redes sociais: do inferno ao céu - case dell hell

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FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE SANTA CATARINA BÁRBARA MENDONÇA RUHLAND REDES SOCIAIS: DO INFERNO AO CÉU – CASE DELL HELL SÃO JOSÉ, 2011.

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Trabalho de conclusão de curso de Bárbara Ruhland

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Page 1: Redes sociais: do inferno ao céu - case Dell hell

FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE SANTA CATARINA

BÁRBARA MENDONÇA RUHLAND

REDES SOCIAIS: DO INFERNO AO CÉU – CASE DELL HELL

SÃO JOSÉ, 2011.

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1

BÁRBARA MENDONÇA RUHLAND

REDES SOCIAIS: DO INFERNO AO CÉU – CASE DELL HELL Monografia apresentada à disciplina Projeto Experimental II, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Comunicação Social com Habilitação em Publicidade e Propaganda da Faculdade Estácio de Sá de Santa Catarina. Professores Orientadores: Conteúdo: Diego Moreau, Mestre. Metodologia: Larissa Christina Leifer Nunes, Especialista.

SÃO JOSÉ, 2011.

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

R933r RUHLAND, Bárbara Mendonça.

Redes sócias: do inferno ao céu – case Dell Hell./ Bárbara Mendonça Ruhland. – São José, 2011.

88 f. ; il. ; 31 cm. Trabalho Monográfico (Graduação em Comunicação Social

com Habilitação em Publicidade e Propaganda) – Faculdade Estácio de Sá de Santa Catarina, 2011.

Bibliografia: f. 82 – 87.

1. Redes sociais. 2. Dell ( marca). 3. Internet. 4. Consumidor digital. I. Título.

CDD 302

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3

BÁRBARA MENDONÇA RUHLAND

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4

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradecerei a quem fez todas as minhas conquistas e sonhos tornarem

possíveis: meus pais, Márcia e Rolf. Que incondicionalmente investiram na minha educação e

estudos, sempre do meu lado me apoiando. Obrigada por serem tão presentes e tão parceiros

para tudo. Amo vocês demais! Aos meus irmãos, Leonardo e Felipe, que além de melhores

amigos, ajudaram diversas vezes, obrigada pelas discussões e pela união. Aos meus avós, pelo

exemplo de vida, de sabedoria e de muito amor. Agradeço muito à minha família por tudo.

Agradecimento especial para o João, meu namorado, pela paciência e apoio durante

toda a faculdade e, principalmente, durante o TCC. Por ouvir meus desabafos diários, sempre

me confortando e estando do meu lado pra tudo.

Aos meus amigos de faculdade, por aguentar meu mau humor matinal e, sobretudo,

as meninas, por terem se tornado amigas pro resto da vida. Agradeço a Isa, em especial, por

estar do meu lado desde o começo. Em todas as campanhas, sinucas e desabafos de todas as

idas e vindas da faculdade, enfim, por se transformado em uma amiga tão especial.

Agradeço também aos amigos e cunhadas, pelos momentos de descontração, pelo

apoio, fidelidade e parceria sempre.

Ao Edson, que me deu a oportunidade de conhecer profissionalmente as redes

sociais, pelas ajudas durante o desenvolvimento da monografia e, principalmente, pelo auxílio

da escolha do tema.

Agradeço à orientadora Larissa, por ser tão dedicada, paciente e atenciosa. Ao

orientador Diego, por acreditar no meu tema, por toda ajuda prestada e principalmente pelo

incentivo semanal, que resultou neste trabalho. Um agradecimento também a todos os demais

professores, que me acompanharam nesses quatro anos de faculdade e me mostraram que a

publicidade é realmente fascinante.

Enfim, agradeço a todos aqueles que contribuíram para a minha formação e para a

conclusão desse trabalho. Obrigada.

Page 6: Redes sociais: do inferno ao céu - case Dell hell

5

“Nunca é tarde, nunca é demais”.

Chico Buarque.

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RESUMO

Este trabalho teve como meta analisar o case Dell Hell, ressaltando o poder do consumidor na era das redes sociais. A análise foi fundamentada em estudos teóricos, como também em outros casos semelhantes aos da Dell, ocorridos com os consumidores digitais, nas próprias redes sociais. O caso que envolveu a empresa Dell foi um dos pioneiros. Um consumidor insatisfeito utilizou a internet para desabafar sobre o péssimo atendimento que estava recebendo. E nem mesmo ele imaginava o quanto um simples post em um blog poderia causar. A reclamação encontrou na web outros consumidores insatisfeitos e ecoou ao mundo inteiro o caso vivido por Jeff Jarvis. A partir deste fato, construiu-se uma fundamentação teórica, embasada em autores renomados na área de marketing, como também em obras específicas de marketing digital e redes sociais. Este estudo contribui para estudantes que procuram informações a respeito de redes sociais, comportamento do consumidor e relacionamento empresa X clientes. Empresas poderão utilizar os exemplos citados, para evitar futuros problemas em relação aos clientes no mundo virtual, assim como consertar possíveis irregularidades ocorridas por essas vias. O processo metodológico deste trabalho foi realizado por meio do método indutivo, das pesquisas exploratória, bibliográfica e descritiva, mediante a observação assistemática. Para realizar uma análise detalhada se fez necessário o uso da abordagem qualitativa. O problema de pesquisa será identificado através da análise dos fatos ocorridos e das estratégias utilizadas pela Dell, que serão descritos na sequência do estudo. Palavras-chave: Dell. Internet. Redes sociais.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Ilustração 1: Pirâmide de Maslow ............................................................................................19

Ilustração 2: Os 4Ps do mix de marketing................................................................................21

Ilustração 3: Infográfico ...........................................................................................................43

Ilustração 4: Matéria na Businessweek ....................................................................................54

Ilustração 5: QRcode Bussinessweek. ......................................................................................55

Ilustração 6: Direct2Dell ..........................................................................................................56

Ilustração 7: QRcode Direct2Dell ............................................................................................56

Ilustração 8: IdeaStorm.............................................................................................................57

Ilustração 9: QRcode Ideastorm ...............................................................................................57

Ilustração 10: StudioDell ..........................................................................................................58

Ilustração 11: QRcode StudioDell............................................................................................58

Ilustração 12: Não é uma Brastemp..........................................................................................60

Ilustração 13: QRcode vídeo Boreli .........................................................................................61

Ilustração 14: Meu Carro Fallha...............................................................................................64

Ilustração 15: QRcode Meu Carro Falha..................................................................................65

Ilustração 16: My Starbucks Idea .............................................................................................67

Ilustração 17: QRcode My Starbucks Idea...............................................................................67

Ilustração 18: SnackLife...........................................................................................................68

Ilustração 19: QRcode SnackLife.............................................................................................69

Ilustração 20: Blog Tecnisa ......................................................................................................70

Ilustração 21: QRcode Blog Tecnisa........................................................................................70

Ilustração 22: Twitter Tecnisa ..................................................................................................71

Ilustração 23: QRcode Twitter Tecnisa ....................................................................................71

Ilustração 24: Twitter Dell........................................................................................................72

Ilustração 25: QRcode Twitter Dell..........................................................................................73

Ilustração 26: Fan Page Dell.....................................................................................................73

Ilustração 27: QRcode Facebook Dell......................................................................................74

Ilustração 28: Site da Dell ........................................................................................................76

Ilustração 29: QRcode Site Dell ...............................................................................................76

Ilustração 30: Práticas comuns .................................................................................................77

Ilustração 31: Benefícios ..........................................................................................................78

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8

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................10

1.1 TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA ...........................................................................11

1.2 OBJETIVOS......................................................................................................................12

1.2.1 Objetivo geral................................................................................................................12

1.2.2 Objetivos específicos.....................................................................................................12

1.3 JUSTIFICATIVA ..............................................................................................................12

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO......................................................................................13

2 REVISÃO DE LITERATURA..........................................................................................15

2.1 HISTÓRIA DO MARKETING.........................................................................................15

2.2 MARKETING ...................................................................................................................16

2.3 NECESSIDADES, DESEJOS E DEMANDA..................................................................18

2.4 COMPOSTO DE MARKETING......................................................................................20

2.4.1 Produto ..........................................................................................................................21

2.4.2 Preço ..............................................................................................................................23

2.4.3 Praça ..............................................................................................................................24

2.4.4 Promoção.......................................................................................................................25

2.5 PUBLICIDADE E PROPAGANDA.................................................................................28

2.6 MARCA ............................................................................................................................29

2.7 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR ....................................................................31

2.8 INTERNET........................................................................................................................34

2.9 WEB 2.0 ............................................................................................................................36

2.10 MARKETING DIGITAL................................................................................................37

2.11 REDES SOCIAIS............................................................................................................39

2.11.1 Facebook......................................................................................................................44

2.11.2 Twitter .........................................................................................................................44

2.11.3 Blogs.............................................................................................................................45

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ....................................................................47

4 ANÁLISE DOS DADOS ....................................................................................................51

4.1 A DELL .............................................................................................................................51

4.2 CASE DELL HELL ..........................................................................................................53

4.3 ANÁLISE DO CASE........................................................................................................59

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9

5 CONCLUSÃO.....................................................................................................................79

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................81

ANEXO A – Declaração de responsabilidade.....................................................................87

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10

1 INTRODUÇÃO

A forma de se comunicar mudou. Na era da web 2.0 as ações de relacionamento são

outras, apesar do objetivo ser ainda o mesmo – querer sempre a satisfação dos consumidores.

Neste novo ambiente da comunicação, a internet e as redes sociais são as principais

ferramentas para realizar o marketing de relacionamento, interagindo diretamente com seus

clientes.

As empresas têm percebido as vantagens e benefícios que a comunicação on-line

pode trazer para a marca, pois além da interação direta, a tecnologia digital permite monitorar

o que pensam acerca da marca, responder a dúvidas rapidamente, manter os clientes

atualizados e, por fim, compreender as necessidades dos consumidores, transformando-as em

oportunidades.

A empresa pode ainda não estar nas redes sociais, mas com certeza sua marca está,

como foi o ocorrido com a empresa de hardware de computador dos Estados Unidos, Dell. A

Dell é uma empresa especializada suporte e vendas de computadores, servidores, notebooks,

dispositivos de armazenamento, switches de rede, enfim, produtos do segmento da

informática. A expansão on-line permitiu que os consumidores tivessem mais poder de

comunicação, e principalmente de propagação de informações. No caso da empresa Dell, essa

liberdade de comunicação fez com que um consumidor insatisfeito com o serviço da empresa,

divulgasse e propagasse a negativa situação. A partir deste fato, a Dell conseguiu utilizar as

mesmas plataformas e recursos para reverter, da melhor maneira, a situação.

As ferramentas da internet têm o poder de influenciar e divulgar a imagem da

empresa na visão de seus clientes, envolvendo uma parcela de consumidores, estejam eles

satisfeitos ou insatisfeitos. No caso, uma das ferramentas foi utilizada para criticar os produtos

e serviços oferecidos pela empresa, criando uma imagem negativa, a qual se espalhou

rapidamente pelas redes sociais. É bom lembrar que as pessoas utilizam as ferramentas on-

line não só para se relacionar de fato, mas também para trocar experiências, sejam elas boas

ou ruins. Por isso uma empresa que está inserida neste meio, acaba presente na vida de seus

consumidores, transmitindo o seu posicionamento e estabelecendo uma relação direta.

Assim como no meio off-line, a comunicação digital necessita de um bom

planejamento estratégico para que possa ser eficaz, não adianta estar dentro do mundo virtual,

sem conhecer, a fundo, seu público-alvo. Afinal, como você vai gerar conteúdo e se

comunicar com alguém que você não conhece? Esse é apenas um fator para conseguir

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11

estabelecer uma boa relação on-line, pois estar dentro das redes é o passo inicial, mas não

necessariamente o mais importante.

Para utilizar uma ferramenta com eficiência, é fundamental conhecê-la. Relações

públicas, diálogos, atendimentos, colaborações, fonte de dados, “viralizações”,

esclarecimentos, transparências, objetividades e relacionamentos são alguns dos fatores que

envolvem o entendimento das redes sociais. Lembrando que no cenário virtual, a capacidade

de mutação das informações e ferramentas tem uma velocidade altíssima, forçando, em

conseqüência, a atualização constante de conhecimento.

Este estudo apresentará exemplos e análises de casos de empresas, como a Dell,

mostrando como se procede o relacionamento por meio das redes sociais, enfatizando a

importância de um bom planejamento e de boas estratégias para criar uma imagem positiva

aos usuários. Entendendo o que os consumidores esperam de uma empresa presente nas redes,

como também o que abominam nesse relacionamento.

1.1 TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA

A comunicação sofreu diversas mudanças com o passar do tempo. Novas

plataformas e meios foram criados, uns utilizados até hoje, outros extintos. A grande

modificação ocorreu com o surgimento da internet, que além de revolucionar a forma de se

comunicar, foi o primeiro meio a unir a interatividade e “massividade”.

A internet deu início ao novo jeito de fazer publicidade, um novo modo de promover,

de se relacionar e principalmente de se comunicar, as redes sociais são um ótimo exemplo

disso, apesar de ainda muito recente, as redes sociais ganharam destaque no ambiente

publicitário e muitas empresas começaram a descobrir as vantagens em estar presente nesse

meio, conhecendo melhor tal benefício.

Com base nas estratégias on-line utilizadas por empresas, e diante ao case da Dell,

questiona-se: como a Dell age nas redes sociais?

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1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

Analisar as estratégias utilizadas pela Dell nas redes sociais.

1.2.2 Objetivos específicos

a) Levantar dados teóricos e bibliográficos;

b) Resgatar história da Dell;

c) Estudar o case “Dell Hell”, da empresa de computadores Dell;

d) Discutir estratégias utilizadas pela empresa Dell nas redes sociais;

e) Comparar outros casos semelhantes ao da Dell.

1.3 JUSTIFICATIVA

A situação, hoje encontrada nas redes sociais, são indivíduos com interesses,

objetivos e valores comuns, que compartilham informações. Os adolescentes já estão

inseridos nesse cenário das redes. A novidade, nesse ambiente, são as empresas buscando

conhecer e fazer parte desse mundo virtual. A mídia digital vem ganhando um enorme espaço

na preferência das empresas, o que de fato atinge diretamente a opção pelas agências de

comunicação.

Toda essa expansão digital carece de profissionais especializados na área. É

fundamental entender todo o funcionamento das redes digitais, pelo fato de serem ferramentas

ainda muito novas e por ser um número ainda pequeno de pessoas que realmente estudam e se

Page 14: Redes sociais: do inferno ao céu - case Dell hell

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especializam. Muitos acreditam que só por terem um perfil em alguma das redes, já sabem

tudo sobre o assunto, mas a complexidade de utilizar essas ferramentas está na maneira de

comportar-se perante o público, ao invés de fazer anúncios, é preciso criar diálogos.

Como as mudanças no mundo digital ocorrem constantemente e de forma rápida, é

difícil a atualização dos livros nesta área, até mesmo os materiais divulgados na própria

internet, acabam desatualizados. Por este motivo é necessário evoluir juntamente com a

internet e com as redes digitais. O profissional ou empresa que conseguir esse

acompanhamento, poderá entender e acompanhar de perto o mercado atual.

Conhecer o ambiente da propaganda e da comunicação é pré-requisito para qualquer

publicitário, assim como se informar e se manter atualizado sobre novas ferramentas. O

estudo do método que as empresas empregam para conseguir criar sua imagem e

posicionamento por intermédio das redes, auxiliará os estudantes que procuram trabalhar na

área a criar estratégias, com base nos exemplos apresentados. A teoria da comunicação é

praticamente a mesma, o que importa nessa área é saber executar, tanto publicitários –

interessados em se relacionar com o público-alvo – como também a sociedade – se adaptando

à nova forma de se comunicar.

As pessoas estão se acostumando com esse cenário moderno, muitas até se renderam

à era da internet e redes sociais, porém outras ainda são receosas quanto as novas mídias e

acabam evitando esse tipo de comunicação, sem ao menos conhecê-la. A evolução digital está

aí e a sociedade precisa conhecer o novo comportamento social, eis que as redes sociais fazem

parte dessa nova era, modificando diretamente o modo de se relacionar.

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

O trabalho está dividido em cinco capítulos para a compreensão do tema

apresentado.

Consta no primeiro capítulo a introdução do trabalho, abordando o tema; problema

de pesquisa; os objetivos (geral e específicos) e, por fim, a justificativa.

No segundo é abordado a revisão de literatura – uma fundamentação teórica,

envolvendo os conceitos de marketing, propaganda, marca, comportamento do consumidor,

internet, web 2.0, marketing digital e redes sociais.

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14

No terceiro capítulo serão descritos todos os procedimentos metodológicos de

pesquisa, como os métodos, tipos de pesquisas e as abordagens utilizadas para a realização

deste trabalho.

O quarto capítulo apresentará a análise do caso da Dell, realizada através dos

resultados obtidos pelas pesquisas.

O quinto, e último, capítulo desenvolverá a conclusão, onde é realizada uma

interpretação e reflexão sobre o tema, buscando obter a resposta para o problema de pesquisa

do primeiro capítulo.

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15

2 REVISÃO DE LITERATURA

Neste capítulo será abordado o assunto marketing, a partir de conceitos de autores

renomados.

2.1 HISTÓRIA DO MARKETING

Serão apresentados conceitos que retratam a história do marketing, seu surgimento e

sua trajetória durante o desenvolvimento da sociedade, até os dias atuais.

Há tempos atrás, no cenário da economia de subsistência, já se trocavam excedentes

de produção pelo surgimento do dinheiro como unidade de valor, ou seja, a essência do

marketing teve origem juntamente com o surgimento das necessidades, dos desejos e das

demandas. No século XVIII, com o início da revolução industrial, os comerciantes passaram a

fabricar produtos padronizados, sem pensar na qualidade, vendiam e distribuíam o que era

produzido. Por outro lado a sociedade possuía baixo poder aquisitivo, por isso não lhes

restavam muitas escolhas, compravam aquilo que suprissem apenas suas necessidades básicas

(HONORATO, 2004).

