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PLANO DE INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE NACIONAL DOS CAMPOS GERAIS SETOR CAPÃO DA ONÇA  DANIEL DE LIMA 1 FERNANDA KARINA HAURA 2 JUNIOR CESAR GONÇALVES DOS SANTOS 3 MAYSA FOLMANN 4 RENATA ANDJARA WISNIESWSKI 5 RESUMO O Parque Nacional dos Campos Gerais (PNCG) é uma Unidade de Conservação (UC) criada em 2006 com o objetivo de preservar remanescentes de Floresta Ombrófila Mista e de Campos Sulinos do Segundo Planalto Paranaense, assim como servir de base para pesquisas científicas e desenvolvimento de atividades de educação ambiental e turismo ecológico. O parque abrange diversos atrativos turísticos, dentre eles o setor Capão da Onça, que consiste em um balneário com cachoeiras e piscinas naturais, de rico patrimônio natural, localizando-se próximo ao centro da cidade de Ponta Grossa. O local é frequentado pela comunidade local e por turistas da região apenas como espaço de lazer, no entanto, apresenta potencial para uso didático, científico e cultural.. Embora sua criação já ultrapasse uma década, o PNCG ainda não possui plano de manejo, o que dificulta qualquer ação para sua conservação. Atualmente, o setor Capão da Onça conta com a estrutura apenas da sede com a instalação de lanchonete e banheiro e algumas placas sinalizadoras de entrada, normas e alertas. A interpretação ambiental surge como importante ferramenta na gestão desta UC, ao passo que poderão ser implementadas técnicas e recursos voltados para a conscientização dos visitantes acerca do meio ambiente em que estão inseridos. Tal medida acarretaria em um aprimoramento da experiência e uma melhora na interação do público com o local, despertando o interesse sobre os componentes naturais do local. Este trabalho tem a proposta de apresentar um plano de interpretação ambiental para o setor Capão da Onça como uma estratégia de gestão para a UC do Parque Nacional dos Campos Gerais. Dentre os objetivos do plano de interpretação ambiental destacam-se: o aprimoramento da comunicação e interação com o público visitante, a divulgação de informações sobre os recursos naturais e sua importância, a estimulação da participação dos visitantes nas questões político-ambientais envolvidas e a valoração da experiência do público durante a visita. Foram propostos meios interpretativos como panfletos a serem expostos na sede do local, trilha auto guiada, painéis interpretativos de conhecimento ao que tange à geodiversidade, biodiversidade e ao contexto histórico do local, além de propostas de uso público do setor. Entre os produtos desenvolvidos destacam-se um modelo de questionário para visitantes, website sobre o local e conteúdo para cada tipo de painel a ser instalado. Espera-se que este trabalho possa ser implementado, auxiliando, desta forma, na gestão da UC e que sirva de subsídio para os outros setores do PNCG. Palavras-Chave: Unidade de Conservação, interpretação ambiental, Parque Nacional dos Campos Gerais, Conservação da Natureza. ABSTRACT 1 Acadêmico de pós-graduação no programa de Mestrando em Gestão do Território da Universidade Estadual de Ponta Grossa PR. E-mail para contato: [email protected]. 2 Acadêmica de pós-graduação no programa de Mestrado em Turismo da Universidade Federal do Paraná. E-mail para contato: [email protected]. 3 Acadêmico de pós-graduação no programa de Mestrando em Gestão do Território da Universidade Estadual de Ponta Grossa PR. E-mail para contato: [email protected]. 4 Acadêmica de pós-graduação no programa de Mestrando em Gestão do Território da Universidade Estadual de Ponta Grossa PR. E-mail para contato: [email protected]. 5 Acadêmica de pós-graduação no programa de Mestrando em Gestão do Território da Universidade Estadual de Ponta Grossa PR. E-mail para contato: [email protected].

