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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA NAIDILENE CHAVES AGUILAR EFEITOS DE ALGUNS TENSOATIVOS SOBRE A VIABILIDADE CELULAR DE LINHAGENS CELULARES DE CÂNCER DE PULMÃO. VITÓRIA 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA

NAIDILENE CHAVES AGUILAR

EFEITOS DE ALGUNS TENSOATIVOS SOBRE A VIABILIDADE CELULAR DE LINHAGENS CELULARES DE CÂNCER DE PULMÃO.

VITÓRIA

2011

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NAIDILENE CHAVES AGUILAR

EFEITOS DE ALGUNS TENSOATIVOS SOBRE A VIABILIDADE CELULAR DE LINHAGENS CELULARES DE CÂNCER DE PULMÃO.

Dissertação apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em

Biotecnologia da Universidade

Federal do Espírito Santo, como

requisito parcial para obtenção do

título de Mestre em Biotecnologia, na

área de concentração em Saúde.

Orientador: Prof. Dr. Ian Victor Silva.

VITÓRIA

2011

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“Bom mesmo é ir a luta com determinação,

Abraçar a vida com paixão,

perder com classe e vencer com ousadia,

porque o mundo pertence a quem se atreve

e a vida é muito boa para ser insignificante.”

(Charles Chaplin)

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AGRADECIMENTOS

Á Deus, companhia constante em minha vida, que me consola me guia e me faz

acreditar no caminho que escolho a cada dia, me ensinando o silêncio da razão,

equilibrando minha emoção e fortalecendo minha fé. Obrigada meu Deus por

nunca facilitar minha caminhada, me ensinando a saltar pelos obstáculos.

Aos meus pais, Vicente e Nadia, amor inexplicável, á minha irmã Layla, pelas

diferenças somos partes iguais, te amo muito. Aos meus avós Antônio, Davina e

Julia, por esse amor grandioso que me aquece e faz de mim continuidade. A

sempre presente tia Lilian por nunca me faltar, você é especial.

As minhas amigas irmãs, que escolhi não por afinidade, mas pelas divergências,

não foram poucas as vezes que discordamos umas das outras, mas é a

individualidade de vocês que me completa, a Shiara, Fernanda, Cybelle, Izabella e

Joyce, distantes, mas nunca ausentes obrigada meninas, cada lágrima, cada

sorriso, cada dúvida foi com vocês que eu dividi, amo vocês.

Aos grandes amigos Viviane e Renan que conviveram comigo os momentos

difíceis dessa caminhada tornando meus dias mais suaves e divertidos, juntos

aprendemos que convivência e cooperação constroem a amizade que se confia,

obrigada pela paciência.

A todos que fizeram parte desses últimos dois anos e que fazem parte das minhas

melhores lembranças, a minha amiga Tamires a todos os amigos do laboratório,

Priscila e Gabriela e ao professor Ian que me recebeu de braços abertos, muito

obrigada por tudo. Sem todos vocês essa vitória não teria o mesmo significado.

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RESUMO

O carcinoma de pulmão (CP) representa um grande desafio à saúde mundial,

configurando-se como a principal causa mortis por câncer entre homens e

mulheres no Brasil. A história natural da doença inclui elevada letalidade e

evolução agressiva, quase sempre com o paciente chegando ao médico quando a

doença já se encontra em fase avançada. A incidência desta doença tem o seu

auge entre as idades de 55 e 65 anos. A ocorrência do câncer de pulmão está

intrinsecamente associada à exposição a agentes carcinogênicos, de forma que

90% dos casos estão associados ao fumo ativo. Neste sentido, este trabalho

avaliou a viabilidade de linhagens tumorais frente a testes com quatro tipos de

drogas diferentes.

Recentemente, várias experiências foram realizadas com fármacos que inibem

seletivamente a disseminação de células tumorais, mas não têm nenhum efeito

sobre o crescimento primário (ROSSO et al.,1969). A presente comunicação esta

de acordo com experimentos realizados para estudar o efeito anti metastático de

algumas drogas na disseminação do tumor. Sendo assim, nosso estudo

experimenta utilizar os tensoativos, Triton® X-100 (Sigma), Tween® 20

(BioAgency), SDS (Vetec) e CDs (Sigma) em concentrações variadas, com

objetivo de avaliar a viabilidade celular. Nesse estudo utilizamos duas linhagens

celulares tumorais a H460 e A549, classificadas respectivamente como carcinoma

de células grandes e adenocarcinoma. A triagem das substâncias com potencial

efeito citotóxico foi feita através do teste colorimétrico utilizando MTT (3 - (4, 5-

dimetil-2-y1) 2, 5-difenil brometo de tetrazólium), descrito por Mosmann (1983).

Os resultados demonstraram variações na viabilidade celular apresentadas pelas

linhagens em estudo quando tratadas com os diferentes tipos de drogas,

resultando numa viabilidade proporcional ao tipo e concentração da droga. Foi

levado em consideração as diferentes classes e estruturas químicas das

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substâncias testadas para discutir os diferentes resultados encontrados bem como

as diferentes linhagens. O SDS destacou se com maior efeito citotóxico e a CD

com o menor ou nenhum efeito nas mesmas condições, o Tween 20 e o Triton

X-100 obtiveram efeitos semelhantes com o Triton X-100 acarretando maior

redução da viabilidade celular.

Palavras-chave: Carcinoma de Pulmão. MTT. Tensoativos. Viabilidade celular.

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ABSTRACT

The Lung Carcinoma (LG) represents the major challenge to the global health,

becoming the leading cause of death by cancer among men and women in Brazil.

The natural history of the disease includes high mortality rates and aggressive

evolution, often with the patient coming to the doctor when the disease is already

advanced. The incidence of this disease has its peak between the ages of 55 and

65 years old. The occurrence of lung cancer is intrinsically linked to the exposure

to carcinogens, so that 90% of the cases are associated with active smoking. Thus,

this study evaluated the feasibility of tumor lines through tests with four types of

drugs of different classes.

Recently, several experiments were performed with drugs that selectively inhibit

the spread of tumor cells but have no effect on primary growth (Ross et al., 1969).

This communication is in agreement with experiments performed to study the effect

anti-metastatic of some drugs on the tumor spread. Thus, our study experiments to

use the surfactants, Triton® X-100 (Sigma), Tween® 20 (BioAgency), SDS (Vetec)

and CDs (Sigma) in varying concentrations, in order to evaluate cell viability. In this

study we used two tumor cell lines, the H460 and A549, respectively classified as

large cell carcinoma and adenocarcinoma. The screening of the substances with

potential cytotoxic effect was done by the colorimetric test using MTT (3 - (4, 5-

dimethyl-2-y1) 2, 5-diphenyl tetrazolium bromide), as described by Mosmann

(1983).

The results showed variations in cell viability shown by the strains under study

when treated with different types of drugs resulting in a viability proportional to

the type and concentration of the drug. He was taken into consideration the

different classes and chemical structures of the substances tested to discuss the

different results and different strains. The SDS showed greater cytotoxic effect and

the CD with the lowest or no effect under the same

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conditions, Tween 20 and Triton X-100 had similar effects, with Triton X-

100 getting a greater reduction in cell viability.

Keywords: Lung carcinoma. MTT. Surfactants. Cell viability.

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LISTA DE SIGLAS

AJCC - “American Joint Committee on Cancer”

ATCC - “American Type Culture Collection”

CP - “Carcinoma de pulmão”

CMC - “Concentração Micelar Critica”

CAS - “Chemical Abstract Service”

CDs - “Ciclodextrinas”

EGFR - “Epidermal Growth Factor Receptor”

FDA - “United States Food and Drug Administration”

FHIT - “Fragile histidine Triad”

INCA - “Instituto Nacional de Câncer”

NSCLC - “Non-Small Cell Lung Cancer”

NCI - “National Cancer Institute”

PBS - “Phosphate Buffered Saline”

SDS - “Dodecil Sulfato de Sódio”

SCLC - “Small Cell Lung Cancer”

TX-100 - “Triton X - 100”

TW-20 – “Tween-20”

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LISTA DE FUGURAS

FIGURA 01- Estrutura química do Triton X- 100. FIGURA 02- Estrutura química do Tween 20.

FIGURA 03- Estrutura química do Dodecil Sulfato de Sódio.

FIGURA 04- Estrutura química das α, β e γ ciclodextrinas.

FIGURA 05- Placa com as linhagens de células antes do tratamento com as substâncias.

FIGURA 06- Resultado da viabilidade celular da linhagem H460 tratadas com Tween 20 e Triton X-100.

FIGURA 07- Resultado da viabilidade celular da linhagem H460 tratadas com CDs

e SDS. FIGURA 08- Resultado de viabilidade celular da linhagem A549 tratadas com

Triton – 100 e SDS.

FIGURA 09- Resultado de viabilidade celular da linhagem A549 com tween 20 e CDs.

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LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS

TABELA 01- Definição do sistema de estadiamento TNM. TABELA 02- Estadiamento do câncer de pulmão.

TABELA 03- Descrição das condições de tratamento dentro da placa.

TABELA 04- Descrição das condições de tratamento do ensaio de Bradford dentro da placa.

TABELA 05- Avaliação da variância entre as concentrações de tratamento com

CD na linhagem H460. TABELA 06- Avaliação da variância entre as concentrações de tratamento com

Tween 20 na linhagem H460.

TABELA 07- Avaliação da variância entre as concentrações de tratamento com TX-100 na linhagem H460.

TABELA 08- Avaliação da variância entre as concentrações de tratamento com SDS na linhagem H460.

TABELA 09- Avaliação da variância entre as concentrações de tratamento com CD na linhagem A549.

TABELA 10- Avaliação da variância entre as concentrações de tratamento com

Tween 20 na linhagem A549. TABELA 11- Avaliação da variância entre as concentrações de tratamento com

TX-100 na linhagem A549.

TABELA 12- Avaliação da variância entre as concentrações de tratamento com SDS na linhagem A549.

GRÁFICO 01- Modelo de viabilidade em função da concentração de droga na linhagem H460.

GRÁFICO 02- Modelo de viabilidade em função da concentração de droga na linhagem A549.

GRÁFICO 03- Médias de todas as concentrações entre H460 e A549.

GRÁFICO 04- Médias dos índices de tratamentos na linhagem H460.

GRÁFICO 05- Médias dos índices de tratamentos na linhagem A549.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................13

2 REVISÃO DE LITERATURA...............................................................................16

2.1 CARCINOMA DE PULMÃO..............................................................................16

2.2 ESTADIAMENTO DE NSCLC..........................................................................26

2.3 TESTES DE MTT, VIABILIDADE E PROLIFERAÇÃO CELULAR ..................30

2.4 AVALIAÇÕES DAS SUBSTÂNCIAS UTILIZADAS...........................................32

2.4.1 Triton X-100 ..................................................................................................32

2.4.2 Tween 20 ......................................................................................................34

2.4.3 Dodecil sulfato de sódio (SDS) .....................................................................35

2.4.4 Ciclodextrinas (CDs) .....................................................................................37

3 MATERIAIS E MÉTODOS...................................................................................39

4 RESULTADOS....................................................................................................49

5 DISCUSSÃO........................................................................................................60

6 CONCLUSÕES....................................................................................................67

7 REFERÊNCIAS...................................................................................................69

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1 INTRODUÇÃO

O câncer de pulmão é o mais comum de todos os tumores malignos, apresentando

um aumento de 2% por ano na sua incidência mundial. Na maioria dos casos

diagnosticados está associado ao consumo de derivados de tabaco representando

uma das neoplasias mais frequentes na atualidade, (INCA, 2010) sendo responsável

pela maior taxa de mortalidade por malignidade em ambos os gêneros. Nos EUA,

constitui a principal causa de morte por neoplasia (representa cerca de 28% das

mortes por neoplasia/ano). Em Portugal, estima-se uma incidência de 34/100.000,

com 28/100.000 para o gênero masculino e 6/100.000 para o gênero feminino. A

incidência desta doença tem o seu auge entre as idades de 55 e 65 anos. A

ocorrência do câncer de pulmão está intrinsecamente associada à exposição a

agentes carcinogênicos, de forma que 90% dos casos estão associados ao fumo

ativo ou passivo. Boa parte do percentual restante deriva da exposição ocupacional

a carcinógenos, como o asbesto, metais pesados, alcatrão, dentre outros. Isso faz

deste tipo de câncer uma doença essencialmente evitável pelo combate à prática do

tabagismo ou da proteção ocupacional adequada (ALBERG et al., 2007).

O CP apresenta índices de sobrevida e cura dos mais baixos quando comparados a

tumores que acometem outros órgãos (JEMAL et al., 2009), o que se deve, em

parte, à ausência de ferramentas de diagnóstico precoce (HIRSCH et al., 2002).

Apesar de ser menos frequente que os cânceres de próstata e mama, o câncer de

pulmão apresenta uma letalidade muito superior a esses tipos de tumor, com

sobrevivência de apenas 16% dos pacientes após 5 anos do diagnóstico, contra

95% e 90% de sobrevida dos tumores de próstata e mama, respectivamente

(JEMAL et al., 2009). Em contrapartida, cerca de 76% dos pacientes de câncer de

pulmão são diagnosticados em estágios avançados da doença, contra 5% do câncer

de próstata, por exemplo, o que denota uma forte relação entre a dificuldade de

diagnóstico precoce e a mortalidade da doença (HIRSCH et al., 2002; JEMAL et al.,

2009). Assim, muito frequentemente, os pacientes quando diagnosticados já se

encontram em estágios avançados da doença, não podendo ser submetidos à

cirurgia curativa, dado a extensão do comprometimento do aparelho respiratório,

restando-lhes a radio ou a quimioterapia, cujos benefícios, por vezes, não

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compensam os riscos, colocando esses pacientes fora de possibilidades

terapêuticas.

