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sescn a s 1 ocalips e ESPECIAL A imprens a de turismo rumo b primeira classse

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sescn as1 ocalipse

ESPECIALA imprensade turismorumo bprimeiraclassse

Inflacao de desgraca sRecordista absoluto de manchetes, o jornalismo

economico reduz a taxa de masnoticias e investe no charme das hist6rias de neg6cios

haveria o que estranhar . Mas quandose lembra que as manchetes falam deuma economia com mais de 20% deinflacao mensal, a maior divida exter-na do mundo, salarios corroidos ecorrupcao generalizada na maquinaadministrativa, a possivel por em du-vida se tanta desgraca atrai o leitor .Em busca de explicacaes, IMPREN-SA entrevistou urn total de 38 pessoasdiretamente ligadas ao jornalismoeconomico que se pratica hoje noBrasil - repOrteres, editores, colunis-tas, autoridades e fontes de informa-cao . 0 quadro resultante, se confirm aa importancia desse setor da imprens abrasileira, tambem expOe urn inquie -

1° de janeiro a 30 de junho de 1988, oIBEC esquadrinhou centimetro po rcentimetro de 1 .695 primeiras pagina sdos dez jornais mais influentes d oPais e comprovou o que ja se suspei-tava: do total de 25 .480 materias edi-tadas, nada menos que 5 .551 -21,78% - tratavam de economia . Eentre as estrelas das manchetes, o mi-nistro da Fazenda, Manson da Nb-brega, sb perdeu em assiduidade par ao presidente Jose Sarney, corn 1 .706citacbes contra 4 .585 .

Se a pesquisa tratasse de jornai sdo Japao, da Italia ou da Coreia - pa-ra ficar em tees paises que vivem urnsblido crescimento econ6mico tiara

por Gabriel Priolli *

Se ainda havia alguma duvida, el amorreu de vez : definitivamente, aeconomia e o assunto mais destacad opelos jornais brasileiros . A prova estanuma pesquisa realizada pelo Institu-to Brasileiro de Estudos de Comuni-cacao (IBEC), que foi divulgada emprimeira mac) em um seminario pro-movido por IMPRENSA em SaoPaulo (veja quadro a pagina 34) . De

Participaram desta reportagem Conceir ao Freita s(Brasilia), Carla Rodrigues (Rio de Janeiro), Astri dFontenelle e Claudia Giudice de Menezes (Sao Paulo)

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IMPRENSA - AGOSTO 1988

Despreparo tecnico e sensacionalismo silo as queixas bksica sdas fontes sobre o jornalismo de

economia. Mas elas elogiam o senso de responsabilidade .tante conjunto de deficiencias e fragi-lidades .

Editorias especificas - Pagina snao faltam, atualmente, para a infor-macao economica . Dados oficiais doIBGE, extraidos do Anuario Estatis-tico do Brasil de 1986 (o ultimo dispo -nivel), mostram que o Pais conta cornurn total de 118 publicacoes especiali -zadas ern economia, sendo 38 revis-tas, 52 boletins, 17 jornais especiali-zados e 11 anuarios . Juntas, elas al-cancam uma tiragem superior a 2 3milhoes de exemplares . Acres-centando-se aos titulos especificos deeconomia todas as publicacoes volta-das para a administracao pirblica e d eempresas, o nilmero total de veiculo simpressos sobe para 263, e a tiragem ,para mais de 45 milhOes de exempla-res - urn para cada tres brasileiros .

Mas o grande avanco da econo-mia vem se dando na imprensa geral .Nos l ltimos 20 anos, jornais e revis-tas que mal publicavam noticias eco-nomicas em suas paginas de politica ,geral e exterior, criaram editorial es-pecificas para o setor, corn razoave lgrau de especializacao dos profissio-nais . Tambem o radio e, particular-mente, a televisao, conheceram a fi-gura ate entao inedita do comentaris-ta economico, que hoje nao pode fal-tar nem no mais chinfrim dos progra-mas jornalisticos . E ja ha servicos no-ticiosos de economia a disposicao e mtelex, videotexto ou terminais d ecomputador .

