, predominando estafilococos e cocos isolados gram-positivos. Os alicates removedores de anéis apresentaram maiores índices de contaminação, com médias entre 2,83 x 109 e 6,25 x 109 UFC/ml, variando de acordo com o tipo de meio de cultura. Os alicates 139 também continham bactérias da microbiota bucal, com variações entre 1,33 x 108 e 6,93 x 109 UFC/ml, sendo que a maior média obtida refere-se ao meio de cultura pró-prio para desenvolvimento de estafilococos, indicando, em certos casos, presença da espécie Staphylococcus aureus, microrganismos que não fazem parte da microbiota bucal normal, sendo comumente encontrados na cavidade nasal e superfícies epiteliais das mãos. Conclu-são: constatou-se que os alicates ortodônticos apresentam-se contaminados, como qualquer outro instrumental odontológico, após serem empregados em atendimentos clínicos. Em razão disso, há necessidade de submetê-los previamente aos procedimentos de esterilização após cada utilização em pacientes.

Resumo

Palavras-chave: Instrumentos odontológicos. Ortodontia. Controle de infecção. Contaminação. Microbiologia.

* Aluna do curso de Extensão em Ortodontia da Faculdade de Odontologia da PUCRS. ** Mestre em Ortodontia pela UFRJ. Doutora em Ortodontia pela UFRJ. Professora da Disciplina de Ortodontia da PUCRS. *** Mestre em Genética e Biologia Molecular pela UFRGS. Doutora em Microbiologia pela USP. Professora de Microbiologia da Faculdade de

Biociências da PUCRS. **** Mestre em Ortodontia pela PUCRS. Professora da Disciplina de Ortodontia da PUCRS. ***** Aluna do curso de graduação em Ciências Biológicas da PUCRS. ****** Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Unoesc / São Miguel do Oeste. Especialista em Microbiologia Aplicada pela Unoesc.

Como citar este artigo: Azeredo F, Menezes LM, Silva RM, Rizzatto SMD, Garcia GG, Revers K. Análises microbiológicas de alicates or-todônticos. Dental Press J Orthod. 2011 May-June;16(3):103-12.

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Azeredo f, Menezes LM, Silva rM, rizzatto SMD, Garcia GG, revers K

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Um agravante da transmissibilidade do HBV é a sua alta resistência e seu alto grau de infecciosidade, ten-do se mostrado infectante por até seis meses à tem-peratura ambiente, e por até sete dias quando expos-to a superfícies4,10. Em um volume de sangue menor que 0,00000001ml, o vírus da hepatite B é poten-cialmente infectante por 7 dias depois de seco10.

Os resultados obtidos nesse experimento de-monstraram grande contaminação presente nos alicates ortodônticos; e que, por meio da utiliza-ção de instrumentais contaminados, diversos tipos de microrganismos podem ser transmitidos entre indivíduos. Esse fato é verdadeiramente relevan-te, tendo em vista que imensas quantidades de bactérias, e especialmente de partículas virais, são secretadas nos fluidos bucais, considerando que pequena quantidade de saliva tem potencial para ocasionar enfermidades graves como a hepatite B. Portanto, a disseminação de vírus não pode ser descartada, embora esse trabalho tenha se direcio-nado à identificação de bactérias contaminantes.

Prevenir e controlar a infecção cruzada no con-sultório odontológico são hoje exigências e direi-tos do paciente. Dessa forma, é essencial que haja conscientização para que aconteçam mudanças na conduta dos profissionais, levando-os a adotar

medidas corretas de biossegurança em todos os atendimentos, como forma de impedir a propaga-ção de infecções5.

CONCLUSÃOO presente trabalho revelou a presença de gran-

de contaminação bacteriana em ambos os tipos de alicates ortodônticos selecionados para o expe-rimento. Por meio dos dados obtidos, conclui-se que os alicates removedores de anéis apresentam maior contaminação, possivelmente devido ao seu contato direto com estruturas e tecidos intrabucais. Os alicates 139 também mostraram elevada conta-minação por bactérias da microbiota bucal, porém a média de UFC/ml foi relativamente maior nas culturas de Ágar Chapman, um meio próprio para desenvolvimento de estafilococos, que são micror-ganismos que não habitam a cavidade bucal, mas, sim, as superfícies da pele humana e mucosa nasal.