Embora exista um grande número de agentes quimioterápicos, a eficácia destes

agentes para o tratamento do câncer ainda está distante de ser alcançada. Vários

fatores como: a heterogeneidade da doença que compreende cerca de 100 tipos de

cânceres e a resistência intrínseca ou adquirida aos quimioterápicos depois de

pouco tempo de tratamento dificultam o uso de apenas um agente quimioterápico

(COZZI et al., 2004). Um dos grandes desafios do tratamento do câncer deriva do

fato da doença ser causada por células do próprio organismo, que fugiram ao

controle homeostático. Isso dificulta o desenvolvimento de terapias que sejam

seletivamente tóxicas às células tumorais (ALBERTS et al., 2008). Assim,

alternativas terapêuticas seguras e eficazes devem ser intensivamente buscadas

para preencher essas lacunas.

Recentemente, várias experiências foram realizadas com fármacos que inibem

seletivamente a disseminação de células tumorais, mas não têm nenhum efeito

sobre o crescimento primário (ROSSO et al.,1969). A presente comunicação esta de

acordo com experimentos realizados para estudar o efeito anti metastático de

algumas drogas na disseminação do tumor. Sendo assim, nosso estudo experimenta

utilizar os tensoativos, Triton® X-100 (Sigma), Tween® 20 (BioAgency), SDS (Vetec)

e CDs (Sigma) em concentrações variadas, com objetivo de avaliar a viabilidade

celular tumoral das linhagens celulares H460 e A549, classificadas respectivamente

como carcinoma de células grandes e adenocarcinoma.

A triagem das substâncias com potencial efeito citotóxico foi feita através do teste

colorimétrico utilizando MTT( 3 - (4, 5-dimetil-2-y1) 2, 5-difenil brometo de

tetrazólium), descrito por Mosmann (1983). O teste de MTT tem sido amplamente

utilizado como um método rápido e sensível para a triagem de drogas anticâncer,

bem como para a avaliação da citotoxicidade de materiais. A reprodutibilidade do

teste de MTT foi estudada neste trabalho em primeiro lugar nas comparações das

amostras onde foram realizadas tanto dentro das placas, como entre as mesmas. O

teste de significância é utilizado para analisar os dados e as di ferenças estatísticas

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entre todas as linhagens comparadas. O número de células viáveis nos poços da

microtitulação pode ser lido por um leitor de ELISA, que oferece grandes vantagens

na velocidade, simplicidade, custo e segurança (DENIZOT & LANG, 1986). O MTT

foi demonstrado como método sensível, preciso, conveniente, rápido e econômico

por muitos outros estudos (MOSMANN, 1983).

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 CARCINOMAS DE PULMÃO

Hoje, o câncer do pulmão é uma doença neoplásica comum e a mais mortal em todo

o mundo. É o mais frequente tipo de câncer e sua incidência continua aumentando,

principalmente entre as mulheres. É a principal causa de morte, por neoplasia, entre

homens e mulheres, em todo o mundo. (ZAMBONI, 2002)

O número estimado de novos casos de câncer de pulmão no Brasil em 2010 foi de

17.800 entre homens e de 9.830 mulheres (risco estimado de 18 casos novos a

cada 100 mil homens e 10 a cada 100 mil mulheres). (INCA, 2010) O CP entre os

homens é o segundo mais frequente no Sul (35/100.000), Sudeste (21/100.000) e

Centro-Oeste (16/100.000). Nas regiões Nordeste (9/100.000) e Norte (8/100.000) é

o terceiro mais comum. Entre as mulheres, é o quarto mais frequente no Sul,

Sudeste, Centro-Oeste e Norte. (INCA, 2010) O CP ocorre, na maioria dos casos,

em indivíduos idosos, por volta de dois a cada três pacientes diagnosticados com

CP possui idade superior a 65 anos, ao passo que menos de 3% de todos os casos

ocorrem em pessoas com menos de 45 anos. (AMERICAN CANCER SOCIETY,

2010)

Para o planejamento terapêutico torna se determinante subdividir o câncer de

pulmão em carcinoma pulmonar de células não pequenas (NSCLC, “non-small cell

lung cancer”) e carcinoma pulmonar de células pequenas (SCLC, “small cell lung

cancer”.) (ALVES & SILVA, 2008; SOTTO-MAYOR, 2001) Caso o tumor apresente

características de ambos os tipos histológicos é então denominado “carcinoma misto

de células pequenas/células grandes” (“mixed small cell/large cell cancer”), fato

bastante incomum (AMERICAN CANCER SOCIETY, 2010). No CP de SCLC, as

células aparecem pequenas e redondas quando vistas sob o microscópio, é o

menos comum, ocorrendo em 15% de todos os casos.

Cerca de 85-90% das pessoas diagnosticadas com câncer de pulmão tem NSCLC

(AMERICAN CANCER SOCIETY, 2008) que é definido como um grupo histológico

(tipos de tumores diferenciados pela estrutura celular). Os tipos histológicos mais

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comuns em NSCLC são escamosas (ou epidermóides), adenocarcinoma e o

carcinoma de grandes células. (STRAUSS et al., 2007)

No NSCLC o adenocarcinoma é o tipo mais comum de câncer de pulmão

contabilizando 40% dos casos de CP com crescente incidência. É mais comum entre

mulheres e não fumantes. Ele tende a originar ao longo das bordas exteriores do

pulmão nas vias aéreas menores, muitas vezes se espalhando para os espaços

entre os pulmões e a parede torácica, e sua localização típica facilita a detecção

precoce. (NCI, 2008) Em relação ao carcinoma de células escamosas, este é

geralmente encontrado nas células centrais dos brônquios, nos ramos maiores da

árvore brônquica. É responsável por 30% dos CP, mais comumente associado aos

homens e fumantes. É o mais fácil de detectar precocemente, uma vez que suas

células distintas são susceptíveis de aparecer nos testes das amostras de muco, ele

se espalha de forma relativamente lenta e muitas vezes não se espalhou para fora

dos pulmões no momento do exame. (NCI, 2008). O carcinoma de grandes células

apresentam células anormais que tendem a se originar ao longo das bordas

externas dos pulmões. É o tipo menos comuns de CP de NSCLC contabilizando 10-

15% dos casos de CP. No entanto, este tipo de tumor tem uma forte tendência a se

espalhar para os nódulos linfáticos próximos e distantes. (NCI, 2008) mas sua

frequência tem declinado, em parte, devido a melhores técnicas de diagnóstico, em

que passa a ser categorizado em adenocarcinoma ou carcinoma de células

escamosas.

O CP de SCLC é a forma mais agressiva da doença, é também chamado de câncer

da célula de aveia, pois, sob um microscópio, as suas células se assemelham a

grãos de aveia. Como o CP de células escamosas, esse tipo de câncer geralmente

origina nos grandes brônquios centrais. Ele se espalha rapidamente, muitas vezes

antes que os sintomas apareçam, tornando-se particularmente ameaçador. Na

verdade, até 75% dos pacientes com este tipo de câncer têm doença metastática no

momento em que é diagnosticado. Ele frequentemente se espalha (metastatiza)

para o fígado, ossos e cérebro. Embora a resposta à quimioterapia, o CP de

pequenas células raramente possui cura, pois geralmente não é descoberto antes

que espalhe. (Revisado em WALKER, 2008)

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O CP é a principal causa de morte por câncer em homens e mulheres nos Estados

Unidos, apesar de sua incidência ser menor do que o câncer de próstata nos

homens e o câncer da mama nas mulheres. Com 166.000 óbitos em 2008, a soma

total de mortes por CP ultrapassa os de câncer de próstata, mama e cólon

combinado (JEMAL et al., 2008). Próstata, mama e carcinoma colo retal,

demonstraram melhora significativa na sobrevida em 5 anos ao longo do tempo e

estão atualmente em 99, 88, e 64%, respectivamente. Em contraste, a taxa de

sobrevida em 5 anos para o câncer de pulmão manteve-se relativamente estável em

15%. Há várias explicações possíveis para a disparidade entre a sobrevivência de

câncer de pulmão e de outros tumores comuns, incluindo a detecção tardia e a

heterogeneidade histológica. Atualmente, mais de 75% dos diagnósticos de câncer

de pulmão são feitos em pacientes apresentando metástase distal ou regional.

(JEMAL et al., 2006) Histologicamente, carcinomas da próstata, mama e colo-retal

são uniformemente adenocarcinoma e o tratamento é essencialmente determinado

pela fase clínica, às vezes modificada através dos resultados de testes moleculares

(PAIK et al., 2004; ROMOND et al.,2005). Em contraste, apenas 40% dos

carcinomas de pulmão é adenocarcinoma. No entanto até recentemente, os

cânceres de NSCLC (escamoso, de grandes células e adenocarcinoma) eram

tratados da mesma forma, independentemente da heterogeneidade biológica

associados com a histologia.

É provável que o pobre histórico de resposta do CP ao tratamento, em parte, seja

atribuído a uma abordagem relativamente homogênea de uma doença heterogênea.

Os esforços em curso estão em andamento para identificação clinica de relevantes

propriedades biológicas dos tumores que facilitará a individualização do tratamento

do CP.

Por 40 anos, o tratamento cirúrgico padrão para o câncer de pulmão em estágio

inicial era a lobectomia sempre que possível. (CHURCHILL et al.,1950) Terminada a

lobectomia, 80% dos pacientes com NSCLC em estágios iniciais experimentavam

sobrevida de 5 anos, livres do câncer. (THOMAS et al., 1990) Em uma tentativa de

preservar a função pulmonar, em 1973 Jensik e colegas (JENSIK et al., 1973) foram

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os primeiros a sugerir que a ressecção (segmentectomia) poderia ser uma opção

adequada para este estágio da doença, sendo defendida a ressecção como o

tratamento adequado para pacientes com NSCLC.(JENSIK et al., 1979;

PASTORINO et al., 1991) As vantagens teóricas das quais o procedimento pretendia

alcançar incluem a preservação da função pulmonar, diminuição da mortalidade e

morbidade cirúrgicas, e a capacidade do paciente de se submeter a ressecções

mais no futuro, se um segundo CP vier a desenvolver. (JACOBSON et al., 1976)

Portanto o tratamento mais eficaz disponível atualmente para NSCLC ainda é a

ressecção cirúrgica, contudo, mais de 70% dos pacientes possuem doença

avançada com metástases nodais e/ ou viscerais no momento do diagnóstico, o que

impossibilita a ressecção. (Revisado em LANTUÉJOUL et al., 2009) Dessa forma,

para que a taxa de sobrevivência de pacientes com CP aumente, faz-se necessário

um maior entendimento dos eventos moleculares que levam ao surgimento do CP,

buscando identificar marcadores genéticos implicados na progressão tumoral, e

assim possibilitar a detecção precoce com o desenvolvimento de estratégias

terapêuticas específicas, permitindo um tratamento mais individualizado.

O CP se desenvolve através de etapas sequenciais morfológicas, com o acúmulo de

várias alterações genéticas e epigenéticas que afetam ambos os genes, supressores

tumorais e oncogenes. A progressão do ciclo celular precisa ser devidamente

regulada, para isso, as células têm mecanismos internos complexos e minuciosos,

como pontos de controle do ciclo celular, para manter a integridade do genoma.

(OSADA & TAKAHASHI, 2002) As anormalidades genéticas inclui ainda a perda de

heterozigose, alterações em microssatélites (WISTUBA et al., 1997), amplificação de

MYC (GAZZERI et al., 1994), expressão de Bcl2 (JIANG et al., 1996; revisado em

Kirkin; Joos; Zörnig, 2004), mutações em oncogenes RAS, em p53 (Revisado em

HECHT, 2008), RB (BURKE et al., 2005), p16 (Revisado em BRAMBILLA, et al.

2009) genes supressores tumorais FHIT (KIM et al., 2006, JOANNES et al., 2010),

expressão da atividade de telomerase (HIYAMA et al., 1995), dentre outros. Entre

45-75% de NSCLCs apresentam mutação em p53 (HAINAUT; PFEIFER, 2001), um

gene supressor tumoral considerado “o guardião do genoma”. Uma vez que o gene

p53 esteja mutado ou deletado, as células tornam-se suscetíveis ao dano no DNA e

ao descontrole do crescimento celular. É amplamente reconhecido que substâncias

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cancerígenas presentes no cigarro estão profundamente envolvidas nestas múltiplas

alterações genéticas, principalmente através da formação do DNA. (OSADA &

TAKAHASHI, 2002) Dentre as alterações dos supressores tumorais, a mutação do

gene p53 é o evento genético mais frequente (GREENBLATT et al., 1994; SOUSSI

et al., 2000). Alterações nesse gene e consequente aumento do produto do mesmo

em canceres, incluindo o de pulmão, mama, cólon, esôfago e câncer de pele, é

considerado uma das características genéticas comuns entre os canceres.

(STARZYNSKA et al., 1992; ISOLA et al., 1992; MOCH et al., 1997) A mutação no

p53 esta associada ao domínio altamente conservado de ligação ao DNA, deixando

a célula suscetível ao descontrole do crescimento e proliferação, assim como

também impedindo o reparo do DNA, morte celular programada, e outras reações de

proteção ao estresse celular e danos ao DNA. As causas das mutações desse gene

incluem tanto fatores endógenos quanto exógenos, como a exposição a

mutagênicos e radiação. O erro genético de p53 em NSCLC, como resultado de uma

superexpressão da proteína p53 ou mutação do gene p53 (SUZUKI et al.,1992;

TAKESHIMA et al.,1994) é fortemente correlacionada com a gravidade do tumor e

pode prever mal prognóstico (VAHAKANGAS et al., 1992; SOZZI et al.,1992;

SUNDARESAN et al.,1992).

