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Rev. Cient. InFOC v.1 n.2 jan-jun. 2017 ISSN 2525443X ODONTOLOGIA O ATUAL CRITÉRIO DE INDICAÇÃO DE EXODONTIA DO PRIMEIRO PRÉ-MOLAR NO CONTEXTO DA ORTODONTIA AUTOLIGADA The current criterion for indication of the first premolar extraction in the context of self-ligating orthodontics *Flávia do Bem Castilho Almeida ** Leonardo Alcântara Cunha Lima *** Vinícius Alcântara Cunha Lima**** Célia Alcântara Cunha Lima ***** Thiago Barros da Silva RESUMO Através da apresentação dos primeiros meses de tratamento de três casos clínicos tratados no curso de especialização em Ortodontia do UNIFLU, procuramos esclarecer os critérios para indicações de exodontias de primeiros pré-molares quando tratados com aparelhos autoligados. Concluiu-se que dentre os fatores favoráveis à exodontia estariam o perfil convexo a protrusão dentária e apinhamento severo. Porém, frente à presença de vedamento labial passivo e grande apinhamento, o uso adequado de fios termodinâmicos eliminaram a necessidade de exodontias, permitindo expressivo ganho transversal, mantendo-se o equilíbrio facial. Palavras Chave: Exodontias de primeiros pré-molares, Aparelho autoligado, Vedamento labial. ABSTRACT Through the presentation of the first months of treatment of three clinical cases treated in the specialization course in Orthodontics of UNIFLU, we sought to clarify the criterion for indications of first premolar extractions when treated with self-ligating devices. We conclude that among the factors favorable to the extraction are: convex profile, dental protrusion and severe crowding. However, in view of the presence of passive labial sealing and large crowding, the proper use of thermodynamic wires eliminated the need for tooth extraction, allowing a significant transversal gain, maintaining facial balance. Keywords: First premolar extractions, Self-ligating, Labial sealing. *Pós-Graduanda em Ortodontia. Centro Universitário Fluminense UNIFLU. Campos dos Goytacazes RJ. ** Doutor em Ciências Odontológicas Ortodontia. Professor titular de Ortodontia. Professor do Curso de Especialização em Ortodontia do Centro Universitário Fluminense UNIFLU. Campos dos Goytacazes RJ. *** Mestrando em Ortodontia. Professor do Curso de Especialização em Ortodontia do Centro Universitário Fluminense UNIFLU. Campos dos Goytacazes RJ. **** Doutora em Ciências Odontológicas -Ortodontia. Coordenadora de Pesquisa e Extensão do Centro Universitário Fluminense UNIFLU. Coordenadora do Curso de Ortodontia UNIFLU. Campos dos Goytacazes RJ. ***** Mestrando em Ortodontia. Professor do Curso de Especialização em Ortodontia do Centro Universitário Fluminense UNIFLU. Campos dos Goytacazes RJ. Recebido em 22∕11∕2016 Aceito em 30∕11∕2016. Endereço para correspondência: [email protected]

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Rev. Cient. InFOC v.1 n.2 jan-jun. 2017 ISSN 2525443X ODONTOLOGIA

O ATUAL CRITÉRIO DE INDICAÇÃO DE EXODONTIA DO PRIMEIRO PRÉ-MOLAR

NO CONTEXTO DA ORTODONTIA AUTOLIGADA

The current criterion for indication of the first premolar extraction in the context of self-ligating

orthodontics

*Flávia do Bem Castilho Almeida ** Leonardo Alcântara Cunha Lima *** Vinícius Alcântara Cunha

Lima**** Célia Alcântara Cunha Lima ***** Thiago Barros da Silva

RESUMO

Através da apresentação dos primeiros meses de tratamento de três casos clínicos tratados no curso

de especialização em Ortodontia do UNIFLU, procuramos esclarecer os critérios para indicações de

exodontias de primeiros pré-molares quando tratados com aparelhos autoligados. Concluiu-se que

dentre os fatores favoráveis à exodontia estariam o perfil convexo a protrusão dentária e apinhamento

severo. Porém, frente à presença de vedamento labial passivo e grande apinhamento, o uso adequado

de fios termodinâmicos eliminaram a necessidade de exodontias, permitindo expressivo ganho

transversal, mantendo-se o equilíbrio facial.

