universidade federal do estado do espÍrito santo - ufes · 2019. 9. 17. · universidade federal...

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO - UFES

    CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS

    MIGUEL ÂNGELO MILIOLI

    A GESTÃO ECONÔMICA E FINANCEIRA DA ATIVIDADE ESPORTIVA:

    UMA ANÁLISE DO CAPIXABÃO SÉRIE A 2018

    VITÓRIA - ES

    2018

  • MIGUEL ÂNGELO MILIOLI

    A GESTÃO ECONÔMICA E FINANCEIRA DA ATIVIDADE ESPORTIVA:

    UMA ANÁLISE DO CAPIXABÃO SÉRIE A 2018

    Trabalho de Conclusão de curso

    apresentado à Universidade Federal do

    Espírito Santo, como requisito parcial para

    obtenção de título de Bacharel em

    Educação Física.

    Orientador: Prof. Dr. Eduardo José

    Zanoteli

    COMISSÃO EXAMINADORA

    ______________________________________

    Prof. Dr. Eduardo José Zanoteli

    Universidade Federal do Espírito Santo - UFES

    ______________________________________

    Prof. Ms. Jean Carlos Freitas Gama

    Universidade Federal do Espírito Santo - UFES

    ______________________________________

    Prof. Ma. Sayonara Cunha de Paula

    Universidade Federal do Espírito Santo - UFES

    Vitória - ES, 26 de novembro de 2018.

  • DEDICATÓRIA

    A Deus, por ser extremamente paciente e

    piedoso comigo.

    Ao PUPT, por ter nos preparado para o

    vestibular da UFES.

  • AGRADECIMENTOS

    Aos Profs. Drs. Orientador e Co-Orientador, braços amigos de todas as etapas deste

    trabalho.

    Aos profissionais e colegas de Curso, pois juntos trilhamos uma etapa importante de

    nossas vidas.

    A todos que direta ou indiretamente, colaboraram para a realização e finalização deste

    projeto.

  • EPÍGRAFE

    Que todos os nossos esforços estejam

    sempre focados no desafio à

    impossibilidade. Todas as grandes

    conquistas humanas vieram daquilo que

    parecia impossível (Charles Chaplin).

  • MILIOLI, MIGUEL ÂNGELO.

    A GESTÃO ECONÔMICA E FINANCEIRA DA ATIVIDADE ESPORTIVA: UMA

    ANÁLISE DO CAPIXABÃO SÉRIE A 2018

    . Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Bacharelado em Educação Física.

    Centro de Educação Física e Esporte. Universidade Federal do Espírito Santo, 2018.

    RESUMO

    O estudo se propôs a responder como os boletins financeiros “borderôs” podem

    contribuir para a gestão econômica e financeira da atividade esportiva do futebol

    capixaba. Assim tem como objetivo validar a utilização destes documentos o

    identificando útil a gestão esportiva dos clubes de futebol. As amostras base para as

    estimativas dos modelos, são aquelas obtidas no levantamento dos dados de cada

    boletim financeiro produzido no jogo para cada equipe participante-mandante. Nos

    procedimentos de cálculo para o valor comercial da indústria do futebol, foi utilizado o

    “ranking do futebol capixaba, publicado pelo Globo Esporte (2017a). As projeções

    das informações extraídas do “ranking” foram trabalhadas com os dados do

    campeonato série A capixaba de 2018. Foi estimado assim um valor para a indústria

    de futebol capixaba de R$ 233.388.897, 01. Valor próximo ao cálculo que define em

    2% o valor do PIB do Futebol, observando o PIB do ES em 2017 – R$

    120.900.000.000,00 = R$ 2.418.000.000,00 considerado que os Clubes movimentam

    só 10% deste valor = R$ 241.800.000,00. Os profissionais da educação física dentro

    das perspectivas de geração de resultados, trabalhos com as equipes de futebol,

    profissional feminina e masculino, e equipes, formação de técnicos e treinadores de

    futebol, são imprescindíveis. Onde sua atuação está ligada diretamente ao conjunto

    das receitas que o clube pode produzir. Com a obrigação da certificação dos técnicos

    e a Licença de Clubes, a maioria das agremiações de futebol capixaba, pelas

    simulações dos modelos, apresentarão déficit já no primeiro mês quando vigorar a

    Licença Série D – 2021. Exigindo a análise econômica e financeira das

    demonstrações contábeis, para uma gestão esportiva profissional que proporcione a

    perenidade dos clubes capixabas.

    Palavras-chave: Indústria Esportiva. Profissionais da Educação Física. Licença de

    Clubes. Análise Econômica e Financeira. Gestão Esportiva.

  • THE ECONOMIC AND FINANCIAL MANAGEMENT OF SPORTIVE ACTIVITY: AN

    ANALYSIS OF THE CAPEXABÃO SERIE A 2018

    . Completion of course work. Bachelor's Degree in Physical Education. Center for

    Physical Education and Sport. Federal University of Espírito Santo, 2018.

    ABSTRACT

    The study set out to answer how the "border" financial bulletins can contribute to the

    economic and financial management of the sports activity of the Capixaba football.

    Thus, it aims to validate the use of these documents and to identify the sporting

    management of soccer clubs as useful. The base samples for the model estimates are

    those obtained in the data collection of each financial bulletin produced in the game

    for each participant-client team. In the calculation procedures for the commercial value

    of the soccer industry, the "rankings of capixaba soccer, published by Globo Esporte

    (2017a) were used. The projections of the information extracted from the ranking were

    worked with the data of the series championship A capixaba of 2018. It was thus

    estimated a value for the industry of soccer capixaba of R $ 233,388,897, 01. Value

    close to the calculation that defines in 2% the value of the PIB of the Soccer, observing

    the GDP of the ES in 2017 - R $ 120,900,000,000.00 = R $ 2,418,000,000,00

    considered that the Clubs only move 10% of this value = R $ 241,800,000.00. Physical

    education professionals within the perspectives of generating results, working with

    football teams, women and men, and teams, training coaches and football coaches,

    are essential. Where his performance is directly linked to the set of revenues that the

    club can produce. With the certification of coaches and the Club License, most of the

    football associations of the state of Espírito Santo, through model simulations, will

    present a deficit in the first month when the D - 2021 Series License is in force.

    Requiring the economic and financial analysis of the financial statements, for a

    professional sports management that provides the perenniality of the capixabas clubs.

    Keywords: Sports Industry. Physical Education Professionals. Club License. Economic

    and Financial Analysis. Sports Management.

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 01 - DFC – Método Indireto 18a .......................................................... 73

    Tabela 02 – DFC – Método Indireto 18b ......................................................... 74

    Tabela 03 – Projetos da FES – Aprovados ..................................................... 110

    Tabela 04 – Simulação da Indústria do Esporte do ES – 2017 – PIB - Mattar,

    F. N. (2013, p.6) ...............................................................................................

    125

    Tabela 05 – Simulação da IFC pelo PIB 2017 – Brasil..................................... 130

    Tabela 06 – Análise Vertical da DRE de 2015 do VFC – Modelo Oficial na

    FES portal da Transparência ...........................................................................

    131

    Tabela 07 – Mensuração das Receitas dos Clubes do “Ranking do futebol

    capixaba” do Globo Esporte (2017a) aplicando a distribuição % por grupo de

    receitas de acordo com a DRE de 2015 do VFC ..............................................

    132

    Tabela 08 – Relação das Despesas total e Receitas Bruta dos Jogos do

    Campeonato Estadual 2018 pelos Boletins Financeiros da FES .....................

    139

    Tabela 09 – Relação da Receita Bruta e Despesas Total dos Jogos do

    Campeonato Capixaba 2018 pelos Boletins Financeiros da FES.....................

    140

    Tabela 10 – Mensuração da Receita Bruta Média dos Jogos do Campeonato

    Capixaba 2018 Apurada pelos Boletins Financeiros da FES ..........................

    140

    Tabela 11 – Mensuração da Receita Líquida Média dos jogos do

    Campeonato Capixaba 2018 Apurada pelos Boletins Financeiros da FES ......

    141

    Tabela 12 – Simulação de Receitas pelo Ticket Médio e Público dos diversos

    Campeonatos do Futebol Brasileiro .................................................................

    151

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 01 – Gráfico do Ponto de Equilíbrio ................................................... 32

    Figura 02 – Projetos da FES – Aprovados....................................................... 50

    Figura 03 – Parcela do IRRF – Incentivo – Simulação.................................... 52

    Figura 04 – Gráfico com % da Natureza Jurídica dos Clubes Capixabas da

    Série A de 2018................................................................................................

    122

    Figura 05 – Gráfico da Qualificação dos Responsáveis pelos Clubes de

    Futebol do Estadual Série A – 2018 .................................................................

    122

    Figura 06 – Gráfico CNAE dos Clubes de Futebol do Estadual 2018 Série A. 123

    Figura 07 - Gráfico dos Clubes de Futebol por Município Série A 2018 .......... 124

  • LISTA DE QUADROS

    Quadro 01 – Modelo de Balanço Patrimonial de um Clube de Futebol

    Capixaba – Ativo ...........................................................................................

    61

    Quadro 02 - Modelo de Balanço Patrimonial de um Clube de Futebol

    Capixaba – Passivo e Patrimônio Líquido ......................................................

    62

    Quadro 03 – Modelo da DRE de um Clube de Futebol Capixaba .................. 67

    Quadro 04 – Fluxo de Caixa Operacional ...................................................... 71

    Quadro 05 – Modelo legal da DFC simplificada, pela Lei 6.404/76 (lei das

    S.A.) ...............................................................................................................

    72

    Quadro 06 – Controle Interno – Rateio Mensal/Ano das Despesas de

    Compra/Criação da Página Web ....................................................................

    75

    Quadro 07 – Controle Interno – Rateio das Receitas de Patrocínio pela

    WebSite Oficial ................................................................................................

