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  • BELINI AUGUSTO VILLALBA FREIRE-MAIA

    A influncia da obstruo das vias areas superiores na

    determinao do tipo facial

    So Paulo

    2010

  • BELINI AUGUSTO VILLALBA FREIRE-MAIA

    A influncia da obstruo das vias areas superiores na

    determinao do tipo facial

    Tese apresentada Faculdade de Odontologia da Universidade de So Paulo para obteno do ttulo de Doutor em Odontologia. rea de concentrao: Ortodontia.

    Orientador: Prof. Dr. Joo Batista de Paiva

    So Paulo

    2010

  • Autorizo a reproduo e divulgao total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrnico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

    Catalogao da Publicao Servio de Documentao Odontolgica

    Faculdade de Odontologia da Universidade de So Paulo

    Freire-Maia, Belini Augusto Villalba

    A influncia da obstruo das vias areas superiores na determinao do tipo facial / Belini Augusto Villalba Freire-Maia; orientador Joo Batista de Paiva. -- So Paulo, 2010.

    96p. : fig., tab.; 30 cm. Tese (Doutorado) -- Programa de Ps-Graduao em Odontologia. rea de

    Concentrao: Ortodontia -- Faculdade de Odontologia da Universidade de So Paulo.

    1. Obstruo das vias respiratrias Tipo facial - Evidncias. 2. Ortodontia. I. Paiva, Joo Batista de. II. Ttulo.

    CDD 617.64 BLACK D42

  • FOLHA DE APROVAO

    Freire-Maia BAV. A influncia da obstruo das vias areas superiores na determinao do tipo facial. Tese apresentada Faculdade de Odontologia da Universidade de So Paulo para obteno do ttulo de Doutor em Odontologia. Aprovado em: / /2010

    Banca Examinadora

    Prof(a). Dr(a)._______________________Instituio:_________________________

    Julgamento: ______________________Assinatura:__________________________

    Prof(a). Dr(a)._______________________Instituio:_________________________

    Julgamento: ______________________Assinatura: ________________________

    Prof(a). Dr(a)._______________________Instituio:_________________________

    Julgamento: ______________________Assinatura: ________________________

    Prof(a). Dr(a)._______________________Instituio:_________________________

    Julgamento: ______________________Assinatura: ________________________

    Prof(a). Dr(a)._______________________Instituio:_________________________

    Julgamento: ______________________Assinatura: ________________________

  • DEDICATRIA Deus, meu Porto Seguro.

    Adriana, mais do que minha esposa, minha amada companheira e amiga de todas as

    horas. Sem voc este trabalho no seria possvel.

    Aos meus queridos Augusto e Lucas, mais do que meus amados filhos, meus

    grandes amigos e preciosidades da minha vida.

    A Drtia e Ademar, mais do que meus queridos pais, meus conselheiros

    e modelos para a minha vida pessoal e acadmica. Minha admirao.

  • Ao Professor Titular do Departamento de Ortodontia e Odontopediatria,

    Joo Batista de Paiva, pela oportunidade, orientao, incentivo, e ainda, pela

    alegria, simplicidade e amizade demonstrada durante o curso. Meu muito

    obrigado.

  • AGRADECIMENTO ESPECIAL

    Aos Professores Doutores Richard Louis Voegel e Renata Cantisani Di Francesco

    por terem aberto to generosamente as portas do Ambulatrio de Otorrinolaringologia

    do Hospital das Clnicas da FMUSP, que alm de tornar possvel a realizao

    deste trabalho, me deram a oportunidade de trabalhar com pessoas to

    competentes.

  • AGRADECIMENTOS

    Ao Prof. Dr. Julio Wilson Vigorito, inicialmente responsvel pelo curso de Ps-

    Graduao em Ortodontia da Universidade de So Paulo, pela confiana e oportunidade

    novamente concedida.

    Aos Profs. Drs. Joo Batista de Paiva, Jorge Abro, Jos Rino Neto, Gladys

    Cristina Dominguez-Rodriguez, Solange Mongeli de Fantini, Andr Tortamano e Lylian

    Kazumi Kanashiro pelos ensinamentos transmitidos nos seminrios e agradvel convvio.

    A Profa. Dra. Renata Cantisani Di Francesco pela cordialidade, pacincia e por ser

    to prestativa nos ensinamentos da especialidade otorrinolaringolgica.

    Ao Prof. Dr. Ademar Freire-Maia pela disposio e pacincia na reviso, elaborao

    do abstract e correo ortogrfica, assim como para a Profa. Dra. Dertia Villalba Freire-

    Maia pelas conversas acadmicas.

    Dra. Adriana Costa Sacilotto Freire-Maia pelo fundamental apoio e na ajuda

    quando surgiam dvidas.

    Aos meus sogros Dr. Hermnio Sacilotto Junior e Rosa Maria Arruda Costa

    Sacilotto pelo incentivo e apoio.

    Aos meus queridos irmos Silvia e Ademar; cunhados Fbio, Alexandre, Yeda,

    Aline, Neto e Mrcia; e sobrinhos Fabiana, Fabinho, Jos Guilherme, Isabella, Isadora e

    Lorenzo, pelo amor e, principalmente, pela grande torcida.

    Ao meu amigo e scio, Dr. Paulo Augusto Leal de Carvalho, pelas discusses

    ortodnticas, pelo convvio nos nossos projetos e, principalmente, pela amizade fraterna.

  • Aos alunos da 4 turma do curso de Doutorado na rea de Ortodontia Gilberto

    Vilanova Queiroz, Klaus Barretto dos Santos Lopes Batista, Luciana Flaquer Martins e

    Ricardo Fidos Horliana, pelo companheirismo, alegrias, ensinamentos e principalmente pela

    amizade que ficar para sempre.

    Aos colegas Mestres Andr Felipe Abro, Gustavo Adolfo Watanabe Kanno,

    Hiroshi Miasiro Junior, Miguel Ferragut Attizzani, Mnica Nacao; aos Doutores Alael

    Barreiro Fernandes de Paiva Lino, Cristiane Aparecida de Assis Claro, Jos

    Hermenergildo dos Santos Jnior, Silvia Augusta Braga Reis, Vilmar Antonio Ferrazzo;

    aos Mestrandos Annelise Nazareth Cunha Ribeiro, Carolina Pedrinha de Almeida, Edson

    Illipronti Filho, Luiz Vicente de Moura Lopes; e Doutorandos Ana Cristina Soares

    Santos Haddad, Fbio de Abreu Vigorito, Fernando Penteado Lopes da Silva, Priscila

    Campanatti Chibebe Catharino, Siddhartha Uhrigshardt Silva e Soo Young Kim

    Weffort pela agradvel convivncia durante o curso.

    Dra. Natlia Eiko Maruyama por tornar as segundas feiras de manh, no curso de

    Typodont Fundecto, mais prazerosas.

    Ao colega Dr. Fernando Stefanato Buranello por tornar as segundas-feiras tarde,

    no Ambulatrio de Otorrinolaringologia do HC, mais prazerosos, e pelas belas ilustraes que

    gentilmente realizou.

    Aos colegas Drs. Honrio Cavalheiro Junior e Alael Barreiro Fernandes de Paiva

    Lino pela disposio na incluso dos pacientes desta amostra nas clnicas de Ortodontia.

    Aos queridos funcionrios da Disciplina de Ortodontia da FOUSP, Edina Lcia Brito

    de Souza, Viviane Tkaczuk Passiano e Marinalva Januria de Jesus pelo carinho, alegre

    convvio e imensa disposio em ajudar. Vocs so 10.

  • Aos tcnicos da Disciplina de Ortodontia, Antonio Edilson Lopes Rodrigues pela

    grande ajuda nos trabalhos com os pacientes e Ronaldo Carvalho pela pronta disposio em

    ajudar e pelas brincadeiras, tornando o curso mais agradvel.

    Aos funcionrios da Disciplina de Odontopediatria, Marize Morais de Paiva, Maria

    de Ftima Pereira da Silva e Julio Csar de Lima Farias pela simpatia e disposio em

    ajudar.

    secretria do meu consultrio, Raiana Martins, pela ajuda sempre quando precisei

    e pela alegria com que executa todas as tarefas.

    s funcionrias da disciplina de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da

    USP, Maria Mrcia Alves, Maria Marilede Alves e Lucivania Lima da Silva, e

    funcionrios do Ambulatrio de Otorrinolaringologia do HC pela simpatia e ajuda num local

    totalmente estranho a mim.

    Aos funcionrios da Biblioteca, em especial a Maria Cludia Pestana pela ateno e

    na reviso e adequao deste trabalho s normas exigidas.

    s funcionrias da ps-graduao Catia Tiezzi dos Santos, Nair Hatsuko Costa e

    Alessandra Moreira de Lima.

    Ao Rogrio Scurcitto Prado pela elaborao da anlise estatstica desta pesquisa.

    Aos pacientes e responsveis que se dispuseram em se deslocar at a Faculdade para

    a realizao dos exames.

    Ao Srgio e sua equipe pela ateno e execuo das cpias e encadernao.

    CAPES pela bolsa de doutorado concedida.

  • Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e sob a as minhas

    vistas te darei conselho

    Salmo 32:8

  • RESUMO

    Freire-Maia BAV. A influncia da obstruo das vias areas superiores na

    determinao do tipo facial. (Tese de Doutorado). So Paulo: Universidade de So

    Paulo, Faculdade de Odontologia da USP; 2010.

    O objetivo neste trabalho foi de analisar a geometria nasal, a nasofaringe e a

    orofaringe, em crianas respiradoras orais com indicao de cirurgia desobstrutiva

    das vias areas superiores, e verificar a existncia de uma possvel influncia direta

    da respirao na determinao do tipo facial. Foram avaliadas 657 crianas e,

    dentre elas, foram selecionadas 75, que se submeteram a avaliao

    otorrinolaringolgica por meio de exames clnico, de radiografia cavum e/ou

    nasofibroscopia, e com as quais ficaram evidenciadas as obstrues das vias areas

    superiores com indicao cirrgica. Ao final 41 crianas (21 do gnero masculino e

    20 do feminino), entre 6,16 e 14,66 anos de idade, brasileiras, leucodermas, sem

    histria de tratamento ortodntico ou otorrinolaringolgico cirrgico (remoo de

    tonsilas faringeanas, palatinas, ou estruturas internas da cavidade nasal), aceitaram

    participar do estudo. Foram obtidas telerradiografias em norma lateral para a

    determinao do tipo facial e realizado o exame de rinometria acstica para a

    obteno da rea transversal mnima da cavidade nasal. A anlise estatstica dos

    dados (ANOVA, Razo de Verossimilhanas, anlises de varincias com medidas

    repetidas com dois fatores, comparaes mltiplas de Bonferroni, teste Kruskal-

    Wallis; com nvel de significncia de 5%) e a interpretao dos resultados obtidos

    no mostraram diferena estatisticamente significativa na rea total em MCA1 e

    MCA2 entre os tipos faciais (p > 0,05). Alm disso, a obstruo das tonsilas

    faringeanas e palatinas avaliadas separadamente ou combinadas no variou

    estatisticamente segundo os tipos faciais (p = 0,582 para tonsila faringeana e p =

    0,733 para tonsila palatina; e p = 0,925 quando combinadas). Conclui-se que, no

    presente estudo, no foi encontrada evidncia de que a obstruo das vias areas

    superiores tenha influncia determinante na definio do tipo facial.

