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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

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ROSANGELA GONDIM D´OLIVEIRA

A PESCA E O PESCADOR DE LAGOSTA EM SETOR DO LITORAL ORIENTAL

DO NORDESTE DO BRASIL

Tese apresentada ao Curso de Doutorado em

Desenvolvimento e Meio Ambiente, associação

ampla em Rede, da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de Doutora.

Orientador: Prof. Dr. Jorge Eduardo Lins.

2017

Natal – RN

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Divisão de Serviços Técnicos

Catalogação da Publicação na Fonte

Centro de Biociências

Biblioteca Setorial Leopoldo Nelson

D` Oliveira, Rosangela Gondim.

A pesca e o pescador de lagosta em setor do litoral oriental do Nordeste do Brasil /

Rosangela Gondim D` Oliveira. - Natal, 2017.

140 f.: il.

Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Biociências.

Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente/PRODEMA.

Orientador: Prof Dr. Jorge Eduardo Lins.

1. Pesca artesanal - Tese. 2. Panulirus ssp - Tese. 3. Conhecimento dos pescadores - Tese. I.

Lins, Jorge Eduardo. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/BSE-CB CDU 639.2

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APRESENTAÇÃO

Esta tese tem como título A PESCA E O PESCADOR DE LAGOSTA EM SETOR DO

LITORAL ORIENTAL DO NORDESTE DO BRASIL e, conforme padronização aprovada

pelo colegiado do DDMA local, encontra-se composta por Introdução geral (embasamento

teórico e revisão bibliográfica do conjunto da temática abordada, incluindo a identificação do

problema da Tese), Metodologia geral, empregada para o conjunto da obra, e por três capítulos

que correspondem a artigos científicos, submetidos, mas ainda não publicados. Todos os artigos

já estão no formato dos periódicos aos quais serão submetidos; os endereços dos sites onde

constam as normas dos periódicos estão destacados na apresentação dos capítulos (artigos) cada

artigo.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, pela vida na sua plenitude e por nos dar forças nos momentos

em que fraquejamos diante dos obstáculos.

À Universidade Federal do Rio Grande do Norte, por proporcionar esta oportunidade na minha

trajetória.

Ao DDMA, corpo docente e administrativo, e à Coordenadora Dra. Eliza Maria Xavier Freire,

pelo entusiasmo e força.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Jorge Eduardo Lins, pela paciência e ensinamentos.

Às professoras do Departamento de Ecologia da UFRN, Adriana Rosa Carvalho e Priscila

Fabiana Macedo Lopes, pelos valiosos ensinamentos e orientações durante esta caminhada.

Ao prof. Dr. Fúlvio Aurélio Morais Freire, pelo apoio e auxílio na análise estatística.

Aos meus pais, Rivaldo D’Oliveira (in memoriam) e Terezinha Gondim, pelos valores

alicerçados, e aos meus descendentes da geração F1, Patrícia, Marília, Fausto e Paula Ângela,

e da geração F2, João Felipe e Rafael. Amores da minha vida!

Ao Engenheiro de Pesca José Airton de Vasconcelos, por transmitir o seu conhecimento sobre

o monitoramento da pesca da lagosta no Rio Grande do Norte, e aos pescadores de Rio do Fogo,

por compartilharem seu conhecimento a respeito da lagosta.

E a todos aqueles não citados aqui, mas que muito me ajudaram e que cujos nomes com gratidão

estão gravados na minha memória.

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RESUMO

A PESCA E O PESCADOR DE LAGOSTA EM SETOR DO LITORAL ORIENTAL

DO NORDESTE DO BRASIL

A pesca da lagosta (Panulirus) conhecida como lagosta espinhosa, do caribe ou de rochas

(Decapoda, Achelata, Palinuridae) é uma atividade que suporta uma das mais lucrativas

pescarias do mundo. Apesar das medidas de manejo adotadas, trata-se de um recurso marinho

bastante explorado. No Brasil, um conjunto de fatores concorre para essa exploração. As

dificuldades se refletem na rotatividade das normas para a pesca da lagosta ao longo de 44 anos

(de 1967 a 2010) e no não acompanhamento dos desembarques da pesca desde o ano de 2010.

Soma-se a esse cenário a pesca realizada com apetrechos não legais, como a rede e o mergulho,

livre ou com compressor e “marambaias”. Embora o uso do mergulho, em especial com o

emprego do compressor, tenha tornado a pesca da lagosta uma atividade de maior precisão nas

capturas, também passou a apresentar maior risco à saúde e à vida dos pescadores. Recifes

costeiros são encontrados na plataforma continental do Rio Grande do Norte, litoral Nordeste

oriental do Brasil, local da pesca de mergulho e de uma rica biodiversidade, destacando-se a

população jovem das lagostas. Este trabalho foi realizado na perspectiva de uma abordagem

integradora entre a pesca e o pescador mergulhador, com foco em três objetivos: fazer uma

reconstrução histórica da pesca durante os anos de 2001-2010, descrever o perfil

sociodemográfico, riscos e conflitos da atividade do mergulho e comparar seu conhecimento

sobre a bioecologia da lagosta com o conhecimento científico. A análise da pesca foi baseada

em planilhas do programa Estatpesca/IBAMA/RN. Foi utilizado um formulário formado por

questões estruturadas e semiestruturadas, que coletou informações socioeconômicas dos

pescadores (como idade, escolaridade, renda mensal, entre outras), suas estratégias da pesca

(tais como, tipo de mergulho e apetrecho usado, procura ativa da lagosta, locais de pesca e

profundidade atingida) e seu conhecimento sobre as normas de ordenamento e os riscos e

conflitos. Também foram coletadas informações sobre o seu conhecimento a respeito da

alimentação, estrutura trófica, reprodução e ciclo de vida da lagosta. Todas as análises

estatísticas foram realizadas utilizando o software R (R DEVELOPMENT CORE TEAM,

2012), adotando o nível de significância de 5% (ZAR, 2010). Cada tipo de análise foi

computado separadamente para evitar conflitos computacionais e matemáticos. Foram ainda

utilizados os seguintes pacotes estatísticos adicionais do software R: pacote “ca” (GRENACRE,

1993; NENADIC, GREENACRE, 2007), “stats” (Teste de Shapiro-Wilk, PCA, PCoA,

correlação de Pearson, Teste de Mann-Whitney; R DEVELOPMENT CORE TEAM, 2012) e

“car” (Teste de Levene; FOX; WEISBERG, 2011). Com o modelo GLM, foi possível observar

que a captura, em peso, era menor com o uso da rede, em relação ao compressor, mergulho e

covo. O peso também foi significantemente maior para a embarcação grande, em relação à

embarcação pequena. Analisando a escala temporal, por ano, a maior produção ocorreu em

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2009 e 2010, e, quanto aos meses, independentemente do ano da amostra, o mês de agosto

apresentou maior captura. Foram entrevistados 53 pescadores mergulhadores que se dedicam à

pesca de lagosta. A maioria deles (89%) tem mais de 30 anos e nasceu na comunidade de Rio

do Fogo. Muitos não concluíram o ensino fundamental I e são analfabetos funcionais (58,5%).

Reconheceram dois grandes riscos nessa atividade: aqueles associados ao mergulho e os

relacionados ao descumprimento das regras formais ou informais da captura da lagosta. Quanto

aos riscos associados ao mergulho, o uso do compressor foi o mais citado pelos pescadores

(48%), seguido por dormência nos membros, dores nas articulações ou sangramentos (leves) e

sintomas da doença por descompressão (DCS). O não cumprimento as normas estabelecidas

originam conflitos entre pescadores e órgãos fiscalizadores. Quanto ao conhecimento dos

pescadores sobre a bioecologia da lagosta foi verificado que independe da idade e do tempo de

experiência, já que não houve diferença significativa entre os que mergulham há mais tempo e

que têm mais idade (kendall’s tau, p > 0,05). Também um grau alto de similaridade do

conhecimento dos pescadores mergulhadores com a literatura científica a respeito da

alimentação, estrutura trófica e habitat da lagosta foi verificado. Com base neste estudo, três

relevantes aspectos devem ser considerados: a necessidade de um monitoramento desta pesca,

os impactos causados pela pesca por mergulho na comunidades recifal e a importância de ser

considerado o conhecimento do pescador a respeito da bioecologia da lagosta nos planos de

gestão desta pesca..

Palavras-chave: Panulirus. Pesca artesanal. Conhecimento dos pescadores. Riscos da pesca.

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ABSTRACT

THE FISHERY AND FISHERMAN OF LOBSTER IN THE EAST COAST OF THE

NORTHEAST OF BRAZIL

Spiny Lobsters, Caribbean lobster or Rock lobsters (Decapoda, Achelata, Palinuridae) are

important resources and support one of the most profitable fisheries in the world. In Brazil,

despite current management measures adopted, it is still a fully exploited marine resource and

a number of factors contribute to this scenario. Difficulties are reflected in the rotation of

standards for lobster fishing over 44 years (1967 to 2010 and non-monitoring of fisheries since

2010). Adding to this, fishing activity is carried out with non-legal paraphernalia such as nets

and free diving, or compressors and "marambaias". The activity of diving in general with the

aid compressors has made catches more accurate. But on the other hand, it presents greater risks

to the fishers ‘life and health. Coastal reefs are found on the continental shelf of Rio Grande do

Norte in Brazil's northeastern coast. It is a place for diving that has rich biodiversity, and

presents a young lobster population. This work was carried out in a perspective of an integrative

approach between the fisherman and the diver fisher with a focus on three objectives. To make

a historical reconstruction of fishing during the years 2001-2010, to describe the

sociodemographic profile, risks and conflicts of the activity and to compare his knowledge on

the bioecology of the lobster with the scientific knowledge. The fishery analysis was based on

spreadsheets enabled by the Estatpesca, a software program developed by the Brazilian Institute

of Environment and Natural Resources (IBAMA) in Rio Grande do Norte. A structured and

semi-structured questionnaire was applied in order to collect the subject´s socio-economic

information (age, education, monthly income, etc.), their fishing strategies (such as type of dive

and equipment use, active lobster fishing depth) and their knowledge of the rules on risks and

conflict management. Other type of information was also collected related to their knowledge

on food, trophic structure, reproduction and lobster life cycle. Statistical analysis was performed

using the R (R Development Core Team 2012) software, considering 5% significance level (Zar

2010). Each type of analysis was computed separately to avoid computational and mathematical

conflicts. The following statistical software packages were also used: "ca" package (Grenacre

1993, Nenadic & Greenacre 2007), stats (Shapiro-Wilk test, PCA, PCoA, Pearson correlation,

Mann-Whitney test; R Development Core Team 2012) and 'car' (Levene Test; Fox & Weisberg

2011). With the GLM model, it was possible to observe that the capture, by weight was smaller

with the use of the net, in relation to the compressor, dive and cages. Greater weight was also

significantly larger for the large vessel in relation to small vessels. Analyzing the time scale,

the highest production per year occurred in 2009 and 2010. As for the monthly fishery,

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independently of the year sampled, the month of August showed a larger catch. 53 lobster

fisher-divers were interviewed. The great majority (89%) are over 30 years old and were born

in the community of Rio do Fogo. Many fishers have not completed elementary school and are

illiterate (58.5%). They recognized two major risks in this activity: those associated with diving

and those due to noncompliance with the formal or informal rules of catching lobsters. The

risks associated with diving with the use of the compressors were most cited (48%), some

pointed out limb numbness, joint pain or mild bleeding as well as symptoms related to

decompression sickness (DCS). The results indicate that fisher´s knowledge of the lobster bio-

ecology does not depend on age or experience. There were no significant differences between

those who dive longer and are older (Kendall's tau, p> 0.05). There was a high degree of

similarity in knowledge on behalf of fishers and scientific literature regarding feeding, trophic

structure and lobster habitation. Based on this study, three aspects should be considered: the

need for a monitoring of this fishery, impacts caused by dive fishing on the reef communities,

and the importance of considering the fisherman's knowledge about the bio-ecology of the

lobster in the fishery management plans.

Keywords: Panulirus. Artisanal Fishing. Fisher knowledge. Fishing Risks.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO GERAL ………………………………………………………19

2. CARACTERIZAÇÃO DO LITORAL ………………………………………. 34

3. METODOLOGIA DA PESQUISA …………………………………………..37

4. REFERENCIAS ..................................................................................................42

5. APRESENTAÇÃO DOS CAPÍTULOS............................................................ 50

6. CAPÍTULO 1: Dinâmica da pesca da lagosta espinhosa na costa do Rio Grande

do Norte.................................................................................................................51

6.1 Introdução.......................................................................................................52

6.2 Material e Métodos.........................................................................................54

6.3 Resultados ......................................................................................................56

6.4 Discussão.........................................................................................................61

6.5 Conclusões......................................................................................................65

6.6 Agradecimentos.............................................................................................65

6.7 Referencias.................................................................................................... 66

7. CAPÍTULO 2: Lobster fishery: a dive into vanishing................................... 70

7.1 Introdution....................................................................................................71

7.2 Metodology....................................................................................................73

7.3 Results............................................................................................................76

7.4 Discussion......................................................................................................80

7.5 Acknowledgments........................................................................................ 84

7.6 References.....................................................................................................85

8. CAPÍTULO 3: Conhecimento dos pescadores mergulhadores sobre a bioecologia

da lagosta na costa do Rio Grande do Norte..................................................90

8.1 Introdução....................................................................................................92

8.2 Metodologia.................................................................................................94

8.3 Resultados....................................................................................................96

8.4 Discussão....................................................................................................100

8.5 Conclusão .................................................................................................104

8.6 Agradecimentos........................................................................................105

8.7 Referencias.............................................................................................. 105

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9. CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................112

10. APÊNDICES.................................................................................................114

LISTA DE FIGURAS

INTRODUÇÃO

FIGURA 01 – Distribuição da lagosta espinhosa (Panulirus meripurpuratus) no Atlântico

ocidental, segundo Giraldes e Smith, 2016. Imagem1 :

http://www.iucnredlist.org/details/170014/0; imagem 2 : Jesser Fidelis

FIGURA 02-: Fases do ciclo de vida e migração da lagosta . Imagens google.com

FIGURA 03: Abrigos para a captura da lagosta – A: casita com tronco de palmeira tradicional

armadilha cubana ,usada a 4-6m de profundidade para atrair lagostas e facilitar sua captura (

Cuba); B- Casita de concreto (México); C- armadilhas de madeira (EUA).Imagens A e B - Fonte : google.imagens .Imagem C- Fonte http://fishingforaliving.com/fisheries/lobster.

METODOLOGIA GERAL

FIGURA 1 – Principais pontos de desembarque da lagosta no litoral do Rio Grande do Norte

...................................................................................................................................................36

CAPÍTULO 1

FIGURA 1 – Figura 1 – Mediana e amplitude da pesca da lagosta (peso e CPUE) no litoral do

RN no período 2001-2010 ..............................................................................................................57

FIGURA 2 – Valores médios e respectivos desvios padrões do peso e CPUE com relação às

classificações categóricas de tipo de equipamento (A – peso; B – CPUE) e tipo de embarcação

(C – peso; D – CPUE) ...............................................................................................................59

CAPÍTULO 2

FIGURE 1 – Rio do Fogo fishing community, the largest producer of lobster in the Northeastern

region……………………… …………………………………………………...73

FIGURE 2 – Correspondence analysis biplot between I = fishermen age group (I1 to I4) and C

= experience in the lobster trade, in years (C1 to C7). Age groups: I1 = 15 to 25 years of age;

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I2 = 26-35 years of age; I3 = 36-45 years of age; I4 = 46-55. Experience groups: C1= 5-10

years’ experience; C2 = 11-15 years’ experience; C3 = 16-20 years’ experience; C4 = 21-35

years’ experience; C5 = 36-45 years’ experience; C6 = 46-55 years’ experience; and C7 = 56-

60 years’ experience)……………………………………………………………………... 76

FIGURE 3 – Average age values and standard error of the lobster fisher-divers from Rio do

Fogo (RN) who use exclusively compressor diving for lobster fishery and using apnea diving

(free diving) for lobster fishery …………………………………………………..77

CAPÍTULO 3

FIGURA 1 – Localização da comunidade de Rio do Fogo......................................................93

FIGURA 2 – Diagrama conceitual indicando ligação trófica da Panulirus baseado no

conhecimento dos pescadores mergulhadores (n=53) no litoral Nordeste do Brasil. Numeral

entre parênteses corresponde ao total de entrevistados que citaram o item. Setas mais largas

indicam os predadores e as mais estreitas, as presas.................................................................95

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LISTA DE QUADROS

METODOLOGIA GERAL

QUADRO 1 – Descrição das variáveis explanatórias e variáveis

respostas....................................................................................................................................37

CAPÍTULO 1

QUADRO 1 – Descrição das variáveis (fatores) selecionadas no modelo linear generalizado –

GLM (Tabela 1 e 2) – para a pescaria da lagosta no RN, período 2001-

2010...........................................................................................................................................55

CAPÍTULO 3

QUADRO 1 – Grau de comparação (alto, médio e baixo) entre o conhecimento do pescador e

o conhecimento biológico com relação aos itens alimentares, predadores e

habitat.......................................................................................................................................97

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LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 1

TABELA 1 – Resultados do Modelo Linear Generalizado Gamma (GLM Gamma) da variável

peso da lagosta em função de variáveis relacionadas à pesca (apetrecho: caçoeira (referência),

compressores, covo e mergulho livre; tipo de embarcação: grande (referência) e pequena e; dias

170 de mar) e a variação temporal anual (anos: 2010 (referência), 2001 – 2009; meses: agosto

171 (referência), maio – dezembro). t-valor – valor da estatística t, p-valor – valor probabilístico

de 172 significância. Fatores destacados em negrito indicam significância estatística

(p<0,05)........................................................................................................... 57

TABELA 2 – Resultados do Modelo Linear Generalizado Gamma (GLM Gamma) da variável

CPUE da lagosta em função de variáveis relacionadas à pesca (apetrecho: caçoeira (referência),

compressor, covo e mergulho livre; tipo de embarcação: grande (referência) e pequena e dias

de mar) e a variação temporal anual (anos: 2010 (referência), 2001 – 2009; meses: agosto

(referência), maio – dezembro). t-valor – valor da estatística t, p-valor – valor probabilístico de

significância. Fatores destacados em negrito indicam significância estatística

(p<0,05).......................................................................................................... …………. .60

CAPÍTULO 2

TABLE 1 – Absolute number of fisher by diving strategy and age group. Different overscripted

numbers (in a same line) show the ratio of lobster fisher (used in the multinomial analysis)

using compressor diving is statiscally different from the ratio of men using apnea diving amid

the age grops (p<0.5). Similar lower case letters (in a same line) show no statistical difference

inside an age group (p<0.5) between the ratio of men using compressor diving and the ones

using an diving in the lobster trade……………………………………………………………77

TABLE 2 – Absolute number of vessels by diving strategy in the lobster trade. Different

numbers amid the lines show significant statistical difference (p<0.5) I the ratio between apnea

diving (or free diving) and compressor diving in small end large vessels. Similar low case letters

(in a same line) show no significant statistical difference (p<0.5) between the diving strategies

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among same size e vessels………………………………………………...............................78

CAPÍTULO 3

TABELA 1 – Estatística descritiva obtida na correlação Kendall com respostas vs. experiência

em quatro categorias: alimentação, habitat, predação e reprodução. tau – estatística da

correlação de Kendall, p-valor – valor de probabilidade, z-valor – valor da estatística

Z............................................................................................................................................. 95

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LISTA DE SIGLAS

APARC – Área de Proteção dos Recifes de Corais

CONEPE – Conselho Nacional da Pesca e Aquicultura

COP – Conferência das Partes

CPUE – Captura por Unidade de Esforço

FAO – Food and Agriculture Organization

MP – Ministério da Pesca

MTE – Ministério do Trabalho e Emprego

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

SUDEPE – Superintendência do Desenvolvimento da Pesca

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A PESCA E O PESCADOR DE LAGOSTA EM SETOR DO LITORAL ORIENTAL

DO NORDESTE DO BRASIL

“Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa,

Nunca tem medo e nunca se arrepende”.

Leonardo da Vinci

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19

INTRODUÇÃO GERAL

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20

1. INTRODUÇÃO GERAL

A pesca é uma atividade extrativista praticada pelo homem desde a pré-história tanto

no mar, como nas águas interiores. Para que a atividade ocorra se faz necessário a interação de

um conjunto de fatores abióticos, bióticos e sociais. Fatores tais como, as condições climáticas

e geomorfológicas, espécies alvo, apetrechos e embarcações são condicionantes para que essa

atividade seja realizada em todo o mundo.

A exploração de um recurso pesqueiro é pode ser direcionada diretamente para o

consumo do pescador, mas também é responsável pela geração de renda de muitas

comunidades costeiras (CRILLY; ESTEBAN, 2013). Como é considerada uso de propriedade

comum, de livre acesso, a exploração de uma espécie alvo muitas vezes é um exemplo da

utilização insustentável dos recursos pesqueiros (SCHREIBER; HALLIDAY, 2013).

A lagosta espinhosa (Decapoda, Achelata, Palinuridae, Panulirus) também conhecida

como lagosta do caribe ou de rochas é um importante recurso pesqueiro que suporta uma das

mais lucrativas pescarias do mundo. Mais de 20 espécies são encontradas em águas tropicais e

subtropicais, inseridas no processo socioeconômico local, suportando uma forte cadeia

produtiva. Por outro lado, apesar das medidas de manejo adotadas, trata-se de um recurso

marinho que atualmente é considerado sobreexplotado (FONTELES-FILHO, 2004;

IZQUERDO et al. ,2011; SILVA; FONTELES-FILHO, 2011; PHILLIPS, 2006).

Todas as espécies do gênero Panulirus, ao contrário do Jasus e Palinura, vivem em

águas rasas e quentes, entre 0-50 metros de profundidade, com distribuição geográfica entre 00

e 300 graus de latitude. A espécie P. argus (Smith, 1869), encontrada no Oceano Atlântico

Leste, é explorada comercialmente no arquipélago de Cuba, na Flórida (USA) e no Nordeste

do Brasil. Há pouco tempo, os estudos apontavam a ocorrência de três espécies no litoral do

Brasil, a saber: P. argus (Smith, 1869), denominada de lagosta vermelha, P.laevicauda

(Latreille, 1817), conhecida como lagosta verde, e P. echinatus (Smith, 1869), a pintada.

(IZQUIERDO et al.,2011). Entretanto, pesquisas recentes demonstram que a barreira

biogeográfica ocasionada pela pluma das bacias hidrográficas do Amazonas e Orinoco atua

como uma barreira física que impede o fluxo gênico. Devido a esse isolamento, surgiram duas

populações geneticamente diferentes, a P. argus e a P. meripurpuratus (espécie nova).

Caracteres morfológicos, entre os quais a cor púrpura do mero dos artículos torácicos,

diferenciam essa espécie da P. argus. Assim, ao sul dessa barreira, coexistem a P.

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21

meripurpuratus, a P. echinatus e a P. laevicauda; ao norte, as espécies P. guttatus, P. argus e

P. echinatus (GIRALDES; SMYTH, 2016). (Figura 01).

Figura 01. Distribuição da lagosta espinhosa (Panulirus meripurpuratus) no Atlântico

ocidental, segundo Giraldes e Smith, 2016. imagem 1 :

http://www.iucnredlist.org/details/170014/0; imagem 2 : Jesser Fidelis

Essas lagostas apresentam dois tipos de comportamentos migratório: o trófico, e o

reprodutivo. No início do seu ciclo de vida, procuram locais costeiros e mais rasos para se

alimentar e ao alcançarem a maturidade sexual migram para as áreas de maior profundidade,

onde desovam. São animais com um longo ciclo de vida, cerca de 18 anos e meio, de modo

que, no primeiro ano de vida, são planctônicos e procuram as águas costeiras. No segundo ano

de vida, assumem a vida bentônica, no estágio de puerulus e procuram abrigo nos recifes

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costeiros e também em bancos de fanerógamas e macroalgas. Nas águas rasas, permanecem de

1 a 2 anos, onde crescem para o estágio juvenil, vivendo por mais 3 anos nos recifes costeiros.

Esta ocupação de ambientes distintos por diferentes faixas etárias da população é uma estratégia

que contribui para evitar a competição intraespecífica (CRUZ et al., 2013; GIRALDES;

SMYTH, 2016) (Figura 02 ), mas também as tornam alvo fácil para a pesca costeira.

Além dos comportamentos migratórios, as lagostas também exibem hábitos gregários,

se abrigando durante o dia em tocas ou reentrâncias, fugindo da ação dos predadores,

particularmente nos estágios juvenil e subadulto. Consideradas predadores oportunistas, deixam

os abrigos à noite para forragear (HARRINGTON; HOVEL, 2015; LOFLEN; HOVEL, 2010).

Figura 02: Fases do ciclo de vida e migração da lagosta . Imagens google.com

No litoral Nordeste do Brasil, a pesca artesanal é uma atividade extrativista exercida por

comunidades ao longo de toda a faixa costeira. Nessa região do país, concentra-se a maior

produção pesqueira, onde se destaca o Rio Grande do Norte (RN), com a captura de lagostas P.

meripurpuratus, mais abundante, P. laevicauda, a lagosta verde, e P. echinatus, a lagosta

pintada (FONTELES-FILHO, 2007). Esta pesca é considerada sobre explorada desde os anos

80 (IBAMA, 2008)

A atividade da pesca, de um modo geral, é descrita a partir de um cenário de

fragmentação e incoerência entre os diferentes segmentos envolvidos. Faz-se necessário

entender a pesca a partir de um olhar interdisciplinar, e com o entendimento de que muitas

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vezes os problemas de gestão da pesca refletem os problemas sociopolíticos e institucionais da

sociedade (JENTOFT, 2006). Assim informações sobre as dimensões políticas, políticas,

bioecológicas e sociooeconômicas da pesca devem ser usadas como parâmetros que, embora

distintos, estão interligados, influenciam e são influenciados pelos demais. Esse aspecto remete

a uma abordagem ecossistêmica da pesca, que, embora já seja há tempo discutida em escala

globalizada, possui grandes dificuldades de ser implementada (FAO, 1993, 1997, 2013).

