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Pág. 1 Resumo O presente trabalho mostra a aplicação da metodologia Lean Six Sigma, de nível do Green Belt (nível intermédio). Nesse âmbito explicita-se a importância da sua aplicação, bem como as suas origens e as principais ferramentas utilizadas. De forma complementar está nele contido um exemplo da aplicação do Lean Six Sigma na gestão de um projecto de industrial de redução de defeitos físicos. O projecto tinha como objectivo uma redução de 50% do custo de sucata proveniente de peças com defeitos físicos, o que se traduz numa redução desses custos para 5.500€ mensais. Esses valores deveriam reflectir-se numa poupança projectada de 35.200€ no ano 2008 e de 66.326€ anuais nos dois anos seguintes considerando fixos o nível de produção e o seu espectro, e não tendo em conta a inflação ou outros factores económicos. O projecto após implementado levou a que os custos mensais de sucata devido a defeitos físicos passassem para 4.590€. Tendo assim superado o objectivo dado que a redução foi de 58%. Em termos de poupança, o projecto também atingiu o seu objectivo com uma poupança estimada de 40.053€ (que incluí os custos de investimentos) para 2008 e de 74.126€ anuais para os 2 anos seguintes. Em termos estruturais o trabalho está organizado em duas partes onde na primeira se descrevem as principais ferramentas utilizadas na gestão de projectos utilizando o Lean Six Sigma, a nível do Green Belt. Essas ferramentas estão agrupadas de acordo com as diferentes fases dos projectos (DMAIC). Na segunda parte encontra-se o projecto mencionado e a aplicação de algumas das ferramentas descritas na primeira parte e que foram necessária para o seu desenrolar. Palavras-chave Lean Six Sigma Gestão de projecto Redução de custos Processo DMAIC

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Pág. 1

Resumo

O presente trabalho mostra a aplicação da metodologia Lean Six Sigma, de nível do Green Belt (nível

intermédio). Nesse âmbito explicita-se a importância da sua aplicação, bem como as suas origens e

as principais ferramentas utilizadas. De forma complementar está nele contido um exemplo da

aplicação do Lean Six Sigma na gestão de um projecto de industrial de redução de defeitos físicos. O

projecto tinha como objectivo uma redução de 50% do custo de sucata proveniente de peças com

defeitos físicos, o que se traduz numa redução desses custos para 5.500€ mensais. Esses valores

deveriam reflectir-se numa poupança projectada de 35.200€ no ano 2008 e de 66.326€ anuais nos

dois anos seguintes considerando fixos o nível de produção e o seu espectro, e não tendo em conta a

inflação ou outros factores económicos.

O projecto após implementado levou a que os custos mensais de sucata devido a defeitos físicos

passassem para 4.590€. Tendo assim superado o objectivo dado que a redução foi de 58%. Em

termos de poupança, o projecto também atingiu o seu objectivo com uma poupança estimada de

40.053€ (que incluí os custos de investimentos) para 2008 e de 74.126€ anuais para os 2 anos

seguintes.

Em termos estruturais o trabalho está organizado em duas partes onde na primeira se descrevem as

principais ferramentas utilizadas na gestão de projectos utilizando o Lean Six Sigma, a nível do Green

Belt. Essas ferramentas estão agrupadas de acordo com as diferentes fases dos projectos (DMAIC).

Na segunda parte encontra-se o projecto mencionado e a aplicação de algumas das ferramentas

descritas na primeira parte e que foram necessária para o seu desenrolar.

Palavras-chave

Lean Six Sigma

Gestão de projecto

Redução de custos

Processo

DMAIC

Pág. 2

Abstract

This work shows the use of Lean Six Sigma methodology at the Green Belt level. According to that

objective it is shown the relevance of its application and also its origin and the main tools used. In

complement it includes the use of Lean Six Sigma in the management of an industrial project for

physical defects reduction. The project objective was 50% reduction in scrap cost due to pieces with

physical defects. That objective equals 5.500€ per month in cost reduction which was projected saving

of 35.200€ for the year 2008 and 66.326€ for each of the next two years, considering the production

level and spectrum unchanged, and not taking into account economic factors such inflation.

Upon the project implementation the monthly scrap cost due to physical defects changed to 4.590€.

So the objective was accomplished by achieving a cost reduction of 58%. Concerning the related the

savings the goal was also met with a projected saving of 40.053€ (including the investment costs) for

2008 and 74.126€ for the next two years.

The structure of this work consists in two parts. In the first one the most important tools used in Green

Belt Lean Six Sigma project are described. Those tools are organized according to the different project

stage (DMAIC). In the second part it is possible to find the project and the use of some to the

previously mentioned tools used for its accomplishment.

Keywords

Lean Six Sigma

Project Management

Cost Saving

Process

DMAIC

Pág. 3

Índice

RESUMO............................................................................................................................................................... 1

PALAVRAS-CHAVE ........................................................................................................................................... 1

ABSTRACT........................................................................................................................................................... 2

KEYWORDS......................................................................................................................................................... 2

ÍNDICE .................................................................................................................................................................. 3

LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................................................... 5

LISTA DE TABELAS .......................................................................................................................................... 7

LISTA DE ABREVIATURAS ............................................................................................................................. 8

NOTAS PRÉVIAS ................................................................................................................................................ 9

STATU QUO ACTUAL ...................................................................................................................................... 10

LEAN SIX SIGMA – O QUE É? ....................................................................................................................... 11

DMAIC – DEFINIR, MEDIR, ANALISAR, IMPLEMENTAR, CONTROLAR ......................................... 15

DEFINE / DEFINIR............................................................................................................................................ 17

OBJECTIVO ........................................................................................................................................................ 17

CONTRACT SHEET/LANÇAMENTO DA EQUIPA E PROJECTO ................................................................................ 17

DEFINIÇÃO DO PROBLEMA................................................................................................................................. 20

VOICE OF CUSTOMER/VOZ DO CLIENTE VOC.................................................................................................... 20

CRITICAL TO QUALITY (CTQ)........................................................................................................................... 22

SUPPLIERS-INPUTS-PROCESS-OUTPUTS-CUSTOMERS (SIPOC)......................................................................... 22

GATE REVIEW DO MÓDULO DEFINIR.................................................................................................................. 23

MEASURE / MEDIR.......................................................................................................................................... 25

O QUE MEDIR E PORQUÊ .................................................................................................................................... 25

VALUE STREAM MAPPING (VSM) / MAPA DA CADEIA DE VALOR ..................................................................... 26

RECOLHA DE DADOS ......................................................................................................................................... 29

MEASURE SYSTEM ANALYSIS (MSA)/ ANÁLISE DO SISTEMA DE MEDIDA......................................................... 30

CAPABILIDADE E PERFORMANCE DOS PROCESSOS ............................................................................................. 31

GATE REVIEW DO MÓDULO MEDIR .................................................................................................................... 32

ANALYSE / ANALISAR.................................................................................................................................... 33

OBJECTIVO ........................................................................................................................................................ 33

BRAINSTORMING............................................................................................................................................... 33

DIAGRAMA DE ISHIKAWA / FISHBONE / ESPINHA DE PEIXE ............................................................................... 33

5 WHY/ 5 PORQUÊ............................................................................................................................................. 34

FAULT TREE ANALYSIS (FTA) / ÁRVORE DE FALHAS ....................................................................................... 34

MATRIZ CAUSA-EFEITO .................................................................................................................................... 35

FAILURE MODES AND EFFECTS ANALYSIS (FMEA).......................................................................................... 36

TESTE DE HIPÓTESES......................................................................................................................................... 38

REGRESSÃO SIMPLES E MÚLTIPLA .................................................................................................................... 39

Pág. 4

GATE REVIEW DO MÓDULO ANALISAR .............................................................................................................. 39

IMPLEMENT / IMPLEMENTAR.................................................................................................................... 40

OBJECTIVO ........................................................................................................................................................ 40

DESENHO DE EXPERIÊNCIAS / DESIGN OF EXPERIMENT (DOE).......................................................................... 40

SISTEMAS PULL................................................................................................................................................. 41

KANBAN............................................................................................................................................................ 42

5 S..................................................................................................................................................................... 43

GATE REVIEW DO MÓDULO IMPLEMENTAR ....................................................................................................... 47

CONTROL / CONTROLAR ............................................................................................................................. 48

OBJECTIVO ........................................................................................................................................................ 48

POKE-YOKE/SISTEMAS À PROVA DE ERRO ........................................................................................................ 48

INSTRUÇÕES DE TRABALHO............................................................................................................................... 49

CONTROLO DE PROCESSO .................................................................................................................................. 49

PROJECTO......................................................................................................................................................... 52

INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................... 52

DESCRIÇÃO DO PROBLEMA................................................................................................................................ 53

OBJECTIVO ........................................................................................................................................................ 53

MÉTRICA DE SEGUIMENTO ................................................................................................................................ 53

PROJECÇÃO DE GANHOS ANUAIS ....................................................................................................................... 53

CONTRACT SHEET ............................................................................................................................................. 54

DISTRIBUIÇÃO CUSTOS (€) DOS DEFEITOS PELAS FAMÍLIAS DE MATERIAIS ........................................................ 55

VOZ DO CLIENTE / VOICE OF CUSTOMER (VOC) .............................................................................................. 55

CRITICAL TO QUALITY (CTQ)........................................................................................................................... 56

SUPPLIERS-INPUTS-PROCESS-OUTPUTS-CUSTOMERS (SIPOC)......................................................................... 56

VALUE STREAM MAP (VSM)............................................................................................................................ 58

PLANO DE RECOLHA DE DADOS ......................................................................................................................... 59

ANÁLISE DO SISTEMA DE MEDIÇÃO ................................................................................................................... 60

ANALISAR PARA MAU ENCAPSULAMENTO ......................................................................................................... 62

ANALISAR PARA NÚCLEO À VISTA ..................................................................................................................... 64

ANALISAR PARA FALHAS DE MARCAÇÃO .......................................................................................................... 67

IMPLEMENTAR PARA MAU ENCAPSULAMENTO .................................................................................................. 70

IMPLEMENTAR PARA NÚCLEO À VISTA .............................................................................................................. 72

IMPLEMENTAR PARA FALHAS DE MARCAÇÃO .................................................................................................... 73

CONTROLAR PARA MAU ENCAPSULAMENTO ..................................................................................................... 73

CONTROLAR PARA NÚCLEO À VISTA.................................................................................................................. 74

CONTROLAR PARA FALHAS DE MARCAÇÃO ....................................................................................................... 74

ESTUDO FINANCEIRO......................................................................................................................................... 75

BIBLIOGRAFIA................................................................................................................................................. 77

Pág. 5

Lista de Figuras

FIGURA 1 - EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS FERRAMENTAS QUE ORIGINARAM O LEAN SIX SIGMA ......................... 11

FIGURA 2 – EXEMPLO DE UM PROCESSO DE NÍVEL 3 SIGMA............................................................................... 12

FIGURA 3 – LEAN SIX SIGMA E A ELEVAÇÃO EQUILIBRADA DOS PILARES DE OBJECTIVOS ................................ 13

FIGURA 5 – LIGAÇÃO ENTRE OBJECTIVOS DA GESTÃO DE TOPO E PROJECTOS LEAN SIX SIGMA ........................ 17

FIGURA 6 – PIRÂMIDE DA HIERARQUIA DE UMA EQUIPA LEAN SIX SIGMA ........................................................ 19

FIGURA 7 – EXEMPLO DE UM DIAGRAMA DE PARETO ....................................................................................... 20

FIGURA 8 – REPRESENTAÇÃO HUMORÍSTICA DO QUE SUCEDE QUANDO NÃO HÁ COMUNICAÇÃO CORRECTA DOS

REQUISITOS. ...................................................................................................................................................... 21

FIGURA 9- ESQUEMA DE DETERMINAÇÃO DE CTQ A PARTIR DE UM REQUISITO GENÉRICO ............................... 22

FIGURA 10 – EXEMPLO DE ESQUEMA DE SIPOC ............................................................................................... 23

FIGURA 11 – EXEMPLO DE UM VALUE STREAM MAP ........................................................................................ 28

FIGURA 14 – EXEMPLO DE UM DIAGRAMA DE ISHIKAWA.................................................................................. 34

FIGURA 15 – ESQUEMA DE FTA........................................................................................................................ 35

FIGURA 16 – EXEMPLO DE UMA MATRIZ CAUSA-EFEITO.................................................................................... 36

FIGURA 17 – DIAGRAMA DE PARETO RELATIVO À MATRIZ CAUSA-EFEITO ANTERIOR (FIGURA 16) ................... 36

FIGURA 19 – FLUXO DE MATERIAL E DE KANBANS NUMA SEQUÊNCIA DE POSTOS DE TRABALHO ...................... 42

FIGURA 20 – FLUXO DAS ETIQUETAS DE KANBAN ENTRE DOIS POSTOS DE TRABALHO CONSECUTIVOS............. 43

FIGURA 21 – EXEMPLOS DE APLICAÇÃO DE 5S.................................................................................................. 45

FIGURA 23 – PEÇA COM PINO DE CENTRAGEM PARA MINIMIZAR TEMPO DE TROCA DE FERRAMENTA................ 47

FIGURA 24 – EXEMPLO DE UM SISTEMA POKA-YOKE........................................................................................ 49

FIGURA 26 – ESQUEMA DE COMPONENTE ELECTRÓNICO ................................................................................... 52

FIGURA 27 – CONTRACT SHEET DO PROJECTO .................................................................................................. 54

FIGURA 28 – GRÁFICO DA DISTRIBUIÇÃO DOS CUSTOS DE DEFEITOS POR FAMÍLIA DE PRODUTO ....................... 55

FIGURA 29 – DEFINIÇÃO DE CTQS.................................................................................................................... 56

FIGURA 30 – SIPOC DO PROJECTO .................................................................................................................... 57

FIGURA 33 – ESTUDO R&R PARA MEDIÇÃO DE ESPESSURAS DAS PEÇAS ........................................................... 60

FIGURA 34 - ESTUDO R&R PARA MEDIÇÃO DA PROFUNDIDADE DO DEGRAU .................................................... 61

FIGURA 35 - ESTUDO R&R PARA MEDIÇÃO DO ÂNGULO DO DEGRAU................................................................ 61

FIGURA 36 – REPETIÇÃO DO ESTUDO R&R PARA MEDIÇÃO DO ÂNGULO DO DEGRAU ....................................... 62

FIGURA 37 – DIAGRAMA DE ISHIKAWA PARA MAU ENCAPSULAMENTO............................................................. 63

FIGURA 38 - DIAGRAMA DE ISHIKAWA PARA NÚCLEO À VISTA ......................................................................... 65

FIGURA 39 - DIAGRAMA DE ISHIKAWA PARA ESPESSURAS ELEVADAS............................................................... 66

FIGURA 40 – CORRELAÇÃO ENTRE TEMPERATURA E DENSIDADE DO BANHO..................................................... 67

FIGURA 41 - DIAGRAMA DE ISHIKAWA PARA FALHAS DE MARCAÇÃO ............................................................... 67

FIGURA 42 – ESTUDO DE CAPABILIDADE DO EQUIPAMENTO PARA FORNECER POTÊNCIA CORRECTA DO LASER. 69

FIGURA 43 – CORRELAÇÃO DA PRESSÃO DE CO2 COM O NÚMERO DE DEFEITOS ................................................ 69

FIGURA 44 – GRÁFICO DO NÚMERO DE DEFEITOS POR MILHÃO DE PEÇAS ANTES E APÓS MANUTENÇÃO DO

EQUIPAMENTO................................................................................................................................................... 70

FIGURA 45 – GRÁFICOS RESULTANTES DO DOE PARA A RESINA ANTIGA .......................................................... 71

Pág. 6

FIGURA 46 - GRÁFICOS RESULTANTES DO DOE PARA A RESINA NOVA.............................................................. 71

FIGURA 47 - GRÁFICO DA EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE DEFEITOS POR MILHÃO DE PEÇAS NAS VÁRIAS FASES DE

RESOLUÇÃO DO PROBLEMA ............................................................................................................................... 72

FIGURA 48 - GRÁFICO DA EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE DEFEITOS ANTES E APÓS ALTERAÇÃO DO LIMITE DE

PRESSÃO DE CO2 ............................................................................................................................................... 73

FIGURA 49 – IMAGEM DO SOFTWARE DESENVOLVIDO PARA CONTROLO DAS MANUTENÇÕES............................. 74

Pág. 7

Lista de Tabelas

TABELA 1 – PRINCIPAIS BENEFÍCIOS DAS DUAS METODOLOGIAS ....................................................................... 12

TABELA 2 – ESQUEMA DE UMA POSSÍVEL DISTRIBUIÇÃO DE TAREFAS POR RACI ............................................. 19

TABELA 3 – EXEMPLOS DE MÉTRICAS DE PROCESSO, INPUT E OUTPUT .............................................................. 26

