univerisdade federal do rio grande do norte ......À deus, que soube me cuidar e me amar até quando...
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UNIVERISDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE BIOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOBIOLOGIA
Depressão experimental induzida pela administração única e repetida
dexametasona em camundongos: ferramenta para estudo do potencial
antidepressivo de antagonistas NOP
Ingrid Brasilino Montenegro Bento de Souza
Natal (RN)
Dezembro de 2018
Ingrid Brasilino Montenegro Bento de Souza
Depressão experimental induzida pela administração única e repetida
dexametasona em camundongos: ferramenta para estudo do potencial
antidepressivo de antagonistas NOP
Tese submetida ao Programa de Pós-Graduação em
Psicobiologia na Universidade Federal do Rio
Grande do Norte em defesa do grau de Doutor em
Psicobiologia, sob a orientação da Profa. Dra. Elaine
Cristina Gavioli
Natal (RN)
Dezembro de 2018
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Leopoldo Nelson - Centro de Biociências - CB
Souza, Ingrid Brasilino Montenegro Bento de.
Depressão experimental induzida pela administração única e repetida dexametasona em camundongos: ferramenta para estudo do
potencial antidepressivo de antagonistas NOP / Ingrid Brasilino
Montenegro Bento de Souza. - Natal, 2018.
126 f.: il.
Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do
Norte. Centro de Biociências. Programa de Pós-Graduação em Psicobiologia.
Orientadora: Profa. Dra. Elaine Cristina Gavioli.
1. Dexametasona - Tese. 2. Receptor glicocorticoide - Tese.
3. Depressão maior - Tese. 4. Modelo animal - Tese. 5. Nociceptina/orfanina FQ - Tese. I. Gavioli, Elaine Cristina. II.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.
RN/UF/BSE-CB CDU 616.89-008.454
Título: Depressão experimental induzida pela administração única e repetida
dexametasona em camundongos: ferramenta para estudo do potencial antidepressivo de
antagonistas NOP
Autor: Ingrid Brasilino Montenegro Bento de Souza
Data da defesa: 14/12/2018
Banca Examinadora
____________________________________________________________
Prof. Dr. Flávio Freitas Barbosa, UFPB
Examinador externo à Instituição
____________________________________________________________
Dra. Ìris Ucella de Medeiro, EBSERH
Examinador externo à Instituição
____________________________________________________________
Profa. Dra. Vanessa de Paula Soares Rachetti UFRN
Examinador externo ao programa
____________________________________________________________
Profa. Dra. Rovenna Clara Galvão Januário Engelberth, UFRN
Examinador Interno
____________________________________________________________
Profa. Dra. Elaine Cristina Gavioli
Presidente da Banca
“A noite fria me ensinou a amar mais o
meu dia e pela dor eu descobri o poder da
alegria e a certeza de que tenho coisas
novas, coisas novas pra dizer”
- Antônio Carlos Belchior
Meu esforço e coragem foram imprescindíveis para
caminhar e por meio desse trabalho, vi, realmente,
que é possível semear flores em solos pedregosos.
Essa é a semeadura feita por todos aqueles
acometidos de depressão. Assim, dedico este
trabalho à todas as pessoas que sofrem ou sofreram
deste mal, na pessoa de Marie Françoise Thérèse
Martin (in memoriam), que me ajudou a caminhar,
principalmente, nos momentos finais e, acima de
tudo, me ensinou a importância de olhar com
cuidado, sorriso e amor para esses. E à minha
família, a de berço e a futura a se formar.
Meu mais carinhoso obrigada!
Agradecimentos
Defendi o mestrado enxergando no doutorado mais uma linha de partida. Era um grande
sonho. A vontade de ensinar me move desde os oito anos, nessa época dizia que ao
crescer queria ser aquela professora que nos ensina, ainda muito cedo, a ler e escrever.
É verdade que nessa estrada acadêmica subi degraus importantíssimos da minha vida,
profissional e pessoal. Aquela “stairway to haven” que se iniciou aos 18 anos, quando
entrei no universo encantador da pesquisa, 10 anos depois, mostra que ainda há tantos
outros a subir. Minha paixão como Psicóloga pelas Neurociências me trouxe até aqui,
depois de seguir sem pausa entre a graduação, o mestrado e o doutorado cheguei na
Psicobiologia ansiosa pelo novo e pela riqueza de oportunidades. Era o sonho de crescer
se tornando ainda mais real. Dessa vez, atingi uma meta como pesquisadora, difícil
quando estamos no começo e desafiadora quando estamos no caminho do
amadurecimento científico: trabalhar com um projeto que se ama. Foi um verdadeiro
filho, guardado seus devidos amores e trabalhos. Gerar conhecimento na área da
depressão foi, para mim, o melhor que eu poderia fazer dentro desse universo. E o que
devo sempre fazer. Hoje tornou-se uma missão levantar essa bandeira. Ao final da época
mais desafiadora que tive até hoje, por tudo que passei e poucos sabem, entendo “que
alegria e dor andam juntas em mim, mas o que conta é o amor”. O amor de montar o
quebra-cabeça da vida, como costumo dizer e, para figura final ser formada, muitas
peças têm seus papéis, às quais, agradeço:
À Deus, que soube me cuidar e me amar até quando não cuidei das coisas dEle. À minha
primeira mãe, Maria, que acolheu cada pedido e cada choro de desespero quando os
experimentos davam errado e quando eu me via sozinha e sem chão;
Aos meus pais,Glória e Guilherme, que mesmo sem aceitar souberam olhar meus sonhos
e minhas conquistas com sentimento de orgulho. Minhas ausências me tornaram melhor,
pessoal e profissionalmente, e vocês foram fundamentais para eu voar até onde já voei.
Nenhuma palavra de gratidão conteria a imensidão contida em meu coração por tudo
que você já fez por mim, Mainha, que um dia eu consiga retribuir. À minha irmã,
Mylenna, que tanto me incentiva a ser melhor para que eu podesse ser exemplo e soube,
da maneira mais chata e amável possível, ser companheira de momentos de
procrastinação em casa. E ao meu irmão, Guilherme, por dividir comigo o gosto pela
ciência e pela dúvida. Vocês aguentaram os meus piores e melhores momentos, sempre
ao meu lado;
À Mario, que hoje é minha família em formação, que chegou no meio dessa jornada e no
momento em que mais precisei veio ser apoio, carinho, incentivo, amizade e assumiu a
vocação de me amar, tendo mais orgulho do que eu em cada conquista minha, paciência
em cada final de semana que eu estava no laboratório e cumplicidade em todas as vezes
que se dispôs a viajar junto comigo para Natal e me acompanhar nessa aventura de altos
e baixos que é o período final do doutorado. Obrigada por TUDO, meu amor!
À toda minha família que me apoia e que torce por mim. Em especial: à minha avó,
Lourdes, que nunca mediu esforços, em todos os níveis, para me ver crescer. À Fafá e
Rocha, meus exemplos de humanidade, com quem eu cresci aprendendo a ver a vida pelo
olhar do amor e da responsabilidade. À Tia Graça, que foi um incentivo desde o primeiro
dia da minha graduação, como tia-professora-doutora foi um espelho em todos os
momentos acadêmicos. À Tia Elita que cuidou, como madrinha, do meu lado espiritual
em cada oração;
À professora Dra. Elaine Gavioli, por todo o carinho e acolhimento, sem nem me
conhecer, por apostar e confiar a mim um novo projeto e por cada palavra de incentivo
na forma de conduzir seu trabalho;
Ao professor Dr. Flávio Freitas Barbosa, não só por aceitar o convite para contribuir
em mais um momento especial da minha vida, como também por toda a dedicação como
orientador que já foi, por cada xícara de café que dividimos, pelo que foi construído no trabalho diário e, principalmente, por ter sido um catalizador nesse final de doutorado,
mais uma vez, um obrigada, da sua primeira aluna;
À Dra. Íris Ucella de Medeiros, que me viu chegar em Natal, deu junto comigo os
primeiros passos para essa pesquisa, dividiu os gostos musicais, partilhou ideias e
bandas novas, algumas noites de vinho em sua casa, sendo uma das poucas amizades
nesse período de doutorado e que hoje aceitou contribuir, novamente, na construção
desse trabalho ao participar da banca;
Às professoras Dra. Rovena Clara Galvão Januário Engelberth e Dra. Vanessa de
Paula Soares Rachetti, pela disponibilidade de troca de conhecimento, seja em
conversas no corredor da Psicobiologia ou construindo esse momento de defesa, ao
aceitarem de maneira tão atenciosa contribuir e enriquecer meu trabalho, muito
obrigada;
Ao Laboratório de Farmacologia Comportamental (Farmacolab). Foi uma imensa
alegria dividir com vocês essa jornada tão difícil. Seja nas partilhas de conhecimento
durante as reuniões de laboratório ou nos experimentos. Inicialmente, de forma especial,
à Dra. Laila Asth, que além do auxílio dividiu muitas conversas, doces e conhecimento.
Fernanda, Clarissa, Victor, Epifânio e Wilton, obrigada por todo o conhecimento
dividido. Mais diretamente, não poderia deixar de agradecer as meninas que
arregaçaram as mangas comigo nos experimentos, nos melhores e piores momentos
experimentais, dando força, alegria e motivação todos os dias, muitas vezes de domingo
a domingo. Layse e Pâmella, vocês foram peças fundamentais, muito obrigada;
O período em Natal me fez conviver com várias pessoas legais que também dividiam seus
perrengues experimentais e de comigo. Agradeço a todos os colegas da Psicobiologia,
em especial ao pessoal do Laboratório de Estudos Neuroquímicos (LENq-UFRN) que
mais diretamente estive presente na minha vida nas conversas na sala dos alunos ou nos
experimentos. Em especial, a acolhida e amizade da Dra. Priscila Macedo Tavares, que
me deu exemplo de força nessa reta final e que dividia comigo as angústias todas as vezes
que eu chegava em casa após um dia de laboratório. Obrigada pela partilha, Pri.
Aos amigos que eu escolhi para semear meu caminho e que hoje são flores, em suas
diversas espécies, perfumando e enfeitando, cada qual a seu modo, os meus dias;
Aos que não acreditaram em mim e aos que perdi pelo caminho porque me ensinaram
que as perdas, na grande maioria das vezes, são ganhos maiores;
À Comunidade Filhos da Misericórdia (CFM), que foi meu ponto de apoio, local onde
eu descanso em Deus e deixo, em cada serviço, o peso das batalhas diárias, o que me deu
a oportunidade de crescer, pessoal e espiritualmente;
Aos camundongos que todos os dias doam suas vidas pela iniciativa científica,
principalmente aos que embarcaram comigo em busca de suas memórias episódicas;
À Universidade Federal do Rio Grande do Norte e ao Programa de Pós-Graduação em
Psicobiologia,pela oportunidade e crescimento, bem como aos docentes do programa
pela partilha de conhecimento nas disciplinas. À CAPES, pelo incentivo financeiro que me proporcionou a maravilhosa experiência de ter tempo e dedicação integral ao meu
mestrado, isso fez toda diferença no meu aprendizado.
“Se não está em suas mãos mudar uma situação que te causa dor, sempre poderá
escolher a atitude com que encara esse sofrimento”
- Viktor Frankl
“A Fé e a razão são duas asas que me levam para o céu” – São João Paulo II
“O que faz a estrada andar? É o sonho. Enquanto a gente sonhar a estrada
permanecerá viva” - Mia Couto
Que venha mais um sonho!!!
Resumo
A depressão maior pode ser desencadeada por eventos estressantes que desregulam a
resposta do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA), promovendo em algumas
circunstâncias elevação sustentada dos níveis de glicocorticoides circulantes. A
hipersecreção de glicocorticoides pode alterar a funcionalidade receptores de
glicocorticoides (rG) no sistema nervoso central, principalmente quanto ao eixo HHA e
o hipocampo, gerando anormalidades comportamentais que são observadas em pacientes
depressivos. Evidências clínicas e pré-clínicas sugerem efeito antidepressivo decorrente
do bloqueio do receptor NOP. Neste sentido, o presente estudo teve como objetivo
investigar os efeitos comportamentais da administração única e repetida de dexametasona
em camundongos e do antagonista do receptor NOP, SB-612111, neste modelo
experimental. Para isso, foram utilizados camundongos Swiss machos e fêmeas. O
comportamento do tipo depressivo foi avaliado através do teste de suspensão pela cauda
(TSC), do splash test e do teste de interação social, além disso, a atividade locomotora
espontânea dos camundongos foi mensurada no campo aberto. A dexametasona (64
µg/kg, sc) de forma única elevou o tempo de imobilidade no TSC, a latência para a
autolimpeza no splash test e reduziu a frequência de interações com um animal
desconhecido. O tratamento com os antidepressivos nortriptilina e venlafaxina (mbos 30
mg/kg, ip) reverteu a maior parte destes comportamentos, a exceção da interação social.
Ainda, a dexametasona administrada agudamente não afetou a lomocoção espontânea dos
animais, porém a administração única de nortriptilina e venlafaxina reduziu
significativamente a distância total percorrida, principalmente em machos.
Adicionalmente, o tratamento com o antagonista NOP reverteu o comportamento do tipo
depressivo causado pela administração aguda de dexametasona no TSC e reduziu a
latência para autolimpeza no splash test, sem alterar a locomoção dos camundongos. Para
o protocolo repetido, a dexametasona (16 µg/kg, sc) foi administrada durante 14 dias e o
comportamento mensuradouma vez na semana. Nos sete primeiros dias de administração
de dexametasona, foi observada a elevação da imobilidade no TSC e o aumento de
latência no splash test, sem alterar a locomoção no campo aberto. O tratamento com
imipramina (nos últimos 7 dias, 20 mg/kg, ip) reverteu o aumento da imobilidade no TSC
e o aumento da latência para autolimpeza no splash test indyuzido pela dexametasona.
Em conclusão, os dados sugerem que a dexametasona em administração aguda e repetida
induz efeito do tipo depressivo que é revertido pelos antidepressivos convencionais e pelo
bloqueio do receptor NOP (agudamente). Esses achados contribuem para adicionar novas
evidências sobre um modelo neuroendócrino de depressão capaz de ser realizado em
camundongos de ambos os sexos. Em última análise, nossos dados reforçam o crescente
corpo de informações sobre o potencial terapêutico dos antagonistas do NOP no
tratamento da depressão.
Palavras-chave: Dexametasona, Receptor glicocorticoide, Depressão maior, Modelo
animal, Nociceptina/orfanina FQ.
Abstract
Major depression can be triggered by stressful events which deregulate the hypothalamic-
pituitary-adrenal axis (HPA) response, thus promoting in some circumstances sustained
elevation of circulating glucocorticoid levels. Hypersecretion of glucocorticoids may alter
the functionality of glucocorticoid (rG) receptors at the central nervous system, mainly at
the HPA axis and hippocampus, causing behavioral abnormalities in depressive patients.
Clinical and preclinical findings suggest antidepressant effects due to the blockade of the
NOP receptor signaling. This study aimed to investigate the behavioral actions of acute
and chronic administration of dexamethasone in mice and the effects of the NOP receptor
antagonist, SB-612111, in this experimental model. Male and female Swiss mice were
used to develop this study. The depressive-like behavior of mice was evaluated in the tail
suspension test (TST), splash test and social interaction test. In addition, mouse
spontaneous locomotor activity was assessed in the open field test. Dexamethasone (64
μg/kg, sc) induced depressive-like behavior in mice of both sexes, by increasing the
immobility time in the TST, self-cleaning latency in the splash test, and reducing the
frequency of interactions with an unknown animal in the social interaction test. Treatment
with the antidepressants nortriptyline and venlafaxine (both 30 mg/kg, ip) reversed most
of these behaviors, except for reduced social interaction. Dexamethasone acutely
administered did not affect mouse spontaneous locomotion. However, nortriptyline and
venlafaxine significantly reduced the total distance moved mainly in male mice. The
treatment with the NOP antagonist reversed the depressive-like behavior of acute
dexamethasone in the TST and reduced the latency for self-cleaning in the splash test,
without affecting spontaneous locomotion in male mice. Additionally, dexamethasone
(16 μg/kg, sc) was administered for 14 days and mouse behaviors were measured once a
week. In the first seven days, the repeated administration of dexamethasone increased
immobility time in the TST, and the latency to self-cleaning in the splash test, without
altering the spontaneous locomotion. After 14 days of dexamethasone administration, the
repeated administration of imipramine (during the last 7 days, 20 mg/kg, ip) reversed the
increase in the immobility time in the TST and the elevation in the latency to self-cleaning
in the splash test. In conclusion, acute and repeated administration of dexamethasone
induces depressive-like effects which were reversed by classical antidepressants and NOP
antagonist (acutely). These findings contribute to adding new evidence for a
neuroendocrine model of depression able to be performed in mice of both sexes.
Ultimately, our data reinforce the growing body of information about the therapeutic
potential of NOP antagonists in the treatment of depression.
Key words: Dexamethasone, Glucocorticoid receptors, Major Depression, Animal
model, Nociceptin/Orphanin FQ.
Lista de Figuras
Figura 1: Representação esquemática da ativação normal do eixo HHA após estímulo
estressor agudo com prejuízo na resposta de feedback negativo. ..................... ......26
Figura 2:Representação das respostas intracelulares após a ativação do receptor NOP
(Esquema de adaptado de Molinari, 2012).............................................................. 38
Figura 3. Gaiolas utilizadas para realização do teste de borrifada da sacarose. ............. 48
Figura 4. Aparato de campo aberto utilizado para avaliação da atividade locomotora e da
interação social. ....................................................................................................... 50
Figura 5. Desenho experimental para avaliação do efeito agudo e repetido da
dexametasona, caracterizando grupos, tratamentos e testes comportamentais para
camundongos machos e fêmeas. ............................................................................. 50
Figura 6. Padronização do protocolo de indução de depressão pela administração única
da dexametasona em camundongos machos e fêmeas, baseado em Wróbel et al
(2014;2015), acompanhado dos ensaios comportamentais para comportamento tipo
depressivo, avaliação da atividade locomotora, comportamento de autolimpeza e da
interação social. ....................................................................................................... 52
Figura 7. Protocolo de avaliação do efeito antidepressivo da Nortriptilina e Venlafaxina
após indução da depressão pelo protocolo de administração única de dexametasona
em camundongos machos e fêmeas, acompanhado dos ensaios comportamentais para
comportamento tipo depressivo, avaliação da atividade locomotora, comportamento
de autolimpeza e da interação social. ...................................................................... 53
Figura 8. Avaliação do efeito do antagonista NOP, SB-612111, no protocolo agudo da
indução da depressão experimental por dexametasona em camundongos machos,
acompanhado dos ensaios comportamentais para comportamento tipo depressivo,
avaliação da atividade locomotora e do comportamento de autolimpeza. .............. 54
Figura 9. Protocolo de avaliação do efeito antidepressivo da imipramina após indução da
depressão pelo protocolo de administração repetida de dexametasona em
camundongos machos, acompanhado dos ensaios comportamentais para
comportamento tipo depressivo, avaliação da atividade locomotora e comportamento
de autolimpeza......................................................................................................... 55
Figura 10.Esquemas de avaliação comportamental do efeito agudo de dexametasona na
dose de 64µg/kgnos testes de Suspensão pela cauda (A), Campo Aberto (B), Splash
Test (C) e Interação Social (D). .............................................................................. 56
Figura 11. Esquemas de avaliação do efeito antidepressivo da nortriptilina e venlafaxina
após indução de depressão por administração única de dexametasona na dose de
64µg/kg nos testes de Suspensão pela cauda (A), Campo Aberto (B), Splash Test (C)
e Interação Social (D). ............................................................................................. 57
Figura 12.Esquemas de avaliação do efeito do antagonista NOP (SB-612111) após
indução de depressão por administração única de dexametasona na dose de 64µg/kg
nos testes de Suspensão pela cauda (A), Campo Aberto (B) e Splash Test (C)...... 58
Figura 13. Esquema de avaliação do efeito antidepressivo da imipraminaapós indução de
depressão por administração repetida dedexametasona, após 7 e 14 dias de
administração, nos testes de Suspensão pela cauda (A), Campo Aberto (B) e Splash
Test (C). ................................................................................................................... 59
Figura 14. Efeito da administração única de Dexametasona (64 µg /kg, s.c.) na
imobilidade de camundongos machos (A) e fêmeas (B) por condição de tempo (4
horas, 24 horas e 7 dias)... ...................................................................................... 63
Figura 15. Avaliação da locomoção em campo aberto após administração única de
dexametasona (64 µg/kg, s.c.) em camundongos machos (A) e fêmeas (B) por
condição de tempo (4 horas, 24 horas e 7 dias) ..................................................... 64
Figura 16. Efeito da administração única de dexametasona (64 µg/kg, s.c.) na motivação
à autolimpeza de camundongos machos e fêmeas quanto à latência (A e B) e a
duração do tempo de autolimpeza (C e D). ............................................................. 67
Figura 17. Efeito da administração única de Dexametasona (64 µg/kg, s.c.) na interação
social de camundongos machos (A) e fêmeas (B) para os parâmetros de tempo total
de interação (A1 e B1), comportamento de seguir (A2 e B2) e comportamento de
evitação (A3 e B3)................................................................................................... 69
Figura 18. Efeito da nortriptilina no tempo de imobilidade no TSC após administração
única de dexametasona (64 µg/kg, s.c.) em camundongos machos (A) e fêmeas (B).
................................................................................................................................. 71
Figura 19. Efeito da nortriptilina na distância total percorrida no campo aberto após
administração única de dexametasona (64 µg/kg, s.c.) em camundongos machos (A)
e fêmeas (B).. .......................................................................................................... 71
Figura 20. Efeito da venlafaxina na latência para autolimpeza (A) e tempo de auto-
limpeza (B) após administração única de dexametasona (64 µg/kg, s.c.) em
camundongos machos submetidos ao Splash test. .................................................. 72
Figura 21. Efeito da venlafaxina no tempo de imobilidade no TSC após administração
única de dexametasona (64 µg/kg, s.c.) em camundongos machos (A) e fêmeas (B).
