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    N"48 R$13,90 PoRTUGAL 4,50

    Encontro eixaavancos alqumaspistsambentaisto+2riseeconmcaconcentrapreocupaoesempolticas ecurtoprazo

    Agricultura dapr-histrianiciouoaquecimentoOs limitesparaa vidaemm rnundoem desequilbrio

    possvel limentaro mundosemdestruiro planeta?Mudanas beira-mardevemestimularmigraesndtas

    Preparativosaraenfrentar crisemundialdeguapotvelEstratgiasdiscutveis)parasalvar marMorto

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    \ /c:e rarece a - i{ ubiho de est imacoi

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    ffiFiotc.$*

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    Scientificmericana ata letjest mOJornaleiro

    lnstaleagorae experimenteos exemplares ratuitos. OfonxerrlRooweedrr. iW

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    SCIBNTIFICAMERICAI'{BRASILwww.sciam.com.brcot1txicuTtvoJorgeCaneiro,Luiz Fernando edoso, uaVieira,CidinhaCaba Ana Carolina lilninDIRTORt [email protected]:llissesCapozzoii,rl0iA DE RTLimone liveira ieiadis ilT5 DlARtr ooMarcelo imesAnaSalles)$ r. 5A C0N0GRtlCArabriea arcetta:5 iri: DfRlDAqo: enaRegina ucinelli::-r-a{AD0REs bora ueirozos antosredao);ha}ndaMexioale);Luj?Robertor{alta rcso);PauloCstrSa.8adobatamento e magem):-: r: r Denire artins sabellaieiraDRirCA 0NIERClLdinha abralddiih@[email protected], l , : DEp blir][email protected],br- I: ,:j l: ' ' iRClDoPUBLICIARIo:andaGarcia- ': :\.iaa: ti PtlBtCIDADETobsoneSouza p5tN]AN850MRCllS:-:.:r.3t d PtRrAI'18UC0/SRGIP :Pedrc{milmte - (79)3246-41391918'8962r ri -iSoniaBrando (61)33214304.; . ri sNlolDdimoEffce Qn 3229-19861062-19531846-44931715-7586R0Jt05 SPECI15FaRMA(ruo:':ir v0D [GC105:alterPinheirc1ARKEINGa;RiTEElARKlTlNGrludio ala00RDENADoRA[ MARKETING:ta6 PachecoNAtA DfMARKTiNG:iago ortugalAGIAR105:afaelCoutoe RodrigoBezeaNUCIEOUTTIMIDII5SINURASDIR[T0RA:arianaMonnREDAORA05lTFremanda igreiredoWiBD[5l6NF*afael ushikenC00RDNADoRAlViNDASIB:Michele rmaA55l9INTDMiNISTRTlvA:liene ivaGIRINTEt lSINATURAS :lex ardimCO0RDINADOREVENDASESSOA|SIntonioCarlos ebreuCN5ULORVENDASTodrigo eSouzaIXCUTI\nt P0NT0 EVENDASTime CavalcanteNAtl5A PR0Cr5505:eide rlatrdoni0pRAEsDlRiI0Rt0PtR0t5naCarolinaranninana.orolina@duettoeditorial.com.brGtRNE PIRAtSrrianneCrotihaNLl5-lE LANEiAi'iNTo:aros odrigoMartscelicrRculAoPR0D,CRFiCA:agner inheiroSSISINTEPCP|aulaMedeirosVtND5VllLJAS:ernanda iccareliNAtlSTl CIRCULA{0rinthyaMulerrricof,r RDA40GNRL OANDII1ENTOEGUNDAsEfiADAs HA 2ON/ BAOOAsH S 15HAl5INNT NOVASssiNAURSs0 PAU|.o ) 3512-944 Rlo 0tJANE|Ro (2 402-7551w,lojaduenocom.br e w.assineduettocom.br-Parenlormaos bresuaassinatun,udan eenderqq enwao,reimprstodeboleto, licitaode rftnvio de exemplaresoutro rwio ame w.asinaja.com/atendimento/duetto/al*ono*oNmeu atnrdc e edie epeiais podem r adquiridsatrils da rja Duetq opr4o dahima doacrffdo doscusts deposbgem,mediante isponibilidadee nmu atoquasclE\"flFc AM[rucN INTERNTIoNIDIT0RN HlEf: Mariette DichristiuXCUTlVfDI0 Fred GuterlMANAGINGDIToR: icki L. RustirgCHltt IEWS DIoR: hilip M. Ym5[Nl0R DIToRS: ark Fischei,ChristineGoman, AnnaKuchment, Michae Moyer, Geoge Musser, Gay Stix, Kate WongDE5iGNIRECToR:ichael MrakPt006RAPHYDlT0R: onica BradeylRE5DEI'llSteven nchcoombeEXtCT tVICEPR5lOtN ichrel ForekScIMc AMETCN BNI uma publica4o meroa] da Ediouro Duetto EditoalLtda.. sob irene de Scientic Amerim, Inc.DIOURO UETTODITORLTD.Ir'# iliffi:.'1iii';i}3;fr:i,IMPRt55O:DIGfu{FICAEdiao 8 AMBIENTE,SSN 6?9-5229.ishibuiorcionaDIMP SA.RuaDoutorKenkitiShimomoto,678. I\AtFllPFfen

    PONTODEVISI;A

    OsiscsmicoQuandopubicouo primeiro artigo cientflcodemonstrando efeito estufadeSasescomoo dixidode carbono C02)e vapor d'gu4em 1859, fisico rlandsJohnTVn-dal(1820-1893)eguramente o sedeucontada controvrsia ue niciava-Parasermais exato,aindaqueseja econhecido omooprimeiroautorde um tra-bathocientflconessa .re4Tyrdalapenas escobriuo que,antes,delehaa aponta-doo fisico tancs ean-BaptisteosephFourier 1768-1830).Num estgiodahistria emqueapenas e niciavao processo e substitui@odemscuoshumanose animaispeafora bruta dasmquinas a vapor,mesmo asmentesmais arejadasenderiam a encarar,como cenriode hard sccrcert,ctinn,ideiadeque,numa poca adadistante,essesases queceriarn atmosfera oplane-t4 iniciandoumprocesso e mudanas limticas.Agum pode sempre argumentarque o aquecimentogobano real e,menosainda,atribuvea aes umanas.Climatologia,de fato, um assuntocompexomesmopara climatoogista,s.Mas asevidncias e aquecimento o cadavez mais consistentes, partir dedadosquevo dapaleoclimatologia observao o comportamento ogeloemcumesmontanhosos nascalotaspolaresdaTrra.Nesse entido,asevidncias pontadas or Fouriere TVndal o rrefutveis.Sea concentrao esses ases umentoua partir da Revoluondustria , nomnimo, razovel onsiderarquedesempenhem a Naturezao comportamentoquedemonstramem aboratrio.Assim,de um pontode vistatico, az odo sentidoconsiderarapossibiidade eorigem antrpicae omar asmedidasnecessriasaxaunenizaressa resso obreoambientenatura.Negaressa ealidade, emasednciasnequvocas equeela deorigemnatural e rreversvel, uma atudeancientflca.Nesse entido,na primeira semanada cpuaRio+20,queem unho passadodiscutiuo aquecimento lobale a mudanacimticano Rio de Janeiro,500pes-quisadores artilharam a convico equeo planetaenfrentaateraesnduzi-daspela aohumana.E, como registra SrgioAbranches,no primeiro artiSodestaedio, no}l,mais diso entre cientistasquenegame queaflrmam arealidade da mudana climtica'i Os que negam, observou ele, "no tmexpresso suasopiniesno sebaseiam m ednciasoupesquisas". oexistemais empo ouespao araopinies encidas,mas,em ugardisso, h um vastoconsenso,maduro depoisde anosdepesquisa, iscusso reso cticaLegitimadaa posiode mudana cimticapor efeitoantrpico, precisosensibilizar sociedade umanaparaaes uenopodemmais sernegligencia-dasepostergadas obajustiflcativa depretensas das.O objetivodestaedio, a partir dos esutados btidosna Rio+20,ofereceruma deia deprocesso, u seja,a noode comoascoisas correramdesde fun-daoda agricultura,h uns 12mi anos,at o momentopresente o queposs-velprojetarparao futuro prximo.

    Para azer sso repubicamos m coniunto de artigosque saramnas edi-esmensaisde ScientiffcAmericanBrasil, com a diferenadequeagora, e-publicadas m conjuntoe nteraoentre si, ornecema ntelig;ibilidademposs-ve de obtercom edies eparadas.Evidentementeque cada um desses rtigos oi dedamenteatuaizado,deforma a comporum conjunto dereferncias ara permitir um uzo crtico paraa adoode uma srie de comportamentosdesejveisanto do ponto de vistaambiental quanto de uma cacapazde demonstrarque,nesteplido pontoazul entreosbilhesde estrelasda Galaxia,ainda somosum osisde da e nouma desoaosmica.Ais se Capozzoli, edltor

    SCIENIIFICI\4ERICANRASIL

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    EDroESPECIALMBIENTE#@%ffiffiffiffiffiffiCAPA:KEVINNAE T

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    F.1*i I r i LO Insustentvel Minimalismo dosEncontros GlobaisResultados ontrovertidosda cpua nternacionalRio+20para enfrentaro maior desafloambientaldahistria da cilizao.PorSrgioAbranchesi; f i"i1-.1 t"..*1A A,o lumana no ClimaUmaipteseousadasugerequeprticasagrcoas enossosancestraisniciaram o aquecimentoglobalmiiharesde anosantesde comearmos queimarcarvoe utilizar automvel.PorWilliamF.Ruddiman.N:} t{ } * L{}* A Vida em uma Nova TerraA humanidadealterouprofundamenteo planeta' Masnovasdeiase aes odem mpedira nossaautodestruio.Por JonathanA. FoleY5 JS "-.43* fi) [ Possvel Alimentar o Mundo semI)estruir o Planeta?Um panogobade cinco tenspodedobrar aproduode alimentosat2O5O , aomesmo empo,reduzir consideravementesdanosambientais.Por JonathanA. FoleA

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    36 hl tG AA{iVtimas da Mudana ClimticaAteraes nos padres de precipitao e mudanasnas inhas costeirascontribuiro para migraes emmassa em escaa ndita.Por Alen de Sherbinn, Koko Warner e Charles EhrhartX 'FqI i[NTMudana Climtica emLaboratrio NaturalParaantevero futuro,cientistasmanipuampradariaseflorestas, erificandocomoateraesos nveisdechuvas,monxidodecarbonoe emperaturaafetamabiosfera.Por StunD. Wullschleger Maga Strahlc f+5 .Ji)Efeito Estufa dos HambrgueresA produo de carne bovina tem custo ambientanegligenciado: ibera enormes quantidades de gasesque contribuem para o aquecimento atmosfrico.Por Nathan Fiala --ti l r iL{ fAPreparando-se Para Enfrentar aCrise da Agrra medida que crescea demanda hdrica, reservaspanetrias se tornam impresveis. As tecnologiasdisponveis poderiam evitar uma crise globa, masprecisam ser implantadas ogo.Por Peter RogersRi l* . i5t l i 5R..TIGe L]5-igua para o Futuro numaPrspctiva GlobalReatrios do Paine Intergovernamental sobreMudanas Cimticas (IPCC) apresentam inmerosprobemas referentes quantidade e quaidadehdricas, resultado de mudanas gobais.Por JosGalizia TundsiI "i r/till'{}5 4 l'T 5Mudanas Climticas e suasConseqirncias no BrasilCaf pode desaparecer do su de Minas e frutastropicais podero ser cutivadas no sul do pas.Por Jurandir Zullo Junior, Edaardo Delgado Assad eHilton Si,laeiraPintoL:Th]*FIAO Mar Morto Conseguirsobreviver?A irrigao e a minerao esto levando o lago salgadou t.", mas untos, Israel, Jordnia e Palestina podemmudar essasituao.Por Eitan Haddok

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    a2 vrDA E DESOLAAOwww.sciam.com.br SCIENTIFICMERICAN RASIL5

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    +, f *e -q..\ * , . MtCIAMBtENE je- d

    SergioAbranches,socilogo,scr'rtorcomenta'rstaaCBN obrecopolitica,ambmutor eCo-penhaguentesdepor's,ivilizaoraslera,2009.