TABELA 4 – EXEMPLO DE UMA MATRIZ DE PRODUTO/PROCESSO...................................................................... 26

TABELA 5 – SIMBOLOGIA UTILIZADA NA ELABORAÇÃO DE UM VALUE STREAM MAP....................................... 27

TABELA 6 – EXEMPLO DE UM QUADRO PARA ELABORAR O PLANO DE RECOLHA DE DADOS .............................. 29

TABELA 7 – RESUMO DA VOZ DO CLIENTE ........................................................................................................ 55

TABELA 10 - VALORES DO ESTUDO R&R PARA MEDIÇÃO DO ÂNGULO DO DEGRAU .......................................... 61

TABELA 11 - VALORES DA REPETIÇÃO ESTUDO R&R PARA MEDIÇÃO DO ÂNGULO DO DEGRAU........................ 62

TABELA 12 – ESTUDO DAS CAUSAS QUE PODEM CONDUZIR A MAU ENCAPSULAMENTO .................................... 64

TABELA 13 - ESTUDO DAS CAUSAS QUE PODEM CONDUZIR A NÚCLEO À VISTA ................................................. 65

TABELA 14 - ESTUDO DAS CAUSAS QUE PODEM CONDUZIR A ESPESSURAS ELEVADAS ...................................... 66

TABELA 15 - ESTUDO DAS CAUSAS QUE PODEM CONDUZIR A FALHAS DE MARCAÇÃO....................................... 68

TABELA 16 – PARÂMETROS USADOS NO ESTUDO DOE E PARÂMETROS ACTUAIS DE PRODUÇÃO....................... 70

TABELA 17 – PARÂMETROS PARA ENCAPSULAMENTO DETERMINADOS USANDO DOE...................................... 72

TABELA 18 – RESUMO DO CUSTOS DE DESPERDÍCIO POR FAMÍLIA E PRODUTO ANTES E APÓS O PROJECTO ........ 75

Pág. 8

Lista de Abreviaturas

CTQ – CRITICAL TO QUALITY

DMAIC – DEFINIR-MEDIR-ANALISAR-IMPLEMENTAR-CONTROLAR

DOE – DESIGN OF EXPERIMENT

FIFO – FIRST IN FIRST OUT

FMEA – FAILURES MODES AND EFFECTS ANALYSIS

FTA – FAULT TREE ANALYSIS

IT – INSTRUÇÃO DE TRABALHO

LEAN – LEAN MANUFACTORING

LSL - LOWER SPECIFICATION LIMIT

LSS – LEAN SIX SIGMA

MSA – MEASURE SYSTEM ANALYSIS

RACI – RESPONSIBLE, ACCOUNTABLE, CONSULTED, INFORMED

SIPOC – SUPPLIERS-INPUTS-PROCESS-OUTPUTS-CUSTOMERS

SMED – SINGLE MINUTE EXCHANGE OF DIE

TQM – TOTAL QUALITY MANAGEMENT

USL – UPPER SPECIFICATION LIMIT

VOC – VOICE OF CUSTOMER; VOZ DO CLIENTE

VSM – VALUE STREAM MAP OU VALUE STREAM MAPPING

WIP – WORK IN PROGRESS

Pág. 9

NOTAS PRÉVIAS

1- Por uma questão de fidelização de certos termos à sua língua original (nuns casos inglês e noutros

japonês), pela sua difícil tradução para Português e pelo facto de, em geral, na indústria nacional e

internacional serem reconhecidos na sua forma original, também nesta dissertação se manterá a

mesma lógica. Sempre que justificável far-se-á uma breve explicação do termo.

2- Não é objectivo desta dissertação a descrição exaustiva de todas as ferramentas passíveis de

serem utilizadas numa metodologia Lean Six Sigma. Serão apresentadas as mais significativas em

termos de aplicação corrente, bem como, alguns exemplos de alternativas para o mesmo fim.

3- O exemplo de projecto apresentado nesta tese tem por base empresas e situações reais. No

entanto, para protecção dos dados, valores e informações das empresas envolvidas os dados

mencionados foram alterados de modo a serem inócuos. Por esse motivo parte do projecto tem por

base a experiência do autor.

Pág. 10

STATU QUO ACTUAL

Actualmente vivemos numa época de mudança: Mudança de mentalidade. Até aqui as empresas e

serviços, de modo a satisfazer o que entendiam ser os requisitos dos clientes, acrescentavam etapas

aos seus processos e, consequentemente, convertiam esses custos em aumento do preço do bem ou

serviço. Esta mentalidade esteve na génese de estruturas pesadas, burocráticas e em que o valor

acrescentado ao longo do processo é diminuto quando comparado com a sua extensão.

Exemplos dessas estruturas são os diversos serviços do estado Português, repartições de finanças,

registo civil, conservatórias, entre outros. Os dirigentes começaram a ter em atenção estas estruturas

assim que perceberam o quanto pesavam no orçamento do estado. Os primeiros passos da evolução

começaram-se a notar pela criação das “Lojas do Cidadão”, locais onde o cidadão pode tratar de

vários documentos no mesmo edifício sem ter de percorrer diversos edifícios situados em diferentes

pontos das cidades e em certos casos em cidades diferentes, reduzindo desta forma o tempo de

deslocação (mas não resolveu a causa-raiz do problema). O passo seguinte foi a introdução do

programa “SIMPLEX” que visava desburocratizar os serviços do estado criando fluxos mais rápidos.

Exemplo disso a criação da “Empresa na hora”. Passou a ser possível criar uma empresa em cerca

de uma hora enquanto que antes se demoravam vários dias.

Algo semelhante se tem passado com as empresas. As estruturas criadas tornaram-se cada vez mais

pesadas e os clientes cada vez menos dispostos a suportar os custos dessas estruturas. Numa breve

análise, do ponto de vista financeiro, pode-se dizer que existem duas grandes formas de expressar a

criação lucro

Preço = Custo + Lucro (1)

Preço – Custo = Lucro (2)

Matematicamente as fórmulas são equivalentes no entanto, representam realidades diferentes. No

primeiro caso temos a forma tradicional de estabelecer um preço, semelhante ao usado por uma

empresa ou governo. Se, por exemplo, o lucro desejado é de 100 e o custo de produção do bem é de

200 então o preço será de 300. No outro caso temos a fórmula que reflecte uma visão mais moderna

da gestão em que o preço é estabelecido pelo consumidor e para a empresa ter lucro o terá de actuar

sobre os custos, reduzindo-os.

Assim, os gestores tiveram de olhar “para dentro” e observar o que podiam reduzir no custo do

processo, dado que, não podiam incrementar custo de produto. Desta introspecção saíram

principalmente duas filosofias/metodologias o Lean Manufacturing e o Six Sigma. A conjugação das

duas originou o que é conhecido por Lean Six Sigma (LSS)

Pág. 11

LEAN SIX SIGMA – O que é?

Muitos reconhecem o termo Lean1 como estando associado à Toyota e à sua disciplina focada na

velocidade e eficiência dos seus processos industriais. Basicamente o Lean existe para eliminar

desperdício e melhorar eficiência. Quanto ao Six Sigma2, actualmente em grande expansão, teve a

sua génese na Motorola, sendo actualmente um dos processos mais utilizados na indústria para

melhoria da qualidade.

O Lean é o conjunto de ferramentas, conhecimentos e metodologias utilizadas para remover tempo

de valor não acrescentado e desperdício dos processos, independentemente de ser aplicado numa

organização industrial ou de serviços, de ser uma grande, média ou pequena empresa.

A raiz do Lean está na necessidade de se fazer as operações e o negócio decorrer de forma mais

rápida e deste modo reduzir a possibilidade de ocorrência de defeitos, que no LSS serão resolvidos

através de métodos Six Sigma. De modo análogo, como se verá adiante, o Six Sigma existe

primeiramente para reduzir defeitos o que levará a processos mais rápidos. Quanto às origens do

Lean, estas remontam até aos primórdios da produção em massa – inicio do século XX – e do seu

criador, Henry Ford, passando por Taiichi Ohno e Shingeo Shingo, até atingir a sua grande expansão

mundial devido a James Womack e à sua tese de doutoramento de ciência política que comparava a

politica industrial da Alemanha, Estados Unidos e Japão, e que deu origem ao livro “The machine that

changed the world”.

Figura 1 - Evolução histórica das ferramentas que originaram o Lean Six Sigma

(Adaptada do sítio: http:// www.tbmcg.com -Novembro 2008)

Quanto ao Six Sigma, trata-se de uma metodologia que consiste em melhorar processos e a forma de

executar as actividades dentro de uma organização. O cerne desta metodologia é ter o seu processo

1 O termo Lean é a forma reduzida de Lean Manufactoring 2 Six Sigma é o mesmo que 6 Sigma sendo também representado por 6σ.

Pág. 12

estruturado segundo etapas para a resolução de problemas de performance ou para melhoria de

performance. Este processo é denominado de DMAIC e será abordado mais adiante.

A 18ª letra do alfabeto grego é a letra sigma (σ) que é usada na estatística para representar o desvio

padrão. No entanto, esta não deve ser confundida com o nível sigma que no contexto do Six Sigma

quantifica a distância de um valor médio ao limite de especificação, medido em desvios padrão. É o

que na estatística se designa de Z-Score3. Operar no nível de 6 sigma corresponde a não cometer

mais de 3,4 efeitos por cada milhão de oportunidades o que conduz a uma perfeição de 99,9997%.

Figura 2 – Exemplo de um processo de nível 3 sigma

As origens do Six Sigma situam-se no século passado quando Edward Deming estabeleceu a uma

relação entre custo e qualidade, em que mencionava que encontrando-se forma de prevenir defeitos

e de fazer bem à primeira, evita-se retrabalho e reduzem-se custos. Seguiu-se o trabalho de Joseph

Juran com o desenvolvimento de ferramentas estatísticas de controlo de qualidade e a criação do

modelo conhecido como Total Quality Management (TQM).

LEAN SIX SIGMA

Redução de tempo de valor não acrescentado

Redução de defeitos

Redução de variação

Resolução rigorosa de problemas

Redução de sobreprodução Previsibilidade da performance

Redução de transporte Melhoria da capabilidade dos processos

Redução de esperas Decisões baseadas em dados

Redução de inventário Opiniões baseadas em factos

Redução de movimentação Gestão baseada em conhecimento

Redução de sobreprocessamento

Satisfação do cliente

Redução de custos

Redução dos tempos de ciclo

Satisfação do cliente

Redução de custos

Tabela 1 – Principais benefícios das duas metodologias

Assim, o Lean Six Sigma conjuga o aumento de rapidez e de eficiência centrado na redução de

desperdício e tarefas de valor não acrescentado, provenientes das ferramentas Lean, com a melhoria

3 Medida estatística que quantifica a distância a que um ponto está da média, medida em desvios padrão.

Pág. 13

da qualidade dos processos por eliminação da sua variação e de erros associados a esses

processos, com base na metodologia Six Sigma. Mais do que um conjunto de ferramentas para

atingir um objectivo ou uma forma de reduzir custos e aumentar receitas, o Lean Six Sigma é uma

forma de pensar, organizar ideias e gerir projectos directamente ligados aos objectivos da gestão de

topo das empresas, sendo por isso de elevado impacto nas mesmas.

Pensando numa qualquer organização esta terá sempre nos seus objectivos três pilares

fundamentais: Mais rápido, melhor e mais barato. Estes objectivos tanto se aplicam à entrega de

produto ou serviço, como à operação de processamento ou outro processo da organização. No

entanto, estes pilares nem sempre evoluem paralelamente no mesmo sentido. Melhorar um processo

pode significar reduzir a sua velocidade, reduzir custos pode resultar em reduzir qualidade entre

outros exemplos possíveis. Um dos pontos-chave do LSS é a elevação equilibrada de todos estes

pilares.

Figura 3 – Lean Six Sigma e a elevação equilibrada dos pilares de objectivos

Como já mencionado, o Lean Six Sigma consiste em projectos de melhoria, sendo por isso de

salientar que é focado em atingir resultados. De forma genérica, concerne em determinar e actuar

nas causas que levam a determinados efeitos, podendo ser descrito pela seguinte fórmula:

F(X)=Y (3)

Onde o X são entradas no processo (causas) e Y as saídas ou efeitos.

Como no LSS o objectivo são os resultados só deverão ser aplicadas as suas ferramentas que

suportarem alcançar os objectivos do projecto. Não há necessidade de aplicação, mesmo que

meramente teórica, das restantes.

Grandes empresas multinacionais já aderiram ao Lean Six Sigma, empresas tais como a Xerox,

Western Union, GE, Texas Instruments, Bombardier, Dupont, Lockheed Martin, Johns Manville, ITT

Industries e Kemet Electronics, tendo esta última recebido em 2008 dois Shingo Prizes (Prémios de

Pág. 14

excelência atribuídos a empresas que se destacam por boas práticas de redução de desperdício e

focalização em actividades de valor acrescentado) relativos a duas das suas unidades fabris.

Apesar de nascido na produção industrial o Lean Six Sigma, tendo por base processos e actividades,

está a ser adoptado em sectores tão distintos como a Banca, Saúde, Distribuição, Serviços Públicos,

Tecnologias de Informação, entre outros. Assim se entende que as consultoras estejam cada vez

mais a investir neste mercado como é o caso da Copirisco e da Accenture que, recentemente,

adquiriu a George Group (empresa americana especializada em Lean Six Sigma) para reforço de

competências nesta área.

Pág. 15

DMAIC – Definir, Medir, Analisar, Implementar, Controlar

O LSS segue um esquema denominado de DMAIC4 (Definir-Medir-Analisar-Implementar-Controlar). O

DMAIC é originário do Six Sigma sendo a componente básica desta metodologia que segue estas

diferentes etapas desde o início do projecto até à sua conclusão. No decorrer destas etapas os

projectos passam de um foco largo e abrangente para um âmbito cada vez mais estreito. Usa-se

frequentemente a analogia a um funil para descrever o DMAIC em que no início se está no topo do

funil e à medida que se avança nas diferentes fases do projecto, este está focado em menos

variáveis mas que são as que realmente impactam no projecto.

No LSS, como no Six Sigma, não se avança para a fase seguinte sem se terminar a anterior, no

entanto, sempre que justificável deve-se voltar atrás. Entre cada fase do DMAIC existe uma “Gate

Review” que é uma etapa de revisão do que foi detectado ao longo do projecto e simultaneamente de

apresentação do estado e evolução do projecto, definindo-se a sua progressão ou paragem.

Definir: É o primeiro passo no projecto. Neste passo é importante definir metas a atingir, bem como o

âmbito do projecto, a equipa e acima de tudo o problema que se quer tratar. O objectivo do projecto

deve ser consistente com estratégia da empresa.

Medir: A fim de determinar qual a situação actual do processo é necessário recolher dados. Nesta

fase devem ser feitas medições precisas e relevantes. São os dados recolhidos que indicarão o

caminho a seguir ao longo do projecto.

Analisar: Analisar é extremamente importante para se determinar as relações entre os factores de

causalidade. Para se entender como corrigir um problema é necessário perceber as relações de

causa e efeito entre as variáveis.

Implementar: É alterar o processo fazendo melhorias e optimizando com base nas medições e

análise efectuada de modo a assegurar que os defeitos são reduzidos e os processos são

melhorados.

Controlar: É o último passo na metodologia DMAIC. Controlar é garantir que qualquer diferença se

destaca, ou seja, é ter o processo a funcionar de forma controlada dentro dos limites especificados. É

também colocar no terreno as soluções que permitem por um lado eliminar a criação de feitos e por

outro alertar caso ocorra algum defeito.

4 No Inglês: Define, Measure, Analyse, Implement, Control

Pág. 16

“Alguns projectos potenciais” Seleccionar um projecto

“Onde estamos agora” Medição do status actual

“Imensas causas possíveis” Análise das causas raiz e sua validação

“Quais as soluções” Teste e medição de melhorias

testadmedidas

“Como sustentar os ganhos” (auto)controlo dos processo

testadmedidas

DEFINIR

MEDIR

ANALISAR

CONTROLAR

IMPLEMENTAR

Figura 4 – Esquema representativo do funil do DMAIC e das suas diferentes etapas

Pág. 17

DEFINE / DEFINIR

Objectivo

Ter acordo entre a equipa e o sponsor sobre âmbito, metas, e objectivos financeiros e performance

do projecto

Contract Sheet/Lançamento da equipa e projecto

A primeira fase de um projecto Lean Six Sigma é a escolha do projecto. O ponto fulcral deste item

não é encontrar ideias; essas decerto existem em grande quantidade, basta cada um imaginar o que

pode ser melhorado no seu trabalho e multiplicar esse valor pelos diversos colaboradores de uma

empresa ou instituição. Aqui o cerne é escolher as melhores ideias de entre várias possibilidades. E

em Lean Six Sigma as melhores são as que permitem maiores retornos (savings) num curto espaço

de tempo, com os recursos disponíveis e repercussão no futuro, ou seja, os projectos que aumentam

o valor dos accionistas. Assim os projectos têm de estar directamente ligados com os objectivos da

gestão de topo e com o que esta encara como temas críticos.

