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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA USO DA ROPIVACAÍNA OU LEVOBUPIVACAÍNA NA ANESTESIA EPIDURAL TORACO-LOMBAR EM CÃES Guilherme Costa Jacobina Médico Veterinário UBERLÂNDIA – MINAS GERAIS – BRASIL 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA

USO DA ROPIVACAÍNA OU LEVOBUPIVACAÍNA NA ANESTESIA EPIDURAL TORACO-LOMBAR

EM CÃES

Guilherme Costa Jacobina Médico Veterinário

UBERLÂNDIA – MINAS GERAIS – BRASIL 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA

USO DA ROPIVACAÍNA OU LEVOBUPIVACAÍNA NA ANESTESIA EPIDURAL TORACO-LOMBAR

EM CÃES

Guilherme Costa Jacobina

Orientador: Prof. Dr. Hudson Armando Nunes Canabrava

Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina Veterinária – UFU, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Ciências Veterinárias (Saúde Animal).

Uberlândia – MG Abril - 2009

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AGRADECIMENTOS

Minha mais sincera gratidão a todos que ajudaram direto e indiretamente

na realização deste trabalho. Aos meus pais e avô Jacó, pelo infinito auxílio

fraterno e financeiro, tendo em vista que este trabalho não teve nenhum tipo de

financiamento, por isso mais que tudo devo a vocês a realização deste. Amo

vocês!!

Ao amigo e orientador professor Hudson pelo carinho, ajuda e atenção,

muito valiosos para mim. Sem me esquecer do primordial auxílio do grande

amigo Anderson (litrão), que tenho como modelo e guia profissional. Ao meu

amigo Nadson, que mesmo passando por diversos problemas particulares me

presenteou com seu braço amigo, como quem ajuda a um irmão.

Aos amigos Carina, Carol, Igor, Zaeida e Ricardo Japonês, meu muito

obrigado, por terem sido sempre muito solícitos comigo.

A Sabrina, eterna companheira que ao meu lado esteve em todas as

dificuldades ao longo desta jornada, apoiando-me com seu amor e sua

dedicação inesgotáveis.

A minha querida vó Olguinha, que partiu para o oriente eterno, nos

primeiros meses da realização deste trabalho. O abalo foi devastador em

minha alma, e cheguei a pensar em desistir, mas a lembrança de sua presença

angelical e de seu imenso amor se fez sentir em meu coração me sustentando

nas provações da vida. Meu eterno reconhecimento e amor!!

A Deus e a Jesus que tenho como Mestre, guia espiritual e moral.

Obrigado pai amado, pois seu inefável amor sustenta meu espírito nos

caminhos infinitos da evolução. Obrigado pela benção da vida.

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SUMÁRIO

Página LISTA DE TABELAS...........................................................................................ii

LISTA DE FIGURAS...........................................................................................iii

RESUMO............................................................................................................iv

ABSTRACT.........................................................................................................v

INTRODUÇÃO....................................................................................................1

REVISÃO DE LITERATURA...............................................................................3

Anestésicos locais............................................................................................3

Agentes anestésicos........................................................................................9

Levobupivacaína.....................................................................................10

Ropivacaína............................................................................................11

Anestesia epidural..........................................................................................12

Anestesia epidural torácica.....................................................................12

Levobupivacaína na anestesia epidural..................................................17

Ropivacaína na anestesia epidural.........................................................18

MATERIAL E MÉTODOS..................................................................................22

Animais...........................................................................................................22

Delineamento experimental............................................................................22

Implantação do cateter epidural na região toraco-lombar.......................22

Administração da ropivacaína ou da levobupivacaína............................23

Parâmetros analisados............................................................................24

Avaliação motora e sensitiva...................................................................25

Reações adversas...................................................................................26

Análise estatística...........................................................................................26

RESULTADOS E DISCUSSÃO.........................................................................27

Freqüência cardíaca (FC)...............................................................................27

Pressão arterial sistólica (PAS)......................................................................28

Pressão arterial diastólica (PAD)....................................................................29

Pressão arterial média (PAM).........................................................................30

Freqüência respiratória (f)...............................................................................32

Temperatura retal (C°)....................................................................................34

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Latência sensitiva e motora............................................................................35

Grau de analgesia e extensão do bloqueio....................................................36

Reações adversas..........................................................................................38

CONCLUSÕES.................................................................................................40

REFERÊNCIAS.................................................................................................41

APÊNDICE........................................................................................................49

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LISTA DE TABELAS Página Valores médios e desvios padrão do período de latência sensitiva e motora

(minutos), obtidos durante o período de avaliação nos diferentes

tratamentos........................................................................................................36

Valores médios e desvios padrão do retorno completo da motricidade

(minutos), obtidos durante o período de avaliação nos diferentes

tratamentos........................................................................................................36

Valores percentuais dos graus de analgesia dos animais nas diferentes regiões

corporais avaliadas, em cães tratados com levobupivacaína (GL) ou

ropivacaína (GR) via epidural............................................................................37

Valores percentuais da incidência de efeitos adversos dos cães tratados com

levobupivacaína (GL) ou ropivacaína (GR) via epidural

...........................................................................................................................39

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vi

LISTA DE FIGURAS

Página Representação gráfica dos valores das médias da freqüência cardíaca durante

o período de avaliação nos grupos utilizando ropivacaína (GR) e

levobupivacaína (GL).........................................................................................27

Representação gráfica dos valores das médias da pressão arterial sistólica

durante o período de avaliação nos grupos ropivacaína (GR) e levobupivacaína

(GL)....................................................................................................................29

Representação gráfica dos valores das médias da pressão arterial distólica

durante o período de avaliação, em animais tratados com ropivacaína (GR) e

levobupivacaína (GL).........................................................................................30

Valores médios e desvios padrão da pressão arterial média durante o período

de avaliação, em animais tratados com ropivacaína (GR) e levobupivacaína

(GL)....................................................................................................................31

Representação gráfica dos valores das médias da freqüência respiratória

durante o período de avaliação, com ropivacaína (GR) e levobupivacaína

(GL)....................................................................................................................33

Representação gráfica dos valores das médias da pressão temperatura retal

no período de avaliação, com ropivacaína (GR) e levobupivacaína

(GL)....................................................................................................................35

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USO DA ROPIVACAÍNA OU LEVOBUPIVACAÍNA NA ANESTESIA EPIDURAL TORACO-LOMBAR EM CÃES

RESUMO – Baseado no avanço das técnicas anestésicas atuais, faz se mister a experimentação de novos anestésicos locais. A ropivacaína e a levobupivacaína, são formulações recentes do grupamento amida, de longa duração, e apresentam menor toxicidade que bupivacaína. A anestesia epidural torácica ainda é pouco explorada na Medicina Veterinária atual. O objetivo deste estudo foi comparar estes dois anestésicos locais, na anestesia epidural toraco-lombar. Para tal, utilizaram-se 16 animais que em estudo padronizado e cego foram submetidos à anestesia epidural por meio do cateter epidural posicionado próximo a T13-L1. Foram divididos em dois grupos (n=8) tratados com ropivacaína 0,5% (GR) ou levobupivacaína 0,5% (GL) ambos na dose de 2mg/kg. Avaliou-se a freqüência cardíaca (FC) e respiratória (f), pressão arterial média (PAM), sistólica (PAS), diastólica (PAD), período de latência motora e sensitiva, tempo de bloqueio motor e sensitivo, extensão cranial e caudal do bloqueio, além de verificar a possibilidade de efeitos adversos. Ambos os grupos apresentaram perfis clínicos similares dentro dos padrões fisiológicos, exceto pela significativa redução na pressão arterial. O GL apresentou maior tempo de bloqueio motor (477,5±65,2) minutos comparado ao GR (271,3±97,17) minutos. Os dois tratamentos promoveram analgesia adequada em todos os dermátomos avaliados nas regiões torácica e lombar. Palavras-chave: Cães, epidural, levobupivacaína, ropivacaína, toraco-lombar

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USE THE ROPIVACAINE OR LEVOBUPIVACAINE IN LUMBAR-THORACIC EPIDURAL ANESTHESIA IN DOG

ABSTRACT - Based on current progress of the anesthetic techniques, it is necessary to experiment with new local anesthetics. Ropivacaine and levobupivacaine are recent formulations of long duration, the amide group, which have lower toxicity that bupivacaine. The thoracic epidural anesthesia is still little explored in Veterinary Medicine today. The purpose of this study was to compare these two local anesthetics in the lumbar-thoracic epidural anesthesia. Study standardized, blind, was performed in 16 dogs, subjected to epidural anesthesia through epidural catheter placed near the T13-L1, into two groups (n = 8), treated with ropivacaine 0.5% (GR) or levobupivacaine 0.5%(GL) both at dose 2mg/kg. We evaluated the heart rate (HR) and respiratory (f), mean arterial pressure (MAP), systolic (SAP), diastolic (DAP), motor and sensory latency period, duration of sensory and motor block, cranial and caudal extension of the blockade, as well as assess side effects. Both groups had similar clinical profiles inside from the standards physiology except by reduction on arterial pressure. The GL showed higher motor block (477.5±65.2) minutes compared to GR (271.3±97.17) minutos. Both treatments promoted excellent analgesia dermatomes evaluated in all regions of thoracic and lumbar. Keywords – dogs, epidural, levobupivacaine, ropivacaine, thoracic-lumbar

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I. INTRODUÇÃO

Os anestésicos locais (AL) se caracterizam por agirem bloqueando de

forma reversível a geração e condução do impulso nervoso, conseqüentemente

impedindo a propagação do potencial de ação em tecidos eletricamente

excitáveis (ROCHA et al., 2002).

Em 1948 a lidocaína foi introduzida por Lofgren e serviu de base para a

síntese de outros anestésicos locais do grupo amida. Os AL têm diversos usos

clínicos: anestesia regional subaracnóidea, peridural, bloqueios periféricos e

analgesia. Podem ser feitas aplicações tópicas para manuseio de vias aéreas,

manipulações oculares e nas mucosas, possibilitando procedimentos cirúrgicos

(CATTERAL, MACKIE, 2003).

A administração de AL no espaço epidural é uma técnica consagrada

que produz anestesia regional na prática Médica Veterinária. Apresenta baixo

custo, maior segurança e efetividade, principalmente por ocasionar menor

alteração cardiorrespiratória quando comparado com anestesia geral, além de

analgesia trans e pós-operatória. As cirurgias nos membros pélvicos, regiões

coxal, caudal, perianal e mais recentemente na região abdominal, constituem

as principais indicações para anestesia epidural (INTELIZANO et al., 2002;

MASSONE, 2003). Além disso, na prática clínica o bloqueio do neuroeixo

permite um decréscimo da dosagem de agentes anestésicos, hipnóticos e

sedativos (POLLOCK et al., 2000). No entanto, a anestesia epidural torácica é

pouco utilizada na prática, em Medicina Veterinária, porém na Anestesiologia

Humana é amplamente realizada, associada ou não a anestesia geral, para

cirurgias abdominais ou torácicas, além de propiciar analgesia pós-operatória

ao paciente (LIU et al., 1995).

