universidade federal do rio grande do norte centro …2016.… · de células granulares, o mixoma...

51
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA WENYA KAYSE DUARTE DE MEDEIROS ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DE TUMORES ODONTOGÊNICOS NO PERÍODO DE 1996 A 2015. NATAL/RN 2016

Upload: others

Post on 19-Oct-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA

WENYA KAYSE DUARTE DE MEDEIROS

ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DE TUMORES ODONTOGÊNICOS NO PERÍODO

DE 1996 A 2015.

NATAL/RN

2016

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

2

WENYA KAYSE DUARTE DE MEDEIROS

ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DE TUMORES ODONTOGÊNICOS NO PERÍODO DE

1996 A 2015.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência para a obtenção do título de Cirurgião-Dentista à Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Orientador: Profa Dra. Lélia Batista de Souza.

NATAL/RN

2016

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

3

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

4

WENYA KAYSE DUARTE DE MEDEIROS

ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DE TUMORES ODONTOGÊNICOS NO PERÍODO DE

1996 A 2015.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência para a obtenção do título de Cirurgião-Dentista ao Departamento de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sob orientação da Professora Dra. Lélia Batista de Souza.

Aprovado em / /

BANCA EXAMINADORA

Profa. Dra. Lélia Batista de Souza.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Orientadora

Prof. Dr. Leão Pereira Pinto.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Membro Interno

Prof. Dr. Pedro Paulo de Andrade Santos.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Membro Interno

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

5

À Deus, por permitir a

realização deste sonho. À

minha família, meu porto

seguro e maior riqueza.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

6

AGRADECIMENTOS

À Deus, meu refúgio e fortaleza em todos os momentos da minha vida,

especialmente naqueles em que eu pensei que não fosse conseguir.

Aos meus pais, Isis Duarte e Tadeu Solon, os maiores responsáveis pela minha

formação e os maiores incentivadores da busca pela realização dos meus sonhos. Se

consegui chegar até aqui e posso me orgulhar do que faço e sou, devo tudo isso a

vocês.

Às minhas irmãs, Warlenya Duarte e Werlanya Duarte, por sempre estarem ao

meu lado e com quem eu pude contar nos momentos de aflição. Minha vida sem vocês

não teria sentido.

À Profa. Dra. Erika Janine, pela oportunidade de entrada na Iniciação Científica

na área de Patologia Oral.

À minha querida orientadora Profa. Dra. Lélia Batista de Souza, pela paciência,

disposição e ensinamentos durante toda realização deste trabalho e minha trajetória

na Iniciação Científica na área de Patologia Oral.

Ao doutorando Marcelo Nascimento, pelo apoio e incentivo à realização deste

trabalho.

Ao funcionário do Departamento de Patologia, Ricardo Kleiber pela ajuda inicial

na coleta dos dados.

Aos meus amigos de curso, nas pessoas de Fernanda Lithielly, Thaís Teixeira,

Brenda Nunes, Lucemário Macedo, Helenilton Soares e minha dupla, Amanda

Hellyne, companheiros do dia a dia e a quem eu pude compartilhar alegrias e tristezas

durante esses 4 anos de trajetória acadêmica.

À Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em especial, ao Departamento

de Odontologia, por possibilitar a minha formação acadêmica e conclusão de mais

uma etapa importante da minha vida.

Finalmente, agradeço a todos, que de alguma forma, contribuíram para a

realização deste trabalho.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

7

“Nunca deixe que alguém te diga que

não pode fazer algo. Nem mesmo eu. Se

você tem um sonho, tem que protegê-lo.

As pessoas que não podem fazer por si

mesmas, dirão que você não consegue.

Se quer alguma coisa, vá e lute por ela.

Ponto final. ”

À procura da felicidade

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

8

RESUMO

Os tumores odontogênicos são entidades importantes por apresentar as mais diversas

características clínico/radiográficas, histopatológicas e comportamentos biológicos.

São considerados neoplasmas incomuns de maxila e mandíbula, difíceis de

diagnosticar e que apresentam terapêutica desafiadora. Este trabalho tem como

objetivo determinar o perfil epidemiológico dos diversos tipos de tumores

odontogênicos diagnosticados e registrados no Serviço de Anatomia Patológica da

disciplina de Patologia Oral do Departamento de Odontologia da UFRN no período de

20 anos (1996-2015) para posterior comparação com outros estudos realizados em

serviços de Patologia Oral. Foram encontrados 203 casos de tumores odontogênicos

no período anteriormente citado, dos quais o odontoma foi a lesão mais comum

correspondendo a 41,8% da amostra, seguido do ameloblastoma (38%). Mais de 50%

dos casos ocorreram no sexo feminino, enquanto que o masculino foi acometido em

42,4% dos casos. Com relação à localização anatômica, a mandíbula foi a mais

afetada (60%), quando comparada à maxila (35,5%). A respeito da distribuição da

idade foram observados picos de incidência na segunda e terceira décadas de vida.

Concluiu-se que há diferenças com relação ao tipo, frequência, sexo, localização

anatômica e idade entre as populações no Brasil e no mundo, indicando que algumas

variações podem estar relacionadas às diferenças geográficas, levando também em

consideração os fatores genéticos e socioeconômicos. Diante disso, acredita-se que

o estudo em questão é de suma relevância para a clínica odontológica, tendo em vista

de que quanto mais bem informado estiver o cirurgião dentista, maiores serão as

possibilidades de um diagnóstico correto, bem como tratamento precoce e adequado.

Palavras-chave: Tumores odontogênicos. Epidemiologia. Neoplasias

Maxilomandibulares.

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

9

ABSTRACT

Odontogenic tumors are important entities because they present the most diverse

clinical / radiographic, histopathological and biological characteristics. They are

considered uncommon neoplasms of the maxilla and jaw, difficult to diagnose and that

present / display defiant therapy. This study aims to determine the epidemiological

profile of the different types of odontogenic tumors diagnosed and registered in the

Service of Pathological Anatomy of the Oral Pathology - Department of Dentistry of

UFRN in the period of 20 years (1996-2015) for later comparison with other studies

performed in pathology services Oral. A total of 203 cases of odontogenic tumors were

found in the aforementioned period, of which the odontoma was the most common

lesion corresponding to 41.8% of the sample, followed by ameloblastoma (38%). More

than 50% of the cases occurred in the female sex, while the male was affected in

42.4% of the cases. Regarding the anatomical location, the mandible was the most

affected (60%), when compared to the maxilla (35.5%). Regarding the age distribution,

peak incidence was observed in the second and third decades of life. It was concluded

that there are differences regarding the type, frequency, sex, anatomical location and

age among populations in Brazil and in the world, indicating that some variations may

be related to geographical differences, also taking into account genetic and

socioeconomic factors. In view of this, it is believed that the study in question is of great

relevance for the dental clinic, considering that the more knowledgeable the dental

surgeon is, the greater the chances of a correct diagnosis, as well as early and

adequate treatment.

Keywords: Odontogenic tumors. Epidemiology. Neoplasms of the maxillomandibular

complex.

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

10

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Distribuição em dados absolutos e percentuais dos casos de tumores

odontogênicos quanto ao tipo histopatológico de tumor odontogênico.

Natal-RN, 2016................................................................................ 32

Tabela 2 Distribuição em dados absolutos e percentuais dos casos de tumores

odontogênicos quanto ao gênero. Natal-RN, 2016.......................... 33

Tabela 3 Distribuição em dados absolutos e percentuais dos casos de tumores

odontogênicos quanto à localização anatômica. Natal-RN, 2016.... 34

Tabela 4 Distribuição em dados absolutos dos casos de tumores odontogênicos

quanto à faixa etária. Natal-RN, 2016...............................................35

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

11

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 10

2 REVISÃO DE LITERATURA................................................................. 12

3 OBJETIVOS........................................................................................... 25

4 MATERIAIS E MÉTODOS..................................................................... 26

5 RESULTADOS...................................................................................... 27

6 DISCUSSÃO.......................................................................................... 33

7 CONCLUSÃO........................................................................................ 41

REFERÊNCIAS...................................................................................... 42

ANEXO.................................................................................................. 45

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

10

1 INTRODUÇÃO

Na região orofacial pode-se desenvolver neoplasias benignas e malignas

oriundas dos mais variados tecidos. Devido a sua autonomia, ou seja, capacidade de

não responder aos mecanismos de controle, bem como sua independência à

continuidade do estímulo, estes aspectos permitem que essas lesões exibam

comportamentos diferentes das reacionais. Dessa forma, processos proliferativos que

acometem as estruturas orofaciais constituem um campo interessante para estudo

(ROCHA; OLIVEIRA; SOUZA, 2006).

Os tumores odontogênicos são considerados lesões neoplásicas incomuns de

maxila e mandíbula, difíceis de diagnosticar e que apresentam terapêutica

desafiadora. São neoplasias que derivam dos tecidos epiteliais, ectomesenquimais ou

mesenquimais associados ao desenvolvimento dos elementos dentais. Algumas delas

são verdadeiras neoplasias as quais podem, raramente, exibem comportamento

maligno, enquanto outras podem se apresentar como malformações semelhantes a

tumor (hamartomas). Além disso, estudos têm mostrado que essas entidades

apresentam variações geográficas em sua distribuição e frequência (SANTOS et al.,

2001; AVELAR et al., 2008; NEVILLE et al., 2009).

Os tumores odontogênicos epiteliais são originados do epitélio odontogênico

não havendo a participação de ectomesênquima odontogênico. Vários tumores estão

envolvidos neste grupo, sendo o ameloblastoma o mais importante e o mais comum.

Quando há o envolvimento do epitélio odontogênico e de elementos do

ectomesênquima odontogênico são descritos como tumores odontogênicos mistos.

Estes, por sua vez, podem ou não apresentar a formação de tecido mineralizado

dentário. Alguns, ainda podem exibir diferentes respostas aos efeitos indutores por

parte do epitélio no mesênquima dando origem a variadas quantidades de esmalte e

dentina. Os odontomas são as entidades mais comuns deste grupo sendo

considerados como anomalias do desenvolvimento não neoplásicas, ao invés de

neoplasias verdadeiras. Além destes, ocorrem os tumores odontogênicos

ectomesenquimais os quais são compostos, principalmente, por elementos do

ectomesênquima estando neste grupo o fibroma odontogênico, o tumor odontogênico

de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al.,

2009).

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

11

Em meio a esse contexto evidencia-se a importância e responsabilidade do

cirurgião dentista em conhecer e diagnosticar não só essas lesões, mas qualquer

anormalidade presente nos tecidos orais e periorais o que torna o estudo de

levantamentos epidemiológicos imprescindíveis no âmbito da clínica odontológica.

