pesquisa das crenças sobre aprendizagem de línguas

22
Rev. Brasileira de Lingüística Aplicada, v.], n.l, 71-92, 2001 71 Metodologia de Pesquisa das Crenças sobre Aprendizagem de Línguas: Estado da Arte 1 Ana Maria Ferreira Barcelos Universidade Federal de Viçosa Language learning beliefs have been a topic in Applied Linguistics for 15 years now. Beliefs are considered as one of the individual learning differences that may influence the learning/acquisition process. Many studies have been published about language learning beliefs but few of them have examined the methodology of investigating beliefs. This paper is a state-of- art review of current research methodology on students' language learning beliefs. The author groups studies on language learning beliefs into three approaches according to their definition of beliefs, methodology, and the relationship between beliefs and actions. The main advantages and disadvantages of each approach are discussed and questions for the future research on students" language learning beliefs are offered at the end. Introdução O interesse pelo tópico de crenças sobre aprendizagem de lín- guas em Lingüística Aplicada (doravante LA) surgiu em meados dos anos 80. Se comparado com outras áreas como Sociologia, Antropolo- gia, Psicologia e Educação esse interesse é bastante recente, embora ve- nha crescendo significativamente nos últimos anos. A edição especial do periódico System a respeito de crenças sobre aprendizagem de línguas e um simpósio sobre crenças, realizado na conferência da AILA em Tó- quio, em 1999, sugerem o crescente interesse por esse tópico em LA. Embora existam vários estudos sobre crenças, nenhum deles (com exceção de Kalaja, 1995) se preocupou, até o momento, em fazer uma revisão dos tipos de metodologias utilizadas na investigação das crenças sobre aprendizagem de línguas. Neste trabalho, argumento que, até agora, a pesquisa a respeito de crenças sobre aprendizagem de línguas tem feito apenas uma descri- 1 Uma versão anterior desse trabalho foi apresentada no J2th World Congress of Applied Linguistics , em Tóquio, Japão, Agosto 1-6, 1999.

Upload: trinhthuy

Post on 08-Jan-2017

222 views

Category:

Documents


6 download

TRANSCRIPT

Page 1: Pesquisa das crenças sobre aprendizagem de línguas

Rev Brasileira de Linguumliacutestica Aplicada v ] n l 71-92 2001 71

Metodologia de Pesquisa das Crenccedilas sobre Aprendizagem de Liacutenguas Estado da Arte1

Ana Maria Ferreira Barcelos Universidade Federal de Viccedilosa

Language learning beliefs have been a topic in Applied Linguistics for 15 years now Beliefs are considered as one of the individual learning differences that may influence the learningacquisition process Many studies have been published about language learning beliefs but few of them have examined the methodology of investigating beliefs This paper is a state-of- art review of current research methodology on students language learning beliefs The author groups studies on language learning beliefs into three approaches according to their definition of beliefs methodology and the relationship between beliefs and actions The main advantages and disadvantages of each approach are discussed and questions for the future research on students language learning beliefs are offered at the end

Introduccedilatildeo

O interesse pelo toacutepico de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas em Linguumliacutestica Aplicada (doravante LA) surgiu em meados dos anos 80 Se comparado com outras aacutereas como Sociologia Antropoloshygia Psicologia e Educaccedilatildeo esse interesse eacute bastante recente embora veshynha crescendo significativamente nos uacuteltimos anos A ediccedilatildeo especial do perioacutedico System a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas e um simpoacutesio sobre crenccedilas realizado na conferecircncia da AILA em Toacuteshyquio em 1999 sugerem o crescente interesse por esse toacutepico em LA Embora existam vaacuterios estudos sobre crenccedilas nenhum deles (com exceccedilatildeo de Kalaja 1995) se preocupou ateacute o momento em fazer uma revisatildeo dos tipos de metodologias utilizadas na investigaccedilatildeo das crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas

Neste trabalho argumento que ateacute agora a pesquisa a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas tem feito apenas uma descrishy

1 Uma versatildeo anterior desse trabalho foi apresentada no J2th World Congress o f Applied Linguistics em Toacutequio Japatildeo Agosto 1-6 1999

ccedilatildeo dessas crenccedilas mas natildeo tem tentado entender porque os alunos posshysuem certas crenccedilas a sua origem e o papel que algumas delas exercem no processo de aquisiccedilatildeo de liacutenguas Inicialmente faccedilo uma breve revishysatildeo do conceito de crenccedilas e da relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilatildeo2 Em seguishyda faccedilo uma revisatildeo da metodologia dos estudos sobre crenccedilas a resshypeito de aprendizagem de liacutenguas agrupando-os em trecircs abordagens de acordo com sua definiccedilatildeo de crenccedilas meacutetodos de investigaccedilatildeo e relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilatildeo discutindo as vantagens e desvantagens de cada abordagem Concluo o artigo com perguntas e sugestotildees que podem constituir toacutepicos de investigaccedilotildees futuras

Crenccedilas e accedilotildees

Pajares (1992) afirma que as crenccedilas satildeo um conceito complexo Parte dessa complexidade deve-se agrave existecircncia de diferentes termos usashydos para se referir agraves crenccedilas Esse fenocircmeno tambeacutem acontece em LA onde se encontram termos como ldquorepresentaccedilotildees dos aprendizesrdquo (Holec 1987) ldquofilosofia de aprendizagem de liacutenguasrdquo (Abraham amp Vann 1987) ldquoconhecimento metacognitivordquo (Wenden 1986) e ldquocultura de aprender liacutenguasrdquo (Almeida Filho 1993 Barcelos 1995) referentes agraves crenccedilas Essa profusatildeo de termos apesar de ser prejudicial indica o potencial deste conceito para a LA A importacircncia das crenccedilas sobre aprendizashygem tem sido relacionada principalmente com sua influecircncia na abordashygem de aprender dos alunos e no ensino autocircnomo

Apesar de ainda natildeo haver uma definiccedilatildeo uniforme a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas em termos gerais elas podem ser definidas como opiniotildees e ideacuteias que alunos (e professores) tecircm a respeito dos processos de ensino e aprendizagem de liacutenguas Alguns exemshyplos de crenccedilas de alunos satildeo (a) que soacute se deve aprender uma liacutengua estrangeira nos paiacuteses onde essa liacutengua eacute falada (Barcelos 1995 Carvashylho 2000) (b) que eacute possiacutevel aprender uma liacutengua estrangeira em pouco

bull 72 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n I 2001

2 O objetivo desta resenha eacute revisatildeo sobre metodologia de investigaccedilatildeo das crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas de alunos ou aprendizes Devido a limitaccedilotildees de espashyccedilo e tempo a discussatildeo sobre o conceito de crenccedilas eacute bem breve Para uma discussatildeo mais aprofundada a respeito da definiccedilatildeo de crenccedilas em geral consultar Abelson (1979) Nespor (1987) e Pajares (1992) Sobre crenccedilas a respeito de aprendizagem de liacutenguas consultar Barcelos (2000) Para uma revisatildeo de estudos a respeito de crenccedilas de professores sobre aprendizagem de liacutenguas ver Gimenez (1994)

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 73

tempo e (c) que a liacutengua portuguesa eacute mais difiacutecil do que a liacutengua inglesa (Viana 1993) As crenccedilas satildeo pessoais contextuais episoacutedicas e tecircm origem nas nossas experiecircncias na cultura3 e no folclore As crenccedilas tambeacutem podem ser internamente inconsistentes e contraditoacuterias

Uma das mais importantes caracteriacutesticas das crenccedilas refere-se a sua influecircncia no comportamento De acordo com Pajares (1992) as crenccedilas influenciam como as pessoas organizam e definem suas tarefas Em outras palavras elas satildeo fortes indicadores de como as pessoas agem Na literatura em LA a relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees refere-se agrave maneira como as crenccedilas podem influenciar a abordagem dos alunos em relaccedilatildeo agrave aprendizagem - ldquocomo eles percebem e interpretam sua aprendizagemrdquo (Richards amp Lockhart 1994 58) e as estrateacutegias de aprendizagem que eles adotam e usam (Horwitz 1987 Wenden 1987)

Vaacuterios pesquisadores sugerem que as crenccedilas sobre aprendizashygem de liacutenguas podem influenciar as estrateacutegias de aprendizagem de liacutenshyguas4 (Abraham amp Vann 1987 Erlbaum et al 1993 Riley 1997 Yang 1992) Riley (1997) afirma que as crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas podem influenciar diretamente a motivaccedilatildeo as atitudes e os tipos de estrateacutegias utilizadas pelos alunos Assim de acordo com Riley os alunos que acreditam poder aprender somente na presenccedila de um professhysor teratildeo problemas com qualquer tipo de ensino autocircnomo Abraham e Vann (1987) explicam que a filosofia dos alunos serve de guia para a abordagem que eles adotam em relaccedilatildeo agrave aprendizagem de liacutenguas Essa filosofia pode se manifestar em ldquoestrateacutegias observaacuteveis (e natildeo observaacuteveis) e influenciar diretamente o grau de sucesso que os aprendishyzes atingemrdquo (Abraham e Vann 1987 96) Existem alguns estudos que investigaram a relaccedilatildeo entre as crenccedilas e as estrateacutegias de aprendizagem dentre os quais destaco o de Yang (1992)

Yang (1992) investigou a relaccedilatildeo entre as crenccedilas e estrateacutegias de aprendizagem de liacutenguas Seus resultados indicaram que as crenccedilas

3 Cultura neste sentido vai aleacutem da definiccedilatildeo tradicional referente agraves regras de comshyportamento de determinadas naccedilotildees para englobar qualquer ldquoagrupamento social mais ou menos estabelecido que constroacutei suas proacuteprias regras de comportamento interaccedilatildeo e socializaccedilatildeo no decorrer de contato intensivo e prolongadordquo (Ramanathan amp Atkinson 1999 49)4 O conceito de estrateacutegias de aprendizagem adotado neste trabalho eacute de acordo com Oxford (1990 1) ldquoaccedilotildees que os alunos tomam para melhorar sua proacutepria aprendizashygemrdquo (traduccedilatildeo minha)

74 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

sobre aprendizagem de liacutenguas parecem afetai o uso de estrateacutegias de aprendizagem Mais especificamente a auto-eficaacutecia e a expectativa dos alunos a respeito de ensino e aprendizagem de liacutenguas foram associadas com o uso de estrateacutegias voltadas para a praacutetica da liacutengua com ecircnfase na comunicaccedilatildeo e no significado A percepccedilatildeo dos alunos sobre o valor de aprender habilidades orais na liacutengua inglesa estava relacionada com o uso dessas estrateacutegias Resultados similares a esses foram encontrados tambeacutem por Erlbaum et al (1993) e Wenden (1987)

Apesar de ter sugerido que as crenccedilas podem guiar o comportashymento Yang (1992 148) afirma que ldquoas crenccedilas dos aprendizes podem causar estrateacutegias mas o uso de estrateacutegias pode tambeacutem causar crenshyccedilasrdquo Murphey (1996) concorda com Yang Murphey acredita que essa relaccedilatildeo eacute reciacuteproca ou seja as crenccedilas podem influenciar as estrateacutegias de aprendizagem mas o uso de certas estrateacutegias pode por sua vez influenciar a formaccedilatildeo de algumas crenccedilas O autor afirma que nossas accedilotildees podem influenciar e mudar nossas crenccedilas Para ele desde que haja tempo e modelo adequado as crenccedilas podem ser modificadas se conseguirmos mudar primeiro o comportamento

Como se pode perceber pela discussatildeo acima os estudos tecircm se limitado a investigar o toacutepico estabelecendo uma relaccedilatildeo de causa e efeito entre crenccedilas e comportamento Entretanto natildeo temos dados sushyficientes ainda para afirmar a natureza dessa correlaccedilatildeo A correlaccedilatildeo entre crenccedilas e comportamento certamente existe mas ela depende de vaacuterios fatores como experiecircncia anterior de aprendizagem dos alunos abordagem de ensinar do professor niacutevel de proficiecircncia motivaccedilatildeo e contexto A relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees eacute complexa e requer uma defishyniccedilatildeo de accedilatildeo mais ampla que elimine a dicotomia accedilatildeopensamento Tal definiccedilatildeo encontra-se na filosofia de John Dewey (1933) que caracshyterizou accedilatildeo como intencional e proposital e intrinsicamente relacionada com o pensamento Dessa maneira para entender as crenccedilas precisamos entender natildeo somente as intenccedilotildees mas tambeacutem ldquoos significados intersubjetivos que permeiam os pensamentos e accedilotildeesrdquo (Schwandt 1997 65) Essa definiccedilatildeo de accedilatildeo requer uma abordagem de investigaccedilatildeo mais interativa que leve em consideraccedilatildeo a reciprocidade entre crenccedilas e accedilotildees De acordo com Pajares (1992) Richardson (1996) e Rokeach (1968) as crenccedilas devem ser inferidas natildeo somente atraveacutes das afirmaccedilotildees verbais dos participantes mas tambeacutem atraveacutes de suas intenccedilotildees e accedilotildees Os estudos atuais a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem natildeo tecircm consishy

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 75

derado esse aspecto conforme sugere a seccedilatildeo seguinte de revisatildeo dos diferentes estudos sobre a metodologia de investigaccedilatildeo das crenccedilas

Abordagens de investigaccedilatildeo das crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas

Em sua revisatildeo a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas Kalaja (1995192) critica estudos atuais sobre crenccedilas apontando que ateacute o momento as crenccedilas tecircm sido vistas principalmente como ldquoentidades cognitivas encontradas dentro da mente dos aprendizes de liacutenguardquo e tecircm sido caracterizadas como estaacuteveis Kalaja discorda dessa caracterizaccedilatildeo e aponta estudos como o de Holec (1987) que sugere que as crenccedilas podem ser modificadas A autora propotildee entatildeo uma abordashygem para a investigaccedilatildeo das crenccedilas que inclui pressupostos baacutesicos de que o uso da linguagem eacute orientado para a accedilatildeo que a linguagem cria realidade e que tanto o conhecimento cientiacutefico quanto as concepccedilotildees leigas satildeo ldquovistos como construccedilotildees sociais do mundordquo (Kalaja 1995 196)

Dentro dessa perspectiva Kalaja define crenccedilas como construiacutedas socialmente interativas sociais e variaacuteveis De acordo com a autora as crenccedilas podem mudar de um aluno para outro de uma eacutepoca para outra e de um contexto para outro ou ateacute mesmo dentro de um mesmo conshytexto ou ocasiatildeo Para ela as crenccedilas devem ser investigadas atraveacutes de ldquotrechos de falardquo ou escrita sobre aspectos de aquisiccedilatildeo de segunda liacutenshygua (Kalaja1995 196) O paradigma proposto por Kalaja oferece uma perspectiva interessante na investigaccedilatildeo das crenccedilas caracterizadas como dinacircmicas sociais e relacionadas agrave linguagem Infelizmente existem poushycos estudos publicados dentro desse paradigma

Diferentemente de Kalaja que reconhece apenas duas abordashygens de investigaccedilatildeo a respeito das crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas neste trabalho agrupo os estudos em trecircs abordagens principais de acordo com a sua definiccedilatildeo de crenccedilas metodologia e relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees A primeira abordagem chamada de abordagem normativa infere as crenccedilas atraveacutes de um conjunto preacute-determinado de afirmaccedilotildees A segunda abordagem metacognitiva utiliza auto-relatos e entrevistas para inferir as crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas A tershyceira abordagem contextuai usa ferramentas etnograacuteficas e entrevistas para investigar as crenccedilas atraveacutes de afirmaccedilotildees e accedilotildees A anaacutelise do

discurso tambeacutem pode ser incluiacuteda nessa abordagem Nas proacuteximas seccedilotildees cada abordagem eacute discutida separadamente

A abordagem normativa

O termo ldquonormativordquo foi usado por Holliday (1994) para se reshyferir a estudos sobre cultura os quais vecircem a cultura dos alunos como explicaccedilatildeo para suas accedilotildees em sala de aula Da mesma forma os estudos incluiacutedos nessa abordagem colocam as crenccedilas como indicadores dos comportamentos futuros dos alunos como bons aprendizes ou como aprendizes autocircnomos

A abordagem normativa inclui estudos que usam questionaacuterios do tipo Likert-scale para investigar as crenccedilas Esse tipo de questionaacuterio conteacutem afirmaccedilotildees com alternativas que vatildeo desde ldquoeu concordo inteirashymenterdquo ateacute ldquoeu discordo inteiramenterdquo5 O questionaacuterio mais usado eacute o Beliefs About Language Learning Inventory (BALLI) que foi desenshyvolvido por Horwitz (1985) A maioria dos estudos nesta abordagem ora usa o BALLI (Horwitz 1987 1988 Su 1995 Tumposky 1991 Yang 1992) ora o adapta ou modifica (Mantle-Bromley 1995) Outros estushydos desenvolvem seus proacuteprios questionaacuterios (Campbell et al 1993 Cotterall 1995 Sakui amp Gaies 1999 Kuntz 1996 Mori 1997 Wen amp Johnson 1997)

Os estudos incluiacutedos na abordagem normativa em geral descreshyvem e classificam os tipos de crenccedilas que os aprendizes apresentam A maioria desses estudos faz conexotildees entre as crenccedilas e o ensino autocircnomo O estudo de Cotterall (1995) teve por objetivo determinar os fatores nas crenccedilas dos alunos que indicariam sua prontidatildeo para o ensino autocircnomo Ela construiu um questionaacuterio tipo Likert-scale a partir das entrevistas com 130 aprendizes adultos de inglecircs como segunda liacutengua em universidades na Nova Zelacircndia Seis fatores foram encontrados o papel do professor o pashypel do feedback a independecircncia do aprendiz a confianccedila do aprendiz na sua capacidade de estudo a experiecircncia de aprendizagem de liacutenguas e a

76 Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

5 Para uma discussatildeo a respeito de questionaacuterios com escala Likert consultar Low (1988) e Luppescu amp Day (1990) Para uma discussatildeo sobre o BALLI ver Kuntz (1996)

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 77

abordagem de estudar Os resultados indicaram que os alunos natildeo estavam ldquoprontosrdquo para o ensino autocircnomo porque eles tinham visotildees tradicionais do papel do professor (embora a definiccedilatildeo de tradicionalrsquo natildeo tenha sido discutida no texto) Os comentaacuterios de Cotterall (1995 197) enfatizam as crenccedilas dos alunos como obstaacuteculos no processo de aprendizagem autocircnoma ldquoaprendizes [] natildeo correspondem ao perfil do aprendiz autocircnomordquo ldquoas expectativas dos alunos sobre a autoridade do professor podem representar um obstaacuteculo para os professoresrdquo (p 197) ldquoaprendizes que acreditam que o professor deve fazer tudo [] ainda natildeo estatildeo prontos para a autonomiardquo (Cotterall 1995 198 ecircnfase minha) Esses tipos de comentaacuterios sugerem uma visatildeo ideal do aprendiz agrave qual os ldquoalunos reaisrdquo natildeo correspondem (Benson 1995)

Alguns estudos tecircm incluiacutedo entrevistas como uma maneira de validar o uso de questionaacuterios As entrevistas geralmente apontam que os aprendizes possuem crenccedilas que satildeo diferentes daquelas apresentadas no BALLI Sakui e Gaies (1999) aleacutem de usarem um questionaacuterio com escalas Likert usaram entrevistas em sua investigaccedilatildeo a respeito das crenshyccedilas de alunos japoneses Os resultados das entrevistas sugeriram que as crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas satildeo contextuais e podem mudar Assim as discrepacircncias encontradas nos questionaacuterios natildeo devem ser vistas como ldquoerrosrdquo Sakui e Gaies afirmam que os alunos interpretam os itens dos questionaacuterios de maneira diferente e podem querer descrever suas crenccedilas de maneira que o questionaacuterio natildeo permite

Em resumo na abordagem normativa as crenccedilas sobre aprendishyzagem de liacutenguas satildeo definidas como opiniotildees que os alunos possuem sobre aprendizagem de liacutenguas que influenciam sua abordagem de aprenshydizagem ou sua prontidatildeo para o ensino autocircnomo Em alguns estudos as crenccedilas dos alunos satildeo caracterizadas como concepccedilotildees errocircneas isto eacute como obstaacuteculos agrave implementaccedilatildeo de determinados tipos de abordashygem em geral do ensino autocircnomo Retratam-se as crenccedilas dos alunos como inadequadas mas natildeo se explicita muito bem sob que perspectiva O meacutetodo de investigaccedilatildeo mais comumente adotado eacute o questionaacuterio com escalas tipo Likert em que os alunos apenas dizem se concordam ou natildeo com afirmaccedilotildees preacute-estabelecidas pelos pesquisadores A relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees natildeo eacute investigada mas apenas sugerida Em sua maioria as crenccedilas satildeo vistas como obstaacuteculos para accedilotildees que os aprenshydizes deveriam adotar pelo menos de acordo com a visatildeo dos pesquisashy

78 Rev B ras ile ira de L inguuml iacutestica A plicada v l n l 2001

dores Natildeo existe uma anaacutelise do contexto onde os alunos agem e interagem

Vantagens e desvantagens

Questionaacuterios tecircm sido largamente utilizados na investigaccedilatildeo das crenccedilas e oferecem vaacuterias vantagens Eles satildeo menos ameaccediladores que observaccedilotildees satildeo uacuteteis se o pesquisador tem recursos limitados e pouco tempo ldquosatildeo faacuteceis de tabular e particularmente adequados para um granraquo de nuacutemero de participantesrdquo (Gimenez 1994 76) Aleacutem disso os quesshytionaacuterios fornecem acesso a outros contextos e permitem que os dados sejam coletados em eacutepocas diferentes (McDonough amp McDonough 1997) Entretanto questionaacuterios apresentam algumas desvantagens

Em primeiro lugar os questionaacuterios tornam difiacutecil garantir uma interpretaccedilatildeo consistente pelos participantes por causa de sua generalishydade Aleacutem disso os participantes tendem a responder o que eles acham que seria adequado (Gimenez 1994) Em segundo lugar os questionaacuterishyos restringem a escolha dos participantes quando estruturam as resposshytas de acordo com um conjunto de afirmaccedilotildees preacute-estabelecidas Ao natildeo permitir que os alunos usem suas proacuteprias palavras e metaacuteforas os quesshytionaacuterios tornam difiacutecil investigar as crenccedilas nos termos dos proacuteprios alunos e professores (Block 19971998 Cortazzi amp Jin 1996 Gimenez 1994 Kalaja 1995 Kuntz 1996 Munby 1984 Pajares 1992 Riley 1996 Woods 1996) Wenden (1987) tambeacutem apontou que questionaacuterios natildeo permitem que os alunos articulem seu conhecimento metacognitivo

Em resum o na abordagem normativa as crenccedilas satildeo descontextualizadas Isto eacute problemaacutetico primeiro porque os alunos podem interpretar os itens dos questionaacuterios de maneira diferente do que o pesquisador pretendia conforme exposto acima Em segundo lugar as crenccedilas apresentadas no questionaacuterio podem ser diferentes das crenccedilas que os alunos acreditam ser significativas em sua aprendizagem Em tershyceiro lugar se os alunos tecircm algumas daquelas crenccedilas o que isso signishyfica Eles agem de acordo com aquelas crenccedilas Como eles interagem com essas crenccedilas Porque eles tecircm essas crenccedilas A abordagem metacognitiva discutida a seguir daacute mais importacircncia agrave linguagem dos alunos ao lhes proporcionar a chance de refletir e falar sobre suas expeshyriecircncias de aprendizagem em entrevistas

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n J 2001 79

A abordagem metacognitiva

Os estudos nessa abordagem definem crenccedilas como conhecimenshyto metacognitivo daiacute o nome da abordagem Os estudos incluiacutedos aqui utilizam-se basicamente de entrevistas semi-estruturadas e auto-relatos embora questionaacuterios semi-estruturados possam ser usados (cf Victori 1992) O que une os estudos nessa abordagem eacute a definiccedilatildeo de crenccedilas como conhecimento metacognitivo O pressuposto impliacutecito nessa aborshydagem eacute que o conhecimento metacognitivo dos alunos se constituem em suas ldquoteorias em accedilatildeordquo que os ajudaraacute a refletir sobre o que fazem e a desenvolver seu potencial para a aprendizagem (Wenden 1987 112)

Existem poucos estudos nessa abordagem (ateacute agora somente Wenden 1987 Victori 1992 Victori amp Lockhart 1995) A maioria dos estudos tem como referencial teoacuterico o conhecimento cognitivo e sua influecircncia na aprendizagem (ver Wenden 198619911999) O pressushyposto baacutesico nesses estudos eacute que os aprendizes pensam sobre seu proshycesso de aprendizagem de liacutenguas e satildeo capazes de articular algumas de suas crenccedilas Wenden (1986) descobriu que os aprendizes satildeo capazes de falar sobre a liacutengua sua proficiecircncia na liacutengua os resultados de seus esforccedilos na aprendizagem seu papel no processo de aprendizagem de liacutenguas e a melhor maneira de aprender liacutenguas

Wenden (1987 163) define conhecimento cognitivo como o coshynhecimento ldquoestaacutevel declaraacutevel embora agraves vezes incorreto que os aprenshydizes tecircm sobre linguagem aprendizagem e aprendizagem de liacutenguasrdquo A autora caracteriza esse conhecimento como faliacutevel ou seja nem semshypre empiricamente sustentaacutevel e interativo isto eacute que pode influenciar os resultados da aprendizagem

Wenden (1987) investigou as crenccedilas prescritivas dos aprendizes a fim de saber se eles tinham esses tipos de crenccedilas quais eram essas crenccedilas e se elas refletiam-se no que os aprendizes diziam fazer para aprender uma segunda liacutengua A autora define crenccedilas prescritivas como crenccedilas dos aprendizes sobre a melhor maneira de se aprender uma seshygunda liacutengua Ela entrevistou 25 alunos que moravam nos Estados Unishydos por dois anos e estavam matriculados em niacuteveis avanccedilados em um instituto de liacutenguas Os resultados mostraram que os alunos tinham crenshyccedilas prescritivas sobre (a) a importacircncia de usar a liacutengua de uma maneira natural isto eacute praticando pensando em inglecircs morando e estudando onde o inglecircs eacute falado (b) a importacircncia de aprender sobre a liacutengua sua

80 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

gramaacutetica e seu vocabulaacuterio aprender com os erros e estar mentalmente ativo e (c) a importacircncia de fatores pessoais (sentimentos auto-concei- to atitude e aptidatildeo) Ao comparar as crenccedilas de seu estudo com aqueshylas usadas no questionaacuterio BALLI Wenden constatou que algumas eram bem diferentes enquanto outras natildeo estavam representadas no BALLI Em sua conclusatildeo Wenden faz uma criacutetica sutil aos questionaacuterios afirshymando que essas ldquodiferenccedilas apontam para a necessidade de se desenshyvolver um questionaacuterio mais abrangente e representativo do conjunto de crenccedilasrdquo (Wenden 1987 113)

Os estudos dentro dessa abordagem definem crenccedilas como coshynhecimento metacognitivo caracterizado por Wenden (1987) como coshynhecimento estaacutevel e faliacutevel Nesse sentido eacute semelhante agrave definiccedilatildeo da abordagem normativa pois tambeacutem vecirc as crenccedilas como obstaacuteculo a uma determinada visatildeo de aprendizagem A metodologia natildeo envolve o uso de questionaacuterios Likertscale como o BALLI mas o uso de entrevistas que satildeo analisadas de acordo com seu conteuacutedo e podem envolver tamshybeacutem o uso de questionaacuterios semi-estruturados A relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilatildeo tambeacutem natildeo eacute investigada mas apenas sugerida e discutida somenshyte em relaccedilatildeo a estrateacutegias de aprendizagemVantagens e Desvantagens

As vantagens da abordagem metacognitiva satildeo vaacuterias Em prishymeiro lugar atraveacutes do uso de entrevistas os alunos tecircm a oportunidade de elaborar e refletir sobre suas experiecircncias De acordo com Block (1997) entrevistas permitem aos alunos definir e avaliar o processo de aprendizagem em seus proacuteprios termos Em segundo lugar na abordashygem metacognitiva as crenccedilas satildeo consideradas como conhecimento Isso implica o reconhecimento das crenccedilas dos alunos como parte de seu processo de raciociacutenio Apesar de tais vantagens a abordagem metacognitiva natildeo infere as crenccedilas atraveacutes das accedilotildees mas somente atrashyveacutes de intenccedilotildees e declaraccedilotildees verbais Aleacutem disso embora haja o recoshynhecimento da relaccedilatildeo entre crenccedilas e contexto essa relaccedilatildeo e sua influshyecircncia nas crenccedilas dos alunos natildeo satildeo consideradas ou analisadas

A abordagem contextuai

Mais recentemente alguns estudos comeccedilaram a investigar as crenccedilas sob uma perspectiva diferente Esses estudos natildeo utilizam quesshytionaacuterios nem definem crenccedilas como conhecimento cognitivo As crenshy

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 81

ccedilas satildeo investigadas atraveacutes de observaccedilotildees de sala de aula e anaacutelise do contexto6 especiacutefico onde os alunos atuam daiacute o nome dessa abordashygem Esses estudos natildeo tecircm como objetivo generalizar sobre as crenccedilas mas compreender as crenccedilas de alunos (ou professores) em contextos especiacuteficos

Os estudos incluiacutedos nessa abordagem caracterizam crenccedilas como especiacuteficas de um determinado contexto (Allen 1996) ou de uma cultura de aprender de um determinado grupo (Barcelos 1995 Garcia 1999) Os estudos em sua maioria procuram considerar a influecircncia da experishyecircncia anterior de aprendizagem de liacutenguas dos alunos natildeo somente em suas crenccedilas mas tambeacutem em suas accedilotildees dentro de um contexto especiacuteshyfico Dentre os estudos dessa abordagem destaco o estudo de Allen (1996) Allen investigou a influecircncia das crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas do professor nas crenccedilas estabelecidas de um aprendiz Ela tamshybeacutem examinou se e como os comportamentos as estrateacutegias e as percepshyccedilotildees do aluno sobre seu proacuteprio sucesso na aprendizagem de liacutenguas foram afetados como resultado dessa influecircncia O participante da pesshyquisa foi um libanecircs aluno de niacutevel intermediaacuterio de inglecircs no Carleton School of Linguistics no Canadaacute A metodologia incluiu observaccedilotildees de sala de aula entrevistas com professor e aluno e anotaccedilotildees em seus diaacuteshyrios Allen tambeacutem analisou o livro-texto as apostilas e os materiais adishycionais preparados pelo professor

Os resultados indicaram que as crenccedilas do professor influenciashyram as crenccedilas do aluno A princiacutepio o aluno acreditava que o professor deveria ser o responsaacutevel por sua aprendizagem que a interaccedilatildeo com falantes nativos era melhor para sua aprendizagem e que ele deveria ter uma pronuacutencia mais perto possiacutevel da nativa O professor acreditava que os alunos eram responsaacuteveis por sua aprendizagem e que natildeo deveriam ter uma pronuacutencia similar agrave dos nativos Ao final do semestre as crenccedilas do aluno tomaram-se mais similares agraves do seu professor e isso afetou a percepccedilatildeo do aluno sobre seu sucesso na aprendizagem e as estrateacutegias utishy

6 A definiccedilatildeo de contexto neste trabalho natildeo se refere a ldquoum recipiente estaacutetico que circunda a interaccedilatildeo socialrdquo (Lave 1993 22) Contexto eacute definido neste estudo como ldquoum fenocircmeno socialmente constituiacutedo e sustentado interativamente onde ldquocada accedilatildeo acrescentada dentro da interaccedilatildeo modifica o contexto existente enquanto cria uma nova arena para interaccedilotildees subsequumlentesrdquo (Goodwin amp Duranti 19925-6) De acordo com essa definiccedilatildeo as perpectiacutevas dos participantes e a maneira como eles organizam suas percepccedilotildees dos eventos satildeo essenciais

82 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada vJ n l 2001

lizadas por ele O estudo de Alien (1996) mostra primeiro que as crenccedilas estatildeo inter-relacionadas com as experiecircncias dos alunos e segundo que as crenccedilas natildeo satildeo tatildeo estaacuteveis como se costuma pensar Conforme sugerido por Valenzuela (1996) uma boa abordagem para inferir crenccedilas envolve sua investigaccedilatildeo atraveacutes de acircngulos diferentes combinando observaccedilotildees e enshytrevistas

Na abordagem contextual as crenccedilas satildeo caracterizadas como deshypendentes do contexto A metodologia utilizada envolve o uso de entrevisshytas e principalmente observaccedilotildees de sala de aula Esse eacute o ponto que difere essa abordagem das outras Assim a relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilatildeo natildeo eacute somente sugerida mas eacute investigada dentro do contexto especiacutefico dos alushynos

Vantagens e desvantagens

A abordagem contextual oferece uma definiccedilatildeo mais ampla de crenshyccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas caracterizando-as como dinacircmicas e soshyciais e propondo uma metodologia diferente para investigaacute-las Essa metodologia fornece uma riqueza de detalhes bem mais refinados a respeito dos tipos de crenccedilas e do contexto onde essas crenccedilas se desenvolvem pershymitindo assim uma maior compreensatildeo das crenccedilas e de sua relaccedilatildeo com a abordagem de aprender liacutenguas estrangeiras dos alunos Aleacutem disso ao reshytratar os aprendizes como agentes sociais interagindo em seus contextos essa abordagem tambeacutem apresenta uma visatildeo mais positiva do aprendiz do que as abordagens normativa e metacognitiva Entretanto estudos desse tipo podem consumir muito tempo e satildeo mais adequados agraves investigaccedilotildees com menor nuacutemero de participantes A Tabela 1 resume as caracteriacutesticas vantagens e desvantagens de cada abordagem

Tabela 1 Caracteriacutesticas vantagens e desvantagens das trecircs aborshydagens

Normativa Metacognitiva Contextual

Metodologia

Definiccedilatildeo de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas

Q uestionaacuterios tipo Likert-scale

C renccedilas satildeo vistas como sinocircn im os de ideacuteias preshyconcebidas concepccedilotildees errocircneas e opiniotildees

E ntrevistas

C renccedilas satildeo descritas com o conhecim ento m etacognitivo estaacutevel e agraves vezes faliacutevel que os aprendizes possuem sobre aprendizagem de liacutenguas

Observaccedilotildees entrevistas diaacuterios e

estudos de caso

Crenccedilas satildeo vistas como parte da cultura de aprender e como representaccedilotildees de aprendizagem em um a determ inada sociedade

R ev B ra s ile ira d e L in g uuml iacutes tic a A p lic a d a v l n l 2001

R elaccedilatildeo e n tre c re n ccedila s e accedilotildees

Crenccedilas satildeo vistas como bons indicadores do comportam ento futuro dos alunos sua disposiccedilatildeo para ensino autocircnom o e sucesso como aprendizes de liacutengua

C renccedilas satildeo vistas como bons indicadores do com portam ento futuro dos alunos sua disposiccediluumlo para ensino autocircnom o e sucesso com o aprendizes de liacutengua em bora admita- se a influecircncia de outros fatores com o objetivos por exemplo

Crenccedilas sao vistas como especiacuteficas do contexto ou seja as crenccedilas devem ser investigadas dentro do contexto de suas accedilotildees

V antagens Perm ite que as crenccedilas sejam investigadas com am ostras grandes em eacutepocas diferentes e em vaacuterios contextos ao mesmo tempo

Perm ite que os alunos usem suas proacuteprias palavras elaborem e reflitam sobre suas experiecircncias de aprender

Perm ite que as crenccedilas sejam investigadas levando em consideraccedilatildeo natildeo soacute as proacuteprias palavras dos alunos mas tambeacutem o contexto de suas accedilotildees

D esvantagens Restringe a escolha dos participantes com um conjunto de afirmaccedilotildees predeterm inadas pelo pesquisador Os alunos podem ter interpretaccedilotildees diferentes sobre esses itens

As crenccedilas satildeo investigadas somente atraveacutes das afirmaccedilotildees dos alunos (natildeo haacute preocupaccedilatildeo com a accedilatildeo dos alunos)

Eacute mais adequada com pequeno nuacutem ero de participantes Consome m uito tempo

Discussatildeo e conclusatildeo

Neste trabalho foi feita uma revisatildeo criacutetica da metodologia de investigaccedilatildeo sobre crenccedilas a respeito de aprendizagem Sugeriu-se a exisshytecircncia de trecircs abordagens a normativa a metacognitiva e a contextuai As diferentes metodologias indicam a concepccedilatildeo impliacutecita de crenccedilas utilizadas por vaacuterios estudos

Enquanto na abordagem normativa as crenccedilas satildeo definidas em geral como concepccedilotildees errocircneas e satildeo investigadas de uma maneira descontextualizada na abordagem metacognitiva as crenccedilas satildeo investigadas atraveacutes de entrevistas dando aos alunos mais chances de usarem suas proacuteprias palavras e de contarem suas proacuteprias estoacuterias Enshytretanto tanto a abordagem normativa quanto a metacognitiva consideshyram crenccedilas como uma caracteriacutestica mental como apontado por Kalaja (1995) Natildeo se quer dizer com isso que as crenccedilas natildeo tenham um comshyponente cognitivo mas natildeo se deve esquecer tambeacutem que as crenccedilas assim como o conhecimento estatildeo embutidas no contexto Uma definishyccedilatildeo de crenccedilas que leve em consideraccedilatildeo o contexto seria essencial na compreensatildeo do papel que as crenccedilas exercem na experiecircncia de aprenshydizagem de liacutenguas dos alunos

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

Em resumo tanto a abordagem normativa quanto a metacognitiva falham em levar em consideraccedilatildeo a natureza experiencial das crenccedilas por (a) natildeo analisar as crenccedilas dos alunos nos seus proacuteprios termos (b) tratar as crenccedilas como um conceito fixo a-priori e (c) natildeo prestar atenshyccedilatildeo ao contexto social das crenccedilas

Eacute importante notar entretanto que na praacutetica as distinccedilotildees enshytre as trecircs abordagens podem natildeo ser tatildeo distintas As escolhas metodoloacutegicas frequumlentemente dependem dos tipos de perguntas de pesshyquisa Aleacutem disso trabalhos recentes como os Carvalho (2000) e Sakui amp Gaies (1999) combinam diferentes instrumentos de coleta como por exemplo o uso de questionaacuterios com escalas do tipo Likert e entrevista Outra maneira de visualizar as trecircs abordagens eacute dentro de um contiacutenuo de dois poacutelos que representam categorias a priori ou embasadas (grounded) que dizem respeito agrave maneira como os dados satildeo coletados e analisados Assim a abordagem normativa se utiliza de categorias a- priori de anaacutelise ou seja preacute-determinadas enquanto a abordagem contextuai emprega categorias embasadas ou seja permite que o sentishydo emerja dos dados (Freeman 1996) A abordagem metacognitiva enshycontra-se entre essas duas categorias com maior proximidade com a cashytegoria a-priori conforme ilustra a Figura 1

Figura 1 Abordagens de investigaccedilatildeo e categorias de anaacutelise

Normativa Metacognitiva Contextuai___ I______________________ 1_____________________ ______Categorias a priori Categorias embasadas

Os estudos atuais descrevem os tipos de crenccedilas que os alunos podem ter e apontam para a importacircncia desse toacutepico em LA Entretanshyto a falta de mais estudos embasados natildeo tem ajudado a entender como os alunos na verdade usam as crenccedilas para interpretar situaccedilotildees diferenshytes e tomar decisotildees em seu processo de aprendizagem (Woods 1997) Alguns trabalhos da abordagem contextuai jaacute investigam esse aspecto mas ainda se sabe muito pouco sobre as funccedilotildees que as crenccedilas exercem na aprendizagem de liacutenguas Alguns pesquisadores jaacute sugeriram que enshytrevistas abertas e observaccedilotildees de sala de aula podem nos ajudar a ter uma visatildeo bem mais precisa a respeito das crenccedilas (Kern 1995 Pajares 1992 Press 1996)

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 85

Estudos recentes tecircm combinado abordagens muacuteltiplas usando questionaacuterios com observaccedilotildees de sala de aula (Mantle-Bromley 1995) e com entrevistas (Sakui amp Gaies 1999 Wen amp Johnson 1997) Outros estudos utilizam anaacutelise metafoacuterica diaacuterios e narrativas (Ellis 1998 Miller amp Ginsberg 1995) desenhos (Swales 1994) e estudos de caso (Allen 1996 Valenzuela 1996) Esses estudos mais embasados permitem que o sentido emerja do contexto e indicam a importacircncia de se examinar a relaccedilatildeo entre as crenccedilas dos alunos e suas accedilotildees em contexto Vaacuterios autores sugerem que as crenccedilas satildeo formadas pela cultura do alunos e pelos contextos sociais nos quais eles estatildeo inseridos (Barcelos 1995 Riley 1997 Tumposky 1991 Yang 1992) Aleacutem disso as crenccedilas satildeo variaacuteveis (Sakui amp Gaies 1999 Kalaja 1995) e construiacutedas socialmente (Kalaja 1995)

Embora as trecircs abordagens sejam diferentes no modo de definir e investigar as crenccedilas todas elas enfatizam que as crenccedilas influenciam o comshyportamento definido em LA como as estrateacutegias de aprendizagem ou aborshydagem de aprendizagem dos alunos (Abraham amp Vann 1987 Horwitz 1985 19871988 Mantie-Bromley 1995 Wenden 1987) Entretanto a relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees natildeo eacute tatildeo direta (Riley 1997 Yang 1992) As crenccedilas natildeo somente influenciam accedilotildees mas as accedilotildees e reflexotildees sobre experiecircncias podem levar a mudanccedilas ou criar outras crenccedilas (Murphey 1996 Riacutechardson 1996) conforme ilustra a Figura 2

Figura 2 Relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees

Crenccedilas

Accedilotildees

De acordo com Riley (1997141) os pesquisadores devem ldquoolhar para as condiccedilotildees de aprendizagem onde os aprendizes se encontramrdquo para entender suas crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas Em resumo as crenccedilas devem ser investigadas de maneira interativa onde crenccedilas e accedilotildees se inter-relacionem e se iacutenterconectem

Perguntas e sugestotildees para pesquisas futuras a respeito de crenccedilassobre aprendizagem de liacutenguas

Vaacuterias questotildees a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas podem ser mais bem investigadas em trabalhos futuros Em primeishy

86 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

ro lugar como se desenvolvem as crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas Estudos mais longitudinais podem mostrar como as crenccedilas evolushyem e mudam com o passar do tempo Estudos interpretativos podem levar a uma compreensatildeo mais aprofundada sobre as crenccedilas E crucial entender como as experiecircncias pessoais dos alunos contribuem para moldar suas crenccedilas e suas accedilotildees no contexto social da aula de liacutengua estrangehra Observaccedilotildees de aula e entrevistas detalhadas de alunos e professores podem ajudar a contextualizar aspectos encontrados em dashydos quantitativos (Sakui amp Gaies 1999 Kem 1995 Press 1996) Mais importante ainda eacute considerar que estudos interpretativos poderatildeo dar uma visatildeo mais aprofundada de como as experiecircncias de aprender dos alunos em contextos diferentes no Brasil tais como escolas puacuteblicas ldquocursinhos de inglecircsrdquo e no exterior influenciam os tipos de crenccedilas que esse alunos tecircm sobre como aprender inglecircs e suas accedilotildees para aprender nesses contextos diferentes

Em segundo lugar como as crenccedilas podem ser modificadas Wenden (1991) sugere um plano para explorar as crenccedilas dos aprendishyzes Ateacute o momento natildeo existe estudo empiacuterico que tenha tentado mushydar as crenccedilas dos aprendizes ou incorporar uma discussatildeo sobre crenshyccedilas a respeito de aprendizagem de liacutenguas em atividades de sala de aula levando os alunos a uma aprendizagem reflexiva A aprendizagem refleshyxiva de maneira semelhante ao conceito de ensino reflexivo dos professhysores diz respeito agrave conscientizaccedilatildeo dos alunos sobre como eles aprenshydem uma liacutengua estrangeira Aprender reflexivamente significa abrir a discussatildeo a respeito de crenccedilas estrateacutegias e estilos de aprendizagem aos alunos para que eles mesmos possam refletir entre eles e com seus professores sobre sua cultura de aprender sobre crenccedilas de aprendizashygem de liacutenguas e como elas influenciam suas accedilotildees para aprender dentro e fora de sala de aula Estudos futuros devem incorporar a discussatildeo a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas em atividades de sala de aula dando oportunidade a alunos e professores de liacutenguas de discutir e refletir natildeo somente sobre suas proacuteprias crenccedilas mas tambeacutem sobre obstaacuteculos dentro e fora da sala de aula de liacutenguas que possam impedi- los de agir de acordo com suas proacuteprias crenccedilas e de desenvolver seu potencial para ensino e aprendizagem7

7 Barcelos (2000a) e Murphey (1997) oferecem algumas sugestotildees de atividades relacionadas agraves crenccedilas que podem ser exploradas em sala de aula

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 87

Finalmente quais as funccedilotildees que as crenccedilas exercem nas experishyecircncias de aprendizagem dos alunos e nas accedilotildees que eles praticam para aprender liacutenguas Natildeo sabemos ainda como os alunos usam suas crenccedilas para lidar com a complexidade da aprendizagem de liacutenguas ou seja se os alunos definem seu proacuteprio contexto e atuam nele noacutes precisamos entender como as crenccedilas os ajudam a fazer isso e a ldquonavegarrdquo no discurshyso da sala de aula de liacutenguas (Breen 1996) Pesquisas futuras devem investigar como a sala de aula de liacutenguas como um contexto social ajushyda a moldar as crenccedilas dos alunos e como as crenccedilas dos alunos por sua vez moldam a interaccedilatildeo e as accedilotildees que ocorrem na cultura da sala de aula

A pesquisa a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas precisa ir aleacutem da simples descriccedilatildeo de crenccedilas como indicadores de um comportamento futuro E preciso uma investigaccedilatildeo contextualizada das crenccedilas E necessaacuterio entender como as crenccedilas interagem com as accedilotildees dos alunos e que funccedilotildees elas exercem em suas experiecircncias de aprendishyzagem dentro e fora de sala de aula Como Dewey (1933) sugeriu o conhecimento natildeo pode estar separado da accedilatildeo Assim uma investigashyccedilatildeo do que os alunos sabem ou acreditam deve envolver (a) suas experishyecircncias e accedilotildees (b) suas interpretaccedilotildees sobre essas experiecircncias e (c) o contexto social e como esse contexto molda as suas experiecircncias

Referecircncias Bibliograacuteficas

ABELSON R P Difference between belief and knowledge systems Cognitive Science 3 p 355-366 1979ABRAHAM R G VANN R J Strategies of two language leamers A case study InWENDEN A RUBIN J (Ed) Leamer strategies in language leaming Londres Prentice Hall 1987 p 85-102ALLEN L The evolution of a learnerrsquos beliefs about language leaming Carleton Papers in Applied Language Studies XIII p 67-801996 BARCELOS A M F A cultura de aprender liacutengua estrangeira (inshyglecircs) de alunos de Letras 1995 188f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Linguumliacutestica Aplicada) - Instituto de Estudos da Linguagem UNICAMP Campinas

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

___ Current Approaches to the Investigation of Language LearningBeliefs A Literature Review In AILA99 1999 Toacutequio 12th World Congress o f Applied Linguistics AILA99 mdash Programa and Abstracts Toacutequio AILA 1999 p 133__ Understanding teachersrsquo and students language learning beliefs inexperience A Deweyan Approach 2000357f Tese (Doutorado em Ensino de Ingles como Segunda Lingua) College of Education The University of Alabama Tuscaloosa__ Incorporating language learning beliefs in the classroom - WorkshopUniatildeo Cultural Brasil Estados Unidos Satildeo Paulo 3 de agosto 2000a BENSON R A critical view of learner training Learning Learning v 2 n 2 p 2-61995BLOCK D Learning by listening to language learners System v 25 n 3 p 347-360 1997BLOCK D Exploring interpretations of questionnaire items System v 26 n 3 p 403-4251998BREEN M Constructions of the learner in second language acquisition researchInALATIS 1 STRAEHLE C RONKIN M GALLENBERGER B (Ed) Georgetown University Round Table on Languages and Linguistics Washyshington Georgetown University Press 1996 p 84-115CARVALHO V C P S A aprendizagem de liacutengua estrangeira sob a oacutetica de alunos de letras crenccedilas e mitos 2000 138f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Estudos Linguumliacutesticos) - Faculdade de Letras UFMG Belo Horizonte CAMPBELL C M SHAW V M PLAGEMAN ME ALLEN T A Exploring student beliefs about language learning In HATFIELD W N (Ed) Visions and realities in foreign language teaching where we are where we are going Lincolnwood National Textbook 1993 p 29-39 CORTAZZI M amp JIN L Cultures of learning Language classrooms in China InCOLEMAN H (Ed) Society and the language classroom Cambridge Cambridge University Press p 169-2031996COTTERALL S Readiness for autonomy Investigating learner beliefs System v 23 n 2 p195-2051995DEWEY J How we think Lexington D C Heath 1993ELLIS R The metaphorical constructions of second language learners In AAALrsquo9 8 1998 Seatle AAALAnual Conference Seatle AAAL 1998

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 89

ERLBAUM B E BERG C A DODD D H Previous learning experiences strategy beliefs and task definition in self-regulated foreign language learning Contemporary Educational Psychology v 18 n 3 p 318-336 1993FREEMAN D The ldquounstudied problemrdquo Research on teacher learning in language teaching In FREEMAN D RICHARDS JC (Ed) Teacher learning in language teaching9 Cambridge Cambridge University Press 1996 p 351-378GARCIA C R P As culturas de aprender uma lingua estrangeira (inshyglecircs) em sala de aula que se propotildee interdisciplinar 1999125f Dissershytaccedilatildeo (Mestrado em Linguumliacutestica Aplicada) - Instituto de Estudos da Linshyguagem UNICAMP CampinasGEMENEZ T Learners becoming teacher an exploratory study of beliefs held by prospective and practising EFL teachers in Brazil 1994 340f Tese (Doutorado) Lancaster Lancaster UniversityGOODWIN C DURANTI A Rethinking context An introduction In DURANTI A GOODWIN C (Ed) Rethinking context Language as an interactive phenomenon Cambridge Cambridge University Press 1992 p 1-42HOLEC H The learner as manager managing learning or managing to learn In WENDEN A RUBIN J (Ed) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p 145-156HOLLIDAY A Appropriate methodology and social context Cambridge Cambridge University Press 1994HORWITZ E K Using student beliefs about language learning and teaching in the foreign language methods course Foreign Language Annals v 18 n 4 p 333-340 1985HORWITZ E K Surveying studentsrsquo beliefs about language learning In WENDEN A RUBIN J (Ed) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p 110-129HORWITZ E K The beliefs about language learning of beginning university foreign language students The Modem Language Journal v 72 n 3 p 283-294 1988KALAJA P Student beliefs (or metacognitive knowledge) about SLA reconsidered International Journal o f Applied Linguistics v 5 n 2 p 191-204 1995KERN R G Students7 and teachers beliefs about language learning Foreign Language Annals v 28 n 1 p 71-92 1995

90 Rev B ras ile ira de L inguumlistica A plicada v l n l 2001

KUNTZ P Students of lsquoeasy languages Their beliefs about language learning [ERIC Document Reproduction Service No ED397658] 1996 KUNTZ P Students and their teachers of Arabic Beliefs about language learning ERIC Document Reproduction Service No ED407854] 1997 MANTLE-BROMLEY C Positive attitudes and realistic beliefs Links to proficiency The Modem Language Journal v 79 n 3 p 372-386 1995 LAVE J The practice of learning In CHAIumlNKLIN S LAVE J (Ed) Understanding practice Perspectives on activity and context Cambridge Cambridge University Press 1993 p 3-32LOW G The semantics of questionnaire rating scales Evaluation and Research in Education v 2 n 2 p 69-791988LUPPESCU S DAY R R Examining attitude in teachers and students the need to validate questionnaire data Second Language Research v 6 n 2 p 125-1341990MCDONOUGH J MCDONOUGH S H Research methods for English language teachers London Arnold 1997MUNB Y H A qualitative approach to the study of a teacherrsquos beliefs Journal of Research in Science Teaching v 21 n 1 p 27-38 1984MILLER L amp GINSBERG R B FolWinguistic theories of language learning In FREED B F (Ed) Second language acquisition in a study abroad context Amsterdam John Benjamins 1995 p 293-315MORI Y Epistemological beliefs and language learning beliefs What do language learners believe about their learning [ERIC Document Reproduction Service No ED406657] 1997MURPHEY T Experiencing and mapping in teacher education In SACHS GT Brock M Lo R (Ed) Directions in second language teacher education Hong Kong City University of Hong Kong 1996 p 202-219 MURPHEY T Language hungiy An introduction to language learning fun and self-esteem Tokyo MacMillan 1997NESPOR J The role of beliefs in the practice of teaching Journal of Curnculum Studies v 19 n 4 p 317-328 1987PAJARES F M Teachersrsquo beliefs and educational research Cleaning up a messy construct Review of Educational Research v 62 n 3 p 307-332 1992PRESS M-C Ethnicity and the autonomous language learner different beshyliefs and learning strategies In BROADY E KENNING M-M (Ed) Proshymoting Learner autonomy in university language teaching London Assoshyciation for French StudiesCILT 1996 p237-259

Rev B rasile ira de L ing uuml iacutes tica A plicada v l n l 2001 91

RAMANATHAN V ATKINSON D Ethnographic approaches and methods in L2 writing research A critical guide and Review Applied Linguistics v 20 n 1 1999 p44-70RICHARDS J C LOCKHART C Reflective teaching in second language classrooms Cambridge Cambridge University Press 1994 RICHARDSON V The role of attitudes and beliefs in learning to teach In SIKULA J (Ed) Handbook o f Research on Teacher Education (2 ed) New York Macmillan 1996 p 102-119RILEY R The guru and the conjurer aspects of counselling for self- access In BENSON P amp VOLLER P (Ed) Autonomy and independence in language learning New York Longman 1997 p 114- 131ROKEACH M Beliefs attitudes and values A theory of organization and change San Francisco Jossey-Bass 1968SCHWANDT T A Qualitative Inquiry a dictionary of terms Thousand Oaks Sage1997SAKUI K GAIES S Investigating Japanese learners beliefs about language learning System v 27 n 4 p 473-4921999SU D A study o f English learning strategies and styles o f Chinese university students in relation to their cultwal beliefs about learning English 1995 Dissertaccedilatildeo (Doutorado) - University of Georgia Athens SWALES S From metaphor to meta-language English Teaching Forum v 32 n 3 p8- 11 1994TUMPOSKYN Student beliefs about language learning A cross-cultural study Carleton Papers in Applied Language Studies v 8 p 50-65 1991VALENZUELA S M The management of language learning Who is supposed to do what Carleton Papers in Applied Language Studies XIII 1996 p 21-35VIANA N A A desconstruccedilatildeo dos mitos na aprendizagem de liacutengua estrangeira Uberlacircndia Departamento de Letras UFU 1993 5f MimeografadoVICTORI M Investigating the metacognitive knowledge of students of English as a second language 1992 Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - University of California Los AngelesVICTORI M LOCKHART W Enhancing metacognition in self-directed language learning System v 23 n 2 p 223-234 1995

92 Rev B ras ile ira de LingUistica A plicada v l n l 2001

WEN Q JOHNSON R K L2 learner variables and English achievement A study of tertiary-level English majors in China Applied Linguistics v 18 p 27-48 1997WENDEN A Helping language learners think about learning ELT Journal v 40 nl p3-12 1986WENDEN A How to be a successful language learner insights and prescriptions from L2 learners In WENDEN A amp RUBIN J (Eds) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p103-117WENDEN A Learner strategies for learner autonomy London Prentice Hall 1991WENDEN A Metacognitive knowledge and language learning Applied Linguistics v 19 n 4 p 515-537 1999WOODS D Teacher cognition in language teaching Beliefs decisionshymaking and classroom practice Cambridge Cambridge University Press 1996WOODS D Decision-making in language learning A lens for examining learner strategies The Language Teacher Online Outubro 1997 [cited 26 M ay 1998] Available from World Wide WeB lthttp languehyperchubuacjpjaltpubtli97octwoodshtmlgtYANG ND Second language learnersrsquo beliefs about language learning and their use of learning strategies A study of college students of Enshyglish in Taiwan 1992 Tese (Doutorado) - The University of Texas Ausshytin

Page 2: Pesquisa das crenças sobre aprendizagem de línguas

ccedilatildeo dessas crenccedilas mas natildeo tem tentado entender porque os alunos posshysuem certas crenccedilas a sua origem e o papel que algumas delas exercem no processo de aquisiccedilatildeo de liacutenguas Inicialmente faccedilo uma breve revishysatildeo do conceito de crenccedilas e da relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilatildeo2 Em seguishyda faccedilo uma revisatildeo da metodologia dos estudos sobre crenccedilas a resshypeito de aprendizagem de liacutenguas agrupando-os em trecircs abordagens de acordo com sua definiccedilatildeo de crenccedilas meacutetodos de investigaccedilatildeo e relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilatildeo discutindo as vantagens e desvantagens de cada abordagem Concluo o artigo com perguntas e sugestotildees que podem constituir toacutepicos de investigaccedilotildees futuras

Crenccedilas e accedilotildees

Pajares (1992) afirma que as crenccedilas satildeo um conceito complexo Parte dessa complexidade deve-se agrave existecircncia de diferentes termos usashydos para se referir agraves crenccedilas Esse fenocircmeno tambeacutem acontece em LA onde se encontram termos como ldquorepresentaccedilotildees dos aprendizesrdquo (Holec 1987) ldquofilosofia de aprendizagem de liacutenguasrdquo (Abraham amp Vann 1987) ldquoconhecimento metacognitivordquo (Wenden 1986) e ldquocultura de aprender liacutenguasrdquo (Almeida Filho 1993 Barcelos 1995) referentes agraves crenccedilas Essa profusatildeo de termos apesar de ser prejudicial indica o potencial deste conceito para a LA A importacircncia das crenccedilas sobre aprendizashygem tem sido relacionada principalmente com sua influecircncia na abordashygem de aprender dos alunos e no ensino autocircnomo

Apesar de ainda natildeo haver uma definiccedilatildeo uniforme a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas em termos gerais elas podem ser definidas como opiniotildees e ideacuteias que alunos (e professores) tecircm a respeito dos processos de ensino e aprendizagem de liacutenguas Alguns exemshyplos de crenccedilas de alunos satildeo (a) que soacute se deve aprender uma liacutengua estrangeira nos paiacuteses onde essa liacutengua eacute falada (Barcelos 1995 Carvashylho 2000) (b) que eacute possiacutevel aprender uma liacutengua estrangeira em pouco

bull 72 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n I 2001

2 O objetivo desta resenha eacute revisatildeo sobre metodologia de investigaccedilatildeo das crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas de alunos ou aprendizes Devido a limitaccedilotildees de espashyccedilo e tempo a discussatildeo sobre o conceito de crenccedilas eacute bem breve Para uma discussatildeo mais aprofundada a respeito da definiccedilatildeo de crenccedilas em geral consultar Abelson (1979) Nespor (1987) e Pajares (1992) Sobre crenccedilas a respeito de aprendizagem de liacutenguas consultar Barcelos (2000) Para uma revisatildeo de estudos a respeito de crenccedilas de professores sobre aprendizagem de liacutenguas ver Gimenez (1994)

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 73

tempo e (c) que a liacutengua portuguesa eacute mais difiacutecil do que a liacutengua inglesa (Viana 1993) As crenccedilas satildeo pessoais contextuais episoacutedicas e tecircm origem nas nossas experiecircncias na cultura3 e no folclore As crenccedilas tambeacutem podem ser internamente inconsistentes e contraditoacuterias

Uma das mais importantes caracteriacutesticas das crenccedilas refere-se a sua influecircncia no comportamento De acordo com Pajares (1992) as crenccedilas influenciam como as pessoas organizam e definem suas tarefas Em outras palavras elas satildeo fortes indicadores de como as pessoas agem Na literatura em LA a relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees refere-se agrave maneira como as crenccedilas podem influenciar a abordagem dos alunos em relaccedilatildeo agrave aprendizagem - ldquocomo eles percebem e interpretam sua aprendizagemrdquo (Richards amp Lockhart 1994 58) e as estrateacutegias de aprendizagem que eles adotam e usam (Horwitz 1987 Wenden 1987)

Vaacuterios pesquisadores sugerem que as crenccedilas sobre aprendizashygem de liacutenguas podem influenciar as estrateacutegias de aprendizagem de liacutenshyguas4 (Abraham amp Vann 1987 Erlbaum et al 1993 Riley 1997 Yang 1992) Riley (1997) afirma que as crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas podem influenciar diretamente a motivaccedilatildeo as atitudes e os tipos de estrateacutegias utilizadas pelos alunos Assim de acordo com Riley os alunos que acreditam poder aprender somente na presenccedila de um professhysor teratildeo problemas com qualquer tipo de ensino autocircnomo Abraham e Vann (1987) explicam que a filosofia dos alunos serve de guia para a abordagem que eles adotam em relaccedilatildeo agrave aprendizagem de liacutenguas Essa filosofia pode se manifestar em ldquoestrateacutegias observaacuteveis (e natildeo observaacuteveis) e influenciar diretamente o grau de sucesso que os aprendishyzes atingemrdquo (Abraham e Vann 1987 96) Existem alguns estudos que investigaram a relaccedilatildeo entre as crenccedilas e as estrateacutegias de aprendizagem dentre os quais destaco o de Yang (1992)

Yang (1992) investigou a relaccedilatildeo entre as crenccedilas e estrateacutegias de aprendizagem de liacutenguas Seus resultados indicaram que as crenccedilas

3 Cultura neste sentido vai aleacutem da definiccedilatildeo tradicional referente agraves regras de comshyportamento de determinadas naccedilotildees para englobar qualquer ldquoagrupamento social mais ou menos estabelecido que constroacutei suas proacuteprias regras de comportamento interaccedilatildeo e socializaccedilatildeo no decorrer de contato intensivo e prolongadordquo (Ramanathan amp Atkinson 1999 49)4 O conceito de estrateacutegias de aprendizagem adotado neste trabalho eacute de acordo com Oxford (1990 1) ldquoaccedilotildees que os alunos tomam para melhorar sua proacutepria aprendizashygemrdquo (traduccedilatildeo minha)

74 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

sobre aprendizagem de liacutenguas parecem afetai o uso de estrateacutegias de aprendizagem Mais especificamente a auto-eficaacutecia e a expectativa dos alunos a respeito de ensino e aprendizagem de liacutenguas foram associadas com o uso de estrateacutegias voltadas para a praacutetica da liacutengua com ecircnfase na comunicaccedilatildeo e no significado A percepccedilatildeo dos alunos sobre o valor de aprender habilidades orais na liacutengua inglesa estava relacionada com o uso dessas estrateacutegias Resultados similares a esses foram encontrados tambeacutem por Erlbaum et al (1993) e Wenden (1987)

Apesar de ter sugerido que as crenccedilas podem guiar o comportashymento Yang (1992 148) afirma que ldquoas crenccedilas dos aprendizes podem causar estrateacutegias mas o uso de estrateacutegias pode tambeacutem causar crenshyccedilasrdquo Murphey (1996) concorda com Yang Murphey acredita que essa relaccedilatildeo eacute reciacuteproca ou seja as crenccedilas podem influenciar as estrateacutegias de aprendizagem mas o uso de certas estrateacutegias pode por sua vez influenciar a formaccedilatildeo de algumas crenccedilas O autor afirma que nossas accedilotildees podem influenciar e mudar nossas crenccedilas Para ele desde que haja tempo e modelo adequado as crenccedilas podem ser modificadas se conseguirmos mudar primeiro o comportamento

Como se pode perceber pela discussatildeo acima os estudos tecircm se limitado a investigar o toacutepico estabelecendo uma relaccedilatildeo de causa e efeito entre crenccedilas e comportamento Entretanto natildeo temos dados sushyficientes ainda para afirmar a natureza dessa correlaccedilatildeo A correlaccedilatildeo entre crenccedilas e comportamento certamente existe mas ela depende de vaacuterios fatores como experiecircncia anterior de aprendizagem dos alunos abordagem de ensinar do professor niacutevel de proficiecircncia motivaccedilatildeo e contexto A relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees eacute complexa e requer uma defishyniccedilatildeo de accedilatildeo mais ampla que elimine a dicotomia accedilatildeopensamento Tal definiccedilatildeo encontra-se na filosofia de John Dewey (1933) que caracshyterizou accedilatildeo como intencional e proposital e intrinsicamente relacionada com o pensamento Dessa maneira para entender as crenccedilas precisamos entender natildeo somente as intenccedilotildees mas tambeacutem ldquoos significados intersubjetivos que permeiam os pensamentos e accedilotildeesrdquo (Schwandt 1997 65) Essa definiccedilatildeo de accedilatildeo requer uma abordagem de investigaccedilatildeo mais interativa que leve em consideraccedilatildeo a reciprocidade entre crenccedilas e accedilotildees De acordo com Pajares (1992) Richardson (1996) e Rokeach (1968) as crenccedilas devem ser inferidas natildeo somente atraveacutes das afirmaccedilotildees verbais dos participantes mas tambeacutem atraveacutes de suas intenccedilotildees e accedilotildees Os estudos atuais a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem natildeo tecircm consishy

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 75

derado esse aspecto conforme sugere a seccedilatildeo seguinte de revisatildeo dos diferentes estudos sobre a metodologia de investigaccedilatildeo das crenccedilas

Abordagens de investigaccedilatildeo das crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas

Em sua revisatildeo a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas Kalaja (1995192) critica estudos atuais sobre crenccedilas apontando que ateacute o momento as crenccedilas tecircm sido vistas principalmente como ldquoentidades cognitivas encontradas dentro da mente dos aprendizes de liacutenguardquo e tecircm sido caracterizadas como estaacuteveis Kalaja discorda dessa caracterizaccedilatildeo e aponta estudos como o de Holec (1987) que sugere que as crenccedilas podem ser modificadas A autora propotildee entatildeo uma abordashygem para a investigaccedilatildeo das crenccedilas que inclui pressupostos baacutesicos de que o uso da linguagem eacute orientado para a accedilatildeo que a linguagem cria realidade e que tanto o conhecimento cientiacutefico quanto as concepccedilotildees leigas satildeo ldquovistos como construccedilotildees sociais do mundordquo (Kalaja 1995 196)

Dentro dessa perspectiva Kalaja define crenccedilas como construiacutedas socialmente interativas sociais e variaacuteveis De acordo com a autora as crenccedilas podem mudar de um aluno para outro de uma eacutepoca para outra e de um contexto para outro ou ateacute mesmo dentro de um mesmo conshytexto ou ocasiatildeo Para ela as crenccedilas devem ser investigadas atraveacutes de ldquotrechos de falardquo ou escrita sobre aspectos de aquisiccedilatildeo de segunda liacutenshygua (Kalaja1995 196) O paradigma proposto por Kalaja oferece uma perspectiva interessante na investigaccedilatildeo das crenccedilas caracterizadas como dinacircmicas sociais e relacionadas agrave linguagem Infelizmente existem poushycos estudos publicados dentro desse paradigma

Diferentemente de Kalaja que reconhece apenas duas abordashygens de investigaccedilatildeo a respeito das crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas neste trabalho agrupo os estudos em trecircs abordagens principais de acordo com a sua definiccedilatildeo de crenccedilas metodologia e relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees A primeira abordagem chamada de abordagem normativa infere as crenccedilas atraveacutes de um conjunto preacute-determinado de afirmaccedilotildees A segunda abordagem metacognitiva utiliza auto-relatos e entrevistas para inferir as crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas A tershyceira abordagem contextuai usa ferramentas etnograacuteficas e entrevistas para investigar as crenccedilas atraveacutes de afirmaccedilotildees e accedilotildees A anaacutelise do

discurso tambeacutem pode ser incluiacuteda nessa abordagem Nas proacuteximas seccedilotildees cada abordagem eacute discutida separadamente

A abordagem normativa

O termo ldquonormativordquo foi usado por Holliday (1994) para se reshyferir a estudos sobre cultura os quais vecircem a cultura dos alunos como explicaccedilatildeo para suas accedilotildees em sala de aula Da mesma forma os estudos incluiacutedos nessa abordagem colocam as crenccedilas como indicadores dos comportamentos futuros dos alunos como bons aprendizes ou como aprendizes autocircnomos

A abordagem normativa inclui estudos que usam questionaacuterios do tipo Likert-scale para investigar as crenccedilas Esse tipo de questionaacuterio conteacutem afirmaccedilotildees com alternativas que vatildeo desde ldquoeu concordo inteirashymenterdquo ateacute ldquoeu discordo inteiramenterdquo5 O questionaacuterio mais usado eacute o Beliefs About Language Learning Inventory (BALLI) que foi desenshyvolvido por Horwitz (1985) A maioria dos estudos nesta abordagem ora usa o BALLI (Horwitz 1987 1988 Su 1995 Tumposky 1991 Yang 1992) ora o adapta ou modifica (Mantle-Bromley 1995) Outros estushydos desenvolvem seus proacuteprios questionaacuterios (Campbell et al 1993 Cotterall 1995 Sakui amp Gaies 1999 Kuntz 1996 Mori 1997 Wen amp Johnson 1997)

Os estudos incluiacutedos na abordagem normativa em geral descreshyvem e classificam os tipos de crenccedilas que os aprendizes apresentam A maioria desses estudos faz conexotildees entre as crenccedilas e o ensino autocircnomo O estudo de Cotterall (1995) teve por objetivo determinar os fatores nas crenccedilas dos alunos que indicariam sua prontidatildeo para o ensino autocircnomo Ela construiu um questionaacuterio tipo Likert-scale a partir das entrevistas com 130 aprendizes adultos de inglecircs como segunda liacutengua em universidades na Nova Zelacircndia Seis fatores foram encontrados o papel do professor o pashypel do feedback a independecircncia do aprendiz a confianccedila do aprendiz na sua capacidade de estudo a experiecircncia de aprendizagem de liacutenguas e a

76 Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

5 Para uma discussatildeo a respeito de questionaacuterios com escala Likert consultar Low (1988) e Luppescu amp Day (1990) Para uma discussatildeo sobre o BALLI ver Kuntz (1996)

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 77

abordagem de estudar Os resultados indicaram que os alunos natildeo estavam ldquoprontosrdquo para o ensino autocircnomo porque eles tinham visotildees tradicionais do papel do professor (embora a definiccedilatildeo de tradicionalrsquo natildeo tenha sido discutida no texto) Os comentaacuterios de Cotterall (1995 197) enfatizam as crenccedilas dos alunos como obstaacuteculos no processo de aprendizagem autocircnoma ldquoaprendizes [] natildeo correspondem ao perfil do aprendiz autocircnomordquo ldquoas expectativas dos alunos sobre a autoridade do professor podem representar um obstaacuteculo para os professoresrdquo (p 197) ldquoaprendizes que acreditam que o professor deve fazer tudo [] ainda natildeo estatildeo prontos para a autonomiardquo (Cotterall 1995 198 ecircnfase minha) Esses tipos de comentaacuterios sugerem uma visatildeo ideal do aprendiz agrave qual os ldquoalunos reaisrdquo natildeo correspondem (Benson 1995)

Alguns estudos tecircm incluiacutedo entrevistas como uma maneira de validar o uso de questionaacuterios As entrevistas geralmente apontam que os aprendizes possuem crenccedilas que satildeo diferentes daquelas apresentadas no BALLI Sakui e Gaies (1999) aleacutem de usarem um questionaacuterio com escalas Likert usaram entrevistas em sua investigaccedilatildeo a respeito das crenshyccedilas de alunos japoneses Os resultados das entrevistas sugeriram que as crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas satildeo contextuais e podem mudar Assim as discrepacircncias encontradas nos questionaacuterios natildeo devem ser vistas como ldquoerrosrdquo Sakui e Gaies afirmam que os alunos interpretam os itens dos questionaacuterios de maneira diferente e podem querer descrever suas crenccedilas de maneira que o questionaacuterio natildeo permite

Em resumo na abordagem normativa as crenccedilas sobre aprendishyzagem de liacutenguas satildeo definidas como opiniotildees que os alunos possuem sobre aprendizagem de liacutenguas que influenciam sua abordagem de aprenshydizagem ou sua prontidatildeo para o ensino autocircnomo Em alguns estudos as crenccedilas dos alunos satildeo caracterizadas como concepccedilotildees errocircneas isto eacute como obstaacuteculos agrave implementaccedilatildeo de determinados tipos de abordashygem em geral do ensino autocircnomo Retratam-se as crenccedilas dos alunos como inadequadas mas natildeo se explicita muito bem sob que perspectiva O meacutetodo de investigaccedilatildeo mais comumente adotado eacute o questionaacuterio com escalas tipo Likert em que os alunos apenas dizem se concordam ou natildeo com afirmaccedilotildees preacute-estabelecidas pelos pesquisadores A relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees natildeo eacute investigada mas apenas sugerida Em sua maioria as crenccedilas satildeo vistas como obstaacuteculos para accedilotildees que os aprenshydizes deveriam adotar pelo menos de acordo com a visatildeo dos pesquisashy

78 Rev B ras ile ira de L inguuml iacutestica A plicada v l n l 2001

dores Natildeo existe uma anaacutelise do contexto onde os alunos agem e interagem

Vantagens e desvantagens

Questionaacuterios tecircm sido largamente utilizados na investigaccedilatildeo das crenccedilas e oferecem vaacuterias vantagens Eles satildeo menos ameaccediladores que observaccedilotildees satildeo uacuteteis se o pesquisador tem recursos limitados e pouco tempo ldquosatildeo faacuteceis de tabular e particularmente adequados para um granraquo de nuacutemero de participantesrdquo (Gimenez 1994 76) Aleacutem disso os quesshytionaacuterios fornecem acesso a outros contextos e permitem que os dados sejam coletados em eacutepocas diferentes (McDonough amp McDonough 1997) Entretanto questionaacuterios apresentam algumas desvantagens

