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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM A INCLUSÃO DO DEFICIENTE VISUAL NO ENSINO REGULAR Por: Luana Rueb de França Orientador Prof. Carol Kwee Niterói 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

A INCLUSÃO DO DEFICIENTE VISUAL NO ENSINO REGULAR

Por: Luana Rueb de França

Orientador

Prof. Carol Kwee

Niterói

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

A INCLUSÃO DO DEFICIENTE VISUAL NO ENSINO REGULAR

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em

Psicopedagoga.

Por: Luana Rueb de França

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus primeiramente, por me fortalecer

para a vida todos os dias.

A minha mãe que me apóia com o seu amor e carinho para

que eu realize os meus sonhos.

A minha família que sempre esteve a minha frente

não deixando desanimar nesta caminhada.

Ao meu namorado sempre muito solicito e dedicado

com tudo que eu pedia.

As minha fieis amigas de todas as horas, estando

sempre presente nos momentos que precisei.

A todos de uma forma ou outra que se fizeram

importante e presente nesta minha caminhada.

Em especial a minha Orientadora Carol Kewe,

sempre generosa e gentil com os prazos, e presteza

no auxílio nas atividades com relação ao meu

trabalho.

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DEDICATÓRIA

A Deus, a minha mãe querida Graça que sempre

acreditou em mim, a minha avó Arturiete e a minha

irmã Jéssica.

Ao meu namorado Marcio, quero agradecer, quero

compartilhar com ele este feito. Ele tem sido o co-

autor dos melhores momentos da minha vida

inclusive este.

As minhas companheiras de faculdade e em

especial as amigas Camila e Silvana que estavam

presentes nos momentos difíceis me incentivando.

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RESUMO

Tomando por base o capítulo V, da LDB (Lei de Diretrizes e Bases) de

96, define educação especial como modalidade de educação escolar oferecida

preferencialmente na rede regular de ensino, para portadores de necessidades

especiais, ou seja, seja promovida a esses alunos uma escolarização

juntamente com os demais alunos. Contudo, o professor de ensino regular,

procura modificar um pouco sua prática, em termos procedimentais para

atender esses alunos, o que não surti muito efeito, pois a participação desses

alunos fica comprometida.

O presente trabalho traz à reflexão o processo educacional inclusivo direcionado

aos estudantes com deficiência visual, analisando a importância dos serviços

disponibilizados pela modalidade de educação especial, por meio do atendimento

educacional especializado, considerando as singularidades de desenvolvimento e

aprendizagem desses sujeitos aprendentes.

A educação ofertada aos estudantes com deficiência visual incluídos na rede regular

de ensino necessita de investimento de políticas públicas para formação, disponibilização de

recursos tecnológicos e didáticos adaptados às necessidades educacionais especiais dos

estudantes, assim como, maior divulgação e orientação em relação à temática.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 05

CAPÍTULO I - EDUCAÇÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA VISUAL: UM

OLHAR INCLUSIVO. 08

1.1- Deficiente visual: conceito 09

1.2- A educação especial 12

1.3- Percepção tátil 17

1.4- Recursos didáticos para os deficientes visuais 20

1.5- Sistema braile 24

CAPÍTULO II - ABRINDO OS OLHOS DOS EDUCADORES, PARA INCLUSÃO ESCOLAR DOS ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL. 27

CAPÍTULO III - O PROFESSOR PRODUTO DO SEU SABER. 37

CONCLUSÃO 46

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 50

ANEXOS 52

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INTRODUÇÃO

As pessoas com necessidades especiais precisam ter a chance de

demonstrar suas qualidades, potencialidades, para poder alcançar seus

objetivos.

Com este trabalho quero despertar que o deficiente visual precisa ser

respeitado e valorizado.

Sendo assim, poderão desfrutar de uma vida decente, normal e plena.

Por isso, eles devem ser incluídos nas aulas de ensino regular.

Nos dias de hoje existe a necessidade de várias adaptações para a

inclusão de alunos portadores de deficiência no sistema de ensino. É muito

difícil proporcionar a esse aluno uma educação de qualidade, principalmente na

rede pública de ensino do Brasil, devido a vários fatores, como a falta de

treinamento dos professores para educar os mesmos e, além disso, a maioria

das escolas não apresenta recursos didáticos que possam auxiliar no processo

de ensino-aprendizagem.

Aprender é aqui entendido como a capacidade humana

de receber, colaborar, organizar novas informações e, a

partir desse conhecimento transformado, agir de forma

diferente do que se fazia antes. Aprende-se numa relação

com o outro ser humano e/ou com as coisas a seu redor.

(Masini, 1993, p.24)

No caso de alunos deficientes visuais, existem necessidades

educacionais especiais, que devem ser supridas pela utilização de métodos e

recursos didáticos apropriados durante o processo de ensino-aprendizagem,

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proporcionando, dessa forma, maior interação entre professor e aluno. O termo

“necessidades educacionais especiais” refere-se a todas aquelas crianças ou

jovens cujas necessidades educacionais especiais se originam em função de

deficiências ou dificuldades de aprendizagem (Declaração da Salamanca –

1994).

É necessário que se trabalhe em cima das potencialidades dos

indivíduos e não sobre suas incapacidades ou impedimentos.

A inclusão de alunos portadores de necessidades especiais ou de

distúrbios de aprendizagem na rede regular de ensino, em todos os níveis, é

assegura por lei, sendo este o princípio da educação inclusiva Lei LDBEN

(9.394/96).

Inclusão significa o aluno estar na escola, participando, aprendendo e

desenvolvendo suas habilidades.

Para construir uma sociedade com mais aceitação, mais amor, mais

cuidado e compaixão, devemos nos esforçar por incluir, acolher a todos, sem

exceção.

A inclusão escolar constitui, portanto, uma proposta politicamente

correta, que garante a igualdade de direitos e de oportunidades educacionais

para todos, em um ambiente educacional favorável. O processo de inclusão

ocorre de forma gradual e interativa, através da participação do próprio aluno

na construção do ambiente escolar. Alguns educadores defendem que a escola

não precisa preparar-se para garantir a inclusão de alunos com necessidades

especiais, mas deve tornar-se preparada como resultado do ingresso desses

alunos Lei LDBEN (9.394/96).

A construção de uma verdadeira sociedade inclusiva passa também pelo

cuidado com a linguagem. Na linguagem se expressa, voluntariamente ou

involuntariamente, o respeito ou a descriminação às pessoas com deficiência.

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“A sociedade para todos, consciente da diversidade da raça humana,

estaria estruturada para atender às necessidades de cada cidadão, das

maiorias às minorias, dos privilegiados aos marginalizados” (Werneck, 1997,

p.21).

Uma sociedade inclusiva garante seus espaços a

todas as pessoas, sem prejudicar aquelas que

conseguem ocupá-los só por méritos próprios. Neste

ponto, é oportuno acrescentar que o conceito de

sociedade inclusiva, introduzindo nos meios

especializados em deficiência, tornou-se hoje válido

também em outros meios, ou seja, naqueles em que

estão presentes as pessoas com outras condições

atípicas. (Sassaki, 1997, p. 168).

A limitação da pessoa não diminui seus direitos: são cidadãos e fazem

parte da sociedade como qualquer outro. É o momento de a sociedade se

preparar para lidar com a diversidade humana.

A Inclusão Escolar depende antes de tudo de um reconhecimento

humilde por parte da Escola e da Sociedade, da qual aquela faz parte, da

necessidade de se educarem a si mesmas para lidar com a diferença, antes de

criarem técnicas, estratégias ou métodos.

Somos seres em relação e só crescemos em relação. Sendo assim, o

equilíbrio para mim reside, antes de tudo, em permitir que o aluno portador de

necessidades especiais possa interagir com os demais e vice-versa, e que

ambos aprendam a lidar com as diferenças, não para anulá-las, mas para

poder usá-las como fonte de contato verdadeiro e de amadurecimento mútuo.

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CAPÍTULO I – EDUCAÇÃO DA PESSOA COM

DEFICIÊNCIA VISUAL: UM OLHAR INCLUSIVO.

Neste capítulo serão apresentadas temáticas à educação de pessoas

com deficiência visual, considerando o desenvolvimento do trabalho

pedagógico para a diversidade das salas de aula, direcionado para atender as

necessidades educacionais dos educandos.

Para que possamos incluir, devemos respeitar e querer

desenvolver o indivíduo em todos os aspectos dentro do

processo de aprendizagem. Devemos oferecer a estas

crianças um ambiente saudável e mostrar, a todos, como

eles devem contribuir para que não seja formada uma

geração preconceituosa. (ALVES, 2009, p.15)

A palavra inclusão deriva do verbo incluir, originado do latim incluire,

correspondendo a inserir, introduzir, acrescentar ou abranger. Seria

equivalente ao verbo incluir a frase "colocar também" (Roquette, 1928). O

termo se refere à conduta de inserir alguém ou alguma coisa em algum lugar.

Os deficientes visuais têm a mesma vontade de aprender que as outras

crianças, a mesma curiosidade e as mesmas necessidades de carinho,

proteção, recreação e convívio social para se desenvolverem de forma

harmoniosa intelectual e emocionalmente.

Eles também têm os mesmos direitos e deveres dos outros alunos, mas

só podem ter oportunidades iguais se suas diferenças forem respeitadas. É

importante também que na relação com eles se evite a fragilização e super

proteção, e que se combata as atitudes discriminatórias.

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1.1 – Deficiente visual: conceito

O termo deficiência, abrange todo e qualquer comprometimento que

afeta a integridade física e ou mental do indivíduo trazendo prejuízos à sua

locomoção, coordenação de movimentos, na fala, compreensão de

informações, na orientação espacial ou na percepção e contato com outras

pessoas.

A deficiência visual é definida como uma limitação no campo da visão

inclui desde a cegueira total até a visão subnormal.

“A limitação no campo da visão, é determinada por duas escalas

oftalmológicas: acuidade visual (capacidade de distinguir detalhes) e campo

visual (amplitude alcançada pela visão)” (CONDE, 2007).

O termo cegueira reúne indivíduos com vários graus de visão residual.

Neste caso, não significa necessariamente, total incapacidade para ver, mas

prejuízo dessa aptidão a níveis de incapacidade para o exercício de tarefas

rotineiras. “A cegueira total ou simplesmente amaurose, pressupõe completa

perda de visão. A visão é nula, isto é, nem a percepção luminosa está

presente”. Na visão subnormal, ocorre uma perda significativa da visão, com

diminuição na percepção de cores e dificuldades de adaptação à luz, que não

pode ser corrigida por tratamento clínico, cirúrgico e por óculos convencionais.