    GLOBAISResultadoscontrovertidosda cpula internacionalRio+2opara enfrentar o maior desafioambientalda histria da civlizao

    Por Sergao brancltes

    uEMACoMpANHouAsrtrmnspnnpenernrasa Rio+20chegouaoRiode Janeirosabendo ueno se epetiriao sucesso e 20 anosatrsem queda Cpulada Terrasaram rs convenes ue marcaram a acidentadaestradada buscade uma nova relaoentrea huma-nidadee o planeta:a da mudanaclimtica,da biodi-versidade do combate desertificao.quela oi ar-ticuladapara ser o flm de negociaesue estavam em amadureci-das;a de agora oi a aberturade uma novaetapaem queos conceitosaindaestosobcontrovrsia.

    ffi$M$WSKffiMreE$$M#MKE#ffiDOS NCONTRO

    SCIENTIFICMERICAN RASIL7

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    A#ilfiliet{:ru;3-;fr#s"$#fif,{T#'&Nrffi#ffiff#

    "DraflZero", aproposta nicia do documentode resolues aconferncia,mostravamque os resultadosseriamminimais-tas.Mas danaturezahumana acreditarque as chances oaproveitadas queseres acionaissocoerentes uandoamea-assriascercama da no paneta.O documento ina deixousobrea mesapequenos vanosboaspistas.No suflcientes,mas reevantes.O ProgramadasNa-esUnidaspara o Meio Ambienteno virou uma agnciadaONU, mas vai flcar mais robusto.Ter mais recursos,meiosemembros. s guasnternacionais osoceanos o oramprote-gidas,masentraramno mapacomo ema ncontornvel araasreuniesda Convenoo Mar.No h nmerose prazos,masformular ObjetivosdeDesenvomentoSustentve assoua sercompromisso ospases. oh metasde emisso egases eefeitoestufaparaospases lmdaquelasegistradas m Cope-nhague, m 2009 atporque ssonem estava a agenda, masosprefeitos e54, randes idades opaneta ecomprometerama reduzir suasemisses m 1,3bilho de toneladasde carbonoequivalente, t203O.Esses refeitosuntos administramumaeconomiado porte dosEstadosUnidos e suascidades espon-dempor 14% asemisseslobais egases stufa.Thdo somadopoucoparaconciliardois empos:o doscientis-tas e o dospoticos.O erro originada Rio+20 oi tent contomaressa iferenados dois empos.A diplomaciaexistepara idar comconflitos ntratveis.Seelacontomaro conflito oacordosair raco.Os diplomatasacharamquegarantiriamo sucessoo encontrosereduzissem foco ambientada Rio+20.Elaer4 expicaram nsis-tentementeos negociadores,ma reunio sobredesenvolvimentosustenvelparaunir ospiareseconmico, ociale ambientai.Esqueceram ois detaheselevantes. primeiro: parafazerissoserianecessrio hamarquemmandana economia.Os mi-nistros das lnanas lzeram um eventoparalelo,mas no entra-ram nanegociao. stavam estomaispreocupadosoma cri-seda dda soberana a Europa.O FMI canceou nda dasuachefepor fatado quediscutir.O segundo: os rspilares,o queest uindo o ambiental.Houveavanos conmicos sociais

    Apesardisso,mesmoes-pecialistasse juntaram aocoro dos descontentes uan-do o documento oi postoso-bre a mesa.Um balano doque houve na Rio+20 devepartir do sentimento queuniu cientistas e ambienta-listas.Qualquer euniodes-sa dimenso omeaenvoltaem grandes expectativas,mesmo diante das edn-ciasem contrrio.Os mpas-sesoros na discusso o

    nesses 0 anosentre a Rio92e a Rio+20.Em aguns ases,gressosnotveis. O ltimo estgio desseavano acontece agonafrica. onde vrios oasescrescem a ritmo maior que ados pasesasiticos,que cresceram ortemente desde os anosHouve muito progresso socia, no Brasi e em todo o mundo.mesmo temDo. os eventos cimticos flcaram mais extremosfrequentes, onflrmandoo alerta dos cientistas.Dessauma agenda negociadapara deixar temas cmciais de fora e redzir o foco ambiental conseguiu o que queria: contornou o quehumanidade recisaencararantesque O futuro queqse orne mpossvel, or ser arde demais.Mesmoassim, m grandeencontrode ambientaistas,tas, diplomatas, mpresrios, tivistas,ovens,veteranos,tas,curiosos, ovosde odasaspartesdo panetaproduzefeparaalm do que possvelegistrarnum primeiro momenEle sepropagano tempo. Ou, como diria a velha eseabandonada por mau uso: produz mudanas quantitativaspodem evar a um salto qualitativo.Enquanto no Riocentro os dipomatas tiravam paawastextoDaracontornar as diversncias.ndios brasieirosram paraa Cpula dos Povosseu encontro anuarealizadoprenaAmaznia.Em orno deles, elaprimeiravez,ostantesde"flrst nations"de outrosoases.membrosdetos sociais urbanos e a coleodos novos artefatos de comuno.Conectaram-seomoamaisseriapossve. que ssozir difcil saber.Mas inevitve constatarque, para amespetcuo sual que produz otos estereotipadasaraasnas dos ornais, os indgenasconseguiram ue suasresequando bem demarcadas,seiam uma forma eflciente deda biodiversidade da floresta amaznica. No mundo nonamental, m recursoestratgico steve resente goraqueexistia em 1992: a tecnoogia da comunicao. E ea umaincontrovel na formao de redes e coalizes.

    CONSENSO IENTFICONa orimeira semanado encontro.500 cientistasmerzulharamsuasddas. debates. ontrovrsias um imDortanteencontroPontificia Universidade Catica do Rio, o "Frum sobreTecnologia tnova.oarao Desenvolvimento ustenvel'iessas vidasn.oesta dequeo mundopassa or mudanasmcas nduzidaspeaaohumana.No h mais disocientistas que negam eque aflrmam a realidade damudanatica. Osque negam n.o m expresso, uasopiniesno seseiam em evidnciasou pesquisas riginaispara influenciarevento dessanatvreza. Quando falam entre seuspares ospodemat entrax em atalhos,por preciosismo,mas notempo com discussesencidas.H um vistoconsenso,depoisdeanosdepesquis4discusso reviso ticaPorqueessa oncordncia ntre os cientistasemponnose ransformaemdocumentosobustos?Porquea

    O documentoinal da Rio+20roduziu equenosavanosboas istas.o ufrcientes,as elevantes.O PrognmaasNaesnidasara Meio mbien-te(PNUMA)o e ranormoumagncia,asrcoumaisobusto.s guascenicasnternacionaisoo-

    *33 g* \ ; ' '$1SX{mmprotegidas,as ntmamomapaomoeman-mntornvelara s euniesa Conven$oo Mar.No nmerospnzos,masormularbjetivoseDesenvolvimentoustentvelassouser m ompro-misso.o metaseemissoeqaseseefeito s-

    tufa, lm asrxadasmCopenhaguim200?masprefeitose54grandesidadesoplanetae ompro-meteram eduziruas missesm1,3 ilhaoetone-ladase arbonoquivalente,t 030.untos,les d-ministmmma conomiaoporte osEstadosnidos.

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    comasnegociaoesasconvenesabiodiversidade do climajdemonslrouqueessas randes ssembleias,mqueasdecisesxi-gemunanmidade. o evama decisesmbiciosas. mgranden-teiechralbrasileiro.que aria100anosesteano se osse vo, NelsonRodigus. dia que todaunanimidade burra'iMaisque sso,eae::gec-ie odossecontentem om o mnimo,quandoomais razo-'.'=- rr:-*:aro mximo.Omnimo omais nsustentve osprop-stL-.ante dadimenso oqueameaa humanidade.-\ Rior20 terminouhoje com um conjuntode resultadosque,- reaLmenteevados diantenosprximosmeses anos,ofereceoportunidadeparacataisax aminhos umo a um sculo21maissustentvel'Assim chim Steiner,diretor executivodo ProgramadasNaesUnidasparao MeioAmbiente PNIIMA)definiu acon-cusodaRio+20.Anotouqueumapromess4noum resultadopatpre.Vamosempassosncrementaisl'Oproblemadesse assoa pa-i,rcdas decises lobais que a criseambientae climticaavana ma.tavelocidadeaumentamosriscosefevos eruptu-rasecogicas,rincipalmenteasassociadasmudanaclimtica.l-o mundo oficial,decidiu-se or um processo e negocia4es,semgaranasdeque er bonsresultados.Ele em prazodeflnidoparachegaraos esultadosndicados,maso mandatoaosnegocia-dores amploe difusodemais.Nogararrte ueoproduto lnal cor-responder saspiraesnunciadas osdiscursos ficiais.Se oi o ambientalque pagouportodo esse rogresso ocioeco-nmico sob aforma demaispoluio,maisdegrada4oosecos-sistemas,mais desmatamento, ais emisses e gases-estufa

    grandeperdade biodiversidade, ideia de ntegraodos rs pi-laresfazpoucosentido.Entre 1992e 2012, quadroambientalecimcopiorou muito,emparte dedo ao desenvolmentoeco-nmico e sociatglobal. vemos espantosa erdade biodiversida-de.A poluioatmosfricamatou, e continuaa matar,milharesdepessotrs,nualmente,em odo omundopor doenasespiratriase cardiovasculares.Esse agxavamentodo quadro ambiental ecimticoestaumentandoosgastos om sade,eduzindo apro-du@o da agricultura goba,gerando nseguranaalimentar eprovocandobihes de daresde prejuzoseconmicos.A criseambientaprovocapobrezae fome.Afeta a economiadosdesen-volvidose dos maispobreseminaos outros avanos.

    O PLANETAOBPRESSONo existem, na verdade, trs pilares separados.H trsdimenses nterligadas do desenvolvimentoe uma delas,aambiental, alm de no contabilizada, pr-requisito paraconsolidar o progressodas outras duas e pamentar o cami-nho paranovosavanos. ograndesos descompassosdesi-guadades ntre as dimenseseconmica, ocial e ambientaldo desenvolmento.A econmicadominou a social e a am-bientat desdea Revoluondustria.As dcadaslnais do s-culo passado, a primeira dcadadestesculo,promoveramacelerao osganhossociaisderivadosdo progressoecon-mico e melhora relativa de sua apropriaopelosdiferentespases gruposdentro de cadapas.Osavanos mbientais o-

    I.ISTA n,EA mostra cenrio desalentador deixado por seca ntensa que afetou a Amaznia em 2O1O: lternncia de extremosclimticos com impacto socialcaracteriza alteraesproduzidaspelo aquecimento global.

    ==9oa

    www.scia.com.r SCIENTIFICMERICANRASIL

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    no; mudanacimticae outras mudanasambientais;segu-rana aimentar; segurana drica; ambienteurbano e bemestar;serosde ecossistemasbiodiversidade; onhecimen-to indgena;desastres; nergiaeeconomiaverde'PERCEPOOVAA nova compreensodesses enmenos,adquirida nas ltimasdcadas epesquisas estudossobreo sistemado pane-

    ta Terra,permite maior Bercepo as responsabiidadesasnaesna governanapanetria. Esseprocedimentoexigeobjetivosvoltadospara a sustentabilidadeglobal de forma aquesealcanceo desenvolvimento ustentvel niversal'Tanto em Londres como no Rio cientistas nsistiram emum novocontratoentre cinciae sociedade, om o reconheci-mento de que a cinciadeveseruma basepara a formulaodepolticas de modo apermitir decisesmaissensatas maisgese de quea inovaodeveatendera condies necessi-dadesocaisdiversas.svel.Masno assimque uncionacomo climaeo ambiente'A naturezado desaflomudou. No sculo20, o compromissoerapossvel, orque asquestes rampolticas e de seguranamilitar. No sculo21,as orasquenosameaam oadmitemcompromissos, em atraso.No sepodepedir queasmudan-asclimticasrecueme deemnovosprazos humanidade'ANaturezatema,masnosesenta mesadenegociaes'Uma reunio cientflca realizadaem Londres,no nal demarodesteano, PlanetasobPresso 012", edicou-se ofe-recer undamentocientflcos discusses aRio+20'apresen-undo uma agendaconcretade aesque poderiam dar res-postasefetivasao desafloambientaeclimticodo scuo21'Ao flna desseencontro,que reuniu mais de 3 mil cientis-tas, oi divulgadaa decaraoO Estadodo Planeta"' uealer-ta para a acelerao asmudanasambientaise climticas'Apesquisademonstraque o funcionamentocontinuadodo sis-t"* t".t"ttte provendo o bem-estarda cilizao humananos sculos ecentesest em risco de colapso,aflrmam oscientistas.Semaourgente,podemosver ameaada pro-sode guae aimentos,a biodiversidadee outros recursoscrticos.Essasameaas riam o risco de intensiflcaras criseseconmica,ecolgica socia,gerando o potencialpara umaemergncia umanitria em escalaglobal'A compreensocientflca da deterioraoambiental seaprofundou desdea Rio 92, mas a sociedade o conseguiudr respostas degradao mbientalna escala ueosproble-mas requerem,diz o documento'Ee salientaque a Rio+20ocorreuem um momento de muita turbulncia na economiagobalizada,ncertezasobreas consequnciasa crise flnan-ceira,desdobramentosolticosem muitaspartesdo mundo ecapacidade acomunidadenternacionalparalidar comessesconflitos.Mas alerta que no sepodepermitir que essas ifl-culdadessesobreponhamao enfrentamentodosperigospos-tos pelasaes umanasambientalmentedestrutivas'Aflrmaque embora algum progresso enha sido feito no trato dasquestes mbientaisglobais, eduoda pobrezae seguranaalimentar.hdrica ehumana,a escaladessas es o foi co-mensurvelcom a escaladosproblemas''As questes m de-bate na Rio+20soas mesmasdentiflcadash 20 anos'masagoraaindamaisurgentequesejamenfrentadas'"Os cientistasreunidos na PUC-RIOdebruaram-se obretemas relativos agendade questessobre a qual deveriatambmversaro documentode resolues a cpulade diri-gentesmundiais: dinmica populacionale bem-estarhuma-