Em primeiro lugar os questionaacuterios tornam difiacutecil garantir uma interpretaccedilatildeo consistente pelos participantes por causa de sua generalishydade Aleacutem disso os participantes tendem a responder o que eles acham que seria adequado (Gimenez 1994) Em segundo lugar os questionaacuterishyos restringem a escolha dos participantes quando estruturam as resposshytas de acordo com um conjunto de afirmaccedilotildees preacute-estabelecidas Ao natildeo permitir que os alunos usem suas proacuteprias palavras e metaacuteforas os quesshytionaacuterios tornam difiacutecil investigar as crenccedilas nos termos dos proacuteprios alunos e professores (Block 19971998 Cortazzi amp Jin 1996 Gimenez 1994 Kalaja 1995 Kuntz 1996 Munby 1984 Pajares 1992 Riley 1996 Woods 1996) Wenden (1987) tambeacutem apontou que questionaacuterios natildeo permitem que os alunos articulem seu conhecimento metacognitivo

Em resum o na abordagem normativa as crenccedilas satildeo descontextualizadas Isto eacute problemaacutetico primeiro porque os alunos podem interpretar os itens dos questionaacuterios de maneira diferente do que o pesquisador pretendia conforme exposto acima Em segundo lugar as crenccedilas apresentadas no questionaacuterio podem ser diferentes das crenccedilas que os alunos acreditam ser significativas em sua aprendizagem Em tershyceiro lugar se os alunos tecircm algumas daquelas crenccedilas o que isso signishyfica Eles agem de acordo com aquelas crenccedilas Como eles interagem com essas crenccedilas Porque eles tecircm essas crenccedilas A abordagem metacognitiva discutida a seguir daacute mais importacircncia agrave linguagem dos alunos ao lhes proporcionar a chance de refletir e falar sobre suas expeshyriecircncias de aprendizagem em entrevistas

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n J 2001 79

A abordagem metacognitiva

Os estudos nessa abordagem definem crenccedilas como conhecimenshyto metacognitivo daiacute o nome da abordagem Os estudos incluiacutedos aqui utilizam-se basicamente de entrevistas semi-estruturadas e auto-relatos embora questionaacuterios semi-estruturados possam ser usados (cf Victori 1992) O que une os estudos nessa abordagem eacute a definiccedilatildeo de crenccedilas como conhecimento metacognitivo O pressuposto impliacutecito nessa aborshydagem eacute que o conhecimento metacognitivo dos alunos se constituem em suas ldquoteorias em accedilatildeordquo que os ajudaraacute a refletir sobre o que fazem e a desenvolver seu potencial para a aprendizagem (Wenden 1987 112)

Existem poucos estudos nessa abordagem (ateacute agora somente Wenden 1987 Victori 1992 Victori amp Lockhart 1995) A maioria dos estudos tem como referencial teoacuterico o conhecimento cognitivo e sua influecircncia na aprendizagem (ver Wenden 198619911999) O pressushyposto baacutesico nesses estudos eacute que os aprendizes pensam sobre seu proshycesso de aprendizagem de liacutenguas e satildeo capazes de articular algumas de suas crenccedilas Wenden (1986) descobriu que os aprendizes satildeo capazes de falar sobre a liacutengua sua proficiecircncia na liacutengua os resultados de seus esforccedilos na aprendizagem seu papel no processo de aprendizagem de liacutenguas e a melhor maneira de aprender liacutenguas

Wenden (1987 163) define conhecimento cognitivo como o coshynhecimento ldquoestaacutevel declaraacutevel embora agraves vezes incorreto que os aprenshydizes tecircm sobre linguagem aprendizagem e aprendizagem de liacutenguasrdquo A autora caracteriza esse conhecimento como faliacutevel ou seja nem semshypre empiricamente sustentaacutevel e interativo isto eacute que pode influenciar os resultados da aprendizagem

Wenden (1987) investigou as crenccedilas prescritivas dos aprendizes a fim de saber se eles tinham esses tipos de crenccedilas quais eram essas crenccedilas e se elas refletiam-se no que os aprendizes diziam fazer para aprender uma segunda liacutengua A autora define crenccedilas prescritivas como crenccedilas dos aprendizes sobre a melhor maneira de se aprender uma seshygunda liacutengua Ela entrevistou 25 alunos que moravam nos Estados Unishydos por dois anos e estavam matriculados em niacuteveis avanccedilados em um instituto de liacutenguas Os resultados mostraram que os alunos tinham crenshyccedilas prescritivas sobre (a) a importacircncia de usar a liacutengua de uma maneira natural isto eacute praticando pensando em inglecircs morando e estudando onde o inglecircs eacute falado (b) a importacircncia de aprender sobre a liacutengua sua

80 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

gramaacutetica e seu vocabulaacuterio aprender com os erros e estar mentalmente ativo e (c) a importacircncia de fatores pessoais (sentimentos auto-concei- to atitude e aptidatildeo) Ao comparar as crenccedilas de seu estudo com aqueshylas usadas no questionaacuterio BALLI Wenden constatou que algumas eram bem diferentes enquanto outras natildeo estavam representadas no BALLI Em sua conclusatildeo Wenden faz uma criacutetica sutil aos questionaacuterios afirshymando que essas ldquodiferenccedilas apontam para a necessidade de se desenshyvolver um questionaacuterio mais abrangente e representativo do conjunto de crenccedilasrdquo (Wenden 1987 113)

Os estudos dentro dessa abordagem definem crenccedilas como coshynhecimento metacognitivo caracterizado por Wenden (1987) como coshynhecimento estaacutevel e faliacutevel Nesse sentido eacute semelhante agrave definiccedilatildeo da abordagem normativa pois tambeacutem vecirc as crenccedilas como obstaacuteculo a uma determinada visatildeo de aprendizagem A metodologia natildeo envolve o uso de questionaacuterios Likertscale como o BALLI mas o uso de entrevistas que satildeo analisadas de acordo com seu conteuacutedo e podem envolver tamshybeacutem o uso de questionaacuterios semi-estruturados A relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilatildeo tambeacutem natildeo eacute investigada mas apenas sugerida e discutida somenshyte em relaccedilatildeo a estrateacutegias de aprendizagemVantagens e Desvantagens

As vantagens da abordagem metacognitiva satildeo vaacuterias Em prishymeiro lugar atraveacutes do uso de entrevistas os alunos tecircm a oportunidade de elaborar e refletir sobre suas experiecircncias De acordo com Block (1997) entrevistas permitem aos alunos definir e avaliar o processo de aprendizagem em seus proacuteprios termos Em segundo lugar na abordashygem metacognitiva as crenccedilas satildeo consideradas como conhecimento Isso implica o reconhecimento das crenccedilas dos alunos como parte de seu processo de raciociacutenio Apesar de tais vantagens a abordagem metacognitiva natildeo infere as crenccedilas atraveacutes das accedilotildees mas somente atrashyveacutes de intenccedilotildees e declaraccedilotildees verbais Aleacutem disso embora haja o recoshynhecimento da relaccedilatildeo entre crenccedilas e contexto essa relaccedilatildeo e sua influshyecircncia nas crenccedilas dos alunos natildeo satildeo consideradas ou analisadas

A abordagem contextuai

Mais recentemente alguns estudos comeccedilaram a investigar as crenccedilas sob uma perspectiva diferente Esses estudos natildeo utilizam quesshytionaacuterios nem definem crenccedilas como conhecimento cognitivo As crenshy

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 81

ccedilas satildeo investigadas atraveacutes de observaccedilotildees de sala de aula e anaacutelise do contexto6 especiacutefico onde os alunos atuam daiacute o nome dessa abordashygem Esses estudos natildeo tecircm como objetivo generalizar sobre as crenccedilas mas compreender as crenccedilas de alunos (ou professores) em contextos especiacuteficos

Os estudos incluiacutedos nessa abordagem caracterizam crenccedilas como especiacuteficas de um determinado contexto (Allen 1996) ou de uma cultura de aprender de um determinado grupo (Barcelos 1995 Garcia 1999) Os estudos em sua maioria procuram considerar a influecircncia da experishyecircncia anterior de aprendizagem de liacutenguas dos alunos natildeo somente em suas crenccedilas mas tambeacutem em suas accedilotildees dentro de um contexto especiacuteshyfico Dentre os estudos dessa abordagem destaco o estudo de Allen (1996) Allen investigou a influecircncia das crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas do professor nas crenccedilas estabelecidas de um aprendiz Ela tamshybeacutem examinou se e como os comportamentos as estrateacutegias e as percepshyccedilotildees do aluno sobre seu proacuteprio sucesso na aprendizagem de liacutenguas foram afetados como resultado dessa influecircncia O participante da pesshyquisa foi um libanecircs aluno de niacutevel intermediaacuterio de inglecircs no Carleton School of Linguistics no Canadaacute A metodologia incluiu observaccedilotildees de sala de aula entrevistas com professor e aluno e anotaccedilotildees em seus diaacuteshyrios Allen tambeacutem analisou o livro-texto as apostilas e os materiais adishycionais preparados pelo professor

Os resultados indicaram que as crenccedilas do professor influenciashyram as crenccedilas do aluno A princiacutepio o aluno acreditava que o professor deveria ser o responsaacutevel por sua aprendizagem que a interaccedilatildeo com falantes nativos era melhor para sua aprendizagem e que ele deveria ter uma pronuacutencia mais perto possiacutevel da nativa O professor acreditava que os alunos eram responsaacuteveis por sua aprendizagem e que natildeo deveriam ter uma pronuacutencia similar agrave dos nativos Ao final do semestre as crenccedilas do aluno tomaram-se mais similares agraves do seu professor e isso afetou a percepccedilatildeo do aluno sobre seu sucesso na aprendizagem e as estrateacutegias utishy

6 A definiccedilatildeo de contexto neste trabalho natildeo se refere a ldquoum recipiente estaacutetico que circunda a interaccedilatildeo socialrdquo (Lave 1993 22) Contexto eacute definido neste estudo como ldquoum fenocircmeno socialmente constituiacutedo e sustentado interativamente onde ldquocada accedilatildeo acrescentada dentro da interaccedilatildeo modifica o contexto existente enquanto cria uma nova arena para interaccedilotildees subsequumlentesrdquo (Goodwin amp Duranti 19925-6) De acordo com essa definiccedilatildeo as perpectiacutevas dos participantes e a maneira como eles organizam suas percepccedilotildees dos eventos satildeo essenciais

82 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada vJ n l 2001

lizadas por ele O estudo de Alien (1996) mostra primeiro que as crenccedilas estatildeo inter-relacionadas com as experiecircncias dos alunos e segundo que as crenccedilas natildeo satildeo tatildeo estaacuteveis como se costuma pensar Conforme sugerido por Valenzuela (1996) uma boa abordagem para inferir crenccedilas envolve sua investigaccedilatildeo atraveacutes de acircngulos diferentes combinando observaccedilotildees e enshytrevistas

Na abordagem contextual as crenccedilas satildeo caracterizadas como deshypendentes do contexto A metodologia utilizada envolve o uso de entrevisshytas e principalmente observaccedilotildees de sala de aula Esse eacute o ponto que difere essa abordagem das outras Assim a relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilatildeo natildeo eacute somente sugerida mas eacute investigada dentro do contexto especiacutefico dos alushynos

Vantagens e desvantagens

A abordagem contextual oferece uma definiccedilatildeo mais ampla de crenshyccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas caracterizando-as como dinacircmicas e soshyciais e propondo uma metodologia diferente para investigaacute-las Essa metodologia fornece uma riqueza de detalhes bem mais refinados a respeito dos tipos de crenccedilas e do contexto onde essas crenccedilas se desenvolvem pershymitindo assim uma maior compreensatildeo das crenccedilas e de sua relaccedilatildeo com a abordagem de aprender liacutenguas estrangeiras dos alunos Aleacutem disso ao reshytratar os aprendizes como agentes sociais interagindo em seus contextos essa abordagem tambeacutem apresenta uma visatildeo mais positiva do aprendiz do que as abordagens normativa e metacognitiva Entretanto estudos desse tipo podem consumir muito tempo e satildeo mais adequados agraves investigaccedilotildees com menor nuacutemero de participantes A Tabela 1 resume as caracteriacutesticas vantagens e desvantagens de cada abordagem

Tabela 1 Caracteriacutesticas vantagens e desvantagens das trecircs aborshydagens

Normativa Metacognitiva Contextual

Metodologia

Definiccedilatildeo de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas

Q uestionaacuterios tipo Likert-scale

C renccedilas satildeo vistas como sinocircn im os de ideacuteias preshyconcebidas concepccedilotildees errocircneas e opiniotildees

E ntrevistas

C renccedilas satildeo descritas com o conhecim ento m etacognitivo estaacutevel e agraves vezes faliacutevel que os aprendizes possuem sobre aprendizagem de liacutenguas

Observaccedilotildees entrevistas diaacuterios e

estudos de caso

Crenccedilas satildeo vistas como parte da cultura de aprender e como representaccedilotildees de aprendizagem em um a determ inada sociedade

R ev B ra s ile ira d e L in g uuml iacutes tic a A p lic a d a v l n l 2001

R elaccedilatildeo e n tre c re n ccedila s e accedilotildees

Crenccedilas satildeo vistas como bons indicadores do comportam ento futuro dos alunos sua disposiccedilatildeo para ensino autocircnom o e sucesso como aprendizes de liacutengua

C renccedilas satildeo vistas como bons indicadores do com portam ento futuro dos alunos sua disposiccediluumlo para ensino autocircnom o e sucesso com o aprendizes de liacutengua em bora admita- se a influecircncia de outros fatores com o objetivos por exemplo

Crenccedilas sao vistas como especiacuteficas do contexto ou seja as crenccedilas devem ser investigadas dentro do contexto de suas accedilotildees

V antagens Perm ite que as crenccedilas sejam investigadas com am ostras grandes em eacutepocas diferentes e em vaacuterios contextos ao mesmo tempo

Perm ite que os alunos usem suas proacuteprias palavras elaborem e reflitam sobre suas experiecircncias de aprender

Perm ite que as crenccedilas sejam investigadas levando em consideraccedilatildeo natildeo soacute as proacuteprias palavras dos alunos mas tambeacutem o contexto de suas accedilotildees

D esvantagens Restringe a escolha dos participantes com um conjunto de afirmaccedilotildees predeterm inadas pelo pesquisador Os alunos podem ter interpretaccedilotildees diferentes sobre esses itens

As crenccedilas satildeo investigadas somente atraveacutes das afirmaccedilotildees dos alunos (natildeo haacute preocupaccedilatildeo com a accedilatildeo dos alunos)

Eacute mais adequada com pequeno nuacutem ero de participantes Consome m uito tempo

Discussatildeo e conclusatildeo

Neste trabalho foi feita uma revisatildeo criacutetica da metodologia de investigaccedilatildeo sobre crenccedilas a respeito de aprendizagem Sugeriu-se a exisshytecircncia de trecircs abordagens a normativa a metacognitiva e a contextuai As diferentes metodologias indicam a concepccedilatildeo impliacutecita de crenccedilas utilizadas por vaacuterios estudos

Enquanto na abordagem normativa as crenccedilas satildeo definidas em geral como concepccedilotildees errocircneas e satildeo investigadas de uma maneira descontextualizada na abordagem metacognitiva as crenccedilas satildeo investigadas atraveacutes de entrevistas dando aos alunos mais chances de usarem suas proacuteprias palavras e de contarem suas proacuteprias estoacuterias Enshytretanto tanto a abordagem normativa quanto a metacognitiva consideshyram crenccedilas como uma caracteriacutestica mental como apontado por Kalaja (1995) Natildeo se quer dizer com isso que as crenccedilas natildeo tenham um comshyponente cognitivo mas natildeo se deve esquecer tambeacutem que as crenccedilas assim como o conhecimento estatildeo embutidas no contexto Uma definishyccedilatildeo de crenccedilas que leve em consideraccedilatildeo o contexto seria essencial na compreensatildeo do papel que as crenccedilas exercem na experiecircncia de aprenshydizagem de liacutenguas dos alunos

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

Em resumo tanto a abordagem normativa quanto a metacognitiva falham em levar em consideraccedilatildeo a natureza experiencial das crenccedilas por (a) natildeo analisar as crenccedilas dos alunos nos seus proacuteprios termos (b) tratar as crenccedilas como um conceito fixo a-priori e (c) natildeo prestar atenshyccedilatildeo ao contexto social das crenccedilas

Eacute importante notar entretanto que na praacutetica as distinccedilotildees enshytre as trecircs abordagens podem natildeo ser tatildeo distintas As escolhas metodoloacutegicas frequumlentemente dependem dos tipos de perguntas de pesshyquisa Aleacutem disso trabalhos recentes como os Carvalho (2000) e Sakui amp Gaies (1999) combinam diferentes instrumentos de coleta como por exemplo o uso de questionaacuterios com escalas do tipo Likert e entrevista Outra maneira de visualizar as trecircs abordagens eacute dentro de um contiacutenuo de dois poacutelos que representam categorias a priori ou embasadas (grounded) que dizem respeito agrave maneira como os dados satildeo coletados e analisados Assim a abordagem normativa se utiliza de categorias a- priori de anaacutelise ou seja preacute-determinadas enquanto a abordagem contextuai emprega categorias embasadas ou seja permite que o sentishydo emerja dos dados (Freeman 1996) A abordagem metacognitiva enshycontra-se entre essas duas categorias com maior proximidade com a cashytegoria a-priori conforme ilustra a Figura 1

Figura 1 Abordagens de investigaccedilatildeo e categorias de anaacutelise

Normativa Metacognitiva Contextuai___ I______________________ 1_____________________ ______Categorias a priori Categorias embasadas

Os estudos atuais descrevem os tipos de crenccedilas que os alunos podem ter e apontam para a importacircncia desse toacutepico em LA Entretanshyto a falta de mais estudos embasados natildeo tem ajudado a entender como os alunos na verdade usam as crenccedilas para interpretar situaccedilotildees diferenshytes e tomar decisotildees em seu processo de aprendizagem (Woods 1997) Alguns trabalhos da abordagem contextuai jaacute investigam esse aspecto mas ainda se sabe muito pouco sobre as funccedilotildees que as crenccedilas exercem na aprendizagem de liacutenguas Alguns pesquisadores jaacute sugeriram que enshytrevistas abertas e observaccedilotildees de sala de aula podem nos ajudar a ter uma visatildeo bem mais precisa a respeito das crenccedilas (Kern 1995 Pajares 1992 Press 1996)

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 85

Estudos recentes tecircm combinado abordagens muacuteltiplas usando questionaacuterios com observaccedilotildees de sala de aula (Mantle-Bromley 1995) e com entrevistas (Sakui amp Gaies 1999 Wen amp Johnson 1997) Outros estudos utilizam anaacutelise metafoacuterica diaacuterios e narrativas (Ellis 1998 Miller amp Ginsberg 1995) desenhos (Swales 1994) e estudos de caso (Allen 1996 Valenzuela 1996) Esses estudos mais embasados permitem que o sentido emerja do contexto e indicam a importacircncia de se examinar a relaccedilatildeo entre as crenccedilas dos alunos e suas accedilotildees em contexto Vaacuterios autores sugerem que as crenccedilas satildeo formadas pela cultura do alunos e pelos contextos sociais nos quais eles estatildeo inseridos (Barcelos 1995 Riley 1997 Tumposky 1991 Yang 1992) Aleacutem disso as crenccedilas satildeo variaacuteveis (Sakui amp Gaies 1999 Kalaja 1995) e construiacutedas socialmente (Kalaja 1995)

Embora as trecircs abordagens sejam diferentes no modo de definir e investigar as crenccedilas todas elas enfatizam que as crenccedilas influenciam o comshyportamento definido em LA como as estrateacutegias de aprendizagem ou aborshydagem de aprendizagem dos alunos (Abraham amp Vann 1987 Horwitz 1985 19871988 Mantie-Bromley 1995 Wenden 1987) Entretanto a relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees natildeo eacute tatildeo direta (Riley 1997 Yang 1992) As crenccedilas natildeo somente influenciam accedilotildees mas as accedilotildees e reflexotildees sobre experiecircncias podem levar a mudanccedilas ou criar outras crenccedilas (Murphey 1996 Riacutechardson 1996) conforme ilustra a Figura 2

Figura 2 Relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees

Crenccedilas

Accedilotildees

De acordo com Riley (1997141) os pesquisadores devem ldquoolhar para as condiccedilotildees de aprendizagem onde os aprendizes se encontramrdquo para entender suas crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas Em resumo as crenccedilas devem ser investigadas de maneira interativa onde crenccedilas e accedilotildees se inter-relacionem e se iacutenterconectem

Perguntas e sugestotildees para pesquisas futuras a respeito de crenccedilassobre aprendizagem de liacutenguas

Vaacuterias questotildees a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas podem ser mais bem investigadas em trabalhos futuros Em primeishy

86 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

ro lugar como se desenvolvem as crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas Estudos mais longitudinais podem mostrar como as crenccedilas evolushyem e mudam com o passar do tempo Estudos interpretativos podem levar a uma compreensatildeo mais aprofundada sobre as crenccedilas E crucial entender como as experiecircncias pessoais dos alunos contribuem para moldar suas crenccedilas e suas accedilotildees no contexto social da aula de liacutengua estrangehra Observaccedilotildees de aula e entrevistas detalhadas de alunos e professores podem ajudar a contextualizar aspectos encontrados em dashydos quantitativos (Sakui amp Gaies 1999 Kem 1995 Press 1996) Mais importante ainda eacute considerar que estudos interpretativos poderatildeo dar uma visatildeo mais aprofundada de como as experiecircncias de aprender dos alunos em contextos diferentes no Brasil tais como escolas puacuteblicas ldquocursinhos de inglecircsrdquo e no exterior influenciam os tipos de crenccedilas que esse alunos tecircm sobre como aprender inglecircs e suas accedilotildees para aprender nesses contextos diferentes

Em segundo lugar como as crenccedilas podem ser modificadas Wenden (1991) sugere um plano para explorar as crenccedilas dos aprendishyzes Ateacute o momento natildeo existe estudo empiacuterico que tenha tentado mushydar as crenccedilas dos aprendizes ou incorporar uma discussatildeo sobre crenshyccedilas a respeito de aprendizagem de liacutenguas em atividades de sala de aula levando os alunos a uma aprendizagem reflexiva A aprendizagem refleshyxiva de maneira semelhante ao conceito de ensino reflexivo dos professhysores diz respeito agrave conscientizaccedilatildeo dos alunos sobre como eles aprenshydem uma liacutengua estrangeira Aprender reflexivamente significa abrir a discussatildeo a respeito de crenccedilas estrateacutegias e estilos de aprendizagem aos alunos para que eles mesmos possam refletir entre eles e com seus professores sobre sua cultura de aprender sobre crenccedilas de aprendizashygem de liacutenguas e como elas influenciam suas accedilotildees para aprender dentro e fora de sala de aula Estudos futuros devem incorporar a discussatildeo a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas em atividades de sala de aula dando oportunidade a alunos e professores de liacutenguas de discutir e refletir natildeo somente sobre suas proacuteprias crenccedilas mas tambeacutem sobre obstaacuteculos dentro e fora da sala de aula de liacutenguas que possam impedi- los de agir de acordo com suas proacuteprias crenccedilas e de desenvolver seu potencial para ensino e aprendizagem7

7 Barcelos (2000a) e Murphey (1997) oferecem algumas sugestotildees de atividades relacionadas agraves crenccedilas que podem ser exploradas em sala de aula

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 87

Finalmente quais as funccedilotildees que as crenccedilas exercem nas experishyecircncias de aprendizagem dos alunos e nas accedilotildees que eles praticam para aprender liacutenguas Natildeo sabemos ainda como os alunos usam suas crenccedilas para lidar com a complexidade da aprendizagem de liacutenguas ou seja se os alunos definem seu proacuteprio contexto e atuam nele noacutes precisamos entender como as crenccedilas os ajudam a fazer isso e a ldquonavegarrdquo no discurshyso da sala de aula de liacutenguas (Breen 1996) Pesquisas futuras devem investigar como a sala de aula de liacutenguas como um contexto social ajushyda a moldar as crenccedilas dos alunos e como as crenccedilas dos alunos por sua vez moldam a interaccedilatildeo e as accedilotildees que ocorrem na cultura da sala de aula

A pesquisa a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas precisa ir aleacutem da simples descriccedilatildeo de crenccedilas como indicadores de um comportamento futuro E preciso uma investigaccedilatildeo contextualizada das crenccedilas E necessaacuterio entender como as crenccedilas interagem com as accedilotildees dos alunos e que funccedilotildees elas exercem em suas experiecircncias de aprendishyzagem dentro e fora de sala de aula Como Dewey (1933) sugeriu o conhecimento natildeo pode estar separado da accedilatildeo Assim uma investigashyccedilatildeo do que os alunos sabem ou acreditam deve envolver (a) suas experishyecircncias e accedilotildees (b) suas interpretaccedilotildees sobre essas experiecircncias e (c) o contexto social e como esse contexto molda as suas experiecircncias

Referecircncias Bibliograacuteficas

ABELSON R P Difference between belief and knowledge systems Cognitive Science 3 p 355-366 1979ABRAHAM R G VANN R J Strategies of two language leamers A case study InWENDEN A RUBIN J (Ed) Leamer strategies in language leaming Londres Prentice Hall 1987 p 85-102ALLEN L The evolution of a learnerrsquos beliefs about language leaming Carleton Papers in Applied Language Studies XIII p 67-801996 BARCELOS A M F A cultura de aprender liacutengua estrangeira (inshyglecircs) de alunos de Letras 1995 188f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Linguumliacutestica Aplicada) - Instituto de Estudos da Linguagem UNICAMP Campinas

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

___ Current Approaches to the Investigation of Language LearningBeliefs A Literature Review In AILA99 1999 Toacutequio 12th World Congress o f Applied Linguistics AILA99 mdash Programa and Abstracts Toacutequio AILA 1999 p 133__ Understanding teachersrsquo and students language learning beliefs inexperience A Deweyan Approach 2000357f Tese (Doutorado em Ensino de Ingles como Segunda Lingua) College of Education The University of Alabama Tuscaloosa__ Incorporating language learning beliefs in the classroom - WorkshopUniatildeo Cultural Brasil Estados Unidos Satildeo Paulo 3 de agosto 2000a BENSON R A critical view of learner training Learning Learning v 2 n 2 p 2-61995BLOCK D Learning by listening to language learners System v 25 n 3 p 347-360 1997BLOCK D Exploring interpretations of questionnaire items System v 26 n 3 p 403-4251998BREEN M Constructions of the learner in second language acquisition researchInALATIS 1 STRAEHLE C RONKIN M GALLENBERGER B (Ed) Georgetown University Round Table on Languages and Linguistics Washyshington Georgetown University Press 1996 p 84-115CARVALHO V C P S A aprendizagem de liacutengua estrangeira sob a oacutetica de alunos de letras crenccedilas e mitos 2000 138f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Estudos Linguumliacutesticos) - Faculdade de Letras UFMG Belo Horizonte CAMPBELL C M SHAW V M PLAGEMAN ME ALLEN T A Exploring student beliefs about language learning In HATFIELD W N (Ed) Visions and realities in foreign language teaching where we are where we are going Lincolnwood National Textbook 1993 p 29-39 CORTAZZI M amp JIN L Cultures of learning Language classrooms in China InCOLEMAN H (Ed) Society and the language classroom Cambridge Cambridge University Press p 169-2031996COTTERALL S Readiness for autonomy Investigating learner beliefs System v 23 n 2 p195-2051995DEWEY J How we think Lexington D C Heath 1993ELLIS R The metaphorical constructions of second language learners In AAALrsquo9 8 1998 Seatle AAALAnual Conference Seatle AAAL 1998

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 89

ERLBAUM B E BERG C A DODD D H Previous learning experiences strategy beliefs and task definition in self-regulated foreign language learning Contemporary Educational Psychology v 18 n 3 p 318-336 1993FREEMAN D The ldquounstudied problemrdquo Research on teacher learning in language teaching In FREEMAN D RICHARDS JC (Ed) Teacher learning in language teaching9 Cambridge Cambridge University Press 1996 p 351-378GARCIA C R P As culturas de aprender uma lingua estrangeira (inshyglecircs) em sala de aula que se propotildee interdisciplinar 1999125f Dissershytaccedilatildeo (Mestrado em Linguumliacutestica Aplicada) - Instituto de Estudos da Linshyguagem UNICAMP CampinasGEMENEZ T Learners becoming teacher an exploratory study of beliefs held by prospective and practising EFL teachers in Brazil 1994 340f Tese (Doutorado) Lancaster Lancaster UniversityGOODWIN C DURANTI A Rethinking context An introduction In DURANTI A GOODWIN C (Ed) Rethinking context Language as an interactive phenomenon Cambridge Cambridge University Press 1992 p 1-42HOLEC H The learner as manager managing learning or managing to learn In WENDEN A RUBIN J (Ed) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p 145-156HOLLIDAY A Appropriate methodology and social context Cambridge Cambridge University Press 1994HORWITZ E K Using student beliefs about language learning and teaching in the foreign language methods course Foreign Language Annals v 18 n 4 p 333-340 1985HORWITZ E K Surveying studentsrsquo beliefs about language learning In WENDEN A RUBIN J (Ed) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p 110-129HORWITZ E K The beliefs about language learning of beginning university foreign language students The Modem Language Journal v 72 n 3 p 283-294 1988KALAJA P Student beliefs (or metacognitive knowledge) about SLA reconsidered International Journal o f Applied Linguistics v 5 n 2 p 191-204 1995KERN R G Students7 and teachers beliefs about language learning Foreign Language Annals v 28 n 1 p 71-92 1995

90 Rev B ras ile ira de L inguumlistica A plicada v l n l 2001

KUNTZ P Students of lsquoeasy languages Their beliefs about language learning [ERIC Document Reproduction Service No ED397658] 1996 KUNTZ P Students and their teachers of Arabic Beliefs about language learning ERIC Document Reproduction Service No ED407854] 1997 MANTLE-BROMLEY C Positive attitudes and realistic beliefs Links to proficiency The Modem Language Journal v 79 n 3 p 372-386 1995 LAVE J The practice of learning In CHAIumlNKLIN S LAVE J (Ed) Understanding practice Perspectives on activity and context Cambridge Cambridge University Press 1993 p 3-32LOW G The semantics of questionnaire rating scales Evaluation and Research in Education v 2 n 2 p 69-791988LUPPESCU S DAY R R Examining attitude in teachers and students the need to validate questionnaire data Second Language Research v 6 n 2 p 125-1341990MCDONOUGH J MCDONOUGH S H Research methods for English language teachers London Arnold 1997MUNB Y H A qualitative approach to the study of a teacherrsquos beliefs Journal of Research in Science Teaching v 21 n 1 p 27-38 1984MILLER L amp GINSBERG R B FolWinguistic theories of language learning In FREED B F (Ed) Second language acquisition in a study abroad context Amsterdam John Benjamins 1995 p 293-315MORI Y Epistemological beliefs and language learning beliefs What do language learners believe about their learning [ERIC Document Reproduction Service No ED406657] 1997MURPHEY T Experiencing and mapping in teacher education In SACHS GT Brock M Lo R (Ed) Directions in second language teacher education Hong Kong City University of Hong Kong 1996 p 202-219 MURPHEY T Language hungiy An introduction to language learning fun and self-esteem Tokyo MacMillan 1997NESPOR J The role of beliefs in the practice of teaching Journal of Curnculum Studies v 19 n 4 p 317-328 1987PAJARES F M Teachersrsquo beliefs and educational research Cleaning up a messy construct Review of Educational Research v 62 n 3 p 307-332 1992PRESS M-C Ethnicity and the autonomous language learner different beshyliefs and learning strategies In BROADY E KENNING M-M (Ed) Proshymoting Learner autonomy in university language teaching London Assoshyciation for French StudiesCILT 1996 p237-259

Rev B rasile ira de L ing uuml iacutes tica A plicada v l n l 2001 91

RAMANATHAN V ATKINSON D Ethnographic approaches and methods in L2 writing research A critical guide and Review Applied Linguistics v 20 n 1 1999 p44-70RICHARDS J C LOCKHART C Reflective teaching in second language classrooms Cambridge Cambridge University Press 1994 RICHARDSON V The role of attitudes and beliefs in learning to teach In SIKULA J (Ed) Handbook o f Research on Teacher Education (2 ed) New York Macmillan 1996 p 102-119RILEY R The guru and the conjurer aspects of counselling for self- access In BENSON P amp VOLLER P (Ed) Autonomy and independence in language learning New York Longman 1997 p 114- 131ROKEACH M Beliefs attitudes and values A theory of organization and change San Francisco Jossey-Bass 1968SCHWANDT T A Qualitative Inquiry a dictionary of terms Thousand Oaks Sage1997SAKUI K GAIES S Investigating Japanese learners beliefs about language learning System v 27 n 4 p 473-4921999SU D A study o f English learning strategies and styles o f Chinese university students in relation to their cultwal beliefs about learning English 1995 Dissertaccedilatildeo (Doutorado) - University of Georgia Athens SWALES S From metaphor to meta-language English Teaching Forum v 32 n 3 p8- 11 1994TUMPOSKYN Student beliefs about language learning A cross-cultural study Carleton Papers in Applied Language Studies v 8 p 50-65 1991VALENZUELA S M The management of language learning Who is supposed to do what Carleton Papers in Applied Language Studies XIII 1996 p 21-35VIANA N A A desconstruccedilatildeo dos mitos na aprendizagem de liacutengua estrangeira Uberlacircndia Departamento de Letras UFU 1993 5f MimeografadoVICTORI M Investigating the metacognitive knowledge of students of English as a second language 1992 Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - University of California Los AngelesVICTORI M LOCKHART W Enhancing metacognition in self-directed language learning System v 23 n 2 p 223-234 1995

92 Rev B ras ile ira de LingUistica A plicada v l n l 2001

WEN Q JOHNSON R K L2 learner variables and English achievement A study of tertiary-level English majors in China Applied Linguistics v 18 p 27-48 1997WENDEN A Helping language learners think about learning ELT Journal v 40 nl p3-12 1986WENDEN A How to be a successful language learner insights and prescriptions from L2 learners In WENDEN A amp RUBIN J (Eds) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p103-117WENDEN A Learner strategies for learner autonomy London Prentice Hall 1991WENDEN A Metacognitive knowledge and language learning Applied Linguistics v 19 n 4 p 515-537 1999WOODS D Teacher cognition in language teaching Beliefs decisionshymaking and classroom practice Cambridge Cambridge University Press 1996WOODS D Decision-making in language learning A lens for examining learner strategies The Language Teacher Online Outubro 1997 [cited 26 M ay 1998] Available from World Wide WeB lthttp languehyperchubuacjpjaltpubtli97octwoodshtmlgtYANG ND Second language learnersrsquo beliefs about language learning and their use of learning strategies A study of college students of Enshyglish in Taiwan 1992 Tese (Doutorado) - The University of Texas Ausshytin

Page 3: Pesquisa das crenças sobre aprendizagem de línguas

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 73

tempo e (c) que a liacutengua portuguesa eacute mais difiacutecil do que a liacutengua inglesa (Viana 1993) As crenccedilas satildeo pessoais contextuais episoacutedicas e tecircm origem nas nossas experiecircncias na cultura3 e no folclore As crenccedilas tambeacutem podem ser internamente inconsistentes e contraditoacuterias

Uma das mais importantes caracteriacutesticas das crenccedilas refere-se a sua influecircncia no comportamento De acordo com Pajares (1992) as crenccedilas influenciam como as pessoas organizam e definem suas tarefas Em outras palavras elas satildeo fortes indicadores de como as pessoas agem Na literatura em LA a relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees refere-se agrave maneira como as crenccedilas podem influenciar a abordagem dos alunos em relaccedilatildeo agrave aprendizagem - ldquocomo eles percebem e interpretam sua aprendizagemrdquo (Richards amp Lockhart 1994 58) e as estrateacutegias de aprendizagem que eles adotam e usam (Horwitz 1987 Wenden 1987)

Vaacuterios pesquisadores sugerem que as crenccedilas sobre aprendizashygem de liacutenguas podem influenciar as estrateacutegias de aprendizagem de liacutenshyguas4 (Abraham amp Vann 1987 Erlbaum et al 1993 Riley 1997 Yang 1992) Riley (1997) afirma que as crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas podem influenciar diretamente a motivaccedilatildeo as atitudes e os tipos de estrateacutegias utilizadas pelos alunos Assim de acordo com Riley os alunos que acreditam poder aprender somente na presenccedila de um professhysor teratildeo problemas com qualquer tipo de ensino autocircnomo Abraham e Vann (1987) explicam que a filosofia dos alunos serve de guia para a abordagem que eles adotam em relaccedilatildeo agrave aprendizagem de liacutenguas Essa filosofia pode se manifestar em ldquoestrateacutegias observaacuteveis (e natildeo observaacuteveis) e influenciar diretamente o grau de sucesso que os aprendishyzes atingemrdquo (Abraham e Vann 1987 96) Existem alguns estudos que investigaram a relaccedilatildeo entre as crenccedilas e as estrateacutegias de aprendizagem dentre os quais destaco o de Yang (1992)

Yang (1992) investigou a relaccedilatildeo entre as crenccedilas e estrateacutegias de aprendizagem de liacutenguas Seus resultados indicaram que as crenccedilas

3 Cultura neste sentido vai aleacutem da definiccedilatildeo tradicional referente agraves regras de comshyportamento de determinadas naccedilotildees para englobar qualquer ldquoagrupamento social mais ou menos estabelecido que constroacutei suas proacuteprias regras de comportamento interaccedilatildeo e socializaccedilatildeo no decorrer de contato intensivo e prolongadordquo (Ramanathan amp Atkinson 1999 49)4 O conceito de estrateacutegias de aprendizagem adotado neste trabalho eacute de acordo com Oxford (1990 1) ldquoaccedilotildees que os alunos tomam para melhorar sua proacutepria aprendizashygemrdquo (traduccedilatildeo minha)

74 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

sobre aprendizagem de liacutenguas parecem afetai o uso de estrateacutegias de aprendizagem Mais especificamente a auto-eficaacutecia e a expectativa dos alunos a respeito de ensino e aprendizagem de liacutenguas foram associadas com o uso de estrateacutegias voltadas para a praacutetica da liacutengua com ecircnfase na comunicaccedilatildeo e no significado A percepccedilatildeo dos alunos sobre o valor de aprender habilidades orais na liacutengua inglesa estava relacionada com o uso dessas estrateacutegias Resultados similares a esses foram encontrados tambeacutem por Erlbaum et al (1993) e Wenden (1987)

Apesar de ter sugerido que as crenccedilas podem guiar o comportashymento Yang (1992 148) afirma que ldquoas crenccedilas dos aprendizes podem causar estrateacutegias mas o uso de estrateacutegias pode tambeacutem causar crenshyccedilasrdquo Murphey (1996) concorda com Yang Murphey acredita que essa relaccedilatildeo eacute reciacuteproca ou seja as crenccedilas podem influenciar as estrateacutegias de aprendizagem mas o uso de certas estrateacutegias pode por sua vez influenciar a formaccedilatildeo de algumas crenccedilas O autor afirma que nossas accedilotildees podem influenciar e mudar nossas crenccedilas Para ele desde que haja tempo e modelo adequado as crenccedilas podem ser modificadas se conseguirmos mudar primeiro o comportamento

Como se pode perceber pela discussatildeo acima os estudos tecircm se limitado a investigar o toacutepico estabelecendo uma relaccedilatildeo de causa e efeito entre crenccedilas e comportamento Entretanto natildeo temos dados sushyficientes ainda para afirmar a natureza dessa correlaccedilatildeo A correlaccedilatildeo entre crenccedilas e comportamento certamente existe mas ela depende de vaacuterios fatores como experiecircncia anterior de aprendizagem dos alunos abordagem de ensinar do professor niacutevel de proficiecircncia motivaccedilatildeo e contexto A relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees eacute complexa e requer uma defishyniccedilatildeo de accedilatildeo mais ampla que elimine a dicotomia accedilatildeopensamento Tal definiccedilatildeo encontra-se na filosofia de John Dewey (1933) que caracshyterizou accedilatildeo como intencional e proposital e intrinsicamente relacionada com o pensamento Dessa maneira para entender as crenccedilas precisamos entender natildeo somente as intenccedilotildees mas tambeacutem ldquoos significados intersubjetivos que permeiam os pensamentos e accedilotildeesrdquo (Schwandt 1997 65) Essa definiccedilatildeo de accedilatildeo requer uma abordagem de investigaccedilatildeo mais interativa que leve em consideraccedilatildeo a reciprocidade entre crenccedilas e accedilotildees De acordo com Pajares (1992) Richardson (1996) e Rokeach (1968) as crenccedilas devem ser inferidas natildeo somente atraveacutes das afirmaccedilotildees verbais dos participantes mas tambeacutem atraveacutes de suas intenccedilotildees e accedilotildees Os estudos atuais a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem natildeo tecircm consishy

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 75

derado esse aspecto conforme sugere a seccedilatildeo seguinte de revisatildeo dos diferentes estudos sobre a metodologia de investigaccedilatildeo das crenccedilas

Abordagens de investigaccedilatildeo das crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas

Em sua revisatildeo a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas Kalaja (1995192) critica estudos atuais sobre crenccedilas apontando que ateacute o momento as crenccedilas tecircm sido vistas principalmente como ldquoentidades cognitivas encontradas dentro da mente dos aprendizes de liacutenguardquo e tecircm sido caracterizadas como estaacuteveis Kalaja discorda dessa caracterizaccedilatildeo e aponta estudos como o de Holec (1987) que sugere que as crenccedilas podem ser modificadas A autora propotildee entatildeo uma abordashygem para a investigaccedilatildeo das crenccedilas que inclui pressupostos baacutesicos de que o uso da linguagem eacute orientado para a accedilatildeo que a linguagem cria realidade e que tanto o conhecimento cientiacutefico quanto as concepccedilotildees leigas satildeo ldquovistos como construccedilotildees sociais do mundordquo (Kalaja 1995 196)

Dentro dessa perspectiva Kalaja define crenccedilas como construiacutedas socialmente interativas sociais e variaacuteveis De acordo com a autora as crenccedilas podem mudar de um aluno para outro de uma eacutepoca para outra e de um contexto para outro ou ateacute mesmo dentro de um mesmo conshytexto ou ocasiatildeo Para ela as crenccedilas devem ser investigadas atraveacutes de ldquotrechos de falardquo ou escrita sobre aspectos de aquisiccedilatildeo de segunda liacutenshygua (Kalaja1995 196) O paradigma proposto por Kalaja oferece uma perspectiva interessante na investigaccedilatildeo das crenccedilas caracterizadas como dinacircmicas sociais e relacionadas agrave linguagem Infelizmente existem poushycos estudos publicados dentro desse paradigma

Diferentemente de Kalaja que reconhece apenas duas abordashygens de investigaccedilatildeo a respeito das crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas neste trabalho agrupo os estudos em trecircs abordagens principais de acordo com a sua definiccedilatildeo de crenccedilas metodologia e relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees A primeira abordagem chamada de abordagem normativa infere as crenccedilas atraveacutes de um conjunto preacute-determinado de afirmaccedilotildees A segunda abordagem metacognitiva utiliza auto-relatos e entrevistas para inferir as crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas A tershyceira abordagem contextuai usa ferramentas etnograacuteficas e entrevistas para investigar as crenccedilas atraveacutes de afirmaccedilotildees e accedilotildees A anaacutelise do

discurso tambeacutem pode ser incluiacuteda nessa abordagem Nas proacuteximas seccedilotildees cada abordagem eacute discutida separadamente

A abordagem normativa

O termo ldquonormativordquo foi usado por Holliday (1994) para se reshyferir a estudos sobre cultura os quais vecircem a cultura dos alunos como explicaccedilatildeo para suas accedilotildees em sala de aula Da mesma forma os estudos incluiacutedos nessa abordagem colocam as crenccedilas como indicadores dos comportamentos futuros dos alunos como bons aprendizes ou como aprendizes autocircnomos

A abordagem normativa inclui estudos que usam questionaacuterios do tipo Likert-scale para investigar as crenccedilas Esse tipo de questionaacuterio conteacutem afirmaccedilotildees com alternativas que vatildeo desde ldquoeu concordo inteirashymenterdquo ateacute ldquoeu discordo inteiramenterdquo5 O questionaacuterio mais usado eacute o Beliefs About Language Learning Inventory (BALLI) que foi desenshyvolvido por Horwitz (1985) A maioria dos estudos nesta abordagem ora usa o BALLI (Horwitz 1987 1988 Su 1995 Tumposky 1991 Yang 1992) ora o adapta ou modifica (Mantle-Bromley 1995) Outros estushydos desenvolvem seus proacuteprios questionaacuterios (Campbell et al 1993 Cotterall 1995 Sakui amp Gaies 1999 Kuntz 1996 Mori 1997 Wen amp Johnson 1997)

Os estudos incluiacutedos na abordagem normativa em geral descreshyvem e classificam os tipos de crenccedilas que os aprendizes apresentam A maioria desses estudos faz conexotildees entre as crenccedilas e o ensino autocircnomo O estudo de Cotterall (1995) teve por objetivo determinar os fatores nas crenccedilas dos alunos que indicariam sua prontidatildeo para o ensino autocircnomo Ela construiu um questionaacuterio tipo Likert-scale a partir das entrevistas com 130 aprendizes adultos de inglecircs como segunda liacutengua em universidades na Nova Zelacircndia Seis fatores foram encontrados o papel do professor o pashypel do feedback a independecircncia do aprendiz a confianccedila do aprendiz na sua capacidade de estudo a experiecircncia de aprendizagem de liacutenguas e a

76 Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

5 Para uma discussatildeo a respeito de questionaacuterios com escala Likert consultar Low (1988) e Luppescu amp Day (1990) Para uma discussatildeo sobre o BALLI ver Kuntz (1996)

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 77

abordagem de estudar Os resultados indicaram que os alunos natildeo estavam ldquoprontosrdquo para o ensino autocircnomo porque eles tinham visotildees tradicionais do papel do professor (embora a definiccedilatildeo de tradicionalrsquo natildeo tenha sido discutida no texto) Os comentaacuterios de Cotterall (1995 197) enfatizam as crenccedilas dos alunos como obstaacuteculos no processo de aprendizagem autocircnoma ldquoaprendizes [] natildeo correspondem ao perfil do aprendiz autocircnomordquo ldquoas expectativas dos alunos sobre a autoridade do professor podem representar um obstaacuteculo para os professoresrdquo (p 197) ldquoaprendizes que acreditam que o professor deve fazer tudo [] ainda natildeo estatildeo prontos para a autonomiardquo (Cotterall 1995 198 ecircnfase minha) Esses tipos de comentaacuterios sugerem uma visatildeo ideal do aprendiz agrave qual os ldquoalunos reaisrdquo natildeo correspondem (Benson 1995)

Alguns estudos tecircm incluiacutedo entrevistas como uma maneira de validar o uso de questionaacuterios As entrevistas geralmente apontam que os aprendizes possuem crenccedilas que satildeo diferentes daquelas apresentadas no BALLI Sakui e Gaies (1999) aleacutem de usarem um questionaacuterio com escalas Likert usaram entrevistas em sua investigaccedilatildeo a respeito das crenshyccedilas de alunos japoneses Os resultados das entrevistas sugeriram que as crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas satildeo contextuais e podem mudar Assim as discrepacircncias encontradas nos questionaacuterios natildeo devem ser vistas como ldquoerrosrdquo Sakui e Gaies afirmam que os alunos interpretam os itens dos questionaacuterios de maneira diferente e podem querer descrever suas crenccedilas de maneira que o questionaacuterio natildeo permite

Em resumo na abordagem normativa as crenccedilas sobre aprendishyzagem de liacutenguas satildeo definidas como opiniotildees que os alunos possuem sobre aprendizagem de liacutenguas que influenciam sua abordagem de aprenshydizagem ou sua prontidatildeo para o ensino autocircnomo Em alguns estudos as crenccedilas dos alunos satildeo caracterizadas como concepccedilotildees errocircneas isto eacute como obstaacuteculos agrave implementaccedilatildeo de determinados tipos de abordashygem em geral do ensino autocircnomo Retratam-se as crenccedilas dos alunos como inadequadas mas natildeo se explicita muito bem sob que perspectiva O meacutetodo de investigaccedilatildeo mais comumente adotado eacute o questionaacuterio com escalas tipo Likert em que os alunos apenas dizem se concordam ou natildeo com afirmaccedilotildees preacute-estabelecidas pelos pesquisadores A relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees natildeo eacute investigada mas apenas sugerida Em sua maioria as crenccedilas satildeo vistas como obstaacuteculos para accedilotildees que os aprenshydizes deveriam adotar pelo menos de acordo com a visatildeo dos pesquisashy

78 Rev B ras ile ira de L inguuml iacutestica A plicada v l n l 2001

dores Natildeo existe uma anaacutelise do contexto onde os alunos agem e interagem

Vantagens e desvantagens

Questionaacuterios tecircm sido largamente utilizados na investigaccedilatildeo das crenccedilas e oferecem vaacuterias vantagens Eles satildeo menos ameaccediladores que observaccedilotildees satildeo uacuteteis se o pesquisador tem recursos limitados e pouco tempo ldquosatildeo faacuteceis de tabular e particularmente adequados para um granraquo de nuacutemero de participantesrdquo (Gimenez 1994 76) Aleacutem disso os quesshytionaacuterios fornecem acesso a outros contextos e permitem que os dados sejam coletados em eacutepocas diferentes (McDonough amp McDonough 1997) Entretanto questionaacuterios apresentam algumas desvantagens

Em primeiro lugar os questionaacuterios tornam difiacutecil garantir uma interpretaccedilatildeo consistente pelos participantes por causa de sua generalishydade Aleacutem disso os participantes tendem a responder o que eles acham que seria adequado (Gimenez 1994) Em segundo lugar os questionaacuterishyos restringem a escolha dos participantes quando estruturam as resposshytas de acordo com um conjunto de afirmaccedilotildees preacute-estabelecidas Ao natildeo permitir que os alunos usem suas proacuteprias palavras e metaacuteforas os quesshytionaacuterios tornam difiacutecil investigar as crenccedilas nos termos dos proacuteprios alunos e professores (Block 19971998 Cortazzi amp Jin 1996 Gimenez 1994 Kalaja 1995 Kuntz 1996 Munby 1984 Pajares 1992 Riley 1996 Woods 1996) Wenden (1987) tambeacutem apontou que questionaacuterios natildeo permitem que os alunos articulem seu conhecimento metacognitivo

Em resum o na abordagem normativa as crenccedilas satildeo descontextualizadas Isto eacute problemaacutetico primeiro porque os alunos podem interpretar os itens dos questionaacuterios de maneira diferente do que o pesquisador pretendia conforme exposto acima Em segundo lugar as crenccedilas apresentadas no questionaacuterio podem ser diferentes das crenccedilas que os alunos acreditam ser significativas em sua aprendizagem Em tershyceiro lugar se os alunos tecircm algumas daquelas crenccedilas o que isso signishyfica Eles agem de acordo com aquelas crenccedilas Como eles interagem com essas crenccedilas Porque eles tecircm essas crenccedilas A abordagem metacognitiva discutida a seguir daacute mais importacircncia agrave linguagem dos alunos ao lhes proporcionar a chance de refletir e falar sobre suas expeshyriecircncias de aprendizagem em entrevistas

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n J 2001 79

A abordagem metacognitiva

Os estudos nessa abordagem definem crenccedilas como conhecimenshyto metacognitivo daiacute o nome da abordagem Os estudos incluiacutedos aqui utilizam-se basicamente de entrevistas semi-estruturadas e auto-relatos embora questionaacuterios semi-estruturados possam ser usados (cf Victori 1992) O que une os estudos nessa abordagem eacute a definiccedilatildeo de crenccedilas como conhecimento metacognitivo O pressuposto impliacutecito nessa aborshydagem eacute que o conhecimento metacognitivo dos alunos se constituem em suas ldquoteorias em accedilatildeordquo que os ajudaraacute a refletir sobre o que fazem e a desenvolver seu potencial para a aprendizagem (Wenden 1987 112)

Existem poucos estudos nessa abordagem (ateacute agora somente Wenden 1987 Victori 1992 Victori amp Lockhart 1995) A maioria dos estudos tem como referencial teoacuterico o conhecimento cognitivo e sua influecircncia na aprendizagem (ver Wenden 198619911999) O pressushyposto baacutesico nesses estudos eacute que os aprendizes pensam sobre seu proshycesso de aprendizagem de liacutenguas e satildeo capazes de articular algumas de suas crenccedilas Wenden (1986) descobriu que os aprendizes satildeo capazes de falar sobre a liacutengua sua proficiecircncia na liacutengua os resultados de seus esforccedilos na aprendizagem seu papel no processo de aprendizagem de liacutenguas e a melhor maneira de aprender liacutenguas

Wenden (1987 163) define conhecimento cognitivo como o coshynhecimento ldquoestaacutevel declaraacutevel embora agraves vezes incorreto que os aprenshydizes tecircm sobre linguagem aprendizagem e aprendizagem de liacutenguasrdquo A autora caracteriza esse conhecimento como faliacutevel ou seja nem semshypre empiricamente sustentaacutevel e interativo isto eacute que pode influenciar os resultados da aprendizagem

Wenden (1987) investigou as crenccedilas prescritivas dos aprendizes a fim de saber se eles tinham esses tipos de crenccedilas quais eram essas crenccedilas e se elas refletiam-se no que os aprendizes diziam fazer para aprender uma segunda liacutengua A autora define crenccedilas prescritivas como crenccedilas dos aprendizes sobre a melhor maneira de se aprender uma seshygunda liacutengua Ela entrevistou 25 alunos que moravam nos Estados Unishydos por dois anos e estavam matriculados em niacuteveis avanccedilados em um instituto de liacutenguas Os resultados mostraram que os alunos tinham crenshyccedilas prescritivas sobre (a) a importacircncia de usar a liacutengua de uma maneira natural isto eacute praticando pensando em inglecircs morando e estudando onde o inglecircs eacute falado (b) a importacircncia de aprender sobre a liacutengua sua

80 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

gramaacutetica e seu vocabulaacuterio aprender com os erros e estar mentalmente ativo e (c) a importacircncia de fatores pessoais (sentimentos auto-concei- to atitude e aptidatildeo) Ao comparar as crenccedilas de seu estudo com aqueshylas usadas no questionaacuterio BALLI Wenden constatou que algumas eram bem diferentes enquanto outras natildeo estavam representadas no BALLI Em sua conclusatildeo Wenden faz uma criacutetica sutil aos questionaacuterios afirshymando que essas ldquodiferenccedilas apontam para a necessidade de se desenshyvolver um questionaacuterio mais abrangente e representativo do conjunto de crenccedilasrdquo (Wenden 1987 113)

Os estudos dentro dessa abordagem definem crenccedilas como coshynhecimento metacognitivo caracterizado por Wenden (1987) como coshynhecimento estaacutevel e faliacutevel Nesse sentido eacute semelhante agrave definiccedilatildeo da abordagem normativa pois tambeacutem vecirc as crenccedilas como obstaacuteculo a uma determinada visatildeo de aprendizagem A metodologia natildeo envolve o uso de questionaacuterios Likertscale como o BALLI mas o uso de entrevistas que satildeo analisadas de acordo com seu conteuacutedo e podem envolver tamshybeacutem o uso de questionaacuterios semi-estruturados A relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilatildeo tambeacutem natildeo eacute investigada mas apenas sugerida e discutida somenshyte em relaccedilatildeo a estrateacutegias de aprendizagemVantagens e Desvantagens

As vantagens da abordagem metacognitiva satildeo vaacuterias Em prishymeiro lugar atraveacutes do uso de entrevistas os alunos tecircm a oportunidade de elaborar e refletir sobre suas experiecircncias De acordo com Block (1997) entrevistas permitem aos alunos definir e avaliar o processo de aprendizagem em seus proacuteprios termos Em segundo lugar na abordashygem metacognitiva as crenccedilas satildeo consideradas como conhecimento Isso implica o reconhecimento das crenccedilas dos alunos como parte de seu processo de raciociacutenio Apesar de tais vantagens a abordagem metacognitiva natildeo infere as crenccedilas atraveacutes das accedilotildees mas somente atrashyveacutes de intenccedilotildees e declaraccedilotildees verbais Aleacutem disso embora haja o recoshynhecimento da relaccedilatildeo entre crenccedilas e contexto essa relaccedilatildeo e sua influshyecircncia nas crenccedilas dos alunos natildeo satildeo consideradas ou analisadas

A abordagem contextuai

Mais recentemente alguns estudos comeccedilaram a investigar as crenccedilas sob uma perspectiva diferente Esses estudos natildeo utilizam quesshytionaacuterios nem definem crenccedilas como conhecimento cognitivo As crenshy

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 81

ccedilas satildeo investigadas atraveacutes de observaccedilotildees de sala de aula e anaacutelise do contexto6 especiacutefico onde os alunos atuam daiacute o nome dessa abordashygem Esses estudos natildeo tecircm como objetivo generalizar sobre as crenccedilas mas compreender as crenccedilas de alunos (ou professores) em contextos especiacuteficos

Os estudos incluiacutedos nessa abordagem caracterizam crenccedilas como especiacuteficas de um determinado contexto (Allen 1996) ou de uma cultura de aprender de um determinado grupo (Barcelos 1995 Garcia 1999) Os estudos em sua maioria procuram considerar a influecircncia da experishyecircncia anterior de aprendizagem de liacutenguas dos alunos natildeo somente em suas crenccedilas mas tambeacutem em suas accedilotildees dentro de um contexto especiacuteshyfico Dentre os estudos dessa abordagem destaco o estudo de Allen (1996) Allen investigou a influecircncia das crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas do professor nas crenccedilas estabelecidas de um aprendiz Ela tamshybeacutem examinou se e como os comportamentos as estrateacutegias e as percepshyccedilotildees do aluno sobre seu proacuteprio sucesso na aprendizagem de liacutenguas foram afetados como resultado dessa influecircncia O participante da pesshyquisa foi um libanecircs aluno de niacutevel intermediaacuterio de inglecircs no Carleton School of Linguistics no Canadaacute A metodologia incluiu observaccedilotildees de sala de aula entrevistas com professor e aluno e anotaccedilotildees em seus diaacuteshyrios Allen tambeacutem analisou o livro-texto as apostilas e os materiais adishycionais preparados pelo professor

Os resultados indicaram que as crenccedilas do professor influenciashyram as crenccedilas do aluno A princiacutepio o aluno acreditava que o professor deveria ser o responsaacutevel por sua aprendizagem que a interaccedilatildeo com falantes nativos era melhor para sua aprendizagem e que ele deveria ter uma pronuacutencia mais perto possiacutevel da nativa O professor acreditava que os alunos eram responsaacuteveis por sua aprendizagem e que natildeo deveriam ter uma pronuacutencia similar agrave dos nativos Ao final do semestre as crenccedilas do aluno tomaram-se mais similares agraves do seu professor e isso afetou a percepccedilatildeo do aluno sobre seu sucesso na aprendizagem e as estrateacutegias utishy

6 A definiccedilatildeo de contexto neste trabalho natildeo se refere a ldquoum recipiente estaacutetico que circunda a interaccedilatildeo socialrdquo (Lave 1993 22) Contexto eacute definido neste estudo como ldquoum fenocircmeno socialmente constituiacutedo e sustentado interativamente onde ldquocada accedilatildeo acrescentada dentro da interaccedilatildeo modifica o contexto existente enquanto cria uma nova arena para interaccedilotildees subsequumlentesrdquo (Goodwin amp Duranti 19925-6) De acordo com essa definiccedilatildeo as perpectiacutevas dos participantes e a maneira como eles organizam suas percepccedilotildees dos eventos satildeo essenciais

82 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada vJ n l 2001

lizadas por ele O estudo de Alien (1996) mostra primeiro que as crenccedilas estatildeo inter-relacionadas com as experiecircncias dos alunos e segundo que as crenccedilas natildeo satildeo tatildeo estaacuteveis como se costuma pensar Conforme sugerido por Valenzuela (1996) uma boa abordagem para inferir crenccedilas envolve sua investigaccedilatildeo atraveacutes de acircngulos diferentes combinando observaccedilotildees e enshytrevistas

Na abordagem contextual as crenccedilas satildeo caracterizadas como deshypendentes do contexto A metodologia utilizada envolve o uso de entrevisshytas e principalmente observaccedilotildees de sala de aula Esse eacute o ponto que difere essa abordagem das outras Assim a relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilatildeo natildeo eacute somente sugerida mas eacute investigada dentro do contexto especiacutefico dos alushynos

Vantagens e desvantagens

A abordagem contextual oferece uma definiccedilatildeo mais ampla de crenshyccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas caracterizando-as como dinacircmicas e soshyciais e propondo uma metodologia diferente para investigaacute-las Essa metodologia fornece uma riqueza de detalhes bem mais refinados a respeito dos tipos de crenccedilas e do contexto onde essas crenccedilas se desenvolvem pershymitindo assim uma maior compreensatildeo das crenccedilas e de sua relaccedilatildeo com a abordagem de aprender liacutenguas estrangeiras dos alunos Aleacutem disso ao reshytratar os aprendizes como agentes sociais interagindo em seus contextos essa abordagem tambeacutem apresenta uma visatildeo mais positiva do aprendiz do que as abordagens normativa e metacognitiva Entretanto estudos desse tipo podem consumir muito tempo e satildeo mais adequados agraves investigaccedilotildees com menor nuacutemero de participantes A Tabela 1 resume as caracteriacutesticas vantagens e desvantagens de cada abordagem

Tabela 1 Caracteriacutesticas vantagens e desvantagens das trecircs aborshydagens

Normativa Metacognitiva Contextual

Metodologia

Definiccedilatildeo de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas

Q uestionaacuterios tipo Likert-scale

C renccedilas satildeo vistas como sinocircn im os de ideacuteias preshyconcebidas concepccedilotildees errocircneas e opiniotildees

E ntrevistas

C renccedilas satildeo descritas com o conhecim ento m etacognitivo estaacutevel e agraves vezes faliacutevel que os aprendizes possuem sobre aprendizagem de liacutenguas

Observaccedilotildees entrevistas diaacuterios e

estudos de caso

Crenccedilas satildeo vistas como parte da cultura de aprender e como representaccedilotildees de aprendizagem em um a determ inada sociedade

R ev B ra s ile ira d e L in g uuml iacutes tic a A p lic a d a v l n l 2001

R elaccedilatildeo e n tre c re n ccedila s e accedilotildees

Crenccedilas satildeo vistas como bons indicadores do comportam ento futuro dos alunos sua disposiccedilatildeo para ensino autocircnom o e sucesso como aprendizes de liacutengua

C renccedilas satildeo vistas como bons indicadores do com portam ento futuro dos alunos sua disposiccediluumlo para ensino autocircnom o e sucesso com o aprendizes de liacutengua em bora admita- se a influecircncia de outros fatores com o objetivos por exemplo

Crenccedilas sao vistas como especiacuteficas do contexto ou seja as crenccedilas devem ser investigadas dentro do contexto de suas accedilotildees

V antagens Perm ite que as crenccedilas sejam investigadas com am ostras grandes em eacutepocas diferentes e em vaacuterios contextos ao mesmo tempo

Perm ite que os alunos usem suas proacuteprias palavras elaborem e reflitam sobre suas experiecircncias de aprender

Perm ite que as crenccedilas sejam investigadas levando em consideraccedilatildeo natildeo soacute as proacuteprias palavras dos alunos mas tambeacutem o contexto de suas accedilotildees

D esvantagens Restringe a escolha dos participantes com um conjunto de afirmaccedilotildees predeterm inadas pelo pesquisador Os alunos podem ter interpretaccedilotildees diferentes sobre esses itens

As crenccedilas satildeo investigadas somente atraveacutes das afirmaccedilotildees dos alunos (natildeo haacute preocupaccedilatildeo com a accedilatildeo dos alunos)

Eacute mais adequada com pequeno nuacutem ero de participantes Consome m uito tempo

Discussatildeo e conclusatildeo

Neste trabalho foi feita uma revisatildeo criacutetica da metodologia de investigaccedilatildeo sobre crenccedilas a respeito de aprendizagem Sugeriu-se a exisshytecircncia de trecircs abordagens a normativa a metacognitiva e a contextuai As diferentes metodologias indicam a concepccedilatildeo impliacutecita de crenccedilas utilizadas por vaacuterios estudos

Enquanto na abordagem normativa as crenccedilas satildeo definidas em geral como concepccedilotildees errocircneas e satildeo investigadas de uma maneira descontextualizada na abordagem metacognitiva as crenccedilas satildeo investigadas atraveacutes de entrevistas dando aos alunos mais chances de usarem suas proacuteprias palavras e de contarem suas proacuteprias estoacuterias Enshytretanto tanto a abordagem normativa quanto a metacognitiva consideshyram crenccedilas como uma caracteriacutestica mental como apontado por Kalaja (1995) Natildeo se quer dizer com isso que as crenccedilas natildeo tenham um comshyponente cognitivo mas natildeo se deve esquecer tambeacutem que as crenccedilas assim como o conhecimento estatildeo embutidas no contexto Uma definishyccedilatildeo de crenccedilas que leve em consideraccedilatildeo o contexto seria essencial na compreensatildeo do papel que as crenccedilas exercem na experiecircncia de aprenshydizagem de liacutenguas dos alunos

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

Em resumo tanto a abordagem normativa quanto a metacognitiva falham em levar em consideraccedilatildeo a natureza experiencial das crenccedilas por (a) natildeo analisar as crenccedilas dos alunos nos seus proacuteprios termos (b) tratar as crenccedilas como um conceito fixo a-priori e (c) natildeo prestar atenshyccedilatildeo ao contexto social das crenccedilas

Eacute importante notar entretanto que na praacutetica as distinccedilotildees enshytre as trecircs abordagens podem natildeo ser tatildeo distintas As escolhas metodoloacutegicas frequumlentemente dependem dos tipos de perguntas de pesshyquisa Aleacutem disso trabalhos recentes como os Carvalho (2000) e Sakui amp Gaies (1999) combinam diferentes instrumentos de coleta como por exemplo o uso de questionaacuterios com escalas do tipo Likert e entrevista Outra maneira de visualizar as trecircs abordagens eacute dentro de um contiacutenuo de dois poacutelos que representam categorias a priori ou embasadas (grounded) que dizem respeito agrave maneira como os dados satildeo coletados e analisados Assim a abordagem normativa se utiliza de categorias a- priori de anaacutelise ou seja preacute-determinadas enquanto a abordagem contextuai emprega categorias embasadas ou seja permite que o sentishydo emerja dos dados (Freeman 1996) A abordagem metacognitiva enshycontra-se entre essas duas categorias com maior proximidade com a cashytegoria a-priori conforme ilustra a Figura 1

Figura 1 Abordagens de investigaccedilatildeo e categorias de anaacutelise

Normativa Metacognitiva Contextuai___ I______________________ 1_____________________ ______Categorias a priori Categorias embasadas

Os estudos atuais descrevem os tipos de crenccedilas que os alunos podem ter e apontam para a importacircncia desse toacutepico em LA Entretanshyto a falta de mais estudos embasados natildeo tem ajudado a entender como os alunos na verdade usam as crenccedilas para interpretar situaccedilotildees diferenshytes e tomar decisotildees em seu processo de aprendizagem (Woods 1997) Alguns trabalhos da abordagem contextuai jaacute investigam esse aspecto mas ainda se sabe muito pouco sobre as funccedilotildees que as crenccedilas exercem na aprendizagem de liacutenguas Alguns pesquisadores jaacute sugeriram que enshytrevistas abertas e observaccedilotildees de sala de aula podem nos ajudar a ter uma visatildeo bem mais precisa a respeito das crenccedilas (Kern 1995 Pajares 1992 Press 1996)

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 85

Estudos recentes tecircm combinado abordagens muacuteltiplas usando questionaacuterios com observaccedilotildees de sala de aula (Mantle-Bromley 1995) e com entrevistas (Sakui amp Gaies 1999 Wen amp Johnson 1997) Outros estudos utilizam anaacutelise metafoacuterica diaacuterios e narrativas (Ellis 1998 Miller amp Ginsberg 1995) desenhos (Swales 1994) e estudos de caso (Allen 1996 Valenzuela 1996) Esses estudos mais embasados permitem que o sentido emerja do contexto e indicam a importacircncia de se examinar a relaccedilatildeo entre as crenccedilas dos alunos e suas accedilotildees em contexto Vaacuterios autores sugerem que as crenccedilas satildeo formadas pela cultura do alunos e pelos contextos sociais nos quais eles estatildeo inseridos (Barcelos 1995 Riley 1997 Tumposky 1991 Yang 1992) Aleacutem disso as crenccedilas satildeo variaacuteveis (Sakui amp Gaies 1999 Kalaja 1995) e construiacutedas socialmente (Kalaja 1995)

Embora as trecircs abordagens sejam diferentes no modo de definir e investigar as crenccedilas todas elas enfatizam que as crenccedilas influenciam o comshyportamento definido em LA como as estrateacutegias de aprendizagem ou aborshydagem de aprendizagem dos alunos (Abraham amp Vann 1987 Horwitz 1985 19871988 Mantie-Bromley 1995 Wenden 1987) Entretanto a relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees natildeo eacute tatildeo direta (Riley 1997 Yang 1992) As crenccedilas natildeo somente influenciam accedilotildees mas as accedilotildees e reflexotildees sobre experiecircncias podem levar a mudanccedilas ou criar outras crenccedilas (Murphey 1996 Riacutechardson 1996) conforme ilustra a Figura 2

Figura 2 Relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees

Crenccedilas

Accedilotildees

De acordo com Riley (1997141) os pesquisadores devem ldquoolhar para as condiccedilotildees de aprendizagem onde os aprendizes se encontramrdquo para entender suas crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas Em resumo as crenccedilas devem ser investigadas de maneira interativa onde crenccedilas e accedilotildees se inter-relacionem e se iacutenterconectem

Perguntas e sugestotildees para pesquisas futuras a respeito de crenccedilassobre aprendizagem de liacutenguas

Vaacuterias questotildees a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas podem ser mais bem investigadas em trabalhos futuros Em primeishy

86 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

ro lugar como se desenvolvem as crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas Estudos mais longitudinais podem mostrar como as crenccedilas evolushyem e mudam com o passar do tempo Estudos interpretativos podem levar a uma compreensatildeo mais aprofundada sobre as crenccedilas E crucial entender como as experiecircncias pessoais dos alunos contribuem para moldar suas crenccedilas e suas accedilotildees no contexto social da aula de liacutengua estrangehra Observaccedilotildees de aula e entrevistas detalhadas de alunos e professores podem ajudar a contextualizar aspectos encontrados em dashydos quantitativos (Sakui amp Gaies 1999 Kem 1995 Press 1996) Mais importante ainda eacute considerar que estudos interpretativos poderatildeo dar uma visatildeo mais aprofundada de como as experiecircncias de aprender dos alunos em contextos diferentes no Brasil tais como escolas puacuteblicas ldquocursinhos de inglecircsrdquo e no exterior influenciam os tipos de crenccedilas que esse alunos tecircm sobre como aprender inglecircs e suas accedilotildees para aprender nesses contextos diferentes

Em segundo lugar como as crenccedilas podem ser modificadas Wenden (1991) sugere um plano para explorar as crenccedilas dos aprendishyzes Ateacute o momento natildeo existe estudo empiacuterico que tenha tentado mushydar as crenccedilas dos aprendizes ou incorporar uma discussatildeo sobre crenshyccedilas a respeito de aprendizagem de liacutenguas em atividades de sala de aula levando os alunos a uma aprendizagem reflexiva A aprendizagem refleshyxiva de maneira semelhante ao conceito de ensino reflexivo dos professhysores diz respeito agrave conscientizaccedilatildeo dos alunos sobre como eles aprenshydem uma liacutengua estrangeira Aprender reflexivamente significa abrir a discussatildeo a respeito de crenccedilas estrateacutegias e estilos de aprendizagem aos alunos para que eles mesmos possam refletir entre eles e com seus professores sobre sua cultura de aprender sobre crenccedilas de aprendizashygem de liacutenguas e como elas influenciam suas accedilotildees para aprender dentro e fora de sala de aula Estudos futuros devem incorporar a discussatildeo a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas em atividades de sala de aula dando oportunidade a alunos e professores de liacutenguas de discutir e refletir natildeo somente sobre suas proacuteprias crenccedilas mas tambeacutem sobre obstaacuteculos dentro e fora da sala de aula de liacutenguas que possam impedi- los de agir de acordo com suas proacuteprias crenccedilas e de desenvolver seu potencial para ensino e aprendizagem7

7 Barcelos (2000a) e Murphey (1997) oferecem algumas sugestotildees de atividades relacionadas agraves crenccedilas que podem ser exploradas em sala de aula

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 87

Finalmente quais as funccedilotildees que as crenccedilas exercem nas experishyecircncias de aprendizagem dos alunos e nas accedilotildees que eles praticam para aprender liacutenguas Natildeo sabemos ainda como os alunos usam suas crenccedilas para lidar com a complexidade da aprendizagem de liacutenguas ou seja se os alunos definem seu proacuteprio contexto e atuam nele noacutes precisamos entender como as crenccedilas os ajudam a fazer isso e a ldquonavegarrdquo no discurshyso da sala de aula de liacutenguas (Breen 1996) Pesquisas futuras devem investigar como a sala de aula de liacutenguas como um contexto social ajushyda a moldar as crenccedilas dos alunos e como as crenccedilas dos alunos por sua vez moldam a interaccedilatildeo e as accedilotildees que ocorrem na cultura da sala de aula