"Hoje, o jornalismo economico n oBrasil a muito mais importante d oque na Europa ou nos Estados Uni-dos", confirma Robert Appy, 62anos, 38 de profissao, editorialista d e0 Estado de S . Paulo e um dos pio-neiros do ramo no Pais . "Talvez porcausal da inflacao, o jornalismo a im-portante para ajudar as pessoas aaplicarem suas economias ." Mas,

quando ele comecou a editar, juntocom Frederico Heller, o SuplementoComercial e Industrial do Estadao -urn caderno de 12 paginas, . semanal ,tabloide, lancado em junho de 1949 etido como o primeiro especializadoem economia na imprensa geral -, a scoisas eram bem diferentes . 0 Brasi lnao tinha inflacao, a locomotiva d aagricultura cafeeira ainda puxava osvagoes do atraso economico e os jor-nais faturavam corn manchetes de cri-me e futebol .

"Rocha Press" - Por isso mesmo ,o jornalismo economico era urn club ede pouquissimos socios . Alem de Hel-ler e Appy, havia Carlos Freitas eMorel Marcondes Reis na Folha de S .Paulo (o ultimo foi, provavelmente, oprimeiro reporter especializado do se -tor) e urn grupo de comentaristas n aUltima Hora do Rio: Domar Cam-pos, Inacio Rangel, Sidney Latim eJeseus Soares Pereira . Mas, corn ogoverno Juscelino Kubitschek, queabriu o Pais ao capital estrangeiro, ojornalismo foi levado pelo redemoi-nho das multinacionais que chega-ram. Em poucos anos, surgiram no -vas cadernos especializados, como oCaderno de Economia e Finanpas daFolha, editado por Mario Mazze iGuimaraes, e o Suplemento Agricolado Estado, alem de paginas especifi-cas para economia em quase todos o sdiarios .

Cobrir economia, no inicio dosanos 60, ainda exigia o chamado es-forco de reportagem . "Naquela epo-ca, nos percorriamos dariamente 1 7lugares diferentes no Rio de Janeir oem busca de materias", recorda PeryCota, 48 anos, 32 de profissao, qu eorganizou a editoria de economia deO Globo, em 1962 . No final do dia ,todos os repOrteres se encontrava mno predio do Ministerio da Fazenda ,de onde saiam as noticias principais .

Ali, era comum a troca de infor-macOes e, por mein desse trafico, fi-caram famosos os irmaos Rui, Alvar oe Reinaldo Rocha - apelidados de Ro-cha Press, pela capacidade de atua-rem unidos como uma agencia de no-ticias e dominarem o jornalismo eco-nomico. "Na hora de trocar figuri-nhas, brigar corn eles era urn pessimonegocio", diz Pery Cota .

Corn o movimento militar de 196 4e os governos que ele sustentou, o Es-tado passou a ter uma presenca aind amais forte na economia - e o jornalis-mo ajustou seus ouvidos para Brasi-lia . 0 desenvolvimento acelerado d opals impeliu a imprensa a investi rmais na cobertura economica e surgi-ram varias publicacoes especializa-das, entre elas a Gazeta Mercantil,hoje o principal diario de economia enegocios do Pais, e a revista Exame ,tambem lider em seu segmento . Masfoi uma fase em que, acima de tudo ,o governo reinou soberano no noti-ciario, do alto de seu dominio quas eabsoluto sobre a politica e a econo-mia .

Redator impertinente - Cobrir ob-sessivamente as awes do governo ,dar espaco privilegiado as vozes doPoder - ainda que apenas para ouvi rresmungos, do tipo "nada a decla-rar", ou despistes, linha "nao tenh obola de cristal" , tornou-se urn vici oda imprensa, que deixou em segund oplano, especialmente nas manchetes ,os outros agentes economicos: empre-sas, trabalhadores, sindicatos, entida-des patronais, consumidores . A dis-torcao, embora compreensivel pelascondic6es institucionais da epoca, le-vou em linha reta a arrogancia d emuitas fontes governamentais, com otestemunhou Alberto Tamer, 5 6anos, 36 de profissao, comentaristado SBT, Estadao e radio Jovem Pan .Durante a construcao da Rodovia

3 1IMPRENSA - AGOSTO 1988

A relacao da Imprensa corn o poder economico a semprecomplexa. Urn /ado tern medo de ser usado

e o outro usa de todos os meios para fugir a crftica.