    Palavras-Chave: cavidade nasal, crescimento e desenvolvimento, rinometria

    acstica.

  • ABSTRACT

    Freire-Maia BAV. The influence of the obstruction of the superior airway in the

    determination of the facial type (Tese de Doutorado). So Paulo: Universidade de

    So Paulo, Faculdade de Odontologia; 2010.

    The objective of this paper was to analyze the nasal geometry, the

    nasopharynx and the oropharynx in oral breathing children with indication for surgery

    clearence upper airway, in order to verify the existence of a possible direct influence

    of breathing in the determination of the facial type. A group of 657 children was

    evaluated and, among them, 75 were selected for otorhinolaryngologic evaluation

    through clinical exams, cavum radiography and/or nasal endoscopy , when the

    obstruction of the upper airway with surgical indication has been confirmed. From this

    subgroup, 41 children agreed to participate in the study (21 males: 20 females), with

    ages between 6,16 and 14,66 years, brazilians, whites, with no history of orthodontic

    treatment nor otorhinolaryngologic surgery (removal of the pharyngeal or palatine

    tonsils or internal structures of the nasal cavity). Radiographs were taken in lateral

    norm for the determination of the facial type and the acoustic rhinometry exam was

    performed for the determination of the nasal minimal transversal area. The statistical

    analyses of the data were made with the variance analysis (ANOVA), likelihood ratio

    test, analyses of variance with measures repeated with two factors, Bonferroni

    multiple comparisons, and Kruskal-Wallis test. The significance level was chosen as

    0.05. No statistically significant difference was detected in the total area in MCA1 and

    MCA2 between the facial types. Besides that, the obstruction of the pharyngeal or

    palatine tonsils, taken separately or in combination, did not vary statistically

    according to the facial pattern (p = 0.582 for pharyngeal tonsil; p = 0.733 for palatine

    tonsil; and p = 0.925 when combined). Therefore, in the present study, no evidence

    has been found that the obstruction of the superior airway has determinant influence

    in the determination of the facial type.

    Keywords: nasal cavity, growth and development, acoustic rhinometry.

  • LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 4.1 - Estao de trabalho para realizao do exame de rinometria acstica .48 Figura 4.2 - Exame de rinometria acstica................................................................51 Figura 4.3 - Ficha de exame de rinometria acstica .................................................52 Figura 4.4 - Exame clnico das tonsilas palatinas... ..................................................53 Figura 4.5 - Radiografia cavum.................................................................................54 Figura 4.6 - Hipertrofia da tonsila faringeana vista pela nasofibroscopia. .................55 Figura 4.7 - Paciente posicionado em PNC orientada para obteno da

    telerradiografia em norma lateral... ........................................................56 Figura 4.8 - Padro facial Vert (Ricketts)... ............................................................59

    Quadro 4.1 - Clculo do tipo facial - VERT................................................................60 Quadro 4.2 - Classificao do tipo facial VERT......................................................60

    Grfico 5.1 -.......Valores mdios e respectivos erros padres de MCA1 segundo lado e tipo facial .....................................................................................63

    Grfico 5.2 -.......Valores mdios e respectivos erros padres de MCA2 segundo lado

    e tipo facial .....................................................................................63

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 5.1- Descrio da idade segundo o tipo facial e resultado da comparao.62 Tabela 5.2 - Descrio do gnero segundo o tipo facial e resultado do teste de

    associao............................................................................................62

    Tabela 5.3 - Descrio das reas (cm2) segundo o lado e o tipo facial.....................64

    Tabela 5.4 - Resultado da ANOVA com medidas repetidas para as reas segundo o lado e o tipo facial.................................................................................64

    Tabela 5.5 - Resultado das comparaes mltiplas de Bonferroni para a rea MCA1 entre os tipos faciais.............................................................................65

    Tabela 5.6 - Descrio da rea (cm2) MCA1 e MCA2 segundo os tipos faciais e resultado das ANOVAs.........................................................................65

    Tabela 5.7 - Resultado das comparaes mltiplas de Bonferroni para a rea total

    MCA1 entre os tipos faciais..................................................................66 Tabela 5.8 - Distribuio das tonsilas segundo o tipo facial......................................66 Tabela 5.9 - Descrio do grau de obstruo das tonsilas palatinas e faringeanas

    associadas aos tipos faciais e resultado das comparaes.................67 Tabela 6.0 - Descrio da associao entre as tonsilas palatinas e faringeanas e os

    tipos faciais...........................................................................................67

  • LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS

    AT: rea total mnima da cavidade nasal

    cm: Centmetro - unidade de medida

    cm2: Centmetro quadrado unidade de medida de rea

    cm3: Centmetro quadrado unidade de medida de volume

    ERM: Expanso rpida da maxila

    Fem.: Feminino

    Masc.: Masculino

    mm: Milmetro unidade de medida

    MCA: rea transversal mnima da cavidade nasal

    MCA1: rea transversal mnima da cavidade nasal de 0 at 22mm da entrada

    da cavidade nasal

    MCA2: rea transversal mnima da cavidade nasal de 22 at 54mm da entrada

    da cavidade nasal

    PNC: Posio Natural da Cabea

    VERT: Tipo Facial

  • SUMRIO

    1 INTRODUO ..................................................................................................... ..17

    2 REVISO DA LITERATURA .................................................................................20

    2.1 Tipo facial/crescimento facial/respirao .......................................................20

    2.2 Avaliao otorrinolaringolgica.......................................................................34

    2.3 Rinometria acstica .......................................................................................... 36

    3 PROPOSIO ...................................................................................................... .46

    4 CASUSTICA - MATERIAL E MTODOS .............................................................47

    5 RESULTADOS...................................................................................................... .62

    6 DISCUSSO ......................................................................................................... .68

    7 CONCLUSES ..................................................................................................... .78

    REFERNCIAS........................................................................................................ .79

    APNDICES ........................................................................................................... . 86

    ANEXOS ...................................................................................................................91

  • 17

    1 INTRODUO

    A Ortodontia, como toda cincia, possui temas que, desde o incio da

    especialidade, geram discusso sem que se tenha chegado a um consenso. Dentre

    esses temas, podemos destacar a relao causa-efeito entre respirao e

    crescimento craniofacial. Esse assunto gera muito interesse na especialidade, pois o

    profissional se depara constantemente com crianas e adolescentes com sinais e

    sintomas de obstruo nasal e, ao mesmo tempo, desequilbrios dentofaciais.

    As causas da obstruo da cavidade nasal podem ser atresia coanal (ssea

    ou membranosa), estreitamento das narinas, desvio de septo, tecido linfide

    hipertrfico, rinite alrgica, neoplasias, plipos, traumas e iatrogenias (Rubin, 1979).

    A regio de maior resistncia nasal e de maior importncia para o fluxo areo se

    encontra na poro anterior das cavidades nasais, que compreende a narina e a

    vlvula nasal (Nigro, 2004).

    As tonsilas faringeanas e palatinas, que fazem parte de estruturas linfticas

    conhecidas como anel de Waldeyer, tm recebido ao longo dos anos ateno

    especial dos ortodontistas, visto estarem relacionadas s funes da lngua, e,

    principalmente a funo respiratria. A hipertrofia da tonsila faringeana participa,

    muitas vezes, associada hipertrofia das tonsilas palatinas, da obstruo das vias

    areas superiores (Loureno et al., 2005).

    Vrios mtodos de avaliao tm sido propostos, ao longo dos anos, para

    tentar mensurar a poro anterior da cavidade nasal. Nesse contexto foi introduzido

    a rinometria acstica, que um mtodo no invasivo, reprodutvel, de fcil execuo

    e que requer mnima cooperao do paciente. O exame permite avaliar reas

    seccionais por toda a extenso da cavidade nasal, sendo til para medir a geometria

    nasal (Fisher et al., 1993; Corey et al. 1997). til na avaliao de mudanas na

    patncia nasal do indivduo aps alteraes de postura (sentado, posio supina e

    deitado de lado), obstruo mecnica (uma narina bloqueada mecanicamente),

    variaes de temperatura e umidade (Lal et al., 2006), aps exerccios fsicos

    (Fonseca et al., 2006), e mecanoterapia ortodntica (Marchioro et al., 2001), alm de

    possibilitar na identificao de alteraes da permeabilidade nasal, no

    acompanhamento ps-operatrio, e na avaliao dos efeitos de medicamentos (Lal

    et al., 2006; Trindade et al., 2007). um mtodo que apresenta alta correlao com

    os dados obtidos pela tomografia computadorizada, principalmente nos segmentos

  • 18

    anteriores (Mamikoglu et al. 2000; Terheyden et al., 2000), com a vantagem de ser

    de menor custo. A anlise feita pelos sons refletidos da cavidade nasal em

    resposta a uma onda sonora incidente emitida por uma fonte acstica (Trindade et

    al, 2007).

    O diagnstico da obstruo respiratria da naso e orofaringe pode ser

    realizado inicialmente por exames clnicos e radiogrficos. A radiografia cavum por

    ser um mtodo simples, fcil, confortvel e de baixo custo para avaliar o tamanho

    das adenides e o grau de obstruo das vias areas superiores (Loureno et al.,

    2005), o exame por imagem mais utilizado, alm disso, apresenta fortes

    correlaes entre parmetros clnicos, cirrgicos e outros exames complementares

    (Araujo Neto et al., 2004; Kinderman et al., 2008). Se, por ventura, estes

    procedimentos (exame clnico e radiogrfico) se mostrarem insuficientes na

    determinao da causa da obstruo, a nasofibroscopia fornece mais informao

    sobre essa regio, tendo em vista que ela permite visualizar todas as estruturas

    presentes na nasofaringe e o grau de obstruo das vias areas superiores de forma

    dinmica. Desta forma, a nasofibroscopia se apresenta como mtodo a ser realizado

    em casos duvidosos, fornecendo uma avaliao adicional do grau de obstruo da

    cavidade nasal e da nasofaringe, conduzindo com segurana ao diagnstico final

    (Oliveira et al., 2001; Loureno et al., 2005).

    Pode-se fazer uma analogia das vias areas superiores (cavidade nasal, naso

    e orofaringe) com um tubo com diferentes reas transversais internas que podem

    facilitar ou dificultar a passagem do ar para os pulmes (Paiva, 2006). Como a

    fisiologia respiratria vital ao ser humano, uma vez que as estruturas internas

    preencham grande parte do espao interno deste tubo, dificultando, ou at

    impedindo a passagem do ar, o indivduo ir se adaptar, alterando seu modo de

    respirao de nasal para oral. Para alguns autores esta mudana poderia influenciar

    no desenvolvimento morfolgico da face e dos dentes (Subtelny, 1954; Harvold et al.

