sevcenko, nicolau. o renascimento

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    1:

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    Co

    pyright

    Ni c

    olau Sevcenko, 1994

    SA R

    AIVA

    S.A.

    Livreiros Edi

    tores

    Av.

    Marqus de So Vicen

    te, 1697 - B an a Fu nd a

    O1139-904 -

    S o P au lo - S P

    Fone: Oxxll) 3613-3

    000

    Fax: Oxx11) 3611-3308-

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    611-3268

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    Dados Inter

    nacionais de Catalogao

    na Publicao CIP)

    Cmara Brasil

    eira do Livro, SP, Brasil)

    Sevcenko, Nicolau.

    O Re

    nasc imento Nicolau Sevc

    enko. -

    16

    ed. rev. atual.

    - So Paulo :

    Atual, 1994. - D is cu ti nd

    oa histria)

    Bibliografia.

    ISBN 97 8 -8

    5-7056-540-2 a lun o)

    l

    Arte re

    nascentista 2. Renascena

    - Histria 3 . Renascen

    a - Itlia

    L

    Ttulo. Srie.

    93-12 10

    ndices par

    a catlogo sistemtico:

    l Renascena : E uropa

    :C ivilizao 940.21

    2.

    Renasc imento :

    Eu

    ropa : Histria 940.21

    CDD-940.2 1

    Cole

    o

    Discutindo a Hist

    ria

    Coorde

    nao: Ja ime

    Pinsky

    Editor :

    Henrique Flix

    As sistente ed i

    torial: Shirley

    G o m e s

    Preparao de tex

    to: No G. Ri

    beiro

    Gerente de produ

    o editorial :

    Clud

    io

    Espsi to Godoy

    Re

    viso: Maria

    Luiza

    X

    Souto

    Maria Ceclia

    F

    Vannucc

    hi

    Editora

    o eletrnica:

    Silvia Regina

    E

    Almeida

    /V irgnia

    S.

    Arajo

    Chefe de ar te/d iagrama

    o: Tania Fe

    rreira de Abreu

    Assistentes

    e

    arte

    : Marcos Pun

    te l de Oliveira

    Alexand

    re

    L

    Santos/Ricardo Yorio

    Produ

    o grfica: An

    to nio Cabel lo Q. Filho

    Jos Ro g erio L. de Simone

    M aurcio T de Moraes

    Pr

    ojeto grfico:

    Tania Ferreira de Abreu c

    ap a)

    Marc

    os Puntel de Oliveira miol

    o)

    Capa: A Esc

    ola de Atenas

    Rafael Sanzio

    Afresco da

    Stanza de

    i

    a Segnatura, Va

    ticano

    Ma pas:

    Sonia Vaz

    Pesq

    uisa iconogrfica :

    Lia Mara Milanelli

    Fotolito:

    Binhos/STAP

    Composio:

    Graphbox

    ano:

    tiragem:

    2010

    5

    2009

    4

    2

    008

    3

    2007

    2

    Visite nosso

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    Central de atend im

    ento ao profes so

    r:

    11)

    3613-3030 Grande So P

    au lo

    0800-01

    17875 Demai s loca l idades

    r

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    apo

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    r .... ............... .. .. .

    ................ ......

    1.

    C ond

    ies histricasg

    erais

    2.

    Os humanistas: u

    ma nova visod

    o mundo ......

    ...

    ..

    3 . A nova concepo nas artes pl sticas

    4. Lit

    eratura e teatro:

    a criao das

    lnguas nacion

    ais

    S. A evo lu

    o da cu ltura re

    nascentista

    na

    Itlia ............... ..........

    .

    ........... .......

    ...

    .................

    6 A evolu o d

    o Renasciment o em

    outras re

    gies europ ias

    7. C

    onclu so .......... .

    ........

    .. .... . . . . . . .

    .. . . ... . .... .. ... . . . . . . . ...

    . .. ...

    Cro nolo

    gia

    B

    ibliografia

    Dis

    c u t indo o texto

    1

    5

    1

    4

    25

    39

    5

    2

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    B a t e p a p o om o av.tof

    N colau Sevcenko formado em Histria

    pela USP, onde se doutorou , em 1981. Em 1983

    publicou

    sua tese de

    doutoramento

    sob o ttulo

    Literatura como misso: tenses sociais e criao

    cultural

    na

    Primeira Repblica.

    Se o livro lhe valeu,

    no

    mesmo

    ano

    ,

    do is

    importantes prmios (Prmio Moinho

    Santista Juventude e

    Pr

    mio

    Literrio de So Paulo), a tese lhe

    deu

    tambm uma grande

    alegria pessoal: a de

    ter

    travado o ltimo debate

    pblico

    com o Prof.

    Srgio Buarque de Holanda.

    Nicolau se qualifica

    como

    um andarilho vacilante , buscando seu

    des tino mais como um sonmbulo que guiado por sonhos fugazes,

    o

    que

    um

    navegante

    ,

    que se

    orienta

    por um norte certo

    e

    por

    ons

    telaes

    estveis . Talvez venha da

    sua afinidade

    com o

    tema

    deste trabalho. Na vida , diz ele,

    tenho sido puxado por

    um

    punhado

    le

    esperanas

    e empurrado

    por uma

    legio de fantasmas.

    Topei

    com

    muros imprevistos,

    tropecei

    nas prprias

    dvidas

    e ca

    nas armadilhas

    do es pelho ,

    como

    todo o mundo.

    A

    tualmente

    professor

    livre-docente da USP ,

    tendo

    defendido

    sua

    se Oifeu exttico na metrpole: SoPau lo Sociedade e cultura nos

    fJrementes anos

    20

    publicada

    pela

    Companhia das Letras. Nicolau

    :1credita que, se o

    trabalho realmente

    dignifica o homem,

    ele j

    poderia

    i r para

    ndo

    , por j ter acumulado dignidade suficiente para esbanjar

    pel o resto

    da

    vida. Mas como a dignidade no compra o

    po,

    ele

    ( ()

    ntin

    ua

    trabalhando, com a

    esperana de algum

    dia

    saldar sua

    dvida

    com o BNH .. . .

    E foi com

    esse simptico

    e extrovertido

    autor que

    travamos a

    ,

    ;vg

    uinte batalha :

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    portanto, a liberao

    do

    indivduo e o empurra para a luta da

    concorrncia com outros indivduos, conforme as condies postas

    pelo Estado e pelo capitalismo. O sucesso

    ou

    o fracasso nessa nova luta

    dependeria

    - segundo Maquiavel, o introdutor da cincia poltica

    precisamente nesse momento - de quatro fatores bsicos: acaso,

    engenho, astcia e riqueza. Para os pensadores renascentistas, os

    humanistas, a educao seria o fator decisivo.

    Nem Maquiavel

    nem

    os humanistas estavam lon

    ge

    da verdade. O

    momento histrico

    co

    locava em foco sobretudo a capacidade criativa

    da personalidade humana. O perodo de grande inventividade

    tcnica estimu lada pelo desenvolvimento econmico e estimuladora

    desse desenvolvimento. Criam-se novas tcnicas de explorao agr-

    cola e mineral, de fundio e metalurgia , de construo naval e

    navegao; de armamentos e de guerra. o momento da inveno da

    imprensa e

    de

    novos tipos

    de papel

    e

    de

    tintas. Se a introduo

    de

    uma

    nova tcnica poderia colocar uma

    empresa

    frente de suas concorren-.

    tes , a criao

    de

    novas armas colocava os Estados

    em

    vantagem sobre

    os seus rivais. Foi

    com

    esse objetivo que Galileu

    foi

    contratado pela

    oligarquia mercantil da Repblica de Veneza e foi esse tipo de prstimo

    que Leonardo da Vinci ofereceu a Ludovico, o Mouro, senhor de Mi lo,

    a fim de entrar para seu servio.

    Esse conjunto de circunstncias instituiu a prtica da observao

    atenta e metdica da natureza, acompanhada pela interveno do

    observador por meio de experimentos, configurando uma atitude que

    seria mais tarde

    denominada

    cientfica. O obje tivo era obter o mximo

    domnio sobre o meio natural, a fim de explorar-lhe os mnimos

    recursos em proveito dos lucros de mercado. O instrumento-chave

    para o domnio da natureza e

    de

    seus mananciais, atravs

    do

    qual se

    poderia condensar sua vastido e variedade numa linguagem abstrata,

    rigorosa e homognea, era a matemtica. Nesse campo, os progressos

    caminhavam rpido, desde a assimilao e difuso dos algarismos

    arbicos e das tcnicas algbricas, tomadas civilizao islmica. O

    instrumental matemtico era indispensvel para efetuar a contabilida

    de comp

    lexa das empresas mercantis e financeiras,

    ou

    seja, os clculos

    cambiais e os diversos sistemas de juros, emprstimos, investimentos

    e bonificaes.

