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UNIVERISDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOBIOLOGIA Depressão experimental induzida pela administração única e repetida dexametasona em camundongos: ferramenta para estudo do potencial antidepressivo de antagonistas NOP Ingrid Brasilino Montenegro Bento de Souza Natal (RN) Dezembro de 2018

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UNIVERISDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOBIOLOGIA

Depressão experimental induzida pela administração única e repetida

dexametasona em camundongos: ferramenta para estudo do potencial

antidepressivo de antagonistas NOP

Ingrid Brasilino Montenegro Bento de Souza

Natal (RN)

Dezembro de 2018

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Ingrid Brasilino Montenegro Bento de Souza

Depressão experimental induzida pela administração única e repetida

dexametasona em camundongos: ferramenta para estudo do potencial

antidepressivo de antagonistas NOP

Tese submetida ao Programa de Pós-Graduação em

Psicobiologia na Universidade Federal do Rio

Grande do Norte em defesa do grau de Doutor em

Psicobiologia, sob a orientação da Profa. Dra. Elaine

Cristina Gavioli

Natal (RN)

Dezembro de 2018

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Leopoldo Nelson - ­Centro de Biociências - CB

Souza, Ingrid Brasilino Montenegro Bento de.

Depressão experimental induzida pela administração única e repetida dexametasona em camundongos: ferramenta para estudo do

potencial antidepressivo de antagonistas NOP / Ingrid Brasilino

Montenegro Bento de Souza. - Natal, 2018.

126 f.: il.

Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Centro de Biociências. Programa de Pós-Graduação em Psicobiologia.

Orientadora: Profa. Dra. Elaine Cristina Gavioli.

1. Dexametasona - Tese. 2. Receptor glicocorticoide - Tese.

3. Depressão maior - Tese. 4. Modelo animal - Tese. 5. Nociceptina/orfanina FQ - Tese. I. Gavioli, Elaine Cristina. II.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/BSE-CB CDU 616.89-008.454

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Título: Depressão experimental induzida pela administração única e repetida

dexametasona em camundongos: ferramenta para estudo do potencial antidepressivo de

antagonistas NOP

Autor: Ingrid Brasilino Montenegro Bento de Souza

Data da defesa: 14/12/2018

Banca Examinadora

____________________________________________________________

Prof. Dr. Flávio Freitas Barbosa, UFPB

Examinador externo à Instituição

____________________________________________________________

Dra. Ìris Ucella de Medeiro, EBSERH

Examinador externo à Instituição

____________________________________________________________

Profa. Dra. Vanessa de Paula Soares Rachetti UFRN

Examinador externo ao programa

____________________________________________________________

Profa. Dra. Rovenna Clara Galvão Januário Engelberth, UFRN

Examinador Interno

____________________________________________________________

Profa. Dra. Elaine Cristina Gavioli

Presidente da Banca

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“A noite fria me ensinou a amar mais o

meu dia e pela dor eu descobri o poder da

alegria e a certeza de que tenho coisas

novas, coisas novas pra dizer”

- Antônio Carlos Belchior

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Meu esforço e coragem foram imprescindíveis para

caminhar e por meio desse trabalho, vi, realmente,

que é possível semear flores em solos pedregosos.

Essa é a semeadura feita por todos aqueles

acometidos de depressão. Assim, dedico este

trabalho à todas as pessoas que sofrem ou sofreram

deste mal, na pessoa de Marie Françoise Thérèse

Martin (in memoriam), que me ajudou a caminhar,

principalmente, nos momentos finais e, acima de

tudo, me ensinou a importância de olhar com

cuidado, sorriso e amor para esses. E à minha

família, a de berço e a futura a se formar.

Meu mais carinhoso obrigada!

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Agradecimentos

Defendi o mestrado enxergando no doutorado mais uma linha de partida. Era um grande

sonho. A vontade de ensinar me move desde os oito anos, nessa época dizia que ao

crescer queria ser aquela professora que nos ensina, ainda muito cedo, a ler e escrever.

É verdade que nessa estrada acadêmica subi degraus importantíssimos da minha vida,

profissional e pessoal. Aquela “stairway to haven” que se iniciou aos 18 anos, quando

entrei no universo encantador da pesquisa, 10 anos depois, mostra que ainda há tantos

outros a subir. Minha paixão como Psicóloga pelas Neurociências me trouxe até aqui,

depois de seguir sem pausa entre a graduação, o mestrado e o doutorado cheguei na

Psicobiologia ansiosa pelo novo e pela riqueza de oportunidades. Era o sonho de crescer

se tornando ainda mais real. Dessa vez, atingi uma meta como pesquisadora, difícil

quando estamos no começo e desafiadora quando estamos no caminho do

amadurecimento científico: trabalhar com um projeto que se ama. Foi um verdadeiro

filho, guardado seus devidos amores e trabalhos. Gerar conhecimento na área da

depressão foi, para mim, o melhor que eu poderia fazer dentro desse universo. E o que

devo sempre fazer. Hoje tornou-se uma missão levantar essa bandeira. Ao final da época

mais desafiadora que tive até hoje, por tudo que passei e poucos sabem, entendo “que

alegria e dor andam juntas em mim, mas o que conta é o amor”. O amor de montar o

quebra-cabeça da vida, como costumo dizer e, para figura final ser formada, muitas

peças têm seus papéis, às quais, agradeço:

À Deus, que soube me cuidar e me amar até quando não cuidei das coisas dEle. À minha

primeira mãe, Maria, que acolheu cada pedido e cada choro de desespero quando os

experimentos davam errado e quando eu me via sozinha e sem chão;

Aos meus pais,Glória e Guilherme, que mesmo sem aceitar souberam olhar meus sonhos

e minhas conquistas com sentimento de orgulho. Minhas ausências me tornaram melhor,

pessoal e profissionalmente, e vocês foram fundamentais para eu voar até onde já voei.

Nenhuma palavra de gratidão conteria a imensidão contida em meu coração por tudo

que você já fez por mim, Mainha, que um dia eu consiga retribuir. À minha irmã,

Mylenna, que tanto me incentiva a ser melhor para que eu podesse ser exemplo e soube,

da maneira mais chata e amável possível, ser companheira de momentos de

procrastinação em casa. E ao meu irmão, Guilherme, por dividir comigo o gosto pela

ciência e pela dúvida. Vocês aguentaram os meus piores e melhores momentos, sempre

ao meu lado;

À Mario, que hoje é minha família em formação, que chegou no meio dessa jornada e no

momento em que mais precisei veio ser apoio, carinho, incentivo, amizade e assumiu a

vocação de me amar, tendo mais orgulho do que eu em cada conquista minha, paciência

em cada final de semana que eu estava no laboratório e cumplicidade em todas as vezes

que se dispôs a viajar junto comigo para Natal e me acompanhar nessa aventura de altos

e baixos que é o período final do doutorado. Obrigada por TUDO, meu amor!

À toda minha família que me apoia e que torce por mim. Em especial: à minha avó,

Lourdes, que nunca mediu esforços, em todos os níveis, para me ver crescer. À Fafá e

Rocha, meus exemplos de humanidade, com quem eu cresci aprendendo a ver a vida pelo

olhar do amor e da responsabilidade. À Tia Graça, que foi um incentivo desde o primeiro

dia da minha graduação, como tia-professora-doutora foi um espelho em todos os

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momentos acadêmicos. À Tia Elita que cuidou, como madrinha, do meu lado espiritual

em cada oração;

À professora Dra. Elaine Gavioli, por todo o carinho e acolhimento, sem nem me

conhecer, por apostar e confiar a mim um novo projeto e por cada palavra de incentivo

na forma de conduzir seu trabalho;

Ao professor Dr. Flávio Freitas Barbosa, não só por aceitar o convite para contribuir

em mais um momento especial da minha vida, como também por toda a dedicação como

orientador que já foi, por cada xícara de café que dividimos, pelo que foi construído no trabalho diário e, principalmente, por ter sido um catalizador nesse final de doutorado,

mais uma vez, um obrigada, da sua primeira aluna;

À Dra. Íris Ucella de Medeiros, que me viu chegar em Natal, deu junto comigo os

primeiros passos para essa pesquisa, dividiu os gostos musicais, partilhou ideias e

bandas novas, algumas noites de vinho em sua casa, sendo uma das poucas amizades

nesse período de doutorado e que hoje aceitou contribuir, novamente, na construção

desse trabalho ao participar da banca;

Às professoras Dra. Rovena Clara Galvão Januário Engelberth e Dra. Vanessa de

Paula Soares Rachetti, pela disponibilidade de troca de conhecimento, seja em

conversas no corredor da Psicobiologia ou construindo esse momento de defesa, ao

aceitarem de maneira tão atenciosa contribuir e enriquecer meu trabalho, muito

obrigada;

Ao Laboratório de Farmacologia Comportamental (Farmacolab). Foi uma imensa

alegria dividir com vocês essa jornada tão difícil. Seja nas partilhas de conhecimento

durante as reuniões de laboratório ou nos experimentos. Inicialmente, de forma especial,

à Dra. Laila Asth, que além do auxílio dividiu muitas conversas, doces e conhecimento.

Fernanda, Clarissa, Victor, Epifânio e Wilton, obrigada por todo o conhecimento

dividido. Mais diretamente, não poderia deixar de agradecer as meninas que

arregaçaram as mangas comigo nos experimentos, nos melhores e piores momentos

experimentais, dando força, alegria e motivação todos os dias, muitas vezes de domingo

a domingo. Layse e Pâmella, vocês foram peças fundamentais, muito obrigada;

O período em Natal me fez conviver com várias pessoas legais que também dividiam seus

perrengues experimentais e de comigo. Agradeço a todos os colegas da Psicobiologia,

em especial ao pessoal do Laboratório de Estudos Neuroquímicos (LENq-UFRN) que

mais diretamente estive presente na minha vida nas conversas na sala dos alunos ou nos

experimentos. Em especial, a acolhida e amizade da Dra. Priscila Macedo Tavares, que

me deu exemplo de força nessa reta final e que dividia comigo as angústias todas as vezes

que eu chegava em casa após um dia de laboratório. Obrigada pela partilha, Pri.

Aos amigos que eu escolhi para semear meu caminho e que hoje são flores, em suas

diversas espécies, perfumando e enfeitando, cada qual a seu modo, os meus dias;

Aos que não acreditaram em mim e aos que perdi pelo caminho porque me ensinaram

que as perdas, na grande maioria das vezes, são ganhos maiores;

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À Comunidade Filhos da Misericórdia (CFM), que foi meu ponto de apoio, local onde

eu descanso em Deus e deixo, em cada serviço, o peso das batalhas diárias, o que me deu

a oportunidade de crescer, pessoal e espiritualmente;

Aos camundongos que todos os dias doam suas vidas pela iniciativa científica,

principalmente aos que embarcaram comigo em busca de suas memórias episódicas;

À Universidade Federal do Rio Grande do Norte e ao Programa de Pós-Graduação em

Psicobiologia,pela oportunidade e crescimento, bem como aos docentes do programa

pela partilha de conhecimento nas disciplinas. À CAPES, pelo incentivo financeiro que me proporcionou a maravilhosa experiência de ter tempo e dedicação integral ao meu

mestrado, isso fez toda diferença no meu aprendizado.

“Se não está em suas mãos mudar uma situação que te causa dor, sempre poderá

escolher a atitude com que encara esse sofrimento”

- Viktor Frankl

“A Fé e a razão são duas asas que me levam para o céu” – São João Paulo II

“O que faz a estrada andar? É o sonho. Enquanto a gente sonhar a estrada

permanecerá viva” - Mia Couto

Que venha mais um sonho!!!

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Resumo

A depressão maior pode ser desencadeada por eventos estressantes que desregulam a

resposta do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA), promovendo em algumas

circunstâncias elevação sustentada dos níveis de glicocorticoides circulantes. A

hipersecreção de glicocorticoides pode alterar a funcionalidade receptores de

glicocorticoides (rG) no sistema nervoso central, principalmente quanto ao eixo HHA e

o hipocampo, gerando anormalidades comportamentais que são observadas em pacientes

depressivos. Evidências clínicas e pré-clínicas sugerem efeito antidepressivo decorrente

do bloqueio do receptor NOP. Neste sentido, o presente estudo teve como objetivo

investigar os efeitos comportamentais da administração única e repetida de dexametasona

em camundongos e do antagonista do receptor NOP, SB-612111, neste modelo

experimental. Para isso, foram utilizados camundongos Swiss machos e fêmeas. O

comportamento do tipo depressivo foi avaliado através do teste de suspensão pela cauda

(TSC), do splash test e do teste de interação social, além disso, a atividade locomotora

espontânea dos camundongos foi mensurada no campo aberto. A dexametasona (64

µg/kg, sc) de forma única elevou o tempo de imobilidade no TSC, a latência para a

autolimpeza no splash test e reduziu a frequência de interações com um animal

desconhecido. O tratamento com os antidepressivos nortriptilina e venlafaxina (mbos 30

mg/kg, ip) reverteu a maior parte destes comportamentos, a exceção da interação social.

Ainda, a dexametasona administrada agudamente não afetou a lomocoção espontânea dos

animais, porém a administração única de nortriptilina e venlafaxina reduziu

significativamente a distância total percorrida, principalmente em machos.

Adicionalmente, o tratamento com o antagonista NOP reverteu o comportamento do tipo

depressivo causado pela administração aguda de dexametasona no TSC e reduziu a

latência para autolimpeza no splash test, sem alterar a locomoção dos camundongos. Para

o protocolo repetido, a dexametasona (16 µg/kg, sc) foi administrada durante 14 dias e o

comportamento mensuradouma vez na semana. Nos sete primeiros dias de administração

de dexametasona, foi observada a elevação da imobilidade no TSC e o aumento de

latência no splash test, sem alterar a locomoção no campo aberto. O tratamento com

imipramina (nos últimos 7 dias, 20 mg/kg, ip) reverteu o aumento da imobilidade no TSC

e o aumento da latência para autolimpeza no splash test indyuzido pela dexametasona.

Em conclusão, os dados sugerem que a dexametasona em administração aguda e repetida

induz efeito do tipo depressivo que é revertido pelos antidepressivos convencionais e pelo

bloqueio do receptor NOP (agudamente). Esses achados contribuem para adicionar novas

evidências sobre um modelo neuroendócrino de depressão capaz de ser realizado em

camundongos de ambos os sexos. Em última análise, nossos dados reforçam o crescente

corpo de informações sobre o potencial terapêutico dos antagonistas do NOP no

tratamento da depressão.

Palavras-chave: Dexametasona, Receptor glicocorticoide, Depressão maior, Modelo

animal, Nociceptina/orfanina FQ.

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Abstract

Major depression can be triggered by stressful events which deregulate the hypothalamic-

pituitary-adrenal axis (HPA) response, thus promoting in some circumstances sustained

elevation of circulating glucocorticoid levels. Hypersecretion of glucocorticoids may alter

the functionality of glucocorticoid (rG) receptors at the central nervous system, mainly at

the HPA axis and hippocampus, causing behavioral abnormalities in depressive patients.

Clinical and preclinical findings suggest antidepressant effects due to the blockade of the

NOP receptor signaling. This study aimed to investigate the behavioral actions of acute

and chronic administration of dexamethasone in mice and the effects of the NOP receptor

antagonist, SB-612111, in this experimental model. Male and female Swiss mice were

used to develop this study. The depressive-like behavior of mice was evaluated in the tail

suspension test (TST), splash test and social interaction test. In addition, mouse

spontaneous locomotor activity was assessed in the open field test. Dexamethasone (64

μg/kg, sc) induced depressive-like behavior in mice of both sexes, by increasing the

immobility time in the TST, self-cleaning latency in the splash test, and reducing the

frequency of interactions with an unknown animal in the social interaction test. Treatment

with the antidepressants nortriptyline and venlafaxine (both 30 mg/kg, ip) reversed most

of these behaviors, except for reduced social interaction. Dexamethasone acutely

administered did not affect mouse spontaneous locomotion. However, nortriptyline and

venlafaxine significantly reduced the total distance moved mainly in male mice. The

treatment with the NOP antagonist reversed the depressive-like behavior of acute

dexamethasone in the TST and reduced the latency for self-cleaning in the splash test,

without affecting spontaneous locomotion in male mice. Additionally, dexamethasone

(16 μg/kg, sc) was administered for 14 days and mouse behaviors were measured once a

week. In the first seven days, the repeated administration of dexamethasone increased

immobility time in the TST, and the latency to self-cleaning in the splash test, without

altering the spontaneous locomotion. After 14 days of dexamethasone administration, the

repeated administration of imipramine (during the last 7 days, 20 mg/kg, ip) reversed the

increase in the immobility time in the TST and the elevation in the latency to self-cleaning

in the splash test. In conclusion, acute and repeated administration of dexamethasone

induces depressive-like effects which were reversed by classical antidepressants and NOP

antagonist (acutely). These findings contribute to adding new evidence for a

neuroendocrine model of depression able to be performed in mice of both sexes.

Ultimately, our data reinforce the growing body of information about the therapeutic

potential of NOP antagonists in the treatment of depression.

Key words: Dexamethasone, Glucocorticoid receptors, Major Depression, Animal

model, Nociceptin/Orphanin FQ.

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Lista de Figuras

Figura 1: Representação esquemática da ativação normal do eixo HHA após estímulo

estressor agudo com prejuízo na resposta de feedback negativo. ..................... ......26

Figura 2:Representação das respostas intracelulares após a ativação do receptor NOP

(Esquema de adaptado de Molinari, 2012).............................................................. 38

Figura 3. Gaiolas utilizadas para realização do teste de borrifada da sacarose. ............. 48

Figura 4. Aparato de campo aberto utilizado para avaliação da atividade locomotora e da

interação social. ....................................................................................................... 50

Figura 5. Desenho experimental para avaliação do efeito agudo e repetido da

dexametasona, caracterizando grupos, tratamentos e testes comportamentais para

camundongos machos e fêmeas. ............................................................................. 50

Figura 6. Padronização do protocolo de indução de depressão pela administração única

da dexametasona em camundongos machos e fêmeas, baseado em Wróbel et al

(2014;2015), acompanhado dos ensaios comportamentais para comportamento tipo

depressivo, avaliação da atividade locomotora, comportamento de autolimpeza e da

interação social. ....................................................................................................... 52

Figura 7. Protocolo de avaliação do efeito antidepressivo da Nortriptilina e Venlafaxina

após indução da depressão pelo protocolo de administração única de dexametasona

em camundongos machos e fêmeas, acompanhado dos ensaios comportamentais para

comportamento tipo depressivo, avaliação da atividade locomotora, comportamento

de autolimpeza e da interação social. ...................................................................... 53

Figura 8. Avaliação do efeito do antagonista NOP, SB-612111, no protocolo agudo da

indução da depressão experimental por dexametasona em camundongos machos,

acompanhado dos ensaios comportamentais para comportamento tipo depressivo,

avaliação da atividade locomotora e do comportamento de autolimpeza. .............. 54

Figura 9. Protocolo de avaliação do efeito antidepressivo da imipramina após indução da

depressão pelo protocolo de administração repetida de dexametasona em

camundongos machos, acompanhado dos ensaios comportamentais para

comportamento tipo depressivo, avaliação da atividade locomotora e comportamento

de autolimpeza......................................................................................................... 55

Figura 10.Esquemas de avaliação comportamental do efeito agudo de dexametasona na

dose de 64µg/kgnos testes de Suspensão pela cauda (A), Campo Aberto (B), Splash

Test (C) e Interação Social (D). .............................................................................. 56

Figura 11. Esquemas de avaliação do efeito antidepressivo da nortriptilina e venlafaxina

após indução de depressão por administração única de dexametasona na dose de

64µg/kg nos testes de Suspensão pela cauda (A), Campo Aberto (B), Splash Test (C)

e Interação Social (D). ............................................................................................. 57

Figura 12.Esquemas de avaliação do efeito do antagonista NOP (SB-612111) após

indução de depressão por administração única de dexametasona na dose de 64µg/kg

nos testes de Suspensão pela cauda (A), Campo Aberto (B) e Splash Test (C)...... 58

Figura 13. Esquema de avaliação do efeito antidepressivo da imipraminaapós indução de

depressão por administração repetida dedexametasona, após 7 e 14 dias de

administração, nos testes de Suspensão pela cauda (A), Campo Aberto (B) e Splash

Test (C). ................................................................................................................... 59

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Figura 14. Efeito da administração única de Dexametasona (64 µg /kg, s.c.) na

imobilidade de camundongos machos (A) e fêmeas (B) por condição de tempo (4

horas, 24 horas e 7 dias)... ...................................................................................... 63

Figura 15. Avaliação da locomoção em campo aberto após administração única de

dexametasona (64 µg/kg, s.c.) em camundongos machos (A) e fêmeas (B) por

condição de tempo (4 horas, 24 horas e 7 dias) ..................................................... 64

Figura 16. Efeito da administração única de dexametasona (64 µg/kg, s.c.) na motivação

à autolimpeza de camundongos machos e fêmeas quanto à latência (A e B) e a

duração do tempo de autolimpeza (C e D). ............................................................. 67

Figura 17. Efeito da administração única de Dexametasona (64 µg/kg, s.c.) na interação

social de camundongos machos (A) e fêmeas (B) para os parâmetros de tempo total

de interação (A1 e B1), comportamento de seguir (A2 e B2) e comportamento de

evitação (A3 e B3)................................................................................................... 69

Figura 18. Efeito da nortriptilina no tempo de imobilidade no TSC após administração

única de dexametasona (64 µg/kg, s.c.) em camundongos machos (A) e fêmeas (B).

................................................................................................................................. 71

Figura 19. Efeito da nortriptilina na distância total percorrida no campo aberto após

administração única de dexametasona (64 µg/kg, s.c.) em camundongos machos (A)

e fêmeas (B).. .......................................................................................................... 71

Figura 20. Efeito da venlafaxina na latência para autolimpeza (A) e tempo de auto-

limpeza (B) após administração única de dexametasona (64 µg/kg, s.c.) em

camundongos machos submetidos ao Splash test. .................................................. 72

Figura 21. Efeito da venlafaxina no tempo de imobilidade no TSC após administração

única de dexametasona (64 µg/kg, s.c.) em camundongos machos (A) e fêmeas (B).

