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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE MÚSICA CURSO DE GRADUAÇÃO EM MÚSICA - LICENCIATURA RUANNA BÁRBARA NERY SANTOS OFICINAS DE MÚSICA NO INSTITUTO REIS MAGOS: UMA PROPOSTA DE MUSICALIZAÇÃO NA ESCOLA REGULAR NATAL/RN 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE MÚSICA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM MÚSICA - LICENCIATURA

RUANNA BÁRBARA NERY SANTOS

OFICINAS DE MÚSICA NO INSTITUTO REIS MAGOS: UMA PROPOSTA DE

MUSICALIZAÇÃO NA ESCOLA REGULAR

NATAL/RN 2012

RUANNA BÁRBARA NERY SANTOS

OFICINAS DE MÚSICA NO INSTITUTO REIS MAGOS: UMA PROPOSTA DE MUSICALIZAÇÃO NA ESCOLA REGULAR

Monografia apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte, na área de educação musical como parte dos requisitos para obtenção do título de Licenciado em Música.

Orientadora: Profa. Dra. Amélia Martins Dias Santa Rosa

NATAL/RN 2012

Catalogação da Publicação na Fonte

Biblioteca Setorial da Escola de Música

S237o Santos, Ruanna Bárbara Nery.

Oficinas de música no Instituto Reis Magos: uma

proposta de musicalização na escola regular / Ruanna Bárbara Nery

Santos. – Natal, 2012.

54 f. : il.; 30 cm.

Orientadora: Amélia Martins Dias Santa Rosa.

Monografia (graduação) – Escola de Música,

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2012.

Educação musical - Monografia. 2. Ensino - metodologia -

Monografia. I. Instituto Reis Magos. II. Santa Rosa, Amélia Martins

Dias. III. Título.

RN/BS/EMUFRN CDU 78:37

RUANNA BÁRBARA NERY SANTOS

OFICINAS DE MÚSICA NO INSTITUTO REIS MAGOS: UMA PROPOSTA DE

MUSICALIZAÇÃO NA ESCOLA REGULAR

Monografia apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte, na área de educação musical como parte dos requisitos para obtenção do título de Licenciado em Música.

Aprovada em: __/__/__

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________

PROFESSORA DRA. AMÉLIA MARTINS DIAS SANTA ROSA (Orientadora)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

______________________________________________ PROFESSORA MSC. CATARINA SHIN LIMA DE SOUZA

(Membro da banca) Universidade Federal do Rio Grande do Norte

______________________________________________ PROFESSOR DR. JEAN JOUBERT FREITAS MENDES

(Membro da banca) Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Dedico este trabalho a Vovô Luiz (in memorian), que sempre foi colaborador para minha formação, tanto pessoal quanto escolar, e que gostaria de ter alcançado esse momento de minha vida. A ele, o meu amor e gratidão eternamente.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter sido sempre providente e bom na minha vida.

Desde cedo, sinto Sua presença me guardando dos males, me guiando para os

caminhos corretos. A Ele, minha eterna gratidão;

Ao meu pai, José Ferreira, que afetiva e efetivamente me apoiou durante

todos os anos da minha vida;

À minha mãezinha, Ilza Neri, por ter cuidado de mim, por ter sofrido junto

comigo em todos os momentos de dificuldade e por me dizer docemente que tudo ia

dar certo;

Ao meu amor, Júnior, a minha metade! Durante os momentos de

dificuldades, soube me fazer sorrir e acreditar que tudo daria certo e sempre foi de

muito amor e paciência nos momentos de tensão. Foi cuidadoso e sensível às

minhas necessidades. Obrigada pela cumplicidade em tudo;

Aos meus avós José Nonato e Dulce, Luiz (in memorian) e Mariazinha,

modelos de generosidade, justiça, bondade e honestidade, nos quais procuro me

espelhar. Eu os amo demais;

À “titia Rubinha”, que me mostrou a música como a arte sublime criada por

Deus;

À minha tia Marly, mulher ungida por Deus, que através do seu exemplo me

ajudou a ser forte e superar os meus limites;

À professora Dra. Amélia Dias, minha orientadora, que desde o início do

meu curso é inspiração para minha atuação como profissional por ser extremamente

competente em seu ofício. Além de orientadora, foi amiga para todos os assuntos;

Aos professores Oswaldo d’Amore (in memorian), Ticiano d’Amore, Danilo

Guanais, Catarina Shin, Valéria Carvalho, Jean Joubert, Agostinho Lima, Bethânia

Melo, Maria Helena, Manoca que contribuíram para minha formação profissional;

Aos meus colegas de curso Mayra Elisa, Eduardo Cleiton, Fábio Lopes,

Jemima Feitosa, Daniel Ribeiro, Edbergon Varela, Patrícia Valdelice que conviveram

comigo nesse processo de formação acadêmica;

À Comunidade Católica Veni Creator Spiritus, por ser um lar que me ensinou

a ouvir e agradecer a Deus;

À família Reis Magos, na pessoa de Lindemânia, diretora da Instituição, que

sempre cuidou da minha educação com muito afinco para que eu pudesse crescer

profissional e pessoalmente;

A todos os meus amigos e familiares, pelo amor que me impulsionou a

prosseguir na vida;

A todos vocês, desejo a benção copiosa de Deus. Eu os amo muito.

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo reafirmar a importância da Educação Musical e compartilhar uma proposta de musicalização no contexto regular de ensino. Utilizando-se de três oficinas musicais, canto coral, flauta doce e violão, essa proposta de trabalho foi desenvolvida almejando atender a necessidade de buscar meios para que a Educação Musical seja implantada nas escolas de maneira concreta, e viabilizando o cumprimento da Lei 11.769/08, que estabelece a obrigatoriedade do ensino de música na educação básica. A partir de uma revisão bibliográfica das propostas atuais para o ensino de música, foi elaborado um projeto a ser apresentado ao Instituto Reis Magos, uma instituição de ensino regular da rede privada da cidade de Natal/ RN, onde a autora já exerce atividade como educadora.

Palavras-chave: Educação Musical. Lei 11.769/08. Música na Educação Básica. Oficinas de Música.

ABSTRACT

This paper aims to reaffirm the importance of music education and to share a musicalization proposal in the context of basic education. Using three musical workshops: choir, flute and popular guitar, this work proposal was developed aiming to meet the need of seeking ways for implementing music education in schools in a concrete way facilitating compliance with the Law 11.769/08, which establishes mandatory music teaching in primary education. After a literature review of the current proposals for teaching music, a project was elaborated to be presented to the Reis Magos Institute a private educational institution of the city of Natal/RN, in which the author already works as a teacher.

Keywords: Music Education. Law 11.769/08. Music in Basic Education. Music

workshops.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Exercícios preliminares na flauta doce............................................. 34

Figura 2 - Setas que representam “levada” no violão....................................... 38

Figura 3 - Letras que representam dedos da mão direita................................. 38

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Cronograma de execução................................................................. 48

Tabela 2- Orçamento ........................................................................................ 49

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 12

2 CONSIDERAÇÕES SOBRE A EDUCAÇÃO MUSICAL................................ 14

2.1 MOTIVAÇÕES PARA O ESTUDO.......................................................... 14

2.2 A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NA VIDA E NA EDUCAÇÃO DAS

PESSOAS...................................................................................................... 16

2.2.1 Música na infância.......................................................................... 19

2.2.2 Música na adolescência................................................................. 20

2.3 LEI 11.769/08........................................................................................... 21

2.4 CENÁRIO DA EDUCAÇÃO MUSICAL APÓS A LEI 11.769/08.............. 22

2.5 LICENCIADOS FRENTE AO ATUAL CENÁRIO DA EDUCAÇÃO

MUSICAL....................................................................................................... 22

3 AS OFICINAS E SUAS CONTRIBUIÇÕES................................................... 25

3.1 CANTO CORAL....................................................................................... 26

3.1.1 A voz e o canto em desenvolvimento........................................... 26

3.1.2 Canto coral como ferramenta de musicalização e

socialização.............................................................................................. 26

3.1.3 Proposta de musicalização utilizando o canto coral.................. 27

3.1.3.1 Faixa etária e número de participantes..................................... 28

3.1.3.2 A equipe.................................................................................... 28

3.1.3.3 O ensaio.................................................................................... 29

3.1.3.4 O repertório............................................................................... 30

3.2 FLAUTA DOCE........................................................................................ 31

3.2.1 A flauta doce como ferramenta para musicalização................... 31

3.2.2 Proposta de musicalização utilizando a flauta doce................... 32

3.3 VIOLÃO................................................................................................... 35

3.3.1 Proposta de musicalização utilizando o violão........................... 36

3.3.1.1 O repertório............................................................................... 39

4 O PROJETO................................................................................................... 40

4.1 INTRODUÇÃO......................................................................................... 40

4.2 JUSTIFICATIVA....................................................................................... 41

4.3 OBJETIVO............................................................................................... 42

4.3.1 Objetivo geral.................................................................................. 42

4.3.2 Objetivos específicos..................................................................... 42

4.4 METODOLOGIA...................................................................................... 43

4.4.1 Metodologia para a oficina de canto coral................................... 43

4.4.1.1 Faixa etária e número de participantes..................................... 43

4.4.1.2 O ensaio.................................................................................... 44

4.4.1.3 O aquecimento.......................................................................... 44

4.4.1.4 O repertório............................................................................... 44

4.4.1.5 Material a ser providenciado pelo aluno.................................... 45

4.4.1.6 Material a ser providenciado pela escola.................................. 45

4.4.2 Metodologia para a oficina de flauta doce................................... 45

4.4.2.1 Faixa etária e número de participantes..................................... 45

4.4.2.2 As aulas..................................................................................... 46

4.4.2.3 O repertório............................................................................... 46

4.4.2.4 Material a ser providenciado pelo aluno.................................... 46

4.4.2.5 Material a ser providenciado pela escola.................................. 46

4.4.3 Metodologia para a oficina de violão............................................ 46

4.4.3.1 Faixa etária e número de participantes..................................... 47

4.4.3.2 As aulas..................................................................................... 47

4.4.3.3 O repertório............................................................................... 47

4.4.3.4 Material a ser providenciado pelo aluno.................................... 47

4.4.3.5 Material a ser providenciado pela escola.................................. 48

4.5 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO........................................................... 48

4.6 ORÇAMENTO.......................................................................................... 49

4.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO PROJETO............................................ 49

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................ 50

REFERÊNCIAS.................................................................................................. 52

12

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho gira em torno da temática da Música na Educação

Básica. A Lei 11.769/08 (BRASIL, 2008) que determina a obrigatoriedade do ensino

da música nas escolas regulares deve estar em vigor desde o ano de 2011.