A pesquisa a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas precisa ir aleacutem da simples descriccedilatildeo de crenccedilas como indicadores de um comportamento futuro E preciso uma investigaccedilatildeo contextualizada das crenccedilas E necessaacuterio entender como as crenccedilas interagem com as accedilotildees dos alunos e que funccedilotildees elas exercem em suas experiecircncias de aprendishyzagem dentro e fora de sala de aula Como Dewey (1933) sugeriu o conhecimento natildeo pode estar separado da accedilatildeo Assim uma investigashyccedilatildeo do que os alunos sabem ou acreditam deve envolver (a) suas experishyecircncias e accedilotildees (b) suas interpretaccedilotildees sobre essas experiecircncias e (c) o contexto social e como esse contexto molda as suas experiecircncias

Referecircncias Bibliograacuteficas

ABELSON R P Difference between belief and knowledge systems Cognitive Science 3 p 355-366 1979ABRAHAM R G VANN R J Strategies of two language leamers A case study InWENDEN A RUBIN J (Ed) Leamer strategies in language leaming Londres Prentice Hall 1987 p 85-102ALLEN L The evolution of a learnerrsquos beliefs about language leaming Carleton Papers in Applied Language Studies XIII p 67-801996 BARCELOS A M F A cultura de aprender liacutengua estrangeira (inshyglecircs) de alunos de Letras 1995 188f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Linguumliacutestica Aplicada) - Instituto de Estudos da Linguagem UNICAMP Campinas

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

___ Current Approaches to the Investigation of Language LearningBeliefs A Literature Review In AILA99 1999 Toacutequio 12th World Congress o f Applied Linguistics AILA99 mdash Programa and Abstracts Toacutequio AILA 1999 p 133__ Understanding teachersrsquo and students language learning beliefs inexperience A Deweyan Approach 2000357f Tese (Doutorado em Ensino de Ingles como Segunda Lingua) College of Education The University of Alabama Tuscaloosa__ Incorporating language learning beliefs in the classroom - WorkshopUniatildeo Cultural Brasil Estados Unidos Satildeo Paulo 3 de agosto 2000a BENSON R A critical view of learner training Learning Learning v 2 n 2 p 2-61995BLOCK D Learning by listening to language learners System v 25 n 3 p 347-360 1997BLOCK D Exploring interpretations of questionnaire items System v 26 n 3 p 403-4251998BREEN M Constructions of the learner in second language acquisition researchInALATIS 1 STRAEHLE C RONKIN M GALLENBERGER B (Ed) Georgetown University Round Table on Languages and Linguistics Washyshington Georgetown University Press 1996 p 84-115CARVALHO V C P S A aprendizagem de liacutengua estrangeira sob a oacutetica de alunos de letras crenccedilas e mitos 2000 138f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Estudos Linguumliacutesticos) - Faculdade de Letras UFMG Belo Horizonte CAMPBELL C M SHAW V M PLAGEMAN ME ALLEN T A Exploring student beliefs about language learning In HATFIELD W N (Ed) Visions and realities in foreign language teaching where we are where we are going Lincolnwood National Textbook 1993 p 29-39 CORTAZZI M amp JIN L Cultures of learning Language classrooms in China InCOLEMAN H (Ed) Society and the language classroom Cambridge Cambridge University Press p 169-2031996COTTERALL S Readiness for autonomy Investigating learner beliefs System v 23 n 2 p195-2051995DEWEY J How we think Lexington D C Heath 1993ELLIS R The metaphorical constructions of second language learners In AAALrsquo9 8 1998 Seatle AAALAnual Conference Seatle AAAL 1998

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 89

ERLBAUM B E BERG C A DODD D H Previous learning experiences strategy beliefs and task definition in self-regulated foreign language learning Contemporary Educational Psychology v 18 n 3 p 318-336 1993FREEMAN D The ldquounstudied problemrdquo Research on teacher learning in language teaching In FREEMAN D RICHARDS JC (Ed) Teacher learning in language teaching9 Cambridge Cambridge University Press 1996 p 351-378GARCIA C R P As culturas de aprender uma lingua estrangeira (inshyglecircs) em sala de aula que se propotildee interdisciplinar 1999125f Dissershytaccedilatildeo (Mestrado em Linguumliacutestica Aplicada) - Instituto de Estudos da Linshyguagem UNICAMP CampinasGEMENEZ T Learners becoming teacher an exploratory study of beliefs held by prospective and practising EFL teachers in Brazil 1994 340f Tese (Doutorado) Lancaster Lancaster UniversityGOODWIN C DURANTI A Rethinking context An introduction In DURANTI A GOODWIN C (Ed) Rethinking context Language as an interactive phenomenon Cambridge Cambridge University Press 1992 p 1-42HOLEC H The learner as manager managing learning or managing to learn In WENDEN A RUBIN J (Ed) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p 145-156HOLLIDAY A Appropriate methodology and social context Cambridge Cambridge University Press 1994HORWITZ E K Using student beliefs about language learning and teaching in the foreign language methods course Foreign Language Annals v 18 n 4 p 333-340 1985HORWITZ E K Surveying studentsrsquo beliefs about language learning In WENDEN A RUBIN J (Ed) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p 110-129HORWITZ E K The beliefs about language learning of beginning university foreign language students The Modem Language Journal v 72 n 3 p 283-294 1988KALAJA P Student beliefs (or metacognitive knowledge) about SLA reconsidered International Journal o f Applied Linguistics v 5 n 2 p 191-204 1995KERN R G Students7 and teachers beliefs about language learning Foreign Language Annals v 28 n 1 p 71-92 1995

90 Rev B ras ile ira de L inguumlistica A plicada v l n l 2001

KUNTZ P Students of lsquoeasy languages Their beliefs about language learning [ERIC Document Reproduction Service No ED397658] 1996 KUNTZ P Students and their teachers of Arabic Beliefs about language learning ERIC Document Reproduction Service No ED407854] 1997 MANTLE-BROMLEY C Positive attitudes and realistic beliefs Links to proficiency The Modem Language Journal v 79 n 3 p 372-386 1995 LAVE J The practice of learning In CHAIumlNKLIN S LAVE J (Ed) Understanding practice Perspectives on activity and context Cambridge Cambridge University Press 1993 p 3-32LOW G The semantics of questionnaire rating scales Evaluation and Research in Education v 2 n 2 p 69-791988LUPPESCU S DAY R R Examining attitude in teachers and students the need to validate questionnaire data Second Language Research v 6 n 2 p 125-1341990MCDONOUGH J MCDONOUGH S H Research methods for English language teachers London Arnold 1997MUNB Y H A qualitative approach to the study of a teacherrsquos beliefs Journal of Research in Science Teaching v 21 n 1 p 27-38 1984MILLER L amp GINSBERG R B FolWinguistic theories of language learning In FREED B F (Ed) Second language acquisition in a study abroad context Amsterdam John Benjamins 1995 p 293-315MORI Y Epistemological beliefs and language learning beliefs What do language learners believe about their learning [ERIC Document Reproduction Service No ED406657] 1997MURPHEY T Experiencing and mapping in teacher education In SACHS GT Brock M Lo R (Ed) Directions in second language teacher education Hong Kong City University of Hong Kong 1996 p 202-219 MURPHEY T Language hungiy An introduction to language learning fun and self-esteem Tokyo MacMillan 1997NESPOR J The role of beliefs in the practice of teaching Journal of Curnculum Studies v 19 n 4 p 317-328 1987PAJARES F M Teachersrsquo beliefs and educational research Cleaning up a messy construct Review of Educational Research v 62 n 3 p 307-332 1992PRESS M-C Ethnicity and the autonomous language learner different beshyliefs and learning strategies In BROADY E KENNING M-M (Ed) Proshymoting Learner autonomy in university language teaching London Assoshyciation for French StudiesCILT 1996 p237-259

Rev B rasile ira de L ing uuml iacutes tica A plicada v l n l 2001 91

RAMANATHAN V ATKINSON D Ethnographic approaches and methods in L2 writing research A critical guide and Review Applied Linguistics v 20 n 1 1999 p44-70RICHARDS J C LOCKHART C Reflective teaching in second language classrooms Cambridge Cambridge University Press 1994 RICHARDSON V The role of attitudes and beliefs in learning to teach In SIKULA J (Ed) Handbook o f Research on Teacher Education (2 ed) New York Macmillan 1996 p 102-119RILEY R The guru and the conjurer aspects of counselling for self- access In BENSON P amp VOLLER P (Ed) Autonomy and independence in language learning New York Longman 1997 p 114- 131ROKEACH M Beliefs attitudes and values A theory of organization and change San Francisco Jossey-Bass 1968SCHWANDT T A Qualitative Inquiry a dictionary of terms Thousand Oaks Sage1997SAKUI K GAIES S Investigating Japanese learners beliefs about language learning System v 27 n 4 p 473-4921999SU D A study o f English learning strategies and styles o f Chinese university students in relation to their cultwal beliefs about learning English 1995 Dissertaccedilatildeo (Doutorado) - University of Georgia Athens SWALES S From metaphor to meta-language English Teaching Forum v 32 n 3 p8- 11 1994TUMPOSKYN Student beliefs about language learning A cross-cultural study Carleton Papers in Applied Language Studies v 8 p 50-65 1991VALENZUELA S M The management of language learning Who is supposed to do what Carleton Papers in Applied Language Studies XIII 1996 p 21-35VIANA N A A desconstruccedilatildeo dos mitos na aprendizagem de liacutengua estrangeira Uberlacircndia Departamento de Letras UFU 1993 5f MimeografadoVICTORI M Investigating the metacognitive knowledge of students of English as a second language 1992 Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - University of California Los AngelesVICTORI M LOCKHART W Enhancing metacognition in self-directed language learning System v 23 n 2 p 223-234 1995

92 Rev B ras ile ira de LingUistica A plicada v l n l 2001

WEN Q JOHNSON R K L2 learner variables and English achievement A study of tertiary-level English majors in China Applied Linguistics v 18 p 27-48 1997WENDEN A Helping language learners think about learning ELT Journal v 40 nl p3-12 1986WENDEN A How to be a successful language learner insights and prescriptions from L2 learners In WENDEN A amp RUBIN J (Eds) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p103-117WENDEN A Learner strategies for learner autonomy London Prentice Hall 1991WENDEN A Metacognitive knowledge and language learning Applied Linguistics v 19 n 4 p 515-537 1999WOODS D Teacher cognition in language teaching Beliefs decisionshymaking and classroom practice Cambridge Cambridge University Press 1996WOODS D Decision-making in language learning A lens for examining learner strategies The Language Teacher Online Outubro 1997 [cited 26 M ay 1998] Available from World Wide WeB lthttp languehyperchubuacjpjaltpubtli97octwoodshtmlgtYANG ND Second language learnersrsquo beliefs about language learning and their use of learning strategies A study of college students of Enshyglish in Taiwan 1992 Tese (Doutorado) - The University of Texas Ausshytin

Page 4: Pesquisa das crenças sobre aprendizagem de línguas

74 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

sobre aprendizagem de liacutenguas parecem afetai o uso de estrateacutegias de aprendizagem Mais especificamente a auto-eficaacutecia e a expectativa dos alunos a respeito de ensino e aprendizagem de liacutenguas foram associadas com o uso de estrateacutegias voltadas para a praacutetica da liacutengua com ecircnfase na comunicaccedilatildeo e no significado A percepccedilatildeo dos alunos sobre o valor de aprender habilidades orais na liacutengua inglesa estava relacionada com o uso dessas estrateacutegias Resultados similares a esses foram encontrados tambeacutem por Erlbaum et al (1993) e Wenden (1987)

Apesar de ter sugerido que as crenccedilas podem guiar o comportashymento Yang (1992 148) afirma que ldquoas crenccedilas dos aprendizes podem causar estrateacutegias mas o uso de estrateacutegias pode tambeacutem causar crenshyccedilasrdquo Murphey (1996) concorda com Yang Murphey acredita que essa relaccedilatildeo eacute reciacuteproca ou seja as crenccedilas podem influenciar as estrateacutegias de aprendizagem mas o uso de certas estrateacutegias pode por sua vez influenciar a formaccedilatildeo de algumas crenccedilas O autor afirma que nossas accedilotildees podem influenciar e mudar nossas crenccedilas Para ele desde que haja tempo e modelo adequado as crenccedilas podem ser modificadas se conseguirmos mudar primeiro o comportamento

Como se pode perceber pela discussatildeo acima os estudos tecircm se limitado a investigar o toacutepico estabelecendo uma relaccedilatildeo de causa e efeito entre crenccedilas e comportamento Entretanto natildeo temos dados sushyficientes ainda para afirmar a natureza dessa correlaccedilatildeo A correlaccedilatildeo entre crenccedilas e comportamento certamente existe mas ela depende de vaacuterios fatores como experiecircncia anterior de aprendizagem dos alunos abordagem de ensinar do professor niacutevel de proficiecircncia motivaccedilatildeo e contexto A relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees eacute complexa e requer uma defishyniccedilatildeo de accedilatildeo mais ampla que elimine a dicotomia accedilatildeopensamento Tal definiccedilatildeo encontra-se na filosofia de John Dewey (1933) que caracshyterizou accedilatildeo como intencional e proposital e intrinsicamente relacionada com o pensamento Dessa maneira para entender as crenccedilas precisamos entender natildeo somente as intenccedilotildees mas tambeacutem ldquoos significados intersubjetivos que permeiam os pensamentos e accedilotildeesrdquo (Schwandt 1997 65) Essa definiccedilatildeo de accedilatildeo requer uma abordagem de investigaccedilatildeo mais interativa que leve em consideraccedilatildeo a reciprocidade entre crenccedilas e accedilotildees De acordo com Pajares (1992) Richardson (1996) e Rokeach (1968) as crenccedilas devem ser inferidas natildeo somente atraveacutes das afirmaccedilotildees verbais dos participantes mas tambeacutem atraveacutes de suas intenccedilotildees e accedilotildees Os estudos atuais a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem natildeo tecircm consishy

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 75

derado esse aspecto conforme sugere a seccedilatildeo seguinte de revisatildeo dos diferentes estudos sobre a metodologia de investigaccedilatildeo das crenccedilas

Abordagens de investigaccedilatildeo das crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas

Em sua revisatildeo a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas Kalaja (1995192) critica estudos atuais sobre crenccedilas apontando que ateacute o momento as crenccedilas tecircm sido vistas principalmente como ldquoentidades cognitivas encontradas dentro da mente dos aprendizes de liacutenguardquo e tecircm sido caracterizadas como estaacuteveis Kalaja discorda dessa caracterizaccedilatildeo e aponta estudos como o de Holec (1987) que sugere que as crenccedilas podem ser modificadas A autora propotildee entatildeo uma abordashygem para a investigaccedilatildeo das crenccedilas que inclui pressupostos baacutesicos de que o uso da linguagem eacute orientado para a accedilatildeo que a linguagem cria realidade e que tanto o conhecimento cientiacutefico quanto as concepccedilotildees leigas satildeo ldquovistos como construccedilotildees sociais do mundordquo (Kalaja 1995 196)

Dentro dessa perspectiva Kalaja define crenccedilas como construiacutedas socialmente interativas sociais e variaacuteveis De acordo com a autora as crenccedilas podem mudar de um aluno para outro de uma eacutepoca para outra e de um contexto para outro ou ateacute mesmo dentro de um mesmo conshytexto ou ocasiatildeo Para ela as crenccedilas devem ser investigadas atraveacutes de ldquotrechos de falardquo ou escrita sobre aspectos de aquisiccedilatildeo de segunda liacutenshygua (Kalaja1995 196) O paradigma proposto por Kalaja oferece uma perspectiva interessante na investigaccedilatildeo das crenccedilas caracterizadas como dinacircmicas sociais e relacionadas agrave linguagem Infelizmente existem poushycos estudos publicados dentro desse paradigma

Diferentemente de Kalaja que reconhece apenas duas abordashygens de investigaccedilatildeo a respeito das crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas neste trabalho agrupo os estudos em trecircs abordagens principais de acordo com a sua definiccedilatildeo de crenccedilas metodologia e relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees A primeira abordagem chamada de abordagem normativa infere as crenccedilas atraveacutes de um conjunto preacute-determinado de afirmaccedilotildees A segunda abordagem metacognitiva utiliza auto-relatos e entrevistas para inferir as crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas A tershyceira abordagem contextuai usa ferramentas etnograacuteficas e entrevistas para investigar as crenccedilas atraveacutes de afirmaccedilotildees e accedilotildees A anaacutelise do

discurso tambeacutem pode ser incluiacuteda nessa abordagem Nas proacuteximas seccedilotildees cada abordagem eacute discutida separadamente

A abordagem normativa

O termo ldquonormativordquo foi usado por Holliday (1994) para se reshyferir a estudos sobre cultura os quais vecircem a cultura dos alunos como explicaccedilatildeo para suas accedilotildees em sala de aula Da mesma forma os estudos incluiacutedos nessa abordagem colocam as crenccedilas como indicadores dos comportamentos futuros dos alunos como bons aprendizes ou como aprendizes autocircnomos

A abordagem normativa inclui estudos que usam questionaacuterios do tipo Likert-scale para investigar as crenccedilas Esse tipo de questionaacuterio conteacutem afirmaccedilotildees com alternativas que vatildeo desde ldquoeu concordo inteirashymenterdquo ateacute ldquoeu discordo inteiramenterdquo5 O questionaacuterio mais usado eacute o Beliefs About Language Learning Inventory (BALLI) que foi desenshyvolvido por Horwitz (1985) A maioria dos estudos nesta abordagem ora usa o BALLI (Horwitz 1987 1988 Su 1995 Tumposky 1991 Yang 1992) ora o adapta ou modifica (Mantle-Bromley 1995) Outros estushydos desenvolvem seus proacuteprios questionaacuterios (Campbell et al 1993 Cotterall 1995 Sakui amp Gaies 1999 Kuntz 1996 Mori 1997 Wen amp Johnson 1997)

Os estudos incluiacutedos na abordagem normativa em geral descreshyvem e classificam os tipos de crenccedilas que os aprendizes apresentam A maioria desses estudos faz conexotildees entre as crenccedilas e o ensino autocircnomo O estudo de Cotterall (1995) teve por objetivo determinar os fatores nas crenccedilas dos alunos que indicariam sua prontidatildeo para o ensino autocircnomo Ela construiu um questionaacuterio tipo Likert-scale a partir das entrevistas com 130 aprendizes adultos de inglecircs como segunda liacutengua em universidades na Nova Zelacircndia Seis fatores foram encontrados o papel do professor o pashypel do feedback a independecircncia do aprendiz a confianccedila do aprendiz na sua capacidade de estudo a experiecircncia de aprendizagem de liacutenguas e a

76 Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

5 Para uma discussatildeo a respeito de questionaacuterios com escala Likert consultar Low (1988) e Luppescu amp Day (1990) Para uma discussatildeo sobre o BALLI ver Kuntz (1996)

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 77

abordagem de estudar Os resultados indicaram que os alunos natildeo estavam ldquoprontosrdquo para o ensino autocircnomo porque eles tinham visotildees tradicionais do papel do professor (embora a definiccedilatildeo de tradicionalrsquo natildeo tenha sido discutida no texto) Os comentaacuterios de Cotterall (1995 197) enfatizam as crenccedilas dos alunos como obstaacuteculos no processo de aprendizagem autocircnoma ldquoaprendizes [] natildeo correspondem ao perfil do aprendiz autocircnomordquo ldquoas expectativas dos alunos sobre a autoridade do professor podem representar um obstaacuteculo para os professoresrdquo (p 197) ldquoaprendizes que acreditam que o professor deve fazer tudo [] ainda natildeo estatildeo prontos para a autonomiardquo (Cotterall 1995 198 ecircnfase minha) Esses tipos de comentaacuterios sugerem uma visatildeo ideal do aprendiz agrave qual os ldquoalunos reaisrdquo natildeo correspondem (Benson 1995)

Alguns estudos tecircm incluiacutedo entrevistas como uma maneira de validar o uso de questionaacuterios As entrevistas geralmente apontam que os aprendizes possuem crenccedilas que satildeo diferentes daquelas apresentadas no BALLI Sakui e Gaies (1999) aleacutem de usarem um questionaacuterio com escalas Likert usaram entrevistas em sua investigaccedilatildeo a respeito das crenshyccedilas de alunos japoneses Os resultados das entrevistas sugeriram que as crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas satildeo contextuais e podem mudar Assim as discrepacircncias encontradas nos questionaacuterios natildeo devem ser vistas como ldquoerrosrdquo Sakui e Gaies afirmam que os alunos interpretam os itens dos questionaacuterios de maneira diferente e podem querer descrever suas crenccedilas de maneira que o questionaacuterio natildeo permite

Em resumo na abordagem normativa as crenccedilas sobre aprendishyzagem de liacutenguas satildeo definidas como opiniotildees que os alunos possuem sobre aprendizagem de liacutenguas que influenciam sua abordagem de aprenshydizagem ou sua prontidatildeo para o ensino autocircnomo Em alguns estudos as crenccedilas dos alunos satildeo caracterizadas como concepccedilotildees errocircneas isto eacute como obstaacuteculos agrave implementaccedilatildeo de determinados tipos de abordashygem em geral do ensino autocircnomo Retratam-se as crenccedilas dos alunos como inadequadas mas natildeo se explicita muito bem sob que perspectiva O meacutetodo de investigaccedilatildeo mais comumente adotado eacute o questionaacuterio com escalas tipo Likert em que os alunos apenas dizem se concordam ou natildeo com afirmaccedilotildees preacute-estabelecidas pelos pesquisadores A relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees natildeo eacute investigada mas apenas sugerida Em sua maioria as crenccedilas satildeo vistas como obstaacuteculos para accedilotildees que os aprenshydizes deveriam adotar pelo menos de acordo com a visatildeo dos pesquisashy

78 Rev B ras ile ira de L inguuml iacutestica A plicada v l n l 2001

dores Natildeo existe uma anaacutelise do contexto onde os alunos agem e interagem

Vantagens e desvantagens

Questionaacuterios tecircm sido largamente utilizados na investigaccedilatildeo das crenccedilas e oferecem vaacuterias vantagens Eles satildeo menos ameaccediladores que observaccedilotildees satildeo uacuteteis se o pesquisador tem recursos limitados e pouco tempo ldquosatildeo faacuteceis de tabular e particularmente adequados para um granraquo de nuacutemero de participantesrdquo (Gimenez 1994 76) Aleacutem disso os quesshytionaacuterios fornecem acesso a outros contextos e permitem que os dados sejam coletados em eacutepocas diferentes (McDonough amp McDonough 1997) Entretanto questionaacuterios apresentam algumas desvantagens

Em primeiro lugar os questionaacuterios tornam difiacutecil garantir uma interpretaccedilatildeo consistente pelos participantes por causa de sua generalishydade Aleacutem disso os participantes tendem a responder o que eles acham que seria adequado (Gimenez 1994) Em segundo lugar os questionaacuterishyos restringem a escolha dos participantes quando estruturam as resposshytas de acordo com um conjunto de afirmaccedilotildees preacute-estabelecidas Ao natildeo permitir que os alunos usem suas proacuteprias palavras e metaacuteforas os quesshytionaacuterios tornam difiacutecil investigar as crenccedilas nos termos dos proacuteprios alunos e professores (Block 19971998 Cortazzi amp Jin 1996 Gimenez 1994 Kalaja 1995 Kuntz 1996 Munby 1984 Pajares 1992 Riley 1996 Woods 1996) Wenden (1987) tambeacutem apontou que questionaacuterios natildeo permitem que os alunos articulem seu conhecimento metacognitivo

Em resum o na abordagem normativa as crenccedilas satildeo descontextualizadas Isto eacute problemaacutetico primeiro porque os alunos podem interpretar os itens dos questionaacuterios de maneira diferente do que o pesquisador pretendia conforme exposto acima Em segundo lugar as crenccedilas apresentadas no questionaacuterio podem ser diferentes das crenccedilas que os alunos acreditam ser significativas em sua aprendizagem Em tershyceiro lugar se os alunos tecircm algumas daquelas crenccedilas o que isso signishyfica Eles agem de acordo com aquelas crenccedilas Como eles interagem com essas crenccedilas Porque eles tecircm essas crenccedilas A abordagem metacognitiva discutida a seguir daacute mais importacircncia agrave linguagem dos alunos ao lhes proporcionar a chance de refletir e falar sobre suas expeshyriecircncias de aprendizagem em entrevistas

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n J 2001 79

A abordagem metacognitiva

Os estudos nessa abordagem definem crenccedilas como conhecimenshyto metacognitivo daiacute o nome da abordagem Os estudos incluiacutedos aqui utilizam-se basicamente de entrevistas semi-estruturadas e auto-relatos embora questionaacuterios semi-estruturados possam ser usados (cf Victori 1992) O que une os estudos nessa abordagem eacute a definiccedilatildeo de crenccedilas como conhecimento metacognitivo O pressuposto impliacutecito nessa aborshydagem eacute que o conhecimento metacognitivo dos alunos se constituem em suas ldquoteorias em accedilatildeordquo que os ajudaraacute a refletir sobre o que fazem e a desenvolver seu potencial para a aprendizagem (Wenden 1987 112)

Existem poucos estudos nessa abordagem (ateacute agora somente Wenden 1987 Victori 1992 Victori amp Lockhart 1995) A maioria dos estudos tem como referencial teoacuterico o conhecimento cognitivo e sua influecircncia na aprendizagem (ver Wenden 198619911999) O pressushyposto baacutesico nesses estudos eacute que os aprendizes pensam sobre seu proshycesso de aprendizagem de liacutenguas e satildeo capazes de articular algumas de suas crenccedilas Wenden (1986) descobriu que os aprendizes satildeo capazes de falar sobre a liacutengua sua proficiecircncia na liacutengua os resultados de seus esforccedilos na aprendizagem seu papel no processo de aprendizagem de liacutenguas e a melhor maneira de aprender liacutenguas

Wenden (1987 163) define conhecimento cognitivo como o coshynhecimento ldquoestaacutevel declaraacutevel embora agraves vezes incorreto que os aprenshydizes tecircm sobre linguagem aprendizagem e aprendizagem de liacutenguasrdquo A autora caracteriza esse conhecimento como faliacutevel ou seja nem semshypre empiricamente sustentaacutevel e interativo isto eacute que pode influenciar os resultados da aprendizagem

Wenden (1987) investigou as crenccedilas prescritivas dos aprendizes a fim de saber se eles tinham esses tipos de crenccedilas quais eram essas crenccedilas e se elas refletiam-se no que os aprendizes diziam fazer para aprender uma segunda liacutengua A autora define crenccedilas prescritivas como crenccedilas dos aprendizes sobre a melhor maneira de se aprender uma seshygunda liacutengua Ela entrevistou 25 alunos que moravam nos Estados Unishydos por dois anos e estavam matriculados em niacuteveis avanccedilados em um instituto de liacutenguas Os resultados mostraram que os alunos tinham crenshyccedilas prescritivas sobre (a) a importacircncia de usar a liacutengua de uma maneira natural isto eacute praticando pensando em inglecircs morando e estudando onde o inglecircs eacute falado (b) a importacircncia de aprender sobre a liacutengua sua

80 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

gramaacutetica e seu vocabulaacuterio aprender com os erros e estar mentalmente ativo e (c) a importacircncia de fatores pessoais (sentimentos auto-concei- to atitude e aptidatildeo) Ao comparar as crenccedilas de seu estudo com aqueshylas usadas no questionaacuterio BALLI Wenden constatou que algumas eram bem diferentes enquanto outras natildeo estavam representadas no BALLI Em sua conclusatildeo Wenden faz uma criacutetica sutil aos questionaacuterios afirshymando que essas ldquodiferenccedilas apontam para a necessidade de se desenshyvolver um questionaacuterio mais abrangente e representativo do conjunto de crenccedilasrdquo (Wenden 1987 113)

Os estudos dentro dessa abordagem definem crenccedilas como coshynhecimento metacognitivo caracterizado por Wenden (1987) como coshynhecimento estaacutevel e faliacutevel Nesse sentido eacute semelhante agrave definiccedilatildeo da abordagem normativa pois tambeacutem vecirc as crenccedilas como obstaacuteculo a uma determinada visatildeo de aprendizagem A metodologia natildeo envolve o uso de questionaacuterios Likertscale como o BALLI mas o uso de entrevistas que satildeo analisadas de acordo com seu conteuacutedo e podem envolver tamshybeacutem o uso de questionaacuterios semi-estruturados A relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilatildeo tambeacutem natildeo eacute investigada mas apenas sugerida e discutida somenshyte em relaccedilatildeo a estrateacutegias de aprendizagemVantagens e Desvantagens

As vantagens da abordagem metacognitiva satildeo vaacuterias Em prishymeiro lugar atraveacutes do uso de entrevistas os alunos tecircm a oportunidade de elaborar e refletir sobre suas experiecircncias De acordo com Block (1997) entrevistas permitem aos alunos definir e avaliar o processo de aprendizagem em seus proacuteprios termos Em segundo lugar na abordashygem metacognitiva as crenccedilas satildeo consideradas como conhecimento Isso implica o reconhecimento das crenccedilas dos alunos como parte de seu processo de raciociacutenio Apesar de tais vantagens a abordagem metacognitiva natildeo infere as crenccedilas atraveacutes das accedilotildees mas somente atrashyveacutes de intenccedilotildees e declaraccedilotildees verbais Aleacutem disso embora haja o recoshynhecimento da relaccedilatildeo entre crenccedilas e contexto essa relaccedilatildeo e sua influshyecircncia nas crenccedilas dos alunos natildeo satildeo consideradas ou analisadas

A abordagem contextuai

Mais recentemente alguns estudos comeccedilaram a investigar as crenccedilas sob uma perspectiva diferente Esses estudos natildeo utilizam quesshytionaacuterios nem definem crenccedilas como conhecimento cognitivo As crenshy

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 81

ccedilas satildeo investigadas atraveacutes de observaccedilotildees de sala de aula e anaacutelise do contexto6 especiacutefico onde os alunos atuam daiacute o nome dessa abordashygem Esses estudos natildeo tecircm como objetivo generalizar sobre as crenccedilas mas compreender as crenccedilas de alunos (ou professores) em contextos especiacuteficos

Os estudos incluiacutedos nessa abordagem caracterizam crenccedilas como especiacuteficas de um determinado contexto (Allen 1996) ou de uma cultura de aprender de um determinado grupo (Barcelos 1995 Garcia 1999) Os estudos em sua maioria procuram considerar a influecircncia da experishyecircncia anterior de aprendizagem de liacutenguas dos alunos natildeo somente em suas crenccedilas mas tambeacutem em suas accedilotildees dentro de um contexto especiacuteshyfico Dentre os estudos dessa abordagem destaco o estudo de Allen (1996) Allen investigou a influecircncia das crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas do professor nas crenccedilas estabelecidas de um aprendiz Ela tamshybeacutem examinou se e como os comportamentos as estrateacutegias e as percepshyccedilotildees do aluno sobre seu proacuteprio sucesso na aprendizagem de liacutenguas foram afetados como resultado dessa influecircncia O participante da pesshyquisa foi um libanecircs aluno de niacutevel intermediaacuterio de inglecircs no Carleton School of Linguistics no Canadaacute A metodologia incluiu observaccedilotildees de sala de aula entrevistas com professor e aluno e anotaccedilotildees em seus diaacuteshyrios Allen tambeacutem analisou o livro-texto as apostilas e os materiais adishycionais preparados pelo professor

Os resultados indicaram que as crenccedilas do professor influenciashyram as crenccedilas do aluno A princiacutepio o aluno acreditava que o professor deveria ser o responsaacutevel por sua aprendizagem que a interaccedilatildeo com falantes nativos era melhor para sua aprendizagem e que ele deveria ter uma pronuacutencia mais perto possiacutevel da nativa O professor acreditava que os alunos eram responsaacuteveis por sua aprendizagem e que natildeo deveriam ter uma pronuacutencia similar agrave dos nativos Ao final do semestre as crenccedilas do aluno tomaram-se mais similares agraves do seu professor e isso afetou a percepccedilatildeo do aluno sobre seu sucesso na aprendizagem e as estrateacutegias utishy

6 A definiccedilatildeo de contexto neste trabalho natildeo se refere a ldquoum recipiente estaacutetico que circunda a interaccedilatildeo socialrdquo (Lave 1993 22) Contexto eacute definido neste estudo como ldquoum fenocircmeno socialmente constituiacutedo e sustentado interativamente onde ldquocada accedilatildeo acrescentada dentro da interaccedilatildeo modifica o contexto existente enquanto cria uma nova arena para interaccedilotildees subsequumlentesrdquo (Goodwin amp Duranti 19925-6) De acordo com essa definiccedilatildeo as perpectiacutevas dos participantes e a maneira como eles organizam suas percepccedilotildees dos eventos satildeo essenciais

82 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada vJ n l 2001

lizadas por ele O estudo de Alien (1996) mostra primeiro que as crenccedilas estatildeo inter-relacionadas com as experiecircncias dos alunos e segundo que as crenccedilas natildeo satildeo tatildeo estaacuteveis como se costuma pensar Conforme sugerido por Valenzuela (1996) uma boa abordagem para inferir crenccedilas envolve sua investigaccedilatildeo atraveacutes de acircngulos diferentes combinando observaccedilotildees e enshytrevistas

Na abordagem contextual as crenccedilas satildeo caracterizadas como deshypendentes do contexto A metodologia utilizada envolve o uso de entrevisshytas e principalmente observaccedilotildees de sala de aula Esse eacute o ponto que difere essa abordagem das outras Assim a relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilatildeo natildeo eacute somente sugerida mas eacute investigada dentro do contexto especiacutefico dos alushynos

Vantagens e desvantagens

A abordagem contextual oferece uma definiccedilatildeo mais ampla de crenshyccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas caracterizando-as como dinacircmicas e soshyciais e propondo uma metodologia diferente para investigaacute-las Essa metodologia fornece uma riqueza de detalhes bem mais refinados a respeito dos tipos de crenccedilas e do contexto onde essas crenccedilas se desenvolvem pershymitindo assim uma maior compreensatildeo das crenccedilas e de sua relaccedilatildeo com a abordagem de aprender liacutenguas estrangeiras dos alunos Aleacutem disso ao reshytratar os aprendizes como agentes sociais interagindo em seus contextos essa abordagem tambeacutem apresenta uma visatildeo mais positiva do aprendiz do que as abordagens normativa e metacognitiva Entretanto estudos desse tipo podem consumir muito tempo e satildeo mais adequados agraves investigaccedilotildees com menor nuacutemero de participantes A Tabela 1 resume as caracteriacutesticas vantagens e desvantagens de cada abordagem

Tabela 1 Caracteriacutesticas vantagens e desvantagens das trecircs aborshydagens

Normativa Metacognitiva Contextual

Metodologia

Definiccedilatildeo de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas

Q uestionaacuterios tipo Likert-scale

C renccedilas satildeo vistas como sinocircn im os de ideacuteias preshyconcebidas concepccedilotildees errocircneas e opiniotildees

E ntrevistas

C renccedilas satildeo descritas com o conhecim ento m etacognitivo estaacutevel e agraves vezes faliacutevel que os aprendizes possuem sobre aprendizagem de liacutenguas

Observaccedilotildees entrevistas diaacuterios e

estudos de caso

Crenccedilas satildeo vistas como parte da cultura de aprender e como representaccedilotildees de aprendizagem em um a determ inada sociedade

R ev B ra s ile ira d e L in g uuml iacutes tic a A p lic a d a v l n l 2001

R elaccedilatildeo e n tre c re n ccedila s e accedilotildees

Crenccedilas satildeo vistas como bons indicadores do comportam ento futuro dos alunos sua disposiccedilatildeo para ensino autocircnom o e sucesso como aprendizes de liacutengua

C renccedilas satildeo vistas como bons indicadores do com portam ento futuro dos alunos sua disposiccediluumlo para ensino autocircnom o e sucesso com o aprendizes de liacutengua em bora admita- se a influecircncia de outros fatores com o objetivos por exemplo

Crenccedilas sao vistas como especiacuteficas do contexto ou seja as crenccedilas devem ser investigadas dentro do contexto de suas accedilotildees

V antagens Perm ite que as crenccedilas sejam investigadas com am ostras grandes em eacutepocas diferentes e em vaacuterios contextos ao mesmo tempo

Perm ite que os alunos usem suas proacuteprias palavras elaborem e reflitam sobre suas experiecircncias de aprender

Perm ite que as crenccedilas sejam investigadas levando em consideraccedilatildeo natildeo soacute as proacuteprias palavras dos alunos mas tambeacutem o contexto de suas accedilotildees

D esvantagens Restringe a escolha dos participantes com um conjunto de afirmaccedilotildees predeterm inadas pelo pesquisador Os alunos podem ter interpretaccedilotildees diferentes sobre esses itens

As crenccedilas satildeo investigadas somente atraveacutes das afirmaccedilotildees dos alunos (natildeo haacute preocupaccedilatildeo com a accedilatildeo dos alunos)

Eacute mais adequada com pequeno nuacutem ero de participantes Consome m uito tempo

Discussatildeo e conclusatildeo

Neste trabalho foi feita uma revisatildeo criacutetica da metodologia de investigaccedilatildeo sobre crenccedilas a respeito de aprendizagem Sugeriu-se a exisshytecircncia de trecircs abordagens a normativa a metacognitiva e a contextuai As diferentes metodologias indicam a concepccedilatildeo impliacutecita de crenccedilas utilizadas por vaacuterios estudos

Enquanto na abordagem normativa as crenccedilas satildeo definidas em geral como concepccedilotildees errocircneas e satildeo investigadas de uma maneira descontextualizada na abordagem metacognitiva as crenccedilas satildeo investigadas atraveacutes de entrevistas dando aos alunos mais chances de usarem suas proacuteprias palavras e de contarem suas proacuteprias estoacuterias Enshytretanto tanto a abordagem normativa quanto a metacognitiva consideshyram crenccedilas como uma caracteriacutestica mental como apontado por Kalaja (1995) Natildeo se quer dizer com isso que as crenccedilas natildeo tenham um comshyponente cognitivo mas natildeo se deve esquecer tambeacutem que as crenccedilas assim como o conhecimento estatildeo embutidas no contexto Uma definishyccedilatildeo de crenccedilas que leve em consideraccedilatildeo o contexto seria essencial na compreensatildeo do papel que as crenccedilas exercem na experiecircncia de aprenshydizagem de liacutenguas dos alunos

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

Em resumo tanto a abordagem normativa quanto a metacognitiva falham em levar em consideraccedilatildeo a natureza experiencial das crenccedilas por (a) natildeo analisar as crenccedilas dos alunos nos seus proacuteprios termos (b) tratar as crenccedilas como um conceito fixo a-priori e (c) natildeo prestar atenshyccedilatildeo ao contexto social das crenccedilas

Eacute importante notar entretanto que na praacutetica as distinccedilotildees enshytre as trecircs abordagens podem natildeo ser tatildeo distintas As escolhas metodoloacutegicas frequumlentemente dependem dos tipos de perguntas de pesshyquisa Aleacutem disso trabalhos recentes como os Carvalho (2000) e Sakui amp Gaies (1999) combinam diferentes instrumentos de coleta como por exemplo o uso de questionaacuterios com escalas do tipo Likert e entrevista Outra maneira de visualizar as trecircs abordagens eacute dentro de um contiacutenuo de dois poacutelos que representam categorias a priori ou embasadas (grounded) que dizem respeito agrave maneira como os dados satildeo coletados e analisados Assim a abordagem normativa se utiliza de categorias a- priori de anaacutelise ou seja preacute-determinadas enquanto a abordagem contextuai emprega categorias embasadas ou seja permite que o sentishydo emerja dos dados (Freeman 1996) A abordagem metacognitiva enshycontra-se entre essas duas categorias com maior proximidade com a cashytegoria a-priori conforme ilustra a Figura 1

Figura 1 Abordagens de investigaccedilatildeo e categorias de anaacutelise

Normativa Metacognitiva Contextuai___ I______________________ 1_____________________ ______Categorias a priori Categorias embasadas

Os estudos atuais descrevem os tipos de crenccedilas que os alunos podem ter e apontam para a importacircncia desse toacutepico em LA Entretanshyto a falta de mais estudos embasados natildeo tem ajudado a entender como os alunos na verdade usam as crenccedilas para interpretar situaccedilotildees diferenshytes e tomar decisotildees em seu processo de aprendizagem (Woods 1997) Alguns trabalhos da abordagem contextuai jaacute investigam esse aspecto mas ainda se sabe muito pouco sobre as funccedilotildees que as crenccedilas exercem na aprendizagem de liacutenguas Alguns pesquisadores jaacute sugeriram que enshytrevistas abertas e observaccedilotildees de sala de aula podem nos ajudar a ter uma visatildeo bem mais precisa a respeito das crenccedilas (Kern 1995 Pajares 1992 Press 1996)

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 85

Estudos recentes tecircm combinado abordagens muacuteltiplas usando questionaacuterios com observaccedilotildees de sala de aula (Mantle-Bromley 1995) e com entrevistas (Sakui amp Gaies 1999 Wen amp Johnson 1997) Outros estudos utilizam anaacutelise metafoacuterica diaacuterios e narrativas (Ellis 1998 Miller amp Ginsberg 1995) desenhos (Swales 1994) e estudos de caso (Allen 1996 Valenzuela 1996) Esses estudos mais embasados permitem que o sentido emerja do contexto e indicam a importacircncia de se examinar a relaccedilatildeo entre as crenccedilas dos alunos e suas accedilotildees em contexto Vaacuterios autores sugerem que as crenccedilas satildeo formadas pela cultura do alunos e pelos contextos sociais nos quais eles estatildeo inseridos (Barcelos 1995 Riley 1997 Tumposky 1991 Yang 1992) Aleacutem disso as crenccedilas satildeo variaacuteveis (Sakui amp Gaies 1999 Kalaja 1995) e construiacutedas socialmente (Kalaja 1995)

Embora as trecircs abordagens sejam diferentes no modo de definir e investigar as crenccedilas todas elas enfatizam que as crenccedilas influenciam o comshyportamento definido em LA como as estrateacutegias de aprendizagem ou aborshydagem de aprendizagem dos alunos (Abraham amp Vann 1987 Horwitz 1985 19871988 Mantie-Bromley 1995 Wenden 1987) Entretanto a relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees natildeo eacute tatildeo direta (Riley 1997 Yang 1992) As crenccedilas natildeo somente influenciam accedilotildees mas as accedilotildees e reflexotildees sobre experiecircncias podem levar a mudanccedilas ou criar outras crenccedilas (Murphey 1996 Riacutechardson 1996) conforme ilustra a Figura 2

Figura 2 Relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees

Crenccedilas

Accedilotildees

De acordo com Riley (1997141) os pesquisadores devem ldquoolhar para as condiccedilotildees de aprendizagem onde os aprendizes se encontramrdquo para entender suas crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas Em resumo as crenccedilas devem ser investigadas de maneira interativa onde crenccedilas e accedilotildees se inter-relacionem e se iacutenterconectem

Perguntas e sugestotildees para pesquisas futuras a respeito de crenccedilassobre aprendizagem de liacutenguas

Vaacuterias questotildees a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas podem ser mais bem investigadas em trabalhos futuros Em primeishy

86 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

ro lugar como se desenvolvem as crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas Estudos mais longitudinais podem mostrar como as crenccedilas evolushyem e mudam com o passar do tempo Estudos interpretativos podem levar a uma compreensatildeo mais aprofundada sobre as crenccedilas E crucial entender como as experiecircncias pessoais dos alunos contribuem para moldar suas crenccedilas e suas accedilotildees no contexto social da aula de liacutengua estrangehra Observaccedilotildees de aula e entrevistas detalhadas de alunos e professores podem ajudar a contextualizar aspectos encontrados em dashydos quantitativos (Sakui amp Gaies 1999 Kem 1995 Press 1996) Mais importante ainda eacute considerar que estudos interpretativos poderatildeo dar uma visatildeo mais aprofundada de como as experiecircncias de aprender dos alunos em contextos diferentes no Brasil tais como escolas puacuteblicas ldquocursinhos de inglecircsrdquo e no exterior influenciam os tipos de crenccedilas que esse alunos tecircm sobre como aprender inglecircs e suas accedilotildees para aprender nesses contextos diferentes

Em segundo lugar como as crenccedilas podem ser modificadas Wenden (1991) sugere um plano para explorar as crenccedilas dos aprendishyzes Ateacute o momento natildeo existe estudo empiacuterico que tenha tentado mushydar as crenccedilas dos aprendizes ou incorporar uma discussatildeo sobre crenshyccedilas a respeito de aprendizagem de liacutenguas em atividades de sala de aula levando os alunos a uma aprendizagem reflexiva A aprendizagem refleshyxiva de maneira semelhante ao conceito de ensino reflexivo dos professhysores diz respeito agrave conscientizaccedilatildeo dos alunos sobre como eles aprenshydem uma liacutengua estrangeira Aprender reflexivamente significa abrir a discussatildeo a respeito de crenccedilas estrateacutegias e estilos de aprendizagem aos alunos para que eles mesmos possam refletir entre eles e com seus professores sobre sua cultura de aprender sobre crenccedilas de aprendizashygem de liacutenguas e como elas influenciam suas accedilotildees para aprender dentro e fora de sala de aula Estudos futuros devem incorporar a discussatildeo a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas em atividades de sala de aula dando oportunidade a alunos e professores de liacutenguas de discutir e refletir natildeo somente sobre suas proacuteprias crenccedilas mas tambeacutem sobre obstaacuteculos dentro e fora da sala de aula de liacutenguas que possam impedi- los de agir de acordo com suas proacuteprias crenccedilas e de desenvolver seu potencial para ensino e aprendizagem7

7 Barcelos (2000a) e Murphey (1997) oferecem algumas sugestotildees de atividades relacionadas agraves crenccedilas que podem ser exploradas em sala de aula

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 87

Finalmente quais as funccedilotildees que as crenccedilas exercem nas experishyecircncias de aprendizagem dos alunos e nas accedilotildees que eles praticam para aprender liacutenguas Natildeo sabemos ainda como os alunos usam suas crenccedilas para lidar com a complexidade da aprendizagem de liacutenguas ou seja se os alunos definem seu proacuteprio contexto e atuam nele noacutes precisamos entender como as crenccedilas os ajudam a fazer isso e a ldquonavegarrdquo no discurshyso da sala de aula de liacutenguas (Breen 1996) Pesquisas futuras devem investigar como a sala de aula de liacutenguas como um contexto social ajushyda a moldar as crenccedilas dos alunos e como as crenccedilas dos alunos por sua vez moldam a interaccedilatildeo e as accedilotildees que ocorrem na cultura da sala de aula

A pesquisa a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas precisa ir aleacutem da simples descriccedilatildeo de crenccedilas como indicadores de um comportamento futuro E preciso uma investigaccedilatildeo contextualizada das crenccedilas E necessaacuterio entender como as crenccedilas interagem com as accedilotildees dos alunos e que funccedilotildees elas exercem em suas experiecircncias de aprendishyzagem dentro e fora de sala de aula Como Dewey (1933) sugeriu o conhecimento natildeo pode estar separado da accedilatildeo Assim uma investigashyccedilatildeo do que os alunos sabem ou acreditam deve envolver (a) suas experishyecircncias e accedilotildees (b) suas interpretaccedilotildees sobre essas experiecircncias e (c) o contexto social e como esse contexto molda as suas experiecircncias

Referecircncias Bibliograacuteficas

ABELSON R P Difference between belief and knowledge systems Cognitive Science 3 p 355-366 1979ABRAHAM R G VANN R J Strategies of two language leamers A case study InWENDEN A RUBIN J (Ed) Leamer strategies in language leaming Londres Prentice Hall 1987 p 85-102ALLEN L The evolution of a learnerrsquos beliefs about language leaming Carleton Papers in Applied Language Studies XIII p 67-801996 BARCELOS A M F A cultura de aprender liacutengua estrangeira (inshyglecircs) de alunos de Letras 1995 188f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Linguumliacutestica Aplicada) - Instituto de Estudos da Linguagem UNICAMP Campinas

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

___ Current Approaches to the Investigation of Language LearningBeliefs A Literature Review In AILA99 1999 Toacutequio 12th World Congress o f Applied Linguistics AILA99 mdash Programa and Abstracts Toacutequio AILA 1999 p 133__ Understanding teachersrsquo and students language learning beliefs inexperience A Deweyan Approach 2000357f Tese (Doutorado em Ensino de Ingles como Segunda Lingua) College of Education The University of Alabama Tuscaloosa__ Incorporating language learning beliefs in the classroom - WorkshopUniatildeo Cultural Brasil Estados Unidos Satildeo Paulo 3 de agosto 2000a BENSON R A critical view of learner training Learning Learning v 2 n 2 p 2-61995BLOCK D Learning by listening to language learners System v 25 n 3 p 347-360 1997BLOCK D Exploring interpretations of questionnaire items System v 26 n 3 p 403-4251998BREEN M Constructions of the learner in second language acquisition researchInALATIS 1 STRAEHLE C RONKIN M GALLENBERGER B (Ed) Georgetown University Round Table on Languages and Linguistics Washyshington Georgetown University Press 1996 p 84-115CARVALHO V C P S A aprendizagem de liacutengua estrangeira sob a oacutetica de alunos de letras crenccedilas e mitos 2000 138f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Estudos Linguumliacutesticos) - Faculdade de Letras UFMG Belo Horizonte CAMPBELL C M SHAW V M PLAGEMAN ME ALLEN T A Exploring student beliefs about language learning In HATFIELD W N (Ed) Visions and realities in foreign language teaching where we are where we are going Lincolnwood National Textbook 1993 p 29-39 CORTAZZI M amp JIN L Cultures of learning Language classrooms in China InCOLEMAN H (Ed) Society and the language classroom Cambridge Cambridge University Press p 169-2031996COTTERALL S Readiness for autonomy Investigating learner beliefs System v 23 n 2 p195-2051995DEWEY J How we think Lexington D C Heath 1993ELLIS R The metaphorical constructions of second language learners In AAALrsquo9 8 1998 Seatle AAALAnual Conference Seatle AAAL 1998

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 89

ERLBAUM B E BERG C A DODD D H Previous learning experiences strategy beliefs and task definition in self-regulated foreign language learning Contemporary Educational Psychology v 18 n 3 p 318-336 1993FREEMAN D The ldquounstudied problemrdquo Research on teacher learning in language teaching In FREEMAN D RICHARDS JC (Ed) Teacher learning in language teaching9 Cambridge Cambridge University Press 1996 p 351-378GARCIA C R P As culturas de aprender uma lingua estrangeira (inshyglecircs) em sala de aula que se propotildee interdisciplinar 1999125f Dissershytaccedilatildeo (Mestrado em Linguumliacutestica Aplicada) - Instituto de Estudos da Linshyguagem UNICAMP CampinasGEMENEZ T Learners becoming teacher an exploratory study of beliefs held by prospective and practising EFL teachers in Brazil 1994 340f Tese (Doutorado) Lancaster Lancaster UniversityGOODWIN C DURANTI A Rethinking context An introduction In DURANTI A GOODWIN C (Ed) Rethinking context Language as an interactive phenomenon Cambridge Cambridge University Press 1992 p 1-42HOLEC H The learner as manager managing learning or managing to learn In WENDEN A RUBIN J (Ed) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p 145-156HOLLIDAY A Appropriate methodology and social context Cambridge Cambridge University Press 1994HORWITZ E K Using student beliefs about language learning and teaching in the foreign language methods course Foreign Language Annals v 18 n 4 p 333-340 1985HORWITZ E K Surveying studentsrsquo beliefs about language learning In WENDEN A RUBIN J (Ed) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p 110-129HORWITZ E K The beliefs about language learning of beginning university foreign language students The Modem Language Journal v 72 n 3 p 283-294 1988KALAJA P Student beliefs (or metacognitive knowledge) about SLA reconsidered International Journal o f Applied Linguistics v 5 n 2 p 191-204 1995KERN R G Students7 and teachers beliefs about language learning Foreign Language Annals v 28 n 1 p 71-92 1995

90 Rev B ras ile ira de L inguumlistica A plicada v l n l 2001

KUNTZ P Students of lsquoeasy languages Their beliefs about language learning [ERIC Document Reproduction Service No ED397658] 1996 KUNTZ P Students and their teachers of Arabic Beliefs about language learning ERIC Document Reproduction Service No ED407854] 1997 MANTLE-BROMLEY C Positive attitudes and realistic beliefs Links to proficiency The Modem Language Journal v 79 n 3 p 372-386 1995 LAVE J The practice of learning In CHAIumlNKLIN S LAVE J (Ed) Understanding practice Perspectives on activity and context Cambridge Cambridge University Press 1993 p 3-32LOW G The semantics of questionnaire rating scales Evaluation and Research in Education v 2 n 2 p 69-791988LUPPESCU S DAY R R Examining attitude in teachers and students the need to validate questionnaire data Second Language Research v 6 n 2 p 125-1341990MCDONOUGH J MCDONOUGH S H Research methods for English language teachers London Arnold 1997MUNB Y H A qualitative approach to the study of a teacherrsquos beliefs Journal of Research in Science Teaching v 21 n 1 p 27-38 1984MILLER L amp GINSBERG R B FolWinguistic theories of language learning In FREED B F (Ed) Second language acquisition in a study abroad context Amsterdam John Benjamins 1995 p 293-315MORI Y Epistemological beliefs and language learning beliefs What do language learners believe about their learning [ERIC Document Reproduction Service No ED406657] 1997MURPHEY T Experiencing and mapping in teacher education In SACHS GT Brock M Lo R (Ed) Directions in second language teacher education Hong Kong City University of Hong Kong 1996 p 202-219 MURPHEY T Language hungiy An introduction to language learning fun and self-esteem Tokyo MacMillan 1997NESPOR J The role of beliefs in the practice of teaching Journal of Curnculum Studies v 19 n 4 p 317-328 1987PAJARES F M Teachersrsquo beliefs and educational research Cleaning up a messy construct Review of Educational Research v 62 n 3 p 307-332 1992PRESS M-C Ethnicity and the autonomous language learner different beshyliefs and learning strategies In BROADY E KENNING M-M (Ed) Proshymoting Learner autonomy in university language teaching London Assoshyciation for French StudiesCILT 1996 p237-259

Rev B rasile ira de L ing uuml iacutes tica A plicada v l n l 2001 91

RAMANATHAN V ATKINSON D Ethnographic approaches and methods in L2 writing research A critical guide and Review Applied Linguistics v 20 n 1 1999 p44-70RICHARDS J C LOCKHART C Reflective teaching in second language classrooms Cambridge Cambridge University Press 1994 RICHARDSON V The role of attitudes and beliefs in learning to teach In SIKULA J (Ed) Handbook o f Research on Teacher Education (2 ed) New York Macmillan 1996 p 102-119RILEY R The guru and the conjurer aspects of counselling for self- access In BENSON P amp VOLLER P (Ed) Autonomy and independence in language learning New York Longman 1997 p 114- 131ROKEACH M Beliefs attitudes and values A theory of organization and change San Francisco Jossey-Bass 1968SCHWANDT T A Qualitative Inquiry a dictionary of terms Thousand Oaks Sage1997SAKUI K GAIES S Investigating Japanese learners beliefs about language learning System v 27 n 4 p 473-4921999SU D A study o f English learning strategies and styles o f Chinese university students in relation to their cultwal beliefs about learning English 1995 Dissertaccedilatildeo (Doutorado) - University of Georgia Athens SWALES S From metaphor to meta-language English Teaching Forum v 32 n 3 p8- 11 1994TUMPOSKYN Student beliefs about language learning A cross-cultural study Carleton Papers in Applied Language Studies v 8 p 50-65 1991VALENZUELA S M The management of language learning Who is supposed to do what Carleton Papers in Applied Language Studies XIII 1996 p 21-35VIANA N A A desconstruccedilatildeo dos mitos na aprendizagem de liacutengua estrangeira Uberlacircndia Departamento de Letras UFU 1993 5f MimeografadoVICTORI M Investigating the metacognitive knowledge of students of English as a second language 1992 Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - University of California Los AngelesVICTORI M LOCKHART W Enhancing metacognition in self-directed language learning System v 23 n 2 p 223-234 1995

92 Rev B ras ile ira de LingUistica A plicada v l n l 2001

WEN Q JOHNSON R K L2 learner variables and English achievement A study of tertiary-level English majors in China Applied Linguistics v 18 p 27-48 1997WENDEN A Helping language learners think about learning ELT Journal v 40 nl p3-12 1986WENDEN A How to be a successful language learner insights and prescriptions from L2 learners In WENDEN A amp RUBIN J (Eds) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p103-117WENDEN A Learner strategies for learner autonomy London Prentice Hall 1991WENDEN A Metacognitive knowledge and language learning Applied Linguistics v 19 n 4 p 515-537 1999WOODS D Teacher cognition in language teaching Beliefs decisionshymaking and classroom practice Cambridge Cambridge University Press 1996WOODS D Decision-making in language learning A lens for examining learner strategies The Language Teacher Online Outubro 1997 [cited 26 M ay 1998] Available from World Wide WeB lthttp languehyperchubuacjpjaltpubtli97octwoodshtmlgtYANG ND Second language learnersrsquo beliefs about language learning and their use of learning strategies A study of college students of Enshyglish in Taiwan 1992 Tese (Doutorado) - The University of Texas Ausshytin

Page 5: Pesquisa das crenças sobre aprendizagem de línguas

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 75

derado esse aspecto conforme sugere a seccedilatildeo seguinte de revisatildeo dos diferentes estudos sobre a metodologia de investigaccedilatildeo das crenccedilas

Abordagens de investigaccedilatildeo das crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas

Em sua revisatildeo a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas Kalaja (1995192) critica estudos atuais sobre crenccedilas apontando que ateacute o momento as crenccedilas tecircm sido vistas principalmente como ldquoentidades cognitivas encontradas dentro da mente dos aprendizes de liacutenguardquo e tecircm sido caracterizadas como estaacuteveis Kalaja discorda dessa caracterizaccedilatildeo e aponta estudos como o de Holec (1987) que sugere que as crenccedilas podem ser modificadas A autora propotildee entatildeo uma abordashygem para a investigaccedilatildeo das crenccedilas que inclui pressupostos baacutesicos de que o uso da linguagem eacute orientado para a accedilatildeo que a linguagem cria realidade e que tanto o conhecimento cientiacutefico quanto as concepccedilotildees leigas satildeo ldquovistos como construccedilotildees sociais do mundordquo (Kalaja 1995 196)

Dentro dessa perspectiva Kalaja define crenccedilas como construiacutedas socialmente interativas sociais e variaacuteveis De acordo com a autora as crenccedilas podem mudar de um aluno para outro de uma eacutepoca para outra e de um contexto para outro ou ateacute mesmo dentro de um mesmo conshytexto ou ocasiatildeo Para ela as crenccedilas devem ser investigadas atraveacutes de ldquotrechos de falardquo ou escrita sobre aspectos de aquisiccedilatildeo de segunda liacutenshygua (Kalaja1995 196) O paradigma proposto por Kalaja oferece uma perspectiva interessante na investigaccedilatildeo das crenccedilas caracterizadas como dinacircmicas sociais e relacionadas agrave linguagem Infelizmente existem poushycos estudos publicados dentro desse paradigma

Diferentemente de Kalaja que reconhece apenas duas abordashygens de investigaccedilatildeo a respeito das crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas neste trabalho agrupo os estudos em trecircs abordagens principais de acordo com a sua definiccedilatildeo de crenccedilas metodologia e relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees A primeira abordagem chamada de abordagem normativa infere as crenccedilas atraveacutes de um conjunto preacute-determinado de afirmaccedilotildees A segunda abordagem metacognitiva utiliza auto-relatos e entrevistas para inferir as crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas A tershyceira abordagem contextuai usa ferramentas etnograacuteficas e entrevistas para investigar as crenccedilas atraveacutes de afirmaccedilotildees e accedilotildees A anaacutelise do

discurso tambeacutem pode ser incluiacuteda nessa abordagem Nas proacuteximas seccedilotildees cada abordagem eacute discutida separadamente

A abordagem normativa

O termo ldquonormativordquo foi usado por Holliday (1994) para se reshyferir a estudos sobre cultura os quais vecircem a cultura dos alunos como explicaccedilatildeo para suas accedilotildees em sala de aula Da mesma forma os estudos incluiacutedos nessa abordagem colocam as crenccedilas como indicadores dos comportamentos futuros dos alunos como bons aprendizes ou como aprendizes autocircnomos

A abordagem normativa inclui estudos que usam questionaacuterios do tipo Likert-scale para investigar as crenccedilas Esse tipo de questionaacuterio conteacutem afirmaccedilotildees com alternativas que vatildeo desde ldquoeu concordo inteirashymenterdquo ateacute ldquoeu discordo inteiramenterdquo5 O questionaacuterio mais usado eacute o Beliefs About Language Learning Inventory (BALLI) que foi desenshyvolvido por Horwitz (1985) A maioria dos estudos nesta abordagem ora usa o BALLI (Horwitz 1987 1988 Su 1995 Tumposky 1991 Yang 1992) ora o adapta ou modifica (Mantle-Bromley 1995) Outros estushydos desenvolvem seus proacuteprios questionaacuterios (Campbell et al 1993 Cotterall 1995 Sakui amp Gaies 1999 Kuntz 1996 Mori 1997 Wen amp Johnson 1997)

Os estudos incluiacutedos na abordagem normativa em geral descreshyvem e classificam os tipos de crenccedilas que os aprendizes apresentam A maioria desses estudos faz conexotildees entre as crenccedilas e o ensino autocircnomo O estudo de Cotterall (1995) teve por objetivo determinar os fatores nas crenccedilas dos alunos que indicariam sua prontidatildeo para o ensino autocircnomo Ela construiu um questionaacuterio tipo Likert-scale a partir das entrevistas com 130 aprendizes adultos de inglecircs como segunda liacutengua em universidades na Nova Zelacircndia Seis fatores foram encontrados o papel do professor o pashypel do feedback a independecircncia do aprendiz a confianccedila do aprendiz na sua capacidade de estudo a experiecircncia de aprendizagem de liacutenguas e a

76 Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

5 Para uma discussatildeo a respeito de questionaacuterios com escala Likert consultar Low (1988) e Luppescu amp Day (1990) Para uma discussatildeo sobre o BALLI ver Kuntz (1996)

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 77

abordagem de estudar Os resultados indicaram que os alunos natildeo estavam ldquoprontosrdquo para o ensino autocircnomo porque eles tinham visotildees tradicionais do papel do professor (embora a definiccedilatildeo de tradicionalrsquo natildeo tenha sido discutida no texto) Os comentaacuterios de Cotterall (1995 197) enfatizam as crenccedilas dos alunos como obstaacuteculos no processo de aprendizagem autocircnoma ldquoaprendizes [] natildeo correspondem ao perfil do aprendiz autocircnomordquo ldquoas expectativas dos alunos sobre a autoridade do professor podem representar um obstaacuteculo para os professoresrdquo (p 197) ldquoaprendizes que acreditam que o professor deve fazer tudo [] ainda natildeo estatildeo prontos para a autonomiardquo (Cotterall 1995 198 ecircnfase minha) Esses tipos de comentaacuterios sugerem uma visatildeo ideal do aprendiz agrave qual os ldquoalunos reaisrdquo natildeo correspondem (Benson 1995)

Alguns estudos tecircm incluiacutedo entrevistas como uma maneira de validar o uso de questionaacuterios As entrevistas geralmente apontam que os aprendizes possuem crenccedilas que satildeo diferentes daquelas apresentadas no BALLI Sakui e Gaies (1999) aleacutem de usarem um questionaacuterio com escalas Likert usaram entrevistas em sua investigaccedilatildeo a respeito das crenshyccedilas de alunos japoneses Os resultados das entrevistas sugeriram que as crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas satildeo contextuais e podem mudar Assim as discrepacircncias encontradas nos questionaacuterios natildeo devem ser vistas como ldquoerrosrdquo Sakui e Gaies afirmam que os alunos interpretam os itens dos questionaacuterios de maneira diferente e podem querer descrever suas crenccedilas de maneira que o questionaacuterio natildeo permite

Em resumo na abordagem normativa as crenccedilas sobre aprendishyzagem de liacutenguas satildeo definidas como opiniotildees que os alunos possuem sobre aprendizagem de liacutenguas que influenciam sua abordagem de aprenshydizagem ou sua prontidatildeo para o ensino autocircnomo Em alguns estudos as crenccedilas dos alunos satildeo caracterizadas como concepccedilotildees errocircneas isto eacute como obstaacuteculos agrave implementaccedilatildeo de determinados tipos de abordashygem em geral do ensino autocircnomo Retratam-se as crenccedilas dos alunos como inadequadas mas natildeo se explicita muito bem sob que perspectiva O meacutetodo de investigaccedilatildeo mais comumente adotado eacute o questionaacuterio com escalas tipo Likert em que os alunos apenas dizem se concordam ou natildeo com afirmaccedilotildees preacute-estabelecidas pelos pesquisadores A relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees natildeo eacute investigada mas apenas sugerida Em sua maioria as crenccedilas satildeo vistas como obstaacuteculos para accedilotildees que os aprenshydizes deveriam adotar pelo menos de acordo com a visatildeo dos pesquisashy

78 Rev B ras ile ira de L inguuml iacutestica A plicada v l n l 2001

dores Natildeo existe uma anaacutelise do contexto onde os alunos agem e interagem

Vantagens e desvantagens

Questionaacuterios tecircm sido largamente utilizados na investigaccedilatildeo das crenccedilas e oferecem vaacuterias vantagens Eles satildeo menos ameaccediladores que observaccedilotildees satildeo uacuteteis se o pesquisador tem recursos limitados e pouco tempo ldquosatildeo faacuteceis de tabular e particularmente adequados para um granraquo de nuacutemero de participantesrdquo (Gimenez 1994 76) Aleacutem disso os quesshytionaacuterios fornecem acesso a outros contextos e permitem que os dados sejam coletados em eacutepocas diferentes (McDonough amp McDonough 1997) Entretanto questionaacuterios apresentam algumas desvantagens

Em primeiro lugar os questionaacuterios tornam difiacutecil garantir uma interpretaccedilatildeo consistente pelos participantes por causa de sua generalishydade Aleacutem disso os participantes tendem a responder o que eles acham que seria adequado (Gimenez 1994) Em segundo lugar os questionaacuterishyos restringem a escolha dos participantes quando estruturam as resposshytas de acordo com um conjunto de afirmaccedilotildees preacute-estabelecidas Ao natildeo permitir que os alunos usem suas proacuteprias palavras e metaacuteforas os quesshytionaacuterios tornam difiacutecil investigar as crenccedilas nos termos dos proacuteprios alunos e professores (Block 19971998 Cortazzi amp Jin 1996 Gimenez 1994 Kalaja 1995 Kuntz 1996 Munby 1984 Pajares 1992 Riley 1996 Woods 1996) Wenden (1987) tambeacutem apontou que questionaacuterios natildeo permitem que os alunos articulem seu conhecimento metacognitivo

Em resum o na abordagem normativa as crenccedilas satildeo descontextualizadas Isto eacute problemaacutetico primeiro porque os alunos podem interpretar os itens dos questionaacuterios de maneira diferente do que o pesquisador pretendia conforme exposto acima Em segundo lugar as crenccedilas apresentadas no questionaacuterio podem ser diferentes das crenccedilas que os alunos acreditam ser significativas em sua aprendizagem Em tershyceiro lugar se os alunos tecircm algumas daquelas crenccedilas o que isso signishyfica Eles agem de acordo com aquelas crenccedilas Como eles interagem com essas crenccedilas Porque eles tecircm essas crenccedilas A abordagem metacognitiva discutida a seguir daacute mais importacircncia agrave linguagem dos alunos ao lhes proporcionar a chance de refletir e falar sobre suas expeshyriecircncias de aprendizagem em entrevistas

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n J 2001 79

A abordagem metacognitiva

Os estudos nessa abordagem definem crenccedilas como conhecimenshyto metacognitivo daiacute o nome da abordagem Os estudos incluiacutedos aqui utilizam-se basicamente de entrevistas semi-estruturadas e auto-relatos embora questionaacuterios semi-estruturados possam ser usados (cf Victori 1992) O que une os estudos nessa abordagem eacute a definiccedilatildeo de crenccedilas como conhecimento metacognitivo O pressuposto impliacutecito nessa aborshydagem eacute que o conhecimento metacognitivo dos alunos se constituem em suas ldquoteorias em accedilatildeordquo que os ajudaraacute a refletir sobre o que fazem e a desenvolver seu potencial para a aprendizagem (Wenden 1987 112)

Existem poucos estudos nessa abordagem (ateacute agora somente Wenden 1987 Victori 1992 Victori amp Lockhart 1995) A maioria dos estudos tem como referencial teoacuterico o conhecimento cognitivo e sua influecircncia na aprendizagem (ver Wenden 198619911999) O pressushyposto baacutesico nesses estudos eacute que os aprendizes pensam sobre seu proshycesso de aprendizagem de liacutenguas e satildeo capazes de articular algumas de suas crenccedilas Wenden (1986) descobriu que os aprendizes satildeo capazes de falar sobre a liacutengua sua proficiecircncia na liacutengua os resultados de seus esforccedilos na aprendizagem seu papel no processo de aprendizagem de liacutenguas e a melhor maneira de aprender liacutenguas

Wenden (1987 163) define conhecimento cognitivo como o coshynhecimento ldquoestaacutevel declaraacutevel embora agraves vezes incorreto que os aprenshydizes tecircm sobre linguagem aprendizagem e aprendizagem de liacutenguasrdquo A autora caracteriza esse conhecimento como faliacutevel ou seja nem semshypre empiricamente sustentaacutevel e interativo isto eacute que pode influenciar os resultados da aprendizagem

Wenden (1987) investigou as crenccedilas prescritivas dos aprendizes a fim de saber se eles tinham esses tipos de crenccedilas quais eram essas crenccedilas e se elas refletiam-se no que os aprendizes diziam fazer para aprender uma segunda liacutengua A autora define crenccedilas prescritivas como crenccedilas dos aprendizes sobre a melhor maneira de se aprender uma seshygunda liacutengua Ela entrevistou 25 alunos que moravam nos Estados Unishydos por dois anos e estavam matriculados em niacuteveis avanccedilados em um instituto de liacutenguas Os resultados mostraram que os alunos tinham crenshyccedilas prescritivas sobre (a) a importacircncia de usar a liacutengua de uma maneira natural isto eacute praticando pensando em inglecircs morando e estudando onde o inglecircs eacute falado (b) a importacircncia de aprender sobre a liacutengua sua

80 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

gramaacutetica e seu vocabulaacuterio aprender com os erros e estar mentalmente ativo e (c) a importacircncia de fatores pessoais (sentimentos auto-concei- to atitude e aptidatildeo) Ao comparar as crenccedilas de seu estudo com aqueshylas usadas no questionaacuterio BALLI Wenden constatou que algumas eram bem diferentes enquanto outras natildeo estavam representadas no BALLI Em sua conclusatildeo Wenden faz uma criacutetica sutil aos questionaacuterios afirshymando que essas ldquodiferenccedilas apontam para a necessidade de se desenshyvolver um questionaacuterio mais abrangente e representativo do conjunto de crenccedilasrdquo (Wenden 1987 113)

Os estudos dentro dessa abordagem definem crenccedilas como coshynhecimento metacognitivo caracterizado por Wenden (1987) como coshynhecimento estaacutevel e faliacutevel Nesse sentido eacute semelhante agrave definiccedilatildeo da abordagem normativa pois tambeacutem vecirc as crenccedilas como obstaacuteculo a uma determinada visatildeo de aprendizagem A metodologia natildeo envolve o uso de questionaacuterios Likertscale como o BALLI mas o uso de entrevistas que satildeo analisadas de acordo com seu conteuacutedo e podem envolver tamshybeacutem o uso de questionaacuterios semi-estruturados A relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilatildeo tambeacutem natildeo eacute investigada mas apenas sugerida e discutida somenshyte em relaccedilatildeo a estrateacutegias de aprendizagemVantagens e Desvantagens

As vantagens da abordagem metacognitiva satildeo vaacuterias Em prishymeiro lugar atraveacutes do uso de entrevistas os alunos tecircm a oportunidade de elaborar e refletir sobre suas experiecircncias De acordo com Block (1997) entrevistas permitem aos alunos definir e avaliar o processo de aprendizagem em seus proacuteprios termos Em segundo lugar na abordashygem metacognitiva as crenccedilas satildeo consideradas como conhecimento Isso implica o reconhecimento das crenccedilas dos alunos como parte de seu processo de raciociacutenio Apesar de tais vantagens a abordagem metacognitiva natildeo infere as crenccedilas atraveacutes das accedilotildees mas somente atrashyveacutes de intenccedilotildees e declaraccedilotildees verbais Aleacutem disso embora haja o recoshynhecimento da relaccedilatildeo entre crenccedilas e contexto essa relaccedilatildeo e sua influshyecircncia nas crenccedilas dos alunos natildeo satildeo consideradas ou analisadas

A abordagem contextuai

Mais recentemente alguns estudos comeccedilaram a investigar as crenccedilas sob uma perspectiva diferente Esses estudos natildeo utilizam quesshytionaacuterios nem definem crenccedilas como conhecimento cognitivo As crenshy

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 81

ccedilas satildeo investigadas atraveacutes de observaccedilotildees de sala de aula e anaacutelise do contexto6 especiacutefico onde os alunos atuam daiacute o nome dessa abordashygem Esses estudos natildeo tecircm como objetivo generalizar sobre as crenccedilas mas compreender as crenccedilas de alunos (ou professores) em contextos especiacuteficos

