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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO LICENCIATURA EM PEDAGOGIA COM HABILITAÇÃO EM EDUCAÇÃO INFANTIL Iara Soares Santos A DISLEXIA EM DEBATE: DISCUTINDO O PREPARO DOS ALUNOS DO CURSO DE PEDAGOGIA DA UNEB PARA ATUAR COM ESTA DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM Salvador 2011

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO

LICENCIATURA EM PEDAGOGIA COM HABILITAÇÃO EM EDUCAÇÃO INFANTIL

Iara Soares Santos

A DISLEXIA EM DEBATE: DISCUTINDO O PREPARO DOS ALUNOS

DO CURSO DE PEDAGOGIA DA UNEB PARA ATUAR COM ESTA

DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM

Salvador

2011

IARA SOARES SANTOS

A DISLEXIA EM DEBATE: DISCUTINDO O PREPARO DOS ALUNOS

DO CURSO DE PEDAGOGIA DA UNEB PARA ATUAR COM ESTA

DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM

.

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciada em Pedagogia com Habilitação em Educação Infantil do Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia sob orientação da Profª Drª Isnaia Junquilho Freire.

Salvador

2011

FICHA CATALOGRÁFICA: Sistema de Bibliotecas da UNEB

Santos, Iara Soares A dislexia em debate: discutindo o preparo dos alunos do curso de pedagogia da UNEB para atuar com esta dificuldade de aprendizagem / Iara Soares Santos . – Salvador, 2011. 141f. Orientadora: Profª. Drª. Isnaia Junquilho Freire. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Universidade do Estado da Bahia. Departamento de Educação. Colegiado de Pedagogia. Campus I. 2011 Contém referências e anexos. 1.Distúrbios de aprendizagem. 2. Crianças disléxicas. 3. Professores - Formação. 4. Currículos. I. Freitas, Isnaia Junquilho. II. Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Educação.

CDD: 370.152

IARA SOARES SANTOS

A DISLEXIA EM DEBATE: DISCUTINDO O PREPARO DOS ALUNOS

DO CURSO DE PEDAGOGIA DA UNEB PARA ATUAR COM ESTA

DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciada em Pedagogia com Habilitação em Educação Infantil do Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia sob orientação da Profª Drª Isnaia Junquilho Freire.

Salvador, ___ de ___________ de 20___.

____________________________________________________

Profª Drª Isnaia Junquilho Freire – UNEB

(Orientadora)

____________________________________________________

Profª Ms. Janeide Medrado – UNEB

____________________________________________________

Profª Ms. Jaciete Barbosa dos Santos – UNEB

Aos meus pais, Antonio e Ivanice, pelo

esforço e dedicação prestados em prol da

minha formação integral. A vocês, minhas

maiores fontes de força, dedicação e amor, a

minha eterna gratidão.

AGRADECIMENTOS

Prestes a finalmente tornar-me Pedagoga muitas lembranças se passam em minha memória...

Desde o esforço prestado para a aprovação no vestibular ao enfrentamento dos diversos

obstáculos durante o decorrer dos semestres. As adversidades eram muitas, mas a

determinação e a certeza de que novas aprendizagens se fortaleciam a cada encontro,

mostravam-me que a árdua rotina diária poderia ser somada a conquistas e realizações e não a

desânimos e fraquezas. Além de me proporcionar conhecimentos teóricos, intelectuais e

profissionais, a vivência acadêmica me concedeu um expressivo amadurecimento pessoal. Ao

concluir a graduação, mais um ciclo se encerra, com a certeza que novos desafios e conquistas

surgirão. Obrigada Senhor por me conceder esta missão maravilhosa, ao me tornar uma

profissional da área de Educação. O meu eterno agradecimento aos meus pais, meus maiores

incentivadores. A minha irmã e a minha sobrinha, minhas fiéis companheiras. Ao meu noivo,

pelas orientações acadêmicas e profissionais. As verdadeiras amizades que foram construídas

na Universidade e a todos os formandos da turma de Pedagogia com Habilitação em

Educação Infantil 2007.1. Aos mestres que, sabiamente, me proporcionaram aprendizagens

significativas, em especial a minha orientadora, Profª Drª Isnaia Freire, pela competência,

responsabilidade, paixão e dedicação à construção desta pesquisa. Aos professores, Janeide

Medrado, Djalma Santos, Ana Portela e Vicente Carolino pelas ricas reflexões e contribuições

propostas a este trabalho monográfico. Aos formandos do curso de Pedagogia da UNEB e as

pedagogas que contribuíram para o enriquecimento desta pesquisa através da troca de

conhecimentos da temática discutida, muito obrigada!

Toda criança possui características, interesses,

habilidades e necessidades de aprendizagem

que são únicas.

Declaração de Salamanca (1994)

RESUMO

Dislexia é um distúrbio de aprendizagem que corresponde a nítidas dificuldades de leitura, escrita e soletração. Os disléxicos apresentam explícitas dificuldades para compreender a estrutura sonora das palavras, ou seja, para identificar os fonemas separadamente. A dislexia é definida como o distúrbio de aprendizagem de maior incidência nas salas de aula, resultando em uma das causas da evasão escolar. Desta forma, é de suma importância que o educador esteja capacitado a atuar com o aluno disléxico, sujeito que possui inteligência normal, apenas aprende de maneira diferente. Porém, esta capacitação pouco tem sido presenciada nas escolas, que, infelizmente, mostram-se despreparadas para receber este aluno, provando que este despreparo é proveniente da graduação, pois não são vistas disciplinas específicas sobre esta temática nos cursos de formação de professores. Esta pesquisa sugere uma urgente revisão/reformulação aos currículos do curso de pedagogia da UNEB com o intuito de capacitar os seus graduandos, futuros profissionais de educação, a atuar com as dificuldades de aprendizagem mais frequentes no âmbito escolar, a exemplo da dislexia em questão.

Palavras-chave: Dislexia - Aprendizagem - Professores - Currículos

ABSTRACT

Dyslexia is a learning disorder that corresponds to clear difficulties in reading, writing and spelling. Dyslexics have difficulty understanding the explicit sound structure of words, ie to identify the phonemes separately. Dyslexia is defined as learning disabilities in higher incidence in the classrooms, resulting in one of the causes of truancy. Thus, it is critical that the educator is able to work with the dyslexic student, subject possessing normal intelligence, just learn differently. However, this training has been witnessed in some schools, which, unfortunately, prove to be unprepared to receive this student, proving that this lack of preparation comes to graduation; they are not seen specific disciplines on the subject in teacher training courses. This research suggests an urgent review / recast the curricula of the UNEB pedagogy in order to empower their students, future professionals of education, to work with the most common learning difficulties at school, such as dyslexia in question.

Keywords: Dyslexia - Learning - Teaching - Curriculum

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................11

2. REFERENCIAL TEÓRICO........................................................................................14

2.1 COMO AVALIAR O PROCESSAMENTO FONOLÓGICO DO EDUCANDO RUMO AO PROGRESSO DE LEITURA E ESCRITA.......................................................................14

2.2 COMO OS DISLÉXICOS SE ENQUADRAM DIANTE DAS EXIGÊNCIAS SOCIAIS DE LEITURA E ESCRITA?....................................................................................................16

2.3 AFINAL, O QUE É DISLEXIA?.......................................................................................18

2.3.1 Conhecendo o funcionamento do cérebro do disléxico ................................................ 23

2.3.2 Classificações da dislexia............................................................................................ 25

2.3.3 Conhecendo as dificuldades de aprendizagem do disléxico.......................................... 27

2.3.4 Como atuar com o disléxico em sala de aula................................................................ 29

2.4. COMPREENDER AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM: O GRANDE DESAFIO DO EDUCADOR ...................................................................................................32

2.5 COMPREENDENDO A NECESSIDADE DO ESTUDO DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM PARA A FORMAÇÃO DO PEDAGOGO..............................................35

2.6. UM “OLHAR SENSÍVEL” ÀS DIRETRIZES CURRICULARES DO CURSO DE PEDAGOGIA...........................................................................................................................37

2.7. UMA ANÁLISE CRÍTICA DOS CURRÍCULOS DO CURSO DE PEDAGOGIA DA UNEB .......................................................................................................................................42

3. METODOLOGIA .........................................................................................................46

3.1 TIPO DE ESTUDO.........................................................................................................46

3.2 LOCAL DA PESQUISA ................................................................................................46

3.3 POPULAÇÃO.................................................................................................................47

3.4 INSTRUMENTOS..........................................................................................................48

4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS......................................................50

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................73

REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS...........................................................................75

APÊNDICE A - ENTREVISTAS REALIZADAS COM OS FORMANDOS DO CURSO DE PEDAGOGIA DA UNEB........................................................................77

APÊNDICE B - ENTREVISTAS REALIZADAS COM AS PEDAGOGAS. .........89

APÊNDICE C- ENTREVISTAS REALIZADAS COM OS PROFESSORES DO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - CAMPUS I - UNEB. .................................93

ANEXO A – CURRÍCULOS DO CURSO DE PEDAGOGIA DA UNEB ......... Erro! Indicador não definido.

ANEXO B – INFORMES: DISLEXIA .....................................................................129

ANEXO C – EXERCÍCIOS PARA DISLÉXICOS .................................................133

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1. INTRODUÇÃO

A sociedade atual nos mostra, cotidianamente, a importância do valor da leitura e da escrita

em nossa conjuntura social. Desta forma, é de fundamental importância que sejam expostos

questionamentos acerca das principais dificuldades encontradas por alunos que apresentam

dificuldades leitoras e escritoras, a exemplo da dislexia, distúrbio de aprendizagem que

dificulta o acesso à leitura e a escrita.

Assim, a dislexia vem sendo diagnosticada como o distúrbio de maior incidência nas salas de

aula, porém, a falta de entendimento da definição deste distúrbio de aprendizagem por parte

dos educadores, tem feito com que o aluno disléxico se sinta desassistido, desmotivado e

confuso, sendo um dos grandes indícios das causas da evasão escolar.

Desta forma, é de suma importância que os profissionais de educação estejam aptos a atuar

com as dificuldades de aprendizagem dos alunos disléxicos, com a finalidade precípua de

auxiliar o avanço da aprendizagem através de metodologias que se tornem significativas ao

seu processo de escolarização.

Nesse sentido, esta pesquisa possui como objetivo geral verificar se os formandos do curso de

pedagogia da UNEB se sentem preparados para atuar com o aluno disléxico. Os objetivos

específicos seriam: identificar na matriz curricular do curso de pedagogia da UNEB se as

disciplinas oferecidas contemplam o estudo das dificuldades de aprendizagem do aluno

disléxico; apresentar as dificuldades do aluno disléxico; sugerir ações mais eficazes ao

desenvolvimento da aprendizagem do aluno disléxico e, finalmente, trazer sugestões acerca da

qualificação/capacitação da formação acadêmica dos graduandos em pedagogia.

Desse modo, é de extrema importância questionarmos se os estudantes do curso de pedagogia

da UNEB, futuros profissionais de educação, se sentem capacitados para atuar com estes

alunos, tendo em vista que os distúrbios de aprendizagem são realidades frequentes no

cotidiano escolar e que estes educandos necessitam de uma metodologia adequada para o

desenvolvimento da sua aprendizagem.

Discutir qual a metodologia adequada para trabalhar com estes educandos se torna

fundamental aos profissionais da área de educação, desta forma, é imprescindível questionar

se os estudantes de pedagogia concluem a graduação tendo domínio das principais

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dificuldades de aprendizagem frequentes nas escolas. O que sabem os professores e gestores

sobre dislexia? Os professores possuem a qualificação necessária para atribuir estratégias

pedagógicas que favoreçam o desenvolvimento da aprendizagem destes educandos? O que

pensam as escolas sobre as crianças disléxicas? A escola está preparada para receber este

aluno? Qual o papel dos professores no ensino da leitura e escrita nesta perspectiva de

trabalho?

Por conseguinte, esta pesquisa busca tratar temáticas relevantes à área educacional, pois visa

apresentar o conceito da dislexia e das principais dificuldades de aprendizagem do aluno

disléxico, assim como, discutir a preparação dos estudantes de pedagogia para atuar com estes

educandos. Desta forma, é relevante questionar se estes formandos se sentem preparados para

tal atuação e quais são as suas sugestões para a capacitação do curso de pedagogia da UNEB.

O presente estudo está organizado em cinco capítulos. O primeiro capítulo, a introdução, traz

um apanhado geral do que será exposto nesta produção. O segundo capítulo, o referencial

teórico, visa esclarecer como os disléxicos se enquadram diante das exigências sociais de

leitura e escrita, abordando as suas principais dificuldades de aprendizagem e esclarecendo as

suas reais necessidades pedagógicas.

Ainda no segundo capítulo, estabelecemos algumas discussões acerca do preparo que o

estudante de pedagogia tem recebido durante o seu processo formativo, analisando algumas

questões referentes à complexidade da atuação deste profissional, mas enfatizando que pouco

tem se discutido sobre os distúrbios de aprendizagem nos cursos de formação de professores,

tendo em vista que, uma sala de aula é vivenciada por educandos com diferentes maneiras de

aprender e que necessitam de um acompanhamento pedagógico capacitado que favoreça o

desenvolvimento das aprendizagens.

O terceiro capítulo apresenta a construção da metodologia utilizada, descrevendo os sujeitos

participantes, os instrumentos concebidos, o desenvolvimento dos caminhos percorridos e os

procedimentos utilizados para a coleta de dados.

No quarto capítulo, encontram-se a apresentação e discussão dos resultados estabelecidos

através da análise da matriz curricular do curso de pedagogia da UNEB, com a finalidade de

estabelecer uma discussão com os autores que abordam o estudo dos distúrbios de

aprendizagem e da formação de professores.

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Ainda no quarto capítulo encontram-se a apresentação e discussão dos resultados, construídos

através do contato direto com 49 sujeitos entrevistados: 35 formandos do curso de pedagogia

da UNEB, 4 pedagogas graduadas, 6 pedagogas especialistas e 4 professores do departamento

de educação do campus I da UNEB, sujeitos que enriqueceram esta pesquisa através de

sugestões referentes à capacitação/qualificação da formação dos estudantes de pedagogia.

No capítulo 5, serão expostas algumas considerações que visam à importância da capacitação

do curso de pedagogia da UNEB que, enquanto formador de profissionais que atuarão no

segmento educacional, deveria estar apto a preparar os seus formandos para atuar diante das

necessidades educacionais que se referem aos distúrbios de aprendizagem.

O estudo dos distúrbios de aprendizagem não é visto como uma das prioridades no curso de

pedagogia, proporcionando uma “lacuna” na formação deste profissional. Desta forma, se

torna imprescindível pensar em uma capacitação que se adeque às diversas realidades

presenciadas cotidianamente em uma sala de aula, para, a partir daí, serem realizadas

melhorias no ensino do alunado que necessita de um acompanhamento pedagógico

diferenciado.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 COMO AVALIAR O PROCESSAMENTO FONOLÓGICO DO EDUCANDO

RUMO AO PROGRESSO DE LEITURA E ESCRITA

Ao ler, fazemos a decodificação do código, isto é, transformamos a escrita em linguagem

falada, possibilitando a compreensão do que está escrito. A consciência fonológica é crucial

para o aprendizado da leitura e escrita. Para que a criança aprenda a ler e a escrever ela

precisa estar dominando a estrutura das palavras e reconhecer os sons individuais,

capacitando-a a estabelecer a relação fonema-grafema. É deste modo que aprendemos a ler,

dominando os sons da fala de maneira automática e involuntária.

Os disléxicos possuem déficits no processamento fonológico, apresentando dificuldades para

fazer esta associação, pois não desenvolveram uma consciência clara dos sons da fala. Em

geral, a leitura se desenvolve de forma lenta, ocasionando a maneira de ler silabicamente e

apresentando dificuldade para tornar a leitura fluente. Central ao conceito de dislexia está a

ideia de problemas inesperados de leitura, isto é, a ideia de que algumas crianças podem

experienciar dificuldades com a aquisição da leitura e escrita que não podem ser atribuídas à

fraca audição ou visão, baixa inteligência ou oportunidades educacionais inadequadas.

O processamento fonológico é a capacidade de perceber e manipular os sons da fala, mas é

interessante destacar que este perceber não é o mesmo que ouvir, pois crianças com déficits

no processamento fonológico ouvem muito bem, o que elas não conseguem é identificar os

fonemas, ou seja, as pequenas unidades de som com que são formadas as palavras.

Para Copetti (2008) os professores devem estar atentos ao processamento fonológico do

educando, pois através do reconhecimento de rimas, das partes das palavras e do

reconhecimento dos fonemas individuais que os educandos estarão aptos a iniciar o seu

processo de alfabetização, favorecendo o reconhecimento da relação letra-som.

O reconhecimento de rimas é um dos primeiros sinais de que a criança está desenvolvendo a

consciência fonológica, pois ela começa a perceber que existe uma relação entre os sons. No

caso das rimas, ela percebe que a parte final de duas palavras termina com o mesmo som, já

as crianças que apresentam déficits fonológicos costumam dizer palavras que apresentam uma

relação de significado e não uma verdadeira rima.

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Geralmente, crianças de quatro anos mostram interesse em canções e parlendas infantis,

cantando e recitando músicas e frases que rimam. Nesta fase, elas já reconhecem algumas

letras do alfabeto, principalmente as que compõem o seu nome. Os sinais da falta de

consciência fonológica se explicam quando a criança ainda pronuncia muitas palavras de

forma errada, não consegue pronunciar determinadas letras ao falar as palavras, nem nomear

as letras do seu próprio nome, apresentando dificuldades em distinguir sons parecidos, sendo

comprovadas quando a criança apresenta dificuldades para separar as palavras em suas

sílabas, não consegue aprender o nome das letras que fazem parte do seu nome ou apresentam

lentidão para nomear figuras conhecidas.

Os sinais de alerta se dão quando a criança ainda tem dificuldades em pronunciar algumas

palavras, em separar as palavras em suas sílabas e não entender que as palavras são formadas

por fonemas, apresentando dificuldades em perceber quando as palavras terminam ou

começam com o mesmo som ou apresentando dificuldades em dizer rapidamente o nome de

objetos comuns mostrados em forma de desenho, não conseguindo associar as letras aos seus

respectivos sons, nem dizer todas as letras do alfabeto, ocasionando a falta de habilidade em

leituras simples.

Segundo Copetti (2008), ler palavras inexistentes é uma boa medida de verificar o

desenvolvimento do processo fonológico, pois algumas crianças conseguem ler palavras

conhecidas por vê-las com frequência, gravando em sua memória visual, mas apresentam

muita dificuldade para ler palavras novas ou inexistentes.

No caso dos disléxicos, é expressiva a omissão de letras e sílabas, acréscimos de letras e

sílabas, confusão na leitura de palavras semelhantes e dificuldades para respeitar os sinais de

pontuação, tornando-se uma leitura sem as inflexões e entonações esperadas, apresentando

nítida dificuldade em entender o que lê, devido à lentidão e aos erros de leitura.

Segundo Ellis (1995), após o objetivo da alfabetização universal, que surgiu nas sociedades

ocidentais, apareceu a surpreendente descoberta dos primeiros relatos de crianças que, apesar

de inteligência normal ou acima da normal, audição e visão aparentemente normais e vindas

de lares adequados, tivessem uma dificuldade incomum na aprendizagem da leitura e escrita.

Embora a leitura seja um sistema simbólico eminentemente visual, muitas integridades

auditivas são essenciais para a sua aquisição. Essas integridades incluem a capacidade para

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distinguir semelhanças e diferenças de sons, para perceber um som no meio de uma palavra,

sintetizar os sons em palavras e dividi-las em sílabas. Se uma criança não conseguir

desempenhar essas funções auditivas intra-sensoriais, ela terá dificuldades para aprender a ler.

A capacidade de usar a linguagem escrita requer muitas integridades, incluindo a linguagem

oral, a consciência fonológica e a experiência adequada nas quais se possa basear a forma

escrita. Entretanto, a facilidade com a linguagem escrita não se desenvolve somente com base

neste amadurecimento, pois segundo Johnson e Myklebust (1987) apud Olson (1949), a

criança precisa ser ensinada e observada através de situações ambientais de estimulação, para

que possa dar as respostas que o seu organismo é capaz de produzir.

Estas características vão se diferenciar em alguns aspectos de acordo com as faixas etárias,

pois a dislexia já pode ser percebida/desconfiada a partir da educação infantil, devido aos

atrasos no desenvolvimento da fala e da linguagem, dispersão, fraco desenvolvimento de

atenção, dificuldade em aprender rimas e canções, fraco desenvolvimento da coordenação

motora e falta de interesse por livros impressos, mas é diagnosticada, de fato, no início do

aprendizado da leitura, resultando em frequentes dificuldades de leitura e escrita diferenciadas

dos estágios de maturação, pois segundo Sana (2005), para haver o diagnóstico da dislexia as

dificuldades deverão ser duradouras, isto é, persistem por pelo menos um ano a um ano e

meio, depois de iniciada a alfabetização sistemática.

2.2 COMO OS DISLÉXICOS SE ENQUADRAM DIANTE DAS EXIGÊNCIAS

SOCIAIS DE LEITURA E ESCRITA?

A leitura é uma habilidade e, segundo Ellis (1995), uma habilidade difícil, pois é concretizada

somente através de um extenso aprendizado. As buscas pelo reconhecimento das palavras são

tentativas de caracterizar alguns processos mentais que permitem ao leitor identificar,

compreender e pronunciar as palavras escritas, tentando decompor o ato de reconhecimento

de palavras em suas partes componentes e descrever o funcionamento dessas.

Nesse sentido, em nossa sociedade atual, a linguagem escrita é colocada na posição de objeto

de conhecimento, afinal, vivemos em uma cultura grafocêntrica que leva em consideração

tudo o que está escrito e registrado. Uma vez que o domínio da linguagem escrita quebra

barreiras de acesso às informações, como se sentem os disléxicos, tendo em vista, que os

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domínios da leitura e escrita manifestam-se visivelmente como uma das suas grandes

dificuldades?

A compreensão do valor da leitura em nossas vidas, especialmente na sociedade do

conhecimento, é base para desmistificarmos o conceito inquietante da dislexia, pois este

distúrbio compromete o acesso ao mundo da leitura, parecendo bloquear o acesso à sociedade.

As sociedades modernas, de todas as camadas sociais, esperam que todas as crianças

aprendam a ler, afinal, ser analfabeto ou possuir dificuldades de leitura e escrita é estar em

uma profunda desvantagem no mundo moderno.

A criança que não consegue ler ou lê com dificuldades fracassa na maioria das matérias

escolares havendo, por ventura, explícitas dificuldades para desenvolve-se naturalmente em

um meio que lhe exige ler sinais, avisos, instruções, notícias, cartas, dentre outros, sentindo-se

impedida de se desenvolver plenamente do ponto de vista intelectual, social e emocional.

Em outras épocas, considerava-se o leitor deficiente um retardado mental ou “negligente”, obrigando a criança a repetir o ano ou abandonar a escola. Frequentemente isso era confundido com incapacidade, entretanto, na atualidade existe uma notória preocupação no sentido de discriminar a natureza do problema e estabelecer um diagnóstico preciso, bem como procedimentos terapêuticos adequados. (CONDEMARIM; BLOMQUIST, 1986, p. 15).

Deste modo, é de suma importância questionar como os disléxicos se enquadram diante destas

exigências sociais de leitura e escrita e se a escola está preparada para recebê-lo, afinal, as

necessidades pedagógicas destes educandos interferem na rotina escolar, pois se torna

necessário proporcionar maior duração durante as avaliações, assim como, uma leitura

minuciosa do enunciado, sendo, possivelmente, realizada em um ambiente tranquilo que

impossibilite o acesso à dispersões. Segundo Zorzi (2008) é fundamental permitir o uso de

gravador, tabuada, máquina de calcular e recursos de informática, sugerindo e estimulando o

uso de outras linguagens, para que estas sejam supridas pelas dificuldades de ler e entender o

que lê.

Segundo Johnson e Myklebust (1991), a maioria dos disléxicos pode chegar a dominar as

habilidades da leitura informativa, pois com uma condução adequada podem realizar

consideráveis progressos e atingir a habilidade necessária para fins práticos, isto é, podem

chegar a ser capazes de interpretar notícias, propagandas, jornais e cartas, mas é provável que

sejam leitores preguiçosos.

