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O Fim do Todo (tudo?): comentários sobre diretrizes curriculares de LEM Lynn Mario T. Menezes de Souza DLM-USP

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Page 1: O Fim do Todo (tudo?): comentários sobre diretrizes curriculares de LEM Lynn Mario T. Menezes de Souza DLM-USP

O Fim do Todo (tudo?):comentários sobre diretrizes

curriculares de LEM

Lynn Mario T. Menezes de Souza

DLM-USP

Page 2: O Fim do Todo (tudo?): comentários sobre diretrizes curriculares de LEM Lynn Mario T. Menezes de Souza DLM-USP

“The young are teaching themselves because the old

cannot or will not”

Kress, G 2003, p.175 Literacy in the New Media Age

Page 3: O Fim do Todo (tudo?): comentários sobre diretrizes curriculares de LEM Lynn Mario T. Menezes de Souza DLM-USP

O Mito da Modernidade: origem da educação na

modernidade • A civilização moderna se vê como avançada, superior• Sente-se obrigada a civilizar,esclarecer, enlevar aqueles de culturas

inferiores• Conhece o caminho para o desenvolvimento e exige que seja seguido• Faz questão de remover todo obstáculo de seu caminho, lançando mão

de violência se necessária• Violência é simbólica e ritualística: o herói e as vitimas se redimem

sacrificando-se• A vítima é sempre culpada; o herói da modernidade é sempre

emancipador• A violência simbólica, emancipatória, é considerada necessária (Mignolo, W 2000 Local Histories Global Designs p. 117)

Língua, civilização, de quem? Totalidade pressuposta e imposta: emancipação como exclusão

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SPALAVRA

TEXTO

IMAGEM

CONCEITO

SIGNIFICADO

OBJETO

INTERPRETE

SUJEITO

CULTURA

HISTORIA

CLASSE SOCIAL

SEXO

IDADE

Page 7: O Fim do Todo (tudo?): comentários sobre diretrizes curriculares de LEM Lynn Mario T. Menezes de Souza DLM-USP

RE

ALID

AD

E

LING

UA

GE

M

1 LINGUAGEM REFLETE/ REPRESENTA A REALIDADE?

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RE

ALID

AD

E

LING

UA

GEM

1LIN

GU

AG

EM 2

LING

UA

GEM

3

2. RELATIVISMO: uma realidade, várias linguagens

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LING

UA

GE

M

REALIDADE

REALIDADE

REA

LIDA

DE

REA

LIDA

DE? ?

Nem representação nem relativismo: Realidade como construção da linguagem; inseparável da linguagemDISCURSO

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S

SS

SS

S

SS

Discurso: Signos pré-existem o sujeito, usuário da linguagem > efeito de “natural”, “real”

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S

SS

SS

S

SS

Discurso: Signos em formações coletivas: grupos, comunidades (soco-econ., idade, sexo, região, profissão etc)

Page 12: O Fim do Todo (tudo?): comentários sobre diretrizes curriculares de LEM Lynn Mario T. Menezes de Souza DLM-USP

Inclusão como Consciência Crítica da diversidade, complexidade

• Incluir, não meramente inserir• Inclusão sócio cultural econômica• Inclusão tecnológica, científica• Inclusão globalNecessidade de entender, participar em, viverDiversidade e complexidade criticamente:Identidade, linguagem, Prática sócio-cultural

Page 13: O Fim do Todo (tudo?): comentários sobre diretrizes curriculares de LEM Lynn Mario T. Menezes de Souza DLM-USP

Exclusão inerente nos conceitos de lingua(gem), cultura, educação como

totalidades homogêneas

• Língua como sistema, padrão, gramática• Cultura como única, padrão, “culta”• Educação, pedagogia como esclarecimento,

emancipaçãoValores, sistema, padrão, “luz”, poder de

quem? Em que contexto?

Page 14: O Fim do Todo (tudo?): comentários sobre diretrizes curriculares de LEM Lynn Mario T. Menezes de Souza DLM-USP

Hierarquias, de cima para baixo> “inclusão” através da exclusão da diferença, do “outro”

Falácia da Regra (Bourdieu 1992) > regra vêm da prática contextual; nunca o contrário, nunca pode ser descontextualizada

Gramática como produto da falácia da regra; descontextualizada, estática, instrumento de exclusão

Page 15: O Fim do Todo (tudo?): comentários sobre diretrizes curriculares de LEM Lynn Mario T. Menezes de Souza DLM-USP

“o professor de inglês não está apenas ensinando gramática, nem mesmo letramento,

mas sim as práticas discursivas de grupos dominantes, práticas essas que podem ferir as

práticas e valores, e a identidade [..] de aprendizes que venham de outros grupos

sócio culturais”. Gee , J.P. (1986) Orality and Literacy: From The Savage Mind

to Ways with Words, TESOL Quarterly v. 20, n.4 p. 720

Page 16: O Fim do Todo (tudo?): comentários sobre diretrizes curriculares de LEM Lynn Mario T. Menezes de Souza DLM-USP

No lugar da Gramática:Interação Verbal

• Qual contexto?• Quais participantes ?• Qual língua(gem) ?• Qual cultura ?• Qual identidade ?• Qual pedagogia ?Ponto de partida: interação em contexto e não regra

gramatical ou habilidade isolada

Page 17: O Fim do Todo (tudo?): comentários sobre diretrizes curriculares de LEM Lynn Mario T. Menezes de Souza DLM-USP

Fim de Mitos de Totalidades

• Signo: social, parcial, contextual, histórico:

• Língua como discurso, interação, heterogênea, plural

• Língua, cultura, educação, currículo, identidade: plural, parcial, contínua, em constante transformação, nunca estática, total, homogênea

Page 18: O Fim do Todo (tudo?): comentários sobre diretrizes curriculares de LEM Lynn Mario T. Menezes de Souza DLM-USP

Língua como quatro habilidades:que fim levou?