    1973; Rubin ,1979; Tourne, 1990; Santos Pinto, 1993), e que a remoo cirrgica da

    obstruo permitiria o restabelecimento da respirao nasal e, consequentemente,

    redirecionando o crescimento craniofacial de vertical para horizontal (Kerr, 1989). J

    para outros pesquisadores, o tipo facial determinado geneticamente logo nos

    primeiros anos de vida (Broadbent, 1937; Karlsen, 1998), mantendo-se constante

    (Isaacson, et al. 1971), sendo duvidosa a influncia direta de fatores externos, como

    o padro respiratrio (Kluemper et al., 1995), e, que intervenes mdicas e terapias

  • 19

    cirrgicas para aliviar a obstruo nasal em crianas (adenoidectomia ou

    amigdalectomia) no tm mostrado afetar a forma final da face (Shapiro, 1988).

    Para verificar a influncia da respirao na determinao do tipo facial,

    propusemo-nos a investigar a obstruo das vias areas superiores, desde a poro

    anterior da cavidade nasal at a regio das tonsilas palatinas, em pacientes que

    apresentam indicao cirrgica para o tratamento dessa obstruo.

  • 20

    2 REVISO DA LITERATURA

    A reviso da literatura foi dividida em trs tpicos relacionados aos assuntos:

    tipo facial/crescimento facial/respirao, avaliao otorrinolaringolgica e rinometria

    acstica.

    2.1 Tipo facial/crescimento facial/respirao

    Broadbent (1937) estudou radiograficamente crianas com um ms de vida

    at a fase adulta, comprovando a importncia do estudo cefalomtrico no

    acompanhamento do crescimento craniofacial. Para o autor, o padro craniofacial se

    estabelece logo nos primeiros anos de vida, mantendo-se constante em crianas

    normais, que na definio do autor so aquelas que so saudveis de corpo e de

    mente; so psquica, mental e emocionalmente desenvolvidas; e que apresentam

    um progresso de desenvolvimento compatvel com a idade.

    Brodie (1946) afirmou que o padro de crescimento proporcional, o que

    significa que a desarmonia est presente antes do nascimento e no pode ser

    mudada pelo tratamento. O pesquisador assegurou que a face mantm sua

    proporo por toda vida. Desse modo, por exemplo, a altura nasal pode

    corresponder a 43% do total da face em um indivduo e 50% em outro, mas, se

    essas porcentagens se manifestarem cedo, elas no se alteraro durante toda a

    vida. Em estudo longitudinal dos trs meses de vida at 18 anos de idade, Brodie

    no encontrou nenhum caso em que tenha acontecido qualquer grande alterao no

    padro morfogentico do crnio humano, tendo se estabelecido muito cedo.

    Subtelny (1954) escreveu sobre a importncia do tecido adenoideano em

    ortodontia, afirmando que obstrues no espao nasorespiratrio poderiam

    influenciar no desenvolvimento morfolgico da face e dos dentes. A funo

    nasorespiratria inadequada, com funo muscular pobre dos lbios, pode ser

    diretamente responsvel pelo aumento gradual da protruso do arco dentrio

    superior. Uma vez irrompidos atravs do processo alveolar, os dentes estariam

    sujeitos influncia direta ou indireta de vrios fatores ambientais, que poderiam

    afetar sua posio dentro do processo alveolar. A obstruo do espao nasal,

    acompanhada de modificaes ambientais, poderia provocar influncias nocivas ao

  • 21

    desenvolvimento da dentio. O autor afirmou que, por necessidade, a respirao

    atravs da cavidade oral requer numerosas adaptaes musculares, dentre as quais

    o abaixamento da mandbula, acompanhada da lngua que, nesta posio, no se

    contrape fora sagital da musculatura peribucal, podendo resultar num arco

    maxilar atrsico e projetado anteriormente. Segundo o autor, quando o tratamento

    ortodntico for concludo na presena de obstruo da nasofaringe, o potencial de

    recidiva da malocluso ser muito grande.

    Ricketts (1968) observou em indivduos em que as tonsilas estavam

    presentes, havia alta freqncia de efeitos colaterais. Dessa forma, descreveu as

    caractersticas de um indivduo com sndrome da obstruo respiratria. O autor

    percebeu tambm que, para aumentar o espao areo e, consequentemente, o fluxo

    de ar, a cabea se estendia ou inclinava para trs. Uma vez realizada a

    adenoidectomia, eliminando, assim, a obstruo do espao areo nasal, e a

    respirao passava de oral para nasal, ocorriam consequentemente mudanas na

    postura da cabea.

    Isaacson et al. (1971) citaram que h uma relativa proporo entre os

    crescimentos horizontais e verticais, tendo sido constante em um determinado

    indivduo, caracterizando um vetor de crescimento relativamente estvel.

    Segundo Harvold et al. (1973), estudos pilotos demonstraram que o macaco

    rhesus pode servir como modelo experimental em estudos da etiologia da m

    ocluso dentria. Partindo deste princpio, os autores estudaram 18 primatas

    machos, que tiveram o nariz obstrudo por um tampo de silicone, e os compararam

    com outros sem tamponamento. O grupo experimental apresentou mudanas

    morfolgicas consistentes, tais como: rachadura dos lbios superiores, adaptao do

    formato da lngua, mudana na inclinao dos incisivos superiores, aumento da

    altura facial inferior, aumento do ngulo gonaco e maior inclinao do plano

    mandibular; caractersticas no encontradas no grupo controle.

    Schendel et al. (1976) relataram que havia uma morfologia facial clinicamente

    reconhecvel, a sndrome da face longa, e que, at ento, tinha sido

    incompletamente descrita na literatura. Os autores avaliaram clinicamente a esttica,

    a morfologia esqueltica e a ocluso de 31 adultos com esta sndrome. Ao final,

    encontraram que essa deformidade dentofacial est associada ao crescimento

    vertical excessivo da maxila.

  • 22

    Rubin (1979) descreveu as caractersticas presentes nos indivduos

    respiradores orais: face longa, mordida aberta anterior, palato profundo, expresso

    inerte, gengiva anterior inflamada devido ausncia de selamento labial, inclinao

    excessiva do plano mandibular e malocluso de classe II. A etiologia da obstruo

    das vias areas podem ser congnita, adquirida ou desenvolvida. As causas de

    origem congnita so a atresia coanal, que pode ser ssea ou membranosa, e

    estreitamento das narinas. As causas adquiridas so desvio de septo, tecido linfide

    hipertrfico, rinite alrgica, neoplasias, plipos, traumas e iatrogenias. Se ambos os

    pais tem histria de alergias, o descendente direto tem 70% de chance de

    desenvolv-la; e quando apenas um dos pais alrgico, a probabilidade cai para

    50%. A maior causa de obstruo nasal durante os primeiros seis meses de vida a

    alergia a alimentos, em especial ao leite de vaca, que deve ser evitado quando h

    histrico familiar.

    Ricketts et al. (1982) descreveram as caractersticas dos trs tipos faciais.

    - Dolicofacial, com direo de crescimento predominantemente vertical, face

    longa e estreita. Perfil facial convexo. A musculatura hipotnica, ngulo mandibular

    muito inclinado, e devido direo de crescimento vertical da mandbula h

    tendncia mordida aberta anterior. Devido face e as narinas serem estreitas,

    tornam estes pacientes mais propensos a terem dificuldades de respirar pelo nariz.

    Geralmente est associado com malocluso Classe II diviso1 e mordida aberta

    anterior.

    - Mesofacial, apresenta equilbrio entre os vetores de crescimento horizontal e

    vertical, sendo o prognstico de tratamento mais favorvel. Como caractersticas

    dentrias normalmente apresentam formas das arcadas ovides, com maxila e

    mandbula proporcionais, com conseqente perfil harmnico.

    - Braquifacial, apresenta predomnio de crescimento horizontal sobre o vertical,

    levando a faces curtas e largas, com mandbula forte e quadrada. Este padro

    geralmente associado a malocluso Classe II diviso 2 e mordida profunda. No

    sentido transversal, as arcadas dentrias so amplas, opostas das triangulares

    presentes nos dolicofaciais. Apresenta prognstico mais favorvel do que seu

    antagonista, o dolicofacial.

    Com o objetivo de descrever as caractersticas dentofaciais verticais de

    crianas e adultos com faces longas, normais e curtas e identificar os fatores

    morfolgicos associados com a face longa, Fields e colaboradores (1984)

  • 23

    radiografaram (telerradiografia) 42 crianas de 6-12 anos de idade e 42 adultos com

    variados tipos faciais verticais. O estudo demonstrou que os padres verticais faciais

    em faces longas e normais de crianas e adultos podem ser identificados

    clinicamente e que as diferenas esto localizadas abaixo do plano palatino. As

    diferenas esquelticas que levam a desproporo na altura facial inferior em

    crianas com face longa e curta, em comparao com as de face normal, so

    relacionadas com a morfologia mandibular, mas no no comprimento do corpo e do

    ramo, mas sim no ngulo gonaco, que acentuadamente aumentado ou diminudo,

    respectivamente. Os dados encontrados mostram apenas uma eventual tendncia

    na direo de altura de ramo mandibular curto nas crianas com face longa, mas

    estatisticamente insignificante. No entanto, segundo os autores, talvez porque um

    significante alongamento do ramo ainda no tenha ocorrido na amostra pr-

    adolescente. Os autores finalizam afirmando que o padro facial se estabiliza cedo,

    mas podem ocorrer eventos durante a adolescncia que ampliam ou mantm as

    diferenas.

    No estudo sobre mudanas longitudinais em diferentes tipos faciais, Bishara e

    Jakobsen (1985) tiveram como objetivo descrever e comparar o relacionamento

    dentofacial nos trs tipos faciais (dlico, meso e braquifacial). Para tanto,

    acompanharam as mudanas longitudinais e transversais que ocorreram em 35

    indivduos (20 do gnero masculino e 15 do feminino), com idades entre 5 e 25,5

    anos. Os autores verificaram que a maioria da amostra (77%) apresentou o mesmo

    tipo facial aos 5 e aos 25,5 anos de idade. Segundo eles, os outros 23% que

    mudaram de tipo facial j eram borderline entre dois tipos faciais e que fatores

    epigenticos foram os responsveis pelas mudanas. Portanto, segundo os

    pesquisadores, h uma forte tendncia de se manter o tipo facial original com a

    idade. Os autores ilustram esta situao com um fato curioso. Dois gmeos

    monozigticos foram separados logo aps o nascimento, voltando a se encontrarem

    somente na fase adulta. A infncia e adolescncia foram muito diferentes entre eles,

    sendo que um foi criado em um ambiente domstico estvel, enquanto o outro em

    um ambiente fsica e mentalmente adverso. Na fase adulta houve uma diferena

    considervel de altura entre eles (8,3 cm), mas o padro se manteve igual,

    mostrando a fora do fator gentico na sua determinao.