De acordo com o autor, em 1930, os fabricantes, que até então desfrutavam de suas

produções monopolizadas, tiveram que criar promoções e estratégias de vendas para superar

as novas concorrências, as quais surgiram com o aumento da produção e a superação da

demanda. A partir desta situação, as empresas começaram a focar suas produções em vendas,

priorizando também o processo de distribuição. Pinho (2001, p. 22) acredita que “a meta do

marketing é, em última análise, facilitar as trocas para quase aumente a satisfação de todas as

partes envolvidas”. Foi neste período que o termo “marketing” começou a ser empregado nos

Estados Unidos.

No Brasil, o marketing só se instalou a partir da década de 1960. Até então as

empresas que vinham para o país, visavam atender ao consumo interno. Essas empresas eram

subsidiadas pelo governo ou então protegidas da competição estrangeira , esta situação fazia

com que as empresas determinassem a imposição ao consumidor de preços e produtos. Foi só

Page 17: Redes sociais: do inferno ao céu - case Dell hell

16

no governo de Juscelino Kubitschek de Oliveira (1956-1961) que o Brasil começou a se

transformar em um país de economia industrial. O governo dava incentivo para empresas

internacionais viessem se instalar aqui, o que fez com que grandes empresas de todo o mundo

viessem para o Brasil, tornando o mercado nacional cada vez mais complexo e competitivo

(PAIXÃO, 2011).

O período dos anos 50 ficou conhecido como a Era do Marketing, pois foi quando os

empresários perceberam que as vendas a qualquer custo, não seria a melhor forma de se

comercializar, afinal as vendas não eram constantes. Foi a partir dessa percepção que as

empresas começaram a valorizar mais os consumidores, adequando suas vendas para os

desejos e as necessidades de seus clientes. Foi então que se determinou o conceito de

marketing: o consumidor era o “rei” (LAS CASAS, 2009).

Já na década de 90, a satisfação aos desejos e às necessidades dos consumidores não

era mais uma forma de obter vantagens competitivas, mudando o objetivo principal das

empresas de atender não só os consumidores, mas também seus concorrentes e as demais

instituições presentes no mercado. Nessa nova diversidade de propostas, o marketing era

orientado para o mercado (LAS CASAS, 2009).

A situação hoje em dia nas sociedades modernas, segundo Sandhusen (2003, p. 12),

funciona de maneira que “os produtores e os intermediários têm a incumbência de atender aos

desejos do cliente, e os clientes são livres para tomar as suas próprias decisões relativas às

trocas de valores nos diversos mercados”, ou seja, o marketing está orientado para o cliente.

Todo o contexto histórico influenciou e construiu o conceito do marketing e suas

vertentes, que serão apresentadas no próximo tópico.

2.2 MARKETING

A partir da compreensão histórica é possível entender os conceitos de marketing, o

que envolve esta ferramenta e suas características.

A essência do marketing, a partir do conceito de Honorato (2004, p. 3) está no

processo de troca, “ao se identificarem desejos ou necessidades, busca satisfazê-los,

comprando produto ou serviço de quem tem pra vender, estabelecendo assim, uma troca na

qual organizações e clientes – empresas ou consumidores – participam”.

Page 18: Redes sociais: do inferno ao céu - case Dell hell

17

As pessoas procuram determinado produto que possa suprir a sua necessidade, o seu

desejo ou até mesmo, a sua demanda. Esse é o papel do marketing – entender as necessidades

reais, de preferência melhor que os concorrentes. Para a aquisição de um produto ou serviço é

necessário que o consumidor leve em conta o valor (que é a estimativa de satisfação das

exigências do consumidor), o custo (de preferência o menor tanto para a aquisição, quanto

para a propriedade e o para uso), de maneira que o satisfaça de modo mais eficiente possível.

É fato que a decisão de compra final é a do cliente, por isso de acordo com Limeira

(2007, p. 4) as empresas que pretendiam obter sucesso nas vendas,

passaram a adotar práticas como pesquisa e análise de mercado, adequação dos produtos segundo as características e necessidades dos clientes, comunicação dos benefícios dos produtos em meios de comunicação de massa, desenvolvimento de promoções de vendas, expansão e diversificação dos canais de distribuição.

Com essas mudanças de comportamento empresarial, o marketing foi considerado

uma função para empresa, criando valores e vantagens competitivas.

O marketing moderno, então, surgiu nos anos 90, onde Keegan (2005, p. 3) afirma

que “o foco do marketing deixa de estar no cliente ou no produto e passa para o cliente em um

ambiente externo mais amplo”. Essa mudança tornou outros fatores importantes na hora de

realizar o marketing, obrigando o conhecimento de fatores externos, tais como: concorrências;

políticas e regulamentações governamentais; e forças econômicas, sociais e políticas

abrangentes, as quais formam a trajetória dos mercados, mudando o foco nos objetivos de

marketing.

Com o avanço tecnológico, o vetor de marketing acaba se invertendo, ou seja,

enquanto no marketing tradicional as promoções e relacionamentos acontecem no sentindo da

empresa para o consumidor, no marketing moderno é o consumidor que busca a empresa,

quando ele quiser ou desejar. Essa mudança interfere em muitas estratégias e campanha de

marketing, pois modifica completamente o relacionamento entre a marca e o consumidor.

Neste cenário, o marketing de busca, de redes sociais e o móbile acabam sendo grandes

potenciais estratégicos de marketing (GABRIEL, 2010).

Então nos tempos atuais, o marketing tradicional não pode ser esquecido, e sim

conciliado com o marketing moderno. Las Casas (2010) escreve que as práticas tradicionais

ainda são maioria no mercado publicitário, no entanto, novas formas de comercializar não

devem ser descartadas. Novos espaços, novas mídias, nova estrutura de valor são sempre boas

ferramentas para aplicar o novo marketing e inovar.

Page 19: Redes sociais: do inferno ao céu - case Dell hell

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Enfim, o papel do marketing está sempre focado em atender às necessidades dos

consumidores. Muitas vezes acaba despertando e influenciando seus desejos, mas o marketing

nunca cria suas necessidades. Por esse motivo, para realizar um bom marketing é preciso

entender as necessidades reais melhor que os próprios concorrentes.

2.3 NECESSIDADES, DESEJOS E DEMANDA

Neste tópico serão apresentados os conceitos centrais e orientações de marketing,

com o objetivo de entender o mercado e as necessidades dos clientes.

Na prática, Honorato (2004, p. 10) explica que “marketing é uma atividade voltada

para a conquista e manutenção lucrativas dos clientes por meio destes processos de troca,

desde que atendendo as necessidades, os desejos e as expectativas visando a conquistar a

fidelidade do cliente para sua empresa, produtos e serviços”, ou seja, o marketing só ocorre a

partir de alguma necessidade, algum desejo ou alguma demanda.

A necessidade é o conceito básico do marketing. Todas as pessoas possuem

necessidades fisiológicas, criadas sem intervenção da sociedade ou empresas, que estão na

base da pirâmide de Maslow. Necessidades físicas básicas de alimentação, abrigo e segurança,

necessidades sociais de bens e afeto; necessidades individuais, pois elas não foram inventadas

pelos profissionais de marketing; são elementos básicos da condição humana. Necessidades

são diferentes de desejos, pode-se entender essa diferença pelo exemplo citado por Andrade

(2009, p. 23) “quando temos a ideia de adquirir um imóvel. Sabemos, nessa situação, que o

benefício principal é o de abrigar, proteger, ou seja, a necessidade de proteção e de abrigo.

Contudo, quando imaginamos, por exemplo, a cor daquele imóvel, essa projeção expressa o

nosso desejo”. Podem-se classificar as necessidades a partir da pirâmide hierárquica de

Maslow (Ilustração 1).

Page 20: Redes sociais: do inferno ao céu - case Dell hell

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Ilustração 1: Pirâmide de Maslow Fonte: Kotler e Armstrong (2007, p. 123).

Os desejos são mutáveis e se moldam conforme as transformações sofridas pela

sociedade. Por exemplo, ter fome por alguma comida específica e não apenas por qualquer

comida. Kotler e Armstrong (2007, p. 4) definem esse conceito: “os desejos são

compartilhados por uma sociedade e são descritos em termos de objetos que satisfarão as

necessidades. Quando apoiados pelo poder de compra, os desejos tornam-se demandas”.

Na definição de Kotler e Keller (2006), as demandas são desejos específicos,

apoiados pelo poder de compra. Como desejar o carro do ano, muitos desejam, porém apenas

algumas pessoas estarão dispostas e, principalmente, capacitadas a comprá-lo.

As empresas que estudam e conhecem bem esses três conceitos dos seus clientes, são

as empresas que se destacam quanto a sua orientação de marketing e que possuem grandes

probabilidades de obter sucesso em seu empreendimento. Como Kotler e Armstrong (2007, p.

4) afirmam, as empresas que agem dessa maneira, sempre “conduzem pesquisas com os

clientes e analisam montanhas de dados. Seu pessoal, em todos os níveis – incluindo a alta

gerência –, se mantém próximo dos clientes”. A orientação voltada para o cliente permite essa

proximidade, além da facilidade de entender e de se adaptar às suas necessidades e desejos.

Procurando sempre satisfazer e surpreender seus consumidores de maneira positiva,

consequentemente positiva para a empresa.

Page 21: Redes sociais: do inferno ao céu - case Dell hell

20

É necessário estudar, analisar e monitorar quatro aspectos do marketing para então

desenvolver uma estratégia de venda positiva. São eles: produto, preço, praça e promoção.

2.4 COMPOSTO DE MARKETING

Embasado em livros acerca do assunto, neste tópico serão abordados conceitos e

características do composto de marketing.

Ao realizar uma compra, os consumidores não procuram simplesmente comprar o

produto em si, mas sim soluções para o seu problema. Por esse motivo, Honorato (2004)

explica que o marketing busca satisfazer os desejos e as necessidades com ações

mercadológicas, conhecidas como composto de marketing – conjunto de variáveis

controláveis que pode servir para as empresas influenciarem seus consumidores.

Quem classificou o conjunto de ferramentas de marketing utilizadas pelas empresas,

foi McCarthy, separando-as em quatro grupos: produto, preço, praça e promoção. O autor

Neil Vorden foi quem utilizou o termo “mix de marketing” para definir esses conjuntos e

também “observou como as empresas mesclam elementos em um programa e como até

mesmo as que concorrem em uma dada categoria de produto, podem ter, cada uma, um mix

muito diferente em funcionamento”. (SILK, 2008, p. 20, grifo do autor).

A partir do conceito de Kotler e Armstrong (2007, p. 42), o maketing mix “consiste

em tudo que a empresa pode fazer para influenciar a demanda de seu produto. As diversas

possibilidades podem ser agrupadas em quatro grupos de variáveis, conhecidas como 4Ps:

produto, preço, praça e promoção”. A ilustração 2 representa os 4Ps do mix de marketing e

suas variáveis específicas.

Page 22: Redes sociais: do inferno ao céu - case Dell hell

21

Ilustração 2: Os 4Ps do mix de marketing Fonte: Kotler e Keller (2006, p. 17).

Os quatro aspectos do composto devem estar integrados, para que assim seja tomada

a melhor decisão quanto às atividades de marketing, como também para que se defina um

posicionamento concreto e pertinente para empresa. Para Kotler e Keller (2006, p. 17) “os 4Ps

representam a visão que a empresa vendedora tem das ferramentas de marketing disponíveis

para influenciar compradores. Do ponto de vista de um comprador, cada ferramenta de

marketing é projetada para oferecer um benefício ao cliente”.

As atividades de uma empresa se justificam pelo mais importante item dentro do

composto de marketing, o produto.

2.4.1 Produto

Para a compreensão sobre o mix de marketing é necessário entender o que envolve o

fator produto dentro de uma empresa.

Page 23: Redes sociais: do inferno ao céu - case Dell hell

22

Por definição de Andrade (2009, p. 75) produto é “tudo o que pode ser oferecido ao

mercado com objetivo de satisfazer aos desejos e às necessidades dos diversos públicos”. A

definição de produto não se refere somente ao produto físico, essa categoria do marketing

pode ser também organizações, ideias, pessoas, abrangendo desde bens ou serviços até a

marca e as embalagens. Como estratégia de marketing, Silk (2008, p. 22) afirma que “o

produto tem que ser considerado do ponto de vista do valor que o cliente recebe”.

Para o desenvolvimento de novos produtos, segue-se os princípios do

comportamento de consumidor, Mowen e Minor (2003) afirmam que podem ser aplicados a

quatro áreas distintas do processo de desenvolvimento: (1) geração da ideia, (2) teste de

conceito, (3) desenvolvimento do produto e (4) teste de mercado. No decorrer desse processo

de desenvolvimento, deve-se estudar muito bem o mercado, assim como seus concorrentes, de

acordo com Mowen e Minor (2003, p. 29)

a avaliação de como o produto se compara com as ofertas concorrentes é essencial. A decisão de iniciar uma produção em grande escala seria um erro grosseiro se fosse baseada na descoberta de que os consumidores classificam seu produto como ‘bom’ em vários atributos, mas classificam o do concorrente como ‘excelente’ nos mesmos atributos. Além disso não se pode garantir que o ambiente competitivo permanecerá inalterado enquanto o produto é desenvolvido. Durante o desenvolvimento de um produto, tenta-se constantemente acertar um alvo móvel. As mudanças que ocorrem no ambiente cultural, econômico e natural tornam o processo extremamente arriscado.

De acordo com Kotler (1998) os produtos que são vendidos incluem:

a) bens físicos;

b) serviços;

c) pessoas;

d) locais;

e) organizações;

f) ideias.

O que diferencia esses produtos ou serviços são a durabilidade, tangibilidade e o uso.

Outra classificação de produto, são os produtos de consumo – aqueles destinados ao

consumidor final – e os produtos industriais – usados na fabricação de outros produtos.

Segundo Honorato (2004), a criação de um produto envolve desde qualidade, opções,

estilo, marca, embalagem e serviço. Deve-se desenvolver o composto de marketing, baseado

no mercado, no ciclo de vida do produto em suas características. Segundo Kotler (2000, p.

326) o composto de marketing deve ser modificado “uma vez que o produto, o mercado e os

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23

concorrentes se modificam ao longo do tempo”, por esse motivo é necessário atualizar-se

sobre os fatores relativos ao macro e micro ambiente de uma empresa, moldando-se as

exigências de cada fase do ciclo de vida de um produto.

2.4.2 Preço

O preço é uma variável importante no marketing, suas decisões afetam diretamente o

volume de vendas de uma empresa e consequentemente também o quanto de dinheiro que ela

ganha.

Por esse motivo, o quesito preço deve ser cuidadosamente planejado dentro da

estratégia de marketing. Seguindo as orientações de McCarthy e Perreault Junior (1997)

devem constar as especificações:

a) quão flexíveis serão os preços;

b) em que nível os preços serão estabelecidos durante o ciclo de vida do produto;

c) a quem e quando os descontos e as concessões serão dados;

d) como os custos de transportes serão tratados.

O preço é basicamente o que o consumidor pagará para adquirir seu produto ou

serviço, envolvendo o preço básico, os descontos, os prazos de pagamentos, dentre outros.

Nem sempre é fácil estipular o preço ideal, pois é necessário valorizar o produto/serviço com

um preço alto. Entretanto, é preciso conquistar consumidores com preços não tão altos. Essa

decisão de valor está ligada à política de preço, equilibrando-o entre o preço piso, que de

acordo com Zenone e Buairide (2006, p. 24) “é considerado pelo consumidor como um preço,

ao qual corresponde um produto de qualidade medíocre” e o preço teto, que segundo os

autores “é sinônimo de abuso; tem-se a impressão de pagar muito caro pela qualidade real do

produto”. Esse equilíbrio é conhecido como preço-freio, ou psicológico, que “situa-se entre os

dois enfoques e corresponde ao melhor preço de venda. [...] responsável por assegurar a

máxima penetração no mercado”. (ZENONE; BUAIRIDE, 2006, p. 25).

Então, para gerar um valor adicional, de acordo com Magalhães e Sampaio (2007, p.

38), é necessário realizar a seguinte pergunta a respeito do preço para, assim, tomar uma

decisão: “o que fazer ou agregar ao produto/serviço e seus atributos que possa aumentar seu

valor percebido pelo mercado?”. A partir desta pergunta, a empresa deve definir qual será o

Page 25: Redes sociais: do inferno ao céu - case Dell hell

24

ponto de partida para estipular o preço, de acordo com McCarthy e Perreault Junior (1997, p.

46, grifo dos autores), deve-se levar em conta fatores como:

tipo de concorrência no mercado-alvo e o custo total do composto de marketing. Devem também tentar estimar a reação do consumidor a possíveis preços. Além disso é importante que conheçam práticas atuais como markup, descontos e outras condições de vendas.

A definição de Tulesky (2009) é que o “preço ideal de um produto é simplesmente

aquele que o cliente julga justo e que, ao mesmo tempo, é interessante lucrativamente para a

empresa”.

Por fim, o preço é o fator que estabelece a troca, porém o local que permite que essa

troca aconteça é a praça.

2.4.3 Praça

A variável praça refere-se à distribuição do produto ou serviço. Silk (2008, p. 26)

define o canal de marketing como “conjunto de mecanismos da rede através dos quais uma

empresa vai ao mercado, ou seja, está em contato com seu cliente para uma série de tarefas

que vão da geração de demanda à entrega física dos produtos”. A praça é onde os

consumidores terão acesso ao produto/serviço, por esse motivo é necessário que a escolha do

ponto-de-venda seja realizada pensando em estratégias para tornar o produto fácil de

encontrar e conveniente ao mercado.

Honorato (2004) cita o que envolve essa variável:

a) localização;

b) canais;

c) cobertura;

d) transporte;

e) armazenamento.

