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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS CAROLINE RODRIGUES MAURO ROBSON MARCELO FERREIRA CAMPOS AVALIAÇÃO DO PERFIL DO ESTADO DE HUMOR DE IDOSOS PRATICANTES E NÃO PRATICANTES DE TREINAMENTO DE FORÇA Vitória- Espírito Santo 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS

CAROLINE RODRIGUES MAURO

ROBSON MARCELO FERREIRA CAMPOS

AVALIAÇÃO DO PERFIL DO ESTADO DE HUMOR DE IDOSOS

PRATICANTES E NÃO PRATICANTES DE TREINAMENTO DE FORÇA

Vitória- Espírito Santo

2019

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CAROLINE RODRIGUES MAURO

ROBSON MARCELO FERREIRA CAMPOS

AVALIAÇÃO DO PERFIL DO ESTADO DE HUMOR DE IDOSOS

PRATICANTES E NÃO PRATICANTES DE TREINAMENTO DE FORÇA

Trabalho de Conclusão de Curso como requisito final para obtenção do grau de Bacharel em Educação Física pela Universidade Federal do Espírito Santo.

Orientador: Prof. Dr. André Soares Leopoldo

VITÓRIA

2019

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 5

2. METODOLOGIA ..................................................................................................................... 8

2.1 Delineamento do Estudo ................................................................................................ 8

2.2 Amostra ............................................................................................................................. 9

2.3 Procedimentos Éticos ..................................................................................................... 9

2.4 Avaliação do Nível de Atividade Física ...................................................................... 10

2.5 Análise do Estado de Humor ....................................................................................... 10

2.6 Análise Estatística ......................................................................................................... 12

3. RESULTADOS ..................................................................................................................... 12

4. DISCUSSÃO ......................................................................................................................... 16

5. CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 20

6. REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 21

ANEXO 1 ................................................................................................................................... 29

ANEXO 2 ................................................................................................................................... 31

ANEXO 3 ................................................................................................................................... 33

ANEXO 4 ................................................................................................................................... 35

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RESUMO

Introdução: A população brasileira está envelhecendo e junto a esse processo há

alterações biológicas, sociais e psicológicas. Dentro das alterações psicológicas há

alterações no estado de humor que podem influenciar de forma negativa a vida do idoso.

Para resultados positivos e melhora do estado de humor sabe-se que os exercícios físicos,

como o treinamento de força (TF), são benéficos. Objetivo: Avaliar o perfil de estado do

humor de idosos praticantes e não praticantes de treinamento de força residentes na região

da Grande Vitória, Espírito Santo, Brasil. Materiais e Métodos: Esse trabalho consiste em

um estudo de caráter transversal, sendo categorizado como uma abordagem quantitativa.

A amostra do estudo foi constituída por 181 idosos, sendo 117 do sexo feminino e 64 do

sexo masculino. Os idosos foram alocados e distribuídos em dois grupos: Controle (C) e

Treinamento de Força (TF). O C foi composto por idosos que não praticavam exercício

físico (n=88) e o TF por idosos que praticavam treinamento de força (n=93). Para avaliar o

nível de atividade física dos idosos, foi utilizado o questionário Baecke Modificado para

Idosos (QBMI). O estado de humor foi investigado a partir do questionário de perfil do

estado de humor (POMS). Resultados: Os idosos avaliados apresentaram massa corporal

e índice de massa corporal similar. Os resultados apontam que, de modo geral, o grupo TF

apresenta nível de atividade física maior comparado ao grupo C, no entanto, a atividade

física doméstica (AFD) foi semelhante. Contudo, a comparação por sexo e treinamento,

demonstra que os idosos praticantes de TF masculino (M) e feminino (F) apresentam

diferença estatística apenas na AFD (TF Fem.> TF Masc.) e atividade física no lazer (TF

Masc.> TF Fem.). Em relação ao perfil de humor, os achados mostram que os idosos do

TF apresentam perfil iceberg positivo quando comparado ao grupo C, apresentando

diferença estatística em todos os domínios do POMS. Em relação à comparação

intragrupos (sexo e treinamento), os resultados mostram que houve diferença estatística

no grupo C entre feminino e masculino nas variáveis Tensão-Ansiedade (TA), Depressão-

Desânimo (DD), Fadiga-inércia (FI) e Distúrbio Total de Humor (DTH) sendo menores no

masculino. Na comparação entre os grupos TF feminino e masculino, os resultados

demonstram que não houve diferenças estatísticas em todos nos domínios TA, DD, Raiva-

Hostilidade (RH), Vigor-Atividade (VA), FI, Confusão mental-Desorientação (CD) e DTH.

Conclusão: Os idosos ativos fisicamente que praticam treinamento de força apresentam

melhor perfil de humor visualizado pelos menores valores de tensão-ansiedade,

depressão-desânimo, raiva-hostilidade, fadiga-inércia e confusão mental-desorientação e

maiores níveis de vigor.

Palavras-chave: Idosos; Estado de Humor; Treinamento de força.

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1. INTRODUÇÃO

O aumento da população mundial ocorre mesmo com a diminuição da taxa

de fecundidade e, estima-se que a população global deverá atingir 8,5 bilhões em

2030, 9,7 bilhões em 2050 e 10,9 bilhões em 2100. Nessa perspectiva, o aumento

do número de idosos está crescendo progressivamente com estimativa de 12% da

população em 2030, 16% em 2050 e podendo atingir 23% até 2100 (UNO, 2019).

Isto é fruto da transição demográfica atual, onde há diminuição do número de

nascimentos e aumento da expectativa de vida ao nascer (SIMÕES, 2016).

Percebe-se que no Brasil também ocorre esse processo de

envelhecimento, o que demonstra que a expectativa de vida do brasileiro está

aumentando (CASTIGLIONI, 2008), representando 13% da população total do país,

que é de aproximadamente 27 milhões de pessoas idosas (IBGE, 2018). A projeção

para o ano de 2025 é que esse número chegue a aproximadamente 32 milhões,

tornando o Brasil o 6° país com maior expectativa de vida do mundo (YABE;

ANDRADE, 2011). Dentro desse contexto, a expectativa de vida no país atingirá,

por volta de 2050, a média dos países que atualmente apresentam os maiores

níveis de longevidade, sendo de 84,5 anos para as mulheres e de 78,1 para os

homens (CASTIGLIONI, 2008).

