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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO ANA LUIZA MARÇAL MONSORES GABRIEL RODRIGUES DO VAL CARACTERIZAÇÃO DE NANOTUBOS DE CARBONO POR ESPECTROSCOPIA POR REFLECTÂNCIA DIFUSA NO INFRAVERMELHO COM TRANSFORMADA DE FOURIER PARA FINS DE ADSORÇÃO DE CO 2 Niterói 2/2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E

DE PETRÓLEO

ANA LUIZA MARÇAL MONSORES

GABRIEL RODRIGUES DO VAL

“CARACTERIZAÇÃO DE NANOTUBOS DE

CARBONO POR ESPECTROSCOPIA POR

REFLECTÂNCIA DIFUSA NO INFRAVERMELHO

COM TRANSFORMADA DE FOURIER PARA FINS

DE ADSORÇÃO DE CO2”

Niterói

2/2017

ANA LUIZA MARÇAL MONSORES

GABRIEL RODRIGUES DO VAL

“CARACTERIZAÇÃO DE NANOTUBOS DE

CARBONO POR ESPECTROSCOPIA POR

REFLECTÂNCIA DIFUSA NO INFRAVERMELHO

COM TRANSFORMADA DE FOURIER PARA FINS

DE ADSORÇÃO DE CO2”

Projeto Final apresentado ao Curso de Graduação em

Engenharia Química, oferecido pelo departamento de

Engenharia Química e de Petróleo da Escola de

Engenharia da Universidade Federal Fluminense,

como requisito parcial para obtenção do Grau de

Bacharel em Engenharia Química.

ORIENTADORES

Profº. Dr. Hugo Alvarenga Oliveira

Me. Laura Margarida de Matos Martins Esteves

Niterói

2/2017

ANA LUIZA MARÇAL MONSORES

GABRIEL RODRIGUES DO VAL

“CARACTERIZAÇÃO DE NANOTUBOS DE

CARBONO POR ESPECTROSCOPIA POR

REFLECTÂNCIA DIFUSA NO INFRAVERMELHO

COM TRANSFORMADA DE FOURIER PARA FINS

DE ADSORÇÃO DE CO2”

Projeto Final apresentado ao Curso de Graduação em

Engenharia Química, oferecido pelo departamento de

Engenharia Química e de Petróleo da Escola de

Engenharia da Universidade Federal Fluminense,

como requisito parcial para obtenção do Grau de

Bacharel em Engenharia Química.

Aprovado em 12 de dezembro de 2017.

BANCA EXAMINADORA

Niterói

2/2017

AGRADECIMENTOS

Dedico esse trabalho primeiramente à minha família, pois nossa união e maravilhoso

relacionamento proporcionou um ambiente tranquilo e caloroso na nossa casa. Durante

toda a minha graduação sempre fui recebida com carinho e compreensão no meu lar, e

sei que isso é essencial para uma boa formação acadêmica.

Agradeço a minha mãe Silvia, heroína e exemplo de mulher, que sempre me orientou a

seguir meus sonhos e a fazer o que amo. Nas horas difíceis me cedeu seu calor e amor

materno, e que eu vejo não só como mãe, mas como amiga.

Ao meu pai Italo, muito carinhoso, um militar disciplinado, um verdadeiro combatente.

Nos momentos em que duvidei da minha capacidade o seu espírito vibrador me vinha à

cabeça, e me dava forças para seguir em frente.

À minha irmã e melhor amiga Ana Laura, que apesar de mais nova, sempre me

aconselhou com muita ternura e maturidade. Suas palavras encorajadoras na hora certa

sempre me deram muita força e sua presença tornou os meus dias mais leves e divertidos.

Tenho um carinho muito especial pela UFF, lugar onde com certeza passei pelos anos

mais felizes da minha vida até agora. Por ela estou concluindo minha primeira graduação,

tive muitos aprendizados, e realizei a transição da adolescência para a fase adulta. Lá tive

momentos de alegria, diversão, aprendizado, conhecimento e amizade. Construí

verdadeiras amizades lá, que ficarão para a minha vida toda.

Agradeço ao corpo de professores da engenharia química da UFF, em especial aos

professores Hugo Alvarenga, Fernando Peixoto, Diego Prata, Mônica Maia e Geraldo

Ferreira, que me inspiraram e são para mim exemplo de profissionais, os quais usarei

como referência para meu comportamento profissional e acadêmico. Destaco também o

grupo Recat que me acolheu e me passou grandes experiências.

Por fim, agradeço aos meus companheiros de graduação, que se tornaram meus melhores

amigos: Rafael, Gustavo, Orlando e Gabriel, que estiveram comigo durante todo o meu

curso. Tivemos muitos momentos de alegria, foco, estudo, amadurecimento e amizade.

Obrigada por serem meus amigos, a faculdade não teria sido a mesma sem vocês.

Ana Luiza Marçal Monsores

"Dizem que antes de um rio entrar no mar, ele treme de

medo. Olha para trás, para toda a jornada que percorreu,

para os cumes, as montanhas, para o longo caminho sinuoso

que trilhou através de florestas e povoados, e vê à sua frente

um oceano tão vasto, que entrar nele nada mais é do que

desaparecer para sempre. Mas não há outra maneira. O rio

não pode voltar. Ninguém pode voltar. Voltar é impossível

na existência. O rio precisa de se arriscar e entrar no oceano.

E somente quando ele entrar no oceano é que o medo

desaparece, porque apenas então o rio saberá que não se

trata de desaparecer no oceano, mas de tornar-se oceano."

Osho

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus por ter estado ao meu lado em toda minha caminhada

até aqui, me guiando, me dando sabedoria, me iluminando e me ajudando a enfrentar os

desafios da vida.

Agradeço a minha mãe, Regina, por toda educação, carinho, amor incondicional,

cuidados e preocupações. Sem você eu não seria quem sou. Obrigado por não medir

esforços para me fazer feliz e por estar sempre ao meu lado. Sem dúvidas, você é a peça

fundamental para essa nossa vitória.

Agradeço ao meu pai, Rodolfo, por toda educação, amor e conselhos e por ser um

exemplo de superação, determinação e honestidade para mim.

Agradeço a minha namorada, Jamile, e a todos os seus familiares, principalmente à

Luciene e Hosana, pelo apoio e incentivo incondicional durante toda essa caminhada.

Obrigado pelos conselhos, pela compreensão, pelo amor e pelo companheirismo.

Agradeço aos meus irmãos, Igor e Raphael, por toda amizade, apoio, companheirismo,

favores e união.

Agradeço ao meu orientador, Hugo, e coorientadora, Laura, pelos conselhos e opiniões

dadas para o desenvolvimento deste trabalho. Sem dúvidas, vocês são exemplos de

profissionais com os quais tive a oportunidade de conviver e aprender.

Agradeço aos amigos de graduação, por dividirem comigo todos os momentos

proporcionados durante esses anos na UFF. Em especial, à Ana Luiza, minha parceira

para escrita deste trabalho e de estudo que se mostrou sempre uma grande amiga.

Agradeço à Universidade Federal Fluminense, aos professores e a todos aqueles que

direta ou indiretamente tornaram este sonho possível.

Gabriel Rodrigues do Val

“Não confunda derrotas com fracasso nem vitórias com

sucesso. Na vida de um campeão sempre haverá algumas

derrotas, assim como na vida de um perdedor sempre

haverá vitórias. A diferença é que, enquanto os campeões

crescem nas derrotas, os perdedores se acomodam nas

vitórias.”

Roberto Shinyashiki

RESUMO

A emissão dos gases do efeito estufa é uma das grandes causas do aquecimento

global e dentre eles podemos destacar o dióxido de carbono. Uma alternativa para

diminuir essas emissões e assim manter o equilíbrio do planeta é realizar a captura e

armazenamento deste gás. A adsorção do CO2 por nanotubos de carbono funcionalizados

apresenta vantagens frente às soluções aquosas de alcanolaminas atualmente empregadas

para este propósito. Para uma eficiente captura do CO2 por nanotubos de carbono é

preciso investigar os grupos funcionais presentes em sua superfície. Assim, neste trabalho

foi realizado um estudo e caracterização desses materiais por espectroscopia no

infravermelho (DRIFTS). Os nanotubos foram produzidos por rota catalítica usando

catalisador 5%Co10%Mo/MgO e, posteriormente, foram purificados. Ao analisar seus

espectros pré e pós-purificação, notou-se que os pós-purificados apresentavam alguns

grupos oxigenados na sua superfície, como hidroxilas, fenóis e éteres. Além disso, as

bandas que indicam a presença de Mg proveniente do catalisador desapareceram após a

purificação, enquanto o Co e Mo formaram óxidos de difícil remoção, os quais podem

influenciar na reatividade superficial dos nanotubos, aumentando o grau de oxidação

esperado. Esses resultados ajudarão a identificar o ponto ótimo de oxidação que torne a

funcionalização dos nanotubos de carbono mais eficiente para a adsorção de CO2.

Palavras-chave: efeito estufa, dióxido de carbono, adsorção, nanotubos de carbono,

espectroscopia no infravermelho.

ABSTRACT

The emissions of greenhouse gases is one of the major causes of global warming,

and among them carbon dioxide is the one that stands out. An alternative to decrease such

emissions is to capture and store this gas. The adsorption of CO2 by functionalized carbon

nanotubes has advantages compared to aqueous solutions of alkanolamines currently

employed for this purpose. Therefore, carbon nanotube characterization was performed

by infrared spectroscopy (DRIFTS). These materials were produced by chemical vapor

deposition on 5%Co10%Mo/MgO catalyst and then were purified. The DRIFTS analysis

showed that after the purification step of nanotubes some oxygen groups were identified

on its surface, such as hydroxyls, phenols and ethers. In addition, the bands indicating the

presence of Mg of the catalyst disappeared after purification, whereas Co and Mo formed

oxides of more difficult removal, which can influence the nanotube surface reactivity,

increasing the expected degree of oxidation. These results will contribute to identify the

optimum oxidation point that makes the functionalization of nanotubes more efficient to

CO2 adsorption.