Transamazonica, ele nao economizoucriticas a obra. Isso irritou muito o smilitares, que enviaram urn corone lcorn uma mensagem bem Clara ao re-dator impertinente : mudar a linha desuas materias . "Eu perguntei se aqui-lo era conselho, recado ou adverten-cia", conta Tamer . "Ele disse que er aa ultima alternativa . "

Corn o agravamento da crise eco-nomica do Pais, que mesmo corn todaa autoconfianca o governo nao conse-guiu controlar, tornou-se necessarioorientar o leitor em suas desventura spela selva das financas . Surgiram, en-tao, no inicio da acacia de 80, as co-lunas de informacOes e servicos par ao pequeno investidor . A pioneira fo iSeu Dinheiro, no Jornal da Tarde, deSao Paulo (veja quadro a pagina se-guinte), mas logo elas proliferara mnos jornais, revistas, radio e televi-sao, com enorme sucesso, que duraate hoje e sustenta varias carreiras .

"Se eu morasse na Sulca, nao te-ria assunto para escrever nem teriaprograma de televisao", reconhec eLillian Witte Fibe, 34 anos, 15 de pro-fissao, editora do Globo Economia ."As pessoas ficam acordadas me es-perando porque precisam de noticias ,informacbes fundamentais para o seudia-a-dia." Para Angela Bittencourt ,32 anos, sete de profissao, editora definancas da Gazeta Mercantil, isso e aprova de que o jornalismo economicocumpre uma funcao social . "Quandoouzo urn cobrador de onibus falar emover, black, chego a sentir uma pontade orgulho" , diz ela . "Afinal, conse-guimos democratizar a informaca oeconomica . "

Girias e rimas - Nesse particular ,alias, a coroa de louros cabe numa ca-beca, em especial, antes de todas asoutras : a de Joelmir Beting, comenta-rista da Rede Globo e Folha de S.Paulo, o primeiro a explicar que na

pratica a teoria a outra e a verter oeconomes para o portugues. Mistu-rando giria, metaforas e frases rima-das, ele conseguiu a inedita proeza deser prestigiado pelo leitor comum ,com o mesmo entusiasmo reservadoaos cronistas de futebol ou aos articu-listas de variedades . Hoje, aos 5 1anos, 30 de profissao e 22 de econo-mia, Joelmir e o jornalista preferid opelos leitores de Sao Paulo e, corn to-da a autoridade que a condicao theatribui, acha que o jornalismo nao s baprendeu a falar facil, mas ensino uos economistas . "Antes, a gente tra-duzia os caras . Agora, eles ja vem tra-duzidos . Eles entenderam que quernse comunica melhor a mais valorizad ona profissao", diz Joelmir .

De fato, o brasileiro medio sabehoje de economia muito mais do quesonharam seus pais e avOs, gracas a oborn trabalho dos jornalistas . Mas s eos coleguinhas da area podem exibiresse trunfo, ainda tern urn saldo deve-dor consideravel corn a qualidade tec-nica e etica daquilo que informam .As virtudes do jornalismo economicobrasileiro - o senso de responsabilida-de, a visa() abrangente, a afinidadecorn o leitor - enfrentam ainda a riva-lidade de inumeros defeitos, aponta-dos indistintamente por fontes ou jor-nalistas . 0 maior deles ainda vai virarverbete de dicionario : o catastrofis-mo .

"Noticia de economia sO da man-chete quando a ruim", lamenta Ana-marcia Vainsencher, 41 anos, 20 deprofissao, chefe de producao do Dia-rio do Comercio & Industria (DCI) ,de Sao Paulo . "Parece a economia domundo-cao, a um desservico" , dizeta, que e o bravo-direito de Aloysi oBiondi - urn dos pilares do jornalism oeconomico brasileiro e raro exempl ode uma voz que jamais engrossou ocoro dos contentes ou a vaia dos des-contentes (leia entrevista a pagina

38). 0 empresario Mario Amato, pre-sidente da Federacao das Industria sdo Estado de Sao Paulo, concord acorn Anamarcia . "Certos dias, ao seler os jornais pela manha, tern-se aimpressao de que nada restou da ves-pera, a nao ser o caos", diz Amato ,coincidindo corn o ponto de vista deurn habitual antagonista, o presidentedo Sindicato dos MetalOrgicos de SaoPaulo, Luis Antonio Medeiros, 40anos. "A analise do desemprego sem-pre parece maior do que a na vidareal", observa ele .