A praça lida com questões relativas para que ocorra a troca, Gabriel (2010) destaca o

que as estratégias de praça devem levar em conta: público-alvo e suas características;

características do produto: perecibilidade, frequência de compra, preço; e características da

Page 26: Redes sociais: do inferno ao céu - case Dell hell

25

empresa: capacidade de distribuição e estocagem; e estratégias de comercialização. Dividindo

as estratégias entre duas vertentes: (a) administração dos canais de distribuição; e (b)

administração da distribuição física.

Atualmente, as empresas devem se preocupar também com os canais digitais de

distribuição, conforme menciona Gabriel (2010, p. 50, grifo do autor) pelo fato de criar novas

“possibilidades abrangentes tanto quanto a praças de comercializações e transações (e-

commerce, e-marketplace, iTunes, e quaisquer tipos de mercados digitais) quanto à

distribuição física para produtos que possam ser digitalizados”. Por isso, a autora sugere que

as empresas conheçam as diversas possibilidades digitais de praça, para combiná-las com as

tradicionais, com objetivo de trazer vantagens e diferenciais competitivos.

Para divulgar esses diferenciais e a empresa em si, utiliza-se da comunicação através

de diversas formas, conhecidas como promoção.

2.4.4 Promoção

A viabilização e o aumento das vendas dependem do fator promoção. Algumas

definições e características citadas por autores serão apresentadas neste tópico.

McCarthy e Perreault Junior (1997, p. 230) definem promoção como “a comunicação

da informação entre vendedor e comprador potencial ou outros do canal para influenciar

atitudes e comportamentos”. Tudo que a empresa pode fazer para chamar a atenção do

consumidor é considerado promoção. Pode-se citar a própria propaganda, como também as

vendas pessoais, promoções de vendas, relações públicas, marketing cultural, entre outros.

Para que o marketing seja eficiente e atinja o consumidor, é necessário que haja uma

interação das quatro variáveis, tornando-as integradas. Como explica Honorato (2004, p. 7)

o produto ou os serviços oferecidos precisam atender plenamente aos desejos e às necessidades dos consumidores e estar dispostos no ponto, à disposição destes, por meio de um bem elaborado canal de distribuição. Paralelamente, é necessário o desenvolvimento de estratégias de estímulo ao consumo, o que se dá pela promoção ou composto promocional, e pelo preço, que nos dias de hoje tem sido com mais intensidade, uma ferramenta estratégica decisiva na venda.

Page 27: Redes sociais: do inferno ao céu - case Dell hell

26

A comunicação é utilizada pelas empresas para alcançar suas metas e, é claro,

aumentar suas vendas. As ferramentas que envolvem a promoção são: propaganda, promoção

de vendas, marketing direto, relações públicas e venda pessoal.

A promoção de vendas, segundo Shimp (2002, p. 404, grifo do autor), é “qualquer

incentivo usado por um fabricante para induzir o comércio (atacadista e varejista) e/ou os

consumidores a comprar uma marca ou para incentivar a equipe de vendas a vendê-la de

forma agressiva”. A promoção de vendas costuma estimular o interesse dos consumidores,

levando-os à experimentação, ou à compra.

Esse tipo de ferramenta é muito utilizado em datas comemorativas. As empresas

costumam criar promoções, sorteios, ofertas especiais, amostras e outros recursos para chamar

atenção entre os demais anúncios, para os consumidores. Zenone e Buairide (2006)

classificam os principais objetivos da promoção de vendas em: (1) estimular a compra, por

meio da redução de preços em um prazo determinado; (2) estimular a visita em ponto-de-

venda; (3) atrair novos clientes; (4) bloquear a penetração ou ação da concorrência; e (5)

aumentar eficiência/eficácia da força de vendas.

Para atingir esses objetivos promocionais, Zenone e Buairide (2006, p. 71) escrevem

que é “necessário ter um bom planejamento, que inclua a identificação das datas

comemorativas no calendário promocional, a análise dos atuais ambientes econômicos,

sociais, político e o perfil do público-alvo, entre outros”. Depois das definições citadas, a

empresa deve planejar todas as atividades de acordo com elas, criando cronogramas para

melhor visualizações e organizações.

Outra vertente dentro da promoção é o marketing direto, que tem a função definida

por Gabriel (2010, p. 50) de “construir relacionamento de duas vias com o público-alvo. [...]

incentivando a resposta imediata do consumidor/cliente de forma que ele avance no grau de

intimidade de relacionamento com a marca/produto”.

A preferência pelo marketing direto tem crescido, principalmente por médias ou

pequenas empresas, pois permite comunicações personalizadas. Uma das mídias mais

utilizadas, segundo Shimp (2002), é a mala direta, geralmente acompanhada de outra mídia,

pelo fato de permitir uma mensurabilidade de respostas relativamente maior, comparando-a

com as mídias indiretas. O marketing direto acontece por telefone, correio, visita pessoal, e o

mais recente o e-mail. É possível caracterizar o marketing direto, seguindo as definições de

Gabriel (2010, p. 51), como “privado, imediato, personalizado e interativo”.

A promoção envolve também a área de relações públicas (RP), que é utilizada para

fortificar e recuperar a imagem e as relações favoráveis de uma determinada marca. De

Page 28: Redes sociais: do inferno ao céu - case Dell hell

27

acordo com Zenone e Buairide (2006, p. 54), o desgaste da propaganda, pela sua quantidade

de mensagens veiculadas diariamente e pela falta de novidades em suas propostas, contribuiu

para o crescimento e importância de RP. A função de relações públicas é definida por Mafei

(2004, p. 49) como o qual “estabelece canais diretos de comunicação com todos os tipos de

público. É a área que cria, planeja e executa programas de integração interna e externa”.

Para saber quando é pertinente RP, Ogden e Crescitelli (2007, p. 123) identificam a

sua utilização “quando o efeito de determinado problema ultrapassa a relação empresa-cliente

e ganha projeção na sociedade, sendo, comumente ampliado pela mídia e pelas entidades

formadoras de opinião”.

A grande diferença entre RP e propaganda é o fato de que a “publicidade

desenvolvida por RP não é paga no sentido tradicional. Em outras palavras, RP não compra

tempo da mídia eletrônica nem espaço na mídia como a propaganda faz”. (OGDEN;

CRESCITELLI, 2007, p. 124). Essa diferenciação tem suas vantagens, como não ser paga, ser

“espontânea”, possuir canais diretos com os consumidores, no entanto, possui também

desvantagens, como não ser sempre positiva, se uma empresa é identificada como a

transmissora de determinada mensagem, pode ocorrer do público ficar descrente para o

comunicado.

Relações públicas são caracterizadas por Gabriel (2010) como confiáveis, tendo

muita credibilidade, “dramatização” da empresa/marca ou produto para impactar o público-

alvo.

Outro ponto relacionado à promoção é a venda pessoal, que por definição de Gabriel

(2010, p. 51) é “usada para construir relacionamento pessoal e próximo entre a empresa-

público”. O diferencial da comunicação por venda pessoal, segundo Zenone e Buairide (2006,

p. 58) é a “possibilidade de uma comunicação bidirecional, o que possibilita uma interação

rápida com o mercado”.

A venda pessoal consiste em uma comunicação individualizada, Ogden e Crescitelli

(2007) descrevem que essa venda costumava ser realizada “cara a cara”. Todavia, a

comunicação eletrônica (telefone e internet) passou a ser utilizada. Os autores indicam como

aspectos mais importantes “a interação e a comunicação pessoal”, sendo essas as principais

diferenças das demais variáveis do composto integrado de marketing (CIM). Essa

comunicação, segundo Gabriel (2010) é caracterizada pela interação pessoal e normalmente é

ferramenta de promoção mais cara.

Dentro da variável controlável do composto mercadológico, a promoção, existem

outras ferramentas, como a publicidade e propaganda, que serão descritas na sequência.

Page 29: Redes sociais: do inferno ao céu - case Dell hell

28

2.5 PUBLICIDADE E PROPAGANDA

Muito se confunde sobre os termos publicidade e propaganda. Apesar de serem

muito utilizados como sinônimos, eles são dois conceitos distintos. Neste subcapítulo serão

abordadas suas diferenças, assim como seus conceitos e características.

Tudo que envolve a forma de se comunicar com o público-alvo a respeito do três

primeiros Ps (produto, preço e praça), estimulando a troca, é chamado de propaganda. A

publicidade é considerada a mais popular ferramenta de comunicação de marketing (PINHO,

2000).

A propaganda é a ferramenta utilizada para divulgar a mensagem para o público-

alvo. É considerada a principal forma de venda em massa. McCarthy e Perreault Junior (1997,

p. 230) definem como “qualquer forma paga de apresentação impessoal de ideias, bens ou

serviços por patrocinador identificado”. Pode-se caracterizar essa ferramenta como impessoal

e cara. Já a publicidade, de acordo com a definição de Pinho (2000), é a mais popular

ferramenta de comunicação de marketing. Sant’Anna escreve que (1998, p. 75), “a

publicidade designa a qualidade do que é público. Significa o ato de vulgarizar, de tornar

público um fato, uma ideia”.

Os autores McCarthy e Perreault Junior (1997, p. 230) comparam as duas: “enquanto

a propaganda deve ser paga, outra forma de venda em massa, a publicidade, é gratuita”. A

publicidade e a propaganda fazem parte do denominado composto de comunicação

(LEGRAIN; MAGAIN, 1992).

A propaganda, segundo Shimp (2002, p. 32, grifo do autor), “envolve comunicação

de massa através de jornais, revistas, rádio, televisão e outros veículos [...] ou comunicação

direta, que é dirigida a cada cliente business-to-bussines ou consumidor final”. Seus objetivos,

conforme Kotler e Keller (2006), podem ser classificados de acordo com o propósito de

informar, persuadir, lembrar ou reforçar. Os autores classificam em estágios diferentes a

hierarquia de efeitos:

a) propaganda informativa;

b) propaganda persuasiva;

c) propaganda de lembrança;

d) propaganda de reforço.

Para a propaganda ser eficaz, do ponto de vista da empresa anunciante, ela precisa

gerar vendas, consequentemente lucros. Já do ponto de vista do gerente de CIM a propaganda

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29

é eficaz se conseguir atingir as metas e objetivos estabelecidos nos planos de CIM e de

marketing (OGDEN; CRESCITELLI, 2007). Os autores Ogden e Crescitelli (2007, p. 56)

afirmam também que “todo o plano de propaganda deve ser integrado para permitir sua

conclusão bem-sucedida”. Gabriel (2010) descreve as características da propaganda como

uma ferramenta repetitiva, em termos das mensagens impessoais e, ainda, como cara.

Já a publicidade é uma técnica de comunicação de massa, paga com o objetivo

específico de fornecer informações, desenvolver atitudes e provocar ações benéficas para

quem anuncia. A publicidade tem como uma de suas funções, realizar as tarefas da

comunicação de massa com economia, velocidade e volume maiores que os obtidos por

outros meios. Pode-se definir a publicidade como uma fonte de economia para os produtores;

e de benefícios, para os consumidores. Estes benefícios não são apenas os econômicos, como

também a liberdade de imprensa e ação democrática. Enfim, é graças a ela que as opiniões,

por mais diferentes que sejam, são emitidas (SANT’ANNA, 1998).

A propaganda e a publicidade auxiliam na divulgação de uma empresa, porém são

apenas mais dois itens, dentre outros demais, que realmente constrõem uma imagem, uma

marca.

2.6 MARCA

Neste tópico será definida através de conceitos, a importância das marcas para as

empresas, assim como sua funcionalidade perante o mercado.

Por definição de Tybout e Calkins (2006), uma marca é um conjunto de associações

vinculadas a um nome, sinal ou símbolo, relacionadas a um produto ou serviço.

Como os autores definiram, marca não é apenas um nome ou símbolo, mas sim a

imagem, a reputação de uma empresa perante o mercado, podendo ela ser negativa ou

positiva. Agregar atributos à marca e à empresa é um dos caminhos para o sucesso, pensar em

venda, qualidade de produtos e atendimento, facilidade de acesso e bons serviços. Enfim,

esses fatores ajudam a construir o seu valor.

Uma marca, segundo Neumeier (2008, p. 2), é “a percepção íntima, o sentimento

visceral de uma pessoa em relação a um produto, serviço ou empresa”. O autor defende esse

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30

conceito pelo fato de todo nós sermos seres emotivos, intuitivos, querendo ser racionais,

afinal são as pessoas que definem uma marca; e não as empresas.

Antigamente, a criação da marca tinha um único objetivo: vendas de curto prazo. O

branding – construção da marca – foi mudando ao longo dos anos. Segundo Aaker e

Joachmsthaler (2000) a construção da marca exigirá reforço constante durante os anos, e o

resultado não será imediatamente aparente, no entanto, o modelo de liderança de marca

resultará em uma vantagem competitiva que trará futuros resultados financeiros. De acordo

com Batey (2010), uma marca é criada a partir do resultado de um bom marketing, mas

principalmente com o resultado da leitura e da reação do consumidor às atividades e ao

estímulo desse marketing.

Após a consolidação da empresa no mercado, tornando a marca conhecida entre os

consumidores, a empresa será reconhecida facilmente, facilitando a compra. McCarthy e

Perreault Junior (1997, p. 157) afirmam que “uma boa marca reduz o tempo e o esforço de

venda da empresa”, os autores indicam as condições favoráveis para o sucesso de uma marca.

Como o produto é de fácil identificação, a sua qualidade valoriza o preço de mercado, que

pode ser alto o suficiente para tornar rentável o esforço da marca. Se a marca foi realmente

bem-sucedida os custos devem cair e o lucro aumentar, entre outras tantas vantagens.

Criar uma marca vai além de um bom nome. Claro que os melhores nomes são

aqueles que conseguem expressar a proposta de venda ou o benefício de um produto ou

serviço e estão diretamente relacionados ao segmento de atuação (LUPETTI, 2003).

Uma das diversas funções de uma marca, dentro das empresas que as comercializam,

é desempenhar o papel econômico, como quando uma marca de sucesso cria barreiras para a

entrada de concorrentes. Outro papel importante, é o estratégico, quando a marca fornece os

principais meios para diferenciar a oferta de uma empresa das marcas concorrentes. Dentre

todas as demais vantagens de se ter uma marca de imagem forte, é permitir que o fabricante

ganhe vantagens sobre os varejistas e outros intermediários (SHIMP, 2002).

Para os consumidores, o valor da marca, conforme Kotler e Keller (2006, p. 193)

definem, “é dado por: Valor do cliente = benefícios para o cliente - Custos para o cliente”, por

esse motivo a marca, já bem posicionada, que oferecer um maior benefício para os

consumidores. Pode até elevar seus custos, que mesmo assim serão diferenciadas e preferidas

no mercado, pois já estão valorizadas. Para o mercado, as marcas têm valores intangíveis,

entretanto, mensuráveis. A Interbrand é um exemplo: uma empresa de consultoria

internacional de gestão e avaliação de marcas. Para estimar o valor da marca, a empresa de

consultoria, segundo os autores, avalia os seguintes itens: (1) identifica os ganhos reais que

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31

podem ser atribuídos estritamente à marca e (2) capitaliza os ganhos aplicando um múltiplo

aos ganhos históricos como uma taxa de desconto ao fluxo de caixa futuro – excluindo

qualquer elemento de lucratividade que não derivam da identidade da marca.

Não é de hoje que se faz necessário o registro de uma marca e garantir que seu nome,

símbolo e seus direitos não sejam interferidos é essencial. Martins (2005, p. 54) lembra que

“além do registro convencional das suas marcas, você deve ocupar-se das novas necessidades

que a era da informação exige”, fazendo referência ao registro de domínio na internet, para

criação de websites, por exemplo. Plataforma digital é fundamental nos dias de hoje.

As primeiras tentativas de construir uma marca on-line, trataram a internet como

apenas mais uma forma de propaganda, simplificando o processo de branding. Para Las Casas

(2010), essa situação, muitas vezes não conseguia criar associações ou lembranças da marca.

Dessa forma, as empresas perceberam a verdadeira realidade da construção de uma marca.

Assim como em qualquer processo de branding, a marca precisa apresentar aspectos

exclusivos, tais como conveniência, preço e variedade.

Las Casas (2010, p. 141), explica que

apesar de os princípios de construção de marcas on e off-line serem praticamente os mesmos, há diferenças relevantes que precisam ser consideradas. O site é a principal ferramenta na construção de marcas na internet e deve fornecer uma experiência interativa e envolvente e oferecer informações valiosas e atualizadas, que façam que o usuário retorne ao site, além de ser personalizado para cada cliente, com base em suas visitas anteriores, criando uma experiência de marca única

Na criação de uma marca, deve se levar em conta principalmente os seus

consumidores, acompanhando suas mudanças de hábito e preferências.

2.7 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR

Para entender as mudanças tecnológicas e de relacionamento, é necessário estudar e

entender o comportamento do consumidor.

Segundo Mowen e Minor (2003, p. 3), pode-se definir comportamento do

consumidor como: “estudo das unidades compradoras e dos processos de troca envolvidos na

aquisição, no consumo e na disposição de mercadorias, serviços, experiências e ideias”.

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32

Para Mowen e Minor (2003), o nível de envolvimento de um consumidor pode ser

analisado por diversos fatores distintos. Entre eles estão: os tipos de produto em consideração,

as características da informação recebida, as características da situação na qual o consumidor

está atuando e a própria personalidade do consumidor.

A decisão de compra, de acordo com Samara e Morsch (2005), é um processo que

envolve seis etapas. Dificilmente o consumidor está consciente de que sua decisão de compra

é resultado dessas etapas, muito menos, consegue perceber que elas trabalham,

sistematicamente, o seu comportamento.

a) reconhecimento da necessidade;

b) busca de informação;

c) avaliação das alternativas de produto;

d) avaliação das alternativas de compra;

e) decisão de compra;

f) comportamento pós compra.

De acordo com Las Casas (2010), o tempo gasto em cada etapa, assim como a

quantidade de alternativas buscadas, dependerão do grau de envolvimento com o consumidor

na compra.

