sussurros (preview) - ed. perse 1ª ed. 2015
DESCRIPTION
Danilo Passos discute o amor e suas diversas facetas em contos reflexivos com personagens marcantes e alguns finais trágicos. ---------------- No Amazon e nas livrarias em outubro deste ano. Início da pré-venda no Amazon em setembro de 2015. Os lançamentos serão divulgados em breve pelas redes sociais do autor, editora e da Academia Jovem de Letras de Lorena - SP.TRANSCRIPT
Danilo Passos
[Nome da empresa]
[Data]
DANILO PASSOS
1
SUSSURROS /
2
DANILO PASSOS
3
SUSSURROS /
4
DANILO PASSOS
Sussurros e outros contos Antologia
São Paulo – SP
2015
DANILO PASSOS
5
Título Original: Sussurros
SANTOS, Danilo Passos. 1ª Edição, Outubro de 2015.
© Copyright, 2015. Editora Perse Ltda.
Todos os direitos autorais reservados.
Editor: Tiago Porto
Revisão do autor e editor.
Arte de Capa e Contracapa: José Martin (domínio público)
Supervisão de criação de Capa: Danilo Passos
Fotos: José Martin
ISBN: 978-85-8198-972-5
― ― ― ― ― ― ― ― ― ― ― ― ― ― ― ― ― ― ― ― ― ― ― ― ―
Catalogação da Obra:
1. Contos 2. Romance 3. Drama 4. Tragédia
― ― ― ― ― ― ― ― ― ― ― ― ― ― ― ― ― ― ― ― ― ― ― ― ―
SUSSURROS /
6
À Luciani Alvareli, Adriana Borges,
Mayara Meirelles e Jessica Paes,
as donzelas da minha vida.
DANILO PASSOS
7
ÍNDICE
SUSSURROS /
8
DECLARAÇÃO 05
SUSSURROS 17
GRITOS E SUSSURROS 23
HEROÍNA 24
DOIS GOLPES 28
SUBMISSO 36
O CAFÉ, O JORNALISTA E O AMOR 40
CETIM AZUL 47
OS DEMÔNIOS DE LUCÍOLA 13
HEY 13
DANILO PASSOS
9
OS DEMÔNIOS DE LUCÍOLA 52
HEY 55
QUANDO ELE VIROU HOMEM 58
A DAMA DO PRAZER POÉTICO 60
SENTIMENTALISMO 66
QUERIDO 69
VERDE 72
ACENDENDO CIGARROS
NAS AVENIDAS 75
LUZES 78
QUARTO 241 84
RETALHOS DE UM AMOR LOUCO 87
A CIDADE DAS PESSOAS
QUE NÃO AMAM 108
SOBRE O AUTOR 153
SUSSURROS /
10
DANILO PASSOS
11
SUSSURROS /
12
- DECLARAÇÃO –
(prefácio)
-
A caminhada é longa, meu caro leitor. Apresento aqui textos escritos ao longo da minha precoce caminhada como escritor de duas décadas. Há alguns anos, a minha preocupação exorbitante era os desfechos de um romance que estava em construção, após engrenar nos estudos literários (no qual sou pesquisador científico, professor e estudante), os contos se tornaram o meu veículo de expressão e o meu vício. Um primeiro conto que lembro ter passado pelas quenturas dos meus dedos e pelo arfar das canetas foi uma história tosca e banal intitulada “o esplendor”, após, me aventurei em tentar descobrir as plenitudes do amor. E a caminhada foi mais árdua, ora lisonjeadora, ora tenebrosa.
Conheci as escritas no início da minha infância, porém, somente no final da adolescência – antes da idade adulta – que defrontei-me com o que chamam de “amor” (ou o que tentam chamar). Em meio a duas décadas fincados os pés no que chamo de mundo, confesso que todas as tentativas que tenho ouvido para justificar tal sentimento me soam banais, ao passo da minha mente se engajar a procurar as próprias respostas. No júri da vida uma vez fui acusado de egoísta, por mostrar tamanha desconfiança a alguns sentimentos satisfatórios. Isto me intrigou. Aos dezessete anos me debrucei nas camas depressivas do amor após uma decepção amorosa, cama, a qual, toda a sociedade se debruçara
DANILO PASSOS
13
anteriormente, sem sombra de dúvidas. Deitar no leito da depressão foi um passo para a minha imaginação, o arfar de tudo o que sou. Quando terminei de escrever alguns contos que compõem este livro percebi que o volume está árduo, tenebroso e sem alegrias em alguns desfechos, entretanto, acima de tudo, ignorei as minhas próprias conclusões. As palavras que saíram de mim são pitadas de ultrarromantismo perdidas na realidade cotidiana. Minhas personagens são independentes, melhor definição. Nascem de mim e depois percorrem os rumos e esquecem de atribuírem valores ao criador e nem insisto. Não precisa (ou eu estaria fadado a justificar todos os atos fictícios que escrevo).
