revista noize #47 - setembro de 2011

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Ney Matogrosso, Caetano Veloso, Lobão e mais

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Job: TNT -- Empresa: Multisolution -- Arquivo: Anuncio Revista NOIZE 205x35cm-TNT-TEAM_pag001.pdfRegistro: 42194 -- Data: 15:11:05 19/08/2011

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Job: TNT -- Empresa: Multisolution -- Arquivo: Anuncio Revista NOIZE 205x35cm-TNT-TEAM_pag001.pdfRegistro: 42194 -- Data: 15:11:05 19/08/2011

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1. Ariel Martini_ainda insiste em fazer fotos de show. flickr.com/arielmartini2. Gaía Passarelli_ Gaía Passarelli gosta de descobrir música nova e comanda o GOO na MTV Brasil.3. Lalai e Ola_ Lalai trabalha com mídias sociais, mas sua paixão é música. É DJ e produz a festa CREW. O Ola trocou a Suécia pelo Brasil, o design pela música e fotografia.4. Fernando Corrêa_ Nando, Nandoco, Nandog, Éder e tantos outros. Um dos caras mais legais que se tem por aí. 5. Alex Corrêa_ Carioca, mas gosta mesmo é de São Paulo e acredita na genialidade do Kasabian até o fim.6. Eduardo Guspe_ Membro fundador do Núcleo Urbanóide, ultimamente se dedica a produzir DONUTS. 7. Daniel Sanes_ Jornalista por formação, lunático por opção e roqueiro de nascimento. Um dos editores de música do site www.nonada.com.br.8. Felipe Neves_ Fotógrafo e baterista. Ultimamente se viciou em fotografia analógica. Seus trabalhos: www.flickr.com/felipeneves9. Fernando Halal_ Jornalista malemolente, fotógrafo de técnica zero e cinéfilo dodói, não morre sem ver um show do Neil Young . www.flickr.com/fernandohalal10. Matheus Vinhal_ É de Brasília e escreve sobre música, às vezes, quase sempre. Tem twitter (@mvinhal), tumblr (http://poucocaso.tumblr.com) e algum amor pra dar.11. MZK_Começou fanzineiro, virou ilustrador, pintor, maraquista, Disc Jockey e não sabe se vai se aventurar em outras atividades.12. Dani Arrais_ Jornalista, nasceu em Recife, mora em São Paulo há quase cinco anos. Começou o donttouchmymoleskine.com há quatro anos e de repente viu que falava de amor quase o tempo todo.13. Leonardo Bomfim_ Jornalista e diretor de cinema, edita o freakiumemeio.wordpress.com14. Roberta Sant’Anna_ flickr.com/photos/robertasantannab15. Gabi Lima_ gabilima.com

Ooops... We did it again. Na edição #46, o bom álbum do Junior Senior trouxe de bandeja a resenha da norueguesa Ida Maria. Pedimos desculpas ao colaborador de longa data Daniel Sanes e, principalmente, a você, que passou o mês sem entender coisa alguma.

• EXPEDIENTE #47// ANO 5 // SETEMBRO ‘11_

DIREÇÃO: Kento Kojima Pablo Rocha Rafael Rocha

COMERCIAL: Pablo Rocha [email protected]

DIRETOR DE CRIAÇÃO: Rafael Rocha [email protected]

EDITORA CHEFE: Cristiane Lisbôa [email protected]

EDITOR:Tomás Bello [email protected]

REVISÃO:Fernando Corrê[email protected] REPÓRTER ESPECIAL: Marília [email protected]

REDAÇÃO:Rafa Carvalho [email protected]

DESIGN: Felipe Guimarã[email protected]

ASSIST. ARTE:Camila [email protected]

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO: [email protected]

DISTRIBUIÇÃO:Henrique [email protected]

GERENTE DE PROJETOS:Leandro Pinheiro [email protected]

EDITORA DE PROJETOS ESPECIAIS:Lidy Araú[email protected]

REDAÇÃO DE PROJETOS:Bruno [email protected]úlia [email protected] [email protected] Araú[email protected]

ANUNCIE NA NOIZE: [email protected]

ASSINE A NOIZE: [email protected] AGENDA: shows, festas e eventos [email protected]

ASSESSORIA JURÍDICA: Zago & Martins Advogados

PONTOS:FaculdadesColégiosCursinhosEstúdios Lojas de InstrumentosLojas de DiscosLojas de RoupasLojas AlternativasAgências de Viagens Escolas de MúsicaEscolas de Idiomas Bares e Casas de Show Shows, Festas e Feiras Festivais Independentes

TIRAGEM: 30.000 exemplares

CIRCULAÇÃO NACIONAL

• FOTO DE CAPA_FELIPE NEVES

Produção e Agradecimentos:Guilherme Thiesen NettoPedro CupertinoMarcela Bordin eGetúlio da Boca do Discowww.bocadodisco.com.br

• COLABORADORES

DO UNDERGROUND AO MAINSTREAM

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“A música sempre me tra-duz um estado de espírito. Sem música nunca nos lem-brariamos de tal momento ou situação macantes, tudo sem sua trilha sonora. Seria completamente sem senti-do uma vida sem música.”

NOME_Dudu Bertholini

PROFISSÃO_ Estilista

UM DISCO_Johnny Cash | I Walk the Line

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“QUANDO VOCÊ FAZ SUCESSO COM UMA BANDA DE ROCK AND ROLL, TEM QUE CONVIVER JUSTAMENTE COM AS PESSOAS DE QUEM VOCÊ QUERIA FUGIR AO FUNDAR UMA BAN-DA DE ROCK AND ROLL.” Renato Russo

“Adoro todas elas, mas não pago mais que a tabela.”

Tim Maia | ao ser perguntado se não daria 1 milhão de dólares para transar com estrelas como Xuxa ou Vera Fischer

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“DEDIQUEI MINHA VIDA À MÚSICA BRASILEI-RA, PORQUE JÁ TEM FRANCÊS PARA ESCRE-VER MÚSICA FRANCESA, AMERICANO PARA ESCREVER MÚSICA AMERICANA.” Tom Jobim

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uarque I em entrevista a R

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nº 14

“O Caetano (Velo-so) rebolava e fazia tudo para chocar João Gilberto. E aí, então, a gente tem que chocar os ídolos da gente.” Cazuza

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“NÃO ESTOU AMADURECENDO PARA APO-DRECER. ESTOU MADURO, MAS FRESQUI-NHO NO GALHO, PRONTO PRA SER COMIDO.” Cazuza I em entrevista ao Jornal do Brasil, em janeiro de 1988

“O FILME DO CAZU-ZA PARECE UM EPI-SÓDIO DE MALHA-ÇÃO. O ROCK DOS ANOS 80 ERA UMA PORCARIA.” Lobão

“NO BRASIL, O SU-CESSO É OFENSA PESSOAL.” Tim Maia

“EU SOU DO CON-TRA. NÃO VÃO ME DIRIGIR, NÃO. DECI-FRA-ME OU DEVORO--TE? NÃO VAI ME DE-VORAR NEM EU ME DECIFRAR, NUNCA. EU SOU A ESFINGE, E DAÍ?” Elis Regina l em entrevis-ta à Veja, em outubro de 1978

“Tô legal, conversei com minha mãe. Ela perce-beu que eu estava mal. Vou jogar vídeo game e vou dormir. Boa noite.”

Cássia Eller | na madrugada que antecedeu sua morte

“A MÚSICA IMPEDIU QUE EU FOSSE PARA O CRIME.” Erasmo Carlos

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“COMO VOCÊ VAI OBRIGAR UM CARA DE 20, 25 ANOS, A TRABALHAR POR CEM REAIS? O CARA VAI ROUBAR, MANO!” Mano Brown

“DESCOBRI QUE É O HINO DA SAPATARIA.” Erasmo Carlos I surpreso com o suposto apelo homossexual da música “Mesmo que seja eu”

“Prefiro Rio de Janeiro com dengue a São Paulo com Pau-lo Maluf.” Rita Lee

“AS PESSOAS TÊM MEDO DAS MUDANÇAS. EU TE-NHO MEDO QUE AS COI-SAS NUNCA MUDEM.” Chico Buarque

noize.com.br 11

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__A TRADIÇÃO É UMA ESTÁTUA QUE ANDA | Para ler ouvindo: “Essa moça tá diferente” – Chico Buarque MPB. Três letrinhas. Todas bonitinhas. Fáceis de dizer. E carregadas de significados infinitos, distintos e absolutamente mutáveis. Porque pensa bem, veja bem, você sabe o que significa MPB? Banquinho e violão? Um grupo de cariocas bradando “Sô foda”? A Maria Gadú cantando “Leãozinho” com o Caetano, ou a Tulipa em duo com o Criolo? O que de fato é música popular brasileira? Com todas estas perguntas rodando, fomos pra rua. Ouvimos teorias, abrimos baús de histórias, percebemos todos os tons. E não, não temos as respostas. O que temos, são páginas e páginas de um caledoscópio colorido que apresenta um pouco desta geleia geral de sons aqui desta terra onde não existe pecado. E a certeza que sim, esta moça “está pra lá de pra frente” e não é mais aquela. Transbordou da explicação acadêmica. Aprendeu inglês com sotaque londrino, misturou funk com melodia, flertou com o pop, foi pra pista de dança, descobriu como rir de si mesma sem virar piada e riscou a palavra “preconceito” do dicionário. Descobriu que bom mesmo é feijão com arroz. E a falta de nichos para encaixar. Então, respeitosamente mexemos um pouco nas três consoantes mais famosas do país. Porque a nossa MPB não cabe em rótulos pré-estabelecidos, ainda tem dúvidas. E um C no fim. A nossa, é MPBC. E a sua? Cristiane Lisbôa

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_PARA FAZER ESTA EDIÇÃO, NO NOSSO FONE DE OUVIDO TOCOU

Fábio Góes - O Destino Vestido de NoivaNina Becker - Vermelho

Planet Hemp - UsuárioPélico - Que Isso Fique Entre Nós

Roberto Carlos - Em ritmo de aventura

__LENINE |Quando Lenine subiu no palco, o céu de Salva-dor desaguava um mar em cima da platéia. Ninguém se de-sencorajou. Guarda-chuvas, capas e a própria pele apararam a água que veio pra dar o tom poético à apresentação.

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__UMA EDIÇÃO INTEIRAMENTE VOLTADA PARA A CONTEMPORÂNEA PRODUÇÃO NACIONAL PRECISAVA COMEÇAR A SER SONHADA/TECIDA/FEITA ONDE DE FATO, TUDO COMEÇOU. SALVADOR, BAHIA, PRIMEIRA

CAPITAL BRASILEIRA. LÁ ONDE MORAM TODOS OS SANTOS E NASCEU O QUE HOJE A GENTE CHAMA DE BRASIL. O CONEXÃO VIVO BAHIA ACONTECEU NA BEIRA DA PRAIA DE PITUBA, COM A FINAFLOR DA MUSICA

BRASILEIRA REUNINDA NO PALCO E UMA VISTA DE DAR INVEJA. Ó.

__ELZA SOARES |Debilitada por uma cirur-gia na coluna, Elza Soares subiu no palco amparada

por dois homens. Quando devidamente acomodada em uma poltrona branca,

virou Rainha. Rasgou a noite com a sua voz grave

e emendou “Espumas ao Vento” a capella. De cho-

rar de tão lindo. bit.ly/elzadiva

__MIKLOS + PORCAS | Paulo Miklos deu o tom rock’n’roll ao Festival. Em um susto, apareceu durante o show do Porcas Borboletas pra cantar “Bichos Escrotos”. De tão empolgado, Danislau, vocalista da banda, escalou o palco. Subir é fácil. E descer? O resultado você vê em bit.ly/porcasBA

__GABY | Você já deve ter ouvido se referirem à Gaby Amarantos como “Beyoncé do Pará”. Pois em Salvador, provamos que a moça não precisa mais do apelido que a consagrou. Na primeira fila, jornalistas amantes de bandas indies & invernos em Londres jogavam seus bloquinhos pra cima e se jogavam na lama com seus passos desajeitados. Gaby, gente, é Gaby. Melhor que Beyoncé.

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Pedro Granato não é um. Desmedido. As vertentes criadas mitifi-cam sua persona artística e a sua musicagem nunca será tom--sobre-tom “. Nesta edição de “Canção Contada” o convidado é ele. A música, Gasolina.

Qual a origem de “Gasolina”?Começou como uma mensagem de texto de celular. Tinha acabado de me separar de uma longa relação e estava em carne viva. Muitos sentimentos, muitas transformações e tinha acabado de conhecer minha atual namorada Nós saimos um dia depois de ela ir fantasiada de Nara Leão em uma festa. Eu lembrava de ter visto ela há muito tempo atrás interpretando a “Garota de Ipanema” em um musical sobre a vida do Vinícius de Moraes, quando ela ainda fazia teatro.

Como “Gasolina” virou canção?Essa confusão de sentimentos me fez começar a escrever a letra, sugerindo que ela tomasse cuidado ao se envolver comigo, que eu não estava no momento de assumir uma

relação. Quando enviei o final da segunda estrofe por ce-lular “minha porta está aberta, não confie em um homem solitário”, ela respondeu provocativa: “aberta pra entrar?” Rapidamente escrevi a terceira parte da música em que eu me questiono se todo esse discurso não tinha algo de disfarce, alguma defesa contra as feridas recentes, medo de se envolver.

E colocar essa “Gasolina” em música?A primeira vez que a toquei no violão, a voz quase não saia, trêmula. Fazia uma batida de bossa nova nas estrofes e de rock n roll no refrão. Quando fui produzir a música com o parceiro Fil Pinheiro, discutimos exatamente isso: era um rock n roll afirmativo ou uma bossa nova amorosa? Busca-mos a junção entre essas duas hipóteses, que é o conflito de toda música. Colocamos guitarras com muita distorção, um som estragado. O trompete do Daniel Verano fazendo linhas melódicas até que tudo se mistura no final.

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_Por Paloma Sá

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Thalma de Freitas e o ilustre João Donato cantam “Enquanto a Gente Namora”. Fofo..bit.ly/thalmadonato

Um projeto quer reabrir o Cine Paissandu e fazer um espaço multiuso para atividades que esti-mulem a produção artística. Saiba mais em on.fb.me/paissa

Moto contínuo, o novo disco do China, já tá disponível para download. E de grátis, como a gente gosta. bit.ly/chinamoto

_ Com “Subirusdoistiozin”, Criolo puxou sua veia poética (ainda mais) pra fora. Em um vídeo equili-brado, com a dose certa de delicadeza e a inevitável brutalidade, Criolo prova que a sensibilidade que pauta as suas letras pode sim ser transcrita para as telas.

Tags: subirusdoistiozin criolo rap

Criolo|Subirusdoistiozin

_Marina Lima reapareceu com estilo. No clipe, assi-nado por Candé Salles tem Samuel Rosa, heliponto e sorrisinhos no pôr-do-sol. “Pra Sempre” faz parte de Clímax, novo álbum da carioca – que ficou cinco anos sem nada novo. A bolacha ainda conta com a presença de Vanessa da Mata e Edgard Scandurra. Esperamos mais vídeos bons por aí.

Tags: pra sempre marina lima samuel rosa

@R_Santoos finalmente achei a música “Pra Sempre” da Mari-na Lima com participação do Samuel Rosa. #recomendo

@YagorLukas maneiro, novo clipe da Marina Lima e Samuel Rosa – “Pra Sempre”

@CarlinhosDepp Ouvindo Marina Lima - Pra Sempre

@jongaldino quero cantar marina lima

@drexvaz Momento deprê porque hoje tem show do Skank com participação da Marina Lima e eu não vou...