Para uma gestão integrada e participativa visando o uso sustentável do recurso, faz-se

necessária a participação de atores sociais nas políticas e na tomada de decisão (SILVA;

DANTAS, 2013). Entretanto, poucos exemplos sobre esse tipo de gestão de pesca são relatados.

Atualmente, a gestão visa muito mais regulamentar o comportamento dos atores da cadeia

produtiva da pesca (pescadores, industriais e consumidores) do que o próprio recurso

(CASTELO, 2007).

A política da pesca lagosteira contempla principalmente as ações reguladoras. Em

Cuba, há mais de 70 anos, medidas governamentais foram adotadas, tais como período de

defeso de cinco meses, tamanho mínimo de captura, restrições aos tipos de armadilhas, medidas

de proteção da atividade reprodutiva, recrutamento e proibição de captura das fêmeas ovígeras,

contribuindo para o aumento da produção. Para a captura, são usadas armadilhas denominadas

casitas, confeccionadas com troncos de uma palmeira do litoral (Coccothrina

miraguana)(Figura 3 A).Nesse país, há também um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC),

medida output de controle do estoque (PUGA; ALZUGARAY, 2013).

Nos Estados Unidos as lagostas são pescadas próximas a três milhas da costa e, desde o

século XIX, somente são capturadas com armadilhas (FIGURA 3 C). Ao contrário do que

ocorre no Brasil, lá há o “boom da lagosta”, pois atualmente a pesca é dez vezes maior do que

nos anos 1930, período em que predominava a pesca ilegal. Aspectos bioecológicos e sociais

como o sucesso do assentamento larval; a diminuição da predação das lagostas juvenis por

peixes; o declínio das atividades ilegais; o suporte da legislação, bem como o comportamento

conservacionista, são fatores que, interligados, contribuíram para o aumento da produção

(ACHESON; GARDNER, 2014). Na Flórida, além da pesca comercial com armadilhas, existe

também uma intensa pesca recreativa (PHILLIPS, 2006).

Nesse país, além da dimensão política, atualmente se verifica uma grande preocupação

com essas armadilhas que são perdidas ou quebradas devido aos ciclones, comuns nessa área,

o que ocasiona a mortalidade das lagostas que nelas ficam presas, bem como a geração de

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detritos, dado o grande número de armadilhas que são avariadas e a ausência de medidas

eficazes para gerir a geração desses detritos (MATTHEUS; PATRICK; MILLER, 2005;

AUHRIN et al., 2014; ZHOU, 2010).

No México, depois que o estoque foi avaliado e certificado pelo Marine Stewardship

Council, a gestão passou a acontecer de maneira coparticipativa. Cooperativas recebem

concessões a cada ano e respeitam o período de defeso de quatro meses e o tamanho mínimo

da cauda, bem como não capturam fêmeas ovígeras. Usam um sistema de abrigos artificiais,

denominadas casitas, e a área de pesca é subdividida entre as famílias dos cooperados, que a

gerenciam. As lagostas são capturadas por mergulho livre, proibindo-se compressor ou outro

tipo de armadilha, sendo permitido até a profundidade de 20m (LEY‐COOPER et al., 2014)

(Figura 3 B).

Figura 03: Abrigos para a captura da lagosta – A: casita com tronco de palmeira tradicional

armadilha cubana ,usada a 4-6m de profundidade para atrair lagostas e facilitar sua captura (

Cuba); B- Casita de concreto (México); C- armadilhas de madeira (EUA).Imagens A e B - Fonte : google.imagens .Imagem C- Fonte http://fishingforaliving.com/fisheries/lobster.

Apesar das medidas de ordenamento, o comércio ilegal de lagostas tem se

internacionalizado devido ao livre acesso e à sobre-exploração dos estoques locais (CRUZ;

BERTELSEN, 2008). No Brasil, o processo de ordenamento complexo e pouco eficiente, gera

práticas para a pesca ilegal e além de conflitos.

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A exploração da P. meripurpuratus como espécie alvo começou no Brasil nos anos

1950, quando era pescada com uma armadilha denominada landuá e tinha o seu abdômen

congelado exportado para os EUA (BRASIL, 2008). Nos anos seguintes, os estados do Ceará e

do Rio Grande do Norte se destacaram como os principais centros produtores de lagostas,

propiciando o aparecimento de indústrias e atraindo a iniciativa privada para investimentos de

capitais, com o foco na exportação desse recurso (FONTELES-FILHO, 2007). Essa exploração

originou um conflito entre a França e o Brasil, que ficou conhecido como a “Guerra da

Lagosta”, no período de 1960-1964. O conflito foi ocasionado porque o Brasil não autorizou a

pesca na plataforma continental da costa Nordeste do país (entre Ceará e Pernambuco). Foram

presos navios pesqueiros franceses que pescavam sem autorização do governo brasileiro,

gerando um abalo nas relações entre os dois países e uma discussão acerca do modo de vida da

lagosta, ou seja, se vivia sobre a plataforma continental (andava) ou na coluna d’água (nadava)

(LESSA, 1999).

Em 1967, um conjunto de medidas de ordenamento da pesca estabeleceu o tamanho

mínimo de captura e da malha do covo e a proibição da pesca com o uso do mergulho e a rede

de arrasto, além da pesca em criadouros naturais. Logo após, essas medidas foram alteradas,

dando início à prática de mudanças sistemáticas na gestão (CAVALCANTE et al., 2011).

A partir de 1972, a elevada taxa de exploração de estoque colocou em perigo a sua

renovação e estudos realizados no Laboratório de Biologia Marinha da Universidade do Ceará

(Labomar) investigaram os aspectos biológicos de jovens e adultos, reprodução, fisiologia,

visando à obtenção de parâmetros norteadores para o embasamento das medidas de

ordenamento (IVO; PEREIRA, 1996; FONTELES-FILHO, 2007; IZQUIERDO et al., 2011).

Logo em seguida foi tomada outra medida de proteção: o defeso, com a paralisação por

um mês (CAVALCANTE et al., 2011). Atualmente, o defeso compreende seis meses, período

que vai de 01 de dezembro a 31 de maio. Nesses meses, o pescador cadastrado na Colônia dos

Pescadores recebe um auxílio financeiro. Tal auxílio já foi objeto de investigação por fraudes

relacionadas ao recebimento indevido de proventos por pessoas que não exerciam a profissão.

Nesse sentido, a suspensão temporária da pesca é uma medida muito utilizada na gestão dos

recursos marinhos. Evidências sugerem que fechamentos temporários são benéficos para

determinados recursos, entretanto, isso não é evidente para a gestão sustentável de determinados

tipos de pesca (COHEN; FOALE, 2013). Para alvos de pesca que sofrem uma grande pressão

de pesca e não têm uma taxa de crescimento rápida, como a lagosta, um período de defeso de

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meses não atinge o objetivo da pesca sustentável, pois não é suficiente para gerar mecanismos

de restauração (GNANALINGAM; HEPBURN, 2015).

Na dimensão política, outra importante medida de ordenamento deixou de ser

observada com relação à proibição da captura das fêmeas ovígeras, baseada no argumento da

dificuldade de fiscalização. Isso demonstra a fragilidade do ordenamento que ao longo de

décadas é realizado por diferentes órgãos federais, como Superintendência do Desenvolvimento

da Pesca (SUDEPE), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (IBAMA),

Ministério da Pesca (MP), todos já extintos, e atualmente o Departamento de Pesca, do

Ministério da Agricultura, que ao longo dos anos foram responsáveis por medidas de políticas

públicas da pesca da lagosta (CAVALCANTE et al., 2011; BRASIL, 2008). Ações para a

gestão participativa e criação do comitê de gestão para o uso sustentável de lagostas foram já

há algum tempo planejadas, mas não implementadas (BRASIL, 2008).

No Brasil, no final dos anos 1990, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos

Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) desenvolveu um software de coleta contínua de dados

básicos da pesca (ESTATPESC), uma metodologia para estimar desembarques totais e o

esforço da pesca lagosteira. Esse programa teve início com um censo de todas as embarcações

e abrangeu todos os locais de desembarque, que foram categorizados como principais e

secundários. Nos locais principais, denominados controlados, ocorreu um grande esforço de

coleta de dados necessários para estimar desembarques e esforço de pesca. Nos demais, o

esforço foi menor, realizado com o controle mensal das embarcações que atuavam na pesca

(ARAGÃO et al., 2010). Esse programa foi extinto em 2010 e desde então não há um

acompanhamento sistemático das capturas, das embarcações e apetrechos usados na pesca,

informações básicas para o gerenciamento eficiente, considerando que o monitoramento

sistemático gera informações básicas para o ordenamento pesqueiro (FREIRE; PAULY, 2015).

Atualmente, a pesca é realizada com multiapetrechos, tais como, armadilha denominada

covo, manzuá ou cangalha, a rede ou caçoeira, mergulho livre ou com o uso do compressor,

sendo os Estados Unidos ainda o principal destino final dessa pesca. Dos apetrechos usados

nessa pesca, apenas o covo é legal. Importante ressaltar que, desde o ano de 1967, foi proibida

a captura da lagosta com o uso de redes de arrasto e mergulho, o que não foi cumprido.

Atualmente, em especial no Rio Grande do Norte, ocorre a pesca com o uso de redes e por

mergulho, livre ou com compressor (BRASIL, 2008). Em 2007, um decreto estabeleceu a

indenização dos proprietários de redes e equipamentos de mergulho (CAVALCANTE et al.,

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2011) na tentativa de coibir esses apetrechos.

No entanto, a pescaria com covos no RN, a partir do ano 2008, deixou de ser notificada

no banco de dados do IBAMA, sendo desde então realizada exclusivamente com apretrechos

ilegais. Todavia, nos demais estados, os covos continuam a ser utilizados. A pesca com covos

monitorada no estado de Pernambuco, em 2011, apresentou Captura por Unidade de Esforço

(CPUE) com variação de 0,024 e 0,119 lagostas/covo/dia de pesca (OLIVEIRA et al., 2015).

Essa armadilha, único equipamento legalizado para a captura da lagosta no Brasil, é construída

artesanalmente, com uma armação retangular de madeira, revestida por uma tela de arame

galvanizado ou de náilon, com uma abertura na parte superior. Dentro dela, são colocadas as

iscas, geralmente cabeças e restos de peixe piramutaba (Brachyplatysto mavaillantii) e pargo

(Lutjanus purpureus) em decomposição e interligados por cabo de polietileno, formando

cordões de armadilhas, denominados espinhéis. São transportadas até locais mais distantes por

embarcações de maior porte, onde ficam submersas (BRASIL 2008).

Contudo, os equipamentos e técnicas não legalizados são responsáveis por mais de 50%

das lagostas pescadas em águas rasas no Brasil. Esse tipo de pescaria influencia no estoque

populacional e sustentabilidade dessa pesca, considerando que 50% das capturadas em águas

rasas são juvenis e pescadas antes de sua maturação gonadal (CRUZ et al., 2013; FONTELES-

FILHO, 2007).

A rede, também denominada de caçoeira ou espera, é confeccionada com náilon

multifilamentado. Foi uma tentativa incentivada pelos órgãos reguladores objetivando

minimizar danos causados ao substrato e à fauna acompanhante. As confeccionadas com náilon

monofilamentado foram posteriormente usadas pelas embarcações de pequeno porte, por serem

mais leves. Embora esse equipamento beneficie esses tipos de embarcações, que pescam em

pequenas profundidades e por isso não utilizam covos, ficou comprovado que não é viável o

seu uso, considerando que o estrato jovem da população lagosteira vive em profundidades

menores (BRASIL, 2008). Além disso, Giraldes et al. (2015) mostram o impacto que essa

prática de pesca artesanal causa nos sistemas de recifes costeiros ao analisarem a sua fauna

associada (captura acessória) e o estoque da espécie alvo P. echinatus.

O mergulho, prática esportiva para a pesca submarina, é exercido mundialmente, mas

somente a partir dos anos 1970 começou a ser utilizado no Rio Grande do Norte (RN) como

uma técnica para a pesca da lagosta (LINS; VASCONCELOS; REY, 1993). Essa prática é feita

por mergulho livre em apneia ou com o auxílio de compressor. No mergulho, a pesca depende

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exclusivamente das condições físicas e habilidades do pescador/mergulhador. Com o auxílio de

nadadeira, máscara, snorkel, ele pesca em menores profundidades. Para pescar em maiores

profundidades, mergulha usando ar comprimido de botijões de gás, adaptados de forma

artesanal. No intuito de ajudar na captura e transporte das lagostas até a superfície, o pescador

mergulhador também utiliza o “bicheiro”, instrumento de ferro, com cabo de madeira de

aproximadamente de 0,5 metro de comprimento e com extremidade curva e o “mangote” ou

rede de “cerco”, uma rede do tipo circular, com malha de 5 a 7 mm de diâmetro (BRASIL,

2008). Quando adultas, as lagostas têm comportamento gregário com partilha de fendas e

abrigos (CHILDRESS; HERRNKIND, 1996), o que as torna presas mais fáceis na pesca por

mergulho.

A partir de 2001, outra técnica também começou a ser usada na pesca lagosteira,

denominada “marambaia”. Trata-se de um substrato artificial colocado no mar e construído

com pneus usados, madeira ou outro material que proporciona abrigo para as lagostas. Esses

recifes artificiais são lançados e submersos, ocorrendo então a colonização biológica desse

substrato, passando rapidamente a servir de abrigo e local de crescimento para as lagostas. Tais

locais são mapeados pelos pescadores mergulhadores com Global Positioning System (GPS),

facilitando o acesso ao recurso e proporcionando rapidez na pescaria, evitando gastos

desnecessários de tempo e combustíveis, otimizando a pesca e estimulando o mergulho.

Entretanto, em 2008 outra medida normativa foi instituída, proibindo igualmente o seu uso

(CAVALCANTE et al., 2011).

Por outro lado, foi observado que distintas faixas etárias da população lagosteira sofrem

pressão direta dos apetrechos e embarcações usados nessa pesca. As lagostas, ao longo do seu

ciclo de vida, ocupam profundidades diferenciadas (CRUZ; BERTELSEN, 2008; BUTLER et

al., 2006, 2011), portanto sua captura depende da autonomia do barco e dos apetrechos e

técnicas usadas. As embarcações pequenas estão equipadas com motor, cuja potência varia de

18-70 HP, e pescam com rede e mergulho livre. Contudo, as maiores, com potência na faixa de

70-130HP (BRASIL, 2008), pescam com compressor, rede e covo. Essa pesca pressiona o

estoque de P. meripurpuratus, com potencial reprodutivo (90-99 mm CL), que vive em águas

profundas (50-100m), profundidades onde também são encontradas as fêmeas ovadas e maiores

(>135 mm CL). Na plataforma continental do Brasil, o tamanho médio das lagostas aumenta

com a profundidade, embora a média do comprimento do cefalotórax dos machos seja maior

do que a das fêmeas (ISQUIERDO et al., 2011).

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Além da profundidade, outros aspectos influenciam na vida desse crustáceo. Na

plataforma interna do Rio Grande do Norte, ocorrem diversas feições geomorfológicas, tais

como algas calcárias e bioclásticos, arrecifes de arenito e bancos de macroalgas (ARAÚJO;

AMARAL, 2016), que são ambientes ideais para o crescimento do estoque juvenil bentônico

(PHILLIPS, 2006). Buscando esses substratos, os pescadores, de forma indireta, também

localizam seu alvo de pesca e pressionam a reposição do seu estoque populacional (BRASIL,

2008).

Observa-se que existem estudos relacionados à pesca da lagosta, entretanto, há carência

de uma abordagem atual a respeito da dimensão humana e social do pescador artesanal de

lagosta. Atualmente, pescadores artesanais têm sido foco de pesquisas, em virtude do

reconhecimento da importância social e econômica dessa categoria no contexto mundial.

Assim, estudos acerca de manejo coparticipativo, conflitos e conhecimento ecológico

demonstram a sua relevância. Os pescadores são sujeitos ativos no sistema pesqueiro,

respondendo e adaptando-se às mudanças de cenário. Como componente social da pesca, estão

inseridos numa rede de interações sociais que envolvem tradições, regras e relacionamentos

conflituosos ou cooperativos (SALAS; GAERTNER, 2004; LEAL, 2013; BEGOSSI et al.,

2010).

O pescador artesanal é caracterizado como o sujeito que usa embarcações de pequeno

porte, cuja pescaria é realizada com pessoas vinculadas por laços de parentesco ou do círculo

de amizade. No Brasil, mais de 70% dos pescadores registrados nas pescarias artesanais e

industriais não concluíram o ensino fundamental. O nível baixo de escolaridade da categoria

pode estar relacionado a não ter exigências quanto à instrução formal, e sim à experiência

prática (ALENCAR; MAIA, 2011; BASTOS; PETRERE, 2010; CEREGATO; PETRERE

JUNIOR, 2003; RAMIRES et al., 2012; REIS et al., 2010; SILVA-GONÇALVES; D’INCAO,

2016).

O pescador de lagosta, ao começar a mergulhar, não dá continuidade ao ensino formal,

pois começa sua iniciação muito jovem numa profissão que exige do pescador outros tipos de

aprendizagens. Nessa profissão, a resistência física, o senso de orientação, a sensibilidade com

a natureza, a coragem e a iniciativa de trabalhar com procedimentos de segurança são

competências e habilidades necessárias para o bom desempenho profissional, segundo o

Ministério do Trabalho e Emprego (MTE/BRASIL) (http://portal.mte.gov.br/portal-mte/)..

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Especialmente no Brasil, a pesca da lagosta por mergulho começou no Rio Grande do

Norte, na localidade de Rio do Fogo, no início da década de 1960, pelos pescadores que

aprenderam com praticantes do mergulho esportivo e passaram a usar como técnica de pesca

(LINS; VASCONCELOS; REY, 1993). Posteriormente, para retirar macroalgas (Gracilaria),

receberam máscara e snorkel de uma empresa da região Sudeste que explorava o ágar-ágar. O

compressor começou a ser usado em 1966, ocasionando um aumento considerável na captura

das lagostas. Já nesse ano morreu o primeiro mergulhador. Alegando ser essa atividade perigosa

para a vida dos pescadores, bem como contribuir para a extinção da espécie, pois lagostas

jovens eram capturadas, a Capitania dos Portos da Marinha do Brasil realizou reuniões com os

pescadores na tentativa de evitar essa atividade (FERREIRA; DONATELLI; REIS JUNIOR,

2003).

Desde então, outras comunidades litorâneas do Nordeste do Brasil aderiram a essa

modalidade, mudando significativamente o contexto socioeconômico dessas localidades. A

mais relevante foi observada na organização social dos pescadores do Rio Grande do Norte,

onde três categorias distintas são observadas: a) pescadores mergulhadores, que realizam a

pesca em apneia, com o mergulho livre; b) os que pescam exclusivamente com compressor; e

c) aqueles que participam da pesca, mas não mergulham, mas exercem a função de auxiliar do

mergulhador, com a responsabilidade de controlar o ar para o pescador submerso.

Os pescadores mergulhadores são responsáveis por toda a produção do RN, entretanto

exercem uma pesca ilegal. Como profissionais, trabalham gerando divisas para o Estado, mas,

por outro lado, sofrem as sanções desse mesmo Estado, quando são multados ou têm seus

apetrechos de pesca apreendidos, no exercício de uma atividade não legalizada (BRASIL,

2008). Essa pesca produz custos altíssimos e impossíveis de serem repassados para o produto

final. Esses custos visíveis, porém, ignorados, recaem sobre os três elos da cadeia produtiva: o

pescador, o meio ambiente e, finalmente, o governo, que deve dar assistência aos

mergulhadores acidentados na pesca (FERREIRA; DONATELLI; REIS JUNIOR, 2003).

Portanto, o pescador mergulhador é um ator social que explora um recurso importante,

enfrentando riscos de vida (MENDES et al., 2014) e também sanções legais (CAVALCANTE,

2011), mas, antagonicamente, tem sua profissão reconhecida pelo Ministério do Trabalho e

Emprego (MTE) do Governo brasileiro (http://portal.mte.gov.br/portal-mte/). A Classificação

Brasileira de Ocupações (CBO), do MTE, reconhece o pescador mergulhador de lagosta dentre

os pescadores polivalentes, em que estão incluídas outras categorias de pescadores artesanais,

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como o catador de caranguejo, siris e mariscos e o pescador de peixes e camarões.

O pescador que captura lagostas com covos ou gaiolas, pescador de lagostas ou pescador

lagosteiro é classificado com código 6310-15, pelo CBO e o MTE descreve esta atividade

como trabalho presencial e realizado em equipe. Dentre as atividades elencadas pelo MTE, são

citadas: lançar pneus no mar para a construção de arrecifes artificiais ou marambaias para

aumento da captura de lagostas e peixes, mergulhar em lajes de pedra para captura de lagostas

e, também, engaiolá-las.

Esses profissionais executam suas atividades no mar, diuturnamente, expostos às

variações climáticas e aos ferimentos inerentes às atividades, em condições de risco e

desconforto. No desempenho de suas funções, além de ferimentos, esse profissional pode

apresentar problemas bem mais graves, como a doença da descompressão (DCS) que podem

levá-lo à morte ou deixá-lo paraplégico. O Hospital Naval de Natal dispõe de uma câmera

hiperbárica que, no período de 1996-2001, atendeu 79 pescadores mergulhadores (FERREIRA;

DONATELLI; REIS JUNIOR, 2003). No intervalo de 2003-2008, atendeu 60 pescadores

mergulhadores, com faixa etária que variava entre 26 e 45 anos. O tempo médio de mergulho

dos atendidos foi de 90 minutos a uma faixa de 30 a 50m de profundidade. Observaram ainda

que as regiões do corpo mais afetadas foram as articulações dos joelhos (26%) e ombros (20%).

(MENDES et al., 2014; SANTOS; CAVALCANTI, 2015).

Somam-se a esses riscos as relações de conflito ou competitivas. Na pesca, ocorrem

conflitos tanto no âmbito do grupo, quanto pessoal, na disputa por explorar um mesmo recurso

ou um mesmo território (SAAVEDRA-DÍAZ et al., 2015). Conflitos são observados entre os

pescadores e os órgãos que disciplinam o ordenamento, devidos principalmente ao fechamento

da temporada e áreas de pesca, no estabelecimento de medidas ou peso mínimo de captura e

restrição sobre aparelhos de pesca (BRASIL, 2008). Durante o período da pesca, são registrados

conflitos entre os pescadores e o setor de fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente

e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), gerando apreensão dos equipamentos e

cobrança de multas.

São também relatados episódios de competição e conflitos entre os pescadores de

lagostas residentes em localidades distintas, assim como entre os pescadores que pescam com

covos, nos outros pontos do litoral, como no estado do Ceará (BRASIL, 2008). Nessa pesca,

também se observa uma competição entre os pescadores de barcos distintos, com sonegações

de informações sobre os locais bons para a pesca, que passam a ser “segredos” (COLAÇO,

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2012).

Entretanto, na pesca ainda são constatadas ações cooperativas. Nesses casos, a

cooperação minimiza os conflitos e diminui os riscos (SALAS; GAERTNER, 2004). Uma

relação de estreita confiança é identificada entre o pescador que mergulha e o mangueiros. Isso

acontece porque a vida daquele que mergulha com compressor depende diretamente do

mangueiro, o pescador responsável pelo compressor, filtro e mangueiras, equipamentos, que,

embora de maneira precária, transportam o ar para os mergulhadores (FERREIRA;

DONATELLI; REIS JUNIOR, 2003).

Por outro lado, a eficiência da pesca com mergulho trouxe para o pescador mais renda

e prestígio. Afirmações de que “a lagosta é ouro” ou “dá mais dinheiro” reforçam a ideia da

importância dessa estratégia para a pesca lagosteira. Entretanto, ainda que considerem a lagosta

como “ouro”, pescam e vendem lagostas pequenas ou ovígeras. Desse modo, no litoral do

Nordeste, há uma categoria de pescadores mergulhadores especialistas num tipo de pesca que

tem como espécie alvo principal a lagosta. Como se trata de uma atividade sazonal, sendo

realizada atualmente nos meses de junho a novembro, nos demais meses a pesca é proibida e

os pescadores recebem o seguro desemprego. Quando não pescam a lagosta, procuram outros

alvos, principalmente o polvo (Octopus insularis) (LEITE et al., 2009; LIMA et al., 2014).

O panorama aqui descrito aponta para a necessidade de estudos integradores de dados

que possam auxiliar uma abordagem integrada da pesca, da lagosta e dos seres humanos, com

a sua diversidade cultural, como partes integrantes do mesmo ecossistema. Esses estudos devem

buscar um equilíbrio entre a conservação e o uso sustentável da biodiversidade, tendo como

princípio o embasamento de todo tipo de informação, incluindo o conhecimento científico, o

conhecimento local, as inovações e novas práticas de pesca (FAO, 2013).

Essa abordagem sobre a pesca, embora não seja recente, está atualmente em evidência

devido aos acordos e conferências internacionais que visam assegurar a exploração sustentável

dos recursos vivos aquáticos com foco nas relações entre o ambiente e as populações que aí

vivem, observando também as características ecológicas e populacionais dos recursos

marinhos. Outros aspectos importantes dessa abordagem dizem respeito a reconhecer que o ser

humano é um componente do ecossistema e que há interesses múltiplos e às vezes contraditórios

das pessoas com relação à pesca e aos ecossistemas marinhos. Também estimula a participação

da comunidade para esclarecer a complexidade do ambiente, por meio da construção e

implementação de programas em torno de um processo participativo que permita às partes

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interessadas em nível local terem mais controle sobre os recursos naturais dos quais depende a

sua subsistência, permitindo, dessa forma, soluções sustentáveis (FAO, 2013; SEIXAS et al.,

2011; RICE, 2011; URQUHART, J.; ACOTT, T.; ZHAO, 2013; ZHOU et al., 2010;

TRIMBLE; JOHNSON, 2013).

