revista o panorama, vol. 1 (1837).pdf

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1? ^#1

o PANORAMAJORNAL LITTERARIO E INSTRUCTIVOSA

SOCIEDADE PROPAGADORAJ

TA

f

li

Tr

"t/o/a*ne

de carrasco ou kermes. 2.3o Grcia (estado actual da). 101 Gruta de Antiparos 142 de Cames em IMacau 39 G^Tiinastica (da) lis..

.

.

Hahnemann

(

noticia acerca

de) e da medicina .homoEOpatbica

115

Leite dos animaes esuas propriedades de burra (introduco do uso do) Leitura familiar Leopardo (caa do) na ndia oriental v Linho modo de o curar com o carvo Livreiros (origem dos) na Europa Lombrigas remdio para as do gado langero Lvra (o pssaro) s Macau (descri po de) * Machiavello (Nicolau) * JMadrid situao, aspecto geral da cidade, ruas e praas ]Maliomet embuste com (jue se fez acreditar propheta. Manteiga: receita para liie tirar o rano Manual encyclopedico do Sr.

248 224 90o6

Ovos (commercio d') entre a. . Frana e Inglaterra 2s Pao de Sousa Egas Moniz Fr. Joo Alvares .... 101 Pago (origem da palavra). 232

.

.

.

.

.

......

.

:

232 216 213 38 244IS

:

Palmeira (a) tamareira ou das tmaras * Pampas (os) Pantheon * Papel e pergaminho sua inveno e introduco em Portugal fabrico do papel de carpo Parsios (os) ou guebros, adoradores do fogo:

130 102 237

21

:

232

229190

.

.

PasquimPastilhas para destruir o hlitozos

.

.

mau112

:

Pastores habitantes dos Abruz-

:

206

.

168120

* 226 Historia iSatural utilidade do seu estudo Homero noticia acerca dos seus poemas Hortas luctuantes em Cache: :

Hamburgo

E. A. INlonteverde Maragatos (os)sobre as)

....

24S 174192 249 262

Maravilhas (dicto de Bacon

Paiva de Andrade (Diogo de) tio e sobrinho: sua biographia litteraria * li Pea (a) de Diu * 61 Pedra de toque econmica 208 Pndulas (processo para regular as) e relgios 12 Petrleo e naphta (mananciacs..

Marselha MedronheirosJlergulliadoresrios

232Poos artesianos P dentrifico de carvo.

miraHospitalidade arbica ygiena medica e moral (pre-

184 48

extraordin-

23 J 136

H

ceitos gcraes d')

Igreja do Carmo em Lisboa Incctidio dos bosques na Su-

modo de

cia

os apagar

247 280

ndios (os) Puris 172 Ingrato (um) 179 Innovacs temerrias: aviso aos proprietrios de terras,(|ue as

Metaes (sua limpeza) .... Minas d"azougue Minerao (a industria da) em Hespanha Miguel Angelo. Dicto acerca da perfeio Anedocta(o) justiceiro

193 279 114

Poemeto de Millevoye.oriente *

Poesia sua influencia e utilidade: .

60

.

280210

Porco montez [a caa do] no

170176 263 168 217

Portuguezes na ndia

(

reputao dos:

)

236

Povo russianosas

Ministro

.....

sua miservel condio, suas idas religio'

Milicia na edade media *. ..

'>

emprebendem:

.

.

.

233G

Instrucjo populartra-se a sua

demons...

utiUdade:

Instrumentos cortantes de Ijcm os affiarInteireza

modo144 168

d'um

juiz

Isabel d 'Avel (sacrilicio sublime de) 168 Isca infallivel para engodar osl)eixes

do

rio

Jacars

(os)

ou caimes

.

.

200 68221

]Minho (o) romntico .211 227 na sua cultura Monlgolphier, e o balo. 272 Monumento rEgas Moniz. V. l'ao d(! Sousa. jMoiumento de OdivoUas 37 Morta (a) viajando 40 31osquitos (extinco dos) 176 Mousliers (o convento de) 113 Mulheres diins 248 Naphta. Vid. Petrleo. Napoleo ( singularidade do..

Presunto de carneiro Priguia (animal)

200 83

.

.

.

.

.

ifardins (duas palavras sobre).

nome de)Nariz (conjecturas acerca do)

2161

Primavera (a), Poema do Sr. A. F. de Castilho 104 Pulgo (meio de preservar do) as plantui novas 300 Glueimaduras (diversos remdios para a) 47 (laiva ou hydrophobia (eiiiprego da giesta contra a). 136 Rasgo d''hunianidaded'um lu.sitano com Caio Mincio 32 Ilatonciros francezes no l(i.".