@mcfabriciofbc ...artista indepen-dente leva no peito a responsa... #subirusdoistiozin

@Nando_Prazeres clipe foda do @criolomc #Subirusdoistiozin >>> musica nacional é o que há!

Marina Lima e Samuel Rosa | Para sempre #MARINA LIMA

#SUBIRUSDOISTIOZIN

Uns dizem que não fazem no-velas como antigamente. Outros, que não se fazem aberturas de novelas como antigamente. Enfim, tire suas conclusões. bit.ly/abnov

TIMELINE

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Com olhos de dar inveja, Karina Buhr se mistura à população de Casablan-ca, no Marrocos, em seu novo clipe, “Cara Palavra”. bit.ly/karinacara

Dez anos do 11 de setembro vira exposição em São Paulo.bit.ly/expo11sp

Isoléia coitada tem uma verbor-réia bem na hora da entrevista ao vivo. É hit! bit.ly/isoleia

“Comandos do Rio em Ação” é a versão brasileira dos clássicos bonequinhos. Será que vendia?bit.ly/pedSDO

Vespas Mandarinas | Não Existe Amor em SP + Cobra de VidroDurante o show de lançamento do EP Sasha Grey, os Vespas Mandarinas surpreenderam o público com uma versão de “Não Existe Amor em SP”, do Criolo. Ficou curtinha, não dura um minuto. Mas vale a pena. bit.ly/vespasp

Lu Guedes | Carimbó DubLu Guedes é uma cantora paraense que tem como influências nomes como Björk e Portishead. Mas não sem uma pitadinha de Brasil, claro. No projeto EletrOrquestra, ela junta tudo isso ao carimbó e ao dub. O resultado é de causar inveja aos remi-xes do Radiohead. bit.ly/luorquestra

Pública | Canções de GuerraPública prometeu pra NOIZE #46 e cumpriu. A íntegra de Canções de Guerra, o terceiro disco dos caras, já tá disponível na internet para streaming, na página oficial do Facebook deles. Corre lá, curte a página e ouve o álbum. E depois nos conta o que achou, tá? on.fb.me/publicafb

Gaby Amarantos | Águas de MarçoNossa queridinha Gaby fez sua versão de “Águas de Março”. O queridão João Brasil, o seu mashup. Tá pronta a receita do sucesso. E olha, nos surpreendemos com as habilidades vocais da moça.bit.ly/gabymarco

_O doc de Rafael Lage reflete sobre a imagem dos artistas de rua e como a imprensa colabora para esse retrato marginalizado totalmente errôneo. Veja e espalhe por aí.

bit.ly/criminalizacao

A criminalização do artista |Como se fabricam marginais em nosso país

_Thiago Pethit é o primeiro brasileiro a ganhar o seu “Take Away Show” na Blogothèque de Vincent Moon. Suas músicas ganharam versões acústicas, gravadas no Minhocão em um fim de tarde de um domingo pacato. Uma beleza.

bit.ly/takeawaythiago

Thiago Pethit | Na Blogothèque

_Com pouco mais que um par de meias verme-lhas e uma cama com lençóis brancos, Nina Be-cker estreou seu primeiro clipe com o cenário mais minimalista possível. Menos, de fato, é mais.

Tags: nina becker toctoc clipe oficial

Nina Becker | Toc Toc

“MESMO SE VC APRENDER A FALAR PORTUGUÊS CORRETAMENTE, COM QUEM VAI FALAR?”

_Rita Lee, desabafando no twitter.

Rep

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#ÁUDIO

@REVISTANOIZE

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Page 18: Revista Noize #47 - Setembro de 2011

Quando soube que essa seria uma edição dedicada ao Brasil, eu estre-meci. Não pela falta do que falar, mas por me dar conta de que conheço o cenário musical brasileiro menos do que deveria. Conheço melhor o cenário de música eletrônica. Por isso decidimos convidar amigos para con-tribuírem com a coluna, assim conhe-ceríamos também novas sonoridades espalhadas por esse Brasil. Ao longo das páginas você confere as escolhas dos canditados. Aqui, a nossa. Vamos concordar que o país está em polvorosa com tanta gente bacana como os Novos Paulistas, Emicida, Some Community, Holger, Mapuche, só para citar alguns.Nessa última viagem à Europa encontramos o Daniel Peixoto, que

se mandou para Amsterdam para ampliar a divulgação do seu trabalho. Está com uma agenda cheia, percor-rendo os 4 cantos europeus, fazendo acontecer. Entre vários artistas brasi-leiros que conheço, o Daniel Peixoto é um que admiro muito. Ele acredita no trabalho dele como ninguém, tem corrido atrás desde que eu o conheci num show no Tostex, em julho de 2006, ainda com o Montage. Após a resolução de estacionar a tra-jetória do Montage, Daniel foi buscar nova roupagem para seu electro pop ao lançar seu primeiro álbum, Masti-gando Humanos, uma miscelânea de música eletrônica, tecnobrega e muito tropicalismo.

danipeixoto.tnb.art.br

Divulgação

“Corações parti-dos sigam-me”Depois de eu ter levado um

belo pé na bunda, li em algum

lugar o refrão da música “Hino dos corações partidos F.C”. Fui atrás sedenta para sofrer mais um pouquinho. Um bom

exemplo da MPB atual, o paranaense tem uma voz que é um acalento. Tudo fica mais colorido no primeiro acorde.

Destaque para “O canto da alma lavada” e “Pode sorrir”. Ele não é uma aposta,

é um fato.

Escute:myspace.com/brunomorais

BRUNO MORAIS

Sabe uma garota linda da cidade?

Agora imagine ela como a baterista

de uma banda muito legal. É isso

que acontece com os Dead Lover´s Twisted Heart. DLTH é uma banda foda, energia no palco e seus integrantes com referencias incríveis em tudo: arte, moda, filme e claro, música. O resultado é um grande patchwork que passeia pelo folk,

rock anos 50/60 e pop. Lançado em 2011 tem a sensacional ”Isabella”. Quando

entram as duas vozes juntas é .. amor!

Escute:soundcloud.com/dlth

_Por Lalai e Ola Person

DANIEL PEIXOTO

MAS DEVERIA_

DEAD LOVER’S TWISTED HEART

@LuzinhaNoleto

@LuzinhaNoleto

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Page 20: Revista Noize #47 - Setembro de 2011

Lá na década de 90 o d’n’b do Marky abriu as janelas do Brasil para os olhos e ouvidos atentos mundo afora – o que não acontecia desde Os Mutan-tes. Uma década depois, o new rave/electro-rock do CSS meteu os dois pés na porta e aí a coisa desandou: o Brazil (com Z) virou mesmo um marco da cultura pop. Desde então, vendo nossos artistas sendo valorizados lá fora, nós começa-mos a lembrar de novo que um-banqui-nho-um-violão não é necessariamente a única música “boa” que se pode ouvir por aqui. Muitas bandas brotaram e ganharam os holofotes, mesmo se por pouco tempo.Henri Brana está, de certa forma, fa-zendo o trajeto contrário. O brasileiro mora na Suécia, onde inicia sua carreira

musical misturando o rebolado da MPB com o som frio da Escandinávia.A produção do seu primeiro single tem as mãos do sueco Povel Olsson, bate-rista da banda de apoio de sua conter-rânea Robyn. O melódico electropop Too Late parece não ter sido feito para headphones, apesar de servir bem para esse propósito. Isso porque o cantor e compositor conta que não é um “homem de estúdio”, e sempre escreve pensando em como a faixa soará ao vivo. O segundo single, No One Can Stop Us Tonight, está em fase de produção, e promete ser ainda mais encaixável aos dancefloors. De contrato assinado com o selo Cyber Record, Henri deve apresentar uma turnê e seu primeiro álbum ainda nesse ano. Saiba mais: henribrana.com/

Divulgação

_Por Lalai e Ola Person

MAS DEVERIA_

HENRI BRANA @BrunoFrika

O terceiro disco solo de

Pedro Bonifrate, vocalista do

Supercordas, tem o mesmo DNA folk psicodélico

da banda carioca. Aqui o artista parece imerso em uma

batalha contra amores fantasmagóricos que dá força admirável a versos como

“Então arranque pedaços meus / é quase certo que eu não vou morrer de poesia”.

Nenhum brasileiro lançou coisa melhor em 2011 até agora.

Escute:bonifratemusic.wordpress.com

A inspiração deles é Black Sabbath e Kyuss. O som é o que se pode

chamar de Stoner Rock: riffs carre-

gados, distorcidos, sujos e pesados. A Grindhouse Hotel se prepara para gravar

seu próximo EP e quem viu a banda ao vivo recentemente no Vegas Club garante que o negócio é coisa séria. Fique de olho

no Myspace deles ou procure os vídeos dos caras ao vivo no Youtube. 

Escute:myspace.com/grindhousehotel

PESO E DISTORÇÃO@brunobelluomini

@DiegoMaia

BONIFRATE – UM FUTURO INTEIRO

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Page 22: Revista Noize #47 - Setembro de 2011

“Esse álbum do Siri eu ouvi em demasia.. “

1. Imagem_ fs. f. 1. Representação de pessoa ou coisa. 2. Semelhança. 3. Representação (no espírito) de uma ideia. 4. [Informal] Pessoa formosa. 5. [Gramática] Metáfora. 2. Stanley Kubrick_ é um dos cineastas mais importantes de todos os tempos. É dele o clássico 2001: Uma Odisséia do Espaço, assim como Laranja Mecânica e a primeira adaptação do polêmico Lolita. 3. Música_ s. f. Organização de sons com intenções estéticas, artísticas ou lúdicas, variáveis de acordo com o autor, com a zona geográfica, com a época, etc. 4.Ultrasom_ é o terceiro disco do carioca Ricardo Mattos, o Siri. E o nome não é à toa: o álbum tem sons gravados das sessões de ultrassonografia da gesta-ção da filha do cara.

“Antes de tudo: imagem, imagem, imagem. Ouço música sim, mas sou muito mais estimulado pelo visual.”

“ É a minha grande referência. Na área da imagem, ninguém foi mais abrangente. “

1.

3.

2.

4.

“ Eu gosto de música de maneira geral. Sem adjetivos. Mesmo. Ouço de tudo. Só às vezes, quando recebo álbum de amigos, eu furo a fila. “

IMAGEM

MÚSICA

KUBRICK

ULTRASOM

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Page 23: Revista Noize #47 - Setembro de 2011

“ É esse meu lance da imagem. Me inspira muito.”

“É o cara que faz todas as trilhas do Luc. E muitos filmes do Besson eu vou ver só por causa dele. É grande, um dos grandes. Gosto muito de tudo o que ele faz.”

“Não é no parâmetro de Kubrick, que tem a ver com paixão e olhar, mas tudo o que ele faz eu vou lá ver.”

POR LENINE_Lenine é cantor, compositor e produtor. Nasceu em Recife, num universo onde ir a missa e ler Marx eram tarefas obrigatórias. No final dos 70 já morava no Rio de Janeiro. Ganhou dois prêmios Grammy Latino e acha que escolher oito referências “é uma temeridade em um universo tão grande e amplo”.

5.

7.

6.

8.

“É uma referência sempre. Eu gosto sempre. Já parto da premissa de que é sempre muito bacana. Sempre instigado.”

5. Aqueles canais em que você passa três horas assistindo um leão atacar um gnu. 6. Banda inglesa comandada pelo figuraça Thom Yorke. Já ganharam três Grammy e mais uma porrada de outros prêmios. Entre suas grandes pérolas está Ok Computer, disco que figura na lista de “200 álbuns definitivos no Rock and Roll Hall of Fame”. 7. Luc Besson_ é um cineasta francês. Entre suas obras mais famosas estão O Quinto Elemento, Atlantis e Imensidão Azul. 8. Éric Serra_ também francês, é um compositor que trabalha seguidamente com Bes-son. Em Subway, ele deu uma palhinha na frente das telas como “Enrico, o baixista”.

LUC BESSON

RADIOHEAD

Rep

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ução

NATIONAL GEOGRAPHIC E DISCOVERY CHANNEL

ÉRIC SERRA

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ALGUNS DELES_

COLUNISTAS

Rep

rodu

ção

_ por Gaía Passarelli

__O QUE É MÚSICA BRASILEIRA?|Na falta de uma definição concisa, va-mos atacar de clichê: muitas coisas. É nessa positiva falta de definição que se en-contra o combo Explode/Avalanche Tropical, cria do DJ/promotor Dago Donato: “Explode é minha festa se-manal no Neu, em São Pau-lo, que mistura global bass com outras coisas como hip hop e indie rock. Em dois anos a festa rece-beu convidado canadense, colombiano, sul-africano, alemão, dinamarquês, argentino, gente de tudo que é canto”. Isso porque a Explode está na linha de frente do grande mashup de sons que domina o que existe de mais interessante na noite de São Paulo hoje. O sucesso logo gerou um filhote mais ousado: a Ava-lanche Tropical. A festa men-sal acontece em São Paulo, Curitiba e Rio de Janeiro,

com pousos ocasionais em outras cidades. A trupe reúne a banda Holger, o DJ André Paste, Banda Uó, Bonde do Rolê e Drunk Disco. “No meio tem DJ, banda, produtor, todo mun-do ligado com o que rola lá fora mas sem vergonha de curtir as coisas locais. Acho que éramos um bando que não se encaixava em suas próprias cenas, montamos a nossa. O que nos une é o apreço pela putaria, seja uma suruba musical, seja a galera rebolando no clube. Nada mais brasileiro que isso”, diz Dago, que consi-dera o funk carioca referên-cia de música brasileira para pistas. “Minha ideia, quando toco tecnobrega ou funk carioca é envolver coisas feitas nas periferias do mun-do como dancehall, cumbia digital, soca, kuduro, kwaito.” No box abaixo, três dicas do Dago para você ouvir ainda hoje.

DORGASOs Dorgas são uns moleques cariocas fazendo música cabeçudinha demais pra idade deles, o que é bem legal.

WALDO SQUASHO DJ Waldo Squash é o Aphex Twin do tecnobrega.

BONDE DO ROLÊO que aconteceu com o Bonde do Rolê tá acontecendo com a Banda Uó num proces-so bem mais acelerado. Demais eles no VMB.

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BLOGS

__Raimundos - Raimundos (1994) l Misturando hardco-re a letras politicamente incorretas e forró, foi um dos discos independentes mais vendidos da história e base para 9 entre cada 10 roqueiros brasileiros.__Titãs - Cabeça Dinossauro (1986) l Críticas claras e diretas, rock, peso, new wave e funk marcam o melhor e mais influente disco da banda até hoje.__Los Hermanos - Bloco do Eu Sozinho (2001) l Em um movimento ousado, a banda que tinha o maior hit do país nas mãos compôs e lançou um dos primeiros grandes discos de indie no Brasil.__Chico Science & Nação Zumbi - Afrociberdelia (1996) l Com hits explodindo nas rádios e TVs, o segun-do disco da banda mostrou que o manguebeat era inte-ressante e viável comercialmente ao mesmo tempo.__Sepultura - Arise (1991) l São poucas as bandas bra-sileiras que atingiram tanto sucesso lá fora. Esse disco foi o primeiro responsável pela transformação do Sepultura em lenda do metal no mundo todo.

10 DISCOS QUE MARCARAM A MÚSICA BRASILEIRAFUNDINDO ESTILOS, AGRADANDO GRINGOS, DEIXANDO MEGA HITS PRA TRÁS OU INVADINDO A SUA PRAIA, ESSES 10 DISCOS MARCARAM A MÚSICA BRASILEIRA E SÃO AUDIÇÕES INDISPENSÁVEIS PARA ENTENDER A

HISTÓRIA RECENTE DA MESMA.