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PLANO DE INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE NACIONAL DOS CAMPOS GERAIS – SETOR CAPÃO DA ONÇA 

DANIEL DE LIMA1

FERNANDA KARINA HAURA2 JUNIOR CESAR GONÇALVES DOS SANTOS3

MAYSA FOLMANN4  RENATA ANDJARA WISNIESWSKI5

RESUMO

O Parque Nacional dos Campos Gerais (PNCG) é uma Unidade de Conservação (UC) criada em 2006 com o

objetivo de preservar remanescentes de Floresta Ombrófila Mista e de Campos Sulinos do Segundo Planalto

Paranaense, assim como servir de base para pesquisas científicas e desenvolvimento de atividades de educação

ambiental e turismo ecológico. O parque abrange diversos atrativos turísticos, dentre eles o setor Capão da Onça,

que consiste em um balneário com cachoeiras e piscinas naturais, de rico patrimônio natural, localizando-se

próximo ao centro da cidade de Ponta Grossa. O local é frequentado pela comunidade local e por turistas da região

apenas como espaço de lazer, no entanto, apresenta potencial para uso didático, científico e cultural.. Embora sua

criação já ultrapasse uma década, o PNCG ainda não possui plano de manejo, o que dificulta qualquer ação para

sua conservação. Atualmente, o setor Capão da Onça conta com a estrutura apenas da sede com a instalação de

lanchonete e banheiro e algumas placas sinalizadoras de entrada, normas e alertas. A interpretação ambiental surge como importante ferramenta na gestão desta UC, ao passo que poderão ser implementadas técnicas e recursos

voltados para a conscientização dos visitantes acerca do meio ambiente em que estão inseridos. Tal medida

acarretaria em um aprimoramento da experiência e uma melhora na interação do público com o local, despertando

o interesse sobre os componentes naturais do local. Este trabalho tem a proposta de apresentar um plano de

interpretação ambiental para o setor Capão da Onça como uma estratégia de gestão para a UC do Parque Nacional

dos Campos Gerais. Dentre os objetivos do plano de interpretação ambiental destacam-se: o aprimoramento da

comunicação e interação com o público visitante, a divulgação de informações sobre os recursos naturais e sua

importância, a estimulação da participação dos visitantes nas questões político-ambientais envolvidas e a valoração

da experiência do público durante a visita. Foram propostos meios interpretativos como panfletos a serem expostos

na sede do local, trilha auto guiada, painéis interpretativos de conhecimento ao que tange à geodiversidade,

biodiversidade e ao contexto histórico do local, além de propostas de uso público do setor. Entre os produtos

desenvolvidos destacam-se um modelo de questionário para visitantes, website sobre o local e conteúdo para cada tipo de painel a ser instalado. Espera-se que este trabalho possa ser implementado, auxiliando, desta forma, na

gestão da UC e que sirva de subsídio para os outros setores do PNCG.

Palavras-Chave: Unidade de Conservação, interpretação ambiental, Parque Nacional dos Campos Gerais,

Conservação da Natureza.

ABSTRACT

1 Acadêmico de pós-graduação no programa de Mestrando em Gestão do Território da Universidade Estadual de Ponta Grossa – PR. E-mail para contato: [email protected]. 2 Acadêmica de pós-graduação no programa de Mestrado em Turismo da Universidade Federal do Paraná. E-mail para contato: [email protected]. 3 Acadêmico de pós-graduação no programa de Mestrando em Gestão do Território da Universidade Estadual de Ponta Grossa – PR. E-mail para contato: [email protected]. 4 Acadêmica de pós-graduação no programa de Mestrando em Gestão do Território da Universidade Estadual de Ponta Grossa – PR. E-mail para contato: [email protected]. 5 Acadêmica de pós-graduação no programa de Mestrando em Gestão do Território da Universidade Estadual de Ponta Grossa – PR. E-mail para contato: [email protected].

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The National Park of Campos Gerais (NPCG) is a Conservation Unit (CU) created in 2006 with the objective of

preserving remnants of Mixed Ombrophylous Forest and Southern Fields of the Second Plateau of Parana, as well

as serving as a base for scientific research and development of activities of environmental education and ecological

tourism. The park covers several tourist attractions, among them the Capão da Onça sector, which consists of a

resort with waterfalls and natural pools, rich natural heritage, located near the center of the city of Ponta Grossa. The place is frequented by the local community and by tourists of the region only as leisure space, however,

presents potential for didactic, scientific and cultural use. The environmental interpretation emerges as an