    As pesquisas sobre a tradio da geometria euclidiana acompa

    nhavamde

    perto os avanos na matemtica. E ambas ganharam novas

    funes com a inveno da luneta astronmica por Galileu. Pode-se,

    assim, confirmar a teoria

    do

    heliocentrismo

    o

    Sol

    ocupando

    o centro

    do sistema planet rio e no a Terra, como acreditavam os homens da

    Igreja, baseados em Ptolomeu) e a rotundidade

    do

    nosso planeta. Mas

    foi acreditando nessa cosmografia ousa da, muito antes ainda de sua

    confirmao, que Colombo descobriu a Amrica 1492) e Ferno de

    Magalhes fez a primeira viagem de volta ao mundo 1519-1521).

    Graas a essas descobertas , o sistema comercial pde ampliar-se , at

    atingir toda a extenso do globo terrestre. Globo que passou a ser

    rigorosamente mapeado e esq uadrinhado por uma rede de coordena

    das geomtricas destinada a garantir a segurana e a exatido das

    viagens martimas e o sucesso dos negcios dos mercadores euro

    peus . O desenvolvimento do

    saber

    e o do comrcio

    se

    reforavam

    mutuamente.

    A matematizao do

    espao

    pela cartografia acompanhada pela

    matematizao do tempo. O ano de 1500 marca significativamente

    tanto o desenvolvimento do Brasil quanto a inveno do primeiro

    relgio de bolso. Os sculos XV e

    XVI

    assistiram a.uma ampla difuso

    de relgios pblicos mecnicos ou hidrulicos, os quais so instalados

    nas praas centrais das cidades que desejavam exibir sua opulncia e

    sua dedicao metdica

    ao

    trabalho.

    As

    pessoas no se movem mais

    pelo

    ritmo do sol, pelo canto do galo ou

    pelo

    repicar dos sinos, mas

    pelo tique-taque contnuo, regular e exato dos relgios. A durao do

    dia no mais considerada pela posio do sol ou pelas condies

    atmosfricas, mas pela preciso das horas e dos minutos. Em breve os

    contratos no falaro mais

    de

    jornada

    de

    trabalho, mas prescrevero

    o nmero exato das horas a serem cumpridas em troca

    do

    pagamento.

    O prprio tempo tornou-se um dos principais artigos

    do

    mercado.

    Mas o que pensavam os homens do

    perodo sobre

    essas mudan-

    as? A burguesia, sua grande beneficiria, estava eufrica. A nobreza

    e o clero, perdendo o espao tradicional dos feudos, procuram

    conquistar um novo lugar de destaque junto s cortes monrquicas

    recm-criadas. Campone ses e artesos, perdendo

    a tutela tradicional

    do

    senhorio

    e da corporao, so atirados, na maior parte das vezes

    contra a vontade, numa liberdade individual que pouco mais signifi

    cava que trabalho insano para garantir a sobrevivncia

    nos

    limites

    mnimos . Mas e os pensadores, os filsofos , os artistas, os cientistas,

    numa palavra: os humanistas, esses homens nascidos com as novas

    co

    ndies e destinados a increment-las, o que

    pensavam

    eles. disso

    tudo? Que partido tomavam? Pensavam por si mesmos ou eram

    instrumentos pensantes da burguesia que os financiava? A resposta a

    essas questes bem mais complexa

    do

    que se pode imaginar.

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    experimentalista do perodo, renegou completamente o saber dos

    livros e das universidades, vivendo isolado junto natureza numa

    investigao incansvel

    de

    todos os fenmenos

    que

    lhe chamavam a

    ateno. Tratava-se da fundao

    de

    uma nova

    concepo do

    saber,

    completamente ave rsa aos dogmas medievais e voltada toda ela para

    o homem e para os

    problemas

    prticos

    que

    seu

    momento

    lhe colocava.

    A avidez

    de

    conhecimentos

    se torna t

    o

    intensa

    como

    a avidez

    do poder

    e do lucro, e na verdade as trs passam a estar indissociavelmente

    ligadas na nossa sociedade.

    eligio

    ~ e \ o v a d a

    e

    o ~ e m

    poltica estvel

    No

    campo

    da f , a interiorizao e a individualizao da expe-

    rincia religiosa eram tambm exigncias peculiares aos humanistas,

    que

    lutavam

    por

    uma religio renovada. O ch

    amado

    humanismo

    cristo, ou filosofia

    de

    Cristo, desenvolveu-se principalmente

    no

    norte

    da Europa, centralizado na figura de Erasmo de Rotterdam e de seus

    companheiros mais prximos, como Thomas Morus e john Colet. A

    obra

    de

    Erasmo, o Elogio da

    loucura

    constitui o texto mais expressivo

    desse movimento.

    Todo

    repassado

    de

    fina ironia , ele ataca a imorta

    lidade e a ganncia

    que

    se haviam apossado

    do

    clero e da Igreja , o

    formalismo vazio a que estavam reduzidos os cultos, a explorao das

    imagens e das relquias , o palavrrio obscuro dos telogos, a ignorn

    cia dos padres e a venda das indulgncias. egundo essa corrente, o

    cristianismo deveria centrar-se na leitura do Evangelho (Erasmo

    publicou

    em

    1516 uma edio

    do

    Novo Testamento,

    apurada

    pela

    crtica filolgica) ,

    no

    exemplo

    da vida

    de

    Cristo,

    no

    amor desprendido

    ,

    na simplicidade da

    f

    e na reflexo interior. Era

    j

    o anseio da reforma

    da religio,

    do

    culto e da sensibilidade religiosa

    que

    se anunciava e

    que

    seria desfechada

    de

    forma radical, fracionando a cristandade, por

    outros humanistas, como Lutero, Calvino e Melanchton.

    Outro tipo

    de preocupa

    o

    comum

    aos renascentistas dizia

    respeito s leis

    que

    regiam o destino histrico dos povos e o processo

    de

    formao de sistemas estveis

    de ordem

    poltica. Essa especula o

    se configurou com maior nitidez sobretudo nas cidades italianas onde

    os

    perodos

    de

    ascenso e declnio da hegemonia das vrias re,pbli

    cas oscilavam constantemente e

    onde

    as formas republicanas, desde

    o sculo

    XIV,

    vinham

    sendo

    ameaadas pela fora

    de

    oligarcas e

    22

    ditadores militares, os co11dottieri. Os

    paduanos

    Albertina Musato e

    Marsilio

    de

    Pdua,

    j por

    volta

    do

    incio

    do

    sculo XIV, consideravam

    que

    eram os

    homens

    e

    no

    a Providncia Divina os responsveis

    pelo

    sucesso

    ou

    o fracasso

    de

    uma

    comunidade

    civil em organizar-se,

    prosper ar e expandir-se. Marsilio

    ia

    ainda mais longe e insistia

    em

    que

    a comunidade civil se constitua com vistas realizao e defesa dos

    interesses

    de

    seus membros , em cujas mos , em ltima instncia,

    repousava todo o

    poder

    poltico . Assim

    sendo

    ,

    nem

    os

    homens

    ex istiam e se reuniam para adorar a Deus,

    nem

    era ele o fundamento

    de

    toda autoridade. Surge, pois,

    u.rna concepo

    social e uma teoria

    poltica completamente mat

    er

    ialistas e utilitrias.

    Na

    gerao seguinte,

    de meados do

    sculo

    XIV ao

    incio

    do

    XV,

    seriam os florentinos que fariam avanos nessas posies. Lutando

    contra os avanos

    de

    Milo ao norte e com conflitos sociais interna

    mente, os chanceleres humanistas

    de

    Florena, Coluccio Salutati e

    Leonardo Bruni, revivem a lenda de

    que

    a cidade era a filha

    de

    Roma

    e a herdeira natural

    de

    sua tradio

    de

    liberdade, justia e ardor cvico.

    Conclamavam assim seus concidados a lutar pela preservao

    dessa traclio, poi s, se a autoridade poltica desmoronasse e a cidade

    perdesse a independncia, o segredo ela civilizao superior ele

    Florena, seu respeito s liberdades e iniciativas individuais e a se leo

    elos

    melhores talentos seriam corrompi dos pelos brbaros . O fim ele

    Florena seria o fim da cultura humanista e o fim elo

    homem

    livre. Foi

    esse o mesmo

    medo

    que levou Maquiavel a escrever o seu OPr11cipe

    uma espcie

    de

    manual ele poltica prtica , destinado a instruir

    um

    estadista sobre como conquistar o poder e como mant-lo indiferente

    s normas da tica crist tradicional. Para Maquiavel , a nica forma ele

    garantir a paz e a prosperidade ela Itlia, ame aada pelas lutas internas

    e pela cobia simultnea

    elos

    monarcas do Imprio Alemo, da Frana

    e

    ela

    Espanha, seria a unificao nacional

    sob

    a gide

    de um

    ld

    er

    poderoso.

    s

    L topistas

    A reflexo histrica e social e a cincia poltica,

    como

    se v ,

    nasceram juntas no Renascimento,

    num

    encontro

    que no

    foi mera

    mente casual. Desse mesmo cruzamento ele interesses nasce

    ri

    a o utra

    corrente e pensamento to original

    quanto

    ousada : os utop istas.