__Skank - O Samba Poconé (1996) l Apesar de Calango ser mais interessante, foi com O Samba Poconé e o hit “Garota Nacional” que o Skank se tornou a maior banda de pop/rock do país.__Paralamas do Sucesso - Vamo Batê Lata (1995) l Nunca um disco ao vivo e um EP de 4 faixas fizeram tan-to barulho quanto esse álbum duplo de hits como “Uma Brasileira” e “Saber Amar”.__Legião Urbana - Dois (1986) l Alavancado pelo su-cesso do mega hit “Eduardo & Mônica”, o disco influen-ciou milhões de jovens no país e também vendeu milhões de cópias.__Ultraje A Rigor - Nós Vamos Invadir Sua Praia (1985) l Produzido por Liminha, o primeiro disco de Roger & Cia. tem 11 faixas onde praticamente todas viraram hit. Respeitável!__Os Mutantes - Os Mutantes (1968) l Belo visual, tro-picalismo, psicodelia e grandes músicas tornaram o disco um marco no Brasil e lá fora.

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__ CAÍQUE GUIMARÃES - COLETIVO POPFUZZ (MACEIÓ - AL) A rede potencializa a criação de novas soluções para problemas que enfrentamos cotidianamente. Nela podemos pensar juntos em formas de distribuição dos nossos produtos, possibilitar circulação de bandas, dar visi-bilidade ao nosso trabalho e criar um ambiente estimulante para toda a cadeia produtiva.

__ ATÍLIO ALENCAR – MACONDO COLETIVO (SAN-TA MARIA – RS) l São ações gestadas por células indepen-dentes que garantem a troca de conhecimentos necessários para que seja viável um festival como o Macondo Circus em Santa Ma-ria e mais centenas de outros Brasil adentro, assim como a circu-lação constante de milhares de artistas. É todo um novo mapa da cultura brasileira que se desenha de forma colaborativa

__ CAIO MOTA - COLETIVO DIFUSÃO (MANAUS - AM) l A troca de experiências em uma rede pautada em processos colaborativos contribui muito para o crescimento das ações e agentes. Em uma cidade como Manaus, onde a produção cultural possui muitos desafios (logísticos, políticos, econômi-cos...), o trabalho em rede garante a autonomia e independência nas ações, ao passo que a construção local oportuniza o fortale-cimento de outros cenários.

__ FELIPE ALTENFELDER - CASA FORA DO EIXO SÃO PAULO (SÃO PAULO - SP) l O Trabalho em rede hoje pos-sibilita que São Paulo se conecte com o Brasil. O Fora do Eixo no Eixo possibilita a amplificação das novas bandas brasileiras e escoa a cena paulistana para o resto do País.

BLOGS

VÁRIOS PRODUTORES CULTURAIS, E UMA SÓ PERGUNTA. ENTENDA COMO FUNCIONA EM VÁRIAS CIDADES DO PAÍS: COMO O TRABALHO EM REDE GARANTE A INDEPENDÊN-CIA DA CENA MUSICAL NA SUA CIDADE?

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_Por Daniela Arraisdonttouchmymoleskine.com

Daniela Arrais, já pensando em esconder a idade, jornalista, nasceu em Recife, mora em São Paulo há quase cinco anos.

Começou o Dont Touch há uns quatro anos e, de repente, viu que falava de amor quase o tempo todo, numa tentativa

eterna de entender a montanha-russa do coração.

__LOVE IS WHAT YOU WANT l Thiago Pethit entrou na minha vida pela caixa de entrada do Gmail. Falou “ei, posso te mandar meu disco? Gostei do teu blog”. O disco ainda nem era disco, era um single, que vinha com um passaporte para o mundo de Pethit, no qual entrei pra nunca mais voltar.

Da primeira vez, fui vê-lo no Studio SP e meu queixo caiu. Não bastava compor músicas lindas e entoá-las com o domínio de palco que só um ex-ator tem. Pethit mostrou carisma, deixou todo mundo em suas mãos.

De lá pra cá (uns dois, três anos), acompanho a trajetó-ria desse menino como fã e, agora, amiga de noites de verão regadas a clericot. Vibro com cada novidade que ele me conta, com cada conquista, como um prêmio da MTV, uma indicação a outro do Multishow...

Quando ele fez um tributo a Lou Reed, nossa senhora! A voz, a postura, o figurino, tudo foi pensado para que aquela noite fosse histórica. Percebi como Pethit não é apenas um cantor, mas um artista: vestiu seus músicos

com cores primárias, assim como fazia Andy Warhol (e muito antes do Restart, como ele fez questão de dizer, rindo), chamou a maravilhosa Renata Bastos para ser sua Candy Darling, passeou pelo repertório do criador do Velvet Underground com uma segurança e uma ale-gria impressionates!

No último verão, foi ele o protagonista de uma daquelas noites que a gente vai contar para os filhos, sabe? A gra-vação do clipe “Nightwalker”, com Alice Braga cantando na rua, um monte de amigo sendo figurante (eu, inclusi-ve, de dondoca meio anos 1950) e Vera Egito e Renata Chebel dirigindo tudo. Uma alegria para os olhos e o coração!

Agora, vejo os vídeos que o Vincent Moon fez com o Pethit no Minhocão, que é sempre apontado como um dos lugares mais feios de São Paulo. Eu nem acho, mas fiquei pensando no quanto é lindo ver esse menino cantando com amor, acompanhado por uma banda ta-lentosíssima e cercado de amigos queridos, em qualquer lugar. Quero sempre mais!

BLOGS

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ulga

ção

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UMA REDE SOCIAL PARA QUE MÚSICOS, PRODUTORES E FÃS POSSAM DE FATO SE CONECTAR, TROCAR EXPERIÊNCIAS, DIVULGAR AGENDA, DESCOBERTAS E PROMOVER ENCONTROS. DE SOM. PESSOAS. LUGA-RES. A CADA EDIÇÃO DA COLUNA AQUI NAS PÁGINAS DA NOIZE, AS 4 ARTISTAS QUE ESTÃO SE DESTA-CANDO NO CIRCUITO DE MÚSICA INDEPENDENTE.

Enquanto você escuta música na Melody Box ganha pon-tos que podem ser trocados por prêmios como iPads, iPods, instrumentos musicais e muito mais. www.melodybox.com.br

A NOVA GERAÇÃO DA MÚSICA BRASILEIRA ESTÁ AQUI!

ANNA RATTO MPB com samba Para quem gosta de Roberta SáFoi estagiária de psicologia durante o dia e professora de violão no resto do tempo. Desde que pisou no estúdio não quis mais saber de nada senão da música. Anna Ratto – já foi Anna Luisa, teve que mudar de nome por causa de uma artista homônima de São Paulo – cantou por quatro anos para cerca de 50 mil pessoas, sempre fantasiada, no bloco Quizomba. Uma das primeiras artistas contratadas pela Produtora Melody Box, em breve lançará novidades no site.

SUÉTERES Rock clássico Para quem gosta de Strokes Em Pirassununga, há uma fazenda famosa por abrigar os tonéis da cachaça artesanal Engenho Pequeno, produzidas por um tal Gabriel Foltran. O produtor da cachaça é baterista da banda pirassununguense Sué-teres. Junto com Lucas Faria e Igor Silva (guitarra e voz) e Guinho Brüner (baixo e voz), Gabriel faz o melhor rock’n’roll da cidade do interior de São Paulo. O primeiro disco, “Rua Caetés”, teve produção de Chuck Hipó-lito, músico e conterrâneo dos Suéteres.

00:00 Hard rock ou heavy metal Para quem gosta de MetallicaToda vez que a banda amazonense 00:00 está no palco, um engraçadinho grita: “Eu só atravesso na fai-xa!”. É que o baixista Ediel Castro foi garoto propaganda de uma campanha do governo do Estado sobre conscientização dos pedestres. Formada por Moisés Martins (vocal) e Elias Ferreira (guitarra), a banda de rock conta ainda com Alexandre Pedraça (teclado) e Gabriell Guima (bateria). Podendo se pronunciar seu nome de qualquer maneira (Meia-Noite, Zero Hora, Midnight, Minuit etc), a banda grava músicas em inglês.

BALEIA Jazz contemporâneo Para quem gosta de Jamiroquai Sem disco gravado ainda, a banda do Rio de Janeiro diz que sua música é “jazz-rock-swing-romantique--cool-cabaret-pop-experimental”. Entre as influências “modernas” estão Britney Spears e Justin Timberlake, mas nomes como Louis Armstrong e Chet Baker também inspiram Gabriel Vaz, Luiza Jobim e Sofia Vaz (vozes),Cairê Rego (baixo), David Rosenblit (piano), Felipe Pacheco (violino e guitarra) e João Pessanha (bate-ria). Interessante é ouvir uma filha de Tom Jobim, o mestre da bossa nova, cantando em inglês.

/ANNARATTO

/SUETERES

/BALEIABANDA

/0000BAND

_Por Christina Fuscaldo

PUBLIEDITORIAL

Use um leitor de QRCode no seu smartphone para ler o código ao lado e acessar a rádio Noize na Melody Box.

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www.edutattoo.com.br

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MPmÚSICA POPULAR

M É som. Também silêncio. Arte e ao mesmo tempo matemática. Rebeldia ou submissão, clássico ou moderno. A combinação de melodia, timbre, volume,

grave, agudo, notas, acordes, batidas, harmonia e ritmo. Música é tudo isso. É a sucessão de sons e

silêncio organizada ao longo do tempo. Intrínsica ao ser humano, se transforma, evolui. A arte do efêmero.

Já foi barroca, medieval, renascentista. Hoje, pode ser rock ou pop, assim como rap, funk, tecno, samba,

country, jazz e blues. Por aqui, também pode ser popular. E brasileira.

P Pode ser de putaria, de plural, de periférica, de perigosa, de pretensiosa, de popularesca ou de feita

por pessoas. Tudo isso cabe em “popular”, o que fala com o povo. (Você é povo?) A crônica da vida brasileira, do rebolado como diversão, da dor e da

delícia de sermos quem somos. Esta mistura de funk, samba, suor, sol, milonga, xaxado, poesia. Popular é aquilo que você, seus pais, o vizinho nerd e o gringo de férias em Santa Catarina já ouviram em algum

momento, em algum lugar.

Fotos: Felipe Neves

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MPBrasileira Contemporânea

BCB Em um rápido piscar de olhos, brasileira seria um ser humano do sexo feminino nascido no Brasil. Um país que já foi colônia, virou império e hoje... Bem,

deveria ser República Federativa, mas parece terra de ninguém. Uma gotícula de colírio e você percebe que

brasileira é o molejo, o suingue, o jeitinho. É dormir ao som de Tim Maia e acordar no Carnaval de Salvador. Lembrar de Grande Otelo enquanto a noite insiste em Zorra Total. Dar um repeat em Glauber Rocha ao ver

a surfistinha levar o Xavier ao Oscar. Brasileira, podia ser melhor. Ou muito pior. Se dá um Jeitinho.

C O hoje. O que está a nossa volta sendo criado/pensando/sonhado neste exato momento, bem

debaixo do nosso nariz e talvez – quem sabe? – por nós mesmos. Contemporâneo é o neste instante. O que amanhã pode não ser mais. Mas que agora,

bem agora, divide espaço, movimenta o que existe. E começa um parágrafo novo de algo que pode até nunca ter tido fim, mas que uma hora, como

tudo, precisa de dois pontos, nova linha, parágrafo, travessão. Contemporâneo é. E quem sabe, com

sorte, raça e talento, também será.

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mÚSICA

M

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Eme pê quê?“MPB é a música feita no Brasil, agora e ontem e no futuro. Tudo que tá no rádio é música popular brasileira”, avalia Tulipa Ruiz. É primeiro este rádio, depois (e com mais força) a TV, quem vai levar as muitas músicas brasileiras a todo canto do país, e assim possibilitar a fundição – e fundação – de uma música que sintetize a nação. Foram os tropicalistas os responsáveis por encontrar, em meio a passeatas contra a guitarra e “bitolações beatle”, o meio termo que honrasse nossa vocação de engolir sons de todo o mundo e vomitar verde e amarelo. Desde então, para cada Marcelo Jeneci fazendo canção brasileira e universal há sempre um Cérebro Eletrônico ou Do Amor mesclando o gingado brasileiro com a famigerada “guitarra elétrica”.Hoje é preciso ter esta clareza de que Mano Brown é um ícone da MPB, e o funk carioca é popular e brasilei-ro como a bossa nova. São gêneros que cantam o País, tanto quanto o samba de Cartola ou Chico Buarque, tanto quanto o tecnobrega de Gaby Amarantos ou a MPB espacial de Céu.

Rançosa só no nomeComo lembra Rômulo Fróes, “esse termo MPB em algum momento perdeu esse valor que os tropicalistas deram,de abarcar a música popular brasileira como um todo. O negócio foi se restringindo, e acabou associa-do a uma ideia de ‘música de qualidade’. Isso é uma bobagem que minha turma renega o tempo inteiro.”

A turma de Rômulo é tão grande ou maior do que a da tropicália. É Thiago Pethit , Karina Burh e Tulipa flertando com o rock, mas é também Lucas Santtana e Curumin dando conta do funk carioca, do soul norte-americano e de referências tanto ao rebolado da morena quanto ao Protocolo de Kyoto. A música brasileira carrega essa obrigação de não se levar tão a sério, mas de nunca abrir mão da riqueza fundamental. A música. Entendeu?

Antes que a cervejinha esquente ou o jiló esfrie, faça o favor de pegar essa dúvida pra você.

PASSA ESSA MÚSICA PRA CÁ QUE ELA TAMBÉM É MINHA!

No princípio eram sons. De índios, de escravos africanos, de colonizadores europeus. Como bom brasileiro de seu tempo, a música no Brasil carregava um pouco de cada pai e mãe que a originou, mas não era igual a nada que tivesse surgido antes. E até hoje é assim.

MPBC / MÚSICA

Por: Fernando Corrêa

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1963Após tentar a sorte como um cantor de bossa nova, Roberto Carlos conquista as paradas

musicais com Splish Splash, seu primeiro disco de rock n’ roll.

1965 Caetano Veloso conhece João Gilberto. Maria Bethâ-nia substitui Nara Leão no espetáculo “Opinião”, chaman-do a atenção da crítica. Caetano Veloso deixa a faculdade

em Salvador e vai para o Rio acompanhando a irmã.

Jorge Ben Jor (então apenas Jorge Ben) lança Samba Esquema Novo, um marco na música brasileira por sua batida no violão, apelidada por ele de “sambalanço”.

Elis Regina  vence o I Festival de Música Popu-lar Brasileira cantando “Arrastão”, de Edu Lobo e

Vinicius de Moraes.  

1964 Marcos Valle lança o long-play Samba demais, um dos marcos da segunda geração da Bossa Nova.

1966 Os Mutantes estreiam no programa O pe-

queno mundo de Ronnie Von.

Década de

1958 Canção do Amor Demais, disco de Elizeth Car-doso, traz pela primeira vez gravado o violão de João Gilberto, na faixa “Chega de Saudade”. 

Celly Campelo desponta nas rádios com a versão em português de “Stupid Cupid”, uma das mais famosas canções da Jovem

Guarda.

501950

Dodô e Osmar sobem em um Ford 1929 para tocar versões elétricas de frevos no carnaval de Salvador, o que no ano seguinte viria a se tornar

o primeiro trio elétrico do Brasil.

1955 A cantora Nora Ney grava uma versão

para “Rock Around the Clock”, de Bill Haley & His Comet. Primeiro rock ‘n’ roll gravado

no Brasil.