    Shapiro (1988) afirmou controversa a relao entre a obstruo nasal e

    crescimento facial. Muito da controvrsia se relaciona a falta de conhecimento

  • 24

    profundo em quantificar a respirao nasal e oral e tambm pela falta de estudos

    longitudinais. Intervenes mdicas no tm demonstrado influenciar o padro de

    crescimento facial em crianas alrgicas. Para o autor, terapias cirrgicas para

    aliviar a obstruo nasal em crianas (adenoidectomia ou amigdalectomia) no tm

    mostrado afetar a forma final da face como esperado. Shapiro concluiu que embora

    a literatura demonstre um relacionamento entre obstruo da respirao nasal e

    crescimento facial, o clnico deveria ser cauteloso em prescrever terapias agressivas

    ou em prometer resultados drsticos.

    Nanda (1988) realizou um estudo longitudinal dos 3 aos 18 anos de idade

    para avaliar o padro de crescimento vertical da face. A amostra consistiu de 16

    meninos e 16 meninas leucodermas, sem tratamento ortodntico. As crianas foram

    radiografadas anualmente e divididas em grupos com mordida aberta esqueltica e

    com mordida profunda esqueltica. O autor concluiu que indivduos com mordida

    aberta e profunda crescem distintamente. Como caracterstica, os indivduos com

    mordida aberta apresentam altura facial ntero-inferior aumentada (Ans-Me), e

    profunda, aumento da altura facial ntero-superior (N-Ans). Segundo Nanda, o

    padro de desenvolvimento de cada tipo facial se estabelece bem precocemente,

    antes mesmo da irrupo dos primeiros molares permanentes e bem antes do surto

    de crescimento puberal.

    Durante 5 anos, Kerr (1989) acompanhou longitudinalmente 52 crianas,

    sendo que 26 (13 meninos e 13 meninas) aps a realizao de cirurgia para a

    remoo das adenides e 26 como controle (13 meninos e 13 meninas). Todas as

    crianas do grupo experimental passaram de respiradoras orais para nasais.

    Quando comparadas ao grupo controle, as crianas com 5 anos ps-adenoidectomia

    mostraram tendncia em direo normalidade de crescimento, de tal forma que se

    tornaram menos dolicocfalas nas caractersticas faciais. Essa mudana ocorreu por

    alterao na posio espacial e na forma da mandbula, com direo de crescimento

    mais para anterior.

    Martins et al. (1989) avaliaram cefalometricamente a influncia da hipertrofia

    amigdaliana de 120 adolescentes leucodermas com malocluso, sendo 60 de classe

    I e 60 classe II, diviso 1, de ambos os gneros na faixa etria de 7 a 10 anos de

    idade. Os resultados indicaram que a hipertrofia amigdaliana influenciou

    significativamente as medidas verticais da face, de tal forma que caracterizou uma

    significante tendncia de crescimento vertical na regio anterior da face. Os autores

  • 25

    salientaram, porm, que o padro facial um fator predisponente. Segundo eles, um

    adolescente com padro esqueltico braquifacial, com musculatura forte,

    provavelmente no sofrer influncias do fator amgdalas hipertrficas, j que

    provavelmente a dimenso transversa da faringe seja maior; por outro lado, o

    dolicofacial estaria mais propenso s alteraes clnicas decorrentes da obstruo.

    Silva Filho et al. (1989) lembram que a nasofaringe que se situa entre a

    cavidade nasal e a bucofaringe, acima do palato mole, devido a sua importncia no

    processo respiratrio, parte da faringe de maior interesse na ortodontia. A face

    adenidea, ou sndrome da face longa, ou ainda sndrome da obstruo respiratria,

    possuidora das seguintes caractersticas: face longa e estreita (reflexo de um

    crescimento predominantemente vertical), narinas pouco desenvolvidas, lbios

    entreabertos com hipotonia do superior e hipertonia do inferior, expresso vaga e

    inerte, protruso ocasional dos incisivos superiores e atresia maxilar. Essas

    alteraes do padro facial no so conseqncias diretas da respirao oral, mas

    representam alteraes secundrias e compensatrias. Neste estudo, os

    pesquisadores determinaram cefalometricamente as dimenses da nasofaringe em

    crianas de 7 anos de idade, com padro craniofacial normal e respirao nasal. A

    amostra consistiu de 47 crianas do gnero masculino e 54 do feminino. A

    porcentagem da nasofaringe destinada passagem do ar correspondeu, em mdia,

    a 47% da profundidade total. As concluses a que chegaram os autores foram que,

    em crianas respiradoras nasais e portadoras de ocluso normal, o espao

    faringeano no influencia a morfologia craniofacial e que a inter-relao funo

    respiratria x morfologia craniofacial mais complicada do que qualquer predio

    matemtica, dependendo de uma intricada interao gentica e ambiente.

    Para Tourne (1990) a mudana do padro respiratrio nasal para oral

    proporciona adaptaes funcionais que tem sido associado h muitos anos com

    desvios do padro de crescimento craniofacial. Vrias caractersticas dentrias e

    morfolgicas tm sido associadas diminuio da capacidade respiratria nasal, tais

    como: aumento da altura facial anterior inferior, aumento do plano mandibular e

    ngulo gonaco e palato ogival, perfil facial convexo. Estas caractersticas presentes

    no indivduo resultam na sndrome da face adenoideana, ou mesmo sndrome da

    face longa, que so decorrentes, talvez, do maior fator etiolgico na induo do

    crescimento vertical excessivo - a respirao oral. H uma corrente que considera a

    respirao oral como principal fator etiolgico ao desenvolvimento da sndrome da

  • 26

    face longa; j outra escola preconiza a hereditariedade como principal fator e que a

    respirao via boca no teria nenhuma influncia direta, mas seria conseqncia de

    estreitamento das dimenses nasofaringeanas em tipos faciais estreitos.

    Woodside et al. (1991) citaram que as contribuies dos fatores ambientais

    para o desenvolvimento facial tm demonstrado associao entre a obstruo das

    vias areas e variaes indesejveis na morfologia facial. Resolveram ento testar a

    hiptese de que o restabelecimento da respirao nasal em crianas com obstruo

    nasofaringeana severa influencia a direo e a quantidade do crescimento

    maxilomandibular. Para tanto, eles selecionaram 60 pacientes sem tratamento

    ortodntico, que haviam se submetido a adenoidectomia para liberar uma obstruo

    nasal severa, comprovada pela medio do fluxo areo por rinomanometria

    posterior. As medies foram refeitas um ms e um ano aps a remoo. Aps a

    cirurgia, 48 crianas (80%) passaram de respiradores orais para respiradores nasais.

    Numa segunda fase, foram selecionadas 38 crianas (22 meninos e 16 meninas)

    que estiveram disponveis para o estudo cinco anos aps a cirurgia. O grupo

    controle constou de 37 crianas (20 meninos e 17 meninas) que no tinham histria

    de obstruo nasal, alergia nasorespiratria ou otite mdia, nem se submetido a

    tratamento ortodntico. As anlises cefalomtricas demonstraram que o crescimento

    mandibular foi mais horizontal aps a adenoidectomia, quando comparado ao grupo

    controle, melhorando a projeo do mento na face.

    Santos Pinto et. al. (1993) avaliaram as conseqncias da reduo do espao

    nasofaringeano ocasionadas por diferentes situaes de tonsila faringeana (ausente

    a obstrutiva) no desenvolvimento dentofacial. Analisaram 75 pacientes de 8 a 14

    anos de idade, brasileiros, leucodermas, de ambos os gneros, por meio de modelos

    de gesso e telerradiografias. Observaram que os ngulos Ns.PO; NS.GoMe e NS.Gn

    foram influenciados pela reduo do espao nasofaringeano, com conseqente

    ocorrncia de um padro de crescimento vertical. Constataram tambm que o

    espao nasofaringeano menor ou igual a 4mm j suficiente para resultar em

    alteraes dentoesquelticas importantes.

    Kluemper et al. (1995) comentam que tratamentos mdicos e cirrgicos so

    realizados com a inteno de modificar a respirao e, consequentemente,

    restabelecer o crescimento facial. Essa crena clnica continua. Devido falta de

    evidncias conclusivas de uma relao entre respirao oral e crescimento facial, ou

    que tais modalidades de tratamento possam modificar o modo de respirao, os

  • 27

    autores se avaliaram cefalometricamente 102 pacientes com idades entre 7 e 53

    anos, sendo que mais de 50% da amostra estavam entre 11 e 16 anos. Como

    resultado, os pesquisadores encontraram que: (1) as anlises cefalomtricas so

    pobres indicadores de obstruo nasal e no deveriam ser utilizadas para se tomar

    decises clnicas; (2) morfologia facial e modo de respirao no esto

    relacionados.

    Segundo Enlow e Hans (1998), os determinantes genticos e funcionais do

    desenvolvimento do osso esto nos tecidos moles que iro regular as atividades

    histognicas dos tecidos conjuntivos osteognicos. Sendo assim, o crescimento no

    programado no prprio osso, mas nos msculos, lngua, lbios, bochechas, vasos

    sangneos, espao areo, tonsilas, adenides, etc. Se a forma da face de uma

    criana est equilibrada, o crescimento equilibrado vai mant-la assim; por outro

    lado o crescimento desequilibrado vai alterar o padro facial para um estado de

    desequilbrio. Os diferentes tipos faciais presentes so conseqncia deste binmio

    equilbrio/desequilbrio, alm das variadas formas da cabea, diferenas tnicas e as

    variaes do dimorfismo sexual. Os autores apresentaram em seu livro as

    caractersticas que diferem uma face braquicfala de uma dolicocfala. A primeira

    apresenta um nariz mais curto no sentido vertical, protrusivo e com a ponta mais

    arredonda, alm de ser mais grosso e ter uma exposio maior das narinas; j no

    dolicocfalo, o nariz mais longo e estreito, e sua extremidade mais pontuda e

    voltada para baixo (o que aumenta com a idade). No dolicocfalo, devido natureza

    verticalmente longa da face mdia, ocorre rotao da mandbula para baixo e para

    trs, resultando em uma face retrogntica; em contrapartida, na face braquicfala a

    mandbula tende a ser protruda, conferindo um perfil mais reto ou at mesmo

    cncavo, e internamente se caracteriza por palato e arco maxilar mais largo, porm

    mais curto e raso. Em diversos pases da Europa continental, o tipo facial

    predominante o dolicocfalo, enquanto na Europa central, predomina o tipo

    braquicfalo. Em vrias partes do mundo, devido migrao populacional, houve

    uma distribuio muito mais desordenada das formas ceflicas. Conforme os

    pesquisadores, o desenvolvimento de qualquer regio da face no totalmente

    programado individualmente, mas susceptveis a controles externos regio.