important tool in the management of this CU, while techniques and resources aimed at raising the awareness of

visitors about the environment in which they are inserted can be implemented. Such a step would lead to an

improvement of the experience and an improvement in the interaction of the public with the place, arousing interest

in the natural components of the place. This paper proposes to present an environmental interpretation plan for

the Capão da Onça sector as a management strategy for the CU of the Campos Gerais National Park. Among the

objectives of the environmental interpretation plan are: improvement of communication and interaction with the

visiting public, dissemination of information about natural resources and their importance, stimulation of the

participation of visitors in the political and environmental issues involved, and valuation experience during the

visit. It is hoped that this work can be implemented, thus helping in the management of the CU and that serves as a subsidy for the other sectors of the PNCG.

Key words: Conservation Unit, environmental interpretation, Campos Gerais National Park, Nature Conservation

1- Introdução

O Parque Nacional dos Campos Gerais (PNCG) foi criado em 2006 pela Lei

no 9.985 e possui uma área de 21.286ha e segundo seu decreto tem “como objetivo

preservar os ambientes naturais ali existentes com destaque para os remanescentes

de Floresta Ombrófila Mista e de Campos Sulinos, realizar pesquisas científicas e

desenvolver atividades de educação ambiental e turismo ecológico. ” (BRASIL,2006).

O PNCG conta com diversos atrativos como: Capão da Onça, Buraco do Padre,

Cachoeira da Mariquinha, Dolinas Gêmeas, Cachoeira do Rio São Jorge, Setor

Macarrão e Ponte do Rio São Jorge.

O Capão da Onça é um local também protegido por lei Municipal (nº 4.832/92),

o local é um balneário natural com cachoeiras, pequenas corredeiras e piscinas

naturais. Como o local está mais próximo do centro de Ponta Grossa

(aproximadamente 10km), muitas pessoas frequentem o local como um espaço de

lazer e não apenas de contemplação do patrimônio. Mesmo tendo uma lei municipal,

a lei que sobressai sobre o lugar é a lei federal, ou seja, a do Parque Nacional.

O acesso ao local se dá pela rodovia PR-513, e após cerca de 10km da saída

da cidade de Ponta Grossa, visualiza-se uma placa pequena de sinalização indicando

a entrada a esquerda, após é necessário seguir pela estrada simples (sem asfalto)

por 1km e logo encontra a entrada ao atrativo.

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O local conta com 3 quedas d’água principais e a trilha que dá acesso a mesma

possui 600m, apenas para chegar até elas e após deve-se retornar pelo mesmo

percurso e mesma distância.

Considerando o fator de Interpretação Ambiental, segundo o SNUC (2000) é

necessário o reconhecimento legal desta ferramenta como estratégia de gestão das

unidades de conservação onde elas podem demonstrar seu potencial de

sensibilização e aproximação com a sociedade. Quando realizada de forma planejada

e estruturada, ela auxilia ao fortalecimento da compreensão sobre a importância da

UC, além de transformar a visita em uma experiência muito mais enriquecedora e

agradável ao visitante.

2 - Discussão

2.1 - Descrição do local

O Capão da Onça está localizado a 10km a partir do centro de Ponta Grossa.

O local é considerado uma unidade de conservação municipal, muito procurado para

o lazer. Atualmente conta com infraestrutura básica, sendo banheiros, lanchonete,

trilhas e área para camping aberta todos os dias da semana das 8h às 18h.

O valor cobrado é de R$15,00 por pessoa. Para acampar o valor é de R$25,00,

no local está sendo construído também um barracão para ser alugado a festas e

eventos.

As quedas de água que compõe o balneário possuem de 1 a 10m de altura,

sendo uma sequência de cachoeiras e o rio que forma as quedas é chamado de Rio

Verde.

2.2 - Justificativa

O Parque Nacional dos Campos Gerais é uma unidade de conservação que

está sendo

Segundo o Artigo nº 225 da Constituição brasileira determina o “direito de todos

ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, impondo o dever tanto da coletividade

quanto do Poder Público de preservar o meio ambiente”. Sendo assim, o poder público

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determinou alguns deveres, dentre os quais está o de “definir, em todas as unidades

da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente

protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei,

vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que

justifiquem sua proteção” (BRASIL, 1988).