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Muitos ex-disléxicos, como poderíamos chamá-los, talvez nunca cheguem a ser amantes dos livros, mas podem eventualmente ler uma novela ou uma revista como forma de lazer, apenas pelo entretenimento que isso pode proporcionar. (CONDERMARIN; BLOMQUIST, 1986, p. 21).

O reconhecimento das palavras implica no domínio dos elementos fonéticos e estruturais,

onde, simultaneamente a criança começa a dominar aspectos relacionados com a compreensão

do conteúdo lido, adquirindo hábitos eficientes e adequando sua velocidade segundo o grau e

propósito da leitura.

A maioria dos deficientes em leitura apresenta dificuldades no domínio de técnicas

compreensivas fundamentais. Devido as suas limitações no reconhecimento das palavras, o

deficiente da leitura faz, em geral, uma leitura lenta, confunde letras, omite ou acrescenta

letras ou palavras, inverte o sentido das letras ou sílabas, inventa, pula linhas, perde alguma

linha, enfim. Todas essas e outras anomalias impedem compreender adequadamente a leitura

produzindo, além disso, uma tensão emocional que não permite desfrutar ou extrair

experiências da palavra escrita.

Existe uma grande variedade de técnicas terapêuticas para as dificuldades na aprendizagem da

leitura e escrita. Segundo Condemarim e Blomquist (1986), através da aplicação de técnicas

multisensoriais que sustentam as relações visual, auditiva e cinestésica, a maioria das crianças

que possuem dislexia pode chegar a dominar as habilidades da leitura informativa ou de

estudo, domínio que sempre irá exigir-lhes certa dose de esforço.

Com uma condução adequada os disléxicos podem realizar consideráveis progressos e atingir a habilidade necessária para ler com fins práticos. Isto é, podem chegar a ser capazes de interpretar notícias, propagando, jornais e cartas, mas é provável que continuem sendo leitores recalcitrantemente preguiçosos. (CONDEMARIM; BLOMQUIST, 1986, pág. 26).

2.3 AFINAL, O QUE É DISLEXIA?

Etimologicamente, a dislexia corresponde a um distúrbio de leitura e de linguagem, pois dis

refere-se a distúrbio e lexia do latim, leitura e do grego, linguagem. A palavra dislexia foi

sugerida pela primeira vez pelo professor Berlin de Stuttgard, em 1887, porém, no decorrer da

história, várias denominações foram propostas para esta dificuldade de aprendizagem, seja

para a totalidade dos transtornos, seja para alguns de seus aspectos, que em sua classificação

apresentavam uma nítida dificuldade na relação fonema-grafema no campo da leitura.

19

Segundo a Associação Brasileira de Dislexia (ABD), a definição mais usada na atualidade é a

do Comitê de Abril de 1994, da International Dyslexia Association, que conceitua a dislexia

como um distúrbio específico de aprendizagem da linguagem, caracterizado pela dificuldade

em decodificar palavras simples, mostrando uma insuficiência no processo fonológico.

Cabe salientar que as dificuldades em decodificar palavras simples não são esperadas em

relação à idade do educando, que apesar de submetido à instrução convencional, adequada

inteligência, oportunidade sócio-cultural e não possuir distúrbios cognitivos e sensoriais

fundamentais, falha no processo de aquisição da linguagem e de consciência fonológica,

ocasionando problemas de soletração e dificuldades na aquisição da leitura e escrita.

A fim de diferenciar qualitativamente a dislexia das demais causas de dificuldades na leitura,

é conveniente destacar as premissas levantadas por Condemarim e Blomquist (1986), que

destacam os erros de leitura e escrita dos disléxicos de natureza peculiar e específica,

associadas à interpretação de outros símbolos, persistindo até a idade adulta.

Segundo a Associação Brasileira de Dislexia (ABD), a dislexia é definida como uma

dificuldade ou transtorno de aprendizagem na área da leitura, escrita e soletração, sendo o

distúrbio de maior incidência nas salas de aula. Ao contrário do que muitos pensam, a dislexia

não é o resultado de má alfabetização, desatenção, desmotivação, condição socioeconômica

ou baixa inteligência, ela é uma condição hereditária com alterações genéticas, apresentando

ainda alterações no padrão neurológico.

Segundo Johnson e Myklebust (1987), a dislexia infantil foi reconhecida por Morgan (1896) e

Hinshelwood (1898) no final do século dezenove, provando que a população com distúrbios

de aprendizagem não é uma descoberta totalmente nova, pois embora o interesse em buscar

compreender a dislexia tenha se devolvido apenas durante as últimas décadas, esta

denominação já havia sido discutida anteriormente. Johnson e Myklebust (1987)

complementam o conceito da dislexia, ao esclarecer que Orton (1937) ofereceu uma notável

contribuição através do conceito de estrefosimbolia, desenvolvendo juntamente com

Gillingham e Stillman (1940), procedimentos para ensinar as crianças com este tipo de

distúrbio, dando continuidade as pesquisas já iniciadas por Morgan (1896) e Hinshelwood

(1898).

Recentemente, várias áreas profissionais, tanto nos Estados Unidos quanto em outras partes, têm se interessado pela dislexia: Bender (1958); Bryant

20

(1963); Money (1962); Rabinovitch (1954); Hallgren (1950) e Hermann (1959), na Escandinávia; Quiros (1962), na América do Sul e Critcheley (1964), na Inglaterra. Embora as opiniões sejam diferentes em relação à etiologia e a outros aspectos do problema, há acordo quanto ao fato de que essas crianças têm sido negligenciadas e requerem muita atenção por parte dos educadores. (JOHSON; MYKLEBUST, 1987, p. 174).

A dislexia não é considerada uma doença, ela é congênita e hereditária e seus sintomas podem

ser identificados na educação infantil. Disléxicos apresentam um funcionamento peculiar do

cérebro para os processamentos linguísticos relacionados à leitura, pois se trata de uma

dificuldade que não está relacionada a problemas visuais, auditivos, lesões neurológicas,

retardo mental, problemas psicológicos ou socioculturais, a dificuldade do disléxico está em

associar o símbolo gráfico às letras com o som que elas representam e organizá-los

mentalmente numa sequência temporal.

O termo dislexia é aplicável a uma situação na qual a criança é incapaz de ler com a mesma

facilidade com a qual leem os seus iguais, frequentemente acompanhada de transtornos de

aprendizagem da escrita, ortografia, gramática e redação. Apesar de possuir inteligência

normal, órgãos sensoriais intactos, liberdade emocional, motivação, incentivos normais e

instrução adequada, a dislexia é uma dificuldade de leitura, ocasionada pelas disfunções

cerebrais, que acarreta em dificuldades para compreender os códigos da escrita. A leitura pode

ser lenta, silabada e o disléxico pode ter dificuldades em reconhecer até mesmo as palavras

mais familiares.

O objetivo da leitura é adquirir o significado da palavra escrita e, segundo Johnson e

Myklebust (1987), o principal problema da criança disléxica não está na compreensão daquilo

que lê, mas na transdução no processamento visual-auditivo. Em outras palavras, as crianças

disléxicas não conseguem compreender o que está lido por não serem capazes de converter o

símbolo visual ao símbolo auditivo.

Podemos suspeitar a presença da dislexia ao observar se a criança é dispersa, se apresenta

fraco desenvolvimento da atenção, atraso da fala ou da linguagem, dificuldade em aprender

rimas e canções, fraco desenvolvimento na coordenação motora e falta de interesse por livros

impressos. Mas é principalmente no período da alfabetização, período em que a leitura e

escrita são formalmente apresentadas à criança que o diagnóstico mais preciso é feito.

Havendo extensivas e visíveis ocorrências destas dificuldades, um atendimento adequado

deve ser iniciado antes mesmo da alfabetização, porém, é a partir da 2ª série (atual 3º ano do

21

ensino fundamental), após praticamente dois anos de aprendizagem formal de leitura e escrita,

que o diagnóstico da dislexia pode ser formalizado. A criança má alfabetizada consegue

vencer suas dificuldades, até ficarem totalmente superadas, enquanto criança disléxica tem

sinais que a acompanharão por toda a vida.

Alguns problemas com a definição da dislexia são imediatamente aparentes. O que constitui a

“inteligência normal”? “Quantas” dificuldades na aprendizagem da leitura e da escrita

precisam ser manifestadas antes de uma criança poder ser chamada de disléxica?

Pesquisadores que estudam a dislexia, frequentemente, adotam um conjunto de critérios, um

deles é exigir que uma criança possua uma idade de leitura de pelo menos dois anos atrás da

sua idade cronológica, além de afirmar que não devem existir prejuízos auditivos ou visuais

óbvios e a criança deve ter a oportunidade adequada para aprender a ler.

A dislexia não é uma doença como o sarampo, que possa ser claramente diagnosticada ou não. Existe um gradiente, indo desde a boa até a má leitura e o ponto onde podemos traçar uma linha e dizer que as crianças abaixo desta são candidatas ao rótulo de disléxicas é demasiadamente arbitrário. Similarmente, o reconhecimento de que existe uma linha contínua indo desde a boa leitura até a leitura disléxica, não invalida o conceito da dislexia ou evita que suas causas sejam buscadas. (ELLIS, 1995, p. 107).

Segundo Condemarim e Blomquist (1986), existe uma incidência familiar de tipo hereditário

da dislexia que, frequentemente, afeta os meninos em proporção maior que as meninas.

Atrasos na locomoção e problemas de dominância lateral também são alguns antecedentes

enunciados na história dos disléxicos, que apresentam nítida confusão entre letras, sílabas ou

palavras com diferenças sutis de grafia. Para que seja analisada a história do disléxico, busca-

se verificar a existência de um familiar próximo que apresente ou tenha apresentado

problemas na linguagem ou dificuldades na aprendizagem da leitura e escrita.

Segundo Sana (2005) várias teorias científicas acreditam que há alteração cromossômica nos

indivíduos com dislexia, outras, apontam complicações durante o parto como causa do

problema ou anomalias em circuitos cerebrais, padrões neurológicos imaturos e desordem no

sistema nervoso central.

Bertil Hallgren (1960) realizou uma pesquisa com duzentos e setenta disléxicos e chegou à

conclusão de que a dislexia devia-se a um fator hereditário resultante de um monoíbrido

dominante autossômico com manifestação praticamente completa. O estudo de Hallgren

demonstrou que em 80% dos casos havia problemas de leitura em um ou mais membros da

22

família. Assim, o ponto de vista oposto à tese genética ou constitucional, manifesta que todas

as deficiências na leitura são devidas a um atraso de maturação.

Ellis (1995) apud Vogler, Defries e Decker (1985) destaca uma linha de evidências de estudos

sobre a herança de problemas de leitura, pois filhos de pais com dificuldades em leitura estão

significativamente mais propensos a também ter esta dificuldade. Ellis (1995) apud Olson

(1990) esclarece que a variação na capacidade fonológica, da espécie necessária para a

segmentação de fonemas em palavras faladas ou para a leitura de não-palavras é altamente

transmissível geneticamente.

O resultado é uma criança com habilidades cognitivas razoavelmente boas, mas uma fragilidade em um determinado aspecto da linguagem, crucial para a aquisição da leitura e escrita. Nas sociedades pré-literatas, essas crianças poderiam passar despercebidas, exatamente como as crianças com capacidade espacial fraca passam despercebidas em nossa sociedade. (ELLIS, 1995, p.120).

A dislexia está intimamente ligada ao sistema audiovisual, isto é, as tentativas de elementos

gráficos relacionados aos seus respectivos fonemas, porém, os disléxicos relacionam, por

dedução, os fonemas aos grafemas, sendo explícitos os seus erros em leitura e ortografia

através da busca pela percepção da estrutura fonética das palavras. A leitura continua sendo,

sem dúvida, essencialmente ideovisual, ou seja, global, apresentando a explícita falta de

consciência fonológica.

Os disléxicos diferem de seus companheiros em tarefas fonológicas, memória de curto prazo e habilidades de dar nomes, mas esses fatores não diferenciam os disléxicos dos maus leitores normais. As tarefas que diferenciam os disléxicos com sucesso são aquelas tais como encontrar objetos escondidos em figuras e montar quebra-cabeças, nas quais os disléxicos se saem melhores que os maus leitores normais. (ELLIS, 1995, p.119).

Os antecedentes enunciados raras vezes se apresentam em sua totalidade na história de um

disléxico, entretanto, basta à presença de um ou mais para levar a suspeita de uma possível

disfunção neurológica. Sendo a característica mais marcante do disléxico, a acumulação de

seus erros ao ler e escrever, é clara a confusão entre as letras, sílabas ou palavras com grafia

similar e com articulação comum e cujos sons são acusticamente próximos.

O que ocorre também, nos disléxicos, é a substituição de palavras por outras com estrutura

mais ou menos similar ou criação de palavras, porém, com significado diferente, havendo

23

contaminações de sons e repetição de sílabas, palavras ou frases, causando problemas na

compreensão.

Na maior parte das vezes, os problemas emocionais aparecem no disléxico como reação

secundária diante dos seus problemas de rendimento e seus fracassos escolares. Atitudes

depressivas com relação as suas dificuldades mostram um educando deprimido, triste,

culpado, que apresenta recusa a situações que exigem rendimento sistemático e ativo diante

do temor de viver novamente uma experiência de fracasso, apresentando atitudes agressivas e

sensação de aversão à leitura, favorecendo a diminuição da sua autoestima.

“Dislexia, antes de qualquer definição, é um jeito de ser e de aprender que reflete a expressão

individual de uma mente, muitas vezes arguta e até genial, mas que aprende de maneira

diferente”. Associação Brasileira de Dislexia (ABD).

2.3.1 Conhecendo o funcionamento do cérebro do disléxico

A aprendizagem é uma conduta complexa mediada pelo cérebro e pelo sistema nervoso

central de tal maneira que ignorar o papel fundamental desempenhado pela estrutura e pelo

funcionamento cerebral na teoria da aprendizagem equivaleria desconsiderar elementos

essenciais ao processo de ensino/aprendizagem.

Segundo Smith e Strick (2007) embora os prejuízos neurológicos possam afetar qualquer área

do funcionamento cerebral, as dificuldades que mais tendem a causar problemas acadêmicos

são aquelas que afetam a percepção visual, o processamento da linguagem, as habilidades

motoras finas e a capacidade para focalizar a atenção. O ideal é que pais e professores

incentivem as crianças a fazerem o máximo com as capacidades que têm, encorajando-as a

acreditar que podem superar os obstáculos e estabelecer objetivos.

O processo contínuo de amadurecimento cerebral explica por que as crianças tornam-se

gradualmente capazes de fazer coisas que não podiam fazer antes. Segundo Smith e Strick

(2007), a tarefa de ler em voz alta, envolve a atividade coordenada de 14 áreas do córtex

cerebral, incluindo aquelas envolvidas na visão, no processamento da linguagem, na audição e

na fala.

Se esse processo contínuo de ativação neural for perturbado em qualquer ponto, partes do

cérebro poderão não desenvolver-se naturalmente, afinal, o prejuízo em uma região cerebral

24

pode afetar o crescimento e o desenvolvimento em outro ponto do sistema. Por esta razão, é

difícil um aluno com dificuldades de aprendizagem ter um único e isolado problema, afinal, o

córtex é uma estrutura de múltiplas camadas que forma a carapaça externa do cérebro, sendo

essencial para o pensamento e para a aprendizagem e, havendo alguma alteração em seu

padrão neurológico, acarreta dificuldades em alguns aspectos de atividade consciente.

Para Ellis (1995), o cérebro das pessoas disléxicas apresenta um claro desvio em relação ao

modelo cerebral normal, pois no disléxico o lado esquerdo é maior que o direito, de tal modo

que não apresenta tal assimetria e essa falta de assimetria seria a principal causa de alterações

em dificuldades de leitura e escrita.

Segundo Smith e Strick (2007) o hemisfério cerebral esquerdo geralmente se especializa nas

funções da linguagem e os jovens que exibem esse desvio padrão têm problemas com vários

aspectos do processamento da linguagem, leitura, escrita e ocasionalmente fala.

Desta forma, a hiperatividade no hemisfério cerebral direito pode produzir atrasos na

aprendizagem da leitura, já que o lado direito do cérebro está fracamente adaptado à tarefa de

decodificação de palavras, pois este lado do cérebro geralmente organiza e processa

informações não-verbais.

Segundo Johnson e Myklebust (1987) o disléxico acaba tendo mais desenvolvida a área

específica de seu hemisfério cerebral lateral-direito do que leitores normais, condição que,

segundo estudiosos, justificariam seus "dons" relacionados à sensibilidade, artes, atletismo,

mecânica, visualização em três dimensões, criatividade na solução de problemas e habilidades

intuitivas.

Segundo Smith e Strick (2007), em torno de 1860, Paul Broca mostrou que, o predomínio

funcional de um lado do corpo se determina pela supremacia de um hemisfério cerebral sobre

o outro, assim, o hemisfério esquerdo dirigiria a metade direita do corpo e o hemisfério direito

a meta esquerda do corpo. Em pessoas destras, os problemas de linguagem tendem a ocorrer

após um dano ao lado esquerdo, que na maioria das pessoas é primariamente responsável por

capacidades de linguagem, incluindo as habilidades de leitura e escrita.

Segundo Ellis (2005), a velocidade no processamento da linguagem se dá através da chegada

do som ao ouvido, que se dirige ao cérebro, na área auditiva, e da área auditiva o som é

passado para a área de Wernicke, que é a área responsável pela compreensão do que é ouvido,

25

ou seja, a área onde a linguagem é processada, momento em que o cérebro ativa a área frontal,

conhecida como área de Broca, responsável pela expressão do que se quer dizer.

No plano temporal está localizada a área de Wernicke, local que exerce um papel fundamental

no processamento fonológico. Entretanto, existem razões pelas quais deve haver cautela e não

proclamar a “descoberta” da área da dislexia, pois os disléxicos não são todos iguais, então

não devemos esperar que todos mostrem as mesmas anormalidades neurológicas.

Ellis (1995) salienta que foram descobertos aumentos no fluxo sanguíneo esquerdo de um

grupo de disléxicos adultos destros durante tarefas de leitura, indicando aumentos nos níveis

de atividade dentro deste hemisfério. Isso implica que a leitura na maior parte dos disléxicos,

como a leitura na maior parte das outras pessoas, é mediada pelo hemisfério esquerdo do

cérebro, mas que esse opera ineficientemente.

Segundo Zorzi (2008), os processos leitores que ocorrem nos cérebros dos disléxicos podem

ser descritos através de etapas cognitivas para a leitura, enfatizando a etapa perceptiva, que

refere-se à percepção visual, importante fator de dificuldade leitora; etapa léxica, refere-se ao

traçado das letras e a memorização dos demais grafemas da língua; etapa sintática, trata da

organização da estruturação da frase e etapa semântica, que diz respeito ao significado que

traz as palavras nos seus morfemas (prefixos e sufixos).

Ellis (1995) esclarece que crianças disléxicas mais velhas mostram mais atividade em uma

diferente região cerebral do que os disléxicos mais novos. O que sugere que essa outra área

assumiu esse comando cerebral de modo compensatório, possibilitando que essas crianças

consigam ler, porém, somente com o exercício de um grande esforço.

Smith e Strick (2007) esclarecem que crianças com dificuldades de aprendizagem são, com

frequência, excepcionalmente criativas, já que as soluções tradicionais nem sempre

funcionam para elas, favorecendo a elaboração de suas próprias soluções.

2.3.2 Classificações da dislexia

Condermarin e Blomquist (1989), assim como Sana (2005), explicam que a dislexia pode ser

categorizada em:

Dislexia visual Apresentam comprometimentos na área da percepção visual Dislexia auditiva Apresentam comprometimentos maiores na percepção

auditiva

26

Dislexia mista Apresentam comprometimentos maiores na percepção auditiva e visual

Ellis (1995) categoriza a dislexia através de peculiaridades referentes a este transtorno. Estas

categorizações estão definidas em:

Dislexia desenvolvimental Também chamada de verdadeira, pois se trata da dislexia hereditária, a mais frequente em casos de disléxicos

Dislexia adquirida Contraída após um dano cerebral na idade adulta, podendo surgir após um AVC - Acidente Vascular Cerebral - ou traumatismo

Dislexia periférica Refere-se aos transtornos nos quais o sistema de análise visual está danificado, resultando em uma faixa de condições nas quais a percepção de letras nas palavras está extremamente prejudicada

Dislexia central Refere-se às dificuldades que afetam a compreensão e/ou a comunicação de palavras escritas

Dislexia de superfície Refere-se a um alto uso do procedimento sublexical ao ler em voz alta, isto é, na conversação letra-som usando a via que conecta o sistema de análise visual ao nível do fonema, tratando palavras, uma vez familiares, como se fossem estranhas

Dislexia fonológica Considera palavras não-familiares virtualmente impossíveis de serem lidas, perdendo a capacidade para a conversação sublexical de letra para som, não estabelecendo conexões entre o sistema de análise visual e o nível do fonema. Menciona a leitura de uma base de palavra completa e apresenta severo prejuízo na espécie de processamento em voz alta

Dislexia profunda Considera palavras que têm referenciais concretos e imagináveis mais fáceis de ler do que palavras abstratas

Dislexia de negligência Considerada uma condição exemplificada por leituras incorretas que afetam as letras iniciais das palavras

Oliveira (1997) apud Defontaine (1982) distingue três tipos de dislexia:

Dislexia constitucional Acompanham grandes perturbações, como a lateralização mal estruturada e as perturbações da fala e da linguagem

Dislexia de evolução Destacadas por ocasião das primeiras letras e que podem ser provocadas por métodos de aprendizagem defeituosa

Dislexia afetiva Dificuldade de leitura provocada por bloqueios afetivos

Segundo Condermarin e Blomquist (1989), a principal característica disléxica (independente

da sua categorização) é uma deficiência viso-perceptiva, que por um lado está relacionada

com a audição e a linguagem, mas por outro se relaciona com os processos viso-perceptivos.

27

O sucesso na reeducação de um disléxico está baseado em uma terapia que corresponde a

aprender através do uso de todos os sentidos, combinando sempre a visão, a audição e o tato

para ajudá-lo a ler e a soletrar corretamente as palavras.

2.3.3 Conhecendo as dificuldades de aprendizagem do disléxico

São específicos os erros das crianças disléxicas com relação aos que cometem as crianças

chamadas normais ao longo de sua aprendizagem? Apresenta cada criança um sistema de

erros que lhe são próprios e que são sempre os mesmos? Não se extrai nenhum

posicionamento comum acerca destas questões, uns defendem o caráter sistemático dos erros

das crianças disléxicas, outros suas variabilidades, uns acham que se podem descrever tipos

de erros próprios das crianças disléxicas, outros que se encontram os mesmos erros entre as

crianças disléxicas e entre as crianças normais, mas que, nestas últimas, são menos frequentes

e, sobretudo, passageiros.

Alguns “sintomas” podem ser observados desde cedo, como as aparentes dificuldades para se

expressar oralmente, assim como dificuldades os sons nas palavras, compreender o que é

falado e apresentar dificuldades na orientação de espaço e tempo. As características descritas

na leitura dos disléxicos raramente se apresentam isoladamente, pois frequentemente são

acompanhadas de outras perturbações que alteram a aprendizagem.

Segundo Stelling (1994) os elementos fonéticos, nos quais os disléxicos tendem a apresentar

maior número de problemas, referem-se à discriminação de vogais de letras de grafia similar

ou de letras de sons próximos, sendo-lhes necessários exercícios para a visualização dessas

vogais.

Alguns disléxicos geralmente apresentam dificuldades para a lembrança imediata, outros

apresentam dificuldades para lembrar fatos passados, alguns não conseguem lembrar palavras

ou sons que escutam, apresentando dificuldades para memorizar visualmente letras, palavras

ou objetos.

Na leitura, geralmente pulam linhas, retrocedem para a linha anterior ou perdem a linha ao ler,

havendo excessivas fixações do olho na linha acompanhado por soletração defeituosa,

problemas de compreensão, leitura subvocal (murmuram ou movem os lábios) e quando

escrevem, revelam sinais de confusões através das escritas em espelho, inversões, adições,

omissões e substituições.

28

Frequentemente, o disléxico apresenta dificuldade para aprender sequências, tais como os dias

da semana, os meses do ano, o alfabeto ou olhar a hora e relacionar um acontecimento com

outro no tempo. Johnson e Myklebust (1987) explicam que algumas crianças disléxicas sabem

que há doze meses no ano e conseguem dizer os nomes deles, mas não na ordem correta.