1957 Betinho e Seu Conjunto gravam “Enro-lando o Rock”, o primeiro rock produzido

com guitarras no Brasil.

Década de

60

Aqui começa

1959 A Bossa Nova surge de fato. João Gilberto lança seu primeiro disco, “Chega de Saudade”, influen-ciando e incentivando artistas como Roberto

Carlos, Caetano Veloso e Chico Buarque, entre muitos outros.

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1966Vinicius de Moraes e Baden Powell lançam Os Afro-sambas, trazendo definitivamente a temá-

tica do candomblé para a Bossa Nova. 

1967Gilberto Gil apresenta, com Os Mutantes como banda de apoio, a canção “Domingo no Parque”, marco da música brasileira pelo uso de guitarras na apresentação. Em oposição, realiza-se a famosa

Passeata contra a guitarra.

1968É lançado Tropicália ou Panis et Circen-ses, disco-manifesto do tropicalismo na música brasileira, reunindo a grande parte dos principais

artistas ligados ao movimento.

Caetano Veloso e Gilberto Gil são presos e têm seus cabelos raspados.

1969Caetano e Gil vão em exílio para a Inglaterra. Lá compõem canções de discos fundamentais

da música brasileira, como Transa, de Caetano.

1970Tim Maia lança seu primeiro disco, já com grande sucesso, um dos marcos da introdução do soul na

música brasileira.

Zé Rodrix apresenta pela primeira vez “Casa no campo”, canção famosa na voz de Elis Regina e

que inaugura o chamado rock rural.

Os Novos Baianos, sob influência e in-centivo diretos de João Gilberto, lançam Acabou Chorare, um dos maiores clás-sicos em long-play da música brasileira.

1971 Roberto Carlos lança disco homônimo, conhe-

cido como Detalhes - por causa da faixa de maior sucesso, uma das obras-primas da Jovem Guarda.

Sérgio Reis, até então cantor ligado à Jovem Guarda, lança seu primeiro disco caracterizado como música

sertaneja.

1972Sai Clube da Esquina, um dos mais importantes discos da música brasileira, pela aproximação da música brasileira com a música feita em especial pelos

Beatles, dos quais Milton Nascimento e Lô Borges eram grandes fãs.

1973Caetano Veloso apresenta-se cantando “Eu vou tirar você desse lugar”, de Odair José, ídolo do brega brasileiro, reforçan-do a ligação da MPB com o brega,

subvalorizado.

Rita Lee completa sua saída dos Mutantes ao lançar, junto com banda Tutti Frutti, o disco Atrás do Porto Tem Uma Ci-

dade.

Os Secos & Molhados, com seu psico-delismo e androginia, são um fenômeno

sem precedentes do mercado fonográfico brasileiro.

1974Raul Seixas retorna do exílio e lan-

ça Gita, seu álbum mais vendido.

Alceu Valença grava “Vou danado pra Catende” com o Ave Sangria,

banda de rock fundamental do Recife, como banda de apoio.

Tim Maia, no seu auge como compo-sitor, se converte à seita Cultura

Racional e lança Tim Maia Racional, vol. 1. O disco seria a influência, 30 anos

mais tarde, para a escolha do nome dos Racionais MC’s.

1976Djavan lança seu primeiro disco,

A voz, o violão, a música de Djavan. 

1977Sidney Magal lança seu primeiro

LP, com clássicos do brega como “Meu Sangue Ferve por Você”.

1979Gretchen lança

My Name Is Gretchen, um dos discos de maior vendagem da histó-

ria da música brasileira.

Década de

70

Waldick Soriano lança o LP Ele também precisa de carinho, contendo a canção “Eu não sou cachorro, não”,

um dos maiores hinos bregas do Brasil.

1975Zé Ramalho e Lula Côrtes lan-

çam Paêbirú, marco da psicodelia no Brasil e um dos LPs mais procurados e

caros atualmente.

Cartola enfim lança seu primei-ro disco, aos 66 anos de idade.

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1982A Blitz estoura nas paradas com “Você Não Soube Me Amar”, um marco do surgimento do chamado BRock, a onda de bandas de rock dos anos 1980 - que pela primeira vez na história da música brasileira surgiam em todo o território

nacional.

1983Elba Ramalho lança seu terceiro disco, Coração Brasileiro, cujo sucesso define a in-

vasão nordestina iniciada no meio dos anos 1970.

O Aborto Elétrico se divide em duas bandas fundamentais do rock brasileiro: Legião

Urbana e Capital Inicial, formando com a Plebe Rude a tríade do rock candango nos

anos 1980.

1984Os Paralamas do Sucesso lançam O Passo do Lui, seu segundo disco e grande sucesso

nas paradas musicais. A banda incentivaria uma série de outras bandas de rock, em

especial as de Brasília.

Chitãozinho & Xororó lançam o LP Somos Apaixonados, contendo a faixa “Fio de cabelo”, maior sucesso da dupla e um dos maiores da

música sertaneja.

1985 O RPM é a maior banda do país. O Brasil enfim tem uma banda de estádio pra chamar

de sua.

1986João Gilberto regrava “Me Chama”, de Lobão. Os Titãs lançam Cabeça Dinossauro, um

marco do rock brasileiro. O BRock estava legitimado.

Djalma Oliveira chama Margareth Menezes para gravar “Faraó (Divinda-de do Egito)”, o primeiro samba--reggae, precursor do axé music.

1987 Nelson Motta vê uma apresentação de Marisa Monte em Roma e a convida para realizar uma série de shows no Rio de Janeiro, marcando o início da

carreira da cantora.

1988As duas primeiras coletâneas de rap brasileiro são lançadas no país. Hip-

-hop Cultura de Rua lançava Thaíde & DJ Hum, enquanto que, uma semana

depois, Consciência Black, Vol. I lançava os Racionais MC’s.

1989Leandro & Leonardo estouram nas paradas com “Entre Tapas e

Beijos”.

DJ Marlboro lança a coletânea Funk Brasil 1989, o primeiro disco de

funk carioca.

1990Morre Cazuza.

Arnaldo Antunes deixa os Titãs para seguir carreira solo.

1991Zezé Di Camargo & Luciano lan-çam o primeiro LP, com “É o Amor”.

1993Já conhecidos na periferia paulistana, os Racionais MC’s lançam seu terceiro disco, Raio X Brasil, um dos maiores divulgadores do Rap

brasileiro perante o grande público.

1992O axé music conquista o país, com o lançamento de “O Canto da Cidade”, de Daniela Mercury, e o primeiro disco

da banda Araketu.

1994 Morre Tom Jobim.

Os Raimundos surgem, apoiados pelo selo dos Titãs, Banguela, com o chamado forrócore, mistura do hardcore com rit-

mos nordestinos como baião.Da Lama ao Caos, disco-manifesto do Mangue Beat, concebido por Chico

Science & Nação Zumbi é lançado. Faz surgir um interesse para a cena

pernambucana, de onde vieram outros grupos como o Mundo Livre S/A.

Morre Renato Russo.

Os Mamonas Assassinas, sucesso ab-soluto na cena musical brasileira, sofrem

acidente aéreo fatal após show em Brasília.

O Sepultura é a primeira banda de metal a incorporar elementos brasilei-ros, lançando Roots (com participação de Carlinhos Brown e de índios

xavantes) e é a banda brasileira mais famosa no cenário internacional. 

1996Claudinho & Buchecha, primeiro

álbum da dupla, é um dos responsáveis pela ampliação de público do funk carioca

no Brasil.

O Little Quail, uma das principais bandas de Brasília nos anos 1990, se

dissolve, dando origem posteriormen-te aos Autoramas.

Década de

80

Década de

90

1995O Planet Hemp lança Usuário. A legalização da maconha entra em pauta, ao lado de uma fusão

bombástica de gêneros.

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Com Depois do Prazer, que vendeu mais de 4 milhões de cópias, o Só Pra Contrariar é um dos maiores nomes do pagode

romântico dos anos 1990.

1997O Charlie Brown Jr. lança seu primeiro

disco, Transpiração Contínua Prolongada.

Morre Chico Science.

2000O Falamansa solta seu primeiro disco, Deixa Entrar, marco do surgimento do

forró universitário para o grande público brasileiro.

2001Marcelo Yuka, baterista do Ra-ppa, é baleado e fica paraplégico. Herbert Vianna sofre acidente de avião e também fica paraplégico.

Cássia Eller e Marcelo Frommer, dos Titãs, morrem.

O CPM 22 lança o disco A Alguns Quilômetros de Lugar Nenhum. O sucesso da banda em

emissoras como a MTV traria visibilidade pos-teriormente aos chamados grupos de emo-

core, como o NXZero.

A Banda Calypso lança Banda Calypso Ao Vivo, segundo disco e mar-co da saída da banda do Pará para o resto do país. O disco vendeu mais

de 1 milhão de cópias.

O trio +2, formado por Kassin, Moreno Veloso e Domenico Lancelotti, lança seu primeiro trabalho, sob o nome Moreno+2,

Máquina de Escrever Música. O trio teria grande influência na cena alternativa do Rio de Janeiro

ao longo da década. 

2003Ventura, o terceiro disco do Los Her-manos, vaza na Internet. É considera-do o primeiro grande vazamento de um

álbum brasileiro. 

Vanessa da Mata lança seu segun-do disco, Essa Boneca Tem Manual, com o qual tem bastante sucesso no mer-

cado mainstream. Assim como Vanessa, diversas outras cantoras surgiram na década de 2000, com o diferencial de que também possuem grande número

de composições próprias.

2004Frutos da primeira geração de grupos

pós-mangue beat, o Mombojó se torna a principal banda surgida em Pernambuco na década, lançando o disco nadadenovo.

2005CÉU, primeiro álbum da cantora de mesmo nome, é muito bem recebido

pela crítica internacional, chamando aten-ção na cena musical brasileira.

2006O Cansei de Ser Sexy consegue uma projeção internacional que

somente o Sepultura já obtivera anteriormente para um grupo de

rock brasileiro.

Caetano Veloso monta a Banda Cê e aproxima seu som ao indie rock característico da década

de 2000.

2006O NXZero, banda surgida na onda de

emocore no rock brasileiro, lança seu pri-meiro disco em uma grande gravadora. O sucesso do grupo abriu portas para outras bandas como Fresno, além de dar visibilida-de ao surgimento do chamado happy

rock (ou rock colorido), de bandas como Cine e Restart.

Mallu Magalhães, assim como a banda Restart, é um dos exemplos de artistas que foram descobertos

por meio da Internet.

2007Rodrigo Amarante, vocalista do Los Hermanos, se une a Fabrizio Moret-ti, baterista do The Strokes, e Binki Shapiro, para formar o Little Joy.

2002O Cidadão Instigado lança seu

primeiro disco, O Ciclo da Decadência. Assim como o grupo, originário de Fortaleza, a década de 2000 viu uma série de grupos surgirem de diversos

lugares do país, geralmente chamados de estados “fora do eixo”, como o Vanguart, de Mato Grosso do Sul, Macaco Bong,

Mopho, de Alagoas, entre outras. 

2010Tulipa Ruiz, Nina Becker, Ka-rina Buhr e Tiê dão vida nova a música brasileira. Com álbuns elo-giados, fazem de 2010 o “ano das cantoras”, criando em São Paulo uma cena musical que não se via

desde os anos 70.

Década de

2000

1999Os Los Hermanos fazem enorme

sucesso com “Anna Júlia”.

Aqui começade novo

Por: Matheus Vinhal

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PPOPULAR

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“Existe uma revalorização do Brasil como um todo. Uma maior aceitação da nossa cultura por nós mesmos... É uma coisa de auto-estima. Eu lembro que antigamente rolava uma supervalorização de tudo que era importado, e agora eu sinto que isso mudou. A galera redescobriu que Caetano, Chico, Tom Zé+1, Ro-berto e Odair José+2 são fundamentais. Eu acho que a música brasileira vem se tornando cada vez menos regional e cada vez mais inserida no contexto global, revelando pessoas como a Céu ou a Karina Buhr, que fazem um som que tem todo um sabor brasileiro, mas que ultrapassa o estereótipo samba-bossanova--rio-carnaval-mulata-sergiomendes. Ser brasileiro não significa necessariamente ser folclórico. Tem muito mais coisas aí que foram inseridas, e acredito que seja essa a razão da reaproximação dos artistas com o público jovem.” Filipe Catto, cantor

“Nos anos 90, com o Plano Collor+3 e depois o Plano Real, já tivemos um primeiro grande movimento de inclusão de novos consumidores no mercado e um consequente aumento na exposição e popularização dos chamados gêneros “populares”. O governo Lula e o surgimento dessa nova classe média trouxe um

novo boom no consumo de eletrodomésticos e, espe-cialmente, computadores e celulares. Então tivemos milhões de pessoas a mais ouvindo e consumindo música via internet. E isso com certeza colocou em evidência ainda maior gêneros como o sertanejo “universitário”, que souberam trabalhar muito bem as redes sociais e a internet. Eu diria que a vertente mais acessada na internet e que mais lota shows é o sertanejo versão pop à la Luan Santana, Victor & Leo e Paula Fernandes.” Camilo Rocha, editor de música do Virgula e autor do blog Bate Estaca

“Música POPULAR é Chico Buarque? Ele não é su-cesso comercial, não tem músicas tocando em rádios... Enfim. MPB hoje é Calypso, Gaiola das Popozudas+4 e todo o resto. INFELIZMENTE, ESSA É A VERDADE!” Anônimo no site last.fm, comentando na tag MPB

“Sete horas acordei, mais um dia normal que vem/ Não é fácil pra ninguém, repetir tudo outra vez/ Já me cansei dessa rotina, mais um dia não vou sobreviver/ Quero ter vida de artista, ninguém vai me deter/ Eu

POPULAR: ADJ. 2 G. RELATIVO OU PERTENCENTE AO POVO. QUE É USADO OU COMUM ENTRE O POVO. QUE É DO AGRADO DO POVO. VULGAR, NOTÓRIO.

Ironicamente, a mesma palavra que define o que é de agrado da esmagadora maioria também define o que é vulgar. Como se ser popular fosse vergonhoso, um presságio de má qualidade. Será?

MPBC / POPULAR

Texto: Marília PozzobomEntrevistas: Rafa Carvalho e Marília Pozzobom

[+1] Tom Zé é um compositor, cantor e arranjador. Nas horas vagas pode ser encontrado no jardim do seu prédio, capinando.

[+2] Ganhou o posto de Bob Dylan brasileiro. É dele a clássica musiquinha da pílula, “pare de tomar a pílulaaa”.

[+3] Conjunto de reformas econômicas criado no governo Fernando Collor de Mello – aquele que sofreu o impeachment.

[+4] É o grupo de funk da Valesca Popozuda. Valesca tem mais de meio litro de silicone em cada nádega.

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“Eu acho que a música brasileira vem se tornando cada vez menos regional e cada vez mais inserida no contexto global, revelando

pessoas como a Céu ou a Karina Buhr, que fazem um som que tem todo um sabor brasileiro, mas que ultrapassa o esterótipo samba-

bossanova-rio-carnaval-mulata-sergiomendes.” Filipe Catto, cantor.

noize.com.br

vou conseguir, você vai ver, tudo pela grana e por dinheiro/ Eu vou me despir, pra te entreter, oh yeah/ Assim vou ser popular, manchete de jornal/ Assim vou ser popular, destaque nacional/ Eu quero ser popular, no rádio e na TV/ Só pra virar popstar, eu vou pagar pra ver/ Não me importo com ninguém, mudo o nome se precisar/ Dura pouco, eu já saquei, o negócio é aproveitar.”Eu Quero Ser Popular – banda Fatale, três ve-zes consecutivas finalista do concurso “Demo hits”.