Considerando esse argumento, em 2006 com uma área de 21.286ha foi criado

o Parque Nacional dos Campos Gerais. O Parque é composto por diversos atrativos,

e um deles é o Balneário Capão da Onça, que possui um alto valor cênico e

paisagístico. Porém como a criação do Parque é recente, suas áreas ainda não foram

desapropriadas e a Unidade de Conservação não possui plano de Manejo.

Considerando a necessidade de que a população precisa conhecer o PARNA

e não tem acesso a nenhuma informação, surge a necessidade da criação de uma

proposta de Projeto de Interpretação Ambiental para o setor Capão da Onça.

2.3 - Atividades de uso público do setor e entorno

As atividades de uso público do setor concentram-se na caminhada pela trilha,

no lazer e recreação nas áreas de balneário e na prática (esporádica) de

cachoeirismo. A trilha apresenta 700 metros de extensão e margeia o rio Verde,

contando apenas com uma placa indicativa em seu início. Esta placa traz informações

sobre profundidade máxima dos poços para banho, alerta para proteção das crianças,

assim como advertência à embriaguez. Porém, não há marcação de caminho a ser

seguido.

Ao longo da trilha, desde a sede até o último ponto de balneário, podem ser

observadas diversas feições da natureza local, tendo potencial interpretativo para

elementos da bio e geodiversidade e da história do lugar.

Na sede do setor encontram-se as áreas de estacionamento, lanchonete,

churrasqueiras, banheiros e acampamento. Este local tem potencial interpretativo

visto que é de passagem obrigatória, podendo ser aproveitada a área de lanchonete

para divulgação de material interpretativo impresso (panfletos e guias de campo).

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É proposta uma trilha autoguiada, contendo em seu início um trailhead (painel

com informações gerais sobre a trilha, como tipo e duração de percurso, atividades

permitidas e proibidas, alerta sobre animais peçonhentos, etc) e que seja sinalizada

com placas direcionais. Quanto à interpretação ambiental na trilha propõe-se meios

não personalizados, como a instalação de painéis interpretativos de conhecimento ao

que tange à geodiversidade, à fauna e flora e ao contexto histórico do local.

3 - Objetivos interpretativos

A interpretação ambiental consiste na aplicação de técnicas e recursos que

visam o estímulo das pessoas para um melhor entendimento, experiência e interação

com o ambiente natural.

Os objetivos gerais da interpretação ambiental aplicados ao Parque Capão da

Onça são:

• Facilitar o conhecimento e a comunicação com a natureza dos diversos tipos de

público utilizam a Unidade de Conservação.

• Divulgar a importância da conservação dos recursos naturais, históricos e

culturais da UC.

• Estimular a participação do visitante nas questões político-ambientais.

• Acrescentar valor a experiência do visitante, apresentando informações sobre a

fauna e flora da região, por meio de uma linguagem de fácil compreensão.

4- Metodologia etapas de implementação

A Visão Geral do Plano estabelece as ligações entre cada um dos tipos de

visitantes, bem como, a mídia mais adequada para a conexão entre público e

unidade de conservação, oferecendo assim, uma ligação entre os visitantes e os

pontos de interesse e interpretação. Buscou-se também, a identificação dos

produtos e serviços existentes e prioriza o desenvolvimento de novos produtos mais

adequados ao acolhimento dos mais variados públicos, visando sobretudo na

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criação de material interpretativo que possam ser disponibilizados de maneira

gratuita in loco ou através de meios eletrônicos.

Estão listados abaixo os produtos existentes no Parque Nacional dos

Campos Gerais - Setor Capão da Onça, que foram submetidos a análise e

classificados quanto a sua finalidade e sua real adequação as necessidades dos

visitantes.

• Sinalização da Entrada do Parque – Informativo - Sinalização Informativa na

entrada do parque indicando horário de funcionamento, custo do ingresso,

mensagens de preservação da natureza.

• Sinalização Normativas – Informativo - Sinalização indicativa das atividades

permitidas na área do parque, expressando a proibição de atividades como o

uso de som automotivo.