Com naturalidade a selecção de projectos segue um esquema idêntico ao da figura 3 em que se

assegura a ligação do projecto à gestão de topo.

Figura 5 – Ligação entre objectivos da gestão de topo e projectos Lean Six Sigma Quanto aos objectivos dos projectos eles podem ser diversos sendo temas típicos: a redução de

custos,a redução de desperdício, a redução de defeitos, o aumento de clientes, O aumento de

rapidez de um processo e a redução de variação num processo.

Os temas estão obviamente interligados a processos ou cadeias de valor específicos e que se

reflectem nos objectivos gerais da empresa como foi acima mencionado. Após escolhido o projecto é

criado um “contracto de projecto” (contract sheet) onde se descreve o tema, o âmbito, os objectivos,

Pág. 18

os “savings” previstos, os recursos necessários previstos, a equipa e ou benefícios paralelos

expectáveis.

A escolha da equipa é também deveras importante. Ela deve ser pluridisciplinar abrangendo várias

valências e com diferentes graus de responsabilidade e conhecimento definidos para cada elemento.

Devido às origens orientais das metodologias que deram origem ao Lean Six Sigma os níveis de

conhecimentos de Lean Six Sigma são designados por cinturões de várias cores tal como acontece

nas artes marciais de origem oriental.

Uma equipa Lean Six Sigma habitualmente tem as seguintes posições:

- Champion: É o gestor de topo que garante que o projecto está de acordo com as prioridades da

empresa e tem como responsabilidade orientar os esforços para esse objectivo. Habitualmente

reporta directamente ao CEO, Director-Geral ou Plant Manager, podendo em alguns casos serem

eles próprios o champion.

- Sponsor: É o gestor de linha ou processo que monitoriza a alterações efectuadas pela equipa. É

quem desbloqueia entraves à introdução de novos processos ou alteração dos existentes e assegura

a passagem de informação aos restantes elementos ligados ao processo.

- Cinturão negro (Black Belt): São os membros da equipa com experiência e conhecimentos de

liderança, gestão de equipas e projectos Lean Six Sigma. Em algumas organizações trabalham a

tempo inteiro nestes projectos. São responsáveis por liderar a equipa e fornecer-lhes a bases e

formação Lean Six Sigma necessárias para o projecto. Existe também o nível de Mestre de cinturão

negro (Master Black Belt) que é quem possui vasta experiência e conhecimento das metodologias e

dá formação aos cinturões negros.

- Cinturão verde/amarel: São os elementos da equipa que recebem alguma formação de Lean Six

Sigma sendo o amarelo nível mais baixo. O seu trabalho na equipa é normalmente a tempo parcial

dedicando o resto do tempo ao restante trabalho da organização.

- Convidados; “experts5” e “stakeholders6”:

É habitual participarem na equipa convidados ou “experts” de modo a contribuírem com o seu

conhecimento. A sua contribuição é muitas vezes valiosa na fase do definir pois apoiam a equipa a

entender o processo. São tipicamente pessoas com determinado nível de conhecimento específico

num determinado ponto do processo. Por vezes existem outros interessados nos projectos e que por

esse motivo integram as equipas ou pelo menos são informados dos desenvolvimentos dos projectos.

O mais habitual é tratarem-se de responsáveis financeiros. Quando estes não integram a equipa

como Champion ou Sponsor é habitual integrarem como “stakeholders”.

5 Expert: palavra inglesa para perito 6 Stakeholder: palavra inglesa para alguém que é parte interessada num projecto ou negócio

Pág. 19

Figura 6 – Pirâmide da hierarquia de uma equipa Lean Six Sigma

As equipas passam por muitos altos e baixos no decurso do projecto. É natural um entusiasmo inicial

quando integram o projecto e começam a contactar com o Lean Six Sigma ao que se segue um

patamar de frustração ao perceber que a informação de que se necessita não é recolhida pela

organização, ou que o processo não está devidamente documentado. É também frequente a

tendência da equipa em passar logo á implementação de ideias ou soluções sem efectuar uma

correcta avaliação do projecto. Os líderes da equipa são responsáveis por manter a motivação e por

não deixar que se implementem soluções sem avaliação bem documentada.

É também de referir que uma das ferramentas utilizadas para distribuição de tarefas e

responsabilidades é o RACI. O RACI consiste numa distribuição da seguinte forma:

Responsible – Indivíduo que realiza a tarefa, responsável pela implementação. Pode ser mais de uma

pessoa com tarefas partilhadas.

Accountable – Indivíduo que em último caso é responsável tendo por esse motivo poder de veto.

Consulted – Indivíduo que deve ser consultado antes de uma decisão final

Informed – Indivíduo que deve ser informado depois da acção/decisão ser realizada.

Identificar e

escolher projecto

Escolher Black Belt

Designar Black Belts

e equipa para o

projecto

Executar o DMAIC

no projecto

Obter e sustentar os resultados

Monitorizar projectos

(Gate Review)

Remover obstáculos no decurso do projecto

Gestão de

topo A A A I I I R

Champion R R R I I R R

Sponsor R C C C A A A

Black Belt I I C A R R R

Membros da

equipa ----- ----- ----- R R C ----

Stakeholders I ----- I ----- I C -----

Tabela 2 – Esquema de uma possível distribuição de tarefas por RACI

Pág. 20

Definição do problema

Tipicamente o primeiro trabalho expectável da equipa é a definição do problema. A escolha do

problema deve reflectir uma preocupação da gestão de topo e que deverá ter a noção de que existe

potencial de melhoria numa determinada área ou assunto.

Cabe à equipa fazer um enquadramento inicial do problema. Uma das ferramentas a que se pode

recorrer nesta altura é o Diagrama de Pareto. Este consiste na ordenação dos problemas por ordem

decrescente. O princípio de Pareto (também conhecido como princípio 80-20), afirma que para muitos

fenómenos, 80% das consequências advêm de 20% das causas. Assim, após a ordenação por ordem

decrescente sabemos onde nos devemos focar. Por isso juntamente com o histograma dos

problemas é traçada a linha e frequências acumuladas de modo a se verificar onde está localizado o

valor de 80%.

Figura 7 – Exemplo de um Diagrama de Pareto

Habitualmente nesta fase do projecto é também definido o seu objectivo e quais os impactos

financeiros expectáveis (pelo menos estimados)

Voice of customer/Voz do cliente VOC

Antigamente o que importava era a opinião da hierarquia de topo da empresa, actualmente essa

visão está a ser substituída pela opinião do cliente. Escutar a Voz do Cliente é a primeira etapa do

projecto no terreno. Trata-se de validar os pressupostos tomados aquando da elaboração da “contract

sheet” indo verificar qual o estado do processo e quais os requisitos dos clientes.

Neste ponto é de especial relevância entender quem são os clientes. Cliente é a pessoa ou

organização que usa ou usufrui do produto ou serviço (output) resultante de um certo conjunto de

actividades (processo). Pode ser um cliente interno como a área seguinte de um certo processo ou

cliente externo que, em última análise, é que decide se despende ou não de dinheiro nos produtos ou

serviços da organização. Não importa apenas dar voz ao cliente final mas também ao cliente interno

Quantidade 54 45 43 43 32 65653 321 234 123 78 78 56 56Percent 3 2 2 2 2 335 17 12 7 4 4 3 3Cum % 88 90 93 95 97 10035 52 64 71 75 79 82 85

Tipo de Defeito OtherFVMJKUOPCSABL

2000

1500

1000

500

0

100

80

60

40

20

0

Quantidade

Percent

Pareto do Tipo de Defeito

Pág. 21

e saber o que este espera receber do seu fornecedor de modo a optimizar o seu desempenho e a

garantir a qualidade do produto.

Entre as várias técnicas que podem ser utilizadas para recolha da VOC é comum a consulta de

clientes por via telefónica ou de inquéritos, análise das reclamações recebidas, visita e reuniões com

clientes, entre outras.

Objectivo de escutar o cliente é focar nas suas necessidades. O que não as satisfaz deve ser visto

como defeito. Por exemplo se é estabelecido um prazo de entrega de 4 dias, uma entrega em 4,5

dias deve ser vista como defeito. Mas, também uma entrega em 3 dias, se não acordada com cliente,

é considerada um defeito. O cliente não estando à espera de uma entrega mais cedo do que o

previsto pode não ter capacidade ou condições de a recepcionar. Nesta situação outro dos possíveis

defeitos seria aquele que é mais natural, ou seja, uma entrega atempada mas de mercadoria

diferente daquela que o cliente está à espera. Todos estes exemplos podem com facilidade ser

extrapolados para clientes internos e externos.

Figura 8 – Representação humorística do que sucede quando não há comunicação correcta dos requisitos.

(Adaptada do sítio: http://productmanagementtips.com/category/voice-of-the-customer/ -Novembro 2008)

Pág. 22

Critical to Quality (CTQ)

A consulta dos clientes permite chegar aos requisitos fundamentais exigidos pelo cliente, vulgarmente

designados por Critical To Quality (CTQ). Conhecer os CTQ dos clientes permite focar nos aspectos

mais importantes do produto e que descurados podem significar a ruína do negócio.

Assim, primeiramente entendem-se as expectativas e requisitos de qualidade dos clientes para

depois usarmos as ferramentas Lean que se focalizam no fluxo do processo em conjunto com as

ferramentas Six Sigma que se centram na qualidade do produto. A conjugação das ferramentas

provenientes de ambas as correntes é obviamente mais frutuosa que a utilização de apenas uma das

vertentes.

Para se definir os CTQs tem de se perceber quais as necessidades por detrás desse requisito e

depois estratificar de modo a se chegar ao nível do parâmetro ou parâmetros que realmente

influenciam a obtenção do requisito. Na figura 7 está representado um exemplo em que o requisito

geral do cliente é ter material aprovado para produzir. Este requisito após estratificado dá origem a

diversos CTQ que são os pontos-chave que devem ser garantidos.

REQUISITO:Ter material aprovado para

produzir

Quantidade certa

Data certa

Dentro da especificação

Kg suficientes para produzir ordem fabrico com tolerância até +2%

Junto do equipamento na antes de terminar ordem de

produção precedente

Densidade do material

Viscosicade do material

CLIENTE MOTRIZ CTQ

Figura 9- Esquema de determinação de CTQ a partir de um requisito genérico

Suppliers-Inputs-Process-Outputs-Customers (SIPOC)

Após estarem definidos os CTQ há que delimitar o processo determinando as suas fronteiras e

descriminar todas as suas entradas e saídas. Aqui o processo é descrito como uma caixa não se

entrando no seu pormenor, mas ter-se-á de olhar para as entradas e saídas das fronteiras. Neste

ponto o objectivo é tomar conhecimento do que rodeia o processo e saber se as entradas e saídas

são controladas, isto é, se estão documentadas de modo a que se garanta a estandardização e

estabilização do processo. Entradas e saídas não controladas são potenciais causas de oscilações

Pág. 23

no processo, de que resultam defeitos. A equipa deve garantir o seu controlo ou, pelo menos, a

minimização dos efeitos do não controlo. No caso extremo o projecto deve parar até que estejam

solucionados esses pontos.

Suppliers – Todos os fornecedores internos e externos do processo

Inputs – Todas as entradas no processo (ex: material, informação,...)

Process – Um bloco representando todo o processo (Início-Processo-Fim)

Outputs – Todas as saídas do processo para clientes internos e externos (ex: material, informação,...)

Customers – Todos os clientes internos e externos do processo, incluindo clientes finais.

Figura 10 – Exemplo de esquema de SIPOC Para além da descrição das envolventes do processo, o SIPOC serve mapear as entradas e saídas,

sendo suposto fazer-se a verificação se existem requisitos para os mesmos e se estes são

cumpridos. Todos os casos em que não existem requisitos definidos são prováveis fontes de variação

que podem afectar o processo. Essa variação deve ser reduzida ao mínimo no decurso do projecto

mas tendo sempre em atenção o foco da projecto.

Gate Review do módulo definir

Trata-se da revisão do módulo definir do projecto.

Para se dar por concluída esta fase e se passar às seguintes etapas deverá haver:

- Um planeamento do projecto com definição do problema, métricas, âmbito, impacto financeiro,

objectivo e equipa.

- Definição da equipa e responsabilidades

- Documentação dos requisitos dos clientes e dos CTQs daí provenientes

- Estabelecimento das fronteiras do processo e documentação das entradas e saídas - SIPOC

1- Início do Processo

2- Processo

3- Fim do processo

4- Saídas do Processo

5- Requisitos das

saídas do processo

6- Cliente

7- Fornecedor

8- Entradas no

processo

9- Requisitos das

entradas no processo

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Nesta, como nas restantes Gates Reviews, os participantes normalmente distribuem-se da seguinte

forma:

- Cinturão verde – Requerido

- Sponsor – Requerido

- Cinturão preto – Requerido

- Mestre cinturão preto – Recomendado

- Champion – Recomendado

- Convidados/experts/stakeholders - Opcional

Nesta fase, com base no que é apresentado define-se se o projecto deve ou não prosseguir. Por

exemplo o impacto financeiro pode considerado demasiado baixo para que a empresa ou

organização invista os seus recursos no projecto, ou as envolventes do processo podem estar de tal

modo fora de controlo que não faz sentido o projecto prosseguir sem que essas situações estejam

solucionadas.

Pág. 25

MEASURE / MEDIR

Objectivo

Entender profundamente o estado actual do processo e recolher dados fiáveis sobre o seu

desempenho, estabilidade e custos associados às causas dos problemas.

O que medir e porquê

Nesta fase pretende-se obter medições da evolução quantificada das características, níveis de

serviço ou desempenho baseados em dados observáveis.

Por exemplo:

- Temporal (velocidade, idade)

- Tamanho (altura, largura, comprimento)

- Valor (custos, lucros, vendas)

- Características ou atributos (tipos de cliente, propriedades)

- Quantidades (número de defeitos, reclamações, perdas de vendas)

Com as medições correctas será possível estabelecer o desempenho actual (dados de base),

determinar acções prioritárias, projectar desempenhos futuros e prevenir problemas. Assim a primeira

fase da aquisição de dados vai incidir na decisão do que é necessário conhecer do processo e quais

são os pontos de medição. Ter-se-á, obviamente, de obter um conjunto de métricas balanceadas

respeitantes ao processo, às entradas e às saídas. O ponto de partida para se determinar o que

medir inicia-se na VOC, mais concretamente nos CTQs que nela tiveram origem.

Mas, para medir é necessário estabelecer métrica. Essas estão relacionadas com os “outputs”

(saídas), o processo e os “inputs” (entradas). Os “outputs” são resultado dos “inputs” e do processo.

Os dados das métricas de “output” quantificam o desempenho global do processo onde se inclui:

“como os requisitos do cliente estão a ser satisfeitos” – Qualidade e Velocidade – e “como as

necessidades e requisitos do negócio são satisfeitos” – Custos e Velocidade

Quanto às métricas de “input” e de processo temos que:

- Métricas de Processo quantificam qualidade, velocidade e custo, do desempenho nos pontos- chave

do processo

- Métricas de Input quantificam qualidade, velocidade e custo, do desempenho da informação ou itens

a entrar no processo.

Se por exemplo tivermos um SIPOC com:

Inputs – Base de dados de Clientes

Processo – Processo de facturação

Outputs – Factura

Podemos ter as seguintes métricas

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Métricas de Inputs Métricas de Processo Métricas de Outputs -Disponibilidade do sistema

- % de campos correctos na

ordem de compra

-% de retrabalho a cada

passo

- Tempo de execução da

factura

- % de facturas correctas

- Custo da factura

- Quantidade de campos com

informação correcta, na base

de dados

- Tempo de entrega da

factura

Tabela 3 – Exemplos de métricas de processo, input e output

Value Stream Mapping (VSM) / Mapa da cadeia de valor

O Value Stream Mapping (VSM) consiste na representação gráfica do fluxo de actividades do

processo, permitindo a sua visualização global e identificar algumas oportunidades de melhoria.

Trata-se de verificar o que se passa no processo dado que, aquando da elaboração do SIPOC, este

ficou apenas descrito por uma caixa.

Com o VSM pretende-se mapear o fluxo do processo, centrado numa família de produtos e tendo em

consideração todas as actividades quer as de valor acrescentado quer as de valor não acrescentado.