    76

    Quadro 08 – Demonstração do Resultado dos Projetos ................................. 77

    Quadro 09 – Análise Vertical –Balanço Patrimonial – Ativo ........................... 83

    Quadro 10 – Análise Vertical – Balanço Patrimonial – Passivo ..................... 83

    Quadro 11 – Análise Vertical – DRE – Receitas ........................................... 84

    Quadro 12 – Análise Vertical – DRE – Despesas ........................................ 85

    Quadro 13 – Análise Horizontal – Balanço Patrimonial Ativo ...................... 88

    Quadro 14 – Análise Horizontal – Balanço Patrimonial Passivo ................. 89

    Quadro 15 – Parcela do IRRF – Incentivo – Simulação .............................. 111

    Quadro 16 – Forma de Administração nos Clubes da Série A de 2018....... 122

    Quadro 17 – Valor Comercial dos Clubes de Futebol da Série A 2018........ 126

    Quadro 18 – Valor Comercial dos Jogos da Série A 2018 por Clubes ........ 127

    Quadro 19 – Simulação da IFC pela Média de Público da Série A, B e Copa

    ES ....................................................................................................................

    128

  • Quadro 20 – Origem da Coluna Total da Receita do Clube de um (01) jogo –

    Valor Potencial ou Valor Comercial (VP ou VC) ...............................................

    133

    Quadro 21 - Planilha do teste da distribuição dos 5 grupos de receitas aos

    demais clubes do campeonato estadual Série A proporcional as receitas da

    DRE de 2015 do VFC .....................................................................................

    135

    Quadro 22 – Estimativas das Despesas Mensal dos Clubes dos Estadual

    Série A Capixaba – 2018.................................................................................

    136

    Quadro 23 – Mensuração do Ponto de Equilíbrio para Suprimento das

    Despesas Total Mensal dos Clubes Capixabas que Participaram do Estadual

    Série A 2018 ....................................................................................................

    137

    Quadro 24 – Encargos Trabalhistas e Sociais Sobre um Salário Mensalista –

    3ª Situação .....................................................................................................

    138

    Quadro 25 – Custos da Folha de Pagamento Hipotética de um Clube de

    Futebol – Salário Máximo Consultado .............................................................

    139

    Quadro 26 – Mensuração da Depreciação dos Estádios – Hipotéticos ........... 140

    Quadro 27 – Estimativas de Receitas e Perdas Observando Bilhetes

    Vendidos, à Venda e a Capacidade Instalada (Maior Público Possível no

    Estádio) Série A 2018 ......................................................................................

    141

    Quadro 28 – Receita Bruta e Líquida, Ticket Bruto e Líquido, e as Despesas

    do Produto Jogos em % ...................................................................................

    150

    Quadro 29 – Simulação da Indústria do Futebol Capixaba com utilização dos

    dados dos Boletins Financeiros do Campeonato Série A, VAT, projetados

    com as médias de Público de 2017 para a Série B e Copa ES......................

    151

  • LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES

    APFUT – Autoridade Pública de Governança de Futebol

    BFS – Boletins Financeiros

    BOVESPA – Bolsa de Valores do Estado de São Paulo

    CBC – Confederação Brasileira de Clubes

    CBF - Confederação Brasileira de Futebol

    CFC – Conselho Federal de Contabilidade

    CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis

    CREF – Conselho Regional de Educação Física

    DC – Demonstrações Contábeis

    EDT - Estatuto de Defesa do Torcedor

    EF – Educação Física

    ES – Estado do Espírito Santo - UF

    FES - Federação de Futebol do Estado do Espírito Santo

    FGV – Fundação Getúlio Vargas

    GEF – Gestão Econômica Financeira

    GEFUT – Gestão Esportiva do Futebol

    IBCI - Institutional Business Consultoria Internacional

    IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

    IBRACON – Instituto dos Auditores Independentes do Brasil

    IEB – Indústria Esportiva Brasileira

    IEES – Indústria Esportiva do Espírito Santo

    IF – Indústria do Futebol

    IFB – Indústria do Futebol Brasileiro

    IFC – Indústria do Futebol Capixaba

    IFM – Indústria do Futebol Mundial

  • ITG – Instrução Técnica Geral

    MCEE – Manual de Contabilidade para entidades esportivas (2017)

    ME – Ministério do Esporte

    ML – Manual de Licenças da CBF

    NBC – Normas Brasileiras de Contabilidade

    NBC T - Norma Brasileira de Contabilidade Técnica

    NBC TG - Normas Brasileiras de Contabilidade – Técnicas Gerais

    NTP – Número Total de Público ou NTT – Número Total de Torcedores

    PIB – Produto Interno Bruto

    PIBB – Produto Interno Bruto do Brasil

    PIBES – Produto Interno Bruto do Espírito Santo

    PIBIEB - PIB da Indústria do Esporte no Brasil

    PIBIEES - PIB da Indústria do Esporte no Espírito Santo

    PROFUT – Programa de Modernização da Gestão e Responsabilidade Fiscal do

    Futebol Brasileiro

    RBVI - Receita Bruta de Venda de Ingressos

    RLVI – Receita Líquida de Venda de Ingressos

    S.A. – Sociedade Anônima

    SESI – Serviço Social da Indústria

    VAT – Valor Adicional por Torcedor

    VC – Valor Comercial

    VFC – Vitória Futebol Clube

    VP – Valor Potencial

  • LISTA DE ANEXOS

    Anexo A – Descrição da natureza jurídica dos participantes da Série A – 2018.....

    171

    Anexo B – Gráfico em % da natureza jurídica dos clubes capixabas da Série A de

    2018..........................................................................................................................

    171

    Anexo C – Pesquisa na Scielo – Scientific Electronic Library Online, do tema

    “Gestão Esportiva do Futebol Capixaba Série A” em 2018......................................

    171

    Anexo D – Pesquisa na Scielo – Scientific Electronic Library Online, do tema

    “Gestão Esportiva do Futebol Capixaba Série A” em 2018, por fragmentos: Gestão

    Esportiva; do Futebol Capixaba; Série A...................................................................

    172

    Anexo E - Simulação do valor comercial (VC) dos clubes do ranking da média de

    público do futebol capixaba do Globo Esporte – 04/11/2017. Método: Coluna Jogos

    x Média de Público (Globo Esporte, 2017a) = Número Total de Público x VAT de

    R$ 76,20...................................................................................................................

    173

    ANEXO F – Simulação do valor comercial do “Ranking da Média de Público” do

    futebol capixaba do Globo Esporte (2017a), levando-se em consideração a

    equiparação de todas as equipes relacionadas à melhor média de público do

    Aracruz – 1704 fixa e ao maior número de partidas da Desportiva Ferroviária – 80

    fixo............................................................................................................................

    173

    ANEXO G – Simulação do valor comercial do “Ranking da Média de Público” do

    futebol capixaba do Globo Esporte (2017a), levando-se em consideração a melhor

    média de público do Aracruz – 1704 fixa, e o número de jogos dos clubes listados

    variável .....................................................................................................................

    175

    ANEXO H – Análise da Oferta e Demanda 01.......................................................... 175

    ANEXO I – Análise da Oferta e Demanda 02.......................................................... 177

    ANEXO J – Resultado esportivo e financeiro, público presente e estimado, da

    Desportiva Ferroviária, no ano de 1980, nas 18 partidas do clube participando da

    1ª divisão do campeonato brasileiro (BLOG DESPORTIVA FERROVIÁRIA, 2011)

    178

    ANEXO K – Valor Comercial dos Maiores Públicos de 2013 a 2017, levantados

    pelo Globo Esporte em 04/11/2017 ..........................................................................

    179

    ANEXO L – Listas dos times do futebol capixaba que já participaram da série D do

  • campeonato brasileiro. Destaque para o primeiro jogo e seu resultado.................... 179

    ANEXO M – Consultas no Google com o CNPJ dos clubes participantes do

    Campeonato Série A, nome do clube, e o termo Demonstrações Contábeis..........

    179

    ANEXO N - Balanço Patrimonial do Vitória Futebol Clube de 2017 e 2015 – Ativo 182

    ANEXO O - Balanço Patrimonial do Vitória Futebol Clube de 2017 e 2015 –

    Passivo e Patrimônio Líquido ...................................................................................

    182

    ANEXO P – Demonstração do Resultado do Exercício do Vitória Futebol Clube de

    2015 .........................................................................................................................

    182

    ANEXO Q - Fluxo de Caixa do Vitória Futebol Clube 2015 ..................................... 189

    ANEXO R - Modelo do Boletim Financeiro da FES, do jogo do Clube Atlético de

    Itapemirim e Desportiva Ferroviária ocorrido em 17/01/2018.................................. 189

    ANEXO S – Súmula e Relatório da Partida do jogo do Clube Atlético Itapemirim e

    Desportiva Ferroviária ocorrido em 17/01/2018 ......................................................

    190

    ANEXO T – Consulta dos Projetos Aprovados Aptos a Captação no ES ....... 189

    ANEXO U – Relação dos Clubes de Futebol Estadual 2018 – Série A por Município 193

    ANEXO V – Demonstração do Resultado com Maior Número de Subcontas ......... 194

  • SUMÁRIO

    RESUMO iv

    ABSTRACT v

    LISTA DE TABELAS vi

    LISTA DE FIGURAS

    LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES vii

    1 INTRODUÇÃO .................................................................................... 19

    1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO....................................................................... 23

    Problema ............................................................................................. 25

    Objetivos.............................................................................................. 25

    Objetivos Gerais ................................................................................. 25

    Objetivos Específicos .......................................................................... 25

    Justificativa.......................................................................................... 26

    Hipóteses............................................................................................. 26

    2 METODOLOGIA ................................................................................ 27

    2.1 TIPOLOGIA DE PESQUISA .............................................................. 27

    2.2 BASE DE DADOS .............................................................................. 27

    3 ÉTICA NO DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO ............................... 28

    4 GESTÃO ECONOMICA E FINANCEIRA: PRINCIPAIS TÓPICOS.... 30

    4.1 O CAPIXABA E SEU FUTEBOL ...................................................... 30

    4.1.1 Oferta e Demanda – Conceitos Aplicáveis ao Estudo......................... 33

    4.1.2 Reflexões sobre o Capixabão Série A – Passado e Presente............ 34

    4.1.3 Desportiva Ferroviária ........................................................................ 35

    4.1.4 Rio Branco (Capa Preta) .................................................................... 35

    4.1.5 Brasileirão Série D e a Participação dos Times Capixabas ............... 36

    4.1.6 O Mais Recente Membro Capixaba Pertencente ao Futebol

  • Nacional............................................................................................. 36

    4.2 A GESTÃO E O PLANO DE MODERNIZAÇÃO DO FUTEBOL

    BRASILEIRO.......................................................................................