Existe também, a “cegueira parcial“ (também denominada de legal ou

profissional), inclui os indivíduos apenas capazes de contar dedos a curta

distância e os que percebem vultos, nesse último caso há apenas a distinção

entre claro e escuro (ROCHA, 1997).

Segundo o decreto 5.296 de 02 de dezembro de 2004, cap.II, art5°, a

deficiência visual é definida como:

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“... cegueira, na qual a acuidade é igual ou menor que

0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; a

baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05

no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos

nos quais a somática da medida do campo visual em

ambos os olhos for igual ou menor que 60°; ou a

ocorrência simultânea de quaisquer das condições

anteriores.”

A secretaria de Educação Especial / MEC (2006) apresenta as seguintes

definições:

Baixa visão: é a alteração da capacidade funcional da visão, decorrente

de inúmeros fatores ou associados, tais como: baixa acuidade visual

significativa, redução importante do campo visual, alterações corticais e/ou de

sensibilidade aos contrastes, que interferem ou que limitam o desempenho

visual do indivíduo. A perda da função visual pode se dar em nível severo,

moderado ou leve, podendo ser influenciada também por fatores ambientais

inadequados.

Cegueira: é a perda total da visão, até a ausência de projeção de luz. Do

ponto de vista educacional, deve-se evitar o conceito de cegueira legal

(acuidade visual igual ou menor que 20/200 ou campo visual inferior a 20° no

menor olho), utilizada apenas para fins sociais, pois não revelam o potencial

visual útil para a execução de tarefas.

Pessoas com baixa visão: aquelas que apresentam “desde condições de

indicar projeção de luz, até o grau em a redução da acuidade visual interfere ou

limita seu desempenho”. Seu processo educativo se desenvolverá,

principalmente, por meios visuais, ainda que com a utilização de recursos

específicos.

Cegas: pessoas que apresentam “desde a ausência total de visão, até a

perda da projeção de luz”. O processo de aprendizagem se fará através dos

sentidos remanescentes (tato, audição, olfato, paladar), utilizando o Sistema

Braille como principal meio de comunicação escrita (SEESP/MEC, 2005).

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Segundo Vigostsky, citado em Andrezzo (2005), o desenvolvimento da

criança deficiente visual, deve estar direcionado para a superação dessa

limitação fundamentando-se nas suas capacidades como ser.

O desenvolvimento de uma criança com deficiência visual é relacionada

ao padrão global de seu desempenho, ao desenvolvimento cognitivo e as

condições emocionais de sua vida. A posição que o indivíduo estabelece com o

mundo è a maneira de utilizar seus resíduos visual deixando o livre para que

ele possa andar com suas próprias pernas e se torne independente de pessoas

próximas.

De acordo com Araújo (1997), quando a criança deficiente visual é

estimulada, desde cedo, a desenvolver suas habilidades sensório-motores,

através de outros sentidos, terá condições de construir suas estruturas

cognitivas de maneira equilibrada, passando por todos os estágios de

desenvolvimento, adquirindo as noções de objeto, espaço, causalidade e

tempo.

O desenvolvimento e a habilidade são fundamentais para garantir à

criança com deficiência visual o desenvolvimento normal de seus

conhecimentos e a formação de uma personalidade harmônica.

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1.2 - A Educação Especial

A educação especial é uma modalidade de ensino destinada a

educandos portadores de necessidades educativas especiais no campo da

aprendizagem, originadas quer de deficiência física, sensorial, mental ou

múltipla, quer de características como altas habilidades, superdotação ou

talentos.

A educação especial no Brasil está passando por um processo de

grandes mudanças, algumas das quais estão acontecendo de forma muito

rápida, cabendo a nós, educadores refletir sobre esse novo contexto, e tentar

estabelecer algumas das estratégias que julgamos fundamentais para que essa

educação se converta em iniciativas de qualidade, que culminem de fato no

crescimento do seu público alvo, ou seja, as crianças.

A oferta da educação especial, dever constitucional do Estado, tem início

na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil. Sendo assim,

respeitando-se as possibilidades e as capacidades dos alunos, a educação

especial destina-se às pessoas com necessidades especiais e pode ser

oferecida em todos os níveis de ensino.

A Constituição Federal estabelece o direito das pessoas com

necessidades especiais receberem educação, preferencialmente na rede

regular de ensino (art. 208, III). A diretriz atual é a da plena integração dessas

pessoas em todas as áreas da sociedade. Trata-se, portanto, de dois

direcionamentos principais: o direito à educação, comum a todas as pessoas, e

o direito de receber essa educação, sempre que possível, junto às demais

pessoas, nas escolas regulares.

No entanto, apesar do atendimento preferencial na rede regular para os

educandos com necessidades especiais, a legislação educacional considera a

existência de atendimento especializado. Assim, quando não for possível a

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integração desses educandos em classes comuns do ensino regular, deve ser

oferecido atendimento em classes, escolas ou serviços especializados.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional determina que os

sistemas de ensino devem assegurar aos educandos com necessidades

especiais:

I. currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização

específicos, para atender às suas necessidades;

II. terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o

nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas

deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar

para os superdotados;

III. professores com especialização adequada em nível médio ou

superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino

regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns;

IV. educação especial para o trabalho, visando à sua efetiva integração

na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não

revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante

articulação com os órgão oficiais afins, bem como para aqueles que

apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou

psicomotora;

V. acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais

suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular. (art. 59).

A educação especial pode ser oferecida em instituições públicas ou

particulares.

Em relação ao acesso nos cursos superiores de ensino, a Portaria n°.

1.679 de 1999, do Ministério da Educação alude sobre requisitos que torna

possível o acesso de pessoas portadoras de deficiência em cursos superiores.

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De acordo com essa Portaria no que se refere ao deficiente visual temos

as seguintes citações em seu art.1°:

“II – no que concerne a alunos portadores de deficiência visual, compromisso

formal da instituição, no caso de vir a ser solicitada e até que o aluno conclua o

curso”:

a) De manter sala de apoio equipada com máquina de datilografia Braille,

impressora Braille acoplada ao computador, sistema de síntese de voz,

gravador e foto copiadora que amplie textos para atendimento ao aluno

com visão subnormal, lupas, réguas de leitura, scanner acoplado a

computador;

b) De adotar um plano de aquisição gradual de acervo bibliográfico em

Braille e de fitas sonoras para uso didático.”

O Ministério da Educação com o DECRETO N° 3.298, de 20 de

Dezembro de 1999, apresenta os seguintes artigos referentes à educação

superior para pessoas portadoras de deficiência:

“Art. 27. As instituições de ensino superior deverão oferecer adaptações de

provas e os apoios necessários, previamente solicitados pelo aluno portador de

deficiência, inclusive tempo adicional para realização das provas, conforme as

características da deficiência”.

§ 1° as disposições deste artigo aplica-se, também, ao sistema geral do

processo seletivo para ingresso em cursos universitários de instituição de

ensino superior.

§ 2° O Ministério da Educação, no âmbito da sua competência, expedirá

instruções para que os programas de educação superior incluam nos seus

currículos conteúdos, itens ou disciplinas relacionadas à pessoa portadora de

deficiência.

Art. 28. O aluno portador de deficiência matriculado ou egresso do ensino

fundamental ou médio, de instituições públicas ou privadas, terá acesso à

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educação profissional, a fim de obter habilitação profissional que lhe

proporcione oportunidades de acesso ao mercado de trabalho”.

O Programa Educação Inclusiva: direito à diversidade, iniciado em 2003,

tem o objetivo de implantar a política de educação inclusiva nos municípios

brasileiros, apoiando a formação de gestores e educadores com a finalidade de

transformar os sistemas educacionais em sistemas educacionais inclusivos,

garantindo aos alunos com necessidades educacionais especiais o acesso e a

permanência, com qualidade, nas escolas da rede regular de ensino. Este

programa disponibiliza equipamentos, mobiliários e material pedagógico para

tornar possível a implantação de salas com recursos, para o atendimento

educacional especializado nos municípios-polos, desta forma, apoiando o

processo de educação inclusiva na rede pública de ensino (SEESP/MEC –

2003).

Em 04 de Julho de 2006, o Ministério da Educação por meio da SESU

(Secretaria da Educação Superior) e da SEESP (Secretaria da Educação

Especial) convocou as Instituições Federais de Educação Superior (IFES), a

desenvolverem projetos para proporcionar o acesso de pessoas portadoras de

deficiência ao Ensino Superior. De acordo o Edital n° 8, o projeto deveria conter

ações que promovessem os seguintes critérios:

a) Acessibilidade à comunicação de alunos com deficiência, em todas as

atividades acadêmicas;

b) Aquisição de equipamentos e materiais didáticos específicos destinados ao

uso de alunos com deficiência para promoção de acessibilidade;

c) Aquisição e adaptação de mobiliários para acessibilidade de pessoas com

deficiência nos diferentes ambientes ou compartimentos da Instituição;

d) Reforma nas edificações para acessibilidade física dos alunos com

deficiência em todos os ambientes;

e) Formação profissional de professores e técnicos para atuação com alunos

portadores de deficiência;

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f) Contratação de pessoal para os serviços de atendimento educacional

especializado.

De acordo com o art. 44 e 45 da Lei Federal n° 9.394/96 o aluno

deficiente visual, assim como alunos portadores de outras necessidades

especiais, tem direito a educação superior em Instituições de ensino superior

pública e privada, em todas as suas modalidades. De acordo com esta lei,

essas modalidades são: cursos seqüenciais por campo de saber, de diferentes

níveis de abrangência, abertos a candidatos que atendam aos requisitos

estabelecidos pelas instituições de ensino; de graduação, para os candidatos

que tenham concluído o ensino médio ou equivalente e tenham sido

classificados em processo seletivo; de pós-graduação, compreendendo

programas de mestrado e doutorado, para candidatos diplomados em curso de

graduação e que atendam às exigências das instituições de ensino; de

extensão, abertos a candidatos que atendam aos requisitos estabelecidos

pelas instituições de ensino.

Apesar do direito a todos os níveis de educação ser garantidos por leis e

decretos, o acesso de pessoas portadoras de deficiência ao ensino, ainda é

limitado existindo barreiras na estrutura física e a falta de metodologias e

recursos didáticos apropriados para proporcionar uma formação de qualidade.

Isso acontece, devido á ausência de investimentos direcionados para atender

essas necessidades, nas instituições privadas e principalmente nas públicas.