O VSM cria a base que ajuda a medir o problema, para além das entradas e saídas do processo,

contém também dados, tais como, fluxo de matérias-primas, inventário, parâmetros operativos, fluxo

de informação entre outros e consoante o problema.

Para elaborar o VSM escolhe-se a família de produtos/processos com maior impacto no cliente e nos

requisitos do negócio, no âmbito do projecto. Pode-se elaborar uma matriz Produto/Processo para

sua identificação.

Processos Custos 1 2 3 4 5 6 7 8 9

A 500€ X X X X X X X

B 300€ X X X X X X X

C 5€ X X X X X X

D 250€ X X X X X Pro

du

tos

E 30€ X X X X X

Tabela 4 – Exemplo de uma matriz de Produto/Processo

Do exemplo da tabela 5 sairia que o VSM seria relativo ao produto A e B, dado que são os que

apresentam maior valor e simultaneamente abrangem grande parte dos processos/equipamentos. No

entanto, se o processo n.º 3 fosse importante para o projecto o produto D teria de ser escolhido..

Quanto à simbologia utilizada na elaboração do VSM esta está estandardizada e descrita na tabela

abaixo.

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Tabela 5 – Simbologia7 utilizada na elaboração de um Value Stream Map

Aquando do desenho do VSM, este é habitualmente desenhado na linha de produção, de modo a

permitir maior contacto com o processo. A sequência de elaboração é tradicionalmente contrária ao

fluxo de produção (do produto acabado para a matéria-prima), quebrando a ideia pré-conhecida do

fluxo e exigindo uma nova avaliação do processo. Nas caixas de dados registam-se todas as

actividades, tempos de “setup”, tempos de produção, desperdício e outros dados relevantes.

Não sendo obrigatório é usual o VSM ser acompanhado, por baixo da descrição das actividades e

processos, de uma “timeline” onde se registam os tempos de processo e tempos de inventário. O

tempo de processo inclui o tempo de valor acrescentado somado com tempo de valor não

acrescentado sendo que abaixo do tempo de processo se indica qual o tempo de valor acrescentado.

Entende-se por tempo de valor acrescentado o tempo durante o qual se acrescenta valor ao serviço

ou produto. Tempos de paragem, transporte e outros são tempos de valor não acrescentado. Tempos

de inventário são também tempos de valor não acrescentado.

7 “Push” e “Pull” de material designam como o material segue para a área seguinte. No sistema “Pull” a área a jusante recebe material quando o pede e no sistema “Push” recebe mesmo sem o pedir.

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Figura 11 – Exemplo de um Value Stream Map

A elaboração de um VSM só por si é uma ferramenta extremamente poderosa, mesmo que não

incluída num projecto Lean Six Sigma. Com ela é habitual surgirem ideias de melhoria de

equipamentos, processos ou serviços vulgarmente designadas por “Kaizen Ideas” ou “Kaizen Burst”.

É vulgar que o VSM dê origem a que se detectem algumas situações de desperdício. As sete formas

de desperdício, também designadas por “7 muda” do original japonês são: inventário, movimentação,

deslocação, espera, correcção, sobreprodução e processamento desnecessário.

Em alguns projectos é habitual a organização de seguida estabelecer um VSM ideal onde não existe

desperdício, as actividades de valor acrescentado estão maximizadas, o fluxo é contínuo e com

cadência de acordo com necessidades (Takt time), entre outros aspectos. Ao que se segue o

estabelecimento a prazo (normalmente médio ou longo) do caminho a seguir de modo a se passar do

VSM actual para o ideal.

Quando se desenha o VSM há algumas definições que são indispensáveis saber para a análise e

descrição do processo.

Capacidade: A capacidade máxima que um processo pode produzir de um produto num determinado

espaço de tempo (Por exemplo o processo A produz 200 peças/dia)

Takt Time: Quantidade de um produto requerido pelo cliente num período e tempo (Por exemplo o

cliente pretende 120 peças/dia)

Time Trap (armadilha de tempo): Qualquer etapa do processo que provoca um atraso no mesmo.

(Por exemplo na etapa B processam-se 120 peças/dia mas nas restantes conseguem processar 150

peças/dia).

Constrangimento (Bottleneck): É uma Time Trap que não consegue produzir à taxa pedida pelo

cliente (interno ou externo) (Por exemplo a etapa C processa 150 peças/dia mas o cliente pretende

200 peças/dia)

Pág. 29

Recolha de dados

Medir é o coração dos projectos de Lean Six Sigma. Medir e medir correctamente permite efectuar

verdadeiras melhorias e não apenas pequenas alterações num processo.

Nesta fase do DMAIC pretende-se avaliar o sistema de medição existente, observar o processo e

recolher informação.

Para iniciar esta fase começa-se por determinar quais os dados que se quer medir e elaborar um

plano de recolha dos mesmos. Os dados a recolher podem ser nominais (ex: número de peças

defeituosas), percentuais (ex: percentagem de encomendas não satisfeitas), atributos (ex: bom/mau)

ou de qualquer outro tipo.

Deve-se estabelecer o plano de recolha de dados de modo a que, entre outros, se defina o que se

quer medir, como se quer medir e quem é o responsável.

Pode, por exemplo, elaborar-se um quadro idêntico ao abaixo.

Métrica Factor de

Estratificação

Definição

Operacional

Tamanho

da

Amostra

Fonte

Método

de

Recolha

Responsável

En

trad

as

Saí

das

Tabela 6 – Exemplo de um quadro para elaborar o plano de recolha de dados

No quadro começa-se por definir se os dados a recolher correspondem a entradas ou saídas do

processo. De seguida descrevem-se os seguintes pontos:

- Métrica, o que se vai medir (por exemplo: dimensões de um produto);

- Factor de Estratificação, estabelece a correspondência entre a métrica e um CTQ (por exemplo:

diâmetro do produto);

- Definição Operacional, instruções precisas sobre a forma de recolha dos dados de modo a garantir

um recolha consistente;

- Tamanho da Amostra, a amostragem é uma forma de retirar dados parciais de uma população de

modo a tentar compreender o comportamento do seu todo. A definição do tamanho da amostra deve

Pág. 30

ter uma base estatística que entre em consideração, entre outros aspectos, se são dados contínuos

ou discretos e qual o seu tipo de distribuição (normal ou outra);

- Fonte, onde se vão recolher os dados e se são dados históricos ou actuais;

- Método de Recolha, como se vão recolher os dados. Pode ser um método informático, um

formulário, ou outro, consoante o tipo de dados;

- Responsável, quem é responsável por garantir a recolha e que esta é feita de forma correcta.

Measure System Analysis (MSA)/ Análise do sistema de medida

Após a criação de um plano de recolha de dados há que garantir que o sistema de medida é

adequado ao que se pretende medir. O sistema de medida é o que permite “ver” o processo. Podem

suceder casos em que o processo varia muito mas que o sistema de medição indicar o contrário. E

também podem sucederem casos em que o processo varia pouco e o sistema de medição indicar que

ele varia muito. Assim, se o sistema de medição não for o adequado dará uma visão distorcida que

pode levar a que se tomem decisões erradas ou que não são as melhores.

A variação da medição é descrita como sendo composta pelos elementos que se mostram no

diagrama abaixo.

Medição

Processo

Processo

Medição

VARIAÇÃO DA

MEDIÇÃO

ESTABILIDADE (tempo)

REPETIBILI-DADE

LINEARIDADE (escala)

VARIAÇÃO DO

SISTEMA DE MEDIDA

EXACTIDÃO

VARIAÇÃO DA

MEDIÇÃO

DESCRIMINA-TÓRIO

REPRODUTI-BILIDADE

Figura 12 – Erros passíveis de acontecer com medições inadequadas

Figura 13 – Diagrama dos elementos de variação da medição

Pág. 31

Exactidão da medição – o facto de as medições poderem reflectir valores reais mas desfasados da

média, ou seja, é a aproximação entre o valor obtido na medição e o valor (convencionalmente)

verdadeiro da grandeza medida.

Repetibilidade da medição – Capacidade do sistema de medida dar o mesmo resultado quando a

mesma amostra é medida diversas vezes pelo mesmo operador mantendo fixos o método de

medição, o instrumento de medição, o local e as condições envolventes.

Linearidade – A existência (ou não) de variação no sistema de medida ao longo de toda a sua escala

de medida;

Estabilidade – Variação dos valores medidos ao longo do tempo;

Discriminação – Capacidade da resolução do sistema de medida medir pequenas alterações;

Reprodutibilidade da medição – Capacidade de obter os mesmos valores de medição da mesma

grandeza individual quando se alteram condições tais como o operador, o método de medição, o

local, o instrumento de medição, entre outras.

A forma mais habitual de estudar a variação do sistema de medição é efectuar um estudo “Gage

R&R” no qual se faz uma análise da variação através do método ANOVA8 (Analysis of Variance).

Capabilidade9 e performance dos processos

Outros dos valores que podem ser medidos são os da capabilidade e a performance dos processos.

A capabilidade (Cp) é uma medição de curto prazo (mínimo 125 amostras) que resulta da relação

entre a variação total permitida pela especificação e a variação total medida do processo. De notar

que por amostras entendem-se dados individuais e consecutivos

Cp = Variação permitida (especificação) ÷ Variação Normal do Processo (4)

Cp= |USL – LSL| ÷ 6σ (5)

Onde:

USL – Limite superior de especificação

LSL – Limite inferior de especificação

σ – Desvio padrão

Actualmente em termos industriais os processos devem ter no mínimo uma capacidade de 1,33, e

para alguns processos considerados como críticos a capabilidade deverá ser 1,66. Obviamente um

processo cujo Cp<1 significa que a variação dos processo é superior aos limites de especificação.

8 ANOVA –Analysis of Variance – Técnica que subdivide a varianção de um conjunto de dados pelas fontes significativas de variação com intuito de estimar essas componentes. 9 Capabilidade – este termo não existe em Português no entanto, utilizar “capacidade” como tradução de “capability” é incorrecto dado que, a capacidade mede o que o processo é capaz de fazer (ex: peças/hora).

Pág. 32

Existe também a possibilidade de medir a capabilidade de processo quando estes não estão

centrados (Cpk).

Cpk = Min [(USL – X) ÷ 3σ) ou (LSL – X) ÷ 3σ) ] (6)

Sendo que se calcula ambos os valores e se considera o de menor Cpk.

A análise de capabilidade é bastante usada para monitorizar processos e desempenho de

equipamentos. Permite também traçar uma linha de base a partir da qual se podem evidenciar

melhorias efectuadas.

Quando se pretende efectuar medições de longo prazo no processo esta análise denomina-se de

performance do processo (Pp ou Ppk). Estas medições fazem-se de forma a abranger todas as

possíveis influências variações do processo (como sazonalidade, mudanças de ferramentas, etc...)

A fórmula de cálculo é idêntica à da capabilidade:

Ppk = Min [(USL – X) ÷ 3σ) ou (LSL – X) ÷ 3σ)] (7)

Também neste caso se calculam ambos os valores e se considera o de menor Ppk.

Convém salientar que o desvio padrão nas formulas anteriores é cálculado de modo diferente. No

primeiro caso σ (8) (sendo R médio a amplitude média dos subgrupos de amostras e d2 uma

constante estatística que depende da quantidade de amostras) e no outro caso σ= (9)

Gate Review do módulo medir

No final desta fase, e antes de passar à fase seguinte, é expectável a existência dos seguintes itens:

- Value Stream Map analisado de modo a encontrar as áreas de foco do projecto;

- Plano de Recolha de Dados;

- Validação dos sistemas de medida (antes da recolha de dados);

- Colecção de dados de acordo com o Plano de Recolha de dados.

Nesta etapa pode haver necessidade de actualizar a Contract Sheet com base no que foi encontrado

no seu decurso.

Pág. 33

ANALYSE / ANALISAR

Objectivo

Identificar as principais relações causa-efeito que expliquem a relação entre entradas e saídas do

processo.

Das ferramentas de análise podem ser classificadas em dois grandes grupos: as subjectivas e as

objectivas. Habitualmente a análise começa por uma fase de em que se usam as ferramentas

subjectivas tais como Brainstorming ou Diagrama de Ishikawa em que a prioridade da análise é

estabelecida por acordo da equipa baseado na sua experiência. Passando para depois para as

ferramentas objectivas, nestas são os dados tratados objectivamente que definem o caminho a

percorrer.

Brainstorming

Neste ponto torna-se necessário encontrar ideias que conduzam às causas do problema. Um dos

métodos mais usados para obter ideias (e soluções) é o Brainstorming. Com a totalidade da equipa

focada no problema e com base na sua experiência pretende-se obter um maior número de ideias

possíveis. Além da equipa também elementos externos podem participar no Brainstorming.

O Brainstorming é uma sessão de exposição de ideias e teorias. Com base nos dados recolhidos os

participantes propõem ideias que procurem explicar os factos, mesmo que aparentem ser absurdas.

No decurso da análise dos dados as ideias vão sendo sucessivamente validadas ou rejeitadas

ficando expectavelmente no final apenas um número reduzido e possibilidades.

A sessão de Brainstorming tem de ser conduzida de modo a que a equipa se mantenha focada. É

função do gestor da reunião garantir que todos os elementos têm a mesma interpretação das ideias

apresentadas e deve registar todas as ideias não as julgando demasiado cedo. É essencial que se

fomente a participação de todos não permitindo distinções entre os elementos.

Diagrama de Ishikawa / Fishbone / Espinha de peixe

Este tipo de diagrama é também conhecido por diagrama causa-efeito. É uma representação da

relação entre um efeito (problema) e as causas potenciais. É bastante útil para enumerar as diversas

causas que podem contribuir para um problema, podendo ser usado mesmo quando os dados são

mínimos. Além disso permite também refinar as ideias mais em detalhe.

Para um determinado problema são estruturados seis subgrupos de principais causas, também

designados de 6M, São eles:

Pág. 34

- Meio Ambiente (Mother Nature);

- Mão-de-obra (Men);

- Máquinas (Machine):

- Método (Method);

- Medição (Measure)

- Material (Material)

Ligados a estes subgrupos estão as (possíveis) causas que contribuem para o problema.

A estrutura de um diagrama deste tipo é idêntica à da figura abaixo

Figura 14 – Exemplo de um Diagrama de Ishikawa

As causas são depois organizadas pela probabilidade de serem a raiz do problema. A investigação

da equipa segue de acordo com essa ordenação sendo a causa mais provável a primeira a ser

investigada.

5 Why/ 5 Porquê

Uma das ferramentas de refinamento das (possíveis) causas é os 5 Porquê que consiste em aplicar

cinco vezes a pergunta “Porquê?”.

Por exemplo uma determinada empresa está com elevados custos informáticos. Como possível

causa temos que os custos de armazenagem são muito altos, perguntando 5 vezes porquê temos:

1- Porquê? Os utilizadores guardam ficheiros demasiado longos tais como anexos de e-mail.

2- Porquê? Os utilizadores desconhecem o impacto dos ficheiros na empresa.

3- Porquê? A política de e-mails não lhes foi comunicada

4- Etc...

Esta ferramenta é muitas vezes utilizada em conjugação com o Diagrama de Ishikawa para refinar as

causas com maior probabilidade de serem a raiz do problema.

Fault Tree Analysis (FTA) / Árvore de Falhas

A Fault Tree Analysis é um método de onde a procura das causas raiz é difícil mas imperativo. É

habitualmente usada em conjunto com Brainstorming e 5 Why, dado que esta técnica é basicamente

Pág. 35

uma forma esquemática de organizar pensamentos e ideias. Na FTA os factores encontram-se

relacionados por E/Ou.

E – A saída ocorre se as entradas ocorrerem

Ou – A saída ocorre desde que uma entrada ocorra

Para cada factor é determinada uma probabilidade de ocorrência que permitirá determinar as

prioridades da investigação da causa raiz.

Figura 15 – Esquema de FTA

Matriz Causa-Efeito

A matriz causa-efeito é uma matriz que relaciona as etapas do processo com as entradas e as

correlaciona com as saídas do processo. Nela as entradas classificam-se por ordem de importância e

as saídas pelo seu impacto. Assim, será possível determinar as entradas que devem ser o foco para

a melhoria da performance, respondendo aos requisitos, bem como, determinar quais as causas que

mais influenciam os efeitos.

Para se efectuar a matriz classificam-se as saídas com base no seu impacto, ou seja, na importância

para o cliente, numa escala de 1 a 10 (sendo 10 o mais importante). De seguida estabelece-se a

força da relação entre as saídas e as entradas de acordo com uma tabela idêntica a:

0 – Sem correlação

1 – Correlação remota

3 – Correlação moderada

9 – Correlação forte

Após se determinar a importância ponderada de cada entrada organizam-se num gráfico de Pareto e

o foco será nas variáveis de maior nível.