Skarda (1996) cita várias pesquisas que reportam grande variedade no

uso de anestésicos locais, em diferentes volumes e concentrações, com efeitos

variáveis e enfatiza que o volume e concentração ideal não são precisos, fato

este que gera grande discussão. A escolha de um anestésico local está

determinado por suas ações clínicas, latência, qualidade e duração da

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anestesia, efeitos tóxicos potenciais e alterações hemodinâmicas (MASSONE,

1999; LUNA, 2005).

De acordo com Foster e Markaham (2000) os AL estão representados

por dois grupos: os aminoésteres e as aminoamidas, sendo o último mais

utilizado, com destaque para a lidocaína e bupivacaína e mais recentemente a

ropivacaína e a levobupivacaína, ainda pouco estudados na Medicina

Veterinária.

No proposto estudo, objetivou-se investigar o uso da ropivacaína e

levobupivacaína na anestesia epidural toraco-lombar em cães acordados e

observar as repercussões nas funções fisiológicas, principalmente no que

tange ao bloqueio simpático decorrente da anestesia em metâmeros torácicos

e suas conseqüências. Avaliar possíveis correlações existentes entre o volume

anestésico com a extensão cranial e caudal do bloqueio e por fim, comparar a

ropivacaína e a levobupivacaína na anestesia toraco-lombar, em sua

qualidade, ação, duração dos bloqueios motor e sensitivo.

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II. REVISÃO DE LITERATURA

Anestésicos Locais

Em 1884 o pesquisador Karl Koller aplicou em sua própria córnea, uma

solução feita à base de cocaína (Erythroxylon coca) e notou a

dessensibilização da mesma. Em 1885, Halsted reconheceu a propriedade do

fármaco em interromper a condução nervosa, introduzindo a anestesia em

nervo periférico e espinhal. Mais tarde, foi verificada a propriedade da cocaína

em produzir vasoconstrição, tornando-a útil em procedimentos

rinolaringológicos e na anestesia tópica para intubação orotraqueal (GOULART

et al., 2005; MCCLURE, RUBIN, 2005).

Posteriormente surgiram outros derivados do ácido benzóico como a

procaína (1905), que apresentava considerável índice de efeitos adversos.

Quarenta anos depois Lofgren introduz um novo anestésico local, derivado do

ácido acetilaminoacético (grupo amida) a lidocaína. No final da década de 1970

iniciaram-se estudos sobre a utilização de opióides, com Wang, para melhorar

a qualidade e duração da anestesia. Na década seguinte, os estudos

concentraram-se mais na cardiotoxicidade da bupivacaína racêmica e na

ropivacaína pela maior cardioestabilidade e dissociação entre bloqueio motor e

sensitivo. Já na década de 1990 e atualmente, o maior interesse encontra-se

no quiralismo dos AL, dando-se muita importância à ropivacaína e à

levobupivacaína (TORTAMANO, ARMONIA, 2001; MCCLURE, RUBIN, 2005;

GOULART et al., 2005)

Os AL possuem diversas aplicações clínicas, sendo mais comum a

anestesia regional, anestesia subaracnóidea, peridural, bloqueios periféricos

para membros superiores e inferiores e anestesia com cateteres, permitindo

infusão contínua do fármaco, sendo também muito utilizado para analgesia pós

operatória. Podem ser feitas aplicações tópicas para manuseio de vias aéreas,

manipulação das mucosas, possibilitando procedimentos cirúrgicos. Estes

fármacos são utilizados como antiarrítmicos, sendo a lidocaína um dos agentes

de escolha para reversão de taquicardias ventriculares. Esta também reduz a

sensibilidade das vias aéreas à instrumentação deprimindo reflexos e por fim,

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atenua as pressões intra-ocular, intracraniana e abdominal quando utilizada por

via intravenosa (GOULART et al., 2005).

Mecanismo de Ação

Os AL agem no canal de sódio da membrana axonal causando

diminuição do fluxo deste íon para dentro do axônio, acarretando em supressão

da despolarização da membrana neuronal, conseqüentemente impedindo a

transmissão do impulso elétrico. A afinidade de ligação dos AL aos canais de

sódio depende da conformação do canal, estes podem estar na forma ativada-

aberta, inativada-fechada. No estado de repouso da membrana, esses canais

estão em equilíbrio entre os estados aberto e fechado. A ligação do AL com o

canal é favorecida pelos potenciais de ação e por repetidas despolarizações,

sendo esse último fenômeno chamado de “uso-dependente” ou bloqueio fásico

ou bloqueio freqüência-dependente. Esse fenômeno refere-se ao fato de que

quanto mais estimulada é uma membrana, mais canais de sódio ficarão

abertos e, portanto, mais AL penetram nesses canais, impedindo sua

reabertura numa próxima estimulação (GOULART et al., 2005). De acordo com

Carlos e Viamonte (1999) o fármaco precisa atravessar a membrana celular na

forma não ionizada, para atingir o espaço intracelular e então ser transformado

na forma ionizada que se liga ao receptor.

Quando se aplica um AL num nervo periférico, de início, a sensação de

temperatura é perdida, seguida de dor e toque. Assim, foi postulado que as

fibras inicialmente bloqueadas e mais suscetíveis são as com menor diâmetro,

desmielinizadas e que conduzem sensação de temperatura. Portanto, as fibras

C (sensoriais) menos espessas e amielinizadas são bloqueadas antes das

fibras A (motora e sensorial) que são mais espessas e mielinizadas (LEMKE,

DAWSON, 2000; GOULART et al., 2005).

Estrutura Química e Classificação

A molécula de um anestésico local é dividida em três partes: um grupo

aromático, uma cadeia intermediária e um grupo terminal de amina secundária

ou terciária. Todos os três componentes são importantes determinantes da

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atividade anestésica local do fármaco. A porção aromática confere

propriedades lipofílicas à molécula, porém este mesmo segmento é

responsável pela maioria das reações de hipersensibilidade. A porção

intermediária garante a separação da porção hidrofílica da lipofílica na

molécula de AL. Em adição, a ligação entre a cadeia de hidrocarboneto central

e a porção aromática serve como base para a classificação dos anestésicos

em ésteres (- COO -) e as amidas (- NHCO -) (YAGIELA, 2002; MCCLURE,

RUBIN, 2005).

A propriedade lipofílica do anestésico local está relacionada à potência

do mesmo, já que a membrana neuronal é lipídica, portanto, quanto mais

lipofílico o AL menor será a concentração para se atingir o bloqueio desejado.

A duração de ação é aumentada se a absorção do AL pelos compartimentos

lipídicos como a mielina for maior, funcionando como depósito com liberação

lenta do AL. Assim, quanto mais lipossolúvel, maior a duração de ação. Este

seqüestro do AL, pelos compartimentos lipídicos pode eventualmente diminuir

a potência anestésica, por ocasionar diminuição da quantidade de fármaco

disponível para exercer o bloqueio neural requerido (COVINO, 1996;

FERREIRA, 1998; BRAU et al., 2000; GOULART et al., 2005).

Os AL são bases fracas e insolúveis em água. As soluções comerciais

são preparadas como sais ácidos, geralmente obtidos por adição de ácido

clorídrico, para que se tornem hidrossolúveis. As soluções de AL disponíveis

apresentam-se como cloridrato e com as formas não-ionizada e ionizada. O pK

dos AL geralmente é superior ao pH fisiológico, e em decorrência disto menos

da metade dos AL estão na forma não-ionizada (molecular) no pH fisiológico.

Portanto, quanto mais próximo o pK do fármaco estiver do pH fisiológico,

conseqüentemente a forma não –ionizada será maior e portanto há um início

mais rápido do bloqueio (YAGIELA, 2002; GOULART et al., 2005)

A inflamação tecidual reduz o pH do tecido afetado, com isso há menor

formação da base livre, aumentando o tempo para a ação do fármaco, ou até

mesmo tornando ineficaz a ação do anestésico. As formulações associadas a

vasoconstritores possuem pH levemente mais ácido que formulações sem

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associação, e portanto maior fração ionizada em solução, o que ocasiona o

início do bloqueio mais lento (COVINO, 1996).

De acordo com Cox et al. (1998) e Goulart et al. (2005), uma importante

propriedade tem sido utilizada para classificar os anestésicos locais, a

estereoisomeria. Uma substância química tem a propriedade de apresentar

isômero quando possui a presença de um carbono assimétrico na molécula. Os

estereoisômeros podem ser levógiros S(-), dextrógiros R(+) ou racêmicos

(presença de ambos enantiômeros). A mepivacaína e a bupivacaína, utilizadas

na prática clínica, são misturas racêmicas (50:50) de enantiômeros. Os

enantiômeros apresentam propriedades farmacocinéticas, farmacodinâmicas e

toxicidade diferentes, conseqüentemente ao administrar determinado fármaco

racêmico é como se estivesse fornecendo dois fármacos distintos. É importante

ressaltar que a lidocaína não apresenta estereoisomeria e que a ropivacaína é

apenas levógira e a levobupivacaína contém os estereoisômeros S(-) da

bupivacaína.

De acordo com Lee-son et al. (1992), o isômero dextrógero da

bupivacaína é duas vezes mais potente em sua ação que o levógiro, pois relata

possibilidade de dois sítios de ação para estas formas nas fibras nervosas. Já

Delfino et al. (1999), afirmam que esta diferença evidenciada

experimentalmente entre os isômeros, está relacionado à atividade intrínseca,

pois o enantiômero S(-) exerce uma menor ação nos canais de sódio da

membrana neuronal, o que explica a menor toxicidade do mesmo.

Farmacocinética

Absorção

A absorção é influenciada pela dose, local de injeção, características de

cada fármaco e uso ou não de vasoconstritores. Geralmente as áreas

ricamente vascularizadas têm maior absorção. Esta diminui dependendo do

local onde o fármaco é injetado e, portanto, na seguinte ordem: intercostal>

caudal> epidural> plexo braquial> ciático/femoral, portanto a dose varia para

cada região evitando assim níveis séricos que possam gerar sinais de

toxicidade (GOULART et al., 2005).