Outra alteração também avaliada no CP é a inativação do gene p16, um alvo

importante na carcinogênese, perdendo em frequência apenas para o gene

supressor tumoral p53. O p16 é um gene supressor tumoral inibidor da cíclica, que

ao perder sua expressão determina a fosforilação irregular da proteína Rb,

(Revisado em SEKIDO; FONG; MINNA, 2003; BURKE et al., 2005 e BRAMBILLA, et

al. 2009) provocando a liberação do E2F, fator de transcrição de genes essenciais à

síntese de DNA, desencadeando então a replicação do DNA e progressão da fase

G1 para a fase S. (SALCEDO et al., 2008) A alteração no p16 o torna incapaz de

prevenir a progressão do ciclo celular e a divisão celular incontrolada.(SWAFFORD

et al 1997; BELINSKI et al., 1998) O p16 é silenciado de pelo menos três maneiras:

A deleção homozigótica, silenciamento epigenético e mutações pontuais. Os dois

primeiros mecanismos são os mais frequentes nos eventos de inativação da maioria

dos tumores. (Revisado em SEKIDO; FONG; MINNA, 2003; BURKE et al., 2005 e

BRAMBILLA, et al. 2009)

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Outro gene estudado de grande importância no grupo de supressores tumorais é o

gene FHIT (Fragile histidine Triad), verificando que cerca de 80% dos SCLC e 40%

dos NSCLC revelam alterações desse gene. (SOZZI et al., 1996,1999) Sua perda

pode provocar a estimulação da síntese e da proliferação do DNA, deste modo o

gene FHIT poderá representar um dos potenciais genes supressores tumorais

localizados no cromossomo 3p que estão envolvidos na patogênese do SCLC e do

NSCLC. Dada a sua especial susceptibilidade a alterações induzidas pelos produtos

químicos do fumo e do tabaco (SALGIA & SKARIN, 2000; SOZZI, 1999) o gene

FHIT parece ser um alvo preferencial da agressão tabácica a nível molecular (ROM

et al.,2000), podendo vir a ser utilizado como marcador de lesão precoce em grupo

de risco para o CP como nos grandes fumantes e constituir fontes futuras de

intervenção com fins terapêuticos a semelhança a que já esta sendo estudado com

o p53. (FLEISCHHACKER et al.,1999; ROTH et al., 2001; ROTH et al.,1996)

(Revisado em SOTTO-MAYOR, 2002) Em análises mais recentes, foi observado que

a co-hipermetilação de p16 e dos genes FHIT em pacientes com NSCLC no estágio

I está associada a um aumentado risco de recorrência da doença (KIM et al., 2006),

além de ter sido observado que uma baixa expressão de FHIT está associada a um

fenótipo de maior invasividade de células tumorais pulmonares. (JOANNES et al.,

2010)

Alguns oncogêneses avaliados no CP exercem seus efeitos através da

hiperprodução de proteínas codificadoras normais, o que sugere um defeito

regulatório na transcrição do gene ou na amplificação gênica. Os genes e produtos

proteicos que comumente atuam desta forma são os proto-oncogenes c-erbB-1 e o

c-erbB-2, ambos receptores de tirosinas-cinases. O primeiro é mais frequentemente

encontrado no NSCLC, especialmente no carcinoma escamoso (65% a 90%). O

proto-oncogene c-erbB-2 é mais frequentemente encontrado nos adenocarcinomas

(MICKE et al., 2001). O c-erbB-1, quando ligado à membrana, codifica o receptor do

fator de crescimento epidermal (“epidermal growth factor receptor”) EGFR. O c-erbB-

2 está relacionado estruturalmente ao c-erB-1 e sua proteína codificadora, chamada

HER2/neu, também é expressa em células epiteliais das vias aéreas do pulmão

normal. A HER2, que é uma proteína transmembrana, possui atividade tirosina-

cinase, é co-produzida com o receptor para fator de crescimento epidérmico em

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muitos adenocarcinomas e o seu nível sérico correlaciona-se com a carga tumoral.

Ela encontra-se em níveis mais elevados (> 22U/ml) nos tumores IIIB e IV do

NSCLC (notadamente adenocarcinoma), promovendo pior prognóstico. A expressão

aumentada de c-erB-2 é rara no SCLC (< 5%), porém pode ser encontrada em 25%

no NSCLC. (ROM et al., 2000; NIKLINSKI et al., 2001; MICKE et al., 2001)

O uso de anticorpos monoclonais humanizados anti-HER2 foi testado em câncer de

mama com resultados promissores, e vem sendo avaliado em estudos com NSCLC

(HIRSCH et al., 2002). Além disso, moléculas inibidoras de tirosina cinase de nome

químico,4-Quinazolinamine,N-(3-chloro-4-fluorophenyl)-7-methoxy-6-[3-(4

morpholinyl)propoxy]-,hydrochloride e o N-(3-ethynylphenyl)-6,7-bis(2-

methoxyethoxy) quinazolin-4-amine (gefitinib e erlotinib respectivamente) têm sido

empregadas no tratamento de pacientes que expressam EGFR, sendo que gefitinib

já teve o uso aprovado pelo FDA (“United States Food and Drug Administration”)

para pacientes com NSCLC. Já a família dos oncogenes RAS em particular o K-ras

pode ser ativada quando há mutações nos códons 12,13 ou 61 em

aproximadamente 20 a 30% dos CP de NSCLC, com 90% da mutação RAS nos

adenocarcinomas. Vale ressaltar que a mutação do KRAS é rara em SCLC.

(PULMÃO S.A, 2010). As proteínas codificadas participam da transdução de sinais.

(ROM et al., 2000;NIKLINSKI et al.,2001; KIM et al., 2003) Esta mutação resulta em

uma única modificação no aminoácido da proteína que uma vez adquirida,

permanece estável, tanto no tumor primário quanto nas metástases. A presença de

mutações no códon 12 do oncogene K-ras pode conferir um pior prognóstico nos

pacientes com CP. (ROM et al., 2000; NIKILINSKI et al., 2001;BROERMANN et al.,

2002; SLEBOS et al., 1990) Mutações no oncogene K-ras associam-se fortemente

ao tabagismo. Comumente, a mutação K-ras em um adenocarcinoma é fator de pior

prognóstico, inclusive no NSCLC completamente ressecado. (GROSSI et al., 2003)

Mutações em outros membros da família ras (N-ras e Hras) ocorrem com menor

frequência no NSCLC e são raras no CP. Mutações no gene K-ras têm sido

detectadas em biópsias brônquicas de indivíduos fumantes sem evidências de CP,

podendo ainda ser encontradas no escarro antes do diagnóstico da malignidade,

atuando como marcadores de pré-malignidade. (BROERMANN et al., 2002;

SLEBOS et al., 1990)

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Outra proteína relacionada a apoptose e implicada no CP é a Bcl-2. Algumas células

normais produzem níveis de Bcl-2 relativamente altos. Esta Bcl-2 preserva as células

cuja perda poderia ser maléfica ao organismo. Aquelas mesmas células podem,

talvez, levar a tumores agressivos quando se tornam cancerosas. Protegidas pela

Bcl-2, elas estão menos sujeitas à morte do que outras células cancerosas,

consequentemente, tais células podem ser mais capazes de se desenvolver como

metástases nos tecidos que não fornecem os fatores de crescimento produzidos em

seus tecidos de origem. (LUCHS & PANTALEÃO, 2010) Os membros

antiapoptóticos da família Bcl-2, atuam, predominantemente, prevenindo que os

membros pró-apoptóticos Bax (Bcl-2-associated X protein) e Bak (Bcl-2 relative bak)

se liguem e perturbem a integridade de membranas intracelulares, em particular a

membrana externa das mitocôndrias, ocasionando liberação de citocromo c e morte

celular. (ADAMS & CORY, 2007) Bcl-2 e p53 estão ambas relacionadas à morte

programada da célula ou apoptose e, assim, sua relação é de grande interesse. No

CP de NSCLC, Bcl-2 e p53: foram detectáveis através da técnica de imuno-

histoquímica em cerca de 60% e 70% dos casos, respectivamente, são

inversamente associados, e fornecem informações sobre aparecimento de

metástases e probabilidade de sobrevida. Em particular, no CP de NSCLC, a

superexpressão de Bcl-2 foi relacionada com uma melhor sobrevida global.

(PEZZELLA et al., 1993a) Esta superexpressão de Bcl-2 parece ser capaz de induzir

uma menor agressividade no fenótipo do tumor. A razão para isso continua a ser

esclarecida.

Em grupos de pacientes com pouca progressão tumoral foi observado presença de

Bcl-2-positivos sugerindo que nestes tumores a expressão de Bcl-2 é provável de

ocorrer como uma primeira alteração a um comportamento menos agressivo do

tumor. Isto está de acordo com a relação inversa entre Bcl-2 e p53, que

encontramos em uma série de cânceres, apoiando a hipótese de que um ou o outro

é suficiente para modificar a apoptose em NSCLC. Evidencias indicam, por um lado

à relação inversa entre Bcl-2 e p53 e por outro lado, um significado inverso no

prognóstico destas variáveis no comportamento em NSCLC. A perda da expressão

de Bcl-2 é, na verdade associado à redução da sobrevida global, desenvolvimento

metastático, enquanto o p53 positivo aparece como marcador de mau prognóstico.

(FONTANINI, VIGNATI, BIGINI et al., 1995)

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O CP é o mais comum de todos os tumores malignos, apresentando um aumento

por ano de 2% na sua incidência mundial. Em 90% dos casos diagnosticados está

associado ao consumo de derivados de tabaco. Os sintomas mais comuns do CP

são a tosse e o sangramento pela via respiratória. Nos fumantes, o ritmo habitual da

tosse é alterado e aparecem crises em horários incomuns para o paciente. Além

disso, uma pneumonia de repetição pode, também, ser a apresentação inicial da

doença. (INCA, 2010)

A maneira mais fácil de diagnosticar o CP é através de um raio-X do tórax

complementado por uma tomografia computadorizada. A broncoscopia (endoscopia

respiratória) deve ser realizada para avaliar a árvore traqueobrônquica e

eventualmente, permitir a biópsia. É fundamental obter um diagnóstico de certeza,

seja pela citologia ou patologia. Uma vez obtida à confirmação da doença, é

realizado o estadiamento que avalia o estágio de evolução, ou seja, verifica se a

doença está restrita ao pulmão ou disseminada por outros órgãos. O estadiamento é

feito através de vários exames de sangue e radiológicos, como dosagens

enzimáticas e ultrassonografia, respectivamente. (INCA, 2010)

Independentemente do tipo celular ou subcelular, o tabagismo é o principal fator de

risco do CP, sendo responsável por 90% dos casos. Outros fatores relacionados são

certos agentes químicos (como o arsênico, asbesto, berílio, cromo, radônio, níquel,

cádmio e cloreto de vinila, encontrados principalmente no ambiente ocupacional),

fatores dietéticos (baixo consumo de frutas e verduras), doença pulmonar obstrutiva

crônica (enfisema pulmonar e bronquite crônica), fatores genéticos (que predispõem

à ação carcinogênica de compostos inorgânicos de asbesto e hidrocarbonetos

policíclicos aromáticos) e história familiar de câncer de pulmão. (INCA, 2010) Os

tumores de localização central provocam sintomas como tosse, sibilos, estridor

(ronco), dor no tórax, escarros hemópticos (escarro com raias de sangue), dispnéia

(falta de ar) e pneumonia. Os tumores de localização periférica são geralmente

assintomáticos. Quando eles invadem a pleura ou a parede torácica, causam dor,

tosse e dispnéia do tipo restritivo, ou seja, pouca expansibilidade pulmonar.

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O tumor localizado no ápice pulmonar (Tumor de Pancoast) geralmente compromete

o oitavo nervo cervical e os primeiros nervos torácicos, levando à síndrome de

Pancoast, que corresponde à presença de tumor no sulco superior de um dos

pulmões e dor no ombro correspondente, que se irradia para o braço. Nos fumantes,

o ritmo habitual da tosse é alterado, podendo existir crises em horários incomuns

para o paciente. Uma pneumonia de repetição pode ser também um sintoma inicial

do CP. (INCA, 2010) A mais importante e eficaz prevenção do CP é a primária, ou

seja, o combate ao tabagismo. A ação permite a redução do número de casos e de

mortalidade. Do ponto de vista terapêutico existem três alternativas: cirurgia,

radioterapia e quimioterapia. Estes métodos podem ser associados para obter o

melhor resultado. Tumores restritos ao pulmão devem ser operados e removidos –

estágios I e II, com chance de cura de até 75%. Nos outros estágios, uma

associação de quimioterapia e radioterapia, com eventual resgate cirúrgico, é a

abordagem que mostra os melhores resultados, com uma chance de cura de 30%.

No estágio IV a quimioterapia é o tratamento de escolha, porém as chances de cura

são extremamente reduzidas. Até o momento não existe benefício comprovado com

imunoterapia. Os pacientes operados se beneficiam de quimioterapia complementar,

dita adjuvante, que reduz as chances de reaparecimento da doença, com exceção

naqueles cujo estadiamento é muito inicial (IA e IB). (INCA, 2010)

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2.2 ESTADIAMENTO DE NSCLC

A necessidade de se classificar os casos de câncer em estádios baseia-se na

constatação de que as taxas de sobrevida são diferentes quando a doença está

restrita ao órgão de origem ou quando ela se estende a outros órgãos. (NOVAIS et

al., 2008) O tratamento do câncer de pulmão, quando o tumor ainda se encontra

localizado, sem disseminação para fora do pulmão, é cirúrgico. Tumores restritos ao

pulmão, nos estágios I e II, devem ser operados e removidos. (NATIONAL

COMPREHENSIVE CANCER, 2008) Nestes casos, a chance de cura é grande e a

sobrevida em cinco anos é de 67, 57, 55 e 39%, respectivamente, para os estádios

IA, IB, IIA e IIB. (MOUNTAIN, 1997)

Estadiar um caso significa avaliar o seu grau de disseminação. O estádio de um

tumor reflete não apenas a taxa de crescimento e a extensão da doença, mas

também o tipo de tumor e sua relação com o hospedeiro.