................................................................................................................................. 73
Figura 22. Efeito da venlafaxina na distância total percorrida no campo aberto após
administração única de dexametasona (64 µg/kg, s.c.) em camundongos machos (A)
e fêmeas (B). ........................................................................................................... 74
Figura 23. Efeito da venlafaxina na latência para autolimpeza (A) e tempo de auto-
limpeza (B) após administração única de dexametasona (64 µg/kg, s.c.) em
camundongos machos submetidos ao Splash test. .................................................. 75
Figura 24. Efeito da venlafaxina após da administração única de dexametasona (64
µg/kg, s.c.) na interação social de camundongos machos (A) e fêmeas (B) para os
parâmetros de tempo total de interação (A1 e B1), comportamento de seguir (A2 e
B2) e comportamento de evitação (A3 e B3). ......................................................... 76
Figura 25. Efeito do SB-612111 no tempo de imobilidade no TSC após administração
única de dexametasona (64 µg/kg, s.c.) em camundongos machos. ....................... 79
Figura 26. Análise do efeito do SB-612111 na locomoção através distância total
percorrida em campo aberto após administração única de dexametasona (64 µg/kg,
s.c.) em camundongos machos. ............................................................................... 80
Figura 27. Efeito do SB612111 na latência para autolimpeza no Splash Test após
administração única de dexametasona (64 µg/kg, s.c.) em camundongos machos. 80
Figura 28. Efeito administração repetida por 7 dias com dexametasona (16 µg/kg, s.c.)
no tempo de imobilidade no TSC, distância total percorrida e latência para auto
limpeza em camundongos machos. ......................................................................... 82
Figura 29. Efeito da imipramina no tempo de imobilidade no TSC, distância total
percorrida no Campo Aberto e latência para autolimpeza no Splash test, após
administração repetida de dexametasona (16 µg/kg, s.c.) em camundongos machos.
................................................................................................................................. 84
Figura 30. Porcentagem de camundongos fêmeas detectadas para cada fase do ciclo estral
tratadas com Veículo ou Dexametasona imediatamente após serem expostos ao TSC
e Campo Aberto nos intervalos de 4 horas, 24 horas e 7 dias após a administração
única de dexametasona. ......................................................................................... 123
Figura 31. Porcentagem de camundongos fêmeas detectadas para cada fase do ciclo estral
tratadas com Veículo ou Dexametasona imediatamente após serem expostas ao
Splash Test, no intervalo de 4 horas após a administração da Dexametasona ...... 123
Figura 32. Porcentagem de camundongos fêmeas detectadas para cada fase do ciclo estral
tratadas com Veículo ou Dexametasona imediatamente após serem expostas ao Teste
de Interação Social, no intervalo de 4 horas após a administração da Dexametasona
............................................................................................................................... 124
Figura 33. Porcentagem de camundongos fêmeas detectadas para cada fase do ciclo estral
tratadas com Veículo ou Dexametasona (s.c) e posteriormente tratadas com Veículo
ou Antidepressivo (Nortriptilina ou Venlafaxina, i.p.) imediatamente após serem
expostos ao TSC e Campo Aberto. ....................................................................... 124
Figura 34. Porcentagem de camundongos fêmeas detectadas para cada fase do ciclo estral
tratadas com Veículo ou Dexametasona (s.c) e posteriormente tratadas com Veículo
ou Venlafaxina (i.p.) imediatamente após serem expostos ao Splash Test. .......... 125
Figura 35. Porcentagem de camundongos fêmeas detectadas para cada fase do ciclo estral
tratadas com Veículo ou Dexametasona (s.c) e posteriormente tratadas com Veículo
ou Venlafaxina imediatamente após serem expostos ao Teste de Interação Social.
............................................................................................................................... 125
Lista de Tabela
Tabela 1.Estatísticas descritivas dos grupos dexametasona e veículo no teste TSC nos
diferentes intervalos de tempo................................................................................. 65
Tabela 2.Estatísticas descritivas dos grupos experimental e controle no Splash test. ... 67
Tabela 3. Estatísticas descritivas dos camundongos machos e fêmeas dos grupos
dexametasona e veículo no TSC em animais tratados com nortriptilina. ............... 76
Tabela 4. Estatísticas descritivas dos camundongos machos e fêmeas dos grupos
experimental e controle no TSC em animais tratados com venlafaxina. ................ 77
Tabela 5. Estatísticas descritivas dos grupos experimental e controle no Splash test em
animais tratados com venlafaxina. .......................................................................... 78
Lista de abreviaturas
5-HT Serotonina
ANOVA Análise De Variância
AVP Vasopressina
ACTH
APA
AMPc
ADT
Hormônio Adrenocorticotrófico
Associação Americana de Psicologia
Monofosfato cíclico de adenosina
Antidepressivo Tricíclico
BNDF
CEUA
Fator Neurotrófico Derivado Do Cérebro
Comitê de ética em uso de animais
CREB Proteína De Ligação Ao Elemento De Resposta Do AMPcíclico
CRF Fator Liberador De Corticotrofina
DA
DM
DSM-V
EUA
FSH
GABA
Dopamina
Depressão Maior
Manual de Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais – V
Estados Unidos da América
Hormônio Folículo Estimulante
Ácido gama-aminobutírico
HHA Eixo Hipotálamo Hipófise Adrenal
IMAOS
IL-1
IL-6
Inibidores Da Monoamino Oxidase
Interleucina 1
Interleicina 6
ISRS Inibidores Seletivos De Recaptação De Serotonina
IRSN Inibidores De Recaptação De Serotonina E Noradrenalina
IP
LCR
LPS
MANOVA
Intraperitoneal
Líquido cefalorraquidiano
Lipopolissacarídeo
Análise Multivariada da Variância
NA
NaCl
Noradrenalina
Salina
NET
NTP
NGF
Transportador De Receptação De Noradrenalina
Nortriptilina
Fator de crescimento nervoso
NPV Núcleo Paraventricular Do Hipotálamo
N/OFQ
OMS
Nociceptina/Orfanina Fq
Organização Mundial de Saúde
RG Receptores Glicocorticoides
RM Receptores Mineralocorticoides
SNC
SNP
Sistema Nervoso Central
Sistema Nervoso Periférico
SC Subcutânea
SERT Transportador De Receptação De Serotonina
TDM Transtorno Depressivo Maior
TNF
TNF-α
Teste De Natação Forçada
Fator de necrose tumoral-alfa
TSC
VLF
Teste De Suspensão Pela Cauda
Venlafaxina
Sumário
1. Introdução ................................................................................................................... 19
1.1 Transtorno depressivo maior: diagnóstico e epidemiologia ................................. 19
1.2 Neurobiologia do Transtorno Depressivo Maior .................................................. 21
1.3 Como estudar o transtorno depressivo maior em animais? .................................. 28
1.4 Tratamento farmacológico do transtorno depressivo maior ................................. 34
1.5 Sistema nociceptina/orfanina FQ – receptor NOP ................................................ 37
1.6 Antagonistas do receptor NOP no tratamento da depressão ................................. 39
2. Objetivos ..................................................................................................................... 43
2.1 Objetivo geral........................................................................................................ 43
2.2 Objetivos específicos ............................................................................................ 43
3. Materiais e métodos .................................................................................................... 44
3.1 Animais ................................................................................................................. 44
3.2 Análise do ciclo estral das fêmeas ........................................................................ 44
3.3 Drogas e tratamentos............................................................................................. 45
3.4 Ensaios comportamentais...................................................................................... 46
3.5 Avaliação do comportamento tipo depressivo ...................................................... 47
3.5.1 Teste da Suspensão pela Cauda (TSC) ........................................................... 47
3.5.2 Splash test ou Teste de Borrifada da Sacarose (TBS) .................................... 47
3.6 Avaliação da atividade locomotora ....................................................................... 48
3.6.1 Campo aberto ................................................................................................. 48
3.7 Avaliação da interação social ................................................................................... 49
3.7.1 Teste de interação social ................................................................................ 49
4. Delineamento experimental ........................................................................................ 51
4.1 Etapa I ................................................................................................................... 51
4.1.1 Indução da depressão experimental por administração única de dexametasona
em camundongos machos e fêmeas ........................................................................ 51
4.1.2 Avaliação do efeito antidepressivo da nortriptilina e venlafaxina na depressão
experimental induzida por dexametasona em camundongos machos e fêmeas ...... 52
4.1.3 Avaliação do potencial terapêutico do antagonista do receptor NOP, SB-
612111, na depressão experimental induzida por dexametasona em camundongos
machos ..................................................................................................................... 53
4.2 Etapa II ..................................................................................................................... 54
4.2.1 Avaliação do efeito antidepressivo da imipramina no protocolo de indução da
depressão experimental por administração repetida de dexametasona em
camundongos machos ............................................................................................. 54
5. Procedimentos estatísticos....................................................................................... 60
5.1 Medidas comportamentais .................................................................................... 60
6. Resultados ............................................................................................................... 63
6.1 Protocolo de administração única de Dexametasona ............................................ 63
6.1.1 Indução de depressão experimental por administração de Dexametasona em
camundongos machos e fêmeas .............................................................................. 63
6.1.2 Avaliação do efeito antidepressivo após tratamento com nortiptilina e
venlafaxina na depressão experimental induzida por dexametasona em
camundongos machos e fêmeas .............................................................................. 70
6.1.3 Análise do ciclo estral das fêmeas ............................................................ 78
6.1.4 Avaliação do potencial terapêutico do antagonista do receptor NOP, SB-
612111, na depressão experimental induzida por dexametasona em camundongos
machos e fêmeas...................................................................................................... 79
6.2 Etapa II ............................................................................................................. 81
6.2.1 Avaliação do efeito antidepressivo da imipramina no protocolo de indução da
depressão experimental por administração repetida de dexametasona em
camundongos machos ............................................................................................. 81
7. Discussão ................................................................................................................. 85
8. Conclusão .............................................................................................................. 101
9. Perspectivas ........................................................................................................... 104
10. Referências Bibliográficas ................................................................................. 107
11. ANEXOS ........................................................................................................... 122
11.1 ANEXO I - Certidão do comitê de ética .......................................................... 122
11.2 ANEXO II - Análise do ciclo estral das fêmeas ............................................... 123
Etapa I - Indução da depressão experimental por administração de Dexametasona
em camundongos machos e fêmeas........................................................................... 123
Etapa II - Avaliação do efeito antidepressivo da Nortiptilina e da Venlafaxina na
depressão experimental induzida por Dexametasona em camundongos machos e
fêmeas ....................................................................................................................... 124
11.3 ANEXO II – Artigo submetido ............................................................................ 126
19
1. Introdução
1.1 Transtorno depressivo maior: diagnóstico e epidemiologia
Alterações recorrentes no estado afetivo e no humor, seja elevação, depressão ou
ambas alternadamente, são características clássicas dos Transtornos de Humor, como os
Transtornos Bipolares, a Distimia, a Ciclotimia e a Depressão Maior (APA, 2013).
Também conhecida como Depressão Unipolar, a Depressão Maior (DM) é um transtorno
neuropsiquiátrico debilitante capaz de causar prejuízos afetivos, cognitivos e emocionais,
afetando de forma negativa a qualidade de vida dos pacientes (de Souza et al., 2014;
Haase & Brown, 2015; Post & Warden, 2018).
O Transtorno Depressivo Maior (TDM) manifesta uma diferente combinação de
sintomas e, atualmente, o Manual de Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais em
sua quinta edição (DSM-V) classifica vários critérios sintomáticos do transtorno. De
acordo com o DSM-V (APA, 2013), o humor deprimido e a perda de interesse ou a
incapacidade de sentir prazer em quase todas as atividades diárias, que antes eram
prazerosas, são as principais características observadas em um episódio depressivo, no
período mínimo de duas semanas, com ausência de quadros de mania ou hipomania. Além
do humor deprimido e da anedonia já citados, há uma ampla gama de sintomas dentro do
espectro do quadro depressivo, como mudança no peso e apetite, desregulação do sono e
da motricidade, dificuldade de concentração, fadiga, sensibilidade à rejeição social,
sentimento de culpa e ideação suicida (Krishnan & Nestler, 2008; Murphy & Peterson,
2015; Uher, Payne, Pavlova, & Perlis, 2014; Post & Warden, 2018; Lambert et al., 2018).
Mundialmente, a prevalência dos transtornos depressivos, ao longo da vida, é de
4,7% (Ferrari et al., 2013). Estudos epidemiológicos caracterizam o TDM como
responsável por 85% da carga global dos Transtornos de Humor, caracterizando a ampla
20
magnitude de impacto desse transtorno para a população mundial, que chega a ser 3 vezes
mais prevalente do que a Distimia (Ferrari et al., 2010). Desde os anos 2000, a Depressão
é considerada a 3ª principal causa de carga global por apresentar alta prevalência,
incidência e remissão, além de altas taxas de morbidade e mortalidade (Üstün, Ayuso-
Mateos, Chatterji, Mathers, & Murray, 2004; Ferrari et al., 2013), acometendo
aproximadamente 300 milhões de pessoas. Os gastos anuais com esse transtorno são
alarmantes, chegando a 83 bilhões de dólares nos Estados Unidos da América (EUA) e
118 bilhões de euros na Europa (Silva et al., 2014). Assim, a Depressão é um problema
de saúde pública associada a um prejuízo funcional de caráter incapacitante (Kessler &
Bromet, 2013; Silva et al., 2014).
O quadro epidemiológico desse transtorno, que permite planejar e alocar
investimentos para melhor assistir à população, mostra que as características econômicas
e geográficas têm um importante papel no panorama global da Depressão, uma vez que a
prevalência não é similar em todos os cenários. Os índices indicam que pessoas que vivem
em desvantagem socioeconômica e privação social/material têm maior risco de
desenvolver um transtorno mental. Entretanto, as evidências correlacionais entre as
condições socioeconômicas e o desenvolvimento e a manutenção da Depressão ainda são
fracas (Richardson, Westley, Gariépy, Austin, & Nandi, 2015).
Há muito já se sabe que a Depressão é mais frequente no Ocidente do que no
Oriente (Weissman et al., 1996). No Brasil, dados apontam uma média de 7,8 milhões de
pessoas diagnosticadas, sendo 1 em cada 7 adultos acometido desse transtorno. É
importante observar que a maioria das pesquisas epidemiológicas nesse campo são feitas
nos EUA e as poucas feitas no Brasil ainda não caracterizam muito bem a população,
deixando a desejar principalmente nas regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste
(Richardson et al., 2015; Silva et al., 2014). Entretanto, de forma resumida, os estudos
21
revelam que independente do país, idade ou classe social, a Depressão, e seus sintomas,
é três vezes mais prevalente em mulheres do que em homens, com uma porcentagem de
incidência de 10,9% na população feminina comparada à 3,9% na masculina (Kessler ,
Berglund, Demler, & et al, 2003; Seedat et al., 2009; Kessler & Bromet, 2013).
Além da alta incidência, o transtorno depressivo é caracteristicamente recorrente,
de curso crônico e, por vezes, considerado um transtorno progressivo (Maletic et al.,
2007; Haase & Brown, 2015). O conhecimento da sintomatologia depressiva surgiu em
400 a.C., quando Hipócrates descreveu a Melancolia como “uma afecção na qual o
espírito triste permanece sem razão, fixado em uma mesma ideia e constantemente
abatido” (Varga, 2013). Com desenvolvimento dos estudos, a depressão passou ser
descrita como um um fenômeno complexo e multifacetado, com diversas causas como as
vulnerabilidades genéticas, os fatores socioeconômicos e ambientais, as diferenças
sexuais, comorbidades crônicas e o estresse, caracterizam a etiopatogenia da doença
(Nestler, Gould, & Manji, 2002; Walsh et al., 2011). Entretanto, apesar dos avanços e do
contínuo estudo dos processos neurobiológicos desse transtorno, ainda não há um
completo entendimento dos mecanismos neurais que acarretam a depressão,
possivelmente pela ampla variedade de sintomas e pela falta de um marcador biológico
que gera maior dificuldade de modelar o estudo em laboratório (Czéh, Fuchs, Wiborg, &
Simon, 2016; Post & Warden, 2018).
1.2 Neurobiologia do Transtorno Depressivo Maior
A composição neuroquímica foi um dos primeiros aspectos a serem investigados
para o entendimentodas bases biológicas da depressão. A Teoria Monoaminérgica,
derivada de achados farmacológicos clínicos, baseia-se na hipótese de queo TDM resulta
22
de uma deficiência funcional na disponibilidade de neurotransmissores
monoaminérgicos, principalmente serotonina (5-HT) e noradrenalina (NA) em áreas do
Sistema Nervoso Central (SNC) relacionadas ao controle do humor. A construção dessa
teoria foi baseada e sustentada por achados farmacológicos, como: (i) a descoberta que a
reserpina, fármaco anti-hipertensivo, que tem como mecanismo de ação a inibição do
armazenamento das monoaminas, e, assim, é capaz de gerar uma sintomatologia
depressiva em pacientes que antes do tratamento com reserpina não sofriam da
doença(Krishnan & Nestler, 2008); além disso, (ii) a observação de fármacos que
inicialmente não apresentavam fins psiquiátricos, como a imipramina e iproniazida
elevavam as concentrações sinápticas de monoaminas e geravam uma melhora dos
sintomas depressivos (Schildkraut, 1965; Castrén, 2005; Krishnan & Nestler,
2008;Ferrari & Villa, 2016).
Vários estudos mostraram que, embora a depleção de NA e 5-HT não caracterize
sintomas depressivos em indivíduos saudáveis, os pacientes que apresentaram remissão
dos sintomas eram vulneráveis à recaída na depleção dessas monoaminas e, essa depleção
foi correlacionada à redução do humor desses pacientes(Ruhé, Mason, & Schene, 2007;
F. Ferrari & Villa, 2016). Dessa forma, os achados indicam que as monoaminas NA e 5-
HT, de alguma forma, estão envolvidas na manutenção da resposta antidepressiva.
Há mais de 50 anos essa hipótese é sustentada, embora apresente algumas
limitações, como: (i) a necessidade de um tratamento ininterrupto e prolongado, de 2 a 3
semanas, para início do alívio dos sintomas, quando alterações monoaminérgicas já são
percebidas nos primeiros dias de uso (Hindmarch, 2001); (ii) a teoria monoaminérgica
não explica a amplitude de mudanças estruturais, macroscópicas e microscópicas, como
redução de volume hipocampal e de neurogênese, já relatadas em pacientes deprimidos;
além disso, (iii) não explica mudanças que ocorrem em outros sistemas de
23
neurotransmissão (Czéh et al., 2016). Ferrari e Villa (2016), em uma revisão de estudos
descritos sobre essa teoria, resumem a ideia de que a NA e a 5-HT estão envolvidas na
resposta antidepressiva, mas não explicam por completo a fisiopatologia da depressão e
o mecanismo antidepressivo, sendo necessário que outros fatores patogênicos sejam
examinados.
Outros estudos lançam hipóteses sobre a etiologia do TDM relacionando-os ao
envolvimento de outros sistemas neurotransmissores, como o Ácido γ-aminobutírico
(GABA) (Luscher, Fuchs, & Kilpatrick, 2011), a neurotoxicidade exercida pelo
Glutamato (Sanacora, Treccani, & Popoli, 2012), e também neuropeptídios, incluindo o
hormônio liberador de corticotropina (CRH) (Lloyd & Nemeroff, 2011). Além disso,
desde a década de 90, as pesquisas direcionaram o olhar para anormalidades imunológicas
vistas em pacientes com TDM, que manifestavam aumento de citocinas pró-
inflamatórias, como o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), interleucina (IL) 1 e IL-6,
na periferia e no líquido cefalorraquidiano (LCR), exibindo quadros de inflamação
(Smith, 1991; Leonard, 2001; Maes, 2011; Moylan, Maes, Wray, & Berk, 2013). De fato,
os mecanismos moleculares pelos quais as citocinas podem afetar o comportamento são
múltiplas, incluindo influencias no metabolismo das funções da NA, 5-HT e DA e funções
neuroendócrinas e relacionadas à plasticidade e neurogênese (F. Ferrari & Villa, 2016;
Jeon & Kim, 2016).
Atualmente, muito se discute sobre o papel das predisposições genéticas,
disfunções neuroquímicas e suas interações com fatores ambientais, como o estresse,
apontando estes eventos traumáticos ou negativos como potentes fatores de risco para o
desenvolvimento do TDM(Duman, 2014; Duman, Aghajanian, Sanacora, & Krystal,
2016; Ferrari & Villa, 2016).
24
O estresse é uma resposta inerente e não-específica do corpo às demandas
impostas, produzindo modificações na sua estrutura e composição química (Selye, 1936).
Após a Segunda Guerra Mundial, o conceito de estresse passou também a assumir uma
natureza psicológica, prioritariamente associada aos fatores cognitivos e emocionais que
permitem a interpretação da situação como estressora ou não, caracterizando um olhar
subjetivo pelas diferenças individuais (Lazarus, 1966). Atualmente, o estresse é visto
como uma composição dessas duas hipóteses, sendo um evento ou experiência que pode
ameaçar a capacidade do indivíduo de lidar ou se adaptar (Ferrari & Villa, 2016). A
resposta ao estresse, uma vez ativada e cessada, pode promover adaptação ou, caso seja
excessiva ou de forma desregulada, processos fisiopatológicos. Nessas duas condições, o
estímulo estressor evoca uma resposta ao estresse que envolve a liberação de hormônios
e outros mediadores celulares.
Fisiologicamente, as respostas às situações de estresse são bem caracterizadas.
Quando um estímulo é interpretado como estressor, o eixo Hipotálamo-Hipófise (ou
pituitária)-Adrenal (HHA) (Herman & Cullinan, 1997), que prepara o corpo para lidar
com o evento, é ativado e, uma vez que esse estímulo cessa ou diminui, restaura-se
funcionalmente a atividade do eixo HHA e se restabelece a homeostase. Esse processo
resulta em uma cascata de eventos do sistema endócrino que é essencial para a nossa
sobrevivência (McEwen & Sapolsky, 1995; McEwen, 1998, 2000; McEwen et al., 2015).