Segundo Johnson e Myklebust (1987), raramente, a dislexia é encontrada isoladamente,

afinal, é frequente observar a manifestação de outros distúrbios, embora não se espere

encontrar todas as características em uma única criança, geralmente se observam as seguintes

dificuldades: distúrbios de memória, pois a leitura requer tanto a memória auditiva, quanto a

memória visual; orientação direita-esquerda, pois não conseguem identificar esquerda e

direita em si mesmas ou em outras pessoas e orientação temporal, apresentando incapacidade

para adquirir senso de tempo e imagem corporal, pois na população disléxica podem ser vistos

desenhos da figura humana que não revelam boa organização ou detalhe.

Além das características supracitadas, Johnson e Myklebust (1987) também ressaltam que

podem ser identificadas dificuldades com a topografia, pois algumas crianças disléxicas

possuem certa incapacidade para ler gráficos, mapas, globos ou maquetes por não

conseguirem associar significado a esses materiais de representação ou ter noção simbólica de

espaço, apresentando também distúrbio do padrão motor, pois embora as crianças disléxicas

não tenham envolvimentos motores gerais, muitas têm distúrbios secundários, incluindo

coordenação locomotora inferior, equilíbrio e destreza manual.

Zorzi (2008) destaca algumas dificuldades recorrentes e visíveis no disléxico, como: atrasos

na aquisição da linguagem falada; dificuldades sistemáticas para compreender a linguagem

falada, embora a criança seja ouvinte, apresenta tendência a requisitar repetições por parte do

interlocutor; dificuldades para encontrar as palavras adequadas para se expressar, trocando

nomes ao descrever algum objeto ou usando palavras substitutivas; vocabulário reduzido em

relação ao número de palavras ao qual a criança está exposta; dificuldades para organizar

ideias e expor relatos nas quais se pede para falar, rapidamente, vários nomes em sequencia;

dificuldades para compreender números e horas; compreensão do texto prejudicada,

principalmente pelas alterações ou confusões durante a leitura das palavras, traduzindo em

erros ortográficos mais numerosos e mais diversificados do que o comumente esperado para a

série/ano cursada (o).

29

Em geral o disléxico, caso não for severamente disgráfico, consegue copiar, porém, quando

escreve um ditado ou na escrita espontânea (dissertação) revela sérias complicações, tendo

dificuldades de expressar suas ideias com boa sintaxe, sequência e estrutura adequadas.

A criança disléxica deve frequentar a escola regular. É importante que a equipe escolar

conheça os aspectos característicos da dislexia, o funcionamento leitor do disléxico e esteja

pronta e disponível para atender estas necessidades especiais. A escola bilíngue não é

indicada para uma criança com dificuldades de linguagem, pois ela deverá lidar com vários

idiomas simultaneamente, com diferentes estruturas fonéticas e gramaticais, o que tornará

mais complexa a aprendizagem da língua escrita.

O disléxico pode possuir dificuldades em matemática, pois apresenta obstáculos para aplicá-

los na solução do seu dia-a-dia ou, às vezes, não compreende a formulação do problema, já

que lhe é difícil ler, havendo problemas nas falhas dos aspectos operatórios, pois eles

invertem os números ou suas sequências.

É visto também, que essas crianças possuem dificuldades na identificação das partes do corpo,

sendo necessários estudos com desenhos e detalhes de figuras humanas. Algumas delas não

possuem envolvimentos motores gerais, incluindo coordenação motora e equilíbrio, não

conseguindo manipular peças pequenas de alguns materiais, sendo-lhes necessários

procedimentos educacionais que forneçam a capacidade de associar palavras a determinadas

ilustrações.

Este conjunto de transtornos tem provocado à educação, quer seja especial, regular ou

inclusiva, problemas reais que apresentam grandes desafios por parte do educador. Zorzi

(2008) afirma que existem estimativas de que tais distúrbios podem atingir cerca de 10 a 15%

da população de escolares, porém, dentro da nossa realidade, o número que crianças que não

aprende, ou que pouco aprende, vai muito além desses 15%, chegando a valores

surpreendentes, que podem ultrapassar os 40% em muitos casos.

Muitas crianças não aprendem o tanto que poderiam. E o mais interessante: o problema não está nelas. Está mais na “gente grande” encarregada de educá-las. A decisão de iniciar formalmente o processo de alfabetização não deve ser tomada a partir do critério de idade. Um conjunto de conhecimentos e certo grau de maturidade geral são necessários e devem ser devidamente considerados nesta tomada de decisão. (ZORZI, 2008, p. 20).

2.3.4 Como atuar com o disléxico em sala de aula

30

Segundo Smith e Strick (2007) muitas crianças não estão indo tão bem quanto poderiam na

escola em virtude de deficiências que não foram identificadas, afinal, ano após ano, muitos

desses jovens são erroneamente classificados como tendo baixa inteligência, insolência ou

preguiça, sendo constantemente acompanhados por adultos ansiosos e preocupados com o

desempenho acadêmico. Para estes autores, quando as táticas comuns de recompensa e

punição fracassam, pais e professores tornam-se frustrados, mas ninguém sente maior

frustração que os próprios estudantes.

Zorzi (2008) expõe algumas atitudes que podem ser realizadas pelo professor para auxiliar o

desenvolvimento da aprendizagem da criança disléxica, como: nomear figuras, pronunciando

lentamente sílaba por sílaba da palavra; identificar cada uma das sílabas e levar a criança à

constatação de que uma mesma sílaba pode estar presente em diferentes palavras; realizar

jogos de adivinhação de palavras que comecem como mesmo som, destacando e prolongando

os primeiros sons das palavras.

A criança deve aprender a dar nomes para as letras individualmente. Não deve haver uma

preocupação com o ensino da sequência do alfabeto, em primeiro momento o importante é

saber nomear individualmente cada uma delas. Brincar com os sons que as letras podem fazer,

associando aos jogos de análise dos fonemas e incentivar um jogo de correspondência da letra

com o som que ela faz utilizando os alfabetos móveis são muito úteis para a concretização das

atividades.

Propor a escrita de outras palavras as quais contenham sílabas iguais às que a criança acabou

de escrever e observar discretamente se ele fez as anotações da lousa e de maneira correta

antes de apagá-la. O disléxico tem um ritmo diferente dos não-disléxicos, portanto, deve-se

evitar submetê-lo a pressões de tempo ou competição com os colegas.

Tratar o aluno disléxico com naturalidade e usar a linguagem direta, clara e objetiva quando

falar com ele, afinal, isso ajudará a enriquecer e favorecer a comunicação. Muitos disléxicos

têm dificuldade para compreender uma linguagem simbólica, sofisticada e metafórica,

portanto, é fundamental ser simples e utilizar frases curtas e concisas ao passar instruções.

Trazê-lo para perto do quadro/ lousa e da mesa do professor favorecerá o diálogo e facilitará o

acompanhamento, a orientação e a criação de novos vínculos.

31

Verificar sempre e discretamente se este aluno demonstra estar entendendo a exposição, se

tem dúvidas a respeito do que está sendo objeto da sua aula e se conseguiu entender o

fundamento do conhecimento que está sendo tratado. Se necessário, é fundamental repetir

sempre que preciso e apresentar exemplos.

Certificar-se de que as instruções para determinadas tarefas foram compreendidas e observar

se o aluno está se integrando com os colegas. Segundo Zorzi (2008), geralmente o disléxico

alcança simpatias entre os companheiros. Suas qualidades e habilidades são valorizadas, o que

lhes favorece o relacionamento, entretanto, sua inaptidão para certas atividades escolares,

como provas em dupla ou trabalhos em grupo, pode levar os colegas a rejeitá-lo nessas

ocasiões. O professor deve evitar situações que evidenciem esse fato. Com a devida distância,

discreta e respeitosamente, deve contribuir para a inserção do disléxico nos grupos da classe.

Estimular, incentivar, fazê-lo acreditar em si, capaz e seguro. O disléxico tem sempre uma

história de frustrações, sofrimentos, humilhações e sentimentos de menos valia para a qual a

escola deu uma significativa contribuição. Cabe, portanto, a escola ajudá-lo a (re) construir a

sua autoestima.

Sugerir-lhe “dicas”, “atalhos”, “jeitos de fazer”, “associações” que o ajudem a lembrar-se a

executar atividades ou a resolver problemas e não lhe pedir para fazer coisas na frente dos

colegas que o deixem na “berlinda”, principalmente ler em voz alta.

O disléxico tende a lidar melhor com as partes do que com o todo. Abordagens e métodos

globais e dedutivos são de difícil compreensão para o disléxico, então, apresentar-lhe o

conhecimento em partes e de maneira dedutiva se torna agradável para este educando.

Não indicar livros apenas para leituras paralelas. É fundamental proporcionar outras

experiências que possam contribuir para o alcance dos objetivos previstos, como assistir a um

filme, um documentário, uma peça de teatro, visitar um museu, um laboratório, uma

instituição, empresa ou recorrer a versões em quadrinhos, em animações ou em programas de

informática.

Segundo Johnson e Myklebust (1987), como atividades corretoras podem ser aplicados

exercícios de análise e síntese visual, a exemplo dos quebra-cabeças de duas peças com letras,

palavras ou desenhos, que são de extrema importância, pois exigem capacidades adequadas

para organizá-los.

32

É importante destacar que a progressão da aprendizagem do disléxico vai desde as tarefas

mais simples até as mais complexas, porém, deve desenvolver-se de maneira lenta e gradual.

A aprendizagem visual deve ser reforçada através dos outros canais sensoriais, assim, a

criança disléxica poderá aprender a diferenciar a forma de uma letra ou palavra utilizando

brinquedos que tenham letras e palavras escritas como um recurso da ludoterapia. Expressar o

símbolo em voz alta, percorrer o contorno com os dedos ao escrever e selecionar o material

didático favorece o ensino individual e intenso, estimulando o interesse para fins de ensino.

Os métodos com os sistemas de símbolos requerem certa integridade, já que exige da criança

a capacidade de diferenciar um símbolo do outro, atribuindo-os significados. Cabe ao

educador obter uma metodologia qualificada e atrativa para que a vontade de aprender e a

curiosidade sejam despertadas na criança, pois os processos educativos devem tornar-se

prazerosos e satisfatórios, visando sempre o bem-estar e o aprendizado eficaz e respeitando os

limites do educando. Com a evolução das práticas pedagógicas, verifica-se que os métodos

estão cada vez mais atualizados, visando atenção máxima no desenvolvimento da

aprendizagem.

Segundo a Associação Brasileira de Dislexia (ABD), pessoas com dificuldades na leitura e

escrita, especificamente portadoras de dislexia, devem ser avaliados de maneira diferenciada

para não excluir seus verdadeiros potenciais. Desta forma, o indivíduo avaliado poderá

apresentar, para tal procedimento, o laudo de uma equipe multidisciplinar anexo à carteira de

identidade que apresenta necessidades de avaliação diferenciada em ocasiões de provas,

vestibulares, exames de ordem, concursos públicos e exame para obtenção de carteira de

habilitação de motorista.

Para a pessoa diagnosticada disléxica, é necessário que as provas sejam lidas em voz alta pelo

aplicador da avaliação e que a mesma seja acrescida de tempo adicional para a execução,

além de permitir que esta seja dita oralmente pelo candidato e transcrita para o papel pelo

aplicador ou observador da prova.

2.4. COMPREENDER AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM: O GRANDE

DESAFIO DO EDUCADOR

O termo “dificuldades de aprendizagem” refere-se a uma ampla gama de problemas que

podem afetar qualquer área de desempenho acadêmico. Raramente, elas podem ser atribuídas

33

a uma única causa, afinal, aspectos diferentes podem prejudicar o funcionamento cerebral e os

problemas psicológicos dessas crianças que, frequentemente, são complicados, até certo

ponto, por seus ambientes doméstico e escolar.

Segundo Johnson e Myklebust (1987) há muito tempo, a educação e a psicologia têm se

preocupado em saber como uma criança aprende, especialmente como ela adquire a palavra

falada, lida e escrita. Aos poucos, a educação especial revela que tem surgido um novo tipo de

criança deficiente, sem se referir à cegueira, à surdez ou ao educando emocionalmente

perturbado, pois os distúrbios de aprendizagem de origem neurogênica passaram a ser fontes

de estudo para educadores e psicólogos que buscavam respostas às indagações relacionadas

sobre as dificuldades de aprendizagem encontradas pelas crianças em seu processo de

escolarização.

Presumivelmente, essas crianças já existiam no passado, mas só quando técnicas

aperfeiçoadas para a determinação no sucesso da aprendizagem tornaram-se disponíveis é que

foi possível diferenciá-las daquelas que aprendem normalmente e identificá-las com

segurança e precisão. Ajuriaguerra (1984) destacou a importância de fatores como a

percepção, a linguagem, a lateralidade, dentre outros, como processos que influenciam na

aprendizagem ou na desaprendizagem.

Segundo Johnson e Myklebust (1987) até recentemente, as crianças que apresentavam

problemas de aprendizagem eram classificadas como sendo mentalmente retardadas,

sensorialmente deficientes, emocionalmente perturbadas ou como tendo distúrbios motores.

Os especialistas dessa área conscientizaram-se gradativamente de que havia crianças que eram

incapazes de aprender e compreender e ainda assim não eram retardadas mentais.

Devido à necessidade de encontrar uma denominação nova, mais apropriada e significativa

para essas crianças, surgiu o conceito de disfunção cerebral mínima e o de distúrbios de

aprendizagem. Além de distinguir entre as crianças que podiam ouvir e ver normalmente

daquelas que não podiam, entre as que tinham capacidades motoras normais daquelas que não

as tinham, tornou-se essencial diferenciar as que possuíam incapacidade para aprender

daquelas que, apesar de possuírem funcionamento emocional, mental, sensorial e motor

íntegro não podiam aprender normalmente.

34

A ideia de que cada criança deve ter a oportunidade de aprender tanto quanto permite a sua

capacidade está firmemente enraizada em nossa filosofia da educação, porém, as crianças com

distúrbios de aprendizagem não estão tendo essa oportunidade, pois, geralmente, tem sido

oferecido um currículo estabelecido pelo sistema escolar, onde essas crianças têm sido

incapazes de acompanhá-los. O objetivo educacional para as crianças com distúrbios de

aprendizagem é auxiliá-las de modo que possam realizar suas potencialidades e sejam parte

efetiva e integrante da sociedade.

Embora as causas possam ser diversas, qualquer limitação na aprendizagem é sempre

constrangedora para a criança, pois ela acaba sentindo as consequências que se manifestam na

forma de um desempenho não adequado. Quem não aprende, sofre, desta forma, cabe ao

educador estar preparado para atuar com esta realidade, transparecendo à criança que possui

alguma limitação em sua maneira de aprender, que ela pode acompanhar as atividades, através

de uma metodologia que contemple as suas limitações, expondo o seu profissionalismo e

competência ao aplicar atividades diferenciadas e acompanhando o desenvolvimento da sua

aprendizagem.

Em outras palavras, faz-se necessário analisar quais competências e habilidades devem ser

desenvolvidas e como elas serão trabalhadas, respeitando o ritmo da criança, que poderá

responder, ou não, as estratégias de aprendizagem. O grande desafio para o educador se

encontra em suas ações metodológicas, estando apto a fazer qualquer mudança ou adaptação

com o foco em um ensino que englobe as diversas estratégias de aprendizagem dos

educandos.

Na medida em que certas habilidades venham a ser mais exigidas em situações escolares,

certas dificuldades de aprendizagem passam a se mostrar mais evidentes. Desta forma, é

fundamental que o professor possua o olhar sensível a suspeitar de alguma irregularidade,

afinal, em geral, os transtornos de aprendizagem caracterizam-se pela presença de um

conjunto de sintomas não eventuais ou passageiros.

Crianças com dificuldades no desenvolvimento da aprendizagem devem ser assistidas desde

muito cedo, porém, o que temos visto em nossa realidade atual é uma espécie de visão

descomprometida ou de desconsideração por parte de alguns profissionais de educação. Será

que estas posturas têm a ver com a falta de capacitação? Será que, para estes profissionais, a

graduação não foi um recurso suficiente de qualificação?

35

Para Johnson e Myklebust (1987) muitos sistemas escolares manifestam interesse pela criança

com distúrbios de aprendizagem, mas não sabem como agir. Desta forma, indagações

referentes ao processo formativo dos educadores/professores/pedagogos ao atuarem com estas

crianças, relacionam-se ao preparo que estes profissionais receberam nas

universidades/faculdades aos quais estudaram, pois infelizmente, esta temática não tem sido

discutida como deveria nos departamentos de educação espalhados pelo país, cabendo ao

profissional capacitar-se através de especializações.

Como regra geral, indicadores de problemas de aprendizagem que possuem determinadas

limitações em sua maneira de aprender necessitam de precoces procedimentos saudáveis e

extremamente necessários, em termos de facilitar a evolução de tais crianças, com impactos

positivos em seu desempenho escolar, inclusive do ponto de vista emocional. Crianças com

dificuldades de aprendizagem devem ser tratadas com naturalidade e respeito, assim como as

demais. Incentivar e valorizar as habilidades que a criança vai adquirindo é fundamental para

que ela se sinta capaz e reconhecida em seus esforços.

2.5 COMPREENDENDO A NECESSIDADE DO ESTUDO DAS DIFICULDADES DE

APRENDIZAGEM PARA A FORMAÇÃO DO PEDAGOGO

Compreender os mecanismos que explicam os processos de ensino/aprendizagem, seus

principais teóricos, os diferentes estágios de maturação e os diversos níveis de aprendizagem

encontrados em uma sala de aula são as preocupações e curiosidades enfrentadas pelos

estudantes que ingressam em um curso de formação de professores, afinal, a sala de aula é um

ambiente que possui diversas realidades, mostrando que este espaço é sempre heterogêneo e,

cabe ao pedagogo, capacitar-se profissionalmente para atuar diante destas necessidades.

Refletir sobre o processo de construção do conhecimento e compreender que a criança

absolve informações através de vivências e aprendizagens significativas ao seu estágio de

maturação reflete em discutir a preparação do educador em ter este olhar aguçado em

compreender como seu aluno aprende diante de algumas condições e circunstâncias. Porém,

esta prática se torna uma realidade, infelizmente, pouco discutida nos cursos de formação de

professores.

Os diversos estágios de maturação e os diferentes enfoques pedagógicos direcionados a cada

educando, fazem-nos observar a realidade escolar através de diversos contextos, afinal, as

36

diferentes realidades encontradas em uma sala de aula nos mostram que as dificuldades de

aprendizagem se tornam fatos corriqueiros no ambiente escolar.

Desta forma, compreender o estudo das dificuldades de aprendizagem se torna uma

necessidade à formação do pedagogo, pois será através desta capacitação que este profissional

estará apto a possibilitar um acompanhamento pedagógico qualificado aos alunos aos quais

estiver acompanhando, favorecendo o desenvolvimento da aprendizagem destes educandos.

Como profissionais de educação possibilitarão o desenvolvimento da aprendizagem de

educandos que apresentam dificuldades de aprendizagem se enquanto estudantes/graduandos

não tiveram acesso teórico e prático acerca desta temática? Como estes educandos avançarão

em seu processo de ensino/aprendizagem se a formação acadêmica do seu professor não

dispõe em qualificá-lo para tal atuação? A graduação deixa esta “lacuna” na formação do

pedagogo, que ao encontrar as diferentes realidades, necessita buscar através de

especializações o estudo dos principais distúrbios de aprendizagem frequentes no ambiente

escolar.

A capacitação profissional, no que se refere ao estudo das dificuldades de aprendizagem,

oferece importantes vantagens ao educador e ao aluno, pois é de extrema importância trazer a

discussão de que pedagogos mal capacitados estão ocupando salas de aula, coordenações

pedagógicas, orientações educacionais e direções escolares, desta forma, como estes alunos

estão sendo avaliados e acompanhados?

É perceptível que esta temática não é discutida na universidade, com a atenção que a realidade

prática necessita, afinal, na UNEB não temos uma disciplina obrigatória que contemple o

estudo teórico e prático deste campo de atuação pedagógica, mostrando o quanto a preparação

acadêmica que este profissional obteve durante a graduação não reflete com a realidade a qual

atuará.

Desta forma, é fundamental que os profissionais de educação conheçam um dos principais

motivos das causas da evasão escolar e uma das principais dificuldades de leitura e escrita

mais frequentes nas salas de aula. Sabemos que o conhecimento em leitura e escrita se tornam

habilidades fundamentais na sociedade em que vivemos, contudo, como os profissionais de

educação têm atuando com estes alunos se muitos desconhecem o conceito da dislexia?

37

Na sala de aula, é o professor quem vai perceber as necessidades e dificuldades dos seus

alunos, analisar as possibilidades de alterar sua metodologia e, até mesmo, a forma de

conduzir suas aulas e as atividades avaliativas. É evidente que na escola existem alunos com

distúrbios de aprendizagem, no entanto, o professor não está preparado para identificá-los

nem para desenvolver um trabalho que busque minimizar os problemas educativos que esses

distúrbios possam causar.

Quando ocorrem alguns diagnósticos sobre os distúrbios de aprendizagem por parte dos

educadores, os mesmos se apresentam de maneira extremamente superficial, afinal, estes

profissionais se sentem despreparados para tal atuação. A partir daí surgem os rótulos e as

classificações acerca das dificuldades de aprendizagem encontradas pelo educando que,

enquanto isso, percebe que a sua limitação acarretará problemas de ajustamento social e de

aprendizagem.

Apesar dos avanços no conhecimento dos transtornos de aprendizagem, ainda é preciso

vencer a barreira da desinformação, particularmente entre os educadores, afinal, infelizmente,

a deficiência na preparação destes educadores se dá através das diretrizes que norteiam a

formação deste profissional. Para Smith e Strick (2007), embora as dificuldades de

aprendizagem tenham se tornado o foco das pesquisas mais intensas nos últimos anos, elas

ainda são pouco entendidas pelo público em geral, até mesmo entre professores e outros

profissionais de educação.

Desta forma, como estaremos identificando, avaliando e favorecendo o progresso de

ensino/aprendizagem dos alunos que necessitam de um atendimento pedagógico diferenciado

se, enquanto estudantes de pedagogia, não dominarmos o estudo das práticas pedagógicas que

amenizam as dificuldades encontradas por estes educandos?

É importante destacar que favorecer o desenvolvimento da aprendizagem destes alunos não

implica apenas resumir esta conquista ao torná-los alfabetizados, pois o que está por trás desta

transformação é entender a necessidade de uma mudança curricular nos cursos de pedagogia

que favoreça a formação social e o verdadeiro papel da educação.

2.6. UM “OLHAR SENSÍVEL” ÀS DIRETRIZES CURRICULARES DO CURSO DE PEDAGOGIA

38

O termo “pedagogia” se presta a vários significados conforme a tradição cultural, científica e

epistemológica a que se recorra. Pimenta (2002) esclarece que em vários países europeus, a

pedagogia é reconhecida como ciência, mas em outros é substituída por ciências da educação.

Para a autora, pedagogia é, antes de tudo, um campo científico que se ocupa da formação

escolar das crianças, com processos educativos que possuem um significado amplo e

globalizante.

Pimenta (2002) nomeia a pedagogia de ciência da e para a educação, considerando-a como

teoria e prática com caráter explicativo, paraxiológico e normativo da realidade educativa,

pois investiga teoricamente o fenômeno educativo, formulando orientações para a prática a

partir da própria ação prática, propondo princípios e normas relacionados aos fins e meios da

educação.

Educação compreende o conjunto dos processos, influências, estruturas e ações que intervêm no desenvolvimento humano de indivíduos e grupos na sua relação ativa com o meio natural e social, num determinado contexto de relações entre grupos e classes sociais, visando à formação do ser humano. A educação é, assim, uma prática humana, uma prática social, que modifica os seres humanos nos seus estados físicos, mentais, espirituais, culturais, que dá uma configuração à nossa existência humana individual e grupal. (PIMENTA, 2002, p. 64).

A pedagogia constitui-se num campo de estudos com identidade e problemáticas próprias,

englobando os elementos da ação educativa e sua contextualização, tais como considerar o

educando enquanto sujeito do processo de socialização e aprendizagem, conceituando a

escola e o professor como agentes de formação, favorecendo situações concretas onde os

processos formativos e os saberes se dão através dos diversos contextos de aprendizagem.