O sistema de estadiamento mais utilizado é o denominado Sistema TNM (tumor,

nódulo e metástase) do “American Joint Committee on Cancer” (AJCC) (TABELAS 1

e 2). Este sistema baseia-se na extensão anatômica da doença, levando em conta

as características do tumor primário (T), as características dos linfonodos das

cadeias de drenagem linfática do órgão em que o tumor se localiza (N), e a presença

ou ausência de metástases (M). Estes parâmetros recebem graduações, geralmente

de T0 a T4, de N0 a N3 e de M0 a M1, respectivamente. Além das graduações

numéricas, as categorias T e N podem ser subclassificadas em graduações

alfabéticas (a, b, c). Tanto as graduações numéricas como as alfabéticas expressam

o nível de evolução do tumor e dos linfonodos comprometidos. O símbolo "X" é

utilizado quando uma categoria não pode ser devidamente avaliada.

Quando as categorias T, N e M são agrupadas em combinações pré-estabelecidas,

ficam distribuídas em estádios que, geralmente, variam de I a IV. Estes estádios

podem ser subclassificados em A e B, para expressar o nível de evolução da

doença.

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ESTADIAMENTO TNM

TUMOR DESCRIÇÃO

TX O tumor primário não pode ser avaliado ou é detectada a

presença de células malignas em escarro ou lavado bronquial,

mas o tumor não pode ser visualizado por imagem ou

broncoscopia.

T0 Não há evidências de tumor primário.

Tis Carcinoma in situ.

T1 Tumor com 3 cm ou menos em maior dimensão, rodeado por

pulmão ou pleura visceral, sem evidência broncoscópica de

invasão mais proximal do que o brônquio lobar.

T2 Tumor com quaisquer dessas características de tamanho ou

extensão: mais que 3 cm na maior dimensão; envolvimento do

brônquio principal, 2 cm ou mais distal da carina; e invade a

pleura visceral. Associado com atelectasia ou pneumonite

obstrutiva que se estende à região hilar, mas não envolve o

pulmão inteiramente.

T3 Tumor de qualquer tamanho que invada diretamente: parede

torácica, diafragma, pleura mediastinal, pericárdio parietal; ou

tumor no brônquio principal menor que 2 cm distal à carina,

mas sem envolvimento da carina; ou atelactasia associada ou

pneumonite obstrutiva de todo o pulmão.

T4 Tumor de qualquer tamanho que invada: mediastino, coração,

grandes vasos, traquéia, esôfago, coluna vertebral, carina; ou

nódulos tumorais separados no mesmo lobo; ou tumor com

efusão pleural maligna.

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LINFONODOS

REGIONAIS

DESCRIÇÃO

NX Linfonodos regionais não podem ser avaliados.

N0 Não há metástase nos linfonodos regionais.

N1 Metástase no peribrônquio ipsilateral e/ou linfonodo hilar

ipsilateral, e nódulos intrapulmonares incluindo envolvimento

por extensão direta do tumor primário.

N2 Metástase no mediastino ipsilateral, hilar contralateral,

escaleno contralateral ou ipsilateral, ou linfonodos supra

claviculares.

METÁSTASE

DISTANTE

DESCRIÇÃO

MX Metástase distante não pode ser avaliada.

M0 Não há metástase distante.

M1 Presença de metástase distante.

TABELA 1 - Definição do sistema de estadiamento TNM

Fonte: AJCC Cancer Staging Handbook (6 ed., p.197)

Nota: Tradução nossa.

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ESTADIAMENTO

ESTÁGIO TUMOR NÓDULO METÁSTASE

Carcinoma oculto

TX

N0

M0

Estágio 0 Tis N0 M0

Estágio IA T1 N0 M0

Estágio IB T2 N0 M0

Estágio IIA T1 N1 M0

Estágio IIB T2 N1 M0

T3 N0 M0

Estágio IIIA T1 N2 M0

T2 N2 M0

T3 N1 M0

T3 N2 M0

Estágio IIIB Qualquer T N3 M0

T4 Qualquer N M0

Estágio IV Qualquer T Qualquer N M1

TABELA 2 - Estadiamento do câncer de pulmão

Fonte: AJCC Cancer Staging Handbook (6 ed., p.198)

O estadiamento pode ser clínico e patológico. O estadiamento clínico é estabelecido

a partir dos dados do exame físico e dos exames complementares pertinentes ao

caso. O estadiamento patológico baseia-se nos achados cirúrgicos e no exame

anatomopatológico da peça operatória. É estabelecido após tratamento cirúrgico e

determina a extensão da doença com maior precisão. O estadiamento patológico

pode ou não coincidir com o estadiamento clínico e não é aplicável a todos os

tumores. O conhecimento do diagnóstico histopatológico do tumor não é pré-

requisito para seu estadiamento. (INCA, 2011) Em consulta de primeira vez,

suspeitado o diagnóstico de neoplasia maligna, o médico deve, a partir do

conhecimento da história natural do tumor, identificar queixas e buscar sinais que se

associam ao mesmo, procurando assim avaliar a extensão da doença.

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As evidências clínico-diagnósticas podem sugerir forte suspeita de neoplasia

maligna, sendo a confirmação histopatológica obtida no decorrer da avaliação

clínica, ou após a mesma. Às vezes, o estadiamento só pode ser estabelecido

através de procedimentos cirúrgico-terapêuticos, como, por exemplo, nos casos de

tumor de ovário, no qual é indicada cirurgia para ressecção do tumor e inventário da

cavidade abdominal. O estadiamento do CP de NSCLC requer, por parte do médico,

conhecimentos básicos sobre o comportamento biológico do tumor que se estadia e

sobre o sistema de estadiamento adotada A indicação terapêutica do CP depende

do estadiamento da doença. Assim é que um estadiamento bem conduzido leva a

condutas terapêuticas corretamente aplicadas. (INCA, 2011)

2.3 TESTES DE MTT, VIABILIDADE E PROLIFERAÇÃO CELULAR.

A quantificação do crescimento celular, incluindo proliferação e viabilidade, tornou se

uma ferramenta essencial em qualquer trabalho de laboratório em estudos baseados

em células. Tais técnicas permitem não só a otimização das condições de cultura de

células, mas também a determinação do fator de crescimento e atividade das

citocinas. Ainda mais importante, a eficácia de agentes terapêuticos na seleção da

droga, o potencial de compostos anticancerígenos em testes de toxicologia, e

toxicidade mediada por células podem ser avaliados quando quantificado o

crescimento celular. O primeiro passo para qualquer experimento é a decisão para

testar os parâmetros da proliferação celular ou viabilidade, dependendo do objetivo

de um estudo. Estes parâmetros são medidos por ensaio para "funções vitais", que

são característicos de células saudáveis ou em crescimento. Medições de

viabilidade celular avaliam as células saudáveis em uma amostra. Isso pode ser feito

tanto por ação direta da contagem do número de células saudáveis ou medindo um

indicador para as células saudáveis em populações de células (por exemplo, em um

ensaio de microplaca). Se as células estão dividindo ativamente ou quiescente não

se distingue. Um aumento na viabilidade celular indica o crescimento celular,

enquanto uma diminuição na viabilidade pode ser interpretada como o resultado de

um efeito tóxico dos compostos /agentes ou das condições de cultura de qualidade

inferior. Em contraste com a análise de viabilidade celular, a avaliação da

proliferação celular é definida como a medida da atividade de divisão celular em uma

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amostra. Ela pode ser expressa como o número real ou a proporção de proliferação

em cultura de células, tecidos ou como valores relativos, em ensaios de populações

de células. Células quiescentes “non growing” saudáveis não são detectadas por

ensaios de proliferação celular.

A proliferação celular também pode ser medida usando parâmetros indiretos. Com

essas técnicas, as moléculas que regulam o ciclo celular são quantificadas pela

medida de sua atividade (por exemplo, os ensaios da quinase ciclina-dependente)

ou por quantificação direta (por exemplo, Western blot, ELISA ou imuno-

histoquímica). A maioria dos testes de viabilidade são baseados em uma das duas

características/parâmetros: a atividade metabólica ou integridade da membrana

celular das células saudáveis. Normalmente, a atividade metabólica é medida em

populações de células através de incubação com sal tetrazólium (por exemplo, MTT,

XTT, WST-1) que é clivado em um produto, o formazan colorido, por células

metabolicamente ativas. O ATP das células pode também ser analisado indicando a

capacidade de energia celular e, portanto, a viabilidade. O segundo tipo de ensaio -

também denominado ensaio de exclusão de corante - aproveita a capacidade das

células saudáveis, descomprometido com a integridade da membrana citoplasmática

de excluir corantes como azul de tripan. As células mortas serão células coradas, e

as células saudáveis podem ser contadas diretamente. (PERES et al., 2008)

O teste do MTT (3-(4,5-dimetiltiazol-2yl)-2,5-difenil brometo de tetrazolina) é um

teste usado para avaliar viabilidade celular. O MTT, quando incubado com células

vivas, tem seu substrato quebrado por enzimas mitocondriais, transformando-se de

um composto amarelo em um composto azul escuro (formazan). A produção de

formazan reflete o estado funcional da cadeia respiratória (RACUSEN et al.,1999).

Desde a descrição original do teste do MTT por Mosmann, o mesmo tem sido

utilizado em experimentos com cultura de células (SOLEZ et al., 2007). Ferrera e

colaboradores mostraram que o teste do MTT pode ser usado como instrumento de

avaliação da viabilidade celular de biópsias. Os resultados são expressos como

densidade óptica x 1.000. (PERES et al., 2008) O uso de um teste preditivo de

sensibilidade às drogas poderia ter um impacto sobre o manejo de pacientes com

câncer de pulmão. De fato, um ensaio clínico no CP de SCLC, comparando á

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seleção empírica da quimioterapia à seleção com base nos resultados dos testes de

sensibilidade química, sugere que as taxas de resposta podem ser melhoradas por

esta abordagem (GAZDAR et al., 1990). O ensaio clonogenico provou ter utilização

prática limitada uma vez que testes de sensibilidade às drogas podem ser realizados

em apenas uma minoria dos casos de câncer de pulmão (De VRIES et al, 1987),

embora melhorias das técnicas de cultura resultarem em maiores taxas de sucesso

(KANZAWA et al., 1987). As principais vantagens do ensaio de MTT são sua

velocidade e simplicidade. Como a maioria das etapas são automatizadas, é

possível realizar teste de múltiplas drogas, cada uma com diversas concentrações. A

análise automatizada de dados é essencial tendo em vista as grandes quantidades

de dados que podem ser gerados. Como os resultados são disponíveis dentro de

três dias, essas informações podem ser de valor em terapia clínica. Além disso, um

ensaio de curta duração minimiza os efeitos das variáveis de proliferação celular e

morte celular durante o período de ensaio. (CAMPLING et al., 1991)

Estes ensaios são ferramentas importantes não só na investigação oncológica de

base, mas também na prática clínica para avaliar a sensibilidade das células

tumorais de pacientes. (PETTY, D. et al., 1995)

2.4 AVALIAÇÕES DAS SUBSTÂNCIAS UTILIZADAS

2.4.1 Triton X-100

Como um tensoativo não iônico, que também pode ser usado como detergente, o

Triton X-100 é considerado 100% ativo e biodegradável em forma líquida. Tem

inúmeros usos gerais como um agente umectante emulsificante, ou mesmo como

um detergente suave.

O tensoativo não iônico Triton X-100 (Polyoxyethylene t –octylphenol ) tem muitas

aplicações em um amplo leque de utilizações diferentes. Como um agente

umectante no laboratório de microscopia e histologia, na forma de soluções diluídas,

é usado como um agente umectante para efetuar certos protocolos de coloração e

também é usado como um agente umectante para a limpeza das lâminas de

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diamante. Na indústria eletrônica, é usado como um agente umectante em wafers, a

fim de reforçar e acelerar certos procedimentos e operações (HIPFNER et al.,1994).

Nas ciências da vida, é muitas vezes usado como um auxílio para a dissolução da

protease em água, porém ele deve ser usado na menor concentração possível para

não contaminar a amostra. Também é comumente usado em algumas formulações

para polimerização em emulsão.

FIGURA 1- Estrutura química doTriton X-100.

Os tensoativos são amplamente utilizados na biologia para extração de proteínas

das membranas das células, na cristalização de proteínas, para estabilização e

desnaturantes, e como agentes de permeabilização da membrana. Triton X-100 é

um dos mais utilizados tensoativos não iônico para lisar as células extraindo

proteínas e outras organelas celulares ou para permeabilizar a membrana da célula

viva em transfecção. (HIPFNER et al.,1994; RAJAGOPAL et al.,2002;GENNUSO et

al. 2004) No entanto, se grandes quantidades forem adicionados, ou as células

forem sujeitas a uma exposição prolongada a TX-100, estas podem morrer (BENOIT

et al.,1988; BORNER et al.,1994). Esta toxicidade das moléculas ao TX-100 surge

por causa da ação de interromper seu grupo polar sobre as presentes ligações de

hidrogênio, levando à destruição da compacidade e da integridade da membrana. A

inserção do monômero de detergente na membrana lipídica começa em baixas

concentrações. Isto leva a uma ruptura da estrutura celular sobre a permealizaçao

eventual da membrana da célula, em concentrações acima da concentração micelar

crítica (CMC) a partir da transição da bicamada-micela. A viabilidade celular é

extremamente sensível dentro de uma estreita faixa de concentrações de

tensoativos, especialmente perto da CI50, sendo necessário controlar a

concentração TX-100 para transfecção. Introduzir espécies hidrófilas, sem danificar

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as células, é difícil. Além disso, o colesterol ou similares domínios de membrana são

relatados para ser mais tolerante para com os detergentes, tais como moléculas

TX100 em comparação com outras partes da bicamada lipídica. (LONDON &

BROWN, 2000; MAIRE et al., 2000; NYHOLM & SLOTTE, 2001)

2.4.2 Tween 20

O Tween é um tensoativo não iônico, pouco tóxico para as membranas biológicas

(Rege et al., 2002), constituído por ésteres de ácidos graxos de polioxietileno sorbitol

(FIGURA 2). Estimula a secreção de proteínas em microrganismos (Stutzenberger,

1992), além de alterar a morfologia e a superfície da parede celular tanto de

bactérias (Van Boxtel et al., 1990) como de fungos (Domingues et al.,2000).