Dessa forma, não é praticada a educação inclusiva, declarada como direito de

todos os cidadãos a educação.

É necessário nós eduacadores estudarmos as diversas formas de poder

trabalhar com esses alunos, afinal, eles agora fazem parte do nosso dia-a-dia.

Não podemos isolá-los, temos que nos aperfeiçoar, precisamos encontrar

meios para que eles não se sintam como “especiais” e sim como alunos

normais.

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1.3- Percepção tátil

O tato é o mais delicado e o primeiro sentido a se desenvolver no

embrião humano. Quando o feto tem menos de seis semanas e apenas dois

centímetros e meio de comprimento, reage com um leve curvar do pescoço e

afasta-se da fonte de estimulação ao receber uma carícia no lábio superior ou

nas abas do nariz. Nesse estágio do desenvolvimento, o embrião ainda não

tem olhos ou orelhas, mas sua pele já está altamente desenvolvida.

A pele e o sistema tátil são fundamentais para nossa vida. Podemos

viver sem enxergar ou ouvir e completamente desprovidos de olfato e paladar,

mas não sobreviveremos sem as funções desempenhadas pela pele.

O tato é seguramente uma via receptora de informações

diversas de tradução do ambiente externo para o interno;

para desenvolver uma compreensão ótima do seu mundo,

essas pessoas precisam do sentido do tato, algumas

vezes dependendo exclusivamente dele (Martins et al,

2007).

O tato é um sentido difuso por todo o nosso corpo, porém as mãos e as

pontas dos dedos são as partes com maior sensibilidade, sendo seus mais

importantes instrumentos, e, muitas vezes, nos dão informações mais precisas

até do que as visuais. O desenvolvimento da motricidade fina permite que as

mãos reconheçam forma, grandeza, textura, peso, espessura, consistência e

temperatura dos objetos, facilitando nossa percepção do ambiente.

Ao nos aproximarmos dos objetos, tocá-los, pegá-los, manipulá-los,

lançá-los e empurrá-los, realizamos as funções sensório-motoras básicas, que

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nos permitem atuar sobre eles, dispondo-os no espaço de acordo com nossa

vontade e ter as sensações necessárias para uma compreensiva e precisa

informação.

O tato é tão importante quanto os demais sentidos. Mas na vida do

deficiente visual, isso faz uma diferença relevante. Pelo fato de não enxergar,

se faz necessário que haja um aperfeiçoamento para que com a falta da visão,

se tenha um bom aproveitamento nos sentidos restantes.

Todas as atividades, desde as mais simples até as mais complexas

deverão ser ensinadas à criança cega, pois são funções que ela não pode

imitar usando a visão: sentar, engatinhar, andar, comer, vestir, brincar. É dessa

forma que ela poderá aprender posturas, conceitos, habilidades, adquirir

linguagem e comunicação, ter autoconfiança e se desenvolver plenamente.

É fundamental que a preparação dos sentidos se inicie o mais cedo

possível, uma vez que seu desenvolvimento não ocorre espontaneamente. A

interação, a comunicação, a independência para a movimentação no espaço e

realização de atividades rotineiras pela criança vão criar condições para que

ela prepare seus sentidos, aprenda, adquira linguagem e se integre.

A ausência da modalidade visual exige experiências alternativas de

desenvolvimento, a fim de cultivar a inteligência e promover capacidades sócio-

adaptativas. O ponto central desses esforços é a exploração do pleno

desenvolvimento tátil. Nesse processo, fica implícita uma compreensão das

seqüências do desenvolvimento dentro da modalidade tátil. São elas:

consciência de qualidade tátil; reconhecimento da estrutura e da relação das

partes com o todo; compreensão de representações gráficas e utilização de

símbolo.

No caso do tato, sempre que estiver alguma coisa que a pessoa cega

não conheça, ou se a mesma for modificada por algum motivo, não há outra

maneira se não for através do toque, que possibilite uma visão ampla e

completa do objeto em questão. A partir do momento que existe um contato

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físico, pela textura ou imaginação, é fácil chegar a um conceito de bom ou ruim,

feio ou bonito. Mas isso não quer dizer que embora a opinião exposta seja de

uma pessoa que não ver, os pontos e os argumentos sejam iguais aos ditos

normais.

Não é bem assim, porque todos nós temos gostos diferentes, e é

importante que exista um respeito para com estas pessoas, da mesma forma

que respeitamos a cada um em nosso convívio social. Na verdade o tato está

presente na vida de todos nós, mas muitas vezes o praticamos e nem

percebemos.

Podemos ilustrar de uma maneira bem simples e objetiva, como

veremos a seguir. Duas pessoas estão conversando em um determinado lugar.

Uma está lendo um livro, e faz um certo comentário para demonstrar o quanto

aquela obra é significante. Na mesma hora, mesmo olhando para o livro que

está na mão de quem o ler, a outra pessoa pede para ver. Visualmente falando,

não precisaria pedir, pois ela já está a observar com os seus próprios olhos.

Mas o "ver" em questão, se dar no sentido de tocar, conhecer. Depois

que o objeto é conhecido pelo sujeito, uma constatação é feita, despertando

assim maior interesse, para com aquilo que antes era visto sem a presença do

toque. Então podemos dizer que todos os dias olhamos para as coisas que

estão em nossa volta. Mas a partir do momento que a manuseamos, nos

damos por satisfeitos porque não atingimos só uma simples admiração, mas

uma apreciação agradável, satisfazendo todo conhecimento que é possível ao

nosso limite, de acordo com o que está a ser apresentado naquele instante por

cada um.

Podemos até olhar nos olhos de alguém, mas nada se compara a um

abraço forte, um aperto de mão, um carinho de amigo, é indispensável que se

tenha o toque dos dedos ou das mãos de quem quer que seja.

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1.4- Recursos didáticos para os deficientes visuais

Os recursos didáticos estimulam os estudantes a desenvolverem

habilidades intelectuais além de contribuir para que alguns mostrem mais

interesse.

Brandão (1994) ressalta que o computador, enquanto instrumento auxiliar

as atividades de ensino desencadeia uma série de questões a medida em que

possibilita o resgate de variáveis importantes ao remodelamento da própria

educação, principalmente, no que diz respeito ao repensar o papel do professor

no processo de ensino-aprendizagem.

§ Livro didático adaptado

Existem no mercado vários recursos didáticos, porém a maioria utiliza

recursos visuais, o que não atende às necessidades de pessoas que possuem

esse tipo de deficiência; livros didáticos são exemplo disso.

No caso em que existe deficiência visual, os livros utilizados devem estar

transcritos em Braille; deve-se ter cuidado para que o conteúdo, uma vez

transcrito, não seja modificado ou deturpado.

§ Livro falado

O livro falado é gravado em CDs. Esse recurso é muito utilizado no

Brasil, tido como excelente recurso didático.

Segundo Bruno e Mota (2001b): “a utilização do livro falado, no primeiro

grau, deve limitar-se, tanto quanto possível, à literatura ou aos didáticos de

leitura complementar”.

§ Tecnologias assistivas

São os recursos que contribuem parra proporcionar vida independente

aos deficientes. O maior número de pesquisas existentes sobre esses recursos

é realizado no exterior.

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Borges (1996, p. 6) afirma que “uma pessoa cega pode ter algumas

limitações, as quais poderão trazer obstáculos ao seu aproveitamento produtivo

na sociedade”.

Com o desenvolvimento da Informática, nas últimas décadas abriram-se

novas possibilidades para o processo de aprendizagem do aluno com

deficiência.

Takahashi (2000, p. 45) afirma que:

Inclusão social pressupõe formação para a cidadania, o

que significa que as tecnologias de informação e

comunicação devem ser utilizadas também para a

democratização dos processos sociais, para fomentar a

transparência de políticas e ações de governo e para

incentivar a mobilização dos cidadãos e sua participação

ativa nas instâncias cabíveis.

O enorme avanço na área da informática tem proporcionado recursos

valiosos para o do portador de deficiência visual, possibilitando mais uma

ferramenta de acesso à informação e de apoio no desenvolvimento de

atividades educacionais, culturais e sociais.

Segundo Bruno (2001):

O grande avanço tecnológico verificado nos últimos anos

vem proporcionando recursos valiosos ao processo de

ensino-aprendizagem na educação de deficientes visuais,

sobretudo com a utilização de equipamentos de

informática.

Hoje é possível, para uma pessoa com deficiência visual, navegar pela

internet, usufruindo de vários recursos que ela oferece, como chats, jornais e

revistas. Há sites que possuem versões para deficientes, como o

www.amazon.com/access, uma adaptação da livraria virtual.

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Um dos programas mais conhecidos para portadores de deficiências

visuais é o Dosvox. Consiste de um sistema para computadores da linha PC

que se comunica com o usuário através de síntese de voz; ele viabiliza o uso

de computadores para o portador de necessidades visuais, que passa a ter

independência no estudo e no trabalho.

O sistema Dosvox foi desenvolvido pelo Núcleo de Computação

Eletrônica da UFRJ (NCE/UFRJ), situado no Centro de Ciências Matemáticas e

da Natureza. É destinado ao auxílio de deficientes visuais no uso do

computador; o sistema conversa com o deficiente visual em português. Além

de ampliar as telas para pessoas com visão reduzida, ele contém ainda

programas para educação de crianças com deficiência visual e programas

sonoros para acesso à internet.

Os deficientes visuais também participam como programadores na

equipe de desenvolvimento. O site do NCE/UFRJ

(http://caec.nce.ufrj.br/~dosvox) disponibiliza uma versão light do Dosvox para

Windows.

O Dosvox Pro pode ser obtido pelo centro de distribuição do programa.

Essa versão contém programas de uso profissional.

Entre as atividades que podem ser executadas pelo sistema estão:

• Edição de textos para impressão Braille;

• Leitura e audição de textos;

• Utilização de calculadora, agenda, entre outros instrumentos;

• Jogos.

A comunicação entre o usuário e o sistema é realizada através de um

sintetizador de baixo custo. O sistema foi criado a partir do trabalho de um

estudante de informática cego que desenvolveu o editor de textos do sistema.

O sucesso do projeto deve-se principalmente a:

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• Baixo custo do sistema;

• Tecnologia simples de produção;

• Sistema fala e escreve em português.

Hoje em dia, com o surgimento da informática, pouco a

pouco a velha máquina de escrever está cedendo lugar

para novos equipamentos, que estão melhorando

consideravelmente a qualidade de vida da pessoa cega. É

o caso do “n speaker”, do Braille falado, das impressoras

Braille computadorizadas, dos computadores (laptops)

munidos de avançados sintetizadores de voz (como o

Dosvox e o Virtual Vision), dos scanners e outros.