Ao longo da minha formação acadêmica, já venho desempenhando um

trabalho no Instituto Reis Magos, onde tenho buscado por em prática o aprendizado

que conquistei ao longo do curso. No entanto, tenho observado que a realidade não

condiz exatamente com o que esperamos. É visto que a escola tem priorizado o

desenvolvimento das artes plásticas em detrimento das aulas de música.

Com esta experiência, percebi a necessidade de nós, uma vez licenciados,

também nos responsabilizarmos pela realização de ações que estimulem a

implantação da Educação Musical nas escolas. Desse modo, esta monografia trata-

se da elaboração de um projeto a ser apresentado na escola onde trabalho com o

intuito de dar início à prática musical nesta instituição.

Baseada na minha experiência musical, decidi elaborar uma proposta para

três tipos de oficinas: Canto Coral, Flauta Doce e Violão. Para tanto, foi realizada

uma pesquisa bibliográfica que buscou fundamentar a proposta dessas três oficinas

com sugestões de práticas para sala de aula a favor de uma Educação Musical

significativa.

Com base nas fundamentações propostas pela literatura desses temas, as

oficinas sugeridas neste trabalho abordam experiências musicais que estejam

relacionadas com a vida do aluno. A importância de torná-lo participante efetivo no

processo de musicalização justifica-se por ser uma vivência que proporciona a este

aluno um melhor aproveitamento de conteúdos e desse modo quaisquer objetivos da

Educação Musical, sejam eles o desenvolvimento de habilidades rítmicas, de

afinação ou de técnicas, serão facilmente alcançados, porque estiveram totalmente

atrelados à vida dele durante todo o processo de aprendizagem.

O projeto a ser sugerido está configurado no modelo de oficinas musicais e

deverá contemplar a priori apenas os alunos que delas desejem participar. Esse

modelo de ensino de música não a configura enquanto componente curricular

obrigatório, como solicita a Lei 11.769/08 (BRASIL, 2008).

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Porém, acredito que o projeto poderá esclarecer à escola sobre a

importância do ensino da música. A partir do desenvolvimento de tais atividades e

dos resultados obtidos, será possível a compreensão da música como componente

curricular obrigatório.

O trabalho está dividido em três capítulos, estando o primeiro voltado a

esclarecer a importância da Educação Musical na vida das pessoas, o segundo

direcionado a fundamentar o trabalho com as oficinas e o terceiro destinado a

estruturar o projeto a ser apresentado na instituição citada.

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2 CONSIDERAÇÕES SOBRE A EDUCAÇÃO MUSICAL

2.1 MOTIVAÇÕES PARA O ESTUDO

No semestre de 2011.1, matriculei-me na disciplina de Estágio

Supervisionado I, cujo espaço de atuação é na Educação Infantil. Após procurar

muitas escolas para observação e ministração das aulas, inseri-me na escola onde

estudei desde a alfabetização até o terceiro ano do Ensino Médio, que, apesar de

não receber estagiários por ser de iniciativa privada, abriu-me uma exceção por eu

ser ex-aluna. Iniciei as observações com bastante atraso e para cumprir a carga

horária exigida pela disciplina em questão, que encerra 40 horas de observação e 10

horas de ministração de aulas, necessitei observar, além de duas turmas da

Educação Infantil, oito turmas do 2º ao 4º ano do Ensino Fundamental, nos turnos

matutino e vespertino.

Nas turmas analisadas, constatei a inexistência de atividades relacionadas

especificamente ao ensino de música, entretanto, a professora que preencheu a

minha ficha de avaliação é arte educadora com habilitação em música, poderia

responder pelo meu estágio. Apesar de não observar aulas de música, mas de

conteúdos referentes a toda a educação artística, ministrei as 10 aulas somente com

conteúdos musicais.

No início das minhas atividades musicais na escola, ainda em poucas

turmas, trabalhei contos sonoros, diferenciação de timbres, conhecimento da família

dos instrumentos musicais, dinâmicas e jogos musicais utilizando a flauta e o violão

como recursos materiais. O resultado foi bastante positivo por parte das crianças, de

modo que, em resposta a esse trabalho, os pais elogiaram o trabalho da escola.

Em janeiro deste ano (2012), a direção da escola entrou em contato comigo

para saber do meu interesse em lecionar artes nas mesmas turmas do Ensino

Fundamental, que observei durante o Estágio Supervisionado I, acrescentando

apenas o 5º ano do ensino fundamental I. A princípio, eu resisti, visto que minha

formação correspondia à licenciatura plena em música e não a artes, de modo que

poderia vir a comprometer a formação dos alunos caso não contemplasse em

minhas aulas os conteúdos pertinentes à educação artística. Apresentei essa

15

justificativa para a escola, entretanto, a equipe pedagógica sugeriu um trabalho em

conjunto com a outra professora de artes. Ela me passaria os planejamentos de aula

e eu faria as devidas adaptações para incluir os conteúdos musicais. Nesses termos,

aceitei a proposta. O desafio foi muito grande, pois eu assumiria 10 turmas e ainda

não me sentia totalmente preparada. Comecei a estudar e a ler alguns livros sobre

educação artística, principalmente, sobre os principais desafios da sala de aula. Tive

de buscar um amadurecimento precoce em relação à minha atuação como docente.

Apesar de bastante proveitoso, este trabalho tem me trazido diversas

inquietações, pois sinto a necessidade de ensinar música com seus conteúdos

próprios. Entretanto, tenho consciência de que incluir a música como componente

curricular em uma escola é um desafio muito grande, com o qual eu lido na prática.

Por esse motivo, observando a aceitação por parte da escola para com as atividades

musicais que desempenho em sala de aula, escolhi, para a realização desta

monografia, uma pesquisa bibliográfica que pudesse me auxiliar na criação de um

projeto que contemplasse o ensino de música, ainda não em caráter curricular, mas

na forma de oficinas como possível ponto de partida para a inclusão da música

nesta escola.

É importante, neste ponto, caracterizar o ambiente de ensino que acolherá a

proposta desse trabalho com oficinas. Pertencente à rede privada de ensino, o

Instituto Reis Magos possui três unidades. A unidade I situa-se na Rua Brasília, n°

712, Alecrim e a unidade II na rua Dr. Luiz Antônio, nº 500, no mesmo bairro. O

Ginásio e piscina estão situados na Rua Nossa Senhora de Fátima, no mesmo

bairro e a III unidade, onde funciona o tempo integral também está localizado nessa

mesma rua. A escola foi criada através do decreto n° 49/69 e reconhecida pela

portaria 477/80.

No que se refere aos aspectos físicos, a escola passou por várias

construções e hoje possui uma grande área construída e uma menor que está

dividida entre áreas de circulação e pátio interno. A área construída na Unidade I,

que atende ao Ensino Fundamental e Médio é composta de 17 salas de aula, sendo

10 no 1º andar e 7 no térreo, sala dos professores, secretaria, biblioteca com 4

salas, auditório, diretoria, almoxarifado, sala da equipe técnica, 2 cozinhas, 6

banheiros, laboratório de informática, arquivo, lanchonete e sala de leitura. Uma

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oportunidade de melhoria seria adaptar a escada, colocando rampas para

cadeirantes. A unidade II que funciona com a Educação Infantil possui 5 salas de

aula, biblioteca, secretaria, casa da boneca, e playground. A quadra dispõe de um

espaço que ainda não comporta o total de alunos matriculados, mas há um plano

para adaptação desse espaço, entretanto o espaço comporta os alunos nas aulas de

educação física, futsal e vôlei. A área da piscina é composta pela piscina, vestiário, e

sala própria para dança, com espelhos e barra.

A unidade III possui 7 salas adaptadas para o tempo integral, cozinha,

refeitório, sala da soneca, sala de vídeo e auditório destinadas aos alunos entre 2 e

8 anos de idade.

2.2 A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NA VIDA E NA EDUCAÇÃO DAS PESSOAS

A música, cuja importância é grandiosa, pode ser considerada por nós como

sendo parte integrante do ser humano. Desde pequenos, somos protagonistas em

atividades musicais como a percepção da voz de nossos pais e familiares, o início

da fala, a imitação de sons cotidianos bem como de sons característicos aos

animais, a distinção de timbres, a tentativa de acompanhar o ritmo de uma música.

Quando crescemos um pouco mais, imitamos as performances de cantores

famosos, tocamos imaginariamente um instrumento e cantamos livremente músicas

que, às vezes, nem sabemos a letra correta, até mesmo em línguas não vernáculas,

demonstrando nossa imensa descontração quando em contato com uma canção

que pensamos ser envolvente. A música nos proporciona sensação de liberdade,

expressão e prazer. Somos envolvidos por ela a cada momento e, quando a

descobrimos em nosso corpo e no ambiente, passamos a nos relacionar com ela por

toda a vida. Brito (2003, p. 31), diz que:

É difícil encontrar alguém que não se relacione com a música [...]: escutando, cantando, dançando, tocando um instrumento, em diferentes momentos e por diversas razões. [...] Surpreendemo-nos cantando aquela canção que parece ter “cola” e que não sai da nossa cabeça e não resistimos a, pelo menos, mexer os pés, reagindo a um ritmo envolvente. E quantos de nós já não inventamos canções seja durante a infância, seja para ninar nossos filhos?