Keywords: greenhouse gases, carbon dioxide, adsorption, carbon nanotubes, infrared

spectroscopy.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Esquema do Efeito Estufa ............................................................................. 18

Figura 2 – Variação anual (1980 – 2012) da concentração de CO2 atmosférico

global (NOOA/GMD, Global CO2), da temperatura global do ar

da superfície da Terra (UEA e Centro Hadley, HadCRUT3) e da

temperatura global da superfície do mar (UEA e Centro Hadley,

HadSST2) .................................................................................................... 20

Figura 3 – Diferentes tecnologias e materiais associados para separação e

captura de CO2 ............................................................................................. 21

Figura 4 – Diagrama de fluxo de um típico processo de tratamento de gases

com amina usado em plantas industriais ..................................................... 23

Figura 5 – Principais nanoestruturas carbonaceas .......................................................... 27

Figura 6 – Representação do SWCNT (à esquerda) e do MWCNT (à direita) .............. 29

Figura 7 – Sumário de modelos de estruturas de OG que já foram propostos. .............. 35

Figura 8 – Representação esquemática do processo de formação do OG,

seguido da esfoliação para formação de folhas individuais de

óxido de grafeno .......................................................................................... 36

Figura 9 – Estrutura dos óxidos de nanotubos cortado longitudinalmente

devido à agressividade do meio reacional ................................................... 37

Figura 10 – Bandas de absorção no infravermelho dos possíveis óxidos de

nanotubos. .................................................................................................... 40

Figura 11 – Espectros de FTIR de MWCNT oxidados e não oxidados com HNO3. ..... 41

Figura 12 – Espectro de DRIFTS da amostra de nanotubos + catalisador +

KBr ((a): 3800~2600 cm-1/ (b): 2000~800 cm-1) e espectro FTIR

da amostra de catalisador (#Cat) e KBr ((c): 2000~400 cm-1) .................... 42

Figura 13 – Imagem das amostras usadas: o catalisador, os nanotubos de

carbono produzidos e os nanotubos de carbono purificados,

respectivamente, da esquerda para a direita ................................................ 46

Figura 14 – Barcas de vidro contendo NTC produzidos e NTC purificados

diluídos em KBr ........................................................................................... 47

Figura 15 – Amostras após maceração: (a) KBr; (b) Catalisador; (c) NTC

produzidos + 12% KBr; (d) NTC purificados + 12% KBr .......................... 47

Figura 16 – Equipamento de DRIFTS utilizado no experimento. .................................. 48

Figura 17 – Espectros de DRIFTS das amostras de KBr e do Catalisador

5%Co10%Mo/MgO ..................................................................................... 49

Figura 18 – Espectros de DRIFTS das amostras de NTC produzidos e NTC

purificados ................................................................................................... 50

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Principais métodos de oxidação do grafite ................................................... 32

Tabela 2 – Etapas de formação dos agentes oxidantes do grafite .................................. 32

Tabela 3 – Líquidos de lavagem e suas funções ............................................................. 33

Tabela 4 – Resumo das técnicas de identificação e quantificação para

caracterização dos NTC ............................................................................... 38

Tabela 5 – Atribuição das bandas de absorção dos espectros FTIR de NTC ................. 41

LISTA DE ABREVIATURAS

CAPEX – Capital Expenditure (Despesas de capital)

CFC’s – Clorofluorcarbonetos

CVD – Chemical Vapour Deposition (Deposição Química a vapor)

DEA – Dietanolamina

DIPA – Diisopropilaminae

DGA – Diglicolamina

DRIFTS – Diffuse Reflectance Infrared Fourier Transform Spectroscopy

(Espectroscopia por Reflectância Difusa no Infrevermelho com

Transformada de Fourier)

GAW – Global Atmosphere Watch

GEE – Gases do Efeito Estufa

IR – Infrared (Infravermelho)

MDEA – Metildietanolamina

MEA – Monoetanolamina

MOFs – Metal-organic Frameworks (Estruturas metálicas-orgânicas)

MWCNT – Multi-walled Carbon Nanotubes (Nanotubos de Carbono de Multiparedes)

NOOA/GMD – Global Monitoring Division of National Oceanic and Atmospheric

Administration

NTC – Nanotubos de Carbono

OG – Óxido de grafite

OPEX – Operational Expenditure (Despesas operacionais)

SEM – Scanning Electron Microscope (Microscopia eletrônica de varredura)

SWCNT – Single-walled Carbon Nanotube (Nanotubos de Carbono de Parede Simples)

TEM – Tunneling Electron Microscope (Microscopia eletrônica de transmissão)

TGA – Thermogravimetric analysis (Análise Termogravimétrica)

UEA – University of East Anglia

WMO - World Meteorological Organization

XPS – X-Ray Photoelectron Spectroscopy (Espectroscopia de Fotoelétrons de Raios-X)

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 16

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................ 18

2.1. O EFEITO ESTUFA E O CO2 ........................................................................ 18

2.2. APLICAÇÕES DO CO2 ................................................................................... 20

2.3. TÉCNICAS DE CAPTURA DE CO2 .............................................................. 21

2.3.1. ABSORÇÃO ............................................................................................. 22

2.3.2. ADSORÇÃO ............................................................................................ 23

2.4. MECANISMO REACIONAL DA ABSORÇÃO/ADSORÇÃO

DE DIÓXIDO DE CARBONO COM AMINAS ............................................ 26

2.5. ALÓTROPOS DO CARBONO E ADSORVENTES

CARBONÁCEOS (SUPORTES) .................................................................... 27

2.5.1. GRAFENO E GRAFITE ........................................................................ 28

2.5.2. NANOTUBOS DE CARBONO .............................................................. 28

2.6. OXIDAÇÃO DOS MATERIAIS CARBONÁCEOS ..................................... 30

2.6.1. MÉTODOS DE OXIDAÇÃO DO GRAFITE ....................................... 31

2.6.1.1. MÉTODO DE HUMMERS ....................................................... 32

2.6.1.2. MÉTODO DE HUMMERS MODIFICADO ........................... 34

2.6.2. PRODUTOS DA OXIDAÇÃO DO GRAFITE ..................................... 35

2.6.3. ÓXIDOS DE GRAFITE X ÓXIDOS DE NANOTUBOS .................... 35

2.7. TÉCNICAS DE IDENTIFICAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DE

AMOSTRAS QUÍMICAS ................................................................................ 38

2.7.1. ESPECTROSCOPIA POR REFLECTÂNCIA

DIFUSA NO INFREVERMELHO COM

TRANSFORMADA DE FOURIER (DRIFTS) ..................................... 39

2.7.2. FREQUÊNCIA DE ABSORÇÃO NO INFRAVERMELHO

DOS POSSÍVEIS ÓXIDOS DE NANOTUBOS .................................... 40

3. OBJETIVOS ............................................................................................................. 44

4. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 45

4.1. MATERIAIS ..................................................................................................... 45

4.2. ROTAS DE SÍNTESE DOS REAGENTES ................................................... 45

4.2.1. CATALISADOR ...................................................................................... 45

4.2.2. NANOTUBOS DE CARBONO PRODUZIDOS .................................. 45

4.2.3. NANOTUBOS DE CARBONO PURIFICADOS ................................. 46

4.3. PREPARO DAS AMOSTRAS A SEREM

ANALISADAS POR DRIFTS ......................................................................... 47

4.4. AQUISIÇÃO DOS ESPECTROS ................................................................... 48

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 49

6. CONCLUSÃO ........................................................................................................... 53

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 54

16

1. INTRODUÇÃO

Devido ao avanço tecnológico e à Revolução Industrial, notou-se um grande

aumento na concentração de gases contribuintes para o aquecimento global, conhecidos

como Gases do Efeito Estufa (GEE). Dentre estes, destaca-se o dióxido de carbono, tendo

em vista que é o gás em maior quantidade encontrado entre os GEE (SILVA; de PAULA,

2009).

O Programa de Observação Atmosférica Global (GAW) da Organização Mundial

de Meteorologia (WMO) faz medições sistemáticas dos principais GEE ao longo dos

anos, com o fim de quantificar e interpretar as mudanças encontradas na atmosfera. Um

estudo mostrou que a concentração de CO2 aumentou cerca de 144% desde a época pré-

indutrial (WMO, 2015). Este aumento na concentração de CO2 possui direta influência na

variação da temperatura média terrestre, a qual, por sua vez, traz severas consequências

não só ambientais, como também, socioeconômicas (SILVA; de PAULA, 2009).

O uso de fontes alternativas de energia, como energia solar, eólica, hidrelétrica e

nuclear, apresenta limitações, tanto financeiras quanto tecnológicas e políticas. Sendo

assim, ainda haverá grande dependência de combustíveis fósseis para a produção e

transporte de energia por muitos anos. A queima desses combustíveis traz uma alta

produção de CO2, o qual é liberado diretamente na atmosfera. Sendo assim, sua captura

e estocagem é importante, pois contribui na redução da emissão desse gás poluente

(FLORES, 2008).

De acordo com Huaman e Lourenco (2015), a captura/estocagem de CO2 pode ser

feita nas principais fontes de emissão, a exemplo das indústrias de produção de cimento,

aço e ferro, das usinas que geram eletricidade e da exploração do gás natural. Vários

centros de pesquisa passaram a ser financiados por países no mundo todo para buscar

novas tecnologias que pudessem tornar tais processos mais viáveis tanto no sentido

econômico quanto técnico.

Dentre os métodos existentes, a técnica que mais tem sido usada para captura de

dióxido de carbono emprega soluções aquosas de alcanolamina, as quais podem

solubilizá-lo e sequestrá-lo através de interações intermoleculares devido ao caráter

ácido-base desses constituintes. Trata-se de uma absorção química. A recuperação do

CO2 se dá pelo aquecimento da solução resultante à pressão reduzida. Contudo, este

processo apresenta certas desvantagens, principalmente por ser altamente dispendioso em

17

termos de quantidade de absorvente necessário e em termos energéticos, além da elevada

taxa de corrosão dos equipamentos e tubulações (ROCHELLE, 2009).

Para contornar esses problemas, a técnica de adsorção gás-sólido vem ganhando

cada vez mais espaço. Neste caso, existem forças atrativas de natureza e magnitude

diferentes na superfície do adsorvente. Na adsorção física, essas forças de interação

moleculares são fracas. Já na adsorção química, as interações são tão fortes quanto uma

ligação química, já que há um rearranjo dos elétrons do gás que interage com o sólido

(YU et al., 2012).

A exploração dos nanotubos de carbono, vem se tornando promissora para este fim

(CINKE et al., 2003; DE VOLDER et al., 2013). Esses materiais possuem propriedades

extraordinárias e, apesar da baixa reatividade, é possível funcionalizá-los com auxílio de

fortes agentes oxidantes, de forma a combiná-los com outros compostos, alterando suas

características. Por outro lado, sabe-se que a oxidação descontrolada desses materiais

pode danificar ou degradar sua rede carbonácea. Dessa forma, é importante ponderar o

almejado aumento da reatividade com o grau de oxidação, objetivando funcionalizações

mais eficientes (PORTO, 2013).

Para adsorção do dióxido de carbono, uma amino-funcionalização desses materiais

resulta em processos de captura mais eficientes e efetivos quando comparado ao processo

da absorção química. Dentre as vantagens que podem ser citadas estão: aumento da área

de contato gás-adsorvente unido à maior facilidade na transferência de massa, menores

gastos energéticos e menores decorrências de corrosão e perda de adsorvente (YU et al.,

2012).