Dessa forma, foi possível constatar que os proce-dimentos de desinfecção adotados estão sendo pou-co efetivos na redução da contaminação, sugerindo-se a adoção de medidas mais eficazes no controle de infecção, para evitar a disseminação de microrganis-mos entre os pacientes e, também, entre os pacientes e os integrantes da equipe ortodôntica.

microbiological analysis of orthodontic pliers

Abstract

Objective: To evaluate bacterial contamination in the active tip of orthodontic pliers used in an academic setting. Methods: Thirty-four pliers were selected: 17 debonding pliers and 17 model 139 pliers. The control group was composed of 3 previously autoclaved pliers of each model. After use, the pliers in the experimental group were immersed in 10 ml of brain-heart infusion (BHI) culture medium for 2 minutes, incubated at 37º C for 24 to 48 h and seeded in duplicates in different agar-based solid culture media to detect and identify microbial agents. Results: Microbiological analyses revealed that there was contamination in both types of orthodontic pliers. Several bacteria were detected, predominantly staphylococcus and isolated Gram-positive (G+) cocci. The debonding pliers had a greater contamination rate and mean values of 2.83 x 109 and 6.25 x 109 CFU/ml, with variations according to the type of culture medium. The 139 pliers also had all types of bacteria from the oral microbiota at values that ranged from 1.33 x 108 to 6.93 x 109 CFU/ml. The highest mean value was found in the medium to grow staphylococci, which confirmed, in certain cases, the presence of Staphylococcus aureus, which are not part of the normal oral microbiota but are usually found in the nasal cavity and on the skin of the hands. Conclusion: Orthodontic pliers were contaminated as any other dental instrument after use in clinical situations. Therefore, they should undergo sterilization after each use in patients.

Keywords: Dental instruments. Orthodontics. Infection control. Contamination. Microbiology.

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Análises microbiológicas de alicates ortodônticos

Endereço para correspondênciafabiane azeredoPontifícia Universidade Católica do rio grande do sulfaculdade de odontologia – Departamento de ortodontiaav. ipiranga, 6681 CeP: 90.619-900 – Porto alegre / rse-mail: [email protected]

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Enviado em: dezembro de 2007Revisado e aceito: outubro de 2008

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a r t i g o i n é d i t o

avaliação cefalométrica dos efeitos do aparelho de protração mandibular (aPm) associado à aparatologia fixa em relação às estruturas esqueléticas em pacientes portadores de má oclusão Classe ii, 1ª divisãoemmanuelle medeiros de araújo*, rildo medeiros matoso**, alexandre magno negreiros Diógenes***, kenio Costa lima****

Objetivo: este estudo objetivou avaliar as respostas cefalométricas esqueléticas provocadas pelo Aparelho de Protração Mandibular, em jovens brasileiros portadores de má oclusão Clas-se II, 1ª divisão, associado à Ortodontia corretiva fixa. Métodos: a amostra consistiu de 56 telerradiografias em norma lateral de 28 pacientes, sendo 16 do sexo feminino e 12 do mas-culino. A idade inicial média foi de 13,06 anos e o período médio da terapia com o APM foi de 14,43 meses. As telerradiografias laterais foram obtidas antes e após o tratamento, tendo sido comparadas por dois examinadores calibrados para identificar as alterações esqueléticas do APM, utilizando-se 16 grandezas cefalométricas lineares e angulares. Algumas variáveis independentes (idade do paciente, sexo, padrão facial, modelo de APM, tempo total de uso do aparelho, arco usado durante a terapia com APM e técnica ortodôntica utilizada) foram consideradas e associadas às referidas grandezas, no intuito de demonstrar a influência dessas variáveis sobre as grandezas As respostas ao tratamento foram analisadas e comparadas pelos testes Wilcoxon Signed Ranks e Mann-Whitney para um nível de significância de 5%. Resulta-dos: os resultados mostraram uma restrição no deslocamento anterior da maxila, um aumento na protrusão mandibular, uma melhora no relacionamento anteroposterior das bases ósseas e estabilidade do plano mandibular em relação à base do crânio. Observou-se, ainda, influência das variáveis idade, padrão facial e tipo de APM utilizado. Conclusões: o APM consistiu numa alternativa eficaz no tratamento da má oclusão de Classe II, 1ª divisão, propiciando alterações do componente esquelético com resultados clínicos satisfatórios.

Resumo

Palavras-chave: Cefalometria. Aparelhos ortodônticos funcionais. Má oclusão Classe II de Angle. Aparelho de protração mandibular.

* Especialista em Ortodontia pela ABO-EAP/RN. ** Mestre em Ortodontia pela USP. Professor-coordenador da Disciplina de Ortodontia do Departamento de Odontologia da UFRN. Professor do Curso de Especialização em Ortodontia da ABO-EAP/RN. *** Especialista em Ortodontia pela ABO-EAP/RN. **** Professor do Departamento de Odontologia e dos Programas de Pós-graduação em Odontologia e Ciências da Saúde da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, UFRN.

Como citar este artigo: Araújo EM, Matoso RM, Diógenes AMN, Lima KC. Avaliação cefalométrica dos efeitos do aparelho de protração mandibular (APM) associado à aparatologia fixa em relação às estruturas esqueléticas em pacientes portadores de má oclusão Classe II, 1ª divisão. Dental Press J Orthod. 2011 May-June;16(3):113-24.

