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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E ZOOTECNIA FAAZ Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical ESTIMATIVA DA CAPACIDADE DE CAMPO E DO PONTO DE MURCHA PERMANENTE POR MEIO DE PEDOFUNÇÕES PARA O CENTRO SUL DE MATO GROSSO RAFAEL DE ANDRADE CARVALHO ROSSETI CUIABÁ MT 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA E ZOOTECNIA – FAAZ

Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical

ESTIMATIVA DA CAPACIDADE DE CAMPO E DO PONTO DE

MURCHA PERMANENTE POR MEIO DE PEDOFUNÇÕES PARA O

CENTRO SUL DE MATO GROSSO

RAFAEL DE ANDRADE CARVALHO ROSSETI

CUIABÁ – MT

2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA E ZOOTECNIA – FAAZ

Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical

ESTIMATIVA DA CAPACIDADE DE CAMPO E DO PONTO DE

MURCHA PERMANENTE POR MEIO DE PEDOFUNÇÕES PARA O

CENTRO SUL DE MATO GROSSO

RAFAEL DE ANDRADE CARVALHO ROSSETI

Engenheiro Agrônomo

ORIENTADOR: Prof. Dr. RICARDO SANTOS SILVA AMORIM

Dissertação apresentada ao programa de pós-graduação em Agricultura Tropical, da Universidade Federal de Mato Grosso, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Agricultura Tropical.

CUIABÁ – MT

2017

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A553e Andrade Carvalho Rosseti, Rafaelde.

ESTIMATIVA DA CAPACIDADE DE CAMPO E DO PONTO DE MURCHA PERMANENTE POR MEIO DE PEDOFUNÇÕES PARA O CENTRO SUL DE MATO GROSSO / Rafael de Andrade Carvalho Rosseti. -- 2017

47 f. :il. color. ; 30 cm.

Orientador: Ricardo Santos Silva Amorim. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Mato

Grosso, Faculdade de Agronomia e MedicinaVeterinária, Programa de Pós-Graduaçãoem Agricultura Tropical, Cuiabá, 2017.

Incluibibliografia.

1. Solos tropicais. 2. Funções de pedotransferência. 3.

Dados Internacionais de Catalogação na Fonte.

Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).

Permitida a reprodução parcial ou total, desde que citada a fonte.

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AGRADECIMENTOS

Ao professor Ricardo Santos Silva Amorim, que na condição de orientador

sempre demonstrou profissionalismo, dedicação atuando principalmente pelo

exemplo e respeito.

A Luis Augusto Di Loreto Di Raimo e Gilmar Nunes Torres pelo auxílio na

elaboração do trabalho e companheirismo.

A minha esposa Laís Braga Caneppele pelas contribuições inestimáveis,

paciência e suporte nas horas difíceis.

A Universidade Federal de Mato Grosso, a Faculdade de Agronomia e

Zootecnia e ao Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical pela

possibilidade de realização do mestrado.

A Secretaria de Estado de Agricultura Familiar e Assuntos Fundiários, em

nome do Secretário de Estado Suelme Evangelista Fernandes pelo apoio e

contribuição permitindo a minha participação do programa de mestrado.

Aos colegas e professores do curso, pela amizade e conhecimento

transmitido.

Aos meus pais Roque e Ildete a quem dedico este trabalho.

A Deus, que sempre me guiou e ajudou a manter motivado e entusiasmado

com as possibilidades de me desenvolver, me tornando um profissional e também

uma pessoa melhor.

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ESTIMATIVA DA CAPACIDADE DE CAMPO E DO PONTO DE MURCHA PERMANENTE POR MEIO DE PEDOFUNÇÕES PARA O CENTRO SUL DE MATO

GROSSO

RESUMO – Com a crescente demanda por alimentos, cresce também a

necessidade de utilizar os insumos com mais responsabilidade. Por isso é

necessário utilizar técnicas que permitam conhecer os atributos do solo, o que

possibilitamaior eficácia ao manejo. O ajuste de pedofunções é um método

alternativo para obter atributos do solo de difícil determinação, como a umidade

equivalente à capacidade de campo (θCC) e ao ponto de murcha permanente (θPMP).

Desta forma, objetivou-se como presente estudo obter pedofunções para estimar

θCCe θPMP para solos da região sul do estado de Mato Grosso. Para isso foram

coletadas 156 amostras de solo indeformadas, das quais 124 foram utilizadas para

geração das pedofunções e 32 para suavalidação e avaliação de seis pedofunções

obtidas em publicações. O método adotado para geração das pedofunções foi a

regressão múltipla passo a passo (Stepwise). Para a validação e avaliação, utilizou-

se o índice de concordância de Willmott, raiz quadrada do erro médio (RMSE),

coeficiente de correlação de Spearman e índice de concordância. As variáveis que

melhor explicam as variações de θCC são microporosidade, areia total, argila e

carbono orgânico total e para θPMP são areia total e argila. A partir de pedofunções

pode-se estimar θCC e θPMP para a região sul do estado de Mato Grosso. As

pedofunções ajustadas para localidades específicas apresentam melhor

desempenho quando comparadas com asdesenvolvidasem locais distintos.

Palavras chave: Solos tropicais, funções de pedotransferência, retenção de água,

atributos físico-hídricos.

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FIELD CAPACITY AND WILTING POINT ESTIMATION BY MEANS OF PEDOFUNCTIONS IN THE SOUTH OF MATO GROSSO STATE, BRASIL

ABSTRACT-Increasing food demand requires more attention with agricultural

supplies use. Therefore, it is necessary to use techniques that allow knowledge of

soil attributes, allowing a more efficient management. Pedofunctions adjustment is an

alternative method to describe soil attributes that are difficult determination, such as

field capacity (FC) and wilting point (WP). To facilitate the use of these attributes, the

present study objective develops pedofunctions for the estimation for FC and WP for

soils in the southern region of the state of Mato Grosso, Brazil. For this, 156

undisturbed soil samples were collected, of which 124 were used to generate the

pedofunctions and 32 for its validation. The method used to generate the

pedofunctions was stepwise multiple regression (Stepwise). Moreover, pedofunctions

of the literature were used to compare the performance between those generated in

this study and those developed for other regions. For the validation, the Willmott

concordance index, root mean square error (RMSE), Spearman correlation

coefficient and concordance index were used. Elaborated pedofunctions for specific

localities present better performance as compared to pedofunctions developed in

different places. From pedofunctions, FC and WP can be estimated for the southern

region of Mato Grosso state. The variables that best explain variations in FC are

microporosity, total sand, clay and total organic carbon and for θPMP are total sand

and clay.

Key words: Tropical soil, pedotransfer functions, water retention, physical hydric

attributes.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Localização geográfica dos pontos amostrados. ....................................... 25

Figura 2.Classe textural das amostras usadas para geração e validação das funções

de pedotransferência. ................................................................................................ 28

Figura 3. Gráficos de dispersão dos valores de θCC observados em laboratórios e

aqueles obtidos a partir das pedofunções (ajustadas no presente estudo e da

literatura) e os respectivos índices de avaliação. ...................................................... 36

Figura 4. Gráficos de dispersão dos valores de θPMP observados em laboratórios e

aqueles obtidos a partir das pedofunções (ajustadas no presente estudo e da

literatura) e os respectivos índices de avaliação. ...................................................... 37

Figura 5. Erros das estimativas para θCC a partir das pedofunções ajustadas no

presente estudo e obtidos da literatura, em comparação com os valores

determinados pelo método padrão. ........................................................................... 39

Figura 6.Erros das estimativas para θPMP a partir das pedofunções ajustadas no

presente estudo e obtidos da literatura, em comparação com os valores

determinados pelo método padrão. ........................................................................... 40

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1.Recursos utilizados para a produção de uma tonelada de soja em Mato

Grosso para os períodos de 2001-2005 e 2006-10: desmatamento, terra, carbono,

água, fósforo e potássio. ........................................................................................... 19

Tabela 2.Estatística descritiva das amostras, agrupadas pela classe de solo, que

compõem o banco de dados utilizado para no presente estudo. .............................. 26

Tabela 3.Funções de pedotransferência para capacidade de campo (-33 kPa)

obtidas na literatura. .................................................................................................. 32

Tabela 4.Funções de pedotransferência para ponto de murcha permanente (-1.500

kPa) obtidas da literatura. ......................................................................................... 32

Tabela 5. Coeficiente e respectivas significância da correlação entre as variáveis

dependentes (capacidade de campo e ponto de murcha permanente) e aquelas

variáveis independentes consideradas no presente estudo (avaliação, ajuste e

validação). ................................................................................................................. 34

Tabela 6. Variáveis preditoras (atributos do solo), coeficientes, significância e

coeficientes de determinação (R2) dos modelos gerados para estimar a capacidade

de campo (θCC) e ponto de murcha permanente (θPMP). ........................................... 34