    37

    4.3 A GESTÃO, NAS CERTIFICAÇÕES E LICENÇAS DA CBF

    ACADEMY...........................................................................................

    38

    4.4 A GESTÃO, NA LICENÇA DE CLUBES DA CBF – ASPECTOS

    GERAIS...............................................................................................

    42

    4.4.1 Folha de Pagamento com Alguns Profissionais Exigidos do Clube –

    Modelo Hipotético – Administrativo ...................................

    51

    4.4.2 Folha de Pagamento com Alguns Profissionais Exigidos do

    Clube – Modelo Hipotético – Equipes ..................................

    53

    4.5 VOLUME DE RECURSOS MOVIMENTADOS PELO FUTEBOL NO

    ES........................................................................................................

    54

    4.6 PROPOSTAS DE MENSURAÇÃO DOS VALORES......................... 54

    4.7 VALOR COMERCIAL DOS CLUBES PELOS BOLETINS

    FINANCEIROS....................................................................................

    55

    5 GESTÃO ECONÔMICA E FINANCEIRA – ASPECTOS TÉCNICOS 56

    5.1 USUÁRIOS INTERNOS E EXTERNOS............................................. 56

    5.2 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS - CONCEITOS... 59

    5.3 OBSERVAÇÕES GERAIS DAS DEMONSTRAÇÕES

    CONTÁBEIS........................................................................................

    61

    5.4 BALANÇO PATRIMONIAL................................................................ 62

    5.4.1 Modelo de Balanço Patrimonial de um Clube de Futebol

    Capixaba ............................................................................................ 62

    5.4.2 Classificação das Contas do Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido

    (PL) ....................................................................................... 65

  • 5.5 DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO (DRE) E A APURAÇÃO DE

    RESULTADO (LUCRO/SUPERÁVIT – PREJUÍZO/DÉFICIT) ...........

    67

    5.5.1 Modelo da Demonstração de Resultado – DRE de um Clube de

    Futebol Capixaba ................................................................................ 69

    5.6 DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA (DFC)........................ 71

    5.6.1 Modelo legal da DFC simplificada, pela Lei 6.404/76 (lei das S.A.).... 74

    5.6.2 Modelo da DFC pelo MCEE .............................................................. 74

    5.6.3 Apuração do Superávit e o Fluxo de Caixa Contábil por

    Controles Internos ........................................................................... 76

    6 ANÁLISE POR INDICADORES ....................................................... 79

    6.1 ÍNDICES DE LIQUIDEZ..................................................................... 79

    6.1.1 Índice de Liquidez Corrente (LC) ........................................................ 80

    6.1.2 Índice de Liquidez Seca (LS) ............................................................. 80

    6.13 Índice de Liquidez Geral (LG).............................................................. 80

    6.2 ÍNDICES DE ENDIVIDAMENTO ........................................................ 81

    6.2.1 Índice de Endividamento Total (ET) .................................................... 81

    6.2.2 Garantia de Capital de Terceiros (GT) ............................................... 81

    6.3 ÍNDICES DE RENTABILIDADE ........................................................ 82

    6.3.1 Margem Líquida sobre as Vendas (ML) ............................................. 82

    6.3.2 Rentabilidade sobre o Capital Próprio (RCP) .................................... 82

    6.3.3 Rentabilidade sobre o Ativo Total (RAT) ............................................ 82

    Pay-back ............................................................................................. 82

    6.4 ANÁLISE VERTICAL ......................................................................... 83

    6.4.1 Modelos da Análise Vertical no Balanço Patrimonial de um Clube

    Capixaba ................................................................................. 83

    6.4.2 Modelos da Análise Vertical na Demonstração de Resultado do

    Exercício de um Clube Capixaba...................................................... 84

  • 6.5 ANÁLISE HORIZONTAL.................................................................... 88

    6.5.1 Modelos da Análise Horizontal no Balanço Patrimonial de um Clube

    Capixaba ............................................................................................. 89

    6.6 ANÁLISES DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS DOS CLUBES

    DE FUTEBOL – SEPARAÇÃO DAS ATIVIDADES: DO FUTEBOL

    PROFISSIONAL, DO CLUBE SOCIAL E DOS ESPORTES

    AMADORES ......................................................................................

    91

    7 O CASO SESI-SP- UM SUCESSO DA GESTÃO ESPORTIVA

    TÉCNICA ............................................................................................

    92

    7.1 REFLEXOS DA GESTÃO TÉCNICA DO ESPORTE EM UMA

    ENTIDADE NÃO ESPORTIVA (RESULTADOS ESPORTIVOS PRÓ-

    SESI)..................... .....................................................................

    100

    7.2 DIVISORES DO ESPORTE EDUCAÇÃO, PARTICIPAÇÃO E ALTO

    RENDIMENTO ........................................................................

    100

    8 PERGUNTAS PARA REFLETIR A MARCA DOS CLUBES DE

    FUTEBOL CAPIXABA DIANTE ASSOCIADOS, USUÁRIOS,

    SOCIEDADE, ATLETAS, INVESTIDORES E TORCEDORES..........

    9 PROJETOS DESPORTIVOS E SOCIAIS – INTRODUÇÃO............... 103

    9.1 PROJETOS DESPORTIVOS, ASSUNTOS GERAIS ......................... 108

    9.2 DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS .................. 109

    9.3 COMPROVAÇÃO DA CAPACIDADE TÉCNICO-OPERATIVA DO

    PROPONENTE E OS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ....

    109

    9.4 OBSERVAÇÕES SOBRE OS PROJETOS DESPORTIVOS ............ 110

    9.5 INCENTIVO – VALOR MÉDIO – UNITÁRIO ................................... 113

    10 EMPREENDEDORISMO PARA PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO

    FÍSICA – BACHARELADO E FORMAÇÃO PLENA, E

    GRADUADOS EM ESPORTE – GUIA DA ADMINISTRAÇÃO DE

    CLUBES SOCIAIS E DESPORTIVOS ..............................................

    113

  • 11 RESULTADOS ................................................................................ 114

    11.1 RESULTADOS EM TEXTOS, ANEXOS E FIGURAS ...................... 114

    11.1.1 Qual é a importância de relacionar o valor comercial (valor

    potencial) “Ranking de Média de Público” do futebol capixaba do

    Globo Esporte (2017ª) com os boletins financeiros?

    114

    11.1.2 Oferta – Análise dos Anexos E – F................................................. 115

    11.1.3 Oferta – Análise dos Anexos E – F - G............................................ 115

    11.1.4 Demanda de Jogos passado e presente ....................................... 117

    11.2 AUSÊNCIAS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PUBLICADAS

    EM SITE OFICIAL E NO PORTAL DA TRANSPARÊNCIA DA

    FES................................................................

    118

    11.2.1 Modelo Observado em discordância ao Anexo 1 do MCEE ......... 118

    11.2.3 Políticas de Contratação de Profissionais de Educação Física

    Bacharelado, formação Plena e Esportes e Estagiários destas áreas

    pelos Clubes .....................................................................................

    119

    11.2.4 SESI de SP – Uma Gestão possível para os Clubes de Futebol

    Capixaba? .......................................................................................... 120

    11.2.5 POLÍTICAS DE CAPTAÇÃO DE RECURSOS

    FINANCEIROS ATRAVÉS DE PROJETOS ESPORTIVOS

    NOS CLUBES DE FUTEBOL DA SÉRIE A DE

    2018...............................................................

    121

    11.2.6 Clube Formador. A exigência de Acompanhamento escolar e de

    saúde ..................................................................................................

    122

    11.2.6 Distribuição em % da Natureza Jurídica dos Clubes de Futebol do

    Estadual 2018 – Série A..............................................................

    OBSERVAÇÕES DOS CLUBES DA SÉRIE A – 2018, QUANTO

    NATUREZA JURÍDICA, ADMINISTRAÇÃO NOS CLUBES,

    QUALIFICAÇÃO DOS ADMINISTRADORES, CNAE E CLUBES

  • POR MUNICÍPIO............................................................................... 122

    11.4.2 Distribuição em % do Código Nacional de Atividade Econômica –

    CNAE - dos Clubes de Futebol do Estadual de 2018 – Série A 124

    11.4.3 Distribuição em % dos Clubes de Futebol do Estadual – Série A –

    2018 por Município ........................................................................ 125

    11.5 GASTOS E RECEITAS DO FUTEBOL SEGREGADAS DAS

    ATIVIDADES ESPORTIVAS E SOCIAIS NAS DEMONSTRAÇÕES

    CONTÁBEIS.......................................................................................

    125

    11.6 RESULTADOS EM PLANILHAS PARA MENSURAÇÃO DA

    INDÚSTRIA DO ESPORTE PARA O ES ..........................................

    126

    11.7 ANÁLISE POR ÍNDICADORES DAS DEMONSTRAÇÕES

    CONTÁBEIS ......................................................................................

    142

    11.7.1 Análise Vertical no Balanço Patrimonial do VFC 2017 e 2015 146

    11.7.2 Análise Vertical – DRE do VFC – 2015, Figura 10 e 11 147

    11.7.3 Análise Horizontal no Balanço Patrimonial do VFC 2017 e 2015 148

    12 VALOR DA INDÚSTRIA DO FUTEBOL E ESPORTIVA DO

    ESPÍRITO SANTO .............................................................................. 149

    12.1 Considerações para as estimativas aplicadas 149

    13 DISCUSSÃO 152

    13.1 ADMINISTRAÇÃO PROFISSIONAL E TRANSPARENTE COMEÇA

    PELA PUBLICAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS DOS

    CLUBES – LEGALMENTE OU POR AÇÃO VOLUNTÁRIA –

    PADRONIZADAS PELO MCEE .............................

    152

    13.1.1 Ausências das Demonstrações Contábeis Publicadas em Site Oficial

    dos Clubes e no Portal da Transparência da FES

    152

    13.1.2 Disposições Gerais sobre o que é evidenciado e não é registrado

    ............................................................................................................. 154

    13.1.3 Gestão Esportiva Racional – Profissional pelos Clubes Participantes

  • do Campeonato Capixaba Série A – Desconstrutores ....................... 155

    13.1.4 Políticas de Contratação dos Profissionais da Educação Física

    Bacharelado, formação Plena e Esportes pelos Clubes, bem como

    estagiários destas áreas .......................................................