O presente trabalho visa realizar a caracterização dos nanotubos de carbono pós-

produção e pós purificação via espectroscopia no infravermelho, para identificação de

grupos químicos que interferem em sua reatividade superficial. Dessa forma, pretende-se

fornecer dados para uma futura oxidação e amino-funcionalização dos mesmos, provendo

subsídios para otimização do processo de captura de CO2 por adsorção frente às soluções

aquosas de alcanolaminas atualmente empregadas para este propósito, no processo de

absorção química.

18

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. O EFEITO ESTUFA E O CO2

Geralmente, o termo efeito estufa é usado com uma conotação negativa, indicando

algum distúrbio na atmosfera. No entanto, graças a esse efeito cíclico, há a manutenção

da temperatura da superfície do planeta Terra, garantindo a existência dos seres vivos.

Este fenômeno natural é resultado da interação da radiação eletromagnética emitida pelo

sol com a absorção, dissipação e reflexão dessa energia pela Terra, sendo transformada

em energia térmica. A Figura 1 abaixo esquematiza como decorre o processo do efeito

estufa (MOLION, 2008).

Figura 1 – Esquema do Efeito Estufa.

Fonte: Adaptado de NASA, 2006.

Os Gases do Efeito Estufa (GEE) poderiam ser classificados numa primeira

abordagem em: de origem natural e de origem antropogênica. Dentre os gases de origem

natural, benéficos ao planeta, estão o vapor d’água (H2O)g e o dióxido de carbono (CO2)

– adicionado através de processos de respiração celular dos organismos vivos e das

explosões vulcânicas. Dentre os gases de origem antropogênica, causadores do

aquecimento global, estão o metano (CH4), óxido nitroso (N2O), clorofluorcarbonos

(CFCs) e dióxido de carbono (CO2) (SILVA; de PAULA, 2009).

19

Devido à intensificação das atividades antropogênicas, principalmente a partir da

Revolução Industrial, houve um aumento considerável na emissão de certos gases para a

atmosfera, causando um desequilíbrio térmico. Acredita-se que esse desequilíbrio seja

uma consequência do bloqueio à saída da radiação térmica pelos gases e posterior

interação a nível molecular entre eles. Essa estufa “artificial” estabelece condições

microclimáticas já bastantes perceptíveis (UNEP, 1997).

Apesar do CO2 não ser o mais potente dentre os gases-estufa antrópicos, ele se

destaca tendo em vista sua contribuição em maior parcela de emissões. As emissões de

CO2 da combustão de combustíveis fósseis e processos da indústria contribuiu em cerca

de 78% no total do aumento de liberação de GEE’s de 1970 até 2010, com contribuição

similar no intervalo de 2000 até 2010 (IPCC, 2014).

Nas últimas análises do Programa de Observação Atmosférica Global (GAW) da

Organização Mundial de Meteorologia (WMO) foram investigadas as médias de frações

molares de superfície dos principais GEE’s com a finalidade de quantificar e interpretar

as mudanças encontradas na atmosfera. A concentração de CO2 na época pré-indutrial era

de 278,0 ppm. As atividades humanas alteraram o equilíbrio natural e em 2015, os níveis

globais da média foram 144% dos níveis pré-industriais. Em 2015, a concentração média

anual global de CO2 atingiu 400 ppm. Diversos fatores, como crescimento populacional,

industrialização, desmatamento, agricultura intensiva e queima de combustíveis fósseis,

por exemplo, contribuíram para esse aumento nos últimos anos (WMO, 2015).

Humlum et al. (2013) relacionaram dados mensais de emissão global de CO2

juntamente com as temperaturas médias globais, desde 1980 até 2012, verificando que

ambos aumentaram proporcionalmente (vide Figura 2). Isto sugere uma ligação entre as

variações do comportamento natural atmosférico de gases de efeito estufa e a temperatura

em escalas de tempo prolongadas.

Essa variação térmica (aquecimento global) já traz severas consequências para o

meio ambiente, a exemplo da extinção de espécies animais e vegetais, elevação do nível

do mar atribuída ao degelo de calotas polares, alteração na frequência e intensidade de

chuvas (interferindo, por exemplo, na agricultura) e intensificação de fenômenos

meteorológicos. Os impactos, por vezes irreversíveis, não são apenas ambientais, mas

também econômicos e sociais (SILVA; de PAULA, 2009).

20

Figura 2 – Variação anual (1980 – 2012) da concentração de CO2 atmosférico global

(NOOA/GMD, Global CO2), da temperatura global do ar da superfície da Terra

(UEA e Centro Hadley, HadCRUT3) e da temperatura global da superfície do mar

(UEA e Centro Hadley, HadSST2).

Fonte: Adaptado de HUMLUM et al., 2013.

Tendo isso em vista e sabendo que a dependência dos combustíveis fósseis para

produção e transporte de energia permanecerá por muito tempo, o atual desafio é expandir

as pesquisas voltadas, especialmente, para uma captura mais eficiente do dióxido de

carbono, de forma a obter um máximo reaproveitamento do mesmo, o que impactaria

diretamente na diminuição dos efeitos do aquecimento global (RUIZ e ESTEVES, 2017).

2.2. APLICAÇÕES DO CO2

A captura do CO2 não é importante apenas em termos ambientais. Uma gama de

produtos é obtida através desse composto, tendo ele, portanto, diversas aplicações e,

consequentemente, variadas formas de reaproveitamento, tais como (IPCC, 2005):

• Utilização em sínteses químicas: fabricação industrial de ureia como fertilizante,

metanol, carbonatos inorgânicos e produção de monômeros orgânicos e

policarbonatos;

• Gás de proteção da poça de fusão na soldagem.

21

• Extração de fluido supercrítico e fluido criogênico na refrigeração ou

procedimentos de congelamento de certos produtos para controle de temperatura

durante a distribuição e transporte dos mesmos;

• Carbonatação de bebidas na indústria alimentícia;

• Utilizado em extintores de incêndio;

• Controle de pH de efluentes líquidos e para regulação do pH das águas residuais

em piscinas.

2.3. TÉCNICAS DE CAPTURA DE CO2

Várias opções tecnológicas já foram sugeridas e exploradas para captura de CO2. A

Figura 3 sintetiza uma gama de processos. Dentre eles, pode-se citar: absorção

física/química, destilação criogênica, uso de membranas, bio-fixação por algas em foto-

biorreatores e adsorção. Algumas já chegaram ao estágio de implantação em operações

industriais, mas a maioria exige melhorias adicionais para as capacidades técnicas

(principalmente quanto aos próprios materiais de captura) e redução nos custos

associados (LI et al., 2011).

Figura 3 – Diferentes tecnologias e materiais associados para separação e captura de CO2.

Fonte: Adaptado de LI et al., 2011.

A seguir, serão comentadas a técnica mais utilizada atualmente para a finalidade

em questão (absorção química) e aquela que será aplicada nos experimentos deste

22

trabalho (adsorção), a qual vem ganhando cada vez mais espaço devido as descobertas

dos últimos dez anos.

2.3.1. ABSORÇÃO

A absorção é um fenômeno em que átomos, moléculas ou íons introduzem-se em

alguma outra fase, geralmente mais abundante, e fixam-se, incorporando-a. O processo

se dá no volume e não na superfície e pode ocorrer pela fixação de um gás em

um sólido ou em um líquido, ou pela fixação de um líquido em um sólido (RUTHVEN,

1984).

No meio de tantas tecnologias para o sequestro do dióxido de carbono, a mais

madura é a absorção química, a qual tem sido empregada na indústria por um longo

tempo, por ser a mais consolidada e entendida por seus mecanismos. Normalmente,

utilizam-se soluções aquosas de alcanolamina como absorvente em processos de pós-

combustão. Essa técnica de tratamento de gás com aminas – a exemplo, temos a

monoetanolamina (MEA), dietanolamina (DEA), metildietanolamina (MDEA),

diisopropilamina (DIPA) e diglicolamina (DGA) –, também conhecida como remoção

de gás ácido ou adoçamento de gás, baseia-se principalmente em reações de neutralização

ácido-base (OLAJIRE, 2010).

Este processo de absorção química em plantas industriais geralmente inclui uma

unidade absorvedora e uma unidade regeneradora, assim como equipamentos acessórios.

Na absorvedora, há um fluxo contra-corrente entre o gás ácido (fluxo ascendente) e a

solução de amina (fluxo descendente). Obtém-se então uma corrente de gás tratado (topo

da coluna) e uma solução de amina rica em CO2 (fundo da coluna). A amina "rica"

resultante é então encaminhada para o regenerador onde será recuperada e reciclada para

reutilização no absorvedor. Já no topo do regenerador, é obtido o gás CO2 (desabsorvido)

concentrado, que será comprimido para posterior transporte e armazenamento. O processo

é detalhado na Figura 4. Em algumas dessas plantas, mais de uma unidade absorvedora

pode dividir uma unidade regeneradora comum. Dentre os principais critérios a serem

analisados para aumentar a eficiência de captura estão: taxa de absorção, energia

requerida na regeneração e o volume do absorvedor (YU et al., 2012).

23

Figura 4 – Diagrama de fluxo de um típico processo de tratamento de gases com amina usado

em plantas industriais.

Fonte: Adaptado de MOAZZEM et al., 2012.

Apesar de ser o mais empregado, o processo de absorção química utilizando

soluções de amina para captura de CO2 possui certas desvantagens que restringem seu

uso, tais como (YU et al., 2012):

• Altamente dispendioso em termos de quantidade de absorvente necessário, o que

demanda equipamentos também volumosos;

• Pequena captura de CO2 por quantidade de absorvente;

• Elevada exigência de energia para regeneração das aminas a altas temperaturas,

devido ao volume expressivo da solução empregada e ao elevado calor específico;

• Solução aquosa com volatilidade significativa;

• Elevada taxa de corrosão das tubulações e equipamentos industriais;

• Altas despesas de capital (CAPEX) e operacionais (OPEX).

2.3.2. ADSORÇÃO

A adsorção ocorre pela adesão de átomos ou moléculas de um fluido (adsorbato) a

uma superfície sólida (adsorvente). As forças que atraem o adsorbato podem ser químicas

ou físicas e o grau deste fenômeno depende da temperatura, pressão e da área específica

do sólido (RUTHVEN, 1984).

24

Na adsorção física (fisissorção), as moléculas do adsorvente e do adsorbato

interagem por forças de van der Waals, as quais são fracas e, portanto, podem ser

deformadas pela presença de forças de cisalhamento na superfície (RUTHVEN, 1984).

Já na adsorção química (quimissorção), o adsorbato une-se à superfície do

adsorvente através da formação de ligações químicas (geralmente covalentes). A

fisissorção antecede a adsorção química, permitindo a aproximação entre as moléculas de

gás e adsorvente, minimizando a energia de ativação. Há uma tendência de acomodação

dos sítios que propiciam o maior número de coordenação possível com o substrato. Dessa

forma, as moléculas são fixadas de forma localizada e há uma redução da força de

adsorção à medida que a extensão da superfície da camada ocupada aumenta

(RUTHVEN, 1984).