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SUMÁRIO Página

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 11

2. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................ 15

2.1. ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO ................................................................ 15

2.1.1. Textura do solo ...................................................................................... 15

2.1.2. Estrutura do solo .................................................................................... 16

2.2. RETENÇÃO DE ÁGUA NO SOLO ............................................................... 18

2.3. CAPACIDADE DE CAMPO .......................................................................... 20

2.4. PONTO DE MURCHA PERMANENTE ........................................................ 21

2.5. PEDOFUNÇÕES.......................................................................................... 22

3. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................. 24

3.1. ÁREA DE ESTUDO...................................................................................... 24

3.2. DETERMINAÇÃO DOS ATRIBUTOS DO SOLO ......................................... 27

3.3. OBTENÇÃO DAS PEDOFUNÇÕES ............................................................ 29

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................................... 32

5. CONCLUSÕES ................................................................................................. 42

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 43

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1. INTRODUÇÃO

Estudo realizado pela Organização de Cooperação e Desenvolvimento

Econômico (OECD) e Fundação para Alimentação e Agricultura (FAO) das Nações

Unidas (ONU) (Oecd/Fao, 2015), estima que a população mundial deva crescer de

7,3 bilhões de pessoas em 2015 para 8,1 bilhões em 2025. Além do crescimento

populacional o êxodo rural também contribuirá para o aumento da demanda por

alimentos, já que a população do meio rural produz parte dos alimentos para

subsistência, o que não ocorre nos centros urbanos. Atualmente 54% das pessoas

habitam as cidades, em 2025 serão 58% das pessoas vivendo nos centros urbanos.

Esses fatores vão incentivar o aumento da oferta de alimentos, fibras e energia,

sendo que o Brasil será responsável por suprir 40% dessa nova demanda global

que será gerada (Oecd/Fao, 2015).

Por esse motivo existe perspectiva para o desenvolvimento agropecuário no

país e, consequentemente,para o estado de Mato Grosso, uma vez que esta

unidade federativa representa 26,3% da safra nacional de grãos, e tem possibilidade

para expandir muito essa produção (Latorraca et al., 2016). Segundo informação do

Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária – IMEA (Latorraca et al., 2016),

o estado ocupa a liderança nacional nos índices de produção e produtividade de

soja, milho e algodão, no entanto ainda há muito a ser desenvolvido. Existe

aproximadamente 15,6 milhões de hectaresde áreas ocupadas por pastagens em

Mato Grosso (Latorraca et al., 2016). Assim, o crescimento da produção será

viabilizado na expansão da agricultura para as áreas de pastagens,e a pecuária

seguiráum processo intensificação aumentando a taxa de lotação das pastagens e

ampliado o número de confinamentos. Porém não será apenas essa estratégia

capaz de desenvolver a agropecuária do estado a ponto de atingir a expectativa de

incremento de produção citada no trabalho da Oecd/Fao (2015).

A produtividade, que hoje é uns dos destaques alcançados pelos produtores

de commodities agrícolas, pode ser uns dos empecilhos. Afinal os métodos

adotados para elevar os níveis de produtividade têm alto impacto nosinvestimentos

financeiros, recursos naturais e ambientais. Girardello et al. (2014)discutem que a

compactação do solo sob sistema de plantio direto para soja tem influência na

produtividade e no custo de produção das culturas anuais. A principal justificativa

para esse efeito é a redução da capacidade de água disponível, devido ao

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estreitamento entre os limites de capacidade de campo (θCC) e ponto de murcha

permanente (θPMP).Nesses sistemas de cultivo a aplicação de insumos é adequada e

há rigoroso controle fitossanitário, porem para expressar o máximo de seu potencial

produtivo a planta não deve desperdiçar sua energia extraindo água do solo.

A θCCfoi definida por Veihmeyer e Hendrickson (1931), ao se buscar uma

aplicabilidade maior ao conceito de “equivalente de umidade”.Meyer e Gee

(1999)definiram θCC como o conteúdo de água retido no solo após o excesso ter sido

drenado e seu movimento tornar-se desprezível. A θCC engloba a faixa de conteúdo

de água vital para desenvolvimento das plantas e qualquer alteração no seu valor,

seja pela forma de se obter, ou pelas variações metodológicas, interfere no conteúdo

de água estimado no solo (Veihmeyer e Hendrickson, 1955). O entendimento da θCC

permite a utilização de um manejo, baseadona quantidade de água no solo, na

condição que o desenvolvimento radicular e a absorção de água sejam favorecido,

já que em todo ciclo de desenvolvimento a planta precisa de água em abundância.

As plantas possuem demanda hídrica constante e para atende-la retiram a

água disponível do solo, porém a maneira como a água retorna ao solo, através do

ciclo hidrológico, ocorre de forma descontínua(Reichardt, 1988). Por isso discute-se

quais são os limites de disponibilidade de água no solo. Nos períodos secos, as

plantas utilizam seus mecanismos para extrair ao máximo a água armazenada no

solo. Essa oferta de água para as plantas é conhecida como água disponível, sendo

a θCC o limite superior e θPMP o inferior. Em regiões temperadas, o conteúdo de água

aplicando-se tensão equivalente -33 kPa tem alta correlação com a θCC,

principalmente por causa da argila de alta atividade (Ruiz et al., 2003). O θPMP é

definido como o teor de água do solo, no qual as plantas perdem a turgescência das

folhas e não a recuperam mais, mesmo em ambientes saturados (Klein, 2014).

Porém, mesmo antes de atingir esse limite a produtividade é afetada. A dificuldade

em extrair a água armazenada no solo consome energia que poderia ser aplicada a

produção.

A determinação do θPMP também é um complicador para sua

utilização.Variáveis como a espécie de planta, solo e ambiente, precisam ser

consideradas e o método fisiológico é considerado como padrão. Contudo, aplicar

tensão equivalente a -1.500 kPa, possibilita estimar valores de umidade no solo

equivalentes ao θPMP. Assim é possível estimar os limites superior e inferior da água

disponível no solo, sem ter que utilizar a metodologia de determinação padrão.A

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determinaçãodessas característicaspor meio do método padrãodemanda tempo e

trabalho, o que pode inviabilizar a utilização dessa informação para o manejo das

culturas agrícolas (Ruiz et al., 2003).

A determinação adequada da θCC e θPMP é fundamental para o manejo

eficiente das culturas agrícolas, principalmente em áreas irrigadas (Dos Santos Brito

et al., 2011). Por isso, estimar esses valores pode ser uma alternativa viável, porém

não deve comprometer a confiabilidade da informação. Um valor determinado ou

estimado de maneira equivocada pode prejudicar a produção por déficit hídrico,

causar lixiviação de nutrientes e moléculas de pesticidas. Para solucionar esse

problemaé possível utilizar pedofunções, estastem sido utilizadas para estimar θCC e

θPMP(Givi et al., 2004).Desta maneira é possível utilizar o conhecimento sobre a

disponibilidade de água, proporcionando melhor aproveitamento da água.A

utilização eficiente da água contribui paraaumento da produtividade das commodities

no cerrado, sobsistema de sequeiro. Para isso é necessário aplicar com precisão as

pedofunções.

Oajuste de pedofunções é um método alternativo para estimaros atributos do

solo de difícil determinaçãoa partir de atributos de obtençãomais simples, como por

exemplo tamanho de partículas e carbono orgânico (Van Stiphout et al., 1987).O

termo pedofunções foi definido porVan Stiphout et al. (1987) como sendo uma

função que tem como dados de partida atributos básicos que descrevem o solo

(textura, a densidade global e o conteúdo de matéria orgânica), gerando como

resultado a retenção de água no solo.Inúmeras pedofunçõesjá foram desenvolvidas

e validadas, como os trabalhos desenvolvidos por Arya e Paris (1981), Lal (1978),

Reichardt (1988).Uma visão geral sobre várias pedofunções é dada no trabalho de

Mcbratney et al. (2002).

Porém ainda é necessário buscar maior confiabilidade para sua utilização

especifica. Conforme De Souza et al. (2014) e (Dashtaki et al., 2010), com o objetivo

de reduzir os erros de predição do atributo avaliado, pedofunções específicas não

devem ser extrapoladas para além da região do solo da classe para a qual foi

desenvolvida, visto que, quanto mais homogênea a classe dos solos que compõem

a base de dados da pedofunção, melhor será seu desempenho. No entanto é

importante mencionar que o efeito da mineralogia do solo pode, por vezes, se

sobrepor ao efeito da classe de solo neste contexto. Portanto objetivou-se com o

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presente estudo obter pedofunções para estimar θCCe θPMP para solos da região sul

do estado de Mato Grosso.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO

2.1.1. Textura do solo

As variáveis físico-hídricas são de grande importância para o estudo dos

solos, pois fornecem informações para o desenvolvimento de projetos de irrigação,

para o estabelecimento de sistemas de manejo, na análise quanto a sua

suscetibilidade à erosão, no manejo agrícola, bem como na elaboração de

pedofunções.