    OSCINTIFICMERICANRASIL

    ram poucos. A degradaofoi maior.Tiata-sede rePen-sar a ideia de desenvol-mento ou Progresso,Paraque obedeaaosimites dopaneta,enquantose redu-zem desigualdades carn-cias,para eliminar a Pobre-za extrema.Na Rio+20no se conse-guiu consenso obreo mni-mo necessrioPara come-armosessacaminhadaru-mo sustentabilidade.Che-gou-seao comPromissoPos-

    Um dos emas ratadospeloscientistasno Rio foi o papelcrucialdaurbanizaona sustentabilidade'O crescimento r-bano tem impacto ambiental signiflcativo,mas pode ser aoportunidadepara encontrarsoues m escala'O processode urbanizaose acelerounasltimas dcadase at2O5Omaioria da populaohumana estarconcentradaem cida-des.As cidadesdeterminaro,em larga medida,o futurosustentabilidade do bem-estar umano.Seosdipomatasquisessem saras concuses oscienttas paraflrmar um acordocomum conjuntode resolueslevantes, oncretase implementveispara a Rio+2O,bastausaro consenso eLondres,contidono relatrio"O EstadoPlaneta' e as recomendaes os painis do Frum sobCincia,Tecnologiae Inovaopara o Desenvolvrmentotentvel.At nasquestesem que os cientistasse dMdicomoa da substituiodo PIB para medir o progresso uno, encontrariamboassoues: omplement-locomdas de desenvolmentohumanoe decontabilizaodomnionatural quido.O "ndice de Riqueza nclusiva",por exemplo,uma iniciva daUniversidadedasNaesUnidas,do PNUMAedoto sobreo CapitalNatural, serviupara ustrar esse onto'sa medida,queaindademanda eflnamento,avaiamudarna base produtiva de um pas ao longo do tempo, incluindocapitaiseconmico,humano e natural' Um pascomo ana, culo PIB cresceu422o/o rfi,re 990e 2008, eveum itmento em sua "riqueza inclusiva" de 45o/o,porque peenormequantidade de capital natural, embora enha expdido fortemente sua base econmicae melhorado relatimenteseucapitalhumano.O PIBbrasileirocresceu, esserodo. 37o/o,mas sua "riqueza inclusiva" aumentou13%, somados os ganhos sociais e descontadas as perdaspatrimnio natura.A agendada Rio+20 evedoisgrandes emascomo oco:"economiaverdeno contextodo desenvolvimento ustene da erradicaoda pobreza''e "o quadro nstitucional paradesenvolvimento ustentvel", u governana'No primeiro caso,o documentono foi alm de aaflrmaesgenricas.Diz, por exemplo,considerar amia verdeem um contextode desenvolmentosustentvelerradicao apobrezacomoum dos nstrumentos

    ESPECIAL

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    tes pa'a ilaallr-ir o ciesenvovi-nlelt . l '-. : :a:t : lree que ea Po -Ce:-:,.- : . . : : t- , pCeSara a fof-' . , t cas.mas no: . r : -: . -. l l Coljunto rgido-'. ,- :r iat izamos que e a- .. - :rtribuir para erradi-.: .' . lc-Zi.anto qant0 PaIa

    . : - :rento econmico sus-.:. , :- i . incrementandoa incu--.. : , . ia. mehorando o bem-':: , ,r: lunlano e criando oportu-....l.cesde emprego e trabaho...-.-:-rte ara todos, ao mesmo' . tue manlm o funciona-'-. siudvel dos ecossiste-I T---^ '- r L tr l ld .,. patses.segundo o docu-r::r: ir chr ladode "O Futuro. L.r t l rr l 1OSVeem eCOnOma-. :.re conl o um meio para atingirresenlolmento sustentve,

    -,-edee continuar a ser o objeti-.'',1laior. Eies reconhecem que:,il deve proteger e valorizar a ba-.t clc recursos naturais, aumen--rf a ecinciano uso de recur-: rs, promover padres sustent-\ e s de produo e consumo eIr10\,er mundo rumo ao desen-r or,imentode baixo carbono.

    PADRES USTENTVEISO embaixador Andr Correia doLago, unl dos negociadores

    MUDAN DE CENRIO: Turbinas elicasdestacam-seno cenrio costeiro prximo a Aracati, 15Okm de Fortaleza,no Cear.Fontes impas de energiasoalternativa para aliviar pressoambientalrepresentada pelo uso de combustveis sseis.

    un. org s ,te ri o2O.un.org Jiles a-conf.216-5 english.pdf), nem nas163 pginas do reatrio da 19"Sessoda Comisso de Desenvo-vimento Sustentvel, do quaconsta a aprovaodo "Quadro deRefernciasDecena para Progra-mas de Consumo e Produo Sus-tentveis" (que pode ser obtdo noendereo http : /wwu.un. org escr/ds d/cs d/c sd p ds/c sd-t9 rep ort--csDl9.pdf).No se trata de uma potica,ou um pano. com metas.aesecronograma de implementao.Esse um quadro de referncias,que contm um conjunto de dire-trizes gerais e vountrias e uma"plataforma" onde os pases po-dem registrar programas de de-senvolmento sustentvel juntos Naes Unidas. muito poucoprovve que conduza os pasesrumo a padres sustentveis deproduo e consumo.O Programa das Naes Uni-das para o Meio Ambiente foi de-signado como secretaria desseprocesso,com a atribuio de co-laborar com as outras instnciasda ONU para desenvoveraesde acordo com suas diretrizes,apoiar os estados membros nosseus respectivos programas e fa-zer reatrios quinquenais. Atri-

    principais do Brasi na Rio+20, considerou um grande avanoque se enha conseguido ncuir a meno a padres sustent-r-eis de produo e consumo no documento na. Justircaque essa meno far com que a mudana econmica tenhade ser considerada nas futuras negociaespara que se che-gue a metas de desenvomento sustentvel. O governo bra-silero considerou como um dos pontos atos do documento adeciso de adotar o "Quadro de Referncias Decenal paraProgramas de Consumo e Produo Sustentveis'lDiz o documento que os pases adotam o Quadro de Refe-rncias Decenapara Programas de Consumo e Produo Sus-tentveis", subinham que os programas incudos no QuadroDecenal de Referncias so vountrios" e pedem Assem-beia Geral para designar uma de suas agnciasou programascom participao de todos os estados membros para "adotartodos os passosnecessrios plena operacionalizaodo qua-dro de referncias".Em tom que denotava irritao, a ministra Izabea Teixei-ra, do Meio Ambiente, na entrevista coletiva flna, respondeuao questionamento da mdia sobre a fata de resultados con-cretos dizendo que essecompromisso era um resultado objeti-vo imediato, pois o pano "est pronto e acabado".Mas no oque se conclui da eitura das nove pginas do anexo citado naresouo da Rio+20 (que pode ser obtido aqui: https://rio2o.

    buies que fazem do PNUNIA uma espcie de rgo gestordessemarco para programas de sustentabilidade.Essa unodo PNUMA, somada a s uas outras atribuies, acrescea im-portncia do seu fortalecimento como instrumento de gover-nana ambiental gobal na hierarquia da ONU.Os pasesdecidiram, tambm, iniciar negociaespara es-tabelecer objetivos de desenvolvimento sustentve,sob a res-ponsabiidade da Assembei a Gera da ONU. Na abertura desua 67asesso, m setembro prximo, a Assembleia Gera de-ver criar um grupo de trabaho para submeter, ainda duranteesta sesso, ue termna no flnal do ano, uma proposta de ob-jetivos de desenvolvimento sustentvepara consideraodosestados-membrose adoo das aesapropriadas.GOVERNANA MBIENTALSe essesobjetivos forem defl nidos, com metas,prazos e meca-nismos de avaliaoperidica, claro que seu acompanhamen-to caber,em grande medida, ao PNIIMA, adicionando mais ra-zespara a reso de seu status no organograma da ONU.A Europa e alguns pasesda frica apoiavam a transforma-

    o do PNUMA em agnciaespecializadadas NaesUnidas,como a OrganizaoMundia da Sade OMS. Essapromoothe daria poderes para adotar resouesque estabelecessemparmetros de desempenho ambientai pelos pases,com efei-

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    to similar s recomendaescontidas nas resouesda OMS,em relao sade pblica e a pandemias, por exempo.O que decidiram os negociadores na Rio+20 sobre gover-nana, ou sobre o quadro instituciona para o desenvovi-mento sustentve?Primeiro, apenas reaflrmar o fortalecimento do Conselho Eco-nmico e Sociada ONU - ECOSOC na reso de poticas e reco-mendaes obre desenvomento econmico e social, acompa-nhamento dos Objetivos de Desenvolvimento do Minio e comomecanismo central de coordenao interna dasNaesUnidas.Segundo,criar um frum intergovernamental universa, isto ,com participao de todos os estados membros da ONU, em subs-tituio Comisso para o Desenvolvimento Sustentve - CSD -para acompanhar a implementao do desenvolmento sustent-ve.Esse rum poderia ter uma sriede funespoticas,coopera-oe dilogo,coordenara reso de pesquisase avaliaes obre odesenvomento sustentvel, com o obietivo de "fortalecer a rea-o entre cincia e formulao de poticas'l Os pases decidiramanar um processo de negociao "aberto, transparente e inclusi-vo'',no contexto daAssembeia Gera dasNaesUnidas, para defl-nir o formato e aspectosorganizacionais do frum de ato nve, demodo que eepossase reunir pea primeira vez no comeoda 684sesso a AssembleiaGera,que ter incio em setembro de 2013.Terceiro, os pasesse comprometem a fortalecer o PNUMA co-mo a autoridade principd para formular a agenda ambiental go-bal. Esse fortaecimento implicaria dar composi$o universal aoprogxama,quehoje abrigaapenas53pases omo membros.Auni-versalizao da composio permitiri4 por exemplo, que o PNU-MA convocassereunies de nve ministeria, coisa que n.opodefazer atualmente. Os pasesse comprometem tambm a reforarasverbas do PNIIMA com recursos do oramento da ONU e con-tribuies voluntrias. Finalmente, "dar mais voz" arsprogrma

    para poder liderar as estratgias ambientais no sistema da ONU.Parece oucoparaum organismoqueter responsbiides crescentes na consoidao de estratgias multipara enfrentar o desaflo da sustentabilidade.Quando eexaminam m seuconjuntoaspeas ueram essemegaevento, queflca caro quetiveram muitosucesso s niciativasque mplicavamaes oluntriasquelas que envolam comprometimento potico mais forie e quederiam evouirpaxacompromissos enaturezamaisO compromisso vountrio de cidades, mencionado acim4reduziras emisses rbanasdegases-estufaum exempo.exemponteressantea"NuvemdeCompromissos'lpelo "ConselhoNacionalpara Defesados RecursosNaturais'ldos Estados Unidos (estdno endereoht@://cloudafcocom/).Elatempor objetivo agxegaros compromissosvoude pelo menos oito distintas iniciativas globais, entre easa queanada peo Secretrio-Geral da ONU Ban Ki-moon, "Sustentve para Todos'i Esse agregador de compromissos derias plataformas e eventos que convergiram para a Rio+20antever as insuflcincias do documento que seria adotado.objetivos estavam voltados, explicitamente, para "alm donegociado a ser adotado pelos governos nacionais'l Pretendegar o resutado de "centenas de coalizes,redes,parcerias einiciativas" para adoode aes elativas a "energia, gu4e outros desaos-chaveda sustentabiidade'i

    DIFICU DADESMU LTI ATERAIS mesmo difcit adotar decisesde poticas pbcas,mente as de natureza compulsria ou lega, no pano mutirat. H diflculdades inerentes ao prprio mutilateralismo,umaordemmutipolar emergente aindamuito desequilida. Formar consenso em uma assembleia desigua deem torno de comPromissos uemudanas no padro econmico e enetico e regulao do desemPenho dos muito difci. o mximo que se obtmum raso mnimo denominadorComo a regra a unanimidade, quapas tem poder de veto. Como cadatem peo menosuma reade ique considera inegociveis, a probabilde de que vetos cruzados eliminem avncia de todas as decises enorme.A diversidade grande e os intercomeam a se diferenciar de forma muimais acentuada com as mudanasAs reasdeconflito se ampliam maisdamenLeque as reas de cooperao.clivagens j no so apenas entre o "Nte" rico e o "Sul" em desenvolmento.Em numerosos emas.Por exemPo.no h possibiidade de formar coentre osmaisde 100pases ue ntegramGTTlChina.Os interessesdos pasesmoobres da frica. sia e Amrica LatinaCaribe j no coincidem mais com os inressesdas economias emergentes dede porte, como China, ndia e Brasi' Npontos em que no somais capazesde

    CULTURAS DE CCAU, matria-prima para a produo do chocolate, cresceemterras recuperadas,em Medicilndia, na Transmaznica.

