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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE LOGÍSTICA EMPRESARIAL A LOGÍSTICA REVERSA: A RECICLAGEM EM QUESTÃO ALINE SILVA MARQUES RIO DE JANEIRO 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

LOGÍSTICA EMPRESARIAL

A LOGÍSTICA REVERSA: A RECICLAGEM EM QUESTÃO

ALINE SILVA MARQUES

RIO DE JANEIRO

2010

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A LOGÍSTICA REVERSA: A RECICLAGEM EM QUESTÃO

ALINE SILVA MARQUES

Monografia apresentada à

Universidade Cândido Mendes,

como requisito parcial para

obtenção de grau de especialista

em Logística Empresarial.

Orientador: Jorge Tadeu

RIO DE JANEIRO

2010

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RESUMO

Os bens são embalados e transportados, porém, até pouco tempo, não havia um preocupação com o correto descarte dessas embalagens, que por muitas vezes ocupavam áreas dentro da empresa, espaços que poderiam estar sendo utilizados de outra forma, ou esses materiais eram prensados e transportados até os recicladores, a partir da consciência ecológica, este panorama se transformou, houve uma exigência mais efetiva do poder público quanto ao destino final dos resíduos sólidos, obrigando as empresas a buscarem alternativas para o descarte do lixo. Assim, a Logística reversa vem contribuindo para que todo o processo de reciclagem ocorra ordenadamente. A partir deste contexto, surgiu a intenção de realizar o presente estudo, que visa discutir tal tema e apresentar as questões mais relevantes. Buscamos assim investigar o uso dos procedimentos de Logística reversa para a reciclagem de embalagens, conceituar a Logística reversa e seus procedimentos; refletir sobre as possibilidades positivas da logística reversa para uma produção mais eficiente e sustentável e também identificar as formas de reciclagem e suas relações com a Logística reversa. Cabe informar que a presente monografia esta dividida em capítulos, nos quais trataremos respectivamente: no primeiro capítulo: a logística empresarial, no segundo: da preservação ambiental e no terceiro dos aspectos que compõem a reciclagem.

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Constituição da República Federativa do Brasil, 1988

Capitulo V: dos crimes contra o meio ambiente

Seção III: Da Poluição e outros Crimes Ambientais

Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que

resultem ou possam resultar em danos a saúde humana, ou que

provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da

flora:

I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação

humana;

II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que

momentânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause

danos diretos a saúde da população;

III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do

abastecimento público de água de uma comunidade;

IV - dificultar ou impedir o uso público das praias;

V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos,

ou detritos, óleos ou substancias oleosas, em desacordo com as

exigências estabelecidas em leis ou regulamentos:

Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, exportar,

comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em

deposito ou usar produto ou substancia tóxica, perigosa ou nociva a

saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as

exigências estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos:

Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em

qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou

serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos

órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e

regulamentares pertinentes: Pena - detenção, de um a seis meses,

ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..................................................................................................06

CAPÍTULO I: LOGÍSTICA EMPRESARIAL......................................................11

1.1. Conceito de logística............................................................................11

1.2. Conceito de logística empresarial.......................................................11

1.2.1. Logística empresarial – a perspectiva brasileira...............................13

1.4 - A logística reversa...................................................................................14

1.4.1 – Panorama da logística reversa no Brasil...........................................14

1.4.2 – Definição de logística reversa............................................................17

1.4.3 – A logística reversa de embalagens....................................................19

CAPÍTULO II: A PRESERVAÇÃO AMBIENTAL..............................................23

2.4.1 A sociedade e a preservação.................................................................23

3.2 – O impacto no meio ambiente.................................................................24

3.3 – O crime ambiental...................................................................................25

3.4 – A lei ambiental.........................................................................................26

CAPÍTULO III: A RECICLAGEM.......................................................................27

3.1 – Breve histórico........................................................................................27

3.2 – O processo de reciclagem.....................................................................28

3.3 – Benefícios da reciclagem.......................................................................30

3.4 - Um exemplo de embalagem de transporte: papelão ondulado.........31

3.4.1 – Origem e evolução da embalagem de papelão ondulado.............31

3.4.2 – Composição da embalagem de papelão ondulado..........................33

3.4.3 – Decomposição da embalagem de papelão ondulado......................33

CONCLUSÃO....................................................................................................35

BIBLIOGRAFIA.................................................................................................38

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INTRODUÇÃO

A logística tem sido utilizada aos longos dos anos, como uma importante

ferramenta para a redução dos custos, tendo em vista um volume cada vez

maior de mercadorias em trânsito, um consumidor cada vez mais exigente e

uma competitividade mais acirrada no mercado de varejo, assim, a logística

reversa se apresenta atualmente como um dos diferenciais para as empresas.

Nesta perspectiva, podemos observar que no embalo e transporte dos

produtos, não havia uma preocupação com o correto descarte dessas

embalagens, que muitas vezes, ocupam áreas internas das empresas ou então

eram prensadas e transportadas até os recicladores.

A partir do crescente desenvolvimento da consciência ecológica, este

panorama se reverteu, houve uma exigência mais efetiva do Estado e da

sociedade-civil quanto ao destino final dos resíduos sólidos, obrigando as

empresas a buscarem alternativas, para o descarte de seu lixo ou refugo.

Nesta perspectiva, surge um melhor conceito de reciclagem, tanto como

benefício ambiental, como financeiro, a Logística Reversa, que atua no sentido

contrário do fluxo logístico, contribuindo para que todo o processo de

reciclagem ocorra ordenadamente. Logo, a logística reversa é a área que trata

dos aspectos do retorno dos produtos, embalagens ou materiais ao seu centro

produtivo.

Apesar de apenas, recentemente, os livros modernos de Logística

Empresarial abordar o tema, esse processo já podia ser observado há alguns

anos nas indústrias de bebidas com a reutilização de seus vasilhames, por

exemplo. Este processo aparentemente cessou a partir do momento que

começaram a serem utilizadas embalagens descartáveis.

Contudo, empresas incentivadas pelas Normas ISSO 14000 e

preocupadas com a gestão ambiental, iniciaram a reciclagem dos materiais e

embalagens descartáveis, que passaram a ser tratadas como matéria-prima e

deixaram de ser tratadas como lixo. Assim sendo, podemos observar como a

logística reversa pode contribui para um eficiente processo de reciclagem.

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A logística de distribuição tem crescido de forma vertiginosa nas últimas

décadas, em virtude do ritmo acelerado de desenvolvimento e

profissionalização no setor, tendo em vista o alongamento da distância média

de transporte, ocasionando muitas vezes um retorno de caminhões vazios,

unicamente com as embalagens de transporte, fato este que implica num

acréscimo nas despesas operacionais, que vão se refletir no custo final do

produto.

Desta forma, torna-se necessário um re-planejamento da logística de

distribuição, o que aqui é apresentado como logística reversa, cujo objetivo

principal é a gestão integral do fluxo do retorno das embalagens. Cabe ainda

ressaltar a importância que a legislação ambiental, através da preocupação e

das normas para a sua proteção, exerce sobre as embalagens de todo o tipo,

destacando-se as embalagens de papelão ondulado, utilizadas no transporte

de diversos tipos de mercadorias.