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE; 2007), no

Espírito Santo o processo de envelhecimento ocorre em ritmo acelerado. No último

censo (IBGE, 2010), foi estimado um total de 369 mil idosos no estado, onde

aproximadamente 45% desses residem na Grande Vitória. Em adição, a partir da

última projeção populacional divulgada em junho de 2018, os dados divulgados

demonstram que há uma estimativa de 566 mil idosos até o final do ano de 2019

no estado, o que representa 14% da população total. Dentro desse contexto, com

o aumento da expectativa de vida e diminuição da fecundidade, esse número pode

aumentar em 19% até 2030 (IBGE, 2018). Dado este cenário, é importante

entender e estudar o processo do envelhecimento nas diferentes localidades do

Brasil.

Nesse contexto, o envelhecimento pode ser entendido como um fenômeno

biopsicossocial que atinge o ser humano e a sua subsistência na sociedade,

alcançando todas as áreas da vida (FERREIRA et al., 2014). É um processo

totalmente comum com características multidimensionais, ocorrendo variação de

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indivíduo para indivíduo, pois fatores genéticos, alimentação e estilo de vida são

determinantes para o envelhecimento saudável (BARRETO, 2005).

O mecanismo de envelhecimento envolve um conjunto de modificações aos

quais se começa a observar a diminuição progressiva das aptidões e capacidades,

físicas e mentais (BARRETO, 2005). Os idosos nunca são acometidos por um único

distúrbio e sim da ação em cadeia de diversas complicações e morbidades (YABE;

ANDRADE, 2011). Segundo Cancela (2007), o processo do envelhecimento está

alocado em três classes de fatores: biológicos, sociais e psicológicos.

As alterações biológicas que ocorrem com o envelhecimento, como

modificações na composição corporal, perda de massa muscular, redução da

densidade óssea e alterações no sistema cardiorrespiratório (GABRIEL et al.,

2013), podem trazer perdas na capacidade funcional quanto à realização de

atividades da vida diária, gerando a diminuição da autonomia e independência do

idoso (CUNHA, 2012). Em adição, essas alterações geram preconceito e

desvalorização pela sociedade, acarretando ao idoso a sensação de inutilidade e

isolamento; assim, não apresenta mais a possibilidade e capacidade de tomar suas

próprias decisões dentro daquele meio. É importante destacar que, ao mesmo

tempo em que a sociedade marginaliza o idoso por considerá-lo uma pessoa

incapaz e improdutiva, ela o impede de ser capaz e produtivo (ALMEIDA & PAVAN,

2010).

Com essa desvalorização do idoso, ele passa a diminuir a sua participação

no meio social e apresentar crises de identidade, levando-o a problemas

psicológicos como baixa autoimagem e autoestima, hipocondria, paranoia,

somatização e a piora nos estados de humor (CUNHA et al., 2012; ZIMERMAN,

2000; CANCELA, 2007).

Os estados de humor se caracterizam por estado afetivo transitório, no que

concerne a um conjunto de comportamentos, sentimentos, pensamentos e estados

corporais que refletem na forma de como o idoso se sente num período de tempo,

podendo ser variável a partir de acontecimentos da vida e dos significados dados a

eles (SIEBRA; VASCONCELOS, 2017; ANDRADE et al., 2006; CISNEIROS, 2005).

Segundo o American College of Sports Medicine (ACSM), a prática regular

de atividade física é considerada uma ferramenta essencial aos aspectos

psicológicos decorrentes do envelhecimento. Esse efeito benéfico ocorre porque,

através de atividades prazerosas, o idoso sente que suas limitações próprias da

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idade se dissipam ou minimizam, aumentando assim a sua autonomia e

independência (ALMEIDA; PAVAN, 2010).

O exercício físico tem se mostrado eficiente na regulação do estado de

humor, uma vez que demonstrou ser competente para a alteração do humor e da

saúde psicossocial geral do idoso, sendo uma importante ferramenta para o

tratamento e a prevenção. Em adição, a literatura destaca que os efeitos do

exercício físico no estado de humor podem ocorrer de forma aguda e crônica

(DUARTE, 2015, WEINBERG; GOULD, 2001).

Existem várias evidências que fundamentam esses achados, explicando a

forma de como o exercício age na melhoria do bem-estar psicológico. Assim,

diversos mecanismos tanto psicológicos como fisiológicos são sugeridos, porém,

essa melhora não ocorre por apenas um mecanismo, e sim pela interação deles.

Como mecanismos fisiológicos existem o melhor funcionamento

musculoesquelético, cardiorrespiratório, lipídico e cerebral além das melhoras

psicológicas como, aumento da autoestima, autoconfiança, diminuição da

ansiedade, do estresse, aumento da sensação de controle, melhor interação social,

esquecimentos dos problemas diários e alterações no estado de humor.

(WEINBERG; GOULD, 2001; MACIEL, 2010).

Considerando que o exercício físico contribui para a melhora da saúde

psicológica dos indivíduos, o treinamento de força pode ser uma forma de colaborar

no controle das dimensões do estado de humor em idosos. Nos estudos de Melo

et al. (2018), os autores demonstraram que com apenas uma sessão de

treinamento de força (TF) houve melhora da saúde mental, resultando em um perfil

de estado de humor positivo, com baixos valores dos escores negativos e alto valor

no escore positivo. Outro estudo também corrobora esses achados, uma vez que

foi observado que o TF foi capaz de reduzir os escores de depressão, fadiga, tensão

e raiva, trazendo efeitos positivos no distúrbio total de humor (DTH) (BENIAMINI et

al.,1997). Novel e Belles (1993) também encontraram efeitos positivos com o TF,

onde alcançaram resultados satisfatórios nos estados de depressão e ansiedade.

Outro aspecto importante é que, de acordo com o American College of

Sports Medicine, o treinamento de força está entre os exercícios mais

recomendados para os idosos, em virtude dos múltiplos benefícios que ele traz para

a saúde nos mais variados aspectos (CASSILHAS, 2007).

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A prática do treinamento de força para todos os grupos etários, em especial

para o idoso, traz melhorias fisiológicas como o aumento de massa magra e melhor

funcionamento das articulações, beneficiando a sua saúde e capacidade funcional

e, podendo assim, o idoso retornar a realizar atividades que não realizava

anteriormente (SANTARÉM, 2012). Esse processo melhora a questão psicossocial,

pois os torna mais independentes, aumenta o autoconceito e a autoestima, diminui

o estresse e a ansiedade, diminui a tensão muscular e promove a socialização

(CUNHA, 2013; ALMEIDA, 2010).

Uma das características mais marcantes do TF para esse público é a sua

segurança na realização, porque através do controle de todas as variáveis do

treinamento pode ocorrer a adequação à condição física de cada indivíduo. Essas

variáveis são o controle das cargas utilizadas, postura nos exercícios, amplitudes e

velocidades de execução dos movimentos, número de exercícios e séries,

intervalos de descanso e frequência semanal. Assim, é possível afirmar que o TF é

um exercício controlado, no qual há a minimização dos eventos adversos que

podem ocorrer durante a realização, tornando a prática segura para os idosos

(CÂMARA, 2008; CUNHA, 2013).