.

.

Ja\a (arvore venenosa da)Jias (parbola)

.

.

28 278

sculo

70receita

*

Jogos , que apparentemente requerem grandes foras. 111 Jorge de Albuquerque Coelho (aco herica de) 144 Judeus em I'orlugal seu valimento c perseguies que ofirernm 19.

Natao

32 99

Katos

:

para afiugen-

ta-los

36

sua utilidade na arte da 270 guerra Naufrairio do Bergant. Slerling Castle 231 Nero, chefe das ilhas Massacre *

Religio dos ndios orientaes. 188 Reptis: abundncia delles nosdesertos

da Arbia

8032

260

Resposta herica doslu.sitanns a Decio Junio Bruto. ... Rliinoccronte da .\sia ou Aba-

INDICI- ALPII.\BEriCOfia

lai:

Romadetioi

aspfclo geral da cidao Tibre, a porta de S.;

Tempestades de areia no grande deserto d" Africa * Templo de S. Paulo em Lon.

portugueza *9o

163

.

.

Paulo

a pvraniide de Ces.".

dres

194

a.(o)

42194

RouboRoubostidos

entre os rabes be-

Templos subterrneos de Indra Sabah em EUora, e deTerremotoKevliis (ua Ilidiu) * (efleitos do) da Ca. . .

sua utilidade como Urtiga planta alimentaria, como forragem, e tincturaria . . Uvas methodo de as conser::

16

duins:

73

calculo dos

commet48 106

em(os)

Sabeus JooSul

Londres em 1831. ou christos de S.:

119 lbria em 1785 Theatro (origem do) moderportuguez at os fins do 16." sculo ... Tigre (o) e o ja^ali Trigo Gigante ou de Santano;tliealro.

commum

sua utilidade

12

na agricultura, e na jardi-

.

.

.

80240 5672

nagem 16 Sanguesugas (signaes das boas) 7 273 Saragoa Senembi (o) ou iguana do Bra181 sil Sicilia (estado da agricultura 106 na) 162 Sinos (os) 200 na Hespanha

Helena Tinta para marcar roapa. Torregiano (supplicio doculptor)

192 Valor civicod'umaportugueia 127 Vaud [o canto de] na Suissa, 137 e Lausana sua capital 224 Vellas [fabrico das] ^ eneno do povo, ou abuso dus bebidas espirituosas .... 48 Veneza [a inquisio d'estado de] 26var.

.

.

es-

origem, incremento, c decadncia ; plano geral da cidade ; gndolas \ palcio du:

cal *

49

Toucinhoservar

:

maneira de o con-

Ventura [da] moral, e do bem

Sirgos (criao dos)

120.

Toupeiras [destruio das]. . Trabalho [o] ou cinco mil cru12o zados de renda

72 184

estar material

182

Verote

[o]

na America do Nor-

238

Sonah Wallah ou o ourives . 10 ambulante da ndia * . 186 Sulto (o) redactor Superstio lucrativa para a companhia ingleza da ndia. 91 Tachigraphia ( maquina deGalli]

170 , e os capites Tristo da Cunha -{a ilha de] e o seu Robiuson 186 Tronibeteiro [o] ou agamy de

Verniz para uso dos encadernadores, e modo de o applicar

Vesturio [o] singular

.....

16 171

ViagensViboras

:

utilidades

que os ar-

Cayanna Trovoadas [das] e do raio. Preoccupaes acerca deste

167

tistas dV'llas:

210 podem tirar. modo de combater o. :

263

Talisraans protectores de Con223 stantinopola 60 Tarambola (ti) e o crocodilo.

phenomeno.

91

Turcos [presentimento dos]. 207 Typographia [origem da typographia]laria:,

112 da sua mordedura Vidros embaciados modo de 236 reslaurar-lhes o brilhoeffeito.

.

.

Trtaros (os) calmucos .... 128 Tasso (Torquato) sua vida e 71 escriptos :

;

impresso tabu.

Villa Real [o marque?, de] resposta que deu em conse:

circumstaticias not-

llio

no tempo de D. Jool',

veis das primeiras edies

29

3.0

KIM.

o PANORAMA.JORNAL LITTERAUIO E IN5TRUCTIVO,(Honlif

Soctf^a^c propaiiaiora Dos1)

timcntns

Iltris.

PUI5LICAD0 TODOS OS SABBADOS.