• Sinalização dos limites do Parque – Informativo - Sinaliza os limites do parque

com as propriedades adjacentes, alerta o visitante para o não ingresso nestas

áreas sob pena de multa.

• Sinalização de Alertas – Informativa - Sinaliza a profundidade média do rio

naquele ponto, instrui os visitantes em atividades de recreação na água, para

evitar a prática de natação sob influência de bebida alcoólica, sobre os cuidados

com os menores e sobre a não prática no nado estando sozinho, esta placa traz

também, informações sobre contatos de emergência em caso de acidentes.

• Sinalização de Área de Proteção Permanente – Informativa - Sinaliza a

presença de áreas de preservação permanente e áreas de reflorestadas, indica

a proibição do ingresso dos visitantes nestas áreas

4.1 - Meios Interpretativos

Os produtos apresentados a seguir são resultados das sugestões da equipe

de elaboração do plano, baseados nos objetivos deste documento com o objetivo

de atingir ao público alvo.

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• Sinalização Interpretativa - Sinalização da trilha das cachoeiras/trilha dos

Campos Gerais; sinalização com placas de fibra de vidro ou madeira, portais,

placas de sinalização dos pontos interpretativos e das trilhas.

• Cartelaria (Física ou Digital) - Folders; Cartazes; Banners; Cartilhas; Mapas do

Parque Nacional dos Campos Gerais e do Setor Capão da Onça; Guia de

Observação de pássaros; pontos de balneário e pontos de observação da vida

selvagem.

• Exposição - Exposição Interpretativa no Centro de Visitantes do Parque

Nacional dos Campos Gerais (local de instalação a ser escolhido), Exposição

Interpretativa no Ponto Interpretativo do Capão da Onça (a ser instalado na

atual lanchonete presenta na área do parque); Painéis; disponibilização de

binóculos para a observação dos pássaros.

• Mídias Digitais - Publicações temáticas nas redes sociais, Site Oficial do

Parque; Criação de aplicativos com objetivo de difundir o parque e os seus

temas, aplicação de QR Code nos banners e placas com informações,

destinadas a grupos específicos, como estudantes, pesquisadores, ornitólogos,

etc.

Os produtos aqui elencados devem ser aplicados na área do parque,

priorizando os locais listados abaixo, para a implementação dos meios

interpretativos, visando fornecer ao visitante orientação, informação e oportunidade

de interpretação:

• Recepção;

• Trilha das Cachoeiras/ Trilha dos Campos Gerais;

• Represa;

• Bacias de Dissolução;

• Vegetação de Campo;

• Cachoeira e Pinturas rupestres.

Para o desenvolvimento deste plano interpretativo, as seguintes etapas

devem ser seguidas:

ETAPA DESCRIÇÃO

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1. Divulgação do Plano (Imediato)

Após aprovação do plano pelo conselho gestor do parque, o documento deve ser tornado público e divulgado aos interessados em sua implementação, em especial os parceiros.

2. Planejamento dos produtos prioritários e com necessidade de adequações já identificadas. (Inicio do planejamento do primeiro produto após a divulgação do plano).

Os produtos prioritários devem seguir o proposto neste plano interpretativo e devem ser elaborados por equipe capacitada para tal, levando-se em consideração as proposições aqui levantadas e acompanhadas por pessoal da equipe técnicas e de pessoal com conhecimento do plano interpretativo.

3. Implementação dos produtos prioritários (o prazo será definido durante o planejamento dos produtos).

Os produtos prioritários deveram ser implementados e instalados durante um ciclo de um ano do plano. Outros produtos podem ser implementados antes dos prioritários caso haja oportunidade por meio das parcerias para tal.

4. Monitoramento da implementação do Plano (continuo)

O monitoramento deve ser continuo depois da divulgação do plano, com reuniões anuais para a subsidiar as revisões do plano interpretativo.

5. Avaliação Estratégica do Plano

A avaliação deverá ser feita ao final do ciclo de 5 anos do plano, buscando orientar a revisão do plano.

6. Revisão do Plano A revisão será feita findados o ciclo de 5 anos para a implementação do plano, subsidiado pelas informações produzidas durante a etapa de monitoramento e da avaliação, a revisão será feita afim de corrigir distorções ou adequar os meios interpretativos a realidade dos observadores, a revisão do plano também possibilitará na medida do possível a inclusão de novos cenários e novas tecnologias.