Diante do exposto e carência de estudos que investigaram o estado de

humor de praticantes ou não praticantes de treinamento de força no Espírito Santo,

o objetivo desse estudo foi avaliar o perfil do estado de humor de idosos praticantes

e não praticantes de treinamento de força residentes na região da Grande Vitória,

Espírito Santo, Brasil.

2. METODOLOGIA

2.1 Delineamento do Estudo

Esse trabalho consiste em um estudo de caráter transversal, sendo

categorizado como uma abordagem quantitativa que visava avaliar o perfil do

estado de humor de idosos praticantes e não praticantes por meio de questionário

fechado, os quais foram obtidos entre junho de 2018 e junho de 2019. Os dados

foram coletados em praças, shoppings, ruas, domicílios e em academias. O estudo

apresentava também como finalidade apurar se o idoso era praticamente ou não

de atividade física; em caso afirmativo eram perguntados e analisados o tempo de

prática da atividade, horas por dia, dias da semana e meses por ano.

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2.2 Amostra

A amostra do estudo foi constituída inicialmente por 188 idosos, porém,

foram excluídos sete (7) idosos da amostra porque não responderam às questões

de massa corporal e estatura, restando 181 idosos que apresentavam 60 anos ou

mais. Assim, 181 idosos participaram do estudo, sendo 117 do sexo feminino e 64

do sexo masculino, respectivamente. Esses idosos foram alocados e separados em

dois grupos: Controle (C) e o Treinamento de Força (TF). O grupo C era composto

por idosos que não praticavam exercício físico (n=88) e o TF por idosos que

praticavam treinamento de força (n=93) que foram selecionados por meio de

entrevistas nos locais de coleta, onde o idoso relatava praticar o TF.

Para a caracterização da idade da nossa amostra, foi seguida a norma da

Organização Mundial da Saúde (OMS), que define como população idosa pessoas

de 60 anos ou mais em países em desenvolvimento.

2.2.1 Critérios de inclusão:

Para compor o TF, o idoso deveria ser praticante de treinamento de força,

e, para compor o C, o idoso não poderia praticar exercícios físicos, isso ocorria a

partir do autorrelato dos idosos. Apenas foram selecionados para participar da

pesquisa aqueles que a completaram e assinaram (escrita ou impressão digital) o

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Anexo 1).

2.2.2 Critérios de exclusão:

O estudo utilizou os seguintes critérios de exclusão para a definição da

participação dos idosos ou não na amostra:

- Pessoas com idades inferiores a 60 anos para ambos grupos;

- Idosos que não completaram o questionário ou não souberam informar a

massa corporal e altura, ou que não assinaram o TCLE.

2.3 Procedimentos Éticos

Este estudo foi previamente aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa

da Universidade Federal do Espírito Santo sob o número 2.182.182/2017. Em

adição, a pesquisa foi autorizada pelos responsáveis dos estabelecimentos e teve

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total consentimento dos idosos a partir do TCLE. A entrevista foi ministrada junto

ao participante nos ambientes de coleta do GTF e do GC.

2.4 Avaliação do Nível de Atividade Física

Para classificar o nível de atividade física foi utilizado o Questionário

Baecke Modificado para Idosos (QBMI) devido ao seu menor custo e por abranger

um grande grupo populacional, mostrando que o questionário é um método

confiável e válido para classificar idosos e seu nível de atividade física (MAZO et

al., 2001, VORRIPS et al., 1991).

Ele é composto por questões que envolvem os domínios de Atividade

Física Doméstica (AFD), Atividade Física Esportiva (AFE) e Atividade Física de

Lazer (AFL). Para avaliar a AFD, o questionário apresentava 10 questões fechadas,

sendo as respostas avaliadas por meio de uma escala que varia de 0 a 4, onde 0

significa que nunca realiza as atividades e 4 significa que sempre realiza as tarefas

descritas no QBMI (Anexo 2). Através da classificação da escala, o valor final do

nível de AFD é calculado pela somatória dos valores de cada resposta dividido por

10. Para avaliar a AFE e a AFL, o questionário apresentava questões abertas que

identificavam o nome da prática realizada (podendo ser relatada 1 ou 2 práticas), a

intensidade, horas por semana e meses por ano. Por serem questões abertas, as

mesmas utilizavam códigos que correspondem à cada resposta relatada (Anexo 3).

Através desses códigos, AFE ou AFL era obtida pela multiplicação dos valores de

intensidade, horas por semana e meses por ano. Se houvesses 2 práticas

esportivas ou lazer, após essa multiplicação, as mesmas eram somadas para

gerarem valores finais de AFE ou AFL, respectivamente.

Após o cálculo isolado de cada domínio relacionado à AF, o nível de AF

total do indivíduo foi determinado pela somatória dos escores de AFD, AFE e AFL.

Com base nesse resultado, os idosos eram considerados sedentários quando

apresentavam pontuação final inferior a nove (9) e ativos quando a pontuação se

encontrava entre 9 e 16 (SIMÕES, 2009).

2.5 Análise do Estado de Humor

O perfil de estado de humor foi analisado por meio do questionário POMS,

o qual foi construído por McNair, Loor e Droppleman em 1971.

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O POMS é um instrumento de autorrelato como escala de avaliação

psicológica, que consiste em um questionário de 65 adjetivos de onde se retiram 6

resultados relativos às dimensões distintas do estado de humor que consistem em

tensão-ansiedade, depressão-desânimo, raiva-hostilidade, fadiga-inércia, confusão

mental-desorientação e vigor-atividade (DUARTE, 2015).

Os adjetivos são classificados de 1 a 4 de acordo com a gravidade, onde

“0- de jeito nenhum”, “1-um pouco”, “2- moderadamente”, “3- bastante” e “4-

extremamente”. Os “escores” de cada estado de humor são obtidos somando os

valores dos respectivos sentimentos que se encaixam em cada dimensão do estado

de humor.

De acordo com Duarte (2015) e Ferreti (2014), os adjetivos que compõem

cada estado de humor são:

1- Tensão-Ansiedade (TA): somam-se tenso, trêmulo, irritado, desconfortável,

inquieto, nervoso e ansioso, e, posteriormente à soma; diminui-se pelo escore do

adjetivo relaxado;

2- Depressão-Desânimo (DD): somam-se infeliz, arrependido, triste, deprimido,

desesperançado, indigno, desencorajado, miserável, melancólico, vagaroso,

desamparado, inútil, apavorado e culpado;

3- Raiva-Hostilidade (RH): somam-se zangado, perturbado, queixoso, vingativo,

aborrecido, ressentido, amargurado, pronto para briga, rebelde, enganado, furioso

e mal-humorado;

4- Fadiga-Inércia (FI): somam-se cansado, desatento, fadigado, exausto,

desesperado, entediado e esgotado;

5- Confusão mental-Desorientação: somam-se confuso, disperso, atrapalhado,

espantado e esquecido, indeciso, e, posteriormente à soma; diminui-se pelo escore

do adjetivo eficiente;

6- Vigor-Atividade (VA): somam-se animado, ativo, energético, alegre, alerta,

disposto, despreocupado e vigoroso.