Problema geral - As explicap5e spara essa estranha sindrome da man-chete alarmista sac) variadas . MarcoAntonio Rocha, 52 anos, 29 de pro-fissao, comentarista da TV Manche-te, Jornal da Tarde e Radio Eldora-do de Sao Paulo, ressalta a responsa-bilidade dos jornalistas em cargos decomando. "A copula das redacoe snunca a da area economica . Entao, atendencia a aplicar os mesmos crite-rios do resto do noticiario para os as-suntos de economia . As vezes, po rpura falta de manchetes, urn assuntobanal e sem a minima importanci aacaba virando catastrofe ." Para ele ,o maior exemplo desse sensacionalis-mo foi o caso Brasilinvest . "Aquilonao foi um caso de policia, foi urnfracasso empresarial . Nao houve cri-me. E 99% dos casos sao semelhan-tes, nao tern conotacao policialesca ."

0 presidente da Autolatina, Wolf-gang Sauer, que frequenta regular-mente as paginas economicas, ach aque o catastrofismo a um problemageral . "Ele parece impregnar todo oPais e o jornalismo apenas reflete ess eestado de coisas ." 0 exemplo mais ci-tado de exercicio catastrofista e o no-ticiario sobre os indices de inflacao .Aqui, ate o pacato ministro do Plane-jamento, Joao Batista de Abreu, per -de a fleuma mineira e reclama da im -

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IMPRENSA - AGOSTO 1988

Os coleguinhas de economia vivem sob urn fogo cruzad ode pressoes. 0 governo barganha noticias,

os empreskrios seduzem e o patrao defende os amigos.prensa . "Quando ocorre uma qued ada inflacao, a mesma noticia que in -forma sobre ela ja admite que, para omes seguinte, as pressOes inflaciona -rias deverao retornar", diz ele . 0 eco-nomista Edmar Bacha, ex-presidentedo IBGE, tambem sofreu corn o pro-blema. "Quando estive no IBGE, fizurn esforco junto a imprensa parapassar as inumeras outras atividade sque o instituto exercia . Mas era muit odificil . S6 havia interesse nos indice sde inflacao . "

Ja o ministro da Fazenda, Mail -son da Nbbrega, tern queixas mais di -retas . Ainda esta atravessada em suagarganta uma noticia de 0 Estado deS.Paulo revelando supostos estudospara urn novo congelamento de pre -cos . "A manchete disparou uma on -

da de especulac6es", acusa Mailson ."As cotac6es das bolsas cairam, omercado financeiro ficou ultranervo-so, espalhou-se uma onda de boatos ,ora de demissao da equipe economi-ca, ora de renimcia dos ministros . "

Tibua furada - 0 diretor de reda-cao do Estaddo, Augusto Nunes, 39anos, 18 de jornalismo, retruca que ainformacao sobre os estudos de con-gelamento a verdadeira e que a reacaodo ministro decorre do fato de que h aassessores prbximos do presidenteSarney que advogam a medida, con-tra a sua vontade . Para Nunes, os jor-nais nao sac) alarmistas por esporte ."A politica economica a que a catas-trbfica, nao os jornais . N6s gostaria-mos de dar boas noticias, mas o go

verno nao ajuda . Ao contrario da len-da, ma noticia nao vende jornal", dizele .