“É como se, para chegar até as pessoas, eu precisasse evitar ser popular.” Itamar Assumpção+5,: cantor, compositor, ícone da cena roqueira paulistana dos anos 80, líder da mítica banda Isca de Polícia.

Sucesso: s.m. Um nível de status social; reali-zação de uma meta ou objetivo; o oposto de fracasso. Achar a definição de uma palavra é fácil, dificilmente nos rouba mais do que um minuto correndo os olhos por um dicionário. Mas, estranhamente, algumas palavras possuem significados que vão além da definição do Seu Aurélio.

“Minha visão de sucesso é a do reconhecimento, sabe? Quando uma multidão canta suas musicas e compare-ce nos seus shows, te prestigia em programas e rede sociais. Quando você realiza trabalhos relevantes com artistas que admira e é convidado pra participar de outros trabalhos,de projetos com pessoas conectadas

a música que você jamais sonhou em encontrar. “Gaby Amaranthos, cantora“Sucesso não é mais vender milhares de cópias. Suces-so é ter a música como único emprego. A realidade mudou. Hoje uma banda pode até fazer show, lotar, mas não vender muito disco, entende? Quem é suces-so hoje no Brasil? Ninguém. Teve o Restart, mas em menos de um ano ele sumiu. Fazer sucesso na música é conseguir atingir o público para o qual tu te propôs a tocar. Sucesso não é global. Por exemplo, o Radio-head+6: faz muito sucesso, mas não toca no rádio. E se vem pro Brasil, lota. O próprio Foo Fighters, com esse último álbum deles. Não vejo nenhuma música que vá estourar no rádio. Aqui no Brasil, a Cordel de Fogo Encantado, o Los Hermanos, eu considerava bandas de sucesso. Porque apesar de não estarem sempre na mídia, lotavam shows.“Leandro “Lelê” Bortholacci, proprietário do selo Olelê Music.

Se ser popular é ter sucesso, quem define o que é e quem tem?“Imprensa nunca definiu sucesso, crítica musical prati-camente nunca ajudou a vender disco. Poderia ajudar a lançar, a tornar mais conhecido. Agora sucessão mesmo, esse foi e sempre será o público. A diferença hoje é como o artista tem que fazer para chegar nesse público.“ Camilo Rocha

“Ninguém sabe essas coisas exatamente. Vou te dizer que, com 100% de certeza, o público nunca foi tão determinante pra fazer o sucesso de uma ou outra banda/artista como hoje. Tem coisas que as gravadoras

[+5] Há mais de 20 anos, Itamar

perguntava, “Será que a música brasileira vai ser sempre Caetano

e Gil?” E cantava “Ser carioca e baiano/ Por

que que eu não pensei nisso antes?”

[+6] http://goo.gl/SilSs

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“Eu vou me despir, pra teentreter, oh yeah/ Assim vou ser popular, manchete de jornal/ Assim vou ser popular, destaque nacional/ Eu

quero ser popular, no rádio e na TV.”“Eu Quero Ser Popular” – banda Fatale,

tentam enfiar goela abaixo do público (seja colocan-do em programas de TV, seja pedindo pras rádios tocarem, seja colocando um som na novela) que sim-plesmente não descem. O Seu Jorge, por exemplo. Lá na Pop Rock, tem público que gosta. Toca em outras rádios, mas não dá jeito de vender e lotar show! Ainda mais depois que não existe mais jabá (lá na rádio, cer-tamente não, e eu não sei de nenhum caso), simples-mente porque as gravadoras também não têm mais grana pra isso. É difícil tu tocar algo que o público não esteja pedindo... e mesmo que tu toque, em tom de sugestão, só vai entrar pra programação da rádio se as pessoas quiserem. Por outro lado, por mais que uma galera procure coisas novas, a esmagadora maioria da população ainda conhece as coisas através da mídia então, sim, ela permanece tendo um papel importante pra determinar o que é “sucesso” ou não.”FêCris Vasconcellos, Comunicadora da Rádio Pop Rock

“O público pode escolher o que ouvir, não é mais tão refém do esquema. A imprensa tem um papel funda-mental nessa história, porque vem cada vez mais colo-cando os artistas novos com um destaque tão bacana quanto dos caras consagrados. E tem público pra tudo, inclusive pros artistas maiores, que continuam fazendo shows imensos e lotando estádios. A questão não é a desvalorização dos grandes, mas a oportunidade de os pequenos e médios levarem seu trabalho às pessoas.” Filipe Catto

Casa cheia é sinal de sucesso? Artista popular é que lota show?

No Rio de Janeiro, os fãs do Raimundo ocuparam todos os 2.500 lugares do Circo Voador. Em São Paulo, no HSCB o último show de – segundo a assessoria do local – rock nacional foi do Restart, com mais de 4.000 pessoas, ocupação máxima. Em Porto Alegre, Lucas Santtana reuniu mais ou menos 30 pessoas no Opinião, onde cabem 2.000. No mesmo mês, ele foi indicado para o prestigiado prêmio alemão de crítica Preis der Deutschen Schallplattenkritik.

E agora, José?

“Nosso maior show foi no Guaíra*, lotamos 93% da casa que comporta 2.200 pessoas. É engraçado por-que na nossa música ‘Caderno G” a gente fala ‘O que é ser famoso para você?/ Entrar na faixa, furar a fila/ Aparecer no Viver Bem*/ Ou lotar o Guaíra?’. E a gen-te lotou. E olha que Curitiba não lota as casas. Lota só quando é um B.B.King, um Paralamas. Nossa média de pessoas por show é umas 300,400 pessoas. Aqui no Brasil falta infra de show de porte médio, sabe? Porque ou você toca num bar pra essas 400 pessoas ou toca pra três mil.” Vinícius Nisi, tecladista da Banda Mais Bonita da Cidade e diretor do clipe de “Oração”

“A gente ainda pode enxergar que, hoje, ‘sucesso’ é um conceito muito relativo. Por exemplo: se o Seu Jorge fizer um show pra mil pessoas, vai ser pratica-mente um fracasso. Já se a Pública juntar sozinha mil pessoas num show, é um baita sucesso. Não existe mais ‘sucesso absoluto’.” FêCris

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Palavra (En)Cantada é um documentário de Helena Solberg. Em 86 minutos, a diretora carioca mergulha na relação entre poesia e a música popular brasileira. Com Chico Buarque, Tom Zé, Arnaldo Antunes e Maria Bethânia. Um belo filme. Lá pelas tan-tas, Lenine encara a câmera e solta: “Pelo fato de vir pulverizando há alguns anos o que eu faço pelo mun-do, eu venho confirmando um tipo de relevo que a língua portuguesa, ou brasileira, tem. Isso é realmente muito ímpar. E não só pelos tempos das palavras, pelas possibilidades rítmicas, mas a gente inventou outras duas vogais. Além disso, tem as coisas dos nasais. É de partir o coração. Acho muito bonito.” Lenine estava declarando seu amor à língua portuguesa. Mas ia além: abria seu coração para a música cantada em alto e claro português. Não é o que fazem todos. Bandas como Copacabana Club, Holger e Black Drawing Chalks levantam a bandeira da universalidade. Fazem música em terras tupiniquins, mas soltam versos mais familiares aos ouvidos próximos a Obama. São menos brasileiras por conta disso?

Os primeiros artistas brasileiros a assumirem o inglês em suas músicas brotaram no país no início da década de 70. Para emplacar em um mercado

fonográfico dominado por trilhas de novelas, cantores como Chrystian (sim, ele mesmo, da dupla sertaneja Chrystian e Ralf) e Fábio Júnior adotavam pseudôni-mos e gravavam temas na língua estrangeira – Fábio, por exemplo, chegou a ter dois alter-egos: Mark Davis e Uncle Jack. Com eles, gravou “Don’t Let Me Cry”, “My Baby” e tantas outras. Tudo pelo sucesso. “Mas naquela época eles não queriam ser brasileiros, que-riam parecer cantores estrangeiros. Era uma questão diferente”, analisa o músico e jornalista Arthur de Fa-ria, professor de História da Música Popular Brasileira. E realmente era. Porque ali, enquanto o mundo se re-cuperava da Guerra do Vietnã, o Brasil abria os olhos e vislumbrava a Tropicália de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé, Maria Bethania e Mutantes. E tudo bem que Caetano havia gravado Transa+1 enquanto no exílio, um álbum essencialmente escrito na língua da Rainha, mas a verdade é que o Tropicalismo era um movimento essencialmente brasileiro.

Virou a década e um Brasil ainda de militares+2 passou a bater cabeça com o rock de Legião Urbana, Paralamas do Sucesso, RPM e Titãs. Até aparecer o Sepultura com a dobradinha Chaos A.D. e Roots, em 1993 e 1996, respectivamente. “Depois que o

SEM SOTAQUE:A MÚSICA É BRASILEIRA, A LÍNGUA É INGLESA.

Em tempos de culturas compartilhadas, bandas como Holger, Copacabana Club e Black Drawing Chalks deixam de lado os limites territoriais. Inflam os pulmões para soltar versos em inglês. E nem por isso deixam de levantar a bandeira da MPB.

MPBC / BRASILEIRA

Texto: Tomás Bello

[+1] Lançado em 1972, o álbum foi uma resposta de Caetano a um pedido dos militares: fazer uma canção elogiando a rodovia Transamazônica.

[+2] Quando o chamado Brock passou a tomar conta das FMs brasileiras, o país ainda vivia sob os escombros da Ditadura Militar. Começou a ficar para trás em 15 de janeiro de 1985, quando ocorreu a eleição indireta entre Tancredo Neves e Paulo Maluf.

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“Hoje, com a diminuição do mercado nacional, muitas bandas voltaram a não dar importância para o fato de cantar em outra língua. E se levarmos em conta o nicho

que esse pessoal atinge, o inglês até faz mais sentido. Porque o nicho no mundo é muito maior.”

Marcelo Ferla, jornalista.

noize.com.br

Sepultura conquistou o mundo cantando em inglês, passou a ser uma procura de mercado”, opina Arthur. “Mas acho que muitos naufragaram. Viram que não era questão de cantar nessa ou naquela língua.” O que faz sentido se você buscar na memória grupos como Pin Ups e Diesel – ambas cantavam no mesmo inglês de Max Cavalera e cia, mas nunca conseguiram emergir das profundezas de um underground que, nos anos 90, mal poderia ser visto como um cenário propria-mente dito. “Nós tínhamos um preconceito terrível, de pensar que rock só poderia funcionar na língua inglesa”, lembra Gustavo Drummond, ex-vocalista da mineira Diesel+3. Hoje frontman do Udora, Gustavo justifica dizendo que as referências de sua banda eram todas estrangeiras. “Assim, nosso desejo sempre foi o de cantar em inglês e ir para fora do Brasil”, emenda. O curioso é ver que, 10 anos mais tarde, e impulsio-nados pelos mesmos motivos, nomes como Mallu Ma-galhães e Vanguart também optaram por fazer música cantada em inglês. O que os difere de seus anteces-sores é o resultado: eles nunca pensaram em deixar o país, pelo contrário, se estabeleceram como figuras centrais do universo sonoro brasileiro nos internéti-cos anos 2000. “Lembro de um show que o Vanguart fez em Brasilia lá por 2005 e eu fui execrado. Tipo, ‘pô, esse monte de música bacana e você cantando em inglês?’”, conta Hélio Flanders, vocalista do grupo mato-grossense. “Mas acho que é um ciclo”, diz ele. “Teve um momento nos anos 90 que era legal cantar em inglês. Aí, de repente, apareceu o Los Hermanos

e com eles parece que explodiu um movimento uni-versitário muito forte, começou a pegar mal. Mas hoje você tem aí um monte de gente cantando em inglês novamente. Já é cool de novo.” Segundo Hélio, “daqui a pouco vira lesa-pátria, já vão criticar tudo e a todos por cantar em inglês”.

Assim como Mallu, o Vanguart+4 praticamente abandonou a língua de seu ídolo Bob Dylan. Hoje, a banda canta quase exclusivamente em português. Talvez por conta das previsões de seu vocalista, nas palavras dele “por querer que as letras chegassem nas pessoas”. Mas muitos continuam a levantar a velha bandeira da “música é universal”. Exemplos? Tem aos montes. Black Drawing Chalks, Holger, Wannabe Jalva, Lucy & the Popsonics, Some Community, The Name, Copacabana Club... A lista poderia ir on and on. O que cabe em apenas uma frase é a certeza que paira sobre todas elas: hoje, é possível sim fazer música no Brasil cantada em outra língua que não o português. “A internet desmistificou muita coisa”, defende Denis de Castro, baixista da goiana Black Drawing Chalks+5. “Você vê o que as pessoas consomem e baixam na internet: os filmes são em inglês, as músicas são em inglês, os jogos em inglês... Por que a música feita aqui não pode ser cantada em inglês?” E ela pode. A ver-dadeira questão, segundo o jornalista Marcelo Ferla, é até onde podem chegar artistas que viram as costas para o que os ouvidos tupiniquins mais compreendem: o português. “Essas bandas fazem sucesso em um nicho, e pra esse nicho a língua não faz muita diferen-

[+3] O Diesel passou seis anos nos EUA,

fez parte de uma grande gravadora e mais de 300 shows.

Até retornar ao Brasil e dar vida ao Udora. myspace.com/udora

[+4] Em seu recém lançado segundo

álbum, o Vanguart não tem música alguma

em inglês. De 13 faixas, apenas uma em

espanhol.

[+5] Além de fazer rock, o Black Drawing Chalks também assina

a arte de muitos shows e festivais por

conta do Bicicleta sem Freio, coletivo

de design encabeçado pela banda.

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“Se música brasileira fosse uma questão de língua, a gente cantava em tupi guarani. ”Denis de Castro, baixista da banda Black Drawing Chalks.

ça”, avalia o gerente artístico da Oi FM Porto Alegre. Para ele, o que aconteceu na passagem dos anos 80 para os 90 vem se repetindo neste globalizado século 21. Naquela época, houve um espaço vazio entre a geração de Paralamas, Legião e Titãs até o surgimento de artistas como Skank, Raimundos e Planet Hemp. “Como as rádios não tocavam rock, se passou a fazer música em inglês mesmo”, lembra Marcelo. “Hoje, com a diminuição do mercado nacional, muitas bandas voltaram a não dar importância para o fato de cantar em outra língua. E se levarmos em conta o nicho que esse pessoal atinge, o inglês até faz mais sentido. Porque o nicho no mundo é muito maior.”

Da mesma forma que Denis, Ferla defende a ideia de que a internet aproximou o que antes era quase inatingível, transformou a música em uma só. Brasileira, inglesa, norte-americana, sueca, alemã, japonesa ou russa, não importa: a chance de conhecer a sua banda favorita está a um clique de distância. “Com o acesso mais fácil, a escolha passou a ser por qualidade. A questão não é de onde vem ou em que língua é feito”, acrescenta o baixista. Além disso, com a consolidação de festivais como Goiânia Noise, Abril Pro Rock, Coquetel Molotov e Bananada, bandas que correm por fora do grande circuito da música nacional ganharam um novo elo de aproximação com um ouvinte que, há nem tanto tempo assim, entregava sua discoteca caseira às FMs. Ao lado deles, ainda passaram a ganhar força eventos do naipe de Planeta Terra+6 e SWU, que tem colocado estrelas internacio-

nais divindo os palcos com essa nova geração brasi-leira do mundo. Ou seja, o som parece realmente ter ultrapassado a barreira das palavras. “Se sua música for boa, você pode fazer sucesso cantando em qualquer língua”, opina Cacá V, vocalista do Copacabana Club. Os curitibanos, na opinião de Hélio Flanders, são res-ponsáveis pela melhor música pop que ele ouviu nos últimos tempos. E cantada em inglês. “Acredito que se ‘Just Do It’+7 fosse cantada em português não teria a mesma resposta, não daria tão certo”, diz ele.