Após o cálculo de cada dimensão do estado de humor foi obtido um escore

total, o qual se refere à Perturbação Total do Humor (PTH) ou Distúrbio Total do

Humor (DTH).

A PTH ou DTH é uma medida global de humor, calculada através da soma

dos escores das escalas negativas (tensão, depressão, raiva, fadiga e confusão

mental) e subtraindo posteriormente a esse valor o escore obtido na escala positiva

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(vigor), que compõe um perfil denominado de perfil iceberg (VANCINI et al., 2014;

VIANA et al., 2018; DUARTE, 2015; RAMOS, 2013).

Um perfil iceberg positivo indica que o indivíduo não possui transtornos de

humor, apresentando-se com baixa pontuação nas categorias negativas e alta

pontuação na categoria positiva. Quando os escores negativos são altos e o escore

do vigor é baixo, o resultado é chamado de perfil iceberg negativo, apresentando

assim um estado de humor alterado (WERNECK & NAVARRO, 2011; WEINBERG

& GOULD, 2016).

2.6 Análise Estatística

Os dados foram organizados no programa Microsoft Excel ® e analisados

no programa estatístico SigmaStat 4.0 para o Windows ®. Os dados foram

apresentados a partir de medidas de posição e variabilidade, bem como por

distribuição de frequência. A comparação entre os domínios de informações

pessoais, QBMI e POMS dos grupos totais sem influência do sexo foi realizada por

meio do teste Mann-Whitney e a comparação entre as medias de QBMI e POMS

intragrupos foi realizada por meio do ANOVA duas vias seguida do teste post hoc

de Tukey. O nível de significância considerado foi de 5%.

3. RESULTADOS

Os dados referentes às características gerais dos idosos pertencentes aos

grupos C e TF estão apresentados na Tabela 1. Os resultados mostram que houve

diferença significativa para a idade (C: 71 ± 15 vs. TF: 67 ± 16, p <0,05) e estatura

(C: 1,60 ± 0,20 vs. TF: 1,64± 0,22, p <0,05), respectivamente. Com relação à

composição corporal, os resultados mostram que os idosos do C apresentaram

massa corporal e IMC classificados como sobrepeso, similares quando

comparados aos idosos do TF.

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Tabela 1. Características Gerais

Grupos

Variáveis C (n = 88) TF (n = 93)

Idade (anos)# 71 ± 15 (60, 89) 67 ± 16* (60, 92)

Estatura (m)# 1,60 ± 0,20 (1,45, 1,84) 1,64 ± 0,22* (1,43, 1,86)

Massa Corporal (kg)# 69 ± 31 (40, 101) 67 ± 33 (49, 115)

IMC (Kg/m2)& 26,5 ± 5,2 (15,6, 46,1) 25,8 ± 3,3 (17,3, 34,7)

#Valores apresentados como mediana ± semi-amplitude. Entre parênteses: valores mínimos e máximo. &Valores apresentados como média ± DP. C: grupo controle; TF: treinamento de força; IMC: Índice de Massa Corporal. Mann-Whitney. *p < 0,05 vs. C.

A Tabela 2 apresenta o nível de AF geral dos grupos C e TF, bem como

resultados entre os sexos. Os resultados demonstram que, de acordo com as

dimensões do QBMI, houve diferença estatística na AFE e ET, quando

comparamos os grupos C e TF, sendo apresentado valores maiores no grupo TF.

No entanto, a AFD foi similar entre os grupos. Em adição, os resultados apontam

que os idosos não praticantes possuem menor nível de AF em relação ao TF.

Em relação à comparação intragrupos (sexo e treinamento), os resultados

demostram que, no grupo C masculino e feminino, há diferença estatística apenas

na variável AFD (C feminino> C masculino). No entanto, na comparação intragrupo

do TF, foi observado diferença estatística em duas variáveis, AFD (TF Feminino>

TF Masculino) e AFL (TF Masculino> TF Feminino). Comparando os grupos C

feminino e TF feminino houve diferença estatística nas variáveis AFE e ET, sendo

esses parâmetros maiores no grupo TF feminino. Em relação aos grupos C

masculino e TF masculino, os resultados apontam que houve diferença estatística

nas variáveis AFE, AFL e ET (TF masculino > C masculino).

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Tabela 2. Nível de Atividade Física

Grupos

Controle Treinamento de Força

Variáveis Fem.

(n = 62)

Masc.

(n = 26)

Total

(n = 88)

Fem.

(n = 55)

Masc.

(n = 38)

Total

(n = 93)

AFD 1,60 ± 1,25 1,20 ± 0,90# 1,60 ± 1,25 1,70 ± 1,0 1,35 ± 1,05& 1,50 ± 1,30

AFE - - - 9,4 ± 7,8£ 9,2 ± 8,3β 9,3 ± 8,6*

AFL 0,00 ± 4,09 0,00 ± 1,20 0,00 ± 4,09 0,00 ± 1,63 0,00 ± 5,35&β 0,00 ± 5,35

ET 1,70 ± 4,74 1,20 ± 2,10 1,60 ± 4,74 11,7 ± 9,8£ 11,4 ± 11,8β 11,7 ± 12,5*

Valores apresentados como mediana ± semi-amplitude. Fem.: feminino; Masc.: masculino; AFD: Atividade Física Doméstica; AFE: Atividade Física Esportiva; AFL: Atividade física de Lazer; ET: Escore Total. Intergrupos: Test T não paramétrico Mann-Whitney para grupos independentes (Total C vs. Total TF); * p <0,05 vs. C. Intragrupos: ANOVA duas vias complementada com o teste post hoc de Tukey. # p<0,05, C Fem. vs. C Masc.; £ p<0,05, C Fem. vs. TF Fem.; &p <0,05, TF Fem. vs. TF Masc.; β p <0,05, C Masc. vs. TF Masc.

A Tabela 3 apresenta os perfis de humor gerais dos grupos C e TF, bem

como os resultados entre os sexos. Os resultados demonstram que, de acordo com

as dimensões do estado de humor, houve diferença estatística em todos os

domínios do POMS (p<0,05), quando comparamos os C e TF, sendo observados

resultados piores no grupo C.