Pág. 36

Figura 16 – Exemplo de uma matriz causa-efeito

TOTAL 144 144 120 96 40 36 34 0Percent 23,5 23,5 19,5 15,6 6,5 5,9 5,5 0,0Cum % 23,5 46,9 66,4 82,1 88,6 94,5 100,0 100,0

XOther

X4.Ligar máquina

X2.Colocar Filtro

X7.Colocar café na chávena

X8.Oferecer açucar e/ou natas

X5.Seleccionar temperatura

X3.Pôr café no Fil tro

X1.Água na cafeteira

600

500

400

300

200

100

0

100

80

60

40

20

0

TOTAL

Percent

Pareto da Relação Entradas/Saídas

Figura 17 – Diagrama de Pareto relativo à matriz causa-efeito anterior (figura 16)

Neste ponto é fácil observar quais as entradas (X) nas quais o projecto se deve focar. Estas

correspondem, obviamente, às primeiras colunas do gráfico.

Em alguns casos é ainda possível realizar outra matriz causa-efeito tomando as entradas críticas

anteriores como saídas e correlacionando-as com as entradas que lhe deram origem.

Failure Modes and Effects Analysis (FMEA)

O FMEA é uma ferramenta de análise sistemática de produtos ou processos para identificar e

minimizar falhas potenciais e os seus efeitos, ainda na fase de concepção. Esta ferramenta teve a

sua génese na década de 60 do passado século aquando das missões Apollo. Em pouco tempo a

8 10 6

Etapas Entradas do Processo Y1.Tem

peratura do café

Y2.Sabor do café

Y3.Intensidade do café

Total

X1.Água na cafeteira 0 9 9 144X2.Colocar Filtro 0 3 1 36X3.Pôr café no Filtro 0 9 9 144X4.Ligar máquina 3 1 0 34X5.Seleccionar temperatura 9 3 3 120X6.Receber pedido de café 0 0 0 0X7.Colocar café na chávena 3 1 1 40X8.Oferecer açucar e/ou natas 0 9 1 96X9.Receber pagamento 0 0 0 0X10.Efectuar troco 0 0 0 0X11.Agradecer 0 0 0 0

15

35

24

Optimização do barProcesso: Fornecer café

Classificação da importância das saídas para o cliente

2

3

Total

Projecto:

Preparação

Serviço

Finalização

1

Saídas do

Processo

Pág. 37

indústria automóvel percebeu a vantagem da sua utilização para redução de custos e passou a

utilizá-la em larga escala.

Apesar de neste trabalho o FMEA estar no capítulo do Analisar do DMAIC, ele pode-se usado nas

diversas fases:

- No Definir e Medir, para perceber o risco do projecto;

- No Analisar, para perceber a relação das etapas com risco e para prioritizar as entradas mais

significativas do processo;

- No Melhorar, para perceber o risco das acções de melhoria;

- No Controlar, para avaliar a efectividade do plano de controlo.

O FMEA é uma ferramenta dinâmica e que deve ser revisto com regularidade. Nas empresas onde

estão correctamente implementados, além de serem revistos com periodicidade definida, são também

revistos sempre que ocorrem reclamações ou quando se implementam acções.

Segue-se uma pequena explicação dos campos a preencher e qual a informação que lá deve constar:

Processo – O processo ou etapa no qual pode ocorrer a falha

Modo de falha potencial – O modo como a falha pode ocorrer

Potenciais efeitos da falha- Os efeitos causados ou sentidos devido a este modo de falha

Severidade – Qual o impacto da falha. Usa-se uma escala de 1 a 10 valores correspondendo cada

valor a um nível de severidade crescente.

Causas potenciais da falha – Porque pode a falha ocorrer. Quais as causas que a originam.

Ocorrência – Qual a ocorrência de cada uma das potenciais causas. Usa-se uma escala de 1 a 10

valores correspondendo cada valor a um nível de probabilidade de ocorrência crescente.

Medidas actuais e prevenção – Quais as medidas, controlos ou procedimentos instalados de modo a

prevenir a ocorrência deste modo de falha.

Medidas actuais de detecção – Quais as medidas, controlos ou procedimentos instalados de modo a

detectar este modo de falha.

Detectibilidade – Qual a probabilidade deste modo de falha ser detectado. Usa-se uma escala de 1 a

10 valores correspondendo cada valor a um nível de detectibilidade decrescente, ou seja nível 1 é

sempre detectado e nível 10 raramente ou nunca é detectado.

RPN – Número de prioridade de erro. É o produto entre a severidade, a ocorrência e a detectibilidade.

Os modos de falha com valor superior de RPN têm maior prioridade para se estabelecer acções de

modo a reduzir esse mesmo valor. Normalmente estabelece-se um valor acima do qual

obrigatoriamente se tem de agir (habitualmente esse valor é 100). Os campos seguintes dizem

respeito a essas acções.

Acções recomendadas – Acções a executar de modo a reduzir o valor de RPN

Responsável/Data alvo – Nome do responsável pela implementação de acções para reduzir o RPN e

data prevista para sua implementação.

Pág. 38

Acções tomadas – Acções já tomadas de modo a reduzir o RPN

S – valor de severidade prevista no fim de implementadas as acções

O - valor de ocorrência prevista no fim de implementadas as acções

D - valor de detectibilidade prevista no fim de implementadas as acções

RPN - valor de RPN previsto no fim de implementadas as acções

Teste de Hipóteses

O teste de hipóteses é um método estatístico para avaliar se um determinado valor (hipótese) está ou

não contido dentro de um certo intervalo de confiança. Tipicamente a utilizam-se intervalos de

confiança de 95% dado que quanto maior o índice de confiança, maior terá de ser a dimensão da

amostra.

O teste consiste em se estabelecer uma Hipótese Nula (H0), que é a hipótese que se vai testar a fim

de se validar se a afirmação é verdadeira ou não. A Hipótese Alternativa (Ha) é a hipótese que

representa a realidade se existir evidência para rejeitar a hipótese nula. Por definição assume-se a

hipótese nula como verdadeira. Quando se prova que hipótese nula não é verdadeira então rejeita-se

e aceita-se a hipótese alternativa.

Se regressarmos ao exemplo do fornecimento de café e o pretendido é saber se a temperatura média

do café da máquina 1 é igual ao da máquina 2, então o teste seria:

H0 : µ1 = µ2

Ha : µ1 ≠ µ2

Figura 18 – Exemplo de um registo de FMEA

Pág. 39

Regressão Simples e Múltipla

O objectivo da regressão é verificar se existe correlação entre os dados de entrada e o resultado à

saída. Uma regressão é uma explicação de uma variável Y (variável dependente) usando outra

variável X (variável independente) de modo que f(X) = Y

De uma forma sintética as variáveis independentes são aquelas que nos permitem prever (entradas)

e as variáveis dependentes são as que nos dão o que queremos prever (saídas). É importante

salientar que uma regressão pode indiciar uma relação causa-efeito mas não prova essa mesma

relação.

No caso de uma regressão simples temos uma variável independente para a nossa saída, e no caso

uma regressão múltipla teremos mais de uma variável independente.

O modelo da regressão pode ser simples, quadrático, cúbico, ou outro, independentemente de ser

simples ou múltipla.

Com software especializado hoje em dia é possível efectuar os cálculos de forma célere, bem como,

traçar as linhas de limite do intervalo de confiança, ou seja, o espaço provável do valor médio e de

previsão dos dados futuros, ou seja, o espaço provável das novas observações.

Gate Review do módulo analisar

No final desta fase deve-se ter documentado uma lista de possíveis causas para o problema em

estudo e estabelecido a ligação entre a(s) entrada(s) que originam as saídas obtidas.

Pág. 40

IMPLEMENT / IMPLEMENTAR

Objectivo

Com base na análise dos dados desenvolver soluções usando ferramentas Lean e Six Sigma, de

acordo com o projecto. Se necessário confirmar a relação causa-efeito usando experiências. Avaliar

as soluções de acordo com a sua efectividade para o cumprimento do projecto.

É importante notar que as soluções a implementar dependem de cada projecto e do contexto em que

se insere. Neste capítulo são apresentadas algumas soluções genéricas que visam principalmente a

melhoria dos processos e produção. Não são apresentadas soluções específicas de por exemplo

como reparar a ferramenta X ou melhorar a capabilidade do equipamento Y. Estas são soluções que

advêm da análise dos dados e que cabe às equipas definir qual a melhor solução para cumprir os

objectivos do projecto.

Desenho de experiências / Design of experiment (DOE)

Por vezes para confirmar a relação causa-efeito assumida aquando da análise dos dados, desenham-

se experiências. Desenhar uma experiência é manipular as entradas de modo a ver como se alteram

as saídas.

Os processos mais tradicionais de experimentação são a tentativa-erro e a alteração e uma variável

fixando as restantes. Este processos são pouco eficazes, além de que nem sempre é possível fixar

todas as variáveis e não permitirem avaliar a interacção entre as variáveis. O desenho de

experiências habitualmente envolve variar mais de uma variável em simultâneo. O mais usual é

utilizarem-se 2 níveis de variação dos factores (designados por máximo e mínimo) dado que

fornecem bastante informação e requerem menos experiências que os ensaios de nível superior.

Para um Full Factorial DOE – examina todas as combinações possíveis - temos

2k = Nº de ensaios; onde k é o números de factores

Ou seja para um DOE de 4 factores teríamos um conjunto de 16 ensaios. No entanto, pode-se optar

por um Fractional Factorial DOE, ou seja, usar apenas a parte das combinações possíveis. Um

Fractional Factorial DOE tem como vantagem permitir uma escolha dos factores mais relevantes,

necessitando por isso de um menor número de ensaios, logo reflectem-se menores custos. No

entanto, nestes casos não se obtêm resultados para todas as combinações, por isso devem ser

cautelosamente programados.

No caso de um DOE em que existem factores com mais de dois níveis, por exemplo A tem 2 níveis, B

tem 3 níveis e C tem 5 níveis, opara um Full Factorial temos 2x3x5=30 ensaios.

Pág. 41

Sistemas Pull

Os sistemas Pull10 (por oposição ao Push11) são sistemas em que o material é puxado pelo cliente em

vez de ser empurrado para este. O objectivo dos sistemas Pull é reduzir a variação do tempo de

produção (Lead Time) de modo a estabilizar o processo. Permite assim controlar e reduzir a

quantidade do produto em processo (WIP12) e o inventário, o que leva a um maior foco nas áreas

mais problemáticas.

Tendo em consideração a Lei de Little para o Lead Time

Lead Time = Quantidade de produto em processo / Taxa média de conclusão (13) para se reduzir o Lead Time ou se aumenta a capacidade de produção ou se reduz a quantidade de

produto em processo. Dado que aumentar a capacidade tipicamente implica custos derivado de

investimento financeiro a opção é reduzir o produto em processo. Assim, para se reduzir o Lead Time

começa-se por implementar sistemas pull e depois efectuando melhoria no processo a nível das

“armadilhas de tempo”.

A implementação de um sistema Pull conduz a que se estabeleça um Wip tampão, ou seja, um limite

na quantidade de inventário dentro de uma área ou processo. Para se manter o nível tampão as

saídas do processo funcionam como actuadores que activam as entradas para o processo. A não

existência de um nível tampão leva a flutuações do WIP que se traduzem em flutuação do Lead Time.

Para o cálculo do valor do WIP Tampão usa-se tipicamente o produto do Lead Time que se deseja

pela Taxa de conclusão dos produtos, ou seja pelas saídas.

WIP Tampão = Lead Time x Saídas (14)

Se o objectivo for um Lead Time de 2 dias e a Saídas forem de 20 unidades por dia temos:

WIP Tampão = 2 dias x 20 unidades/dia = 40 unidades.

10 Pull – palavra inglesa que significa puxar. 11 Push - palavra inglesa que significa empurrar. 12 WIP - Work In Progress

LEAD TIME

ACTUADOR

Pág. 42

Um dos exemplos mais comuns na aplicação de WIP tampão é o caso do controlo de tráfego aéreo.

Quando as rotas estão sobrecarregadas os aviões não são autorizados a levantar voo até que o

congestionamento desapareça. A alternativa seria enviar os aviões para o ar e depois teriam que de

abrandar voo e voar em círculo para poder aterrar. Em qualquer dos casos o atraso é inevitável só

que o segundo caso implica maior consumo de combustível, um aumento do congestionamento, risco

de acidente, entre outros.

Convém notar que o objectivo de ter um Lead Time menor está directamente ligado à relação entre

tempo de valor acrescentado versus tempo de valor não acrescentado. Tipicamente o tempo em que

um produto leva a acrescentar valor é fixo e depende do equipamento. Reduzindo o Lead Time

reduz-se o tempo que um produto tem sem valor acrescentado, que obviamente leva a uma redução

de custos.

Usando um sistema Pull com WIP baixo, o Lead Time é menor facilitando o planeamento em função

das ordens dos clientes em vez de planeamento com base em previsões. Além do já referido salienta-

se que um sistema Pull com baixo WIP é mais sensível á qualidade o que força a resolução de

problemas e melhorias no processo.

Kanban

Kanban é o termo japonês que significa etiqueta, marca. O Kanban é um sistema cujo conceito é

simples e eficaz baseando o seu funcionamento na circulação de etiquetas. Este sistema foi criado

por Ohno na Toyota Motor Company na década de 50 do passado século. Devido a ser habitual às

empresas produzir em excesso, este método procura produzir o produto pretendido pelo cliente, no

momento em que é encomendado e na quantidade encomendada. O que em produção significa que

um posto de trabalho só produz o que lhe é pedido pelo posto a jusante e assim sucessivamente

sendo que o posto mais a jusante só deve produzir o que foi pedido pelo cliente. Assim nasceu o

Kanban como um sistema de informação que permite transmitir rapidamente as necessidades de

jusante para montante. De uma forma simplista, consiste em sobrepor ao fluxo de produção um fluxo

de informação de sentido inverso.

Figura 19 – Fluxo de material e de kanbans numa sequência de postos de trabalho

POSTO

1

POSTO

2

POSTO

3

Fluxo Físico

Fluxo Físico

Fluxo dos

Kanban

Fluxo dos

Kanban

Pág. 43

Figura 20 – Fluxo das etiquetas de Kanban entre dois postos de trabalho consecutivos

Observando o que se passa entre 2 postos de trabalho consecutivos (figura 20) teremos uma

situação que o posto 2 consome as peças produzidas pelo posto 1, destacando a etiqueta e

enviando-a ao posto 1. Esta por sua vez funciona como ordem de produção para o posto 1 produza

mais um lote deste tipo de peças. Após produzido o posto 1 envia o material com a etiqueta Kanban

para o posto 2 que por sua vez a volta a devolver quando consumir o material, e assim

sucessivamente.

As etiquetas Kanbans encontram-se então ou no material a aguardar utilização pelo posto 2 ou no

quadro de planeamento do posto 1 à espera de fabrico de novas peças.

Se existiram etiquetas Kanban no quadro de planeamento do posto 1 este deve produzir, se não

existir nenhuma etiqueta este não deve produzir. Deste modo garante-se que circula um número

definido de material consoante os Kanbans.

5 S

Os 5 S são as cinco iniciais de palavras japonesas que têm por objectivo sistematizar as actividades

de limpeza, arrumação e organização dos locais de trabalho. A metodologia 5 S tem por finalidade

melhorar a qualidade dos artigos, a segurança no posto de trabalho, a eficácia, a taxa de avarias,

entre outros, através da limpeza e organização dos postos de trabalho. As palavras que lhe deram

origem (e sua tradução) são:

SEIRI (Sort)– Arrumação

SEITON (Set in order)– Organizar, pôr em ordem

SEÏSO (Shine)– Limpeza

SEÏKETSU (Standardize) – Estandardização

SHITSUKE (Sustain)– Manutenção

K K

POSTO 2 POSTO 1

K

Material com Kanbans

K

Etiqueta Kanban

Pág. 44

Uma campanha 5S articula-se em torno de duas fases:

1- Elevar ao nível adequado ou desejado (Seiri, Seiton, Seïso)

2- Manter o nível atingido (Seïketsu, Shitsuke)

A etapa de arrumação consiste em fazer uma triagem dos objectos que são necessários no posto de

trabalho dos que não o são. Serve para excluir objectos inúteis e que estão no posto de trabalho

devido ao hábito de “guardar porque pode vir a ser necessário”. Esta acumulação de objectos não

favorece o asseio nem a eficácia na procura de objectos.

Esta fase pode ser de difícil implementação devido à dificuldade de fazer os operadores

compreenderem que é necessário desfazerem-se de certos objectos. Para estes casos criam-se

zonas que agrupam objectos que se retiraram dos postos de trabalho mas que ainda não se decidiu

eliminar. A sua inutilidade torna-se evidente se não for necessário ir lá buscá-los. Deste modo

consegue-se ultrapassar o factor psicológico que cria obstáculos à implementação dos 5S.