A textura do solo é a distribuição do tamanho das partículas neste. A escala

de tamanho varia muito, desde partículas grandes, visíveis a olho nu, até partículas

muito pequenas, que apresentam propriedades coloidais. A distribuição percentual

da argila, silte e areia é considerada, segundoKlein et al. (2006), a característica

física mais estável, e sua correlação com a superfície específica uma das

propriedades mais importantes deste. A textura faz parte de uma das principais

características dos horizontes e constitui as frações granulométricas que formam a

massa do solo(Rossato, 2001). A textura, juntamente com outras características,

sobretudo a composição mineralógica e o teor de matéria orgânica, estão

intimamente relacionados a estrutura, consistência, permeabilidade, capacidade de

troca de cátions, retenção de água e fixação de fosfatos.

A textura recebe grande atenção de técnicos e pesquisadores, especialmente

aqueles ligados à classificação do solo, muito utilizada nos sistemas taxonômicos

como um dos principais critérios para distinção de classes. Entre os vários fatores

que afetam a retenção de água no solo, o principal é a sua textura (Bortolini, 2016),

pois ela determina a área de contato entre a água e as partículas sólidas,

ocasionando acomodação das partículas e a distribuição da porosidade. Rossato

(2001)estuda a retenção de água em solos com diferentes manejos, observou que

as frações granulométricas mais finas foram aquelas que mais influenciaram a

retenção de água nesses trabalhos de três classes texturais, este autor observou

que um solo muito argiloso apresentou maior quantidade total de água armazenada

no perfil quando comparado a um solo de textura francoarenosa. No entanto, a

disponibilidade de água às plantas foi maior outro de textura franco arenosa.

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2.1.2. Estrutura do solo

A estrutura de um solo é o arranjo das partículas e à coesão das partículas

para formação de agregados. A estruturaé de grande importância para as plantas,

uma vez que ela influencia a movimentação de água, aeração, densidade e

porosidade (Lipiec e Hatano, 2003)Essa é uma propriedade importante no

funcionamento do solo, na sua capacidade de suporte à vida animal e vegetal,

sendo um indicador de qualidade do solo(Bronick e Lal, 2005). Um solo que não é

bem estruturado apresenta problemas na disponibilidade de água e oxigênio de

maneira adequada ao desenvolvimento das plantas. A estrutura é uma propriedade

que atua como importante fator na aeração, garantindo a presença de oxigênio

capaz equilibrar o excesso de gás carbônico da atmosfera do solo, eliminado pelas

raízes e microrganismos.

A estrutura pode ser avaliada pela distribuição de tamanho, pela quantidade e

pela estabilidade de agregados. Solos arenosos não formam agregados estáveis

como ocorre com os argilosos, sendo chamados de solos com estrutura de grãos

simples ou sem estrutura. A estrutura é instável, facilmente ele pode tornar-se

compacto e pouco permeável. A importância da estrutura ocorre devido a influência

dela sobre os parâmetros físicos (aeração, capacidade térmica, retenção de água e

impedimento mecânico), na atividade biológica do solo, na disponibilidade de

nutrientes para as plantas e na decomposição da matéria orgânica (Klein et al.,

2006).

Segundo Reinert e Reichert (2006), considerando que a textura de um solo é

uma característica pouco variável no tempo e muito pouco afetada pelo manejo, as

alterações físicas provocadas são associadas à estrutura. Ainda segundo os

autores, em sistemas irrigados, o manejo inadequado da água pode gerar limitações

de falta de ar para as plantas, pelo excesso de aplicação de água, ou acelerar a

compactação, provocado pelo tráfego de máquinas em solos úmidos em estado de

maior susceptibilidade à compactação. Entre as partículas e agregados existem

espaços vazios, que surgiram devido ao arranjamento, distribuição e da orientação

das partículas do solo, que podem armazenar água e ar para o desenvolvimento do

sistema radicular das plantas e dos microrganismos.

O volume total de poros é denominado de porosidade total do solo (Pt). A Pt

do solo pode der dividida em microporosidade e macroporosidade. O espaço poroso

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é determinado principalmente por sua textura e estrutura (Rossato, 2001). Solos

arenoso apresentam Pt reduzida, devido à tendência de as partículas

permanecerem em contato. Em solos de textura média, nos quais é comum a

ocorrência de agregados porosos e elevado teor de matéria orgânica, o espaço

poroso é abundante. O movimento livre do ar e da água ocorre por meio dos

macroporos. Por outro lado, nos microporos, o movimento do ar é dificultado,

enquanto que o da água ocorre principalmente pela capilaridade. Dessa forma,

apesar de os solos arenosos apresentarem reduzida porosidade total, o movimento

do ar e da água é rápido, em função da predominância de macroporos. Já em

textura fina, apesar de haver grande espaço poroso, o movimento dos gases e da

água é relativamente lento, devido à presença predominante de microporos(Klein et

al., 2006).

A distribuição do tamanho de poros afeta a capacidade de armazenamento e

o movimento da água no solo. Essa distribuição depende da textura e da estrutura e

pode ser obtida através da curva característica de água. Outro atributo importante a

ser considerado na avaliação da qualidade estrutural é a densidade (Ds). A Ds é

afetada por sistemas de manejo que alteram o espaço poroso, principalmente os

macroporos, influindo nas propriedades físico-hídricas, como a porosidade de

aeração, a retenção de águano solo, a disponibilidade dessa às plantas e a

resistência à penetração (Klein et al., 2006).

A ação antrópica tende a elevar a Ds na camada superficial, em função das

alterações que ocorrem na estrutura do solo. Em áreas sob sistema plantio direto,

esse efeito é mais evidente, pois o revolvimento do solo é mínimo, podendo ser

considerado uma consequência natural dessa técnica. De acordo com (Reichert et

al., 2009), um aumento na Ds não é necessariamente prejudicial às culturas, porque,

em certos limites, esse aumento pode contribuir para o armazenamento de água e

para a capacidade de suporte de carga do solo. No entanto, se a elevação da Ds

atingir níveis críticos, prejuízos começam a ocorrer na produtividade das culturas,

em função do surgimento da compactação do solo. Para a irrigação, a Ds possui

fundamental importância, pelo fato de possibilitar a transformação do conteúdo

gravimétrico de água no solo em altura de lâmina de irrigação, parâmetro básico

para o dimensionamento e manejo de sistemas de irrigação.

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2.2. RETENÇÃO DE ÁGUA NO SOLO

A discussão a respeito do uso dos recursos naturais de forma sustentável tem

se tornado cada dia mais recorrente, por isso tem produzido pesquisas que

possibilitem utilizar de forma racional os recursos disponíveis. A água está entre os

principais recursos naturais mais utilizados, e entre eles provavelmente é mais

requeridona agricultura. A água no solo torna os estudos agronômicos muito

importantes, principalmente por causa da agricultura, afinal sem essa atividade a

civilização como conhecemos não é possível. Conhecer essaágua possibilita utilizar

com mais eficácia esse recurso, que por causa do ciclo da água da distribuição

irregular das chuvas tem se tornado cada vez mais irregular e, portanto,

problemático.

O solo é responsável pela disponibilidade de água às plantas, recarga do

lençol freático e cursos hídricos. A movimentação da água no solo é resultado da

interação dos atributos e características do solo, portanto, em todos os cultivos

agrícolas é necessário conhecer as características e atributos destes solos,visto que

cada ambiente possui suas características e peculiaridades, resultando disso

diferenças na capacidade de armazenamento e disponibilidade de água(Bortolini,

2016).

A complexidade dos sistemas que envolvem a disponibilidade de água pode

ser elucidada pelo trabalho de Lathuillière et al. (2014), no qual discute oconsumo de

água, nutrientes e carbono necessários para produção de grãos, como exposto na

Tabela 1. O volume de água requerido por quilogramas de grãos produzido é muito

alto (Tabela 1), esse resultado corroborando com os resultados apresentados no

trabalho de Bortolini (2016), que além dos outros insumos estima ser necessário

2.000 litros de águapara produzir 1 quilograma de soja em grãos. Essa elevada

demanda hídrica pode se tornar ainda maior para permitir que se alcance

produtividade elevadas, o que destaca a importância do uso racional deste recurso,

já que sua distribuição irregular não permite um uso irrestrito e indiscriminado, há

que se considerar o impacto gerado pela utilização de todos os outros insumos

necessários para a produção agrícola.

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Tabela 1. Recursos utilizados para a produção de uma tonelada de soja em Mato

Grosso para os períodos de 2001-2005 e 2006-10: desmatamento,

carbono, água, fósforo e potássio.