Paixão (2011) divide o processo de compra do consumidor, dependendo do tipo de

produto que ele adquire, em baixo e alto envolvimento. Compras habituais, que ocorrem sem

um mínimo de força, são denominadas de baixo envolvimento. As de alto envolvimento

caracterizam-se por compras mais complexas, que exigem maior reflexão sobre os fatores:

preço alto, marca, tecnologia, dentre outros.

A compreensão do comportamento do consumidor é fundamental para as

organizações, pois pode facilitar a criação de estratégias para segmentar o mercado, compor o

mix de marketing e definir o posicionamento do produto em questão. Para Las Casas (2010),

o comportamento do consumidor possui três perspectivas distintas:

a) perspectiva de tomada de decisão: é o entendimento do processo que se inicia com

a identificação de um problema/necessidade e vai até a avaliação pós-compra;

b) perspectiva experimental: envolve as compras impulsivas e a busca por variedade.

Essas compras não são realizadas por meio de um processo estritamente racional;

c) perspectiva de influência comportamental: é importante para estudar as situações

em que o ato da compra se dá por influência de forças do ambiente sobre o

comportamento.

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33

É perceptível o quanto a tecnologia tem tornado-se cada vez mais presente e

essencial na vida das pessoas, afetando a sociedade, cultura, o modo de viver e interagir com

o mundo. O poder do consumidor existe desde a década de 1970, quando foi inventado o

controle remoto da televisão, que permitiu que os usuários a escolhessem e editassem a mídia

da sua maneira. Esse poder, assim como outros fenômenos, foram potencializados pela

tecnologia digital (GABRIEL, 2010).

Nos dias atuais, o grande desafio das empresas é compreender o comportamento do

consumidor no ambiente digital. Com o surgimento e ampliação das redes sociais, os

consumidores descobriram novas ferramentas para obter, cada vez mais, o poder sobre as

empresas. Antigamente os consumidores eram passivos, tinham que aceitar o que as empresas

ofereciam, sem expressar suas opiniões. Somente era possível comunicar-se pelo serviço de

atendimento ao cliente. Hoje em dia, um simples post reclamando de um produto ou serviço é

disseminado pela rede e pode prejudicar a imagem da empresa (LAS CASAS, 2010).

Dos anos 70 até os dias atuais, muita coisa evoluiu, diversas outras tecnologias foram

surgindo, se modificando e transformando o cenário digital de hoje. Para Gabriel (2010), o

computador pessoal, a impressora, o GPS, o celular e, principalmente, a banda larga,

permitiram a mudança do “estar conectado” para o “ser conectado”. Estar conectado, quer

dizer que você eventualmente entra e sai da internet, como era em 1990, com a conexão

discada. Ser conectado significa que parte de você está na rede, que você vive em simbiose

com ela. Essa situação foi possível, graças ao barateamento da banda larga, que catalisou a

participação dos usuários na internet, dando poder no cenário atual de marketing. Nessa

situação, os consumidores ganharam o poder para atuar, escolher, opinar, criar, influenciar e

consumir, de acordo com suas vontades.

Os consumidores começaram a criar seus próprios conteúdos nas redes,

compartilhando informações, opiniões, desejos e interesses. Com o crescimento da

interatividade entre os consumidores nas redes sociais, a tomada de decisão de compra, ao

invés de ser influenciada pela propaganda de massa, tornou-se diretamente criada pelas

opiniões de amigos e sugestões de internautas. Uma pesquisa realizada pela consultoria

Nilsen, de 25 mil entrevistados, em 50 países, 70% afirmaram confiar na opinião de outros

consumidores sobre determinados produtos e serviços (LAS CASAS, 2010).

Jarvis (2010) escreve que o seu pior cliente é o seu melhor amigo. Essa frase está se

referindo ao fato de um consumidor, por exemplo, utilizar as redes sociais para reclamar sobre

a empresa, podendo até competir nos resultados em sites de buscas com a sua marca. Por esse

motivo, o autor explica que é necessário entender o problema, se comunicar com o

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34

consumidor e resolvê-lo o quanto antes. Ele sugere, também, para alguns casos, a criação de

um blog, para compartilhar abertamente e sinceramente os problemas e soluções quando

surgirem.

Os consumidores evoluem, e por esse motivo as empresas, que desejam ter um bom

relacionamento, precisam aprender a se adequar aos novos consumidores, participando dos

canais de interatividade inseridos na internet, tópico que virá a seguir.

2.8 INTERNET

O surgimento da internet transformou o jeito de se comunicar, de fazer marketing, de

anunciar. Enfim, mudou a vida da sociedade.

Em meados dos anos 60, os Estados Unidos financiaram o desenvolvimento de uma

rede de computadores, que com o tempo evoluiu, resultando na internet – uma rede mundial

de computadores conectados (OGDEN; CRESCITELLI, 2007). Como Pinho (2000) escreve,

o termo internet originou a partir da expressão inglesa “interaction or interconnection between

computer networks”.

De acordo com Dizard (2010), até o final dos anos 80 a internet ainda era um

“obscuro brinquedo tecnológico”, utilizado apenas por um seleto grupo. Já nos anos 90, a rede

se expandiu em média 50% a cada ano, movida pelos interesses de cada usuário e pela criação

de novas ferramentas. Rapidamente a internet foi se tornando parte do padrão digital e da

multimídia, transformando as formas de criar e comercializar os produtos das mídias

clássicas.

Nos anos 90, o sistema expandiu-se. Nos Estados Unidos a rede multiplicou-se, o

que acarretou no surgimento de um modo de organizar as informações e os arquivos, o WWW

(World, Wide, Web) (PINHO, 2000).

Por meio da rede, que é a internet, são transmitidas muitas informações, sejam

através de textos, imagens, vídeos ou outro formato. Fatores, diferenciais e vantagens que a

internet tem como característica, fez com que se tornasse na primeira mídia em massa, a qual

permite interação entre clientes, empresas e pessoas, de maneira barata e rápida (LIMEIRA,

2007).

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35

Em uma comparação com os outros meios, Limeira (2007) ressalta a grande

capacidade e crescimento da internet. Por exemplo, o telefone foi criado em 1876 e levou 35

anos para atingir 50 milhões de usuários, o rádio demorou 22 anos para atingir essa mesma

quantidade, a televisão levou 26 anos, o celular 13 anos, e a internet, como sempre superando

todos os outros meio, levou apenas 4 anos para atingir 50 milhões de usuários no mundo.

Las Casas (2010) descreve o quanto a internet causou transformações. As mudanças,

causadas pela internet, modificaram os relacionamentos entre as pessoas, e fizeram com que

as empresas também alterassem o seu relacionamento com seus clientes, parceiros e

fornecedores, seja no modo de operar, como no modo de competir. Algumas das principais

vantagens de se estar presente na internet são: valorização da imagem institucional da

empresa, aperfeiçoamento prestado aos clientes, aumento da visibilidade das marcas e

respectivos produtos ou serviços, abertura de novos mercados, oportunidade de efetuar

transações on-line, e a diminuição dos custos com comunicação.

No Brasil, segundo Pinho (2000), no período de 1995 a 1998, a internet tornou-se um

dos maiores fenômenos mercadológicos. Em apenas três anos, o número de acessos à rede

mundial, cresceu mais de 4.000%. Hoje em dia, no Brasil o número de domínios registrados

tem crescido de forma acelerada desde 1996. Limeira (2007) afirma que em 2000, a taxa de

crescimento aumentou ainda mais, chegando a totalizar em 310 mil novos nomes de domínio.

De acordo com os autores Deitel, Deitel e Steinbuhler (2004, p. 6)

há previsões de que a internet substituirá o sistema telefônico. E por que não o rádio e a TV também? Não é difícil imaginar a internet e a World Wide Web suplantando a mídia com notícias completamente eletrônicas. A maioria dos jornais e revistas oferece versões na Web, algumas pagas, outras gratuitas. [...] Empresas e indivíduos já conduzem as próprias estações de radio e TV em versões para Web.

Mídias off-line, segundo Costa (2007), geram altos custos de produção, como

também de veiculação, já a web é um meio de comunicação que forma um grande potencial

de consumo. A internet tornou-se um ambiente ideal para personalização, seja pela facilidade

de rastreamento, como também pela avaliação de hábitos. “Definir sua mensagem-chave é o

ponto principal. Repassá-la ao seu público é fundamental e direcionar sua comunicação de

forma a torná-la receptiva é imprescindível. Insira, sustente e fidelize sua imagem”. (COSTA,

2007, p. 238).

A internet está em constante modificação, esta mudança é conhecida como segunda

geração da internet, uma geração onde interação e compartilhamento fazem parte, ficou

conhecida como web 2.0.

Page 37: Redes sociais: do inferno ao céu - case Dell hell

36

2.9 WEB 2.0

A mudança na forma de se comunicar e de se relacionar fizeram com que o termo

“web” fosse modificado também, surgindo assim a web 2.0.

A web, segundo Pinho (2000), é provavelmente a parte mais importante da internet.

Para muitos usuários é a única parte que eles utilizam. Pois a World Wide Web refere-se à um

modo de organização das informações e dos arquivos na rede.

A expressão web 2.0 surgiu em 2004 e o termo se refere às tecnologias da segunda

geração da internet. Essa geração é caracterizada pelos usuários que colaboram e

compartilham informações, por meio de comunidade e redes sociais, saindo de uma atitude

passiva, pois os usuários geram conteúdo de forma autônoma (LAS CASAS, 2010).

A web 1.0 é web estática, onde as pessoas navegam e apenas consomem as

informações. Já a web 2.0, é a web da participação, as pessoas usam a web como plataforma

para interagir, seja por meio de blogs, vídeos, fotos ou redes sociais (GABRIEL, 2010)

A origem da web 2.0, segundo Vaz (2011), foi possível pela existência da banda

larga, e permitiu a possibilidade de o consumidor produzir seu próprio conteúdo, mudando o

caminho da comunicação. O conteúdo produzido pelo mercado e consumido é proporcional à

presença da banda larga.

Gabriel (2010) compara que passamos da web estática para a da dinâmica, da web da

leitura para a da participação, da web uma via para a de duas mãos, da web de paginas para a

da plataforma, da web da reação para a da participação, da web discurso para a da

conversação. A autora afirma, também, que estamos caminhando para a web da interação,

semântica. Enfim, para a internet das coisas.

O conteúdo dos sites também sofreu grande impacto com a web 2.0, segundo Vaz

(2011), o usuário pôde participar, gerando e organizando as informações, mesmo se o

conteúdo gerado não for usuário, ele pode comentar, participar, compartilhar e avaliar.

Neste ambiente da web 2.0, a conectividade permite que o consumidor dirija a

empresa. Criaram-se novas maneiras de comprar e vender, existindo então um novo

consumidor on-line, que caracteriza-se por ser exigente, querendo o seu produto o mais rápido

possível, com transações fáceis e informações concretas (MARTIN, 1999).

Gabriel (2010, p. 80), explica que

Page 38: Redes sociais: do inferno ao céu - case Dell hell

37

pela facilidade de se publicar e compartilhar conteúdos na web 2.0, teoricamente qualquer pessoa pode fazê-lo. Ao mesmo tempo que isso é bom, pois traz liberdade, por outro lado possibilita a multiplicação de conteúdos em velocidade vertiginosa. Some-se a isso o fato de que normalmente não há controle sobre a qualidade dessa enorme quantidade de conteúdo publicado. A consequência disso é a necessidade de filtros e validação dos conteúdos, criando assim um ambiente fértil para os processos de busca.

Para atuar na web e encontrar o que é realmente relevante, Gabriel (2010) indica que

é preciso um novo paradigma de busca e organização da informação, esse novo paradigma,

segundo a autora, é a web 3.0.

Para conseguir acompanhar essa mudança e aproveitar as vantagens e diferenciais

criados pela web 2.0, é necessário que as empresas ajustem o marketing tradicional, para o

digital, assunto que será destacado na sequência.

2.10 MARKETING DIGITAL

No marketing digital é preciso conhecer as novas tecnologias e plataformas para que

assim seja possível aplicar os conceitos tradicionais.

Antigamente o marketing era uma atividade de massa, e os consumidores eram

passivos. Conforme Limeira (2007) caracteriza, eles não interferiam nos lançamentos das

empresas. Com as evoluções econômicas, tecnológicas e os hábitos de consumo, surge um

novo marketing, uma ferramenta segmentada e diferenciada que faz com que as empresas

ajustem suas estratégias e ofertas, de acordo com as exigências e perfis de seus consumidores

específicos.

A difusão da internet trouxe mudanças, transformou o marketing e as relações, assim

como a sociedade, o mercado e o consumidor. Por esse motivo, Gabriel (2010, p. 104) explica

que o marketing também precisa mudar, “levando em consideração esse novo cenário e as

novas ferramentas e plataformas de ação que com ele se tornam disponíveis”. O autor também

explica que o termo “marketing digital”, só é correto quando todas as plataformas e

tecnologias utilizadas nas ações forem digitais.

As plataformas digitais estão em uma constante modificação, permitindo sempre

inovações, soluções instantâneas e facilidade de promover conteúdos, tudo isso em tempo real

e com diversas possibilidades de acesso. Gabriel (2010, p. 51) ressalta que toda essa evolução

Page 39: Redes sociais: do inferno ao céu - case Dell hell

38

tecnológica não modificou as definições e estratégias de marketing, pois um marketing mal

feito pode até se agravar na plataforma digital, o “digital potencializa o alcance do marketing,

tanto para o bem quanto para o mal, e acrescenta valor ao marketing bem feito, enriquecendo-

o”.

Os novos conceitos de marketing são derivados da mudança no ambiente de

negócios. Kotler (2010) explica que nos dias atuais, estamos testemunhando o surgimento do

que ele chama de “marketing 3.0”, a era voltada para os valores. A mudança está em os

profissionais de marketing não tratarem mais as pessoas como simples consumidoras, e sim

como seres humanos plenos, que possuem mente, coração e espírito. Os consumidores, cada

vez mais, buscam não apenas satisfação funcional e emocional, mas também satisfação

espiritual (KOTLER, 2010).

Para definir as estratégias de marketing, é preciso se basear no mix de marketing

(produto, preço, praça e promoção). Nos dias de hoje é necessário adaptar o planejamento nos

4Ps também para redes digitais (GABRIEL, 2010). De acordo com Las Casas (2010), é

preciso adaptar as ferramentas para um novo consumidor e um novo mercado, afinal o

marketing seja ele virtual, ou não, trata de pessoas, as quais não mudaram muito.

O marketing digital possui algumas vantagens em relação ao tradicional. Ogden e

Crescitelli (2007) listam como diferenciais: maior agilidade, baixo custo, formas múltiplas de

mensuração, marketing um a um, informação sobre os clientes, distribuição irrestrita da

informação e aumento do número de usuários.

As redes sociais têm se tornado cada vez mais expressivas e essa situação permite

que os consumidores, cada vez mais, influenciem outros consumidores, através de suas

opiniões e experiências. A influência da propaganda corporativa no comportamento de

compra tende a diminuir proporcionalmente. Os consumidores de hoje em dia estão assistindo

mais a DVDs, usando mais computadores, jogando videogames, enfim, estão expostos a

menos anúncios (KOTLER, 2010).

No cenário digital, muitas são as tecnologias e plataformas digitais que possibilitam a

criação de estratégias digitais de marketing. Muitos confundem entre plataformas e

tecnologias com estratégias, um exemplo é o Twitter, ele não é estratégia e nem rede social, e

sim uma plataforma, o seu uso determina as estratégias e a rede social que se forma nela. Por

esse motivo é fundamental relacionar as seguintes plataformas e tecnologias digitais: (1)

páginas digitais (sites, blogs, portais), (2) realidades mistas (realidade aumentada, realidade

virtual), (3) tecnologias móbile (SMS, bluetooth, aplicativos), (4) plataformas digitais de

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redes sociais, (5) plataformas digitais de busca, (6) games e entretenimento digital, (7)

tecnologias inteligentes de voz, (8) vídeo/tvdigital/vídeo imersivo (GABRIEL, 2010).

O marketing de hoje em dia, de acordo com Vaz (2011, p. 243),

exige um novo profissional que saiba colocar o consumidor no centro da ação, no coração da corporação, e que aprenda com ele qual o caminho a tomar. O discurso de “orientação ao consumidor” é muito bonito, mas ainda não é seguido na prática pela maioria das empresas. A maioria, na hora de decidir sobre alocação de verba, pensa duas vezes antes de pôr o consumidor em prioridade.

As empresas que dão voz ao consumidor; que atendem a reclamações em blogs e

redes sociais; que constroem um relacionamento verdadeiro com o mercado; são exceções, e

por isso viram “cases”. O que deveria ser regra, dar assistência aos seus consumidores,

respondê-los nas plataformas onde estão inseridos, ser transparente e criar um bom

relacionamento, hoje em dia ainda é exceção (VAZ, 2011).

Atualmente, as plataformas que possibilitam a criações de redes sociais, têm sido

utilizadas por milhares de consumidores, tornando-se um desafio para as empresas entrarem

neste ambiente. É o que será discutido no item a seguir.

2.11 REDES SOCIAIS

Neste tópico será apresentado, além do conceito de redes sociais, os seus diversos

tipos no ambiente on-line, apresentando suas características e sua utilidade em relação as

estratégias de marketing.

As redes sociais são um assunto atual, porém, segundo Gabriel (2010), elas existem

há muitos anos, mais precisamente, desde os tempos em que os homens sentavam em volta de

uma fogueira para conversar sobre interesses comuns. Isto porque, como conceitua Las Casas

(2010, p. 61), as redes sociais são “um grupo de pessoas, de organização ou de outros

relacionamentos conectados por um conjunto de relações sociais, como amizades, trabalho em

conjunto ou a simples troca de informações”.