Tabela 1: Etapas de implementação do Plano Interpretativo

4.2 - Metas

As metas que serão levantas referem-se as que esperamos como resultado

desde o início até o prazo de 5 anos da implantação deste Plano, considerando os

indicadores anterior, são elas:

Meta 1: 100% dos produtos interpretativos instalados;

Meta 2: 80% das avaliações serem positivas quanto ao local;

Meta 3: 70% de visitantes que utilizem o que é comercializado no local,

estimulando uma alternativa de renda, vinda do ecoturismo;

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Meta 4: 100% dos visitantes conscientizados com as placas a serem instaladas;

Meta 5: 90% de visitantes que recomendem o local para outras pessoas;

Meta 6: 80% dos visitantes conheçam que o local faz parte do PNCG;

Meta 7: 75% de visitantes que procurem informações antecipadamente sobre

o local, para que não seja surpreendido no momento da visita independentemente de

qualquer fator.

Meta 8: 60% da população local trabalhando na área, estimulando a geração

de renda local.

4.3 - Metodologia de verificação

Importante que seja formada uma equipe para monitorar as ações

implementadas por este plano, para que assim possa ser feito um estudo sobre a

eficácia das ações e levantamento de possíveis alterações e melhorias.

A equipe deve ser composta por pessoas capacitadas e dispostas, pelo fato

deste trabalho ser contínuo e dinâmico. Conforme recomendado no Plano de

Interpretação Ambiental do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, é desejável que

esta equipe seja formada por representantes da Câmara Técnica de Uso Público do

Conselho da UC, equipe do Parque e equipe técnica ampliada de interpretação

ambiental da CGEUP/ICMBio.

As metodologias de verificação a serem aplicadas são as seguintes: Verificação

da elaboração, conteúdo e planejamento dos produtos; Verificação da implementação

de produtos; Verificação de locais a serem atendidos por produtos interpretativos;

Análise da avaliação e dos comentários dos visitantes no site da UC, nas redes sociais

e em sites específicos de turismo, dos quais a UC é integrante; Aplicação de

questionário simples e objetivo, imediatamente após a vista, a ser colocado

juntamente com a lanchonete do local, a qual é de acesso por grande parte dos

visitantes; Entrevista dos visitantes pela gestora que atua ativamente na manutenção

da unidade de conservação, a qual tem contato direto com os visitantes.

5 - RESULTADOS

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Foram destacados os recursos e valores fundamentais para definição de temas

interpretativos e conseguinte elaboração de material interpretativo:

a) Elementos da Geodiversidade: O Setor do Capão da Onça possui uma rica

diversidade de elementos abióticos que se apresentam em diversas escalas. Estes

elementos podem ser locais na trilha com vista favorecida da paisagem e relevo dos

Campos Gerais, assim como feições peculiares e estrutura das rochas, que permitem

a formação de elementos como as lapas e “marmitas”.

b) Elementos da Biodiversidade: No setor Capão da Onça é possível observar

remanescentes do ecossistema peculiar e raro que são os Campos Gerais. O local

apresenta diversos elementos da fauna e da flora característicos desta zona

fitogeográfica tão particular. Populações inéditas foram identificadas no Capão da

Onça (Lozano 2015). Por outro lado, é alarmante o número de espécies consideradas

raras e que estão ameaçadas de extinção. Isto reforça a ideia de que o lugar é especial

e precisa ser conservado, e para isso é necessário um bom trabalho de educação

ambiental com os visitantes do local.

c) Elementos da História e Cultura: Os Campos Gerais apresentam rica história que

remete às antigas populações que habitavam e passavam pela região. Os vestígios

arqueológicos datam desde 10.000 anos atrás e fazem alusão aos instrumentos, artes

rupestres e outros vestígios dos primeiros habitantes que se tem conhecimento

(Parellada 2007). No Setor Capão da Onça foram reconhecidos vestígios de pintura

rupestre nos abrigos sob rochas (nas chamadas lapas) que beiram o rio, próximo à

uma das cachoeiras, porém é de difícil reconhecimento pois o local encontra-se

alterado pela ação antrópica, com escritas e marcas de fogueira. Outros elementos

culturais são o registro do movimento tropeiro, tão importante para o desenvolvimento

da região e ao que diz respeito ao nome do setor, relacionado a lendas envolvendo

padres e tesouros.

