sebastião pé-na-estrada

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This eBook is part of the TREeBOOK Gallery Collection. It was created in 2010 to promote the digital tree of the eBooks. All rights reserved by the artists. Feel free to share this eBook. To contact TREeBOOK Gallery please write to [email protected] TREeBOOK Gallery is supported by Free Your Ideas. www.freeyourideas.net.

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Page 1: Sebastião Pé-na-Estrada
Page 2: Sebastião Pé-na-Estrada

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Page 3: Sebastião Pé-na-Estrada
Page 4: Sebastião Pé-na-Estrada

2010

Page 5: Sebastião Pé-na-Estrada

To “My” Children...

Page 6: Sebastião Pé-na-Estrada

rummmmmmmm...lá íamos nós de novo pela estrada afora:eu, a Charlote e o Príncipe-Encantado

rumo à casa da Vovó-Gato.Da nossa casinha, nas montanhas geladas do norte,até a casa ensolarada da vovó, lá embaixo, na praia,

são quase novecentos quilômetros.Eu fico enjoado dentro do carro,

mas me comporto como um lorde inglês.

Page 7: Sebastião Pé-na-Estrada

propósito,para quem não

me conhece ainda,meu nome é Sebastian,mas pode me chamarde Sebastião mesmo.Sou um gato persae esta história não é“para inglês ver”!

Page 8: Sebastião Pé-na-Estrada

aímos de casa na hora prevista.E parece que o resto da cidade também,

porque chegamos todos juntosà alfândega, na fronteira.

Sair da Suíça é fácil, difícil é entrar.Então, depois do primeiro de uma série de

pequenos engarrafamentos de veraneio,rumamos ao sul: oba!

Içar velas e levantar âncoras!

Page 9: Sebastião Pé-na-Estrada

a auto-estrada,infestada de carros, carrinhos e carrões,

vê-se de tudo um pouco.Bem pouco, diga-se de passagem,

porque a velocidade é inimiga da apreciação,como diria Charlote, minha dona.

À medida em que vamos descendo o rio,a quantidade de carros vai diminuindo

e a natureza vai tomando conta da viagem.

Page 10: Sebastião Pé-na-Estrada

estrada começa a estreitaraté virar uma rua simples

de mão-dupla.A rua vira um riozinho calmo.

Que termina em um riacho,uma pequena nascente,singela, borbulhante,

onde tudo começa:a casa da gente.

Page 11: Sebastião Pé-na-Estrada

urante a viagem rumo ao sul,o sol vai chegando mais perto

e as árvores começam a cresceraté o verde virar pluralcom nome e sobrenome:

verde-claro, verde-escuro,verde-piscina, verde-água,

verde-militar, verde-bandeira,verde-abacate, verde-esmeralda...

Page 12: Sebastião Pé-na-Estrada

Vovó-Gato moracom o Vovô-Gato e eles têm umNetinho-Gato, levado-da-breca!

O Netinho-Gato tem uma Mãe-Gato.A Família-Gato é como se fosse

a minha própria família, por issotodos eles têm o mesmo sobrenome.

A casa da Família-Gato é grande o bastantepara abraçar todos nósde um só vez.

Page 13: Sebastião Pé-na-Estrada

inda bem,porque quando

a gente chega lá,é o maior chamego:

beijinho para cá,presente pra lá,

abraço-apertado com ele,cheiro-no-cangote daquele outro...

uma gataria geral!

Page 14: Sebastião Pé-na-Estrada

casa da Família-Gatonão tem janelas de biscoito,nem telhado de chocolate,nem paredes de marzipã,

mas é uma delícia.Foi o Vovô-Gatoquem planejou

e construiu a casa todinha.Do chão até o teto!

Page 15: Sebastião Pé-na-Estrada

uando a gente chega,ocupa o andar de cima da casa,

que era onde moravam os Bisavós-Gatos.A Vovó-Gato pensa que os Bisavós-Gatos

moram no céu, mas, cá entre nós,eles ainda moram no andar de cima da casa.

Mas o único que sabe disso sou eu...shhh! Segredo secreto. Além do mais,

isso é assunto para outra história...

Page 16: Sebastião Pé-na-Estrada

Vovô-Gato estava dodói,mas finalmente ficou bom!