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    ?-?:

    fOnfmO IIUMANA compe frases de protesto contra deteriorao da Natureza produzida pelo aquecimento global com mudanasclimticas, durante realizao da Rio+2o, na praia do Flamengo, no Rio de Janeiro.

    mar consenso preferem adiar sua discusso ou caminhar parao veto. Na Rio+20, a opo preferencial foi por adiar decises.As potncias emergentes que so parte do G20,hoje o frumcentra de deciso econmica multiateral das principais eco-nomias do mundo, ainda se abrigam no G77por mera conveni-ncia das partes. Nas reunies de natureza ambiental, porexempo, muitas vezes usam o princpio das "responsabilidadescomuns, porm diferenciadas'] que importante para os pasesmais pobres do G77,para se eximirem de responsabilidades jinescapveisdiante do voume de suas emissese da magnitu-de do impacto ambienta de seu crescimento econmico.Poiticamente, a nfase sempre na qualiflcao "diferen-ciadas" associadas responsabilidades comuns, e a c lusulana do princpio raramente mencionada: "de acordo comas respectivascapacidades". claro que as capacidadesdessaspotncias ntermdias so maiores, do mesmo modo que suasresponsabiidades,especialmente quando se analisa a proje-o de suas emissese sua pegadaambienta at2050.Aos pasesmais pobres ainda intere ssa a parceria com es-sespasesmaiores, porque eles do mais s lida cobertura po-tica a suas reindicaes por acessoa fundos mutilaterais etransferncia de tecnologia, fundamentais para seu desenvo-mento e sua adaptao s mudanas cimticas.No sepode esperar,portanto, dessesmegaeventosmultilate-rais decisesproporcionais ao seu pote e representatividade.Pode-sedizer que so"macroeventos" que produzem "minideci-ses'iMas eesso mportantes por trs razes undamentais.Primeiro, nessesencontros mutiaterais faz-se o aprendiza-do potico da convncia goba democrtica. Isso vale parapases e para os momentos sociais. A globalizao vai de-

    mandar cadavez mais mecanismos de governana goba, semo risco de um "governo global". O desenvolmento dessa go-vernana passa por esse aprendizado de chegar a mnimos de-nominadores comuns, antes de se pensar em "maximizar"essasdecisescoletivas globais. Segundo, ees vo criando "pi-sos" de referncia para vrios aspectos da economia, da socie-dade e do ambiente que constituem desaflos crticos gobais daprimeira metade do scuo 21. Terceiro, dada sua magnitude,essas eunies chamam cadavez mais a ateno da mdia glo-bal, o que aumenta a sibilidade das questesde que tratam efaciita a mobiizao da opinio pbica. Essa mobilizao um ingrediente essencial para mudanas no mbito dos pa-ses,que podem ser posteriormente consoidadas em acordosou tratados mutiaterais mais expressivos e compulsrios, ouncuantes, como so conhecidosno jargo diplomtico.As grandescidadesderam umalio aosgovernosnacionais naRio+20: a souo amais r dos processos de cima para baixo'':primeiro acordos compusrios mutilaterais, depois mudanasdomsticas.Ela r "de baixo para cima'': primeiro mudanas do-msticas, depois sua consoidao em tratados mutilaterais. M

    PARACONHECERAISCopenhagueAntes depois.rgiobranches.ivilizaorasileira.009., Terrargil 0 que st contecendoom nossolaneta?rrRanulpiennespre-.rr' cio).ditoraenac.2009.,'. Laboratrioerra0 jogo lanetrioue o odemosos arao uxo eperder., Stephen.Schneider.dtoraocco.1998.-' Rio 2 Cinconos epois.mbertoiuseppeordani,JacquesarcovitchEneas:. Salatiorganzadores).cademiamsileiraeCincias.997.. Gaia Um ovo lharobrevida aTerra..E. ovelock.dies0 Lisboa).1987.

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    +\ g'q*r' il &4#f ;aer**r{ i ' r : EoWilliamF.Ruddimangelosoarinhopro-essormr'rtoecinciasmbentaisaUniversityfVirginia. lengresou ocorpo ocente a n*ltupoem1991 atuou omo hee edepartamentoe1993199. uddimanomeouestudaregstrosemu-danalmticamsedmentoscenicosomo lunodeps-gmduaaoaUniversityColumbla,nde on-cluiu eu ouLorado.nto,rabalhouomo ient la-(snior)oceangraoo Escritroaval eOceanografraosEUAem aryland.

    dffiA@ffiffiffi#MEM OCLIMA-pUma hipteseousadasugereque prticasagrcolasde nossosancestraisniciaram o aquecimentoglobalmilharesde anosantes de comearmosa queimar carvoe utilizar automvelPor William F. Ruddiman

    coNSENSo cIENTFIco DE QUE AS ATIvIDADES HUMANAS DEFI-AGARAMO AUMENTO DAtemperaturada Terraduranteo ltimo sculoagora ntegra ambm a percep-opblica.Comfbricase usinas ermeltricasmodas a carvominera, associedadesndustriaispassaram iberar na atmosfera ixidode carbono C0r)e outrosgases-estufa.ais arde,vecuos motor deramsuacontribuioparaessas misses. esse enrio,aspessoas ueviveramna era ndustria so es-ponsveis o s pelo acmuode gasesna atmosfera,mastambmpor pelomenos parte da tendncia ao aquecimento que o acompanha.Agora, no entanto, percebe-sequenossosancestrais agricultores podem ter comeadoa lanar essesgasesminios atrs,alteran-do o clima do planeta muito antesque se maginava.

    Novas evidncias sugerem que as concentraes de CO, come-aram a aumentar h cerca de 8 mi anos, mesmo que tendnciasnaturais indicassem que elas devessemesta( caindo. Cerca de 3 mianosmais tard a mesma coisaaconteceu com o metano, outro gs

    que aprisiona na atmosfera o caor inadiado pela Terra. As conse-quncias desses aumentos surpreendentes tm sido profundas.Sem ees, as temperaturas atuais de partes da Amrica do Norte eEuropa seriam de 3 a 4 graus Celsius mais baixas - o bastante pa.ra

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    ,*j ; '- i i lpi"{}Li" w*wwe&

    zonopassado,marcadoporcicos egulares.Concuqueatividadeshumanasigadas agricutura primariamenteo desmatamentoarngafide avouras devem erjogadoCO,e metanoextrasnaatmosfera. ssas tida.des xplicamanto areverso a endnciadeconcentraouantooaumentoconstante to incioda era n-dustrial.A partir deent.o,novaesecnogicas rovocaxam u-mentosaindamaisaceeradososnveisdegases stufa'Minha proposio equeatidadeshumanasvmalterandooclimadoplanetahminiosprovocadora controvertida'Outroscienstaseagirama essa ropostacomumamisturade entusias-mo eceticismo, que picoquandonovasdeiassoanadas'VISOATUALEssadeiasebaseia mdcadaseavanos oconhecimentoasmudanas limticas e ongoprazo.Oscientistas abem, esdea dcada e70,que rsvariaes revisveis a rbitada Terraemvota do Sot m afetadoo clima gobaa ongoprazopor mi-lhes de anos.Comoconsequnciaesses iclosorbitais (queoperamacada100mit, 4,1mil e22 mil anos),aquantidadedera-diaosoarque chegaa diferentespartescloglobonuma dadaestao o anopodediferir em maisde 1O%. o longodosIti-mos 3 milhesde anosessasmudanas egularesna quantidadederadiao olarque ncidesobreo panetatmproduzidoumasriedeerasglaciais(durante asquaisvastasporesdos conti-nentesno hemisfrionorte foramcobertas or gelo),separadaspor perodosntergaciaisurtosequentes.Dezenas e sequncias limticasdesse po semanifestaramduranteosmilhesdeanosemqueoshomindeos voluramenta-

    menteparahumanosanatomicamentemodernos.Noflm dopeodoglaciamais ecente, scalota,segeloquehaviammbertoonor-te daEuropae aAmricado Norteduranteos100mi anosanteriores encoheram, esaparecendo cercade6 mil anos.Logoapsnossos ncestrais onstruramcidades,nventarama escritae fun-daram religies. Muitos cientistas creditamboaparte dohumanoa essentervaonaturalmentequenteentreasmas. a meu ver, essaverso est onge de ser a histria completa'Nostimosanos,estemunhos egeloobdosemnas calotas polares daAntrtida e da Groenlndia fomeceramtasvaiosas obrecomoerao climadaTerrano passado,mudanas nas concentraesde gasesde efeito estufa' Umatra de2 km deprofundidadeextradanosanos90 da estaotok naAntrtida, continhabohas de ar antigo aprisionadas nolo que revelaram a composi$o da atmosfera na pocaem quecamadas e ormaram.Ogeodo Vostokconflrmouqueastraesde CO,e metanosubiramedesceram egundo mregularduranteosltimos400mi anos.Um fato particularmentenotvel que essesaumentosquedas nos nveis de gases-estufaocorreram nos mesmos lntevaos das variaes de intensidade da radiao soar e dasodascapas egeo.Asconcentraesemetano,por exeflutuamprincipalmenteno ritmo de22 mil anosdeum ciclobital chamado precesso. medida que a Terra gira emde seu eixo, ea bamboeia como um pio, desocandomente o hemisfrionorte para mais prximo do So,afastando-se. uandoesse amboleioexpeos continentestentrionaisparamaispertodo Solduranteovero,a atrecebe ma grande njeodemetanode sua ontenaturalmria: a decomposio de matriavegetal nas reas alagadas'Depoisqueavegetaoepntanosecharcosloresce, odo ver.o,eamorre, decompe-see emite carbono na forma detano. Perodosde aquecimento mximo novero aumentam adu@o de metano de duas formas bsicas: no sul da si4 otraz do oceano ndico para o continente quantidades adicionais

    ar mido, movimentando ortesmonesropicaisqueregiesat secas.No extremonorte da sia e da Europaquentesderretemreas oreaisaagadasor perodosmaisdo ano.Ambososprocessos ermitemquemaisvegetaaosedecomponha e emita metano a cada22 mil anos. Quando omisfrionorteseexpemenosaoSo1,semissesemetanoam a decinar. Eas chegam a.omnimo 11mil anos mais arde -ponto do ciclo em que osveresdo hemisfrio norte recebem anor quantidade de radia@o solar.Examinando de perto os registros do testemunho de geloVostok percebi algo estranho na pafte mais recente do registro'concentraesde metano nos perodos intergaciais prosavamipicamenteum picodequase700partesporbiho(ppbmedidaquea precessoazia aradiaosoarparao mximo'mesma coisahavia acontecido 11mil anos atrs,bem no comeoperodo interglacia atua. Ainda em concordncia com os

    tomar a agricultura difici.Amdisso,uma eragacial n-cipiente marcadaPeaaPari-@odepequenas aotas egelo- provavelmenteeria comea-do milharesde anosatrs empartesdo nordestedo CanadMas,emvezdisso,o cima emse mantido reativamentequentee esvel ao ongo dosltimosmilnios.At recentemente, ssase-versesanmaasnas tendn-ciasdeconcentrao osgasesdeefeitoestufa inham escapa-do aten$.o.Mas,aPser es-tudado o probemaPor agumtempo, dei-me conta de que,cercade 8 mi anos atrs,astendnciasdessesgasesPara-ram de acompanharo Padr.oque seria presve Por umcomDorfamento e longo Pra-

    Uma ova ipteseesafianooonvencionaeque sgases-estufaiberadosoratividadesuma-nas passaramperturbardelicadolima aTer-rah200 nos.