Atualmente, é reconhecido que os pescadores detêm conhecimento real e prático

(ZHOU et al., 2010) sobre as relações do ecossistema onde vivem, denominado de ecológico,

tradicional ou dos pescadores. Esse conhecimento pode ser proveniente de observações

pessoais ou adquiridas num processo histórico e transgeracional (GILCHRIST et al., 2005) que

se tornaram uma ferramenta importante para estudos sobre gestão dos recursos, ecologia de

peixes e manejo de áreas de proteção marinha (ANGELINI, 2013; MAURSTAD; BJØRN,

2007; PREVIERO; MINTE-VERA; MOURA, 2013; JENNINGS et al., 2014; SILVANO;

BEGOSSI, 2012; BEVILACQUA et al., 2016; BUNDY; DAVIS, 2013; GERHARDINGER;

GODOY; JONES, 2009).

Os pescadores, no exercício da sua profissão passam a conhecer a ecologia da

comunidade e da espécie alvo, detendo um conhecimento único , que pode preencher lacunas

do conhecimento científico e tornarem-se colaboradores ativos no desenvolvimento de áreas

marinhas protegidas( BROOK; MCLACHLAN,2008). Apesar de esse conhecimento ser

reconhecido para auxiliar na gestão da pesca ainda não foi institucionalizado na legislação

federal. Na prática, o uso do conhecimento dos pescadores, dentro de uma abordagem de gestão

co-participativa, pode ser testado no manejo de áreas de proteção (APA) (SEIXAS; VIEIRA,

2015).

O conhecimento ecológico dos pescadores é uma ferramenta importante na co- gestão

ou co-manejo dos recursos pesqueiros, inserindo os pescadores no desempenho de um

importante papel nas decisões políticas, além de colaborar com as pesquisas na área dos

recursos naturais. Neste contexto, Berkes (2009) afirmou que a co-gestão é a partilha de poder

e responsabilidade entre o governo e os usuários de recursos locais e envolve uma parceria de

conhecimentos em busca de uma cooperação para o o acesso a recursos, baseada na união e

confiança das partes, buscando a resolução conjunta de conflitos .

Com base nos tópicos discutidos, e reconhecendo a importância da abordagem

integradora da pesca da lagosta, da relevância de embasamento de decisões a partir de dados

pré existentes, bem como ,o não menos importante papel do pescador mergulhador de lagosta

no litoral do Rio Grande do Norte, as seguintes hipóteses foram elaboradas: 1) na ausência de

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monitoramento atual, os dados pretéritos do Estatpesc /IBAMA/RN podem auxiliar futuras

medidas de ordenamento 2) os riscos da pesca por mergulho são compartilhados pelo pescador

e também pelos recursos do ambiente 3) o conhecimento do pescador sobre a bioecologia da

lagosta amplia o conhecimento sobre a biodiversidade do litoral do Rio Grande Norte.

Assim sendo, o presente estudo foi embasado nos seguintes objetivos:

1) Estudar com base nos dados do Estatpesc / Ibama /RN, a dinâmica da pesca da lagosta no

período de 2001 a 2010 ;

2). Determinar a frequência da pesca ilegal e sua relação com tamanho da frota e de avaliar a

relação entre as características dos pescadores e de sua decisão de pescar lagosta com ou sem o

uso do compressor

3) avaliar se a experiência do pescador mergulhador contribuiu para agregar conhecimentos

sobre aspectos bioecológicos da lagosta e comparar esse conhecimento com o científico, de

modo a estimar o grau de similaridade entre ambos.

.

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2. CARACTERIZAÇÃO DO LITORAL

O Rio Grande do Norte está situado entre os paralelos 4°51’08” e 6°58’18” de latitude

Sul e os meridianos 34°57’08” e 38°35’12” de longitude Oeste e limita-se com os estados da

Paraíba, ao Sul, e do Ceará, a Oeste, bem como com o Oceano Atlântico, a Leste e a Norte. Sua

região costeira representa 4,7% de todo o litoral brasileiro, e nela são desenvolvidas atividades

econômicas como pesca, cultivo de algas, turismo e exploração do petróleo. Sob o ponto de

vista geográfico, o litoral está dividido em litoral oriental e litoral setentrional. No oriental,

predomina o regime climático tipo Af, “tropical úmido”, segundo Köppen, com precipitação

pluviométrica anual em torno de 1 500mm por ano e temperatura mínima por volta de 20ºC,

média de 27ºC e máxima de 32ºC, bem como direção de ventos predominantes de sudeste. O

litoral setentrional apresenta clima Bsw’h, “semiárido moderado”, segundo a classificação de

Köppen, com precipitação pluviométrica compatível com um regime tropical de zona equatorial

(NIMER, 1989).

A plataforma continental apresenta uma profundidade menor que 60m e largura entre

20-40km, comparada com plataformas de outros Estados, destacando-se pela largura reduzida

e pelas águas rasas. Por outro lado, a paisagem litorânea caracteriza-se por ser um mosaico de

ambientes distintos, com falésias, manguezais, estuários, dunas fixas e móveis e arrecifes beach

rocks próximos à linha da costa ou mais distantes da linha, que ficam emersos durante a maré

baixa e permanecem total ou parcialmente submersos, na maré alta..

Essas feições geomorfológicas submersas podem ser encontradas a aproximadamente 6

km da linha de costa, destacando-se, dentre elas, o complexo recifal denominado localmente de

“Parrachos” de Rio do Fogo. Parrachos são recifes costeiros paralelos à linha da costa. Crescem

sobre um substrato consolidado, provavelmente linhas de arenito, relacionadas a antigas linhas

costeiras. Atualmente, os parrachos de Rio do Fogo estão inseridos na Área de Proteção

Ambiental (APA) dos Recifes de Corais, criada pelo Governo do Estado do Rio Grande do

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Norte, através do Decreto n. 15.476, de 6 de junho de 2001, com 136 mil hectares (ARAÚJO;

AMARAL, 2016) (Figura 04).

Figura 04: Recifes costeiros conhecidos localmente como “parrachos”.

Fonte:google.com

Santos et al. (2007) observaram que há diferenças com relação às feições

geomorfológicas submersas entre o litoral oriental e o setentrional. No oriental, ocorrem

formações coralinas construídas pela acumulação de algas calcárias (coralináceas incrustantes),

corais hermatípicos e hidroides calcários. Foram registradas as seguintes espécies de

corais: Siderastrea stellata (Verrill, 1868), Agaricia fragilis (Dana, 1846), Agaricia agaricites

(Verrill, 1901), Porites astreoides (Lamark, 1816), Porites branneri (Rathbun, 1888), Favia

gravida (Verrill, 1886), Meandrina brasiliensis (Milne; Edwards; Haime, 1848), Mussimilia

hartii (Verrill, 1868), Millepora alcicornis (Linné, 1758) e Millepora brasiliensis (Verrill,

1868), bem como a ocorrência de rodólitos arredondados, anêmonas e esponjas.

No tocante ao litoral setentrional, encontram-se construções carbonáticas revestidas por

uma fina camada de algas coralináceas com grande concentração de rodólitos e ocorrências de

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esponjas também em grande quantidade, além de equinodermas, moluscos bivalves,

gastrópodes e poliquetas e algas clorofíceas.

Ao longo do litoral com 410 km de extensão, 25 municípios se dedicam à atividade

pesqueira. Desse total, 6 destacam-se pela pesca da lagosta, dentre eles, Rio do Fogo e Touros,

situados na Zona Costeira Oriental do estado, os quais registram os maiores desembarques de

lagosta (IZQUIERDO et al., 2011), conforme Figura 1.

Figura 1 – Principais pontos de desembarque da lagosta no litoral do Rio Grande do Norte

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3. METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia da pesquisa tem por base uma abordagem quantitativa e qualitativa

decorrente dos objetivos anteriormente definidos, com característica documental e exploratória

(estudo de caso). Nesta seção, será descrita a metodologia usada para atingir os objetivos

traçados.

3.1- Após autorização e cessão dos dados do programa Estatpesc do IBAMA-RN foram

selecionadas as variáveis analisadas (Quadro 1).

Quadro 1 – Descrição das variáveis explanatórias e variáveis respostas

Variáveis categóricas

explanatórias

Descrição Variáveis respostas

Apetrechos da pesca Covo, rede, mergulho Peso /CPUE

Tamanho da embarcação Grande ou pequena Peso /CPUE

Dias de mar Ida e volta da pesca Peso /CPUE

Mês Período da temporada de

pesca

Peso /CPUE

Ano Intervalo 2001-2010 Peso /CPUE

3.2. Previamente à realização das análises estatísticas, os dados foram avaliados quanto

a presença de outliers, normalidade univariada, homogeneidade de variância e auto correlação

temporal, seguindo os procedimentos e as decisões descritos em Zuur et al. (2010).

3.3.Para avaliar a presença de outliers nas variáveis respostas (peso e CPUE) e

explanatórias (tipo de embarcação, apetrecho de pesca, dias de mar, ano e mês), cada variável

foi inspecionada através do gráfico de Cleveland (CLEVELAND, 1993). No intuito de testar a

normalidade dos resíduos das variáveis respostas, foi aplicado o teste de Shapiro-Wilk

(SHAPIRO, WILK, 1965).

3.4 A homogeneidade de variâncias das variáveis respostas foi verificada

separadamente, entre grupos de classificação, por meio do teste de Levene (LEVENE, 1960).

3.5. Foi utilizado o teste de Kruskal Wallis para os dados de peso e CPUE,

separadamente. As independências das amostras das variáveis respostas foram avaliadas,

separadamente, através da investigação de um gráfico da variável resposta vs. tempo (anos e

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meses, separadamente), da função de auto correlação. Para tanto, foi utilizado o Teste

Aumentado de Dickey-Fuller (DICKEY; FULLER, 1979), considerando a hipótese alternativa

(p>0,05) como estacionária, ou seja, a variável segue variações randômicas.

3.6. Por fim, uma análise de Modelos Lineares Generalizados (GLM) foi utilizada para

gerar as relações finais das variáveis peso e CPUE em relação às variáveis categóricas de pesca

(tipo de embarcação, apetrechos de pesca, dias de mar) e tempo (ano, mês).

3.7. Foram utilizados modelos com distribuição de probabilidade Gamma para as

respostas sobre as variáveis peso e CPUE. Para se aferir o bom ajuste das distribuições de

probabilidades dos dados (peso e CPUE), foi efetuado um teste de bondade (Goodness-of-

fittest). O nível de significância adotado foi de 5% (ZAR, 2010).

Para os objetivos 2 e 3 (descrição sociodemográfica do pescador mergulhador,

estratégias, riscos e conflitos da atividade, bem como conhecimento ecológico do pescador),

foi usado como instrumento de coleta um formulário contendo questões padrões para entrevista,

seguindo as seguintes etapas:

3.8 Elaboração das questões a serem perguntadas ao entrevistado e anotadas pelo

entrevistador numa situação “face a face”, procedimento usado nas entrevistas orais (BRITO

JÚNIOR; FERES JUNIOR, 2011; D’ESPINDULA; FRANCA, 2016). A intenção de utilizar

esse instrumento de pesquisa foi evitar constrangimentos para os pescadores, considerando que

a maioria tem baixa escolaridade. Embora reconhecendo as suas desvantagens, como a falta de

anonimato e a insegurança, decorrente da inibição pela presença do aplicador, bem como o fato

de ser mais demorado, optamos por esse instrumento de coleta porque pode ser utilizado tanto

por analfabetos quanto por alfabetizados, por ser flexível e ainda porque oportuniza que o

entrevistador possa repetir ou reformular a pergunta de maneira diferente, bem como obter

dados relevantes que poderiam passar desapercebidos com o uso de questionários escritos.

O formulário foi estruturado nos seguintes tópicos: perfil socioeconômico, pesca por

mergulho e conhecimento ecológico do pescador, contendo cerca de 55 questões (Apêndice 2).

No tocante aos dois primeiros tópicos, contemplaram as variáveis: 1) Idade 2) Escolaridade,3)

Renda mensal 4). Quanto tempo mora no local 5) Com quem aprendeu a pescar, 6) Como

pescam, 7) Como localizam a lagosta 8) Conflitos de pesca 9) Problemas de saúde decorrente

da atividade do mergulho 10) Diversidade ocupacional. Com relação ao último, foram

selecionadas as seguintes questões sobre o conhecimento ecológico: 1) alimento 2) predadores

3) habitat 4) reprodução 5) dimorfismo sexual 6) duração do ciclo de vida da lagosta.

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3.9 Submissão do projeto ao Comitê de Ética da Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

o qual recebeu depois o número 38710414.6.0000.5537.

3.10 Contato prévio com o presidente da Federação dos Pescadores do Rio Grande do Norte, o

Sr. Manoel Lourenço Ferreira, para comunicar a realização do trabalho e apresentar os objetivos

da pesquisa.

3.11 Em seguida, foi realizada uma visita às comunidades de Rio do Fogo, Pititinga e Zumbi

para pré-teste dos formulários. Computou-se um total de 60 entrevistas com 20 pescadores

mergulhadores de cada comunidade. Depois de planilhar e analisar os resultados, foram

realizados pequenos ajustes e definidos os critérios do público-alvo. Os entrevistados foram

selecionados com base em dois critérios, a saber: 1) ser pescador mergulhador de lagosta e 2)

ser filiado à Colônia de Pesca da comunidade de Rio do Fogo, em virtude de esta ter o maior

número de pescadores mergulhadores filiados à Colônia de Pescadores. Atualmente, 400

pescadores estão cadastrados na Colônia de Pesca Z-03 e exploram peixes, moluscos (polvo e

mariscos), algas e crustáceos (lagosta). Desse total, cerca de 80 pescadores praticam a pesca da

lagosta através do mergulho livre ou com compressor.

3.12 As entrevistas foram aleatórias e individuais e ocorreram ao longo da praia, nos pontos de

encontro dos pescadores, que não estavam mergulhando, respeitando o período do defeso.

Depois de um contato inicial e do esclarecimento prévio sobre o teor do trabalho, era perguntado

sobre a disponibilidade e a vontade de participar do estudo, seguindo as orientações do Comitê

de Ética da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Dos 80 mergulhadores cadastrados

na Colônia de Pesca, foram entrevistados 53.

3.13 Em continuidade, foi realizada a análise das respostas seguindo a sequência de pré-análise,

categorização, tratamento dos resultados obtidos (pacote estatístico) e interpretação. Para

análise do grau de similaridade entre o conhecimento dos pescadores e o científico (artigo 3),

foi adotada a metodologia usada por Silvano e Valbo-Jorgesen (2008). A precisão das respostas

foi obtida comparando o grau de convergência entre o conhecimento do pescador e o biológico.

Os resultados encontrados foram classificados em graus alto, médio e baixo. Para ser

classificado como alto grau de convergência, o conhecimento do pescador deve ter respaldo na

literatura científica. É considerado de grau médio quando não se encontra na literatura científica

algo referente ao seu conhecimento. Já o grau baixo resulta das informações contraditórias.

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41

3.1 Análise estatística

Visando verificar a relação entre a idade dos pescadores e sua experiência (em anos) na

atividade de pesca da lagosta por mergulho, foi usada a correlação de Pearson (ZAR, 2010).

Para comparar as medianas de idade dos pescadores em função do uso do compressor, foi usado

o teste de Mann-Whitney, em virtude da distribuição não normal e da heterocedasticidade dos

dados (ZAR, 2010).

A normalidade dos dados foi testada pelo teste de Shapiro-Wilk (SHAPIRO; WILK,

1965) e pelo teste de homogeneidade de variância de Levene (SOKAL; ROHLF, 1985). Após

os testes, os dados foram transformados em logaritmo (log base 10), raiz quadrada, log base

10+1 e raiz quadrada+1, segundo o proposto por Zar (2010). Os testes de normalidade e

homogeneidade foram repetidos após cada respectiva transformação de dados.

A relação entre as classes de idade dos pescadores entrevistados e o seu tempo de

experiência na atividade foi verificada com uma análise multivariada de correspondência (AC),

usando uma tabela de contingência. Na AC, as associações observadas entre as duas variáveis

(variável independente vs. dependente) foram sumarizadas pela frequência de cada célula de

uma tabela de contingência e, em seguida, posicionadas em um espaço dimensional geométrico,

de maneira que as posições de cada linha e coluna sejam consistentes com as associações da

tabela (NENADIC; GRENACRE, 2007). Os eixos significativos da AC foram aqueles com

variação cumulativa maior do que 80% da variação total dos dados.

Um teste de proporções multinominais foi utilizado para investigar a associação da

proporção de uso do compressor entre (i) os diferentes tamanhos de embarcação (pequenas =

até 11 m e grandes > 11 m) e (ii) as classes de idade dos pescadores. Nesse teste, foram avaliadas

proporções par a par nos dois níveis da tabela de contingência de dados, entre as multinominais

(variável independente, separadamente) e dentro das multinominais (variável dependente,

separadamente). O procedimento de comparações de proporções entre e dentro das

multinominais foi baseado em Goodman (1964).

Todas as análises estatísticas foram realizadas utilizando o software R (R

DEVELOPMENT CORE TEAM, 2012), adotando o nível de significância de 5% (ZAR, 2010).

Cada tipo de análise foi computado separadamente para evitar conflitos computacionais e

matemáticos. Foram ainda utilizados os seguintes pacotes estatísticos adicionais do software R:

pacote “ca” (GREENACRE, 1993; NENADIC; GREENACRE, 2007), “stats” (Teste de

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Shapiro-Wilk, PCA, PCoA, correlação de Pearson, Teste de Mann-Whitney; R

DEVELOPMENT CORE TEAM, 2012) e Teste de Levene (FOX; WEISBERG, 2011).

Para testar se a experiência ou idade influenciavam as respostas, os dados inicialmente

foram avaliados quanto à sua normalidade, utilizando o teste de Shapiro-Wilk (p> 0,05)

(SHAPIRO; WILK, 1965), de acordo com o proposto por Sokal e Rohlf (1985). O coeficiente

de correlação de Kendall foi utilizado para correlacionar a quantidade de respostas para cada

grupo temático de questionários (alimentação, habitat, predação e reprodução) com o tempo de

experiência dos pescadores. O nível de significância adotado foi de 5% (SOKAL; ROHLF,

1985).

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APRESENTAÇÃO DOS CAPÍTULOS

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51

APRESENTAÇÃO DOS CAPÍTULOS (Artigos)

Os capítulos a seguir estão dispostos de acordo com os objetivos específicos, propostos

com foco na pesca e no pescador mergulhador de lagosta. Nesse sentido, inicialmente, foram

analisados os dados do Programa Estatpesca/Ibama e estudada a variação do peso e da CPUE

da pesca da lagosta no intervalo de tempo de 2001 a 2010, por apetrecho de pesca, tamanho da

embarcação, ano, mês e dias de pesca, que deram origem ao artigo 1, o qual discute sobre o

impacto dessas variáveis sobre a pesca da lagosta nesse período.

O artigo 2 se debruça sobre o pescador mergulhador, seu perfil sociodemográfico, seus

riscos e conflitos no exercício dessa pesca. A discussão desse capítulo aponta os riscos

econômicos, ecológicos e sociais associados a essa atividade e destaca tanto a suscetibilidade

dos pescadores envolvidos com essa prática quanto o risco que a depleção da pesca da lagosta

impõe a outros recursos pesqueiros marinhos da região que não são manejados e estão

igualmente vulneráveis à sobrepesca.

Finalizando o trabalho, o artigo 3 traz uma análise do conhecimento do pescador acerca

da bioecologia da lagosta. Os resultados obtidos indicam que o conhecimento dos pescadores

mergulhadores a respeito da alimentação, das relações tróficas e do habitat são similares ao

conhecimento científico. Esse conhecimento é uma ferramenta que pode ser usada no manejo

da Área de Proteção Marinha dos Recifes de Corais (APARC).

Os artigos 1 e 2 estão formatados para submissão no Boletim do Instituto de Pesca

Bol. Inst. Pesca (abreviação antiga B. Inst. Pesca) ISSN 0046-9939 (versão impressa) ISSN

1678-2305 (versão on-line) http://www.pesca.sp.gov.br.O artigo 3 está formatado para

submissão na revista GAIA SCIENTIA. UFPB - http://periodicos.ufpb.br/.

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A DINÂMICA DA PESCA DA LAGOSTA ESPINHOSA NA COSTA DO RIO GRANDE

DO NORTE – BRASIL

Rosangela Gondim D’OLIVEIRA1, Fúlvio Aurélio de Morais FREIRE2, Jorge Eduardo LINS

OLIVEIRA3

1 Doutoranda em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal do Rio Grande

do Norte. E-mail: [email protected].

2 Professor Doutor do Departamento de Botânica e Zoologia /UFRN. E-mail:

[email protected].

3 Professor Doutor do Departamento de Oceanografia e Limnologia/UFRN. E-mail:

[email protected].

RESUMO

Neste estudo, é apresentada uma avaliação dos dados da pesca da lagosta disponíveis no

programa ESTATPESCA-IBAMA/RN do Estado do Rio Grande do Norte. Com um modelo

linear generalizado (GLM), foi analisada a relação entre embarcação, apetrechos, dias de mar,

ano e mês, peso e Captura por Unidade e Esforço (CPUE). Os resultados indicam uma relação

significativa positiva entre as variáveis. Maiores capturas ocorreram na pesca com mergulho

livre (coeficiente -0,728), seguidas da pesca por covo (coeficiente -0,761). Os barcos menores

(coeficiente -1,090) capturaram mais que as embarcações maiores, as quais pescam com

caçoeira e compressor, diferentemente das primeiras. A maior produção ocorreu em 2009 e

2010 e, com relação aos meses, há um aumento na abertura da temporada da pesca, com tendência

de declínio e uma correlação relevante entre o apetrecho e o número de dias de mar. Quanto à

variável CPUE, a caçoeira apresentou maior CPUE do que os demais apetrechos: compressor

(coeficiente 1,089), covo (coeficiente 0,292) e mergulho livre (coeficiente 0,249). Também com

relação aos dias de mar, apresentou CPUE comparativamente menor no tocante aos demais

apetrechos. A reconstrução desse cenário pesqueiro pode ser extrapolada e auxiliar nas

tomadas de decisões políticas da pesca da lagosta no Brasil.

Palavras-chave: pesca artesanal; pesca com multiaparelhos; Panulirus.

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53

DYNAMICS OF THE SPINY LOBSTER FISHING ON THE COAST OF RIO GRANDE

DO NORTE, NORTHEASTERN BRAZIL

ABSTRACT

This study aims to present an evaluation of the fisheries’ data available through the

ESTATPESCA; a software program developed at the Brazilian Institute of Environment and

Natural Resources (IBAMA) in Rio Grande do Norte in Brazil. With the use of a Generalized

Linear Model (GLM) the relationship between vessel, gear, days of sea, year and month with

weight and Catch per unit effort (CPUE) was analyzed. Results indicate a significant positive

relationship between these variables. Larger catches occurred in free-diving (coefficient -

0.728), followed by fishing by traps (coefficient -0.761). It was seen that smaller boats

(coefficient-1,090) are able to catch more than larger boats. There was use of fishing gear such

as “caçoeira” nets and compressors. On the other hand, it was seen that small boats do not use

compressors. Regarding the monthly periods, the highest production occurred in 2009 and

2010. An increase in the opening of the fishing season was observed. There was tendency of

declination and a significant positive correlation of the equipment and number of days at sea.

As for the variable CPUE, the “caçoeira” equipment presented higher CPUE in relation to the

others: compressor (coefficient 1,089), traps (coefficient 0,292) and free diving (coefficient

0,249). Regarding days at sea, the CPUE was comparatively smaller, in relation to the other

paraphernalia. The reconstruction of this fishing scenario can be used and potentially assist

political decision making regarding lobster fishery in Brazil.

Keywords: artisanal fishing; multiple apparel fishing; Panulirus.

INTRODUÇÃO

A pesca artesanal, praticada nos 8.000 km da faixa litorânea do Brasil, caracteriza-se

pela multiespecificidade de recursos explorados (peixes, moluscos e crustáceos), que são

capturados com técnicas e apetrechos distintos (BASTOS e PETRERE JR., 2010;

VASCONCELOS et al., 2011). Dentre esses recursos marinhos, a lagosta espinhosa é um dos

principais. Historicamente, as espécies Panulirus argus (LATREILLE, 1804), P. meripurpuratus, ou

lagosta vermelha, e P. laevicauda, lagosta verde, encontradas no litoral, têm importância para

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a pesca comercial (CAVALCANTE et al., 2011; IZQUIERDO et al., 2011). Entretanto, com o

declínio das capturas dessas espécies, a frota lagosteira também passou a capturar a P.

echinatus, lagosta pintada encontrada na plataforma externa da costa brasileira, em locais

rochosos, como o Atol das Rocas e Arquipélagos de Fernando de Noronha e de São Pedro e

São Paulo (PINHEIRO et al., 2003).

Atualmente, todas as pescarias de lagostas espinhosas são sobreexploradas,

independentemente da localidade, e compartilham um cenário formado por gestão ineficiente

e decisões políticas com carência de embasamento científico (HARPER et al., 2014; SCHILLER

et al., 2015; DEFEO et al., 2016). Esses fatores contribuem tanto para o comércio ilegal quanto

para a sobre-exploração dos estoques locais (GIRALDES e SMYTH, 2016). No Brasil, há sérios

riscos de colapso da pesca de lagostas devido à eficiência da pesca com rede e mergulho que

capturam grandes quantidades de indivíduos juvenis e ao manejo inadequado (PHILLIPS e

MELVILLE-SMITH, 2006), apetrechos não permitidos (IBAMA, 2008). T r a t a - s e , portanto,

um regime de pesca do tipo aberto, com posse e exploração de um recurso de propriedade

comum (SANTANA et al., 2015).

No Brasil, desde o início da exploração comercial da lagosta, na década de 1950, foram

observados períodos cíclicos de expansão e declínio e, a partir dos anos 1980, foram

percebidos sinais de instabilidade e evidências de um colapso dessa pesca (ANDRADE, 2015;

FREIRE e PAULY, 2015).