Descrevendo fisiologicamente, em condições fisiológicas, a regulação do eixo
HHA é feita pela secreção do CRH e vasopressina (AVP) no núcleo paraventricular do
hipotálamo (NPV) que, subsequentemente, estimula a secreção do hormônio
adrenocorticotrófico (ACTH). O ACTH, por sua vez, atinge a adrenal que estimula a
secreção dos “hormônios do estresse”, principalmente os glicocorticoides, a partir do
córtex da adrenal. Os glicocorticoides destacam-se por serem lipossolúveis e
25
atravessarem facilmente a barreira hematoencefálica, atingindo e interagindo com regiões
cerebrais, por exemplo, áreas límbicas. Essa ação dos glicocorticoides regula a ativação
do eixo HHA, inibindo a liberação de CRH e ACTH, constituindo um sistema de feedback
negativo (Figura 1). Por sua vez, o feedback negativo acontece como resposta
neuroendócrina, inibindo a liberação de CRH e ACTH e, consequentemente, causando a
diminuição da liberação de glicocorticoides, limitando assim a duração da exposição dos
tecidos aos glicocorticoides, que podem tornar o eixo hiper-reativo (Carrasco & Van de
Kar, 2003; Maletic et al., 2007; Ferrari & Villa, 2016).
As respostas aos eventos estressantes quando não adaptativas podem influenciar
distúrbios metabólicos e sistêmicos, bem como disfunções em nível de SNC(Treccani et
al., 2014). A ativação prolongada do eixo HHAacarreta um sério risco de saúde, gerando
danos a nível cerebral causados pela hipercortisolemia,sendo os glicocorticoides vistos
como esse elo entre o estresse e o funcionamento cerebral, por gerarem alterações, como
o aumento da excitotoxicidade em neurônios piramidais no hipocampo (Jeon & Kim,
2016), imunossupressão, disfunções hormonais, perturbações do sono, prejuízos de
memória e/ou comportamento sexual diminuído, entre outros(McEwen & Sapolsky,
1995; McEwen, 1998, 2000; McEwen et al., 2015).Vale destacar que esses
comportamentos são similares aos descritos por pacientes com depressão. Alguns estudos
que observaram um aumento da atividade HHA em pacientes deprimidos destacaram que
(i) há aumento de CRF nas regiões límbicas, (ii) aumento de cortisol salivar, no plasma e
também na urina, além de (iii) um aumento na atividade e no tamanho da adrenal e da
hipófise(Nemeroff & Vale, 2005), alterações provavelmente causadas por disfunções no
controle inibitório de feedback por glicocorticoides endógenos(Herbert et al., 2006).
Dentro dessa população de pacientes, cerca de 85% sofreu algum evento estressante
anterior ao início do TDM (Parker, Schatzberg, & Lyons, 2003) e o início do TDM muitas
26
vezes está correlacionado a eventos de vida estressantes e impactantes (Kessing, Agerbo,
& Mortensen, 2003). O desafio atual é tentar identificar o mecanismo pelo qual a
exposição ao estresse prolongado pode prejudicar a estrutura e função cerebral,
desencadeando um transtorno depressivo.
Figura 1: Representação esquemática da ativação normal do eixo HHA após estímulo estressor agudo
com prejuízo na resposta de feedback negativo.
Nesse campo, as pesquisas têm dado destaque ao papel dos “hormônios do
estresse”, que são vitais para organismo em situação estressanteúnica, mas que podem o
predispor a doenças, em condições estressoras prolongadas. Há muito já foi descrito que
metade dos pacientes depressivos apresentam hipercortisolemia que pode ser revertida
por tratamento com antidepressivos (Sachar & Baron, 1979; Holsboer, 2001a) e, é
crescente a hipótese vincula a disfunção no papel da homeostase e na elevação de
27
glicocorticoides gerada pela perturbação do funcionamento do eixo HHA e do seu
feedback negativo junto ao hipocampo (Holsboer, 2001a; Anacker, Zunszain, Carvalho,
& Pariante, 2011; Zunszain, Anacker, Cattaneo, Carvalho, & Pariante, 2011; Zalachoras
et al., 2013).
O feedback negativo exercido no eixo HHA parece também depender da integridade
do hipocampo. Particularmente, muito já se sabe sobre o papel do hipocampo na
neurobiologia do transtorno depressivo (Belmaker & Agam, 2008; McEwen et al., 2015;
Ferrari & Villa, 2016), cabe ainda destacar que ele é susceptível à prejuízos causados pelo
estresse prolongado, como diminuição de espinhas dendríticas de neurônios piramidais
em CA3, diminuição de neurogênese e diminuição da expressão do RNAm para receptor
de glicocorticoide (Sterner & Kalynchuk, 2010; McEwen et al., 2015).
Em nível molecular, os glicocorticoides exercem seus efeitos principalmente
através da ativação de dois tipos de receptores: mineralocorticóide (rM) e glicocorticóides
(rG). Os rM e rG são expressos abundantemente no hipocampo. Os rM são ocupados com
concentrações basais de glicocorticoides, já os rG são ativados apenas com altas
concentrações de glicocorticoides, semelhante ao que ocorre em situações estressantes
(de Kloet, Karst, & Joëls, 2008; Yu, Holsboer, & Almeida, 2008).
Estudos já observaram que rM e rG ativam diferentes genes, cascatas
intermoleculares e ações opostas, levando-os a investigar os papéis específicos de cada
uma das sinalizações decorrentes desta ativação sobre o hipocampo (Yu et al., 2008;
Sterner & Kalynchuk, 2010a). De maneira geral, excesso de glicocorticoides aumenta
preferencialmente a ligação aos rG, o que desencadeia cascatas intracelulares,
aumentando a ativação de proteínas pró-apoptóticas, como Bax-BCL-XL e Bax-BCL-2,
desencadeando apoptose, redução de fatores neurotróficos, como o Fator Neurotrófico
Derivado do Cérebro (BDNF), diminuição da taxa de neurogênese e do tamanho/volume
28
de estruturas centrais de destaque, como o hipocampo, disfunções análogas à quadros de
depressão maior. Ao contrário desta situação, caso os rM sejam ativados, suas cascatas
intermoleculares ativam proteínas que podem promover a sobrevivência neuronal (Yu et
al., 2008).
Já é muito bem caracterizado que transtornos depressivos e comprometimento da
plasticidade neural e resiliência celular estão associados, além disso, vários estudos já
mostraram que alterações nos processos ou no número de neurônios, atrofia dos neurônios
piramidais CA3 do hipocampo e diminuição da proliferação celular no giro dentado são
desencadeadas por processos depressivos, principalmente relacionados ao estresse.
Fatores neurotróficos como o BDNF e o fator de crescimento nervoso (NGF) são
negativamente regulados pela exposição ao estresse no giro dentado e nas camadas
celulares piramidais CA3 e CA1 (Smith, Makino, Kvetnansky, & Post, 1995), além disso,
contribui para atrofia neuronal em CA3 e diminuição da neurogênese. Entretanto, sabe-
se que o BDNF, por exemplo, é regulado positivamente pelo fator de transcrição CREB,
cuja expressão é estimulada por tratamentos antidepressivos que aumentam as
concentrações de NA e / ou 5-HT na fenda sináptica. Desse modo, podemos ver que a
multifatorialidade do TDM se destaca claramente na interação de todas as hipóteses que
buscam explicar sua neurobiologia (Maletic et al., 2007; Ferrari & Villa, 2016).
1.3 Como estudar o transtorno depressivo maior em animais?
A descoberta de novos fármacos antidepressivos bem como o entendimento da
fisiopatologia da depressão está associada ao uso de modelos animais que deem suporte
comportamental, genético e neurobiológico ao desenvolvimento de potenciais
terapêuticos, incluindo a identificação de proteínas em diferentes áreas cerebrais que
29
possam servir como alvos para a criação de novos tratamentos antidepressivos.
Entretanto, a falta de modelos que mimetizem sintomas centrais da depressão, como
sentimento de inutilidade, ideação suicida e humor deprimido aparecem como uma
limitação desse desenvolvimento (Nestler et al., 2002; Krishnan & Nestler, 2008b, 2010;
Czéh et al., 2016).
Os modelos animais de transtornos psiquiátricos devem apresentar-se válidos para
medir os aspectos de construto e de face do transtorno, ou seja, mimetizar semelhanças
comportamentais e mecanismos neurobiológicos subjacentes ao transtorno, além da
validade preditiva, que é a capacidade do modelo de responder à intervenção terapêutica
observada em pacientes. Os modelos que melhor se adequam ao uso apresentam uma
combinação de validades, favorecendo a translação dos dados observados em animais
para os humanos (Sterner & Kalynchuk, 2010a; Czéh et al., 2016).
Boa parte dos protocolos disponíveis em depressão experimental utilizam-se do
estresse para indução de alterações comportamentais, a citar: os testes de desespero
comportamental e, propriamente, os modelos animais de depressão, como o do estresse
crônico variado, o desamparo aprendido e a derrota social (Krishnan & Nestler, 2010;
Willner, Scheel-Krüger, & Belzung, 2013). A escolha do paradigma depende da intenção
experimental, pois é sempre importante avaliar as vantagens e desvantagens do uso
(Deussing, 2006).
Os testes de desespero comportamental mais conhecidos são o Teste de Natação
Forçada (TNF) e o Teste de Suspensão pela Cauda (TSC). O TNF é baseado na ideia de
que os roedores, seguindo os movimentos iniciais de fuga, adotam rapidamente uma
postura imóvel quando expostos à situação inescapável em um cilindro cheio de água. A
imobilidade, neste paradigma é interpretada como uma estratégia de enfrentamento
passiva frente ao estresse ou comportamento do tipo depressivo (desespero
30
comportamental). O paradigma segue igual para o TSC, diferenciando-se apenas pelo
protocolo, no qual os animais são suspensos pelas suas caudas, por um período de tempo
definido e a sua imobilidade (desespero comportamental) é avaliada. Os paradigmas
baseados em desespero são simples, de baixo custo e alta reprodutibilidade, além de
apresentarem validade para avaliação de antidepressivos (Deussing, 2006).
Já entre os modelos experimentais que envolvem o estresse, bem descritos na
literatura, podemos destacar: o desamparo aprendido, o estresse crônico variado, o
estresse precoce - induzido por estresse pré- e/ou pós-natal - e o estresse crônico repetido
(Nestler et al., 2002; Nestler & Hyman, 2010). Dentre esses, o modelo de indução de
depressão por estresse crônico repetido é bastante utilizado, mas vem sendo questionado
quanto à mimetização dos comportamentos clássicos do TDM, além de ser um
procedimento bastante variável entre laboratórios, que pode levar à inconsistência nos
resultados (Willner, 2005; Kim & Han, 2006; Nestler & Hyman, 2010; Willner, Scheel-
Krüger, & Belzung, 2013b; Czéh et al., 2016).
Um dos sintomas apresentado por boa parte dos portadores do transtorno depressivo
é a hipercortisolemia que, de acordo com Holsboer (2001), pode ser revertida pelo
tratamento com antidepressivos. Esse resultado indica que alguns aspectos da depressão
podem surgir pela desregulação do eixo HHA, causada por altos níveis de
glicocorticoides, como por exemplo, a desregulação do feedback entre o eixo HHA e o
hipocampo, alterando os níveis de glicocorticoides (Nestler et al., 2002; Sterner &
Kalynchuk, 2010a). Baseado nessa elevação dos níveis de glicocorticoides em pacientes
deprimidos, surgiu o modelo de indução da depressão experimental através da
administração de corticosterona em roedores (Sterner & Kalynchuk, 2010a).
A administração exógena de glicocorticoides, seja por injeção subcutânea, infusão
de bomba osmótica, implante de pellet ou passivamente, por água e alimentação, produz
31
alterações robustas em uma variedade de comportamentos tipicamente utilizados para
inferir um estado tipo depressivo (Cryan, Page, & Lucki, 2005a; Murray, Smith,
&Hutson, 2008a). Johnson, Roth, & Breslau (2006) demonstraram que injeções diárias
de corticosterona em ratos durante 21 dias, nas doses de 20 e 40 mg/kg, produziram
aumento gradual no comportamento tipo depressivo avaliado no teste do nado forçado. A
administração exógena de corticosterona, além de produzir alterações comportamentais
na natação forçada (Cryan et al., 2005a), induz comportamento anedônico, observado
através da diminuição da ingestão de sacarose (David et al., 2009a; Gourley & Taylor,
2001) e diminuição do autocuidado, reduzindo o comportamento de limpeza (David et
al., 2009).
A administração repetida de glicorticoides também reproduz comportamentos do
tipo ansiogênicos, comorbidade característica da depressão, vistos em tarefas como o
labirinto em cruz elevado (Pêgo et al., 2008) e o teste de campo aberto (David et al.,
2009). Alterações fisiológicas e morfológicas também foram descritas após administração
de corticosterona, como diminuição do ganho de peso, desregulação do eixo HHA e da
suprarrenal (Johnson et al., 2006a), redução da proteína de ligação ao elemento de
resposta do AMPcíclico (CREB) (Gourley, Kiraly, Howell, Olausson, & Taylor, 2008),
do BDNF, além da expressão de proteínas de adesão celular (Nacher, Pham, Gil-
Fernandez, & McEwen, 2004), causando diminuição da neurogênese e redução do
volume hipocampal (Sapolsky, 2004; David et al., 2009).
Como descrito, as evidências pré-clínicas mostram que não apenas as alterações
comportamentais estão presentes no modelo de indução da depressão experimental por
administração exógena de glicocorticoides, mas também a neuroquímica de ratos e
camundongos expostos ao modelo pode ser alterada (David et al., 2009) e, além disso, o
tratamento antidepressivo é capaz de reverter tais condições (Zhao et al., 2008; Sterner
32
&Kalynchuk, 2010a), caracterizando que esse modelo de depressão cumpre as validades
de construto, de face e preditiva requisitadas nos estudos (Iijima, Ito, Kurosu, & Chaki,
2010).
Como o hipocampo de roedores apresenta alta densidade de receptores rM e rG e
sabendo do envolvimento dos glicorticoides na depressão, buscou-se investigar de forma
mais específica o efeito da ativação de receptores rG na depressão. Para isso, estudos tem
avaliado os efeitos comportamentais e neuroquímicos decorrentes da administração de
dexametasona (Li, Zhang, Wu, & Hashimoto, 2014; Patel & Udayabanu, 2014; Rosa et
al., 2014; Wróbel, Serefko, Wlaź, & Poleszak, 2014, 2015), uma vez que essa substância
possui alta afinidade por rG.
Com o objetivo de determinar se o tratamento com dexametasona induzia o
comportamento do tipo depressivo em ratos e se várias classes de fármacos
antidepressivos apresentavam eficácia nesses modelos, Wróbel e colaboradores (2014,
2015), desenvolveram dois protocolos de estudo: i) agudo, com apenas uma
administração subcutânea de 64 µg dexametasona; ii) crônico, com administrações
subcutâneas de doses mais baixas de dexametasona com duração de 7 à 21 dias. De
maneira resumida, tanto os ratos que receberam a dose única quanto repetida de
dexametasona apresentaram comportamentos do tipo depressivo no teste de natação
forçada (Wróbel et al., 2014, 2015). Mesmo trazendo boas evidências, os autores
destacam que ainda se faz necessário uma avaliação desses protocolos em fêmeas, uma
vez que machos e fêmeas podem responder de maneira diferente em testes
comportamentais (Kalynchuk, Gregus, Boudreau, & Perrot-Sinal, 2004; Wróbel et al.,
2015).
É notório que homens e mulheres apresentam um “risco diferencial” para algumas
doenças, incluindo doenças psiquiátricas e, entre elas, o TDM. Os estudos refletem uma
33
população feminina com mais experiências de estresse subjetivo e relatando mais
sintomas físicos e somáticos do que os homens, mostrando essa maior vulnerabilidade ao
estresse. E, por isso, especula-se que essas diferenças, pelo menos em parte, associam-se
às diferenças sexuais frente à resposta ao estresse (Kudielkaa & Kirschbaumb,
2004).Embora o TDM seja prevalentemente diferente entre os sexos, os estudos mostram
que identificar essas diferenças sexuais na reatividade à resposta ao estresse em modelos
animais teve sucesso limitado e, destacam que provavelmente essas diferenças presentes
nas fêmeas estejam relacionadas aos maiores fluxos de hormônios reprodutivos ao longo
da vida, e maior sensibilidade ao aumento de catecolaminas na consolidação da memória
emocional(Altemus, 2006).
Ainda, como relatado por Altemus (2006), as mulheres estão sujeitas à maiores
fluxos hormonais do que os homens, há uma resposta aumentada do eixo HHA, supressão
da ação de catecolaminas e de resposta HHA durante a gravidez e lactação, diminuição
do conteúdo GABAérgico no cérebro durante a fase lútea, o próprio ciclo menstrual que
desestabiliza potencialmente os sistemas homeostáticos e, claro, a sensibilidade ao
feedback negativo do eixo HHA aos glicocorticoides. Dentro desse panorama, as
diferenças sexuais podem ser uma janela que fornece novas perspectivas sobre
mecanismos biológicos no TDM. De forma surpreendente, os estudos em modelos
animais até o momento sugerem que as fêmeas são mais resistentes aos efeitos
comportamentais e neurobiológicos, incluindo mudanças anatômicas e funcionais em
nível hipocampal, de estresse agudo e crônico do que os machos (Altemus, 2006).
Entretanto, de acordo com Wróbel e colaboradores (2014, 2015), estudos que influenciem
diretamente modulações de glicocorticoides ainda precisam ser realizados em fêmeas
para uma melhor compreensão da fisiopatologia do TDM relacionado ao estresse,
34
diferenças sexuais e um novo caminho para um melhor tratamento farmacológico e de
prevenção do transtorno.
1.4 Tratamento farmacológico do transtorno depressivo maior
Considerando o alto grau de morbidade do transtorno depressivo maior, seu caráter
multifatorial e a hipótese de que há um desequilíbrio químico no cérebro subjacente aos
transtornos do humor caracterizam a necessidade de intervenção farmacológica (Barge-
Schaapveld, Nicolson, Berkhof, & deVries, 1999; Castrén, 2005). Cabe, no entanto,
salientar que os antidepressivos disponíveis na clínica demoram a agir, apresentam
eficácia limitada, visto que um número considerável de pacientes não respondem ao
tratamento, além de produzirem consideráveis efeitos indesejáveis, o que poderia ser
reduzido com fármacos antidepressivos inovadores(Holsboer, 2001a; Berton & Nestler,
2006; Anacker et al., 2011).
Os primeiros fármacos com atividade antidepressiva favoreceram o aumento das
concentrações extracelulares de serotonina (5-hidroxitriptamina ou 5-HT) e noradrenalina
no cérebro (Castrén, 2005). A maioria dos fármacos antidepressivos utilizados geram
aumento de concentração de monoaminas, principalmente serotonina e noradrenalina, na
fenda sináptica que, a longo prazo, pode induzir mudanças plásticas na conectividade
neuronal ( Nemeroff & Owens, 2002). Esses fármacos são divididos em classes de acordo
com sua estrutura química ou com as propriedades farmacológicas; as principais são: os
Inibidores da Monoamino oxidase (IMAOs), os Inibidores Seletivos de Recaptação de
Serotonina (ISRS) e Inibidores de Recaptação de Serotonina e Noradrenalina (IRSN), os
Tricíclicos e os Antidepressivos atípicos (Catena-Dell’Osso, Marazziti, Rotella, &
Bellantuono, 2012).
35
Os Antidepressivos Tricíclicos são assim conhecidos por sua estrutura química que,
caracteristicamente contém três anéis benzênicos. A Imipramina foi a primeira substância
sintetizada desta classe. O mecanismo de ação dos ADTs em nível pré-sináptico se dá
pelo bloqueio de recaptura de monoaminas, principalmente NA e 5-HT. Esses fármacos
também agem bloqueando os receptores histaminérgicos, alfa-adrenérgicos e
muscarínicos, nestes casos, as ações estão associadas aos efeitos colaterais, como
hipotensão, sedação, constipação, dentro outros(Brunton, Chabner, & Knollmann, 2012;
Catena-Dell’Osso et al., 2012).
Os Inibidores da Monoaminoxidase (IMAO) são uma classe de fármacos
descoberta ainda em 1956 e tem como mecanismo de ação o bloqueio das isoformas da
enzima monoaminoxidase (MAO), MAO- A, que tem seletividade para 5-HT e NA e a
MAO-B, que seletivamente degrada a DA. Os efeitos antidepressivos são mais
característicos na MAO-A, uma vez que os efeitos da MAO-B estão mais associados às
doenças neurodegenerativas, como Parkinson. Os fármacos mais conhecidos dessa classe
são a Iproniazida, Tranilcipromina e Fenelzina (Brunton et al., 2012). Esses fármacos
apresentam muitos efeitos colaterais, principalmente agitação, insônia e elevação da
pressão diastólica. Além disso, são caracteristicamente conhecidos por apresentarem
interação com alimentos que contém tiramina, como queijos, vinhos, e alimentos
fermentados (Da Prada et al, 1988).
Desenvolvidos a partir do conhecimento dos Antidepressivos Tricíclicos, os
Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina (ISRS) foram pensados para tentar
reduzir os efeitos colaterais que os antidepressivos tricíclicos apresentavam, assim,
buscaram atingir baixa afinidade por receptores adrenérgicos, colinérgicos e
histaminérgicos e maior afinidade pelo bloqueio da recaptação da serotonina como
mecanismo de ação. Esses fármacos estão entre os agentes antidepressivos de grande
36
escolha na clínica por apresentarem tolerância em doses terapêuticas e redução dos efeitos
colaterais apresentados pelos tricíclicos. Como exemplos, cita-se Fluoxetina, Paroxetina,
Citalopram, Fluvoxamina e Sertralina (Moreno, Moreno, & Soares, 1999; Catena-
Dell’Osso et al., 2012).
Tal qual os ISRS, os Inibidores da Recaptação de Serotonina e Noradrenalina
(IRSN) foram desenvolvidos como agentes que inibem tanto o transportador de
recaptação de serotonina (SERT) quando o de noradrenalina (NET). A
venlafaxinaeseumetabólitoativo, desvenlafaxina, são os fármacos mais prescritos dessa
classe, por serem mais tolerados e mais seguros do que os antidepressivos tricíclicos.
A desvenlafaxina é 10 vezes mais seletiva para a inibição da receptação de5-HT, sendo
bastante indicada no tratamento de depressão maior (Findling et al., 2006; Brunton et
al., 2012) entretanto apresenta um alto custo comparada à venlafaxina que,
caracteristicamente já tem uma eficácia clínica superior à outros tipos de
antidepressivos.