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Araújo EM, Matoso rM, Diógenes AMN, Lima Kc

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incluindo avaliação de variáveis que poderiam influenciar os resultados.

CONCLUSÕESDiante da metodologia empregada e dos resul-

tados obtidos, pode-se concluir que:1. O tratamento com o APM atuou na restri-

ção do deslocamento maxilar anterior, com diminuição do SNA.

2. Influenciou o posicionamento mais ante-rior da mandíbula (SNB, Go-Gn, B-FHp e Pog-FHp).

3. Apresentou efetividade na redução da con-vexidade facial e correção da relação maxi-lomandibular.

4. Não influenciou no crescimento vertical mandibular, uma vez que as variáveis an-gulares estudadas não mostraram com-portamento significativo pós-tratamento (SN.PP, SN.GoGn, SN.GoMe). Entretan-to, as alturas faciais anteriores e posterio-res aumentaram de maneira significativa, apesar do ângulo do plano mandibular ter permanecido estável, sofreu influência das variáveis idade (a amostra encontrava-se dentro do surto de crescimento), padrão facial (o dolicofacial sofreu alterações mais favoráveis) e do tipo de APM utiliza-do (influência atribuída, provavelmente, à maior rigidez exercida pelos tipos 1 e 2).

Cephalometric evaluation of the effects of the joint use of a mandibular protrac-tion appliance (mPa) and a fixed orthodontic appliance on the skeletal structures of patients with angle Class ii, division 1 malocclusion

Abstract

Objective: This study aimed to perform a cephalometric evaluation of the skeletal responses triggered by the joint use of a mandibular protraction appliance (MPA) and a fixed orthodontic appliance for correction of Class II, division 1 malocclusion in young Brazilian patients. Methods: The sample consisted of 56 lateral cephalograms of 28 patients (16 women and 12 men). The initial mean age was 13.06 years and mean duration of therapy with MPA was 14.43 months. The lateral radiographs were obtained before and after treatment and were compared by two calibrated examiners to identify the skeletal changes induced by the MPA using 16 linear and angular cephalometric measures. Some independent variables (patient age, gender, facial pattern, MPA model, total use time, archwire and technique used during therapy with MPA) were considered and related to those measures in order to demonstrate the influence of these variables on them. Responses to treatment were analyzed and compared by the Wilcoxon Signed Ranks test and Mann-Whitney test at a significance level of 5%. Results: The results showed restricted anterior displacement of the maxilla, increased mandibular protrusion, improved anteroposterior relationship of the basal bones and stability of the mandibular plane relative to the cranial base. The influence of variables age, facial pattern and MPA type was also noted. Conclusions: MPA proved an effective alternative in the treatment of Class II, division 1 malocclusion, inducing changes in the skeletal component with satisfactory clinical results.

Keywords: Cephalometry. Functional orthodontic appliances. Angle Class II malocclusion. Mandibular protraction appliance.

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Avaliação cefalométrica dos efeitos do aparelho de protração mandibular (APM) associado à aparatologia fixa em relação às estruturas esqueléticas em pacientes portadores de má oclusão classe ii, 1ª divisão

Endereço para correspondênciaemmanuelle medeiros de araújo av. lima e silva, 1611, sala 206 - lagoa novaCeP: 59.075-710 - natal / rne-mail: [email protected]

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Enviado em: setembro de 2007Revisado e aceito: fevereiro de 2009

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C a S o C l í n i C o B B o

má oclusão Classe ii, 2ª divisão de angle, tratada com exodontias de dentes permanentes*sílvio luís Dalagnol**

Este artigo relata o tratamento ortodôntico de uma paciente do sexo feminino, adulta, portadora de uma má oclusão Classe II, 2ª divisão de Angle, com terceiros molares superiores inclusos, bol-sa periodontal, recessões gengivais e desgastes dentários. A paciente foi tratada com exodontia dos segundos pré-molares superiores e controle de ancoragem. Este caso foi apresentado à Di-retoria do Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial (BBO), representando a categoria Livre Escolha, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Diplomado pelo BBO.

Resumo

Palavras-chave: Má oclusão de Angle Classe II. Extração dentária. Ortodontia corretiva.

** Mestre em Ortodontia pela UFRJ e Diplomado pelo Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial.

* Relato de caso clínico, categoria Livre Escolha, aprovado pelo Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial (BBO).

HISTÓRIA E ETIOLOGIAA paciente, motivada pelo periodontista, pro-

curou tratamento ortodôntico aos 28 anos de idade. Apresentava, como queixa principal, a de-ficiência na estética dentária. Sua história médica não era relevante. Contudo, sua história dentária, relatada pelo periodontista, envolvia bolsa perio-dontal na mesial do primeiro molar inferior direi-to (46), recessões gengivais em diversos dentes, desgastes dentários e indicação de exodontia dos terceiros molares superiores inclusos.