A caixa de papelão ondulado é sem dúvida um das mais importantes e

conhecidas embalagens das últimas décadas, dentre os seus maiores

consumidores estão as indústrias de produtos alimentícios e bebidas,

eletrodomésticos, fruticultura e avicultura. Porém, o que fazer com as

embalagens após a chegada ao destino? O fluxo das mercadorias chega a seu

fim e os materiais empregados para a sua manipulação, transporte e

armazenagem vão engrossar o total de resíduos sólidos gerados por ano.

Tal quantidade de resíduos de embalagens justifica que a Comunidade

Européia tenha adotado uma Diretiva, que objetiva padronizar as normas dos

diferentes países membros com a finalidade de reduzir o impacto negativo das

embalagens.

E é neste ambiente que logística reversa busca continuar o movimento

da embalagem, buscando enfocar nas atividades de redução, reutilização e

reciclagem, ou seja, na gestão e distribuição dos resíduos das embalagens.

Além do impacto ambiental, a disposição da embalagem custa dinheiro e

compromete gravemente a lucratividade, pois cada estratégia (redução,

reutilização e reciclagem) tem um impacto econômico. A redução dos materiais

de embalagem, feita através de uma adequada análise de valor, tende a

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reduzir os custos de compra da embalagem, a reciclagem reduz os custos de

coleta, processamento e aumenta o mercado de produtos reciclados.

Além disso, a reciclagem e a reutilização de embalagens trazem

benefícios ambientais e financeiros, é possível citar o caso da produção do

papelão ondulado, que advém da recuperação do papel velho. O papelão é

reciclado no Brasil há muitas décadas e tem reaproveitado cada vez mais as

aparas de papel velho. No entanto, muito se desperdiça, pois o papelão ainda

tem uma grande participação nos resíduos sólidos urbanos coletados.

O que fazer para que se reverta este quadro? Este é o objetivo deste

trabalho, que demonstra como a Logística Reversa, pode ser uma importante

ferramenta para a indústria da reciclagem.

Tratamos ainda de apresentar como surgiu a reciclagem, e como ao

longo dos anos ela se tornou um importante mecanismo de preservação

ambiental, sua evolução, de como se dá o processo de reciclagem e seus

benefícios.

Refletimos ainda sobre as embalagens utilizadas no transporte de

mercadorias, destacando-se as de papelão ondulado, o seu surgimento, a sua

utilização, sua composição, como ele se decompõe e sua utilização na

reciclagem. E, ainda da preservação ambiental, da importância da reciclagem

na conservação e preservação do meio ambiente, os impactos que as

embalagens descartadas na natureza podem causar, os crimes ambientais e a

legislação brasileira sobre o assunto. Trata ainda, do surgimento da logística

reversa, suas definições, e de como a utilizar na reciclagem de embalagens.

Logo, é na reflexão deste cenário que o presente trabalho se insere, pois

buscamos nesta ocasião refletir sobre o tema em questão, buscando discutir as

possibilidades e ferramentas da logística reversa, dando especial ênfase as

vantagens para o meio ambiente e para uma produção “limpa”, consciente e

sustentável.

Neste contexto, o nosso trabalho visa compreender os processos

logísticos que contemplam a reciclagem e as suas relações com a produção de

produtos.

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Assim sendo, este estudo, ao investigar os diferentes trabalhos já

realizados, pretende elaborar uma monografia que contribua para os estudos

do tema mencionado.

Buscamos assim investigar o uso dos procedimentos de Logística

reversa para a reciclagem de embalagens, conceituar a Logística reversa e

seus procedimentos; refletir sobre as possibilidades positivas da logística

reversa para uma produção mais eficiente e sustentável e também identificar

as formas de reciclagem e suas relações com a Logística reversa.

Pois, acreditamos que a Logística reversa se constitui como um fator

importante para o incremento da produção em tempos de “Consciência

ecológica”. Desta forma, evidenciaremos as possibilidades que os

procedimentos de Logística reversa podem oportunizar a produção.

Cabe informar que a presente monografia esta dividida em capítulos,

nos quais trataremos respectivamente: no primeiro capítulo: a logística

empresarial, no segundo: da preservação ambiental e no terceiro dos aspectos

que compõem a reciclagem.

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METODOLOGIA

Os procedimentos metodológicos utilizados para a realização do

presente trabalho serão: o estudo de fontes teóricas bibliográficas e a pesquisa

em sites na internet especializados no tema.

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CAPÍTULO I: LOGÍSTICA EMPRESARIAL

1.1 -CONCEITO DE LOGÍSTICA

A palavra Logística – de origem francesa (do verbo loger: “alojar”); era

um termo militar que significava a arte de transportar, abastecer e alojar as

tropas. Tendo, mais tarde, um significado mais amplo, tanto para uso militar

como industrial: a arte de administrar o fluxo de materiais e produtos, da fonte

para o usuário.

1.2 - CONCEITO DE LOGÍSTICA EMPRESARIAL

O conceito de logística é coordenar todas as atividades relacionadas à

aquisição, movimentação e estocagem de materiais. Esta abordagem

considera o fluxo inteiro de materiais e peças, desde os fornecedores até o

estabelecimento de manufatura, com seus depósitos e linhas de produção, e

também depois da manufatura, no fluxo de peças e produtos, através dos

armazéns e centros de distribuição até os clientes, este fluxo é controlado e

planejado como um sistema integrado; esta abordagem é diferente da

tradicional que era a abordagem departamentalizada.

Existem muitas maneiras de definir o conceito de logística, alguns

autores acreditam que a logística consiste em fazer chegar a quantidade certa

das mercadorias certas ao ponto certo, no tempo certo, nas condições e ao

mínimo custo; a logística constitui-se num sistema global, formado pelo inter-

relacionamento dos diversos segmentos ou setores que a compõem.

Ou que compreende a embalagem e a armazenagem, o manuseio, a

movimentação e o transporte de um modo geral, a estocagem em trânsito e

todo o transporte necessário, a recepção, o acondicionamento e a manipulação

final, isto é, até o local de utilização do produto pelo cliente. (MOURA, p. 51,

1998).

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Assim sendo, pode se afirmar que a logística é responsável pelo

planejamento, operação e controle de todo o fluxo de mercadorias e

informação, desde a fonte fornecedora até o consumidor (MARTINS, p. 252,

2000).

A logística empresarial é o processo de planejamento, implementação e

o controle do fluxo e armazenagem eficientes e de baixo custo de matérias-

primas, estoque em processo, produto acabado e informações relacionadas,

desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender

aos requisitos do cliente (BALLOU, 1998:42).

A evolução da logística empresarial é recente, tendo como sua força

propulsora as demandas decorrentes da globalização, alteração estrutural da

economia mundial e desenvolvimento tecnológico, tendo como conseqüência a

segmentação da logística empresarial em três grandes áreas:

1. Administração de materiais: é o conjunto de operações associadas ao fluxo de materiais e informações, desde a fonte de matéria-prima até a entrada na fábrica.

2. Movimentação de Materiais: transporte eficiente de produtos acabados do final de linha de produção até o consumidor; sendo que fazem parte o PCP (Planejamento e Controle da Produção), Estocagem em processo e Embalagem.

3. Distribuição física: que é o conjunto de operações associadas a transferência dos bens objeto de uma transação desde o local de sua produção até o local designado no destino e no fluxo de informação associado, devendo garantir que os bens cheguem ao destino em boas condições comerciais, oportunamente e a preços competitivos (BALLOU, p. 57, 1998).