Sabendo das desvantagens do processo de absorção utilizando soluções aquosas de

alcanolaminas, a adsorção revela-se como uma alternativa para captura do dióxido de

carbono. A difusão do CO2 no poro interno do adsorvente mostrou ser três ordens de

grandeza maior que a transferência de massa desse gás através da interface com a amina

aquosa, observada no processo de absorção. O atual desafio é controlar a seletividade

desse processo de captura, ajustando as propriedades dos tradicionais adsorventes, visto

que vapores d’água e outros gases de combustão podem vir a ser co-adsorvidos, limitando

sua qualidade (KHATRI et al., 2005).

Sabendo que para separação de gases é necessária uma combinação ideal de

propriedades cinéticas e termodinâmicas (seletividade de difusão e adsorção), os

materiais futuramente aplicados para este fim deverão levar em conta o tamanho e as

propriedades eletrônicas das moléculas de gás. A diferença relativamente pequena nos

diâmetros entre CO2 (3.30 A), CH4 (3.76 A) e N2 (3.64 A) torna a separação desses gases

muito desafiadora, exclusivamente com base no tamanho, mas as diferenças entre as

propriedades eletrônicas, como momento quadrupolar – o qual é uma função das

magnitudes dos polos constituintes, da distância entre eles e de sua configuração – e

polarização podem ser usadas para facilitar essa tarefa (LI et al., 2011).

Com a intensificação de pesquisas nos últimos anos, novas descobertas foram feitas

acerca da captura de CO2 por adsorventes avançados, como zeólitas e estruturas

metálicas-orgânicas (MOFs). Além disso, adsorventes à base de amina também vêm

sendo empregados como uma alternativa à absorção química, sem alterar, dessa forma, a

25

natureza do sorvente e o já consolidado mecanismo reacional, mudando apenas o suporte

sob o qual se encontram as aminas: passando de um meio líquido, corrosivo e volumoso,

para um meio sólido. Dependendo da interação entre aminas e suporte, esses materiais

podem ser classificados em amino-impregnados e amino-ancorados (SAYARI et al.,

2011).

Materiais amino-impregnados são caracterizados por uma interação fraca entre a

amina e suporte, a qual tende a ser desfeita no decorrer dos processos de adsorção,

prejudicando o seu reaproveitamento. Consequentemente, esses materiais requerem um

manejo minucioso da temperatura, de forma a evitar regenerações incompletas (causadas

por temperaturas insuficientes) ou evaporação/degradação (causada por temperaturas

demasiadas) do suporte (SAYARI et al., 2011).

Já os materiais amino-ancorados são caracterizados pela formação de ligações

covalentes entre a amina e o suporte. Em comparação com os materiais amino-

impregnados, eles apresentam um maior potencial para reciclo. Por outro lado, por

apresentarem maiores limitações de difusão, a carga de amina adsorvida é

comparativamente mais baixa em relação a esses últimos (SAYARI et al., 2011).

Através do ancoramento de aminas em suportes sólidos de alta área específica, é

possível acumular os benefícios da fisissorção e quimissorção para capturar o dióxido de

carbono, com diversas vantagens em relação à absorção à base de soluções aquosas de

alcanolaminas. Dentre elas podem citar-se (YU et al., 2012):

• Maior facilidade na transferência de massa (difusão do gás pelos poros do sólido é

bem maior do que a sua difusão pela interface com um líquido);

• A presença de suporte com sítios nitrogenados aumenta a área de contato com o gás;

• Menores gastos energéticos para recuperação/reciclo do adsorvente;

• Menor perda de adsorvente;

• Menores decorrências dos efeitos da corrosão dos equipamentos industriais, o que

diminui o custo de manutenção.

26

2.4. MECANISMO REACIONAL DA ABSORÇÃO/ADSORÇÃO DE DIÓXIDO

DE CARBONO COM AMINAS

Como visto anteriormente, o mecanismo reacional dos processos de absorção e

adsorção de dióxido de carbono utilizando-se aminas são idênticos. Nessa onerosa

técnica, o CO2 reage com aminas primárias, as quais são a melhor opção para captura de

CO2 por adsorção/absorção. Elas possuem uma basicidade maior que as aminas terciárias

(justificado pelo impedimento estérico), o que as confere uma maior reatividade e,

consequentemente, maior sorção de gás carbônico. As aminas secundárias, apesar de

possuírem maior basicidade devido ao maior efeito indutivo, poderiam interagir

demasiadamente forte com o CO2 capturado, o que exigiria maior custo energético para

posterior etapa de dessorção. Além disso, por serem pouco volumosas, as aminas

primárias permitem uma maior difusão do CO2, o que implica em um menor retardo no

seu contato com os terminais nitrogenados (RUIZ; ESTEVES, 2017).

Dessa reação, gera-se um intermediário, o íon zwitterion, conforme exposto na

Reação 1. Logo em seguida, o zwitterion, atuando como um ácido de Brønsted-Lowry,

protona outra amina, formando o íon carbamato (Reação 2). Da reação global (Reação 3)

que se processa, vemos que são necessários dois mols de amina para capturar um mol de

CO2 (YU et al., 2012).

𝑅𝑁𝐻2 + 𝐶𝑂2 𝑅𝑁𝐻2+𝐶𝑂𝑂− (𝑍𝑤𝑖𝑡𝑡𝑒𝑟𝑖𝑜𝑛) (𝑅𝑒𝑎çã𝑜 1)

𝑅𝑁𝐻2+𝐶𝑂𝑂− + 𝑅𝑁𝐻2 𝑅𝑁H𝐶𝑂𝑂− (𝐶𝑎𝑟𝑏𝑎𝑚𝑎𝑡𝑜) + 𝑅𝑁𝐻3

+ (𝑅𝑒𝑎çã𝑜 2)

Reação Global: 2𝑅𝑁𝐻2 + 𝐶𝑂2 𝑅𝑁H𝐶𝑂𝑂− + 𝑅𝑁𝐻3+ (𝑅𝑒𝑎çã𝑜 3)

Por outro lado, a água presente no meio é capaz de converter o carbamato a

bicarbonato, recuperando uma amina, de acordo com a Reação 4. Essa amina estará

disponível para a captura de gás carbônico. Portanto, a água melhora a eficiência do

processo, fazendo com que a cada mol de amina, um mol de CO2 seja absorvido/

adsorvido. Vale ressaltar que essas reações são reversíveis, o que possibilita a regeneração

e reciclo das aminas e obtenção do CO2 com alto grau de pureza (YU et al., 2012).

𝑅𝑁H𝐶𝑂𝑂− + 𝐻2𝑂 𝑅𝑁𝐻2 + 𝐻𝐶𝑂3− (𝐵𝑖𝑐𝑎𝑟𝑏𝑜𝑛𝑎𝑡𝑜) (𝑅𝑒𝑎çã𝑜 4)

27

2.5. ALÓTROPOS DO CARBONO E ADSORVENTES CARBONÁCEOS

(SUPORTES)

O carbono é um dos elementos mais abundantes na natureza e possui um grande

papel na química. Devido a sua valência, é capaz de se estruturar em variadas formas

alotrópicas com propriedades e aplicações diversas, tais como o diamante, grafeno,

nanofibras, nanocones, nanotubos e fulerenos, ambos alvos de inúmeros estudos e

pesquisas. A Figura 5 ilustra as nanoestruturas desses compostos (ZHANG et al., 2013).

Figura 5 – Principais nanoestruturas carbonaceas.

Fonte: Adaptado de ZHANG et al., 2013.

Pesquisas recentes estão buscando descobrir os carbonáceos com maior afinidade

de adsorção de GEE`s, com destaque ao CO2. Existem muitas vantagens ao utilizá-los,

dentre as quais: baixo custo, alta estabilidade térmica e química, boa condução térmica e

elétrica e fácil acesso. A capacidade de adsorção desses compostos, no entanto, depende

de propriedades voltadas à textura e grupos de superfície. Normalmente são feitas

modificações nos carbonos a fim de melhorar suas afinidades com moléculas específicas,

nos poros e na superfície e, com isso, suas capacidades de adsorção. A essas modificações

dá-se o nome de funcionalização. Através desse processo, os adsorventes físicos podem

atuar como suportes sólidos e serem modificados quimicamente, aumentando sua

alcalinidade pela adição de grupos básicos, como aminas e óxidos de metais na sua

superfície, de acordo com os interesses de aplicação (CHENG-HSIU et al., 2012).

Fibras de carbono, nanodiamantes, nanoesferas e fulereno estão sendo cada vez

mais usados com esse intuito devido as suas propriedades físico-químicas. Em destaque

temos os nanotubos de carbono, que surgiram como uma promissora plataforma de

enorme potencial nesse campo e que serão contemplados neste trabalho. Antes disso, será

abordado um pouco sobre o grafeno e o grafite, dado que na literatura já se observa algum

avanço da aplicação destas estruturas na adsorção de CO2 (ZHANG et al., 2013).

28

2.5.1. GRAFENO E GRAFITE

No grafeno, cada átomo de carbono está ligado a outros três (hibridização sp2),

estruturando anéis hexagonais que conectados e agrupados entre si, formam uma folha

plana. Este material bidimensional oferece muito potencial em aplicações energéticas e

ambientais devido a sua capacidade de adsorção e performance em catálise,

especialmente para remoção de poluentes de água, para geração e armazenamento de

hidrogênio e purificação gasosa. Essas propriedades podem ser maximizadas pela

modificação de sua estrutura (WANG et al., 2012). Ning et al. (2012), por exemplo,

produziram grafeno nanomesh com poros de óxido de magnésio adsorvidos, os quais

apresentaram ótimas capacidades de estocar metano e CO2.

Além de transformações químicas, este material também pode sofrer

transformações físicas. O grafite, por exemplo, é resultado da sobreposição/

empilhamento das folhas de grafeno, as quais são mantidas unidas por interações de van

der Waals de elevada magnitude (CAI et al., 2012).

2.5.2. NANOTUBOS DE CARBONO

Os nanotubos de carbono (NTC), descobertos em 1991, são moléculas cilíndricas

compostas de átomos de carbono em arranjos hexagonais periódicos, e que possuem

propriedades físicas e químicas ímpares. Dentre os métodos mais utilizados e citados na

literatura para sua síntese estão: ablação a laser, descarga em arco elétrico e deposição

química de vapor (CVD) (SAHOO et al., 2010).

Distinguem-se na maioria das vezes dois tipos de NTC, os de multiparedes

(MWCNT – multi-walled carbon nanotubes), de cilindros coaxiais, e os de parede

simples (SWCNT – single walled carbon nanotubes) como mostrado na Figura 6. O

diâmetro de enrolamento e o número de camadas concêntricas são uns dos fatores que

determinam as propriedades desses materiais, assim como a presença de defeitos

estruturais na sua rede carbonácea. Mas, de um modo geral, todos os nanotubos são

resistentes. Alguns apresentam características únicas magnéticas, térmicas, elétricas,

mecânicas, ópticas, químicas e estruturais (PORTO, 2013).