Os estudos incluiacutedos nessa abordagem caracterizam crenccedilas como especiacuteficas de um determinado contexto (Allen 1996) ou de uma cultura de aprender de um determinado grupo (Barcelos 1995 Garcia 1999) Os estudos em sua maioria procuram considerar a influecircncia da experishyecircncia anterior de aprendizagem de liacutenguas dos alunos natildeo somente em suas crenccedilas mas tambeacutem em suas accedilotildees dentro de um contexto especiacuteshyfico Dentre os estudos dessa abordagem destaco o estudo de Allen (1996) Allen investigou a influecircncia das crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas do professor nas crenccedilas estabelecidas de um aprendiz Ela tamshybeacutem examinou se e como os comportamentos as estrateacutegias e as percepshyccedilotildees do aluno sobre seu proacuteprio sucesso na aprendizagem de liacutenguas foram afetados como resultado dessa influecircncia O participante da pesshyquisa foi um libanecircs aluno de niacutevel intermediaacuterio de inglecircs no Carleton School of Linguistics no Canadaacute A metodologia incluiu observaccedilotildees de sala de aula entrevistas com professor e aluno e anotaccedilotildees em seus diaacuteshyrios Allen tambeacutem analisou o livro-texto as apostilas e os materiais adishycionais preparados pelo professor

Os resultados indicaram que as crenccedilas do professor influenciashyram as crenccedilas do aluno A princiacutepio o aluno acreditava que o professor deveria ser o responsaacutevel por sua aprendizagem que a interaccedilatildeo com falantes nativos era melhor para sua aprendizagem e que ele deveria ter uma pronuacutencia mais perto possiacutevel da nativa O professor acreditava que os alunos eram responsaacuteveis por sua aprendizagem e que natildeo deveriam ter uma pronuacutencia similar agrave dos nativos Ao final do semestre as crenccedilas do aluno tomaram-se mais similares agraves do seu professor e isso afetou a percepccedilatildeo do aluno sobre seu sucesso na aprendizagem e as estrateacutegias utishy

6 A definiccedilatildeo de contexto neste trabalho natildeo se refere a ldquoum recipiente estaacutetico que circunda a interaccedilatildeo socialrdquo (Lave 1993 22) Contexto eacute definido neste estudo como ldquoum fenocircmeno socialmente constituiacutedo e sustentado interativamente onde ldquocada accedilatildeo acrescentada dentro da interaccedilatildeo modifica o contexto existente enquanto cria uma nova arena para interaccedilotildees subsequumlentesrdquo (Goodwin amp Duranti 19925-6) De acordo com essa definiccedilatildeo as perpectiacutevas dos participantes e a maneira como eles organizam suas percepccedilotildees dos eventos satildeo essenciais

82 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada vJ n l 2001

lizadas por ele O estudo de Alien (1996) mostra primeiro que as crenccedilas estatildeo inter-relacionadas com as experiecircncias dos alunos e segundo que as crenccedilas natildeo satildeo tatildeo estaacuteveis como se costuma pensar Conforme sugerido por Valenzuela (1996) uma boa abordagem para inferir crenccedilas envolve sua investigaccedilatildeo atraveacutes de acircngulos diferentes combinando observaccedilotildees e enshytrevistas

Na abordagem contextual as crenccedilas satildeo caracterizadas como deshypendentes do contexto A metodologia utilizada envolve o uso de entrevisshytas e principalmente observaccedilotildees de sala de aula Esse eacute o ponto que difere essa abordagem das outras Assim a relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilatildeo natildeo eacute somente sugerida mas eacute investigada dentro do contexto especiacutefico dos alushynos

Vantagens e desvantagens

A abordagem contextual oferece uma definiccedilatildeo mais ampla de crenshyccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas caracterizando-as como dinacircmicas e soshyciais e propondo uma metodologia diferente para investigaacute-las Essa metodologia fornece uma riqueza de detalhes bem mais refinados a respeito dos tipos de crenccedilas e do contexto onde essas crenccedilas se desenvolvem pershymitindo assim uma maior compreensatildeo das crenccedilas e de sua relaccedilatildeo com a abordagem de aprender liacutenguas estrangeiras dos alunos Aleacutem disso ao reshytratar os aprendizes como agentes sociais interagindo em seus contextos essa abordagem tambeacutem apresenta uma visatildeo mais positiva do aprendiz do que as abordagens normativa e metacognitiva Entretanto estudos desse tipo podem consumir muito tempo e satildeo mais adequados agraves investigaccedilotildees com menor nuacutemero de participantes A Tabela 1 resume as caracteriacutesticas vantagens e desvantagens de cada abordagem

Tabela 1 Caracteriacutesticas vantagens e desvantagens das trecircs aborshydagens

Normativa Metacognitiva Contextual

Metodologia

Definiccedilatildeo de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas

Q uestionaacuterios tipo Likert-scale

C renccedilas satildeo vistas como sinocircn im os de ideacuteias preshyconcebidas concepccedilotildees errocircneas e opiniotildees

E ntrevistas

C renccedilas satildeo descritas com o conhecim ento m etacognitivo estaacutevel e agraves vezes faliacutevel que os aprendizes possuem sobre aprendizagem de liacutenguas

Observaccedilotildees entrevistas diaacuterios e

estudos de caso

Crenccedilas satildeo vistas como parte da cultura de aprender e como representaccedilotildees de aprendizagem em um a determ inada sociedade

R ev B ra s ile ira d e L in g uuml iacutes tic a A p lic a d a v l n l 2001

R elaccedilatildeo e n tre c re n ccedila s e accedilotildees

Crenccedilas satildeo vistas como bons indicadores do comportam ento futuro dos alunos sua disposiccedilatildeo para ensino autocircnom o e sucesso como aprendizes de liacutengua

C renccedilas satildeo vistas como bons indicadores do com portam ento futuro dos alunos sua disposiccediluumlo para ensino autocircnom o e sucesso com o aprendizes de liacutengua em bora admita- se a influecircncia de outros fatores com o objetivos por exemplo

Crenccedilas sao vistas como especiacuteficas do contexto ou seja as crenccedilas devem ser investigadas dentro do contexto de suas accedilotildees

V antagens Perm ite que as crenccedilas sejam investigadas com am ostras grandes em eacutepocas diferentes e em vaacuterios contextos ao mesmo tempo

Perm ite que os alunos usem suas proacuteprias palavras elaborem e reflitam sobre suas experiecircncias de aprender

Perm ite que as crenccedilas sejam investigadas levando em consideraccedilatildeo natildeo soacute as proacuteprias palavras dos alunos mas tambeacutem o contexto de suas accedilotildees

D esvantagens Restringe a escolha dos participantes com um conjunto de afirmaccedilotildees predeterm inadas pelo pesquisador Os alunos podem ter interpretaccedilotildees diferentes sobre esses itens

As crenccedilas satildeo investigadas somente atraveacutes das afirmaccedilotildees dos alunos (natildeo haacute preocupaccedilatildeo com a accedilatildeo dos alunos)

Eacute mais adequada com pequeno nuacutem ero de participantes Consome m uito tempo

Discussatildeo e conclusatildeo

Neste trabalho foi feita uma revisatildeo criacutetica da metodologia de investigaccedilatildeo sobre crenccedilas a respeito de aprendizagem Sugeriu-se a exisshytecircncia de trecircs abordagens a normativa a metacognitiva e a contextuai As diferentes metodologias indicam a concepccedilatildeo impliacutecita de crenccedilas utilizadas por vaacuterios estudos

Enquanto na abordagem normativa as crenccedilas satildeo definidas em geral como concepccedilotildees errocircneas e satildeo investigadas de uma maneira descontextualizada na abordagem metacognitiva as crenccedilas satildeo investigadas atraveacutes de entrevistas dando aos alunos mais chances de usarem suas proacuteprias palavras e de contarem suas proacuteprias estoacuterias Enshytretanto tanto a abordagem normativa quanto a metacognitiva consideshyram crenccedilas como uma caracteriacutestica mental como apontado por Kalaja (1995) Natildeo se quer dizer com isso que as crenccedilas natildeo tenham um comshyponente cognitivo mas natildeo se deve esquecer tambeacutem que as crenccedilas assim como o conhecimento estatildeo embutidas no contexto Uma definishyccedilatildeo de crenccedilas que leve em consideraccedilatildeo o contexto seria essencial na compreensatildeo do papel que as crenccedilas exercem na experiecircncia de aprenshydizagem de liacutenguas dos alunos

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

Em resumo tanto a abordagem normativa quanto a metacognitiva falham em levar em consideraccedilatildeo a natureza experiencial das crenccedilas por (a) natildeo analisar as crenccedilas dos alunos nos seus proacuteprios termos (b) tratar as crenccedilas como um conceito fixo a-priori e (c) natildeo prestar atenshyccedilatildeo ao contexto social das crenccedilas

Eacute importante notar entretanto que na praacutetica as distinccedilotildees enshytre as trecircs abordagens podem natildeo ser tatildeo distintas As escolhas metodoloacutegicas frequumlentemente dependem dos tipos de perguntas de pesshyquisa Aleacutem disso trabalhos recentes como os Carvalho (2000) e Sakui amp Gaies (1999) combinam diferentes instrumentos de coleta como por exemplo o uso de questionaacuterios com escalas do tipo Likert e entrevista Outra maneira de visualizar as trecircs abordagens eacute dentro de um contiacutenuo de dois poacutelos que representam categorias a priori ou embasadas (grounded) que dizem respeito agrave maneira como os dados satildeo coletados e analisados Assim a abordagem normativa se utiliza de categorias a- priori de anaacutelise ou seja preacute-determinadas enquanto a abordagem contextuai emprega categorias embasadas ou seja permite que o sentishydo emerja dos dados (Freeman 1996) A abordagem metacognitiva enshycontra-se entre essas duas categorias com maior proximidade com a cashytegoria a-priori conforme ilustra a Figura 1

Figura 1 Abordagens de investigaccedilatildeo e categorias de anaacutelise

Normativa Metacognitiva Contextuai___ I______________________ 1_____________________ ______Categorias a priori Categorias embasadas

Os estudos atuais descrevem os tipos de crenccedilas que os alunos podem ter e apontam para a importacircncia desse toacutepico em LA Entretanshyto a falta de mais estudos embasados natildeo tem ajudado a entender como os alunos na verdade usam as crenccedilas para interpretar situaccedilotildees diferenshytes e tomar decisotildees em seu processo de aprendizagem (Woods 1997) Alguns trabalhos da abordagem contextuai jaacute investigam esse aspecto mas ainda se sabe muito pouco sobre as funccedilotildees que as crenccedilas exercem na aprendizagem de liacutenguas Alguns pesquisadores jaacute sugeriram que enshytrevistas abertas e observaccedilotildees de sala de aula podem nos ajudar a ter uma visatildeo bem mais precisa a respeito das crenccedilas (Kern 1995 Pajares 1992 Press 1996)

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 85

Estudos recentes tecircm combinado abordagens muacuteltiplas usando questionaacuterios com observaccedilotildees de sala de aula (Mantle-Bromley 1995) e com entrevistas (Sakui amp Gaies 1999 Wen amp Johnson 1997) Outros estudos utilizam anaacutelise metafoacuterica diaacuterios e narrativas (Ellis 1998 Miller amp Ginsberg 1995) desenhos (Swales 1994) e estudos de caso (Allen 1996 Valenzuela 1996) Esses estudos mais embasados permitem que o sentido emerja do contexto e indicam a importacircncia de se examinar a relaccedilatildeo entre as crenccedilas dos alunos e suas accedilotildees em contexto Vaacuterios autores sugerem que as crenccedilas satildeo formadas pela cultura do alunos e pelos contextos sociais nos quais eles estatildeo inseridos (Barcelos 1995 Riley 1997 Tumposky 1991 Yang 1992) Aleacutem disso as crenccedilas satildeo variaacuteveis (Sakui amp Gaies 1999 Kalaja 1995) e construiacutedas socialmente (Kalaja 1995)

Embora as trecircs abordagens sejam diferentes no modo de definir e investigar as crenccedilas todas elas enfatizam que as crenccedilas influenciam o comshyportamento definido em LA como as estrateacutegias de aprendizagem ou aborshydagem de aprendizagem dos alunos (Abraham amp Vann 1987 Horwitz 1985 19871988 Mantie-Bromley 1995 Wenden 1987) Entretanto a relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees natildeo eacute tatildeo direta (Riley 1997 Yang 1992) As crenccedilas natildeo somente influenciam accedilotildees mas as accedilotildees e reflexotildees sobre experiecircncias podem levar a mudanccedilas ou criar outras crenccedilas (Murphey 1996 Riacutechardson 1996) conforme ilustra a Figura 2

Figura 2 Relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees

Crenccedilas

Accedilotildees

De acordo com Riley (1997141) os pesquisadores devem ldquoolhar para as condiccedilotildees de aprendizagem onde os aprendizes se encontramrdquo para entender suas crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas Em resumo as crenccedilas devem ser investigadas de maneira interativa onde crenccedilas e accedilotildees se inter-relacionem e se iacutenterconectem

Perguntas e sugestotildees para pesquisas futuras a respeito de crenccedilassobre aprendizagem de liacutenguas

Vaacuterias questotildees a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas podem ser mais bem investigadas em trabalhos futuros Em primeishy

86 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

ro lugar como se desenvolvem as crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas Estudos mais longitudinais podem mostrar como as crenccedilas evolushyem e mudam com o passar do tempo Estudos interpretativos podem levar a uma compreensatildeo mais aprofundada sobre as crenccedilas E crucial entender como as experiecircncias pessoais dos alunos contribuem para moldar suas crenccedilas e suas accedilotildees no contexto social da aula de liacutengua estrangehra Observaccedilotildees de aula e entrevistas detalhadas de alunos e professores podem ajudar a contextualizar aspectos encontrados em dashydos quantitativos (Sakui amp Gaies 1999 Kem 1995 Press 1996) Mais importante ainda eacute considerar que estudos interpretativos poderatildeo dar uma visatildeo mais aprofundada de como as experiecircncias de aprender dos alunos em contextos diferentes no Brasil tais como escolas puacuteblicas ldquocursinhos de inglecircsrdquo e no exterior influenciam os tipos de crenccedilas que esse alunos tecircm sobre como aprender inglecircs e suas accedilotildees para aprender nesses contextos diferentes

Em segundo lugar como as crenccedilas podem ser modificadas Wenden (1991) sugere um plano para explorar as crenccedilas dos aprendishyzes Ateacute o momento natildeo existe estudo empiacuterico que tenha tentado mushydar as crenccedilas dos aprendizes ou incorporar uma discussatildeo sobre crenshyccedilas a respeito de aprendizagem de liacutenguas em atividades de sala de aula levando os alunos a uma aprendizagem reflexiva A aprendizagem refleshyxiva de maneira semelhante ao conceito de ensino reflexivo dos professhysores diz respeito agrave conscientizaccedilatildeo dos alunos sobre como eles aprenshydem uma liacutengua estrangeira Aprender reflexivamente significa abrir a discussatildeo a respeito de crenccedilas estrateacutegias e estilos de aprendizagem aos alunos para que eles mesmos possam refletir entre eles e com seus professores sobre sua cultura de aprender sobre crenccedilas de aprendizashygem de liacutenguas e como elas influenciam suas accedilotildees para aprender dentro e fora de sala de aula Estudos futuros devem incorporar a discussatildeo a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas em atividades de sala de aula dando oportunidade a alunos e professores de liacutenguas de discutir e refletir natildeo somente sobre suas proacuteprias crenccedilas mas tambeacutem sobre obstaacuteculos dentro e fora da sala de aula de liacutenguas que possam impedi- los de agir de acordo com suas proacuteprias crenccedilas e de desenvolver seu potencial para ensino e aprendizagem7

7 Barcelos (2000a) e Murphey (1997) oferecem algumas sugestotildees de atividades relacionadas agraves crenccedilas que podem ser exploradas em sala de aula

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 87

Finalmente quais as funccedilotildees que as crenccedilas exercem nas experishyecircncias de aprendizagem dos alunos e nas accedilotildees que eles praticam para aprender liacutenguas Natildeo sabemos ainda como os alunos usam suas crenccedilas para lidar com a complexidade da aprendizagem de liacutenguas ou seja se os alunos definem seu proacuteprio contexto e atuam nele noacutes precisamos entender como as crenccedilas os ajudam a fazer isso e a ldquonavegarrdquo no discurshyso da sala de aula de liacutenguas (Breen 1996) Pesquisas futuras devem investigar como a sala de aula de liacutenguas como um contexto social ajushyda a moldar as crenccedilas dos alunos e como as crenccedilas dos alunos por sua vez moldam a interaccedilatildeo e as accedilotildees que ocorrem na cultura da sala de aula

A pesquisa a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas precisa ir aleacutem da simples descriccedilatildeo de crenccedilas como indicadores de um comportamento futuro E preciso uma investigaccedilatildeo contextualizada das crenccedilas E necessaacuterio entender como as crenccedilas interagem com as accedilotildees dos alunos e que funccedilotildees elas exercem em suas experiecircncias de aprendishyzagem dentro e fora de sala de aula Como Dewey (1933) sugeriu o conhecimento natildeo pode estar separado da accedilatildeo Assim uma investigashyccedilatildeo do que os alunos sabem ou acreditam deve envolver (a) suas experishyecircncias e accedilotildees (b) suas interpretaccedilotildees sobre essas experiecircncias e (c) o contexto social e como esse contexto molda as suas experiecircncias

Referecircncias Bibliograacuteficas

ABELSON R P Difference between belief and knowledge systems Cognitive Science 3 p 355-366 1979ABRAHAM R G VANN R J Strategies of two language leamers A case study InWENDEN A RUBIN J (Ed) Leamer strategies in language leaming Londres Prentice Hall 1987 p 85-102ALLEN L The evolution of a learnerrsquos beliefs about language leaming Carleton Papers in Applied Language Studies XIII p 67-801996 BARCELOS A M F A cultura de aprender liacutengua estrangeira (inshyglecircs) de alunos de Letras 1995 188f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Linguumliacutestica Aplicada) - Instituto de Estudos da Linguagem UNICAMP Campinas

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

___ Current Approaches to the Investigation of Language LearningBeliefs A Literature Review In AILA99 1999 Toacutequio 12th World Congress o f Applied Linguistics AILA99 mdash Programa and Abstracts Toacutequio AILA 1999 p 133__ Understanding teachersrsquo and students language learning beliefs inexperience A Deweyan Approach 2000357f Tese (Doutorado em Ensino de Ingles como Segunda Lingua) College of Education The University of Alabama Tuscaloosa__ Incorporating language learning beliefs in the classroom - WorkshopUniatildeo Cultural Brasil Estados Unidos Satildeo Paulo 3 de agosto 2000a BENSON R A critical view of learner training Learning Learning v 2 n 2 p 2-61995BLOCK D Learning by listening to language learners System v 25 n 3 p 347-360 1997BLOCK D Exploring interpretations of questionnaire items System v 26 n 3 p 403-4251998BREEN M Constructions of the learner in second language acquisition researchInALATIS 1 STRAEHLE C RONKIN M GALLENBERGER B (Ed) Georgetown University Round Table on Languages and Linguistics Washyshington Georgetown University Press 1996 p 84-115CARVALHO V C P S A aprendizagem de liacutengua estrangeira sob a oacutetica de alunos de letras crenccedilas e mitos 2000 138f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Estudos Linguumliacutesticos) - Faculdade de Letras UFMG Belo Horizonte CAMPBELL C M SHAW V M PLAGEMAN ME ALLEN T A Exploring student beliefs about language learning In HATFIELD W N (Ed) Visions and realities in foreign language teaching where we are where we are going Lincolnwood National Textbook 1993 p 29-39 CORTAZZI M amp JIN L Cultures of learning Language classrooms in China InCOLEMAN H (Ed) Society and the language classroom Cambridge Cambridge University Press p 169-2031996COTTERALL S Readiness for autonomy Investigating learner beliefs System v 23 n 2 p195-2051995DEWEY J How we think Lexington D C Heath 1993ELLIS R The metaphorical constructions of second language learners In AAALrsquo9 8 1998 Seatle AAALAnual Conference Seatle AAAL 1998

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 89

ERLBAUM B E BERG C A DODD D H Previous learning experiences strategy beliefs and task definition in self-regulated foreign language learning Contemporary Educational Psychology v 18 n 3 p 318-336 1993FREEMAN D The ldquounstudied problemrdquo Research on teacher learning in language teaching In FREEMAN D RICHARDS JC (Ed) Teacher learning in language teaching9 Cambridge Cambridge University Press 1996 p 351-378GARCIA C R P As culturas de aprender uma lingua estrangeira (inshyglecircs) em sala de aula que se propotildee interdisciplinar 1999125f Dissershytaccedilatildeo (Mestrado em Linguumliacutestica Aplicada) - Instituto de Estudos da Linshyguagem UNICAMP CampinasGEMENEZ T Learners becoming teacher an exploratory study of beliefs held by prospective and practising EFL teachers in Brazil 1994 340f Tese (Doutorado) Lancaster Lancaster UniversityGOODWIN C DURANTI A Rethinking context An introduction In DURANTI A GOODWIN C (Ed) Rethinking context Language as an interactive phenomenon Cambridge Cambridge University Press 1992 p 1-42HOLEC H The learner as manager managing learning or managing to learn In WENDEN A RUBIN J (Ed) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p 145-156HOLLIDAY A Appropriate methodology and social context Cambridge Cambridge University Press 1994HORWITZ E K Using student beliefs about language learning and teaching in the foreign language methods course Foreign Language Annals v 18 n 4 p 333-340 1985HORWITZ E K Surveying studentsrsquo beliefs about language learning In WENDEN A RUBIN J (Ed) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p 110-129HORWITZ E K The beliefs about language learning of beginning university foreign language students The Modem Language Journal v 72 n 3 p 283-294 1988KALAJA P Student beliefs (or metacognitive knowledge) about SLA reconsidered International Journal o f Applied Linguistics v 5 n 2 p 191-204 1995KERN R G Students7 and teachers beliefs about language learning Foreign Language Annals v 28 n 1 p 71-92 1995

90 Rev B ras ile ira de L inguumlistica A plicada v l n l 2001

KUNTZ P Students of lsquoeasy languages Their beliefs about language learning [ERIC Document Reproduction Service No ED397658] 1996 KUNTZ P Students and their teachers of Arabic Beliefs about language learning ERIC Document Reproduction Service No ED407854] 1997 MANTLE-BROMLEY C Positive attitudes and realistic beliefs Links to proficiency The Modem Language Journal v 79 n 3 p 372-386 1995 LAVE J The practice of learning In CHAIumlNKLIN S LAVE J (Ed) Understanding practice Perspectives on activity and context Cambridge Cambridge University Press 1993 p 3-32LOW G The semantics of questionnaire rating scales Evaluation and Research in Education v 2 n 2 p 69-791988LUPPESCU S DAY R R Examining attitude in teachers and students the need to validate questionnaire data Second Language Research v 6 n 2 p 125-1341990MCDONOUGH J MCDONOUGH S H Research methods for English language teachers London Arnold 1997MUNB Y H A qualitative approach to the study of a teacherrsquos beliefs Journal of Research in Science Teaching v 21 n 1 p 27-38 1984MILLER L amp GINSBERG R B FolWinguistic theories of language learning In FREED B F (Ed) Second language acquisition in a study abroad context Amsterdam John Benjamins 1995 p 293-315MORI Y Epistemological beliefs and language learning beliefs What do language learners believe about their learning [ERIC Document Reproduction Service No ED406657] 1997MURPHEY T Experiencing and mapping in teacher education In SACHS GT Brock M Lo R (Ed) Directions in second language teacher education Hong Kong City University of Hong Kong 1996 p 202-219 MURPHEY T Language hungiy An introduction to language learning fun and self-esteem Tokyo MacMillan 1997NESPOR J The role of beliefs in the practice of teaching Journal of Curnculum Studies v 19 n 4 p 317-328 1987PAJARES F M Teachersrsquo beliefs and educational research Cleaning up a messy construct Review of Educational Research v 62 n 3 p 307-332 1992PRESS M-C Ethnicity and the autonomous language learner different beshyliefs and learning strategies In BROADY E KENNING M-M (Ed) Proshymoting Learner autonomy in university language teaching London Assoshyciation for French StudiesCILT 1996 p237-259

Rev B rasile ira de L ing uuml iacutes tica A plicada v l n l 2001 91

RAMANATHAN V ATKINSON D Ethnographic approaches and methods in L2 writing research A critical guide and Review Applied Linguistics v 20 n 1 1999 p44-70RICHARDS J C LOCKHART C Reflective teaching in second language classrooms Cambridge Cambridge University Press 1994 RICHARDSON V The role of attitudes and beliefs in learning to teach In SIKULA J (Ed) Handbook o f Research on Teacher Education (2 ed) New York Macmillan 1996 p 102-119RILEY R The guru and the conjurer aspects of counselling for self- access In BENSON P amp VOLLER P (Ed) Autonomy and independence in language learning New York Longman 1997 p 114- 131ROKEACH M Beliefs attitudes and values A theory of organization and change San Francisco Jossey-Bass 1968SCHWANDT T A Qualitative Inquiry a dictionary of terms Thousand Oaks Sage1997SAKUI K GAIES S Investigating Japanese learners beliefs about language learning System v 27 n 4 p 473-4921999SU D A study o f English learning strategies and styles o f Chinese university students in relation to their cultwal beliefs about learning English 1995 Dissertaccedilatildeo (Doutorado) - University of Georgia Athens SWALES S From metaphor to meta-language English Teaching Forum v 32 n 3 p8- 11 1994TUMPOSKYN Student beliefs about language learning A cross-cultural study Carleton Papers in Applied Language Studies v 8 p 50-65 1991VALENZUELA S M The management of language learning Who is supposed to do what Carleton Papers in Applied Language Studies XIII 1996 p 21-35VIANA N A A desconstruccedilatildeo dos mitos na aprendizagem de liacutengua estrangeira Uberlacircndia Departamento de Letras UFU 1993 5f MimeografadoVICTORI M Investigating the metacognitive knowledge of students of English as a second language 1992 Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - University of California Los AngelesVICTORI M LOCKHART W Enhancing metacognition in self-directed language learning System v 23 n 2 p 223-234 1995

92 Rev B ras ile ira de LingUistica A plicada v l n l 2001

WEN Q JOHNSON R K L2 learner variables and English achievement A study of tertiary-level English majors in China Applied Linguistics v 18 p 27-48 1997WENDEN A Helping language learners think about learning ELT Journal v 40 nl p3-12 1986WENDEN A How to be a successful language learner insights and prescriptions from L2 learners In WENDEN A amp RUBIN J (Eds) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p103-117WENDEN A Learner strategies for learner autonomy London Prentice Hall 1991WENDEN A Metacognitive knowledge and language learning Applied Linguistics v 19 n 4 p 515-537 1999WOODS D Teacher cognition in language teaching Beliefs decisionshymaking and classroom practice Cambridge Cambridge University Press 1996WOODS D Decision-making in language learning A lens for examining learner strategies The Language Teacher Online Outubro 1997 [cited 26 M ay 1998] Available from World Wide WeB lthttp languehyperchubuacjpjaltpubtli97octwoodshtmlgtYANG ND Second language learnersrsquo beliefs about language learning and their use of learning strategies A study of college students of Enshyglish in Taiwan 1992 Tese (Doutorado) - The University of Texas Ausshytin

Page 6: Pesquisa das crenças sobre aprendizagem de línguas

discurso tambeacutem pode ser incluiacuteda nessa abordagem Nas proacuteximas seccedilotildees cada abordagem eacute discutida separadamente

A abordagem normativa

O termo ldquonormativordquo foi usado por Holliday (1994) para se reshyferir a estudos sobre cultura os quais vecircem a cultura dos alunos como explicaccedilatildeo para suas accedilotildees em sala de aula Da mesma forma os estudos incluiacutedos nessa abordagem colocam as crenccedilas como indicadores dos comportamentos futuros dos alunos como bons aprendizes ou como aprendizes autocircnomos

A abordagem normativa inclui estudos que usam questionaacuterios do tipo Likert-scale para investigar as crenccedilas Esse tipo de questionaacuterio conteacutem afirmaccedilotildees com alternativas que vatildeo desde ldquoeu concordo inteirashymenterdquo ateacute ldquoeu discordo inteiramenterdquo5 O questionaacuterio mais usado eacute o Beliefs About Language Learning Inventory (BALLI) que foi desenshyvolvido por Horwitz (1985) A maioria dos estudos nesta abordagem ora usa o BALLI (Horwitz 1987 1988 Su 1995 Tumposky 1991 Yang 1992) ora o adapta ou modifica (Mantle-Bromley 1995) Outros estushydos desenvolvem seus proacuteprios questionaacuterios (Campbell et al 1993 Cotterall 1995 Sakui amp Gaies 1999 Kuntz 1996 Mori 1997 Wen amp Johnson 1997)

Os estudos incluiacutedos na abordagem normativa em geral descreshyvem e classificam os tipos de crenccedilas que os aprendizes apresentam A maioria desses estudos faz conexotildees entre as crenccedilas e o ensino autocircnomo O estudo de Cotterall (1995) teve por objetivo determinar os fatores nas crenccedilas dos alunos que indicariam sua prontidatildeo para o ensino autocircnomo Ela construiu um questionaacuterio tipo Likert-scale a partir das entrevistas com 130 aprendizes adultos de inglecircs como segunda liacutengua em universidades na Nova Zelacircndia Seis fatores foram encontrados o papel do professor o pashypel do feedback a independecircncia do aprendiz a confianccedila do aprendiz na sua capacidade de estudo a experiecircncia de aprendizagem de liacutenguas e a

76 Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

5 Para uma discussatildeo a respeito de questionaacuterios com escala Likert consultar Low (1988) e Luppescu amp Day (1990) Para uma discussatildeo sobre o BALLI ver Kuntz (1996)

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 77

abordagem de estudar Os resultados indicaram que os alunos natildeo estavam ldquoprontosrdquo para o ensino autocircnomo porque eles tinham visotildees tradicionais do papel do professor (embora a definiccedilatildeo de tradicionalrsquo natildeo tenha sido discutida no texto) Os comentaacuterios de Cotterall (1995 197) enfatizam as crenccedilas dos alunos como obstaacuteculos no processo de aprendizagem autocircnoma ldquoaprendizes [] natildeo correspondem ao perfil do aprendiz autocircnomordquo ldquoas expectativas dos alunos sobre a autoridade do professor podem representar um obstaacuteculo para os professoresrdquo (p 197) ldquoaprendizes que acreditam que o professor deve fazer tudo [] ainda natildeo estatildeo prontos para a autonomiardquo (Cotterall 1995 198 ecircnfase minha) Esses tipos de comentaacuterios sugerem uma visatildeo ideal do aprendiz agrave qual os ldquoalunos reaisrdquo natildeo correspondem (Benson 1995)

Alguns estudos tecircm incluiacutedo entrevistas como uma maneira de validar o uso de questionaacuterios As entrevistas geralmente apontam que os aprendizes possuem crenccedilas que satildeo diferentes daquelas apresentadas no BALLI Sakui e Gaies (1999) aleacutem de usarem um questionaacuterio com escalas Likert usaram entrevistas em sua investigaccedilatildeo a respeito das crenshyccedilas de alunos japoneses Os resultados das entrevistas sugeriram que as crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas satildeo contextuais e podem mudar Assim as discrepacircncias encontradas nos questionaacuterios natildeo devem ser vistas como ldquoerrosrdquo Sakui e Gaies afirmam que os alunos interpretam os itens dos questionaacuterios de maneira diferente e podem querer descrever suas crenccedilas de maneira que o questionaacuterio natildeo permite

Em resumo na abordagem normativa as crenccedilas sobre aprendishyzagem de liacutenguas satildeo definidas como opiniotildees que os alunos possuem sobre aprendizagem de liacutenguas que influenciam sua abordagem de aprenshydizagem ou sua prontidatildeo para o ensino autocircnomo Em alguns estudos as crenccedilas dos alunos satildeo caracterizadas como concepccedilotildees errocircneas isto eacute como obstaacuteculos agrave implementaccedilatildeo de determinados tipos de abordashygem em geral do ensino autocircnomo Retratam-se as crenccedilas dos alunos como inadequadas mas natildeo se explicita muito bem sob que perspectiva O meacutetodo de investigaccedilatildeo mais comumente adotado eacute o questionaacuterio com escalas tipo Likert em que os alunos apenas dizem se concordam ou natildeo com afirmaccedilotildees preacute-estabelecidas pelos pesquisadores A relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees natildeo eacute investigada mas apenas sugerida Em sua maioria as crenccedilas satildeo vistas como obstaacuteculos para accedilotildees que os aprenshydizes deveriam adotar pelo menos de acordo com a visatildeo dos pesquisashy

78 Rev B ras ile ira de L inguuml iacutestica A plicada v l n l 2001

dores Natildeo existe uma anaacutelise do contexto onde os alunos agem e interagem

Vantagens e desvantagens

Questionaacuterios tecircm sido largamente utilizados na investigaccedilatildeo das crenccedilas e oferecem vaacuterias vantagens Eles satildeo menos ameaccediladores que observaccedilotildees satildeo uacuteteis se o pesquisador tem recursos limitados e pouco tempo ldquosatildeo faacuteceis de tabular e particularmente adequados para um granraquo de nuacutemero de participantesrdquo (Gimenez 1994 76) Aleacutem disso os quesshytionaacuterios fornecem acesso a outros contextos e permitem que os dados sejam coletados em eacutepocas diferentes (McDonough amp McDonough 1997) Entretanto questionaacuterios apresentam algumas desvantagens

Em primeiro lugar os questionaacuterios tornam difiacutecil garantir uma interpretaccedilatildeo consistente pelos participantes por causa de sua generalishydade Aleacutem disso os participantes tendem a responder o que eles acham que seria adequado (Gimenez 1994) Em segundo lugar os questionaacuterishyos restringem a escolha dos participantes quando estruturam as resposshytas de acordo com um conjunto de afirmaccedilotildees preacute-estabelecidas Ao natildeo permitir que os alunos usem suas proacuteprias palavras e metaacuteforas os quesshytionaacuterios tornam difiacutecil investigar as crenccedilas nos termos dos proacuteprios alunos e professores (Block 19971998 Cortazzi amp Jin 1996 Gimenez 1994 Kalaja 1995 Kuntz 1996 Munby 1984 Pajares 1992 Riley 1996 Woods 1996) Wenden (1987) tambeacutem apontou que questionaacuterios natildeo permitem que os alunos articulem seu conhecimento metacognitivo

Em resum o na abordagem normativa as crenccedilas satildeo descontextualizadas Isto eacute problemaacutetico primeiro porque os alunos podem interpretar os itens dos questionaacuterios de maneira diferente do que o pesquisador pretendia conforme exposto acima Em segundo lugar as crenccedilas apresentadas no questionaacuterio podem ser diferentes das crenccedilas que os alunos acreditam ser significativas em sua aprendizagem Em tershyceiro lugar se os alunos tecircm algumas daquelas crenccedilas o que isso signishyfica Eles agem de acordo com aquelas crenccedilas Como eles interagem com essas crenccedilas Porque eles tecircm essas crenccedilas A abordagem metacognitiva discutida a seguir daacute mais importacircncia agrave linguagem dos alunos ao lhes proporcionar a chance de refletir e falar sobre suas expeshyriecircncias de aprendizagem em entrevistas

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n J 2001 79

A abordagem metacognitiva

Os estudos nessa abordagem definem crenccedilas como conhecimenshyto metacognitivo daiacute o nome da abordagem Os estudos incluiacutedos aqui utilizam-se basicamente de entrevistas semi-estruturadas e auto-relatos embora questionaacuterios semi-estruturados possam ser usados (cf Victori 1992) O que une os estudos nessa abordagem eacute a definiccedilatildeo de crenccedilas como conhecimento metacognitivo O pressuposto impliacutecito nessa aborshydagem eacute que o conhecimento metacognitivo dos alunos se constituem em suas ldquoteorias em accedilatildeordquo que os ajudaraacute a refletir sobre o que fazem e a desenvolver seu potencial para a aprendizagem (Wenden 1987 112)

Existem poucos estudos nessa abordagem (ateacute agora somente Wenden 1987 Victori 1992 Victori amp Lockhart 1995) A maioria dos estudos tem como referencial teoacuterico o conhecimento cognitivo e sua influecircncia na aprendizagem (ver Wenden 198619911999) O pressushyposto baacutesico nesses estudos eacute que os aprendizes pensam sobre seu proshycesso de aprendizagem de liacutenguas e satildeo capazes de articular algumas de suas crenccedilas Wenden (1986) descobriu que os aprendizes satildeo capazes de falar sobre a liacutengua sua proficiecircncia na liacutengua os resultados de seus esforccedilos na aprendizagem seu papel no processo de aprendizagem de liacutenguas e a melhor maneira de aprender liacutenguas

Wenden (1987 163) define conhecimento cognitivo como o coshynhecimento ldquoestaacutevel declaraacutevel embora agraves vezes incorreto que os aprenshydizes tecircm sobre linguagem aprendizagem e aprendizagem de liacutenguasrdquo A autora caracteriza esse conhecimento como faliacutevel ou seja nem semshypre empiricamente sustentaacutevel e interativo isto eacute que pode influenciar os resultados da aprendizagem

Wenden (1987) investigou as crenccedilas prescritivas dos aprendizes a fim de saber se eles tinham esses tipos de crenccedilas quais eram essas crenccedilas e se elas refletiam-se no que os aprendizes diziam fazer para aprender uma segunda liacutengua A autora define crenccedilas prescritivas como crenccedilas dos aprendizes sobre a melhor maneira de se aprender uma seshygunda liacutengua Ela entrevistou 25 alunos que moravam nos Estados Unishydos por dois anos e estavam matriculados em niacuteveis avanccedilados em um instituto de liacutenguas Os resultados mostraram que os alunos tinham crenshyccedilas prescritivas sobre (a) a importacircncia de usar a liacutengua de uma maneira natural isto eacute praticando pensando em inglecircs morando e estudando onde o inglecircs eacute falado (b) a importacircncia de aprender sobre a liacutengua sua

80 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

gramaacutetica e seu vocabulaacuterio aprender com os erros e estar mentalmente ativo e (c) a importacircncia de fatores pessoais (sentimentos auto-concei- to atitude e aptidatildeo) Ao comparar as crenccedilas de seu estudo com aqueshylas usadas no questionaacuterio BALLI Wenden constatou que algumas eram bem diferentes enquanto outras natildeo estavam representadas no BALLI Em sua conclusatildeo Wenden faz uma criacutetica sutil aos questionaacuterios afirshymando que essas ldquodiferenccedilas apontam para a necessidade de se desenshyvolver um questionaacuterio mais abrangente e representativo do conjunto de crenccedilasrdquo (Wenden 1987 113)

Os estudos dentro dessa abordagem definem crenccedilas como coshynhecimento metacognitivo caracterizado por Wenden (1987) como coshynhecimento estaacutevel e faliacutevel Nesse sentido eacute semelhante agrave definiccedilatildeo da abordagem normativa pois tambeacutem vecirc as crenccedilas como obstaacuteculo a uma determinada visatildeo de aprendizagem A metodologia natildeo envolve o uso de questionaacuterios Likertscale como o BALLI mas o uso de entrevistas que satildeo analisadas de acordo com seu conteuacutedo e podem envolver tamshybeacutem o uso de questionaacuterios semi-estruturados A relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilatildeo tambeacutem natildeo eacute investigada mas apenas sugerida e discutida somenshyte em relaccedilatildeo a estrateacutegias de aprendizagemVantagens e Desvantagens

As vantagens da abordagem metacognitiva satildeo vaacuterias Em prishymeiro lugar atraveacutes do uso de entrevistas os alunos tecircm a oportunidade de elaborar e refletir sobre suas experiecircncias De acordo com Block (1997) entrevistas permitem aos alunos definir e avaliar o processo de aprendizagem em seus proacuteprios termos Em segundo lugar na abordashygem metacognitiva as crenccedilas satildeo consideradas como conhecimento Isso implica o reconhecimento das crenccedilas dos alunos como parte de seu processo de raciociacutenio Apesar de tais vantagens a abordagem metacognitiva natildeo infere as crenccedilas atraveacutes das accedilotildees mas somente atrashyveacutes de intenccedilotildees e declaraccedilotildees verbais Aleacutem disso embora haja o recoshynhecimento da relaccedilatildeo entre crenccedilas e contexto essa relaccedilatildeo e sua influshyecircncia nas crenccedilas dos alunos natildeo satildeo consideradas ou analisadas

A abordagem contextuai

Mais recentemente alguns estudos comeccedilaram a investigar as crenccedilas sob uma perspectiva diferente Esses estudos natildeo utilizam quesshytionaacuterios nem definem crenccedilas como conhecimento cognitivo As crenshy

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 81

ccedilas satildeo investigadas atraveacutes de observaccedilotildees de sala de aula e anaacutelise do contexto6 especiacutefico onde os alunos atuam daiacute o nome dessa abordashygem Esses estudos natildeo tecircm como objetivo generalizar sobre as crenccedilas mas compreender as crenccedilas de alunos (ou professores) em contextos especiacuteficos

Os estudos incluiacutedos nessa abordagem caracterizam crenccedilas como especiacuteficas de um determinado contexto (Allen 1996) ou de uma cultura de aprender de um determinado grupo (Barcelos 1995 Garcia 1999) Os estudos em sua maioria procuram considerar a influecircncia da experishyecircncia anterior de aprendizagem de liacutenguas dos alunos natildeo somente em suas crenccedilas mas tambeacutem em suas accedilotildees dentro de um contexto especiacuteshyfico Dentre os estudos dessa abordagem destaco o estudo de Allen (1996) Allen investigou a influecircncia das crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas do professor nas crenccedilas estabelecidas de um aprendiz Ela tamshybeacutem examinou se e como os comportamentos as estrateacutegias e as percepshyccedilotildees do aluno sobre seu proacuteprio sucesso na aprendizagem de liacutenguas foram afetados como resultado dessa influecircncia O participante da pesshyquisa foi um libanecircs aluno de niacutevel intermediaacuterio de inglecircs no Carleton School of Linguistics no Canadaacute A metodologia incluiu observaccedilotildees de sala de aula entrevistas com professor e aluno e anotaccedilotildees em seus diaacuteshyrios Allen tambeacutem analisou o livro-texto as apostilas e os materiais adishycionais preparados pelo professor

Os resultados indicaram que as crenccedilas do professor influenciashyram as crenccedilas do aluno A princiacutepio o aluno acreditava que o professor deveria ser o responsaacutevel por sua aprendizagem que a interaccedilatildeo com falantes nativos era melhor para sua aprendizagem e que ele deveria ter uma pronuacutencia mais perto possiacutevel da nativa O professor acreditava que os alunos eram responsaacuteveis por sua aprendizagem e que natildeo deveriam ter uma pronuacutencia similar agrave dos nativos Ao final do semestre as crenccedilas do aluno tomaram-se mais similares agraves do seu professor e isso afetou a percepccedilatildeo do aluno sobre seu sucesso na aprendizagem e as estrateacutegias utishy

6 A definiccedilatildeo de contexto neste trabalho natildeo se refere a ldquoum recipiente estaacutetico que circunda a interaccedilatildeo socialrdquo (Lave 1993 22) Contexto eacute definido neste estudo como ldquoum fenocircmeno socialmente constituiacutedo e sustentado interativamente onde ldquocada accedilatildeo acrescentada dentro da interaccedilatildeo modifica o contexto existente enquanto cria uma nova arena para interaccedilotildees subsequumlentesrdquo (Goodwin amp Duranti 19925-6) De acordo com essa definiccedilatildeo as perpectiacutevas dos participantes e a maneira como eles organizam suas percepccedilotildees dos eventos satildeo essenciais

82 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada vJ n l 2001

lizadas por ele O estudo de Alien (1996) mostra primeiro que as crenccedilas estatildeo inter-relacionadas com as experiecircncias dos alunos e segundo que as crenccedilas natildeo satildeo tatildeo estaacuteveis como se costuma pensar Conforme sugerido por Valenzuela (1996) uma boa abordagem para inferir crenccedilas envolve sua investigaccedilatildeo atraveacutes de acircngulos diferentes combinando observaccedilotildees e enshytrevistas

Na abordagem contextual as crenccedilas satildeo caracterizadas como deshypendentes do contexto A metodologia utilizada envolve o uso de entrevisshytas e principalmente observaccedilotildees de sala de aula Esse eacute o ponto que difere essa abordagem das outras Assim a relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilatildeo natildeo eacute somente sugerida mas eacute investigada dentro do contexto especiacutefico dos alushynos

Vantagens e desvantagens

A abordagem contextual oferece uma definiccedilatildeo mais ampla de crenshyccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas caracterizando-as como dinacircmicas e soshyciais e propondo uma metodologia diferente para investigaacute-las Essa metodologia fornece uma riqueza de detalhes bem mais refinados a respeito dos tipos de crenccedilas e do contexto onde essas crenccedilas se desenvolvem pershymitindo assim uma maior compreensatildeo das crenccedilas e de sua relaccedilatildeo com a abordagem de aprender liacutenguas estrangeiras dos alunos Aleacutem disso ao reshytratar os aprendizes como agentes sociais interagindo em seus contextos essa abordagem tambeacutem apresenta uma visatildeo mais positiva do aprendiz do que as abordagens normativa e metacognitiva Entretanto estudos desse tipo podem consumir muito tempo e satildeo mais adequados agraves investigaccedilotildees com menor nuacutemero de participantes A Tabela 1 resume as caracteriacutesticas vantagens e desvantagens de cada abordagem

Tabela 1 Caracteriacutesticas vantagens e desvantagens das trecircs aborshydagens

Normativa Metacognitiva Contextual

Metodologia

Definiccedilatildeo de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas

Q uestionaacuterios tipo Likert-scale

C renccedilas satildeo vistas como sinocircn im os de ideacuteias preshyconcebidas concepccedilotildees errocircneas e opiniotildees

E ntrevistas

C renccedilas satildeo descritas com o conhecim ento m etacognitivo estaacutevel e agraves vezes faliacutevel que os aprendizes possuem sobre aprendizagem de liacutenguas

Observaccedilotildees entrevistas diaacuterios e

estudos de caso

Crenccedilas satildeo vistas como parte da cultura de aprender e como representaccedilotildees de aprendizagem em um a determ inada sociedade

R ev B ra s ile ira d e L in g uuml iacutes tic a A p lic a d a v l n l 2001

R elaccedilatildeo e n tre c re n ccedila s e accedilotildees

Crenccedilas satildeo vistas como bons indicadores do comportam ento futuro dos alunos sua disposiccedilatildeo para ensino autocircnom o e sucesso como aprendizes de liacutengua

C renccedilas satildeo vistas como bons indicadores do com portam ento futuro dos alunos sua disposiccediluumlo para ensino autocircnom o e sucesso com o aprendizes de liacutengua em bora admita- se a influecircncia de outros fatores com o objetivos por exemplo

Crenccedilas sao vistas como especiacuteficas do contexto ou seja as crenccedilas devem ser investigadas dentro do contexto de suas accedilotildees

V antagens Perm ite que as crenccedilas sejam investigadas com am ostras grandes em eacutepocas diferentes e em vaacuterios contextos ao mesmo tempo

Perm ite que os alunos usem suas proacuteprias palavras elaborem e reflitam sobre suas experiecircncias de aprender

Perm ite que as crenccedilas sejam investigadas levando em consideraccedilatildeo natildeo soacute as proacuteprias palavras dos alunos mas tambeacutem o contexto de suas accedilotildees

D esvantagens Restringe a escolha dos participantes com um conjunto de afirmaccedilotildees predeterm inadas pelo pesquisador Os alunos podem ter interpretaccedilotildees diferentes sobre esses itens

As crenccedilas satildeo investigadas somente atraveacutes das afirmaccedilotildees dos alunos (natildeo haacute preocupaccedilatildeo com a accedilatildeo dos alunos)

Eacute mais adequada com pequeno nuacutem ero de participantes Consome m uito tempo

Discussatildeo e conclusatildeo

Neste trabalho foi feita uma revisatildeo criacutetica da metodologia de investigaccedilatildeo sobre crenccedilas a respeito de aprendizagem Sugeriu-se a exisshytecircncia de trecircs abordagens a normativa a metacognitiva e a contextuai As diferentes metodologias indicam a concepccedilatildeo impliacutecita de crenccedilas utilizadas por vaacuterios estudos

Enquanto na abordagem normativa as crenccedilas satildeo definidas em geral como concepccedilotildees errocircneas e satildeo investigadas de uma maneira descontextualizada na abordagem metacognitiva as crenccedilas satildeo investigadas atraveacutes de entrevistas dando aos alunos mais chances de usarem suas proacuteprias palavras e de contarem suas proacuteprias estoacuterias Enshytretanto tanto a abordagem normativa quanto a metacognitiva consideshyram crenccedilas como uma caracteriacutestica mental como apontado por Kalaja (1995) Natildeo se quer dizer com isso que as crenccedilas natildeo tenham um comshyponente cognitivo mas natildeo se deve esquecer tambeacutem que as crenccedilas assim como o conhecimento estatildeo embutidas no contexto Uma definishyccedilatildeo de crenccedilas que leve em consideraccedilatildeo o contexto seria essencial na compreensatildeo do papel que as crenccedilas exercem na experiecircncia de aprenshydizagem de liacutenguas dos alunos

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

Em resumo tanto a abordagem normativa quanto a metacognitiva falham em levar em consideraccedilatildeo a natureza experiencial das crenccedilas por (a) natildeo analisar as crenccedilas dos alunos nos seus proacuteprios termos (b) tratar as crenccedilas como um conceito fixo a-priori e (c) natildeo prestar atenshyccedilatildeo ao contexto social das crenccedilas

Eacute importante notar entretanto que na praacutetica as distinccedilotildees enshytre as trecircs abordagens podem natildeo ser tatildeo distintas As escolhas metodoloacutegicas frequumlentemente dependem dos tipos de perguntas de pesshyquisa Aleacutem disso trabalhos recentes como os Carvalho (2000) e Sakui amp Gaies (1999) combinam diferentes instrumentos de coleta como por exemplo o uso de questionaacuterios com escalas do tipo Likert e entrevista Outra maneira de visualizar as trecircs abordagens eacute dentro de um contiacutenuo de dois poacutelos que representam categorias a priori ou embasadas (grounded) que dizem respeito agrave maneira como os dados satildeo coletados e analisados Assim a abordagem normativa se utiliza de categorias a- priori de anaacutelise ou seja preacute-determinadas enquanto a abordagem contextuai emprega categorias embasadas ou seja permite que o sentishydo emerja dos dados (Freeman 1996) A abordagem metacognitiva enshycontra-se entre essas duas categorias com maior proximidade com a cashytegoria a-priori conforme ilustra a Figura 1

Figura 1 Abordagens de investigaccedilatildeo e categorias de anaacutelise

Normativa Metacognitiva Contextuai___ I______________________ 1_____________________ ______Categorias a priori Categorias embasadas

Os estudos atuais descrevem os tipos de crenccedilas que os alunos podem ter e apontam para a importacircncia desse toacutepico em LA Entretanshyto a falta de mais estudos embasados natildeo tem ajudado a entender como os alunos na verdade usam as crenccedilas para interpretar situaccedilotildees diferenshytes e tomar decisotildees em seu processo de aprendizagem (Woods 1997) Alguns trabalhos da abordagem contextuai jaacute investigam esse aspecto mas ainda se sabe muito pouco sobre as funccedilotildees que as crenccedilas exercem na aprendizagem de liacutenguas Alguns pesquisadores jaacute sugeriram que enshytrevistas abertas e observaccedilotildees de sala de aula podem nos ajudar a ter uma visatildeo bem mais precisa a respeito das crenccedilas (Kern 1995 Pajares 1992 Press 1996)

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 85

Estudos recentes tecircm combinado abordagens muacuteltiplas usando questionaacuterios com observaccedilotildees de sala de aula (Mantle-Bromley 1995) e com entrevistas (Sakui amp Gaies 1999 Wen amp Johnson 1997) Outros estudos utilizam anaacutelise metafoacuterica diaacuterios e narrativas (Ellis 1998 Miller amp Ginsberg 1995) desenhos (Swales 1994) e estudos de caso (Allen 1996 Valenzuela 1996) Esses estudos mais embasados permitem que o sentido emerja do contexto e indicam a importacircncia de se examinar a relaccedilatildeo entre as crenccedilas dos alunos e suas accedilotildees em contexto Vaacuterios autores sugerem que as crenccedilas satildeo formadas pela cultura do alunos e pelos contextos sociais nos quais eles estatildeo inseridos (Barcelos 1995 Riley 1997 Tumposky 1991 Yang 1992) Aleacutem disso as crenccedilas satildeo variaacuteveis (Sakui amp Gaies 1999 Kalaja 1995) e construiacutedas socialmente (Kalaja 1995)

Embora as trecircs abordagens sejam diferentes no modo de definir e investigar as crenccedilas todas elas enfatizam que as crenccedilas influenciam o comshyportamento definido em LA como as estrateacutegias de aprendizagem ou aborshydagem de aprendizagem dos alunos (Abraham amp Vann 1987 Horwitz 1985 19871988 Mantie-Bromley 1995 Wenden 1987) Entretanto a relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees natildeo eacute tatildeo direta (Riley 1997 Yang 1992) As crenccedilas natildeo somente influenciam accedilotildees mas as accedilotildees e reflexotildees sobre experiecircncias podem levar a mudanccedilas ou criar outras crenccedilas (Murphey 1996 Riacutechardson 1996) conforme ilustra a Figura 2

Figura 2 Relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees

Crenccedilas

Accedilotildees

De acordo com Riley (1997141) os pesquisadores devem ldquoolhar para as condiccedilotildees de aprendizagem onde os aprendizes se encontramrdquo para entender suas crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas Em resumo as crenccedilas devem ser investigadas de maneira interativa onde crenccedilas e accedilotildees se inter-relacionem e se iacutenterconectem

Perguntas e sugestotildees para pesquisas futuras a respeito de crenccedilassobre aprendizagem de liacutenguas

Vaacuterias questotildees a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas podem ser mais bem investigadas em trabalhos futuros Em primeishy

86 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

ro lugar como se desenvolvem as crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas Estudos mais longitudinais podem mostrar como as crenccedilas evolushyem e mudam com o passar do tempo Estudos interpretativos podem levar a uma compreensatildeo mais aprofundada sobre as crenccedilas E crucial entender como as experiecircncias pessoais dos alunos contribuem para moldar suas crenccedilas e suas accedilotildees no contexto social da aula de liacutengua estrangehra Observaccedilotildees de aula e entrevistas detalhadas de alunos e professores podem ajudar a contextualizar aspectos encontrados em dashydos quantitativos (Sakui amp Gaies 1999 Kem 1995 Press 1996) Mais importante ainda eacute considerar que estudos interpretativos poderatildeo dar uma visatildeo mais aprofundada de como as experiecircncias de aprender dos alunos em contextos diferentes no Brasil tais como escolas puacuteblicas ldquocursinhos de inglecircsrdquo e no exterior influenciam os tipos de crenccedilas que esse alunos tecircm sobre como aprender inglecircs e suas accedilotildees para aprender nesses contextos diferentes

Em segundo lugar como as crenccedilas podem ser modificadas Wenden (1991) sugere um plano para explorar as crenccedilas dos aprendishyzes Ateacute o momento natildeo existe estudo empiacuterico que tenha tentado mushydar as crenccedilas dos aprendizes ou incorporar uma discussatildeo sobre crenshyccedilas a respeito de aprendizagem de liacutenguas em atividades de sala de aula levando os alunos a uma aprendizagem reflexiva A aprendizagem refleshyxiva de maneira semelhante ao conceito de ensino reflexivo dos professhysores diz respeito agrave conscientizaccedilatildeo dos alunos sobre como eles aprenshydem uma liacutengua estrangeira Aprender reflexivamente significa abrir a discussatildeo a respeito de crenccedilas estrateacutegias e estilos de aprendizagem aos alunos para que eles mesmos possam refletir entre eles e com seus professores sobre sua cultura de aprender sobre crenccedilas de aprendizashygem de liacutenguas e como elas influenciam suas accedilotildees para aprender dentro e fora de sala de aula Estudos futuros devem incorporar a discussatildeo a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas em atividades de sala de aula dando oportunidade a alunos e professores de liacutenguas de discutir e refletir natildeo somente sobre suas proacuteprias crenccedilas mas tambeacutem sobre obstaacuteculos dentro e fora da sala de aula de liacutenguas que possam impedi- los de agir de acordo com suas proacuteprias crenccedilas e de desenvolver seu potencial para ensino e aprendizagem7

7 Barcelos (2000a) e Murphey (1997) oferecem algumas sugestotildees de atividades relacionadas agraves crenccedilas que podem ser exploradas em sala de aula

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 87

Finalmente quais as funccedilotildees que as crenccedilas exercem nas experishyecircncias de aprendizagem dos alunos e nas accedilotildees que eles praticam para aprender liacutenguas Natildeo sabemos ainda como os alunos usam suas crenccedilas para lidar com a complexidade da aprendizagem de liacutenguas ou seja se os alunos definem seu proacuteprio contexto e atuam nele noacutes precisamos entender como as crenccedilas os ajudam a fazer isso e a ldquonavegarrdquo no discurshyso da sala de aula de liacutenguas (Breen 1996) Pesquisas futuras devem investigar como a sala de aula de liacutenguas como um contexto social ajushyda a moldar as crenccedilas dos alunos e como as crenccedilas dos alunos por sua vez moldam a interaccedilatildeo e as accedilotildees que ocorrem na cultura da sala de aula

A pesquisa a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas precisa ir aleacutem da simples descriccedilatildeo de crenccedilas como indicadores de um comportamento futuro E preciso uma investigaccedilatildeo contextualizada das crenccedilas E necessaacuterio entender como as crenccedilas interagem com as accedilotildees dos alunos e que funccedilotildees elas exercem em suas experiecircncias de aprendishyzagem dentro e fora de sala de aula Como Dewey (1933) sugeriu o conhecimento natildeo pode estar separado da accedilatildeo Assim uma investigashyccedilatildeo do que os alunos sabem ou acreditam deve envolver (a) suas experishyecircncias e accedilotildees (b) suas interpretaccedilotildees sobre essas experiecircncias e (c) o contexto social e como esse contexto molda as suas experiecircncias

Referecircncias Bibliograacuteficas

ABELSON R P Difference between belief and knowledge systems Cognitive Science 3 p 355-366 1979ABRAHAM R G VANN R J Strategies of two language leamers A case study InWENDEN A RUBIN J (Ed) Leamer strategies in language leaming Londres Prentice Hall 1987 p 85-102ALLEN L The evolution of a learnerrsquos beliefs about language leaming Carleton Papers in Applied Language Studies XIII p 67-801996 BARCELOS A M F A cultura de aprender liacutengua estrangeira (inshyglecircs) de alunos de Letras 1995 188f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Linguumliacutestica Aplicada) - Instituto de Estudos da Linguagem UNICAMP Campinas

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

___ Current Approaches to the Investigation of Language LearningBeliefs A Literature Review In AILA99 1999 Toacutequio 12th World Congress o f Applied Linguistics AILA99 mdash Programa and Abstracts Toacutequio AILA 1999 p 133__ Understanding teachersrsquo and students language learning beliefs inexperience A Deweyan Approach 2000357f Tese (Doutorado em Ensino de Ingles como Segunda Lingua) College of Education The University of Alabama Tuscaloosa__ Incorporating language learning beliefs in the classroom - WorkshopUniatildeo Cultural Brasil Estados Unidos Satildeo Paulo 3 de agosto 2000a BENSON R A critical view of learner training Learning Learning v 2 n 2 p 2-61995BLOCK D Learning by listening to language learners System v 25 n 3 p 347-360 1997BLOCK D Exploring interpretations of questionnaire items System v 26 n 3 p 403-4251998BREEN M Constructions of the learner in second language acquisition researchInALATIS 1 STRAEHLE C RONKIN M GALLENBERGER B (Ed) Georgetown University Round Table on Languages and Linguistics Washyshington Georgetown University Press 1996 p 84-115CARVALHO V C P S A aprendizagem de liacutengua estrangeira sob a oacutetica de alunos de letras crenccedilas e mitos 2000 138f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Estudos Linguumliacutesticos) - Faculdade de Letras UFMG Belo Horizonte CAMPBELL C M SHAW V M PLAGEMAN ME ALLEN T A Exploring student beliefs about language learning In HATFIELD W N (Ed) Visions and realities in foreign language teaching where we are where we are going Lincolnwood National Textbook 1993 p 29-39 CORTAZZI M amp JIN L Cultures of learning Language classrooms in China InCOLEMAN H (Ed) Society and the language classroom Cambridge Cambridge University Press p 169-2031996COTTERALL S Readiness for autonomy Investigating learner beliefs System v 23 n 2 p195-2051995DEWEY J How we think Lexington D C Heath 1993ELLIS R The metaphorical constructions of second language learners In AAALrsquo9 8 1998 Seatle AAALAnual Conference Seatle AAAL 1998

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 89

ERLBAUM B E BERG C A DODD D H Previous learning experiences strategy beliefs and task definition in self-regulated foreign language learning Contemporary Educational Psychology v 18 n 3 p 318-336 1993FREEMAN D The ldquounstudied problemrdquo Research on teacher learning in language teaching In FREEMAN D RICHARDS JC (Ed) Teacher learning in language teaching9 Cambridge Cambridge University Press 1996 p 351-378GARCIA C R P As culturas de aprender uma lingua estrangeira (inshyglecircs) em sala de aula que se propotildee interdisciplinar 1999125f Dissershytaccedilatildeo (Mestrado em Linguumliacutestica Aplicada) - Instituto de Estudos da Linshyguagem UNICAMP CampinasGEMENEZ T Learners becoming teacher an exploratory study of beliefs held by prospective and practising EFL teachers in Brazil 1994 340f Tese (Doutorado) Lancaster Lancaster UniversityGOODWIN C DURANTI A Rethinking context An introduction In DURANTI A GOODWIN C (Ed) Rethinking context Language as an interactive phenomenon Cambridge Cambridge University Press 1992 p 1-42HOLEC H The learner as manager managing learning or managing to learn In WENDEN A RUBIN J (Ed) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p 145-156HOLLIDAY A Appropriate methodology and social context Cambridge Cambridge University Press 1994HORWITZ E K Using student beliefs about language learning and teaching in the foreign language methods course Foreign Language Annals v 18 n 4 p 333-340 1985HORWITZ E K Surveying studentsrsquo beliefs about language learning In WENDEN A RUBIN J (Ed) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p 110-129HORWITZ E K The beliefs about language learning of beginning university foreign language students The Modem Language Journal v 72 n 3 p 283-294 1988KALAJA P Student beliefs (or metacognitive knowledge) about SLA reconsidered International Journal o f Applied Linguistics v 5 n 2 p 191-204 1995KERN R G Students7 and teachers beliefs about language learning Foreign Language Annals v 28 n 1 p 71-92 1995

90 Rev B ras ile ira de L inguumlistica A plicada v l n l 2001

KUNTZ P Students of lsquoeasy languages Their beliefs about language learning [ERIC Document Reproduction Service No ED397658] 1996 KUNTZ P Students and their teachers of Arabic Beliefs about language learning ERIC Document Reproduction Service No ED407854] 1997 MANTLE-BROMLEY C Positive attitudes and realistic beliefs Links to proficiency The Modem Language Journal v 79 n 3 p 372-386 1995 LAVE J The practice of learning In CHAIumlNKLIN S LAVE J (Ed) Understanding practice Perspectives on activity and context Cambridge Cambridge University Press 1993 p 3-32LOW G The semantics of questionnaire rating scales Evaluation and Research in Education v 2 n 2 p 69-791988LUPPESCU S DAY R R Examining attitude in teachers and students the need to validate questionnaire data Second Language Research v 6 n 2 p 125-1341990MCDONOUGH J MCDONOUGH S H Research methods for English language teachers London Arnold 1997MUNB Y H A qualitative approach to the study of a teacherrsquos beliefs Journal of Research in Science Teaching v 21 n 1 p 27-38 1984MILLER L amp GINSBERG R B FolWinguistic theories of language learning In FREED B F (Ed) Second language acquisition in a study abroad context Amsterdam John Benjamins 1995 p 293-315MORI Y Epistemological beliefs and language learning beliefs What do language learners believe about their learning [ERIC Document Reproduction Service No ED406657] 1997MURPHEY T Experiencing and mapping in teacher education In SACHS GT Brock M Lo R (Ed) Directions in second language teacher education Hong Kong City University of Hong Kong 1996 p 202-219 MURPHEY T Language hungiy An introduction to language learning fun and self-esteem Tokyo MacMillan 1997NESPOR J The role of beliefs in the practice of teaching Journal of Curnculum Studies v 19 n 4 p 317-328 1987PAJARES F M Teachersrsquo beliefs and educational research Cleaning up a messy construct Review of Educational Research v 62 n 3 p 307-332 1992PRESS M-C Ethnicity and the autonomous language learner different beshyliefs and learning strategies In BROADY E KENNING M-M (Ed) Proshymoting Learner autonomy in university language teaching London Assoshyciation for French StudiesCILT 1996 p237-259

Rev B rasile ira de L ing uuml iacutes tica A plicada v l n l 2001 91

RAMANATHAN V ATKINSON D Ethnographic approaches and methods in L2 writing research A critical guide and Review Applied Linguistics v 20 n 1 1999 p44-70RICHARDS J C LOCKHART C Reflective teaching in second language classrooms Cambridge Cambridge University Press 1994 RICHARDSON V The role of attitudes and beliefs in learning to teach In SIKULA J (Ed) Handbook o f Research on Teacher Education (2 ed) New York Macmillan 1996 p 102-119RILEY R The guru and the conjurer aspects of counselling for self- access In BENSON P amp VOLLER P (Ed) Autonomy and independence in language learning New York Longman 1997 p 114- 131ROKEACH M Beliefs attitudes and values A theory of organization and change San Francisco Jossey-Bass 1968SCHWANDT T A Qualitative Inquiry a dictionary of terms Thousand Oaks Sage1997SAKUI K GAIES S Investigating Japanese learners beliefs about language learning System v 27 n 4 p 473-4921999SU D A study o f English learning strategies and styles o f Chinese university students in relation to their cultwal beliefs about learning English 1995 Dissertaccedilatildeo (Doutorado) - University of Georgia Athens SWALES S From metaphor to meta-language English Teaching Forum v 32 n 3 p8- 11 1994TUMPOSKYN Student beliefs about language learning A cross-cultural study Carleton Papers in Applied Language Studies v 8 p 50-65 1991VALENZUELA S M The management of language learning Who is supposed to do what Carleton Papers in Applied Language Studies XIII 1996 p 21-35VIANA N A A desconstruccedilatildeo dos mitos na aprendizagem de liacutengua estrangeira Uberlacircndia Departamento de Letras UFU 1993 5f MimeografadoVICTORI M Investigating the metacognitive knowledge of students of English as a second language 1992 Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - University of California Los AngelesVICTORI M LOCKHART W Enhancing metacognition in self-directed language learning System v 23 n 2 p 223-234 1995

92 Rev B ras ile ira de LingUistica A plicada v l n l 2001

WEN Q JOHNSON R K L2 learner variables and English achievement A study of tertiary-level English majors in China Applied Linguistics v 18 p 27-48 1997WENDEN A Helping language learners think about learning ELT Journal v 40 nl p3-12 1986WENDEN A How to be a successful language learner insights and prescriptions from L2 learners In WENDEN A amp RUBIN J (Eds) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p103-117WENDEN A Learner strategies for learner autonomy London Prentice Hall 1991WENDEN A Metacognitive knowledge and language learning Applied Linguistics v 19 n 4 p 515-537 1999WOODS D Teacher cognition in language teaching Beliefs decisionshymaking and classroom practice Cambridge Cambridge University Press 1996WOODS D Decision-making in language learning A lens for examining learner strategies The Language Teacher Online Outubro 1997 [cited 26 M ay 1998] Available from World Wide WeB lthttp languehyperchubuacjpjaltpubtli97octwoodshtmlgtYANG ND Second language learnersrsquo beliefs about language learning and their use of learning strategies A study of college students of Enshyglish in Taiwan 1992 Tese (Doutorado) - The University of Texas Ausshytin

Page 7: Pesquisa das crenças sobre aprendizagem de línguas

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 77

abordagem de estudar Os resultados indicaram que os alunos natildeo estavam ldquoprontosrdquo para o ensino autocircnomo porque eles tinham visotildees tradicionais do papel do professor (embora a definiccedilatildeo de tradicionalrsquo natildeo tenha sido discutida no texto) Os comentaacuterios de Cotterall (1995 197) enfatizam as crenccedilas dos alunos como obstaacuteculos no processo de aprendizagem autocircnoma ldquoaprendizes [] natildeo correspondem ao perfil do aprendiz autocircnomordquo ldquoas expectativas dos alunos sobre a autoridade do professor podem representar um obstaacuteculo para os professoresrdquo (p 197) ldquoaprendizes que acreditam que o professor deve fazer tudo [] ainda natildeo estatildeo prontos para a autonomiardquo (Cotterall 1995 198 ecircnfase minha) Esses tipos de comentaacuterios sugerem uma visatildeo ideal do aprendiz agrave qual os ldquoalunos reaisrdquo natildeo correspondem (Benson 1995)

Alguns estudos tecircm incluiacutedo entrevistas como uma maneira de validar o uso de questionaacuterios As entrevistas geralmente apontam que os aprendizes possuem crenccedilas que satildeo diferentes daquelas apresentadas no BALLI Sakui e Gaies (1999) aleacutem de usarem um questionaacuterio com escalas Likert usaram entrevistas em sua investigaccedilatildeo a respeito das crenshyccedilas de alunos japoneses Os resultados das entrevistas sugeriram que as crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas satildeo contextuais e podem mudar Assim as discrepacircncias encontradas nos questionaacuterios natildeo devem ser vistas como ldquoerrosrdquo Sakui e Gaies afirmam que os alunos interpretam os itens dos questionaacuterios de maneira diferente e podem querer descrever suas crenccedilas de maneira que o questionaacuterio natildeo permite

Em resumo na abordagem normativa as crenccedilas sobre aprendishyzagem de liacutenguas satildeo definidas como opiniotildees que os alunos possuem sobre aprendizagem de liacutenguas que influenciam sua abordagem de aprenshydizagem ou sua prontidatildeo para o ensino autocircnomo Em alguns estudos as crenccedilas dos alunos satildeo caracterizadas como concepccedilotildees errocircneas isto eacute como obstaacuteculos agrave implementaccedilatildeo de determinados tipos de abordashygem em geral do ensino autocircnomo Retratam-se as crenccedilas dos alunos como inadequadas mas natildeo se explicita muito bem sob que perspectiva O meacutetodo de investigaccedilatildeo mais comumente adotado eacute o questionaacuterio com escalas tipo Likert em que os alunos apenas dizem se concordam ou natildeo com afirmaccedilotildees preacute-estabelecidas pelos pesquisadores A relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees natildeo eacute investigada mas apenas sugerida Em sua maioria as crenccedilas satildeo vistas como obstaacuteculos para accedilotildees que os aprenshydizes deveriam adotar pelo menos de acordo com a visatildeo dos pesquisashy

78 Rev B ras ile ira de L inguuml iacutestica A plicada v l n l 2001

dores Natildeo existe uma anaacutelise do contexto onde os alunos agem e interagem

Vantagens e desvantagens

Questionaacuterios tecircm sido largamente utilizados na investigaccedilatildeo das crenccedilas e oferecem vaacuterias vantagens Eles satildeo menos ameaccediladores que observaccedilotildees satildeo uacuteteis se o pesquisador tem recursos limitados e pouco tempo ldquosatildeo faacuteceis de tabular e particularmente adequados para um granraquo de nuacutemero de participantesrdquo (Gimenez 1994 76) Aleacutem disso os quesshytionaacuterios fornecem acesso a outros contextos e permitem que os dados sejam coletados em eacutepocas diferentes (McDonough amp McDonough 1997) Entretanto questionaacuterios apresentam algumas desvantagens

Em primeiro lugar os questionaacuterios tornam difiacutecil garantir uma interpretaccedilatildeo consistente pelos participantes por causa de sua generalishydade Aleacutem disso os participantes tendem a responder o que eles acham que seria adequado (Gimenez 1994) Em segundo lugar os questionaacuterishyos restringem a escolha dos participantes quando estruturam as resposshytas de acordo com um conjunto de afirmaccedilotildees preacute-estabelecidas Ao natildeo permitir que os alunos usem suas proacuteprias palavras e metaacuteforas os quesshytionaacuterios tornam difiacutecil investigar as crenccedilas nos termos dos proacuteprios alunos e professores (Block 19971998 Cortazzi amp Jin 1996 Gimenez 1994 Kalaja 1995 Kuntz 1996 Munby 1984 Pajares 1992 Riley 1996 Woods 1996) Wenden (1987) tambeacutem apontou que questionaacuterios natildeo permitem que os alunos articulem seu conhecimento metacognitivo

Em resum o na abordagem normativa as crenccedilas satildeo descontextualizadas Isto eacute problemaacutetico primeiro porque os alunos podem interpretar os itens dos questionaacuterios de maneira diferente do que o pesquisador pretendia conforme exposto acima Em segundo lugar as crenccedilas apresentadas no questionaacuterio podem ser diferentes das crenccedilas que os alunos acreditam ser significativas em sua aprendizagem Em tershyceiro lugar se os alunos tecircm algumas daquelas crenccedilas o que isso signishyfica Eles agem de acordo com aquelas crenccedilas Como eles interagem com essas crenccedilas Porque eles tecircm essas crenccedilas A abordagem metacognitiva discutida a seguir daacute mais importacircncia agrave linguagem dos alunos ao lhes proporcionar a chance de refletir e falar sobre suas expeshyriecircncias de aprendizagem em entrevistas