A etapa seguinte – Seiton – pode ser ilustrada pela máxima portuguesa “Dá um lugar a cada coisa

para que cada coisa tenha o seu lugar”. O objectivo desta etapa é organizar o posto de trabalho de

modo a torná-lo funcional e ser possível encontrar os documentos ou ferramentas necessárias num

curto espaço de tempo. A organização pode ser a definição de regras de organização de um arquivo,

de organização de ficheiros no disco rígido, delimitar áreas de trabalho ou posições de ferramentas.

A etapa de limpeza, que é de limpeza regular, não vem na sequência das anteriores mas em vez

disso segue paralela. Num local asseado qualquer fuga ou anomalia torna-se mais fácil de detectar. A

limpeza regular é também uma forma de facilmente se detectar falta de óleo num equipamento,

parafusos mal apertados, entre possíveis anomalias. Deve-se primeiro tentar eliminar as causas da

sujidade e depois estabelecer um plano de limpeza que defina a sua regularidade, como a efectuar e

com que equipamento.

Segue-se a fase de manter o nível atingido. Manter o asseio de uma forma consistente é difícil.

Torna-se então necessário definir as regras e formalizar a colaboração do pessoal de modo a garantir

que não se regressa aos hábitos anteriores. Isto consegue-se promovendo o espírito de equipa, a

autoavaliação e a avaliação da situação actual, esta avaliação pode ser feita por meio de auditorias

que avaliam a manutenção do estado desejado, a aplicação das regras definidas e o espírito de

melhoria.

Pág. 45

Figura 21 – Exemplos de aplicação de 5S

Single Minute Exchange of Die (SMED)13

SMED é a sigla que abrevia a expressão “Single Minute Exchange of Die”, que apesar de ser uma

expressão em inglês foi criada por Shingo no Japão a meio do século passado e que significa troca

de ferramenta em menos de 10 minutos14. O tempo de troca de ferramenta (ou setup) é o espaço de

tempo que vai desde a última peça boa de um lote até à primeira peça boa do lote seguinte. Leva por

isso em consideração tempos como preparação, desligar equipamento, trocar ferramenta, ajustes,

entre outros.

13 Actualmente também se utiliza a expressão inglesa “quick changeover” para designar, ou como sinónimo, de SMED 14 “Single Minute” indica menos de um dígito no contador de minutos e não menos de um minuto.

ANTES DE 5S APÓS 5S

Pág. 46

A redução do tempo de troca de ferramenta permite uma redução no tamanho dos lotes o que conduz

a uma redução de Lead Time. Por sua vez a redução de Lead Time leva a uma redução de stock e a

um aumento de flexibilidade que se reflectirão como melhoria na gestão do capital e melhoria no

serviço ao cliente, respectivamente. Uma redução de tempo de setup conduz também à possibilidade

de trocar mais frequentemente de ferramenta o que se pode traduzir num maior número de ciclos de

aprendizagem que podem levar a uma melhoria de qualidade através de melhoria contínua.

Os passos típicos de um evento SMED são:

1- Medição do total de tempo de mudança de ferramenta actual

2- Identificar os elementos internos e externos (são aqueles que se podem executar sem

paragem de equipamento, como por exemplo preparação da ferramenta seguinte) e calcular

o tempo individual de cada elemento.

3- Distinguir os elementos externos e forçar a que se executem antes da paragem do

equipamento.

4- Reduzir ou eliminar os elementos internos, entre os quais os ajustes.

5- Reduzir os elementos externos.

6- Estandardizar o novo procedimento e continuamente melhorá-lo.

I 85 85 minutos

II 10 3 10 5 15 9 3 5 7 15 3 85 minutos

III 37 minutos 48 minutos

IV 37 minutos 20 minutos

V 10 minutos 20 minutos

VI 10 minutos 10 minutos

INTERNO

EXTERNO

Antes da paragem de equipamento

ETAPA Após a paragem de equipamento

Figura 22 – Exemplo de aplicação de um evento SMED

Pág. 47

Na figura seguinte pode-se observar uma peça à qual foi aplicado um pino de centragem de modo a

permitir uma troca mais rápida. Anteriormente a troca da peça implicava um ajuste por parte do

operador de modo a garantir que ficava correctamente posicionada. A implementação do pino de

centragem garante que a peça vai encaixar correctamente na posição desejada eliminando-se a

necessidade de ajuste da sua posição.

Figura 23 – Peça com pino de centragem para minimizar tempo de troca de ferramenta

Gate Review do módulo implementar

No final desta fase, é expectável a que estejam implementadas soluções robustas e que afectem as

entradas criticas de modo a que se obtenham as saídas desejadas. Estas soluções devem estar

apoiadas nos resultados obtidos na fase Analisar, em DOEs quando se justifique e em documentação

relativa ao seu estudo e implementação.

Pág. 48

CONTROL / CONTROLAR

Objectivo

Implementar a solução seleccionada e replicá-la em toda a escala, usar sistemas á prova de erro,

planos de controlo, planos de formação, entre outros para garantir a sustentabilidade dos ganhos.

Poke-Yoke/Sistemas à prova de erro

O Poka-Yoke ou Sistema à prova de erro consiste em criar sistemas e metodologias que permitam

prevenir que os erros aconteçam. O custo de obtenção de qualidade aumenta à medida que um

produto se move ao longo da cadeia de fornecimento, logo a forma mais económica é prevenir que os

erros ocorram.

Tomemos por exemplo uma empresa que se dedica ao fabrico de máquinas de café e em particular à

montagem da bomba de água.

Prevenção – antes que aconteça – O processo dispõe de sensores que impossibilita má montagem

da bomba – custos = 0€

Detecção – Antes que escape do posto/processo – O operador monta mal a bomba e não há sistema

de auto-controlo. A bomba falha na verificação de qualidade. – custo = 100€ por desmontar e voltar a

montar a bomba.

Inspecção – Já depois de ter sido enviado/ terminado os processos – A máquina produzida vai para

testes finais e falha por problemas na bomba da água. – custo = 1000€ por desmontar e montar de

novo toda a máquina.

Rejeição – Produto no cliente – Os equipamentos foram enviados para clientes e falham em serviço.

São necessárias intervenções de emergência e/ou retorno do produto à fabrica. A marca fica

desacreditada. – custo=100.000€ em reparações e perdas de vendas.

Dentro dos sistemas de prevenção existem duas grandes classes:

1- Controlo/Avisos – Não deixa que material passe para o passo seguinte. Desliga o processo

ou avisa quando ocorre um erro

2- Preventivo – Utilização de métodos ou sistemas que não permitem que o erro ocorra sendo

este eliminado em 100%

Os sistemas preventivos são desejáveis relativamente aos de controlo ou aviso, no entanto na

impossibilidade de implementar o primeiro é preferível ter o segundo do que não ter nenhum.

Pág. 49

Sistemas Poka-Yoke podem ser tão simples limitar a orientação da inserção de um elemento, como

por exemplo a inserção de disquetes num computador apenas pode ser feita numa determinada

posição ou a utilização de um sensor fotoeléctrico que é interrompido de a peça não estiver na

posição correcta.

Figura 24 – Exemplo de um sistema Poka-Yoke (Do sítio: http:// www.tbmcg.com -Novembro 2008)

Na figura 24 é possível observar a implementação de um sistema poka-yoke. Com o objectivo de

evitar trocas de polaridade na ficha eléctrica, o desenho dos contactos foi alterado de modo da que a

ficha só possa ser encaixada numa única posição.

Instruções de trabalho

Após a equipa ter definido os processos e métodos a mudar e quais são essas mudanças é

fundamental criar métodos escritos e/ou visuais que estandardizem o processo e as metodologias de

modo a garantir a sua sustentabilidade.

Tal como referido por Ohno, a estandardização é indispensável pois se não se souber o que se está a

fazer e se não for feito de uma forma consistente, como é que se pode esperar alguma vez conseguir

fazê-la de uma forma melhor?

Aquando a estandardização tem de se garantir que os operadores têm formação adequada para

entender e actuar de acordo com as alterações implementadas, caso contrário ter-se-á de formar os

operadores para essas alterações.

Controlo de processo

Nesta altura e após se terem implementado as alterações ao processo tem de se medir a sua

performance de modo a determinar se melhorou e quanto melhorou. Estas medições também devem

ser feitas na fase piloto, antes de se implementar em larga escala. Estas medições também devem

incluir testes de hipóteses (mencionados anteriormente) para características de interesse, bem como

análise estatística dos novos dados obtidos e análise de capabilidade de curto e longo prazo.

Pág. 50

Considerando que nesta fase se atingiram os objectivos propostos à que sustentá-los. Para este fim

usam-se três conjuntos de ferramentas: A gestão do risco; a prevenção dos erros e os planos e

cartas de controlo.

Em termos da gestão de risco, tendo em conta as alterações efectuadas o FMEA o plano de controlo

devem ser revistos (caso existam) ou elaborados, de acordo com os modos de falhas e sistemas de

detecção e controlo existentes. As acções tomadas para reduzir o risco devem ser monitorizadas

para garantir a sua implementação e continuidade. Quanto à prevenção de erros a melhor abordagem

para os controlar é a implementação de sistemas Poka-Yoke vistos anteriormente. No entanto, não

sendo possível implementar sistemas à prova de erro em todas as situação tem de se desenvolver

um plano de contínua monitorização. Deste modo deve-se desenvolver um conjunto de cartas de

controlo que recolham continuamente dados de modo a gerar um feedback sobre o processo. As

ferramentas mencionadas devem constituir a base de um plano de controlo onde se identificam as

variáveis a controlar. Nesse mesmo plano devem constar as acções a tomar no caso de algo sair fora

de controlo.

Pág. 51

Figura 25 – Exemplo de um plano e controlo

Pág. 52

PROJECTO

Introdução

O projecto à frente apresentado diz respeito à fabricação de componentes electrónicos que consistem

num núcleo metálico que é obtido por prensagem e sinterização do pó metálico. O núcleo após

sinterizado é submetido a tratamento electroquímico que lhe permite formar uma estrutura com o seu

óxido que lhe confere as propriedades eléctricas pretendidas para a sua aplicação. No decurso deste

processo o núcleo é mergulhado num banho condutor de nitrato de manganês com solvente que o irá

revestir formando uma camada catódica exterior.

Figura 26 – Esquema de componente electrónico

Terminando este processo é feita a montagem dos terminais na fase seguinte. O terminal servirá para

que o componente final estabeleça contacto eléctrico com o circuito em que for instalado.

No processo seguinte o componente é submetido a um encapsulamento em resina epóxida, que

consiste em envolver o núcleo nessa resina de modo a lhe conferir uma protecção física que também

o protege da humidade. O núcleo é envolvido pela resina por método de injecção polimérica. A resina

sendo termoendurecível é depois submetida a uma cura. Segue-se o processo de marcação laser

dessa resina. Numa das faces do componente são inscritas as suas características, as referências

correspondentes à sua rastreabilidade e o nome da empresa produtora.

Por fim é feita uma inspecção a 100% dos componentes antes de serem embalados, sendo

verificadas as suas características físicas e eléctricas. Os componentes aprovados seguem para

cliente e os restantes são rejeitados como sucata.

Marcação laser

Encapsulamento em resina epóxida

Núcleo

Terminal de contacto eléctrico

Pág. 53

O projecto estudado consiste em reduzir os custos das peças rejeitadas actuando sobre os seus

defeitos críticos, tendo como seguimento não a quantidade de peças rejeitadas mas seu valor, dado

que, conforme a família do produto o seu valor varia. Assim, o projecto centrar-se-á nas famílias onde

o custo do desperdício é maior e não naqueles em que a quantidade de peças rejeitadas é superior.

Descrição do problema

Perda de peças devido a defeitos físicos que correspondentes a 10% (€) do total de sucata com o

custo médio de cerca de 11.000€ por mês, com base nos últimos três meses.

Objectivo

Reduzir em 50% o custo de peças sucatadas devido a defeitos físicos através de melhoria e

estabilização de processos.

Métrica de seguimento

%(€) de peças rejeitadas por defeitos físicos dado pelo relatório de performance da empresa.

Projecção de ganhos anuais

Cerca de 66.000€ por ano, tendo por base a estimativa de custo médio em sucata de 11061€ nos

últimos três meses e a redução de 50% dos custos desse mesmo desperdício. Na contract sheet é

possível observar os resultados expectáveis quer por ano fiscal quer por ano civil, sendo de salientar

que no mês de Junho do ano 2008 consideram-se ganhos parciais provenientes da implementação

de parte do projecto. No entanto, deve-se notar que os valores calculados não entram em

consideração com a alteração de “standards” financeiros, inflação nem qualquer outro factor

financeiro.

Recepção de matéria-prima

Prensagem dos núcleos

Tratamento Electro-Químico 1

Tratamento Electro-Químico 2 / Formação

Cátodo

Montagem de Terminais

Encapsulamento com resina époxida

SUCATA (Defeitos Físicos)

ArmazémEmbalagem

Inspecção Visual

Testes Électricos

SUCATA (Defeitos Électricos)

NOK

OK

OK

NOK

Figura 27 – Fluxograma do processo

Pág. 54

É também importante notar que nesta fase ainda não é possível estimar possíveis investimentos, mas

serão considerados no decurso do projecto e na sua avaliação financeira. Estes podem ser cruciais

para o desenrolar do projecto bem como para a obtenção dos ganhos líquidos expectáveis. Sendo

que é um factor que poderá levar à revisão dos objectivos do projecto ou até mesmo ao seu

cancelamento.

Contract Sheet

Na contract sheet encontram-se descritos os itens fulcrais do projecto quer em termos de recursos,

quer em termos temporais e financeiros. Nela estão também descritos o âmbito e objectivo do

projecto.

Figura 28 – Contract Sheet do projecto

1. Identificação do projecto: Equipa:

Nome do projecto:

Responsável do Projecto:

Projecto proposto por:

Sponsor

2. data inicio do projecto data fim do projecto

3. Pontos importantes

4. Âmbito:

5. Fora de âmbito:

6. Métricas de referância: métrica

Custo de cada defeito por família 100% 50%

7. Planeamento temporal

módulo

data prevista

completedo a

8. Savings8.1 Projecção de ganhos (ano civil)

hard savings

8.2 Redução de custos (ano fiscal)Abr Mai Jun Jul Ago Sept Oct Nov Dec Jan Fev Mar

Savings planeados (' 000€) 0,0 0,0 2,2 5,5 5,5 5,5 5,5 5,5 5,5 5,5 5,5 5,5Savings reais (' 000€)

9. Investimentos necessários (' 000€)

10. Comentários

ΣΣΣΣ

Sponsor MB

A determinar

GB

51,7

Fim Projecto

Assinaturas:

Plant Manager Financial Manager

Ínicio ProjectoAssinaturas:

MB

Plant Manager Financial Manager

Sponsor GB

Analyse Improve Control

% (€ sucata por defeitos físicos) 11061€ (100%)

semana 29

5530,5€ (50%)

semana 26

Actual Target

Target-Costs Savings

Define

semana 14

(' 000 €)

2010(' 000 €/year) (' 000 €/year)

semana18 semana 22

Measure

132.732 € 66.366 € 35.200 € 66.366 € 66.366 €

2008 2009(' 000 €) (' 000 €)

GB 05

Manuel Gestor

Maria Organiza

Contract SheetLean Six Sigma

António Lidera

Redução de defeitos físicos

José ApoiaCarlos Conhece

objectivoactual

Mar-08 Jun-08

Reduzir os defeitos físicos que são detectados antes de embalagem e que podem seguir para cliente

Sistema de detecção automático deve ser garantir escolha correcta e defeitos

Defeitos électricos e outros não físicos

Joaquim AprendeOctávio Experiente

Pág. 55

Distribuição custos (€) dos defeitos pelas famílias de materiais

Figura 29 – Gráfico da distribuição dos custos de defeitos por família de produto De modo a apoiar a definição do problema foi feita uma análise dos defeitos em termos e custos

pelas diversas famílias de produtos. Da análise conclui-se que os produtos da família 95X são os que

representam uma maior percentagem de custos com uma parcela de 21%.

As famílias com parcelas inferiores a 3% foram aglomeradas e no seu todo representam 14% dos

custos.

Voz do Cliente / Voice of Customer (VOC)

Tabela 7 – Resumo da voz do cliente

Por consulta dos clientes internos (inspecção antes de embalagem) e dos requisitos dos clientes

externos determinaram-se quais os defeitos críticos nas peças rejeitadas.