PERÍODO DESMATAMENTO EMISSÃO DE C ÁGUA FÓSFORO (P) POTÁSSIO (K)

(m2 ton-1 ano-1) (ton CO2 -eq ano-1 ton-1) (m3 ano-1 ton-1) (kg ano-1 ton-1) (g ano-1 ton-1)

2001-2005 455 19,9 1.908 4 0,0042

2006-2010 97 4,6 1.908 6 1,1

Fonte: produção do próprio autor, adaptado deLathuillière et al. (2014)

Além do armazenamento de água, é importante que o solo seja capaz de

disponibilizar água armazenada às plantas, para que a demanda hídrica da cultura

seja atendida. Solos com alta capacidade de disponibilizar água as plantas como os

solos mais argilosos ou siltosos, possuem vantagem produtiva se comparada aos

solos com menor capacidade, principalmente em épocas de déficit hídrico, pois essa

maior capacidade de disponibilidade de água permitirá que a demanda hídrica das

plantas sejam atendidas por ummaior período (Da Costa et al., 2013).

Essa capacidade de armazenar e fornecer água à planta estárelacionada ao

estado energético da água no sistema solo-planta-atmosfera. O potencial de água

no solo ilustra o estado energético da água no solo, sendo este por sua vez

resultante de dois componentes principais: o potencial matricial (ψm),que tem origem

na adsorção e na capilaridade da matriz do solo, e o potencial gravitacional,

resultante da ação do campo gravitacional da Terra (Rossato, 2001).

Em solos com alta concentração salina, ou acúmulo de minerais provenientes

da adubação, o potencial osmótico também pode ser importante e somar-se aos

anteriores, resultando em potencial total mais negativo. Em geral, o potencial

gravitacional se evidencia quando a água está livre no solo, provocando a sua

descida por drenagem (percolação). O potencial matricial se acentua à medida que o

solo vai secando, tornando-se mais negativo, indicando que a água vai sendo retida

com maior energia pela matriz do solo (Klein, 2014).

Como o solo possui uma variedade de poros de diferentes formas e

diâmetros, o comportamento destes não será idêntico, sendo que há um

esvaziamento primeiro de poros de maiores diâmetros e depois de poros de

menores diâmetros, os quais retém a água com uma maior energia. A adsorção é

dependente da espessura do filme de água que recobre a superfície das partículas

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do solo, sendo dependente, portanto das características específicas destas como a

área superficial específica (Klein, 2014).

2.3. CAPACIDADE DE CAMPO

O máximo volume de água que o solo pode comportar é expresso pela

umidade de saturação, também representado como volume total de poros, assim

descrita como porosidade total do solo. Uma vez saturado o solo, com o início do

secamento há a ação do potencial gravitacional (ψg) até que a umidade atinja a

capacidade de campo (θCC; ψm de -10 kPa em solos arenosos ou -33 kPa em solos

argilosos e francos),o que corresponde à umidade do solo retida em um perfil não

vegetado e coberto (sem efeito de evapotranspiração), após sua saturação com

água e drenagem por alguns dias, sendo equivalente a água retida em tensão maior

que a força da gravidade.

O potencial matricial ψm a ser considerado como θCC é discutível. O conceito

de capacidade de campo (θCC) provém de observações a campo de umidade do

solo, e se procurou relacioná-la com a drenagem natural do solo após ser saturado.

Sendo que o primeiro representaria a θCC em solos de textura arenosa, e mais

recentemente tem se considerado este ψm para latossolos, por sua estrutura

granular, e estes por possuírem maior heterogeneidade estrutural no perfil e

apresentarem condutividade hidráulica que decresce rapidamente e juntamente com

o fluxo de água, e o segundo em solos de textura argilosa e franca (Rossato, 2001).

Com a continuidade do secamento do solo chegará ao ponto de murcha

permanente (θPMP; ψm de -1.500 kPa), o qual corresponde a umidade do solo na qual

as plantas cultivadas murchame não conseguem se recuperar quando colocadas em

uma atmosfera aproximadamente saturada com vapor de água, sem a adição de

água no solo. Esses conceitos foram inicialmente definidos por Veihmeyer e

Hendrickson (1931).

A capacidade do solo em disponibilizar água às plantas se refere ao volume

de água disponível (AD), o qual é calculado pela diferença entre a θCC (ψm de -10 ou

-33 kPa) e o θPMP (-1500 kPa). A máxima produtividade de culturas é obtida em

potenciais iguais ou ligeiramente inferiores a θCC, mostrando a importância da

retenção de água no solo dentro da zona da água disponível. O volume de poros

que é responsável pela drenagem gravitacional da água no solo está entre o volume

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total de poros e o volume de poros na θCC. O volume de água retida à ψm mais

negativo que o θPMPaté o solo seco é denominado de água indisponível às plantas

(Bortolini, 2016).

O potencial matricial ψm a ser considerado como θCC é discutível. O conceito

de capacidade de campo (θCC) provém de observações a campo de umidade do

solo, e se procurou relacioná-la com a drenagem natural do solo após ser saturado.

Por conta da dificuldade de ser mensurada a campo, e em laboratório haver maior

praticidade, para a θCC foram introduzidos de forma arbitrária os potenciais de -10 ou

-33 kPa para a sua determinação. Sendo que o primeiro representaria a θCC em

solos de textura arenosa, e mais recentemente tem se considerado este ψm para

latossolos, por sua estrutura granular, e estes por possuírem maior heterogeneidade

estrutural no perfil e apresentarem condutividade hidráulica que decresce

rapidamente e juntamente com o fluxo de água, e o segundo em solos de textura

argilosa e franca (Rossato, 2001).

Em condições de campo, a retenção da água após o solo ser saturado sofre a

influência de outros fatores do sistema, e não somente a ação da força gravitacional.

Fatores como drenagem, evapotranspiração, acréscimo de água ao sistema por

irrigaçãoe lâmina de água aplicada, chuva, orvalho, a estrutura ao longo do perfil,

textura e seu gradiente, condutividade hidráulica, umidade que o solo se encontrava

antes da saturação, entre outros fatores afetam a determinação da θCC(Ghorbani et

al., 2017).

2.4. PONTO DE MURCHA PERMANENTE

O θPMP leva em consideração a capacidade que a planta tem em extrair a

água retida ao solo e, se o volume de água de um solo ficar retido em potenciais

matriciais inferiores ao θPMP, a planta não teria condições de absorver a água. No

entanto o valor usual para a determinação doθPMP não leva em consideração o fato

que diferentes espécies vegetais possuem diferentes respostas a absorção da água

no solo e, portanto, cada uma terá um potencial matricial que seja o seu θPMP. Klein

(2014)encontraram θPMP de -0,25 a -0,35 MPa para soja e feijão. A curva de

retenção de água no solo pode estar associada a alguma propriedade do solo

(granulometria, estrutura, carbono orgânico, consistência, área superficial

específica), sendo o volume de água dependentes destas características.

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Desta forma considera-se que a água retida a ψm menos negativo está

relacionada à estrutura do solo, e ao efeito da matéria orgânica no solo. A água

retida a ψm mais negativo está relacionada com a granulometria do solo,

principalmente o teor de argila, área superficial específica, e com os tipos de

argilominerais presentes (Gupta e Larson, 1979). Retratando os estudos evolutivos

do ponto de murcha permanente, relevou a ideia que o fenômeno depende de

fatores de solo (condutividade hidráulica, difusividade, relações entre umidade e

potencial), da planta (densidade das raízes, profundidade, taxa de crescimento das

raízes, fisiologia da raiz, área foliar) e da atmosfera (déficit de saturação, vento,

radiação disponível) (Reichardt e Timm, 2004).

2.5. PEDOFUNÇÕES

Dados referentes a propriedades hidráulicas do solo são muito importantes, e

vem sendo utilizadas em modelos matemáticos variados, hidrológicos e de solo, mas

a avaliação em laboratório, ou coletas dessas características hidráulicas do solo são

onerosas e demandam tempo, isso tornar inviável sua utilização sob alta demanda.

Como proposta para superar essas dificuldades, alguns pesquisadores propuseram

modelos para estimar de forma indireta a retenção de água no solo que são

conhecidos por equações ou funções de pedotransferência (Pachepsky e Rawls,

1999).

De forma aplicada se entende como equação de pedotransferência,

funções/modelos matemáticos com dados de propriedades do solo de fácil obtenção

e preferencialmente de baixo custo, para estimar de forma precisa outras

propriedades do solo de difícil obtenção. Desde então vários trabalhos que visam a

construção de funções de pedotransferência foram desenvolvidos. Dessa forma, as

funções de pedotransferência buscam suprir demandaspor dados e informações

importantes sobre as propriedades e características de solos e com uso importante

na modelagem de sistemas agrícolas e ecológicos. São várias as classificações

envolvendo funções de pedotransferência, dependendo da abordagem, tipos e

métodos para seu desenvolvimento.