    Joseph et al. (1998), com o objetivo de comparar as dimenses da

    nasofaringe, orofaringe e hipofaringe de indivduos com tipos faciais hiper e

    normodivergentes, bem como determinar se h variaes entre os tipos faciais,

  • 28

    selecionaram 50 pacientes (27 experimentais e 23 controles). Para enquadr-los nos

    diferentes tipos faciais, foi utilizado o ngulo FMA (ngulo formado entre os planos

    de Frankfurt e mandibular), da seguinte forma: FMA maior do que 33 e

    incompetncia labial de 4mm ou mais hiperdivergente (grupo experimental); FMA

    menor do que 33 (com mnimo de 17) - normodivergente (grupo controle), com

    mnimo apinhamento dentrio e esttica aceitvel. Os grupos se assemelhavam

    muito em idade, gnero, e caractersticas raciais. Foram, ento, feitas

    telerradiografias em norma lateral dos pacientes em posio natural da cabea. Os

    dados mostraram que todos os pacientes do grupo hiperdivergente apresentaram

    dimenso da faringe no sentido ntero-posterior mais estreita quando comparada

    com as medidas obtidas no grupo normodivergente. Esse estreitamento foi

    percebido especificamente na nasofaringe, ao nvel de palato duro, e na orofaringe,

    ao nvel de extremidade de palato mole e da mandbula. Houve ainda um

    estreitamento da parede posterior da faringe ao nvel da borda inferior da terceira

    vrtebra cervical. Os autores concluram que a dimenso mais estreita do espao

    areo no sentido ntero-posterior em pacientes hiperdivergentes pode ser atribuda

    s caractersticas esquelticas comuns nesses indivduos, tais como retruso de

    maxila e da mandbula e excesso maxilar vertical.

    Com o propsito de analisar e comparar a morfologia craniofacial e

    incrementos de crescimento, Karlsen (1998) estudou cefalometricamente dois

    grupos de 12 meninas dos 6 aos 18 anos de idade (aos 6, 9, 12, 15 e 18 anos de

    idade). Na avaliao inicial, um dos grupos apresentava relao normal entre as

    bases sseas, enquanto o outro tinha moderada protruso mandibular. O autor

    concluiu que as diferenas morfolgicas entre os grupos j existiam aos 6 anos de

    idade e no apareceram novas diferenas mais tarde. As relaes sagitais no

    pioraram com o crescimento e as diferenas existentes inicialmente entre os grupos

    permaneceram relativamente imutveis dos 6 aos 18 anos de idade. Os dados

    obtidos so favorveis hiptese de que o padro craniofacial determinado nos

    primeiros anos de vida e raramente muda com o tempo.

    Sadowsky (1998) lembrou que a poca de tratamento para alcanar timos

    resultados um assunto de extrema importncia para o ortodontista. Uma vez

    estabelecido, o padro morfogentico no pode ser alterado e que o crescimento

    muito prprio de cada indivduo. As mdias de tendncias de crescimento de uma

    populao servem apenas como guias, j que a predio para o indivduo mais

  • 29

    complexa e problemtica. O autor concluiu que o centro do problema em relao

    poca de tratamento se a ortopedia dentofacial possvel. Segundo ele, o grau de

    alterao ortopdica e sua durao por enquanto so indeterminados.

    Fujiki e Rossato (1999) realizaram uma extensa reviso da literatura, tendo

    constatado que, apesar de ser um assunto que vem sendo discutido h vrias

    dcadas, o tema respirao x morfologia facial est longe de ser unanimidade,

    quando se refere determinao de qual o fator primrio, o gentico ou o

    ambiental. Segundo os autores, a maioria das pesquisas considera a respirao

    nasal como estmulo primrio dos espaos funcional nasal, bucal e faringeano, e que

    os fatores genticos so secundrios aos fatores ambientais. No entanto, muitos

    pesquisadores contestam essa hiptese, alegando que as pesquisas feitas no

    apresentam metodologia confivel, comprometendo assim os resultados, sendo

    frgil para sustentar tais afirmaes. Por fim, apesar de citarem a face longa, entre

    outras, como caracterstica dos portadores de hipertrofia adenoideana, os autores

    concluram que, devido utilizao imprecisa de metodologia de alguns trabalhos,

    mais pesquisas so necessrias, antes de se poder afirmar que a hipertrofia

    adenoideana obstrutiva um agente etiolgico isolado de alteraes craniofaciais.

    Gregoret (1999) escreveu que o bitipo facial de suma importncia, pois

    juntamente com a idade e o sexo, fornece elementos para o correto planejamento. O

    autor tambm alertou sobre mecnicas prejudiciais ao tipo de padro do paciente.

    Provavelmente, segundo ele, a falta de percepo desses dados podem ter levado a

    muitos planejamentos ortodnticos equivocados. Segundo Gregoret, indivduos que

    apresentam padro dolicofacial apresentam narinas mais estreitas tornando-os mais

    propensos a serem respiradores orais, alm disso, devido ao predomnio de

    crescimento vertical, torna o prognstico mais duvidoso quando comparado aos

    outros tipos faciais.

    Alcazar et al. (2004) procuraram comparar os espaos naso e bucofarngeo

    de 40 pacientes com m ocluso de classe I e 40 com classe II, diviso 1, de ambos

    os gneros, com idade mdia de 11 anos e 6 meses (com idades entre 8 e 15 anos),

    sem histria de tratamento ortodntico, remoo de tonsilas, respiradores nasais e

    orais. Os dois grupos foram subdivididos de acordo com o padro de crescimento

    facial: normal e vertical. Como resultado, obtiveram que apenas o espao

    nasofarngeo no grupo classe I, com padro de crescimento vertical, apresentou-se,

    estatisticamente, menor do que nos outros grupos com crescimento normal. O

  • 30

    espao bucofarngeo no sofreu alterao significativa entre os grupos. No houve

    presena de obstruo dos espaos naso e orofarngeo em nenhum dos grupos

    avaliados, o que levou os autores a concluso de que mesmo tendo na amostra

    respiradores orais, o motivo dessa obstruo pode estar relacionada a outras

    possveis causas, como tamanho das narinas, desvio de septo, deformidades das

    conchais nasais.

    Bishara (2004) avaliou as caractersticas de diferentes tipos faciais: longo,

    mdio e curto. A primeira questo foi: com que freqncia s pessoas mudam seu

    tipo facial entre os 5 e os 25 anos de idade? A maioria da populao (77%), segundo

    os estudos, apresenta o mesmo tipo facial aos 5 e aos 25 anos de idade. Isto

    significa que a maioria das pessoas tem forte tendncia a manter o mesmo padro

    facial com o crescimento, mas as diferenas entre os trs tipos faciais,

    principalmente nas relaes verticais, aumentaram com a idade, tornando-se bem

    evidente na fase adulta. Dessa forma, o padro facial ficou mais definido com a

    idade. Bishara citou o caso de dois gmeos monozigticos que foram separados ao

    nascimento e viveram sob condies bem distintas, sendo um em ambiente

    domstico e outro em condies bem adversas (fsica e mentalmente). Quando

    comparados na fase adulta, a diferena em altura foi significativa, com o lactante

    normal sendo 8,3cm mais alto do que o outro; o interessante que, mesmo assim,

    o padro esqueltico deles foi semelhante. Mesmo a maioria (77%) mantendo o

    padro facial dos 5 aos 25 a nos de idade, 23% dos indivduos mudaram na

    classificao de tipo facial, o que poderia ser explicado porque as mudanas

    ocorreram principalmente nos casos limtrofes entre dois tipos faciais (mdio para

    longo ou do curto para o mdio). O autor comenta que difcil determinar o por qu

    dessas mudanas, mas elas podem ser devidas a expresso gentica tradia ou o

    resultado de influncias ambientais, ou at mesmo uma combinao de ambos os

    fatores. Em relao s curvas de crescimento, elas se mostram com tendncias

    similares nos trs tipos faciais, ou seja, independentemente do tipo facial, a curva

    demonstra uma relao paralela, claro que com magnitude maior das curvas para as

    dimenses faciais verticais no tipo facial longo. Outra questo levantada : quanta

    variao existe nas caractersticas dentofaciais de cada tipo facial? Mesmo dentro

    de um mesmo tipo facial, h variao de tamanho e na relao das diferentes partes

    do complexo dentofacial, tornando cada paciente um indivduo nico, devendo ser

    tratado como tal.

  • 31

    Segundo Proffit et al. (2005), a respirao oral tem sido culpada por muitos

    problemas nos seres humanos durante o desenvolvimento dentofacial. Mas, at que

    ponto ela pode causar deformidades dentofaciais? Esses autores citaram o trabalho

    de Harvold et al. (1981), no qual ficou demonstrado que o tamponamento total das

    narinas de macacos resultava em mudanas na postura mandibular e

    desenvolvimento do prognatismo mandibular. Proffit e cols lembraram que o ser

    humano se adapta mais rapidamente respirao oral, alm do que raramente

    apresenta obstruo nasal total, como realizado na pesquisa de Harvold et al.

    (1981). Quando jovens desenvolvem obstruo nasal total, ocorre uma rotao

    acentuada da mandbula para baixo e para trs, e o crescimento resulta em

    indivduos com face longa. Mas, ser que a respirao parcialmente obstruda

    resultar em face longa? De acordo com Proffit et al., esta pergunta difcil de ser

    respondida por duas razes. A primeira, porque difcil quantificar a extenso da

    respirao oral; e a segunda, porque muito difcil monitorar como a criana respira

    em intervalos de tempo muito extensos. Esses pesquisadores concluram que a

    maioria dos indivduos com face longa apresenta respirao normal, mas que a

    obstruo respiratria pode levar a um crescimento cuja conseqncia ser a face

    longa, embora esta possa no ser necessariamente um fator predisponente para

    muitas crianas. A viso geral dos autores de que a maioria dos indivduos mostra

    os sinais de seu problema de crescimento ainda quando jovem e continua a crescer

    de uma forma que mantm ou at gradualmente agrava o problema, sendo pouco

    provvel que o fator gentico no exera influncia nisso. Provavelmente

    necessria a interao de fatores genticos e ambientais para criar um problema

    grave, mas ao final - admitem - pouco se sabe sobre os fatores ambientais e sobre

    como eles interagem com os mecanismos de controle gentico.

    Menezes (2006) relatou que raro um padro de respirao exclusivamente

    oral. O mais comum o indivduo respirar parte via oral e parte via nasal, sendo,

    portanto, uma respirao mista. Desta forma, o termo respirador oral imprprio; por

    conseguinte, a melhor forma de denominar um indivduo com essa caracterstica

    seria insuficiente respirador nasal.