De modo geral, a ação terapêutica dessas classes de fármacos não é rápida e
dificulta a adesão ao tratamento por apresentar vários efeitos adversos, como por exemplo
alterações de peso, cardiovasculares e sexuais (Duman & Monteggia, 2006; Thase &
Denko, 2008). A escolha de um bom tratamento farmacológico deve basear-se na mínima
presença de efeitos colaterais. Assim, é necessário investigar novos alvos terapêuticos
para o tratamento da depressão maior (Berton & Nestler, 2006; Kennedy et al., 2009).
De acordo com Leonard & Myint (2009), vários neurotransmissores e
neuromoduladores podem participar da ativação ou do bloqueio de circuitos relacionados
ao transtorno depressivo, incluindo a neurotransmissão serotonérgica, noradrenérgica e
neuropeptidérgica. É importante destacar que entre estes, o sistema de neuropeptídios
apresentam-se mais seletivamente distribuídos no SNC. Assim, por ter uma maior
37
seletividade central, os sistemas peptidérgicos potencializam alvos terapêuticos
inovadores para os transtornos psiquiátricos, com menor possibilidade de apresentar
reações indesejadas (Hökfelt, Bartfai & Bloom, 2003).
1.5Sistema nociceptina/orfanina FQ – receptor NOP
A nociceptina/orfanina FQ (N/OFQ) é um heptadecapeptídeo com estrutura similar
ao peptídeo opióide dinorfina, produzida pela clivagem da pró-nociceptina (Houtani,
Nishi, Takeshima, Nukada, & Sugimoto, 1996). O isolamento da N/OFQ de forma
independente por dois grupos de pesquisadores, em 1995, foi o que caracterizou a sua
nomenclatura. Ao isolar este neuropeptídeo de extratos de cérebro de rato, Meunier e
colaboradores (1995) perceberam que quando injetado no cérebro de camundongos
promovia hiperalgesia no teste da placa quente e no teste de retirada da cauda, o
denominando de nociceptina. Quando o extrato foi isolado do cérebro do porco por
Reinscheid e colaboradores (1995) o denominaram de orfanina, uma vez que este
peptídeo interagia com um receptor órfão. Através da análise da sequência aminoácidica,
nesse mesmo estudo, perceberam que os aminoácidos fenilalanina e glicina (abreviados
pelas letras F e Q), estavam localizados nas extremidades carboxi e amino terminal,
respectivamente; o denominando, assim, orfanina FQ.
O receptor NOP é um receptor acoplado à proteína G do tipo inibitória, que ao ser
ativado aumenta o efluxo de K+, reduz a entrada de Ca2+ e diminui a produção de AMPc
(Vaughan &Christie, 1996; Wu et al., 1997) (Figura 2). A expressão de receptores NOP
é alta em diversas áreas do Sistema Nervoso Central (SNC), particularmente no
prosencéfalo, sistema límbico, na medula espinhal, nos cornos dorsal e ventral.
38
Figura 2:Representação das respostas intracelulares após a ativação do receptor NOP (Esquema de
adaptado deMolinari, 2012)
O receptor NOP é densamente localizado nos núcleos serotonérgicos,
noradrenérgicos e dopaminérgicos (Mollereau et al., 1994; Neal et al., 1999). Já seu
precursor , a pró-nociceptina, possui uma distribuição mais limitada (Boom et al., 1999).
A N/OFQ e o seu receptor estão bem distribuídos em estruturas do sistema límbico,
estruturas envolvidas no processamento de estímulos emocionais, como hipocampo,
septo, banda diagonal de Broca, a habênula, o complexo amigdalóide e nos núcleos
hipotalâmicos (Mollereau & Mouledous, 2000), o que dá suporte ao papel modulatório
deste sistema em psicopatologias como a ansiedade e depressão (Gavioli & Calo’, 2006;
Gavioli & Calo’, 2013).
A N/OFQ apresenta efeitos no SNC e no Sistema Nervoso Periférico (SNP),
atuando também no sistema cardiovascular e sistema imune ( Lambert, 2008). No SNP
um dos principais locais de expressão do receptor NOP é em células do sistema
imunológico, inibindo diretamente a resposta imunitária adaptativa (Anton et al., 2010) e
a produção de anticorpos em linfócitos, tanto in vitro como in vivo (Gavioli & Romão,
39
2011). A atuação da N/OFQ e dos receptores NOP no SNC apresenta funcionalidade
variada, respondendo ao estresse, ao processamento de estímulos nociceptivos, controle
das funções neuroendócrinas, balanço hídrico, controle motor, comportamento sexual,
modulação dos processos aditivos ou relacionados à anorexia/obesidade, bem como
processos emocionais, sendo crucial para o controle da ansiedade e depressão ( Lambert,
2008).
1.6 Antagonistas do receptor NOP no tratamento da depressão
Alguns estudos destacam uma possível relação do sistema N/OFQ na depressão em
humanos. Em um estudo de 2003, mediu-se os níveis plasmáticos de N/OFQ e de 5-HTde
21 portadoras de depressão pós-parto e 25 voluntárias controle. No grupo experimental
os níveis plasmáticos de N/OFQ foram significativamente elevados e os níveis de 5-HT
apresentaram-se baixos em comparação aos controles (Gu et al., 2003). Outro estudo com
objetivo de investigar os níveis plasmáticos de N/OFQ em pacientes com depressão
bipolar e mania bipolar (Wang et al., 2009), mostrou que e os níveis de N/OFQ no plasma
no grupo de depressão bipolar foram significativamente mais elevados do que os do grupo
controle e estavam positivamente correlacionados com os escores em escalas que medem
depressão, como a Escala de Hamilton.
Os primeiros dados humanos fornecendo evidências de que o bloqueio da
sinalização do receptor NOP representa uma estratégia promissora para o tratamento da
depressão maior são de um estudo que testou a eficácia clínica do antagonista LY2940094
na dose de 40mg durante 8 semanas em portadores do transtorno depressivo maior.
Comparado à linha de base, o LY2940094 apresentou efeito antidepressivo alterando os
escores da Escala de Hamilton e, além disso, apresentou efeito no processamento de
40
estímulos emocionais caracterizado por um maior reconhecimento de expressões faciais
positivas em relação às negativas após uma semana de uso ( Post et al., 2016).
Há um crescente corpo de evidências que sugere que o bloqueio dos receptores NOP
evoca ações do tipo antidepressivas em roedores. De acordo com Gavioli & Calo’ (2013),
antagonistas do receptor NOP, sejam peptídicos (Calo’ et al., 2000; Calo et al., 2002) ou
não peptídicos (Ozaki et al., 2000; Zaratin et al., 2004), apresentaram atividade
antidepressiva em estudos experimentais pré-clínicos. Roedores mostraram um perfil do
tipo antidepressivo após administração de antagonistas NOP, UFP-101 e SB-612111,
quando avaliados através dos parâmetros comportamentais no teste do nado forçado e
suspensão pela cauda (Gavioli et al., 2003, 2004; Rizzi et al., 2007).
Avaliando parâmetros comportamentais, neuroquímicos e endócrinos do bloqueio
do receptor NOP em um modelo de estresse crônico variável, Vitale e colaboradores
(2009) demonstraram que após tratamento crônico de 21 dias (i.c.v.), o antagonista UFP-
101 restaurou o consumo de solução de sacarose, equilibrou concentração de serotonina
(5-HT) e níveis séricos de corticosterona. Outro estudo avaliou os efeitos UFP-101 sobre
a anedonia induzida pelo modelo de estresse crônico variável e se a molécula era capaz
de reverter o comprometimento da neurogênese do hipocampo. O composto UFP-101
reiniciou o consumo basal de sacarose em animais estressados a partir da segunda semana
de tratamento e foi capaz de reverter os efeitos de estresse no TNF e em campo aberto.
Além disso, UFP-101 aumentou significativamente a expressão de FGF-2, e foi capaz de
restaurar a neurogênese hipocampal no rato adulto que foi reduzida pelo estresse crônico
variável (Vitale et al., 2017). Esses resultados apoiam a hipótese de que antagonistas do
receptor NOP apresentam ação do tipo antidepressiva associados com efeitos positivos
na neurogênese e podem representar um alvo para medicamentos antidepressivos
inovadores(Gavioli & Calo’, 2013).
41
As evidências sugerem que a ação antidepressiva de antagonistas NOP deve-se a
modulação da neurotransmissão monoaminérgica. Tao et al. (2007) demonstraram
através de um estudo de microdiálise, que a administração de um antagonista do receptor
NOP, o [Nphe1]N/OFQ(1–13)NH2, no núcleo dorsal da rafe, aumenta a concentração de
5-HT nesta área. Além dessa evidência in vivo, estudos in vitro demonstraram que a
N/OFQ inibe a liberação e os disparos de neurônios noradrenérgicos e serotonérgicos
(para revisão: Gavioli e Calo’, 2013). Além da modulação do sistema monoaminérgico,
principalmente pela ação dos antagonistas NOP no sistema serotonérgico (Vaughan e
Christie 1996; Tao et al., 2007), outros mecanismos também têm sido propostos para
explicar a ação do tipo antidepressiva produzida através do bloqueio da sinalização do
receptor NOP (Gavioli & Calo’, 2013).
O composto SB-612111 é um antagonista não peptídico do receptor NOP que
apresenta ampla potência e seletividade, confirmadas em estudos in vitro (Spagnolo et
al., 2008). Rizzi e colaboradores (2007) mostraram que o SB-612111 foi capaz de evocar
efeitos do tipo antidepressivo em testes clássicos e não modificou outros comportamentos
dos roedores. Além disso, o efeito antidepressivo apresentado pelos UFP-101 (Gavioli et
al., 2003, 2004)e SB-612111 (Rizzi et al., 2007) foi revertido pela coadministração i.c.v.
de N/OFQ, mostrando que esses compostos produzem suas ações comportamentais
através do bloqueio do receptor NOP.
Evidências genéticas reforçaram o papel do sistema peptidérgico N/OFQ-NOP na
mediação da depressão experimental. Ratos e camundongos knockout para o receptor
NOP (NOP−/−) apresentaram um fenótipo do tipo antidepressivo comparados aos animais
selvagens (NOP+/+) em testes de desespero comportamental. Alguns antagonistas do
receptor NOP, J-113397, UFP-101 e SB-612111, reduziram o tempo de imobilidade dos
camundongos selvagens (NOP+/+), entretanto, os camundongos knockout para o receptor
42
NOP não apresentaram alterações do comportamento após tratamento com esses
compostos (Gavioli et al., 2003; Gavioli & Calo’, 2006; Rizzi et al., 2007).
Os antagonistas NOP (UFP-101, icv e SB-612111, ip) foram capazes de reverter as
alterações de humor geradas pelo protocolo de administração de LPS em camundongos,
quando testados no TSC 24 horas após a indução do comportamento depressivo. No
mesmo estudo, mostrando mais uma vez o papel do sistema, foi visto que o tratamento
com LPS induziu efeitos de tipo depressivo em camundongos NOP (+/+), mas não em
camundongos NOP (-/-) (Medeiros et al., 2015). Esses antagonistas também foram
testados no modelo de desamparo aprendido no qual os camundongos apresentam um
comportamento desamparado ou do tipo depressivo. O tratamento agudo com
antagonistas de NOP (UFP-101 e SB-612111) conseguiu reduzir significativamente o
comportamento desamparado de forma semelhante aos antidepressivos clássicos
(Holanda et al., 2016).
Considerando a distribuição neuroanatômica do sistema peptídico da N/OFQ e de
seu receptor e baseado nas evidências supracitadas, sugere-se que antagonistas do
receptor NOP são potenciais candidatos para o desenvolvimento de novos fármacos para
o tratamento da depressão. Entretanto, apesar do efeito antidepressivo induzido pela
administração de antagonistas NOP em diferentes testes comportamentais e
modelos animais de depressão pouco se sabe sobre o papel desempenhado pelo sistema
peptidérgico da N/OFQ nas alterações comportamentais decorrentes da ativação única e
repetida de receptores de glicocorticoides.
43
2. Objetivos
2.1 Objetivo geral
Investigar os efeitos comportamentais da administração única e crônica da
dexametasona e do antagonista do receptor NOP, SB-612111, em camundongos neste
modelo experimental.
2.2 Objetivos específicos
Avaliar diferenças sexuais na indução da depressão experimental pela
administração única da dexametasona em camundongos machos e fêmeas e na eficácia
de fármacos antidepressivos;
Estudar o potencial antidepressivo do antagonista NOP SB-612111 em
camundongos após indução da depressão por administração única de dexametasona;
Investigar os efeitos comportamentais da administração repetida dedexametasona
em camundongos, bem como avaliar a eficácia do tratamento com antidepressivos após
a indução da depressão pela administração repetida de dexametasona.
44
3. Materiais e métodos
3.1 Animais
Foram utilizados 640 camundongos, sendo 400 machos e 240 fêmeas, por volta
dos 3 meses de idade, pesando entre 35-45 g. Os camundongos foram alojados em, no
máximo, 12 por caixa (41x34x16 cm), em uma sala com controle acústico, de umidade e
temperatura (23±1ºC), com livre acesso àraçãoe águae submetidos a um ciclo de claro-
escuro 12:12, com luzes acesas às 06:00 da manhã. Todas as tarefas foram realizadas na
fase clara do ciclo (entre 07h e 13h). A divisão dos grupos está descrita na figura 1.
Os camundongos foram provenientes do biotério do Departamento de Biofísica e
Farmacologia da Universidade Federal do Rio Grande do Nortee todos os procedimentos
experimentais realizados estavam de acordo com as recomendações da Lei nº 11.794 de
08/10/2008 (Lei Arouca), após a aprovação projeto pela Comissão de Ética no Uso de
Animais (CEUA) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, com número de
protocolo N°001/2016 (em anexo).
3.2 Análise do ciclo estral das fêmeas
A determinação do ciclo classifica-se em quatro fases: proestro, estro, metaestro
e diestro de acordo com a quantidade de leucócitos, bem como de células descamadas e
da presença de muco no exame de lavado vaginal. Esse ciclo tem uma duração curta,
com média de quatro dias, sendo cada fase representada por características específicas. O
proestro é a fase de ovulação, a maiorias das alterações hormonais apesenta-se nesta fase,
como, por exemplo, aumento do hormônio folículo estimulante (FSH), o estro é uma fase
pós ovulatória de intensa queratinização e descamação vaginal na qual a fêmea está
receptiva ao macho. As fases diestro e metaestro são caracterizadas pela maior presença
de leucócitos, sendo fases não férteis do ciclo (Marcondes, Bianchi, & Tanno, 2002). A
45
análise do ciclo estral das fêmeas foi feita através do lavado vaginal, consistindo na
introdução de uma pipeta Pasteur na cavidade vaginal e inserção de um pequeno volume
de solução salina (NaCl 0,9%) e posterior sucção do líquido. O lavado com muco foi
posto em lâmina e identificado atravésdo emprego de um microscópio óptico, sendo cada
fase estral definida por diferentes proporções de tipos celulares, de acordo com as
descrições acima descritas. A intenção do presente estudo foi apenas caracterizar a
porcentagem de ocorrência das fases do ciclo estral de camundongos fêmeas em cada
bloco experimental, assim sendo, a coleta do lavado e análise foi realizada após os
experimentos comportamentais. O resultado da análise está separado por etapa e
experimento nas figuras do anexo II.
3.3 Drogas e tratamentos
Dexametasona (64 µg/kg e 16 µg/kg): dexametasona é um corticosteróide com ação
preferencial sobre receptores glicocorticoides. Essa foi injetada por via sistêmica, através
de administração subcutânea (sc), adquirida da Sigma-Aldrich (San Louis, MO, EUA). A
dexametasona únicafoi administrada na dose de 64 µg/kg, no período matutino, pelo
menos, 4 horas antes dos testes comportamentais. Já para o protocolo repetido, a
substância foi administrada na dose de 16 µg/kg por 14 dias. As doses de dexametasona
e os esquemas de tratamento foram previamente descritos (Wróbel et al., 2014, 2015).
Nortriptilina (30 mg/kg): antidepressivo tricíclico, adquirido da Medley Indústria
Farmacêutica (Campinas, São Paulo, Brasil), administrado via intraperitoneal (ip), 1 hora
antes dos testes comportamentais.
46
Venlafaxina (30 mg/kg): antidepressivo inibidor da recaptação da serotonina e da
noradrenalina (IRSN), adquirida da União química (São Paulo, Brasil) e administrado por
via ip, 1 hora antes dos ensaios comportamentais.
Imipramina (20 mg/kg): antidepressivo tricíclico, produzida pela NOVARTIS
BIOCIÊNCIAS, Taboão da Serra, SP, Brasil, administradopor via ip, 1 hora antes dos
testes comportamentais.
SB-612111 (10 mg/kg): Antagonista de origem não-peptídica do receptor NOP,
adquirido na Tocris Bioscience (Bristrol, Reino Unido), foi administrado por via ip 30
min antes dos testes comportamentais.
Todas as doses utilizadas foram baseadas em estudos prévios (Wróbel et al., 2014,
2015; Medeiros et al., 2015; Ramirez, Shea, McKim, Reader, & Sheridan, 2015). A
dexametasona foi diluída em uma solução de salina com álcool etílico (esse último em
uma concentração final menor do que 0,1%). A mesma concentração de álcool etílico foi
administrada no grupo controle. A venlafaxina, a nortriptilina e a imipramina foram
utilizadas como controle positivo. As drogas foram administradas em um volume de 10
mL/kg. Os controles foram administrados com o veículo pelas mesmas vias de
administração, receberam os mesmos volumes e foram respeitados os mesmos tempos de
pré-tratamento que os grupos tratados.
3.4 Ensaios comportamentais
Os ensaios comportamentais foram realizados em uma sala exclusiva para
avaliação comportamental, acusticamente isolada, com temperatura entre 23 ºC ± 1 ºC e
com baixa luminosidade localizada no Laboratório de Farmacologia Comportamental
(FarmacoLab), Centro de Biociênciasda Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
47
Todas as sessões experimentais descritas abaixo aconteceram no período matutino, com
avaliação do comportamento entre às 10:00 e 13:00 h. O desenho experimental dos
grupos, tratamentos e testes comportamentais utilizados nos camundongos machos e
fêmeas está representado na figura 5.
3.5 Avaliação do comportamento tipo depressivo
3.5.1 Teste da Suspensão pela Cauda (TSC)
Baseado nos paradigmas de Porsolt e colaboradores (1977;1978), Steru e
colaboradores (1985) desenvolveram uma situação estressante e inescapável que
predispõe o animal a desenvolver comportamentos tipo de desespero comportamental e
desamparo, alternando comportamentos entre agitação e imobilidade frente à condição
inescapável. Baseado neste paradigma, nos nossos experimentos os camundongos foram
suspensos pela cauda à 50 cm do chão e presos com fita adesiva do tipo crepe,
cuidadosamente 1cm da ponta da cauda, com porção ventral voltada para o
experimentador. Como parâmetro comportamental o tempo total de imobilidade,
caracterizado pela ausência de movimentação, foi avaliado durante os 6 minutos de teste.
Semelhante ao teste de natação forçada, a imobilidade medida no TSC reflete o
comportamento do tipo depressivo que pode ser revertido por antidepressivos
convencionais.
3.5.2 Splash test ou Teste de Borrifada da Sacarose (TBS)
Também conhecido como Teste de Borrifada da Sacarose (TBS), o Splash
testavalia o comportamento espontâneo e motivacional de autolimpeza (“grooming”)
após a borrifada de uma solução de sacarose a 10% no dorso do animal. Neste teste,
inicialmente os animais foram habituados a uma caixa de polipropileno revestida com
papel contact preto, medindo (30x20x13 cm) durante 20 minutos. Neste período, essa
48
gaiola ficou com a tampa na parte superior para que o animal não pudesse escapar. Após
a habituação, a tampa foi retirada e, no mesmo ambiente, foi borrifada uma solução de
10% de sacarose no dorso do animal. Todo o procedimento é gravado para posterior
análise e os parâmetros comportamentais avaliados manualmente foram: a latência para
o primeiro grooming e o tempo em que o animal permaneceu realizando a autolimpeza
durante os 6 minutos de teste.
Figura 3. Gaiolas utilizadas para realização do teste de borrifada da sacarose.
3.6 Avaliação da atividade locomotora
3.6.1 Campo aberto
O teste de campo aberto, introduzido por Calvin Hall (1934), foi utilizado para
avaliação da locomoção dos camundongos, com base na observação de que esse é um
comportamento espontâneo de roedores quando expostos a um novo ambiente. O aparato
utilizado, no nosso experimento, foi uma caixa de fórmica preta quadrada, com medidas
de 40 cm de largura x 40 cm de comprimento e cercada de paredes com 40 cm de altura.
Assim, quatro animais foram inseridos no aparato, um em cada compartimento, e de
forma simultânea, posicionado no centro do aparato para livre exploração. Uma câmera
49
acima do aparato permitiu o registro em vídeo do comportamento do animal para posterior
análise da distância total percorrida, durante 5 minutos de teste. A avaliação do
comportamento do animal foi efetuada através do software ANY-maze (Stoelting Co.,
Wood Dale, EUA).
3.7 Avaliação da interação social
3.7.1 Teste de interação social
File & Hyde (1978) apresentaram o protocolo de interação social como modelo
experimental de ansiedade. Esse procedimento se fundamenta na observação de que
animais expostos aos ambientes novosou bastante iluminados tendem a diminuir ou
suprimir sua interação com outros animais. Para isso, mede-se o tempo que eles
despendem em atividades consideradas de interação social ativa, como limpar, cheirar,
morder, seguir ou o comportamento de evitar a interação.
Buscando entender se essa supressão ocorre em animais em condição tipo
depressiva, adaptamos o protocolo e, inicialmente, os camundongos foram habituados à
arena do campo aberto (proporções citadas no tópico da avaliação da locomoção) por 10
minutos. Em seguida, um animal já conhecido (ou seja, um companheiro de gaiola) foi
colocado na mesma arena para uma habituação em pares, de forma que o animal pudesse
interagir com outro, durante 10 minutos. Trinta minutos após a habituação, os animais
“alvo” retornam à arena para o teste, neste procedimento, um animal “rascunho”,
desconhecido do animal “alvo”, é adicionado à arena. O experimento é realizado sob as
mesmas condições de iluminação dos experimentos anteriores. As interações sociais
ativas feitas pelo animal “alvo” para com o “rascunho” foram registradas pelos
parâmetros de tempo total de interação e, além disso, também foi contabilizado o número
50
de vezes que o animal “alvo” seguiu o “rascunho”, bem como o número de vezes que o
“alvo” evitou o contato com o “rascunho”, durante 10 minutos de teste.