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n J 2001 79

A abordagem metacognitiva

Os estudos nessa abordagem definem crenccedilas como conhecimenshyto metacognitivo daiacute o nome da abordagem Os estudos incluiacutedos aqui utilizam-se basicamente de entrevistas semi-estruturadas e auto-relatos embora questionaacuterios semi-estruturados possam ser usados (cf Victori 1992) O que une os estudos nessa abordagem eacute a definiccedilatildeo de crenccedilas como conhecimento metacognitivo O pressuposto impliacutecito nessa aborshydagem eacute que o conhecimento metacognitivo dos alunos se constituem em suas ldquoteorias em accedilatildeordquo que os ajudaraacute a refletir sobre o que fazem e a desenvolver seu potencial para a aprendizagem (Wenden 1987 112)

Existem poucos estudos nessa abordagem (ateacute agora somente Wenden 1987 Victori 1992 Victori amp Lockhart 1995) A maioria dos estudos tem como referencial teoacuterico o conhecimento cognitivo e sua influecircncia na aprendizagem (ver Wenden 198619911999) O pressushyposto baacutesico nesses estudos eacute que os aprendizes pensam sobre seu proshycesso de aprendizagem de liacutenguas e satildeo capazes de articular algumas de suas crenccedilas Wenden (1986) descobriu que os aprendizes satildeo capazes de falar sobre a liacutengua sua proficiecircncia na liacutengua os resultados de seus esforccedilos na aprendizagem seu papel no processo de aprendizagem de liacutenguas e a melhor maneira de aprender liacutenguas

Wenden (1987 163) define conhecimento cognitivo como o coshynhecimento ldquoestaacutevel declaraacutevel embora agraves vezes incorreto que os aprenshydizes tecircm sobre linguagem aprendizagem e aprendizagem de liacutenguasrdquo A autora caracteriza esse conhecimento como faliacutevel ou seja nem semshypre empiricamente sustentaacutevel e interativo isto eacute que pode influenciar os resultados da aprendizagem

Wenden (1987) investigou as crenccedilas prescritivas dos aprendizes a fim de saber se eles tinham esses tipos de crenccedilas quais eram essas crenccedilas e se elas refletiam-se no que os aprendizes diziam fazer para aprender uma segunda liacutengua A autora define crenccedilas prescritivas como crenccedilas dos aprendizes sobre a melhor maneira de se aprender uma seshygunda liacutengua Ela entrevistou 25 alunos que moravam nos Estados Unishydos por dois anos e estavam matriculados em niacuteveis avanccedilados em um instituto de liacutenguas Os resultados mostraram que os alunos tinham crenshyccedilas prescritivas sobre (a) a importacircncia de usar a liacutengua de uma maneira natural isto eacute praticando pensando em inglecircs morando e estudando onde o inglecircs eacute falado (b) a importacircncia de aprender sobre a liacutengua sua

80 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

gramaacutetica e seu vocabulaacuterio aprender com os erros e estar mentalmente ativo e (c) a importacircncia de fatores pessoais (sentimentos auto-concei- to atitude e aptidatildeo) Ao comparar as crenccedilas de seu estudo com aqueshylas usadas no questionaacuterio BALLI Wenden constatou que algumas eram bem diferentes enquanto outras natildeo estavam representadas no BALLI Em sua conclusatildeo Wenden faz uma criacutetica sutil aos questionaacuterios afirshymando que essas ldquodiferenccedilas apontam para a necessidade de se desenshyvolver um questionaacuterio mais abrangente e representativo do conjunto de crenccedilasrdquo (Wenden 1987 113)

Os estudos dentro dessa abordagem definem crenccedilas como coshynhecimento metacognitivo caracterizado por Wenden (1987) como coshynhecimento estaacutevel e faliacutevel Nesse sentido eacute semelhante agrave definiccedilatildeo da abordagem normativa pois tambeacutem vecirc as crenccedilas como obstaacuteculo a uma determinada visatildeo de aprendizagem A metodologia natildeo envolve o uso de questionaacuterios Likertscale como o BALLI mas o uso de entrevistas que satildeo analisadas de acordo com seu conteuacutedo e podem envolver tamshybeacutem o uso de questionaacuterios semi-estruturados A relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilatildeo tambeacutem natildeo eacute investigada mas apenas sugerida e discutida somenshyte em relaccedilatildeo a estrateacutegias de aprendizagemVantagens e Desvantagens

As vantagens da abordagem metacognitiva satildeo vaacuterias Em prishymeiro lugar atraveacutes do uso de entrevistas os alunos tecircm a oportunidade de elaborar e refletir sobre suas experiecircncias De acordo com Block (1997) entrevistas permitem aos alunos definir e avaliar o processo de aprendizagem em seus proacuteprios termos Em segundo lugar na abordashygem metacognitiva as crenccedilas satildeo consideradas como conhecimento Isso implica o reconhecimento das crenccedilas dos alunos como parte de seu processo de raciociacutenio Apesar de tais vantagens a abordagem metacognitiva natildeo infere as crenccedilas atraveacutes das accedilotildees mas somente atrashyveacutes de intenccedilotildees e declaraccedilotildees verbais Aleacutem disso embora haja o recoshynhecimento da relaccedilatildeo entre crenccedilas e contexto essa relaccedilatildeo e sua influshyecircncia nas crenccedilas dos alunos natildeo satildeo consideradas ou analisadas

A abordagem contextuai

Mais recentemente alguns estudos comeccedilaram a investigar as crenccedilas sob uma perspectiva diferente Esses estudos natildeo utilizam quesshytionaacuterios nem definem crenccedilas como conhecimento cognitivo As crenshy

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 81

ccedilas satildeo investigadas atraveacutes de observaccedilotildees de sala de aula e anaacutelise do contexto6 especiacutefico onde os alunos atuam daiacute o nome dessa abordashygem Esses estudos natildeo tecircm como objetivo generalizar sobre as crenccedilas mas compreender as crenccedilas de alunos (ou professores) em contextos especiacuteficos

Os estudos incluiacutedos nessa abordagem caracterizam crenccedilas como especiacuteficas de um determinado contexto (Allen 1996) ou de uma cultura de aprender de um determinado grupo (Barcelos 1995 Garcia 1999) Os estudos em sua maioria procuram considerar a influecircncia da experishyecircncia anterior de aprendizagem de liacutenguas dos alunos natildeo somente em suas crenccedilas mas tambeacutem em suas accedilotildees dentro de um contexto especiacuteshyfico Dentre os estudos dessa abordagem destaco o estudo de Allen (1996) Allen investigou a influecircncia das crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas do professor nas crenccedilas estabelecidas de um aprendiz Ela tamshybeacutem examinou se e como os comportamentos as estrateacutegias e as percepshyccedilotildees do aluno sobre seu proacuteprio sucesso na aprendizagem de liacutenguas foram afetados como resultado dessa influecircncia O participante da pesshyquisa foi um libanecircs aluno de niacutevel intermediaacuterio de inglecircs no Carleton School of Linguistics no Canadaacute A metodologia incluiu observaccedilotildees de sala de aula entrevistas com professor e aluno e anotaccedilotildees em seus diaacuteshyrios Allen tambeacutem analisou o livro-texto as apostilas e os materiais adishycionais preparados pelo professor

Os resultados indicaram que as crenccedilas do professor influenciashyram as crenccedilas do aluno A princiacutepio o aluno acreditava que o professor deveria ser o responsaacutevel por sua aprendizagem que a interaccedilatildeo com falantes nativos era melhor para sua aprendizagem e que ele deveria ter uma pronuacutencia mais perto possiacutevel da nativa O professor acreditava que os alunos eram responsaacuteveis por sua aprendizagem e que natildeo deveriam ter uma pronuacutencia similar agrave dos nativos Ao final do semestre as crenccedilas do aluno tomaram-se mais similares agraves do seu professor e isso afetou a percepccedilatildeo do aluno sobre seu sucesso na aprendizagem e as estrateacutegias utishy

6 A definiccedilatildeo de contexto neste trabalho natildeo se refere a ldquoum recipiente estaacutetico que circunda a interaccedilatildeo socialrdquo (Lave 1993 22) Contexto eacute definido neste estudo como ldquoum fenocircmeno socialmente constituiacutedo e sustentado interativamente onde ldquocada accedilatildeo acrescentada dentro da interaccedilatildeo modifica o contexto existente enquanto cria uma nova arena para interaccedilotildees subsequumlentesrdquo (Goodwin amp Duranti 19925-6) De acordo com essa definiccedilatildeo as perpectiacutevas dos participantes e a maneira como eles organizam suas percepccedilotildees dos eventos satildeo essenciais

82 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada vJ n l 2001

lizadas por ele O estudo de Alien (1996) mostra primeiro que as crenccedilas estatildeo inter-relacionadas com as experiecircncias dos alunos e segundo que as crenccedilas natildeo satildeo tatildeo estaacuteveis como se costuma pensar Conforme sugerido por Valenzuela (1996) uma boa abordagem para inferir crenccedilas envolve sua investigaccedilatildeo atraveacutes de acircngulos diferentes combinando observaccedilotildees e enshytrevistas

Na abordagem contextual as crenccedilas satildeo caracterizadas como deshypendentes do contexto A metodologia utilizada envolve o uso de entrevisshytas e principalmente observaccedilotildees de sala de aula Esse eacute o ponto que difere essa abordagem das outras Assim a relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilatildeo natildeo eacute somente sugerida mas eacute investigada dentro do contexto especiacutefico dos alushynos

Vantagens e desvantagens

A abordagem contextual oferece uma definiccedilatildeo mais ampla de crenshyccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas caracterizando-as como dinacircmicas e soshyciais e propondo uma metodologia diferente para investigaacute-las Essa metodologia fornece uma riqueza de detalhes bem mais refinados a respeito dos tipos de crenccedilas e do contexto onde essas crenccedilas se desenvolvem pershymitindo assim uma maior compreensatildeo das crenccedilas e de sua relaccedilatildeo com a abordagem de aprender liacutenguas estrangeiras dos alunos Aleacutem disso ao reshytratar os aprendizes como agentes sociais interagindo em seus contextos essa abordagem tambeacutem apresenta uma visatildeo mais positiva do aprendiz do que as abordagens normativa e metacognitiva Entretanto estudos desse tipo podem consumir muito tempo e satildeo mais adequados agraves investigaccedilotildees com menor nuacutemero de participantes A Tabela 1 resume as caracteriacutesticas vantagens e desvantagens de cada abordagem

Tabela 1 Caracteriacutesticas vantagens e desvantagens das trecircs aborshydagens

Normativa Metacognitiva Contextual

Metodologia

Definiccedilatildeo de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas

Q uestionaacuterios tipo Likert-scale

C renccedilas satildeo vistas como sinocircn im os de ideacuteias preshyconcebidas concepccedilotildees errocircneas e opiniotildees

E ntrevistas

C renccedilas satildeo descritas com o conhecim ento m etacognitivo estaacutevel e agraves vezes faliacutevel que os aprendizes possuem sobre aprendizagem de liacutenguas

Observaccedilotildees entrevistas diaacuterios e

estudos de caso

Crenccedilas satildeo vistas como parte da cultura de aprender e como representaccedilotildees de aprendizagem em um a determ inada sociedade

R ev B ra s ile ira d e L in g uuml iacutes tic a A p lic a d a v l n l 2001

R elaccedilatildeo e n tre c re n ccedila s e accedilotildees

Crenccedilas satildeo vistas como bons indicadores do comportam ento futuro dos alunos sua disposiccedilatildeo para ensino autocircnom o e sucesso como aprendizes de liacutengua

C renccedilas satildeo vistas como bons indicadores do com portam ento futuro dos alunos sua disposiccediluumlo para ensino autocircnom o e sucesso com o aprendizes de liacutengua em bora admita- se a influecircncia de outros fatores com o objetivos por exemplo

Crenccedilas sao vistas como especiacuteficas do contexto ou seja as crenccedilas devem ser investigadas dentro do contexto de suas accedilotildees

V antagens Perm ite que as crenccedilas sejam investigadas com am ostras grandes em eacutepocas diferentes e em vaacuterios contextos ao mesmo tempo

Perm ite que os alunos usem suas proacuteprias palavras elaborem e reflitam sobre suas experiecircncias de aprender

Perm ite que as crenccedilas sejam investigadas levando em consideraccedilatildeo natildeo soacute as proacuteprias palavras dos alunos mas tambeacutem o contexto de suas accedilotildees

D esvantagens Restringe a escolha dos participantes com um conjunto de afirmaccedilotildees predeterm inadas pelo pesquisador Os alunos podem ter interpretaccedilotildees diferentes sobre esses itens

As crenccedilas satildeo investigadas somente atraveacutes das afirmaccedilotildees dos alunos (natildeo haacute preocupaccedilatildeo com a accedilatildeo dos alunos)

Eacute mais adequada com pequeno nuacutem ero de participantes Consome m uito tempo

Discussatildeo e conclusatildeo

Neste trabalho foi feita uma revisatildeo criacutetica da metodologia de investigaccedilatildeo sobre crenccedilas a respeito de aprendizagem Sugeriu-se a exisshytecircncia de trecircs abordagens a normativa a metacognitiva e a contextuai As diferentes metodologias indicam a concepccedilatildeo impliacutecita de crenccedilas utilizadas por vaacuterios estudos

Enquanto na abordagem normativa as crenccedilas satildeo definidas em geral como concepccedilotildees errocircneas e satildeo investigadas de uma maneira descontextualizada na abordagem metacognitiva as crenccedilas satildeo investigadas atraveacutes de entrevistas dando aos alunos mais chances de usarem suas proacuteprias palavras e de contarem suas proacuteprias estoacuterias Enshytretanto tanto a abordagem normativa quanto a metacognitiva consideshyram crenccedilas como uma caracteriacutestica mental como apontado por Kalaja (1995) Natildeo se quer dizer com isso que as crenccedilas natildeo tenham um comshyponente cognitivo mas natildeo se deve esquecer tambeacutem que as crenccedilas assim como o conhecimento estatildeo embutidas no contexto Uma definishyccedilatildeo de crenccedilas que leve em consideraccedilatildeo o contexto seria essencial na compreensatildeo do papel que as crenccedilas exercem na experiecircncia de aprenshydizagem de liacutenguas dos alunos

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

Em resumo tanto a abordagem normativa quanto a metacognitiva falham em levar em consideraccedilatildeo a natureza experiencial das crenccedilas por (a) natildeo analisar as crenccedilas dos alunos nos seus proacuteprios termos (b) tratar as crenccedilas como um conceito fixo a-priori e (c) natildeo prestar atenshyccedilatildeo ao contexto social das crenccedilas

Eacute importante notar entretanto que na praacutetica as distinccedilotildees enshytre as trecircs abordagens podem natildeo ser tatildeo distintas As escolhas metodoloacutegicas frequumlentemente dependem dos tipos de perguntas de pesshyquisa Aleacutem disso trabalhos recentes como os Carvalho (2000) e Sakui amp Gaies (1999) combinam diferentes instrumentos de coleta como por exemplo o uso de questionaacuterios com escalas do tipo Likert e entrevista Outra maneira de visualizar as trecircs abordagens eacute dentro de um contiacutenuo de dois poacutelos que representam categorias a priori ou embasadas (grounded) que dizem respeito agrave maneira como os dados satildeo coletados e analisados Assim a abordagem normativa se utiliza de categorias a- priori de anaacutelise ou seja preacute-determinadas enquanto a abordagem contextuai emprega categorias embasadas ou seja permite que o sentishydo emerja dos dados (Freeman 1996) A abordagem metacognitiva enshycontra-se entre essas duas categorias com maior proximidade com a cashytegoria a-priori conforme ilustra a Figura 1

Figura 1 Abordagens de investigaccedilatildeo e categorias de anaacutelise

Normativa Metacognitiva Contextuai___ I______________________ 1_____________________ ______Categorias a priori Categorias embasadas

Os estudos atuais descrevem os tipos de crenccedilas que os alunos podem ter e apontam para a importacircncia desse toacutepico em LA Entretanshyto a falta de mais estudos embasados natildeo tem ajudado a entender como os alunos na verdade usam as crenccedilas para interpretar situaccedilotildees diferenshytes e tomar decisotildees em seu processo de aprendizagem (Woods 1997) Alguns trabalhos da abordagem contextuai jaacute investigam esse aspecto mas ainda se sabe muito pouco sobre as funccedilotildees que as crenccedilas exercem na aprendizagem de liacutenguas Alguns pesquisadores jaacute sugeriram que enshytrevistas abertas e observaccedilotildees de sala de aula podem nos ajudar a ter uma visatildeo bem mais precisa a respeito das crenccedilas (Kern 1995 Pajares 1992 Press 1996)

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 85

Estudos recentes tecircm combinado abordagens muacuteltiplas usando questionaacuterios com observaccedilotildees de sala de aula (Mantle-Bromley 1995) e com entrevistas (Sakui amp Gaies 1999 Wen amp Johnson 1997) Outros estudos utilizam anaacutelise metafoacuterica diaacuterios e narrativas (Ellis 1998 Miller amp Ginsberg 1995) desenhos (Swales 1994) e estudos de caso (Allen 1996 Valenzuela 1996) Esses estudos mais embasados permitem que o sentido emerja do contexto e indicam a importacircncia de se examinar a relaccedilatildeo entre as crenccedilas dos alunos e suas accedilotildees em contexto Vaacuterios autores sugerem que as crenccedilas satildeo formadas pela cultura do alunos e pelos contextos sociais nos quais eles estatildeo inseridos (Barcelos 1995 Riley 1997 Tumposky 1991 Yang 1992) Aleacutem disso as crenccedilas satildeo variaacuteveis (Sakui amp Gaies 1999 Kalaja 1995) e construiacutedas socialmente (Kalaja 1995)

Embora as trecircs abordagens sejam diferentes no modo de definir e investigar as crenccedilas todas elas enfatizam que as crenccedilas influenciam o comshyportamento definido em LA como as estrateacutegias de aprendizagem ou aborshydagem de aprendizagem dos alunos (Abraham amp Vann 1987 Horwitz 1985 19871988 Mantie-Bromley 1995 Wenden 1987) Entretanto a relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees natildeo eacute tatildeo direta (Riley 1997 Yang 1992) As crenccedilas natildeo somente influenciam accedilotildees mas as accedilotildees e reflexotildees sobre experiecircncias podem levar a mudanccedilas ou criar outras crenccedilas (Murphey 1996 Riacutechardson 1996) conforme ilustra a Figura 2

Figura 2 Relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees

Crenccedilas

Accedilotildees

De acordo com Riley (1997141) os pesquisadores devem ldquoolhar para as condiccedilotildees de aprendizagem onde os aprendizes se encontramrdquo para entender suas crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas Em resumo as crenccedilas devem ser investigadas de maneira interativa onde crenccedilas e accedilotildees se inter-relacionem e se iacutenterconectem

Perguntas e sugestotildees para pesquisas futuras a respeito de crenccedilassobre aprendizagem de liacutenguas

Vaacuterias questotildees a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas podem ser mais bem investigadas em trabalhos futuros Em primeishy

86 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

ro lugar como se desenvolvem as crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas Estudos mais longitudinais podem mostrar como as crenccedilas evolushyem e mudam com o passar do tempo Estudos interpretativos podem levar a uma compreensatildeo mais aprofundada sobre as crenccedilas E crucial entender como as experiecircncias pessoais dos alunos contribuem para moldar suas crenccedilas e suas accedilotildees no contexto social da aula de liacutengua estrangehra Observaccedilotildees de aula e entrevistas detalhadas de alunos e professores podem ajudar a contextualizar aspectos encontrados em dashydos quantitativos (Sakui amp Gaies 1999 Kem 1995 Press 1996) Mais importante ainda eacute considerar que estudos interpretativos poderatildeo dar uma visatildeo mais aprofundada de como as experiecircncias de aprender dos alunos em contextos diferentes no Brasil tais como escolas puacuteblicas ldquocursinhos de inglecircsrdquo e no exterior influenciam os tipos de crenccedilas que esse alunos tecircm sobre como aprender inglecircs e suas accedilotildees para aprender nesses contextos diferentes

Em segundo lugar como as crenccedilas podem ser modificadas Wenden (1991) sugere um plano para explorar as crenccedilas dos aprendishyzes Ateacute o momento natildeo existe estudo empiacuterico que tenha tentado mushydar as crenccedilas dos aprendizes ou incorporar uma discussatildeo sobre crenshyccedilas a respeito de aprendizagem de liacutenguas em atividades de sala de aula levando os alunos a uma aprendizagem reflexiva A aprendizagem refleshyxiva de maneira semelhante ao conceito de ensino reflexivo dos professhysores diz respeito agrave conscientizaccedilatildeo dos alunos sobre como eles aprenshydem uma liacutengua estrangeira Aprender reflexivamente significa abrir a discussatildeo a respeito de crenccedilas estrateacutegias e estilos de aprendizagem aos alunos para que eles mesmos possam refletir entre eles e com seus professores sobre sua cultura de aprender sobre crenccedilas de aprendizashygem de liacutenguas e como elas influenciam suas accedilotildees para aprender dentro e fora de sala de aula Estudos futuros devem incorporar a discussatildeo a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas em atividades de sala de aula dando oportunidade a alunos e professores de liacutenguas de discutir e refletir natildeo somente sobre suas proacuteprias crenccedilas mas tambeacutem sobre obstaacuteculos dentro e fora da sala de aula de liacutenguas que possam impedi- los de agir de acordo com suas proacuteprias crenccedilas e de desenvolver seu potencial para ensino e aprendizagem7

7 Barcelos (2000a) e Murphey (1997) oferecem algumas sugestotildees de atividades relacionadas agraves crenccedilas que podem ser exploradas em sala de aula

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 87

Finalmente quais as funccedilotildees que as crenccedilas exercem nas experishyecircncias de aprendizagem dos alunos e nas accedilotildees que eles praticam para aprender liacutenguas Natildeo sabemos ainda como os alunos usam suas crenccedilas para lidar com a complexidade da aprendizagem de liacutenguas ou seja se os alunos definem seu proacuteprio contexto e atuam nele noacutes precisamos entender como as crenccedilas os ajudam a fazer isso e a ldquonavegarrdquo no discurshyso da sala de aula de liacutenguas (Breen 1996) Pesquisas futuras devem investigar como a sala de aula de liacutenguas como um contexto social ajushyda a moldar as crenccedilas dos alunos e como as crenccedilas dos alunos por sua vez moldam a interaccedilatildeo e as accedilotildees que ocorrem na cultura da sala de aula

A pesquisa a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas precisa ir aleacutem da simples descriccedilatildeo de crenccedilas como indicadores de um comportamento futuro E preciso uma investigaccedilatildeo contextualizada das crenccedilas E necessaacuterio entender como as crenccedilas interagem com as accedilotildees dos alunos e que funccedilotildees elas exercem em suas experiecircncias de aprendishyzagem dentro e fora de sala de aula Como Dewey (1933) sugeriu o conhecimento natildeo pode estar separado da accedilatildeo Assim uma investigashyccedilatildeo do que os alunos sabem ou acreditam deve envolver (a) suas experishyecircncias e accedilotildees (b) suas interpretaccedilotildees sobre essas experiecircncias e (c) o contexto social e como esse contexto molda as suas experiecircncias

Referecircncias Bibliograacuteficas

ABELSON R P Difference between belief and knowledge systems Cognitive Science 3 p 355-366 1979ABRAHAM R G VANN R J Strategies of two language leamers A case study InWENDEN A RUBIN J (Ed) Leamer strategies in language leaming Londres Prentice Hall 1987 p 85-102ALLEN L The evolution of a learnerrsquos beliefs about language leaming Carleton Papers in Applied Language Studies XIII p 67-801996 BARCELOS A M F A cultura de aprender liacutengua estrangeira (inshyglecircs) de alunos de Letras 1995 188f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Linguumliacutestica Aplicada) - Instituto de Estudos da Linguagem UNICAMP Campinas

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

___ Current Approaches to the Investigation of Language LearningBeliefs A Literature Review In AILA99 1999 Toacutequio 12th World Congress o f Applied Linguistics AILA99 mdash Programa and Abstracts Toacutequio AILA 1999 p 133__ Understanding teachersrsquo and students language learning beliefs inexperience A Deweyan Approach 2000357f Tese (Doutorado em Ensino de Ingles como Segunda Lingua) College of Education The University of Alabama Tuscaloosa__ Incorporating language learning beliefs in the classroom - WorkshopUniatildeo Cultural Brasil Estados Unidos Satildeo Paulo 3 de agosto 2000a BENSON R A critical view of learner training Learning Learning v 2 n 2 p 2-61995BLOCK D Learning by listening to language learners System v 25 n 3 p 347-360 1997BLOCK D Exploring interpretations of questionnaire items System v 26 n 3 p 403-4251998BREEN M Constructions of the learner in second language acquisition researchInALATIS 1 STRAEHLE C RONKIN M GALLENBERGER B (Ed) Georgetown University Round Table on Languages and Linguistics Washyshington Georgetown University Press 1996 p 84-115CARVALHO V C P S A aprendizagem de liacutengua estrangeira sob a oacutetica de alunos de letras crenccedilas e mitos 2000 138f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Estudos Linguumliacutesticos) - Faculdade de Letras UFMG Belo Horizonte CAMPBELL C M SHAW V M PLAGEMAN ME ALLEN T A Exploring student beliefs about language learning In HATFIELD W N (Ed) Visions and realities in foreign language teaching where we are where we are going Lincolnwood National Textbook 1993 p 29-39 CORTAZZI M amp JIN L Cultures of learning Language classrooms in China InCOLEMAN H (Ed) Society and the language classroom Cambridge Cambridge University Press p 169-2031996COTTERALL S Readiness for autonomy Investigating learner beliefs System v 23 n 2 p195-2051995DEWEY J How we think Lexington D C Heath 1993ELLIS R The metaphorical constructions of second language learners In AAALrsquo9 8 1998 Seatle AAALAnual Conference Seatle AAAL 1998

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 89

ERLBAUM B E BERG C A DODD D H Previous learning experiences strategy beliefs and task definition in self-regulated foreign language learning Contemporary Educational Psychology v 18 n 3 p 318-336 1993FREEMAN D The ldquounstudied problemrdquo Research on teacher learning in language teaching In FREEMAN D RICHARDS JC (Ed) Teacher learning in language teaching9 Cambridge Cambridge University Press 1996 p 351-378GARCIA C R P As culturas de aprender uma lingua estrangeira (inshyglecircs) em sala de aula que se propotildee interdisciplinar 1999125f Dissershytaccedilatildeo (Mestrado em Linguumliacutestica Aplicada) - Instituto de Estudos da Linshyguagem UNICAMP CampinasGEMENEZ T Learners becoming teacher an exploratory study of beliefs held by prospective and practising EFL teachers in Brazil 1994 340f Tese (Doutorado) Lancaster Lancaster UniversityGOODWIN C DURANTI A Rethinking context An introduction In DURANTI A GOODWIN C (Ed) Rethinking context Language as an interactive phenomenon Cambridge Cambridge University Press 1992 p 1-42HOLEC H The learner as manager managing learning or managing to learn In WENDEN A RUBIN J (Ed) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p 145-156HOLLIDAY A Appropriate methodology and social context Cambridge Cambridge University Press 1994HORWITZ E K Using student beliefs about language learning and teaching in the foreign language methods course Foreign Language Annals v 18 n 4 p 333-340 1985HORWITZ E K Surveying studentsrsquo beliefs about language learning In WENDEN A RUBIN J (Ed) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p 110-129HORWITZ E K The beliefs about language learning of beginning university foreign language students The Modem Language Journal v 72 n 3 p 283-294 1988KALAJA P Student beliefs (or metacognitive knowledge) about SLA reconsidered International Journal o f Applied Linguistics v 5 n 2 p 191-204 1995KERN R G Students7 and teachers beliefs about language learning Foreign Language Annals v 28 n 1 p 71-92 1995

90 Rev B ras ile ira de L inguumlistica A plicada v l n l 2001

KUNTZ P Students of lsquoeasy languages Their beliefs about language learning [ERIC Document Reproduction Service No ED397658] 1996 KUNTZ P Students and their teachers of Arabic Beliefs about language learning ERIC Document Reproduction Service No ED407854] 1997 MANTLE-BROMLEY C Positive attitudes and realistic beliefs Links to proficiency The Modem Language Journal v 79 n 3 p 372-386 1995 LAVE J The practice of learning In CHAIumlNKLIN S LAVE J (Ed) Understanding practice Perspectives on activity and context Cambridge Cambridge University Press 1993 p 3-32LOW G The semantics of questionnaire rating scales Evaluation and Research in Education v 2 n 2 p 69-791988LUPPESCU S DAY R R Examining attitude in teachers and students the need to validate questionnaire data Second Language Research v 6 n 2 p 125-1341990MCDONOUGH J MCDONOUGH S H Research methods for English language teachers London Arnold 1997MUNB Y H A qualitative approach to the study of a teacherrsquos beliefs Journal of Research in Science Teaching v 21 n 1 p 27-38 1984MILLER L amp GINSBERG R B FolWinguistic theories of language learning In FREED B F (Ed) Second language acquisition in a study abroad context Amsterdam John Benjamins 1995 p 293-315MORI Y Epistemological beliefs and language learning beliefs What do language learners believe about their learning [ERIC Document Reproduction Service No ED406657] 1997MURPHEY T Experiencing and mapping in teacher education In SACHS GT Brock M Lo R (Ed) Directions in second language teacher education Hong Kong City University of Hong Kong 1996 p 202-219 MURPHEY T Language hungiy An introduction to language learning fun and self-esteem Tokyo MacMillan 1997NESPOR J The role of beliefs in the practice of teaching Journal of Curnculum Studies v 19 n 4 p 317-328 1987PAJARES F M Teachersrsquo beliefs and educational research Cleaning up a messy construct Review of Educational Research v 62 n 3 p 307-332 1992PRESS M-C Ethnicity and the autonomous language learner different beshyliefs and learning strategies In BROADY E KENNING M-M (Ed) Proshymoting Learner autonomy in university language teaching London Assoshyciation for French StudiesCILT 1996 p237-259

Rev B rasile ira de L ing uuml iacutes tica A plicada v l n l 2001 91

RAMANATHAN V ATKINSON D Ethnographic approaches and methods in L2 writing research A critical guide and Review Applied Linguistics v 20 n 1 1999 p44-70RICHARDS J C LOCKHART C Reflective teaching in second language classrooms Cambridge Cambridge University Press 1994 RICHARDSON V The role of attitudes and beliefs in learning to teach In SIKULA J (Ed) Handbook o f Research on Teacher Education (2 ed) New York Macmillan 1996 p 102-119RILEY R The guru and the conjurer aspects of counselling for self- access In BENSON P amp VOLLER P (Ed) Autonomy and independence in language learning New York Longman 1997 p 114- 131ROKEACH M Beliefs attitudes and values A theory of organization and change San Francisco Jossey-Bass 1968SCHWANDT T A Qualitative Inquiry a dictionary of terms Thousand Oaks Sage1997SAKUI K GAIES S Investigating Japanese learners beliefs about language learning System v 27 n 4 p 473-4921999SU D A study o f English learning strategies and styles o f Chinese university students in relation to their cultwal beliefs about learning English 1995 Dissertaccedilatildeo (Doutorado) - University of Georgia Athens SWALES S From metaphor to meta-language English Teaching Forum v 32 n 3 p8- 11 1994TUMPOSKYN Student beliefs about language learning A cross-cultural study Carleton Papers in Applied Language Studies v 8 p 50-65 1991VALENZUELA S M The management of language learning Who is supposed to do what Carleton Papers in Applied Language Studies XIII 1996 p 21-35VIANA N A A desconstruccedilatildeo dos mitos na aprendizagem de liacutengua estrangeira Uberlacircndia Departamento de Letras UFU 1993 5f MimeografadoVICTORI M Investigating the metacognitive knowledge of students of English as a second language 1992 Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - University of California Los AngelesVICTORI M LOCKHART W Enhancing metacognition in self-directed language learning System v 23 n 2 p 223-234 1995

92 Rev B ras ile ira de LingUistica A plicada v l n l 2001

WEN Q JOHNSON R K L2 learner variables and English achievement A study of tertiary-level English majors in China Applied Linguistics v 18 p 27-48 1997WENDEN A Helping language learners think about learning ELT Journal v 40 nl p3-12 1986WENDEN A How to be a successful language learner insights and prescriptions from L2 learners In WENDEN A amp RUBIN J (Eds) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p103-117WENDEN A Learner strategies for learner autonomy London Prentice Hall 1991WENDEN A Metacognitive knowledge and language learning Applied Linguistics v 19 n 4 p 515-537 1999WOODS D Teacher cognition in language teaching Beliefs decisionshymaking and classroom practice Cambridge Cambridge University Press 1996WOODS D Decision-making in language learning A lens for examining learner strategies The Language Teacher Online Outubro 1997 [cited 26 M ay 1998] Available from World Wide WeB lthttp languehyperchubuacjpjaltpubtli97octwoodshtmlgtYANG ND Second language learnersrsquo beliefs about language learning and their use of learning strategies A study of college students of Enshyglish in Taiwan 1992 Tese (Doutorado) - The University of Texas Ausshytin

Page 8: Pesquisa das crenças sobre aprendizagem de línguas

78 Rev B ras ile ira de L inguuml iacutestica A plicada v l n l 2001

dores Natildeo existe uma anaacutelise do contexto onde os alunos agem e interagem

Vantagens e desvantagens

Questionaacuterios tecircm sido largamente utilizados na investigaccedilatildeo das crenccedilas e oferecem vaacuterias vantagens Eles satildeo menos ameaccediladores que observaccedilotildees satildeo uacuteteis se o pesquisador tem recursos limitados e pouco tempo ldquosatildeo faacuteceis de tabular e particularmente adequados para um granraquo de nuacutemero de participantesrdquo (Gimenez 1994 76) Aleacutem disso os quesshytionaacuterios fornecem acesso a outros contextos e permitem que os dados sejam coletados em eacutepocas diferentes (McDonough amp McDonough 1997) Entretanto questionaacuterios apresentam algumas desvantagens

Em primeiro lugar os questionaacuterios tornam difiacutecil garantir uma interpretaccedilatildeo consistente pelos participantes por causa de sua generalishydade Aleacutem disso os participantes tendem a responder o que eles acham que seria adequado (Gimenez 1994) Em segundo lugar os questionaacuterishyos restringem a escolha dos participantes quando estruturam as resposshytas de acordo com um conjunto de afirmaccedilotildees preacute-estabelecidas Ao natildeo permitir que os alunos usem suas proacuteprias palavras e metaacuteforas os quesshytionaacuterios tornam difiacutecil investigar as crenccedilas nos termos dos proacuteprios alunos e professores (Block 19971998 Cortazzi amp Jin 1996 Gimenez 1994 Kalaja 1995 Kuntz 1996 Munby 1984 Pajares 1992 Riley 1996 Woods 1996) Wenden (1987) tambeacutem apontou que questionaacuterios natildeo permitem que os alunos articulem seu conhecimento metacognitivo

Em resum o na abordagem normativa as crenccedilas satildeo descontextualizadas Isto eacute problemaacutetico primeiro porque os alunos podem interpretar os itens dos questionaacuterios de maneira diferente do que o pesquisador pretendia conforme exposto acima Em segundo lugar as crenccedilas apresentadas no questionaacuterio podem ser diferentes das crenccedilas que os alunos acreditam ser significativas em sua aprendizagem Em tershyceiro lugar se os alunos tecircm algumas daquelas crenccedilas o que isso signishyfica Eles agem de acordo com aquelas crenccedilas Como eles interagem com essas crenccedilas Porque eles tecircm essas crenccedilas A abordagem metacognitiva discutida a seguir daacute mais importacircncia agrave linguagem dos alunos ao lhes proporcionar a chance de refletir e falar sobre suas expeshyriecircncias de aprendizagem em entrevistas

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n J 2001 79

A abordagem metacognitiva

Os estudos nessa abordagem definem crenccedilas como conhecimenshyto metacognitivo daiacute o nome da abordagem Os estudos incluiacutedos aqui utilizam-se basicamente de entrevistas semi-estruturadas e auto-relatos embora questionaacuterios semi-estruturados possam ser usados (cf Victori 1992) O que une os estudos nessa abordagem eacute a definiccedilatildeo de crenccedilas como conhecimento metacognitivo O pressuposto impliacutecito nessa aborshydagem eacute que o conhecimento metacognitivo dos alunos se constituem em suas ldquoteorias em accedilatildeordquo que os ajudaraacute a refletir sobre o que fazem e a desenvolver seu potencial para a aprendizagem (Wenden 1987 112)

Existem poucos estudos nessa abordagem (ateacute agora somente Wenden 1987 Victori 1992 Victori amp Lockhart 1995) A maioria dos estudos tem como referencial teoacuterico o conhecimento cognitivo e sua influecircncia na aprendizagem (ver Wenden 198619911999) O pressushyposto baacutesico nesses estudos eacute que os aprendizes pensam sobre seu proshycesso de aprendizagem de liacutenguas e satildeo capazes de articular algumas de suas crenccedilas Wenden (1986) descobriu que os aprendizes satildeo capazes de falar sobre a liacutengua sua proficiecircncia na liacutengua os resultados de seus esforccedilos na aprendizagem seu papel no processo de aprendizagem de liacutenguas e a melhor maneira de aprender liacutenguas

Wenden (1987 163) define conhecimento cognitivo como o coshynhecimento ldquoestaacutevel declaraacutevel embora agraves vezes incorreto que os aprenshydizes tecircm sobre linguagem aprendizagem e aprendizagem de liacutenguasrdquo A autora caracteriza esse conhecimento como faliacutevel ou seja nem semshypre empiricamente sustentaacutevel e interativo isto eacute que pode influenciar os resultados da aprendizagem

Wenden (1987) investigou as crenccedilas prescritivas dos aprendizes a fim de saber se eles tinham esses tipos de crenccedilas quais eram essas crenccedilas e se elas refletiam-se no que os aprendizes diziam fazer para aprender uma segunda liacutengua A autora define crenccedilas prescritivas como crenccedilas dos aprendizes sobre a melhor maneira de se aprender uma seshygunda liacutengua Ela entrevistou 25 alunos que moravam nos Estados Unishydos por dois anos e estavam matriculados em niacuteveis avanccedilados em um instituto de liacutenguas Os resultados mostraram que os alunos tinham crenshyccedilas prescritivas sobre (a) a importacircncia de usar a liacutengua de uma maneira natural isto eacute praticando pensando em inglecircs morando e estudando onde o inglecircs eacute falado (b) a importacircncia de aprender sobre a liacutengua sua

80 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

gramaacutetica e seu vocabulaacuterio aprender com os erros e estar mentalmente ativo e (c) a importacircncia de fatores pessoais (sentimentos auto-concei- to atitude e aptidatildeo) Ao comparar as crenccedilas de seu estudo com aqueshylas usadas no questionaacuterio BALLI Wenden constatou que algumas eram bem diferentes enquanto outras natildeo estavam representadas no BALLI Em sua conclusatildeo Wenden faz uma criacutetica sutil aos questionaacuterios afirshymando que essas ldquodiferenccedilas apontam para a necessidade de se desenshyvolver um questionaacuterio mais abrangente e representativo do conjunto de crenccedilasrdquo (Wenden 1987 113)

Os estudos dentro dessa abordagem definem crenccedilas como coshynhecimento metacognitivo caracterizado por Wenden (1987) como coshynhecimento estaacutevel e faliacutevel Nesse sentido eacute semelhante agrave definiccedilatildeo da abordagem normativa pois tambeacutem vecirc as crenccedilas como obstaacuteculo a uma determinada visatildeo de aprendizagem A metodologia natildeo envolve o uso de questionaacuterios Likertscale como o BALLI mas o uso de entrevistas que satildeo analisadas de acordo com seu conteuacutedo e podem envolver tamshybeacutem o uso de questionaacuterios semi-estruturados A relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilatildeo tambeacutem natildeo eacute investigada mas apenas sugerida e discutida somenshyte em relaccedilatildeo a estrateacutegias de aprendizagemVantagens e Desvantagens

As vantagens da abordagem metacognitiva satildeo vaacuterias Em prishymeiro lugar atraveacutes do uso de entrevistas os alunos tecircm a oportunidade de elaborar e refletir sobre suas experiecircncias De acordo com Block (1997) entrevistas permitem aos alunos definir e avaliar o processo de aprendizagem em seus proacuteprios termos Em segundo lugar na abordashygem metacognitiva as crenccedilas satildeo consideradas como conhecimento Isso implica o reconhecimento das crenccedilas dos alunos como parte de seu processo de raciociacutenio Apesar de tais vantagens a abordagem metacognitiva natildeo infere as crenccedilas atraveacutes das accedilotildees mas somente atrashyveacutes de intenccedilotildees e declaraccedilotildees verbais Aleacutem disso embora haja o recoshynhecimento da relaccedilatildeo entre crenccedilas e contexto essa relaccedilatildeo e sua influshyecircncia nas crenccedilas dos alunos natildeo satildeo consideradas ou analisadas

A abordagem contextuai

Mais recentemente alguns estudos comeccedilaram a investigar as crenccedilas sob uma perspectiva diferente Esses estudos natildeo utilizam quesshytionaacuterios nem definem crenccedilas como conhecimento cognitivo As crenshy

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 81

ccedilas satildeo investigadas atraveacutes de observaccedilotildees de sala de aula e anaacutelise do contexto6 especiacutefico onde os alunos atuam daiacute o nome dessa abordashygem Esses estudos natildeo tecircm como objetivo generalizar sobre as crenccedilas mas compreender as crenccedilas de alunos (ou professores) em contextos especiacuteficos

Os estudos incluiacutedos nessa abordagem caracterizam crenccedilas como especiacuteficas de um determinado contexto (Allen 1996) ou de uma cultura de aprender de um determinado grupo (Barcelos 1995 Garcia 1999) Os estudos em sua maioria procuram considerar a influecircncia da experishyecircncia anterior de aprendizagem de liacutenguas dos alunos natildeo somente em suas crenccedilas mas tambeacutem em suas accedilotildees dentro de um contexto especiacuteshyfico Dentre os estudos dessa abordagem destaco o estudo de Allen (1996) Allen investigou a influecircncia das crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas do professor nas crenccedilas estabelecidas de um aprendiz Ela tamshybeacutem examinou se e como os comportamentos as estrateacutegias e as percepshyccedilotildees do aluno sobre seu proacuteprio sucesso na aprendizagem de liacutenguas foram afetados como resultado dessa influecircncia O participante da pesshyquisa foi um libanecircs aluno de niacutevel intermediaacuterio de inglecircs no Carleton School of Linguistics no Canadaacute A metodologia incluiu observaccedilotildees de sala de aula entrevistas com professor e aluno e anotaccedilotildees em seus diaacuteshyrios Allen tambeacutem analisou o livro-texto as apostilas e os materiais adishycionais preparados pelo professor

Os resultados indicaram que as crenccedilas do professor influenciashyram as crenccedilas do aluno A princiacutepio o aluno acreditava que o professor deveria ser o responsaacutevel por sua aprendizagem que a interaccedilatildeo com falantes nativos era melhor para sua aprendizagem e que ele deveria ter uma pronuacutencia mais perto possiacutevel da nativa O professor acreditava que os alunos eram responsaacuteveis por sua aprendizagem e que natildeo deveriam ter uma pronuacutencia similar agrave dos nativos Ao final do semestre as crenccedilas do aluno tomaram-se mais similares agraves do seu professor e isso afetou a percepccedilatildeo do aluno sobre seu sucesso na aprendizagem e as estrateacutegias utishy

6 A definiccedilatildeo de contexto neste trabalho natildeo se refere a ldquoum recipiente estaacutetico que circunda a interaccedilatildeo socialrdquo (Lave 1993 22) Contexto eacute definido neste estudo como ldquoum fenocircmeno socialmente constituiacutedo e sustentado interativamente onde ldquocada accedilatildeo acrescentada dentro da interaccedilatildeo modifica o contexto existente enquanto cria uma nova arena para interaccedilotildees subsequumlentesrdquo (Goodwin amp Duranti 19925-6) De acordo com essa definiccedilatildeo as perpectiacutevas dos participantes e a maneira como eles organizam suas percepccedilotildees dos eventos satildeo essenciais

82 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada vJ n l 2001

lizadas por ele O estudo de Alien (1996) mostra primeiro que as crenccedilas estatildeo inter-relacionadas com as experiecircncias dos alunos e segundo que as crenccedilas natildeo satildeo tatildeo estaacuteveis como se costuma pensar Conforme sugerido por Valenzuela (1996) uma boa abordagem para inferir crenccedilas envolve sua investigaccedilatildeo atraveacutes de acircngulos diferentes combinando observaccedilotildees e enshytrevistas

Na abordagem contextual as crenccedilas satildeo caracterizadas como deshypendentes do contexto A metodologia utilizada envolve o uso de entrevisshytas e principalmente observaccedilotildees de sala de aula Esse eacute o ponto que difere essa abordagem das outras Assim a relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilatildeo natildeo eacute somente sugerida mas eacute investigada dentro do contexto especiacutefico dos alushynos

Vantagens e desvantagens

A abordagem contextual oferece uma definiccedilatildeo mais ampla de crenshyccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas caracterizando-as como dinacircmicas e soshyciais e propondo uma metodologia diferente para investigaacute-las Essa metodologia fornece uma riqueza de detalhes bem mais refinados a respeito dos tipos de crenccedilas e do contexto onde essas crenccedilas se desenvolvem pershymitindo assim uma maior compreensatildeo das crenccedilas e de sua relaccedilatildeo com a abordagem de aprender liacutenguas estrangeiras dos alunos Aleacutem disso ao reshytratar os aprendizes como agentes sociais interagindo em seus contextos essa abordagem tambeacutem apresenta uma visatildeo mais positiva do aprendiz do que as abordagens normativa e metacognitiva Entretanto estudos desse tipo podem consumir muito tempo e satildeo mais adequados agraves investigaccedilotildees com menor nuacutemero de participantes A Tabela 1 resume as caracteriacutesticas vantagens e desvantagens de cada abordagem

Tabela 1 Caracteriacutesticas vantagens e desvantagens das trecircs aborshydagens

Normativa Metacognitiva Contextual

Metodologia

Definiccedilatildeo de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas

Q uestionaacuterios tipo Likert-scale

C renccedilas satildeo vistas como sinocircn im os de ideacuteias preshyconcebidas concepccedilotildees errocircneas e opiniotildees

E ntrevistas

C renccedilas satildeo descritas com o conhecim ento m etacognitivo estaacutevel e agraves vezes faliacutevel que os aprendizes possuem sobre aprendizagem de liacutenguas

Observaccedilotildees entrevistas diaacuterios e

estudos de caso

Crenccedilas satildeo vistas como parte da cultura de aprender e como representaccedilotildees de aprendizagem em um a determ inada sociedade

R ev B ra s ile ira d e L in g uuml iacutes tic a A p lic a d a v l n l 2001

R elaccedilatildeo e n tre c re n ccedila s e accedilotildees

Crenccedilas satildeo vistas como bons indicadores do comportam ento futuro dos alunos sua disposiccedilatildeo para ensino autocircnom o e sucesso como aprendizes de liacutengua

C renccedilas satildeo vistas como bons indicadores do com portam ento futuro dos alunos sua disposiccediluumlo para ensino autocircnom o e sucesso com o aprendizes de liacutengua em bora admita- se a influecircncia de outros fatores com o objetivos por exemplo

Crenccedilas sao vistas como especiacuteficas do contexto ou seja as crenccedilas devem ser investigadas dentro do contexto de suas accedilotildees

V antagens Perm ite que as crenccedilas sejam investigadas com am ostras grandes em eacutepocas diferentes e em vaacuterios contextos ao mesmo tempo

Perm ite que os alunos usem suas proacuteprias palavras elaborem e reflitam sobre suas experiecircncias de aprender

Perm ite que as crenccedilas sejam investigadas levando em consideraccedilatildeo natildeo soacute as proacuteprias palavras dos alunos mas tambeacutem o contexto de suas accedilotildees

D esvantagens Restringe a escolha dos participantes com um conjunto de afirmaccedilotildees predeterm inadas pelo pesquisador Os alunos podem ter interpretaccedilotildees diferentes sobre esses itens

As crenccedilas satildeo investigadas somente atraveacutes das afirmaccedilotildees dos alunos (natildeo haacute preocupaccedilatildeo com a accedilatildeo dos alunos)

Eacute mais adequada com pequeno nuacutem ero de participantes Consome m uito tempo

Discussatildeo e conclusatildeo

Neste trabalho foi feita uma revisatildeo criacutetica da metodologia de investigaccedilatildeo sobre crenccedilas a respeito de aprendizagem Sugeriu-se a exisshytecircncia de trecircs abordagens a normativa a metacognitiva e a contextuai As diferentes metodologias indicam a concepccedilatildeo impliacutecita de crenccedilas utilizadas por vaacuterios estudos

Enquanto na abordagem normativa as crenccedilas satildeo definidas em geral como concepccedilotildees errocircneas e satildeo investigadas de uma maneira descontextualizada na abordagem metacognitiva as crenccedilas satildeo investigadas atraveacutes de entrevistas dando aos alunos mais chances de usarem suas proacuteprias palavras e de contarem suas proacuteprias estoacuterias Enshytretanto tanto a abordagem normativa quanto a metacognitiva consideshyram crenccedilas como uma caracteriacutestica mental como apontado por Kalaja (1995) Natildeo se quer dizer com isso que as crenccedilas natildeo tenham um comshyponente cognitivo mas natildeo se deve esquecer tambeacutem que as crenccedilas assim como o conhecimento estatildeo embutidas no contexto Uma definishyccedilatildeo de crenccedilas que leve em consideraccedilatildeo o contexto seria essencial na compreensatildeo do papel que as crenccedilas exercem na experiecircncia de aprenshydizagem de liacutenguas dos alunos

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

Em resumo tanto a abordagem normativa quanto a metacognitiva falham em levar em consideraccedilatildeo a natureza experiencial das crenccedilas por (a) natildeo analisar as crenccedilas dos alunos nos seus proacuteprios termos (b) tratar as crenccedilas como um conceito fixo a-priori e (c) natildeo prestar atenshyccedilatildeo ao contexto social das crenccedilas

Eacute importante notar entretanto que na praacutetica as distinccedilotildees enshytre as trecircs abordagens podem natildeo ser tatildeo distintas As escolhas metodoloacutegicas frequumlentemente dependem dos tipos de perguntas de pesshyquisa Aleacutem disso trabalhos recentes como os Carvalho (2000) e Sakui amp Gaies (1999) combinam diferentes instrumentos de coleta como por exemplo o uso de questionaacuterios com escalas do tipo Likert e entrevista Outra maneira de visualizar as trecircs abordagens eacute dentro de um contiacutenuo de dois poacutelos que representam categorias a priori ou embasadas (grounded) que dizem respeito agrave maneira como os dados satildeo coletados e analisados Assim a abordagem normativa se utiliza de categorias a- priori de anaacutelise ou seja preacute-determinadas enquanto a abordagem contextuai emprega categorias embasadas ou seja permite que o sentishydo emerja dos dados (Freeman 1996) A abordagem metacognitiva enshycontra-se entre essas duas categorias com maior proximidade com a cashytegoria a-priori conforme ilustra a Figura 1

Figura 1 Abordagens de investigaccedilatildeo e categorias de anaacutelise

Normativa Metacognitiva Contextuai___ I______________________ 1_____________________ ______Categorias a priori Categorias embasadas

Os estudos atuais descrevem os tipos de crenccedilas que os alunos podem ter e apontam para a importacircncia desse toacutepico em LA Entretanshyto a falta de mais estudos embasados natildeo tem ajudado a entender como os alunos na verdade usam as crenccedilas para interpretar situaccedilotildees diferenshytes e tomar decisotildees em seu processo de aprendizagem (Woods 1997) Alguns trabalhos da abordagem contextuai jaacute investigam esse aspecto mas ainda se sabe muito pouco sobre as funccedilotildees que as crenccedilas exercem na aprendizagem de liacutenguas Alguns pesquisadores jaacute sugeriram que enshytrevistas abertas e observaccedilotildees de sala de aula podem nos ajudar a ter uma visatildeo bem mais precisa a respeito das crenccedilas (Kern 1995 Pajares 1992 Press 1996)

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 85

Estudos recentes tecircm combinado abordagens muacuteltiplas usando questionaacuterios com observaccedilotildees de sala de aula (Mantle-Bromley 1995) e com entrevistas (Sakui amp Gaies 1999 Wen amp Johnson 1997) Outros estudos utilizam anaacutelise metafoacuterica diaacuterios e narrativas (Ellis 1998 Miller amp Ginsberg 1995) desenhos (Swales 1994) e estudos de caso (Allen 1996 Valenzuela 1996) Esses estudos mais embasados permitem que o sentido emerja do contexto e indicam a importacircncia de se examinar a relaccedilatildeo entre as crenccedilas dos alunos e suas accedilotildees em contexto Vaacuterios autores sugerem que as crenccedilas satildeo formadas pela cultura do alunos e pelos contextos sociais nos quais eles estatildeo inseridos (Barcelos 1995 Riley 1997 Tumposky 1991 Yang 1992) Aleacutem disso as crenccedilas satildeo variaacuteveis (Sakui amp Gaies 1999 Kalaja 1995) e construiacutedas socialmente (Kalaja 1995)

Embora as trecircs abordagens sejam diferentes no modo de definir e investigar as crenccedilas todas elas enfatizam que as crenccedilas influenciam o comshyportamento definido em LA como as estrateacutegias de aprendizagem ou aborshydagem de aprendizagem dos alunos (Abraham amp Vann 1987 Horwitz 1985 19871988 Mantie-Bromley 1995 Wenden 1987) Entretanto a relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees natildeo eacute tatildeo direta (Riley 1997 Yang 1992) As crenccedilas natildeo somente influenciam accedilotildees mas as accedilotildees e reflexotildees sobre experiecircncias podem levar a mudanccedilas ou criar outras crenccedilas (Murphey 1996 Riacutechardson 1996) conforme ilustra a Figura 2

Figura 2 Relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees

Crenccedilas

Accedilotildees

De acordo com Riley (1997141) os pesquisadores devem ldquoolhar para as condiccedilotildees de aprendizagem onde os aprendizes se encontramrdquo para entender suas crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas Em resumo as crenccedilas devem ser investigadas de maneira interativa onde crenccedilas e accedilotildees se inter-relacionem e se iacutenterconectem

Perguntas e sugestotildees para pesquisas futuras a respeito de crenccedilassobre aprendizagem de liacutenguas

Vaacuterias questotildees a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas podem ser mais bem investigadas em trabalhos futuros Em primeishy

86 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

ro lugar como se desenvolvem as crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas Estudos mais longitudinais podem mostrar como as crenccedilas evolushyem e mudam com o passar do tempo Estudos interpretativos podem levar a uma compreensatildeo mais aprofundada sobre as crenccedilas E crucial entender como as experiecircncias pessoais dos alunos contribuem para moldar suas crenccedilas e suas accedilotildees no contexto social da aula de liacutengua estrangehra Observaccedilotildees de aula e entrevistas detalhadas de alunos e professores podem ajudar a contextualizar aspectos encontrados em dashydos quantitativos (Sakui amp Gaies 1999 Kem 1995 Press 1996) Mais importante ainda eacute considerar que estudos interpretativos poderatildeo dar uma visatildeo mais aprofundada de como as experiecircncias de aprender dos alunos em contextos diferentes no Brasil tais como escolas puacuteblicas ldquocursinhos de inglecircsrdquo e no exterior influenciam os tipos de crenccedilas que esse alunos tecircm sobre como aprender inglecircs e suas accedilotildees para aprender nesses contextos diferentes

Em segundo lugar como as crenccedilas podem ser modificadas Wenden (1991) sugere um plano para explorar as crenccedilas dos aprendishyzes Ateacute o momento natildeo existe estudo empiacuterico que tenha tentado mushydar as crenccedilas dos aprendizes ou incorporar uma discussatildeo sobre crenshyccedilas a respeito de aprendizagem de liacutenguas em atividades de sala de aula levando os alunos a uma aprendizagem reflexiva A aprendizagem refleshyxiva de maneira semelhante ao conceito de ensino reflexivo dos professhysores diz respeito agrave conscientizaccedilatildeo dos alunos sobre como eles aprenshydem uma liacutengua estrangeira Aprender reflexivamente significa abrir a discussatildeo a respeito de crenccedilas estrateacutegias e estilos de aprendizagem aos alunos para que eles mesmos possam refletir entre eles e com seus professores sobre sua cultura de aprender sobre crenccedilas de aprendizashygem de liacutenguas e como elas influenciam suas accedilotildees para aprender dentro e fora de sala de aula Estudos futuros devem incorporar a discussatildeo a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas em atividades de sala de aula dando oportunidade a alunos e professores de liacutenguas de discutir e refletir natildeo somente sobre suas proacuteprias crenccedilas mas tambeacutem sobre obstaacuteculos dentro e fora da sala de aula de liacutenguas que possam impedi- los de agir de acordo com suas proacuteprias crenccedilas e de desenvolver seu potencial para ensino e aprendizagem7

7 Barcelos (2000a) e Murphey (1997) oferecem algumas sugestotildees de atividades relacionadas agraves crenccedilas que podem ser exploradas em sala de aula

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 87

Finalmente quais as funccedilotildees que as crenccedilas exercem nas experishyecircncias de aprendizagem dos alunos e nas accedilotildees que eles praticam para aprender liacutenguas Natildeo sabemos ainda como os alunos usam suas crenccedilas para lidar com a complexidade da aprendizagem de liacutenguas ou seja se os alunos definem seu proacuteprio contexto e atuam nele noacutes precisamos entender como as crenccedilas os ajudam a fazer isso e a ldquonavegarrdquo no discurshyso da sala de aula de liacutenguas (Breen 1996) Pesquisas futuras devem investigar como a sala de aula de liacutenguas como um contexto social ajushyda a moldar as crenccedilas dos alunos e como as crenccedilas dos alunos por sua vez moldam a interaccedilatildeo e as accedilotildees que ocorrem na cultura da sala de aula

A pesquisa a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas precisa ir aleacutem da simples descriccedilatildeo de crenccedilas como indicadores de um comportamento futuro E preciso uma investigaccedilatildeo contextualizada das crenccedilas E necessaacuterio entender como as crenccedilas interagem com as accedilotildees dos alunos e que funccedilotildees elas exercem em suas experiecircncias de aprendishyzagem dentro e fora de sala de aula Como Dewey (1933) sugeriu o conhecimento natildeo pode estar separado da accedilatildeo Assim uma investigashyccedilatildeo do que os alunos sabem ou acreditam deve envolver (a) suas experishyecircncias e accedilotildees (b) suas interpretaccedilotildees sobre essas experiecircncias e (c) o contexto social e como esse contexto molda as suas experiecircncias

Referecircncias Bibliograacuteficas

ABELSON R P Difference between belief and knowledge systems Cognitive Science 3 p 355-366 1979ABRAHAM R G VANN R J Strategies of two language leamers A case study InWENDEN A RUBIN J (Ed) Leamer strategies in language leaming Londres Prentice Hall 1987 p 85-102ALLEN L The evolution of a learnerrsquos beliefs about language leaming Carleton Papers in Applied Language Studies XIII p 67-801996 BARCELOS A M F A cultura de aprender liacutengua estrangeira (inshyglecircs) de alunos de Letras 1995 188f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Linguumliacutestica Aplicada) - Instituto de Estudos da Linguagem UNICAMP Campinas

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

___ Current Approaches to the Investigation of Language LearningBeliefs A Literature Review In AILA99 1999 Toacutequio 12th World Congress o f Applied Linguistics AILA99 mdash Programa and Abstracts Toacutequio AILA 1999 p 133__ Understanding teachersrsquo and students language learning beliefs inexperience A Deweyan Approach 2000357f Tese (Doutorado em Ensino de Ingles como Segunda Lingua) College of Education The University of Alabama Tuscaloosa__ Incorporating language learning beliefs in the classroom - WorkshopUniatildeo Cultural Brasil Estados Unidos Satildeo Paulo 3 de agosto 2000a BENSON R A critical view of learner training Learning Learning v 2 n 2 p 2-61995BLOCK D Learning by listening to language learners System v 25 n 3 p 347-360 1997BLOCK D Exploring interpretations of questionnaire items System v 26 n 3 p 403-4251998BREEN M Constructions of the learner in second language acquisition researchInALATIS 1 STRAEHLE C RONKIN M GALLENBERGER B (Ed) Georgetown University Round Table on Languages and Linguistics Washyshington Georgetown University Press 1996 p 84-115CARVALHO V C P S A aprendizagem de liacutengua estrangeira sob a oacutetica de alunos de letras crenccedilas e mitos 2000 138f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Estudos Linguumliacutesticos) - Faculdade de Letras UFMG Belo Horizonte CAMPBELL C M SHAW V M PLAGEMAN ME ALLEN T A Exploring student beliefs about language learning In HATFIELD W N (Ed) Visions and realities in foreign language teaching where we are where we are going Lincolnwood National Textbook 1993 p 29-39 CORTAZZI M amp JIN L Cultures of learning Language classrooms in China InCOLEMAN H (Ed) Society and the language classroom Cambridge Cambridge University Press p 169-2031996COTTERALL S Readiness for autonomy Investigating learner beliefs System v 23 n 2 p195-2051995DEWEY J How we think Lexington D C Heath 1993ELLIS R The metaphorical constructions of second language learners In AAALrsquo9 8 1998 Seatle AAALAnual Conference Seatle AAAL 1998

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 89

ERLBAUM B E BERG C A DODD D H Previous learning experiences strategy beliefs and task definition in self-regulated foreign language learning Contemporary Educational Psychology v 18 n 3 p 318-336 1993FREEMAN D The ldquounstudied problemrdquo Research on teacher learning in language teaching In FREEMAN D RICHARDS JC (Ed) Teacher learning in language teaching9 Cambridge Cambridge University Press 1996 p 351-378GARCIA C R P As culturas de aprender uma lingua estrangeira (inshyglecircs) em sala de aula que se propotildee interdisciplinar 1999125f Dissershytaccedilatildeo (Mestrado em Linguumliacutestica Aplicada) - Instituto de Estudos da Linshyguagem UNICAMP CampinasGEMENEZ T Learners becoming teacher an exploratory study of beliefs held by prospective and practising EFL teachers in Brazil 1994 340f Tese (Doutorado) Lancaster Lancaster UniversityGOODWIN C DURANTI A Rethinking context An introduction In DURANTI A GOODWIN C (Ed) Rethinking context Language as an interactive phenomenon Cambridge Cambridge University Press 1992 p 1-42HOLEC H The learner as manager managing learning or managing to learn In WENDEN A RUBIN J (Ed) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p 145-156HOLLIDAY A Appropriate methodology and social context Cambridge Cambridge University Press 1994HORWITZ E K Using student beliefs about language learning and teaching in the foreign language methods course Foreign Language Annals v 18 n 4 p 333-340 1985HORWITZ E K Surveying studentsrsquo beliefs about language learning In WENDEN A RUBIN J (Ed) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p 110-129HORWITZ E K The beliefs about language learning of beginning university foreign language students The Modem Language Journal v 72 n 3 p 283-294 1988KALAJA P Student beliefs (or metacognitive knowledge) about SLA reconsidered International Journal o f Applied Linguistics v 5 n 2 p 191-204 1995KERN R G Students7 and teachers beliefs about language learning Foreign Language Annals v 28 n 1 p 71-92 1995

90 Rev B ras ile ira de L inguumlistica A plicada v l n l 2001

KUNTZ P Students of lsquoeasy languages Their beliefs about language learning [ERIC Document Reproduction Service No ED397658] 1996 KUNTZ P Students and their teachers of Arabic Beliefs about language learning ERIC Document Reproduction Service No ED407854] 1997 MANTLE-BROMLEY C Positive attitudes and realistic beliefs Links to proficiency The Modem Language Journal v 79 n 3 p 372-386 1995 LAVE J The practice of learning In CHAIumlNKLIN S LAVE J (Ed) Understanding practice Perspectives on activity and context Cambridge Cambridge University Press 1993 p 3-32LOW G The semantics of questionnaire rating scales Evaluation and Research in Education v 2 n 2 p 69-791988LUPPESCU S DAY R R Examining attitude in teachers and students the need to validate questionnaire data Second Language Research v 6 n 2 p 125-1341990MCDONOUGH J MCDONOUGH S H Research methods for English language teachers London Arnold 1997MUNB Y H A qualitative approach to the study of a teacherrsquos beliefs Journal of Research in Science Teaching v 21 n 1 p 27-38 1984MILLER L amp GINSBERG R B FolWinguistic theories of language learning In FREED B F (Ed) Second language acquisition in a study abroad context Amsterdam John Benjamins 1995 p 293-315MORI Y Epistemological beliefs and language learning beliefs What do language learners believe about their learning [ERIC Document Reproduction Service No ED406657] 1997MURPHEY T Experiencing and mapping in teacher education In SACHS GT Brock M Lo R (Ed) Directions in second language teacher education Hong Kong City University of Hong Kong 1996 p 202-219 MURPHEY T Language hungiy An introduction to language learning fun and self-esteem Tokyo MacMillan 1997NESPOR J The role of beliefs in the practice of teaching Journal of Curnculum Studies v 19 n 4 p 317-328 1987PAJARES F M Teachersrsquo beliefs and educational research Cleaning up a messy construct Review of Educational Research v 62 n 3 p 307-332 1992PRESS M-C Ethnicity and the autonomous language learner different beshyliefs and learning strategies In BROADY E KENNING M-M (Ed) Proshymoting Learner autonomy in university language teaching London Assoshyciation for French StudiesCILT 1996 p237-259

Rev B rasile ira de L ing uuml iacutes tica A plicada v l n l 2001 91

RAMANATHAN V ATKINSON D Ethnographic approaches and methods in L2 writing research A critical guide and Review Applied Linguistics v 20 n 1 1999 p44-70RICHARDS J C LOCKHART C Reflective teaching in second language classrooms Cambridge Cambridge University Press 1994 RICHARDSON V The role of attitudes and beliefs in learning to teach In SIKULA J (Ed) Handbook o f Research on Teacher Education (2 ed) New York Macmillan 1996 p 102-119RILEY R The guru and the conjurer aspects of counselling for self- access In BENSON P amp VOLLER P (Ed) Autonomy and independence in language learning New York Longman 1997 p 114- 131ROKEACH M Beliefs attitudes and values A theory of organization and change San Francisco Jossey-Bass 1968SCHWANDT T A Qualitative Inquiry a dictionary of terms Thousand Oaks Sage1997SAKUI K GAIES S Investigating Japanese learners beliefs about language learning System v 27 n 4 p 473-4921999SU D A study o f English learning strategies and styles o f Chinese university students in relation to their cultwal beliefs about learning English 1995 Dissertaccedilatildeo (Doutorado) - University of Georgia Athens SWALES S From metaphor to meta-language English Teaching Forum v 32 n 3 p8- 11 1994TUMPOSKYN Student beliefs about language learning A cross-cultural study Carleton Papers in Applied Language Studies v 8 p 50-65 1991VALENZUELA S M The management of language learning Who is supposed to do what Carleton Papers in Applied Language Studies XIII 1996 p 21-35VIANA N A A desconstruccedilatildeo dos mitos na aprendizagem de liacutengua estrangeira Uberlacircndia Departamento de Letras UFU 1993 5f MimeografadoVICTORI M Investigating the metacognitive knowledge of students of English as a second language 1992 Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - University of California Los AngelesVICTORI M LOCKHART W Enhancing metacognition in self-directed language learning System v 23 n 2 p 223-234 1995

92 Rev B ras ile ira de LingUistica A plicada v l n l 2001

WEN Q JOHNSON R K L2 learner variables and English achievement A study of tertiary-level English majors in China Applied Linguistics v 18 p 27-48 1997WENDEN A Helping language learners think about learning ELT Journal v 40 nl p3-12 1986WENDEN A How to be a successful language learner insights and prescriptions from L2 learners In WENDEN A amp RUBIN J (Eds) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p103-117WENDEN A Learner strategies for learner autonomy London Prentice Hall 1991WENDEN A Metacognitive knowledge and language learning Applied Linguistics v 19 n 4 p 515-537 1999WOODS D Teacher cognition in language teaching Beliefs decisionshymaking and classroom practice Cambridge Cambridge University Press 1996WOODS D Decision-making in language learning A lens for examining learner strategies The Language Teacher Online Outubro 1997 [cited 26 M ay 1998] Available from World Wide WeB lthttp languehyperchubuacjpjaltpubtli97octwoodshtmlgtYANG ND Second language learnersrsquo beliefs about language learning and their use of learning strategies A study of college students of Enshyglish in Taiwan 1992 Tese (Doutorado) - The University of Texas Ausshytin

Page 9: Pesquisa das crenças sobre aprendizagem de línguas

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n J 2001 79

A abordagem metacognitiva

Os estudos nessa abordagem definem crenccedilas como conhecimenshyto metacognitivo daiacute o nome da abordagem Os estudos incluiacutedos aqui utilizam-se basicamente de entrevistas semi-estruturadas e auto-relatos embora questionaacuterios semi-estruturados possam ser usados (cf Victori 1992) O que une os estudos nessa abordagem eacute a definiccedilatildeo de crenccedilas como conhecimento metacognitivo O pressuposto impliacutecito nessa aborshydagem eacute que o conhecimento metacognitivo dos alunos se constituem em suas ldquoteorias em accedilatildeordquo que os ajudaraacute a refletir sobre o que fazem e a desenvolver seu potencial para a aprendizagem (Wenden 1987 112)

Existem poucos estudos nessa abordagem (ateacute agora somente Wenden 1987 Victori 1992 Victori amp Lockhart 1995) A maioria dos estudos tem como referencial teoacuterico o conhecimento cognitivo e sua influecircncia na aprendizagem (ver Wenden 198619911999) O pressushyposto baacutesico nesses estudos eacute que os aprendizes pensam sobre seu proshycesso de aprendizagem de liacutenguas e satildeo capazes de articular algumas de suas crenccedilas Wenden (1986) descobriu que os aprendizes satildeo capazes de falar sobre a liacutengua sua proficiecircncia na liacutengua os resultados de seus esforccedilos na aprendizagem seu papel no processo de aprendizagem de liacutenguas e a melhor maneira de aprender liacutenguas

Wenden (1987 163) define conhecimento cognitivo como o coshynhecimento ldquoestaacutevel declaraacutevel embora agraves vezes incorreto que os aprenshydizes tecircm sobre linguagem aprendizagem e aprendizagem de liacutenguasrdquo A autora caracteriza esse conhecimento como faliacutevel ou seja nem semshypre empiricamente sustentaacutevel e interativo isto eacute que pode influenciar os resultados da aprendizagem

Wenden (1987) investigou as crenccedilas prescritivas dos aprendizes a fim de saber se eles tinham esses tipos de crenccedilas quais eram essas crenccedilas e se elas refletiam-se no que os aprendizes diziam fazer para aprender uma segunda liacutengua A autora define crenccedilas prescritivas como crenccedilas dos aprendizes sobre a melhor maneira de se aprender uma seshygunda liacutengua Ela entrevistou 25 alunos que moravam nos Estados Unishydos por dois anos e estavam matriculados em niacuteveis avanccedilados em um instituto de liacutenguas Os resultados mostraram que os alunos tinham crenshyccedilas prescritivas sobre (a) a importacircncia de usar a liacutengua de uma maneira natural isto eacute praticando pensando em inglecircs morando e estudando onde o inglecircs eacute falado (b) a importacircncia de aprender sobre a liacutengua sua

80 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

gramaacutetica e seu vocabulaacuterio aprender com os erros e estar mentalmente ativo e (c) a importacircncia de fatores pessoais (sentimentos auto-concei- to atitude e aptidatildeo) Ao comparar as crenccedilas de seu estudo com aqueshylas usadas no questionaacuterio BALLI Wenden constatou que algumas eram bem diferentes enquanto outras natildeo estavam representadas no BALLI Em sua conclusatildeo Wenden faz uma criacutetica sutil aos questionaacuterios afirshymando que essas ldquodiferenccedilas apontam para a necessidade de se desenshyvolver um questionaacuterio mais abrangente e representativo do conjunto de crenccedilasrdquo (Wenden 1987 113)

Os estudos dentro dessa abordagem definem crenccedilas como coshynhecimento metacognitivo caracterizado por Wenden (1987) como coshynhecimento estaacutevel e faliacutevel Nesse sentido eacute semelhante agrave definiccedilatildeo da abordagem normativa pois tambeacutem vecirc as crenccedilas como obstaacuteculo a uma determinada visatildeo de aprendizagem A metodologia natildeo envolve o uso de questionaacuterios Likertscale como o BALLI mas o uso de entrevistas que satildeo analisadas de acordo com seu conteuacutedo e podem envolver tamshybeacutem o uso de questionaacuterios semi-estruturados A relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilatildeo tambeacutem natildeo eacute investigada mas apenas sugerida e discutida somenshyte em relaccedilatildeo a estrateacutegias de aprendizagemVantagens e Desvantagens