DIAGNÓSTICONa avaliação facial, a paciente apresentava per-

fil harmonioso, tendendo a côncavo, com lábios retruídos, leve assimetria facial, com a mandíbula desviada para a esquerda e maior exposição gengi-val do lado direito, durante o sorriso (Fig. 1).

Quanto ao padrão dentário, apresentava má

oclusão Classe II, 2ª divisão de Angle, característi-co apinhamento superior e pequeno apinhamento inferior, com espaço mesial ao dente 46, associado à prótese pequena em relação ao dente homólogo. Margens gengivais superiores desniveladas, discretas recessões gengivais nos dentes 14, 22, 23 e 24, e pla-no oclusal alterado. Os incisivos centrais superiores se apresentavam retruídos, retroinclinados e com desgastes acentuados, enquanto os laterais se en-contravam projetados e com anatomia disforme. Os segundos pré-molares superiores possuíam restau-rações e tamanho desproporcional em relação aos demais dentes. A relação entre os caninos superiores e inferiores era de topo, a sobremordida acentuada e existia desvio funcional da posição de relação cêntri-ca (RC) para a de máxima intercuspidação habitual (MIH). A linha mediana superior estava desviada para a direita, em relação ao plano sagital mediano, e a inferior para a esquerda (Fig. 1, 2).

Como citar este artigo: Dalagnol SL. Má oclusão Classe II, 2ª divisão de Angle, tratada com exodontias de dentes permanentes. Dental Press J Orthod. 2011 May-June;16(3):125-35.

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Dalagnol SL

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devido ao tamanho e condição clínica dos se-gundos pré-molares, optou-se pelas exodontias dos mesmos, sabendo-se que essa escolha iria dificultar a ancoragem.

Na avaliação da sobreposição total (Fig. 14), pode-se observar a manutenção do padrão es-quelético e as alterações do padrão dentário e do perfil facial. A remodelação óssea provocada pela correção da inclinação dos incisivos superiores, que pode ser observada na sobreposição parcial

da maxila, associada à retração acentuada dos in-cisivos laterais superiores, que serviam de apoio para os lábios no início do tratamento, devem ter provocado a pequena retrusão dos lábios, tornan-do o perfil mais côncavo.

Conforme pode ser observado nos exames de controle (Fig. 10-14), o sorriso melhorou, o perfil manteve-se harmonioso e a oclusão per-maneceu estável, confirmando que os objetivos do tratamento foram alcançados.

angle Class ii, division 2 malocclusion treated with extraction of permanent teeth

Abstract

This study describes the orthodontic treatment of a woman with Angle Class II, division 2 malocclusion, impacted maxillary third molars, periodontal pocket, gingival recession and tooth wear. Treatment consisted of extraction of maxillary second premolars and anchorage control. This case was presented to the Committee of the Brazil-ian Board of Orthodontics and Facial Orthopedics (BBO) in the Free Case category as part of the requisites to obtain the BBO Diploma.

Keywords: Angle Class II malocclusion. Adult. Impacted tooth. Periodontal pocket. Tooth extraction. Orthodontic anchorage.

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REFERêNCIAS

Endereço para correspondênciasílvio luís Dalagnolav. Batel, 1230, Cj. 706, BatelCeP: 80.420-906 - Curitiba / Pre-mail: [email protected]

Enviado em: abril de 2011Revisado e aceito: maio 2011

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t ó p i C o E S p E C i a l

Critérios para o diagnóstico e tratamento estável da mordida aberta anterioralderico artese*, stephanie Drummond**, Juliana mendes do nascimento***, flavia artese****

Introdução: dentre as más oclusões, a mordida aberta anterior é considerada uma das ano-malias de mais difícil correção, sobretudo no que se refere à sua estabilidade. A literatura possui inúmeros trabalhos sobre o tema, porém com informações controversas e conflitan-tes. As discordâncias ocorrem desde a definição do que é a mordida aberta, passando por seus fatores etiológicos, até os possíveis tipos de tratamentos. Provavelmente, a falta de consenso sobre a etiologia da mordida aberta anterior originou tratamentos diversificados, o que pode explicar o alto índice de instabilidade pós-tratamento dessa má oclusão. Objetivo: rever os conceitos de etiologia, tratamento e estabilidade da mordida aberta anterior e apre-sentar critérios para o diagnóstico e tratamento dessa má oclusão, baseados em sua etiologia, e exemplificados por casos tratados e estáveis em longo prazo.

Resumo

Palavras-chave: Mordida aberta. Etiologia. Tratamento. Estabilidade.