    156

    14 SESI de SP – Uma Gestão possível para os Clubes de Futebol

    Capixaba? ........................................................................................ 158

    15 A definição da Indústria do Futebol e Indústria Esportiva segundo

    Modelos discutivos ............................................................................. 160

    17 CONCLUSÃO..................................................................................... 161

    BIBLIOGRAFIA

  • 24

    1 INTRODUÇÃO

    1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

    Estudos sobre a gestão esportiva sempre chamaram atenção de pesquisadores de

    diversas áreas do conhecimento. São historiadores, administradores, economistas,

    contadores, profissionais da Educação Física (EF) e outros que compartilham visões

    distintas sobre o objeto e contribuem para o estímulo de debates. Dentro a grande

    diversidade de objetos e também diferentes abordagens metodológicas possíveis para

    tratar o fenômeno gestão esportiva, os clubes de futebol capixabas carecem de

    atenção.

    Para Leoncini e Da Silva, M. T. (2004, p.13): “Os trabalhos que tratam do tema futebol

    como negócio no Brasil, além de escassos, na sua maioria relatam experiências

    profissionais e opiniões de dirigentes esportivos”. Voltados à gestão pela razão, os

    livros científicos internacionalmente tratam o esporte como negócio de forma geral.

    Sendo a Inglaterra referência em publicação de livros da gestão de futebol moderno

    (LEONCINI; DA SILVA, M.T. 2004, p.13).

    Segundo Bastos e Mazzei (2015, p.22), Lamartine Pereira da Costa na conferência

    de encerramento do I Congresso de Gestão Esportiva no Brasil, realizado em São

    Paulo, em 2005, ressaltou que:

    [...] as origens da Gestão do Esporte no Brasil estiveram atreladas ao curso

    de Educação Física e remontam ao final dos anos 1920, através da Escola

    de Educação Física do Exército apud (Da Costa 2005ª). [...] uma das

    prioridades eram as instalações esportivas, [...] os manuais de instalações

    esportivas eram o [...] que nós chamamos hoje de gestão [...] (BASTOS;

    MAZZEI, 2015, p.23).

    Para Bastos e Mazzei (2015, p.23), a Gestão do Esporte no Brasil, historicamente tem

    uma ligação com a área de Educação Física e a graduação em Esporte.

    Principalmente na formação acadêmica e profissional. Afirmam que esta proximidade,

    também aconteceu em outros países, um exemplo foi os EUA. O que impulsionou o

    desenvolvimento da Gestão do Esporte, a partir da necessidade de melhora nos locais

    e atividades esportivas (BASTOS; MAZZEI, 2015, p.23).

    Bastos e Mazzei (2015, p.23) entendem que a nível internacional, a cada momento

    que surgia uma nova ferramenta gerencial, os profissionais da educação física

  • 25

    recorriam à Administração (e a Administração a eles), criando as oportunidades de

    testar as recém ferramentas de gestão esportiva, ligadas diretamente aos anseios de

    gestão nos locais de prática e das atividades esportivas.

    No Brasil, este processo aconteceu tardiamente, e só recentemente se identifica a

    evolução de gestão em algumas organizações esportivas. Não sendo padrão no

    cenário organizacional/esportivo nacional. (BASTOS; MAZZEI, p.23).

    O futebol é um grande negócio quando percebemos a capacidade de reunir multidões,

    o envolvimento de setores e subsetores esportivos diversos e a movimentação de

    vultosas cifras. Segundo Bastos e Mazzei (2015, p.29). “A Confederação Brasileira de

    Clubes estima [...] mais de 13.000 clubes com sede própria no território nacional,

    envolvendo 53 milhões de pessoas”. Sendo elas mantidas por associados e

    organizadas principalmente, na forma de clubes socioesportivos. Uma característica

    também peculiar aos clubes de futebol do estadual série A do capixabão (Anexo A e

    B).

    De acordo com Somoggi (2018), utilizando do estudo recente sobre as finanças dos

    clubes brasileiros em 2017, da empresa Sports Value especializada em marketing

    esportivo, “[...] o volume total gerado do mercado atualmente considerado as receitas

    dos clubes, das 27 federações estaduais e da CBF é de R$ 6,25 bilhões”. Deste valor,

    os 20 maiores clubes brasileiros são responsáveis, por 81% do total. O que propõe

    serem as finanças dos clubes do futebol capixaba parte dos 19% restante da receita,

    algo próximo a 1,19 bilhões em 2017.

    Observando a importância econômica da indústria esportiva. Mattar, F. N. (2013, p.3),

    citando o estudo realizado pelo Institutional Business Consultoria Internacional (IBCI),

    concluiu que a Indústria do esporte emprega mais de 1 milhão de pessoas no país,

    entre empregos diretos e indiretos (para cada emprego direto, o esporte gera trabalho

    a outros 2,74 brasileiros, em média, em atividades relacionadas ao setor).

    De forma geral, a administração do esporte é aplicada na Indústria do Esporte. Mattar,

    F. N. (2013, p.2), compreendem ser este “o setor da economia que inclui a oferta de

    grande variedade de produtos e serviços destinados a clientes e consumidores que

    têm como fator comum a orientação para o esporte”. Da Silva, R. C. (2013, p.187),

    expõe que: “O volume de movimentação financeira que envolve a Indústria do Esporte

  • 26

    e, [...], as Instituições Esportivas que a integram é tão expressivo que, [...], os

    administradores dessas instituições são comparados aos de grandes corporações”.

    Segundo Bastos e Mazzei (2015, p. 21), “a análise da Gestão do Esporte no Brasil é

    uma tarefa que se depara com realidades extremas”. Ora, encontramos organizações

    de prática e de administração do esporte com elevado nível de gestão. Ora, outras,

    geridas na perspectiva do amadorismo.

    Neste caminho, Mattar, F. N. (2013, p.7), citando Felício (2004:17), trata a afirmativa

    que os gestores esportivos atuais não podem mais ser “aqueles entusiastas,

    voluntaristas ou ‘associados filantrópicos’, por mais que sejam dedicados à causa

    esportiva”. Sendo atribuição do gestor atual, conhecer técnicas, instrumentos,

    conceitos e modelos de gestão.

    Mattar, F. N. (2013, p.6), apud (Pires e Lopes, 2001, p.88 - 103), registram que “foi a

    partir da década de 1980, que o conceito de Gestão Esportiva passou a adquirir maior

    importância no mundo”. Onde o “estado de crise” do esporte (o descontrole financeiro

    e tributário destas organizações), entre tantos fatores. Determinou a necessidade do

    surgimento de novas mentalidades no que diz respeito ao seu desenvolvimento.

    Bastos e Mazzei (2015, p. 21), apud (Inglis, 2007, p.1 - 14; Slack, 1996, p.97 - 105;

    Zeigler, 2007, p.297 - 318), observam ainda que Gestão do Esporte é “[...] uma

    ciência recente e pode ser definida como uma área multidisciplinar que para ser

    aplicada é preciso primeiro compreender como o fenômeno esporte é visto em

    determinado contexto”. (Grifos nosso).

    Conforme Anexos C e D, observamos que não existem estudos que analisam a gestão

    esportiva dos times no estadual capixaba série A. Portando, buscou-se reunir dados

    e informações com o propósito de responder ao seguinte problema de pesquisa:

    Como os boletins financeiros podem contribuir para a gestão econômica e

    financeira da atividade esportiva?

    Diante do problema de pesquisa acima apresentado o objetivo geral é: Identificar

    como a gestão econômica e financeira pode contribuir para a gestão esportiva

    dos clubes de futebol do estado do Espírito Santo.

    O futebol do Espírito Santo está longe de aproveitar todo seu potencial econômico. As

    receitas levantadas nos boletins financeiros dos jogos do Campeonato capixaba série

  • 27

    A em 2018, apontam que os clubes não conseguem usufruir plenamente sua

    capacidade econômica, principalmente os agentes direto – clubes e federação.

    Leoncini e Da Silva, M. T. (2004, p.12), infere em seu estudo que “[...] o valor comercial

    (VC) estimado de cada time é calculado, multiplicando-se o número de torcedores por

    US$ 20”.

    Segundo o Estatuto de Defesa do Torcedor (2013, p. 10 – 11), capitulo II, que trata da

    transparência na organização, em seu artigo 5º: “São asseguradas ao torcedor a

    publicidade e transparência na organização das competições pelas entidades de

    administração do desporto [...]”. Colaborando nisto, o § 1º, determina que seja

    publicado na internet, em sítio da entidade responsável pela organização do evento,

    diversas informações. Entre elas, consta a apresentação dos borderôs completos das

    partidas, “os boletins financeiros”.

    Neles estão representadas as despesas e as receitas de uma partida de futebol e sua

    origem na dinâmica de ocupação das arquibancadas pelos torcedores, úteis à

    estimativa, previsão e o planejamento futuro das receitas do produto jogos de futebol.

    Sardinha et.al. (2015, p.24), observa neste sentido que: “planejar é lidar com futuro,

    previsão e premissas”.

    O que justifica o estudo dos boletins financeiros para a gestão esportiva dos clubes

    capixabas é a ausência de trabalhos científicos sobre a “Gestão Esportiva do Futebol

    Capixaba Série A”.

    A validação destes documentos na gestão econômica financeira desta atividade

    esportiva, que interage para criação de um modelo flexível de gestão as necessidades

    dos cenários dos clubes, será um bom ponto de partida para estudos futuro. Leoncini

    e Da Silva, M. T. (2004, p.13), citando Ekelund (1998), atesta nossa observação

    quando diz: “foi a partir dos torcedores que todos os outros clientes (TV,

    patrocinadores, etc.) surgiram”.

    Existem fundamentos para afirmar que os boletins financeiros contribuem na gestão

    econômica e financeira, os validando para a gestão esportiva dos clubes capixabas?

    As associações que utilizarem os boletins financeiros como instrumento de gestão

    esportiva terão informações úteis para a gestão econômica e financeira equilibrada?

  • 28

    2 METODOLOGIA

    Essa seção observa os aspectos metodológicos do estudo, enfatizando a tipologia da

    pesquisa, base de dados utilizado que deu suporte ao trabalho.

