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Capítulo 7 Projeto de Comunicação em Groupware: Desenvolvimento, Interface e Utilização Hugo Fuks, Marco Aurélio Gerosa e Mariano Gomes Pimentel Abstract This work presents communication in groupware, software for group work, from a theoretical point of view based on a collaboration model based on communication, coordination and cooperation. A practical approach is also shown using applications and examples. The main objective is to subsidize the development of communication in groupware projects. Resumo Este texto apresenta a comunicação em groupware, software voltado para o apoio ao trabalho em grupo, detalhando um modelo de colaboração baseado nos conceitos de comunicação, coordenação e cooperação. São apresentados ferramentas de comunicação e exemplos de aplicações. Com base nesta abordagem, são introduzidos aspectos especificamente voltados à comunicação, com os quais espera-se subsidiar o desenvolvimento de projetos de comunicação em groupware.

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Capítulo

7

Projeto de Comunicação em Groupware: Desenvolvimento, Interface e Utilização

Hugo Fuks, Marco Aurélio Gerosa e Mariano Gomes Pimentel

Abstract

This work presents communication in groupware, software for group work, from a theoretical point of view based on a collaboration model based on communication, coordination and cooperation. A practical approach is also shown using applications and examples. The main objective is to subsidize the development of communication in groupware projects.

Resumo

Este texto apresenta a comunicação em groupware, software voltado para o apoio ao trabalho em grupo, detalhando um modelo de colaboração baseado nos conceitos de comunicação, coordenação e cooperação. São apresentados ferramentas de comunicação e exemplos de aplicações. Com base nesta abordagem, são introduzidos aspectos especificamente voltados à comunicação, com os quais espera-se subsidiar o desenvolvimento de projetos de comunicação em groupware.

7.1. Introdução

As pessoas se comunicam visando construir um entendimento comum, trocar idéias, discutir, aprender, negociar ou tomar decisões. A comunicação é necessária para que um grupo consiga realizar tarefas interdependentes, não completamente descritas ou que necessitem de negociação. Além disto, através da comunicação ocorrem a troca e o debate de pontos de vista como forma de alinhar e refinar as idéias dos membros do grupo.

Groupware é a tecnologia baseada em mídia digital que dá suporte às atividades de pessoas organizadas em grupos que podem variar em tamanho, composição e local de trabalho. Para se desenvolver groupware de alta qualidade é necessário buscar conceitos e fundamentos na área denominada CSCW (Computer Supported Cooperative Work).

Para colaborar, as pessoas precisam se comunicar, se coordenar e cooperar. Na seção 7.2, é apresentado um modelo de colaboração baseado nestes conceitos. Também é apresentado um modelo de comunicação no contexto de groupware.

As ferramentas de comunicação mediada por computador podem ser utilizadas para facilitar a comunicação entre pessoas dispersas no espaço e tempo, e organizar as informações trocadas. Na seção 7.3 são abordadas algumas dimensões relevantes para análise das ferramentas de comunicação. Também são analisadas exemplos de ferramentas de comunicação assíncronas e síncronas.

Para contextualizar o uso das ferramentas de comunicação e as peculiaridades que devem ser levadas em conta ao projetá-las, na seção 7.4 é apresentado como as ferramentas de comunicação do ambiente AulaNet são usadas em um curso a distância.

Finalmente, na seção 7.5 são abordadas questões referentes a implementação das ferramentas de comunicação, e sua integração em duas arquiteturas. São apresentadas a arquitetura da versão 2.0 do AulaNet e a arquitetura distribuída baseada em serviços e componentes proposta para a versão 3.0.

7.2. Comunicação em Groupware

Nesta seção são abordados aspectos da comunicação dentro do contexto de groupware. Na subseção 7.2.1 a comunicação é situada num modelo de colaboração. Em seguida, na subseção 7.2.2, a comunicação é analisada em mais detalhes.

7.2.1. Modelando a Colaboração

Ao trabalhar em grupo, os indivíduos podem potencialmente produzir melhores resultados do que se atuassem individualmente. Num grupo podem ocorrer a complementação de capacidades, de conhecimentos e de esforços individuais, e a interação entre pessoas com entendimentos, pontos de vista e habilidades complementares. Ao argumentar suas idéias, os membros de um grupo têm retorno para identificar inconsistências e falhas em seu raciocínio e, juntos, podem buscar idéias, informações e referências para auxiliar na resolução dos problemas. Um grupo também tem mais capacidade de gerar alternativas, levantar as vantagens e desvantagens de cada uma, selecionar as viáveis e tomar decisões [Fuks, Gerosa & Lucena, 2002].

Para colaborar, os indivíduos têm que trocar informações (se comunicar), organizar-se (se coordenar) e operar em conjunto num espaço compartilhado (cooperar). As trocas ocorridas durante a comunicação geram compromissos que são gerenciados pela coordenação, que por sua vez organiza e dispõe as tarefas que são executadas na cooperação. Ao cooperar os indivíduos têm necessidade de se comunicar para renegociar e para tomar decisões sobre situações não previstas inicialmente. Isto mostra o aspecto cíclico da colaboração. Através da percepção, que é um processo de adquirir informação por meio dos sentidos, um indivíduo se informa sobre o que está acontecendo, sobre o que as outras pessoas estão fazendo e adquire informações necessárias para seu trabalho. Na Figura 7.1, encontra-se o diagrama do modelo baseado nestes conceitos.

dispõe as

gerenciados pela

estimula

demanda

intermedia

Comunicação Coordenação

Cooperação

Conflitostratacausa

prejudica

intermedia

estimula

gera compromissos

intermedia estimula

tarefas para

Percepção

Figura 7.1. Modelo de Colaboração 3C

Do modelo de colaboração 3C, neste texto são analisados os aspectos relacionados à comunicação. Para mais informações sobre este modelo, consulte [Fuks, Raposo & Gerosa, 2002], que aborda o seu papel dentro da Engenharia de Groupware; [Fuks, Raposo, Gerosa & Lucena, 2002], que detalha o modelo e instancia-o para aprendizagem colaborativa; [Raposo & Fuks, 2002], que aborda aspectos da coordenação; e [Gerosa, Fuks & Lucena, 2002], que discute o papel da percepção.

7.2.2. Comunicação Mediada por Computador

Para trabalhar, as pessoas se comunicam. Esta comunicação normalmente envolve negociação e firmação de compromissos. Winograd [1988] propõe um diagrama de conversação para ação (Figura 7.2), que pode ser dividido em três fases: (i) fase de negociação, onde os participantes discutem e assumem os compromissos; (ii) fase de execução, onde as tarefas são realizadas; e (iii) fase de liquidação, onde ocorre a inspeção para certificar-se de que as tarefas foram cumpridas e atendem aos compromissos assumidos.

B:Contra

1 2 3 5

76

98

4A:Solicita B:Promete A:Declara Completo

B:Declina A:Cancela

B:Cancela A:Cancela

B:Informa Conclusão

A:Declina Conclusão

A:Cancela

A:Cancela

A:AceitaB:CancelaA:Contra

Fase de Negociação

Figura 7.2. Diagrama de Conversação para Ação

Este diagrama corresponde a um gráfico de estados, onde a mudança de um estado para outro se dá através de eventos de diálogo. Os compromissos assumidos nas interações modificam o estado do mundo e tem efeito de ações. Austin [1980] chamou as sentenças que tem força de ação de performativas. Diferentemente das sentenças informativas, as performativas modificam os compromissos das pessoas. Por exemplo, o ato de o noivo dizer “eu aceito” na frente do padre na cerimônia de casamento, resulta em novos compromissos, que mudam o estado do mundo. Há performativas contratuais (por exemplo, “eu aposto 5 reais que vai chover”) e declaratórias (exemplo, “eu declaro guerra”). Porém, Austin lembra que para as performativas terem validade, elas devem atender a alguns pré-requisitos. Elas devem ser ditas pela pessoa certa, no momento certo, no lugar certo, na presença ou com o consentimento de determinadas pessoas, e devem vir antes de determinadas ações e devem ser seguidas por outras ações.

Uma ferramenta de comunicação mediada por computador dá suporte às interações entre os participantes, podendo gerenciar as transições de estados, os eventos de diálogo, as pré-condições e os compromissos de cada participante. Mediada por computador, a comunicação é realizada através de trocas de mensagens eletrônicas. A natureza da ferramenta define a mensagem eletrônica. Num sistema de correio eletrônico, por exemplo, ela é composta de assunto, corpo, prioridade, data e outras informações. Numa ferramenta onde cada participante enxerga simultaneamente o que os outros estão escrevendo, cada mensagem eletrônica é uma letra digitada, já que ela é imediatamente transmitida. Já em uma vídeo-conferência, várias informações são trocadas de forma não-textual através do vídeo. Desta forma, a mensagem que o emissor deseja transmitir pode dar origem a uma ou mais mensagens eletrônicas, simultâneas ou não.

Na Figura 7.3 é apresentado um modelo de comunicação mediada por computador. Este modelo representa um evento de diálogo entre o emissor, que de acordo com suas intenções elabora a mensagem a ser transmitida, e o receptor, que ao receber e interpretar a mensagem, tem seus compromissos e conhecimentos modificados.

Nível de Linguagem

Canal de Dados

Espaço Compartilhado

Expressão

FormulaçãoInterpretação

Emissor Receptor

Nível de CogniçãoEstruturasCognitivas

Linguagem

Estruturas deinformação eelementosde expressãoe percepção

Intenção Compromissos

Ferramenta deComunicação

Ferramenta deComunicação

Registro

Percepção

Apresentação

Mensagempercebida

MensagemRegistrada

MensagemApresentada

Mensagemem Bits

Mensagemem Bits

Mensagemformulada

Nível de Informação

LinguagemBinária

Figura 7.3. Modelo de comunicação mediada por computador

Para transmitir o conteúdo, o emissor dá forma a sua intenção, formulando uma mensagem na linguagem apropriada para a conversação, que deve ser entendida por todos os envolvidos. Esta linguagem é influenciada pelo contexto cultural, pelo domínio em questão, pelos conhecimentos individuais dos envolvidos e pelos recursos disponíveis para conversação, que não necessariamente são verbais [Gutwin & Greenberg, 1999].

Para que seja possível transmitir a mensagem é necessário que ela seja expressa na ferramenta de comunicação, que define os recursos disponíveis para a conversação. O emissor se expressa através de elementos de expressão1 disponíveis em sua ferramenta, e o receptor tem acesso a ela através de elementos de percepção2 de sua ferramenta. Internamente, as ferramentas utilizam estruturas de informação para representar a mensagem. O Canal de Dados estabelece a conexão necessária para a transmissão das mensagens eletrônicas. Por isto as mensagens são codificadas em bits e pacotes de dados, os quais o sistema operacional e as redes de computadores se encarregam de entregar ao receptor.

Quando se comunicam, as pessoas normalmente se concentram no Nível de Cognição, operando com intenções e compromissos. Elas utilizam sem se dar conta a linguagem, os elementos de expressão e de percepção e a infraestrutura do Canal de Dados. Porém, se for detectado algum tipo de confusão ou problema, a linguagem, o registro e o canal utilizados são trazidos para o foco central, em uma tentativa de encontrar o motivo do desentendimento.

1 Elementos de expressão são elementos utilizados pelo emissor para expressar sua mensagem. Numa ferramenta de comunicação mediada por computador, um campo para se digitar texto e um seletor de prioridades podem ser vistos como elementos de expressão. 2 Elementos de percepção são os elementos do espaço compartilhado por onde são disponibilizadas as informações.

