sherlocks on the rocks nas diretas já

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Um livro de aventuras com situações marcadas por enigmas, perigos, desencontros, muito suspense e humor. Provavelmente a primeira novela brasileira cuja trama se associa a acontecimentos políticos ocorridos na ocasião da campanha das Diretas Já por eleições populares para presidente da república, em 1984.

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Sherlocks on the Rocksnas Diretas Já

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Sherlocks on the Rocksnas Diretas Já

José Arrabal

Reinaldo Seriacopi

Ilustrado por Daniel Araujo

Page 6: Sherlocks on the rocks nas Diretas Já

Copyright © 2010 Editora Manole Ltda., por meio de contrato com os autores.

Amarilys é um selo editorial Manole.

Este livro contempla as regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, que entrou em vigor no Brasil em 2009.

Projeto gráfico e editoração eletrônicaDepto. editorial da Editora Manole

CapaHélio de Almeida

IlustraçõesDaniel Araujo

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Arrabal, José Sherlocks on the rocks nas diretas já / José Arrabal, Reinaldo Seriacopi. – Barueri, SP: Manole, 2010. ISBN 978-85-204-2916-7 1. Campanha das Diretas Já (Brasil) – Literatura juvenil I. Seriacopi, Reinaldo. II. Título.09-09762 CDD-028.5

Índices para catálogo sistemático:1. Campanha das Diretas Já: Literatura juvenil 028.5

Todos os direitos reservados.Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida, por qualquer processo, sem a permissão expressa dos editores. É proibida a reprodução por xerox.

A Editora Manole é filiada à ABDR – Associação Brasileira de Direitos Reprográficos.

Editora Manole Ltda.Av. Ceci, 672 – Tamboré06460-120 – Barueri – SP – BrasilTel. (11) 4196-6000 – Fax (11) [email protected]

Impresso no BrasilPrinted in Brazil

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“Foi em Diamantina, onde nasceu JK,

Que a Princesa Leopoldina arresolveu se casar,

Mas Chica da Silva tinha outros pretendentes

E obrigou a Princesa a se casar com Tiradentes.

Laiá, laiá, laiá,

O bode que deu vou te contar,

Laiá, laiá, laiá,

O bode que deu vou te contar.

____________________

Da união deles dois ficou resolvida a questão

E foi proclamada a escravidão.

____________________

[Sérgio Porto/Stanislaw Ponte Preta, “Samba do Crioulo Doido”]

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De repente uma coceira 12Um certo Vinte e Dois 16

Combatendo os marajás 21Na Quintino Bocaiúva 26

Impasse em Congonhas 31Gato escaldado 37Na toca do lobo 39

Um saco de pancadas 43Bandidos em guerra 48

Sozinho com Dentinho 53A Caveira de Jade 61

Telepatia com Chiclete 66Dois tiros na madrugada 69

Um beijo redentor 75Muitas explicações e uma dúvida 80

Vinte e Dois abre o jogo 86Na casa do Dândi 94

Uma carta do exterior 104A Fera e a Bela 111

Pondo a casa em ordem 121Caminhando e cantando 128

Bandidagem nacional 140

Sumário

Page 9: Sherlocks on the rocks nas Diretas Já

Caçadores em crise 144Terremotos mexicanos 155

Um sonho estranho 162Enfim, Tatu Barbudo 171

Notícias da Bahia 182Um retorno tumultuado 189

O povo não é bobo 195Acertos com Filizola 207

Na cozinha do sobrado 213Os cuidados de Guga 218Um terrível ato falho 223

Impasse na Senador Feijó 233Com Guga na praça 240

Guerra é guerra 246O enigma de Phigueredo 258

Entre o cofre e o santo 269A arte e a vida 276

Os poderes do povo 283Um zumbido na cabeça 291

Na Nova República 300The Eden 307

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Sherlocks on the rocks nas diretas já é um livro que certamente agradará ao jovem leitor, pois reúne um grupo de adolescentes, os Caçadores de Enigmas e Mistérios – CEM, que se mete em aventuras de cunho policial com lances de perigo e suspense, mas sempre narrados com muito humor. Trata-se de uma leitu-ra muito divertida que satiriza nossa História recente.