O Tween é um composto emulsionante do tipo filme monomolecular, uma molécula

ao lado da outra, diminuem a tensão superficial a zero distribuindo se na interfase e

formando um filme, é um emulsionante não iônico como o TX 100, porem, bem

tolerados pela pele.

FIGURA 2- Estrutura química do Tween 20

A linha Tween é composta por ésteres de sorbitan etoxilados. A característica

hidrofílica da cadeia de polioxietileno faz dos produtos da linha Tween, tensoativos

hidrofílicos, geralmente solúveis ou dispersíveis em água e empregados para obter

emulsões do tipo óleo em água (O/A), como dispersantes ou solubilizantes de óleos

e como co-tensoativos em shampoos. Estas características da linha Tween são

determinantes para suas aplicações em cosméticos, cremes e loções. A presença

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de grupos hidrofílicos e lipofílicos nas moléculas dos produtos da linha Tween

promove redução da tensão interfacial entre os componentes da formulação,

permitindo a obtenção de emulsões estáveis. Em shampoos infantis seu baixo grau

de irritabilidade, permite sua aplicação como co-tensoativo em formulações que

tenham como apelo a suavidade.

Os tensoativos do tipo Tween são compostos que apresentam emprego muito

variado devido as suas propriedades, ao contrario da maioria dos detergentes, não

desnaturam proteínas podendo dessa forma ser usado para solubilização e

caracterização de proteínas de membranas em estado nativo (NEUGEBAUER,

1988). Quanto ao emprego terapêutico e farmacológico dos detergentes Tween,

(CRISPENS & SORENSON, 1988) demostraram a ação anti carcinogênica do

Tween 80 no tratamento de sarcomas de células reticulares de camundongos,

(PARRIS et al.,1987), demostraram que o Tween 80 em combinação com algumas

drogas quimioterápicas podia aumentar a atividade citotóxica desses medicamentos

in vitro. Estudando a ação de uma droga anti epiléptica, SAMAHA e GADALLA

(1987) descobriram que Tween 20,40, 60, 80 e 85 podiam aumentar sua solubilidade

e eficácia, esses detergentes são usados também como agentes estabilizadores

para medicamentos injetáveis (SKAKED et al., 1988) e em combinação com

antibióticos, AL-NAJJAR (1989) demostrou que o Tween era capaz de reduzir a

concentração mínima inibitória de pelo menos quinze antibióticos usados contra a

infecção cutânea ocasionadas por Staphilococcus aureous.

2.4.3 Dodecil sulfato de sódio (SDS)

O Dodecil Sulfato de Sódio (SDS) é um tensoativo iônico do tipo aniônico. Este

tensoativo promove a lise da maior parte das células, desnatura algumas proteínas e

inibe a atividade enzimática, é um bom exemplo da natureza ambígua dos

compostos tensoativos. O SDS apresenta uma longa cadeia alquílica, praticamente

insolúvel em água, ligada covalentemente a um grupo iônico, o sulfato de sódio. Esta

particularidade na estrutura química dos surfactantes é responsável pelos

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fenômenos de atividade na tensão superficial de interfaces, pela micelização e

solubilização de membranas.

FIGURA 3 – Estrutura química do Dodecil sulfato de sódio.

Nas últimas décadas, a interação entre surfactantes aniônicos e polímeros neutros

hidrossolúveis tem sido tema de intensa investigação com finalidade de identificar

em solução as propriedades físicas acompanhadas de possíveis mecanismos que

interpretem a associação dos surfactantes ao polímero. (GENNE, 1990; BLOOR et

al., 1995; HOFF et al., 2001)

O lauril sulfato de sódio, designação genérica empregada para o Dodecil Sulfato de

Sódio, é um composto orgânico devidamente registrado no Chemical Abstract

Service (CAS). Estes compostos vêm sendo usado ao longo dos anos para

diferentes finalidades e usos distintos, a saber, banhos de espuma, cremes

emolientes, cremes depilatórios, loções para mãos, shampoos, além de produtos

saneantes (detergentes domissanitários). Este uso tem sido motivado em razão das

suas propriedades detergente, molhante, espumógena, emulsificante e solubilizante.

Cabe ressaltar que estas características são comuns a todos os tensoativos. Alguns

tensoativos apresentam potencial de irritação à pele, no entanto, em formulações

cosméticas, essas características podem ser atenuadas em função da concentração

utilizada bem como das características da formulação pretendida para o produto

final. (ANVISA, 2003)

Na eletroforese em gel de poliacrilamida (PAGE), o detergente dodecil sulfato de

sódio (SDS) é usado para desnaturar as proteínas. Desta forma, moléculas

anfifílicas, como o SDS, interferem nas interações hidrofóbicas que normalmente

estabilizam as proteínas. A carga negativa que o SDS transfere mascara a carga

intrínseca da proteína, como resultado as proteínas tratadas com SDS possuirão

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formas similares e razões carga/massa parecidas. Em consequência disso, a SDS-

PAGE separa as proteínas de acordo com a massa molecular. (VOET e VOET,

2005) Devido á sua natureza química, esses compostos são capazes de interagir

com os principais componentes da membrana celular, as proteínas e os lipídeos,

desestruturando os sistemas de membranas e enfraquecendo as estruturas de

proteção dos organismos (Braga, 2002). Devido ao fato da toxicidade do SDS ser

bem conhecida, este surfactante é frequentemente utilizado como substância de

referência em ensaios de toxicidade, avaliando a sensibilidade dos organismos

teste.

2.4.4 Ciclodextrinas (CDs)

As ciclodextrinas, também conhecidas como cicloamiloses ou ciclomalto-oligoses,

foram isoladas por Villiers em 1891, ciclodextrinas (CDs) são oligossacarídeos

cíclicos formados por moléculas de D-glicose unidas por ligações glicosídicas

produzidas pela ação da enzima ciclomaltodextrina-glucano-transferase (CGTase)

sobre o amido. As CDs mais conhecidas são as α, β e γ-ciclodextrinas, constituídas

por 6, 7 e 8 unidades de glicose, respectivamente. Elas apresentam uma estrutura

tridimensional com um exterior hidrófilo e uma cavidade hidrófoba, que possibilita a

formação de complexos de inclusão hidrossolúveis com uma grande variedade de

moléculas, alterando suas propriedades físicas. A inclusão normalmente aumenta a

estabilidade das moléculas inclusas contra a hidrolise, oxidação, foto decomposição

e desidratação, diminuindo odor e sabores desagradáveis da substância,

aumentando sua solubilidade e biodisponibilidade. Essas propriedades criam a

oportunidade para muitas aplicações industriais das CDs em alimentos, cosméticos,

fármacos, produtos agrícolas, separações cromatográficas, processos

biotecnológicos e muitas outras (Szejtli, 1990; Sa Barreto e Cunha-Filho, 2008).

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FIGURA 4- Estruturas das α-, β-, γ-ciclodextrinas (Biwer et al.,2002;Szejtli, 1990)

Considerando que uma das áreas de importância em biotecnologia e bioengenharia

é o fenômeno de complexação molecular, que é útil na seleção, separação e

solubilização de várias biomoléculas, as CDs tornam-se compostos vantajosos pela

capacidade de formação destes complexos (MORIWAKI et al., 2007). Essa

encapsulação pode mudar as propriedades físicas e químicas das moléculas

envolvidas, permitindo uma variedade de usos para indústria alimentícia, de

cosméticos e farmacêuticos. (BONILHA et al.,2006)

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 CULTURAS DE CÉLULAS

3.1.1 Linhagens celulares

As linhagens celulares empregadas nesse estudo foram A549 e H460. Segundo a

“American Type Culture Collection” (ATCC), tais células apresentam morfologia

epitelial e crescem de maneira aderente em cultura. Quanto à histologia, ambas as

linhagens são oriundas de carcinoma de pulmão do tipo NSCLC de células

imortalizadas; mais especificamente, a linhagem A549 é classificada como

adenocarcinoma, ao passo que H460 configura-se como carcinoma de células

grandes.

3.1.2 Descongelamento

As alíquotas das linhagens celulares armazenadas em freezer -80ºC foram

descongeladas bruscamente a 37ºC. O conteúdo armazenado no microtubo de 1,5

mL foi transferido para um tubo Falcon de 50 mL estéril e livre de DNase e RNase

com 10 mL de meio RPMI-1640 (Gibco/Invitrogen, Nova York, EUA) acrescido de

soro fetal bovino a 10% v/v (SFB, Gibco/Invitrogen, Nova York, EUA), solução

estabilizada de Penicilina-Streptomicina numa concentração de 10000 unidades de

Penicilina e 10 mg de Streptomicina por mL (Sigma-Aldrich, Steinheim, Alemanha) e

Fungizone - Anfotericina B a 250 µg/mL (Gibco/Invitrogen, Nova York, EUA). Em

seguida, as amostras foram centrifugadas por 10 minutos a 1162 g e break zero a

27ºC. Após a centrifugação, foi observado um pellet no fundo do tubo, e o

sobrenadante foi descartado. As células foram então ressuspensas em 15 mL de

RPMI com SFB, antifúngico e antibiótico, e transferido para uma garrafa de cultura

de 75 cm², que foi incubada em estufa com 5% de CO2.

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3.1.3 Cultivo

As linhagens foram cultivadas em garrafas de 75 cm², com adição de 15 mL de meio

RPMI-1640 suplementado com 10% de SFB, 1% de solução estabilizada de

Penicilina-Streptomicina (10000 unidades de Penicilina e 10 mg de Streptomicina

por mL) e 0,5% de Fungizone - Anfotericina B a 250 µg/mL. O cultivo deu-se em

estufa a 37ºC e com atmosfera de 5% de CO2 até a subconfluência. Diariamente as

garrafas foram analisadas em microscópio óptico de luz invertida, para avaliar o

aspecto do meio e das células em cultivo, bem como sua taxa de crescimento e

confluência.

O conteúdo das garrafas era desprezado sempre que o meio RPMI-1640

apresentava-se com a cor amarelada. Essa alteração é decorrente da acidificação

do meio, e é visualizada pela alteração da cor do indicador vermelho de fenol,

presente na composição do meio RPMI-1640. Em seguida, as células, aderidas em

monocamada no fundo da garrafa, foram lavadas com solução de PBS 1X (medica

de concentração) (“phosphate buffered saline”) por três vezes. Posteriormente, novo

meio foi adicionado, e as garrafas, após terem sido fechadas, foram novamente

incubadas na estufa de CO2. Dessa forma, as garrafas eram lavadas numa

frequência média de três vezes por semana, sempre sendo avaliadas as condições

do meio.

3.1.4 Criopreservação

As garrafas de cultivo com as linhagens celulares subconfluentes foram lavadas com

solução de PBS 1X por três vezes. Adicionaram-se 3 – 5 mL de solução de tripsina

às garrafas, e essas agitadas fortemente, com o intuito de promover o

desprendimento das células aderidas ao fundo da garrafa. Em seguida, foram

acrescentados aproximadamente 3 mL de meio RPMI para bloquear a ação da

tripsina, e a solução transferida para um tubo Falcon de 50 mL. As amostras foram

centrifugadas por 10 minutos a 1162 g, com break zero. Após a centrifugação, o

sobrenadante foi descartado, mantendo o pellet no fundo do tubo, e adicionado 3 mL

da solução de criopreservação (soro fetal bovino com 10% de glicerol,solução

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adotada pelo laboratório), homogeneizando com a pipeta. Em seguida, transferiu-se

1 mL da solução para cada microtubo de 1,5 mL, totalizando três alíquotas por

amostra. As alíquotas foram então mantidas durante 30 minutos a 0 ºC, em seguida

duas horas a -20 ºC e finalmente armazenadas a -80ºC.

3.1.5 Plaqueamento

As duas linhagens celulares foram cultivadas em garrafas de 75 cm² até a

subconfluência para cada um dos tratamentos listados no tópico seguinte.

Adicionaram-se 3 – 5 mL de solução de tripsina e a garrafa foi fortemente agitada

com as mãos para o total desprendimento das células aderidas. Em seguida, foram

adicionados 10 mL de RPMI suplementado.

Para a contagem do número de células, foi utilizada a câmara de Neubauer.

Encostou-se a ponta da pipeta na borda da lamínula, e a câmara foi então

cuidadosamente preenchida com a suspensão preparada. Após as células

sedimentarem por 2 minutos, a câmara de Neubauer foi levada ao microscópio

óptico e a área demarcada foi focalizada com a objetiva de menor aumento, e

contaram-se as células nas quatro áreas de um lado da câmara. A seguinte fórmula

foi usada para o cálculo do número total de células:

Nº total de células

Nº de células/mL = _______________________x Fator de diluição (5) x 10000

Nº de quadrantes contados (4)

O valor encontrado, referente ao número de células por mL, era empregado numa

nova equação:

Concentração desejada/mL (105)

Volume final = Volume inicial x _______________________________

Nº de células/mL da suspensão inicial

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Em placas de 96 poços, na concentração de 7,5 x 105 células por mL. Cada poço

recebeu 200 microlitros da suspensão de células + meio de cultura na concentração

supracitada. Alguns poços receberam somente meio de cultura (branco). As placas

foram mantidas em estufa com 5% de CO2 por 72 horas.