DEFEITOS CLIENTES Núcleo à vista

Mau encapsulamento

Falta de marcação

Inspecção antes de embalagem

Cliente Final

21%

14%

11%8%

8%

6%

6%

3%

14%

9%

95 X

Outros

91D

91C

20V

95U

95D

10X

91B

91X

Pág. 56

Critical to Quality (CTQ)

Figura 30 – Definição de CTQs

Sendo os requisitos dos clientes a eliminação/redução dos defeitos físicos e a motriz cada um dos

principais defeitos determinaram-se quais os CTQ’s, ou seja, quais os parâmetros críticos que são

importantes garantir de modo a que se obtenha um produto dentro dos requisitos.

Suppliers-Inputs-Process-Outputs-Customers (SIPOC)

Estando determinado quais os limites do projecto em termos de processos elaborou-se o SIPOC.

As fronteiras foram colocadas entre o processo e montagem do terminal e processo de inspecção,

tendo sido avaliadas as diversas entradas e saídas. Encontrou-se uma situação para a qual não havia

requisito definido. Apesar de não se ter encontrado diferenças entre os diferentes operadores a

equipa criou a instrução de trabalho correspondente de modo a garantir que no futuro não surgiriam

problemas devido à não descrição desses requisitos.

Motriz CTQ's

ângulo do degrauNúcleo à vista

viscosidade banho

Cull thick (Tamanho Jito)

Mau encapsulamento Velocidade injecção

Pressão de injecção

Pressão de fecho

Temperatura chillerFalta de marcação

Máscara OK

Clientes

Redução / Eliminação dos defeitos físicos

Requisitos

Pág. 57

Figura 31 – SIPOC do projecto

Suppliers Inputs Outputs

(Fornecedores de recursos)

(Recursos necessários ao processo ) (Saídas do processo)

Requisitos Requisitos

Contracto com cliente

(Requisitantes do processo)

Customers

FMEAS e Plano de controlo

De acordo com DL 78/2006, 79/2006,

80/2006

Pressão 6,0 bar (IT F6109E-R7013-X-14)

De acordo com Plano de Manutenção F6109E-

R7013-X-14

According to DL 78/2006, 79/2006,

80/2006

Correctamente preenchidas e legíveis

Peças Montadas, marcadas e

inspeccionadas

Folhas de Lote

Process

(Processo)

LogísticaDe acordo com

Instrução de trabalho F6109-R7015-X-19

Operador

Banda

Recursos Humanos

Formação na área de processo respectiva e

de acordo com Plano de Formação F3456-2008

ManutençãoManutenção de

equipamento

Produção e Eng. de Processo

Imagens de comparação para

inspecção das camaras

De acordo com Instrução de Trabalho

Serviços de Apoio Técnico

EDP ElectricidadeDe acordo com ERSE despacho 5255/2006

Ar Comprimido

Produção CO2Pressão Min.1,0 bar (IT F6109E-R7013-X-14)

Correctamente preenchidas e

rastreadas

Resina

Produção

Logística

Folhas de Lote

Temperatura, Humidade

Ambiente

Eng. Processo

De acordo com Instrução de trabalho F6109-R7018-X-19

De acordo com exigido pelos Corporate Quality

Documents

OK electrica e fisicamente(IT F6109E-

R7029-X01)

Inspecção antes de embalagem

Cliente Final

Não OK electrica ou fisicamente(IT F6109E-

R7029-X01)

Dados de Performance (Yield/Scrap Report)

De acordo com Instruções de trabalho F6109-R7015-X-19 e F4109-R7058-X-19

ProduçãoCorrectamente preenchidas e

rastreadas

De acordo com definido Instrução de trabalho F4109-R7058-X-19

Teste de conformidade

Eng. Processo

Relatório de Não Conformidade

Cartas de ControloProdução e Eng. de

Processo

Peças rejeitadas N/A

Registos de inspecção

DespedíciosInstrução trabalho

F6109E-A7101-x-04 - Cliente Final (para

resíduos)

Equipamento ligado ao servidor central

Process Eng.

Cliente Final (para resíduos)

Logística Adesivo de PrataDe acordo com

Instrução de trabalho F6109-R7015-X-19

Seringas de adesivo de prata vazias

Calor Meio Ambiente

Correctamente preenchido F6109E-

R7013-X-14 (item 9 & 10)

Produção e Eng. de Processo

Entrada na montagem

Saída da inspecção

MontagemEncapsulamentoMarcação Laser

Inspecção

Por não existir esta entrada no SIPOC a equipa criou uma instrução de trabalho onde se definiram as imagens de comparação e seus requisitos.

Pág. 58

Value Stream Map (VSM)

Após a elaboração do SIPOC e de se ter assegurado a definição e controlo das entradas e saídas, passou-se à elaboração do VSM de modo a analisar o

que ocorre no decurso do processo. Num projecto deste tipo a elaboração do VSM é importante para se tomar noção do processo, inventário e de possíveis

origens dos efeitos. No entanto, está fora do âmbito focar em problemas de fluxo de produção e gestão de recursos. Assim não se procederá à elaboração

de um VSM ideal e apenas se fará registo das entradas e saídas e cada etapa do processo em como do tempos de valor acrescentado e não acrescentado

ao longo do processo. Para a elaboração do VSM acompanhou-se a produção de um lote de material da família 95X que, conforme analisado anteriormente,

é a que apresenta custos de sucata superiores.

Figura 32 – Value Stream Map do processo no qual o projecto se centra

Pág. 59

Métrica Factor de estractificação Definição Operacional (*) Tamanho da amostra Fonte Método de Recolha Responsável

Densidade do nitrato Registar a cada 5 min Continua Densimetrogravação contínua em registo informático

Manutenção (garantir equipamento OK)

Temperatura do banho Registar a cada 5 min Continua Termometrogravação contínua em registo informático

Manutenção (garantir equipamento OK)

Dimensão do núcleo Espessura do núcleo Medir todos os lotes 3 peças por barra MicrometroMedição e registo em base

de dadosOperador(TFP)

Velocidade Injecção Registar para cada lote ContinuaParametrização dada pelo

equipamentoRegisto dados em base de

dadosOperador(Molding)

Espessura do jito Registar para cada lote ContinuaParametrização dada pelo

equipamentoRegisto dados em base de

dadosOperador(Molding)

Pressão de Injecção Registar para cada lote ContinuaParametrização dada pelo

equipamentoRegisto dados em base de

dadosOperador(Molding)

Pressão de fecho Registar para cada lote ContinuaParametrização dada pelo

equipamentoRegisto dados em base de

dadosOperador(Molding)

Profundidade do degrau Medir todos os lotes 1 Banda/ Jig projector de perfis Registo dados em base de

dadosOperador(Assembly)

Ângulo do degrau Medir todos os lotes 2 Banda/ Jig projector de perfis Registo dados em base de

dadosOperador(Assembly)

Parametros da Resina ViscosidadeMedir sempre que recarrega a

máquinaContinua Teste de espiral

Registo dados em documento oficial de teste

Lababoratório

Pressão CO2 Registar para cada lote Continua Manometrogravação contínua em registo informático

Manutenção (garantir equipamento OK)

Temperatura do chiller Registar para cada lote Continua Termometro do equipamentogravação contínua em registo informático

Manutenção (garantir equipamento OK)

Energia do Laser Registar para cada lote Continua Display do equipamentogravação contínua em registo informático

Manutenção (garantir equipamento OK)

Peças sucatadas pelo equipamento Tipologia do defeito 3 lotes de cada material critico 3x50 pieces Análise da sucata Manual Equipa LSS

Peças OK Lote Registar para cada lote Continua Rastreio informáticogravação contínua em registo informático

Operator (inspecção)

Peças sucatadas antes de embalagem Tipologia do defeito 3 lotes de cada material critico 3x50 pieces Análise da sucata Manual Equipa LSS

(*) As definições operacionais detalhadas foram transmitidas por informação interna às áreas

Saídas

Caracteristicas do banho de nitrato

Medidas do degrau

Entradas

Parametros de Injecção

Parametros do equimento Laser

Dados mais relevantes do VSM

•Existência de Bottleneck/Constrangimento antes do processo de montagem dos terminais. Existe

um inventário de 25 lotes.

•Tempo de processo médio da montagem à inspecção 22h/lote

•Tempo de valor acrescentado 8,5h/lote

•Tempo de valor não acrescentado 13,5h/lote

•FIFO não é respeitado (primeiro lote a sair não é o primeiro que entrou)

•Todas as entradas e saídas no processo foram listadas e não se encontraram casos de falta de

documentação dos requisitos.

Os factos detectados foram reportados à Direcção e apresentados na “Gate Review”. Não se

considerou que tivessem influência directa e significativa no projecto ou na criação de defeitos. O

projecto seguiu o seu foco e para estes estudo e análise dos factos reportados foi constituída uma

equipa ligada à produção e fluxo de material.

Plano de recolha de dados

De acordo com

os defeitos em análise assim se elaborou um plano de recolha de dados de modo a que todos fossem

abrangidos. Dado que se trata de um projecto de redução de defeitos que incidirá nos parâmetros e

processamento dos componentes é natural a recolha de uma quantidade superior de dados de

entradas do que de dados de saídas. As saídas dão os factos do que está a ocorrer mas é nas

entradas que se terá de actuar de modo a garantir que se obtêm os resultados desejados.

Figura 33 – Plano de recolha de dados

Pág. 60

O plano de recolha de dados foi acompanhado de informação aos operadores sobre a forma e

metodologia de recolha desses dados.

Análise do sistema de medição

Para se garantir que a recolha de dados era consistente fizeram-se estudos R&R (Reproducibilidade

e Repetibilidade) para todos os casos em que a recolha de dados o justificava.

O primeiro dos casos diz respeito às medições das espessuras das peças.

Figura 34 – Estudo R&R para medição de espessuras das peças

Pode-se ver que a principal componente da variação vem de “Part-to-Part”, ou seja, da variação

própria das amostras dado que se correu vários pontos do espectro das espessuras possíveis. Isto é,

foram usadas amostras de diferentes dimensões ao longo do estudo e a principal fonte de variação

deveu-se exactamente a essas variações.

Pelo relatório obtido pode-se verificar que apenas 0,39% da variação é dada pelo é resultado do

ensaio, sendo 0,37% de origem na não repetibilidade, 0,02% na não reproducibilidade. Assim, como

a variação (Total Gage R&R) foi menor que 10% consideramos sistema de medição é válido e

podemos confiar nos resultados.

O caso seguinte é o estudo R&R referente à medição da profundidade do degrau15 das peças.

15 A profundidade do degrau é um parâmetro associado à montagem do terminal e que pode conduzir a um incorrecto posicionamento do núcleo face ao terminal. Além da profundidade é também importante o ângulo do degrau.

Gage R&R - espessura

Total Gage R&R 0,39

% Contribuição na variação

Repetibilidade 0,37

Reprodutibilidade 0,02

Tabela 8 – Valores do estudo R&R para medição das espessuras das peças

Pág. 61

Figura 35 - Estudo R&R para medição da profundidade do degrau

Tal como na situação anterior é facilmente observável que os resultados obtidos nos reportam um

conjunto de medições coerentes em que a reprodutibilidade e repetibilidade estão garantidas. Assim

o sistema de medição é válido e podemos confiar nos resultados.

Por último efectuou-se o estudo R&R para a medição do ângulo do degrau das peças.

Figura 36 - Estudo R&R para medição do ângulo do degrau

Tabela 10 - Valores do estudo R&R para medição do ângulo do degrau

Gage R&R - Profundidade Total Gage R&R 0,23

% Contribuição na variação

Repetibilidade 0,19

Reprodutibilidade 0,04

Gage R&R - Angulo

Total Gage R&R 100,00

% Contribuição na variação

Repeatability 30,56

Reproducibility 69,44

Tabela 9 - Valores do estudo R&R para medição da profundidade do degrau

Pág. 62

Como resultado do estudo verificou-se que as medições não eram consistentes havendo uma

elevada variação em termos de repetibilidade e reproducibilidade. Foi necessário estabelecer um

conjunto de acções de modo garantir que os dados que iam ser recolhidos seriam fiáveis. Verificou-se

que nem todos os operadores executavam o ensaio da mesma forma e as instruções eram dúbias,

levando a interpretações diferentes. Assim, foi dada formação aos operadores, os procedimentos e

operação com o equipamento foram revistos e as instruções de trabalho foram revistas e alteradas.

Após estas acções repetiu-se o estudo tendo sido revista a forma de o executar e as instruções para

a sua execução.

Figura 37 – Repetição do estudo R&R para medição do ângulo do degrau

Tabela 11 - Valores da repetição estudo R&R para medição do ângulo do degrau

Observando os novos resultados estes demonstram a efectividade das acções tomadas passando as

medições a ser aceites.

Neste ponto o projecto foi dividido por cada um dos defeitos seguindo-se o seu desenrolar em

paralelo, no entanto de modo a manter a sequência DMAIC, serão apresentadas em simultâneo as

fases equivalentes relativas a cada um dos tipos de defeitos.

Analisar para mau encapsulamento

Nesta fase, com base na experiência da equipa elaborou-se um diagrama de Ishikawa e estudou

cada uma das possíveis causas.

Gage R&R – Angulo 2 Total Gage R&R 0,91

% Contribuição na variação

Repetibilidade 0,73

Reprodutibilidade 0,18

Pág. 63

Figura 38 – Diagrama de Ishikawa para mau encapsulamento

Na tabela seguinte sumarizaram-se as acções efectuadas para estudar cada uma das causa e

descreve-se qual o resultado obtido na sequência dessas mesmas acções.

POSSÍVEL CAUSA ACÇÃO RESULTADO Equipamento necessitar de

calibração

Verificar calibração do

equipamento

A calibração estava válida e o

equipamento calibrado

Variação de temperatura

Verificar correlação.

(Nota: Estes valores não constavam

no plano de recolha de dados.

Utilizaram-se os valores do histórico

das temperaturas que são medidas

diariamente na fábrica 2 vezes ao

dia)

Não se detectou correlação

entre temperatura ambiente e

o problema.

Não cumprimento dos

parâmetros

Auditoria aos valores nos

equipamentos correndo

diferentes operadores e

turnos

Nada de anormal se detectou

Composição da resina

alterada

Pedir análises ao fornecedor

e fazer análises externas

Apesar da diferente

proveniência geográfica da

resina a composição

manteve-se

Diferentes viscosidades da

resina Verificar correlação

Apesar da resina de encontrar

sempre dentro de

especificação existe uma

correlação entre o início do

uso da nova resina e o

Pág. 64

aumento do número de

defeitos. Também se verificou

uma tendência para maior

viscosidade da nova resina

(valor médio do spiral flow

teste passou de 32mm para

28mm)

Desgaste no fuso/prensa Verificar equipamento

Algumas peças foram

detectadas com problemas e

substituídas devido a

desgaste. A quantidade de

defeitos diminuiu mas

manteve-se alta (passou de

1467 para 937 ppm de

feitos/dia – ver figuras 45 e

48)

Parâmetros desajustados Fazer DOE

Verificou-se que os

parâmetros em uso não

seriam os mais adequados.

(Nota: O DOE consta na fase

Implementar)

Tabela 12 – Estudo das causas que podem conduzir a mau encapsulamento

Relativamente à matéria-prima, resina epóxida, é de referir que antes do ínicio do projecto houve

alteração geográfica das instalações do fornecedor: Dada a coincidência das datas entre o aumento

do número de defeitos e a mudança da resina, várias das hipoteses exploram esta relação:

parâmetros desajustados, diferente viscosidade e alteração da composição

Analisar para núcleo à vista

A abordagem seguida pela equipa foi a mesma do caso anterior, primeiro o diagrama de Ishikawa ao

que se seguiu uma análise das possíveis causas.

Pág. 65

Figura 39 - Diagrama de Ishikawa para núcleo à vista

Possível causa Acção Resultado

Profundidade do degrau

Verificar os resultados obtidos

tendo em conta o plano de

recolha de dados

Não se detectou qualquer

correlação nem degraus fora

de especificação

Ângulo do degrau

Verificar os resultados obtidos

tendo em conta o plano de

recolha de dados

Não se detectou qualquer

correlação nem degraus fora

de especificação (Após as

acções relativas ao R&R)

Não cumprimento dos

parâmetros

Auditoria aos valores nos

equipamentos correndo

diferentes operadores e

turnos

Nada de anormal se detectou

Medição da viscosidade

errada

Comparar medição do

equipamento com medições

em laboratório

Valores coincidentes

Espessuras altas Verificar correlação

Verificou-se a existência e

correlação entre os núcleos à

vista após encapsulamento e

a sua espessura. Essa

espessura estava fora de

especificação.