Acima de tudo, música é comunicação, constrói através de acordes, batidas e melodias um veículo pelo qual o artista expressa seus piores ou melhores sentimentos. Através deles, põe o ouvinte para dançar, chorar ou sorrir. E a língua tem uma grande parte nesse processo, lógico, pode facilitar ou enfraquecer o caminho. Mas para uma geração naturalmente cosmo-polita, que vive um dia a dia de SALE nas vitrines, de SOLD OUT na porta de um show ou de smartphones tomando o lugar do cachorro como o grande amigo do homem, não são alguns versos em inglês que vão impedir você de sacudir o esqueleto naquele showza-ço do fim de semana. “Se o natural é se expressar em inglês, seja por qual for o motivo, não vejo porque cantar em português só por ser brasileiro”, levanta Marcelo Pata, um quinto da banda paulista Holger. Aproveitando a gentileza, Denis põe a bola para den-tro. “Se música brasileira fosse uma questão de língua, a gente cantava em tupi guarani.”

MPBC /BRASILEIRA

[+6] O Planeta Terra deste ano traz a banda The Name, enquanto o SWU apresenta o Copacabana Club. Dê uma olhada terra.com.br/planetaterra e swu.com.br

[+7] Com “Just Do It”, o Copacabana Club virou trilha de comercial da FOX, de programa do canal Multishow e foi indicada como “Artista Revelação” no VMB 2009.

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CONTEMPORÂNEA

MPBC / CONTEMPORÂNEA

Entrevistas: Cristiane Lisbôa

“Hoje, como é muito mais fácil gravar um disco, eu vejo um grande número de pessoas que eu não conheço tocando na rádio, embora continue havendo muitos osbtáculos para se estar ali, porque de uma maneira geral, todas cobram para tocar. E mesmo assim, já não se ouvem apenas medalhões da música. Há muitos anos atrás eu já falava que era preciso dar espaço para os independentes. Nos EUA por exemplo, os independes eram naturalmente absorvidos pelas grandes gravadoras, havia aposta e a possibilidade de ser li-vre dentro da gravadora. Eu conquistei esta liberdade estando dentro delas. Mas com estas pessoas de agora, tudo mudou. As gravadoras não mandam mais. E o jorro constante da música brasileira está mais constante.

Eu digo jorro porque é tudo um ciclo. E por isso fica muito difícil dizer quem é, quem será a cara da música brasileira. Existem sim os ciclos onde aparecem cantores, compositores. E mesmo assim eu conheço muita gente interessante que ainda não faz parte deste jogo. O Vitor Pirralho, por exemplo, é um professor de literatura e língua portuguesa que faz Rap. Ele ainda nao está inserido em um movimento ou tocando na rádio. Mas eu ouvi o CD e gostei muito. E no meu próximo trabalho, vou gravar.”

“Tenho dificuldade em lidar com essa sigla. Apareceu no final dos anos 1960. Parecia excluir a Jovem Guarda. Hoje não dá para não incluir Roberto e Erasmo. Então MPB é feita de tudo o que é música popular feita por brasileiros. Sepultura? CSS? Eu acho que sim. De Cauby Peixoto a Paula Fernandes, passando por Lenine e Júpiter Maçã. Todos os que continuaram ou começaram a fazer e cantar canções desde que a sigla foi inventada.”

NeyMatogrosso

Caetano Veloso

Cantor. Usou maquiagem bem antes do Kiss, no Secos & Molhados. Enfrentou a ditadura de pé e dançando. Canta de Cartola a Cazuza. Sem perder o tom.

Cantor é apenas uma fração de Caetano Veloso. Compositor, escritor, polêmico, ativista político. Caetano é sinônimo de transformação.

De que é feita a música brasileira? E quem é música brasileira hoje? Você sabe? Quem sabe? Fize-mos estas duas perguntas para algumas das pessoas que – de uma maneira ou de outra – estão dentro desta contemporânea MPB.

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noize.com.br

“No prêmio Multishow, o público deu o prêmio para o NX Zero e a crítica, para o Marcelo Camelo. A música brasileira tem dois tipos, tem o que eu chamo de pop corporativo, que é música para entretenimento puro, a indústria. E a música feita com penso, com arte. E isso tudo é música brasileira. Uma você pode ouvir, gostar ou não, dançar, achar graça, se divertir. A outra você pode ouvir hoje, achar bonito, mas não te divertir, não te dizer muito. E descrobrir daqui a dez anos porque naquele momento te falou à alma. Mas isso é uma diferença estética e não do que é bom ou ruim. Eu conheço mais, ouço mais, gente do segundo tipo, como Cidadão Instigado, Ana Elisa Assunção. Mas não gosto de elitismo, não acho de antemão o popular ruim. Esses dias eu tava em um taxi e o motorista me perguntou se eu conhecia a Paula Fernandes. Eu disse que não. Ele colocou pra tocar, eu ouvi e gostei. Por que não?”

“Eu nunca consegui entender direito o que é MPB, quais artistas podem ser abraçados ou não por essa sigla. Quando eu era pré-adolescente, ouvi que o Herbert Vianna era um dos principais novos compositores da MPB. Foi a primeira vez que me deparei com a dificuldade de compreender esse conceito: pra mim, apesar da idéia não soar absurda, o Herbert Vianna não era um compositor de MPB, mas de pop/rock. Ao mesmo tempo, MPB não pode ser um conceito estético, um gênero musical, porque não existe unidade estética entre os artistas que são classificados como MPB. Aliás, quem pode ser classi-ficado como MPB? Sérgio Sampaio é MPB? Tom Zé é MPB? Mutantes? Cazuza? Raul Seixas? Ana Carolina? Walter Franco? Erasmo Carlos? Rafael Castro? Apanhador Só? É difícil escolher por onde traçar o contorno dos rótulos. E se eu não consigo entender nem o que é a “velha MPB”, imagina a nova. Onde se traçaria a linha que divide a nova da velha? Nunca se parou de produzir música no Brasil, então nunca pararam de surgir artistas considerados MPB.”

“A nova MPB é feita de um angu muito gostoso, uma floresta tropical fértil e exuberante. É o oposto do clichê ‘menos é mais’, a frase para a atual MPB é ‘quanto mais melhor’! Gosto de Blubell, Pélico, Celso Sim, Tulipa Ruiz, Filipe Catto, Iara Reno, Curumin, Romulo Fróes, Alzira e tantos outros que nem caberiam aqui.”

“A música brasileira hoje é feita de não-fron-teiras, diferenças e aproximações. E é feita por todas as pessoas que fazem música no Brasil exatamente agora.”

Thalma de Freitas Alexandre Kumpinski

Dan Nakagawa

Tulipa Ruiz

Cantora e compositora. Tem parcerias com gente do calibre de João Donato.

Vocalista da banda Apanhador Só, banda que “dizem por ai”, tem um disco de estreia superior ao primeiro do Los Hermanos.

Acaba de lançar seu segundo álbum, O Oposto de Dizer Adeus, gratuitamente em um blog. Nove canções ganharam clipe. No final do ano, lança um DVD com participa-ção de Ney Matogrosso.

Considerada pela crítica “uma das melhores artistas de sua geração.” Diz que faz “pop florestal”. E há quem diga que ela pareça com a Gal dos anos 60, 70.

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“A única concretude que se pode dizer é que música popular brasileira é feita por brasileiros. E a nossa música sempre foi muito vira-lata no sentido de misturar tudo, exatamente como o mundo inteiro faz hoje. A globalização da música é a Tropicália. Então, a nova MPB tanto pode ser de uma lavadeira de Santo Amaro como o CSS.”

“A MPB atualmente é feita de tudo um pouco. Algum ranço do passado e ao mesmo tempo uma excelente geração de músicos com trabalhos auto-rais fortes e distintos. Não gosto desse rótulo ‘nova MPB’, pois já estamos aí desde o começo dos anos 00. Então já não somos tão novos assim, na verdade cada vez mais ocupamos nosso espaço em grandes festivais, na mídia etc. Nenhum de nós está começan-do, o pessoal já tem uma bagagem grande. Acho que e-MPB, como li no Trabalho Sujo uma vez, seja mais apropriado para essa geração. O fato é que tudo que fizemos até agora é muito bem feito.”

“A MPB hoje é feita de uma fauna e flora riquíssimas. Em um país tão grande, com tantos climas e misturas culturais particularíssimas, temos músicos das mais variadas espécies, em uma infi-nidade de com- binações artísticas para todos os tipos e tamanhos de público. O caminho não é mais sempre o mesmo. Não há mais caminho, mas uma rede de coisas que se sobrepõem, se dispersam e se retroalimentam. O conceito de MPB hoje já é amplo e fragmentado,e pressupõe ramificações, agrupa-mentos e subdivisões que acabam ganhando novos e outros nomes.”

Thiago PethitLucas Santtana

Nina Becker

Cantor e compositor, tem músicas em português, inglês e francês. O vídeo clipe da musica “Mapa Mundi” tem cenas gravadas em oito países diferentes.

“Acho que não existe MPB, e sim o novo som do brasil. Esse negócio de rotular demais fica um pouco confuso. Existem vários artistas novos que foram influenciados por artistas de outras gerações. Alguns da MPB. Mas eu acho que o que precisamos fazer é desencanar de siglas, desprender de padrões e ouvir a música nova sem a preocupação de rotular demais.

Não tem regra, na verdade nunca teve. Mas com tudo que recebemos hoje em dia de informa-ção, por todos os lados, a gente percebe influências diversas nos sons, mas não consegue colocar em uma ‘prateleira’.”

Nana RizziniAcabou de lançar o CD I Said, que conta com participações de Tiê, Edgard Scandurra, Karina Buhr e até do jornalista Xico Sá.

Cantor e compositor. Segundo a RS gringa, que deu 3 estrelas e meia para o CD Sem Nostalgia, é “Brazilian Rocker Goes Folktro-nic, Brilliance Ensues”.

Cantora, compositora, recentemente lançou dois CDs ao mesmo tempo: Vermelho e Azul. É frequentemente comparada a Rita Lee e Nara Leão.

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noize.com.br

“A música popular brasileira atual é feita de amor, vontade e dedicação. É feita por gente que compõe e também produz, grava e promove o pró-prio trabalho. Quem é, não sei direito. Só sei que não está no Rio de Janeiro, porque eu estive no Rio de Janeiro semana passada e não tem nada acontecendo por lá! Mas não sei. Talvez seja o Apanhador Só.”

“MPB hoje é qualquer coisa glamurizada pela indústria e os meios de comunicação em celebri-dade, toda a música hoje é MPB, a ideia venceu, nas aparências, mas o conteúdo ficou muito diferente. E com as exceções que ainda nos dão esperança de que nem tudo foi perdido ou esquecido, como Mar-celo Jeneci, que faz uma canção absolutamente po-pular e profunda. Mas se não fosse a idéia libertária desta MPB dos anos 70, não teríamos visto nascer os talentos incomparáveis de Itamar Assumpção, Arrigo Barnabé, Luiz Tatit, Mano Brown, Leo Cavalcanti e tantos outros que não poderei citar.”

“A MPB surge da união da bossa nova com movimentos de engajamento folclórico na década de 60. Depois deságua e se ramifica em outros estilos, como por exemplo, a música Pop. Se ela já começou com uma mistura de estilos hoje em dia ela é feita cada vez mais de fusões, da quebra de fronteiras, e da liberdade anárquica de expressão. E dentro dessa grande variedade [de músicos hoje em dia] posso dizer que vejo algo em comum ligado à sinceridade melódica e das letras, e à oposição ao virtuosismo gratuito”.

“A MPB atual é mais livre, o que implica em mais diversidade e também mais ‘mão na massa’. Os artistas estão colaborando cada vez mais entre si, o que faz a brincadeira ter muito mais graça. No radinho da minha mente neste momento tá tocando Pélico, Pipo Pegoraro, Dan Nakagawa e Filipe Catto.”

“A música popular brasileira é feita de arroz, feijão, bateria, baixo e guitarra. E quem é? Otto, Catra e Criolo.”

Celso Sim

Marina Wisnik

Blubell

Curumin

Cantor, afirma que “O maior compositor de canções do Brasil, Chico Buarque, diz que a canção morreu, mas eu acho que não morreu.” Também atua no Teatro Oficina.

Cantora, tem parcerias com Marcelo Jeneci, Bruna Lessa, Eric Rahal e com o pai, Zé Mi-guel – obviamente – Wisnik. Está em estúdio gravando seu disco de estreia.

Cantora e compositora, lançou este ano seu segundo disco, Eu Sou do Tempo em Que A Gente Se Telefonava, com participações de Baby do Brasil e Tulipa Ruiz.

Músico, já trabalhou com Arnando Antunes, Vanessa da Mata, Céu e otras personas más. Lançou o disco JapanPopShow no Brasil, EUA e Japão, simultaneamente.

Guilherme SaldanhaVocalista da banda Garotas Suecas, uma banda que mistura Jorge Ben, Jovem Guarda, os Mutantes e um clipe com o Jacaré, aquele dançarino do “É o Tchan!”.

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“MPB, essa sigla já é uma merda. Ela é carregada de tantos estigmas. Porque é um mistério. O que é MPB? Quem pode ser enquadrado em MPB? Porque surgiu como uma sigla nos anos 60 como música uni-versitária de protesto, e acabou se tornando uma sigla que abarcou conceitualmente, mas não geograficamente, a música brasileira. É muito elitista. Eles procuram uma genealogia, ‘quem vai ser o novo’... Eu acho isso um fascismo.Tem um outro Noel Rosa? Pra que num novo Noel Rosa? Tem um novo Jimi Hendrix? Não tem. Um novo Bob Dylan? Claro que não. Pô, você acha que vai ter um novo Lobão? Não vai ter. É uma idiotice. Agora, eu fico meio grilado com a inteligência brasileira porque ela não permite que as pessoas legais mesmo sejam se-quer questionadas. Por exemplo, essa nova MPB. Pô, tem o Cascadura, tem os Vespas Mandarinas, o Turbo Trio, tem uma porrada de coisa que não tá inserida nisso que eu considero que é importante. Principalmente numa situação em que o artista hoje em dia tem que fazer tantas concessões pra existir que ele não vai ser nada. A tendência é que ele não vai ser nada. Mesmo tendo a maior coragem do mundo, o cara não tem condição de florescer hoje. Eu vejo isso por pessoas sensacionais que eu mesmo quis lançar e que eu sinto que são condena-das. Uma cara talentoso de vinte anos está condenado no Brasil, condenado a não ser nada.

O Cachorro Grande, por exemplo, eu adoro eles. São meus amigos. É o melhor show de rock ‘n’ roll do Brasil. E é muito triste dizer isso, mas eles tão conde-nados também. A carreira deles na indústria fonográfica parece ser downgrade, e não por culpa deles, porque eles são bons pra caralho, mas porque neguinho não sabe ouvir esses caras.