A relação estreita entre currículo e sociedade começou a ser posta no Brasil a partir do final

da década de 1960. Este fenômeno, que já ocorrera no assim chamado Primeiro Mundo a

partir da mesma década e que recebeu o nome de Nova Sociologia da Educação (NSE), tem,

por característica essencial, considerar o conjunto dos funcionamentos e dos fatores sociais da

educação a partir de um ponto de vista privilegiado que é o da seleção, da estruturação, da

circulação e da legitimação dos saberes e dos conteúdos simbólicos incorporados nos

programas e nos cursos.

Para Costa (2001), devemos partir do pressuposto teórico de que currículo é construção e se é

construção, então, correlata a pluralidade e as formas epistemológicas das discursividades.

Sua construção supõe certa perspectiva assumida na área da filosofia da educação, dado que é

39

em função do sistema a que se dá assentimento que se precisam a direção e o sentido próprio

do processo pedagógico.

Segundo Moreira (1999), nos últimos 20 anos, tem-se intensificado no panorama pedagógico

brasileiro o foco da formação docente. Consolidam-se e divulgam-se, em inúmeros encontros

e publicações, os conhecimentos produzidos com base em pesquisas e reflexões dos

especialistas da área, ao mesmo tempo em que se reformulam os currículos de inúmeros

cursos destinados a esse preparo.

Moreira (1997) esclarece que no parecer 252/69, que reorganizou o curso de pedagogia, há

uma supervalorização da técnica do “como fazer”. A separação entre teoria e prática

caracteriza o curso, que se mostra basicamente composto por duas partes: os fundamentos da

educação e as disciplinas específicas, salientando que não há inter-relação entre estas duas

partes, o que dificulta uma visão integrada das questões educacionais.

O excesso de disciplinas específicas dá ao curso um caráter tecnicista e leva a uma

supervalorização destas especializações, que deixam de ser vistas como simples divisões de

um todo integrado e passam a constituir-se em instrumentos de racionalização e fragmentação

do trabalho pedagógico.

Para Moreira (1999) propõe um discurso que veja a pedagogia como uma forma de política

cultural, destacando a necessidade de desenvolver um elo entre conhecimento e poder que

sugira possibilidades concretizáveis para os estudantes. Isto é, conhecimento e poder

intersectam em uma pedagogia de política cultural de modo não só a dar aos estudantes a

oportunidade de entender mais criticamente quem são, enquanto parte de formação social

mais ampla, mas também a ajudá-los a apropriar-se criticamente das formas de conhecimento

que lhes têm tradicionalmente sido negadas.

Contudo, não se sustenta mais manter um critério curricular universal e um currículo fechado

em uma prescrividade técnica. Uma concepção dinâmica de currículo só pode ser construída

quando se pensam, conjuntamente, currículo, ensino, aprendizagem e sociedade. Trata-se de

um programa de formação que, segundo Costa (2001), também pode ser considerado como

aquilo que é realmente ensinado nas salas de aula e que está, às vezes, muito distante daquilo

que é oficialmente prescrito.

40

Quando se considera que o currículo só se materializa no ensino, momento em que os alunos e

professores vivenciam experiências nas quais constroem e reconstroem conhecimentos e

saberes, compreende-se a recorrente referência à prática e à formação docente nos estudos que

tomam o currículo como objeto de suas atenções. A mesma articulação é visível no âmbito

das políticas públicas, quando as reformas curriculares atrelam medidas que buscam afetar e

modificar os diferentes momentos e processos na formação do professorado.

A pressuposição explorada neste trabalho é a de que, apesar de conceitos como inovação

pedagógica e mudança curricular parecerem coincidentes, nem sempre há acordo quanto à

concepção de inovação e estratégias de mudança entre aqueles que formulam políticas e

decidem para a universidade um currículo que norteia o processo de ensino/aprendizagem dos

seus formandos, prezando pelas técnicas do “como fazer” e “pecando” ao deixar de expor

conteúdos fundamentais à formação do educador, o qual salientamos o estudo das

dificuldades de aprendizagem.

Desta forma, essas questões são os pontos de partida e devem acompanhar as buscas pelas

inovações educativas que norteiam as diretrizes dos cursos de formação de professores. As

diretrizes curriculares do curso de pedagogia ressaltam a importância em favorecer a

compreensão da complexidade da escola e de sua organização, assim, a formação definida

abrangerá integradamente à docência, a participação da gestão e avaliação de sistemas e

instituições de ensino em geral, a elaboração, a execução, o acompanhamento de programas e

as atividades educativas, abrindo-se, assim, amplo horizonte para a formação e atuação

profissional dos pedagogos.

Delineia-se, pois, que a formação no curso de pedagogia deverá assegurar a articulação entre

a docência, a gestão educacional e a produção do conhecimento na área da educação,

afastando a possibilidade de redução do curso a uma formação restrita à docência. Todavia,

faz-se necessário demarcar a compreensão desses elementos constitutivos à formação do

pedagogo.

Diante desta realidade, tomando como ponto de partida as complexidades encontradas no

ambiente escolar e fazendo referências às diversas formas de aprender presenciadas pelo

pedagogo-professor ao atuar com os seus alunos, se faz importante ressaltar a preocupação

com os educandos que necessitam de um acompanhamento pedagógico diferenciado, pois

41

durante a formação em pedagogia pouco se discute sobre as dificuldades de aprendizagem

frequentemente presentes no âmbito educacional.

As diretrizes curriculares do curso de pedagogia salientam o desenvolvimento do “leque” de

atuações que, atualmente, o pedagogo possui em atuar enquanto profissional de educação,

destacando o estudo de algumas complexidades presentes na escola, porém, o que se tem

percebido através da leitura destas diretrizes e da análise crítica das grades curriculares dos

cursos de pedagogia é que o estudo das principais dificuldades de aprendizagem não são

assuntos abordados nos cursos de formação de professores.

Nesse sentido, com as diversas atualizações no campo pedagógico científico, as metodologias

ainda se tornam os “pontos fortes” nos cursos de formação de professores, disciplinas que,

obviamente, são fundamentais a atuação destes profissionais, mas é interessante destacar que

estes professores jamais encontrarão uma sala de aula homogênea, nem encontrarão alunos

com os mesmos níveis de aprendizagem e, infelizmente, estes profissionais não têm sido

preparados para tal realidade.

O estudo teórico e prático das dificuldades de aprendizagem mais frequentes no ambiente

escolar, assim como o estudo aprofundado das necessidades educacionais especiais, não são

abordados nos cursos de pedagogia com a devida atenção que a temática e a árdua realidade

necessita.

As políticas públicas de inclusão, salientando a Declaração de Salamanca (1994), visam

tornar a inclusão uma realidade presente nas salas de aula, desta forma, esta pesquisa busca

trazer uma reflexão sobre o preparo que os estudantes em pedagogia têm recebido para atuar

com educandos que necessitam de atendimento pedagógico diferenciado. Se a inclusão se

trata uma política educacional, cabe questionar se as universidades/faculdades de educação

espalhados pelo país têm proporcionado aos seus graduandos uma formação que contemple o

estudo teórico e prático para esta atuação.

A inclusão ainda não vem sendo praticada como deveria, pois professores despreparados, por

não terem possuído este embasamento teórico e prático durante a graduação, não sabem como

atuar com as dificuldades de aprendizagem. Se se trata de uma política de inclusão, é sugerida

uma reflexão acerca do preparo que estes profissionais de educação receberam, ou melhor,

deixaram de receber em seu processo formativo.

42

Para Moreira (1999), tais questões estão a exigir a redefinição do sentido e dos propósitos da

formação docente, bem como do que significa ensinar e aprender em um mundo ao mesmo

tempo mais globalizado, exigente e diversificado. Neste contexto, importa ampliar a

concepção da pedagogia e compreendê-la como ciência da educação.

É preciso pensar em um remédio institucional para a ineficácia escolar, restando como uma possível solução uma rápida generalização com relação à formação dos professores. A este respeito temos de estar atentos, já que uma formação de professores não é uma simples questão de informação, mas diz respeito também a maneira de ser pedagogo.” (AJUARIAGUERRA, 1984, p.141).

2.7. UMA ANÁLISE CRÍTICA DOS CURRÍCULOS DO CURSO DE PEDAGOGIA

DA UNEB

Em perspectivas mais amplas, currículo é o conjunto de experiências dos processos de ensino

e aprendizagem. Na universidade, em uma perspectiva restrita, currículo se reduz ao sentido

da grade curricular, documento onde estão informados os semestres/períodos, as disciplinas e

as cargas horárias de desenvolvimento de conteúdos.

Segundo a Enciclopédia de Pedagogia Universitária (2006), currículo corresponde a um

conceito polissêmico cuja compreensão varia em função da perspectiva teórica e ideológica

que assume, bem como da amplitude de referências em que se baseia. Na prática, o que se

refere ao currículo é uma realidade previamente assentada através de dispositivos didáticos,

políticos, administrativos, econômicos, que, muitas vezes, encobrem pressupostos, teorias,

esquemas de racionalidade, crenças e valores que condicionam a própria teorização sobre o

currículo.

A Enciclopédia de Pedagogia Universitária (2006) salienta que há um pressuposto, em muitos

autores, de que o currículo é uma práxis, antes de ser um plano estático emanado de um

modelo coerente de pensar a educação. Portanto, o currículo não se reduz a um conceito, mas

a uma construção cultural que assume sentido imbricado na prática e na experiência humana.

Currículo, do ponto de vista pedagógico, é um conjunto estruturado de disciplinas e atividades, organizado com o objetivo de possibilitar que certa meta seja alcançada, proposta e fixada em função de um planejamento educativo. Em perspectiva mais reduzida, indica a adequada estruturação dos conhecimentos que integram determinado domínio do saber, de modo a

43

facilitar seu aprendizado em tempo certo e nível eficaz. (COSTA, 2001, p. 161).

Neste trabalho, serão questionadas as perspectivas que caracterizam o campo do currículo,

pois a partir da avaliação crítica das grades curriculares do curso de pedagogia da UNEB é

perceptível que o estudo teórico e prático dos distúrbios de aprendizagem não é discutido com

a devida relevância que esta temática exige, seja na UNEB, seja em outras instituições de

ensino, pois as diretrizes curriculares nacionais que norteiam o curso de pedagogia não

destacam a relevância deste estudo.

Ao analisarmos criticamente os currículos do curso de pedagogia da UNEB, transitando pelas

diferentes habilitações: pré-escolar, educação básica, séries iniciais, anos iniciais do ensino

fundamental, educação infantil, gestão e coordenação do trabalho escolar e licenciatura plena,

é perceptível a falta da oferta da disciplina Dificuldades de Aprendizagem ou Distúrbios de

Aprendizagem como uma disciplina específica e obrigatória no curso de pedagogia.

A compreensão das dificuldades de aprendizagem somente pode ser obtida se superarmos as

falhas de interpretações reducionistas da história do nosso currículo, afinal, a nossa grade

curricular é repleta de referenciais teóricos e metodológicos, que visam nos preparar a ocupar

a posição de professor. Porém, as diversas realidades encontradas, os diferentes estágios de

maturação e as diferentes maneiras de aprender, aparentam estar dificilmente sendo discutidas

na UNEB, afinal, a disciplina Distúrbios de Aprendizagem é oferecida como uma disciplina

optativa na matriz curricular.

As dificuldades de aprendizagem são realidades frequentes no ambiente escolar, desta forma,

como profissionais de educação poderão atuar com estes educandos se o campo de estudo

teórico e prático desta temática, infelizmente, não é discutido na graduação e, quando é, é de

maneira extremamente superficial? Como estes estudantes, futuros profissionais, atuarão com

estes alunos se na universidade não houve uma vivência prática, mediada por professores,

com educandos que necessitam de um atendimento pedagógico diferenciado?

(...) a educação é um processo ativo, que envolve os esforços ativos do próprio aluno. Em geral, este só aprende aquelas coisas que faz. Se as situações escolares versam sobre assuntos de interesse para o aluno, ele participará ativamente dessas situações e aprenderá, assim, a lidar eficientemente com essas situações. Além disso, alega-se que a eficiência cada vez maior com que ele enfrenta situações presentes garante a sua capacidade de enfrentar novas situações à medida que estas surgirem. (MOREIRA, 1997, p. 62).

44

Esta análise crítica da matriz curricular possui como objetivo mostrar as dificuldades

encontradas pelos formandos em pedagogia ao assumir uma sala de aula e atuar com alunos

que possuem dificuldades de aprendizagem. Desta forma, foram entrevistados 35 formandos

do curso de pedagogia da UNEB, que expuseram o seu conhecimento acerca da dislexia e

relataram as suas experiências enquanto docentes.

Estes formandos foram entrevistados com a finalidade de expor os seus entendimentos acerca

das dificuldades de aprendizagem, a qual enfatizei a dislexia, por se tratar de um distúrbo de

aprendizagem que pode ser dignosticado em classes de alfabetização, série onde o professor é

um pedagogo, profissional que deveria dominar o estudo desta temática.

Como contribuição significativa à qualificação da formação do pedagogo, é válido salientar a

importância da inserção da disciplina Distúrbios de Aprendizagem como uma disciplina

obrigatória na matriz curricular, além de sugerir a adição da disciplina Educação Especial em

mais de um semestre, pois esta temática de estudo, infelizmente, é pouco explorada durante o

processo formativo, sendo uma prática extremamente importante à formação do profissional

de educação.

Trazer em discussão a preparação dos formandos do curso de pedagogia é uma temática de

estudo relevante sobre a capacitação dos cursos de formação de professores. Com o

escolanovismo, as intencionalidades pedagógicas deixaram de estar centradas no tecnicismo e

nos resultados, buscando avaliar o desenvolvimento do educando através dos meios e recursos

aos quais utiliza para aprender. Desta forma, favorecer a capacitação profissional dos

estudantes de pedagogia implica em positivas condições de mudanças voltadas ao âmbito

educacional, beneficiando as relações ensino/aprendizagem, professor/aluno e escola/família

como elementos de avanços constituintes no contexto escolar.

Desta forma, Moreira (1997) defende o currículo centrado na criança, que segundo ele, é a

origem e o centro de toda a atividade escolar, destacando que será por meio de reformas

educacionais que avançaremos em educar através das condições que cada educando oferece.

A educação deve favorecer o crescimento da criança e seu desenvolvimento natural e ajustar o comportamento social ao ambiente escolar. Educar, é fazer com que o comportamento individual se realize segundo condições, quer limitativas, quer favorecedoras dos ambientes físico e social, em que o indivíduo vive. (MOREIRA, 1997, p. 73).

45

A proposta deste trabalho é contribuir com o debate sobre a preparação e a capacitação do

pedagogo ao atuar com educandos que apresentam dificuldades de aprendizagem, salientando

que os conhecimentos acerca do estudo teórico e prático desta temática aparentam não ser

levados em consideração nas discussões atuais sobre a formação dos profissionais de

educação.

A ausência do estudo desta temática faz com que estes profissionais se sintam despreparados

para encarar a intensa realidade. Estas indagações foram acrescidas às opiniões dos formandos

do curso de pedagogia da UNEB, pois os mesmos também ressaltaram a “lacuna”

proporcionada pela graduação em não preparar os seus graduandos a esta atuação.

As entrevistas realizadas com os alunos concluintes do curso de pedagogia da UNEB

proporcionam relatos e experiências de sujeitos que expuseram os seus conhecimentos acerca

da dislexia, apontando sugestões que visam à capacitação do curso de pedagogia e sugerindo

as principais competências e habilidades que estes profissionais devem possuir para atuar com

as dificuldades de leitura e escrita.

46

3. METODOLOGIA

3.1 TIPO DE ESTUDO

Esta pesquisa aborda exposições bibliográficas aprofundadas sobre a temática e possui uma

análise qualitativa, que segundo Ludke e André (1986), se refere ao contato direto do

pesquisador ao verificar como um determinado problema se manifesta nas atividades, nos

procedimentos e nas interações cotidianas.

As análises dos dados foram confeccionadas de maneira que se torne visualmente detalhada

ao leitor, pois os registros foram organizados através de uma digitação minuciosa da análise

crítica da matriz curricular do curso de pedagogia da UNEB e das respostas cedidas pelos

sujeitos entrevistados. Como recursos para exposição dos dados coletados foram

confeccionados tabelas e gráficos que visam à perceptível amostra dos resultados.

3.2 LOCAL DA PESQUISA

O departamento de educação da UNEB foi o principal lócus para o levantamento de dados

desta pesquisa, afinal foi neste ambiente que tivemos o acesso á análise das matrizes

curriculares do curso de pedagogia e as suas diferentes habilitações, onde pudemos confirmar

que a disciplina Distúrbios de Aprendizagem é oferecida como uma disciplina optativa com

carga horária de 60 horas para estudantes do 7º semestre.

No departamento de educação da UNEB também foram realizadas as entrevistas com os 35

formandos do curso de pedagogia e com 4 professores desta graduação, sujeitos que

enriqueceram esta pesquisa através da exposição dos seus entendimentos e opiniões acerca da

temática discutida.

Estas explanações foram essenciais para discussão da formação acadêmica do pedagogo, pois

foram expostas as principais dificuldades encontradas por estes estudantes ao atuarem com

47

alunos com distúrbios de aprendizagem, expondo os seus entendimentos sobre a dislexia,

além de apontar sugestões e recursos de capacitação à formação acadêmica do profissional de

educação.

As 10 pedagogas entrevistadas, categorizadas em 4 pedagogas graduadas e 6 pedagogas

especialistas, foram localizadas em uma escola particular situada no Município de Salvador.

Estas profissionais puderam acrescentar informações fundamentais a esta pesquisa ao expor

discussões essenciais acerca do processo formativo.

3.3 POPULAÇÃO

Os sujeitos entrevistados para a concretização desta pesquisa foram os alunos concluintes (7º

e 8º semestres) do curso de pedagogia da UNEB, totalizando em 35 estudantes entrevistados.

Este total de alunos entrevistados (35) foi estipulado, pois se trata do quantitativo de alunos

matriculados no 7º semestre, tendo em vista que, no semestre supracitado os alunos já tiveram

acesso às disciplinas específicas à formação profissional, portanto, teriam condições

acadêmicas de contribuir significativamente para a pesquisa.

Os 35 formandos entrevistados apresentam diferentes perfis: estudantes com idades entre 21 a

35 anos, sendo 3 formandos do sexo masculino e 32 formandas do sexo feminino,

comprovando o que as estatísticas nos mostram: um alto índice de mulheres no curso de

pedagogia. Para gerar uma discussão acerca da preparação do pedagogo, independente da sua

habilitação, que esteve fragmentada em ensino fundamental, educação infantil e gestão e

coordenação do trabalho escolar, foram entrevistados 7 formandos do turno matutino, 20

formandos do turno vespertino e 8 formandos do turno noturno.

Também foram entrevistadas 6 pedagogas graduadas e 4 pedagogas especialistas, que

contribuíram com esta pesquisa esclarecendo como seu deu o seu entendimento acerca da

temática das dificuldades de aprendizagem, o seu preparo para atuar com o aluno disléxico e

como foi esta experiência.

Essas pedagogas também apresentam perfis diferenciados, pois as formações acadêmicas

foram realizadas em períodos diferentes, já que foram entrevistadas pedagogas com idades de

26 a 46 anos, resultando em uma diferenciação nos currículos do curso de pedagogia.

48

Visando acrescentar opiniões e discussões acerca da formação acadêmica do estudante de

pedagogia, foram entrevistados 4 professores do departamento de educação do campus I da

UNEB com a finalidade de discutir a qualificação/capacitação do pedagogo ao atuar com

educandos que possuam distúrbios de aprendizagem. Estes professores enriqueceram

significativamente esta pesquisa através de sugestões essenciais à prática do profissional de

educação.

As entrevistas realizadas com os 4 professores do departamento de educação da UNEB

abordaram elementos acerca da formação do profissional de educação, sendo, muitas vezes,

concretizadas nas salas de aula ou na sala dos professores e registradas via e-mail.

3.4 INSTRUMENTOS

Foram analisados os currículos do curso de pedagogia da UNEB do período de 1985 ao

currículo atual, com a finalidade de identificar a oferta da disciplina Distúrbios de

Aprendizagem.

Para as entrevistas semiestruturadas realizadas com os formandos do curso de pedagogia da

UNEB, foram formuladas seis perguntas que visavam analisar o conhecimento destes alunos

sobre a dislexia, com a finalidade de compreender o entendimento destes estudantes acerca

deste campo de estudo e favorecer a possibilidade de sugestões e propostas para

qualificação/capacitação do curso de pedagogia para tal atuação.

Para as entrevistas realizadas com as pedagogas, foram elaboradas cinco perguntas que

visaram trazer discussões acerca da preparação acadêmica do pedagogo, relacionando o

preparo oferecido pela a graduação à prática diária na atuação com alunos que possuam

dificuldades de aprendizagem.

Para as entrevistas realizadas com os professores do departamento de educação da UNEB

foram elaboradas três perguntas que visavam direcionar discussões e reflexões acerca da

grade curricular do curso de pedagogia. Os docentes contribuíram significativamente para esta

pesquisa, pois as informações cedidas esclareceram o quanto é importante o domínio do

estudo dos distúrbios de aprendizagem à atuação do pedagogo, pois será através desta

capacitação que este profissional estará apto a melhor desempenhar o seu papel enquanto

profissional de educação.

49

Foram entrevistados 35 formandos, 10 pedagogas e 4 professores, totalizando em 49 sujeitos

entrevistados. Tivemos o período de outubro a dezembro de 2010 para a conclusão da coleta

de dados, tendo em vista que, na universidade o semestre começou no mês outubro e no mês

dezembro tanto a universidade quanto as escolas se encontrariam em férias discentes e

docentes, o que impossibilitaria de entrevistar os sujeitos para pesquisa.

Para coleta das informações cedidas pelos graduandos e pelas pedagogas entrevistadas, foi

utilizado um celular com o recurso do gravador de voz com a finalidade de capturar qualquer

informação anunciada. As explanações dos sujeitos entrevistados foram digitadas na íntegra e

estão apresentadas e discutidas no próximo capítulo, sendo apresentadas detalhadamente nos

apêndices.

50

4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Os resultados desta pesquisa visam mostrar a partir da análise da matriz curricular do curso de

pedagogia da UNEB que a disciplina Distúrbios de Aprendizagem é oferecida em caráter

optativo, discutindo a necessidade desta disciplina à atuação profissional do pedagogo e

sugerindo a oferta da mesma em caráter obrigatório, tendo em vista a frequente presença de

alunos com dificuldades de aprendizagem no ambiente escolar.

Serão expostas e discutidas as 35 entrevistas realizadas com os formandos do curso de

pedagogia da UNEB, com a finalidade de mostrar o conhecimento destes estudantes acerca da

temática discutida, bem como, avaliar a preparação dos mesmos para atuar com alunos

disléxicos.

Também serão divulgadas e analisadas as explanações de 10 pedagogas entrevistadas, assim

como, as opiniões de 4 professores do departamento de educação da UNEB, com a finalidade

de discutir a importância do domínio dos distúrbios de aprendizagem à formação do

pedagogo.

1ª Etapa: Análise dos currículos do curso de pedagogia da UNEB com a finalidade de

encontrar a oferta da disciplina Distúrbios de Aprendizagem em caráter obrigatório.

Visando encontrar a oferta da disciplina Distúrbios de Aprendizagem, foram analisados os

currículos do curso de pedagogia da UNEB do período de 1985 ao currículo atual,

transcorrendo pelas diferentes habilitações: séries iniciais, pré-escolar, educação básica, anos

iniciais do ensino fundamental, educação infantil, gestão e coordenação do trabalho escolar e

licenciatura plena, onde foi detectado que a disciplina Distúrbios de Aprendizagem é

oferecida em caráter optativo, tendo sido oferecida, até a presente data, em apenas 6 períodos:

2005.2, 2006.1, 2007.2, 2008.1, 2008.2 e 2010.1

Quadro 1 Disciplina optativa oferecida na matriz curricular do curso de Pedagogia da UNEB

51

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS I COLEGIADO DO CURSO DE PEDAGOGIA

DENOMINAÇÃO NATUREZA CREDITAÇÃO CARGA HORÁRIA DISTÚRBIOS DE

APRENDIZAGEM OPTATIVA T P TB TC

4 0

60

EMENTA Distúrbios de aprendizagem. Fatores endógenos e exógenos que interferem na aprendizagem. Histórico, conceitos, características, diagnóstico e tratamento. Atenções necessárias na prática educativa. CONTEÚDO A distinção entre distúrbios, déficit, transtornos, dificuldades e problemas de aprendizagem.