1.3 - LOGÍSTICA EMPRESARIAL – A PERSPECTIVA BRASILEIRA

O conceito de logística empresarial é recente no Brasil. O processo de

difusão teve início na década de 90 com a estabilização econômica propiciada

pelo Plano Real. Antes, as contínuas mudanças de preços causadas pela

inflação criavam incentivos para a prática especulativa no processo de

compras, tornando impossível qualquer integração na cadeia de suprimentos.

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O fim do processo inflacionário introduziu uma das mais importantes mudanças

no mercado, a integração entre clientes e fornecedores.

A logística no Brasil está passando por um período de extraordinárias

mudanças. Estamos no limiar de uma revolução tanto em termos de práticas

empresariais quanto de eficiência, qualidade e disponibilidade da infra-estrutura

de transportes e comunicações, elementos fundamentais para a logística

moderna.

O processo de privatização dos portos e ferrovias, assim como a nova

legislação em relação aos dutos, criou enormes oportunidades para o aumento

da produtividade, redução de custos e melhorias de serviços. Por outro lado, as

transportadoras rodoviárias, pressentindo a competição dos outros modais,

estão passando por um processo de modernização, que implica na adoção de

sofisticadas tecnologias de informação.

Conforme os dados da Associação Brasileira de Logística, o segmento

fatura em média R$ 5 bilhões anuais e deve crescer em torno de 40% até

2006. Apesar da forte presença de grandes operadores, este mercado ainda

guarda espaço para pequenas empresas dispostas a encontrar um nicho e se

especializar.

Dos cerca de 200 operadores logísticos que operam hoje no país,

apenas 10% - todos internacionais, podem ser considerados de grande porte.

Os demais são operadores de pequeno (40%) e médio porte (50%), em sua

maioria ligada às transportadoras de cargas, que criaram seus próprios

operadores para se tornarem independentes dos operadores até então

existentes.

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1.4 - A LOGÍSTICA REVERSA

1.4.1 – PANORAMA DA LOGÍSTICA REVERSA NO BRASIL

A visão que temos quando pensamos em logística é a do gerenciamento

do fluxo de materiais do seu ponto de origem até o seu destino final, porém,

devemos observar que existe também um fluxo logístico reverso, do destino

final até o ponto de origem, que precisa e deve ser gerenciado, este fluxo

logístico reverso é comum para uma boa parte das empresas, como por

exemplo, no caso dos fabricantes de bebidas que têm de gerenciar todo o fluxo

de retorno de embalagens dos pontos de venda até seus centros de

distribuição; as siderúrgicas usam como insumo de produção em grande parte

a sucata gerada por seus clientes e para isso usam centros coletores de carga;

a indústria de latas de alumínio é destaque no seu grande aproveitamento de

matéria prima reciclada, tendo desenvolvido meios inovadores na coleta de

latas descartadas.

A logística reversa é ainda, representa na maioria das empresas, uma

área com baixa prioridade e de pouco investimento, isto se reflete no pequeno

número de empresas que tem gerências dedicadas a tratar do fluxo logístico

reverso, pode-se dizer que estamos em um estado embrionário no que diz

respeito ao desenvolvimento das práticas de logística reversa, esta realidade,

como vimos, está mudando em resposta a pressões externas como um maior

rigor da legislação ambiental, a necessidade de reduzir custos e a necessidade

de oferecer mais serviço através de políticas de devolução mais liberais, este

panorama deverá gerar um aumento do fluxo de carga reverso e, é claro, de

seu custo, que conseqüentemente, necessitará de maiores esforços para

aumentar sua eficiência, através de iniciativas para melhor estruturar os

sistemas de logística reversa.

Deverão ser aplicados os mesmos conceitos de planejamento que no

fluxo logístico direto tais como estudos de localização de instalações e

aplicações de sistemas de apoio à decisão (roteirização, programação de

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entregas etc.), isto requer vencer desafios adicionais visto ainda a necessidade

básica de desenvolvimento de procedimentos padronizados para a atividade de

logística reversa, sobretudo quando nos referimos à relação indústria - varejo,

notamos que este é um sistema caracterizado predominantemente pelas

exceções, mais do que pela regra, um dos sintomas desta situação é a

praticamente inexistência de sistemas de informação voltados para o processo

de logística reversa.

Um tópico a ser explorado em outra oportunidade diz respeito à

utilização de prestadores de serviço no processo de logística reversa, como

esta é uma atividade onde a economia de escala é fator relevante e onde os

volumes do fluxo reverso são ainda pequenos, uma opção viável se dá através

da terceirização, já é comum no Brasil a operação de empresas que prestam

serviço de gerenciamento do fluxo de retorno de pallets.

Se considerarmos o escopo mais amplo da logística reversa, existe

espaço também para operadores que prestam serviços de maior valor

agregado como o rastreamento e o re-processamento de produtos usados e de

embalagens de papelão utilizadas no transporte, como na indústria de

eletrônicos, varejo e automobilística, que têm de lidar com o fluxo de retorno de

embalagens, de devoluções de clientes ou do reaproveitamento de materiais

para produção, este não é nenhum fenômeno novo e exemplos como o do uso

de sucata na produção e reciclagem de embalagens de papelão ondulado tem

sido praticados há bastante tempo, sendo observado que as atividades de

reciclagem e reaproveitamento de produtos e embalagens têm aumentado

consideravelmente nos últimos anos.

Por traz do conceito de logística reversa está um conceito mais amplo

que é o do "ciclo de vida". A vida de um produto, do ponto de vista logístico,

não termina com sua entrega ao cliente, produtos se tornam obsoletos,

danificados, ou não funcionam e deve retornar ao seu ponto de origem para

serem adequadamente descartados, reparados ou reaproveitados, do ponto de

vista financeiro, fica evidente que além dos custos de compra de matéria-prima,

de produção, de armazenagem e estocagem, o ciclo de vida de um produto

inclui também outros custos que estão relacionados a todo o gerenciamento do

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seu fluxo reverso, do ponto de vista ambiental, esta é uma forma de avaliar

qual o impacto que um produto sobre o meio ambiente durante toda a sua vida.

Esta abordagem sistêmica é fundamental para planejar a utilização dos

recursos logísticos de forma a contemplar todas as etapas do ciclo de vida dos

produtos.

Neste contexto, podemos então definir logística reversa como sendo o

processo de planejamento, implementação e controle do fluxo de matérias-

primas, estoque em processo, produtos acabados (e seu fluxo de informação) e

embalagens do ponto de consumo até o ponto de origem, com o objetivo de

recapturar valor ou realizar um descarte adequado.

Da mesma forma que no processo logístico direto, a implementação de

processos logísticos reversos requer a definição de uma infra-estrutura

logística adequada para lidar com os fluxos de entrada de materiais usados e

fluxos de saída de materiais processados.

Instalações de processamento e armazenagem e sistemas de transporte

devem desenvolvidos para ligar de forma eficiente os pontos de consumo onde

os materiais usados devem ser coletados até as instalações onde serão

utilizados no futuro, questões de escala de movimentação e até mesmo falta de

correto planejamento podem levar com que as mesmas instalações usadas no

fluxo direto sejam utilizados no fluxo reverso, o que nem sempre é a melhor

opção, instalações centralizadas dedicadas única e exclusivamente ao

recebimento, separação, armazenagem, processamento, de embalagens

retornadas podem ser uma boa solução, desde que haja escala suficiente.