Figura 4. Aparato de campo aberto utilizado para avaliação da atividade locomotora e da interação social.
Figura 5. Desenho experimental para avaliação do efeito agudo e repetido da dexametasona, caracterizando
grupos, tratamentos e testes comportamentais para camundongos machos e fêmeas.
51
4. Delineamento experimental
Baseado na hipótese de que a administração única e repetidadedexametasona é
capaz induzir um comportamento do tipo depressivo em camundongos (Murray et al.,
2008; Sterner & Kalynchuk, 2010; Wróebel et al., 2015), foram estabelecidos dois
protocolos, modificados a partir dos estudos de Wróebel e colaboradores (2014; 2015),
para indução do comportamento depressivo. Assim, o desenvolvimento do trabalho se
deu em duas etapas distintas.
Na Etapa I o objetivo foi padronizar o protocolo de indução de depressão
experimental pela administração únicade dexametasona em camundongos machos e
fêmeas, caracterizar o tempo de efeito, avaliar as propriedades antidepressivas dos
controles positivos nortriptilina e venlafaxina, e investigar o potencial antidepressivo do
antagonista NOP (SB-612111) nesse protocolo.
Na Etapa II, o principal objetivo foi padronizar um protocolo repetido que
apresentasse os efeitos comportamentais encontrados na etapa I, neste caso, além de
caracterizar uma redução do tempo total de administração geralmente utilizado em
estudos anteriores, essa avaliação abre margem para futuras avaliações de parâmetros
neuroquímicos (Murray et al., 2008; Wróebel et al., 2014; 2015).
4.1 Etapa I
4.1.1 Indução da depressão experimental por administração única de
dexametasona em camundongos machos e fêmeas
O protocolo agudo (Figura 10) baseia-se em uma única administração
dedexametasona (64 µg/kg, sc). Com o objetivo de induzir a depressão experimental pela
administração única de dexametasona em machos e fêmeas, bem como avaliar o tempo
de duração do efeito da indução por esse protocolo, os experimentos comportamentais
52
foram realizados em camundongos machos e fêmeas 4 h, 24 h e 7 dias após a
administração da dexametasona (figura 6). Diferentes animais foram utilizados para cada
tempo de pré-tratamento com dexametasona (ex.: 4 h, 24 h e 7 dias). Uma vez que a
realização dos quatro testes (ex.: TSC, campo aberto, interação social e splash test) no
mesmo dia comprometeria a avaliaçãocomportamental dos animais, grupos
experimentais distintos foram utilizados. Sendo assim, para cada tempo de pré-tratamento
da dexametasona, um grupo de animais foi submetido inicialmente ao TSC e meia hora
após esse teste, esses animais foram submetidosao campo aberto. Já um grupo distinto de
animais foi exposto ao splash test e, após a realização do comportamento de todos os
animais, neste caso, 2 horas, foram submetidos ao teste de interação social.
Figura 6. Padronização do protocolo de indução de depressão pela administração única da dexametasona
em camundongos machos e fêmeas, baseado em Wróbel et al (2014;2015), acompanhado dos ensaios
comportamentais para comportamento tipo depressivo, avaliação da atividade locomotora, comportamento
de autolimpeza e da interação social.
4.1.2 Avaliação do efeito antidepressivo da nortriptilina e venlafaxina na
depressão experimental induzida por dexametasona em camundongos machos e fêmeas
Após a padronização do protocolo de depressão experimental pela administração
única de dexametasona, fez-se necessário a avaliação da ação de antidepressivos clássicos
utilizados na clínica para confirmar a validação farmacológica do protocolo em machos
e fêmeas (Figura 11).
53
Neste caso, como esquematizado na figura 7, no protocolo agudo, 3 horas após a
administração dexametasona 64 µg/kg (sc), os animais receberam a venlafaxina ou
nortriptilina (ip), de acordo com seu grupo e os ensaios comportamentais foram feitos 1
hora após a administração dos antidepressivos.Os grupos de animais foram divididos em
dias diferentes de acordo com a administração antidepressiva, logo, foram testados em
diferentes dias osgrupos de camundongos referentes àavaliação da nortriptilina e
venlafaxina. A ordem dos testes comportamentais seguiu igual ao primeiro experimento,
citada no procedimento acima.
Figura 7. Protocolo de avaliação do efeito antidepressivo da Nortriptilina e Venlafaxina após indução da
depressão pelo protocolo de administração única de dexametasona em camundongos machos e fêmeas,
acompanhado dos ensaios comportamentais para comportamento tipo depressivo, avaliação da atividade
locomotora, comportamento de autolimpeza e da interação social.
4.1.3 Avaliação do potencial terapêutico do antagonista do receptor NOP, SB-
612111, na depressão experimental induzida por dexametasona em camundongos
machos
Uma vez realizada a padronização e avaliação antidepressiva clássica, buscamos
investigar o potencial terapêutico antidepressivo do antagonista do receptor NOP, SB-
612111, no modelo agudo de indução da depressão experimental por dexametasonaem
camundongos machos. Para isto, 3:30 horas após a administração de dexametasona (64
µg/kg, sc), os animais receberam SB-612111 (ip) ou veículo, e os ensaios
comportamentais foram realizados 30 minutos após a última administração da substância,
como mostra a figura 8.Aqui, um grupo de camundongos foi submetido ao TSC e, meia
54
hora após, ao campo aberto. Em outro dia, um outro grupo foi submetido ao splash test
(figura 12).
Figura 8. Avaliação do efeito do antagonista NOP, SB-612111, no protocolo agudo da indução da
depressão experimental por dexametasona em camundongos machos, acompanhado dos ensaios
comportamentais para comportamento tipo depressivo, avaliação da atividade locomotora e do
comportamento de autolimpeza.
4.2 Etapa II
4.2.1 Avaliação do efeito antidepressivo da imipramina no protocolo de indução
da depressão experimental por administração repetida de dexametasona em
camundongos machos
O protocolo de administração de dexametasona repetida foi realizado durante 16
dias (figura 9). Na primeira etapa, que durou 7 dias, os camundongos foram divididos em
dois grupos, um grupo recebeu solução veículo (sc) e outro grupo recebeu dexametasona
16 µg/kg. No oitavo dia, os animais não receberam tratamento e foi realizada uma sessão
de testes comportamentais (TSC, Campo aberto e Splash test). No nono dia, os animais
foram subdivididos em quatro grupos, de acordo com o tratamento de indução da
depressão (veículo ou dexametasona) e iniciou-se o tratamento com o antidepressivo
imipramina por 7 dias associado ou não à dexametasona. Nestes 7 dias, os seguintes
grupos experimentais foram formados: veículo + veículo; veículo + imipramina;
dexametasona + veículo; dexametasona + imipramina). No décimo sexto dia foram
realizados os testes comportamentais (TSC, Campo aberto e Splash test). Aqui, os
animais passaram por todos os ensaios comportamentais, de forma que todos os testes
55
foram realizados em um único dia, no oitavo e no décimo sexto dia do protocolo. A ordem
experimental seguida foi baseada nos outros experimentos já realizados, sendo feito
inicialmente o TSC, meia hora após o campo aberto e, ao fim de toda a sessão de campo
aberto, os animais realizaram o splash test (Figura 13).
Figura 9. Protocolo de avaliação do efeito antidepressivo da imipramina após indução da depressão pelo
protocolo de administração repetida de dexametasona em camundongos machos, acompanhado dos ensaios
comportamentais para comportamento tipo depressivo, avaliação da atividade locomotora e comportamento
de autolimpeza.
56
Etapa I
Padronização do protocolo agudo
A.
B.
C.
D.
Figura 10. Esquemas de avaliação comportamental do efeito agudo de dexametasona na dose de 64 µg/kg
nos testes de Suspensão pela cauda (A), Campo Aberto (B), Splash Test (C) e Interação Social (D).
57
Etapa I
Avaliação Antidepressiva
A.
B.
C.
D.
Figura 11. Esquemas de avaliação do efeito antidepressivo da nortriptilina e venlafaxina após indução de
depressão por administração única de dexametasona na dose de 64 µg/kg nos testes de Suspensão pela
cauda (A), Campo Aberto (B), Splash Test (C) e Interação Social (D).
58
Etapa I
Avaliação do Antagonista NOP (SB-612111)
Figura 12. Esquemas de avaliação do efeito do antagonista NOP (SB-612111) após indução de depressão
por administração única de dexametasona na dose de 64 µg/kg nos testes de Suspensão pela cauda (A),
Campo Aberto (B) e Splash Test (C).
59
Etapa II
Padronização do protocolo repetido e avaliação antidepressiva
Figura 13. Esquema de avaliação do efeito antidepressivo da imipraminaapós indução de depressão por
administração repetida dedexametasona, após 7 e 14 dias de administração, nos testes de Suspensão pela
cauda (A), Campo Aberto (B) e Splash Test (C).
A B
C
60
5. Procedimentos estatísticos
Após a análise dos vídeos, os dados foram tabulados no software Excel e os
procedimentos estatísticos realizados no SPSS para Windows, versão 21, considerando
diferenças estatisticamente significativas para o valor de p<0,05. Os resultados
paramétricos foram expressos em média ± erro padrão da média (EPM) e os não-
paramétricos em mediana com seus intervalos interquartílicos. Todos os gráficos foram
preparados utilizando o software Graphpad Prisma 6.0.
5.1 Medidas comportamentais
As medidas estatísticas utilizadas diferiram de acordo com os parâmetros de cada
teste comportamental realizado. Foram realizadas análises de estatísticas descritivas, tais
como média, desvio e erro padrão e porcentagens, e inferenciais, como teste t, ANOVA
e MANOVA.
Com a intenção de avaliar se a administração única de dexametasona é
capaz de induzir comportamento do tipo depressivo em camundongos machos e fêmeas
e qual é a duração desse comportamento, diferentes grupos de camundongos machos e
fêmeas foram testados 4 horas, 24 horas e 7 dias após administração de 64µg/kg de
dexametasona através do parâmetro imobilidade (expressa em segundos) no Teste de
Suspensão pela Cauda. A distância total percorrida (expressa em metros) desses animais
também foi mensurada no Campo Aberto. Para esses dois parâmetros, os dados foram
considerados normais e foi realizado o Teste t para amostras independentes, uma vez que
são duas condições experimentais, para cada tempo, com animais diferentes em cada
grupo.
61
O teste t é uma análise paramétrica que possibilita a comparação entre uma
variável independente com dois níveis e uma variável dependente. Quando o valor do t
está associado a um p < 0,05, é possível assumir a hipótese de pesquisa, que afirma que
existe diferença entre as médias dos grupos que estão sendo avaliados, em detrimento da
hipótese nula, a qual afirma que não existe diferença entre os grupos. Nesta análise, foi
relatado o valor do t, o grau de liberdade e a probabilidade associada, além das estatísticas
descritivas concernentes as médias e erros padrões dos grupos (HAIR; ANDERSON;
TATHAM; BLACK, 2005).
A avaliação da condição única estendeu-se também para outros testes que
mensuram um comportamento do tipo depressivo. No splash test, outros animais foram
divididos para a condição grupo (veículo e dexametasona) e foi mensurada a latência para
o primeiro comportamento de limpeza e a duração total deste comportamento (ambos os
parâmetros expressos em segundos). Para esses dois parâmetros, também foi utilizado o
Teste t de amostras independentes, comparando animais diferentes nas duas condições
experimentais. Já para o teste de Interação Social, o Teste t independente foi utilizado
para mensurar as diferenças entre o tempo total de interação (expresso em segundos) entre
o camundongo “alvo” (veículo e dexametasona) e o camundongo “rascunho”. O
correspondente não paramétrico ao testetindependente, Wilcoxon, avaliou diferenças
entre o número de vezes que o camundongo alvo seguia e evitava o rascunho.
Para avaliar se antidepressivos clássicos eram capazes de reverter as modificações
comportamentais geradas pela dexametasonaúnica, os mesmos parâmetros foram
avaliados para o TST, o Campo Aberto, o Splash Test e a Interação Social. Nestes casos,
o teste estatístico utilizado passou a ser ANOVA de duas vias, uma vez que dois fatores
compuseram esta análise: 1) pré-tratamento com “dexametasona” e 2) tratamento com
62
“antidepressivo”, seguido do post hoc deBonferronipara verificar as possíveis diferenças
entre os grupos avaliados.
Por fim, também foi utilizada para interpretação dos dados a MANOVA, Análise
Multivariada de Variância, utilizada para fazer uma comparação geral entre os dados,
permitindo comparações entre sexo com uma quantidade maior de variáveis, sem cair no
erro do tipo 1. Esta é considerada uma das análises mais robustas, tendo em vista que ela
possibilita fazer a comparação entre uma quantidade ilimitada de variáveis independentes
(em seus diferentes níveis) e uma quantidade ilimitada de variáveis dependentes. A
grande diferença desta análise para as demais é justamente a possibilidade de trabalhar
com mais de uma variável dependente (no caso do estudo, o tratamento com
dexametasona, o sexo e o tratamento antidepressivo) podendo observar o efeito de
interação entre elas. Quando o valor do F está associado a um p < 0,05, é possível assumir
a hipótese de pesquisa, que afirma que existe diferença entre as médias dos grupos que
estão sendo avaliados, em detrimento da hipótese nula, a qual afirma que não existe
diferença entre os grupos. Tal como na ANOVA, a MANOVA vem associada do teste
post hoc para verificação das diferenças intragrupo. Novamente, o post hoc escolhido foi
o de Bonferroni (HAIR et al., 2005).
63
6. Resultados
6.1 Protocolo de administração única de Dexametasona
6.1.1 Indução de depressão experimental por administração de Dexametasona
em camundongos machos e fêmeas
A figura 14A mostra que, de acordo com o Teste T independente, a imobilidade
dos camundongos machos tratados uma única vez com Dexametasona 4 e 24 horas antes
do TSC foi significativamente maior em relação aos seus respectivos grupos controles [t
(14) = -4,603; p = 0,001 e t (14) = -3,093; p = 0,008, respectivamente], o que não acontece
quando o comportamento no TSC foi avaliado após 7 dias de tratamento com
dexametasona [t (14) = -1,9046; p = 0,072].
Camundongos fêmeas tratados com Dexametasona 4 e 24 horas antes do teste
apresentaram aumento do tempo de imobilidade [t(14) = -5,680; p = 0,001 e t(14)= -
2,641; p = 0,019, respectivamente] avaliado no TSC. No entanto, a figura 14B mostra que
as fêmeas quando testadas no TSC 7 dias após a administração de dexametasona não
apresentaram diferença significativa quanto ao tempo de imobilidade [t(14) = -0,682; p =
0,506].
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Figura 14. Efeito da administração única de Dexametasona (64 µg /kg, s.c.) na imobilidade de
camundongos machos (A) e fêmeas (B) por condição de tempo (4 horas, 24 horas e 7 dias). Os dados
representados são média ± erro padrão da média para o Test T independente, sendo 16 animais por condição
de tempo (8 Veículos e 8 Dexametasona). *p<0,05.
64
O efeito do tratamento com dexametasona também foi avaliado no campo aberto
com a intenção de verificar se administração do glicocorticoide após 4 horas, 24 horas e
7 dias era capaz de alterar a locomoção espontânea. Para isso, a distância total percorrida
dos grupos (veículo e dexametasona) de machos e fêmeas foi avaliada através de um Teste
T independente para cada condição de tempo. Pode-se observar na figura 15A que
nenhuma alteração foi encontrada quanto à distância total percorrida dos camundongos
machos tratados agudamente com dexametasona comparados aos seus controles para as
4 horas [t (14) = 1,536; p = 0,147], 24 horas [t (14) = -0,258; p = 0,800] e 7 dias [t (14) =
-0,409; p= 0,689]. De acordo com a figura 15B, as fêmeas que receberam dexametasona
agudamente também não apresentaram nenhuma alteração na locomoção comparadas aos
seus controles nas condições 4 horas [t (14) = -0,394; p=0,700], 24 horas [t (14) = -0,988;
p=0,340] e 7 dias [t (14) = -1,289; p=0,218].
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Figura 15. Avaliação da locomoção em campo aberto após administração única de dexametasona (64
µg/kg, s.c.) em camundongos machos (A) e fêmeas (B) por condição de tempo (4 horas, 24 horas e 7
dias). Os dados representados são média ± erro padrão da média, sendo 16 animais por condição de
tempo (8 veículos e 8 dexametasona).
Na tabela 1, apresenta-se a estatística descritiva por grupos e sexo para TST e
Campo aberto. A MANOVA para amostras independentes indicou diferença
65
estatisticamente significativa entre os grupos, no que diz respeito ao tratamento com
dexametasona, com Lambda de Wilks de 0,57, reforçado que machos e fêmeas que
receberam a dexametasona apresentaram maior tempo de imobilidade no TSC [F(1,84) =
58,83; p < 0,001] e que, quanto ao tempo testado (4 horas, 24 horas e 1 semana), esse
grupo também comportou-se diferente frente ao aumento de imobilidade, com Lambda
de Wilks de 0,78, no TSC [F(2,84) = 11,85; p < 0,001], mas os grupos não diferiram entre
si quanto ao sexo (Masculino e Feminino), com Lambda de Wilks de 0,94, apenas para a
variável tempo de imobilidade [F(1,84) = 4,62; p > 0,05]. O posthoc de Bonferroni
indicou diferença estatisticamente significativa entre todos os grupos, quando comparado
a variável imobilidade. Especificamente, os grupos que pontuaram mais foram aqueles na
condição dexametasona, comparado ao veículo, tanto paramachos quanto fêmeas, nos
testes de TSC. Quanto aos tempos testados, enquanto no TSC houve um padrão
quadrático, isto é, os valores abaixaram no tempo (24 horas) e voltaram a subir no tempo
3 (7 dias), no teste campo aberto, como esperado da exploração espontânea dos animais,
o padrão foi decrescente, diminuindo em cada novo tempo.
Tabela 1.Estatísticas descritivas dos grupos dexametasona e veículo no teste TSCnos
diferentes intervalos de tempo.
4 horase 24 horasf 7 diasg
TSC ♂ Veículo - a 92,75 ± 37,93bd 70,37 ± 19,22bd 92,87 ± 18,57d
♂ Dexametasona - b 188,50 ± 44,94a 127,75 ± 48,82ac 109,12 ± 14,59
♀ Veículo - c 106,75 ± 22,42bd 89,12 ± 26,83bd 109,00 ± 27,49
♀ Dexametasona - d 197,50 ± 39,24ac 154,37 ± 64,51ac 118,50 ± 28,21a
Nota: ♂= Machos; ♀= Fêmeas; Letras de a – d = grupos; Letras de e – g= tempo testado.
As letras representadas nas médias ± desvio padrão apontam as diferenças
estatisticamente significativas entre os grupos, atestada pelo teste post hoc de Bonferroni.
66
O comportamento motivacional de autolimpeza dos animais foi avaliado após 4
horas de administração da dexametasona no Splash test, através de um Teste T
independente. A figura 16A mostra que a latência para autolimpeza em camundongos
machos foi maior no grupo dexametasona quando comparado ao grupo veículo [t(14)
=5,331; p=0,001]. Entretanto, não houve diferença significativa para a duração do tempo
de autolimpeza [t(14) = -0,626; p = 0,541] (Figura 16C).
Quando fêmeas foram expostas ao Splash Test, 4 horas após a administração de
dexametasona, observou-se comportamento semelhante aos machos quanto à latência e o
tempo de duração de autolimpeza, ou seja, as fêmeas tratadas com dexametasona
demoraram mais tempo para apresentar o comportamento de autolimpeza comparado ao
veículo [t(14) = 1,595; p=0,013] (Figura 16B), entretanto, a duração desse
comportamento não se mostrou diferente [t(14) =0,887; p=0,392], como pode ser visto
na figura 16D.
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Figura 16. Efeito da administração única de dexametasona (64 µg/kg, s.c.) na motivação à autolimpeza de
camundongos machos e fêmeas quanto à latência (A e B) e a duração do tempo de autolimpeza (C e D). Os
dados representados são média ± erro padrão da média, sendo 16 machos e 16 fêmeas (8 veículos e 8
dexametasona). Os dados foram avaliados pelo teste T independente, *p<0,05.
Tabela 2. Estatísticas descritivas dos grupos experimentais e controle no Splash test.
Latência (s) Tempo de
autolimpeza (s)
Veículo Machos 98,87 ± 77,57 43,25 ± 25,98
Fêmeas 136,14 ± 91,63 81,14 ± 29,89
Dexametasona Machos 127,00 ± 65,55 49,87 ± 34,12
Fêmeas 209,14 ± 79,15* 64,57 ± 39,35
Nota: O asterisco (*) indica que houve diferença estatisticamente significativa entre os
grupos (dexametasona x veículo), bem como que dentro do grupo dexametasona, houve
diferença entre machos e fêmeas. Os dados representam média ± desvio padrão para os
parâmetros comportamentais analisados.
A MANOVA para amostras independentes, descrita na tabela 2, indicou diferença
estatisticamente significativa entre os grupos [F(2,41)= 182,49; p<0,001], com Lambda
de Wilks de 0,10. Estas diferenças foram observadas quanto ao parâmetro de latência para
68
autolimpeza [F(1,41)= 4,31; p<0,05], pois machos e fêmeas dos grupos dexametasona
apesentaram maior latência para autolimpeza quando comparados ao seu respectivo grupo
veículo, sendo que as fêmeas do grupo dexametasona demonstraram um padrão ainda
maior de aumento da latência do que os machos do grupo tratado com dexametasona
[F(1,41) = 6,01; p<0,01], como indicado pelo posthoc de Bonferroni. O tempo de
autolimpeza, também nesta análise, não apresentou diferenças estatisticamente
significativas, independente do sexo, sendo assim, o parâmetro não foi excluído das
análises posteriores.
A interação social foi avaliada após 4 horas da administração de dexametasona ou
veículo, através do tempo total de interação, número de vezes que o camundongo seguiu
e número de vezes que evitou o contato com o camundongo “rascunho” (animal
desconhecido). A figura 17A1 mostra graficamente que camundongos machos que
receberam a dexametasona interagiram menos tempo com os camundongos “rascunho”
quando comparados aos controles através do Teste T independente [t(14)=3,750;
p=0,002]. Além do menor tempo de interação, esses animais seguiram menos [p=0,006]
e evitaram mais a interação [p=0,005] (Figuras 17A2 e A3) com os animais “rascunho”
quando comparados, através do Teste de Mann-Whitney, aos controles.