1. Definição, causas e características dos distúrbios de aprendizagem. 2. Classificações e tipos de distúrbios:

- Dislexia - Afasia - Dislalia - Discalculia - Disgrafia - Autismo infantil - TDAH

3. Principais características da criança com distúrbios de aprendizagem 4. Encaminhamentos e intervenções terapêuticas 5. Atuação do professor frente aos distúrbios de aprendizagem BIBLIOGRAFIA GUERRA, L. B. A criança com dificuldades de aprendizagem. Considerações sobre a teoria. Modos de fazer. Rio de Janeiro: Enelivros, 2002. DOCKRELL, Julie; MCSHANE, John. Crianças com dificuldades de aprendizagem: Uma abordagem cognitiva. Porto Alegre: Artmed, 2000. AJURIAGUERRA. Dislexia em questão. Porto Alegre. Artmed Editora, 2001. HOUT, Anne Van; ESTIENNE, Françoise. Dislexias: Descrição, avaliação, explicação, tratamento. Porto Alegre: Artmed, 2001.

Quadro 2 Oferta da disciplina Distúrbios de Aprendizagem em critério optativo.

OFERTA DA DISCIPLINA DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM EM SEMESTRES, TURNOS E CURSOS ABAIXO RELACIONADOS

2005.2 Anos Iniciais do Ensino Fundamental Matutino 2006.1 Anos Iniciais do Ensino Fundamental Vespertino 2007.2 Anos Iniciais do Ensino Fundamental

Educação Infantil Matutino Vespertino

2008.1 Educação Infantil Matutino 2008.2 Educação Infantil Vespertino 2010.1 Anos Iniciais do Ensino Fundamental Noturno

Diante desta exposição, pode-se concluir que o estudo dos distúrbios de aprendizagem não se

torna um conhecimento proporcionado a todos os formandos em pedagogia, pois além desta

disciplina ser oferecida em caráter optativo, a mesma é oferecida em longos intervalos de um

52

semestre ao outro, sendo, muitas vezes, substituída por outra disciplina optativa, restando a

alguns graduandos a possibilidade de não ter a escolha da disciplina que pretende cursar.

Também, é perceptível que a mesma disciplina foi oferecida apenas uma vez aos alunos

matriculados no turno noturno, mostrando que estes graduandos estão em desvantagem no

que se refere a adquirir este conhecimento na universidade.

2ª Etapa: Entrevistas realizadas com os formandos do curso de pedagogia da UNEB com a

finalidade de discutir a preparação dos mesmos para a atuação junto às dificuldades de

aprendizagem do aluno disléxico.

Tabela 1 Quantitativo de respostas por categorias à pergunta:

VOCÊ SABE O QUE É DISLEXIA? N Não sabem. 6 Afirmam que é uma dificuldade de aprendizagem de leitura, escrita e soletração 6 Esclarece que é uma dificuldade de leitura, escrita e soletração ocasionada pela imaturidade dos processos auditivos

1

Define que é um distúrbio de leitura e escrita ocasionado pela dificuldade em decodificar palavras

1

É um distúrbio patológico na área de leitura e escrita 1 É um distúrbio genético que ocasiona dificuldade na leitura e escrita 1 É algo relacionado à aprendizagem 1 É uma dificuldade de aprendizagem resultante da falta de habilidade na linguagem ocasionando erros de leitura e escrita

4

É uma dificuldade de leitura e escrita 5 Dificuldade na decodificação das apalavras através da associação letra/som 3 Problema que dificulta a percepção das cores e posição das letras 1 É uma dificuldade de aprendizagem 5 Total 35 Gráfico 1 Quantitativo de respostas por categoria à pergunta: “Você sabe o que é dislexia?”

Ao entrevistar os alunos do curso de pedagogia da UNEB, pudemos confirmar o quanto o

estudo teórico e prático das dificuldades de aprendizagem, a qual enfatizei a dislexia, não vêm

53

sendo discutidas no curso de pedagogia, pois dos 63% dos formandos que respondem com

precisão o seu conhecimento acerca da dislexia, todos esclarecem que obtiveram este

conhecimento por já terem vivenciado contato com disléxicos ou por já terem lido, por livre e

espontânea vontade, algo sobre o assunto.

Dos 63% dos formandos que respondem com precisão, também foi enfatizado que o breve

conhecimento acerca da dislexia foi concretizado por meio de discussões realizadas com

colegas que já atuaram com estes alunos ou que este conhecimento superficial foi

proporcionado através das diversas exposições realizadas nos meios de comunicação.

Segundo Oliveira (1997) apud Santos (1987) a dislexia deve ser vista como uma “síndrome

pedagógica” que apresenta distúrbios que podem vir associados à linguagem, a estruturação

espaço-temporal e a percepção de ritmo, apresentando, em sentido amplo, dificuldades de

leitura e de escrita. Para a Associação Brasileira de Dislexia (ABD), a dislexia é considerada a

dificuldade de aprendizagem que mais se responsabiliza pelas causas da evasão escolar sendo,

muitas vezes, despercebida e desconhecida pelos professores.

Segundo Ajuriaguerra (1984) é preciso pensar em uma rápida solução com relação à formação

dos professores, destacando que este processo não se refere a uma simples questão de

informação e técnicas de “como fazer”, mas a maneira de ser um profissional de educação,

profissional que deveria estar apto a atuar em todos os segmentos da esfera escolar, incluindo

o conhecimento teórico e prático das dificuldades de aprendizagem.

Salientamos que os currículos que norteiam a formação acadêmica dos cursos de pedagogia

devem ser revistos, com a finalidade de incluir o estudo teórico e prático dos distúrbios de

aprendizagem como um campo de estudo que exige a devida preparação dos profissionais de

educação, por se tratar de uma realidade corriqueira nas instituições de ensino.

Tabela 2 Algumas respostas à pergunta:

COMO VOCÊ APRENDEU ACERCA DESTA DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM?

“Na escola em que eu trabalhava tinha um aluno disléxico.” (1F7) “Fui auxiliar de classe em uma escola particular e nesta escola tinha um aluno disléxico. A instituição me explicou as devidas atenções que eu devia dar a este aluno.” (F9) “Lendo a respeito, geralmente na revista Nova Escola aparece artigos de tal natureza.” (F23)

1 F - Formando

54

“Devido ao ver o tema, algumas vezes, ser abordado na mídia. Procurei na internet informações sobre esta dificuldade de aprendizagem e obtive uma grande bagagem de informações” (F26) “Já vi algumas reportagens sobre o assunto” (F29)

Gráfico 2 Quantitativo de respostas por categoria à pergunta: “Como você aprendeu acerca desta dificuldade de aprendizagem?”

Ao concluir estas entrevistas pode-se confirmar, estatisticamente, o que a Associação

Brasileira de Dislexia (ABD) destaca: a dislexia como um distúrbio de aprendizagem

frequente no ambiente escolar, pois 34 % dos formandos entrevistados ressaltam já ter tido a

oportunidade de atuar direta ou indiretamente com o aluno disléxico.

Dos formandos que esclarecem ter atuado com disléxicos, foi ressaltado que este

conhecimento só foi concretizado através das vivências realizadas nos estágios, mostrando o

quanto a dislexia se faz presente neste contexto. Estes formandos esclareceram que este

educando possui uma maneira peculiar de aprender e que, enquanto futuros profissionais de

educação, sentiram-se extremamente despreparados para tal atuação.

Ao analisar as respostas a esta pergunta também é possível confirmar que estes formandos

obtiveram certo conhecimento acerca da dislexia por já terem ouvido falar, ou já por terem

assistido a apresentações/seminários ou por já terem lido sobre o assunto, mas nenhuma

resposta enfatizou que este conhecimento foi realizado através de alguma disciplina específica

na universidade ou através de cursos de extensão ou palestras que abordam o estudo das

dificuldades de aprendizagem ou da educação especial realizadas na universidade.

55

Segundo Zorzi (2008), o disléxico possui peculiaridades em sua maneira de aprender e os

profissionais de educação devem estar aptos a reconhecer tais dificuldades e auxiliá-lo ao

desenvolvimento da sua aprendizagem. Porém, vemos que a realidade mostra outro sentido:

profissionais de educação que desconhecem a dislexia ou que, ao menos, a conceituam de

maneira superficial, mostrando, mais uma vez, que a graduação não tem sido suficiente para

este tipo de estudo.

Tabela 3 Algumas respostas à pergunta:

PARA VOCÊ, O CURSO DE PEDAGOGIA DA UNEB CONTEMPLA O ESTUDO DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM DO ALUNO DISLÉXICO?

“Não temos uma disciplina específica e raramente as dificuldades de aprendizagem são discutidas em sala de aula.” (F2) “Algumas colegas tiveram a iniciativa de escolher a dislexia como tema de um seminário, que poderia ser qualquer um na área de educação.” (F8) “Não. Até acho estranho, pois é uma dificuldade de aprendizagem presente nas salas de aula.” (F14) “A nossa grade curricular não contempla.” (F17) “Nós temos uma disciplina que explique sobre esse e outros transtornos.” (F19) “Nem do aluno disléxico e nem de nenhum outro tipo de dificuldade de aprendizagem” (F33)

Gráfico 3 Quantitativo de respostas por categoria à pergunta: “Para você, o curso de pedagogia da UNEB contempla o estudo das dificuldades de aprendizagem do aluno disléxico?”

O estudo das dificuldades de aprendizagem não tem sido uma temática discutida na

universidade, afinal, isto é o que provam as 91% das explanações dos alunos entrevistados, ao

afirmarem que o currículo do curso de pedagogia se mostra insuficiente para estas

especificidades.

56

Ellis (2005) enfatiza a dislexia como uma dificuldade de aprendizagem que reflete em visíveis

dificuldades de leitura e escrita que pode ser suspeitada pelos professores, de tal modo que,

estes profissionais possam desenvolver parcerias com outros especialistas. Porém, a realidade

mostra que os profissionais de educação não estão aptos a desempenhar tal papel, pois muitos

profissionais concluem a graduação sem, ao menos, terem ouvido falar das dificuldades de

aprendizagem.

As diretrizes curriculares do curso de pedagogia necessitam realizar um “olhar sensível” às

adversidades presentes nas instituições de ensino e essas alterações devem iniciar a partir de

uma reflexão acerca do preparo do pedagogo que se pretende formar, pois não adianta falar na

complexidade da escola e nem nas integridades do profissional de educação sem destacar que

o processo de ensino/aprendizagem se dá de maneira peculiar a cada educando.

Desta forma, é importante salientar a premissa de Pimenta (2002), ao destacar que o pedagogo

é o profissional da e para a educação, então, concluiu-se que este profissional deveria estar

apto a atuar conforme as necessidades do seu papel enquanto educador. Sabemos que uma

sala de aula é sempre heterogênea e que possui educandos com diversas particularidades em

sua maneira de aprender, então, como falar do processo de ensino/aprendizagem e das teorias

do conhecimento sem falar das dificuldades de aprendizagem?

Os currículos do curso de pedagogia precisam ser revistos de maneira que englobem as reais

necessidades que o pedagogo possui enquanto profissional de educação. O estudo teórico e

prático dos distúrbios de aprendizagem, assim como a educação especial, precisa ser

oferecido aos graduandos em seu processo formativo e estes conteúdos também devem ser

vistos como uma das prioridades nos cursos de formação de professores.

Tabela 4 Algumas respostas à pergunta:

VOCÊ SE SENTE PREPARADO PARA ATUAR COM O ALUNO DISLÉXICO? “Não. Imagino que esse aluno deve aprender de maneira diferente.” (F3) “Não. Acho que é um aluno que precisa de mais atenção” (F6) “Não. Precisava aprender mais.” (F11) “Como já vivenciei indiretamente, eu acho que sim.” (F15) “Não me sinto preparada.” (F17) “Não. Acho que esse aluno deve necessitar de uma atenção especial.” (F21) “Não. Terei que buscar mais conhecimentos nessa área com cursos de extensão ou pós-graduação.” (F27) “Nem com o aluno disléxico e nem com outros que possuem dificuldades de aprendizagem.” (F33)

57

Gráfico 4 Quantitativo de respostas por categoria à pergunta: “Você se sente preparado para atuar com o aluno disléxico?”

Ao analisar estas respostas, é perceptível confirmar o que as primeiras perguntas, já

discutidas, esclarecem, pois dos 100% dos formandos entrevistados, 80% expõem que não se

sentem preparados para atuar com o aluno disléxico por desconhecerem quais são as reais

necessidades pedagógicas que estes educandos necessitam.

Dos 20% dos formandos que esclarecem sentir-se preparados a atuar com o aluno disléxico,

todos destacam que se sentem seguros a desempenhar tal papel por já terem vivenciado

contato com disléxicos através dos estágios ou através de familiares e/ou conhecidos que

possuem este distúrbio, provando que estes formandos obtiveram este conhecimento através

da prática profissional e/ou pessoal, mas não pelo processo formativo.

As peculiaridades na aprendizagem destes educandos mostram que a aprendizagem do

disléxico é realizada através uma proposta pedagógica que o auxilie a desenvolver as

habilidades que necessita, mostrando que a premissa de Oliveira (1997) apud Ross (1979) se

faz verdadeira ao afirmar que a dislexia não é uma perda de função, apenas uma limitação.

Tabela 5 Algumas respostas à pergunta:

PARA VOCÊ, QUAIS COMPETÊNCIAS E HABILIDADES NÓS (FORMANDOS, FUTUROS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO) DEVERÍAMOS POSSUIR PARA ATUAR COM O ALUNO

DISLÉXICO? “Penso que nós deveríamos estar preparados para diferenciar o que é “normal” para o desenvolvimento da aprendizagem de leitura e escrita da criança e o que pode vir a ser indícios de uma dificuldade de aprendizagem.” (F2) “Saber diferenciar os estágios de maturação de possíveis dificuldades de aprendizagem” (F4) “Conhecer as reais dificuldades de aprendizagem de leitura e escrita e estar apto a diagnosticar a consciência fonológica do aluno.” (F5) “Saber diferenciar até que ponto as dificuldades de leitura e escrita fazem parte do desenvolvimento.” (F6)

58

“Conhecer profundamente sobre as dificuldades de aprendizagem de leitura e escrita e estar apto a suspeitar de alguma anormalidade.” (F7) “Aprender a identificar a consciência fonológica dos educandos.” (F9) “Identificar se a criança já adquiriu a consciência fonológica” (F11) “Não faço ideia.” (F21) “Boa vontade e uma visão de inovação na metodologia de ensino.” (F31) “Fugir das metodologias que visam à padronização do aluno” (F32)

Gráfico 5 Quantitativo de respostas por categoria à pergunta: “Para você, quais competências e habilidades nós (formandos, futuros profissionais de educação) deveríamos ter para atuar com o aluno disléxico?”

Esta pergunta se tornou crucial para a discussão trazida neste trabalho, afinal, expor a

preparação que a graduação tem proporcionado aos estudantes de pedagogia mostra uma

verdadeira reflexão acerca das competências e habilidades que o profissional de educação

necessita possuir, afinal, a complexa realidade prática requer do pedagogo o domínio das

diversas esferas que compõem o contexto educacional.

Porém, no que se refere ao domínio do estudo dos distúrbios de aprendizagem, está explícito

que estes estudantes não têm possuído este embasamento teórico, mostrando o real despreparo

destes futuros profissionais, que desconhecem as dificuldades de aprendizagem do aluno

disléxico e de qualquer outro educando que necessite de um atendimento pedagógico

diferenciado.

23% dos formandos entrevistados esclarecem que os pedagogos devem estar aptos a

diferençar os estágios de maturação de uma possível dificuldade aprendizagem e esta

59

colocação é essencial à formação do pedagogo, afinal, é comum que em seu processo de

escolarização os educandos apresentem nítidas dificuldades de leitura e escrita, escrevendo,

muitas vezes, através da letra espelhada, porém, estas ações não devem ser confundidas com a

dislexia, pois segundo Condemarim e Blomquist (1986), as crianças não atingem um nível de

maturidade para a leitura em uma mesma idade cronológica, então, cabe ao pedagogo a

competência de diferenciar os estágios de maturação de uma possível dislexia, ao perceber se

estas dificuldades são recorrentes e corriqueiras.

Identificar a consciência fonológica do educando, também foi um dos pontos destacados pelos

formandos, afinal, para que a criança aprenda a ler e a escrever ela precisa estar dominando a

estrutura sonora das palavras e cabe ao pedagogo observar se a criança já possui esta

habilidade, pois só assim ela estará apta a iniciar o seu processo de alfabetização. Segundo

Copetti (2008) os professores devem estar atentos ao processamento fonológico do educando

com a finalidade de favorecer habilidades leitoras e escritoras àqueles que iniciam o seu

processo de escolarização.

É perceptível que apenas 37% dos formandos entrevistados expõem competências e

habilidades fundamentais frente à atuação com o aluno disléxico, que são os 23% dos

formandos que destacam que o pedagogo deve estar apto a diferenciar os estágios de

maturação de uma dificuldade de aprendizagem somados aos 14% dos formandos que

ressaltam que o pedagogo deve estar apto a identificar a consciência fonológica do educando.

As outras explanações, que se referem ao total de 63% dos formandos, mostram que os

mesmos expõem competências e habilidades fundamentais à formação do educador, mas que

as mesmas não se referem à atuação com o disléxico, provando que estes formandos

desconhecem quais são as principais competências e habilidades que os pedagogos devem

possuir para atuar com este aluno.

Estabelecendo um paralelo entre o gráfico 1, onde é exposto que 63% dos formandos

conceituam a dislexia com precisão, com o gráfico 5, acima apresentado, é explícita a certeza

que estes formandos sabem conceituar a dislexia, mas que muitos não fazem ideia das

necessidades pedagógicas que estes educandos necessitam e quais devem ser as práticas

pedagógicas tomadas pelo pedagogo ao atuar com este aluno.

60

Esta pressuposição pode ser confirmada ao verificar que 34% dos formandos afirmam que o

pedagogo deve aprender profundamente o estudo das dificuldades de leitura e escrita,

provando que estes formandos conseguem expor, mesmo superficialmente, o conceito da

dislexia, mas ao serem questionados sobre as necessidades pedagógicas fundamentais ao

desenvolvimento da aprendizagem desses educandos, estes de fato desconhecem.

Apenas 6% dos estudantes entrevistados esclarecem que é de fundamental importância que o

pedagogo esteja apto a buscar metodologias inovadoras, expondo o que afirmam Jonhson e

Myklebust (1987), ao declararem que o professor deve estar preparado a desempenhar

atividades que desenvolvam as dificuldades encontradas pelos educandos.

O “olhar sensível” e também foi uma explanação realizada pelos formandos, afinal, estas

habilidades também se tornam essenciais a formação do profissional de educação, pois serão

através destas práticas que o professor estará capacitado a atender as reais necessidades dos

seus educandos, favorecendo a premissa de Zorzi (2008), ao enfatizar que devemos considerar

os distintos níveis e as diferentes velocidades de aprendizagem ao estabelecer o

desenvolvimento de experiências e aprendizagens significativas.

Tabela 6 Algumas respostas à pergunta:

QUAL A SUA SUGESTÃO PARA A CAPACITAÇÃO DO CURSO DE PEDAGOGIA DA UNEB PARA A ATUAÇÃO COM O ALUNO DISLÉXICO?

“Ter uma disciplina obrigatória na grade curricular que contemple o estudo desta e das demais dificuldades de aprendizagem.” (F1) “Investir em cursos de extensão que discutam sobre esta temática, seminários, mesas-redondas, dentre outros.” (F2) “O aluno do curso de pedagogia precisa ter vivência prática no início do curso agregado ao estudo de uma disciplina obrigatória na grade curricular que discuta sobre as dificuldades de aprendizagem mais recorrentes.” (F3) “Ter uma disciplina obrigatória na grade curricular que discuta esta e as demais dificuldades de aprendizagem. Na ausência desta disciplina, outra sugestão é oferecer a disciplina “Educação Especial” em outros semestres.” (F4) “Oferecer uma disciplina que trate sobre a dislexia e outras dificuldades. Poderíamos também,visitar instituições que atendem este público.” (F11) “Ter uma disciplina que nos faça compreender melhor este assunto, ter seminários, palestras e simpósios sobre esta temática.” (F18) “Além de ter uma disciplina que aborde o assunto, deveríamos frequentar escolas e instituições especializadas no atendimento a estes alunos.” (F19) “Investir em cursos de extensão gratuitos para graduandos com profissionais específicos.” (F24)

61

Gráfico 6 Quantitativo de respostas por categoria à pergunta: “Qual a sua sugestão para a capacitação do curso de pedagogia da UNEB para a atuação com o aluno disléxico?”

Esta pergunta foi essencial para a conclusão das entrevistas realizadas com os formandos, pois

desde o início desta pesquisa temos buscado discutir a preparação do pedagogo para atuar

com as dificuldades de aprendizagem do aluno disléxico e, como já foi mostrado e discutido

anteriormente, os currículos dos cursos de pedagogia da UNEB se mostram insuficientes a

estas especificidades, pois há uma disciplina chamada Distúrbios de Aprendizagem, porém, a

mesma é oferecida através do critério de disciplina optativa, restando a alguns desses

formandos, formar-se sem nunca ter ouvido falar na dislexia e nas demais dificuldades de

aprendizagem presentes no ambiente escolar.

Visando a capacitação na formação do pedagogo, profissional que, segundo Johnson e

Myklebust (1987), deve estar apto a atuar com educandos que possuam distúrbios de

aprendizagem, foram sugeridas algumas propostas que os formandos do curso de pedagogia

consideram importantes para a qualificação profissional do educador que se pretende formar.

É perceptível que 71% dos formandos entrevistados salientam a insuficiência da formação

acadêmica ao expor claramente a lacuna existente na formação do pedagogo, sugerindo uma

disciplina específica e obrigatória que aborde o estudo dos principais distúrbios de

aprendizagem frequentes nas instituições de ensino.

62

Os formandos destacaram a importância da inserção de uma disciplina obrigatória que

contemple o estudo teórico das dificuldades de aprendizagem, ressaltando que seria

interessante unir este conhecimento teórico à realidade prática através de visitas a instituições

que possuam como público-alvo alunos com distúrbios de aprendizagem. Esta sugestão foi

extremamente essencial à formação do pedagogo, pois além do conhecimento teórico,

percebe-se que estes formandos buscam uma abordagem prática para que sejam analisadas as

reais dificuldades de aprendizagem destes educandos, favorecendo a relação teoria e prática

como um suporte essencial a formação do pedagogo.

Também foram sugeridos cursos de extensão, palestras com profissionais que já atuaram com

alunos que possuam distúrbios de aprendizagem e seminários com profissionais que já

atuaram com alunos disléxicos e que possam esclarecer as necessidades pedagógicas destes

educandos, com a finalidade de suprir a lacuna deixada pela matriz curricular na formação do

pedagogo.

É extremamente expressivo salientar que 71% dos formandos sugerem a inserção de uma

disciplina específica e obrigatória que contemple o estudo dos distúrbios de aprendizagem,

mostrando que os formandos em pedagogia almejam esta capacitação profissional por já

terem vivenciado na prática a heterogeneidade de aprendizagens em uma sala de aula.

Além disso, foi sugerida a inserção da disciplina Educação Especial em mais de um semestre,

afinal, compreender e dominar o estudo das necessidades educacionais especiais também se

torna uma habilidade fundamental à formação do pedagogo, pois acaba sendo vago falar em

educação sem falar em educação especial e nas necessidades pedagógicas que estes

educandos possuem.

Atualmente, as políticas públicas buscam tornar a inclusão uma realidade presente nas salas

de aula, mas pouco se tem discutido sobre a preparação que os professores têm recebido,

afinal, os mesmos não têm sido capacitados durante o seu processo formativo a

desempenharem tal papel. Desta forma, salientamos a importância de uma urgente revisão dos

currículos dos cursos de formação de professores, pois se o preparo que a graduação tem

oferecido aos seus estudantes permanecer do jeito que se encontra, a teoria continuará sendo

uma utopia que não será condizente com a complexa realidade prática.

63

3ª Etapa: Entrevistas realizadas com 4 pedagogas graduadas e 6 pedagogas especialistas, com

a finalidade de discutir a trajetória acadêmica e a preparação oferecida pela graduação para a

atuação com o aluno disléxico.

