renergy #12

86
NESTA EDIÇÃO ::: Pequenos geradores residenciais ou comerciais poderão ser fornecedores de energia Qual o futuro do etanol brasileiro? Entrevista com Otávio Silveira ano 2 > # 12 > 2012 > www.renergybrasil.com.br 9 772178 573006 12 ISSN 2178-5732 O futuro na microgeração

Upload: renergy-brasil

Post on 06-Mar-2016

233 views

Category:

Documents


3 download

DESCRIPTION

O futuro na microgeração

TRANSCRIPT

Page 1: Renergy #12

N E S T A E D I Ç Ã O : : : P e q u e n o s g e r a d o r e s r e s i d e n c i a i s o u

c o m e r c i a i s p o d e r ã o s e r f o r n e c e d o r e s d e e n e r g i a • Q u a l o

f u t u r o d o e t a n o l b r a s i l e i r o? • E n t r e v i s t a c o m O t áv i o S i l v e i r a

a no 2 > # 1 2 > 2 0 1 2 > w w w. re ne rg y b ra s i l .co m .b r

977

2178

5730

06

12IS

SN

217

8-57

32

O futuro na microgeração

Page 2: Renergy #12

Av. Senador Virgílio Távora, 1701 - sala 808 - AldeotaFortaleza - CE - Brasil - CEP: 60170-251

Fone: + 55 85 3033.4450 | 3033.4455 - E-mail: [email protected]

11 • 12 • 13 | MAR • 2013Centro de Eventos • Fortaleza • Ceará • BrasilEvent Center • Fortaleza • Ceará • Brazil

agen

ciag

as.c

om

O maior evento de energias renováveis da América LatinaThe biggest renewable energy event in Latin America

ExposiçãoExhibition

Visitas TécnicasTechnical Visits

Salão de Inovação TecnológicaTechnological Innovation Hall

Circuito P&DR&D Circuit

ConferênciaConferences

Rodada de NegóciosBusiness Rounds

www.allaboutenergy.com.brPatrocínio Host/Sponsorship HostOrganização/Organization

Apoio Institucional/Institutional Support

Parceiros de Mídia/Media Partners

Patrocínio Gigawatt/Sponsorship Gigawatt Patrocínio Megawatt/Sponsorship Megawatt

Patrocínio Kilowatt/Sponsorship Kilowatt

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

anuncio_allaboutenergy_Renergy_jan_2013.pdf 1 09/01/2013 18:56:07

Page 3: Renergy #12

Av. Senador Virgílio Távora, 1701 - sala 808 - AldeotaFortaleza - CE - Brasil - CEP: 60170-251

Fone: + 55 85 3033.4450 | 3033.4455 - E-mail: [email protected]

11 • 12 • 13 | MAR • 2013Centro de Eventos • Fortaleza • Ceará • BrasilEvent Center • Fortaleza • Ceará • Brazil

agen

ciag

as.c

om

ExposiçãoExhibition

Visitas TécnicasTechnical Visits

Salão de Inovação TecnológicaTechnological Innovation Hall

Circuito P&DR&D Circuit

ConferênciaConferences

Rodada de NegóciosBusiness Rounds

Faça sua inscriçãoatravés do site.

Write a registration through the website.

www.allaboutenergy.com.brPatrocínio Host/Sponsorship HostOrganização/Organization

Apoio Institucional/Institutional Support

Parceiros de Mídia/Media Partners

Patrocínio Gigawatt/Sponsorship Gigawatt Patrocínio Megawatt/Sponsorship Megawatt

Patrocínio Kilowatt/Sponsorship Kilowatt

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

anuncio_allaboutenergy_Renergy_jan_2013.pdf 1 09/01/2013 18:56:07

Page 4: Renergy #12

índiceA relação direta do homem com o meio ambiente

Entrevistas, eficiência energética e energias alternativas e renováveis

Ações que colaboram com o desenvolvimento sustentável

Eco

Energia

Sustentável

Como navegar pelo conteúdoLocalize os temas do seu interesse através dos ícones abaixo relacionados:

O presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), fala sobre a busca da indústria nacional pela autosufi ciência tecnológica

Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica),

64

OTÁVIO SILVEIRA JUNIOR

“entrevista

Page 5: Renergy #12

32

36

76Projeto de estudantes cearenses usa embalagens longa vida para amenizar o calor 78

Veja dicas de como fazer coleta seletiva de lixo no condomínio 80

Eventos, sites, campanhas ligados a energias renováveis e sustentabilidade 82

Os ilustradores do Baião Ilustrado inspiram-se na seção “O Último Apaga a Luz” 84

Tecidos de bancos automotivos feitos com material reciclado de garrafas PET8

O designer norte-americano usa tubos de alumínio descartados para criar lustres e luminárias 10

Fogão solar promete comida com mais qualidade que a preparada nos equipamentos convencionais12

Construtoras norte-americanas se uniram para obter edifícios mais sustentáveis14

O sociólogo e economista Ricardo Abramovay defende um novo capitalismo, com foco na ética e não apenas nos lucros

Consumidores poderão compensar a energia usada fornecendo eletricidade às distribuidoras através de pequenos geradores

Etanol brasileiro passa por crise de produção e identidade. Expectativa é de melhora no quadro atual com a abertura do mercado norte-americano

Braselco celebra 15 anos no mercado cearense e revela aposta na luz solar como nova fronteira a explorar 46

Brasil ocupa a 10ª posição em ranking mundial de atratividade para investimentos em energias renováveis 50

Pernambuco está investindo para ser um polo de energia eólica do Brasil 54

Novo painel feito com materiais chamados mais baratos, pode tornar a energia solar mais acessível 56

Page 6: Renergy #12

{ 6 } r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011

editorial

Prática já existente em alguns países do mundo, o fornecimento de ener-gia por parte de consumidores residenciais ou comerciais começa em 2013 no Brasil. Com isso, eles poderão compensar seu próprio consumo nego-ciando o excedente com as distribuidoras de eletricidade. Além do impacto na conta de luz, há outros aspectos positivos a serem destacados na chamada microgeração, que abordamos nessa edição. Um dos mais importantes é que ela estimula o investimento em pequenos geradores que usam fontes renováveis, como painéis solares e turbinas eólicas.

Outro ponto favorável é que, em um país com demanda cada vez maior por energia, a entrada dos pequenos geradores pode contribuir para di-minuir a pressão sobre todo o sistema elétrico. Segundo levantamento encomendado pelo Instituto Abradee de Energia (que tem como asso-

ciadas 41 concessionárias de distribuição de energia elétrica, responsáveis pelo atendimento de 98% do mercado brasileiro), até 2030 a microgeração deve representar 8% da matriz energética brasileira, além de atrair investimentos de R$ 48,9 bilhões.

O entrevistado desta edição, Otávio Ferreira da Silveira, presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de

Energia Eólica (Abeeólica), destaca o novo momento do setor no país, em que uma das preocupações, agora, é buscar a auto-suficiência tecnológica, com uma indústria 100% nacional. Para isso, começa a funcionar oficial-mente em 2013 a Rede Brasileira de Pesquisa em Energia Eólica (RBPEE).

E falando em tecnologia nacional, o etanol é outro tema destacado em matéria especial. O produto, motivo de orgulho da capacidade brasileira de produzir energia a partir de fontes renováveis, enfrenta problemas como queda de produção e incertezas quanto a seu futuro. Para os proprietários de veículos bicombustíveis, por exemplo, não é mais vantagem usá-lo por causa do preço pouco competitivo. Ficamos com a pergunta: o futuro reserva bons frutos para o etanol? O tempo dirá. Boa leitura!

A vez dos pequenos

expedienteDIREÇÃO GERALJoana [email protected]ÇÃOSilvio Mauro [email protected]ÇÃOSilvio Mauro Monteiro, Carlos Henrique Camelo e Yanna Guimarã[email protected] GRÁFICOGil DicelliEDITORAÇÃO ELETRÔNICAGerardo Jú[email protected]ÃOSilvio Mauro MonteiroCONSULTA TÉCNICAGustavo [email protected] NESTA EDIÇÃOThyago/Assis/Wendel/Sandes e Julião - baião Ilustrado (ilustração)DEPARTAMENTO COMERCIALMeiry Benevides(85) 3033 [email protected]ÃOGráfica Santa MartaTIRAGEM10 mil exemplaresRENERGY BRASIL EDITORA Ltda.Av. Senador Virgílio Távora, 1701sala 808 - AldeotaCEP 60170-251 Fortaleza CE Brasilwww.renergybrasil.com.brJORNALISTA RESPONSÁVELSilvio Mauro MonteiroMtb 01448JPCAPASoomawww.sooma.agOs artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem, necessaria-mente, a opinião da revista.É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos ou ilustrações, por qualquer meio, sem a prévia autorização.

Além do impacto na conta de luz, a mi-crogeração estimula o investimento em pequenos geradores que usam fontes renováveis

Page 7: Renergy #12

Para mais informações, consulte seu corretor de seguros ou acesse www.rsaseguros.com.br

A RSA SEGUROS MANTÉM VOCÊ E SEUS NEGÓCIOS EM MOVIMENTO.

NOVOS VENTOS PARA OS SEUS NEGÓCIOS.SOLUÇÕES INOVADORAS E PIONEIRAS EM SEGUROS PARA ENERGIA RENOVÁVEL.

Há mais de 30 anos, a RSA Seguros é líder em seguros para Energia Renovável. Com três séculos de tradição, a companhia conta com presença global e uma equipe altamente especializada para gerenciamento de riscos desde o planejamento até a operação fi nal do projeto.

RS-0005-12 - Anuncio Brasil Energia2.indd 1 16/01/12 12:29

Page 8: Renergy #12

{ 8 } r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011

fabricar

Tecidos feitos com material reciclado

Os revestimentos de bancos e painéis de portas dos novos Gol e Voyage têm fios feitos a partir de garrafas PET

Page 9: Renergy #12

r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011 { 9 }

Se você comprou um novo Gol ou um novo Voyage,

saiba que está colaborando com a reciclagem e a preservação do meio ambiente. Isso porque os revestimentos dos bancos e pai-néis de portas do seu carro são compostos por garrafas PET re-cicladas. Mas não pense que isso pode ser ruim ou tornar seu au-tomóvel de qualidade inferior. A Volkswagen garante que os teci-dos a base de PET, compostos por até 60% de fio reciclado, ofere-cem o mesmo conforto, qualida-de e resistência que os utilizados atualmente nos revestimentos dos outros veículos da empresa.

Conforme a montadora, a produção dos tecidos tem início com a separação das peças plás-ticas por cores, uma vez que elas acabam interferindo no tom de cada uma. Na sequência, as par-tes são limpas e trituradas em grãos, que são transformados em

fios. A partir daí, o processo é idêntico ao de tecidos convencio-nais. Além disso, os novos teci-dos atendem às especificações de aparência e durabilidade exigidas pela empresa, com a vantagem de preservar o meio ambiente. O material reciclado também é empregado na produção de car-petes, tapetes e no revestimento de assoalho e porta-malas.

A tecnologia permite que cada carro use uma quantidade de plástico equivalente a 52 gar-rafas PET de 1,5 litro, sendo 44 garrafas destinadas ao tecido dos bancos e o restante às portas. A Volkswagen do Brasil diz ser a primeira indústria automobilísti-ca do País a desenvolver e aplicar a tecnologia de tecidos à base de PET. De acordo com a empresa, busca por recursos sustentáveis no desenvolvimento de novos veículos tem feito parte das es-tratégias dos fabricantes, o que

motivou a iniciativa de utilizar esse tipo de material, um dos grandes causadores de poluição ambiental no Brasil.

A fibra de PET reciclado já é aplicada pela indústria automo-bilística, mas não da mesma for-ma utilizada pela Volkswagen. A Honda, por exemplo, desenvol-veu uma proteção à base de gar-rafas PET para evitar a corrosão dos discos de freio no transporte feito pelo mar. A técnica é utili-zada para veículos exportados. Feita anteriormente de material adesivo, a proteção é colocada nas rodas dos veículos produzi-dos na fábrica de Sumaré (SP) e destinados aos demais países da América do Sul e México. A pro-teção foi projetada para encaixar nas rodas sem que haja a necessi-dade de utilizar cola, o que torna o material reciclável e reduz os impactos ambientais causados pelo descarte.

Page 10: Renergy #12

{ 1 0 } r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011

reciclar

Transformar para decorarO designer norte-americano Christopher Poehlmann usa tubos de alumínio descartados no lixo para criar lustres e luminárias em formato de galhos

Page 11: Renergy #12

r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011 { 1 1 }

É incrível o que se pode fazer a partir de coisas retiradas

do lixo. Um dos mais recentes projetos foi transformar tubos de alumínio reciclados em lustres e luminárias, todos em formato de galhos de árvores. A ideia é do designer norte-americano Chris-topher Poehlmann, em parceria com a empresa CP Lighting. As luminárias, chamadas de New Growth, podem ser customiza-das para qualquer tipo de am-biente, em diversos tamanhos e formas, sempre remetendo à natureza. As peças são equipadas com lâmpadas de LED, com o objetivo de fornecer boa lumino-sidade e garantir o mínimo con-sumo possível de energia elétrica.

Na divulgação de sua ideia, o

designer mostra em vídeo todo o processo de confecção de um de seus lustres. Ele retira o alumínio do lixo e dá início à produção, fundindo os tubos de diferentes tamanhos, que vão se transfor-mando em galhos. Depois, Chris-topher começa a polir a peça, que vai ficando sem emendas e com bastante brilho. Concluído o polimento, é hora de colocar a fiação por dentro dos tubos e dei-xar tudo pronto para o encaixe das lâmpadas. O designer, então, fecha a parte do “tronco” do lus-tre com um parafuso, faz alguns últimos retoques e a peça está pronta.

Para quem tem habilidade com esse tipo de equipamento, o vídeo com todo o processo de

transformação pode ser visto no endereço http://www.artbabble.org/video/chipstone/christo-pher-poehlmann-new-growth-chandelier. Para quem prefere não se arriscar a confeccionar o lustre por conta própria, no site da CP Lighting há várias opções de produtos feitos a partir da técnica e dos tubos de alumínio (ele, no entanto, não informa se fornece seus itens para o Brasil). Vão desde pequenas luminárias de parede, passando por lustres e luminárias de mesa e de chão, que formam verdadeiras árvores e deixam a casa mais bonita e aconchegante. Mais informações e fotos do designer podem ser vis-tas no endereço www.cplighting.com.

Page 12: Renergy #12

{ 1 2 } r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011

cozinhar

Economia na cozinhaO Sun Cook usa os raios solares para cozinhar os alimentos. Além do custo zero com energia, o forno promete comida com mais qualidade que a preparada nos equipamentos convencionais

Em um país como o Brasil, no qual o sol não dá trégua

na maioria dos estados durante grande parte do ano, ele poderia ser mais usado como fonte de energia. Então, porque não usar os raios solares como uma alter-nativa para aquecer os alimen-tos? Essa é a proposta do forno Sun Cook, que usa um sistema chamado de “ótica ideal” para recolher e concentrar os raios do sol. A estrutura é equipada com uma série de espelhos curvos, que direcionam a radiação para um

ponto específico. O forno, assim, não precisa de ajustes para acom-panhar a mudança de posição do sol ao longo do dia e recebe sem-pre a maior quantidade possível de calor.

O Sun Cook cozinha para qua-tro a seis pessoas. O forno é como uma caixa na qual se colocam re-cipientes com a comida a ser pre-parada. Possui dois pegadores in-tegrados para um transporte mais fácil e tem duas tampas. A tampa exterior tem dentro um espelho e precisa estar aberta durante a ope-

ração. Quando fechada, ela serve também para proteger o interior do forno. Já a tampa inferior é composta por dois vidros sobre-postos que permitem a passagem dos raios solares para o interior do forno - tanto os que vêm direta-mente do sol quanto os que são refletidos pelo espelho da tampa exterior.

Comercializado pela SunOK e desenvolvido em Portugal, o equi-pamento possui as dimensões de uma caixa pequena e pesa 13 qui-los. De acordo com a empresa, os materiais que compõem a estru-tura de proteção do Sun Cook pro-porcionam isolamento total para evitar qualquer tipo de acidente causado pela alta temperatura.

Além da economia, o Sun Cook promete ainda um melhor cozimento dos alimentos. Isso porque, segundo o fabricante, como a temperatura no interior do forno é muito homogênea, não submete partes dos alimentos a valores desnecessariamente altos, como ocorre na proximidade de chamas ou de resistências elétri-cas. O equipamento custa cerca de R$ 640 e está a venda pela Internet no site Buy on Future (http://bit.ly/T9rai8).

Rua Dr. Fabrício Vampré, 277 - Vila Mariana | 04014.020 - São Paulo, SPFone: (11) 3807.8300 | Fax: (11) 3807.8400www.alfareal.com.br | [email protected]

Cada projeto demanda um programa de seguros específico. Por esse motivo, a Alfa Real oferece

soluções em seguros e gerenciamento de riscos para toda a cadeia produtiva do setor de energia.

A aliança com as principais empresas do setor financeiro e de seguros, a equipe especializada e a

experiência de 16 anos de mercado fazem da Alfa Real uma empresa de extrema confiança.

Assessoramos mais de 750MW com investimentos superiores a R$ 2,5 bilhões.

Proteja seu investimento. Contate a Alfa Real.

Sua receita ao sabor do vento.Seu investimento, não.

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

Page 13: Renergy #12

Rua Dr. Fabrício Vampré, 277 - Vila Mariana | 04014.020 - São Paulo, SPFone: (11) 3807.8300 | Fax: (11) 3807.8400www.alfareal.com.br | [email protected]

Cada projeto demanda um programa de seguros específico. Por esse motivo, a Alfa Real oferece

soluções em seguros e gerenciamento de riscos para toda a cadeia produtiva do setor de energia.

A aliança com as principais empresas do setor financeiro e de seguros, a equipe especializada e a

experiência de 16 anos de mercado fazem da Alfa Real uma empresa de extrema confiança.