A comunicação é considerada bem sucedida se a intenção do emissor resultar nos compromissos esperados. Para isto deve haver entendimento das mensagens e o conteúdo recebido deve ser equivalente ao transmitido. A única forma de se obter indícios do sucesso da comunicação é através do discurso e das ações (e reações) do receptor, pois são guiadas por seus compromissos e conhecimentos. Uma ruptura na comunicação seria então uma discordância entre as intenções do emissor e as ações do receptor ao realizar os compromissos. A Figura 7.4 ilustra uma situação onde a comunicação falhou [Blikstein, 2000].

Nível de Linguagem

Canal de Dados

Espaço Compartilhado

Expressão

Formulação Interpretação

Emissor Receptor

Nível de Cognição

Correio Eletrônico

Registro

Percepção

Apresentação

100101 100101

Nível deInformação

Solicitar ao empregado acompra de uma pasagem

para 8h da noite.

Compre uma passagempara as 8h.

Compre uma passagempara as 8h.

Compre uma passagempara as 8h.

Compre uma passagempara as 8h.

Comprar umapasagem para 8h

da manhã.

Correio Eletrônico

Figura 7.4. Exemplo de falha na comunicação

Nesta situação, o chefe pede para seu empregado comprar uma passagem, porém por um problema de formulação, de interpretação ou ambos, o compromisso assumido pelo empregado não condiz com a intenção do chefe. Este compromisso erroneamente assumido só poderá ser percebido quando o empregado executar a tarefa dele originada ou pela conversação seguinte. Outras falhas na comunicação poderiam ocorrer em diversos outros pontos do processo. Ferramentas de comunicação mediada por computador podem apoiar a comunicação e ajudar a evitar que falhas ocorram. As ferramentas de comunicação também podem tornar persistente o registro da comunicação. Desta forma, a captura de informação proveniente das tomadas de decisões não fica restrita à documentação produzida pelos participantes, que constitui o conhecimento formal. O conhecimento dito informal, isto é, idéias, fatos, questões, pontos de vista, conversas, discussões, decisões, etc. que ocorrem durante o processo e acabam por defini-lo, possibilita recuperar o histórico da discussão e o contexto em que as decisões foram tomadas. Com isto, pode-se investigar o raciocínio que levou ao projeto de um determinado artefato (design rationale) [Shum & Hammond, 1994] e averiguar posteriormente, em um novo contexto, se os motivos pelos quais as decisões de projeto foram tomadas continuam sendo válidas.

Há diversas ferramentas na literatura que utilizam o hipertexto para a organização da memória do grupo. Algumas destas ferramentas possibilitam ligar os artefatos digitais ao espaço compartilhado, explicitando nestas ligações as interações que os originaram. Com isto, os contextos dos artefatos e das interações são preservados, facilitando o seu entendimento e a posterior recuperação. A memória do grupo passa a ser formada então pelos artefatos (memória do produto) e pelas redes de informações compostas pelos fatos, hipóteses, restrições, decisões, argumentos, significados dos conceitos, etc. (memória do processo).

7.3. Ferramentas de Comunicação

A seção anterior contextualizou a comunicação no trabalho em grupo. As ferramentas computacionais para dar suporte à colaboração, denominadas aplicações groupware, são analisadas em função do grau de suporte à comunicação, coordenação e cooperação, sendo posicionadas no espaço triangular apresentado na Figura 7.5 [Borghoff e Schlichter, 2000, Teufel et al., 1995; Ellis et al., 1991]. Neste texto são analisadas ferramentas cujo objetivo seja primordialmente a comunicação entre os participantes, localizadas na parte superior do triângulo da figura.

videoconferência

fórumlista de discussãobate-papo

correio-eletrônicomessenger

COMUNICAÇÃO

ferramentas decomunicação

sistemade conferência

sistemade mensagem

espaço de informaçãocompartilhada

sala de reuniãoeletrônica

editor em grupo

workflow

agentesinteligentes

COORDENAÇÃOCOOPERAÇÃO

Figura 7.5. Classificação das ferramentas em função do modelo 3C

Na subseção 7.3.1 são apresentadas algumas dimensões para analisar as ferramentas de comunicação. As ferramentas assíncronas são abordadas em mais detalhes na subseção 7.3.2, e as síncronas na subseção 7.3.3.

7.3.1. Dimensões de Análise das Ferramentas de Comunicação

Nesta subseção são apresentadas dimensões para análise de ferramentas de comunicação. São abordadas as dimensões tempo-espaço e outras dimensões da comunicação (relação entre participantes, linguagem e estruturação do discurso).

A. Dimensões Tempo-Espaço

Na Figura 7.6, as ferramentas de comunicação encontram-se organizadas nas dimensões tempo-espaço [DeSanctis e Gallupe, 1987].

Interações face-a-face

Brainstorming

Interações assíncronaslocais

Post-It Notes

Interações síncronas

Bate-papoVideoconferência

Interações assíncronasdistribuídas

Correio eletrônicoFórum

mesmo tempo(síncrono)

tempo diferente(assíncrono)

mesmo lugar(local)

local diferente(distribuído)

TEMPO

ESPAÇO

Figura 7.6. Esquema de classificação espaço-tempo

Em relação à dimensão tempo, uma ferramenta de comunicação é classificada em síncrona ou assíncrona. Na comunicação síncrona, os interlocutores estão presentes simultaneamente e a mensagem enviada é recebida imediatamente. Alguns exemplos de ferramentas de comunicação síncrona são: ferramenta de bate-papo, sistema de mensagem instantânea e de videoconferência. Na comunicação assíncrona, os interlocutores não precisam estar presentes simultaneamente e a mensagem enviada pode ser recebida em um momento posterior. Alguns exemplos de ferramentas de comunicação assíncrona são: correio-eletrônico, lista de discussão, fórum e ferramentas de CSCA (Computer Supported Collaborative Argumentation). Algumas ferramentas de comunicação possibilitam estabelecer tanto a comunicação síncrona quanto a assíncrona – nestes casos, a caracterização é feita em função do tipo de comunicação predominantemente realizada. Por exemplo, a ferramenta ICQ (ver subseção 7.3.3) é caracterizada como uma ferramenta de comunicação síncrona, pois é feito uso predominantemente da troca síncrona de mensagens, embora também possibilite estabelecer a comunicação assíncrona.

Em relação ao espaço, as ferramentas de comunicação são geralmente projetadas para serem usadas por interlocutores em lugares diferentes (comunicação distribuída). Em alguns casos, as ferramentas de comunicação são projetadas para complementar a interação face-a-face possibilitando o registro, o anonimato e o paralelismo da comunicação.

B. Dimensões da Comunicação

Relação entre participantes, linguagem e estruturação do discurso são outras dimensões de interesse para analisar as ferramentas de comunicação – Tabela 7.1.

Tabela 7.1. Algumas dimensões da comunicação

Relação entre os participantes Linguagem Estruturação do discurso pessoa-todos (televisão, rádio, imprensa), pessoa-pessoa (sistemas de mensagem), todos-todos (conferências eletrônicas)

Texto, desenho, animação, realidade virtual, fotografia, vídeo, etc.

Estrutura linear (lista), hierárquica (árvore), ou em rede (grafo)

§ Relação entre os Participantes

Ferramentas de comunicação propiciam diferentes conexões entre os participantes. Na relação pessoa-todos, a comunicação é unidirecional não sendo estabelecida a troca mútua de mensagens. Esta relação é pouco usada no domínio de groupware, pois é voltada à comunicação em massa onde um centro emissor envia suas mensagens a receptores

dispersos, como na televisão e na imprensa. As ferramentas que estabelecem comunicação entre pessoa-pessoa, como por exemplo, o correio-eletrônico e o sistema de mensagem instantânea (messenger), no domínio de groupware são classificadas como sistemas de mensagem. A ferramenta que estabelece comunicação todos-todos, como fórum, bate-papo e videoconferência, é classificada como sistema de conferência.

A relação entre os participantes influencia a escolha da tecnologia a ser usada no desenvolvimento da ferramenta. Para estabelecer a comunicação síncrona apenas entre duas pessoas, a ferramenta pode se beneficiar da interligação ponto-a-ponto entre os computadores (peer-to-peer); já quando a ferramenta é projetada para grandes grupos, em geral se faz uso da arquitetura cliente-servidor.

§ Linguagem

Atualmente, o texto escrito é a linguagem predominante das ferramentas de comunicação para dar suporte ao trabalho em grupo. O uso de elementos não verbais, como ícones, imagens, animações, fala e vídeo são tecnicamente possíveis, embora pouco difundidas na Internet.

§ Estruturação do Discurso

Há diferentes maneiras para estruturar as mensagens numa ferramenta de comunicação: linear (lista), hierárquica (em árvore) ou em rede (grafo) – Figura 7.7. Apesar de a lista ser um caso particular da árvore, e esta ser um caso particular do grafo, nenhuma das estruturas é sempre melhor do que as outras.

Linear Hierárquica Em rede

Figura 7.7. Exemplos de estruturação da discussão

A estruturação linear (lista) é propícia para a comunicação em que a ordem cronológica é mais importante do que as eventuais relações entre as mensagens, como no envio de avisos, informes e notícias. Na organização linear, os relacionamentos entre as mensagens não ficam explícitos na estruturação do discurso. Se houver muitos relacionamentos, os participantes terão dificuldade em identificá-los e obter a visão global da discussão.

A estruturação hierárquica (árvore) é propícia para a visualização da largura e profundidade da discussão. Numa ferramenta que implementa a estruturação em árvore, o participante escolhe qual mensagem deseja responder, criando, assim, ramificações. A

estruturação hierárquica propicia a organização tópica da discussão: favorece o encadeamento de mensagens sobre o mesmo assunto num mesmo ramo, e a separação das mensagens em ramos diferentes sobre assuntos diferentes. Numa árvore, o único relacionamento explícito é entre a mensagem pai e as mensagens filhas. Se uma mensagem fizer referência a uma mensagem irmã, avó ou localizada em outro ramo da árvore, esta referência não ficará explícita na estruturação hierárquica. Um problema decorrente desta característica é a dificuldade para convergir uma discussão [Stahl, 2001], visto que a conversação procede em linhas divergentes e a amplitude da árvore só pode crescer.

A estruturação em rede (grafo) deve ser usada quando há necessidade de expressar relações mais complexas do que a hierarquia de mensagens. É útil quando se deseja buscar convergência de uma discussão ou negociação, tomar decisão, buscar consenso, ou quando se deseja um alto grau de estruturação no registro do diálogo, como na construção conjunta de redes semânticas ou no estudo entre conceitos e suas relações. Entretanto, com o alto grau de liberdade de ligação entre as mensagens, corre-se o risco de gerar um emaranhado de relacionamentos onde os participantes têm dificuldade para se localizar e para entender a discussão. Algumas ferramentas de comunicação que usam estruturação em rede valem-se de regras que restringem a quantidade ou o tipo de ligações entre as mensagens.

As dimensões apresentadas nesta subseção são usadas para organizar e auxiliar as análises das ferramentas de comunicação apresentadas neste texto. A dimensão tempo é usada para definir os dois conjuntos de ferramentas de comunicação analisadas nas subseções a seguir: ferramentas de comunicação assíncrona (subseção 7.3.2) e ferramentas de comunicação síncrona (subseção 7.3.3). As outras dimensões são usadas para analisar as ferramentas de cada subseção.

7.3.2. Exemplos de Ferramentas de Comunicação Assíncrona

Nas ferramentas de comunicação assíncrona, os participantes não precisam estar simultaneamente conectados para que a comunicação ocorra. Em comparação com a comunicação síncrona, a comunicação assíncrona possibilitar maior flexibilidade de horário para participação e o tempo maior para elaborar uma mensagem, possibilitando que as idéias sejam mais refletidas.