29

Figura 6 – Representação do SWCNT (à esquerda) e do MWCNT (à direita).

Fonte: HUANG et al., 2005.

As atividades voltadas a pesquisas e atividades comerciais desses compostos

cresceram muito nos últimos anos (DE VOLDER et al., 2013). Suas aplicações são

múltiplas e abrangentes, mas deve-se pensar em um controle na sua produção e

purificação, visando obter compostos com dimensões topológicas definidas e quiralidades

específicas. Dessa forma, eles podem integrar equipamentos eletrônicos, serem usados

em construção civil, sensores para diagnósticos e tratamentos médicos, fuselagem de

aviões, carros e foguetes, processos de conservação e transmissão de energia, etc.

(PORTO, 2013).

A purificação dos nanotubos de carbono se faz necessária, pois durante sua síntese

podem ser formadas impurezas. Partículas de catalisador, carbono amorfo e folhas de

grafeno (empilhadas) podem ser produzidas, resultando em uma interferência nas suas

propriedades. Na literatura são relatados processos químicos e físicos de purificação. Os

métodos químicos resultam em um produto de elevada pureza, apesar de contaminarem

a amostra, podendo causar pequenos danos à estrutura dos nanotubos. Tratamentos ácidos

(para remover o catalisador metálico), básicos (para remover o suporte do catalisador) e

oxidativos (oxidação branda - para remover impurezas carbonáceas ou limpar a superfície

metálica para posterior remoção do metal) são as técnicas mais usadas. Já os métodos

físicos, apesar de não danificarem os NTC, conduzem a uma baixa pureza do produto

final (OLIVEIRA, 2009).

30

2.6. OXIDAÇÃO DOS MATERIAIS CARBONÁCEOS

Devido à baixa reatividade dos materiais carbonáceos, estes apresentam resistência

até mesmo às funcionalizações. Isto é decorrente das atrações eletrostáticas, interações de

dispersão, transferência de carga e elevada magnitude da força de atração de van der

Waals observada entre as camadas adjacentes/concêntricas, as quais possuem uma

pequena distância entre si e uma grande área superficial. Esses fatores em conjunto

aumentam a estabilidade do material em seu estado natural, diminuindo a disponibilidade

dos carbonos para reagir (PARK et al., 2009).

Para contornar esse obstáculo, a literatura sugere uma prévia oxidação desses

compostos antes de proceder à sua funcionalização direcionada a uma aplicabilidade

específica. Sob condições de meio ácido e com ajuda de fortes agentes oxidantes, é

possível aumentar a reatividade desses materiais pelo ancoramento de terminais

oxigenados na sua superfície. Dessa forma, há um processo de re-hibridização dos

carbonos (de sp2 para sp3), acompanhado por uma mudança de arranjo (de trigonal planar

para tetraédrico tridimensional) e aumento do volume (PARK et al., 2009).

Além do mais, a literatura relata que os materiais carbonáceos podem apresentar

defeitos de ocorrência natural em sua estrutura, as quais representam sítios reativos, que

funcionam como seed points para sua oxidação. São relatados quatro tipos de defeitos:

topológicos (arranjos hexagonais dos átomos de carbono são substituídos por pentágonos

e/ou heptágonos), vacâncias (presença de buracos dispersos pela rede carbonácea, como

consequência da ausência de carbonos), re-hibridização (presença de átomos de carbono

com hibridização diferente de sp2) e dopante (substituição de átomos de carbono por

outros) (PORTO, 2013).

De acordo com Liu et al. (2014), os terminais oxigenados surgem inicialmente nas

regiões circundantes desses defeitos estruturais ou nas regiões periféricas externas, e mais

tardiamente nas regiões mais internas do plano basal.

É importante salientar que, devido à força reacional, acidez e falta de seletividade

do meio oxidante, os materiais carbonáceos podem sofrer danificação ou destruição da

sua rede estrutural, o que não é desejado. Portanto, é importante manter o controle do

grau de oxidação para tornar a funcionalização mais eficiente (PORTO, 2013). Segundo

Hummers e Offeman (1958), o grau de oxidação desses materiais pode ser medido através

31

da razão atômica C/O do óxido obtido (quanto maior o resultado, menos oxidado o

material está). Métodos de oxidação eficientes possuem a razão entre 2,1 e 2,9. A Equação

1 em seguida mostra como calculá-la.

𝑅𝑎𝑧ã𝑜 𝑎𝑡ô𝑚𝑖𝑐𝑎𝐶

𝑂≅

𝑥

12𝑦

16

=4𝑥

3𝑦 Equação 1

Onde: x = fração mássica de carbono no material supondo: MMcarbono = 12 g

y = fração mássica de oxigênio no material MMoxigênio = 16 g

Atualmente ainda é um desafio encontrar formas de oxidar e funcionalizar os NTC

e assim passar o máximo de suas propriedades. Os métodos existentes de oxidação dos

materiais carbonáceos foram originalmente desenvolvidos para o grafite, mas dada a

similaridade entre essas estruturas, a literatura relata que é possível a adequação dos

mesmos aos NTC (WANG et al., 2012). Sabendo disso, adiante serão discutidos os

principais meios de oxidação do grafite existentes, bem como as propriedades do óxido

obtido.

2.6.1. MÉTODOS DE OXIDAÇÃO DO GRAFITE

Diversos estudos foram feitos para obtenção de uma rota reacional de oxidação do

grafite. Três trabalhos mostraram-se pioneiros e se destacaram pelas suas contribuições

para o desenvolvimento dessa técnica (BRODIE, 1859; STAUDENMAIER, 1898;

HUMMERS; OFFEMAN, 1958). Vários outros métodos já foram propostos, mas a maior

parte fundamentada neles, apresentando apenas sutis modificações, normalmente

relacionadas à quantidade de ácido ou agente oxidante no meio ou ao tempo de reação. A

Tabela 1 faz um pequeno resumo dessas rotas, destacando suas metodologias, vantagens,

desvantagens e razão atômica C/O. Dentre eles, o método de Hummers é o mais atual e,

sem dúvidas, o de maior destaque, portanto, dar-se-á maior ênfase a ele neste trabalho

(DREYER et al., 2010).

32

Tabela 1 – Principais métodos de oxidação do grafite.

Autor Método de

oxidação Vantagens Desvantagens

Razão

Atômica C/O

B. Brodie

(1859)

Adição, de uma só vez, do

agente oxidante clorato de

potássio (KClO3) à mistura

composta por grafite e ácido

nítrico fumegante (HNO3)

-

Método pouco prático,

demandando muito tempo

(amostra deve ser submetida

ao meio oxidante por quatro

vezes seguidas). Evolução de

gases nocivos: ClO2 e NOx

2,9

L.

Staudenmaier

(1898)

Adição aos poucos e em

pequenas e repetidas porções,

do agente oxidante clorato de

potássio (KClO3) à mistura

composta por grafite, ácido

nítrico fumegante (HNO3) e

ácido sulfúrico concentrado

(H2SO4) (para aumentar a

acidez do meio reacional).

Simplifica o método

de Brodie por

alcançar um grau de

oxidação próximo,

com apenas uma

etapa de reação.

Evolução de gases nocivos:

ClO2 e NOx 2,89

W. Hummers

e R. Offeman

(1958)

Adição de permanganato de

potássio (KMnO4) à mistura

composta por nitrato de sódio

(NaNO3), grafite e ácido

sulfúrico concentrado

(H2SO4)

Maior grau de

oxidação, fácil

execução e maior

grau de segurança

(não libera ClO2)

Evolução de gases nocivos:

NOx 2,25

2.6.1.1. MÉTODO DE HUMMERS

Como se pode ver na Tabela 1, o método proposto por Hummers e Offeman (1958)

consiste na utilização dos reagentes permanganato (KMnO4), nitrato de sódio (NaNO3) e

ácido sulfúrico (H2SO4). Esses compostos não atuam como agentes oxidantes diretos.

Antes de reagir com o grafite, há a formação de dois intermediários, listados na Tabela 2.

Tabela 2 – Etapas de formação dos agentes oxidantes do grafite

Etapa Reação Observações

Formação do

Ácido Nítrico

(HNO3)

2 𝑁𝑎𝑁𝑂3 + 𝐻2𝑆𝑂4 → 2 𝐻𝑁𝑂3 + 𝑁𝑎2𝑆𝑂4

HNO3 quebra a aromaticidade dos

materiais carbonáceos. Ligações

duplas aromáticas --> Ligações

duplas alifáticas.

Formação do

Heptóxido de

Dimanganês

(Mn2O7)

𝐾𝑀𝑛𝑂4 + 3𝐻2𝑆𝑂4→𝐾++ 𝑀𝑛𝑂3++ 𝐻3𝑂++ 3𝐻𝑆𝑂4−

𝑀𝑛𝑂3+ + 𝑀𝑛𝑂4−→ 𝑀𝑛2𝑂7

Apesar do MnO4- ser um ótimo

agente oxidante, a espécie ativa,

neste caso, é o Mn2O7, o qual

ataca seletivamente as ligações

duplas alifáticas do material

carbonáceo e é mais reativo.

33

Da Tabela 2 conclui-se que o ácido nítrico e o heptóxido de dimanganês favorecem

um ataque tanto nas ligações duplas aromáticas quanto nas duplas alifáticas do grafite, o

que explica o alto grau de oxidação do método de Hummers (valor baixo da razão atômica

C/O).

Durante esse processo, o permanganato deve ser adicionado aos poucos ao meio

reacional e em pequenas doses, sob banho de gelo, pois sua reação com o H2SO4 é muito

exotérmica e o Mn2O7 tem capacidade explosiva quando exposto a temperaturas

superiores a 55 ºC ou quando em contato com compostos orgânicos. Deve-se sempre ter

o cuidado de mantê-lo a baixas temperaturas (SIMON et al., 1987).

Realizada a oxidação, deve-se banhar a mistura com água destilada e então filtrá-

la, para reter e isolar o óxido de grafite. Feito isto, deve-se lavar o óxido com uma solução

aquosa de ácido clorídrico (HCl) a 10% v/v e peroxido de hidrogenio (H2O2) a 30% v/v.

Esse passo é de extrema importância. A Tabela 3 sumariza os papéis de cada um desses

reagentes (HUMMERS; OFFEMAN, 1958).

Tabela 3 – Líquidos de lavagem e suas funções.

Reagente Função

Água (H2O)

Remove grupamentos contaminantes à base de enxofre

(na forma de diésteres sulfato), os quais são provenientes

de uma reação paralela indesejável do H2SO4 com alguns

terminais oxigenados previamente formados. Ao fim da

completa hidrólise do diéster sulfato, o ácido sulfúrico

liberado é facilmente removido pelo líquido de lavagem¹.