Vários estudos de prevalência realizados no mundo mostraram diferenças com

relação à frequência dos tumores odontogênicos. No entanto, na América do Sul,

principalmente no Brasil, poucos relatos foram publicados na literatura tornando

escasso esse tipo de informação (SANTOS et al., 2001).

Portanto, este trabalho tem como objetivo determinar o perfil epidemiológico

deste variado grupo de lesões no período de 20 anos (1996-2015), bem como

comparar os resultados obtidos com os relatos na literatura. Nesse contexto, tem-se

o seguinte questionamento: Qual a prevalência dos tumores odontogênicos no

período compreendido entre 1996 e 2015?

Acredita-se que o estudo é de suma importância para o cenário da Odontologia

atual, visto que, diante dos resultados, podem-se obter respostas para algumas

perguntas ainda não respondidas acerca da frequência e incidência de alguns tumores

odontogênicos. Além disso, traçar os perfis epidemiológicos levará a obtenção de um

maior conhecimento acerca desses tumores, otimizando, assim, o seu diagnóstico e

tratamento.

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

12

2 REVISÃO DE LITERATURA

Sabe-se que entre as patologias que acometem a cavidade oral os tumores

odontogênicos aparecem como entidades importantes apresentando as mais diversas

características clínicas e histopatológicas.

Segundo Neville et al. (2009) consistem em lesões incomuns e que até mesmo

nos próprios laboratórios de patologia oral e maxilofacial especializados menos de 1%

de todas as amostras presentes são compostas por tumores odontogênicos. Estudos

epidemiológicos vêm sendo realizados com o objetivo de determinar, mais

precisamente, a ocorrência e comportamento dessas lesões na população (LAWALL,

2009).

Levantamentos epidemiológicos de patologias que acometem a cavidade oral

apresentam grande relevância para a prática odontológica, tendo em vista que é de

responsabilidade do cirurgião-dentista diagnosticar quaisquer anormalidades nos

tecidos bucais e peribucais, bem como proceder com o prognóstico e tratamento

adequados (DIAS NETO; MEDRADO; REIS, 2012).

Assim, alguns Serviços de Patologia de universidades públicas e privadas têm

buscado estudar a prevalência de lesões oriundas das biópsias realizadas em seus

ambulatórios e centros cirúrgicos, tornando possível traçar o perfil dos pacientes que

buscam os serviços especializados destas instituições (DIAS NETO; MEDRADO;

REIS, 2012).

Em estudo realizado por Santos et al. (2001), evidenciou-se que de um total de

127 casos de tumores odontogênicos diagnosticados histopatologicamente, as lesões

mais prevalentes foram os odontomas (50,4 %), seguida do ameloblastoma (30,7%).

Além disso, a prevalência desses tumores foi maior nas mulheres, na segunda e

terceira décadas de vida. A localização anatômica mais frequente foi a mandíbula e

casos de tumores malignos não foram encontrados.

Avelar et al. (2008), encontraram um total de 238 casos de tumores

odontogênicos, sendo o tumor odontogênico ceratocístico foi o de maior prevalência

(30%), seguido do ameloblastoma (23,7%). Para os autores, a inclusão dos tumores

odontogênicos ceratocísticos nos tumores odontogênicos dificultou a comparação

com outros estudos anteriormente publicados, tendo em vista que os mesmos não

utilizaram os mesmos critérios de classificação dos tumores odontogênicos.

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

13

Outro estudo de prevalência realizado no Brasil foi desenvolvido por Lawall

(2009) em que de um total de 43.657 casos, dos quais 504 (1,15%) foram de tumores

odontogênicos, encontrou 190 casos de odontoma (38%), seguido do ameloblastoma,

132 casos (24,4%) e mixoma, 43 casos (8,5%).

Souza (2014) realizou um estudo retrospectivo através dos prontuários de

biópsias do Setor de Cirurgia Bucal da Clínica Odontológica da Universidade Estadual

de Londrina (COU-UEL), no período de 2009 a 2013. Das 160 biópsias, 66 (41,2%)

estavam relacionadas a algum cisto ou tumor odontogênico. Entre os tumores

odontogênicos, foram diagnosticados ameloblastoma representando 12,1% da

amostra, odontoma (1,5%) e o tumor odontogênico ceratocístico (28,8%), sendo este

o de maior frequência.

Loyola et al. (2016), avaliaram a ocorrência de carcinomas ameloblásticos, no

Brasil, de casos registrados no Serviço de Patologia do Instituto Nacional do Câncer

brasileiro (n = 9), na Universidade de São Paulo (n = 3), na Universidade Federal de

Uberlândia (n = 2), na Universidade Federal de Minas Gerais (n = 2) e na Universidade

Federal da Bahia (n = 1), totalizando 17 casos.

Na Ásia, Şenel et al. (2012) avaliaram a prevalência de tumores odontogênicos

na Turquia a partir da análise do material proveniente dos Serviços de Patologia e

Cirurgia Maxilofacial da Faculdade de Odontologia e Medicina da Universidade

Técnica Karadeniz. Os autores contabilizaram 86 casos de tumores odontogênicos,

dos quais 36 eram odontomas (41,9%), 15 eram tumores odontogênicos

queratocísticos (17,4%), 11 ameloblastomas (12,7%) e 8 mixomas (9,3%). Os autores

se basearam na classificação da OMS (2005), incluindo em sua amostra casos de

tumor odontogênico ceratocístico.

Jing et al. (2007) em seu trabalho sobre a prevalência de tumores

odontogênicos na China, encontraram 1642 casos diagnosticados nos arquivos da

Faculdade de Estomatologia da Universidade de Sichuam, China Ocidental, no

período de 1952 a 2004. O ameloblastoma foi o tumor mais frequente (40,4%),

seguindo do tumor odontogênico ceratocístico (35,8%), odontoma (4,7%) e mixoma

odontogênico (4,6%). Os autores também levaram em consideração a classificação

da OMS (2005) para a seleção dos casos.

Os estudos de Saghravanian et al. (2010) e Varkhede, Tupkari e Sardar (2011)

também avaliaram a prevalência de tumores odontogênicos em países da Ásia

representados, respectivamente, por Irã e Índia.

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

14

Saghravanian et al. (2010), em seu estudo encontraram 165 casos de tumores

odontogênicos, dos quais 70 casos foram de ameloblastoma (42,4%), sendo a lesão

de maior frequência, seguida de 44 casos de odontomas (26,7%), 15 casos de

mixomas odontogênicos (9,1%) e 15 casos de tumores odontogênicos adenomatóides

(9,1%).

Varkhede, Tupkari e Sardar (2011) avaliaram a prevalência de tumores

odontogênicos na Índia, a partir dos registros do Departamento de patologia e

microbiologia do hospital e faculdade de odontologia do governo no período de 2001

a 2010. Foram encontrados 120 casos de tumores odontogênicos dos quais foram

revisados de acordo com a Classificação da OMS (2005). Os ameloblastomas foram

os tumores mais frequentes (49 casos – 40,83%), seguindo do tumor odontogênico

ceratocístico (45 casos – 37,5%), odontomas (14 casos – 11,66%) e tumor

odontogênico adenomatóide (7 casos – 5,8%).

Nalabolu et al. (2016) e Bansal et al. (2015) também realizaram seus estudos

na Índia. Em seu estudo, Nabalobu et al. (2016) utilizou registros dos arquivos do

Departamento de Patologia Oral da Instituição de ensino e pesquisa dentária no sul

da Índia no período de 2002 a 2014. Foram encontrados 161 casos de tumores

odontogênicos, dos quais o ameloblastoma foi o de maior frequência (79 casos –

49%), seguido do tumor odontogênico ceratocístico (53 casos – 32%).

Bansal et al. (2015) estudou a ocorrência de ameloblastomas em crianças e

adolescentes num período de 41 anos (1971 – 2011) no Departamento de Patologia

Oral da Faculdade de Odontologia do Hospital Nair, em um total de 256 casos de

ameloblastomas.

Na África também foram realizados estudos sobre tumores odontogênicos.

Simon et al. (2002) verificou a ocorrência de tumores odontogênicos na Tanzânia no

período de 1982 a 1997 em quatro centros de referência: Centro Médico Bugando,

Centro Médico Christian Kilimanjaro, Centro Médico Muhimbili e o Hospital de

Referência Mbeya. De todos os tumores orofaciais, apenas 12,1% corresponderam

aos tumores odontogênicos. O ameloblastoma apareceu como o de maior prevalência

(73,7%), seguido do mixoma odontogênico (10,3%).

Em 2010, Anyanechi e Saheeb avaliaram os dados de 156 casos admitidos no

Hospital Técnico da Universidade de Calabar, na Nigéria, entre 1996 e 2010. Os

autores também incluíram em seus estudos outras variáveis como classe sócio-

econômica, tipo de cirurgia e as queixas durante as revisões de acompanhamento.

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

15

Em 2015, Oginni et al. realizaram seus estudos em todos os departamentos de

cirurgia oral e maxilofacial (n=16) em um período de 4 anos (2009 – 2012). Foram

encontrados 622 casos, dos quais o de maior frequência foi o ameloblastoma (76,5%).

Em um estudo mais recente realizado por Goteti (2016), na Líbia, foram

diagnosticados 85 casos de tumores odontogênicos, dos quais 28,2% dos casos

foram constituídos por ameloblastomas, seguindo do tumor odontogênico

ceratocístico (25,8%) e odontomas (19,9%). Este autor, assim com os anteriormente

citados, utilizaram a classificação da OMS (2005) incluindo o tumor odontogênico

ceratocístico em sua amostra.

De acordo com as diversas classificações citadas na literatura especializada,

os tumores odontogênicos são divididos em tumores de epitélio odontogênico que são

compostos somente por epitélio odontogênico sem qualquer participação do

ectomesênquima; tumores odontogênicos mistos compostos por epitélio

odontogênico e por elementos do ectomesênquima e os tumores do ectomesênquima

odontogênico que são compostos por elementos do ectomesênquima (BARNES et al.,

2005; NEVILLE et al., 2009).