(maio 6,

1837

i:VTKOl ClO.K todas as cousas que se oflereceni ao homem para lhe recrear os momentos de ceio, a leitura talvez a mais apraiivei, e seguramente a mais proveitosa. Sem quebrar o seu repouso domestico, Sem vaguear pelas ondas do oceano, ou trilhar peregrino as sendas e desvios de paizes remotos, diante de seus olhos se corre o panno sccna do mundo passado e presente, e do niundo da scicncia e da arte: trava conversao coni as personagens niais distinclas de todas as tpochas e com os mais nobres engenhos de Iodas as edades: trata as intelligencias dos diversos paizes, e belie a lergos tragos na taga da sabedoria. Cidad.iO de todas as republicas, membro de qualquer sociedade, contemporneo de qualquer sculo, s o

D

religio

do Evangelho, porm monstruosa e selvagem

em

todos os usos e hbitos que nasciam das idasde

j

j

I

I

j

povos embrutecidos. Foi a arte da impresso inventada no meado do sculo, que deu principio epocha daverdadeira civilisao. scieicia at ento era como a fonte pobre, que jorrando em um lago fechado, alii morre e se esvae pela terra, sem ser til s veigas visinhas : cora a inveno da typographia, porm, pouCO e pouco se tornou manancial abundante, traiispoz as margens, e correndo-semelhante a riocaudal, fersaber tilisou e cubriu de vio os campos da vida.

XV

A

O

rasgou o seu veu de mvsttTio, e o Iiumem, a quem a conscincia revelava um futuro de gloria litteraria, homem dado leitura pode com verdade dizer que no deixou mais passar esta voz como a recordao para elle foi o Universo creado. de um sonho. Os livros em breve se multiplicaram Os antigos inventaram uma grande variedade de por tal modo, que em menos de um sculo os volujogos pblicos, paran'elles gastarem as horasqueuo mes sados dos diversos prelos da Europa subiam ao consagravam aos negcios do estado, ou aos interes- numero de milhes, e pode-se conceber at que ponses privaiio. Nasceram assim os combates do circo, to tero hoje augmenfado, te nos lembrarmos que s os theatros, as naumachias, e tantos outros espect- os impressos n'esta parte do mundo que habitamos, culos que attrahiam aatteno do povo desoccupado. montam annualmente amais de cincoenta mil obras Faltava aos antigos a leitura \ porque, ignorando a diversas, multiplicadas pormilhares decopias. Relia arte de multiplicar as copias dos livros, estes no po- por certo a historia dos progressos da intelligencia, diam ser populares, e ficavam s ao alcance dos abas- que em to curto espao tentmos hosquejar mas, tados, ou dos sbios, que faziam do estudo o empre- fora dize-lo, a riqueza nos tornou pobres. Os desgo da sua vida. Par esta causa a civilisao grega e cobrimentos, as invenes, e a meditao do gnio, romana foi mui diversa da que hoje encontramos no do talento, ou do estudo, nem sempre podcram semeio das naes modernas da Europa. Nos dois gran- guir do par os progressos da arte de escrever. Muides povos da antiguidade a policia era mais apparen- tas cousas inteis eatdamnosas se publicaram mite do que intima ^ mais tendente a aformosear, por lhares de escriptores vestiram por molde seu alheias assim dizermos, o aspecto da sociedade, do que a concepes milhares nos deram volumes abundantes melhorar o caracter moral do homem, e a cultivar- de palavras, e quasi ermos de idas. Por outra parIbe a inlelligencia. Os preceitos da philosophia, os te, as observaes e as thcorias acerca de qualquer descobrimentos das sciencias, eram guardados no seio ramo dos conhecimentos humanos vieram umas apoz dos Ivceus e escolas, como um thesouro, cujas rique- outras cada uma d'estas variedades ou mudanas foi zas no revertiam em beneficio commum. l'or esta representada por um ou por muitos livros, e sem arte volveram muitos sculos ; as naes surgiram receio podemos affirmar que hoje a ningum dado umas apoz outras, e a barbaria estava no mago da nem sequer o examinar osescriptos que existem acervida humana, posto que esta parecesse muitas vezes ca de uma sciencia s, quanto mais tentar inslruirapcrfeioar-se, e que a gloria e o luxo tornasse bri- se na totalidade d"ellas. No sculo XI\ a existncia lhante a passagem de muitas raas pela face da terra. Ide um Aristteles seria absolutamente impossvel. Assim ogrego era supersticioso, cruel e refalsado ^ Daqui se originou o caracter particular da civilie(f cada phenomeno ci.traordinario da natureza via a individualidade saco litteraria do nosso sculo a celerados numes esem pudor condeninava o virtuo- quasi desappareceu no imprio do saber ^ assciencias so em oiiioda virtude: assim o romano batia as pal- concatenaram-se estreitamente, e os Iiomens supemas Vendo correr no circo o sangue dos gladiadores, riores ao gnero humano, que achamos na antiguiou fazia combater seus escravos junto s mesas dos dade, como Plato e Cicero, no podem surgir no banquetes e da prostitui.^io, para lhe alegrar a alma meio de ns a instruco s uma ^ quem a possuc ferot com o espectculo das feridas: c, republicano | somente a humanidade. Glue sabioousaria alevanorgulhoso, o simples cidado de Roma era mais ri- tar-se no meio da grande famlia europea, e dizer s co de tyrannias do que o dspota mais barbarg das 'intelligencias: u vinde escutar-me que eu serei vosregies da sia. 60 mestre ? Nasceu o christianismo, cujo objecto era reformar 'este estado, pois, da illustrao e do progresso, o costumes : mas oi seus efleitos benficos o forSm o que mais importa o dilatar por todas as naes, quasi s para ocor.io doliomem. Dahi proveio que e introduzir em todas as classes da sociedade o amor o imprio da ignorncia popular no foi destrudo, an- Ida instruco; porque este o espirito do nosso tes augmentou nomeio das espantosas revolues que tempo e porque esta tendncia c generosa e til. passaram por essas eras. A edade mdia veio depois, Mas como se dilataria a instruco, como se faria bella e sublime em lodos os costumes gerados pela descer a variada tciencia at os ltimos degraus da:I