Apesar da importância da pesca e dos sinais de sobre-exploração, existem lacunas a

respeito das variações temporais dessas capturas, assim como a produção e o esforço dessas

artes que precisam ser preenchidas (OLIVEIRA et al., 2015) e de um modo geral há carência de

monitoramento que faça um acompanhamento sistemático das capturas. Além de não terem

dados disponíveis para todos os anos, valores da captura total são estimados com base na

exportação das lagostas e na captura dos apetrechos ilegais, como a caçoeira e o mergulho.

Recentemente, FREIRE e PAULY (2015) compilaram um banco de dados da pesca

comercial marinha, uma iniciativa para obter informações básicas para o gerenciamento da

pesca. Um monitoramento consistente origina dados científicos importantes para a

conservação dos recursos marinhos e a subsistência da comunidade pesqueira (SZUWALSKI

et al., 2016).

Na ausência de dados recentes, resgatar e analisar registros pretéritos é importante para

o planejamento da gestão dessa pesca. Neste estudo, apresentamos uma reconstrução da

dinâmica da pesca da lagosta com base nos dados disponíveis no programa ESTATPESC-

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IBAMA/RN, desenvolvido para acompanhamento da pesca lagosteira e extinto no ano de

2010. Para tanto, foram avaliadas a variação do peso e a Captura por Unidade e Esforço

(CPUE), com base em apetrechos, embarcações, dias de mar, mês e ano.

MATERIAL E MÉTODOS

No Brasil, no final dos anos 1990, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos

Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) desenvolveu um sistema de coleta contínua de dados

básicos da pesca (ESTATPESC), uma metodologia para estimar desembarques totais e esforço

da pesca lagosteira. Esse programa teve início com um censo das embarcações e abrangeu

todos os locais de desembarque no litoral do RN, que foram categorizados como principais e

secundários. Nos locais principais, denominados controlados, ocorreu um grande esforço de

coleta de dados necessários para estimar desembarques e esforço de pesca. Nos demais, o

esforço foi menor, realizado com o controle mensal das embarcações que atuavam na pesca.

As estimativas de desembarque foram calculadas com os dados de desembarque, coletados

nas localidades controladas e no número e embarcações e artes utilizadas nas demais

(ARAGÃO et al., 2010; ARAGÃO, 2013).

Para esta pesquisa, foi feito um recorte temporal (2001 a 2010), e testadas e analisadas

variáveis com um modelo linear generalizado GLM, para determinar a influência destas no

peso e na CPUE (Quadro 1).

Variável Influência na pesca Descrição

Apetrecho Caçoeira, compressor,

covo e mergulho

Pressão por

diferentes

apetrechos

Embarcação Autonomia Mais dias no mar >

captura

pequenas < 8m

grandes > 8m

Dias de mar Ida e vinda Esforço

Ano Escala temporal Década

Mês Temporada de pesca Período de defeso

Quadro 1 – Descrição das variáveis (fatores) selecionadas no modelo linear generalizado –

GLM (Tabela 1 e 2) – para a pescaria da lagosta no RN, período 2001-2010

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*BMG – barco a motor grande (maior que 12 metros de comprimento) – e BMM – barco a

motor médio (entre 8 e 12 metros) – corresponderam a 28,5% e foram incluídas na categoria

de EG (embarcação grande). As demais (71,5%), BAV-baiteira, BOC-bote, JAN- jangada, PQT-

paquete, CAN–canoa, motorizadas ou a vela, foram categorizadas como EP (embarcação

pequena).

Análise estatística

Previamente à realização das análises estatísticas, os dados foram avaliados quanto a

presença de outliers, normalidade univariada, homogeneidade de variância e auto correlação

temporal, seguindo os procedimentos e as tomadas de decisão descritos em ZUUR et al. (2010).

Para avaliar a presença de outliers nas variáveis respostas (peso e CPUE) e

explanatórias (tipo de embarcação, apetrecho de pesca, dias de mar, ano e mês), cada

variável foi inspecionada através do gráfico de Cleveland (CLEVELAND, 1993). No intuito de

testar a normalidade dos resíduos das variáveis respostas, foi aplicado o teste de Shapiro-

Wilk (SHAPIRO e WILK, 1965). A homogeneidade de variâncias das variáveis respostas

foi verificada separadamente, entre grupos de classificação, pelo teste de Levene (LEVENE,

1960). O teste de Kruskal Wallis foi utilizado para os dados de peso e CPUE, separadamente,

comparando a produção entre os municípios amostrados. A independência das amostras das

variáveis respostas foi avaliada separadamente, através da investigação de um gráfico da

variável resposta vs. tempo (anos e meses, separadamente), da função de auto correlação. Para

tanto, foi utilizado o Teste Aumentado de Dickey-Fuller (DICKEY e FULLER, 1979),

considerando a hipótese alternativa (p>0,05) como estacionária, ou seja, a variável segue

variações randômicas.

Finalmente, uma análise de Modelos Lineares Generalizados (GLM) foi utilizada para

gerar as relações finais das variáveis peso e CPUE em relação às variáveis categóricas de pesca

(tipo de embarcação, apetrechos de pesca, dias de mar) e tempo (ano, mês) (Tabela 1). Foram

utilizados modelos com distribuição de probabilidade Gamma para as variáveis respostas

peso e CPUE. Visando aferir o bom ajuste das distribuições de probabilidades dos dados (peso

e CPUE), foi efetuado um teste de bondade (Goodness-of-fittest). O nível de significância

adotado foi de 5% (ZAR, 2010).

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Todas as análises foram realizadas no software R (R DEVELOPMENT CORE TEAM,

2012) e o nível de significância adotado foi de 5% (ZAR, 2010).

RESULTADOS

1. Peso

1.1 Apetrechos

Na análise comparativa entre peso e apetrechos, foi observado que com caçoeira

capturou-se mais do que com mergulho com compressor (coeficiente 0,221). Entretanto, as

maiores capturas ocorreram na pesca com mergulho livre (coeficiente -0,728), seguida da pesca

por covo (coeficiente -0,761) (Tabela 1, Figura 2A).

1.2 Embarcação e relação embarcação vs. apetrecho de pesca

Na captura durante o período analisado, foi observado que os barcos menores (-1,090)

capturam mais do que as embarcações maiores. Por outro lado, na análise entre as

embarcações, observou-se que as maiores pescaram com caçoeira e compressor. Barcos

pequenos não utilizam o mergulho com auxílio do compressor. A pesca nesses barcos foi

realizada com covo (coeficiente 0,908) e mergulho livre (1,257) (Tabela 1, Figura 2B).

1.3 Variação anual e mensal

Analisando as capturas no período por ano, a maior produção ocorreu em 2009 e 2010.

Com relação aos meses, independentemente do ano amostrado, o mês de agosto apresentou

maior captura em peso com relação aos meses de maio a julho, menor captura nos meses de

setembro e dezembro, e não apresentou diferença estatística significativa nos meses de

outubro e novembro (Tabela 1) (Figura 1 A e C).

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Figura 1 – Mediana e amplitude da pesca da lagosta (peso e CPUE) no litoral do RN no período

2001-2010

1.4 Dias de mar vs. apetrecho e dias de mar vs. embarcação

Com relação ao Modelo GLM Gamma para peso, foi observada uma correlação

significativa positiva com o número de dias de mar. O coeficiente da variável dias de mar foi

0,175 (Tabela 1).

Comparando a captura entre dias de mar e apetrecho usado, diferenças para cada

apetrecho foram observadas (Tabela 1). O peso capturado com caçoeira foi maior do que o com

covo (coeficiente 0,140), mas inferior ao capturado com mergulho auxiliado por compressor

(coeficiente 0,024), e estatisticamente igual ao capturado com mergulho em apneia (p 0,434). No

entanto, quando o fator “dias de mar” interagiu com o fator “tipo de embarcação”, não foi

detectada nenhuma tendência significativa (p 0,094) (Tabela 1).

Tabela 1 – Resultados do Modelo Linear Generalizado Gamma (GLM Gamma) da variável peso

da lagosta em função de variáveis relacionadas à pesca (apetrecho: caçoeira (referência),

compressor, covo e mergulho livre; tipo de embarcação: grande (referência) e pequena e; dias

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de mar) e a variação temporal anual (anos: 2010 (referência), 2001 – 2009; meses: agosto

(referência), maio - dezembro). t-valor – valor da estatística t, p-valor – valor probabilístico de

significância. Fatores destacados em negrito indicam significância estatística (p<0,05).

negrito indicam significância estatística (p<0,05).

Coeficiente ErroPadrão t-valor p-valor

Intecepto 3,683 0,042 87,19 <0,001

Compressor 0,221 0,038 5,89 <0,001

Covo -0,761 0,070 -10,89 <0,001

Mergulho Livre -0,728 0,054 -13,42 <0,001

Pequeno -1,090 0,038 -28,68 <0,001

2001 -0,829 0,026 -31,69 <0,001

2002 -0,851 0,025 -33,80 <0,001

2003 -1,031 0,025 -40,99 <0,001

2004 -0,756 0,024 -31,01 <0,001

2005 -0,833 0,023 -35,86 <0,001

2006 -0,873 0,025 -34,55 <0,001

2007 -0,426 0,026 -16,18 <0,001

2008 -0,405 0,026 -15,86 <0,001

2009 0,082 0,027 3,01 <0,001

Dezembro -0,094 0,021 -4,52 <0,001

Julho 0,179 0,019 9,59 <0,001

Junho 0,306 0,018 16,81 <0,001

Maio 0,726 0,018 40,10 <0,001

Novembro -0,037 0,019 -1,92 0,055

Outubro 0,033 0,019 1,78 0,075

Setembro -0,049 0,019 -2,64 <0,01

Dias de mar 0,175 0,003 53,37 <0,001

Compressor | Pequeno NA NA NA NA

Covo | Pequeno 0,908 0,063 14,32 <0,001

Mergulho | Pequeno 1,257 0,051 24,58 <0,001

Dias de Mar | Pequeno -0,012 0,007 -1,67 0,094

Dias de Mar | Compressor -0,024 0,006 -3,96 <0,001

Dias de Mar | Covo 0,140 0,021 6,59 <0,001

Dias de Mar | Mergulho 0,018 0,023 0,78 0,434

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Figura 2 – Valores médios e respectivos desvios padrões do peso e CPUE com relação às

classificações categóricas de tipo de equipamento (A – peso; B – CPUE) e tipo de embarcação

(C – peso; D – CPUE).

2. CPUE

No modelo utilizado, foi observado que a caçoeira apresentou maior CPUE do que os

demais apetrechos, como o mergulho auxiliado por compressor (coeficiente 1,089), covo

(coeficiente 0,292) e mergulho em apneia (coeficiente 0,249). Contudo, considerando o

aumento do número de dias de mar, a CPUE foi comparativamente menor para o equipamento

caçoeira em relação aos demais. Para a variável mês, foi observada uma tendência semelhante

à encontrada para o peso, exceto para os meses de setembro (p 0,456) e novembro (0,632). Nos

d e m a i s fatores t a m b é m a n a l i s a d o s , foi observada tendência semelhante à encontrada

para o peso (Tabela 2) (Figura 1 C e D).

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Tabela 2 – Resultados do Modelo Linear Generalizado Gamma (GLM Gamma) da variável

CPUE da lagosta em função de variáveis relacionadas a pesca (apetrecho: caçoeira (referência),

compressor, covo e mergulho livre; tipo de embarcação: grande (referência) e pequena e;

dias de mar) e a variação temporal anual (anos: 2010 (referência), 2001 – 2009; meses: agosto

(referência), maio - dezembro). t-valor – valor da estatística t, p-valor – valor probabilístico de

significância. Fatores destacados em negrito indicam significância estatística (p<0,05).

negrito indicam significância estatística (p<0,05).

Coeficiente ErroPadrão t-valor p-valor

Intecepto 3,683 0,042 87,19 <0,001

Compressor 0,221 0,038 5,89 <0,001

Covo -0,761 0,070 -10,89 <0,001

Mergulho Livre -0,728 0,054 -13,42 <0,001

Pequeno -1,090 0,038 -28,68 <0,001

2001 -0,829 0,026 -31,69 <0,001

2002 -0,851 0,025 -33,80 <0,001

2003 -1,031 0,025 -40,99 <0,001

2004 -0,756 0,024 -31,01 <0,001

2005 -0,833 0,023 -35,86 <0,001

2006 -0,873 0,025 -34,55 <0,001

2007 -0,426 0,026 -16,18 <0,001

2008 -0,405 0,026 -15,86 <0,001

2009 0,082 0,027 3,01 <0,001

Dezembro -0,094 0,021 -4,52 <0,001

Julho 0,179 0,019 9,59 <0,001

Junho 0,306 0,018 16,81 <0,001

Maio 0,726 0,018 40,10 <0,001

Novembro -0,037 0,019 -1,92 0,055

Outubro 0,033 0,019 1,78 0,075

Setembro -0,049 0,019 -2,64 <0,01

Dias de mar 0,175 0,003 53,37 <0,001

Compressor | Pequeno NA NA NA NA

Covo | Pequeno 0,908 0,063 14,32 <0,001

Mergulho | Pequeno 1,257 0,051 24,58 <0,001

Dias de Mar | Pequeno -0,012 0,007 -1,67 0,094

Dias de Mar | Compressor -0,024 0,006 -3,96 <0,001

Dias de Mar | Covo 0,140 0,021 6,59 <0,001

Dias de Mar | Mergulho 0,018 0,023 0,78 0,434

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DISCUSSÃO

A partir dos resultados obtidos, podemos analisar o cenário da pesca da lagosta no Rio

Grande do Norte durante o período de 2001 a 2010, a partir dos seguintes aspectos:

Pesca realizada com multiaparelhos: rentabilidade

O uso de diferentes apetrechos de pesca é uma característica encontrada nas

pescarias costeiras do Brasil e trata-se de uma estratégia para aumentar a rentabilidade da

pesca (BEGOT e VIANNA, 2014). Entretanto, a partir de 2008, não foram encontrados mais

registros de desembarques da pesca com covos, o que sinaliza para uma rentabilidade não

satisfatória. Neste estudo, o peso e a CPUE desse apetrecho confirmam esse aspecto quando

comparado com os demais apetrechos. Considerando-se as diferentes espécies, observa-se que

a captura de P. argus com covos apresentou 0,15 indivíduo/covo-dia e 0,15 indivíduo/covo-

dia para P. laevicauda (IBAMA, 2008). Recentemente, no litoral de Pernambuco, foi observada

uma rentabilidade de 5 a 25 lagostas por 30 covos/dia, o que equivale a valores entre 0,024 e

0,119 lagostas por covo/dia (OLIVEIRA et al., 2015).

Se, por um lado, a rentabilidade da pesca com covos diminui, é observado o aumento

da caçoeira e do mergulho. Por outro lado, observa-se que as pescarias realizadas com

mergulho auxiliado por compressor, no Rio Grande do Norte, contribuíram para maior

captura, no intervalo 2001-2010. Esse apetrecho, quando comparado com os demais, tem

aspectos que incentivam o seu uso. Por exemplo, custos menores na aquisição e na sua

manutenção, além de não utilizar iscas, aspectos que contribuem para a maior rentabilidade

dessa pescaria (IBAMA, 2008). Para SZUWALSKI (2016), o mergulho permite ao pescador

permanecer por longos períodos de tempo debaixo d’água, o que implica mais tempo de

procura e, consequentemente, maior captura. Já a pesca com covos demanda investimento

maior com relação a sua confecção, pois apresentam pequena durabilidade quando

comparados com o material de mergulho, sendo também necessária a aquisição de iscas

(IBAMA, 2008). O Instituto do Meio Ambiente e Recursos Renováveis registra que no Rio Grande do

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Norte a pesca é 100% realizada com mergulho, ou seja, opera de forma ilegal.

Com relação à rede caçoeira, 62,5% das capturas foram realizadas com rede,

apetrecho mais utilizado no litoral do Nordeste do Brasil e que contribuiu com 80% da

produção média no período de 1999 a 2006 (SILVA e FONTELES-FILHO, 2011). Embora com

relação ao peso esse apetrecho capturou mais do que o mergulho com compressor, isso não foi

observado para a CPUE. Entretanto, a rentabilidade da rede no Ceará é maior do que no Rio

Grande do Norte (VASCONCELOS et al., 1993). Naquele estado, a maioria das comunidades

pesca com manzuá (covo), rede e não usa o mergulho (CUNHA et al., 2014). Um dos motivos

para esse padrão diferente de pesca, em estados vizinhos, para a mesma espécie alvo, pode ser

atribuído à diferença da plataforma continental, já que a do Rio Grande do Norte possui menor

profundidade (ARAUJO e AMARAL, 2016).

Influência do tamanho da embarcação e apetrecho usado

Neste estudo, foi observada a relação entre tamanho de barcos e apetrechos usados

para a pesca. Para SANTANA et al. (2015), são fatores externos que atuam na dinâmica da pesca

e podem causar impactos positivos ou negativos na espécie alvo. Nos barcos maiores, a pesca

ocorreu com rede e compressor e, nos menores, principalmente, com mergulho. Isso sugere

que a pesca com mergulho realizada com embarcações menores afeta a população juvenil,

que vive nas águas mais rasas (LEY-COOPER et al., 2014), causando impactos negativos. A

pouca autonomia não permite que esses barcos se afastem para pescar em locais mais

profundos. As maiores embarcações, a o c o n t r á r i o , c o m m a i s a u t o n o m i a ,

u t i l i z a m o compressor e a caçoeira e, possivelmente, pescam em locais mais profundos

e afastados da região costeira. Ao contrário, nas menores, a pesca realiza-se com mergulho

livre, pois, devido à pequena autonomia, ficam mais próximas à costa, em profundidades

menores.

A pesca feita com barcos próximos à costa exerce uma pressão sobre o estoque

imaturo da população, como observa FONTELES-FILHO (2007). Isso ocorre porque as lagostas

apresentam uma fase de migração dos locais mais fundos e distantes, onde aconteceu a desova,

para as áreas mais próximas da costa, onde dão continuidade ao crescimento (GOLDSTEINA

e BUTLER IV, 2009; GIRALDES et al., 2015). No estudo sobre a variação de tamanho da P.

argus na profundidade de 3-10m, foram capturadas juvenis (22%), pré-recrutas (65%) e

apenas 13% adultas. Já em profundidades de 30 a 50 m, 96% das lagostas capturadas eram

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adultas (SANTANA et al., 2015).

As relações observadas entre tamanho da embarcação, apetrechos usados e número de

dias de mar também sugerem áreas de pesca preferenciais para cada tipo de conjunto de

embarcação e apetrecho de pesca. No Rio Grande do Norte, segundo levantamento realizado

em 2008, há 478 barcos licenciados para a pesca lagosteira, o que representa a segunda m a i o r

frota lagosteira do Brasil. Desse total, 385 pescam com compressor (IBAMA, 2008), apetrecho

não permitido pelos órgãos gestores. Entretanto, os barcos maiores, quando comparados com

os menores, têm uma menor CPUE em relação aos dias de mar, o que sugere que a pesca em

barcos pequenos pode dar um maior retorno, sendo mais vantajosas a ida e a volta, diária.

Importante ressaltar que, por causa do impacto dessa pesca em águas rasas sobre essa

faixa da população que ali vive, já foram propostas medidas de ordenamento, as quais,

entretanto, não são cumpridas. Essas medidas proíbem a pesca por qualquer método de pesca

em embarcações pequenas, em locais próximos à costa, ou seja, a menos de quatro milhas

marítimas (CAVALCANTE et al., 2006; IBAMA – instrução normativa 138/2006). Uma medida

assinalada no plano de gestão da pesca da lagosta propõe que, apenas na categoria de barcos

pequenos, sejam considerados aqueles com autonomia de mar para realizar a pesca em

áreas mais distantes da costa (IBAMA, 2008). Em 2010, outra instrução normativa dos

Ministérios da Pesca e Aquicultura e Meio Ambiente veio reforçar a anterior, estabelecendo

que todos os barcos maiores de 10 metros devem ter um sistema de monitoramento remoto,

para auxiliar a fiscalização.

Pesca lagosteira: variação temporal

Na análise, em escala temporal, é percebido que a partir do ano de 2005 há um

incremento das capturas. Embora frequentemente as capturas mais elevadas estejam

relacionadas com a abundância do estoque, outros fatores podem contribuir com esses

resultados. Nesse ano, o aumento de capturas também foi verificado na produção nacional

devido à exploração de outras áreas de pesca e utilização de métodos e apetrechos mais

eficientes (ARAGÃO, 2013).

No que diz respeito à análise da produção por temporada de pesca de 2001 a 2010, foi

observada uma maior captura logo na abertura da temporada, seguida de uma tendência

descendente nos meses seguintes. No intervalo 1999-2006, a produção máxima foi logo após o

término do defeso, no mês de maio, ou seja, na abertura da temporada da pesca. A pesca no

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litoral do Ceará, no período de 1998-2008, também apresentou o mês de maio com maior

rendimento (13,7kg/dia de mar), o que pode ser explicado pelo aumento da biomassa

acumulada no período do defeso (CUNHA et al., 2014).

Por outro lado, OLIVEIRA et al. (2015), acompanhando a pesca com covos no litoral de

Pernambuco, notaram um decréscimo contínuo de maio a outubro, quando a taxa de captura

novamente se elevou, mas permaneceu inferior ao observado no início da temporada. O maior

rendimento logo após o fim do período do defeso pode indicar que o período de fechamento

da pesca contribui para o recrutamento, influenciando a produção. (RIOS-LARA et al., 2007;

VAN OVERZEE e RIJNSDORP, 2015). Entretanto, para alvos de pesca que sofrem uma grande

pressão e não têm uma taxa de crescimento rápida, como a lagosta, um período de defeso

de meses não é suficiente para gerar mecanismos de restauração (GNANALINGAM e

HEPBURN, 2015).

Importante ressaltar que nesses dez anos foi modificada a duração do período do

defeso. Entre 2000 e 2006, foi de quatro meses, sendo a temporada de pesca aberta no mês de

maio. Nos anos de 2007-2010, foi ampliado para seis meses (junho a dezembro

(CAVALCANTE et al. 2011). Para SILVA e FONTELES- FILHO (2011), a ampliação do

período do defeso de dois (nos anos 1995-1986) para quatro meses (1987-2006) e,

posteriormente, para seis meses (2007 até o presente) contribuiu para o aumento da produção

mensal de, aproximadamente, 1000t/ano.

Entretanto, a tendência da CPUE, que se apresentou maior no início da temporada,

diminuindo até o mês de agosto, seguida de recuperação no mês de outubro e queda no final

da temporada, pode estar relacionada a fatores ambientais, tais como a velocidade dos ventos

e transparência da água, que interferem na pesca, principalmente a realizada com mergulho,

o que é denominado pelos pescadores de período da “água suja”.

Com relação ao período da “água suja”, isso pode estar relacionado ao período dos

ventos na região. É observado que os ventos no RN nos meses de agosto e setembro são

mais fortes que nos demais (www.windguru.cz/int/index.php). Ventos mais fortes alteram

a transparência da água e aumentam a altura das ondas, trazendo dificuldades para a saída

dos barcos e diminuindo a transparência da água, ficando mais difícil a visualização das

lagostas pelo mergulhador. Além desse fator, o período das chuvas, que acontecem na região

entre maio e julho, pode contribuir para diminuir a transparência da água (BARBOSA et al.,

2014, MELO, 2015).

Dados usados neste estudo correspondem a, aproximadamente, 20% do total da pesca

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no período, o que pode induzir subestimação nos resultados. Contudo, no contexto da pesca

desse litoral, esses dados são importantes já que até o presente momento, representam o

maior esforço realizado para uma coleta de dados consistente, planejada com delineamento

experimental cuidadoso e executada ao longo de dez anos. Isso deve ser considerado devido

à inexistência de uma avaliação dos estoques atual e consistente, pois dados estatísticos e

informações básicas sobre a pesca são incompletos ou escassos (SALAS et al., 2011).

CONCLUSÕES

Neste estudo, ficaram caracterizados aspectos que influenciaram o peso e a CPUE da

pesca lagosteira no litoral do Rio Grande do Norte. Os apetrechos embarcações, variação

temporal e dias de mar foram as variáveis significativas. As maiores capturas ocorreram com

o mergulho livre, seguido da caçoeira e do compressor. Nas embarcações pequenas, a pesca

foi feita por mergulho e, nas maiores, com compressor e caçoeira. Logo após a abertura da

temporada de pesca, houve mais captura, observando-se a seguir um declínio ao longo da

temporada. Por outro lado, CPUE com caçoeira foi maior que dos demais apetrechos, mas

quando comparada com dias de mar, em relação aos demais apetrechos, a caçoeira teve a

menor CPUE. Com relação aos meses, houve a mesma tendência para e peso e CPUE. No final

da década (2009 e 2010), a CPUE foi maior do que os primeiros anos analisados.

Esse cenário apresentado revela um passado dessa pesca que, na ausência de dados

recentes, pode servir de referência para futuras ações de gestão da pesca lagosteira na região

Nordeste do Brasil.

AGRADECIMENTOS

Ao Engenheiro de Pesca José Airton de Vasconcelos, responsável pelo programa

ESTATPESCA do IBAMA-RN, pela cessão dos dados e pelo auxílio e disponibilidade para a

realização deste trabalho.

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REFERÊNCIAS

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LOBSTER FISHERY: A DIVE INTO VANISHING

Rosângela Gondim D’OLIVEIRA1, Adriana Rosa CARVALHO2, Jorge Eduardo LINS

OLIVEIRA3

1 Doutoranda do DDMA/UFRN [email protected]

2 Departamento de Ecologia – DECOL/UFRN [email protected]

3 Departamento de Oceanografia – DOL/UFRN [email protected]

ABSTRACT

The fishing of the red lobster (Panulirus argus; P. muripurpuratus) and of the green lobster (P.

laevicauda) was responsible for the maintenance of important provisioning and cultural

ecosystem services in the coast of Brazil. Traditionally, this type of fishing occurred by using

lobster pots: traps dropped to the deep that were posteriorly replaced by dive. This non-legal

activity increased the precision captures in lobster fishing, but, at the same time, added bigger

risks to the health and to the life of fisher, causing conflicts among the different users of this

resource. Aiming to determine the frequency of illegal fishing and its relation to fleet size, and

aiming to evaluate the relation between the characteristics of the fisher and their decision of

fishing lobsters with or without the use of a compressor, in this study, we interviewed fisher in

the region of biggest lobster production in Northeastern Brazil. The economic, ecological, and

social risks associated to this kind of fishing were discussed, in addition to the risk that the

depletion of lobster fishing imposes to other marine fishery resources that are unhandled and

are equally vulnerable to overfishing in the region.