Desta forma, de acordo com Neville et al. (2009) os tumores odontogênicos são

classificados da seguinte forma:

1. Tumores de epitélio odontogênico

1.1 Ameloblastoma

1.1.1 Ameloblastoma maligno

1.1.2 Carcinoma ameloblástico

1.2 Tumor odontogênico adenomatóide

1.3 Carcinoma odontogênico de células claras

1.4 Tumor odontogênico epitelial calcificante

1.5 Tumor odontogênico escamoso

2. Tumores odontogênicos mistos

2.1 Odontoma composto

2.2 Odontoma complexo

2.3 Fibroma ameloblástico

2.4 Fibro-odontoma ameloblástico

2.5 Fibrossarcoma ameloblástico

2.6 Odontoameloblastoma

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

16

3. Tumores de ectomesênquima odontogênico

3.1 Fibroma odontogênico

3.2 Tumor odontogênico de células granulares

3.3 Mixoma odontogênico

3.4 Cementoblastoma

Com base na classificação acima serão apresentadas, a seguir, informações

consideradas importantes para o conhecimento dessas entidades.

1. Tumores do epitélio odontogênico

Este grupo é formado por diversos tumores distintivamente diferentes nos quais

o ameloblastoma é o mais importante e o mais comum.

1.1. Ameloblastoma

O ameloblastoma trata-se de uma neoplasia odontogênica benigna

localmente agressiva que corresponde a aproximadamente 10% de todos os tumores

que surgem no complexo maxilo-mandibular (MENDENHALL et al., 2007). Seu

comportamento biológico é responsável pelas altas taxas de recorrência local e

dependendo do tipo de cirurgia a qual será submetida, a recorrência varia de 15 a

25% após cirurgia radical e, de 75 a 90%, após tratamento cirúrgico conservador. Os

ameloblastomas podem ser classificados em: ameloblastoma sólido ou multicístico

(86% dos casos), ameloblastoma unicístico (13% dos casos) e ameloblastoma

periférico ou extra-ósseo (1% dos casos) (RAPIDIS et al., 2004; NEVILLE et al., 2009).

Ocorrem predominantemente na 4ª e 5ª décadas de vida embora a variação de

idade seja muito ampla, se estendendo desde a infância até a idade adulta tardia

(média de idade de aproximadamente 40 anos). Clinicamente, apresenta crescimento

lento, expansivo com capacidade de infiltração e invasão local (inclusive para tecidos

moles), o que o torna agressivo e com alto potencial de recidiva quando não tratado

de forma adequada (NEVILLE et al., 2009; OLIVATI et al., 2011). Apesar de sua

natureza benigna, vários casos de recidiva já foram documentados tendo, inclusive,

proliferação celular com transformação maligna, enfatizando seu potencial agressivo

(GOMES et al., 2006; FRANÇA et al., 2012). Suas variações malignas são o

ameloblastoma maligno e o carcinoma ameloblástico. Nestas, são encontradas

as mesmas características histológicas do ameloblastoma acrescentando, apenas,

para o carcinoma ameloblástico a atipia citonuclear, hipercromatismo nuclear e a

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

17

presença de mitoses atípicas. Devido a ausência de sintomatologia são descobertos

durante exames radiográficos de rotina o que explica a ocorrência tardia do

diagnóstico (MARTINEZ et al.,2007; DIAS, 2010).

O ameloblastoma multicístico, consiste na variante mais agressiva devido a

sua capacidade de se infiltrar nas trabéculas ósseas. Clinicamente, pode-se notar uma

tumefação não dolorosa, ou uma expansão dos ossos gnáticos que, na ausência de

tratamento, pode evoluir lentamente até atingir grandes proporções.

Radiograficamente, apresenta-se como uma imagem radiolúcida multilocular descrita,

em especial, com aspecto de “bolhas de sabão” ou “favos de mel”. A variante

unicística apresenta um comportamento biológico menos agressivo, acometendo

com maior frequência a região posterior de mandíbula e em pacientes jovens. Com

relação ao aspecto radiográfico, se apresenta como uma imagem radiolúcida

unilocular que circunda a coroa de um dente incluso, assemelhando-se a um cisto

dentígero. O ameloblastoma periférico se apresenta como uma lesão incomum,

compreendendo cerca de 1% dos ameloblastomas. É encontrado com maior

frequência nas mucosas gengival e alveolar sendo uma lesão pedunculada ou séssil,

não-ulcerada e indolor (GOMES et al., 2006; MARTINEZ et al., 2008; NEVILLE et al.,

2009).

Os ameloblastomas multicísticos são descritos, histologicamente em cinco

padrões: folicular, plexiforme, acantomatoso, de células granulares e de células

basais, sendo os tipos folicular e o plexiforme os mais comuns. No primeiro são

encontradas ilhotas epiteliais compostas por células colunares dispostas em paliçada

apresentando na porção central material mais frouxo lembrando o retículo estrelado

do órgão do esmalte, dispersas em um estroma conjuntivo de densidade variável. No

padrão plexiforme, são encontrados cordões longos de epitélio odontogênico que se

anastomosam e estão imersos em um estroma mixóide. O ameloblastoma unicístico

apresenta três variantes histopatológicas, a saber: luminal, intraluminal e mural. No

ameloblastoma periférico é observado um padrão histopatológico de ameloblastoma

intra-ósseo, caracterizando-se por uma proliferação epitelial que se apresenta como

qualquer um dos padrões já descritos para o ameloblastoma multicístico (MARTINS

et al., 2007; NEVILLE et al., 2009; DIAS et al., 2010).

A partir dos achados clínicos e radiográficos é dado um diagnóstico e elaborado

um plano de tratamento. Várias são as controvérsias existentes com relação ao

tratamento, podendo o mesmo ser conservador ou radical. Neste, há uma remoção

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

18

total da lesão, com margem de segurança. Naquele, tem-se a enucleação em que as

estruturas vitais são preservadas para posterior análise histopatológica; e a

curetagem, em que é removido qualquer remanescente de células epiteliais que

possam provocar recidivas (MARTINS et al., 2007; OLIVATI et al., 2011).

1.2. Tumor Odontogênico Adenomatóide

Outra entidade importante para o estudo em questão é o tumor odontogênico

adenomatóide (TOA). Trata-se de um tumor benigno originado de epitélio

odontogênico, não invasivo, de crescimento lento e pouco frequente acometendo

indivíduos de ampla faixa etária. No entanto, aproximadamente, 50 a 70% dos casos

ocorrem em jovens na faixa etária de 10 a 19 anos, apresentando uma predileção pelo

sexo feminino (2:1) e ocorrendo com maior frequência na maxila, sendo os caninos e

pré-molares, os dentes mais afetados (SILVA et al., 2004; HENRIQUES et al., 2009;

NEVILLE et al., 2009).

Radiograficamente, observa-se uma imagem radiolúcida circunscrita,

unilocular, envolvendo a coroa de um dente não erupcionado, sendo mais comum na

região de caninos, sendo difícil a diferenciação do cisto dentígero (NEVILLE et al.,

2009).

Microscopicamente, este tumor apresenta as células epiteliais organizadas

formando ninhos ou estruturas semelhantes a rosetas cujo interior pode apresentar-

se vazio ou com pequenas quantidades de material eosinofílico, além de um escasso

estroma de tecido conjuntivo. Estruturas semelhantes a ductos podem estar presentes

constituindo um aspecto característico do tumor. As células epiteliais podem ainda

formar arranjos complexos como cordões ou lençóis. Algumas vezes, podem ser

observados pontos de calcificações dispersos no tumor. Existe ainda, uma espessa

cápsula fibrosa envolvendo o tumor (NEVILLE et al., 2009).

Por se tratar de um tumor benigno, de comportamento não agressivo e com

baixa taxa de recidiva, o tratamento de eleição é o cirúrgico conservador por

enucleação ou curetagem (SILVA et al., 2004).

1.3. Carcinoma Odontogênico de Células Claras

O carcinoma odontogênico de células claras é uma neoplasia cuja etiologia

é desconhecida. No entanto, acredita-se que tenha origem odontogênica devido a

localização e aspecto histológico. Neste, são descritos três padrões histopatológicos.

O padrão bifásico é o mais comum e se caracteriza por um misto de células epiteliais

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

19

de citoplasma claro e outras, eosinofílicos. No padrão monofásico há apenas células

claras organizadas em ninhos e cordões. No terceiro padrão, as células estão

organizadas em paliçada. Trata-se de uma lesão localmente agressiva e que

apresenta uma grande capacidade de perfuração óssea estendendo-se para os

tecidos moles (NEVILLE et al., 2009; REGEZI; SCIUBBA; JORDAN, 2012).

1.4. Tumor Odontogênico Epitelial Calcificante

O tumor odontogênico epitelial calcificante trata-se de uma lesão que

apresenta um potencial agressivo, sendo também conhecido como tumor de Pindborg.

Acomete pacientes com idade média de 40 anos sendo a mandíbula duas vezes mais

afetada do que a maxila (REGEZI; SCIUBBA; JORDAN, 2012).

Radiograficamente, apresenta-se como uma lesão radiolúcida uni ou

multilocular frequentemente associada a dentes impactados. A lesão pode

apresentar-se completamente radiolúcido ou com focos opacos de calcificação

(REGEZI; SCIUBBA; JORDAN, 2012).

Quanto aos aspectos histopatológicos, evidencia-se a proliferação de células

epiteliais poligonais, organizadas em ilhotas ou lençóis, cujos núcleos podem

apresentar considerável variação de tamanho e forma. Estão imersas em um estroma

abundante e eosinofílico. São características histopatológicas deste tumor a presença

de material eosinofílico denominado pseudoamilóide e a presença de calcificações

concêntricas formando os Anéis de Liesegang. Com relação ao tratamento, acredita-

se que a ressecção local conservadora com inclusão de uma fina faixa de osso

circundante parece ser o tratamento de escolha, embora as lesões localizadas na

região posterior da maxila exijam um tratamento mais agressivo (NEVILLE et al.,

2009).

1.5. Tumor Odontogênico Escamoso

O tumor odontogênico escamoso tem sua origem relacionada aos

remanescentes da lâmina dentária (restos de Serres) ou restos epiteliais de Malassez.

Ao exame radiográfico evidencia-se lesão radiolúcida unilocular, bem circunscrita, de

forma triangular ou semilunar associada à região cervical das raízes dos dentes

(NEVILLE et al., 2009).

Microscopicamente, caracteriza-se pela presença de ilhas de epitélio

escamoso não ceratinizado e bem diferenciado em meio a um estroma de tecido

conjuntivo fibroso maduro. Não apresenta células atípicas e não tem capacidade de

invadir tecido ósseo tendo, portanto, como tratamento de escolha a curetagem ou a

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

20

excisão cirúrgica (REGEZI; SCIUBBA; JORDAN, 2012; SANTOS; CUSTÓDIO; ASSIS

et al., 2014).

2. Tumores odontogênicos mistos

Neste grupo de tumores odontogênicos evidencia-se tanto a presença do

epitélio quanto do ectomesênquima, o que explica a sua natureza mista.