    .9e'r ' r r :sr Novosndciosugeremue, a erdade,ossosnces-tniscomegmm anrquantidadesignifrcativasegases-estufuaatmoenmilhareseanos trs,es-matandoflorestasrrigandoampose ultivo.

    Comoesultado,s eresumanosantiverampla-netamuitomais uenteoque le eriaem nflun-ciahumanaepossivelmentetmesmovitaramincioeuma ova lacia0.

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    DINMICA ATMOSFERICA

    pr\'ios a concentraode metano, ento, decinou em 100 ppb r.r.redidaue a luz solar do vero foi diminuindo. Se a tendncia re-cente i\esse continuado a imitar intergaciais anteriores, e1a eriacado para um valor prximo de 4,50ppb durante o atua aqueci-mento mnimo de vero.Em vez disso.no entanto, essa endnciatrocou de direoh cercade 5 mil anos e chegougraduamentedevota a 700 ppb pouco antes do comeo da era industr ia. Em resu-mo, as concentraes de metano subiram quando deveriam tercado, e terminaram at 250ppb mais altas do que seu ponto equi-vaenteem cicospassados.Como o metano o CO, se compotou de maneira inesperadaaoor.rgodos timos mihares de anos. Embora uma combinaocompexa dos trs cicos orbitais afete as variaes no CO2,as ten-dnciasdurante ospeodos intergaciaisanteriores eram todas pa-

    recidas.As concentraesdessegs atingiam seu pico em 275 ou300 partes por miho (ppm) no comeo de cada perodo quente,mesmo antesde ostimos remanescentes asgrandescapasdege-1o erminarem de derreter . Ento, os nveis de CO, caram duranteos15 mi anos seguintespara uma mdia de cercade 245ppm. Du-rante o intergacial atual, as concentraes e CO, acanaramo pi-co esperadocerca de 10.500anos atrs, e, ento, comearam a de-cinar.Masem vez cecontinuarem caindo at os empos modcrnos,a tendncia reverteu-seh 8 mi anos.No comeo da era ndustriala concentraohaa subido para 285ppm - 40 ppm a mais do queseesperavAa ulgar peocomporlamento anterior.O que poderia expicar essas eversesnesperadasna concen-trao do metano e do COr?Agunspesquisadorcs ugeriramque arcsposta ivesse eaocom fatores naturais.O aumento no meta-

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    no foi atribudo expanso das reasaagadasno rbico, e o do COr,a perdas de vegetao rica em carbono nos continentes e a mudan-asna qumica do oceano. Mesmo assim, essasexplicaes me pa-reciam frgeis, por uma razo simpes.Durante os quatro peodosinterglaciais anteriores, os principais fatores a influenciar as con-centraes de gases-estufana atmosfera erarn quase os mesmosque nos milnios recentes. As calotas de gelo do norte haviam der-retido e as florestas haam retomado as erras descobertaspeo ge-o, a gua produzida pelo degelo elevou o nve do mar, e a incidn-cia de radia4.osoar determinada pela rbita da Terra haa cresci-do e, depois disso, diminudo da mesmamaneira.Por que ento as concentraes degases-estufateriam cado nosquatro perodos interglaciais anteriores para subir s neste?Con-clu queum elemento novo deveriater entrado em opera$o naTer-ranos ltimos milhares de anos.

    CULTIVO RRIGADOO "fator novo" mais plausve a operar no sistema climtico duranteo interglacial atual a agricutura. Alinha do tempo bsica das ino-vaes agrcolas bem conhecida. A agricultura se originou na re-gio do CrescenteFrtil, a este da bacia do Mediterrneo, h cercade 11 mi anos. Logo depois apareceu no norte da China e poucosminios mais tarde, nas Amricas. Ao ongo dos minios posterio-res, espalhou-se para outras regies e se soflsticou. H cerca de 2mil anos todos os alimentos conhecidos hoje j eram cultivados emalguma regi.odo mundo.Vrias atidades agropecurias liberam metano. Terraos dearroz alagados geram metano pelas mesmas razes que os pnta-nos - avegeta.ose decompe na gua parada. O gs ambm i-

    berado quando lawadores queimam vegetao de camposatrair animais de caa e promover o crescimento de arbustosferos. Am disso, homens e animais domsticos emitempelas fezes e gases ntestinais. Todos esses atorescontriburam para o aumento gradual nos nveis dessegsto aspopuaeshumanas cresciam entamente. Mas umpareceer sido o responsvel ela orma abrupta comoreverso na tendncia de concentra.o do metano - docontnuo a um aumento sbito -, h 5 mil anos: o incio datura irrigada no sul da sia.Nessapoc4 agricultores do sul da China comearam a nterras baixas junto aos rios para plantar variedades de arroztadas ao charco. Com extensasplancies aJagveisao redor dedes ios, azsentidoquevastasporesde erra pudessemeralagadaso ogo a tcnica osse escoberta, queexplicariaada rpidana curvadometano.Registroshistricos ambm indicam uma expanso imtica no cutivo de arroz irrigado enquanto os nveis deno subiam. H 3 mi anos, a tcnica j haa seespalhadosul, na Indochina, e para o oeste,no vae do rio Ganges, nadia, aumentando semisses ogs.Aps2 mil anosostorespassaram construir erraosde arroz nasencostaspadas oSudestesitico.Pesquisasuturaspoderoornecerestimativas ade de terras irrieadas e de metano oroduzido nesse5 mi anos. Mas. provavemente ser difcil obter essesporquea repetida rrigao dessasmesmasreasdeve erturbado grande parte das edncias anteriores. Porminha argumentao se apoia sobretudo no fato bsico de

    IN FLUNCIA ANTRPICA

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    TI IPACTO AMBIENTAL

    lo resfriamento provocado pea queda na rad iao soar no ve-ro, e a Terra eria se ornado consideravelmentemais fria que hoje. Para exporar essapossibilidade.eu me uni a StephenJ.Vavrus e Jorn E. Kutzbach, da Universit-v of Wisconsin, Madi-son,para usar um modelo climtico a m de prever as empera-turas atuais na ausncia de todos os gasescleefeito estufa gera-dos por atidades humanas. O modelo simua o estado mdiodo cima na Terra, incluindo temperatura e precipitao, emrespostaa dferentescondies niciais.Em nosso erperimento reduzimos os nveis de gases-estufa a-tr;wsli- trt-.--, l,-r.'. ti'.le eriam acanado oe sem aagricultu-ra primitiva ou as emisses ndustriais. A simulao resutantemostrou que a1rraseriaquase2oCmais fria que hoje - uma dif-rena signi cativa. Spara comparao,a mdia global na ltimamxima glacial, h 20 mi anns,era apenas 5oC a 6oC mais bai-xaque hoje. Como consequncia, s emperaturas atuais estariam no

    20 SCIENTIFICMERICANRASIL

    caminho dasglaciais picas no fossemas contribuies de gases-estufa da agricultura prlmitiva e da posterior industriaizao.Eu tambm havia proposto inicialmcnte que novas calotasglaciais poderiam ter comeado a se ormar no cxtrcmo note ca-so essa endncia natural ao resfriamento houvesse persistido.Outros pesquisadores mostraram preamente que partes donordeste canadense poderiam estar coberlas c1egeo hoje se omundo bsseapenas1,5oC ais frio - o mesmo resfrianrent oque,segundonossos xperimentos, ora compensado easanomaiasnos nveis de gases-estufa.Um esforo de modelagem, em parce-ria com coegasde Wisconsin, mostrou que duas reas do Cana-d teriam neve at o flm do vero: a iha Bafhn, junto costa es-te. e o Labrador. mais ao su.Uma vez que a neve que sobrevive ao vero acaba se acumu-ando em camadas mas espessasano aps ano at sc transbr-mar em geo,esses esultadossugeremque uma nova Idade d,

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    Temperaturascimaoalcanceormal eeras laciaisTemperaturasais ltas eperodosnterglaciais EfeitostufanduzidoooratividadesumanasAgriculturarimitiva.,.;,.ndustrializa$opidaAtividadesuturas

    Temperaturasais aixasuranteicos laciais

    O EFEITO ESTUILI induzido por atividades humanas adiou uma glaciaoque, de outra forma, teria se niciado 5 mil anos atrs.Atividades agrcolasprimitivas produziram gases-estufaem quantidade suficiente para compensara maior parte da tendncia ao res-friamento durante o perodo pr-industrial (amarela), esquentando o planeta em cerca de o,8'C. Esse efeito de aquecimento antigorivaliza com o aquecimento de o,6"Cmedido no ltimo sculode industrializao r,pida laranja). Depois que a maior parte doscom-bustveis fsseis or esgotadae o aumento da temperatura provocado pelosgases-estufachegar ao pico, a Terra vai retomar sua ten-dncia ao resfriamento at a prxima glaciaoque,agora, ter sido adiada por milhares de anos.

    Geo eria comeado o nordestedo Canadaigunsminiosatrs, omenos mpequena scaa.Essa onclus.omarcadamente iferentedaso tradicional,de que a civiliza4oloresceunum peodode aquecimentopro-denciadopelaNatureza- Naturez4 domeupontodevista, eriaresfriadoo cimado planetamasnossos ncestrais maveramelevado elaaodaagricutura.IMPLICAESUTURASConcluirqueoshumanosevitaruno resfriarnentogobale inter-romperamo incio deumagacia4oem mplicaes o debate o-

    bre o quenosreservao cimano futuro prximo.Partedo motivopeoqualos omadoresdedecisoiveramdiflcudadeemconside-rar asprevisesniciaisde aquecimento lobalnos anosB0 quemuitoscientistas aampassado dcada nteriordizendoexata-menteo oposto:queumanova dadedoGeoestava caminho.Combase aconflrma@odequevaria@es rbitaiscontrolamocrescimento aretra.oascapas egeloalgunscienstas uees-tudavamessasmudanas m ongaescala oncluram, omraz.o,queaprximaeraglaciaestariaapoucas entenas uno mximopoucosmilharesdeanosdeocorrer.Nos anosseguintes, o entanto,pesquisadores escobriramquea concentraoeSases-estufaresciaapidamenteequeoclima caminhavapara temperaturasmais elevadas.sso con-venceua maioria dos cientistasde queo futuro relativamenteprximo(o prximosculoou o seguinte) eriadominadopeoaquecimento.Essa previso,baseadanum melhor enten-dimento do sistemacimtico, evou alguns ormuladoresdepoticaspblicasa descartar oda e qualquerpreso - fosseeade aquecimento, u deglaciaominente -, considerando--as ndignasde crdito.Minhasdescobertas crescentam m novodesdobramentoa cada um desses enrios.As previses obreuma glaciao"iminente']sepecaram,oi por modstia:.novasalotasgaciaisteriam comeado crescer milnios.O gelosno seesp-

    lhou porque o aquecimento globa induzido pelo homem foianterior ao que se maginava - bem antes da era industrial.Na discusso ambiental que cincia e poticas pblicas setocam, resultados cientficos so frequentemente usados paraflns opostos. Cticos sobre aquecimento gobal poderiam citarmeu trabaho como edncia de que os gases-estufageradospor atidades humanas tiveram papel benflco durante milha-res de anos, mantendo o cima da Terra mais hospitaleiro doque teria sido no fossepor influncia dessesagentesqumicos.Outros poderiam argumentar que, se o poucos humanos comtecnologias relativamente primitivas j foram capazesde aite-rar o curso do clima de forma to signiflcativa, ento temos ra-zesde sobra para nos preocupar com a escaadaatua dos ga-ses-estufapara nveis e veocidade sem precedentes'Thlvez o aquecimento rpido dos timos sculos estejadestinado a durar pelo menos 200 anos, at os combustveisfsseis economicamente acessveis se tornarem escassos.Quando isso ocorrer, o cima da Terra deve comear a resfriarde forma progressiva, medida que o oceano absorva o CO,em excessoproduzido pelas atidades humanas. Se o cimagobal vai resfriar o bastante a ponto de produzir a glaciaoh muito adiada ou se vai se manter quente o suflciente paraadila mais ainda, impossvel prever nessemomento. M

    PARACONHECERAIS... Plows,laguesnd etroleum:ow umansook ontrolclimate. illiam.Rud-'r,:diman.rincetonniversityres,2005..,', heanthropogenicerabeganthousandsofyearsago.WilliamF.Ruddiman,em' mateChange,vol.1, e ,pgs.21-293,2003.:. DeforestingheEarth:romPrehistoryoglobalrisis. ichael.Williams.niveni-. ty ofChicagoress,2003.,..,,Earth'slimate:ast nduture.William .Ruddiman.H.Freeman,2001.,..Armas,ermesa0. ared .Oiamond.ecord,2001..,1'.ce ges:olvinghemystery.ohnmbrieKatherinealmermbrie.nslow979.' Plaguesnd eople. illiam cNeil.oubleday,97.