    Silva (2006) citou que, prximo dos cinco anos de idade, a dimenso vertical

    da face alcana cerca de 80% do seu potencial de crescimento, e de 85-90% no

    sentido transversal, o que significa que o tratamento ortopdico para a correo de

    deformidades faciais s possvel em 10-15% nas dimenses transversais e de

  • 32

    20% nas verticais. A altura facial sofre proporcionalmente o dobro do incremento de

    crescimento em relao largura, enquanto que as vias areas superiores

    apresentam aumento na dimenso vertical (altura) e sagital (profundidade), duas

    vezes maior em mdia do que o aumento transversal. Os padres tipolgicos

    verticais, segundo o autor, aparentemente se definem em idades precoces e podem

    ser divididos em dois tipos. Um deles a mordida aberta, resultante de um padro

    de crescimento hiperdivergente, em que h a presena de ngulo gonaco obtuso,

    corpo mandibular longo, rotao anti-horria da maxila, conseqncias de hbitos

    deletrios como suco digital ou interposio de lngua (comprometimento na

    regio dentoalveolar) e respirao oral (desvio do crescimento das bases sseas). O

    outro a mordida profunda, resultante de um padro de crescimento hipodivergente

    com caractersticas opostas ao padro hiperdivergente. A altura facial posterior

    apresenta-se aumentada em relao anterior. As alteraes do padro de

    crescimento facial variam, dependendo da severidade de fatores tais como a poca

    de crescimento em que o indivduo se encontra; a hereditariedade, principalmente

    quanto ao padro de crescimento facial; e o tempo de atuao do fator etiolgico. H

    maior tendncia a alteraes nos padres de face longa comparado com os de face

    larga. Os fatores responsveis pela obstruo das vias areas como, traumatismos,

    intervenes cirrgicas, infeces, corpos estranhos, neoplasias e crescimento e

    desenvolvimento insuficientes das vias areas, levam a uma adaptao

    neuromuscular de forma que a respirao passe de nasal para oral. As

    caractersticas faciais decorrentes, segundo o autor, so: aumento da altura facial

    inferior (rotao horria da mandbula para baixo e trs), ausncia de selamento

    labial passivo, base alar estreita, ausncia de reflexo alar durante a respirao,

    narinas estreitas, presena de reas escuras abaixo dos olhos causadas pelo

    congestionamento venoso, irritao ao redor do vestbulo nasal e por fim a

    respirao oral. Internamente, atresia maxilar, palato ogival, mordida cruzada

    posterior, relao dentria de classe II de Angle e abaixamento de lngua. As

    tonsilas palatinas e farngeas (adenides), que fazem parte do anel linftico de

    Waldeyer, dobram de tamanho na infncia regredindo de tamanho a partir dos 8

    anos de idade.

    Linder-Aronson et al. (2006) tiveram como objetivo comparar variveis

    dentofaciais de 17 crianas que sofriam de sndrome de obstruo e apnia do sono

    (SOAS), com as variveis correspondentes em 17 crianas com padro de

  • 33

    respirao normal (grupo controle), e estudar o desenvolvimento dessas variveis

    prospectivamente durante um perodo de 5 anos aps o tratamento de SOAS

    (adenotonsilectomia), e comparar as alteraes registradas com as mudanas que

    ocorreram no grupo controle. Em comparao com o grupo controle, as crianas

    com SOAS apresentavam a mandbula mais inclinada posteriormente, a maxila mais

    inclinada para anterior, maior altura da face anterior inferior, e espao reduzido das

    vias areas. Cinco anos ps-tratamento, no houve diferena estatisticamente

    significativa entre os grupos. Os autores concluram que a SOAS em crianas tem

    um efeito desfavorvel sobre o desenvolvimento de vrios componentes

    dentofaciais, no entanto, se a SOAS diagnosticada e tratada logo, pode ser

    alcanada uma normalizao quase completa da morfologia dentofacial.

    Schwertner et al. (2007) avaliaram 358 crianas (174 do gnero masculino e

    184 do feminino) com idade entre 7 e 11 anos da cidade de Foz do Iguau (PR).

    Pela anlise facial encontraram que o tipo facial com maior prevalncia foi o

    mesocfalo, com 78,7%, seguido pelo dolicocfalo, com 17,4% e o braquicfalo,

    com 3,9%.

    Silva Filho et al. (2008) avaliaram a face, quer no sentido vertical como no

    sagital, de 2009 crianas (1027 do gnero masculino e 982 do feminino) com idades

    entre 3 e 6 anos. Todas se encontravam no perodo de dentadura decdua sem a

    presena de qualquer dente permanente parcial ou totalmente irrompido. Os autores

    consideraram que, apesar de a face nessa fase estar longe de alcanar s

    dimenses definitivas e que isto pode levar a algum receio no momento do

    diagnstico ou na adoo de uma conduta em longo prazo, a tendncia de que a

    configurao facial se mantenha constante durante a fase de crescimento. Isto

    acontece porque o crescimento preserva o padro, visto ser o fator gentico

    determinante na sua conduo, permitindo, desta forma, a identificao da

    configurao facial nessa fase. A anlise facial das crianas pela vista frontal foi

    classificada em dolicofacial, mesofacial e braquifacial. Como resultado, foram

    classificadas 272 crianas (13,54%) como braquifaciais, 1297 (64,56%) como

    mesofaciais, e 440 (21,90%) como dolicofaciais. Na discusso, os autores

    salientaram que no h na literatura um estudo epidemiolgico realizado por

    ortodontistas sobre a diversidade da face infantil, sendo um assunto muito pouco

    explorado.

  • 34

    Castro e Vasconcelos (2008) observaram em 90 indivduos respiradores

    nasais (55 do gnero masculino e 35 do feminino), com idades entre 9 e 16 anos,

    no haver variao estatisticamente significativa dos tamanhos dos espaos areos

    naso e bucofarngeos quando comparados com os tipos faciais braqui, meso e

    dlico, e nem entre os gneros. Os autores afirmaram poder descartar a influncia

    do tipo facial nos tamanhos dos espaos areos naso e orofarngeo.

    2.2 Avaliao otorrinolaringolgica

    Para Cohen, Koltai e Scott (1992) a radiografia lateral da nasofaringe um

    exame adequado na avaliao pr-operatria de crianas com suspeita de

    hipertrofia adenoideana.

    Deutsch (1996) defendeu, quando bem indicado, a realizao de

    amigdalectomia ou adenoidectomia em crianas com apnia obstrutiva do sono e

    obstruo das vias areas superiores. A maioria dos pacientes que se beneficiariam

    da cirurgia pode ser identificada por uma histria completa e exame fsico.

    Ocasionalmente, outros mtodos de avaliao, como a radiografia cervical lateral ou

    polissonografia, so teis. As indicaes para amigdalectomia e adenoidectomia so

    variadas. Amigdalectomia e a adenoidectomia permanecem procedimentos valiosos

    para os pacientes cuidadosamente selecionados.

    Brodsky (1999) relatou que o diagnstico da hipertrofia de amgdala

    realizado atravs de exame clnico. Com a criana sentada, o exame da cavidade

    oral deve ser realizado com iluminao adequada (podendo ser realizada com

    lanternas comuns), e abaixadores de lngua (posicionados no 1/3 mdio da lngua

    dentro da boca, sem provocar reflexo de vmito). Dependendo do grau de obstruo

    proporcionado na orofaringe, as tonsila palatinas foram classificadas em 4 diferentes

    graus, a saber: grau I - obstruo amigdaliana de at 25% da orofaringe; grau II -

    obstruo de 25-50%; grau III - obstruo de 50-75%; e grau IV - obstruo maior

    que 75% da luz da orofaringe. Foram consideradas como hipertrofiadas aquelas

    classificadas como graus III e IV.

    Monteiro et al. (2000) compararam o diagnstico da hipertrofia da tonsila

    faringeana feito entre a radiografia simples em perfil da nasofaringe e a

    endoscopia nasal. Os resultados apresentaram igualdade entre os mtodos,

  • 35

    mostrando-se a endoscopia superior, apenas pela sua objetividade e

    simplicidade de realizao.

    Oliveira et al. (2001) relataram que a investigao diagnstica da

    obstruo nasal crnica na criana pode ser inicialmente dirigida pelos dados

    clnicos e radiolgicos. Em pacientes em que os dados clnicos apontam para

    obstruo nasal crnica e o rX de cavum torna-se insuficiente para confirmar a

    causa desta obstruo, a nasofaringoscopia se impe como fundamental para

    elucidar o diagnstico, conduzindo com segurana ao tratamento cirrgico.

    Para Darrow e Siemens (2002), as indicaes para adenoidectomia e

    amigdalectomia incluem hiperplasia adenoideana, amigdalite hemorrgica, com

    apnia obstrutiva do sono, insuficincia de crescimento, ou crescimento dentofacial

    anormal, suspeita de doena maligna, obstruo das vias areas superiores,

    disfagia e halitose.

    Araujo Neto et al. (2004) realizaram uma reviso da literatura na qual afirmam

    que a radiografia da nasofaringe (radiografia cavum) o exame por imagem mais

    utilizado para a avaliao do tamanho da tonsila faringeana. A tonsila faringeana na

    radiografia se apresenta como uma imagem radiopaca, de contorno convexo

    anterior, localizada na parede posterior da nasofaringe. Desde a dcada de 60

    vrios mtodos de mensurao das tonsilas tm sido estudados, sem que exista um

    consenso sobre qual o mais adequado. Os autores concluram que existem

    correlaes positivas fortes entre parmetros clnicos, cirrgicos e de outros exames

    complementares com a radiografia cavum (RC) na avaliao da hipertrofia

    adenoideana. Unido ao baixo custo, vasta disponibilidade e simplicidade do exame,

    essa observao refora a escolha da RC como mtodo inicial de avaliao

    complementar.

    Loureno et al. (2005) lembraram que a tonsila farngea ou adenides a

    extenso superior do anel linftico de Waldeyer e est localizada na poro alta da

    cavidade nasofarngea, prxima tuba auditiva e coana. Ela desempenha um

    papel relevante nas otites mdias recorrentes e freqentemente sua hipertrofia

    responsvel pela obstruo das vias areas superiores. A tonsilectomia um

    tratamento comumente realizado para doenas crnicas das tonsilas e ainda o

    procedimento cirrgico mais freqente e mais antigo realizado em crianas e adultos

    jovens. Estudos de imagem utilizando-se o raio-X do cavo um mtodo simples,

    fcil e confortvel para avaliar o tamanho das adenides e o grau de obstruo das

  • 36

    vias areas superiores. Um estudo nasofibroscpico da nasofaringe pode fornecer

    uma informao melhor sobre essa regio, tendo em vista que ele mostra todas as

    estruturas presentes na nasofaringe e o grau de obstruo das vias areas

    superiores de forma dinmica. O estudo de Loureno e cols. comparou o grau de

    hipertrofia e de obstruo das vias areas superiores, usando os dois mtodos

    acima, em crianas de 3 a 10 anos de idade. A hipertrofia da tonsila faringeana

    participa, muitas vezes associada hipertrofia das tonsilas palatinas, da doena

    respiratria obstrutiva das vias areas superiores. A radiografia lateral da face, com

    penetrao para partes moles, para a visualizao da regio do cavo um estudo

    facilmente acessvel para o mdico e relativamente cmodo para a criana,

    constituindo-se num mtodo simples para a determinao do tamanho, forma e

    posio das adenides. Em casos duvidosos, a nasofibroscopa, fornece uma

    avaliao definitiva do estado da cavidade nasal e da nasofaringe.