* MSc em Ortodontia pela University of Washington, Professor Adjunto de Ortodontia da UFRJ (Aposentado). ** Especialista e Mestranda em Ortodontia pela UERJ. *** Especialista em Ortodontia pela UERJ. **** Mestre e Doutora em Ortodontia pela UFRJ. Professora Adjunta de Ortodontia da UERJ. Diplomada pelo Board

Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial.

INTRODUÇÃOO termo “mordida aberta” foi utilizado pela

primeira vez por Caravelli, em 1842, como uma classificação distinta de má oclusão1, a qual pode ser definida de formas diferentes2. Alguns autores consideram mordida aberta, ou tendência à mor-dida aberta, quando a sobremordida é menor do que aquela considerada normal. Outros conside-ram mordida aberta as relações incisais de topo. Outros, ainda, especificam que há necessidade de falta de contato incisal para se diagnosticar uma mordida aberta. Por uma questão semântica, e por estar de acordo com o maior número de definições na literatura2,3,4,5, consideramos a mordida aberta

anterior (MAA) como a ausência de contato inci-sal dos dentes anteriores em relação cêntrica.

Devido a essas diferentes definições para a MAA, a sua prevalência varia consideravelmente entre estudos, dependendo da definição escolhi-da pelo autor. A prevalência na população varia entre 1,5% e 11%6. O fator idade, no entanto, afeta essa prevalência, uma vez que os hábitos de sucção diminuem com a idade, assim como há um amadurecimento da função oral. Aos 6 anos de idade, 4,2% apresentam MAA, enquanto que aos 14 anos, a prevalência diminui para 2,5%2. Em americanos, observou-se diferenças de pre-valência de acordo com a etnia, sendo de 3,5%

Como citar este artigo: Artese A, Drummond S, Nascimento JM, Artese F. Critérios para o diagnóstico e tratamento estável da mordida aberta anterior. Dental Press J Orthod. 2011 May-June;16(3):136-61.

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critérios para o diagnóstico e tratamento estável da mordida aberta anterior

CONSIDERAÇÕES FINAISA dificuldade na obtenção de resultados está-

veis para a correção da MAA pode ser justificada a partir do desconhecimento de sua verdadeira etio-logia. A postura da língua em repouso não é muito considerada nos tratamentos da MAA. Algumas evidências sugerem que a postura da língua pode ser um dos mais importantes fatores etiológicos da MAA. Portanto, ela deve ser analisada e tratada quando é anormal.

Não existe apenas uma posição de repouso de língua, ela pode se posicionar de forma mais alta ou mais baixa, gerando mordidas abertas com di-ferentes características morfológicas e severidades.

A partir dessas características o tratamento é es-colhido, podendo ser impedidor ou direcionador da língua. Uma vez corrigida a postura da língua, o fator etiológico é debelado e a estabilidade do tratamento garantida.

Os estudos clínicos sobre MAA são, em ge-ral, modelos experimentais de caso-controle com amostras pequenas e ausência de grupo controle. Isso faz com que as informações que se têm sobre essa má oclusão sejam incompletas e, portanto, inconclusivas. Mais estudos devem ser realizados, principalmente reavaliando a postura da língua e o aspecto do crescimento hiperdivergente da face como fator etiológico da MAA.

Criteria for diagnosing and treating anterior open bite with stability

Abstract

Introduction: Anterior open bite is considered a malocclusion that still defies correction, especially in terms of stabil-ity. The literature reports numerous studies on the subject but with controversial and conflicting information. Disagree-ment revolves around the definition of open bite, its etiological factors and available treatments. It is probably due to a lack of consensus over the etiology of anterior open bite that a wide range of treatments has emerged, which may explain the high rate of instability following the treatment of this malocclusion. Objective: Review the concepts of eti-ology, treatment and stability of anterior open bite and present criteria for diagnosing and treating this malocclusion based on its etiology, and provide examples of treated cases that have remained stable in the long term.

Keywords: Open bite. Etiology. Treatment. Stability.

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Artese A, Drummond S, Nascimento JM, Artese f

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Endereço para correspondênciaflavia arteserua santa Clara, 75/1110CeP: 22.041-011 - Copacabana / rJe-mail: [email protected]

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Enviado em: abril de 2011Revisado e aceito: maio 2011

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normaS dE aprESEntação dE originaiS

— O Dental Press Journal of Orthodontics publica arti-gos de investigação científica, revisões significativas, relatos de casos clínicos e de técnicas, comunicações breves e outros materiais relacionados à Ortodontia e Ortopedia Facial.