Se isso a mesmo verdade, o casoextremo da boa noticia que atrai o lei -tor foi, sem duvida, o Plano Cruzad o- uma tabua da salvacao a qual todo oBrasil se agarrou em 1986, ate desco-brir que ela estava tao furada quantoo resto da canoa . "Muitos jornalistasse deixaram enlevar pelo Plano Cru-zado, que foi uma rudimentar tentati-va de revogar as leis da oferta e d aprocura", arrasa o senador e ex-ministro Roberto Campos, paraquem a " literatura economica brasi-leira" a tao subdesenvolvida quanto oprbprio Pais . "A cobertura do pianofoi excessivamente emocional", eco ao tambem senador e economista Ce-sar Maia . "A imprensa queria tant oque o piano desse certo que falou at eda cor do paletb dos cruzados, se iama praia etc . "

0 jornalista Luis Nassif, 38 anos ,18 de jornalismo, urn dos pioneiro sda area dos servicos ao investidor ,corn sua coluna Dinheiro Vivo, achaque o piano expos a falta de criterio sda imprensa na cobertura economica ."Ate o Cruzado, nenhum ponto posi-tivo podia ser ressaltado . Corn o Cru-zado, ficou o contrario, nao se podiafalar mal do governo", diz ele . "Aimprensa a muito pendular, oscila en-tre a euforia absoluta e a depressa oprofunda." E uma observacao irre-torquivel . Mas, mesmo com todo oziguezague, o jornalismo economicomostrou-se capaz, no episbdio doCruzado, de despir-se de pudores eentusiasmar-se corn uma ideia nova ,contra o habitual ceticismo .

Ligoes do desastre - 0 ex-ministroe empresario Dilson Funaro, coman-dante dos cruzados, nao disfarca anostalgia daqueles curtos e bons tem-pos . Ele acha que a imprensa se valo -

O mapado tesouro

A mais antiga coluna de servico spara o pequeno investidor comple-tou sete anos em 20 de julho . E SeuDinheiro, editada pelo comentaristaeconomico Celso Ming e uma equi-pe de quatro jornalistas no Jornalda Tarde de Sao Paulo . Republica-da por outros 31 jornais do Pais, elada o mapa da mina financeira todasas semanas para 2,4 milhOes de bra-sileiros .

A coluna foi criada por Ming eFernando Mitre, como desenvolvi-mento de uma ideia original de Lui sNassif. Corn duas paginas e infor-macOes diversas, desde as aplicacOe smais comuns (cadernetas de pou-panca, dblar, overnight etc .) ate di-cas de aluguel, mensalidades escola-res e aposentadorias, Seu Dinheirogarante, sozinha, mais de 10% d avenda do JT nas segundas-feiras .

Celso Min g

Numa economia cabtica como abrasileira, fazer Seu Dinheiro a umaaventura cotidiana . "Quanto maisinflacao e mais mudancas na econo-mia, fica mais dificil fazer a secao" ,diz Celso Ming, 46 anos, 22 de pro -f' ao . "Mas a quando ela se torna

rescindivel para o leitor ."

IMPRENSA - AGOSTO 1988

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O jornalismo democratizou a informacaoeconomica. Todos querem saber

como man ter o dinheiro a salvc da cris erizou no episodio . "Foi urn moment orico, porque ele foi retratado corn ri-queza e criatividade . Houve uma dis-cussao sobre o futuro . E isso deve se rfeito sempre ; a .imprensa deve ajuda ra discutir o futuro", afirma Funaro .Na mesma linha, Marco Antonio Ro-cha tambem extrai licoes do desastre ."0 Plano Cruzado ativou o aprendi-zado do jornalismo econOmico . Elemelhorou muito nos ultimos tre sanos . "

Se melhorou mesmo, a discutivel ,ao menos se forem consideradas asdeficiencias tecnicas apontadas po rfontes e jornalistas no trabalho d aimprensa economica . Luis AlbertoBittencourt, 39 anos, 18 de profissaocomo editor do boletim Relatbrio Re-servado, acha que falta memoria a opessoal da area . "Nos leads, todos osacontecimentos sac) apresentados co-mo novidade, quando nao sao. A itni-ca maneira de enfrentar isso a tendomemoria" , argumenta . Ja o deputa-do e ex-ministro Delfim Netto cobr a"um pouco mais de dedicacao e me-nos engajamento", argumentand oque o parti pris ideologico distorce avisa() dos fatos . "SupOe-se que os jor-nais tern de dar os dois lados, que fre -giientemente sac) oito . Se o cidadaotern urn filtro, ele poe sete lados d efora, reduz tudo a urn lado so . "