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Distribuição

Dependendo do fármaco utilizado, após o término da injeção há um

rápido decréscimo na concentração plasmática, que é acompanhada pelo

aumento da distribuição para tecidos mais ricamente vascularizados (captação

inicial ou fase a) como coração, cérebro e rins. Após a distribuição para tecidos

mais perfundidos, o AL é redistribuído para os tecidos menos perfundidos (fase

b), incluindo músculos esqueléticos e gordura. Além dos fatores anteriormente

mencionados, idade, status cardiovascular, função hepática também

influenciam as concentrações plasmáticas dos AL. Os pulmões são capazes de

extrair fármacos como a lidocaína, bupivacaína e prilocaína da circulação,

limitando, portanto, a concentração sistêmica atingida pelo fármaco, diminuindo

seu volume de distribuição. Os AL atravessam a barreira placentária e

ocasionalmente podem induzir a depressão cardíaca no feto (YAGIELA, 2002;

GOULART et al., 2005).

Biotransformação e Excreção

A via metabólica na qual o AL será biotrasformado, depende da porção

ligante da porção aromática do restante da molécula. Os ésteres sofrem

hidrólise pela colinesterase plasmática, principalmente no plasma e em menor

extensão no fígado. A taxa de hidrólise depende do AL, sendo a cloroprocaína

a mais rápida, procaína a intermediária e a tetracaína a mais lenta. Os produtos

metabólicos são farmacologicamente inativos, que são o ácido

paraaminobenzóico (PABA) e que é responsável por reações alérgicas. A única

exceção de um éster que não sofre hidrólise é a cocaína, que apresenta

metabolismo predominantemente hepático. É importante ressaltar que a

colinesterase plasmática está diminuída na gestação, doenças hepáticas,

uremia e nos pacientes que estão sendo tratados com quimioterápicos. Outro

aspecto a ser considerado é que no líquido cérebro-espinhal há uma

concentração muito pequena ou quase nula dessa enzima. Portanto, quando

um éster é injetado no espaço subaracnóideo, sua ação cessa apenas quando

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ele é absorvido para a circulação sistêmica (COVINO, 1996; HASS, 2002;

GOULART et al., 2005).

A biotransformação das amidas ocorre pelo sistema microssomal

hepático, notadamente pelo sistema P-450. A prilocaína tem o metabolismo

mais rápido; lidocaína e mepivacaína são intermediários e etidocaína,

bupivacaína e ropivacaína têm o metabolismo mais lento entre as amidas. A

primeira etapa na metabolização é a conversão da base em ácido

aminocarboxílico. O metabolismo completo inclui hidroxilação e N-

desalquilação do ácido aminocarboxílico. Quanto à eliminação renal, sabe-se

que a baixa solubilidade dos AL em água limita sua excreção renal como

fármaco in natura a aproximadamente 5%. A exceção é a cocaína, em que 10 a

15% do fármaco é excretada na urina na forma inalterada. Produtos do

metabolismo como o PABA também são eliminados na urina (GOULART et al.,

2005)

Toxicidade dos Anestésicos Locais

A elevação da concentração plasmática dos AL em um período de

tempo curto é a principal causa da toxicidade dos mesmos. Isto pode ocorrer

por injeção intravascular inadvertida, absorção demasiadamente rápida ou por

uso de alta dosagem, principalmente nas anestesias infltrativas e loco-

regionais. A via de administração, condições clínicas pré-existentes, por

exemplo, a insuficiência hepática, condições fisiológicas como a gestação,

idade, alterações do equilíbrio ácido-básico, entre outros, podem predispor ao

quadro de intoxicação (GROBAN et al., 2001).

Os anestésicos locais do tipo amida podem desencadear reações

alérgicas dos tipos I e IV, enquanto do AL do tipo éster causam reações do tipo

IV, no entanto a incidência de processos alérgicos com os fármacos do tipo

éster é consideravelmente superior aos do grupamento amida (BERKUN et al.,

2003).

De acordo Santos e Dearmas (2001), estudos experimentais

demonstraram que doses menores de bupivacaína, em relação à ropivacaína e

à levobupivacaína, podem causar manifestações tóxicas, convulsões,

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hipotensão arterial, apnéia e colapso circulatório. O que é ressaltado por Huang

et al. (1998), que relatam que a levobupivacaína apresentou menor potencial

tóxico que a bupivacaína em infusões intravenosa em ovelhas hígidas. A dose

convulsivante foi de 103mg/kg com a levobupivacaína e de 85mg/kg com

bupivacaína.

Agentes Anestésicos

Os anestésicos locais podem ser do tipo amida ou do tipo éster. Devido

à incidência de constantes casos de reações alérgicas ocorridas com o uso dos

AL do grupamento éster, os anestésicos do grupamento amida ganharam

espaço e são amplamente utilizados na prática clínica. A bupivacaína foi

durante décadas o anestésico local de longa ação mais utilizado. No entanto,

diversos artigos relatando casos intoxicações, parada cardíaca e outra

complicações decorrentes de injeção acidental intravenosa da bupivacaína,

levou a busca de novos fármacos que possuíssem as mesmas qualidades

anestésicas, no entanto com menores efeitos tóxicos (CASATI, PUTZU, 2005).

Na atualidade, o quiralismo dos anestésicos locais vem sendo

explorados para elaboração de novas formulações. Quando uma molécula

possui um centro quiral é possível obter duas estruturas tridimensionais

diferentes (estereoisômeros). Os esteroisômeros podem ser levógiros S(-),

dextrógiros R(+) ou racêmicos (presença de ambos enantiômeros). A

mepivacaína e a bupivacaína, são misturas racêmicas (50:50) de

enantiômeros. Os isômeros dextrógeros R(+) estão relacionados à maior

incidência toxicidade que os isômeros levógiros (CASATI, PUTZU 2005;

GOULART et al., 2005).

Os novos fármacos do grupo amida, levobupivacaína e ropivacaína, são

formulações que possuem isômeros levógiros. Estudos vêm mostrando que

formulações com enantiômeros S(-) apresentam menores riscos de intoxicação

(FOSTER, MARKHAM, 2000). Diante disto, daremos ênfase no proposto

estudo às formulações levógiras, notadamente a levobupivacaína e

ropivacaína.

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Levobupivacaína

A bupivacaína possui um átomo de carbono assimétrico, que promove

duas formas moleculares simétricas, sendo uma a imagem no espelho da outra.

A preparação comercial faz uma mescla racêmica destes isômeros, ou seja, a

levobupivacaína é o isômero levógiro da bupivacaína. A levobupivacaína foi

introduzida na rotina clínica, posteriormente aos relatos de intoxicação pela

bupivacaína, onde se constatou que tratava-se do isômero dextrógeno da

bupivacaína que estava relacionado à toxicidade. Este fármaco possui peso

molecular de 288, Pka de 8.1, ligação com proteínas plasmáticas em torno de

95% e lipossolubilidade comparada a bupivacaína (MAZOIT et al., 1993;

LEONE et al., 2008).

De acordo com Faccenda e Morrison (1998), dezoito pacientes foram

submetidas à anestesia epidural com levobupivacaína a 0,5% ou 0,75%, com

volume final de 15ml e constataram que o pico da concentração plasmática

(0,582 e 0,811mg/L) foi atingido em 37 minutos na menor concentração e 29

minutos na maior concentração. Este se ligou altamente as proteínas (> 97%)

em plasma humano. Após 15 minutos de infusão intravenosa em 12 voluntários,

o volume de distribuição do fármaco foi de 66.9L/kg e o clearence plasmático

total foi de 39,06 L/h (McCLELLAN, SPENCER, 1998).

A levobupivacaína é extensamente metabolizada pelo sistema citocromo

P450 (CYP), primariamente nas isoformas CYP1A2 e CYP3A4. O maior

metabólito da levobupivacaína é a 3-Hidroxi-levobupivacaina, o qual é

conjugado com ácido glucurônico e sulfatos que são excretados na urina

(PALKAMA et al., 1999).

Conforme Kanai et al. (2000), os efeitos dos anestésicos sobre a

amplitude do potencial de ação, refletem diretamente no efeito bloqueador do

mesmo e a S(-) bupivacaína mostrou maior potência que a ropivacaína neste

aspecto. Já Sinnott e Stricharts (2003), comparou concentrações (0,0625,

0,125 e 0,25% ) de levobupivacaína e ropivacaína para bloquear nervo

isquiático de ratos e demonstrou que o bloqueio ocasionado pela

levobupivacaína na concentração de 0,25% foi 30% superior a ropivacaína com

mesma concentração.

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De acordo com Burke et al. (1998), a levobupivacaína apresenta ação

vasoativa quando aplicada via intradérmica. Relatam que em concentração �

0,25% apresentou maior atividade vasoconstritora que a bupivacaína racêmica,

entretanto em concentrações superiores a levobupivacaína apresentou maior

efeito vasodilatador quando comparado a bupivacaína racêmica.

A levobupivacaína possui menor efeito arritmogênico e efeito inotrópico

negativo sobre o músculo cardíaco, quando comparado a bupivacaína,

adicionalmente, apresenta menor ação depressora sobre o sistema nervoso

central e a eficácia e qualidade da anestesia são similares a da bupivacaína

(McCLELLAN, SPENCER., 1998; BARDSLEY et al., 1998).

Segundo Vanhoutte et al. (1992), a bupivacaína e seus isômeros

promovem alterações na condução elétrica cardíaca, porém com a

levobupivacaína esses fenômenos são menos pronunciados. Acredita-se que a

levobupivacaína se dissocia mais rapidamente dos canais de sódio, além de

mostrar um menor efeito sob o potencial de ação da membrana dos miócitos

cardíacos, fato observado in vitro em preparação de músculo papilar cardíaco

de porcos da guiné (Cavia porcellus).

Ropivacaína

A ropivacaína (1-propil-2’,6’-pipecoloxilida) é o primeiro anestésico local

de longa duração do tipo amida produzido com enantiômero S(-) puro. Possui

lipossolubilidade moderada, Pka de 8,1 e alta ligação a proteínas plasmáticas

(90 – 95%). É metabolizada no fígado pela hidroxilação hepática pelo

citocromo P4501A2 em 3-hidroxi-ropivacaína, o principal metabolito que é

excretado pela urina e bile. A depuração plasmática é de 440 mL / minuto e

renal de 1 mL / minuto. (POLLEY et al.,1999; MCCLURE e RUBIN, 2005).

A ação desse fármaco é dada por bloqueio das fibras nervosas

envolvidas na transmissão do estímulo doloroso (A� e C) em maior grau que

aquelas envolvidas com a função motora (A�) (McCLELLAN; FAULDS, 2000).