Em relação à comparação intragrupos (sexo e treinamento), os resultados

mostram que houve diferença estatística no grupo C entre feminino e masculino

nas variáveis TA, DD, FI e DTH, sendo menores no masculino. Na comparação

entre os grupos TF feminino e masculino, os resultados demonstram que não houve

diferença estatística em todos os domínios TA, DD, RH, VA, FI, CD, DTH.

Comparando os grupos C feminino e TF feminino houve diferença estatística em

todos os domínios, sendo esses parâmetros melhores no grupo TF feminino.

Contudo, os domínios no grupo TF masculino e C masculino foram similares.

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Tabela 3. Perfil de Humor

Grupos

Controle Treinamento de Força

Variáveis Fem.

(n = 62)

Masc.

(n = 26)

Total

(n = 88)

Fem.

(n = 55)

Masc.

(n = 38)

Total

(n = 93)

TA 7 ± 13,0 4 ± 7,5# 6 ± 13,0 5 ± 13,0£ 3 ± 8,0 4 ± 13,0*

DD 6 ± 24,5 3 ± 7,0# 5 ± 24,5 1 ± 20,5£ 2 ± 7,5 1 ± 20,5*

RH 6 ± 15,0 3 ± 9,0 5 ± 15,0 3 ± 13,5£ 2 ± 6,0 3 ± 13,5*

VA 18 ± 12,5 20 ± 8,5 19 ± 13,0 24 ± 11,5£ 23 ± 10,0 24 ± 11,5*

FI 5 ± 11,5 3 ± 5,0# 5 ± 11,5 2 ± 9,0£ 2 ± 5,0 2 ± 9,0*

CD 0 ± 10,0 -1 ± 6,5 0 ± 10,0 -2 ± 8,0£ -2 ± 5,0 -2 ± 8,0*

DTH 4 ± 75,0 -5 ± 25,0# 0,5 ± 75,0 -16 ± 66,5£ -16 ± -25,0 -16 ± 66,5*

Valores apresentados como mediana ± semi-amplitude. Fem.: feminino; Masc.: masculino; TA: Tensão-Ansiedade, DD: Depressão-Desânimo, RH: Raiva-Hostilidade, VA: Vigor-Atividade, FI: Fadiga-Inércia, CD: Confusão Mental-Desorientação, DTH: Distúrbio Total de Humor. Intergrupos: Test T não paramétrico Mann-Whitney para grupos independentes (Total C vs. Total TF); * p <0,05 vs. C. Intragrupos: ANOVA duas vias complementada com teste post hoc de Tukey. # p<0,05, C Fem. vs. C Masc.; £ p<0,05, C Fem. vs. TF Fem.; &p <0,05, TF Fem. vs. TF Masc.; β p <0,05, C Masc. vs. TF Masc.

A Figura 1 demonstra o resultado do perfil do estado de humor dos grupos

C e TF. Observa-se que os idosos de ambos grupos apresentaram o perfil iceberg

obtido com a aplicação do teste POMS, com os integrantes do TF possuindo um

melhor perfil de estado de humor.

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Figura 1. Curva do Perfil do Estado de Humor.

Valores apresentados como mediana ± semi-amplitude. TA: Tensão-Ansiedade, DD: Depressão-Desânimo, RH: Raiva-Hostilidade, VA: Vigor-Atividade, FI: Fadiga-Inércia, CD: Confusão Mental-Desorientação, DTH: Distúrbio Total de Humor. Intergrupos: Test T não paramétrico Mann-Whitney para grupos independentes (Total C vs. Total TF); * p <0,05 vs. C.

4. DISCUSSÃO

O propósito do presente estudo foi avaliar o perfil de estado do humor de

idosos praticantes e não praticantes de treinamento de força residentes na região

da Grande Vitória, Espírito Santo, Brasil. O principal achado do estudo foi que

idosos ativos fisicamente praticantes de treinamento de força (TF) apresentaram

melhor perfil de estado de humor quando comparados ao grupo controle (C)

caracterizado por idosos sedentários não praticantes de TF. Além disso, os

achados mostram que foi detectado que o grupo TF feminino apresentou melhor

perfil de estado de humor quando comparado ao grupo C feminino; porém, na

comparação entre homens dos grupos TF e C, não houve diferença estatística.

Esse resultado ressalta que os homens apresentam melhor estado de humor

independentemente do nível de atividade física. Vale ressaltar que entre homens e

mulheres do grupo TF o estado de humor foi similar. É importante salientar que as

mulheres sedentárias do C apresentaram maiores valores nas variáveis negativas

e menor valor na variável positiva em comparação com todos os subgrupos.

Quanto à caracterização da nossa amostra, há predominância de idosos

pertencentes ao sexo feminino (≈65%), o que reflete a realidade mundial e

brasileira. De acordo com Nicodemo e Godoi (2010), as mulheres são a maioria da

população idosa em todas as regiões do mundo. A Organização Mundial da Saúde

(2005) explica que as mulheres tendem a viver mais do que os homens até as

-2,0

3,0

8,0

13,0

18,0

23,0

TA DD RH VA FI CD

Esca

la P

OM

S

Domínios

TF C

**

*

**

*

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idades mais avançadas. Segundo o IBGE, em 2012, a população brasileira com 60

anos ou mais era de 25,4 milhões, com o público feminino sendo a maioria desse

grupo, apresentando 16,9 milhões (56%). Dentro desse contexto, apresentam

maior expectativa de vida, vivendo em média 7 anos ou mais do que os homens

(NICODEMO & GODOI, 2010). Assim, esse processo de envelhecimento

demográfico é denominado de feminização da velhice. Contudo, o aumento da

expectativa de vida e da quantidade de mulheres em relação aos homens não

significa que a qualidade de vida delas seja melhor, uma vez que muitas vezes

assumem o papel de cuidadoras, gerando em grande desgaste físico e mental

(NERI, 2007).

Outro aspecto importante foi que a ausência de alterações na massa

corporal e IMC pode ser explicada pela quantidade maior de mulheres. Em relação

ao nível de massa corporal e IMC, os valores altos indicam sobrepeso, o que

também pode estar relacionado ao quantitativo de mulheres. De acordo com Silva

et al. (2011), o excesso de peso nas formas de sobrepeso e obesidade no Brasil

são mais prevalentes em mulheres idosas do que nos homens. Tavares & Anjos

(1989) também corroboram com esse achado, onde encontraram prevalência de

sobrepeso nas mulheres das regiões sul e sudeste do Brasil quando comparadas

com os homens. É importante destacar que apesar das variáveis antropométricas,

estatura e massa corporal, serem mais disponíveis e utilizadas, sabe-se que os

valores de IMC é um instrumento que apresenta limitações principalmente nos

idosos, pois não avalia a composição corporal, nem sua distribuição (SANTOS et

al., 2013). Além disso, Silveira et al. (2009) concluem que não parece adequado

utilizar os mesmos pontos de corte utilizados em adultos para classificar sobrepeso

e obesidade em idosos, sugerindo um ponto de corte com IMC maior que 27 kg/m²

para a população idosa brasileira. Uma limitação do nosso estudo é que os dados

antropométricos foram obtidos por meio de questionário, representando uma

possível limitação. Assim, não é possível afirmar se o TF é capaz de reduzir os

níveis de adiposidade corporal.