:

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,

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1

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I

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I

VOL.

I.

o PANORAMA.cala ocal, se houvssemos deta niultidjo

empregar n'isto

es-

de escriptus e^peciaes sobre todos os coiiherimentos humanos, esse iniiunioraveis livros accuniulados por toda a parte em biljliothecas iiiiiiiena ? Fora baldada empresa, como o prova o que acerca disto dissemos. Alem d'isso, o homem publico, o artista, o agricultor, o conimerciante, ligados a uma vida necessariamente laboriosa, poucas horas tem de repouso para dar cultura do espirito, e nenhum animo, por certo, seria assai curioso de instruco, para sastar esses curtos momentos em folhear centenares de volumes, e embrenhar se cm meditaes profundas, que s uma applicao constante pude tornar profcuas. Que pois necessrio fazer para que seja satisfeita a neces>idade de generalisar a instrucjo-, para fradur.ir em obras a ida caracterislica do tempo actual soluo d"este problema enconfra-se na historia litteraria da Europa, nos ltimos vinte annos. De feito, a parte mais ulil da moderna lilteratura tem sido o resumir os amplos productos da in.'

de que, no nos, mas sim torrentes de calamidades publicas nos precipitaram. Trabalhemos por nos instruir e melhorar nosvos ciistumcs, augnientando a civilis;io nacional. E e^ta a mais bella resposta, que pudemos dar s accusaes dos estranhos esta a nica resposta digna do caracter generoso, que nossos a\s nos herdaram, e que no acabou de todo utravez de Ires sculos de decadnalturas:

cia.

ultimo logar diremos que talentos mais conengenhos de mais vasta erudio, se puderam ter encarregado da redaco d'csle Jornal \ porm, de cerlo, ningum com melhores deejos de levar a cabo o virtuoso e patritico propsito da Sociedade Propagadora dos conhecimentos teis.spcuos,

Em

A

A ARCIUTECTLUA GOTIIICA. Em nosso paii os monumentos do estvlo gothico teem sido assai desprezados, e at a barluiridade eignorncia lhes tem feito uma guerra cruel. Nas provncias septentrionaes do reino, onde a monarchia teve o bero, c se levantaram os mais antigos edficos nacionaes, j poucos vestgios existem doestes, e construces mesquinhas os tem substitudo. Os velhos mosteiros do Minho e da ISera estuo de ha muito convertidos em casarias semelhantes a alojamentos de soldados, e os templos venerveis da'