(BRUNO, 2001).

O Dosvox mantém um diálogo muito simples com o usuário, através de

um conjunto de opções, facilitando muito o aprendizado e favorecendo a

independência e autonomia.

Devemos considerar a importância desses recursos já que, segundo a

(Convenção da Guatemala de 1999):

As pessoas portadoras de deficiência têm os mesmos

direitos humanos e liberdades fundamentais que outras

pessoas; estes direitos, inclusive o direito de não ser

submetidas à discriminação com base na deficiência,

emanam da dignidade e da igualdade que são inerentes a

todo ser humano.

Para o deficiente visual, a existência da tecnologia de baixo custo é a

chave para sua utilização. Através do uso de recursos sonoros, por exemplo,

um cego pode utilizar facilmente o computador, pois a maior parte de sua

interação com o mundo é feita através destes meios (audição e fala).

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1.5- Sistema Braile

O sistema Braille é um processo de escrita e leitura baseado em 63

símbolos em relevo, resultantes da combinação de até seis pontos dispostos

em duas colunas de três pontos cada. Pode-se fazer a representação tanto de

letras, como algarismos e sinais de pontuação. Ele é utilizado por pessoas

cegas ou com baixa visão, e a leitura é feita da esquerda para a direita, ao

toque de uma ou duas mãos ao mesmo tempo.

O código foi criado pelo francês Louis Braille (1809 - 1852), que perdeu

a visão aos 3 anos e criou o sistema aos 16. Ele teve o olho perfurado por uma

ferramenta na oficina do pai, que trabalhava com couro. Após o incidente, o

menino teve uma infecção grave, resultando em cegueira nos dois olhos.

O Brasil conhece o sistema desde 1854, data da inauguração do

Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro, chamado, à época, Imperial

Instituto dos Meninos Cegos. Fundado por D. Pedro II, o instituto já tinha como

missão a educação e profissionalização das pessoas com deficiência visual.

"O Brasil foi o primeiro país da América Latina a adotar o sistema,

trazido por José Álvares de Azevedo, jovem cego que teve contato com o

Braille em Paris", conta a pedagoga Maria Cristina Nassif, especialista no

ensino para deficiente visual da Fundação Dorina Nowill.

O código Braille não foi à primeira iniciativa que permitia a leitura por

cegos. Havia métodos com inscrições em alto-relevo, normalmente feito por

letras costuradas em papel, que eram muito grandes e pouco práticos. Quatro

anos antes de criar seu método, Louis Braille teve contato com um capitão da

artilharia francesa que havia desenvolvido um sistema de escrita noturna, para

facilitar a comunicação secreta entre soldados, já utilizando pontos em relevo.

Braille simplificou esse trabalho e o aprimorou, permitindo que o sistema fosse

também utilizado para números e símbolos musicais.

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O Braille hoje já está difundido pelo mundo todo e, segundo pesquisa

"Retratos da Leitura no Brasil", de 2008, do Instituto Pró-Livro, 400 mil pessoas

lêem Braille no Brasil. Não é possível, segundo o Instituto Dorina Nowill,

calcular em porcentagem o que esses leitores representam em relação à

quantidade total de deficientes visuais no país. Isso porque o censo do ano

2000, realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística),

aponta que há 169 mil pessoas cegas e 2,5 milhões de pessoas com baixa

visão. No entanto, este último grupo é muito heterogêneo - há aqueles que

enxergam apenas 1% e, portanto, poderiam ler apenas em Braille, como

pessoas que enxergam 30% e podem utilizar livros com letras maiores.

A falta de informação é ainda o principal problema que Maria Cristina

percebe em relação ao Braille. "Muitos professores acham que é simples

ensinar o Braille a um aluno cego. No entanto, a alfabetização com esse

sistema tem suas especificidades, e o professor, para realizar essa tarefa com

êxito, tem de buscar ajuda", explica a especialista.

Hoje institutos como o Benjamin Constant, o Dorina Nowill e muitos

outros pelo país oferecem programas de capacitação em Braille e dispõem de

vasto material sobre o assunto.

O Sistema Braille é de suma importante para os cegos, não há dúvidas

que a criação do mesmo foi nada mais nada menos do que uma "revolução" na

vida de todas as pessoas deficientes visuais, pois antes o método que existia

nunca fora reconhecido por escola nenhuma, embora estivesse sido utilizado

por algumas pessoas.

A partir do momento que o Braille surgiu, o cego deixou de ser

"analfabeto". Com este sistema, muita gente se formou em professor,

advogado, músico, etc...

E até hoje acontece da mesma forma como foi na época que LOUIS

abriu uma oportunidade e liberdade para vida dos deficientes visuais.

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Nos dias atuais, a tecnologia tem beneficiado bastante a todos os

deficientes visuais de uma forma muito satisfatória. Mas antes de tudo,

precisamos voltar ao passado, e analisar o quanto o Braille foi importante na

vida de cada um, que lutou para que hoje estivéssemos bem mais confortáveis

em relação há alguns anos atrás.

Foi preciso o Braille existir, para que através dele, melhorias e

constantes lutas fossem travadas, para proporcionar uma inclusão de mais

qualidade em todas as áreas, como vemos em nossa época. Antes do

computador, os deficientes visuais, usavam um gravador de fita k7 para gravar

as aulas em seu ambiente escolar. Depois vieram os mp3 players, e muitos já

utilizam notebook em sala de aula sem nenhum problema.

Devido a tanta facilidade, o Sistema de LOUIS tem sido substituído

gradativamente por métodos mais simples e práticos. Mas será que se não

fosse o Braille, os deficientes visuais estariam tão avançados hoje? Penso que

independente do que exista em relação a tecnologia para os deficientes

visuais, o cego precisa saber o Braille.

É claro que não devemos generalizar, pois assim como existem alguns

que aprendem com facilidade, há outros que não conseguem se adaptar com o

mesmo. Mas o mínimo de conhecimento cada um deveria ter.

O Braille é o pai de tudo. Se chegaram onde estão hoje, devemos isso a

Deus, que deu o dom para que LOUIS desenvolvesse este sistema prático e

eficiente para todos os cegos.

Pode não existir computador, fita k7, mp3, mas o Braille sempre existirá,

pois em qualquer lugar que tenha uma pessoa cega com conhecimento do

mesmo, ela não ficará privada de sua comunicação com o mundo!

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CAPÍTULO II – ABRINDO OS OLHOS DOS

EDUCADORES PARA INCLUSÃO ESCOLAR DOS

ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL.

Quando se fala em incluir um aluno com deficiência visual em uma sala

de aula, deve-se levar em conta não só o papel e o desempenho que o mesmo

vai obter em uma turma regular, mas um olhar diferente do educador presente

para que haja um entendimento, de modo que essa integração seja um

benefício satisfatório, no que desrespeito ao aprendizado e a integração social

e inclusiva, por parte daquele que está buscando um novo conhecimento em

uma escola dita "normal" para o mesmo.

Estamos em uma época muito avançada, onde as informações são de

fácil acesso, ainda existe muito preconceito do aluno deficiente visual e do

professor na sala de aula, onde o aluno começa a frequentar a escola e o

professor não tem aquele apoio para acompanhar a criança, logo o professor

começa a se preocupar, se irritar com esta situação, pois não consegue por

mais que tenha boa vontade dar a segurança que a criança precisa para uma

boa aprendizagem, pois o professor repassa para a criança a sua insegurança.

Não incluir seria nada, nada menos que desumano. Como educadores

devemos estar atentos a toda e qualquer cumplicidade a favor da inclusão, pois

quanto maior for esta cumplicidade mais perto estaremos da sociedade

inclusiva.

Inclusão não significa promover a adequação ou a normalização de

acordo com as características de uma maioria e sim, a um significado de fazer

parte conviver e não se igualar.

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A inclusão diz respeito a todos os alunos, e não somente

a alguns. Ela envolve uma mudança de cultura e de

organização da escola para assegurar acesso e

participação para todos os alunos que a freqüentam

regularmente e para aqueles que agora estão em serviço

segregado, mas que podem retornar à escola em algum

momento no futuro. A inclusão não é a colocação de cada

criança individual nas escolas, mas é criar um ambiente

onde todos possam desfrutar o acesso e o sucesso no

currículo e tornarem-se membros totais da comunidade

escolar e local, sendo desse modo valorizados.

(MITTLER, 2003, p. 236)

Werneck (2002) denuncia que a escola não está preparada para receber

ninguém, ao afirmar que:

A escola brasileira foi construída, inspirada em um modelo

de ser humano que não existe. Portanto, ela não está

preparada para receber não só os alunos com deficiência.

Ela não está preparada para receber ninguém. [...] O

problema é que a estrutura é inadequada. É preciso que

ela seja transformada para que não rejeite todas as

pessoas que representam a diversidade. É preciso criar

estratégias para rever a escola.

Um grande desafio, pois já que um dos principais sentidos se encontra

indisponível é dar a todos os envolvidos no processo ensino aprendizagem a

visão de que todos são iguais, porém quem tem uma necessidade especial em

nada quer dizer que a pessoa se torna menos capaz ou produtiva.

"Atualmente, algumas escolas se negam a receber alunos com

deficiência, com a desculpa de que não estão preparadas" (WERNECK, 2002).

Esta situação é defendida pela autora dizendo:

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Esta desculpa não pode mais ser aceita. Inclusão é um

processo longo e ninguém vai poder dizer que está

preparado nunca. Certas coisas só se constroem fazendo.

Cada comunidade vai enfrentar suas conquistas fazendo.

O desafio é fazer inclusão, fazendo, porque não há

modelo para a inclusão.

Ao abrir as portas para receber os que enxergam e os que não

enxergam, a escola se torna um espaço de inclusão, promovendo trocas

enriquecedoras entre toda a equipe escolar, os alunos e suas famílias.

A fonte de informações mais importante para o professor é o próprio

aluno e sua família. É fundamental saber como ele é, como percebe, fala e

sente. O deficiente visual percebe a realidade que está a sua volta por meio de

seu corpo, na sua maneira própria de ter contato com o mundo que o cerca.

A idéia fundamental de inclusão é a de adaptar o sistema escolar às

necessidades dos alunos. A inclusão propõe um único sistema educacional de

qualidade para todos os alunos, com ou sem deficiência e com ou sem outros

tipos de condição atípica.