Assessoramos mais de 750MW com investimentos superiores a R$ 2,5 bilhões.

Proteja seu investimento. Contate a Alfa Real.

Sua receita ao sabor do vento.Seu investimento, não.

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

Page 14: Renergy #12

{ 14 } r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011

construir

Este ano, os Estados Unidos podem ter dado um passo

significativo na construção de edifícios mais “verdes”. Há apro-ximadamente cinco meses, 27 associações de classe ligadas ao setor de construção civil ameri-cano anunciaram a formação da Coalizão Americana de Edifícios de Alto Desempenho (AHPBC, sigla em inglês para American High-Performance Buildings Co-alition).

O objetivo da união é promo-ver a construção de prédios sus-tentáveis seguindo padrões cien-tíficos baseados, principalmente, desempenho dos materiais usa-dos. A iniciativa promete melho-rar o desenvolvimento dos pa-drões de construção dos futuros empreendimentos e deverá dar suporte na elaboração de códigos de construção, normas e sistemas de classificação desenvolvidos em conformidade com o Ameri-can National Standards Institute (ANSI). Steve Russel, do Ameri-can Chemistry Council (ACC), destaca que a coalizão, no seu tra-balho, pretende buscar padrões de desempenho cujo foco prin-cipal será a obtenção da melhor eficiência energética possível.

A nova entidade ficará com a função de desenvolver os no-

vos padrões dos edifícios verdes, enquanto o governo federal e o Conselho Americano de Prédios Verdes (USGBC, de US Green Building Council) vão se prepa-rar para fazer uma reavaliação da Liderança em Energia e Design Ambiental (Leed, sigla em in-glês), o padrão usado atualmente pelos construtores americanos. Essa revisão havia sido adiada em um ano por causa da crise econô-mica enfrentada pelo país e de problemas no setor.

Craig Silvertooth, presidente do Center for Environmental In-novation in Roofing, afirma que os materiais de construção com

maior performance do mercado conseguem combinar durabilida-de, propriedades eficientes de uso de energia e outros benefícios am-bientais. Ele acredita que os novos sistemas de certificação e normas de construção verde, resultantes do trabalho da AHPBC, devem promover o uso desses produtos. Mesmo com custo mais elevado, eles irão compensar pelo ganho ambiental.

Novos padrõesAssociações de classe norte-americanas se uniram para desenvolver métodos de construção baseados em padrões científicos. O objetivo da iniciativa é obter edifícios mais sustentáveis

Para sabermais sobre

http://bit.ly/NWxqtG

© C

hris

tian

De

Gra

ndm

aiso

n | D

ream

stim

e.co

m

Page 15: Renergy #12
Page 16: Renergy #12

{ 16 } r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011

adubar

Restos de frutas, legumes, verduras, saquinhos de chá,

borra de café, entre outros resídu-os orgânicos, podem ser transfor-mar em adubo para o jardim da sua casa. Utilizando a técnica da compostagem, você consegue re-ciclar o que é descartado em casa e ainda ajuda a diminuir o volume de lixo encaminhado aos aterros sanitários. O processo é simples e pode ser feito até mesmo em pe-quenos apartamentos.

O processo é feito na compos-

teira, um recipiente simples, fácil de fazer em casa e que pode ser usado até em locais com pouco espaço. Se for bem montada, não atrai insetos nem solta mau chei-ro, sendo a solução ideal para re-ciclagem da matéria orgânica. De acordo com especialistas da área, alguns insetos fazem parte da compostagem, mas não vão mor-der ou transmitir doenças. Nem sairão da caixa, que é o ambiente ideal para eles.

A seguir, duas formas de fazer

a compostagem: uma para quem vive em locais menores, outra para quem tem jardim externo. Seguin-do os passos, é possível produzir adubo natural (húmus de minho-ca) de excelente qualidade, rico em nutrientes para as plantas, jardins e hortas. Se você não tem tantas habilidades manuais, não se preocupe, há opções de compra no mercado. A Morada da Flores-ta, por exemplo, oferece compos-teiras domésticas em quatro cores com preços a partir de R$ 170.

Tudo se transforma!Aproveitando o lixo doméstico para a produção de adubo orgânico, é possível economizar e contribuir para a diminuição do volume encaminhado aos aterros sanitários. Saiba como fazer em casa

© H

anm

on |

Dre

amst

ime.

com

Page 17: Renergy #12

r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011 { 17 }

Para quem vive em apartamentos

Materiais necessários:• Furadeira• Brocas em três tamanhos (fina, média e 5/8)• Torneira (5/8)• Caixa de madeira com três módulos e tampa

(o volume vai depender da quantidade de lixo produzido)

Como fazer:1 Use a broca média para fazer furos embaixo

das duas caixas superiores. Os furos devem estar equidistantes em média três dedos. Os orifícios vão permitir a travessia das minhocas e o escoamento do excesso de líquido.

2 Com a broca mais fina, abra pequenos orifícios ao redor da tampa, que irão garantir a oxigena-ção dos resíduos.

3 Com a broca maior, fure a caixa inferior, onde será encaixada a torneira. Essa caixa coleta o líquido que escorre dos resíduos orgânicos, também chamado de biofertilizante líquido. Depois de acoplar a torneira, por onde você poderá colher o fertilizante líquido, a parte estrutural da composteira está pronta.

Materiais para a compostagem:• Serragem (de madeira sem tratamento), folhas,

grama, palha secas• Terra preta• Minhocas

1 Nas duas caixas digestoras (a superior e a do meio), adicione 5cm de terra.

2 Coloque as minhocas até cobrir toda a super-fície

3 Depois de pronta, a composteira deve ficar em local protegido do sol e da chuva.

4 Dispense o resíduo orgânico na caixa digestora de cima, sempre cobrindo-o com material vegetal seco, como a serragem. Assim que ela encher, coloque-a no meio do sistema, e passe a jogar os resíduos na outra caixa. Cada caixa é preenchida, em média, em um mês, quando já é possível retirar o húmus, que será usado nas plantas como adubo. O líquido que fica na caixa de baixo pode ser usado para borrifar e/ou regar as plantas.

Descarte apenas os resíduos recomendados abaixo:• frutas, legumes, verduras, grãos e sementes• saquinhos de chá, erva de chimarrão, borra de

café e de cevada (com filtro)• sobras de alimentos cozidos ou estragados

(sem exageros) e cascas de ovos• palhas, folhas secas, serragem, gravetos, palitos

de fósforo e dentais, podas de jardim• papel toalha, guardanapos de papel, papel

de pão, papelão, embalagem de pizza e papel jornal

Para quem vive em casa com áreas externas

Fonte: Morada da Floresta (http://www.moradadafloresta.org.br)

Material• Caixote de madeira• Faca• Plástico grosso para forrar o fundo do caixote• Terra preta• Serragem• Minhocas1 Forre o caixote com o plástico2 Faça alguns furos no plástico com a faca, para

que o fertilizante possa escorrer3 Cubra o fundo do caixote com 5 cm de terra4 Jogue as minhocas e a composteira está pronta

5 Sempre que dispensar o lixo, cubra-o com mate-rial vegetal seco, como a serragem. Acomode a composteira em local sombreado e protegido da chuva, e aguarde um mês para que o material se transforme em húmus. Para recolher o fertili-zante, coloque uma bandeja ou um recipiente apropriado embaixo do caixote.

6 Para reiniciar o processo de compostagem, deixe cinco centímetros do húmus no fundo e recomece a descartar os resíduos. Isso vale para os dois sistemas.

Page 18: Renergy #12

{ 1 8 } r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011

consumir

O gado “verde”Empresa promete produzir, a partir de fevereiro de 2013, “carne sustentável”. Além de orgânico, o produto é obtido através de rigorosos procedimentos que levam em conta cuidados com o meio ambiente e o lado social

Apecuária é vista por muitos como vilã do meio ambien-

te, mas hoje já existem exemplos que mostram alternativas de pro-dução de carne em que há preocu-pação com os animais, da criação ao abate, e com o meio ambiente. Um deles é a parceria fi rmada entre o grupo Korin, produtor de alimentos e a Associação Brasilei-ra de Pecuária Orgânica (ABPO). A partir de fevereiro de 2013, será oferecido no mercado um produ-to classifi cado pelos participantes do convênio de “carne sustentável do Pantanal”.

O termo foi usado porque a parceria resultará em cuidados adicionais na produção de carne orgânica. Entre os cuidados no processo de produção, merecem

destaque uso mínimo de produtos químicos, ausência de ureia no sistema produtivo, a limitação do uso de vermífugo a apenas uma vez durante toda a vida do ani-mal (e somente até os 12 meses) e a rastreabilidade. Nesta última, todos os passos da criação são do-cumentados com o objetivo de ga-rantir a origem geográfi ca do boi.

Produtora de hortifrutigranjei-ros, além da carne, a Korin segue, nos seus processos produtivos, alguns princípios que buscam o equilíbrio entre preservação e uso dos recursos naturais. A empresa estimula, por exemplo, o forta-lecimento de unidades agrícolas familiares e trabalha em parceria com pequenos e médios produ-tores. Na produção de carne, ela

já tem experiência no chamado abate humanitário, que procurar amenizar o sofrimento dos ani-mais através de um conjunto de procedimentos que evitam o es-tresse e a dor.

Já a carne orgânica, que serviu de base para a Korin, é produzida por pecuaristas do Pantanal sul-matogrossense brasileiro e seu processamento envolve uma série de cuidados com o meio ambien-te. As fazendas da associação se comprometem a obedecer inte-gralmente a legislação ambiental do Brasil. Todas devem possuir as áreas de Reserva Legal e de Pre-servação Permanente intactas. Também é proibido o uso de agro-tóxicos e deve ser garantida a con-servação dos recursos hídricos.

Wils

on F

erre

ira/

IMA

Page 19: Renergy #12

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

Page 20: Renergy #12

{ 2 0 } r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011

urbanizar

Nova visãoConcurso propôs encontrar soluções sustentáveis para grandes centros urbanos, tendo como objeto de estudo uma região industrial e carvoeira da Austrália

Repensar, recriar, reativar. Foi com propostas assim

que a competição internacional de design Transiting Cities - Low Carbon Futures (cidades em tran-sição - futuro com menor emissão de carbono) mobilizou profissio-nais de todo o mundo para encon-trar soluções sustentáveis para a cidade de Latrobe, cuja economia é baseada na exploração de minas de carvão. Segundo os organiza-dores, um dos principais objetivos é produzir estratégias para cons-truir um ambiente urbano adap-tável, que possa responder a mu-danças e definir oportunidades de crescimento.

Foram convocados designers internacionais e instituições aca-dêmicas de uma ampla gama de disciplinas, incluindo arquitetos, paisagistas, urbanistas, engenhei-

ros, pesquisadores, empresários, economistas, artistas e estudan-tes. Cada participante tinha que apresentar visões de design de como a cidade Latrobe, com sua indústria de mineração de car-vão e aglomeração de municípios pode ser transformada e, a partir das suas características atuais, se preparar para o futuro. O teor do concurso, no entanto, previa que as soluções poderiam servir como referência para outros centros ur-banos.

O vencedor da categoria prin-cipal foi o projeto “Reassembling Flows” (reestruturando fluxos), da equipe americana Parallax Lan-dscape. Segundo uma breve des-crição do trabalho, as práticas atu-ais da área industrial de Latrobe, que inclui atividades mineração e pecuária leiteira, tem “enormes

custos ambientais”. O trabalho chama a atenção para o fato de que a extração de carvão, além das emissões de gases de efeito estufa, também representa uma grande fonte de poluição das águas sub-terrâneas e de superfície.

Mesmo reconhecendo esses problemas, no entanto, o projeto não propõe uma ruptura do mo-delo econômico existente e sim uma mudança gradual ao longo do tempo. “A identidade de Latro-be, tanto a nível local quanto glo-bal, é tão profundamente enraiza-da em sua tradição mineira que negar sua importância no futuro, seria um ato que denotaria visão limitada”, afirma o projeto.

A proposta do “Reassembling Flows”, é mudar o paradigma atu-al encontrando novos usos para as infra-estruturas já existentes e oti-mizando a utilização de recursos. Além disso, ele sugere a visão in-tegrada de Latrobe e seu entorno. Enxergando processos industriais, sistemas ecológicos e os hábitos culturais da população como um sistema único, segundo o projeto, permite o melhor aproveitamento dos resíduos e sua transformação e recursos valiosos. Mais informa-ções sobre o concurso podem ser obtidas no endereço www.tran-sitingcities.com (conteúdo em inglês).

Page 21: Renergy #12
Page 22: Renergy #12

{ 2 2 } r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011

educar

Um grupo de moradores de um bairro da cidade ame-

ricana de Milwaukee, a mais populosa do estado americano do Wisconsin, usou a educação como ferramenta para combater a criminalidade e a destruição do meio ambiente. Preocupados com a situação do Riverside Park, que durante anos havia sido ne-

gligenciado pelo poder público e estava tomado pelo lixo e pela criminalidade, eles resolveram agir para mudar a situação. Todos se uniram, promoveram a limpeza do parque e passaram a utilizá-lo como espaço para ensinar aos alunos do bairro conceitos sobre natureza e ciência.

A ideia, que começou em 1991,

deu certo e o projeto foi crescen-do. Em 2004, eles conseguiram criar um centro de educação co-munitária no Riverside Park, com salas de aula projetadas especial-mente para atender a programas escolares e servir como espaços para reuniões, palestras e ativi-dades recreativas. O projeto, que ganhou o nome de Urban Ecology

Consciência ambientalMoradores de uma cidade americana desenvolveram projeto com o objetivo de preservar áreas verdes através da educação. A iniciativa já conseguiu “adotar” três parques

Page 23: Renergy #12

r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011 { 2 3 }

A Alubar estápresente na construção dos maiores desafios.

MAIS QUE ENERGIA, CONDUZIMOS FUTURO.

• Cabos de Alumínio CA

• Cabos de Alumínio com Alma de Aço CAA

• Cabos de Liga de Alumínio CAL, ACAR e CALA

• Cabos Termorresistentes T-CAA

• Cabos de Alumínio cobertos de 15 kV, 25 kV e 35 kV

• Cabos Multiplexados XLPE/PE 0,6 - 1kV

Grupo Alubar - Zona Portuária de Barcarena - Pará • Brasil • Fone: (91) 3754.7156 • Fax: (91) 3754.7154 • [email protected]

ALUBAR ENERGIASoluções em Energia

A Alubar estápresente na construção dos maiores desafios.

Foto

: Galb

a San

dras

.

Center, desenvolve um modelo de educação cuja fi losofi a, baseada em pesquisas, diz que para que uma pessoa seja ambientalmen-te consciente ela precisa de duas coisas: o contato constante com a natureza, desde o início da vida, e um mentor, seja ele um pai, um professor ou um amigo, que passe a noção da importância do meio ambiente para a vida das pessoas.

Para a formação desses cida-dãos ambientalmente conscien-tes, é desenvolvida uma série de iniciativas com as escolas da região e a comunidade. Entre elas, está a utilização do parque como “labo-ratório ao ar livre” para crianças

das escolas do bairro. Ao invés de serem feitas apenas visitas esporá-dicas ao local, elas são programa-das para acontecer o ano inteiro.

Também são realizados acam-pamentos de verão para crianças e jovens, eventos noturnos e ações que aliam a educação com ativida-des como caminhadas, passeios de bicicleta e canoagem. Além disso, apesar do foco do projeto estar na educação ambiental da juventude a partir do contato com a nature-za, o centro também desenvolve uma série de ofi cinas e eventos com o objetivo de partilhar os co-nhecimentos sobre ecologia com os adultos.

Atualmente, mais de 77 mil pessoas são atendidas pelo Urban Ecology Center. Segundo os orga-nizadores, entre as metas estão ampliar esse número e restaurar e proteger todas as áreas verdes de Milwaukee. Para isso, as ati-vidades do centro estão sendo levadas para outras áreas. Novas sedes do projeto foram criadas no Washington Park (zona oeste da cidade) e no Vale Menomonee (região sul).

Para sabermais sobre

urbanecologycenter.org/

Page 24: Renergy #12

{ 2 4 } r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011

responsabilidade social

Reflorestamento recebe apoio da Alstom FoundationA fundação selecionou seis projetos da América Latina para apoiar este ano. Um deles busca o reflorestamento da Mata Atlântica

Page 25: Renergy #12

r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011 { 2 5 }

Brasil, Argentina, Chile, Colôm-bia, México e Peru tiveram

projetos selecionados para receber apoio da Alstom Foundation, que busca ajudar ações de ONGs que melhorem as condições de vida de comunidades de forma ambiental amigável e sustentável. O projeto de reflorestamento da mata atlânti-ca nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo teve o apoio renovado pelo quarto ano consecutivo.

O principal objetivo do projeto é restaurar 15 milhões de hectares de mata degradada até 2050. Isto representa 12% de reflorestamen-to da mata original, que somados aos 8% que restam hoje, resultarão em 20% de floresta. O processo de restauração florestal ocorre em dois locais: Fazenda Dourada, em Casi-miro de Abreu, no Rio de Janeiro, e Centro Capelinha, no Parque Es-tadual do Rio Turvo, no sul de São Paulo.

O projeto também recebe apoio para a criação de uma rede de vi-veiros que produzirá e trocará se-mentes e mudas em toda a região do Corredor Central de Biodiver-sidade, que vai do sul da Bahia ao Espírito Santo. O objetivo é criar corredores florestais que contribu-

am com a reconstrução de zonas ribeirinhas, em especial no eixo en-tre os Parques Nacionais do Monte Pascoal e Pau Brasil.

Este ano, 16 dos 63 projetos en-viados para receberem apoio foram selecionados pela diretoria da Als-tom Foundation. Ao todo, 11 desses 16 projetos se encaixam na catego-ria “apoio social”, dois em “desenvol-vimento econômico”, dois em “edu-cação e conscientização ambiental” e um em “preservação da natureza”. A América Latina apresentou 29 dos 63 projetos propostos, enquan-to 17 vieram da Ásia-Pacífico e 11, da África e Oriente Médio.