De início, o autor põe em cena o lado bandido x mocinho da história. O narrador, um dos meninos do grupo, encontra-se com a perna engessada no leito do hospital e, em flashback, descreve as aventuras que o levaram a este estado. Na sequên-cia, inúmeras situações típicas do gênero – como perseguições, disfarces, tiros, pancadarias – avolumam-se, até, como não po-deria deixar de ser, um final feliz.

O que distingue este texto de tantos outros já publicados é não apenas o humor escrachado e inteligente, mas a ideia de entrecruzar a aventura com um fato recente da História do Brasil, como é a campanha das Diretas Já, parte do título da trama.

Antes desse momento que é o ápice da narrativa, localizado na preparação do comício e durante sua realização, os autores já demonstram que dominam bem o uso das referências e dos trocadilhos divertidos. Alguns deles: o filme que está sendo vis-to pelo bandido em outro cômodo da casa em que o narrador está preso é O homem que sabia demais de Alfred Hitchcock;

Prefácio

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Christie chama-se a gata que passeia pelos quartos; há nomes que lembram políticos da época: Orestino Pércia, Her Göllor (que mora na casa do Dândi...) ou artista como Tatá de Belém, enfim, incontáveis brincadeiras do gênero.

Na parte final, quando o pano de fundo é o comício, nomes verdadeiros são citados, como os de artistas (Chico Buarque, Gilberto Gil e tantos outros), o do apresentador Osmar Santos, e os de políticos que realmente estiveram no palanque: Ulysses Guimarães, Franco Montoro, Mário Covas e outros.

Em linguagem coloquial, adequada ao público juvenil a que se destina, os autores realizam neste Sherlocks on the rocks nas diretas já uma (como eles próprios definem) “alegre novela de entretenimento e suspense, a que se associa toda uma irreve-rente – carnavalizada – apreensão satírica do cotidiano brasi-leiro e da história do país”. Ou seja, um texto que ao mesmo tempo informa e diverte, de maneira inteligente, esse leitor tão especial.

Laura Sandroni

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De repente uma coceira

Uma coceira na planta do meu pé direito foi me despertando devagar. Bem devagar. Coisa que me acontece desde pequeno. Sensação que sempre gostei de sentir, essa comichão pelo corpo, na hora de acordar. Não só no pé, mas na orelha, na nuca, na barriga, em todos os lugares. É lógico que as melhores são aquelas mais difíceis. Por exemplo, bem no meio das costas, onde nem o braço direito nem o esquerdo alcançam, mesmo com a gente fazendo o maior malabarismo. Aí é que fica mais gostoso!

Desse jeito, o dia começava bem.Longe de querer qualquer perturbação, mantive os olhos fe-

chados. Tentei apenas me acertar mais um pouquinho na cama, movimentando a perna direita um tanto para o lado. Foi quan-do concluí de vez que o colchão não era muito confortável, pois não me permitia curtir com calma a coceira no pé.

Ao mexer, tive a sensação de que uma perna pesava mais que a outra. A princípio, não liguei. Às vezes, isso me acontece ao acordar. Nessa hora, minha preguiça me faz pesar mais do que os meus setenta quilos espalhados ao longo de um metro e oitenta de altura.

Continuei de olhos fechados, ainda com sono e com as pál-pebras resistindo. A coceira é que aumentava e eu só queria era ficar curtindo aquele prazerzinho.

— Veja. Ele está se movendo, Dona Míriam. Acho que vai acordar.