    Anos trs

    www. ciam,com.br SCIENTIFICMERCANRASIL1

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    Humanidadealterouprofundamenteo planeta.Mas noYasdeiase aespodemimpedir nossaautodestruioSQ{j,AOSBANCOSE A INDUSTRIAAUTOMOTTVA.A TERRAE O UNICO SISTE-ma verdadeiramente grande demais para fuacassar".Durante s-culos os homensconsumiram os recursosdo planeta,cobriram-node lixo e simplesmente eguiramadiantequando um mnancial se-cavaou um ponto remoto da propriedade icavapoludo. Mas ago-ra esgotamosssa stratgia. ientistas, ensadoresociais o pblicoglo-balesto ompreendendouea humanidaderansformou planetanaturalem um mundo ndustrializado ,sequisermos obreviver,recisamosazerumanova ransio: araa sustentabilidade.Qual o planode salvao? primeiro passo determinaro quantoomundo estperto de um "colapso'1 cientistaambientalJonathanFoleyapresentaos resultadosde um grande rabalho de coaboraonterna-

    ciona que calculou imites segprospara processos mbientaisbsicos,comoa mudanaclimticaea acidiflcao osoceanos,apazes eminara sustentabilidade enoforem controlados.Essas ronteirasnumricaspodemprecisarde uma aferiocuidadosa,mas saberquaisso os pro-cessosmais mportantes nos ndicaondeprocurarsoiues. estearti-go,oito especialistasropemmedidascorretivasespecflcas.Essas ugestes odemamenizara degradao mbiental,mas talvezno soucionem scausas ubjacentes. vio,de acordocomBill McKib-ben, acadmico isitanteda Middlebury Coliege, precisamente pro-pulsor da sociedademoderna:a busca ncessante e crescimento con-mico. Em um trecho exclusivode seunovo ivro, McKibbenargumentaquetemosde abrir mo do crescimento nos reorganizarcom baseemuma manutenonteiigentedosrecursos.Crticosaflrmamquea deiairreaista.O editorMark Fischetiio desafla uma resposta. - Osed:tores

    www.scia .com. r SCINTIFICMERICANRASIL3

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    Jonathan . Foley direroronsrirutooMeioAmbienteUniversty Minnesota.omor-mao mcinciastmosfricas,le rabalharinci-palmenteomovnculo ntre uso a erm,agriculturao meio mbientelobal.

    LIMIESARAMCientistasestabeleceram alorespara processos mbientaisbsicoseue,seultrapassados, odemameaara sustentabilidade a Terra.Lamentavelmente,rs deles foram excedidos

    Por Jonathan.Foley

    T.IRANTEuAsl 10 vn ANos DEsDEs pruur.orosDAcrvrlzAo r oo HorocENo -,so mundo foi inimaginavelmente rande.Vastidesde terrase oceanosofereciam ecursos nfinitos. Os humanos podiam poluir vontade e evitavam repercussesocaisimplesmenteao se mudar para outro lugar. Povos consuram imprios e sieconmicos aliceradosem sua capacidadede explorar o que presumiam serriqinexaurveis. E jamais sederam conta de que esse rivilgio teria fim.Entretanto,gaasa.os vanos a sadepblica RevouS.oIndustrial e,mais arde, Revou@o erde,a populaomundialsaltoude cercade 1 bilho depessoas,m 1800,paramais de7bi-theshoje.Snoslmos50 anos,nosso meromaisquedobrou.Alimentadapelanquez4 auttl:za,n e recursos tingiu nveisas-sustadores. m meiosculo, consumoglobalde alimentose guadoce riplicou e o de combustveissseis uadruplicou.Agor4 co-optamosentre 3oo/o 5Oo/oendaafotossntese opaneta.Esse rescimento rbitrrio fezcomqueapoluiopassassede um problema ocalparauma dimensoglobal.A reduodooznioestratosfrico as concentraes osgases e efeitoes-tufa socompicaes bas, masmuitos outrosefeitosnefas-

    tos esto emanifestando.A sbita acelerao o crescimentopopulacional,o consu-mo de recursos osdanosambientaismudaramafacedaTerra.

    Passamos viver em um paneta "otado'] com recursosdose poucacapacidade araabsorvero ixo. As regxas axaverem um mundo dessesambmsodiferentes. aistante,porm. que precisamosomar medidaspara garantinosso uncionamento dentro do "espaooperacionaseguro"nossos cossistemas.eno resarmosnossas titudes,provocaremosmudanas atastrflcas,om possveisdramticas araa humanidade.O que poderia geraressasmudanas?E como et-las?equipe nternacional de cientistas- liderada por Johantrom, do Centro de Resilinciade Estocolmo,untamente comcoegas a Europ4 dos EstadosUnidos inclusiveeu) e daAus-trlia - procurourespostas ara essas erguntaspor meio deuma questorelacionad4 mas mais abrangente: estamosnosaproximandode "pontos crticos" panetrios,que lanariam o

    Emboramudanalimticaejaocodegrandeteno,perda ebiodi-versidadea poluioornitrogno

    d-111 48 t' ' q j.excedems imi tes egurosmgraus sos. dotar mediatamenteontes e cionar sprticasgrcolasomedi-mais acentuados.utrosprocessosenergiae baixa missoecarbono, das ecisivasaraornar vida uma-ambientaisumam ara veiserigo- restringir desmatamentorevolu- nanaTermmais ustentvel.

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    t^9Z' oal^PRocEssos t- lBlD\Ts "4"g6.-vitalsdevem ermanecerentrode 2.^2o2etcertos l imjtes @;-o-ou- 'z l

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    luxa-qt:\tl:$rif:::'f+no)\Tl['-"ff-.' ffidw,,meio ambiente globa em um perigosoterritrio novo' diferentede tudo o que foi sto na histria humana?Aps examinar numerosos estudos nterdisciplinares de siste-mas fisicos e biogicos, determinamos que nove processos am-bientais tm o potencial de amlinar a capacidade do planeta desustentardahumana. Em seguida,estipulamos imites para eesuma faixa dentro da qua a humanidade pode operar em sezuran-a. Seteprocessos apresentam um imite preciso' definido cientifl-camente por um nico nmero (que obviamente contm certamargem e incerteza). Tfs dees- a mudana cimtic4 a acidiflca-@o cenicae a reduo do oznio estratosfrico - sopontos crti-cos; outros quatro apontam o incio de uma degradao irrevers-ve. Os dois processos restantes - a polui@o atmosfrica por aeros-sise apoluio qumica goba - no passarampor estudost'oex-tensivos e seus imites ainda no foram deflnidos'Nossa anisemostra que trs processos excederamseuspatamares: a perda de biodiversidade, a poluio de nitrognioe a *udana "iroti.u' Todos os outros estose encaminhandoaosseuslimites.oslimitesindid.uaispodemestarperfeita-mente ajustados e outros podero ser acrescidosno futuro' mas

    www. c ia .co .

    *

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    E==a?- =?cs;b==Eq=+5Sk=iut um sumriode "primeira ordem"dascondiesambientais mais perigosas do mundo e prope uma estruturabsica para pensar sobre como gerenciar essasameaas'A compreenso das causasde nossosprobemas mais urgentesfomece indcios de como soucionlos' Em dois casos mudanaclimtica e acidiflcao ocenica - o responsve mais que conhe-cido: a utilizao de combustveis fsseis,que anam dixido decarbono (COr)na atmosfera.Mudanc.a ctimitfua - F'mbora a Terra j tenha passadopor umsigniflcativo aquecimento induzido peo homem, e cetamente ex-perimentar novas elevaesde temperatura, cientists e formula-ores de poticas buscam meios para evitar asconsequnciasmaisdevastadoras- incusive a perda das plataformas de geopoares' ocoapsodos estoquesde guadoce e o d'esequilbrio de sistemasci-mticos regionais. A concentrao de CO, j est em 387 ppm (amedidausual,porvolume), e o debatesobreosnveisde emissodegases de efeito estufa capazes de provocar mudanas drsticaspror."go.. Os valores aceitveis sugeridos variam entre 350 e 550ppm de COr.Em nossaanlisepropomos uma meta conservadora'e longo prazo, de 350 ppm, para manter o pianeta bem distante

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    Em Buscade SadasPermitirue rocessosmbientaisxcedamertosimitesodeergravesimplicaes,as lgumasesecisivasonseguemant-los'Parasaber as,ver"Soluesam measmbientais'ipaftr a g' 8).PROCESSOS CONSEQUENCIASDAAMBTENTATS RANSPoSIOPerdae EcossistemasterrestresbiodiversidadeeocenicoscolapsamGclodo Zonasmortasocenicasnhrognio edeguadoceoanoem-seGdodo sforo GdeiaslimentaresocenicasointenompidasMudang GeleiraseloPolarclimtica denetem;mudansclimcasegionasUso a erra Emsistemashlham;dixidoecarbonoescapaAcidifrcago Microrganismosecoraisocenica monem;reciPita$oecarbonoiminuiUtilizaodeiguaoceReduodooznioestr:atosrico

    Ecossistemasquticoscolapsam;suprmentoadegua esaprecemRadiagorejudicaereshunnnos,nimaisplantas

    depontos crticos climticos. Mas, para atingir essameta, o mundoprecisa agir imediatamente para estabiizar as emissese' nas pr-ximas dcadas,reduzilas substancialmente .Acdfiran ocenica-Esseo primo menosconhecidodamu-dana cimtica. medida que as concentraes atmosfricas deCO2aumentm, aquantidade de dixido de carbono que se dissolvena gua em forma de acido carbnico cresce,deixando a superfcieocenica mais cida. Os oceanos so naturamente neutros, comum pH de aproximadamente 8,2,mas os dados mostran que essevaor j caiu para quase 8 e continua baixando. A mensurao queutiizamos para quantiflcar essamudana o nve decrescentedearagonita (uma forma de carbonato de clcio) que se orma na guasuperflcial. Muitas criaturas - de corais a uma inflnidade de flto-pnctons, que formam a base da cadeia aimentar ocenica - de-pendem da aragonita para construir seusesqueletos,conchas e ca-rapaas.A acidez crescentepode enfraquecer severamenteos ecos-sistemasocenicose as teias alimentares, constituindo outro moti-vo contundentepaxa que naescaminhem paraum futuro energ-co mais pobre em carbono.

    A IMPLICAODA PRODUODEALIMENTOSA humanidade j utiiza 35%da superfcie terrestre para cutivaralimentos e cria@o de pastagens,e a expansoagrcoa a princi-pa motivao para abrir novas reasde plantio e, com isso,destruir

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    soLUEsPOSSVEISReduoodesmatamentoodesenvolvimentoe erras;agarporservioseecossistemasRdugodautilizagoeertiliantes;pocessamentoedejetosnimais;adopo e\ei:ulosbridosRduodautilizaoeertilizantes;pocessamentoedejetosnmais;processamentofrcientee efugoshumanosAdoSo eenergiacombustveisehixo eorde arfono;taxa$oasemissesecaonoLim'naoaexpansorbana;e-lhomriaa frcinciagrcola;aga-mentoorservoseecosstemasAdooeenergiacombustveisebaixoeordecarono;eduaooescoameniouperftciade ertiliantsMelhoriaaefrcinciaa nigao;instalaoedispositivosebaxofluxo e9uaEliminaoos idrodorofuorcarbo-nosHCFG);testeeefeitosenorassubstnciasumicas

    ecossistemasnaturais. Vrios imites panetrios corem risco deser transpostos por prticas de utilizao da tera.Perdn de biodiztersidade - A e>'pansoerritorial responsve-por uma das maiores ondas de extines da histria do planeta. L'tamos perdendo espciescem a mi vezesmais rpido que as taxa-'naturais passadas,obsewadas no registro geolgico. Esse ndice constatado em ecossistemas anto tenestres como marinhos e pade minar processosecogicosem escala egiona e globa' Os es-foros para conservar abiodiversidade, particularmente nas sens-veis florestas tropicais, exigem muito mais ateno.Poluiopor nitrognio esforo - Aamplamente difundidau-izao de fertiizantes industriais desestabilizou a qumica do pla-neta. A aplicao de adubos sintticos mais que dobrou os fluxosde nitrognio e fsforo no meio ambiente, raza de 133milhe-'de toneadas de nitrognio e 10mihes detoneladas de fsforo porano. As duas substnciasevam a intensa pouio da gua degra-dam numerosos lagos e rios e afetam reas ocenicas itorneas ac'criar extensas zonas mortas" hipxicas. Sonecessriasnovaspr-ticas agrcoas que armentem a produo de alimentos e susten-tem o meio ambiente.Esgotnmento defontes de d,gta doce Ao redor do gobo, retira-mos anuamente assombrosos2.600km3 de gua de rios, agos eaquferospara a rrigao (70%),a ndstria (20%) e o uso doms-tico (10%).Em consequncia,muitos rios caudaosos iveram seufluxo reduzido; outros estosecandopor competo. Exemplosdis-so incuem o rio Colorado,que no desguamais no oceao,e omar de Ara, na sia central, agora em gtrandeparte desertiflcadoA demanda futura pode ser fenomenal. Melhoras drsticas na efl-cincia goba do consumo de grra,particuarmente para a irriga-o,ajudariam a etar perdas mais srias ainda.