Para Tito Ryff, 44 anos, presiden-te do Conselho Regional de Econo-mia do Rio de Janeiro, o que maisfalta a informacao . "Cansei de lerbilhOes de toneladas de graos, quan-do eram milhOes", diz ele . 0 colunis-ta de 0 Globo George Vidor, 39 anos ,18 de profissao, acha, ao contrario deRyff, que o nivel de qualificacaoatual dos jornalistas economicos emuito melhor do que ja foi . "Quandoeu comecei, era todo mundo desquali-ficado, o reporter, o editor . Nat) sesalvava ninguem", recorda .

Jogo cercado - A falta de especia-lizacao, se ainda aflige alguns profis-sionais no trabalho do dia-a-dia, e ,sem dOvida, urn problema menor ,diante do violento jogo de pressOesque o jornalismo economico enfren-ta . E um jogo cercado por varios la -dos : pressoes do governo, lobbies degrupos economicos, armacOes politi-cos, interesses de anunciantes e, ante sde tudo, o proprio interesse dos em-presarios de comunicacao . No meiodo fogo cruzado esta o profissional ,adulado, seduzido, subornado, amea-cado, repreendido - o que for mai sconveniente para a manobra da oca-siao .

Marco Antonio Rocha diz que ogoverno prefere utilizar o recurso d abarganha de noticias . "E muito co-mum pessoas do governo quereremutilizar os jornalistas para prejudica rou beneficiar pessoas do proprio go-verno", conta ele . "Principalmenteos ministros, eles tern muito chimeuns dos outros. Fazem de tudo paraveicular informacOes, boatos ." Parao profissional contornar essas cascasde banana, depende muito de sua ex-periencia pessoal e da independenciafinanceira de seu veiculo junto ao Es-tado . "Ha velculos que sac) quase bo-letins oficiais", julga o deputado Jos eSerra, economista de transito diari opela imprensa economica . "Mas o la-mentavel a que, no Brasil, a propa-ganda governamental tern urn pesomuito grande no orcamento federal, eurn dos maiores do mundo . "

A editora de economia do Jornaldo Brasil, Miriam Leitao, 35 anos, 1 5de profissao, tambem acha que a pre-ciso acompanhar os atos do governode uma maneira "muito critica" ,procurando sempre outras fontes pa-ra confrontar informacOes . "0 jor-nalista tern que ter em mente o temp otodo que esta ali cumprindo uma

Freguesesda manchete

A presenca macica do president eJose Sarney nas manchetes dos jor-nais foi o dodo que mais chamou aatencdo dos jornalistas presentes aoseminario "A Primeira Pagina n aImprensa Diaria", promovido pel oInstituto Brasileiro de Estudos d e

:Comunicacdo (IBEC) e por IM-PRENSA, em Sao Paulo, no dia 1 1

' de julho . 0 presidente apareceu in-distintamente nos dez jornais brasi-leiros estudados pelo IBEC no pri-meiro semestre deste ono : Folha deS. Paulo, 0 Estado de S . Paulo, 0Globo, Jornal do Brasil, Zero Hora ,Estado de Minas, Correio Brazilien-se, Gazeta Mercantil, A Tarde (Sal-vador) e 0 Liberal (Belem) .

Para Ariovaldo Bonas, do Esta-dao, "os jornais apresentaram um asituacdo equivoca do Pais, porque oPais real ficou a merce da definicaodo mandato de cinco anos para Sar-ney" . Ja para Renato Riella, doCorreio Braziliense, "a impotenci ade outras personalidades, como Lu-la e Brizola, influenciou bastant enesse resultado" . Matinas Suzuki ,da Folha, opinou que a forte presen-ca de personalidades do poder na sprimeiras paginas "e urn dedo doatraso do Pais, que depende muitodo Estado" .