Key-Words: illegal fishing; Panulirus spp; depletion.

PESCA DA LAGOSTA: UM MERGULHO PARA O DESAPARECIMENTO

RESUMO

A pesca da lagosta (Panulirus argus, P. muripurpuratus) e da lagosta verde (P. laevicauda) foi

responsável pela manutenção de importantes serviços de abastecimento e ecossistêmicos na

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costa do Brasil. Tradicionalmente, esse tipo de pesca ocorreu com o uso de lagosta: armadilhas

submersas que foram posteriormente substituídas por mergulho. Essa atividade não legal

aumentou as capturas de precisão na pesca da lagosta, mas, ao mesmo tempo, acrescentou

maiores riscos à saúde e à vida do pescador, causando conflitos entre os diferentes usuários

desse recurso. Com o objetivo de determinar a frequência da pesca ilegal e sua relação com a

dimensão da frota, visando avaliar a relação entre as características do pescador e sua decisão

de pescar lagostas com ou sem uso de compressor, neste estudo, foram entrevistados pescadores

da região responsável por uma das maiores produções do Nordeste do Brasil. Os riscos

econômicos, ecológicos e sociais associados a esse tipo de pesca foram discutidos, além do

risco de que o esgotamento da pesca da lagosta imponha a outros recursos pesqueiros marinhos

que não são manuseados e são igualmente vulneráveis à sobrepesca na região.

Palavras-chave: pesca ilegal; Panulirus spp; depleção.

INTRODUCTION

For many years, lobster fisher in the northeastern coast of Brazil has been an activity

that not only maintains a fishing tradition and is strongly connected to the regions tourism, but

also supplies local, regional and export markets (FONTELES-FILHO, 2007). The fishery of

the Caribbean spiny lobster (Panulirus argus; P. muripurpuratus) and the smooth tail spiny

lobster (P. laevicauda) have been responsible for keeping up important ecosystem services of

provisioning and cultural ecosystem services on the Brazilian coast. Traditionally, this fishery

was performed using pots and creels and in seabed areas predominantly covered by calcified

red seaweed (calcareous marine algae). The activity was dependent on the size of vessels to

determine the number of submerged pots: smaller vessels (with less than 11 meters) fish with a

maximum of 200 pots that are submerged for 12 hours; while larger vessels (over 11 meters in

length) can carry up to 1,000 pots to be submerged for 36 hours. A later decrease in overall

returns led to pot lobster fishing being deemed economically unfeasible, and lobster fisher

divers started to be conducted by compressor diving in the entire northern portion of the

northeastern coast of Brazil (IBAMA, 2008).

Diving for lobster fisher started at the coast of the Rio Grande do Norte state, in the

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1970s, when fisher of Rio do Fogo municipality were taught apnea diving (also known as skin

diving or snorkeling) with the objective of economical extraction of macroalgae; at roughly the

same time they had their first encounters with spearfishing (OLIVEIRA, VASCONCELOS,

REY, 1993). Currently, Rio Grande do Norte state is the second largest producer of lobster in

the region, where compressor diving yields some 201 yearly tons of lobster for an overall

income of 6,841 million dollars (http://www.fiern.org.br). Though the years, several other

communities along the northeastern coast of Brazil have also adopted such practices, drastically

altering former traditional fishing strategies used by local fisher. The utmost change was the

use of compressor during diving for lobster harvesting (IBAMA, 2008).

The use of diving techniques, over time, produced a division of lobster fishers into three

categories: a) apnea diving fishers, who are snorkeling for their catch; b) compressor diving

fishers; and c) fishers who use pot or trap. Although the use of compressor diving techniques

has increased the precision of the harvest, it has also brought considerable dangers to the fisher’s

health (IBAMA, 2008) and increased the risk of overfishing and subsequent exhaustion of the

resource (VASCONCELOS et al., 2011). Indeed, starting in the 1980s, the abundance and size

of the individual lobsters has decreased dramatically, compromising the continuity of the

activity, market supply and fishing income generated, leading to unavoidable conflict

(GIRALDES and SMITH, 2016; ANDRADE, 2015). In some regions, tension among the

fishers makes the monitoring and regulation of the professional activity of lobster fishing even

more troublesome to local authorities (CAVALCANTE et al., 2011) ultimately leading to the

closing of the season for two, four and finally six months throughout the years of 1967 to 2010.

It has also led in 2008 to the restriction of fishing gear and practices, such as the ban on

compressor diving by the legislation (Law n. 9.605, issued in February 12th, 1998 and Decree

Law 6514/2008). These restrictions, however, are not completely followed by the fishers

(CAVALCANTE et al., 2011).

In reason of the aforementioned scenario, the main goal of the present paper was to

assess the influence of personal characteristics of the fishers on their decision to use (or not)

the compressor diving and understand the use of illegal fishing strategies in relation to the size

of the fleet in the largest lobster fishing region in Brazil. In the final section is presented a

discussion over the economical, ecological and social risks of the lobster fishery through diving,

particularly the susceptibility of the fishers to dive sickness and the threatening imposed by

lobster depletion upon other marine resources, currently not being monitored by local

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authorities but equally vulnerable to overfishing.

The fishing community studied

The seacoast of Rio Grande do Norte state is approximately 400 km long and accounts

for 4.7% of the entire Brazilian coast. The region houses 93 different communities relying on

fish, crustaceans and mollusks exploitation as a livelihood. The northern portion of the coast

line produces roughly 200 yearly tons of various fish and marine products, mainly in the fishing

communities of Diogo Lopes, Caiçara do Norte and Areia Branca (in the northern border),

Touros and Rio do Fogo (in the mid-northern portion) and Natal (in the central portion of the

state) (IZQUIERDO et al., 2011). The Rio do Fogo municipality has 10,758 inhabitants (IBGE,

2016), and is currently the largest lobster producer in the state (Figure 1).

Figure 1 – Rio do

Fogo fishing

community,

the largest

producer of lobster in the northeastern region

The municipality also holds the Fishers Colony Z-53, where 400 fishers are registered

to explore fish, mollusks (octopus and cherry clams), algae and crustaceans (lobsters). Among

the registered fishers, 80 focus on the lobster fishery through apnea diving or compressor diving

for a period of six months at each year (season opens on July 1st and closes on November 30th).

The season determined by law aims to protect the species during spawning (as set by the

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Normative #206, issued November 14th, 2008 by IBAMA - Brazilian Institute for the

Environment and Renewable Resources). Legislation also determines lobsters can be caught

only by pot or trap fishing, and forbids diving and trawling (Normative #8, issued April 29th,

2005 by the Environment Ministry). Despite the legal ban, lobster fisher diving through

compressor has been conducted in the municipality for over 40 years.

Data collection

Data were gathered from three different sources: i. the Fisher’s Colony Z-53; ii. fisher’s

interview; and iii. statistical data on lobster fishing provided by IBAMA-RN. The president of

Fisher’s Colony Z-53 also supplied details on the number of registered fishers who dive for

lobster harvesting.

Fishers were interviewed through structured and semi-structured questions, which

collected socioeconomic data (such as age, education, monthly income levels, and so on), data

on fishing practices (diving method, equipment used, fishing locations and depth of dive) and

fisher’s knowledge about the rules and regulations of lobster fisher dive as well as its risks and

conflicts. Before the interviews all fishers were informed about the objectives of the work and

requested to take part in the study. To be included in the interview, fishers had to use dive as

fishing strategy for lobster harvesting, had to be registered in the Fisher’s Colony Z-53 and had

to be willing to supply the information required. All fishers were interviewed at the Colony Z-

53 during the closed season for lobster fishing of 2014. Data sampling was approved according

to the guidelines of the Committee of Ethics at the Federal University of Rio Grande do Norte

(Protocol of approval No.38710414.6.0000.5537).

Statistical Analysis

Aiming to verify the correlation between fishers’ age and his experience in lobster

fisher dive (measured in years) the Pearson’s correlation test was used (ZAR, 2010). Due to the

non-normal distribution and heteroscedasticity of the data, the Mann-Whitney U test was

applied to relate the medians of fishers’ age to the use of compressor diving for lobster harvest

(ZAR, 2010). The normality of the data was tested using a Shapiro-Wilk test (SHAPIRO and

WILK, 1965) and a Lavene's test for equality of variances (SOKAL and ROHLF, 1985). After

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testing, the data was transformed in to logarithms (log base 10), square roots, log base 10+1

and square root +1 according to ZAR (2010). Normality and equality tests were repeated after

each data transformation.

The relation between the class of age of fishers and their experience in the lobster fisher

dive was assessed by multiple correspondence analysis (CA) throughout a contingency table.

In the CA analysis, the associations recorded between the two variables (independent vs

dependent variables) were summarized by the frequency of each cell in a contingency table and,

in then, positioned in a geometric dimensional space in order to assure that each line and column

positions were consistent with the associations in the table (NENADIC and GRENACRE,

2007). Significant axes in the CA were showed cumulative variation larger than 80% of the

total variation of the data.

A multinomial test was used to relate the proportion of compressor using during diving

to the (i) different vessel sizes (small = up to 11m and large > 11m) and (ii) to the different

class of age of the fishers. The proportions were evaluated pair to pair at the two levels of the

contingency table between the multinomial (independent variable, separately) and inside the

multinomial (dependent variable, separately). The procedure for comparing proportions

between and inside the multinomial was based on GOODMAN (1964).

All statistical analysis were performed using the R software (R Development Core

Team, 2012), at significance level of 5% (ZAR, 2010). Each type of analysis was computed

separately to avoid mathematical and computing conflicts. The following additional statistical

packages of the R software were also used: “ca” package (GRENACRE, 1993, NENADIC and

GRENACRE, 2007), “stats” ( Shapiro-Wilk test , PCA, PCoA, Pearson’s correlation, Mann-

Whitney U test; R Development Core Team 2012) and “car” (Levene’s test; FOX and

WEISBERG, 2011).

Economical values, when presented, were converted to US Dollars according to

conversion rates from January 2015 (USD 1.00 = BRL 3.47 available at

http://www4.bcb.gov.br/pec/conversao/conversao.asp).

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RESULTS

The lobster fisher divers

Fifty-three lobster fisher divers were interviewed. Most of them (89%) are over the age

of 30 and was born in Rio do Fogo. The majority of interviewed fishers did not conclude the

elementary school. As fishers in averaging have up to four years of schooling (58.5%), they are

functionally illiterate (sensu RIBEIRO, 1997). One third of the fishers have not completed

elementary school and only few finished high school (5.7%) or are illiterate (3.8%).

Almost all the fishers interviewed (90.5%) do not wish the fishery as profession for their

progeny and half of them actually do not teach the fishing activity to their children. This seems

to be a running trend since 83% of the fishers interviewed were taught lobster fishery by

someone outside their family circle.

The age of the fishers was highly correlated to their fishing experience (Pearson’s R =

0.93, p<0.05) and to the time living in Rio do Fogo (Pearson’s R = 0.92, p<0.05; Figure 1).

As expected, fishers with higher fishing experience (over 20 years; class of experience

from 2 to 7) are also the oldest (from 36 to 60 years old; class of age 3 and 4) (Figure 2).

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Figure 2 – Correspondence analysis biplot between I = fishers age group (I1 to I4) and C =

experience in the lobster trade, in years (C1 to C7). Age groups: I1 = 15 to 25 years of age; I2

= 26-35 years of age; I3 = 36-45 years of age; I4 = 46-55. Experience groups: C1= 5-10 years’

experience; C2 = 11-15 years’ experience; C3 = 16-20 years’ experience; C4 = 21-35 years’

experience; C5 = 36-45 years’ experience; C6 = 46-55 years’ experience; and C7 = 56-60 years’

experience).

In the region studied, 100% of the lobster fishery is performed illegally (through diving

with or without the compressor). In addition, 60% of the fishers interviewed use the

compression diving method for lobster harvesting. The median age did not differ among the

fishers using compressor diving or apnea diving for the lobster fisher divers (U = 251, p-value

= 0.12; Figure 3).

Figure 3 – Average age values and standard error of the lobster fisher-divers from Rio do Fogo

(RN) who use exclusively compressor diving for lobster fishery and using apnea diving (or free

diving) for lobster fishery.

Within each class of age there was not difference on the proportion of fishers using

compressor diving or apnea diving to catch lobster (Table 1). However, the proportion of fishers

exploiting lobster through compressor diving or apnea diving is notably different between the

first class of age and the others. Among the younger fishers, the use of compressor diving is

higher.

Table 1 – Absolute number of fisher by diving strategy and age group. Different overscripted

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numbers (in a same line) show the ratio of lobster fisher (used in the multinomial analysis)

using compressor diving is statistically different from the ratio of men using apnea diving amid

the age groups (p<0.05). Similar lower case letters (in a same line) show no statistical difference

inside an age group (p<0.05) between the ratio of men using compressor diving and the ones

using apnea diving in the lobster trade.

Age groups

(in years)

Number of fisher by diving strategy Fisher total

Compressor diving Apnea diving

15-25 11a 11a 2

26-35 82a 62a 14

36-45 152a 112a 26

46-55 72a 32a 10

Total 312a 212a 52

Overall, among fishers working in vessels of similar size, the proportion of compressor

diving and apnea diving did not differ. The diving strategy differs, however, among vessels

with different sizes: the use of compressor diving is significantly larger in smaller vessels (Table

2).

Table 2 – Absolute number of vessels by diving strategy in the lobster trade. Different numbers

amid the lines show significant statistical difference (p<0.05) in the ratio between apnea diving

(or free diving) and compressor diving in small and large vessels. Similar low-case letters (in a

same line) show no significant statistical difference (p<0.05) between the diving strategies

among same size vessels.

Number of vessels by diving strategy Vessel total

Vessel size Compressor diving Apnea diving

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Small (up to 11m)

(N = 38) 221a 161a

52 Large (>11m)

(N = 14) 92a 52a

Total 31 21

During the months when lobster can be legally captured (June to December) the income

generated by lobster trade varies from USD 210.00 whether the lobster was small (up to 11 cm)

to USD 420.00 whether the lobster caught was larger than 11 cm. From January to May, when

lobster season is closed, fishers are paid a minimum salary of USD 25.50 per month. In this

period, most fishers (53%) migrate to octopus fishery (Octupus insularis) reaping an average

income of up to USD 315.00 per month.

Fisher behavior and the risks of lobster fishing

Diving for lobster fishing is an activity that involves the active search for the species.

Around 70% of lobster fishers usually register their fishing grounds for lobster by GPS (Global

Positioning System). After registering the fishing ground, 77.4% of fishers do not inform the

location even for friends or relatives.

To locate lobsters, fishers are guided by experience, observing geological features of

the seabed substrate and scanning for indicatives of the animal presence such as lobster

antennae rising from the crevasses and dens. Lobster can be caught using different types of

equipment, like bottom-trawl nets (52%), purse-seine trawls (33%) and beam-trawls (15%). To

tickle the lobster out of its hole or den, some fishers use the lobsterhook or spears (28%), while

others prefer to use artificial reefs, locally known as ‘Marambaia’. These artificial reefs are

considered exclusive property of the fisher who constructed and dropped it into the sea. After

the catch and still inside the vessel or boat, the lobster’s cephalothorax is removed and

discarded. Immediately after, the abdomen is washed with salt water and placed in styrofoam

boxes immersed in ice.

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The fishers point out two major risks in the lobster fishery through diving: the ones

inherent to the diving and the ones related to the non-compliance to the government rules for

the lobster fishing. According to some fishers (48%) main risks of compressor diving comprise

numbness of the limbs, joint pain, light bleeding and decompression sickness) symptoms - DCS.

When feeling any of these symptoms, the fishers immediately interrupt the diving and stay in

their boat, resting, until cease the symptoms. If the resting does not eliminate the symptoms,

fishers dive again until reach the maximum depth of the previous dive, and slowly return to the

surface, to adequately decompress. The majority of the interviewees (90.1%) are aware about

deaths cause by DSC and the hyperbaric chamber situated 80 km away from the community (at

the Brazilian Navy Naval Base in Natal/ RN), where fishers experiencing more serious

symptoms can be treated.

Among the risks connected to non-compliance to the legislation, a number of men

(41.5%) mentioned conflicts with the regulating agency (IBAMA). In addition, some

interviewees (36%) mentioned potential conflict with other fishers due to the disregard to

informal rules stated between fishers, such as do not catch lobster found in someone else

marambaia.

Although the lack of compliance and respect to local rules, a large number of fishers

(90%) agree that regulation are needed for the activity, while many of them (87%) state they

are familiar with current legislation. Legal requirements quoted were mostly the closure of

fishing season (75%), the minimum size for lobster catch (26%) and the ban on catching egg-

baring females (17%).

DISCUSSION

In this paper, the lobster fishers from the second largest producer of lobster nationwide,

where compressor diving was introduced as 45 years ago were interviewed. Results showed

few formal education among fishers and that all of them use diving as a fishing strategy. Within

the same age class, fishers do not exhibited preference for compressor diving or apnea diving.

However, the use of compressors is more frequent among younger divers (up to 25 years of

age) and among smaller vessels (<11 m). However, it was not clear, whether this trend is due

to a higher knowledge about the risks and prudence (toward legislation and health) or if it was

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due to physical limitation of the elderly.

The low education level of the fishers, particularly the youngest, repeats the fishery

scenario in the country, where currently over 70% of artisanal and industrial fishers are

functional illiterates (VASCONCELOS et al., 2011; ALENCAR and MAIA, 2011; RAMIRES

et al., 2012, REIS and D’INCAO, 2000). This situation limits the economic mobility of fishers

who keep practicing this fishery despite the losses in resource availability. In this case, lobster

fisher diving may be beyond a last resort for the poorest (BÉNÉ, 2003) and has turned into the

last feasible option to the illiterates.

Although compressor diving is more frequent among younger fishers, there are currently

very few youngsters practicing the activity and there seems to be little interest of the fishers in

teaching lobster fisher fishery through diving to the new generations. This may be a direct

consequence of the current depletion of resources, of the ongoing conflicts regarding the rules

and regulations for the lobster fishing and, lastly, the risks associated with such conflicts

(TRIMBLE and JOHNSON, 2013; SILVA-GONÇALVES and D’INCAO, 2016; FLEXA,

2016). Indeed, the fishers see the use of compressor diving in the lobster fishery as both a legal

risk and a health hazard, even though they fail to recognize the overexploitation produced by

compressor diving.

Since the 1980s however, the amount of lobster caught and the size of individuals has

decreased at each year in the entire northeastern coast (ANDRADE, 2015; GIRALDES and

SMITH, 2016; VASCONCELOS et al., 2011). Lobster production peaked in the region around

1967 to 1979 (BRASIL, 2008), before diving for lobster fishing was introduced, in the 1970s

(OLIVEIRA, VASCONCELOS, REY, 1993). Nowadays, the lower availability of lobster in

the marine environment has caused the loss of important ecosystem services of regulating, since

the species plays an important role in the predator-prey interactions (KINTZING and BUTLER,

2014; COELLO et al., 2015; PETIT et al., 2015; BRIONES-FOURZÁN et al., 2006). In

addition, lobster consumption guarantees both ecosystem provisioning services (as a food item)

and cultural services (as a fishing tradition and a main ingredient of typical tourist menu in the

region).

Therefore, the few number of fishers interested in teaching fishing lobster and mainly

the lower availability of lobster and affects the steadiness of ecosystem services, and may cause

a number of social effects, such as the decrease in job availability, loss of a regional tradition

and loss of the local touristic identity. That, in turn, may result in the rapid disappearance of the

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lobster fishery in the future due to the economic losses of fishers, the economic losses

throughout the value chain, and due to the risks associated to this fishery. Under this scenario,

the ecological effects of lobster depletion would slowly affect other species, widening the

economic losses to other marine supply chains. This effect is being overlooked by fisher and

government representatives and has been gradually become more tangible under the shadows

of the overall mismanaged marine resources in the region.

Effects of the depletion of lobster fisher over other marine resources

Beyond the ecological, social and economic effects caused by the depletion of the

lobster fishery, the decreasing in lobster availability may also increase the fishing pressure on

other marine resources in the region. As a matter of fact, many lobster fisher-divers interviewed

admitted to migrating to other fisheries during the closure of the lobster season (December to

May), markedly to harvest octopus and parrotfishes.

Octopus fishery is an exclusively artisanal activity, conducted in shallow, warm waters

(LEITE et al., 2008, LIMA et al., 2014). Although recent data collected points out the high

economic potential of octopus fishery, the institutional scenario around the activity indicates

high risks to the 200 fishers currently practicing octopus fishery, which remains poorly

understood and unregulated (ANDRADE, in prep.). Nonetheless, lobster fishers may earn with

octopus fishery USD 315.00/month, which is higher than the profit attaining by trading juvenile

lobsters (~USD 210.00/month). It is unlikely, however, instead of decreasing the exploitation

upon young lobster, this fact may lead to the increase in fishing pressure upon octopus.

The migration of lobster fisher-divers during the closed season to the parrotfish fishery,

mainly the greenback parrotfish (Scarus trispinosus) in local reefs had been recently reported

(ROOS et al. 2015; ROOS et al., 2016). Parrotfishes species are listed as threatened or

vulnerable species by the IUCN (PADOVANI-FERREIRA et al., 2012a; 2012b; 2012c) and by

the Red List of Endangered Species of Brazil (Portaria n. 445, December 17th, 2014; ICMBIO,

2016). Despite the poor knowledge on biology and economics of these species, they have

noticeable narrow range of distribution, late maturation and slow growth rate. All together,

these features make the species even more susceptible to overfishing, as observed in some areas

of the Brazilian coast (FRANCINI-FILHO, 2008; PREVIERO, 2014). The effects of these

species overexploitation are still to be completely understood due to parrotfishes’ high

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ecological value and great tourist potential. Currently, the real number of lobster fisher-divers

migrating to the parrotfish exploitation remains unknown. Likewise octopus fishery, the

parrotfish fishery has yet to be regulated by authorities, beyond being highly vulnerable and

endangered (ROOS et al., 2015; ROOS et al. 2016).

Despite octopus fishery, had been recently recognized (Interministry Normative

Instruction No. 10, from June 10th, 2011 by the Agriculture and Fishing Ministry), this fishery

remains unregulated and lacking monitoring. Parrotfish fishery on the other hand, is under legal

dispute and remains unregulated since 2014. On September 2016, the species exploitation was

released, despite government efforts to ban its fishery as protection for the species (ROOS et

al., 2016). Interesting, lobster fisher diving, which is the most regulated fishery, show higher

non-compliance and has been the most conflicting and risky fishery activity. Then, the current

scenario of non-compliance, unlawfulness, conflicts, health risks and resource depletion may

be steering the lobster fishery to be low yield and unprofitable activity, until its disappearance.

Current and future scenario: diving toward lobster vanishing?

Illegal, unreported and unregulated fishery is linked to high value resources (such as

demersal fish, prawns and lobsters) with fragile regulation and monitoring (LE GALLIC and

COX, 2006; AGNEW et al. 2009). In Brazil, the use and monitoring of marine resources largely

fails due to government’s lack of capability to monitor fishery activities, enforce the rules and

share the decision making process with stakeholders (KALIKOSKI et al., 2009).

In the lobster fisher-divers, the non-compliance is worsened by divergences in the

governmental rules. For instance in 2007 the Ministry of Fishery and Aquaculture banned the

use of artificial reefs (the Marambaia), prohibited the use of specific equipment (such as gillnets

and air compressors for diving) and reimbursed fishers owning of these devices

(CAVALCANTE et al., 2011; IBAMA, 2008). However the Ministry of Labor recognizes of

use of compressor during diving for lobster catch (legislation issued in 2002

http://www.mtecbo.gov.br/cbosite). Incongruences such as those stimulate noncompliance

among fishers and the disagreements with regulating agencies. Yet, the disputes among the

fishes for fishing territory and lobster availability increase the free rider behavior

(SAAVEDRA-DÍAZ et al., 2015, SAAVEDRA-DÍAZ et al., 2016). Frequently the conflicts

lead assault charges and police involvement (FERREIRA et al., 2003; BRASIL, 2011).

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Compressor diving fishery has also increased the occurrence of decompression sickness

(DSC) among the fishers (FERREIRA et al., 2003), both because they are not fully aware of

the submersion techniques and because they disrespect the suitable decompression procedures

(HUCHIM-LARA et al., 2015; SANTOS CAVALCANTE et. al., 2015). Joints are the area

more affected and decompression sickness type II, which may cause paraplegia and tetraplegia

is the more frequent (ERIKSSON et. al., 2012; HUCHIM-LARA, 2016).

The implications of such a scenario may be the fast end of this fishery in the near future.

If the actual trends of lobster overfishing continue, the evidences gathered here indicate that be

high legal risks (noncompliance), economic risks (lower income over time) health risks (DSC)

and ecological risks (low lobster availability) will dilute the lobster fishery that will probably

not last for long. Beyond the economic and social effects this will have on the fishers (loss of

income, occupation and fishing tradition) and the likely ecological effects to lobster stocks (a

decrease in the level and volume of fishery and a possibility of recuperation of the resource),

other species such as the octopus and the parrotfish will feel the negative impact of the lobster

fishery collapse. Consequently, other fish and economic networks will be threatened and the

local fishery for marine species is likely to dive into a cycle of increasing harvest, exhaustion

and collapse. This may happen not only due to the government’s inability to manage lobster

fisher-divers, but overall, due to the failure of decision makers and users to engage in

participative and co-responsible arrangements for conserving marine resources and guarantee

marine resources preservation, economic sustainability and human welfare.

ACKNOWLEDGMENTS

To the lobster fishers of Rio do Fogo who kindly took part in this work and to the

President of Z-53 Fishing Colony, Sr. M. L. Ferreira, for the information and data supply.

