rimeira nfância - escolas do bem · 2020. 2. 27. · ler e comentar a maioria dos pais sabe a...
TRANSCRIPT
Foto: Bearfotos / Freepik
Primeira Infância
2
TexTo: Natália Negretti
Nossas foNTes: Paulo Breinis, neuropediatra e professor de neurologia infantil da faculdade de Medicina do aBC
Ronald Ferguson, diretor do achievement Gap Initiative, da Universidade de Harvard
artigo Review of the Science Behind the Boston Basics Early Childhood Caregiving Behaviors for Ages 0 to 3, do The achievement Gap Initiative, da Universidade de Harvard
Veja por que é importante estimular ao máximo o cérebro da criança nos primeiros anos de vida
foto: Canstockphoto
Primeira Infância
3
foto: Dollarphotoclub
Muitos pais entendem que os momentos de lazer e cuidados com os filhos são importantes para uma infância saudável.
Porém, cada vez mais estudos, principalmente da neurociência, comprovam o quanto as experiências nos primeiros anos da criança terão impactos – positivos ou negativos – na idade adulta.
Nesta fase, o que mais importa é a qualidade das relações entre os adultos e a criança.
do cérebro do bebê ocorre nosprimeiros três anos da vida?
Você sabia que
do desenvolvimento80%
o contato profundo com os pais, familiares
e cuidadores nos primeiros anos de vida é fundamental para o desenvolvimento da
criança, principalmente o cognitivo.
“o cérebro adquire maior desenvoltura e
tamanho principalmente entre zero e dois anos de vida. ele se desenvolve muito nesta
fase”, afirma o neuropedia-tra Paulo Breinis.
Nada de dei-xar a criança
parada brincando com o tablet, celular
ou mesmo assis-tindo TV.
Por isso, crianças pequenas, principal-
mente as que ainda não fre-quentam a escola, devem ser estimuladas ao máximo para aproveitar esse momento em
que seu cérebro está a toda prova.
seu poten-cial nessa fase é
enorme, maior que em qualquer outra da vida. Por isso, deve ser explo-
rado ao máximo.
ainda que o cére-bro nunca pare de se
desenvolver, são nos três primeiros anos que ocor-
rem as principais trans-formações nele.
Primeira Infância
4
foto: freepik
Primeira Infância
5
Interatividade a principal maneira de estimular os pequenos é por meio da interativi-dade. Conversar, cantar, brincar e diversas outras atividades feitas junto com a criança fazem com que as áreas do lobo frontal associa-das à linguagem, ao movimento, à cognição social, à autorregulação e à solução de proble-mas sejam ativadas, o que gera benefícios para toda a vida.
“Quanto mais a criança for estimu-lada até os três anos, mais ela vai sair ganhando. Não tem receita de bolo. os pais devem ter bas-tante contato, fazer atividades e viver em um ambiente agradá-vel”, explica Breinis.
foto: freepik
Primeira Infância
6
após estudarem a fundo sobre a importância dos cui-dados dos pais durante a pri-meira infância, especialistas da Universidade de Harvard, nos estados Unidos, desen-volveram o programa The Boston Basics, que são cinco princípios básicos a serem adotados de forma divertida, simples e pode-rosa pelos pais em seus filhos de até três anos, prin-cipalmente os que ainda não estão na escola e carecem ainda mais de estímulos.
a ideia é trabalhar a forma como os pais cuidam e interagem com seus filhos pequenos, aplicando refor-ços positivos nas ações do dia a dia.
“Bebês e crianças são mais espertas do que imaginamos. eles se comunicam por sons, movimentos e expressões faciais. Quanto mais nós respondemos à sua comu-nicação, mais inteligentes e felizes se tornam”, expõe Ronald ferguson, professor da Univerdidade de Harvard e idealizador do projeto.
foto
: fre
epik
Para os idealizado-res, as crianças que não
recebem estímulos impor-tantes até os três anos acabam tendo disparidades de apren-dizagem em relação às que
frequentaram a escola nesse período.
Primeira Infância
7
essas disparidades serão muito perceptíveis na vida adulta, por isso a importância do desen-volvimento cognitivo desde os primeiros dias de um bebê.