Muito se confunde o termo redes sociais com mídias sociais, por isso é importante

conceituá-las. As redes sociais relacionam pessoas conectadas por interesses comuns, já as

mídias sociais associam-se a conteúdos, sejam eles vídeos, textos, imagens, gerados e

Page 41: Redes sociais: do inferno ao céu - case Dell hell

40

compartilhados pelas pessoas nas redes sociais. Com essa definição de Gabriel (2010), é

possível perceber que tanto as redes sociais, como as mídias sociais, em sua essência, não tem

relação com a tecnologia, mas sim com pessoas e relacionamentos. Nestes casos, a tecnologia

facilita e favorece a interação das pessoas, sendo assim as redes sociais apenas plataformas.

O novo cenário tecnológico é formado por computadores e celulares baratos, internet

de baixo custo e fonte aberta. A tecnologia permite que as pessoas se comuniquem, expressem

e colaborem entre si, transformando os consumidores em “prosumidores”. Um dos motivos

para essa situação tecnológica é a ascensão das mídias sociais (KOTLER, 2010).

Os seres humanos tendem a se associar e se juntar por afinidades, essa situação

acontece também na internet. As pessoas encontram no mundo virtual a chance para se tornar

mais coletivo e se descobrir maior do que se vê no espelho. As redes sociais são apenas

ferramentas que permitem os humanos a realizar esses desejos, por esse motivo são tão

utilizadas no mundo inteiro (VAZ, 2011). Já na definição de Las Casas (2010, p. 65), “uma

rede social não é uma ferramenta, mas apropria-se dela para expressar suas identidades,

construir seus valores e operar de maneira coletiva”.

Kotler (2010) divide as mídias sociais em expressivas: blogs, Twitter, Youtube,

Facebook, Orkut, Fickr, dentre outros sites de networking social, e as colaborativas:

Wikipedia, Rotten Tomatoes e Craiglist. As mídias expressivas estão, literalmente, cada vez

mais expressivas, influenciando outros consumidores com opiniões e experiências. De acordo

com o autor, o fato das mídias sociais serem de baixo custo e pouco tendenciosas, faz delas o

futuro das comunicações de marketing. As conexões entre as pessoas nas redes, como

Facebook e Myspace, podem facilitar as empresas no desenvolvimento de insights sobre o

mercado.

Para Las Casas (2010), as redes sociais na internet podem ser consideradas uma

grande oportunidade para os profissionais de marketing e empresas em geral, para exporem

suas marcas e conhecer o comportamento do consumidor. O ambiente digital possibilita

diversas aplicações, tais como:

a) branding;

b) estratégias de marketing de relacionamento;

c) propaganda segmentada;

d) relações públicas;

e) pesquisa;

f) canal de resposta autogerenciável.

Page 42: Redes sociais: do inferno ao céu - case Dell hell

41

As comunidades virtuais criam os seus próprios sites na internet, podendo influenciar

positiva ou negativamente sobre a formação da imagem de uma marca, afetando também os

resultados de negócios das empresas. Pode-se considerar um bom fator para a expansão de

negócios na web, o surgimento das comunidades virtuais (LIMEIRA, 2007).

As redes sociais possibilitam que as informações se propaguem rapidamente entre os

membros, ou seja, o controle está nas mãos dos usuários, são eles que controlam o fluxo de

informações. Las Casas (2010, p. 67) afirma que o

marketing em redes sociais já é um fato e uma necessidade. Se de um lado temos redes sociais como o Orkut, cuja tentativa de inserção de links patrocinado em sua página mostrou pouco interessante para os anunciantes que viram seus nomes e marcas eventualmente relacionados a comunidades descontextualizadas do objetivo da organização; de outro, temos exemplos como o MySpace e o Facebook, que não apresentaram problemas nessa inserção.

A volatilidade do mercado digital, incluindo as redes sociais, obriga as empresas a

darem uma atenção constante ao que acontece no ambiente digital, adequando-se às melhores

práticas, aos métodos e processos para potencializar o poder. A empresa que está à frente

reserva uma parte dos investimentos de marketing, para os veículos digitais (LAS CASAS,

2010).

Kotler (2010, p. 34) afirma que “a ascensão das mídias sociais é apenas reflexo da

migração da confiança dos consumidores das empresas para outros consumidores”.

A palavra-chave é: interação. Ferla (2008) difere neste conceito, as mídias sociais, a

televisão, o rádio ou os jornais. O autor indica que nas mídias sociais, os próprios usuários são

responsáveis pelo conteúdo postado, compartilhado, comentado ou até mesmo, como é o caso

do Wikipédia, que a matéria pode ser alterada por outros usuários.

Não faz muito tempo que as empresas perceberam que uma comunidade no orkut,

uma Fan Page no Facebook, um vídeo no Youtube, ou simplesmente um perfil no Twitter,

pode ser mais eficaz do que um anúncio em revista para difundir sua marca, gerando

resultados impressionantes (FERLA, 2008).

As redes sociais na internet são consideradas uma ótima oportunidade para os

profissionais de marketing e as organizações exporem suas marcas, mas por outro lado, são

também utilizadas por consumidores insatisfeitos, que criam blogs, comunidades, vídeos, para

a atacar marcas, produtos e serviços. Tornou-se comum encontrar algum material divulgado

na internet, que mobilize outros consumidores com suas reclamações e desprezos à

Page 43: Redes sociais: do inferno ao céu - case Dell hell

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determinada empresa. Por esse motivo, as empresas precisam estar preparadas para essa nova

era e armar-se das diversas técnicas para enfrentar esse consumidor (LAS CASAS, 2010).

A orientação para esses casos, segundo Las Casas (2010), é que negligenciar a web

em tempos de redes sociais, não vale a pena, pois representa um alto custo para as

organizações. Calar as críticas ou ignorá-las não é aconselhável, ao contrário, deve-se estar

sempre atenta às redes sociais e interagir o máximo com seus consumidores, para que o

resultado desse relacionamento seja sempre positivo e que possa aperfeiçoar os produtos e

serviços, aproximando cada vez mais das necessidades e desejos dos clientes.

Atualmente as principais ferramentas de redes sociais são o Facebook, Twitter e os

blogs, como mostra o infográfico a seguir.

Page 44: Redes sociais: do inferno ao céu - case Dell hell

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Ilustração 3: Infográfico Fonte: Infográfico... (2011).

O Orkut já é considerado uma ferramenta em declínio de uso, e o Google Plus, ainda

está no começo, em processo de adaptação e evolução, por isso neste trabalho serão abordadas

separadamente as redes mais relevantes: Facebook, Twitter e blogs.

Page 45: Redes sociais: do inferno ao céu - case Dell hell

44

2.11.1 Facebook

O Facebook é uma plataforma que permite a criação de redes sociais, considerada a

principal do planeta, e é comparado ao Google das redes.

Atualmente o Facebook é a principal rede social do mundo, conforme Vaz (2011)

descreve, possui centenas de milhões de membros. São 420 caracteres que possibilitam a

criação de conversas. Em cada postagem é possível “curtir”, comentar e até compartilhar a

mensagem, facilitando e aumentando a rapidez da disseminação de informações. A rede

concentra vídeos, fotos, jogos, blogs, dentre outros aplicativos. Ela possui integração com

outras redes, como Twitter, Foursquare e SlideShare, o que permite uma maior interatividade

entre os usuários. A interação no Facebook acontece basicamente de três maneiras: páginas de

perfil, página de fãs e grupos.

Gabriel (2010) define os usuários do Facebook como mais velhos e com melhor

padrão de vida. Possuem a segunda maior média de renda (US$ 61 mil ao ano) e são

considerados extremamente fiéis, pois 75% dizem que o Facebook é o site favorito e 56%

falaram que aumentaram o seu uso nos últimos 6 meses.

O Facebook tem sido muito utilizado por empresas. Elas descobriram através de seus

plugins sociais e das suas possibilidades de criação de aplicativos, jogos, páginas de fãs,

dentre outras funcionalidades, uma ótima ferramenta de divulgação, como também um

excelente canal de relacionamento com seus consumidores (VAZ, 2011).

Outra ferramenta que as organizações têm utilizado muito é o Twitter, pois diferente

das outras, o microblog é caracterizado pela produção de conteúdo informativo e rápido, o

que o torna uma grande fonte de informações sobre as opiniões dos clientes.

2.11.2 Twitter

Fruto da web 2.0, o microblogging Twitter é uma ferramenta que também permite a

propagação de redes sociais.

Em 2006, “o que você está fazendo?” foi a pergunta que deu início à criação do

microblogging, Twitter. Essa ferramenta permite aos usuários o envio de posts (tweets), que

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45

são atualizações de até de 140 caracteres que possibilitam que você “siga” ou seja “seguido”

por outro usuário, ou seja, quando você segue alguém, você visualiza todas as suas postagens

desta pessoa, podendo interagir com o perfil e compartilhar algum tweet (VAZ, 2011).

De acordo com Vaz (2011), o Twitter chegou ao Brasil em janeiro de 2008,

destacando-se dentre as demais redes sociais. Seja pela facilidade de postagem, pela

diferenciação de propagação, com os chamados retweets, e principalmente pela rapidez de

postagem de notícias e informações, antes de qualquer outro meio. O Twitter possibilita, por

meio de encurtadores de URL, divulgar vídeos do Youtube, apresentações do SlideShare,

novos aplicativos da Fan Page do Facebook, ou até mesmo divulgar novos produtos ou

serviços da sua empresa.

O Twitter não é uma ferramenta de jovens adolescentes. Vaz (2011) afirma que o

público que utiliza o microblogging está na faixa de 20 a 30 anos. Os usuários são

caracterizados por serem formadores de opinião, possuindo poder de consumo e são

conscientes, isso fez com que o Twitter se tornasse um instrumento muito utilizado para

exigir os direitos dos consumidores. Gabriel (2010) define os usuários como interessados em

noticias, restaurantes, esportes, política, finanças pessoais e religião, não sendo muito leais,

pois 43% declaram que poderiam viver sem o Twitter.

Quando Twitter foi criado, muita gente especulou que seria o fim dos blogs, porém

isso não chegou nem perto de acontecer, o blog ainda é muito utilizado e está mudando o seu

papel na sociedade digital.

2.11.3 Blogs

O inventor dos blogs, Jorn Barger, afirmou que um blog acaba sendo um registro de

todas as URLs que você quer armazenar e compartilhar, sendo uma espécie de agregador de

conteúdo da vida digital de um blogueiro (VAZ, 2011).

Weblogs, mais conhecido com blogs, na definição de Las Casas (2010, p. 95), são

“páginas pessoais ou empresariais destinadas a oferecer, na forma de um diário on-line,

informações precisas, com atualizações rápidas, a partir dos chamados posts. Os blogs podem

abordar qualquer assunto”. Hoje em dia, os blogs podem tudo, desde compartilhar receitas,

momentos de uma viagem, ensinar como fazer algo, até mostrar os bastidores da política e

denunciar uma grande empresa, fazendo cair em questão de minutos suas ações.

Page 47: Redes sociais: do inferno ao céu - case Dell hell

46

Ultimamente, as empresas têm se mostrado cada vez mais voláteis e competitivas,

exigindo esforços constantes para alcançar a excelência. O uso de blogs corporativos, nessas

situações, pode revolucionar a forma de se relacionar com os seus consumidores, sem contar

que seu custo costuma ser baixo, em relação a outras formas de comunicação (LAS CASAS,

2010).

Segundo Las Casas (2010), se o objetivo for construir um relacionamento duradouro

com seus consumidores, fornecedores, parceiros e leitores, o blog pode ser o caminho para

descobrir o que eles esperam da sua empresa. Uma das principais vantagens do uso do blog

pelas empresas, é o fato de tornar-se conhecido, assim como seus produtos e serviços, sem

gastar muito dinheiro, basta possuir um bom produto que, em muitos casos, os blogueiros se

encarregam de fazer o resto.

Neste capítulo foram apresentados conceitos de marketing, assim como da internet e

do ambiente digital, que inclui o marketing digital, a web 2.0 e as redes sociais. O capítulo a

seguir compreende os procedimentos metodológicos que contribuíram para o

desenvolvimento de todo o estudo.

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47

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Neste capítulo serão apresentados os procedimentos metodológicos utilizados na

fundamentação teórica e nas análises dos dados obtidos para este trabalho. Serão descritos os

conceitos dos métodos científicos abordados, os tipos de pesquisa e as técnicas de abordagem.

O método, ou metodologia, de acordo com Magalhães (2005, p. 7) é um “modo de

pensar que, como outros conhecimentos – e desde que assimilado de forma reflexiva e crítica

em seus princípios –, pode ajudar a resolver problemas de ordem científica e tecnológica”. A

especificação dessa metodologia abrange muitas questões, como: com quê? Onde? Quando?

Quanto? Como? O método tem como característica abordar de forma mais ampla, o que

engloba desde o método indutivo, dedutivo, hipotético-dedutivo, até o método dialético

(LAKATOS; MARCONI, 1992).

O presente trabalho teve como objetivo analisar as estratégias utilizadas pela

empresa Dell nas redes sociais, em especial o case Dell Hell, que é um excelente exemplo de

como se comportar e se relacionar com seus consumidores, principalmente no meio virtual. A

partir da escolha foi preciso pesquisar e conhecer a empresa Dell e para entender como o case

influenciou a empresa e como foi resolvido para assim chegar no objetivo geral do trabalho:

analisar as estratégias nas redes sociais da Dell. Assim, utilizou-se o método indutivo, como

no conceito de Magalhães (2005, p. 234), “a partir de dados particulares, permite inferir uma

generalização para o conhecimento que inclua a maior parte daqueles dados de partida, sendo

necessário obtermos, antes, uma relação entre os fatos particulares”. Entretanto, Cervo,

Bervian e Silva (2007) escrevem que para as conclusões da indução serem verdadeiras e

terem um maior grau de sustentação, é interessante acrescentar ao argumento evidências

adicionais, sob a forma de premissas novas que figuram juntamente com as premissas

inicialmente consideradas. Para compreender as estratégias da empresa, foi preciso pesquisar

mais sobre ela, resgatando sua história, levantando dados teóricos, comparando e discutindo

estratégias utilizadas por outras empresas para, finalmente, analisar o fato particular da Dell: o

case Dell Hell. Como escreve Andrade (1999, p. 113) a respeito do método indutivo,

“estabelece uma conexão ascendente, do particular para o geral. [...] as constatações

particulares é que levam às teorias e leis gerais”.

O interesse por redes sociais foi o ponto inicial da escolha do tema deste trabalho,

após pesquisar casos de empresas que são exemplos de como se comportar nas redes sociais,

chamou a atenção o case em que a empresa foi forçada a mudar a sua forma de se relacionar e

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48

atender seus clientes devido ao comportamento de um de seus consumidores, esse foi o case

da Dell. Por meio da pesquisa exploratória, que segundo Cervo, Bervian e Silva (2007),

realizou-se descrições precisas da situação, no caso da empresa Dell, e procurou-se descobrir

relações existentes entres seus elementos componentes. Por já possuir experiência profissional

no ramo das redes sociais, aumentou ainda mais o interesse pelo caso, pois após pesquisar e

conhecer a marca e seu comportamento, também queria-se saber qual a reação da empresa

com a repercussão do caso e entender todo o procedimento realizado pela Dell. Cervo,

Bervian e Silva (2007) explicam que com a pesquisa exploratória, procurou-se conhecer e

analisar as contribuições, sejam elas culturais ou científicas; do passado de determinado tema

ou problema. De acordo com Gil (2010, p. 41) “pode-se dizer que estas pesquisas têm como

objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições” e foi através desta

pesquisa que a acadêmica adquiriu maior familiaridade com o problema, o que permitiu sua

melhor compreensão.

Para começar a entender todas as estratégias de marketing utilizadas pela Dell, foi

necessário fazer a fundamentação teórica. A revisão de literatura foi construída através de

conceitos e ideias de autores especializados em marketing, comunicação e comportamento do

consumidor, como os renomados Kotler, Las Casas, Sandhusen, dentre outros. Utilizando

materiais já elaborados, constituídos principalmente de livros, como Gil (2010) define o

conceito de pesquisa bibliográfica com aquela que é elaborada com base em material já

publicado. Esse tipo de pesquisa auxilia na realização da fundamentação teórica do trabalho,

assim como na identificação do estágio atual do conhecimento do tema abordado.

A maioria das obras consultadas estava disponível na biblioteca, porém para escrever

sobre marketing digital e mídias digitais foi preciso adquirir os livros dos autores em livrarias,

pois como é um assunto recente, suas edições não têm nem um ano de existência. Outra

dificuldade encontrada foi o fato de alguns livros, não tão antigos, poderem ser considerados

ultrapassados, possuindo afirmações que já não são mais válidas, pois o tema digital evolui

rápido demais. Por esse motivo foi necessário realizar a pesquisa a diversas obras, desde as

mais antigas, até as mais atuais, realizando o que define Fachin (2006, p. 120) como pesquisa

bibliográfica: “um conjunto de conhecimentos reunidos em obras de toda natureza. Tem como

finalidade conduzir o leitor à pesquisa de determinado assunto, proporcionando o saber”. A

acadêmica buscou explicar o case a partir das referências teóricas pesquisadas, utilizando-se

da pesquisa bibliográfica, o que permitiu a cobertura de diversos fenômenos, tornando-se

mais ampla do que se pesquisada diretamente, pois abrange informações espalhadas por

diversos livros, artigos, enfim publicações (GIL, 2010).

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49

Para a construção do Capítulo 4 – Análise dos Dados – foi necessário realizar a

pesquisa descritiva. Piccoli (2006, p. 128) afirma que a pesquisa descritiva “visa descobrir e

observar os fenômenos procurando descrevê-los, classificá-los e interpretá-los com o

propósito de conhecer a sua natureza”. De acordo com Andrade (1999, p. 106) neste tipo de

pesquisa “os fatos são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados, sem

que o pesquisador interfira neles. Isto significa que os fenômenos do mundo físico e humano

são estudados, mas não manipulados pelo pesquisador”. Segundo Gil (2010), as pesquisas

descritivas são realizadas para descrever as características de determinada população, entretanto

podem também ser utilizadas para identificar possíveis relações entre variáveis.