O que garante uma excelente analgesia cirúrgica, relaxamento muscular e

melhor recuperação da motricidade no pós-operatório, o que é vantajoso, pois

diminui a angústia e ansiedade. A ropivacaína também possui propriedade

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vasoconstritora, o que gera menor intensidade de absorção sistêmica quando

comparada a bupivacaína sem vasoconstritor (KONIG et al., 1999).

A ropivacaína tem demonstrado ser menos tóxica no sistema nervoso

central e para o coração que a bupivacaína em doses similares. Nos estudos

realizados em músculo cardíaco isolado, a toxicidade da ropivacaína foi menor

que a bupivacaína, fato observado em estudos feito em animais, onde

demonstrou possuir menor efeito inotrópico negativo, cronotrópico negativo e

arritmogênico que a bupivacaína (AGUILAR et al., 1999)

Anestesia Epidural

A anestesia epidural ou peridural é obtida por meio da deposição do

anestésico local no espaço epidural, localizado entre a dura-matér e o canal

vertebral. Sua primeira descrição foi feita por Corning em 1885, onde injetou

solução de cocaína entre duas vértebras torácicas de um cão, obtendo

anestesia dos membros pélvicos, pênis e região inguinal (INTELIZANO et al.,

2002).

A anestesia epidural pode ser feita na região cervical, torácica ou

lombar, no entanto a anestesia epidural lombo-sacra é amplamente utilizada

em cães na rotina clínica, pela facilidade da técnica e por promover anestesia e

analgesia caudal ao diafragma com baixo índice de complicações. Entretanto a

anestesia epidural alta pode ocasionar desordens cardiocirculatórias e

respiratórias, devido ao bloqueio de fibras simpáticas torácicas e cervicais

responsáveis pela inervação do coração, da musculatura intercostal e do

diafragma (VEERING et al., 2000).

Anestesia Epidural Torácica

A anestesia epidural torácica (AET) ainda é muito pouco estudada e

explorada na prática Clínica Veterinária, porém Liu et al. (1995), afirmam que na

Medicina Humana é extensivamente praticada, associada ou não à anestesia

geral, para cirurgias torácicas e abdominais, superficiais ou intracavitárias.

Meissner et al. (1997), relatam que a AET, proporciona estabilidade

hemodinâmica e diminuição na resposta ao estresse cirúrgico, melhorando o

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resultado da anestesia. Ressaltam que estes efeitos vêm sendo observados

com beneficie notável em cirurgias cardíacas, onde se verificou maior

estabilidade hemodinâmica, redução da resposta catecolamínica, extubação

mais precoce, melhores índices de função respiratória e de controle da dor no

pós-operatório.

O bloqueio simpático pode ser maléfico quando se necessita dos

mecanismos de vasoconstrição, taquicardia e aumento do tônus miocárdico em

situação de falência circulatória aguda. Não obstante, ainda na vigência do

bloqueio epidural torácico alto, há mecanismos de compensação que garantem

atividade simpática quando o bloqueio não for muito extenso, permitindo a

atividade de outros segmentos simpáticos e conseqüentemente os níveis

plasmáticos de adrenalina não apresentam reduções significativas (STEVENS

et al., 2005; TANIGUSCHI et al., 1997).

De acordo com Blomberg e Ricksten (1988), a atividade acentuada do

sistema nervoso simpático pode desencadear taquiarritimias, desordem de

factível evolução para fibrilação atrial, notadamente em cardiopatas, fato que

indica a utilização da AET, pois o bloqueio simpático decorrente da anestesia

pode ser benéfico nestes pacientes indubitavelmente propensos a arritmias.

Entretanto, o bloqueio simpático promove redução na pré-carga e da resistência

vascular sistêmica e diminuição da contratibilidade do miocárdio, secundário ao

bloqueio das fibras simpáticas para o coração, que partem da medula espinhal

no nível da 1ª vértebra torácica (T1) a 4ª vértebra torácica (T4), fato que contra-

indica este procedimento em pacientes com alterações circulatórias. Esta

anestesia hipotensiva tem sido utilizada com intuito minimizar o sangramento no

campo operatório em cirurgias, principalmente as mais cruentas. A segurança

do procedimento depende da garantia do fluxo sangüíneo adequado para

órgãos vitais como o cérebro, o coração, o fígado e os rins, durante o período

de baixos níveis de pressão arterial (VEERING et al., 2000).

No estudo realizado por Norbert et al. (1996), em que cães foram

submetidos a isquemia induzida do miocárdio, por meio da oclusão da artéria

coronariana por dez minutos, com intuito de avaliar possíveis benefícios do

bloqueio simpático promovido pela AET no coração. Constatou-se que não

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houve diminuição significativa na freqüência cardíaca, pressão arterial média e

na pressão do átrio esquerdo, tanto nos animais submetidos à isquemia quanto

os que não foram submetidos (grupo controle). Os autores concluem afirmando

que a AET favorece a perfusão da região subendocardial, com considerável

aumento do fluxo sanguíneo, proporcionando redução da disfunção miocárdica

após isquemia induzida. Fato anteriormente constatado por Klassen et al.

(1980), que verificaram que a AET em cães promove diminuição da pressão

arterial sanguínea, freqüência cardíaca e da contratibilidade do miocárdio, que

conseqüentemente reduz a demanda de oxigênio para o miocárdio na mesma

proporção. Com isso há uma auto-regulação do fluxo coronário, que promove

uma vasoconstrição da artéria coronária decorrente desta baixa demanda de

oxigênio, ocasionado aumento da resistência vascular coronariana, otimizando

o suporte circulatório coronariano.

De acordo com Meissner et al. (2001), a anestesia epidural toraco-lombar

com lidocaína 2% na dose de 0,4mg/kg em cães, não ocasionou alterações na

pressão arterial sistólica e nos intervalos QRS, PR e QT. Houve redução na

freqüência cardíaca em 10% durante o ritmo sinusal. Os autores relatam que o

prolongamento da duração do potencial de ação paralelamente ao aumento do

período refratário sugere um modelo antiarritimogênico in vivo. Deste modo, a

AET apresenta propriedades antiarrítmicas, especialmente em situações de

repolarizações curtas, taquiarritimias ou quadros isquêmicos do miocárdio.

Em trabalho realizado por Hirabayashi et al. (1996), avaliou-se as

repercussões hemodinâmicas da anestesia epidural lombar (AEL) ou torácica,

em cães anestesiados com isoflurano. Os animais anestesiados receberam

0,1ml/kg de lidocaína a 2% no espaço epidural, e trinta minutos após a primeira

injeção receberam uma segunda aplicação com o mesmo volume. Os

anestésicos foram injetados nos espaços T7-T8 ou L5-L6. Notaram que os

animais submetidos à anestesia torácica apresentaram redução na freqüência

cardíaca e na pressão arterial média mais pronunciada comparados aos

animais do grupo epidural lombar. No entanto, não houve bradicardia no tempo

de avaliação (60min). A pressão de perfusão coronária e do fluxo sanguíneo

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diminui em ambos os grupos, mas a resistência vascular coronária aumentou no

grupo AET e no grupo AEL permaneceu inalterada.

As alterações respiratórias provenientes de um bloqueio epidural alto, é

motivo de cautela por parte dos anestesistas veterinários. O diafragma e a

musculatura intercostal interna e externa garantem a mecânica respiratória em

sua freqüência, profundidade e padrão respiratório, subordinados ao controle do

centro respiratório localizado no bulbo e na ponte. A inervação pulmonar é

autonômica, realizada pelo nervo vago e simpático torácico com formação de

plexos anteriores e posteriores ao hilo pulmonar, inervando vasos e brônquios.

A traquéia e os pulmões são inervados por fibras aferentes e eferentes

simpáticas e parassimpáticas, sendo a regulação autonômica um importante

fator para a modulação da perfusão e ventilação pulmonar. A inervação motora

e sensitiva do diafragma é feita pelo nervo frênico que se origina no nível da 5ª

(C5) e 7ª vértebras cervicais (C7) somados aos nervos intercostais baixos. Os

nervos intercostais inervam a parede torácica e a maior parte da parede

abdominal, dando inervação motora para os músculos intercostais internos e os

músculos abdominais (TABATABAI et al., 1996).

Tanto a anestesia epidural lombar ou torácica interfere com o sistema

respiratório de várias maneiras. A atividade coordenada dos músculos da caixa

torácica é necessária para a inspiração normal e o bloqueio motor destes

músculos pode interferir na função ventilatória. Conforme Groeben (2006), o

bloqueio simpático ocasionado pela AET, também prejudica a ventilação em

decorrência de uma reatividade bronquial e aumento da resistência das vias

respiratórias, devido ao aumento da atividade vagal, conseqüência do bloqueio

simpático.

O trabalho realizado por Brichant et al. (1993), buscou avaliar a resposta

respiratória diante da paralisia dos músculos abdominais e da caixa torácica

em cães. Além das avaliações hemodinâmicas, os pesquisadores avaliaram o

volume corrente, gases sanguíneos e o eletromiograma do diafragma. Um

cateter epidural foi introduzido na altura de L2 e os pesquisadores injetavam

em intervalos pré-determinados lidocaína a 2%, para se obter a paralisia da

musculatura respiratória de maneira progressiva, em cães anestesiados. Os

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pesquisadores constataram que somente a paralisia dos músculos abdominais

não produziu nenhuma alteração no mecanismo respiratório. Em contrapartida,

quando todos os músculos da caixa torácica foram paralisados, observou-se o

pico da atividade mioelétrica do diafragma, que foi associada com diminuição

do volume corrente e aumento da PaCO2. Os autores concluem afirmando que

a musculatura intercostal tem influência na manutenção do volume corrente, e

a redução da atividade desta musculatura desencadeia um processo

compensatório pelo aumento da atividade diafragmática.

No estudo feito por Benseñor et al. (2007), objetivou-se avaliar os efeitos

do bloqueio simpático sobre a viscoelaticidade, propriedades de resistência do

sistema respiratório e seus componentes (parede torácica e parênquima

pulmonar). Trinta e nove pacientes receberam 15ml de bupivacaína 0,5% com

1:200.000 de epinefrina e 2mg de morfina, via cateter epidural, previamente

fixado no espaço intervertebral entre T7-T8. Posteriormente, estes receberam

anestesia total intravenosa, em solução com propofol, fentanil e vecurônio. A

resistência relativa da cânula traqueal, o fluxo inspiratório e expiratório foi

verificado por meio do pneumotacográfo. Os autores concluíram que o bloqueio

simpático decorrente da AET diminui a complacência pulmonar, mas isto não

repercutiu clinicamente em pacientes sadios, no entanto pode ter implicações

importantes em pacientes com desordens respiratórias.