Além da ação de reflorestamen-to, outros três projetos brasileiros já tiveram o apoio da Alstom. A Eco-Escola, desenvolvida em 2009 e 2010, busca transformar a Esco-la Estadual Deputado Augusto do Amaral, no bairro do Jaguaré, em São Paulo, em um modelo de escola sustentável, desenvolvendo tanto a parte pedagógica, quanto a estru-tural. A escola atende cerca de mil estudantes entre 10 e 18 anos.

Já o Sistema Alternativo de Tra-tamento de Esgoto, desenvolvido de 2009 a 2011, trabalhou a constru-ção de sistemas adequados de tra-

tamento de esgoto utilizando tec-nologia alternativa e de baixo custo. O foco foi promover o adequado tratamento de efluentes da rede de saneamento básico em pequenas comunidades carentes das cidades de Taubaté e Redenção da Serra, no estado de São Paulo.

O projeto Catadores de Lixo Re-ciclável em Porto Velho também recebeu apoio da Alstom. Criado para organizar a coleta de lixo de Porto Velho, no estado de Rondô-nia, o projeto conta também com a implementação de um programa de conscientização em escolas per-to de coletores na zona rural para otimizar a coleta seletiva.

Criada em 2007, a Alstom Foun-dation apoia iniciativas globais e locais destinadas a comunidades que tenham como objetivo a preser-vação do meio ambiente. A funda-ção está ligada à empresa francesa Alstom, especialista em infraestru-tura ferroviária e geração e trans-missão de energia.

Serviço

www.alstom.com/pt/brazil/

© A

ndre

ygor

lov

| Dre

amst

ime.

com

Page 26: Renergy #12

{ 2 6 } r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011

consumo consciente

S e você ainda não entende porque as pessoas levam as

hoje tão comentadas ecobags (sacolas retornáveis) ao super-mercado, precisa mudar rapida-mente seus conceitos. A ideia de poupar o uso de sacolas plás-ticas é apenas uma das atitudes relacionadas com conceito de consumo consciente. Ele surgiu a partir da preocupação com o enorme uso dos recursos natu-rais por parte da humanidade, que ameaça a garantia futura de água, energia e alimentos e pode deixar nossa vida bem complica-da a médio e longo prazo.

Para se ter ideia, o consumo mundial de recursos naturais pode ser triplicado até 2050, a 140 bilhões de toneladas por ano, se não forem tomadas me-didas drásticas para frear a supe-rexploração. A advertência é da Organização Mundial das Na-ções Unidas (ONU). De acordo com a entidade, as reservas de certos recursos essenciais (em níveis sufi cientes para garantir, simultaneamente, preço acessí-

Para garantir o futuroTodo consumo causa impacto, seja positivo ou negativo. De acordo com projeções da ONU, sem medidas que mudem os conceitos atuais em relação às compras, o uso de recursos naturais do planeta pode ser triplicado até 2050

© S

mile

seaf

ox |

Dre

amst

ime.

com

Page 27: Renergy #12

r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011 { 2 7 }

vel e qualidade) como o petróleo, o ouro e o cobre já estão se esgo-tando.

Diante desse cenário, o con-sumo consciente aparece como alternativa para que mudemos nossas escolhas na hora das com-pras. Todo consumo causa im-pacto (positivo ou negativo) na economia, nas relações sociais, na natureza e em você mesmo. Ao ter consciência disso no mo-mento de escolher o que com-prar, de qual fornecedor o produ-to será adquirido, qual a maneira de usar e como descartar quando ele não servir mais, o consumi-dor pode buscar maximizar os

impactos positivos e minimizar os negativos.

O consumo consciente, em resumo, seria a busca do equilí-brio entre a satisfação e a susten-tabilidade. Ele também procura disseminar o conceito de que pe-quenos gestos, quando realizados por um número muito grande de pessoas, promovem transforma-ções signifi cativas. Um exemplo é o incentivo do uso das ecobags. Uma atitude simples, mas que evita o desperdício de muitas sacolas plásticas. Conforme um estudo da Universidade Estadual da Paraíba, no Brasil são produzi-das 210 mil toneladas anuais de

plástico fi lme. Esse material tem os aterros como principal desti-no e uma vez colocado no solo, difi culta a decomposição dos materiais biodegradáveis. Cada brasileiro utiliza, em média, 19 quilos de sacolas plásticas por ano. Elas representam cerca de 10% do lixo produzido no país.

Para sabermais sobre

http://www.akatu.org.br

Execução de Planos Ambientais.

Arquitetura e Meio Ambiente

EBRASIL Arquitetura e Meio AmbienteRua Coronel Mozart Gondim, 1044 - São Gerardo60.320-250 Fortaleza/CE(85)3281.1284 / [email protected]

Participantes do Curso de Design em Permacultura, atividade incluída em Plano Ambiental realizado para Complexo Eólico em João Câmara/RN.

Page 28: Renergy #12

{ 2 8 } r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011

QUA L I DA D E D E V I DA

cidade renovável

Ex-vilã domeio ambiente

Paragominas foi, durante muitos anos, um município com altos índices de desmatamento. Mas se esforçou para mudar esse quadro e hoje tem mais de 66% do seu território com mata nativa

{ por Carlos Henrique Camelo

Page 29: Renergy #12

r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011 { 2 9 }

O ano de 2008 representou um marco na história do mu-

nicípio de Paragominas, situado no nordeste do Pará, a 300 quilô-metros de Belém. Em fevereiro daquele ano o Ministério do Meio Ambiente divulgou uma lista com os nomes dos 36 municípios cam-peões em desmatamento do país e Paragominas estava lá. Até então, o município de cerca de 100 mil habitantes desmatava cerca de 30 mil hectares do bioma amazônico a cada ano e já tinha perdido cerca de 40% de sua área de fl oresta.

Mas além de ter sido exposta como um dos grandes vilões da fl oresta, a ação do Governo Federal trouxe outras implicações para a cidade. A medida responsabilizava toda a cadeia produtiva destes mu-nicípios por desmatamento ilegais e disponibilizava para a sociedade a lista dos infratores, além de estabe-lecer restrições ao acesso a crédito para estes produtores irregulares. Com isso, produtores fi caram com a imagem abalada junto à socieda-de e sem a possibilidade de recorrer aos bancos para tomar emprésti-

Viena

Foto

: Joã

o Pi

nhei

ro N

eto

Page 30: Renergy #12

{ 3 0 } r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011

cidade renovável

QUA L I DA D E D E V I DA

mos em bancos públicos e privados.Foi neste ponto que o poder pú-

blico e produtores do município se uniram para uma grande virada na história de Paragominas. O prefeito da cidade conseguiu a assinatura de 51 entidades locais para o Pacto pelo Desmatamento Zero, implan-tou a educação ambiental para 30 mil alunos das escolas, regularizou terras do município e fez parcerias importantes com o Imazon, insti-tuição que monitora mensalmente o desmatamento no município, e com a organização não governa-mental The Nature Conservancy.

O esforço de todos teve um resultado positivo e em 2010, Pa-ragominas se tornou o primeiro município a deixar a lista dos des-matadores da floresta. Mas para que isso acontecesse, foi preciso cumprir a risca as três exigências do Ministério do Meio Ambiente: reduzir o desmatamento para me-nos de 40 quilômetros quadrados por ano, ter uma taxa média de des-matamento dos dois últimos anos

menor do que 60% do registrado entre 2005 e 2008 e fazer com que 80% de seu território tivesse o Ca-dastro Ambiental Rural (CAR) — um diagnóstico das propriedades, primeiro passo para a regularização ambiental.

O resultado do trabalho tam-bém trouxe frutos importantes para a cidade. A taxa percentual do desmatamento em relação a área total do município foi redu-zindo continuamente ao longo dos anos: 0,30% em 2008; 0,15% em 2009; 0,17% em 2010 e 0,032% em 2012. Hoje o município conta com 66,45% de todo seu território em floresta nativa consideradas como áreas protegidas e 11 hectares fo-ram instituídos como Parque Am-biental Municipal de Paragominas, área verde com função ambiental e social.

A boa imagem também atraiu novos investimentos para o muni-cípio, que aumentou a sua arreca-dação fiscal. Os produtores tam-bém acabaram sendo beneficiados

e atualmente a cidade tem um novo polo industrial à base de madeira certificada e está procurando in-vestir em um projeto de “pecuária verde”.

Por todos estes bons resultados, Paragominas virou uma referência em desenvolvimento sustentável na região da Amazônia. Tanto que a Imazon criou um guia para esti-mular os municípios na região a fa-zer a transição para um Município Verde, tendo Paragominas, como exemplo. Pelo menos outras 11 ci-dades paraenses já aderiram ao Pro-grama Município Verde. É esperar, que assim como Paragominas, eles também mudem a sua história para melhor.

Para sabermais sobre

http://bit.ly/a67bUBhttp://bit.ly/kU4Wkdhttp://bit.ly/tBftVkhttp://bit.ly/W9rxtW

Page 31: Renergy #12
Page 32: Renergy #12

{ 3 2 } r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011

P E R F I L

rg verde

Page 33: Renergy #12

r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011 { 3 3 }

Um dos nomes mais procurados quando o assunto é economia verde, o sociólogo e economista Ricardo Abramovay defende uma refundação do capitalismo, centrado na preocupação ética e não meramente nos lucros, como meio de preservar o planeta

Muito mais que uma economia verde

N ão foi à toa nem por acaso. O sociólogo e economista Ricar-

do Abramovay, autor do livro Muito Além da Economia Verde, lançado este ano, recebeu no fim de outubro o Prêmio Jornalistas&Cia/HSBC de Imprensa e Sustentabilidade, na cate-goria Personalidade do Ano em Sus-tentabilidade. Professor do Departa-mento de Economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabi-lidade da Universidade de São Paulo (FEAUSP) e do Instituto de Relações Internacionais da USP, Ricardo Abra-movay é referência quando o assunto é economia verde e sustentabilidade.

Ele defende uma reformulação do capitalismo, que seria centrado na preocupação ética e não apenas nos lucros. Assim, o planeta seria preser-vado, mas também a dignidade e o bem estar das pessoas. Para Ricardo, no atual período de transição para uma economia de baixas emissões de carbono, os desafios para o planeta atingir a sustentabilidade passam por mudanças não só na forma de produ-

zir bens de consumo e serviço, mas também de repensar a ciência econô-mica. Para o sociólogo, reconhecer a importância das inovações tecnológi-cas embutidas na ideia de economia verde não significa dizer que essa eco-nomia verde ou um crescimento sus-tentável seriam capazes de resolver os problemas do século XXI.

Ricardo acredita no conceito de economia verde, mas acha que a des-confiança entre os diferentes parti-cipantes da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sus-tentável, em relação à efetividade dessa economia, tem fundamento. Para o especialista, essa incredulida-de só será atenuada caso se consiga associar as inovações tecnológicas com o conceito de que elas devem ter limites éticos, além de ajudar na luta contra as desigualdades.

Este é um dos pontos centrais de Muito Além da Economia Verde: combater a desigualdade social é vi-tal na transição para uma nova eco-nomia. Em seu livro, o autor associa

índices tradicionais de medições eco-nômicas como o Coeficiente Gini e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) a inovações como a Felicidade Interna Bruta (FIB). Assim, na sua análise, enquanto o IDH faz uso de dados relativos à expectativa de vida, à escolaridade e ao Produto Interno Bruto (PIB) e o coeficiente Gini é uti-lizado para calcular a desigualdade na distribuição de renda, a FIB propõe o crescimento humano e material si-multâneos.

“O vínculo entre expansão da pro-dução de bens e serviços e a obtenção real de bem estar para as pessoas, as comunidades e seus territórios, a par-tir de certo patamar de abundância, é cada vez menos óbvio. Mesmo que a produção material tenha atingido uma escala impressionante, nunca houve tantas pessoas em situação de miséria extrema, ainda que propor-cionalmente elas representem a me-nor parcela da população já registrada em qualquer momento da história moderna. E nos países mais ricos

Page 34: Renergy #12

{ 3 4 } r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011

P E R F I L

rg verde

do planeta, acumulam-se os estudos mostrando que a elevação na disponi-bilidade de bens materiais e de renda nem de longe é proporcional ao sen-timento de melhoria na qualidade de vida”, afirma, em um dos trechos do livro.

Muito além da Economia Verde destaca ainda que a transição à qual se refere o livro se traduz no surgimento de novas formas de organização em-presarial e em novas aspirações indi-viduais, que começam a ter peso de-cisivo na gestão privada e na maneira como os indivíduos se relacionam com o mundo do consumo. “O ponto decisivo desta evolução é a crescente influência que sobre ela exercem não só as políticas públicas, mas, sobretu-do, forças sociais diversas que interfe-

rem de forma cada vez mais explícita na definição dos sistemas administra-tivos das firmas e de suas cadeias de valor. E é isso que permite imprimir orientação estratégica a este processo evolutivo”.

Por fim, outro trecho do livro res-salta que a extração global de recursos (levando-se em conta apenas o peso físico do que se retira diretamente da superfície terrestre para a construção civil, para a mineração com finalida-des industriais, para o uso como com-bustíveis fósseis e, somando-se a estes três, a biomassa) aumentou oito vezes ao longo do século XX. “A própria ges-tão empresarial não pode mais con-tentar-se em medir sua eficiência pe-los números dos balanços contábeis e, de forma crescente, começa a incor-

porar a seus parâmetros de avaliação os efeitos imediatos sobre a vida dos indivíduos, das famílias, dos territó-rios e dos ecossistemas. Isso vai além do que, até aqui, tem sido chamado de responsabilidade socioambiental corporativa e não se limita a minorar eventuais impactos negativos da exis-tência da empresa, mas, ao contrário, coloca a atividade econômica como parte de um processo regenerativo do tecido social”.

Serviço

Muito Além da Economia Verde Editora Planeta Sustentável, SP, 2012Preço: R$ 35

Page 35: Renergy #12

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

Page 36: Renergy #12

{ 3 6 } r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011

capaM I C R O G E R AÇ ÃO

Sistema de compensação de energia através de pequenos geradores residenciais ou comerciais começará a funcionar em 2013. A expectativa é de que a microgeração represente cerca de 8% da matriz brasileira, em duas décadas

DE CLI ENTE

A FOR-NECE-DOR

{ Por Silvio Mauro

Page 37: Renergy #12

r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011 { 3 7 }

Mon

tage

m e

m fo

tos ©

Vac

lav

Volr

ab |

© T

hree

art |

Dre

amst

ime.

com

Page 38: Renergy #12

{ 3 8 } r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011

capa

Que tal deixar de ser apenas consumidor de energia e

se tornar também um produtor? Pelo menos no que se refere à le-gislação, o Brasil deu um passo im-portante nessa direção. Em abril deste ano, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) apro-vou regras destinadas a reduzir barreiras para instalação de gera-ção distribuída de pequeno porte, que incluem a microgeração, com até 100 KW de potência, e a mini-geração, de 100 KW a 1 MW. Por meio da Resolução nº 482/2012, a agência criou o Sistema de Com-pensação de Energia Elétrica.

Este sistema, também conhe-cido pelo termo em inglês net metering, permite que um consu-midor possa instalar, em sua resi-dência ou em um estabelecimento comercial, geradores de baixa po-tência como painéis solares foto-voltaicos ou pequenas turbinas eó-licas. A regra da Aneel é válida para equipamentos que usem energia hídrica, solar, biomassa ou eólica e de cogeração qualificada (gera-ção de energia térmica e elétrica a partir da queima de gás, resíduos industriais ou biomassa). De acor-do com a agência, a medida busca oferecer melhores condições para o desenvolvimento sustentável do setor elétrico brasileiro, a partir do aproveitamento adequado dos recursos naturais e utilização efi-ciente das redes elétricas.

Além de incentivar a produção de energias renováveis, a nova re-gra traz benefícios para o bolso do consumidor, uma vez que a ener-gia gerada por ele pode ser usada para abater o consumo de energia elétrica da sua unidade residencial ou comercial. Além disso, esse abatimento pode ser direcionado

para outras unidades (a geração da casa de praia compensa o con-sumo do apartamento na cidade, por exemplo) em um período de até três anos.

Pela regra do sistema de com-pensação, quando a geração for maior que o consumo, é criado um saldo positivo de energia que pode ser abatido na fatura do mês seguinte do próprio imóvel ou no gasto de eletricidade de outro. Se-gundo a Aneel, para o consumidor usar esses créditos de uma unida-de em outra, ambas precisam es-tar na mesma área de concessão e devem pertencer ao mesmo

proprietário. Além de ampliar a produção e

a oferta de energias renováveis, a criação do sistema de compensa-ção irá proporcionar o desenvol-vimento da indústria nacional, o surgimento de novos negócios e a geração de empregos em larga es-cala em atividades ligadas a esse setor. É o que defende o consultor da Federação das Indústrias do Es-tado do Ceará (Fiec) para a área de energia, Jurandir Picanço. “A participação percentual da micro e da minigeração de energia será, por vários anos, pouco expressiva

em termos de energia. Mas devido à natureza dos empreendimentos, terá um grande dinamismo, per-mitindo o desenvolvimento de uma vasta gama de novos negócios na sua cadeia produtiva”, diz.

Mesmo acreditando que a microgeração ainda levará um tempo para ter impacto signifi-cativo na matriz energética brasi-leira, o consultor da Fiec acredita que, considerando o potencial de energia eólica e solar do Brasil, é possível visualizar uma transfor-mação estrutural do setor elétrico nacional, no futuro. Atualmente,

M I C R O G E R AÇ ÃO

A principal expecta-tiva Magniam, accullab ipient in pre dolo voles vendaer spereperro idia quo mollo expliqui con pores volectores min-tEque consid C. Hil tus, conos, quod se furnitam

Page 39: Renergy #12

r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011 { 3 9 }

a energia ofertada no país é predo-minantemente de origem hidráu-lica. De acordo com o Balanço Energético Nacional, feito pela Empresa de Pesquisa Energética (órgão vinculado ao Ministério das Minas e Energia), ela repre-sentou 81,9% da energia elétrica ofertada no país, no ano passado. Enquanto isso, a eólica respondeu por apenas 0,5%.