Ácido Clorídrico (HCl)

Elimina estruturas desordenadas de carbono e certas

impurezas presentes no óxido formado, como nano-

partículas metálicas².

Peróxido de Hidrogênio

(H2O2)

Atua como agente redutor, podendo reagir com o

permanganato e o heptóxido de dimanganês presentes

em excesso (não consumidos durante a oxidação do

grafite) para formar o íon Mn2+ (incolor), o qual é

facilmente removido durante a filtração por ser solúvel

em meio ácido³.

Fonte: ¹DIMIEV et al., 2012; ²DATSYUK et al., 2008; ³HUMMERS e OFFEMAN, 1958.

Sendo assim, depois da lavagem realiza-se mais uma filtração, a fim de obter uma

torta com maior teor de pureza possível em óxido de grafite. Em seguida, tal torta é seca

34

a vácuo e estocada em um dessecador. Deve-se atentar ao correto tratamento dos filtrados

obtidos, para posterior descarte. O procedimento consiste na alcalinização do meio,

fazendo precipitar todo manganês sob a forma de MnO2, o qual é separado da solução

numa terceira filtração e acondicionado junto ao rejeito metálico sólido do laboratório.

Este último filtrado é neutralizado e descartado na pia (HUMMERS; OFFEMAN, 1958).

2.6.1.2. MÉTODO DE HUMMERS MODIFICADO

Os resultados obtidos no trabalho de Hummers apontam que a oxidação do grafite

foi muito bem-sucedida. Em consequência disso, o mesmo serve de fomento a diversos

outros estudos e pesquisas até hoje. Por outro lado, a evolução de gases nocivos (NOx)

durante suas experiências ainda era um problema sem solução. Buscando resolvê-lo,

diversos métodos foram propostos baseados no de Hummers, apresentando alterações

pontuais e específicas, os quais ficaram conhecidos na literatura por “método de

Hummers modificados”.

Após uma breve pesquisa na literatura, Ruiz e Esteves (2017) identificaram o

método de Kovtyukhova et al. (1999) como uma alternativa relevante ao método proposto

por Hummers. Este estudo propôs dispensar o uso de nitrato de sódio, substituindo-o por

uma etapa de pré-oxidação, a qual consistia na adição do grafite à uma mistura composta por

ácido sulfúrico (H2SO4), pentóxido de fósforo (P4O10) e persulfato de potássio (K2S2O8). O

mecanismo de ação desses reagentes ainda não está bem explicado na literatura.

Decorrido um tempo, a reação é interrompida pela adição de água. Em seguida, a solução

obtida é filtrada duas vezes, sempre se lavando a torta com água. A torta é então colocada

para secar em ar por uma noite. Por fim, realiza-se o método de Hummers normalmente,

com o grafite pré-oxidado, porém agora, sem o nitrato de sódio.

Liu et al. (2014) analisaram essa nova proposta e obteve um grau de oxidação de

2,35 por XPS (X-Ray Photoelectron Spectroscopy), valor concordante com os dados

mencionados na literatura e próximo ao método de Hummers original, de 2,25. Sendo

assim, pode-se afirmar que o método de Kovtyukhova et al. (1999) mostrou-se bem eficaz

no que se propôs, pois atingiu um grau de oxidação equilibrado sem liberar gases nocivos

para o ambiente, já que abriu mão do uso de NaNO3. Portanto, a implementação desse

método de Hummers modificado adequando-o para oxidação de nanotubos de carbono

parece ser uma boa alternativa para o estudo do grau de oxidação final exibido por esses

compostos.

35

2.6.2. PRODUTOS DA OXIDAÇÃO DO GRAFITE

Segundo Dreyer et al. (2014) e Eigler e Hirsch (2014), os óxidos de grafite (OG)

não podem ser vistos como compostos de uma única composição, tendo em vista que o

processo de oxidação pode levar a proporções diversas de vários grupos funcionais.

Devido a isso, é muito difícil caracterizá-los também, já que o material de partida e o

método de oxidação adotado levam a resultados variados.

Na comunidade científica, muitos modelos foram propostos para descrever a

estrutura química do OG. A Figura 7 sumariza alguns desses modelos indicando seus

respectivos inventores. Apesar de não ser unânime, o modelo de Lerf-Klinowski é o mais

aceito. Neste modelo, há a separação da estrutura do OG em duas regiões, que podem

variar em proporções de acordo com o grau de oxidação encontrado: região formada por

grafeno puro (carbono com hibridização sp2) e região habitada por terminais oxigenados

ancorados em carbono com hibridização sp3 (LERF et al., 1998).

Figura 7 – Sumário de modelos de estruturas de OG que já foram propostos.

Fonte: DREYER et al., 2014.

Segundo esse modelo, os grupos oxigenados hidroxila e epóxi decoram o plano

basal do OG, enquanto ácidos carboxílicos ou carboxilatos, dependendo do pH da

solução, localizam-se nas periferias internas ou nos extremos. Em menores proporções,

podemos observar a presença de cetonas, lactonas e aldeídos (LERF et al., 1998).

2.6.3. ÓXIDOS DE GRAFITE X ÓXIDOS DE NANOTUBOS

O aparecimento de terminais oxigenados no grafite confere maior reatividade a

esses compostos e um caráter hidrofílico à sua estrutura como resultado do aumento da

36

polaridade e, consequentemente, da formação de um momento dipolar não nulo. Com

isso, há um aumento da dispersibilidade do grafite em solventes polares, como a água.

Dependendo do ponto de vista, isso pode ser tratado como um aspecto positivo ou

negativo. (DREYER et al., 2010)

Positivo porque a água é o solvente em que ocorrerá a funcionalização com aminas

e, como vimos, remove os contaminantes à base de enxofre. Além disso, para fins deste

trabalho, ela aumenta a eficiência do processo de adsorção química de CO2, como visto

anteriormente, e viabiliza a recuperação do adsorvente (YU et al., 2012).

Negativo porque a solvatação das moléculas do óxido de grafite propicia a

intercalação de água na região interlamelar, estabelecendo ligações de hidrogênio com as

hidroxilas e epóxidos espalhados pelo plano basal. Isso, aliado ao fato do grafite possuir

uma estrutura empilhada – devido à força de atração de van der Waals observada entre os

planos adjacentes –, reduz a área disponível para que ocorra a funcionalização, sem

explorar por inteiro todos os benefícios desse recurso. Uma saída, ainda que deficiente,

para este obstáculo baseia-se na separação dos planos adjacentes do óxido de grafite em

monocamadas de óxido de grafeno, através do processo de esfoliação, como apresentado

na Figura 8 (DREYER et al., 2014).

Figura 8 – Representação esquemática do processo de formação do OG, seguido da esfoliação

para formação de folhas individuais de óxido de grafeno.

Fonte: Adaptado de GHARIB et al., 2015.

Na esfoliação, ambos os lados de cada plano do óxido de grafeno e,

consequentemente, o seio da matriz sólida, tornam-se suscetíveis à funcionalização, pois

há um contorno significativo do impedimento estérico presente na estrutura empilhada.

Força de atração de van

der Waals e pontes de

hidrogênio entre planos

adjacentes

37

O principal empecilho é que esse processo não é espontâneo. Ele precisa ser forçado

através da inserção de energia no sistema, de natureza mecânica (ultrassom, por exemplo)

ou térmica, de forma a superar a energia interna de atração entre as camadas. Além disso,

há uma tendência dos planos de óxido de grafeno se reagruparem, empilhando-se

novamente, ou seja, do processo ser naturalmente desfeito, comprometendo o empenho

para torná-lo possível (CAI et al., 2012).

Vale ressaltar que o processo de esfoliação deve vir logo em seguida ao processo

de oxidação, e não ao contrário. Isso porque os óxidos de grafite exigem menor energia

externa para separação dos planos vizinhos comparados ao grafite puro, já que a distância

interlamelar deles é maior (CAI et al., 2012; DREYER et al., 2010).

Assim como no grafite, a oxidação de nanotubos de carbono aumenta a sua

reatividade e lhe confere um caráter polar. Os terminais oxigenados formados são os

mesmos. Segundo Wang et al. (2012), a química dos óxidos desses dois materiais é bem

parecida, mas a estrutura física é um tanto diferente. Os terminais oxigenados nos

nanotubos se arranjam numa parede cilíndrica, a qual, dependendo da agressividade do

meio reacional da oxidação, pode ser “cortada” longitudinalmente formando uma

estrutura côncava, como apresentada na Figura 9.

Figura 9 – Estrutura dos óxidos de nanotubos cortado longitudinalmente devido à agressividade

do meio reacional.

Fonte: Adaptado de WANG et al., 2012.

Em razão desse formato curvo, os óxidos de nanotubos têm a vantagem do processo

de esfoliação ser facilitado, ocorrendo naturalmente, já que o agrupamento/empilhamento

de camadas vizinhas é dificultado. Consequentemente, esses materiais possuem uma

grande área acessível à funcionalização. Por isso, acredita-se que os óxidos de nanotubos

se mostram preferenciais frente ao óxido de grafite quanto ao emprego em processos de

adsorção (WANG et al., 2012) e, portanto, foram escolhidos para os fins deste trabalho.

38

2.7. TÉCNICAS DE IDENTIFICAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DE AMOSTRAS

QUÍMICAS

Como vimos, apesar do desenvolvimento da química de NTC na última década,

ainda é insipiente um mecanismo que explique todas as etapas do processo de oxidação,

demonstrando os produtos formados e os subprodutos gerados. A literatura fornece alguns

trabalhos que visam tais explicações, utilizando para isso um acompanhamento através

de técnicas de identificação, caracterização e quantificação, as quais são expostas e

elucidadas na Tabela 4, adaptada de Porto (2013), ressaltando os pontos fortes e suas

limitações.

Tabela 4 – Resumo das técnicas de identificação e quantificação para caracterização dos NTC.

Técnica Informação fornecida Limitações

Infravermelho (IR)

Identificação de grupos

funcionais.

Não é quantitativo e alguns

sinais são fracos para serem

observados.

Espectroscopia de

fotoelétrons de Raios-X

(XPS)

Informações sobre a

composição da superfície do

NTC e informações sobre

grupos funcionais.

Alguns sinais podem ser

ambíguos.

Titulação

Quantificação de grupos

funcionais protônicos.

Necessidade de grande

quantidade de amostra

(> 10 mg) e não traz

informações a respeito de

grupos funcionais básicos.

Análise

Termogravimétrica

(TGA)

Concentração de grupos

orgânicos fixados aos NTC.

Algumas interpretações são

subjetivas.

Microscopia eletrônica

de transmissão (TEM) e

de varredura (SEM)

Imagem de NTC e das

camadas. Identificação de

diâmetro, comprimento e

dispersão.

Possíveis danos à superfície

dos nanotubos devido a

incidência do feixe de

elétrons.

Espectroscopia Raman

Informações sobre diâmetro,

qualitativamente sobre pureza

e defeitos.