    FIQUEMBEMLONGEA publicao inicial de nosso estudo narevista Natwe, h agunsmeses, suscitou um saudvel debate cientflco. De modo geral, otrabaho foi bem recebido e sto como o que pretendeu ser: umexperimento compexo para tenta deflnir perigosas linhas "in-transponveis" para o mundo. Entretanto, fomos abertamente cri-ticados por aguns cientistas peo simples fato de termos tentadoflxarlimites; outros no concordam com os nmeros que estipua-mos. Thlvezo comentrio mais importante sejaque, ao determinarimites, podemos estar encorajandoaspessoasa pensarque a des-truio ambiental aceitve, esdequemantida dentro dessas e-timitaes. Paraque fique claro, n.o isso o que propomosl A so-ciedade no deve permitir que o mundo se encaminhe para um li-mite antes de agir. Um avano de 3o% a 60% rumo a qualquerfronteira de segurana ambm produzir danos severos.Estimu-amos aspessoasa serem suflcientemente abertas e altrustas (emreao a geraesfuturas) e flcarem o mais onge possve dos Ii-mites, porquetodos eles epresentam uma criseambienta'

    A maioria das crcas tem sido razovel, e previmos muitas de-as. Sabamos que a noo de timites exigiria mais estudos - atmesmo para aprimorar os nmeros. Mas sentimos que o conceitoera poderoso e ajudaria a estruturar um pensamento coetivo sobreimites ambientais para a existncia humana. E espervamos queos resultados estimuassem discussesna comunidade cientflca.PONTODE PARTIDA.Pareceque essedesejose concretizou. medida que o mundo seempenha em atender s exigncias econmicas, sociais e ambien-

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    tais para a sustentabilidade gobal preciso respeitar um ampoconjunto de limites panerios. A sociedade comeou a enftentaraguns desaflos,mas apenasde uma forma incipiente e parcial, to-mando cada limite isoladamente. Entretanto, as deimitaes estointerigadas. Quando um limiar transposto, exercepressosobreoutros, aumentando o risco de excedos. lJtrapassar a barreira daseguran climca pode impusionar os ndices de extin.o.Damesmaform4 apolui@o por nitrognio e sforotem o potencial deminar a capacidade de recuperao de ecossistemasaquticos,ace-lerando a perda de biodiversidade. hrdependentemente de quartoas nossassolues m sido bem-intencionadas, a tentativa de resol-ver um fator de cada vezfracassar com grande probabiidade.Nessemomento crtico, no basta que os cientistas apenas defl-nam os probemas e cruzem os braos. necessriopropor solu-oes.Aqui estoagumas deias niciais:. Fazer a transi@o para um sistema energtico eflciente, de bai-xo teor de carbono. As prementes questes da mudana cli-mtica e acidiflcao ocenica exigem que estabiizemos asconcentraes atmosfricas de CO, o quanto antes e preferi-vemente abaixo de 350 ppm. Essa mudana implicar gran-des aprimoramentos da eflcincia energtica e uma subse-quente oferta proporcional de fontes aternativas de energiadebaixo carbono.. Reduzir drasticamente o desmatamento, sobretudo nos tr-picos, e a degradao das terras. Muitos limites panetrios,particularmente a perda de biodiversidade, esto compro-metidos emrazo da incessante expanso de assentamen-tos humanos.. Investir em prticas agrcolas revoucionrias. Vrios imites,inclusive osigados pouio de nitrognio e ao consumo degua soafetadospor nossos sistemasagrcoas ndustrializa-dos.Abordagens inovadoras sopossveis,entre eas o desen-volvimento de novas variedades de plantas e tcnicas de agri-cultura eflcientes, am da utilizao mais racional de gua eferliizantes.A medida que implantatmos soluesdevemos reconhecer queno existe um manual de regtas para acanar um futuro mais sus-tent\-e. Ao avanarnos, desenvoveremosnovos princpios opera-clonais para nossos sistemas econmicos, nstituies pocas eaessociais, mantendo-nos rigorosamente atentos nossa imita-da compreenso dos processoshumanos e ambientais. Quaisquerpadres de referncia ou prticas inovadoras devem nos petmitirreagir a alteraesnos indicadores da sade ambiental e necessida-des sociais. Isso nos ajudaria a melhorar a resiincia de sistemasnaturais e humanos, para que eles se tornem mais robustos e me-nos mnerveis a choques nesperados com muita probabilidade deocorrer. Para maximizar essacapacidaderpida de recupera@o, te-remos de fazer o mehor possve para ver dentro dos limites deum pianeta que seencohe. M

    PARACONHECERAISAsafe peratingpaceor humanity.ohan ockstrmtal, emNature,ol. 1,pgs.472-475,24e etembroe2009.Commentaries:lanetaryoundaries.ature eportslinate hange,vol.3,pgs.'11211?outubrode 2009. http://blogs.nature.com/climatefeedbacW2009l09lplanetary_boundaries.htmlPlanetaryoundaries:xploringhe safe peratingpaceor humanity.ohanRockstromta/.,emcologynd ociety,ol. 4, o ,artigo2, 009. ww.stockhol-mresilience.org/planetary-boundaries

    DESAFIOS INDITOSComo EnfrentarAmeaasAmbientaisEspecialistaspontamaes uemantero sprocessosobcontrole

    PERDA DE BIODIVERSIDADE

    f norade enfrentar dura ealidade equeasabordagensradi-l- conais econservaoe espcies specficasstodefasadas.As reseryas aturais xistentesopequenas emais, ouconume-rosas,muito soladas excessivamenteujeitas mudans parasustentarmaisqueapenas madimnuta rao a biodiversidadeda Terra.O desafro tornara conseryao traente sobperspec-tivaseconmicas culturais. o oodemos ontinuar mtandoaNatureza omoum bude consumo limitado.Dependemoselapara nossa egumnalimentar;gua impa, s-tabilidade limtica,eixes rutosdo mamadeim outros ervios io-lgicosefsicos. ammanteresses enecios, o necessitamospenasdereservasemotas,masde muitas reas rotegidas amplamente s-palhadas como'staeseservios eecossistemas'lAlgunspioneirossto ntegrando conservao o desenvolvimen-to humano.O govemo.da ostaRica, orexemplq emunem ropriet-riosde erras elos ervios osecossistemase lorestasropicais,nclu-sivea compensa$o e carongprodu$o de energia idreltrica,conserva@oe biodiversidadebeleza nica. China nvestre S$ 00bilhes m"ecocompensaSo'lquencluipolticasnovadoras mecanis-mos rnanceirosarcecompensaraonservao arestauraSo. lmdissqo pas st riandoreas e conserva$o om un$o ecossistmi-ca'lque ompem 8% esuarea enestre. Colmbia a frica oSul ambmadotamm rsticas udanasepolticasmbientais.rs medidas evanguarda judaama ampliar ssesmodelos esucesso.rimeirc:ovas ncias ermmentas ara alori zar contabili-zaro cap'nalatuml m ermosbiofsicos,conmicos outros.O Proje-to CapitalNatuml, orexemplq riouo soware nVESl, ue ntegmvalorizaSo deservios cossistmicostrocasquegovemose copor?-

    espodemempregar oplanejamentoa utiliza$ode enaserecur-sos no desevolvimentoe nfraestrutum.egundo: emonstmesconvincentes essasenamentas m polticas e recursos.Terceiro:oo-pem$o entregovemos, rganzaese desenvolvimento,orponese comunidadesara judar aes construr conomias aisdurveis,conservandoimuhaneamenteervios cossistmicositais.

    Gretchen .Daily, rofessomecnciambienul,Stanfordniverstty

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    CICLO DO NITROGENIORobertHowarth,rofessoreecologiabiologiaambiental,ornellnversty;f atividade umana lterou fluxode nitro-Agnio ao redordo globo.O maiorcontri-buintesolado esse feito oos ertilizantes.n-tretanto, queima ecombustveissseis omi-nao problemamalgumas egies,omononordesteosEstados nidos. esse aso, solu-

    $o conservar nergia utili-lacom maisefi-cincia.eculosbridos oumaexcelenteo-$o: asemissese nitrognioeles o nferio-ressde modelosradicionais,orque smotores esligam veculo stacionrio.(Asemisseseveculosmdicionaisumentamcomo motorem marchaenta.)As misseseusinas ltricas osEstados nidosambmpo-deriam ermuito eduzidaseas nstalaesuetmnsgdema LeidoAr Puro suas mendasfossem brigadas respei-las.roporcional-mentgessas sinas oluemmuitomas ueaquantidadee eletricidadeueproduzem.Naagricultum, uitos zendeiros oderiamutilizarmenosertilizantes,ainda ssim, sque-dasdeprodutividadeeriammnimas u ne

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    da sediminuirmos desperdcioo ongodacadeia e distribui$oalimenta nmrajarmosumcrescimentoopulacional ais omedido,garantinosmadistribuifo maisustadeali-mentos o mundoe imitarmos consumo ecameempasesicos.ambm sepodempouparmais easparzNaturcza o converter m Ieis igorosasolticasde"resena'lcomofezanioEuropeiaUE). l-gunspasesm desenvolvimentoChina, etn,Cosu Rica) onseguiramuzer mnsiso dodesmatamento ardo reflorestamento.ssoocoreu as um melhorgerenciamentom-biental a uma ortedeterminacoamoder-nizar usoda erm.

    ACIDIFICAO OCENICAScottC. Doney, ientista nionnstituto0 ceanogfi o Woods ole/^\s oceanos sto rcandomaiscidos evi-:-rzdo semisses undiais edixido e car-bono, ormexistem olueslobais,egionaise ocais iveis am sso. m ermosglobais,re-cisamos uspender lanmentodeCQ naat-moem e, alvez, m algummomento,uzer e-trcceder ua oncentrao nveis r-industriais.Asprincipaisiticas omelhorar eficinciaenergtica,dotarenergiaenovvelnucleaprotegerflorestase

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    a e d ln.qrr*$ ' rrtrgt f- \ . g ' \ , r - nr%J I bl:S$dA#t fm.d1 ]: j q* .;Jonathan . FoleydiretoroInstitutombientaaUniversityfMinnesota,ndetambmprofessortitular esustentablidadelobal.