Apesar da pouca expressivi-dade da energia eólica na matriz brasileira, é preciso ressaltar que estes números vêm mudando ra-pidamente. Segundo o Balanço

Energético Nacional, a produção de eletricidade a partir dessa fon-te alcançou 2.705 GWh em 2011. Isso representou um aumento de 24,3% em relação ao ano anterior. Além disso, em 2011, a potência instalada para geração eólica no país aumentou 53,7%. De acordo com o Banco de Informações da Geração (BIG), da Agência Nacio-nal de Energia Elétrica (Aneel), o parque eólico nacional cresceu 498 MW, alcançando 1.426 MW ao final de 2011.

Há expectativa de que a resolu-ção 482 contribua ainda mais com

esse crescimento. Pesquisa reali-zada pela consultoria DNV Kema Energy & Sustainability revela que até 2030 a adesão à microgeração distribuída deve ser de cerca de 1,4 milhão de clientes, represen-tando uma potência instalada de cerca de 17 GW a partir do uso das energias solar, eólica e à base de biomassa. Segundo o levanta-mento, encomendado pelo Insti-tuto Abradee de Energia, até 2030 a microgeração deve representar 8% da matriz energética brasilei-ra, além de atrair investimentos de R$ 48,9 bilhões.

SXC

.hu

Page 40: Renergy #12

{ 4 0 } r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011

capa

M I C R O G E R AÇ ÃO

Produção em outros países

Segundo o consultor da Fiec na área de energia, Jurandir Pi-canço, países como Japão, Reino Unido, Portugal, entre outros, já têm um mercado consolidado na microgeração. Nessas nações, de acordo com ele, o sistema de regulamentação é diferente do que está sendo implantado no pa-ís. Enquanto no modelo adotado pela resolução 482 o cliente que produzir mais energia que con-sumir fica com o crédito para ser

usado nos meses subsequentes, lá fora funciona um sistema de subsídio que premia consumido-res que implantem seus sistemas próprios. “Na Alemanha, por exemplo, o cliente que tem um equipamento de microgeração recebe pela energia produzida uma tarifa maior do que a paga pela eletricidade consumida”, ex-plica ele.

No Brasil, segundo o consul-tor, uma das grandes vantagens

do modelo adotado está na au-sência de cobrança de encargos e impostos na produção de energia a partir da micro ou minigeração. “Diante dos elevados encargos e impostos que oneram as tarifas de energia elétrica, a não incidência na microgeração permite a sua viabilidade, mesmo consideran-do o custo mais elevado do KWh dessa forma de energia, quando comparada com o dos empreen-dimentos de grande porte”.

Page 41: Renergy #12

r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011 { 4 1 }

Microgeração só a partir do segundo trimestre de 2013Apesar da resolução 482/2012 ter sido aprovada em abril, a sua implantação só se dará de fato a partir do segundo trimestre do próximo ano. De acordo com o assessor da Superintendência de Regulação dos Serviços de Distri-buição da Aneel, Hugo Lamin, a resolução estabeleceu um prazo de 240 dias para que as empre-sas distribuidoras de energia ela-borem ou revisem suas normas técnicas para adequarem os seus sistemas comerciais ao modelo de compensação de energia. “O objetivo do regulamento é que todas as distribuidoras estejam adequadas após 15/12/2012. Essa adequação inclui a publicação de normas técnicas e a mudança dos sistemas comerciais das distribui-doras”.

Lamin ressalta que o fim do prazo da Aneel não significa o início imediato da operação do sistema. “Mesmo com a adequa-

ção das distribuidoras às regras comerciais, é necessário ter em mente que o efetivo faturamento das primeiras unidades consumi-doras no sistema de compensa-

ção de energia não é imediato”. De acordo com o assessor da Aneel, o prazo total, contando da solicitação do consumidor até a

aprovação do ponto de conexão pela distribuidora, deve ser de até 82 dias.

Com relação aos custos, a re-solução 482 estabelece que os clientes interessados ficarão res-ponsáveis pelos gastos relativos à adequação do sistema de me-dição necessário para implantar a compensação. Já as distribuido-ras serão responsáveis pela ope-ração e manutenção, incluindo nestes custos possíveis demandas de substituição ou readequação.

De acordo com a Aneel, a im-plantação do sistema de compen-sação trará benefícios não apenas para os clientes, mas também para as empresas distribuidoras. Entre as vantagens apontadas para estas últimas, estão a econo-mia nos investimentos de trans-missão, a redução das perdas nas redes e a melhoria da qualidade do serviço fornecimento de ener-gia elétrica.

1,4 milhãoé o número de pessoas que devem

aderir à microgeração

17 GWé a potência instalada a partir

do uso de energia solar, eólica e à base de biomassa

R$ 48,9 bilhõesem investimentos devem ser

atraidos pela microgeração

8% é quanto a microgeração deverá

representar da matriz energética brasileira

Mesmo com a ade-quação das distribuido-ras às regras comerciais, é necessário ter em mente que o efetivo faturamento das pri-meiras unidades con-sumidoras no sistema de compensação de energia não é imediato

Números até 2030

© E

rik

De

Gra

af |

Dre

amst

ime.

com

Page 42: Renergy #12

{ 4 2 } r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011

capa

No Ceará, a Fiec e o Instituto de Desenvolvimento Industrial (In-di) estão realizando ações para estimular os empresários a verem o setor de energias renováveis co-mo uma alternativa para novos negócios. “Já foram realizadas duas edições do Fórum de Opor-tunidades de Energias Renová-veis direcionado a este segmento. Podemos assegurar que muitas empresas estão se estruturando para entrar nessa nova atividade”, afirma Jurandir Picanço.

De acordo com ele, o setor predominante na área de micro-geração deve ser o solar fotovol-taico. “A indústria nacional, nesse segmento, ainda é incipiente, por causa da inexistência de merca-do. O seu desenvolvimento deve-rá ser incentivado a partir da pro-dução em larga escalar do silício para uso em células solares que, no Brasil, hoje, só é fabricado em

laboratórios de pesquisa”.A tecnologia, no entanto, não

será o empecilho para a implan-tação dos projetos de microgera-ção. É o que garante o consultor técnico da empresa Satrix Ener-gias Renováveis, Túlio França. Ele informa que a empresa cea-rense já está nesse mercado e ins-talou em Fortaleza e em cidades vizinhas mais de 40 geradores, que atualmente se encontram em operação.

De acordo com Túlio, o preço para a implantação varia de acor-do com a necessidade de cada residência ou estabelecimento comercial, mas o investimento se paga com a economia na conta de energia. “Cada residência tem necessidade de um modelo de gerador eólico ou da quantidade de placas fotovoltaicas, mas o que podemos dizer é que o retorno do gasto inicial é obtido em aproxi-

madamente seis anos”.Ele lembra que uma das prin-

cipais vantagens do sistema é que após o custo com o equipa-mento, o consumidor produzirá sua própria energia sem gastos adicionais. Sem a microgera-ção de energia, recebendo toda a eletricidade da distribuidora, ele pagaria indefinidamente por toda a energia consumida. Outro benefício apontado pelo diretor da empresa é a existência de li-nhas de crédito para a compra de equipamentos de energia limpa e renovável. De acordo com Túlio, o Banco do Nordeste financia o aerogerador em até 240 meses. O equipamento também pode ser adquirido através do cartão do Banco Nacional de Desen-volvimento Econômico e Social (BNDES) em até 48 meses. Tam-bém há linhas de crédito da Caixa Econômica Federal.

M I C R O G E R AÇ ÃO

Expectativa de demanda com o novo modelo

Do que ela trata• Estabelece as condições gerais para o

acesso de microgeração e minigeração distribuídas aos sistemas de distribuição de energia elétrica e o sistema de compensação de energia elétrica.

• Microgeração = potência instalada menor ou igual a 100 KW

• Minigeração = potência instalada maior que 100 kw e menor ou igual a 1 MW

• Sistema de compensação = sistema no qual a energia ativa gerada por unidade consumidora com microgeração distribuída

ou minigeração distribuída compense o consumo de energia elétrica ativa.

Custos• Os clientes interessados são responsáveis

pelos custos referentes à diferença entre o equipamento de medição do sistema de compensação e o do medidor convencional

• Após a adequação do sistema de medição, a distribuidora será responsável pela sua operação e manutenção, incluindo os custos de eventual substituição ou adequação.

Conheça a lei

Fonte: Resolução Normativa Nº 482, de 17 de abril de 2012- Agência Nacional de Energia Elétrica- Aneel

Page 43: Renergy #12

r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011 { 4 3 }

© T

ahoo

drea

mer

| D

ream

stim

e.co

m

Page 44: Renergy #12

{ 4 4 } r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011

capa

M I C R O G E R AÇ ÃO

Passo a passo

O que é microgeraçãoA microgeração é a produção de energia elétrica através de instalações de pequena escala usando fontes renováveis ou processos de conversão de elevada efi ciência (microturbinas, micro-aerogeradores eólicos, células de combustível, painéis solares fotovoltaicos, caldeiras de biomassa, mini e micro-hídricas, co-geração). A instalação pode usar apenas uma dessas tecnologias ou combinar várias, de acordo com as características do local, o nível de investimento ou a efi ciência que se pretende alcançar.

Etapas para a viabilização do acesso ao sistema de compensação

Dados NecessáriosDistribuidora disponibiliza na internet a relação das informações necessárias para a solicitação de acesso e dados requeridos pela ANEEL para registro

AcessoParecer de Acesso emitido pela distribuidora, sem ônus para o clienteEm caso de necessidade, a realização de estudos para integração da geração distribuída (micro ou minigeração) será feita pela distribuidora, sem ônus para o cliente

Registro na AneelEnvio dos dados para registro da micro ou mini GD feito pela Distribuidora

PrazosEmissão do parecer de acesso: 30 diasVistoria após solicitação do consumidor: 30 diasEntrega do relatório de vistoria: 15 diasAprovação do ponto de conexão: 7 diasPrazo total para efetivação da conexão: 82 dias

Page 45: Renergy #12

An IQPC divisionAn IQPC division

5o Fórum Nacional paraa Geração de Energia Eólica

A maior edição já realizada do Wind Forum Brazil apresentará as estratégias implementadas para superar os desafios presentes na geração de energia eólica. Acompanhe as tendências do setor que se consolida como uma das principais fontes renováveis na matriz elétrica brasileira

2 6 A 2 8 DE FE VEREIRO DE 2013 ■ ESTANPLAZA INTERNATIONAL ■ SÃO PAULO

Patrocínio Master Patrocínio Silver Patrocínio

Apoio Apoio Institucional Mídia Oficial

Inscreva-se pelo telefone: (11) 3463-5600 ■ e-mail: [email protected]: www.windforumbrazil.com

IQPC BrasilEnergia IQ@energiabrEnergia IQ

www.windforumbrazil.com

Cite o código 16800REE e receba 10% de desconto na conferência!

Clécio Antônio C. EloyDiretor ExecutivoCASA DOS VENTOS ENERGIAS RENOVÁVEIS

Mathias BeckerDiretor Presidente RENOVA ENERGIA

Elbia Melo Presidente ExecutivaABEEÓLICA

K E Y NOT E S P E A K E R S – A B OR DAG E N S I N É DI TAS DE :

João RamisPresidente EÓLICA CERRO CHATO

Hermes ChippDiretor Geral ONS - OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA ELÉTRICO

André Pepitone da NóbregaDiretorANEEL - AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA

INTERNATIONALKEYNOTE SPEAKER

Pedro Portella Dolabella Doutor – EngenheiroBAM FEDERAL INSTITUTE FOR MATERIALS RESEARCH AND TESTING

NOVIDADES NO WIND FORUM BRASIL 2013Novo local: Estanplaza InternationalOportunidades inéditas de networking: Demo Drive e Tech SpotlightsPalestra Interativa “Pensando Fora da Caixa”+40 palestrantes +11 painéis de debateCafé da Manhã com grandes players do mercado eólico

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

Page 46: Renergy #12

{ 4 6 } r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011

especialistaE N T R E V I S TA A R M A N D O A B R E U

O futuro está no solUm dos pioneiros do setor eólico do Ceará, o empresário português Armando Abreu celebra 15 anos de atuação no mercado de energia do Estado e revela que sua nova aposta é a luz solar

Page 47: Renergy #12

r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011 { 47 }

Na década de 1990, quando pouco se falava em fontes

alternativas de energia em um Brasil movido essencialmente por hidrelétricas, o empresário português Armando Abreu de-cidiu apostar nos potencial dos ventos do Ceará para a geração de eletricidade. Foi assim que nasceu a Braselco, empresa que começou suas atividades como braço comercial do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Energias Renováveis (Ider), ONG criada para empreender esforços em prol do desenvolvi-mento e da expansão das fontes alternativas (solar e eólica, em especial) no Brasil. Completando 15 anos de atividades em 2012, a Braselco, atualmente, oferece soluções e equipamentos para geração de energia renovável e participou de projetos pioneiros no Estado, como o parque eólico do Mucuripe. A empresa atua em um mercado que, hoje, na avalia-ção de Armando, é uma amostra de que seu investimento, feito há uma década e meia, foi uma deci-são acertada. “Tudo indicava que a aposta nestas formas de energia era apenas uma questão de tem-po, exatamente como se passou em países da Europa e nos Esta-dos Unidos”, afirma. Confiante na diversificação da matriz ener-

gética brasileira e no crescimento das fontes alternativas, ele revela que, para os próximos 15 anos, a meta da empresa é investir em opções como microgeração e energia solar. Sobre essa última fonte, aliás, ele revela ser uma de suas principais apostas. “Seja na

geração distribuída ou na micro-geração, ela pode ser a próxima grande fronteira a ser explorada no Brasil”, garante.

Renergy:: O que levou a Bra-selco a investir no setor de energias renováveis (diferentes da hidrelétrica) em 1997, quan-do pouco se falava no tema no Brasil e no Ceará?Armando Abreu:: A minha formação pessoal, e o fato de ver, já na década de 1990, que as ener-gias renováveis estavam se desen-

volvendo e se expandindo em todo o mundo, e não poderia ser diferente no Brasil. O país tinha um grande potencial para entrar no grupo dos que dominam os setores eólico e solar. Tudo indi-cava que a aposta nestas formas de energia era apenas uma ques-tão de tempo, exatamente como se passou em países da Europa e nos Estados Unidos. Acho que essa foi, acima de tudo, a princi-pal motivação: o fato de acredi-tarmos piamente nestas formas de energia e no seu crescimento a curto, médio e longo prazo no Brasil.

R:: Quais as principais dificul-dades enfrentadas pela empre-sa nesse começo?AB:: Todo ser humano é resisten-te a mudanças. Sendo o Brasil, naquela época, um país essencial-mente hídrico, com experiência e know-how adquiridos ao longo do tempo que o colocaram na vanguarda mundial na geração a partir de grandes hidrelétricas, aceitar que teríamos de partir para outras formas de energia como pequenas centrais hídricas, biomassa, eólica e solar, entre outras, foi e ainda continua a ser muito difícil. E as dificuldades principais estão sempre relacio-nadas com a cabeça das pessoas,

Já na década de 1990, as energias renováveis estavam se desenvol-vendo e se expandindo em todo o mundo, e não poderia ser diferente no Brasil

Page 48: Renergy #12

{ 4 8 } r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011

especialista

E N T R E V I S TA A R M A N D O A B R E U

pois as questões técnicas rapida-mente foram e são ultrapassadas. A realidade atual, inclusive, que mostra uma matriz mais diver-sificada e a energia eólica como uma fonte já consolidada, é uma demonstração disto.

R:: A partir de quando o Brasil se tornou um bom ambiente para investir em energias reno-váveis, excluindo a hidreletri-cidade?AB:: Foi um trabalho árduo e difícil, que começou antes da Braselco e continuou por alguns anos. Na minha opinião, o grande momento inicial do setor se deu com a criação e o lançamento, em 2002, do Programa de Incentivo as Fontes de Energia Alternativas (Proinfa), do Governo Federal. O sucesso dele foi o principal mar-co. Ele sinalizou, para os players do setor, que o Brasil estava co-meçando a acreditar nas fontes renováveis alternativas.O segundo grande momento foi o início dos leilões anuais de compra de energia alternativas, começando pelas pequenas cen-trais hídricas e de biomassa, em 2005, e as usinas eólicas a par-tir de 2009. A confirmação de que o Governo Federal passou a acreditar nas energias alternati-vas como uma excelente forma de energia complementar para a matriz energética brasileira foi o passo decisivo para o mercado. A situação atual, com a realização de sucessivos leilões de compra de energia a partir dessas fontes, é uma conseqüência natural do amadurecimento trazido por essa política governamental.

R:: Como uma das empresas

pioneiras no setor, de que for-ma a Braselco avalia as políticas públicas (federal e estadual) de implantação das energias re-nováveis na matriz energética brasileira?AB:: Hoje, não tenho dúvida de que o Brasil seguiu e tem adotado políticas corretas. Embora tenha sido um dos críticos, no início, em relação à adoção da política de leilões, considerando o fato de que eles não deram certo em mais de 90% dos países onde fo-ram realizados, tenho de concor-dar que esse expediente funcio-nou bem no Brasil. O mercado é uma amostra da correção dessas políticas. Não posso afirmar que

tudo está certo, mas, de forma ge-ral, estamos no caminho correto.

R:: A crise da Europa afeta o ce-nário de crescimento das ener-gias renováveis no Brasil? De que forma?AB:: É óbvio que afeta, pois os principais investidores neste se-tor, no Brasil, são os mesmos a nível mundial e a crise da Europa limita a liquidez disponível des-tes grupos para aplicar recursos no Brasil. No entanto, há vários

grandes empreendedores brasi-leiros que hoje estão apostando decididamente neste setor, com-pensando essa menor participa-ção dos grupos internacionais.R:: Após a consolidação da energia eólica, como a Braselco vê a energia solar, hoje e a mé-dio prazo?AB:: A energia solar, seja na ge-ração distribuída ou na microge-ração, pode ser a próxima grande fronteira a ser explorada no Brasil, em relação às fontes renováveis.