A leitura das bandas

importantes pode ser

enganosa ou feita

erroneamente.

39

Para o presente trabalho usar-se-á a espectroscopia por reflectância no

infravermelho com transformada de Fourier (DRIFTS) para detectar possíveis grupos

oxigenados presentes após a purificação dos nanotubos de carbono, os quais são,

supostamente, bem similares aos do grafeno (WANG et al., 2012).

2.7.1. ESPECTROSCOPIA POR REFLECTÂNCIA DIFUSA NO

INFREVERMELHO COM TRANSFORMADA DE FOURIER (DRIFTS)

Através da interação da energia radiante no infravermelho com a matéria, é possível

medir a quantidade de radiação absorvida por espécies atômicas ou moleculares. Existem

diversos métodos espectroscópicos que auxiliam em tal medida, os quais se diferenciam

pelo mecanismo de interação. Mediante uma análise qualitativa do espectro obtido por

esses equipamentos, é possível identificar as estruturas moleculares encontradas em uma

amostra, a partir da transição entre dois níveis vibracionais da molécula no estado

eletrônico fundamental (SCHMAL, 2011).

Segundo Dutta (2017), a técnica de DRIFTS têm se mostrado valiosa para tal

função, pois não é destrutiva, fornece um método de medição preciso que não requer

calibração externa e possui alta sensibilidade e velocidade de coleta de uma varredura a

cada segundo. Além disso, tem maior débito óptico e é mecanicamente simples. Nela, a

radiação infravermelha (IR) é focada na superfície de uma matriz descontínua (tipo pó,

sólido, placa ou filme) e resulta em dois tipos de reflexões: especular e difusa

(SHERMAN HSU, 1997).

Na reflectância difusa, a luz penetra na amostra se dispersando em todas as direções

e sendo atenuada por absorção. Quanto maior a penetração da luz, menor é a absorção.

Para capturar e reorientar a luz difundida resultante são usados espelhos parabólicos ou

elipsóides. Na especular, a luz é refletida diretamente na superfície e tem ângulos de

incidência e reflectância iguais. Ela é favorecida por fatores como elevado índice de

refração, tamanho das partículas, concentração e empacotamento e pode complicar e

causar distorções relevantes no espectro obtido (intensidade e largura das bandas). Seu

efeito pode ser minimizado reduzindo o tamanho da partícula ou diluindo a amostra numa

matriz não absorvente, como KBr (SHERMAN HSU, 1997).

Nesses equipamentos é utilizado um interferômetro, o qual consiste em dividir um

feixe de luz monocromático em dois caminhos ópticos diferentes. Com isso, ao refleti-

40

los de volta com auxílio dos espelhos e recombiná-los em um anteparo, é produzido um

padrão de interferência como consequência da defasagem dos dois feixes. Por meio das

transformadas de Fourier, o computador analisa essa interferência e o espectro é obtido

(DUTTA, 2017). Os resultados da análise são expressos em percentagem R que mostra a

quantidade de energia refletida (SCHMAL, 2011):

%𝑅 = (𝐼𝑅

𝐼𝐵) 𝑥100 Equação 2

Onde:

IR = intensidade da IR refletida pela amostra

IB = intensidade da IR refletida por uma referência, também denominada background.

2.7.2. FREQUÊNCIA DE ABSORÇÃO NO INFRAVERMELHO DOS POSSÍVEIS

ÓXIDOS DE NANOTUBOS

A Figura 10 mostra as bandas de absorção no infravermelho dos grupamentos

funcionais mais prováveis de serem detectadas no espectro devido à oxidação de

nanotubos de carbono.

Figura 10 – Bandas de absorção no infravermelho dos possíveis óxidos de nanotubos.

Fonte: Adaptado de BEAUCHAMP, 2011.

Em um trabalho realizado por Stobinski et al. (2010) foi realizada a oxidação de

nanotubos de carbono com ácido nítrico (68%). Para caracterização do material foi usada

41

a espectroscopia FTIR. O espectro obtido é apresentado na Figura 11 comparando o

material não oxidado com o material oxidado. A Tabela 5 faz referências aos possíveis

grupos estruturais presentes nas respectivas faixas de frequência.

Figura 11 – Espectros de FTIR de MWCNT oxidados e não oxidados com HNO3.

Fonte: Adaptado de STOBINSKI et al., 2010.

Tabela 5 – Atribuição das bandas de absorção dos espectros FTIR de NTC.

Fonte: Adaptado de STOBINSKI et al. (2010).

Em ambos os espectros aparece uma banda muito intensa em 3444 cm-1,

caracterizada pelos grupos OH isolados e/ou em grupos carboxílicos e água. As bandas

encontradas por volta de 1552 e 1444 cm-1 provêm, segundo os autores, de ligações C=C

aromáticas e insaturadas. Aquela, presente em 1167 cm-1, é resultado da deformação em

42

δ (=CH). O aumento considerável das bandas de 1552 e 1167 cm-1 depois da oxidação

pode estar associado à criação de maior quantidade de defeitos na estrutura dos NTC. A

banda correspondente ao modo de vibração ν(C=O), típico de ácidos carboxílicos e

quinona/cetona introduzidos após a oxidação pode ser observada em 1711 e 1638 cm-1,

respectivamente, e a de 1035 cm-1 refere-se a presença de ligações C-O.

Nota-se que as bandas tanto dos MWCNT oxidados quanto dos não oxidados são

muito próximas, confirmando a precisão e confiabilidade da análise FTIR para identificar

os grupos funcionais predominantes antes e depois da oxidação desses compostos.

Teng e Tang (2008) estudaram as propriedades químicas da superfície dos

nanotubos de carbono (MWCNT) produzidos por decomposição catalítica de metano

sobre o catalisador Co/Al2O3 (preparado por co-precipitação) utilizando espectroscopia

por DRIFTS e FTIR. O espectro dos nanotubos, catalisadores e KBr (usado na diluição

das amostras) estão representados na Figura 12.

Figura 12 – Espectro de DRIFTS da amostra de nanotubos + catalisador + KBr ((a):3800~2600

cm-1 (b): 2000~800 cm-1) e espectro FTIR da amostra de catalisador (#Cat) e KBr

((c): 2000~400 cm-1)

43

Na Figura 12a, as bandas a 2922, 2855 e 2960 cm-1 estão associadas às vibrações

do estiramento de CH2 ou CH3. A absorção de IR na região entre 3600 ~ 3200 cm-1 com

o mínimo a 3424 cm-1 é atribuída à vibração de estiramento de hidroxila em água

adsorvida ou grupos carboxílicos e fenólicos da superfície.

Na Figura 12b, a banda a 1460 cm-1 está associada ao estiramento C=C nos anéis

aromáticos e insaturados, tal como anteriormente atribuído por Stobinski et al. (2010). A

banda a 1715 cm-1 é atribuída às vibrações C = O de grupos cetona, carboxila ou lactona.

Já as bandas em 1270, 1120 e 1040 cm-1 podem estar associadas à vibrações C-O ou C-

O-C de fenol, éter, grupos carboxila ou ésteres. A leitura é difícil e ambígua, já que há

sobreposição das bandas de absorção dos grupos contendo oxigênio nesta região.

A banda em 1630 cm-1, pode ser atribuída à água absorvida pelo KBr, devido às

baixas concentrações da amostra. As bandas em menores comprimentos de onda, entre

664 e 574 cm-1, conforme se observa na Figura 12c são correspondentes à vibração da

rede cristalina de CoO do catalisador. Não foram observadas bandas referentes ao

catalisador usado para sintese dos NTC na faixa de 2000 ~ 800 cm-1.

Esses estudos servirão de apoio para o desenvolvimento deste trabalho na

identificação das bandas de absorção dos espectros no infravermelho de nanotubos

produzidos e purificados.

44

3. OBJETIVOS

O presente trabalho tem por objetivo caracterizar nanotubos de carbono antes e

depois de serem purificados através da análise das bandas de absorção nos espectros

obtidos pela técnica de Espectroscopia por Reflectância Difusa no Infravermelho com

Transformada de Fourier (DRIFTS).

À vista disso, pretende-se descobrir se é possível induzir átomos de oxigênio para

rede carbonácea desses materiais durante sua produção ou durante sua purificação. Caso

possível, deseja-se esclarecer a origem desses átomos, já que podem interferir na

reatividade superficial dos NTC e, dessa forma, resultar em um grau de oxidação maior

do que o esperado. Portanto, será elucidada também a contribuição do catalisador

empregado no surgimento desses grupos de superfície.

45

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. MATERIAIS

No experimento realizado em laboratório foram utilizados os seguintes reagentes,

instrumentos e equipamentos:

• Duas barcas de vidro • Balança Scientech SA 210D

• KBr sólido • Espátula

• Catalisador 5%Co10%Mo/MgO • Gral e sistilo de Ágata

• NTC produzidos • Equipamento DRIFTS (Bruker)

• NTC purificados

4.2. ROTAS DE SÍNTESE DOS REAGENTES

Os reagentes químicos listados utilizados já foram prontamente disponibilizados

para execução dos experimentos. Contudo, elucidaremos a seguir as rotas que haviam

sido empregadas para produção do catalisador e dos NTC, e de purificação dos NTC.

4.2.1. CATALISADOR

No preparo do catalisador 5%Co10%Mo/MgO por impregnação seca, antes da

impregnação do precursor metálico, foi feita a calcinação a 550 °C do óxido de magnésio

(MgO, MERCK, 97%) com uma taxa de aquecimento de 5 °C/min por 2 horas na presença

de ar. Os precursores utilizados foram molibdato de amônio tetrahidratato

((NH4)6Mo7O24.4H2O, Sigma Aldrich) e nitrato de cobalto (Co(NO3)2.6H2O, VETEC).

Preparou-se uma solução dos dois precursores com a quantidade necessária para garantir

5% de Co e 10% de Mo. Depois da impregnação, os catalisadores passaram por um

processo de secagem durante 12h a 120 °C. Por fim foram calcinados nas mesmas

condições do suporte.

4.2.2. NANOTUBOS DE CARBONO PRODUZIDOS

Para a produção do NTC foi feita uma reação de deposição química a vapor (CVD)

de metano utilizando o 1 g do catalisador previamente preparado. Inicialmente reduziu-

se o catalisador com uma vazão de 50 mL/min de H2 com início na temperatura ambiente

até 500 °C com uma taxa de 10 °C/min. Em seguida, elevou-se a temperatura (com a

46

mesma taxa de aquecimento) desde 500 até 800 °C com uma vazão de 200 mL/min de

N2. Em 800 ºC, admitiu-se o CH4 (vazão de 200 mL/min) a um reator vertical (diâmetro

interno de 27 mm e comprimento de 90 cm) de leito fluidizado (leito de 17 cm de

comprimento) por 3 h. O resfriamento foi feito com cerca de 50 mL/min de N2. As vazões

foram reguladas com a ajuda de quatro válvulas micrométricas. Já o controle de

temperatura foi feito utilizando um controlador modelo TH 92 DP 203 000 e um termopar

tipo K inserido dentro do reator.