    As

    23

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    a lguma s c aracter

    sticas

    d

    o ro m nico,

    o est i lo gtic o traz

    c ons igo a

    leveza

    e a delicadeza da

    s minia turas e o p

    olicromatismo d a ar

    te

    autenti

    c a me nte popu lar . Su

    a difuso ajud a a

    romper com a ri gidez

    elo

    romn

    ico, e as catedrais

    ganhariam uma n ova c

    oncepo baseada

    na

    leveza elos

    arcos ogivais

    e n a sutil ez a ela il

    umina o elos v itr a

    is ,

    d inmi

    cos e mult icolorido

    s. Come a va-se a ganhar em

    te rmos ele

    es p

    ao, movime n to, lu z

    e co r

    Igreja em esti

    lo rom ni co com detalhes

    de escultu ra:

    Notre Dam La Gr a

    nde.

    28

    A regio e

    la

    p e

    nnsula It

    lica ,

    ao

    sul , entretan

    to, perma-

    necia a inda sob a f

    orte influ n

    c i

    ela arte bizantina, pr

    esa ,

    pois, a uma c

    o

    n

    c

    ep

    o ico

    nizacla

    ela

    imag em , excl

    us

    i-

    vam

    ente religiosa e rigoro

    sa

    m

    ente li

    gada a normas fixas

    ele

    com

    posio ,

    c

    omo o hie

    ra

    t ismo forma r

    gida e majes

    tosa im p osta por

    uma tradi

    o

    invarivel),

    a frontaliclacle

    ob rigao ele

    s

    representar

    as ima ge n s ele fr e

    nte), o tricro-

    ma t i smo n o r m a

    l

    mente

    o azul ,

    o dourado e o

    ocre) , a iso

    cefa lia to da s a

    s cabeas ele

    um

    a

    sr

    ie

    com

    a

    m

    esma

    a ltu

    ra), a isoclactilia

    todos os

    ele-

    elos ele u m a m

    esma

    mo com

    o m

    esm

    o tamanho)

    e a hierar

    qui

    a elos

    espaos

    com

    o eles

    taque

    variando el s f

    iguras

    ma

    is sa gra da s para as menos

    sa gra da s) .

    Ma

    i

    s elo que nor

    m as

    , esses r

    e

    qu isitos

    ela im a -

    Arquitelllra em es

    tilo gtico

    com arcos e rillais: S

    ainte

    Chapelle

    ista pordentro .

    gem

    e ram dogma

    s

    re li

    g iosos; r o m p - los

    era sacrilgio,ac

    arretando a

    destru i o ela

    obra e a

    p

    unio

    elo a rti sta.

    De

    qualquer forma , nesses

    trs estilos, a arte era

    concebida

    c

    omo

    um ins t rum

    ento didt ico. Num

    un ive r so soc ia l ele

    a

    na lfabetos prati

    camente

    s

    o clero s

    abia l

    er

    e escrever) ,

    eram as ima gen s , vi s

    tas pelos

    fiis

    por

    dentro e por

    fora,

    ao

    l

    o

    ngo el

    e toda a igreja , que tr a

    nsmitiam

    e re p et iam

    imutveis as li es

    ela teologia crist. A ar

    te

    no

    tinha , pois ,

    u

    m fim em si m e sma

    e

    no

    gua rda vanenhum

    a re la o necess

    r ia

    com

    a

    realiclacle co ncre ta

    e cotidiana elomun

    do; ao contrr io, era

    preciso

    tr

    a nsc e nde r qS im ag e

    ns para , a lm dela

    s, e nc ont ra r a dout r

    ina e a

    verdadeira sa lva o .

    As ima ge ns eram apenas

    uma inspira

    o e

    um

    c

    onvite para que a

    me di ta o se dirigi

    sse

    ao m

    undo espi

    ritual e

    ce les tial , o

    nic o que conta v

    a , guia da pela p a l

    avra elo clero e

    as s

    e gura da pelo br a o

    ela nobreza .

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    l

    S

    egundo

    o

    comentr

    io

    d

    o pintor

    Albrecht D r

    e r , a

    exp

    re

    sso

    p erspecti

    va

    sign ifica "

    ver

    a t rav

    s ". Essa

    impres

    so i

    n

    d

    ita de o lh ar -se

    pa1:a

    um

    a

    parede pintada

    e p a r

    ece

    r

    que

    se v

    p r

    alm

    dela ,

    como se

    a li tiv

    e

    sse sido

    a be r t a uma

    ja ne la p r um outro espao,

    o espao

    pic trio, era

    o princ ipa l efe i to busc

    a

    do pelos

    novos

    artistas. A pintura

    t radic iona l , g t

    ica

    ou

    bizant in a, pr a

    ti ca

    men

    te

    se

    restrin

    gia

    ao p

    lano

    bidimensional da

    s paredes

    , produzindo no mximo

    um efe i to

    deco

    ra tivo

    . O

    nov

    o esti lo art s

    t ico m ultiplicava o espao

    dos

    inte r iores

    e,

    com

    a preocupaode dar

    s

    pe

    ssoas ,aos

    obj e tos e

    paisag

    ens

    re t ra tados

    a aparncia

    mais na tur

    a l poss ve l , parec ia m

    ultip licar a

    prp

    ria

    vida.

    U ma arte desse tipo

    impressionava muito

    m ais

    os sen

    tidos que

    a

    im a

    gi na o,

    convida

    va muito

    m a is ao de

    sfrute visua l

    do

    que

    m e dita o

    in terior. Era uma

    a

    1 te que

    remet ia o hom

    e m

    ao

    prprio

    32

    ho mem e o

    i nduzia a

    um a ident ificao

    m a io r

    co m se u meio

    urba n o e

    na tura l , ao co n

    t rr io

    d

    os

    es til

    os me di e va i s

    q

    ue

    p re

    di

    sp u

    nham as

    pe

    s

    so as a

    pe

    netrarem

    n

    os

    un

    iversos imate

    ri

    a is ela

    s

    h astes

    ce les tiais . A a rte

    renasce

    nt is

    ta ,

    portanto

    ,

    m a

    ntinh

    a um a conso

    n

    ?m c ia muit

    o

    ma

    ior

    co m o

    modo

    ele

    viela

    im pl a nt

    ado

    no Ociden

    t

    e e ur

    op e

    u

    com

    o in c

    re

    mento

    elas rela

    es

    me r

    ca ntis e o

    de

    se n

    v o lv i-

    mento

    as c idades .

    swdode perspecriva

    TcV\iCC

    \

    o

    olho f

    ixo

    Contud

    o , as tc n

    i cas

    ele perspecti

    va

    introdu z id as por D

    ucc io ,

    G io tto

    e

    pelos

    m es tr es f

    ra n

    co

    -flame

    ng

    os c

    areciam ai nd a de um

    ac a bamento

    m ai s rig

    oroso,

    j que

    n e m

    todas

    as dim

    e n

    s es

    elo

    espao

    re t r

    a t a do se

    s

    ubmetiam

    m

    es

    m a

    or i

    entao de p

    r

    of

    undida de .

    Sua

    t c ni c a

    foi

    por

    isso d e nomin

    a d a p e rspect va intu

    it iva. A in

    ve

    no d a

    pers

    pec t iva

    matem

    t ica ,

    o u p e rs pec t iva ex

    ata", e m

    que

    todos os

    pon

    t

    os

    elo

    es

    pa

    o

    re tr a t

    ado obedece

    ma

    umanorm

    a nica

    de

    projeo

    ,

    deveu-se

    co m um a g

    ra

    nd

    e d ose

    ele

    ce rt e

    za a F i l ippo B rune l

    leschi ,

    a rqui te to flore

    ntin o ,

    por vo

    lta d e

    142

    0 Basea

    do n o

    t

    e

    ore

    m a

    de

    Euclid es , que estabelece

    um a r

    e

    la o

    matemtica proporcional

    entre

    o ob

    jeto esua

    rep

    resentao

    pictrica, B rune l

    l

    esc

    hi insti tuiu a tcn

    ica

    do

    'olho

    fixa

    ,

    que obse

    rv a

    o

    espao como

    que

    a tra v s

    de

    um

    in s

    t

    rumento ptico

    e

    define

    as propor

    es dos

    o

    bjetos

    e

    do

    espao

    e n tr e eles

    em relao a esse nico

    foco vi sua

    l. Assim, o plano do

    q u

    a

    dro

    interp

    retado co

    m o

    se ndo

    uma

    "inte r sec

    o

    da pirmide

    vis ual "

    c u j o v rtice co ns is

    te

    no

    olho do pintor

    e a

    bas

    e na cena

    re t ra tada , estabelecendo-se de

    sse

    mod

    o uma constr

    uo geomtrica

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    tambm um valor de mercado. Mas para que produza to rpido

    preciso

    que

    racionalize a

    produo

    das obras atravs da diviso social

    do trabalho. Assim sendo, vrios. artistas e aprendizes participam da

    composio de uma mesma obra

    de que

    o artista

    pouco

    mais faz

    do

    que

    o esboo geral e a assinatura final. Esse

    processo

    certamente

    aumenta seus dividendos,

    porm

    reduz sua

    espontaneidade

    e sua

    individualidade.