Diversos estudos realizados com intuito de observar os efeitos da AET no

mecanismo respiratório verificaram-se de fato alterações da função respiratória

decorrente da paralisia dos músculos respiratórios sobre a mobilidade da

parede torácica, no entanto estas desordens não cessaram a respiração e as

repercussões clínicas e laboratoriais variaram de pequenas a insignificantes

(WARNER et al., 1996; GRUBER et al., 2002; GROEBEN et al., 2002).

Em estudo recente, Bessa et al. (2008), avaliaram as complicações

decorrentes da anestesia epidural torácica, associada a anestesia geral em 113

pacientes. Relatam que 40% das punções foram traumáticas, devido a múltiplas

tentativas; sangramento no momento da punção ou punção acidental da dura-

máter. Destes, dois pacientes apresentaram parestesia no pós-operatório

imediato. Os autores concluíram que a freqüência de complicações é baixa, e

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que apesar da necessidade de várias punções e dificuldade técnica, não houve

nenhuma seqüela neurológica grave ou permanente.

Conforme Horlocker (2000), a absorção sistêmica dos anestésicos locais

utilizados em altas doses pode acarretar em sérias complicações como perda

dos reflexos protetores das vias respiratórias, depressão respiratória,

instabilidade hemodinâmica, entre outros. Adicionalmente, 40% dos pacientes

submetidos à AET apresentam redução na pressão arterial média abaixo dos

valores basais.

Levobupivacaína na anestesia epidural

No estudo realizado por Kopacz et al. (2000), 54 pacientes foram

submetidos a cirurgia de abdômen inferior, utilizando-se da técnica de anestesia

epidural (L2-L3-L4), onde previamente aplicou-se o volume de 3 ml de

levobupivacaína a 0,75% ou bupivacaína racêmica, acrescidos de 15 µg de

epinefrina, após dois minutos adicionou-se mais 17ml de levobupivacaína ou

bupivacaína a 0,75% sem vasocontritor. O início do bloqueio sensitivo foi de

13,6 ± 5,6 minutos para levobupivacaína e 14,0 ± 9,9 minutos para bupivacaína.

A anestesia de ambos os grupos extenderam-se até os metâmeros T5 e T6. A

qualidade do bloqueio sensorial e motor foi considerado ótimo em 96% dos

pacientes do grupo da levobupivacaína, contra 82% do grupo da bupivacaína.

Nenhum paciente de ambos os grupos apresentou redução na freqüência

cardíaca ou alterações eletrocardiográficas, no entanto, verificou-se hipotensão

(pressão sistólica abaixo de 30% do valor basal) em 32% dos pacientes entre

ambos os grupos. A concentração plasmática do anestésico local tendeu ser

mais alta nos pacientes que receberam a levobupivacaína, com pico de

concentração (levobupivacaína, 0,84 ± 0,31 µg/mL, bupivacaína racêmica,

0,611 ± 0,22 µg/mL; p = 0,06) ocorrendo, 24,0 ± 10,5 e 25,5 ± 10,1 minutos

após a injeção, respectivamente. Os autores concluíram que a levobupivacaína

é um anestésico local com perfil farmacodinâmico semelhante à bupivacaína

racêmica, possui menor potencial de toxicidade sistêmica e em adição, a

levobupivacaína produziu anestesia motora e sensitiva adequada para cirurgia

de abdômen inferior, semelhante à bupivacaína racêmica.

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Em outra oportunidade Tanaka et al. (2005), avaliaram 87 pacientes

submetidos a cirurgia no abdômen inferior, onde realizou-se anestesia epidural

lombar (L3-L4), utilizando-se de levobupivacaína 0,5% e bupivacaína racêmica

0,5%, associados ao fentanil, somando um volume final de 27ml. Pequena

redução na pressão sistólica e diastólica foi observada com a utilização de

ambas as formulações. Também não houve diferença significativa na duração

do bloqueio sensitivo que se estendeu até T4, já o bloqueio motor apresentou

maior duração com a formulação racêmica. Ambos anestésicos promoveram

analgesia suficiente para a intervenção cirúrgica.

No trabalho realizado por Fanttorini et al. (2006), onde 60 pacientes

humanos foram submetidas cirurgia ortopédica de membro inferior, estes

receberam via intratecal levobupivacaína 0,5 % (Grupo L) ou bupivacaína

racêmica 0,5% (Grupo B) em volume total de 3ml. O sítio de punção foi entre os

espaços L3-L4. Não houve diferença significativa entre os grupos no bloqueio

motor, onde a duração do bloqueio para o Grupo B foi de 245±86 minutos e

para o Grupo L foi de 256±86 minutos, já o bloqueio sensitivo no grupo B foi de

381±105 minutos e para o grupo L foi de 391±96 minutos, respectivamente. A

extensão máxima do bloqueio alcançou a região torácica no nível de T8.

Apenas dois pacientes com idade avançada apresentaram hipotensão e

bradicardia. Os fármacos foram similares em todos os aspectos avaliados.

De acordo com Camorcia et al. (2007), foi estimado a ED50 (dose média

efetiva) para bloqueio motor com levobupivacaína, ropivacaína e bupivacaína.

Os resultados mostraram que a levobupivacaína apresentou potência 29%

menor que a bupivacaína quando administrados via intratecal. Constatação

semelhante foi realizada por Lacassie et al. (2002), onde verificaram que a

levobupivacaína e a ropivacaína produzem bloqueio motor inferior a

bupivacaína via epidural.

No estudo realizado por Bergamaschi et al. (2005) em mulheres

submetidas à anestesia epidural baixa para cirurgia de cesariana, comparou-se

a levobupivacaína e a bupivacaína, utilizando dose de 100mg/paciente com

vasoconstritor (adrenalina 1:200.000) para ambos os fármacos e encontraram

menor bloqueio motor da levobupivacaína com bloqueio sensitivo equivalente.

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No grupo da bupivacaína houve diminuição na pressão arterial média 23,7%,

enquanto no grupo levobupivacaína a variável se manteve dentro dos valores

fisiológicos.

Ropivacaína na anestesia epidural

No trabalho desenvolvido por Nociti et al. (2002), foram avaliados os

efeitos da ropivacaína 0,5% associada ao sufentanil na anestesia epidural

torácica em mulheres submetidas a cirurgia plástica envolvendo mama,

abdômen e glúteos. A punção epidural foi realizada nos espaços intervertebrais

T9-T10 ou T10-T11. Posteriormente procedeu-se a passagem do cateter

epidural de 8 a 10 cm no sentido cranial, por meio do qual foi administrado a

solução de ropivacaína 0,5%, totalizando 15ml (75mg) associado ao sulfentanil

15µg por paciente. Foi realizado anestesia intravenosa com propofol (40

µg/kg/min) durante o procedimento. A latência média foi de 9 minutos e 28%

das pacientes receberam doses complementares do anestésico local. O nível

de bloqueio sensitivo no sentido cranial extendeu-se até T2 em 82% das

pacientes e na direção caudal o bloqueio alcançou metâmeros sacros

permitindo até procedimentos na região glútea. A média do bloqueio sensitivo

foi de 660 minutos e do bloqueio motor foi de 220 minutos. Treze pacientes

(21,7%) apresentaram pressão arterial média inferior a 50 mmHg, requerendo

tratamento com etilefrina e quatro pacientes (6,7%) apresentaram bradicardia

(FC < 50 bpm) sendo tratadas com sulfato de atropina. Somente uma paciente

apresentou dessaturação da hemoglobina (< 85%). Portanto, a técnica

anestésica empregada permitiu a realização do procedimento em todas as

pacientes, mas o êxito dependia da habilidade do anestesista em controlar os

efeitos do bloqueio simpático sobre os parâmetros circulatórios e respiratórios.

No estudo proposto por Sperhacke et al. (2004), trinta e duas mulheres

adultas foram submetidas a anestesia epidural torácica alta (T2-T3) utilizando

ropivacaína 0,75% associado ao sulfentanil, com volume final variando entre

8ml ou 12 ml, dependendo da extensão da abordagem cirúrgica. Constataram

que 52% das pacientes apresentaram algum grau de déficit motor nos membros

superiores e o bloqueio sensitivo cranial máximo atingiu a altura de C8 e caudal

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até T8. Em adição, 15% apresentaram redução na pressão arterial média, 15%

apresentaram bradicardia, 12 % manifestaram síndrome de Claude Bernard

Horner e por fim 40% relataram tremores. As alterações espirométricas foram

mínimas, não trazendo repercussões clínicas para as pacientes.

De acordo com Diaz et al. (2004), a ropivacaína 0,2% e a

levobupivacaína 0,2% administrados via espinhal em pacientes pediátricos

(dose: 4mg/kg) apresentaram bloqueio sensitivo semelhante, estabilidade

cardiovascular, porém a levobupivacaína apresentou menor bloqueio motor. Já

Klamt et al. (2003), avaliaram os efeitos da anestesia epidural torácica,

associada a anestesia total intravenosa com propofol (10mg/kg/h) isolado ou

associado ao sufentanil (10µg/kg). A passagem do cateter epidural foi realizada

no nível de L5 em pacientes com peso superior a 7kg e por via caudal/sacral

em crianças com peso inferior. O cateter foi posicionado cranialmente até o

nível de T8 e injetado 1,5ml/kg de ropivacaína a 0,2%, na velocidade de

0,2ml/kg/min. Somente duas crianças do grupo sulfentanil apresentaram

hipotensão, revertida com a suspensão da sua infusão por 5 minutos. Não

foram relatados episódios de hipotensão arterial, bradicardia, disritmia

cardíaca, obstrução das vias aéreas, depressão respiratória, ou sinais de

bloqueio motor dos membros inferiores ou superiores nos pacientes de ambos

os grupos.

Otero et al. (2003), avaliaram a ropivacaína 0,2% (dose: 0,2mg por cm

de coluna vertebral), para anestesia epidural lombo-sacra em cães submetidos

a cirurgias diversificadas, no qual observou-se o período de latência médio de

15 minutos, excelente analgesia e relaxamento muscular, na dose e

concentração ensaiada, em procedimentos cirúrgicos envolvendo membro

pélvico, períneo, pelve e região hipogástrica. Constatou-se que em

procedimentos cirúrgicos na região mesogástrica, a analgesia foi insuficiente

em 23% dos pacientes. O tempo médio de analgesia foi de 90 minutos.