— O Dental Press Journal of Orthodontics utiliza o Sistema de Gestão de Publicação, um sistema on-line de submissão e avaliação de trabalhos. Para sub-meter novos trabalhos visite o site:

www.dentalpressjournals.com

— Outros tipos de correspondência poderão ser envia-dos para:

Dental Press International Av. Euclides da Cunha 1718, Zona 5 CEP: 87.015-180, Maringá/PR Tel.: (44) 3031-9818 E-mail: [email protected]

— As declarações e opiniões expressas pelo(s) autor(es) não necessariamente correspondem às do(s) editor(es) ou publisher, os quais não assumirão qualquer respon-sabilidade pelas mesmas. Nem o(s) editor(es) nem o publisher garantem ou endossam qualquer produto ou serviço anunciado nesta publicação ou alegação feita por seus respectivos fabricantes. Cada leitor deve de-terminar se deve agir conforme as informações con-tidas nesta publicação. A Revista ou as empresas pa-trocinadoras não serão responsáveis por qualquer dano advindo da publicação de informações errôneas.

— Os trabalhos apresentados devem ser inéditos e não publicados ou submetidos para publicação em outra revista. Os manuscritos serão analisados pelo editor e consultores, e estão sujeitos a revisão editorial. Os autores devem seguir as orientações descritas adiante.

ORIENTAÇÕES PARA SUBMISSÃO DOS MANUSCRITOS

— Os trabalhos devem, preferencialmente, ser escritos em língua inglesa.

— Apesar de ser oficialmente publicado em inglês, o Dental Press Journal of Orthodontics conta ainda com sua versão em língua portuguesa. Por isso serão aceitas, também, submissões de artigos em português.

— Nesse caso, após terem sido avaliados e aprovados, os autores deverão enviar a versão em inglês de seus trabalhos.

— Essa versão será submetida à aprovação do Conselho Editorial e deverá apresentar adequada qualidade vernacular.

FORMATAÇÃO DOS MANUSCRITOS

— Submeta os artigos através do site: www.dentalpressjournals.com — Organize sua apresentação como descrito a seguir:

1. Página de título— deve conter título em português e inglês, resumo e

abstract, palavras-chave e keywords. — não inclua informações relativas aos autores, por

exemplo: nomes completos dos autores, títulos aca-dêmicos, afiliações institucionais e/ou cargos admi-nistrativos. Elas deverão ser incluídas apenas nos campos específicos no site de submissão de artigos. Assim, essas informações não estarão disponíveis para os revisores.

2. Resumo/Abstract — os resumos estruturados, em português e inglês, de

250 palavras ou menos são os preferidos. — os resumos estruturados devem conter as seções:

INTRODUÇÃO, com a proposição do estudo; MÉ-TODOS, descrevendo como o mesmo foi realizado; RESULTADOS, descrevendo os resultados primários; e CONCLUSÕES, relatando o que os autores con-cluíram dos resultados, além das implicações clínicas.

— os resumos devem ser acompanhados de 3 a 5 pala-vras-chave, ou descritores, também em português e em inglês, as quais devem ser adequadas conforme o MeSH/DeCS.

3. Texto— o texto deve ser organizado nas seguintes seções:

Introdução, Material e Métodos, Resultados, Discus-são, Conclusões, Referências, e Legendas das figuras.

— os textos devem ter o número máximo de 4.000 palavras, incluindo legendas das figuras, resumo, abs-tract e referências.

— envie as figuras em arquivos separados (ver logo abaixo).

— também insira as legendas das figuras no corpo do texto, para orientar a montagem final do artigo.

4. Figuras— as imagens digitais devem ser no formato JPG ou

TIF, em CMYK ou tons de cinza, com pelo menos 7 cm de largura e 300 dpis de resolução.

— as imagens devem ser enviadas em arquivos inde-pendentes.

— se uma figura já foi publicada anteriormente, sua le-genda deve dar todo o crédito à fonte original.

— todas as figuras devem ser citadas no texto.

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normaS dE aprESEntação dE originaiS

5. Gráficos e traçados cefalométricos— devem ser enviados os arquivos contendo as versões

originais dos gráficos e traçados, nos programas que foram utilizados para sua confecção.

— não é recomendado o envio dos mesmos apenas em formato de imagem bitmap (não editável).

— os desenhos enviados podem ser melhorados ou re-desenhados pela produção da revista, a critério do Corpo Editorial.

6. Tabelas— as tabelas devem ser autoexplicativas e devem com-

plementar, e não duplicar o texto. — devem ser numeradas com algarismos arábicos, na

ordem em que são mencionadas no texto. — forneça um breve título para cada uma. — se uma tabela tiver sido publicada anteriormente, inclua

uma nota de rodapé dando crédito à fonte original. — apresente as tabelas como arquivo de texto (Word

ou Excel, por exemplo), e não como elemento gráfi-co (imagem não editável).

7. Comitês de Ética— Os artigos devem, se aplicável, fazer referência a pa-

receres de Comitês de Ética.