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As músicas que cantamos e ouvimos, desde a nossa infância até nossa

maturidade, são de certo modo responsáveis por despertar e/ou intensificar

sentimentos como alegria, tristeza, dor, extrema felicidade. De uma maneira sutil,

esse repertório especial que faz parte da nossa vida funciona como catalisador para

muitas emoções (BRITO, 2003).

Desse modo, consideramos importante dizer que a música faz parte do

processo de amadurecimento do homem, da construção de sua personalidade,

consequentemente das relações sociais entre esse homem e o mundo em que ele

habita e que sua ligação com a música desde cedo, mesmo sem estudá-la ou

entendê-la enquanto ciência, é capaz de transformá-lo de algum modo. Sobre este

ponto, Jannibelli (1971, p. 26) nos diz:

A revelação, pela psicologia, do comportamento humano, permite considerar a Música como interferindo na formação da personalidade, despertando as faculdades de criação, estimulando o desenvolvimento de sua emotividade e estados afetivos. E é nas fases formativas do ser humano, a infância, adolescência e a juventude, que ela age com mais eficiência.

Após falarmos sobre a importância da música como alternativa para que se

tenha uma vida mais prazerosa e culturalmente mais desenvolvida, comentaremos a

importância da música especificamente na educação do homem. Antes de iniciar

esse comentário, no entanto, é preciso deixar claro os objetivos distintos entre a

música e a Educação Musical.

Conforme o Aurélio, Dicionário da Língua Portuguesa (FERREIRA, 1999, p.

1384), em um de seus significados para o termo, música “é a arte e ciência de

combinar os sons de modo agradável ao ouvido”. Essa definição está em

consonância com muitos outros livros não específicos e específicos da área musical.

Se observarmos o comportamento da sociedade em relação à música,

perceberemos que nem todas as pessoas que têm contato com ela tiveram acesso à

Educação Musical, são instrumentistas ou desempenham atividades musicais

virtuosas, mas mesmo assim, somente ouvindo ou cantando canções que lhes

agradem, sentem seus efeitos benéficos.

É válido ressaltar, neste ponto, que o termo Educação Musical, por sua vez,

é diferente em relação ao termo música. No que concerne à linguagem musical,

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notamos que o seu uso é cada vez mais defendido como ferramenta nos processos

de ensino e aprendizagem em todas as idades escolares, já que é poderosa fonte de

desenvolvimento social, psicológico, psicomotor, cognitivo.

Nesse sentido, o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil –

RCNEI (BRASIL, 1998, p. 45), diz que:

[...] A integração entre os aspectos sensíveis, afetivos, estéticos e cognitivos, assim como a promoção de interação e comunicação social, conferem caráter significativo à linguagem musical. É uma das formas importantes de expressão humana, o que por si só justifica sua presença no contexto da educação, de um modo geral [...].

Entretanto, conforme Brito (2003), para que melhor compreendamos a

profundidade da Educação Musical, devemos atentar para que essa linguagem não

venha a ser reduzida a procedimentos mecânicos e estereotipados, mesmo porque

não trabalha com um objeto pronto que apenas deve ser repassado aos educandos.

Para essa autora a Educação Musical deve constituir-se pela:

[...] pesquisa e criação, pela integração do subjetivo com o objetivo, sujeito e objeto, pela elaboração de hipóteses, e comparação de possibilidades, pela ampliação de recursos, respeitando as experiências prévias, a maturidade, a cultura do aluno, seus interesses e sua motivação interna e externa (BRITO, 2003, p. 52).

A partir dessa declaração, podemos atribuir à Educação Musical significado

próprio e independente de tantos outros atribuídos. A ela não compete, portanto,

cantar músicas com objetivos terceiros, nem mesmo apenas repassar conteúdos de

música para uma determinada turma, mas consiste no desenvolvimento de uma

prática que contemple as dimensões anteriormente descritas, começando com a

abertura do professor às contribuições trazidas por seus alunos e seguindo com

propostas de atividades que desenvolvam a criatividade e criticidade musical desses

alunos. Além disso, a autora retrata que a Educação Musical tem atendido a

propósitos norteados pelas concepções pedagógicas bases para a educação do

nosso país, que em suma não são propósitos da própria Educação Musical.

Apesar de todas essas questões, penso que estamos em um cenário mais

estruturado no âmbito da Educação Musical devido às contribuições de tantos

19

debates com a finalidade de esclarecer os objetivos, metodologias e outros pontos

importantes sobre o ensino de música nas escolas.

Acreditamos, portanto, ser importante continuar falando sobre esses

benefícios, pois só assim poderemos representar significado mais concreto às

pessoas que ainda não conhecem a verdadeira função da Educação Musical,

facilitando para que aos poucos a concepção da sociedade acerca do ensino de

música vá sendo transformada.

De modo mais abrangente, trataremos a seguir das principais contribuições

da música e da Educação Musical em duas fases da vida escolar do ser humano:

infância e adolescência.

2.2.1 Música na infância

As crianças se mostram, na maioria das vezes, abertas a atividades que

tenham música como instrumento. Elas gostam de explorar sonoridades incomuns,

gostam de, através da música, habitar em um mundo imaginário. Elas são livres para

criar. No dia a dia das crianças, a música está presente em vários momentos e há

canções para todos eles. Canção para lanchar, canção para tomar banho, dormir

etc. Percebemos com isso que a criança já está aberta a experiências musicais mais

específicas propostas pela Educação Musical.

Segundo Brito (2003), é necessário enfatizar atividades especificamente

musicais, que permitam à criança sentir-se protagonista em face ao processo de

produção musical, como por exemplo, o contato com as bandinhas rítmicas, o uso

de instrumentos, os trabalhos com a voz, as atividades rítmicas, entre outras que

levem em consideração aspectos importantes como os conhecimentos prévios do

educando e seus questionamentos.

Contudo, é inevitável que essas experiências musicais acabem por

contemplar também o desenvolvimento do sensório-motor, da expressividade e,

principalmente, do crescimento cultural, que são processos tão relevantes para a

criança que está em constante desenvolvimento.

20

2.2.2 Música na adolescência

A adolescência é momento importante na vida do ser humano. Ao atravessá-

lo, somos incessantemente indagados sobre questões existenciais, como, por

exemplo, que caminhos seguiremos, quem são nossos amigos de verdade, o que é

importante de fato na vida, quais experiências são boas para nosso

desenvolvimento, dentre tantos outros questionamentos que surgem e causam

inquietação (MINELLI, 2012).

Às vezes, momentos de reflexão acerca dessas questões tão complexas são

“embalados” por canções capazes de nos fazer refletir ou simplesmente desopilar;

tais canções, de algum modo, influenciam na tomada de decisões.

A música, além de usada como subterfúgio em momentos que precisamos

ficar sozinhos para refletir, pode ser também um meio de reunir grupos de pessoas

conforme uma identidade coletiva, um ideal comum. Segundo Silva (2008), alguns

estudos recentes mostram que a música é uma das principais ferramentas para que

os adolescentes sejam aceitos pelos seus grupos de amigos, pelo fato de que os

grupos e a identidade individual estão muitas vezes ligados às escolhas musicais.

Apesar de muitos adolescentes terem acesso, através das mídias, a

conteúdos diretamente ligados à Educação Musical, como livros sobre técnicas para

aprender a tocar um instrumento, livros de teoria musical, unindo ao fato de que eles

já são alfabetizados e podem por conta própria estudar música, a orientação do

professor é uma forma de direcionar este caminho. Como agente facilitador, o

professor, enxergando as possíveis dificuldades desse aluno, pode levá-lo a uma

melhor organização de ideias, mostrando para ele que, ao invés de aprender

conteúdos isolados, como por exemplo, apenas a técnica do seu instrumento, há um

mundo muito mais plural e contextualizado na música.

O que orienta a educadora musical Souza (2008) é uma adaptação por parte

do professor às realidades da sala de aula. Muitos alunos já trazem a música

consigo e não demonstram interesse em aprender outro tipo de música. É preciso

então levar em consideração as músicas trazidas pelo aluno para que a partir delas

sejam trilhados os caminhos da Educação Musical, que vale salientar, não se tratam

de caminhos traçados apenas pelo educador, mas são resultado de uma

21

descoberta, conjunta aos seus alunos, de novos horizontes, de terrenos, às vezes,

desconhecidos.

2.3 LEI 11.769/08

Em 18 de agosto de 2008, por meio do Presidente Luís Inácio Lula da Silva,

foi decretada a Lei 11.769/08 (BRASIL, 2008) que exige a obrigatoriedade do ensino

de música nas escolas de educação básica das redes pública e privada de ensino.

Essa lei altera o artigo 26 da Lei de Diretrizes e Bases da educação nacional (LDB),

que passa a vigorar com o acréscimo do § 6º: “A música deverá ser conteúdo

obrigatório, mas não exclusivo, do componente curricular de que trata o § 2º deste

artigo” (BRASIL, 2008).

O antigo cenário da Educação Musical no país já havia passado por diversas

mudanças. A Educação Musical chega às escolas em substituição ao canto

orfeônico, através da LDB nº 4.024/61. Após dez anos, uma nova mudança

acontece, a LDB nº 5692/71 substitui o ensino de música por educação artística.

Com a criação desse componente curricular, surgem os cursos de educação artística

conferindo ao professor o caráter de educador polivalente, já que esse era

capacitado não somente em música como também em teatro, artes plásticas e

desenho (SILVA E ANDRADE, 2008).