Outro aspecto que os jornalista sobservaram na pesquisa foi o ite mFontes de Informacdo, que revel aque a maioria (66,14%) das mate-rias editadas nas primeiras paginasnao tern fontes de informacao iden-tificadas . "Isso se deve a promiscui-dade de muitos jornalistas corn opoder", comentou Matinas . Mas,para Reynivaldo Brito, de A Tarde,esta a uma interpretacao equivoca-da. "As chamadas de primeira pagi-na sao urn resumo que o copy fazdas materias . Por isso, etas tern fon-tes, sim . Elas estao nas materias ,nas paginas internas . "

A pesquisa IBEC revelou aindaque os assuntos mais divulgadosnas primeiras paginas foram os tra-balhos da Constituinte (277 man-chetes), a politics salarial (117) e ainflacao (110) . 0 mandato de Sar-ney teve 100 citacoes . Entre os maiscitados, alem do presidente e do mi-nistro Mailson da Nobrega, vieramUlyssesGuimaraes (1 .359 vezes),Ani-bal Teixeira (445), Orestes Querci a(305), Reagan (267) e Gorbachev(224) .

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IMPRENSA - AGOSTO 1988

O jornalismo economico surgiu no Brasil no inicio dos anos 50 .Na decada de 60, aprendeu a falar

portugues. E nos anos 80, da bons servicos ao leitor .funcao social", julga Miriam . "Eletern de conquistar a fonte sem se rsubserviente, mas sendo serio, conhe-cendo aquilo de que esta falando .Porque o governo tem varias forma sde se insinuar - inclusive ilicitas - e vo-ce tende a comprar o peixe dele . "

Ja no caso das empresas, a tatic apara controlar jornalistas a outra .Envolve convites para passeios, via-gens . Dinheiro a mais raro, mas na oimpossivel . Marco Antonio Rocha ,depois de receber muitos rapapes d eurn especulador do mercado de awes ,descobriu-se envolvido numa armadi-lha. "Ele estava de conluio corn umdiretor da empresa para, atraves demim, fazer subir certas awes ." CornAlberto Tamer, o problema foi o as-sedio de uma empreiteira, que estav acheia de amor para the dar, em trocade urn amaciamento no noticiario aseu respeito . "Dei duro para me li-vrar deles", diz Tamer .

Fontes privilegiadas - Para algun scoleguinhas, a mais grave de todas a spressOes e a exercida pelos propriosdonos dos veiculos de comunicacao .Pery Cota, por exemplo, diz que faltaindependencia ao setor . "Os grandesjornais estao misturando o noticiariocorn o interesse do patrao e esta osempre corn o rabo preso, querend oagradar a grandes grupos financeiro se atender a interesses especificos" ,sentencia . Anamarcia Vainsencher ,do DCI, tambem bate na mesma te-cla: "Voce alguma vez ja viu critica sao Bradesco na imprensa?", desafi aela . "Outra coisa : as indnstrias de ce-lulose . Jornais que dependem de pa-pel jamais falam delas . "

Mas se ha jornalistas reclamandoque certas fontes sao privilegiadas, h atambem - e nao sao poucas - as fontesque reclamam de perseguicao dos jor -

nalistas . 0 ministro Joao Batista d eAbreu, por exemplo, guarda uma boamagoa de urn "certo jornal" que no-ticiou, no dia em que foi congelada aURP do funcionalismo, que aqueleera o dia mais feliz de sua vida . "Emqualquer circunstancia, declarar umacoisa dessas seria uma profunda falt ade imaginacao e urn profundo desres-peito aos meus colegas funcionariospnblicos . Foi uma maldade que na oconsegui compreender ate hoje" ,queixa-se .

Outro que se considera vitima d ojornalismo economico e o ministroMailson da Nobrega . Sua diferencaparticular a corn o colunista Janio deFreitas, da Folha de S .Paulo . "Nun-ca conversei corn ele, nao o conheco eele nunca me procurou . Mas tern di-vulgado declaracOes minhas, que vaodesde a forma como a divida externafoi negociada a mais absurda das acu-sacoes, de que eu estaria manipulan-do os indices do IBGE." Janio deFreitas, 56 anos, 33 de profissao, re -bate : "Jamais sequer insinuei quequalquer palavra de Mailson me ti-vesse sido proporcionada corn exclu-sividade . Sempre reproduzi palavraspnblicas dele . Posso prova-lo . "