Avaliadas pelos mesmos parâmetros, as fêmeas que receberam dexametasona
também apresentaram interação social comprometida, graficamente reportada na figura
17B. O teste de Mann-Whitney apontou o grupo tratado com dexametasona como tendo
seguido menos vezes [p=0,021] os camundongos “rascunho” e evitado mais a interação
[p=0,002] com eles quando comparado aos controles (figuras 17B2 e B3). Entretanto, o
teste T independente não detectou diferença significativa no tempo de interação entre os
grupos veículo e dexametasona [t(14)= 1,485; p=0,160] (figura 17B1).
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Figura 17. Efeito da administração única de Dexametasona (64 µg/kg, s.c.) na interação social de
camundongos machos (A) e fêmeas (B) para os parâmetros de tempo total de interação (A1 e B1),
comportamento de seguir (A2 e B2) e comportamento de evitação (A3 e B3). Os dados representados são
média ± erro padrão da média (A1 e B1) para o teste T independente e media ± intervalo interquartílico
(A2, B2, A3 e B3) para o teste de Mann-Whitney, sendo 16 camundongos para cada sexo (8 veículos e 8
dexametasona), *p<0,05.
Também buscou-se verificar se havia alguma diferença na interação social, nos
grupos tratados com dexametasona e veículo, de acordo com o sexo dos camundongos.
Assim, novas análises com teste t para amostras independentes foram realizadas, a fim de
verificar a influência da variável sexo, subdividindo a amostra pela condição controle e
experimental. Nesta análise, foi possível verificar diferença estatisticamente significativa
apenas na variável tempo de interação e na condição experimental [t(14)= -3,54; p <
0,001], com camundongos fêmeas pontuando mais (M = 88,12; DP = 23,35) do que os
machos (M = 42,12; DP = 28,33).
70
6.1.2 Avaliação do efeito antidepressivo após tratamento com nortiptilina e
venlafaxina na depressão experimental induzida por dexametasona em camundongos
machos e fêmeas
Os efeitos do antidepressivos danortriptilina em camundongos machos e fêmeas
pré-tratados com dexametasona únicaforam avaliados através da ANOVA de duas vias
nos parâmetros tempo de imobilidade no TSC e na distância total percorrida no campo
aberto. Quanto ao tempo de imobilidade, a ANOVA de duas vias revelou interação
significativa entre os fatores “dexametasona” e “antidepressivo” [F(1,28)= 6,801; p= 0,01].
De acordo com o posthoc de Bonferroni, a administração de dexametasona aumentou a
imobilidade dos camundongos machos [F(1,28)= 15,625; p= 0,001], enquanto que o
tratamento com a nortriptilina foi capaz de reduzir o tempo de imobilidade tanto per se
quanto no grupo de camundongos machos pré-tratados com dexametasona [F(1,28)=
43,447; p= 0,001] (Figura 18A).
A avaliação do comportamento de imobilidade das fêmeas através da ANOVA de
duas vias apresentou-se semelhante à análise dos camundongos machos. Como ilustrado
na figura 18B, houve interação significativa entre os fatores “dexametasona” e
“antidepressivo” [F(1,28)= 10,079; p= 0,004]. A análise posthoc apontou a imobilidade do
grupo de fêmeas tratadas com dexametasona significativamente maior quando
comparadas ao tratamento com veículo, entretanto, a imobilidade dos grupos tratados
com antidepressivo clássico nortriptilina foi significativamente reduzida [F(1,28)=35,410;
p= 0,001], indicando um comportamento do tipo depressivo relacionado à administração
de dexametasona e perfil de resposta antidepressiva da nortriptilina.
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Figura 18. Efeito da nortriptilina no tempo de imobilidade no TSC após administração única de
dexametasona (64 µg/kg, s.c.) em camundongos machos (A) e fêmeas (B). Os dados representados são
média ± erro padrão da média, sendo 8 animais por grupo. ANOVA de duas vias seguida do teste de
Bonferroni. *p<0,05 vs Controle; #p<0,05 vs Veículo.
Durante cinco minutos de avaliação no campo aberto, a ANOVA de duas vias
detectou apenas efeito do tratamento com antidepressivo em machos [F(1,28)= 20,447; p=
0,001] e fêmeas [F(1,28)= 20,280; p= 0,002], mostrando que a nortriptilina foi capaz de
reduzir a distância total percorrida per se e no grupo de camundongos machos pré-tratados
com dexametasona e que, nos dois casos, a administração de dexametasona per se não
gerou alteração na locomoção dos animais, representado na figura 19.
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Figura 19. Efeito da nortriptilina na distância total percorrida no campo aberto após administração única
de dexametasona (64 µg/kg, s.c.) em camundongos machos (A) e fêmeas (B). Os dados representados são
média ± erro padrão da média, sendo 8 animais por grupo. ANOVA de duas vias seguida do teste de
Bonferroni. *p<0,05 vs Controle; #p<0,05 vs Veículo.
O efeito antidepressivo da nortriptilina também foi avaliado para o parâmetro de
latência para autolimpeza no splash test em machos e fêmeas. De acordo com a ANOVA
72
de duas vias, foi detectado interação entre os fatores “antidepressivo” e “dexametasona”
para machos na latência para autolimpeza, figura 20A [F(1,28= 5,277; p=0,029]. A análise
à posteriori de Bonferroni revelou que o tratamento com dexametasona aumentou a
latência à autolimpeza comparado ao controle [F(1,28)= 14,146; p=0,001] e esse aumento
na latência foi revertido pela administração da nortriptilina [F(1,28)=11,259; p=0,002]. Os
dados de fêmeas expostas ao Splash Test quando avaliados através da ANOVA de duas
vias também revelaram interação significativa entre os fatores “antidepressivo” e
“dexametasona” [F(1,26)=18,322; p=0,001]. A figura 20B mostra que o grupo tratado com
dexametasona aumentou o tempo de latência para autolimpeza [F(1,26)= 9,389; p=0,005]
que foi revertido pelo antidepressivo com nortriptilina [F(1,26)=5,814; p=0,023].
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Figura 20. Efeito da nortriptilina na latência para autolimpeza em machos (A) e fêmeas (B) após
administração única de dexametasona (64 µg/kg, s.c.) em camundongos machos submetidos ao Splash test.
Os dados representados são média ± erro padrão da média, sendo, em média, 8 animais por grupo. ANOVA
de duas vias seguida do teste de Bonferroni. *p<0,05 vs Veículo; #p<0,05 vs Controle.
A ANOVA de duas vias também revelou efeito da interação entre os fatores
“dexametasona” e “antidepressivo” para os animais pré-tratados com dexametasona e
tratados com venlafaxina no tempo de imobilidade no TSC [F(1,28)= 14,261; p= 0,001]. A
figura 21A mostra, de acordo com o post hoc de Bonferroni, que os camundongos machos
que receberam a dexametasona apresentaram aumento da imobilidade comparado ao
73
grupo controle [F(1,28)= 35,668; p= 0,001] e que os grupos tratados com venlafaxina
apresentaram redução do perfil de imobilidade [F(1,28)= 10,080; p= 0,004]. Quando
avaliou-se o efeito da venlafaxina em camundongos fêmeas tratadas com dexametasona,
figura 21B, a ANOVA de duas vias indicou que houve interação entre os fatores
“dexametasona” e “antidepressivo [F(1,28)= 51,237; p= 0,001]. O teste post hoc de
Bonferroni indicou o aumento de tempo de imobilidade causado pela administração da
dexametasona [F(1,28)= 18,302; p= 0,001] e o tratamento com venlafaxina per se não só
reduziu o tempo imóvel dos camundongos fêmeas, como foi capaz de reverter o aumento
de imobilidade gerado pela dexametasona [F(1,28)= 9,750; p= 0,004].
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Figura 21. Efeito da venlafaxina no tempo de imobilidade no TSC após administração única de
dexametasona (64 µg/kg, s.c.) em camundongos machos (A) e fêmeas (B). Os dados representados são
média ± erro padrão da média, sendo 8 animais por grupo. ANOVA de duas vias seguida do teste de
Bonferroni. *p<0,05 vs Controle; #p<0,05 vs Veículo.
Quanto à distância total percorrida no campo aberto, a ANOVA de duas vias
apontou apenas o efeito significativo do fator “antidepressivo” na locomoção de machos
[F(1,28)= 14,273; p=0,001] e fêmeas [F(1,28)= 12,187; p=0,002], respectivamente
representados na figura 22A e B.
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Figura 22.Efeito da venlafaxina na distância total percorrida no campo aberto após administração única de
dexametasona (64 µg/kg, s.c.) em camundongos machos (A) e fêmeas (B). Os dados representados são
média ± erro padrão da média, sendo 8 animais por grupo. ANOVA de duas vias seguida do teste de
Bonferroni. *p<0,05 vs Controle.
O efeito antidepressivo daVenlafaxina foi testado no Splash test através do
parâmetro latência para autolimpeza em machos e fêmeas. De acordo com a ANOVA de
duas vias, foi detectado interação entre os fatores “antidepressivo” e “dexametasona” para
machos na latência para autolimpeza, figura 23A [F(1,28)= 14,570; p=0,001]. A análise à
posteriori de Bonferroni revelou que o pré-tratamento com dexametasona aumentou a
latência à autolimpeza comparado ao controle [F(1,28)= 16,335; p=0,001] e esse aumento
na latência foi revertido pela administração de venlafaxina [F(1,28)= 12,925; p=0,006]. Os
dados de fêmeas expostas ao Splash Test quando avaliados através da ANOVA de duas
vias também revelaram interação significativa entre os fatores “antidepressivo” e
“dexametasona” [F(1,28)= 13,967; p=0,001]. A figura 23B mostra que o grupo tratado com
dexametasona aumentou o tempo de latência para autolimpeza [F(1,28)= 13,183; p=0,001]
que foi revertido pelo antidepressivo venlafaxina [F(1,28)= 12,627; p=0,027].
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Figura 23. Efeito da venlafaxina na latência para autolimpeza em machos (A) e fêmeas (B) após
administração única de dexametasona (64 µg/kg, s.c.) em camundongos machos submetidos ao Splash test.
Os dados representados são média ± erro padrão da média, sendo 8 animais por grupo. ANOVA de duas
vias seguida do teste de Bonferroni. *p<0,05 vs Veículo; #p<0,05 vs Controle.
Para determinar o efeito da venlafaxina no déficit causado na interação social após
administração de dexametasona, os parâmetros de tempo total de interação e frequência
dos comportamentos de seguir e evitar o camundongo “rascunho” foram avaliados. Para
os camundongos machos, a ANOVA de duas vias, representada na figura 24A1, revelou
efeito do fator “dexametasona” [F(1,28)= 31,706; p=0,001], entretanto, a venlafaxina não
foi capaz de reverter o prejuízo no tempo total de interação gerado pela dexametasona.
De acordo com o teste de Kruskal-Wallis, houve diferença entre os grupos para o
número de vezes em que os camundongos machos seguiam o “rascunho” [KW= 18,596,
p=0,001] e revelou diferenças significativas no comportamento de evitar o contato com o
“rascunho” [KW=23,945, p=0,001], mas o teste de Mann-Whitney mostrou apenas que o
grupo dexametasona seguiu menos o “rascunho” [p=0,001] e evitou mais o contato
[p=0,002], de forma que o tratamento agudo com venlafaxina não se mostrou eficaz na
reversão desses prejuízos (Figura 24 A2 e A3).
Esses parâmetros também foram avaliados nas fêmeas e, de acordo com a
ANOVA de duas vias, foi observado efeito do fator “dexametasona” [F(1,28)= 15,000; p=
0,001], de acordo com o post hoc de Bonferroni, o grupo de fêmeas que recebeu a
76
dexametasona apresentou redução significativa no tempo de interação comparada ao seu
controle [F(1,28)= 11,915; p=0,002] (Figura 24 B1).
O teste de Kruskal-Wallis aponta que as fêmeas pré-tratadas com dexametasona
seguiram menos [KW=16,401; p=0,001; Figura 24 B2] e evitaram mais o contato com o
“rascunho” [KW=25,225; p=0,001; Figura 24 B3]. O tratamento com venlafaxina
reverteu o comportamento de evitar a interação social induzido pela dexametasona
[p=0,001; Figura 24 B3], mas não modificou o déficit causado pela dexametasona no
comportamento de seguir o animal “rascunho” [p>0,05; Figura 24 B2].
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Figura 24. Efeito da venlafaxina após da administração única de dexametasona (64 µg/kg, s.c.) na interação
social de camundongos machos (A) e fêmeas (B) para os parâmetros de tempo total de interação (A1 e B1),
comportamento de seguir (A2 e B2) e comportamento de evitação (A3 e B3). Os dados representados são
média ± erro padrão da média (A1 e B1) e mediana ± intervalo interquartílico (A2,3 e B2,3), sendo 16
machos e 16 fêmeas (8 veículos e 8 dexametasona). Diferenças estatísticas encontradas para um *p<0,05
vs Controle, #p<0,05 vs Dexametasona.
Tabela 3. Estatísticas descritivas dos camundongos machos e fêmeas dos grupos
dexametasona e veículo no TSCem animais tratados com nortriptilina.
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TSC
Machos Veículo + Veículoa
Veículo + NTPb
Dexametasona + Veículoc
96,12 ± 42,87bcd
47,62 ± 10,78ac
176,00 ± 33,94abd
Dexametasona + NTPd 64,00 ± 40,45ac
Fêmeas Veículo + Veículoa
Veículo + NTPb
Dexametasona + Veículoc
92,37 ± 35,03bcd
51,50 ± 22,85ac
184,37 ± 70,88abd
Dexametasona + NTPd 50,00 ± 12,85ac
Nota: NTP = Nortriptilina. As letras representam a diferença estatisticamente
significativa entre os grupos, atestada pelo teste posthoc de Bonferroni. Os dados
descritos apresentam-se em média ± desvio padrão.
Tabela 4. Estatísticas descritivas dos camundongos machos e fêmeas dos grupos
experimental e controle no TSCem animais tratados comvenlafaxina.
TST
Machos Veículo + Veículoa
Veículo + VLFb
Dexametasona + Veículoc
58,87 ± 28,44bcd
39,25 ± 25,61ac
121,00 ± 29,78abd
Dexametasona + VLFd 33,87 ± 14,30ac
Fêmeas Veículo + Veículoa
Veículo + VLFb
Dexametasona + Veículoc
85,50 ± 39,7cb
25,50 ± 12,58ac
145,37 ± 17,9abd
Dexametasona + VLFd 55,25 ± 38,40ac
Nota: VLF = Venlafaxina. As letras representam a diferença estatisticamente significativa
entre os grupos, atestada pelo teste posthoc de Bonferroni. Os dados descritos
apresentam-se em média ± desvio padrão.
Buscando entender diferenças gerais no comportamento tipo depressivo entre
machos e fêmeas associado aos antidepressivos nortriptilina e venlafaxina, a MANOVA
para amostras independentes indicou uma diferença estatisticamente significativa entre
os grupos, no que diz respeito a variável antidepressivo, tanto para o desempenho no TSC
[F(1,112)= 17,58; p<0,001], como descrito na tabela 3, quanto para a distância total
percorrida em campo aberto [F(1,112)= 14,24; p<0,01], com Lambda de Wilks de 0,78.
Entretanto, a variável sexo não apresentou diferença estatisticamente significativa
[F(2,111)= 0,64; p=0,54], com Lambda de Wilks de 0,99. O post hoc de Bonferroni
indicou diferença estatisticamente significativa entre todos os grupos, no TSC.
Especificamente, mostrando que os grupos que receberam a dexametasona, sendo machos
78
ou fêmeas, seguiram padrão de maior pontuação na imobilidade, revertido pelos
antidepressivos (nortriptilina e venlafaxina). Ficando claro que as condições se
mantiveram semelhante em machos e fêmeas (tabela 3 e 4).
Tabela 5.Estatísticas descritivas dos grupos experimental e controle no Splash testem
animais tratados com venlafaxina.
Nota: VLF = Venlafaxina. As letras representam a diferença estatisticamente significativa
entre os grupos, atestada pelo teste post hoc de Bonferroni. Os dados descritos
apresentam-se em média ± desvio padrão.
Quanto aos parâmetros de latência para autolimpeza e tempo de autolimpeza no
splash test, a MANOVA indicou uma diferença estatisticamente significativa quanto à
variável “grupo”(dexametasona x veículo) para o parâmetro “latência” [F(3,56)= 23,06;
p<0,001], entretanto, não indicou diferença estatisticamente significativa para a variável
“sexo” no parâmetro de latência [F(1,56)= 0,47; p=0,50], com Lambda de Wilks de 0,38.
De maneira geral, o post hoc de Bonferroni indicou que os grupos dexametasona, em
ambos os sexos, obtiveram maior pontuação, ou seja, um aumento da latência para
autolimpeza comparado ao veículo (tabela 5).
6.1.3 Análise do ciclo estral das fêmeas
As fêmeas, imediatamente após a realização de um teste comportamental, foram
submetidas à coleta do lavado vaginal para identificação da fase do ciclo estral. Esta etapa
tinha por objetivo determinar a porcentagem de animais para cada fase do ciclo, com o
Latência
Machos Dexametasona + Veículoa 297,75 ± 51,99bcd
Dexametasona + VLFb 173,25 ± 69,35ac
Veículo + Veículoc 109,75 ± 58,83abd
Veículo + VLFd 167,87 ± 85,66ac
Fêmeas Dexametasona + Veículoa 274,25 ± 38,15bcd
Dexametasona + VLFb 165,50 ± 60,78ac
Veículo + Veículoc 102,50 ± 48,94abd
Veículo + VLFd 163,50 ± 74,8ac
79
intuito de apontar em que fase do ciclo estral as fêmeas estavam no dia da realização dos
testes comportamentais. Nas figuras do anexo II, está disposto, de acordo com os testes
comportamentais realizados, o percentual de animais encontrados em cada uma das fases
do ciclo estral.
6.1.4 Avaliação do potencial terapêutico do antagonista do receptor NOP, SB-
612111, na depressão experimental induzida por dexametasona em camundongos
machos e fêmeas
A ANOVA de duas vias resultou efeito significativo para os fatores
“dexametasona” e “antidepressivo” quanto ao tratamento com SB-612111 na dose de 10
mg/kg [F(3,44)= 14,569; p= 0,001]. O post hoc de Bonferroni, realizado à posteriori, indicou
que o aumento de imobilidade causado pela administração da Dexametasona [F(3,44)=
13,090; p= 0,001] foi revertido pelo tratamento com o antagonista do receptor NOP, SB-
612111, na dose de 10 mg/kg [F(3,44)= 32,425; p= 0,001] (Figura 25).
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Figura 25. Efeito do SB-612111 no tempo de imobilidade no TSC após administração única de
dexametasona (64 µg/kg, s.c.) em camundongos machos. Os dados representados são média ± erro padrão
da média, sendo 12 animais por grupo. ANOVA de duas vias seguida do teste de Bonferroni. *p<0,05 vs
Controle; #p<0,05 vs Veículo.
Como desenhado na figura 26, a ANOVA de duas vias não caracterizou diferenças
significativas na locomoção entre os grupos e o tratamento [F(3,31)= 0,006; p= 0,940] na
distância total percorrida em campo aberto, como descrito na figura 25.
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Figura 26. Análise do efeito do SB-612111 na locomoção através distância total percorrida em campo
aberto após administração única de dexametasona (64 µg/kg, s.c.) em camundongos machos. Os dados
representados são média ± erro padrão da média, sendo 8 animais por grupo. ANOVA de duas vias.
Quanto à latência para autolimpeza, a ANOVA de duas vias resultou efeito
significativo de interação para os fatores “grupos” e “tratamento”, quanto ao tratamento
com SB-612111 na dose de 10 mg/kg [F(3,31)= 11,458; p= 0,001]. O post hoc de
Bonferroni, realizado à posteriori, indicou que a diferença entre os grupos [F(3,31)= 33,143;
p=0,001] se deu pelo aumento da latência para autolimpeza causado pela administração
de dexametasona, que foi revertido pelo tratamento com o antagonista do receptor NOP,
SB-612111, na dose de 10 mg/kg [F(3,31)= 22,507; p= 0,002] (Figura 27).
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Figura 27. Efeito do SB612111 na latência para autolimpeza no Splash Test após administração única de
dexametasona (64 µg/kg, s.c.) em camundongos machos. Os dados representados sãomédia ± erro padrão
da média, sendo 8 animais por grupo. ANOVA de duas vias seguida do teste de Bonferroni.*p<0,05 vs
Controle; #p<0,05 vs Veículo.
81
6.2 Etapa II
6.2.1 Avaliação do efeito antidepressivo da imipramina no protocolo de indução
da depressão experimental por administração repetida de dexametasona em
camundongos machos
Para realização do protocolo repetido, ilustrado nas figuras 9 e 13, a
Dexametasona foi administrada inicialmente durante 7 dias, na dose de 16 µg/kg. No
sétimo dia, os animais foram submetidos aos testes comportamentais de TSC, campo
aberto e Splash test, respectivamente nessa ordem. A partir do oitavo dia, os animais
foram subdivididos em grupos também de acordo com o tratamento concomitante à
dexametasona, sendo assim, de acordo com seus grupos, receberam veículo ou
imipramina por 7 dias, enquanto queno 14º foram repetidas as medidas comportamentais.
Para avaliar se a administração repetida de dexametasona (16 µg/kg, s.c) induz
comportamento do tipo depressivo em camundongos machos, após 7 dias de
administração a imobilidade dos animais foi avaliada no Teste de Suspensão pela
Caudaea distância total percorrida desses animais também foi mensurada no Campo
Aberto. No Splash Test foi mensurada a latência para o primeiro comportamento de
autolimpeza.Para esses parâmetros, os dados foram considerados normais e foi realizado
o Teste T para amostras independentes, uma vez que são duas condições experimentais,
para cada tempo, com animais diferentes em cada grupo.