8. Declarações exigidas Todos os manuscritos devem ser acompanhados

das seguintes declarações, a serem preenchidas no momento da submissão do artigo:

— Cessão de Direitos Autorais Transferindo todos os direitos autorais do manus-

crito para a Dental Press International, caso o tra-balho seja publicado.

— Conflito de Interesse Caso exista qualquer tipo de interesse dos autores

para com o objeto de pesquisa do trabalho, esse deve ser explicitado.

— Proteção aos Direitos Humanos e de Animais Caso se aplique, informar o cumprimento das re-

comendações dos organismos internacionais de proteção e da Declaração de Helsinki, acatando os padrões éticos do comitê responsável por experi-mentação humana/animal.

— Consentimento Informado Os pacientes têm direito à privacidade que não

deve ser violada sem um consentimento informado.

9. Referências— todos os artigos citados no texto devem constar na

lista de referências. — todas as referências listadas devem ser citadas no

texto.— com o objetivo de facilitar a leitura do texto, as refe-

rências serão citadas no texto apenas indicando a sua numeração.

— as referências devem ser identificadas no texto por números arábicos sobrescritos e numeradas na or-dem em que são citadas no texto.

— as abreviações dos títulos dos periódicos devem ser normalizadas de acordo com as publicações “Index Medicus” e “Index to Dental Literature”.

— a exatidão das referências é de responsabilidade dos autores; as mesmas devem conter todos os dados ne-cessários à sua identificação.

— as referências devem ser apresentadas no final do texto obedecendo às Normas Vancouver (http://www.nlm.nih.gov/bsd/uniform_requirements.html).

— utilize os exemplos a seguir:

Artigos com até seis autoresSterrett JD, Oliver T, Robinson F, Fortson W, Knaak B, Russell CM. Width/length ratios of normal clinical crowns of the maxillary anterior dentition in man. J Clin Periodontol. 1999 Mar;26(3):153-7.

Artigos com mais de seis autoresDe Munck J, Van Landuyt K, Peumans M, Poitevin A, Lambrechts P, Braem M, et al. A critical review of the durability of adhesion to tooth tissue: methods and results. J Dent Res. 2005 Feb;84(2):118-32.

Capítulo de livroKina S. Preparos dentários com finalidade protética. In: Kina S, Brugnera A. Invisível: restaurações estéticas cerâmicas. Maringá: Dental Press; 2007. cap. 6, p. 223-301.

Capítulo de livro com editorBreedlove GK, Schorfheide AM. Adolescent pregnancy. 2nd ed. Wieczorek RR, editor. White Plains (NY): March of Dimes Education Services; 2001.

Dissertação, tese e trabalho de conclusão de cursoBeltrami LER. Braquetes com sulcos retentivos na base, colados clinicamente e removidos em laboratórios por testes de tração, cisalhamento e torção [dissertação]. Bauru (SP): Universidade de São Paulo; 1990.

Formato eletrônico Câmara CALP. Estética em Ortodontia: Diagramas de Referências Estéticas Dentárias (DRED) e Fa-ciais (DREF). Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2006 nov-dez;11(6):130-56. [Acesso 2008 Jun 12]. Disponível em: www.scielo.br/pdf/dpress/v11n6/a15v11n6.pdf.

* Para submeter novos trabalhos acesse o site: www.dentalpressjournals.com

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1. O registro de ensaios clínicos

Os ensaios clínicos se encontram entre as melhores evidências

para tomada de decisões clínicas. Considera-se ensaio clínico todo pro-

jeto de pesquisa com pacientes que seja prospectivo, nos quais exista

intervenção clínica ou medicamentosa com objetivo de comparação de

causa/efeito entre os grupos estudados e que, potencialmente, possa ter

interferência sobre a saúde dos envolvidos.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os ensaios clí-

nicos controlados aleatórios e os ensaios clínicos devem ser notificados

e registrados antes de serem iniciados.

O registro desses ensaios tem sido proposto com o intuito de

identificar todos os ensaios clínicos em execução e seus respectivos

resultados, uma vez que nem todos são publicados em revistas cien-

tíficas; preservar a saúde dos indivíduos que aderem ao estudo como

pacientes; bem como impulsionar a comunicação e a cooperação de

instituições de pesquisa entre si e com as parcelas da sociedade com

interesse em um assunto específico. Adicionalmente, o registro permite

reconhecer as lacunas no conhecimento existentes em diferentes áreas,

observar tendências no campo dos estudos e identificar os especialistas

nos assuntos.

Reconhecendo a importância dessas iniciativas e para que as revis-

tas da América Latina e Caribe sigam recomendações e padrões inter-

nacionais de qualidade, a BIREME recomendou aos editores de revistas

científicas da área da saúde indexadas na Scientific Library Electronic

Online (SciELO) e na LILACS (Literatura Latino-americana e do Ca-

ribe de Informação em Ciências da Saúde) que tornem públicas estas

exigências e seu contexto. Assim como na base MEDLINE, foram in-

cluídos campos específicos na LILACS e SciELO para o número de

registro de ensaios clínicos dos artigos publicados nas revistas da área

da saúde.