As propostas educacionais inclusivas exigem uma

atenção constante dos professores para que não seja

ferido o direito humano e indisponível de todos os alunos

ao ensino escolar comum. Esse direito envolve

necessariamente uma organização pedagógica nas

escolas. (PRIETO, 2006, p.80)

A integração dos alunos se dá, quando o professor planeja um projeto

educacional para cada aluno deficiente, ou seja, elaborar uma aula que

possibilite a integração de todos os alunos de acordo com a necessidade

existente dentro da sala de aula. O estudante que se sente excluído necessita

ser visto com suas possibilidades, ou seja, o professor deve promover

atividades que desenvolva suas questões cognitivas e também sócio-afetivas,

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onde os demais colegas possam interagir aprendendo e ensinando com a

situação.

Para que a inclusão seja efetuada, é necessário que o trabalho não seja

executado somente dentro da sala de aula e sim na escola toda; também é

necessário uma maturidade de todo o grupo escolar para que compreendam o

aluno e suas dificuldades.

A inclusão se baseia em princípios tais como:

• a aceitação das diferenças individuais como um atributo e não como

um obstáculo;

• a valorização da diversidade humana pela sua importância para o

enriquecimento de todas as pessoas;

• o direito de pertencer e não de ficar de fora;

• o igual valor das minorias em comparação com a maioria.

Para Laurent (1997, p.70):

A inclusão implica toda uma reforma na organização e

funcionamento dos serviços destinados aos alunos

especiais. O contexto da classe regular transforma-se no

lugar central das aprendizagens e do ensino. O professor

da classe regular é responsável pela organização do

ensino a fim de facilitar as interações sociais em torno das

tarefas cognitivas e de trabalhar com os alunos ao nível

da ZDP (Zoa de Desenvolvimento Proximal), defendida

por Vigotsky.

A inclusão requer o envolvimento de pessoas das diferentes esferas da

sociedade, elaboração de leis, resoluções, envolvimento político- social e

maturidade para assumir conscientemente este paradigma.

O processo de socialização se dá de uma forma muito complicada, deve

ser um trabalho realizado junto com todos os envolvidos no processo: pais e

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toda a comunidade escolar. Haverá momentos de exclusão por alguns grupos

e isto deverá ser trabalhado inicialmente antes de qualquer atividade, pois é de

praxe a aproximação do ser semelhante excluindo o ser diferente.

Para Vigotsky (1995, p.78):

a cegueira cria dificuldades para a participação plena da

pessoa cega na vida, acarretando ao seu portador uma

difícil posição na sociedade. O sentimento de

inferioridade, de insegurança, de debilidade e a auto-

estima rebaixada surgem como resultado direto de como

a pessoa cega é vista pelas pessoas.

Silva argumenta:

Estamos, assim, perante a proposta de uma sociedade

que vai além da formação inicial, para além da formação

profissional e mesmo para além da formação contínua,

esta perspectiva como uma atualização de

conhecimentos. É uma educação que se processa

durante toda a vida, tendo em conta que, saber, saber-

fazer, saber viver com os outros e saber-ser são

dimensões presentes e indissociáveis. (1998, p.62)

Para que haja uma aprendizagem adequada na vida escolar, sobretudo

do deficiente visual, há de haver entre os educadores a consciência de que têm

que se especializar, ou seja, melhorar os mecanismos (ou metodologias) que

usa no dia a dia, não os adequando, mas agregando valor a esses métodos,

pois quando àquele que ensina aprende uma forma nova de ensinar, traz para

dentro de si mesmo um novo valor, bem como transmite àqueles sobre os

quais exerce o poder de conduzir de que, todos são capazes de aprender

desde que tenham oportunidades iguais.

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A integração do aluno deficiente visual na escola não depende somente

do professor, mas de toda escola e da família deveria ser um conjunto de um

todo, assim teríamos um bom desenvolvimento de suas

capacidades/aprendizagens.

Canejo (1996), em recente estudo com pessoas portadoras de cegueira

adquirida, constatou que “os sujeitos que pareciam ter maior grau de

integração social eram justamente aqueles que tinham um bom esquema de

suporte familiar."

Os indivíduos mais integrados socialmente, isto é, que levam uma vida

mais “normalizada”, são aqueles que são tratados de maneira mais natural,

mas “normal” por suas famílias, que estão, enfim, mais integrados na

constelação familiar.

[...] normalizar não significa pretender converter em

normal uma pessoa deficiente, mas aceitá-lo tal como é,

com suas deficiências, reconhecendo-lhe os mesmos

direitos que aos outros e oferecendo-lhe os serviços

pertinentes para que possa desenvolver ao máximo as

suas possibilidades e viver uma vida tão normal quanto

possível. (BAUTISTA, 1997, p.29)

Segundo Vigotsky, “todas as particularidades psicológicas da criança

com deficiência, têm como base, não o núcleo biológico e sim, o social”.

O mundo do descobrimento democraticamente aberto a todos é um

desafio que ainda persiste. Persiste pelo fato de que há de existir uma interface

social eficiente entre todos os setores da sociedade que garanta a essas

pessoas com necessidades especiais, não só os cegos, mas os deficientes

auditivos e motores de qualquer natureza a proteção social necessária para

que haja uma inclusão efetiva dessas pessoas no mundo produtivo.

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O profissional se lança ao mundo com a missão inglória de adequar as

coisas ditas “normais”, mas que nada são além de uma visão de mundo que

exclui àqueles que não permanecem nos padrões de normalidade concebidos

por esta mesma sociedade, àqueles que têm males decorrentes, sobretudo de

uma má formação genética ou infortúnio de vida.

Muito se tem concebido para trazer funcionalidade à vida das pessoas

desprovidas de visão, a ciência hoje avança fortemente no sentido de produzir

meios de correção fisiológica para a visão outrora perdida.

Vigotsky defende a idéia de que:

A educação dos alunos cegos, não deve acontecer de

forma isolada e que ela deve ser organizada como a

educação da criança para o desenvolvimento normal,

para formar a pessoa cega, como uma pessoa normal, de

pleno valor no aspecto social.

Para tornar possível a permanência dos alunos deficientes visuais no

ensino regular, tanto estes, quanto os professores ainda não qualificados,

precisam contar com o acompanhamento e a orientação do professor

especializado, através das seguintes formas de atendimento:

Sala de Recursos: espaço que, na escola de ensino regular, dispõe de

equipamentos, recursos didáticos e professor especializado para o atendimento

específico de alunos com necessidades educativas especiais, em trabalho

comum com o professor da turma que o aluno frequenta que deve ter uma

Programação Pedagógica Complementar.

Segundo Bruno (1997, p.12), para oferecer apoio suplementar para

superação das dificuldades geradas pela deficiência visual, proporcionando:

“Acesso e domínio do Sistema Braille para o processo de alfabetização

(reglete, máquina de datilografia braile e informática) Suplementação

pedagógica do conteúdo curricular desenvolvido na classe comum”.

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Lemos (2000, p.17) afirma que:

O Sistema Braille é considerado o mais completo, o mais

perfeito, o mais seguro, o mais eficiente meio de acesso à

instrução, à cultura e à educação de que se valem as

pessoas cegas para sua integração na sociedade.

O método de estudo como o braile permite a funcionalidade de ler a

produção intelectual existente no mundo, mas que não é a única opção, pois já

existe a disponibilidade de programas de computadores que podem auxiliar

produzindo os sons que compõem as palavras.

Além do Sistema Braille, outros recursos podem ser usados pelo aluno

cego, a exemplo dos livros gravados em cd, programas de computador com

sintetizador de voz, que passou a minimizar as limitações da pessoa cega,

quanto ao acesso aos materiais impressos como: jornais e revistas.

Cerqueira e Ferreira (2000, p.24) acrescentam:

Talvez em nenhuma outra forma de educação, os

recursos didáticos assumam tanta importância como na

educação especial de pessoas deficientes visuais,

levando-se em conta que: um dos problemas básicos do

deficiente visual, em especial o cego, é a dificuldade de

contato com o ambiente físico; a carência de material

adequado pode conduzir a aprendizagem da criança

deficiente visual a um mero verbalismo, desvinculado à

realidade.

Tornar a aprendizagem significativa e despertar o interesse em aprender

são funções básicas dos recursos didáticos. Eles contribuem para que o

universo e a escola sejam mais acessíveis a todos.

Os alunos com deficiência visual possuem grandes possibilidades de

desenvolvimento pessoal e intelectual desde que sejam a eles oferecidas

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oportunidades de aprendizagem que utilizem metodologias e recursos didáticos

adequados a sua forma de perceber e sentir o meio em que vivem.

Promover a concretização de conceitos por meio de vivências no

cotidiano e mediante a utilização de recursos didáticos que possam ser

percebidos por todos os sentidos do corpo (tátil, sinestésica, auditivo, olfativo,

gustativo, e visual) é conduta indispensável para uma educação abrangente,

que contemple as diversidades existentes entre os educandos.

A transformação de todas as escolas em escolas inclusivas é um grande

desafio que teremos de enfrentar. A condição para que a inclusão escolar se

torne uma realidade, porém, passa pela redefinição do papel das escolas

especiais como responsáveis pelo atendimento educacional especializado, e

das escolas comuns como o local onde os alunos, através do conhecimento,

possam questionar a realidade, e, coletivamente, viver experiências que

reforcem padrões sociais de cooperação e vivência da cidadania.

Nesse sentido, é imprescindível que se redimensione o enfoque da

formação dos professores, cujo objetivo não deve ser simplesmente o de

adquirir conhecimentos, mas sim, o de estimular a curiosidade e desenvolver a

capacidade de adquirir conhecimentos. É preciso que a reflexão sobre os

problemas da aprendizagem e sobre o modo como ela se processa tome o

lugar da reflexão em torno dos problemas do ensino. Ou seja, ao invés de nos

preocuparmos tanto com o como devemos ensinar, precisamos aprofundar a

nossa reflexão acerca de como os nossos alunos aprendem.

Nessa concepção de escola, que vê a diferença e a deficiência como

algo inerente à condição humana, o atendimento educacional especializado, a

ser oferecido tanto aos alunos com deficiências quanto aos alunos com altas

habilidades, assume papel importante e decisivo.

A escola inclusiva é a escola do aluno que pensa, que faz e que cria, e

não do aluno que ouve, que copia, que anota, que decora e que reproduz na

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prova. E pensar, fazer e criar, cada um pode fazê-lo a seu modo, no seu ritmo,

e sem moldes pré-determinados.

Enfim, as aprendizagens podem ser melhoradas através da capacitação

e a qualificação entre outros recursos que estão ao nosso alcance, mas o

grande desafio está na inclusão em sala de aula, o que é muito diferente da

teoria, pois o como demonstrar aos outros alunos que seu companheiro,

portador de uma deficiência visual, é tão capaz quanto ele mesmo de aprender

e produzir, integrando-se a uma sociedade cada vez mais exigente e

exclusivista é o grande obstáculo hoje para a atividade docente.