4.2.3. NANOTUBOS DE CARBONO PURIFICADOS

As amostras de NTC produzidos foram maceradas e depois transportadas a um

béquer contendo 100 mL de uma solução aquosa de HCl 0,3 M, para dar início ao

processo de purificação. A solução contendo a amostra foi agitada (usando um agitador

magnético) por 4 h, e após as 2 primeiras horas de agitação foram colocadas por 30

minutos no ultrassom. Em seguida, foram deixadas em repouso durante 12 h e, após esse

intervalo de tempo, agitadas por mais 2 h. Posteriormente, filtrou-se e lavou-se a amostra

com água destilada para retirar os resíduos ácidos, até pH neutro. A amostra purificada

presente no papel de filtro foi colocada cautelosamente em estufa a 120 °C por 12 h.

Na Figura 13 encontram-se, de forma ilustrativa, as amostras que foram

caracterizadas por DRIFTS, ou seja, o catalisador, os NTC produzidos e os NTC

purificados.

Figura 13 – Imagem das amostras usadas: o catalisador, os nanotubos de carbono produzidos e os

nanotubos de carbono purificados, respectivamente, da esquerda para a direita.

47

4.3. PREPARO DAS AMOSTRAS A SEREM ANALISADAS POR DRIFTS

Com auxílio da balança, foi pesado em uma barca de vidro as quantidades

adequadas para atingir as proporções estabelecidas: 88% de NTC produzidos e 12% de

KBr. Em seguida, o mesmo procedimento foi reproduzido, dessa vez substituindo os NTC

produzidos pelos NTC purificados, respeitando-se as mesmas proporções. A Figura 14

apresenta uma ilustração do procedimento experimental realizado.

Figura 14 – Barcas de vidro contendo NTC produzidos e NTC purificados diluídos em KBr.

Feito isso, tais misturas foram transferidas separadamente para o gral de ágata e

cuidadosamente maceradas com o intuito de uniformizá-las e não comprometer a análise

dos espectros. Vale ressaltar que a maceração foi feita em todas as amostras analisadas,

ou seja, o KBr puro, o catalisador e as amostras de NTC produzidos e NTC purificados.

Em seguida, todas as quatro amostras (apresentadas na Figura 15) foram levadas ao

espectrômetro para aquisição dos seus respectivos espectros.

Figura 15 – Amostras após maceração: (a) KBr; (b) Catalisador; (c) NTC produzidos + 12% KBr;

(d) NTC purificados + 12% KBr.

48

4.4. AQUISIÇÃO DOS ESPECTROS

Para realizar as análises de DRIFTS utilizou-se o espectrômetro FT-IT Bruker

Vertex 70 equipado com um detector (LN-MCT), apresentado na Figura 16. Foi acoplado

nesse equipamento um acessório de reflectância (DRP-XXX, Harrick) contendo uma

câmara de reação (HVC-DRP-4, Harrick). Foram utilizados 256 scans com resolução de

4 cm-1 para se obter os espectros. Todos os espectros foram obtidos à temperatura

ambiente sob fluxo de He (30 mL/min).

Figura 16 – Equipamento de DRIFTS utilizado no experimento.

Neste equipamento optou-se por utilizar uma amostra de KBr padrão como

background, de forma a reproduzir um sinal padrão de saída do espectrômetro. Sendo

assim, os resultados obtidos nos experimentos estão, na verdade, relacionados às curvas

espectrais individuais de cada amostra descontadas de uma linha de base (background).

49

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Figura 17 e Figura 18 apresentam os espectros obtidos durante os experimentos.

As bandas mais importantes foram previamente identificadas e assinaladas.

Figura 17 – Espectros de DRIFTS das amostras de KBr e do Catalisador 5%Co10%Mo/MgO.

A análise dos resultados permite afirmar que cada espectro apresenta bandas bem

definidas no intervalo de 4000~3000 cm-1. Essas bandas são atribuídas à vibração de

estiramento O–H. Moléculas de H2O interagem com a superfície de óxidos e metais

(catalisador), KBr e dos próprios nanotubos. Estas interações levam à formação de

hidroxilas superficiais, que têm a energia de suas ligações dependente da química da

superfície na qual está adsorvida. Devido a isso, é plausível que essas bandas de absorção

variem de espectro para espectro.

Na Figura 17, observa-se que o espectro da amostra de KBr utilizado nos

experimentos é desprezível frente ao espectro padrão de background (linha de base) do

equipamento, não exibindo bandas significativas de absorção no IR.

50

Figura 18 – Espectros de DRIFTS das amostras de NTC produzidos e NTC purificados.

No espectro do catalisador, Figura 17, a banda em 3673 cm-1 indica a presença de

vibração de estiramento O–H (hidroxila) em MgOH, resultantes da reação entre a H2O e

MgO. As observadas em 1550, 1459 e 1105 cm-1 também estão relacionadas a essa

interação e se assemelham àquelas apresentadas por Pandiyaraj et al. (2016) e Tamilselvi

et al. (2013) correspondendo, por sua vez, ao estiramento Mg–OH. As bandas na faixa de

3529~3317 cm-1 estão relacionados à presença de grupos CoO–H ou MoO–H. A banda

em 765 cm-1 é similar àquela apresentada nos resultados do trabalho de Katabathini et al.

(2013) correspondente ao MgO puro. A banda em 548 cm-1 pode estar associada ao modo

de vibração de alongamento Co–O ou estiramento Mg–O–Mg e aquela em 651 cm-1 foi

atribuído à vibração de ponte da ligação O–Co–O (KUMAR et al., 2015; PANDIYARAJ

et al., 2016). Além disso, a banda em 875 cm-1 é remetida à vibração de estiramento de

Mo=Oterminal. Já aquela em 813 cm-1 é devida ao modo de alongamento de oxigênio

duplamente coordenado ao molibdênio (Mo –O–Mo) (CHEN et al., 2011).

51

No espectro dos NTC produzidos e NTC purificados (Figura 18), respectivamente,

bandas de absorção de estiramento O–H são encontradas na faixa de 3070~3500 cm-1, as

quais dependem da hibridização e do momento dipolar do carbono ao qual essa hidroxila

se encontra ligada. Em 3846 e 3780 cm-1, esse mesmo grupamento aparece apenas no

espectro dos NTC produzidos. Presume-se que essas bandas sofreram um deslocamento

e se referem ao estiramento O–H do hidróxido de magnésio, pois na etapa de purificação

elas desaparecem, ou seja, traços de catalisador estão sendo efetivamente removidos. Esse

resultado é reforçado ao notar o desaparecimento das bandas de 1513 e 1095 cm-1 e

redução da intensidade da banda de 1469 cm-1 após a purificação, que segundo Pandiyaraj

et al. (2016) e Tamilselvi et al. (2013) estão relacionadas à absorção de água pelo MgO.

Nesses mesmos espectros, as bandas de 1627 cm-1 no NTC produzido e 1578 cm-1

nos NTC purificados são atribuídas a ligações C=C aromáticas e insaturados. No espectro

dos NTC produzidos, a banda em 556 cm-1 pode estar relacionada ao 548 cm-1 do Mg–

O–Mg conforme relatado por Pandiyaraj et al. (2016), pois novamente desaparece após a

purificação. Já as bandas em 1349 cm-1 nos NTC produzidos e 1328 cm-1 nos NTC

purificados remetem-se a vibrações de estiramento C-O de fenol ou C-O-C de éter. Não

foram observados grupos carbonila, como relatado por Teng e Tang (2008).

Vale ressaltar que durante o processo de produção dos NTC, o meio não se encontra

favorável ao aparecimento de qualquer grupo oxigenado na sua superfície devido à

elevada temperatura atingida no reator. O que justifica a presença desses terminais é a

exposição dos NTC ao ar atmosférico logo em seguida.

As bandas exibidas no intervalo de 2790~3080 cm-1 na Figura 18 são atribuídas ao

estiramento C–H de carbonos sp2 e sp3. Em contrapartida, aquelas na faixa de 600~900

cm-1 são de difícil leitura, mas acredita-se que correspondam às bandas de absorção do

catalisador, principalmente do Co e do Mo, os quais são de mais difícil remoção durante

a etapa de purificação do que o MgO. De fato, constatou-se que as bandas de absorção de

MgO desapareceram ou tiveram sua intensidade reduzida após purificação, o que está de

acordo com o que é relatado na literatura (GUAN et al., 2011).

Além disso, outra questão importante, claramente notada, é que o espectro do

catalisador apresenta uma banda bem acentuada em 2363 cm-1. Para os NTC produzidos,

a mesma aparece em 2339 cm-1. O espectro dos NTC purificados não apresentou tais

bandas, o que indicaria mais uma vez a eficácia do processo de purificação na remoção

52

do catalisador. Porém, não foram encontrados relatos na literatura que as associassem ao

Co, Mo ou MgO. De fato, Sharpe et al. (1991) mostra que essas bandas estão relacionadas

à interação CO2–Ar atmosférico. O fato de a amostra de NTC purificados não

apresentarem as mesmas pode estar associado às condições laboratoriais, como umidade,

no dia da análise.

53

6. CONCLUSÃO

Os resultados mostram que é possível encontrar átomos de oxigênio na parede

externa dos nanotubos produzidos devido à exposição destes ao ar atmosférico logo em

seguida. A superfície desses materiais apresentou não apenas grupos carbono-hidrogênio,

mas também grupos oxigenados. Os catalisadores e as condições de crescimento do

material podem ter efeito nas quantidades desses tipos de grupos químicos de superfície

e, após a oxidação, influenciar na reatividade superficial, resultando em um grau de

oxidação maior do que o esperado. Portanto, para medir o grau de oxidação real dos

óxidos de nanotubos de carbono é importante descontar as parcelas de água adsorvida

pelos NTC e catalisador devido à umidade do ar e as parcelas de óxido do catalisador.

Em virtude da importância do assunto e carência de elucidação dos detalhes

abrangidos nos processos oxidativos, o vigente estudo poderá a vir fornecer dados para

uma futura análise quantitativa dos adutos formados entre o agente oxidante e NTC,

observando a reatividade entre os dois e o grau de oxidação final mais preciso. Dessa

forma, poderá ser elucidada uma sugestão para uma possível rota reacional, ponderando

um almejado aumento da reatividade dos nanotubos com a indesejada danificação ou

destruição da rede carbonácea desses materiais. Ou seja, teremos condições de descobrir

o ponto ótimo de oxidação que equilibre esses fatores e torne as funcionalizações dos

nanotubos mais eficientes. Consequentemente, o processo de captura de CO2 desfrutará

dos benefícios da técnica de adsorção, a qual, eventualmente, poderá vir a ser empregada

em escala industrial.

54

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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