Quando você tem uma audiência que está despencando no seu nível de qualidade auditiva, não

LobãoCantor, compositor, músico, escritor e apresentador de televisão. Foi baterista do Luis Melodia, da Marina Lima, fundou a Blitz e inventou a expressão “cicatriz no cerebelo”. Entre otras cositas más.

vai ter ninguém bom lá na frente. Porque aquilo vai representar o que é a audiência, e a audiência é uma merda. O Brasil é um arraial agrobrega. Nunca foi tão ruim como é agora. Então pra quem tem um pouco de honestidade e um pouco de talento, a pior coisa é estar no Brasil atualmente.Você tem que ser puto, inofensivo e cínico. E sem talento, ainda por cima. O Brasil é uma monotonia. Ou você tem o agrobrega ou você tem a Ivete Sangalo. Nada mais existe. E isso é muito aterrador. Esse Restart, o Cine, isso sempre existiu. Não é rock, é boy band. É uma coisa fabricada pra um público que ainda não menstruou. Agora, o Luan Santana é mais grave, porque vem aquela coisa da tarja ‘universitária’. Você pensa só, com o nível de educação péssimo, com todos os ENEMs sendo reprovados, e você tem o ‘forró universitário’, o ‘sertanejo universitário’, e tudo da pior qualidade. As pessoas não entenderam que esse é um sintoma muito sério, cara, de alguma coisa que está muito errada. A gente está num país que tá morto, cara. A nossa cultura tá morta.

Você deve ter percebido nos últimos anos esse ufanismo MPB, essa divas da MPB, mas não teve um artista que vingou. Não teve um artista que virou um Chico Buarque. Porque não tem. Porque o Chico Buarque já era ruim, e as pessoas não entendem que o Chico Buarque era deficiente, ele pensa errado, ele escreve mal. Ele é uma merda. E as pessoas acham ele um gênio. A mesma coisa você aplica ao Caetano e ao Chico, que tem momentos um pouco melhores, muito poucos, mas eu não entendo como as pessoas achar que aquilo é o nosso orgulho, a nossa cara, a nossa representatividade. A gente só vai criar vergonha na cara quando se olhar no espelho e ‘ih, que merda’. Aí, pode ser que a gente pare de aplaudir o pôr do sol, pare com a micareta, A gente não vai mudar nunca. A gente é fadado a ser um país de sombra, um país medíocre, dos subúrbios do terror.

As pessoas fazem uma sociedade classe C, e você acaba virando classe C. Eu fui pra Londres entre-vistar o Sting há cerca de um ano, tudo muito chique. Aí fui lá num restaurante e o cara gostou de mim, sentou e descobriu ‘ah, você é do Brasil? Peraí’. Levantou e foi lá botar uma música. Ivete Sangalo, cara...”

MPBC / CONTEMPORÂNEA //059

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Um cientista decide voltar no tempo. Re-sumindo, a história toda é essa. Mas pra contar o diretor Claudio Torres colocou Wagner Moura e Aline Moraes em cena. Eles cantam Renato Russo. Eles te fazem rir. Eles te fazem chorar. Vale o ingresso, a tarde de domingo e chance para o cine-ma da brazuca. Pega a pipoca e vai.Cinema + pipocaQuanto? media de R$ 15 com carteirinha de estudante.

Quatro cordas de metal afinadas em ré-si-sol-ré. Popular nas rodas de choro. Também usado em países como Mo-çambique, Cabo Verde e Portugal. Deu origem a um samba bonito do Adoniram Barbosa. “Com a corda mi, do meu cavaqui-nho fiz uma aliança prá ela, prova de cari-nho.” E ele jura que este verso é verdade. Cavaquinho Onde? No site mundomax.com.br tem de todo preço e tipo.

Qualquer brasileiro que passe mais de seis meses fora começa a sonhar com um balcão de padaria cheio das iguarias citadas. Diz até que o namorado da LoveFoxxx só conquistou a moça de vez quando aprendeu a fazer coxinha. Deve ser verdade. Salgados variadosQuanto? Depende.Onde? Na padaria da esquina, no boteco que só abre de madruga.

Tira a calça jeans e bota o fio dental. Agora que esta música grudou na mente podemos te contar: o fio dental ainda é o modelo mais vendido no Brasil. O que nos leva a crer que ao menos uma vez na vida toda brasileira usa. Então, sem patrulha feminista vamos lembrar que “não demora muito agora, todas de bundinha de fora.”Bíquini fio dental Quanto? Escolha o melhor para seu bolso. Ou a falta dele.Onde? Tem até no camelô

Outra trash food genuinamente brasilei-ra. Perceba a piada pronta da frase an-terior. Ah, aquele momento delicioso de raspar a lata de leite condensado com de medo de cortar a lingua. Só brasileiro é que sabe como é. Aliás, ele foi o primeiro produto que a Nestlé fabricou no Brasil e é vendido a peso de ouro no exterior. Abra uma latinha pra comemorar. Leite condensado Quanto? Em média R$ 3,50 Onde? Supermercados

Discussões a parte, música brasileira é a única que tem o mais delicioso som para pequenos e grandes momentos de folia externos e internos. A poeta Bruna Beber juntou no mesmo caldeirão Pepeu Gomes, Moraes Moreira, Do Amor, Gal Costa e bem mais. Você e seu iTunes merecem. Suvaco em chamas Quanto? De grátis Onde? www.avoadinossauro.org/suvaco-em-chamas/

O HOMEM DO FUTURO_ CAVAQUINHO_ PÃO DE QUEIJO, COXINHA E EMPADINHA_

E SUA MÃE TAMBÉM_ LEITE CONDENSADO_ SUVACO EM CHAMAS_

Para consumir ouvindo “Aluga-se” do Raul Seixas:

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Guru da produção musical brasileira, Alexandre Kassin é gente que faz. Com seu toque de midas, moldou uma es-

tética própria e ajudou a recolocar gente como Caetano, Los Hermanos e Vanessa da Mata no caminho da boa música. Agora, o carioca assume o microfone para soltar um dos discos na-cionais do ano. O multicolorido Sonhando Devagar é reforçado por um talentoso time de fiéis escudeiros, com destaque para os teclados e sintetizadores de Donatinho (filho do homem), que dá boas pinceladas ao cenário onírico-retrô-sacana ima-ginado pelo autor. Aqui e ali, pitadas de bossa, elegância pop e MPB 70’s. Como ficar imune a dobradinha “Sorver-te” e “Calça de Ginástica” e seus versos inenarráveis? Melhor nem tentar. Fernando Halal

Corações partidos são a palavra de ordem no segundo disco de Helio Flan-ders e cia. Os cuiabanos reaparecem

com um som mais encorpado, fácil de ouvir, e mergulham de vez nas letras em português. O abandono da pessoa amada é o combustível para a maioria delas - não confundir com a “dor de corno” rasa que povoa o sertanejo pop. A empolgante “Se Tiver Que Ser na Bala, Vai” traz embalo, versos doloridos e desfecho ríspido. É a grande canção escrita pelo Vanguart até hoje. A dançante “Depressa” não fica muito atrás. Já “Nessa Cidade” traz arranjos orquestrais a favor da melancolia poética (“nessa cidade tem uma casa que eu não posso mais entrar/ nessa cidade tem outra casa/ cheia de flores pra você”). Óun. Fernando Halal

Melancolia. Entre arranjos, timbres e melodias que passeiam por Phoenix, Radiohead ou Death Cab For Cutie,

mas não tiram o pé de uma brasilidade comum aos 70’s, esta parece ser a palavra que conduz o segundo álbum do produtor e multiinstrumentista Fábio Góes. E não se deixe enganar: não é um disco triste. Ao mergulhar nas cinzas, está apenas abrindo caminho para uma nova leva de cores. É um álbum pop, de refrães grudentos. É recheado de belas canções e participações. Está lá a voz de Luisa Maita, o baixo e a produção de Kassin e a bateria de Curumin - “eu sempre quis ele na minha banda”, confessa Fábio. Quatro anos depois de sua estreia, ele vem sua-ve, mas intenso. Leve, sem deixar de ser profundo. Perfeito para ver o domingo passar. TB

Quem diria que o desbocado ex-voca-lista do Sheik Tosado viria a se tornar um dos cérebros privilegiados da nova

música brasileira? Agora uma estrela pop (ser VJ da MTV tem dessas coisas), o recifense China mantém a qualidade autoral intacta nesta terceira incursão solo. Moto Contínuo é descompli-cado e transborda suíngue e inspiração. Os majestosos timbres retrô à la Jovem Guarda estouram em faixas como “Nem Pensar Em Você”. Obcecado por duetos, o cantor convoca um timaço de vozes femininas: Pitty faz bonito na sexy “Overlock”, Tiê dá aquela adocicada em “Terminei Indo” e Ylana Queiroga empresta seu sotaque a “Mais Um Sucesso Pra Ninguém”. Outro trabalho de responsa de um cara que sabe aonde quer chegar. Fernando Halal

Lovefoxxx cantando em espanhol? Era o que faltava para o Cansei de Ser Sexy (hoje conhecido como CSS) confirmar seu status de banda brasileira mais global do planeta. “La Liberación”, a música, sintetiza o clima de festa deste terceiro álbum do grupo paulista. O maior mérito do disco é conciliar a descontração do debut com a pegada rocker – embora em menor intensidade – de Donkey. Entre as participações, destaque para Bob Gillespie (Primal Scream), que dá uma canja em “Hits Me Like a Rock”, um electroreggae perfeito para as pistas. Um dos melhores momentos de La Liberación, “City Girrrl” é uma espécie de biografia de Lovefoxxx e deve virar hino para a mulherada indie. Sem deixar de experimentar, o CSS continua fazendo música pop da boa, agradando, da mesma forma, fãs de Madonna e Ramones. Daniel Sanes

La Liberación

KASSIN

VANGUART FÁBIO GÓES

CHINA

Boa Parte de Mim Vai EmboraO Destino Vestido de Noiva

Moto ContínuoSonhando Devagar

CSS

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GILBERTO GIL (1968)| Justificar uma lista é algo pouco usual, mas, neste caso, importante. A vasta discografia de Gil é motivo suficiente para que álbuns coletivos como Tropicália ou Panis at Circenses e o projeto Doces Bárbaros sejam deixados de fora. Este disco de 1968 mostra bem o porquê de o compositor baiano ser, ao lado de Caetano Veloso, um dos principais nomes do movimento tropicalista. “Frevo Rasgado” e “Pega a Voga, Cabeludo” trazem um Gil comprometido com as raízes da MPB, mas fortemente influenciado pelo rock. “Domingo no Parque”, a famosa parceria com os Mutantes, é o melhor exemplo dessas duas facetas.

EXPRESSO 2222| Em 1965, um jovem de 20 e poucos anos deixou a Bahia para trabalhar em uma grande fábrica de São Paulo. Quis o destino, no entanto, que ele se tornasse um dos criadores da tropicália, uma verdadeira revolução cultural. Expresso 2222 é o trem que levou Gilberto Gil para a maior cidade do país, mas também o nome de um de seus discos mais emblemáticos. Lançado em 1972, durante a ditadura, o álbum mostra toda a versatilidade de Gil como músico e compositor. As raízes nordestinas transbordam na faixa-título, enquanto a psicodelia de “Back In Bahia” é uma celebração ao fim do exílio em Londres. Essencial.

REFAZENDA| Este disco de 1975 é o melhor da trilogia “Re” (que tem ainda Refavela e Realce). Inspirado no homem do campo e na vida longe das grandes cidades, Gil dá um tempo nas viagens psicodélicas e comete canções de uma simplicidade comovente. “Lamento Sertanejo” e “Meditação” captam bem a arte de “refazendar”, enquanto “Tenho Sede”, de Dominguinhos e Anastácia, tem letra e interpretação de cortar o coração. Já a politizada “Jeca Total”, com a palavra “presidente” no lugar de “senador”, poderia ser uma visionária referência a Lula, que acabou subindo a rampa do Planalto e nomeando Gil ministro da Cultura.

por Daniel Sanes

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Metá Metá é o melhor disco brasileiro de 2011. Fecha a conta, passa a régua. Não apenas por suas qualidades mais óbvias - produção e arranjos de primor sem igual, versões surpreenden-tes de composições de outros artistas, a inquestionável voz de Juçara Marçal, os pontuados e pontualíssimos sopros de Thiago França, Kiko Dinucci tocando e compondo com propriedade única na sua geração etc, etc, etc. Metá Metá é também impor-tante pois se insere no centro da atual cena paulistana, com seu arranjo cru e limpo que se diferencia de todos ao mesmo tempo em que põe tudo em pé de igualdade. Em meio a tantos discos cheios de potencial, mas que fraquejam aqui e ali, Metá Metá surge certeiro, quase perfeito, pronto. Matheus Vinhal

Metá Metá Ah, o amor... Um tema batido, mas sem-pre atual, como mostra Pélico nas 16 faixas de seu novo disco. Com arranjos

minimalistas e ao mesmo tempo refinados, A consegue ser agradável já na primeira audição. Muito por causa das letras, que tocam o ouvinte justamente por falarem de um tema uni-versal. Entre a melancolia e o sarcasmo, o cara não tem medo de dizer o que muita gente pensa em “Levarei” (“De todas as tristezas que tive na vida/Nenhuma me deu tanta alegria/Como essa”), “Recado” (“Será que eu não tenho o direito de te maltratar?”) e “Menino” (“Não se atravessa uma vida sem magoar alguém”). Um dos menos conhecidos artistas da nova safra paulistana da MPB, Pélico tem tudo para decolar com este disco. Daniel Sanes

PÉLICOQue Isso Fique Entre Nós

KIKO DINUCCI, JUÇA-RA MARÇAL E THIAGO FRANÇA

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Em 1970, Wilson Simonal era emblema de tudo o que deveria ser varrido do mapa. O cantor das multidões logo se tornaria o dedo-duro do DOPS, que ama-va o Brasil dos militares. Era o diabo ideal. O fato é que sua carreira foi implodida, e o próprio artista ajudou a acender o pa-vio. Uma pena. Ouvir hoje um disco como

Simonal, de verve funkeira acentuada, é encontrar um cantor em estado de graça. Ao passear com autoridade pelo repertório de gen-te grande (Ary Barroso, Dorival Caymmi) e de gente jovem inventiva (Marcos Valle, Luís Vagner), Simonal renova sua obra como poucos ícones populares conseguiram fazer. Leonardo Bomfim

REDESCOBERTA

.: Cachorro Grande | Baixo Augusta | OutubroEles passaram meses transmitindo em seu site oficial as aven-turas sonoras que dão vida a Baixo Augusta. Agora, Beto Bruno, Marcelo Gross e cia estão às vésperas de ver o sexto álbum de sua carreira chegar às prateleiras. O nome diz muito: uma ho-menagem ao centro roqueiro paulistano que a Cachorro Grande chama de casa. “As músicas foram feitas lá, novos bares de rock tem sido abertos por lá e toda a inspiração do novo trabalho veio de lá”, explica Gross. Precisa dizer mais?

Gui AmabisMemórias Luso/Africanas_Gui Amabis é um cara de trilhas sonoras - basta lembrar que seu nome está nos cré-ditos de O Senhor das Armas e Quincas Berro D’água. Em sua estreia, faz quase o mesmo: trilha pra um filme em preto e branco, autobiográfico. Tudo com a ajuda de Criolo, Céu, Lucas Santtana e Tulipa Ruiz.

Arthur de Faria & Seu ConjuntoMúsica pra Ouvir Sentado_Eles são uma verdadeira big band (ou quase). Em cima do palco são sete, em disco também. Aqui, fazem música instrumental de deixar cabelo em pé. Passeiam pelo tango, mas também pelo blues, pegam a milonga e trilham a atmosfera jazzística de “Valsa para Karina”. Uma das melhores do álbum.

Danilo Moraes e os Criados Mudos Danilo Moraes e os Criados Mudos _Uma estreia que faz o rock andar de mãos dadas com o samba. Sem medo. E uma estreia rechea-da de colaborações pra lá de bacanas: Thalma de Freitas aparece em “No Cume da Lapa”, Céu empresta sua assinatura a “Mais um Lamento”, en-quanto “Zinco” foi escrita com Zeca Baleiro.