    Alguns tent am resistir a essa situao, exigindo

    um

    ritmo prprio

    de

    trabalho e produo,

    como

    Leonardo da Vinci,

    que

    dizia: o pintor

    deve

    viver s, c ompletar o que seus olhos

    percebem

    e comunicar-se

    consigo mesmo . Mas o

    tempo

    e o

    espao

    da contemplao

    no

    existem mais numa sociedade

    de

    concorrncia brutal ,

    de

    ritmo

    frentico e

    de

    profunda diviso social

    do

    trabalho. E, se o artista pre

    tende

    recuper-lo ,

    s

    poder faz-lo isolando-se

    como

    Michelangelo

    e Tintoreto,

    que no

    admitiam ningum no seu ambiente

    de

    trabalho

    e tornaram-se

    homens

    terrivelmente ss. A solido irremedivel do

    artista moderno um passo para seu encerramento na torre

    de

    marfim

    de seu ofcio e seu mergulho na alienao completa. A alienao e a

    angstia,

    por

    sua vez,

    so

    a fonte da

    ang

    stia

    do

    h

    omem

    dividido e

    fragmentado, preso

    liberdade de

    sua individualidade, essa herana

    desconfortvel que todos trazemos

    do hom em moderno

    e

    que

    a

    marca prpria da modernidade. Dela nasceu a

    terribilit

    to falada do

    comportamento

    de

    Michelange lo,

    pe

    lo seu carter atormentado e sua

    a1te tensa, pois ele foi o homem para quem a conscincia dessa diviso

    e fragmentao assumiu

    um

    carter agudo,

    num tempo

    trgico,

    marcado pelo movimento reformista, pela invaso e saque de Roma

    sob

    as ordens

    do

    imperador da Alemanha e pela crise da economia

    italiana diante das navegaes ibricas. Com ele

    tambm

    a arte

    renascentista se transforma no maneirismo, e a placidez racional da

    ltima ceia de

    Leonardo d lugar turbulncia emocional incontida

    do juzo

    inal

    da Capela Sistina .

    38

    LiteratV\rC\ teatro

    a cr i o

    d s

    lV\gV\a V\acioV\ais

    marco mais significativo da criao da literatura moderna

    um tanto ambguo. Trata-se da ivina

    comdia de

    Dante Alighieri (12651 321). Dizemos que

    um

    marco

    ambguo,

    porque

    assim

    como

    as imagens

    de

    Giotto, a

    literatura de Dante guarda intocadas inmeras caractersticas da

    mentalidade e da expresso medievais. A ivina comdia consiste na

    realidade num longo poema pico, composto de cem cantos e

    organizado

    em

    tercetos (grupos

    de

    trs versos cada) decasslabos. A

    ob ra tem um contedo simblico e mstico, bem ao gosto medieval,

    e narra a trajetria alegrica de Dante,

    que

    , perdido

    numa

    floresta

    terrena, dali tirado

    pelo poeta latino

    Virglio, que o guiaria pelo

    reino dos mortos , atravs

    do

    inferno e

    do

    purgatrio, at o paraso,

    onde o entrega salvao nas mos

    de

    sua amada Beatriz. Ao longo

    de

    seu percurso, Dante tem a opo1tunidade de transmitir toda a

    concepo da ordem do mundo , da criao, da queda e da salvao

    final

    que

    consubstanciavam a teologia crist e apresent la

    numa

    narrativa orgnica e inspirada, tal

    como recomendavam

    as diretrizes

    da filosofia escolstica, na qual ele se baseou rigorosamente. O que

    pode ter de moderno um

    tal poema? Praticamente nada e

    praticamente

    tudo. A

    obra

    provavelmente a sntese mais bem-

    acabada

    de

    todos os

    valores

    que

    nortearam o

    mundo

    medieval. Mas traz consigo tambm

    os prenncios dos fundamentos em que ir se basear a civilizao

    moderna. Para comear,

    porque

    o

    poema

    escrito

    em

    dialeto toscano

    e

    no

    mais em latim, como era o hbito na Ida de Mdia. Para continuar ,

    porque

    os guias

    de

    Dante nessa travessia sacra e simblica so

    um

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    Antiguidade clssica,

    como

    fcil

    de

    supor. Tnhamos assim o

    poema

    pico, a poesia lrica, o drama pastoral, as narrativas satricas, a tragdia

    e a comdia, dentre outros. As formas e

    os

    metros eram

    quase

    todos

    de criao italiana,

    que

    remontavam

    em

    grande parte

    ao

    perodo

    de

    apogeu

    da corte siciliana

    de

    Frederico II : o soneto, o verso decasslabo

    e a oitava (estrofe

    de

    oito versos). Portanto, se os gneros eram antigos,

    as formas

    de

    compoSio eram novas, assim

    como

    a

    preocupao de

    criar na lngua nacional,

    explorando

    -lhe todas as possibilidades

    musicais, rtmicas , e as rimas. No conjunto, pois, no se tratava de

    restaurar gneros antigos, mas

    de

    servir-se deles para veicular novos

    contedos sob

    formas

    que

    suscitavam uma nova sensibilidade.

    Poesia lv ica

    O gnero mais freqenteme nte

    exp

    lorado a poesia lrica tal

    como

    conceb

    ida

    por

    Petrarca. Seus grandes

    expoentes

    fora da Itlia seriam

    Cl

    ment

    Marot (1495-1544), Maurice Sceve (1501-1562) e os po etas da

    Pliade na Frana; Garcilaso

    de

    La Vega (1503-1536) e ernando

    Herrera (1534-1597) na Espanha; Lus

    de

    Cames (1524-1580)

    em

    P01tugal. A temtica sempre intimista e apaixonada, dedicada

    expanso do sentimento sub limado de

    um amor

    fervoroso por uma

    amada sempre longnqua e inatingvel. Esse liri

    smo de

    fundo platnico

    tem um forte elemento mstico, com a amada

    representando

    o bem,

    o belo, a perfeio numa idealizao que a identifica, em ltima

    instncia, com a f na salvao pela abnegao , pelo sacrifcio e pela

    conteno dos impulsos mais instintivos elo homem.

    O poeta leva a

    sub

    limao

    ele

    sua paixo intensa

    ao ponto

    ele

    atingir

    um

    estado febril

    ele

    excitao,

    que

    definiria o impulso criativo

    como um

    arrebatamento

    de

    inspirao potica e

    ao

    mesmo

    tempo um

    fervor mstico que o eleva a regies superiores do intelecto e elo

    esprito. dessa sensao ele elevao

    que

    nasce uma conscincia

    do

    papel

    superior que cabe ao poeta na sociedade, qual

    um

    ser inspirado

    que fala aos

    homens

    com

    un

    s sobre uma realidade acima de suas

    plidas existncias cotidianas. O poeta, assim, seria

    um ex

    pe

    rimentaclor

    que exp

    lor

    a

    avalia e

    anunc

    ia os limites mais extremos a

    emoo, da sensibilidade e ela imaginao humanas.

    46

    Poesia pastov al

    Outro gnero ele grande

    sucesso na literatura renascen

    tista a poesia pastoral,

    baseada

    nos

    poemas

    buclicos

    ele

    Vir

    glio. Seus

    grandes represen-

    tantes seriam Torquato Tasso

    (Aminta, 1572) e Sana zzaro (Ar-

    cadia, 1502)

    na

    Itlia;

    Jorge

    Montemayor (Diana enamora-

    da, 1542), Cervantes CGalatia,

    1585) e Lope de Vega CArcadia,

    1599) na Espanha; Honor d Urf

    (l Astre,

    1607) na Frana e Ed

    muncl

    Spenser

    C

    O calendrio dos

    pastores,

    1579) na Inglaterra. Co

    lees

    ele

    contos,

    ou

    novelas,

    com

    narrati ;as satricas, picares

    cas ou eclificantes

    tambm

    tive

    ram grande voga desde o -

    cameron de Boccaccio. Clebre

    nessa linha so o Heptamero da

    rainha Margarida

    de

    Navarra

    (1492-1549)

    e

    as

    Novelas exem-

    plares (1613)

    ele

    Cervantes.

    (: :\

    o

    t -

    t; :

    popia

    Cames , poeta maior do

    Renascimento portugus,

    retratado m Coa,

    ndia.

    m

    1581.

    Mais notveis , porm, pelo seu significado histrico, so as

    epopias, por meio das quais os poetas procuram enaltecer e glorificar

    suas naes emergentes, legitimando simbolicamente os Estados

    monrquicos que se centralizavam e agigantavam nesse perodo.

    Praticamente em todas as naes tentou-se ,

    com

    maior ou

    menor

    sucesso, essa exaltao elo poder temporal e das conquistas e feitos ele

    armas elas casas reinantes, entrevistas como um esforo coletivo de

    toda a nao com o fito de cumprir seu destino predestinado de

    exercer a h

    ege

    monia sobre todos os povos. Temos assim a Francada

    47

  • 7/25/2019 SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento

    28/48

    1562)

    de

    Pierre

    de

    Ronsard, a

    Faily Queen

    0596

    de Edmund

    Spenser, a

    Dragontea

    1598)

    de

    Lope

    de

    Vega e s

    Lusadas 1572)

    de

    Lus

    de

    Cames.