As atividades de lazer e contemplação da natureza poderiam ser melhor

aproveitadas se o visitante tivesse meios de interpretação ambiental para obter

conhecimento e despertar mais a curiosidade sobre o local e suas características. A

região apresenta um rico potencial para divulgação da importância do patrimônio

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natural dos Campos Gerais, seja ele geológico, biológico, histórico e/ou cultural. Mas

somente conhecendo e tendo acesso, é que se pode despertar a consciência de que

é preciso valorizar e conservar. Foram elaborados modelos de painéis interpretativos

que poderiam ser implantados, modelo de questionário para visitantes, assim como

um website informativo sobre o setor, conforme demonstrado nas imagens abaixo:

Figura 01 - Painel interpretativo da Identificação Figura 02 - Trailhead do Balneário Capão da Onça do local.

Figura 03 - Informação sobre o rio formador do Figura 04- Informações sobre formação de marmitas balneário

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Figura 05 - Informação sobre pinturas rupestres Figura 06 - Informações sobre fauna e flora

6 - CONCLUSÕES

Considerando o que foi levantado na elaboração do Plano Interpretativo

para o Parque Nacional dos Campos Gerais – Setor Capão da Onça, percebe-se

que há uma carência de materiais de interpretativos nas dependências do parque,

ocorrendo apenas materiais de cunho informativo e de orientação aos visitantes,

considera-se que após a elaboração deste plano, tais produtos devem ser revistos,

atualizados e aprimorados.

Para tanto, devem ser abordados nestes materiais os seguintes pontos:

Mapa com os limites do parque nacional dos Campos Gerais e também do Setor

Capão da Onça; Localização dos Atrativos abertos à visitação; Regras e Normas

no Parque; Informações de Segurança e Contatos de emergência da área do

Parque e Contato Geral e de Informações.

Com relação aos produtos interpretativos o plano traz todas as propostas

de forma detalhada elencando os principais aspectos de interesse, tais como o

patrimônio geológico, geomorfológicos, hidrológico, e da rica fauna e flora da região

dos Campos Gerais. Sempre que houver possibilidade, em relação aos materiais

aqui propostos, sugere-se que sejam também desenvolvidos em inglês e espanhol

visando ampliar os públicos atingidos.

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Cabe ressaltar, que a área do parque é a muito tempo usada como

balneário pela população de Ponta Grossa e da região e este plano procura

ressaltar os aspectos de interesse científico e educacional, mas espera-se que com

a efetiva instalação do parque nacional dos Campos Gerais que áreas como a do

Setor Capão da Onça permanecem em relação as atividades já desenvolvidas antes

de tal implantação.

7- REFERÊNCIAS

BAPTISTA, L. Parque Nacional dos Campos Gerais – PR: oportunidades para

comunidades do entorno. Dissertação de Mestrado em Gestão do Território -

Universidade Estadual de Ponta Grossa. Ponta Grossa, 2013.

TROBIA, G. Perfil do Visitante e Recursos Turísticos do Parque Nacional dos Campos

Gerias. Trabalho de Conclusão de Curso de Bacharelado em Turismo -

Universidade Estadual de Ponta Grossa. Ponta Grossa, 2013.

BRASIL, 2006. Decreto de criação do Parque Nacional dos Campos Gerais.

Decreto Federal s/no. Brasília, 23 de março de 2006. Senado Federal, Subsecretaria

de Informações. http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=

253890&tipoDocumento=DEC&tipoTexto=PUB, acesso em 23 de junho de 2019.

BRASIL, 2000. Lei de criação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação.

Lei Federal no 9.985. Brasília, 18 de julho de 2000. Brasília, Palácio do Planalto

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9985.htm, acesso em 23 de junho de 2019.

ICMBIO. Plano Interpretativo. Parque Nacional Marinho de Abrolhos. 2018.