R:: Falando na microgeração de energia, ela deve começar a ser implantada no começo de 2013. Esse é um mercado no qual a Braselco também pretende in-vestir?AB:: A Braselco já está investin-do e pretende continuar apostan-do nesse mercado, embora pense que as distribuidoras vão fazer tudo para atrasar a implementa-ção e a aplicação prática das leis já aprovadas. Penso que 2013 ainda vai ser um ano muito penoso para o setor de microgeração.

R:: Como a empresa vê o mer-cado para os próximos 15 anos e quais devem ser os seus prin-cipais investimentos?AB:: Esperamos continuar apos-tando na formação e na melhoria contínua do nosso pessoal e dos processos da empresa para garan-tir mais qualidade nos serviços que oferecemos e prestamos. A Braselco quer ser reconhecida como uma das melhores e mais preparadas empresas do setor de geração de energia, no Brasil. Não buscaremos ser os maiores, mas sempre e isso sim, os melho-res.

A energia solar, seja na geração distribuída ou na microgeração, pode ser a próxima grande fronteira a ser explorada no Brasil, em relação às fontes reno-váveis

Page 49: Renergy #12

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

Page 50: Renergy #12

{ 5 0 } r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011

mercado

Ambiente favorávelEm um ranking de atratividade de investimentos em energias renováveis, elaborado pela consultora Ernst Young, o Brasil ocupa a 10ª posição

Page 51: Renergy #12

r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011 { 5 1 }

De um total de 40 países, em todo o mundo, mais atraen-

tes para investimentos em energias renováveis, o Brasil ocupa a 10ª po-sição. O ranking, que tem a China como primeira colocada, faz parte da última edição de 2012 do Índice de Atratividade dos Países em Ener-gias Renováveis, publicado pela consultoria Ernst & Young. O rela-tório lista, a cada três meses, as 40 nações mais atraentes para inves-timentos em energia eólica, solar, geotérmica e de biomassa, além de analisar a infraestrutura disponível para as usinas.

Analisando o contexto da Amé-rica Latina, a consultoria destaca que, no Brasil, as energias renová-veis são uma forma eficaz de impul-sionar o crescimento econômico e reduzir as emissões de carbono e o país já identificou essa oportuni-dade. “A estratégia do Brasil pode ser considerada um modelo para outros países devido ao seu sucesso na iniciativa de diminuir as exigên-cias para o financiamento público (através de subsídios) e atrair inves-timentos do setor privado” para o setor, afirma o estudo.

A Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 são

apontados como dois fatores que têm impulsionado o país a investir bilhões de dólares em projetos de infraestrutura. Isso tem feito com que, dentro da América Latina, o país esteja tomando “um papel de liderança no potencial de implanta-ção de redes inteligentes na região”. Um dos grandes desafios, no entan-to, tem sido a integração dos novos parques, muitos deles construídos em regiões distantes dos centros de consumo, através de novas linhas de transmissão.

De acordo com a Ernst Young, esse é um problema que atinge não só o Brasil mas a própria China, apontada no ranking como o país mais atraente para investimentos em renováveis. A consultoria ressal-ta que para que o uso de energias re-nováveis cresça a níveis suficientes para atender a demanda de eletri-cidade projetada para longo prazo, os investimentos em infraestrutura e conexão das redes precisam me-lhorar. “Mesmo nos locais onde a energia renovável tem se tornado competitiva, em termos de custos, a confiabilidade da estrutura e a integração das redes pode se tornar um grande obstáculo. Na China e no Brasil, projetos governamentais

SXC

.hu

Page 52: Renergy #12

{ 5 2 } r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011

mercado

têm experimentado atrasos que, em alguns casos, deixam a capacidade eólica instalada sem conexão, cau-sando gastos públicos adicionais e desperdício de potencial elétrico”, diz o relatório.

Em relação aos biocombustíveis, a consultoria afirma que o mercado global “está em uma encruzilha-da”. Nos Estados Unidos e Europa, isso acontece porque as políticas de apoio a essas fontes estão sob pressão, principalmente por causa da crise econômica. E no Brasil, segundo a Ernst Young, houve dois anos de diminuição de demanda e baixas margens de lucro. Outro de-safio do setor, apontado no estudo, é encontrar alternativas para pro-duzir em larga escala e conseguir reduzir os custos dessa produção.

A perspectiva de longo prazo, no entanto, é boa, inclusive para o Bra-sil. “Acreditamos que o etanol brasi-leiro vai superar esse momento em 2013, com margens positivas para os produtores e maior demanda”, conclui o relatório. Entre os moti-

vos relacionados com essa mudan-ça positiva estão melhores rendi-mentos de matéria-prima, redução de custos de logística e aumento da demanda pelo álcool anidro, que é misturado à gasolina. Atualmente, ele participa com 20% da mistura, mas há expectativa de que o per-centual suba para 25% em 2013.

Um detalhe que chama a aten-ção é que, mesmo com os proble-mas de infraestrutura, o Brasil, ao lado de Índia e China, se posiciona

ao lado de nações ricas e industria-lizadas, no ranking. Além disso, fica à frente de países como Austrália, Coréia do Sul, Portugal, Espanha, Suécia e Dinamarca.

Serviço

A íntegra do estudo, publicado em inglês, está disponível no endereço http://bit.ly/Y9bi6W

Ranking de atratividade para investimentos

PaísTodas as

renováveisEólica Solar Biomassa Geotérmica Infraestrutura

China 69.6 76 64 59 50 72

Alemanha 65.6 68 61 68 58 73

Estados Unidos 64.5 62 70 61 67 59

Índia 63.5 63 66 60 44 63

França 55.8 58 53 57 34 56

Reino Unido 54.6 62 41 57 35 64

Canadá 53.6 63 40 50 36 66

Japão 52.6 50 60 42 49 58

Itália 52.4 53 53 49 57 44

Brasil 50.5 52 48 54 24 51

Mar

cello

Cas

al Jr

./ABr

Page 53: Renergy #12

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

AN_ORGANICCLEAN_RENERGY.pdf 1 14/06/12 14:58

Page 54: Renergy #12

{ 5 4 } r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011

matriz energética

OBrasil é o país da América Latina que mais concentra

novos investimentos em energia eólica. O montante chega a U$ 18 milhões, metade de tudo que é aplicado em novos negócios do setor na região. Até o ano passa-do, nossa capacidade instalada de produção de energia eólica era de 1,5 GW, mas estimativas apontam que até 2020 este número chegará a 15 GW. Com clima favorável e vasto território, o potencial eólico brasileiro é superior a 350 GW.

No território brasileiro, o Nor-deste é o que concentra o maior potencial eólico. Cerca de 78% dos projetos eólicos brasileiros es-tão na região, com destaque para os estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia. Mas Pernambu-co não quer ficar de fora deste mer-cado tão promissor. E não quer ser apenas um produtor de energia eólica, a meta é mais ambiciosa. O governo pernambucano quer transformar o estado em um polo logístico para as empresas ligadas ao mercado de energia eólica.

Para isso, eles têm trabalhado em várias frentes, que passam pela realização de obras de infraestru-tura, incentivos fiscais e divulga-ção das vantagens e diferenciais competitivos do estado. Entres esses supostos benefícios, está a questão geográfica. O estado

tem uma localização central em relação aos demais do Nordeste, além de possuir conexão por es-trada para todas as principais áre-as produtoras de energia eólica da região.

Outro diferencial apontado é o Porto de Suape, que, segundo o Governo do Estado, é “o me-lhor porto público do país”. Sem entrar neste mérito, o certo é que Suape possui boas condições ope-racionais e de infraestrutura para abrigar grandes empresas. Os berços de atracação do porto são protegidos por arrecifes naturais, resultando em águas tranquilas, e

as condições climáticas são ame-nas, permitindo operações 24 ho-ras por dia, durante o ano inteiro.

Além disso, Suape dispõe de um sistema viário projetado para o transporte de peças de grandes dimensões, sem interferências urbanas e que dispensa licenças especiais no trajeto entre o porto e as fábricas instaladas no com-plexo. Ainda no campo da logís-tica, o Governo destaca a ferrovia Transnordestina, obra do Governo Federal, que ligará Suape ao muni-cípio de Eliseu Martins, no Piauí, e ao Porto de Pecém, no Ceará. Segundo o Estado, a conclusão

Aposta nos ventosPernambuco está investindo para ser um polo de energia eólica do Brasil. As ações do estado incluem incentivos fiscais para empresas do setor e a entrada do Porto de Suape na Abeeólica

WW

Fot

ogra

fias e

Víd

eo d

o N

E Lt

da.

Page 55: Renergy #12

r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011 { 5 5 }

da obra facilitará o transporte dos equipamentos produzidos em Su-ape para outras regiões.

Em um documento produzi-do pelo Governo de Pernambuco para promover este polo logístico, também estão apontadas vanta-gens como um dos menores cus-tos de mão-de- obra em relação aos concorrentes e o menor custo de terrenos para a instalação de indústrias entre os estados brasi-leiros. Vantagens estas que pesam na decisão dos empresários no processo de definição da instala-ção de qualquer indústria.

Mas Pernambuco não quer ficar apenas apresentando as

vantagens já existentes no esta-do. O Governo está empenhado na formação deste polo do setor eólico e para isso está oferecendo incentivos fiscais que vão desde a redução do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) a isenção do ICMS para empresas produtoras de aerogeradores, torres e pás eó-licas. Além disso, durante o Brazil Wind Power, encontro realizado em agosto no Rio de Janeiro, Su-ape tornou-se, oficialmente, um membro da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica).

O pontapé inicial para a forma-ção do polo produtivo já foi dado. Já estão instaladas, no porto, duas

empresas da cadeia de fornece-dores para a indústria de energia eólica. A Impsa foi a primeira do setor a iniciar suas operações no complexo de Suape. Ela produz em média 500 turbinas eólicas por ano e gera 320 empregos diretos. A outra em operação é a Gestamp, que produz 500 torres por ano e gera 508 empregos diretos.

Até o próximo ano, outras duas empresas do setor também inicia-rão sua produção no complexo industrial. São elas a LM Wind Power, empresa produtora de pás eólicas e a Iraeta, que irá produzir anéis de aço, chamados de flanges, usados nas torres eólicas.

Page 56: Renergy #12

{ 5 6 } r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011

alternativa

Energia solar mais acessívelNovo painel feito com materiais chamados “mais comuns”, como cobre e zinco, pode tornar a energia solar menos cara em um futuro próximo

Cientistas norte-americanos avançaram nos estudos que

podem resolver um dos maiores pro-blemas quando o assunto é aprovei-tamento de luz solar como energia: o preço dos equipamentos. Eles de-senvolveram uma nova tecnologia fotovoltaica que usa materiais bara-tos e disponíveis em grandes quan-tidades na Terra, como é o caso do zinco e do cobre. Atualmente, nos painéis solares, são utilizados ele-mentos químicos raros como o Índio e o Gálio, muito escassos e que são, em sua maioria, importados da Chi-na. O país é responsável por mais de

90% da produção desses materiais, que são necessários, por exemplo, em baterias de carros híbridos e aparelhos eletrônicos.

O estudo foi apresentado em agosto deste ano no 244º National Meeting & Exposition of the Ameri-can Chemical Society, o encontro da maior sociedade científica do mun-do. O físico Harry A. Atwater, do Califórnia Institute of Technology, e o químico James C. Stevens, do The Dow Chemical Company, principais responsáveis pela pesquisa, afirmam que os testes realizados com os no-vos equipamentos, elaborados a par-

tir de fosfato de zinco e óxido de co-bre, quebraram recordes em termos índices de corrente elétrica e volta-gem, o que comprovou o potencial desses materiais para o alcance de elevados níveis de eficiência.

Stevens tem experiência com painéis construídos com materiais mais tradicionais e caros. Ele ajudou a desenvolver o Dow’s PowerHouse Solar Shingle (painel solar Dow´s PowerHouse), que começou a ser comercializado em outubro do ano passado. O equipamento pode ser instalado como um telhado, mas usa tecnologia fotovoltaica com

© P

edro

Ant

onio

Sal

aver

ría

Cal

ahor

ra |

Dre

amst

ime.

com

Page 57: Renergy #12

r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011 { 57 }

Portugal . Brasil . Polônia . Romêniawww.megajoule.pt

Grandes projetos precisam de investimento. A MEGAJOULE ajuda a torná-los realidade.Apoio no processo de financiamento em mais de 50 projetos eólicos no Brasil.

Serviços de Medição de Vento

Avaliação de Recurso e Estimativas de Produção

Curvas de Potência e Análises de Desempenho

Due Diligence

Dinâmica de Fluidos Computacional (CFD)

Mesoescala

Energia Solar

Para cada detalhe,um especialista.

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

disseleneto de cobre, índio e gálio, ainda pouco acessível por causa do custo alto.

De acordo com os pesquisadores, as coberturas de telhado que geram eletricidade a partir do sol como o Dow’s PowerHouse Solar Shingle já são uma realidade no mercado de ge-ração a partir de fontes renováveis. Mas o grande desafio é torná-las mais acessíveis ao público em geral com equipamentos mais baratos e com o mesmo nível de eficiência dos já existentes. Os pesquisadores estimam que, dentro de aproxima-damente 20 anos, se os progressos continuarem, os novos painéis sola-res poderão se tornar uma realidade

no cotidiano dos usuários domés-ticos e produzir eletricidade a um custo semelhante ao dos métodos utilizados nas usinas de carvão - uma tecnologia antiga e barata, mas ex-tremamente poluente.

Vale ressaltar que a queda no preço dos equipamentos de energia solar está acontecendo, mas de for-ma relativamente lenta. Segundo o Renewable 2011 Global Status Re-port, da Rede de Políticas de Ener-gias Renováveis para o Século 21 (REN 21), o preço da maioria dos módulos cristalinos caiu quase pela metade, passando de valores altos como US$ 3,5 por watt, em 2008, para US$ 2 por watt, em 2011. A

meta dos pesquisadores é acelerar mais esse processo.

O potencial de geração é gran-de. Segundo o estudo dos norte-americanos, só os Estados Unidos têm quase 69 bilhões de metros quadrados de telhados residenciais apropriados para ser usados como geradores de eletricidade a partir do sol. Na pesquisa, Atwater e Stevens destacam ainda que a luz solar que bate nesses telhados pode gerar pelo menos 50% da eletricidade total do país. Dessa forma, uma tecnologia mais barata poderia contribuir mui-to para a economia mundial e para os esforços em busca de um consumo mais sustentável.

Page 58: Renergy #12

{ 5 8 } r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011

personagemE N T R E V I S TA

Assim como fez com a energia hidrelétrica, o Brasil também conquistará a auto-suficiência tecnológica no setor eólico. É o que afirma Otávio Ferreira da Silveira, presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica). Ele explica que hoje as empresas ainda precisam buscar parceiros estrangeiros para produzir os equipamentos, mas isso vai mudar. “No futuro, nós certamente teremos equipamentos nacionais, não tenho dúvida disso”. Como parte do esforço para desenvolver uma indústria nacional, Otávio destaca o início oficial, em 2013, da Rede Brasileira de Pesquisa em Energia Eólica (RBPEE).

Futuro promissor

O TÁV I O S I LV E I R A

Page 59: Renergy #12

r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011 { 59 }

Foto

s: st

arbr

ands

.com

.br

Page 60: Renergy #12

{ 6 0 } r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011

personagem

início oficial de uma rede de pes-quisas para desenvolver tecnolo-gias e soluções locais para o setor eólico e esforços para garantir que as usinas previstas para entrar em operação atendam todos os re-quisitos de qualidade e eficiência previstos nos leilões de energia. Para Otávio Ferreira da Silveira, presidente do Conselho de Admi-nistração da Associação Brasilei-ra de Energia Eólica (Abeeólica), esses são alguns dos desafios da entidade para 2013. Segundo ele, um dos pontos mais importantes a destacar em relação à energia obtida da força dos ventos, no Brasil, é que ela é hoje a segunda fonte mais barata do país e conse-guiu esse resultado sem subsídios. Otávio também lembra que, ape-sar da entrada recente na matriz energética e da necessidade ainda existente de recorrer a parceiros estrangeiros para obter equipa-mentos e tecnologias, o domínio nacional no setor eólico é apenas uma questão de tempo. “Foi assim com a energia hidrelétrica há 60 anos. Hoje, o país é plenamente auto-suficiente, em termos tecno-lógicos, nessa área. Também será na energia eólica”, assegura.

Renergy:: Hoje há certo con-

senso em torno do fato de que a energia eólica, já está con-solidada e é economicamente viável no Brasil. Mas ela já está totalmente integrada à matriz energética do país ou ainda há o que melhorar nesse ponto?Otávio Silveira:: A energia eó-lica é plenamente viável e é, hoje, com base nos preços obtidos nos leilões do mercado regulado, a se-gunda energia mais barata do país. E isso foi obtido sem absolutamen-

te nenhum subsídio, nenhum in-centivo, como foi feito no resto do mundo. A gente tem a energia eólica competindo com as demais fontes em igualdade de condições. Isso faz com que ela se credencie e assuma um papel muito impor-tante na composição da matriz energética nacional. Além disso, a gente tem um imenso potencial a ser explorado. Dessa forma, ela está completamente inserida na matriz. Certamente, ainda exis-tem desafios, porque estamos começando a operar os primeiros projetos que foram contratados nos leilões de 2009. Então, para que isso represente uma quanti-dade expressiva de energia sendo conduzida, sendo integrada ao sistema nacional, ainda vai levar algum tempo e demandar apren-

dizado, isso é natural. A gente pas-sou por uma primeira fase que foi conseguir mostrar competitivida-de e ganhar alguns leilões, depois houve a implantação dos primei-ros projetos e agora vamos passar para a terceira fase que é o início da operação desses projetos. Cada uma dessas fases tem os seus desa-fios. Mas que a energia eólica está plenamente inserida, e de forma competitiva na matriz, disso nós não temos dúvida.