    Tambm

    aqui

    modelo

    seguido o da

    epopia

    clssica, mas os sistemas rtmicos e

    de

    versificao

    seguem

    o

    padro

    italiano. De qualquer forma, pouco importam as procedncias dos

    recursos de que lanaram mo os poetas nesse caso, pois seu objetivo

    era um s: o de instituir uma alma nacional e o culto de crenas e

    valores nacionais - fundar mesmo a idia de nao e prognosticar,

    desde j , o seu destino glorioso, nico e preponderante.

    Teatl o

    Outro dos

    gneros recuperados

    da Antiguidade clssica e que

    encontraria uma

    enorme

    aceitao nesse

    perodo fo

    i o teatro, nas suas

    duas vertentes antigas: a tragdia e a comdia. A arte cnica , contudo,

    tivera

    um grande desenvo

    lvimento durante a

    Iclacle

    Mdia atravs

    ele

    representaes

    de

    cenas

    do

    Evangel

    ho ou

    da histria da vida da

    Virgem e outros santos, efetuados normalmente na parte fronta l das

    igrejas

    ou nas praas maiores elas cidades, povoados e aldeias. Eram

    organizadas pelo clero

    em

    colaborao

    com

    as corporaes ele

    artesos e da

    populao ele

    forma geral,

    que

    era

    quem desempenhava

    os

    vrios papis envolvidos na pea. Portanto, a participao e a

    receptividade

    popular eram

    intensas. No havia

    mesmo nenhuma

    separao entre palco e platia:

    todos

    estavam envolvidos na pea s

    pelo fato ele estarem presentes. Os cenrios eram simultneos,

    permanecendo

    todos armados

    um ao

    lado do outro,

    independente-

    mente de

    qual estivesse

    sendo

    usado, e os prprios atores ficavam o

    tempo todo

    na cena ,

    mesmo

    que

    no

    tivessem participao

    no

    ato

    em

    representao.

    o

    espectador-ator caberia distinguir, pelo

    andamento

    elo conjunto da pea, a que cenrio deveria atentar e a ao de quais

    atores deveria

    acompanhar

    ,

    desconsiderando

    todos os elementos que

    no participavam do ato,

    embora

    se mantivessem em cena.

    A primeira tragdia clssica publicada

    em

    lngua

    popular no

    Renascimento foi a

    Sqfonisha

    1515) de Giangiorgio Trissino, huma

    nista italiano.

    Pretendendo recuperar por

    inteiro esse

    gnero

    clssico ,

    o autor seguiu as normas da tragdia grega, dando pea unidade

    ele

    tempo

    ,

    de espao

    e

    de

    ao. Como se

    pod

    e ver, essa

    ordenao

    interna

    da

    pe

    a e

    ra comp

    letamente estranha s encenaes

    populares

    me-

    48

    dievais, dando representao uma

    li

    nearidade, uma disciplina e uma

    racionalidade

    que

    obrigavam, alm elo mais, a uma separao decisiva

    entre o palco e o pblico e impunham a utilizao ele atores

    profissionais. Segundo essa

    concepo

    teatral, cada cen rio aparece e

    desaparece

    quando a ao que nele se desenrola principia e acaba,

    cada

    personagem

    s

    permanece no

    palco enquanto tem uma funo

    significativa na cena e as aes se

    sucedem

    numa seqncia cronol

    gica linear. Evidentemente, uma

    concepo ele

    arte nesses termos teria

    muito mais condies ele satisfazer uma burguesia cujo principal valor

    consistia

    no

    controle racional elo tempo, do espao e elo movimento

    e cuja

    grande

    ambio era distinguir-se elo

    povo

    rude , inculto e

    indisciplinado. Alis, esse processo

    ele

    marginalizao

    elas

    classes

    populares o mesmo que se

    percebe

    na arte com a introduo da

    pe

    rspectiva e

    do espao

    matemtico, e na literatura

    com

    a constituio

    elas

    lnguas vulgares cultas, que se tornam lnguas escritas ao recebe

    rem uma estrutura gramatical inspirada nos modelos clssicos, clistin- .

    guindo-se

    elas

    lnguas

    populares

    .

    Os italianos

    tambm

    desenvolveram a comdin ,

    sendo

    mais

    notveis as cinco peas desse

    gnero

    atribudas a Ludovico Ariosto

    1474-1533) e representadas na corte

    de

    Ferrara, as cinco comdi as de

    Pietro Aretino 1492-1556) e a

    Mandrgora 1513) ele Maquiavel. O

    desenvo

    lvimento maior da arte teatral deu -se, no entanto, fora ela Itlia.

    na Inglaterra, na Espanha e

    em

    Portugal. O florescimento notvel

    do

    teatro ingls no

    perodo

    de Elizabeth I 1558-1603) eleve-se em

    grande

    parte a um momento de participao intensa, consolidao elo poder

    central, expresso externa e

    grande

    prosperidade ela sociedade

    inglesa. O crescimento prodigioso ela cidade mercantil-financeira de

    Londres

    acompanhado de

    uma rpida ascenso social

    de

    amplas

    camadas ligadas ao artesanato e aos negcios e permite a formao ali

    de um

    pblico

    urbano

    to ansioso ele refinamentos culturais

    quanto

    de

    istraes e distines sociais.

    Quer

    seja

    no

    seio ela corte,

    quer no

    ela populao urbana , Londres criou uma atmosfera ideal para o

    desenvolvimento das companhias

    de

    teatro,

    que

    passam a disputar o

    gosto

    elos

    crculos arist

    oc

    rticos e

    do grande

    pblico.

    Esse fenmeno que permite a emergncia

    elo

    teatro isabelino,

    nutrido por toda uma gerao

    ele

    escritores e que daria o tom

    dominante ao Renascimento ingls. Essa gerao era

    quase

    toda de

    origem humilde e se us principais representantes foram George Peele

    1558-1597), filho

    ele

    um ourives; Christopher Marlowe 1564-1593),

    filho e um sapateiro;

    Ben]anson

    1572-1637),

    que

    trabalhou

    com

    o

    49

  • 7/25/2019 SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento

    29/48

    padrasto, o qual era pedreiro , foi soldado e ator profissional; Thomas

    ekker 1570-1641), filho

    ele um

    alfaiate; Francis Beaumont 1584-

    1616), filho ele um juiz, e john Fletcher 1579-1625),

    que

    fez seus

    estudos em Cambridge, filho

    de

    um bispo anglicano . Mas a figura mais

    preeminente desse crculo era William Shakespeare 1564-1618), filho

    ele um

    fabricante de luvas e roupas

    ele

    peles, que foi ator profissional,

    passando em

    se,guida a scio

    de

    sua companhia teatral e

    por

    fim

    empres

    rio teatral,

    acabando

    a viela

    como

    um prspero

    empresrio.

    A histria

    de

    Shakespeare

    um pouco

    a histria da sua gerao

    e a da burguesia londrina, uma histria ele trabalho, esforo, poupana ,

    investimento e ascenso social. Tanto

    que

    uma

    elas

    temticas centrais

    na

    obra desse dramaturgo a noo de

    ordem

    , posta em perigo pela

    ameaa

    elas

    foras

    do

    caos e da anarquia ,

    como em

    Macbeth, amlet

    ou enrique IV suas grandes tragdias . Suas simpatias recaam sobre

    um

    forte poder centralizado e uma sociedade fundada

    em

    slidos

    Shakespeare. smbolo mximo do Renascime

    l/I

    n

    in

    gls.

    5

    valores morais. A arte de Shakespeare guarda, entretanto, uma ntida

    ambivalncia com a preservao

    de elementos

    prprios

    do

    universo

    popular

    e medieval,

    como

    as bruxas, os fantasmas,

    os

    smbolos

    mgicos. Ele,

    por

    exemplo, evita uma ntida separao entre pblico

    e palco nas suas montagens. E o seu Hamlet coloca dvidas sobre a

    eficcia da razo e da racionalidade,

    num

    prenncio

    j

    da arte

    maneirista, que

    sucede

    ao Renascimento.