O nível de atividade física, obtido através do QBMI, mostra que os idosos

pertencentes ao C apresentam menor nível de AF do que os idosos pertencentes

ao TF. No entanto, os níveis de AFD foram semelhantes em ambos os grupos,

porém, ao compararmos os homens e mulheres de ambos grupos, os resultados

mostram que as mulheres do TF e C possuem maior nível de AFD, o que pode ser

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explicado pelas mulheres possuírem socialmente essas funções domésticas e de

cuidados com a família. Segundo o IBGE (2018), mesmo após a série de

transformações sociais ocorridas ao longo do último século em relação à

perspectiva de sexo, no Brasil, em 2016, foi constatado que as mulheres dedicaram

seu tempo à afazeres domésticos e cuidados de pessoas cerca de 73% a mais de

horas do que os homens; essas diferenças, com o envelhecimento, se ampliam

ainda mais. Nos estudos de Merighi et al. (2012), ao entrevistar mulheres idosas,

foi possível observar que o envelhecimento remete à preservação das rotinas

domésticas que sempre fizeram parte de suas vidas. Os achados de Doimo et al.

(2008), corroboram com essas informações, onde explicita que o fato das

atividades domésticas serem feitas mais pelas mulheres idosas remete à herança

cultural característica dessa geração, onde a mulher sempre era responsável pelo

cuidado dos filhos e afazeres domésticos, enquanto os homens eram responsáveis

pelo papel produtivo. Em relação aos baixos níveis de AFL apresentados pelos

idosos, de forma geral, Marcellino (2000) corrobora com os nossos achados ao

mostrar que mesmo com os idosos apresentando boas condições de saúde e

econômicas, o alto impacto que a parada às atividades laborais apresenta na vida

do idoso, influencia na sua prática de lazer, uma vez que ele passa a apresentar

um auto preconceito e por parte da sociedade, onde a aposentadoria de sonho

transforma-se em pesadelo. Nesse sentido, o idoso passa a ser visto como

improdutivo e inadequado às práticas de lazer, fazendo com que se restrinja cada

vez mais aos ambientes domésticos. Porém, foi possível observar que os homens

do grupo TF foram os que apresentaram maiores níveis de AFL; uma hipótese

levantada é de que através do TF ele se sinta mais produtivo e cheio de vigor físico,

colaborando para a sua inserção em atividades de lazer. Em relação ao nível de

AFE, resultado já esperado, é que o grupo TF apresentasse maiores níveis por

conta de serem praticantes de exercícios físicos.

O perfil do estado de humor a partir do POMS demonstrou que os idosos

pertencentes ao C possuem valores maiores para as variáveis negativas (TA, DD,

RH, FI, CD) e valor menor para a variável positiva (VA) quando comparados aos

idosos pertencentes ao TF. Esse achado é reforçado pelos dados da Figura 1, onde

os gráficos apresentam o perfil iceberg de cada grupo, demonstrando que o TF

apresenta um perfil iceberg superior ao C. Nossos achados corroboram Yabe &

Andrade (2011) que avaliando o estado de humor de idosos ativos e sedentários,

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encontraram que idosos ativos apresentam menor tensão, depressão, raiva, fadiga

e confusão mental e maior vigor, variável altamente positiva, comparado com

idosos sedentários. Biel (2011), após um treinamento de 6 semanas com 17 idosos

praticantes de exercício multicomponente, constataram que eles apresentaram

valores médios inferiores em todas as variáveis negativas do POMS com exceção

da variável positiva vigor, onde apresentou melhores valores, em relação ao grupo

controle. Duarte (2015), ao realizar um estudo com 155 indivíduos que foram

submetidos a um programa de exercícios aeróbicos e TF por um ano, com idades

entre 65 a 83 anos, encontrou que na comparação antes e depois do período de

treinamento, houve melhora em todas as dimensões, com especial incidência nas

dimensões Tensão, Fadiga e Confusão. Em relação à melhora apontada

exclusivamente através do treinamento de força, Ferretti (2014) realizou um estudo

com o objetivo de comparar o perfil dos estados de humor de idosos praticantes de

TF com indivíduos sedentários. O autor demonstrou que grupo TF apresentou

menores valores de tensão, depressão, raiva e fadiga, comparado ao grupo

controle. Diante desse fato, é possível afirmar que a prática de exercícios físicos e,

especificamente do TF, é capaz de melhorar o estado de humor de idosos.

Em relação à comparação intragrupos, os achados mostram que as

mulheres praticantes de TF apresentam melhor estado de humor quando

comparadas às idosas do C. Porém, o estado de humor entre os homens do grupo

C e TF foram similares. Esse resultado corrobora Formiga (2006) que mostrou que

os homens internalizam e reprimem os seus sentimentos, enquanto as mulheres

externalizam mais os seus sentimentos positivos e negativos, entre eles, a alegria

e tristeza. Dessa forma, é provável que os homens do C não tenham sido sinceros

em relação às suas respostas, uma vez que em diversos estudos foi possível

observar que o treinamento físico modifica o estado de humor. Dentro desse

contexto, é concedida ao homem a permissão psicossocial de expressar as suas

emoções relacionadas à raiva, sem que se sinta constrangido por expressar esse

sentimento em grande intensidade e quantidade, o que pode explicar os resultados

do nível de RH, TA, DD e FI em relação ao C feminino e masculino. Portanto, esses

sentimentos são mais fáceis de serem relatados pelo homem, pois sentimentos

ruins todas as pessoas sentem, porém, o que difere é a forma como cada um

percebe e expressa (FORMIGA, 2006).

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5. CONCLUSÃO

A avaliação da relação entre o estado de humor e prática de treinamento

de força demonstra que os idosos ativos praticantes de treinamento de força

apresentam melhor estado de humor visualizado pelos menores valores de tensão-

ansiedade, depressão-desânimo, raiva-hostilidade, fadiga-inércia e confusão

mental-desorientação e maiores níveis de vigor.

Em relação ao efeito do treinamento de força sobre os estados de humor,

o estudo aponta que são escassos os estudos que abordam sobre essa temática

e, especificamente, na área da educação física que abordem a psicologia do

exercício físico.