De acordo com Duke et al. (2000), tanto a ropivacaína 0,75% quanto

bupivacaína 0,75%, quando administradas em volumes de 0,22 ml/kg no

espaço epidural (L7-S1) em cães conscientes, promoveram um bloqueio até o

nível de T12 em média de 80% dos animais experimentados, com pequenas

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alterações na pressão média arterial. Conforme Gasparini et al. (2007), tanto a

lidocaína 2% (dose: 5mg/kg), quanto à ropivacaína 1% (dose: 2,5mg/kg),

usados na anestesia epidural lombo-sacra em cães adultos, não produziram

alterações hemodinâmicas importantes. Alguns animais do grupo ropivacaína

apresentaram discreta redução da freqüência cardíaca. O grupo lidocaína

apresentou um tempo médio de analgesia de 120 minutos e o grupo

ropivacaína de 240 minutos e a extensão máxima do bloqueio para ambos os

fármacos foi até a região de L4 nas doses ensaiadas.

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22

III. MATERIAL E MÉTODOS

Animais

Estudo padronizado, cego, foi realizado utilizando-se 16 cães, sem raça

definida, provenientes do canil da União Pioneira de Integração Social (UPIS) –

Campus 2, Planaltina – DF. Estes animais foram alojados em baias cobertas,

com comedouros e bebedouros na qual passaram por um período de 10 dias

de adaptação ao ambiente e socialização com os pesquisadores.

Os cães foram vacinados e vermifugados, submetidos a exames clínico-

laboratorial e físico para atestar condição de saúde, no intuito de avaliar se os

animais estavam em concordância com os critérios de inclusão estabelecidos

para o presente estudo:

1) Peso mínimo de 8kg

2) Pressão arterial sistólica acima de 120 mm/Hg;

3) Ausência de indícios de doença sistêmica;

4) Ausência de alteração grave na coluna vertebral;

5) Ausência de lesão no local da punção para a passagem do cateter

epidural;

6) Idade superior a 10 meses.

Delineamento Experimental

Implantação do cateter epidural e arterial

Uma vez adaptado, o animal foi submetido ao jejum hídrico e alimentar

de 4 e 8 horas respectivamente. Seqüencialmente, o animal foi anestesiado

utilizando propofol1 na dose de 5mg/kg por via intravenosa lenta até que

permitisse a manipulação. Realizou-se a tricotomia e anti-sepsia da região

lombo-sacra (L7-S1), com degermante, PVPI, seguido de álcool 70%.

Posteriormente o animal foi posicionado em decúbito esternal com os membros

torácicos e pélvicos estendidos cranialmente, com intuito de aumentar o

espaço intervertebral. Procedeu-se a colocação do campo cirúrgico fenestrado

1 Propovan10mg/mL, Cristália Produtos Químicos Farmaceuticos Ltda, Itapira – SP.

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23

estéril, e com luvas cirúrgicas e gazes estéreis foi realizada a localização do

espaço epidural (L7-S1), para a realização da punção e passagem do cateter

epidural2. Com uma agulha hipodérmica 40X163, procedeu-se a penetração da

pele, subcutâneo e musculatura intervertebral, até o espaço epidural,

confirmando sua localização por meio do teste da gota pendente ou pela

ausência da resistência do êmbolo da seringa preenchida com solução

fisiológica 0,9%. Seqüencialmente, realizou-se a passagem do cateter epidural

(Figura 3 – apêndice) até a região toraco-lombar (T13-L1), previamente medido

pela distância em centímetros entre o ponto de punção até o espaço toraco-

lombar (Figura 1 e 2 – apêndice). Após a inserção do cateter, procedeu-se a

fixação do mesmo na pele com pontos simples separado utilizando fio de nylon

número 2-04. O cateter epidural foi protegido com esparadrapo, afim de evitar a

contaminação.

Terminado a implantação do cateter epidural, procedeu-se a tricotomia e

anti-sepsia na região metatársica com álcool 70%. Posteriormente, utilizando-

se do cateter venoso5 número 24, fez se a localização e punção da artéria

metatársica dorsal. Conectou-se um plug PRN6 ao cateter, onde se introduziu a

agulha conectada ao cabo do transdutor do aparelho multipamétrico7, para

aferição da pressão arterial invasiva. O cateter foi fixado com esparadrapo.

Administração dos anestésicos locais

Os animais foram distribuídos aleatoriamente em dois grupos com oito

animais cada (n= 8), denominados respectivamente de: grupo ropivacaína (GR)

e levobupivacaína (GL). Duas horas após a implantação do cateter epidural, os

animais foram colocados em posição bípede, onde os membros torácicos

ficaram apoiados sobre um anteparo e os membros pélvicos mantidos no chão

(figura 4 – apêndice), no intuito de verticalizar ao máximo a posição da coluna

vertebral em relação ao plano horizontal, objetivando minimizar pela ação da

2 Cateter epidural 16G, Portex, Keene – USA. 3 Agulha 40x1.6, Medicor, Curitiba-PR. 4 Nylon monofilamento preto agulhado, Sutubrás Ltda, São Jose dos Campos-SP. 5 Cateter intravascular periférico 24G, Johnson & Johnson Ltda, Itapira-SP. 6 Plug PRN adaptador, BD Tecnologia Médica Ltda, São Paulo-SP. 7 Monitor multiparamétrico LW 6000, Digicare, Bedside-USA.

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gravidade a migração do anestésico no sentido cranial. Os animais

permaneceram nessa posição por 5 minutos após o término da injeção dos

anestésicos locais e depois foram mantidos em mesas metálicas cobertas por

tecido de algodão em decúbito esternal. Os animais permaneceram cobertos

com mantas térmicas durante todo o período de avaliação.

Cada animal recebeu 2mg/kg dos fármacos em solução a 0,5%, sendo

que ambos possuíam a mesma concentração. A velocidade de aplicação foi

padronizado em 1ml a cada 30 segundos. A ropivacaína8 1% foi diluída com

solução fisiológica para igualar a concentração com a levobupivacaína9 0,5%.

Vale ressaltar que este estudo foi realizado em cego e, portanto, o indivíduo

que avaliou os parâmetros e o comportamento dos animais, não foi aquele que

preparou os fármacos a serem administrados.

Parâmetros analisados

As variáveis fisiológicas e comportamentais, foram avaliados antes da

aplicação dos anestésicos locais (T0 - basal) e aos 10, 20, 30, 40, 50, 60, 70,

80, 90, 100, 110 e 120 minutos após a injeção dos anestésicos, representados

por T10 a T120 respectivamente, com exceção a temperatura retal que foi

avaliada em intervalos de 20 minutos T0 (basal), 20, 40, 60, 80, 100, 120

minutos respectivamente. As variáveis fisiológicas avaliadas foram:

1. Freqüência cardíaca (FC); (BPM); mensurada por meio de auscultação

com estetoscópio e monitor multiparamétrico que permitiu avaliar a

atividade elétrica do coração, em derivação bipolar II, à velocidade de 50

mm/s.

2. Freqüência respiratória (f); avaliado por meio da observação dos

movimentos respiratórios do arco costal.

3. Pressões arteriais sistólica, distólica e média (PAS, PAD e PAM);

(mmHg); aferidas continuamente por método invasivo com o uso de

monitor multiparamétrico, cujo transdutor foi posicionado e calibrado à

altura estimada do coração dos animais e conectado ao cateter intra-

arterial, instalado previamente na artéria metatársica do membro pélvico. 8 Cloridrato de ropivacaína 10mg/ml – Cristália Produtos Químicos Farmacêuticos Ltda, Itapira-SP. 9 Cloridrato de levobupivacaína 5mg/ml – Cristália Produtos Químicos Farmacêuticos Ltda, Itapira-SP.

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25

4. Temperatura retal (T); (C°); mensurado por intermédio de termômetro

clínico digital10.

A saturação da oxi-hemoglobina (SpO2) não foi realizada, pois os

animais permaneceram conscientes durante o período de avaliação, não

permitindo a instalação do sensor na língua, ou em outra mucosa

impossibilitando leitura contínua e fidedigna.

Avaliação motora e sensitiva

O período de latência, duração e a extensão do bloqueio foram avaliadas

das seguintes formas:

1. Latência motora; considerado o tempo em minutos entre o fim da

administração do anestésico local e a primeira manifestação de déficit

proprioceptivo, nos membros pélvicos ou torácicos.

2. Latência sensitiva; considerado o tempo em minutos entre o fim da

administração do anestésico local e o momento em que o animal não

esboçou reação ao estímulo álgico, realizado pelo pinçamento na pele

com pinça de Kocher11.

3. Grau de analgesia; Foi considerado de grau 2 (boa analgesia), quando o

animal permitiu fechar todos os dentes da cremalheira da pinça de

Kocher na pele e como grau 1 (analgesia leve) quando permitisse fechar

apenas o 1ª dente da cremalheira e grau 0 (sem analgesia) quando não

permitisse fechar nenhum dente da cremalheira. As regiões corporais

avaliadas foram:

• Região interdigital dos membros torácicos e pélvicos

• Região escapular e femoral

• Região do tórax de C7-T1 até T13-L1

• Região lombar de T13-L1 até L7-S1

• Região esternal e umbilical

• Região pélvica

10 Termômetro Clínico Digital TH 186, Glicomed Produtos Médicos Hospitalares, Duque de Caxias-RJ. 11 Pinça Kocher 20cm, Brasmed Ltda, Paulínia-SP.

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26

4. Avaliação do bloqueio motor; considerado o tempo em minutos a partir

do inicio do bloqueio, até o retorno dos movimentos.

5. Avaliação do bloqueio sensitivo; considerado o tempo em minutos a

partir do momento em que o animal não demonstrasse reação ao

estímulo álgico por meio do pinçamento da pele, até o momento que

houvesse reação ao estímulo doloroso, nas regiões (dermátomos)

avaliadas.

6. Extensão do bloqueio; considerado como a vértebra referente ao

metâmero bloqueado mais alto nas regiões torácica e lombar.

Reações adversas

Os pesquisadores ficaram atentos quanto à ocorrência de reações adversas

tais como; síndrome de Cloude Bernad Horner, postura de Shiff-Sherrington,

tremores, nistagmo, dentre outros. Caso houvesse algum episódio de

bradicardia (FC < 60 bpm) o tratamento pré estipulado foi atropina 0,04mg/kg

via intravenosa, no caso de hipotensão (PAM � 40mmHg) o tratamento pré-

estipulado foi de efedrina (dose: 0,3mg/kg) e em caso de hipotermia ( T < 36°)

utilização de bolsas térmicas.

Análise estatística

Para a avaliação das variáveis paramétricas utilizou-se análise de variância

unidirecional para medidas repetidas, comparando-se as médias dos

momentos ao longo do tempo, dentro de cada grupo (ANOVA/RM) e o Teste T

de Student para comparação entre os grupos, os valores foram

significativamente diferentes com valor de p � 0,05. A análise estatística

descritiva expressou em porcentagem a incidência de efeitos adversos,

extensão do bloqueio anestésico e o grau de analgesia.