Pereira e Amaral (2012) ressaltam que a aprovação da Lei 11.769/08

(BRASIL, 2008) representa uma grande conquista para os educadores musicais e

principalmente para o crescimento cultural do país porque muito já se sabe acerca

dos benefícios da música para a aprendizagem. Porém, é preciso lembrar que, além

de ajudar no desenvolvimento da concentração, da socialização e de outros

aspectos, a música deve ser valorizada pelos seus conteúdos próprios e não como

auxílio ou benefício para o aprendizado de outras áreas de conhecimento. O estudo

de matemática, por exemplo, não é para ajudar química ou física, mas para que se

aprenda matemática. O raciocínio lógico desenvolvido ao se estudar matemática, o

qual pode auxiliar na resolução de questões de outras matérias, não é objetivo

principal quando se estuda matemática, é apenas uma consequência. Assim

também deve ser visto o ensino da música.

22

2.4 CENÁRIO DA EDUCAÇÃO MUSICAL APÓS A LEI 11.769/08

Apesar de tantos benefícios trazidos para a Educação Musical no Brasil a

partir da aprovação da Lei 11.769/08 (BRASIL, 2008), os educadores musicais

encontram dificuldades para sistematizar o ensino de música porque ainda não há

respostas para questões como a referente aos conteúdos a serem ministrados.

Prega-se uma liberdade de escolha para conteúdos, alegando que a diversidade

cultural do Brasil já infere necessidade de flexibilização nessa escolha para que não

sejam tolhidas as diversas iniciativas artístico-musicais de cada região (BRITO,

2003).

Acreditamos que enxergando a pluralidade cultural do Brasil e tomando

cuidado para não engessar o ensino da música a ponto de atrapalhar a

improvisação, a criação e a expressão de cada cultura, estamos indo num bom

caminho. Nesse sentido, a prática da Educação Musical nas escolas tem objetivos

menos específicos se comparados ao ensino de música à maneira dos

conservatórios, onde se aprende o domínio sobre a teoria musical. Acredita-se numa

prática totalmente consciente de seus objetivos, mas não necessariamente ligada à

teoria musical, pois cada realidade demanda uma forma de trabalho. Nas escolas

regulares, a Educação Musical deve estar ligada ao desenvolvimento musical do

aluno, e esse desenvolvimento deve ser compreendido no seu sentido mais amplo:

estímulo à expressividade, improvisação.

Vale ressaltar que a Lei sobre a obrigatoriedade do ensino de música nas

escolas já deveria estar em vigor, mas o número de profissionais licenciados em

música é significativamente inferior à demanda necessária para suprir as

necessidades de todo o Brasil.

2.5 LICENCIADOS FRENTE AO ATUAL CENÁRIO DA EDUCAÇÃO MUSICAL

No momento de sua atuação em sala de aula, agora sendo o principal

responsável por ela e, principalmente, pelo desenvolvimento cultural dos alunos, o

licenciado em música sente insegurança por não ter certeza sobre os conteúdos que

23

deve ministrar e, muitas vezes, como deve ministrá-los sem os recursos

necessários, situação bastante comum nas escolas da rede pública (DIAS, 2011).

Em muitos momentos, é preciso transformar o pensamento dos alunos de

que música tem apenas o caráter de recreação, ludicidade, divertimento, e

convencê-los de que se trata de algo importante para a formação pessoal. Este é um

desafio bastante árduo para o professor. Entretanto, Dias (2011, p. 2) esclarece que:

[...] Para essas pessoas, a inclusão da música no currículo escolar é apenas mais uma disciplina à qual elas devem atender e não algo que elas mesmas buscaram. Diante disso, cresce a responsabilidade de educador musical para assegurar que a aprendizagem seja significativa fazendo com que os alunos possam vivenciar experiências musicais em diferentes dimensões, interior e exteriormente [...].

Hentskchke e Del Ben (2003) deixam claro que são muitos os desafios

enfrentados por profissionais com formação específica na área, como, por exemplo,

o planejamento das aulas e a avaliação, frente à concepção de que música é fruto

apenas da subjetividade e autoexpressão dos alunos. Mesmo com bases

pedagógicas oferecidas por sua formação superior, o profissional licenciado em

música encontra tais problemas. Uma questão que pode ser levantada sobre esse

aspecto é o que poderia ser melhorado na formação desse profissional.

Considerando o processo de formação oferecido pela Universidade Federal

do Rio Grande do Norte aos licenciandos em música, podemos dizer que as

disciplinas que auxiliam no desenvolvimento de atividades práticas e que exploram

os métodos ativos deveriam ser mais enfatizadas. A insegurança citada por Dias é

agravada pela falta de exercício em sala de aula de atividades musicais ligadas à

vivência.

Avaliando o contexto em que vivemos em relação aos meios de

comunicação, à situação da educação no Brasil de modo geral, ao modo como se dá

a vida familiar dos alunos, podemos pensar, após a aprovação da Lei 11.769/08

(BRASIL, 2008), que a Educação Musical demanda aos licenciados muito mais do

que preparação específica em música. É preciso sensibilidade em relação à vida

para que se compreenda o aluno como um todo, já que a Educação Musical não

24

está restrita a conteúdos musicais, mas abrange outros tipos de experiências

trazidas para a sala de aula.

25

3 AS OFICINAS E SUAS CONTRIBUIÇÕES

Para a realização do projeto das oficinas de música (o termo “oficinas de

música” foi escolhido, pois na escola já se trabalha o termo oficinas para esportes:

oficina de natação, oficina de vôlei etc.), escolhemos como atividades musicais a

prática do Canto Coral, da Flauta Doce e do Violão.

Após reflexões sobre quais seriam as melhores formas para iniciar o

trabalho, a partir das experiências vividas durante os quatro anos no curso de

Licenciatura em Música e à luz das contribuições dos diversos pensadores e

educadores musicais, tomando como base alguns métodos ativos, optamos por

direcionar o trabalho a essas três oficinas pelas seguintes razões: praticidade de

aplicação, identificação com os temas, produtividade musical bastante vasta e

preferência por parte dos alunos da Instituição de ensino em que se realizaria a

prática de ensino.

As propostas de oficinas, apesar de significarem o primeiro passo no

caminho dos projetos musicais na Instituição, não funcionarão em caráter de

componente curricular, pois ainda há um caminho a ser trilhado neste sentido.

Apesar disso, acredito que com os resultados do trabalho, não haverá dificuldades

para que a música seja compreendida como parte importante da formação curricular

dos alunos.

É importante salientar que todas as oficinas visam ao desenvolvimento

musical desses alunos, e não os tornar músicos profissionais. A metodologia

utilizada para aplicação das atividades será fundamentada no sentido global da

musicalização, sentido esse já apontado por Brito (2003), no primeiro capítulo deste

trabalho; portanto, nenhuma atividade estará pautada exclusivamente na utilização

de técnicas predeterminadas que garantam virtuosidade musical aos alunos.

Assim, realizaremos a seguir uma breve fundamentação acerca da

importância de cada uma destas práticas musicais, buscando também apontar as

metodologias que serão utilizadas durante o seu processo.

26

3.1 CANTO CORAL

Ao longo dos próximos tópicos, trataremos da Oficina de Canto Coral como

ferramenta de musicalização. Para além do desenvolvimento das habilidades

musicais, comentaremos também a importância de tal atividade para o

desenvolvimento da socialização, autoestima e responsabilidade dos participantes.

3.1.1 A voz e o canto em desenvolvimento

A voz é nosso primeiro instrumento. Através dela podemos comunicar aquilo

que queremos. Mesmo os bebês que não detém o domínio da fala, conseguem

comunicar-se através do choro, indicando que necessitam de algum cuidado

especial: remédio, comida e até mesmo carinho. Ao longo dos anos, os bebês são

capazes de aprimorar os sons que emitem, evoluindo à fala. Essa evolução é

estimulada através do contato com os sons que os adultos emitem. Este contato

impele o bebê a imitar as linhas melódicas que ouve de seus pais e das pessoas

que o cerca. Os processos de início da fala evoluem à medida que ocorrem os

estímulos. Quanto mais estimulado, melhor será para o bebê (BRITO, 2003).

Os bebês são imitadores por excelência. Quanto mais contato com

diversidade sonora de boa qualidade, mais rápido desenvolverão a voz. Nessa fase,

se possui bons estímulos, desenvolve também predisposição à afinação e ao ritmo,

qualidades musicais. Quando em contato constante da voz da mãe, das canções de

ninar e através da repetição desses sons, a criança vai desenvolvendo uma

memória sonora extensa, cuja utilização acontecerá mais tarde, através da fala e do

canto (JANNIBELLI, 1971).

3.1.2 Canto coral como ferramenta de musicalização e socialização

Cantar é uma atividade inata ao ser humano, e continuar a vivência dessa

atividade durante todos os anos da vida é importante. Desde cedo, desempenhamos

tal atividade de forma bastante natural, expressando a alegria e brincadeira. As

crianças desenvolvem a criatividade e a expressividade também através do canto.

27

Além disso, desenvolvem o senso de ritmo, tonalidade e outras qualidades musicais

(JANNIBELLI, 1971). Durante o cotidiano, podemos perceber jovens e adultos

demonstrando interesse em cantar, principalmente, as músicas que têm um

significado para suas vidas. É comum observarmos também o incentivo de médicos

para que os idosos utilizem a música para preencher o tempo, como forma de

participar de atividades produtivas, divertidas e terapêuticas.

Ficando evidente que cantar é importante para todas as idades, o canto

coral, nos dias de hoje, representa uma forma de proporcionar a todos os

interessados a oportunidade de desenvolver habilidades musicais e atender a

diversos objetivos pessoais.

Ao longo da história, a prática coral passou por processos de evolução, e,

num discurso bem atual, com o advento da Educação Musical, passou a ser

destinada não somente à participação de profissionais da área de música, mas

também às pessoas com interesse em aprender música (JUNKER, 2012).

Assim, o canto coral tem se revelado bastante expressivo em diversos

ambientes e para diversos fins. Instituições de ensino, empresas, centros

comunitários adotam a prática do canto coral como meio de promover cultura,

motivação, socialização entre esses grupos, entre muitos outros aspectos. Além

disso, no contexto da Educação Musical, o canto coral infantil pode representar uma

das formas de se trabalhar música na escola. É bastante claro que através dessa

prática tem-se uma forma eficaz de atingir tanto os objetivos da musicalização como

os objetivos interdisciplinares (AMATO, 2007).