Tabela 7 Algumas respostas à pergunta:

VOCÊ SABE O QUE É DISLEXIA? “Sim. É uma dificuldade de aprendizagem que afeta a leitura, escrita e soletração.” (2P1) “corresponde a uma dificuldade de aprendizagem caracterizada pela má decodificação das palavras.” (P2) “É uma alteração genética neurobiológica que ocasiona dificuldades na codificação e decodificação das palavras.” (P5) “É uma incapacidade relacionada ao aprendizado da leitura e da escrita.” (P8) “É uma dificuldade de aprendizagem ocasionada pela má formação do processamento fonológico, resultando em dificuldades na leitura e na escrita” (P9)

Gráfico 7 Quantitativo de respostas por categoria dos profissionais à pergunta: “Você sabe o que é dislexia?”

Das 10 pedagogas entrevistadas, todas mostraram conhecimento acerca da dislexia,

apresentando as mais diferenciadas maneiras de resposta, pois algumas se mostraram mais

objetivas, outras mais explicativas e detalhadas, mas todas se referiram à dislexia como um

transtorno de aprendizagem que mais se manifesta na escrita, afirmando o que ressaltam

Condemarim e Blomquist (1986), ao destacar que os erros de leitura e escrita dos disléxicos

são de natureza peculiar e específica.

Tabela 8 Algumas respostas à pergunta:

2 P - Pedagoga

64

COMO VOCÊ APRENDEU ACERCA DESTA DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM? “Pesquisando na internet. A curiosidade surgiu depois que soube que na escola onde trabalho tinha uma criança com sintomas da dislexia” (P1) “Na faculdade tive uma disciplina optativa.” (P2) “No curso de Psicopedagogia Clínica e Institucional que fiz.” (P3) “Através cursos de aperfeiçoamento em inclusão.” (P4)

Gráfico 8 Quantitativo de respostas por categoria à pergunta: “Como você aprendeu acerca desta dificuldade de aprendizagem?”

Ao concluir esta pergunta, é perceptível observar que a dislexia tem sido devidamente

trabalhada e discutida durante as especializações, comprovando que se o pedagogo busca esta

capacitação deve recorrer a pós-graduações, pois 70% das pedagogas entrevistadas

esclarecem que obtiveram este conhecimento através dos cursos de aperfeiçoamento,

especializações ou seminários.

A pedagoga que afirma ter lido sobre o assunto, esclarece que foi informada pela escola em

que trabalha que havia uma criança disléxica, por curiosidade e para se sentir mais preparada

a lidar com esta criança, buscou pesquisar na internet e ler sobre o assunto, mostrando o que a

Associação Brasileira de Dislexia (ABD) e Ellis (2005) destacam, a dislexia como uma

dificuldade de aprendizagem presente nas instituições de ensino.

Esta entrevista comprova o que foi discutido no capítulo 2, pois o pedagogo necessita buscar

este conhecimento através dos cursos de aperfeiçoamento que abordam o estudo das

dificuldades de aprendizagem. Destacamos que este conteúdo deve ser trabalhando durante a

graduação e, na busca de um conhecimento ainda mais aprofundado e detalhado, ter as

especializações como um suporte de maior conhecimento teórico e prático.

65

Das 2 pedagogas que esclarecem ter aprendido durante a graduação, ambas afirmam que

tiveram acesso a este conteúdo através de uma disciplina optativa oferecida na

universidade/faculdade, mostrando que os distúrbios de aprendizagem se fazem presentes na

graduação ao serem oferecidos através desses critérios.

Estas explanações nos fazem confirmar que as diretrizes curriculares do curso de pedagogia,

infelizmente, não expõem o estudo dos distúrbios de aprendizagem como uma das prioridades

nos cursos de formação de professores, pois as pedagogas entrevistadas foram diplomadas em

diferentes universidades/faculdades, provando que as diretrizes que norteiam os cursos de

pedagogia não englobam este tipo de estudo com a verdadeira cautela que a realidade

necessita.

Torna-se comprovado que, raramente, o pedagogo possui o conhecimento sobre as

dificuldades de aprendizagem durante a graduação, pois os currículos acadêmicos se tornam

ineficientes para estas especificidades. Desta forma, a prática pedagógica qualificada dos

educadores que possuem alunos com distúrbios de aprendizagem se torna uma prática

extremamente superficial se este profissional não buscar a capacitação através das

especializações.

É árduo reconhecer que os currículos dos cursos de formação de professores não abordam esta

temática com a devida atenção que esta realidade necessita, comprovando, mais uma vez, que

os educandos com dificuldades de aprendizagem ou com necessidades educacionais especiais

continuarão a mercê das diversas discussões trazidas pelas políticas públicas de inclusão e

pela mídia, que abordam maneiras e soluções que favoreçam a inclusão e não discutem a

fundo capacitação do professor, a iniciar pelo preparo oferecido pela graduação.

Desta forma, essas crianças continuarão sendo acompanhadas por profissionais que não

favorecem as habilidades que estes educando necessitam, por desconhecerem as reais

necessidades pedagógicas destes educandos.

Tabela 9 Algumas respostas à pergunta:

NA GRADUAÇÃO, VOCÊ TEVE ALGUMA DISCIPLINA QUE ABORDASSE O ESTUDO DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM DO ALUNO DISLÉXICO?

“Na grade de disciplinas obrigatórias não. Mas tive apenas uma disciplina optativa que tratava da educação de alunos com dificuldades de aprendizagem.” (P2) “Não. Exatamente por não me sentir apta a dominar os conteúdos de algumas dificuldades de aprendizagem que busquei estes conhecimentos em uma especialização.” (P6)

66

“Não. A graduação deixou uma lacuna sobre a compreensão das dificuldades de aprendizagem, por este motivo busquei a especialização.” (P8)

Gráfico 9 Quantitativo de respostas por categoria dos profissionais à pergunta: “Na graduação, você teve alguma disciplina que abordasse o estudo das dificuldades de aprendizagem do aluno disléxico?”

E

sta pergunta também foi essencial para a discussão trazida nesta pesquisa, pois é visível expor

que a lacuna deixada na formação do pedagogo em não possuir uma disciplina obrigatória

sobre os distúrbios de aprendizagem se dá devido às diretrizes curriculares que norteiam o

curso de pedagogia, que não destacam este campo de estudo a formação deste profissional.

Também é perceptível verificar, através dos relatos, que as disciplinas que abordam o estudo

da inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais referem-se ao estudo da

cegueira, da surdez, do autismo, dentre outros, mostrando a real abordagem desta disciplina.

Porém, o estudo dos distúrbios de aprendizagem, como a dislexia, a dislalia, a disgrafia, o

TDAH, dentre outros, não são temáticas abordadas nas disciplinas de educação especial,

mostrando o que Johnson e Myklebust (1987) abordam, ao afirmar que a educação revela um

novo tipo de criança deficiente, se referindo àquelas que possuem visíveis dificuldades de

aprendizagem em seu processo de escolarização, mas que não estão relacionadas à cegueira

ou a surdez, havendo a necessidade de um novo estudo e de uma nova nomenclatura.

É interessante destacar que 1 pedagoga expõe que obteve o estudo da educação especial, mas

que a abordagem da disciplina se dava através de um olhar social, ou seja, se a criança tinha

uma dificuldade esta era originada por questões sociais e não por questões científicas e

cognitivas. Esta resposta foi bastante curiosa, pois atualmente fala-se constantemente na

origem do conhecimento, nas inovações nas práticas pedagógicas e nas pesquisas científicas

que abordam os estudos da inclusão, da educação especial e da neuropedagogia, que trazer

uma disciplina tão importante à formação do pedagogo e resumir esta temática apenas ao

67

cunho social é se referir a muito pouco. As questões sociais e educacionais são essenciais e

devem ser discutidas, mas o embasamento científico também deve ser valorizado.

As demais pedagogas ressaltam que obtiveram o conhecimento acerca dos distúrbios de

aprendizagem através dos cursos de aperfeiçoamento e das especializações, mostrando, mais

uma vez, que se o pedagogo necessita buscar este conhecimento deve recorrer a pós-

graduações.

Tabela 10 Algumas respostas à pergunta:

A GRADUAÇÃO FOI SUFICIENTE PARA LHE ESCLARECER SOBRE AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM DO ALUNO DISLÉXICO?

“Não. A abordagem feita pela faculdade a respeito dos alunos com distúrbios de aprendizagem foi de maneira superficial.” (P2) “Não. Busquei maiores conhecimentos através da pós-graduação de Psicopedagogia Clínica e Institucional.” (P3) “Com certeza não. Tive que buscar maiores conhecimentos através da especialização.” (P5)

Gráfico 10 Quantitativo de respostas por categoria dos profissionais à pergunta “A graduação foi suficiente para lhe esclarecer sobre as dificuldades de aprendizagem do aluno disléxico?”

Esta indagação também se tornou fundamental à pesquisa, pois todas as pedagogas

entrevistadas destacaram que a graduação não é suficiente para a abordagem do estudo das

dificuldades de aprendizagem e, quando isto ocorre, é de maneira superficial. Se

relacionarmos as respostas dos formandos do curso de pedagogia da UNEB às respostas das

pedagogas entrevistas, podemos conferir que o profissional de educação conclui a graduação

sem possuir o domínio do estudo dos distúrbios de aprendizagem.

Desta forma, destacamos que muitos alunos com dificuldades de aprendizagem estão sendo

mediados por professores incapacitados que não auxiliarão a aprendizagem destes educandos

68

através de uma qualidade pedagógica, caso não busquem o suporte das especializações. Sendo

assim, a aprendizagem destas crianças podem se resumir apenas a atividades administrativas

ao exercício do papel de professor e não as necessidades educacionais que estes educandos

realmente necessitam.

Tabela 11 Algumas respostas à pergunta:

VOCÊ JÁ VIVENCIOU CONTATO COM O ALUNO DISLÉXICO? COMO ATUOU COM ELE? “Sim. No estágio do curso de Psicopedagogia fiz um acompanhamento supervisionado com um aluno disléxico, utilizando estratégias psicopedagógicas com bom êxito.” (P3) “Sim, no período do meu estágio supervisionado na graduação estive com um aluno disléxico. A escola já tinha conhecimento sobre a dificuldade, pois os pais já haviam apresentado documentos médicos. Algumas medidas que foram adotadas pela escola, como: atenção pedagógica individual, prazo maior na entrega das provas e das atividades em sala de aula.” (P4) “Sim, na escola a qual sou coordenadora pedagógica já tivemos um aluno com dislexia. Ele necessitava de maior atenção da professora para as habilidades leitoras e possuía algumas dificuldades na fala.” (P5) “Ainda não” (P7)

Gráfico 11 Quantitativo de respostas por categoria dos profissionais à pergunta “Você já vivenciou contato com o aluno disléxico? Como atuou com ele?

Das 10 pedagogas entrevistadas, 6 afirmaram já ter vivenciado contato com aluno disléxico,

provando, mais uma vez, que a dislexia é um dificuldade de aprendizagem presente no âmbito

educacional.

Das 6 pedagogas que expõem já ter atuado com o disléxico, 3 esclarecem já ter vivenciado

contato através das escolas as quais trabalharam, seja atuando diretamente em sala de aula ou

atuando indiretamente, ao executarem tarefas relacionadas à coordenação pedagógica. 1

pedagoga ressalta que atuou com este aluno durante o estágio supervisionado no período da

graduação, esclarecendo algumas medidas adotadas pela instituição, tais como: atenção

69

pedagógica individual e maior prazo na entrega das provas e atividades, mostrando o que

Zorzi (2008) expõe como suportes fundamentais ao desenvolvimento da aprendizagem deste

aluno. 2 pedagogas ressaltam que vivenciaram contato com disléxico através do estágio

supervisionado da especialização em Psicopedagogia Clínica e Institucional, utilizando

estratégias psicopedagógicas e relacionando a teoria à prática, favorecendo significativamente

a sua capacitação profissional.

Além de expor a dislexia como uma dificuldade de aprendizagem frequente nas instituições

de ensino e discutir que o pedagogo só absorve o conhecimento teórico e prático dos

distúrbios de aprendizagem através das especializações, ressalto, mais uma vez, que as

universidades/faculdades devem contemplar este tipo de estudo teórico e prático aos seus

estudantes, favorecendo o que os formandos em pedagogia da UNEB expuseram: ter uma

disciplina obrigatória nos cursos de formação de professores aliados a visitas às instituições

de ensino que possuam como público-alvo educandos com distúrbios de aprendizagem.

4ª Etapa: Entrevistas realizadas com docentes das áreas de educação e psicologia do curso de

pedagogia da UNEB com a finalidade de discutir a importância da formação do pedagogo,

destacando a capacitação deste profissional para atuar com as dificuldades de aprendizagem.

Tabela 12 Respostas dos professores à pergunta:

COMO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO E DE PSICOLOGIA, EM SUA OPINIÃO, A DISCIPLINA DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM É FUNDAMENTAL PARA A FORMAÇÃO DO PEDAGOGO? “Esta disciplina deveria ser obrigatória (...).” (3P1) “(...) acho de fundamental importância que a disciplina seja de caráter obrigatório e não optativo. Estudar os distúrbios da aprendizagem, conhecer as principais dificuldades apresentadas pelos alunos, saber caracterizá-las e fazer os devidos encaminhamentos é primordial para a formação do pedagogo.” (P2) “Sim.” (P3) “Considero fundamental esta disciplina para o curso de pedagogia e estranho que ainda ela seja apresentada tão somente como optativa, haja vista o número de crianças que estão nas escolas enfrentando dificuldades para aprender.” (P4)

As explanações realizadas pelos professores entrevistados foram de extrema importância, pois

os seus depoimentos foram significativamente complementares à discussão e a proposta que

vem sendo realizada desde o início desta pesquisa, ao considerar que é essencial à formação

do pedagogo que a disciplina Distúrbios de Aprendizagem seja oferecida em caráter

obrigatório.

3 P - Professor

70

No comentário do 1º professor entrevistado, é explícito o quanto a abordagem deste campo de

estudo irá favorecer a prática profissional do educador, porém, o entrevistado é enfático ao

afirmar que com a carga horária atual talvez não se possa fazer muita coisa, estabelecendo

uma relação com o que já foi discutido no capítulo 1 ao considerar que os currículos de

pedagogia priorizam as metodologias, destacados por Moreira (1997) da supervalorização das

técnicas de “como fazer”’. As metodologias são os suportes fundamentais aos profissionais de

educação, mas como diversas maneiras de aprender são presenciadas em uma sala de aula, o

estudo das dificuldades de aprendizagem também devem ser abordados e discutidos com a

devida atenção que a temática necessita.

O 2º professor entrevistado, além de também concordar que a disciplina Distúrbios de

Aprendizagem deve ser oferecida em caráter obrigatório, sugere que esta disciplina poderia

ser ministrada após o estudo da disciplina Psicologia da Aprendizagem. No currículo do curso

de pedagogia da UNEB temos como disciplinas obrigatórias o estudo da Psicologia da

Educação, Psicologia do Desenvolvimento e Psicologia da Aprendizagem, respectivamente,

sendo fundamental e visando o aperfeiçoamento dos conhecimentos obtidos por estas

disciplinas, se torna fundamental incluir a disciplina Distúrbios de Aprendizagem após a

oferta de ensino obrigatório das disciplinas supracitadas. Esta sugestão oferecida pelo 2º

professor entrevistado visa uma reorganização do currículo de curso de pedagogia que terá

como finalidade fornecer ao pedagogo a possibilidade de estar preparado a criar estratégias

educacionais fundamentais à aprendizagem do educando.

O 3º e o 4º professores entrevistados também concordam que esta temática de estudo teórico e

prático são fundamentais à formação do profissional de educação, sendo enfatizado pelo 4º

professor entrevistado, o que também já foi discutido e destacado por Smith e Strick (2007),

que crianças estão nas escolas enfrentando dificuldades para aprender acompanhadas por

professores que desconhecem os distúrbios de aprendizagem.

Estabelecendo um paralelo entre as explanações dos formandos do curso de pedagogia e dos

professores do departamento de educação, pode-se concluir que as opiniões dos formandos e

dos docentes se aproximam ao salientar a importância da disciplina Distúrbios de

Aprendizagem à formação do pedagogo, tendo em vista, a frequente presença de crianças que

enfrentam dificuldades em seu aprendizado.

Tabela 13 Respostas dos professores à pergunta:

71

ESTE É UM CONTEÚDO QUE OS GRADUANDOS EM PEDAGOGIA PRECISAM DOMINAR? “Quando nada para identificarem mais prontamente os sinais dos distúrbios e encaminhá-los para os devidos profissionais para acompanhamento.” (P1) “(...) o pedagogo deve estar preparado para ajudar a criar estratégias de trabalho, no campo educacional, para crianças e/ou adolescentes que sejam portadores de distúrbios da aprendizagem (...).” (P2) “Sim.” (P3) “Com certeza são conteúdos que precisam ser dominados pelo futuro docente.” (P4)

São diversos os distúrbios de aprendizagem, porém, os autores e pesquisadores desta área

enfatizam que as dificuldades de aprendizagem mais frequentes no ambiente escolar são a

dislexia, o TDAH, a dislalia e a disgrafia. Obviamente, que não cabe ao pedagogo ter o

conhecimento de diagnosticar uma possível dificuldade de aprendizagem, pois segundo

Jonhson e Myklebust (1987) este diagnóstico se dá através de uma equipe multidisciplinar,

mas cabe ao pedagogo ter condições profissionais de “suspeitar” de possíveis distúrbios e

orientar a família a encaminhar o educando aos profissionais necessários.

Porém, favorecer a aprendizagem desses alunos e atuar pedagogicamente de maneira

capacitada é favorecer a estes educandos, o que é destacado pelo 2º professor entrevistado, o

exercício de melhor desempenharem o seu papel enquanto professores, além de formar

parcerias com outros especialistas, condição destacada pelo 2º e pelo 3º professores

entrevistados.

Segundo Zorzi (2008) é na escola que os disléxicos revelam suas dificuldades, entretanto, a

escola que conhecemos não está apta a receber o educando que possui visíveis dificuldades de

aprendizagem, inclusive na leitura e na escrita, pois como vimos com os formandos e com as

pedagogas entrevistadas, muitos se sentem despreparados para tal atuação, favorecendo o que

foi destacado pelo 4º professor entrevistado ao expor que o estudo das dificuldades de

aprendizagem são conteúdos que precisam ser dominados pelo docente, pois são estes

profissionais que irão favorecer o desenvolvimento da aprendizagem e a inclusão do aluno

disléxico.

Tabela 14 Respostas dos professores à pergunta:

OS CONHECIMENTOS ACERCA DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM SÃO ESSENCIAIS PARA FORMAÇÃO DO EDUCADOR VISANDO À PERSPECTIVA DE INCLUSÃO E DE UM

ACOMPANHAMENTO PEDAGÓGICO QUALIFICADO? “Condição necessária.” (P1)

72

“(...) os pedagogos precisam estudar esses assuntos a fim de compreenderem os processos de desenvolvimento e aprendizagem dos portadores de distúrbios de aprendizagem para desempenharem melhor seu papel (...).” (P2) “Sim.” (P3) “São conhecimentos fundamentais que devem estar presentes no currículo de pedagogia. Além disto, penso que na estrutura dos cursos de pedagogia deveria constar um laboratório para experiências didáticas visando processos diferenciados de aprendizagem .” (P4)

Esta pesquisa encerra estas entrevistas ao destacar, a todo o momento, a importância da

compreensão e do domínio do estudo teórico e prático dos distúrbios de aprendizagem à

formação do pedagogo, relacionando esta capacitação a um atendimento pedagógico

qualificado, a perspectiva de inclusão e a orientação às famílias, como tarefas que devem ser

exercidas, com qualidade, pelo profissional de educação.

Enfatizo o que foi destacado pelo 4º professor entrevistado, ao sugerir um laboratório para

experiências didáticas, pois este espaço estaria visando os processos diferenciados de

aprendizagem e seria um recurso fundamental para tornar a aprendizagem destes estudantes

universitários ainda mais significativa e prazerosa.

Os avanços das metodologias e das práticas pedagógicas devem ocorrer em todos os

segmentos, da educação infantil a universidade, pois criar estratégias educacionais prazerosas

e favorecer as habilidades dos educandos que almejam aprender, se tornam suportes

essenciais a qualquer processo de ensino/aprendizagem.

Estabelecendo um paralelo entre as explanações dos formandos do curso de pedagogia e dos

professores do departamento de educação pode-se concluir que as opiniões dos formandos e

dos docentes se aproximam ao salientar a importância do estudo teórico direcionado à

vivências práticas, pois foram sugeridas visitas às instituições que atendem alunos com

distúrbios de aprendizagem e/ou constar um laboratório de experiências didáticas onde

possam ser analisados os diferenciados processos de aprendizagem.

Desta forma, o curso de pedagogia necessita do estudo teórico e prático dos distúrbios de

aprendizagem mediados pelos professores universitários, pois assim, estaremos formando

profissionais aptos a desempenharem, com eficácia, o seu papel enquanto educadores,

proporcionando decência à docência.

73

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Qualquer aprendizagem implica um trabalho amplo do professor junto à família, para que

possam ser analisadas situações que levem a descobrir o que de fato está acontecendo durante

o desempenho do educando em cada faixa etária. Sendo detectada alguma anormalidade no

desenvolvimento da aprendizagem, cabe ao educador, investigar fatores orgânicos,

psicológicos e ambientais, com a finalidade de identificar os reais motivos que tornam

empecilho na ampliação da aprendizagem do educando.

Esta temática é de extrema relevância à área de educação, pois cabe aos professores, a função

de detectar e mediar os estágios e avanços do desenvolvimento no processo de aquisição da

leitura e escrita, identificando as causas e os efeitos das possíveis dificuldades encontradas,

tendo em vista que, em classes de alfabetização e séries iniciais, momento em que pode ser

detectada alguma anormalidade no desenvolvimento da aprendizagem, o professor,

geralmente, é um pedagogo.

Como foi apresentado e discutido, através da análise dos dados, a dislexia é um distúrbio de

aprendizagem presente nas instituições de ensino e os pedagogos se sentem despreparados

para atuar com estes alunos, pois muitos desconhecem as peculiares dificuldades de

aprendizagem destes educandos.

É bastante construtivo estudar esta temática, já que é através dela que podemos relacionar

meios aos quais a criança disléxica irá se desenvolver e interagir, enfatizando questões

voltadas a inserção de atividades fundamentais e adaptadas a uma metodologia qualificada

que será positiva ao avanço da aprendizagem.

Desta forma, é de extrema importância que os profissionais de educação estejam preparados a

atuar com alunos que possuem distúrbios de aprendizagem, com a finalidade de auxiliar no

desenvolvimento da aprendizagem através de estratégias pedagógicas que se tornem

relevantes ao processo de escolarização.

Para isto, é fundamental que as universidades e as faculdades de educação estejam aptas a

preparar os seus graduandos, futuros profissionais, a atuar com os distúrbios de aprendizagem,

74

proporcionando uma disciplina específica e obrigatória somada a visitas às instituições de

ensino que atendam estes educandos, além de oferecer cursos de extensão com professores

que abordem as principais dificuldades de aprendizagem frequentes nas escolas.

As diretrizes curriculares do curso de pedagogia precisam ser revistas, com a finalidade de

formar profissionais que estejam capacitados a estabelecer estratégias educacionais

fundamentais ao desenvolvimento da aprendizagem dos educandos que possuam alguma

dificuldade.

Está implícito no papel da escola um compromisso com o aprendizado, neste contexto, caberá

à instituição, especificamente aos professores, o papel de mediar e avaliar as intervenções

pedagógicas. Desta forma, é essencial que este profissional reconheça e saiba interferir

pedagogicamente no desenvolvimento da aprendizagem deste educando.

As diretrizes curriculares e, consequentemente, as universidades e os departamentos de

educação necessitam reconhecer a importância deste campo de estudo para a prática

profissional do pedagogo, visando à capacitação/qualificação frente às dificuldades de

aprendizagem mais corriqueiras, a exemplo da dislexia em questão.

Esta pesquisa aponta salientar o quanto é importante que o pedagogo domine o estudo teórico

e prático dos distúrbios de aprendizagem, sugerindo uma urgente revisão e uma reformulação

aos currículos que norteiam à formação dos estudantes de pedagogia, proporcionando os seus

formandos a capacidade de atuar com os distúrbios de aprendizagem e com todos os

segmentos educacionais.