Tabela 13 - Estudo das causas que podem conduzir a núcleo à vista Tendo se chegado a uma possível causa não se chegou à causa-raiz. A correlação existente entre as

espessuras e o problema não permite explicar o que no processo está a afectar o produto de forma a

originar este modo de falha. Fez novo brainstorming e Diagrama de Ishikawa para chegar às causas

que provocam espessuras elevadas.

Pág. 66

Figura 40 - Diagrama de Ishikawa para espessuras elevadas

Possível causa Acção Resultado Equipamento necessitar de

calibração (comparador)

Verificar calibração do

equipamento

A calibração estava válida e o

equipamento calibrado

Não cumprimento dos

parâmetros

Auditoria aos valores nos

equipamentos correndo

diferentes operadores e

turnos

Nada de anormal se detectou

Medição da viscosidade

errada

Comparar medição do

equipamento com medições

em laboratório

Valores coincidentes

Blotting deficiente Check-up à estação de

blotting Nada de anormal se detectou

Parâmetros desajustados

(tempo de imersão) Verificar parâmetros

Nada de anormal se detectou.

Os tempos são cumpridos

correctamente.

Variação de temperatura Verificar correlação

Detectou-se correlação entre

a temperatura ambiente e o

problema. O problema ocorre

em dias de temperaturas mais

altas (superior a 25ºC)

Diferentes densidades

Verificar os resultados obtidos

tendo em conta o plano de

recolha de dados

Nada de anormal se detectou

no que diz respeito ao nitrato.

No entanto verificaram-se

variações na densidade do

banho de nitrato + Solvente

Tabela 14 - Estudo das causas que podem conduzir a espessuras elevadas

Pág. 67

Conforme demonstra a figura abaixo existe uma correlação linear entre temperatura ambiente e

densidade do banho.

27,525,022,520,017,515,0

2,5

2,4

2,3

2,2

2,1

2,0

temperatura

densidade

S 0,0297513R-Sq 92,3%R-Sq(adj) 92,2%

Fitted Line Plotdensidade = 1,556 + 0,03390 temperatura

Figura 41 – Correlação entre temperatura e densidade do banho

Analisar para falhas de marcação

A sequência das etapas é análoga ao descrito anteriormente.

Figura 42 - Diagrama de Ishikawa para falhas de marcação

Pág. 68

Possível causa Acção Resultado

Rejeição de peças boas Verificar peças rejeitadas

Na sequência do plano de recolha de

dados verificou-se que as peças

rejeitadas tinham defeito. O programa de

rejeição foi revisto e estava de acordo

com a especificação rejeitando o que é

considerado defeito

Escolha errada do

programa de marcação

Auditoria aos valores nos

equipamentos correndo

diferentes operadores e

turnos

Nada de anormal se detectou

relativamente á escolha do programa.

No entanto verificou-se que este modo

de falha estava subvalorizado no FMEA.

A revisão FMEA levou a que se

implementassem acções. A acção

consistiu na implementação e código de

barras associado a cada produto que

garante a escolha automática do

programa de marcação sem intervenção

do operador

Deterioração do

“Frontoptic”

Verificar o seu estado e plano

de manutenções

Os “Frontoptic” estavam dentro do seu

período de vida, funcionando em boas

condições e com os prazos de

substituição cumpridos

Humidade/Sujidade na

superfície do material Check-up ao material Nada de anormal se detectou

Potência do laser errada Verificar parâmetros e

equipamento

Potência correctamente definida e

equipamento é capaz de fornecer a

potência correcta de forma consistente

Sobreaquecimento do

chiller

Verificar os resultados obtidos

tendo em conta o plano de

recolha de dados

Chiller funcionou sempre dentro das

temperaturas especificadas

Pressão CO2 errada

Verificar os resultados obtidos

tendo em conta o plano de

recolha de dados

Detectou-se que os problemas ocorriam

principalmente quando a pressão se

aproximava do limite inferior. Número de

defeitos por dia em ppm subia de 0 até

600.

Tabela 15 - Estudo das causas que podem conduzir a falhas de marcação Numa primeira análise considerou-se a possibilidade de as peças rejeitadas e contabilizadas pelo

equipamento como tendo defeitos de marcação não fossem relamente defeituosas. As observações

efectuadas na recolha de dados mostraram que esta hipótese era falsa.

Pág. 69

Outra das questões levantadas pela equipa foi a possibilidade de existir uma falha no equipamento

que não permitisse fornecer de forma constante e consistente a mesma potência do laser. Este facto

levaria a que peças marcadas com uma potência fora do especificado ficariam ilegíveis ou com falhas

de marcação o que posteriormente levava a que fossem rejeitadas. Por esse motivo efectuou-se um

estudo à capabilidade do equipamento no que diz respeito a esta característica.

Figura 43 – Estudo de capabilidade do equipamento para fornecer potência correcta do laser

Pelo estudo efectuado concluiu-se que o equipamento fornecia o laser dentro de especificação.

Quando se analisou a hipótese de se estar a trabalhar com pressões de CO2 fora de especificação,

verificou-se que existia uma correlação entre a pressão do CO2 e o número e defeitos produzidos, no

entanto não se detectou casos em que se estivesse a trabalhar fora de especificação. O limite para a

substituição das garrafas de CO2 estava determinado ser para um valor de pressão de 1,0 bar. Como

proposta de implementação definiu-se alterar esse limite para 2,0 bar.

Figura 44 – Correlação da pressão de CO2 com o número de defeitos

Pág. 70

Implementar para mau encapsulamento

Conforme mencionado na tabela 13 uma das acções executadas foi uma verificação do equipamento.

No gráfico seguinte é possível observar os resultados da manutenção que se efectuou devido a terem

sido detectadas peças com problemas.

15-05-2008

09-05-2008

03-05-2008

27-04-2008

21-04-2008

15-04-2008

09-04-2008

03-04-2008

28-03-2008

22-03-2008

2500

2000

1500

1000

500

data

Individual Value

_X=937

UCL=1244

LCL=631

1 2

1

Chart of ppm defeitos

ANTES DA MANUTENÇÃO APÓS MANUTENÇÃO

Figura 45 – Gráfico do número de defeitos por milhão de peças antes e após manutenção do equipamento

Após substituição de algumas peças o número de defeitos reduziu mas ainda ficou aquém do

objectivo.

Decidiu-se proceder a um DOE para avaliar a parametrização Para o DOE usaram-se os parâmetros

e respectivos intervalos conforme indicados na tabela que se segue. Tendo em conta que à alguns

meses atrás existiu uma alteração geográfica da proveniência da resina devido a mudança de

instalações do fornecedor decidiu-se que DOE seria feito utilizando resina de ambas as localizações

dado existir em stock esses dois tipos.

Parâmetros Min. Máx. Actual V. Injecção 0.6 (mm/seg) 1.2 (mm/seg) 1.1 (mm/seg)

P. Injecção 600 (psi) 1200 (psi) 1100 (psi)

P. Fecho 1800 (psi) 2100 (psi) 2100 (psi)

Espessura Jito 0 (mm) 4 (mm) 3 (mm)

Tabela 16 – Parâmetros usados no estudo DOE e parâmetros actuais de produção

Pág. 71

1,20,90,6

700

600

500

400

3001200900600

210019501800

700

600

500

400

300420

Velocidade Injecção

Mean

Pressão Injecção

Pressão de fecho Espessura Jito

Main Effects Plot for Resina antigaData Means

Figura 46 – Gráficos resultantes do DOE para a resina antiga

1,20,90,6

700

600

500

1200900600

210019501800

700

600

500

420

Velocidade Injecção

Mean

Pressão Injecção

Pressão de fecho Espessura Jito

Main Effects Plot for Resina novaData Means

Figura 47 - Gráficos resultantes do DOE para a resina nova

Pág. 72

Verificou-se que os parâmetros em uso estavam próximos do valor que se calculou como óptimo para

a resina antiga, no entanto não eram os mais adequados para a nova resina. É observável que a

implementação de novos parâmetros de injecção para a nova resina trouxe significativas melhorias

em termos de defeitos de mau encapsulamento.

Parâmetros Actual Optimizado para

resina antiga Optimizado para

resina nova V. Injecção 1.1 (mm/seg) 1.2 (mm/seg) 1.2 (mm/seg)

P. Injecção 1100 (psi) 1200 (psi) 900 (psi)

P. Fecho 2100 (psi) 1800 (psi) 1800 (psi)

Espessura Jito 3 (mm) 0 (mm) 3 [2,4] (mm)

Tabela 17 – Parâmetros para encapsulamento determinados usando DOE

Figura 48 - Gráfico da evolução do número de defeitos por milhão de peças nas várias fases de resolução

do problema

É importante notar que o valor dos defeitos presentes na figura 48 vêm em ppm e não em valor

absoluto.

Implementar para núcleo à vista

Verificou-se que quando a temperatura ambiente ultrapassava os 25ºC a taxa de evaporação do

solvente era bastante superior conduzindo a um banho de densidade maior. Esse banho causava um

02-06-2008

25-05-2008

17-05-2008

09-05-2008

01-05-2008

23-04-2008

15-04-2008

07-04-2008

30-03-2008

22-03-2008

2500

2000

1500

1000

500

0

data

Individual Value

_X=91UCL=232

LCL=-50

1 2 3

1

Chart of ppm defeitos

ANTES DA MANUTENÇÃO APÓS MANUTENÇÃO NOVOS PARÂMETROS

média = 1467 defeitos/dia

média = 937 defeitos/dia média = 91 defeitos/dia

Pág. 73

maior depósito de material na face dos núcleos. Por esse motivo ficavam com espessuras acima da

especificação que conduziam a que ficassem à vista e não fossem cobertos pela resina.

Não tendo sido possível implementar um ambiente de temperatura controlada na zona envolvente,

implementou-se um procedimento de verificação da densidade do banho nitrato com solvente durante

a produção e correcção da densidade através de adições de solvente.

Implementar para falhas de marcação

Como proposta de implementação definiu-se alterar esse limite para 2,0 bar apesar dos custos de

não aproveitamento da totalidade do CO2.

04-07-2008

25-06-2008

16-06-2008

07-06-2008

29-05-2008

20-05-2008

11-05-2008

02-05-2008

23-04-2008

14-04-2008

05-04-2008

700

600

500

400

300

200

100

0

-100

-200

data

Individual Value

_X=79,4

UCL=295,8

LCL=-137,0

1 2Com limite antigo Com novo limite

Chart of Defeitos má marcação contabilizados por dia

Figura 49 - Gráfico da evolução do número de defeitos antes e após alteração do limite de pressão de CO2

Controlar para mau encapsulamento

Como controlo para este modo de falha foi revisto o FMEA, a periodicidade das manutenções

referentes às peças que foram substituídas foi alterada, foram acordados com o fornecedor de resina

novos limites para a viscosidade e foi desenvolvida uma tabela de parâmetros a utilizar em cada lote

de resina de acordo com os valores de viscosidade medidos nos ensaios de recepção de material.

Foi também desenvolvida uma ferramenta de software que permite monitorizar o estado as

manutenções do equipamento bloqueando-o quando o prazo limite for excedido.

Pág. 74

Figura 50 – Imagem do software desenvolvido para controlo das manutenções

Controlar para núcleo à vista

Como controlo para este modo de falha foi revisto o FMEA e o controlo do banho foi adicionado ao

plano de controlo, que por sua vez foi revisto e actualizado.

Controlar para falhas de marcação

Como controlo para este modo de falha foram alteradas as instruções de trabalho e foi instalado um

sistema Poka-Yoke que avisa da necessidade de substituição da garrafa de CO2 quando esta atinge a

pressão de 2,1 bar e que para o equipamento produtivo quando atinge a pressão de 2,0 bar.

A par com as situações anteriores foi revisto o FMEA e o plano de controlo, as novas instruções de

trabalho incluem procedimento de verificação períodica da pressão de CO2 e registo em carta de

controlo, bem como verificação do bom funcionamento do sistema de aviso de pressão.

Pág. 75

Estudo financeiro

Como mencionado inicialmente o projecto centrava-se numa redução do impacto financeiro resultante

de produto não conforme. Para a elaboração da tabela abaixo foram calculados os custos

provenientes de cada defeito tendo em conta a família de produtos antes16 e após a as

implementações resultantes do projecto.

Tabela 18 – Resumo do custos de desperdício por família e produto antes e após o projecto

É de salientar que os custos são cálculados com base no valor das peças na área em que são

sucatados. Este valor inclui custos directos e indirectos e difere para cada família de produto. Em

alguns casos parte do custo é estimado quando não é possível fazer diferenciação por família de

produto. O projecto atingiu o seu objectivo de redução de 50% do custo em desperdício tendo-se

registado uma redução global do desperdício em cerca de 58% , passando de uma média de 11061€

para 4590€ mensais.

16 Os custos relativos a cada efeitos por família de produto foram cálculados na fase de definição do problema

Familia Defeito

custo mensal médio

antes do projecto

custo mensal após

projecto

Mau encapsulamento 1.232 € 314 €Má marcação 369 € 152 €Núcleo à vista 688 € 271 €

Mau encapsulamento 452 € 187 €Má marcação 348 € 166 €Núcleo à vista 798 € 241 €

Mau encapsulamento 924 € 297 €Má marcação 252 € 111 €Núcleo à vista 34 € 16 €

Mau encapsulamento 528 € 214 €Má marcação 437 € 211 €Núcleo à vista 33 € 14 €

Mau encapsulamento 232 € 96 €Má marcação 487 € 196 €Núcleo à vista 147 € 74 €

Mau encapsulamento 123 € 66 €Má marcação 429 € 166 €Núcleo à vista 321 € 133 €

Mau encapsulamento 524 € 259 €Má marcação 122 € 52 €Núcleo à vista 21 € 10 €

Mau encapsulamento 154 € 76 €Má marcação 197 € 111 €Núcleo à vista 344 € 124 €

Mau encapsulamento 211 € 114 €Má marcação 23 € 12 €Núcleo à vista 54 € 26 €

Outras global 1.577 € 881 €TOTAL 11.061 € 4.590 €

95 X

91 D

91 C

20 V

91 X

95 U

95 D

10 X

91 B

Pág. 76

Por fim, e tendo em conta que a implementação do projecto levou a investimentos fez-se o cálculo em

termos de poupanças (savings)17 resultantes do projecto.

Valores em €

Na tabela acima os savings considerados dizem apenas respeito à sucata e aos custos fixos com

alteração e aquisição de peças e equipamento. Na rúbrica “custos anuais da implementação” entra-se

em consideração com os restantes custos, tais a diferença como do aproveitemento do CO2, os

custos inerentes à medição da viscocidade dos banhos, as adições extra de solventes, e todos os

restantes que advieram da implementação do projecto.

Da análise da tabela conclui que mesmo tendo em conta os investimentos que foram necessários

efectuar nas fases de implementação e controlo os savings anuais são superiores aos projectados

aquando da elaboração da contract sheet. Assim também nesse aspecto o projecto foi bem sucedido.

17 Como referido no ínicio do trabalho este tipo de projectos centram-se em redução de custos o que leva que a tradução mais correcta da palavra savings para Português seja poupanças e não ganho. Habitualmente usa-se a palavra inglesa.

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Custos anuais

da implementação TOTAL

Savings em sucata 0 0 0 542 2364 4214 6471 6471 6471 6471 6471 6471 --- 45946Investimento

relacionado com projecto ano 2008

0 0 0 0 1789 2143 0 0 0 0 0 0 --- 3932

Savings 2008 0 0 0 542 575 2071 6471 6471 6471 6471 6471 6471 1961 40053Savings 2009 6471 6471 6471 6471 6471 6471 6471 6471 6471 6471 6471 6471 3526 74126Savings 2010 6471 6471 6471 6471 6471 6471 6471 6471 6471 6471 6471 6471 3526 74126

Tabela 19 – Análise dos savings do projecto para os anos 2008, 2009 e 2010

Pág. 77

BIBLIOGRAFIA

1- The Black Belt Memory Jogger; Six Sigma Academy; 1st Edition; Goal\QPC

2- Gestão da Produção; Coutois,Alain; Pillet, Maurice; Martin-Bonnefous, Chantal; 5ª Edição; Lidel

3- The Machine That Changed The World; Womack, James P.; Jones, Daniel T.; Roos, Daniel; Free

Press

4- Gestão de Operações – na indústria e nos serviços; Pinto, Paulo João; 2ª Edição; Lidel

5- What is Lean Six Sigma?; George, Mike; Rowlands, Dave; Kastle, Bill; George Group

6- Lean Six Sigma Pocket Toolbook; Michael, George L.; Rowlands, David; Price, Mark; Maxey, John;

McGraw Hill

7- The LSS Academy Guide to: Lean Manufacturing; Pereira, Ron; LSS Academy

8 – Estatística Aplicada Vol.2; Reis, Elisabeth; Melo, Paulo; Andrade, Rosa; Calapez, Teresa; Edições

Sílabo