Palavras Chave: Exodontias de primeiros pré-molares, Aparelho autoligado, Vedamento labial.

ABSTRACT

Through the presentation of the first months of treatment of three clinical cases treated in the

specialization course in Orthodontics of UNIFLU, we sought to clarify the criterion for indications

of first premolar extractions when treated with self-ligating devices. We conclude that among the

factors favorable to the extraction are: convex profile, dental protrusion and severe crowding.

However, in view of the presence of passive labial sealing and large crowding, the proper use of

thermodynamic wires eliminated the need for tooth extraction, allowing a significant transversal gain,

maintaining facial balance.

Keywords: First premolar extractions, Self-ligating, Labial sealing.

*Pós-Graduanda em Ortodontia. Centro Universitário Fluminense UNIFLU. Campos dos Goytacazes RJ.

** Doutor em Ciências Odontológicas – Ortodontia. Professor titular de Ortodontia. Professor do Curso de Especialização

em Ortodontia do Centro Universitário Fluminense UNIFLU. Campos dos Goytacazes RJ.

*** Mestrando em Ortodontia. Professor do Curso de Especialização em Ortodontia do Centro Universitário Fluminense

UNIFLU. Campos dos Goytacazes RJ.

**** Doutora em Ciências Odontológicas -Ortodontia. Coordenadora de Pesquisa e Extensão do Centro Universitário

Fluminense UNIFLU. Coordenadora do Curso de Ortodontia UNIFLU. Campos dos Goytacazes RJ.

***** Mestrando em Ortodontia. Professor do Curso de Especialização em Ortodontia do Centro Universitário

Fluminense UNIFLU. Campos dos Goytacazes RJ.

Recebido em 22∕11∕2016 Aceito em 30∕11∕2016. Endereço para correspondência: [email protected]

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1. INTRODUÇÃO

Já há bastante tempo lança-se mão de exodontias em Ortodontia, seja em casos de elementos

dentários supranumerários, de terceiros molares para os quais não há espaço para irrupção ou correção

de linha mediana. Entretanto, o motivo pelo o qual mais se utilizam extrações dentárias no tratamento

ortodôntico é o alinhamento; nos casos de apinhamento moderado a severo, a fim de se evitar o efeito

colateral da protrusão dentária e para a correção de má oclusão de classe II. Tais extrações podem

ser de dois ou de quatro dentes, sempre em busca da manutenção ou melhora do perfil.

A extração dos primeiros pré-molares são as que mais resultam em alterações no perfil, por

isso deve ser muito bem planejadas para cada caso (HOFFELDER et al. 2003).

O alinhamento e nivelamento e também as mêcanicas de fechamento de espaço após

exodontias, sofrem interferência do atrito durante a movimentação. Sendo assim, o ortodontista deve

sempre procurar eliminar os fatores que interferem na movimentação, e aproveitar os artifícios

existentes. É sabido que hoje existe um sistema de alta tecnologia, o sistema autoligado, que reduz

muito o atrito na mecânica ortodôntica (ZANELATO et al., 2013). Associando este benefício do

baixo atrito à força muscular, a qual desde sempre é de particular interesse no planejamento do

tratamento ortodôntico, temos o benefício da autocinese e da ancoragem muscular (LOPES, 2015;

LAMBRECHTS et al., 2010). Com isso os casos de indicações de exodontia tornaram-se bastante

criteriosos, baseados em fatores como padrão facial, características do sorriso, crescimento vertical,

entre outros e há necessidade de uma maior análise em casos limítrofes (MALTAGLIATI, 2015).