Ao mesmo tempo, o International Committee of Medical Jour-

nal Editors (ICMJE) sugeriu aos editores de revistas científicas que

exijam dos autores o número de registro no momento da submissão

de trabalhos. O registro dos ensaios clínicos pode ser feito em um dos

Registros de Ensaios Clínicos validados pela OMS e ICMJE, cujos en-

dereços estão disponíveis no site do ICMJE. Para que sejam validados,

os Registros de Ensaios Clínicos devem seguir um conjunto de critérios

estabelecidos pela OMS.

2. Portal para divulgação e registro dos ensaios

A OMS, com objetivo de fornecer maior visibilidade aos Registros

de Ensaios Clínicos validados, lançou o portal WHO Clinical Trial Se-

arch Portal (http://www.who.int/ictrp/network/en/index.html), com

interface que permite busca simultânea em diversas bases. A pesquisa,

nesse portal, pode ser feita por palavras, pelo título dos ensaios clí-

nicos ou pelo número de identificação. O resultado mostra todos os

ensaios existentes, em diferentes fases de execução, com enlaces para

a descrição completa no Registro Primário de Ensaios Clínicos corres-

pondente.

A qualidade da informação disponível nesse portal é garantida pe-

los produtores dos Registros de Ensaios Clínicos que integram a rede

recém-criada pela OMS: WHO Network of Collaborating Clinical

Trial Registers. Essa rede permitirá o intercâmbio entre os produtores

dos Registros de Ensaios Clínicos para a definição de boas práticas e

controles de qualidade. Os sites para que possam ser feitos os registros

primários de ensaios clínicos são: www.actr.org.au (Australian Clinical

Trials Registry), www.clinicaltrials.gov e http://isrctn.org (Internatio-

nal Standard Randomised Controlled Trial Number Register (ISRC-

TN). Os registros nacionais estão sendo criados e, na medida do possí-

vel, os ensaios clínicos registrados nos mesmos serão direcionados para

os recomendados pela OMS.

A OMS propõe um conjunto mínimo de informações que devem

ser registradas sobre cada ensaio, como: número único de identificação,

data de registro do ensaio, identidades secundárias, fontes de financia-

mento e suporte material, principal patrocinador, outros patrocinado-

res, contato para dúvidas do público, contato para dúvidas científicas,

título público do estudo, título científico, países de recrutamento, pro-

blemas de saúde estudados, intervenções, critérios de inclusão e ex-

clusão, tipo de estudo, data de recrutamento do primeiro voluntário,

tamanho pretendido da amostra, status do recrutamento e medidas de

resultados primárias e secundárias.

Atualmente, a Rede de Colaboradores está organizada em três

categorias:

- Registros Primários: cumprem com os requisitos mínimos e

contribuem para o Portal;

- Registros Parceiros: cumprem com os requisitos mínimos, mas

enviam os dados para o Portal somente através de parceria com

um dos Registros Primários;

- Registros Potenciais: em processo de validação pela Secretaria

do Portal, ainda não contribuem para o Portal.

3. Posicionamento do Dental Press Journal of Orthodontics

O DENTAL PRESS JOURNAL OF ORTHODONTICS apoia

as políticas para registro de ensaios clínicos da Organização Mundial

da Saúde - OMS (http://www.who.int/ictrp/en/) e do International

Committee of Medical Journal Editors – ICMJE (http://www.wame.

org/wamestmt.htm#trialreg e http://www.icmje.org/clin_trialup.htm),

reconhecendo a importância dessas iniciativas para o registro e divul-

gação internacional de informação sobre estudos clínicos, em acesso

aberto. Sendo assim, seguindo as orientações da BIREME/OPAS/OMS

para a indexação de periódicos na LILACS e SciELO, somente serão

aceitos para publicação os artigos de pesquisas clínicas que tenham

recebido um número de identificação em um dos Registros de Ensaios

Clínicos, validados pelos critérios estabelecidos pela OMS e ICMJE,

cujos endereços estão disponíveis no site do ICMJE: http://www.icmje.

org/faq.pdf. O número de identificação deverá ser registrado ao final

do resumo.

Consequentemente, recomendamos aos autores que procedam o

registro dos ensaios clínicos antes do início de sua execução.

Atenciosamente,

Jorge Faber, CD, MS, Dr

Editor do Dental Press Journal of Orthodontics

ISSN 2176-9451

E-mail: [email protected]

ComuniCado aoS autorES E ConSultorES - rEgiStro dE EnSaioS ClíniCoS