3.1.6 Tratamentos

3.1.6.1 Avaliação da viabilidade celular

Utilizaram-se placas de noventa e seis poços para a execução dos tratamentos com

as diluições de Triton® X-100 (Sigma), Tween® 20 (BioAgency), SDS (Vetec) e CDs

(Sigma), após o plaqueamento, cada poço continha 200µl de células e meio de

cultura. Decorridas 72 horas do plaqueamento, o meio de cultura das placas foi

retirado e foram adicionados 90 microlitros de meio em cada poço e 10 microlitros

das substâncias usadas no tratamento. As placas foram mantidas em estufa com 5%

de CO2 por 24 horas. Esses tratamentos foram efetuados para ambas as linhagens

do estudo: A549 e H460 de CP de NSCLC.

As drogas testadas foram diluídas em água destilada e filtrada na proporção de 1%

(v/v) para o TX-100 e Tween 20,1% (m/v) para o CD e 1,56% (m/v) para o lauril

sulfato de sódio, designação genérica empregada para o SDS. Dessa diluição

adicionavam-se as placas alíquotas que correspondiam as concentrações propostas

para os testes.

Para avaliar a viabilidade celular e evolução de proliferação, foi utilizada a análise

colorimétrica com o corante de MTT. Este corante na forma oxidada possui

coloração amarela na qual quando reduzido passa a cor azul em células ditas

viáveis. Essa coloração surge nas mitocôndrias produzidas pelas desidrogenases

mitocondriais, após o tratamento das linhagens celulares e incubação das mesmas

com as drogas do teste, 24 horas após os tratamentos, foi descartado o

sobrenadante dos poços e foram adicionados 15 microlitros de MTT 5 mg/mL em

cada poço. Após 4 horas de incubação em estufa, foram adicionados 70 microlitros

de SDS 10% nos poços. As placas foram mantidas em estufa por cerca de 16 horas.

Posteriormente, é medida a absorbância no comprimento de onda em 595 nm.

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% Viabilidade Celular = Abs. das células das amostras – Abs. do Branco x 100

Abs. das células do controle positivo – Abs. do Branco

Amostras Amostras

A B C D E CTR A B C D E CTR

FIGURA 5 – Placa com as linhagens celulares H460 de A1 a A5, A549 de A7 a A11

e MTT.

Para verificar a resposta celular frente aos extremos, outros dois grupos foram

inseridos, grupo CTR (controle de célula) o qual as células não foram expostas a

nenhuma solução teste e B (branco), sem células, apenas meio RPMI e solução

teste e MTT.

BRANCO

Células não Tratadas

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PLACA COM LINHAGENS H460 E A549

POÇOS CONDIÇÕES

A-1 a A-5 Meio RPMI e cels+10µl solução teste a 0,4

B-1 a B-5 Meio RPMI e cels+10µl solução teste a 0,2

C-1 a C-5 Meio RPMI e cels+10µl solução teste a 0,1

D-1 a D-5 Meio RPMI e cels+10µl solução teste a 0,05

E-1 a E-5 Meio RPMI e cels+10µl solução teste a 0,025

F-1 a F- 5 Meio RPMI e cels+10µl solução teste a 0,0125

G-1 a G-5 Meio RPMI e cels+10µl solução teste a 0,006

H-1 a H-5 Meio RPMI e cels+10µl solução teste a 0,003

TABELA 3 - Descrição das condições dos tratamentos na placa.

As células H460 e A549 foram semeadas em microplacas de 96 cavidades

(excetuando-se as extremidades) no volume de 200μL em seus respectivos meios

de cultura e mantidas por 72 horas em estufa a 36,5 ± 0,5ºC com 5% de CO2.

Depois, os meios de cultura foram trocados e adicionado 10μL das diluições pré-

estabelecidas das amostras. Após 24h de incubação em estufa, a 36,5 ± 0,5ºC com

5% de CO2, todo o conteúdo de meio existente nas microplacas foi descartado e em

seguida adicionado 15µl de MTT(5mg/ml).

Após 4 horas de incubação na estufa o corante foi, então, eluído ao se adicionar

70μL de dodecil sulfato de sódio (SDS) 10% em cada cavidade, deixando agir

overnight. Então, a D.O. foi medida em espectrofotômetro a 595nm.Uma curva inicial

foi obtida com oito concentrações de cada tensoativo diluído (0,4; 0,2; 0,1; 0,05;

0,025; 0,0125 e 0,006 e 0,003mg/mL). A concentração em que se obteve nessa

curva a redução de 50% na absorbância, quando comparada às células não tratadas

(controle), foi considerada a concentração de efeito citotóxico IC50 ou concentração

inibitória 50%. O valor de IC50 para cada substância testada foi calculado pela

média da triplicata de todos os ensaios independentes de cada substância testada.

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3.1.6.2 Avaliação da citotoxidade pela dosagem de proteínas totais.

Com o objetivo de analisar possíveis alterações na biossíntese das proteínas, foi

realizada a dosagem de proteína total pelo método de Bradford. A dosagem de

proteína das linhagens H460 e A549, após o tratamento com as diluições das drogas

do teste, foram comparadas a uma curva padrão de dosagem de proteína.

PLACA COM LINHAGENS H460 E A549

POÇOS CONDIÇÕES

A Meio RPMI e cels+10µl solç. teste a 0,4 + Reagente Bradford

B Meio RPMI e cels+10µl solç. teste a 0,2 + Reagente Bradford

C Meio RPMI e cels+10µl solç. teste a 0,1 + Reagente Bradford

D Meio RPMI e cels+10µl solç. teste a 0,05 + Reagente Bradford

E Meio RPMI e cels+10µl solç. teste a 0,025+Reagente Bradford

F Meio RPMI e cels+10µl solç. teste a 0,0125+Reagente Bradford

G Meio RPMI e cels+10µl solç. teste a 0,006+ Reagente Bradford

H Meio RPMI e cels+10µl solç. teste a 0,003+ Reagente Bradford

TABELA 4 - Descrição das condições dos tratamentos no ensaio de Bradford.

Para o ensaio de citotoxicidade foi utilizada a mesma quantidade de células/poço

que no teste de MTT, realizando o mesmo tratamento com as substâncias teste e

prosseguindo com a incubação da placa. Após o período de incubação, foi

adicionado a cada poço o reagente de Bradford, para que ocorresse a reação de

ligação do corante a proteína. Ao deslocar o equilíbrio para forma aniônica a

amostra absorve luz em 595nm no leitor de ELISA. A leitura da absorbância das

amostras possibilitou a determinação do potencial citotóxico, quanto a alterações na

biossíntese proteica, causada pela ação das substâncias testadas, em relação às

células do controle não tratado. O branco utilizado foi o SDS 10%, usado também

para diluição da cultura de célula.

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Os ensaios foram realizados em triplicatas, e cada experimento repetido três vezes,

foi utilizado também células controle para verificação da eficácia do ensaio. A

dosagem de proteína total foi calculada multiplicando-se a absorbância do teste pelo

fator de calibração. Após a avaliação da citotoxicidade, as substâncias com maior e

menor atividade citotóxica foram selecionadas e avaliadas.

3.2.1 Técnicas

3.2.2 ensaio de MTT

PROCEDIMENTO

O ensaio do MTT para viabilidade celular é baseada na conversão do MTT a

formazan de cor púrpura por células metabolicamente ativas. Para a maioria das

células, essa reação leva de 3 a 5 horas. O formazan produzido é solubilizado e a

solução resultante de cor que é quantificada por um leitor de microplacas.

O estudo da proliferação celular e viabilidade das células requer a exata

quantificação do número de células viáveis em cultura. Por isso, os ensaios para o

cálculo de viabilidade celular são necessários para otimizar as condições da cultura,

avaliando fatores de crescimento celular e os nutrientes, descobrindo novos

antibióticos e drogas anticâncer, avaliando os efeitos tóxicos dos poluentes

ambientais e toxicidade mediada por células e estudar a morte celular programada

(apoptose). O kit colorimétrico para o ensaio de viabilidade celular dispõe de

sensibilidade e é confiável para determinar o número de células viáveis em uma

dada cultura. O ensaio colorimétrico homogêneo é baseado na conversão do MTT

sal de tetrazólium, um substrato amarelo pálido, ao formazan, um corante roxo. Esta

reação de redução celular envolve a piridina nucleotídeo cofatores NADH / NADPH e

só é catalisada por células vivas. O produto formazan tem uma baixa solubilidade

em água e está presente como cristais roxos. Utilizando um tampão para

solubilização dos cristais de formazan é possível à quantificação adequada da

formação do produto. A intensidade da cor do produto, medido a 550-620 nm, é

diretamente proporcional ao número de células vivas em cultura.

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O teste do MTT foi utilizado na avaliação da viabilidade celular, conforme

preconizado por Ferrera e colaboradores. As incubações foram feitas sob uma

atmosfera de 5% de CO2. As células foram transferidas num volume total de 200µL

de células e meio de cultura RPMI 1640, mantidos em uma pré-incubação de 30

minutos a 37ºC em 5% CO2. Em seguida, o meio foi substituído para uma segunda

incubação de 24 horas realizada com as drogas de interesse. Após esse período, o

meio foi substituído por 15µL de solução de MTT, e permaneceu em incubação de

24 horas a 37ºC. A seguir, o meio foi substituído por 70µL de SDS 10%, depois, foi

feito leitura em espectrofotômetro Micronal B242 II em comprimento de onda de

595nm. Os resultados foram expressos como densidade óptica x 1.000 por

miligrama de células para permitir comparações entre as diferentes concentrações

das drogas utilizadas. A solução de SDS 10% foi utilizada para zerar o equipamento.

Para realização do teste de viabilidade e proliferação celular é preciso preparar uma

solução de 5mg/ml de MTT (3-(4, 5-dimethylthiazolyl-2)-2, 5-diphenyltetrazolium

bromide).

3.2.3 Ensaio de BRADFORD

O método de Bradford (1976) é uma técnica para a determinação de proteínas totais

que utiliza o corante de “Coomassie brilhante blue” BG-250. Este método é baseado

na interação entre o corante BG-250 e macromoléculas de proteínas que contém

aminoácidos de cadeias laterais básicas ou aromáticas. No pH de reação, a

interação entre a proteína de alto peso molecular e o corante BG-250 provoca o

deslocamento do equilíbrio do corante para a forma aniônica, que absorve luz

fortemente em 595 nm. O método de Bradford (1976) é mais rápido e sensível que o

de Lowry e cols.(1951) e tem sido utilizado para a determinação de proteínas totais

em diversos meios: plasma ou soro sanguíneo (HUNN, 1990), líqüor (MACART &

GERBAUT, 1982), saliva humana (JENSANO et al, 1986), produtos alimentícios

(RICHARD & PAQUIN, 1990) leite humano (KELLER & NEVILLE, 1986), tecidos de

plantas (MARKS et al, 1985), suspensões de células (GOGSTAD & KRUTNES,

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1982), avidina e estreptavidina (SHARMAS & TIHON, 1988), urina (GOREN & LI,

1986) e detergentes (ROSENTHAL & KOUSSALE, 1983).

Para a preparação do reagente de Bradford, dissolveu-se 100mg de Coomassie

Brilliant Blue G-250 em 50mL de etanol 95% e, em seguida, adicionou-se 100mL de

ácido fosfórico 85%. A solução assim obtida foi avolumada para 1L com água

deionizada. Após filtração em papel de filtro quantitativo (Whatman n°1), a solução

foi mantida em geladeira.

Uma solução mãe de albumina bovina de 1mg/mL foi preparada e, a partir desta

solução, prepararam-se cinco diluições com o SDS 10% nas seguintes

concentrações: 1mg/mL, 0,75mg/mL, 0,5mg/mL e 0,25mg/mL para preparo da curva

padrão. Em seguida, a absorbância foi determinada em espectrofotômetro,

utilizando-se SDS 10% em lugar de solução padrão para o branco.

3.3. Análise dos Resultados

Cada uma das substâncias testadas em quintuplicata, na microplaca, teve sua

análise realizada em triplicata. Dessa forma, obtivemos três valores de viabilidade

celular para cada amostra analisada, o que nos permitiu a obtenção do valor médio

com seu respectivo desvio padrão. Para determinar o efeito anti -proliferarivo das

drogas, foram feitos grupos com concentrações diferentes para cada tipo de droga.

Após os tratamentos, a viabilidade foi quantificada conforme descrito no item 3.1.6.1

e os resultados expressos em porcentagem.

Os dados foram normalizados e uma vez obtido os valores para cada teste tais

dados são plotados no software GraphPad Prism 5 para Windows.

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3.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA

As análises estatísticas foram efetuadas usando o Teste à priori, uma Análise de

Variância para verificar se há diferença entre as médias dos índices das

concentrações, dentro de cada tratamento com significância de 5%. Em seguida,

utilizamos os Testes de Comparação Múltipla de Tukey. O programa usado para os

cálculos estatísticos foi o GraphPAd Prism 5 para Windows (versão 5.00.288).

4.0 RESULTADOS

4.1 Avaliação da viabilidade celular, teste de viabilidade MTT.

Foram testadas 4 substâncias químicas para as linhagens H460 e A549 de CP de

NSCLC, o Triton® X-100 (Sigma), Tween® 20 (BioAgency), SDS (Vetec) e CDs

(Sigma).

Na FIGURA 06, a microplaca de 96 poços possui células de CP da linhagem H460

tratadas com diferentes concentrações de Tween 20 e Triton- X 100. Cada

concentração foi realizada em quintuplicata, sendo o controle feito em 12 poços

(células sem tratamento com SDS) e o branco em 4 poços( SDS e MTT).