Tabela 7.2. Análise das ferramentas de comunicação assíncrona

Ferramenta Classe da ferramenta Relação entre participantes

Linguagem Estruturação do Discurso

Outlook Eudora

Correio Eletrônico pessoa-pessoa

YahooGroups Grupos.com.br

Lista de Discussão Linear

NewsGroups PanFora

Fórum Hierárquico

gIBIS Sibyl

QuestMap Sisco vIBIS

Mapa

todos-todos

Texto

Rede

Alguns exemplos de ferramentas de comunicação assíncrona são listados na Tabela 7.2. Nesta subseção são analisadas as classes das ferramentas de comunicação assíncrona: correio eletrônico, lista de discussão, fórum e mapa.

A. Correio Eletrônico

A relação entre os participantes no correio eletrônico é pessoa-pessoa, pois o emissor tem que selecionar cada destinatário da mensagem. Há diversos tipos de ferramenta de correio eletrônico. Algumas ferramentas usam protocolos de e-mail da Internet; outras implementam protocolos próprios, como por exemplo, os correios internos de algumas empresas; outras disponibilizam apenas uma interface web para ler e enviar as mensagens, etc. Na Figura 7.8 há dois exemplos de ferramentas de correio eletrônico: o Outlook Express, da Microsoft, e o IGMail, um Web-mail.

a) Microsoft Outlook Express

(http://www.microsoft.com/ie) b) IGMail

(http://www.ig.com.br)

Figura 7.8. Exemplos de correio eletrônico

Atualmente, a linguagem predominante das ferramentas de correio eletrônico é textual, apesar de grande parte das ferramentas terem suporte ao envio e recebimento de mensagens em HTML, possibilitando a utilização de imagens, sons, vídeos, etc. Algumas ferramentas de correio eletrônico estabelecem a comunicação exclusivamente por som (voice mail) e vídeo (video mail).

B. Lista de Discussão

A lista de discussão se caracteriza por apresentar relação entre os participantes todos-todos, linguagem predominantemente textual e estruturação do discurso linear. A lista de discussão comumente está associada ao correio eletrônico, de forma que cada mensagem enviada para a lista é repassada para todos os inscritos.

a) YahooGroups

(http://www.yahoogroups.com) b) Manual do PHP

(http://www.php.net/manual/en)

Figura 7.9. Exemplos de lista de discussão

O YahooGroups (Figura 7.9.a), por exemplo, provê o suporte a listas de discussão, onde é possível definir: como os usuários entram no grupo: imediatamente (livre) ou com aprovação do moderador (restrita); quem pode postar mensagens: somente usuários do grupo (particular), qualquer um (aberto) ou somente o moderador (newsletter); como as mensagens são entregues: imediatamente (não-moderada) ou depois da aprovação do moderador (moderada); e quais outras ferramentas de colaboração serão utilizadas e quem tem acesso a elas. Ao entrar no grupo, o participante escolha se deseja receber as mensagens individualmente por correio eletrônico, numa compilação diária (digest) ou somente através da Web.

Um outro exemplo de lista de discussão pode ser encontrado na parte de comentários do manual on-line da linguagem PHP (Figura 7.9.b). Nas seções deste manual, os usuários podem postar comentários que são exibidos ao final do texto da seção. Nestas mensagens, que são exibidas cronologicamente, eles reportam bugs, dicas de otimização, trechos de código, discutem estratégias de implementação, etc.

C. Fórum

Nas ferramentas de fórum, ao responder uma mensagem, a resposta fica indentada tornando-se possível perceber as relações entre as mensagens. Diversos sites oferecem uma ferramenta de fórum para promover debates sobre os tópicos abordados, como por exemplo, no site da InfoExame (Figura 7.10a).

a) Fórum do site da InfoExame (http://www.infoexame.com.br)

b) panFora (http://www.withinc.com/products/panfora.html)

Figura 7.10. Exemplos de fórum

O PanFora (Figura 7.10.b) [Funaro & Montell, 1999] é um fórum de discussão com alguns recursos adicionais: anexo de arquivos, inclusão de multimídia, encadeamento de mensagens numa hierarquia de tópicos, visualização da foto do autor juntamente com o texto, modos diferenciados para usuários novatos e experientes, agrupamento de mensagens por autor, visualização de todo o desdobramento da mensagem, mensagens mais recentes, etc.

D. Mapa

Um dos primeiros software a trabalhar com estruturação em rede e categorização de mensagens foi o gIBIS [Conklin & Begeman, 1988], que é voltado à especificação colaborativa de software. Ele é baseado no IBIS (Issue Based Information System) [Kunz & Rittel, 1970], que propõe a categorização das mensagens em Questão, Posição e Argumentação. Questão é utilizada para propor perguntas e tópicos para discussão; Posição é utilizada para expressar uma opinião e responde a uma questão; e Argumentação é utilizada para fornecer as razões onde se apóiam as posições. No IBIS, além das mensagens serem categorizadas, elas são ligadas umas as outras num hipertexto, e estas ligações também são categorizadas. A Figura 7.11.a mostra as relações entre as categorias no gIBIS.

Questão

Posição Argumentação

Especifica É sugerida por

QuestionaÉ sugerida por

Responde

QuestionaÉ sugerida por

Apóia

É contra a) IBIS b) DRL

Figura 7.11. Modelos de categorização de mensagens

A Figura 7.11.b também apresenta uma outra maneira de categorizar as mensagens, denominada DRL (Decision Representation Language), utilizada no software Sibyl [Lee, 1990]. O principal diferencial do Sibyl em relação ao gIBIS é uma categoria específica para os objetivos da decisão e a representação de suas relações com as alternativas de solução [Lee, 1990]. Desta forma, pode-se escolher a alternativa que melhor atenda aos objetivos, de acordo com a importância de cada um; os participantes podem articular seu raciocínio em cima dos objetivos pelos quais as alternativas serão avaliadas; e a confiabilidade de uma afirmação pode ser propagada pela malha de mensagens. Um outro modelo de categorização de mensagens bastante difundido na literatura é o QOC [Shum & Hammond, 1994].

O QuestMap (http://www.gdss.com) é uma evolução do gIBIS que se baseia na utilização de processos argumentativos para a tomada de decisões de projeto e apresenta um conjunto de categorias mais abrangente. Um exemplo de utilização do QuestMap pode ser encontrado na Figura 7.12. Nesta figura, pode-se observar que uma mensagem de correio eletrônico derivou uma questão: “Qual mídia será usada na propaganda?”. Como propostas de solução a esta questão aparecem três posições (caracterizadas pela categoria Idea): rádio, televisão e Internet. Sustentando ou refutando estas posições aparecem as mensagens de argumentação pró e contra, sendo que um mesmo argumento pode sustentar duas ou mais posições. No exemplo também há uma referência embasando argumentos, uma anotação sobre uma mensagem e uma questão derivada de um argumento.

Figura 7.12. Exemplo de discussão usando o QuestMap

O SISCO [Borges et al, 1999] também faz uso de hipertexto e um conjunto de categorias baseado no IBIS. Seu objeto é que os membros de um grupo possam fazer uma pré-reunião distribuída e assíncrona, de forma a entender as questões envolvidas, identificar previamente posições divergentes, antecipar possíveis conflitos e recolher dados e documentações necessárias. Para facilitar a implementação de uma política de incentivo à utilização da ferramenta, o SISCO dispõe de um mecanismo para valorizar boas contribuições à discussão – os participantes podem marcar as mensagens dos colegas que forem interessantes. Desta forma, é feita uma espécie de ranking dos que contribuíram mais e melhor.

O vIBIS (voting IBIS) [Cesar & Wainer, 1994] integra uma discussão estruturada a um mecanismo de votação para escolha entre as propostas de solução. Também adota um modelo de discussão baseado no IBIS, visando separar questões, posições e argumentações e dificultar algumas estratégias não construtivas para impor idéias, como a repetição do

mesmo argumento para torná-lo mais aceitável. Neste sistema, os problemas são propostos em mensagens Questão, as alternativas de resolução são propostas em mensagens Posição e a sustentação é feita em mensagens Argumentação. Podem ser configuradas a quantidade de turnos e a estratégia de votação e de seleção do vencedor de cada um. A quantidade de turnos pode ser fixa, uma função da quantidade de alternativas ou condicionada ao resultado de turnos anteriores. A estratégia de votação pode ser a seleção de uma alternativa, de um subconjunto, a ordenação em um ranking ou a atribuição de um valor numérico. Com relação à estratégia de seleção do vencedor, pode-se configurar o peso do voto de cada participante, a função que computa a pontuação, e o tipo de resultado, que pode ser um vencedor, um conjunto de vencedores ou um ranking das alternativas. Além disto, ainda podem ser configuradas as datas de início e fim da votação, quem pode votar, quem pode ver o resultado, quando o resultado é mostrado, se a votação é secreta, etc.

O ArguMed [Verheij, 1999] é um sistema para desenvolvimento de argumentações para advogados que utiliza um processo lógico-dedutivo para verificar se as sentenças são justificadas, e possui um esquema de estruturação hierárquica dos elementos. O Quorum-W [Araujo & Fuks, 1995] é utilizado para especificação de sistemas de software e usa um mecanismo de discussão baseado no IBIS e um de decisão baseado em AHP (Analytic Hierarchic Process). O Compedium [Selvin et al., 2001] concilia representação formal e informal do conhecimento, através de uma ferramenta com um mecanismo de comunicação estruturada com base no modelo IBIS.

7.3.3. Exemplos de Ferramentas de Comunicação Síncrona

As ferramentas de comunicação síncronas – Tabela 7.3 – podem ser classificadas em quatro classes: bate-papo (chat), mensageiro (messenger), videoconferência e bate-papo gráfico.

Tabela 7.3. Análise das ferramentas de comunicação síncrona

Ferramenta Classe da ferramenta Relação entre participantes

Linguagem Estruturação do Discurso

mIRC web chats

Bate-papo todos-todos Texto

ICQ Windows Messenger

Mensageiro pessoa-pessoa Texto e Vídeo

CU-SeeMe iSpQ

Videoconferência todos-todos Vídeo

Chat Circles BodyChat

Bate-papo Gráfico todos-todos Representação

gráficas

Linear

As classes das ferramentas de comunicação síncrona, detalhadas a seguir, são exemplificadas com ferramentas de uso genérico. No final desta subseção, são analisadas duas ferramentas específicas: uma para entrevista e outra para brainstorming.

A. Bate-papo (chat)

As ferramentas de bate-papo possibilitam a comunicação simultânea entre vários participantes através da troca de mensagens textuais, sendo que algumas ferramentas possibilitam incluir pequenas figuras no texto e adicionar efeitos sonoros na mensagem. A interface típica do

bate-papo é composta pela lista de mensagens enviadas, uma área para digitação de novas mensagens e a lista dos usuários em comunicação.

a) mIRC

(http://www.mirc.co.uk) b) Bate-papo UOL

(http://www.uol.com.br)

Figura 7.13. Ferramentas de bate-papo

IRC (Internet Relay Chat), desenvolvido em 1988, foi o primeiro sistema de bate-papo da Internet e tornou-se um protocolo padrão de comunicação (IRC RFC). Para utilizar o IRC, é necessário instalar um programa-cliente como o mIRC – Figura 7.13.a – e conhecer alguns comandos textuais para interagir com o sistema. Atualmente existem diversas ferramentas de bate-papo desenvolvidas para Web, também denominadas web-chats, sendo o Bate-papo UOL – Figura 7.13.b – uma das mais conhecidas ferramentas brasileiras de bate-papo na Web.