Como já mencionado, a acadêmica possui experiência profissional no ramo das

mídias digitais, o que justifica o uso da técnica de observação na coleta de informações. A

observação no conceito de Ruiz (2009, p. 53), é “aplicar a atenção a um fenômeno ou

problema, captá-lo, retratá-lo tal com se manifesta”. Neste trabalho foi utilizada, então, a

observação assistemática, ou simples, que Barros e Lehfeld (2007) definem como uma

observação “não-estruturada”, pois não possui controle anteriormente elaborado, nem

instrumental apropriado. Na ciência humana, muitas vezes é considerada a única das

oportunidades para estudar determinados fenômenos. De acordo com Colauto e Beuren (2006,

p. 129), neste tipo de observação,

o pesquisador permanece abstraído à situação estudada, apenas observa de maneira espontânea como os fatos ocorrem e controla os dados obtidos. Nessa categoria não se utilizam meios técnicos especiais para coletar os dados nem é preciso fazer perguntas diretas aos observadores.

A partir das pesquisas, estruturou-se, então, a análise dos dados da empresa e do case

da Dell. A primeira etapa da análise foi o histórico da empresa Dell, com a descrição da sua

história e sua linha do tempo. Após a apresentação do histórico, foi abordado o case “Dell

Hell”, um episódio sobre um consumidor e sua tentativa de resolver um problema de um

produto adquirido na Dell, o que parecia ser só mais um consumidor insatisfeito, transformou-

se em uma mudança em toda estrutura funcional da empresa. E por último, apresentou-se a

análise do case, observando e criticando passo a passo as situações que envolveram este caso,

descrevendo os erros e acertos cometidos pela Dell.

Assim, fez-se o uso da abordagem qualitativa, esta possibilitou analisar

detalhadamente o tema estudado. Sob a ótica de Oliveira (1997), abordagem qualitativa leva a

uma série de leituras sobre o assunto da pesquisa, para descrever ou relatar minuciosamente o

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50

que os diversos autores ou especialistas escrevem sobre determinado assunto, estabelecendo

correlações para finalmente chegar ao ponto de vista conclusivo. Severino (2007, p. 119)

afirma que “são várias as metodologias de pesquisa que podem adotar uma abordagem

qualitativa, modo de dizer que faz referência mais a seus fundamentos epistemológicos do que

propriamente a especificidades metodológicas”.

De acordo com Laville e Dionne (1999), as abordagens qualitativas conservam a

forma literal dos dados, resultando em prender-se as pequenas diferenças de sentido que

existem entre as unidades, aos elos lógicos entre elas ou entre as categorias que as reúnem.

A metodologia descrita neste capítulo permitiu o levantamento de dados pertinentes

para alcançar os objetivos deste trabalho, resultando na criação de uma análise. O capítulo a

seguir descreve a análise do estudo de caso da Dell, utilizando-se de conceitos pesquisados,

informações obtidas e outros casos, para desta forma, estruturar uma análise concreta.

Page 52: Redes sociais: do inferno ao céu - case Dell hell

51

4 ANÁLISE DOS DADOS

No presente capítulo será apresentado o histórico da empresa Dell, assim como o

case que modificou seu modo de se comunicar.

4.1 A DELL

A Dell foi fundada em 1984, por Michael Dell, um menino de 19 anos que ainda

cursava medicina. Com apenas US$1 mil emprestado de seus avós, o jovem fundou uma

empresa chamada PC’s Limited. A ideia inicial do empreendimento era simplesmente vender

computadores pessoais diretamente aos clientes, sem intervenção de canais de distribuição,

trabalhando assim com estoque mínimo. Dessa maneira Michael detectava melhor as

necessidades de seus clientes, oferecendo assim as melhores soluções para satisfazê-los. Com

o sucesso inicial da empresa, o jovem largou a medicina para administrar sua nova empresa

(MUNDO DAS MARCAS, 2011).

Um ano depois da sua fundação, a empresa lançou seu primeiro sistema de

computador, com isso ela estabeleceu um diferencial na experiência com o cliente, oferecendo

assistência ao produto em domicílio, como também permitia devoluções livres de riscos. Foi

em 1988 que a empresa tornou-se oficialmente Dell Computer Corporate. Foi neste ano

também que a Dell concluiu sua oferta pública inicial, aumentando a capitalização do

mercado de US$ 1.000 para US$ 85 milhões (DELL, 2011c).

Segundo Kotler (2010), a Dell revolucionou o setor de computadores, pois aplicou o

modelo de distribuição direta. Esse modelo permitia aos consumidores encomendarem

computadores, eliminando assim revendedores e ficando com a margem de lucro. A

concorrência não acreditou nesse modelo, porém ao perceberem que estava dando certo,

tentaram copiar, porém ninguém conseguiu efetuá-lo. O caminho da Dell, então, era livre de

concorrentes significativos, e em 1999 então, a Dell já era a empresa que mais vendia na

Internet. Nesse mesmo ano a Dell foi classificada como número 1 em PCs nos EUA, número

1 em todo o mundo em PCs para mídias e grandes empresas e número 1 em entregas

Page 53: Redes sociais: do inferno ao céu - case Dell hell

52

mundiais. Foi nesse ano também que a empresa criou o E-Support – ferramenta on-line que

facilita e fornece suporte técnico via internet (DELL, 2011c).

De acordo com a linha do tempo, foi no ano 2000 que a empresa conquistou US$40

milhões por dia, tornando em um dos site de comércio eletrônico de maior volume no mundo.

Em 2003, a Dell entrou oficialmente no mercado de eletrônicos de consumo, lançando sua

impressora, servindo assim de fonte única para os clientes (DELL, 2011c). Em apenas cinco

anos, em 2004, a Dell tornou-se a maior fornecedora de serviços e sistemas de computador na

China. Mas foi em 2005 que começou a virada na empresa Dell, conforme Kotler (2010), com

a mudança no cenário mundial, o crescimento da empresa diminuiu, ações caíram e o

mercado amadureceu. Os especialistas aconselhavam a Dell a acolher intermediários para

melhorar essa situação. Um dos especialistas, Sunil Chopra, sugeriu que a Dell

experimentasse o modelo híbrido direto-indireto ou o modelo de customização pelos

revendedores, enfim, a Dell precisava começar a colaborar com os intermediários. Outro

problema enfrentado pela Dell nesta época, foi o fato da empresa extrair valores do seu

relacionamento direto com os consumidores.

Em 2006, a Dell começou a reverter a situação, lançando o Direct2Dell, um blog

para se relacionar com seus clientes. Outras medidas foram tomadas para ajudar, em 2007 a

Dell começou a participar do Twitter, conectando-se ainda mais com consumidores, tornando-

se a primeira empresa pública a lançar um blog de relações com o investidor. Neste mesmo

ano, foi lançado o IdeaStorm.com, um local para os consumidores compartilharem ideias

(DELL, 2011c).

Aos poucos a Dell começou a realmente construir relacionamentos com seus

consumidores, investidores e agora com revendedores. De acordo com Kotler (2010), a

iniciativa de criar essas relações começou a dar resultados. Em 2007, as vendas da Dell por

meio de canais de distribuição subiram, chegando a 15% do faturamento total. Nesse mesmo

ano, a Dell finalmente lançou parcerias com 11.500 intermediários. A empresa estava

conseguindo transformar sua capacidade de construir relacionamentos diretos com seus

consumidores na habilidade de construir relacionamentos diretos, também, com os seus

parceiros de canal. A Dell se aproximou dos revendedores um a um, ouvindo feedbacks e

dando a mesma atenção que dispensa aos consumidores.

Em 2009, a Dell criou serviços que ajudavam a reduzir o custo total de propriedade

de TI. Nesta época a empresa também entrou para o mercado de Smartphones, com o mini 3i

da China Móbile. Todo a mudança ocorrida na Dell, resultou na classificação como número

um em satisfação do cliente empresarial na pesquisa da Technology Bussiness Research. No

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ano de 2010, a Dell ingressou no setor de Tablets, com o Streak. Neste mesmo ano, foi

classificada como a empresa mais ecológica da América, pela Newsweek (DELL, 2011c). E

neste ano, 2011, a Dell anuncia que investiu US$ 1 bilhão no desenvolvimento de data

centers Dell e centros globais de soluções (DELL, 2011c).

A Dell até os dias de hoje é considerada uma das maiores e bem sucedidas empresas

do ramo da computação, porém, assim como outras empresas já passaram por crises e

instabilidades, como descreve o case Dell Hell a seguir.

4.2 CASE DELL HELL

Foi no ano de 2005 que Jeff Jarvis comprou um computador Dell e a partir daí o

pequeno caso de um consumidor, influenciou totalmente uma empresa inteira: a Dell.

Segundo o próprio Jarvis (2010), quando ele adquiriu o laptop da Dell, já encontrou

inúmeros problemas, que tentou por horas e dias resolver com a empresa. Enviava o

computador pelo serviço domiciliar e sempre voltava com um novo defeito. A partir daí, Jeff

Jarvis resolveu tomar alguma providência.

Cansado de tentar resolver os problemas, ele entrou em seu blog e escreveu um post

com o título “Dell Sucks”, não que achasse que isso ia resolvê-los, mas queria desabafar,

queria que todas as outras pessoas soubessem do seu caso antes de escolher um Dell para

comprar. O post escrito no blog de Jarvis (2010, p. 13) era assim:

acabei de comprar um novo laptop da Dell e paguei uma fortuna pelo serviço domiciliar garantido por quatro anos. A máquina vive dando defeito e o serviço é mentiroso. Tenho todos os tipos de problema com o hardware: aquece demais, a placa de rede não funciona, estoura a capacidade de uso da CPU. É uma roubada. Mas o que realmente me irrita é eles dizerem que, se mandarem alguém na minha casa – serviço pelo qual paguei –, o técnico não terá peças então é melhor eu enviar a máquina e ficar sem ela por 7 a 10 dias – mais o tempo que vou gastar com o envio. Então, eu tenho uma máquina nova e paguei pra que eles consertassem essa bosta na minha casa, mas eles não vêm e eu tenho que ficar sem ela durante duas semanas. A Dell é uma porcaria. A Dell mente. Busque isso no Google e saiba a verdade, Dell.

Após essa declaração, Jarvis recebeu milhares de comentários em seu blog, muitas

pessoas escreviam posts em outro blogs e colocavam o link dele, assim espalhou-se para o

mundo, aumentando o número de inimigos da Dell. Após toda repercussão do blog, Jarvis se

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perguntava se a Dell lia os blogs, até que um jornalista se comunicou com a empresa para

saber qual era a política da empresa sobre a questão dos blogs, a resposta oficial foi: “Olhe,

mas não toque”. A Dell ainda falou que se os consumidores quisessem dizer algo para

empresa, que dissessem através do site dela.

Foi nesta época que as análises de satisfação do cliente começaram a cair, Jarvis

(2010) afirma que os resultados financeiros não eram os esperados pelos analistas, o preço das

ações despencou a ponto de perder metade do valor desde que a saga começou. Essa situação

não foi causada apenas pelo post do blog, segundo Kotler (2010, p. 100), “para a surpresa da

Dell, o mundo mudou. O ritmo de crescimento da empresa diminuiu. As ações da Dell caíram.

Em primeiro lugar, o mercado americano começava a amadurecer”.

Após dois meses do inferno de Jarvis (2010) com a Dell, a revista Bussiness Week

contou a história para a imprensa, com o título: “Dell: In the Bloghouse”, que significa Dell:

na casa dos blogs, como mostra a Ilustração 4.

Ilustração 4: Matéria na Businessweek Fonte: Businessweek (2005).

A ilustração 5, na sequência, representa o QRcode do link da matéria na

Businessweek. O QRcode é um código acessível para celulares e dispositivos móveis que

quando escaneado, acessa imediatamente o conteúdo on-line referente.

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Ilustração 5: QRcode Bussinessweek. Fonte: Businessweek (2005).

De acordo com Jarvis (2010, p. 14), a revista publicou:

os círculos da indústria de PCs têm espalhado, nos últimos meses, a notícia de que o suporte ao cliente da Dell está falhando – uma alegação sustentada em 16 de agosto por uma pesquisa da Universidade de Michigan que mostrou uma queda violenta na satisfação dos clientes de um ano pra cá. Portanto, a última coisa que a Dell precisava era de alguém que transformasse a questão do serviço ao cliente em uma causa famosa. É aí que entra Jeff Jarvis.

Foi mais ou menos nessa época que a Dell reembolsou Jeff por seu laptop. Então, de

acordo com Jarvis (2010), ele devolveu a máquina e acreditou que ali tinha terminado sua

“odisséia” com a Dell. Após o episódio, Jarvis escreveu em seu blog oferecendo uma ajuda a

Michael Dell, querendo lhe ser útil em relação a blogueiros e consumidores. O post relatava

que ele sabia o quanto a satisfação dos clientes estava despencando e indicava alguns motivos

para esta situação estar ocorrendo. Também falou que estava digitando aquele post de um

computador Mac, e que ele não só perdeu essa venda, como perdeu um cliente e poderá

perder os amigos desse cliente e, graças à internet, também perderá amigos do mundo todo.

Outro blogueiro que acompanhou toda a história, Rick Segal, presenciou uma

situação de duas mulheres conversando sobre o case da Dell, comentando que não iriam

comprar um Dell, por ter se informado sobre o caso de Jeff Jarvis. Segal então relatou essa

situação em seu blog, escrevendo para a Dell prestar mais atenção nas pessoas, pois “as

massas” também leem blogs. O blogueiro ainda escreveu alguns conselhos para empresa Dell,

como ler blogs, visitar as ferramentas de busca em blogs, conversar com seus consumidores,

pedir conselhos para os clientes, fazer o seu próprio blog – isso mostrará que você é aberto e

destemido – e, principalmente, dar ouvidos a tudo (JARVIS, 2010).

Oito meses após, em abril de 2006, a Dell começou a fazer o que Jarvis tinha

sugerido, a empresa enviou funcionários de apoio técnico para entrar em contato com

blogueiros que possuíam reclamações, oferecendo soluções para os problemas. Assim que a

Dell começou a resolver esses problemas, foram muitos os comentários e posts elogiando e

relatando de forma agradável a empresa. Pelo o contrário do que a Dell acreditava, a conversa

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direta com os consumidores era um modo eficiente de conhecer e resolver os problemas

(JARVIS, 2010).

Nesse ano de 2006, foi então que a Dell lançou o Direct2Dell, que segundo o site da

empresa é “um blog para permitir conversas rápidas, diretas e bidirecionais com nossos

clientes”. (DELLl, 2011d). Para Jarvis (2010), finalmente a empresa estava ouvindo e falando

com uma voz humana, nova e confiável. O blog está até hoje no ar, como mostra a Ilustração

6.

Ilustração 6: Direct2Dell Fonte: Dell (2011a).

A seguir, na ilustração 7, o QRcode do link para o blog Direct2Dell.

Ilustração 7: QRcode Direct2Dell Fonte: Dell (2011a).

Em 2007, a empresa criou seu perfil no Twitter, buscando conectar-se com seus

clientes. Com este fato, tornou-se a primeira empresa pública a lançar um blog de relações

com o investidor. Foi neste ano também que a empresa criou o IdeaStorm.com, um local onde

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os clientes puderam postar e compartilhar ideias (DELL, 2011c). Jarvis (2010) escreve que

neste site os clientes podiam dizer à própria Dell o que fazer, discutindo e votando nas ideias

favoritas. Um dos casos ocorridos no IdeaStorm, foi que os clientes queriam que a Dell

fizesse computadores com o sistema Linux, a Dell argumentou sobre os problemas que

poderiam ocorrer se isto fosse feito, foi aí que os consumidores conseguiram explicar e

convencer a Dell a acrescentar este sistema. Este foi apenas um dos casos de uma nova

parceria entre empresas e clientes. As discussões ocorrem dentro do site, permitindo o usuário

a postar, votar ou somente ver, como mostra a Ilustração 8.

Ilustração 8: IdeaStorm Fonte: Dell (2011b).

A ilustração 9 apresenta o QRcode do link para o IdeaStorm.

Ilustração 9: QRcode Ideastorm Fonte: Dell (2011b).

Foi também no ano de 2007, que a Dell criou o StudioDell, um site de divulgação de

vídeos, que informava e dava dicas interessantes sobre tecnologia, responsabilidade social e

meio ambiente através da plataforma audiovisual, como mostra Ilustração 10.

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Ilustração 10: StudioDell Fonte: Dell (2011).

O QRcode do StudioDell está representado na ilustração 11, na sequência.

Ilustração 11: QRcode StudioDell Fonte: Dell (2011).

Neste ano, a Dell gastou US$ 150 milhões para melhorar e “turbinar” o seu call-

center de suporte ao cliente. Dick Hunter, ex-diretor de produção, trocou a aposentadoria pela

responsabilidade de cuidar do serviço ao cliente. A Dell avaliava seus empregados do call-

center pelo tempo de atendimento por chamada, mas Hunter percebeu que desta maneira os

funcionários acabavam transferindo as ligações de clientes irritados para se livrar. Eram 7 mil,

de 400 mil clientes da Dell, que ligavam toda a semana e eram transferidos sete, ou mais

vezes. Então Hunter ao invés de rastrear o tempo de atendimento, passou a medir os minutos

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necessários para a resolução de um problema, tornando-se meta uma ligação para solucionar

um problema. Ele, então, iniciou um programa piloto com objetivo de atingir 5 mil moradores

selecionados de Nova Iorque antes que eles tivessem problemas. Ele acreditava que a Dell

poderia ter um relacionamento direto com pelo menos metade de seus 20 milhões de clientes

(JARVIS, 2010).

A RP on-line da Dell deu uma virada depois de começar o programa, as postagens

negativas nos blogs caíram de 49% para 22%. Por isso, Jarvis (2010, p. 19) afirma que

existem muitas lições para se aprender com toda essa saga:

o perigo de formação instantânea de um mob ao seu redor se você tratar mal os clientes, a necessidade de ouvir e confiar nos clientes, os benefícios de colaborar com eles, a generosidade deles como base de um novo relacionamento [...] mas a principal lição dessa história é a seguinte: embora digamos há anos que o cliente tem sempre razão e que o cliente é quem manda, agora é hora de fazer isso valer. O cliente está no controle. Se ele não estiver, será um inferno.