Somente através destas ações é que poderão ser vistas atitudes eficazes por parte dos

profissionais de educação aos assuntos relacionados à inclusão, a educação especial e aos

distúrbios de aprendizagem, pois se torna necessário capacitar profissionalmente àqueles que

atuam para que estes propósitos, de fato, ocorram, favorecendo a construção do curso de

pedagogia que pensamos, almejamos, buscamos e que a realidade, de fato, necessita.

75

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dislexia e de outros transtornos de aprendizagem. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1994.

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MOREIRA, Antonio Flavio B. Currículos: políticas e práticas. Coleção Magistério:

Formação e Trabalho Pedagógico. 6ª Edição. Campinas, SP: Papirus, 1999.

76

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77

APÊNDICE A - ENTREVISTAS REALIZADAS COM OS FORMANDOS

DO CURSO DE PEDAGOGIA DA UNEB.

F4 I S T VOCÊ SABE O QUE É DISLEXIA? 1º 25 M N Já ouvi falar, mas não sei explicar com exatidão. 2º 21 F V É uma dificuldade de aprendizagem de leitura, escrita e soletração. 3º 26 M N Já ouvi falar, mas não sei explicar.

4º 23 F M

(Risos) Sei sim. Tive um namorado disléxico (Mais risos). É uma dificuldade de aprendizagem de leitura, escrita e soletração ocasionada pela imaturidade dos processos auditivos responsáveis pela apropriação da linguagem escrita.

5º 23 F M Não.

6º 33 F N É uma dificuldade na área de leitura, escrita e soletração que costuma ser identificada nas salas de aula de alfabetização.

7º 23 F V É um distúrbio de leitura, escrita e soletração causado pela dificuldade em decodificar as palavras.

8º 23 F V É um distúrbio patológico de aprendizagem nas áreas da leitura, escrita e soletração.

9º 30 F V É um transtorno de aprendizagem na área de leitura e escrita ocasionada pela dificuldade em identificar e soletrar palavras. Esta dificuldade é gerada devido à falta de consciência fonológica.

10º 26 F V É um distúrbio genético que ocasiona dificuldades no aprendizado na área da leitura, da escrita e da soletração.

11º 27 F V É uma dificuldade aprendizagem de leitura, escrita e soletração. 12º 24 F V Já li algo sobre o assunto, mas não sei explicar. 13º 23 F M É algo relacionado à aprendizagem.

14º 22 F V É uma dificuldade de aprendizagem que ocasiona a falta de habilidade na área de leitura, escrita e soletração.

15º 22 F V Acho que é uma dificuldade de aprendizagem resultante na falta de habilidade na linguagem, ocasionando erros de leitura, escrita e soletração.

16º 22 F V Já ouvi minha mãe, que é pedagoga, falar sobre esse assunto, acho que é uma dificuldade de aprendizagem de leitura e escrita.

17º 24 F M Dificuldades com a linguagem, escrita, ortografia e demora em aprender a ler.

18º 22 F M É uma dificuldade para compreender textos escritos.

19º 25 F N

É uma dificuldade na aprendizagem da decodificação das palavras, na leitura fluente e na fala. Pessoas disléxicas apresentam dificuldades na associação do som à letra e também costumam trocar letras, ou mesmo escrevê-las na ordem inversa.

20º 33 F N É uma dificuldade de aprendizagem de leitura, escrita e soletração. 21º 23 F N Já ouvi falar, mas não sei explicar. 22º 22 F V Já ouvir falar, mas não saberei te dizer. 23º 24 F V Sempre acreditei que fosse um transtorno na escrita

4 F – Formando, I – Idade, S – Sexo, T - Turno

78

F4 I S T VOCÊ SABE O QUE É DISLEXIA?

24º 25 F N Tenho uma vaga idéia, acredito que seja um problema que dificulta a percepção de algumas cores, posição de letras, ou algo parecido.

25º 25 M N Pelo pouco que sei, trata-se de um distúrbio de aprendizagem que compromete significativamente o rendimento do aluno.

26º 23 F V Sei que é uma dificuldade de aprendizagem muito recorrente, onde o educando tem uma dificuldade na área da leitura, escrita e soletração.

27º 22 F V É uma dificuldade que o indivíduo possui ao tentar decodificar as palavras.

28º 22 F V É uma dificuldade de aprendizagem.

29º 23 F V Eu acho que é uma dificuldade para aprender a falar, ler e escrever corretamente, alunos que aprendem mais lentamente e numa idade mais avançada, não sei se estou certa.

30º 28 F V É uma dificuldade de aprendizagem. 31º 22 F M Sim, dislexia é uma dificuldade na compreensão da leitura e escrita.

32º 23 F M

Meu entendimento sobre este assunto ainda é muito superficial. Sei que é uma dificuldade de aprendizagem, dificuldades essas ligadas a linguagem, ou seja, a dificuldade de aprender a ler, escrever, soletrar e etc.

33º 23 F V Teoricamente não, sei que se trata de uma dificuldade de aprendizagem, mas não conheço suas características.

34º 23 F V

Nossa... Essa pergunta agora me fez ficar insatisfeita não só com o curso, mas comigo também. O que sei da dislexia é que é um transtorno que dificulta o processo de aquisição da leitura e continua atrapalhando mesmo depois da habilidade ser adquirida. Mas, para falar a verdade, não sei estou certa. Nem o curso me ofereceu informações sobre essa dificuldade de aprendizagem e nem eu fui buscar me inteirar sobre o assunto. Uma enorme falha...

35º 23 F V Acredito que é uma dificuldade no aprendizado.

F I S T COMO VOCÊ APRENDEU ACERCA DESTA DIFICULDADE DE

APRENDIZAGEM?

1º 25 M N Já ouvi os meus colegas de sala conversando sobre o assunto, mas não sei explicar ao certo.

2º 21 F V

Algumas colegas da minha turma escolheram este tema para apresentação do projeto de pesquisa da disciplina Educação e Pesquisa. Achei um tema muito interessante e pouco discutido aqui na Universidade.

3º 26 M N Ouvi alguns colegas aqui da Universidade discutindo sobre este tema.

4º 23 F M Achei estranho, pois quando esse meu ex-namorado me enviava e-mails ele sempre trocava as letras das palavras. Quando perguntei o motivo daquela escrita ele me explicou que era disléxico.

5º 23 F M Já ouvi algumas colegas falarem sobre este assunto, mas não sei ao certo.

6º 33 F N Já li sobre o assunto e me interessei muito.

7º 23 F V Na escola em que eu trabalhava tinha um aluno disléxico. Ele não era meu aluno, era aluno de outra professora, mas sempre ouvia falar sobre ele. Às vezes, eu ficava na sala com ele, aí aprendi um pouco da

79

F I S T COMO VOCÊ APRENDEU ACERCA DESTA DIFICULDADE DE

APRENDIZAGEM? dislexia.

8º 23 F V Na escola em que eu trabalho, uma aluna de outra turma é disléxica, convivi indiretamente com ela. Também já assisti a um seminário apresentado pelas colegas aqui da faculdade sobre a dislexia.

9º 30 F V Fui auxiliar de classe em uma escola particular e nesta escola tinha um aluno disléxico. A instituição me explicou as devidas atenções que eu devia dar a este aluno.

10º 26 F V Tenho um parente disléxico.

11º 27 F V Na escola que eu trabalhava tinha um aluno disléxico. Ele não era meu aluno, mas o conhecia.

12º 24 F V Já li superficialmente sobre o assunto. 13º 23 F M Já li sobre o assunto ao navegar na internet, mas não lembro ao certo.

14º 22 F V Na escola municipal que eu trabalhava tinha uma aluna, em outra sala, que era disléxica.

15º 22 F V Na escola em que eu trabalhava tinha uma aluna disléxica, em outra sala, no ensino fundamental.

16º 22 F V Ouvia minha mãe comentar que na escola que ela trabalhava tinha um aluno disléxico e por curiosidade perguntei e ela me explicou.

17º 24 F M Fui para um seminário, em outra cidade, sobre dificuldades de aprendizagem e o palestrante falou sobre a dislexia.

18º 22 F M

Já discuti com algumas colegas em sala de aula, pois ao fazermos o estágio de observação em uma escola a diretora nos informou que tinha um aluno disléxico, um hiperativo e um bastante agressivo. A partir daí, decidi ler sobre a dislexia, a hiperatividade e a agressão infantil.

19º 25 F N

Ouvi uma colega, que já é pedagoga, dizendo que ia estudar sobre esta dificuldade de aprendizagem. A partir daí me interessei pelo tema. O nome dislexia soa bonito (risos). Quanto li, vi o quanto é um tema interessante para a formação do professor.

20º 33 F N

Uma amiga minha tem um filho que em seu processo de alfabetização, foi rotulado como disléxico pela equipe pedagógica da escola. A mãe, preocupada, o levou para fazer alguns exames e o menino foi atendido por vários profissionais, em vários dias, em várias sessões. Meses depois ficou confirmado que ele não era disléxico, o que ele tinha era preguiça, ele não queria, nem tinha vontade de aprender e por “manha” fazia tudo errado. A escola o rotulou como disléxico. Na época, eu nem fazia faculdade de pedagogia e junto com essa minha amiga, mãe do garoto, fomos ler sobre a dislexia.

21º 23 F N Já ouvi algumas colegas discutindo sobre algumas dificuldades de aprendizagem, mas não sei explicar com exatidão sobre dislexia, TDAH, dentre outras dificuldades.

22º 22 F V Infelizmente ainda não aprendi, apenas já ouvi falar.

23º 24 F V Lendo a respeito, geralmente na revista Nova Escola aparecem artigos de tal natureza.

24º 25 F N Li algo faz algum tempo.

25º 25 M N Eu participei de um curso no Sartre COC, mas faz algum tempo e pouco anotei sobre o assunto. Nas salas de aula (UNEB) também ouço os colegas falando sobre o assunto, porém, nada específico.

80

F I S T COMO VOCÊ APRENDEU ACERCA DESTA DIFICULDADE DE

APRENDIZAGEM?

26º 23 F V

Devido ao ver o tema, algumas vezes, ser abordado na mídia. Procurei na internet informações sobre esta dificuldade de aprendizagem e obtive uma grande bagagem de informações. O tema também foi abordado por uma equipe em minha sala de aula, em um seminário.

27º 22 F V A partir de pesquisas para trabalhos da faculdade.

28º 22 F V Em um seminário que foi apresentado em uma das aulas por minhas colegas.

29º 23 F V Já vi algumas reportagens sobre o assunto, mas preciso estudar para saber mais, pois não vi durante o curso de pedagogia.

30º 28 F V Já vi colegas apresentando um seminário sobre esta temática.

31º 22 F M Tive conhecimento dessa dificuldade de aprendizado através do trabalho de uma colega de sala, mas o tema não foi muito discutido.

32º 23 F M

Bem, não diria que aprendi, pois ainda preciso estudar ainda mais, mas foi através de algum professor, que ainda não lembro o nome, que mencionou o assunto, ou mesmo, através de algumas palestras. Como minha avó foi diretora de escola por muito tempo, já ouvi falando também.

33º 23 F V Através de um seminário apresentado no 1º semestre por alunas da minha turma que escolherem este tem

34º 23 F V Na verdade eu não aprendi realmente sobre esta dificuldade de aprendizagem, o que sei é algo muito solto que tomei conhecimento em algumas discussões entre colegas.

35º 23 F V Na faculdade, raros foram os momentos que tocaram no tema dislexia, apenas já ouvi falar.

F I S T PARA VOCÊ, O CURSO DE PEDAGOGIA DA UNEB CONTEMPLA

O ESTUDO DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM DO ALUNO DISLÉXICO?

1º 25 M N Não.

2º 21 F V Sinceramente eu acho que não contempla. Não temos uma disciplina específica e raramente as dificuldades de aprendizagem são discutidas em sala de aula.

3º 26 M N Já vi algumas colegas apresentarem seminários por terem escolhido o tema por espontânea vontade.

4º 23 F M Não mesmo. O que aprendi sobre dislexia foi através da convivência com ele. (Ex-namorado).

5º 23 F M Não.

6º 33 F N Não. Apenas ouvi algumas colegas falarem que tinham alunos disléxicos, por curiosidade fui ler sobre o assunto.

7º 23 F V Não. O que aprendi da dislexia foi o que vivenciei com esta professora e com este aluno. A orientadora da escola também me explicou sobre a dislexia.

8º 23 F V

Algumas colegas tiveram a iniciativa de escolher a dislexia como tema de um seminário, que poderia ser qualquer um na área de educação. Se não houvesse esta iniciativa, iria concluir um curso sem aprender sobre esta dificuldade de aprendizagem na faculdade.

81

F I S T PARA VOCÊ, O CURSO DE PEDAGOGIA DA UNEB CONTEMPLA

O ESTUDO DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM DO ALUNO DISLÉXICO?

9º 30 F V Não.

10º 26 F V Já vi apenas apresentações de colegas que escolheram este tema como pesquisa.

11º 27 F V Não. Não temos uma disciplina que trate de um assunto tão importante e presente na escola.

12º 24 F V Não. O que ouço aqui é o pessoal (alunos) falando sobre a dislexia. 13º 23 F M Não, por isso que eu não sei (Risos).

14º 22 F V Não. Até acho estranho, pois é uma dificuldade de aprendizagem presente nas salas de aula.

15º 22 F V O currículo não contempla. O que aprendi da dislexia foi através do contato com esta aluna e dos profissionais da escola que me explicaram.

16º 22 F V Não. Já ouvi algumas colegas daqui (da universidade) falando sobre a dislexia, mas nunca tive nenhuma disciplina específica sobre esse assunto.

17º 24 F M Não. A nossa grade curricular não contempla.

18º 22 F M Não. Não temos uma disciplina que explique sobre a dislexia e outros distúrbios.

19º 25 F N Não. Nós temos uma disciplina que explique sobre esse e outros transtornos.

20º 33 F N Não. Até tive colegas que já apresentaram trabalhos sobre a dislexia, por que escolheram este tema por livre vontade, mas a nossa grade não comporta esse tipo de estudo.

21º 23 F N Não. O estudo das dificuldades de aprendizagem infelizmente é pouco discutido na universidade... E é uma temática muito importante para a nossa formação.

22º 22 F V Não.

23º 24 F V Na universidade só ouvi falar o nome dislexia, mas não houve nenhum aprofundamento a respeito, portanto, não contempla.

24º 25 F N De maneira alguma.

25º 25 M N Com certeza não. Pelo menos nas disciplinas voltadas para a psicologia se fala principalmente no âmbito comportamental e alguns conceitos piagetianos.

26º 23 F V

Não, pois nas raras matérias que tivemos em nossa grade curricular que deveriam abordar as dificuldades de aprendizagem, o que englobaria a dislexia, não inseriram em sua ementa tais conteúdos que são indispensáveis para um futuro educador.

27º 22 F V

Não. Esse problema é detectado na alfabetização dos alunos e infelizmente a disciplina que abrange tal conteúdo não dá suporte aos alunos graduandos para trabalharem com o aluno disléxico ou qualquer criança que tenha algum tipo de necessidade especial ou restrição.

28º 22 F V Não. O que ouvimos falar é muito superficialmente, não o necessário. 29º 23 F V Não.

30º 28 F V Não contempla nem essa e nem outros problemas que podemos enfrentar com o alunado.

31º 22 F M Na verdade a grade curricular do nosso curso de pedagogia não

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F I S T PARA VOCÊ, O CURSO DE PEDAGOGIA DA UNEB CONTEMPLA

O ESTUDO DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM DO ALUNO DISLÉXICO?

aprofunda em muitos temas importantes para a nossa prática em sala de aula e em especial essa visão de inclusão do público com dificuldades de aprendizagem. Acho insuficiente a abordagem do nosso currículo com essa especificidade.

32º 23 F M

Com certeza não. Como havia mencionado anteriormente, na faculdade apenas ouvir falar sobre o assunto, sem maiores aprofundamentos sobre o tema. É claro que, como bons estudantes e interessados nesta temática, acabamos por procurar outros meios para nos informar e entender melhor sobre esta dificuldade que grande parte dos alunos enfrentam.

33º 23 F V

Nem do aluno disléxico e nem de nenhum outro tipo de dificuldade de aprendizagem, podemos até ouvir falar sobre as dificuldades de aprendizagem, porém, não realizamos estudos a fundo, isso acontece na especialização que você escolha após a graduação.

34º 23 F V

Não. Nem dos disléxicos, nem dos TDAH’s e de muitas outras dificuldades de aprendizagem. A UNEB contempla um pouco, visto que a carga horária da disciplina é muito pequena, a questão da inclusão de crianças com necessidades especiais de cunho físico (cegueira, surdez, deficiências físicas no geral) e não neurológico.

35º 23 F V Não.

F I S T VOCÊ SE SENTE PREPARADO PARA ATUAR COM O ALUNO

DISLÉXICO? 1º 25 M N (Risos) De maneira alguma.

2º 21 F V Preparada não. Mas seria uma experiência muito boa, pois iria aprender muito conhecendo as dificuldades deste aluno.

3º 26 M N Não. Imagino que esse aluno deve aprender de maneira diferente. Requer uma metodologia com uma atenção especial.

4º 23 F M Como vivenciei na prática as dificuldades deste meu ex-namorado acho que me sinto preparada sim, mesmo sabendo que como professora seria uma experiência diferente.

5º 23 F M De jeito nenhum.

6º 33 F N Não. Acho que é um aluno que precisa de mais atenção. Para isso teria que pesquisar mais.

7º 23 F V Vivenciei um pouco da dislexia com este aluno. Requer uma atenção maior, pois ele aprende de maneira diferente, mas acho que me sinto preparada sim, mesmo sabendo das dificuldades que irei encontrar.

8º 23 F V Não. Vivenciei indiretamente, mas acho que não foi o suficiente para atuar diretamente com um aluno disléxico.

9º 30 F V Não.

10º 26 F V

Tenho a experiência de atuar com um disléxico devido à convivência com esse meu parente, mas como professora imagino que seja um pouco diferente. Por conhecer um pouco da dislexia imagino que teria condições sim.

11º 27 F V Não. Precisava aprender ainda mais.

83

F I S T VOCÊ SE SENTE PREPARADO PARA ATUAR COM O ALUNO

DISLÉXICO?

12º 24 F V Não. Acredito que seja um aluno que necessita de uma atenção individual para aprender.

13º 23 F M Não (Risos).

14º 22 F V Acho que sim, tenho bastante experiência em sala de aula. Todos os alunos aprendem de maneira diferente, então com o disléxico é a mesma coisa.

15º 22 F V Como já vivenciei indiretamente, eu acho que sim. 16º 22 F V Não. 17º 24 F M Não. Não me sinto preparada.

18º 22 F M Pelo que vi na escola, não chega a ser um “bicho de sete cabeças”, todas as crianças aprendem de maneira diferente, nenhuma aprende da mesma forma.

19º 25 F N Não. 20º 33 F N Não. 21º 23 F N Não. Acho que esse aluno deve necessitar de uma atenção especial. 22º 22 F V Não.

23º 24 F V Não, pois não faço ideia das necessidades específicas para esta dificuldade.

24º 25 F N Não.

25º 25 M N

Não. Este ano comecei a lecionar em uma instituição filantrópica que acolhe jovens do bairro cuja realidade social é bem difícil. Dentre eles, haviam muitos que apresentam um grande déficit de aprendizagem e eu não conseguia motivar estes sujeitos.

26º 23 F V Não, pois não sei os sintomas da dislexia, então, teria dificuldades ao atuar com o aluno disléxico ou poderia vir a taxá-lo como disléxico sem o mesmo ser.

27º 22 F V Não. Terei que buscar mais conhecimentos nessa área com cursos de extensão ou pós-graduação.

28º 22 F V Não. 29º 23 F V Não. 30º 28 F V Não.

31º 22 F M

Não me sinto apta para atuar com um disléxico por nunca ter tido a oportunidade de conhecer um, mas como acredito que ser professor é estar sempre enfrentando desafios grandiosos com amor, empenho e uma boa formação continuada, acredito que não me acovardaria diante dessa situação, procuraria meios que desse suporte para atuar com esse distúrbio.

32º 23 F M

Não me sinto preparada nem para entrar em sala de aula (risos). Na minha experiência de estagio supervisionado da faculdade em que tive que assumir uma sala de aula da rede estadual encontrei muitos desafios. Diria que, por momentos, tive um choque por não me sentir preparada para estar em sala de aula como professora... Mesmo com meus anseios e vontades de fazer e levar coisas diferentes, nada parecia dar certo. Na verdade a faculdade não nos prepara para estar em sala de aula, pois a realidade é outra quando temos que estagiar. Me deparei com muitos alunos que me parecia ter dislexia, mas fatores como o de conflitos familiares, tornava o trabalho muito mais difícil, além da

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F I S T VOCÊ SE SENTE PREPARADO PARA ATUAR COM O ALUNO

DISLÉXICO? minha falta de experiência para lidar com esta situação.

33º 23 F V Nem com o aluno disléxico e nem com outros que possuem dificuldades de aprendizagem.

34º 23 F V Não.

35º 23 F V Preparada não, mas se tiver um aluno disléxico farei um curso para aprender a lidar.

F I S T

PARA VOCÊ, QUAIS COMPETÊNCIAS E HABILIDADES NÓS (FORMANDOS, FUTUROS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO)

DEVERÍAMOS POSSUIR PARA ATUAR COM O ALUNO DISLÉXICO?

1º 25 M N Conhecer as dificuldades de aprendizagem de leitura e escrita para poder diagnosticar com precisão.

2º 21 F V

Por fazer um curso de educação infantil, penso que nós deveríamos estar preparados para diferenciar o que é “normal” para o desenvolvimento da aprendizagem de leitura e escrita da criança e o que pode vir a ser indícios de uma dificuldade de aprendizagem.

3º 26 M N Aprender aprofundamente sobre as dificuldades de aprendizagem de leitura e escrita.

4º 23 F M Saber diferenciar os estágios de maturação de possíveis dificuldades de aprendizagem.

5º 23 F M Conhecer as reais dificuldades de aprendizagem de leitura e escrita e estar apto a diagnosticar a consciência fonológica do aluno.

6º 33 F N Saber diferenciar até que ponto as dificuldades de leitura e escrita fazem parte do desenvolvimento.

7º 23 F V Conhecer profundamente sobre as dificuldades de aprendizagem de leitura e escrita e estar apto a suspeitar de alguma anormalidade.

8º 23 F V Deveríamos ter nos capacitado para isso através da identificação da percepção fonética do aluno.

9º 30 F V Aprender a identificar a consciência fonológica dos educandos.

10º 26 F V Saber diferenciar o que é “normal” nos estágios de escrita e o que pode ser um “sinal” de uma dificuldade neurológica.

11º 27 F V Identificar se a criança já adquiriu a consciência fonológica e visual e se ela já consegue codificar e decodificar.

12º 24 F V Identificar os reais motivos das dificuldades de leitura. Verificar se é uma imaturidade biológica ou preguiça.

13º 23 F M Ter um olhar sensível e apurado a perceber qualquer dificuldade na fala, na soletração e na leitura e escrita.

14º 22 F V Saber acompanhar os desenvolvimentos da leitura e escrita dos alunos, para a partir daí, detectar alguma anormalidade.

15º 22 F V Saber identificar com precisão as dificuldades de leitura e escrita das crianças.

16º 22 F V Saber diagnosticar as dificuldades de leitura e escrita dos alunos, para poder estar apto a identificar qualquer dificuldade de aprendizagem.

17º 24 F M Saber atuar com os diferentes estágios de leitura e escrita e estar capacitado para notar qualquer anormalidade.

85

F I S T

PARA VOCÊ, QUAIS COMPETÊNCIAS E HABILIDADES NÓS (FORMANDOS, FUTUROS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO)

DEVERÍAMOS POSSUIR PARA ATUAR COM O ALUNO DISLÉXICO?

18º 22 F M Saber identificar se a criança já possui a capacidade de codificar e decodificar.

19º 25 F N

Observar cotidianamente a fala, as tentativas de leitura e escrita da criança e acompanhar toda a sua dificuldade com bastante atenção, diferenciando o que vem a ser “normal” para a sua idade e o que pode ser um transtorno.

20º 33 F N Saber diferenciar o que vem a ser uma “manha” ou preguiça por parte do aluno de uma real dificuldade de aprendizagem.

21º 23 F N Não faço ideia.