B. Mensageiro (Messenger)

Os sistemas de mensagem instantânea (instant messenger), ou mensageiros, possibilitam a comunicação simultânea entre duas pessoas (pessoa-pessoa). Nestas ferramentas, o usuário geralmente não conversa numa sala cheia de pessoas desconhecidas, como é o uso típico das ferramentas de bate-papo. Nos mensageiros, cada usuário possui uma lista de contatos onde são cadastrados os amigos e conhecidos que também usam a mesma ferramenta. Em geral, a interface destas ferramentas apresenta a lista de contatos e, ao selecionar uma pessoa cadastrada, abre uma nova janela para a conversação. É possível conversar com várias pessoas em paralelo, cada uma numa janela distinta onde a troca de mensagens é restrita aos dois interlocutores.

a) ICQ (http://www.icq.com)

b) Windows Messenger (http://messenger.microsoft.com)

Figura 7.14. Mensageiros

O ICQ (I seek you) – Figura 7.14.a., criado em 1996, é um dos mensageiros atualmente mais usado. Existem diversos outros mensageiros, sendo que alguns possibilitam, além do envio de mensagens textuais, a transmissão de áudio e vídeo entre os interlocutores: Windows Messenger – Figura 7.14.b, Yahoo! Messenger (http://messenger.yahoo.com) e ICUII - I see you too (http://www.icuii.com).

C. Videoconferência

Os sistemas de videoconferência possibilitam a transmissão de áudio e vídeo entre várias pessoas ao mesmo tempo (todos-todos). Os mensageiros que possibilitam a transmissão de áudio e vídeo podem ser caracterizados como um sistema de videoconferência restrito a duas pessoas (pessoa-pessoa), também denominados de sistemas de videotelefonia. Já os sistemas de teleconferência realizam a transmissão de áudio e vídeo em tempo real de um único ponto para os demais (pessoa-todos), não permitindo a interação entre os usuários. Com o aumento da capacidade de processamento dos computadores pessoais, a integração de recursos multimídia, o barateamento de equipamentos específicos para videoconferência (como a webcam) e com a banda larga, são cada vez mais usados os sistemas de videoconferência baseados em computadores [Bordignon, 2001] – Figura 7.15.

a) CU-SeeMe

(http://www.cuseemeworld.com) b) iSpQ

(http://www.ispq.com)

Figura 7.15. Ferramentas de videoconferência

O vídeo e o som possibilitam aos interlocutores mostrarem objetos e perceberem expressões faciais, a entonação de voz, os gestos e outras informações que são difíceis de se perceber ou de se expressar através apenas do texto digitado.

D. Bate-papo Gráfico

As ferramentas de bate-papo gráfico representam graficamente os usuários num espaço compartilhado; cada participante assume um avatar para interagir num mundo virtual. Há inúmeras maneiras de se representar graficamente os usuários. Chat Circles (Figura 7.16.a) [Viegas & Donath, 1999] faz uso de círculos, Comic Chat (http://www.comic-chat.com) representa personagens numa história em quadrinho, os bate-papos da Sulake (http://www.sulake.com) fazem uso de desenhos animados, Body Chat (Figura 7.16.b)

[Vilhjálmsson & Cassel, 1998] e Active Worlds (http://www.activeworlds.com) fazem uso de realidade virtual.

a) Chat Circles

(http://chatcircles.media.mit.edu) b) Body Chat

(http://www.media.mit.edu/groups/gn/projects/bodychat)

Figura 7.16. Ferramentas de bate-papo gráfico

As ferramentas de bate-papo gráfico buscam enfatizar a presença dos usuários no espaço. Nos bate-papos textuais, apesar de apresentar a lista de participantes, quando a pessoa não envia mensagens sua presença não é tão percebida quanto nos bate-papos gráficos [Oeiras e Rocha, 2000].

E. Ferramentas de Comunicação Síncrona para Atividades Específicas

Todos as ferramentas exemplificadas anteriormente nesta subseção foram projetadas para situações genéricas de comunicação, sendo muito usadas para recreação e socialização. Quando a ferramenta for projetada para ser usada numa atividade específica, o projeto deve levar em consideração as peculiares da atividade a ser mediada pela ferramenta. Como exemplo de possíveis especificações da ferramenta à situação comunicacional, são analisadas as ferramentas de bate-papo ilustradas na Figura 7.17 desenvolvidas especificamente para a realização de entrevista e brainstorming.

a) Entrevista [Xavier, 2003]

b) Eletronic Brainstorming (http://www.groupsystems.com/demos/tools_eb.htm)

Figura 7.17. Ferramentas de bate-papo para atividades específicas

Uma entrevista realiza-se através de perguntas e respostas num diálogo assimétrico. Estas duas principais características foram enfatizadas no projeto da ferramenta Entrevista – Figura 7.17.a. Nesta ferramenta, as mensagens são organizadas em duas regiões distintas: na esquerda ficam as perguntas dos entrevistadores, na região direita ficam as respostas do entrevistado. Esta organização enfatiza a assimetria do diálogo. Na região direita, cada resposta do entrevistado é precedida pela pergunta do entrevistador, o que facilita a identificação do par dialógico pergunta-resposta. Em comparação com as ferramentas de bate-papo tradicionais, a ferramenta Entrevista apresenta-se mais adequada para a realização de entrevistas.

Brainstorming é uma técnica desenvolvida para maximizar a geração de idéias numa reunião. Dentre as principais regras estabelecidas, deve-se eliminar os bloqueios mentais, coibir o senso crítico, fomentar a participação de todos, e evitar discussões que não estejam focadas na tarefa a ser desempenhada. Na técnica brainwritting, uma adaptação do brainstorming, cada membro do grupo escreve suas idéias numa folha de papel, ao invés de expressá-las oralmente, e as folhas ficam sendo revezadas entre os participantes [King e Schlicksupp, 1999]. A ferramenta Eletronic Brainstorming – Figura 7.17.b – implementa a técnica de brainwritting. Nesta ferramenta, quando o participante recebe uma das “folhas”, pode incluir uma nova idéia. A folha é devolvida e o participante imediatamente recebe uma das outras folhas. Eletronic Brainstorming apresenta a funcionalidade mais típica das ferramentas de bate-papo: a troca síncrona de mensagens textuais. Por outro lado, possui funcionalidades específicas para a realização de brainwritting: o autor da mensagem não é identificado e as mensagens são organizadas em páginas distintas, sendo cada página usada por um único participante por vez.

7.4. Uso de Ferramentas de Comunicação num Curso a Distância

Nesta seção, são levantadas algumas questões que devem ser consideradas durante o projeto de ferramentas de comunicação para aplicações específicas no domínio de groupware. São abordadas as investigações realizadas com as ferramentas de comunicação usadas num curso a distância pelo ambiente AulaNet. A dinâmica deste curso e o ambiente AulaNet são apresentados resumidamente na subseção 7.4.1. Em seguida são apresentadas as pesquisas realizadas com as ferramentas de comunicação usadas no curso: a subseção 7.4.2 aborda a ferramenta de comunicação assíncrona Conferências, e a subseção 7.4.3 aborda a ferramenta de bate-papo Debate.

7.4.1. O Ambiente AulaNet e o Curso TIAE

O AulaNet é um ambiente baseado numa abordagem groupware para o ensino-aprendizagem na Web que vem sendo desenvolvido desde Junho de 1997 pelo Laboratório de Engenharia de Software da Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). O AulaNet é um freeware, e está disponível nas versões em português, inglês e espanhol em http://www.eduweb.com.br.

O curso TIAE (Tecnologias de Informação Aplicadas à Educação) é ministrado desde 1998 como uma disciplina do Departamento de Informática da PUC-Rio. A partir do segundo semestre de 1998, este curso vem sendo realizado totalmente a distância pelo

ambiente AulaNet [Lucena & Fuks, 2000]. O objetivo do curso é fazer os aprendizes colaborarem usando as tecnologias de informação, tornando-se educadores baseados na Web [Fuks, Gerosa & Lucena, 2002]. O curso visa construir uma rede de aprendizagem [Harasim et al., 1997] onde o grupo aprende, primordialmente, através das interações dos participantes em atividades colaborativas.

O curso TIAE é organizado em tópicos, sendo um tópico abordado a cada semana. Os aprendizes devem ler os conteúdos selecionados sobre o tópico, realizar pesquisas de aprofundamento, e participar de um seminário onde são discutidas questões específicas sobre o tópico em estudo. O seminário é realizado durante três dias através do serviço Conferências do AulaNet, que funciona como um fórum de discussão que possibilita o encadeamento e categorização de mensagens [Fuks et al., 2002a] – Figura 7.18.

Figura 7.18. Trecho de um seminário no serviço Conferência do AulaNet

O papel de transmitir informações e conduzir as argumentações, que geralmente é atribuído aos mediadores de um curso, no TIAE é compartilhado com os aprendizes. Em cada conferência, um aprendiz é selecionado para desempenhar o papel de seminarista, ficando responsável por elaborar um seminário e três questões a partir das quais a turma desenvolve a argumentação ao longo da semana. Durante este período de argumentação, o seminarista fica responsável por animar e manter a dinâmica da conferência. Para evitar contribuições que não agreguem valor ao grupo, cada mensagem é avaliada e comentada individualmente. Os problemas encontrados nas contribuições são comentados na própria mensagem, geralmente de forma visível a toda a turma, para que os aprendizes entendam onde podiam melhorar e onde acertaram.

Após a discussão na conferência, o tópico em estudo é encerrado com a realização de um debate síncrono, com duração de uma hora, pela ferramenta de bate-papo Debate do AulaNet – Figura 7.19.

Figura 7.19. Trecho de um debate síncrono no serviço Debate do AulaNet

Nos debates do curso TIAE, um aprendiz previamente selecionado desempenha o papel de moderador, tornando-se responsável por: conduzir a sessão propondo questões para discussão; manter o foco na questão proposta evitando que a discussão se disperse ou tome rumos inadequados; cuidar para que o debate não ocorra num ritmo muito exagerado ou monótono; e coordenar os outros aprendizes estimulando a participação de todos. Para apoiar o moderador na coordenação do debate, atuam os mediadores do curso que, dentre outras funções, fazem a abertura e o encerramento formal de cada debate, e avaliam a participação dos aprendizes.

Além das Conferências e do Debate, o TIAE utiliza os serviços Contato com os Docentes, Lista de Discussão e Mensagens aos Participantes. No Contato com os Docentes, as mensagens são enviadas através de correio eletrônico e ficam disponíveis no ambiente para posterior consulta, sendo utilizado no TIAE para contatar privadamente os coordenadores e mediadores do curso. A Lista de Discussão é utilizada para comunicação com toda a turma. Neste serviço quando uma mensagem é postada, além de ser armazenada no ambiente, ela é enviada para a caixa de correio eletrônico de todos os membros do grupo. Os mediadores deste curso utilizam o serviço para enviar mensagens de coordenação, como informes, avisos, novidades, cobranças, entre outras; e os aprendizes para se comunicarem com toda a turma sobre assuntos fora do escopo das Conferências, para algum aviso ou convite. O serviço Mensagens aos Participantes possibilita que os membros do grupo que estejam simultaneamente conectados ao ambiente possam se contatar através de mensagens que se abrem em novas janelas do navegador. No TIAE, ele normalmente é utilizado para comunicação individual entre participantes, solicitação de informação e esclarecimento de dúvidas.

A seguir, na subseção 7.4.2, são apresentados pesquisas e desenvolvimentos realizados com a ferramenta Conferências (comunicação assíncrona), e na subseção 7.4.3, as pesquisas com a ferramenta Debate (comunicação síncrona).

7.4.2. Utilização da Estruturação e Categorização de Mensagens nas Conferências

A estruturação do discurso possibilita aos indivíduos explicitar inter-relacionamentos entre as mensagens. Já a categorização possibilita que os autores, ao elaborar suas mensagens, selecionem a categoria mais adequada dentre um conjunto pré-definido.