Com uma rapidez admirvel tem surgido os compndios, os quadros svnopticos, os joriiaes de instruco popular. A.' custa de sacrifcios pecunirios, e, o que mais que tudo, de viglias estreis de gloria, tem-se derramado entre o povo, niio a historia do estudo, mas o seu resultado a sciencia se introduz tanto no tecto do abastado, como no abrigo do pobre, e mostrando a mo do creador em Iodas as obras do universo, ergue at os degraus do seu throno o nosso pensamentotelligencia.:

cdade media se derrubaram para em logar d'ellcs se alevantarem sallas ou armazns, de mais ou menos no meio do tumulto do mundo. mbito, porm onde nem uma pedra falia do pasA nao portugueza, cumpre confessa-lo, uma sado, onde nada respira uma ida religiosa. As ardas que menos tem seguido este movimento pro- carias gothicas, o claro solemne de uma luz reflecgressivo da humanidade. O nosso povo ignora im- tida no mrmore do pavimento, atravez dos sidros mensas cousas que muito lhe importava conhecer, curados das frestas esguias os portaes profundos,

c esta falta de instruco sente-se at nas

classes,

que pela sua posiro social, deviam Kntre os mesmos homens dados s

ser illustradas.

letras, se acha falharem repetidas veres as noes elementares de tudo o que no objecto do seu especial estudo, e a sciencia em Portugal est ainda longe de ter aquele caracter de unidade, que ganha diariumente no

meio das outras naes. Assim a Sociedade Propagadora dos conhecimentos u\f> julgou dever seguir o exemplo dos paiies mais illustrados, fazendo publicar um jornal que derramasse uma instruco variada, e que pudesse aproveitar a todas as classes de cidados, accommodando-o ao estado de atrazo, rm que ainda nos achamos. Kla nobre empresa ser por certo louvada e protegida por lodos aquelles, que amam de-

formados de series de arcos ponteagudos, successivamente mais estreitos e baixos, e que eram na fachada como um svinbulo do nivstcrio as torres erguid.is dus campanrios, cujos cimos pvramidaes pareciam apontar para o ceu as culuninas dilgadas c subindo a prodigiosa altura, semelhantes no pensamento que se ergue at o throno do Senhor tudo isto desappareceu. Apenas uma ou outra calhedral, um ou outro mosteiro, conserva as formas da sua architectura primitiva \ mas estas beilas formas esto cubertas de estuques, de douradus, de ma deiras entalhadas com ridculo mu-gnslo. O capitel golhico. Io svinbnlico, to semelhante ao vaso do incenso empregado nas soUmniilades religio-

sas,tliio,

foi

sotto-posto,

c

ciiberto

pelo capitel

eorin-

adorno prprio de outro svslema de architecvera a civilisaito da sua Ptria. tura, e adaptado a outra ordem de idas religioSinceramente confessamos a nossa decadncia D- sas. A' hora em que isto escrevemos soam talvez as tellectual com a gloria das armas morreu a nossa pancadas dos martellos na nntigH collegiaila deGuigloria litteraria. Sabemo-lo bem nem para o sa- maraens, onde se vo gastando largas sommas, patjcr carecamos dos insultos que muitos estranhos ra destruir em parle, em parle tornar monstruosa, tem lanndii sobre nossas cabi-as por este motivo. uma das niais formosas obras da architectura naTal proccilin.ciito nos parece vilmente cruel. O es- cional. trangeiro, que e assonluu nossa meia, que nchou Para salvar o que ainda resta, cumpria que o o soinno do rvpuusu dibnixo do nosso tecto, vae pa- (loverno, e as municipalidades vigiassem pela conra o seu pait ncarnrccr dos males e da ignoranri.i servao d'esli'S monumentos, e podeso cm mada n''unia moldura de ferro em bruto. Com Io que sediffunda o claro dos conhecimentos profcuos, poucos, e to imperfeitos instrumentos, elle traa e no s pela extenso pcninsulu do Indosto, mas por leva a cabo a execuo de todas as varias e melintiiila a ferra. drosas operaes de sua arte.: ;,

:

o PANORAMA.Depois de ter arranjado a forja, e acceso o carvo. pca do ouro que lhe forneceis, mettc-o dentro de ura do5 receptculos, e lhe deita uma pequena poro de brax, a fim de o fundir mais promptaraenento colloca sobre a tal forja o cadinho n'uma te camada de carvo ateado, applica a extremidade do canudo de follia por debaixo do pires de barro, que contm o precioso deposito, e soprando pela outra extremidade, levanta directamente ao redor delle uma cbamma forte. O ouro, que ordinariamente se empreja nestas occasies, o ouro inohur, que o da moeda corrente do paiz, e vale pouco mais ou menos 6;400 rb. Alli ningum chamado ajuzo por apagar a imagem do rei. Logo que o ouro chega ao estado de fuso, o Sonah ^^'allah geralmente intenta segurar alguma poro para seus fins particulares, deitando lhe dentro uma pequena quantidade de acido nitro-muriatico (agua regia). Causa isto uma immediata effervescencia, pela qual se extravasa uma poro de metal fundido, e fica entre o carvo, donde o manhoso ladro o separa com seu vagar quando volta para casa. Para supprir a falta, meche o que est no cadinho com uma vergiiinha de cobre, parte da qual se derrete, de forma que a massa, pesada depois da fuso, parece ter soTrido pouca ou nenhuma perda. Esta pratica mui commum, eto destros so aquelles sujeitos neste gnero de velhacaria, que invariavelmente se no descobre, posto que eu creio rara occasio occorrer, ou talvez nenhuma, em que elles no defraudem os seus freguezes de uma parte do ouro, que lhes mettem nas mos. A sua habilidade to admirvel, que pouca gente cuida em contestar-lhes a probidade , porque com martello, bigorna, e tenazes somente, fabricam lin:

11

j

[

que tractavam a historia dos animaes, assentavam que o mais arrasoado era repartir todos estes enres,

tes|

;

quatro grupos principacs, segundo os elemenpor isso nos livros dessa epocha achamos, em geral, os animaes distribudos em tertos,

em

que habitavam

-,

restres,|,

aquticos, aeros eu volteis, gneos ou habitantes do fogo. Mas quaes eram os entes que com-

punhamca,

'

j

a ultima classe? Citavam uma espcie nia salamandra, que diziam viver no meio das chammas, onde semecha regalada, como o peixe na agua. Tambm no preencheriam melhor a classe precedente, se quzessem considerar como animaesaeros

somente aquelles, que vivessem constantemen,

te nos ares ^ poderiam todavia inserir nella as codiatas, ou aves do paraso porque nesse'

manutempo

'

1

]

'

1

'

dssimos enfeites, como brincos, pulseiras, braceletes, anueis, e coUares ; seus dedos so to delicados e flexveis, que supprem uma variedade de instrumentos indispensveis aos artistas Europeus. Ha, feitos por estes ourives ambulantes, coUares de feitio mui complicado, que talvez se, no fabricariam na verdade que no so Europa com igual delicadeza. muito expeditos ; porm este inconveniente fica mais do que pa!;o com o singiilar primor da mo d'obra.

,

:

'

E

\N allah, no desenho que damos do Capito Luard, um Mahometano, circumstancia que raras vezes occorre, excepto em o norte da ndia, e muito provvel que, ainda alii, sejam dos noNos proslitos, que trocaram a crena de Brama pela do Alcoro. Muitas das classes inferiores da provncia de Bengala, desgostadas das severas restrices, que lhes impunham os rgidos preconceitos da casta, abandonaram as esplendidas momices de um polythesmo (culto de muitos deuses) complicado, e inintelligivel, pela crena menos barijara, posto que no mais pura, do Ambe embusteiro. Os convertidos naturalmente conservaram os mesmos ofcios em que foram creadf, e por isso damos com o Mahometano, apparenteniente assumindo a occupao especial do ndio. No desenho, que precede este artigo, represcnta-se o Sonah allali trabalhando na varanda de uma casa nobre, e as duas mulheres so provavelmente aias ou amas, pertencentes ao estabelecimento domestico, e que se esto entretendo em observar o pru'^reso de H:ut destros trabalhos.

O Sonah

W

!

tendo vindo Europa aves daquollas s empalhadas. e todas com os ps arrancados, geralmente se cria que o animal vivo os no tivera, e suppunham que Voava de continuo, e at af&rmavam que tinha o macho no dorso (nas costas) uma concavidade, que servia de ninho,) para a fmea pr os ovos e criar os filhos: poderiam tambm mettcr nella certas andorinhas do mar (sterna hirundo. Lath. (1)) que por semanas inteiras seguem, avoejando, ura navio, e parece nunca pousarem. Inda hoje em dia muitos marinheiros acreditam que a fmea no faz ninho, que pe no ar, eque apanhando os ovos no vo traz um debaixo de cada aza, at o momento de sahirem os filhos. No ser preciso dizer que destas duas crenas tanto fundamento tem uma como a outra a andorinha martima faz o ninho nos buracos de certos rochedos, ao meio dos cachopos, em paragens que os navegantes geralmente evitam a manucodiata (tambm chamado pssaro do sol) aninha em cima de arvores, o que os Europeus no podem ver, porque o caracter feroz dos habitantes das ilhas Molucas lhes no consente entranharem-se pelo interior do paiz. No ha animaes aeros propriamente ditos e se por taes quizessem reputar os que gozam da faculdade de se levantar, e de se sustentar por mais ou menos tempo no ar, no s reuniriam entes essencialmente differentes uns dos outros, mas at separariam frequentes vezes os que entre si guardam maior semelhana por exemplo, a fmea do porilampo, ou vaga-lume, desprovida d"azas, e no pde largar o clio, pelo que ficaria coUocada entre os animaes terrestres; porm o macho, sendo organsado para voar. tratariam delle por occasio dos animaes aeros. Como todos os animaes que se erguem aos ares tem de mais a mais 03 meios de se moverem, quer n^agua. como os peixes avoadores, quer no ar, como todos os outros entes alados, evidente que conservando to somente as duas primeiras divises, de animaes terrestres, e de aquateis, todas as creaturas viventes achariam logar ou n'uma ou n"outra. Com tudo esta simplificao no faria desapparecer os inconvenientes, que apontmos, e entre espcies mui prximas se daria sempre separao deste modo o caracol das nossas hortas tomaria logar na primeira diviso, ao passo que seria necessrio arrumar na segunda, espcies, que lhe semelham tanto no aspecto externo, como na organisao interior, mas que passam vida na agua. como o caramujo da:, praias, i.c. Andamais: liacertas espcies, que deveriam pertencer seis mezes a uma::,