    2.1 TIPOLOGIA DE PESQUISA

    A metodologia empregada no trabalho, segundo Gerhardt et. al. (2009, p. 69), se

    baseou nos conceitos oriundos da pesquisa bibliográfica, eletrônica e documental,

    vistas que, a gestão econômica financeira e gestão esportiva na indústria esportiva do

    futebol capixaba, são temas inexplorados cientificamente no ES (Anexo C e D), e o

    objetivo central é antes exploratório/descritivo do que o de comprovar hipóteses da

    pesquisa.

    O que possibilitou a utilização de múltiplas fontes de informação: as de pesquisas

    bibliográfica, eletrônica e documental em fontes primárias (documentos internos,

    jornais e revistas especializadas em futebol) e secundárias - livros e texto científicos

    sobre a gestão econômica, gestão esportiva, contabilidade, e os com relação a

    conceitos administrativos (GERHARDT et.. al. 2009, p. 69).

    Silveira e Córdova (2009, p 32), citando Deslauriers (1991, p.58), observa que “[...] O

    objetivo da amostra é de produzir informações aprofundadas e ilustrativas: seja ela

    pequena ou grande, o que importa é que ela seja capaz de produzir novas

    informações”. Desta forma, entende-se que o estudo ao analisar os boletins

    financeiros do campeonato série A, não o limita no alcance de estimar o valor da

    indústria esportiva do estado e a indústria do futebol local.

    Quanto à natureza da pesquisa ela é aplicada, pois, objetiva gerar conhecimento para

    aplicação prática, dirigidos à solução de problemas específicos, envolvendo verdades

    e interesses locais (SILVEIRA; CÓRDOVA, 2009, p 35).

    Em Silveira e Córdova (2009, p 32) citando (GIL, 2007), observamos que a pesquisa

    é de natureza explicativa e descritiva. Quanto ao objetivo explicativo, este se preocupa

    em identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos

    fenômenos. Ou seja, este tipo de pesquisa explica o porquê das coisas através de

    resultados oferecidos.

  • 29

    Segundo Silveira e Córdova (2009, p 35) citando (GIL, 2007), uma pesquisa

    explicativa pode ser a continuação de outra descritiva, posto que a identificação de

    fatores que determinam um fenômeno exige que este esteja suficientemente descrito

    e detalhado. Sendo assim, dado que se busca verificar os fatores que justificam os

    boletins financeiros do campeonato capixaba série A, contribuintes a gestão

    econômica financeira e gestão esportiva, justifica-se o caráter explicativo do estudo.

    2.2 – BASE DE DADOS

    Esta pesquisa se baseia em dados primários obtidos nos boletins financeiros dos

    jogos da série A capixaba, que segundo exigência do EDT, estão publicados na FES;

    dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da Confederação

    Brasileira de Futebol (CBF), do Globo Esporte, das pesquisas da FUTURA Consultoria

    e Pesquisa, entre tantos outros; obtidos através da Internet em seus respectivos sites

    oficiais.

    A pesquisa faz uma análise a partir do campeonato capixaba série A. Com projeções

    de despesas com as equipes: profissional, sub 20, sub 17 e sub 15 (estas últimas três,

    categorias de base, por menção da exigência da Licença de Clubes da CBF, sem

    aprofundamento), e segundo algumas das determinações para obtenção da Licença

    dos Clubes – CBF.

    E observa diante isto, a indústria esportiva do futebol no ES sem explorar todos os

    objetos possíveis avaliáveis. Dentro das perspectivas de um trabalho acadêmico.

    Gera um modelo experimental, ajustável à realidade, desde que sejam utilizados pelos

    clubes; as reais informações quanto: a estruturação da organização, composição de

    suas equipes, análise dos valores das contas patrimoniais e as de resultado, segundo

    seus registros contábeis, controles internos e a elaboração de suas demonstrações

    contábeis.

    3 – ÉTICA NO DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO

    O estudo produz um conhecimento referencial. Aquele que pode/poderá/deve ser

    alterado a realidade dos fatos (devendo ser ajustado) para um resultado dentro da

  • 30

    dinâmica funcional de cada clube (pelas tomadas de decisões originalmente

    executadas).

    Segundo o Comitê de Ética em Pesquisas da FIOCRUZ (2018). As pesquisas que

    venham utilizar apenas dados disponíveis a acesso público e irrestrito, pesquisas

    bibliográficas, e as pesquisas que não envolva seres humanos não precisam de

    apresentação ao comitê de ética para análise. Atestando a inegibilidade, o Comitê de

    Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da Saúde (CEP/CCS/UFES, 2014) da

    Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), em seu regimento interno, artigo 2º

    diz que a ele: “[...] compete avaliar e acompanhar os aspectos éticos de todos os

    protocolos de pesquisa envolvendo seres humanos, vinculados a este Centro [...]”.

    As duas pesquisas da FUTURA utilizadas no estudo, tem seu uso livre a partir de 07

    de mar de 2010 (De Oliveira), e 20 de maio de 2013 (De Almeida). Desde que

    indicados: a fonte (Futura), a metodologia e o endereço eletrônico onde pode ser

    acessada: (www.futuranet.ws).

    A área de abrangência da pesquisa De Oliveira (2010) e De Almeida (2013) é a

    Grande Vitória, considerando os municípios: Vitória, Vila Velha, Cariacica e Serra. O

    número de entrevistados foi de 406 na De Oliveira (2010), e 401 na De Almeida (2013).

    Com cotas por faixa etária, sexo e município de moradia.

    O período de realização da pesquisa De Oliveira (2010) foi: 27 de fevereiro e 1º de

    março de 2010. Observando o calendário de eventos da FES de 2018, presumi-se

    que ela aconteceu durante o capixabão série A de 2010. O período de realização da

    De Almeida (2013) foi 04 de março de 2012, e 24 e 25 de abril de 2013. Propondo que

    em 2012 a FUTURA iniciou uma pesquisa durante o capixabão série A de 2012, e em

    um segundo momento, prosseguiu num pós capixabão série A de 2013.

    A margem de erro empregada é igual para ambas às pesquisas: 4,9 pontos

    percentuais para mais ou para menos com intervalo de confiança de 95%. Os

    cruzamentos por renda familiar expressam cortes por classe sendo classificadas

    como:

    D/E – Até R$ 1.020,00 - De Oliveira (2010); e até R$ 1.356,00 - De Almeida (2013);

    C – De R$ 1.021,00 a R$ 2.550,00 – De Oliveira (2010); e de R$ 1.357,00 a R$

    3.390,00 – De Almeida (2013);

  • 31

    A/B – Acima de R$ 2.550,00 – De Oliveira (2010); e de R$ 3.390,00 – De Almeida

    (2013).

    4 GESTÃO ECONÔMICA FINANCEIRA: PRINCIPAIS TÓPICOS

    4.1 O CAPIXABA E SEU FUTEBOL

    A Futura Pesquisa e Consultoria (FUTURA) é uma empresa com especialização em

    pesquisa de mercado, pesquisa eleitoral e gestão de relacionamentos com

    Stakeholders (público estratégico – pessoa ou grupo que tem interesse em uma

    empresa, negócio ou indústria).

    Nas pesquisas publicadas em seu site oficial: De Oliveira (2010, p.3), observa-se que

    em pleno campeonato estadual de 2010; 84,2% dos capixabas não acompanhavam o

    futebol local. E 13,3% o seguiam. E, na pesquisa De Almeida (2013, p.7) temos que

    86,8% dos entrevistados, não acompanharam o capixabão 2013. E 13,2% seguiram

    o campeonato. Um decréscimo de público de 3,09%, em três anos, quando observada

    a resposta de não acompanhamento do campeonato.

    Pelas pesquisas da FUTURA – 2010 (p.9) e 2013 (p.5), 65% e 75,2%,

    respectivamente, dos entrevistados torciam por times de outro Estado Brasileiro.

    Mostrando que quanto mais capixabas deixaram de seguir o futebol local (3,09%).

    Mais capixabas torceram pelos times fora do Estado (15,69%).

    Em Benevides, dos Santos e Cabral (2017, p.11), encontramos que clubes como:

    Flamengo, Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Vasco, Botafogo e Fluminense

    apresentam uma torcida com mais de 40% fora de seus estados de origem.

    De Oliveira (2010, p.39) levantou que 50% dos entrevistados torciam pelo Flamengo;

    Corinthians e São Paulo; 3,8%, Palmeiras; 3,4%, Vasco; 20,8%, Botafogo; 4,5% e

    Fluminense; 5,7%. Observa-se ainda que 4,9% torciam pelo Cruzeiro e 1,1% pelo

    Atlético Mineiro.

    Já Almeida (2013, p.23) apresentou que 56,5% torciam pelo Flamengo; Corinthians;

    6,3%; São Paulo; 3%, Palmeiras; 2%, Vasco 14,6%; pelo Botafogo e Fluminense;

    5,3%. Dos entrevistados, 3,3% torciam pelo Cruzeiro e 0,3% pelo Atlético Mineiro.

  • 32

    Ainda, em Almeida (2013 p.2), observamos que de 2001 (56,8%) a 2013 (70,0%), mais

    entrevistados não torcem por algum time de futebol capixaba. Neste período, no

    mercado da bola, 23,24% dos entrevistados deixaram de torcer por um time capixaba.

    Preocupante? De Almeida (2013, p.24), no quadro (Apenas para quem respondeu

    que torce por algum time de outro Estado) x Faixa Etária. Aponta que temos jovens

    capixabas, com idade de 16 a 19 anos, torcendo pelo Flamengo; 70%, Vasco; 15%,

    Corinthians e Fluminense; 5% [...]. Indicando viés de mais capixabas futuramente,

    prestigiando e consumindo produtos do futebol do RJ e SP, do que com o futebol local.

    (Grifo nosso).

    Almeida (2013, p.2), trás a quantidade de entrevistados torcendo por um time

    capixaba nos últimos 13 anos. Os destaques são o Rio Branco com 10,8% e a

    Desportiva com 9,5%. Mas, os dois clubes, de 2001 a 2013, analisando os dados

    seguem caminhos diferentes.

    O Rio Branco que em 2001 tinha 9,5% dos entrevistados torcendo pelo seu clube. Em

    2013 tem 10,8%. Um aumento de 13,68% de torcedores.

    A Desportiva Ferroviária que em 2001 tinha 16,0% dos entrevistados torcendo por ela.