A categorização de mensagens do AulaNet não força a adoção de um conjunto de categorias fixo. O docente coordenador pode adequar o conjunto aos objetivos e às características do grupo e das tarefas. A criação, a desativação e a remoção das categorias podem se dar a qualquer momento do curso. O docente também pode alterar as categorias de mensagens já enviadas. Quando isto ocorre, o autor é notificado por correio eletrônico. Ao visualizar as interações de um dos serviços com categorização, os participantes podem verificar para cada mensagem a categoria a qual pertence (entre colchetes), juntamente com seu título, autor e data, conforme pode ser observado na Figura 7.18. Os participantes conseguem assim estimar como está se desenvolvendo a discussão e quais são os prováveis conteúdos das mensagens.

Foram implementados relatórios da utilização das categorias por participantes, de forma a facilitar o refinamento do conjunto e a obter indicativos de características dos participantes e do cumprimento de tarefas, conforme será visto adiante. Mais informações sobre a categorização de mensagens no AulaNet podem ser encontradas em [Fuks, Gerosa & Lucena, 2002b].

A. Evolução da Estruturação e Categorização de Mensagens no TIAE

No primeiro semestre de 2000, quando começaram as experiências com a categorização de mensagens no curso TIAE, as mensagens sobre os conteúdos do curso eram postadas na Lista de Discussão, enquanto as Conferências eram utilizadas para discutir em profundidade outros tópicos que surgissem no decorrer do curso.

As categorias definidas inicialmente foram: Apresentação para a apresentação do participante no início do curso; Seminário e Contribuição sobre o Seminário para a mensagem do seminarista, que iniciava a discussão, e para as contribuições dos demais aprendizes; Problemas Operacionais para relatar problemas; e a categoria Genérica para mensagens que não se enquadrassem em nenhuma das anteriores. Porém, no decorrer do semestre, notou-se que as categorias eram utilizadas basicamente para exposição de idéias e avisos, e não forneciam recursos para o debate dos temas. Para solucionar esta dificuldade e estimular a troca de idéias na Lista de Discussão, foram oferecidas mais três categorias: Questão, Posição e Argumentação, baseadas no IBIS [Conklin & Begeman, 1988]. A Tabela 7.4 mostra a quantidade de mensagens de cada categoria em cada semestre.

Tabela 7.4. Quadro comparativo do uso das categorias nos quatro semestres

Serviço 2000.1 2000.2 2001.1 2001.2 Apresentação (9) Apresentação (12) Apresentação (19) Apresentação (19) Problema Op. (12) Problema Op. (14) Problema Op. (11) Seminário (18) Contrib. Sem. (75) Questão (11) Posição (6) Argumentação (2) Informe (50) Informe (22) Informe (47) Avaliação (18) Monografia (20) Alerta (8) Alerta (35) Pergunta (15) Pergunta (15) Resposta (21) Resposta (16)

Lista de Discussão

Genérica (72) Genérica (20) Genérica (0) Genérica (6) Total 205 134 96 138

Seminário (13) Seminário (15) Seminário (13) Contrib. Semin. (33) Contrib. Semin. (1) Contrib. Semin. (13) Questão (65) Questão (54) Questão (88) Argumentação (129) Argumentação (472) Argumentação (507) Contra-arg. (26) Contra-arg. (37) Contra-arg. (121) Dúvida (7) Esclarecimento (25) Esclarecimento (43) Esclarecimento (77) Caso (2)

Conferências

Genérica (91) Genérica (12) Genérica (15) Genérica (1) Total 91 312 637 820 Total Geral 296 446 733 958

3

Como as novas categorias oferecidas pressupunham mensagens fortemente relacionadas, a linearidade da Lista de Discussão se mostrou um obstáculo. Nela, diferentes tópicos sendo debatidos se intercalam. Com isto, não era possível identificar com clareza sobre qual Questão uma Posição se referia e sobre qual Posição uma Argumentação se referia. A partir do semestre seguinte, a discussão sobre os temas do curso passou a ser feita nas Conferências.

Para cada aula foi criado um novo assunto de conferência de forma a organizar e compartimentalizar a discussão, não misturando mensagens de aulas diferentes. As categorias Seminário, Contribuição sobre Seminário, Questão e Argumentação vieram da Lista de Discussão, sendo que a categoria Argumentação passou a responder diretamente a uma Questão, fornecendo o ponto de vista do autor no título da mensagem e a explicação e argumentos no corpo. Para maior clareza quanto ao objetivo da argumentação, criou-se também a categoria Contra-argumentação com a mesma estrutura da primeira, mas utilizada quando o autor tivesse uma posição contrária. No decorrer do semestre, para tornar mais clara a discussão, decidiu-se, com a ajuda dos aprendizes, oferecer mais duas categorias: Dúvida para perguntas simples que não gerassem debate e Esclarecimento para solucionar dúvidas e mal entendidos.

Na Lista de Discussão, que desta vez foi utilizada basicamente para divulgar as informações de coordenação do grupo, foram adicionadas as categorias Informe para avisos,

Monografia para mensagens relacionadas ao trabalho final e Avaliação para os aprendizes avaliarem o curso e o ambiente. Estas categorias foram escolhidas para englobar as mensagens de coordenação utilizadas pelo mediador e de discussão do andamento do curso, que corresponderam a 96% das mensagens genéricas do semestre anterior.

Neste semestre houve uma diminuição significativa (de 72 para 20) na quantidade de mensagens da categoria Genérica da Lista de Discussão, com a adoção do Informe. Porém, esta categoria foi utilizada para praticamente todos os objetivos, indicando a possibilidade de ela estar genérica demais. Além disto, muitas vezes seu uso se confundiu com outras categorias, como por exemplo, a Monografia.

Em 2001.1, eliminou-se a categoria Dúvida, pois os participantes estavam confundindo-a com Questão, e na Lista de Discussão, para evitar a sobreposição de significados da categoria Informe, foram eliminadas as categorias Monografia e Avaliação. A categoria Informe ficou restrita às mensagens com novas informações ou atividades para o grupo. Uma nova categoria denominada Alerta foi criada para mensagens de avisos sobre prazos, dívidas, cobrança e incentivos. Finalmente, as categorias Pergunta e Resposta foram criadas para que os participantes pudessem resolver dúvidas sobre a metodologia do curso ou fazer alguma pesquisa de opinião ou votação. Devido à satisfação dos docentes com este modelo de categorização e discussão, ele foi mantido no segundo semestre de 2001.

Analisando a Tabela 7.4, nota-se que os aprendizes optaram por discutir os temas do curso através de Questão, Argumentação e Contra-argumentação, os quais tiveram o uso facilitado pelo alinhamento das mensagens. Houve também uma redução significativa de mensagens da categoria Genérica da Lista de Discussão com a adoção das categorias Informe, Alerta, Pergunta e Resposta. No primeiro semestre havia 72 mensagens da categoria Genérica (36% do total), que caiu para 20 mensagens (15% do total) no segundo semestre, para zero no terceiro e para 6 mensagens (4%) no quarto.

Tabela 7.5. Quantidade de mensagens por semestre

Semestre Mensagens Participantes Mensagens por

participante 1999.1 276 15 18.4 1999.2 250 12 20.8 2000.1 296 8 33.6 2000.2 446 10 44.6 2001.1 733 18 43.0 2001.2 958 18 53.2

Conforme observa-se na Tabela 7.5, houve um aumento na quantidade de contribuições em 2000.1, quando foi implantada a categorização de mensagens, e principalmente em 2000.2, quando ela foi associada a uma estruturação da discussão. Segundo a avaliação das mensagens feita pelos mediadores, também houve ganho na qualidade do trabalho do grupo em relação aos períodos anteriores.

B. Efeitos da Estruturação e Categorização de Mensagens

No serviço Conferências do AulaNet, que neste aspecto é similar à Lista de Discussão, pode-se verificar os seguintes elementos de percepção para cada mensagem: indentação, categoria,

título, autor, data e conceito (Figura 7.20). A indentação e a localização vertical transmitem a posição dentro da estrutura da discussão, indicando a qual mensagem cada uma se refere. A categoria ajuda a entender o tipo de relação e de conteúdo, enquanto o título fornece informações mais específicas.

Figura 7.20. Diálogo nas Conferências com mensagens numeradas

Na Figura 7.21 está representada uma estrutura em árvore montada a partir do diálogo mostrado na Figura 7.20. Através da estruturação de mensagens (ligação entre os nós) é possível perceber de qual mensagem cada uma derivou, e a categoria ajuda a identificar o tipo de ligação. Por exemplo, a mensagem 2 está levantando uma questão sobre a 1, que é um seminário, e as mensagens 3, 7, 9 e 14 estão respondendo à questão. Estas características fornecem informações de percepção que ajudam a construir uma visão global da discussão e a identificar os tipos de mensagens e características da discussão.

1

2

Seminário

Questão

14973

Argumentação ArgumentaçãoArgumentaçãoArgumentação

17

16

15

12

1311

108

6

5

4

Argumentação

Contra-ArgumentaçãoArgumentação

Argumentação

Argumentação

Questão

Contra-Argumentação

Argumentação

Argumentação

Contra-Argumentação

Contra-Argumentação

Figura 7.21. Árvore correspondente à discussão da Figura 7.20

Com relação à comunicação, a categorização de mensagens fornece um novo elemento para a linguagem. Como os participantes conhecem as categorias disponíveis e suas definições, uma parte do que o autor teria que escrever, caso não utilizasse a categorização,

estará implícito na semântica da categoria, tornando as mensagens mais concisas. Isto é especialmente útil nas ferramentas de comunicação síncronas. Muitos bate-papos já utilizam uma forma de categorização, geralmente implementada através de ícones, para representar sentimentos dos participantes.

Outra contribuição que a categorização traz para a concisão das mensagens é a restrição de seu escopo. Por exemplo, se a categoria escolhida para uma mensagem foi Questão, o autor fica limitado a fornecer as informações necessárias para propor um único tópico ou pergunta para discussão. Para outros objetivos, ele tem que criar novas mensagens.

Além de limitar o escopo, as categorias sugerem uma estrutura interna pré-estabelecida para a elaboração das mensagens. Por exemplo, a categoria Argumentação do TIAE demanda que a posição do autor seja explicitada no título da mensagem e os argumentos no corpo. Esta ‘forma’ para a elaboração das mensagens desfavorece textos longos, repetitivos e sem conteúdo suficiente, visto que o autor deve ‘rechear’ a estrutura pré-estabelecida. Isto facilita a interpretação das mensagens, pois os participantes terão uma noção das estruturas utilizadas e do posicionamento das informações desejadas. A escolha do grau de rigidez a ser utilizado deve ser projetada de forma a refletir as necessidades e características do grupo.

Através de relatórios ou da própria relação de mensagens, pode-se inferir características dos indivíduos. Por exemplo, se um indivíduo posta muitas mensagens com a categoria Questão, talvez seja questionador ou tenha dúvidas; muitas mensagens de Argumentação, bem articulado no assunto em questão. A categorização também ajuda a identificar a realização de determinadas tarefas. Por exemplo, se os participantes têm que se apresentar ao grupo por uma mensagem com a categoria Apresentação, através de um relatório é facilmente identificável quem já utilizou esta categoria e, conseqüentemente, cumpriu a tarefa. No AulaNet foi implementado um relatório que mostra a quantidade de mensagens que cada participante enviou em cada uma das categorias.

A estruturação e a categorização de mensagens também ajudam a organizar o espaço compartilhado de informações, que mantém o registro da comunicação. Como boa parte das decisões e idéias passam pela comunicação entre os participantes, mantendo-se um registro organizado, facilita a posterior recuperação das razões pelas quais as decisões foram tomadas e das origens das idéias.