A figura 28 mostra que, de acordo com o Teste T independente, a imobilidade dos
camundongos machos tratados por 7 dias com dexametasona foi significativamente maior
em relação ao grupo controle [t(24)= -5,268; p = 0,001]. É importante destacar que o
grupo dexametasona não apresentou diferença na distância total percorrida no campo
aberto comparado ao grupo controle [t(24) = -0,168; p=0,868]. O tratamento repetido com
82
dexametasona afetou também a latência para autolimpeza, uma vez que o grupo tratado
levou significativamente mais tempo para iniciar o comportamento de grooming do que
o grupo controle [t(24)= -2,741; p = 0,011].
Figura 28. Efeito administração repetida por 7 dias com dexametasona (16 µg/kg, s.c.) no tempo de
imobilidade no TSC, distância total percorrida e latência para auto limpeza em camundongos machos. Os
dados representados são média ± erro padrão da média, sendo 13 animais por grupo. ANOVA de duas vias
seguida do teste de Bonferroni.*p<0,05 vs Veículo.
ANOVA de duas vias, descrita na figura 29, seguida pelo post hoc de Bonferroni
mostrou interação entre os fatores “dexametasona” e “antidepressivo” [F(1,22)= 11,580; p=
0,003] e revelou que o tratamento repetido com dexametasona aumentou a imobilidade
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comparado ao grupo controle [F(1,22)= 17,252; p= 0,001] e a imipramina foi capaz de
reverter o aumento de imobilidade [F(1,22)= 12,107; p= 0,002]. Seguindo o padrão de
comportamento tipo depressivo, a ANOVA de duas vias também apresentou uma
interação entre os fatores “dexametasona” e “antidepressivo” para o parâmetro de latência
para autolimpeza [F(1,22)= 8,922; p= 0,007] e o post hoc de Bonferroni revelou que após
14 dias de administração de dexametasona houve um aumento significativo na latência
dos animais para autolimpeza comparado ao grupo controle [F(1,22)= 8,107; p= 0,009] e
que a imipramina foi capaz de reverter esse aumento [F(1,22)= 7,155; p= 0,014]. É
importante destacar que após 14 dias de administração repetida da dexametasona, a
ANOVA de duas vias, detectou interação entre os fatores “dexametasona” e
“antidepressivo” [F(1,22)= 4,774; p= 0,040], de forma que o post hoc de Bonferroni apontou
que o grupo tratado com dexametasona apresentou menor distância total percorrida no
campo aberto comparado ao seu controle[F(1,22)= 13,205; p= 0,001], e que o tratamento de
7 dias com imipramina não foi capaz de reverter estatisticamente esse efeito na locomoção
induzido pela dexametasona [F(1,22)= 0,639; p= 0,433].
84
Figura 29. Efeito da imipramina no tempo de imobilidade no TSC, distância total percorrida no Campo
Aberto e latência para autolimpeza no Splash test, após administração repetida de dexametasona (16 µg/kg,
s.c.) em camundongos machos. Os dados representados são média ± erro padrão da média, sendo 7 animais
no grupo imipramina e 6 no grupos veículo. ANOVA de duas vias seguida do teste de Bonferroni.*p<0,05
vs Controle; #p<0,05 vs Veículo.
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7. Discussão
A etiopatogenia do TDM está relacionada à fatores genéticos, processos
inflamatórios e doenças crônicas, bem como condições ambientais, incluindo quadros de
estresse (Haase & Brown, 2015). Os eventos estressantes destacam-se em muitos estudos,
clínicos e não clínicos, não só influenciando distúrbios metabólicos e sistêmicos, mas
também associando disfunções à nível de SNC, principalmente vinculadas à desregulação
da homeostase por aumento excessivo dos níveis de glicocorticoides, gerando a
perturbação da funcionalidade do eixo HPA (Zunszain, Anacker, Cattaneo, Carvalho, &
Pariante, 2011; Zalachoras et al., 2013).
Como os estímulos estressantes podem diferir em suas características físicas e
psicológicas, os roedores podem apresentar níveis diferentes de corticosterona frente ao
estímulo estressor apresentado. Isso pode explicar por que esses paradigmas têm
produzido resultados comportamentais conflitantes. Portanto, para produzir uma
sintomatologia comportamental mais verossímil, é essencial que as pesquisas não clínicas
pautem seus estudos em modelos que não abram lacunas a uma variabilidade
experimental causada pelo estímulo, evitando diferenças individuais (Sterner &
Kalynchuk, 2010b). Assim, baseando-se na hipótese de que a desregulação do eixo HHA
pelo excesso de glicocorticoides é capaz de suscitar um quadro depressivo (F. Ferrari &
Villa, 2016) e objetivando entender o envolvimento dos glicocorticoides nesse processo
(Anacker et al., 2011) em nível comportamental e farmacológico, o presente estudo
revisou protocolos previamente descritos para indução da depressão experimental por
administração de dexametasona em camundongos (Li, Zhang, Wu, & Hashimoto, 2014;
Patel & Udayabanu, 2014; Wróbel et al., 2014, 2015) e os adaptou, avaliando as
alterações comportamentais de camundongos machos e fêmeas.
86
De forma geral, os protocolos, agudo e repetido, demonstraram eficácia em
reproduzir comportamentos do tipo depressivo em camundongos, demonstrado através
do aumento da imobilidade, da latência à autolimpeza, bem como da redução da interação
social. Apesar das diferenças encontradas nos resultados basais entre machos e fêmeas,
cabe destacar que o efeito da dexametasona se manteve, independente do sexo. O
tratamento farmacológico, com antidepressivos clássicos distintos, promoveu reversão
desses comportamentos. Além disso, o SB-612111, antagonista NOP, avaliado no
protocolo de administração única de dexametasona, apresentou efeito do tipo
antidepressivo, revertendo a imobilidade no TSC e o aumento da latência para
autolimpeza no Splash test em camundongos machos.
A primeira etapa do estudo avaliou se uma única administração de dexametasona,
na dose de 64 µg/kg (s.c.), era capaz de gerar um comportamento do tipo depressivo em
camundongos machos e fêmeas. Os dados do presente trabalhodestacam que os
camundongos tratados com dexametasona passaram mais tempo imóveis no TSC, com
uma postura típica de resignação frente à dificuldade ou incapacidade de escapar da
situação aversiva, diferente dos camundongos do grupo controle. Estes achados estão de
acordo com a literatura para o protocolo de administração única de dexametasona em
camundongos submetidos ao teste da natação forçada (Sigwalt et al., 2011; Wróbel et al.,
2014, 2015; Mesripour, Alhimma, & Hajhashemi, 2018).
A maioria dos estudos descritos na literatura reforçam que protocolo de natação
forçada parece ser adequado para avaliação do fenótipo depressivo nesse modelo
experimental (Marks, Fournier, & Kalynchuk, 2009; Sigwalt et al., 2011; Wróbel et al.,
2014, 2015). Entretanto, o estudo avaliou a imobilidade dos animais retratada no TSC e
foi observado que este parâmetro foi seletivo no grupo dexametasona para esse teste, uma
vez que o tratamento com o glicocorticoide não afetou a distância total percorrida por
87
esses camundongos no campo aberto, resultados semelhantes foram relatados em outros
estudos (Li et al., 2014; Wróbel et al., 2014, 2015). Cabe destacar que este estudo ampliou
o uso do protocolo, já que existem algumas vantagens em utilizar o TSC para avaliar a
imobilidade em camundongos, como: i. o TSC é um teste com baixo custo financeiro e
de fácil automação no ambiente de laboratório; ii. não é capaz de induzir hipotermia, que
é uma possibilidade relatada para o TNF e; uma vez retirados do aparato os camundongos
retomam imediatamente a atividade normal espontânea, sem necessidade do tratamento
pós-experimental requerido no TNF (Castagné, Moser, Roux, & Porsolt, 2011).
O maior número de estudos que avalia a influência dos glicocorticoides no
fenótipo depressivo utiliza a administração crônica da corticosterona como modelo para
induzir o estado depressivo em roedores (Kalynchuk et al., 2004; Murray, Smith, &
Hutson, 2008b; Iijima et al., 2010; Sterner & Kalynchuk, 2010b; Koike, Iijima, & Chaki,
2013; Rosa et al., 2014). Cabe destacar que as diferenças encontradas no presente estudo
estão supostamente relacionadas às distinções farmacocinéticas e farmacodinâmicas entre
a corticosterona e a dexametasona (Meyer, Smith, & Middlemas, 2012; Koike et al., 2013;
Wróbel et al., 2015). Na prática, como a dexametasona é um agonista do receptor de
glicocorticoide (RG) com maior potência, seletividade e tempo de meia-vida comparada
à corticosterona, isto colabora para o desequilíbrio da ativação do receptor
mineralocorticoide (RM) x RG e, assim, afeta distintamente as funções cerebrais
endógenas da corticosterona (Czock, Keller, Rasche, & Häussler, 2005).
Fisiologicamente, é proposto que essa relação (RM:RG) é dependente de um equilíbrio
de ativação sob um evento estressante como uma resposta fisiológica. Assim, a ativação
exacerbada dos RG ocorrida após a administração de dexametasona pode desencadear
desregulação das respostas normais do eixo HHA e adaptação comportamental
88
disfuncional que eleva a vulnerabilidade aos transtornos mentais relacionados ao estresse
(De Kloet & Ron, 2014).
Inicialmente, buscou-se avaliar se a administração única da dexametasona
apresenta a indução do comportamento do tipo depressivo em outros intervalos de tempo,
24 horas e 7 dias após a administração. Assim, ampliando o protocolo à outras possíveis
avaliações comportamentais que requerem outros intervalos entre a indução experimental
e o teste comportamental. Os dados dos camundongos que realizam o TSC e o campo
aberto 24 horas após a administração da Dexametasona refletem que ainda nesse período
esses animais apresentam comportamento do tipo depressivo, o que viabiliza a expansão
de estudos futuros que objetivem investigar outros comportamentos frente às condições
experimentais induzidas pela dexametasona como, por exemplo, testes de memória. Os
grupos experimentais avaliados após 7 dias de administração não apresentaram
comportamento tipo depressivo. Sendo assim, baseado nos protocolos já descritos
(Wróbel et al., 2014; 2015), decidimos aprofundar o presente estudo baseando as
avaliações comportamentais do protocolo agudo no intervalo de tempo de 4 horas após a
administração da dexametasona.
Outro comportamento desenvolvido por roedores tratados cronicamente com
corticosterona pode estar indiretamente relacionado à anedonia, falta de motivação e
autocuidado, sintomas que compõe o complexo quadro da depressão maior (Cryan et al,
2005; APA, 2013; Slavich & Irwin, 2014). Uma das formas de avaliação desse sintoma é
a autolimpeza, parâmetro aferido no splashtest ou teste de borrifada da sacarose (David
et al., 2009b; Engel et al., 2016; Freitas et al., 2016). Nossos resultados demonstram que
4 horas após a administração única da dexametasona, os camundongos que receberam a
substância demonstraram redução do comportamento motivacional descrito pelo aumento
da latência para autolimpeza. Esses dados acompanham parcialmente a literatura,
89
destacando que o grupo experimental demorou mais tempo para realizar a primeira
autolimpeza comparado aos veículos, sugerindo falta de motivação/autocuidado típica do
comportamento depressivo (Engel et al., 2016). Entretanto, diferente da literatura, o
tempo total de autolimpeza não diferiu entre o grupo dexametasona e Veículo,
possivelmente pelo tipo de protocolo empregado, uma vez que a grande maioria dos
estudos da literatura utiliza protocolos de administração crônica, enquanto, neste caso, a
avaliação foi feita de forma única. Além disso, o comportamento é comumente testado na
literatura atual por meio da administração de outro glicocorticoide (corticosterona)
(Freitas et al., 2016), em lugar da dexametasona, utilizada no nosso. Outra diferença
importante de destacar é que a linhagem de camundongos geralmente utilizada para testar
esse parâmetro nessas condições não é a Swiss, utilizada no nosso estudo (Engel et al.,
2016). Esses fatores podem explicar a divergência entre os dados deste estudo quando
comparados à literatura para o teste de borrifada de sacarose.
Os testes não clínicos voltados para os transtornos psiquiátricos, principalmente
os que mensuram o papel dos glicocorticoides na depressão, apresentam tendência a
avaliar os sintomas core deste transtorno. Entretanto, vale destacar que em condições
como a depressão maior, cujo isolamento e comportamento de evitar contato social são
frequentemente relatados, é de grande relevância abordar modelos animais que englobam
deficiências relacionadas à interação social (Krishnan, 2014), ainda não caracterizados
para esse protocolo. No presente estudo, após a administração única da dexametasona
avaliamos como esses camundongos se comportam frente à três parâmetros quando
expostos a um ambiente familiar com um camundongo desconhecido: (i) tempo total de
interação, (ii) frequência no comportamento de seguir e (iii) no comportamento de evitar
o animal desconhecido.
90
Nossos dados indicam que os camundongos tratados com dexametasona
apresentam-se menos disponíveis para interagir com o camundongo desconhecido, assim,
a administração única de dexametasona foi capaz de causar déficits no comportamento
social de camundongos, reduzindo o tempo de interação social e apresentando maior
evitação de contato. Estes achados são inovadores na literatura não clínica para esse
protocolo de depressão experimental e estabelecem uma relação direta com um dos sinais
clínicos observados em pacientes depressivos.
A literatura aponta não só para uma diferença gradual e crescente de prevalência
feminina em algumas doenças neuropsiquiátricas, bem como para uma diferença sexual
em resposta ao curso e tratamento da doença em relação aos homens. As descrições
epidemiológicas caracterizam que as mulheres são três vezes mais vulneráveis que os
homens a desenvolver o TDM (Kessler et al., 2003; Kessler & Bromet, 2013). Assim, a
OMS identifica o sexo como condição determinante na prevalência e gravidade da saúde
mental (World Health Organization, 2000). A resposta ao estresse tem aparecido na
literatura como um fator que desencadeia diferenças sexuais em nível bioquímico
complexas em humanos e animais (McEwen & Milner, 2017), suscetibilizando as
mulheres a um maior risco de desenvolver transtornos afetivos ao longo da vida. Por isso,
os estudos que envolvem transtornos afetivos e incluem avaliações por sexo são
fundamentais para o desenvolvimento de estratégias e/ou tratamentos preventivos(Bale
& Epperson, 2015). Isso reforça a importância da busca por modelos animais que
espelhem esta condição prevalente em animais do sexo feminino, principalmente porque
na literatura atual os parâmetros comportamentais geralmente testados em modelos
animais de depressão nem sempre são os mesmos para machos e fêmeas (Kokras & Dalla,
2014).
91
O estudo de Rosa e colaboradores (2014) está em consonância com dados
epidemiológicos, mostrando que a exposição de camundongos fêmeas ao tratamento
repetido com corticosterona, por 21 dias, provoca efeito depressor, aumentando o tempo
de imobilidade no TST e apresentando comportamento semelhante ao anedônico no
splashtest, o que já tinha sido relatado para machos (Johnson, Roth, & Breslau, 2006b;
Zhao et al., 2008; Ago et al., 2013). Entretanto, as condições testadas em fêmeas até hoje
na literatura não avaliaram diretamente o envolvimento exclusivamente dos receptores de
glicocorticoide no comportamento tipo depressivo. Como revisado por Bolea-Alamanac,
Bailey, Lovick, Scheele, & Valentino (2018), essas diferenças entre sexo podem se dar
em nível molecular, uma vez que o receptor do CRF mostra um acoplamento diferencial
em machos e fêmeas. Assim, buscou-se investigar a lacuna existente nos trabalhos de
Wróbel e colaboradores (2015), avaliando esse protocolo de única administração da
dexametasona em fêmeas, analisando o comportamento no TSC, campo aberto, splashtest
e interação social, a fim de comparar o perfil de resposta das fêmeas com os dados obtidos
para os camundongos machos.
Resumidamente, nossos dados apontam que as fêmeas submetidas à
administração única de dexametasona passaram mais tempo imóveis do que as tratadas
com veículo no TSC, sem afetar a locomoção espontânea no campo aberto e que o
tratamento com dexametasona também promoveu maior latência para autolimpeza no
splashtest, caracterizando, assim, redução do autocuidado/motivação. Somando-se a
esses dados, as fêmeas expostas a dexametasona única reduziram o número de vezes que
seguiram e aumentaram o número de vezes que evitaram o contato com o camundongo
desconhecido. Observando-se, assim, um perfil de alteração comportamental de fêmeas
tratadas agudamente com dexametasona semelhante ao padrão visto para camundongos
machos. Neste sentido, nossos dados distinguem dos dados que avaliam condições de
92
estresse e depressão em fêmeas na literatura e nos direciona para uma nova avaliação do
paradoxo existente entre a prevalência feminina do TDM relacionado ao estresse e a
reduzida resposta de fêmeas a protocolos experimentais de depressão relacionados ao
estresse (Kokras & Dalla, 2014). Além disso, nos leva a identificar o modelo animal
proposto nesse estudo com maior aplicabilidade para as pesquisas não clínicas atuais
dessa temática.
Embora não tenha sido feito um acompanhamento completo do ciclo estral das
fêmeas, como é sugerido em alguns trabalhos (Meziane, Ouagazzal, Aubert, Wietrzych,
&Krezel, 2007; S. Santarelli et al., 2014), a coleta do lavado vaginal e posterior análise
foi feita após os experimentos comportamentais. E, mesmo os grupos de fêmeas
apresentando diferentes fases do ciclo no dia do experimento, aparentemente não houve
influência deste parâmetro sobre a ação única da dexametasona em gerar um
comportamento do tipo depressivo que, no caso do nosso laboratório, não apresentou
perfil diferente do comportamento exibido pelos machos (dados em anexo) (McHenry,
Carrier, Hull, & Kabbaj, 2014; Moieni et al., 2015).
Os modelos animais de depressão com validade de face e construto são geralmente
sensíveis exclusivamente ao tratamento antidepressivo convencional (Cryan, Page, &
Lucki, 2005b). Tanto os modelos que induzem a depressão pelo tratamento crônico com
corticosterona (Murray et al., 2008b; Sterner & Kalynchuk, 2010b; Rosa et al., 2014)
como agudo e crônico com dexametasona (Li et al., 2014; Wróbel et al., 2014, 2015) já
mostraram que os efeitos comportamentais induzidos pelo glicocorticoide são sensíveis
ao tratamento com antidepressivos de várias classes.
Neste estudo, buscou-se avaliar se todos os parâmetros comportamentais vistos
alterados pela administração única de Dexametasonapoderiam ser revertidos pelo
antidepressivo tricíclico, Nortriptilina, bem como pelo Inibidor Recaptação de Serotonina
93
e da Noradrenalina, Venlafaxina, em camundongos machos e fêmeas. Observou-se que a
administração de Nortriptilina e Venlafaxina reduziu o tempo de imobilidade no TSC dos
camundongos machos e fêmeas pré-tratados com dexametasona ou não (veículo). Os
estudos de Wróbel e colaboradores (2014; 2015) já haviam avaliado o efeito de várias
classes de antidepressivos através da Imipramina, Amitriptilina, Tianeptina, Mianserina,
Citalopram e Moclobemida em camundongos machos pré-tratados com dexametasona no
teste de natação forçada e observaram que tanto em protocolo agudo como em crônico, o
efeito depressor da dexametasona foi revertido.
Além disso, o presente trabalho também avaliou o efeito antidepressivo dos
fármacos nortriptilina e venlafaxina em camundongos fêmeas, dado esse previamente
apontado como lacuna na literatura (Wróbel et al., 2015) e que se soma na quebra de
barreiras ao progresso de desenvolvimento psicofarmacológico específico entre os sexos,
que seria essencial para um melhor tratamento especifico (Bolea-Alamanac et al., 2018).
Entretanto, o que foi observado assemelhou-se entre os sexos, de forma que, esses
fármacos foram capazes de reverter o comportamento tipo depressivo induzido pela
dexametasona única em machos e fêmeas. Ainda, pela primeira vez, o presente estudo
mostra que a venlafaxina é capaz de restaurar a latência para autolimpeza,
reestabelecendo o autocuidado/motivação reduzido nos grupos de machos e fêmeas
agudamente tratados com dexametasona.
As alterações comportamentais vistas neste estudo, decorrentes da exposição à
dexametasona, bem como a reversão do comportamento do tipo depressivo através dos
antidepressivos clássicos estão possivelmente associadas às alterações neuroquímicas.
Poucos estudos apontam para as alterações nos níveis de monoaminas encefálicas
decorrentes da administração única de glicocorticoides. De fato, já se sabe que o
tratamento agudo com glicocorticoides, corticosterona ou dexametasona, é capaz de
94
reduzir os níveis de serotonina (5-HT) em algumas regiões do cérebro do rato, como
córtex pré-frontal, estriado, amígdala e hipocampo (Inoue & Koyama, 1996) que são
caracteristicamente regiões envolvidas na sintomatologia do comportamento depressivo
(Ferrari & Villa, 2016). Assim, por atuar modulando sistemas monoaminérgicos, os
antidepressivos medeiam seus efeitos restaurando os níveis de 5-HT e revertendo o
prejuízo comportamental induzido pela administração de glicocorticoide.
As modificações neuroquímicas que acontecem após administração de
dexametasona, aparentemente, não se resumem as monoaminas. Um estudo utilizando a
linha celular do tipo PC12 feocromocitoma avaliou a capacidade da dexametasona
interferir com a sinalização neuronal do receptor de tirosina quinase tipo 1 (TrkA), um
dos responsáveis por mediar funções da neurotrofina que regula a proliferação e
diferenciação celular dentro de tecidos neurais específicos durante processos fisiológicos
e patológicos, o fator de crescimento nervoso (NGF). De acordo com esse estudo, a
interação da dexametasona com o RG prejudica a proliferação celular promovida pelo
NGF, interferindo na ativação/fosforilação de Akt e ERK1/2, elucidando mais um
possível mecanismo depressivo de ação da dexametasona no sistema nervoso central
(Terada et al., 2014). Dado que a Fluoxetina, como um fármaco antidepressivo, apresenta
um papel neuroprotetor através da regulação de proteínas fosforiladas Akt e ERK 1/2 em
células-tronco neurais (Huang et al., 2013), estudos ainda precisam melhor caracterizar
essa condição e pontuar ações de antidepressivos mediando as alterações causadas por
dexametasona na fosforilação de Akt e ERK1/2.