R:: Ainda nessa questão, como o senhor avalia a rede de dis-tribuição do país? Ela integra bem todas as fontes que temos disponíveis?OS:: O Brasil tem uma rede de distribuição bastante robusta. Se a gente for fazer uma avaliação, a dimensão dessa rede, ela é quase equivalente à rede de distribuição de toda a Europa Ocidental. Nós temos alguns desafios específi-cos, em relação à energia eólica e a sua compatibilização com a rede de transmissão, que são ad-vindos, eu diria, de um custo de aprendizado. Nós não estávamos acostumados a planejar um siste-ma de transmissão para receber e conviver com a energia eólica. Nós tínhamos, integrado ao pla-nejamento, ou seja, sabia-se como

E N T R E V I S TA O TÁV I O S I LV E I R A

Nós temos alguns desafios específicos, em relação à energia eólica e a sua compatibilização com a rede de transmissão. Não estávamos acostumados a planejar um sistema de transmissão para receber e conviver com a energia eólica

Page 61: Renergy #12

r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011 { 6 1 }

fazer, o recebimento de novas hi-drelétricas. Uma hidrelétrica tem duas características: ela demora muito tempo para ficar pronta, entre as fases de planejamento e implantação, e ela tem uma rigi-dez locacional, ou seja, os recursos hidrelétricos ficam em um ponto específico. Então, a linha de trans-missão precisa ir até lá. Só que pelo fato da hidrelétrica ter um longo tempo de planejamento e implantação, era fácil projetar a

estrutura de transmissão acopla-da à usina. Também já existem experiências no Brasil em que se associa à linha de transmissão a projetos térmicos, sejam eles a gás ou outra fonte. Isso porque essas térmicas podem ser implantadas em locais mais próximos de es-truturas de transmissão. Mesmo que elas sejam rapidamente ins-taladas, ou seja, é muito ágil o processo de planejamento, licen-ciamento e construção de uma termelétrica, como eu posso levá-la até um ponto próximo do grid, da conexão com a rede, também é fácil integrar. O desafio com a eólica é que ela une a rigidez loca-cional da hidrelétrica - porque não tem jeito, o projeto precisa ser im-plantado onde tem vento e a rede de transmissão precisa ir até lá -

com a rapidez de implantação das termelétricas. Entre as fases de projeto, licenças e implantação, uma usina eólica fica pronta com muito mais rapidez que uma hi-drelétrica. Por isso, ela precisa de uma solução de integração mais rápida. Esse é o grande desafio. Como não estávamos habituados, no Brasil, com a implantação das eólicas, e como ninguém acredi-tava que essa fonte iria ganhar a competitividade que ganhou,

não adaptamos nosso modelo de transmissão. Por isso, acontece-ram alguns problemas pontuais com a integração dos parques eó-licos, que foram viabilizados nos leilões, à rede de distribuição. Mas certamente com o aprendizado que ocorreu nos leilões de 2009, 2010 e 2011, mais o fato de que a eólica mostrou sua plena viabili-dade, do ponto de vista de preços de energia, temos certeza de que o Governo Federal e principalmen-te a Empresa de Pesquisa Energé-tica (EPE) já perceberam isso e estão adaptando o planejamento da transmissão para atender essa nova fonte, que já foi reconheci-da pela própria EPE como muito importante para a construção da futura matriz de energia do país.

R:: No Brazil Wind Power, reali-zado no Rio de Janeiro em agos-to último, tivemos oportunida-de de ver muitos representantes do setor falando da energia solar como a próxima fronteira ener-gética a ser explorada no país. Isso deve realmente acontecer em médio prazo? Vai ocorrer com a solar o mesmo fenôme-no da eólica?OS:: Existe uma tendência para que isso venha a acontecer. Por-que toda tecnologia começa com uma capacidade limitada de aten-der o mercado e vai, com o seu desenvolvimento, aumentando a competitividade. Então, é de se esperar que isso aconteça. Mas é possível que o prazo para que isso se torne realidade não seja tão cur-to quanto o da energia eólica. Um segundo ponto é que a solar pre-cisa ser avaliada sob dois prismas, duas formas diferentes de agregá-la ao sistema nacional: a primei-ra é formada pelos sistemas que ficam próximos da carga, que é o que chamamos de microgeração. Os painéis nos tetos dos estádios que estão sendo construídos para a Copa do Mundo, por exemplo, ou nos tetos das casas e das in-dústrias. Esses sistemas irão pro-duzir uma parte da energia que determinada unidade consome. Esse tipo de energia solar, hoje, já tem uma viabilidade que permite enxergá-lo como uma fonte, por-que você a compara com a conta final de energia do usuário. Essa conta contempla um valor que inclui produção, transmissão e encargos e impostos. Quando é feita essa comparação, é muito mais fácil viabilizar. Outra forma de se analisar a energia solar é composta pelas plantas de gera-

Page 62: Renergy #12

{ 6 2 } r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011

ção que são implantadas isoladas, fora das unidades consumidoras, com o objetivo de se integrar à rede, de forma similar aos parques eólicos. Essa segunda forma ainda vai demandar algum tempo para se viabilizar. Porque quando eu a comparo sob o ponto de vista de competitividade, eu só considero o preço da produção de energia. Eu não posso somar transmissão, encargos e impostos, porque o usuário final vai ter de pagar isso tudo. Dessa forma, consideran-do apenas o custo de produção, a competitividade cai bastante. Ainda existem alguns desafios, in-clusive tecnológicos, de eficiência na produção de energia solar, para chegar a um patamar de preços necessário para viabilizá-la como uma fonte integrada ao sistema.

R:: Então ela deve demorar mais que a eólica para se consolidar no paísOS:: Deve demorar um pouco mais. O que, talvez, pode acelerar esse processo é a associação da so-lar com a eólica, no mesmo local, onde a primeira aproveita toda a estrutura de conexão que a última já viabilizou.

R:: O porto de Suape, de Per-nambuco, associou-se oficial-mente à Abeeólica. Como a en-tidade vê a entrada de um porto como um dos membros?Com bons olhos. A Abeeólica é uma associação que representa todo o setor, é bastante eclética. Ela precisa representar toda a ca-deia nacional. Desde o empreen-dedor, que desenvolve e opera os projetos, ao fabricante de equipa-mentos, passando pelo fabricante dos componentes desses equipa-

mentos e as empresas de engenha-ria, consultoria e logística. Nessas últimas, temos, por exemplo, as-sociados nas áreas de transportes terrestres e guindastes. O Porto de Suape é um grande operador logístico. Entre os seus objetivos está o de melhorar a eficiência da cadeia eólica do Nordeste que é uma das principais do Brasil. Des-sa forma, vemos sua entrada com bons olhos. É mais um membro que complementa a heterogenei-dade de segmentos do setor eólico que temos na associação.

R:: Ainda falando do Nordeste, como o senhor avalia o Ceará dentro do contexto de desen-volvimento da energia eólica. Estamos no caminho certo? Há pontos que poderiam melho-rar?OS:: É difícil para nós, como asso-ciação, fazer uma análise pontual de qualquer estado. Cada um tem plena consciência do seu poten-cial, da sua capacidade de atração de investimentos e tem de saber montar um plano adequado para explorar isso. O Ceará, certamen-te, tem um grande potencial. Lá atrás, antes dessa nova era eólica, ele largou na frente e, por alguns fatores que não conseguimos ava-liar bem, ficou um pouco para trás. Mas vem recuperando ter-reno e tem um grande potencial, tanto em implantação quanto em projetos, para participar dos futu-ros leilões.

R:: Falando agora da crise eco-nômica na Europa, ela afetou, de alguma forma, o desenvolvi-mento das energias renováveis no Brasil?OS:: Eu diria que a crise européia,

A crise européia, principalmente entre os anos 2009 e 2012, teve um aspecto benéfico para o desenvolvimento da energia eólica nacional

personagem

E N T R E V I S TA O TÁV I O S I LV E I R A

Page 63: Renergy #12

r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011 { 6 3 }

principalmente entre os anos 2009 e 2012, teve um aspecto benéfico para o desenvolvimento da energia eólica nacional. Por-que por mais que nós tivéssemos um grande potencial eólico a ser explorado, por maior que fosse o interesse do Governo em trazer a fonte para os leilões para que ela se tornasse competitiva e mesmo com tudo o que conseguimos fa-zer, se não houvesse diminuição da demanda, principalmente na Europa e nos Estados Unidos, por novos projetos eólicos, difi-cilmente teríamos conseguido atrair a quantidade de fabrican-tes internacionais e de primeira linha que vieram se instalar no Brasil. Isso, sem dúvida, ajudou no aumento da competitividade da energia eólica no país. Sob esse aspecto, a crise foi benéfica. Por outro lado, isso não vai durar para sempre. Precisamos criar condi-ções para tornar a nossa energia competitiva sem ficar dependen-do eternamente de um mercado internacional deprimido. Mas o Brasil tem feito esse trabalho, hoje nós já temos uma boa quantidade de fabricantes instalados no país e isso certamente contribui para o aumento da competitividade da fonte.

R:: O senhor falou do potencial do Ceará e sempre que se fala disso, é comum associar áreas com bons ventos ao litoral. No Brasil existem outras regiões que poderiam ser exploradas ou as litorâneas, são, realmente, as únicas com grande potencial?OS:: Não há duvida de que exis-tem outras regiões. Se analisar-mos a Bahia, estado que é um dos grandes produtores e detentor de

enorme potencial eólico do país, a exploração se dá expressivamente no interior. Quase nada é no lito-ral. No Rio Grande do Norte e no Ceará também existem projetos sendo implantados no interior.

R:: Agora sobre a energia solar, muitas empresas investem em energia eólica também têm projetos nessa primeira fonte. É possível que, no futuro, uma única associação englobe repre-sentantes das duas?OS:: É difícil dizer o que vai acon-tecer no futuro. Assim como as empresas investem em eólica e solar, elas também têm investi-mentos em biomassa, pequenas centrais hidrelétricas e até em outras fontes, como térmicas a gás. E existem associações que re-presentam essas opções de ener-gia. Por outro lado, quando você segmenta demais e cria uma enti-dade para cada fonte, começa a ter pontos que são comuns a todas, e faz sentido que essas associações se unam em torno desses pontos. Se, no futuro, esses pontos em comum serão fortes o suficiente para fazer com que as associações se fundam, não podemos dizer agora. O que podemos afirmar é que a solar vai se desenvolver e a Abeeólica, por enquanto, a vê como uma complementação para a eólica, em locais que têm vento e sol. Vamos deixar o mercado se desenvolver que, naturalmente, essas perguntas serão esclareci-das.

R:: Com relação à microgeração de energia, que segundo regu-lamentação a Anatel terá início autorizado a partir de 2013, já entrevistamos algumas pesso-

Eu acredito na microgeração como algo que vai se desenvolver muito no país. O incentivo está dado, o caminho para se desenvolver está aberto e certamente isso vai acontecer

© Ja

mes

Ste

idl |

Dre

amst

ime.

com

Page 64: Renergy #12

{ 6 4 } r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011

as sobre o tema e vimos certo ceticismo em relação à sua im-plantação no Brasil, pelo menos a curto e médio prazos. Qual a sua avaliação sobre isso?OS:: Eu acredito francamente na microgeração como algo que vai se desenvolver muito no país. Por-que, como já falei, quando você compara o preço da energia, você considera a conta inteira, soman-do produção, transmissão, encar-gos e impostos. Fica muito mais fácil viabilizar uma produção de microgeração que outra para ser integrada à rede. Então, o incen-tivo está dado, o caminho para se desenvolver está aberto e cer-tamente isso vai acontecer. Mas em termos de potencial, não de-vemos esperar que isso vá assumir um número muito significativo, em importância, na matriz. Por-que por mais que a gente espalhe painéis solares e microgeradores eólicos pelo país, a capacidade de produção de cada uma dessas uni-dades é muito pequena e, quan-do somada, não vai ter um peso muito grande. Mas certamente é algo que contribui, principalmen-te para o estabelecimento de uma matriz mais equilibrada, que de-penda cada vez menos de sistemas de transmissão robustos.

R:: Em alguns países do mun-do, os governos subsidiam os microgeradores para consumi-dores residenciais. Isso, no en-tanto, não acontece no Brasil. É uma questão de mentalidade ou porque o custo seria muito alto para o governo do país?OS:: O Brasil tem uma política de não criar subsídios para a energia por dois motivos básicos. Primei-ro, porque ele não quer deixar que

a geração futura tenha que pagar a conta da energia usada pela ge-ração atual. Ou seja, quando você cria subsídio, você cria contas fu-turas a serem pagas pelas gerações que vão nos suceder. O governo brasileiro tem a preocupação de não deixar isso acontecer, por-que pode virar uma bola de neve. O segundo ponto, talvez o mais importante, é que o Brasil, feliz-mente, é um país que ainda tem um grande potencial de energia a ser desenvolvido e implantado. Temos plena auto-suficiência em produção energética. Diferen-temente da Europa, onde eles já exploraram quase todos os seus recursos energéticos. Lá, qual-quer recurso adicional que possa se aproveitado, mesmo que mais caro, faz sentido quando você não tem mais de onde tirar energia. Na lógica deles, faz todo sentido. A ló-gica brasileira, considerando que ainda temos, por exemplo, um mundo de eólicas e hidrelétricas, a preços competitivos, para ex-plorar e implantar e um grande potencial de gás, vindo do pré-sal, é de que não precisamos nos preocupar com o incentivo a for-mas de energia mais caras, através de subsídios, porque temos plena condição de fazer isso de forma mais barata e que não traga cus-tos extras para a sociedade. Essa é a principal diferença.

R:: Apesar de todo esse poten-cial de energia eólica e solar do Brasil, as tecnologias que usa-mos nas usinas não são 100% nacionais. São equipamentos em boa parte importados ou usando recursos desenvolvidos fora do país. Como está essa questão? O Brasil, um dia, vai

Quando você cria subsídio, você cria contas futuras a serem pagas pelas gerações que vão nos suceder. O governo brasileiro tem a preocupação de não deixar isso acontecer, porque pode virar uma bola de neve

personagem

E N T R E V I S TA O TÁV I O S I LV E I R A

Page 65: Renergy #12

r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011 { 6 5 }

ter tecnologias e equipamen-tos nacionais, mais adaptados à nossa realidade?OS:: Como o mundo inteiro come-çou a desenvolver as tecnologias antes do Brasil, até por uma ques-tão de necessidade, é natural que, no início, elas venham de fora. Foi assim com a energia hidrelétrica há 60 anos. Hoje, o país é plena-mente auto-suficiente, em termos tecnológicos, nessa área. Com o tempo ele também será na energia eólica. A gente já tem o primei-ro fabricante de turbinas eólicas 100% nacional, que é a Weg. Ela era produtora de motores e equi-pamentos elétricos e começou a fabricar as turbinas. No início, ela foi buscar parceria com uma empresa estrangeira, para trazer a tecnologia e internalizar. Mas no futuro, nós certamente teremos equipamentos nacionais, não te-nho dúvida disso. É um processo de amadurecimento, de criação de um know-how nacional. E a Rede Brasileira de Pesquisa em Energia Eólica (RBPEE), que a Abeeólica tem desenvolvido e promovido, vai contribuir para isso, propor-cionando um ambiente onde vai ser possível juntar quem sabe de-senvolver tecnologia, de um lado, com quem precisa dessa tecnolo-gia, do outro. Juntando essas duas pontas, a coisa vai acontecer de forma mais rápida.

R:: Já é possível dizer quando essa rede de pesquisa começa-ria a atuar?OS:: A meta da Abeeólica é fazer o seu lançamento oficial no início de 2013.

R:: O que podemos esperar, em termos de otimização do fun-

cionamento das usinas, para o futuro próximo?OS:: Se fizermos uma análise de 2009 até hoje, houve um grande avanço. Nos leilões daquele ano, tínhamos equipamentos de, no máximo, 2 MW e aproximada-mente 80 metros de altura. Hoje, já estamos falando de 120, 140 metros e que geram até 3,5 MW. O que percebemos é que esse mode-lo de competitividade através de leilões fez com que cada fabrican-te procurasse desenvolver e aper-feiçoar sua tecnologia de forma a extrair o máximo de energia para o vento brasileiro. Isso é muito positivo, porque não deixa de ser, já, o desenvolvimento de uma tec-nologia nacional. Mesmo que ela venha de fora, é feita com foco nas características do vento do Brasil. Isso tem acontecido nos últimos anos e a tendência é que continue. Até porque a tecnologia não é algo que fica estacionado, está sempre passando por aperfeioçoamento.

R:: Para finalizar, além da rede de pesquisa, quais as metas da Abeeólica para 2013?OS:: Ainda estamos discutin-do isso com os associados, mas a grande meta, com certeza, é a consolidação da fonte como uma importante opção na matriz energética nacional. Nós iremos passar, agora, para a operação dos projetos que venceram os leilões e queremos assegurar que eles irão atender a todos os requisi-tos previstos. Esse, sem dúvida, é o grande desafio. Em paralelo, queremos continuar assegurando a competitividade da energia eó-lica nos leilões futuros. Acho que, em resumo, é o que temos como grande metas pela frente.

No futuro, nós certamente teremos equipamentos nacionais. E a Rede Brasileira de Pesquisa em Energia Eólica (RBPEE), que a Abeeólica tem desenvolvido e promovido, vai contribuir para isso

© L

iliya

Zak

harc

henk

o | D

ream

stim

e.co

m

Page 66: Renergy #12

{ 6 6 } r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011

E V E N T O S D O S E T O R

Energia eólica consolidadaUm dos principais focos do evento foi em soluções e serviços para as usinas já instaladas. Uma prova do amadurecimento do setor eólico brasileiro

B ra z i l W i n d Powe r

cobertura

Page 67: Renergy #12

r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011 { 67 }

Uma energia complementar já consolidada e viável eco-

nomicamente na matriz brasilei-ra. O desafio, agora, é trabalhar em questões como pesquisa, para desenvolver equipamentos adap-tados para o Brasil, e manutenção das usinas já instaladas. Essas con-clusões, em relação à energia eóli-ca, foram um dos destaques do Bra-zil Wind Power 2012, realizado no Rio de Janeiro em agosto último. O encontro reuniu representantes de vários setores ligados a energias renováveis do Brasil e do mundo para expor produtos e tecnologias e realizar debates e palestras sobre o tema.