• Inseparável do conceito da gramática, de língua como sistema abstrato, fechado, descontextualizado

• Por outro lado, língua como discurso parte de contextos de uso e não da gramática (símbolo de exclusão em nome da pretensa inclusão)

Em contextos de uso, difícil separar, isolar habilidades (cf conceito de letramento)

Page 19: O Fim do Todo (tudo?): comentários sobre diretrizes curriculares de LEM Lynn Mario T. Menezes de Souza DLM-USP

Habilidades como plurais, complexas, dependentes de contextos específicos

• Que tipo de leitura, escrita, oralidade?• Em que contextos ?• Quais interações entre as habilidades em

cada contexto ?Conceito de letramento como práticas

complexas socioculturais e contextuais de interação verbal e não verbal

Page 20: O Fim do Todo (tudo?): comentários sobre diretrizes curriculares de LEM Lynn Mario T. Menezes de Souza DLM-USP

Exemplo de uma prática de letramento: a Escrita no e-mail: Escrita ou Fala?

O q vc fez hjNda d especial. Fui pra balada com Ma e Ju depois fomos no Ze e no mc.Vc viu o cachorrinho da Ju.Vc ker vir aki em ksa. To sozinha. Naum sei o q fazer. Naum tenho nda pra fazer.

Ixi..soh agora q eu vi q tinha msg sua nesse e-mail, eh q eu num olho mto!!mas axu q a gente recebeu tdas as msgs sim!!!poh, c der traz algum presentinho de niver pra mamãe daí, pq naum deu pra eu comprar aki tah?!!bjxxxxMa

Page 21: O Fim do Todo (tudo?): comentários sobre diretrizes curriculares de LEM Lynn Mario T. Menezes de Souza DLM-USP

Novas práticas de letramento

• (Video)games: compreensão auditiva, escrita, visual, interação não verbal

• “Leitura” de páginas ‘web’ (visual, auditivo)

• Blogs e flogs: leitura, escrita, oralidade• Hipertexto em páginas ‘web’: uso de links,

escrita ou leitura?

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Diretrizes do Conselho da Europa :Além de promover o uso prático da LEM, os fins educacionais específicos são:

• Estender o horizonte de comunicação do aprendiz para além de sua comunidade lingüística própria

• Capacitar o aprendiz a comunicar em situações de face a face com falantes de outra língua

• Capacitar o aprendiz a procurar, descobrir e compreender informações na LEM que atendam ás necessidades e interesses do aprendiz

• Capacitar o aprendiz a compreender e realizar outras maneiras de organizar, categorizar e expressar a experiência e outras maneiras de realizar interações verbais sociais

• Aguçar o nível geral de sensibilidade lingüística do aprendiz quanto ás características de sua língua materna em relação á LEM, e quanto aos usos de uma língua na comunicação cotidiana

• Desenvolver a confiança do aprendiz, através de experiências limitadas mas bem sucedidas no uso de uma LEM, para enfrentar os desafios de viver num ambiente alienígena

Page 23: O Fim do Todo (tudo?): comentários sobre diretrizes curriculares de LEM Lynn Mario T. Menezes de Souza DLM-USP

• Capacitar o aprendiz a mediar entre membros monolíngues de duas comunidades lingüísticas

• Capacitar o aprendiz a estender seu repertório de papeis de interação em contextos nos quais a LEM pode ser usada de forma a :

• i. interagir adequadamente nesses contextos sociais• ii.refletir sobre os processos de linguagem e interação social desses

contextos• iii.desenvolver um entendimento das complexidades da interação

pessoal em contextos sociais • Capacitar o aprendiz no uso de habilidades de aprendizagem para

aprender outras línguas no futuro• Usando a experiência de aprendizagem e uso da LEM como

paradigma, capacitar o aprendiz a vivenciar e lidar com outras áreas da experiência humana onde age uma dinâmica semelhante de sistematicidade parcial e arbitrariedade historicamente determinada.

De van Ek, JA e Trim, JLM (1984) Across the Threshold p.128

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Fim de Mitos de Totalidades 2

SE• A significação é social, parcial, contextual,

histórica• A línguagem é discurso, interação, heterogênea,

plural• A cultura, a identidade, a educação é plural,

parcial, contínua, em constante transformação, nunca estática, total, homogênea

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Então, o currículo deve ser parcial, dinâmico, aberto, sujeito a transformações contextuais.

Importância da participação críticalocal, não hierárquica, constante,

transformadora

Currículo parcial não é vale tudo.Norteia-se em princípios

(Conceitos de linguagem, identidade,cultura, inclusão, educação)

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“Nós somos os construtores de significados e nós podemos caminhar para aquele período (o futuro) com uma teoria que coloca, tanto nossos processos de construção de significação, quanto nós mesmos,

no centro; não como livres para fazer o que bem entendermos, mas também não como vítimas de forças além de nosso controle. É esse o alvo e a

tarefa da teoria. É isso que terá que ser o norte de nossas práticas .”

Kress, G 2003, p.176 Literacy in the New Media Age

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