A categorização de mensagens também pode auxiliar na tomada de decisões. Com as categorias adequadas, é possível separar o problema (Questão) das alternativas (Posição) e seus fundamentos (Argumentação). Desta forma, pode-se debater separadamente os argumentos, e aquelas posições cujos argumentos foram refutados pelo grupo deixam de ser consideradas. Para concluir a decisão sobre as alternativas restantes, pode-se valer de um mecanismo de votação.

A estruturação e a categorização de mensagens ajudam a evitar a sobrecarga de informação. A categoria atua como uma informação de percepção sobre o conteúdo e o contexto da mensagem. No curso TIAE, o nome das categorias, durante os quatro semestres analisados, teve em média 13 caracteres, enquanto o título das mensagens teve em média 34 e

o corpo 838. Apesar de normalmente não ser tão descritiva quanto o título, e muito menos como o conteúdo, a categoria é mais rápida de ser identificada.

A categorização também reduz os efeitos de um problema recorrente que é a má elaboração de títulos. Muitas vezes os títulos não refletem o conteúdo ou simplesmente repetem o título da mensagem a que estão se referindo. Isto leva o leitor a ter que abrir o conteúdo da mensagem para identificar sobre o que esta se trata. A categoria atua dando intenção ao título.

A categorização de mensagens também favorece o foco da discussão, restringindo o escopo das mensagens e reduzindo o tamanho do texto das mesmas. Com isto, reduz-se a dispersão do assunto e os participantes podem aprofundar o debate dos temas com menos interferência de sobreposição de tópicos, desentendimentos e informações desconexas ou repetitivas. Nas Conferências do curso TIAE, quando não havia categorização de mensagens, o tamanho médio das mensagens era 923 caracteres (2000.1). Após a implantação da categorização, o tamanho médio foi 894 caracteres em 2000.2, 677 em 2001.1 e 824 em 2001.2. Ou seja, houve uma redução média de 14%.

Se a categoria for relacionada ao tema da mensagem, ela pode ser usada para compor filtros para que o indivíduo selecione como e quais informações deseja receber. Por exemplo, um participante pode desejar ser notificado imediatamente sobre novas mensagens enviadas com a categoria Java; que as de Pascal só sejam exibidas quando demandadas; e que as de Basic não sejam nem listadas. A estruturação da discussão também pode auxiliar na construção destes filtros. Por exemplo, um participante, ao notar que a discussão sobre certa questão começou a tomar um rumo que não lhe interessa, colapsa a ramificação da discussão correspondente.

Apesar de no TIAE as categorias terem sido escolhidas de forma a expressar a finalidade e os tipos de relacionamentos das mensagens, pode-se optar por conjuntos que expressem outras características, por exemplo: assunto – Matemática, Física, Biologia, etc.; tipo – Texto, Referência Web, Programa, etc.; atividade relacionada – Prova X, Trabalho Y, Tarefa Z, etc.; sentimentos – Alegria, Tristeza, Raiva, etc.; papel do autor – Animador, Consultor, Analista, etc. Cabe ao coordenador do grupo definir que tipo de característica é melhor expressar e, a partir daí, construir um conjunto de categorias adequado ou basear-se em algum descrito na literatura, como por exemplo o IBIS, DRL ou QOC, abordadas na seção 7.3.2.

7.4.3. Ferramentas de bate-papo para Debates

Boa parte dos cursos a distância que atualmente se realiza pelas redes de computadores é constituída apenas de conteúdo expositivo. Dentre as tendências de pesquisa e desenvolvimento sobre aprendizagem e Internet na América Latina, identifica-se a continuidade de investigação dos usos da Internet na concepção tradicional de ensino; apesar da disposição à mudança, o que vem ocorrendo são “pseudo-inovações reduzindo as novas possibilidades abertas pelo uso das tecnologias à simples otimização das práticas tradicionais” [Nevado et al., 2002: 67]. Mesmo nos cursos que fazem uso de um ambiente colaborativo, geralmente é feito uso somente das ferramentas de comunicação assíncrona: correio eletrônico, lista e fórum de discussão. São estas as ferramentas que possibilitam a leitura e a

produção de textos formais, atividades que favorecem a reflexão e que sempre foram reconhecidas como educacionalmente válidas. Uma ferramenta de bate-papo, quando disponível num curso, em geral não é usada de forma integrada às atividades curriculares, constitui-se num espaço à parte destinado à livre recreação e socialização. Assim como o diálogo sempre foi repudiado nas salas de aula, o bate-papo tem sido evitado nos cursos a distância.

Dentre as potencialidades do uso educacional das ferramentas de bate-papo, identifica-se a constituição de um espaço para explorar novos modelos educacionais onde há ausência de conteúdo expositivo, alta dialogicidade e descaracterização do professor como detentor do conhecimento e da palavra, sendo transformado num coordenador do debate entre os aprendizes. Identifica-se que a conversação informal, típica desta ferramenta, possibilita o aprendiz perceber melhor o outro e se perceber melhor como parte do grupo. Proporciona um espaço para as emoções onde é possível sorrir, zangar, ficar à vontade ou nervoso, orgulhar-se do que foi aprendido e perguntar sobre o que não entendeu – emoções que diminui a sensação de impessoalidade e isolamento. O uso contínuo e integrado das ferramentas de bate-papo às atividades educacionais constitui-se numa forma de manter os alunos motivados e engajados para garantir o sucesso e continuidade dos cursos a distância [Pimentel et al., 2003b].

Dentre as principais limitações do uso educacional das ferramentas de bate-papo, identifica-se a confusão da conversação. Os participantes dos debates síncronos do curso TIAE, embora empolgados com a atividade “diferente e interessante” costumam caracterizar a conversação como sendo um “caos”, “falatório”, “bagunça”, “loucura”, “correria”, “tiroteio”, um “bombardeio de mensagens”.

Nesta subseção são apresentadas as pesquisas desenvolvidas visando diminuir a confusão da conversação nas ferramentas de bate-papo usadas para a realização de debates como os do curso TIAE. Procura-se resolver, especificamente, o problema de comunicação denominado perda de co-texto, abordado a seguir. Depois são apresentadas duas ferramentas desenvolvidas para tentar diminuir o problema.

A. Perda de Co-Texto

Numa sessão de debate com vários participantes conversando ao mesmo tempo, o resultado é um emaranhado de mensagens onde, em muitas situações, é difícil identificar quem está falando com quem sobre o quê – este problema foi denominado perda de co-texto3 [Pimentel et al., 2003a; Pimentel e Sampaio, 2001a]. A inspiração inicial para a identificação da perda de co-texto foi a percepção de que o texto resultante de uma sessão de bate-papo apresenta características semelhantes ao texto de um hipertexto: ambos são não-lineares. Esta semelhança suscitou investigar se em uma sessão de bate-papo também ocorreria um problema semelhante ao clássico problema de hipertexto: desorientação ou perda no

3 “Co-texto” designa texto ao redor, o que está escrito antes ou após um enunciado e que fornece elementos para compreendê-lo. É um termo usado na Lingüística numa tentativa de solucionar a ambigüidade da palavra contexto, que possui sentido mais amplo podendo fazer referência a ambientes tanto lingüísticos quanto situacionais [Crystal, 1985].

hiperespaço [Conklin, 1987]. E, de fato, alguns participantes sentem-se perdidos na sessão de bate-papo, como se pode identificar no fragmento transcrito no Texto 7.1.

24 <Liane> Director, até onde eu sei é um software de autoria e não Groupware

26 <Pablo> No meu entendimento software de autoria contribui para um groupware

30 <Liane> Acredito que é o contrario, groupware pode ajudar no processo de autoria pois pode facilitar o processo de comunicação entre os componentes da equipe

31 <Humberto> Contrario de que Liane, me perdi

Texto 7.1. Manifestação da perda de co-texto durante o debate (mensagem 31) Fonte: Debate 1 do curso TIAE 2000.1. Neste debate, foram produzidas 289

mensagens emitidas por 9 participantes.

Perda de co-texto designa o fenômeno que ocorre numa sessão de bate-papo quando um participante não consegue identificar o encadeamento da conversação. Por exemplo, no fragmento transcrito no Texto 7.1, era necessário identificar que a mensagem 30 de Liane estava contra-argumentando a mensagem 26 anterior. Humberto não identificou esta associação e manifestou sua perda de co-texto na mensagem 31. Outro exemplo é apresentado no Texto 7.2. Na mensagem 166, Liane escreve “Concordo” em relação à afirmação contida na mensagem 163. Contudo, Liane poderia estar concordando com diversas outras declarações anteriores e Marcelo teve dificuldade para identificar que mensagem especificamente Liane estava referenciando e, assim, manifestou sua perda de co-texto na mensagem 167.

148 <Liane> Eu particularmente acho que ainda não consiguimos "alinhar as idéias"

163 <Humberto> Respondendo a Liane lá no alto: Vai demorar muito até alinharmos as nossas ideias

166 <Liane> Concordo...

167 <Marcelo> com o que, Liane?

Texto 7.2. Perda de co-texto manifestada na mensagem 167 Fonte: Debate 1 do curso TIAE 2000.1

De um texto linear e bem organizado, como geralmente são os textos de livros, artigos e revistas, espera-se encadeamento, concatenação, seqüência, apresentação de informações sobre um eixo de sucessividade. Embora um texto não seja somente um encadeamento de enunciados, é este encadeamento que fornece ao texto maior legibilidade. Diferentemente do texto linear e bem organizado, o texto de uma sessão de bate-papo é não-linear. A linearidade de uma sessão de bate-papo é definida como o percentual de mensagem que estabelece encadeamento com a mensagem imediatamente anterior. A não-linearidade é o complemento deste percentual.

1 <Pablo> Quero começar pedindo que vocês comentem sobre a observação que fiz sobre o Aulanet ser ou não groupware.

2 <Marcelo> Pablo, existe alguma dúvida?

3 <Pablo> Se ninguém tem dúvida, vamos ao outro ponto.

4 <Geraldo> Na minha opnião o AulaNet é um groupwear visto que o objetivo dele é facilitar a comunicação, cooperação e coordenação entre as pessoas.

Texto 7.3. Exemplo de mensagem não-linear numa sessão de bate-papo Fonte: Debate 1 do curso TIAE 2000.1

Como exemplificado no fragmento de debate transcrito no Texto 7.3, as mensagens 2 e 3 estabelecem linearidade porque estão relacionadas com a mensagem imediatamente anterior; já a mensagem 4 estabelece não-linearidade porque está associada com uma mensagem localizada a 3 posições anteriores.

Para caracterizar a não-linearidade de uma sessão de debate, deve-se analisar toda a conversação procurando-se identificar as associações entre as mensagens para modelar a conversação sob a estrutura hierárquica como apresentada na Figura 7.22, que representa o resultado da análise iniciada no Texto 7.3. Durante a análise, uma nova árvore de conversação é iniciada sempre que for identificada uma mensagem sem associação com as mensagens anteriores [Pimentel e Sampaio, 2002; 2001b].

12 3

4

Figura 7.22. Associações entre mensagens de uma sessão de debate

Os nós representam as mensagens e as arestas representam os encadeamentos da conversação. Fonte: Debate 1 do curso TIAE 2000.1.

A partir da floresta que representa os encadeamentos da conversação, calcula-se a distância entre as mensagens associadas (posição da mensagem-filho menos a posição da mensagem-pai) para obter a distribuição apresentada na Figura 7.23 a partir da qual calcula-se a linearidade e não-linearidade da sessão de debate. Os debates analisados apresentam alta não-linearidade.