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CONHECIMENTO DE PESCADORES MERGULHADORES SOBRE A

BIOECOLOGIA DA LAGOSTA NA COSTA DO RIO GRANDE DO NORTE –BRASIL

Rosangela Gondim D’OLIVEIRA1, Jorge Eduardo LINS OLIVEIRA2

1 Doutoranda em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal do Rio Grande

do Norte. E-mail: [email protected] Departamento de Botânica e Zoologia /UFRN. E-

mail: [email protected].

2 Professor Doutor do Departamento de Oceanografia e Limnologia/UFRN. E-mail:

[email protected].

RESUMO

O conhecimento dos pescadores mergulhadores da comunidade de Rio do Fogo, litoral do

Nordeste do Brasil, foi analisado quanto aos aspectos bioecológicos, tais como: reprodução,

hábitos alimentares e interações tróficas, e comparado com dados científicos, isto é, o

conhecimento biológico. Com formulários, entrevistaram-se 53 pescadores que pescam lagosta

por mergulho, categorizados por idade/tempo de experiência nessa modalidade de pesca. A

análise dos dados mostrou que não houve diferença significativa de conhecimento entre os mais

e os menos experientes sobre esses tópicos, provavelmente porque a maioria tinha 20 anos de

experiência. Os itens apresentaram um alto grau de concordância com o conhecimento

biológico. Reconhecem a restinga e o cascalho como habitat, entretanto, quanto à reprodução,

desconhecem como ocorre, bem como o ciclo de vida desses organismos, embora saibam as

diferenças entre macho e fêmea. O conhecimento sobre as relações tróficas permite entender a

ecologia do ambiente e também foi condizente com os dados biológicos disponíveis. A

avaliação das interações tróficas e habitat apontadas pelos pescadores poderá auxiliar em uma

gestão da Área de Proteção dos Recifes de Corais (APARC), com vistas a conservação do

ecossistema e expansão das pesquisas nessa área de pesca.

Palavras-chave: Pesca artesanal. Conhecimento ecológico. Área de proteção marinha.

Estrutura trófica.

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ABSTRACT

KNOWLEDGE OF LOBSTER FISHER'S DIVERS REGARDING LOBSTER

BIOECOLOGY ON THE COAST OF RIO GRANDE DO NORTE

This work deals with the analysis regarding lobster fisher diver´s knowledge in the Rio do Fogo

community in the northeastern coast if of Brazil. This analysis considered biological aspects

such as: reproduction, eating habits and trophic interactions that were then compared to

scientific data and biological knowledge. An interview with 53 lobster diver fishers was done.

In order to collect information a form was used. The subjects were then categorized by age and

time of experience. Data analysis revealed that there were no meaningful differences in

knowledge regarding the mentioned topics between the most and least experienced fisher. This

may be due to the fact that the great majority had 20 years of experience. It is possible to affirm

that there was great a high degree of agreement between their knowledge and the biological

knowledge. They were able to recognize the “resting” vegetation and gravel as habitat.

However, it was acknowledged that the subjects do not know how lobsters reproduce or how

their life cycles of these organisms are carried out. They do know the differences between male

and female. Knowledge regarding trophic relation has allowed the comprehension the

environment´s trophic organization, presenting consistency to the available biological data. The

evaluations of the trophic interactions and habitats pointed out by the fishers can help in Coral

Reef Protection Area Management enabling ecosystem conservation and expansion of research

in this area.

Key words: Artisanal fishing. Ecological Knowledge. Marine Protection Area. Trophic

structure.

CONOCIMIENTO DE PESCADORES DE LANGOSTA EN RELACIÓN CON LA

BIOECOLOGÍA DE LA LANGOSTA EN LA COSTA DEL RIO GRANDE DO NORTE

El conocimiento de los buzos pescadores de la comunidad de Rio do Fogo, Costa Noreste de

Brasil, se analizó para determinar los aspectos bio-ecológicos, como la reproducción, hábitos

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de alimentación y las interacciones tróficas y en comparación con el conocimiento científico,

biológico. Con las formas se entrevistó a 53 pescadores que pescan langosta por buceo, que

fueron categorizados por edad y tiempo de experiencia en esta modalidad de pesca. Análisis de

los datos no mostró diferencias significativas en el conocimiento entre la mayor y la menor

conocedores de estos temas, probablemente debido a que la mayoría tenía 20 años de

experiencia. Los artículos mostraron un alto grado de acuerdo con el conocimiento biológico.

Ellos reconocen que el banco de arena y grava como hábitat, sin saber cómo es la reproducción

y el ciclo de vida de estos organismos, aunque conocen las diferencias entre macho y hembra.

El conocimiento de las relaciones tróficas nos permitió comprender la organización trófica del

medio ambiente y también fueron consistentes con los datos biológicos disponibles. La

evaluación de las interacciones tróficas y los hábitats identificados por los pescadores puede

ayudar en una gestión de Área de Protección de los Arrecifes de Corales - APARC, con el

objetivo de la conservación del ecosistema y ampliar la investigación en esta área de pesca.

Palabra clave: Pesca artesanal. Conocimiento ecológico. Área marina protegida. Estructura

trófica.

INTRODUÇÃO

Formações recifais encontradas no litoral do Nordeste do Brasil se constituem em

barreiras de proteção à costa, onde habita uma rica biodiversidade que procura esses ambientes

com a finalidade de encontrar abrigo, alimentação ou reprodução. Esses locais são denominados

regionalmente de “parrachos” e desempenham um importante papel socioeconômico, tanto pela

oferta de recursos pesqueiros quanto pelo potencial turístico (Araújo e Amaral 2016).

Nesse ambiente, dentre outras atividades, destaca-se a pesca da lagosta há mais de 50

anos, pelas comunidades de pescadores do litoral do Rio Grande do Norte, que utilizam o

mergulho em apneia ou com compressor para as capturas (BRASIL 2008).

Os pescadores mantêm um contato muito estreito com o ambiente aquático e com as

espécies que vivem neste e suas observações lhes permitem apropriar-se de um conhecimento

que podemos denominar de ecológico local ou conhecimento ecológico dos pescadores, ou

mesmo conhecimento dos pescadores (Bevilacqua et al. 2016). Esse conhecimento é muito

utilizado na obtenção de informações detalhadas sobre ecologia de peixes e manejo de pescarias

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(Angelini et al. 2013; Bender et al. 2013; Bender et al. 2014; Silvano e Begossi 2005; Silvano

e Valbo-Jorgesen 2008), subsidiando ações de manejo de áreas de proteção marinhas

(Gerhardinger et al. 2009).

O conhecimento dos pescadores deve ser compreendido como aquele que uma

determinada comunidade compartilha sobre o meio ambiente e é desenvolvido por meio da

experiência direta ao longo da vida do indivíduo, a respeito de determinada espécie ou

ecossistema, sendo transmitido entre gerações. Os pescadores trabalham com espécies

diferentes, com artes distintas e, por outro lado, também diferem quanto à idade e à experiência,

fatores que influem na apropriação do conhecimento (Maurstad et al. 2007). Há uma tendência

de que as transmissões e os conhecimentos dos pescadores mais experientes para as gerações

seguintes não estejam mais ocorrendo e possam deixar de ser incorporados ao conhecimento

local (Bundy e Davis 2013).

Para se apropriar desse conhecimento, é necessário obter informações por meio de

entrevistas ou com formulários estruturados, com a finalidade de complementar dados

biológicos. Essa ferramenta deve ser analisada e interpretada segundo critérios de confiança e

precisão (Hamilton 2004; Silvano e Begossi, 2005, 2010; Silvano e Valbo-Jorgesen, 2008). Sua

confiabilidade é avaliada pela credibilidade de que os entrevistados realmente conhecem e

vivenciam a realidade pesquisada. Por outro lado, a precisão é estimada a partir da comparação

entre esse conhecimento e o conhecimento científico. A confiabilidade pode ser medida

verificando-se se a informação dada pelos pescadores é realmente baseada em suas práticas

diárias de pesca, enquanto a precisão pode ser verificada através da comparação do

conhecimento dos pescadores com dados biológicos científicos (Maurstad et al. 2007). Tais

medidas são necessárias para constatar as limitações e lacunas entre esses distintos

conhecimentos (Gilchrist et al. 2005).

As lagostas representam um recurso bastante valorizado e explorado mundialmente,

sendo, por essa razão, tema de muitos estudos sobre a sua pesca e biologia (Andrade 2015;

Brasil 2008; Giraldes e Smith 2016; Phillips e Melville-Smith 2006), mas seus aspectos

etnoecológicos são pouco conhecidos. Com base nessas considerações, o objetivo deste estudo

foi avaliar como a experiência do pescador mergulhador contribuiu para agregar conhecimentos

sobre aspectos bioecológicos da lagosta e comparar esse conhecimento com o conhecimento

científico, de modo a estimar o grau de similaridade entre ambos.

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METODOLOGIA

1.Área de estudo

A plataforma continental do litoral do Nordeste do Rio Grande do Norte apresenta um

complexo recifal distante aproximadamente 6 km da linha da costa. Estão alinhados

paralelamente ao litoral, originados de antigas linhas de praia e formados principalmente por

bioconstruções de algas e corais, bem como por um fundo inconsolidado de lama, areia

carbonatada e rodólitos. Em 2001, foi criada a Unidade de Conservação denominada “Área de

Proteção Ambiental dos Recifes de Corais” (APARC), que corresponde à região marinha que

cobre a faixa costeira dos municípios de Maxaranguape, Rio do Fogo e Touros. A sobrepesca,

a ocupação costeira e a operação desordenada do turismo representam os principais impactos

para o ecossistema (ARAÚJO e AMARAL 2016). No entanto, a pesca da lagosta por mergulho,

desde os anos 1960, é a atividade econômica mais importante.

A maioria dos pescadores mergulhadores são moradores de Rio do Fogo (Figura 1), um

município com cerca de 10.780 habitantes (IBGE, disponível em:

<http://cidades.ibge.gov.br/>) situado no litoral oriental do Rio Grande do Norte (Figura 1).

Aproximadamente 400 pescadores são cadastrados na colônia de pescadores Z-56 e, desse total,

80 são mergulhadores.

Eles exploram principalmente a lagosta e o polvo, encontrados nos diversos habitats

formados por distintas feições geomorfológicas, classificados como cômoros (knoll) e canteiros

(patch), encontradas nas áreas mais rasas. Também mergulham nos locais conhecidas pelos

pescadores como “Risca”, ambiente com mais profunidade que apresenta recifes sedimentares,

algas coralinas e moluscos vermetídeos (SANTOS et al., 2007). As áreas de planalto, com

substrato biodentrítico e mais rasas, são reconhecidas como “Restinga” (BATISTA e LEITE,

no prelo). Prados de fanerógamas marinhas Halodule wrightii e macroalgas também estão

presentes neste complexo recifal (COCENTINO et al., 2010).

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Figura 1 – Localização da comunidade de Rio do Fogo.

2.Obtenção dos dados

Dados quali e quantitativos foram obtidos por meio de aplicação de entrevistas

estruturadas apenas com os pescadores que mergulham. As questões foram realizadas de forma

oral para minimizar o constrangimento dos entrevistados, principalmente daqueles com baixa

escolaridade, além de permitir ao entrevistador esclarecer dúvidas ainda na pesquisa de campo.

Os dados levantados foram idade e anos de experiência com mergulho assim como o

conhecimento individual sobre hábitos alimentares (de que se alimenta a lagosta), predação

(quem come a lagosta), reprodução (diferença entre macho/fêmea e como ocorre a reprodução)

e ciclo de vida (quanto tempo é necessário para uma lagosta ficar adulta). Quanto aos itens

alimentares e predadores, não foi estipulado a quantidade de itens. Cada entrevistado citou o

que conhecia ou o que lembrou no momento da entrevista. Dos 80 pescadores mergulhadores

relacionados pela Colônia de Pescadores, foram aleatoriamente entrevistados 53

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mergulhadores.

A precisão das respostas foi obtida comparando o grau de convergência entre o

conhecimento do pescador e o biológico, classificando-o em alto, médio e baixo. Essa

classificação foi baseada em Silvano e Valbo-Jorgesen (2008). O conhecimento dos pescadores

foi considerado de alto grau quando suas respostas concordavam com os dados científicos

disponíveis na literatura; de grau médio quando não havia dados para comparação; e de grau

baixo quando as informações foram contraditórias com a da literatura. Toda a metodologia foi

submetida e aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade Federal do Rio Grande do Norte

(processo 38710414.6.0000.5537).

Análise estatística

Para testar se a experiência ou idade influenciavam as respostas, os dados inicialmente

foram observados quanto à sua normalidade, utilizando o teste de Shapiro-Wilk (p> 0,05)

(Shapiro e Wilk, 1965), de acordo com o proposto por Sokal e Rohlf (1985). O coeficiente de

correlação de Kendall foi usado para correlacionar a quantidade de respostas para cada grupo

temático de questionários (alimentação, habitat, predação e reprodução) com o tempo de

experiência de pesca dos pescadores. O nível de significância adotado foi de 5% (Sokal e Rohlf,

1985).

Resultados

Os resultados obtidos indicaram que o conhecimento dos pescadores sobre a bioecologia

da lagosta independe da idade e do tempo de experiência, já que não houve diferença

significativa entre os que mergulham há mais tempo e os que têm mais idade (Kendall’s tau, p

> 0,05; 1, Tabela 1). A idade dos entrevistados variou de 19 a 52 anos, sendo 14 anos a faixa

da iniciação do mergulho com pessoas do seu círculo familiar. Nessa comunidade, a maioria

mergulha há mais de 20 anos (64,1%).

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Tabela 1 –Correlação Kendall com respostas vs. experiência em quatro categorias: alimentação, habitat,

predação e reprodução. tau – estatística da correlação de Kendall, p-valor – valor de probabilidade, z-

valor – valor da estatística Z

N tau z-valor p-valor

Alimentação 53 -0.1342 -1.2132 0.225

Habitat 53 0.04799 0.44139 0.6589

Predação 53 0.05721 0.5471 0.5843

Reprodução 53 0.06598 0.63283 0.5268

Os resultados também revelaram que o conhecimento dos pescadores sobre os temas da

dieta, do habitat e das relações tróficas com outros organismos marinhos convergia para as

informações da literatura científica, com exceção de dados sobre a reprodução.

Alimentação e predação: Os itens da dieta da lagosta, segundo os entrevistados, foram

“cascalho” (77,3%), poliquetas (32%), peixe (30%) e algas (20,7%). O polvo foi reconhecido

como principal predador das lagostas (59%), seguido por tartarugas (44%), homem (41%),

peixes ósseos (35,8%) e cartilaginosos (32%) e golfinho (18,8%). A porcentagem corresponde

ao número total (53), mas os pescadores responderam a mais de um item. Com base nesses

dados, pode-se ter uma maior compreensão sobre as interações tróficas dos recifes costeiros e

sobre a ecologia desse ambiente (Figura 2).

Figura 2 – Diagrama conceitual indicando ligação trófica da lagosta, baseada no conhecimento dos

pescadores mergulhadores (n=53) no litoral do Nordeste do Brasil. O numeral entre parênteses

corresponde ao total de entrevistados que citaram o item. Setas mais largas indicam os predadores, e as

mais estreitas, as presas.

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Habitat: Restinga é o habitat da lagosta, reconhecido por 69,8% dos entrevistados, entretanto,

o cascalho também foi citado. Eles diferenciam esses dois ambientes pela profundidade, sendo

o cascalho o local mais raso e mais próximo à costa litorânea.

Reprodução: Contrariamente ao observado com relação ao padrão do conhecimento dos

pescadores sobre a dieta e o habitat da lagosta, que convergiram com os dados da literatura

científica (Tabela 2), o ciclo de vida (fases e duração) e como ocorre a reprodução são

desconhecidos por todos. Entretanto, 58% reconhecem quando estão ovadas e 49% identificam

o dimorfismo sexual, principalmente pela presença de uma estrutura (espinho) localizada no

quinto pereiópode.

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Quadro 1 – Grau de comparação (alto, médio e baixo) entre o conhecimento do pescador e o

conhecimento biológico com relação aos itens alimentares, predadores e habitat

Itens CP CB GC

Segundo Silvano e

Valbo-Jorgesen

(2008).

Alimento Algas (20),

cascalho (77), peixe (30),

poliquetas (32).

Góes, Lins-

Oliveira, 2009;

Edgar, 1990;

MacArthur et al.,

2011.

Alto

Predadores Polvo (83).

Tartaruga (77)

Peixe cartilaginoso (32)

Peixe ósseo (35)

Golfinho (20)

Homem (41)

Butler IV e Lear,

2009; Briceño et al.,

2015.

Mortimer,1981

www.fishbase.org

Moreno et al.,2009

Costa et al.,2015

Randal, 1967

Gurjão et al., 2003

Pansard et al,2010

Cremer, Pinheiro e

Simóes –Lopes,

2012

Spanier et al., 2015

Alto

Baixo

Alto

Alto

Baixo

Alto

Habitat Restinga (88), Cascalho

(35).

Rios-Lara et al.,

2007.

Alto

n = 53 pescadores entrevistados CP = conhecimento dos pescadores CB = conhecimento biológico

GC = grau de concordância entre os dois tipos de conhecimento, de acordo com Silvano e Valbo-

Jorgesen (2008).

Valores entre parênteses correspondem à percentagem de pescadores entrevistados que mencionaram

cada item (somente os itens mencionados por mais de 15% dos entrevistados foram considerados

[Silvano e Valbo-Jorgesen, 2008]).

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DISCUSSÃO

É esperado que os pescadores da mesma comunidade, ainda que de gerações diferentes,

tenham distintos conhecimentos sobre o ambiente (Bunce et al. 2008). Considerando tais

informações, os pescadores mais experientes são os informantes dos estudos de conhecimento

ecológico, entretanto, neste estudo, esse aspecto não foi observado, provavelmente em virtude

de a maioria ter o mesmo tempo de mergulho, que é de 20 anos em média.

Para Maurstad et al. (2007), o conhecimento ecológico deve ser confiável e preciso.

Neste estudo, a maioria dos pescadores tinha 20 anos ou mais de experiência de mergulho –

critério que assegura a confiabilidade dos dados obtidos. Os dados fornecidos pelos pescadores

foram comparados com os dados biológicos científicos, já as similaridades encontradas indicam

a precisão da informação.

Alimentação

O principal item alimentar apontado pelos pescadores foi o “cascalho” ou “cascaio”,

denominação dada às algas coralinas comuns na plataforma continental do Nordeste do Brasil

(Dias 2000). No Rio Grande do Norte, há predominância do gênero Halimeda, com registro de

H. cuneata, H. discoidea, H. incrassata, H. opuntia, H. simulus e H. tuna (Cocentino et al.

2010). É conhecido que lagostas ingerem material de origem animal (Diaz-Iglesias et al. 2002;

Lopeztegui e Capetillo 2008; Phillips et al. 1980), bem como grande quantidade de algas

coralinas. Foi observada uma variação sazonal nessa dieta. No verão, as lagostas mais jovens

ingerem mais moluscos do que algas coralinas, quando comparadas com as maiores. No

inverno, essa preferência se inverte (Edgar 1990). MacArthur et al. (2011) confirmam que as

algas coralinas são importantes fontes de nutrição para as lagostas, embora tenha sido observado

que nas fases iniciais a mineralização é proveniente dos próprios estoques internos e da água

do mar. Nas fases posteriores, as algas fornecem cálcio, que é obtido com menor custo

energético do que aquele adquirido por absorção da água do mar (Joll e Crossland 1983).

Os peixes e as poliquetas, “as minhocas do mar”, itens também citados pelos pescadores,

foram encontrados no conteúdo estomacal do estágio juvenil de P. muripurpuratus (P.argus),

embora com pequena percentagem, 1,0% e 1,7%, respectivamente. Além destes, foram

encontrados moluscos, com porcentagem de 28% (principalmente gastrópodes); vegetais, com

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25,7%; crustáceos, com 18% (braquiúros); equinodermas, com 15,4% (holotúrias); bem como

cnidários, com 3,3%; ascidias coloniais, com 2,3%; briozoários, com 1,8%; porífera, com 1,6%;

e picnogonida, com 0,5% (Fernandes 1969). Peixes e algas calcárias também são itens

alimentares da P. echinatus (Goes e Lins-Oliveira 2009).

Predação

Dos predadores citados pelos pescadores, não há convergência com o conhecimento

biológico com golfinhos e tartarugas. Quanto ao polvo, a maioria dos pescadores afirma que

ele preda a lagosta. Para Berger e Butler IV (2001), de fato, o polvo é um predador de

crustáceos, entretanto não preda lagosta. Uma das explicações tem a ver com o fenômeno da

quimiorrecepção, já que as lagostas são sensíveis aos sinais químicos emitidos pelo polvo,

sendo, por esse motivo, a distribuição espacial das lagostas influenciada pela proximidade do

polvo. Leite et al. (2016) estudaram a dieta da espécie Octopus insularis, polvo encontrado na

região lócus deste estudo, mas não encontraram restos de lagosta na análise do conteúdo

estomacal, embora tenham constatado uma dieta variada, com predomínio de pequenos

caranguejos. Entretanto, há registro de que a Palinurus elephas é predada pelo polvo

(www.sealifebase.org).

As relações tróficas entre polvo e lagosta podem ser do tipo intraguilda (Butler IV e

Lear 2009; Poli e Holt 1992). Essa relação é compreendida como uma interação entre espécies

na qual a presa compete simultaneamente por um recurso limitado e pode ser predada pelo seu

competidor. Sabe-se que os polvos são predadores eficazes de lagostas juvenis e que, na

competição, também são mais hábeis para ocupar os abrigos. Por essa razão, as lagostas evitam

os locais onde polvos são encontrados, com o auxílio de mecanismos quimiorreceptores. O

hábito gregário é também um comportamento de defesa para evitar o predador. Esses fatores

contribuem para a coexistência de polvo e lagosta (Butler IV e Lear 2009). Por outro lado, a

predação da lagosta pelo polvo citada pelos pescadores possivelmente pode ocorrer quando a

lagosta é capturada nas armadilhas, ocorrendo a depredação, tipo de predação que acontece

quando o predador ataca uma presa que está na armadilha (Brock et al. 2006). Esse artifício,

entretanto, não foi relatado pelos pescadores, embora tenham afirmado que o peixe cangulo

Balistes capriscus se alimenta de lagostas quando são capturadas e estão presas na rede.

Com relação à predação por golfinho Sotalia, não foi verificada similaridade na

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literatura, pois esse mamífero se alimenta principalmente de peixes e cefalópodes (Gurjão et al.

2003; Pansard et al. 2010). Interessante notar o reconhecimento do ser humano como predador,

pelos pescadores. Para Spanier et al. (2015), as lagostas sempre representaram um recurso

valioso para os povos costeiros e sua biologia já era conhecida pelas civilizações gregas e

romanas, mesmo que nos séculos XVII e XVIII tenham sido consideradas como alimento para

os pobres na Europa e América do Norte. Contudo, no século seguinte, e até a presente data, é

um recurso que mundialmente agrega valor na sua comercialização.

Quanto à convergência no que se refere à predação por tartarugas, não foram

encontrados dados no conhecimento formal. No litoral do Brasil, ocorrem cinco espécies, das

quais Chelonia mydas, Eretmochelys imbricata, Dermochelys e Lepidochelys olivacea desovam

na costa do Rio Grande do Norte (http://www.tamar.org.br). A presença de bico estreito e afiado

e de fortes mandíbulas torna-se excelente adaptação para forrageamento entre as fendas dos

recifes e reflete adaptações para a onivoria. C.mydas alimenta-se principalmente de algas, ainda

que itens como esponjas, tubos de poliquetas e gorgônias tenham sido observados na análise de

conteúdo estomacal (Seminoff et al. 2002). A E. imbricata alimenta-se quase exclusivamente

de esponjas (Meylan 1988). Já a dieta da L. olivacea é constituída principalmente de

caranguejos e peixes (Colman et al. 2014).

Houve alta convergência do conhecimento dos pescadores com o biológico em relação

à predação por peixes ósseos. Espécies como Epinephelus (mero), Lutjanus (cioba) e

Ginglymostoma (cação lixa) são comuns nesses ambientes recifais e alimentam-se de lagostas

(Cortés 1999; Costa et al. 2015; Moreno et al. 2009; Randall 1967; Santana et al. 2015;

www.fishbase.org).

Todas as ligações tróficas entre as lagostas, os invertebrados e a produção primária –

algas coralinas e macroalgas apontadas neste estudo pelos pescadores – são subsidiadas por

estudos biológicos (Goes e Lins-Oliveira 2009; MacArthur et al. 2011), permitindo ampliar o

conhecimento sobre a estrutura trófica dos recifes costeiros do Nordeste brasileiro. Dada a

similaridade entre esses conhecimentos, o conhecimento dos pescadores pode ser usado na

elaboração de modelos conceituais de teias alimentares locais, indicando as principais

interações tróficas entre a lagosta, suas presas e os predadores nesses recifes.

Reprodução

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Os resultados revelaram que, embora tenham a oportunidade de fazer observações in

situ, os pescadores mergulhadores desconhecem como ocorre a reprodução. Por outro lado,

ainda que o processo reprodutivo seja descrito (Frisch 2007), não é fácil de ser observado. As

atividades de corte e cópula de P. argus foram verificadas, filadas e descritas por Lipcius et al.

(1980). O macho procura potenciais parceiras próximo às fendas dos recifes durante o dia e a

corte inicia-se com cada um fazendo uma cavidade na areia com posturas de display. Depois, o

macho aproxima-se da fêmea, segurando-a com seu segundo par de pereiópode, depositando o

pacote de espermatóforo, de cor escura, no esterno da fêmea.

Dimorfismo sexual

A fêmea apresenta na porção terminal do quinto pereiópode um pequeno espinho que

serve como pinça para romper o espermatóforo. Embora desconheçam sua função, esse caráter

foi o mais apontado pelos pescadores. As demais diferenças reconhecidas nos estudos

biológicos não foram citadas, tais como a posição dos orifícios genitais do macho, que se

localizam na base da quinta perna, enquanto os da fêmea estão localizados na terceira. Além

disso, os pleópodes, apêndices do abdômen, na fêmea são duplos, birremes e com cerdas longas

onde os ovos serão fixados, presentes apenas na fase adulta madura, diferentemente dos

machos, que são unirremes.