    Em 2013, teve 9,5%. Uma queda de 68,42% de torcedores, observando os valores

    encontrados em 13 pesquisas da Futura.

    As pesquisas da Futura sobre o futebol capixaba, as informações do Globo Esporte,

    e os boletins financeiros publicados pela Federação de Futebol do Espírito Santo

    (FES), são de valor inestimável para a gestão esportiva dos clubes capixabas. Seus

    dados podem ser utilizados para projetar cenários futuros, bem como para fazer uma

    análise do andamento dos campeonatos. Justificando a necessidade deles para o

    estudo, registramos as interpretações de Ekelund (1998), citado em (LEONCINI; DA

    SILVA, 2004, p.16):

    “Quando você avalia economicamente um clube de futebol, o seu valor (ou

    seja, sua capacidade de geração de receitas) está na força (devoção) e

    distribuição desses seus clientes principais: quantos torcedores o clube tem?”

    “Qual é o retorno de um jogo em termos de audiência (tanto no estádio quanto

    pela TV)?”

    “Quantas pessoas adoram este clube e qual intensidade desta devoção?”

    “Qual é a expansão demográfica dos torcedores?”

  • 33

    Observando o quadro: “Ranking do futebol capixaba” do Globo Esporte (2017a). O

    Aracruz apresenta a melhor média de torcedores por jogos (média de público). Este

    levantamento é possível devido os boletins financeiros registrarem os dados do

    público presente e a FES publicar e arquivar estes documentos.

    Observando a importância dos boletins financeiros para análises esportivas e estudos

    diversos. Temos na matéria sobre o “Ranking do futebol capixaba” do Globo Esporte

    (2017a).

    O Globo Esporte e seus colaboradores identificados no processo como usuários das

    informações. Os dados destes documentos foram levantados e elaborados por esta

    instituição para a matéria jornalística esportiva que foi publicada para conhecimento

    do público que lê sobre o futebol capixaba.

    Embasado nas informações do Globo Esporte (2017a), no estudo foi desenvolvido o

    Anexo E, que trás a simulação do VC dos clubes do “Ranking de Média de Público”

    do futebol capixaba. Com os dados levantados do número de jogos, média de público

    e o VAT de R$ 76,20. Foi possível encontrar um VP para cada clube de futebol

    capixaba listado. Bem como oportunizou superestimar este VC segundo o maior

    número de partidas – Desportiva – 80 e melhor média de público – Aracruz – 1704.

    o estudo evidenciou no Anexo F, que o Aracruz. Pela média de público que teve

    durante suas atuações nos campeonatos - 1704. Atingiria se considerada a mesma

    quantidade de jogos da Desportiva - 80, o maior valor comercial no ES – R$

    10.387.584,00. Segundo metodologia de Leoncini e da Silva (2004, p.12) 1 para

    estimar o valor potencial (VP) de um clube.

    1 Citando a matéria do Jornal a Gazeta Mercantil (de quinta-feira, 14 de outubro de

    1999), Leoncini e da Silva (2004, p.12), infere que o valor potencial de um clube

    poderia ser calculado considerando: 1) [...] o número de torcedores; 2) gasto anual do

    torcedor brasileiro estimado pelo gasto do torcedor inglês, média ajustada pela

    proporção dos valores do PIB per Capita de cada País (Inglaterra R$ 36.260/Brasil R$

    5.781 = 15,9%), que resultou na média de R$ 57 ou US$ 20 por torcedor (onde o dólar

    valia R$ 3,00); concluindo que valor comercial estimado de um time seria encontrado

    multiplicando o número de torcedores por US$ 20.

  • 34

    O Globo Esporte (2017a) publicou que a Desportiva e Rio Branco, times mais

    vitoriosos do futebol local, têm 37,3% do público pagante como mandante dos jogos,

    de 2013 a 2017. Registrando que os demais clubes do estado têm 62,7% do público

    pagante restante.

    A Desportiva com nove (9) jogos a mais que o Rio Branco (80 a 71), levou 81.996

    torcedores ao Engenheiro Araripe, contra 77.461 do Rio Branco (Globo Esporte,

    2017a).

    O Globo Esporte (2017a) observou em sua matéria que não era publicada uma

    Pesquisa de Campo pela FUTURA sobre o perfil dos torcedores há cinco anos. Sendo,

    a De Oliveira (2010), e a de Almeida (2013), as últimas produzidas.

    4.1.1 Oferta e Demanda – Conceitos Aplicáveis ao Estudo

    Em consulta ao Dicionário Financeiro (2018) sobre investimentos, finanças,

    empreendedorismo e carreira observa-se para oferta e demanda as seguintes

    definições:

    Oferta refere-se à quantidade disponível de um produto, ou seja, aquela que

    as empresas (clubes de futebol) querem ou podem vender;

    Demanda é a quantidade (de ingressos/bilhetes) que os consumidores

    querem ou podem adquirir desse produto (jogo de futebol), ou seja, sua

    procura.

    Estas duas forças são que garantem o funcionamento de um mercado, determinando

    preços e a quantidades de produtos oferecidos. Onde a oferta, é determinada pelos

    vendedores (os clubes de futebol e as instituições esportivas organizadoras). Sendo

    influenciada pelo preço desse produto (jogo) no mercado, o custo dos insumos e a

    tecnologia, por exemplo. (Dicionário Financeiro, 2018).

    Na Economia a relação entre a oferta e a demanda é representada por um gráfico

    onde existe um único ponto de encontro conhecido como ponto de equilíbrio, conforme

    a Figura 01 – Gráfico do Ponto de Equilíbrio. (Dicionário Financeiro, 2018).

    Nota: PIB per capita é o produto interno bruto, dividido pela quantidade de habitantes

    de um país.

  • 35

    No estudo, o ponto de equilíbrio será observado como esforço mínimo necessário para

    que os clubes de futebol obtenham receitas (sejam elas as do produto jogos de futebol,

    ou as provenientes das atividades esportivas e sociais do clube), que cubram as

    despesas no exercício operacional (despesas anuais), considerando o parâmetro a

    série A do capixabão.

    FIGURA 01 – GRÁFICO DO PONTO DE EQUILÍBRIO

    Relação da oferta e demanda por um produto no mercado e a formação de seu preço.

    FONTE: Dicionário Financeiro.

    O ponto de equilíbrio nas finanças do clube de futebol é importante para as tomadas

    de decisão quanto aos investimentos, às contratações e aquisições de atletas, na

    admissão de técnicos de futebol, nas construções de estádio e suas reformas, na

    criação de centros esportivos, por exemplo.

    4.1.2 Reflexões sobre o Capixabão Série A – Passado e Presente

    Acessando o Blog Desportiva Ferroviária (2011) e o Centro Cultural Luso Brasileiro

    (2011), encontram-se informações que as equipes capixabas que participavam da

    série A do estadual, nem sempre competiram entre si tendo como meta vaga(s) na

    série D do campeonato brasileiro.

    No passado, o público em jogos da Desportiva e Rio Branco (Capa Preta). Clubes que

    se destacavam no estado do ES. Era quantificado em milhares de torcedores por

    partida (Média de Público). E além desses dois clubes, muitos outros, disputaram

  • 36

    títulos nas melhores divisão do futebol brasileiro com entidades esportivas cariocas,

    paulistas, mineiras e de outros estados.

    As agremiações da Desportiva Ferroviária e Rio Branco (Capa Preta), por terem as

    maiores torcidas do ES, contribuem quantitativamente para afirmação dos boletins

    financeiros (borderôs) como instrumento de gestão econômica financeira colaborando

    para a gestão esportiva dos clubes de futebol local. Sem nos aprofundar na história

    das associações capixabas. Levantamos alguns dados que atestam as impressões

    do estudo.

    4.1.3 Desportiva Ferroviária

    Segundo o Blog Desportiva Ferroviária (2011), a melhor campanha da Desportiva, foi

    a de 1980, participando do grupo B com os adversários (agentes colaboradores para

    o espetáculo): Palmeiras, Atlético – MG, Ceará, Fluminense, Vitória BA, América RN,

    Vila Nova – GO e Flamengo – PI.

    A média de público deste clube do futebol capixaba ficou em torno de onze (11.000)

    mil pagantes por partida, quando ele disputou a 1ª divisão do futebol brasileiro (BLOG

    DESPORTIVA FERROVIÁRIA, 2011). Na projeção de público, conforme Anexo E, é

    encontrado o valor de cento e noventa e oito mil (198.000) pessoas presente a este

    evento de dezoito (18) jogos na década de 80.

    4.1.4 Rio Branco (Capa Preta)

    O Centro Cultural Luso Brasileiro (2011) destaca a história do Rio Branco Futebol

    Clube (o Capa Preta). Observa que a equipe, após ganhar dois estaduais seguidos

    (1982 – ano de Copa do Mundo, e 1983), e ser terceiro lugar em 1984, conquistou o

    título de 1985, garantindo assim seu acesso ao Brasileiro da Série A de 1986.

    Ressaltam que no jogo da conquista (no estadual), no ótimo resultado esportivo

    (acesso a série A do brasileiro), tiveram o público de vinte e sete mil (27.000) pessoas

    (grifo nosso).

    Apresentam dois outros resultados importantes – esportivo e financeiro: a) em doze

    (12) jogos como mandante o Capa Preta levou cento e cinquenta e sete mil (157.000)

    pessoas ao estádio Kleber Andrade e ao Engenheiro Araripe (média de público de

  • 37

    aproximadamente 13.083 pessoas por jogo); b) contra o Vasco – RJ, citando a Revista

    Placar da época tiveram num jogo contra a equipe carioca cinquenta mil (50.000)

    expectadores presente (CENTRO CULTURAL LUSO BRASILEIRO, 2011).

    O Centro Cultural Luso Brasileiro (2011) registra os resultados esportivos obtidos em

    1986, sendo: duas vitórias sobre o Vasco da Gama (2 x 1 no São Januário e 1 x 0 no

    Kleber Andrade); 2 x 0 na equipe do Ceará; 2 x 1 em cima do Internacional de Porto

    Alegre – RS; 4 x 0 no Piauí; 2 x 1 no Atlético – GO e 1 x 0 no Náutico em pleno estádio

    do Arruda.

    Assegurando a identificação (a evidência) dos excelentes resultados: esportivos e

    financeiros na década de 80, afirmam: “Era época em que os clubes de fora temiam

    jogar no Espírito Santo, pois a pressão da torcida era imensa.” (CENTRO

    CULTURAL BRASILEIRO, 2011, grifo nosso).