A inclusão é papel de todos, principalmente quando se trata de

educação. Inclusão é fruto da educação, pois, educar é incluir, e incluir faz

parte do processo de educar. Nós educadores devemos estar atentos a isso,

pois não tem como separar um processo do outro, pois inclusão além de ser

obrigação, é um ato de amor.

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CAPÍTULO III – O PROFESSOR PRODUTO DO SEU

SABER.

Eu educo hoje, com os valores que eu recebi ontem, para

as pessoas que são o amanhã. Os valores de ontem, os

conheço. Os de hoje, percebo alguns. Dos de amanhã,

não sei. Se só uso os de hoje, não educo: complico. Se só

uso os de ontem, não educo: condiciono. Se só uso os de

amanhã, não educo: faço experiências às custas das

crianças. Por isso, educar é perder sempre sem perder-

se. Educa quem for capaz de fundir ontem, hoje e

amanhãs, transformando-os num presente onde o amor e

o livre arbítrio sejam as bases (Educar em três tempos –

Arthur da Távola).

Desta forma, a educação não deve orientar-se por modelos, que

induzem o professor a trabalhar segundo princípios pré-estabecidos, utilizando

instrumentos e recursos pré-determinados e em condições de aprendizagem

que ignoram a realidade concreta do aluno, da turma, da escola e da própria

sociedade. Não há modelos rígidos e imutáveis se a meta fundamental é a

formação de um ser humano autônomo, consciente da realidade que o cerca e

apto a nela intervir.

A educação deve estar sempre com o olhar para o futuro, pois a prática

pedagógica sempre terá modificações estruturais com a finalidade de aliar cada

vez mais teoria a prática.

O professor, agindo de acordo com a formação recebida, costuma

privilegiar certos conteúdos em detrimento de outros. Dessa forma, o saber

pode se apresentar num circuito repetitivo e desvinculado da realidade do

aluno o que faz com que o sujeito, continuamente, mantenha a mesma prática

alienada. É o que tem acontecido com a maior parte dos nossos professores,

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sejam eles “regulares” ou “especiais”. No entanto, é importante ressaltar que

eles agem desta forma por não terem recebido, em seus cursos de formação e

capacitação suficiente instrumentalização que lhes possibilite estruturar a sua

própria prática pedagógica para atender às distintas formas de aprendizagem

de seu alunado.

O docente deve propiciar espaço para propostas e atividades

diferenciadas, de acordo com o grau de deficiência apresentada, possibilitando

que os alunos vivam experiências multidisciplinares, raciocinem criticamente

sobre os conteúdos, aprendam a solucionar problemas e, principalmente,

acreditem que são agentes ativos no processo. Além disso, deve possibilitar

que esses jovens deficientes também reflitam sobre sua realidade, façam

perguntas, busquem respostas e proponham alternativas de ação e, para que

isso se concretize, necessita do apoio da escola, que deve ser regida pelos

princípios da inclusão.

O ato de aprender do aluno envolve a sua íntima relação com o docente,

e se este não for realmente bom, não apenas pelo que sabe, mas

especialmente bom em saber como vai transmitir o que sabe, essa relação

pode trazer efeitos negativos para a aprendizagem de qualquer aluno,

especialmente quando se trata de um aluno com deficiência.

Conseqüentemente, não é de se espantar que ainda não tenha havido

uma efetiva integração ou inclusão de alunos com necessidades educacionais

especiais no sistema regular de ensino. O professor, no contexto de uma

educação inclusiva precisa, muito mais do que no passado, ser preparado para

lidar com as diferenças, com a singularidade e a diversidade de todas as

crianças e não com um modelo de pensamento comum a todas elas.

Fonseca acredita que:

É preciso preparar todos os professores, com urgência,

para se obter sucesso na inclusão, através de um

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processo de inserção progressiva; assim eles poderão

aceitar e relacionar-se com seus diferentes alunos e,

conseqüentemente, com suas diferenças e necessidades

individuais. Porém, os professores só poderão adotar este

comportamento se forem convenientemente equipados

com recursos pedagógicos, se a sua formação for

melhorada, se lhes forem dados meios de avaliar seus

alunos e elaborar objetivos específicos, se estiverem

instrumentados para analisar a eficiência dos programas

pedagógicos, preparados para a superação dos medos e

superstições e contarem com uma orientação eficiente

nesta mudança de postura para buscar novas aquisições

e competências. (1995)

É importante enfatizar que a inclusão de indivíduos portadores de

necessidades educacionais especiais na rede regular de ensino não consiste

apenas na sua permanência junto aos demais alunos, nem na negação de

serviços especializados àqueles que deles necessitam. Ao contrário, implica

numa reorganização do sistema educacional, o que acarreta na revisão de

antigas concepções e paradigmas educacionais na busca de possibilitar o

desenvolvimento cognitivo, cultural e social desses alunos, respeitando suas

diferenças e atendendo ás suas necessidades.

A validade da educação inclusiva, no entanto, é indiscutível se levarmos

em consideração que a criança interage com o meio, considerando-se sua

maneira própria, diferente, de entrar em contato com o mundo, respeitando-se

suas possibilidades e limites. Ao adotarmos a educação inclusiva estaremos

desenvolvendo um trabalho preventivo e contribuindo em direção à meta,

talvez utópica, da equiparação de oportunidades, o que significa preparar a

sociedade para receber a pessoa portadora de necessidades especiais. Caso

contrário, este indivíduo tenderá a uma fragmentação ou desintegração de sua

personalidade, ocasionando inevitáveis prejuízos pessoais e sociais.

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O professor precisa estar buscando respostas educativas que favoreçam

o sucesso escolar dos seus alunos e principalmente estar seguro do seu

trabalho inovando sua prática e adequando-a as peculiaridades de cada aluno.

Isso facilitara a aprendizagem do educando, ao mesmo tempo em que promove

um clima harmonioso na classe, já que o aluno se sentirá confortável no

ambiente onde suas expectativas são atendidas.

Certamente, um professor que engrena e participa da

caminhada do saber com seus alunos consegue entender

melhor as dificuldades e as possibilidades de cada um e

provocar a construção do conhecimento com maior

adequação (MANTOAN, 2003, p. 77).

Assim ao abraçar como profissão o ato de ensinar é necessário estar

disposto o suficiente para aceitar e compreender os obstáculos, como estar

preparado para trabalhar em equipe, desenvolvendo atitudes de ação e

recepção, de comunicação, de produção de conhecimento e de divulgação e

socialização de suas descobertas, de seu conhecimento e de seus saberes a

serem enfrentadas ao longo da carreira de educador.

A arte de ensinar, não pode partir do pressuposto de que existe aluno-

padrão, pois a realidade que o educador enfrentará é bem diferente do que lhe

é ensinado nas academias universitárias. Portanto, é preciso, antes de tudo

estar preparado para as adversidades que a profissão impõe.

MITTLER, Peter (2003, p.20) afirma sobre inclusão no ato de educar

que:

A inclusão depende do trabalho cotidiano dos professores

na sala de aula e do seu sucesso em garantir que todas

as crianças possam participar de cada aula e da vida da

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escola como um todo. Os professores, por sua vez,

necessitam trabalhar em escolas que sejam planejadas e

administradas de acordo com linhas inclusivas e que

sejam apoiadas pelos governantes, pela comunidade

local, pelas autoridades educacionais locais e acima de

tudo pelos pais.

Ainda neste autor, no que diz respeito à educação inclusiva, Mittle, após

muitas pesquisas, observou que o maior obstáculo a ser superado no momento

da mudança está dentro de nós, onde nossa tendência é subestimar as

pessoas e superestimar as dificuldades, e que este pensamento deve será

abandonado ao se querer construir uma escola ou uma sociedade inclusiva,

pois, segundo ele a inclusão se dá no ato de cada individuo ser capaz de ter

oportunidades de escolher e de ter autodeterminação na educação e para que

isto seja estimulado existe a necessidade de os educadores aprenderem a

ouvir e valorizar o que o aluno tem a dizer, independentemente de sua idade ou

de rótulos. Todo o conhecimento de mundo que o aluno trás consigo é

importante, pois, desta remonta toda a sua história de vida que não pode e

nem deve ser ignorado pelo educador.

O professor estar em sala de aula vai além de educar, pois o

aprendizado deve ser construído dia a após dia com o auxilio e

acompanhamento de todas as esferas sociais desde a família ao governo.

Sabe-se que não podemos inovar todos os dias, mas se houver desejos,

assessoria e disponibilidade, podemos testar muitas habilidades em salas de

aulas, que virão ajudar no desenvolvimento intelectual destes alunos.

É importante, além da observação e da reflexão, buscar soluções

criativas. Não importa se ninguém ainda usou determinada estratégia; o

importante é que o docente possa planejar o agir do aluno em função daquilo

que encontra na realidade.

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A construção do conhecimento, portanto não está apenas nas mãos

daqueles que repassam o conteúdo, precisamos de pessoas preparadas para

ensinar sim, mas acima de tudo aprender, de falar aos seus ouvintes, mas

também que saiba escutá-los, ver, mas querendo também enxergar o outro e

também a si mesmo, pois é neste momento que há a interação aluno versus

professor e a construção do saber.

O ensino (ação educativa) não deve ser colocado como algo apenas da

esfera da escola (enquanto instituição organizada e voltada para a educação).

O processo de ensino permeia todos os níveis de nossas vidas e da

sociedade e, ao olharmos para qual é o papel do professor em sala de aula,

devemos ter em mente não mais a idéia de formação de sujeitos aptos a

atenderem às exigências do mercado - como mão-de-obra especializada e/ou

consumidor.

Diz FERREIRA e GUIMARÃES (2003, p.137), que a humanidade:

Caminha-se, assim, em direção à era das relações, o que

envolve a unicidade com o real, a integração do homem

com a natureza, a crença na existência de pontos

distintos e a prevalência de formas mais elevadas de

cooperação entre os seres. É a era da autoconsciência,

do respeito ao espírito humano, às diferenças e a

diversidade cultural.

Estamos numa nova era, onde os indivíduos, as organizações e as

entidades educacionais estão despertando para tornar as pessoas com

necessidades especiais seres visíveis, onde possam mostrar: sua

independência e autonomia, em busca de inclusão e aceitação no grupo social.