Quanto ao uso Budiman et al. (2003) dividem as funções de

pedotransferência em duas abordagens, sendo uma estática e outra dinâmica. A

primeira visa estimar outras propriedades do solo; na segunda visa usá-las para

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estimar outras propriedades do solo que são usadas como entrada em modelos de

simulação ou de suporte à decisão. Quanto ao tipo e quantidade de informações

disponíveis Wösten et al. (2001)classifica as funções de pedotransferência em dois

tipos: funções de pedotransferência de classe: são usadas para estimar

propriedades dentro de determinados grupos ou classes taxonômicas, texturais

entre outras.

Quando se trabalha com funções de pedotransferência para estimativa da

retenção de água, estas podem ser divididas em três tipos, conforme Budiman et al.

(2003):

• Pontuais: uma função empírica que visa estimar o conteúdo de

água num determinado potencial matricial. Os potenciais mais

frequentemente estimados são a θCC e θPMP.

• Paramétricas: esta é baseada na pressuposição que a relação

entre conteúdo de água e potencial matricial pode ser descrita

de forma adequada através de uma equação que tenha um

determinado número de parâmetros.

• Modelos físico-empíricos: nessa técnica a curva de retenção de

água no solo é derivada de propriedades físicas.

As regressões não lineares estendidas visam superar o problema de

interdependência entre os parâmetros dos modelos hidráulicos em funções de

pedotransferência paramétricas (Da Costa et al., 2013). Diante de tantos modelos

disponíveis de funções de pedotransferência, se deve tomar o cuidado de saber que

são distintos os resultados conseguidos através delas em função do conjunto de

dados a qual vai ser aplicada. (Da Costa et al. (2013))alerta quanto ao uso de

funções de pedotransferência construídas em outras regiões. Essas não devem ser

interpoladas ou extrapoladas além do material de origem ou do tipo de solo para o

qual elas foram desenvolvidas. Deve ser feita uma estratificação para estabelecer

separações das funções de pedotransferência baseadas no tipo de solo, e nas

informações de entrada dos modelos. Também deve ser realizada uma calibração

para ajustar propriedades medidas e disponíveis com aquelas exigidas como

variáveis preditoras, por causa das diferenças nos critérios e medidas das funções

de pedotransferência existentes.

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. ÁREA DE ESTUDO

O presente estudo foi desenvolvido no estado de Mato Grosso, localizado na

região Centro-Oeste do Brasil, com área total de aproximadamente 93 milhões de

hectares (Ibge, 2015). O estado de Mato Grosso possui o clima característico, com

chuvas no verão e inverno seco(Machado et al., 2016). A partir de dados das

estações convencionais do INMET, Souza et al. (2013) também identificou os dois

períodos, sendo que as precipitações totais anuais variam de 1.200 a 2.000mm

dependendo dos pontos observados, os valores são mais elevados nas regiões

Norte e MédioNorte do Estado e nas regiões com altitudes próximas a800m.As

coordenadas 15º37’19,4”S e 55º10’29,6”W pertencem ao município de Campo

Verde, que possui altitude média de 735m. De acordo com a classificação de Nimer

(1979),o clima do local é o tropical quente e semiúmido, com temperatura variando

entre 18ºC e 24ºC, sendo a máxima de 34ºC, com quatro meses de seca, de maio a

agosto (Ibge, 2015).

As classes de solos que predominam no estado de Mato Grosso são

Latossolos, Argissolos e Neossolos, abrangendo, respectivamente, 41%, 25% e 13%

da área total do Estado(Seplan-Mt, 2003), portanto, considerando as principais

classes de solos que ocorrem no estado realizou-se a escolha dos solos para o

desenvolvimento do estudo.Ao todo foram coletadas 156 amostras indeformadas, as

regiões de coleta de amostras estão em destaque na Figura 1.Na Tabela 2 consta a

estatística descritiva do conjunto de amostras de solo, separadas por classe de solo,

essas informações foram utilizadas para o ajuste das pedofunções.

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Figura 1. Localização geográfica dos pontos amostrados.

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Tabela 2.Estatística descritiva das amostras, agrupadas pela classe de solo, que compõem o banco de dados utilizado para no

presente estudo.

Ds AT Silt Arg PT Mac Mic CO 33kPa 1.500kPa

ARGISSOLO

Média 1,1213 20,1258 35,1075 44,7667 0,5405 0,1909 0,3496 1,8667 0,3101 0,2213 Mediana 1,0652 18,5023 32,5977 48,9000 0,5681 0,1835 0,3505 1,5500 0,2996 0,2305 Desvio Padrão 0,1396 4,4349 6,1937 10,4241 0,0704 0,0653 0,0406 0,8884 0,0534 0,0440 Variância 0,0190 19,6680 38,3620 108,6610 0,0050 0,0040 0,0020 0,7890 0,0030 0,0020 Amplitude 0,3029 9,5286 13,1714 22,7000 0,1499 0,1553 0,0736 1,6900 0,1183 0,1020 Mínimo 1,0260 16,9850 31,0316 29,2833 0,4379 0,1208 0,3118 1,1800 0,2614 0,1610 Máximo 1,3288 26,5136 44,2030 51,9833 0,5878 0,2760 0,3854 2,8700 0,3797 0,2630

CAMBISSOLO

Média 1,4806 77,1640 6,0415 16,7944 0,3984 0,1346 0,2638 1,4317 0,1869 0,0933 Mediana 1,4641 77,0390 6,0591 16,5833 0,3943 0,1494 0,2441 1,2125 0,1855 0,0940 Desvio Padrão 0,0364 1,2737 0,3453 1,0987 0,0155 0,0263 0,0414 0,7836 0,0198 0,0040 Variância 0,0010 1,6220 0,1190 1,2070 0,0000 0,0010 0,0020 0,6948 0,0000 0,0000 Amplitude 0,0670 2,5381 0,6900 2,1667 0,0302 0,0459 0,0754 3,0032 0,0396 0,0080 Mínimo 1,4554 75,9575 5,6877 15,8167 0,3854 0,1042 0,2360 0,6458 0,1678 0,0890 Máximo 1,5224 78,4956 6,3777 17,9833 0,4155 0,1501 0,3113 3,6490 0,2075 0,0970

LATOSSOLO VERMELHO AMARELO

Média 1,1769 27,5304 18,7924 53,6772 0,5719 0,1388 0,4332 2,0779 0,3572 0,1631 Mediana 1,1398 21,0702 20,3068 56,2228 0,5833 0,1402 0,4487 1,8393 0,3698 0,1765 Desvio Padrão 0,1492 17,8093 7,5965 13,2965 0,0645 0,0461 0,0732 1,1405 0,0706 0,0404 Variância 0,0220 317,1710 57,7060 176,7960 0,0040 0,0020 0,0050 1,3010 0,0050 0,0020 Amplitude 0,7604 77,4326 31,7346 68,4646 0,3736 0,2031 0,3767 7,2952 0,3560 0,2160 Mínimo 0,8059 14,2684 2,3157 5,9833 0,3625 0,0425 0,1586 0,6400 0,0905 0,0400 Máximo 1,5663 91,7010 34,0503 74,4479 0,7362 0,2456 0,5353 7,9352 0,4465 0,2560

LATOSSOLO VERMELHO ESCURO

Média 1,1898 23,6021 25,3479 51,0500 0,5122 0,1349 0,3773 1,1083 0,3220 0,2333 Mediana 1,1926 22,8808 22,6025 54,5167 0,5194 0,1377 0,3817 0,8650 0,3256 0,2340 Desvio Padrão 0,0341 3,9889 7,0719 11,0170 0,0171 0,0401 0,0245 0,7502 0,0165 0,0120 Variância 0,0010 15,9120 50,0120 121,3730 0,0000 0,0020 0,0010 0,5630 0,0000 0,0000 Amplitude 0,0681 7,8794 13,3206 21,2000 0,0318 0,0801 0,0483 1,4400 0,0323 0,0240 Mínimo 1,1543 20,0231 20,0603 38,7167 0,4927 0,0934 0,3509 0,5100 0,3040 0,2210 Máximo 1,2224 27,9025 33,3808 59,9167 0,5245 0,1736 0,3992 1,9500 0,3364 0,2450

NEOSSOLO QUARTZARÊNICO

Média 1,5235 88,0928 1,7201 10,1871 0,4488 0,2964 0,1525 0,6740 0,1104 0,0256 Mediana 1,5387 87,9727 1,5853 10,3595 0,4512 0,2977 0,1457 0,5955 0,0997 0,0217 Desvio Padrão 0,0864 2,3479 1,0469 1,9790 0,0375 0,0419 0,0362 0,3552 0,0358 0,0144 Variância 0,0070 5,5130 1,0960 3,9170 0,0010 0,0020 0,0010 0,1260 0,0010 0,0000 Amplitude 0,3885 16,8792 4,6593 13,3467 0,1794 0,2171 0,2190 1,5878 0,1985 0,0662 Mínimo 1,2825 79,1580 0,0193 2,8167 0,3482 0,1608 0,0832 0,2530 0,0636 0,0118 Máximo 1,6710 96,0373 4,6786 16,1633 0,5276 0,3779 0,3021 1,8408 0,2621 0,0780

Fonte: produção do próprio autor; 1-Densidade do solo, expressa na unidade g cm-3; 2-Areia Total expressa em porcentagem %; 3-Silte, expresso em porcentagem %; 4-Argila, expressa em porcentagem; 5-PT-Porosidade Total, expressa em cm3 cm-3; 6-Macroporosidade, expressa em cm3 cm-3; 7-Microporosidade, expressa em cm3 cm-3; 8-Carbono Orgânico, expressa em dag Kg-1; 9-Pressão equivalente a θCC; 10-Pressão equivalente ao θPMP.