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Psiquiatria, São Paulo (SP) v. 73, n. 1, p. 7-11, 2014.

VIANA, Ricardo B.; et al. Identifying the predisposing factors, signs and symptoms

of overreaching and overtraining in physical education professionals. PeerJ, São

Paulo, v. 65, n. 11, p. 1161-1166, 2018.

VOORRIPS, LE; et al. A physical activity questionnaire for the elderly. Medicine &

Science in Sports & Exercise, v. 23, n. 8, p. 974-979, 1991.

WORLD HEALTH ORGANIZATION et al. Envelhecimento ativo: uma política de

saúde. 2005.

WERNECK, Francisco Zacaron; NAVARRO, Cristiane Amorim. Nível de atividade

física e estado de humor em adolescentes. Psicologia: teoria e pesquisa, v.27, n.

2, p.189-193,2011.

WERNECK, Francisco Zacaron; BARA FILHO, Maurício Gattãs; RIBEIRO, Luiz

Carlos Scipião. Mecanismos de melhoria do humor após o exercício: revisitando a

hipótese das endorfinas. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v. 13, n. 2,

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WEINBERG, Robert S. Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício.

Porto Alegre, Editora Artmed, 2016.

YABE, Tatiana Vieira.; ANDRADE, Ricardo Brandt Alexandro. Estados de humor

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ZIMERMAN, GUITE I. Velhice: aspectos biopsicossociais. Porto Alegre (RS),

Artmed, 2000.

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ANEXOS

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ANEXO 1

Centro de Educação Física e Desportos/Programa de

Pós-Graduação em Educação Física

Termo de consentimento livre e esclarecido

O senhor (a) está sendo convidado (a) a tomar parte de um estudo de pesquisa

científica realizado por profissionais da Universidade Federal do Espírito Santo

(UFES) intitulado “Avaliação do perfil do estado de humor de idosos

praticantes e não praticantes de treinamento de força”. Este termo de

consentimento contém informações essenciais sobre o estudo e sobre os seus

direitos, de modo a facilitar suas decisões. Sua concordância e assinatura indicarão

que você leu e entendeu o conteúdo deste termo, que suas dúvidas foram

respondidas e que você concorda voluntariamente em participar do estudo.

Justificativa: O envelhecimento é um processo multifatorial e normal e que

impacta e causa perdas para os diferentes sistemas biológicos do organismo.

Isto pode diminuir o estado de saúde e a qualidade de vida. Por outro lado, a prática

de atividade física pode auxiliar positivamente na diminuição das perdas

associadas ao envelhecimento.

Objetivo: Avaliar o nível de atividade física, o nível de qualidade de vida, o estado

de humor, o perfil socioeconômico, o nível de religiosidade e as preferências de

aprendizagem de idosos pouco ativos e praticantes de diferentes modalidades de

atividade física. Para tanto, você responderá a uma bateria de questionários que

durará aproximadamente de 30 a 50 minutos.

Riscos: Como se trata de um estudo sem qualquer intervenção clínica, os

possíveis desconfortos e riscos associados com a participação são baixos, porém

não nulos. Dentre os riscos associados podemos citar a possibilidade de danos de

ordem física, psíquica, moral, intelectual, social, cultural e/ou espiritual. Para

minimizar estas situações o participante terá suporte e apoio da equipe de

pesquisadores e a qualquer momento poderá interromper a participação sem

qualquer prejuízo. É preciso destacar que não haverá divulgação de dados

pessoais e nomes e as informações pessoais fornecidas serão mantidas no mais

absoluto sigilo.

Benefícios: Caso apresente alterações importantes no seu estado e saúde e

qualidade de vida, receberá instrução sobre como proceder. Além disso, os

resultados alcançados podem ter aplicação em programas de saúde pública e

qualidade de vida que considerem a prática de atividade física. Em qualquer etapa

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do estudo você terá acesso aos resultados e aos profissionais responsáveis pela

pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas. O pesquisador responsável e

coordenador da pesquisa é o Prof. Dr. Rodrigo Luiz Vancini, que pode ser

encontrado no seguinte endereço e contato: Avenida Fernando Ferrari, 514.

Goiabeiras. Centro de Educação Física e Desportos - Departamento de

Desportos/UFES; Telefone: (27)4009-7678; e através do correio eletrônico -

[email protected]. É garantida a liberdade de interromper a

participação no estudo a qualquer momento, sem que isto cause qualquer ônus a

você. As informações obtidas neste estudo serão confidenciais e serão analisadas

e divulgadas em conjunto, não sendo divulgada a identificação de qualquer

participante. A divulgação dos resultados acontecerá em eventos científicos e por

meio de artigos. Não haverá despesas pessoais para o participante e qualquer

despesa adicional será ressarcida pelo pesquisador por meio do orçamento da

pesquisa.

Em caso de dano pessoal diretamente causado pelos procedimentos propostos

neste estudo (nexo causal comprovado), o participante terá direito legal e garantido

de indenização. Todos os procedimentos experimentais propostos por este estudo

foram submetidos e aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFES (projeto

no 2.182.182/2017). Em caso de denúncias e/ou (inter) ocorrência de qualquer

natureza, você poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP)

da UFES pelo telefone (27) 3145-9820 ou e-mail [email protected],

pessoalmente ou pelo correio ou no seguinte endereço: Av. Fernando Ferrari, 514

- Campus Universitário, sala 07 do Prédio Administrativo do CCHN, Goiabeiras,

Vitória - ES, CEP 29.090-075.

Nome e Assinatura do pesquisador:

CONSENTIMENTO DA PESSOA COMO PARTICIPANTE DA PESQUISA

Eu, _____________________________________, abaixo assino concordando em

participar do estudo “Avaliação do estado de saúde e nível de qualidade de vida

entre idosos pouco ativos e praticantes de diferentes modalidades de atividade

física”, como participante. Fui devidamente informado e esclarecido sobre os

procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios

decorrentes de minha participação. Foi-me garantido que posso retirar meu

consentimento a qualquer momento, sem que isto leve a qualquer penalidade.

Local e data:

Nome e Assinatura do participante:

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ANEXO 2

QUESTIONÁRIO DE BAECKE MODIFICADO PARA IDOSOS -

QBMI ATIVIDADE DA VIDA DIÁRIA

30. Você realiza algum trabalho doméstico em sua casa?

0[ ] Nunca (menos de uma vez por mês)

1[ ] Às vezes (somente quando um parceiro ou ajuda não está disponível)

2[ ] Quase sempre (às vezes com ajudante)

3[ ] Sempre (sozinho ou junto com alguém)

31. Você realiza algum trabalho doméstico pesado (lavar pisos e janelas,

carregar lixo, etc.)?