A prática do canto coral fica, portanto, comprovada como sendo importante

forma de musicalizar e colaborar para a formação pessoal do aluno, já que

desenvolve valores como respeito, organização, disciplina, sensibilidade e

criatividade (SESC, 1997).

3.1.3 Proposta de musicalização utilizando o canto coral

A realidade encontrada por cada profissional para desenvolver qualquer

atividade musical é única. Em cada ambiente, ele deve ser capaz de fazer diversas

leituras: sobre os alunos e suas expectativas, sobre a estrutura que dispõe para

28

realização das atividades, sobre o contexto social em que estão inseridos os

participantes diretos e os indiretos (escola e família, sobre quais adaptações serão

necessárias para realização do trabalho) (SOUZA, 2008).

3.1.3.1 Faixa etária e número de participantes

A escolha da faixa etária é uma forma de respeitar os limites próprios de

cada idade, pois cada uma possui suas características físicas, emocionais,

intelectuais e de socialização. Quando o coral é heterogêneo em relação à idade dos

participantes, problemas que podem comprometer o bom funcionamento do coral

naturalmente acontecerão. Dentre eles, destacamos a dificuldade para a escolha do

repertório, a capacidade de concentração e a dinâmica de ensaio, responsáveis pelo

insucesso do trabalho. Assim, SESC (1997) sugere o agrupamento de coristas com

idades próximas.

Segundo SESC (1997), o número total de participantes de um coral infantil é

bastante flexível. Contudo, devemos observar algumas considerações. Para montar

um arranjo com divisão de vozes, sugere-se usar o número mínimo de 20

participantes, para que não haja defasagem em cada naipe vocal. Orienta-se

também não ultrapassar o total de 50 coristas em uma turma para que a execução

das atividades não seja comprometida por dificuldades em controlar o grupo.

Esse processo é uma forma de dar oportunidade para que todos participem.

Caso optasse por escolher os alunos com base nas suas habilidades vocais, estaria

indo de encontro aos princípios da musicalização, de acordo com o qual todos

podem participar independente de habilidades prévias sobre o assunto.

3.1.3.2 A equipe

O ideal é que cada coral dispusesse do regente, do preparador vocal, do

instrumentista acompanhador. Entretanto, a realidade para quem inicia um trabalho

de canto coral muitas vezes não é essa. Não é raro acontecer de o regente

desempenhar todas as funções para o acontecimento do encontro do coral. O

regente tem participação direta em todos os processos, desde a preparação vocal

29

até os últimos detalhes antes da apresentação. Essa dinâmica obriga-o a ter a

estrutura dos encontros muito bem planejada a fim de que não lhe falte tempo para

desempenhar atividades importantes para o sucesso do coral (SESC, 1997).

3.1.3.3 O ensaio

O planejamento é uma forma de assegurar ao regente o bom funcionamento

do ensaio. Entretanto, é necessário que o regente esteja atento às necessidades do

grupo. As atividades podem ser distribuídas conforme o objetivo do encontro.

Porém, atividades como aquecimento vocal e exercícios corporais precisam

acontecer em todos eles, pois garantem a evolução do grupo como um todo (SESC,

1997).

É importante estabelecer através do planejamento o formato do ensaio.

Dessa maneira, cada atividade precisa estar interligada com as demais para que o

ensaio seja produtivo.

Santa Rosa (2006) sugere que os encontros do canto coral sejam divididos

em duas partes: aquecimento vocal e corporal e ensaio do repertório proposto.

Sobre a importância do aquecimento, ela afirma que ele deve buscar:

[...] entre outras coisas, a apresentação dos componentes do grupo, o seu entrosamento e integração, a descontração, a capacidade de concentração, a autoconfiança, a qualidade de afinação, a habilidade de improvisação e criação (SANTA ROSA, 2006, p. 51).

Esse momento de aquecimento é destinado à preparação dos coristas para

o ensaio do repertório. A necessidade do momento é quem dirá se os exercícios de

aquecimento estarão voltados ao relaxamento, ou à integração, ou a outras

finalidades, entretanto, os exercícios de aquecimento vocal são parte indispensável

de todos os encontros.

A maioria dos corais costuma ensaiar uma vez por semana. Nos corais

infantis, é muito comum que as crianças se dispersem com frequência. Por isso, é

importante iniciar os ensaios com atividades de relaxamento e concentração (SESC,

1997).

30

É importante falar sobre a posição ideal para ensaiar os exercícios

corporais, vocais e para as demais atividades com finalidade coletiva. É bom que

todos os participantes estejam em círculo, pois esse posicionamento reforça a ideia

de igualdade entre todos (WHITE,1999 apud SANTA ROSA, 2006).

Sobre o segundo momento do encontro, o ensaio do repertório, Santa Rosa

(2006) sugere que seja: “realizado com o aprendizado gradativo das músicas,

trabalhando um trecho a cada ensaio”. Segundo ela, os arranjos podem ser

ensinados “ora desenvolvendo a letra, ora o ritmo, ora a melodia, e por fim, a

harmonia das vozes, a dinâmica e a expressividade” (SANTA ROSA, 2006, p. 51).

Alguns profissionais que trabalham com coral recebem críticas por estarem,

em muitos momentos, preocupados apenas em ensinar aos coristas o arranjo em

função da apresentação, esquecendo os processos de musicalização que dão

sustentação ao desenvolvimento do coral (BRITO, 2003). Segundo Dias (2004) apud

Santa Rosa (2006), no momento do ensaio, o regente pode estar mais próximo das

dificuldades dos alunos, ajudando a minimizá-las.

3.1.3.4 O repertório

A escolha do repertório é agente motivador para o ensino e aprendizagem

no coral quando o regente está atento à construção desse repertório coletivamente

com os coristas. Não basta somente trazer arranjos prontos de canções que muitas

vezes não estão presentes na vida de quem as vai cantar. Estar atento às

preferências musicais do grupo pode levar o regente ao “fazer musical” coletivo e

isto já constitui um processo de musicalização, uma das funções do canto coral.

Estar aberto a construir coletivamente o repertório aproxima o regente de todas as

realidades de seu grupo, dando-lhe oportunidade de dialogar com cada uma delas

(TORRES, 2003 et. al.).

Segundo Vieira (1997), é importante renovar a linguagem do canto infantil

de acordo com o dia a dia das crianças. Porém, é importante associar o lúdico com o

estético para que a prática do coral não soe como banalidade, tirando a beleza da

elaboração. Tal consideração vale para corais de todas as idades. Utilizar de

31

arranjos que sejam correlatos à realidade dos coristas não significa desleixar em

relação à elaboração do repertório.

3.2 FLAUTA DOCE

A partir dos próximos tópicos, apresentaremos a flauta doce como

ferramenta no processo de musicalização, elencando os benefícios dessa prática e

comentando sobre procedimentos utilizados em aulas de música com flauta doce.

3.2.1 A flauta doce como ferramenta para musicalização

A flauta doce surge como ferramenta utilizada na educação a partir dos

trabalhos de Edgar Hunt na década de 30. A partir desse trabalho, a iniciação

musical, em várias escolas que trabalham com educação musical infantil, recorre ao

auxílio desse instrumento por fatores de ordem prática: é um instrumento de baixo

custo, de fácil assimilação por parte das crianças e produz o som imediatamente ao

sopro, não necessitando de técnicas de embocadura e respiração extremamente

complexas. Apesar dessas facilidades, o trabalho do inglês Hunt era bastante

criterioso e obedecia a padrões de qualidade em relação à escolha das flautas e da

metodologia de ensino. Anos depois, outras pessoas começam a recorrer à flauta

doce de maneira equivocada. A flauta não era apenas instrumento para

musicalização, já que antes desses diálogos sobre Educação Musical era um

instrumento solista como outros instrumentos de sopro. Esse valor estético foi se

perdendo, de forma que atualmente é comum encontrar pessoas que relacionam a

flauta doce com musicalização infantil (PAOLIELLO, 2007).

Paoliello ainda considera que a flauta doce tem sido utilizada apenas para

iniciar o processo de musicalização e que os profissionais não têm se aprofundado

nas técnicas e no repertório do instrumento. Tal prática faz do instrumento um

“trampolim” para que se aprendam conhecimentos musicais, que mais tarde serão

incorporados a outros instrumentos. Isso, no entanto, não deveria acontecer porque

a flauta possui repertório e história que justificam sua aprendizagem.

32

Apesar disso, consideramos que utilizar a flauta doce como ferramenta para

descoberta de outros caminhos musicais não é fazer uso errôneo do instrumento,

mas proporcionar através dela o descobrimento da musicalidade, interesse e

sensações de satisfação por parte dos alunos para com outros conhecimentos

musicais. Para tanto, encontramos respaldo mais uma vez na fala de Brito (2008),

que trata o processo de musicalização como um conjunto de fatores, e não uma

teoria pronta a ser transmitida para os alunos.

Paoliello (2007) relata também implicações acarretadas pela falta de domínio

por parte do professor, ponto em que pensamos do mesmo modo. O conhecimento

de técnicas relativas ao instrumento é parte imprescindível para que o mesmo seja

tocado de maneira correta. A falta dessas técnicas pode acarretar problemas na

musicalização e pode comprometer a compreensão do valor musical que o

instrumento possui. Isso sim é capaz de desnortear o ensino do instrumento.

Diante do exposto, é necessário então destacar a diferença da utilização da

flauta enquanto instrumento que possui valor estético e repertório que devem ser

primados independente de quem o toca (se é alguém que domina conhecimentos

musicais ou não) e enquanto instrumento que serve como auxílio para que se

desenvolva musicalmente alguém. Tal diferenciação permite traçar caminhos

distintos em relação às técnicas de apreensão de conteúdos, execução e objetivos.