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Agora, essa! Parecia a voz de Natanael Perroti, meu melhor amigo e colega de faculdade. Mas, afinal, o que ele fazia no meu quarto em plenas férias? Com certeza, vinha me convidar para tomar parte do novo time de futebol de salão que estava organizando. “Assim tão cedo?!”, pensei, surpreso. “Não! Devo estar sonhando. É coisa de minha imaginação”, justifiquei.

— Graças a Deus! Temia que o Felipe fosse dormir o dia todo.

A resposta de minha mãe veio como um sussurro. Notei, pelo tom de sua voz, que ela parecia preocupada co-

migo. Sei lá por quê! O certo é que eu não estava sonhando. E o pior é que a cocei-

ra, tendo atingido seu ponto máximo de intensidade, começava a me irritar. Querendo acabar de uma vez com ela, levei o dedão do pé esquerdo em direção ao meu pé direito para friccioná-lo. Entretanto, não consegui.

— O que há? Vai ver que dormi de botas! — concluí, brin-cando.

Abri os olhos. A primeira visão que tive foram os cabelos desgrenhados

de Natanael. Seus olhos cercados de sardas me fitavam espan-tados. Junto dele, minha mãe, com a fisionomia ligeiramente amarrotada por algum choro recente.

— Você está bem, Felipe? — ela perguntou, ansiosa.— Sim, sim! Mas o que acontece? Sinto uma coceira terrível

no pé e tenho a impressão de que estou calçado.— É natural. O médico avisou — respondeu mamãe.— Médico?! — Eu não entendia nada!Ainda estava com sono e só aos poucos reparei que não me

encontrava em meu quarto, mas em outro. Um quarto peque-no, com poucos móveis. Uma cama estreita, duas cadeiras de ferro do lado esquerdo, um criado-mudo à direita e mais um armário embutido defronte de mim.

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— Onde estou?— No hospital — respondeu-me Perrotão.— No hospital?! Por quê?!— Por quê?! Então, você não se lembra que caiu há pouco da

escada, no aeroporto?! — ele perguntou, intrigado, abrindo o seu olhar miúdo, que assim parecia ainda mais sardento.

— Será que você perdeu a memória, meu filho?! — deses-perou-se mamãe, ameaçando chorar e já levando um lenço de papel ao nariz.

Nessa altura, é claro, eu havia acordado completamente. Con-tudo, não podia pensar em muita coisa, enquanto não sossegas-se aquela maldita coceira no meu pé. Tentei levantar a perna e minha mãe me repreendeu:

— Cuidado, assim você quebra o gesso.Então era isso!— Meu pé está coçando muito — resmunguei.Mamãe dirigiu-se a uma das cadeiras e retirou de dentro de

uma sacola preta duas agulhas compridas de tricô. Introduziu uma delas pelo orifício do gesso em torno de meus dedos do pé direito e começou a coçar. Uff, que alívio!

— Vou deixar as agulhas sobre o criado-mudo — disse ela. — Se precisar de novo, assim fica mais fácil, filhinho — exagerou, como sempre.

— Poxa, Felipe, você não imagina o susto que nos deu, quan-do rolou da escada e desmaiou — contou Natanael. — Todos nós pensamos que tivesse morrido. Chiclete parecia desespe-rado. Guga, quando soube, chegou a chorar. Sorte que um ho-mem que estava por perto, vendo você desmaiado, nos ajudou a trazê-lo pra cá.

De repente, o que Perrotão falava começou a fazer sentido para mim. As imagens voltavam nítidas e iam sucedendo-se aos poucos. Parecia que eu montava um quebra-cabeças de duas mil peças e ele já estava tomando forma. Agora, me lembrava

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mais. Como pude esquecer a perseguição em pleno aeroporto de Congonhas?! Aquela confusão toda que a gente aprontara!

— Quanto tempo vou ficar engessado? Quebrei a perna? — quis logo saber.

— Não! Não quebrou — garantiu Natanael. — Você apenas torceu o pé e ele ficou do tamanho de uma bola de boliche. O médico falou que em menos de uma semana você tira o gesso. Amanhã mesmo pode ir pra casa.