CONFIRA

TA POR VIR

Segundo o próprio, com Um Labirinto em Cada Pé Romulo Fróes conseguiu enfim fazer um álbum em que pudesse se mos-

trar mais por completo. Se com os dois primeiros discos a pecha de sambista da linhagem de Nelson Cavaquinho lhe foi imposta, e se o terceiro, No Chão Sem o Chão, foi feito justamente para acabar com essa limitação à sua carreira, com Labirinto… Romulo está mais livre. Tanto para acertar quanto para errar. E de fato ainda há momentos frágeis, em que a poesia - quase sempre ótima - ou a voz não se adequam plenamente à melodia, não atingindo os efeitos provavelmente esperados. Ainda assim, é um bom disco, importante para acompanhar o desenvolvimento de um artista chave da atual geração da música brasileira. Matheus Vinhal

ROMULO FRÓES

WILSON SIMONALSIMONAL (1970)

Toda banda que está com disco novo na praça vem com aquele papo de que “esse é o melhor trabalho da nossa

carreira”. No caso de Canções de Guerra, porém, não se trata de balela. Depois de trocar Porto Alegre por São Paulo e sofrer mudanças na formação, a Pública dá, em seu terceiro disco, mais um ousado passo para se estabelecer no cenário nacional. O single “Corpo Fechado”, há tempos na rede, já mostrava uma banda disposta a se arriscar e a superar o ótimo Como Num Filme Sem Um Fim. Como eles mesmos admitem, este é um disco de canções – e lindas canções, como “Cartas de Guerra” (com a participação de Tita Lima), que exala melancolia. Melancolia de quem saiu de casa e passou trabalho, mas venceu. E com todos os méritos. Daniel Sanes

PÚBLICA

Um Labirinto em Cada Pé

Canções de Guerra

Aos 70 anos de idade, 50 deles vividos com guitarra em mãos, Erasmo Carlos afirma que “o sexo agora é infinita-

mente melhor”. Ele se refere ao ato, mas poderia muito bem estar falando de seu 27º álbum. Em Sexo, Erasmo se cerca de estrelas para cantar exclusivamente sobre... sexo. O release é de Fernanda Young, a produção é de Liminha e as composições vêm em parceria com Arnaldo Antunes, Nelson Motta e Adria-na Calcanhotto. Sem falar do clipe de “Kamasutra”, o primeiro single, com assinatura de Cacá Diegues. Sexo é sacanagem pura, da capa (“sim, é o que parece”, confessa ele) até o útimo verso de “Sexo é Vida”. Aqui, o Tremendão parece tentar quebrar dois tabus em uma só tacada: sexo, na terceira idade, pode ser bom. O rock também. TB

ERASMO CARLOSSexo

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UMA NOITE EM 67*

Lá pelo fim dos anos 60 até o comecinho dos anos 70 a televisão brasileira produzia grandes festivais de música. Um dos mais famosos e res-peitados do país era o “Festival de Música Popular Brasileira” da TV Record. Pois foi exatamente na 3ª edição do evento, mais precisamente na noite de 21 de outubro de 1967 que a MPB levantou do banquinho. Pra você ter uma ideia do nível da competição, a até hoje emblemática “Alegria, Alegria” de Caetano Veloso ficou em 4º lugar. E Elis Regina não emplacou nem o top 5 do festival. Mas era nos bastidores que a história acontecia. De Chico Buarque, de smoking e 23 anos confessando ter “perdido o trem” da Tropicália, por ter bebido demais nas festas em que o movimento estava sendo tecido. Até Paulo Machado de Carvalho Jr , diretor do festival (e literalmente filho do dono da emissora) contando bem calmo, que teve que dar um banho frio em Gilberto Gil e sua então namorada Nana Caymmi porque eles não estavam em condições “téc-nicas” de subir no palco. Renato Terra e Ricardo Calil reuniram histórias como estas neste documentário de 85 – engraçados, emocionantes, históricos – minutos . E mais imagens de palco, bastidores, público e entrevistas atuais com quem estava lá. Uma aula que você vai querer ter.

* O doc não está mais em cartaz mas ainda tem sessões especiais e, se tudo der pé, vai estar à venda logo más. Corre aqui pra saber tudo http://www.umanoiteem67.com.br/. E ainda descobrir um extras doYouTube.

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2. PELÉ

3. XUXA

4. LIVE EARTH

1. SARTRE 6.FILHOS DE GANDHY

5. JORGE BEN

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“Nada no bolso e nada nas mãos”, trecho do livro “As palavras” do filósofo existencia-lista Jean Paul Sarte virou “nada no bolso ou nas mãos” na letra de “Alegria, Alegria”. Em setembro de 1960, o filósofo visitou o Brasil. Mais precisamente, a cidade de Araraquara, em São Paulo. Adivinha com quem Sartre encontrou por lá? O Pelé.

Pelé é o maior jogador da história do fu-tebol brasileiro. Mas nem só de glórias é feito o passado do cara. Entre suas con-quistas amorosas está Xuxa, a Rainha dos Baixinhos.

Depois de fazer pornô com uma criança, Xuxa virou a maior apresentadora infantil brasileira (alô contradição). E olha, bem que Mara Maravilha tentou.Em 2007, a Rainha foi escolhida para re-presentar o Brasil no Live Earth.

A edição tupiniquim do Live Earth rece-beu cerca de 700 mil pessoas na beira da praia de Copacabana. Entre as personali-dades, Jorge Ben, Lenny Kravitz, MV Bill e Macy Gray.

O alquimista de Tábua da Esmeralda e de-voto de São Jorge é também fã confesso do Filhos de Gandhy, o maior afoxé do Estado da Bahia. Não entendeu o que é afoxé? A gente explica: é um cortejo na rua, que acontece durante o carnaval.

O Filhos de Gandhy é constituído exclusi-vamente por homens. Eles vestem colares azuis e brancos, usam perfume de alfazema e vestem turbantes e toalhas brancas, simboli-zando as vestes indianas – já que se inspiram nos princípios de Gandhi. E saem pelas ruas, cantando e desejando a paz. Jorge Ben e Gil - que no tal festival de 67 defendeu “Domin-go no Parque” ao lado dos Mutantes - imor-talizaram o afoxé na quase experimental “Filhos de Gandhi”. Já ouviu?

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fotos: 1| Gabi Lima 2| Lucas Cunha

Teatro do Bourbon Country, Porto Alegre, 21/07_Com Música de Brinquedo, o Pato Fu vem apresentando um dos shows mais elogiados do ano. A Noize enviou a fotógra-fa Gabi Lima para tirar a prova. Ela conta como foi.A banda realmente toca apenas com instrumentos de brinquedo? Sim. E é muito massa ver músicos tão excepcionais com esses instrumentos (e alguns brinquedos que nem são instrumentos) e tocando de uma forma im-pressionante. Se a ideia do CD já é interessante, ver como tudo acontece ao vivo é a verdadeira mágica.Show feito para quem, adultos ou crianças? É um show feito pra quem gosta de música. Mas quem mais se emociona? Eu só posso falar pelo que eu sei, pelo que sou: criança.Dá pra arriscar a melhor versão ao vivo? “Live and Let Die” é um espetáculo por si só. “Bohemian Rhapsody”, que não tem no disco, é mais expressiva com esses brin-quedinhos do que qualquer versão que eu já tenha visto. E a versão de “Eu”, da Graforréia Xilarmônica, dá no começo do show uma bela noção do som que o Xande tira daquela bateriazinha. Lembro de encontrar o Frank Jorge logo de-pois, emocionado, dizendo “lindo, cara, que coisa linda...”O show em uma frase. O show é muito complexo e singular pra isso. Eu ouvi uma pessoa comentando, “até que deu certo essa idéia maluca do John, né?”. Eu diria que é uma experiência. É tipo um Cirque de Soleil dos instrumen-tos. Gabi Lima

Teatro do Bourbon Country, Porto Alegre, 26/08_“Acho que quando ela parou de se preocupar se imitava ou não a Elis virou esta grande cantora. Tô maravilhado”, Pablo Mello Rocha. “Eu amei, amei, amei quando ela cantou ‘Minha Mãe é Maria Alguém’”, Felipa Santos. “Ela ficou 15 minutos falando porque o show não tinha nome, se expli-cando, contando da vida. Achei meio chata”, Carlos Edu-ardo Tomé. “Achei ótimo o Bourbon estar sem as cadeiras. Este show é de se acabar dançando”, Juliana Moter. “Teve uma hora que ela tascou um Djavan e pensei: aí não, né?”, Andressa Camaranezi. “Sabia que ela chama Maria Rita porque a Elis era muito amiga da Rita Lee?”, comentário de uma senhora na fila do banheiro. “Quando ela começou eu achava muito dramática, muito ‘olha aqui a minha dor’. Mas desde que ela foi pro samba parece que se achou, ficou bonita, dá gosto de ouvir cantar”, Neuza Borges. “É engra-çado ela cantar samba toda vestido de preto, né?”, Nara Etchetury. “O repertório é bonito mesmo sem cenário, sem efeitos de luz e estas coisas. É um show inesquecível”, Fábio Satie. “Todo mundo cantou junto o tempo todo. Show!”, Ca-mila Fender. “Vou comprar o CD agora. Será que a Cultura tá aberta?”, Rafaela Bastos. “Maria Rita é a melhor cantora da música brasileira desde a própria Elis. Desculpe. Mas é”, João Chagas. “Quando ela cantou ‘Não Deixe o Samba Morrer’ à capela e o público todo ficou em silêncio, eu cho-rei. Eu nunca tinha chorado num show”, Regina Brum. Cristiane Lisbôa

PATO FUno day after

MARIA RITAsegundo os fanáticos de plantão

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fotos: 1|Marco Ninni 2| Marcel Nascimento

Studio SP, São Paulo, 08/09_1 - Meia noite, Macaco Bong no palco. Como não desta-car o início de show tímido? Os músicos se posicionam mesmo sem muita gente a sua volta. Ao primeiro acorde, todo o público (de umas 100 pessoas) se une pra dar uma força. E funciona.2 - O primeiro solo enche de energia os desacredita-dos. É como mágica. Todos ficam hipnotizados por uma seqüência guitarra-bateria que faria qualquer sambista vi-brar com o rock ‘n’ roll que ecoa pelo Studio SP. A banda parece em transe. 3 - Já é tradição, o Macaco sempre recebe convidados no palco. O microfone falha, mas na garganta mesmo o baixista Ney Hugo anuncia o paranaense Nevilton. Com mais uma guitarra, o trio se transforma em quarteto. Dá novo gás, faz a noite mais poderosa. 4 - Duas músicas depois e, como manda a tradição, o Ma-caco Bong deixa o palco livre. O Nevilton, que também é um trio, assume a noitada com seu rock grudento. Danci-nhas e mais dancinhas. 5 - As duas bandas estão no palco de novo. O troca-tro-ca de instrumentos é o termômetro pra pegar uma cer-veja e não perder nenhum lance. São várias seqüências instrumentais. E que sequências. Quem havia dispensado está voltando. Como se estivéssemos em um salão com mais de mil pessoas, brotam aplausos, gritos e muitos brindes. Rafael Carvalho

Sesc Bom Retiro, São Paulo, 08/09_O show era em homenagem ao cantor e compositor Ita-mar Assumpção, figura central na música paulista dos 80’s e 90’s. No comando do palco estava Karina Buhr, mas com convidados do naipe de Elke Maravilha. Será que Itamar gostou da festa? Com sua banda ao redor, Karina figura ao centro do palco como se estivesse prestes a conduzir uma prece. Inicia o show sentada. Respira fundo. Canta com amor, com dor. O ritual ganha intensidade com a entrada de Elke Maravilha, que aparece com lindas palavras do amigo Itamar: “o mais importante hoje é lembrar que estamos e servimos neste mundo para ensinar algo para as pessoas. Se eu parei de aprender ou servir como ensinamento para alguém, eu não mereço mais figurar neste planeta.” E fecha com, “O Itamar me chamou uma vez pra cantar a morte dele no hospital. Eu fui. Achava engraçado cantar a morte de alguém. Mas ele gostava.” Enquanto Elke canta em alemão, Karina completa o seu solitário ritual com uma espécie de maquiagem que abençoa e liberta. Elke sai de cena. Karina se engrandece no pequeno palco. Se joga no chão, se enrosca no fio do microfone e se joga nas cadeiras vazias. “Ai que saudades da Amélia” coroa o final. E os santos do samba lavam a alma da antes tímida platéia, que termina o show de pé, sambando, cantando e em coro de palmas que seriam infinitas, não fos-sem as luzes terem se acendido. Itamar com certeza gostou da festa. Rafael Carvalho

MACACO BONG CONVIDA NEVILTONem 5 momentos

CAIXA PRETA - ITAMAR ASSUMPÇÃO do banheiro do show

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_O QUEACONTECEU

NO MÊS DEAGOSTO

_Créditos

Ariel Martini_Voodoohop @ São Paulo

Ariel Martini_Vanguart @ São Paulo

Roberta Sant’Anna_Apanhador Só @ Porto Alegre

Gabi Lima_Pato Fu @ Porto Alegre

Felipe Neves_Açai Musical Festival @ Porto Alegre

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__MINHA RELAÇÃO COM A CRIAÇÃO DE CANÇÕES| Tudo começou quando eu tinha seis anos de idade e fiz minha primeira música intitulada “Os Três Porquinhos”. Confesso que na época eu morri de medo, pois achei que o fato de eu compor es-tava atrelado a uma coisa meio proibida, coisa do demo, ou algo parecido. Temeroso, guardei a filha na cabeça pra nunca mais esquecer. Com o passar dos anos fui compondo numa velocidade cada vez mais frenética. As melo-dias e letras pintavam sem

TATÁ AEROPLANOFALA SOBRE...

parar, e eu pra não perder nada, ia registrando tudo na mente e depois em gravadores de fita cassete. De pe-queno eu escutava Raul Seixas com meu pai e Roberto Carlos, com a minha mãe, passando por Chico Buarque, Caetano, Novos Baianos, e claro, os cantores do rádio, Orlando Silva, Francisco Alves e compositores como Sinhô e Noel Rosa.Hoje eu continuo compondo bastante, sempre em português, e o mais bacana é que as pessoas que me influenciam hoje são principalmente amigos contempo-râneos, adoro escutar uma musica nova do Júpiter Maçã, do Leo Cavalcanti, Peri Pane (Odegrau), Juliano Gauche (Solana), Pélico e Gustavo Galo (Trupe Chá de Boldo). Aliás, eu gosto muito desta possibilidade de poder tro-car com meus iguais, com os músicos desta geracão da qual faço parte. Acho um privilégio e faço questão tanto de acompanhar como de estar junto, compondo, tocan-do, criando. E claro, de estar atento para o que eles tem pra me dizer em canções. Semana passada foi incrível, compus totalmente encan-

tado pelo novo disco do Vanguart, o Helio Flanders é um dos meus compo-sitores preferidos e a música veio de primeira, a letra praticamente pronta. É lindo demais quando você faz isso sabendo que um amigo o inspirou, não tem preço. Percebo que minhas composições hoje estão cada vez mais ajei-tadas (letras e melodias), elas chegam praticamente prontas. Pensando a res-peito é porque escuto musica o tempo inteiro, leio o tempo inteiro e vou ao cinema o tempo inteiro, e claro, observo e vivo a vida intensamente a ponto de transformar tudo isso em música, sem nunca me policiar. Taí!

Cristiane Lisbôa

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