Contar, dizem os estudiosos, é o ato de narrar e existe desde a antiguidade que graças aos artefatos da literatura tem se rebuscado cada vez mais em uma constância que me caberia papeis para descrever. Porém resumo que escritores do século XIX (e um pouco antes) seguiam alguns modelos para expor as ideias e Oswald e Mário contribuíram para o rompimento das estéticas verbais europeias que estavam empregadas como carrapatos na literatura brasileira. Abriram as gaiolas para os pássaros voarem e da procriação, de certo, vieram bons e péssimos filhotes. As asas modernistas servem como desculpas para péssimas escritas, embora, eu não esteja preocupado com isto. Como sempre digo em minhas aulas: “o que importa é a sensibilidade poética”, ou seja, “o que tu, como escritor(a) causará em seu leitor”. E o sentimentalismo pode ser positivo ou negativo, não me importo. Escritores têm os seus modos e leitores os seus gostos, como um Romeu e Julieta, eles se encontram e morrem juntos, logo, tolice a minha ditar regras para um tipo de leitor em específico. Bem, se os Andrades trouxeram o modernismo para as terras brasileiras, eles são como os pais dos filhos que nasceram de 22 para cá.
SUSSURROS /
14
Sou um desses filhos e alego: me apego ao romance exagerado e mórbido do século XIX e não estou preocupado com o que chamam de “final feliz”. Não que a prepotência esteja em mim, lembre-se do Romeu e Julieta, porém, tenho que declarar algo a quem ler estes registros. Em suma, deixo as palavras das minhas imaginações registradas aqui e, se indagarem algo, lembrem-se de 1922.
Nada mais a declarar.
Danilo Passos, março de 2015.
DANILO PASSOS
15
SUSSURROS /
16
DANILO PASSOS
17
SUSSURROS /
18
SUSSURROS
DANILO PASSOS
19
SUSSURROS /
20
DANILO PASSOS
21
SUSSURROS /
22
DANILO PASSOS
23
SUSSURROS /
24
GRITOS E SUSSURROS
DANILO PASSOS
25
HEROÍNA
Querido, tome estas doses. Elas são doces como a luz
reluzente em seus olhos castanhos com o mesmo teor que
lapida o brilho das suas pupilas que vêm de encontro a mim.
Tão doces que sou capaz de provar quantas vezes eu quiser,
com a mesma intensidade que provei o amargo do pó que
transcorria por minha garganta para me manter acordada por
horas e poder te fitar solenemente sob a pressão do meu
coração sendo entorpecida pela morbidez do seu sorriso.
Lembro-me da linha fina que contornava os seus lábios
rosados quando pela primeira vez fui de encontro com a
brancura dos seus dentes ofuscada pela luz cintilante daquela
sala clara em pleno início da noite, daquela primeira terça-
feira de maio. Logo, comecei a contar os dias como se cada
contagem fosse um presságio da eternidade que eu estaria ao
seu lado. Mas me enganei. A eternidade foi o peso das suas
três palavras pronunciadas silabicamente nas primeiras horas
da madrugada, oito dias após nos conhecermos sob a luz
fluorescente de uma sala de espera em um hospital. O
contorno delicado dos seus lábios apareceu na minha frente
todos os dias durante mais de uma semana, enquanto eu
comecei a mergulhar-me no dicionário, como um nadador
mergulha com voracidade na piscina para alcançar o seu
posto, apenas para escolher as mais sublimes palavras e te
enaltecer ainda mais despertando sorrisos certeiros do seu
rosto glacial. Sublimidade.