1.4.2 – DEFINIÇÃO DE LOGÍSTICA REVERSA

A Logística Reversa é uma nova área da Logística Empresarial que

planeja, opera e controla o fluxo, e as informações logísticas correspondentes,

do retorno dos produtos e embalagens ao ciclo de negócios ou ao ciclo

produtivo, através dos Canais de Distribuição Reversos, agregando-lhes valor

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de diversas naturezas: econômico, ecológico, legal, competitivo e de imagem

corporativa, entre outros.

Uma das mais importantes decisões estratégicas presente nas

empresas modernas, face ao crescente ambiente de competitividade e de

sensibilidade ecológica da sociedade, é sem dúvida a procura de soluções que

agreguem valor perceptível aos seus clientes e consumidores finais, os novos

paradigmas empresariais da logística moderna, alta velocidade de reação

garantida por sistemas de manufatura flexíveis e de informatização logística e

alto nível de relacionamento com os clientes e consumidores finais criando

ligações duradouras, estão sendo adotados na maior parte destas empresas.

A preocupação de performance e qualidade do produto e de suas

embalagens, transformam-se em condições básicas e qualificadoras,

consideradas essenciais e necessárias para participar do mercado, porém não

mais suficientes, pois já tem sido observado que tais condições conferem à

empresa, ao produto e suas embalagens diferenciais competitivos por períodos

de tempo cada vez mais curtos.

A preocupação estratégica empresarial desloca-se desta forma para o

estabelecimento de um relacionamento eficaz com suas cadeias de

suprimento, fornecedores e clientes, o Supply Chain, traduzido por serviços

que agreguem efetivamente valores perceptíveis ao cliente e ao consumidor

final, permitindo ganhos de eficiência, de agilidade de resposta à cadeia de

suprimentos e o conseqüente reforço de suas imagens corporativa e de marca,

transformando-se em relações duradouras de parcerias e em fidelização à

marcas, tão almejadas neste ambiente competitivo atual.

A natureza do processo de logística reversa, ou seja, quais as atividades

que serão realizadas dependem do tipo de material e do motivo pelo qual estes

entram no sistema, os materiais podem ser divididos em dois grandes grupos:

produtos e embalagens. No caso de produtos, os fluxos de logística reversa se

darão pela necessidade de reparo, reciclagem, ou porque simplesmente os

clientes os retornam, o fluxo reverso de produtos também pode ser usado para

manter os estoques reduzidos, diminuindo o risco com a manutenção de itens

de baixo giro, uma prática comum na indústria fonográfica, como esta indústria

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trabalha com grande número de itens e grande número de lançamentos, o risco

dos varejistas ao adquirir estoque se torna muito alto, para incentivar a compra

de todo o mix de produtos algumas empresas aceitam a devolução de itens

que não tiverem bom comportamento de venda, embora este custo da

devolução seja significativo, acredita-se que as perdas de vendas seriam bem

maiores caso não se adotasse esta prática.

No caso de embalagens, os fluxos de logística reversa acontecem

basicamente em função da sua reutilização ou devido a restrições legais como

na Alemanha, por exemplo, que impede seu descarte no meio ambiente, como

as restrições ambientais no Brasil com relação a embalagens de transporte não

são tão rígidas, a decisão sobre a utilização de embalagens retornáveis ou

reutilizáveis se restringe aos fatores econômicos. Existe uma grande variedade

de containeres e embalagens retornáveis, mas que tem um custo de aquisição

consideravelmente maior que as embalagens oneway, entretanto, quanto maior

número de vezes que se usa a embalagem retornável, menor o custo por

viagem que tende a ficar menor que o custo da embalagem oneway.

1.4.3 – A LOGÍSTICA REVERSA DE EMBALAGENS

A reciclagem muita das vezes, é erroneamente chamada de Logística

Reversa, o que ocorre verdade, é que os materiais de embalagem não são

recolhidos de volta pela empresa que gerou as embalagens, mas o sistema

logístico segue em frente, às vezes através de empresas de gerenciamento de

resíduos, para re-processadores, em muitos casos, associações de fabricantes

de material de embalagem preparam sua própria rede para coleta e

reprocessamento.

Nos últimos anos, a evolução da logística de distribuição tem sido

vertiginosa devido a numerosos fatores que têm acelerado o desenvolvimento

e profissionalização do setor, afetando de uma maneira especial a classificação

das embalagens de transporte, entre os fatores citados cabe assinalar a

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crescente internacionalização da produção, o encurtamento dos ciclos de

produção, a liberalização do transporte e a legislação ambiental.

Na primeira classificação, a concentração da produção tem levado a

estender as redes de distribuição com a finalidade de atender a mercados

afastados, com este aumento da distância média de transporte, o retorno dos

caminhões vazios (unicamente com as embalagens de transporte) implica em

um incremento dos gastos que repercute no custo final do produto, por outro

lado, a introdução generalizada de conceitos como o Just-in-Time, que

perseguem a redução dos níveis de estoque, ocasiona um incremento no giro

de materiais e, portanto, na rotação dos paletes, obviamente, esta

circunstância repercute em uma maior utilização dos paletes, pelo que, se não

se fizer uma boa manutenção, logo se deterioram e tendem a sair do ciclo

produtivo.

Paralelamente, este incremento no tráfego de mercadorias está criando

grandes problemas na qualidade dos paletes, haja vista que sua recuperação

no destino, quando é factível, não inclui controle de qualidade de nenhum tipo,

para isso contribui a não co-responsabilidade na manutenção dos paletes que

circulam no mercado sem controle, por não pertencerem a nenhuma

organização ou empresa concreta, o que impossibilita estabelecer critérios de

responsabilidade e de assumir custos por parte dos usuários integrados na

cadeia de abastecimento.

Por último, cabe ressaltar a importância que a legislação ambiental,

através da preocupação e das normas para a sua proteção, exerce sobre as

embalagens de todo o tipo, e entre estas e as embalagens de transporte,

sobretudo as de papelão ondulado, o que tem levado a um re-planejamento da

logística de distribuição, que aqui é apresentado como logística reversa, cujo

objetivo é a gestão integral do fluxo de retorno das embalagens, a utilização da

reciclagem reduz os custos de coleta e processamento e aumenta o mercado

de produtos reciclados, além disso, a reciclagem e a reutilização de

embalagens também têm benefícios ambientais.

A reciclagem é um bom método de disposição para muitos resíduos de

embalagens, já que esta naturalmente se coleta em grandes volumes

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homogêneos, fabricantes, centros de distribuição e varejistas descartam

grandes quantidades de um número limitado de materiais como paletes de

madeira, papelão, filme de polietileno, espuma plástica e insumos de

arqueamento, os recicladores apreciam tais fontes concentradas e

relativamente limpas, como resultado, a embalagem possui um índice de

aproveitamento muito alto, da mesma forma, a compra de embalagens feitas

através de materiais reciclados encoraja o crescimento do mercado de

produtos e viabiliza toda a infra-estrutura necessária.