0[ ] Nunca (menos de uma vez por mês)

1[ ] Às vezes (somente quando um ajudante não está disponível)

2[ ] Quase sempre (às vezes com ajuda)

3[ ] Sempre (sozinho ou com ajuda)

32. Para quantas pessoas você faz tarefas domésticas em sua casa? (Incluindo

você mesmo, preencher 0 se você respondeu nunca nas questões 30 e 31)

33. Quantos cômodos você tem que limpar, incluindo, cozinha, quarto, garagem,

banheiro, porão (preencher 0 se respondeu nunca nas questões 30 e 31).

0[ ] Nunca faz trabalhos domésticos 1[ ] 1-6 cômodos 2[ ] 7-9 cômodos

3[ ] 10 ou mais cômodos

34. Se limpa algum cômodo, em quantos andares? (Preencher se respondeu nunca na questão 33). _____________

35. Você prepara refeições quentes para si mesmo, ou você ajuda a preparar?

0[ ] Nunca 1[ ] Às vezes (1 ou 2 vezes por sem) 2[ ] Quase sempre (3 a 5 vezes

por sem) 3[ ] Sempre (mais de 5 vezes por sem)

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36. Quantos lances de escada você sobe por dia? (1 lance de escadas tem 10

degraus)

0[ ] Eu nunca subo escadas 1[ ] 1-5 2[ ] 6-10 3[ ] Mais de 10

37. Se você vai para algum lugar em sua cidade, que tipo de transporte utiliza?

0[ ] Eu nunca saio 1[ ] Carro 2[ ] Transporte público 3[ ]Bicicleta

4[ ] Caminhando

38. Com que frequência você faz compras?

0[ ] Nunca ou menos de uma vez por semana (algumas semanas no mês)

1[ ] Uma vez por semana

2[ ] Duas a 4 vezes por semana

3[ ] Todos os dias

39. Se você vai para as compras, que tipo de transporte você utiliza?

0[ ] Eu nunca saio 1[ ] Carro 2[ ] Transporte público 3[ ]Bicicleta

4[ ] Caminhando

ATIVIDADES ESPORTIVAS Você pratica algum esporte? 1( ) Sim 2( ) Não

Nome do esporte 1: ____________________ Intensidade:____________________ Horas/semana:_______ Meses/ano:__________

Nome do esporte 2: ____________________ Intensidade:____________________ Horas/semana:_______ Meses/ano:__________

ATIVIDADES DE LAZER Você pratica alguma atividade de lazer? 1( ) Sim 2( ) Não

Nome da atividade 1: ____________________ Intensidade:____________________ Horas/semana:_______ Meses/ano:_________

Nome da atividade 2: ____________________ Intensidade:____________________ Horas/semana:_______ Meses/ano:_________

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ANEXO 3

CÓDIGOS PARA O QUESTIONÁRIO BAECKE MODIFICADO

1A. Código de intensidade:

0 Deitado sem carga (na cama, no sofá, etc...) 0.028

1 Sentado, sem carga (vendo TV, lendo, etc...) 0.146

2 Sentado, com os movimentos de mãos e braços(comer, costurar,

jogar cartas, xadrez, etc...)

0.297

3 Sentado, com movimentos corporais (yoga, montar a cavalo, etc...) 0.703

4 Em pé, sem carga 0.174

5 Em pé, com movimentos de mãos e braços (cozinhar, pintar

quadros, jogar dardos)

0.307

6 Em pé, com movimentos do corpo, andando devagar

(trabalhos manuais, ping-pong, tiro-ao-alvo, tai-chi)

0.890

7 Andando, com movimentos de mãos ou braços

(passear, ir as compras, passear a pé, dançar)

1.368

8 Andando, movimentos corporais

(pedalar, nadar, remar, correr, subir escadas)

1.809

1B. Horas por semana:

1 Menos que 1h/sem 0.5

2 1- <2h/sem 1.5

3 2- <3h/sem 2.5

4 3- <4h/sem 3.5

5 4- <5h/sem 4.5

6 5- <6h/sem 5.5

7 7. 6- <7h/sem 6.5

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8 8. 7- <8h/sem 7.5

9 8 ou mais horas semanais 8.5

1C. Meses por ano:

1 Menos do que 1 mês por ano 0.04

2 1 a 3m/ano 0.17 0.17

3 4 a 6m/ano 0.42 0.42

4 7 a 9m/ano 0.67 0.67

5 Mais do que 9m/ano 0.92

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ANEXO 4

QUESTIONÁRIO DE PERFIL DO ESTADO DE HUMOR (POMS)

Para cada adjetivo abaixo, indique o que melhor representa seus sentimentos atuais

(nesse momento) pontuando cada um deles de acordo com a escala

(0) DE JEITO NENHUM; (1) UM POUCO; (2) MODERADAMENTE; (3) BASTANTE;(4)

EXTREMAMENTE

Faça a pergunta “Eu me sinto” antes de cada palavra e isso ajudará na sua compreensão.

1. Cordial __ 24. Vingativo __ 47. Rebelde __

2. Tenso __ 25. Simpático __ 48. Desamparado __

3. Zangado __ 26. Desconfortável __ 49. Entediado __

4. Cansado __ 27. Inquieto __ 50. Espantado __

5. Infeliz __ 28. Disperso (incapaz de

se concentrar) __

51. Alerta __

6. Lúcido __ 29. Fatigado __ 52. Enganado __

7. Animado __ 30. Prestativo __ 53. Furioso __

8. Confuso __ 31. Aborrecido __ 54. Eficiente __

9. Arrependido por

coisas feitas __

32. Desencorajado __ 55. Confiante __

10. Trêmulo __ 33. Ressentido (magoado)

__

56. Disposto __

11. Desatento

desinteressado __

34. Nervoso __ 57. Mal humorado __

12. Perturbado __ 35. Solitário __ 58. Inútil __

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13. Atencioso __ 36. Miserável(sem valor)

__

59. Esquecido __

14. Triste __ 37. Atrapalhado __ 60. Despreocupado

__

15. Ativo __ 38. Alegre __ 61. Apavorado __

16. Irritado __ 39. Amargurado __ 62. Culpado __

17. Queixoso __ 40. Exausto __ 63. Vigoroso __

18. Deprimido __ 41. Ansioso __ 64. Indeciso __

19. Energético __ 42. Pronto pra brigar __ 65. Esgotado __

20. Em pânico __ 43. Com boa índole __

21. Desesperançado

__

44. Melancólico

(desgostoso) __

22. Relaxado __ 45. Desesperado __

23. Indigno (sem

valor) __

46. Vagaroso (vacilante)

__