................................................................................................................................. 73

Figura 22. Efeito da venlafaxina na distância total percorrida no campo aberto após

administração única de dexametasona (64 µg/kg, s.c.) em camundongos machos (A)

e fêmeas (B). ........................................................................................................... 74

Figura 23. Efeito da venlafaxina na latência para autolimpeza (A) e tempo de auto-

limpeza (B) após administração única de dexametasona (64 µg/kg, s.c.) em

camundongos machos submetidos ao Splash test. .................................................. 75

Figura 24. Efeito da venlafaxina após da administração única de dexametasona (64

µg/kg, s.c.) na interação social de camundongos machos (A) e fêmeas (B) para os

parâmetros de tempo total de interação (A1 e B1), comportamento de seguir (A2 e

B2) e comportamento de evitação (A3 e B3). ......................................................... 76

Figura 25. Efeito do SB-612111 no tempo de imobilidade no TSC após administração

única de dexametasona (64 µg/kg, s.c.) em camundongos machos. ....................... 79

Figura 26. Análise do efeito do SB-612111 na locomoção através distância total

percorrida em campo aberto após administração única de dexametasona (64 µg/kg,

s.c.) em camundongos machos. ............................................................................... 80

Figura 27. Efeito do SB612111 na latência para autolimpeza no Splash Test após

administração única de dexametasona (64 µg/kg, s.c.) em camundongos machos. 80

Figura 28. Efeito administração repetida por 7 dias com dexametasona (16 µg/kg, s.c.)

no tempo de imobilidade no TSC, distância total percorrida e latência para auto

limpeza em camundongos machos. ......................................................................... 82

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Figura 29. Efeito da imipramina no tempo de imobilidade no TSC, distância total

percorrida no Campo Aberto e latência para autolimpeza no Splash test, após

administração repetida de dexametasona (16 µg/kg, s.c.) em camundongos machos.

................................................................................................................................. 84

Figura 30. Porcentagem de camundongos fêmeas detectadas para cada fase do ciclo estral

tratadas com Veículo ou Dexametasona imediatamente após serem expostos ao TSC

e Campo Aberto nos intervalos de 4 horas, 24 horas e 7 dias após a administração

única de dexametasona. ......................................................................................... 123

Figura 31. Porcentagem de camundongos fêmeas detectadas para cada fase do ciclo estral

tratadas com Veículo ou Dexametasona imediatamente após serem expostas ao

Splash Test, no intervalo de 4 horas após a administração da Dexametasona ...... 123

Figura 32. Porcentagem de camundongos fêmeas detectadas para cada fase do ciclo estral

tratadas com Veículo ou Dexametasona imediatamente após serem expostas ao Teste

de Interação Social, no intervalo de 4 horas após a administração da Dexametasona

............................................................................................................................... 124

Figura 33. Porcentagem de camundongos fêmeas detectadas para cada fase do ciclo estral

tratadas com Veículo ou Dexametasona (s.c) e posteriormente tratadas com Veículo

ou Antidepressivo (Nortriptilina ou Venlafaxina, i.p.) imediatamente após serem

expostos ao TSC e Campo Aberto. ....................................................................... 124

Figura 34. Porcentagem de camundongos fêmeas detectadas para cada fase do ciclo estral

tratadas com Veículo ou Dexametasona (s.c) e posteriormente tratadas com Veículo

ou Venlafaxina (i.p.) imediatamente após serem expostos ao Splash Test. .......... 125

Figura 35. Porcentagem de camundongos fêmeas detectadas para cada fase do ciclo estral

tratadas com Veículo ou Dexametasona (s.c) e posteriormente tratadas com Veículo

ou Venlafaxina imediatamente após serem expostos ao Teste de Interação Social.

............................................................................................................................... 125

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Lista de Tabela

Tabela 1.Estatísticas descritivas dos grupos dexametasona e veículo no teste TSC nos

diferentes intervalos de tempo................................................................................. 65

Tabela 2.Estatísticas descritivas dos grupos experimental e controle no Splash test. ... 67

Tabela 3. Estatísticas descritivas dos camundongos machos e fêmeas dos grupos

dexametasona e veículo no TSC em animais tratados com nortriptilina. ............... 76

Tabela 4. Estatísticas descritivas dos camundongos machos e fêmeas dos grupos

experimental e controle no TSC em animais tratados com venlafaxina. ................ 77

Tabela 5. Estatísticas descritivas dos grupos experimental e controle no Splash test em

animais tratados com venlafaxina. .......................................................................... 78

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Lista de abreviaturas

5-HT Serotonina

ANOVA Análise De Variância

AVP Vasopressina

ACTH

APA

AMPc

ADT

Hormônio Adrenocorticotrófico

Associação Americana de Psicologia

Monofosfato cíclico de adenosina

Antidepressivo Tricíclico

BNDF

CEUA

Fator Neurotrófico Derivado Do Cérebro

Comitê de ética em uso de animais

CREB Proteína De Ligação Ao Elemento De Resposta Do AMPcíclico

CRF Fator Liberador De Corticotrofina

DA

DM

DSM-V

EUA

FSH

GABA

Dopamina

Depressão Maior

Manual de Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais – V

Estados Unidos da América

Hormônio Folículo Estimulante

Ácido gama-aminobutírico

HHA Eixo Hipotálamo Hipófise Adrenal

IMAOS

IL-1

IL-6

Inibidores Da Monoamino Oxidase

Interleucina 1

Interleicina 6

ISRS Inibidores Seletivos De Recaptação De Serotonina

IRSN Inibidores De Recaptação De Serotonina E Noradrenalina

IP

LCR

LPS

MANOVA

Intraperitoneal

Líquido cefalorraquidiano

Lipopolissacarídeo

Análise Multivariada da Variância

NA

NaCl

Noradrenalina

Salina

NET

NTP

NGF

Transportador De Receptação De Noradrenalina

Nortriptilina

Fator de crescimento nervoso

NPV Núcleo Paraventricular Do Hipotálamo

N/OFQ

OMS

Nociceptina/Orfanina Fq

Organização Mundial de Saúde

RG Receptores Glicocorticoides

RM Receptores Mineralocorticoides

SNC

SNP

Sistema Nervoso Central

Sistema Nervoso Periférico

SC Subcutânea

SERT Transportador De Receptação De Serotonina

TDM Transtorno Depressivo Maior

TNF

TNF-α

Teste De Natação Forçada

Fator de necrose tumoral-alfa

TSC

VLF

Teste De Suspensão Pela Cauda

Venlafaxina

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Sumário

1. Introdução ................................................................................................................... 19

1.1 Transtorno depressivo maior: diagnóstico e epidemiologia ................................. 19

1.2 Neurobiologia do Transtorno Depressivo Maior .................................................. 21

1.3 Como estudar o transtorno depressivo maior em animais? .................................. 28

1.4 Tratamento farmacológico do transtorno depressivo maior ................................. 34

1.5 Sistema nociceptina/orfanina FQ – receptor NOP ................................................ 37

1.6 Antagonistas do receptor NOP no tratamento da depressão ................................. 39

2. Objetivos ..................................................................................................................... 43

2.1 Objetivo geral........................................................................................................ 43

2.2 Objetivos específicos ............................................................................................ 43

3. Materiais e métodos .................................................................................................... 44

3.1 Animais ................................................................................................................. 44

3.2 Análise do ciclo estral das fêmeas ........................................................................ 44

3.3 Drogas e tratamentos............................................................................................. 45

3.4 Ensaios comportamentais...................................................................................... 46

3.5 Avaliação do comportamento tipo depressivo ...................................................... 47

3.5.1 Teste da Suspensão pela Cauda (TSC) ........................................................... 47

3.5.2 Splash test ou Teste de Borrifada da Sacarose (TBS) .................................... 47

3.6 Avaliação da atividade locomotora ....................................................................... 48

3.6.1 Campo aberto ................................................................................................. 48

3.7 Avaliação da interação social ................................................................................... 49

3.7.1 Teste de interação social ................................................................................ 49

4. Delineamento experimental ........................................................................................ 51

4.1 Etapa I ................................................................................................................... 51

4.1.1 Indução da depressão experimental por administração única de dexametasona

em camundongos machos e fêmeas ........................................................................ 51

4.1.2 Avaliação do efeito antidepressivo da nortriptilina e venlafaxina na depressão

experimental induzida por dexametasona em camundongos machos e fêmeas ...... 52

4.1.3 Avaliação do potencial terapêutico do antagonista do receptor NOP, SB-

612111, na depressão experimental induzida por dexametasona em camundongos

machos ..................................................................................................................... 53

4.2 Etapa II ..................................................................................................................... 54

4.2.1 Avaliação do efeito antidepressivo da imipramina no protocolo de indução da

depressão experimental por administração repetida de dexametasona em

camundongos machos ............................................................................................. 54

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5. Procedimentos estatísticos....................................................................................... 60

5.1 Medidas comportamentais .................................................................................... 60

6. Resultados ............................................................................................................... 63

6.1 Protocolo de administração única de Dexametasona ............................................ 63

6.1.1 Indução de depressão experimental por administração de Dexametasona em

camundongos machos e fêmeas .............................................................................. 63

6.1.2 Avaliação do efeito antidepressivo após tratamento com nortiptilina e

venlafaxina na depressão experimental induzida por dexametasona em

camundongos machos e fêmeas .............................................................................. 70

6.1.3 Análise do ciclo estral das fêmeas ............................................................ 78

6.1.4 Avaliação do potencial terapêutico do antagonista do receptor NOP, SB-

612111, na depressão experimental induzida por dexametasona em camundongos

machos e fêmeas...................................................................................................... 79

6.2 Etapa II ............................................................................................................. 81

6.2.1 Avaliação do efeito antidepressivo da imipramina no protocolo de indução da

depressão experimental por administração repetida de dexametasona em

camundongos machos ............................................................................................. 81

7. Discussão ................................................................................................................. 85

8. Conclusão .............................................................................................................. 101

9. Perspectivas ........................................................................................................... 104

10. Referências Bibliográficas ................................................................................. 107

11. ANEXOS ........................................................................................................... 122

11.1 ANEXO I - Certidão do comitê de ética .......................................................... 122

11.2 ANEXO II - Análise do ciclo estral das fêmeas ............................................... 123

Etapa I - Indução da depressão experimental por administração de Dexametasona

em camundongos machos e fêmeas........................................................................... 123

Etapa II - Avaliação do efeito antidepressivo da Nortiptilina e da Venlafaxina na

depressão experimental induzida por Dexametasona em camundongos machos e

fêmeas ....................................................................................................................... 124

11.3 ANEXO II – Artigo submetido ............................................................................ 126

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1. Introdução

1.1 Transtorno depressivo maior: diagnóstico e epidemiologia

Alterações recorrentes no estado afetivo e no humor, seja elevação, depressão ou

ambas alternadamente, são características clássicas dos Transtornos de Humor, como os

Transtornos Bipolares, a Distimia, a Ciclotimia e a Depressão Maior (APA, 2013).

Também conhecida como Depressão Unipolar, a Depressão Maior (DM) é um transtorno

neuropsiquiátrico debilitante capaz de causar prejuízos afetivos, cognitivos e emocionais,

afetando de forma negativa a qualidade de vida dos pacientes (de Souza et al., 2014;

Haase & Brown, 2015; Post & Warden, 2018).

O Transtorno Depressivo Maior (TDM) manifesta uma diferente combinação de

sintomas e, atualmente, o Manual de Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais em

sua quinta edição (DSM-V) classifica vários critérios sintomáticos do transtorno. De

acordo com o DSM-V (APA, 2013), o humor deprimido e a perda de interesse ou a

incapacidade de sentir prazer em quase todas as atividades diárias, que antes eram

prazerosas, são as principais características observadas em um episódio depressivo, no

período mínimo de duas semanas, com ausência de quadros de mania ou hipomania. Além

do humor deprimido e da anedonia já citados, há uma ampla gama de sintomas dentro do

espectro do quadro depressivo, como mudança no peso e apetite, desregulação do sono e

da motricidade, dificuldade de concentração, fadiga, sensibilidade à rejeição social,

sentimento de culpa e ideação suicida (Krishnan & Nestler, 2008; Murphy & Peterson,

2015; Uher, Payne, Pavlova, & Perlis, 2014; Post & Warden, 2018; Lambert et al., 2018).

Mundialmente, a prevalência dos transtornos depressivos, ao longo da vida, é de

4,7% (Ferrari et al., 2013). Estudos epidemiológicos caracterizam o TDM como

responsável por 85% da carga global dos Transtornos de Humor, caracterizando a ampla

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magnitude de impacto desse transtorno para a população mundial, que chega a ser 3 vezes

mais prevalente do que a Distimia (Ferrari et al., 2010). Desde os anos 2000, a Depressão

é considerada a 3ª principal causa de carga global por apresentar alta prevalência,

incidência e remissão, além de altas taxas de morbidade e mortalidade (Üstün, Ayuso-

Mateos, Chatterji, Mathers, & Murray, 2004; Ferrari et al., 2013), acometendo

aproximadamente 300 milhões de pessoas. Os gastos anuais com esse transtorno são

alarmantes, chegando a 83 bilhões de dólares nos Estados Unidos da América (EUA) e

118 bilhões de euros na Europa (Silva et al., 2014). Assim, a Depressão é um problema

de saúde pública associada a um prejuízo funcional de caráter incapacitante (Kessler &

Bromet, 2013; Silva et al., 2014).

O quadro epidemiológico desse transtorno, que permite planejar e alocar

investimentos para melhor assistir à população, mostra que as características econômicas

e geográficas têm um importante papel no panorama global da Depressão, uma vez que a

prevalência não é similar em todos os cenários. Os índices indicam que pessoas que vivem

em desvantagem socioeconômica e privação social/material têm maior risco de

desenvolver um transtorno mental. Entretanto, as evidências correlacionais entre as

condições socioeconômicas e o desenvolvimento e a manutenção da Depressão ainda são

fracas (Richardson, Westley, Gariépy, Austin, & Nandi, 2015).

Há muito já se sabe que a Depressão é mais frequente no Ocidente do que no

Oriente (Weissman et al., 1996). No Brasil, dados apontam uma média de 7,8 milhões de

pessoas diagnosticadas, sendo 1 em cada 7 adultos acometido desse transtorno. É

importante observar que a maioria das pesquisas epidemiológicas nesse campo são feitas

nos EUA e as poucas feitas no Brasil ainda não caracterizam muito bem a população,

deixando a desejar principalmente nas regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste

(Richardson et al., 2015; Silva et al., 2014). Entretanto, de forma resumida, os estudos

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revelam que independente do país, idade ou classe social, a Depressão, e seus sintomas,

é três vezes mais prevalente em mulheres do que em homens, com uma porcentagem de

incidência de 10,9% na população feminina comparada à 3,9% na masculina (Kessler ,

Berglund, Demler, & et al, 2003; Seedat et al., 2009; Kessler & Bromet, 2013).

Além da alta incidência, o transtorno depressivo é caracteristicamente recorrente,

de curso crônico e, por vezes, considerado um transtorno progressivo (Maletic et al.,

2007; Haase & Brown, 2015). O conhecimento da sintomatologia depressiva surgiu em

400 a.C., quando Hipócrates descreveu a Melancolia como “uma afecção na qual o

espírito triste permanece sem razão, fixado em uma mesma ideia e constantemente

abatido” (Varga, 2013). Com desenvolvimento dos estudos, a depressão passou ser

descrita como um um fenômeno complexo e multifacetado, com diversas causas como as

vulnerabilidades genéticas, os fatores socioeconômicos e ambientais, as diferenças

sexuais, comorbidades crônicas e o estresse, caracterizam a etiopatogenia da doença

(Nestler, Gould, & Manji, 2002; Walsh et al., 2011). Entretanto, apesar dos avanços e do

contínuo estudo dos processos neurobiológicos desse transtorno, ainda não há um

completo entendimento dos mecanismos neurais que acarretam a depressão,

possivelmente pela ampla variedade de sintomas e pela falta de um marcador biológico

que gera maior dificuldade de modelar o estudo em laboratório (Czéh, Fuchs, Wiborg, &

Simon, 2016; Post & Warden, 2018).

1.2 Neurobiologia do Transtorno Depressivo Maior

A composição neuroquímica foi um dos primeiros aspectos a serem investigados

para o entendimentodas bases biológicas da depressão. A Teoria Monoaminérgica,

derivada de achados farmacológicos clínicos, baseia-se na hipótese de queo TDM resulta

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de uma deficiência funcional na disponibilidade de neurotransmissores

monoaminérgicos, principalmente serotonina (5-HT) e noradrenalina (NA) em áreas do

Sistema Nervoso Central (SNC) relacionadas ao controle do humor. A construção dessa

teoria foi baseada e sustentada por achados farmacológicos, como: (i) a descoberta que a

reserpina, fármaco anti-hipertensivo, que tem como mecanismo de ação a inibição do

armazenamento das monoaminas, e, assim, é capaz de gerar uma sintomatologia

depressiva em pacientes que antes do tratamento com reserpina não sofriam da

doença(Krishnan & Nestler, 2008); além disso, (ii) a observação de fármacos que

inicialmente não apresentavam fins psiquiátricos, como a imipramina e iproniazida

elevavam as concentrações sinápticas de monoaminas e geravam uma melhora dos

sintomas depressivos (Schildkraut, 1965; Castrén, 2005; Krishnan & Nestler,

2008;Ferrari & Villa, 2016).

Vários estudos mostraram que, embora a depleção de NA e 5-HT não caracterize

sintomas depressivos em indivíduos saudáveis, os pacientes que apresentaram remissão

dos sintomas eram vulneráveis à recaída na depleção dessas monoaminas e, essa depleção

foi correlacionada à redução do humor desses pacientes(Ruhé, Mason, & Schene, 2007;

F. Ferrari & Villa, 2016). Dessa forma, os achados indicam que as monoaminas NA e 5-

HT, de alguma forma, estão envolvidas na manutenção da resposta antidepressiva.

Há mais de 50 anos essa hipótese é sustentada, embora apresente algumas

limitações, como: (i) a necessidade de um tratamento ininterrupto e prolongado, de 2 a 3

semanas, para início do alívio dos sintomas, quando alterações monoaminérgicas já são

percebidas nos primeiros dias de uso (Hindmarch, 2001); (ii) a teoria monoaminérgica

não explica a amplitude de mudanças estruturais, macroscópicas e microscópicas, como

redução de volume hipocampal e de neurogênese, já relatadas em pacientes deprimidos;

além disso, (iii) não explica mudanças que ocorrem em outros sistemas de

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neurotransmissão (Czéh et al., 2016). Ferrari e Villa (2016), em uma revisão de estudos

descritos sobre essa teoria, resumem a ideia de que a NA e a 5-HT estão envolvidas na

resposta antidepressiva, mas não explicam por completo a fisiopatologia da depressão e

o mecanismo antidepressivo, sendo necessário que outros fatores patogênicos sejam

examinados.

Outros estudos lançam hipóteses sobre a etiologia do TDM relacionando-os ao

envolvimento de outros sistemas neurotransmissores, como o Ácido γ-aminobutírico

(GABA) (Luscher, Fuchs, & Kilpatrick, 2011), a neurotoxicidade exercida pelo

Glutamato (Sanacora, Treccani, & Popoli, 2012), e também neuropeptídios, incluindo o

hormônio liberador de corticotropina (CRH) (Lloyd & Nemeroff, 2011). Além disso,

desde a década de 90, as pesquisas direcionaram o olhar para anormalidades imunológicas

vistas em pacientes com TDM, que manifestavam aumento de citocinas pró-

inflamatórias, como o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), interleucina (IL) 1 e IL-6,

na periferia e no líquido cefalorraquidiano (LCR), exibindo quadros de inflamação

(Smith, 1991; Leonard, 2001; Maes, 2011; Moylan, Maes, Wray, & Berk, 2013). De fato,

os mecanismos moleculares pelos quais as citocinas podem afetar o comportamento são

múltiplas, incluindo influencias no metabolismo das funções da NA, 5-HT e DA e funções

neuroendócrinas e relacionadas à plasticidade e neurogênese (F. Ferrari & Villa, 2016;

Jeon & Kim, 2016).

Atualmente, muito se discute sobre o papel das predisposições genéticas,

disfunções neuroquímicas e suas interações com fatores ambientais, como o estresse,

apontando estes eventos traumáticos ou negativos como potentes fatores de risco para o

desenvolvimento do TDM(Duman, 2014; Duman, Aghajanian, Sanacora, & Krystal,

2016; Ferrari & Villa, 2016).

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O estresse é uma resposta inerente e não-específica do corpo às demandas

impostas, produzindo modificações na sua estrutura e composição química (Selye, 1936).

Após a Segunda Guerra Mundial, o conceito de estresse passou também a assumir uma

natureza psicológica, prioritariamente associada aos fatores cognitivos e emocionais que

permitem a interpretação da situação como estressora ou não, caracterizando um olhar

subjetivo pelas diferenças individuais (Lazarus, 1966). Atualmente, o estresse é visto

como uma composição dessas duas hipóteses, sendo um evento ou experiência que pode

ameaçar a capacidade do indivíduo de lidar ou se adaptar (Ferrari & Villa, 2016). A

resposta ao estresse, uma vez ativada e cessada, pode promover adaptação ou, caso seja

excessiva ou de forma desregulada, processos fisiopatológicos. Nessas duas condições, o

estímulo estressor evoca uma resposta ao estresse que envolve a liberação de hormônios

e outros mediadores celulares.

Fisiologicamente, as respostas às situações de estresse são bem caracterizadas.

Quando um estímulo é interpretado como estressor, o eixo Hipotálamo-Hipófise (ou

pituitária)-Adrenal (HHA) (Herman & Cullinan, 1997), que prepara o corpo para lidar

com o evento, é ativado e, uma vez que esse estímulo cessa ou diminui, restaura-se

funcionalmente a atividade do eixo HHA e se restabelece a homeostase. Esse processo

resulta em uma cascata de eventos do sistema endócrino que é essencial para a nossa

sobrevivência (McEwen & Sapolsky, 1995; McEwen, 1998, 2000; McEwen et al., 2015).