    Outro

    teatro

    que

    atinge

    um

    nvel notvel

    de

    amadurecimento

    na

    poca

    renascentista o ibrico. A origem

    do

    teatro secular tanto

    espanhol

    como portugus deve ser baseada emjuan de Encina 1469-

    1529), dramaturgo espanhol

    que

    serviu na corte

    do uque de

    Alba. A

    especialidade

    de

    Encina estava na composio

    de

    pequenas peas em

    verso,

    de

    fundo religioso

    ou

    cmico Os autos ,

    com

    fortes elementos

    .populares. Essas caractersticas seriam mantidas e aprofundadas por

    seus seguidores: Bartolomeo Torres Naha rro ? -1524),

    joan de

    la

    Cueva 1550-1610), poeta dramtico, o mais clebre de todos , Lope de

    Vega 1562-1635) e ainda Guilln

    de

    Castro 1569-1631), Tirso

    ele

    Molina 1571-1648) , autor dramtico, e

    juan

    Ruiz

    de

    Alarcn 1581-

    1639). Em Portugal , o

    grande

    seguidor

    de

    Encina seria Gil Vicente

    1470-1536). Em todo o teatro ibrico destacam-se

    sempre

    os temas

    cavalheirescos, religiosos e populares - Gil Vicente,

    por

    exemplo,

    compunha preferivelmente em redondilha verso de sete slabas), que

    era o metro predominante das cantigas populares portuguesas. O

    apelo

    popular desse teatro natural,

    uma

    vez que nos pases ibricos ,

    em

    decorrncia da longa luta

    de

    expulso dos muulmanos, os ideais

    cristos, guerreiros, aristocrticos e discricionrios da nobreza

    encon-

    t ~ r m enorme

    repercusso no gosto popular. Da ser esse

    um

    teatro

    vibrante, permeado de aventuras , tenses e fantasias, mas estando ao

    mesmo

    tempo

    todo voltado para a preservao da ordem, dos

    privilgios e dos valores aristocrticos. Sua identificao com as

    doutrinas e as diretrizes da Contra-Reforma catlica seria completa e

    o arrastaria pa

    ra

    os

    id

    ea is

    elo

    maneirismo e

    elo

    barroco.

    51

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    A ltima gerao de artistas florentinos e s ~ e mesmo sculo

    representaria uma espcie de sntese das duas anteriores, procurando

    fundir as conquistas formais e espacia is da corrente encabeada por

    Masaccio, com a graa , a sutileza e o formalismo dos seguidores

    de

    Fra

    Angelica . Nela se destacaram pintores como Pollaiolo, Andrea del

    Verrocchio, Filippo Lippi, Ghirlandaio e o sublime Sandro Botticelli.

    A arte desses pintores osc

    il

    a entre a representao naturalista e o

    artificialismo afetado da conveno. Eles se manifestam

    numa

    Floren

    a j

    em

    decadncia, cuj a burguesia se revestira ele hbitos e atributos

    aristocrticos , tornando-se uma classe conservadora,

    sequios< J de

    resguardar suas conquistas ele

    pocas

    anteriores . A arte dessa gerao

    revela, por isso,

    um

    tom extremamente refinado, corteso e altivo. Era

    preciso reforar simbolicamente uma segurana e um fastgio

    que

    j

    no

    corresponcliam

    rea lidade concreta.

    Na ltima

    metade

    elo sculo XV e na primeira

    elo XVI

    desenvolveu

    se ainda uma notvel escola

    ele

    pintores em Veneza , cujos principais

    representantes foram Carpaccio, Antone llo ele Messina , Giorgione, os

    irmos Gentil e e G iovanni Bellini , e Ticiano. Dadas as condies quase

    cosmopolitas

    ela

    cidade ele Veneza , seus contatos intensos

    com

    o

    Oriente e o norte ela Europa , sua arte ser ia a resultante ele inmera s

    e diversas influncias e ela incorporao ele t

    cn

    icas estrangeiras. A

    principal dessas tcnicas e que daria o tom to peculiar pintura

    veneziana foi a da tinta a leo. Graas maior maleabilidade e

    versatilidade desse recurso, a fora dessa arte repousaria

    sobretudo

    nos

    efeitos cromticos e luminosos

    que

    seus pintores conseguiriam. O

    colorido de seus

    quadros

    rico e variado, a luz solar irradiante e

    sempre em tons dourados , o conjunto de suas obras reflete uma

    atmosfera ambarina, transparente , que homogeneza todo o clima elo

    quadro. Alis, esses pintores no pararam a, fizeram tambm

    expe

    rincias com sombras, trevas e lu zes fugazes, conseguindo realizaes

    extremamente felizes,

    como

    o revela a

    Tempestade ele

    Giorgi

    one

    .

    Como caractersticas gerais da arte quatrocentista, caberia lembrar

    a

    superao

    da tcnica do afresco pela do

    quadro

    realizado

    em

    cavalete,

    que

    passaria a

    predominar

    a partir

    de ento

    .

    o quadro

    um

    desdobramento

    da miniatura,

    representando

    uma influncia que vinha

    elo Norte e

    que

    s

    uperou

    o afresco, tcnica j tradicional da pintura

    italiana.

    Na

    mesma linha ele mudanas, os quadros

    em

    madeira seriam

    rapidamente substitudos

    por

    telas,

    dando

    ainda mais versatilidade ao

    trabalho dos artistas. Dessa forma, a arte pictria se libertava definiti

    vamente da

    dependncia

    da arquitetura , e os

    quadros podiam se

    r

    60

    transportados

    comodamente

    para onde e por quem o quisesse,

    tornando-se um bem mvel, o

    que

    amplia seu val

    or

    e intensifica e

    facilita sua comercializao. claro que a assim

    il

    ao da tcnica do

    leo se tornou a contrapartida dessa arte agora

    independente

    porttil

    e mais mercantil do

    que

    nunca. O

    prp ri

    o formato

    do

    quadro sem

    fa

    lar de sua moldura, que comea a constituir uma arte parte) varia

    de acordo com

    o gosto, a necessidade ou os intuitos do pintor

    ou

    do

    colecionador, tornando-se uma

    moda

    muito difundida o

    quadro

    redondo tondo

    Primavera, de Bollice/li.

    A forte penetrao elas obras franco-flamengas e das gravuras

    alems no ambiente italiano contribuiria para dar novos rumos a essa

    arte. Adquire-se o gosto pela representao naturalista do real baseada

    na figurao variada de rostos, corpos, flores, animais , elementos e

    ob jetos que se pode obse rvar Seguindo o gosto elo Norte, grande parte

    dos artistas italianos se de ixa ria seduzir por uma pintura

    de

    descrio

    e estudo, toda ela vo

    lt

    ada para a pluralidade e riqueza ele formas do

    mundo. Nesse se ntido, comeariam a aparecer as primeiras naturezas

    mortas, es tudos detalhistas e objetos e elementos arbitrariamente

    dispostos. Com esse mes mo esprito se imporia a representa o da

    61

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    e se

    expande

    pela extenso macia

    de

    seu corpo. Se h

    equi lbr

    io ,

    porque ele representa uma harmonia provisria de foras opostas que

    se compensam

    . o

    que denotam

    . por

    exemplo

    , a figura

    repousada

    porm com

    olhar

    impetuoso de

    Moiss

    ou

    o confronto

    entre

    o Deus

    Pai e o Ado na cena da Criao na Capela Sistina.

    J Rafael estaria mais prximo de uma atitude

    de

    sntese entre as

    tendncias da arte de seus dois grandes contempor neos . N

    em

    o

    psicologismo sutil ,

    profundo

    e mist

    er

    i

    oso

    de

    Leonardo,

    nem

    o furor

    elos conflitos interiores

    de

    Michelangelo. Algo mais suave . mais

    simples, mas sem sac rificar nenhum recurso tcnico e nenhum efeito

    emoc

    ional. Sua pintura praticamente neutraliza as grandes polariza

    es

    que

    se definiam nesse clmax

    do

    Renascimento entre o racio

    nalismo inquieto de Da Vinci e o arrebatamento dilacerante

    do

    mestre

    da Capela Sistina . Sua arte harmoniosa, tranqila, segura ele si, sem

    mistrios , sem d vidas e sem remorsos . Com a magnfica perfeio

    tcnica que um talentoso herdeiro e toda a tradio pictrica italiana

    soube apro veitar, represe nta um mundo s lido , farto, crente e

    satisfeito consigo mesmo. No admira por isso que ele tenha sido

    escolhido como o retratista oficial elos grandes prncipes e senhores elo

    perodo

    e

    que se

    te

    nha tornado

    o principal

    modelo ela

    arte oficial at

    o incio do sculo XX. E se a ternura delicada de suas Madonas

    contrasta com o aristocratismo soberbo

    ele

    seus retratos, ambos

    confirma m sua condio de mestre as emoes medidas.

    O sculo XVI assistiu ainda a um prodigioso floresc imento da

    literatura na Itlia , clesenvolvenclo-se vrios gneros. A cincia poltica

    e a histria atingem o auge com Maquiavel e Guicciardini. O autor

    de

    O Prnc1pe produziria ainda uma elas mais divertidas comd ias do

    perodo ,

    Mandrgora,

    qual sucedeu , dois anos mais tarde, a primeira

    tragdia

    em

    estilo clssico,

    de

    Trissino. A

    poes

    ia pastoral at ing

    iri

    a o seu

    pinculo na corte dos Este ele Ferrara, atravs

    ele

    Torquato Tasso e

    Guarini,

    enq

    uanto Sannazaro introduziria o

    gne

    ro

    do

    r

    omance

    pastoral. O gnero potico encontraria , porm, a mais elevada

    realizao no quinhentismo por meio ela epopia. As mais destacadas

    ser

    iam as

    epopia

    s lricas

    de

    Luclovico A

    ri

    osto

    Orlando

    Furioso) e

    Torquato Tasso Jerusalm libertada). Somem-se a essa intensa

    produo

    artstica e liter

    ri

    a os grandes trabalhos e realiza es

    cientficas e filosficas encabeaclas por h

    omens

    como Leonardo

    ela

    Vinci , Gi01dano B

    run

    o,

    Campanell

    a,

    Gabri

    el Fallopio e Ga

    lil

    e u

    Galilei ,

    dentre

    muitos

    outros

    , e ser fcil ento compreender por qu e

    esse perodo foi

    chamado de

    a Idade

    de Ouro do

    Renascimento .