    4.1.5 Brasileirão Série D e a Participação dos Times Capixabas

    Segundo Campos (2018a), do Globo Esporte, os clubes de futebol do ES, disputam

    acesso ao campeonato brasileiro série D há nove (9) anos. Expõem também, que,

    nestas edições da quarta divisão do futebol brasileiro, nunca uma equipe capixaba

    estreou com vitória.

    Relatando a história das participações dos clubes do ES no evento, é apresentada a

    informação que de 2009 até 2015, o futebol capixaba tinha apenas um representante

    na série D. Diante a informação, se evidencia que de 2016 a presente data, temos

    dois representantes que participam dos campeonatos estaduais buscando acesso à

    quarta divisão do brasileiro.

    Campos (2018a) observa um feito inédito (resultado esportivo expressivo) de um

    clube estadual: O Espírito Santo Futebol Clube, com o jogo no dia 21/04/2018, sábado

    posterior à publicação do retrospecto dos times capixabas na série D, chega a três

    participações consecutivas (2016, 2017 e 2018) na série D do campeonato brasileiro

    (grifo nosso).

    Devido ainda não ter acontecido o jogo do Espírito Santo Futebol Clube (sábado),

    encontramos no texto, como único recordista de participações na série D do brasileiro,

    o Rio Branco (Capa Preta), com participações em 2009, 2010 e 2015.

  • 38

    Comenta ainda que, na estreia do Aracruz em 2013, as redes foram balançadas em

    oito oportunidades (CAMPOS, 2018a). Mais informações sobre quais clubes

    participaram da quarta divisão do futebol brasileiro, e o resultado dos jogos, podem

    ser obtidas no Anexo F do estudo.

    4.1.6 – O Mais Recente Membro Capixaba Pertencente ao Futebol Nacional

    Segundo Campos (2018b), do Globo Esporte, em 2017, por ganhar o Campeonato

    Capixaba e a Copa Espírito Santo no mesmo ano, o Atlético – ES, entrou para a

    história do futebol local. Após este feito, a vitória frente ao Brasiliense, pelo jogo de

    ida das oitavas de final da Copa Verde, adicionou mais um resultado esportivo a sua

    lista, o tornando o quinto participante capixaba em estreias de competições nacionais

    com vitória sobre o adversário.

    Campos (2018b) observa ainda que “[...] além do Atlético – ES, outras 22 equipes já

    jogaram pelo menos uma partida válida por um torneio de âmbito nacional”.

    4.2 A GESTÃO E O PLANO DE MODERNIZAÇÃO DO FUTEBOL BRASILEIRO

    Há quase duas décadas, o Plano de Modernização do Futebol Brasileiro (2000),

    apresentado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), segundo a Folha de São Paulo

    (2000), tratou de alguns pontos importantes do futebol da época. Ao lermos o texto do

    jornal paulista, encontramos uma declaração própria da valorização da gestão pela

    emoção em detrimento da gestão técnica (da gestão racional).

    Esta fala foi proferida no evento por um dirigente de time com grande expressão

    nacional: "Ela (a FGV) não é do ramo. Não tem nada a nos ensinar sobre o

    assunto." (grifo nosso).

    Analisando a Folha de São Paulo (2000), contradizendo a fala histórica do dirigente

    vascaíno presente ao evento (Eurico Miranda). A explanação sobre o plano de

    modernização, pela FGV, é também um marco onde se identifica esforços de uma

    entidade, reconhecida por graduações e pós-graduações nas áreas de administração,

    ciências contábeis e economia (entre outras tantas áreas), em prol da gestão racional

    do futebol (gestão técnica dos clubes).

  • 39

    Aquela gestão do coração, que espelha a entrega incondicional de muitos dirigentes

    ao seu clube de Futebol. Foi antes, e é agora também, muito importante. E dela, vários

    clubes de futebol no país ainda dependem. Mas observa-se que na Folha de São

    Paulo (2000), de antemão, foi debatido a administração esportiva do futebol (do

    esporte) sustentada em conhecimento técnico. Um fato que colabora para esta análise

    é o estabelecimento da criação da Escola Técnica de Administração de Futebol na

    época.

    Além da apresentação das cifras movimentadas pelo futebol mundial. Destacaram no

    encontro:

    “o estabelecimento do ranking, que vai nortear a participação dos clubes nas

    diversas competições; a reestruturação da CBF; a criação da Escola Nacional

    de Arbitragem e da Escola Técnica de Administração de Futebol; e o

    fortalecimento das relações entre a CBF e as federações”.

    Reforçando este momento importante à gestão racional do esporte mais querido do

    Brasil. Na Folha de São Paulo (2000), percebe-se claramente uma proposta de

    disseminação destes ideais (a gestão técnica do futebol) a nível nacional pela

    informação: “[...] além do seminário de apresentação, foram promovidos oito

    seminários regionais (Belo Horizonte, Porto Alegre, São Luís, Maceió, Salvador,

    Recife, São Paulo e Rio)”.

    Observando a Folha de São Paulo (2000), identifica-se também uma reciprocidade: a

    troca de conhecimentos entre os representantes do esporte e da administração, bem

    como da administração e esporte. A Folha de São Paulo (2000), legitima esta

    consideração com a afirmação que: “Nos seminários, foram ouvidos profissionais,

    atletas, dirigentes, investidores e os demais setores do futebol, que debateram os

    assuntos relativos ao esporte, em seus aspectos econômicos, sociais, políticos,

    jurídicos, mercadológicos.” Folha de São Paulo (2000).

    4.3 A GESTÃO, NAS CERTIFICAÇÕES E LICENÇAS DA CBF ACADEMY.

    “[...] a CBF Academy foi fundada em 2016, compreendendo áreas mais amplas do que

    as oferecidas anteriormente pela CBF”. Fundamentando a ampliação de

    conhecimentos voltados ao futebol. Em tópicos, ela relaciona os novos cursos das

  • 40

    áreas de Gestão de Futebol, Direito Desportivo, Marketing, Finanças, Recursos

    Humanos e Comunicação (CBF, 2018a).

    Na nova formulação, consultando a CBF Academy, tem-se que são disponibilizados

    pela entidade esportiva, os cursos técnicos de: análise de desempenho no futebol

    profissional; análise de desempenho, identificação e desenvolvimento do talento nas

    categorias de base; coordenação técnica nas categorias de base; força, potência e

    velocidade da base ao profissional; preparação física nas categorias de base e

    treinamento de goleiros nas categorias de base (CBF, 2018b).

    Ainda em forma de Workshops (reuniões de grupos de pessoas interessadas em um

    determinado assunto, ou tema de interesse para todos os envolvidos), a CBF

    Academy debate (trata) as áreas do direito e futebol, da intermediação do futebol

    (CBF, 2018c).

    O curso de gestão do futebol, da CBF Academy, conforme CBF (2018a), tem sua

    programação composta por abordagens conceituais, dinâmicas, discussões em grupo

    e estudo de caso. Apresentando o que há de mais moderno sobre o assunto

    direcionado as entidades envolvidas com o futebol (CBF, 2018d).

    Associando a isto, conforme CBF (2018a), a CBF Academy mantém em seu curso de

    gestão de futebol, profissionais, profissionais e especialistas em gestão do futebol,

    que trazem seus conhecimentos, experiências e técnicas de sucesso, onde a

    integração das ferramentas (da gestão esportiva) e casos práticos utilizados com as

    experiências do cotidiano dos participantes (empirismos administrativos) e com o meio

    em que estão inseridos (a indústria do futebol). Assim, se tem a interação entre a

    teoria e prática, que favorece a efetividade do ambiente de aprendizagem (CBF,

    2018d).

    Segundo a CBF (2018a). “A CBF Academy segue as diretrizes da FIFA para

    implementação de certificados e licenças que a instituição sustenta e apoia em todas

    as confederações do mundo.” De onde, se extrai com segurança a informação, que o

    que se exige para certificação e licença na CBF já é cobrado de clubes do futebol

    internacionalmente. E ainda se reforça, que os conhecimentos da gestão esportiva no

    futebol, na certificação do professor de educação física (e sua área de atuação) pela

    CBF o capacitam para desenvolver seus conhecimentos científicos mundialmente.

  • 41

    Fato que nos põe a refletir se a educação física quando aplicada à gestão esportiva

    (principalmente para o futebol), não a identificaria como uma ciência de múltiplos

    conhecimentos.

    Um dos objetivos da CBF Academy que exige atenção para a gestão do futebol

    capixaba, é aquele que trata das licenças das equipes de treinadores ativas na

    associação. (CBF, 2018e).

    O processo de licença destes profissionais envolvidos nos clubes do estadual série A,

    é importante na perspectiva da associação buscar as divisões do brasileiro séries D,

    C, B e A, classificação na Copa Verde e Copa do Brasil.

    Pois, com estas metas estabelecidas, e atingidas com esforços da entidade esportiva,

    suas equipes de atletas, torcedores e demais envolvidos. Naturalmente serão

    oportunizadas vagas nos campeonatos internacionais. O que engatilha gradualmente

    a necessidade da licença “C” até a “Pró” da CBF, para os técnicos de futebol da

    agremiação que entram em campo nas partidas nacionais e internacionais. (CBF,

    2018e).

    Não tendo a agremiação o profissional licenciado pela CBF, por exemplo: para a

    disputa da Libertadores. Entende-se que deverá ir ao mercado de técnicos de futebol

    e contratar um que tenha a certificação Pró. Provocando um custo adicional que pode

    comprometer o quadro financeiro do clube de futebol.

    Em outra perspectiva visando reduzir as despesas deste tipo de contratações, as

    instituições esportivas do ES, podem se antecipar a este cenário, tomando a iniciativa

    de licenciar os profissionais de sua confiança, por conta própria nas licenças: C, B e

    A, e a Pró - por sua iniciativa e a convite da CBF (CBF, 2018e).

    Esta preocupação se torna admissível, quando uma equipe capixaba disputa a copa

    verde e se consagra campeã neste torneio regional (ou se classifica nele em posições

    elegíveis a Copa do Brasil). Disputa este campeonato, no ano seguinte, e ao ganhar

    (ou estar apto pela classificação a Libertadores). Participa do campeonato continental

    – Libertadores da América. Com possibilidade reais de participar de campeonatos

    intercontinentais. (CBF, 2018f).