    OMUNDOEMffiffiffiffiffiwffifi fiffi@Mffiftlm plano globalde cinco itenspode dobrar a produode alimentosat2o5oe, aomesmo empo,reduzir considerayelmentes danosambientais

    Por JonatltanA. Foley

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    EPOSSIVELALIME

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    Bruo DEPESSOASOVrmas DAFOME. rnoouo DAAGRTCWTURArn[Drer slacIENTE PARAALI-ment-las,masosprodutos nos,o istribudosadequadamente. esmolue ossem,muitosno eriamcondies ecomprar,e ospreosnoparamde subir.Masum novodesaflodesPonta.Vrios estudosmostram quepor volta de 2o5oa populaomundial ter aumentadoem 2 bilhesou 3 bilhes,o que prova-vemente obrara demanda ealimentos. esse umentoocor-rerporqueo poderaquisitivodaspessoasermaior,o quesig-niflca quecomeromais,principalmente carne'O usocrescentede terras frteis para a produo de biocombustveis evar auma demandaainda maior de produtos agrcoas'Assim' pararesolverosprobemasatuaisdepobrezaeacesso aimentaouma tarefadesafladora deveremos roduzir duasvezesmaisparaassegurar ofertaadequada e alimentos mescala lobal'E issono udo.Ao desmatar lorestasropicais,cultivar erras mprodutivase ntensiflcara agricultura ndustrial em reas rgeise dema-nanciais, humanidadeacabouazendodaagricuturaaprinci-paameaa mbientaldo paneta.A atidade agrcoa ocupauma grandeporodaTerrae estdestruindohbitats,consu-mindo guadoce,pouindorios e oceanos emitindogases oefeito estufacom mais intensidadequequalquer outra ativida-de.Paragarantirasaded.eongoprazoaopaneta,precisamosreduzirdrasticamente s mpactosadversos aagricultura'O sistemade aimentosdo mundo enfrenta trs desafios

    poderosos interligados.Precisagarantir que os 7 bilhesdep"rrou, quevivemhojeestejamadequadamente limentadas; necessrio upicar a produo de aimentosnosprximos4,0anos;e essas uasmetasdevemserperseguidas omesmotempoe emcondies mbientalmentesustentveis'Essasmetaspodemseratingidassimultaneamente? m grupodeespecialistasnternacionais, obminhacoordenao,aseou-seem cinco tens,que,searticuladosem conjunto,poderoaumen-tar emmaisde100%adisponibiidadedealimentosparaconsumohumanoe, aomesmo empo,diminuir signiflcativamente semis-sesdegases o efeitoestufa perdasdebiodiversidade usoepo-uioda grra.Enfrentar esse onjuntodedesafros eruma dasprovasmais mportantesqueahumanidade enfrentou'Num primeiro momento, a questode como alimentarmaispessoasmplica uma respostaaparentemente bvia:pro-

    duzir mais aimentosampiandoasreascultivveise melho-rando a produtidade agrcola - a quantidadede aimentoproduzidopor hectare.A sociedade cutiva aproximadamente 8o/o o solo,ex-cuindoa Groenndiae aAntrtida. A agricultura de ongea maior atividadehumana.Suaabrangncia o seequiparaanenhumaoutra. E a maior parte desses 8% ocupaas errasmaisprodutivas.Oquesobrasoreas ormadaspor desertos,montanhas, undra, gelo,concentraes rbanas,parqueseoutrasreas mprpriasparao cultivo.As poucasreas ema-nescentes oprincipalmente lorestas ropicais e savanas ucerrados,vitais para a estabilidadedo planeta, em especiacomo reservasde carbono e de biodiversidade.Expandir aagricuturaparaessas reasno uma boa deia,emboranosltimos 20 anos enham sido criadosde 5 milhes a 10 mi-lhesde hectaresde terrascultivveispor ano,comuma pro-porosigniflcativadessemontantenos rpicos.Mas a ncor-poraodessaserrasaumentoua reaefetivamente ultivadaem apenas3%,devidosperdasde reascutivveisprovoca-daspeodesenvolmentourbanoeoutros atores.Aumentaraproduo ambmpareceanimador'Masnossogrupo de pesquisadescobriuque a produoagrcolaglobacresceu, m mdia,cercade 2O%oos timos20 anos muitomenosquecostumaserrelatado.O crescimento signiflcativo,masa taxaest ongedepermitir a duplicao aproduoatmeadosdo sculo.Enquantoem algumasavourasa produosubiu,emoutrashouveaumentomodestoou reduo'Alimentar maispessoas eriamais fcil se odo o alimentoproduzido osseconsumidoapenas or humanos'Mas s60%da produomundial destinadas pessoas: rincipamentegros, eguidos e eguminosasfeijes entilha),pantasoea-ginosas,rutase verduras'Outros35%oousadosparaprodu-zir forragemparaa criaode animaise 5o/oodestinados osbiocombustveis outrosprodutos ndustriais.A carne o itemmais mportante.Normalmente, aracriargadobasedegrossonecessrios0kg desses limentospara1kS de carnesemosso, rontaparaconsumohumano.Frangos sunossomais

    Omundo recisaesolverrs roblemasaprodu$odealimentosimultaneamente:cabarom ome,u-plicararodu$oealimentost2050 eduzirmsti-camentesdanosrovocadosela griulturaoam-biente.nco olues,earticuladasntre i,permitiro

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    * 3& $ &3'g:,{g: latingirssas etas:mpedirue agricukumntinueavanndoobretenasropicais,elhonrprodutivida-dede azendasenosrodutivas,umentarefrcincaglohldo so aguade ertlizantes,iminuirconsu-moper apitaecamereduzirdesperdcioaprodu-

    o e distribuipoos limentos'm istemaecertifi-ca$obaseadoa apacidadeutriconalna arantiaeprocednciaecada limentonacontenoecustosambientaissociaisoderiajudarpopulagoesco-lher rodutosuetomemagrcuhuraaisustenvel'

    ESPECIAL MBIENTT

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    SITUAO DA TERRA Agricultura Atingiu a Parede,mas no o TetoA humanidade ultivaatualmente33% o solonocongelado o planeta,Asavouras cupamum tero dessa rea;o resto ocupadoporpastagens capinzais aracriao e animais.Existe oucoespao araexpanso orquea maiorparteda rea estante formadapor de-sertos,montanhas,undra ou cidades.Mesmoassim,azendasm muitasdasreas xistentes oderiam er maisprodutivas inseres).

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    100%erms ultivveis100%astagemProduoemilhoffiLonaeomximo Perto omximo

    eflcientes nessa converso e a carne produzida por engorda empasto converte material imprprio para alimento em protena.Outro fator que inibe a oferta de alimentos o dano am-biental, quej considerve.Apenas o consumo de energia -com seus profundos impactos no cima e na acidiflcao dosoceanos se compara magnitude absoutados mpactos am-bientais da agricutura. Nosso grupo de pesquisaestima que aagricutura j devastou ou transformou radicalmenteTO% daspastagens pr-histricas do mundo, 5oo/odas savanas e cerra-dos, 45%odas florestas temperadas com renovao anua defohas e 25% das florestas tropicais. Desde a ltima idade dogelo,nada destruiu mais os ecossistemas. pegadaambientalda agricuitura cerca de 60 vezesmaior que a produzida portodas as ediflcaese pavimentao do mundo.gua doce outra preocupao.Os sereshumanos gastam4 mil kms de gua por ano, basicamente retirada de rios eaquferos. A irrigao responsve por 7Oo/oessevoume. Seconsiderarmos apenas a gua de consumo - que no retornaaos reservatrios - a irrigao sobe para 80% 90% do total.Como resultado, muitos dos grandes rios do mundo tiveramseu fluxo reduzido, outros acabaram secando, e em vriosocais houve rpido decnio dos enis freticos, incluindopasescomo os EstadosUnidos e a ndia.A gua no est s desaparecendo.Tmbm est sendocontaminada. Fertili zantes, herbicidas e pesticidasesto se es-pahando em quantidades crescentese sodetectadosem pra-ticamente todos os ecossistemas. quantidade de nitrognioe fsforo encontrada no ambiente aumentou em mais de 100%

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    llelhores celeirosOmundo oderialantar uitomais limentose produtividadeaszendas ais obresumentasset ua apacidadexima,mnsideradass ondiesspecfrcase l ima solo.Aproduoemilhqporexemploverquarcna 9. o ado),oderiaumentarsignifrcativamentemriaspartesoMxicq este afiica este aEuropae ementes,rrga0,ertilizantesmercadosossemprimondos.

    desde os anos 60, provocando poluio da gua em grandeescalae o aparecimento de enormes "zonas mortas" por hip-xia (fata de oxignio) na foz de muitos rios importantes. Iro-nicamente, os fertiizantes que escoam peo soo - em nomeda produo de mais aimentos - comprometem outra fontecrucial de aimentos: reas de pescacosteira.A agricutura tambm a maior fonte de emissesde gasesdo efeito estufa. Coletivamente responsvel por cerca de35o/o o dixido de carbono, metano e xido ntrico antrpico.Isso representa mais que as emis ses de todos os meios detranspofte do mundo (carros, caminhes e aes) ou de todaa gerao de eetri cidade. A energia utiizada para produzir,processare transportar aimentos outra preocupao,mas agrande maioria das emissesprovm do desflorestamento ro-pica, metano liberado por animais e alagadiosde arrozai s, edo xido ntrico de soos ert iizados em excesso.

    ctNcosoLUEsA agricuturamoderrraemsidouma orancrivelmenteositivano mundo, mas no podemos mais ignorar sua capacidadede ex-pans.oou o prejuzo ambienta crescente que ea impe. Aborda-gensanteriores para resover probemas ambientais e de produode alimentos geralmente foram espordicas.Podemosampliar rapidamente a produo de aimentos des-matando mais reaspara plantio ou usando mais gua e mais de-fensivos agrcolas,mas com um custo ambienta muito ato, oupodemos recuperar ecossistemassem invadir mais soos rteis,mas apenas reduzindo a produo de aimentos. Essapoltica deSCIENTIFICMERICANRASIL3

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    "ou um ou outro" jno aceitve' Precisa-mos de soluesverdadeiramente integradas'Aps muitos meses de pesquisa e debates- com baseem anlises de dados ambientais eagrcoas recentes - nossa equipe deflniu umplano de cinco itens para enfrentar os desa-fios ambientais e de produo de aimentos.Interromper a expanso da agticultura.Nossa primeira recomendao diminuir e i-nalmente interromper completamente a ex-panso da agricutura, principamente em lo-restas tropicais e em savanas e cerrados. Aperda dessesecossistemas provoca impactoscom graves consequncias ao ambiente, pafii-cuarmente dedo perda de biodiversidade eaumento nas emissesde dixido de carbono(por queimadas para desmatamento do solo).Um desflorestamento mais lento reduziriadrasticamente os danos ambientais, com res-trio mnima na oferta global de alimentos.Muitas propostas foram apresentadaspara reduzir o desflorestamento. Uma dasmais promissoras um programa chamadoReduzindo Emisses do Desflorestamento eDegradao(REDD, na siga em ings)' Sob agide do REDD, pases ricos compram dospases ropicais crditos de carbono para pro-teger suas florestas. Outros mecanismos in-cluem o desenvolmento de padres de certiflcao de produtos agrcolas de modo que ascadeias e suprimentospossamgarantir qu eos aimentos no foram cultivados em soodesflorestado. Alm disso, uma potica maisadequada para os biocombustveis, prie-giando avouras no comprometidas com aproduo de aimentos, como capim, poderiapromover a retalizao de solo frti.

    ESTRATGIAExpansodaProduo comMenosDanoAmbientalPara limentar mundo emafetar ambiente agri-cuhuraerdeproduzirmaisalimentosazul) encon-trarmelhoresormas edistribulosvermelho),eaomesmo emporeduzirosdanosRaatmos:fem,hbitatsegua(amarelo).

    Acesso ao alimentoMais e bilhoos bilhesehabitantesoplanetaofrerefomecrnica.obrezaescassezealimentosoremer uperadasamprovers alorimecessriasodos.

    Produo de alirnentosPor olude2050 populaooaldoplanetaer umentadoe2bilhes3bilhequma roporomaior epessoaser enda aisalta; or sso consumoer aPitasermaior. sprodutoresuraistero edobnraprodu$o tual.

    &xac, s}}biell f{ lrura -r p"f tuosoambbnte4ricrlurndere&ter oarar sobrefloresusopkais,melhoarprodr.rtividdeetenzs gricuhireisuhrtilizadasoque oderiaaumentrrpduo enue 07o@%),saragua utilizantese ornumuitoma'secienteeviaradEnd@ dosoloPreencher as "lacunas da produo"mundial. Para dobrar a produo goba de aimentos sem au-mentar os avanos da agricutura preciso mehorar a produti-dade das terras cutivveis atuais. Existem duas opoes: me-horar o rendimento das fazendas mais produtivas - aumentan-do seu "timite de produo" por meio de avanos no manejo ena gentica dos cultivares. Ou ampiar o rendimento das fazen-das menos produtivas - preenchendo a lacuna entre a produ-o atua da fazenda e seupotencial mais ato. A segunda opoapresenta um ganho maior e mais imediato - principamenteem regioes nde a fome maisacentuada.Nosso grupo anaisoupadres globais de produo agrcoaedescobriu que boa parte do mundo produz safras signiflcativas'Em particuar, a produo poderia aumentar substancialmenteem muitas partes dafrica, Amrica Central e Leste europeu'Reduzir as acunas de produo em terras cultivveis menosprodutivas pode aumentar muitas vezes a demanda de gua eaplicao adicional de fertiizantes. preciso tomar cuidadopara evitar o uso desenfreado de irrigao e de defensivos agrcolas. Vrias outras tcnicas podem melhorar a produo' Tc-nicas de pantio de "cultivo reduzido" afetam menos o solo, e-tando a eroso. Lavoura de desenvovimento rpido entremea-

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    da com culturas de estao reduz a proiferao de ervas dani-nhas e adiciona nutrientes e nitrognio ao solo durante aaragem. Experincias em sistemas orgnicos e agroecolgicostambm podem ser aproveitadas, como abandono de restos dacolheita no campo para que se decomponham em nutrientes.Parapreencher as acunas de produo agrcoa mundia precisamos ainda superar srios desafios econmicos e sociais, in-cuindo melhor distribuio de fertiizantes e de variedades desementes para agricultores de regies mais pobres e mehoracessode muitas regies aos mercados globais.Ulizarosrecursosommaiseficincia.