As vantagens da abordagem metacognitiva satildeo vaacuterias Em prishymeiro lugar atraveacutes do uso de entrevistas os alunos tecircm a oportunidade de elaborar e refletir sobre suas experiecircncias De acordo com Block (1997) entrevistas permitem aos alunos definir e avaliar o processo de aprendizagem em seus proacuteprios termos Em segundo lugar na abordashygem metacognitiva as crenccedilas satildeo consideradas como conhecimento Isso implica o reconhecimento das crenccedilas dos alunos como parte de seu processo de raciociacutenio Apesar de tais vantagens a abordagem metacognitiva natildeo infere as crenccedilas atraveacutes das accedilotildees mas somente atrashyveacutes de intenccedilotildees e declaraccedilotildees verbais Aleacutem disso embora haja o recoshynhecimento da relaccedilatildeo entre crenccedilas e contexto essa relaccedilatildeo e sua influshyecircncia nas crenccedilas dos alunos natildeo satildeo consideradas ou analisadas

A abordagem contextuai

Mais recentemente alguns estudos comeccedilaram a investigar as crenccedilas sob uma perspectiva diferente Esses estudos natildeo utilizam quesshytionaacuterios nem definem crenccedilas como conhecimento cognitivo As crenshy

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 81

ccedilas satildeo investigadas atraveacutes de observaccedilotildees de sala de aula e anaacutelise do contexto6 especiacutefico onde os alunos atuam daiacute o nome dessa abordashygem Esses estudos natildeo tecircm como objetivo generalizar sobre as crenccedilas mas compreender as crenccedilas de alunos (ou professores) em contextos especiacuteficos

Os estudos incluiacutedos nessa abordagem caracterizam crenccedilas como especiacuteficas de um determinado contexto (Allen 1996) ou de uma cultura de aprender de um determinado grupo (Barcelos 1995 Garcia 1999) Os estudos em sua maioria procuram considerar a influecircncia da experishyecircncia anterior de aprendizagem de liacutenguas dos alunos natildeo somente em suas crenccedilas mas tambeacutem em suas accedilotildees dentro de um contexto especiacuteshyfico Dentre os estudos dessa abordagem destaco o estudo de Allen (1996) Allen investigou a influecircncia das crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas do professor nas crenccedilas estabelecidas de um aprendiz Ela tamshybeacutem examinou se e como os comportamentos as estrateacutegias e as percepshyccedilotildees do aluno sobre seu proacuteprio sucesso na aprendizagem de liacutenguas foram afetados como resultado dessa influecircncia O participante da pesshyquisa foi um libanecircs aluno de niacutevel intermediaacuterio de inglecircs no Carleton School of Linguistics no Canadaacute A metodologia incluiu observaccedilotildees de sala de aula entrevistas com professor e aluno e anotaccedilotildees em seus diaacuteshyrios Allen tambeacutem analisou o livro-texto as apostilas e os materiais adishycionais preparados pelo professor

Os resultados indicaram que as crenccedilas do professor influenciashyram as crenccedilas do aluno A princiacutepio o aluno acreditava que o professor deveria ser o responsaacutevel por sua aprendizagem que a interaccedilatildeo com falantes nativos era melhor para sua aprendizagem e que ele deveria ter uma pronuacutencia mais perto possiacutevel da nativa O professor acreditava que os alunos eram responsaacuteveis por sua aprendizagem e que natildeo deveriam ter uma pronuacutencia similar agrave dos nativos Ao final do semestre as crenccedilas do aluno tomaram-se mais similares agraves do seu professor e isso afetou a percepccedilatildeo do aluno sobre seu sucesso na aprendizagem e as estrateacutegias utishy

6 A definiccedilatildeo de contexto neste trabalho natildeo se refere a ldquoum recipiente estaacutetico que circunda a interaccedilatildeo socialrdquo (Lave 1993 22) Contexto eacute definido neste estudo como ldquoum fenocircmeno socialmente constituiacutedo e sustentado interativamente onde ldquocada accedilatildeo acrescentada dentro da interaccedilatildeo modifica o contexto existente enquanto cria uma nova arena para interaccedilotildees subsequumlentesrdquo (Goodwin amp Duranti 19925-6) De acordo com essa definiccedilatildeo as perpectiacutevas dos participantes e a maneira como eles organizam suas percepccedilotildees dos eventos satildeo essenciais

82 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada vJ n l 2001

lizadas por ele O estudo de Alien (1996) mostra primeiro que as crenccedilas estatildeo inter-relacionadas com as experiecircncias dos alunos e segundo que as crenccedilas natildeo satildeo tatildeo estaacuteveis como se costuma pensar Conforme sugerido por Valenzuela (1996) uma boa abordagem para inferir crenccedilas envolve sua investigaccedilatildeo atraveacutes de acircngulos diferentes combinando observaccedilotildees e enshytrevistas

Na abordagem contextual as crenccedilas satildeo caracterizadas como deshypendentes do contexto A metodologia utilizada envolve o uso de entrevisshytas e principalmente observaccedilotildees de sala de aula Esse eacute o ponto que difere essa abordagem das outras Assim a relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilatildeo natildeo eacute somente sugerida mas eacute investigada dentro do contexto especiacutefico dos alushynos

Vantagens e desvantagens

A abordagem contextual oferece uma definiccedilatildeo mais ampla de crenshyccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas caracterizando-as como dinacircmicas e soshyciais e propondo uma metodologia diferente para investigaacute-las Essa metodologia fornece uma riqueza de detalhes bem mais refinados a respeito dos tipos de crenccedilas e do contexto onde essas crenccedilas se desenvolvem pershymitindo assim uma maior compreensatildeo das crenccedilas e de sua relaccedilatildeo com a abordagem de aprender liacutenguas estrangeiras dos alunos Aleacutem disso ao reshytratar os aprendizes como agentes sociais interagindo em seus contextos essa abordagem tambeacutem apresenta uma visatildeo mais positiva do aprendiz do que as abordagens normativa e metacognitiva Entretanto estudos desse tipo podem consumir muito tempo e satildeo mais adequados agraves investigaccedilotildees com menor nuacutemero de participantes A Tabela 1 resume as caracteriacutesticas vantagens e desvantagens de cada abordagem

Tabela 1 Caracteriacutesticas vantagens e desvantagens das trecircs aborshydagens

Normativa Metacognitiva Contextual

Metodologia

Definiccedilatildeo de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas

Q uestionaacuterios tipo Likert-scale

C renccedilas satildeo vistas como sinocircn im os de ideacuteias preshyconcebidas concepccedilotildees errocircneas e opiniotildees

E ntrevistas

C renccedilas satildeo descritas com o conhecim ento m etacognitivo estaacutevel e agraves vezes faliacutevel que os aprendizes possuem sobre aprendizagem de liacutenguas

Observaccedilotildees entrevistas diaacuterios e

estudos de caso

Crenccedilas satildeo vistas como parte da cultura de aprender e como representaccedilotildees de aprendizagem em um a determ inada sociedade

R ev B ra s ile ira d e L in g uuml iacutes tic a A p lic a d a v l n l 2001

R elaccedilatildeo e n tre c re n ccedila s e accedilotildees

Crenccedilas satildeo vistas como bons indicadores do comportam ento futuro dos alunos sua disposiccedilatildeo para ensino autocircnom o e sucesso como aprendizes de liacutengua

C renccedilas satildeo vistas como bons indicadores do com portam ento futuro dos alunos sua disposiccediluumlo para ensino autocircnom o e sucesso com o aprendizes de liacutengua em bora admita- se a influecircncia de outros fatores com o objetivos por exemplo

Crenccedilas sao vistas como especiacuteficas do contexto ou seja as crenccedilas devem ser investigadas dentro do contexto de suas accedilotildees

V antagens Perm ite que as crenccedilas sejam investigadas com am ostras grandes em eacutepocas diferentes e em vaacuterios contextos ao mesmo tempo

Perm ite que os alunos usem suas proacuteprias palavras elaborem e reflitam sobre suas experiecircncias de aprender

Perm ite que as crenccedilas sejam investigadas levando em consideraccedilatildeo natildeo soacute as proacuteprias palavras dos alunos mas tambeacutem o contexto de suas accedilotildees

D esvantagens Restringe a escolha dos participantes com um conjunto de afirmaccedilotildees predeterm inadas pelo pesquisador Os alunos podem ter interpretaccedilotildees diferentes sobre esses itens

As crenccedilas satildeo investigadas somente atraveacutes das afirmaccedilotildees dos alunos (natildeo haacute preocupaccedilatildeo com a accedilatildeo dos alunos)

Eacute mais adequada com pequeno nuacutem ero de participantes Consome m uito tempo

Discussatildeo e conclusatildeo

Neste trabalho foi feita uma revisatildeo criacutetica da metodologia de investigaccedilatildeo sobre crenccedilas a respeito de aprendizagem Sugeriu-se a exisshytecircncia de trecircs abordagens a normativa a metacognitiva e a contextuai As diferentes metodologias indicam a concepccedilatildeo impliacutecita de crenccedilas utilizadas por vaacuterios estudos

Enquanto na abordagem normativa as crenccedilas satildeo definidas em geral como concepccedilotildees errocircneas e satildeo investigadas de uma maneira descontextualizada na abordagem metacognitiva as crenccedilas satildeo investigadas atraveacutes de entrevistas dando aos alunos mais chances de usarem suas proacuteprias palavras e de contarem suas proacuteprias estoacuterias Enshytretanto tanto a abordagem normativa quanto a metacognitiva consideshyram crenccedilas como uma caracteriacutestica mental como apontado por Kalaja (1995) Natildeo se quer dizer com isso que as crenccedilas natildeo tenham um comshyponente cognitivo mas natildeo se deve esquecer tambeacutem que as crenccedilas assim como o conhecimento estatildeo embutidas no contexto Uma definishyccedilatildeo de crenccedilas que leve em consideraccedilatildeo o contexto seria essencial na compreensatildeo do papel que as crenccedilas exercem na experiecircncia de aprenshydizagem de liacutenguas dos alunos

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

Em resumo tanto a abordagem normativa quanto a metacognitiva falham em levar em consideraccedilatildeo a natureza experiencial das crenccedilas por (a) natildeo analisar as crenccedilas dos alunos nos seus proacuteprios termos (b) tratar as crenccedilas como um conceito fixo a-priori e (c) natildeo prestar atenshyccedilatildeo ao contexto social das crenccedilas

Eacute importante notar entretanto que na praacutetica as distinccedilotildees enshytre as trecircs abordagens podem natildeo ser tatildeo distintas As escolhas metodoloacutegicas frequumlentemente dependem dos tipos de perguntas de pesshyquisa Aleacutem disso trabalhos recentes como os Carvalho (2000) e Sakui amp Gaies (1999) combinam diferentes instrumentos de coleta como por exemplo o uso de questionaacuterios com escalas do tipo Likert e entrevista Outra maneira de visualizar as trecircs abordagens eacute dentro de um contiacutenuo de dois poacutelos que representam categorias a priori ou embasadas (grounded) que dizem respeito agrave maneira como os dados satildeo coletados e analisados Assim a abordagem normativa se utiliza de categorias a- priori de anaacutelise ou seja preacute-determinadas enquanto a abordagem contextuai emprega categorias embasadas ou seja permite que o sentishydo emerja dos dados (Freeman 1996) A abordagem metacognitiva enshycontra-se entre essas duas categorias com maior proximidade com a cashytegoria a-priori conforme ilustra a Figura 1

Figura 1 Abordagens de investigaccedilatildeo e categorias de anaacutelise

Normativa Metacognitiva Contextuai___ I______________________ 1_____________________ ______Categorias a priori Categorias embasadas

Os estudos atuais descrevem os tipos de crenccedilas que os alunos podem ter e apontam para a importacircncia desse toacutepico em LA Entretanshyto a falta de mais estudos embasados natildeo tem ajudado a entender como os alunos na verdade usam as crenccedilas para interpretar situaccedilotildees diferenshytes e tomar decisotildees em seu processo de aprendizagem (Woods 1997) Alguns trabalhos da abordagem contextuai jaacute investigam esse aspecto mas ainda se sabe muito pouco sobre as funccedilotildees que as crenccedilas exercem na aprendizagem de liacutenguas Alguns pesquisadores jaacute sugeriram que enshytrevistas abertas e observaccedilotildees de sala de aula podem nos ajudar a ter uma visatildeo bem mais precisa a respeito das crenccedilas (Kern 1995 Pajares 1992 Press 1996)

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 85

Estudos recentes tecircm combinado abordagens muacuteltiplas usando questionaacuterios com observaccedilotildees de sala de aula (Mantle-Bromley 1995) e com entrevistas (Sakui amp Gaies 1999 Wen amp Johnson 1997) Outros estudos utilizam anaacutelise metafoacuterica diaacuterios e narrativas (Ellis 1998 Miller amp Ginsberg 1995) desenhos (Swales 1994) e estudos de caso (Allen 1996 Valenzuela 1996) Esses estudos mais embasados permitem que o sentido emerja do contexto e indicam a importacircncia de se examinar a relaccedilatildeo entre as crenccedilas dos alunos e suas accedilotildees em contexto Vaacuterios autores sugerem que as crenccedilas satildeo formadas pela cultura do alunos e pelos contextos sociais nos quais eles estatildeo inseridos (Barcelos 1995 Riley 1997 Tumposky 1991 Yang 1992) Aleacutem disso as crenccedilas satildeo variaacuteveis (Sakui amp Gaies 1999 Kalaja 1995) e construiacutedas socialmente (Kalaja 1995)

Embora as trecircs abordagens sejam diferentes no modo de definir e investigar as crenccedilas todas elas enfatizam que as crenccedilas influenciam o comshyportamento definido em LA como as estrateacutegias de aprendizagem ou aborshydagem de aprendizagem dos alunos (Abraham amp Vann 1987 Horwitz 1985 19871988 Mantie-Bromley 1995 Wenden 1987) Entretanto a relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees natildeo eacute tatildeo direta (Riley 1997 Yang 1992) As crenccedilas natildeo somente influenciam accedilotildees mas as accedilotildees e reflexotildees sobre experiecircncias podem levar a mudanccedilas ou criar outras crenccedilas (Murphey 1996 Riacutechardson 1996) conforme ilustra a Figura 2

Figura 2 Relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees

Crenccedilas

Accedilotildees

De acordo com Riley (1997141) os pesquisadores devem ldquoolhar para as condiccedilotildees de aprendizagem onde os aprendizes se encontramrdquo para entender suas crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas Em resumo as crenccedilas devem ser investigadas de maneira interativa onde crenccedilas e accedilotildees se inter-relacionem e se iacutenterconectem

Perguntas e sugestotildees para pesquisas futuras a respeito de crenccedilassobre aprendizagem de liacutenguas

Vaacuterias questotildees a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas podem ser mais bem investigadas em trabalhos futuros Em primeishy

86 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

ro lugar como se desenvolvem as crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas Estudos mais longitudinais podem mostrar como as crenccedilas evolushyem e mudam com o passar do tempo Estudos interpretativos podem levar a uma compreensatildeo mais aprofundada sobre as crenccedilas E crucial entender como as experiecircncias pessoais dos alunos contribuem para moldar suas crenccedilas e suas accedilotildees no contexto social da aula de liacutengua estrangehra Observaccedilotildees de aula e entrevistas detalhadas de alunos e professores podem ajudar a contextualizar aspectos encontrados em dashydos quantitativos (Sakui amp Gaies 1999 Kem 1995 Press 1996) Mais importante ainda eacute considerar que estudos interpretativos poderatildeo dar uma visatildeo mais aprofundada de como as experiecircncias de aprender dos alunos em contextos diferentes no Brasil tais como escolas puacuteblicas ldquocursinhos de inglecircsrdquo e no exterior influenciam os tipos de crenccedilas que esse alunos tecircm sobre como aprender inglecircs e suas accedilotildees para aprender nesses contextos diferentes

Em segundo lugar como as crenccedilas podem ser modificadas Wenden (1991) sugere um plano para explorar as crenccedilas dos aprendishyzes Ateacute o momento natildeo existe estudo empiacuterico que tenha tentado mushydar as crenccedilas dos aprendizes ou incorporar uma discussatildeo sobre crenshyccedilas a respeito de aprendizagem de liacutenguas em atividades de sala de aula levando os alunos a uma aprendizagem reflexiva A aprendizagem refleshyxiva de maneira semelhante ao conceito de ensino reflexivo dos professhysores diz respeito agrave conscientizaccedilatildeo dos alunos sobre como eles aprenshydem uma liacutengua estrangeira Aprender reflexivamente significa abrir a discussatildeo a respeito de crenccedilas estrateacutegias e estilos de aprendizagem aos alunos para que eles mesmos possam refletir entre eles e com seus professores sobre sua cultura de aprender sobre crenccedilas de aprendizashygem de liacutenguas e como elas influenciam suas accedilotildees para aprender dentro e fora de sala de aula Estudos futuros devem incorporar a discussatildeo a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas em atividades de sala de aula dando oportunidade a alunos e professores de liacutenguas de discutir e refletir natildeo somente sobre suas proacuteprias crenccedilas mas tambeacutem sobre obstaacuteculos dentro e fora da sala de aula de liacutenguas que possam impedi- los de agir de acordo com suas proacuteprias crenccedilas e de desenvolver seu potencial para ensino e aprendizagem7

7 Barcelos (2000a) e Murphey (1997) oferecem algumas sugestotildees de atividades relacionadas agraves crenccedilas que podem ser exploradas em sala de aula

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 87

Finalmente quais as funccedilotildees que as crenccedilas exercem nas experishyecircncias de aprendizagem dos alunos e nas accedilotildees que eles praticam para aprender liacutenguas Natildeo sabemos ainda como os alunos usam suas crenccedilas para lidar com a complexidade da aprendizagem de liacutenguas ou seja se os alunos definem seu proacuteprio contexto e atuam nele noacutes precisamos entender como as crenccedilas os ajudam a fazer isso e a ldquonavegarrdquo no discurshyso da sala de aula de liacutenguas (Breen 1996) Pesquisas futuras devem investigar como a sala de aula de liacutenguas como um contexto social ajushyda a moldar as crenccedilas dos alunos e como as crenccedilas dos alunos por sua vez moldam a interaccedilatildeo e as accedilotildees que ocorrem na cultura da sala de aula

A pesquisa a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas precisa ir aleacutem da simples descriccedilatildeo de crenccedilas como indicadores de um comportamento futuro E preciso uma investigaccedilatildeo contextualizada das crenccedilas E necessaacuterio entender como as crenccedilas interagem com as accedilotildees dos alunos e que funccedilotildees elas exercem em suas experiecircncias de aprendishyzagem dentro e fora de sala de aula Como Dewey (1933) sugeriu o conhecimento natildeo pode estar separado da accedilatildeo Assim uma investigashyccedilatildeo do que os alunos sabem ou acreditam deve envolver (a) suas experishyecircncias e accedilotildees (b) suas interpretaccedilotildees sobre essas experiecircncias e (c) o contexto social e como esse contexto molda as suas experiecircncias

Referecircncias Bibliograacuteficas

ABELSON R P Difference between belief and knowledge systems Cognitive Science 3 p 355-366 1979ABRAHAM R G VANN R J Strategies of two language leamers A case study InWENDEN A RUBIN J (Ed) Leamer strategies in language leaming Londres Prentice Hall 1987 p 85-102ALLEN L The evolution of a learnerrsquos beliefs about language leaming Carleton Papers in Applied Language Studies XIII p 67-801996 BARCELOS A M F A cultura de aprender liacutengua estrangeira (inshyglecircs) de alunos de Letras 1995 188f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Linguumliacutestica Aplicada) - Instituto de Estudos da Linguagem UNICAMP Campinas

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

___ Current Approaches to the Investigation of Language LearningBeliefs A Literature Review In AILA99 1999 Toacutequio 12th World Congress o f Applied Linguistics AILA99 mdash Programa and Abstracts Toacutequio AILA 1999 p 133__ Understanding teachersrsquo and students language learning beliefs inexperience A Deweyan Approach 2000357f Tese (Doutorado em Ensino de Ingles como Segunda Lingua) College of Education The University of Alabama Tuscaloosa__ Incorporating language learning beliefs in the classroom - WorkshopUniatildeo Cultural Brasil Estados Unidos Satildeo Paulo 3 de agosto 2000a BENSON R A critical view of learner training Learning Learning v 2 n 2 p 2-61995BLOCK D Learning by listening to language learners System v 25 n 3 p 347-360 1997BLOCK D Exploring interpretations of questionnaire items System v 26 n 3 p 403-4251998BREEN M Constructions of the learner in second language acquisition researchInALATIS 1 STRAEHLE C RONKIN M GALLENBERGER B (Ed) Georgetown University Round Table on Languages and Linguistics Washyshington Georgetown University Press 1996 p 84-115CARVALHO V C P S A aprendizagem de liacutengua estrangeira sob a oacutetica de alunos de letras crenccedilas e mitos 2000 138f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Estudos Linguumliacutesticos) - Faculdade de Letras UFMG Belo Horizonte CAMPBELL C M SHAW V M PLAGEMAN ME ALLEN T A Exploring student beliefs about language learning In HATFIELD W N (Ed) Visions and realities in foreign language teaching where we are where we are going Lincolnwood National Textbook 1993 p 29-39 CORTAZZI M amp JIN L Cultures of learning Language classrooms in China InCOLEMAN H (Ed) Society and the language classroom Cambridge Cambridge University Press p 169-2031996COTTERALL S Readiness for autonomy Investigating learner beliefs System v 23 n 2 p195-2051995DEWEY J How we think Lexington D C Heath 1993ELLIS R The metaphorical constructions of second language learners In AAALrsquo9 8 1998 Seatle AAALAnual Conference Seatle AAAL 1998

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 89

ERLBAUM B E BERG C A DODD D H Previous learning experiences strategy beliefs and task definition in self-regulated foreign language learning Contemporary Educational Psychology v 18 n 3 p 318-336 1993FREEMAN D The ldquounstudied problemrdquo Research on teacher learning in language teaching In FREEMAN D RICHARDS JC (Ed) Teacher learning in language teaching9 Cambridge Cambridge University Press 1996 p 351-378GARCIA C R P As culturas de aprender uma lingua estrangeira (inshyglecircs) em sala de aula que se propotildee interdisciplinar 1999125f Dissershytaccedilatildeo (Mestrado em Linguumliacutestica Aplicada) - Instituto de Estudos da Linshyguagem UNICAMP CampinasGEMENEZ T Learners becoming teacher an exploratory study of beliefs held by prospective and practising EFL teachers in Brazil 1994 340f Tese (Doutorado) Lancaster Lancaster UniversityGOODWIN C DURANTI A Rethinking context An introduction In DURANTI A GOODWIN C (Ed) Rethinking context Language as an interactive phenomenon Cambridge Cambridge University Press 1992 p 1-42HOLEC H The learner as manager managing learning or managing to learn In WENDEN A RUBIN J (Ed) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p 145-156HOLLIDAY A Appropriate methodology and social context Cambridge Cambridge University Press 1994HORWITZ E K Using student beliefs about language learning and teaching in the foreign language methods course Foreign Language Annals v 18 n 4 p 333-340 1985HORWITZ E K Surveying studentsrsquo beliefs about language learning In WENDEN A RUBIN J (Ed) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p 110-129HORWITZ E K The beliefs about language learning of beginning university foreign language students The Modem Language Journal v 72 n 3 p 283-294 1988KALAJA P Student beliefs (or metacognitive knowledge) about SLA reconsidered International Journal o f Applied Linguistics v 5 n 2 p 191-204 1995KERN R G Students7 and teachers beliefs about language learning Foreign Language Annals v 28 n 1 p 71-92 1995

90 Rev B ras ile ira de L inguumlistica A plicada v l n l 2001

KUNTZ P Students of lsquoeasy languages Their beliefs about language learning [ERIC Document Reproduction Service No ED397658] 1996 KUNTZ P Students and their teachers of Arabic Beliefs about language learning ERIC Document Reproduction Service No ED407854] 1997 MANTLE-BROMLEY C Positive attitudes and realistic beliefs Links to proficiency The Modem Language Journal v 79 n 3 p 372-386 1995 LAVE J The practice of learning In CHAIumlNKLIN S LAVE J (Ed) Understanding practice Perspectives on activity and context Cambridge Cambridge University Press 1993 p 3-32LOW G The semantics of questionnaire rating scales Evaluation and Research in Education v 2 n 2 p 69-791988LUPPESCU S DAY R R Examining attitude in teachers and students the need to validate questionnaire data Second Language Research v 6 n 2 p 125-1341990MCDONOUGH J MCDONOUGH S H Research methods for English language teachers London Arnold 1997MUNB Y H A qualitative approach to the study of a teacherrsquos beliefs Journal of Research in Science Teaching v 21 n 1 p 27-38 1984MILLER L amp GINSBERG R B FolWinguistic theories of language learning In FREED B F (Ed) Second language acquisition in a study abroad context Amsterdam John Benjamins 1995 p 293-315MORI Y Epistemological beliefs and language learning beliefs What do language learners believe about their learning [ERIC Document Reproduction Service No ED406657] 1997MURPHEY T Experiencing and mapping in teacher education In SACHS GT Brock M Lo R (Ed) Directions in second language teacher education Hong Kong City University of Hong Kong 1996 p 202-219 MURPHEY T Language hungiy An introduction to language learning fun and self-esteem Tokyo MacMillan 1997NESPOR J The role of beliefs in the practice of teaching Journal of Curnculum Studies v 19 n 4 p 317-328 1987PAJARES F M Teachersrsquo beliefs and educational research Cleaning up a messy construct Review of Educational Research v 62 n 3 p 307-332 1992PRESS M-C Ethnicity and the autonomous language learner different beshyliefs and learning strategies In BROADY E KENNING M-M (Ed) Proshymoting Learner autonomy in university language teaching London Assoshyciation for French StudiesCILT 1996 p237-259

Rev B rasile ira de L ing uuml iacutes tica A plicada v l n l 2001 91

RAMANATHAN V ATKINSON D Ethnographic approaches and methods in L2 writing research A critical guide and Review Applied Linguistics v 20 n 1 1999 p44-70RICHARDS J C LOCKHART C Reflective teaching in second language classrooms Cambridge Cambridge University Press 1994 RICHARDSON V The role of attitudes and beliefs in learning to teach In SIKULA J (Ed) Handbook o f Research on Teacher Education (2 ed) New York Macmillan 1996 p 102-119RILEY R The guru and the conjurer aspects of counselling for self- access In BENSON P amp VOLLER P (Ed) Autonomy and independence in language learning New York Longman 1997 p 114- 131ROKEACH M Beliefs attitudes and values A theory of organization and change San Francisco Jossey-Bass 1968SCHWANDT T A Qualitative Inquiry a dictionary of terms Thousand Oaks Sage1997SAKUI K GAIES S Investigating Japanese learners beliefs about language learning System v 27 n 4 p 473-4921999SU D A study o f English learning strategies and styles o f Chinese university students in relation to their cultwal beliefs about learning English 1995 Dissertaccedilatildeo (Doutorado) - University of Georgia Athens SWALES S From metaphor to meta-language English Teaching Forum v 32 n 3 p8- 11 1994TUMPOSKYN Student beliefs about language learning A cross-cultural study Carleton Papers in Applied Language Studies v 8 p 50-65 1991VALENZUELA S M The management of language learning Who is supposed to do what Carleton Papers in Applied Language Studies XIII 1996 p 21-35VIANA N A A desconstruccedilatildeo dos mitos na aprendizagem de liacutengua estrangeira Uberlacircndia Departamento de Letras UFU 1993 5f MimeografadoVICTORI M Investigating the metacognitive knowledge of students of English as a second language 1992 Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - University of California Los AngelesVICTORI M LOCKHART W Enhancing metacognition in self-directed language learning System v 23 n 2 p 223-234 1995

92 Rev B ras ile ira de LingUistica A plicada v l n l 2001

WEN Q JOHNSON R K L2 learner variables and English achievement A study of tertiary-level English majors in China Applied Linguistics v 18 p 27-48 1997WENDEN A Helping language learners think about learning ELT Journal v 40 nl p3-12 1986WENDEN A How to be a successful language learner insights and prescriptions from L2 learners In WENDEN A amp RUBIN J (Eds) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p103-117WENDEN A Learner strategies for learner autonomy London Prentice Hall 1991WENDEN A Metacognitive knowledge and language learning Applied Linguistics v 19 n 4 p 515-537 1999WOODS D Teacher cognition in language teaching Beliefs decisionshymaking and classroom practice Cambridge Cambridge University Press 1996WOODS D Decision-making in language learning A lens for examining learner strategies The Language Teacher Online Outubro 1997 [cited 26 M ay 1998] Available from World Wide WeB lthttp languehyperchubuacjpjaltpubtli97octwoodshtmlgtYANG ND Second language learnersrsquo beliefs about language learning and their use of learning strategies A study of college students of Enshyglish in Taiwan 1992 Tese (Doutorado) - The University of Texas Ausshytin

Page 10: Pesquisa das crenças sobre aprendizagem de línguas

80 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

gramaacutetica e seu vocabulaacuterio aprender com os erros e estar mentalmente ativo e (c) a importacircncia de fatores pessoais (sentimentos auto-concei- to atitude e aptidatildeo) Ao comparar as crenccedilas de seu estudo com aqueshylas usadas no questionaacuterio BALLI Wenden constatou que algumas eram bem diferentes enquanto outras natildeo estavam representadas no BALLI Em sua conclusatildeo Wenden faz uma criacutetica sutil aos questionaacuterios afirshymando que essas ldquodiferenccedilas apontam para a necessidade de se desenshyvolver um questionaacuterio mais abrangente e representativo do conjunto de crenccedilasrdquo (Wenden 1987 113)

Os estudos dentro dessa abordagem definem crenccedilas como coshynhecimento metacognitivo caracterizado por Wenden (1987) como coshynhecimento estaacutevel e faliacutevel Nesse sentido eacute semelhante agrave definiccedilatildeo da abordagem normativa pois tambeacutem vecirc as crenccedilas como obstaacuteculo a uma determinada visatildeo de aprendizagem A metodologia natildeo envolve o uso de questionaacuterios Likertscale como o BALLI mas o uso de entrevistas que satildeo analisadas de acordo com seu conteuacutedo e podem envolver tamshybeacutem o uso de questionaacuterios semi-estruturados A relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilatildeo tambeacutem natildeo eacute investigada mas apenas sugerida e discutida somenshyte em relaccedilatildeo a estrateacutegias de aprendizagemVantagens e Desvantagens

As vantagens da abordagem metacognitiva satildeo vaacuterias Em prishymeiro lugar atraveacutes do uso de entrevistas os alunos tecircm a oportunidade de elaborar e refletir sobre suas experiecircncias De acordo com Block (1997) entrevistas permitem aos alunos definir e avaliar o processo de aprendizagem em seus proacuteprios termos Em segundo lugar na abordashygem metacognitiva as crenccedilas satildeo consideradas como conhecimento Isso implica o reconhecimento das crenccedilas dos alunos como parte de seu processo de raciociacutenio Apesar de tais vantagens a abordagem metacognitiva natildeo infere as crenccedilas atraveacutes das accedilotildees mas somente atrashyveacutes de intenccedilotildees e declaraccedilotildees verbais Aleacutem disso embora haja o recoshynhecimento da relaccedilatildeo entre crenccedilas e contexto essa relaccedilatildeo e sua influshyecircncia nas crenccedilas dos alunos natildeo satildeo consideradas ou analisadas

A abordagem contextuai

Mais recentemente alguns estudos comeccedilaram a investigar as crenccedilas sob uma perspectiva diferente Esses estudos natildeo utilizam quesshytionaacuterios nem definem crenccedilas como conhecimento cognitivo As crenshy

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 81

ccedilas satildeo investigadas atraveacutes de observaccedilotildees de sala de aula e anaacutelise do contexto6 especiacutefico onde os alunos atuam daiacute o nome dessa abordashygem Esses estudos natildeo tecircm como objetivo generalizar sobre as crenccedilas mas compreender as crenccedilas de alunos (ou professores) em contextos especiacuteficos

Os estudos incluiacutedos nessa abordagem caracterizam crenccedilas como especiacuteficas de um determinado contexto (Allen 1996) ou de uma cultura de aprender de um determinado grupo (Barcelos 1995 Garcia 1999) Os estudos em sua maioria procuram considerar a influecircncia da experishyecircncia anterior de aprendizagem de liacutenguas dos alunos natildeo somente em suas crenccedilas mas tambeacutem em suas accedilotildees dentro de um contexto especiacuteshyfico Dentre os estudos dessa abordagem destaco o estudo de Allen (1996) Allen investigou a influecircncia das crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas do professor nas crenccedilas estabelecidas de um aprendiz Ela tamshybeacutem examinou se e como os comportamentos as estrateacutegias e as percepshyccedilotildees do aluno sobre seu proacuteprio sucesso na aprendizagem de liacutenguas foram afetados como resultado dessa influecircncia O participante da pesshyquisa foi um libanecircs aluno de niacutevel intermediaacuterio de inglecircs no Carleton School of Linguistics no Canadaacute A metodologia incluiu observaccedilotildees de sala de aula entrevistas com professor e aluno e anotaccedilotildees em seus diaacuteshyrios Allen tambeacutem analisou o livro-texto as apostilas e os materiais adishycionais preparados pelo professor

Os resultados indicaram que as crenccedilas do professor influenciashyram as crenccedilas do aluno A princiacutepio o aluno acreditava que o professor deveria ser o responsaacutevel por sua aprendizagem que a interaccedilatildeo com falantes nativos era melhor para sua aprendizagem e que ele deveria ter uma pronuacutencia mais perto possiacutevel da nativa O professor acreditava que os alunos eram responsaacuteveis por sua aprendizagem e que natildeo deveriam ter uma pronuacutencia similar agrave dos nativos Ao final do semestre as crenccedilas do aluno tomaram-se mais similares agraves do seu professor e isso afetou a percepccedilatildeo do aluno sobre seu sucesso na aprendizagem e as estrateacutegias utishy

6 A definiccedilatildeo de contexto neste trabalho natildeo se refere a ldquoum recipiente estaacutetico que circunda a interaccedilatildeo socialrdquo (Lave 1993 22) Contexto eacute definido neste estudo como ldquoum fenocircmeno socialmente constituiacutedo e sustentado interativamente onde ldquocada accedilatildeo acrescentada dentro da interaccedilatildeo modifica o contexto existente enquanto cria uma nova arena para interaccedilotildees subsequumlentesrdquo (Goodwin amp Duranti 19925-6) De acordo com essa definiccedilatildeo as perpectiacutevas dos participantes e a maneira como eles organizam suas percepccedilotildees dos eventos satildeo essenciais

82 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada vJ n l 2001

lizadas por ele O estudo de Alien (1996) mostra primeiro que as crenccedilas estatildeo inter-relacionadas com as experiecircncias dos alunos e segundo que as crenccedilas natildeo satildeo tatildeo estaacuteveis como se costuma pensar Conforme sugerido por Valenzuela (1996) uma boa abordagem para inferir crenccedilas envolve sua investigaccedilatildeo atraveacutes de acircngulos diferentes combinando observaccedilotildees e enshytrevistas

Na abordagem contextual as crenccedilas satildeo caracterizadas como deshypendentes do contexto A metodologia utilizada envolve o uso de entrevisshytas e principalmente observaccedilotildees de sala de aula Esse eacute o ponto que difere essa abordagem das outras Assim a relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilatildeo natildeo eacute somente sugerida mas eacute investigada dentro do contexto especiacutefico dos alushynos

Vantagens e desvantagens

A abordagem contextual oferece uma definiccedilatildeo mais ampla de crenshyccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas caracterizando-as como dinacircmicas e soshyciais e propondo uma metodologia diferente para investigaacute-las Essa metodologia fornece uma riqueza de detalhes bem mais refinados a respeito dos tipos de crenccedilas e do contexto onde essas crenccedilas se desenvolvem pershymitindo assim uma maior compreensatildeo das crenccedilas e de sua relaccedilatildeo com a abordagem de aprender liacutenguas estrangeiras dos alunos Aleacutem disso ao reshytratar os aprendizes como agentes sociais interagindo em seus contextos essa abordagem tambeacutem apresenta uma visatildeo mais positiva do aprendiz do que as abordagens normativa e metacognitiva Entretanto estudos desse tipo podem consumir muito tempo e satildeo mais adequados agraves investigaccedilotildees com menor nuacutemero de participantes A Tabela 1 resume as caracteriacutesticas vantagens e desvantagens de cada abordagem

Tabela 1 Caracteriacutesticas vantagens e desvantagens das trecircs aborshydagens

Normativa Metacognitiva Contextual

Metodologia

Definiccedilatildeo de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas

Q uestionaacuterios tipo Likert-scale

C renccedilas satildeo vistas como sinocircn im os de ideacuteias preshyconcebidas concepccedilotildees errocircneas e opiniotildees

E ntrevistas

C renccedilas satildeo descritas com o conhecim ento m etacognitivo estaacutevel e agraves vezes faliacutevel que os aprendizes possuem sobre aprendizagem de liacutenguas

Observaccedilotildees entrevistas diaacuterios e

estudos de caso

Crenccedilas satildeo vistas como parte da cultura de aprender e como representaccedilotildees de aprendizagem em um a determ inada sociedade

R ev B ra s ile ira d e L in g uuml iacutes tic a A p lic a d a v l n l 2001

R elaccedilatildeo e n tre c re n ccedila s e accedilotildees

Crenccedilas satildeo vistas como bons indicadores do comportam ento futuro dos alunos sua disposiccedilatildeo para ensino autocircnom o e sucesso como aprendizes de liacutengua

C renccedilas satildeo vistas como bons indicadores do com portam ento futuro dos alunos sua disposiccediluumlo para ensino autocircnom o e sucesso com o aprendizes de liacutengua em bora admita- se a influecircncia de outros fatores com o objetivos por exemplo

Crenccedilas sao vistas como especiacuteficas do contexto ou seja as crenccedilas devem ser investigadas dentro do contexto de suas accedilotildees

V antagens Perm ite que as crenccedilas sejam investigadas com am ostras grandes em eacutepocas diferentes e em vaacuterios contextos ao mesmo tempo

Perm ite que os alunos usem suas proacuteprias palavras elaborem e reflitam sobre suas experiecircncias de aprender

Perm ite que as crenccedilas sejam investigadas levando em consideraccedilatildeo natildeo soacute as proacuteprias palavras dos alunos mas tambeacutem o contexto de suas accedilotildees

D esvantagens Restringe a escolha dos participantes com um conjunto de afirmaccedilotildees predeterm inadas pelo pesquisador Os alunos podem ter interpretaccedilotildees diferentes sobre esses itens

As crenccedilas satildeo investigadas somente atraveacutes das afirmaccedilotildees dos alunos (natildeo haacute preocupaccedilatildeo com a accedilatildeo dos alunos)

Eacute mais adequada com pequeno nuacutem ero de participantes Consome m uito tempo

Discussatildeo e conclusatildeo

Neste trabalho foi feita uma revisatildeo criacutetica da metodologia de investigaccedilatildeo sobre crenccedilas a respeito de aprendizagem Sugeriu-se a exisshytecircncia de trecircs abordagens a normativa a metacognitiva e a contextuai As diferentes metodologias indicam a concepccedilatildeo impliacutecita de crenccedilas utilizadas por vaacuterios estudos

Enquanto na abordagem normativa as crenccedilas satildeo definidas em geral como concepccedilotildees errocircneas e satildeo investigadas de uma maneira descontextualizada na abordagem metacognitiva as crenccedilas satildeo investigadas atraveacutes de entrevistas dando aos alunos mais chances de usarem suas proacuteprias palavras e de contarem suas proacuteprias estoacuterias Enshytretanto tanto a abordagem normativa quanto a metacognitiva consideshyram crenccedilas como uma caracteriacutestica mental como apontado por Kalaja (1995) Natildeo se quer dizer com isso que as crenccedilas natildeo tenham um comshyponente cognitivo mas natildeo se deve esquecer tambeacutem que as crenccedilas assim como o conhecimento estatildeo embutidas no contexto Uma definishyccedilatildeo de crenccedilas que leve em consideraccedilatildeo o contexto seria essencial na compreensatildeo do papel que as crenccedilas exercem na experiecircncia de aprenshydizagem de liacutenguas dos alunos

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

Em resumo tanto a abordagem normativa quanto a metacognitiva falham em levar em consideraccedilatildeo a natureza experiencial das crenccedilas por (a) natildeo analisar as crenccedilas dos alunos nos seus proacuteprios termos (b) tratar as crenccedilas como um conceito fixo a-priori e (c) natildeo prestar atenshyccedilatildeo ao contexto social das crenccedilas

Eacute importante notar entretanto que na praacutetica as distinccedilotildees enshytre as trecircs abordagens podem natildeo ser tatildeo distintas As escolhas metodoloacutegicas frequumlentemente dependem dos tipos de perguntas de pesshyquisa Aleacutem disso trabalhos recentes como os Carvalho (2000) e Sakui amp Gaies (1999) combinam diferentes instrumentos de coleta como por exemplo o uso de questionaacuterios com escalas do tipo Likert e entrevista Outra maneira de visualizar as trecircs abordagens eacute dentro de um contiacutenuo de dois poacutelos que representam categorias a priori ou embasadas (grounded) que dizem respeito agrave maneira como os dados satildeo coletados e analisados Assim a abordagem normativa se utiliza de categorias a- priori de anaacutelise ou seja preacute-determinadas enquanto a abordagem contextuai emprega categorias embasadas ou seja permite que o sentishydo emerja dos dados (Freeman 1996) A abordagem metacognitiva enshycontra-se entre essas duas categorias com maior proximidade com a cashytegoria a-priori conforme ilustra a Figura 1

Figura 1 Abordagens de investigaccedilatildeo e categorias de anaacutelise

Normativa Metacognitiva Contextuai___ I______________________ 1_____________________ ______Categorias a priori Categorias embasadas

Os estudos atuais descrevem os tipos de crenccedilas que os alunos podem ter e apontam para a importacircncia desse toacutepico em LA Entretanshyto a falta de mais estudos embasados natildeo tem ajudado a entender como os alunos na verdade usam as crenccedilas para interpretar situaccedilotildees diferenshytes e tomar decisotildees em seu processo de aprendizagem (Woods 1997) Alguns trabalhos da abordagem contextuai jaacute investigam esse aspecto mas ainda se sabe muito pouco sobre as funccedilotildees que as crenccedilas exercem na aprendizagem de liacutenguas Alguns pesquisadores jaacute sugeriram que enshytrevistas abertas e observaccedilotildees de sala de aula podem nos ajudar a ter uma visatildeo bem mais precisa a respeito das crenccedilas (Kern 1995 Pajares 1992 Press 1996)

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 85

Estudos recentes tecircm combinado abordagens muacuteltiplas usando questionaacuterios com observaccedilotildees de sala de aula (Mantle-Bromley 1995) e com entrevistas (Sakui amp Gaies 1999 Wen amp Johnson 1997) Outros estudos utilizam anaacutelise metafoacuterica diaacuterios e narrativas (Ellis 1998 Miller amp Ginsberg 1995) desenhos (Swales 1994) e estudos de caso (Allen 1996 Valenzuela 1996) Esses estudos mais embasados permitem que o sentido emerja do contexto e indicam a importacircncia de se examinar a relaccedilatildeo entre as crenccedilas dos alunos e suas accedilotildees em contexto Vaacuterios autores sugerem que as crenccedilas satildeo formadas pela cultura do alunos e pelos contextos sociais nos quais eles estatildeo inseridos (Barcelos 1995 Riley 1997 Tumposky 1991 Yang 1992) Aleacutem disso as crenccedilas satildeo variaacuteveis (Sakui amp Gaies 1999 Kalaja 1995) e construiacutedas socialmente (Kalaja 1995)

Embora as trecircs abordagens sejam diferentes no modo de definir e investigar as crenccedilas todas elas enfatizam que as crenccedilas influenciam o comshyportamento definido em LA como as estrateacutegias de aprendizagem ou aborshydagem de aprendizagem dos alunos (Abraham amp Vann 1987 Horwitz 1985 19871988 Mantie-Bromley 1995 Wenden 1987) Entretanto a relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees natildeo eacute tatildeo direta (Riley 1997 Yang 1992) As crenccedilas natildeo somente influenciam accedilotildees mas as accedilotildees e reflexotildees sobre experiecircncias podem levar a mudanccedilas ou criar outras crenccedilas (Murphey 1996 Riacutechardson 1996) conforme ilustra a Figura 2

Figura 2 Relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees

Crenccedilas

Accedilotildees

De acordo com Riley (1997141) os pesquisadores devem ldquoolhar para as condiccedilotildees de aprendizagem onde os aprendizes se encontramrdquo para entender suas crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas Em resumo as crenccedilas devem ser investigadas de maneira interativa onde crenccedilas e accedilotildees se inter-relacionem e se iacutenterconectem

Perguntas e sugestotildees para pesquisas futuras a respeito de crenccedilassobre aprendizagem de liacutenguas

Vaacuterias questotildees a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas podem ser mais bem investigadas em trabalhos futuros Em primeishy

86 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

ro lugar como se desenvolvem as crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas Estudos mais longitudinais podem mostrar como as crenccedilas evolushyem e mudam com o passar do tempo Estudos interpretativos podem levar a uma compreensatildeo mais aprofundada sobre as crenccedilas E crucial entender como as experiecircncias pessoais dos alunos contribuem para moldar suas crenccedilas e suas accedilotildees no contexto social da aula de liacutengua estrangehra Observaccedilotildees de aula e entrevistas detalhadas de alunos e professores podem ajudar a contextualizar aspectos encontrados em dashydos quantitativos (Sakui amp Gaies 1999 Kem 1995 Press 1996) Mais importante ainda eacute considerar que estudos interpretativos poderatildeo dar uma visatildeo mais aprofundada de como as experiecircncias de aprender dos alunos em contextos diferentes no Brasil tais como escolas puacuteblicas ldquocursinhos de inglecircsrdquo e no exterior influenciam os tipos de crenccedilas que esse alunos tecircm sobre como aprender inglecircs e suas accedilotildees para aprender nesses contextos diferentes

Em segundo lugar como as crenccedilas podem ser modificadas Wenden (1991) sugere um plano para explorar as crenccedilas dos aprendishyzes Ateacute o momento natildeo existe estudo empiacuterico que tenha tentado mushydar as crenccedilas dos aprendizes ou incorporar uma discussatildeo sobre crenshyccedilas a respeito de aprendizagem de liacutenguas em atividades de sala de aula levando os alunos a uma aprendizagem reflexiva A aprendizagem refleshyxiva de maneira semelhante ao conceito de ensino reflexivo dos professhysores diz respeito agrave conscientizaccedilatildeo dos alunos sobre como eles aprenshydem uma liacutengua estrangeira Aprender reflexivamente significa abrir a discussatildeo a respeito de crenccedilas estrateacutegias e estilos de aprendizagem aos alunos para que eles mesmos possam refletir entre eles e com seus professores sobre sua cultura de aprender sobre crenccedilas de aprendizashygem de liacutenguas e como elas influenciam suas accedilotildees para aprender dentro e fora de sala de aula Estudos futuros devem incorporar a discussatildeo a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas em atividades de sala de aula dando oportunidade a alunos e professores de liacutenguas de discutir e refletir natildeo somente sobre suas proacuteprias crenccedilas mas tambeacutem sobre obstaacuteculos dentro e fora da sala de aula de liacutenguas que possam impedi- los de agir de acordo com suas proacuteprias crenccedilas e de desenvolver seu potencial para ensino e aprendizagem7

7 Barcelos (2000a) e Murphey (1997) oferecem algumas sugestotildees de atividades relacionadas agraves crenccedilas que podem ser exploradas em sala de aula

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 87

Finalmente quais as funccedilotildees que as crenccedilas exercem nas experishyecircncias de aprendizagem dos alunos e nas accedilotildees que eles praticam para aprender liacutenguas Natildeo sabemos ainda como os alunos usam suas crenccedilas para lidar com a complexidade da aprendizagem de liacutenguas ou seja se os alunos definem seu proacuteprio contexto e atuam nele noacutes precisamos entender como as crenccedilas os ajudam a fazer isso e a ldquonavegarrdquo no discurshyso da sala de aula de liacutenguas (Breen 1996) Pesquisas futuras devem investigar como a sala de aula de liacutenguas como um contexto social ajushyda a moldar as crenccedilas dos alunos e como as crenccedilas dos alunos por sua vez moldam a interaccedilatildeo e as accedilotildees que ocorrem na cultura da sala de aula

A pesquisa a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas precisa ir aleacutem da simples descriccedilatildeo de crenccedilas como indicadores de um comportamento futuro E preciso uma investigaccedilatildeo contextualizada das crenccedilas E necessaacuterio entender como as crenccedilas interagem com as accedilotildees dos alunos e que funccedilotildees elas exercem em suas experiecircncias de aprendishyzagem dentro e fora de sala de aula Como Dewey (1933) sugeriu o conhecimento natildeo pode estar separado da accedilatildeo Assim uma investigashyccedilatildeo do que os alunos sabem ou acreditam deve envolver (a) suas experishyecircncias e accedilotildees (b) suas interpretaccedilotildees sobre essas experiecircncias e (c) o contexto social e como esse contexto molda as suas experiecircncias

Referecircncias Bibliograacuteficas

ABELSON R P Difference between belief and knowledge systems Cognitive Science 3 p 355-366 1979ABRAHAM R G VANN R J Strategies of two language leamers A case study InWENDEN A RUBIN J (Ed) Leamer strategies in language leaming Londres Prentice Hall 1987 p 85-102ALLEN L The evolution of a learnerrsquos beliefs about language leaming Carleton Papers in Applied Language Studies XIII p 67-801996 BARCELOS A M F A cultura de aprender liacutengua estrangeira (inshyglecircs) de alunos de Letras 1995 188f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Linguumliacutestica Aplicada) - Instituto de Estudos da Linguagem UNICAMP Campinas

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

___ Current Approaches to the Investigation of Language LearningBeliefs A Literature Review In AILA99 1999 Toacutequio 12th World Congress o f Applied Linguistics AILA99 mdash Programa and Abstracts Toacutequio AILA 1999 p 133__ Understanding teachersrsquo and students language learning beliefs inexperience A Deweyan Approach 2000357f Tese (Doutorado em Ensino de Ingles como Segunda Lingua) College of Education The University of Alabama Tuscaloosa__ Incorporating language learning beliefs in the classroom - WorkshopUniatildeo Cultural Brasil Estados Unidos Satildeo Paulo 3 de agosto 2000a BENSON R A critical view of learner training Learning Learning v 2 n 2 p 2-61995BLOCK D Learning by listening to language learners System v 25 n 3 p 347-360 1997BLOCK D Exploring interpretations of questionnaire items System v 26 n 3 p 403-4251998BREEN M Constructions of the learner in second language acquisition researchInALATIS 1 STRAEHLE C RONKIN M GALLENBERGER B (Ed) Georgetown University Round Table on Languages and Linguistics Washyshington Georgetown University Press 1996 p 84-115CARVALHO V C P S A aprendizagem de liacutengua estrangeira sob a oacutetica de alunos de letras crenccedilas e mitos 2000 138f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Estudos Linguumliacutesticos) - Faculdade de Letras UFMG Belo Horizonte CAMPBELL C M SHAW V M PLAGEMAN ME ALLEN T A Exploring student beliefs about language learning In HATFIELD W N (Ed) Visions and realities in foreign language teaching where we are where we are going Lincolnwood National Textbook 1993 p 29-39 CORTAZZI M amp JIN L Cultures of learning Language classrooms in China InCOLEMAN H (Ed) Society and the language classroom Cambridge Cambridge University Press p 169-2031996COTTERALL S Readiness for autonomy Investigating learner beliefs System v 23 n 2 p195-2051995DEWEY J How we think Lexington D C Heath 1993ELLIS R The metaphorical constructions of second language learners In AAALrsquo9 8 1998 Seatle AAALAnual Conference Seatle AAAL 1998

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 89

ERLBAUM B E BERG C A DODD D H Previous learning experiences strategy beliefs and task definition in self-regulated foreign language learning Contemporary Educational Psychology v 18 n 3 p 318-336 1993FREEMAN D The ldquounstudied problemrdquo Research on teacher learning in language teaching In FREEMAN D RICHARDS JC (Ed) Teacher learning in language teaching9 Cambridge Cambridge University Press 1996 p 351-378GARCIA C R P As culturas de aprender uma lingua estrangeira (inshyglecircs) em sala de aula que se propotildee interdisciplinar 1999125f Dissershytaccedilatildeo (Mestrado em Linguumliacutestica Aplicada) - Instituto de Estudos da Linshyguagem UNICAMP CampinasGEMENEZ T Learners becoming teacher an exploratory study of beliefs held by prospective and practising EFL teachers in Brazil 1994 340f Tese (Doutorado) Lancaster Lancaster UniversityGOODWIN C DURANTI A Rethinking context An introduction In DURANTI A GOODWIN C (Ed) Rethinking context Language as an interactive phenomenon Cambridge Cambridge University Press 1992 p 1-42HOLEC H The learner as manager managing learning or managing to learn In WENDEN A RUBIN J (Ed) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p 145-156HOLLIDAY A Appropriate methodology and social context Cambridge Cambridge University Press 1994HORWITZ E K Using student beliefs about language learning and teaching in the foreign language methods course Foreign Language Annals v 18 n 4 p 333-340 1985HORWITZ E K Surveying studentsrsquo beliefs about language learning In WENDEN A RUBIN J (Ed) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p 110-129HORWITZ E K The beliefs about language learning of beginning university foreign language students The Modem Language Journal v 72 n 3 p 283-294 1988KALAJA P Student beliefs (or metacognitive knowledge) about SLA reconsidered International Journal o f Applied Linguistics v 5 n 2 p 191-204 1995KERN R G Students7 and teachers beliefs about language learning Foreign Language Annals v 28 n 1 p 71-92 1995

90 Rev B ras ile ira de L inguumlistica A plicada v l n l 2001

KUNTZ P Students of lsquoeasy languages Their beliefs about language learning [ERIC Document Reproduction Service No ED397658] 1996 KUNTZ P Students and their teachers of Arabic Beliefs about language learning ERIC Document Reproduction Service No ED407854] 1997 MANTLE-BROMLEY C Positive attitudes and realistic beliefs Links to proficiency The Modem Language Journal v 79 n 3 p 372-386 1995 LAVE J The practice of learning In CHAIumlNKLIN S LAVE J (Ed) Understanding practice Perspectives on activity and context Cambridge Cambridge University Press 1993 p 3-32LOW G The semantics of questionnaire rating scales Evaluation and Research in Education v 2 n 2 p 69-791988LUPPESCU S DAY R R Examining attitude in teachers and students the need to validate questionnaire data Second Language Research v 6 n 2 p 125-1341990MCDONOUGH J MCDONOUGH S H Research methods for English language teachers London Arnold 1997MUNB Y H A qualitative approach to the study of a teacherrsquos beliefs Journal of Research in Science Teaching v 21 n 1 p 27-38 1984MILLER L amp GINSBERG R B FolWinguistic theories of language learning In FREED B F (Ed) Second language acquisition in a study abroad context Amsterdam John Benjamins 1995 p 293-315MORI Y Epistemological beliefs and language learning beliefs What do language learners believe about their learning [ERIC Document Reproduction Service No ED406657] 1997MURPHEY T Experiencing and mapping in teacher education In SACHS GT Brock M Lo R (Ed) Directions in second language teacher education Hong Kong City University of Hong Kong 1996 p 202-219 MURPHEY T Language hungiy An introduction to language learning fun and self-esteem Tokyo MacMillan 1997NESPOR J The role of beliefs in the practice of teaching Journal of Curnculum Studies v 19 n 4 p 317-328 1987PAJARES F M Teachersrsquo beliefs and educational research Cleaning up a messy construct Review of Educational Research v 62 n 3 p 307-332 1992PRESS M-C Ethnicity and the autonomous language learner different beshyliefs and learning strategies In BROADY E KENNING M-M (Ed) Proshymoting Learner autonomy in university language teaching London Assoshyciation for French StudiesCILT 1996 p237-259

Rev B rasile ira de L ing uuml iacutes tica A plicada v l n l 2001 91

RAMANATHAN V ATKINSON D Ethnographic approaches and methods in L2 writing research A critical guide and Review Applied Linguistics v 20 n 1 1999 p44-70RICHARDS J C LOCKHART C Reflective teaching in second language classrooms Cambridge Cambridge University Press 1994 RICHARDSON V The role of attitudes and beliefs in learning to teach In SIKULA J (Ed) Handbook o f Research on Teacher Education (2 ed) New York Macmillan 1996 p 102-119RILEY R The guru and the conjurer aspects of counselling for self- access In BENSON P amp VOLLER P (Ed) Autonomy and independence in language learning New York Longman 1997 p 114- 131ROKEACH M Beliefs attitudes and values A theory of organization and change San Francisco Jossey-Bass 1968SCHWANDT T A Qualitative Inquiry a dictionary of terms Thousand Oaks Sage1997SAKUI K GAIES S Investigating Japanese learners beliefs about language learning System v 27 n 4 p 473-4921999SU D A study o f English learning strategies and styles o f Chinese university students in relation to their cultwal beliefs about learning English 1995 Dissertaccedilatildeo (Doutorado) - University of Georgia Athens SWALES S From metaphor to meta-language English Teaching Forum v 32 n 3 p8- 11 1994TUMPOSKYN Student beliefs about language learning A cross-cultural study Carleton Papers in Applied Language Studies v 8 p 50-65 1991VALENZUELA S M The management of language learning Who is supposed to do what Carleton Papers in Applied Language Studies XIII 1996 p 21-35VIANA N A A desconstruccedilatildeo dos mitos na aprendizagem de liacutengua estrangeira Uberlacircndia Departamento de Letras UFU 1993 5f MimeografadoVICTORI M Investigating the metacognitive knowledge of students of English as a second language 1992 Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - University of California Los AngelesVICTORI M LOCKHART W Enhancing metacognition in self-directed language learning System v 23 n 2 p 223-234 1995

92 Rev B ras ile ira de LingUistica A plicada v l n l 2001

WEN Q JOHNSON R K L2 learner variables and English achievement A study of tertiary-level English majors in China Applied Linguistics v 18 p 27-48 1997WENDEN A Helping language learners think about learning ELT Journal v 40 nl p3-12 1986WENDEN A How to be a successful language learner insights and prescriptions from L2 learners In WENDEN A amp RUBIN J (Eds) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p103-117WENDEN A Learner strategies for learner autonomy London Prentice Hall 1991WENDEN A Metacognitive knowledge and language learning Applied Linguistics v 19 n 4 p 515-537 1999WOODS D Teacher cognition in language teaching Beliefs decisionshymaking and classroom practice Cambridge Cambridge University Press 1996WOODS D Decision-making in language learning A lens for examining learner strategies The Language Teacher Online Outubro 1997 [cited 26 M ay 1998] Available from World Wide WeB lthttp languehyperchubuacjpjaltpubtli97octwoodshtmlgtYANG ND Second language learnersrsquo beliefs about language learning and their use of learning strategies A study of college students of Enshyglish in Taiwan 1992 Tese (Doutorado) - The University of Texas Ausshytin

Page 11: Pesquisa das crenças sobre aprendizagem de línguas

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 81

ccedilas satildeo investigadas atraveacutes de observaccedilotildees de sala de aula e anaacutelise do contexto6 especiacutefico onde os alunos atuam daiacute o nome dessa abordashygem Esses estudos natildeo tecircm como objetivo generalizar sobre as crenccedilas mas compreender as crenccedilas de alunos (ou professores) em contextos especiacuteficos

Os estudos incluiacutedos nessa abordagem caracterizam crenccedilas como especiacuteficas de um determinado contexto (Allen 1996) ou de uma cultura de aprender de um determinado grupo (Barcelos 1995 Garcia 1999) Os estudos em sua maioria procuram considerar a influecircncia da experishyecircncia anterior de aprendizagem de liacutenguas dos alunos natildeo somente em suas crenccedilas mas tambeacutem em suas accedilotildees dentro de um contexto especiacuteshyfico Dentre os estudos dessa abordagem destaco o estudo de Allen (1996) Allen investigou a influecircncia das crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas do professor nas crenccedilas estabelecidas de um aprendiz Ela tamshybeacutem examinou se e como os comportamentos as estrateacutegias e as percepshyccedilotildees do aluno sobre seu proacuteprio sucesso na aprendizagem de liacutenguas foram afetados como resultado dessa influecircncia O participante da pesshyquisa foi um libanecircs aluno de niacutevel intermediaacuterio de inglecircs no Carleton School of Linguistics no Canadaacute A metodologia incluiu observaccedilotildees de sala de aula entrevistas com professor e aluno e anotaccedilotildees em seus diaacuteshyrios Allen tambeacutem analisou o livro-texto as apostilas e os materiais adishycionais preparados pelo professor

Os resultados indicaram que as crenccedilas do professor influenciashyram as crenccedilas do aluno A princiacutepio o aluno acreditava que o professor deveria ser o responsaacutevel por sua aprendizagem que a interaccedilatildeo com falantes nativos era melhor para sua aprendizagem e que ele deveria ter uma pronuacutencia mais perto possiacutevel da nativa O professor acreditava que os alunos eram responsaacuteveis por sua aprendizagem e que natildeo deveriam ter uma pronuacutencia similar agrave dos nativos Ao final do semestre as crenccedilas do aluno tomaram-se mais similares agraves do seu professor e isso afetou a percepccedilatildeo do aluno sobre seu sucesso na aprendizagem e as estrateacutegias utishy

6 A definiccedilatildeo de contexto neste trabalho natildeo se refere a ldquoum recipiente estaacutetico que circunda a interaccedilatildeo socialrdquo (Lave 1993 22) Contexto eacute definido neste estudo como ldquoum fenocircmeno socialmente constituiacutedo e sustentado interativamente onde ldquocada accedilatildeo acrescentada dentro da interaccedilatildeo modifica o contexto existente enquanto cria uma nova arena para interaccedilotildees subsequumlentesrdquo (Goodwin amp Duranti 19925-6) De acordo com essa definiccedilatildeo as perpectiacutevas dos participantes e a maneira como eles organizam suas percepccedilotildees dos eventos satildeo essenciais

82 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada vJ n l 2001

lizadas por ele O estudo de Alien (1996) mostra primeiro que as crenccedilas estatildeo inter-relacionadas com as experiecircncias dos alunos e segundo que as crenccedilas natildeo satildeo tatildeo estaacuteveis como se costuma pensar Conforme sugerido por Valenzuela (1996) uma boa abordagem para inferir crenccedilas envolve sua investigaccedilatildeo atraveacutes de acircngulos diferentes combinando observaccedilotildees e enshytrevistas

Na abordagem contextual as crenccedilas satildeo caracterizadas como deshypendentes do contexto A metodologia utilizada envolve o uso de entrevisshytas e principalmente observaccedilotildees de sala de aula Esse eacute o ponto que difere essa abordagem das outras Assim a relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilatildeo natildeo eacute somente sugerida mas eacute investigada dentro do contexto especiacutefico dos alushynos

Vantagens e desvantagens

A abordagem contextual oferece uma definiccedilatildeo mais ampla de crenshyccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas caracterizando-as como dinacircmicas e soshyciais e propondo uma metodologia diferente para investigaacute-las Essa metodologia fornece uma riqueza de detalhes bem mais refinados a respeito dos tipos de crenccedilas e do contexto onde essas crenccedilas se desenvolvem pershymitindo assim uma maior compreensatildeo das crenccedilas e de sua relaccedilatildeo com a abordagem de aprender liacutenguas estrangeiras dos alunos Aleacutem disso ao reshytratar os aprendizes como agentes sociais interagindo em seus contextos essa abordagem tambeacutem apresenta uma visatildeo mais positiva do aprendiz do que as abordagens normativa e metacognitiva Entretanto estudos desse tipo podem consumir muito tempo e satildeo mais adequados agraves investigaccedilotildees com menor nuacutemero de participantes A Tabela 1 resume as caracteriacutesticas vantagens e desvantagens de cada abordagem

Tabela 1 Caracteriacutesticas vantagens e desvantagens das trecircs aborshydagens

Normativa Metacognitiva Contextual

Metodologia

Definiccedilatildeo de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas

Q uestionaacuterios tipo Likert-scale

C renccedilas satildeo vistas como sinocircn im os de ideacuteias preshyconcebidas concepccedilotildees errocircneas e opiniotildees

E ntrevistas

C renccedilas satildeo descritas com o conhecim ento m etacognitivo estaacutevel e agraves vezes faliacutevel que os aprendizes possuem sobre aprendizagem de liacutenguas

Observaccedilotildees entrevistas diaacuterios e

estudos de caso

Crenccedilas satildeo vistas como parte da cultura de aprender e como representaccedilotildees de aprendizagem em um a determ inada sociedade

R ev B ra s ile ira d e L in g uuml iacutes tic a A p lic a d a v l n l 2001

R elaccedilatildeo e n tre c re n ccedila s e accedilotildees

Crenccedilas satildeo vistas como bons indicadores do comportam ento futuro dos alunos sua disposiccedilatildeo para ensino autocircnom o e sucesso como aprendizes de liacutengua

C renccedilas satildeo vistas como bons indicadores do com portam ento futuro dos alunos sua disposiccediluumlo para ensino autocircnom o e sucesso com o aprendizes de liacutengua em bora admita- se a influecircncia de outros fatores com o objetivos por exemplo

Crenccedilas sao vistas como especiacuteficas do contexto ou seja as crenccedilas devem ser investigadas dentro do contexto de suas accedilotildees

V antagens Perm ite que as crenccedilas sejam investigadas com am ostras grandes em eacutepocas diferentes e em vaacuterios contextos ao mesmo tempo

Perm ite que os alunos usem suas proacuteprias palavras elaborem e reflitam sobre suas experiecircncias de aprender

Perm ite que as crenccedilas sejam investigadas levando em consideraccedilatildeo natildeo soacute as proacuteprias palavras dos alunos mas tambeacutem o contexto de suas accedilotildees

D esvantagens Restringe a escolha dos participantes com um conjunto de afirmaccedilotildees predeterm inadas pelo pesquisador Os alunos podem ter interpretaccedilotildees diferentes sobre esses itens

As crenccedilas satildeo investigadas somente atraveacutes das afirmaccedilotildees dos alunos (natildeo haacute preocupaccedilatildeo com a accedilatildeo dos alunos)

Eacute mais adequada com pequeno nuacutem ero de participantes Consome m uito tempo

Discussatildeo e conclusatildeo

Neste trabalho foi feita uma revisatildeo criacutetica da metodologia de investigaccedilatildeo sobre crenccedilas a respeito de aprendizagem Sugeriu-se a exisshytecircncia de trecircs abordagens a normativa a metacognitiva e a contextuai As diferentes metodologias indicam a concepccedilatildeo impliacutecita de crenccedilas utilizadas por vaacuterios estudos

Enquanto na abordagem normativa as crenccedilas satildeo definidas em geral como concepccedilotildees errocircneas e satildeo investigadas de uma maneira descontextualizada na abordagem metacognitiva as crenccedilas satildeo investigadas atraveacutes de entrevistas dando aos alunos mais chances de usarem suas proacuteprias palavras e de contarem suas proacuteprias estoacuterias Enshytretanto tanto a abordagem normativa quanto a metacognitiva consideshyram crenccedilas como uma caracteriacutestica mental como apontado por Kalaja (1995) Natildeo se quer dizer com isso que as crenccedilas natildeo tenham um comshyponente cognitivo mas natildeo se deve esquecer tambeacutem que as crenccedilas assim como o conhecimento estatildeo embutidas no contexto Uma definishyccedilatildeo de crenccedilas que leve em consideraccedilatildeo o contexto seria essencial na compreensatildeo do papel que as crenccedilas exercem na experiecircncia de aprenshydizagem de liacutenguas dos alunos

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

Em resumo tanto a abordagem normativa quanto a metacognitiva falham em levar em consideraccedilatildeo a natureza experiencial das crenccedilas por (a) natildeo analisar as crenccedilas dos alunos nos seus proacuteprios termos (b) tratar as crenccedilas como um conceito fixo a-priori e (c) natildeo prestar atenshyccedilatildeo ao contexto social das crenccedilas

Eacute importante notar entretanto que na praacutetica as distinccedilotildees enshytre as trecircs abordagens podem natildeo ser tatildeo distintas As escolhas metodoloacutegicas frequumlentemente dependem dos tipos de perguntas de pesshyquisa Aleacutem disso trabalhos recentes como os Carvalho (2000) e Sakui amp Gaies (1999) combinam diferentes instrumentos de coleta como por exemplo o uso de questionaacuterios com escalas do tipo Likert e entrevista Outra maneira de visualizar as trecircs abordagens eacute dentro de um contiacutenuo de dois poacutelos que representam categorias a priori ou embasadas (grounded) que dizem respeito agrave maneira como os dados satildeo coletados e analisados Assim a abordagem normativa se utiliza de categorias a- priori de anaacutelise ou seja preacute-determinadas enquanto a abordagem contextuai emprega categorias embasadas ou seja permite que o sentishydo emerja dos dados (Freeman 1996) A abordagem metacognitiva enshycontra-se entre essas duas categorias com maior proximidade com a cashytegoria a-priori conforme ilustra a Figura 1

Figura 1 Abordagens de investigaccedilatildeo e categorias de anaacutelise

Normativa Metacognitiva Contextuai___ I______________________ 1_____________________ ______Categorias a priori Categorias embasadas

Os estudos atuais descrevem os tipos de crenccedilas que os alunos podem ter e apontam para a importacircncia desse toacutepico em LA Entretanshyto a falta de mais estudos embasados natildeo tem ajudado a entender como os alunos na verdade usam as crenccedilas para interpretar situaccedilotildees diferenshytes e tomar decisotildees em seu processo de aprendizagem (Woods 1997) Alguns trabalhos da abordagem contextuai jaacute investigam esse aspecto mas ainda se sabe muito pouco sobre as funccedilotildees que as crenccedilas exercem na aprendizagem de liacutenguas Alguns pesquisadores jaacute sugeriram que enshytrevistas abertas e observaccedilotildees de sala de aula podem nos ajudar a ter uma visatildeo bem mais precisa a respeito das crenccedilas (Kern 1995 Pajares 1992 Press 1996)

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 85

Estudos recentes tecircm combinado abordagens muacuteltiplas usando questionaacuterios com observaccedilotildees de sala de aula (Mantle-Bromley 1995) e com entrevistas (Sakui amp Gaies 1999 Wen amp Johnson 1997) Outros estudos utilizam anaacutelise metafoacuterica diaacuterios e narrativas (Ellis 1998 Miller amp Ginsberg 1995) desenhos (Swales 1994) e estudos de caso (Allen 1996 Valenzuela 1996) Esses estudos mais embasados permitem que o sentido emerja do contexto e indicam a importacircncia de se examinar a relaccedilatildeo entre as crenccedilas dos alunos e suas accedilotildees em contexto Vaacuterios autores sugerem que as crenccedilas satildeo formadas pela cultura do alunos e pelos contextos sociais nos quais eles estatildeo inseridos (Barcelos 1995 Riley 1997 Tumposky 1991 Yang 1992) Aleacutem disso as crenccedilas satildeo variaacuteveis (Sakui amp Gaies 1999 Kalaja 1995) e construiacutedas socialmente (Kalaja 1995)

Embora as trecircs abordagens sejam diferentes no modo de definir e investigar as crenccedilas todas elas enfatizam que as crenccedilas influenciam o comshyportamento definido em LA como as estrateacutegias de aprendizagem ou aborshydagem de aprendizagem dos alunos (Abraham amp Vann 1987 Horwitz 1985 19871988 Mantie-Bromley 1995 Wenden 1987) Entretanto a relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees natildeo eacute tatildeo direta (Riley 1997 Yang 1992) As crenccedilas natildeo somente influenciam accedilotildees mas as accedilotildees e reflexotildees sobre experiecircncias podem levar a mudanccedilas ou criar outras crenccedilas (Murphey 1996 Riacutechardson 1996) conforme ilustra a Figura 2

Figura 2 Relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees

Crenccedilas

Accedilotildees

De acordo com Riley (1997141) os pesquisadores devem ldquoolhar para as condiccedilotildees de aprendizagem onde os aprendizes se encontramrdquo para entender suas crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas Em resumo as crenccedilas devem ser investigadas de maneira interativa onde crenccedilas e accedilotildees se inter-relacionem e se iacutenterconectem

Perguntas e sugestotildees para pesquisas futuras a respeito de crenccedilassobre aprendizagem de liacutenguas

Vaacuterias questotildees a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas podem ser mais bem investigadas em trabalhos futuros Em primeishy

86 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

ro lugar como se desenvolvem as crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas Estudos mais longitudinais podem mostrar como as crenccedilas evolushyem e mudam com o passar do tempo Estudos interpretativos podem levar a uma compreensatildeo mais aprofundada sobre as crenccedilas E crucial entender como as experiecircncias pessoais dos alunos contribuem para moldar suas crenccedilas e suas accedilotildees no contexto social da aula de liacutengua estrangehra Observaccedilotildees de aula e entrevistas detalhadas de alunos e professores podem ajudar a contextualizar aspectos encontrados em dashydos quantitativos (Sakui amp Gaies 1999 Kem 1995 Press 1996) Mais importante ainda eacute considerar que estudos interpretativos poderatildeo dar uma visatildeo mais aprofundada de como as experiecircncias de aprender dos alunos em contextos diferentes no Brasil tais como escolas puacuteblicas ldquocursinhos de inglecircsrdquo e no exterior influenciam os tipos de crenccedilas que esse alunos tecircm sobre como aprender inglecircs e suas accedilotildees para aprender nesses contextos diferentes