Assim, destacamos que a proposta da Oficina de Flauta Doce a ser desenvolvida é

musicalizar através desse instrumento.

Beineke (2003) lembra ainda que é preciso, quando ao referirmo-nos à

musicalização, tomarmos cuidado com a prática de exercícios puramente técnicos

que, dependendo do objetivo do professor, não favorecem a expressão musical dos

alunos. O objetivo de tocar flauta doce, visando à musicalização, é desenvolver a

expressividade e a criatividade dos alunos.

3.2.2 Proposta de musicalização utilizando a flauta doce.

Segundo Beineke (2003), as diferenças no que se refere à habilidade,

desenvoltura, e às preferências musicais são percebidas assim que se inicia o

trabalho da musicalização. Alguns participantes apresentam mais facilidade rítmica,

33

outros são mais desenvoltos na melodia, uns gostam de música lenta, outros gostam

de músicas mais agitadas, porém, todos carregam o mesmo desejo: aprender. O

professor deve encarar toda heterogeneidade para além do desafio. As diferenças

são responsáveis por enriquecer o processo da musicalização.

O ensino da flauta doce pode representar uma forma de iniciação à leitura

de partitura de modo bastante prático, pois aos poucos, a cada exercício, o aluno vai

agregando os conhecimentos já descobertos aos novos que vão sendo passados e

de modo rápido, sem precisar parar, consegue relacionar a teoria com a prática.

De acordo com as propostas de Rocha (1986) e Beineke (2003), as aulas de

flauta doce devem contemplar exercícios de respiração, compreensão da localização

das notas no instrumento e na partitura, construção de repertório e exercícios de

improvisação.

Os exercícios de respiração são responsáveis por proporcionar o controle na

distribuição do ar no ato de tocar o instrumento. A atividade, quando ministrada,

deve ter bastante leveza e conduzir também ao relaxamento para que seus efeitos

sejam garantidos (LIMA, 2008).

Quanto à compreensão das notas no instrumento e na partitura, o método de

Rocha (1986) pode ser sugestão para realização de tais atividades. A proposta do

método é ensinar as posições das notas no instrumento, começando pelas posições

mais elementares, ao passo que vai sendo ensinado também a localização dessas

notas na partitura. No exemplo, o professor pode conduzir o aluno a tocar a nota si,

posição mais simples no instrumento, interpretando a orientação rítmica dos

tracinhos, proposta dos exercícios 1 e 2. Após isso, o aluno será conduzido à leitura

de partitura, no exercício 3, mas já tendo noção de como dividir os valores das

figuras.

34

Figura 1 – Exercícios preliminares para a flauta doce Fonte: ROCHA, Carmem Maria Mettig. Iniciando a flauta doce: músicas fáceis para a iniciação instrumental individual ou coletiva. São Paulo: Ricord, 1986. p. 8

Após fazer esse tipo de exercício com outras notas, de preferência na ordem

descendente da escala de dó, o aluno já terá noções de altura e ritmo na parti tura.

Ao conduzir à percepção das canções, das distâncias das notas, também podem

ser introduzidas noções de intervalos. Desta forma, a flauta doce representa um

caminho simplificado à leitura de partitura.

A escolha do repertório para trabalhos musicais em ambientes escolares

talvez possa ser uma justificativa comum ao ensino de todos os instrumentos e

comum também à pratica vocal, como já citamos na Oficina de Canto Coral. O

cuidado em observar o repertório, de modo que este cumpra as funções musicais e

possa também atender aos anseios dos alunos, deve fazer parte da rotina do

professor. Tal atitude garante uma troca de conhecimentos, pois o aluno que

porventura não esteja suscetível a mudar de opinião sobre determinado gênero ou

estilo musical, ao observar seu professor abrir espaço para acolher a sugestão que

ele traz, naturalmente sente-se convidado a fazer o mesmo (TORRES, 2003 et al.).

De acordo com as propostas dos criadores dos principais métodos e

abordagens da Educação Musical, é necessário que o aluno possa exercer também

a sua criatividade. Portanto, para que o aluno não fique somente reproduzindo

repertórios já existentes, Brito (2003) ressalta a necessidade de estimular a sua

35

criação, não só por meio da improvisação como também através da composição

musical.

3.3 O VIOLÃO

O violão destaca-se como instrumento que passou por diversas alterações

até alcançar o modelo que temos hoje. Sua configuração conhecida atualmente só

foi definida a partir do século XIX (FIGUEIREDO E CRUVINEL, 2001). Este

instrumento surge no cenário popular brasileiro a partir da consolidação da Bossa

Nova, substituindo o acordeom, nos anos 50. Nesse período, foi um instrumento

utilizado por muitos compositores e intérpretes para execução de clássicos da

Música Popular Brasileira (MPB), principalmente no Movimento Bossa Nova.

Tornando-se cada vez mais popular entre a classe média, pode ser aclamado como

o símbolo da MPB. Apesar de ser considerado o instrumento símbolo da boemia,

jovens da época estavam ávidos por aprenderem técnicas para tocar este

instrumento (GAVA, 2002).

A partir do contexto bossa-novista, que traz a evolução do instrumento no

contexto popular, e levando em consideração a difusão da música através da mídia

na atualidade, temos, nos dias de hoje, o violão como um dos instrumentos musicais

mais populares em relação a preço e também à procura nos cursos básicos de

música, sendo o mais comum de se encontrar em rodas de amigos. Muita gente

sabe fazer ao menos 3 acordes no instrumento.

Graças a todos esses pontos, o instrumento conota uma importância

significativa em relação à possibilidade que ele oferece de apreensão de conteúdos

musicais. Na internet, os sites de cifras mostram como montar os acordes da

maneira mais simplificada à maneira mais complexa. Revistas vendidas em quase

todas as bancas de jornal ensinam como fazer a “batida” e as “notas”, como

chamam os aprendizes. E sem nenhuma noção de harmonia funcional, sem sequer

ter frequentado nenhuma aula de música que estimulasse o desenvolvimento

rítmico, os jovens, de posse desse material, conseguem tocar o repertório que mais

lhe agrada.

36

Nós, educadores musicais, devemos observar este instrumento como sendo

bastante relevante para Educação Musical, principalmente nas escolas regulares. O

que procuramos para musicalizar? Tratar de temas que são do interesse do aluno ao

mesmo tempo em que são temas fundamentais na musicalização, a exemplo da

percepção, da apreciação musical? O violão pode proporcionar à musicalização

todos esses requisitos.

3.3.1 Proposta de musicalização utilizando o violão

Atrelado aos diversos diálogos sobre Educação Musical dos tempos atuais,

o violão foi sugerido como alternativa para musicalização nas escolas. Segundo

Tourinho (2003), a dificuldade encontrada por muitos professores é com relação à

metodologia utilizada para ensino do instrumento em grupo, pois coordenar uma

prática individual para tocar em um contexto coletivo é tarefa bastante difícil.

Nos cursos de formação de docentes, inclusive no curso de Licenciatura em

Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, as práticas de instrumento

harmônico (violão I, II, III, e IV e piano I, II, III, e IV) são ministradas em salas com

até 10 alunos. A metodologia varia de professor para professor. Entretanto, eles

utilizam do mesmo material para ensinar a todos e procuram atender às

necessidades de cada aluno de modo particular.

O projeto IMIV, Iniciação Musical com Introdução ao Violão, desenvolvido

por Tourinho na Universidade Federal da Bahia, é um exemplo de ensino coletivo do

instrumento, que mostra o quanto é possível e proveitoso. O curso é destinado à

introdução musical diretamente através do instrumento para as crianças que já são

alfabetizadas e tem preferência por aprender a tocar violão. O projeto visa à

iniciação musical através da prática. A teoria é ensinada na medida em que pode ser

aplicada à prática do instrumento.

Barreto (2008) aponta alguns meios possíveis de reduzir as dificuldades

encontradas pelo professor no momento de ministrar as aulas do instrumento:

O acontecimento de alunos que não tocam e que passam a tocar violão tem importante influência na escolha de repertório pelos mesmos, e consecutivamente, na escolha das linguagens utilizadas

37

pelo professor. O professor de instrumento no ensino coletivo tem que estar disponível para novas linguagens musicais e para as novas formas que os alunos podem conhecer músicas. As fontes para conhecer uma música atualmente já não são mais as mesmas de dez anos atrás. (BARRETO, 2008, p. 21).

Entretanto a utilização de qualquer método não deve ser a finalidade do

ensino do instrumento. Sobre isso, Barreto aponta:

Quando o centro de um estudo musical passa a ser o que está escrito, sem considerarmos o som produzido, temos um grande obstáculo para o aprendizado. As linguagens escritas ajudam um aluno quando é necessário estudar em casa, sem a presença do professor. O aprendiz pode conferir como é a música se por acaso esquecer dela. (BARRETO, 2008, p.21).

Compreendemos, a partir das falas de Barreto (2008) e do projeto

desenvolvido por Tourinho (2003), que, apesar das dificuldades encontradas pelos

profissionais para o ensino coletivo de violão popular, há elementos que facilitam o

trabalho do professor de violão em grupo. Apontamos no tópico seguinte

considerações importantes para o momento da aula, que deve contemplar o

aprendizado dos acordes, do ritmo das músicas, a construção do repertório, a

técnica do instrumento e a criação.

Sobre os acordes, é interessante simplificá-los quando se ensina em uma

turma de iniciantes, principalmente com as crianças que, pela anatomia da mão,

ainda não dispõe de flexibilidade suficiente para montar um acorde com pestana. A

quantidade de acordes por música também deve ser observada de acordo com o

nível da turma. No início do trabalho, é importante trabalhar canções com poucos

acordes para que os alunos tenham segurança no momento de trocar de acorde

bem como para que o ritmo da música não seja comprometido por tantas mudanças

de acordes (BARRETO, 2008).