É visualmente perceptível (FIGURA 6) a diferenças entre os dois tratamentos e entre

as diferentes concentrações testadas. Levando em consideração que a coloração

púrpura está presente nos poços em que temos células metabolicamente ativas,

consideramos que aqueles que se mantiveram na mesma coloração do reagente de

MTT (3-(4, 5-dimethylthiazolyl-2)-2, 5-diphenyltetrazolium bromide), amarelo pálido,

representa o grupo de células onde as mitocôndrias não possuíam mais a

capacidade de metabolização do reagente indicando a apoptose ou baixa da

viabilidade, dados comprovados pelo (GRAFICO 1).

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Figura 6 – Viabilidade celular da linhagem H460 com os tensoativos Tween 20 e

Triton X-100.

Através dos experimentos, constatamos também grandes disparidades entre os dois

tensoativos de mesma classe quanto à queda na viabilidade causada pelos

mesmos. Através da observação das placas e GRAFICO 1 do teste entre Tween 20

e TX-100 para a linhagem de H460 podemos dizer que dois tensoativos não iônicos

proporcionaram efeito de dose resposta bastante diferentes,uma vez que na

concentração de 0,1% o Tween 20 reduziu a viabilidade para 60% enquanto que o

Triton X-100 reduziu para 40%, o que poderia ter sido causado pelas estruturas

químicas ou pelo mecanismo de ação diferenciado.

Apesar de visualmente não ser possível perceber, diante dos resultados expressos

no GRAFICO 1, notamos que mesmo que menos agressivo que o TX-100, o Tween

20 demostra atividade inibitória sobre as células quanto à atividade metabólica das

mesmas, porém, menos expressivo que os resultados inibitórios do Triton. Veremos

mais adiante que esses resultados vão diferir entre as linhagens.

[ ]%

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Na FIGURA 7, a microplaca de 96 poços possui células de CP da linhagem H460

tratadas com diferentes concentrações de CD e SDS. Cada concentração foi

realizada em quintuplicata, sendo o controle feito em 12 poços (células sem

tratamento com SDS e o branco em 4 poços( SDS e MTT). Neste segundo

tratamento os resultados demonstram também uma grande diferença citotóxica

causada pelas substâncias teste. Porem, se tratando agora da (CD) e um tensoativo

iônico do tipo aniônico (SDS).

FIGURA 7- ensaio de viabilidade celular com a linhagem H460 utilizando as

substancia CD e SDS.

A partir da análise da viabilidade, o SDS foi selecionado como substância teste de

maior potencial citotóxico na concentração de 0,025%, em um período de incubação

de 4 horas (GRAFICO 1). A análise da microplaca (FIGURA 7) revela também essa

atividade inibitória do SDS representada pela maioria de poços de coloração

amarelo pálido de 0,4% a 0,025%.

[ ]%

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Viabilidade em função da concentração na linhagem H460

GRAFICO 1- Modelo de viabilidade da absorbância em função da concentração da

droga na linhagem H460.

Para modelar a viabilidade de absorbância em função da concentração, define-se por DrogaY a

viabilidade e por X concentração da droga.

Assim como nos experimentos para as células da linhagem H460, as substâncias de

interesse foram testadas nas mesmas condições e concentrações para a linhagem

A549 de CP de NSCLC. Os experimentos foram repetidos e dessa vez utilizando na

mesma placa o T X-100 e o SDS, tensoativo não iônico e iônico respectivamente,

sendo possível a comparação entre classes diferentes de tensoativos nesse

momento. A microplaca de 96 poços seguiu a mesma metodologia quanto aos

volumes e substâncias utilizadas sendo modificada apenas a linhagem celular.

Viabilidade

celular %

[ ]%

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FIGURA 8 - ensaio de viabilidade celular com a linhagem A549 utilizando os

tensoativos T X-100 e SDS.

Vários estudos têm demonstrado que há uma correlação entre a estrutura química

do tensoativos e suas propriedades. Um tensoativo típico possui uma estrutura do

tipo R-X, onde R é o grupo apolar e X é o grupo polar. A parte hidrofóbica é uma

cadeia de hidrocarbonetos variando de 8 a 18 átomos de carbono, sendo que a

parte hidrofílica é quem determina se um tensoativo é não iônico no caso do T X-100

ou aniônico que o caso do SDS. Dessa forma podemos atribuir a diferença na

estrutura quimica dos tensoativos ao fato de causar maior ou menor dano a

viabilidade celular aqui visualizada e comprovada pelo Grafico 2.

A maior característica de um tensoativo está no fato dele possuir um grupo polar e

um grupo não polar, conforme já citado anteriormente. Tal característica faz com que

os surfactantes, em solução, se acumulem na superfície de um líquido, diminuindo a

sua tensão superficial (PORTER, 1994). A adsorção do tensoativo na superfície

celular (interface Agua/membrana) e a solubilizaçao parcial da mesma depende da

[ ]%

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concentração do tensoativo na solução, o que pode causar o aumento da

solubilidade das membranas celulares e consequentemente queda da viabilidade, o

que é demostrado pela mudança de cor amarelo palido a púrpuro a medida que a

concentração dos tensoativos diminuiem e a viabilidade celular aumenta. Em baixas

concentrações, as moléculas do tensoativo se distribuem na superfície da

membrana celular, ficando paralelamente orientadas. Com o aumento da

concentração de tensoativos, diminui a área disponível em relação ao número de

moléculas e, conseqüentemente, tem início uma ligeira ordenação das mesmas em

relação à superfície celular até que comece a formar micelas em suas CMC.

Conhecer a interação dos surfactantes com as membranas biológicas é mui to

importante para definir possíveis aplicações dessas moléculas. Vários autores têm

investigado essa interação no que diz respeito à hemólise. Isomaa e col. (1986)

estudaram as alteraçoes induzidas por anfifílicos com diferentes comprimentos de

cadeia alquilica, em eritrócitos humanos. Tragner e Csordas,(1987) observaram um

efeito bifásico (proteção e hemólise) na interação dos tensoativos da série Tritron

com membranas de eritrócitos.

No próximo teste com a linhagem A549 observamos o comportamento do Tween 20

e do CD quanto a viabilidades dessas células, comparando nesse momento um

tensoativo não ionico com o CD. O Tween 20 apresenta nesse experimento um

comportamento diferente do observado com a linhagem H460, demonstrado pelo

aumento da toxicidade causada na linhagem A549 que foi possivel visualizar na

analise da microplaca, percebemos que nesse estudo a coloraçao amarelo palido,

não observado anteriormente para essas mesmas concentraçoes de Tween 20

aparece de forma expressiva.

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FIGURA 9 - ensaio de viabilidade celular com a linhagem A549 utilizando as

substancia Tween 20 e CD.

Observamos que a concentração do Tween 20 necessaria para saturação da

membrana celular da linhagem A549 é menor do que para a linhagem H460 e que

apesar de ser um tensoativo não-iônico, pouco tóxico para as membranas biológicas

(Rege et al., 2002), proporcionou uma queda significativa da viabilidade celular nas

mesmas concentraçoes utilizadas em testes anteriores, o que nós faz questionar os

diferentes constituintes estruturais entre as linhagens que proporciona maior

resistencia ou facilita a dissoluçao das membranas em diferentes linhagens de

celulas.

Assim como no teste com as celulas de CP da linhagem H460, as CDs não

demostrou alteraçoes significantes na viabilidade celular das celulas A549, as

moléculas de ciclodextrinas são relativamente grandes e com uma superfície exterior

hidratada. Em condições normais as moléculas de ciclodextrinas permeiam as

membranas biológicas com considerável dificuldade.

[ ]%

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Podemos considerar que, apesar das CDs apresentarem a capacidade de, sob

determinadas condições específicas, extraírem componentes lipófilos das

membranas biológicas causando danos a mesma e alterando a viabilidade, é

improvável que acarrete a ruptura da barreira biológica. O perfil de segurança das

três mais comuns ciclodextrinas naturais e alguns dos seus derivados tem sido

recentemente revisto. Em geral, as ciclodextrinas naturais e os seus derivados

hidrofílicos, podem somente permear membranas biológicas lipofílicas, tais como a

córnea do olho, com considerável dificuldade. Mesmo tendo um carácter lipofílico a

β-ciclodextrina metilada aleatoriamente não permeia membranas lipofílicas embora

interaja mais prontamente com membranas do que os outros derivados de

ciclodextrinas hidrofílicas. Todos os estudos de toxicidade têm demonstrado que as

ciclodextrinas administradas oralmente são praticamente atóxicas devido a não

absorção pelo trato gastrintestinal. Além disso, um número de avaliações de

segurança têm demostrado que a γ-ciclodextrina, a 2-hidroxipropil-β-ciclodextrina, a

sulfobutileter β-ciclodextrina, o sulfato β-ciclodextrina e a maltosil β-ciclodextrina

apresentam segurança mesmo quando administradas pela via parenteral.

Entretanto, os estudos toxicológicos têm mostrado que a α e a β-ciclodextrina e β-

ciclodextrina metilada não são apropriadas para administração parenteral (Del Valle,

2004).

Viabilidade em função da concentração na linhagem A549

GRAFICO 2- Modelo de viabilidade da absorbância em função da concentração da

drogas na linhagem A549. Considere DrogaY viabilidade e X concentração da droga.

Viabilidade

celular %

[ ]%

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COMPARAÇÕES ENTRE AS CONCENTRAÇÕES NOS DIFERENTES

TRATAMENTOS E LINHAGENS.

Para as comparações entre os índices gerados por diferentes concentrações foi

utilizada, à priori, uma Análise de Variância para verificar se há diferença entre as

médias dos índices das concentrações, dentro de cada tratamento.

Havendo significância, ou seja, existindo diferença em pelo menos uma média de

concentração, o teste Tukey foi utilizado para identificar as concentrações com

médias que não diferem significativamente.

Análise de Variância significativa, p=0,000

CONCENTRAÇÕES GRUPOS

0,4 ,8970

0,2 ,9288

0,1 ,9310

0,05 ,9914 ,9914

0,025 1,0790 1,0790

0,0125 1,1090

0,006 1,1714 1,1714

0,003 1,2204

Significância ,059 ,098 ,069 ,722

TABELA 5 - Comparações entre as concentrações na linhagem H460 e tratamento CD

Análise de Variância significativa, p=0,000

CONCENTRAÇÕES GRUPOS

0,4 ,7050

0,2 ,7224 ,7224

0,1 ,7284 ,7284 ,7284

0,05 ,8638 ,8638 ,8638

0,025 ,8710 ,8710 ,8710

0,0125 ,9176 ,9176

0,006 1,0116

0,003 1,2006

Significância ,999 ,056 ,053 ,922 ,058 1,000

TABELA 6- Comparações entre as concentrações na linhagem H460 e tratamento TW20

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Análise de Variância significativa, p=0,000

CONCENTRAÇÃO GRUPOS

0,2 ,4380

0,4 ,4684

0,1 ,4866

0,05 ,6136 ,6136

0,025 ,9116 ,9116

0,0125 ,9610

0,006 ,9762

0,003 1,0530

Significância ,705 ,122 ,874

TABELA 7- Comparações entre as concentrações na linhagem H460 e tratamento TX100

Análise de Variância significativa, p=0,000

CONCENTRAÇÕES GRUPOS

0,2 ,0450

0,4 ,0460

0,1 ,0560

0,05 ,1620 ,1620

0,025 ,3600 ,3600

0,0125 ,4740

0,006 ,5760

0,003 ,5940

Significância ,884 ,358 ,178

TABELA 8- Comparações entre as concentrações na linhagem H460 e tratamento SDS

Análise de Variância não foi significativa, p=0,815

CONCENTRAÇÕES GRUPO

0,003 ,1928

0,4 ,2120

0,05 ,2260

0,025 ,2260

0,1 ,2280

0,2 ,2320

0,0125 ,2420

0,006 ,2432

Significância ,769

TABELA 9 - Comparações entre as concentrações na linhagem A549 e tratame nto CD

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Análise de Variância significativa, p=0,000

CONCENTRAÇÕES GRUPOS

0,4 ,2534

0,2 ,3006 ,3006

0,1 ,3270 ,3270 ,3270

0,05 ,3496 ,3496

0,025 ,4016 ,4016

0,0125 ,4632 ,4632

0,006 ,4720 ,4720

0,003 ,5272

Significância ,117 ,562 ,108 ,151 ,240

TABELA 10- Comparações entre as concentrações na linhagem A549 e tratamento TW20

Análise de Variância significativa, p=0,000

CONCENTRAÇÕES GRUPOS

0,1 ,0598

0,2 ,0630

0,4 ,0682

0,05 ,0878

0,025 ,2340

0,0125 ,3188

0,006 ,3356 ,3356

0,003 ,3846

Significância ,840 1,000 ,988 ,236

TABELA11- Comparações entre as concentrações na linhagem A549 e tratamento TX100

Análise de Variância significativa, p=0,000

CONCENTRAÇÕES GRUPOS

0,4 ,0440

0,1 ,0500

0,05 ,0504

0,2 ,0520

0,025 ,0860 ,0860

0,0125 ,1100 ,1100

0,006 ,1640 ,1640

0,003 ,2220

Significância ,271 ,119 ,426

TABELA 12- Comparações entre as concentrações na linhagem A549 e tratamento SDS

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4.2 Dosagem de proteinas totais.

O teste de dosagem de proteínas totais não demostrou nenhuma alteração na

biossintese das proteínas, por esse motivo não foi utilizado para avaliação de

alterações citotóxicas das células.