2.1. Odontomas

Entre os tumores odontogênicos mistos, os mais frequentes são os

odontomas. São considerados hamartomas (anomalias de desenvolvimento) ao

invés de neoplasias. São compostos por vários tecidos dentários como esmalte,

dentina, cemento e polpa. Podem ser classificados em compostos quando se

apresentam com o aspecto de estruturas pequenas semelhantes a dentes e

complexo, quando formam uma massa conglomerada de esmalte e dentina sem

semelhança anatômica com o dente (CÉ et al., 2009; NELSON; THOMPSON, 2010;).

São tumores que ocorrem mais frequentemente em maxila em relação à

mandíbula e apesar de serem encontrados em qualquer sítio, os odontomas

compostos são mais frequentemente observados em maxila anterior, enquanto que o

complexo é visto mais comumente em região de molares de qualquer um dos ossos

gnáticos. Apesar de sua etiopatogenia ter sido objeto de investigação, acredita-se que

sua causa esteja relacionada a traumas, infecções ou pressão causando modificações

no mecanismo genético e responsável pelo desenvolvimento dentário em decorrência

da mutação de um ou mais genes. Além disso, não há predileção por gênero e são

encontrados com maior frequência em crianças e adolescentes (durante as primeiras

décadas de vida). São geralmente assintomáticos podendo ser a causa de impactação

dental, sendo diagnosticados em exames radiográficos de rotina (FREITAS et al.,

2009; NEVILLE et al., 2009).

Nos exames radiográficos, observam-se para os odontomas compostos,

numerosas estruturas semelhantes a dentes envoltos por uma delgada zona

radiolúcida. Já os odontomas complexos são observados como um aumento de

volume calcificado envolto, também, por uma delgada margem radiolúcida.

Histologicamente, o odontoma composto caracteriza-se por formações que se

assemelham a pequenos dentes unirradiculares em meio a uma matriz fibrosa frouxa.

Já os odontomas complexos constituem-se de grande quantidade de dentina tubular

madura que envolve fendas ou estruturas ocas circulares. Estas, por sua vez,

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

21

costumavam conter o esmalte maduro que foi removido durante o processo de

descalcificação (CÉ et al., 2009; NEVILLE et al., 2009).

A seguir serão abordados os tumores mistos menos comuns, mas não menos

importantes no âmbito da clínica odontológica.

2.2. Fibroma Ameloblástico e Fibrossarcoma ameloblástico

O fibroma ameloblástico é considerado como um verdadeiro tumor misto, pois

tanto o tecido epitelial quanto o ectomesenquimal são neoplásicos. Trata-se de um

tumor benigno que tem preferência por pacientes jovens (na primeira e segunda

décadas de vida). Além disso, tem predileção pela região posterior da mandíbula

acometendo mais homens do que mulheres (NEVILLE et al., 2009).

Radiograficamente, apresenta-se como uma lesão radiolúcida, uni ou

multilocular, bem definida e com um halo mais opaco podendo, ainda, estar associado

a um dente impactado. Microscopicamente, apresenta tecido mesenquimal composto

por células que lembra a papila dentária primitiva em meio a um epitélio odontogênico

em proliferação. A lesão é tratada através de procedimento cirúrgico conservador,

como a curetagem e a excisão (REGEZI; SCIUBBA; JORDAN, 2012).

Neste contexto, surge o fibrossarcoma ameloblástico que é tido como a

contraparte maligna do fibroma ameloblástico. Nela, a parte mesenquimal mostra

características de malignidade (presença de células hipercromáticas e atípicas),

enquanto que o componente epitelial permanece benigno (NEVILLE et al., 2009).

2.3. Fibro-odontoma ameloblástico

O fibro-odontoma ameloblástico tem um comportamento interessante, pois

apresenta tanto características do fibroma quanto do odontoma. É usualmente

encontrado em crianças, geralmente na primeira década de vida (idade média de 10

anos), não apresentando predileção por gênero ou raça sendo percebido pelo

crescimento regional lento, expansivo e assintomático. Por ser raro só é diagnosticado

após radiografias panorâmicas de rotina quando se quer investigar o porquê de um

dente não ter erupcionado. Acomete com maior frequência a região posterior dos

ossos gnáticos (PRADO et al., 2009).

Ao exame radiográfico, evidencia-se uma lesão radiolúcida, bem delimitada,

contendo uma quantidade variável de material radiopaco. Este, por sua vez, dentro da

lesão pode se apresentar com múltiplas radiopacidades pequenas. Na maioria dos

casos, pode estar associado a coroa ou ao próprio dente não erupcionado.

Microscopicamente, o componente de tecido mole é idêntico ao fibroma ameloblástico

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

22

e apresenta cordões delgados e pequenas ilhas de epitélio odontogênico imersos em

um tecido conjuntivo frouxo que lembra a papila dentária. Os elementos calcificados

constituem em focos de matriz de dentina e esmalte em formação em íntimo contato

com as estruturas epiteliais. O tratamento se dá através da curetagem conservadora

com fácil destacamento da lesão da estrutura óssea (NEVILLE et al., 2009).

2.4. Odontoameloblastoma

Em meio aos tumores odontogênicos mistos o odontoameloblastoma é

extremamente raro, sendo relatados menos de 20 casos na literatura. Assim, devido

a escassez de casos documentados há pouca informação confiável disponível.

Acomete, preferencialmente, pacientes jovens e tanto a maxila quanto a mandíbula

são afetadas. Radiograficamente, apresenta uma imagem radiolúcida multilocular,

bem definida e com áreas radiopacas semelhantes ao tecido maduro dentário. Quanto

aos achados histopatológicos são observadas células epiteliais odontogênicas

organizadas em ilhas semelhantes ao ameloblastoma, envoltas pelo componente

mesenquimal e também por esmalte, dentina e cemento em diversos níveis de

maturidade (NEVILLE et al., 2009; SANTOS; CUSTÓDIO; ASSIS, 2014).

3. Tumores de ectomesênquima odontogênico

3.1. Fibroma odontogênico

O fibroma odontogênico central trata-se de um tumor odontogênico benigno,

raro, derivado do ectomesênquima dentário e que acomete diversas faixas etárias.

Além disso, pode ser encontrado, igualmente, tanto em maxila quanto em mandíbula.

Radiograficamente, observa-se uma imagem radiolúcida unilocular com margens bem

definidas podendo ser confundidas com lesões de origem endodôntica (SANTOS;

CUSTÓDIO; ASSIS et al, 2014).

Histologicamente, dois padrões são descritos. No tipo simples ou tipo pobre em

epitélio, observa-se uma massa de tecido fibroso maduro com restos epiteliais em

pequena quantidade. Já no tipo complexo (ou tipo Organização Mundial de Saúde),

observa-se um tecido conjuntivo maduro rico em epitélio odontogênico com depósitos

calcificados que se considera ser dentina ou cemento. O tratamento consiste na

enucleação, sendo as recidivas incomuns (REGEZI; SCIUBBA; JORDAN, 2012).

Existe, ainda, o fibroma odontogênico periférico que é tido como um fibroma

odontogênico de tecidos moles. É uma lesão em que se observa um aumento de

volume gengival, de crescimento lento e séssil, envolta por uma mucosa

aparentemente normal podendo ou não levar a um deslocamento dentário.

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

23

Histopatologicamente, observa-se tecido conjuntivo fibroso celularizado que pode

estar acompanhado de tecido conjuntivo mixóide pouco celularizado. Em meio ao

conjuntivo são encontradas ilhas ou cordões de epitélio odontogênico. Podem ser

observadas também dentina displásica, calcificações amorfas semelhantes a

cemento, bem como trabéculas de osteóide. O tratamento consiste na excisão

cirúrgica local (NEVILLE et al., 2009).

3.2. Tumor Odontogênico de Células Granulares

Outra lesão a ser considerada é o tumor odontogênico de células granulares

apresentando-se, preferencialmente, em adultos com idade de 40 anos ou mais. É

mais comum em mulheres, sendo mais frequente na mandíbula em região de molares

e pré-molares. Radiograficamente, apresenta-se como uma imagem radiolúcida bem

definida, uni ou multilocular, com focos de calcificações. Microscopicamente, são

observadas células mesenquimais granulares eosinofílicas onde, entre elas, podem

estar presentes cordões delgados ou pequenas ilhas de epitélio odontogênico. Áreas

de calcificações foram encontradas em algumas lesões. Quanto ao tratamento

preconiza-se a curetagem e enucleação (NEVILLE et al., 2009; CARVALHO et al.,

2010).

3.3. Mixoma

No curso das neoplasias benignas, os mixomas correspondem apenas a 3 a

9% de todos os tumores odontogênicos. Assemelham-se, microscopicamente a polpa

dentária ou folículo dentário. Acometem, preferencialmente, pacientes entre a

segunda e quarta décadas de vida, tendo predileção pelo sexo feminino e pela

mandíbula em comparação à maxila. Vale ressaltar que a sintomatologia dolorosa

está associada às lesões maiores, já que estas estão, frequentemente, associadas à

expansão do osso afetado. Radiograficamente, apresenta-se como uma imagem

radiolúcida uni ou multilocular que pode levar ao deslocamento ou reabsorção dos

dentes envolvidos (NEVILLE et al., 2009).

Histologicamente, o tumor é formado por células que se apresentam em

formato estrelado, fusiforme ou arredondado, imersos em um estroma abundante,

frouxo e mixóide, apresentando algumas fibrilas colágenas. Quanto ao tratamento,

variam desde a curetagem à ressecção em bloco, com margens de segurança amplas.

As recidivas apresentam-se em torno dos 25 % dos casos, decorrentes,

principalmente, da infiltração local (NEVILLE et al., 2009; NONAKA et al., 2010;

REGEZI; SCIUBBA; JORDAN, 2012).

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

24

3.4. Cementoblastoma

O cementoblastoma representa uma neoplasia frequentemente encontrada

em pré-molares e molares de mandíbula estando associada às raízes de um dente

vital. Ocorre, predominantemente na segunda e terceira décadas de vida, exibindo,

radiograficamente, uma imagem radiopaca fundida a um ou mais dentes, circundados

por um fino halo radiolúcido (NEVILLE et al., 2009).

Microscopicamente, apresenta-se como uma massa densa de material

mineralizado que se assemelha ao cemento com numerosas linhas de reversão. Além

disso, é observado um tecido conjuntivo interposto vascularizado e com

cementoblastos. O tratamento consiste na exodontia do elemento dentário juntamente

com o aumento de volume calcificado, podendo ser considerado, ainda, a excisão

cirúrgica da lesão com amputação da raiz seguida de tratamento endodôntico

(NEVILLE et al., 2009; REGEZI; SCIUBBA; JORDAN, 2012).