22º 22 F V Como competência, ter um olhar sensível e conhecer sobre o assunto e como habilidade, saber como trabalhar com esse aluno.

23º 24 F V Não faço ideia do que é necessário por não saber as especificidades da dislexia.

24º 25 F N Conhecer as limitações das pessoas com esse problema e as possibilidades de ajudá-las a aprender.

25º 25 M N Compreender melhor o conceito de dislexia. Ter uma formação mais direcionada para o âmbito familiar, pois a família deve também ajudar o educador a encontrar a melhor formar de ajudar estes sujeitos.

26º 23 F V

Saber, quais são as dificuldades que a criança encontra deste a infância em sua fase de maturação, pois a dislexia é muito abrangente. Creio também que a criança precisará de um acompanhamento neurológico em conjunto com o seu professor, para conseguirem, de fato, obter um avanço no aluno.

27º 22 F V

Saber detectar com mais precisão essa dificuldade de soletração, leitura e escrita para poder encaminhá-lo com urgência a um neurologista para que tais suspeitas possam ser confirmadas ou não e esse vir a ser tratado, para o seu melhor desenvolvimento escolar, psíquico e social.

28º 22 F V

Deveríamos ter aprendido a lidar corretamente com esses alunos com dificuldades de aprendizagem, como lidar no dia-a-dia, como agir na prática para que esses alunos superem sua deficiência. Infelizmente, não me considero com essas habilidades.

29º 23 F V

Ser um mediador para que a aprendizagem seja significativa, ter uma atenção maior no acompanhamento desse aluno, para saber se ele está melhorando, buscar uma capacitação para saber como atuar com ele, passar segurança, mostrando que ele é capaz como todos os outros da turma, fazendo com que ele se sinta motivado.

30º 28 F V Saber identificar e proceder com esses alunos.

31º 22 F M Boa vontade e uma visão de inovação na metodologia de ensino, perceber o tempo do aluno para poder atuar de forma unida com o seu aluno.

32º 23 F M

Nós, professores, formandos, devemos entender que nenhum aluno aprende da mesma maneira. Cada aluno tem sua forma de aprender e esta deve ser respeitada. Os professores devem fugir das metodologias que visam à padronização do aluno, como nos métodos tradicionais de ensino e devem valorizar a diversidade em sala de aula, buscando

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F I S T

PARA VOCÊ, QUAIS COMPETÊNCIAS E HABILIDADES NÓS (FORMANDOS, FUTUROS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO)

DEVERÍAMOS POSSUIR PARA ATUAR COM O ALUNO DISLÉXICO?

métodos que possam valorizar a individualidade do aluno e a sua habilidade em determinada atividade. Além disso, é preciso que o professor seja sensível para perceber as dificuldades dos alunos no processo de ensino/aprendizagem, sendo fundamental perceber o quadro de dislexia que o aluno possui para que desta forma ele possa trabalhar melhor com esse aluno.

33º 23 F V Não sei ao certo, pois não conheço a dificuldade, mas no mínimo teríamos que aprender a identificar os "sintomas".

34º 23 F V Para falar a verdade, não faço idéia. 35º 23 F V Não sei, pois pouco sei sobre a dislexia.

F I S T QUAL A SUA SUGESTÃO PARA A CAPACITAÇÃO DO CURSO DE

PEDAGOGIA DA UNEB PARA A ATUAÇÃO COM O ALUNO DISLÉXICO?

1º 25 M N Ter uma disciplina obrigatória na grade curricular que contemple o estudo desta e das demais dificuldades de aprendizagem.

2º 21 F V Investir em cursos de extensão que discutam sobre esta temática, seminários, mesas-redondas, dentre outros.

3º 26 M N

O aluno do curso de pedagogia precisa ter vivência prática no início do curso agregado ao estudo de uma disciplina obrigatória na grade curricular que discuta sobre as dificuldades de aprendizagem mais recorrentes.

4º 23 F M

Ter uma disciplina obrigatória na grade curricular que discuta esta e as demais dificuldades de aprendizagem. Na ausência desta disciplina, outra sugestão é oferecer a disciplina “Educação Especial” em outros semestres.

5º 23 F M Oferecer uma disciplina obrigatória que explique sobre isso. É fundamental à nossa formação.

6º 33 F N

Ter uma disciplina que aborde este tema agregando conhecimentos teóricos com a prática, poderíamos visitar e atuar em algumas instituições que atendam crianças com dificuldades de aprendizagem, vivenciando esta realidade na prática.

7º 23 F V

Ter uma disciplina que explique sobre as dificuldades do aluno disléxico, assim como palestras, cursos de extensão e seminários com profissionais que já tiveram alunos com esta dificuldade de aprendizagem. Outra opinião é destacar a importância de irmos a campo desde o início do curso, agregando o conhecimento teórico com a prática, pois atualmente encontramos as diversas realidades e os diferentes estágios de aprendizagem quando estamos no final do curso.

8º 23 F V Proporcionar uma disciplina na grade curricular que trate este tema, que por sinal é muito interessante e frequente nas salas de aula.

9º 30 F V Ter uma disciplina na grade curricular que trate sobre as dificuldades de aprendizagem mais comuns, dislexia, TDAH, disgrafia etc.

10º 26 F V Ter uma disciplina que trate sobre as dificuldades de aprendizagem, mesas-redondas, seminários, simpósios, dentre outros.

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F I S T QUAL A SUA SUGESTÃO PARA A CAPACITAÇÃO DO CURSO DE

PEDAGOGIA DA UNEB PARA A ATUAÇÃO COM O ALUNO DISLÉXICO?

11º 27 F V

Oferecer uma disciplina que trate sobre a dislexia, o TDAH e outras dificuldades. Poderíamos também, fazer visitar em instituições que atendem este público para poder conversar com profissionais e alunos que enfrentam essas dificuldades, assim, estaríamos nos capacitando profissionalmente.

12º 24 F V Ter uma disciplina obrigatória na nossa grade curricular que trate sobre as dificuldades de aprendizagem mais comuns, seria interessante.

13º 23 F M Ter uma disciplina que nos explique sobre a dislexia e as demais dificuldades de aprendizagem mais comuns nas salas de aula.

14º 22 F V Ter cursos de extensão, seminários, simpósios, palestras com profissionais e professores que atuaram com um disléxico, dentre outras dificuldades.

15º 22 F V Ter uma disciplina que trate sobre esta e as demais dificuldades mais frequentes nas salas de aula.

16º 22 F V Oferecer uma disciplina que trate sobre esta e as demais dificuldades mais corriqueiras nas salas de aula, além de cursos de extensão sobre o assunto, seminários, palestras, dentre outros.

17º 24 F M Investir em seminários, palestras e simpósios sobre este assunto, que é tão interessante.

18º 22 F M Ter uma disciplina que nos faça compreender melhor este assunto, ter seminários, palestras e simpósios sobre esta temática, afinal, a sala de aula é sempre heterogênea e essas dificuldades são comuns.

19º 25 F N

Além de ter uma disciplina que aborde o assunto, deveríamos frequentar escolas e instituições especializadas no atendimento a estes alunos, assim estaríamos aliando a teoria com a prática, melhorando a nossa formação e nos capacitando a atuar com as diversas aprendizagens com qualificação.

20º 33 F N Ter uma disciplina que nos esclareça sobre esta e as demais dificuldades de aprendizagem e ter seminários e palestras sobre esta temática.

21º 23 F N

Ter uma disciplina que aborde o estudo das dificuldades de aprendizagem e realizar seminários ou cursos de extensão que nos esclareçam sobre as dificuldades de aprendizagem mais presentes na escola.

22º 22 F V

Oferecer uma disciplina que aborde sobre isso e relacionar a aprendizagem teórica com a prática, poderíamos visitar algumas instituições que atendem alunos com dificuldades de aprendizagem para que possa vivenciar a realidade desses sujeitos.

23º 24 F V Oferecer disciplina ou curso de extensão ou oficina temática.

24º 25 F N Investir em cursos de extensão gratuitos para graduandos com profissionais específicos.

25º 25 M N Além de uma disciplina que trate do assunto, os graduandos poderiam realizar um trabalho de campo junto à instituições que orientam crianças e jovens com tais dificuldades de aprendizado.

26º 23 F V Inserir no currículo matérias que abordem o estudo das dificuldades de aprendizagem, ensinar aos alunos os principais “sintomas” de uma

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F I S T QUAL A SUA SUGESTÃO PARA A CAPACITAÇÃO DO CURSO DE

PEDAGOGIA DA UNEB PARA A ATUAÇÃO COM O ALUNO DISLÉXICO?

possível dislexia e das outras dificuldades de aprendizagem como a disgrafia, a discalculia, o TDAH, dentre outros. Caso venha a me deparar com alunos com estas dificuldades, me sentirei totalmente, despreparada em minha atuação como educadora.

27º 22 F V Cursos de extensão gratuitos, já que muitas disciplinas não abrangem tal temática e alguns professores não são especialistas nessa área.

28º 22 F V Que na grade do curso a disciplina "Educação Especial" tivesse em mais de um semestre e que a mesma trabalhasse as dificuldades de aprendizagem mais decorrentes separadamente e mais profundamente.

29º 23 F V Ter sempre cursos de extensão para passar uma capacitação mais aprofundada.

30º 28 F V

Além de uma disciplina específica, ter cursos de extensão e seminários com palestrantes que já atuaram com esses alunos, poderíamos também, visitar instituições que atendam a alunos com dificuldades de aprendizagem.

31º 22 F M

Eu acredito que estudar várias áreas em tão pouco tempo, abrange e não permite um maior aprofundamento em certos pontos críticos que nós, futuras professoras, encontraremos na nossa caminhada. Cursos de extensão auxiliando na própria práxis, onde possa ocorrer a troca de profissionais que já tiveram alunos com esse perfil gerando uma construção coletiva.

32º 23 F M

Acredito que disciplinas apenas não bastam, mas é necessário que o aluno do curso de Pedagogia possa desde os primeiros semestres estar em contato com a prática, observando e criando um olhar crítico sobre como trabalhar com esses alunos, fazendo articulação da teoria com a prática, para que desta forma possam se tornar profissionais mais completos.

33º 23 F V

O curso já tem uma disciplina que trata sobre inclusão e afins, mas sobre as dificuldades de aprendizagem pouco ouvimos falar, se for estudar somente o aluno disléxico a UNEB pode oferecer cursos de extensão direcionado ao estudo sobre dislexia.

34º 23 F V

Não só para capacitar o futuro professor do aluno disléxico, mas para todos aqueles que possuem dificuldades de aprendizagem relacionadas aos principais transtornos, acredito que o curso deveria oferecer uma disciplina que tratasse desse assunto, visto que, esses alunos são realidades constantes em nossas salas de aula e merecem professores capacitados.

35º 23 F V

É fundamental que nós, graduandos do curso de pedagogia, possamos, desde o início do curso, estar em contato com a prática, observando e atuando com esses alunos. Seria ótimo se tivéssemos uma disciplina obrigatória que aborde o estudo das principais dificuldades de aprendizagem, pois ao final do curso, quando encontramos com as diversas realidades, nos sentimos totalmente despreparados.

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APÊNDICE B - ENTREVISTAS REALIZADAS COM AS PEDAGOGAS.

P5 I S T T.F VOCÊ SABE O QUE É DISLEXIA?

1º 26 F G 1 Sim. É uma dificuldade de aprendizagem que afeta a leitura, escrita e soletração.

2º 25 F G 2 Não conheço profundamente sobre o assunto. Superficialmente falando, a dislexia corresponde a uma dificuldade de aprendizagem caracterizada pela má decodificação das palavras.

3º 33 F E 9 Sim. É um transtorno de aprendizagem que mais se manifesta na escrita

4º 28 F G 1

Sim, é uma dificuldade de aprendizagem na leitura, escrita, soletração e no ensino da matemática. Uma criança disléxica encontra dificuldades para ler e escrever e as frustrações acumuladas podem conduzir a comportamentos agressivos e de aversão a leitura.

5º 27 F E 3

Sim, é uma alteração genética neurobiológica que ocasiona dificuldades na codificação e decodificação das palavras, refletindo através de explícitas dificuldades ao ler, escrever e soletrar.

6º 46 F E 18 É uma dificuldade de aprendizagem na área de leitura e escrita. 7º 36 F E 8 É um transtorno de aprendizado relacionado à leitura e a escrita.

8º 33 F E 9

É uma incapacidade relacionada ao aprendizado da leitura e da escrita. Apesar de ter inteligência normal, o disléxico possui essas dificuldades por apresentar o processamento neurofisiológico e as funções cognitivas para habilidades de leitura prejudicadas.

9º 32 F E 7 É uma dificuldade de aprendizagem ocasionada pela má formação do processamento fonológico, resultando em dificuldades na leitura e na escrita.

10º 27 F G 3 É uma dificuldade de aprendizagem que apresenta capacidades de leitura em níveis significativamente menores do que o esperado, apesar da inteligência normal.

P I S T T.F COMO VOCÊ APRENDEU ACERCA DESTA DIFICULDADE

DE APRENDIZAGEM?

1º 26 F G 1

Pesquisando na internet. A curiosidade surgiu depois que ouvi a psicóloga da escola onde trabalho dizer que uma criança tinha sintomas de dislexia. Como não sabia exatamente o que era, fiquei curiosa e fui pesquisar a respeito.

2º 25 F G 2 Na faculdade tive uma disciplina optativa onde pude assistir a um seminário produzido pelos alunos que tratou do tema.

3º 33 F E 9 No curso de Psicopedagogia Clínica e Institucional que fiz.

4º 28 F G 1 O tema dislexia foi apresentado por uma professora em uma disciplina optativa na faculdade.

5 P – Pedagoga, I – Idade, S – Sexo, T – Titulação, G – Graduado, E – Especialista, T. F. – Tempo de formação

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P I S T T.F COMO VOCÊ APRENDEU ACERCA DESTA DIFICULDADE

DE APRENDIZAGEM?

5º 27 F E 3 Obtive maiores conhecimentos através da pós-graduação em Psicopedagogia Clínica e Institucional.

6º 46 F E 18 Aprendi através cursos de aperfeiçoamento em inclusão, que abordou o estudo dos disléxicos e dos hiperativos.

7º 36 F E 8 Assisti a um seminário sobre distúrbios de aprendizagem na escola a qual trabalho.

8º 33 F E 9 No curso de Psicopedagogia Clínica e Institucional.

9º 32 F E 7 Na especialização Alfabetização e Letramento nas Séries Iniciais a professora explicou sobre a relação fonema e grafema e explicou superficialmente a respeito da dislexia.

10º 27 F G 3 Já assisti a um seminário que abordou esta temática em um curso que fiz.

P I S T T.F NA GRADUAÇÃO, VOCÊ TEVE ALGUMA DISCIPLINA QUE

ABORDASSE O ESTUDO DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM DO ALUNO DISLÉXICO?

1º 26 F G 1

Cursei uma disciplina chamada Educação Especial, nesta disciplina falávamos de forma geral de algumas “deficiências”, mas sobre a dislexia não ouvi falar. O nome não era estranho, mais não sabia o significado. Em outras disciplinas estudei como atuar com crianças que tinham dificuldades de aprendizagem, mas esse estudo não era visto com olhar científico e sim social, ou seja, a criança tinha essa dificuldade por questões sociais diversas, como a família, a escola, dentre outros, mas nunca por que tinha um problema cognitivo.

2º 25 F G 2 Na grade de disciplinas obrigatórias não. Mas tive apenas uma disciplina optativa que tratava da educação de alunos com dificuldades de aprendizagem.

3º 33 F E 9 Não.

4º 28 F G 1

Sim, no 2º semestre do curso de pedagogia tive a disciplina Psicologia da Aprendizagem e nela foram tratadas algumas dificuldades de aprendizagem mais frequentes nas escolas, como a dislexia, a discalculia, a disgrafia, o TDAH e os superdotados.

5º 27 F E 3

Tive uma disciplina que abordava o estudo da inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais, como a cegueira, a surdez e o autismo, mas a dislexia, o TDAH e outras dificuldades não foram estudadas nesta e nem em outra disciplina.

6º 46 F E 18 Não. Exatamente por não me sentir apta a dominar os conteúdos de algumas dificuldades de aprendizagem que busquei estes conhecimentos em uma especialização.

7º 36 F E 8 Não.

8º 33 F E 9 Não. A graduação deixou uma lacuna sobre a compreensão das dificuldades de aprendizagem, por este motivo busquei a especialização.

9º 32 F E 7 Não, pois não havia uma disciplina específica sobre este assunto. 10º 27 F G 3 Não. O que aprendi sobre a dislexia foi através do curso que fiz.

91

P I S T T.F A GRADUAÇÃO FOI SUFICIENTE PARA LHE ESCLARECER SOBRE AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM DO ALUNO

DISLÉXICO? 1º 26 F G 1 Não.

2º 25 F G 2 Não. A abordagem feita pela faculdade a respeito dos alunos com distúrbios de aprendizagem foi de maneira superficial.

3º 33 F E 9 Não. Busquei maiores conhecimentos através da pós-graduação de Psicopedagogia Clínica e Institucional.

4º 28 F G 1 A graduação me apresentou um conhecimento básico sobre a dislexia, mas pretendo me aprofundar nesta temática, que é muito frequente nas escolas.

5º 27 F E 3 Com certeza não. Tive que buscar maiores conhecimentos através da especialização.

6º 46 F E 18

Não. Na época em que fiz magistério e posteriormente a minha graduação não se discutia muito a respeito das dificuldades de aprendizagem, com o avanço das ciências e das práticas pedagógicas atualmente se discute muito mais a respeito desta temática.

7º 36 F E 8 Não.

8º 33 F E 9 Infelizmente não. Quando traz estas informações é de maneira superficial.

9º 32 F E 7 Não.

10º 27 F G 3

Aprendi o conceito básico sobre a dislexia e algumas dificuldades de aprendizagem. São tantas metodologias em nossa grade curricular que, infelizmente, a possibilidade de nos aprofundarmos neste estudo são pequenas, o que é uma pena, pois nas escolas o que mais presenciamos são alunos com dificuldades de aprendizagem mediados por professores incapacitados.

P I S T T.F VOCÊ JÁ VIVENCIOU CONTATO COM O ALUNO

DISLÉXICO? COMO ATUOU COM ELE?

1º 26 F G 1

Vivenciei indiretamente, pois na escola onde trabalho estou atuando no setor de coordenação. Ouvi falar sobre a dislexia nesta instituição através do diagnóstico da psicóloga da escola para um aluno que eu conhecia e foi por isso que fiquei curiosa e pesquisei na internet sobre o assunto.

2º 25 F G 2 Ainda não tive contato com aluno disléxico.

3º 33 F E 9 Sim. No estágio do curso de Psicopedagogia fiz um acompanhamento supervisionado com um aluno disléxico, utilizando estratégias psicopedagógicas com bom êxito.

4º 28 F G 1

Sim, no período do meu estágio supervisionado na graduação estive com um aluno disléxico que apresentava alguns distúrbios. A escola já tinha conhecimento sobre a dificuldade, pois os pais já haviam apresentado documentos médicos para professora regente. Algumas medidas que foram adotadas pela escola, como: atenção pedagógica individual, prazo maior na entrega das

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P I S T T.F VOCÊ JÁ VIVENCIOU CONTATO COM O ALUNO

DISLÉXICO? COMO ATUOU COM ELE? provas e das atividades em sala de aula, contando com a ajuda de todos, pois também foi trabalhado com o grupo sobre o tema dislexia, com a pretensão de esclarecer dúvidas. É importante destacar que é preciso que o diagnóstico da dislexia seja precoce e tenha colaboração da família e da escola.

5º 27 F E 3

Sim, na escola a qual sou coordenadora pedagógica já tivemos um aluno com dislexia. Ele necessitava de maior atenção da professora para as habilidades leitoras e possuía algumas dificuldades na fala.

6º 46 F E 18

Sim, em uma das escolas em que trabalhei já tive contato com aluno disléxico, trabalhava na coordenação, então convivia indiretamente com este aluno. Ele apresentava explícitas dificuldades de leitura e escrita, foi necessário rever os métodos de ensino para atender às suas específicas necessidades.

7º 36 F E 8 Ainda não.

8º 33 F E 9

Sim. No estágio supervisionado da especialização em Psicopedagogia Clínica e Institucional, pude perceber na prática as reais dificuldades deste aluno, é interessante relacionar a teoria à prática, desta forma, a aprendizagem se torna mais significativa. Utilizei técnicas psicopedagógicas com este aluno, que demonstrou avanços em sua aprendizagem.

9º 32 F E 7 Ainda não. 10º 27 F G 3 Não.

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APÊNDICE C- ENTREVISTAS REALIZADAS COM OS PROFESSORES

DO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - CAMPUS I - UNEB.

P6 S T COMO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO E DE PSICOLOGIA, EM SUA

OPINIÃO, A DISCIPLINA DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM É FUNDAMENTAL PARA A FORMAÇÃO DO PEDAGOGO?

P1 M D Esta disciplina deveria ser obrigatória, embora eu não acredite que com a carga horária atual se possa fazer muita coisa.

P2 F M

Começo dizendo que acho de fundamental importância que a disciplina seja de caráter obrigatório e não optativo. Acredito que ela deveria ser ministrada logo após os alunos terem visto Psicologia da Aprendizagem. Iria dar uma complementação ao estudo do processo de aprendizagem e dar um suporte melhor para o trabalho pedagógico. Estudar os distúrbios da aprendizagem, conhecer as principais dificuldades apresentadas pelos alunos, saber caracterizá-las e fazer os devidos encaminhamentos é primordial para a formação do pedagogo.

P3 M M Sim.

P4 F M Considero fundamental esta disciplina para o curso de pedagogia e estranho que ainda ela seja apresentada tão somente como optativa, haja vista o número de crianças que estão nas escolas enfrentando dificuldades para aprender.

P S T ESTE É UM CONTEÚDO QUE OS GRADUANDOS EM PEDAGOGIA

PRECISAM DOMINAR?

P1 M D Quando nada para identificarem mais prontamente os sinais dos distúrbios e encaminhá-los para os devidos profissionais para acompanhamento.

P2 F M

Os alunos de pedagogia, sem dúvida, precisam desse suporte. Não no sentido de aprender a fazer diagnósticos ou intervenções. Todos os profissionais precisam reconhecer seus limites e possibilidades. Tem coisas que não vão ser competências de um pedagogo e sim de psicólogos, fonoaudiólogos, médicos, etc. Mas o pedagogo deve estar preparado para ajudar a criar estratégias de trabalho, no campo educacional, para crianças e/ou adolescentes que sejam portadores de distúrbios da aprendizagem. Para isso ele terá que estudar e obter esses conhecimentos.

P3 M M Sim. P4 F M Com certeza são conteúdos que precisam ser dominados pelo futuro docente.

P S T

OS CONHECIMENTOS ACERCA DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM SÃO ESSENCIAIS PARA FORMAÇÃO DO EDUCADOR

VISANDO À PERSPECTIVA DE INCLUSÃO E DE UM ACOMPANHAMENTO PEDAGÓGICO QUALIFICADO?

P1 M D Condição necessária...

P2 F M Sem dúvida. Como falar de inclusão, de acolher portadores de TDAH, TDA, dislalias, dislexias, discalculias ou outro distúrbio, em salas de aula se o professor não se sente preparado, desconhece e nunca estudou sobre esses

6 P – Professor, S – Sexo, T – Titulação, M – Mestre, D – Doutor

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P S T

OS CONHECIMENTOS ACERCA DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM SÃO ESSENCIAIS PARA FORMAÇÃO DO EDUCADOR

VISANDO À PERSPECTIVA DE INCLUSÃO E DE UM ACOMPANHAMENTO PEDAGÓGICO QUALIFICADO?

problemas? Vamos acabar tendo alunos apenas submetidos a uma engrenagem administrativa e não alunos cuidados e trabalhados de acordo com suas necessidades, anseios e expectativas. Enfim, os pedagogos precisam estudar esses assuntos a fim de compreenderem os processos de desenvolvimento e aprendizagem dos portadores de distúrbios de aprendizagem (não de todos é claro) a fim de desempenharem melhor seu papel e formar uma parceria com os outros especialistas que porventura estiverem trabalhando em cada caso.

P3 M M Sim.

P4 F M

Trata-se de conhecimentos fundamentais que devem estar presentes no currículo de pedagogia. Além disto, penso que na estrutura dos cursos de pedagogia deveria constar um laboratório para experiências didáticas visando processos diferenciados de aprendizagem.