— O quê?! Não posso ficar tanto tempo imóvel! Dentro de três dias os bandidos agirão novamente. Temos que impedir!

— Ora, Felipe! Deixa dessa história! — ralhou mamãe. — Não vê a complicação em que se meteu? Que coisa! Avisa logo a polícia e acaba com isso de uma vez!

— Não, mãe, impossível! A senhora sabe que temos um jura-mento de honra em nosso grupo e precisamos cumpri-lo.

— É sim, Dona Míriam! Nós topamos essa parada sem ajuda de ninguém e vamos até o fim. Sempre agimos e agiremos desse modo! — completou Perrotão, solidário.

Mamãe abanou a cabeça resignada. Sabia que não mudaría-mos de ideia.

Cansado, pedi a ela e a Natanael que me deixassem sozinhos por um tempo. Fechei os olhos e passei a recordar os aconte-cimentos.

E dizer que tudo isso começara no dia anterior, um sábado de férias que prometia ser bem tranquilo.

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Apesar de meu amigo Sam Abramovitch, o Chiclete, morar a um quarteirão de minha casa, eu conversava com ele por telefone quase todo dia.

Naquele sábado pela manhã, discutíamos algumas sutilezas do livro Memórias de Sherlock Holmes, quando percebemos que havia mais alguém na linha.

— Você está ouvindo? — perguntou Chiclete. — Tem uma ligação atravessando a nossa. Uma linha cruzada.

— Vamos fazer silêncio. É engraçado ouvir o que os outros falam. Ontem, escutei um casal divorciado... Depois te conto.

Ficamos quietos. Mesmo com o som da outra ligação um pouco baixo, podía-

mos captar direitinho o diálogo:— Quando vai ser o descarregamento do material? — per-

guntou um homem de voz anasalada.— Amanhã de manhã. Precisamos tomar muito cuidado pra

que os fiscais não descubram nada — respondeu o outro, com voz grave.

— Como será o serviço?— O Dentinho está cuidando de tudo. Amanhã, às 10 horas,

você vai à rua Quintino Bocaiúva, nº 251. Lá, pega as malas com a muamba. As tais “peles de jacaré”, entendeu?! É pra levar até o aeroporto e entregar ao nosso contato que se chama Phigueredo. Ele sabe de um funcionário da alfândega que permitirá o embar-que das malas pros Estados Unidos sem problema. Preste aten-

Um certo Vinte e Dois

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ção! Com nosso material em mãos, Phigueredo deve lhe passar uma capanga contendo os dólares. Esses dólares você precisa levar de volta, até o endereço na Quintino Bocaiúva.

— Sim... mas de que maneira vou reconhecer o tal Phigue-redo?!

— Ao chegar em Congonhas, vá até o balcão de informações e diga que se perdeu de um amigo chamado Mário Túmulos. Peça pra funcionária anunciar no alto-falante que você está es-perando esse Mário Túmulos defronte à barbearia do aeropor-to, no andar de cima. O Phigueredo vai até a barbearia. Lá, ele irá lhe dizer: “O senhor deseja comprar sapatos de couro?” Você deve responder: “Talvez, quanto custa o par?” Entendeu?

— Entendi. Mas, e o Phigueredo... Como é que ele vai me reconhecer?

— Vista uma blusa amarela e uma calça verde. Além disso, leve debaixo do braço um jornal dobrado. Um Diário Popular. É o que basta.

— Perfeito!— Ah, Vinte e Dois, estava me esquecendo! — continuou

o homem de voz grave. — Quando for buscar a muamba na Quintino Bocaiúva, tem que dizer a senha. Já sabe qual é?