No presente estudo, de forma geral, apesar da nortriptilina e venlafaxina
restaurarem as alterações comportamentais induzidas pela dexametasona no TSC, tanto
em machos quanto em fêmeas, a atividade locomotora após a administração dos
antidepressivos foi reduzida. É importante destacar que os grupos de camundongos que
95
receberam apenas veículo ou dexametasona não tiveram sua locomoção alterada. Estudos
prévios já descreveram o efeito hipolocomotor de antidepressivos tricíclicos, como
Nortriptilina(Tucker & File, 1986; Kokkinidis & McCarter, 1990), e de inibidores da
recaptação de 5-HT e Noradrenalina, bem como de Venlafaxina (Karlsson et al., 2011)
em roedores. Como os testes comportamentais empregados neste estudo dependem da
atividade locomotora do animal, é possível que esse efeito hipolocomotor induzido pelos
antidepressivos nortriptilina e venlafaxina tenha sido capaz de afetar o comportamento
dos animais em alguns testes comportamentais.
Ao analisar detalhadamente, descarta-se a influência de um possível efeito
hipolocomotor dos antidepressivos em testes que dependem de um comportamento ativo
do animal, como, por exemplo, TSC e splashtest, haja visto que o tratamento com
antidepressivos nestas condições reverteu o aumento do tempo de imobilidade e reduziu
o tempo de latência para a autolimpeza de animais anteriormente tratados com
dexametasona. Por outro lado, a ineficácia da venlafaxina em reverter os déficits na
interação social produzidos pela dexametasona pode, em parte, relacionar-se ao efeito
hipolocomotor do antidepressivo, já que é esperado que os animais tratados com
venlafaxina quando submetidos ao teste de interação social apresentem a reversão dos
déficits induzidos pela dexametasona. De fato, para a Venlafaxina ser eficaz na reversão
dos comportamentos induzidos pela dexametasona no teste da interação social,
comportamentos ativos são esperados, como elevação no tempo de interação e também
aumento no comportamento de seguir.
Com base na maioria dos estudos que investiga ação de efeitos crônicos dos
glicocorticoides (Sterner & Kalynchuk, 2010), avaliamos o tratamento repetido com
dexametasona (16 µg/kg) durante 7 e 14 dias (Wróbel et al., 2014, 2015). Inicialmente é
importante destacar que, diferente do que a literatura traz sobre a utilização da
96
corticosterona, como glicocorticoide indutor da depressão experimental, que constatou
resultados só entre a terceira e quinta semana do tratamento (Zhao et al., 2008), a
dexametasona mostrou resultados experimentais mais rápidos como já indicado (Li et al.,
2014; Wróbel et al., 2014). Os camundongos do presente estudo que receberam a
dexametasona durante 7 dias apresentaram o comportamento do tipo depressivo através
da redução da imobilidade e do aumento da latência para autolimpeza sem afetar a
locomoção. Dessa forma, confirmamos e ampliamos os dados apresentados por Wróbel
e colaboradores (2014) de que a dose de 16 µg/kg de dexametasona com 7 dias de
tratamento é capaz de mimetizar comportamentos tipo depressivo.
Seguindo o tratamento, os camundongos receberam a dexametasona por mais 7
dias, totalizando 14 de exposição à substância que evidenciou o comportamento tipo
depressivo já relatado (Johnson et al., 2006b; Wróbel et al., 2015). Sabe-se que alguns
antidepressivos clássicos agem sobre substratos neuroendócrinos, regulando e inibindo
secreção de cortisol (Pariante & Lightman, 2008; Anacker et al., 2011) e revertendo
alterações comportamentais e neuroquímicas (Haynes, Barber, & Mitchell, 2004). Assim,
fundamentado nos dados agudos do presente estudo, a investigação do efeito
antidepressivo padrão na condição repetida foi avaliada na condição de tratamento
repetido, durante os 7 dias finais do protocolo, com imipramina (20 mg/kg). A imipramina
destaca-se como antidepressivo capaz de reverter muitas repostas ao estresse observada
em camundongos (Boyle et al., 2005), incluindo o déficit causado pela administração
repetida de dexametasona em 14 dias, através da redução do tempo de imobilidade no
TNF (Wróbel et al., 2015).
Os dados do presente trabalho assemelham-se à literatura, mostrando que os
efeitos antidepressivos da imipramina foram encontrados para o TSC. Durante os 7 dias
de exposição ao tratamento com imipramina, a substância foi capaz de reverter o aumento
97
da imobilidade no TSC e, além disso, reduziram significativamente o déficit motivacional
de aumento latência para autolimpeza no splash test, comportamentos tipo depressivos
causadas pela administração repetida da dexametasona. Os estudos sobre os efeitos do
tratamento com imipramina no protocolo repetido de administração da dexametasona
ainda são poucos, entretanto, já se sabe que a imipramina (15 mg/kg), administrada
durante 21 dias, é capaz de reverter o déficit comportamental e neuroquímico causado
pela administração crônica de outro glicocorticoide, a corticosterona (Fenton et al., 2015).
Um estudo utilizando outro protocolo de depressão experimental induzida por estresse
aponta que, na dose de 20 mg/kg, a imipramina reverteu o comportamento de evitação
social induzido pelo estresse (Ramirez et al., 2015).
Além disso, um estudoin vitro, avaliando quantificação de RNA por eletroforese
baseada emHibridização do Filtro de Nylon, demonstrou que o tratamento com
imipramina foi capaz de aumentara expressão do RNAm de RG no SNC, principalmente
no hipotálamo e no hipocampo (Peiffer, Veilleux, & Barden, 1991). Provavelmente, esse
efeito antidepressivo está associado ao aumento de expressão de RG, uma vez que, de
forma pontual, a imipramina pode aumentar a expressão de RG em regiões do SNC
envolvidas no feedback negativo, como o hipotálamo e NPV (Heydendael & Jacobson,
2009). Tomados em conjunto esses dados traçam a ideia de que a disfunção central de
RG se encontra subjacente à sintomatologia do TDM e que os compostos com ações
direcionadas a esse receptor podem ser estratégias de tratamento adequadas.
Atualmente, a clínica tem exigido novas terapêuticas para a depressão maior com
maior eficácia, visando maior adesão e menos efeitos colaterais. A modulação do sistema
N/OFQ - receptor NOP vem sendo alvo do estudo na clínica e pré-clínica de disfunções
do humor e, principalmente, do TDM (Calo et al., 2005; Vitale et al., 2009; Gavioli &
Calo’, 2013). Estudos em roedores submetidos ao tratamento agudo e crônico com
98
antagonistas NOP e expostos a diversos modelos animais, demonstraram o envolvimento
desse sistema peptidérgico na modulação do humor, pontuando o papel do bloqueio da
sinalização do receptor NOP como potencial terapêutico para a depressão maior (Gavioli
et al., 2003, 2004; Gavioli et al., 2007; Medeiros et al., 2015(Vitale et al., 2009; Vitale et
al., 2017).
No presente estudo, iniciamos uma série de experimentos que visam avaliar o
efeito do antagonista NOP nos comportamentos induzidos pela administração única de
dexametasona. No TSC, o tratamento com o antagonista não peptídico do receptor NOP,
SB-612111, foi capaz de reverter o aumento do tempo de imobilidade em camundongos
machos, induzido pela dexametasona, confirmando um potencial antidepressivo
decorrente do antagonismo do receptor NOP. O efeito do SB-612111 sobre as demais
alterações comportamentais induzidas pela dexametasona, como diminuição da interação
social e do comportamento de autolimpeza, está em andamento no nosso laboratório, para
melhor caracterizar a atividade antidepressiva desse antagonista, especificando outros
comportamentos semelhante à sintomatologia depressiva, não só desespero
comportamental que é mais comum na literatura.
Dois estudos já desenvolvidos no nosso laboratório apontam para o efeito do tipo
antidepressivo induzido pelos antagonistas NOP em camundongos após exposição a
modelos distintos de depressão. Camundongos expostos ao protocolo de desamparo
aprendido, que remete a sucessivos choques imprevisíveis, incontroláveis e inescapáveis
desenvolvem um fenótipo do tipo depressivo, visto pela diminuição da latência ao escape
e do número de tentativas, caracterizando, assim, um fenótipo desamparado que é
restaurado pelo tratamento agudo com UFP-101 e SB-612111 (Holanda et al., 2016).
Também realizado no nosso laboratório, a indução do comportamento tipo depressivo em
camundongos por inflamação, através de uma única administração de
99
lipopolissacarídeobacteriano (LPS), apontou que o tratamento com os antagonistas NOP
UFP-101 e SB-612111 foi capaz de reduzir o tempo de imobilidade dos camundongos
pré-tratados com o LPS no teste de suspensão pela cauda.
O excesso de glicocorticoides é uma das explicações fisiopatológicas da depressão
maior e muitas evidências já caracterizam que em níveis elevados no SNC os
glicocorticoides podem causar comprometimento, mediando vias de estresse oxidativo e
danificando os neurônios no hipocampo. Além disso, a ativação direta de rG pela
exposição em longo prazo à dexametasona pode induzir mudanças de atrofia e redução
de neurogênesehipocampal e diminuição da expressão do fator neurotrófico derivado do
cérebro (BDNF), desempenhando um papel crítico na patogênese da depressão(Sterner &
Kalynchuk, 2010b; Czéh et al., 2016; Ferrari & Villa, 2016).
Alguns estudos já destacam a possível relação entre o estresse agudo e o sistema
N/OFQ – receptor NOP, principalmente em áreas límbicas do cérebro, como o
hipocampo. Zambello e colaboradores (2008) mostraram que animais expostos à estresse
agudo por derrota social tinham aumento da expressão do RNAm do receptor NOP nos
núcleos central e basolateral da amígdala (Zambello, Jiménez-Vasquez, El Khoury,
Mathé, & Caberlotto, 2008). Também já foi relatado que o estresse agudo de contenção
é capaz de aumentar a expressão de N/OFQ no giro dentado e áreas CA1 e
CA3dohipocampo. Esses estudos sugerem que os eventos estressores agudos induzem
adaptações na neurotransmissãoN/OFQnérgicapossivelmente, devido ao controle que os
glicocorticoides exercem sob a expressão de N/OFQ (Nativio, Pascale, Maffei,
Scaccianoce, & Passarelli, 2012)através da ligação a sequências reguladoras no gene
ppN/OFQ, de acordo com Xie e colaboradores (1999), essa hipótese sustenta-se no fato
de haver elementos responsivos aos glicocorticóides no gene humano da ppN/OFQ (Xie
et al., 1999).
100
O estudo demonstrou que é possível que o antagonismo NOP mediado pela
administração de SB-612111 seja capaz de reverter o controle que o excesso de
glicocorticoides exerceu sob a expressão de N/OFQ após a exposição única à
dexametasona. De acordo com nossos dados, os camundongos que receberam o SB-
612111 reverteram o comportamento tipo depressivo de aumento de imobilidade, bem
como a latência para autolimpeza no splashtest, sem alterar a locomoção desses animais.
Sendo assim, o SB-612111 apresentou potencial antidepressivo sem causar déficit de
locomoção como demonstrado por antidepressivos clássicos. Cabe destacar que os efeitos
exercidos pelo SB-612111 nesse protocolo de depressão experimental também podem
envolver uma estreita relação entre a neurotransmissãomonoaminérgica e o sistema
N/OFQ. De fato, estudos in vitro mostram que a N/OFQ inibe a liberação e os disparos
de neurônios monoaminérgicos, enquanto que através de microdiálise foi demonstrado
que a N/OFQ reduz os níveis encefálicos das monoaminas, tais como noradrenalina e
serotonina (Okawa et al., 2001; Siniscalchi et al., 2002; Tao, Ma, Thakkar, McCarley, &
Auerbach, 2007b).
Tomando em conjunto essas informações, pode-se dizer que:
(i) A dexametasona pode mediar um estado depressivo pela ativação
excessiva do eixo HHA e aumentar a sinalização de rG e/ou por reduzir os
níveis de monoaminas encefálicas, principalmente 5-HT (Inoue &
Koyama, 1996);
(ii) Elementos responsivos aos glicocorticoides estão presentes na sequência
gênica que codifica a ppN/OFQ e, dessa forma, o tratamento com
dexametasona poderia, em última análise, elevar a expressão de N/OFQ
no cérebro (Xie et al., 1999);
101
(iii) A ativação do receptor NOP é majoritariamente inibitória sobre a
neurotransmissão monoaminérgica no SNC, enquanto que o bloqueio do
receptor NOP é capaz de contrabalancear tal inibição;
(iv) Assim, o bloqueio do receptor NOP, realizado pelo SB-612111, pode
induzir um possível efeito antidepressivo por diminuir a ativação
endógena do receptor NOP gerada pelo excesso de glicocorticoides, que
ativou as sequências reguladoras do gene da ppN/OFQ, favorecendo a
expressão de N/OFQ, bem como por restabelecer os níveis de monoaminas
reduzidos pela Dexametasona.
Os mecanismos moleculares subjacentes aos comportamentos responsivos ao
estresse ainda são pouco compreendidos, mas a literatura aponta que a sinalização
N/OFQnérgica poderia contribuir para os efeitos mal adaptativos do estresse. Sabendo
que a modulação do estresse é amplamente estuda no transtorno depressivo maior e que
a maioria dos protocolos com estresse apresentam algumas lacunas envolvendo a própria
aplicabilidade e replicabilidade, pelas condições comportamentais, este estudo além de
apontar dois tipos de protocolos, agudo e repetido, que podem ser viáveis em machos e
fêmeas, direciona também a ampliação de estudos de novos alvos terapêuticos para a
depressão maior. Assim, este estudo foi o primeiro a avaliar modulações N/OFQ –
receptor NOP em comportamentos relacionados ao humor mimetizado por
administrações de glicocorticoides, ou seja, alterando e forma mais direta a morfologia e
neuroquímica cerebral, ampliando não só o contexto experimental de indução da
depressão, como também atuação de outros sistemas de neurotransmissão em interação
com o sistema monoaminérgico que é bastante estudado na terapêutica do transtorno.
8. Conclusão
102
A principal resposta endócrina a eventos de vida estressantes é a secreção de
glicocorticoides, cortisol em seres humanos e corticosterona em roedores. A
hipersecreção desses hormônios do estresse, ou hipercotisolemia, pode desregular os
receptores de glicocorticóides em nível de SNC, principalmente no hipocampo, gerando
alterações na funcionalidade do eixo HHA, que é vista em pacientes com depressão e
relatada em evidências pré-clínicas com roedores (Sterner&Kalynchuk, 2010; Ferrari &
Villa, 2016).
Nas condições experimentais testadas, a dexametasona única, reproduziu o
comportamento depressivo em camundongos Swiss machos e fêmeas, induzindo de
forma consistente o aumento o tempo de imobilidade no TSC sem alterar a locomoção
espontânea no campo aberto. Além disso, machos e fêmeas também demonstraram um
comportamento semelhante ao depressivo quando apresentaram maior latência para
autolimpeza no splash test e reduziram a interação social com camundongo desconhecido
em todos os parâmetros mensurados (tempo total de interação, número de vezes que
seguiu e que evitou contato). Tais observações nos permitem inferir que a exposição única
à glicorticoides em camundongos machos e fêmeas promove modificações no
comportamento que se assemelham a um estado do tipo depressivo.
O estado depressivo induzido por dexametasona também foi sensível ao
tratamento com antidepressivos clássicos (Nortriptilina e a Venlafaxina). Tanto machos
quanto fêmeas que receberam a Nortriptilina e a Venlafaxina, foram capazes de reduzir a
imobilidade em TSC e reverter efeitos depressores no Splash Test. No entanto, em ambos
os sexos, o tratamento agudo com antidepressivo não foi eficaz na reversão dos déficits
comportamentais induzidos pela dexametasona no teste da Interação Social. Nesse ponto,
é importante destacar que a hipolocomoção observada nos animais tratados com o
103
antidepressivo pode ter influenciado no teste da Interação Social, apresentando-se como
limitação do estudo.
A proposta de avaliar o comportamento de fêmeas frente às alterações geradas por
ativação única dos RG não só amplia nosso estudo frente à carência de pesquisa com
camundongos fêmeas dentro da área, como mostra que diferente de alguns protocolos que
medeiam o comportamento do tipo depressivo pelo estresse, a administração de
dexametasona é capaz de alterar o comportamento das fêmeas de modo semelhante ao
dos machos.
De forma pontual, o estudo verificou os efeitos do antagonista não peptídico do
receptor NOP, SB-612111, no protocolo agudo e, pela primeira vez, mostrou que o
tratamento é capaz de diminuir a imobilidade causada pela Dexametasona administrada
agudamente e reduzir as alterações causadas na motivação dos camundongos,
apresentando, assim, um possível efeito do tipo antidepressivo já destacado em outros
trabalhos (Gavioli& Calo’, 2013; Medeiros et al., 2015; Holanda et al., 2016). Esses dados
ressaltam a importância da avaliação de como a modulação do sistema N/OFQ frente às
alterações causadas pela ativação de rG podem influenciar a fisiopatologia/farmacologia
do TDM.
Além disso, nossos dados mostram que a dexametasona administrada de forma
repetida por 14 dias foi capaz de alterar o comportamento de camundongos machos,
reduzindo a imobilidade e aumentando a latência para autolimpeza dos animais.
Somando-se a isso, o tratamento por 7 dias com Imipramina foi capaz de reverter o
comportamento tipo depressivo, mostrando-se eficaz como droga padrão para avaliação
no protocolo avaliado. Abre-se a partir desse estudo uma nova direção para investigações
decorrentes da ação única e repetida da dexametasona, não só em nível comportamental,
mas também, aponta para investigações bioquímicas, morfológicas e de neuroquímica
104
cerebral tanto relacionadas ao próprio protocolo, que se apresenta mais amplo do que os
já descritos, quanto aos avanços do conhecimento dos tratamentos convencionais e de
novos alvos terapêuticos.
9. Perspectivas
105
Este trabalho ampliou dados da literatura e, de forma direta, aponta sugestões
sobre protocolos que podem ser aplicados independente das diferenças sexuais e, além
disso, fornece evidências do envolvimento do sistema peptidérgico N/OFQ – receptor
NOP na interrelação estresse-depressão e direciona à novos estudos que podem ampliar
conhecimento, em nível neuroquímico, da ação desse sistema e de suas interações frente
às modulações causadas pelo excesso de glicocorticoides no funcionamento do eixo
HHA, como:
(i) Quantificar parâmetros bioquímicos, como estresse oxidativo, no córtex
pré-frontal, no hipocampo e no soro de camundongos após tratamento
agudo com a dexametasona e após os tratamentos com antidepressivos
clássicos e o antagonista NOP, SB-612111;
(ii) Investigar os efeitos do antagonismo NOP no tratamento repetido com a
dexametasona
(iii) Comparar a citoarquitetura do hipocampo no modelo de indução da
depressão por administração repetida da dexametasona e após os
tratamentos com antidepressivos clássicos e o antagonista NOP, SB-
612111, através da coloração de Nissl e imunohistoquímica para NeuN,
uma vez que os estudos apontam que a desregulação do eixo HHA causada
por glicocorticoides é capaz de gerar alterações morfológicas
(Sterner&Kalynchuk, 2010);
(iv) Como a exposição a glicocorticoides, incluindo a dexametasona, é capaz
de reduzir neurogênesehipocampal, alterando efeitos comportamentais e
farmacológicos (Santarelli et al., 2003; Wang, Barak, Mook, & Chen,
2011), assim, seria possível quantificar neurogênese, pelo número de
células positivas para BrdU, através da imunohistoquímica no hipocampo
106
de camundongos submetidos ao tratamento repetido com dexametasona,
bem como à resposta ao tratamento com antidepressivos clássicos e
antagonista NOP, SB-612111;
(v) Além disso, verificar alterações à nível do sistema peptidérgico N/OFQ-
receptor NOP de forma mais direta, nos efeitos comportamentais e
bioquímicos do tratamento repetido com corticosterona em camundongos
knockout para o receptor NOP, como já testado em outras condições de
indução experimental de depressão, como o protocolo de administração de
LPS (Medeiros et al., 2015).
107
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https://doi.org/10.1016/j.pnpbp.2010.04.011
122
11. ANEXOS
11.1 ANEXO I - Certidão do comitê de ética
123
11.2 ANEXO II - Análise do ciclo estral das fêmeas
Etapa I - Indução da depressão experimental por administração de Dexametasona em
camundongos machos e fêmeas
Teste de Suspensão Pela Cauda (TSC) e Campo Aberto
Figura 30.Porcentagem de camundongos fêmeas detectadas para cada fase do ciclo estral tratadas com
Veículo ou Dexametasona imediatamente após serem expostos ao TSC e Campo Aberto nos intervalos de
4 horas, 24 horas e 7 dias após a administração única de dexametasona.
12.
Splash Test
Figura 31. Porcentagem de camundongos fêmeas detectadas para cada fase do ciclo estral tratadas com
Veículo ou Dexametasona imediatamente após serem expostas ao Splash Test, no intervalo de 4 horas após
a administração da Dexametasona
124
Teste da Interação Social
Figura 32. Porcentagem de camundongos fêmeas detectadas para cada fase do ciclo estral tratadas com
Veículo ou Dexametasona imediatamente após serem expostas ao Teste de Interação Social, no intervalo
de 4 horas após a administração da Dexametasona
Etapa II - Avaliação do efeito antidepressivo da Nortiptilina e da Venlafaxina na
depressão experimental induzida por Dexametasona em camundongos machos e
fêmeas
Teste de Suspensão Pela Cauda (TSC) e Campo Aberto
Figura 33. Porcentagem de camundongos fêmeas detectadas para cada fase do ciclo estral tratadas com
Veículo ou Dexametasona (s.c) e posteriormente tratadas com Veículo ou Antidepressivo (Nortriptilina ou
Venlafaxina, i.p.) imediatamente após serem expostos ao TSC e Campo Aberto.
125
Splash test
Figura 34. Porcentagem de camundongos fêmeas detectadas para cada fase do ciclo estral tratadas com
Veículo ou Dexametasona (s.c) e posteriormente tratadas com Veículo ou Venlafaxina (i.p.) imediatamente
após serem expostos ao Splash Test.
Interação Social
Figura 35. Porcentagem de camundongos fêmeas detectadas para cada fase do ciclo estral tratadas com
Veículo ou Dexametasona (s.c) e posteriormente tratadas com Veículo ou Venlafaxina imediatamente após
serem expostos ao Teste de Interação Social.
126
11.3 ANEXO II – Artigo submetido