Descrevendo fisiologicamente, em condições fisiológicas, a regulação do eixo

HHA é feita pela secreção do CRH e vasopressina (AVP) no núcleo paraventricular do

hipotálamo (NPV) que, subsequentemente, estimula a secreção do hormônio

adrenocorticotrófico (ACTH). O ACTH, por sua vez, atinge a adrenal que estimula a

secreção dos “hormônios do estresse”, principalmente os glicocorticoides, a partir do

córtex da adrenal. Os glicocorticoides destacam-se por serem lipossolúveis e

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atravessarem facilmente a barreira hematoencefálica, atingindo e interagindo com regiões

cerebrais, por exemplo, áreas límbicas. Essa ação dos glicocorticoides regula a ativação

do eixo HHA, inibindo a liberação de CRH e ACTH, constituindo um sistema de feedback

negativo (Figura 1). Por sua vez, o feedback negativo acontece como resposta

neuroendócrina, inibindo a liberação de CRH e ACTH e, consequentemente, causando a

diminuição da liberação de glicocorticoides, limitando assim a duração da exposição dos

tecidos aos glicocorticoides, que podem tornar o eixo hiper-reativo (Carrasco & Van de

Kar, 2003; Maletic et al., 2007; Ferrari & Villa, 2016).

As respostas aos eventos estressantes quando não adaptativas podem influenciar

distúrbios metabólicos e sistêmicos, bem como disfunções em nível de SNC(Treccani et

al., 2014). A ativação prolongada do eixo HHAacarreta um sério risco de saúde, gerando

danos a nível cerebral causados pela hipercortisolemia,sendo os glicocorticoides vistos

como esse elo entre o estresse e o funcionamento cerebral, por gerarem alterações, como

o aumento da excitotoxicidade em neurônios piramidais no hipocampo (Jeon & Kim,

2016), imunossupressão, disfunções hormonais, perturbações do sono, prejuízos de

memória e/ou comportamento sexual diminuído, entre outros(McEwen & Sapolsky,

1995; McEwen, 1998, 2000; McEwen et al., 2015).Vale destacar que esses

comportamentos são similares aos descritos por pacientes com depressão. Alguns estudos

que observaram um aumento da atividade HHA em pacientes deprimidos destacaram que

(i) há aumento de CRF nas regiões límbicas, (ii) aumento de cortisol salivar, no plasma e

também na urina, além de (iii) um aumento na atividade e no tamanho da adrenal e da

hipófise(Nemeroff & Vale, 2005), alterações provavelmente causadas por disfunções no

controle inibitório de feedback por glicocorticoides endógenos(Herbert et al., 2006).

Dentro dessa população de pacientes, cerca de 85% sofreu algum evento estressante

anterior ao início do TDM (Parker, Schatzberg, & Lyons, 2003) e o início do TDM muitas

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vezes está correlacionado a eventos de vida estressantes e impactantes (Kessing, Agerbo,

& Mortensen, 2003). O desafio atual é tentar identificar o mecanismo pelo qual a

exposição ao estresse prolongado pode prejudicar a estrutura e função cerebral,

desencadeando um transtorno depressivo.

Figura 1: Representação esquemática da ativação normal do eixo HHA após estímulo estressor agudo

com prejuízo na resposta de feedback negativo.

Nesse campo, as pesquisas têm dado destaque ao papel dos “hormônios do

estresse”, que são vitais para organismo em situação estressanteúnica, mas que podem o

predispor a doenças, em condições estressoras prolongadas. Há muito já foi descrito que

metade dos pacientes depressivos apresentam hipercortisolemia que pode ser revertida

por tratamento com antidepressivos (Sachar & Baron, 1979; Holsboer, 2001a) e, é

crescente a hipótese vincula a disfunção no papel da homeostase e na elevação de

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glicocorticoides gerada pela perturbação do funcionamento do eixo HHA e do seu

feedback negativo junto ao hipocampo (Holsboer, 2001a; Anacker, Zunszain, Carvalho,

& Pariante, 2011; Zunszain, Anacker, Cattaneo, Carvalho, & Pariante, 2011; Zalachoras

et al., 2013).

O feedback negativo exercido no eixo HHA parece também depender da integridade

do hipocampo. Particularmente, muito já se sabe sobre o papel do hipocampo na

neurobiologia do transtorno depressivo (Belmaker & Agam, 2008; McEwen et al., 2015;

Ferrari & Villa, 2016), cabe ainda destacar que ele é susceptível à prejuízos causados pelo

estresse prolongado, como diminuição de espinhas dendríticas de neurônios piramidais

em CA3, diminuição de neurogênese e diminuição da expressão do RNAm para receptor

de glicocorticoide (Sterner & Kalynchuk, 2010; McEwen et al., 2015).

Em nível molecular, os glicocorticoides exercem seus efeitos principalmente

através da ativação de dois tipos de receptores: mineralocorticóide (rM) e glicocorticóides

(rG). Os rM e rG são expressos abundantemente no hipocampo. Os rM são ocupados com

concentrações basais de glicocorticoides, já os rG são ativados apenas com altas

concentrações de glicocorticoides, semelhante ao que ocorre em situações estressantes

(de Kloet, Karst, & Joëls, 2008; Yu, Holsboer, & Almeida, 2008).

Estudos já observaram que rM e rG ativam diferentes genes, cascatas

intermoleculares e ações opostas, levando-os a investigar os papéis específicos de cada

uma das sinalizações decorrentes desta ativação sobre o hipocampo (Yu et al., 2008;

Sterner & Kalynchuk, 2010a). De maneira geral, excesso de glicocorticoides aumenta

preferencialmente a ligação aos rG, o que desencadeia cascatas intracelulares,

aumentando a ativação de proteínas pró-apoptóticas, como Bax-BCL-XL e Bax-BCL-2,

desencadeando apoptose, redução de fatores neurotróficos, como o Fator Neurotrófico

Derivado do Cérebro (BDNF), diminuição da taxa de neurogênese e do tamanho/volume

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de estruturas centrais de destaque, como o hipocampo, disfunções análogas à quadros de

depressão maior. Ao contrário desta situação, caso os rM sejam ativados, suas cascatas

intermoleculares ativam proteínas que podem promover a sobrevivência neuronal (Yu et

al., 2008).

Já é muito bem caracterizado que transtornos depressivos e comprometimento da

plasticidade neural e resiliência celular estão associados, além disso, vários estudos já

mostraram que alterações nos processos ou no número de neurônios, atrofia dos neurônios

piramidais CA3 do hipocampo e diminuição da proliferação celular no giro dentado são

desencadeadas por processos depressivos, principalmente relacionados ao estresse.

Fatores neurotróficos como o BDNF e o fator de crescimento nervoso (NGF) são

negativamente regulados pela exposição ao estresse no giro dentado e nas camadas

celulares piramidais CA3 e CA1 (Smith, Makino, Kvetnansky, & Post, 1995), além disso,

contribui para atrofia neuronal em CA3 e diminuição da neurogênese. Entretanto, sabe-

se que o BDNF, por exemplo, é regulado positivamente pelo fator de transcrição CREB,

cuja expressão é estimulada por tratamentos antidepressivos que aumentam as

concentrações de NA e / ou 5-HT na fenda sináptica. Desse modo, podemos ver que a

multifatorialidade do TDM se destaca claramente na interação de todas as hipóteses que

buscam explicar sua neurobiologia (Maletic et al., 2007; Ferrari & Villa, 2016).

1.3 Como estudar o transtorno depressivo maior em animais?

A descoberta de novos fármacos antidepressivos bem como o entendimento da

fisiopatologia da depressão está associada ao uso de modelos animais que deem suporte

comportamental, genético e neurobiológico ao desenvolvimento de potenciais

terapêuticos, incluindo a identificação de proteínas em diferentes áreas cerebrais que

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possam servir como alvos para a criação de novos tratamentos antidepressivos.

Entretanto, a falta de modelos que mimetizem sintomas centrais da depressão, como

sentimento de inutilidade, ideação suicida e humor deprimido aparecem como uma

limitação desse desenvolvimento (Nestler et al., 2002; Krishnan & Nestler, 2008b, 2010;

Czéh et al., 2016).

Os modelos animais de transtornos psiquiátricos devem apresentar-se válidos para

medir os aspectos de construto e de face do transtorno, ou seja, mimetizar semelhanças

comportamentais e mecanismos neurobiológicos subjacentes ao transtorno, além da

validade preditiva, que é a capacidade do modelo de responder à intervenção terapêutica

observada em pacientes. Os modelos que melhor se adequam ao uso apresentam uma

combinação de validades, favorecendo a translação dos dados observados em animais

para os humanos (Sterner & Kalynchuk, 2010a; Czéh et al., 2016).

Boa parte dos protocolos disponíveis em depressão experimental utilizam-se do

estresse para indução de alterações comportamentais, a citar: os testes de desespero

comportamental e, propriamente, os modelos animais de depressão, como o do estresse

crônico variado, o desamparo aprendido e a derrota social (Krishnan & Nestler, 2010;

Willner, Scheel-Krüger, & Belzung, 2013). A escolha do paradigma depende da intenção

experimental, pois é sempre importante avaliar as vantagens e desvantagens do uso

(Deussing, 2006).

Os testes de desespero comportamental mais conhecidos são o Teste de Natação

Forçada (TNF) e o Teste de Suspensão pela Cauda (TSC). O TNF é baseado na ideia de

que os roedores, seguindo os movimentos iniciais de fuga, adotam rapidamente uma

postura imóvel quando expostos à situação inescapável em um cilindro cheio de água. A

imobilidade, neste paradigma é interpretada como uma estratégia de enfrentamento

passiva frente ao estresse ou comportamento do tipo depressivo (desespero

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comportamental). O paradigma segue igual para o TSC, diferenciando-se apenas pelo

protocolo, no qual os animais são suspensos pelas suas caudas, por um período de tempo

definido e a sua imobilidade (desespero comportamental) é avaliada. Os paradigmas

baseados em desespero são simples, de baixo custo e alta reprodutibilidade, além de

apresentarem validade para avaliação de antidepressivos (Deussing, 2006).

Já entre os modelos experimentais que envolvem o estresse, bem descritos na

literatura, podemos destacar: o desamparo aprendido, o estresse crônico variado, o

estresse precoce - induzido por estresse pré- e/ou pós-natal - e o estresse crônico repetido

(Nestler et al., 2002; Nestler & Hyman, 2010). Dentre esses, o modelo de indução de

depressão por estresse crônico repetido é bastante utilizado, mas vem sendo questionado

quanto à mimetização dos comportamentos clássicos do TDM, além de ser um

procedimento bastante variável entre laboratórios, que pode levar à inconsistência nos

resultados (Willner, 2005; Kim & Han, 2006; Nestler & Hyman, 2010; Willner, Scheel-

Krüger, & Belzung, 2013b; Czéh et al., 2016).

Um dos sintomas apresentado por boa parte dos portadores do transtorno depressivo

é a hipercortisolemia que, de acordo com Holsboer (2001), pode ser revertida pelo

tratamento com antidepressivos. Esse resultado indica que alguns aspectos da depressão

podem surgir pela desregulação do eixo HHA, causada por altos níveis de

glicocorticoides, como por exemplo, a desregulação do feedback entre o eixo HHA e o

hipocampo, alterando os níveis de glicocorticoides (Nestler et al., 2002; Sterner &

Kalynchuk, 2010a). Baseado nessa elevação dos níveis de glicocorticoides em pacientes

deprimidos, surgiu o modelo de indução da depressão experimental através da

administração de corticosterona em roedores (Sterner & Kalynchuk, 2010a).

A administração exógena de glicocorticoides, seja por injeção subcutânea, infusão

de bomba osmótica, implante de pellet ou passivamente, por água e alimentação, produz

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alterações robustas em uma variedade de comportamentos tipicamente utilizados para

inferir um estado tipo depressivo (Cryan, Page, & Lucki, 2005a; Murray, Smith,

&Hutson, 2008a). Johnson, Roth, & Breslau (2006) demonstraram que injeções diárias

de corticosterona em ratos durante 21 dias, nas doses de 20 e 40 mg/kg, produziram

aumento gradual no comportamento tipo depressivo avaliado no teste do nado forçado. A

administração exógena de corticosterona, além de produzir alterações comportamentais

na natação forçada (Cryan et al., 2005a), induz comportamento anedônico, observado

através da diminuição da ingestão de sacarose (David et al., 2009a; Gourley & Taylor,

2001) e diminuição do autocuidado, reduzindo o comportamento de limpeza (David et

al., 2009).

A administração repetida de glicorticoides também reproduz comportamentos do

tipo ansiogênicos, comorbidade característica da depressão, vistos em tarefas como o

labirinto em cruz elevado (Pêgo et al., 2008) e o teste de campo aberto (David et al.,

2009). Alterações fisiológicas e morfológicas também foram descritas após administração

de corticosterona, como diminuição do ganho de peso, desregulação do eixo HHA e da

suprarrenal (Johnson et al., 2006a), redução da proteína de ligação ao elemento de

resposta do AMPcíclico (CREB) (Gourley, Kiraly, Howell, Olausson, & Taylor, 2008),

do BDNF, além da expressão de proteínas de adesão celular (Nacher, Pham, Gil-

Fernandez, & McEwen, 2004), causando diminuição da neurogênese e redução do

volume hipocampal (Sapolsky, 2004; David et al., 2009).

Como descrito, as evidências pré-clínicas mostram que não apenas as alterações

comportamentais estão presentes no modelo de indução da depressão experimental por

administração exógena de glicocorticoides, mas também a neuroquímica de ratos e

camundongos expostos ao modelo pode ser alterada (David et al., 2009) e, além disso, o

tratamento antidepressivo é capaz de reverter tais condições (Zhao et al., 2008; Sterner

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&Kalynchuk, 2010a), caracterizando que esse modelo de depressão cumpre as validades

de construto, de face e preditiva requisitadas nos estudos (Iijima, Ito, Kurosu, & Chaki,

2010).

Como o hipocampo de roedores apresenta alta densidade de receptores rM e rG e

sabendo do envolvimento dos glicorticoides na depressão, buscou-se investigar de forma

mais específica o efeito da ativação de receptores rG na depressão. Para isso, estudos tem

avaliado os efeitos comportamentais e neuroquímicos decorrentes da administração de

dexametasona (Li, Zhang, Wu, & Hashimoto, 2014; Patel & Udayabanu, 2014; Rosa et

al., 2014; Wróbel, Serefko, Wlaź, & Poleszak, 2014, 2015), uma vez que essa substância

possui alta afinidade por rG.

Com o objetivo de determinar se o tratamento com dexametasona induzia o

comportamento do tipo depressivo em ratos e se várias classes de fármacos

antidepressivos apresentavam eficácia nesses modelos, Wróbel e colaboradores (2014,

2015), desenvolveram dois protocolos de estudo: i) agudo, com apenas uma

administração subcutânea de 64 µg dexametasona; ii) crônico, com administrações

subcutâneas de doses mais baixas de dexametasona com duração de 7 à 21 dias. De

maneira resumida, tanto os ratos que receberam a dose única quanto repetida de

dexametasona apresentaram comportamentos do tipo depressivo no teste de natação

forçada (Wróbel et al., 2014, 2015). Mesmo trazendo boas evidências, os autores

destacam que ainda se faz necessário uma avaliação desses protocolos em fêmeas, uma

vez que machos e fêmeas podem responder de maneira diferente em testes

comportamentais (Kalynchuk, Gregus, Boudreau, & Perrot-Sinal, 2004; Wróbel et al.,

2015).

É notório que homens e mulheres apresentam um “risco diferencial” para algumas

doenças, incluindo doenças psiquiátricas e, entre elas, o TDM. Os estudos refletem uma

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população feminina com mais experiências de estresse subjetivo e relatando mais

sintomas físicos e somáticos do que os homens, mostrando essa maior vulnerabilidade ao

estresse. E, por isso, especula-se que essas diferenças, pelo menos em parte, associam-se

às diferenças sexuais frente à resposta ao estresse (Kudielkaa & Kirschbaumb,

2004).Embora o TDM seja prevalentemente diferente entre os sexos, os estudos mostram

que identificar essas diferenças sexuais na reatividade à resposta ao estresse em modelos

animais teve sucesso limitado e, destacam que provavelmente essas diferenças presentes

nas fêmeas estejam relacionadas aos maiores fluxos de hormônios reprodutivos ao longo

da vida, e maior sensibilidade ao aumento de catecolaminas na consolidação da memória

emocional(Altemus, 2006).

Ainda, como relatado por Altemus (2006), as mulheres estão sujeitas à maiores

fluxos hormonais do que os homens, há uma resposta aumentada do eixo HHA, supressão

da ação de catecolaminas e de resposta HHA durante a gravidez e lactação, diminuição

do conteúdo GABAérgico no cérebro durante a fase lútea, o próprio ciclo menstrual que

desestabiliza potencialmente os sistemas homeostáticos e, claro, a sensibilidade ao

feedback negativo do eixo HHA aos glicocorticoides. Dentro desse panorama, as

diferenças sexuais podem ser uma janela que fornece novas perspectivas sobre

mecanismos biológicos no TDM. De forma surpreendente, os estudos em modelos

animais até o momento sugerem que as fêmeas são mais resistentes aos efeitos

comportamentais e neurobiológicos, incluindo mudanças anatômicas e funcionais em

nível hipocampal, de estresse agudo e crônico do que os machos (Altemus, 2006).

Entretanto, de acordo com Wróbel e colaboradores (2014, 2015), estudos que influenciem

diretamente modulações de glicocorticoides ainda precisam ser realizados em fêmeas

para uma melhor compreensão da fisiopatologia do TDM relacionado ao estresse,

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diferenças sexuais e um novo caminho para um melhor tratamento farmacológico e de

prevenção do transtorno.

1.4 Tratamento farmacológico do transtorno depressivo maior

Considerando o alto grau de morbidade do transtorno depressivo maior, seu caráter

multifatorial e a hipótese de que há um desequilíbrio químico no cérebro subjacente aos

transtornos do humor caracterizam a necessidade de intervenção farmacológica (Barge-

Schaapveld, Nicolson, Berkhof, & deVries, 1999; Castrén, 2005). Cabe, no entanto,

salientar que os antidepressivos disponíveis na clínica demoram a agir, apresentam

eficácia limitada, visto que um número considerável de pacientes não respondem ao

tratamento, além de produzirem consideráveis efeitos indesejáveis, o que poderia ser

reduzido com fármacos antidepressivos inovadores(Holsboer, 2001a; Berton & Nestler,

2006; Anacker et al., 2011).

Os primeiros fármacos com atividade antidepressiva favoreceram o aumento das

concentrações extracelulares de serotonina (5-hidroxitriptamina ou 5-HT) e noradrenalina

no cérebro (Castrén, 2005). A maioria dos fármacos antidepressivos utilizados geram

aumento de concentração de monoaminas, principalmente serotonina e noradrenalina, na

fenda sináptica que, a longo prazo, pode induzir mudanças plásticas na conectividade

neuronal ( Nemeroff & Owens, 2002). Esses fármacos são divididos em classes de acordo

com sua estrutura química ou com as propriedades farmacológicas; as principais são: os

Inibidores da Monoamino oxidase (IMAOs), os Inibidores Seletivos de Recaptação de

Serotonina (ISRS) e Inibidores de Recaptação de Serotonina e Noradrenalina (IRSN), os

Tricíclicos e os Antidepressivos atípicos (Catena-Dell’Osso, Marazziti, Rotella, &

Bellantuono, 2012).

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Os Antidepressivos Tricíclicos são assim conhecidos por sua estrutura química que,

caracteristicamente contém três anéis benzênicos. A Imipramina foi a primeira substância

sintetizada desta classe. O mecanismo de ação dos ADTs em nível pré-sináptico se dá

pelo bloqueio de recaptura de monoaminas, principalmente NA e 5-HT. Esses fármacos

também agem bloqueando os receptores histaminérgicos, alfa-adrenérgicos e

muscarínicos, nestes casos, as ações estão associadas aos efeitos colaterais, como

hipotensão, sedação, constipação, dentro outros(Brunton, Chabner, & Knollmann, 2012;

Catena-Dell’Osso et al., 2012).

Os Inibidores da Monoaminoxidase (IMAO) são uma classe de fármacos

descoberta ainda em 1956 e tem como mecanismo de ação o bloqueio das isoformas da

enzima monoaminoxidase (MAO), MAO- A, que tem seletividade para 5-HT e NA e a

MAO-B, que seletivamente degrada a DA. Os efeitos antidepressivos são mais

característicos na MAO-A, uma vez que os efeitos da MAO-B estão mais associados às

doenças neurodegenerativas, como Parkinson. Os fármacos mais conhecidos dessa classe

são a Iproniazida, Tranilcipromina e Fenelzina (Brunton et al., 2012). Esses fármacos

apresentam muitos efeitos colaterais, principalmente agitação, insônia e elevação da

pressão diastólica. Além disso, são caracteristicamente conhecidos por apresentarem

interação com alimentos que contém tiramina, como queijos, vinhos, e alimentos

fermentados (Da Prada et al, 1988).

Desenvolvidos a partir do conhecimento dos Antidepressivos Tricíclicos, os

Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina (ISRS) foram pensados para tentar

reduzir os efeitos colaterais que os antidepressivos tricíclicos apresentavam, assim,

buscaram atingir baixa afinidade por receptores adrenérgicos, colinérgicos e

histaminérgicos e maior afinidade pelo bloqueio da recaptação da serotonina como

mecanismo de ação. Esses fármacos estão entre os agentes antidepressivos de grande

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escolha na clínica por apresentarem tolerância em doses terapêuticas e redução dos efeitos

colaterais apresentados pelos tricíclicos. Como exemplos, cita-se Fluoxetina, Paroxetina,

Citalopram, Fluvoxamina e Sertralina (Moreno, Moreno, & Soares, 1999; Catena-

Dell’Osso et al., 2012).

Tal qual os ISRS, os Inibidores da Recaptação de Serotonina e Noradrenalina

(IRSN) foram desenvolvidos como agentes que inibem tanto o transportador de

recaptação de serotonina (SERT) quando o de noradrenalina (NET). A

venlafaxinaeseumetabólitoativo, desvenlafaxina, são os fármacos mais prescritos dessa

classe, por serem mais tolerados e mais seguros do que os antidepressivos tricíclicos.

A desvenlafaxina é 10 vezes mais seletiva para a inibição da receptação de5-HT, sendo

bastante indicada no tratamento de depressão maior (Findling et al., 2006; Brunton et

al., 2012) entretanto apresenta um alto custo comparada à venlafaxina que,

caracteristicamente já tem uma eficácia clínica superior à outros tipos de

antidepressivos.