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IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A opção do propofol como agente anestésico foi definida por sua

ação caracterizada por rápido início, curta duração, recuperação rápida e

suave (ILKIW et al., 1991). Estas características do fármaco garantiram que o

mesmo não interferisse nas funções fisiológicas dos animais, sobretudo no

momento T0 durante avaliação basal, pois permaneceram dentro dos valores

fisiológicos normais para espécie estudada.

Freqüência cardíaca (FC)

Não houve diferença estatística das variáveis comparando ao basal (T0),

no grupo levobupivacaína (GL) e grupo ropivacaína (GR). Também não houve

diferença significativa entre os grupos (Figura 1).

Tem po (m inu tos)

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120

Freq

uênc

ia c

ardí

aca

(bpm

)

80

85

90

95

100

105

110

115

120G rupo lev obup iv acaína G rupo rop iv acaína

Figura 1 – Representação gráfica dos valores das médias da freqüência cardíaca (FC) observada em

cães submetidos à anestesia epidural toraco-lombar com ropivacaína (GR) ou levobupivacaína (GL)

(2mg/kg). Uberlândia 2009.

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28

Pequena redução na freqüência cardíaca foi observada em ambos os

grupos, no entanto em nenhum dos grupos observou-se bradicardia. De acordo

com Veering et al. (2000), a redução na atividade cardíaca é esperada na AET,

em decorrência do bloqueio das fibras simpáticas para o coração (T1-T4). A

redução da atividade cardíaca foi observada por Hirabayashi et al. (1996), nos

animais submetidos a AET anestesiados com sevoflurano, porém não

observou-se episódios de bradicardia. Semelhante achado foi relatado por

Meissner et al. (2001), onde observou-se redução na atividade cardíaca em

10% nos cães submetidos ao bloqueio torácico, entretanto não ocorreram

alterações nos intervalos QRS, PR e QT tampouco arritmias, o que corrobora

com nosso estudo. Este fato parece reforçar o que diversos autores vêm

afirmando sobre a atividade antiarritimogênica da AET (KLASSEM et al., 1980;

BLOMBERG et al., 1988; NORBERT et al., 1996).

Pressão arterial sistólica (PAS)

Em ambos os grupos tratados com levobupivacaína ou ropivacaína,

durante todos os momentos após a administração epidural (T10 a T120) houve

diferenças significativas das variáveis em comparação a valores basais (T0).

Não houve diferença estatística das variáveis entre os grupos (Figura 2).

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29

Tempo (minutos)

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120

PA

S (

mm

Hg)

80

85

90

95

100

105

110

115

120

125

130

135

140

145

150

155

160

Grupo levobupivacaína Grupo ropivacaína

#

# # #

#

##

#

# #

# #

#

# ##

##

#

# # # ##

Figura 2 - – Representação gráfica dos valores das médias da pressão arterial sistólica (mmHg)

observada em cães submetidos à anestesia epidural toraco-lombar com ropivacaína (GR) ou

levobupivacaína (GL) (2mg/kg). Uberlândia 2009. (#) diferença significativa quando comparado ao T0.

Pressão arterial diastólica (PAD)

Houve diferença significativa em todas as variáveis (T10 a T120)

comparadas aos valores basais (T0) no grupo levobupivacaína, em

contrapartida não houve diferença nas variáveis no grupo da ropivacaína

comparadas ao basal. Também não foram observadas diferenças significativas

entre os grupos (Figura 3).

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30

T empo (m inu tos)

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120

PA

D (m

mH

g)

20

40

60

80

100

120G rupo lev obup iv acaínaG rupo rop iv aca ína

#

## #

## # #

#

# # #

Figura 3 - Representação gráfica dos valores das médias da pressão arterial diastólica (mmHg)

observada em cães submetidos à anestesia epidural toraco-lombar com ropivacaína (GR) ou

levobupivacaína (GL) (2mg/kg). Uberlândia 2009. (#) diferença significativa quando comparado ao T0.

Pressão arterial média (PAM)

Houve diferença significativa em todas as variáveis (T10 a T120)

comparadas aos valores basais (T0) no grupo da levobupivacaína, já o grupo

ropivacaína não apresentou diferença nas variáveis comparadas ao basal. Não

foram observadas diferenças significativas entre os grupos (Figura 4).

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31

Tempo (minutos)

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120

PA

M (m

mH

g)

40

60

80

100

120

140Grupo levobupivacaínaGrupo ropivacaína

#

## # #

# # ##

##

#

Figura 4 - Representação gráfica dos valores das médias da pressão arterial média (mmHg) observada

em cães submetidos à anestesia epidural toraco-lombar com ropivacaína (GR) ou levobupivacaína (GL)

(2 mg/kg). Uberlândia 2009. (#) diferença significativa quando comparado ao T0.

Nos dois grupos estudados, foram observadas reduções significativas

das pressões PAS, PAD e PAM, no entanto observou-se que os animais

tratados com a levobupivacaína a PAS e PAM, apresentaram diminuição mais

acentuada comparado aos valores basais que os animais tratados com

ropivacaína. A redução na pressão arterial deve-se ao extenso bloqueio das

fibras simpáticas e conseqüente diminuição das catecolaminas circulantes,

bem como pela redução na pré-carga e da resistência vascular sistêmica tanto

no bloqueio epidural torácico como no lombar. Indubitavelmente a anestesia

epidural na região torácica, repercute em reduções mais acentuadas da

pressão arterial em decorrência do bloqueio simpático em maior proporção,

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agravado pela diminuição da contratilidade do músculo cardíaco, secundário ao

bloqueio das fibras simpáticas para o coração (VIEIRA; VANETTI, 1982).

No estudo realizado por Funayama et al. (2003), onde realizou-se AET

em cães com mepivacaína 1%, verificou-se redução da atividade cardíaca e da

pressão arterial média, no entanto a pressão venosa central, vascular sistêmica

e a resistência vascular pulmonar não apresentaram alterações significativas.

De acordo com Hirabayashi et al. (1996), cães anestesiados com isoflurano

submetidos a AET com lidocaína 2%, apresentaram redução na pressão arterial

maior que animais submetidos a AEL. Constatação semelhante foi feito por

Shibata et al. (1989), que afirmaram que cães anestesiados com halotano 0,5%

e oxido nitroso a 50% submetidos a AET com mepivacaína 1%, apresentaram

quedas mais pronunciadas da PAM quando comparados aos animais que

receberam AEL, no entanto a pressão venosa central e capilar pulmonar não

apresentaram diferenças significativas entre os grupos.

Conforme as observações realizadas por Kopacz et al. (2000), pacientes

submetidos a anestesia epidural lombar com levobupivacaína 0,75% associado

a vasoconstritor apresentaram redução na pressão arterial sistólica em

aproximadamente 30% dos pacientes. Conforme Bergamaschi et al. (2005),

mulheres que receberam anestesia epidural lombar com bupivacaína

apresentaram queda superior à 23% na pressão arterial média comparado as

que receberam levobupivacaína.

A ropivacaína 0,5% associada ao fentanil, produziu redução na pressão

PAM inferior a 50 mmHg em 21% das pacientes submetidas a AET, em estudo

realizado por Nociti et al. (2002), já a anestesia epidural lombar realizada com

ropivacaína em cães não produziu repercussões significativas na pressão

arterial (DUKE et al., 2000; GASPARINI et al., 2007).

Freqüência respiratória (f)

Tanto o GR quanto o GL em todos os momentos (T10 a T120) avaliados

após a aplicação dos anestésicos mostraram diferenças significativas das

variáveis comparadas ao basal (T0), como observado na figura 2. No entanto,

não houve diferenças significativas das variáveis entre os grupos (Figura 5).

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Tempo (minutos)

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120

Fre

quên

cia

resp

irató

ria (

mrm

)

5

10

15

20

25

30

35

Grupo levobupivacaínaGrupo ropivacaína

# ## # # #

#

# # ##

#

# ## # # #

## # # # #

Figura 5 – – Representação gráfica dos valores das médias da freqüência respiratória (mrm) observada

em cães submetidos à anestesia epidural toraco-lombar com ropivacaína (GR) ou levobupivacaína (GL)

(2mg/kg). Uberlândia 2009. (#) diferença significativa quando comparado ao T0.

Pode-se constatar que todos os animais avaliados apresentaram

pequena redução nos movimentos respiratórios, no entanto os animais

permaneceram respirando sem dificuldade e se apresentaram normocorados

durante todo o período de avaliação, porém notou-se que amplitude da

expansão torácica diminuiu discretamente. De acordo com Brown e Factor

(1996), a AET causa impacto negativo na expiração ativa, em decorrência da

paralisia dos músculos abdominais e intercostais, diminuindo o volume de

reserva expiratório, o pico de fluxo expiratório e a ventilação minuto máxima.

Conforme Sugimori et al. (1993), a AET realizada com 0,1ml/kg de

lidocaína a 2% em nível de T6-T7 em cães anestesiados com tiopental, diminui

o volume corrente e volume ventilatório por minuto. Estas mudanças foram

acompanhadas pelo completo abolimento da atividade mioelétrica da

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musculatura paraesternal. Os autores concluem afirmando que a musculatura

respiratória da caixa torácica contribui consideravelmente para a manutenção

da ventilação de cães anestesiados. De acordo com Brichant et al. (1993), a

paralisia da musculatura respiratória, promoveu aumento da PaCO2 arterial e

diminuição do volume corrente, no entanto houve aumento da atividade

mioelétrica do diafragma de forma compensatória. Apesar da função

respiratória ser afetada pela paralisia dos “músculos respiratórios”, os

resultados clínicos e laboratoriais mostram que estas desordens trazem

repercussões pouco significantes para o organismo, no entanto é contra-

indicado em pacientes com desordens respiratórias.

No presente estudo, observou-se que a extensão cranial do bloqueio

alcançou metâmeros cervicais em ambos os grupos, porém não foi observado

sinais de desconforto respiratório nos animais experimentados. Sabe-se o

bloqueio a nível cervical pode acometer as raízes responsáveis pela formação

do nervo frênico (C3-C4-C5) e conseqüentemente repercutir na ação

diafragmática, que tem grande importância na mecânica respiratória, no

entanto de acordo com Stevens et al., (1998), avaliações espirométricas da

dinâmica respiratória indicaram testes pulmonares com alterações discretas em

pacientes hígidos submetidos a paralisia diafragmática. Conforme Urmey e

McDonald (1998), alteração na função diafragmática ocasiona diminuição do

volume corrente, na capacidade vital forçada, entretanto, a paresia e até

mesmo a paralisia total diafragmática não leva à insuficiência respiratória os

indivíduos sadios.