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

25

3 OBJETIVO

O presente estudo teve por objetivo analisar os casos de tumores

odontogênicos diagnosticados entre 1996 e 2015 no Serviço de Anatomia Patológica

da disciplina de Patologia Oral do Departamento de Odontologia da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, levando em consideração o tipo histopatológico,

gênero e faixa etária dos pacientes além da localização anatômica sede do tumor a

fim de estabelecer a frequência com que ocorre estes tumores e comparar os dados

obtidos com os resultados de estudos anteriormente publicados de outros serviços de

Patologia Oral.

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

26

4 MATERIAIS E MÉTODOS

Foi realizado um estudo seccional, com abordagem quantitativa, a fim de

avaliar a prevalência dos diversos tipos de tumores odontogênicos diagnosticados e

registrados no Serviço de Anatomia Patológica da disciplina de Patologia Oral da

UFRN estabelecendo comparação com outros estudos realizados em serviços de

Patologia Oral não apenas no Brasil, mas em outras regiões geográficas.

A coleta de dados foi realizada nos arquivos do Serviço de Anatomia Patológica

da Disciplina de Patologia Oral do Departamento de Odontologia da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte.

A população objeto de estudo foi composta por todos os casos diagnosticados

e registrados em prontuários, no período de 1996 a 2015 no serviço acima

mencionado, sendo a amostra constituída por todos os casos de tumores

odontogênicos diagnosticados no período anteriormente descrito.

Como critério de inclusão para a participação na pesquisa definiu-se os casos

diagnosticados histopatologicamente como tumores odontogênicos no período de

1996 a 2015 no Serviço de Anatomia Patológica da disciplina de Patologia Oral do

Departamento de Odontologia da UFRN. Logo, foram excluídos os casos que não se

enquadraram como tumores odontogênicos ou que estavam fora do período

selecionado (1996 a 2015).

O estudo foi realizado em quatro etapas distintas. Na primeira etapa foram

selecionados os casos diagnosticados histopatologicamente como tumores

odontogênicos com posterior registro em uma ficha de levantamento de dados

(ANEXO A). Na segunda etapa foi realizada a análise dos prontuários dos pacientes

na busca de informações quanto ao tipo de tumor, localização anatômica (maxila/

mandíbula), bem como a idade e sexo dos pacientes constando em outra ficha

específica para tal fim (ANEXO A). Na terceira etapa, as informações coletadas foram

separadas de acordo com cada tipo de tumor, seguido de registro em fichas

específicas (ANEXO B, C e D) e, na quarta, foram feitas a análise e interpretação dos

dados obtidos para posterior comparação com a literatura especializada sendo os

dados coletados apresentados através de tabelas.

Esta pesquisa foi avaliada e aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da

UFRN conforme CAAE n° 54296816.1.0000.5537 e o parecer n° 416/12.

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

27

5 RESULTADOS

Do total de 9693 lesões registradas no Serviço de Patologia Oral do

Departamento de Odontologia da UFRN no período de 1996-2015, foram encontrados

203 casos de tumores odontogênicos. A lesão mais frequente foi o odontoma, seguido

do ameloblastoma, mixoma odontogênico, tumor odontogênico adenomatóide,

cementoblastoma (tabela 1). Mais de 50% de todos os tumores ocorreram no sexo

feminino, enquanto que 42,4% foram no sexo masculino (tabela 2). Quanto à faixa

etária, o pico de incidência foi entre a segunda e terceira décadas de vida (tabela 4).

Quanto à localização anatômica, em geral, tem-se a mandíbula como sítio mais

afetado correspondendo à 60% dos casos (n=122), enquanto que a maxila foi afetada

em 35,5% dos casos (n=72) (tabela 3).

Dos 203 casos de tumores odontogênicos, 85 foram diagnosticados como

odontomas, sendo esta a lesão de maior incidência (41,8%). Destes, 57,6% ocorreram

em mulheres e 42,3% em homens. O sítio anatômico mais afetado foi a maxila

(54,1%), em sua maioria na região anterior (38,8%). As segundas e terceiras décadas

de vida foram as mais acometidas, correspondendo, respetivamente, a 37 e 23 casos.

Foram verificados 77 casos de ameloblastoma, sendo a segunda lesão mais

frequente correspondendo a 38% de todos os casos. Os casos ocorreram com maior

frequência em mulheres (54,5%) comparada aos homens (45,4%), sendo a mandíbula

o sítio mais afetado (87%), principalmente em região posterior (46,7%) e ântero-

posterior (23,4%). Com relação à faixa etária, a segunda e terceira décadas de vida

foram as mais afetadas, sendo representadas, respectivamente, por 16 e 17 casos.

O mixoma odontogênico foi a terceira lesão mais acometida correspondendo a

17 casos (8,37%), em que o sexo feminino foi o mais acometido (58,8%) se

comparado ao masculino (41,2%). A região mais acometida foi a mandíbula (53%) em

sua região posterior (47%). Os pacientes com faixa etária 21-30 foram os mais

acometidos (7 casos).

Foram observados 8 casos de tumores odontogênicos adenomatóides

correspondendo a 4% de todos os casos, dos quais 7 (87,5%) ocorreram no sexo

feminino e 1 (12,5%) no sexo masculino. A região anterior da maxila foi a mais

acometida, correspondendo a 5 casos (62,5%), sendo 1 caso (12,5%) ocorrendo em

região posterior de mandíbula. A faixa etária mais acometida foi entre 11-20 anos (6

casos).

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

28

O cementoblastoma foi observado em 5 casos dentre todas as lesões,

constituindo 2,5% da amostra, sendo que 4 casos (80%) ocorreram em mulheres. A

mandíbula foi a região anatômica mais afetada (3 casos) em comparação à maxila (2

casos). A segunda década de vida foi a mais acometida (2 casos).

O tumor odontogênico epitelial calcificante correspondeu a 4 casos

representando 2% da amostra. Destes, 1 caso (25%), foi verificado em mulheres

enquanto que 3 casos (75%) foram observados em homens. Quanto à localização

anatômica, metade da amostra (2 casos) ocorreu em maxila e a outra metade (2

casos) em mandíbula (posterior). Quanto a idade, 2 casos ocorreram na faixa etária

de 11-20 anos e 2 casos, na faixa de 41-50 anos.

Foram verificados 3 casos de fibroma ameloblástico sendo todos os pacientes

do sexo feminino. A mandíbula foi afetada em 2 casos e a maxila em 1 caso. Quanto

a faixa etária. 2 casos ocorreram entre 0-10 anos e 1 caso entre 11-20 anos.

Quanto ao fibro-odontoma ameloblástico (3 casos) sua ocorrência foi no sexo

masculino (100%) e a faixa etária mais acometida foi de 11-20 anos, sendo a

mandíbula (posterior) o sítio mais afetado (66,7%).

A lesão de menor incidência foi o carcinoma odontogênico de células claras (1

caso), sendo observada no sexo feminino cuja localização anatômica não foi relatada

no prontuário. Este caso é de um paciente na segunda década de vida.

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

29

Tabela 1 – Distribuição em dados absolutos e percentuais dos casos de tumores odontogênicos quanto ao tipo histopatológico. Natal-RN, 2016.

Fonte: Serviço de Patologia Oral-Departamento de Odontologia/UFRN.

Tipo histopatológico de tumor odontogênico

Frequência

n %

Odontoma 85 41,8%

Ameloblastoma 77 38%

Mixoma odontogênico 17 8,4%

Tumor odontogênico adenomatóide 8 4%

Cementoblastoma 5 2,5%

Tumor odontogênico epitelial

calcificante

4 2%

Fibroma ameloblástico 3 1,5%

Fibro-odontoma ameloblástico 3 1,5%

Carcinoma odontogênico de células

claras

1 0,5%

TOTAL 203

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

30

Tabela 2 - Distribuição em dados absolutos e percentuais dos casos de tumores odontogênicos quanto ao gênero. Natal-RN, 2016.

Fonte: Serviço de Patologia Oral-Departamento de Odontologia/UFRN.

Tipo histopatológico de tumor odontogênico

Gênero

Fem Mas

n % n %

Odontoma 49 57,6 36 42,3

Ameloblastoma 42 54,5 35 45,4

Mixoma 10 58,8 7 41,2

Tumor odontogênico adenomatóide 7 87,5 1 12,5

Cementoblastoma 4 80 1 20

Tumor odontogênico epitelial calcificante 1 25 3 75

Fibroma ameloblástico 3 100 - -

Fibro-odontoma ameloblástico - - 3 100

Carcinoma odontogênico de células

claras

1 100 - -

TOTAL 117 86

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

31

Tabela 3 - Distribuição em dados absolutos e percentuais dos casos de tumores odontogênicos quanto à localização anatômica. Natal-RN, 2016. Fonte: Serviço de Patologia Oral-Departamento de Odontologia/UFRN.

Tipo histopatológico de tumor odontogênico

Localização anatômica

Maxila Mandíbula Sem dados Ant Post A/P Ant Post A/P

n % n % n % n % n % n % n %

Odontoma 33 38,8 12 14,1 1 1,2 15 17,6 18 21,2 2 2,35 4 4,7

Ameloblastoma 3 3,9 5 6,5 1 1,3 13 16,9 36 46,7 18

23,4 2 2,6

Mixoma 1 5,9 3 17,6 1 5,9 1 5,9 8 4,7 - - 1 5,9

Tumor

odontogênico

adenomatóide

5 62,5 1 12,5 - - - - 2 25 - - - -

Cementoblastom

a

1 20 1 20 - - - - 3 60 - - - -

Tumor

odontogênico

epitelial

calcificante

1 25 1 25 - - - - 2 50 - - - -

Fibroma

ameloblástico

- - 1 33,4 - - - - 1 33,4 1 33,4 - -

Fibro-odontoma

ameloblástico

1 33,4 - - - - - - - - 2 66,7 - -

Carcinoma

odontogênico de

células claras

- - - - - - - - - - - - 1 100

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

32

Tabela 4 - Distribuição em dados absolutos dos casos de tumores odontogênicos quanto à faixa etária. Natal-RN, 2016.

Fonte: Serviço de Patologia Oral-Departamento de Odontologia/UFRN.