De modo geral, a ação terapêutica dessas classes de fármacos não é rápida e

dificulta a adesão ao tratamento por apresentar vários efeitos adversos, como por exemplo

alterações de peso, cardiovasculares e sexuais (Duman & Monteggia, 2006; Thase &

Denko, 2008). A escolha de um bom tratamento farmacológico deve basear-se na mínima

presença de efeitos colaterais. Assim, é necessário investigar novos alvos terapêuticos

para o tratamento da depressão maior (Berton & Nestler, 2006; Kennedy et al., 2009).

De acordo com Leonard & Myint (2009), vários neurotransmissores e

neuromoduladores podem participar da ativação ou do bloqueio de circuitos relacionados

ao transtorno depressivo, incluindo a neurotransmissão serotonérgica, noradrenérgica e

neuropeptidérgica. É importante destacar que entre estes, o sistema de neuropeptídios

apresentam-se mais seletivamente distribuídos no SNC. Assim, por ter uma maior

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seletividade central, os sistemas peptidérgicos potencializam alvos terapêuticos

inovadores para os transtornos psiquiátricos, com menor possibilidade de apresentar

reações indesejadas (Hökfelt, Bartfai & Bloom, 2003).

1.5Sistema nociceptina/orfanina FQ – receptor NOP

A nociceptina/orfanina FQ (N/OFQ) é um heptadecapeptídeo com estrutura similar

ao peptídeo opióide dinorfina, produzida pela clivagem da pró-nociceptina (Houtani,

Nishi, Takeshima, Nukada, & Sugimoto, 1996). O isolamento da N/OFQ de forma

independente por dois grupos de pesquisadores, em 1995, foi o que caracterizou a sua

nomenclatura. Ao isolar este neuropeptídeo de extratos de cérebro de rato, Meunier e

colaboradores (1995) perceberam que quando injetado no cérebro de camundongos

promovia hiperalgesia no teste da placa quente e no teste de retirada da cauda, o

denominando de nociceptina. Quando o extrato foi isolado do cérebro do porco por

Reinscheid e colaboradores (1995) o denominaram de orfanina, uma vez que este

peptídeo interagia com um receptor órfão. Através da análise da sequência aminoácidica,

nesse mesmo estudo, perceberam que os aminoácidos fenilalanina e glicina (abreviados

pelas letras F e Q), estavam localizados nas extremidades carboxi e amino terminal,

respectivamente; o denominando, assim, orfanina FQ.

O receptor NOP é um receptor acoplado à proteína G do tipo inibitória, que ao ser

ativado aumenta o efluxo de K+, reduz a entrada de Ca2+ e diminui a produção de AMPc

(Vaughan &Christie, 1996; Wu et al., 1997) (Figura 2). A expressão de receptores NOP

é alta em diversas áreas do Sistema Nervoso Central (SNC), particularmente no

prosencéfalo, sistema límbico, na medula espinhal, nos cornos dorsal e ventral.

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Figura 2:Representação das respostas intracelulares após a ativação do receptor NOP (Esquema de

adaptado deMolinari, 2012)

O receptor NOP é densamente localizado nos núcleos serotonérgicos,

noradrenérgicos e dopaminérgicos (Mollereau et al., 1994; Neal et al., 1999). Já seu

precursor , a pró-nociceptina, possui uma distribuição mais limitada (Boom et al., 1999).

A N/OFQ e o seu receptor estão bem distribuídos em estruturas do sistema límbico,

estruturas envolvidas no processamento de estímulos emocionais, como hipocampo,

septo, banda diagonal de Broca, a habênula, o complexo amigdalóide e nos núcleos

hipotalâmicos (Mollereau & Mouledous, 2000), o que dá suporte ao papel modulatório

deste sistema em psicopatologias como a ansiedade e depressão (Gavioli & Calo’, 2006;

Gavioli & Calo’, 2013).

A N/OFQ apresenta efeitos no SNC e no Sistema Nervoso Periférico (SNP),

atuando também no sistema cardiovascular e sistema imune ( Lambert, 2008). No SNP

um dos principais locais de expressão do receptor NOP é em células do sistema

imunológico, inibindo diretamente a resposta imunitária adaptativa (Anton et al., 2010) e

a produção de anticorpos em linfócitos, tanto in vitro como in vivo (Gavioli & Romão,

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2011). A atuação da N/OFQ e dos receptores NOP no SNC apresenta funcionalidade

variada, respondendo ao estresse, ao processamento de estímulos nociceptivos, controle

das funções neuroendócrinas, balanço hídrico, controle motor, comportamento sexual,

modulação dos processos aditivos ou relacionados à anorexia/obesidade, bem como

processos emocionais, sendo crucial para o controle da ansiedade e depressão ( Lambert,

2008).

1.6 Antagonistas do receptor NOP no tratamento da depressão

Alguns estudos destacam uma possível relação do sistema N/OFQ na depressão em

humanos. Em um estudo de 2003, mediu-se os níveis plasmáticos de N/OFQ e de 5-HTde

21 portadoras de depressão pós-parto e 25 voluntárias controle. No grupo experimental

os níveis plasmáticos de N/OFQ foram significativamente elevados e os níveis de 5-HT

apresentaram-se baixos em comparação aos controles (Gu et al., 2003). Outro estudo com

objetivo de investigar os níveis plasmáticos de N/OFQ em pacientes com depressão

bipolar e mania bipolar (Wang et al., 2009), mostrou que e os níveis de N/OFQ no plasma

no grupo de depressão bipolar foram significativamente mais elevados do que os do grupo

controle e estavam positivamente correlacionados com os escores em escalas que medem

depressão, como a Escala de Hamilton.

Os primeiros dados humanos fornecendo evidências de que o bloqueio da

sinalização do receptor NOP representa uma estratégia promissora para o tratamento da

depressão maior são de um estudo que testou a eficácia clínica do antagonista LY2940094

na dose de 40mg durante 8 semanas em portadores do transtorno depressivo maior.

Comparado à linha de base, o LY2940094 apresentou efeito antidepressivo alterando os

escores da Escala de Hamilton e, além disso, apresentou efeito no processamento de

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estímulos emocionais caracterizado por um maior reconhecimento de expressões faciais

positivas em relação às negativas após uma semana de uso ( Post et al., 2016).

Há um crescente corpo de evidências que sugere que o bloqueio dos receptores NOP

evoca ações do tipo antidepressivas em roedores. De acordo com Gavioli & Calo’ (2013),

antagonistas do receptor NOP, sejam peptídicos (Calo’ et al., 2000; Calo et al., 2002) ou

não peptídicos (Ozaki et al., 2000; Zaratin et al., 2004), apresentaram atividade

antidepressiva em estudos experimentais pré-clínicos. Roedores mostraram um perfil do

tipo antidepressivo após administração de antagonistas NOP, UFP-101 e SB-612111,

quando avaliados através dos parâmetros comportamentais no teste do nado forçado e

suspensão pela cauda (Gavioli et al., 2003, 2004; Rizzi et al., 2007).

Avaliando parâmetros comportamentais, neuroquímicos e endócrinos do bloqueio

do receptor NOP em um modelo de estresse crônico variável, Vitale e colaboradores

(2009) demonstraram que após tratamento crônico de 21 dias (i.c.v.), o antagonista UFP-

101 restaurou o consumo de solução de sacarose, equilibrou concentração de serotonina

(5-HT) e níveis séricos de corticosterona. Outro estudo avaliou os efeitos UFP-101 sobre

a anedonia induzida pelo modelo de estresse crônico variável e se a molécula era capaz

de reverter o comprometimento da neurogênese do hipocampo. O composto UFP-101

reiniciou o consumo basal de sacarose em animais estressados a partir da segunda semana

de tratamento e foi capaz de reverter os efeitos de estresse no TNF e em campo aberto.

Além disso, UFP-101 aumentou significativamente a expressão de FGF-2, e foi capaz de

restaurar a neurogênese hipocampal no rato adulto que foi reduzida pelo estresse crônico

variável (Vitale et al., 2017). Esses resultados apoiam a hipótese de que antagonistas do

receptor NOP apresentam ação do tipo antidepressiva associados com efeitos positivos

na neurogênese e podem representar um alvo para medicamentos antidepressivos

inovadores(Gavioli & Calo’, 2013).

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As evidências sugerem que a ação antidepressiva de antagonistas NOP deve-se a

modulação da neurotransmissão monoaminérgica. Tao et al. (2007) demonstraram

através de um estudo de microdiálise, que a administração de um antagonista do receptor

NOP, o [Nphe1]N/OFQ(1–13)NH2, no núcleo dorsal da rafe, aumenta a concentração de

5-HT nesta área. Além dessa evidência in vivo, estudos in vitro demonstraram que a

N/OFQ inibe a liberação e os disparos de neurônios noradrenérgicos e serotonérgicos

(para revisão: Gavioli e Calo’, 2013). Além da modulação do sistema monoaminérgico,

principalmente pela ação dos antagonistas NOP no sistema serotonérgico (Vaughan e

Christie 1996; Tao et al., 2007), outros mecanismos também têm sido propostos para

explicar a ação do tipo antidepressiva produzida através do bloqueio da sinalização do

receptor NOP (Gavioli & Calo’, 2013).

O composto SB-612111 é um antagonista não peptídico do receptor NOP que

apresenta ampla potência e seletividade, confirmadas em estudos in vitro (Spagnolo et

al., 2008). Rizzi e colaboradores (2007) mostraram que o SB-612111 foi capaz de evocar

efeitos do tipo antidepressivo em testes clássicos e não modificou outros comportamentos

dos roedores. Além disso, o efeito antidepressivo apresentado pelos UFP-101 (Gavioli et

al., 2003, 2004)e SB-612111 (Rizzi et al., 2007) foi revertido pela coadministração i.c.v.

de N/OFQ, mostrando que esses compostos produzem suas ações comportamentais

através do bloqueio do receptor NOP.

Evidências genéticas reforçaram o papel do sistema peptidérgico N/OFQ-NOP na

mediação da depressão experimental. Ratos e camundongos knockout para o receptor

NOP (NOP−/−) apresentaram um fenótipo do tipo antidepressivo comparados aos animais

selvagens (NOP+/+) em testes de desespero comportamental. Alguns antagonistas do

receptor NOP, J-113397, UFP-101 e SB-612111, reduziram o tempo de imobilidade dos

camundongos selvagens (NOP+/+), entretanto, os camundongos knockout para o receptor

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NOP não apresentaram alterações do comportamento após tratamento com esses

compostos (Gavioli et al., 2003; Gavioli & Calo’, 2006; Rizzi et al., 2007).

Os antagonistas NOP (UFP-101, icv e SB-612111, ip) foram capazes de reverter as

alterações de humor geradas pelo protocolo de administração de LPS em camundongos,

quando testados no TSC 24 horas após a indução do comportamento depressivo. No

mesmo estudo, mostrando mais uma vez o papel do sistema, foi visto que o tratamento

com LPS induziu efeitos de tipo depressivo em camundongos NOP (+/+), mas não em

camundongos NOP (-/-) (Medeiros et al., 2015). Esses antagonistas também foram

testados no modelo de desamparo aprendido no qual os camundongos apresentam um

comportamento desamparado ou do tipo depressivo. O tratamento agudo com

antagonistas de NOP (UFP-101 e SB-612111) conseguiu reduzir significativamente o

comportamento desamparado de forma semelhante aos antidepressivos clássicos

(Holanda et al., 2016).

Considerando a distribuição neuroanatômica do sistema peptídico da N/OFQ e de

seu receptor e baseado nas evidências supracitadas, sugere-se que antagonistas do

receptor NOP são potenciais candidatos para o desenvolvimento de novos fármacos para

o tratamento da depressão. Entretanto, apesar do efeito antidepressivo induzido pela

administração de antagonistas NOP em diferentes testes comportamentais e

modelos animais de depressão pouco se sabe sobre o papel desempenhado pelo sistema

peptidérgico da N/OFQ nas alterações comportamentais decorrentes da ativação única e

repetida de receptores de glicocorticoides.

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2. Objetivos

2.1 Objetivo geral

Investigar os efeitos comportamentais da administração única e crônica da

dexametasona e do antagonista do receptor NOP, SB-612111, em camundongos neste

modelo experimental.

2.2 Objetivos específicos

Avaliar diferenças sexuais na indução da depressão experimental pela

administração única da dexametasona em camundongos machos e fêmeas e na eficácia

de fármacos antidepressivos;

Estudar o potencial antidepressivo do antagonista NOP SB-612111 em

camundongos após indução da depressão por administração única de dexametasona;

Investigar os efeitos comportamentais da administração repetida dedexametasona

em camundongos, bem como avaliar a eficácia do tratamento com antidepressivos após

a indução da depressão pela administração repetida de dexametasona.

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3. Materiais e métodos

3.1 Animais

Foram utilizados 640 camundongos, sendo 400 machos e 240 fêmeas, por volta

dos 3 meses de idade, pesando entre 35-45 g. Os camundongos foram alojados em, no

máximo, 12 por caixa (41x34x16 cm), em uma sala com controle acústico, de umidade e

temperatura (23±1ºC), com livre acesso àraçãoe águae submetidos a um ciclo de claro-

escuro 12:12, com luzes acesas às 06:00 da manhã. Todas as tarefas foram realizadas na

fase clara do ciclo (entre 07h e 13h). A divisão dos grupos está descrita na figura 1.

Os camundongos foram provenientes do biotério do Departamento de Biofísica e

Farmacologia da Universidade Federal do Rio Grande do Nortee todos os procedimentos

experimentais realizados estavam de acordo com as recomendações da Lei nº 11.794 de

08/10/2008 (Lei Arouca), após a aprovação projeto pela Comissão de Ética no Uso de

Animais (CEUA) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, com número de

protocolo N°001/2016 (em anexo).

3.2 Análise do ciclo estral das fêmeas

A determinação do ciclo classifica-se em quatro fases: proestro, estro, metaestro

e diestro de acordo com a quantidade de leucócitos, bem como de células descamadas e

da presença de muco no exame de lavado vaginal. Esse ciclo tem uma duração curta,

com média de quatro dias, sendo cada fase representada por características específicas. O

proestro é a fase de ovulação, a maiorias das alterações hormonais apesenta-se nesta fase,

como, por exemplo, aumento do hormônio folículo estimulante (FSH), o estro é uma fase

pós ovulatória de intensa queratinização e descamação vaginal na qual a fêmea está

receptiva ao macho. As fases diestro e metaestro são caracterizadas pela maior presença

de leucócitos, sendo fases não férteis do ciclo (Marcondes, Bianchi, & Tanno, 2002). A

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análise do ciclo estral das fêmeas foi feita através do lavado vaginal, consistindo na

introdução de uma pipeta Pasteur na cavidade vaginal e inserção de um pequeno volume

de solução salina (NaCl 0,9%) e posterior sucção do líquido. O lavado com muco foi

posto em lâmina e identificado atravésdo emprego de um microscópio óptico, sendo cada

fase estral definida por diferentes proporções de tipos celulares, de acordo com as

descrições acima descritas. A intenção do presente estudo foi apenas caracterizar a

porcentagem de ocorrência das fases do ciclo estral de camundongos fêmeas em cada

bloco experimental, assim sendo, a coleta do lavado e análise foi realizada após os

experimentos comportamentais. O resultado da análise está separado por etapa e

experimento nas figuras do anexo II.

3.3 Drogas e tratamentos

Dexametasona (64 µg/kg e 16 µg/kg): dexametasona é um corticosteróide com ação

preferencial sobre receptores glicocorticoides. Essa foi injetada por via sistêmica, através

de administração subcutânea (sc), adquirida da Sigma-Aldrich (San Louis, MO, EUA). A

dexametasona únicafoi administrada na dose de 64 µg/kg, no período matutino, pelo

menos, 4 horas antes dos testes comportamentais. Já para o protocolo repetido, a

substância foi administrada na dose de 16 µg/kg por 14 dias. As doses de dexametasona

e os esquemas de tratamento foram previamente descritos (Wróbel et al., 2014, 2015).

Nortriptilina (30 mg/kg): antidepressivo tricíclico, adquirido da Medley Indústria

Farmacêutica (Campinas, São Paulo, Brasil), administrado via intraperitoneal (ip), 1 hora

antes dos testes comportamentais.

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Venlafaxina (30 mg/kg): antidepressivo inibidor da recaptação da serotonina e da

noradrenalina (IRSN), adquirida da União química (São Paulo, Brasil) e administrado por

via ip, 1 hora antes dos ensaios comportamentais.

Imipramina (20 mg/kg): antidepressivo tricíclico, produzida pela NOVARTIS

BIOCIÊNCIAS, Taboão da Serra, SP, Brasil, administradopor via ip, 1 hora antes dos

testes comportamentais.

SB-612111 (10 mg/kg): Antagonista de origem não-peptídica do receptor NOP,

adquirido na Tocris Bioscience (Bristrol, Reino Unido), foi administrado por via ip 30

min antes dos testes comportamentais.

Todas as doses utilizadas foram baseadas em estudos prévios (Wróbel et al., 2014,

2015; Medeiros et al., 2015; Ramirez, Shea, McKim, Reader, & Sheridan, 2015). A

dexametasona foi diluída em uma solução de salina com álcool etílico (esse último em

uma concentração final menor do que 0,1%). A mesma concentração de álcool etílico foi

administrada no grupo controle. A venlafaxina, a nortriptilina e a imipramina foram

utilizadas como controle positivo. As drogas foram administradas em um volume de 10

mL/kg. Os controles foram administrados com o veículo pelas mesmas vias de

administração, receberam os mesmos volumes e foram respeitados os mesmos tempos de

pré-tratamento que os grupos tratados.

3.4 Ensaios comportamentais

Os ensaios comportamentais foram realizados em uma sala exclusiva para

avaliação comportamental, acusticamente isolada, com temperatura entre 23 ºC ± 1 ºC e

com baixa luminosidade localizada no Laboratório de Farmacologia Comportamental

(FarmacoLab), Centro de Biociênciasda Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

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Todas as sessões experimentais descritas abaixo aconteceram no período matutino, com

avaliação do comportamento entre às 10:00 e 13:00 h. O desenho experimental dos

grupos, tratamentos e testes comportamentais utilizados nos camundongos machos e

fêmeas está representado na figura 5.

3.5 Avaliação do comportamento tipo depressivo

3.5.1 Teste da Suspensão pela Cauda (TSC)

Baseado nos paradigmas de Porsolt e colaboradores (1977;1978), Steru e

colaboradores (1985) desenvolveram uma situação estressante e inescapável que

predispõe o animal a desenvolver comportamentos tipo de desespero comportamental e

desamparo, alternando comportamentos entre agitação e imobilidade frente à condição

inescapável. Baseado neste paradigma, nos nossos experimentos os camundongos foram

suspensos pela cauda à 50 cm do chão e presos com fita adesiva do tipo crepe,

cuidadosamente 1cm da ponta da cauda, com porção ventral voltada para o

experimentador. Como parâmetro comportamental o tempo total de imobilidade,

caracterizado pela ausência de movimentação, foi avaliado durante os 6 minutos de teste.

Semelhante ao teste de natação forçada, a imobilidade medida no TSC reflete o

comportamento do tipo depressivo que pode ser revertido por antidepressivos

convencionais.

3.5.2 Splash test ou Teste de Borrifada da Sacarose (TBS)

Também conhecido como Teste de Borrifada da Sacarose (TBS), o Splash

testavalia o comportamento espontâneo e motivacional de autolimpeza (“grooming”)

após a borrifada de uma solução de sacarose a 10% no dorso do animal. Neste teste,

inicialmente os animais foram habituados a uma caixa de polipropileno revestida com

papel contact preto, medindo (30x20x13 cm) durante 20 minutos. Neste período, essa

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gaiola ficou com a tampa na parte superior para que o animal não pudesse escapar. Após

a habituação, a tampa foi retirada e, no mesmo ambiente, foi borrifada uma solução de

10% de sacarose no dorso do animal. Todo o procedimento é gravado para posterior

análise e os parâmetros comportamentais avaliados manualmente foram: a latência para

o primeiro grooming e o tempo em que o animal permaneceu realizando a autolimpeza

durante os 6 minutos de teste.

Figura 3. Gaiolas utilizadas para realização do teste de borrifada da sacarose.

3.6 Avaliação da atividade locomotora

3.6.1 Campo aberto

O teste de campo aberto, introduzido por Calvin Hall (1934), foi utilizado para

avaliação da locomoção dos camundongos, com base na observação de que esse é um

comportamento espontâneo de roedores quando expostos a um novo ambiente. O aparato

utilizado, no nosso experimento, foi uma caixa de fórmica preta quadrada, com medidas

de 40 cm de largura x 40 cm de comprimento e cercada de paredes com 40 cm de altura.

Assim, quatro animais foram inseridos no aparato, um em cada compartimento, e de

forma simultânea, posicionado no centro do aparato para livre exploração. Uma câmera

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acima do aparato permitiu o registro em vídeo do comportamento do animal para posterior

análise da distância total percorrida, durante 5 minutos de teste. A avaliação do

comportamento do animal foi efetuada através do software ANY-maze (Stoelting Co.,

Wood Dale, EUA).

3.7 Avaliação da interação social

3.7.1 Teste de interação social

File & Hyde (1978) apresentaram o protocolo de interação social como modelo

experimental de ansiedade. Esse procedimento se fundamenta na observação de que

animais expostos aos ambientes novosou bastante iluminados tendem a diminuir ou

suprimir sua interação com outros animais. Para isso, mede-se o tempo que eles

despendem em atividades consideradas de interação social ativa, como limpar, cheirar,

morder, seguir ou o comportamento de evitar a interação.

Buscando entender se essa supressão ocorre em animais em condição tipo

depressiva, adaptamos o protocolo e, inicialmente, os camundongos foram habituados à

arena do campo aberto (proporções citadas no tópico da avaliação da locomoção) por 10

minutos. Em seguida, um animal já conhecido (ou seja, um companheiro de gaiola) foi

colocado na mesma arena para uma habituação em pares, de forma que o animal pudesse

interagir com outro, durante 10 minutos. Trinta minutos após a habituação, os animais

“alvo” retornam à arena para o teste, neste procedimento, um animal “rascunho”,

desconhecido do animal “alvo”, é adicionado à arena. O experimento é realizado sob as

mesmas condições de iluminação dos experimentos anteriores. As interações sociais

ativas feitas pelo animal “alvo” para com o “rascunho” foram registradas pelos

parâmetros de tempo total de interação e, além disso, também foi contabilizado o número

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de vezes que o animal “alvo” seguiu o “rascunho”, bem como o número de vezes que o

“alvo” evitou o contato com o “rascunho”, durante 10 minutos de teste.