Até agora, a logística tem sido vista como um sistema unidirecional,

contemplando o processo desde a origem até o destino, mas, o que ocorre no

destino? O fluxo de materiais chega a seu fim e os materiais empregados para

a sua manipulação e transporte vão engrossar o peso total de resíduos sólidos

gerados por ano, como é o caso da União Européia, aproximadamente, a

metade corresponde ao setor industrial e de serviços, e é aqui que a logística

reversa continua o movimento da embalagem, uma vez já cumprido seu

objetivo de entregar a mercadoria no destino.

A logística reversa compreende todas as atividades enfocadas na

redução, reutilização e reciclagem, ou seja, a gestão e distribuição dos

resíduos das embalagens. As denominadas embalagens secundárias (caixas

de garrafas, bandejas etc.) e terciárias ou de transporte (paletes e

contenedores) são as mais suscetíveis de serem reutilizadas, o fato de um

determinado tipo de embalagem ter recebido um tratamento especial em sua

fabricação, não quer dizer, ser reciclável, permitir uma alta rotatividade e

cumprir com as normas de qualidade e higiene, não garante necessariamente

sua reutilização, além disso, a complexidade da cadeia de abastecimento é

cada vez maior e, na maioria dos casos, as empresas de transporte não podem

permitir-se aceitar embalagens vazias.

É neste ponto onde se vê claramente a necessidade de implementar

sistemas para gestão das embalagens no destino, para garantir sua

recuperação e conversão ou a reutilização das mesmas, através de uma

política mais efetiva para a gestão de embalagens recuperáveis.

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Diversas soluções de planejamento e execução de logística reversa

estão sendo ofertadas no mercado mundial, de uma maneira ou de outra,

quase todas as soluções procuram otimizar a integralidade da gestão das

expedições e dos artigos retornados e, ainda, em alguns casos, analisar a

coerência econômica de ações combinadas de expedição e retorno.

A busca desenfreada da Certificação ISO 14000 tem despertado em

empresários e executivos de todas as áreas uma atenção maior sobre a

relação do homem com a natureza, não apenas no ambiente industrial. A

conquista de novos mercados - e a manutenção dos atuais - exige

compromisso efetivo com a preservação ambiental e com a sua recuperação.

O processo de logística reversa gera materiais reaproveitados que

retornam ao processo tradicional de suprimento, produção e distribuição, este

processo é geralmente composto por um conjunto de atividades que uma

empresa realiza para coletar, separar, embalar e expedir itens usados,

danificados ou obsoletos dos pontos de consumo até os locais de

reprocessamento, revenda ou de descarte, existem variantes com relação ao

tipo de reprocessamento que os materiais podem ter, dependendo das

condições em que estes entram no sistema de logística reversa, os materiais

podem retornar ao fornecedor quando houver acordos neste sentido, podem

ser revendidos se ainda estiverem em condições adequadas de

comercialização, podem ser recondicionados, desde que haja justificativa

econômica, podem ser reciclados se não houver possibilidade de recuperação,

todas estas alternativas geram materiais reaproveitados, que entram de novo

no sistema logístico direto, em último caso, o destino pode ser a seu descarte

final.

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CAPÍTULO II: A PRESERVAÇÃO AMBIENTAL

2.1 - A SOCIEDADE E A PRESERVAÇÃO

A utilização da reciclagem do lixo tem contribuído para diminuir impactos

ambientais e problemas sociais no Brasil, têm-se falado muito em preservação

do meio ambiente, sobretudo nesta última década em que ficaram mais

evidentes os atos inconseqüentes da sociedade com relação à natureza, tal

preocupação se tornou um fato universal, mas especialmente no Brasil, a

população ainda não tomou consciência da gravidade da questão, sendo que

as principais causas citadas são o excesso populacional, desenvolvimento e

pauperização da sociedade.

Todo processo de desenvolvimento tende provocar crescimento urbano

desordenado, criar indústrias poluentes e gerar desigualdade social, que

acentua à medida que um sistema se aproxima dos limites ecológicos. A

poluição afeta profundamente os recursos naturais, sobretudo com o advento

de novas tecnologias, a população vem adquirindo hábitos de primeiro mundo

no consumo de produtos de melhor qualidade, mas em relação ao tratamento

do lixo a atitude do país ainda é de terceiro mundo, porém, os problemas

causados pelo desenvolvimento também são comuns em países

desenvolvidos, o problema no Brasil é o desperdício, a explicação para o

descaso está no fato de que reciclar o lixo é mais caro do que simplesmente

jogá-lo em aterros, países como a França e a Alemanha provam que esse tipo

de argumento não justifica deixar de lado a preocupação ecológica. Lá, a

iniciativa privada é a encarregada da reciclagem do lixo.

Existem pesquisas, inclusive, nesta área, que visam baratear os custos

da reciclagem, como a criação de um plasma frio, que transforma lixo reciclável

em compostos com propriedades mistas, ele é praticamente de graça, não

causa impacto ambiental e substitui matérias-primas tradicionais.

Essa conscientização é importante para uma sociedade sadia, que

depende do aproveitamento racional dos recursos naturais. A população deve

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ter em mente que o cuidado com o meio ambiente é importante para a

manutenção de um mundo saudável e habitável.

2.2 – O IMPACTO NO MEIO AMBIENTE

As questões ambientais são fundamentais para o setor de embalagem

pelo seu papel no desenvolvimento e preservação da qualidade do produto

acondicionado como também pela participação da embalagem no resíduo

sólido urbano, pois muitas vezes, além de o lixo não ser tratado, é

descarregado em rios ou lagos, que viram depósitos de lixo.

Há regiões que sofrem efeitos de produtos químicos, como em uma

cidade do Rio de Janeiro, onde uma fábrica desativada de inseticidas do

Ministério da Saúde descarregou toneladas de um pesticida para combater o

barbeiro, transmissor do Mal de Chagas, nos fundos da mesma, na tentativa de

solucionar o problema, misturaram cal ao composto tóxico para neutralizá-lo,

mas o resultado foi a criação de outras substâncias tóxicas.

Apesar do grande descaso da população, a questão ambiental começa a

mobilizar parcela cada vez maior do povo brasileiro, que tem uma tendência

natural a se ocupar de causas nobres.

A causa ecológica, entendida como necessidade de preservar a saúde

do Planeta, gradualmente vem levando ao banimento e à discriminação de

produtos que, para sua fabricação, foi imposto um ônus aos recursos naturais e

também, de produtos geradores de resíduos que não forem recicláveis ou que

não possuam características que permitam sua autodestruição, sem impacto

no meio ambiente, como por um exemplo embalagens, que da forma como são

constituídas podem causar danos ao meio ambiente, sua fabricação implica em

severos danos à natureza que, evidentemente, já vêm sendo paulatinamente

amenizados.

A fabricação do papel depende do corte de árvores e de processo

industrial altamente agressivo aos corpos d'água, o replantio ordenado, a

reciclagem de papéis usados e técnicas de tratamento de efluentes industriais,

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estão sendo cada vez mais postos em prática com sucesso, demonstrando que

a tecnologia pôde e pode contornar o ônus ambiental na fabricação do papel,

que por natureza, biodegradável.

Recentemente, surgiu no mercado brasileiro uma embalagem simpática

e popularmente denominada longa vida, ela é um misto de polietileno, papel e

alumínio; montou-se todo um marketing em cima da assepsia proporcionada e

facilidades no transporte, tal embalagem já pode ser vista abundantemente nos

supermercados; não é biodegradável e até agora não se presta à reciclagem,

isso quer dizer, que ao virar lixo, ela será para sempre lixo e ainda concorrerá

para atrapalhar a decomposição natural dos materiais orgânicos que compõem

o lixo.