Tipo histopatológico de tumor

odontogênico

Faixa etária

0-10 11-20 21-30

31-40

41-50

51-60

61-70

71-80

Acima de 81 anos

Sem dados

Odontoma 11 37 23 10 1 1 1 1 - -

Ameloblastoma 1 16 17 11 6 11 8 3 1 3

Mixoma - 3 7 3 2 2 - - - -

Tumor odontogênico

adenomatóide

- 6 - - 1 - - - - -

Cementoblastoma - 2 1 - 1 1 - - - -

Tumor odontogênico

epitelial calcificante

- 2 - - 2 - - - - -

Fibroma

ameloblástico

2 1 - - - - - - - -

Fibro-odontoma

ameloblástico

2 1 - - - - - - - -

Carcinoma

odontogênico de

células claras

- - 1 - - - - - - -

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

33

6 DISCUSSÃO

As lesões odontogênicas constituem um grupo heterogêneo de patologias que

acometem os maxilares, com origem a partir dos remanescentes epiteliais ou

mesenquimais da embriogênese dentária. Dentro do grupo de lesões odontogênicas,

destacam-se os tumores representando, na grande maioria, verdadeiros processos

neoplásicos, que por vezes exibem manifestações clínicas bem diferenciadas. São

derivados dos tecidos epiteliais, ectomesenquimais ou mesenquimais que dão origem

aos dentes sendo por isto, denominados de tumores odontogênicos. Algumas dessas

lesões podem apresentar um comportamento maligno, enquanto que outras possuem

uma evolução tão benigna, que parecem representar apenas malformações

semelhantes a um tumor (hamartomas) (RAMOS et al., 2013).

Estudos sobre a incidência de tumores odontogênicos, tanto no Brasil quanto

em outros países, são frequentes, sendo observados vários estudos na literatura

(SANTOS et al., 2001; SOUZA, 2014; AVELAR et al., 2008; LAWALL, 2009; LOYOLA

et al., 2016). Desta forma, evidencia-se na literatura relatos de estudo de séries de

casos ou de um determinado período de tempo, da ocorrência de tumores

odontogênicos diagnosticados em diversos serviços de Patologia Oral e Maxilofacial

ao redor do mundo (SIMON et al., 2002; JING et al., 2007; ANYANECHI; SAHEEB,

2014; SAGHRAVANIAN et al., 2010; VARKHEDE; TUPKARI; SARDAR, 2011; ŞENEL

et al., 2012; BANSAL et al., 2015; OGINNI et al., 2015; GOTETI, 2016; NALABOLU et

al., 2016).

De acordo com relatos da literatura sobre a incidência e frequência dos tumores

odontogênicos, as lesões mais comumente encontradas são o odontoma e o

ameloblastoma (ANYANECHI; SAHEEB, 2014; SAGHRAVANIAN et al., 2010),

embora a sequência de ocorrência possa variar de país para país onde alguns estudos

apresentam o ameloblastoma como o mais frequente, como por exemplo nos estudos

em países africanos e asiáticos (SIMON et al., 2002; JING et al., 2007; VARKHEDE;

TUPKARI; SARDAR, 2011; OGGINI et al., 2015; GOTETI, 2016; NALABOLU et al.,

2016) enquanto em outros países, como foi observado na Turquia, a maior ocorrência

é de odontomas (ŞENEL et al.,2012).

No presente estudo, o odontoma foi a lesão de maior frequência entre os

tumores odontogênicos diagnosticados no período de 1996 a 2015 em um Serviço de

Patologia Oral de instituição universitária, correspondendo a 41,8% do total de casos.

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

34

Este achado está em acordo com outros trabalhos citados na literatura como no

estudo realizado na Turquia, que também apresentou o odontoma como o tumor mais

frequente (41,8%) (ŞENEL et al., 2012), embora, evidencie-se discordâncias acerca

do tipo de tumor mais frequente entre os tumores odontogênicos como por exemplo,

em estudos realizados na Ásia (Índia e China) e África (Tanzânia e Líbia), os quais

relatam que o ameloblastoma foi o tumor mais prevalente (SIMON et al., 2002; JING

et al., 2007; VARKHEDE; TUPKARI; SARDAR, 2011; OGGINI et al., 2015; GOTETI,

2016; NALABOLU et al., 2016). Esses achados vêm sendo explicados há muitos anos

como uma predisposição étnica ou variações geográficas (LAWALL, 2009).

Além destas diferenças geográficas para a maior ocorrência de um tipo

histológico especifico de tumor, estudos realizados após a última classificação da

OMS (BARNES, 2005), na qual consideraram o ceratocisto odontogênico como tumor,

apontaram esta lesão como a mais frequente, superando inclusive o odontoma

(SOUZA, 2014; AVELAR et al., 2008; LAWALL, 2009).

Com relação ao gênero, observou-se uma maior predileção pelo sexo feminino,

confirmado por outros estudos brasileiros como de Avelar et al. (2008). Estes dados

também estão de acordo com estudos realizados na Turquia, Líbia, China e Irã (JING

et al., 2007; SAGHRAVANIAN et al., 2010; ŞENEL et al., 2012; GOTETI, 2016). O

mesmo não foi evidenciado na Índia e Tanzânia em que as distribuições foram iguais

(SIMON et al., 2002; VARKHEDE; TUPKARI; SARDAR, 2011).

Em relação a idade dos pacientes acometidos por tumores odontogênicos, em

nosso estudo, houve um pico de incidência na segunda e terceira décadas de vida,

fato este, provavelmente, devido a maior prevalência dos odontomas nessas faixas

etárias, dados semelhantes àqueles descritos em estudos na população brasileira

(AVELAR et al., 2008; LAWALL, 2009). Estudos realizados em outros países como

Turquia, Tanzânia, Líbia, China, Irã e Índia, os odontomas também foram comuns

nestas faixas etárias (SIMON et al., 2002; JING et al., 2007; SAGHRAVANIAN et al.,

2010; VARKHEDE; TUPKARI; SARDAR, 2011; ŞENEL et al., 2012; GOTETI, 2016).

Os odontomas são lesões que acometem crianças e adultos jovens, sendo, na

maioria das vezes, detectados durante as primeiras duas décadas de vida. Quanto a

localização anatômica, a maxila é, geralmente, mais afetada do que a mandíbula

(REGEZI; SCIUBBA; JORDAN, 2012).

A predileção pela região anterior da maxila, em nosso estudo (38,8%),

corrobora com os resultados evidenciados no estudo de Nalabolu et al. (2016),

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

35

realizado na Índia. No entanto, difere dos trabalhos realizados na Líbia, Tanzânia e

China (SIMON et al., 2002; JING et al., 2007; GOTETI, 2016) em que a mandíbula,

principalmente em sua região posterior, foi mais acometida.

O ameloblastoma representou o segundo tumor mais frequente (38%),

apresentando uma frequência mais alta quando comparado a outros estudos como o

de Avelar et al. (2008) (23,7%) e Bansal et al. (2015) (15,2%). Este achado não foi

evidenciado em estudos realizados em alguns países africanos, em que o

ameloblastoma aparece como o tipo histológico mais comum, representando 73,7%

da amostra na Tanzânia (SIMON et al., 2002), 76,5% na Nigéria (OGINNI et al., 2015)

e 28,2% na Líbia (GOTETI, 2016). Com relação ao gênero, foi verificada uma maior

ocorrência no sexo feminino (54,5%), corroborando com Simon et al. (2002) (51,6%),

porém, discordando com outros estudos realizados na Turquia, China, Índia e Irã nos

quais o gênero masculino foi prevalente (JING et al., 2007; SAGHRAVANIAN et al.,

2010; VARKHEDE; TUPKARI; SARDAR, 2011; ŞENEL et al., 2012; NALABOLU et al.,

2016).

Os ameloblastomas ocorrem, com maior frequência em mandíbula, com

marcada predileção pela região posterior (BARNES et al., 2005; NEVILLE et al.,

2009). Em nosso estudo, avaliando o sítio anatômico afetado, o ameloblastoma esteve

presente, em sua maior parte, na mandíbula, resultado este semelhante a outros

estudos citados na literatura (SIMON et al., 2002; AVELAR et al., 2008; JING et al.,

2007; LAWALL, 2009; SAGHRAVANIAN et al., 2010; VARKHEDE; TUPKARI;

SARDAR, 2011; ŞENEL et al., 2012; BANSAL et al., 2015; OGINNI et al., 2015;

NALABOLU et al., 2016; GOTETI, 2016).

Segundo Regezi, Sciubba e Jordan (2012), o ameloblastoma é uma lesão que

acomete, principalmente, adultos na quarta e quinta décadas de vida, com ampla

variação de idade (da infância até a idade adulta tardia). No presente estudo, a maior

frequência ocorreu na segunda e terceira décadas de vida, semelhante ao

evidenciado nos estudos de Avelar et al. (2008), Simon et al. (2002) e Goteti (2016).

Entretanto, nos casos relatados na Nigéria (ANYANECHI; SAHEEB, 2014) e Turquia

(ŞENEL et al., 2012), ocorreram com predominância, na quarta e sexta décadas de

vida, respectivamente.

Os mixomas odontogênicos, em nosso estudo, corresponderam a 8,37% da

amostra, representando o terceiro tumor mais prevalente. Esta incidência foi mais alta

do que no estudo realizado no Brasil relatado por Avelar et al. (2008) (6,3%) e na Índia

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

36

relatado por Nalabolu et al. (2016) (2,4%). Porém, apresentou semelhança quanto a

frequência evidenciada nos estudos realizados na Líbia (7%) (GOTETI, 2016) e Irã

(9%) (SAGHRAVANIAN et al., 2010). Apesar de ser considerado raro por muitos

autores, este tumor ocupa, muitas vezes, a segunda, terceira ou quarta posições entre

os mais prevalentes tumores de origem odontogênica (LAWALL, 2009).

O presente estudo demonstrou uma discreta prevalência em pacientes do sexo

feminino, dado este que corrobora com os estudos realizados na Turquia, China e Irã

(JING et al., 2007; SAGHRAVANIAN et al., 2010; ŞENEL et al.,2012;), porém discorda

com estudo realizado na Líbia (GOTETI, 2016) em que a frequência mais elevada foi

nos homens. Em nosso estudo, foi evidenciado que a faixa etária mais acometida foi

entre 21-30 anos (3ª década de vida), o mesmo sendo encontrado nos estudos de

Simon et al. (2002) e Avelar et al. (2008). A predileção pela mandíbula (52,9%) é

confirmada por diversos estudos como o de Lawall (2009), Saghravanian et al. (2010)

e Jing et al. (2007) e difere do relatado por Avelar et al. (2008) em que a maxila foi a

mais acometida.