Ele e a Vovó-Gato tiveram o câncer.Coitadinhos. Eu sei disso porque

ficava escutando as conversasdebaixo da mesa, no maior respeito.

Também sei que o câncer é uma doença grave.As pessoas morrem de medo dele porque

a maioria dos doentes não consegue se recuperar.

Page 17: Sebastião Pé-na-Estrada

s médicos dizemque ainda não sabem

como a gente pega o câncer,mas eu acho que depende bastante

do que a gente coloca dentro da genteseja pela boca, pelo nariz,pelo ouvido, pelo umbigo,pelos olhos, pelo cérebro,

pelo coração...

Page 18: Sebastião Pé-na-Estrada

a minha opinião de gato,o câncer é uma doença de dentro-para-fora:

a gente leva ela para dentro da gente(em forma de lata, porcaria, xantana,

aditivo, corrosivo, glutamato, carbonato,raiva, revolta, poluição e maquinação),

e para se livrar dela tem que se virar do avesso,de dentro para fora,

mudar completamente de vida.

Page 19: Sebastião Pé-na-Estrada

em essa mudançade dentro para for a não há

quimioterapia, radioterapia, meditaçã,zen, novena ou reza forte que dê jeito!

Ufa, ainda bem que o Vovô-Gatoe a Vovó-Gato ficaram bons porque

eles são umas fofuras!Nós estamos indo até lá para

festejar a boa notícia em família!

Page 20: Sebastião Pé-na-Estrada

primeira parada na estradaa gente nunca esquece:“pipi-café-chiclé”...

Ufa, a planície padana italiana,mundana e fashion ficou para trás

junto com seus carros de grifee suas pessoas de luxo.

Agora vamos encarar umas montanhaspela frente: os Apeninos.

Page 21: Sebastião Pé-na-Estrada

ontanha na estradaé sinônimo de curvas. Muitas delas.

A estrada praticamente vira uma serpentecheia de voltas, um novelo-de-lã-emaranhado,

uma macarronada... hum, que fome!Entre uma curva e outra, túneis. Muitos túneis.

Longos, curtos, largos, estreitos.Todos iluminadíssimos.

Cenário de ficção científica.

Page 22: Sebastião Pé-na-Estrada

ossa espaçonave de rodassaiu de um buraco negro

no espaço sideralpara um planeta verde

que flutuava na nossa frente.Nossa missão agora é de apreciação,então a velocidade tem que ser lenta,

mesmo que os demais veículosliteralmente voem ao nosso redor!

Page 23: Sebastião Pé-na-Estrada

egundo meu amigo-gato Roquefort,gatos são seres galácticos,

extra-terrestres enviados de outros planetas,infiltrados entre nós

para nos ensinarem a amar outros seres.Concordo com ele!

Atenção: gravidade zero!Vejo biscoitos deliciosos

flutuando na minha frente: nhac!

Page 24: Sebastião Pé-na-Estrada

por falar em coisa estranha...Eis uma montanha esquisita

passando do lado de fora da minha janela.Ela é feita de lixo.

De longe parece uma montanha comum,mas não é. É só um monte de lixo mesmo.

Em cima, as gaivotas denunciama verdadeira identidadedo monstro montanhoso.

Page 25: Sebastião Pé-na-Estrada

á medo só de olhar.Imagina morar em cima disso!

As pessoas compram, compram e compram.Depois jogam tudo fora.Um movimento cíclicoque não acaba mais.

Uma doença, um vício, uma droga!Então, tudo que elas jogam fora

se transforma em montanhas de lixo.

Page 26: Sebastião Pé-na-Estrada

Charlote, minha dona,me contou que as montanhas de lixo de hojeviram as colinas residenciais de amanhã.

“Basta construir casas e prédios,plantar umas gramas,

colocar uma placa chiquee todo mundo compra casa

em cima do que foi, um dia,uma descarga de lixo”.

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ior que filme de horror.Depois, todo mundo fica

doente de câncere não sabe o motivo. Credo!

No Brasil, ainda tem muito espaçopara esconder as montanhas de lixo,

mas o fato de não ver o lixonão faz com que ele desapareça.

Ele está lá... poluindo tudo.

Page 28: Sebastião Pé-na-Estrada

qui, na Itália,não tem mais onde esconder o lixo

que as pessoas produzem diariamente.Se fosse na Alemanha, eles já teriam pago

para algum país pobre“processar” o lixo deles.