Figura 4. Aparato de campo aberto utilizado para avaliação da atividade locomotora e da interação social.

Figura 5. Desenho experimental para avaliação do efeito agudo e repetido da dexametasona, caracterizando

grupos, tratamentos e testes comportamentais para camundongos machos e fêmeas.

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4. Delineamento experimental

Baseado na hipótese de que a administração única e repetidadedexametasona é

capaz induzir um comportamento do tipo depressivo em camundongos (Murray et al.,

2008; Sterner & Kalynchuk, 2010; Wróebel et al., 2015), foram estabelecidos dois

protocolos, modificados a partir dos estudos de Wróebel e colaboradores (2014; 2015),

para indução do comportamento depressivo. Assim, o desenvolvimento do trabalho se

deu em duas etapas distintas.

Na Etapa I o objetivo foi padronizar o protocolo de indução de depressão

experimental pela administração únicade dexametasona em camundongos machos e

fêmeas, caracterizar o tempo de efeito, avaliar as propriedades antidepressivas dos

controles positivos nortriptilina e venlafaxina, e investigar o potencial antidepressivo do

antagonista NOP (SB-612111) nesse protocolo.

Na Etapa II, o principal objetivo foi padronizar um protocolo repetido que

apresentasse os efeitos comportamentais encontrados na etapa I, neste caso, além de

caracterizar uma redução do tempo total de administração geralmente utilizado em

estudos anteriores, essa avaliação abre margem para futuras avaliações de parâmetros

neuroquímicos (Murray et al., 2008; Wróebel et al., 2014; 2015).

4.1 Etapa I

4.1.1 Indução da depressão experimental por administração única de

dexametasona em camundongos machos e fêmeas

O protocolo agudo (Figura 10) baseia-se em uma única administração

dedexametasona (64 µg/kg, sc). Com o objetivo de induzir a depressão experimental pela

administração única de dexametasona em machos e fêmeas, bem como avaliar o tempo

de duração do efeito da indução por esse protocolo, os experimentos comportamentais

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foram realizados em camundongos machos e fêmeas 4 h, 24 h e 7 dias após a

administração da dexametasona (figura 6). Diferentes animais foram utilizados para cada

tempo de pré-tratamento com dexametasona (ex.: 4 h, 24 h e 7 dias). Uma vez que a

realização dos quatro testes (ex.: TSC, campo aberto, interação social e splash test) no

mesmo dia comprometeria a avaliaçãocomportamental dos animais, grupos

experimentais distintos foram utilizados. Sendo assim, para cada tempo de pré-tratamento

da dexametasona, um grupo de animais foi submetido inicialmente ao TSC e meia hora

após esse teste, esses animais foram submetidosao campo aberto. Já um grupo distinto de

animais foi exposto ao splash test e, após a realização do comportamento de todos os

animais, neste caso, 2 horas, foram submetidos ao teste de interação social.

Figura 6. Padronização do protocolo de indução de depressão pela administração única da dexametasona

em camundongos machos e fêmeas, baseado em Wróbel et al (2014;2015), acompanhado dos ensaios

comportamentais para comportamento tipo depressivo, avaliação da atividade locomotora, comportamento

de autolimpeza e da interação social.

4.1.2 Avaliação do efeito antidepressivo da nortriptilina e venlafaxina na

depressão experimental induzida por dexametasona em camundongos machos e fêmeas

Após a padronização do protocolo de depressão experimental pela administração

única de dexametasona, fez-se necessário a avaliação da ação de antidepressivos clássicos

utilizados na clínica para confirmar a validação farmacológica do protocolo em machos

e fêmeas (Figura 11).

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Neste caso, como esquematizado na figura 7, no protocolo agudo, 3 horas após a

administração dexametasona 64 µg/kg (sc), os animais receberam a venlafaxina ou

nortriptilina (ip), de acordo com seu grupo e os ensaios comportamentais foram feitos 1

hora após a administração dos antidepressivos.Os grupos de animais foram divididos em

dias diferentes de acordo com a administração antidepressiva, logo, foram testados em

diferentes dias osgrupos de camundongos referentes àavaliação da nortriptilina e

venlafaxina. A ordem dos testes comportamentais seguiu igual ao primeiro experimento,

citada no procedimento acima.

Figura 7. Protocolo de avaliação do efeito antidepressivo da Nortriptilina e Venlafaxina após indução da

depressão pelo protocolo de administração única de dexametasona em camundongos machos e fêmeas,

acompanhado dos ensaios comportamentais para comportamento tipo depressivo, avaliação da atividade

locomotora, comportamento de autolimpeza e da interação social.

4.1.3 Avaliação do potencial terapêutico do antagonista do receptor NOP, SB-

612111, na depressão experimental induzida por dexametasona em camundongos

machos

Uma vez realizada a padronização e avaliação antidepressiva clássica, buscamos

investigar o potencial terapêutico antidepressivo do antagonista do receptor NOP, SB-

612111, no modelo agudo de indução da depressão experimental por dexametasonaem

camundongos machos. Para isto, 3:30 horas após a administração de dexametasona (64

µg/kg, sc), os animais receberam SB-612111 (ip) ou veículo, e os ensaios

comportamentais foram realizados 30 minutos após a última administração da substância,

como mostra a figura 8.Aqui, um grupo de camundongos foi submetido ao TSC e, meia

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hora após, ao campo aberto. Em outro dia, um outro grupo foi submetido ao splash test

(figura 12).

Figura 8. Avaliação do efeito do antagonista NOP, SB-612111, no protocolo agudo da indução da

depressão experimental por dexametasona em camundongos machos, acompanhado dos ensaios

comportamentais para comportamento tipo depressivo, avaliação da atividade locomotora e do

comportamento de autolimpeza.

4.2 Etapa II

4.2.1 Avaliação do efeito antidepressivo da imipramina no protocolo de indução

da depressão experimental por administração repetida de dexametasona em

camundongos machos

O protocolo de administração de dexametasona repetida foi realizado durante 16

dias (figura 9). Na primeira etapa, que durou 7 dias, os camundongos foram divididos em

dois grupos, um grupo recebeu solução veículo (sc) e outro grupo recebeu dexametasona

16 µg/kg. No oitavo dia, os animais não receberam tratamento e foi realizada uma sessão

de testes comportamentais (TSC, Campo aberto e Splash test). No nono dia, os animais

foram subdivididos em quatro grupos, de acordo com o tratamento de indução da

depressão (veículo ou dexametasona) e iniciou-se o tratamento com o antidepressivo

imipramina por 7 dias associado ou não à dexametasona. Nestes 7 dias, os seguintes

grupos experimentais foram formados: veículo + veículo; veículo + imipramina;

dexametasona + veículo; dexametasona + imipramina). No décimo sexto dia foram

realizados os testes comportamentais (TSC, Campo aberto e Splash test). Aqui, os

animais passaram por todos os ensaios comportamentais, de forma que todos os testes

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foram realizados em um único dia, no oitavo e no décimo sexto dia do protocolo. A ordem

experimental seguida foi baseada nos outros experimentos já realizados, sendo feito

inicialmente o TSC, meia hora após o campo aberto e, ao fim de toda a sessão de campo

aberto, os animais realizaram o splash test (Figura 13).

Figura 9. Protocolo de avaliação do efeito antidepressivo da imipramina após indução da depressão pelo

protocolo de administração repetida de dexametasona em camundongos machos, acompanhado dos ensaios

comportamentais para comportamento tipo depressivo, avaliação da atividade locomotora e comportamento

de autolimpeza.

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Etapa I

Padronização do protocolo agudo

A.

B.

C.

D.

Figura 10. Esquemas de avaliação comportamental do efeito agudo de dexametasona na dose de 64 µg/kg

nos testes de Suspensão pela cauda (A), Campo Aberto (B), Splash Test (C) e Interação Social (D).

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Etapa I

Avaliação Antidepressiva

A.

B.

C.

D.

Figura 11. Esquemas de avaliação do efeito antidepressivo da nortriptilina e venlafaxina após indução de

depressão por administração única de dexametasona na dose de 64 µg/kg nos testes de Suspensão pela

cauda (A), Campo Aberto (B), Splash Test (C) e Interação Social (D).

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Etapa I

Avaliação do Antagonista NOP (SB-612111)

Figura 12. Esquemas de avaliação do efeito do antagonista NOP (SB-612111) após indução de depressão

por administração única de dexametasona na dose de 64 µg/kg nos testes de Suspensão pela cauda (A),

Campo Aberto (B) e Splash Test (C).

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Etapa II

Padronização do protocolo repetido e avaliação antidepressiva

Figura 13. Esquema de avaliação do efeito antidepressivo da imipraminaapós indução de depressão por

administração repetida dedexametasona, após 7 e 14 dias de administração, nos testes de Suspensão pela

cauda (A), Campo Aberto (B) e Splash Test (C).

A B

C

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5. Procedimentos estatísticos

Após a análise dos vídeos, os dados foram tabulados no software Excel e os

procedimentos estatísticos realizados no SPSS para Windows, versão 21, considerando

diferenças estatisticamente significativas para o valor de p<0,05. Os resultados

paramétricos foram expressos em média ± erro padrão da média (EPM) e os não-

paramétricos em mediana com seus intervalos interquartílicos. Todos os gráficos foram

preparados utilizando o software Graphpad Prisma 6.0.

5.1 Medidas comportamentais

As medidas estatísticas utilizadas diferiram de acordo com os parâmetros de cada

teste comportamental realizado. Foram realizadas análises de estatísticas descritivas, tais

como média, desvio e erro padrão e porcentagens, e inferenciais, como teste t, ANOVA

e MANOVA.

Com a intenção de avaliar se a administração única de dexametasona é

capaz de induzir comportamento do tipo depressivo em camundongos machos e fêmeas

e qual é a duração desse comportamento, diferentes grupos de camundongos machos e

fêmeas foram testados 4 horas, 24 horas e 7 dias após administração de 64µg/kg de

dexametasona através do parâmetro imobilidade (expressa em segundos) no Teste de

Suspensão pela Cauda. A distância total percorrida (expressa em metros) desses animais

também foi mensurada no Campo Aberto. Para esses dois parâmetros, os dados foram

considerados normais e foi realizado o Teste t para amostras independentes, uma vez que

são duas condições experimentais, para cada tempo, com animais diferentes em cada

grupo.

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O teste t é uma análise paramétrica que possibilita a comparação entre uma

variável independente com dois níveis e uma variável dependente. Quando o valor do t

está associado a um p < 0,05, é possível assumir a hipótese de pesquisa, que afirma que

existe diferença entre as médias dos grupos que estão sendo avaliados, em detrimento da

hipótese nula, a qual afirma que não existe diferença entre os grupos. Nesta análise, foi

relatado o valor do t, o grau de liberdade e a probabilidade associada, além das estatísticas

descritivas concernentes as médias e erros padrões dos grupos (HAIR; ANDERSON;

TATHAM; BLACK, 2005).

A avaliação da condição única estendeu-se também para outros testes que

mensuram um comportamento do tipo depressivo. No splash test, outros animais foram

divididos para a condição grupo (veículo e dexametasona) e foi mensurada a latência para

o primeiro comportamento de limpeza e a duração total deste comportamento (ambos os

parâmetros expressos em segundos). Para esses dois parâmetros, também foi utilizado o

Teste t de amostras independentes, comparando animais diferentes nas duas condições

experimentais. Já para o teste de Interação Social, o Teste t independente foi utilizado

para mensurar as diferenças entre o tempo total de interação (expresso em segundos) entre

o camundongo “alvo” (veículo e dexametasona) e o camundongo “rascunho”. O

correspondente não paramétrico ao testetindependente, Wilcoxon, avaliou diferenças

entre o número de vezes que o camundongo alvo seguia e evitava o rascunho.

Para avaliar se antidepressivos clássicos eram capazes de reverter as modificações

comportamentais geradas pela dexametasonaúnica, os mesmos parâmetros foram

avaliados para o TST, o Campo Aberto, o Splash Test e a Interação Social. Nestes casos,

o teste estatístico utilizado passou a ser ANOVA de duas vias, uma vez que dois fatores

compuseram esta análise: 1) pré-tratamento com “dexametasona” e 2) tratamento com

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“antidepressivo”, seguido do post hoc deBonferronipara verificar as possíveis diferenças

entre os grupos avaliados.

Por fim, também foi utilizada para interpretação dos dados a MANOVA, Análise

Multivariada de Variância, utilizada para fazer uma comparação geral entre os dados,

permitindo comparações entre sexo com uma quantidade maior de variáveis, sem cair no

erro do tipo 1. Esta é considerada uma das análises mais robustas, tendo em vista que ela

possibilita fazer a comparação entre uma quantidade ilimitada de variáveis independentes

(em seus diferentes níveis) e uma quantidade ilimitada de variáveis dependentes. A

grande diferença desta análise para as demais é justamente a possibilidade de trabalhar

com mais de uma variável dependente (no caso do estudo, o tratamento com

dexametasona, o sexo e o tratamento antidepressivo) podendo observar o efeito de

interação entre elas. Quando o valor do F está associado a um p < 0,05, é possível assumir

a hipótese de pesquisa, que afirma que existe diferença entre as médias dos grupos que

estão sendo avaliados, em detrimento da hipótese nula, a qual afirma que não existe

diferença entre os grupos. Tal como na ANOVA, a MANOVA vem associada do teste

post hoc para verificação das diferenças intragrupo. Novamente, o post hoc escolhido foi

o de Bonferroni (HAIR et al., 2005).

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6. Resultados

6.1 Protocolo de administração única de Dexametasona

6.1.1 Indução de depressão experimental por administração de Dexametasona

em camundongos machos e fêmeas

A figura 14A mostra que, de acordo com o Teste T independente, a imobilidade

dos camundongos machos tratados uma única vez com Dexametasona 4 e 24 horas antes

do TSC foi significativamente maior em relação aos seus respectivos grupos controles [t

(14) = -4,603; p = 0,001 e t (14) = -3,093; p = 0,008, respectivamente], o que não acontece

quando o comportamento no TSC foi avaliado após 7 dias de tratamento com

dexametasona [t (14) = -1,9046; p = 0,072].

Camundongos fêmeas tratados com Dexametasona 4 e 24 horas antes do teste

apresentaram aumento do tempo de imobilidade [t(14) = -5,680; p = 0,001 e t(14)= -

2,641; p = 0,019, respectivamente] avaliado no TSC. No entanto, a figura 14B mostra que

as fêmeas quando testadas no TSC 7 dias após a administração de dexametasona não

apresentaram diferença significativa quanto ao tempo de imobilidade [t(14) = -0,682; p =

0,506].

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Figura 14. Efeito da administração única de Dexametasona (64 µg /kg, s.c.) na imobilidade de

camundongos machos (A) e fêmeas (B) por condição de tempo (4 horas, 24 horas e 7 dias). Os dados

representados são média ± erro padrão da média para o Test T independente, sendo 16 animais por condição

de tempo (8 Veículos e 8 Dexametasona). *p<0,05.

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64

O efeito do tratamento com dexametasona também foi avaliado no campo aberto

com a intenção de verificar se administração do glicocorticoide após 4 horas, 24 horas e

7 dias era capaz de alterar a locomoção espontânea. Para isso, a distância total percorrida

dos grupos (veículo e dexametasona) de machos e fêmeas foi avaliada através de um Teste

T independente para cada condição de tempo. Pode-se observar na figura 15A que

nenhuma alteração foi encontrada quanto à distância total percorrida dos camundongos

machos tratados agudamente com dexametasona comparados aos seus controles para as

4 horas [t (14) = 1,536; p = 0,147], 24 horas [t (14) = -0,258; p = 0,800] e 7 dias [t (14) =

-0,409; p= 0,689]. De acordo com a figura 15B, as fêmeas que receberam dexametasona

agudamente também não apresentaram nenhuma alteração na locomoção comparadas aos

seus controles nas condições 4 horas [t (14) = -0,394; p=0,700], 24 horas [t (14) = -0,988;

p=0,340] e 7 dias [t (14) = -1,289; p=0,218].

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4 h 2 4 h 7 d ia sV e íc u lo

D e x a m e ta s o n a

A . M a c h o s B . F ê m e a s

Figura 15. Avaliação da locomoção em campo aberto após administração única de dexametasona (64

µg/kg, s.c.) em camundongos machos (A) e fêmeas (B) por condição de tempo (4 horas, 24 horas e 7

dias). Os dados representados são média ± erro padrão da média, sendo 16 animais por condição de

tempo (8 veículos e 8 dexametasona).

Na tabela 1, apresenta-se a estatística descritiva por grupos e sexo para TST e

Campo aberto. A MANOVA para amostras independentes indicou diferença

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estatisticamente significativa entre os grupos, no que diz respeito ao tratamento com

dexametasona, com Lambda de Wilks de 0,57, reforçado que machos e fêmeas que

receberam a dexametasona apresentaram maior tempo de imobilidade no TSC [F(1,84) =

58,83; p < 0,001] e que, quanto ao tempo testado (4 horas, 24 horas e 1 semana), esse

grupo também comportou-se diferente frente ao aumento de imobilidade, com Lambda

de Wilks de 0,78, no TSC [F(2,84) = 11,85; p < 0,001], mas os grupos não diferiram entre

si quanto ao sexo (Masculino e Feminino), com Lambda de Wilks de 0,94, apenas para a

variável tempo de imobilidade [F(1,84) = 4,62; p > 0,05]. O posthoc de Bonferroni

indicou diferença estatisticamente significativa entre todos os grupos, quando comparado

a variável imobilidade. Especificamente, os grupos que pontuaram mais foram aqueles na

condição dexametasona, comparado ao veículo, tanto paramachos quanto fêmeas, nos

testes de TSC. Quanto aos tempos testados, enquanto no TSC houve um padrão

quadrático, isto é, os valores abaixaram no tempo (24 horas) e voltaram a subir no tempo

3 (7 dias), no teste campo aberto, como esperado da exploração espontânea dos animais,

o padrão foi decrescente, diminuindo em cada novo tempo.

Tabela 1.Estatísticas descritivas dos grupos dexametasona e veículo no teste TSCnos

diferentes intervalos de tempo.

4 horase 24 horasf 7 diasg

TSC ♂ Veículo - a 92,75 ± 37,93bd 70,37 ± 19,22bd 92,87 ± 18,57d

♂ Dexametasona - b 188,50 ± 44,94a 127,75 ± 48,82ac 109,12 ± 14,59

♀ Veículo - c 106,75 ± 22,42bd 89,12 ± 26,83bd 109,00 ± 27,49

♀ Dexametasona - d 197,50 ± 39,24ac 154,37 ± 64,51ac 118,50 ± 28,21a

Nota: ♂= Machos; ♀= Fêmeas; Letras de a – d = grupos; Letras de e – g= tempo testado.

As letras representadas nas médias ± desvio padrão apontam as diferenças

estatisticamente significativas entre os grupos, atestada pelo teste post hoc de Bonferroni.

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66

O comportamento motivacional de autolimpeza dos animais foi avaliado após 4

horas de administração da dexametasona no Splash test, através de um Teste T

independente. A figura 16A mostra que a latência para autolimpeza em camundongos

machos foi maior no grupo dexametasona quando comparado ao grupo veículo [t(14)

=5,331; p=0,001]. Entretanto, não houve diferença significativa para a duração do tempo

de autolimpeza [t(14) = -0,626; p = 0,541] (Figura 16C).

Quando fêmeas foram expostas ao Splash Test, 4 horas após a administração de

dexametasona, observou-se comportamento semelhante aos machos quanto à latência e o

tempo de duração de autolimpeza, ou seja, as fêmeas tratadas com dexametasona

demoraram mais tempo para apresentar o comportamento de autolimpeza comparado ao

veículo [t(14) = 1,595; p=0,013] (Figura 16B), entretanto, a duração desse

comportamento não se mostrou diferente [t(14) =0,887; p=0,392], como pode ser visto

na figura 16D.

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C . M a c h o s D . F ê m e a s

V e íc u lo

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Figura 16. Efeito da administração única de dexametasona (64 µg/kg, s.c.) na motivação à autolimpeza de

camundongos machos e fêmeas quanto à latência (A e B) e a duração do tempo de autolimpeza (C e D). Os

dados representados são média ± erro padrão da média, sendo 16 machos e 16 fêmeas (8 veículos e 8

dexametasona). Os dados foram avaliados pelo teste T independente, *p<0,05.

Tabela 2. Estatísticas descritivas dos grupos experimentais e controle no Splash test.

Latência (s) Tempo de

autolimpeza (s)

Veículo Machos 98,87 ± 77,57 43,25 ± 25,98

Fêmeas 136,14 ± 91,63 81,14 ± 29,89

Dexametasona Machos 127,00 ± 65,55 49,87 ± 34,12

Fêmeas 209,14 ± 79,15* 64,57 ± 39,35

Nota: O asterisco (*) indica que houve diferença estatisticamente significativa entre os

grupos (dexametasona x veículo), bem como que dentro do grupo dexametasona, houve

diferença entre machos e fêmeas. Os dados representam média ± desvio padrão para os

parâmetros comportamentais analisados.

A MANOVA para amostras independentes, descrita na tabela 2, indicou diferença

estatisticamente significativa entre os grupos [F(2,41)= 182,49; p<0,001], com Lambda

de Wilks de 0,10. Estas diferenças foram observadas quanto ao parâmetro de latência para

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autolimpeza [F(1,41)= 4,31; p<0,05], pois machos e fêmeas dos grupos dexametasona

apesentaram maior latência para autolimpeza quando comparados ao seu respectivo grupo

veículo, sendo que as fêmeas do grupo dexametasona demonstraram um padrão ainda

maior de aumento da latência do que os machos do grupo tratado com dexametasona

[F(1,41) = 6,01; p<0,01], como indicado pelo posthoc de Bonferroni. O tempo de

autolimpeza, também nesta análise, não apresentou diferenças estatisticamente

significativas, independente do sexo, sendo assim, o parâmetro não foi excluído das

análises posteriores.