Com a evolução da sociedade, a modernização e a sofisticação, transformarão os

consumidores, suas necessidades humanas serão mais elevadas, enquanto as necessidades

básicas serão secundárias. Kotler (2010) afirma que os consumidores darão mais atenção aos

aspectos sociais, econômicos e ambientais, dando menos importância à customização. Por

esse motivo, a Dell, assim como outras empresas, precisarão entender todas as mudanças pós-

crescimento de mercado, as quais influenciam totalmente as práticas de marketing.

4.3 ANÁLISE DO CASE

Neste tópico será analisado passo a passo o caso de Jeff Jarvis com a Dell,

ressaltando conceitos e explicações da fundamentação teórica, assim como cases de outras

empresas.

O primeiro de tudo é questionar o por quê que a Dell permitiu que essa situação

tomasse a proporção que tomou. Volta-se então ao ponto inicial do case: o atendimento

insatisfatório para a resolução de um problema técnico de um laptop da Dell.

É fato que nenhuma empresa sobrevive sem seus consumidores, por esse motivo, as

empresas procuram cada vez mais melhorar o seu atendimento com o cliente, seja investindo

em novas tecnologias, ou simplesmente, buscando atender todas as suas solicitações. Então a

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60

análise começa deste ponto: a falta de resolução e de explicação da Dell para o problema de

Jeff Jarvis. Este foi o primeiro indício de que a empresa falhou. A Dell percebeu o quanto um

simples problema com um consumidor, pode causar problemas ainda maiores. Pois um

simples post de um blog na era digital, pode atingir milhares e, porque não, milhões de

pessoas. Por esse motivo é necessário dar a atenção desejada a cada consumidor, resolvendo

caso a caso com mesma importância para os diferentes tipos e consumidores.

Claro que Jarvis não foi o primeiro cliente insatisfeito, mas talvez tenha sido o

pioneiro em atingir uma empresa através de uma reclamação por meio da internet. Hoje em

dia existem inúmeros casos de reclamações via internet, que viralizaram e causaram grandes

transtornos para empresas.

Um deles foi o caso da Brastemp. O consumidor Oswaldo Boreli expressou sua

indignação para mais de um milhão de pessoas (número de views que seu vídeo obteve no

Youtube). Boreli (2011), que após reclamações e visitas técnicas, ficou insatisfeito e

indignado com o comportamento da Brastemp, criou um vídeo, em seu jardim, relatando a

situação com a sua geladeira Brastemp quebrada, representado na ilustração 12.

Ilustração 12: Não é uma Brastemp Fonte: Boreli (2011).

A seguir, na ilustração 13, o QRcode para acessar o vídeo de Boreli.

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Ilustração 13: QRcode vídeo Boreli Fonte: Boreli (2011).

A insatisfação do cliente somada à tecnologia, novamente gerou resultados

impressionantes, levando a divulgação e propagação de um vídeo e, porque não, de uma

reputação. Tornou-se um dos tópicos mais comentados no mundo pela rede do Twitter. Mas

não basta apenas conseguir a divulgação de um vídeo ou de um post, enfim, de uma crítica, o

que realmente vai provar se toda essa exposição valeu a pena, será a resposta da empresa. A

Brastemp estava ligada no mundo virtual, e no mesmo dia em que o vídeo postado, quando

ainda tinham apenas 200 visualizações, a empresa tratou de logo tomar uma providência, de

acordo com Alasse (2011), a diretora de marketing da Brastemp, Cláudia Sender comentou

sobre o caso:

nossa primeira posição foi resolver o problema do consumidor. A segunda foi verificar onde ocorreu a falha no atendimento. A partir disso, treinamos novamente todos os nossos profissionais que atuam no atendimento ao consumidor, para garantir que esse tipo de problema não voltasse a se repetir

Cinco dias após a divulgação do vídeo, a empresa entrou em contato com o Oswado

informando que gostariam de entregar uma nova geladeira a ele, o que realmente ocorreu.

Finalmente, o consumidor teve seu problema resolvido e ficou realmente satisfeito. Após todo

o procedimento realizado por Oswaldo ele aconselha: “primeiro, esgotem as vias que são

colocadas à disposição, que são o sac e o Procon. Depois, se resolver partir para uma via mais

extrema como essa, simplesmente relatem os fatos”. (CONSUMIDORES..., 2011).

A empresa teve um ótimo desempenho em meio a situação por qual vivenciou. Isso

indica que a empresa estava antenada no mundo virtual e que principalmente, a empresa sabe

como fazer um bom marketing, pois após reconhecer o erro, a Brastemp prestou

esclarecimento por meio dos veículos de comunicação e, é claro, via internet. Essa postura

adotada pela empresa foi totalmente o inverso da postura da Dell, pois um bom

posicionamento como o da Brastemp, acabou revertendo a grande repercussão em uma boa

divulgação (ALASSE, 2011).

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Como o próprio Jarvis (2010) escreve: “seu pior cliente é seu melhor amigo”, esta

frase faz mais sentido ainda, após conhecer o case “Dell Hell”. Quando uma empresa passa

por um caso como este, o melhor que se tem a fazer é consertar os erros e tirar o melhor

proveito desta situação. A primeira coisa que se tem a fazer é entrar em contato com o cliente

insatisfeito, simples assim, mas é muito para uma empresa que não está no controle da

situação. Enviar um e-mail, por exemplo, procurando entender o problema e explicando que

está disposto a resolvê-lo é um bom começo. Buscar o máximo de informações, experiências

e perspectivas do cliente pode ser muito proveitoso. O importante é ouvir e aprender com este

consumidor, afinal, o caso dele pode ser o mesmo do que outros clientes. Muitas empresas

prefeririam neste caso contratar consultores, investir mais em publicidade, atualizar o site,

mas isso não funciona na era da internet. É muito mais interessante selecionar funcionários

experientes, deixá-los responsáveis por consertar ou substituir produtos, devolver o dinheiro

se for preciso, enfim, atender e satisfazer os clientes. Jarvis (2010) sugere que a empresa crie

um blog, para compartilhar de maneira aberta e sincera os problemas e soluções, quanta essas

surgirem. Coloque pessoas importantes de dentro da empresa, quem sabe até o presidente,

para responder e publicar no blog. E em seu primeiro post agradeça àquele cliente que

reclamou ou publicou algo ruim sobre sua empresa.

Outro fator importante que Dell aprendeu com tudo isso, foi dar importância para os

resultados em buscadores. Uma das conseqüências do problema no atendimento aos

consumidores da Dell, foi que na época, ao digitar “Dell” no buscador Google, apareciam os

posts publicados por Jeff Jarvis, falando mal da empresa Dell, e o site da empresa aparecia

muito abaixo, prejudicando totalmente a imagem da marca. É necessário entender que no

mundo virtual as reclamações não se dissolvem com o tempo, basta uma pesquisa no Google

para encontrar tudo o que já aconteceu com essa empresa. Se uma pessoa quer comprar um

computador da Dell e for procurar pelo Google, não seria interessante que o primeiro

resultado encontrado fosse “Dell Hell”.

Os grandes responsáveis por essa situação, ainda que sem intenção, são os sites de

buscas. De acordo com Barcellos (2011), são esses motivos que fizeram surgir um novo tipo

de agência de publicidade, elas têm como objetivo auxiliar as empresas a lidar com o “lado

negro” do Google e dos demais sites. Essa atividade é conhecida nos Estados Unidos como

searching engine optimization (SEO). A Dell, após o episódio “Dell Hell” utilizou as

atividades de SEO para otimizar as buscas pela sua marca. O primeiro passo é avaliar a

imagem do cliente na internet, passando por blogs, grupos de discussão, enfim, fazendo uma

grande busca pela web. Após a busca, elabora-se uma estratégia que varia de caso a caso,

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podendo ser a reformulação do site da empresa – mexendo na home page de forma que as

palavras mais digitadas pelos internautas remetam à página da empresa – ou como geração de

notícias – nos casos mais negativos. Os resultados chegam a 20% a mais de acessos, em um

curto período. Em 2008, o tamanho deste mercado nos Estados Unidos já era cerca de 8

bilhões de dólares. No Brasil, as atividades neste segmento estão aumentando

consideravelmente; as empresas buscam estar sempre a disposição e bem posicionadas para os

seus consumidores.

Como escreve Vaz (2011), antigamente muito se falava da “satisfação do

consumidor”, visando sempre a fidelização deles e, é claro, buscando sempre o aumento das

vendas. Mas as empresas não estavam realmente se importando com o que os consumidores

falariam a respeito dela, pois o alcance de uma opinião, não era tão devastador como hoje em

dia. O consumidor era considerado passivo. Porém, o bordão “um consumidor satisfeito fala

pra um, enquanto um insatisfeito fala para dez”, com a internet, se multiplicou por pelo menos

cem. Um simples post: “Dell Hell”, agrupou centenas de consumidores que também estavam

insatisfeitos com o serviço da Dell, espalhando este fato pelo mundo inteiro. É inevitável

entender a mudança dos consumidores antes da internet para os consumidores digitais.

Um dos maiores erros que a Dell cometeu foi ter permanecido em silêncio. De

acordo com Williams (2009, tradução nossa), os blogs espalhavam comentários negativos a

respeito da Dell, e empresa simplesmente fingia não ler, não ser atingida, permanecia em total

silêncio enquanto as chamas do “Dell Hell” queimavam. A empresa se recusou a comentar

sobre o post de Jarvis e não respondia a nenhuma questão sobre o caso. A Dell chegou a

fechar o seu fórum de discussões de clientes on-line, colaborando para o silêncio e piorando a

situação. É evidente que a Dell estava ciente do que falavam sobre ela na blogosfera, mas

resolveu, mesmo assim, seguir em frente com a política da empresa de “olhe mais não toque”,

deixando de responder e comentar sobre os fatos.

Outro erro ocorrido, foi que a Dell não ouviu seus consumidores, simplesmente os

ignorou. A Dell já estava tomando a providência errada em manter-se em silêncio, de não se

pronunciar quanto aos posts e comentários em blogs, mas ela então poderia, ao menos, ouvir

os consumidores e tomar alguma providência sensata. No entanto optou, novamente, pelo

caminho errado: não escutar seus consumidores. Dessa maneira, a Dell só piorou ainda mais a

situação, pois os consumidores que pediam por mudanças e por soluções, não tiveram

respostas nem providências a respeito das suas solicitações em relação aos problemas.

Essa postura adotada pela empresa, só aumentou a crise vivida pela Dell. É muito

fácil fingir não ler as críticas diretas à sua empresa; apagar comentários maldosos nas redes

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sociais; e adiar a resolução de problemas por telefone. Entretanto, Jarvis foi a prova de que

apenas um consumidor pode afetar diretamente uma empresa inteira. Um bom atendimento ao

cliente, um bom acompanhamento dos consumidores nas redes, um bom monitoramento sobre

a empresa na internet, conseguem encontrar opiniões de seus consumidores e saber realmente

qual é a imagem que a empresa está passando para eles. Como escrito anteriormente, deve-se

dar a devida importância para uma simples crítica ou reclamação, seja para um pequeno ou

grande problema.

A Dell aprendeu com seus erros, no entanto, muitas empresas ainda continuam

errando em suas posturas, no relacionamento e atendimento aos seus clientes. Foi o caso

também da Renault, que chegou a um ponto ainda mais agravante: colocar um consumidor

insatisfeito na justiça.

Em 2011, a consumidora Daniely Argenton, após quatro anos de inúmeras tentativas

de consertar seu carro Renault, resolveu criar o site “Meu Carro Falha”, para relatar a sua

situação aos demais internautas e consumidores, como indica a ilustração 14.

Ilustração 14: Meu Carro Fallha Fonte: Argeton (2011).

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Na ilustração 15 é apresentado o QRcode para o site da Daniely Argeton: o meu

carro falha.

Ilustração 15: QRcode Meu Carro Falha Fonte: Argeton (2011).

A repercussão do site chegou a mais de 700 mil visualizações em apenas um mês,

recebendo comentários de outros consumidores insatisfeitos que apoiavam a iniciativa. Então

ao invés da Renault ir atrás da consumidora ou tentar amenizar e resolver o problema e a

imagem negativa da marca, ela simplesmente solicitou uma liminar judicial para que Daniely

retirasse todas suas publicações do ar, em 48 horas (ALASSE, 2011). Na Renault não foi só o

carro que falhou. Com essa péssima postura de tentar resolver um problema de uma

consumidora, a Renault deixou milhares de consumidores e expectadores ainda mais

indignados, assim como a própria Daniely. Foi após perceber o quanto a repercussão do site

aumentou ainda mais com a sua atitude, que a empresa resolveu tentar estabelecer um acordo.

Mesmo após ter ressarcido os danos causados à Daniely e ter lançado comunicados se

desculpando pelo ocorrido, não foi o suficiente para a empresa reverter a situação por

completo.

Como já havia sido relatado neste trabalho, uma empresa sempre estará nas redes

sociais, mesmo que não tenha perfil, nem que não seja usuária ou não saiba quem elas são,

sempre haverá alguém citando, criticando, comentando, relatando algum fato em relação à

ela. Este é o fator principal para saber como lidar com situação e tentar ao máximo evitar

estes tipos de situações e constrangimentos. Mas afinal, como evitar o inferno?

A Dell aprendeu com todo o inferno enfrentado; e outras empresas deveriam

conhecer este case, assim como os demais apresentados, para utilizar como exemplo o

significado do relacionamento com o consumidor, acerca da comunicação e de quais a

medidas adequadas para evitar essa situação, ou até mesmo como vencer essa barreira. A

partir das experiências vivenciadas pela Dell é possível classificar o que pode ser evitado e o

que pode ser consertado.

Ouça. Ouvir o que estão falando da sua empresa nas ruas e principalmente nas redes

sociais, ouvir o seus clientes e escutar quem ainda não é cliente. Hoje em dia saber o que

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66

falam sobre você na plataforma on-line é muito fácil, existem milhares de programas para

utilizar uma palavra chave e encontrar milhares de sites, blogs, como o todo poderoso Google.

Os blogueiros são além de consumidores, formadores de opinião. Como escreve Jarvis (2010),

muitas empresas gastam fortunas em pesquisa com clientes, público-alvo e núcleo de ideia

para descobrir o que as pessoas estão pensando, enquanto nos blogs eles se comunicam de

graça.

Aja. As empresas devem sim ouvir, mas consequentemente agir. Para mostrar que

estão ouvindo e se interessando pelo que o público critica e comenta, a empresa deve levar em

conta as ideias e sugestões de seus consumidores, acatando aquelas que acharem cabíveis.

Como fez a Dell quando criou o Ideastorm, que implementou o sistema Linux em alguns

computadores, para agradar quem votou nesta ideia no site.

Esteja presente. Ao invés de criar milhares de comunicações voltadas para o seu site,

para fazer com que os consumidores vão até ele, faça sua empresa já estar no meio de seus

clientes, ou seja, esteja inserido nas plataformas de redes sociais. Esta presença pode evitar

diversos problemas relacionados a reclamações de consumidores, como também pode

solucionar muitos problemas. Diversas empresas melhoraram suas vendas através dessas

plataformas digitais, como foi o caso da Starbucks.

Em 2008 a Starbuck começou a sofrer uma queda de fluxo de consumidores em suas

lojas, consequentemente nas vendas. Para resolver essa questão, a empresa resolveu se

aproximar do público para tentar entender a causa desse declínio. Foi criado então um canal

de comunicação na internet, em que incentivava os consumidores a adicionarem ideias para

melhorar a Starbucks. Assim como o Ideastorm da Dell, as pessoas cadastravam suas ideias, e

outros usuários podiam apoiar ou discordar delas. Este site foi lançado em 2008 e é mantido

até hoje como mais de 250 mil usuários cadastrados (VAZ, 2011). A ilustração 16 retrata

como é a estrutura do site.

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Ilustração 16: My Starbucks Idea Fonte: Starbucks (2011).

A ilustração 17 representa o QRcode do site My Starbucks Idea, da Starbucks.

Ilustração 17: QRcode My Starbucks Idea Fonte: Starbucks (2011).

Nesta mesma fase, a empresa investiu também em redes sociais como o Facebook,

alcançando a marca de empresa com mais fãs; e no Twitter, com mais de 1 milhão de

seguidores. Como explica Vaz (2011), esta tendência chama-se de inovação aberta: as pessoas

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ligadas à marca, ajudam a melhorá-la. Essa colaboração mútua (consumidor e empresa),

resulta na criação de uma marca concreta e confiável, o que satisfaz os dois lados.

As empresas que escutam seus consumidores, conseguem até mesmo utilizar o que

eles dizem para decidir futuras estratégias. Foi o caso da Starbucks, da Dell, como também da

Pepsico, que enxergou essa oportunidade e também criou um canal de relacionamento, como

indica a ilustração 18.

Ilustração 18: SnackLife Fonte: Pepsico (2011).

Na ilustração 19, na sequência, o QRcode do canal de interação da Pepsico, o

SanckLife.

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Ilustração 19: QRcode SnackLife Fonte: Pepsico (2011).

Sob a ótica de Vaz (2011), o público dessas empresas está em peso na web, por esse

motivo não há como achar que a internet não daria insights para as estratégias. Aproveitar as

ideias que existem fora da empresa é a maneira mais inteligente e positiva de crescer. Utilizar

a genialidade que há no mercado consumidor para construir uma marca, destaca-se de

qualquer concorrência, e isso só é possível através da internet, das mídias digitais.