Em segundo lugar como as crenccedilas podem ser modificadas Wenden (1991) sugere um plano para explorar as crenccedilas dos aprendishyzes Ateacute o momento natildeo existe estudo empiacuterico que tenha tentado mushydar as crenccedilas dos aprendizes ou incorporar uma discussatildeo sobre crenshyccedilas a respeito de aprendizagem de liacutenguas em atividades de sala de aula levando os alunos a uma aprendizagem reflexiva A aprendizagem refleshyxiva de maneira semelhante ao conceito de ensino reflexivo dos professhysores diz respeito agrave conscientizaccedilatildeo dos alunos sobre como eles aprenshydem uma liacutengua estrangeira Aprender reflexivamente significa abrir a discussatildeo a respeito de crenccedilas estrateacutegias e estilos de aprendizagem aos alunos para que eles mesmos possam refletir entre eles e com seus professores sobre sua cultura de aprender sobre crenccedilas de aprendizashygem de liacutenguas e como elas influenciam suas accedilotildees para aprender dentro e fora de sala de aula Estudos futuros devem incorporar a discussatildeo a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas em atividades de sala de aula dando oportunidade a alunos e professores de liacutenguas de discutir e refletir natildeo somente sobre suas proacuteprias crenccedilas mas tambeacutem sobre obstaacuteculos dentro e fora da sala de aula de liacutenguas que possam impedi- los de agir de acordo com suas proacuteprias crenccedilas e de desenvolver seu potencial para ensino e aprendizagem7

7 Barcelos (2000a) e Murphey (1997) oferecem algumas sugestotildees de atividades relacionadas agraves crenccedilas que podem ser exploradas em sala de aula

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 87

Finalmente quais as funccedilotildees que as crenccedilas exercem nas experishyecircncias de aprendizagem dos alunos e nas accedilotildees que eles praticam para aprender liacutenguas Natildeo sabemos ainda como os alunos usam suas crenccedilas para lidar com a complexidade da aprendizagem de liacutenguas ou seja se os alunos definem seu proacuteprio contexto e atuam nele noacutes precisamos entender como as crenccedilas os ajudam a fazer isso e a ldquonavegarrdquo no discurshyso da sala de aula de liacutenguas (Breen 1996) Pesquisas futuras devem investigar como a sala de aula de liacutenguas como um contexto social ajushyda a moldar as crenccedilas dos alunos e como as crenccedilas dos alunos por sua vez moldam a interaccedilatildeo e as accedilotildees que ocorrem na cultura da sala de aula

A pesquisa a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas precisa ir aleacutem da simples descriccedilatildeo de crenccedilas como indicadores de um comportamento futuro E preciso uma investigaccedilatildeo contextualizada das crenccedilas E necessaacuterio entender como as crenccedilas interagem com as accedilotildees dos alunos e que funccedilotildees elas exercem em suas experiecircncias de aprendishyzagem dentro e fora de sala de aula Como Dewey (1933) sugeriu o conhecimento natildeo pode estar separado da accedilatildeo Assim uma investigashyccedilatildeo do que os alunos sabem ou acreditam deve envolver (a) suas experishyecircncias e accedilotildees (b) suas interpretaccedilotildees sobre essas experiecircncias e (c) o contexto social e como esse contexto molda as suas experiecircncias

Referecircncias Bibliograacuteficas

ABELSON R P Difference between belief and knowledge systems Cognitive Science 3 p 355-366 1979ABRAHAM R G VANN R J Strategies of two language leamers A case study InWENDEN A RUBIN J (Ed) Leamer strategies in language leaming Londres Prentice Hall 1987 p 85-102ALLEN L The evolution of a learnerrsquos beliefs about language leaming Carleton Papers in Applied Language Studies XIII p 67-801996 BARCELOS A M F A cultura de aprender liacutengua estrangeira (inshyglecircs) de alunos de Letras 1995 188f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Linguumliacutestica Aplicada) - Instituto de Estudos da Linguagem UNICAMP Campinas

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

___ Current Approaches to the Investigation of Language LearningBeliefs A Literature Review In AILA99 1999 Toacutequio 12th World Congress o f Applied Linguistics AILA99 mdash Programa and Abstracts Toacutequio AILA 1999 p 133__ Understanding teachersrsquo and students language learning beliefs inexperience A Deweyan Approach 2000357f Tese (Doutorado em Ensino de Ingles como Segunda Lingua) College of Education The University of Alabama Tuscaloosa__ Incorporating language learning beliefs in the classroom - WorkshopUniatildeo Cultural Brasil Estados Unidos Satildeo Paulo 3 de agosto 2000a BENSON R A critical view of learner training Learning Learning v 2 n 2 p 2-61995BLOCK D Learning by listening to language learners System v 25 n 3 p 347-360 1997BLOCK D Exploring interpretations of questionnaire items System v 26 n 3 p 403-4251998BREEN M Constructions of the learner in second language acquisition researchInALATIS 1 STRAEHLE C RONKIN M GALLENBERGER B (Ed) Georgetown University Round Table on Languages and Linguistics Washyshington Georgetown University Press 1996 p 84-115CARVALHO V C P S A aprendizagem de liacutengua estrangeira sob a oacutetica de alunos de letras crenccedilas e mitos 2000 138f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Estudos Linguumliacutesticos) - Faculdade de Letras UFMG Belo Horizonte CAMPBELL C M SHAW V M PLAGEMAN ME ALLEN T A Exploring student beliefs about language learning In HATFIELD W N (Ed) Visions and realities in foreign language teaching where we are where we are going Lincolnwood National Textbook 1993 p 29-39 CORTAZZI M amp JIN L Cultures of learning Language classrooms in China InCOLEMAN H (Ed) Society and the language classroom Cambridge Cambridge University Press p 169-2031996COTTERALL S Readiness for autonomy Investigating learner beliefs System v 23 n 2 p195-2051995DEWEY J How we think Lexington D C Heath 1993ELLIS R The metaphorical constructions of second language learners In AAALrsquo9 8 1998 Seatle AAALAnual Conference Seatle AAAL 1998

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 89

ERLBAUM B E BERG C A DODD D H Previous learning experiences strategy beliefs and task definition in self-regulated foreign language learning Contemporary Educational Psychology v 18 n 3 p 318-336 1993FREEMAN D The ldquounstudied problemrdquo Research on teacher learning in language teaching In FREEMAN D RICHARDS JC (Ed) Teacher learning in language teaching9 Cambridge Cambridge University Press 1996 p 351-378GARCIA C R P As culturas de aprender uma lingua estrangeira (inshyglecircs) em sala de aula que se propotildee interdisciplinar 1999125f Dissershytaccedilatildeo (Mestrado em Linguumliacutestica Aplicada) - Instituto de Estudos da Linshyguagem UNICAMP CampinasGEMENEZ T Learners becoming teacher an exploratory study of beliefs held by prospective and practising EFL teachers in Brazil 1994 340f Tese (Doutorado) Lancaster Lancaster UniversityGOODWIN C DURANTI A Rethinking context An introduction In DURANTI A GOODWIN C (Ed) Rethinking context Language as an interactive phenomenon Cambridge Cambridge University Press 1992 p 1-42HOLEC H The learner as manager managing learning or managing to learn In WENDEN A RUBIN J (Ed) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p 145-156HOLLIDAY A Appropriate methodology and social context Cambridge Cambridge University Press 1994HORWITZ E K Using student beliefs about language learning and teaching in the foreign language methods course Foreign Language Annals v 18 n 4 p 333-340 1985HORWITZ E K Surveying studentsrsquo beliefs about language learning In WENDEN A RUBIN J (Ed) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p 110-129HORWITZ E K The beliefs about language learning of beginning university foreign language students The Modem Language Journal v 72 n 3 p 283-294 1988KALAJA P Student beliefs (or metacognitive knowledge) about SLA reconsidered International Journal o f Applied Linguistics v 5 n 2 p 191-204 1995KERN R G Students7 and teachers beliefs about language learning Foreign Language Annals v 28 n 1 p 71-92 1995

90 Rev B ras ile ira de L inguumlistica A plicada v l n l 2001

KUNTZ P Students of lsquoeasy languages Their beliefs about language learning [ERIC Document Reproduction Service No ED397658] 1996 KUNTZ P Students and their teachers of Arabic Beliefs about language learning ERIC Document Reproduction Service No ED407854] 1997 MANTLE-BROMLEY C Positive attitudes and realistic beliefs Links to proficiency The Modem Language Journal v 79 n 3 p 372-386 1995 LAVE J The practice of learning In CHAIumlNKLIN S LAVE J (Ed) Understanding practice Perspectives on activity and context Cambridge Cambridge University Press 1993 p 3-32LOW G The semantics of questionnaire rating scales Evaluation and Research in Education v 2 n 2 p 69-791988LUPPESCU S DAY R R Examining attitude in teachers and students the need to validate questionnaire data Second Language Research v 6 n 2 p 125-1341990MCDONOUGH J MCDONOUGH S H Research methods for English language teachers London Arnold 1997MUNB Y H A qualitative approach to the study of a teacherrsquos beliefs Journal of Research in Science Teaching v 21 n 1 p 27-38 1984MILLER L amp GINSBERG R B FolWinguistic theories of language learning In FREED B F (Ed) Second language acquisition in a study abroad context Amsterdam John Benjamins 1995 p 293-315MORI Y Epistemological beliefs and language learning beliefs What do language learners believe about their learning [ERIC Document Reproduction Service No ED406657] 1997MURPHEY T Experiencing and mapping in teacher education In SACHS GT Brock M Lo R (Ed) Directions in second language teacher education Hong Kong City University of Hong Kong 1996 p 202-219 MURPHEY T Language hungiy An introduction to language learning fun and self-esteem Tokyo MacMillan 1997NESPOR J The role of beliefs in the practice of teaching Journal of Curnculum Studies v 19 n 4 p 317-328 1987PAJARES F M Teachersrsquo beliefs and educational research Cleaning up a messy construct Review of Educational Research v 62 n 3 p 307-332 1992PRESS M-C Ethnicity and the autonomous language learner different beshyliefs and learning strategies In BROADY E KENNING M-M (Ed) Proshymoting Learner autonomy in university language teaching London Assoshyciation for French StudiesCILT 1996 p237-259

Rev B rasile ira de L ing uuml iacutes tica A plicada v l n l 2001 91

RAMANATHAN V ATKINSON D Ethnographic approaches and methods in L2 writing research A critical guide and Review Applied Linguistics v 20 n 1 1999 p44-70RICHARDS J C LOCKHART C Reflective teaching in second language classrooms Cambridge Cambridge University Press 1994 RICHARDSON V The role of attitudes and beliefs in learning to teach In SIKULA J (Ed) Handbook o f Research on Teacher Education (2 ed) New York Macmillan 1996 p 102-119RILEY R The guru and the conjurer aspects of counselling for self- access In BENSON P amp VOLLER P (Ed) Autonomy and independence in language learning New York Longman 1997 p 114- 131ROKEACH M Beliefs attitudes and values A theory of organization and change San Francisco Jossey-Bass 1968SCHWANDT T A Qualitative Inquiry a dictionary of terms Thousand Oaks Sage1997SAKUI K GAIES S Investigating Japanese learners beliefs about language learning System v 27 n 4 p 473-4921999SU D A study o f English learning strategies and styles o f Chinese university students in relation to their cultwal beliefs about learning English 1995 Dissertaccedilatildeo (Doutorado) - University of Georgia Athens SWALES S From metaphor to meta-language English Teaching Forum v 32 n 3 p8- 11 1994TUMPOSKYN Student beliefs about language learning A cross-cultural study Carleton Papers in Applied Language Studies v 8 p 50-65 1991VALENZUELA S M The management of language learning Who is supposed to do what Carleton Papers in Applied Language Studies XIII 1996 p 21-35VIANA N A A desconstruccedilatildeo dos mitos na aprendizagem de liacutengua estrangeira Uberlacircndia Departamento de Letras UFU 1993 5f MimeografadoVICTORI M Investigating the metacognitive knowledge of students of English as a second language 1992 Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - University of California Los AngelesVICTORI M LOCKHART W Enhancing metacognition in self-directed language learning System v 23 n 2 p 223-234 1995

92 Rev B ras ile ira de LingUistica A plicada v l n l 2001

WEN Q JOHNSON R K L2 learner variables and English achievement A study of tertiary-level English majors in China Applied Linguistics v 18 p 27-48 1997WENDEN A Helping language learners think about learning ELT Journal v 40 nl p3-12 1986WENDEN A How to be a successful language learner insights and prescriptions from L2 learners In WENDEN A amp RUBIN J (Eds) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p103-117WENDEN A Learner strategies for learner autonomy London Prentice Hall 1991WENDEN A Metacognitive knowledge and language learning Applied Linguistics v 19 n 4 p 515-537 1999WOODS D Teacher cognition in language teaching Beliefs decisionshymaking and classroom practice Cambridge Cambridge University Press 1996WOODS D Decision-making in language learning A lens for examining learner strategies The Language Teacher Online Outubro 1997 [cited 26 M ay 1998] Available from World Wide WeB lthttp languehyperchubuacjpjaltpubtli97octwoodshtmlgtYANG ND Second language learnersrsquo beliefs about language learning and their use of learning strategies A study of college students of Enshyglish in Taiwan 1992 Tese (Doutorado) - The University of Texas Ausshytin

Page 12: Pesquisa das crenças sobre aprendizagem de línguas

82 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada vJ n l 2001

lizadas por ele O estudo de Alien (1996) mostra primeiro que as crenccedilas estatildeo inter-relacionadas com as experiecircncias dos alunos e segundo que as crenccedilas natildeo satildeo tatildeo estaacuteveis como se costuma pensar Conforme sugerido por Valenzuela (1996) uma boa abordagem para inferir crenccedilas envolve sua investigaccedilatildeo atraveacutes de acircngulos diferentes combinando observaccedilotildees e enshytrevistas

Na abordagem contextual as crenccedilas satildeo caracterizadas como deshypendentes do contexto A metodologia utilizada envolve o uso de entrevisshytas e principalmente observaccedilotildees de sala de aula Esse eacute o ponto que difere essa abordagem das outras Assim a relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilatildeo natildeo eacute somente sugerida mas eacute investigada dentro do contexto especiacutefico dos alushynos

Vantagens e desvantagens

A abordagem contextual oferece uma definiccedilatildeo mais ampla de crenshyccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas caracterizando-as como dinacircmicas e soshyciais e propondo uma metodologia diferente para investigaacute-las Essa metodologia fornece uma riqueza de detalhes bem mais refinados a respeito dos tipos de crenccedilas e do contexto onde essas crenccedilas se desenvolvem pershymitindo assim uma maior compreensatildeo das crenccedilas e de sua relaccedilatildeo com a abordagem de aprender liacutenguas estrangeiras dos alunos Aleacutem disso ao reshytratar os aprendizes como agentes sociais interagindo em seus contextos essa abordagem tambeacutem apresenta uma visatildeo mais positiva do aprendiz do que as abordagens normativa e metacognitiva Entretanto estudos desse tipo podem consumir muito tempo e satildeo mais adequados agraves investigaccedilotildees com menor nuacutemero de participantes A Tabela 1 resume as caracteriacutesticas vantagens e desvantagens de cada abordagem

Tabela 1 Caracteriacutesticas vantagens e desvantagens das trecircs aborshydagens

Normativa Metacognitiva Contextual

Metodologia

Definiccedilatildeo de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas

Q uestionaacuterios tipo Likert-scale

C renccedilas satildeo vistas como sinocircn im os de ideacuteias preshyconcebidas concepccedilotildees errocircneas e opiniotildees

E ntrevistas

C renccedilas satildeo descritas com o conhecim ento m etacognitivo estaacutevel e agraves vezes faliacutevel que os aprendizes possuem sobre aprendizagem de liacutenguas

Observaccedilotildees entrevistas diaacuterios e

estudos de caso

Crenccedilas satildeo vistas como parte da cultura de aprender e como representaccedilotildees de aprendizagem em um a determ inada sociedade

R ev B ra s ile ira d e L in g uuml iacutes tic a A p lic a d a v l n l 2001

R elaccedilatildeo e n tre c re n ccedila s e accedilotildees

Crenccedilas satildeo vistas como bons indicadores do comportam ento futuro dos alunos sua disposiccedilatildeo para ensino autocircnom o e sucesso como aprendizes de liacutengua

C renccedilas satildeo vistas como bons indicadores do com portam ento futuro dos alunos sua disposiccediluumlo para ensino autocircnom o e sucesso com o aprendizes de liacutengua em bora admita- se a influecircncia de outros fatores com o objetivos por exemplo

Crenccedilas sao vistas como especiacuteficas do contexto ou seja as crenccedilas devem ser investigadas dentro do contexto de suas accedilotildees

V antagens Perm ite que as crenccedilas sejam investigadas com am ostras grandes em eacutepocas diferentes e em vaacuterios contextos ao mesmo tempo

Perm ite que os alunos usem suas proacuteprias palavras elaborem e reflitam sobre suas experiecircncias de aprender

Perm ite que as crenccedilas sejam investigadas levando em consideraccedilatildeo natildeo soacute as proacuteprias palavras dos alunos mas tambeacutem o contexto de suas accedilotildees

D esvantagens Restringe a escolha dos participantes com um conjunto de afirmaccedilotildees predeterm inadas pelo pesquisador Os alunos podem ter interpretaccedilotildees diferentes sobre esses itens

As crenccedilas satildeo investigadas somente atraveacutes das afirmaccedilotildees dos alunos (natildeo haacute preocupaccedilatildeo com a accedilatildeo dos alunos)

Eacute mais adequada com pequeno nuacutem ero de participantes Consome m uito tempo

Discussatildeo e conclusatildeo

Neste trabalho foi feita uma revisatildeo criacutetica da metodologia de investigaccedilatildeo sobre crenccedilas a respeito de aprendizagem Sugeriu-se a exisshytecircncia de trecircs abordagens a normativa a metacognitiva e a contextuai As diferentes metodologias indicam a concepccedilatildeo impliacutecita de crenccedilas utilizadas por vaacuterios estudos

Enquanto na abordagem normativa as crenccedilas satildeo definidas em geral como concepccedilotildees errocircneas e satildeo investigadas de uma maneira descontextualizada na abordagem metacognitiva as crenccedilas satildeo investigadas atraveacutes de entrevistas dando aos alunos mais chances de usarem suas proacuteprias palavras e de contarem suas proacuteprias estoacuterias Enshytretanto tanto a abordagem normativa quanto a metacognitiva consideshyram crenccedilas como uma caracteriacutestica mental como apontado por Kalaja (1995) Natildeo se quer dizer com isso que as crenccedilas natildeo tenham um comshyponente cognitivo mas natildeo se deve esquecer tambeacutem que as crenccedilas assim como o conhecimento estatildeo embutidas no contexto Uma definishyccedilatildeo de crenccedilas que leve em consideraccedilatildeo o contexto seria essencial na compreensatildeo do papel que as crenccedilas exercem na experiecircncia de aprenshydizagem de liacutenguas dos alunos

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

Em resumo tanto a abordagem normativa quanto a metacognitiva falham em levar em consideraccedilatildeo a natureza experiencial das crenccedilas por (a) natildeo analisar as crenccedilas dos alunos nos seus proacuteprios termos (b) tratar as crenccedilas como um conceito fixo a-priori e (c) natildeo prestar atenshyccedilatildeo ao contexto social das crenccedilas

Eacute importante notar entretanto que na praacutetica as distinccedilotildees enshytre as trecircs abordagens podem natildeo ser tatildeo distintas As escolhas metodoloacutegicas frequumlentemente dependem dos tipos de perguntas de pesshyquisa Aleacutem disso trabalhos recentes como os Carvalho (2000) e Sakui amp Gaies (1999) combinam diferentes instrumentos de coleta como por exemplo o uso de questionaacuterios com escalas do tipo Likert e entrevista Outra maneira de visualizar as trecircs abordagens eacute dentro de um contiacutenuo de dois poacutelos que representam categorias a priori ou embasadas (grounded) que dizem respeito agrave maneira como os dados satildeo coletados e analisados Assim a abordagem normativa se utiliza de categorias a- priori de anaacutelise ou seja preacute-determinadas enquanto a abordagem contextuai emprega categorias embasadas ou seja permite que o sentishydo emerja dos dados (Freeman 1996) A abordagem metacognitiva enshycontra-se entre essas duas categorias com maior proximidade com a cashytegoria a-priori conforme ilustra a Figura 1

Figura 1 Abordagens de investigaccedilatildeo e categorias de anaacutelise

Normativa Metacognitiva Contextuai___ I______________________ 1_____________________ ______Categorias a priori Categorias embasadas

Os estudos atuais descrevem os tipos de crenccedilas que os alunos podem ter e apontam para a importacircncia desse toacutepico em LA Entretanshyto a falta de mais estudos embasados natildeo tem ajudado a entender como os alunos na verdade usam as crenccedilas para interpretar situaccedilotildees diferenshytes e tomar decisotildees em seu processo de aprendizagem (Woods 1997) Alguns trabalhos da abordagem contextuai jaacute investigam esse aspecto mas ainda se sabe muito pouco sobre as funccedilotildees que as crenccedilas exercem na aprendizagem de liacutenguas Alguns pesquisadores jaacute sugeriram que enshytrevistas abertas e observaccedilotildees de sala de aula podem nos ajudar a ter uma visatildeo bem mais precisa a respeito das crenccedilas (Kern 1995 Pajares 1992 Press 1996)

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 85

Estudos recentes tecircm combinado abordagens muacuteltiplas usando questionaacuterios com observaccedilotildees de sala de aula (Mantle-Bromley 1995) e com entrevistas (Sakui amp Gaies 1999 Wen amp Johnson 1997) Outros estudos utilizam anaacutelise metafoacuterica diaacuterios e narrativas (Ellis 1998 Miller amp Ginsberg 1995) desenhos (Swales 1994) e estudos de caso (Allen 1996 Valenzuela 1996) Esses estudos mais embasados permitem que o sentido emerja do contexto e indicam a importacircncia de se examinar a relaccedilatildeo entre as crenccedilas dos alunos e suas accedilotildees em contexto Vaacuterios autores sugerem que as crenccedilas satildeo formadas pela cultura do alunos e pelos contextos sociais nos quais eles estatildeo inseridos (Barcelos 1995 Riley 1997 Tumposky 1991 Yang 1992) Aleacutem disso as crenccedilas satildeo variaacuteveis (Sakui amp Gaies 1999 Kalaja 1995) e construiacutedas socialmente (Kalaja 1995)

Embora as trecircs abordagens sejam diferentes no modo de definir e investigar as crenccedilas todas elas enfatizam que as crenccedilas influenciam o comshyportamento definido em LA como as estrateacutegias de aprendizagem ou aborshydagem de aprendizagem dos alunos (Abraham amp Vann 1987 Horwitz 1985 19871988 Mantie-Bromley 1995 Wenden 1987) Entretanto a relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees natildeo eacute tatildeo direta (Riley 1997 Yang 1992) As crenccedilas natildeo somente influenciam accedilotildees mas as accedilotildees e reflexotildees sobre experiecircncias podem levar a mudanccedilas ou criar outras crenccedilas (Murphey 1996 Riacutechardson 1996) conforme ilustra a Figura 2

Figura 2 Relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees

Crenccedilas

Accedilotildees

De acordo com Riley (1997141) os pesquisadores devem ldquoolhar para as condiccedilotildees de aprendizagem onde os aprendizes se encontramrdquo para entender suas crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas Em resumo as crenccedilas devem ser investigadas de maneira interativa onde crenccedilas e accedilotildees se inter-relacionem e se iacutenterconectem

Perguntas e sugestotildees para pesquisas futuras a respeito de crenccedilassobre aprendizagem de liacutenguas

Vaacuterias questotildees a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas podem ser mais bem investigadas em trabalhos futuros Em primeishy

86 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

ro lugar como se desenvolvem as crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas Estudos mais longitudinais podem mostrar como as crenccedilas evolushyem e mudam com o passar do tempo Estudos interpretativos podem levar a uma compreensatildeo mais aprofundada sobre as crenccedilas E crucial entender como as experiecircncias pessoais dos alunos contribuem para moldar suas crenccedilas e suas accedilotildees no contexto social da aula de liacutengua estrangehra Observaccedilotildees de aula e entrevistas detalhadas de alunos e professores podem ajudar a contextualizar aspectos encontrados em dashydos quantitativos (Sakui amp Gaies 1999 Kem 1995 Press 1996) Mais importante ainda eacute considerar que estudos interpretativos poderatildeo dar uma visatildeo mais aprofundada de como as experiecircncias de aprender dos alunos em contextos diferentes no Brasil tais como escolas puacuteblicas ldquocursinhos de inglecircsrdquo e no exterior influenciam os tipos de crenccedilas que esse alunos tecircm sobre como aprender inglecircs e suas accedilotildees para aprender nesses contextos diferentes

Em segundo lugar como as crenccedilas podem ser modificadas Wenden (1991) sugere um plano para explorar as crenccedilas dos aprendishyzes Ateacute o momento natildeo existe estudo empiacuterico que tenha tentado mushydar as crenccedilas dos aprendizes ou incorporar uma discussatildeo sobre crenshyccedilas a respeito de aprendizagem de liacutenguas em atividades de sala de aula levando os alunos a uma aprendizagem reflexiva A aprendizagem refleshyxiva de maneira semelhante ao conceito de ensino reflexivo dos professhysores diz respeito agrave conscientizaccedilatildeo dos alunos sobre como eles aprenshydem uma liacutengua estrangeira Aprender reflexivamente significa abrir a discussatildeo a respeito de crenccedilas estrateacutegias e estilos de aprendizagem aos alunos para que eles mesmos possam refletir entre eles e com seus professores sobre sua cultura de aprender sobre crenccedilas de aprendizashygem de liacutenguas e como elas influenciam suas accedilotildees para aprender dentro e fora de sala de aula Estudos futuros devem incorporar a discussatildeo a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas em atividades de sala de aula dando oportunidade a alunos e professores de liacutenguas de discutir e refletir natildeo somente sobre suas proacuteprias crenccedilas mas tambeacutem sobre obstaacuteculos dentro e fora da sala de aula de liacutenguas que possam impedi- los de agir de acordo com suas proacuteprias crenccedilas e de desenvolver seu potencial para ensino e aprendizagem7

7 Barcelos (2000a) e Murphey (1997) oferecem algumas sugestotildees de atividades relacionadas agraves crenccedilas que podem ser exploradas em sala de aula

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 87

Finalmente quais as funccedilotildees que as crenccedilas exercem nas experishyecircncias de aprendizagem dos alunos e nas accedilotildees que eles praticam para aprender liacutenguas Natildeo sabemos ainda como os alunos usam suas crenccedilas para lidar com a complexidade da aprendizagem de liacutenguas ou seja se os alunos definem seu proacuteprio contexto e atuam nele noacutes precisamos entender como as crenccedilas os ajudam a fazer isso e a ldquonavegarrdquo no discurshyso da sala de aula de liacutenguas (Breen 1996) Pesquisas futuras devem investigar como a sala de aula de liacutenguas como um contexto social ajushyda a moldar as crenccedilas dos alunos e como as crenccedilas dos alunos por sua vez moldam a interaccedilatildeo e as accedilotildees que ocorrem na cultura da sala de aula

A pesquisa a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas precisa ir aleacutem da simples descriccedilatildeo de crenccedilas como indicadores de um comportamento futuro E preciso uma investigaccedilatildeo contextualizada das crenccedilas E necessaacuterio entender como as crenccedilas interagem com as accedilotildees dos alunos e que funccedilotildees elas exercem em suas experiecircncias de aprendishyzagem dentro e fora de sala de aula Como Dewey (1933) sugeriu o conhecimento natildeo pode estar separado da accedilatildeo Assim uma investigashyccedilatildeo do que os alunos sabem ou acreditam deve envolver (a) suas experishyecircncias e accedilotildees (b) suas interpretaccedilotildees sobre essas experiecircncias e (c) o contexto social e como esse contexto molda as suas experiecircncias

Referecircncias Bibliograacuteficas

ABELSON R P Difference between belief and knowledge systems Cognitive Science 3 p 355-366 1979ABRAHAM R G VANN R J Strategies of two language leamers A case study InWENDEN A RUBIN J (Ed) Leamer strategies in language leaming Londres Prentice Hall 1987 p 85-102ALLEN L The evolution of a learnerrsquos beliefs about language leaming Carleton Papers in Applied Language Studies XIII p 67-801996 BARCELOS A M F A cultura de aprender liacutengua estrangeira (inshyglecircs) de alunos de Letras 1995 188f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Linguumliacutestica Aplicada) - Instituto de Estudos da Linguagem UNICAMP Campinas

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

___ Current Approaches to the Investigation of Language LearningBeliefs A Literature Review In AILA99 1999 Toacutequio 12th World Congress o f Applied Linguistics AILA99 mdash Programa and Abstracts Toacutequio AILA 1999 p 133__ Understanding teachersrsquo and students language learning beliefs inexperience A Deweyan Approach 2000357f Tese (Doutorado em Ensino de Ingles como Segunda Lingua) College of Education The University of Alabama Tuscaloosa__ Incorporating language learning beliefs in the classroom - WorkshopUniatildeo Cultural Brasil Estados Unidos Satildeo Paulo 3 de agosto 2000a BENSON R A critical view of learner training Learning Learning v 2 n 2 p 2-61995BLOCK D Learning by listening to language learners System v 25 n 3 p 347-360 1997BLOCK D Exploring interpretations of questionnaire items System v 26 n 3 p 403-4251998BREEN M Constructions of the learner in second language acquisition researchInALATIS 1 STRAEHLE C RONKIN M GALLENBERGER B (Ed) Georgetown University Round Table on Languages and Linguistics Washyshington Georgetown University Press 1996 p 84-115CARVALHO V C P S A aprendizagem de liacutengua estrangeira sob a oacutetica de alunos de letras crenccedilas e mitos 2000 138f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Estudos Linguumliacutesticos) - Faculdade de Letras UFMG Belo Horizonte CAMPBELL C M SHAW V M PLAGEMAN ME ALLEN T A Exploring student beliefs about language learning In HATFIELD W N (Ed) Visions and realities in foreign language teaching where we are where we are going Lincolnwood National Textbook 1993 p 29-39 CORTAZZI M amp JIN L Cultures of learning Language classrooms in China InCOLEMAN H (Ed) Society and the language classroom Cambridge Cambridge University Press p 169-2031996COTTERALL S Readiness for autonomy Investigating learner beliefs System v 23 n 2 p195-2051995DEWEY J How we think Lexington D C Heath 1993ELLIS R The metaphorical constructions of second language learners In AAALrsquo9 8 1998 Seatle AAALAnual Conference Seatle AAAL 1998

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 89

ERLBAUM B E BERG C A DODD D H Previous learning experiences strategy beliefs and task definition in self-regulated foreign language learning Contemporary Educational Psychology v 18 n 3 p 318-336 1993FREEMAN D The ldquounstudied problemrdquo Research on teacher learning in language teaching In FREEMAN D RICHARDS JC (Ed) Teacher learning in language teaching9 Cambridge Cambridge University Press 1996 p 351-378GARCIA C R P As culturas de aprender uma lingua estrangeira (inshyglecircs) em sala de aula que se propotildee interdisciplinar 1999125f Dissershytaccedilatildeo (Mestrado em Linguumliacutestica Aplicada) - Instituto de Estudos da Linshyguagem UNICAMP CampinasGEMENEZ T Learners becoming teacher an exploratory study of beliefs held by prospective and practising EFL teachers in Brazil 1994 340f Tese (Doutorado) Lancaster Lancaster UniversityGOODWIN C DURANTI A Rethinking context An introduction In DURANTI A GOODWIN C (Ed) Rethinking context Language as an interactive phenomenon Cambridge Cambridge University Press 1992 p 1-42HOLEC H The learner as manager managing learning or managing to learn In WENDEN A RUBIN J (Ed) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p 145-156HOLLIDAY A Appropriate methodology and social context Cambridge Cambridge University Press 1994HORWITZ E K Using student beliefs about language learning and teaching in the foreign language methods course Foreign Language Annals v 18 n 4 p 333-340 1985HORWITZ E K Surveying studentsrsquo beliefs about language learning In WENDEN A RUBIN J (Ed) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p 110-129HORWITZ E K The beliefs about language learning of beginning university foreign language students The Modem Language Journal v 72 n 3 p 283-294 1988KALAJA P Student beliefs (or metacognitive knowledge) about SLA reconsidered International Journal o f Applied Linguistics v 5 n 2 p 191-204 1995KERN R G Students7 and teachers beliefs about language learning Foreign Language Annals v 28 n 1 p 71-92 1995

90 Rev B ras ile ira de L inguumlistica A plicada v l n l 2001

KUNTZ P Students of lsquoeasy languages Their beliefs about language learning [ERIC Document Reproduction Service No ED397658] 1996 KUNTZ P Students and their teachers of Arabic Beliefs about language learning ERIC Document Reproduction Service No ED407854] 1997 MANTLE-BROMLEY C Positive attitudes and realistic beliefs Links to proficiency The Modem Language Journal v 79 n 3 p 372-386 1995 LAVE J The practice of learning In CHAIumlNKLIN S LAVE J (Ed) Understanding practice Perspectives on activity and context Cambridge Cambridge University Press 1993 p 3-32LOW G The semantics of questionnaire rating scales Evaluation and Research in Education v 2 n 2 p 69-791988LUPPESCU S DAY R R Examining attitude in teachers and students the need to validate questionnaire data Second Language Research v 6 n 2 p 125-1341990MCDONOUGH J MCDONOUGH S H Research methods for English language teachers London Arnold 1997MUNB Y H A qualitative approach to the study of a teacherrsquos beliefs Journal of Research in Science Teaching v 21 n 1 p 27-38 1984MILLER L amp GINSBERG R B FolWinguistic theories of language learning In FREED B F (Ed) Second language acquisition in a study abroad context Amsterdam John Benjamins 1995 p 293-315MORI Y Epistemological beliefs and language learning beliefs What do language learners believe about their learning [ERIC Document Reproduction Service No ED406657] 1997MURPHEY T Experiencing and mapping in teacher education In SACHS GT Brock M Lo R (Ed) Directions in second language teacher education Hong Kong City University of Hong Kong 1996 p 202-219 MURPHEY T Language hungiy An introduction to language learning fun and self-esteem Tokyo MacMillan 1997NESPOR J The role of beliefs in the practice of teaching Journal of Curnculum Studies v 19 n 4 p 317-328 1987PAJARES F M Teachersrsquo beliefs and educational research Cleaning up a messy construct Review of Educational Research v 62 n 3 p 307-332 1992PRESS M-C Ethnicity and the autonomous language learner different beshyliefs and learning strategies In BROADY E KENNING M-M (Ed) Proshymoting Learner autonomy in university language teaching London Assoshyciation for French StudiesCILT 1996 p237-259

Rev B rasile ira de L ing uuml iacutes tica A plicada v l n l 2001 91

RAMANATHAN V ATKINSON D Ethnographic approaches and methods in L2 writing research A critical guide and Review Applied Linguistics v 20 n 1 1999 p44-70RICHARDS J C LOCKHART C Reflective teaching in second language classrooms Cambridge Cambridge University Press 1994 RICHARDSON V The role of attitudes and beliefs in learning to teach In SIKULA J (Ed) Handbook o f Research on Teacher Education (2 ed) New York Macmillan 1996 p 102-119RILEY R The guru and the conjurer aspects of counselling for self- access In BENSON P amp VOLLER P (Ed) Autonomy and independence in language learning New York Longman 1997 p 114- 131ROKEACH M Beliefs attitudes and values A theory of organization and change San Francisco Jossey-Bass 1968SCHWANDT T A Qualitative Inquiry a dictionary of terms Thousand Oaks Sage1997SAKUI K GAIES S Investigating Japanese learners beliefs about language learning System v 27 n 4 p 473-4921999SU D A study o f English learning strategies and styles o f Chinese university students in relation to their cultwal beliefs about learning English 1995 Dissertaccedilatildeo (Doutorado) - University of Georgia Athens SWALES S From metaphor to meta-language English Teaching Forum v 32 n 3 p8- 11 1994TUMPOSKYN Student beliefs about language learning A cross-cultural study Carleton Papers in Applied Language Studies v 8 p 50-65 1991VALENZUELA S M The management of language learning Who is supposed to do what Carleton Papers in Applied Language Studies XIII 1996 p 21-35VIANA N A A desconstruccedilatildeo dos mitos na aprendizagem de liacutengua estrangeira Uberlacircndia Departamento de Letras UFU 1993 5f MimeografadoVICTORI M Investigating the metacognitive knowledge of students of English as a second language 1992 Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - University of California Los AngelesVICTORI M LOCKHART W Enhancing metacognition in self-directed language learning System v 23 n 2 p 223-234 1995

92 Rev B ras ile ira de LingUistica A plicada v l n l 2001

WEN Q JOHNSON R K L2 learner variables and English achievement A study of tertiary-level English majors in China Applied Linguistics v 18 p 27-48 1997WENDEN A Helping language learners think about learning ELT Journal v 40 nl p3-12 1986WENDEN A How to be a successful language learner insights and prescriptions from L2 learners In WENDEN A amp RUBIN J (Eds) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p103-117WENDEN A Learner strategies for learner autonomy London Prentice Hall 1991WENDEN A Metacognitive knowledge and language learning Applied Linguistics v 19 n 4 p 515-537 1999WOODS D Teacher cognition in language teaching Beliefs decisionshymaking and classroom practice Cambridge Cambridge University Press 1996WOODS D Decision-making in language learning A lens for examining learner strategies The Language Teacher Online Outubro 1997 [cited 26 M ay 1998] Available from World Wide WeB lthttp languehyperchubuacjpjaltpubtli97octwoodshtmlgtYANG ND Second language learnersrsquo beliefs about language learning and their use of learning strategies A study of college students of Enshyglish in Taiwan 1992 Tese (Doutorado) - The University of Texas Ausshytin

Page 13: Pesquisa das crenças sobre aprendizagem de línguas

R ev B ra s ile ira d e L in g uuml iacutes tic a A p lic a d a v l n l 2001

R elaccedilatildeo e n tre c re n ccedila s e accedilotildees

Crenccedilas satildeo vistas como bons indicadores do comportam ento futuro dos alunos sua disposiccedilatildeo para ensino autocircnom o e sucesso como aprendizes de liacutengua

C renccedilas satildeo vistas como bons indicadores do com portam ento futuro dos alunos sua disposiccediluumlo para ensino autocircnom o e sucesso com o aprendizes de liacutengua em bora admita- se a influecircncia de outros fatores com o objetivos por exemplo

Crenccedilas sao vistas como especiacuteficas do contexto ou seja as crenccedilas devem ser investigadas dentro do contexto de suas accedilotildees

V antagens Perm ite que as crenccedilas sejam investigadas com am ostras grandes em eacutepocas diferentes e em vaacuterios contextos ao mesmo tempo

Perm ite que os alunos usem suas proacuteprias palavras elaborem e reflitam sobre suas experiecircncias de aprender

Perm ite que as crenccedilas sejam investigadas levando em consideraccedilatildeo natildeo soacute as proacuteprias palavras dos alunos mas tambeacutem o contexto de suas accedilotildees

D esvantagens Restringe a escolha dos participantes com um conjunto de afirmaccedilotildees predeterm inadas pelo pesquisador Os alunos podem ter interpretaccedilotildees diferentes sobre esses itens

As crenccedilas satildeo investigadas somente atraveacutes das afirmaccedilotildees dos alunos (natildeo haacute preocupaccedilatildeo com a accedilatildeo dos alunos)

Eacute mais adequada com pequeno nuacutem ero de participantes Consome m uito tempo

Discussatildeo e conclusatildeo

Neste trabalho foi feita uma revisatildeo criacutetica da metodologia de investigaccedilatildeo sobre crenccedilas a respeito de aprendizagem Sugeriu-se a exisshytecircncia de trecircs abordagens a normativa a metacognitiva e a contextuai As diferentes metodologias indicam a concepccedilatildeo impliacutecita de crenccedilas utilizadas por vaacuterios estudos

Enquanto na abordagem normativa as crenccedilas satildeo definidas em geral como concepccedilotildees errocircneas e satildeo investigadas de uma maneira descontextualizada na abordagem metacognitiva as crenccedilas satildeo investigadas atraveacutes de entrevistas dando aos alunos mais chances de usarem suas proacuteprias palavras e de contarem suas proacuteprias estoacuterias Enshytretanto tanto a abordagem normativa quanto a metacognitiva consideshyram crenccedilas como uma caracteriacutestica mental como apontado por Kalaja (1995) Natildeo se quer dizer com isso que as crenccedilas natildeo tenham um comshyponente cognitivo mas natildeo se deve esquecer tambeacutem que as crenccedilas assim como o conhecimento estatildeo embutidas no contexto Uma definishyccedilatildeo de crenccedilas que leve em consideraccedilatildeo o contexto seria essencial na compreensatildeo do papel que as crenccedilas exercem na experiecircncia de aprenshydizagem de liacutenguas dos alunos

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

Em resumo tanto a abordagem normativa quanto a metacognitiva falham em levar em consideraccedilatildeo a natureza experiencial das crenccedilas por (a) natildeo analisar as crenccedilas dos alunos nos seus proacuteprios termos (b) tratar as crenccedilas como um conceito fixo a-priori e (c) natildeo prestar atenshyccedilatildeo ao contexto social das crenccedilas

Eacute importante notar entretanto que na praacutetica as distinccedilotildees enshytre as trecircs abordagens podem natildeo ser tatildeo distintas As escolhas metodoloacutegicas frequumlentemente dependem dos tipos de perguntas de pesshyquisa Aleacutem disso trabalhos recentes como os Carvalho (2000) e Sakui amp Gaies (1999) combinam diferentes instrumentos de coleta como por exemplo o uso de questionaacuterios com escalas do tipo Likert e entrevista Outra maneira de visualizar as trecircs abordagens eacute dentro de um contiacutenuo de dois poacutelos que representam categorias a priori ou embasadas (grounded) que dizem respeito agrave maneira como os dados satildeo coletados e analisados Assim a abordagem normativa se utiliza de categorias a- priori de anaacutelise ou seja preacute-determinadas enquanto a abordagem contextuai emprega categorias embasadas ou seja permite que o sentishydo emerja dos dados (Freeman 1996) A abordagem metacognitiva enshycontra-se entre essas duas categorias com maior proximidade com a cashytegoria a-priori conforme ilustra a Figura 1

Figura 1 Abordagens de investigaccedilatildeo e categorias de anaacutelise

Normativa Metacognitiva Contextuai___ I______________________ 1_____________________ ______Categorias a priori Categorias embasadas

Os estudos atuais descrevem os tipos de crenccedilas que os alunos podem ter e apontam para a importacircncia desse toacutepico em LA Entretanshyto a falta de mais estudos embasados natildeo tem ajudado a entender como os alunos na verdade usam as crenccedilas para interpretar situaccedilotildees diferenshytes e tomar decisotildees em seu processo de aprendizagem (Woods 1997) Alguns trabalhos da abordagem contextuai jaacute investigam esse aspecto mas ainda se sabe muito pouco sobre as funccedilotildees que as crenccedilas exercem na aprendizagem de liacutenguas Alguns pesquisadores jaacute sugeriram que enshytrevistas abertas e observaccedilotildees de sala de aula podem nos ajudar a ter uma visatildeo bem mais precisa a respeito das crenccedilas (Kern 1995 Pajares 1992 Press 1996)

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 85

Estudos recentes tecircm combinado abordagens muacuteltiplas usando questionaacuterios com observaccedilotildees de sala de aula (Mantle-Bromley 1995) e com entrevistas (Sakui amp Gaies 1999 Wen amp Johnson 1997) Outros estudos utilizam anaacutelise metafoacuterica diaacuterios e narrativas (Ellis 1998 Miller amp Ginsberg 1995) desenhos (Swales 1994) e estudos de caso (Allen 1996 Valenzuela 1996) Esses estudos mais embasados permitem que o sentido emerja do contexto e indicam a importacircncia de se examinar a relaccedilatildeo entre as crenccedilas dos alunos e suas accedilotildees em contexto Vaacuterios autores sugerem que as crenccedilas satildeo formadas pela cultura do alunos e pelos contextos sociais nos quais eles estatildeo inseridos (Barcelos 1995 Riley 1997 Tumposky 1991 Yang 1992) Aleacutem disso as crenccedilas satildeo variaacuteveis (Sakui amp Gaies 1999 Kalaja 1995) e construiacutedas socialmente (Kalaja 1995)

Embora as trecircs abordagens sejam diferentes no modo de definir e investigar as crenccedilas todas elas enfatizam que as crenccedilas influenciam o comshyportamento definido em LA como as estrateacutegias de aprendizagem ou aborshydagem de aprendizagem dos alunos (Abraham amp Vann 1987 Horwitz 1985 19871988 Mantie-Bromley 1995 Wenden 1987) Entretanto a relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees natildeo eacute tatildeo direta (Riley 1997 Yang 1992) As crenccedilas natildeo somente influenciam accedilotildees mas as accedilotildees e reflexotildees sobre experiecircncias podem levar a mudanccedilas ou criar outras crenccedilas (Murphey 1996 Riacutechardson 1996) conforme ilustra a Figura 2

Figura 2 Relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees

Crenccedilas

Accedilotildees

De acordo com Riley (1997141) os pesquisadores devem ldquoolhar para as condiccedilotildees de aprendizagem onde os aprendizes se encontramrdquo para entender suas crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas Em resumo as crenccedilas devem ser investigadas de maneira interativa onde crenccedilas e accedilotildees se inter-relacionem e se iacutenterconectem

Perguntas e sugestotildees para pesquisas futuras a respeito de crenccedilassobre aprendizagem de liacutenguas

Vaacuterias questotildees a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas podem ser mais bem investigadas em trabalhos futuros Em primeishy

86 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

ro lugar como se desenvolvem as crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas Estudos mais longitudinais podem mostrar como as crenccedilas evolushyem e mudam com o passar do tempo Estudos interpretativos podem levar a uma compreensatildeo mais aprofundada sobre as crenccedilas E crucial entender como as experiecircncias pessoais dos alunos contribuem para moldar suas crenccedilas e suas accedilotildees no contexto social da aula de liacutengua estrangehra Observaccedilotildees de aula e entrevistas detalhadas de alunos e professores podem ajudar a contextualizar aspectos encontrados em dashydos quantitativos (Sakui amp Gaies 1999 Kem 1995 Press 1996) Mais importante ainda eacute considerar que estudos interpretativos poderatildeo dar uma visatildeo mais aprofundada de como as experiecircncias de aprender dos alunos em contextos diferentes no Brasil tais como escolas puacuteblicas ldquocursinhos de inglecircsrdquo e no exterior influenciam os tipos de crenccedilas que esse alunos tecircm sobre como aprender inglecircs e suas accedilotildees para aprender nesses contextos diferentes

Em segundo lugar como as crenccedilas podem ser modificadas Wenden (1991) sugere um plano para explorar as crenccedilas dos aprendishyzes Ateacute o momento natildeo existe estudo empiacuterico que tenha tentado mushydar as crenccedilas dos aprendizes ou incorporar uma discussatildeo sobre crenshyccedilas a respeito de aprendizagem de liacutenguas em atividades de sala de aula levando os alunos a uma aprendizagem reflexiva A aprendizagem refleshyxiva de maneira semelhante ao conceito de ensino reflexivo dos professhysores diz respeito agrave conscientizaccedilatildeo dos alunos sobre como eles aprenshydem uma liacutengua estrangeira Aprender reflexivamente significa abrir a discussatildeo a respeito de crenccedilas estrateacutegias e estilos de aprendizagem aos alunos para que eles mesmos possam refletir entre eles e com seus professores sobre sua cultura de aprender sobre crenccedilas de aprendizashygem de liacutenguas e como elas influenciam suas accedilotildees para aprender dentro e fora de sala de aula Estudos futuros devem incorporar a discussatildeo a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas em atividades de sala de aula dando oportunidade a alunos e professores de liacutenguas de discutir e refletir natildeo somente sobre suas proacuteprias crenccedilas mas tambeacutem sobre obstaacuteculos dentro e fora da sala de aula de liacutenguas que possam impedi- los de agir de acordo com suas proacuteprias crenccedilas e de desenvolver seu potencial para ensino e aprendizagem7

7 Barcelos (2000a) e Murphey (1997) oferecem algumas sugestotildees de atividades relacionadas agraves crenccedilas que podem ser exploradas em sala de aula

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 87

Finalmente quais as funccedilotildees que as crenccedilas exercem nas experishyecircncias de aprendizagem dos alunos e nas accedilotildees que eles praticam para aprender liacutenguas Natildeo sabemos ainda como os alunos usam suas crenccedilas para lidar com a complexidade da aprendizagem de liacutenguas ou seja se os alunos definem seu proacuteprio contexto e atuam nele noacutes precisamos entender como as crenccedilas os ajudam a fazer isso e a ldquonavegarrdquo no discurshyso da sala de aula de liacutenguas (Breen 1996) Pesquisas futuras devem investigar como a sala de aula de liacutenguas como um contexto social ajushyda a moldar as crenccedilas dos alunos e como as crenccedilas dos alunos por sua vez moldam a interaccedilatildeo e as accedilotildees que ocorrem na cultura da sala de aula

A pesquisa a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas precisa ir aleacutem da simples descriccedilatildeo de crenccedilas como indicadores de um comportamento futuro E preciso uma investigaccedilatildeo contextualizada das crenccedilas E necessaacuterio entender como as crenccedilas interagem com as accedilotildees dos alunos e que funccedilotildees elas exercem em suas experiecircncias de aprendishyzagem dentro e fora de sala de aula Como Dewey (1933) sugeriu o conhecimento natildeo pode estar separado da accedilatildeo Assim uma investigashyccedilatildeo do que os alunos sabem ou acreditam deve envolver (a) suas experishyecircncias e accedilotildees (b) suas interpretaccedilotildees sobre essas experiecircncias e (c) o contexto social e como esse contexto molda as suas experiecircncias

Referecircncias Bibliograacuteficas

ABELSON R P Difference between belief and knowledge systems Cognitive Science 3 p 355-366 1979ABRAHAM R G VANN R J Strategies of two language leamers A case study InWENDEN A RUBIN J (Ed) Leamer strategies in language leaming Londres Prentice Hall 1987 p 85-102ALLEN L The evolution of a learnerrsquos beliefs about language leaming Carleton Papers in Applied Language Studies XIII p 67-801996 BARCELOS A M F A cultura de aprender liacutengua estrangeira (inshyglecircs) de alunos de Letras 1995 188f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Linguumliacutestica Aplicada) - Instituto de Estudos da Linguagem UNICAMP Campinas

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

___ Current Approaches to the Investigation of Language LearningBeliefs A Literature Review In AILA99 1999 Toacutequio 12th World Congress o f Applied Linguistics AILA99 mdash Programa and Abstracts Toacutequio AILA 1999 p 133__ Understanding teachersrsquo and students language learning beliefs inexperience A Deweyan Approach 2000357f Tese (Doutorado em Ensino de Ingles como Segunda Lingua) College of Education The University of Alabama Tuscaloosa__ Incorporating language learning beliefs in the classroom - WorkshopUniatildeo Cultural Brasil Estados Unidos Satildeo Paulo 3 de agosto 2000a BENSON R A critical view of learner training Learning Learning v 2 n 2 p 2-61995BLOCK D Learning by listening to language learners System v 25 n 3 p 347-360 1997BLOCK D Exploring interpretations of questionnaire items System v 26 n 3 p 403-4251998BREEN M Constructions of the learner in second language acquisition researchInALATIS 1 STRAEHLE C RONKIN M GALLENBERGER B (Ed) Georgetown University Round Table on Languages and Linguistics Washyshington Georgetown University Press 1996 p 84-115CARVALHO V C P S A aprendizagem de liacutengua estrangeira sob a oacutetica de alunos de letras crenccedilas e mitos 2000 138f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Estudos Linguumliacutesticos) - Faculdade de Letras UFMG Belo Horizonte CAMPBELL C M SHAW V M PLAGEMAN ME ALLEN T A Exploring student beliefs about language learning In HATFIELD W N (Ed) Visions and realities in foreign language teaching where we are where we are going Lincolnwood National Textbook 1993 p 29-39 CORTAZZI M amp JIN L Cultures of learning Language classrooms in China InCOLEMAN H (Ed) Society and the language classroom Cambridge Cambridge University Press p 169-2031996COTTERALL S Readiness for autonomy Investigating learner beliefs System v 23 n 2 p195-2051995DEWEY J How we think Lexington D C Heath 1993ELLIS R The metaphorical constructions of second language learners In AAALrsquo9 8 1998 Seatle AAALAnual Conference Seatle AAAL 1998

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 89

ERLBAUM B E BERG C A DODD D H Previous learning experiences strategy beliefs and task definition in self-regulated foreign language learning Contemporary Educational Psychology v 18 n 3 p 318-336 1993FREEMAN D The ldquounstudied problemrdquo Research on teacher learning in language teaching In FREEMAN D RICHARDS JC (Ed) Teacher learning in language teaching9 Cambridge Cambridge University Press 1996 p 351-378GARCIA C R P As culturas de aprender uma lingua estrangeira (inshyglecircs) em sala de aula que se propotildee interdisciplinar 1999125f Dissershytaccedilatildeo (Mestrado em Linguumliacutestica Aplicada) - Instituto de Estudos da Linshyguagem UNICAMP CampinasGEMENEZ T Learners becoming teacher an exploratory study of beliefs held by prospective and practising EFL teachers in Brazil 1994 340f Tese (Doutorado) Lancaster Lancaster UniversityGOODWIN C DURANTI A Rethinking context An introduction In DURANTI A GOODWIN C (Ed) Rethinking context Language as an interactive phenomenon Cambridge Cambridge University Press 1992 p 1-42HOLEC H The learner as manager managing learning or managing to learn In WENDEN A RUBIN J (Ed) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p 145-156HOLLIDAY A Appropriate methodology and social context Cambridge Cambridge University Press 1994HORWITZ E K Using student beliefs about language learning and teaching in the foreign language methods course Foreign Language Annals v 18 n 4 p 333-340 1985HORWITZ E K Surveying studentsrsquo beliefs about language learning In WENDEN A RUBIN J (Ed) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p 110-129HORWITZ E K The beliefs about language learning of beginning university foreign language students The Modem Language Journal v 72 n 3 p 283-294 1988KALAJA P Student beliefs (or metacognitive knowledge) about SLA reconsidered International Journal o f Applied Linguistics v 5 n 2 p 191-204 1995KERN R G Students7 and teachers beliefs about language learning Foreign Language Annals v 28 n 1 p 71-92 1995

90 Rev B ras ile ira de L inguumlistica A plicada v l n l 2001

KUNTZ P Students of lsquoeasy languages Their beliefs about language learning [ERIC Document Reproduction Service No ED397658] 1996 KUNTZ P Students and their teachers of Arabic Beliefs about language learning ERIC Document Reproduction Service No ED407854] 1997 MANTLE-BROMLEY C Positive attitudes and realistic beliefs Links to proficiency The Modem Language Journal v 79 n 3 p 372-386 1995 LAVE J The practice of learning In CHAIumlNKLIN S LAVE J (Ed) Understanding practice Perspectives on activity and context Cambridge Cambridge University Press 1993 p 3-32LOW G The semantics of questionnaire rating scales Evaluation and Research in Education v 2 n 2 p 69-791988LUPPESCU S DAY R R Examining attitude in teachers and students the need to validate questionnaire data Second Language Research v 6 n 2 p 125-1341990MCDONOUGH J MCDONOUGH S H Research methods for English language teachers London Arnold 1997MUNB Y H A qualitative approach to the study of a teacherrsquos beliefs Journal of Research in Science Teaching v 21 n 1 p 27-38 1984MILLER L amp GINSBERG R B FolWinguistic theories of language learning In FREED B F (Ed) Second language acquisition in a study abroad context Amsterdam John Benjamins 1995 p 293-315MORI Y Epistemological beliefs and language learning beliefs What do language learners believe about their learning [ERIC Document Reproduction Service No ED406657] 1997MURPHEY T Experiencing and mapping in teacher education In SACHS GT Brock M Lo R (Ed) Directions in second language teacher education Hong Kong City University of Hong Kong 1996 p 202-219 MURPHEY T Language hungiy An introduction to language learning fun and self-esteem Tokyo MacMillan 1997NESPOR J The role of beliefs in the practice of teaching Journal of Curnculum Studies v 19 n 4 p 317-328 1987PAJARES F M Teachersrsquo beliefs and educational research Cleaning up a messy construct Review of Educational Research v 62 n 3 p 307-332 1992PRESS M-C Ethnicity and the autonomous language learner different beshyliefs and learning strategies In BROADY E KENNING M-M (Ed) Proshymoting Learner autonomy in university language teaching London Assoshyciation for French StudiesCILT 1996 p237-259

Rev B rasile ira de L ing uuml iacutes tica A plicada v l n l 2001 91

RAMANATHAN V ATKINSON D Ethnographic approaches and methods in L2 writing research A critical guide and Review Applied Linguistics v 20 n 1 1999 p44-70RICHARDS J C LOCKHART C Reflective teaching in second language classrooms Cambridge Cambridge University Press 1994 RICHARDSON V The role of attitudes and beliefs in learning to teach In SIKULA J (Ed) Handbook o f Research on Teacher Education (2 ed) New York Macmillan 1996 p 102-119RILEY R The guru and the conjurer aspects of counselling for self- access In BENSON P amp VOLLER P (Ed) Autonomy and independence in language learning New York Longman 1997 p 114- 131ROKEACH M Beliefs attitudes and values A theory of organization and change San Francisco Jossey-Bass 1968SCHWANDT T A Qualitative Inquiry a dictionary of terms Thousand Oaks Sage1997SAKUI K GAIES S Investigating Japanese learners beliefs about language learning System v 27 n 4 p 473-4921999SU D A study o f English learning strategies and styles o f Chinese university students in relation to their cultwal beliefs about learning English 1995 Dissertaccedilatildeo (Doutorado) - University of Georgia Athens SWALES S From metaphor to meta-language English Teaching Forum v 32 n 3 p8- 11 1994TUMPOSKYN Student beliefs about language learning A cross-cultural study Carleton Papers in Applied Language Studies v 8 p 50-65 1991VALENZUELA S M The management of language learning Who is supposed to do what Carleton Papers in Applied Language Studies XIII 1996 p 21-35VIANA N A A desconstruccedilatildeo dos mitos na aprendizagem de liacutengua estrangeira Uberlacircndia Departamento de Letras UFU 1993 5f MimeografadoVICTORI M Investigating the metacognitive knowledge of students of English as a second language 1992 Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - University of California Los AngelesVICTORI M LOCKHART W Enhancing metacognition in self-directed language learning System v 23 n 2 p 223-234 1995

92 Rev B ras ile ira de LingUistica A plicada v l n l 2001

WEN Q JOHNSON R K L2 learner variables and English achievement A study of tertiary-level English majors in China Applied Linguistics v 18 p 27-48 1997WENDEN A Helping language learners think about learning ELT Journal v 40 nl p3-12 1986WENDEN A How to be a successful language learner insights and prescriptions from L2 learners In WENDEN A amp RUBIN J (Eds) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p103-117WENDEN A Learner strategies for learner autonomy London Prentice Hall 1991WENDEN A Metacognitive knowledge and language learning Applied Linguistics v 19 n 4 p 515-537 1999WOODS D Teacher cognition in language teaching Beliefs decisionshymaking and classroom practice Cambridge Cambridge University Press 1996WOODS D Decision-making in language learning A lens for examining learner strategies The Language Teacher Online Outubro 1997 [cited 26 M ay 1998] Available from World Wide WeB lthttp languehyperchubuacjpjaltpubtli97octwoodshtmlgtYANG ND Second language learnersrsquo beliefs about language learning and their use of learning strategies A study of college students of Enshyglish in Taiwan 1992 Tese (Doutorado) - The University of Texas Ausshytin

Page 14: Pesquisa das crenças sobre aprendizagem de línguas

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

Em resumo tanto a abordagem normativa quanto a metacognitiva falham em levar em consideraccedilatildeo a natureza experiencial das crenccedilas por (a) natildeo analisar as crenccedilas dos alunos nos seus proacuteprios termos (b) tratar as crenccedilas como um conceito fixo a-priori e (c) natildeo prestar atenshyccedilatildeo ao contexto social das crenccedilas

Eacute importante notar entretanto que na praacutetica as distinccedilotildees enshytre as trecircs abordagens podem natildeo ser tatildeo distintas As escolhas metodoloacutegicas frequumlentemente dependem dos tipos de perguntas de pesshyquisa Aleacutem disso trabalhos recentes como os Carvalho (2000) e Sakui amp Gaies (1999) combinam diferentes instrumentos de coleta como por exemplo o uso de questionaacuterios com escalas do tipo Likert e entrevista Outra maneira de visualizar as trecircs abordagens eacute dentro de um contiacutenuo de dois poacutelos que representam categorias a priori ou embasadas (grounded) que dizem respeito agrave maneira como os dados satildeo coletados e analisados Assim a abordagem normativa se utiliza de categorias a- priori de anaacutelise ou seja preacute-determinadas enquanto a abordagem contextuai emprega categorias embasadas ou seja permite que o sentishydo emerja dos dados (Freeman 1996) A abordagem metacognitiva enshycontra-se entre essas duas categorias com maior proximidade com a cashytegoria a-priori conforme ilustra a Figura 1

Figura 1 Abordagens de investigaccedilatildeo e categorias de anaacutelise

Normativa Metacognitiva Contextuai___ I______________________ 1_____________________ ______Categorias a priori Categorias embasadas

Os estudos atuais descrevem os tipos de crenccedilas que os alunos podem ter e apontam para a importacircncia desse toacutepico em LA Entretanshyto a falta de mais estudos embasados natildeo tem ajudado a entender como os alunos na verdade usam as crenccedilas para interpretar situaccedilotildees diferenshytes e tomar decisotildees em seu processo de aprendizagem (Woods 1997) Alguns trabalhos da abordagem contextuai jaacute investigam esse aspecto mas ainda se sabe muito pouco sobre as funccedilotildees que as crenccedilas exercem na aprendizagem de liacutenguas Alguns pesquisadores jaacute sugeriram que enshytrevistas abertas e observaccedilotildees de sala de aula podem nos ajudar a ter uma visatildeo bem mais precisa a respeito das crenccedilas (Kern 1995 Pajares 1992 Press 1996)

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 85

Estudos recentes tecircm combinado abordagens muacuteltiplas usando questionaacuterios com observaccedilotildees de sala de aula (Mantle-Bromley 1995) e com entrevistas (Sakui amp Gaies 1999 Wen amp Johnson 1997) Outros estudos utilizam anaacutelise metafoacuterica diaacuterios e narrativas (Ellis 1998 Miller amp Ginsberg 1995) desenhos (Swales 1994) e estudos de caso (Allen 1996 Valenzuela 1996) Esses estudos mais embasados permitem que o sentido emerja do contexto e indicam a importacircncia de se examinar a relaccedilatildeo entre as crenccedilas dos alunos e suas accedilotildees em contexto Vaacuterios autores sugerem que as crenccedilas satildeo formadas pela cultura do alunos e pelos contextos sociais nos quais eles estatildeo inseridos (Barcelos 1995 Riley 1997 Tumposky 1991 Yang 1992) Aleacutem disso as crenccedilas satildeo variaacuteveis (Sakui amp Gaies 1999 Kalaja 1995) e construiacutedas socialmente (Kalaja 1995)

Embora as trecircs abordagens sejam diferentes no modo de definir e investigar as crenccedilas todas elas enfatizam que as crenccedilas influenciam o comshyportamento definido em LA como as estrateacutegias de aprendizagem ou aborshydagem de aprendizagem dos alunos (Abraham amp Vann 1987 Horwitz 1985 19871988 Mantie-Bromley 1995 Wenden 1987) Entretanto a relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees natildeo eacute tatildeo direta (Riley 1997 Yang 1992) As crenccedilas natildeo somente influenciam accedilotildees mas as accedilotildees e reflexotildees sobre experiecircncias podem levar a mudanccedilas ou criar outras crenccedilas (Murphey 1996 Riacutechardson 1996) conforme ilustra a Figura 2

Figura 2 Relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees

Crenccedilas

Accedilotildees

De acordo com Riley (1997141) os pesquisadores devem ldquoolhar para as condiccedilotildees de aprendizagem onde os aprendizes se encontramrdquo para entender suas crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas Em resumo as crenccedilas devem ser investigadas de maneira interativa onde crenccedilas e accedilotildees se inter-relacionem e se iacutenterconectem

Perguntas e sugestotildees para pesquisas futuras a respeito de crenccedilassobre aprendizagem de liacutenguas

Vaacuterias questotildees a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas podem ser mais bem investigadas em trabalhos futuros Em primeishy

86 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

ro lugar como se desenvolvem as crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas Estudos mais longitudinais podem mostrar como as crenccedilas evolushyem e mudam com o passar do tempo Estudos interpretativos podem levar a uma compreensatildeo mais aprofundada sobre as crenccedilas E crucial entender como as experiecircncias pessoais dos alunos contribuem para moldar suas crenccedilas e suas accedilotildees no contexto social da aula de liacutengua estrangehra Observaccedilotildees de aula e entrevistas detalhadas de alunos e professores podem ajudar a contextualizar aspectos encontrados em dashydos quantitativos (Sakui amp Gaies 1999 Kem 1995 Press 1996) Mais importante ainda eacute considerar que estudos interpretativos poderatildeo dar uma visatildeo mais aprofundada de como as experiecircncias de aprender dos alunos em contextos diferentes no Brasil tais como escolas puacuteblicas ldquocursinhos de inglecircsrdquo e no exterior influenciam os tipos de crenccedilas que esse alunos tecircm sobre como aprender inglecircs e suas accedilotildees para aprender nesses contextos diferentes

Em segundo lugar como as crenccedilas podem ser modificadas Wenden (1991) sugere um plano para explorar as crenccedilas dos aprendishyzes Ateacute o momento natildeo existe estudo empiacuterico que tenha tentado mushydar as crenccedilas dos aprendizes ou incorporar uma discussatildeo sobre crenshyccedilas a respeito de aprendizagem de liacutenguas em atividades de sala de aula levando os alunos a uma aprendizagem reflexiva A aprendizagem refleshyxiva de maneira semelhante ao conceito de ensino reflexivo dos professhysores diz respeito agrave conscientizaccedilatildeo dos alunos sobre como eles aprenshydem uma liacutengua estrangeira Aprender reflexivamente significa abrir a discussatildeo a respeito de crenccedilas estrateacutegias e estilos de aprendizagem aos alunos para que eles mesmos possam refletir entre eles e com seus professores sobre sua cultura de aprender sobre crenccedilas de aprendizashygem de liacutenguas e como elas influenciam suas accedilotildees para aprender dentro e fora de sala de aula Estudos futuros devem incorporar a discussatildeo a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas em atividades de sala de aula dando oportunidade a alunos e professores de liacutenguas de discutir e refletir natildeo somente sobre suas proacuteprias crenccedilas mas tambeacutem sobre obstaacuteculos dentro e fora da sala de aula de liacutenguas que possam impedi- los de agir de acordo com suas proacuteprias crenccedilas e de desenvolver seu potencial para ensino e aprendizagem7

7 Barcelos (2000a) e Murphey (1997) oferecem algumas sugestotildees de atividades relacionadas agraves crenccedilas que podem ser exploradas em sala de aula

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 87

Finalmente quais as funccedilotildees que as crenccedilas exercem nas experishyecircncias de aprendizagem dos alunos e nas accedilotildees que eles praticam para aprender liacutenguas Natildeo sabemos ainda como os alunos usam suas crenccedilas para lidar com a complexidade da aprendizagem de liacutenguas ou seja se os alunos definem seu proacuteprio contexto e atuam nele noacutes precisamos entender como as crenccedilas os ajudam a fazer isso e a ldquonavegarrdquo no discurshyso da sala de aula de liacutenguas (Breen 1996) Pesquisas futuras devem investigar como a sala de aula de liacutenguas como um contexto social ajushyda a moldar as crenccedilas dos alunos e como as crenccedilas dos alunos por sua vez moldam a interaccedilatildeo e as accedilotildees que ocorrem na cultura da sala de aula

A pesquisa a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas precisa ir aleacutem da simples descriccedilatildeo de crenccedilas como indicadores de um comportamento futuro E preciso uma investigaccedilatildeo contextualizada das crenccedilas E necessaacuterio entender como as crenccedilas interagem com as accedilotildees dos alunos e que funccedilotildees elas exercem em suas experiecircncias de aprendishyzagem dentro e fora de sala de aula Como Dewey (1933) sugeriu o conhecimento natildeo pode estar separado da accedilatildeo Assim uma investigashyccedilatildeo do que os alunos sabem ou acreditam deve envolver (a) suas experishyecircncias e accedilotildees (b) suas interpretaccedilotildees sobre essas experiecircncias e (c) o contexto social e como esse contexto molda as suas experiecircncias

Referecircncias Bibliograacuteficas

ABELSON R P Difference between belief and knowledge systems Cognitive Science 3 p 355-366 1979ABRAHAM R G VANN R J Strategies of two language leamers A case study InWENDEN A RUBIN J (Ed) Leamer strategies in language leaming Londres Prentice Hall 1987 p 85-102ALLEN L The evolution of a learnerrsquos beliefs about language leaming Carleton Papers in Applied Language Studies XIII p 67-801996 BARCELOS A M F A cultura de aprender liacutengua estrangeira (inshyglecircs) de alunos de Letras 1995 188f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Linguumliacutestica Aplicada) - Instituto de Estudos da Linguagem UNICAMP Campinas

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

___ Current Approaches to the Investigation of Language LearningBeliefs A Literature Review In AILA99 1999 Toacutequio 12th World Congress o f Applied Linguistics AILA99 mdash Programa and Abstracts Toacutequio AILA 1999 p 133__ Understanding teachersrsquo and students language learning beliefs inexperience A Deweyan Approach 2000357f Tese (Doutorado em Ensino de Ingles como Segunda Lingua) College of Education The University of Alabama Tuscaloosa__ Incorporating language learning beliefs in the classroom - WorkshopUniatildeo Cultural Brasil Estados Unidos Satildeo Paulo 3 de agosto 2000a BENSON R A critical view of learner training Learning Learning v 2 n 2 p 2-61995BLOCK D Learning by listening to language learners System v 25 n 3 p 347-360 1997BLOCK D Exploring interpretations of questionnaire items System v 26 n 3 p 403-4251998BREEN M Constructions of the learner in second language acquisition researchInALATIS 1 STRAEHLE C RONKIN M GALLENBERGER B (Ed) Georgetown University Round Table on Languages and Linguistics Washyshington Georgetown University Press 1996 p 84-115CARVALHO V C P S A aprendizagem de liacutengua estrangeira sob a oacutetica de alunos de letras crenccedilas e mitos 2000 138f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Estudos Linguumliacutesticos) - Faculdade de Letras UFMG Belo Horizonte CAMPBELL C M SHAW V M PLAGEMAN ME ALLEN T A Exploring student beliefs about language learning In HATFIELD W N (Ed) Visions and realities in foreign language teaching where we are where we are going Lincolnwood National Textbook 1993 p 29-39 CORTAZZI M amp JIN L Cultures of learning Language classrooms in China InCOLEMAN H (Ed) Society and the language classroom Cambridge Cambridge University Press p 169-2031996COTTERALL S Readiness for autonomy Investigating learner beliefs System v 23 n 2 p195-2051995DEWEY J How we think Lexington D C Heath 1993ELLIS R The metaphorical constructions of second language learners In AAALrsquo9 8 1998 Seatle AAALAnual Conference Seatle AAAL 1998

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 89

ERLBAUM B E BERG C A DODD D H Previous learning experiences strategy beliefs and task definition in self-regulated foreign language learning Contemporary Educational Psychology v 18 n 3 p 318-336 1993FREEMAN D The ldquounstudied problemrdquo Research on teacher learning in language teaching In FREEMAN D RICHARDS JC (Ed) Teacher learning in language teaching9 Cambridge Cambridge University Press 1996 p 351-378GARCIA C R P As culturas de aprender uma lingua estrangeira (inshyglecircs) em sala de aula que se propotildee interdisciplinar 1999125f Dissershytaccedilatildeo (Mestrado em Linguumliacutestica Aplicada) - Instituto de Estudos da Linshyguagem UNICAMP CampinasGEMENEZ T Learners becoming teacher an exploratory study of beliefs held by prospective and practising EFL teachers in Brazil 1994 340f Tese (Doutorado) Lancaster Lancaster UniversityGOODWIN C DURANTI A Rethinking context An introduction In DURANTI A GOODWIN C (Ed) Rethinking context Language as an interactive phenomenon Cambridge Cambridge University Press 1992 p 1-42HOLEC H The learner as manager managing learning or managing to learn In WENDEN A RUBIN J (Ed) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p 145-156HOLLIDAY A Appropriate methodology and social context Cambridge Cambridge University Press 1994HORWITZ E K Using student beliefs about language learning and teaching in the foreign language methods course Foreign Language Annals v 18 n 4 p 333-340 1985HORWITZ E K Surveying studentsrsquo beliefs about language learning In WENDEN A RUBIN J (Ed) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p 110-129HORWITZ E K The beliefs about language learning of beginning university foreign language students The Modem Language Journal v 72 n 3 p 283-294 1988KALAJA P Student beliefs (or metacognitive knowledge) about SLA reconsidered International Journal o f Applied Linguistics v 5 n 2 p 191-204 1995KERN R G Students7 and teachers beliefs about language learning Foreign Language Annals v 28 n 1 p 71-92 1995