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3.2. DETERMINAÇÃO DOS ATRIBUTOS DO SOLO

As informações utilizadas para o desenvolvimento do trabalho foram em um

de banco de dados da Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical, para

formação deste banco de dados foram coletadas 156 amostras indeformadas, nas

profundidades de até 60 cm (0 a 10; 10 a 20; 20 a 30; 20 a 40; 35 a 45; e 40 a 60).

Coletaram-se amostras com estrutura preservada, com o auxílio de um extrator

conhecido como mostrador de kopeck. Para a determinação da microporosidade, da

densidade do solo (Ds), foram utilizadas as informações obtidas através das

análises dessas amostras indeformadas.

Para as análises granulométricas e de densidade de partículas (Dp), foram

coletadas amostras de solo com estrutura deformada, na porção mediana de cada

camada do perfil do solo. Determinações analíticas de textura, Dp, Ds e porosidade

foram realizadas conforme métodos descritos no manual de análises de solo da

conforme descrito por Donagema et al. (2011),considerando também informações

relevantes sugeridas por Ruiz (2005). Para a análise da textura do solo, utilizou-se o

método pipeta. A Dp foi obtida pelo método do balão volumétrico, e a Ds, pelo

método do anel volumétrico. Foi plotando os dados da análise granulométrica dos

solos estudados no triangulo textural (Figura 2), o conjunto de dados (utilizados na

avaliação/validação e ajuste das pedofunções) estão contempladas as seguintes

classes de textura do solo:muito argilosa, argilosa, média argilosa, areia, areia

franca, franco arenosa e média siltosa.

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Figura 2.Classe textural das amostras usadas para geração e validação das funções

de pedotransferência.

No laboratório, as amostras de solo com estrutura preservada foram

saturadas durante 48 horas e depois pesadas. Posteriormente, as amostras

seguiram para a mesa de tensão, onde foram submetidas à tensão de 1 kPa por 48

horas e à tensão de 6 kPa por mais 48 horas(Reinert e Reichert, 2006). A

porosidade total (Pt) foi calculada a partir da Ds e Dp. A macroporosidade foi

calculada pela diferença entre a Pt e a Microporosidade. As amostras de solo, ainda

com estrutura preservada, seguiram para o aparelho extrator de água idealizado por

Richards (Klute, 1986), onde permaneceram por um período de 96 horas na tensão

de 33 kPa e outras 96 horas na tensão de 100 kPa, para a obtenção do conteúdo de

água do solo nos potenciais de -33 e -100 kPa, respectivamente. Depois disso, as

amostras foram colocadas na estufa a 105°C para secagem até massa constante.

O conteúdo de água das amostras de solo nos potenciais de -500, -1.000 e -

1.500 kPa foi analisado em amostras com estrutura alterada, por meio de

psicrometria, utilizando WP4 (Gubiani et al., 2014). A umidade volumétrica para

esses potenciais (-500, -1.000 e -1.500 kPa) foi obtida pela multiplicação das

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respectivas umidades gravimétricas pela densidade do solo correspondente à

camada amostrada. Para essa avaliação, utilizaram-se de cinco a sete amostras de

solo com estrutura deformada, as quais foram secas ao ar, umedecidas com água

com uso de borrifador, pesadas e levadas até o WP4, onde se fez a leitura do

potencial em que a amostra se encontrava. Depois disso as amostras foram levadas

para a estufa para secagem até massa constante. A diferença entre as duas

pesagens correspondeu ao conteúdo de água do solo no potencial determinado pelo

WP4.

O teor de carbono total do banco de dados, foi determinado por meio da

massa do resíduo, resultante da combustão dos componentes orgânicos e oxidação

dos inorgânicos da amostra em forno mufla, sob rígido controle de massa,

temperatura (1350°C (±5°C)), tempo e atmosfera (40PSI), conforme manual do

equipamento LECO CHN 628 Séries S.

3.3. OBTENÇÃO DAS PEDOFUNÇÕES

O processo de obtenção das pedofunções foiconstituído em duas etapas:

primeira, avaliação de pedofunções obtidas para outras localidades; e segunda,

ajuste de pedofunção partir da presente base de dados, sendo que as pedofunções

desenvolvidas no presente estudo serão denominadas “ROSSETI”.As pedofunções

para estimativa dasumidades equivalentes à capacidade de campo (θCC)e ao ponto

de murcha permanente(θPMP) desenvolvidas para outras localidades com variações

granulométricas similares àquelas encontradas nas amostras de solo do presente

estudo que foram avaliadas, e estão apresentadas nas tabelas Tabela 3 e Tabela 4.

Para o ajuste de novas pedofunçõesse utilizou do método de regressão linear

múltipla passo a passo (StepWise) com auxílio do Programa SPSS. Esse método

inclui no modelo apenas as variáveis independentes que contribuem

significativamente para a descrição de uma variável dependente.Para essa etapa de

ajuste, 80% (124 amostras) das informações/dados foram utilizadas na análise de

regressão (StepWise) e 20% (32 amostras) das informações/dados foram utilizadas

para validação dos modelos ajustados.

No procedimento de regressão StepWise utilizado foram inseridas como

variáveis independentes os seguintes atributos do solo: densidade do solo (m3m-3),

conteúdo de areia total (%), conteúdo de silte (%), conteúdo de argila (%),

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30

porosidade total (m3m-3), microporosidade (m3m-3), macroporosidade (m3m-3),

carbono orgânico total (%). A umidade equivalente a capacidade de campo (-33 kPa)

e a umidade equivalente ao ponto de murcha permanente (-1.500 kPa) foram

inseridas como variáveis dependentes.

Para avaliar o desempenho das pedofunções na estimativa das umidades

equivalentes à capacidade de campo (θCC) e ao ponto de murcha permanente (θPMP)

no processo de validação, tanto das pedofunçõesajustadas para outras localidade

quanto das pedofunções ajustadas no presente estudo,foram utilizados os seguintes

parâmetros estatísticos: índice de concordância de Willmott (d), raiz quadrada do

erro médio (RMSE), coeficiente de correlação Spearman (r)e índice de confiança (c),

apresentados respectivamente nas equações (1), (2),

(3) e (4). Estesmensuram a precisão entre os valores de umidade estimados

pelas pedofunções e os valores de umidade observados em laboratório.

d=1- ∑ (𝐸𝑖 - 𝑂𝑖)

2ni=1

∑ (|𝐸𝑖 − �̅�| + |𝑂𝑖 − �̅�|)2ni=1

(1)

Em que: d, é o índice de concordância de Willmott; E, o valor estimado; e O, o valor

observado.O índice de concordância de Willmott expressa a dispersão dos dados

estimados em relação ao aos dados observados.

RMSE=√∑ (𝑂𝑖 - 𝐸𝑖)

2ni=1

n

(2)

Um que:E, o valor estimado; e O, o valor observado, RMSE, é a raiz quadrada do

erro médio; e n, o número total de pares de valores observados e estimados.

𝑟 = 1 −6∑ 𝑑2n

i=j

𝑛(𝑛2 − 1)

(3)

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31

Em que: r, é o coeficiente de correlação de Spearman; d, é a diferença entre

ordenações e n, o número de pares de ordenações.

𝑐 = 𝑟 × 𝑑

(4)

Em que: c, é o índice de confiança; r é o coeficiente de correlação; e d, o índice de

concordância de Willmott.

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32

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

As pedofunções apresentadas nas tabelas Tabela 3 e Tabela 4 para

estimativa das umidades equivalentes à capacidade de campo (θCC) e ao ponto de

murcha permanente (θPMP) foram ajustadas para outros bancos de dados, porém, a

escolha destas funções levou em consideração os tipos de solos que integram os

bancos de dos para que houve uma relação de causa e efeito entre a correlação dos

dados estimados e medidos em laboratório, também apresentavam em sua

composição dados com variações granulométricas similares àquelas encontradas

nas amostras de solo do presente estudo que foram avaliadas.

Tabela 3. Funções de pedotransferência para capacidade de campo (-33 kPa)

obtidas na literatura.