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A inclusão é um direito de todos e, como profissionais da educação, é o

nosso dever estarmos conscientes das possibilidades desta inclusão nas salas

aulas de hoje em dia.

Mantoan (2005) afirma que:

A escola tem que ser o reflexo da vida do lado de fora. O

grande ganho, para todos, é viver a experiência da

diferença. Se os estudantes não passam por isso na

infância, mais tarde terão muita dificuldade de vencer os

preconceitos. A inclusão possibilita aos que são

discriminados pela deficiência, pela classe social ou pela

cor que, por direito, ocupem o seu espaço na sociedade.

Se isso não ocorrer, essas pessoas serão sempre

dependentes e terão uma vida cidadã pela metade. Você

não pode ter um lugar no mundo sem considerar o do

outro, valorizando o que ele é e o que ele pode ser. Além

disso, para nós, professores, o maior ganho está em

garantir a todos o direito à educação.

Como Paulo Freire dizia, “temos que nos lembrar que toda ação

educativa deve ser feita no sentido de levar o homem a refletir sobre seu papel

no mundo e assim, ser capaz de mudar este mundo e a si próprio”.

Portanto, é muito importante que o professor esteja preparado para

receber estes os alunos especiais e os ditos normais, e é importante que

obtenha conhecimentos satisfatórios com novas formas de ensinar e aprender;

precisa desvendar os mistérios das trilhas do conhecimento e desvendar o

mundo do saber de cada aluno proporcionando assim aulas qualificadas a

essas pessoas.

“Normal é a pessoa que se utilizam todos os sentidos e de seu corpo

eficiente. Deficiente é a pessoa que não utiliza um ou mais sentidos, que tenha

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limitações motoras ou mentais, que tenha um corpo anormal”. (ROBERTES

apud GAIO, 2006 p.26).

Pelo fato de que as pessoas com necessidades necessitam de maiores

cuidados, recursos e de estruturas que possibilitem a eles uma vida mais

digna, não significa que são inferiores às demais pessoas, e que por isso estão

em desvantagens, eles necessitam desses recursos para que aos poucos e

com o apoio de todos se tornem independentes, e possam ter uma melhor

convivência no meio social.

O sentido da vida implica a expressão da realidade

corporal, do ser humano como corpo vivente, que

participa da história e ao mesmo tempo constrói esta

história. Tem sido considerado “deficiente” em relação aos

“eficientes”, mas capaz de se autoconstruir cognitiva,

afetiva e socialmente, na proporção de seus próprios

recursos, na busca de adaptação e comunicação com o

mundo. (GAIO, 2006, p.17).

A maior ajuda que podemos oferecer as essas pessoas é o respeito, a

compreensão, cooperação, incentivando-as a lutar pelos seus direitos.

Direitos sim, pois elas podem e devem ser tratadas e vistas como

capazes e com potencialidades apenas diferentes das pessoas normais. Desta

forma, contribuiremos para que ocorra a inclusão e não a exclusão das

pessoas.

Portanto, para que estes direitos se efetivem , a inclusão é necessária

para que as pessoas envolvidas no processo persistam, aceitem os desafios,

acreditem que é possível e ampliem as ações empreendidas. Só assim, a

educação inclusiva deixará de ser mera formalização, um aspecto garantido

pela legislação e por documentos educacionais como ainda é vista por muitos e

passará a ser cada vez mais real nas escolas brasileiras e na sociedade.

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É importante que o docente seja capaz de aprender que, o outro, no

caso, o aluno com deficiência, é um ser pensante e pode estar incluído, basta

que toda a sociedade acredite e lhe dê uma oportunidade. Deverá assumir uma

prática de mediação, debatendo, trocando idéias, questionando hipóteses,

propondo e analisando o novo, estimulando sínteses originais, assumindo o

papel de docente-investigador e especialmente, assumindo os desafios

impostos pela diversidade.

Enfim, o docente de educação inclusiva deve ter como base do seu

trabalho, os quatro pilares da educação, que são segundo a UNESCO 2:

“aprender a conhecer, a fazer, a viver com os outros e aprender a ser”, aliando

estes pilares aos princípios da inclusão e desenvolvendo métodos eficazes

para cada realidade. Só assim será possível acreditar que esse aluno com

deficiência está verdadeiramente preparado para o mundo e que a inclusão

acontecerá efetivamente na escola e, posteriormente, no mundo mais coerente

de aceitação e respeito ao próximo como cidadão e deixar de reconhecer na

pessoa com deficiência um ser incapaz.

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CONCLUSÃO

"O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido". (Rubem Alves)

Depois que eu conheci meu namorado Marcio que é deficiente visual

resolvi fazer a minha monografia através dele, abordando a inclusão da pessoa

com deficiência visual na escola. Agradeço ao meu namorado Antonio Marcio

que me apoiou e incentivou neste momento tão importante da minha vida.

As mudanças são fundamentais para inclusão, mas exige esforço de

todos possibilitando que a escola possa ser vista como um ambiente de

construção de conhecimento, deixando de existir a discriminação.

Talvez uma das maiores dificuldades enfrentadas pelo portador de

deficiência visual resida na falta de uma compreensão social mais profunda a

respeito das reais implicações da cegueira, ou da visão subnormal.

A percepção do mundo, pela criança visualmente prejudicada, é obtida

através dos seus sentidos remanescentes e as pistas por eles fornecidas

podem levar a informações incompletas, originando, muitas vezes, conceitos

diferentes daqueles obtidos e utilizados pelos que possuem uma visão normal.

Rego (1995, p.111) estudando a contribuição de Vygotsky representa

uma de suas falas "as novas teorias não valorizam a cegueira em si nem o

defeito, mas a força contida nela, as fontes de sua superação nos estímulos

para o desenvolvimento do ser". A compreensão dos sujeitos cegos deve

iniciar-se pelo entendimento de sua deficiência básica: uma limitação

perceptiva.

Para isso, a educação deverá ter um caráter amplo e complexo,

favorecendo a construção ao longo da vida, e todo aluno, independente das

dificuldades, poderá beneficiar-se dos programas educacionais, desde que

sejam dadas as oportunidades adequadas para o desenvolvimento de suas

potencialidades.

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Para que a inclusão seja uma realidade, será necessário rever uma série

de barreiras, além da política e práticas pedagógicas e dos processos de

avaliação.

Essa ausência de estimulação ou "restrição de experiências" pode

ameaçar o desenvolvimento normal do processo educativo da criança privada

de visão, principalmente naqueles aspectos relacionados às habilidades que

envolvem a utilização dos canais visuais, tais como os aspectos ligados às

áreas de aquisição de conceitos, orientação, mobilidade e controle do

ambiente.

Focar na formação profissional do professor, que é relevante para

aprofundar as discussões teóricas práticas, proporcionando subsídios com

vistas à melhoria do processo ensino aprendizagem.

É necessário conhecer o desenvolvimento humano e suas relações com

o processo de ensino aprendizagem, levando em conta como se dá este

processo para cada aluno. Devemos utilizar novas tecnologias e Investir em

capacitação, atualização, sensibilização, envolvendo toda comunidade escolar.

Assessorar o professor para resolução de problemas no cotidiano na

sala de aula, criando alternativas que possam beneficiar todos os alunos.

É importante ressaltar que para o processo de inclusão escolar é preciso

que haja uma transformação no sistema de ensino que vem beneficiar toda e

qualquer pessoa, levando em conta a especificidade do sujeito e não mais as

suas deficiências e limitações.

A sociedade tem que se adaptar para poder incluir pessoas com

necessidades especiais e, simultaneamente, estas se preparam para assumir

seus papéis na sociedade. Incluir o homem na sociedade é incluí-lo em sua

cultura, fazer que ele participe com o outro do mundo cotidiano. Permitir que

ele construa uma ordenação e interpretação dos dados do mundo real.

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A Educação Especial deve possibilitar da forma mais eficaz possível, o

acesso da pessoa com necessidades especiais aos instrumentos mediadores.

No espaço escolar, isto significa a adaptação de metodologia de ensino,

levando-se em consideração as particularidades da pessoa com deficiência.

O processo de inclusão caracteriza-se pelo movimento feito pela

sociedade a fim de adaptar-se para poder introduzir, em seus sistemas sociais

gerais, pessoas com necessidades especiais e, simultaneamente, estas se

preparam para assumir seus papéis na sociedade. Trata-se de um processo

bilateral no qual as pessoas, ainda excluídas, e a sociedade buscam

equacionar problemas, decidir sobre soluções e efetivar a equiparação de

oportunidades para todos.

Freire (1985, p.19) afirma que:

O compromisso, próprio da existência humana, só existe

no engajamento com a realidade de cujas águas os

homens verdadeiramente comprometidos ficam

molhados, ensopados. Somente assim o compromisso é

verdadeiro. Ao experenciá-lo, num ato que

necessariamente é corajoso, decidido e consciente, os

homens já não se dizem neutros.

Na tentativa de incluir todas as pessoas, a sociedade deve ser

modificada a partir da compreensão de que é ela que precisa ser capaz de

atender às necessidades de seus membros, eliminando barreiras existentes

para que as pessoas deficientes possam ter acesso aos lugares, serviços e a

bens necessários ao seu desenvolvimento pessoal, social, educacional e

profissional.

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Os investimentos devem ser feitos, nas escolas especiais, melhor

estruturação do espaço urbano, projetos de inclusão social, enfim políticas

públicas de igualdade que consigam deixar de ser projetos e passem a ser uma

estrutura de inserção.

A inclusão escolar deve ser um processo no qual haja o respeito às

diferenças, onde se desvele os limites segregadores da padronização e

homogeneização, no sentido de construir uma cultura na qual a diferença tenha

espaço para expressar e interagir, aprendendo e ensinando, produzindo novas

concepções e novos conhecimentos.

Precisamos enquanto sociedade, possibilitar aos portadores de

necessidade especiais uma vida digna, onde estes passam exercer o direito à

cidadania como qualquer cidadão, sem que se sintam excluídos e

descriminados. Sendo que o inicio dessa conscientização deve atender a todos

aqueles que a procuram, estando sempre aberto ao diálogo, tendo como

principal objetivo o aluno, independente de suas características.

Enfim, a inclusão de pessoas com, necessidades especiais é uma tarefa

coletiva que não se constrói por lei ou por decreto, mas pela ação colaborativa

de profissionais da saúde, instituições governamentais e da educação em

conjunto com as próprias pessoas com necessidades especiais (crianças,

jovens e adultos) e com suas famílias. Inclusão, colaboração e educação são

partes de uma ação humana para uma sociedade mais pró-ativa e mais

humanizada.