Num total de 256 mensagens, 58 mensagensestabelecem linearidade (distância = 1).Este debate foi 23% linear e 77% não-linear

freqüênci

a d

e m

ensa

gens

distância de associação

Distância Média = 6,4

TIAE2000.1- debate 1 TIAE2000.1 - debate 581% não-linear

91% não-linear

90% não-linear

INED2001.1 - debate 5

INED2001.1 - debate 1

Figura 7.23. Alta não-linearidade das sessões de debate

Confluência tópica

(sobreposição de 6 ondas de assunto)

Alternância dos tópicos

(troca de assunto a cada 2,8 mensagens) Paralelismo dos tópicos

(em média, 2 assuntos em paralelo)

Figura 7.24. Ondas de assunto gerando confluência tópica Fonte: Debate 1 do curso TIAE 2000.1

A não-linearidade do bate-papo também possibilita a confluência de tópicos: diferentes tópicos são discutidos em paralelo, alternadamente – Figura 7.24. Quanto maior for a confluência de tópicos, maior o potencial para ocorrer a perda de co-texto.

Perante uma perda de co-texto, o participante procura o co-texto nas mensagens anteriores. Se conseguir identificá-lo rapidamente, a conversação prossegue como se nada tivesse acontecido e, neste caso, a perda de co-texto não implica em problemas para a conversação. Se o participante não identificar rapidamente o co-texto e continuar o procurando nas mensagens anteriores, irá consumir tempo e esforço, poderá dispersar sua atenção e perder o ritmo da conversação – enquanto ficar procurando o co-texto, outros estarão dando continuidade à conversação. Se o participante desistir de procurar o co-texto e não manifestar sua perda, poderá não compreender partes da conversação. Se o participante manifestar sua perda de co-texto, um outro participante pode enviar uma nova mensagem para tentar indicar o co-texto não identificado. Eventualmente o participante que perdeu o co-texto poderá identificar o co-texto e manifestar sua compreensão. Todas estas mensagens decorrentes do processo de negociação para compreensão da conversação, embora necessárias para resolver uma perda de co-texto, provocam disfluência da conversação [Shriberg, 1994]: não contribuem para o desenvolvimento tópico interrompendo o fluxo informacional.

Para caracterizar a freqüência com que ocorre a perda de co-texto, foram analisados os debates realizados em duas edições do curso TIAE. O registro de cada debate foi analisado procurando-se identificar as situações em que a perda de co-texto foi manifestada pelos participantes. Os dados são apresentados na Figura 7.25.

12131110987654321

TIAE 2000.1

87654321

TIAE 2002.1

12345678perdas de

co-texto

debates debates Figura 7.25. Perdas de co-texto nos debates de duas edições do curso TIAE

Nestes debates ocorreram poucas situações de perda de co-texto: em média, 2 situações por debate (aproximadamente 1 situação a cada 217 mensagens). Não se deve concluir, a partir destes dados, que a perda de co-texto é um fenômeno esporádico. Afinal, nem toda perda de co-texto é manifestada textualmente – muitos participantes não manifestam perda de co-texto para não atrapalhar a fluência da conversação.

Outra informação obtida a partir dos dados é a diminuição, ao longo das sessões de debate, das situações em que a perda de co-texto é manifestada. Há duas interpretações para este fato. A primeira é que, ao longo das sessões de debate, o grupo adquire experiência, aprende a interagir e a conversar melhor. Com o tempo, os participantes desenvolvem estratégias para acompanhar os debates e aprendem a referenciar melhor suas mensagens tornando-as menos ambíguas – o que explica, em parte, a diminuição da perda de co-texto. Outra interpretação é que ao longo dos debates, os participantes aprendem a tolerar melhor o fenômeno diminuindo as manifestações da perda de co-texto. Ainda que a perda de co-texto

diminua ou se torne mais tolerável ao longo dos debates, este fenômeno não chega a desaparecer por completo mesmo após várias sessões de debate.

B. Efeitos de Threads e Técnicas de Conversação nos Debates

Para tentar diminuir a confusão da conversação, que pode ser indiretamente observada pelas manifestações de perdas de co-texto, foram desenvolvidas duas ferramentas de bate-papo – HiperDiálogo e Mediated Chat 2 – apresentadas a seguir.

§ Ferramenta de Bate-papo HiperDiálogo

Na maioria das ferramentas de bate-papo, a estrutura do discurso é linear. A ferramenta HiperDiálogo [Pimentel, 2002] – Figura 7.26 – organiza as mensagens através de linhas de diálogo (threads, mecanismo usado nos fóruns de discussão). Nesta ferramenta, as associações entre as mensagens são estabelecidas explicitamente pelos próprios participantes durante a conversação (o participante seleciona a mensagem a que está respondendo). Além da organização cronológica (Vista Cronológica), a ferramenta apresenta as mensagens organizadas associativamente (Vista Associativa). Nesta nova organização, o que fica em evidência são as seqüências textuais, a maneira com que os diálogos estão sendo encadeados na conversação. Numa linha de diálogo isolada, a conversação fica totalmente linear, pois cada mensagem está associada com a mensagem imediatamente anterior.

VistaCronológica

VistaAssociativa

MensagemSelecionada

Lista deParticipantes

Área para digitarnovas mensagens

Figura 7.26. Ferramenta de bate-papo HiperDiálogo

A ferramenta HiperDiálogo foi usada no curso INED (Introdução à INformática na EDucação), disciplina ministrada no Mestrado em Informática do Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (NCE – UFRJ). Neste curso foram usadas, em sessões distintas e intercaladas, a ferramenta HiperDiálogo e uma outra ferramenta típica de bate-papo (sem encadeamento de mensagens). Nesta avaliação, 11 participantes puderam comparar as ferramentas ao longo de 5 sessões de debate, com duração de aproximadamente 50 minutos cada sessão, onde foram produzidas aproximadamente 173

mensagens em cada debate. Ao contrário do que era esperado, ainda ocorreram perdas de co-texto nos debates em que a ferramenta HiperDiálogo foi utilizada, conforme os dados apresentados na Figura 7.27.

54321

INED 2001.1

1234perdas de

co-texto

perdas de co-texto ocorridasna ferramenta de bate-papo típica

perdas de co-texto ocorridasna ferramenta HiperDiálogo

521 43 Figura 7.27. Perdas de co-texto nos debates do curso INED2001.1

Ao investigar as perdas de co-texto manifestadas nos debates 3 e 4 (debates em que a ferramenta HiperDiálogo foi usada), constatou-se que as perdas de co-texto só ocorreram para as mensagens em que o emissor não estabeleceu associação para a mensagem referente. Quando as mensagens não são adequadamente associadas, ocorre problema semelhante ao das ferramentas com organização cronológica: um confuso emaranhado de mensagens que potencializa a perda de co-texto. A omissão ou o erro de uma associação significa fornecer ao leitor uma informação errada – isto pode desnorteá-lo na interpretação da mensagem ou gerar indisposição para tentar compreendê-la. Quando as mensagens são associadas de forma inadequada, as linhas de diálogo tornam-se inúteis e podem dificultar ainda mais a identificação do co-texto.

O que se concluiu da avaliação realizada com o uso da ferramenta HiperDiálogo é que as linhas de diálogo ajudam a diminuir a perda de co-texto desde que as associações entre as mensagens sejam corretamente estabelecidas. Também se conclui que o encadeamento da conversação torna o bate-papo mais formal e degrada a fluência da conversação. Este mecanismo é útil para atividades em que a compreensão da conversação é altamente desejável, como suposto nos debates sobre tópicos de uma disciplina; mas o uso de linhas de diálogo não parece adequado para as atividades de socialização e recreação onde são desejáveis a informalidade e a fluência da conversação.

§ Mediated Chat 2.0

Além da não-linearidade do debate, outros fatores podem ser levantados como possíveis causas da perda de co-texto – dentre eles, certas características do grupo como a quantidade de participantes, a taxa de produção de mensagens, e a coordenação da conversação. Visando possibilitar uma melhor coordenação do debate, foi desenvolvida a ferramenta Mediated Chat 2.0 [Rezende, 2003] – Figura 7.28. Esta ferramenta implementa algumas técnicas de conversação em grupo: contribuição livre, onde qualquer participante pode emitir uma mensagem a qualquer momento; contribuição circular, onde os participantes são organizados em fila e cada participante envia uma mensagem quando chegar a sua vez de ser atendido na fila; e contribuição única, onde cada participante pode enviar uma única mensagem a qualquer instante.

Lista deMensagens

VistaAssociativa

Uso da técnicaContribuição Única

Lista deParticipantes

Área para digitarnovas mensagens

Técnicas deConversação

Figura 7.28. Mediated Chat 2.0 (interface dos mediadores)

A ferramenta Mediated Chat 2.0 foi utilizada no curso TIAE 2002.2 (segundo semestre de 2002), onde foram realizados 8 debates, com duração de aproximadamente 50 minutos cada sessão, e estavam presentes, em média, 10 participantes que produziram aproximadamente 364 mensagens por debate. Para que fossem usadas as técnicas de conversação implementadas na ferramenta Mediated Chat 2.0, modificou-se a dinâmica dos debates do curso TIAE 2002. Na nova dinâmica, o moderador deveria apresentar uma questão; em seguida, cada participante deveria enviar uma mensagem comentando a questão (através de contribuição circular); após todos os participantes comentarem a questão, eles votariam no comentário que deveria ser discutido (contribuição única); então todos discutiriam livremente o comentário eleito (contribuição livre). Este ciclo – questão, comentários, votação, e discussão livre – se repetiria a cada nova questão apresentada pelo moderador. Em cada debate, o moderador deveria apresentar apenas 3 questões (relacionadas às questões enviadas na Conferência).

Seguindo a dinâmica planejada para os debates do curso TIAE 2002.2, a ferramenta Mediated Chat 1.0 (Figura 7.19) foi usada nos 4 primeiros debates, e a ferramenta Mediated Chat 2.0 foi usada nos 4 últimos debates. Os dados sobre as perdas de co-texto ocorridas nos debates deste curso são apresentados na Figura 7.29.

54321

TIAE 2002.2

1234perdas de

co-texto

perdas de co-texto ocorridasna ferramenta Mediated Chat 1.0

perdas de co-texto ocorridasna ferramenta Mediated Chat 2.0

6 7 8

5 6 7 84321 Figura 7.29. Perdas de co-texto nos debates do curso TIAE 2002.2

A ferramenta Mediated Chat 2.0 foi usada nos debates 5, 6, 7 e 8, e ainda assim ocorreram manifestações de perda de co-texto

Embora ainda tenham ocorrido perdas de co-texto nos debates do curso TIAE 2002.2, em média ocorreu apenas metade das perdas de co-texto dos debates realizados em edições anteriores. Este fato indica que a dinâmica usada nos debates deste curso, efetivada através das técnicas de conversação implementadas na ferramenta Mediated Chat 2.0, ajudam a organizar a conversação e diminuem as perdas de co-texto. Ao analisar as perdas de co-texto ocorridas naqueles debates, constatou-se que elas ocorreram somente na fase de conversação livre – não ocorreram perdas de co-texto durante as fases de apresentação da questão, envio de contribuições e votação. É justamente na fase de conversação livre que a conversação se ramifica surgindo os tópicos que vão sendo discutidos em paralelo, característica que potencializa a perda de co-texto. Nas outras fases, a conversação é bem focada e o encadeamento da conversação é conhecido – o que potencialmente diminui a ocorrência da perda de co-texto.

Os resultados até agora obtidos com o uso das ferramentas HiperDiálogo e Mediated Chat 2.0 indicam que o uso de linhas de diálogo e o uso de técnicas de conversação ajudam a diminuir a ocorrência da perda de co-texto aumentando a compreensão da conversação. Contudo, estes mecanismos resolvem apenas parcialmente o problema. Em trabalhos futuros espera-se investigar outros mecanismos, tal como a imposição de limitações na quantidade de mensagens enviadas ao longo do debate.