Como conclusão, a certeza é que, o Primeiro Mundo caminha para as

soluções não degradantes da natureza e nós, no terceiro mundo, não

poderemos, pelo menos nesses casos, ficar a reboque, mantendo ou aceitando

tecnologias ultrapassadas; temos isso sim, que seguir caminhos paralelos.

2.3 – O CRIME AMBIENTAL

A agressão ao meio ambiente é um crime ambiental desde que

ultrapasse os limites legalmente consentidos; em outras palavras, nem toda a

agressão ao meio ambiente se constitui num crime ambiental, para que se

caracterize, então, um crime ambiental há que se tipificar a infração,

enquadrando a intensidade da agressão nos parâmetros legais, é necessário

que existam esses padrões estabelecidos na legislação estadual, ou municipal

e na falta delas, a federal, é imprescindível também que exista o agente

credenciado que irá registrar a infração, utilizando, para isso, método

previamente estabelecido e normatizado.

Uma agressão ambiental é reconhecida quando o meio ambiente for

impactado de forma que haja alteração fora do normal (ou do consentido pela

legislação) das suas propriedades físicas, químicas ou biológicas, causada por

qualquer forma de energia ou matéria nele introduzida ou mesmo, qualquer

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ação humana que venha afetar direta ou indiretamente a saúde, a segurança e

o bem estar da população, incluindo as atividades sociais e econômicas, e a

qualidade dos recursos ambientais.

No caso da agressão ambiental propriamente dita, para o julgamento do

tipo impacto ambiental, antes mesmo de se medir sua intensidade, há que se

conhecer as diversas definições de impacto ambiental, expressas nas diretrizes

estabelecidas pelos órgãos de controle ambiental, dessa forma, estará dado o

primeiro passo para a apreciação da gravidade da agressão, a partir daí, virá o

julgamento.

Quando da aplicação da penalidade, o conhecimento de duas definições

também são muito importantes de se conhecer. O que vêm a ser as Medidas

Mitigadoras e as Medidas Compensatórias, visto que há impactos irreversíveis,

permanentes, de longo prazo e estratégicos, considerados dificilmente

evitáveis ou de impossível conserto.

2.4 – A LEI AMBIENTAL

Existe uma clara tendência de que a legislação ambiental (Constituição

da República Federativa do Brasil, 1988, Capítulo V) caminhe no sentido de

tornar as empresas cada vez mais responsáveis por todo ciclo de vida de seus

produtos. Isto significa ser legalmente responsável pelo seu destino após a

entrega dos produtos aos clientes e do impacto que estes produzem no meio

ambiente.

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CAPÍTULO III: A RECICLAGEM

3.1 – BREVE HISTÓRICO

O emprego da reciclagem, sobretudo a de papel é antiga, este material

ao logo dos anos têm-se mostrado um fonte acessível de matéria-prima limpa.

A atividade de reciclagem no Brasil se confunde com as próprias origens da

fabricação de papel no País, iniciada há mais de 100 anos. Com o advento de

uma maior consciência ambiental no sentido de que seja reduzida a quantidade

de lixo despejada em lixões e aterros sanitários, houve uma evolução nos

sistemas de reciclagem de papel, assim como um aumento das campanhas de

coleta seletiva, que se multiplicaram, ocasionando um aumento da ação dos

catadores nas ruas, que utilizam o papel usado como a principal fonte de

sustento.

Após o processo de venda para os sucateiros, o papel é enviado para

depósitos, onde são enfardados em prensas e depois da classificação das

aparas, são revendidos como matéria-prima para as fábricas de papel, onde

são processados num equipamento chamado “hidropulper”, que faz a

desagregação do papel e o mistura com água, para gerar então a pasta de

celulose, que recebe tratamento químico, para que toda tinta existente no papel

seja retirada, as impurezas eliminadas e para que ocorra um branqueamento

da pasta, e só então a pasta é encaminhada para as máquinas de fabricação

de papel.

Muito utilizado na fabricação de caixas de produtos, o papel ondulado é

o produto que atualmente mais usa material reciclável no Brasil. São Paulo,

Paraná e Rio de Janeiro são os maiores consumidores de aparas

O processo de reciclagem surgiu como uma forma de se estar re-

introduzindo no sistema produtivo, uma parte da matéria ou da energia, que se

tornariam lixo, dessa forma, os recursos naturais ficam menos comprometidos,

além de estarmos economizando energia.

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O conceito de reciclagem foi introduzido na linguagem global, a partir do

final da década de 80, após constatação de que as fontes de petróleo e de

outras matérias-primas não são renováveis e estão se esgotando.

3.2 – O PROCESSO DE RECICLAGEM

Para um perfeito entendimento da atividade de reciclagem, é necessário

que se recicle o conceito que temos do lixo ou refugo, deixando de enxergá-los

como coisas inúteis em sua totalidade. A primeira atitude é visualizar o refugo,

como fonte de riqueza e que para ser reciclado, deve primeiramente se

separado e classificado e só então deve ser enviado para o processo de

produção de um novo produto.

No Brasil, existe atualmente uma disponibilidade muito grande de aparas

de papelão a ser reciclado, porém, mesmo diante deste quadro, as indústrias

necessitam periodicamente recorrer a processos de importação de aparas para

o abastecimento do mercado, além do fato da escassez da celulose e do

aumento do preço do papel reciclado, fazendo com que se busque menores

preços no mercado externo, em contra-partida, quando há uma oferta maior de

celulose no mercado, a demanda por aparas diminui, abalando toda a estrutura

de coleta, que só volta a normalidade muito vagarosamente.

No Brasil, a cultura da reciclagem é pouco incentivada, pois o país é um

grande produtor de celulose virgem, este cenário se apresenta de forma

diferente em países como os Estados Unidos, onde mais que a metade do

papel de escritório coletado pelas campanhas de reciclagem se destinam a

exportação.

É crescente o número de indústrias americanas que reutilizam o papel

de escritório como matéria-prima, e desta forma, barateiam custo de produção,

pode ocorrer em muitos casos, do custo de custo de fabricação do papel

reciclado ser maior do que a produção a partir de celulose virgem, o maior

mercado é o de embalagens.

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A reciclagem do papel é tão importante quanto sua fabricação, tendo

em vista que matéria prima para a fabricação do papel já está escassa, mesmo

com políticas de reflorestamento e com uma maior conscientização da

sociedade em geral, muitos cientistas sociais acreditavam que o uso de papel

diminuiria, principalmente na indústria e nos escritórios, mas isso não ocorreu e

o consumo de papel nas duas últimas décadas do século XX foi recorde.

O papel reciclado pode ser aplicado em caixas de papelão, sacolas,

embalagens para ovos, bandejas para frutas, papel higiênico, cadernos e livros,

material de escritório, envelopes, papel para impressão, entre outros usos. A

reutilização dessas embalagens já é tradicional no Brasil, sendo que os

supermercados e atacadistas, que são grandes usuários, formando a grande

rede de reaproveitamento existente, já faz parte da rotina de transporte e

distribuição destes estabelecimentos, recolhê-las de volta devidamente

desmontadas e acondicionadas, obedecendo alguns critérios antes de enviá-

las para a reciclagem:

1. Desmontar a caixa, obedecendo aos vincos das dobras, a fim de

diminuir o volume e facilitar o armazenamento.