A interação social foi avaliada após 4 horas da administração de dexametasona ou

veículo, através do tempo total de interação, número de vezes que o camundongo seguiu

e número de vezes que evitou o contato com o camundongo “rascunho” (animal

desconhecido). A figura 17A1 mostra graficamente que camundongos machos que

receberam a dexametasona interagiram menos tempo com os camundongos “rascunho”

quando comparados aos controles através do Teste T independente [t(14)=3,750;

p=0,002]. Além do menor tempo de interação, esses animais seguiram menos [p=0,006]

e evitaram mais a interação [p=0,005] (Figuras 17A2 e A3) com os animais “rascunho”

quando comparados, através do Teste de Mann-Whitney, aos controles.

Avaliadas pelos mesmos parâmetros, as fêmeas que receberam dexametasona

também apresentaram interação social comprometida, graficamente reportada na figura

17B. O teste de Mann-Whitney apontou o grupo tratado com dexametasona como tendo

seguido menos vezes [p=0,021] os camundongos “rascunho” e evitado mais a interação

[p=0,002] com eles quando comparado aos controles (figuras 17B2 e B3). Entretanto, o

teste T independente não detectou diferença significativa no tempo de interação entre os

grupos veículo e dexametasona [t(14)= 1,485; p=0,160] (figura 17B1).

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1 2 3

Figura 17. Efeito da administração única de Dexametasona (64 µg/kg, s.c.) na interação social de

camundongos machos (A) e fêmeas (B) para os parâmetros de tempo total de interação (A1 e B1),

comportamento de seguir (A2 e B2) e comportamento de evitação (A3 e B3). Os dados representados são

média ± erro padrão da média (A1 e B1) para o teste T independente e media ± intervalo interquartílico

(A2, B2, A3 e B3) para o teste de Mann-Whitney, sendo 16 camundongos para cada sexo (8 veículos e 8

dexametasona), *p<0,05.

Também buscou-se verificar se havia alguma diferença na interação social, nos

grupos tratados com dexametasona e veículo, de acordo com o sexo dos camundongos.

Assim, novas análises com teste t para amostras independentes foram realizadas, a fim de

verificar a influência da variável sexo, subdividindo a amostra pela condição controle e

experimental. Nesta análise, foi possível verificar diferença estatisticamente significativa

apenas na variável tempo de interação e na condição experimental [t(14)= -3,54; p <

0,001], com camundongos fêmeas pontuando mais (M = 88,12; DP = 23,35) do que os

machos (M = 42,12; DP = 28,33).

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6.1.2 Avaliação do efeito antidepressivo após tratamento com nortiptilina e

venlafaxina na depressão experimental induzida por dexametasona em camundongos

machos e fêmeas

Os efeitos do antidepressivos danortriptilina em camundongos machos e fêmeas

pré-tratados com dexametasona únicaforam avaliados através da ANOVA de duas vias

nos parâmetros tempo de imobilidade no TSC e na distância total percorrida no campo

aberto. Quanto ao tempo de imobilidade, a ANOVA de duas vias revelou interação

significativa entre os fatores “dexametasona” e “antidepressivo” [F(1,28)= 6,801; p= 0,01].

De acordo com o posthoc de Bonferroni, a administração de dexametasona aumentou a

imobilidade dos camundongos machos [F(1,28)= 15,625; p= 0,001], enquanto que o

tratamento com a nortriptilina foi capaz de reduzir o tempo de imobilidade tanto per se

quanto no grupo de camundongos machos pré-tratados com dexametasona [F(1,28)=

43,447; p= 0,001] (Figura 18A).

A avaliação do comportamento de imobilidade das fêmeas através da ANOVA de

duas vias apresentou-se semelhante à análise dos camundongos machos. Como ilustrado

na figura 18B, houve interação significativa entre os fatores “dexametasona” e

“antidepressivo” [F(1,28)= 10,079; p= 0,004]. A análise posthoc apontou a imobilidade do

grupo de fêmeas tratadas com dexametasona significativamente maior quando

comparadas ao tratamento com veículo, entretanto, a imobilidade dos grupos tratados

com antidepressivo clássico nortriptilina foi significativamente reduzida [F(1,28)=35,410;

p= 0,001], indicando um comportamento do tipo depressivo relacionado à administração

de dexametasona e perfil de resposta antidepressiva da nortriptilina.

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Figura 18. Efeito da nortriptilina no tempo de imobilidade no TSC após administração única de

dexametasona (64 µg/kg, s.c.) em camundongos machos (A) e fêmeas (B). Os dados representados são

média ± erro padrão da média, sendo 8 animais por grupo. ANOVA de duas vias seguida do teste de

Bonferroni. *p<0,05 vs Controle; #p<0,05 vs Veículo.

Durante cinco minutos de avaliação no campo aberto, a ANOVA de duas vias

detectou apenas efeito do tratamento com antidepressivo em machos [F(1,28)= 20,447; p=

0,001] e fêmeas [F(1,28)= 20,280; p= 0,002], mostrando que a nortriptilina foi capaz de

reduzir a distância total percorrida per se e no grupo de camundongos machos pré-tratados

com dexametasona e que, nos dois casos, a administração de dexametasona per se não

gerou alteração na locomoção dos animais, representado na figura 19.

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Figura 19. Efeito da nortriptilina na distância total percorrida no campo aberto após administração única

de dexametasona (64 µg/kg, s.c.) em camundongos machos (A) e fêmeas (B). Os dados representados são

média ± erro padrão da média, sendo 8 animais por grupo. ANOVA de duas vias seguida do teste de

Bonferroni. *p<0,05 vs Controle; #p<0,05 vs Veículo.

O efeito antidepressivo da nortriptilina também foi avaliado para o parâmetro de

latência para autolimpeza no splash test em machos e fêmeas. De acordo com a ANOVA

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de duas vias, foi detectado interação entre os fatores “antidepressivo” e “dexametasona”

para machos na latência para autolimpeza, figura 20A [F(1,28= 5,277; p=0,029]. A análise

à posteriori de Bonferroni revelou que o tratamento com dexametasona aumentou a

latência à autolimpeza comparado ao controle [F(1,28)= 14,146; p=0,001] e esse aumento

na latência foi revertido pela administração da nortriptilina [F(1,28)=11,259; p=0,002]. Os

dados de fêmeas expostas ao Splash Test quando avaliados através da ANOVA de duas

vias também revelaram interação significativa entre os fatores “antidepressivo” e

“dexametasona” [F(1,26)=18,322; p=0,001]. A figura 20B mostra que o grupo tratado com

dexametasona aumentou o tempo de latência para autolimpeza [F(1,26)= 9,389; p=0,005]

que foi revertido pelo antidepressivo com nortriptilina [F(1,26)=5,814; p=0,023].

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Figura 20. Efeito da nortriptilina na latência para autolimpeza em machos (A) e fêmeas (B) após

administração única de dexametasona (64 µg/kg, s.c.) em camundongos machos submetidos ao Splash test.

Os dados representados são média ± erro padrão da média, sendo, em média, 8 animais por grupo. ANOVA

de duas vias seguida do teste de Bonferroni. *p<0,05 vs Veículo; #p<0,05 vs Controle.

A ANOVA de duas vias também revelou efeito da interação entre os fatores

“dexametasona” e “antidepressivo” para os animais pré-tratados com dexametasona e

tratados com venlafaxina no tempo de imobilidade no TSC [F(1,28)= 14,261; p= 0,001]. A

figura 21A mostra, de acordo com o post hoc de Bonferroni, que os camundongos machos

que receberam a dexametasona apresentaram aumento da imobilidade comparado ao

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grupo controle [F(1,28)= 35,668; p= 0,001] e que os grupos tratados com venlafaxina

apresentaram redução do perfil de imobilidade [F(1,28)= 10,080; p= 0,004]. Quando

avaliou-se o efeito da venlafaxina em camundongos fêmeas tratadas com dexametasona,

figura 21B, a ANOVA de duas vias indicou que houve interação entre os fatores

“dexametasona” e “antidepressivo [F(1,28)= 51,237; p= 0,001]. O teste post hoc de

Bonferroni indicou o aumento de tempo de imobilidade causado pela administração da

dexametasona [F(1,28)= 18,302; p= 0,001] e o tratamento com venlafaxina per se não só

reduziu o tempo imóvel dos camundongos fêmeas, como foi capaz de reverter o aumento

de imobilidade gerado pela dexametasona [F(1,28)= 9,750; p= 0,004].

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Figura 21. Efeito da venlafaxina no tempo de imobilidade no TSC após administração única de

dexametasona (64 µg/kg, s.c.) em camundongos machos (A) e fêmeas (B). Os dados representados são

média ± erro padrão da média, sendo 8 animais por grupo. ANOVA de duas vias seguida do teste de

Bonferroni. *p<0,05 vs Controle; #p<0,05 vs Veículo.

Quanto à distância total percorrida no campo aberto, a ANOVA de duas vias

apontou apenas o efeito significativo do fator “antidepressivo” na locomoção de machos

[F(1,28)= 14,273; p=0,001] e fêmeas [F(1,28)= 12,187; p=0,002], respectivamente

representados na figura 22A e B.

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Figura 22.Efeito da venlafaxina na distância total percorrida no campo aberto após administração única de

dexametasona (64 µg/kg, s.c.) em camundongos machos (A) e fêmeas (B). Os dados representados são

média ± erro padrão da média, sendo 8 animais por grupo. ANOVA de duas vias seguida do teste de

Bonferroni. *p<0,05 vs Controle.

O efeito antidepressivo daVenlafaxina foi testado no Splash test através do

parâmetro latência para autolimpeza em machos e fêmeas. De acordo com a ANOVA de

duas vias, foi detectado interação entre os fatores “antidepressivo” e “dexametasona” para

machos na latência para autolimpeza, figura 23A [F(1,28)= 14,570; p=0,001]. A análise à

posteriori de Bonferroni revelou que o pré-tratamento com dexametasona aumentou a

latência à autolimpeza comparado ao controle [F(1,28)= 16,335; p=0,001] e esse aumento

na latência foi revertido pela administração de venlafaxina [F(1,28)= 12,925; p=0,006]. Os

dados de fêmeas expostas ao Splash Test quando avaliados através da ANOVA de duas

vias também revelaram interação significativa entre os fatores “antidepressivo” e

“dexametasona” [F(1,28)= 13,967; p=0,001]. A figura 23B mostra que o grupo tratado com

dexametasona aumentou o tempo de latência para autolimpeza [F(1,28)= 13,183; p=0,001]

que foi revertido pelo antidepressivo venlafaxina [F(1,28)= 12,627; p=0,027].

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Figura 23. Efeito da venlafaxina na latência para autolimpeza em machos (A) e fêmeas (B) após

administração única de dexametasona (64 µg/kg, s.c.) em camundongos machos submetidos ao Splash test.

Os dados representados são média ± erro padrão da média, sendo 8 animais por grupo. ANOVA de duas

vias seguida do teste de Bonferroni. *p<0,05 vs Veículo; #p<0,05 vs Controle.

Para determinar o efeito da venlafaxina no déficit causado na interação social após

administração de dexametasona, os parâmetros de tempo total de interação e frequência

dos comportamentos de seguir e evitar o camundongo “rascunho” foram avaliados. Para

os camundongos machos, a ANOVA de duas vias, representada na figura 24A1, revelou

efeito do fator “dexametasona” [F(1,28)= 31,706; p=0,001], entretanto, a venlafaxina não

foi capaz de reverter o prejuízo no tempo total de interação gerado pela dexametasona.

De acordo com o teste de Kruskal-Wallis, houve diferença entre os grupos para o

número de vezes em que os camundongos machos seguiam o “rascunho” [KW= 18,596,

p=0,001] e revelou diferenças significativas no comportamento de evitar o contato com o

“rascunho” [KW=23,945, p=0,001], mas o teste de Mann-Whitney mostrou apenas que o

grupo dexametasona seguiu menos o “rascunho” [p=0,001] e evitou mais o contato

[p=0,002], de forma que o tratamento agudo com venlafaxina não se mostrou eficaz na

reversão desses prejuízos (Figura 24 A2 e A3).

Esses parâmetros também foram avaliados nas fêmeas e, de acordo com a

ANOVA de duas vias, foi observado efeito do fator “dexametasona” [F(1,28)= 15,000; p=

0,001], de acordo com o post hoc de Bonferroni, o grupo de fêmeas que recebeu a

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dexametasona apresentou redução significativa no tempo de interação comparada ao seu

controle [F(1,28)= 11,915; p=0,002] (Figura 24 B1).

O teste de Kruskal-Wallis aponta que as fêmeas pré-tratadas com dexametasona

seguiram menos [KW=16,401; p=0,001; Figura 24 B2] e evitaram mais o contato com o

“rascunho” [KW=25,225; p=0,001; Figura 24 B3]. O tratamento com venlafaxina

reverteu o comportamento de evitar a interação social induzido pela dexametasona

[p=0,001; Figura 24 B3], mas não modificou o déficit causado pela dexametasona no

comportamento de seguir o animal “rascunho” [p>0,05; Figura 24 B2].

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Figura 24. Efeito da venlafaxina após da administração única de dexametasona (64 µg/kg, s.c.) na interação

social de camundongos machos (A) e fêmeas (B) para os parâmetros de tempo total de interação (A1 e B1),

comportamento de seguir (A2 e B2) e comportamento de evitação (A3 e B3). Os dados representados são

média ± erro padrão da média (A1 e B1) e mediana ± intervalo interquartílico (A2,3 e B2,3), sendo 16

machos e 16 fêmeas (8 veículos e 8 dexametasona). Diferenças estatísticas encontradas para um *p<0,05

vs Controle, #p<0,05 vs Dexametasona.

Tabela 3. Estatísticas descritivas dos camundongos machos e fêmeas dos grupos

dexametasona e veículo no TSCem animais tratados com nortriptilina.

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TSC

Machos Veículo + Veículoa

Veículo + NTPb

Dexametasona + Veículoc

96,12 ± 42,87bcd

47,62 ± 10,78ac

176,00 ± 33,94abd

Dexametasona + NTPd 64,00 ± 40,45ac

Fêmeas Veículo + Veículoa

Veículo + NTPb

Dexametasona + Veículoc

92,37 ± 35,03bcd

51,50 ± 22,85ac

184,37 ± 70,88abd

Dexametasona + NTPd 50,00 ± 12,85ac

Nota: NTP = Nortriptilina. As letras representam a diferença estatisticamente

significativa entre os grupos, atestada pelo teste posthoc de Bonferroni. Os dados

descritos apresentam-se em média ± desvio padrão.

Tabela 4. Estatísticas descritivas dos camundongos machos e fêmeas dos grupos

experimental e controle no TSCem animais tratados comvenlafaxina.

TST

Machos Veículo + Veículoa

Veículo + VLFb

Dexametasona + Veículoc

58,87 ± 28,44bcd

39,25 ± 25,61ac

121,00 ± 29,78abd

Dexametasona + VLFd 33,87 ± 14,30ac

Fêmeas Veículo + Veículoa

Veículo + VLFb

Dexametasona + Veículoc

85,50 ± 39,7cb

25,50 ± 12,58ac

145,37 ± 17,9abd

Dexametasona + VLFd 55,25 ± 38,40ac

Nota: VLF = Venlafaxina. As letras representam a diferença estatisticamente significativa

entre os grupos, atestada pelo teste posthoc de Bonferroni. Os dados descritos

apresentam-se em média ± desvio padrão.

Buscando entender diferenças gerais no comportamento tipo depressivo entre

machos e fêmeas associado aos antidepressivos nortriptilina e venlafaxina, a MANOVA

para amostras independentes indicou uma diferença estatisticamente significativa entre

os grupos, no que diz respeito a variável antidepressivo, tanto para o desempenho no TSC

[F(1,112)= 17,58; p<0,001], como descrito na tabela 3, quanto para a distância total

percorrida em campo aberto [F(1,112)= 14,24; p<0,01], com Lambda de Wilks de 0,78.

Entretanto, a variável sexo não apresentou diferença estatisticamente significativa

[F(2,111)= 0,64; p=0,54], com Lambda de Wilks de 0,99. O post hoc de Bonferroni

indicou diferença estatisticamente significativa entre todos os grupos, no TSC.

Especificamente, mostrando que os grupos que receberam a dexametasona, sendo machos

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ou fêmeas, seguiram padrão de maior pontuação na imobilidade, revertido pelos

antidepressivos (nortriptilina e venlafaxina). Ficando claro que as condições se

mantiveram semelhante em machos e fêmeas (tabela 3 e 4).

Tabela 5.Estatísticas descritivas dos grupos experimental e controle no Splash testem

animais tratados com venlafaxina.

Nota: VLF = Venlafaxina. As letras representam a diferença estatisticamente significativa

entre os grupos, atestada pelo teste post hoc de Bonferroni. Os dados descritos

apresentam-se em média ± desvio padrão.

Quanto aos parâmetros de latência para autolimpeza e tempo de autolimpeza no

splash test, a MANOVA indicou uma diferença estatisticamente significativa quanto à

variável “grupo”(dexametasona x veículo) para o parâmetro “latência” [F(3,56)= 23,06;

p<0,001], entretanto, não indicou diferença estatisticamente significativa para a variável

“sexo” no parâmetro de latência [F(1,56)= 0,47; p=0,50], com Lambda de Wilks de 0,38.

De maneira geral, o post hoc de Bonferroni indicou que os grupos dexametasona, em

ambos os sexos, obtiveram maior pontuação, ou seja, um aumento da latência para

autolimpeza comparado ao veículo (tabela 5).

6.1.3 Análise do ciclo estral das fêmeas

As fêmeas, imediatamente após a realização de um teste comportamental, foram

submetidas à coleta do lavado vaginal para identificação da fase do ciclo estral. Esta etapa

tinha por objetivo determinar a porcentagem de animais para cada fase do ciclo, com o

Latência

Machos Dexametasona + Veículoa 297,75 ± 51,99bcd

Dexametasona + VLFb 173,25 ± 69,35ac

Veículo + Veículoc 109,75 ± 58,83abd

Veículo + VLFd 167,87 ± 85,66ac

Fêmeas Dexametasona + Veículoa 274,25 ± 38,15bcd

Dexametasona + VLFb 165,50 ± 60,78ac

Veículo + Veículoc 102,50 ± 48,94abd

Veículo + VLFd 163,50 ± 74,8ac

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intuito de apontar em que fase do ciclo estral as fêmeas estavam no dia da realização dos

testes comportamentais. Nas figuras do anexo II, está disposto, de acordo com os testes

comportamentais realizados, o percentual de animais encontrados em cada uma das fases

do ciclo estral.

6.1.4 Avaliação do potencial terapêutico do antagonista do receptor NOP, SB-

612111, na depressão experimental induzida por dexametasona em camundongos

machos e fêmeas

A ANOVA de duas vias resultou efeito significativo para os fatores

“dexametasona” e “antidepressivo” quanto ao tratamento com SB-612111 na dose de 10

mg/kg [F(3,44)= 14,569; p= 0,001]. O post hoc de Bonferroni, realizado à posteriori, indicou

que o aumento de imobilidade causado pela administração da Dexametasona [F(3,44)=

13,090; p= 0,001] foi revertido pelo tratamento com o antagonista do receptor NOP, SB-

612111, na dose de 10 mg/kg [F(3,44)= 32,425; p= 0,001] (Figura 25).

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Figura 25. Efeito do SB-612111 no tempo de imobilidade no TSC após administração única de

dexametasona (64 µg/kg, s.c.) em camundongos machos. Os dados representados são média ± erro padrão

da média, sendo 12 animais por grupo. ANOVA de duas vias seguida do teste de Bonferroni. *p<0,05 vs

Controle; #p<0,05 vs Veículo.

Como desenhado na figura 26, a ANOVA de duas vias não caracterizou diferenças

significativas na locomoção entre os grupos e o tratamento [F(3,31)= 0,006; p= 0,940] na

distância total percorrida em campo aberto, como descrito na figura 25.

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Figura 26. Análise do efeito do SB-612111 na locomoção através distância total percorrida em campo

aberto após administração única de dexametasona (64 µg/kg, s.c.) em camundongos machos. Os dados

representados são média ± erro padrão da média, sendo 8 animais por grupo. ANOVA de duas vias.

Quanto à latência para autolimpeza, a ANOVA de duas vias resultou efeito

significativo de interação para os fatores “grupos” e “tratamento”, quanto ao tratamento

com SB-612111 na dose de 10 mg/kg [F(3,31)= 11,458; p= 0,001]. O post hoc de

Bonferroni, realizado à posteriori, indicou que a diferença entre os grupos [F(3,31)= 33,143;

p=0,001] se deu pelo aumento da latência para autolimpeza causado pela administração

de dexametasona, que foi revertido pelo tratamento com o antagonista do receptor NOP,

SB-612111, na dose de 10 mg/kg [F(3,31)= 22,507; p= 0,002] (Figura 27).

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Figura 27. Efeito do SB612111 na latência para autolimpeza no Splash Test após administração única de

dexametasona (64 µg/kg, s.c.) em camundongos machos. Os dados representados sãomédia ± erro padrão

da média, sendo 8 animais por grupo. ANOVA de duas vias seguida do teste de Bonferroni.*p<0,05 vs

Controle; #p<0,05 vs Veículo.

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6.2 Etapa II

6.2.1 Avaliação do efeito antidepressivo da imipramina no protocolo de indução

da depressão experimental por administração repetida de dexametasona em

camundongos machos

Para realização do protocolo repetido, ilustrado nas figuras 9 e 13, a

Dexametasona foi administrada inicialmente durante 7 dias, na dose de 16 µg/kg. No

sétimo dia, os animais foram submetidos aos testes comportamentais de TSC, campo

aberto e Splash test, respectivamente nessa ordem. A partir do oitavo dia, os animais

foram subdivididos em grupos também de acordo com o tratamento concomitante à

dexametasona, sendo assim, de acordo com seus grupos, receberam veículo ou

imipramina por 7 dias, enquanto queno 14º foram repetidas as medidas comportamentais.

Para avaliar se a administração repetida de dexametasona (16 µg/kg, s.c) induz

comportamento do tipo depressivo em camundongos machos, após 7 dias de

administração a imobilidade dos animais foi avaliada no Teste de Suspensão pela

Caudaea distância total percorrida desses animais também foi mensurada no Campo

Aberto. No Splash Test foi mensurada a latência para o primeiro comportamento de

autolimpeza.Para esses parâmetros, os dados foram considerados normais e foi realizado

o Teste T para amostras independentes, uma vez que são duas condições experimentais,

para cada tempo, com animais diferentes em cada grupo.