    E também é aceitável, numa escala mais paulatina para o rol de aquisição das licenças

    da CBF (C, B, A e Pró). Quando as equipes que disputam os campeonatos estadual,

  • 42

    almejando ser o clube campeão, acessam a série D do brasileiro inicialmente, para

    seguir posteriormente avançando pelas séries C, B e A, ano a ano. (CBF, 2018g).

    Para atuar nas categorias de base - sub 20, 17 e 15, se faz necessária às licenças da

    CBF. E para que os clubes usufruam o direito de contratar atletas jovens a partir de

    dezesseis anos (16), em seu primeiro acordo de trabalho como profissional. Que é um

    ato de gestão de pessoal – de atletas em formação ou formados na agremiação de

    futebol. É exigido que a associação, tenha o certificado de clube formador da CBF.

    Uma obrigação também necessária na licença do clube pela CBF. (CBF, 2018h).

    Na lista da CBF de clubes formadores, pela CBF (2018h), o único representante

    estadual é o Real Noroeste Capixaba de Futebol Clube, com seu certificado válido por

    dois anos. Para reflexão do que é uma decisão de gestão esportiva para as equipes

    de base e o que ela possibilita. E o que isto pode trazer de retorno financeiro.

    Destacamos o caso de “Richarlison” (CASTRO, 2017).

    Segundo Castro (2017), a venda de Richarlison do Fluminense ao clube inglês

    Watford por 12,5 milhões de euros, não capitalizou somente o time carioca, como

    também proporcionou recursos no caixa do Real Noroeste e Investidores. Citando

    uma matéria da Superesportes, Castro (2017), compartilha a informação que caberia

    ao time capixaba um montante de 13,83 milhões, proporcional a 30% do valor total.

    Na interpretação do que foi noticiado por Castro (2017), coube ao América Mineiro o

    valor de R$ 9,225 milhões (20%). Ao Fluminense, detentor de 50%, R$ 23 milhões. E

    o Real Noroeste com 30%, fez jus a R$ 13,83 milhões. Totalizando na negociação de

    venda do atleta formado, o montante de R$ 46,055 milhões. Para um Euro valendo

    R$ 3,6844, nesta operação (observados os valores informados e a venda).

    Aplicando uma regra de três, tendo como referência o valor indicado para o Real

    Noroeste, de R$ 13,83 milhões, para 30% de direito sobre o jogador. Fica atestado

    ser o valor do América Mineiro, 20% do valor total da venda.

    Pouco? Muito? Esta operação, mesmo que se saiba da existência de uma partilha

    entre o clube formador e os “investidores”. Equivale aproximadamente a quarenta e

    uma (41) vezes a receita bruta do campeonato série A de 2018 (R$ 336.565,00). E

    quando comparada à receita bruta dos jogos da agremiação formadora (R$ 23.845,00)

    representa aproximadamente quinhentos e oitenta (580) vezes o valor das receias de

    jogos obtida por ela no campeonato de 2018.

  • 43

    4.4 – A GESTÃO, NA LICENÇA DE CLUBES DA CBF – ASPECTOS GERAIS.

    Tão importante quanto à certificação e licença técnica dos profissionais que atuam no

    futebol da associação. A agremiação capixaba também deve se preocupar com a

    Licença de Clubes da CBF em sua gestão.

    Segundo a CBF (2017a), foi enviado um ofício (o DRT nº 1.156, 2017) aos clubes da

    série A e B do campeonato brasileiro. Nele constam as novas etapas a respeito do

    seu projeto de Licenciamento de Clubes da CBF. Entre elas, a gradação dos critérios

    técnicos que serão aplicados para obtenção das licenças da CBF durante a temporada

    de 2018.

    De início serão observados os assuntos sobre categorias de base, equipe principal,

    área médica, futebol feminino, estádios, centro de treinamento, gestão executiva e

    informações financeiras (CBF, 2017a).

    O licenciamento de Clubes da CBF busca revolucionar a estrutura do futebol

    brasileiro. De acordo com a CBF (2017a), as medidas buscam o aperfeiçoamento e

    modernização das entidades esportivas e, consequentemente, a melhoria da indústria

    do futebol, pela gestão esportiva profissional (grifo nosso).

    Pela CBF (2017b), esse conjunto de padrões foi criado a partir da necessidade de

    existência de um sistema nacional eficiente para incentivar o desenvolvimento

    estrutural e a adoção de melhores práticas de gestão, transparência e equilíbrio

    financeiro pelos clubes (grifo nosso).

    Segundo, Lobo (2017), a aplicação dos licenciamentos será gradativa. Em 2018 - série

    A; em 2019 – série B, em 2020 – série C e por último, em 2021 – série D. O público

    alvo do licenciamento de clubes CBF: São todos os clubes que queiram participar das

    competições nacionais e internacionais nos próximos anos (a partir de 2018), onde as

    entidades esportivas organizadoras sejam a CBF e CONMEBOL.

    Analisando a série D do brasileiro, pelas oportunidades das associações de futebol

    que acessarão a quarta divisão via o campeonato série A do capixabão (FES, 2018a,

    p.3), e também pela Copa Espírito Santo, em 2018 (FES, 2018b, p.3). Existe

    fundamento para que o cumprimento das licenças da CBF (ou declaração oficial de

    cumpri-las) pela associação de futebol seja vista como ação de gestão de futebol

  • 44

    imposta pelas entidades esportivas organizadoras dos campeonatos brasileiro (séries

    A, B. C e D), e continental – Copas Libertadores, Sul-Americana e Recopa (CBF e

    CONMEBOL, respectivamente). (MANUAL DO LICENCIAMENTO, 2018, p.3).

    Diante a determinação da CBF para que os clubes de futebol tenham a “Licença” a

    partir de 2018, conforme Lobo (2017) analisou. Nos orçamentos dos clubes do estado

    (na gestão de orçamentos deles), as despesas inerentes à reestruturação

    organizacional destas entidades esportivas que promovem o produto jogos de futebol,

    devem ser estimadas e acompanhadas pela administração (MANUAL DO

    LICENCIAMENTO, 2018, p.19).

    O time campeão da Copa Espírito Santo de 2018 representaria o estado na série D

    de 2019 (FES, 2018b, p.3), com a mesma obrigação de obter a Licença da CBF

    (exigência em 2020, da licença – acessando a série C), do que daquela agremiação

    que teve acesso a quarta divisão do brasileiro, pelo campeonato série A do

    capixabão: obrigatoriedade em 2020, da licença – acedendo a Série C (FES,

    2018a, p.3); em 2021 da Licença Série B; e em 2022 da Licença Série A. Observando

    o acesso a seguinte divisão anualmente (grifos nosso).

    Também o representante do futebol do estado na Copa Verde de 2019 (FES, 2018b,

    p.3). Se sagrando campeão, terá vaga assegurada nas oitavas de final da Copa do

    Brasil de 2020 (CBF, 2018f, p.6). Competindo e conquistando o campeonato da Copa

    do Brasil de 2020 (CBF, 2018i, p7). Representaria o ES na Libertadores da América

    em 2021.

    O que exigiria da associação: uma licença da CBF, para disputar o campeonato

    continental organizado pela CONMEBOL - observando que a CBF deve providenciar

    a Licença para os torneios continentais onde representa a CONMEBOL – (CBF,

    2017b); e a certificação A ou Pró da CBF, para o técnico que vai acompanhar a equipe

    estadual no campeonato internacional (CBF, 2018e).

    O estudo trabalha como ações de gestão esportiva, o atendimento aos critérios

    estabelecidos para aquisição das Licenças da CBF de 2018 a 2021. Avaliando que,

    os critérios determinados, criam para a entidade esportiva do ES, despesas de

    reestruturação já em 2019 (CBF, 2018g, p.6). Atestando esta análise, temos que se o

    representante capixaba estiver entre os quatro (4) clubes classificados para a quinta

    fase (fase semifinal da série D), ascenderia para a série C em 2020.

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    Com um (alguns) time(s) capixaba classificado(s) para a série C do campeonato

    brasileiro. Os critérios das Licenças da CBF teriam que ser atendidos (ou terem

    compromisso de solução em documento oficial) em 2019, para que ele(s) dispute(m)

    a temporada de 2020.

    O regulamento das Licenças da CBF, em seu Art. 14 (CBF, 2017c, p.12), explica em

    que se consiste a Licença da CBF:

    É “[...] um certificado expedido pela CBF ao Clube Requerente, confirmando

    o cumprimento dos Critérios a ele aplicáveis, ou seu compromisso firme de

    cumprimento mediante termo de compromisso [...]”. Para que o clube possa

    participar da respectiva competição na temporada indicada no certificado, a

    depender do mérito técnico-esportivo (CBF, 2017c, p.12, grifo nosso).

    Resumidamente: Um time capixaba que dispute a série D em 2019. Que vá em 2020

    para a série C. Deve ter a licença C da CBF para disputar a temporada de 2020, em

    2019.

    No critério técnico desportivo, a CBF quer acompanhar como o clube trabalha a

    formação das categorias de base, observando:

    o Os objetivos e filosofia empregada;

    o Qual órgão do clube é responsável por isto;

    o Os profissionais envolvidos;

    o Os locais apropriados, para as categorias de base;

    o Os valores empregados nesta demanda e sua origem;

    o O desempenho escolar dos atletas;

    o Divisões das equipes de base por faixa etária;

    o Valor financeiro utilizado para ensiná-los: fair play esportivo; as

    regras do futebol – do antidoping - das partidas match fixing

    (integridade), o respeito e não discriminação, e assuntos relevantes

    ao atleta, por fim, o suporte médico as equipes de base. (MANUAL

    DO LICENCIAMENTO, 2017, p.7-8).

    Conforme CBF (2017c, p.3), o regulamento disciplina as concessões de licenças pela

    CBF às entidades de prática esportiva – clubes - (“Licença de Clubes”). A licença é

    delegada pela CBF e obrigatória para participação de clubes em determinadas

    competições nacionais. Aquelas sob a organização da CBF. E as competições

    continentais da Confederação Sul-Americana de Futebol (CONMEBOL). Além de

    fornecer as agremiações, a titulação de clube “Licenciado” pela CBF.