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EHCA DA CLASSIFICAt O DOSA.M.MAEb.[

quanto prevalt^eu na pbysica a doutrina dos quatro elementos, isto , em cjuanto durou a crena de que unicamente entravam quatro principios, a terra, a a^ua. o ar. e o fogo. na composio de todos oa Corpos vivos, ou inanimado, os escripto-

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E' USI1.-1I Das obras dlii>toria ualural pr o nome df uma espcie tlcpoi> (louuiue 1 ulf;ar ouloE, THIO.Sobrinho do precedente escriptor, c iilho doClirodo reino, Francisco d'Andrade, a outra obra deste auclor sobre os deveres dos casados, e sol)re os meios di: conservar a paz domestica. Este livro curioso pouco lido, como o to em geral os escriptos moraes mas clle encerra valiosos documentos de vida civil, c noticias mui variadas. Foi impresso em 1G.30. Diogo de Paiva publicou pelo mesnjo tempo [168] o seu poema latino ntitidado Chaukkhis. plenos lida ainda esta obra, j)or ser escripta em latim , mas nem por isso o seu mrito deixa de ser grande. objecto do poema o cerco de Chaul, sendo go-

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e vice-rci

vernador daquclla cidade D. Francisco Mascarenhas, da ndia D. Luiz de Attaidc [Io70a71]. Cora cficito dignssimo era este cerco dn .ser canta-

16do:,

O PANORAMA.VerriK para uso dos encadernadores.foi

porque talvez u'elle se no obraram menores gentilezas d ' armas do que no cerco de Dio, era tempo de D. Joo ^lascarenhas. O Chaidcidos contm doze cantos, e o poeta romano Esiacio, que Paiva d'Andrade tomou por principal modelo. No faltam neste poema defeitos, como por exemplo a mistura da mylliologia, da allegoria, e do christianismo no maravilhoso porm compensa essas maculas com o appropriado de vrios episdios, e sobre tudo com a harmonia da metrificao, e com o limado do estjlo. Deixou Paiva d'Andrade varias obras manuscriptas, que nunca se imprimiram, excepo de uma carta cm latim dirigida a Joo Rodrigues de S, a qual vem junta U/c;isa de Cames de Joo Soares de Brito. Concluiremos cm outro artigo a biographia desta illustre famlia, dando noticia do Chronista Francisco de Andrade, e de seu irmo o virtuoso e eloquente Fr. Tiwm de Jesus.:

O melhor

verniz que se conhece para as capas dos livros, o que inventado pelo celebre Tingry. porque vantagem

de um grande brilho rene a de enchugar proraptamente, ede poder ser applicado cobre o marroquim, sobre a carneira ou papel amarroquinados, e at sobre a seda. Para o fazer, dcitam-se em um matraz de gargalo curto, que possa pelo menos conter trs canadas d'a-

gua

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ARTES.Ltilidadc dosai

communi

tta uyriciillara.