Mesmo que não tão precisas, há muitas formas de transmitir o ritmo da

música. Gráficos e desenhos que sugerem os movimentos da mão responsável pelo

ritmo demonstram como se devem distribuir as batidas para alcançar o ritmo

desejado. No exemplo a seguir, sugere-se o movimento de tocar para cima e para

baixo, seguindo o movimento das setas (BARRETO, 2008).

38

Figura 2 – Setas que representam “levada” no violão Fonte: BARRETO, M. S. Teixeira. Ensino coletivo de violão: diferentes escritas no aprendizado de iniciantes. 2008. 40 f. Monografia (Licenciatura em Música) - Instituto Villa-Lobos, Centro de Letras e Artes, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008. p. 28.

Neste outro exemplo, as letras correspondem aos dedos da mão

responsável por executar o ritmo. P = polegar, a= anelar, m= médio, i= indicador. No

ritmo descrito nesta figura, temos o polegar tocando separadamente e os dedos

anelar, médio e indicador tocando em seguida todos ao mesmo tempo.

Figura 3: Letras que representam dedos da mão direita. Fonte: BARRETO, M. S. Teixeira. Ensino coletivo de violão: diferentes escritas no aprendizado de iniciantes. 2008. 40 f. Monografia (Licenciatura em Música) - Instituto Villa-Lobos, Centro de Letras e Artes, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008. p. 27.

Utilizando tanto o modelo de combinação de setas como o modelo que

indica o ritmo através das iniciais dos dedos da mão responsável pela execução do

ritmo, as combinações rítmicas para o repertório desejado podem ser desenvolvidas.

39

Na medida em que são assimiladas ao nome de um ritmo específico (exemplo:

samba), essas combinações tornam-se automáticas na mente do aluno. Esse fato

possibilita ao professor explorar de modo mais elaborado os acordes do repertório,

já que a atenção do aluno não estará tão concentrada no ritmo, pois ele já foi

automatizado.

3.3.1.1 O repertório

Do mesmo modo em que nas demais oficinas, a escolha do repertório para o

ensino coletivo de violão é assunto que merece cuidado. Além da escolha coletiva

das músicas, a composição de arranjos pode ser uma alternativa para que as

potencialidades do grupo sejam aproveitadas (FIGUEIREDO E CRUVINEL, 2001).

Acreditamos que a conciliação entre o repertório sugerido pelo aluno e

aquele que o professor deseja apresentar é uma das melhores formas de

desenvolver satisfatoriamente o trabalho. Mesmo porque o objetivo da musicalização

é que o aluno participe de todo o momento do fazer musical, inclusive da escolha do

repertório.

É importante promover o desenvolvimento do aluno no âmbito da criação.

Figueiredo e Cruvinel (2001), utilizando-se desse recurso no desenvolvimento de

seu trabalho, nos dizem que “o uso da imaginação foi utilizado como ferramenta

para que o desenvolvimento criativo-musical ocorresse, e consequentemente o

melhor aprendizado do instrumento fosse uma constante” (FIGUEIREDO E

CRUVINEL, 2001, p. 87). Portanto desenvolver exercícios de criação e improvisação

é ferramenta imprescindível para o aprendizado prático, ou seja, que não está ligado

apenas à teoria e apenas às composições de outros músicos.

Após essa discussão acerca dos componentes das oficinas, realizaremos a

explanação do modelo do projeto a ser apresentado para a direção do Instituto Reis

Magos. O projeto em pauta trará linguagem mais simplificada em relação ao primeiro

e segundo capítulo. A linguagem técnica dará lugar a termos simples, que

possibilitem a compreensão da direção da Instituição em relação aos objetivos e à

metodologia do projeto.

40

4 O PROJETO

O projeto desenvolvido a partir da pesquisa bibliográfica acerca de temas

relacionados à Educação Musical é uma proposta de trabalho para o

desenvolvimento das Oficinas de Canto Coral, Flauta Doce e Violão a partir do ano

de 2013, no Instituto Reis Magos, escola da rede privada de ensino, na qual já atuo

como profissional.

4.1 INTRODUÇÃO

A música faz parte de nossas vidas desde a infância. Através de muitas

canções são despertadas sensações que nos acompanham sempre. Somos

cercados por música em casa, na rua, no trabalho, no carro e não conseguimos

imaginar nossa vida sem ela.

Além de todos os significados atribuídos à música, merece comentário o fato

de a mesma ser ferramenta importante nos processos de ensino e aprendizagem

assim como na formação dos seres humanos.

Em um contexto atual, precisamente a partir de 2008, através da aprovação

da Lei 11.769/08 (BRASIL, 2008), que trata da obrigatoriedade do ensino de música

nas escolas, faz-se necessário estudar formas de aplicabilidade para essa lei de

acordo com cada realidade encontrada.

Há muito para se discutir entre os educadores musicais e escolas de ensino

regular para que se encontre a forma ideal de trabalho, já que não há um documento

que informe os conteúdos musicais a serem ministrados em cada série ou até

mesmo qual metodologia é a mais adequada para cada realidade. O que devemos

levar em consideração a priori é desenvolver a consciência de que a Educação

Musical é importante para o nosso desenvolvimento, principalmente na fase escolar,

e a partir disso será mais fácil encontrar uma metodologia que corresponda às

expectativas tanto do professor de música quanto da escola. Ainda sobre isso,

temos de esclarecer que a musicalização já tem seu próprio sentido, independente

de outros objetivos que são conferidos a ela. O objetivo da musicalização não é a

41

formação de músicos profissionais, mas despertar o aluno para a musicalidade que

ele tem dentro de si.

Este trabalho deseja apresentar ao Instituto Reis Magos uma proposta de

atividade musical baseada nas oficinas de Canto Coral, Violão e Flauta Doce. A

sugestão é que essas oficinas sejam oferecidas aos alunos através de encontros

semanais, em horário diferente ao que cursa sua série, semelhante ao

funcionamento das atividades esportivas na escola. O projeto está baseado na

literatura dos educadores musicais que trazem propostas eficazes para o ensino de

música neste contexto de ensino.

4.2 JUSTIFICATIVA

A música é arte promotora de fraternidade, compreensão entre os homens e

estimuladora de valores éticos e sociais. Além disso, a música é inerente ao ser

humano. Em qualquer momento da vida, ele se relaciona com a música procurando

conectar-se ao mundo que o cerca, pois todos aqueles que estão ao seu redor

também se relacionam com ela (JANNIBELLI, 1971).

A prática da Educação Musical na escola, portanto, é um meio de promover

não só o desenvolvimento de habilidades musicais, relacionadas à execução de um

instrumento ou ao aperfeiçoamento da voz, como também pode ser promotora da

socialização, do desenvolvimento psicomotor, da criatividade e do respeito mútuo.

Como nos mostra Silva (2008), as crianças e adolescentes interessam-se

espontaneamente por assuntos relacionados à música e demonstram tais interesses

em seu grupo de amigos, através de seus celulares, MP3 e demais recursos

tecnológicos que os permitem conectar-se ao resto do mundo.

A escola, enquanto espaço que deve promover dentre outras coisas, a

cultura, deve estar atenta para incorporar a Educação Musical na sua proposta de

trabalho, valorizando o conhecimento já trazido pelos alunos e ajudando a ampliá-lo

cada vez mais.

Por esses motivos, consideramos relevante a proposição destas oficinas,

para que possamos estar à frente no que diz respeito à implantação da Lei Federal

11.769/08 (BRASIL, 2008) nesta instituição como também para que possamos,

42

através da música, contribuir de maneira mais eficaz para a formação global do

nosso alunado.

4.3 OBJETIVOS

4.3.1 Objetivo geral

Estimular a prática da Educação Musical no Instituto Reis Magos

através da criação de oficinas de Canto Coral, Flauta Doce e Violão.

4.3.2 Objetivos específicos

Na oficina de Canto Coral:

Desenvolver práticas educacionais voltadas para a construção de um

repertório e para a musicalização dos participantes;

Realizar apresentações periódicas sempre que for necessário para o

Instituto.

Na oficina de Flauta Doce:

Abrir turmas de iniciação à flauta doce, com estudantes do 2º e 3º anos

de acordo com a demanda dos inscritos;

Desenvolver aulas semanais com atividades musicais de execução

instrumental, leitura musical e de criação;

Apresentar periodicamente o resultado do conteúdo desenvolvido de

acordo com os eventos promovidos pela escola.

Na oficina de Violão:

Abrir turmas com até 10 participantes do 5º ao 9º ano de acordo com a

demanda dos inscritos;

Desenvolver o ensino coletivo de violão, contemplando aprendizado de

acordes, ritmos e construção de repertório de acordo com o nível dos alunos;

43

Apresentar periodicamente o resultado do conteúdo desenvolvido de

acordo com os eventos promovidos pela escola.

4.4 METODOLOGIA

Neste tópico, trataremos de cada oficina, apontando a metodologia utilizada

nas atividades, o formato das aulas de cada uma delas, o material necessário para

desenvolver a atividade, a forma de seleção dos participantes e outras informações

pertinentes à interpretação da metodologia. Todas as oficinas buscam desenvolver

as habilidades musicais dos participantes com base na premissa que o processo de

musicalização é construído em relação à realidade encontrada, e não um processo

pronto que deve ser apenas transmitido às pessoas.

4.4.1 Metodologia para a oficina de canto coral

O Canto Coral tem se revelado uma prática comum em diversas instituições

por ser uma atividade musical que está relacionada com o desenvolvimento da

socialização. Além disso, o Canto Coral foi escolhido para fazer parte das oficinas

por ser uma prática prazerosa, através da qual é possível desenvolver a

musicalização dos participantes de modo bastante amplo.