    Kindermann et al. (2008) avaliaram o tamanho da tonsila faringeana de 130

    crianas (2-12 anos de idade; 74 meninos e 56 meninas) por meio de radiografias e

    endoscopia nasal de fibra tica flexvel. Como resultado os autores encontraram

    associao estatisticamente significativa, demonstrando forte correlao entre os

    mtodos.

    2.3 Rinometria acstica

    Para o estudo da geometria da cavidade nasal Hilberg et al. (1989) aplicaram

    um mtodo acstico que fornece uma estimativa da rea transversal em funo da

    distncia. Concluram que a rinometria acstica um mtodo preciso para medir a

    geometria da cavidade nasal, fcil de executar e potencialmente til para a

    investigao de alteraes fisiolgicas e patolgicas do nariz.

    Para Warren et al. (1988) a maioria dos mdicos concorda que uma

    respirao nasal prejudicada resulta obrigatoriamente em respirao oral. Alguns

    acreditam que a respirao oral influencia o crescimento craniofacial, enquanto

    outros discordam. O termo respirao oral confuso porque raramente ocorre uma

    respirao totalmente via boca. Uma combinao entre a respirao nasal e oral

    mais usual. Aps analisarem 116 indivduos adultos, os autores observaram que

    97% dos indivduos com rea transversal nasal menor que 0,4 cm2 eram

  • 37

    respiradores orais, em certa medida. Cerca de 12% dos indivduos com uma via

    area adequada foram assumidos como respiradores orais habituais. Os resultados

    indicam que o limite da alterao da respirao nasal e oral muito estreito (0,40-

    0,45 cm2). Ao final os pesquisadores reafirmaram a tese de que rea transversal

  • 38

    rea transversal mnima obtida foi de 0,29cm2. No foram encontradas diferenas

    significativas entre meninos e meninas.

    Cole e Roithmann (1996) relataram que a vlvula nasal responsvel pela

    metade da resistncia nasal de toda a via respiratria. Verificaram que h uma

    entrada triangular limitada pela cartilagem lateral superior e pelo septo nasal e que

    mais posteriormente, h um segundo estreitamento, onde se encontra a concha

    nasal inferior.

    Corey et al. (1997) descreveram que a rinometria acstica avalia a geometria

    da cavidade nasal com reflexes acsticas e fornece informaes sobre as reas de

    seco transversal nasal e o volume nasal em uma dada distncia; um mtodo

    no invasivo, de fcil execuo em um perodo de tempo relativamente curto, e

    mnima cooperao do paciente. A ressonncia magntica tambm um mtodo

    no invasivo que pode ser usado para descrever a anatomia da cavidade nasal sem

    nenhum efeito adverso conhecido para o paciente; a desvantagem que limitada

    para a visualizao ssea, sendo mais indicada para mucosa, que uma estrutura

    importante na patncia e volume nasal. Tal como a tomografia computadorizada, a

    ressonncia procedimento de alto custo para ser utilizado rotineiramente. Para

    avaliar a preciso das informaes obtidas da cavidade nasal pela rinometria

    acstica e compar-las com as obtidas pela ressonncia magntica, os

    pesquisadores selecionaram cinco indivduos adultos saudveis (duas mulheres e

    trs homens). Nos primeiros 6cm da cavidade nasal aps a aplicao de

    descongestionante nasal por 3-4 vezes em cada cavidade nasal (spray de

    oximetazolina 0,05%), foram encontradas medidas estatisticamente bem

    correlacionadas entre os dois mtodos.

    Corey et al. (1999) a fim de avaliarem a preciso anatmica da rinometria

    acstica, executaram a rinometria acstica e endoscopia com um endoscpio rgido

    em 85 indivduos, aps o uso de descongestionante tpico. Os autores concluram

    que as medidas nasofaringeanas realizadas pela rinometria se mostraram muito

    prximas das encontradas pela endoscopia.

    Paiva (1999) realizou uma pesquisa com 25 pacientes dos gneros masculino

    e feminino, leucodermas, entre 05 e 10 anos de idade, portadores de atresia maxilar,

    com ou sem mordida cruzada posterior, uni ou bilateral, que se submeteram a

    expanso rpida da maxila, utilizando o aparelho tipo Biederman modificado.

    Utilizando a rinomanometria e a nasofibroendoscopia, comparou o espao livre da

  • 39

    nasofaringe, a condutncia respiratria nasal total e a freqncia respiratria destes

    pacientes, antes e aps a expanso rpida da maxila. Aps a anlise estatstica e a

    interpretao dos resultados obtidos, verificou que houve aumento, estatisticamente

    significante, da porcentagem do espao livre da nasofaringe. O mesmo no

    aconteceu com a condutncia respiratria nasal total que no apresentou aumento

    estatisticamente significante, enquanto que na freqncia respiratria encontrou uma

    diminuio, estatisticamente significante. Ao aplicar o teste da correlao entre o

    aumento da porcentagem do espao livre da nasofaringe, do valor da condutncia

    respiratria nasal total e da diminuio da freqncia respiratria, aps a expanso

    rpida da maxila, no encontrou correlao entre estas alteraes.

    Mamikoglu et al. (2000), com o objetivo de analisar a eficincia e a

    confiabilidade da rinometria acstica na leitura e reconhecimento do desvio de septo

    nasal, compararam os dados obtidos de 24 pacientes submetidos a rinometria

    acstica com os dados encontrados pela tomografia computadorizada. Como

    resultado foi encontrada alta correlao entre a rea transversal mnima e os dados

    obtidos pela tomografia computadorizada. De acordo com os autores, o diagnstico

    de desvio de septo nasal pode ser confirmado pela rinometria acstica.

    Terheyden et al. (2000) estudaram a validao da rinometria acstica pelo

    exame de tomografia computadorizada. Para isso, analisaram seis indivduos

    saudveis, trs homens e trs mulheres. Os pesquisadores encontraram alta

    correlao entre os dois mtodos no segmento anterior nasal, vlvula nasal e istmo

    nasal, validando o uso da rinometria acstica como meio de diagnstico at o nvel

    das conchas nasais, quer intraindivduo como interindivduo. Em segmentos mais

    posteriores a correlao diminuiu, mas no foi retirado, de todo, o valor clnico da

    rinometria nessa rea, j que a boa reprodutibilidade permite comparaes

    intraindivduos.

    Marchioro et al. (2001) analisaram uma amostra de 27 indivduos (11 do

    gnero masculino e 16 do feminino) em fase de dentadura mista, leucodermas, com

    idade variando entre 6,75 e 11,67 anos. Eles avaliaram os efeitos da expanso

    rpida da maxila na rea mnima de seco transversa nasal. Todos os participantes

    apresentavam mordida cruzada posterior. Os pacientes foram submetidos

    expanso rpida da maxila (ERM) e a rinometria acstica foi aplicada para a

    obteno dos valores da rea mnima de seco transversa nasal. Em relao a

    expanso, os exames foram realizados em trs tempos: antes (T1), imediatamente

  • 40

    aps (T2) e 90 dias aps (T3). Em T1 os valores encontrados para a rea tranversal

    mnima foram de 0,35cm2 para a cavidade nasal esquerda e de 0,33cm2 para a

    cavidade nasal direita, e total de 0,68cm2. Constatou-se um aumento da rea

    mnima de seco transversa nasal, de T1 para T2 em 24 indivduos (88,89%) e de

    T1 para T3 em 21 indivduos da amostra (77,78%). Estas variaes corresponderam

    a aumentos de rea de 17,5% e 16,25%, respectivamente, no tendo sido

    encontradas diferenas estatisticamente significativas entre T2 e T3. Os autores

    concluram que a ERM produz aumento substancial e estvel da rea mnima de

    seco transversa nasal nos tempos estudados.

    Carlini et al. (2002) relataram que a rinometria acstica um mtodo bem

    conhecido para avaliar a patncia nasal atravs de ondas de som. O mtodo produz

    informaes grficas das reas transversais, as distncias entre essas reas, a

    distncia das narinas e o volume nasal. Os autores avaliaram 40 crianas, com

    idades entre 7 e 13 anos com queixas de obstruo nasal, utilizando os mtodos

    convencional e modificado de rinometria acstica. Todos os pacientes foram

    submetidos a exame endoscpico da cavidade nasal, e apenas crianas com

    moderada hipertrofia de conchas nasais inferiores, sem histria ou evidncia clnica

    de rinite infecciosa e tonsilas faringeanas ocupando menos de 70% das vias areas

    foram includas no estudo. Como resultado, os pesquisadores encontraram os

    seguintes valores de reas transversais mnimas: MCA1 LD = 0,44cm2, MCA1 LE =

    0,44cm2; MCA2 LD = 0,35cm2, MCA2 LE = 0,44cm2.

    Nigro (2004) lembrou que na poro anterior das cavidades nasais (da narina

    a vlvula nasal) est localizada a regio de maior resistncia nasal e de maior

    importncia para o fluxo areo e onde se localizam os segmentos mais estreitos da

    cavidade nasal, sendo de suma importncia para a fisiologia nasal.

    Fonseca et al. (2006) relataram que as estruturas nasais geram uma

    resistncia que representa aproximadamente 50-60% da resistncia respiratria total

    e que vrios fatores podem alter-la, tais como idade, temperatura ambiente,

    postura corporal, medicamentos, hiperventilao, processo inflamatrio da mucosa

    nasal, fatores hormonais, ingesto de lcool e exerccio fsico. Aps a avaliao de

    19 indivduos submetidos a exerccios fsicos, os autores constataram, por meio da

    rinometria acstica, que o volume nasal aumenta significativamente. Esse aumento,

    porm, transitrio, ocorrendo uma maior reduo nos primeiros dez minutos aps

    cessado o exerccio, e retornando aos valores de repouso nos dez minutos

  • 41

    seguintes. O aumento inicial da permeabilidade nasal j era esperado pelos autores,

    visto que j est comprovado na literatura que ocorrem alteraes vasculares na

    parede nasal lateral que atravs do descongestionamento da mucosa produz

    reduo da resistncia nasal, permitindo aumento do volume areo nasal.