A figura 28 mostra que, de acordo com o Teste T independente, a imobilidade dos

camundongos machos tratados por 7 dias com dexametasona foi significativamente maior

em relação ao grupo controle [t(24)= -5,268; p = 0,001]. É importante destacar que o

grupo dexametasona não apresentou diferença na distância total percorrida no campo

aberto comparado ao grupo controle [t(24) = -0,168; p=0,868]. O tratamento repetido com

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dexametasona afetou também a latência para autolimpeza, uma vez que o grupo tratado

levou significativamente mais tempo para iniciar o comportamento de grooming do que

o grupo controle [t(24)= -2,741; p = 0,011].

Figura 28. Efeito administração repetida por 7 dias com dexametasona (16 µg/kg, s.c.) no tempo de

imobilidade no TSC, distância total percorrida e latência para auto limpeza em camundongos machos. Os

dados representados são média ± erro padrão da média, sendo 13 animais por grupo. ANOVA de duas vias

seguida do teste de Bonferroni.*p<0,05 vs Veículo.

ANOVA de duas vias, descrita na figura 29, seguida pelo post hoc de Bonferroni

mostrou interação entre os fatores “dexametasona” e “antidepressivo” [F(1,22)= 11,580; p=

0,003] e revelou que o tratamento repetido com dexametasona aumentou a imobilidade

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comparado ao grupo controle [F(1,22)= 17,252; p= 0,001] e a imipramina foi capaz de

reverter o aumento de imobilidade [F(1,22)= 12,107; p= 0,002]. Seguindo o padrão de

comportamento tipo depressivo, a ANOVA de duas vias também apresentou uma

interação entre os fatores “dexametasona” e “antidepressivo” para o parâmetro de latência

para autolimpeza [F(1,22)= 8,922; p= 0,007] e o post hoc de Bonferroni revelou que após

14 dias de administração de dexametasona houve um aumento significativo na latência

dos animais para autolimpeza comparado ao grupo controle [F(1,22)= 8,107; p= 0,009] e

que a imipramina foi capaz de reverter esse aumento [F(1,22)= 7,155; p= 0,014]. É

importante destacar que após 14 dias de administração repetida da dexametasona, a

ANOVA de duas vias, detectou interação entre os fatores “dexametasona” e

“antidepressivo” [F(1,22)= 4,774; p= 0,040], de forma que o post hoc de Bonferroni apontou

que o grupo tratado com dexametasona apresentou menor distância total percorrida no

campo aberto comparado ao seu controle[F(1,22)= 13,205; p= 0,001], e que o tratamento de

7 dias com imipramina não foi capaz de reverter estatisticamente esse efeito na locomoção

induzido pela dexametasona [F(1,22)= 0,639; p= 0,433].

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Figura 29. Efeito da imipramina no tempo de imobilidade no TSC, distância total percorrida no Campo

Aberto e latência para autolimpeza no Splash test, após administração repetida de dexametasona (16 µg/kg,

s.c.) em camundongos machos. Os dados representados são média ± erro padrão da média, sendo 7 animais

no grupo imipramina e 6 no grupos veículo. ANOVA de duas vias seguida do teste de Bonferroni.*p<0,05

vs Controle; #p<0,05 vs Veículo.

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7. Discussão

A etiopatogenia do TDM está relacionada à fatores genéticos, processos

inflamatórios e doenças crônicas, bem como condições ambientais, incluindo quadros de

estresse (Haase & Brown, 2015). Os eventos estressantes destacam-se em muitos estudos,

clínicos e não clínicos, não só influenciando distúrbios metabólicos e sistêmicos, mas

também associando disfunções à nível de SNC, principalmente vinculadas à desregulação

da homeostase por aumento excessivo dos níveis de glicocorticoides, gerando a

perturbação da funcionalidade do eixo HPA (Zunszain, Anacker, Cattaneo, Carvalho, &

Pariante, 2011; Zalachoras et al., 2013).

Como os estímulos estressantes podem diferir em suas características físicas e

psicológicas, os roedores podem apresentar níveis diferentes de corticosterona frente ao

estímulo estressor apresentado. Isso pode explicar por que esses paradigmas têm

produzido resultados comportamentais conflitantes. Portanto, para produzir uma

sintomatologia comportamental mais verossímil, é essencial que as pesquisas não clínicas

pautem seus estudos em modelos que não abram lacunas a uma variabilidade

experimental causada pelo estímulo, evitando diferenças individuais (Sterner &

Kalynchuk, 2010b). Assim, baseando-se na hipótese de que a desregulação do eixo HHA

pelo excesso de glicocorticoides é capaz de suscitar um quadro depressivo (F. Ferrari &

Villa, 2016) e objetivando entender o envolvimento dos glicocorticoides nesse processo

(Anacker et al., 2011) em nível comportamental e farmacológico, o presente estudo

revisou protocolos previamente descritos para indução da depressão experimental por

administração de dexametasona em camundongos (Li, Zhang, Wu, & Hashimoto, 2014;

Patel & Udayabanu, 2014; Wróbel et al., 2014, 2015) e os adaptou, avaliando as

alterações comportamentais de camundongos machos e fêmeas.

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De forma geral, os protocolos, agudo e repetido, demonstraram eficácia em

reproduzir comportamentos do tipo depressivo em camundongos, demonstrado através

do aumento da imobilidade, da latência à autolimpeza, bem como da redução da interação

social. Apesar das diferenças encontradas nos resultados basais entre machos e fêmeas,

cabe destacar que o efeito da dexametasona se manteve, independente do sexo. O

tratamento farmacológico, com antidepressivos clássicos distintos, promoveu reversão

desses comportamentos. Além disso, o SB-612111, antagonista NOP, avaliado no

protocolo de administração única de dexametasona, apresentou efeito do tipo

antidepressivo, revertendo a imobilidade no TSC e o aumento da latência para

autolimpeza no Splash test em camundongos machos.

A primeira etapa do estudo avaliou se uma única administração de dexametasona,

na dose de 64 µg/kg (s.c.), era capaz de gerar um comportamento do tipo depressivo em

camundongos machos e fêmeas. Os dados do presente trabalhodestacam que os

camundongos tratados com dexametasona passaram mais tempo imóveis no TSC, com

uma postura típica de resignação frente à dificuldade ou incapacidade de escapar da

situação aversiva, diferente dos camundongos do grupo controle. Estes achados estão de

acordo com a literatura para o protocolo de administração única de dexametasona em

camundongos submetidos ao teste da natação forçada (Sigwalt et al., 2011; Wróbel et al.,

2014, 2015; Mesripour, Alhimma, & Hajhashemi, 2018).

A maioria dos estudos descritos na literatura reforçam que protocolo de natação

forçada parece ser adequado para avaliação do fenótipo depressivo nesse modelo

experimental (Marks, Fournier, & Kalynchuk, 2009; Sigwalt et al., 2011; Wróbel et al.,

2014, 2015). Entretanto, o estudo avaliou a imobilidade dos animais retratada no TSC e

foi observado que este parâmetro foi seletivo no grupo dexametasona para esse teste, uma

vez que o tratamento com o glicocorticoide não afetou a distância total percorrida por

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esses camundongos no campo aberto, resultados semelhantes foram relatados em outros

estudos (Li et al., 2014; Wróbel et al., 2014, 2015). Cabe destacar que este estudo ampliou

o uso do protocolo, já que existem algumas vantagens em utilizar o TSC para avaliar a

imobilidade em camundongos, como: i. o TSC é um teste com baixo custo financeiro e

de fácil automação no ambiente de laboratório; ii. não é capaz de induzir hipotermia, que

é uma possibilidade relatada para o TNF e; uma vez retirados do aparato os camundongos

retomam imediatamente a atividade normal espontânea, sem necessidade do tratamento

pós-experimental requerido no TNF (Castagné, Moser, Roux, & Porsolt, 2011).

O maior número de estudos que avalia a influência dos glicocorticoides no

fenótipo depressivo utiliza a administração crônica da corticosterona como modelo para

induzir o estado depressivo em roedores (Kalynchuk et al., 2004; Murray, Smith, &

Hutson, 2008b; Iijima et al., 2010; Sterner & Kalynchuk, 2010b; Koike, Iijima, & Chaki,

2013; Rosa et al., 2014). Cabe destacar que as diferenças encontradas no presente estudo

estão supostamente relacionadas às distinções farmacocinéticas e farmacodinâmicas entre

a corticosterona e a dexametasona (Meyer, Smith, & Middlemas, 2012; Koike et al., 2013;

Wróbel et al., 2015). Na prática, como a dexametasona é um agonista do receptor de

glicocorticoide (RG) com maior potência, seletividade e tempo de meia-vida comparada

à corticosterona, isto colabora para o desequilíbrio da ativação do receptor

mineralocorticoide (RM) x RG e, assim, afeta distintamente as funções cerebrais

endógenas da corticosterona (Czock, Keller, Rasche, & Häussler, 2005).

Fisiologicamente, é proposto que essa relação (RM:RG) é dependente de um equilíbrio

de ativação sob um evento estressante como uma resposta fisiológica. Assim, a ativação

exacerbada dos RG ocorrida após a administração de dexametasona pode desencadear

desregulação das respostas normais do eixo HHA e adaptação comportamental

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disfuncional que eleva a vulnerabilidade aos transtornos mentais relacionados ao estresse

(De Kloet & Ron, 2014).

Inicialmente, buscou-se avaliar se a administração única da dexametasona

apresenta a indução do comportamento do tipo depressivo em outros intervalos de tempo,

24 horas e 7 dias após a administração. Assim, ampliando o protocolo à outras possíveis

avaliações comportamentais que requerem outros intervalos entre a indução experimental

e o teste comportamental. Os dados dos camundongos que realizam o TSC e o campo

aberto 24 horas após a administração da Dexametasona refletem que ainda nesse período

esses animais apresentam comportamento do tipo depressivo, o que viabiliza a expansão

de estudos futuros que objetivem investigar outros comportamentos frente às condições

experimentais induzidas pela dexametasona como, por exemplo, testes de memória. Os

grupos experimentais avaliados após 7 dias de administração não apresentaram

comportamento tipo depressivo. Sendo assim, baseado nos protocolos já descritos

(Wróbel et al., 2014; 2015), decidimos aprofundar o presente estudo baseando as

avaliações comportamentais do protocolo agudo no intervalo de tempo de 4 horas após a

administração da dexametasona.

Outro comportamento desenvolvido por roedores tratados cronicamente com

corticosterona pode estar indiretamente relacionado à anedonia, falta de motivação e

autocuidado, sintomas que compõe o complexo quadro da depressão maior (Cryan et al,

2005; APA, 2013; Slavich & Irwin, 2014). Uma das formas de avaliação desse sintoma é

a autolimpeza, parâmetro aferido no splashtest ou teste de borrifada da sacarose (David

et al., 2009b; Engel et al., 2016; Freitas et al., 2016). Nossos resultados demonstram que

4 horas após a administração única da dexametasona, os camundongos que receberam a

substância demonstraram redução do comportamento motivacional descrito pelo aumento

da latência para autolimpeza. Esses dados acompanham parcialmente a literatura,

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destacando que o grupo experimental demorou mais tempo para realizar a primeira

autolimpeza comparado aos veículos, sugerindo falta de motivação/autocuidado típica do

comportamento depressivo (Engel et al., 2016). Entretanto, diferente da literatura, o

tempo total de autolimpeza não diferiu entre o grupo dexametasona e Veículo,

possivelmente pelo tipo de protocolo empregado, uma vez que a grande maioria dos

estudos da literatura utiliza protocolos de administração crônica, enquanto, neste caso, a

avaliação foi feita de forma única. Além disso, o comportamento é comumente testado na

literatura atual por meio da administração de outro glicocorticoide (corticosterona)

(Freitas et al., 2016), em lugar da dexametasona, utilizada no nosso. Outra diferença

importante de destacar é que a linhagem de camundongos geralmente utilizada para testar

esse parâmetro nessas condições não é a Swiss, utilizada no nosso estudo (Engel et al.,

2016). Esses fatores podem explicar a divergência entre os dados deste estudo quando

comparados à literatura para o teste de borrifada de sacarose.

Os testes não clínicos voltados para os transtornos psiquiátricos, principalmente

os que mensuram o papel dos glicocorticoides na depressão, apresentam tendência a

avaliar os sintomas core deste transtorno. Entretanto, vale destacar que em condições

como a depressão maior, cujo isolamento e comportamento de evitar contato social são

frequentemente relatados, é de grande relevância abordar modelos animais que englobam

deficiências relacionadas à interação social (Krishnan, 2014), ainda não caracterizados

para esse protocolo. No presente estudo, após a administração única da dexametasona

avaliamos como esses camundongos se comportam frente à três parâmetros quando

expostos a um ambiente familiar com um camundongo desconhecido: (i) tempo total de

interação, (ii) frequência no comportamento de seguir e (iii) no comportamento de evitar

o animal desconhecido.

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Nossos dados indicam que os camundongos tratados com dexametasona

apresentam-se menos disponíveis para interagir com o camundongo desconhecido, assim,

a administração única de dexametasona foi capaz de causar déficits no comportamento

social de camundongos, reduzindo o tempo de interação social e apresentando maior

evitação de contato. Estes achados são inovadores na literatura não clínica para esse

protocolo de depressão experimental e estabelecem uma relação direta com um dos sinais

clínicos observados em pacientes depressivos.

A literatura aponta não só para uma diferença gradual e crescente de prevalência

feminina em algumas doenças neuropsiquiátricas, bem como para uma diferença sexual

em resposta ao curso e tratamento da doença em relação aos homens. As descrições

epidemiológicas caracterizam que as mulheres são três vezes mais vulneráveis que os

homens a desenvolver o TDM (Kessler et al., 2003; Kessler & Bromet, 2013). Assim, a

OMS identifica o sexo como condição determinante na prevalência e gravidade da saúde

mental (World Health Organization, 2000). A resposta ao estresse tem aparecido na

literatura como um fator que desencadeia diferenças sexuais em nível bioquímico

complexas em humanos e animais (McEwen & Milner, 2017), suscetibilizando as

mulheres a um maior risco de desenvolver transtornos afetivos ao longo da vida. Por isso,

os estudos que envolvem transtornos afetivos e incluem avaliações por sexo são

fundamentais para o desenvolvimento de estratégias e/ou tratamentos preventivos(Bale

& Epperson, 2015). Isso reforça a importância da busca por modelos animais que

espelhem esta condição prevalente em animais do sexo feminino, principalmente porque

na literatura atual os parâmetros comportamentais geralmente testados em modelos

animais de depressão nem sempre são os mesmos para machos e fêmeas (Kokras & Dalla,

2014).

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O estudo de Rosa e colaboradores (2014) está em consonância com dados

epidemiológicos, mostrando que a exposição de camundongos fêmeas ao tratamento

repetido com corticosterona, por 21 dias, provoca efeito depressor, aumentando o tempo

de imobilidade no TST e apresentando comportamento semelhante ao anedônico no

splashtest, o que já tinha sido relatado para machos (Johnson, Roth, & Breslau, 2006b;

Zhao et al., 2008; Ago et al., 2013). Entretanto, as condições testadas em fêmeas até hoje

na literatura não avaliaram diretamente o envolvimento exclusivamente dos receptores de

glicocorticoide no comportamento tipo depressivo. Como revisado por Bolea-Alamanac,

Bailey, Lovick, Scheele, & Valentino (2018), essas diferenças entre sexo podem se dar

em nível molecular, uma vez que o receptor do CRF mostra um acoplamento diferencial

em machos e fêmeas. Assim, buscou-se investigar a lacuna existente nos trabalhos de

Wróbel e colaboradores (2015), avaliando esse protocolo de única administração da

dexametasona em fêmeas, analisando o comportamento no TSC, campo aberto, splashtest

e interação social, a fim de comparar o perfil de resposta das fêmeas com os dados obtidos

para os camundongos machos.

Resumidamente, nossos dados apontam que as fêmeas submetidas à

administração única de dexametasona passaram mais tempo imóveis do que as tratadas

com veículo no TSC, sem afetar a locomoção espontânea no campo aberto e que o

tratamento com dexametasona também promoveu maior latência para autolimpeza no

splashtest, caracterizando, assim, redução do autocuidado/motivação. Somando-se a

esses dados, as fêmeas expostas a dexametasona única reduziram o número de vezes que

seguiram e aumentaram o número de vezes que evitaram o contato com o camundongo

desconhecido. Observando-se, assim, um perfil de alteração comportamental de fêmeas

tratadas agudamente com dexametasona semelhante ao padrão visto para camundongos

machos. Neste sentido, nossos dados distinguem dos dados que avaliam condições de

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estresse e depressão em fêmeas na literatura e nos direciona para uma nova avaliação do

paradoxo existente entre a prevalência feminina do TDM relacionado ao estresse e a

reduzida resposta de fêmeas a protocolos experimentais de depressão relacionados ao

estresse (Kokras & Dalla, 2014). Além disso, nos leva a identificar o modelo animal

proposto nesse estudo com maior aplicabilidade para as pesquisas não clínicas atuais

dessa temática.

Embora não tenha sido feito um acompanhamento completo do ciclo estral das

fêmeas, como é sugerido em alguns trabalhos (Meziane, Ouagazzal, Aubert, Wietrzych,

&Krezel, 2007; S. Santarelli et al., 2014), a coleta do lavado vaginal e posterior análise

foi feita após os experimentos comportamentais. E, mesmo os grupos de fêmeas

apresentando diferentes fases do ciclo no dia do experimento, aparentemente não houve

influência deste parâmetro sobre a ação única da dexametasona em gerar um

comportamento do tipo depressivo que, no caso do nosso laboratório, não apresentou

perfil diferente do comportamento exibido pelos machos (dados em anexo) (McHenry,

Carrier, Hull, & Kabbaj, 2014; Moieni et al., 2015).

Os modelos animais de depressão com validade de face e construto são geralmente

sensíveis exclusivamente ao tratamento antidepressivo convencional (Cryan, Page, &

Lucki, 2005b). Tanto os modelos que induzem a depressão pelo tratamento crônico com

corticosterona (Murray et al., 2008b; Sterner & Kalynchuk, 2010b; Rosa et al., 2014)

como agudo e crônico com dexametasona (Li et al., 2014; Wróbel et al., 2014, 2015) já

mostraram que os efeitos comportamentais induzidos pelo glicocorticoide são sensíveis

ao tratamento com antidepressivos de várias classes.

Neste estudo, buscou-se avaliar se todos os parâmetros comportamentais vistos

alterados pela administração única de Dexametasonapoderiam ser revertidos pelo

antidepressivo tricíclico, Nortriptilina, bem como pelo Inibidor Recaptação de Serotonina

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e da Noradrenalina, Venlafaxina, em camundongos machos e fêmeas. Observou-se que a

administração de Nortriptilina e Venlafaxina reduziu o tempo de imobilidade no TSC dos

camundongos machos e fêmeas pré-tratados com dexametasona ou não (veículo). Os

estudos de Wróbel e colaboradores (2014; 2015) já haviam avaliado o efeito de várias

classes de antidepressivos através da Imipramina, Amitriptilina, Tianeptina, Mianserina,

Citalopram e Moclobemida em camundongos machos pré-tratados com dexametasona no

teste de natação forçada e observaram que tanto em protocolo agudo como em crônico, o

efeito depressor da dexametasona foi revertido.

Além disso, o presente trabalho também avaliou o efeito antidepressivo dos

fármacos nortriptilina e venlafaxina em camundongos fêmeas, dado esse previamente

apontado como lacuna na literatura (Wróbel et al., 2015) e que se soma na quebra de

barreiras ao progresso de desenvolvimento psicofarmacológico específico entre os sexos,

que seria essencial para um melhor tratamento especifico (Bolea-Alamanac et al., 2018).

Entretanto, o que foi observado assemelhou-se entre os sexos, de forma que, esses

fármacos foram capazes de reverter o comportamento tipo depressivo induzido pela

dexametasona única em machos e fêmeas. Ainda, pela primeira vez, o presente estudo

mostra que a venlafaxina é capaz de restaurar a latência para autolimpeza,

reestabelecendo o autocuidado/motivação reduzido nos grupos de machos e fêmeas

agudamente tratados com dexametasona.

As alterações comportamentais vistas neste estudo, decorrentes da exposição à

dexametasona, bem como a reversão do comportamento do tipo depressivo através dos

antidepressivos clássicos estão possivelmente associadas às alterações neuroquímicas.

Poucos estudos apontam para as alterações nos níveis de monoaminas encefálicas

decorrentes da administração única de glicocorticoides. De fato, já se sabe que o

tratamento agudo com glicocorticoides, corticosterona ou dexametasona, é capaz de

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reduzir os níveis de serotonina (5-HT) em algumas regiões do cérebro do rato, como

córtex pré-frontal, estriado, amígdala e hipocampo (Inoue & Koyama, 1996) que são

caracteristicamente regiões envolvidas na sintomatologia do comportamento depressivo

(Ferrari & Villa, 2016). Assim, por atuar modulando sistemas monoaminérgicos, os

antidepressivos medeiam seus efeitos restaurando os níveis de 5-HT e revertendo o

prejuízo comportamental induzido pela administração de glicocorticoide.

As modificações neuroquímicas que acontecem após administração de

dexametasona, aparentemente, não se resumem as monoaminas. Um estudo utilizando a

linha celular do tipo PC12 feocromocitoma avaliou a capacidade da dexametasona

interferir com a sinalização neuronal do receptor de tirosina quinase tipo 1 (TrkA), um

dos responsáveis por mediar funções da neurotrofina que regula a proliferação e

diferenciação celular dentro de tecidos neurais específicos durante processos fisiológicos

e patológicos, o fator de crescimento nervoso (NGF). De acordo com esse estudo, a

interação da dexametasona com o RG prejudica a proliferação celular promovida pelo

NGF, interferindo na ativação/fosforilação de Akt e ERK1/2, elucidando mais um

possível mecanismo depressivo de ação da dexametasona no sistema nervoso central

(Terada et al., 2014). Dado que a Fluoxetina, como um fármaco antidepressivo, apresenta

um papel neuroprotetor através da regulação de proteínas fosforiladas Akt e ERK 1/2 em

células-tronco neurais (Huang et al., 2013), estudos ainda precisam melhor caracterizar

essa condição e pontuar ações de antidepressivos mediando as alterações causadas por

dexametasona na fosforilação de Akt e ERK1/2.