Autocritica cavalar - Nem so defarpas, entretanto, se faz a relacAoentre fontes e jornalistas de econo-mia. Em meio aos queixumes, a possi-vel tambem ouvir o alarido dos elo-gios - especialmente para a ajuda qu ea Imprensa da aos empresarios na to-mada de decisoes. "Eta da infor-macoes que devem ser checadas po rurn homem de negocios", testemunhaAbram Szajman, presidente da Fede-racao do Comercio do Estado de SaoPaulo . "E uma fonte inicial de refe-rencia, que usamos para fazer inter-pretacoes, junto com todas as outra sinformacOes disponiveis ." 0 senador

Albano Franco, tambem president eda Confederacao Nacional da Indns-tria, vai mais longe, entusiasmad ocorn a qualidade do jornalismo eco-nomico que se faz no Brasil . "Gracasa ele a que o empresariado a tar) beminformado. A Imprensa tern dad ouma grande contribuicao, ampliand oo nivel de conhecimento do setor em-presarial e, principalmente, possibili-tando a cada empresario fazer pre-visOes - o que a hoje uma das qualida-des essenciais, na visao empresarial . "

Esse status, o jornalismo econo-mico deve, sobretudo, a principal desuas virtudes : a autocritica, que el eexercita em doses cavalares, como seviu nestas paginas. Por meio dela, o scoleguinhas da area ja concluira mque a preciso virar a pagina do derro-tismo, do negativismo, e trocar a cao-tica macroeconomia pelo varejo da shistorias de negocios e negociante sbem-sucedidos . Esta e a tendencia d omomento, adotada corn sucesso pelo sjornais, que abriram paginas para ca-dernos de negocios de leitura sempreestimulante, e especialmente pela re -vista Exame .

Agora, as materias de capa d eExame so falam de empreendimen-tos, bem ou malsucedidos, mas notom emocionante de urn filme deaventuras . "Antigamente, a econo-mia era o personagem principal, mashoje ja a coadjuvante", diz PauloNogueira, 32 anos, 12 de jornalismo ,editor executivo . "0 eixo, agora, sac)os negOcios . 0 leitor ja nao agiientamais inflacao, base monetaria etc . "Considerando que, desde que adotouessa nova linha, ha cinco meres ; Exa-me ja elevou em 30% as vendas e mbanca, ai esta o caminho para o jor-nalismo economico continuar lide-rando o ibope das manchetes, sem re-correr as tintas escuras do baixo-astral .

X

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IMPRENSA - AGOSTO 1988

Trabalho. Estee o caminho que a Companhia Vale do Rio Doceescolheu para seguir.

°Retirando pedra por pedra . Buscando o progresso nas minas ,

abrindo estradas de ferro, construindo portos .Urn caminho que pOe o Brasil em condipoes de competir corn

muita forca no mercado internacional .Hoje, Vale do Rio Doce sdo quase duos dezenas de empresa s

abrindo caminhos para o desenvolvimento econdmico e tecnologic obrasileiro .

Gerando 35 mil empregos diretos . E urn faturamento na ordem de3 bilhoes de dolares, corn uma exportacdo de 86 milhoes de tonela-das de minerios, no ano passado.

Companhi aCaminho de pedra . Duro, suado.

A

Vale do Rio DoceMas a Companhia Vale do Rio Doce se orgulha de ter escolhid o

este caminho. Urn caminho firme como a rocha .

MINISTERIO DAS MINAS E ENERGI AAs Vales do Rio Doce : MINERACAO RIO DO NORTE (bauxita) . ALBRASIALUNORTE (aluminiolalumina) . MINERACAO VERA CRUZ (bauxita) . MINAS DA SERRA GERAL (minerio de ferro)URUCUM MINERACAO (manganes) . FLORESTAS RIO DOCE (reflorestamento). CENIBRA (celulose) . VALESUL (aluminio) . NIBRASCO (pelotizacOo) . HISPANOBRAS (pelotizacdo) .IABRASCO (pelotizacdo) . BAHIA SUL (celulose) . ELETROVALE (silicio) . DOCEGEO (pesquisas minerals). DOCENAVE (navegacdo) . VALENORTE (aluminio) .