AUTOR EQUAÇÃO R²

Lal (1978) CC = 0,334 – 0,003 AT 0,65

Giarola et al. (2002) CC = 0,081 + 0,005 Si + 0,004 Arg 0,79

Urach (2007) CC = 0,643 - 0,000238 AT - 0,26767 Ds 0,68

Nascimento et al. (2010) CC = 0,0409 + 0,000377 Arg + 0,000108 Si 0,69

De Souza et al. (2014) CC = 0,08595 + 0,006102 Map 0,61

CC = 0,15839 + 0,00031 Arg – 0,00240 Mic 0,86

AT: areia total (%); Si: silte (%); Arg: argila (%); Ds: densidade do solo (g cm -3); Map:

macroporosidade (cm3 cm-3); Mic: microporosidade (cm3 cm-3).

Tabela 4. Funções de pedotransferência para ponto de murcha permanente (-1.500

kPa) obtidas da literatura.

AUTOR EQUAÇÃO R²

Lal (1978) θPMP = 0,247 – 0,003 AT 0,69

Giarola et al. (2002) θPMP = –0,031 + 0,005 Si + 0,003 Arg 0,81

Urach (2007) θPMP = 0.462 - 0,00022 AT - 0,000074 Si - 0,1838 Ds 0,77

Nascimento et al. (2010) θPMP = 0,0221 + 0,000288 Arg 0,76

De Souza et al. (2014) θPMP = 0,0591 + 0,00646 Map 0,59

θPMP = 0,13636 + 0,00028Arg – 0,00244 Mic 0,89

AT: areia total (%); Si: silte (%); Arg: argila (%); Ds: densidade do solo (g cm -3); Map:

macroporosidade (cm3 cm-3); Mic: microporosidade (cm3 cm-3).

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33

Na Tabela 5, consta a matriz de correlação entre θCC, θPMP e as variáveis de

entrada, utilizadas para geração dos modelos (densidade do solo, Ds; areia total,

AT; silte, Silt; argila, Arg; porosidade total, PT; macroporosidade,

Mac;microporosidade, Mic; carbono orgânico total, COT).As variáveis que

apresentaram maiores correlações com θCC foram microporosidade, areia total,

argila, carbono orgânico total e microporosidade. Embora todos os coeficientes de

correlação tenham sido significativos a 1%, tanto para θPMP quanto para θCC, os

maiores valores são observadoscomas variáveis microporosidade, areia total e argila

(Tabela 5).

Na Tabela 6 constam, respectivamente, as pedofunções para estimativa de

θCC e θPMP dos modelos denominados ROSSETI 1 e ROSSETI 2, assim como seus

parâmetros, significâncias dos parâmetros e coeficientes de determinação. O

modelo ROSSETI 1 foi elaborado utilizando como variáveis independentes apenas

atributos considerados de fácil obtenção e o modelo ROSSETI 2 todos os atributos

de solo analisados, contidos na Tabela 5.

Na pedofunção ROSSETI 1, ajustada para θPMP, as variáveis que integraram

o modelo foram justamente aquelas com maiores correlações. O mesmo

comportamento não é observado analisando a pedofunção ajustada para θCC

(Tabela 6). A ausência da variável microporosidade na função elaborada para θCC foi

proposital, pois o objetivo inicial com o presente estudo foi utilizar parâmetros de

fácil obtenção para estimativa de θCC e θPMP. A inclusão da microporosidade como

um dos parâmetros do modelo tornaria mais complexa a rotina de análises para a

estimativa de θCC, fugindo dos princípios de uma pedofunção.

Para a pedofunção ROSSETI 2, ajustada para θpmp (Tabela 6), as variáveis

que compuseram o modelo foram justamente aquelas com maiores correlações,

incluindo a microporosidade, o que a distingue da pedofunção ROSSETI 1. O

mesmo comportamento é observado a pedofunção ajustada para θCC(Tabela 6).A

microporosidade na função elaborada para θCC foi papel fundamental para explica a

relação de causa e efeito entre a correlação desses atributos do solo e a capacidade

de armazenamento de água. Microporosidade não é um atributo de fácil obtenção,

quando consideramos a condição dos produtores rurais, mas para pesquisadores

não é caro obter essa informação e o ajuste considerando a microporosidade é

melhor.

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34

Tabela 5.Coeficiente e respectivas significância da correlação entre as variáveis

dependentes (capacidade de campo e ponto de murcha permanente) e

aquelas variáveis independentes consideradas no presente estudo

(avaliação, ajuste e validação).

Ds AT Silt Arg PT Mac Mic COT

CC

r -0,877** -0,955** 0,843** 0,953** 0,840** -0,866** 0,989** 0,745**

Sig. 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0

N 124 124 124 124 124 124 124 120

PMP

r -0,876** -0,963** 0,916** 0,928** 0,755** -0,794** 0,898** 0,654**

Sig. 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0

N 124 124 124 124 124 124 124 120

** correlação significativa à 1% de probabilidade; r: coeficiente de correlação de Spearman; Sig:

significância da correlação; N: número de amostras; Ds: densidade do solo (m3 m-3); AT: areia total

(%); Silt: silte (%); Arg: argila (%); PT: porosidade total (m3 m-3); Mac: macroporosidade (m3 m-3); Mic:

microporosidade (m3 m-3); COT: carbono orgânico total (%).

Tabela 6.Variáveis preditoras (atributos do solo), coeficientes, significância e

coeficientes de determinação (R2) dos modelos gerados para estimar a

capacidade de campo (θCC) e ponto de murcha permanente (θPMP).

Var. Dep. Var. Indep. Coeficientes Prob. R2

CC (33 kPa) ROSSETI 1

Intercepto 0,264 0,000

0,939 AT -0,002 0,000

COT 0,024 0,000

Arg 0,002 0,023

PMP (-1.500 kPa) ROSSETI 1

Intercepto 0,386 0,000

0,942 AT -0,004 0,000

Arg -0,002 0,000

CC (33 kPa) ROSSETI 2

Intercepto 0,057 0,005

0,982 MIC 0,743 0,000

AT -0,001 0,000

PMP (-1.500 kPa) ROSSETI 2

Intercepto 0,568 0,000

0,952

AT -0,003 0,000

Arg -0,001 0,002

PT -0,281 0,000

Ds -0,069 0,003

CO 0,005 0,042 R2: coeficiente de determinação; MIC: microporosidade (cm3 cm-3); PT: porosidade total (cm3 cm-3);

AT: areia total (%);Arg: argila (%); CO: carbono orgânico (%); Ds: densidade do solo (g cm-3); θCC:

capacidade de campo (m3m-3); θPMP: ponto de murcha permanente (m3m-3).

A alta correlação entre a variável dependente θCCe as variáveis

independentes areia total, argila e COT, assim como a inclusão dessas nas

pedofunções, podem ser justificadas devido a influência destas variáveis na

estruturação dos solos. De acordo comRawls et al. (1991), a água retida no solo sob

baixos potenciais matriciais é intimamente relacionada à presença de capilares e ao

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35

arranjamento de partículas, os quais sabidamente variam em função da textura e

conteúdo de carbono orgânico no solo. Conforme o solo seca, a retenção de água

deixa de depender da sua estruturação e passa a ser mais relacionada a sua matriz,

expressa pela granulometria, mineralogia e superfície especifica para adsorção de

água (Gupta e Larson, 1979; Machado et al., 2008; Carducci et al., 2011), o que

explica as altas correlações e inclusão de areia total e argila na pedofunção obtida

para θPMP.

Figura 3são apresentados, respectivamente, gráficos de dispersão entre os

valores de θCC e θPMP observados e estimados a partir dos modelos gerados no

presente estudo e obtidosna literatura, além dos índices para avaliação das

estimativas dos modelos (coeficiente de correlação, r; índice de concordância de

Willmott, d; raiz quadrado do erro médio, RMSE; e índice de confiança, c).

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36

θC

C -

ES

TIM

AD

O

θCC - OBSERVADO

Figura 3Gráficos de dispersão dos valores de θCC observados em laboratórios e aqueles obtidos a partir das pedofunçõese avaliações

(coeficiente de correlação, r; índice de concordância de Willmott, d; raiz quadrado do erro médio, RMSE; e índice de confiança, c).