Ciclo de vida

Neste estudo, foi observado que os pescadores desconhecem o longo ciclo de vida da

lagosta. Acerca desse ponto, apenas recentemente foi obtido em laboratório o desenvolvimento

larval P. argus (Butler et al. 2015). Após 20 mudas, a larva filossoma passa para o estágio

puerulus, com duração média de 174 dias. Foi verificado que o desenvolvimento larval

planctônico possui um período de duração menor do que os demais palinurídeos, entretanto,

quando comparadas com outros invertebrados marinhos, as lagostas apresentam uma vida

pelágica de longa duração (Goldstein et al. 2008).

Diante da dificuldade para reposição do estoque e também da necessidade das medidas

de ordenamento (Giraldes 2016), é importante que a informação a respeito do longo ciclo de

vida seja repassada para que os pescadores compreendam a necessidade das medidas de gestão.

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Habitat

Os pescadores reconheceram o “parracho” e a “restinga” como locais onde vivem as

lagostas. Parrachos são feições geomorfológicas submersas que podem ser encontradas a cerca

de 6 km da linha de costa, na plataforma continental rasa Nordeste do Rio Grande do Norte.

São corpos rasos formados por bioconstruções de algas e corais, com fundo de lama e areia de

carbonato e rodólitos. Esse ambiente é um mosaico de distintas feições geoambientais, tais

como recifes intermarés e submersos, banco arenoso interno, fanerógamas marinhas e banco de

algas. Os recifes intermarés são consolidados, incrustados com algas calcárias, conchas de

moluscos ou de outros invertebrados e ficam emersos na maré baixa, o que não acontece com

os submersos, que ficam mais isolados. No platô recifal, há depressões (piscinas) que

apresentam o fundo recoberto com sedimentos arenosos (Araújo e Amaral 2016). Essa feição

geomorfológica é conhecida pelos pescadores como “restinga”. É formada tanto por material

não biogênico (areia, cascalho e rochas) quanto por material biogênico, principalmente esponjas

e algas, que apresentam leve heterogeneidade, baixa rugosidade e menos abrigos, quando

ocomparadas com as áreas dos recifes (Batista e Leite no prelo). Esse complexo recifal

apresenta condições ideais para o crescimento, abrigo e alimentação de inúmeras espécies,

dentre elas, a lagosta (Bonilha 2003).

As lagostas possuem demandas de habitat muito específicas e são recursos pesqueiros

muito dependentes da disponibilidade de refúgios, na maioria em fundo duro (Arce et al. 1997;

Rios-Lara et al. 2007; Bellchambers et al. 2012). Esse aspecto foi observado por Eggleston e

Dahlgren (2001), que encontraram maior densidade de P. argus em substratos consolidados e

no interior das esponjas do que em prados de fanerógamas.

CONCLUSÃO

Os resultados indicaram que os pescadores que mergulham possuem um conhecimento

detalhado sobre as relações tróficas da lagosta e o habitat, mas não a respeito da reprodução,

embora já mergulhem há bastante tempo. A avaliação das interações tróficas e dos habitats

apontadas pelos pescadores pode auxiliar em uma gestão da APARC, com vistas à conservação

do ecossistema, bem como expandir as pesquisas nessa área. Estudos posteriores podem

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complementar as informações aqui elencadas ou embasar hipóteses para serem testadas com o

uso de metodologias mais convencionais. Como em qualquer outro tipo de pesquisa, novos

estudos devem ser realizados, para melhorar a compreensão sobre a bioecologia da lagosta e,

consequentemente, a ecologia dos recifes submersos do litoral do Nordeste.

Nesse contexto, é percebido que a exploração de um recurso natural requer um

conhecimento prévio sobre a bioecologia, baseado não apenas em dados científicos, mas

também no conhecimento dos pescadores que exploram o recurso. Assim, com o somatório

desses conhecimentos, é possível planejar novas ações para a sua gestão.

AGRADECIMENTOS

A todos os pescadores da comunidade de Rio do Fogo, que na atividade do mergulho

desempenham sua função com força e coragem, requisitos necessários para esse tipo de pesca,

e que compartilharam com generosidade seus conhecimentos a respeito da lagosta.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Que reflexões podemos fazer com base neste este estudo? No tocante à pesca da lagosta,

acreditamos que uma abordagem integradora entre os pesquisadores, pescadores e gestores,

possivelmente pode minimizar os riscos da sobre-exploração do crustáceo e os problemas dos

riscos e conflitos pessoais do pescador mergulhador.

Por outro lado, sabemos que esse tipo de abordagem não é fácil, pois a pesca é uma

atividade complexa, que envolve interesses muitas vezes contraditórios. Contudo, devido à

preocupação mundial com relação à pesca sustentável, é um alvo que deve ser alcançado.

Atualmente, um dos modelos tradicionalmente adotados é o do top-down. Neste, o ordenamento

é colocado pelos gestores sem discussão nem clareza a respeito das medidas regulamentares,

criando condições para o seu não cumprimento e a sua transgressão. Particularmente, aqui no

Brasil é esse modelo o que se observa, apresentando resultados insatisfatórios aos objetivos

ordenadores propostos.

Nesse modelo, um outro ponto que merece atenção é a falta de monitoramento no

desembarque da pesca lagosteira. Sem dados de acompanhamento dessa pesca, é impossível

estimar estoque disponível e estabelecer quotas para pesca. Ou seja, embora a pesca seja um

recurso de uso comum, o alto valor econômico da lagosta a diferencia entre outros recursos

marinhos explorados e deveria ser um critério para que o poder público volte a realizar o seu

monitoramento. Assim, diante de carência de monitoramento, a primeira hipótese levantada

pode ser aceita, partindo do pressuposto de que a análise apresentada a partir dos desembarques

da pesca deve ser usada em ações de gestão, na ausência de outros dados mais recentes.

O outro modelo de gestão, denominado down-top, é realizado pelos pescadores, que

passam a proteger e gerenciar o recurso que exploram. Esse modelo de gestão acontece em

pequena escala, muitas vezes na área de reserva marinha, e tem apresentado resultados

positivos. No Rio Grande do Norte, esse modelo pode ser reproduzido para a pesca da lagosta,

na Área de Proteção dos Recifes de Corais (APARC), que abrange três municípios costeiros:

Rio do Fogo, Touros e Barra de Maxaranguape.

Para adotar esse modelo, os dados sobre o perfil do pescador mergulhador traçado neste

trabalho podem ser úteis. Os resultados obtidos apontam aspectos que embasaram a aceitação

da segunda hipótese e que devem ser ponderados. Foi observado que a pesca com mergulho,

além dos riscos pessoais para o pescador, interfere no equilíbrio do ecossistema, ampliando as

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espécies alvo da pesca nos recifes, como o polvo e o peixe budião. Além disso, os resultados

do conhecimento do pescador sobre as relações tróficas da lagosta, de modo empírico, mas

comprovado pela literatura científica, ampliaram o conhecimento sobre os recifes costeiros e

validaram a terceira hipótese desta tese.

Os resultados alcançados indicam que a pesquisa se desenvolveu dentro dos objetivos

propostos e representa o término de uma etapa. Porém, como o conhecimento é um processo

contínuo, surgem novas perguntas que precisam ser respondidas a partir de novos trabalhos.

Além de novas indagações, é necessário devolver esse conhecimento para os pescadores

mergulhadores da comunidade de Rio do Fogo.

Numa perspectiva futura, em curto prazo, pretende-se realizar ações devolutivas na

comunidade de Rio do Fogo. Uma palestra sobre o longo ciclo de vida da lagosta e respectivos

habitats será realizada para os pescadores, na Colônia de Pesca, e também para o público

estudantil, na escola, na tentativa de abordar públicos diferentes e importantes para se apropriar

desse saber. A escolha desse tema deve-se ao fato do desconhecimento a respeito desse ciclo

por parte dos pescadores e possivelmente também de toda a comunidade. Acreditamos que é

fundamental, quando se pensa em conservação de um recurso biológico, que os usuários tenham

conhecimento desse processo.

Além desta ação, outra ação está planejada a partir dos resultados que indicaram a não

qualificação dos pescadores para a atividade do mergulho. Considerando este aspecto será

realizada uma oficina sobre o mergulho para os pescadores, para que os mesmos se apropriem

das normas de segurança e primeiros socorros, conhecimentos necessários na atividade que

desempenham.

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APÊNDICES

► APÊNDICE 1 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

►APÊNDICE 2 - APÊNDICE 2 – QUESTIONÁRIO DA PESQUISA

► ARTIGO 2 (NÃO TRADUZIDO)

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APÊNDICE 1 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

Esclarecimentos

Este é um convite para você participar da pesquisa: SUSTENTABILIDADE DA PESCA LAGOSTA NO

RIO GRANDE DO NORTE, que tem como pesquisador responsável ROSANGELA GONDIM D’OLIVEIRA.

Esta pesquisa pretende saber como você se tornou pescador de lagostas.

O motivo que nos leva a fazer este estudo é o reconhecimento da importância da pesca por mergulho na

pesca da lagosta.

Caso você decida participar, você deverá responder um questionário com 53 perguntas simples, com

duração média de 30 minutos. Durante a realização vamos ler as perguntas e dar alternativas e você pode escolher

uma ou mais de uma. Você tem direito de se recusar a responder as perguntas que lhes cause constrangimento de

qualquer natureza, bem como de interromper o processo a qualquer momento.

Durante todo o período da pesquisa você poderá tirar suas dúvidas ligando para ROSANGELA GONDIM

D’OLIVEIRA - fone 91130386.

Você tem o direito de se recusar a participar ou retirar seu consentimento, em qualquer fase da pesquisa,

sem nenhum prejuízo para você.

Os dados que você irá nos fornecer serão confidenciais e serão divulgados apenas em congressos ou

publicações científicas, não havendo divulgação de nenhum dado que possa lhe identificar.

Esses dados serão guardados pelo pesquisador responsável por essa pesquisa em local seguro e por um

período de 5 anos.

Se você tiver algum gasto pela sua participação nessa pesquisa, ele será assumido pelo pesquisador e

reembolsado para você.

Se você sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta pesquisa, você será indenizado.

Qualquer dúvida sobre a ética dessa pesquisa você deverá ligar para o Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, telefone 3215-3135.

Este documento foi impresso em duas vias. Uma ficará com você e a outra com o pesquisador responsável

ROSANGELA GONDIM D’OLIVEIRA.

Consentimento Livre e Esclarecido

Após ter sido esclarecido sobre os objetivos, importância e o modo como os dados serão coletados nessa

pesquisa, além de conhecer os riscos, desconfortos e benefícios que ela trará para mim e ter ficado ciente de todos

os meus direitos, concordo em participar da pesquisa SUSTENTABILIDADE DA PESCA DA LAGOSTA e

autorizo a divulgação das informações por mim fornecidas em congressos e/ou publicações científicas desde que

nenhum dado possa me identificar.

Natal, / / .

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Assinatura do participante da pesquisa

Declaração do pesquisador responsável

Como pesquisador responsável pelo estudo SUSTENTABILIDADE DA PESCA DA LAGOSTA,

declaro que assumo a inteira responsabilidade de cumprir fielmente os procedimentos metodologicamente e

direitos que foram esclarecidos e assegurados ao participante desse estudo, assim como manter sigilo e

confidencialidade sobre a identidade do mesmo.

Declaro ainda estar ciente que na inobservância do compromisso ora assumido estarei infringindo as

normas e diretrizes propostas pela Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde – CNS, que regulamenta as

pesquisas envolvendo o ser humano.

Natal / /

Assinatura do pesquisador responsável

Impressão datiloscópica do

participante

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APÊNDICE 2 – Questionário da pesquisa

QUESTIONÁRIO N °

DADOS PESSOAIS

1.Idade ____ anos

2 Estado Civil: 1) Casado 2) Solteiro 3) Divorciado 4) Outros

3 Escolaridade:

1) Sem escolaridade 2) Ensino fundamental I incompleto 3) Ensino fundamental I completo 4)

Ensino fundamental II incompleto 5)Ensino fund II completo 6) Ensino médio incomp

7) Ensino médio comple 8) Ensino superior incom 9 ) Ensino superior compl

4 Há quantos anos vive aqui ? ___ anos

5 Onde nasceu? CIDADE ------ /ESTADO -------

6 Com que idade começou a mergulhar para pescar lagosta? ___anos

7 Com quem aprendeu a mergulhar? 1) Pai 2) Tio 3) Amigos 4) Outros...........

8 Este(s) pescador(es) vivia(m) exclusivamente da pesca da lagosta? Não ___ Sim___

9 Ensina (ou ensinou) a alguém da sua família a mergulhar? Não____ Sim___

10 Deseja que seus filhos continuem sua atividade? Não ___ Sim___ POR QUE?

11 O que vc pesca, além da lagosta? 1) Peixe 2) Polvo 3) Outros

12 Quanto você ganha por mês, aproximadamente, com a pesca da lagosta miúda ?

1) <1SM 2) 1 a 2 SM 3) 2 a 3 SM 4) >3 SM

12. 1 E com a lagosta grande?----------

13 Quanto vc ganha com a pesca do polvo? 1) <1SM 2) 1 a 2 SM 3) 2 a 3 SM 4) >3 SM

14.Viveria sem a pesca da lagosta? Por quê? 0) Não --> Q. 14 (1 - 4) 1) Sim --> Q.14 (5 - 8)

PorquE? Não Porque ?Sim

1) Não tenho outra fonte de renda. 5) Pescaria peixe/polvo.

2) Peixe não tem valor. 6) Tenho outra profissão.

3) Só sei fazer isso. 7) Peixe dá mais dinheiro que lagosta.

4) Falta de recurso. 8) Procuraria outra atividade.

ETNOECOLOGIA

1 Em qual lugar do mar você encontra hoje a lagosta?

1) Restinga/ cascalho 2) Corais 3) Parrachos 4) Pedras 5) MarambAia/ ramada

6) Algas (cianinhas) 7) risca

E em quais destes vc pesca? --------- Antigamente onde você encontrava a lagosta? __________

E onde vc pescava?____

2.O que a lagosta come?

1) Algas (cianinhas) 2) Peixes 3) Ferrugem 4) Lula 5) Minhocas 6)__________

3. Você sabe quem se alimenta da lagosta? Não____ --> Q. 4 Sim____

1) Polvo 2)) Tartaruga 3) Cação/ arraia 4) Guajá 5) Peixe 6) Golfinho

7) Cangulo 8) Homem 9) Outros

4 Sabe a diferença entre uma lagosta macho de uma fêmea?

Não ___Q. 5 Sim___ 4.1Qual (is) ?

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1) Fêmea tem 3 dedos na pata e macho só 1.

2) Fêmea tem um local para os ovos.

3) Macho tem rabo (leque caudal) fechado e a fêmea, aberto.

4) A fêmea é maior, o macho mais estreito.

5) A fêmea tem a cabeça maior, o macho, a cabeça menor.

6) Outras ...............

5 Como a lagosta se reproduz?

1)o macho agarra a fêmea 2) enterra os ovos 3) descasca ( realiza a muda) 4) outros .........

6 Você sabe quanto tempo é necessário para a lagosta ficar adulta e se reproduzir novamente?

Não ____--->Q. 7 Sim ____meses

7 Sabe o que é uma mancha preta que as lagostas apresentam na parte inferior do corpo? Não ____--

>Q.8 ___ Sim___

7.1 O que é?

1) lama 2) morredor 3) casco velho 4) ferrugem 5) esperma 6) Outros

8 Lagosta serve para remédio? Não ___-->Q.9_____ Sim____

8.1 Para que? 1) Cansaço/Asma 2) ossos 3) Câncer 4)Outros

9 Quantos quilos pesou a maior lagosta que capturou?

9.1 Qual foi o ano? ____ Não Lembra ano____

10 Acha que o tamanho da lagosta mudou ao longo dos últimos 15 anos? Não___ Sim___

11 Qual foi a maior quantidade de lagosta que já capturou em sua vida? ___ Kg 11.1 Quando

foi/qual ano? 11.2 sem informação

13.Quando vc começou a mergulhar, pegava quantos quilos de lagosta?___quilos.

Mergulhava quanto tempo para pegar esta quantidade? ...........

MERGULHO

1 Você mergulha?1) No peito (apnEia) ____ 2) Com compressor____ 2 Quantas braças? _______

(considerar o máximo)

3. Ao mergulhar já sentiu algum destes sintomas? Não____ --> Q. 4 Sim____

1) Tontura 2) sangramento 3) desmaio 4) dormência nos membros 5) dor de ouvido 6) perda força e

movimentos 7) Outros .........

4 O que faz quando isso acontece?

1) repousa no barco 2)realiza a descompressão na água3) se medica no barco 4) procura auxílio

médico em terra 5) vai para a câmara hiperbárica

5 Ficou com sequelas? Não ___Sim___Qual?

1) não escuta bem 2) perda de força nos membros 3) dores 4) dificuldade para caminhar 5)

outro____

3)dores 4) dificuldade para caminhar 5)outro____

6 Conhece algum mergulhador que morreu ou ficou paralítico devido ao mergulho? Não___ Sim____

7 Em casos de acidentes devido ao mergulho,vc sabe onde o pescador encontra a câmera hiperbárica?

1) Natal 2) Recife 3) Outro ____

8 Durante o período de recuperação de alguma sequela, como o pescador tem auxílio financeiro?

1) Colônia 2) INSS 3) Prefeitura 4) Outros .......

CONFLITOS

1 Mergulha em outros Estados? Não____Sim____Quais? 1) CE 2) PB 3) PE 4)AL 5)BA 6)

outros...

2 Por que vai pescar em outros estados?

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1) para não fica parado 2)melhor condição de trabalho 3)água limpa/condi. do mar

4) Convidado pelos donos do barco 5) tem mais lagosta

3 Qual o tipo de barco que usa?1) Jangada 2) Barco Vela 3) Barco motor 4) Outro

4 Como localiza a lagosta?1) Informações de outros 2) experiência própria 3) GPS

5 Informa onde fica os pesqueiros para:1) Ninguém 2) Amigo 3) Parente

6 Existem norma(s) para a pesca da lagosta? Não___ Sim ___

6.1 Qual(is)?1) Defeso 2) Licença 3) Tamanho 4) Ovada 5) compressor/mergulho 6)

Covo/Manzuá 7) Ibama 8) não sabe

7 Por que o IBAMA estabelece um tamanho mínimo para se capturar lagosta?

1)e xportação 2)perpetuar a espécie (reproduzir, deixar crescer, ter lagosta no futuro)

3) ganhar mais 4) bem dos pescadores 5) não sabe 6) reprodução 7 ) SI

8.Concorda com o atual período de defeso? Não___ Sim___

8.1 Na sua opinião, qual o melhor período para o defeso?

1) janeiro 2) fevereiro 3) março 4)abril 5) maio 6) junho 7) julho

8) agosto 9) set. 10)out. 11) nov 12) dez

Vc acha que precisa mesmo ter regras para a pesca da lagosta? Porquê?

9 Você já teve conflitos com o IBAMA devido a pesca da lagosta? Não___ Sim___

Qual(is)?1)multa 2) apreensão de material 3) agressão física 4) outros ___________

9.1 Já teve conflitos com outros pescadores da sua comunidade devido a pesca da lagosta? Não__

Sim__

9.3 Por que?1) pesca no defeso/paradeiro 2) corte do mangote 3) pegar lagosta pequena 4) outros

______

9.4 Já teve conflitos com outros pescadores de outras localidades devido a pesca da lagosta?

Não___ Sim___

9.5 De quais localidades? 1) CE 2) PB 3) PE 4) AL 5 )BA 6) outra localidade do RN

9.6 Já teve conflitos com a Petrobrás devido a pesca da lagosta? Não___ Sim___Qual(is)?

10.Já pescou lagosta utilizando outros apetrechos de pesca? Não___ Sim___

10.1 Qual(is)?

1) manzuá/covo 2) rede/malhadeira 3) marambaia/ramada/ tambor 4) bicheiro/guincho 5) landuá 6)

7) caçoeira 8) tarrafa 9) outros___

11.Sabe para onde vai a lagosta que você pesca? Não ___ Sim___11.1Para onde?

1) Empresa 2) Natal 3) Ceará 4) Recife 5)EUA 6) Europa 7) Exportação 8) Restaurante 9) não

sabe

12. O que vc faz para conservar a lagosta no barco, depois da captura?

1) não congela 2) trás viva para a terra 3) descabeça 4) lava 5) gelo 6) outro_____

13.Vc acha que a pesca da lagosta tem aumentado , diminuído ou não há diferença? 1) Aumentou --->

Q 13.1 2)Diminuiu--.13.2 3 ) sem diferença

13.1 Por que aumentou ?1) aumenta devido ao defeso 2) o mar é muito grande 3) pesca pequena 4)

pesca no defeso 5) outro___ 6) não sabe

13.2 Por que diminuiu?1)t em mais pescador 2) mais barcos 3) pesca miúda

4) outro___ 5) não sabe

14 Que sugestões você daria para que a quantidade de lagosta não diminua?

1) respeitar o defeso 2) mudar as leis 3) mudar período do defeso 4) fiscalização mais rigorosa

5)pesca sem compressor 6) parar um período 7) não pegar miúda 8) não sabe 9) SI

15 Vc já participou de alguma reunião para discutir a pesca da lagosta? Não__ Sim___

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15.1 Quem convocou? 1) colônia 2) Ibama 3) Idema 4) Marinha 5) Outros.

15.2 Se convidado vc participaria de outras reuniões? Não__ Sim__ Com que finalidade?

1) trocar experiências 2) discutir as leis 3) opinar 4) debater problemas do

pescador 5) outros_____

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ARTIGO 2: PESCA DA LAGOSTA: UM MERGULHO PARA O DESAPARECIMENTO

Rosângela Gondim D’Oliveira1, Adriana Rosa Carvalho2, Jorge Eduardo Lins Oliveira 3

1 Pos graduação no PRODEMA –. E-mail: [email protected] 2Ecologia,Gestão e Economia da Pesca- Dept. of Ecologia /UFRN. E-mail [email protected] 3 Departamento de Oceanografia e Limnologia /UFRN. E-mail: [email protected]

Introdução

Durante muitos anos a pesca da lagosta na costa nordeste do Brasil foi uma

atividade que além de sustentar uma pesca tradicional e ser fortemente associada à

imagem turística da região, fornecia este recurso para consumo local, regional e para

exportação (Fonteles-Filho, 2000). Assim, particularmente a pesca da lagosta vermelha

(Panulirus argus; P. muripurpuratus) e da lagosta verde (P. laevicauda) foi responsável

pela manutenção de importantes serviços ecossistêmicos de provisão e culturais na costa

do Brasil. Tradicionalmente esta pesca ocorria com o uso do covo de fundo com

predominância de algas calcárias. Nesta atividade, a quantidade de covos submersos

depende do tamanho da embarcação. As menores, com comprimento inferior a 11 metros,

pescam com até 200 covos e tempo efetivo de pesca por cada lançamento dos covos, de

com 12 horas de submersão. As embarcações maiores que 11 metros, transportam em

torno de 1.000 covos e o tempo de submersão chega a 36 horas. Com a diminuição dos

rendimentos e consequente inviabilidade econômica no uso dos covos, a pesca de lagostas

passou a ser realizada em toda a porção setentrional da costa nordeste do Brasil por

mergulho com uso do compressor (IBAMA, 2008).

O uso do mergulho como estratégia para captura da lagosta se iniciou

precisamente na costa do Rio Grande do Norte, quando nos anos 70 os pescadores da

localidade de Rio do Fogo foram iniciados na utilização do mergulho em apnéia para

extração econômica de macroalgas, e pelo contato com praticantes da caça submarina

(Oliveira et al., 1993). Atualmente, o Estado do Rio Grande do Norte é o segundo maior

produtor de lagosta da região, produzindo cerca de 201 toneladas anuais, coletadas por

mergulho com compressor e gerando receitas na ordem de 6.841 milhões de dólares

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(http://www.fiern.org.br). Atualmente, várias outras comunidades ao longo do litoral

nordeste do Brasil aderiram a essa prática, mudando drasticamente as estratégias de

pesca usadas pelos pescadores de lagosta. A mais marcante delas ocorreu quando o uso

do compressor foi associado ao mergulho para a captura da lagosta (IBAMA,2008).

Assim, ao longo do tempo devido ao uso do mergulho para captura da lagosta,

emergiram três categorias distintas de pescadores de lagosta: a) pescadores-

mergulhadores, que realizam a pesca em apnéia; b) pescadores-mergulhadores que

utilizam o compressor; e c) pescadores que não mergulham, mas auxiliam os que

mergulham .

Embora a utilização do mergulho em especial com o uso do compressor, tenha

aumentado a precisão nas capturas na pesca da lagosta, também a tornou uma atividade

de maior risco à saúde e vida dos pescadores (IBAMA, 2008) e de sobrexploração do

recurso (Vasconcelos et al., 2011). De fato, a partir dos anos 80, a abundância e tamanho

dos indivíduos diminuiu drasticamente devido à sobrepesca, comprometendo o a

continuidade da pesca, o abastecimento do mercado consumidor a renda gerada e

causando conflitos entre os diferentes usuários do recurso (Giraldes e Smith, 2016;

Andrade, 2015). Em algumas regiões do nordeste brasileiro, a tensão entre os usuários

dificulta as ações dos órgãos responsáveis pelo monitoramento da pesca da lagosta e o

ordenamento da atividade (Cavalcante et al., 2011). Estas dificuldades resultaram em

períodos de um, quatro e finalmente seis meses de fechamento da temporada de pesca

(defeso) ao longo das décadas de 1967 à 2010 e em restrições como o uso de apetrechos

e estratégias de pesca (como o mergulho com uso do compressor; Lei No. 9.605, de

12/02/1998 e Decreto Lei 6514/2008) que no entanto, não são integralmente

respeitadas (Cavalcanti et al., 2011).