Partindo da ideia de que o aprendi-zado se inicia desde os primeiros momentos de vida, os princípios podem ser aplicados desde os primeiros dias após o nascimento do bebê. “Por exemplo, os pais e cuidadores podem segurar o bebê recém-nascido de várias maneiras amáveis, o protegendo de ruídos altos, de falas com raiva e do estresse, ao mesmo tempo em que falam e cantam suave-mente”, aponta ferguson.
foto: freepik
“Ter o amor da mãe e do pai dá ao bebê as
melhores chances de um bom começo de vida”, destaca o pro-
fessor. além disso, todos ao redor da criança, como tios e avós também podem aplicar os princípios, afinal,
um bebê se beneficia de todo o amor e atenção que uma
família pode dar.
Tanto os pais quanto as mães devem compartilhar
a responsabilidade de estimu-lar os filhos, portanto, as ativida-des devem ser realizadas por
ambos, ainda que não juntos ao mesmo tempo.
Primeira Infância
8
foto: prostooleh / freepik
Primeira Infância
9
Cinco princípios aprenda como estimular adequadamente as crianças de 0 a 3 anos, para um perfeito desenvolvimento neurológico e cognitivo:
Cinco princípiosCinco princípiosfoto: freepik
Primeira Infância
10
Maximizar o amor e administrar o estresseas crianças precisam saber que existe
amor ao seu redor, por isso, as atitudes mais simples como pegar no colo, colocar para dormir ou dar comida devem ser aplicadas com amor.
Parece óbvio, já que parte-se do princípio que toda mãe e pai amam seus filhos, mas acontece que nem sempre este amor é demonstrado de forma clara. Carinho, palavras afetuosas e de incentivo, elogios, além do cui-dado básico devem fazer parte da rotina da família.
Por outro lado, deve-se administrar o estresse tóxico, isto é, evitar que a criança vivencie continuamente os problemas domésticos (brigas, violência, gritos, difi-culdades financeiras, separação, entre outros) que aca-bam se transformando em falta de afeto e de atenção.
Maximizar o amor e administrar o estresse
os especialistas afirmam que tal estresse marca para sempre a vida das crianças, colaborando para que se tornem adultos problemáticos.
foto: Canstockphoto
Primeira Infância
11
Falar, cantar e apontar
assim, conversar com a criança, desde recém-nas-cida, contribui para a formação da linguagem no cérebro do bebê.
as músicas também atribuem significado às palavras e são sempre um estímulo importante nesta fase de desenvolvimento.
além disso, associe os objetos com seus nomes (por exemplo, apontando para a fruta do lanche e dizendo “maçã”). Isso é importante para que a criança adquira novo vocabulário e de forma correta.
Falar, cantar e apontar
Nos momentos de comunicação, é essencial realizar contato visual, pois faz muita diferença na compre-ensão das crianças.
a linguagem é algo que os bebês apren-dem desde o seu nascimento. se no iní-
cio é captada apenas como um som, com o passar do tempo as palavras ganham significado.
foto
: Can
stoc
kpho
to
Exemplos:
“o relógio é redondo. o que mais é redondo
por aqui?” “Nós temos três bolachas. se você comer uma, quantas
ficarão?”
Primeira Infância
12
Contar, agrupar e compararas habilidades matemáti-
cas podem ser desenvolvidas muito antes da criança ir para a escola. Nos momentos de brincadeira, busque introduzir o raciocínio matemático.
a criança aprende através de todos os senti-dos. explore os conceitos de grande, pequeno, alto, baixo, maior, menor, redondo, quadrado, menos, mais...
É possível contar, agrupar e comparar o número de brinquedos, de dedos e demais objetos que estiver em frente ao bebê, por exemplo. Isso introduz a ideia de ordem, sequência e tempo.
Contar, agrupar e comparar
foto: Canstockphoto
Primeira Infância
13
Explorar através do movimento e da brincadeira
estímulos que movimentam o corpo são importantes para o desenvolvimento da coordena-ção, da força e de sua saúde em geral.
Nos primeiros meses, a criança deve ser estimulada a tocar, agarrar, mastigar e engatinhar. Com o tempo, os pais podem proporcionar novos desafios para que os pequenos curiosos explorem ao máximo seu entorno.
É preciso manter viva a fascinação e a curiosidade, além disso, incentivar as aptidões tridimensionais, isto é, a noção de presença e espaço.