Um dos pontos que mais cha-maram a atenção, no evento, foi

o foco em questões mais ligadas à operação das usinas já instaladas. Em muitos estandes, empresas ofe-reciam soluções para manutenção dos equipamentos e dos parques eólicos. Para Lauro Fiúza, vice-pre-sidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), esse foi um dos indicativos do amadureci-mento da fonte, no país. “Estamos vivendo um momento de consoli-dação que já aconteceu na Europa e agora chegou ao Brasil”, afirmou.

Altino Ventura, secretário de Planejamento Estratégico do Ministério das Minas e Energia (MME), destacou a energia eólica como uma importante alternati-va para ajudar o Governo Federal a cumprir sua meta de dobrar o

Imag

ens:

Div

ulga

ção

Page 68: Renergy #12

{ 6 8 } r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011

cobertura

sistema energético brasileiro nos próximos 15 anos. Segundo ele, por suas características, a fonte se ofe-rece como uma opção com modi-cidade tarifária (hoje, já é a segunda geração mais barata do Brasil, per-dendo apenas para hidrelétrica) e poucos danos ao meio ambiente.

“No plano decenal do governo, a energia eólica vai superar a bio-massa e se tornar a segunda fonte do país”, disse o representante do MME. Ainda no planejamento estratégico do Governo Federal, ele informou que um estudo será feito para avaliar o percentual mais adequado de participação da ener-gia eólica na matriz brasileira. De acordo com Altino, o levantamen-to está previsto para começar em 2013 e deve durar um ano.

DesafiosComo outro reflexo do rápido

amadurecimento da energia vinda dos ventos no Brasil, a presidente da Abeeólica, Élbia Melo, lembrou que, em apenas quatro anos, o nú-mero de fabricantes instalados no país mais que quintuplicou. Em 2008, eram apenas dois. Hoje, são onze. Na sua avaliação, o desafio, agora, é empreender esforços para resolver alguns problemas que o setor enfrenta. Um deles é a ne-cessidade equipamentos desen-volvidos especificamente para a realidade nacional.

De acordo com Élbia, já exis-tem grupos de estudo dedicados ao desenvolvimento de produtos direcionados para as particulari-dades dos ventos brasileiros, mas 63% deles não interagem com as empresas do setor eólico. Por isso, a Abeeólica está investindo na for-mação da Rede Brasileira de Pes-quisa em Energia Eólica (RBPEE), cujo anúncio oficial deve ser feito no início de 2013 (veja entrevista com Otávio Silveira na página ??).

A RBPEE, informou a presiden-te da Abeeólica, terá como bases de trabalho o governo, as empresas do setor e as instituições de pesquisa. Ela ressaltou que há muito a fazer. Um dos problemas enfrentados pelos fabricantes das turbinas, por exemplo, é o preço do aço. “As cha-pas custam 30% a mais no Brasil, em relação ao resto do mundo”, dis-se Élbia, acrescentando que tam-bém há falta de outros materiais, e eles poderiam ser desenvolvidos por pesquisadores brasileiros.

Empresas mostram produ-tos e soluções

Com aproximadamente 150 expositores, o Brazil Wind Power revelou que muitas empresas estão investindo na segunda fase da ener-gia eólica do país: depois de vários parques instalados, é hora de apre-sentar serviços ligados à operação e à manutenção. A Transfortech, por

exemplo, levou uma adaptação de um serviço que fazia em geradores elétricos tradicionais para os aero-geradores: o flushing, um procedi-mento de limpeza e lubrificação periódico que precisa ser feito nos equipamentos.

José Cardoso, diretor da em-presa, lembra que houve uma de-manda por flushing por parte de uma usina eólica em operação no Ceará e, com a experiência adqui-rida nos geradores tradicionais, foi possível fazer uma adaptação e realizar o atendimento. Ago-ra, a expectativa é de que outros parques eólicos integrem o rol de clientes. “As usinas mais antigas em operação irão começar a ter necessidade de fazer o primeiro flushing”, explicou Cardoso.

Também apostando no merca-do de manutenção e operação dos parques, a Schneider apresentou o Scada, sistema que permite o con-trole e a supervisão de qualquer parque eólico do mundo a partir de uma única central. De acordo com Flávio de Sousa, gerente de compra estratégica para o segmen-to de energia eólica da empresa, a solução já é usada na Europa, na Austrália e nos Estados Unidos e serve tanto para usinas eólicas já em operação como para as que ainda estão sendo instaladas.

Já a Semikron trouxe para a ex-posição a plataforma de Windeo.

Te m d o l o r e m u l l e s

Div

ulga

ção

Page 69: Renergy #12
Page 70: Renergy #12

{ 7 0 } r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011

Destaque no mercado mundial de combustíveis renováveis, o etanol brasileiro passa por uma crise de produção e de identidade, já que alguns defendem que ele não é tão sustentável assim. Com a abertura do mercado norte-americano, segundo especialistas, os números tendem a crescer e a crise deve acabar. Mas será mesmo que o futuro reserva bons frutos para o etanol?

NuvemPassageira?

destaqueS U S T E N TA B I L I DA D E

{ por Yanna Guimarães

Page 71: Renergy #12

r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011 { 7 1 }

Elza

Fiu

za/A

Br

Page 72: Renergy #12

{ 72 } r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011

Aprodução do biocombustível brasileiro é referência mundial.

É o mais bem sucedido programa de substituição de combustíveis fósseis por combustíveis renováveis do mun-do, propaga o Governo Federal. Mas mesmo diante de tanto sucesso e de números que têm tudo para crescer, a produção do etanol vem enfrentan-do alguns percalços. Houve queda na produção do combustível no País nos últimos anos, mesmo com a abertu-ra do mercado norte-americano em 2011. O setor passa por uma conjun-tura difícil e há cada vez mais quem afirme que os biocombustíveis não são uma alternativa tão boa quanto se pen-sava como fonte de energia, em com-paração com os combustíveis fósseis. Sendo assim, surge uma questão: o fu-turo do etanol é realmente promissor?

De acordo com Luís Carlos Job, coordenador geral de Açúcar e Álcool do Ministério da Agricultura, Pecuá-ria e Abastecimento (Mapa), parte da situação de queda na produção nos dois últimos anos foi fruto da crise econômica de 2008 e 2009, que sur-tiu efeitos mais complicados agora.

“Os produtores ficaram com recursos limitados para aplicar as práticas agrí-colas tradicionais e necessárias para uma boa produtividade”, explica. Os problemas climáticos foram o outro grande fator que causou queda forte na produtividade dos canaviais, con-forme Job. “Em uma safra tivemos forte seca e, em outra, excesso de chu-vas”. Mesmo assim, ele destaca, foram exportados 600 milhões de litros em 2011 e 1,2 bilhões de litros até setem-bro deste ano.

A expectativa é que, com a abertu-ra do mercado de etanol dos Estados Unidos, que ocorreu no fim do ano passado, essa produção possa atingir níveis bem mais altos nos próximos anos. “A abertura do mercado via queda das taxas e também pelo fim da política de subsídios por parte dos norte-americanos é o que o Brasil vem defendendo há mais de cinco anos”, ressalta Job. Ele explica que, em termos de produção, existe uma legislação nos EUA (ver quadro) que estabelece um teto para a produção de etanol de milho em 56,8 bilhões de litros. “A produção deles já está

quase atingindo esse limite. Aí é que entra a possibilidade de exportação por parte do Brasil. O nosso etanol de cana-de-açúcar é considerado um biocombustível avançado pelos norte-americanos por conta da eficiência energética e balanço de emissões de gases de efeito estufa”.

O representante do Mapa aponta ainda que existe uma demanda defi-nida pela legislação para ser atendida por biocombustíveis avançados que chegará a 19 bilhões de litros em 2020. Conforme previsões da União da In-dústria da Cana-de-açúcar (Unica), o Brasil terá de manter 50% da sua pro-dução para exportação nos próximos oito anos. “Para conseguir atender o potencial mercado norte-americano, o Brasil precisará aumentar a pro-dução, tendo em mente sempre, a necessidade de atender à demanda doméstica que é crescente por causa da frota de veículos flex”, prevê Job. Mas a partir desse crescimento surge uma polêmica, defendida por cada vez mais pessoas: utilizar o que pode-ria ser alimento como combustível é realmente uma opção sustentável?

destaque

S U S T E N TA B I L I DA D E

Page 73: Renergy #12

r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011 { 7 3 }

Conforme o professor David Pimen-tel, da Faculdade de Agricultura da Universidade de Cornell nos EUA, os combustíveis alternativos como o álcool derivado de milho, produzido nos Estados Unidos, queimam mais energia do que produzem. O estudo foi liderado por ele e feito por pes-quisadores da Universidade de Cor-nell e da Universidade da Califórnia, em Berkeley. Segundo a pesquisa, é preciso 29% mais energia fóssil para

transformar o milho em etanol que o volume de combustível produzido no processo. Para transformar soja em biodiesel é preciso queimar 27% mais energia fóssil. O mesmo ocorre com as fábricas de girassóis. O Brasil, para David Pimentel, apesar de usar a cana-de-açúcar, não está fora dos riscos e problemas causados na pro-dução de etanol.

Em artigo científico publicado a partir do estudo, ele afirma que

“os defensores dos biocombustíveis apontam para o Brasil e ressaltam que a eficiência energética é bem me-lhor no caso da produção do etanol a partir da cana-de-açúcar. No entanto, como o balanço energético do etanol é negativo, o Brasil subsidiou duran-te muito tempo essa atividade. Mais tarde, o governo brasileiro parou de subsidiar diretamente a produção de etanol e repassou o custo para o con-sumidor final na bomba dos postos de abastecimento. Esse subsídio foi estimado em 50% da produção de etanol. Isso para não mencionar a re-moção de florestas nativas e as altas taxas de erosão dos solos”, conclui o professor.

No entanto, o Governo Federal não acredita que a produção de eta-nol possa ameaçar outras culturas agrícolas do Brasil ou áreas com ma-tas nativas. Mesmo assim, o coorde-nador geral de Açúcar e Álcool do Mapa destaca que, em 2009, foi cria-do o Zoneamento Agroecológico da Cana-de-açúcar (ZAE Cana), como medida de precaução. “O intuito é garantir um crescimento equilibrado e sustentável da produção canavieira no Brasil”, explica. No projeto, são apresentadas regras para a expansão da produção de cana-de-açúcar, como exclusão de áreas com vegetação nati-va e indicação de áreas com potencial agrícola sem irrigação plena. É mos-trado também em que áreas se pode plantar cana-de-açúcar no País.

Para a União da Indústria da Ca-na-de-açúcar (Unica), que divulgou estudo sobre o assunto, o aumento da produção de etanol nos próximos anos será possível mesmo utilizando

Álcool de milho queima mais energia do que produz

© R

icha

rd S

emik

| D

ream

stim

e.co

m

© 3

50jb

| D

ream

stim

e.co

m

Page 74: Renergy #12

{ 74 } r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011

apenas as áreas recomendadas pelo Governo Federal, ou seja, sem mata nativa. Essa área representa 7,5% do território nacional. De acordo com a Unica, atualmente, só 1% dessa área é utilizada para o plantio da cana-de-açúcar.

“É natural que haja uma preo-cupação internacional a respeito da utilização de alimentos na produção de combustíveis”, destaca Job. No entanto, ele afirma que poucos co-nhecem bem a realidade agrícola e de disponibilidade de terra no Bra-sil. “Em outros países, esse conflito pode realmente ocorrer, mas não no Brasil. Os ganhos de produtividade no setor agrícola vêm permitindo um crescimento vertical da produção (ou

seja, produz-se cada vez mais em uma mesma área)”, aponta. O especialista afirma ainda que metade da área de produção de cana-de-açúcar no Brasil é destinada à produção de açúcar.

Conforme o Governo Federal, não há dúvidas sobre a vantagem da utili-zação da cana-de-açúcar na produção do etanol, ao contrário do que acon-tece com o milho. O Mapa aponta que as principais vantagens estão li-gadas à sustentabilidade da produção. O fato de o etanol usar matéria-prima que absorve carbono a cada ciclo produtivo faz com que se obtenham benefícios em termos de emissão de gases de efeito estufa. Outra vanta-gem, segundo o governo, diz respeito à geração de empregos: para produzir

um litro de etanol são empregadas mais pessoas do que na produção de um litro de gasolina.

Além disso, Job defende que a produção de etanol pode ser feita por diversos países usando diferentes ma-térias-primas, proporcionando mais possibilidade de autonomia ener-gética e diversidade de produtores. “No caso dos derivados de petróleo, a produção é extremamente concen-trada no Oriente Médio, uma região de constantes conflitos. Claro que é preciso planejar bem e ter órgão de governo e cadeias produtivas para garantir que a produção de bicom-bustíveis seja realmente sustentável”, pondera.

destaque

S U S T E N TA B I L I DA D E

Page 75: Renergy #12

r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011 { 7 5 }

Atualmente, o Brasil exporta etanol para diversos países (mais de 30 dife-rentes destinos em 2011, por exem-plo), mas grande parte do produto exportado ainda é utilizado para fins industriais e não como combustível. Por aqui, o primeiro carro movido a álcool foi lançado em 1979 pela Fiat. O compacto Fiat 147 chegou às con-cessionárias quatro meses após os 16 primeiros postos de combustível começarem a receber o álcool com-bustível. O veículo foi produzido na unidade da montadora em Betim en-tre 1979 e 1987.

Ao todo, foram vendidas cerca de 120 mil unidades. A relação custo-be-nefício do então novo combustível foi bem aceita, já que o preço do álcool era 50% mais baixo que o da gasolina. Com um motor 1.3, o carro era mais potente e emitia menos poluentes. Foi nessa época que o Governo Fe-deral lançou o Programa Nacional do Álcool (Proálcool), que tem como objetivo a substituição em larga es-cala dos derivados de petróleo como forma de escapar da importação e dos altos preços. Assim, de 1975 a 2000,

foram produzidos cerca de 5,6 mi-lhões de veículos a álcool hidratado.

Além dessa evolução, de acordo com dados do Governo Federal, o programa substituiu por uma fração de álcool anidro (entre 1,1% a 25%) um volume de gasolina pura consu-mida por uma frota superior a 10 mi-lhões de veículos a gasolina. Por causa dessa ação, conforme os dados, foram evitadas emissões de 110 milhões de toneladas de carbono (contido no CO2), a importação de aproximada-mente 550 milhões de barris de pe-tróleo e ainda houve uma economia de divisas da ordem de 11,5 bilhões de dólares. Mais de 30 anos depois, o Proálcool passou por fases de declínio e reafirmação e hoje vive uma nova expansão dos canaviais.

De acordo com a Agência Nacio-nal do Petróleo, Gás Natural e Bio-combustíveis (ANP), a grande van-tagem do etanol é que parte do CO2 emitido pelos veículos movidos a eta-nol é reabsorvido pelas plantações de cana-de-açúcar. Isso faz com que as emissões do CO2 sejam parcialmen-te compensadas. Os automóveis que

circulam no País usam dois tipos de etanol combustível: o hidratado, con-sumido em motores desenvolvidos para este fim, e o anidro, que é mis-turado à gasolina, sem prejuízo para os motores, em proporções variáveis. Desde julho de 2007, toda gasolina vendida no Brasil contém 25% de etanol combustível anidro.

No ano passado, foram comercia-lizados quase 11 bilhões de litros de etanol hidratado. O valor é quase do-bro do registrado em 2006. O preço médio cobrado ao consumidor nos postos de combustíveis foi de R$ 1,99 em todo o País. O valor é R$ 0,36 a mais que o cobrado em 2006. Mesmo assim, as vendas da gasolina foram três vezes maiores que as do etanol. Foram vendidos 35,4 bilhões de litros de gasolina, contra 10,7 bilhões de li-tros de etanol. Em 2010, os valores fi-caram quase empatados: cerca de 22 bilhões de litros para cada combustí-vel. Já em 2008, o cenário favorecia o etanol, que vendeu quase um bilhão de litros a mais que a gasolina.

A queda na compra do etanol está diretamente relacionada ao custo, já que ele só é competitivo quando seu preço fica abaixo de 70% do preço da gasolina. A vantagem é calculada considerando que o poder calorífico do motor a etanol é de 70% do poder dos motores a gasolina. Entre 70% e 70,5%, é considerada indiferente a utilização de gasolina ou etanol no tanque. A previsão dos especialistas é que o preço caia nos próximos anos, conforme passe a crise na produção. Aos consumidores, resta torcer que isso ocorra logo.

Etanol na gasolina evitou emissão de milhões de toneladas de carbono

Mar

cello

Cas

al Jr

/ABr

Foto

: Pet

robr

as

Page 76: Renergy #12

{ 76 } r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011M

arce

llo C

asal

Jr/A

Br

destaque

S U S T E N TA B I L I DA D E

Apesar da redução na produção nos dois últimos anos, a estimativa para a produção de cana-de-açúcar da safra 2012/2013 é de um aumento aproxi-mado de 6,5%, com uma recuperação da produtividade média das lavouras de 4,3%, conforme dados da Com-panhia Nacional de Abastecimento (Conab). Assim, deve passar de 560,3 milhões de toneladas na safra passada para 596,6 milhões toneladas na nova safra. A área de corte também apresen-ta uma pequena elevação, passando de 8.356,1 mil hectares para 8.527,8 mil hectares. Para a produção de açúcar, espera-se um aumento de cerca de 8,41%, passando de 35,97 milhões de toneladas para 38,99 milhões.