2. Retirar, se possível, quaisquer adesivos, fitas e/ou grampos, para

reduzir a quantidade de elementos contaminantes do processo.

Na reciclagem do papelão ondulado, o aparista ou papeleiro tem grande

importância; é ele o responsável pela triagem e qualidade do material

destinado às indústrias recicladoras.

As fibras de melhor qualidade são utilizadas para o papel-capa, isto é,

para as partes externas e as de qualidade inferior servem para produzir o

papel-miolo.

O produto com maior valor de mercado é aquele que segue rígida

especificação de matéria - prima. Eles excluem ou limitam a presença de fibra

de madeira e papel colorido, não podem conter metais, vidros, cordas, pedras

areia, clips, elástico e outros materiais que dificultam o re-processamento do

papel usado, porém, tecnologias de limpeza do papel para reciclagem estão

minimizando o impacto dessas impurezas, assim como, a umidade do papel

não pode ser muito alta.

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3.3 – BENEFÍCIOS DA RECICLAGEM

Dentre os muitos benefícios que a reciclagem pode trazer, cabe destacar

os seguintes:

• Melhorar a limpeza da cidade e a qualidade de vida da população.

• Prolongar a vida útil de aterros sanitários.

• Melhorar a produção de compostos orgânicos.

• Gerar receita com a comercialização dos recicláveis.

• Estimular a concorrência, uma vez que produtos gerados a partir dos

reciclados são comercializados em paralelo àqueles gerados a partir de

matérias-primas virgens.

• Contribuir para a valorização da limpeza pública e para formar uma

consciência ecológica.

• Reduzir os custos das matérias-primas: a pasta de aparas é mais barata

que a celulose de primeira.

• Economizar os Recursos Naturais

No que diz respeito aos recursos naturais, Gil Portugal (setembro de

1992), cita os seguintes benefícios da reciclagem.

• Madeira: Uma tonelada de aparas pode substituir de 2 a 4 m3 de

madeira, conforme o tipo de papel a ser fabricado, o que se traduz em

uma nova vida útil para de 15 a 30 árvores.

• Água: Na fabricação de uma tonelada de papel reciclado são

necessários apenas 2.000 litros de água, ao passo que, no processo

tradicional, este volume pode chegar a 100.000 litros por tonelada.

• Energia: Em média, economiza-se metade da energia, podendo-se

chegar a 80% de economia quando se comparam papéis reciclados

simples com papéis virgens feitos com pasta de refinador.

• Redução da Poluição: Teoricamente, as fábricas recicladoras podem

funcionar sem impactos ambientais, pois a fase crítica de produção de

celulose já foi feita anteriormente. Porém as indústrias brasileiras, sendo

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de pequeno porte e competindo com grandes indústrias, às vezes

subsidiadas, não fazem muitos investimentos em controle ambiental.

• Criação de Empregos: estima-se que, ao reciclar papéis, sejam criados

cinco vezes mais empregos do que na produção do papel de celulose

virgem e dez vezes mais empregos do que na coleta e destinação final

de lixo.

3.4 - UM EXEMPLO DE EMBALAGEM DE TRANSPORTE – PAPELÃO

ONDULADO

3.4.1 – ORIGEM E EVOLUÇÃO DA EMBALAGEM DE PAPELÃO

ONDULADO

A origem das caixas de papelão ondulado já passa de um século, este

tipo de embalagem, surgiu da necessidade crescente para empacotar e

proteger, apesar de consideráveis mudanças, as embalagens modernas não

são tão diferentes que as de nossos avôs.

A produção de embalagens de papelão tem mostrado enorme

crescimento, acompanhou a revolução industrial e vem atendendo à demanda

fixa por mais embalagens de transporte, se adaptando à evolução constante do

comércio de varejo e suas constantes exigências de logísticas variáveis,

geraram um progresso notável na melhoria de matérias-primas, nos

equipamentos, nos processos de produção, e nas técnicas de impressão nas

embalagens de papelão.

O uso do computador revolucionou a indústria conseguindo produções

continuas e permitindo se evitar paradas de máquina, pois as paradas tinham

um impacto considerável em relação à produtividade. Os progressos não irão

parar, a era da tecnologia de informação começou a pouco tempo fazendo com

que a embalagem de papelão ondulado tem varias funções, como de logística

e comercialização. O uso de códigos de barra para identificação do produto

requereu melhorias na qualidade gráfica das embalagens de papelão, com

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ondas pequenas e papel de qualidade conseguimos boas impressões as quais

vêm sendo utilizadas para causar impacto junto ao consumidor final.

Muitos fatores têm influenciado no desenvolvimento futuro da indústria

de papelão ondulado, sendo que alguns deles são inerentes ao segmento, e

outros são os resultados de mudanças significantes do comércio de varejo e da

globalização. Os consumidores de embalagens de papelão ondulado na

Europa estão cada vez mais exigentes, alguns segmentos de mercado fazem

estudos (desenvolvimentos internos), antes de lançarem o produto no mercado,

a embalagem de papelão ondulado hoje possuiu um papel muito importante na

estratégia de venda.

A embalagem de papelão ondulado presta antes de tudo é um serviço à

sociedade direcionando-a para uma conscientização e esclarecimento ao

usuário da embalagem a qual é reciclável, procurando mostrar a importância

que elas possuem diante da realidade ambiental a qual vivemos. As

embalagens de papelão ondulado evoluíram bastante, se tornaram parte

integrante do produto e não mais como pensavam muitos, que ela eram um

mal necessário.

A primeira coisa que uma empresa faz, quando lhe é solicitada a

fabricação de uma determinada embalagem, é aplicar a mesma um chek-list no

seu futuro usuário, o chek-list é um amplo questionário em que o cliente

fornece uma série de informações que serão fundamentais para elaboração de

uma embalagem, ou seja, o mais eficiente possível, pelo menor custo, palavra

chave para o crescimento o qual tem tido o mercado de embalagens de

papelão ondulado, que se aprimora incessantemente, naturalmente ele vem

tomando o mercado das embalagens em off-set (displays, embalagens de

eletro-eletrônicos etc), cartão (embalagens de produtos alimentícios de impacto

no consumidor final etc.) , microondulado (display, capas de álbum,

embalagens p/ frutas etc).

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3.4.2 – COMPOSIÇÃO DA EMBALAGEM DE PAPELÃO ONDULADO

Diferente de outras caixas de papelão, a caixa de papelão ondulado é

feita de várias combinações de papéis que compõem a capa e o miolo - papel-

capa e papel-miolo. São realizados diversos testes físicos, quanto ao

desempenho que se deseja da embalagem.

3.4.3 – DECOMPOSIÇÃO DA EMBALAGEM DE PAPELÃO ONDULADO

A relação de materiais e os seus respectivos tempos de degradação no

meio ambiente nem sempre ocorrem conforme os tempos informados nas

tabelas, isso ocorre por uma razão muito óbvia: a degradação dos materiais

ocorre em função de uma combinação de fatores, tais como: temperatura, teor

de umidade, PH do meio, luminosidade, pressão atmosférica, disponibilidade

de oxigênio, dentre outros, portanto, devemos considerar sob que condições os

materiais estão submetidos. Exemplo: O material encontra-se a céu aberto ou

enterrado?