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sal

quando se espalha pela terra em justa proporo d novo vigor s plantas leguminosas, e as faz crescer em menos tempo, sem lhes alterar o gosto. Tambm se pode empregar como meio efficaz de destruir os insectosdos jardins.

validade daurtiya.res

A maiur parte dusagiicullo-

julgam a urtiga uma planta nociva, e principalmente os jardineiros Uie fazem todespiedada guerraqueella se ha refugiado nos sities ermos, nos terrenos estreis, ou sombra das sebes. Todavia o seu lalo fibroso pode dar fios prprios para tecidos, propriedade que os Hollandezes primeiro que ningum

aproveitaram com grande vantagem. Das folhas daguisado saboroso; os as semenles desta horva nas raes dos cavallos, ])ara lhes dar vivacidade, e fazer o pelo luzidio; das suas raizes , fervidas com uma pequena poro de pedra luime, e de sal comnmm se extrahc uma linda cr amarelia ; de sorte que todas asj)arles desta planta podem ser empregadas na agriculliira ou nas artes. Como forragem para os animaes cornigcros um alimento sadio, e ceriro, por ser Icmpor e fcil de cultivar, pois vegeta no mais rido terreno, e longe de exigir amaidios, soflie todas as intempries, e reproduz-se sem carecer d'alheios soccorros. Pode ser ceifada cinco ou seis vezes no vero, e (]uaiidi) na primavera se no enconlia pasto algum para os gados, j a despresada urtiga est crescendo com toda a fora. Corta-se em quanto tenra, quando se quer dar verde, o conserva-se mais tempo na terra quando se pretende empregar como forragem, pois que do contraio o gado no comeria com gosto os seus talos maiaurtiga,faz-se

quando tenra, troquillas misturam

um

6 onas de gomma almecega em lagrimas, " 3 onas de sandaraca, ou gomma gracha, em >-p fino. Antes de introduzir estas drogas no matraz, misturam-se com quatro onas de vidro branco, grosseiramente pisado, de que se deve ter separado a poro mais fina por meio de uma peneira de crinas cruzadas. Junta-se-lhe 3:i onas de lcool puro (espirito de vinho rectificado, de ot a 'O graus do areo metro (peza-licores) de Baum). Assenta-se o matraz em uma rodilha de palha dentro de um vaso chato cheio de agua, e expc-se tudo isto ao calor. Conserva-se a ebulio (fervura) da agua por espao de duas horas pouco mais ou menos. primeiro eibito do calor o incorporar as drogas em massa, o que se evita mechendo-as roda, e sem dar abalos ao matraz, com uma varinha de madeira branca arredondada na ponta, e mais comprida que a altura do matraz. Quando os ingredientes parecem estar bem derretidos, juntam-se-lhes trs onas de therebentiua, que deve estar de parte em uma garrafa, e que se torna liquida, mettendo-a por um momento em banho-inuria. Conserva-se mais meia hora o matraz dentro d'agua, tira-se finalmente, e continua-se a mecher o verniz at ter esfriado um pouco. No dia seguinte trasfega-se, e ca-se por algodo por este meio elle adquire a maior transparncia. addio do vidro poder parecer di.-snecessaria. com tudo a experincia prova a sua utilidade cm primeiro logar ella separa as partes da mistura, tanto autos como depois de irem ao fogo ; em segundologar obsta a dois inconvenientes, que fazem desesperar os compositores de vernizes, j porque dividindo os ingredientes facilita eaugmenla a aco do lcool ; j porqni- sendo o pezo do vidro maior do que o das resinas, no perniitte que estas so de cedro, quando se \}\o pertondia dar uma grande durao. comprimento de cada folha destas era indeterminado ^ mas a sua largura nunca passava de dois ps. Segundo aparte mais interior ou exterior, de que eram tiradas as camadas do papyro, o papel tinha mais ou menos perfeio o branco e fino faza-se dos filamentos do centro, e o ordinrio dos que estavam vsinhos de casca. Neste papel se podia escrever com tinta, c os romanos usaram constnnlemcnle delle at a introduco do pergaminho. papel que se fazia do entrecasco das arvores diflerenava-

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de

se lhes accrescentava.

filhos

Ordenou elrei que todos os dos judeus que saam, que tivessem menos de

ar)icnios ^ depois se lhes deu o nonif! de artigos, e mais tarde o de capilutos. Estes capitulos, ou diziam respeito a lodo o reino, e ento a ])roposta delles era f(?ita cm cortes jx)r todos os procuradores, ou eram relativos a uma s provncia ou concelho, e nesse ca.so eram apresentados pelo procurador respectivo. lia exemplo de props-' tas feitas pelos mesteres v povo de unia terra, separadamente das do concelho a quc essa terra ])erten-

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numero ordinrio dos

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cia.

Nas cortes dos primeiros sculos da nion.ircliia apparccem, alm das propostas dos povos, capindos, apresentados p(;la nobreza,