De todos os bichos que eu conheço,o único que não recicla, não se transforma eproduz lixo e poluição é o bicho-Homem!

Page 29: Sebastião Pé-na-Estrada

iuíííí...toda vez que o trem

que passa na ferrovia ao lado da estradaaposta corrida com a nossa

nave espacial de rodas,a gente perde.

Mas não tem importância,porque estamos quase chegando

na casa da Família-Gato!

Page 30: Sebastião Pé-na-Estrada

base da dietada Família-Gato é mediterrânea,

ou seja, muita azeitona, azeite, peixe, mussarela,tomate, brócolis, pimentão, couve-flor

e tudo bem orgânico, diretamente do jardimdo Vovô-Gato. As frutas e verduras do pomar dele

são tão gostosos que já ficaram famosos:“Produtos Artesanais de Giulius”!Eu e minhas idéias brilhantes...

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O Vovô-Gato plantae a Vovó-Gato cozinha! Perfeito!

A coisa mais gostosa que a Vovó-Gatoprepara é o nhoque de batatas

com molho de tomatesdo pomar de casa.

Hummm... quando a gente chega lá,tem sempre alguma coisa gostosa para comer.

Uma maravilha!

Page 32: Sebastião Pé-na-Estrada

s comidinhas quea Vovó-Gato cozinha

são muito mais quentinhasque qualquer outra.

A Charlote fala que é porqueela coloca muito amor no cardápio,

então a comidinha dela fica tão quentinhaque preenche o frio do estômago e

do coração, ao mesmo tempo.

Page 33: Sebastião Pé-na-Estrada

la também fala que a genteteve muita sorte de ter uma família assim:

amorosa, unida, carinhosa,que mora em uma casa espaçosa,

com uma horta maravilhosa,onde a gente pode plantar e colhertudo o que a gente quiser e puder.

Ai, ai... já estou sonhandocom os quitutes da Vovó-Gato.

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é-na-Estrada,porque deixamos a entrada de Roma para trás.

Vejo os últimos quilômetrosda nossa viagem, a nossa frente,

e eu já estou sentindo o cheirinho do mar.Olha lá ele! Verde sem fim e bem brilhante.

Eu acho o mar lindo! De longe.Um peludo como eu nem passa perto

da areia da praia.

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as admiro a Charlotee o Netinho-Gato porque eles entram no mar

logo que chegam na praia e só saem lá de dentro

na hora de ir embora para casa.Uma vez até perguntei para eles

se eles eram peixes.E sabe qual foi a resposta?

Blup!!!

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utra coisaque eu gosto do mar é a brisa.

Hum... que delícia!É tão gostosa que tem até cheiro.A brisa do mar chega lá na casa

da Família-Gato, entra pela janelae me cutuca embaixo da cama,

onde eu me escondopara dormir sossegado.

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uando a brisaentra pela janela, eu fico doido

e saio flutuando como um tapete mágico.Melhor que o cheiro de brisa do marsó o cheiro de casa, da casa da gente,

onde a gente chega e pareceque entrou em um ninho de passarinho

de tão aconchegante e acolhente.Olha a casa da Família-Gato ali, gente!

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hegamos!O Príncipe-Encantado estaciona a espaçonave

e todo mundo vem falar com a gente.Sou um astro, uma celebridade.

Todos querem me tocar, me abraçar, me beijar.Não distribuo autógrafos, somente sorrisos.

Então ganho muitos elogios:“- Hum, como ele é fofinho!- Hum, como ele é lindo!”

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o meio desteabraço coletivo familiar,

percebo que tem outro felino entre nós!Um gatinho bem pequenino e cheio de energia.

Ele é muito criança aindae vai precisar de uns ótimos conselhos

para cuidar da Família-Gato.E, por coincidência, eu sou excelente conselheiro,

além de gato-mais-velho.

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orte do gatinho!E sorte minha também,

porque agora vou ter companhia!“Muito prazer, gatinho,

eu sou seu primo mais velho!Meu nome é Sebastião, como é o seu?

Venha aqui que eu vou ensinar algumas coisaspara você crescer como um autêntico gato feliz...

aceita um chocolate suíço? Miau!”

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Page 44: Sebastião Pé-na-Estrada

De Luxe EditionBia Simonassi

Switzerland 2010

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