— Sim! É “Paca, tatu. Cotia, não”.— Não! Agora a senha é outra. A nova é “Gato escaldado tem

medo de linguiça”. Sacou?— Tranquilo, doutor! O senhor sabe que sou profissional em

meus negócios.— E não se esqueça, Vinte e Dois! Quero que use um de

seus melhores disfarces, na hora de buscar a muamba e for se encontrar com Phigueredo no aeroporto.

— Sem problema, chefe! Tranquilo! — concordou o outro.Terminado o papo entre os dois, eu e o Chiclete estávamos

pasmos. Em silêncio, por um tempo não acreditamos no que havíamos escutado.

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— Felipe! Isso é assunto pra uma conversa pessoal! Dentro de meia hora estou em sua casa. Antes, quero olhar uns jornais antigos que tenho — avançou meu amigo Sam Abramovitch.

Desligamos o telefone. Logo, como havia prometido, Chiclete chegou em casa.

Trazia um malote de recortes de jornal. Tinha aspecto assustador, com seus cabelos aparentando não

ver pente há anos. Embora pálido de susto, parecia entusiasma-do. Vinha de boca aberta, mascando dois Bubbaloos com sabo-res e cores diversos, o que indicava alguma notícia fantástica.

Após subirmos até meu quarto, Sam Abramovitch abriu seus recortes sobre minha cama, espalhando-os pela colcha.

— Acho que ouvimos algo maravilhoso. Leia essa matéria que saiu há uma semana — assegurou, entregando-me surrada página de um exemplar do Jornal da Tarde.

A notícia era a seguinte:

A polícia de São Paulo continua em suas investigações, no intuito

de capturar Lírio Ramos, mais conhecido como Vinte e Dois, que

fugiu há três semanas do presídio Bangu I, no Rio de Janeiro.

A PM tem informações de que o bandido se encontra em São Paulo.

Há indícios de que ele manteve contatos, na capital, com antigos

membros da conhecida quadrilha do perigoso contrabandista baia-

no Carlão Malvadeza, atualmente foragido no exterior.

Vinte e Dois possui uma ficha criminal com mais de cem metros

de comprimento. O bandido está condenado a 98 anos de prisão

por crimes de homicídio, assalto a mão armada e contrabando de

pedras preciosas.

Segundo o delegado Alighieri de Oliveira, responsável pelas investi-

gações, cerca de trinta policiais já foram destacados para o serviço

de captura do criminoso, também chamado de “Rei das Máscaras”.

Ele tem esses apelidos porque já escapou várias vezes da polícia

utilizando-se, justamente, de vinte e dois disfarces diferentes.

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— “Nosso grande problema para encontrá-lo é que nunca sabemos

qual a sua aparência atual, tamanha a variedade de máscaras usadas

por Lírio Ramos” — informou o delegado. — “Para uma de suas

fugas, inclusive, chegou ao absurdo de arrumar-se como perfeita

garota de programa, trajando apenas uma longa camiseta sobre a

pele nua, sem sequer usar suas roupas íntimas. Nesta camiseta,

trazia, grafitada, a frase ‘Êta mar gostoso!’. Quem de nós podia ima-

ginar que fosse o Vinte e Dois!? Desta vez, porém, estaremos mais

atentos” — concluiu.

— Viu só?! — exclamou Chiclete, estourando uma grande bola com sua dupla goma de mascar. — Comenta-se que nem a mãe de Lírio Ramos o reconheceria caso cruzasse com ele na rua.

— Caramba! Essa, não!— Claro, cara! Ele é um megabandidaço! Mas, agora, chegou

a hora de Vinte e Dois se ferrar!— Sem dúvida, porque, com certeza, o poderoso Chiclete

pretende denunciar o supervilão à polícia! — provoquei.— Isso nunca, meu caro Felipe Coração de Leão! Vinte e

Dois está perdido porque caiu feito um patinho nas nossas gar-ras! Sim! Proponho, já, reativarmos nosso invencível CEM. O famoso “Caçadores de Enigmas e Mistérios”! Que tal?!