O tumor odontogênico adenomatóide correspondeu a 4% de todos os

tumores odontogênicos analisados. De acordo com alguns trabalhos esta lesão é mais

frequentemente encontrada na maxila (AVELAR et al., 2008; LAWALL, 2009). Nos

estudos realizados em outros continentes este achado também foi semelhante

(SAGHRAVANIAN et al., 2010; VARKHEDE; TUPKARI; SARDAR, 2011; GOTETI,

2016). Marcada predileção por pacientes do sexo feminino foi observada em alguns

estudos tanto no Brasil (AVELAR et al., 2008; LAWALL, 2009) quanto em outros

países como na China, Irã e Tanzânia (SIMON et al., 2002; JING et al., 2007;

SAGHRAVANIAN et al., 2010). A maior parte dos casos ocorreu na segunda década

de vida, no qual 6 dos 8 casos foram observados nesta faixa etária. Este dado está

em acordo com o estudo realizado por Avelar et al. (2008). Na Nigéria, China e Índia,

os dados foram semelhantes (JING et al.,2007; ANYANECHI; SAHEEB, 2014;

VARKHEDE; TUPKARI; SARDAR, 2011). No estudo realizado na Turquia (ŞENEL et

al., 2012) não foram relatados casos de tumor odontogênico adenomatóide.

O cementoblastoma é considerada a única neoplasia verdadeira originada a

partir do cemento dentário e, por se tratar de uma lesão rara, representa menos de

1% de todos os tumores odontogênicos (LAWALL, 2009; NEVILLE et al., 2009). No

presente estudo, ele correspondeu a 2,5% da amostra. São lesões que não

apresentam predileção por sexo, porém, em nosso estudo, dos 5 casos relatados, 4

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

37

ocorreram em pacientes do sexo feminino, fato este que está de acordo com outros

estudos (JING et al., 2007; AVELAR et al., 2008; SAGHRAVANIAN et al., 2010;

ŞENEL et al., 2012; OGINNI et al., 2015; GOTETI, 2016) e diferiu do estudo de Simon

et al. (2002), no qual o sexo masculino foi prevalente.

Com relação a localização deste tipo histológico de tumor verificamos, também,

um maior acometimento na mandíbula, em sua região posterior como descrito na

literatura, tanto em estudos realizados na população brasileira quanto de outras partes

do mundo (JING et al., 2007; AVELAR et al., 2008; LAWALL, 2009; SAGHRAVANIAN

et al., 2010; ŞENEL et al., 2012; SIMON et al., 2012; GOTETI, 2016). Quanto à faixa

etária, a segunda década de vida foi a mais acometida corroborando com Varkhede,

Tupkari e Sardar (2011), porém, discordando com um estudo realizado na China

(JING et al., 2007), no qual a maior parte dos casos foi na terceira década de vida.

O tumor odontogênico epitelial calcificante é uma lesão rara,

correspondendo a menos de 1% de todos os tumores odontogênicos. Geralmente,

não ocorre predileção por sexo sendo mais frequente entre 30-50 anos. A mandíbula

costuma ser o sítio anatômico mais acometido (NEVILLE et al., 2009).

No presente estudo, havia apenas 4 casos (2%) de tumor odontogênico epitelial

calcificante. No entanto, esse achado é bem maior do que o encontrado no estudo de

Lawall (2009), em que a frequência foi de 0,75%. O gênero masculino foi o mais

acometido, estando de acordo com os estudos na Turquia (ŞENEL et al., 2012) e

Nigéria (OGINNI et al., 2015) e em desacordo com os achados no Irã e na Índia em

que os casos encontrados por estes autores foram no sexo feminino

(SAGHRAVANIAN et al., 2010; VARKHEDE; TUPKARI; SARDAR, 2011). A

mandíbula e maxila foram igualmente acometidas, fato semelhante ao encontrado no

estudo na Turquia (ŞENEL et al., 2012), porém, diferente do ocorrido no estudo na

Nigéria (OGINNI et al., 2015) em que a mandíbula foi a mais acometida. Os 4 casos

de nossa série foram distribuídos, igualmente, entre a segunda e quinta décadas de

vida diferindo do evidenciado nos estudos na Índia e Nigéria em que os casos deste

tipo de tumor ocorreram em outras faixas etárias (ANYANECHI; SAHEEB, 2014;

VARKHEDE; TUPKARI; SARDAR, 2011).

O fibroma ameloblástico e o fibro-odontoma ameloblástico, por

compartilharem histogênese semelhante, uma vez que ambos são classificados como

tumores odontogênicos mistos e por apresentarem algumas semelhanças, no

presente estudo são abordados em conjunto. Ambos os tumores compartilham as

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

38

mesmas características com relação à idade, sexo e localização anatômica (REGEZI;

SCIUBBA; JORDAN, 2012).

Em nosso estudo, essas lesões corresponderam, cada uma, a 1,5% do total

dos tumores odontogênicos avaliados. O fibroma ameloblástico apresentou-se,

exclusivamente, no sexo feminino (100%), sendo o sexo masculino o mais acometido

nos casos de fibro-odontomas ameloblásticos (100%), estando de acordo com os

achados de Saghravanian et al. (2010), no Irã, e contrariando achados do estudo de

Avelar et al. (2008), em que ocorreu o contrário. Quanto a localização anatômica,

estas lesões foram mais frequentes em mandíbula (66,7%), assim como nos achados

de Avelar et al. (2008) e Saghravanian et al. (2010).

Segundo Neville et al. (2009) e Lawall (2009), o fibroma ameloblástico acomete

mais pacientes jovens, na primeira ou segunda décadas de vida. Em nosso estudo,

tanto esta lesão quanto o fibro-odontoma ameloblástico foram encontrados neste

grupo etário corroborando com estes autores. Porém, no estudo de Avelar et al. (2008)

foi evidenciada a ocorrência de fibroma ameloblástico na quinta década de vida e na

China, na terceira década (JING et al., 2007).

O carcinoma odontogênico de células claras foi representado por um único

caso em nosso estudo, sendo este diagnosticado em paciente do sexo feminino, na

segunda década de vida, diferindo do estudo realizado na China, no qual, embora

este tumor apresentasse predileção por pacientes do sexo feminino, a faixa etária de

acometimento em seu estudo foi entre a quarta e quinta décadas de vida (JING et al.,

2007).

Avaliando a literatura por nós consultada, evidenciamos que não foram

relatados casos de carcinoma odontogênico de células claras nos estudos realizados

na Nigéria, Líbia, Tanzânia, Turquia e alguns outros estudos no Brasil (SOUZA, 2014;

AVELAR et al., 2008; LAWALL, 2009; ANYANECHI; SAHEEB, 2014; ŞENEL et al.,

2012; SIMON et al., 2012; GOTETI, 2016).

O carcinoma ameloblástico é uma lesão pouco frequente, devido a raridade

do ameloblastoma em exibir um comportamento maligno, com o desenvolvimento de

metástases. Dificilmente, consegue-se determinar a frequência do comportamento

maligno nos ameloblastomas, mas provavelmente sua ocorrência se dá em bem

menos do que 1% dos ameloblastomas (NEVILLE et al., 2009).

Neste estudo, não foram encontrados casos de carcinoma ameloblástico,

porém, devido a importância do conhecimento desta patologia, vale ressaltar um

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

39

estudo multicêntrico recentemente realizado por Loyola et al. (2016), no Brasil, em

que foram encontrados 17 casos de carcinoma ameloblástico mostrando que, apesar

de raro, é possível sua ocorrência na população brasileira.

Nosso estudo também foi desenvolvido com o objetivo de comparar os

resultados ora obtidos com os do estudo realizado por Santos et al. (2001), também

realizado no Serviço de Anatomia Patológica da Disciplina de Patologia Oral do

Departamento de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, dos

casos diagnosticados em período de tempo anterior ao do presente estudo, ou seja,

no período de 1970 a 1995, no qual os autores encontraram 127 casos de tumores

odontogênicos. Comparando os resultados dos dois estudos, evidencia-se um

aumento de casos diagnosticados no mesmo serviço uma vez que em nosso estudo,

foram evidenciados 203 casos em um período de tempo de 19 anos, enquanto no

estudo de Santos et al. (2001), em levantamento de 25 anos, os autores encontraram

127 casos de tumores odontogênicos.

De modo geral, o odontoma foi a lesão mais frequente correspondendo a 41,8%

dos casos, seguido do ameloblastoma (38%). Mais de 50% dos casos ocorreram no

sexo feminino, enquanto que o masculino foi acometido em 42,4% dos casos. Com

relação à localização anatômica, a mandíbula foi a mais afetada (60%), quando

comparada à maxila (35,5%). A respeito da distribuição da idade foram observados

picos de incidência na segunda e terceira décadas de vida. Estes achados são

semelhantes aos encontrados no estudo retrospectivo de Santos et al. (2001), no

mesmo serviço, em período anterior ao nosso em que o odontoma (50.4%) foi a lesão

mais frequente, seguida do ameloblastoma (30,7%). Além disso, mais de 60% dos

tumores ocorreram no sexo feminino em comparação ao masculino (36,2%). Quanto

à localização anatômica, a mandíbula foi mais acometida correspondendo a 54,3%

dos casos, enquanto que na maxila 40,1% dos casos foram afetados. Quanto à faixa

etária, a incidência foi entre a segunda e terceira décadas de vida. Com isto,

verificamos que apesar de ter ocorrido um aumento no número de casos de tumores

odontogênicos diagnosticados no Serviço de Patologia Oral da UFRN, as

características clinicopatológicas não se alteraram demonstrando assim que o perfil

epidemiológico dos pacientes não se alterou.

Além do conhecimento a respeito do comportamento biológico destas

alterações é de extrema importância que sejam traçados perfis epidemiológicos sobre

as diversas alterações que podem ocorrer nas estruturas do complexo maxilofacial.

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

40

Além disso, é necessário que o profissional tenha iniciativa e conhecimento para a

realização de biópsias, para que o exame histopatológico seja realizado, a fim de

proporcionar o correto tratamento das lesões. Dados como estes podem contribuir

para uma maior atenção por parte dos profissionais para que os mesmos estejam

cada vez mais atentos, bem informados e preparados para lidar com as mais variadas

lesões do complexo maxilofacial, área de atuação do profissional cirurgião dentista.

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

41

7 CONCLUSÃO

Diante dos nossos resultados podemos concluir que:

1. O tumor odontogênico mais prevalente foi o odontoma seguido pelo

ameloblastoma;

2. As mulheres foram as mais acometidas pelos tumores odontogênicos;

3. A mandíbula foi a localização preferencial de acometimento dessas lesões,

sendo a região posterior a mais afetada;

4. Comparando os dados do nosso estudo com o de outras populações

constatamos similaridades e diferenças com relação ao tumor mais prevalente,

gênero mais acometido, predileção por faixa etária e localização das lesões.