Um exemplo é colocar o bebê para engatinhar e andar nos mais diversos espaços (subida, descida, grama, areia, etc) e deixá-lo em contato com objetos das mais variadas formas (cubos, bolas, etc).
Com o tempo ele pode aprender a escalar ou vencer desafios. experimente criar uma “trilha com obstácu-los”, dispondo no chão almofadas, mantas, caixas ou outros elementos do cotidiano. estimule-o a pular, abai-xar, rolar, desviar.
Explorar através do movimento e da brincadeira
foto: Canstockphoto
Primeira Infância
14
Ler e comentara maioria dos pais sabe a impor-tância de ler para os filhos,
porém, não basta somente reproduzir as his-tórias. É preciso atuar, convidar a criança a interpretar junto, tornando a atividade diver-tida e prazerosa.
Por exemplo, antes de virar a página, pergunte o que a criança acha que vai acontecer a seguir, peça para lembrar o que aconteceu antes e explicar o que está acontecendo na história. Faça perguntas e estimule-a a pensar.
os pequenos precisam ser mais que meros ouvintes, elas devem participar! Uma dica é reservar pelo menos 15 minutos, todos os dias, para desenvolver essa atividade com a criança.
Ler e comentar
foto: Canstockphoto
Primeira Infância
15
o termo não é muito usado no Brasil, mas significa algo não tão incomum: o estresse familiar. Contas, trabalho, obrigações e tudo mais que uma rotina requer, acabam minando o convívio familiar, deixando, muitas vezes, os pais estressados.
o problema surge quando o estresse não consegue ser administrado e se torna frequente, influenciando a vida dos filhos, com agressões, negli-gência e outros tipos de violência.
foto: jcomp / freepik
Primeira Infância
16
“o estresse tóxico é quando o nível de estresse é alto e permanece elevado por dias e semanas. Isso preju-dica a capacidade de desen-volvimento da criança de pensar e de administrar as emoções. ele pode ter efeitos nocivos em longo prazo sobre a inteligência e o autocontrole da criança”, explica ferguson.
Uma forma de tentar minimi-zar os efeitos do estresse é evitar discutir ou expres-sar emoções negativas perto das crianças. Porém, se algo aconteceu e ela está com medo, reserve um tempo para acalmá-la. “abraçá-la, conversar e can-tar para ela ajuda para que volte a se sentir segura e protegida”, indica ferguson.
foto: Bearfotos / freepik
Primeira Infância
17
O que
nãofazer
✕ expor os filhos ao estresse e deixá-los desamparados por muito tempo, para que não se sintam desprotegi-dos e inseguros.
✕ as crianças aprendem as noções básicas de matemática desde pequenos, e não somente quando entram na escola. Por isso a importância de apontar, comparar, agrupar, etc.
foto
: Rot
aru
flor
in /
Pixa
bay
Primeira Infância
18
✕ Não demonstrar interesse naquilo que desperta a curiosidade dos filhos é um grande erro. Geralmente, os pais tentam chamar a atenção das crianças para aquilo que eles acham interessante, quando na realidade, o contrário deve acontecer. “os pais perdem oportuni-dades de aprendizagem por não prestar atenção ao que as crianças pequenas parecem interessadas. Isso favorece o desenvolvimento da curiosidade e ajuda a criança a ficar interessada no mundo”, frisa ferguson.
✕ apenas ler para as crianças não é o sufi-ciente. É preciso discutir a história, mostrar as imagens, explorar as cores, enfim, ajudá-las a aprender e pensar.
foto: prostooleh / freepik
Primeira Infância
19
Contribua com o nosso programa!
envie um e-mail para [email protected] com o seu nome e o da escola onde seu filho estuda.
assunto: SUGESTÃO PARA O PRÓXIMO MÊS
Você está recebendo esse material porque a sua escola faz parte deste programa inédito de responsabilidade social e contribui para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento da ONU em nossa cidade. se quiser participar mais ativamente, toda ajuda é bem-vinda. Converse com a diretora da escola do seu filho e peça mais informações.
www.ESColASdoBEm.Com.BR
Tem alguma dica ou sugestão de tema que você gostaria de ver tratado no próximo e-book?