    66

    evoluo do

    ReV\ascimeV\to m

    FlaV\dl es

    om

    a notvel exceo ele Erasmo de Rotterdam. ele quem

    j tratamos ab undantemente

    em

    momentos anteriores.

    pode-se dizer que o Renascimento flamengo esteve basi

    camen te ligado ao dese nvolvimen to elas artes plsticas.

    sobretudo ela

    pintura. Ser

    ia

    atravs dessa arte, particularmente.

    que

    a

    soc iedade flamenga

    exp

    rimiria a conscincia de pertencer a uma nova

    e ra: um tempo ele muito trabalho, muita disciplina e ele uma abundn

    cia material nem sempre bem distribuda. Ao contrrio dos italianos.

    os povos nrdicos e os flamengos em especial nunca se sentiram muito

    atrados pelas filosofias

    ele

    estilo , pelos amaneiramentos e pelas

    teorizaes sob re os sentidos ltimos e mais elevados

    ela

    arte.

    Em inentemente prticos, concentraram-se na busca incessante elo

    mximo

    ef

    e

    it

    o de captao e

    reproduo

    elo

    real. Suas maiores

    preocupa

    es

    eram a pesquisa elos materiais ele pintura, o

    apr

    imora

    m

    ento

    tcnico e o esforo de representao o mais natural possvel elos

    ob

    jetos. Foram eles que introdu ziram a tinta a leo Mestre

    de

    Fl

    ema ll

    e) , iniciaram as pesqui sas s

    obr

    e a perspectiva linear, inventa

    ram a perspectiva a rea

    emb

    aa mento progressivo da imagem

    quanto

    maior fo r a distncia

    elo

    obs ervador) e dese nvolveram

    como

    nin

    gum

    os efe

    it

    os de co r, luz e brilho na pintura .

    Em sua s o

    ri

    gens , a arte flamenga es

    ta

    va vinculada ao

    chamado

    gti

    co ta

    rdio e ligava-se

    corte e Pari

    s.

    Era para ali que se dirigiam

    67

  • 7/25/2019 SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento

    37/48

  • 7/25/2019 SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento

    38/48

    pa1te isso, o mundo

    dos objetos parece ser

    a

    poro

    do uni verso

    que mais atrai e fascina esses pintores. As

    cenas

    de interiores

    so

    sempre

    repletas

    de

    mveis, tapetes, talheres , copos , garrafas, vasos ,

    instrumentos tcnicos

    vrios, utenslios

    domsticos

    , candel

    abros

    ,

    lamparinas,

    quadros,

    livros ,

    moedas

    , jias, chapus,

    tapetes

    , cortinas ,

    espelhos

    , lenos, toalhas,

    instrumentos

    musicais, etc. Um sem

    -nmero

    de

    objetos e quinquilharias que abarrotam as imagens, mas que so

    indispensveis para

    definir a

    condio

    e o

    orgulho

    de

    uma

    residncia

    e sua famlia, cu jas personalidades se confun dem e se co mpl etam com

    os ob jetos . Da serem os artistas flamengos to aficionados represen

    tao realista e capazes de reproduzir com prodigiosa fidelidade as

    texturas elos tecidos finos, dos ve ludos e das sedas; das peles , dos

    tapetes e dos vus delicados; os reflexos elos vidros ,

    dos

    metais polidos

    e das superfcies lustradas . dessa habilid

    ade

    e desse gosto que nasce

    essa

    grande

    arte fl

    amenga

    que

    so

    as nat

    ur

    ezas-mortas,

    com

    sua

    ex ub

    ernc ia detalhista de flores, in

    se

    tos e pssaros

    em

    meio a objetos

    reluzentes: o acasalamento harmonioso entre a beleza ela vida e a elos

    objetos.

    O retbulo do cordeiro mstico,

    dos irmos

    an Eyck

    Essa gente urbana , presa nos interiores abarrotados de ob jetos ,

    desenvolveria igualmente um apaixonado pendor pela natureza ,

    representada de forma deslumbrante e inspiradora nas paisagens. As

    pinturas de paisagens seriam outra das grandes contribuies da a rte

    70

    flamenga ao acervo

    europeu. Os

    pintores flamengos as representam,

    j

    nessa

    poca, como

    ningum. Sua descrio elos

    elementos da

    natureza

    extremamente

    minuciosa e realista . A

    composio

    sempre

    gra

    ndios

    a e

    os personagens, quando aparecem, so ele propores

    nfimas e

    se perdem no contexto

    de um espao

    que praticamente os

    anula. Eles so os primeiros a representar tambm a paisagem pura,

    sem quaisquer personagens; ou melhor,

    em

    que o nico

    personagem

    a

    prpria

    natureza. E a

    do

    vazo

    a

    algumas

    de

    suas

    mais

    primorosas

    experincias de virtuosismo, tentando captar a transparncia ela

    prpria atmosfera ,

    os

    reflexos das guas e os vrios matizes da

    luminosidade elo ambiente. Tentativa ele captar as cores, a luz e a

    beleza singular da natureza e prend-las num quadro, para que nem

    elas faltem no gozo das delcias do lar.

    O primeiro

    grande pintor

    flamengo

    da

    fase nacional

    moderna

    sem

    dvida o Mestre de Flemalle Robert Campin 375?

    1

    444). Sua

    obra mais notvel o Retbulo de Merode 1425) Embora ainda esteja

    ligado tradio

    do

    gtico tardio,

    sua pintura

    j

    denota

    o esforo

    de

    construo de

    um espao racionalizado,

    homogneo

    e composto

    em

    perspectiva linear. Sua descrio dos efeitos

    de

    luz extremamente

    eficiente. Foi justamente para conseguir os vrios matizes e gradaes

    da luz direta e indireta que ele introduziu a tcnica da pintura a leo

    - fato

    que proporcionou

    a

    suas obras um

    brilho

    esmaltado to

    impressionante que

    seria

    logo

    copiado

    pelos seus conterrneos

    e

    pelos

    artistas de

    toda

    a

    Europa

    .

    Seriam no entanto os irmos]an 0390-1441 e Hubert 1366-1426)

    Van Eyck que obteriam os mais espetaculares efeitos ela tcnica do

    leo. Ambos so autores da obra que ma is influncias teve no

    Renascimento flamengo: O retbu lo do cordeiro mstico realizada

    entre 1425 e 1432, na cidade de Gand. Esse trabalho ocupa essa

    posio ele destaque

    no s

    por sua dimenso

    e

    estrutura complexa

    cerca

    de

    dezoito quadros

    justapostos) ,

    mas

    por

    ser

    a mais arrojada

    experincia at ento fe ita com os efeitos de perspectiva area e linear,

    de colorido intenso e matizado, dotado de luminosidade e brilho

    prprios , qu e a mes tria nica de Van Eyck com a pintura a leo lhes

    permitiu rea liza

    r.

    Jan Va n Eyck faria ainda duas obras de extraordinria

    import ncia: a Boda de Am o/fini 1434) e A Virgem do ChancelerRolin

    1435) . A prim

    ir

    a inaugura o retrato conjugal e consiste em um estudo

    virtuos tico dos re flexos es

    pelhados

    da imagem, e a segunda, junto

    com

    O home do turba nte vermelho 1433) , do

    prprio

    Jan Van Eyck,

    constitui a base do rettato psicolgico flamengo.

    71

  • 7/25/2019 SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento

    39/48

    Retbulo de Portinari. de Hugo Van der Coes .

    O su

    cesso

    r

    direto desses

    primeiros

    grandes

    mes tres

    se

    ria Rogie r

    Van

    der

    Weyclen 1400-1484) . Tendo ass imil

    ado

    as caractersticas ele

    se

    us

    predecessores

    , Rogie r lhes

    ac

    r

    escenta

    ria

    um

    a clramaticiclacle e

    uma

    clensiclacle

    ps

    ico l

    g

    ica

    que destoava

    elo

    tom

    gera l

    ele

    eq uilbrio

    emoc iona l

    predominante

    at ento na arte flam enga. Sua Descida da

    cruz(l435)

    constitui um a reflexo rigorosa sobre a dor e a fragilidade

    humanas.

    Seus retratos ,

    como

    o

    Francesco

    s

    te l455),

    procuravam

    aprofu

    ndar-

    se

    nas climenses mai s ntimas

    elo

    carter elos personagens

    retrat

    ados

    . Seu sucessor, Hugo Van der

    Goes

    1420-1482), cuja ob ra

    principa l o Retbulo de Portinari, continuou e acentuou as caracte

    rsticas ela arte de Rogier, acrescent

    ando-

    lhes um a ing

    en

    uidade

    piedosa , claramente retratada em seus personagens populares. J seu

    contempo rneo, Hans Memling 1435-1494), adota o tom jov ial e

    otimista ela sua vasta clientela burguesa, cleclicanclo-se sobretudo a

    retratos e pa isagens e dando origem fuso dessas duas formas co m

    a introduo elo retrato-paisagem.