Hoje em dia, é fundamental que as empresas comecem a utilizar as ferramentas de

redes sociais, o caso da Dell comprova muito bem esta ideia. Uma plataforma rentável,

popular e de fácil interação com o cliente é um cenário perfeito para uma empresa que deseja

estar presente. Ter perfis em plataformas como Facebook e Twitter pode ser muito positivo

para a divulgação e relação de uma empresa com seus consumidores. Jarvis (2010) aconselha

possuir um blog, pois considera a melhor maneira de interagir com seu público, como também

com seus funcionários, mostrando que a empresa é aberta e destemida.

Foram estas as soluções utilizadas pela Dell, aconselhadas por Jarvis. Não é que

realmente aquele consumidor que criticou e afetou todo o funcionamento da Dell , acabou

virando um ótimo “consultor” para a empresa? Após um ano do case, como já havia relatado

anteriormente no trabalho, a Dell finalmente criou canais de comunicação on-line como o seu

blog Direct2Dell. No começo o blog possuía 50% dos comentários, assuntos negativos, que

após um ano, de acordo com Willians (2009, tradução nossa), a porcentagem caiu para 23%.

A criação de um blog para os funcionários, como também para os investidores da

Dell, aumentou ainda mais a sua presença virtual e, consequentemente seu melhor

funcionamento. A criação do IdeaStorm, também foi mais uma medida para a Dell se

concretizar no mundo digital e criar um relacionamento com seus consumidores, permitindo

que estes interfiram na sua produção e funcionamento.

O presidente de fabricante de computador Sun, o vice-presidente da General Motors

e o vice-presidente de marketing da Boeing possuem um blog. Bill Gates contratou um

profissional para criar o blog da Microsoft. Então por que não possuir um para empresas

menores também? Todas as empresas podem e devem possuir um blog, seja para utilizar

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como fonte de informações, de divulgação, comunicação e principalmente para criar um canal

de relacionamento com seus consumidores (LAS CASAS, 2010).

Cada vez mais as empresas estão aderindo o uso do blog e descobrindo sua força.

Um exemplo disso é a construtora e incorporadora Tecnisa, que há mais de um ano utiliza o

seu blog para se comunicar com fornecedores, consumidores e funcionários. O diretor de

marketing da empresa afirma que o blog foi um importante instrumento de marketing, que

fortaleceu e concretizou os laços entre a empresa e o público específico (LAS CASAS, 2010).

No blog é possível conferir notícias sobre o mercado imobiliário, novidades a respeito da

Tecnisa, dicas de afazeres domésticos, lançamentos de novos empreendimentos, enfim,

assuntos interessantes para diversos tipos de públicos. A ilustração 20 apresenta o blog da

Tecnisa.

Ilustração 20: Blog Tecnisa Fonte: Tecnisa (2011).

O QRcode do blog da Tecnisa está representado a seguir, na ilustração 21.

Ilustração 21: QRcode Blog Tecnisa Fonte: Tecnisa (2011).

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A Tecnisa, assim como a Dell, também marcou presença nas redes sociais. A Tecnisa

teve destaque nas redes em 2009, quando fez uma venda do primeiro apartamento via Twitter.

O comprador era seguidor da marca no microblogging, assim que viu o tweet lançando uma

promoção de 2 mil reais e mobília para os quartos e cozinha, o seguidor não pensou duas

vezes e fechou negócio via Twitter. Essa venda foi considerada um fato histórico, referente às

redes sociais, pois possivelmente foi o produto mais valioso vendido por intermédio do

Twitter. Essa situação é a prova de que o Twitter, como as outras redes sociais, não são

ferramentas de vendas, mas sim o canal para que isto ocorra. Ou seja, não é a rede social que

gera venda, mas sim o relacionamento. A ilustração 22, a seguir, mostra as publicações da

Tecnisa no Twitter.

Ilustração 22: Twitter Tecnisa Fonte: Twitter Tecnisa (2011).

Para acessar o Twitter da Tecnisa, pode-se realizar um escaneamento através do

QRcode da ilustração 23.

Ilustração 23: QRcode Twitter Tecnisa Fonte: Twitter Tecnisa (2011).

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A Dell também está inserida e estrategicamente monitorada nas redes sociais. A Dell

possui seu perfil no Twitter desde 2007. Através do Google Analytics – serviço oferecido pelo

Google que apresenta as estatísticas de um site ou blog –, a Dell conseguiu o rastreamento da

navegação de seus consumidores, descobrindo assim que através do Twitter conseguiu

realizar mais de US$3 milhões em vendas. Foi mediante o Twitter, também, que a Dell

descobriu que alguns usuários não estavam satisfeitos com o teclado de um de seus produtos,

podendo assim atender à solicitação dos seus clientes (LAS CASAS, 2010). Todas essas

informações e dados disponibilizados pelo Twitter, ou outro canal, faz com que a empresa

tome conhecimento do que os consumidores pensam, comentam e reclamam sobre seus

produtos, podendo corrigir erros e praticar novas ideias. Enfim, melhorar sempre o

funcionamento e, consequentemente, a imagem da empresa.

Vaz (2011) destaca que a Dell utiliza o Twitter para realizar promoções relâmpagos,

normalmente as promoções duram apenas três horas. Essa estratégia promocional atrai

milhares de seguidores no microblogging e traz proximidade com o consumidor, além de

mostrar que os seus seguidores possuem exclusividade. Para a realização dessas promoções é

fundamental que se conheça o público, pois o produto oferecido deve valer a pena para o

mercado-alvo.

O Twitter da Dell possui mais de um milhão e meio de seguidores, representado pela

ilustração 24. O bom monitoramento e funcionamento das redes, classificou a Dell como uma

das seis melhores marcas mundiais, as quais impactam cada vez mais os consumidores

(SIMON, 2010).

Ilustração 24: Twitter Dell Fonte: Twitter Dell (2011).

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O Twitter da Dell está representado pelo QRcode da ilustração 25.

Ilustração 25: QRcode Twitter Dell Fonte: Twitter Dell (2011).

A Dell possui, também, uma Fan Page no Facebook, como mostra a ilustração 26. A

página possui mais de setecentos mil fãs. As atualizações são diárias e recheadas de links

externos para outras páginas corporativas da Dell.

Ilustração 26: Fan Page Dell Fonte: Facebook Dell (2011).

A seguir, na ilustração 27, encontra-se o QRcode que permite o acesso ao Facebook

da Dell.

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Ilustração 27: QRcode Facebook Dell Fonte: Facebook Dell (2011).

Outro ponto que precisou ser reavaliado pela Dell, foi o fato de que, conforme Jarvis

(2010) explica, muitas pessoas que iriam consumir os produtos da Dell, entravam em sites de

busca e encontravam como primeiro resultado o post “Dell Hell”. Isso com certeza afetou

diretamente as vendas da empresa. Jarvis (2010) escreve que recebia muitos comentários no

seu blog dizendo que desistiram de comprar um Dell após lerem o post. Por esse motivo, a

Dell precisou dar maior atenção às buscas no Google, por exemplo. Afinal uma empresa se

não é “buscável”, ela não será encontrada.

Sim, o Google possui o monopólio nas buscas on-line e, desta forma, é ele quem

define qual será a presença de uma determinada empresa na web. Por esse motivo, a Dell se

viu obrigada a investir em otimização de mecanismos de busca, ou em SEO, como já foi

ressaltada anteriormente. Segundo Jarvis (2010), os mecanismos para ter um bom

posicionamento nas buscas são diversos. Quanto mais cliques, links e citações que a empresa

receber, mais a empresa “sobe” nos resultados do Google. Parece simples, mas não é. Por esse

motivo surgiu uma nova indústria em torno dessa necessidade: empresas SEO.

Se um consumidor está no mundo digital, é preciso que a empresa o acompanhe não

só na hora da compra, mas sim em todo o processo que envolve. As agências especializadas

em otimização de sites fazem uma varredura em toda a web, tomando conhecimento de tudo

que é publicado sobre a empresa/cliente. Dessa forma, as agências conseguem identificar os

problemas para, então, consertá-los. Esses fatores tornaram o Google em um modelo inovador

de publicidade, pois permite que as empresas apareçam através de links patrocinados e

posições favoráveis nas buscas. Até pouco tempo não era possível “controlar” a imagem

corporativa que apareceria nos resultados, mas a partir de casos como o da Dell, surgiu a

oportunidade para um novo segmento. O diretor de comunicação do Google no Brasil

comenta que para eles o clique só é positivo quando é bom para o cliente. Mas sabe-se que

não é bem assim (BARCELLOS, 2011). Hoje em dia se digitarem no Google a expressão

“Dell Hell” no Google, aparecerão mais de 63 mil resultados em menos de 0,24 segundos.

Depois que a Dell aderiu o sistema de otimização, nota-se que os resultados das

buscas mudaram completamente. Agora os resultados para “Dell” não aparecem mais nas

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primeiras posições o post de Jarvis, nem outro referente à alguma reclamação, mas sim o site

corporativo, o site de suporte, ofertas, enfim, só resultados positivos. De acordo com

Barcellos (2011), o vice-presidente da Dell até afirmou que o Google, nos dias de hoje,

tornou-se a mais importante home page para a empresa. Mas de nada adianta ter um bom

resultado nas buscas e ter um site não funcional. Hoje em dia, para a empresa se destacar e

criar realmente um relacionamento com seu consumidor, é preciso possuir a personalização.

Um exemplo disso é novamente o Google, que segmenta cada consumidor de acordo

com suas buscas, entregando para cada um, um resultado diferente e personalizado. Sob a

ótica de Vaz (2011), essa personalização faz com que o consumidor crie uma experiência

única e, literalmente, personalizada, construída juntamente com ele na hora em que consome a

marca. A personalização gera relacionamento com o consumidor, um site que é o mesmo para

todos, acaba não sendo relevante para ninguém. Tratar cada cliente individualmente não é tão

simples, pois além de tecnologia, é preciso muito planejamento. E foi o que a Dell fez.

Ao navegar pelo site da Dell é possível perceber essa personalização, como mostra a

ilustração 28. No menu superior do site, o consumidor pode escolher onde ele quer navegar.

Existem “áreas” destinadas para você (pessoa física), para pequenas e médias, e grandes

empresas e setor público. Cada categoria de usuário contém diferentes linguagens,

apresentando as necessidades específicas correspondentes, permitindo a comunicação

segmentada. Personalizar a comunicação é uma das formas de aumentar a aderência da marca

com o mercado (VAZ, 2011).

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Ilustração 28: Site da Dell Fonte: Dell (2011d).

A ilustração 29 representa o QRcode do site da Dell.

Ilustração 29: QRcode Site Dell Fonte: Dell (2011d).

Desde a criação de canais de comunicação com os consumidores, até personalizar o

site da empresa fazem parte do conjunto de estratégias utilizadas pela Dell para reverter a

crise pela qual passou. Essas estratégias fizeram com que a Dell realmente melhorasse sua

situação com seus consumidores, entretanto, hoje em dia essas estratégias são essenciais para

uma empresa moderna, e não apenas para empresas que precisam melhorar sua reputação. Por

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77

esse motivo, a análise realizada em cada etapa da reviravolta da Dell é de grande importância

para comparar o que cada uma delas modificou e qual foi o resultado para a empresa.

O infográfico baseado na pesquisa do Instituto Brasileiro de Inteligência de Mercado

(Ibramerc) sobre a presença e uso das redes sociais realizada com 251 empresas de médio e

grande porte, comprova que a situação está mudando. As empresas já estão percebendo as

vantagens de estarem inseridas nas redes sociais e por esse motivo estão se adequando à elas.

De acordo com a pesquisa 65% das empresas pesquisadas já utilizam as redes sociais como

ferramenta de comunicação com clientes e prospects (INFOGRÁFICO..., 2011).

Na ilustração a seguir, podemos entender quais são as práticas comuns entre as

empresas entrevistadas. Nota-se que as empresas já estão utilizando as redes sociais não só

como canal de comunicação, como também uma ferramenta para monitorar o mercado,

conhecer o público e os concorrentes.

Ilustração 30: Práticas comuns Fonte: Infográfico... (2011).

As empresas já estão conscientes que as redes sociais trazem benefícios para a sua

marca e para a sua comunicação, como indica a ilustração 31.

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Ilustração 31: Benefícios Fonte: Infográfico... (2011).

Desde o post de Jarvis, até os dias de hoje, muita coisa já mudou na internet e nas

redes sociais. Hoje em dia novas ferramentas foram desenvolvidas e aumentaram ainda mais a

facilidade e rapidez da propagação de uma informação. Nesse cenário moderno, as empresas

precisam estar inseridas onde o seu público está, nas redes sociais, como também estarem

preparadas para saber tudo o que seus consumidores pensam, para criarem diálogos e

relacionamento, resolverem problemas e, ainda assim, passarem uma boa imagem.

A presença corporativa nas redes só tende a crescer. A maioria das empresas já está

inserida, mas não são todas que perceberam o benefício em resultados, seja pelo fato de ainda

não saberem como utilizá-las a seu favor ou por ainda não terem atingido o seu público-alvo.

Com a análise realizada nesse capítulo, sobre o case “Dell Hell”, foi possível entender as

estratégias utilizadas nas redes sociais, o comportamento das empresas nesse cenário e o

poder dos consumidores. Apresentam-se então a seguir, as conclusões referentes ao estudo

desse capítulo.

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5 CONCLUSÃO

A internet alterou o mundo. Modificou a forma de se comunicar; de buscar

informações; de se relacionar; de aprender; dentre tantas outras milhares de mudanças que o

mundo digital trouxe; e uma delas foi o comportamento do consumidor. Hoje em dia, o

consumidor assumiu um papel totalmente diferente do passado, pois agora os consumidores

têm voz ativa, possuem poder entre as empresas. Foi possível comprovar este cenário

analisando o caso da Dell, onde o consumidor interferiu diretamente no funcionamento de

uma grande empresa.

As redes sociais são eficientes e potentes canais de comunicação e dissipação de

informações. Com o case “Dell Hell”, ficou comprovado que as redes sociais não devem ser

apenas utilizadas para resolver problemas do consumidor, muito menos para melhorar uma

reputação, mas sim, para serem utilizadas, primeiramente, como plataformas de

relacionamento e interação com os consumidores. Por diversos exemplos negativos, as

pessoas acabam não confiando nas empresas, muito menos crêem em um relacionamento com

elas, e é por esse motivo que as redes sociais, sendo utilizadas de maneira correta, acabam

conseguindo criar um relacionamento, oferecendo confiança e construindo uma marca

concreta.

O pioneiro caso Dell Hell deu início a essa nova era. Uma era onde o consumidor

tem mais poder, na qual a forma de se relacionar é outra, onde os consumidores criam o seu

próprio conteúdo, compartilham informações, opiniões e desejos. Esse poder aumenta pela

existência da internet, das redes sociais e possibilidade de interação proveniente delas. Nas

redes quem manda são os consumidores e não as empresas.

Na análise realizada nesta monografia foi preciso pesquisar sobre a empresa; seu

histórico; seus canais de comunicação; seu comportamento na web; e, principalmente, acerca

do episódio pelo qual a empresa passou com o consumidor Jeff Jarvis. Através deste estudo,

pode-se então, analisar o case detalhadamente, comparando com os outros casos ocorridos na

web. Foi possível chegar a diversas conclusões a respeito do comportamento da Dell, desde os

fatores que fizeram com que a empresa passasse por essa situação, assim como o que

influenciou o consumidor a agir dessa maneira; destacando a facilidade e rapidez de

transmissão de informações pela internet, como também, como uma empresa deve agir ao

verificar alguma reclamação. Enfim, entender todo o processo que envolveu o caso da Dell.

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Depois dos levantamentos teóricos e bibliográficos e do resgate histórico a respeito

da empresa Dell, foi, então, possível estruturar uma análise. Além da crise pela qual a Dell

passou, foram detalhadas as suas estratégias para buscar reverter a situação. Junto às análises,

foram também realizadas analogias com outros casos de diferentes empresas, como a

Brastemp e Renault, criando relações que permitiram a melhor compreensão do

comportamento dos consumidores digitais e das empresas em casos como esses.

A partir da análise do case foi possível evidenciar o real poder e valor do novo

consumidor. O cliente sempre foi o fator de maior importância em uma empresa e com a

presença da internet, o seu pode aumentou ainda mais. A Dell encontrou em seu consumidor

insatisfeito, uma oportunidade de descobrir o que deveria modificar em seus serviços e

atendimentos, ou seja, o consumidor deve sempre ser escutado e valorizado pelas empresas.

O estudo permitiu indicar recomendações para criar bons relacionamentos com

consumidores, por meio das redes sociais, como também evitar futuros problemas com

clientes insatisfeitos. Algumas indicações, como saber o que falam da sua empresa pela web;

saber escutar as críticas, sempre atendendo a reclamações e sugestões; estar presente no meio

virtual e, principalmente, nas redes sociais; criar canais de comunicação para se relacionar

com os consumidores, dentre outras estratégias para destacar e valorizar uma empresa.

Conclui-se, então, que é possível e necessário criar bons relacionamentos entre

empresa e consumidores, principalmente com o auxílio das plataformas de redes sociais, que

aproximam e concretizam essa relação. Esse relacionamento só trará benefícios para a

empresa, pois conhecer e se relacionar com os seus consumidores é a maneira mais eficiente

de concretizar uma marca. Afinal, consumidores satisfeitos, resultam em lucro. Para que isso

se torne uma realidade, é necessário estar inserido no mundo virtual e nas redes sociais, pois

os consumidores já estão, em sua maioria, participando de alguma rede. É preciso também

manter um bom monitoramento das redes e da marca na web, buscando sempre responder e

interagir com os consumidores, evitando ao máximo futuras reclamações e, se essas

aparecerem, buscar resolver de maneira eficiente e a mais rápida possível.

É importante ressaltar que o tema pode ser aprofundado, principalmente quanto ao

resultado das estratégias da Dell através dos consumidores, por exemplo, realizando uma

pesquisa com os seguidores da Dell no Twitter. Dentre outros diversos fatores que

envolveram todo o case. Portanto, esse estudo pode ser aprimorado por outros estudantes e

pesquisadores que tenham interesse no assunto.

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ANEXO A – Declaração de responsabilidade