Com o objetivo de determinar a frequência da pesca ilegal e sua relação com

tamanho da frota e de avaliar a relação entre as características dos pescadores e de sua

decisão de pescar lagosta com ou sem o uso do compressor, neste estudo foram

entrevistados pescadores que atuam na região de maior produção de lagosta no nordeste

brasileiro. A discussão norteia os riscos econômicos, ecológicos e sociais associados a esta

pesca e a destaca tanto a suscetibilidade dos pescadores envolvidos com esta prática

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quanto o risco que a depleção da pesca da lagosta impõe a outros recursos pesqueiros

marinhos da região que não são manejados e estão igualmente vulneráveis à sobrepesca.

A comunidade pesqueira estudada

O litoral do estado do Rio Grande do Norte tem aproximadamente 400 km de

extensão e representa 4,7% de todo o litoral brasileiro. Nesta região se distribuem 93

comunidades que exploram peixes, crustáceos e moluscos. O litoral setentrional do estado

tem produção pesqueira de aproximadamente 200t/ano produzidas principalmente

pelas comunidades pesqueiras de Diogo Lopes, Caiçara do Norte e Areia Branca (na

porção limítrofe ao norte), pelas comunidades de Touros e Rio do Fogo do Fogo (ainda ao

norte) e por Natal, na região central do estado (Izquierdo et al., 2011). Nesta região, o

município de Rio do Fogo, com uma população de 10.758 habitantes (IBGE, 2016), se

destaca como o maior produtor de lagostas do Estado (Figura 1).

Figura 1: Localização da comunidade pesqueira estudada (Município de Rio do

Fogo).

Atualmente 400 pescadores são cadastrados na Colônia de Pesca Z-53 (Município

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de Rio do Fogo) e exploram peixes, moluscos (polvo e mariscos), algas e crustáceos

(lagosta). Destes, cerca de 80 pescadores praticam a pesca da lagosta através do mergulho

livre ou com compressor durante seis meses a cada ano (1 de junho a 30 de novembro).

Este período de captura é determinado por lei (Instrução normativa IBAMA Nº 206 de 14

de novembro de 2008), e tem como objetivo proteger a espécie durante seu período de

desova. A legislação também estabelece que a captura de lagosta é permitida apenas com

o uso de armadilhas (covo) e proíbe a captura por qualquer modalidade de mergulho, rede

ou caçoeira (Instrução normativa n0 8 de 29/04/2005 - Ministério do Meio Ambiente).

Entretanto apesar da proibição legal, a prática de pesca com mergulho livre ou

compressor existe no município há mais de 40 anos.

Coleta dos dados

As informações usadas neste estudo foram reunidas de três diferentes fontes:

informações fornecidas pelo Presidente da Colônia de Pescadores Z-53, através de

entrevistas realizadas com os próprios pescadores de lagosta e através do uso de dados

estatísticos de captura de lagostas cedidos pelo IBAMA - RN. Na colônia foram também

coletadas informações sobre o número de pescadores cadastrados que utilizam o

mergulho para a captura de lagostas.

Nas entrevistas com os pescadores, foi utilizado um questionário formado por

questões estruturadas e semi-estruturadas para coleta de informações socioeconômicas

(como idade, escolaridade, renda mensal entre outros;), de estratégias da pesca (tipo de

mergulho,, apetrecho usado, locais de pesca e profundidade atingida) e do seu

conhecimento sobre as normas de ordenamento e dos riscos e conflitos da atividade.

Antes das entrevistas os pescadores de lagosta foram informados dos objetivos da

entrevista e questionados sobre a disponibilidade e vontade de participar do estudo. O

critério para inclusão dos pescadores nas entrevistas foram ser pescador-mergulhador de

lagosta, estar filiado à Colônia de Pesca do município do Rio do Fogo e consentir em

fornecer as informações. Os pescadores entrevistados foram abordados na própria

comunidade durante o período do defeso de 2014, quando a pesca da lagosta está

suspensa. Toda a metodologia foi submetida e aprovada pelo comitê de ética da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Pr. 38710414.6.0000.5537).

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Análises estatísticas

Para verificar a relação entre idade dos pescadores e sua experiência (em anos) na

atividade de pesca da lagosta por mergulho foi usada uma correlação de Pearson (Zar

2010). Para comparar as medianas de idade dos pescadores em função do uso do

compressor foi usado um teste de Mann-Whitney devido à distribuição não normal e

heterocedasticidade dos dados (Zar, 2010). A normalidade dos dados foi testada pelo

teste de Shapiro-Wilk (Shapiro & Wilk 1965) e pelo teste de homogeneidade de variância

de Levene (Sokal & Rohlf 1985). Após os testes, os dados foram transformados a logaritmo

(log base 10), raiz quadrada, log base 10+1 e raiz quadrada+1 segundo o proposto por Zar

(2010). Os testes de normalidade e homogeneidade foram repetidos após cada respectiva

transformação de dados.

Para verificar a relação entre as classes de idade dos pescadores entrevistados e o seu

tempo de experiência na atividade foi utilizada a análise multivariada de correspondência

(AC) usando uma tabela de contingência. Na AC, as associações observadas entre as duas

variáveis (variável independente vs. dependente) foram sumarizadas pela frequência de

cada célula de uma tabela de contingência e, em seguida, posicionadas em um espaço

dimensional geométrico, de maneira que as posições de cada linha e coluna sejam

consistentes com as associações da tabela (Nenadic & Grenacre 2007). Os eixos

significativos da AC foram aqueles que com uma variação cumulativa maior do que 80%

da variação total dos dados.

Um teste de proporções multinominais foi utilizado para investigar a associação da

proporção de uso do compressor entre (i) diferentes tamanhos de embarcação (pequenas

= até 11 m e grandes > 11 m) e (ii) as classes de idade dos pescadores. Neste teste foram

avaliadas proporções par a par nos dois níveis da tabela de contingência de dados, entre

as multinominais (variável independente, separadamente) e dentro das multinominais

(variável dependente, separadamente). O procedimento de comparações de proporções

entre e dentro das multinominais foi baseado em Goodman (1964).

Todas as análises estatísticas foram realizadas utilizando o software R (R

Development Core Team 2012), adotando o nível de significância de 5% (Zar 2010). Cada

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tipo de análise foi computado separadamente para evitar conflitos computacionais e

matemáticos. Foram ainda utilizados os seguintes pacotes estatísticos adicionais do

software R: pacote “ca” (Grenacre 1993, Nenadic & Greenacre 2007), ‘stats’ (Teste de

Shapiro-Wilk, PCA, PCoA, correlação de Pearson, Teste de Mann-Whitney; R Development

Core Team 2012) e ‘car’ (Teste de Levene; Fox & Weisberg 2011).

Valores econômicos quando apresentados no texto foram convertidos para dólar de

acordo com a taxa de conversão de janeiro de 2015 (USD 1.00 = BRL 3.47disponível em

http://www4.bcb.gov.br/pec/conversao/conversao.asp).

3. Resultados

3.1 O pescador de lagosta

Foram entrevistados 53 pescadores-mergulhadores que se dedicam a captura de

lagosta. A maioria deles (89%) tem mais de 30 anos e nasceu na comunidade de Rio do

Fogo. Muitos pescadores não concluíram o ensino fundamental I e são analfabetos

funcionais (58,5%), pois possuem apenas até quatro anos de estudo (sensu Ribeiro, 1997).

Cerca de 30% não concluíram o ensino fundamental II e poucos finalizaram o ensino

médio (5,7%) ou são analfabetos (3,8%).

Quase todos os pescadores de lagosta entrevistados não desejam que os filhos

sigam sua profissão (90,5%) e metade deles não tem interesse em ensinar esta atividade

aos seus filhos. Isto parece ser algo que vem se perpetuando visto que 83% dos

entrevistados informa que aprendeu a mergulhar para capturar lagosta com outras

pessoas do seu círculo social, que não os familiares.

Existe uma correlação positiva entre a idade dos pescadores e tanto a experiência

na pesca da lagosta (r de Pearson = 0,93, p<0,05), quanto o tempo de moradia na

localidade (r de Pearson = 0.92, p<0,05; Figura 1).

Assim, como esperado, os pescadores com maior experiência na pesca da lagosta

(mais de 20 anos; classes de experiência de 2 à 7) são também os mais velhos (entre 36 e

60 anos), correspondendo às classes de idade 3 e 4 (Figura 2).

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Figura 2 – Biplot da análise de correspondência entre I = classes de idade dos pescadores (de I1 até I4) e C = tempo de experiência na pesca da lagosta (de C1 até C7). Classe de idade: I1 = 15 à 25 anos; I2 = 26-35 anos; I3 = 36-45 anos; I4 = 46-55. Classes de tempo de experiência: C1= 5-10 anos; C2 = 11-15; C3 = 16-20; C4 = 21-35; C5 = 36-45; C6 = 46-55; e C7 = 56-60 anos).

Na área estudada, 100% da pesca de lagostas é realizada de forma ilegal (por

mergulho). Adicionalmente, 60% dos pescadores entrevistados utilizam o compressor

para captura da lagosta. Não houve diferença na mediana da idade entre os pescadores

que utilizam compressor e aqueles que praticam o mergulho livre a pesca da lagosta (U =

251, p-valor = 0,12; Figura 3).

Figura 3 –Valores medianos de idade e erro padrão da idade dos pescadores de lagosta de Rio do Fogo (RN) que usam exclusivamente compressores (‘sim’) e aqueles que utilizam o mergulho livre na pesca da lagosta (‘não’).

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Dentro de cada classe de idade, não houve diferença na proporção no uso do

compressor ou do mergulho livre (Tabela 1). No entanto, a proporção de pescadores que

capturam a lagosta usando compressor ou mergulho livre, difere entre a primeira classe

de idade e as demais. Entre os pescadores mais jovens a proporção de uso do compressor

é maior e aumenta por classe de idade (exceto na última classe, entre pescadores mais

velhos).

Tabela 1– Número absoluto de pescadores por estratégia de mergulho em cada classe de idade. Números subscritos diferentes (a cada linha) indicam que a proporção de pescadores de lagosta (usada na análise multinomial) que usam o compressor e que usam o mergulho livre difere estatisticamente entre as classe de idade (p<0,05). Letras minúsculas semelhantes (em uma mesma linha) indicam que dentro de uma mesma classe de idade não há diferença estatística (p<0,05) entre a proporção de pescadores que usam compressor e aqueles que fazem o mergulho livre para captura da lagosta.

Classes de Idade (em anos)

N de pescadores por estratégia de mergulho Total de pescadores Uso de compressor Mergulho livre

15-25 11a 11a 2 26-35 82a 62a 14 36-45 152a 112a 26 46-55 72a 32a 10 Total 312a 212a 52

De maneira geral, entre pescadores que atuam em barcos de mesmo tamanho não

houve diferença na proporção de uso do compressor ou de mergulho livre para captura

da lagosta. No entanto a captura da lagosta usando o compressor ou através do mergulho

livre difere entre barcos de tamanhos diferentes e o uso do compressor é

significativamente maior entre embarcações pequenas (Tabela 2).

Tabela 2 – Número absoluto de barcos por estratégias de mergulho para a pesca da lagosta. Números diferentes entre as linhas indicam diferença estatística significativa (p<0,05) na proporção de uso de compressor ou mergulho livre entre barcos pequenos e barcos grandes. Letras minúsculas semelhantes (em uma mesma linha) indicam que não há diferença estatística significativa (p<0,05) entre a proporção de uso de cada estratégia de mergulho (com compressor ou livre)

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entre barcos de mesmo tamanho (entre pequenos ou entre grandes).

Número de barcos por estratégia de mergulho Total de barcos Tamanho dos barcos Uso de compressor Mergulho livre

Pequenos (até 11m) (N = 38)

221a 161a

52 Grandes (>11m) (N = 14)

92a 52a

Total 31 21

Nos meses em que ocorre a captura legal da lagosta (de junho a dezembro) a renda

com sua comercialização varia de USD 210.00 se a lagosta capturada for pequena (até 11

cm), à USD 420.00 se a lagosta for grande (acima de 11 cm). De janeiro a maio, quando a

pesca da lagosta está proibida, os pescadores recebem mensalmente um valor

correspondente ao salário mínimo de USD 25.50. Neste período a maioria dos pescadores

(53%) se dedica à pesca do polvo (Octupus insularis) que rende aos pescadores de lagosta

um valor mensal de até USD 315.00.

3.2 Comportamento do pescador e os riscos da pesca de lagosta

A pesca da lagosta é realizada por procura ativa e cerca de 70% dos pescadores

tem o hábito de registrar as áreas com lagostas usando GPS (Global Positioning System).

Depois de encontrados os sítios com as lagostas, 77,4% dos pescadores guardam sigilo

sobre o local, mas os demais repassam a informação para amigos ou para parentes.

Para localizar o animal os pescadores se baseiam na sua experiência, observando

as feições geológicas do substrato e sinais da presença do animal, como as antenas vistas

nas frestas das tocas. A captura da lagosta pode ser feita ainda utilizando também rede

(52%), tarrafa (33%) ou caçoeira (15%). Contudo, para desentocar as lagostas se usa o

bicheiro ou gancho (28%). Alguns pescadores (35,8%) usam pesqueiros artificiais,

localmente conhecidos como Marambaia. As marambaias são consideradas propriedade

exclusiva daquele pescador que o confeccionou e o depositou no ambiente. Sempre após

a captura e ainda dentro da embarcação, o cefalotórax da lagosta é retirado e descartado.

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Em seguida o abdômen é lavado na água do mar e acondicionado em caixas de isopor com

gelo.

Os pescadores reconhecem dois grandes riscos nesta atividade: aqueles

associados ao mergulho e aqueles devido ao descumprimento das regras formais ou

informais da captura da lagosta. Os riscos associados ao mergulho com uso do compressor

mais citados pelos pescadores (48%) foram dormências nos membros, dores nas

articulações ou sangramentos (leve) e sintomas da doença por descompressão (DCS). Ao

sentir quaisquer desses sintomas, os pescadores param o mergulho e ficam no barco até

que os mesmos desapareçam. Caso o descanso no barco não elimine os sintomas, a

estratégia usada pelos pescadores é de mergulhar novamente até a profundidade máxima

em que estavam e voltar lentamente à superfície, para realizar adequadamente a

descompressão. A grande maioria dos pescadores (90,1%) citou casos de morte devido

ao mergulho para captura de lagosta, e também sabe da existência de uma câmera

hiperbárica à 80 km da comunidade (na Base Naval da Marinha do Brasil em Natal/RN),

para onde são levados os pescadores com sintomas mais graves.

Entre os riscos do descumprimento das regras formais vários pescadores

(41,5%) citaram os conflitos gerados com a agência ambiental responsável pelo

ordenamento desta pesca, o IBAMA-RN (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos

Renováveis). Além disto, alguns pescadores (36%) relataram a existência de conflitos com

outros pescadores-mergulhadores devido ao desrespeito à regra informal existente entre

eles que determina que um pescador não deve capturar lagostas da marambaia de outro.

Apesar dos desrespeitos às regras, a grande maioria dos pescadores concorda que

é necessário haver normas regulamentadoras para a pesca da lagosta (90%) e a maior

parte deles (87%), conhece as atuais leis vigentes. As normas mais citadas pelos

pescadores foram o período do defeso (75%), tamanho mínimo de captura (26%) e a

restrição à captura de fêmeas ovadas (17%). Embora a norma que cita o tamanho mínimo

de captura da lagosta tenha sido pouco citada, todos os pescadores entrevistados afirmam

que não se deve pescar a lagosta pequena ou juvenil (com até 11 cm), devido à

necessidade de respeito ao período de crescimento e reprodução.

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132

Discussão

Neste trabalho foram entrevistados os pescadores de lagosta da localidade onde

há 45 anos foi introduzido o mergulho com compressor para a pesca da lagosta. Os

resultados indicam que os pescadores locais têm pouca ou nenhuma instrução formal e

todos mergulham para pescar lagosta. Não há diferença na proporção de mergulho com

compressor ou de mergulho livre entre pescadores na mesma classe de idade, mas o uso

do compressor é mais frequente entre pescadores mais jovens (até 25 anos) e entre

barcos menores (<11 m). Este uso é crescente por classe de idade, mas diminui entre os

mais velhos. No entanto, não é possível afirmar se isto ocorre por prudência e

conhecimento aos riscos (legais e à saúde) ou se deriva delimitações físicas.

A baixa instrução entre os pescadores, marcadamente entre os mais jovens, repete

o panorama no Brasil, onde mais de 70% dos pescadores artesanais e industriais são

analfabetos funcionais (Vasconcelos et al, 2011; Alencar e Maia, 2011; Ramires et al.,

2012, Reis e D’incao, 2000). Esta condição limita a mobilidade econômica dos pescadores,

que continuam a praticar esta pescaria apesar das perdas na disponibilidade de recursos.

Neste caso, a pesca da lagosta pode ser o último recurso para os mais pobres (Béné, 2003)

e se transformou na última opção para os analfabetos.

Embora o mergulho com uso do compressor ocorra mais entre pescadores jovens,

atualmente existem poucos jovens nesta pesca e não há interesse dos pescadores em

ensinar a pratica aos mais novos ou da nova geração em ingressar nesta profissão. Ambas

as situações resultam da evidente depleção dos recursos, da ocorrência de conflitos de

ordenamento e dos riscos associados à estes conflitos (Trimble e Johnson, 2013; Silva-

Gonçalves e D’Incao 2016; Flexa, 2016). De fato, a captura da lagosta por mergulho com

uso do compressor é percebida pelos pescadores como um fator de risco legal e de risco

à saúde e vida do pescador, embora não seja clara entre eles a percepção da

sobrexploração causada por esta estratégia de pesca de lagosta.

No entanto, desde a década de 80 a captura e o tamanho dos indivíduos vem

diminuindo a cada ano em toda a costa nordeste do Brasil, indicando uma sobrepesca dos

estoques (Andrade, 2015; Giraldes e Smith, 2016; Vasconcelos et al., 2011). O auge da

produção de lagosta na região de estudo ocorreu por volta de 1967-1979 (Brasil, 2008),

antes do inicio da captura por mergulho na década de 70 (Oliveira et al., 1993). Hoje, a

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menor disponibilidade de lagosta no ambiente marinho tem causado a perda de

importantes serviços ecossistêmicos de regulação visto que as lagostas exercem papel

fundamental nas interações predador-presa (Kintzing e Butler,2014; Coello et al., 2015;

Petit et al., 2015 , Briones-Fourzán et al., 2006). Além disto, o consumo de lagosta garante

serviços ecossistêmicos de provisão (como item alimentar) e serviços culturais (tradição

de pesca e da lagosta como um item do cardápio turístico da região).

Assim, a menor disponibilidade de lagosta e de pescadores interessados em

ensinar ou praticar esta pesca, afeta o suprimento de serviços ecossistêmicos causando

efeitos sociais (tais como a diminuição de empregos, perda da tradição de pesca e da

identidade turística local) e pode resultar no rápido desaparecimento desta atividade no

futuro, devido às perdas econômicas dos pescadores e ao longo da cadeia de valores bem

como aos riscos associados a atividade. Neste cenário, os efeitos ecológicos da depleção

da lagosta se estenderiam à outras espécies ampliando as perdas econômicas à outras

cadeias de produção. Este contudo, é um efeito despercebido pelo pescadores e pelos

gestores mas que vem se concretizando gradualmente sob o prenúncio dos recursos

marinhos mal geridos na região.

Efeito da depleção da pesca da lagosta sobre outros recursos marinhos

Além dos efeitos ecológicos, econômicos e sociais que a diminuição na

disponibilidade da lagosta traz para a pesca deste recurso, sua depleção pode acarretar

um aumento da pressão de exploração sobre outros estoques. De fato, a maioria dos

pescadores-mergulhadores entrevistados informou que durante a proibição da pesca da

lagosta (dezembro a maio) migra para ao menos duas outras pescarias: a pesca do polvo

ou a pesca do budião.

A pesca de polvo é uma atividade exclusivamente artesanal, praticada em áreas de

pouca profundidade e águas quentes (Leite et al., 2008b, Lima et al., 2014). Embora dados

recentes indiquem um alto potencial econômico desta pescaria, o cenário institucional

que envolve esta atividade econômica, sugere que são altos também os riscos para o bem

estar econômico e social dos cerca de 200 pescadores de polvo que atuam nesta atividade,

bem como, para os agentes envolvidos em toda a cadeia de produção, serviços e

distribuição que dependem deste recurso ainda pouco estudado e não manejado

(Andrade, em prep.). Contudo, os pescadores de lagosta atualmente ganham com a pesca

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do polvo (USD 315.00/mês) mais que os ganhos com a venda da lagosta juvenil (USD

210.00/mês). É pouco provável, no entanto, que isto leve à diminuição da captura de

lagosta juvenil, mas, outrossim, pode num futuro próximo impulsionar uma pressão de

pesca ainda maior sobre os estoques de polvo.

A migração dos pescadores de lagosta para pesca do budião em especial os budiões

azuis - Scarus trispinosus em recifes locais durante a proibição da pesca da lagosta foi

recentemente reportada (ver Roos et al. 2015; Roos et al., 2016). Os budiões são

classificados como ameaçados (ou vulneráveis) na lista da IUCN (União Internacional para

Conservação da Natureza; Padovani-Ferreira et al., 2012a; 2012b; 2012c) e na Lista

Vermelha de Espécies Ameaçadas do Brasil (Portaria nº 445 de 17 de dezembro de 2014;

ICMBIO, 2016). Estas espécies, ainda pouco estudadas biológica e economicamente, têm

ocorrência restrita, maturação tardia e crescimento lento, o que as torna suscetíveis e

resultou em sua rápida sobrepesca em outras áreas da costa do Brasil (Francini_Filho,

2008; Previero, 2014). Os efeitos da pesca sobre estas espécies de alto valor ecológico e

grande potencial turístico, ainda não são completamente entendidos e estão em estudo.

Hoje não se conhece o contingente de pescadores de lagosta que migram para a pesca de

budiões, um recurso vulnerável e/ou ameaçado e até então não manejado (Roos et al,

2015; Roos et al. 2016).

A pesca do polvo foi regulamentada recentemente (Instrução normativa

interministerial No. 10, de 10 de junho de 2011 do Ministério da pesca e Aquicultura),

embora continue na prática sem normas estabelecidas ou monitoramento, ao passo que o

ordenamento à pesca do budião segue em disputa judicial após nova liminar em setembro

de 2016 (Ross et al. 2016) e pouco se conhece da atividade que segue sem ordenamento.

Por outro lado, a pesca da lagosta que é a mais regulamentada, tem sido também a mais

ilegal, conflituosa e arriscada. The current scenario of non-compliance, illegality, conflicts,

health risks and resource depletion may be steering the direction of lobster fishery to its

fading.

Cenário atual e future: Levando a pesca da lagosta até o final?

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Pescarias ilegais, não reportadas e não regulamentadas estão associadas aos

recursos de alto valor (como peixes demersais, camarões e lagostas) e de ordenamento

frágil (Le Gallic e Cox, 2006; Agnew et al. 2009). No Brasil o uso e a fiscalização dos

recursos pesqueiros falham por inabilidade do governo para monitorar os recursos e

partilhar decisões entre usuários (Kalikoski et al., 2009).

Assim, na pesca da lagosta o descumprimento às normas estabelecidas é agravado por

divergências na lei. Por exemplo em 2007 Ministério da Pesca baniu o uso de recifes

artificiais (marambaias), proibiu equipamentos (como rede de espera do tipo caçoeira e

compressores de ar) e indenizou proprietários destes aparelhos (Cavalcante et al., 2011;

IBAMA, 2008), mas o Ministério do Trabalho reconhece desde 2002 o mergulho para

captura de lagosta com o uso de mangueiras ou compressor de ar

(http://www.mtecbo.gov.br/cbosite). Incongruências como esta, estimulam os

pescadores a não seguirem e os conflitos com os órgãos gestores. Existem ainda disputas

pelo recurso ou por território entre os pescadores e que aumentam o comportamento de

falta de ordenamento (Saavedra-Díaz et al., 2015, Saavedra-Díaz et al., 2016). A depleção

nos estoques aumenta estes conflitos, que com frequência resultam em envolvimento

policial ou agressões entre os envolvidos (Ferreira et al., 2002; Brasil, 2011).

A captura de lagostas por mergulho tem aumentado ainda a incidência da doença da

descompressão entre os pescadores (Ferreira et al., 2003) ou porque os pescadores não

conhecem as técnicas de imersão ou porque desrespeitam os procedimentos de

descompressão ao fim dos mergulhos (Huchim-Lara, et al.,2015; Santos Cavalcante et. al.,

2015). As regiões do corpo mais afetadas são articulações e a patologia mais frequente é

doença da descompressão tipo II, que pode causar paraplegia e tetraplegia (Eriksson et.

al., 2012; Huchim-Lara, 2016).

As implicações de tal cenário podem ser o rápido fim desta pescaria no próximo futur

As implicações de tal cenário podem ser o acelerado fim desta pescaria no futuro próximo.

Caso se mantenha a tendência atual de sobrepesca do estoque de lagostas, os resultados

até aqui nos indicam que os altos riscos legais (descumprimento), econômicos (menor

renda ao longo do tempo) e à saúde do pescador, aliados a atual sobreexploração tendem

a diluir esta pescaria, finalizando esta atividade . Além dos efeitos econômicos e sociais

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desse destino para os pescadores de lagosta (perda de renda, ocupação e tradição de

pesca) e os prováveis efeitos ecológicos do estoque de lagosta (menor pressão pesqueira

e talvez estocagem), outras espécies sofrerão o impacto negativo do colapso da pesca da

lagosta, marcadamente polvo e o budião. Conseqüentemente outros peixes e redes

econômicas serão ameaçados e é provável que a pesca marinha local mergulhe em um

ciclo de crescente colheita, esgotamento e colapso devido à incapacidade de gestão de

pescadores de lagosta-mergulhadores e governo, mas em geral, devido ao fracasso dos

tomadores de decisão em conservar os recursos marinhos para garantir a

sustentabilidade económica eo bem-estar humano

Agradecimentos: Aos pescadores de lagosta da localidade de Rio do Fogo, que

gentilmente participaram das entrevistas e ao Presidente da Colônia de Pescadores Z-53,

Sr. M.L. Ferreira pelas informações disponibilizadas.

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