Encontra-se numa região úmida e quente, como a floresta amazônica,

ou numa região seca e quente durante o dia e fria durante a noite, como no

deserto do Saara? Está jogado no rio (água doce) ou jogado no mar (água

salgada)? Está no raso ou no fundo? Encontra-se depositado numa região de

águas mais quentes (como no Nordeste Brasileiro) ou em regiões de águas

mais geladas (como na Antártida)? O lixo está em nível do mar ou está em

nível dos Alpes Suíços? Tome como exemplo o papel ondulado: pegue várias

amostras desse material, com o mesmo tamanho e peso, e coloque em

diferentes pontos do planeta.

Considerando que as condições do meio são diferentes, o tempo de

degradação será igual? A atuação dos microorganismos sobre o papel será a

mesma nos diferentes locais? Diante de tantas variáveis, seria correto

estabelecer tempo de degradação dos materiais, como descrito nas tabelas?

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Estas tabelas estabelecem narrativas generalizadas, comparativas, que sem

estes prévios comentários, não são aplicáveis à realidade.

Existem vários meios de degradação do papel ondulado:

Compostagem, é um processo de decomposição relativamente fácil,

consiste em picotar o papel de forma adequada e misturá-lo a outros resíduos,

e desta forma torná-lo uma fonte de nitrogênio aos microorganismos.

Incineração, o papel ondulado é altamente inflamável, se comparado ao

lixo urbano como um todo.

Aterro, o papel ondulado se degrada lentamente em aterros quando não

há contato com ar e água.

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CONCLUSÃO

A logística reversa é a área que trata dos aspectos de retornos dos

produtos, embalagens ou materiais ao seu centro produtivo. Apesar de apenas,

recentemente, os livros modernos de Logística Empresarial estar abordando

este tema, esse processo já podia estar sendo observado há alguns anos atrás

nas indústrias de bebidas com a reutilização de seus vasilhames (o produto

chegava ao consumidor e retornava ao seu centro produtivo para que a

embalagem fosse reutilizada). Este processo aparentemente cessou a partir do

momento que começaram a ser utilizadas embalagens descartáveis.

Contudo, empresas incentivadas pelas Normas ISSO 14000 e

preocupadas com a gestão ambiental, iniciaram a reciclagem dos materiais e

embalagens descartáveis, que passaram a ser tratadas como matéria-prima e

deixaram de ser tratadas como lixo. Assim, podemos observar a logística

reversa no processo de reciclagem.

Hoje em dia esse fluxo é mais claro em quase todos os segmentos de

mercado, pois o retorno das mercadorias por diversos motivos é constante,

principalmente como diferencial competitivo para as Empresas.

A Logística Reversa se insere com relevância crescente num contexto

de aumento da consciência ambiental dos consumidores, da necessidade de

fidelização de clientes através de um diferencial competitivo, da evolução das

legislações das questões ambientais e do atendimento ao consumidor, da

reciclagem, da reutilização de materiais, tratamento de resíduos ou de re-

manufatura.

O que fazer com as embalagens de papelão ondulado? Toda empresa já

deve ter feito esta pergunta, passado pela situação de saber que a mesma

pode causar um dano ao meio ambiente, mas não tem outra saída a não ser

jogá-lo no lixo comum, porém, muitas empresas têm mostrado uma

preocupação cada vez maior com o descarte de suas embalagens e uma

crescente preocupação com o meio ambiente.

O conceito de logística reversa é na desenvolvido em todas as

empresas, quando uma empresa que recebe um produto como fruto de

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devolução por qualquer motivo já está aplicando conceitos de logística reversa,

bem como aquele que, compra ou envia materiais recicláveis para transformá-

los em matéria-prima novamente, sob este ponto de vista, a logística reversa,

pode ser vista pelas empresas com diferentes enfoques, ou seja, algumas

vêem nesse processo benefícios diversos, a começar pela redução de custos,

ao contrário que para outras pode ser um grande problema, pois sinaliza que

seus custos que precisam ser controlados.

As empresas que mantém uma constante se preocupação com a

logística reversa têm procedimentos claros e específicos para gerenciar o

retorno das embalagens, utilizando-se de conceitos de reciclagem, buscando

uma redução da embalagem a sua forma primaria (pasta de celulose),

empresas que começam a tratar o retorno das embalagens aumentam a

probabilidade de resultados positivos no gerenciamento da logística reversa,

pois conseguem estimar o potencial de receitas geradas pela devolução, sejam

elas financeiras ou sociais.

Os elementos que devem constituir um sistema de logística reversa no

são semelhantes aos da logística progressiva. Porém, são poucas as empresas

que possuem os processos de retorno definidos: planejamento de transporte

para retorno, empresas recicladoras definidas, sendo assim, fica mais difícil

definir os perfil da demanda de embalagens retornadas, e é ai que a logística

reversa desempenha um papel estratégico, a partir do momento que os

detalhes fazem a diferença, porém, isso ainda é pouco explorado pelas

empresas, que consideram apenas a logística reversa do pós-consumo, está

aí, portanto uma boa oportunidade para começar a fazer a diferença, pois a

isso faz bem ao bolso e a natureza agradece.

Diante da realidade do comércio mundial e o acirramento da

concorrência, somado a exigência dos consumidores, a sobrevivência da

empresa passou a basear-se na sua capacidade de atender todas essas

exigências sem, no entanto perder a qualidade de seus produtos ou serviços.

Com a necessidade de encontrar estratégias eficazes, muitas empresas

acabaram por absorver uma gama de teorias administrativas. Dentre as teorias

surgidas, a logística que inicialmente parecia mais um modismo administrativo,

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com todas as mudanças geradas com os avanços tecnológicos e da quebra de

barreiras comerciais foi ganhando importância crescente tornando-se

atualmente fator decisivo para a empresa manter-se no mercado.

No sucesso comprovado de algumas empresas outras tantas tentaram

implantar a logística, no entanto, na falta ou pouco conhecimento sobre fatores

que implicam no processo logístico, recursos foram desperdiçados e o foco

principal da empresa foi descaracterizado.

Paralelamente as empresas que obtiveram sucesso com a logística

passaram a aperfeiçoá-la chegando a um nível de qualificação e capacitação

que alavancaram de forma considerável de negócios.

No caso da logística reversa, verifica-se que diante das ações que visam

a preservação do meio ambiente, visando o desenvolvimento sustentável, o

planejamento eficiente da mesma tornou-se fundamental não só para as

empresas, mas também para a sociedade como um todo. Somando-se a isto o

fator competitividade também contribuiu bastante para a valorização da

logística reversa. As empresas hoje procuram estratégias que proporcionem

um valor superior do produto aos olhos do cliente.

Como exemplo de relevância da logística reversa no Brasil reciclou-se

no ano de 2000 cerca de 7,4 bilhões de latas de alumínio, que representa 111

mil toneladas.

Diante do exposto conclui-se que o sucesso de uma Empresa não se

baseia somente em um "bom" produto, temos então a importância estratégica

da logística empresarial. A qualidade que no passado constituiu um

instrumento de competitividade é hoje um pressuposto necessário.

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BIBLIOGRAFIA

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Materiais - IMAM, 1989.

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1993.