90 Rev B ras ile ira de L inguumlistica A plicada v l n l 2001

KUNTZ P Students of lsquoeasy languages Their beliefs about language learning [ERIC Document Reproduction Service No ED397658] 1996 KUNTZ P Students and their teachers of Arabic Beliefs about language learning ERIC Document Reproduction Service No ED407854] 1997 MANTLE-BROMLEY C Positive attitudes and realistic beliefs Links to proficiency The Modem Language Journal v 79 n 3 p 372-386 1995 LAVE J The practice of learning In CHAIumlNKLIN S LAVE J (Ed) Understanding practice Perspectives on activity and context Cambridge Cambridge University Press 1993 p 3-32LOW G The semantics of questionnaire rating scales Evaluation and Research in Education v 2 n 2 p 69-791988LUPPESCU S DAY R R Examining attitude in teachers and students the need to validate questionnaire data Second Language Research v 6 n 2 p 125-1341990MCDONOUGH J MCDONOUGH S H Research methods for English language teachers London Arnold 1997MUNB Y H A qualitative approach to the study of a teacherrsquos beliefs Journal of Research in Science Teaching v 21 n 1 p 27-38 1984MILLER L amp GINSBERG R B FolWinguistic theories of language learning In FREED B F (Ed) Second language acquisition in a study abroad context Amsterdam John Benjamins 1995 p 293-315MORI Y Epistemological beliefs and language learning beliefs What do language learners believe about their learning [ERIC Document Reproduction Service No ED406657] 1997MURPHEY T Experiencing and mapping in teacher education In SACHS GT Brock M Lo R (Ed) Directions in second language teacher education Hong Kong City University of Hong Kong 1996 p 202-219 MURPHEY T Language hungiy An introduction to language learning fun and self-esteem Tokyo MacMillan 1997NESPOR J The role of beliefs in the practice of teaching Journal of Curnculum Studies v 19 n 4 p 317-328 1987PAJARES F M Teachersrsquo beliefs and educational research Cleaning up a messy construct Review of Educational Research v 62 n 3 p 307-332 1992PRESS M-C Ethnicity and the autonomous language learner different beshyliefs and learning strategies In BROADY E KENNING M-M (Ed) Proshymoting Learner autonomy in university language teaching London Assoshyciation for French StudiesCILT 1996 p237-259

Rev B rasile ira de L ing uuml iacutes tica A plicada v l n l 2001 91

RAMANATHAN V ATKINSON D Ethnographic approaches and methods in L2 writing research A critical guide and Review Applied Linguistics v 20 n 1 1999 p44-70RICHARDS J C LOCKHART C Reflective teaching in second language classrooms Cambridge Cambridge University Press 1994 RICHARDSON V The role of attitudes and beliefs in learning to teach In SIKULA J (Ed) Handbook o f Research on Teacher Education (2 ed) New York Macmillan 1996 p 102-119RILEY R The guru and the conjurer aspects of counselling for self- access In BENSON P amp VOLLER P (Ed) Autonomy and independence in language learning New York Longman 1997 p 114- 131ROKEACH M Beliefs attitudes and values A theory of organization and change San Francisco Jossey-Bass 1968SCHWANDT T A Qualitative Inquiry a dictionary of terms Thousand Oaks Sage1997SAKUI K GAIES S Investigating Japanese learners beliefs about language learning System v 27 n 4 p 473-4921999SU D A study o f English learning strategies and styles o f Chinese university students in relation to their cultwal beliefs about learning English 1995 Dissertaccedilatildeo (Doutorado) - University of Georgia Athens SWALES S From metaphor to meta-language English Teaching Forum v 32 n 3 p8- 11 1994TUMPOSKYN Student beliefs about language learning A cross-cultural study Carleton Papers in Applied Language Studies v 8 p 50-65 1991VALENZUELA S M The management of language learning Who is supposed to do what Carleton Papers in Applied Language Studies XIII 1996 p 21-35VIANA N A A desconstruccedilatildeo dos mitos na aprendizagem de liacutengua estrangeira Uberlacircndia Departamento de Letras UFU 1993 5f MimeografadoVICTORI M Investigating the metacognitive knowledge of students of English as a second language 1992 Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - University of California Los AngelesVICTORI M LOCKHART W Enhancing metacognition in self-directed language learning System v 23 n 2 p 223-234 1995

92 Rev B ras ile ira de LingUistica A plicada v l n l 2001

WEN Q JOHNSON R K L2 learner variables and English achievement A study of tertiary-level English majors in China Applied Linguistics v 18 p 27-48 1997WENDEN A Helping language learners think about learning ELT Journal v 40 nl p3-12 1986WENDEN A How to be a successful language learner insights and prescriptions from L2 learners In WENDEN A amp RUBIN J (Eds) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p103-117WENDEN A Learner strategies for learner autonomy London Prentice Hall 1991WENDEN A Metacognitive knowledge and language learning Applied Linguistics v 19 n 4 p 515-537 1999WOODS D Teacher cognition in language teaching Beliefs decisionshymaking and classroom practice Cambridge Cambridge University Press 1996WOODS D Decision-making in language learning A lens for examining learner strategies The Language Teacher Online Outubro 1997 [cited 26 M ay 1998] Available from World Wide WeB lthttp languehyperchubuacjpjaltpubtli97octwoodshtmlgtYANG ND Second language learnersrsquo beliefs about language learning and their use of learning strategies A study of college students of Enshyglish in Taiwan 1992 Tese (Doutorado) - The University of Texas Ausshytin

Page 15: Pesquisa das crenças sobre aprendizagem de línguas

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 85

Estudos recentes tecircm combinado abordagens muacuteltiplas usando questionaacuterios com observaccedilotildees de sala de aula (Mantle-Bromley 1995) e com entrevistas (Sakui amp Gaies 1999 Wen amp Johnson 1997) Outros estudos utilizam anaacutelise metafoacuterica diaacuterios e narrativas (Ellis 1998 Miller amp Ginsberg 1995) desenhos (Swales 1994) e estudos de caso (Allen 1996 Valenzuela 1996) Esses estudos mais embasados permitem que o sentido emerja do contexto e indicam a importacircncia de se examinar a relaccedilatildeo entre as crenccedilas dos alunos e suas accedilotildees em contexto Vaacuterios autores sugerem que as crenccedilas satildeo formadas pela cultura do alunos e pelos contextos sociais nos quais eles estatildeo inseridos (Barcelos 1995 Riley 1997 Tumposky 1991 Yang 1992) Aleacutem disso as crenccedilas satildeo variaacuteveis (Sakui amp Gaies 1999 Kalaja 1995) e construiacutedas socialmente (Kalaja 1995)

Embora as trecircs abordagens sejam diferentes no modo de definir e investigar as crenccedilas todas elas enfatizam que as crenccedilas influenciam o comshyportamento definido em LA como as estrateacutegias de aprendizagem ou aborshydagem de aprendizagem dos alunos (Abraham amp Vann 1987 Horwitz 1985 19871988 Mantie-Bromley 1995 Wenden 1987) Entretanto a relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees natildeo eacute tatildeo direta (Riley 1997 Yang 1992) As crenccedilas natildeo somente influenciam accedilotildees mas as accedilotildees e reflexotildees sobre experiecircncias podem levar a mudanccedilas ou criar outras crenccedilas (Murphey 1996 Riacutechardson 1996) conforme ilustra a Figura 2

Figura 2 Relaccedilatildeo entre crenccedilas e accedilotildees

Crenccedilas

Accedilotildees

De acordo com Riley (1997141) os pesquisadores devem ldquoolhar para as condiccedilotildees de aprendizagem onde os aprendizes se encontramrdquo para entender suas crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas Em resumo as crenccedilas devem ser investigadas de maneira interativa onde crenccedilas e accedilotildees se inter-relacionem e se iacutenterconectem

Perguntas e sugestotildees para pesquisas futuras a respeito de crenccedilassobre aprendizagem de liacutenguas

Vaacuterias questotildees a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas podem ser mais bem investigadas em trabalhos futuros Em primeishy

86 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

ro lugar como se desenvolvem as crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas Estudos mais longitudinais podem mostrar como as crenccedilas evolushyem e mudam com o passar do tempo Estudos interpretativos podem levar a uma compreensatildeo mais aprofundada sobre as crenccedilas E crucial entender como as experiecircncias pessoais dos alunos contribuem para moldar suas crenccedilas e suas accedilotildees no contexto social da aula de liacutengua estrangehra Observaccedilotildees de aula e entrevistas detalhadas de alunos e professores podem ajudar a contextualizar aspectos encontrados em dashydos quantitativos (Sakui amp Gaies 1999 Kem 1995 Press 1996) Mais importante ainda eacute considerar que estudos interpretativos poderatildeo dar uma visatildeo mais aprofundada de como as experiecircncias de aprender dos alunos em contextos diferentes no Brasil tais como escolas puacuteblicas ldquocursinhos de inglecircsrdquo e no exterior influenciam os tipos de crenccedilas que esse alunos tecircm sobre como aprender inglecircs e suas accedilotildees para aprender nesses contextos diferentes

Em segundo lugar como as crenccedilas podem ser modificadas Wenden (1991) sugere um plano para explorar as crenccedilas dos aprendishyzes Ateacute o momento natildeo existe estudo empiacuterico que tenha tentado mushydar as crenccedilas dos aprendizes ou incorporar uma discussatildeo sobre crenshyccedilas a respeito de aprendizagem de liacutenguas em atividades de sala de aula levando os alunos a uma aprendizagem reflexiva A aprendizagem refleshyxiva de maneira semelhante ao conceito de ensino reflexivo dos professhysores diz respeito agrave conscientizaccedilatildeo dos alunos sobre como eles aprenshydem uma liacutengua estrangeira Aprender reflexivamente significa abrir a discussatildeo a respeito de crenccedilas estrateacutegias e estilos de aprendizagem aos alunos para que eles mesmos possam refletir entre eles e com seus professores sobre sua cultura de aprender sobre crenccedilas de aprendizashygem de liacutenguas e como elas influenciam suas accedilotildees para aprender dentro e fora de sala de aula Estudos futuros devem incorporar a discussatildeo a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas em atividades de sala de aula dando oportunidade a alunos e professores de liacutenguas de discutir e refletir natildeo somente sobre suas proacuteprias crenccedilas mas tambeacutem sobre obstaacuteculos dentro e fora da sala de aula de liacutenguas que possam impedi- los de agir de acordo com suas proacuteprias crenccedilas e de desenvolver seu potencial para ensino e aprendizagem7

7 Barcelos (2000a) e Murphey (1997) oferecem algumas sugestotildees de atividades relacionadas agraves crenccedilas que podem ser exploradas em sala de aula

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 87

Finalmente quais as funccedilotildees que as crenccedilas exercem nas experishyecircncias de aprendizagem dos alunos e nas accedilotildees que eles praticam para aprender liacutenguas Natildeo sabemos ainda como os alunos usam suas crenccedilas para lidar com a complexidade da aprendizagem de liacutenguas ou seja se os alunos definem seu proacuteprio contexto e atuam nele noacutes precisamos entender como as crenccedilas os ajudam a fazer isso e a ldquonavegarrdquo no discurshyso da sala de aula de liacutenguas (Breen 1996) Pesquisas futuras devem investigar como a sala de aula de liacutenguas como um contexto social ajushyda a moldar as crenccedilas dos alunos e como as crenccedilas dos alunos por sua vez moldam a interaccedilatildeo e as accedilotildees que ocorrem na cultura da sala de aula

A pesquisa a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas precisa ir aleacutem da simples descriccedilatildeo de crenccedilas como indicadores de um comportamento futuro E preciso uma investigaccedilatildeo contextualizada das crenccedilas E necessaacuterio entender como as crenccedilas interagem com as accedilotildees dos alunos e que funccedilotildees elas exercem em suas experiecircncias de aprendishyzagem dentro e fora de sala de aula Como Dewey (1933) sugeriu o conhecimento natildeo pode estar separado da accedilatildeo Assim uma investigashyccedilatildeo do que os alunos sabem ou acreditam deve envolver (a) suas experishyecircncias e accedilotildees (b) suas interpretaccedilotildees sobre essas experiecircncias e (c) o contexto social e como esse contexto molda as suas experiecircncias

Referecircncias Bibliograacuteficas

ABELSON R P Difference between belief and knowledge systems Cognitive Science 3 p 355-366 1979ABRAHAM R G VANN R J Strategies of two language leamers A case study InWENDEN A RUBIN J (Ed) Leamer strategies in language leaming Londres Prentice Hall 1987 p 85-102ALLEN L The evolution of a learnerrsquos beliefs about language leaming Carleton Papers in Applied Language Studies XIII p 67-801996 BARCELOS A M F A cultura de aprender liacutengua estrangeira (inshyglecircs) de alunos de Letras 1995 188f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Linguumliacutestica Aplicada) - Instituto de Estudos da Linguagem UNICAMP Campinas

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

___ Current Approaches to the Investigation of Language LearningBeliefs A Literature Review In AILA99 1999 Toacutequio 12th World Congress o f Applied Linguistics AILA99 mdash Programa and Abstracts Toacutequio AILA 1999 p 133__ Understanding teachersrsquo and students language learning beliefs inexperience A Deweyan Approach 2000357f Tese (Doutorado em Ensino de Ingles como Segunda Lingua) College of Education The University of Alabama Tuscaloosa__ Incorporating language learning beliefs in the classroom - WorkshopUniatildeo Cultural Brasil Estados Unidos Satildeo Paulo 3 de agosto 2000a BENSON R A critical view of learner training Learning Learning v 2 n 2 p 2-61995BLOCK D Learning by listening to language learners System v 25 n 3 p 347-360 1997BLOCK D Exploring interpretations of questionnaire items System v 26 n 3 p 403-4251998BREEN M Constructions of the learner in second language acquisition researchInALATIS 1 STRAEHLE C RONKIN M GALLENBERGER B (Ed) Georgetown University Round Table on Languages and Linguistics Washyshington Georgetown University Press 1996 p 84-115CARVALHO V C P S A aprendizagem de liacutengua estrangeira sob a oacutetica de alunos de letras crenccedilas e mitos 2000 138f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Estudos Linguumliacutesticos) - Faculdade de Letras UFMG Belo Horizonte CAMPBELL C M SHAW V M PLAGEMAN ME ALLEN T A Exploring student beliefs about language learning In HATFIELD W N (Ed) Visions and realities in foreign language teaching where we are where we are going Lincolnwood National Textbook 1993 p 29-39 CORTAZZI M amp JIN L Cultures of learning Language classrooms in China InCOLEMAN H (Ed) Society and the language classroom Cambridge Cambridge University Press p 169-2031996COTTERALL S Readiness for autonomy Investigating learner beliefs System v 23 n 2 p195-2051995DEWEY J How we think Lexington D C Heath 1993ELLIS R The metaphorical constructions of second language learners In AAALrsquo9 8 1998 Seatle AAALAnual Conference Seatle AAAL 1998

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 89

ERLBAUM B E BERG C A DODD D H Previous learning experiences strategy beliefs and task definition in self-regulated foreign language learning Contemporary Educational Psychology v 18 n 3 p 318-336 1993FREEMAN D The ldquounstudied problemrdquo Research on teacher learning in language teaching In FREEMAN D RICHARDS JC (Ed) Teacher learning in language teaching9 Cambridge Cambridge University Press 1996 p 351-378GARCIA C R P As culturas de aprender uma lingua estrangeira (inshyglecircs) em sala de aula que se propotildee interdisciplinar 1999125f Dissershytaccedilatildeo (Mestrado em Linguumliacutestica Aplicada) - Instituto de Estudos da Linshyguagem UNICAMP CampinasGEMENEZ T Learners becoming teacher an exploratory study of beliefs held by prospective and practising EFL teachers in Brazil 1994 340f Tese (Doutorado) Lancaster Lancaster UniversityGOODWIN C DURANTI A Rethinking context An introduction In DURANTI A GOODWIN C (Ed) Rethinking context Language as an interactive phenomenon Cambridge Cambridge University Press 1992 p 1-42HOLEC H The learner as manager managing learning or managing to learn In WENDEN A RUBIN J (Ed) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p 145-156HOLLIDAY A Appropriate methodology and social context Cambridge Cambridge University Press 1994HORWITZ E K Using student beliefs about language learning and teaching in the foreign language methods course Foreign Language Annals v 18 n 4 p 333-340 1985HORWITZ E K Surveying studentsrsquo beliefs about language learning In WENDEN A RUBIN J (Ed) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p 110-129HORWITZ E K The beliefs about language learning of beginning university foreign language students The Modem Language Journal v 72 n 3 p 283-294 1988KALAJA P Student beliefs (or metacognitive knowledge) about SLA reconsidered International Journal o f Applied Linguistics v 5 n 2 p 191-204 1995KERN R G Students7 and teachers beliefs about language learning Foreign Language Annals v 28 n 1 p 71-92 1995

90 Rev B ras ile ira de L inguumlistica A plicada v l n l 2001

KUNTZ P Students of lsquoeasy languages Their beliefs about language learning [ERIC Document Reproduction Service No ED397658] 1996 KUNTZ P Students and their teachers of Arabic Beliefs about language learning ERIC Document Reproduction Service No ED407854] 1997 MANTLE-BROMLEY C Positive attitudes and realistic beliefs Links to proficiency The Modem Language Journal v 79 n 3 p 372-386 1995 LAVE J The practice of learning In CHAIumlNKLIN S LAVE J (Ed) Understanding practice Perspectives on activity and context Cambridge Cambridge University Press 1993 p 3-32LOW G The semantics of questionnaire rating scales Evaluation and Research in Education v 2 n 2 p 69-791988LUPPESCU S DAY R R Examining attitude in teachers and students the need to validate questionnaire data Second Language Research v 6 n 2 p 125-1341990MCDONOUGH J MCDONOUGH S H Research methods for English language teachers London Arnold 1997MUNB Y H A qualitative approach to the study of a teacherrsquos beliefs Journal of Research in Science Teaching v 21 n 1 p 27-38 1984MILLER L amp GINSBERG R B FolWinguistic theories of language learning In FREED B F (Ed) Second language acquisition in a study abroad context Amsterdam John Benjamins 1995 p 293-315MORI Y Epistemological beliefs and language learning beliefs What do language learners believe about their learning [ERIC Document Reproduction Service No ED406657] 1997MURPHEY T Experiencing and mapping in teacher education In SACHS GT Brock M Lo R (Ed) Directions in second language teacher education Hong Kong City University of Hong Kong 1996 p 202-219 MURPHEY T Language hungiy An introduction to language learning fun and self-esteem Tokyo MacMillan 1997NESPOR J The role of beliefs in the practice of teaching Journal of Curnculum Studies v 19 n 4 p 317-328 1987PAJARES F M Teachersrsquo beliefs and educational research Cleaning up a messy construct Review of Educational Research v 62 n 3 p 307-332 1992PRESS M-C Ethnicity and the autonomous language learner different beshyliefs and learning strategies In BROADY E KENNING M-M (Ed) Proshymoting Learner autonomy in university language teaching London Assoshyciation for French StudiesCILT 1996 p237-259

Rev B rasile ira de L ing uuml iacutes tica A plicada v l n l 2001 91

RAMANATHAN V ATKINSON D Ethnographic approaches and methods in L2 writing research A critical guide and Review Applied Linguistics v 20 n 1 1999 p44-70RICHARDS J C LOCKHART C Reflective teaching in second language classrooms Cambridge Cambridge University Press 1994 RICHARDSON V The role of attitudes and beliefs in learning to teach In SIKULA J (Ed) Handbook o f Research on Teacher Education (2 ed) New York Macmillan 1996 p 102-119RILEY R The guru and the conjurer aspects of counselling for self- access In BENSON P amp VOLLER P (Ed) Autonomy and independence in language learning New York Longman 1997 p 114- 131ROKEACH M Beliefs attitudes and values A theory of organization and change San Francisco Jossey-Bass 1968SCHWANDT T A Qualitative Inquiry a dictionary of terms Thousand Oaks Sage1997SAKUI K GAIES S Investigating Japanese learners beliefs about language learning System v 27 n 4 p 473-4921999SU D A study o f English learning strategies and styles o f Chinese university students in relation to their cultwal beliefs about learning English 1995 Dissertaccedilatildeo (Doutorado) - University of Georgia Athens SWALES S From metaphor to meta-language English Teaching Forum v 32 n 3 p8- 11 1994TUMPOSKYN Student beliefs about language learning A cross-cultural study Carleton Papers in Applied Language Studies v 8 p 50-65 1991VALENZUELA S M The management of language learning Who is supposed to do what Carleton Papers in Applied Language Studies XIII 1996 p 21-35VIANA N A A desconstruccedilatildeo dos mitos na aprendizagem de liacutengua estrangeira Uberlacircndia Departamento de Letras UFU 1993 5f MimeografadoVICTORI M Investigating the metacognitive knowledge of students of English as a second language 1992 Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - University of California Los AngelesVICTORI M LOCKHART W Enhancing metacognition in self-directed language learning System v 23 n 2 p 223-234 1995

92 Rev B ras ile ira de LingUistica A plicada v l n l 2001

WEN Q JOHNSON R K L2 learner variables and English achievement A study of tertiary-level English majors in China Applied Linguistics v 18 p 27-48 1997WENDEN A Helping language learners think about learning ELT Journal v 40 nl p3-12 1986WENDEN A How to be a successful language learner insights and prescriptions from L2 learners In WENDEN A amp RUBIN J (Eds) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p103-117WENDEN A Learner strategies for learner autonomy London Prentice Hall 1991WENDEN A Metacognitive knowledge and language learning Applied Linguistics v 19 n 4 p 515-537 1999WOODS D Teacher cognition in language teaching Beliefs decisionshymaking and classroom practice Cambridge Cambridge University Press 1996WOODS D Decision-making in language learning A lens for examining learner strategies The Language Teacher Online Outubro 1997 [cited 26 M ay 1998] Available from World Wide WeB lthttp languehyperchubuacjpjaltpubtli97octwoodshtmlgtYANG ND Second language learnersrsquo beliefs about language learning and their use of learning strategies A study of college students of Enshyglish in Taiwan 1992 Tese (Doutorado) - The University of Texas Ausshytin

Page 16: Pesquisa das crenças sobre aprendizagem de línguas

86 Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

ro lugar como se desenvolvem as crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenshyguas Estudos mais longitudinais podem mostrar como as crenccedilas evolushyem e mudam com o passar do tempo Estudos interpretativos podem levar a uma compreensatildeo mais aprofundada sobre as crenccedilas E crucial entender como as experiecircncias pessoais dos alunos contribuem para moldar suas crenccedilas e suas accedilotildees no contexto social da aula de liacutengua estrangehra Observaccedilotildees de aula e entrevistas detalhadas de alunos e professores podem ajudar a contextualizar aspectos encontrados em dashydos quantitativos (Sakui amp Gaies 1999 Kem 1995 Press 1996) Mais importante ainda eacute considerar que estudos interpretativos poderatildeo dar uma visatildeo mais aprofundada de como as experiecircncias de aprender dos alunos em contextos diferentes no Brasil tais como escolas puacuteblicas ldquocursinhos de inglecircsrdquo e no exterior influenciam os tipos de crenccedilas que esse alunos tecircm sobre como aprender inglecircs e suas accedilotildees para aprender nesses contextos diferentes

Em segundo lugar como as crenccedilas podem ser modificadas Wenden (1991) sugere um plano para explorar as crenccedilas dos aprendishyzes Ateacute o momento natildeo existe estudo empiacuterico que tenha tentado mushydar as crenccedilas dos aprendizes ou incorporar uma discussatildeo sobre crenshyccedilas a respeito de aprendizagem de liacutenguas em atividades de sala de aula levando os alunos a uma aprendizagem reflexiva A aprendizagem refleshyxiva de maneira semelhante ao conceito de ensino reflexivo dos professhysores diz respeito agrave conscientizaccedilatildeo dos alunos sobre como eles aprenshydem uma liacutengua estrangeira Aprender reflexivamente significa abrir a discussatildeo a respeito de crenccedilas estrateacutegias e estilos de aprendizagem aos alunos para que eles mesmos possam refletir entre eles e com seus professores sobre sua cultura de aprender sobre crenccedilas de aprendizashygem de liacutenguas e como elas influenciam suas accedilotildees para aprender dentro e fora de sala de aula Estudos futuros devem incorporar a discussatildeo a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas em atividades de sala de aula dando oportunidade a alunos e professores de liacutenguas de discutir e refletir natildeo somente sobre suas proacuteprias crenccedilas mas tambeacutem sobre obstaacuteculos dentro e fora da sala de aula de liacutenguas que possam impedi- los de agir de acordo com suas proacuteprias crenccedilas e de desenvolver seu potencial para ensino e aprendizagem7

7 Barcelos (2000a) e Murphey (1997) oferecem algumas sugestotildees de atividades relacionadas agraves crenccedilas que podem ser exploradas em sala de aula

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 87

Finalmente quais as funccedilotildees que as crenccedilas exercem nas experishyecircncias de aprendizagem dos alunos e nas accedilotildees que eles praticam para aprender liacutenguas Natildeo sabemos ainda como os alunos usam suas crenccedilas para lidar com a complexidade da aprendizagem de liacutenguas ou seja se os alunos definem seu proacuteprio contexto e atuam nele noacutes precisamos entender como as crenccedilas os ajudam a fazer isso e a ldquonavegarrdquo no discurshyso da sala de aula de liacutenguas (Breen 1996) Pesquisas futuras devem investigar como a sala de aula de liacutenguas como um contexto social ajushyda a moldar as crenccedilas dos alunos e como as crenccedilas dos alunos por sua vez moldam a interaccedilatildeo e as accedilotildees que ocorrem na cultura da sala de aula

A pesquisa a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas precisa ir aleacutem da simples descriccedilatildeo de crenccedilas como indicadores de um comportamento futuro E preciso uma investigaccedilatildeo contextualizada das crenccedilas E necessaacuterio entender como as crenccedilas interagem com as accedilotildees dos alunos e que funccedilotildees elas exercem em suas experiecircncias de aprendishyzagem dentro e fora de sala de aula Como Dewey (1933) sugeriu o conhecimento natildeo pode estar separado da accedilatildeo Assim uma investigashyccedilatildeo do que os alunos sabem ou acreditam deve envolver (a) suas experishyecircncias e accedilotildees (b) suas interpretaccedilotildees sobre essas experiecircncias e (c) o contexto social e como esse contexto molda as suas experiecircncias

Referecircncias Bibliograacuteficas

ABELSON R P Difference between belief and knowledge systems Cognitive Science 3 p 355-366 1979ABRAHAM R G VANN R J Strategies of two language leamers A case study InWENDEN A RUBIN J (Ed) Leamer strategies in language leaming Londres Prentice Hall 1987 p 85-102ALLEN L The evolution of a learnerrsquos beliefs about language leaming Carleton Papers in Applied Language Studies XIII p 67-801996 BARCELOS A M F A cultura de aprender liacutengua estrangeira (inshyglecircs) de alunos de Letras 1995 188f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Linguumliacutestica Aplicada) - Instituto de Estudos da Linguagem UNICAMP Campinas

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

___ Current Approaches to the Investigation of Language LearningBeliefs A Literature Review In AILA99 1999 Toacutequio 12th World Congress o f Applied Linguistics AILA99 mdash Programa and Abstracts Toacutequio AILA 1999 p 133__ Understanding teachersrsquo and students language learning beliefs inexperience A Deweyan Approach 2000357f Tese (Doutorado em Ensino de Ingles como Segunda Lingua) College of Education The University of Alabama Tuscaloosa__ Incorporating language learning beliefs in the classroom - WorkshopUniatildeo Cultural Brasil Estados Unidos Satildeo Paulo 3 de agosto 2000a BENSON R A critical view of learner training Learning Learning v 2 n 2 p 2-61995BLOCK D Learning by listening to language learners System v 25 n 3 p 347-360 1997BLOCK D Exploring interpretations of questionnaire items System v 26 n 3 p 403-4251998BREEN M Constructions of the learner in second language acquisition researchInALATIS 1 STRAEHLE C RONKIN M GALLENBERGER B (Ed) Georgetown University Round Table on Languages and Linguistics Washyshington Georgetown University Press 1996 p 84-115CARVALHO V C P S A aprendizagem de liacutengua estrangeira sob a oacutetica de alunos de letras crenccedilas e mitos 2000 138f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Estudos Linguumliacutesticos) - Faculdade de Letras UFMG Belo Horizonte CAMPBELL C M SHAW V M PLAGEMAN ME ALLEN T A Exploring student beliefs about language learning In HATFIELD W N (Ed) Visions and realities in foreign language teaching where we are where we are going Lincolnwood National Textbook 1993 p 29-39 CORTAZZI M amp JIN L Cultures of learning Language classrooms in China InCOLEMAN H (Ed) Society and the language classroom Cambridge Cambridge University Press p 169-2031996COTTERALL S Readiness for autonomy Investigating learner beliefs System v 23 n 2 p195-2051995DEWEY J How we think Lexington D C Heath 1993ELLIS R The metaphorical constructions of second language learners In AAALrsquo9 8 1998 Seatle AAALAnual Conference Seatle AAAL 1998

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 89

ERLBAUM B E BERG C A DODD D H Previous learning experiences strategy beliefs and task definition in self-regulated foreign language learning Contemporary Educational Psychology v 18 n 3 p 318-336 1993FREEMAN D The ldquounstudied problemrdquo Research on teacher learning in language teaching In FREEMAN D RICHARDS JC (Ed) Teacher learning in language teaching9 Cambridge Cambridge University Press 1996 p 351-378GARCIA C R P As culturas de aprender uma lingua estrangeira (inshyglecircs) em sala de aula que se propotildee interdisciplinar 1999125f Dissershytaccedilatildeo (Mestrado em Linguumliacutestica Aplicada) - Instituto de Estudos da Linshyguagem UNICAMP CampinasGEMENEZ T Learners becoming teacher an exploratory study of beliefs held by prospective and practising EFL teachers in Brazil 1994 340f Tese (Doutorado) Lancaster Lancaster UniversityGOODWIN C DURANTI A Rethinking context An introduction In DURANTI A GOODWIN C (Ed) Rethinking context Language as an interactive phenomenon Cambridge Cambridge University Press 1992 p 1-42HOLEC H The learner as manager managing learning or managing to learn In WENDEN A RUBIN J (Ed) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p 145-156HOLLIDAY A Appropriate methodology and social context Cambridge Cambridge University Press 1994HORWITZ E K Using student beliefs about language learning and teaching in the foreign language methods course Foreign Language Annals v 18 n 4 p 333-340 1985HORWITZ E K Surveying studentsrsquo beliefs about language learning In WENDEN A RUBIN J (Ed) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p 110-129HORWITZ E K The beliefs about language learning of beginning university foreign language students The Modem Language Journal v 72 n 3 p 283-294 1988KALAJA P Student beliefs (or metacognitive knowledge) about SLA reconsidered International Journal o f Applied Linguistics v 5 n 2 p 191-204 1995KERN R G Students7 and teachers beliefs about language learning Foreign Language Annals v 28 n 1 p 71-92 1995

90 Rev B ras ile ira de L inguumlistica A plicada v l n l 2001

KUNTZ P Students of lsquoeasy languages Their beliefs about language learning [ERIC Document Reproduction Service No ED397658] 1996 KUNTZ P Students and their teachers of Arabic Beliefs about language learning ERIC Document Reproduction Service No ED407854] 1997 MANTLE-BROMLEY C Positive attitudes and realistic beliefs Links to proficiency The Modem Language Journal v 79 n 3 p 372-386 1995 LAVE J The practice of learning In CHAIumlNKLIN S LAVE J (Ed) Understanding practice Perspectives on activity and context Cambridge Cambridge University Press 1993 p 3-32LOW G The semantics of questionnaire rating scales Evaluation and Research in Education v 2 n 2 p 69-791988LUPPESCU S DAY R R Examining attitude in teachers and students the need to validate questionnaire data Second Language Research v 6 n 2 p 125-1341990MCDONOUGH J MCDONOUGH S H Research methods for English language teachers London Arnold 1997MUNB Y H A qualitative approach to the study of a teacherrsquos beliefs Journal of Research in Science Teaching v 21 n 1 p 27-38 1984MILLER L amp GINSBERG R B FolWinguistic theories of language learning In FREED B F (Ed) Second language acquisition in a study abroad context Amsterdam John Benjamins 1995 p 293-315MORI Y Epistemological beliefs and language learning beliefs What do language learners believe about their learning [ERIC Document Reproduction Service No ED406657] 1997MURPHEY T Experiencing and mapping in teacher education In SACHS GT Brock M Lo R (Ed) Directions in second language teacher education Hong Kong City University of Hong Kong 1996 p 202-219 MURPHEY T Language hungiy An introduction to language learning fun and self-esteem Tokyo MacMillan 1997NESPOR J The role of beliefs in the practice of teaching Journal of Curnculum Studies v 19 n 4 p 317-328 1987PAJARES F M Teachersrsquo beliefs and educational research Cleaning up a messy construct Review of Educational Research v 62 n 3 p 307-332 1992PRESS M-C Ethnicity and the autonomous language learner different beshyliefs and learning strategies In BROADY E KENNING M-M (Ed) Proshymoting Learner autonomy in university language teaching London Assoshyciation for French StudiesCILT 1996 p237-259

Rev B rasile ira de L ing uuml iacutes tica A plicada v l n l 2001 91

RAMANATHAN V ATKINSON D Ethnographic approaches and methods in L2 writing research A critical guide and Review Applied Linguistics v 20 n 1 1999 p44-70RICHARDS J C LOCKHART C Reflective teaching in second language classrooms Cambridge Cambridge University Press 1994 RICHARDSON V The role of attitudes and beliefs in learning to teach In SIKULA J (Ed) Handbook o f Research on Teacher Education (2 ed) New York Macmillan 1996 p 102-119RILEY R The guru and the conjurer aspects of counselling for self- access In BENSON P amp VOLLER P (Ed) Autonomy and independence in language learning New York Longman 1997 p 114- 131ROKEACH M Beliefs attitudes and values A theory of organization and change San Francisco Jossey-Bass 1968SCHWANDT T A Qualitative Inquiry a dictionary of terms Thousand Oaks Sage1997SAKUI K GAIES S Investigating Japanese learners beliefs about language learning System v 27 n 4 p 473-4921999SU D A study o f English learning strategies and styles o f Chinese university students in relation to their cultwal beliefs about learning English 1995 Dissertaccedilatildeo (Doutorado) - University of Georgia Athens SWALES S From metaphor to meta-language English Teaching Forum v 32 n 3 p8- 11 1994TUMPOSKYN Student beliefs about language learning A cross-cultural study Carleton Papers in Applied Language Studies v 8 p 50-65 1991VALENZUELA S M The management of language learning Who is supposed to do what Carleton Papers in Applied Language Studies XIII 1996 p 21-35VIANA N A A desconstruccedilatildeo dos mitos na aprendizagem de liacutengua estrangeira Uberlacircndia Departamento de Letras UFU 1993 5f MimeografadoVICTORI M Investigating the metacognitive knowledge of students of English as a second language 1992 Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - University of California Los AngelesVICTORI M LOCKHART W Enhancing metacognition in self-directed language learning System v 23 n 2 p 223-234 1995

92 Rev B ras ile ira de LingUistica A plicada v l n l 2001

WEN Q JOHNSON R K L2 learner variables and English achievement A study of tertiary-level English majors in China Applied Linguistics v 18 p 27-48 1997WENDEN A Helping language learners think about learning ELT Journal v 40 nl p3-12 1986WENDEN A How to be a successful language learner insights and prescriptions from L2 learners In WENDEN A amp RUBIN J (Eds) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p103-117WENDEN A Learner strategies for learner autonomy London Prentice Hall 1991WENDEN A Metacognitive knowledge and language learning Applied Linguistics v 19 n 4 p 515-537 1999WOODS D Teacher cognition in language teaching Beliefs decisionshymaking and classroom practice Cambridge Cambridge University Press 1996WOODS D Decision-making in language learning A lens for examining learner strategies The Language Teacher Online Outubro 1997 [cited 26 M ay 1998] Available from World Wide WeB lthttp languehyperchubuacjpjaltpubtli97octwoodshtmlgtYANG ND Second language learnersrsquo beliefs about language learning and their use of learning strategies A study of college students of Enshyglish in Taiwan 1992 Tese (Doutorado) - The University of Texas Ausshytin

Page 17: Pesquisa das crenças sobre aprendizagem de línguas

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 87

Finalmente quais as funccedilotildees que as crenccedilas exercem nas experishyecircncias de aprendizagem dos alunos e nas accedilotildees que eles praticam para aprender liacutenguas Natildeo sabemos ainda como os alunos usam suas crenccedilas para lidar com a complexidade da aprendizagem de liacutenguas ou seja se os alunos definem seu proacuteprio contexto e atuam nele noacutes precisamos entender como as crenccedilas os ajudam a fazer isso e a ldquonavegarrdquo no discurshyso da sala de aula de liacutenguas (Breen 1996) Pesquisas futuras devem investigar como a sala de aula de liacutenguas como um contexto social ajushyda a moldar as crenccedilas dos alunos e como as crenccedilas dos alunos por sua vez moldam a interaccedilatildeo e as accedilotildees que ocorrem na cultura da sala de aula

A pesquisa a respeito de crenccedilas sobre aprendizagem de liacutenguas precisa ir aleacutem da simples descriccedilatildeo de crenccedilas como indicadores de um comportamento futuro E preciso uma investigaccedilatildeo contextualizada das crenccedilas E necessaacuterio entender como as crenccedilas interagem com as accedilotildees dos alunos e que funccedilotildees elas exercem em suas experiecircncias de aprendishyzagem dentro e fora de sala de aula Como Dewey (1933) sugeriu o conhecimento natildeo pode estar separado da accedilatildeo Assim uma investigashyccedilatildeo do que os alunos sabem ou acreditam deve envolver (a) suas experishyecircncias e accedilotildees (b) suas interpretaccedilotildees sobre essas experiecircncias e (c) o contexto social e como esse contexto molda as suas experiecircncias

Referecircncias Bibliograacuteficas

ABELSON R P Difference between belief and knowledge systems Cognitive Science 3 p 355-366 1979ABRAHAM R G VANN R J Strategies of two language leamers A case study InWENDEN A RUBIN J (Ed) Leamer strategies in language leaming Londres Prentice Hall 1987 p 85-102ALLEN L The evolution of a learnerrsquos beliefs about language leaming Carleton Papers in Applied Language Studies XIII p 67-801996 BARCELOS A M F A cultura de aprender liacutengua estrangeira (inshyglecircs) de alunos de Letras 1995 188f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Linguumliacutestica Aplicada) - Instituto de Estudos da Linguagem UNICAMP Campinas

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

___ Current Approaches to the Investigation of Language LearningBeliefs A Literature Review In AILA99 1999 Toacutequio 12th World Congress o f Applied Linguistics AILA99 mdash Programa and Abstracts Toacutequio AILA 1999 p 133__ Understanding teachersrsquo and students language learning beliefs inexperience A Deweyan Approach 2000357f Tese (Doutorado em Ensino de Ingles como Segunda Lingua) College of Education The University of Alabama Tuscaloosa__ Incorporating language learning beliefs in the classroom - WorkshopUniatildeo Cultural Brasil Estados Unidos Satildeo Paulo 3 de agosto 2000a BENSON R A critical view of learner training Learning Learning v 2 n 2 p 2-61995BLOCK D Learning by listening to language learners System v 25 n 3 p 347-360 1997BLOCK D Exploring interpretations of questionnaire items System v 26 n 3 p 403-4251998BREEN M Constructions of the learner in second language acquisition researchInALATIS 1 STRAEHLE C RONKIN M GALLENBERGER B (Ed) Georgetown University Round Table on Languages and Linguistics Washyshington Georgetown University Press 1996 p 84-115CARVALHO V C P S A aprendizagem de liacutengua estrangeira sob a oacutetica de alunos de letras crenccedilas e mitos 2000 138f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Estudos Linguumliacutesticos) - Faculdade de Letras UFMG Belo Horizonte CAMPBELL C M SHAW V M PLAGEMAN ME ALLEN T A Exploring student beliefs about language learning In HATFIELD W N (Ed) Visions and realities in foreign language teaching where we are where we are going Lincolnwood National Textbook 1993 p 29-39 CORTAZZI M amp JIN L Cultures of learning Language classrooms in China InCOLEMAN H (Ed) Society and the language classroom Cambridge Cambridge University Press p 169-2031996COTTERALL S Readiness for autonomy Investigating learner beliefs System v 23 n 2 p195-2051995DEWEY J How we think Lexington D C Heath 1993ELLIS R The metaphorical constructions of second language learners In AAALrsquo9 8 1998 Seatle AAALAnual Conference Seatle AAAL 1998

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 89

ERLBAUM B E BERG C A DODD D H Previous learning experiences strategy beliefs and task definition in self-regulated foreign language learning Contemporary Educational Psychology v 18 n 3 p 318-336 1993FREEMAN D The ldquounstudied problemrdquo Research on teacher learning in language teaching In FREEMAN D RICHARDS JC (Ed) Teacher learning in language teaching9 Cambridge Cambridge University Press 1996 p 351-378GARCIA C R P As culturas de aprender uma lingua estrangeira (inshyglecircs) em sala de aula que se propotildee interdisciplinar 1999125f Dissershytaccedilatildeo (Mestrado em Linguumliacutestica Aplicada) - Instituto de Estudos da Linshyguagem UNICAMP CampinasGEMENEZ T Learners becoming teacher an exploratory study of beliefs held by prospective and practising EFL teachers in Brazil 1994 340f Tese (Doutorado) Lancaster Lancaster UniversityGOODWIN C DURANTI A Rethinking context An introduction In DURANTI A GOODWIN C (Ed) Rethinking context Language as an interactive phenomenon Cambridge Cambridge University Press 1992 p 1-42HOLEC H The learner as manager managing learning or managing to learn In WENDEN A RUBIN J (Ed) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p 145-156HOLLIDAY A Appropriate methodology and social context Cambridge Cambridge University Press 1994HORWITZ E K Using student beliefs about language learning and teaching in the foreign language methods course Foreign Language Annals v 18 n 4 p 333-340 1985HORWITZ E K Surveying studentsrsquo beliefs about language learning In WENDEN A RUBIN J (Ed) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p 110-129HORWITZ E K The beliefs about language learning of beginning university foreign language students The Modem Language Journal v 72 n 3 p 283-294 1988KALAJA P Student beliefs (or metacognitive knowledge) about SLA reconsidered International Journal o f Applied Linguistics v 5 n 2 p 191-204 1995KERN R G Students7 and teachers beliefs about language learning Foreign Language Annals v 28 n 1 p 71-92 1995

90 Rev B ras ile ira de L inguumlistica A plicada v l n l 2001

KUNTZ P Students of lsquoeasy languages Their beliefs about language learning [ERIC Document Reproduction Service No ED397658] 1996 KUNTZ P Students and their teachers of Arabic Beliefs about language learning ERIC Document Reproduction Service No ED407854] 1997 MANTLE-BROMLEY C Positive attitudes and realistic beliefs Links to proficiency The Modem Language Journal v 79 n 3 p 372-386 1995 LAVE J The practice of learning In CHAIumlNKLIN S LAVE J (Ed) Understanding practice Perspectives on activity and context Cambridge Cambridge University Press 1993 p 3-32LOW G The semantics of questionnaire rating scales Evaluation and Research in Education v 2 n 2 p 69-791988LUPPESCU S DAY R R Examining attitude in teachers and students the need to validate questionnaire data Second Language Research v 6 n 2 p 125-1341990MCDONOUGH J MCDONOUGH S H Research methods for English language teachers London Arnold 1997MUNB Y H A qualitative approach to the study of a teacherrsquos beliefs Journal of Research in Science Teaching v 21 n 1 p 27-38 1984MILLER L amp GINSBERG R B FolWinguistic theories of language learning In FREED B F (Ed) Second language acquisition in a study abroad context Amsterdam John Benjamins 1995 p 293-315MORI Y Epistemological beliefs and language learning beliefs What do language learners believe about their learning [ERIC Document Reproduction Service No ED406657] 1997MURPHEY T Experiencing and mapping in teacher education In SACHS GT Brock M Lo R (Ed) Directions in second language teacher education Hong Kong City University of Hong Kong 1996 p 202-219 MURPHEY T Language hungiy An introduction to language learning fun and self-esteem Tokyo MacMillan 1997NESPOR J The role of beliefs in the practice of teaching Journal of Curnculum Studies v 19 n 4 p 317-328 1987PAJARES F M Teachersrsquo beliefs and educational research Cleaning up a messy construct Review of Educational Research v 62 n 3 p 307-332 1992PRESS M-C Ethnicity and the autonomous language learner different beshyliefs and learning strategies In BROADY E KENNING M-M (Ed) Proshymoting Learner autonomy in university language teaching London Assoshyciation for French StudiesCILT 1996 p237-259

Rev B rasile ira de L ing uuml iacutes tica A plicada v l n l 2001 91

RAMANATHAN V ATKINSON D Ethnographic approaches and methods in L2 writing research A critical guide and Review Applied Linguistics v 20 n 1 1999 p44-70RICHARDS J C LOCKHART C Reflective teaching in second language classrooms Cambridge Cambridge University Press 1994 RICHARDSON V The role of attitudes and beliefs in learning to teach In SIKULA J (Ed) Handbook o f Research on Teacher Education (2 ed) New York Macmillan 1996 p 102-119RILEY R The guru and the conjurer aspects of counselling for self- access In BENSON P amp VOLLER P (Ed) Autonomy and independence in language learning New York Longman 1997 p 114- 131ROKEACH M Beliefs attitudes and values A theory of organization and change San Francisco Jossey-Bass 1968SCHWANDT T A Qualitative Inquiry a dictionary of terms Thousand Oaks Sage1997SAKUI K GAIES S Investigating Japanese learners beliefs about language learning System v 27 n 4 p 473-4921999SU D A study o f English learning strategies and styles o f Chinese university students in relation to their cultwal beliefs about learning English 1995 Dissertaccedilatildeo (Doutorado) - University of Georgia Athens SWALES S From metaphor to meta-language English Teaching Forum v 32 n 3 p8- 11 1994TUMPOSKYN Student beliefs about language learning A cross-cultural study Carleton Papers in Applied Language Studies v 8 p 50-65 1991VALENZUELA S M The management of language learning Who is supposed to do what Carleton Papers in Applied Language Studies XIII 1996 p 21-35VIANA N A A desconstruccedilatildeo dos mitos na aprendizagem de liacutengua estrangeira Uberlacircndia Departamento de Letras UFU 1993 5f MimeografadoVICTORI M Investigating the metacognitive knowledge of students of English as a second language 1992 Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - University of California Los AngelesVICTORI M LOCKHART W Enhancing metacognition in self-directed language learning System v 23 n 2 p 223-234 1995

92 Rev B ras ile ira de LingUistica A plicada v l n l 2001

WEN Q JOHNSON R K L2 learner variables and English achievement A study of tertiary-level English majors in China Applied Linguistics v 18 p 27-48 1997WENDEN A Helping language learners think about learning ELT Journal v 40 nl p3-12 1986WENDEN A How to be a successful language learner insights and prescriptions from L2 learners In WENDEN A amp RUBIN J (Eds) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p103-117WENDEN A Learner strategies for learner autonomy London Prentice Hall 1991WENDEN A Metacognitive knowledge and language learning Applied Linguistics v 19 n 4 p 515-537 1999WOODS D Teacher cognition in language teaching Beliefs decisionshymaking and classroom practice Cambridge Cambridge University Press 1996WOODS D Decision-making in language learning A lens for examining learner strategies The Language Teacher Online Outubro 1997 [cited 26 M ay 1998] Available from World Wide WeB lthttp languehyperchubuacjpjaltpubtli97octwoodshtmlgtYANG ND Second language learnersrsquo beliefs about language learning and their use of learning strategies A study of college students of Enshyglish in Taiwan 1992 Tese (Doutorado) - The University of Texas Ausshytin

Page 18: Pesquisa das crenças sobre aprendizagem de línguas

Rev B ras ile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001

___ Current Approaches to the Investigation of Language LearningBeliefs A Literature Review In AILA99 1999 Toacutequio 12th World Congress o f Applied Linguistics AILA99 mdash Programa and Abstracts Toacutequio AILA 1999 p 133__ Understanding teachersrsquo and students language learning beliefs inexperience A Deweyan Approach 2000357f Tese (Doutorado em Ensino de Ingles como Segunda Lingua) College of Education The University of Alabama Tuscaloosa__ Incorporating language learning beliefs in the classroom - WorkshopUniatildeo Cultural Brasil Estados Unidos Satildeo Paulo 3 de agosto 2000a BENSON R A critical view of learner training Learning Learning v 2 n 2 p 2-61995BLOCK D Learning by listening to language learners System v 25 n 3 p 347-360 1997BLOCK D Exploring interpretations of questionnaire items System v 26 n 3 p 403-4251998BREEN M Constructions of the learner in second language acquisition researchInALATIS 1 STRAEHLE C RONKIN M GALLENBERGER B (Ed) Georgetown University Round Table on Languages and Linguistics Washyshington Georgetown University Press 1996 p 84-115CARVALHO V C P S A aprendizagem de liacutengua estrangeira sob a oacutetica de alunos de letras crenccedilas e mitos 2000 138f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Estudos Linguumliacutesticos) - Faculdade de Letras UFMG Belo Horizonte CAMPBELL C M SHAW V M PLAGEMAN ME ALLEN T A Exploring student beliefs about language learning In HATFIELD W N (Ed) Visions and realities in foreign language teaching where we are where we are going Lincolnwood National Textbook 1993 p 29-39 CORTAZZI M amp JIN L Cultures of learning Language classrooms in China InCOLEMAN H (Ed) Society and the language classroom Cambridge Cambridge University Press p 169-2031996COTTERALL S Readiness for autonomy Investigating learner beliefs System v 23 n 2 p195-2051995DEWEY J How we think Lexington D C Heath 1993ELLIS R The metaphorical constructions of second language learners In AAALrsquo9 8 1998 Seatle AAALAnual Conference Seatle AAAL 1998

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 89

ERLBAUM B E BERG C A DODD D H Previous learning experiences strategy beliefs and task definition in self-regulated foreign language learning Contemporary Educational Psychology v 18 n 3 p 318-336 1993FREEMAN D The ldquounstudied problemrdquo Research on teacher learning in language teaching In FREEMAN D RICHARDS JC (Ed) Teacher learning in language teaching9 Cambridge Cambridge University Press 1996 p 351-378GARCIA C R P As culturas de aprender uma lingua estrangeira (inshyglecircs) em sala de aula que se propotildee interdisciplinar 1999125f Dissershytaccedilatildeo (Mestrado em Linguumliacutestica Aplicada) - Instituto de Estudos da Linshyguagem UNICAMP CampinasGEMENEZ T Learners becoming teacher an exploratory study of beliefs held by prospective and practising EFL teachers in Brazil 1994 340f Tese (Doutorado) Lancaster Lancaster UniversityGOODWIN C DURANTI A Rethinking context An introduction In DURANTI A GOODWIN C (Ed) Rethinking context Language as an interactive phenomenon Cambridge Cambridge University Press 1992 p 1-42HOLEC H The learner as manager managing learning or managing to learn In WENDEN A RUBIN J (Ed) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p 145-156HOLLIDAY A Appropriate methodology and social context Cambridge Cambridge University Press 1994HORWITZ E K Using student beliefs about language learning and teaching in the foreign language methods course Foreign Language Annals v 18 n 4 p 333-340 1985HORWITZ E K Surveying studentsrsquo beliefs about language learning In WENDEN A RUBIN J (Ed) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p 110-129HORWITZ E K The beliefs about language learning of beginning university foreign language students The Modem Language Journal v 72 n 3 p 283-294 1988KALAJA P Student beliefs (or metacognitive knowledge) about SLA reconsidered International Journal o f Applied Linguistics v 5 n 2 p 191-204 1995KERN R G Students7 and teachers beliefs about language learning Foreign Language Annals v 28 n 1 p 71-92 1995

90 Rev B ras ile ira de L inguumlistica A plicada v l n l 2001

KUNTZ P Students of lsquoeasy languages Their beliefs about language learning [ERIC Document Reproduction Service No ED397658] 1996 KUNTZ P Students and their teachers of Arabic Beliefs about language learning ERIC Document Reproduction Service No ED407854] 1997 MANTLE-BROMLEY C Positive attitudes and realistic beliefs Links to proficiency The Modem Language Journal v 79 n 3 p 372-386 1995 LAVE J The practice of learning In CHAIumlNKLIN S LAVE J (Ed) Understanding practice Perspectives on activity and context Cambridge Cambridge University Press 1993 p 3-32LOW G The semantics of questionnaire rating scales Evaluation and Research in Education v 2 n 2 p 69-791988LUPPESCU S DAY R R Examining attitude in teachers and students the need to validate questionnaire data Second Language Research v 6 n 2 p 125-1341990MCDONOUGH J MCDONOUGH S H Research methods for English language teachers London Arnold 1997MUNB Y H A qualitative approach to the study of a teacherrsquos beliefs Journal of Research in Science Teaching v 21 n 1 p 27-38 1984MILLER L amp GINSBERG R B FolWinguistic theories of language learning In FREED B F (Ed) Second language acquisition in a study abroad context Amsterdam John Benjamins 1995 p 293-315MORI Y Epistemological beliefs and language learning beliefs What do language learners believe about their learning [ERIC Document Reproduction Service No ED406657] 1997MURPHEY T Experiencing and mapping in teacher education In SACHS GT Brock M Lo R (Ed) Directions in second language teacher education Hong Kong City University of Hong Kong 1996 p 202-219 MURPHEY T Language hungiy An introduction to language learning fun and self-esteem Tokyo MacMillan 1997NESPOR J The role of beliefs in the practice of teaching Journal of Curnculum Studies v 19 n 4 p 317-328 1987PAJARES F M Teachersrsquo beliefs and educational research Cleaning up a messy construct Review of Educational Research v 62 n 3 p 307-332 1992PRESS M-C Ethnicity and the autonomous language learner different beshyliefs and learning strategies In BROADY E KENNING M-M (Ed) Proshymoting Learner autonomy in university language teaching London Assoshyciation for French StudiesCILT 1996 p237-259

Rev B rasile ira de L ing uuml iacutes tica A plicada v l n l 2001 91

RAMANATHAN V ATKINSON D Ethnographic approaches and methods in L2 writing research A critical guide and Review Applied Linguistics v 20 n 1 1999 p44-70RICHARDS J C LOCKHART C Reflective teaching in second language classrooms Cambridge Cambridge University Press 1994 RICHARDSON V The role of attitudes and beliefs in learning to teach In SIKULA J (Ed) Handbook o f Research on Teacher Education (2 ed) New York Macmillan 1996 p 102-119RILEY R The guru and the conjurer aspects of counselling for self- access In BENSON P amp VOLLER P (Ed) Autonomy and independence in language learning New York Longman 1997 p 114- 131ROKEACH M Beliefs attitudes and values A theory of organization and change San Francisco Jossey-Bass 1968SCHWANDT T A Qualitative Inquiry a dictionary of terms Thousand Oaks Sage1997SAKUI K GAIES S Investigating Japanese learners beliefs about language learning System v 27 n 4 p 473-4921999SU D A study o f English learning strategies and styles o f Chinese university students in relation to their cultwal beliefs about learning English 1995 Dissertaccedilatildeo (Doutorado) - University of Georgia Athens SWALES S From metaphor to meta-language English Teaching Forum v 32 n 3 p8- 11 1994TUMPOSKYN Student beliefs about language learning A cross-cultural study Carleton Papers in Applied Language Studies v 8 p 50-65 1991VALENZUELA S M The management of language learning Who is supposed to do what Carleton Papers in Applied Language Studies XIII 1996 p 21-35VIANA N A A desconstruccedilatildeo dos mitos na aprendizagem de liacutengua estrangeira Uberlacircndia Departamento de Letras UFU 1993 5f MimeografadoVICTORI M Investigating the metacognitive knowledge of students of English as a second language 1992 Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - University of California Los AngelesVICTORI M LOCKHART W Enhancing metacognition in self-directed language learning System v 23 n 2 p 223-234 1995

92 Rev B ras ile ira de LingUistica A plicada v l n l 2001

WEN Q JOHNSON R K L2 learner variables and English achievement A study of tertiary-level English majors in China Applied Linguistics v 18 p 27-48 1997WENDEN A Helping language learners think about learning ELT Journal v 40 nl p3-12 1986WENDEN A How to be a successful language learner insights and prescriptions from L2 learners In WENDEN A amp RUBIN J (Eds) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p103-117WENDEN A Learner strategies for learner autonomy London Prentice Hall 1991WENDEN A Metacognitive knowledge and language learning Applied Linguistics v 19 n 4 p 515-537 1999WOODS D Teacher cognition in language teaching Beliefs decisionshymaking and classroom practice Cambridge Cambridge University Press 1996WOODS D Decision-making in language learning A lens for examining learner strategies The Language Teacher Online Outubro 1997 [cited 26 M ay 1998] Available from World Wide WeB lthttp languehyperchubuacjpjaltpubtli97octwoodshtmlgtYANG ND Second language learnersrsquo beliefs about language learning and their use of learning strategies A study of college students of Enshyglish in Taiwan 1992 Tese (Doutorado) - The University of Texas Ausshytin

Page 19: Pesquisa das crenças sobre aprendizagem de línguas

Rev B rasile ira de L inguumliacutestica A plicada v l n l 2001 89

ERLBAUM B E BERG C A DODD D H Previous learning experiences strategy beliefs and task definition in self-regulated foreign language learning Contemporary Educational Psychology v 18 n 3 p 318-336 1993FREEMAN D The ldquounstudied problemrdquo Research on teacher learning in language teaching In FREEMAN D RICHARDS JC (Ed) Teacher learning in language teaching9 Cambridge Cambridge University Press 1996 p 351-378GARCIA C R P As culturas de aprender uma lingua estrangeira (inshyglecircs) em sala de aula que se propotildee interdisciplinar 1999125f Dissershytaccedilatildeo (Mestrado em Linguumliacutestica Aplicada) - Instituto de Estudos da Linshyguagem UNICAMP CampinasGEMENEZ T Learners becoming teacher an exploratory study of beliefs held by prospective and practising EFL teachers in Brazil 1994 340f Tese (Doutorado) Lancaster Lancaster UniversityGOODWIN C DURANTI A Rethinking context An introduction In DURANTI A GOODWIN C (Ed) Rethinking context Language as an interactive phenomenon Cambridge Cambridge University Press 1992 p 1-42HOLEC H The learner as manager managing learning or managing to learn In WENDEN A RUBIN J (Ed) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p 145-156HOLLIDAY A Appropriate methodology and social context Cambridge Cambridge University Press 1994HORWITZ E K Using student beliefs about language learning and teaching in the foreign language methods course Foreign Language Annals v 18 n 4 p 333-340 1985HORWITZ E K Surveying studentsrsquo beliefs about language learning In WENDEN A RUBIN J (Ed) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p 110-129HORWITZ E K The beliefs about language learning of beginning university foreign language students The Modem Language Journal v 72 n 3 p 283-294 1988KALAJA P Student beliefs (or metacognitive knowledge) about SLA reconsidered International Journal o f Applied Linguistics v 5 n 2 p 191-204 1995KERN R G Students7 and teachers beliefs about language learning Foreign Language Annals v 28 n 1 p 71-92 1995

90 Rev B ras ile ira de L inguumlistica A plicada v l n l 2001

KUNTZ P Students of lsquoeasy languages Their beliefs about language learning [ERIC Document Reproduction Service No ED397658] 1996 KUNTZ P Students and their teachers of Arabic Beliefs about language learning ERIC Document Reproduction Service No ED407854] 1997 MANTLE-BROMLEY C Positive attitudes and realistic beliefs Links to proficiency The Modem Language Journal v 79 n 3 p 372-386 1995 LAVE J The practice of learning In CHAIumlNKLIN S LAVE J (Ed) Understanding practice Perspectives on activity and context Cambridge Cambridge University Press 1993 p 3-32LOW G The semantics of questionnaire rating scales Evaluation and Research in Education v 2 n 2 p 69-791988LUPPESCU S DAY R R Examining attitude in teachers and students the need to validate questionnaire data Second Language Research v 6 n 2 p 125-1341990MCDONOUGH J MCDONOUGH S H Research methods for English language teachers London Arnold 1997MUNB Y H A qualitative approach to the study of a teacherrsquos beliefs Journal of Research in Science Teaching v 21 n 1 p 27-38 1984MILLER L amp GINSBERG R B FolWinguistic theories of language learning In FREED B F (Ed) Second language acquisition in a study abroad context Amsterdam John Benjamins 1995 p 293-315MORI Y Epistemological beliefs and language learning beliefs What do language learners believe about their learning [ERIC Document Reproduction Service No ED406657] 1997MURPHEY T Experiencing and mapping in teacher education In SACHS GT Brock M Lo R (Ed) Directions in second language teacher education Hong Kong City University of Hong Kong 1996 p 202-219 MURPHEY T Language hungiy An introduction to language learning fun and self-esteem Tokyo MacMillan 1997NESPOR J The role of beliefs in the practice of teaching Journal of Curnculum Studies v 19 n 4 p 317-328 1987PAJARES F M Teachersrsquo beliefs and educational research Cleaning up a messy construct Review of Educational Research v 62 n 3 p 307-332 1992PRESS M-C Ethnicity and the autonomous language learner different beshyliefs and learning strategies In BROADY E KENNING M-M (Ed) Proshymoting Learner autonomy in university language teaching London Assoshyciation for French StudiesCILT 1996 p237-259

Rev B rasile ira de L ing uuml iacutes tica A plicada v l n l 2001 91

RAMANATHAN V ATKINSON D Ethnographic approaches and methods in L2 writing research A critical guide and Review Applied Linguistics v 20 n 1 1999 p44-70RICHARDS J C LOCKHART C Reflective teaching in second language classrooms Cambridge Cambridge University Press 1994 RICHARDSON V The role of attitudes and beliefs in learning to teach In SIKULA J (Ed) Handbook o f Research on Teacher Education (2 ed) New York Macmillan 1996 p 102-119RILEY R The guru and the conjurer aspects of counselling for self- access In BENSON P amp VOLLER P (Ed) Autonomy and independence in language learning New York Longman 1997 p 114- 131ROKEACH M Beliefs attitudes and values A theory of organization and change San Francisco Jossey-Bass 1968SCHWANDT T A Qualitative Inquiry a dictionary of terms Thousand Oaks Sage1997SAKUI K GAIES S Investigating Japanese learners beliefs about language learning System v 27 n 4 p 473-4921999SU D A study o f English learning strategies and styles o f Chinese university students in relation to their cultwal beliefs about learning English 1995 Dissertaccedilatildeo (Doutorado) - University of Georgia Athens SWALES S From metaphor to meta-language English Teaching Forum v 32 n 3 p8- 11 1994TUMPOSKYN Student beliefs about language learning A cross-cultural study Carleton Papers in Applied Language Studies v 8 p 50-65 1991VALENZUELA S M The management of language learning Who is supposed to do what Carleton Papers in Applied Language Studies XIII 1996 p 21-35VIANA N A A desconstruccedilatildeo dos mitos na aprendizagem de liacutengua estrangeira Uberlacircndia Departamento de Letras UFU 1993 5f MimeografadoVICTORI M Investigating the metacognitive knowledge of students of English as a second language 1992 Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - University of California Los AngelesVICTORI M LOCKHART W Enhancing metacognition in self-directed language learning System v 23 n 2 p 223-234 1995

92 Rev B ras ile ira de LingUistica A plicada v l n l 2001

WEN Q JOHNSON R K L2 learner variables and English achievement A study of tertiary-level English majors in China Applied Linguistics v 18 p 27-48 1997WENDEN A Helping language learners think about learning ELT Journal v 40 nl p3-12 1986WENDEN A How to be a successful language learner insights and prescriptions from L2 learners In WENDEN A amp RUBIN J (Eds) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p103-117WENDEN A Learner strategies for learner autonomy London Prentice Hall 1991WENDEN A Metacognitive knowledge and language learning Applied Linguistics v 19 n 4 p 515-537 1999WOODS D Teacher cognition in language teaching Beliefs decisionshymaking and classroom practice Cambridge Cambridge University Press 1996WOODS D Decision-making in language learning A lens for examining learner strategies The Language Teacher Online Outubro 1997 [cited 26 M ay 1998] Available from World Wide WeB lthttp languehyperchubuacjpjaltpubtli97octwoodshtmlgtYANG ND Second language learnersrsquo beliefs about language learning and their use of learning strategies A study of college students of Enshyglish in Taiwan 1992 Tese (Doutorado) - The University of Texas Ausshytin

Page 20: Pesquisa das crenças sobre aprendizagem de línguas

90 Rev B ras ile ira de L inguumlistica A plicada v l n l 2001

KUNTZ P Students of lsquoeasy languages Their beliefs about language learning [ERIC Document Reproduction Service No ED397658] 1996 KUNTZ P Students and their teachers of Arabic Beliefs about language learning ERIC Document Reproduction Service No ED407854] 1997 MANTLE-BROMLEY C Positive attitudes and realistic beliefs Links to proficiency The Modem Language Journal v 79 n 3 p 372-386 1995 LAVE J The practice of learning In CHAIumlNKLIN S LAVE J (Ed) Understanding practice Perspectives on activity and context Cambridge Cambridge University Press 1993 p 3-32LOW G The semantics of questionnaire rating scales Evaluation and Research in Education v 2 n 2 p 69-791988LUPPESCU S DAY R R Examining attitude in teachers and students the need to validate questionnaire data Second Language Research v 6 n 2 p 125-1341990MCDONOUGH J MCDONOUGH S H Research methods for English language teachers London Arnold 1997MUNB Y H A qualitative approach to the study of a teacherrsquos beliefs Journal of Research in Science Teaching v 21 n 1 p 27-38 1984MILLER L amp GINSBERG R B FolWinguistic theories of language learning In FREED B F (Ed) Second language acquisition in a study abroad context Amsterdam John Benjamins 1995 p 293-315MORI Y Epistemological beliefs and language learning beliefs What do language learners believe about their learning [ERIC Document Reproduction Service No ED406657] 1997MURPHEY T Experiencing and mapping in teacher education In SACHS GT Brock M Lo R (Ed) Directions in second language teacher education Hong Kong City University of Hong Kong 1996 p 202-219 MURPHEY T Language hungiy An introduction to language learning fun and self-esteem Tokyo MacMillan 1997NESPOR J The role of beliefs in the practice of teaching Journal of Curnculum Studies v 19 n 4 p 317-328 1987PAJARES F M Teachersrsquo beliefs and educational research Cleaning up a messy construct Review of Educational Research v 62 n 3 p 307-332 1992PRESS M-C Ethnicity and the autonomous language learner different beshyliefs and learning strategies In BROADY E KENNING M-M (Ed) Proshymoting Learner autonomy in university language teaching London Assoshyciation for French StudiesCILT 1996 p237-259

Rev B rasile ira de L ing uuml iacutes tica A plicada v l n l 2001 91

RAMANATHAN V ATKINSON D Ethnographic approaches and methods in L2 writing research A critical guide and Review Applied Linguistics v 20 n 1 1999 p44-70RICHARDS J C LOCKHART C Reflective teaching in second language classrooms Cambridge Cambridge University Press 1994 RICHARDSON V The role of attitudes and beliefs in learning to teach In SIKULA J (Ed) Handbook o f Research on Teacher Education (2 ed) New York Macmillan 1996 p 102-119RILEY R The guru and the conjurer aspects of counselling for self- access In BENSON P amp VOLLER P (Ed) Autonomy and independence in language learning New York Longman 1997 p 114- 131ROKEACH M Beliefs attitudes and values A theory of organization and change San Francisco Jossey-Bass 1968SCHWANDT T A Qualitative Inquiry a dictionary of terms Thousand Oaks Sage1997SAKUI K GAIES S Investigating Japanese learners beliefs about language learning System v 27 n 4 p 473-4921999SU D A study o f English learning strategies and styles o f Chinese university students in relation to their cultwal beliefs about learning English 1995 Dissertaccedilatildeo (Doutorado) - University of Georgia Athens SWALES S From metaphor to meta-language English Teaching Forum v 32 n 3 p8- 11 1994TUMPOSKYN Student beliefs about language learning A cross-cultural study Carleton Papers in Applied Language Studies v 8 p 50-65 1991VALENZUELA S M The management of language learning Who is supposed to do what Carleton Papers in Applied Language Studies XIII 1996 p 21-35VIANA N A A desconstruccedilatildeo dos mitos na aprendizagem de liacutengua estrangeira Uberlacircndia Departamento de Letras UFU 1993 5f MimeografadoVICTORI M Investigating the metacognitive knowledge of students of English as a second language 1992 Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - University of California Los AngelesVICTORI M LOCKHART W Enhancing metacognition in self-directed language learning System v 23 n 2 p 223-234 1995

92 Rev B ras ile ira de LingUistica A plicada v l n l 2001

WEN Q JOHNSON R K L2 learner variables and English achievement A study of tertiary-level English majors in China Applied Linguistics v 18 p 27-48 1997WENDEN A Helping language learners think about learning ELT Journal v 40 nl p3-12 1986WENDEN A How to be a successful language learner insights and prescriptions from L2 learners In WENDEN A amp RUBIN J (Eds) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p103-117WENDEN A Learner strategies for learner autonomy London Prentice Hall 1991WENDEN A Metacognitive knowledge and language learning Applied Linguistics v 19 n 4 p 515-537 1999WOODS D Teacher cognition in language teaching Beliefs decisionshymaking and classroom practice Cambridge Cambridge University Press 1996WOODS D Decision-making in language learning A lens for examining learner strategies The Language Teacher Online Outubro 1997 [cited 26 M ay 1998] Available from World Wide WeB lthttp languehyperchubuacjpjaltpubtli97octwoodshtmlgtYANG ND Second language learnersrsquo beliefs about language learning and their use of learning strategies A study of college students of Enshyglish in Taiwan 1992 Tese (Doutorado) - The University of Texas Ausshytin

Page 21: Pesquisa das crenças sobre aprendizagem de línguas

Rev B rasile ira de L ing uuml iacutes tica A plicada v l n l 2001 91

RAMANATHAN V ATKINSON D Ethnographic approaches and methods in L2 writing research A critical guide and Review Applied Linguistics v 20 n 1 1999 p44-70RICHARDS J C LOCKHART C Reflective teaching in second language classrooms Cambridge Cambridge University Press 1994 RICHARDSON V The role of attitudes and beliefs in learning to teach In SIKULA J (Ed) Handbook o f Research on Teacher Education (2 ed) New York Macmillan 1996 p 102-119RILEY R The guru and the conjurer aspects of counselling for self- access In BENSON P amp VOLLER P (Ed) Autonomy and independence in language learning New York Longman 1997 p 114- 131ROKEACH M Beliefs attitudes and values A theory of organization and change San Francisco Jossey-Bass 1968SCHWANDT T A Qualitative Inquiry a dictionary of terms Thousand Oaks Sage1997SAKUI K GAIES S Investigating Japanese learners beliefs about language learning System v 27 n 4 p 473-4921999SU D A study o f English learning strategies and styles o f Chinese university students in relation to their cultwal beliefs about learning English 1995 Dissertaccedilatildeo (Doutorado) - University of Georgia Athens SWALES S From metaphor to meta-language English Teaching Forum v 32 n 3 p8- 11 1994TUMPOSKYN Student beliefs about language learning A cross-cultural study Carleton Papers in Applied Language Studies v 8 p 50-65 1991VALENZUELA S M The management of language learning Who is supposed to do what Carleton Papers in Applied Language Studies XIII 1996 p 21-35VIANA N A A desconstruccedilatildeo dos mitos na aprendizagem de liacutengua estrangeira Uberlacircndia Departamento de Letras UFU 1993 5f MimeografadoVICTORI M Investigating the metacognitive knowledge of students of English as a second language 1992 Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - University of California Los AngelesVICTORI M LOCKHART W Enhancing metacognition in self-directed language learning System v 23 n 2 p 223-234 1995

92 Rev B ras ile ira de LingUistica A plicada v l n l 2001

WEN Q JOHNSON R K L2 learner variables and English achievement A study of tertiary-level English majors in China Applied Linguistics v 18 p 27-48 1997WENDEN A Helping language learners think about learning ELT Journal v 40 nl p3-12 1986WENDEN A How to be a successful language learner insights and prescriptions from L2 learners In WENDEN A amp RUBIN J (Eds) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p103-117WENDEN A Learner strategies for learner autonomy London Prentice Hall 1991WENDEN A Metacognitive knowledge and language learning Applied Linguistics v 19 n 4 p 515-537 1999WOODS D Teacher cognition in language teaching Beliefs decisionshymaking and classroom practice Cambridge Cambridge University Press 1996WOODS D Decision-making in language learning A lens for examining learner strategies The Language Teacher Online Outubro 1997 [cited 26 M ay 1998] Available from World Wide WeB lthttp languehyperchubuacjpjaltpubtli97octwoodshtmlgtYANG ND Second language learnersrsquo beliefs about language learning and their use of learning strategies A study of college students of Enshyglish in Taiwan 1992 Tese (Doutorado) - The University of Texas Ausshytin

Page 22: Pesquisa das crenças sobre aprendizagem de línguas

92 Rev B ras ile ira de LingUistica A plicada v l n l 2001

WEN Q JOHNSON R K L2 learner variables and English achievement A study of tertiary-level English majors in China Applied Linguistics v 18 p 27-48 1997WENDEN A Helping language learners think about learning ELT Journal v 40 nl p3-12 1986WENDEN A How to be a successful language learner insights and prescriptions from L2 learners In WENDEN A amp RUBIN J (Eds) Learner strategies in language learning London Prentice Hall 1987 p103-117WENDEN A Learner strategies for learner autonomy London Prentice Hall 1991WENDEN A Metacognitive knowledge and language learning Applied Linguistics v 19 n 4 p 515-537 1999WOODS D Teacher cognition in language teaching Beliefs decisionshymaking and classroom practice Cambridge Cambridge University Press 1996WOODS D Decision-making in language learning A lens for examining learner strategies The Language Teacher Online Outubro 1997 [cited 26 M ay 1998] Available from World Wide WeB lthttp languehyperchubuacjpjaltpubtli97octwoodshtmlgtYANG ND Second language learnersrsquo beliefs about language learning and their use of learning strategies A study of college students of Enshyglish in Taiwan 1992 Tese (Doutorado) - The University of Texas Ausshytin