7.5. Projeto de Comunicação no Ambiente AulaNet

O objetivo desta seção é abordar alguns aspectos de implementação das ferramentas de comunicação e sua integração numa aplicação groupware. Como exemplo, na subseção 7.5.1 é apresentado como as ferramentas de comunicação estão implementadas na atual arquitetura do AulaNet e quais os principais problemas da atual arquitetura deste ambiente. Em seguinte, na subseção 7.5.2 é apresentada a nova arquitetura para a qual o ambiente AulaNet está evoluindo visando resolver alguns dos problemas identificados.

7.5.1. Arquitetura do Ambiente AulaNet 2.0

O AulaNet 2.0 funciona numa arquitetura cliente-servidor – Figura 7.30. Para acessar o ambiente, basta um computador conectado à Internet e um navegador (browser).

Dependendo dos arquivos que compõem os conteúdos dos cursos em que o usuário participa, deverão ser instalados plugins em seu navegador.

Servidor

ClienteNavegador

ClienteNavegador

AulaNet

Internet

Figura 7.30. Arquitetura cliente-servidor do AulaNet 2.0

A Figura 7.31 apresenta a arquitetura do Servidor AulaNet 2.0. Esta versão é baseada em servlets, que são classes Java instanciadas pelo servidor Web para receber as requisições dos usuários, tratá-las e gerar dinamicamente as páginas de resposta.

AulaNet

ConteúdoWeb

Java

AplicaçõesServlets

Scriba

Servlets eClasses Java

PáginasHTML

Servidor deDebate

Servidor dePresença

BD

Figura 7.31. Arquitetura do servidor AulaNet 2.0

O AulaNet foi desenvolvido com a tecnologia Scriba [Blois, 1999], que é um servlet para intermediar toda a comunicação do cliente com o servidor. O Scriba oferece uma linguagem própria a ser embutida nos arquivos HTML para possibilitar, entre outras facilidades, chamadas a classes implementadas em Java, acesso a banco de dados e definição de variáveis para armazenamento temporário de dados. Além do servidor Web, no servidor AulaNet também rodam aplicações Java que implementam os serviço de comunicação síncrona (que não fazem uso do protocolo http), acessados pelos clientes através de applets executados no navegador. Os outros serviços do AulaNet são implementados por páginas HTML com código Scriba embutido, classes Java e uma base de dados cujo acesso se faz através de uma ponte JDBC-ODBC. A Figura 7.32 esquematiza como o serviço de Conferências foi projetado na arquitetura do AulaNet 2.0.

Serviço de Conferências

Conteúdo Web Classes

responder

RegistrarMensagem

Conteúdo deMensagem

NovaMensagem

ListarMensagens

ListarConferências

AvaliarMensagem

avaliarselecionarmensagem

selecionarconferência

enviar

ApresentarMensagem

ListarMensagens

ListarConferências

AvaliarMensagem

ListarConferências

Criadas

IncluirConferência

ListarMensagens

ListarConferências

selecionarconferência

Mediador

Aprendiz

ConfiguraçõesGerais doAulaNet

Coordenador

Administrador

Scriba

BD

Figura 7.32. Projeto do serviço de Conferências na arquitetura AulaNet 2.0

O Scriba foi a tecnologia de base usada para a estruturação do ambiente AulaNet. Quando o Scriba foi desenvolvido, a Sun Microsystems ainda não havia distribuído a tecnologia JSP que tem funcionalidades semelhantes às do Scriba. A utilização de uma tecnologia proprietária como o Scriba dificulta a integração de novos membros à equipe de desenvolvimento e dificulta o desenvolvimento de novos produtos. Outro problema na arquitetura atual do AulaNet é a disseminação de código em arquivos HTML e classes Java. Os arquivos HTML com comandos Scriba recorrem a classes implementadas em Java para funções mais complexas. Esta disseminação de código entre as diferentes linguagens e arquivos dificulta a manutenção do ambiente. As classes Java implementam as funções específicas de cada página. Desta forma, apesar de terem sido desenvolvidas utilizando uma linguagem orientada a objetos, estas classes se comportam com uma biblioteca de funções, o que se assemelha ao paradigma de programação funcional [Cousineau, 1998]. O uso da tecnologia Scriba, a baixa modularidade (disseminação de código) e o uso do paradigma funcional (ao invés da orientação a objetos) são considerados os problemas mais graves da arquitetura e implementação do AulaNet 2.0.

7.5.2. AulaNet 3.0: Arquitetura Distribuída, Orientação a Objetos, Componentes e Serviços

Para resolver os problemas levantados na subseção anterior, está sendo desenvolvida a versão 3.0 do ambiente AulaNet que faz uso de uma arquitetura distribuída – Figura 7.33.

ServidorCliente

Navegador

ClienteNavegador

Núcleo AulaNet

Internet

Serviço 1

Servidor

Serviço 2

Figura 7.33. Arquitetura distribuída

Na arquitetura proposta, o AulaNet é constituído de serviços que se conectam a um núcleo principal, conforme esquematizado na Figura 7.34. Os serviços exemplificados nesta figura virão com o AulaNet 3.0 podendo ser alterados, substituídos ou removidos do ambiente, como também poderão ser incluídos os novos serviços que forem sendo desenvolvidos. Os serviços serão desenvolvidos através de componentes seguindo o paradigma orientado a objetos.

Serviços do AulaNet

Serviços de Administração

Serviços de Colaboração

CoordenaçãoComunicação Cooperação

Quadro Branco

Troca de Arquivos

DocumentaçãoPlano de Aulas

Avaliação

Debate

Mensageiro

Videoconferência

Conferência

Lista de Discussão

Contato c/ Docente

Tarefas

SíncronaAssíncrona

Gerenciador de Usuários

Gerenciador de Cursos

Gerenciador de Interface

Reporte de Erros

Configuradorde Serviços

Núce

lo A

ula

Net

Figura 7.34. AulaNet 3.0: Arquitetura baseada em serviços

A Figura 7.35 exemplifica como o serviço Conferências é projetado para esta nova arquitetura. O núcleo AulaNet contém componentes para lidar com funcionalidades gerais a todos os serviços. O Gerenciador de Serviços gerencia o acoplamento e configuração dos serviços do ambiente; cuida de questões como instalação de serviços, controle de versões, localização remota, etc. O Gerenciador de Segurança cuida da identificação, autenticação e controle de acesso (permissões) dos usuários. O Gerenciador de Sessão cuida da persistência de dados entre as chamadas de um mesmo usuário. Os Componentes de Interface devem ser usados pelos serviços para montar a interface com o usuário. Estes componentes implementam os padrões de interface do AulaNet e gerenciam os textos a serem apresentados num determinado idioma e que podem ser modificados pelo administrador do AulaNet na instituição. Os Componentes do Domínio contém objetos que representam o modelo de dados comum entre os serviços, contendo objetos como aprendiz, docente, curso, turma, matrícula, etc.

J2EE

NúcleoAulaNet

Serviço de Conferência

Conteúdo WebCompo-nentes

responder

Gerenciadorde Segurança

Conteúdo deMensagem

NovaMensagem

ListarMensagens

ListarConferências

AvaliarMensagem

avaliar

selecionarmensagem

selecionarconferência

enviar

Gerenciadorde Sessão

Gerenciadorde Serviços

Componentesde Interface

ListarMensagens

ListarConferências selecionar

conferência

Mediador

Aprendiz

ConfiguraçõesGerais doAulaNet

Coordenador

Administrador

BD

Componentesde Domínio

Conteúdo EJB

Conferência BDMensagem1 *

Figura 7.35. Projeto do serviço Conferências na arquitetura do AulaNet 3.0

Com a nova arquitetura orientada a serviços, componentes e objetos, disponibilizando um núcleo comum aos diversos serviços do AulaNet, pode-se adicionar, remover e substituir componentes por versões mais robustas ou que sejam mais apropriadas ao hardware, ao sistema operacional ou a produtos legados com os quais o ambiente tenha que operar. Além disto, os serviços do AulaNet podem estar distribuídos em várias máquina visando melhorar a performance ou facilitar o acesso ao recurso. De acordo com Clements [1995], da mesma forma que as sub-rotinas liberam o programador de pensar sobre detalhes de implementação, a Engenharia de Software Baseada em Componentes desloca a ênfase da programação para a composição de sistemas de software. O desenvolvimento baseado em componentes possibilita alta modularidade, o que facilita equipes externas ao projeto AulaNet, como pesquisadores de outras instituições, desenvolverem e adquirem novos serviços e incorporá-los ao ambiente. Esta abordagem também aumenta o reuso e a qualidade do software.

7.6. Conclusão

A complexidade do trabalho em grupo faz emergir uma variedade de ferramentas. Neste texto foram dados alguns subsídios para a elaboração de projetos de ferramentas de comunicação.

Este trabalho inicia com a apresentação de um modelo de colaboração, baseado nos conceitos de comunicação, coordenação e cooperação. Foram enfatizados os aspectos de comunicação em grupo e de seu suporte computacional. Foram apresentadas as principais classes de ferramentas de comunicação, sendo analisados alguns exemplos de ferramentas de comunicação assíncrona e síncrona. O ambiente AulaNet e o curso TIAE foram usados para

exemplificar aspectos que devem ser levados em consideração num projeto de ferramentas de comunicação específicas numa situação educacional. Por fim, foram abordados aspectos referentes a implementação das ferramentas.

Este documento não se propõe a ser um livro-texto sobre projeto de comunicação em groupware. Com relação a groupware e CSCW, os interessados podem consultar uma série de livros, dentre eles:

• “Computer Supported Cooperative Work - A book of readings” [Greif, 1988] que traz uma coleção de artigos seminais da área;

• “Computer-Supported Cooperative Work: Introduction to Distributed Applications” [Borghoff and Schlichter, 2000] que aborda o assunto sob a ótica das aplicações distribuídas;

• “Computer-Supported Cooperative Work: Issues and Implications for Workers, Organizations, and Human Resource Management” [Coovert and Thompson 2001] que traz um enfoque gerencial sobre o assunto; e

• “No more teams! Mastering the dynamics of creative collaboration” [Schrage, 1995] que oferece um guia do usuário que deseja trabalhar de forma colaborativa.

Finalmente, aos interessados em se aprofundar no trabalho dos autores, há uma série de artigos disponíveis no nosso site Groupware@LES. Também é oferecida a disciplina Tecnologias de Informação Aplicadas à Educação no Departamento de Informática da PUC-Rio. O objetivo desta disciplina é preparar educadores para a utilização de tecnologia de informação para aprendizagem em grupo na Web. Esta disciplina é ministrada totalmente via Internet pelo ambiente AulaNet e pode ser cursada por alunos de outras instituições, bastando para tanto matricular-se como aluno extraordinário. Toda esta experiência está relatada em [Lucena and Fuks, 2000].

7.7. Agradecimentos O Projeto AulaNet é parcialmente financiado pela Fundação Padre Leonel Franca e pelo Ministério da Ciência e Tecnologia através do PRONEX bolsa nº 76.97.1029.00 (3366), e também através do projeto Sistemas Multi-Agentes para a Engenharia de Software (ESSMA) bolsa nº 552068/2002-0. Também é financiado pelas bolsas individuais do CNPq: Hugo Fuks nº 303055/02-2 e Marco Aurélio Gerosa nº 140103/02-3. Mariano Gomes Pimentel recebe bolsa CAPES.

Agradecemos ao professor Carlos José Pereira de Lucena, coordenador do Laboratório de Engenharia de Software (LES), que coordena juntamente com o professor Hugo Fuks o projeto AulaNet.

7.8. Referências

Todas as urls deste documento foram consultadas no dia 02/06/2003.

Publicações dos autores estão em: <http://www.les.inf.puc-rio.br/groupware>

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