SUSSURROS /
26
Todas as frases que proferi naqueles papéis brancos,
entregues simultaneamente todas as noites que nos
encontrávamos, foram propositais para que os traços dos
seus lábios se contorcessem em sorrisos divinos e fincassem
em mim a sensatez do êxtase que massageava as paredes do
meu coração.
Felicidade é pleno êxtase. É a sensação de sentir cócegas em
momentos inoportunos e estar seguramente estampando
sorrisos bobos no próprio rosto. Quando ouvi a pronúncia de
três palavras especiais sendo silabicamente proferidas dos
seus lábios rosados sob a claridade de um abajur próxima à
cama daquele solitário quarto de uma humilde residência de
três cômodos, dissolvi sorrisos fulminantes em meus lábios e
te retribui com a ternura dos meus beijos que eram ardentes
quando iam de encontro aos seus dentes. “Eu te amo”, foi o
termo que atribuí ao meu vocabulário diário e em todas as
despedidas sutis pronunciei com a mesma intensidade dos
seus sorrisos. Intensidade.
Os seus olhos. Eles me instigam ainda mais a conhecer as
singularidades que estão escondidas em seu interior, da
mesma forma que as simplicidades são expostas em seus
toques pelo meu corpo. Mas seu olhar é duvidoso. Ele brilha
ardentemente, porém, consegue esconder a força dos seus
próprios pensamentos, fazendo-me ficar cada vez mais
intrigada com o teor dos seus pensamentos quando
desenham a minha imagem na sua mente, digo, tenho receio
das suas próprias convicções acerca das minhas euforias para
dizer palavras bonitas e despertar os seus próprios sorrisos.
DANILO PASSOS
27
Observo a claridade em seus olhos, da mesma maneira que
uma criança se confronta com as formas inusitadas dos
brinquedos da loja mais movimentada da cidade. E desperto
a curiosidade de estar cada vez mais motivada a fazer do
brilho do seu olhar a sensação de bem-estar dentro de mim.
Foram semanas ao seu lado e todos os movimentos dos teus
lábios se contorcendo para me proporcionar os mais sublimes
beijos, de modo a me transportar para uma leveza efêmera,
todas as vezes que fechava os meus olhos e me decaia no
paraíso escuro, sentindo apenas o fervor da sua pele
encostando-se a mim. Sentia-me na imensidão oceânica
tentando nadar para o norte mais próximo, construindo uma
fadiga exorbitante. Incomum.
Suas mãos são sempre delicadas e a maciez delas sob os
objetos mais inusitados que você sempre carrega é
indescritível. Sua leveza em segurar as xícaras de café, para
encher-se de cafeína e produzir ainda mais, desperta em mim
um desinteresse sem limite, mas me leva a compreender as tuas
simplicidades e inocência. Todas as suas perguntas vagam a
minha mente e almejam por respostas concretas para que
possamos continuar o nosso caminho que se perdura por
poucos meses, mas que transcende uma felicidade imensa em
mim mesma. Ouço o som das suas preocupações dançarem
sob a minha mente, assim como, escuto o som do jazz e blues
sendo cautelosamente pronunciados no rádio do carro em
que todos os dias adentro ao seu lado, sempre na mesma
estação rotineira. Rotineira.
Porém, sinto a sua segurança para me apoiar ainda mais e me
manter nas quenturas dos seus braços, ao passo que os
SUSSURROS /
28
contornos dos seus lábios esboçam sorrisos ainda mais sutis
para mostrar-me que a leveza da vida simples é a melhor escolha a
ser definida. Ainda tento criar as suas próprias definições para
mim, embora, o que demonstro cotidianamente a você, o leve
para outra definição acerca de mim mesma. Seus entenderes
compreendem-me. E no meio desta sala vazia e escura, sob a
agulha nas mãos, eu te peço: querido, tome estas doses. Ou
melhor, injete-as. E transcreva na mesma intensidade que
meus pensamentos entoam minha mente, por agora.
Assim poderei voltar ainda mais extasiada ao seu encontro,
para ser como sempre, de acordo com as tuas descrições, uma
Heroína.
DANILO PASSOS
29
SUSSURROS /
30
DANILO PASSOS
31
SUSSURROS /
32
DANILO PASSOS
33
2015 – Perse – todos os direitos reservados
SUSSURROS /
34