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

42

REFERÊNCIAS

ANYANECHI, C. E.; SAHEEB, B. D. A review of 156 odontogenic tumours in Calabar, Nigeria. Ghana Medical. J., v. 48, n. 3, p. 163-167, 2014. AVELAR, Rafael Linard et al. Tumores odontogênicos: estudo clínico-patológico de 238 casos. Rev. Bras. Otorrinolaringol., v. 74, n. 5, p. 668-73, 2008. BARNES, L et al. (Eds.) World Health Organization Classification of Tumors. Pathology and Genetics of Head and Neck Tumours. Lyon: IARC Press, 2005. BANSAL, S. et al. The occurrence and pattern of ameloblastoma in children and adolescents: an Indian institutional study of 41 years and review of the literature. Int. J. Oral and Maxillofac. Surg., v. 44, n. 6, p. 725-731, 2015. CARVALHO, Ana Carolina et al. Tumor odontogênico de células granulares. Odonto, v. 18, n. 35, p. 96-104, 2010. CÉ, Patrícia dos Santos et al. Odontoma complexo–relato de caso clínico atípico. RFO-UPF, v. 14, n. 1, p. 56-60, 2010. DIAS, Carla Dinelli. Ameloblastomas: evolução clínica-histopatológica de 85 casos com ênfase em aspectos de metaplasia escamosa e queratinização e sua correlação com o epitélio odontogênico do germe dental. 2010. Tese (Doutorado) - Universidade de São Paulo. São Paulo, 2010. FRANÇA, Luciano José de Lemos et al. Estudo demográfico, clínico e terapêutico do ameloblastoma: análise de 40 casos. Braz. j. otorhinolaryngol., v. 78, n. 3, p. 38-41, 2012. FREITAS, Daniel Antunes et al. Elemento dental impactado por odontoma composto. Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v. 38, n. 3, p. 198-99, 2009. GOMES, Ana Cláudia Amorim et al. Conceito atual no tratamento dos ameloblastomas. Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., v. 6, p. 9-16, 2006. GOTETI, Saravana HL. Odontogenic tumors: A review of 675 cases in Eastern Libya. Nigerian J of Surg, v. 22, n. 1, p. 37-40, 2016. HENRIQUES, A. C. G. et al. Considerações sobre a Classificação e o Comportamento Biológico dos Tumores Odontogênicos Epiteliais: revisão de literatura. Rev. Bras. Cancerol., v. 55, n. 2, p. 175-184, 2009. JING, W. et al. Odontogenic tumours: a retrospective study of 1642 cases in a Chinese population. Int. J. Oral Maxillofac. Surg., v. 36, n. 1, p. 20-25, 2007. LAWALL, Melaine de Almeida. Estudo retrospectivo de tumores odontogênicos em dois centros de estudo no Brasil e três no México. 2009. Tese (Doutorado) - Universidade de São Paulo. São Paulo, 2009.

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

43

LOYOLA, Adriano Mota et al. Ameloblastic carcinoma: a Brazilian collaborative study of 17 cases. Histopathology, v. 69, n. 4, p. 687-701, 2016. MARTINEZ, Clarissa Rocha et al. Ameloblastoma: estudo clínico-histopatológico. Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., v. 8, n. 2, p. 55-60, 2008 MARTINS, Manoela Domingues et al. Ameloblastoma: revisão de literatura. ConScientiae Saúde, v. 6, n. 2, p. 269-78, 2007. MENDENHALL, William M. et al. Ameloblastoma. Am. J. clin. Oncol., v. 30, n. 6, p. 645-648, 2007. NALABOLU, Govind Raj K. et al. Epidemiological study of odontogenic tumours: An institutional experience. J. Infect. Public Health, 2016. No prelo. NELSON, Brenda L.; THOMPSON, Lester D. R. Compound odontoma. Head and Neck Pathology, v. 4, n. 4, p. 290-291, 2010. DIAS NETO, Bernadete; MEDRADO, Alena P.; REIS, Silvia Regina A. Levantamento epidemiológico dos diagnósticos histopatológicos de um Centro de Referência em Patologia Bucomaxilofacial em um período de 10 anos. Rev. Bahiana de Odontologia, v. 3, n. 1, p. 3-15, 2012. NEVILLE, B. W. et al. Patologia Oral e Maxilofacial. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. NONAKA, Cassiano Francisco W. et al. Mixoma odontogênico: estudo clínico-patológico de 14 casos. Brazil Dental Scienc., v. 10, n. 2, p. 61-67, 2010. OGINNI, F. O. et al. A prospective epidemiological study on odontogenic tumours in a black African population, with emphasis on the relative frequency of ameloblastoma. Int. J. Oral Maxillofac. Surg., v. 44, n. 9, p. 1099-1105, 2015. OLIVATI, Fabrício Narciso et al. Tratamento conservador e proservação de oito meses de Ameloblastoma de mandíbula: Relato de Caso. Odonto, v. 19, n. 38, p. 61-69, 2011. PRADO, Bruno Nifossi et al. Fibro-odontoma ameloblástico em mandíbula–tratamento conservador em um caso de grande extensão. Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v. 38, n. 3, p. 196-197, 2009. RAMOS, G. O. et al. Odontogenic tumors: a 14-year retrospective study in Santa Catarina, Brazil. Braz. Oral Res., v. 28, n. 1, p. 1-6, 2013. RAPIDIS, A. D. et al. Ameloblastomas of the jaws: clinico-pathological review of 11 patients. Eur. J. Surg. Oncol., v. 30, n. 9, p. 998-1002, 2004. REGEZI, Joseph A; SCIUBBA, James; JORDAN, Richard. Patologia oral: correlações clinicopatológicas. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. 480p.

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

44

ROCHA, Danielle Albuquerque Pires; OLIVEIRA, Lívia Marinho de Miranda; SOUZA, Lélia Batista de. Neoplasias Benignas da Cavidade oral: estudo epidemiológico de 21 anos (1982 a 2002). Rev. Odontol. Univer. Cidade de São Paulo, v. 18, n. 1, p. 53-60, 2006. SAGHRAVANIAN, Nasrollah et al. Odontogenic tumors in an Iranian population: a 30-year evaluation. J. Oral Sci., v. 52, n. 3, p. 391-396, 2010. SANTOS, Idamis Aparecida dos; CUSTÓDIO, Maria Luísa da Cunha; ASSIS, Priscila Helena. Tumores odontogênicos: revisão de literatura. 2015. 32 f. Monografia (Graduação em odontologia) – Faculdade de Pindamanhangaba. Pindamanhangaba, 2014.

SANTOS, Jean Nunes et al. Tumores odontogênicos: análise de 127 casos. Pesq. Odontológica Brasileira, v. 15, n. 4, p. 308-313, 2001. ŞENEL, Figen Çizmeci et al. The relative frequency of odontogenic tumors in the Black Sea region of Turkey: an analysis of 86 cases. Turk. J. Med. Sci., v. 42, n. Sup. 2, p. 1463-1470, 2012. SILVA, Maurício dos Santos et al. Tumor odontogênico adenomatóide: relato de caso clínico adenomatoid odontogenic tumor: a case report. Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Facial, v. 4, n. 4, p. 246-251, 2004. SIMON, E. N. M. et al. Odontogenic tumors and tumor—like lesions in Tanzania. East African Medical J., v. 79, n. 1, p. 3-7, 2002. SOUZA, Thaísa Gonçalves. Análise restrospectiva dos cistos e tumores odontogênicos atendidos no setor de cirurgia bucal da clínica odontológica da Universidade Estadual de Londrina. 2014. Trabalho de Conclusão de Curso (Odontologia) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2014.

VARKHEDE, Ajinkya; TUPKARI, Jagdish V.; SARDAR, Manisha. Odontogenic tumors: a study of 120 cases in an Indian teaching hospital. Med. Oral Patol. Oral Cir Bucal., v. 16, n. 7, p. e895-9, 2011.

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

45

ANEXOS

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

46

ANEXO A – Ficha para coleta de dados

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

47

ANEXO B – Distribuição dos casos de tumores odontogênicos.

Tipo histopatológico Frequência

n %

Ameloblastoma

Ameloblastoma maligno

Carcinoma ameloblástico

Tumor odontogênico adenomatóide

Carcinoma odontogênico de células

claras

Tumor odontogênico epitelial calcificante

Tumor odontogênico escamoso

Odontoma

Fibroma ameloblástico

Fibro-odontoma ameloblástico

Fibrossarcoma ameloblástico

Odontoameloblastoma

Fibroma odontogênico

Tumor odontogênico de células

granulares

Mixoma odontogênico

Cementoblastoma

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

48

ANEXO C - Distribuição dos casos de tumores odontogênicos quanto ao gênero e localização

anatômica.

Tipo histopatológico

Gênero Localização anatômica

Fem Mas Maxila Mandíbula Sem dados

n % n % Ant Post Ant Post

n % n % n % n %

Ameloblastoma

Ameloblastoma maligno

Carcinoma

ameloblástico

Tumor odontogênico

adenomatóide

Carcinoma

odontogênico de células

claras

Tumor odontogênico

epitelial calcificante

Tumor odontogênico

escamoso

Odontoma

Fibroma ameloblástico

Fibro-odontoma

ameloblástico

Fibrossarcoma

ameloblástico

Odontoameloblastoma

Fibroma odontogênico

Tumor odontogênico de

células granulares

Mixoma odontogênico

Cementoblastoma

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …2016.… · de células granulares, o mixoma odontogênico e o cementoblastoma (NEVILLE et al., 2009). 11 Em meio a esse contexto

49

ANEXO D - Distribuição dos casos de tumores odontogênicos quanto à faixa etária.

Tipo histopatológico

Faixa etária

0-10 11-20 21-30 31-40 41-50 51-60 61-70 71-80 81-90 Acima de 90 anos

Sem dados

Ameloblastoma

Ameloblastoma

maligno

Carcinoma

ameloblástico

Tumor odontogênico

adenomatóide

Carcinoma

odontogênico de

células claras

Tumor odontogênico

epitelial calcificante

Tumor odontogênico

escamoso

Odontoma

Fibroma ameloblástico

Fibro-odontoma

ameloblástico

Fibrossarcoma

ameloblástico

Odontoameloblastoma

Fibroma odontogênico

Tumor odontogênico

de células granulares

Mixoma odontogênico

Cementoblastoma