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,00 0,20 0,40 0,60

ROSSETI 1 CC

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0 , 0 0 0 , 2 0 0 , 4 0 0 , 6 0

ROSSETI 2 CC

r = 0,916

d = 0,989

RMSE = 0,028

c = 0,906

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,00 0,20 0,40 0,60

LAL (1979) CC

r = 0,748d = 0,865

RMSE = 0,090c = 0,646

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,00 0,20 0,40 0,60

SOUZA et al. (2014) Rev. CC

r = 0,747d = 0,430

RMSE = 0,142c = 0,321

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,00 0,20 0,40 0,60

SOUZA et al. (2014) N. Rev. CC

r = -0,773d = 0,481

RMSE = 0,191c = 0,372

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,00 0,20 0,40 0,60

URACH et al. (2007) CC

r = 0,809d = 0,767

RMSE = 0,100c = 0,620

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,00 0,20 0,40 0,60

NASCIMENTO et al. (2010) CC

r = 0,765d = 0,430

RMSE = 0,211c = 0,385

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,00 0,20 0,40 0,60

GIAROLA et al. (2002) CC

r = 0,724d = 0,949

RMSE = 0,063c = 0,686

r = 0,845

d = 0,973

RMSE = 0,042

c = 0,822

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37

θP

MP -

ES

TIM

AD

O

θPMP - OBSERVADO

Figura 4.Gráficos de dispersão dos valores de θPMP observados em laboratórios e aqueles obtidos a partir das pedofunções e avaliações

(coeficiente de correlação, r; índice de concordância de Willmott, d; raiz quadrado do erro médio, RMSE; e índice de confiança, c).

0,00

0,10

0,20

0,30

0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25

ROSSETI 1 PMP

r = 0,740d = 0,989

RMSE = 0,019c = 0,731

0,00

0,10

0,20

0,30

0 , 0 0 0 , 0 5 0 , 1 0 0 , 1 5 0 , 2 0 0 , 2 5

0,00

0,10

0,20

0,30

0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25

LAL (1979) PMP

r = 0,732d = 0,953

RMSE = 0,039c = 0,697

0,00

0,10

0,20

0,30

0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25

SOUZA et al. (2014) Rev. PMP

r = 0,674d = 0,525

RMSE = 0,088c = 0,353

0,00

0,10

0,20

0,30

0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25

SOUZA et al. (2014) N. Rev. PMP

r = -0,845d = 0,391

RMSE = 0,083c = 0,330

0,00

0,10

0,20

0,30

0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25

URACH et al. (2007) PMP

r = 0,701d = 0,610

RMSE = 0,120c = 0,427

0,00

0,10

0,20

0,30

0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25

NASCIMENTO et al. (2010) PMP

r = 0,679d = 0,527

RMSE = 0,094c = 0,358

0,00

0,10

0,20

0,30

0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25

GIAROLA et al. (2002) PMP

r = 0,742d = 0,934

RMSE = 0,051c = 0,693

r = 0,850 d = 0,934

RMSE = 0,041 c = 0,840

ROSSETI 2 PMP

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38

Analisando os gráficos e os índices de avaliação apresentados nas Figura

3eFigura 4, observa-se para a θCC que aspedofunçõesajustadasno presente estudo,

apresentaram melhores resultados, baseado no índice de concordância de Willmott

e RMSE, seguida das funções elaboradas em Giarola et al. (2002), Lal (1978)e

Urach (2007). As demais pedofunções citadas no trabalho apresentaram índice de

concordância de Willmott inferior a 0,5.

Avaliando o desempenho das pedofunções do presente quanto às estimativas

do θPMP, baseado no índice de concordância de Willmott e RMSE, também se

observa que melhor desempenho para as pedofunções ajustados no presente

estudo. Em sequência encontram-se, respectivamente, pedofunções os ajustadas

em Lal (1978), Giarola et al. (2002) e Urach (2007). Os demais modelos

apresentaram índices de concordância de Willmott sempre inferiores à 0,55.

O coeficiente de correlação e o índice de concordância não foram pertinentes

para avaliação do conjunto de dados utilizados para validação das pedofunções do

presente estudo, uma vez que não se observa uma dispersão continua entre dados

observados e estimados. Este comportamento pode ser facilmente visualizado no

gráfico de dispersão de θPMP elaborado para a pedofunção de Giarola et al. (2002),

apresentado nasFigura 6.

Para as estimativas de θCCutilizando pedofunções ajustadas no presente

estudo foi constatada amplitude de erro de -0,16 a 0,09. Para θPMP esta amplitude foi

ainda menor (-0,04 a 0,04). Para as estimativas dos modelos de Lal (1978), Urach

(2007) e Giarola et al. (2002) as magnitudes de erro foram de -0,27 a 0,1, -0,12 a

0,16 e -0,13 a 0,12, para θCC e -0,08 a 0,02, -0,02 a 0,19 e -0,05 a 0,10 para θPMP,

respectivamente (Figura 6).

De maneira geral, conclui-se que os modelos com desempenho mais

próximos ao desenvolvido neste estudo foram os ajustadosem Lal (1978), Giarola et

al. (2002) e Urach (2007), tanto para a variável θCCcomo para a variável θPMP. No

entanto, para ambas as variáveis, as pedofunções ajustadas no presente estudo se

mostraram superiores quando comparado aos desempenhos observados para as

demais funções. Em concordância com as afirmações anteriores, observa-se que

modelos elaborados para condições mais especificas e, consequentemente, menos

abrangentes, apresentaram sempre um desempenho superior aos demais, assim

como observado em Nascimento et al. (2010) e De Souza et al. (2014).

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39

ER

RO

OBSERVADO

Figura 5. Erros das estimativas paraθCC a partirdas pedofunçõesajustadas no presente estudo e obtidos da literatura, em

comparação com os valores determinados pelo método padrão.

-0,45

-0,35

-0,25

-0,15

-0,05

0,05

0,15

0 , 0 0 0 , 2 0 0 , 4 0 0 , 6 0

-0,45

-0,35

-0,25

-0,15

-0,05

0,05

0,15

0 , 0 0 0 , 2 0 0 , 4 0 0 , 6 0

ROSSETI 2 CC

-0,45

-0,35

-0,25

-0,15

-0,05

0,05

0,15

0 , 0 0 0 , 2 0 0 , 4 0 0 , 6 0

-0,45

-0,35

-0,25

-0,15

-0,05

0,05

0,15

0,00 0,20 0,40 0,60

-0,45

-0,35

-0,25

-0,15

-0,05

0,05

0,15

0,00 0,20 0,40 0,60

-0,45

-0,35

-0,25

-0,15

-0,05

0,05

0,15

0,00 0,20 0,40 0,60

-0,45

-0,35

-0,25

-0,15

-0,05

0,05

0,15

0,00 0,20 0,40 0,60

-0,45

-0,35

-0,25

-0,15

-0,05

0,05

0,15

0,00 0,20 0,40 0,60

ROSSETI 1 CC

LAL (1979) CC SOUZA el al. (2014) Rev. CC SOUZA el al. (2014) N. Rev. CC

URACH (2007) CC NASCIMENTO et al. (2010) CC

GIAROLA el al. (2002) CC

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40

ER

RO

OBSERVADO

Figura 6.Erros das estimativas para θPMP a partir das pedofunções ajustadas no presente estudo e obtidos da literatura, em

comparação com os valores determinados pelo método padrão.

-0,20

-0,15

-0,10

-0,05

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25

-0,20

-0,15

-0,10

-0,05

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25

-0,20

-0,15

-0,10

-0,05

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25

-0,20

-0,15

-0,10

-0,05

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25

-0,20

-0,15

-0,10

-0,05

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25

-0,20

-0,15

-0,10

-0,05

0,00

0,05

0,10

0,15

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0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25

-0,20

-0,15

-0,10

-0,05

0,00

0,05

0,10

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0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25

-0,20

-0,15

-0,10

-0,05

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25

ROSSETI 1 PMP ROSSETI 2 PMP

LAL (1979) PMP SOUZA el al. (2014) Rev. PMP SOUZA el al. (2014) N. Rev. PMP

URACH (2007) PMP NASCIMENTO et al. (2010) PMP

GIAROLA el al. (2002) PMP

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41

Observando os índices de avaliação para as pedofunções utilizadas para a

estimativa de θCCe θPMP, pode-se afirmar que a extrapolação de modelos específicos

não é uma boa alternativa quando se busca resultados precisos. Essa afirmativa

corrobora com ostrabalhos de Dashtaki et al. (2010) e Dashtaki et al. (2010). Porém,

este mesmo autor constatou desempenho razoável de pedofunções ajustadas para

outras condições ao aplica-las em sua área de estudo.

Com base nos desempenhos das pedofunçõesajustadas no presente estudo,

estas podem ser indicadas caso exista a necessidade de estimar θCC θPMPem

regiões do estado de Mato Grosso. Para o desenvolvimento de futuros estudo de

ajuste de pedofunções o presente estudo pode ser utilizado para estimar θCC e θPMPe

avaliar seu desempenho em extrapolação

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5. CONCLUSÕES

As variáveis que melhor explicam as variações de capacidade de campo são

microporosidade, argila e carbono orgânico total, para ponto de murcha permanente

destacam-se a microporosidade, argila e carbono orgânico total.

As funções de pedotransferência elaboradas para outras localidades

apresentam desempenho inferior a funções elaboradas especificamente para a

região sul do estado de Mato Grosso.

As funções de pedotransferência apresentadas nesse trabalho permite

estimar, com precisão, conteúdos de água equivalentes à capacidade de campo e

ao ponto de murcha permanente para os solos da região sul do estado de Mato

Grosso.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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