5.0 DISCUSSÃO

As drogas utilizadas atualmente no tratamento anticâncer apresentam os mais

variados mecanismos de ação e são administradas sozinhas ou combinadas a

outros tratamentos como radioterapia e cirurgia. Porém, estes tratamentos ainda

apresentam efeitos nocivos que podem variar entre os indivíduos e, em alguns tipos

de câncer, são insuficientes. Partindo da necessidade de minimizar estes efeitos e

de aumentar as possibilidades de cura, vários estudos têm apresentado novas

substâncias com possíveis atividades antitumorais ou que possam implementar as

terapias já existentes. Para avaliar o potencial antitumoral de um composto,

inicialmente este deve ser testado em laboratório utilizando testes in vitro e in vivo

em animais, e caso tenha ação comprovada, este é testado em seres humanos. No

presente trabalho, avaliamos a capacidade de substâncias tensoativas de

promoverem a morte celular utilizando testes in vitro com linhagens tumorais de CP

de NSCLC do tipo H460 e A549. O CP aqui estudado é caracterizado pelo acúmulo

sequencial de alterações genéticas e morfológicas que levam à modificação na

evasão da apoptose, estabilidade e reparo do DNA, invasão tecidual, metástase e

angiogênese. Até recentemente, carcinomas classificados como NSCLC

(adenocarcinoma, carcinoma de células escamosas e carcinoma de células grandes)

eram tratados de maneira similar, apesar da heterogeneidade biológica consequente

das diferenças histológicas. É provável que a pobre resposta aos tratamentos

observada para pacientes com NSCLC se deva, em parte, ao emprego de terapias

relativamente homogêneas frente a uma doença com características heterogêneas.

A mensuração da viabilidade e proliferação celulares forma a base de numerosos

testes in vitro que procuram entender a resposta de uma população celular a fatores

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externos. Nos nossos ensaios optamos por usar o MTT por ser uma metodologia já

empregada no laboratório de Biologia celular do envelhecimento, onde este trabalho

foi desenvolvido. No ensaio, o MTT é reduzido nas células metabolicamente ativas

gerando cristais de formazan, de coloração púrpura, que são solubilizados e

quantificados através de espectrofotometria. A intensidade da atividade metabólica

indica o grau de viabilidade das células, quanto maior a citotoxicidade promovida

pelas substâncias menor será a intensidade metabólica e consequentemente menor

será a absorbância da solução (Berridge et al., 2005). O SDS 10% (Dodecil sulfato

de sódio) foi utilizado para solubilizar os cristais de formazan.

O efeito da maioria das drogas sobre o organismo resulta de suas interações com

macromoléculas, muitas das quais componentes da membrana plasmática (Benet et

al.,1996). A capacidade de um composto químico interagir com as membranas

biológicas é determinante para a sua absorção, distribuição, biotransformação e

excreção, bem como para o estabelecimento de sua atividade. Neste trabalho

estudamos a interação de tensoativos com as membranas celulares de CP.

Tensoativos apresentam efeito concentração dependentes sobre membranas,

podendo proteger ou solubilizar as mesmas. Termodinamicamente os tensoativos

operam reduzindo a tensão superficial de uma interface e aumentando sua área de

contato, sob pressão e temperaturas constantes. Devido a esta propriedade, os

tensoativos naturais, como os produtos do metabolismo do colesterol (ácidos

biliares), surfactante pulmonar e os surfactantes sintéticos, como o dodecil sulfato de

sódio (SDS), Triton X-100 e Tween 20 aqui estudados tem sido largamente

empregados em pesquisas bioquímicas.

O SDS é um tensoativo considerado biodegradável, no entanto, provoca efeitos

físicos e bioquímicos nas células, principalmente na estrutura da membrana

plasmática. Devido ao fato da toxicidade do SDS ser bem conhecida, este tensoativo

é frequentemente utilizado como substância de referência em ensaios de toxicidade,

avaliando a sensibilidade dos organismos. Em nosso estudo foi o tensoativo que

acarretou maior dano celular, reduzindo à viabilidade a zero GRAFICO 1. É de

compreensão geral que a formação de microssuperfícies de agregados que contêm

anfifílicos é induzida primeiramente por efeitos hidrofóbicos dos componentes no

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caso do SDS a parte iônica. A organização de componentes em superfícies de

membranas biológicas depende das interações específicas entre íons e estas

superfícies.

Os tensoativos com cabeça não iônica aqui avaliados como o T X-100 e o Tween 20

não contem carga, sendo suas propriedades hidrofílicas devidas aos seus grupos

polioxietileno ou açucares. Quanto ao tipo de porção hidrofóbica, em se tratando de

detergentes usados em pesquisa bioquímica encontrarmos hidrocarbonetos

alifáticos. As cadeias de hidrocarbonetos alifáticos são mais flexíveis, enquanto que

as de esteróides são mais rígidas. Apesar da interação de detergentes com

membranas não ser completamente descrita, tem sido proposto um mecanismo

genérico de quatro passos (NEUGEBAUER, 1988), para a interação de detergentes

com membranas. O detergente se liga a membrana ocorrendo a desintegração da

mesma que é solubilizada na forma de complexos mistos de detergente-lipídio-

proteína. Os complexos de detergente-lipídio-proteína se reorganizam formando

complexos detergente-lipídio e detergente-proteína. Nessa interação entre

tensoativos e membrana os tensoativos da classe dos não iônicos tem demonstrado

ser os menos danosos para as membranas (LICHTENBERG et al.,1983), o que

podemos também confirmar pelos resultados obtidos em nossos estudos quanto

comparado os tensoativos não iônicos com o iônico SDS. Observamos que a

concentração do Tween 20 necessaria para saturação da membrana celular da

linhagem A549 é menor do que para a linhagem H460 e que apesar de ser um

tensoativo não-iônico, pouco tóxico para as membranas biológicas (Rege et al.,

2002), proporcionou uma queda significativa da viabilidade celular nas mesmas

concentraçoes utilizadas em testes anteriores, o que nós faz questionar os

diferentes constituintes estruturais entre as linhagens que proporciona maior

resistencia ou facilita a dissoluçao das membranas em diferentes linhagens de

celulas.

Entre os tensoativos não iônicos foi possível perceber uma grande diferença entre a

redução da viabilidade celular causada pelos dois tensoativos de mesma classe, o

Tween 20 é um tensoativo que forma micelas do tipo óleo/agua sendo a parte

dispersante da solução que ira interagir com a membrana é a agua e por esse

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motivo não possui grande toxicidade a célula, já o Triton X-100 por apresentar

característica agua/óleo, a parte dispersante que entra em contato com a membrana

é o óleo semelhante aos fosfolipídios de membrana o que aumenta a viscosidade da

mesma desestruturando o arcabouço membranar e causando a redução da

viabilidade dessas células. Os tensoativos não iônicos permitem avaliar as

interações hidrofóbicas entre seus monômeros ou agregados (micelas) e

membranas porque não estabelecem ligações eletrostáticas com os componentes

(Attwood & Florence, 1983). Quando água é adicionada a uma solução de Triton-

X100 em tolueno, o tensoativo orientar moléculas para formar micelas com suas

cadeias de alcano hidrofóbica voltada para fora, para o solvente, e suas cadeias de

polietileno glicol hidrofílicas voltadas para dentro, "dissolvida" em uma pequena

quantidade de água. Vários outros componentes podem ser adicionados ao coquetel

em pequenas quantidades, que regulam o tamanho das micelas.

Quanto à ciclodextrinas (CDs), podemos dizer delas que são oligossacarídeos

cíclicos, constituídos por um número variável de unidades de glucose e que se

obtêm por ação da enzima ciclodextrina-α-glicosiltransferase (CGTase) sobre o

amido (Szejtli, 1994). As ciclodextrinas são conhecidas por permitirem o

encapsulação molecular de fármacos com características hidrofóbicas, alterando-

lhes a solubilidade, aumentando a estabilidade e, em alguns casos, melhorando a

biodisponibilidade. As ciclodextrinas têm sido reconhecidas como um novo grupo de

excipientes farmacêuticos úteis (Loftsson e Brewster, 1996). As ciclodextrinas e os

seus complexos de inclusão podem ser utilizados na preparação de formas

farmacêuticas sólidas, líquidas e semi-sólidas com aplicação nas vias de

administração oral, parentérica, pulmonar, nasal, bucal, sublingual, retal, ocular e

dérmica (Mosher e Thompson, 2002).

Em consequência da conformação em cadeira das unidades de glicopiranose, todos

os grupos hidroxílicos estão orientados para o exterior da molécula, com os grupos

hidroxilo primários localizados no lado mais estreito e os secundários no lado mais

largo da estrutura, conferindo-lhe hidrofilia (Loftsson e Brewster, 1996; Saltão e

Veiga, 2001).

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A cavidade apresenta características hidrófobas devido ao caráter apolar

determinado pelos dois anéis dos grupos C-H e pelo anel de átomos de oxigénio

incluídos nas ligações glicosídicas. Esta estrutura molecular confere as

ciclodextrinas propriedades únicas. São largamente utilizadas como agentes

complexantes uma vez que apresentam numerosas vantagens possuem estrutura

química bem definida com possibilidades de serem modificadas quimicamente;

existem CDs de diferentes tamanhos de cavidades permitindo a inclusão de

moléculas de diferentes dimensões, apresentam reduzida atividade farmacológica e

toxicológica. Este tipo de estrutura química demonstrada pelas CDs explica a alta

viabilidade expressa pelas células após o tratamento com as diluições da mesma,

sendo a parte externa das moléculas de CDs mais hidrofílicas, estas não vão

interagir com a superfície das membranas não causando maiores dano, porem essa

avaliação é de grande importância para estudos posteriores do CDs como complexo

de inclusão de fármacos anticâncer.

A heterogeneidade histológica do CP de NSCLC pode esclarecer um pouco as

diferentes respostas entre as duas linhagens GRAFICO 3. Como mencionado

anteriormente é provável que o pobre histórico de resposta do CP ao tratamento, em

parte, seja atribuído a uma abordagem relativamente homogênea de uma doença

heterogênea. Os esforços em curso estão em andamento para identificação clinica

de relevantes propriedades biológicas dos tumores que facilitará a individualização

do tratamento do CP. Se faz necessario questionar os diferentes constituintes

estruturais entre as linhagens que proporciona maior resistencia ou facilita a

dissoluçao das membranas em diferentes linhagens de celulas, direcionando o

tratamento e tornado o mesmo mais eficaz.

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Comparações entre concentrações e linhagens

GRAFICO 3 - Todas as médias das concentrações são diferentes significativamente

(p=0,000) entre as linhagens. Na linhagem (H460) as médias são superiores.

COMPARAÇÕES ENTRE TRATAMENTOS E LINHAGENS

O teste de Kolmogorov Smirnov indicou que os índices gerados têm distribuição

Normal com significâncias superiores a 10%. Admitindo, então, distribuição normal

para os índices gerados, o teste t-Student foi utilizado para comparar os diferentes

tratamentos nas diferentes linhagens.

Médias dos índices dos tratamentos na linhagem H460

GRAFICO 4- tratamento das linhagens H460.

Viabilida

de celular

[ ]%

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Na linhagem H460, não há diferença apenas entre os tratamentos TW20 e TX10 a

1,0% de significância. Se considerarmos significância de 5,0%, todos os tratamentos

diferem significativamente entre si.

Médias dos índices dos tratamentos na linhagem A549

GRAFICO 5- tratamentos da linhagem A549

Na linhagem A549, os tratamentos Tween 20 e TX100 não diferem

significativamente, com significância p=0,172. As demais comparações indicaram

diferenças entre as médias dos índices a 5% de significância.

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6. CONCLUSÕES

Partindo da necessidade do desenvolvimento de um tratamento anticâncer mais

eficaz, propomos aqui a investigação sobre a viabilidade e citotoxicidade celular

causada por alguns tensoativos e dos possíveis mecanismos de ação dos mesmos,

que poderiam ajudar de alguma forma na associação com a membrana celular no

estudo sobre duas linhagens de células de CP.

A partir da análise feita, constatamos que todos os tensoativos testados

apresentaram algum tipo de atividade inibitória na viabilidade celular das duas

linhagens, embora com diferentes significâncias e de diferentes formas, de linhagem

para linhagem. Entretanto, a classe das substâncias mais promissoras quanto a

danos celulares, observando à utilização no tratamento, foi o tensoativo do tipo

iônico SDS. Este promoveu menor viabilidade celular de linhagens tumorais

utilizando teste de viabilidade por MTT (capaz de avaliar a atividade mitocondrial). A

análise através dos dados estatísticos obtidos se ajustou de forma satisfatória e

permitiu obter a IC50 de cada teste, o que nos permite afirmar o efeito do SDS e T

X-100 como maiores citotoxicidades podendo chegar à zero de viabilidade em

algumas concentrações, enquanto o Tween 20 apresentou dano celular que foi

calculado como moderado a leve e o CMD de baixo a nenhum. Das quatro

substâncias testadas não foram observadas alterações na síntese proteica quanto à

dosagem de proteínas totais.

A linhagem H460 apresentou maior resistência comparando com as células do tipo

A549 a todos os agentes tensoativos testados, resistência esta que deve estar

relacionada às diferentes características dos respectivos tipos histológicos. Sendo

que as células do tipo H460 são representantes do carcinoma de grandes células,

enquanto a linhagem A549 é caracterizada como adenocarcinoma mais frequente

tipo histológico de CP de NSCLC. Estudos posteriores quanto a diferenças

estruturais de membrana dessas duas linhagens faz-se necessário para possível

averiguação quanto à resistência da mesma.

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Avanços no entendimento da biologia molecular e bases da biologia do câncer de

pulmão sugere otimismo para o futuro da terapia do CP no novo milênio. Há

atualmente agentes quimioterápicos mais efetivos do que existia no passado, e um

número de novos agentes baseados na biologia molecular e biologia do câncer de

pulmão traz promessa para mais progressos no futuro.

As drogas utilizadas mostraram que podem ser de grande valia para melhoras no

tratamento anticâncer, interagindo com as membranas biológicas por mecanismos

diferentes, o que propõe estudos posteriores quanto a entrega de substancias na

superfície das células e formas seletivas de solubilização das membranas.

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