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ANEXOS

ENTREVISTA - ESTUDANTES COM DEFICIÊNCIA VISUAL

NOME: Antonio Marcio da Silva. IDADE: 23 anos. ESCOLA ONDE ESTUDA: Brigadeiro Eduardo Gomes SÉRIE: 2º ano do ensino médio. ESTADO: Pernambuco.

1º) Como você acha que deve ser a educação inclusiva?

R: Deve ser igual para todos, sem classe especial, sem preconceito, sem

qualquer barreira que venha dificultar ou impedir o acesso da pessoa com

deficiência visual a qualquer tipo de informação que a mesma possa obter. É

claro que não devemos descartar qualquer apoio que for necessário para que

ela tenha êxito em seu aprendizado.

2º) Como você é atendido na escola pelos professores, alunos e demais funcionários da

escola? Você se sente participante de todas as atividades da escola?

R: Graças a Deus, sou bem atendido. Quando percebo que há uma exclusão e não me

vejo participando de qualquer atividade que seja, faço alguma coisa para chamar a atenção,

e peço para ser incluído em algum grupo, e começo a dizer o que eu penso e colocar meus

pontos de vista sobre o que é discutido no momento.

3º) Como acredita que as escolas podem se preparar para receber o aluno com deficiência

visual nas classes comuns?

R: Tendo boa vontade, material acessível, professores preparados, e nosso direito

assegurado de que seremos tratados normalmente e não como uma pessoa integrada a

uma escola por obrigação.

5º) Você usa o computador para estudar? Como ele te ajuda?

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R: Sim. O computador é uma ferramenta indispensável para a pessoa cega nos

dias de hoje. Todos os trabalhos de pesquisa, de escaneamento das apostilas,

das páginas dos livros, me proporcionam uma grande independência, de forma

que me possibilita interagir mais rápido e de forma relevante a todos alunos da

turma. Por isso, uso diariamente o computador nas minhas atividades

escolares. Mas não dispenso o uso do Braille. Não porque precise, mas porque

eu gosto do mesmo. Mas não há dúvidas que o computador, é fundamental no

aprendizado e no convívio da pessoa cega, dando assim, um leque de

informação e abrangência em todas as áreas possíveis.

6º) O que você acha que precisa mudar na escola para que você tenha mais

condições para aprender?

R: É preciso que tudo que pode ser feito para nossa causa, saia do papel,

partindo de uma política que cumpra com o seu dever para com os cegos

cidadãos. O problema maior, é que quem faz ou dirige uma questão dessas,

não vive na pele para saber como é a nossa realidade. Mas um apoio muito

importante é o de cada indivíduo na sociedade, pois a partir do momento que

nós não formos vistos como ceguinho coitadinho passaremos a mostrar mais

nossa capacidade, e a desenvolver nossas habilidades dentro daquilo que

estiver ao nosso alcance com a ajuda de todos!

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ENTREVISTA - ESTUDANTES COM DEFICIÊNCIA VISUAL

NOME: Carlos André Fernandes Pureza da Silva. IDADE: 19 ESCOLA ONDE ESTUDA: Instituto de Educação Professor Ismael Coutinho. SÉRIE: 1º ano médio. ESTADO: Rio de janeiro.

1º) Como você acha que deve ser a educação inclusiva?

R: Sem medo, porque a maioria dos meus professores só de ver que tem em

sala um aluno cego começam a tremer.

2º) Como você é atendido na escola pelos professores, alunos e demais funcionários da

escola? Você se sente participante de todas as atividades da escola?

R: Hoje sim porque sou um aluno que me entroso com facilidade:

3º) Como acredita que as escolas podem se preparar para receber o aluno com deficiência

visual nas classes comuns?

R: Primeiro fazendo uma reunião com os profissionais atuantes informando que o aluno

mesmo sendo cego e tão capaz quanto os demais. E fornecendo materiais adequados.

5º) Você usa o computador para estudar? Como ele te ajuda?

R: Sim. Leio e digito os textos que são ditados por colegas.

6º) O que você acha que precisa mudar na escola para que você tenha mais

condições para aprender?

R: A demora em buscar materiais adequados, a formação dos professores.

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ENTREVISTA - ESTUDANTES COM DEFICIÊNCIA VISUAL NOME: Pitter José Mendes Araujo IDADE: 33 anos ESCOLA ONDE ESTUDA: Formado SÉRIE: Nível superior ESTADO: RJ

1º) Como você acha que deve ser a educação inclusiva?

R: A educação inclusiva ela só irá funcionar a partir da mobilização de todos,

porém principalmente com a iniciativa do governo. Nada funciona dentro de

políticas públicas se não partir do governo. Inclusão social é um termo que

permeia em nossa sociedade desde a década de 1970, contudo muita coisa

ainda precisa ser revista, reformulada e principalmente executada.

A lei que diz que o aluno deve ser matriculado na escola regular para

que se seja feita a inclusão do portador de deficiência com outros alunos, foi

vigorada sem nem ao menos procurar ver como ficaria os recursos, a infra

estrutura e capacitação docente das escolas.

Digo por experiência própria como professor cego e que um dia foi aluno

também cego. O governo se preocupa em se projetar como um país

emergente, criando leis de qualquer forma, sem se preocupar com as

atribuições competências de como irá funcionar.

Para um aluno deficiente visual entrar na escola regular, primeiramente

essa escola precisa ter professores capacitados, recursos, adaptações e todo

um serviço de informação sobre a convivência desse aluno com toda

comunidade da escola.

Uma certa ocasião presenciei em uma escola, uma professora que tinha

em sua classe uma criança portadora de problemas mentais, a criança

permanecia no meio dos outros alunos fazendo acontecer a verdadeira

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inclusão, pois tanto para o aluno portador de deficiência quanto os outros,

estarão condicionando-se a conviver em pluralidade. Porém todo o cuidado e

preocupação da professora fazia com que toda vez que saísse de sala, levasse

a criança no colo. É justamente onde aparece a falta de uma capacitação para

professores, pois o aluno não deve ser retirado de sala no colo toda vez que

ela precisa sair.

Portanto, uma verdadeira inclusão precisa acontecer primeiramente em

infra estrutura, para que o aluno não precise além de suas típicas dificuldades,

ter que esperar o próprio condicionamento do professor e gestão docente.

2º) Como você é atendido na escola pelos professores, alunos e demais

funcionários da escola? Você se sente participante de todas as atividades da

escola?

R: Não é muito normal encontrar alguém que por maldade ou por instinto

procure pré conceituar o aluno deficiente visual. Essas atitudes são

caracterizadas a partir de atitudes realizadas pela falta de informação ou

condicionamento na convivência com um portador de deficiência. As vezes o

próprio aluno deficiente sente-se discriminado, porém essa sensação é devido

a inibição, vergonha, falta de informação dos outros alunos. Isso se resolve

apenas com informação, como agir diante um colega que não enxerga,

campanhas didáticas nos temas transversais e trabalhos escolares,

incentivando e informando como proceder.

Todo esse processo dentro da escola deve ser parti de uma

coordenação, professores até chegar aos alunos, para tanto o todo corpo

docente já precisa estar informado e capacitado para tal.

3º) Como acredita que as escolas podem se preparar para receber o aluno com

deficiência visual nas classes comuns?

R: Em relação a materiais: Computadores onde de preferência notebook que

se possa usar dentro de sala de aula; todo material didático que será usado

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durante sua formação em leitura acessível dentro do que o aluno usar, seja

digital, áudio ou braille; implementos que funcionem como guia (pisos

adaptados, barras e corrimãos, canteiros, etc.), pelo menos nos lugares de

acessos diários e frequentes como a sala de aula, laboratórios, secretária e

banheiro.

5º) Você usa o computador para estudar? Como ele te ajuda?

R: Hoje em dia existe um grande paradoxo, uma grande discussão em relação

à escrita braile e o uso da informatização. Porém uma discussão sem muito

fundamento a partir do momento em que o avanço das técnicas e a dinâmica

da informática evolui aceleradamente. Vivemos em uma fase de transição onde

existem os mais antigos que condicionaram-se ao braile como primordial e

exclusivo em sua leituras e escritas, quando ao mesmo tempo temos os mais

novos que adotaram os recursos tecnológicos como parte de sua vida

cotidiana.

É claro que é sempre melhor ter em sua formação conhecimento a mais,

contudo não sou a favor de ficar apenas adepto ao uso do braile. Hoje em dia

não existe mais como um deficiente visual viver sem o uso do computador.

Independente da praticidade, qualquer deficiente visual vai se deparar ao longo

de sua vida, com alguma situação em que vai precisar ter o mínimo de noção

informatizada, o mundo se globalizou em um processo irreversível, onde

noções de computador é necessário se ter, principalmente para o deficiente

visual.

Devido à informática o deficiente visual hoje em dia ampliou sua

autonomia e independência no seu dia a dia como por exemplo, uso de caixa

eletrônico, leitura e escrita dentro de sala de aula, uso e participações em

redes sociais da internet e etc.

Portanto o uso de computador na escola, ou universidade, acredito eu

que seja imprescindível. É um recurso muito válido, prático, dinâmico e

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autônomo onde dentro de sala de aula o deficiente pode ler, escrever,

desenvolver suas atividades como todos, estudar e interagir.

6º) O que você acha que precisa mudar na escola para que você tenha mais

condições para aprender?

R: Como disse anteriormente, primeiro devia se elaborar melhor as leis já

existentes e dividir competências, quem vai fazer o quê, de quem será a

obrigação de certas atribuições, a quem cabe isso ou aquilo.

Após isso capacitar professores, desde como abordar um deficiente

visual, até como ensinar dentro de sala de aula, como fornecer e aplicar os

conteúdos quando não se requer apenas a voz e explicação do professor.

Aliás existem muitos recursos para isso, não precisa o professor inventar

nada, basta ser capacitado. Após isso, equipar a escola com os recursos

fundamentais e necessários para a formação do deficiente, em especial, um

computador com professores capacitados capazes de interagir com o aluno

através de algum software leitor de tela.

Por último, divulgar e informar ao máximo a presença de portadores de

deficiência no meio escolar, para alunos, funcionários, professores e

coordenação, desenvolver campanhas dentro da escola onde os próprios

alunos apresentem suas considerações sobre inclusão e convívio com

portadores de deficiência.

E por final, prontinho, a escola está pronta para todos, é só matricular

seu filho. Se o processo fosse feito desse jeito estaria bem mais avançado a

questão da inclusão na educação, se perceber as etapas que coloquei acima,

vai perceber que é feita ao contrário, pode ler e confira se não é...