    72

    Os dois ltimos

    grandes

    anistas flamengos destacaram-se na

    regio Norte ela Fla

    ndres

    , a Holanda, profundamente ligados s razes

    elo g tico. O primeiro deles foi Geert gen tot SintJans, de Harlem , aut

    or

    de

    uma

    Natividade

    noturna

    ex tremamente original, pela iluminao

    que

    parte

    do

    prprio

    Menino J

    es

    us e

    pela

    simplicidade

    das

    imagens,

    reduzidas

    a

    se

    u contorno mnimo: o

    que

    se perde

    em preciso

    ,

    ganha

    se

    amplificado

    em expresso

    . O outro artista seria

    Hieronymus

    Bosch,

    cujas

    obras

    O

    jardim das delcias, As tentaes de Santo Anto, A

    carroa de feno, A nave dos loucos

    dentre

    outras, revelam

    uma

    a

    tmosfera

    ca tica e

    obscura de

    pesade lo, com

    monstros

    e criaturas

    bestiformes

    confundidas

    com

    homens

    e

    mulheres nas situaes

    mais

    inusitadas. Sua

    inteno

    sempre

    claramente moralizante

    e

    seus

    quadros

    trazem uma severa crtica ao carter vido e dissoluto ela

    sociedade ele seu tempo. Sua

    obra

    constitui o mais custico sermo

    visual feito

    por

    um pint

    or

    renascentista.

    Detalhe de O jardim das delcias, de Baseh.

    7

  • 7/25/2019 SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento

    40/48

    O movimento renascentista francs ,

    embora

    bem mais restrito do

    que o italiano ou o flamengo, foi no

    entanto

    bastante difuso ,

    alcanando

    um

    elevado

    grau de

    elaborao

    em vrias reas das artes

    e

    da

    cultura. Sua

    base

    seria a corte de Paris, onde

    os monarcas

    , de Lus

    XI

    (1461-1483) a Francisco I (1515-1547),

    atuaram

    como

    verdadeiros

    mecenas , mantendo e estimulando inmeros artistas, humanistas e

    literatos. Desses, o mais

    destacado

    foi

    sem

    dvida Francisco I

    que

    atuou juntamente

    com

    sua

    irm, a

    poetisa

    Margarida

    de

    Navarra, como

    promotor

    e

    patrono da

    cultura nacional francesa. Evidentemente no

    se

    pode perder a

    dimenso

    poltica

    desse

    mecenato

    uma vez

    que a

    definio da monarquia nacional francesa no poderia consolidar-se

    seno atravs de

    uma

    cultura suficientemente rica e ampla, porm

    liberta do latim e da Igreja, e

    que

    fosse

    capaz de despettar um

    sent

    imento de

    unidade

    e orgulho nacional da raa Ga lo-Grega ,

    como

    diria o

    poeta

    Du Bellay (1525-1560).

    Assim, a monarquia francesa teria sob suas ordens arquitetos de

    excepciona

    l talento, como Pierre Lescot (1510

    -1

    578) e Philibert

    Delorme

    (1515-1570), a quem Francisco I se encarregaria de ordenar

    a

    construo daqueles

    palcios que propiciariam a definio do estilo

    arquitetnico francs: Fontainebleau

    Chambord

    Blois e o Louvre.

    Henrique

    iniciaria a

    construo do

    Palcio

    das

    Tulherias,

    seguindo

    projeto

    de Delorme.

    Contavam ainda os

    reis

    de

    Frana

    com esc

    ultores

    notveis

    como

    Jean

    Goujon

    e Michel Colombe, que tiver

    am uma

    importncia decisiva

    para

    fixar as caractersticas

    da

    arte renascentista

    francesa: mais cheia de artificialismos e de afetao que a italiana ou

    a flamenga,

    revelando claramente

    sua origem aristocrtica e sua

    inspirao

    monrquica.

    O

    mesmo se

    daria

    com

    a pintura francesa,

    desde

    que

    liberta

    do

    gtico

    internacional pelas mos

    de Jean

    Fouquet

    (cerca de 1420 a 1480).

    Atuando em meio

    dominado pelo gtico,

    mas

    tendo feito uma viagem Itlia, Fouquet faria uma sntese dessas duas

    influncias , criando

    um

    estilo monumental com grande domnio das

    tcnicas de perspectiva e colorao que se faria sentir sobre toda a

    pintura francesa posterior.

    Francisco I e Margarida de Navarra

    fundaram ainda

    o Col

    gio

    de

    Frana e

    pretenderam estabe

    le

    cer

    as condi

    es

    definitivas

    para

    o

    pleno

    florescimento

    dos estudos

    humanistas. Sua corte

    concentr

    ava

    toda uma multido

    de

    estudiosos das lnguas: Bud e Amyot, hele-

    74

    nistas e fillogos;

    Robert

    e

    HenryEstienne

    , latinistas;

    Vetable

    e Paradis,

    especialistas em hebraico. Isso sem falarmos

    da

    Pliade grupo de

    poetas encabeados

    por

    Pierre de Ronsard e

    Du

    Bellay,

    protegidos

    de

    Margarida,

    que se encarregaram de lanar

    as

    bases da

    literatura

    nacional francesa. Mais afetados e estilizados que Villon e Rabelais,

    esses poetas de origens fidalgas

    pretenderam

    assumir o controle da

    cultura francesa escrita, impondo-lhe uma diretriz f01temente nacio

    nal, aristocrtica e oficial, graas

    ao

    apoio da princesa

    de

    Navarra.

    O Renascimento ingls bem mais tardio, se comparado com o

    italiano e o flamengo , e s se tornaria marcante com a ascenso dos

    Tudor a partir de 1485, assinalando a etapa da formao do Estado

    nacional ingls. A precocidade da infiltrao das idias calvinistas

    desde os

    incios

    do sculo

    XVI teve, ao

    que parece

    um peso decisivo

    para definir o curso do movimento renascentista nesse pas: no

    houve

    nenhum desenvolvimento

    significativo

    das

    artes plsticas,

    concen

    uando-se a produo cultural praticamente na msica, na literatura e

    no teatro. As realizaes mais expressivas nas artes devem-se a dois

    estrange iros: Hans Holbein, pintor alemo e Torrigiano, escultor

    italiano. Mesmo a arquitetura

    s

    ter um

    desenvolvimento digno

    de

    nota

    a partir

    da ascenso dos

    Stuart

    em

    1603.

    Em compensao a Inglaterra produziu humanistas notveis

    como SirThomas

    North (1535-1601) , George

    Chapman

    (1560-1634) e

    John

    Dtyden

    (1631-1700), tradutores

    dos

    clssicos gregos e latinos e

    poetas

    os dois ltimos. Dentre esses humanistas destacava-se, pela

    erudio

    e

    pelo

    poder criativo, Sir

    Thomas

    Morus,

    autor da

    clebre

    Utopia

    (1516). A

    questo

    religiosa

    desde cedo

    se disseminou

    no

    seio

    da cultura inglesa, dividindo seus intelectuais em campos opostos e

    arrastando-

    os

    para

    co nsumir seu

    talento

    em polmicas

    teolgicas , o

    que levou Dryclen a

    perder seus

    cargos e

    conduziu Thomas

    Morus para

    o crcere e c po is para o cadafalso. Particularmente notvel

    no

    campo

    elo

    pe n

    sam nto foi a

    co

    ntribuio de Sir Francis

    Bacon

    (1561-1626),

    autor

    el

    e

    ou

    u org

    nu

    (1622) e d 'O progresso do conhecimento

    (1665) . Esta ltima

    obra

    pretendia

    ser uma

    sntese

    de todos os

    conhecim

    ent

    os

    ac

    umulados

    pela

    humanidade. Bacon

    foi o primeiro

    sistemati z

    1d

    o r

    do mtodo

    indutivo

    na pesquisa

    cientfica,

    acreditando

    75

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    tura os gneros da p o

    esia lri ca (Petiarca) ,

    d a

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    47/48

    Difundem-se na l i tera

    poesia pastora

    l (Cervantes), da nar

    rativa satrica (Bocca

    ccio) e d a

    epopia (Lus de Cam

    es).

    1546: homas

    Morus escrev e

    a

    Utopia

    Maquia

    vel escreve O Prncipe

    1562-1584: C

    onst ruo

    do

    moste i

    ro de Escoriai e m es t i

    lo

    mudjar

    Idias renascentis

    tas so repr imidas

    pela intolerncia c

    ontra

    reformista espanh ol a.

    H e

    nr ique inicia a con

    s tr u o

    do

    Palcio d

    as Tulher ias .

    F

    rancisco. e Margarid

    a de Navarra f u n d am

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    ento italiano)

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    o artstica.

    - Destacm-se

    na pintura Leonard

    o d a Vinci, Michelan

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  • 7/25/2019 SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento

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