    Lal et al. (2006) utilizaram a rinometria acstica para avaliar as mudanas na

    patncia nasal aps alteraes na postura, obstruo mecnica unilateral,

    temperatura e umidade. A amostra contou com oito indivduos adultos que se

    submeteram a rinometria acstica nas seguintes condies: 1) sentados (controle),

    2) posio supina, 3) deitado de lado, 4) uma narina bloqueada mecanicamente, 5)

    compressa de gelo no pescoo por 15 minutos, 6) bebendo gua gelada, 7) bebendo

    gua quente, 8) nebulizador nasal, e 9) descongestionante oximetazolina. A posio

    supina causou aumento na congesto da mucosa nasal, assim como a aplicao de

    compressa de gelo. A posio deitado de lado produziu diminuio de volume. A

    obstruo mecnica produziu diferentes resultados, dependendo do tamanho da

    cavidade obstruda. Quando a cavidade menor era bloqueada, houve aumento no

    significativo no volume, por outro lado quando a obstruo era na cavidade maior, o

    volume diminuiu, mas no significativamente. Beber gua quente ou o uso do

    nebulizador diminuram, de maneira significativa, o volume da cavidade nasal,

    enquanto que a gua fria diminuiu a vasoconstrio, sendo indicada para

    sangramento das fossas nasais. Indivduos com volumes de cavidade nasal

    unilateral prximo da mdia tiveram um aumento no volume total aps administrao

    tpica do descongestionante. A utilizao da oximetazolina aumentou o volume

    nasal total. Os valores para o volume total nasal retornaram aos valores iniciais

    depois de 15 minutos de cessado todos os estmulos.

    Paiva (2006), por meio da rinometria acstica, rinomanometria e

    telerradiografia em norma frontal, realizou um estudo comparativo da geometria

    nasal e da resistncia respiratria em diferentes tipos faciais. Para tanto, selecionou

    100 indivduos (57 do gnero feminino e 43 do masculino) brasileiros, leucodermas,

    com idades entre 6,33 e 10,59 anos (mdia = 8,09 anos), sem tratamento

    ortodntico ou otorrinolaringolgico cirrgico. Como resultado, o autor encontrou os

    seguintes valores para a rea total mnima das cavidades nasais (AT) - (soma dos

    valores mdios para rea transversal mnima, MCA1, das cavidades nasais direitas e

    esquerdas):

    -- Braquifaciais (26) 0,62cm2 (desvio padro 0,19cm2)

  • 42

    - Mesofaciais (39) 0,58 cm2 (desvio padro de 0,16cm2)

    - Dolicofaciais (35) 0,59 cm2 (desvio padro de 0,21cm2)

    Estatisticamente no houve diferena significativa entre as mdias das

    medidas dos tipos faciais. No houve correlao entre a mnima AT com CNT. As

    medidas transversais da cavidade nasal obtidas por meio da telerradiografia frontal

    no so teis como elemento de diagnstico da cavidade nasal associada ao

    espao aeronasal.

    Houve correlao negativa entre a resistncia respiratria (RRT) e a rea

    transversal mnima (AT), ou seja, quanto menor o valor da rea total (AT) maior o

    valor da resistncia respiratria total (RRT).

    Paiva (2006) concluiu que:

    1. No houve correlao entre os valores da rea Transversal Nasal Mnima x

    tipo facial

    2. No houve correlao entre os valores da Resistncia Respiratria Nasal x

    tipo facial

    3. No houve correlao entre os valores da Distncia Transversal Nasal x tipo

    facial

    4. No houve correlao entre os valores da Resistncia Respiratria Nasal e a

    Distncia Transversal Nasal

    5. Houve correlao negativa entre a Resistncia Respiratria Nasal e a rea

    Transversal Mnima

    O autor finalizou afirmando que influncia da respirao

    predominantemente oral no desequilbrio do crescimento craniofacial, tendo como

    conseqncia o aumento da altura facial anterior e inferior, a atresia do arco maxilar

    e a rotao horria do plano mandibular, aplica-se uma relao muito forte entre

    causa-efeito que no tem sustentao na literatura. Entretanto, ao analisarmos os

    dados da presente pesquisa no encontramos relao entre a geometria nasal e o

    tipo facial, nem relao da resistncia respiratria com tipo facial. Em vista disso,

    temos que repensar a relao causa e efeito da respirao com o crescimento

    facial.

    A rinometria acstica um mtodo no invasivo que permite avaliar reas

    seccionais e volumes por toda a extenso da cavidade nasal, sendo til para medir a

    geometria nasal, identificar alteraes da permeabilidade e no acompanhamento

    ps-operatrio e aps a utilizao de recursos medicamentosos nas vias areas

  • 43

    nasais. A anlise feita pelos sons refletidos da cavidade nasal em resposta a uma

    onda sonora incidente emitida por uma fonte acstica. Trindade et al. (2007) tiveram

    o objetivo de definir valores referenciais, a partir de amostra brasileira, para o

    volume de trs segmentos da cavidade nasal, incluindo a nasofaringe, utilizando a

    rinometria acstica. Para tanto, selecionaram 30 adultos sem evidncias de

    obstruo nasal (14 do gnero masculino e 16 do feminino) com idades entre 18 e

    30 anos. Para se chegar ao nmero 30 da amostra, 54 voluntrios responderam um

    questionrio especfico para determinar sinais e sintomas de obstruo nasal atuais

    e/ou anteriores. Alm disso, a permeabilidade nasal ao fluxo respiratrio foi avaliada

    por meio de um espelho posicionado na entrada das narinas. Os autores

    comentaram, em relao ao tamanho da amostra, que a anlise de 30 pacientes, na

    verdade, correspondeu obteno de medidas em 60 cavidades nasais, o que

    representa nmero significativo para os propsitos do estudo. Foram medidos os

    volumes de trs segmentos da cavidade nasal: entre 10-32mm em relao narina

    correspondente regio da vlvula nasal (V1), entre 33-64mm correspondente

    regio de cornetos (V2) e entre 70-120mm correspondente regio da nasofaringe

    (V3) antes e 10 minutos aps o uso de 5 gotas de vasoconstritor nasal tpico (VC)

    cloridrato de xilometazolina a 0,1%. No foram encontradas diferenas

    estatisticamente significantes entre a narina esquerda e direita. Em relao aos

    gneros, foram encontradas diferenas significativas em V1 antes e aps a aplicao

    de VC e para V2 apenas aps a aplicao. Os valores encontrados aps o uso tpico

    de vasoconstritor foram significativamente maiores do que os obtidos antes da

    aplicao nos trs segmentos analisados.

    Gomes et al. (2008) utilizando a mesma amostra do estudo de Trindade

    (2007) tiveram como objetivo definir valores referenciais a partir de amostra

    brasileira, de reas de seco transversa da cavidade nasal por meio da rinometria

    acstica. Foram medidas as reas de seco transversais nasais (cm2) em trs

    segmentos da cavidade nasal: 2o entalhe da curva area-distncia (regio da vlvula

    nasal AST1), no 3 entalhe (poro anterior da concha nasal mdia e inferior

    AST2) e no 4 entalhe (poro posterior da concha nasal mdia e inferior AST3).

    Como resultado chegaram aos seguintes valores: AST1 vlvula = 0,570,16cm2

    (masculino) e 0,510,10cm2 (feminino); AST2 poro anterior das conchas =

    1,000,36cm2 (masculino) e 0,960,27cm2 (feminino); AST3 poro posterior das

    conchas = 1,430,53cm2 (masculino) e 1,400,36cm2 (feminino). No foram

  • 44

    encontradas diferenas estatisticamente significativas entre os gneros. Os autores

    concluram que h importncia no uso da rinometria acstica como forma de

    avaliao da permeabilidade nasal e para melhor entendimento da fisiologia naso-

    respiratria.

    Paiva et al. (2009) afirmaram que o maior desafio em estabelecer uma

    relao entre o padro respiratrio e o crescimento facial quantificar o grau dessa

    relao. Os autores lembraram que a estrutura facial determinada na primeira

    dcada de vida e que em um futuro prximo, utilizando exames mais objetivos para

    medir a cavidade nasal, entre eles a rinometria acstica, um estudo longitudinal,

    durante a fase de crescimento, pode responder questes que persistem at hoje. Os

    pesquisadores, atravs do exame de rinometria acstica em 50 crianas (25

    meninos e 25 meninas), com idade mdia de 8 anos e 7 meses, encontraram a

    mdia de rea transversal de 0,28 cm2 na cavidade nasal direita e 0,29 cm2 na

    cavidade nasal esquerda, no gnero feminino, e, 0,27 cm2 na cavidade nasal direita

    e 0,30 cm2 na cavidade nasal esquerda, no gnero masculino.

    Paiva et al. (2010) com o objetivo de avaliar a rea transversal mnima da

    cavidade nasal durante a fase de crescimento reavaliaram 29 crianas da amostra

    de 100 do estudo de Paiva (2006). Todas eram brasileiras e leucodermas (15 do

    gnero feminino e 14 do masculino). As mesmas foram avaliadas em dois momentos

    distintos: M1 entre 6,83 e 8,66 anos de idade; e M2 (36- 48 meses aps o estudo

    inicial) entre 9,83 e 12,41 anos. Nos dois momentos, os exames foram realizados

    com o mesmo equipamento e seguindo o mesmo protocolo. O software utilizado

    para realizar o exame fornece os valores das reas transversais mnimas em dois

    pontos distintos, conhecidos como MCA1, que a menor rea transversal localizada

    entre os pontos 0mm e 22mm da narina, e de MCA2, localizada entre 22mm e

    54mm.

  • 45

    Idade e rea transversal mnima nos Momentos 1 e 2.

    Feminino Masculino Amostra Medida Momento

    Mdia DP N Mdia DP N Mdia DP N

    M 1 0,31 0,07 15 0,33 0,10 14 0,32 0,09 29 MCA1 LE

    M 2 0,30 0,14 15 0,34 0,12 14 0,32 0,13 29

    M 1 0,30 0,09 15 0,24 0,12 14 0,27 0,11 29 MCA1 LD

    M 2 0,33 0,10 15 0,32 0,10 14 0,33 0,09 29

    M 1 0,41 0,11 15 0,43 0,16 14 0,42 0,13 29 MCA2 LE

    M 2 0,36 0,19 15 0,44 0,20 14 0,40 0,20 29

    M 1 0,35 0,14 15 0,30 0,15 14 0,33 0,15 29 MCA2 LD

    M 2 0,42 0,13 15 0,36 0,14 14 0,39 0,13 29

    M 1 0,61 0,14 15 0,57 0,16 14 0,59 0,14 29 MCA1 AT

    M 2 0,62 0,19 15 0,66 0,15 14 0,64 0,17 29

    M 1 0,76 0,18 15 0,73 0,22 14 0,75 0,20 29 MCA2 AT

    M 2 0,78 0,25 15 0,81 0,24 14 0,79 0,24 29

    A mdia da rea transversal da cavidade nasal de MCA encontrada para as

    meninas foi de 0,300,09cm2 (M1) e de 0,300,14cm2 (M2), enquanto que para os

    meninos foi de 0,240,12cm2 (M1) e de 0,320,10cm2 (M2). As medidas de MCA do

    lado esquerdo, e da rea total no sofreram alterao, nem entre gnero e nem no

    tempo (p > 0,05), enquanto que para o lado direito aumentaram com o tempo

    independente do gnero (p < 0,05). Concluso: No houve alterao significativa da

    rea transversal mnima da regio anterior da cavidade nasal durante o perodo

    estudado.

  • 46

    3 PROPOSIO

    Aps a reviso da literatura, e com o objetivo de avaliar a influncia da obstru