4.4.1.1 Faixa etária e número de participantes:

Para este trabalho, os alunos serão agrupados em uma única turma, com

estudantes do 3º ao 6º ano do Ensino Fundamental e idade compreendida entre 8 e

12 anos. A turma será composta por 40 participantes e o critério de seleção será a

ordem de inscrição, sendo selecionados, portanto, os primeiros 40 inscritos. Esse

processo é uma forma de dar oportunidade para que todos participem. Caso optasse

por escolher os alunos com base nas suas habilidades vocais, estaria indo de

encontro aos princípios da Educação Musical, de acordo com o qual todos os alunos

são capazes de aprender independentemente de habilidades prévias. Após o

fechamento das inscrições, será marcado um teste para classificação vocal, que

44

servirá de meio para conhecer as dificuldades de cada participante, norteando a

prática pedagógica a ser desenvolvida nos ensaios.

4.4.1.2 O ensaio

Os encontros acontecerão uma vez na semana, com duração de uma hora e

trinta minutos, sendo divididos em duas partes: aquecimento vocal e corporal e

ensaio do repertório.

4.4.1.3 O aquecimento

O aquecimento será realizado de pé e em círculo, durante a primeira parte

da aula, com atividades de integração, concentração, alongamento corporal,

relaxamento, respiração e aquecimento vocal com o objetivo de preparar os alunos

para o ensaio do repertório.

4.4.1.4 O repertório

O repertório será desenvolvido de maneira gradativa, considerando as

capacidades dos alunos e os prazos estabelecidos para as apresentações. O

repertório será escolhido dentro das seguintes categorias:

Canções que façam parte do universo dos alunos;

Canções da Música Popular Brasileira,

Canções de estilos variados;

Canções de outros lugares do mundo;

Canções com temas educativos: meio ambiente, folclore, etc.

Canções temáticas de acordo com a ocasião das apresentações.

Com base em todos esses critérios, a escolha do repertório será feita de

forma que contemple o desejo da escola, do regente e das crianças.

45

4.4.1.5 Material a ser providenciado pelo aluno

O único material requisitado para o aluno é uma pasta de partitura, onde ele

colocará suas atividades e seu repertório. Esse material garante ao aluno

organização, facilitando a assimilação dos conteúdos e do repertório.

4.4.1.6 Material a ser providenciado pela escola

Para realização da Oficina de Canto Coral, serão necessários estes

materiais: uma sala ampla, isolada acusticamente para não atrapalhar as outras

atividades na escola, com 40 cadeiras, um teclado para o acompanhamento, uma

estante de teclado e um aparelho de som com CD.

4.4.2 Metodologia para a oficina de flauta doce

A flauta doce foi introduzida na Educação Musical por ser instrumento que

não implica em técnicas difíceis para que seja tocado. Além disso, é um instrumento

de baixo custo. Apresenta uma sonoridade suave e possui repertório bastante vasto.

4.4.2.1 Faixa etária e número de participantes:

As turmas de Flauta Doce estarão voltadas principalmente para o 2º e o 3º

ano do Ensino Fundamental I, em virtude de ser um instrumento de técnicas mais

simplificadas para o aprendizado das crianças. Portanto, o critério de seleção dos

participantes nessa oficina é a idade. As crianças do 2º e 3º ano poderão se

inscrever, sendo selecionadas aquelas que estiverem dentro do número de vagas

permitido. Cada turma de flauta será composta por 10 participantes. O número de

turmas será discutido mediante a aprovação do projeto.

46

4.4.2.2 As aulas

As aulas serão divididas em dinâmicas de integração, exercícios de

respiração, que auxiliam na boa qualidade do sopro, introdução à leitura musical

(partitura), construção do repertório e exercícios de improvisação, que favorecem o

desenvolvimento da musicalidade.

4.4.2.3 O repertório

O repertório será escolhido principalmente em função da aprendizagem das

posições dos dedos na flauta. Canções que contemplem poucas notas serão

adotadas no início do trabalho. Mediante os avanços da turma, o repertório

escolhido será mais elaborado.

4.4.2.4 Material a ser providenciado pelo aluno

O aluno deverá se responsabilizar por adquirir o seu próprio instrumento, por

questões de higiene e facilidade, para treinar fora da sala de aula. O modelo da

flauta será padronizado para que o trabalho seja desenvolvido com facilidade.

4.4.2.5 Material a ser providenciado pela escola

Os materiais necessários para realização dessa oficina são estantes de

partitura, quadro branco, além da sala que já foi solicitada para realização da Oficina

de Canto Coral.

4.4.3 Metodologia para a oficina de violão

O violão está entre os instrumentos mais procurados nas escolas de curso

básico de música. Crianças e adolescentes despertam muito cedo o interesse em

aprender a tocar esse instrumento. Pensando nisso, o instrumento foi escolhido para

a realização de uma das oficinas.

47

4.4.3.1 Faixa etária e número de participantes

A idade dos participantes para esta oficina compreende as séries do 5º ao 9º

ano do Ensino Fundamental. O número de participantes por turma não deve

ultrapassar 10. O número de turmas a serem abertas será acordado mediante a

aprovação do projeto. O critério de seleção será o mesmo adotado nas oficinas de

Canto Coral e Flauta Doce: serão selecionados os primeiros inscritos respeitando o

número limite de vagas.

4.4.3.2 As aulas

As aulas serão constituídas de exercícios, buscando desenvolver ritmos e

dedilhados variados, posicionamento de acordes no braço e construção de

repertório. A forma de aplicação desses conteúdos será realizada de maneira que os

diferentes níveis dos alunos sejam respeitados.

4.4.3.3 O repertório

O repertório a ser escolhido para esta oficina deve atender a alguns pontos

importantes. Deve haver comunhão entre o desejo dos alunos e a proposta do

professor. É natural que os participantes queiram tocar as músicas presentes na

mídia. Entretanto o professor tem um objetivo com o repertório, pois é através dele

que são ensinadas as técnicas e aspectos gerais da musicalização. Por isso, o

professor deve investigar se o repertório sugerido pelo aluno poderá ser ferramenta

para que aprendam os conteúdos desejados para aquele momento.

4.4.3.4 Material a ser providenciado pelo aluno

Cada aluno será responsável por adquirir seu próprio instrumento, de modo

a facilitar o contato mais efetivo entre o aluno e o instrumento, que deve ser

praticado fora dos momentos de aula.

48

4.4.3.5 Material a ser providenciado pela escola

O mesmo material utilizado na oficina de flauta doce será utilizado na oficina

de violão.

4.5 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO

MÊS

ATIVIDADES

Planejamento

Desenvolvimento

das atividades

Recesso Recitais

Entrega de

relatório com

resultados

Jan. x

Fev. x

Mar. x

Abr. x

Mai. x

Jun. x x

Jul. x

Ago. x

Set. x

Out. x

Nov. x

Dez. x x X

Tabela 01: Cronograma de atividades das oficinas

Fonte: a autora

49

4.6 ORÇAMENTO

Item Quantidade Valor

Unitário Valor Total

Microsystem 1

Teclado 1

Estante de

Teclado

1

Estante de Partitura 6

Cadeiras plásticas

sem braço 40

Quadro branco 1

Investimento Total:

Tabela 02: Orçamento do material necessário para a realização das oficinas

Fonte: a autora

4.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO PROJETO

O objetivo principal desse projeto foi apresentar uma proposta para inserção

da música no Instituto Reis Magos através da realização das oficinas de Canto

Coral, Flauta Doce e Violão, atendendo à solicitação da Lei 11.769/08 (BRASIL,

2008), que define ser obrigatória a inclusão da música na educação básica.

Espera-se que, com a execução deste projeto, a comunidade escolar possa

reconhecer o potencial educativo da prática musical e abrir espaço para a música

como componente curricular assim como a realização de novos projetos culturais

que envolvam outras expressões artísticas.

50

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho se propôs a discutir algumas opções práticas para o ensino de

música nas escolas regulares, frente ao cenário de consolidação obrigatória da

Educação Musical nesses espaços a partir do desenvolvimento de um projeto de

oficinas musicais.

A Lei 11.769/08 (BRASIL, 2008) determina a obrigatoriedade da música nas

escolas regulares e como citamos na introdução do trabalho, o tempo para

adaptações nesses espaços já está se encerrando. Por esse motivo, fez-se

necessário o desenvolvimento de propostas de Educação Musical que

contemplassem esses espaços.

No primeiro capítulo, fizemos um breve relato da minha experiência no

Instituto Reis Magos a fim de esclarecer ao leitor os objetivos e as motivações deste

trabalho e, em seguida, uma breve reflexão acerca da importância da música na vida

das pessoas, além de abordarmos também a Lei 11.769/08 (BRASIL, 2008) e suas

implicações gerais para Educação Musical.

No segundo capítulo, buscamos realizar, a partir de uma pesquisa

bibliográfica, a fundamentação de cada tema proposto para as oficinas musicais,

compreendendo não só a importância de cada uma delas para a educação dos

sujeitos como também as metodologias mais aconselháveis para a sua execução.

No terceiro capítulo, estruturamos o projeto de pesquisa a ser apresentado

ao Instituto Reis Magos, um colégio da rede privada de ensino regular, contendo

contextualização, justificativa, objetivos, metodologia, material necessário,

cronograma e orçamento, de modo bastante esclarecedor para facilitar a sua

execução.

Esperamos, com a realização deste projeto, ampliar a visão desta e de

outras instituições acerca da importância da prática musical na vida dos educandos

e estimular a realização de novos projetos artísticos nas escolas, ressaltando,

evidentemente, a importância do licenciado no processo de implantação da música

nas escolas bem como da sensibilidade para observar a realidade da qual dispõem,

pensando em formas de inserir a música e a arte, de maneira mais efetiva, dentro

delas. Desejamos também mostrar futuramente o resultado desse trabalho, e

51

principalmente o que precisou ser alterado para o melhor funcionamento das

oficinas. Sabemos que a realidade demanda alterações, pois nem tudo sai conforme

o que planejamos. Acreditamos que o papel do professor é também ser sensível às

mudanças para que consiga lograr êxito nos seus objetivos.

52

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