A produção total de etanol deve crescer 22,76 bilhões de litros para 23,49 bilhões, representando um crescimento de 3,21%. A ênfase maior deve ficar com o etanol anidro, que se destina à mistura com a gasolina, com

um aumento de 6,85%. Para o etanol hidratado, utilizado nos veículos “flex-fuel”, o aumento esperado é de 0,98%. O aumento para os produtores brasi-leiros deve ser ainda maior por causa da seca que atingiu as lavouras dos Estados Unidos este ano e pode resul-tar numa perda de 30% no milho e de 20% na soja - num total de mais de 100 milhões de toneladas.

Para o assessor da Secretaria de Po-lítica Agrícola (SPA) do Mapa, Sávio Pereira, há uma quebra de safra mui-to grande nos Estados Unidos e isso beneficia a produção e a expansão da área agrícola no Brasil. “Os produto-res brasileiros terão lucratividade ga-rantida para a safra de 2013”, analisa ele, que visitou os Estados Unidos em setembro deste ano para avaliar os efeitos da estiagem nas lavouras do país. No entanto, até agora, mesmo com a abertura do mercado norte-americano, ainda não se pode ver um

benefício direto nas produções brasi-leiras.

“Em termos de exportações, ainda não teve muito impacto, especial-mente por causa das duas últimas safras, que foram problemáticas aqui no Brasil”, acrescenta Luís Carlos Job, coordenador geral de Açúcar e Álcool do Mapa. Ele destaca ainda o Prore-nova, como um instrumento impor-tante para auxiliar o setor na conjun-tura atual, pois disponibiliza crédito em linhas competitivas. O programa apoia a renovação e implantação de novos canaviais e é financiado pelo Banco Nacional do Desenvolvimen-to (BNDES). “Nesta safra 2012/13, esperamos a renovação e a expansão. No entanto, a recuperação ainda deve levar um pouco mais de tempo. Pos-sivelmente, dentro de duas ou três safras, os canaviais poderão recuperar os níveis de produtividade de antes da crise”, prevê Job.

Expectativa de aumento na produção de cana-de-açúcar

Page 77: Renergy #12

r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011 { 7 7 }

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 Biodiesel 1,89 2,46 3,03 3,79 3,79 3,79 3,79 3,79 3,79 3,79 3,79 3,79 3,79 3,79 Avançado celulósico 0,38 0,95 1,89 3,79 6,62 11,36 16,09 20,82 26,50 32,18 39,75 51,10 60,57 Avançado não celulósico 0,38 0,76 1,14 1,89 6,62 7,57 9,46 11,36 13,25 15,14 17,03 17,03 17,03 18,93 Convencional 15,14 17,79 34,07 39,75 45,42 45,70 49,97 52,24 54,51 56,78 56,78 56,78 56,78 56,78 56,78 56,78 56,78

160

Bil

es d

e li

tros

140

120

100

80

60

40

20

0

Convencional

Metas de consumo de biocombustível nos EUA

Avançado não celulósico Etanol de cana-de-açúcar

Avançado celulósico

Biodiesel

Vantagens do Etanol de Cana-de-Açúcar

Matéria-prima

Fonte

Cana-de-Açúcar Milho Trigo Beterraba

Balanço energético 9,3 1,4 2,0 2,0

Produtividade 7.000 3.800 2.500 5.500

Redução de GEE(Legislação da UL e EUA) 61%-91% 0%-38% 16%-69% 52%

Page 78: Renergy #12

{ 78 } r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011

3r’s reduzir, reutilizar, reciclar

Embalagens longa vida contra o calorUsar embalagens de leite longa vida, que iriam para o lixo depois de usadas, para aplacar o calor cearense. Essa é a proposta de alunos da Escola Estadual Dr. José Alves da Silveira, da cidade de Quixeramobim. A idéia dos estudantes foi aproveitar o alumínio existente nas caixas Tetra Pak para que ele fazer nas residências o mesmo que faz nessas embalagens, que é fazer o isolamento térmico. Com isso, cria-se uma solução eficiente e barata para tornar o ambiente das casas mais ameno.

R E S Í D U O S S Ó L I D O S

REDUZIRExtremamente resistente à ação do tempo e com largo escopo de aplicações, que vão da construção civil à indústria automobilística, o alumínio é o elemento metálico mais abundante na crosta terrestre. Além disso, é um material tóxico e totalmente reciclável, o que garante uma extensa gama de opções para reuso, ao invés de ser descartado.

REUTILIZARAs embalagens de leite e suco, muito comuns e consumidas em larga escala, são feitas de plástico, papel e alumínio. Deste último material, a composição varia de 5% a 25%. No seu projeto, os alunos conseguiram comprovar que as mantas podem reduzir a temperatura no interior da casa em até 8°C.

RECICLARCada manta térmica tem 60 m² e faz com que as pessoas não gastem com ventiladores ou ar condicio-nado, economizando no consumo de energia. Através de gincanas, os alunos chegaram a coletar 30 mil caixas entre os moradores da cidade, evitando que elas fossem jogadas no lixo. A meta, agora, é fazer com que todas as residências de baixa renda de Quixeramobim sejam beneficia-das com o material.

Page 79: Renergy #12

Proibida a entrada de menores de 16 anos, mesmo que acompanhados. Evento exclusivo e gratuito para profissionais do setor que fizerem o seu pré-credenciamento por meio do site ou apresentarem o convite do evento no local. Caso contrário, será cobrada a entrada no valor de R$ 55,00 no balcão de atendimento.

Organização e Promoção:Filiada à: Apoio:ApoioInstitucional:

www.feicon.com.br

FEICON BATIMAT,referência para quem pensa em construção.

SEJA REFERÊNCIA PARA O MERCADO E REALIZE ÓTIMOS NEGÓCIOS.

GARANTA JÁ SEU ESPAÇO NA FEICON BATIMAT 2013!

A Feicon Batimat é o maior e mais conceituado salão da construção da América Latina. Com 21 anos de existência, surpreendendo a cada ano seus milhares de visitantes, apresentando

em primeira mão os principais lançamentos e tendências para todo o setor da construção civil.

É o evento mais completo da área, pois só ele reúne todos os grandes líderes do segmento em uma exclusiva exposição de produtos e serviços para todos os setores do ramo.

Para mais informações, entre em contato com a nossa equipe comercial:Tel.: 11 3060-4911 | E-mail: [email protected]

PLANEJADA PARAQUEM É REFERÊNCIA!

RAM154-12 Anuncio Renergy 192x250mm FEICON.pdf 1 10/9/12 11:07 AM

Page 80: Renergy #12

{ 8 0 } r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011

Como?ILUMINAÇÃO

guia verde

Coleta seletiva em condomínio

2

3

4

5

1

A redução da poluição ambiental pode começar com medidas simples, como a separação do lixo em casa. O brasileiro produz, diariamente, uma média de 1 kg de lixo, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. De acordo com a associação, o país produziu 60,8 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos em 2010. Essa quantidade foi 6,8% mais alta que a registrada em 2009 e seis vezes maior que o crescimento populacional no mesmo período, que ficou em pouco mais de 1%. Grande parte deste lixo, que acaba lotando os lixões de nossas cidades, poderia ser reciclado. Esta simples ação traria ganhos significativos para o meio ambiente, como a diminuição da exploração dos recursos naturais, do consumo de energia e da poluição do solo, da água e do ar. Além disso, contribuir para a diminuição dos custos da produção, com o aproveitamento de recicláveis pelas indústrias e a redução dos gastos com a limpeza urbana.

Uma prática importante neste processo é a coleta seletiva, que consiste em separar materiais recicláveis, como papéis, plásticos, vidros e metais, na fonte geradora para serem reciclados. Atentos a esta questão, muitos condomínios residenciais e comerciais tem buscado promover a coleta seletiva em suas unidades. A implantação desta modalidade de coleta exige planejamento, organização e um trabalho de conscientização.

Dois pontos são fundamentais neste processo. O primeiro é o trabalho de sensibilização, que deve envolver os moradores, os funcionários do condomínio e as empregadas domésticas. É preciso envolver todo este público e para isso é preciso informá-los sobre os benefícios da reciclagem, que materiais podem ser separados e de que forma. Neste trabalho podem ser utilizadas diversas ferramentas, como cartazes, folhetos, palestras, reuniões, entre outros.

O segundo ponto fundamental é a definição do que será feito com o lixo que pode ir para a reciclagem. Que destino será dado para o material coletado e qual será a periodicidade desta destinação. Neste caso, existem algumas opções que podem ser adotadas. A primeira é a doação deste material para entidades, ONGs e cooperativas que trabalham com material reciclado. Algumas entidades se dispõem a ir buscar estes materiais.

Outra opção é a venda para as empresas que compram material reciclado, o que pode acabar gerando uma renda, mesmo que pequena para o condomínio, que pode ser utilizada para pagar custos no processo de coleta seletiva. Algumas instituições também têm pontos de recebimento de materiais reciclados como a rede de supermercados Pão de Açúcar. No Ceará, a companhia de energia elétrica Coelce tem um projeto chamado Ecoelce, que recebe materiais reciclados e troca por descontos na conta de energia de pessoas físicas ou jurídica. O projeto dispõe de 64 pontos de coleta distribuídos em 27 municípios do estado, atendendo cerca de 90 comunidades.

No processo de implantação da coleta seletiva no condomínio, também é preciso pensar no armazenamento do lixo. Não é necessariamente preciso comprar o conjunto de 4 lixeiras coloridas. Primeiro porque dificilmente haverá a mesma necessidade para cada grupo de material reciclável coletado, e depois porque os moradores dificilmente sobem e descem escadas ou pegam elevadores para levar o lixo. O ideal é que as lixeiras estejam em cada andar. Uma opção mais viável é a utilização de duas lixeiras, uma para o lixo comum e outra para os recicláveis.

Page 81: Renergy #12

Faça sua inscrição gratuita para este evento

Mais informações: (55 11) [email protected]

Painel Energia Eólica

+Construção Civil

www.tecnologiademateriais.com.br

Em abril de 2013, em Fortaleza - CE,

será realizado o Painel Energia Eólica

+ Painel Construção Civil, seminários

técnicos com o objetivo de apresentar

soluções em composites, poliuretano

e plásticos de engenharia

Energia Eólica:

• Fabricação de pás eólicas

• Fabricação de peças utilizadas na geração de energia eólica

• Fabricação de equipamentos movidos a energia eólica

• Versatilidade destes materiais

Construção Civil:

• Exemplos de aplicações de peças em composites, poliuretano, e plásticos de engenharia

• Tecnologias para fabricação de peças

• Versatilidade destes materiais

Energia Eólica

Construçã

Anuncio Eolica+Contrs Civil 2013.indd 1 11/26/12 4:49 PM

Page 82: Renergy #12

{ 8 2 } r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011

se ligueagenda DICAS DE LIVROS, SITES, FILMES E MUITO MAIS

NovidadeA empresa norte-americana Organic Transit, especializada em veículos ecológicos, lançou

um modelo que pode funcionar como automóvel movido a energia solar ou bicicleta. Batizado de Elf, ele tem três rodas e foi projetado para ser ocupado por apenas uma pessoa e tem capacidade para levar até 350 kg de bagaem. Car-regadas, suas baterias têm autonomia para quase 50 km sem que o condutor precise pedalar. O veículo tem preço sugerido de 4 mil dólares. Mais informa-ções: www.organictransit.com.

EventoO Quinto Encontro Nacional de Investidores em Pe-quenas Centrais Hidrelétricas (PCH 2013) continua tem

como principal objetivo reunir quem investe ou pretende investir nesse tipo de geração. Para a edição 2013, foi defi nido um conjunto de temas que eviden-ciam a situação atual do setor: perspectivas de alterações regulatórias, cenário

de diminuição da demanda por novos empreendimentos, aumentos dos custos de investimentos, ambientais e operacionais e busca por mais efi ciência operacional. A data de realização é 15 de abril de 2013 e o local é São Paulo. Mais informações no endereço www.vxa.com.br.

ForumA maior edição já feita. É a promessa do 5º Fórum Nacio-nal para a Geração de Energia Eólica (Wind Forum Brazil

2013). Serão 11 painéis de debate e mais de 40 palestrantes de grande prestígio no setor. Segundo os organizadores, o objetivo é trazer ao público uma edição digna de uma fonte de energia que comemora 20 anos no Brasil e fazer com que cada participante saia do encontro com informações e ferramentas

efetivas para garantir a maximização de resultados da sua empresa. O evento acontece de 26 a 28 Fevereiro de 2013 no Estanplaza International, em São Paulo. Mais informações no endereço www.windforumbrazil.com.

bicicleta. Batizado de Elf, ele tem três rodas e foi projetado para ser ocupado por

EventoO SolarInvest tem como proposta central a discussão entre investidores e governos na elaboração e manu-

tenção de políticas industriais e energéticas que estimulem o crescimento da energia solar no Brasil. Em suas quatro edições anteriores, o encontro foi marcado pelo alto nível de debates, presença maciça dos principais órgãos

de fomento e regulação e os maiores investidores em equipamentos e geração de energia solar no país. O Sola-rInvest será realizado em 15 de abril de 2013, em São Paulo. Mais informações no endereço www.vxa.com.br.

Page 83: Renergy #12

r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011 { 8 3 }

EventoRealizado no dia 2 de julho de 2013 em São Paulo, o Fórum Iluminar vai reunir os principais especialistas para apresentar novas tecno-

logias sustentáveis e energeticamente eficientes em iluminação e ar condicionado para redução do consumo de energia nas indústrias, edificações, empreendimentos, cidades e residências. Entre os principais assuntos estão novas tecnologias, certificações ambientais e eficiência energética para todas as áreas nas quais a iluminação e o ar condicionado estejam presentes. Mais informações no endereço www.vxa.com.br.

EventoEntre 18 e 22 de março de 2013, no Parque de Eventos de Bento Gonçalves (RS), será realizada a 11ª edição

da Fimma Brasil, feira mundial da cadeia produtiva de madeira e móveis. Um dos destaques do evento é o Sistema Petfom, voltado para a indústria de colchões, que é composto por quatro diferentes produtos fabricados sem a aplicação de nenhum tipo de resina, sem a utilização de água no processo produtivo e a partir de PET reciclado (em substituição a lâminas de espuma e feltro). A produção de um colchão em tamanho casal pelo sistema consegue absorver cerca de 1.260 garrafas PET. Mais informações: www.fimma.com.br/pt.

EventoComemorando bons resultados em 2012, a Associação Nacio-nal dos Comerciantes de Material de Construção anuncia a

realização do 19º Salão Internacional da Construção, de 12 a 16 de Março de 2013 no Pavilhão de Exposições do Anhembi. Com o perfil técnico dos visitantes, a Feicon

Batimat é também ponto de encontro de profissionais capacitados e com poder de decisão de compra em suas empresas. O Núcleo de Conteúdo Feicon Batimat é um evento simultâneo à 21ª edição do Salão Interna-cional da Construção, que reunirá os profissionais do mercado para promover debates sobre tendências, alter-nativas e soluções para os atuais desafios que o setor de construção enfrenta. Serão três dias de apresentações técnicas, palestras de mercado, painéis de debates e estudos de casos sobre assuntos relevantes.

ConferênciaApós seis anos de sucesso nos Esta-dos Unidos, chega ao Rio de Janeiro

a Conferência Internacional Sustainable Brands, nos dias 8 e 9 de maio de 2013, no Hotel Windsor Atlântica. Referência nos Estados Unidos para as empresas comprometidas com a integração da sustentabilidade a uma nova cultura de negócios, o evento é resultado da parceria entre a Sustai-nable Life Media e a Report. A plataforma Sustainable Brands reúne 50 mil líderes empresariais internacionais engajados na integração da sustentabilidade ao negócio por meio do trabalho de suas marcas. Mais informa-ções: www.sustainablebrands.com.

Page 84: Renergy #12

{ 8 4 } r e n e rg y. ano 2 > # 12 > 2011

o último apaga a luzAtitudes Renováveis. Ilustração: Thyago Cabral

Vis

ite

pro

jeto

s d

os

arti

stas

do

Co

leti

vo B

ase

/ Bai

ão Il

ust

rad

o: w

ww

.bai

aoilu

stra

do.

com

.br

NOVA G114-2.0 MW

SIM, OBTEMOS MAIS ENERGIA DOS LUGARES COM VENTOS FRACOS

> Sim, alcança a mais elevada efi ciência & rentabilidade em lugares com vento fraco

> Sim, oferece a menor densidade de energia do mercado

> Sim, tem a confi ança na tecnologia comprovada: plataforma Gamesa 2.0 MW

> Sim, desenvolvemos tecnologia específi ca para diminuir o Custo da Energia (CoE)

YESWE DO

@Gamesa_O� cial/gamesao� cial

1204_G114_renergy_192x250_port.indd 1 17/08/2012 9:50:20

Page 85: Renergy #12

NOVA G114-2.0 MW

SIM, OBTEMOS MAIS ENERGIA DOS LUGARES COM VENTOS FRACOS

> Sim, alcança a mais elevada efi ciência & rentabilidade em lugares com vento fraco

> Sim, oferece a menor densidade de energia do mercado

> Sim, tem a confi ança na tecnologia comprovada: plataforma Gamesa 2.0 MW

> Sim, desenvolvemos tecnologia específi ca para diminuir o Custo da Energia (CoE)

YESWE DO

@Gamesa_O� cial/gamesao� cial

1204_G114_renergy_192x250_port.indd 1 17/08/2012 9:50:20

Page 86: Renergy #12

+55 85 3261.2014 / www.braselco.com.br

Energias alternativas Braselco:projetos eficientes, grandes parcerias

e satisfação de todos os lados.

anos

Consultoria, assessoria técnica e desenvolvimento deprojetos de engenharia para grandes empreendimentos na área de energias renováveis.

Para manter grandes resultados, a Braselco trabalha para criar e renovar parcerias que resultam em bons negócios para todos: clientes, sociedade e meio ambiente. É da satisfação de cada cliente que tiramos mais energia.

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K