Temperatura retal (C°)

As variáveis no grupo da levobupivacaína apresentaram alterações

significativas dos valores em todos os momentos da avaliação comparado aos

valores basais (T0), já no grupo ropivacaína, observaram-se alterações

significativas nos momentos T80 e T100, quando comparados aos valores

basais. Não houve diferença significativa entre os grupos (Figura 6).

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35

###

#

#

#

#

Tempo (minutos)

0 20 40 60 80 100 120

Tem

pera

tura

(Gra

us C

elsi

us)

36,3

36,6

36,9

37,2

37,5

37,8

38,1

38,4

38,7

39,0

39,3G rupo lev obupiv acaínaG rupo ropiv acaína

# #

#

#

# ## #

Figura 6 - Representação gráfica dos valores das médias da temperatura retal (C°) observada em cães

submetidos à anestesia epidural toraco-lombar com ropivacaína (GR) ou levobupivacaína (GL) (2mg/kg).

Uberlândia 2009. (#) diferença significativa quando comparado ao T0.

Em ambos os grupos observou-se pequena redução na temperatura

retal. A anestesia epidural pode prejudicar o controle da termorregulação,

induzindo a ocorrência da hipotermia, principalmente em decorrência da

hipotensão com vasodilatação periférica (Matsukawa et al., 1995). Sabemos

que a temperatura ambiente pode agravar a perda de temperatura corporal, e

por esta razão, todos os animais estudados foram cobertos com mantas

térmicas, o que certamente garantiu que não ocorressem reduções mais

acentuadas da temperatura corporal.

Latência sensitiva e motora (minutos)

Observou-se diferença significativa (#) entre os grupos (p <= 0,05),

conforme tabela 1. Em relação ao retorno completo da sensibilidade e

motricidade de todos os dermátomos avaliados, houve diferença significativa

entre os grupos somente no que tange a motricidade (Tabela 2).

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Tabela 1 – Valores médios e desvios-padrão do período de latência sensitiva e motora (minutos), obtidos

durante o período de avaliação nos diferentes tratamentos (2mg/kg). Houve diferença significativa (#)

(p<=0.05) entre os grupos. Uberlândia, 2009.

Tratamentos G. levobupivacaína G. ropivacaína Latência sensitiva 2,25 ± 0,46 4,13 ± 0,84 (#) Latência motora 4,75 ± 0,88 7,13 ± 0,65(#)

Tabela 2 – Valores médios e desvios-padrão do retorno completo da motricidade e da sensibilidade

(minutos), obtidos durante o período de avaliação nos diferentes tratamentos (2mg/kg). Houve diferença

significativa (#) (p<=0.05) entre os grupos no retorno da motricidade. Uberlândia, 2009.

Tratamentos Grupo levobupivacaína Grupo ropivacaína Retorno sensibilidade 396,3 ±100,9 421,3 ±129,5 Retorno motricidade 477,5 ± 65,2 (#) 271,3 ± 97,17 (#)

Podemos constatar que os animais tratados com ropivacaína

apresentaram maior período de latência em relação aos animais tratados com

levobupivacaína. Atribui-se este fato a maior lipossolubilidade da

levobupivacaína, que possui esta propriedade comparada a bupivacaína

(MAZOIT et al., 1993).

Grau de analgesia e extensão do bloqueio

Avaliando o grau de analgesia, todos os animais em ambos os grupos

avaliados apresentaram boa analgesia (grau 2) na grande maioria da regiões

(dermátomos) avaliadas. Na avaliação da analgesia interdigital dos membros

torácicos (MT) e pélvicos (MP) o grau de analgesia encontrado foi inferior ao

grau 2 (Tabela 3).

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Tabela 3 – Valores percentuais dos graus de analgesia dos animais nas diferentes regiões corporais

avaliadas, em cães tratados com levobupivacaína (GL) ou ropivacaína (GR) via epidural toraco-lombar

(2mg/kg). Considerando MT como membros torácicos e MP como membros pélvicos. Uberlândia, 2009.

Grau de analgesia Região avaliada Grupo levobupivacaína Grupo ropivacaína Grau 2 Grau 1 Grau 0 Grau 2 Grau 1 Grau 0 Torácica 100% 0% 0% 100% 0% 0% Lombar 100% 0% 0% 100% 0% 0% Pélvica 100% 0% 0% 100% 0% 0% Umbilical 100% 0% 0% 100% 0% 0% Esternal 100% 0% 0% 100% 0% 0% Escapular 100% 0% 0% 100% 0% 0% Femoral 100% 0% 0% 100% 0% 0% Interdigital MT 12,5% 25% 62,5% 25% 50% 25% Interdigital MP 0% 25% 75% 0% 25% 75%

Em ambos os grupos avaliados a extensão cranial do bloqueio motor e

sensitivo foi além da 1ª vértebra torácica (T1) em todos os animais. Com

relação à extensão caudal do bloqueio, todos os cães de ambos os grupos

apresentaram bloqueio além da última vértebra lombar (L7).

Em relação ao período de bloqueio sensitivo, as variáveis dos grupos

apresentaram-se equivalentes, entretanto no que tange a motricidade, a

recuperação dos cães tratados com ropivacaína foi consideravelmente mais

rápida que os animais tratados com levobupivacaína, fato que ratifica que a

ação desse fármaco é dada por bloqueio das fibras nervosas envolvidas na

transmissão do estímulo doloroso (A� e C) em maior grau que as de função

motora (A�) (McCLELLAN; FAUlDS, 2000).

De acordo com Peduto et al. (2003), a ropivacaína 0,75% e a

levobupivacaína a 0,5%, mostraram bloqueio epidural com perfil clinico

semelhante em 75 pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos nos

membros inferiores. Em outra oportunidade, Casati et al. (2003), observaram

que não houve diferença no período de latência, na extensão e no retorno do

bloqueio sensitivo em pacientes que receberam ropivacaína ou

levobupivacaína na concentração de 0,5%. Entretanto constataram que o

bloqueio motor foi inferior nas pessoas tratadas com ropivacaína.

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O grau de analgesia foi considerado adequado na grande maioria dos

dermátomos avaliados em ambos os grupos. Entretanto os animais mostraram

analgesia de menor grau na região interdigital dos membros torácico e

pélvicos. Isto decorre devido ao fato do bloqueio não ter se estendido a todas

as fibras nervosas que inervam estas regiões. As fibras nervosas que formam o

plexo braquial são formadas por fibras que emergem dos ramos ventrais dos

últimos três nervos cervicais e dos dois primeiros nervos torácicos, deles se

originam os nervos musculocutâneo, ulnar, mediano e radial, que inervam todo

o membro (KITCHELL; EVANS, 1993). Portanto para se obter analgesia

completa do membro torácico é necessário que todas estas fibras sejam

bloqueadas pelo anestésico. O mesmo se aplica ao membro pélvico que tem a

inervação formada por fibras emergentes dos nervos lombares e sacrais.

Conforme Launo et al. (2003), a levobupivacaína 0,15% e a ropivacaína

0,2% associados ao fentanil produziram grau de analgesia e bloqueio motor

semelhantes em pacientes submetidos a cirurgia aórtica. Já Senard et al.

(2004), compararam a eficácia, doses requeridas, qualidade da analgesia e o

grau do bloqueio motor, observados durante infusão epidural de

levobupivacaína 0,1% ou ropivacaína 0,1% em combinação com morfina em

pacientes que foram submetidos a cirurgia abdominal. Constaram que a

analgesia e as doses requeridas foram muito semelhantes, no entanto os

pacientes do grupo levobupivacaína apresentaram déficit motor 28% maior que

o pacientes do grupo ropivacaína.

Reações adversas

A síndrome de Claude Bernard Horner ocorreu em todos os animais de

ambos os grupos. Os tremores e a síndrome de Shiff-Sherrington ocorreram

em ambos os grupos, no entanto, o último em menor proporção. Não

ocorreram episódios de bradicardia, apnéia e hipotermia. As incidências das

reações adversas estão descritas na tabela 4.

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Tabela 4. Valores percentuais da incidência de efeitos adversos dos cães tratados com levobupivacaína

(GL) ou ropivacaína (GR) pela via epidural toraco-lombar (2mg/kg). Uberlândia, 2009.

Efeitos Adversos Grupo Levobupivacaína Grupo ropivacaína Síndrome de Horner 100% 100% Tremores 37,5% 75% Síndrome de Schiff-Sherrington 25% 12,5%

Com relação à incidência de efeitos adversos, a síndrome de Claude

Bernard Horner foi a mais notória. Trata-se de um conjunto de sinais neuro-

oftálmicos que se originam após interrupção da inervação simpática de um ou

ambos os olhos, caracterizada por anisiocoria com miose do olho afetado,

protrusão da terceira pálpebra, ptose palpebral e enoftalmia (CHRISMAN,

1985). Provavelmente a síndrome ocorreu em detrimento do bloqueio dos

neurônios simpáticos pré-ganglionares responsáveis pela inervação do olho

que se localizam em metâmeros torácicos (T1-T4).

A síndrome de Schiff-Sherrington ocorre eventualmente em anestesia

epidural em decorrência da deposição do anestésico sobre os nervos espinhais

na região toraco-lombar, culminando em bloqueio dos mesmos. Caracteriza-se

pela extensão rígida dos membros torácicos e flacidez e fraqueza muscular dos

membros pélvicos, permanecendo todos os membros com sensibilidade à dor.

Os tremores musculares que eventualmente ocorrem nos pacientes

submetidos à anestesia epidural podem sugerir sinais de toxicidade. Também

podem ocorrer como resposta do reflexo termorregulador, numa tentativa do

organismo manter a temperatura corporal contrapondo-se à dissipação de calor

pela vasodilatação periférica decorrente do bloqueio simpático (OTERO, 2005).

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V. CONCLUSÕES

Nas condições do presente trabalho, conclui-se que a anestesia epidural

toraco-lombar promove excelente analgesia na grande maioria dos

dermátomos na região torácica e lombar. As variáveis fisiológicas apresentam

diminuições significativas, principalmente a pressão arterial. A ropivacaína e a

levobupivacaína mostram perfis clínicos semelhantes, exceto o retorno do

bloqueio motor, onde os animais do grupo ropivacaína mostraram bloqueio

motor consideravelmente inferior.

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APÊNDICE

Figura 1 – Distância (cm) compreendida entre os espaços L7-S1 (lombo-sacro) e T13-L1 (toraco-lombar)

Figura 2 – Idem figura 1 (maior aproximação)

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Figura 3 – Posicionamento do cateter epidural

Figura 4 – Posição do animal no momento da aplicação do anestésico local

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