No presente estudo, de forma geral, apesar da nortriptilina e venlafaxina

restaurarem as alterações comportamentais induzidas pela dexametasona no TSC, tanto

em machos quanto em fêmeas, a atividade locomotora após a administração dos

antidepressivos foi reduzida. É importante destacar que os grupos de camundongos que

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receberam apenas veículo ou dexametasona não tiveram sua locomoção alterada. Estudos

prévios já descreveram o efeito hipolocomotor de antidepressivos tricíclicos, como

Nortriptilina(Tucker & File, 1986; Kokkinidis & McCarter, 1990), e de inibidores da

recaptação de 5-HT e Noradrenalina, bem como de Venlafaxina (Karlsson et al., 2011)

em roedores. Como os testes comportamentais empregados neste estudo dependem da

atividade locomotora do animal, é possível que esse efeito hipolocomotor induzido pelos

antidepressivos nortriptilina e venlafaxina tenha sido capaz de afetar o comportamento

dos animais em alguns testes comportamentais.

Ao analisar detalhadamente, descarta-se a influência de um possível efeito

hipolocomotor dos antidepressivos em testes que dependem de um comportamento ativo

do animal, como, por exemplo, TSC e splashtest, haja visto que o tratamento com

antidepressivos nestas condições reverteu o aumento do tempo de imobilidade e reduziu

o tempo de latência para a autolimpeza de animais anteriormente tratados com

dexametasona. Por outro lado, a ineficácia da venlafaxina em reverter os déficits na

interação social produzidos pela dexametasona pode, em parte, relacionar-se ao efeito

hipolocomotor do antidepressivo, já que é esperado que os animais tratados com

venlafaxina quando submetidos ao teste de interação social apresentem a reversão dos

déficits induzidos pela dexametasona. De fato, para a Venlafaxina ser eficaz na reversão

dos comportamentos induzidos pela dexametasona no teste da interação social,

comportamentos ativos são esperados, como elevação no tempo de interação e também

aumento no comportamento de seguir.

Com base na maioria dos estudos que investiga ação de efeitos crônicos dos

glicocorticoides (Sterner & Kalynchuk, 2010), avaliamos o tratamento repetido com

dexametasona (16 µg/kg) durante 7 e 14 dias (Wróbel et al., 2014, 2015). Inicialmente é

importante destacar que, diferente do que a literatura traz sobre a utilização da

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corticosterona, como glicocorticoide indutor da depressão experimental, que constatou

resultados só entre a terceira e quinta semana do tratamento (Zhao et al., 2008), a

dexametasona mostrou resultados experimentais mais rápidos como já indicado (Li et al.,

2014; Wróbel et al., 2014). Os camundongos do presente estudo que receberam a

dexametasona durante 7 dias apresentaram o comportamento do tipo depressivo através

da redução da imobilidade e do aumento da latência para autolimpeza sem afetar a

locomoção. Dessa forma, confirmamos e ampliamos os dados apresentados por Wróbel

e colaboradores (2014) de que a dose de 16 µg/kg de dexametasona com 7 dias de

tratamento é capaz de mimetizar comportamentos tipo depressivo.

Seguindo o tratamento, os camundongos receberam a dexametasona por mais 7

dias, totalizando 14 de exposição à substância que evidenciou o comportamento tipo

depressivo já relatado (Johnson et al., 2006b; Wróbel et al., 2015). Sabe-se que alguns

antidepressivos clássicos agem sobre substratos neuroendócrinos, regulando e inibindo

secreção de cortisol (Pariante & Lightman, 2008; Anacker et al., 2011) e revertendo

alterações comportamentais e neuroquímicas (Haynes, Barber, & Mitchell, 2004). Assim,

fundamentado nos dados agudos do presente estudo, a investigação do efeito

antidepressivo padrão na condição repetida foi avaliada na condição de tratamento

repetido, durante os 7 dias finais do protocolo, com imipramina (20 mg/kg). A imipramina

destaca-se como antidepressivo capaz de reverter muitas repostas ao estresse observada

em camundongos (Boyle et al., 2005), incluindo o déficit causado pela administração

repetida de dexametasona em 14 dias, através da redução do tempo de imobilidade no

TNF (Wróbel et al., 2015).

Os dados do presente trabalho assemelham-se à literatura, mostrando que os

efeitos antidepressivos da imipramina foram encontrados para o TSC. Durante os 7 dias

de exposição ao tratamento com imipramina, a substância foi capaz de reverter o aumento

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da imobilidade no TSC e, além disso, reduziram significativamente o déficit motivacional

de aumento latência para autolimpeza no splash test, comportamentos tipo depressivos

causadas pela administração repetida da dexametasona. Os estudos sobre os efeitos do

tratamento com imipramina no protocolo repetido de administração da dexametasona

ainda são poucos, entretanto, já se sabe que a imipramina (15 mg/kg), administrada

durante 21 dias, é capaz de reverter o déficit comportamental e neuroquímico causado

pela administração crônica de outro glicocorticoide, a corticosterona (Fenton et al., 2015).

Um estudo utilizando outro protocolo de depressão experimental induzida por estresse

aponta que, na dose de 20 mg/kg, a imipramina reverteu o comportamento de evitação

social induzido pelo estresse (Ramirez et al., 2015).

Além disso, um estudoin vitro, avaliando quantificação de RNA por eletroforese

baseada emHibridização do Filtro de Nylon, demonstrou que o tratamento com

imipramina foi capaz de aumentara expressão do RNAm de RG no SNC, principalmente

no hipotálamo e no hipocampo (Peiffer, Veilleux, & Barden, 1991). Provavelmente, esse

efeito antidepressivo está associado ao aumento de expressão de RG, uma vez que, de

forma pontual, a imipramina pode aumentar a expressão de RG em regiões do SNC

envolvidas no feedback negativo, como o hipotálamo e NPV (Heydendael & Jacobson,

2009). Tomados em conjunto esses dados traçam a ideia de que a disfunção central de

RG se encontra subjacente à sintomatologia do TDM e que os compostos com ações

direcionadas a esse receptor podem ser estratégias de tratamento adequadas.

Atualmente, a clínica tem exigido novas terapêuticas para a depressão maior com

maior eficácia, visando maior adesão e menos efeitos colaterais. A modulação do sistema

N/OFQ - receptor NOP vem sendo alvo do estudo na clínica e pré-clínica de disfunções

do humor e, principalmente, do TDM (Calo et al., 2005; Vitale et al., 2009; Gavioli &

Calo’, 2013). Estudos em roedores submetidos ao tratamento agudo e crônico com

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antagonistas NOP e expostos a diversos modelos animais, demonstraram o envolvimento

desse sistema peptidérgico na modulação do humor, pontuando o papel do bloqueio da

sinalização do receptor NOP como potencial terapêutico para a depressão maior (Gavioli

et al., 2003, 2004; Gavioli et al., 2007; Medeiros et al., 2015(Vitale et al., 2009; Vitale et

al., 2017).

No presente estudo, iniciamos uma série de experimentos que visam avaliar o

efeito do antagonista NOP nos comportamentos induzidos pela administração única de

dexametasona. No TSC, o tratamento com o antagonista não peptídico do receptor NOP,

SB-612111, foi capaz de reverter o aumento do tempo de imobilidade em camundongos

machos, induzido pela dexametasona, confirmando um potencial antidepressivo

decorrente do antagonismo do receptor NOP. O efeito do SB-612111 sobre as demais

alterações comportamentais induzidas pela dexametasona, como diminuição da interação

social e do comportamento de autolimpeza, está em andamento no nosso laboratório, para

melhor caracterizar a atividade antidepressiva desse antagonista, especificando outros

comportamentos semelhante à sintomatologia depressiva, não só desespero

comportamental que é mais comum na literatura.

Dois estudos já desenvolvidos no nosso laboratório apontam para o efeito do tipo

antidepressivo induzido pelos antagonistas NOP em camundongos após exposição a

modelos distintos de depressão. Camundongos expostos ao protocolo de desamparo

aprendido, que remete a sucessivos choques imprevisíveis, incontroláveis e inescapáveis

desenvolvem um fenótipo do tipo depressivo, visto pela diminuição da latência ao escape

e do número de tentativas, caracterizando, assim, um fenótipo desamparado que é

restaurado pelo tratamento agudo com UFP-101 e SB-612111 (Holanda et al., 2016).

Também realizado no nosso laboratório, a indução do comportamento tipo depressivo em

camundongos por inflamação, através de uma única administração de

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lipopolissacarídeobacteriano (LPS), apontou que o tratamento com os antagonistas NOP

UFP-101 e SB-612111 foi capaz de reduzir o tempo de imobilidade dos camundongos

pré-tratados com o LPS no teste de suspensão pela cauda.

O excesso de glicocorticoides é uma das explicações fisiopatológicas da depressão

maior e muitas evidências já caracterizam que em níveis elevados no SNC os

glicocorticoides podem causar comprometimento, mediando vias de estresse oxidativo e

danificando os neurônios no hipocampo. Além disso, a ativação direta de rG pela

exposição em longo prazo à dexametasona pode induzir mudanças de atrofia e redução

de neurogênesehipocampal e diminuição da expressão do fator neurotrófico derivado do

cérebro (BDNF), desempenhando um papel crítico na patogênese da depressão(Sterner &

Kalynchuk, 2010b; Czéh et al., 2016; Ferrari & Villa, 2016).

Alguns estudos já destacam a possível relação entre o estresse agudo e o sistema

N/OFQ – receptor NOP, principalmente em áreas límbicas do cérebro, como o

hipocampo. Zambello e colaboradores (2008) mostraram que animais expostos à estresse

agudo por derrota social tinham aumento da expressão do RNAm do receptor NOP nos

núcleos central e basolateral da amígdala (Zambello, Jiménez-Vasquez, El Khoury,

Mathé, & Caberlotto, 2008). Também já foi relatado que o estresse agudo de contenção

é capaz de aumentar a expressão de N/OFQ no giro dentado e áreas CA1 e

CA3dohipocampo. Esses estudos sugerem que os eventos estressores agudos induzem

adaptações na neurotransmissãoN/OFQnérgicapossivelmente, devido ao controle que os

glicocorticoides exercem sob a expressão de N/OFQ (Nativio, Pascale, Maffei,

Scaccianoce, & Passarelli, 2012)através da ligação a sequências reguladoras no gene

ppN/OFQ, de acordo com Xie e colaboradores (1999), essa hipótese sustenta-se no fato

de haver elementos responsivos aos glicocorticóides no gene humano da ppN/OFQ (Xie

et al., 1999).

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O estudo demonstrou que é possível que o antagonismo NOP mediado pela

administração de SB-612111 seja capaz de reverter o controle que o excesso de

glicocorticoides exerceu sob a expressão de N/OFQ após a exposição única à

dexametasona. De acordo com nossos dados, os camundongos que receberam o SB-

612111 reverteram o comportamento tipo depressivo de aumento de imobilidade, bem

como a latência para autolimpeza no splashtest, sem alterar a locomoção desses animais.

Sendo assim, o SB-612111 apresentou potencial antidepressivo sem causar déficit de

locomoção como demonstrado por antidepressivos clássicos. Cabe destacar que os efeitos

exercidos pelo SB-612111 nesse protocolo de depressão experimental também podem

envolver uma estreita relação entre a neurotransmissãomonoaminérgica e o sistema

N/OFQ. De fato, estudos in vitro mostram que a N/OFQ inibe a liberação e os disparos

de neurônios monoaminérgicos, enquanto que através de microdiálise foi demonstrado

que a N/OFQ reduz os níveis encefálicos das monoaminas, tais como noradrenalina e

serotonina (Okawa et al., 2001; Siniscalchi et al., 2002; Tao, Ma, Thakkar, McCarley, &

Auerbach, 2007b).

Tomando em conjunto essas informações, pode-se dizer que:

(i) A dexametasona pode mediar um estado depressivo pela ativação

excessiva do eixo HHA e aumentar a sinalização de rG e/ou por reduzir os

níveis de monoaminas encefálicas, principalmente 5-HT (Inoue &

Koyama, 1996);

(ii) Elementos responsivos aos glicocorticoides estão presentes na sequência

gênica que codifica a ppN/OFQ e, dessa forma, o tratamento com

dexametasona poderia, em última análise, elevar a expressão de N/OFQ

no cérebro (Xie et al., 1999);

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(iii) A ativação do receptor NOP é majoritariamente inibitória sobre a

neurotransmissão monoaminérgica no SNC, enquanto que o bloqueio do

receptor NOP é capaz de contrabalancear tal inibição;

(iv) Assim, o bloqueio do receptor NOP, realizado pelo SB-612111, pode

induzir um possível efeito antidepressivo por diminuir a ativação

endógena do receptor NOP gerada pelo excesso de glicocorticoides, que

ativou as sequências reguladoras do gene da ppN/OFQ, favorecendo a

expressão de N/OFQ, bem como por restabelecer os níveis de monoaminas

reduzidos pela Dexametasona.

Os mecanismos moleculares subjacentes aos comportamentos responsivos ao

estresse ainda são pouco compreendidos, mas a literatura aponta que a sinalização

N/OFQnérgica poderia contribuir para os efeitos mal adaptativos do estresse. Sabendo

que a modulação do estresse é amplamente estuda no transtorno depressivo maior e que

a maioria dos protocolos com estresse apresentam algumas lacunas envolvendo a própria

aplicabilidade e replicabilidade, pelas condições comportamentais, este estudo além de

apontar dois tipos de protocolos, agudo e repetido, que podem ser viáveis em machos e

fêmeas, direciona também a ampliação de estudos de novos alvos terapêuticos para a

depressão maior. Assim, este estudo foi o primeiro a avaliar modulações N/OFQ –

receptor NOP em comportamentos relacionados ao humor mimetizado por

administrações de glicocorticoides, ou seja, alterando e forma mais direta a morfologia e

neuroquímica cerebral, ampliando não só o contexto experimental de indução da

depressão, como também atuação de outros sistemas de neurotransmissão em interação

com o sistema monoaminérgico que é bastante estudado na terapêutica do transtorno.

8. Conclusão

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A principal resposta endócrina a eventos de vida estressantes é a secreção de

glicocorticoides, cortisol em seres humanos e corticosterona em roedores. A

hipersecreção desses hormônios do estresse, ou hipercotisolemia, pode desregular os

receptores de glicocorticóides em nível de SNC, principalmente no hipocampo, gerando

alterações na funcionalidade do eixo HHA, que é vista em pacientes com depressão e

relatada em evidências pré-clínicas com roedores (Sterner&Kalynchuk, 2010; Ferrari &

Villa, 2016).

Nas condições experimentais testadas, a dexametasona única, reproduziu o

comportamento depressivo em camundongos Swiss machos e fêmeas, induzindo de

forma consistente o aumento o tempo de imobilidade no TSC sem alterar a locomoção

espontânea no campo aberto. Além disso, machos e fêmeas também demonstraram um

comportamento semelhante ao depressivo quando apresentaram maior latência para

autolimpeza no splash test e reduziram a interação social com camundongo desconhecido

em todos os parâmetros mensurados (tempo total de interação, número de vezes que

seguiu e que evitou contato). Tais observações nos permitem inferir que a exposição única

à glicorticoides em camundongos machos e fêmeas promove modificações no

comportamento que se assemelham a um estado do tipo depressivo.

O estado depressivo induzido por dexametasona também foi sensível ao

tratamento com antidepressivos clássicos (Nortriptilina e a Venlafaxina). Tanto machos

quanto fêmeas que receberam a Nortriptilina e a Venlafaxina, foram capazes de reduzir a

imobilidade em TSC e reverter efeitos depressores no Splash Test. No entanto, em ambos

os sexos, o tratamento agudo com antidepressivo não foi eficaz na reversão dos déficits

comportamentais induzidos pela dexametasona no teste da Interação Social. Nesse ponto,

é importante destacar que a hipolocomoção observada nos animais tratados com o

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antidepressivo pode ter influenciado no teste da Interação Social, apresentando-se como

limitação do estudo.

A proposta de avaliar o comportamento de fêmeas frente às alterações geradas por

ativação única dos RG não só amplia nosso estudo frente à carência de pesquisa com

camundongos fêmeas dentro da área, como mostra que diferente de alguns protocolos que

medeiam o comportamento do tipo depressivo pelo estresse, a administração de

dexametasona é capaz de alterar o comportamento das fêmeas de modo semelhante ao

dos machos.

De forma pontual, o estudo verificou os efeitos do antagonista não peptídico do

receptor NOP, SB-612111, no protocolo agudo e, pela primeira vez, mostrou que o

tratamento é capaz de diminuir a imobilidade causada pela Dexametasona administrada

agudamente e reduzir as alterações causadas na motivação dos camundongos,

apresentando, assim, um possível efeito do tipo antidepressivo já destacado em outros

trabalhos (Gavioli& Calo’, 2013; Medeiros et al., 2015; Holanda et al., 2016). Esses dados

ressaltam a importância da avaliação de como a modulação do sistema N/OFQ frente às

alterações causadas pela ativação de rG podem influenciar a fisiopatologia/farmacologia

do TDM.

Além disso, nossos dados mostram que a dexametasona administrada de forma

repetida por 14 dias foi capaz de alterar o comportamento de camundongos machos,

reduzindo a imobilidade e aumentando a latência para autolimpeza dos animais.

Somando-se a isso, o tratamento por 7 dias com Imipramina foi capaz de reverter o

comportamento tipo depressivo, mostrando-se eficaz como droga padrão para avaliação

no protocolo avaliado. Abre-se a partir desse estudo uma nova direção para investigações

decorrentes da ação única e repetida da dexametasona, não só em nível comportamental,

mas também, aponta para investigações bioquímicas, morfológicas e de neuroquímica

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cerebral tanto relacionadas ao próprio protocolo, que se apresenta mais amplo do que os

já descritos, quanto aos avanços do conhecimento dos tratamentos convencionais e de

novos alvos terapêuticos.

9. Perspectivas

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Este trabalho ampliou dados da literatura e, de forma direta, aponta sugestões

sobre protocolos que podem ser aplicados independente das diferenças sexuais e, além

disso, fornece evidências do envolvimento do sistema peptidérgico N/OFQ – receptor

NOP na interrelação estresse-depressão e direciona à novos estudos que podem ampliar

conhecimento, em nível neuroquímico, da ação desse sistema e de suas interações frente

às modulações causadas pelo excesso de glicocorticoides no funcionamento do eixo

HHA, como:

(i) Quantificar parâmetros bioquímicos, como estresse oxidativo, no córtex

pré-frontal, no hipocampo e no soro de camundongos após tratamento

agudo com a dexametasona e após os tratamentos com antidepressivos

clássicos e o antagonista NOP, SB-612111;

(ii) Investigar os efeitos do antagonismo NOP no tratamento repetido com a

dexametasona

(iii) Comparar a citoarquitetura do hipocampo no modelo de indução da

depressão por administração repetida da dexametasona e após os

tratamentos com antidepressivos clássicos e o antagonista NOP, SB-

612111, através da coloração de Nissl e imunohistoquímica para NeuN,

uma vez que os estudos apontam que a desregulação do eixo HHA causada

por glicocorticoides é capaz de gerar alterações morfológicas

(Sterner&Kalynchuk, 2010);

(iv) Como a exposição a glicocorticoides, incluindo a dexametasona, é capaz

de reduzir neurogênesehipocampal, alterando efeitos comportamentais e

farmacológicos (Santarelli et al., 2003; Wang, Barak, Mook, & Chen,

2011), assim, seria possível quantificar neurogênese, pelo número de

células positivas para BrdU, através da imunohistoquímica no hipocampo

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de camundongos submetidos ao tratamento repetido com dexametasona,

bem como à resposta ao tratamento com antidepressivos clássicos e

antagonista NOP, SB-612111;

(v) Além disso, verificar alterações à nível do sistema peptidérgico N/OFQ-

receptor NOP de forma mais direta, nos efeitos comportamentais e

bioquímicos do tratamento repetido com corticosterona em camundongos

knockout para o receptor NOP, como já testado em outras condições de

indução experimental de depressão, como o protocolo de administração de

LPS (Medeiros et al., 2015).

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11. ANEXOS

11.1 ANEXO I - Certidão do comitê de ética

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11.2 ANEXO II - Análise do ciclo estral das fêmeas

Etapa I - Indução da depressão experimental por administração de Dexametasona em

camundongos machos e fêmeas

Teste de Suspensão Pela Cauda (TSC) e Campo Aberto

Figura 30.Porcentagem de camundongos fêmeas detectadas para cada fase do ciclo estral tratadas com

Veículo ou Dexametasona imediatamente após serem expostos ao TSC e Campo Aberto nos intervalos de

4 horas, 24 horas e 7 dias após a administração única de dexametasona.

12.

Splash Test

Figura 31. Porcentagem de camundongos fêmeas detectadas para cada fase do ciclo estral tratadas com

Veículo ou Dexametasona imediatamente após serem expostas ao Splash Test, no intervalo de 4 horas após

a administração da Dexametasona

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124

Teste da Interação Social

Figura 32. Porcentagem de camundongos fêmeas detectadas para cada fase do ciclo estral tratadas com

Veículo ou Dexametasona imediatamente após serem expostas ao Teste de Interação Social, no intervalo

de 4 horas após a administração da Dexametasona

Etapa II - Avaliação do efeito antidepressivo da Nortiptilina e da Venlafaxina na

depressão experimental induzida por Dexametasona em camundongos machos e

fêmeas

Teste de Suspensão Pela Cauda (TSC) e Campo Aberto

Figura 33. Porcentagem de camundongos fêmeas detectadas para cada fase do ciclo estral tratadas com

Veículo ou Dexametasona (s.c) e posteriormente tratadas com Veículo ou Antidepressivo (Nortriptilina ou

Venlafaxina, i.p.) imediatamente após serem expostos ao TSC e Campo Aberto.

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125

Splash test

Figura 34. Porcentagem de camundongos fêmeas detectadas para cada fase do ciclo estral tratadas com

Veículo ou Dexametasona (s.c) e posteriormente tratadas com Veículo ou Venlafaxina (i.p.) imediatamente

após serem expostos ao Splash Test.

Interação Social

Figura 35. Porcentagem de camundongos fêmeas detectadas para cada fase do ciclo estral tratadas com

Veículo ou Dexametasona (s.c) e posteriormente tratadas com Veículo ou Venlafaxina imediatamente após

serem expostos ao Teste de Interação Social.

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126

11.3 ANEXO II – Artigo submetido