Este trabalho visa esclarecer os critérios de indicações de exodontias de primeiros pré-

molares, quando tratados com aparelhos autoligados, ilustrados através de relato de casos clínicos.

2. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS

O projeto de pesquisa referente a este relato de casos clínicos foi aprovado pelo Comitê de Ética

em Pesquisa do UNIFLU.

3. REVISÃO DA LITERATURA

Proffit (1994) estudou a frequência de extração de pré-molares na clínica ortodôntica da

Universidade de Carolina do Norte durante quarenta anos e observou o declínio das extrações de

primeiro pré-molar durante este tempo. Atribuiu este fato à maior preocupação com o impacto das

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extrações na estética facial, a não garantia de estabilidade e a preocupação com a disfunção

temporomandibular.

Suguino et al. (1996) realizaram um estudo profundo de análise facial para auxiliar no

diagnóstico e plano de tratamento ortodôntico visto que os conceitos hoje vigentes remetem ao

equilíbrio e harmonia dos traços faciais.

Hoffelder et al. (2003) abordaram através da revisão da literatura, as possíveis alterações no

perfil facial decorrentes de extrações de primeiros pré-molares no tratamento ortodôntico.

Concluíram que as extrações teriam sua indicação e esta deveria estar baseada no plano de tratamento

individualizado e que as extrações de primeiros pré-molares podem provocar mudanças favoráveis

no perfil, o que justificaria o sucesso do procedimento. Porém seria necessário atentar para as

mudanças desfavoráveis que poderiam aparecer quando o diagnóstico individual não for realizado.

Afirmaram haver uma concordância entre os profissionais quanto à indicação de extração de

primeiros pré-molares visando a melhora do perfil, e mesmo com todos estes esclarecimentos, ainda

se teriam dúvidas, em casos limítrofes.

Brant & Siqueira (2006) compararam alterações no perfil tegumentar em 30 pacientes do

gênero feminino, leucodermas, apresentando inicialmente má oclusão Classe II, 1a divisão, tratadas

com extrações dos quatro primeiros pré-molares, e um grupo de pacientes tratados de forma similar,

mas sem nenhuma extração. Concluíram que ambos os grupos tratados com e sem extrações de pré-

molares apresentaram valores médios normais na avaliação do perfil facial ao final do tratamento,

com melhora significativa na posição do lábio inferior, diminuição do espaço interlabial e aumento

do ângulo do perfil facial.

Busato et al. (2006) realizaram um estudo no qual compararam o comportamento da forma do

arco inferior durante as fases de tratamento e pós-contenção, em pacientes portadores de má oclusão

Classe II de Angle. O protocolo ortodôntico incluiu extrações de dois e de quatro pré-molares,

portanto com e sem extrações no arco inferior. Os resultados foram relatados como tendo mostrado

que se poderia esperar o mesmo grau de recidiva pós-contenção da forma do arco inferior em

pacientes com má oclusão de Classe II, quando o tratamento fosse conduzido com extrações de dois

pré-molares superiores, ou quando realizado com extrações de quatro pré-molares.

Almeida et al. (2008) avaliaram cefalometricamente as mudanças do ângulo nasolabial em

pacientes submetidos ao tratamento ortodôntico com e sem exodontias dos primeiros pré-molares, e

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correlacionaram este ângulo com as alterações na inclinação do incisivo superior, do lábio superior e

da base do nariz. Tiraram como principais conclusões o aumento significativo no ângulo nasolabial

no grupo com exodontia dos primeiros pré-molares, assim como alteração na posição do lábio

superior e incisivo superior. Esses referidos ângulos não se alteraram significativamente no grupo

que não recebeu as extrações. Todas as outras medidas analisadas não apresentaram diferenças

estatísticas entre os dois grupos, entre os tempos iniciais e finais.

Lambrechts et al. (2010) estudaram 107 pacientes sendo 63 do gênero feminino e 44 do

gênero masculino com idade entre sete e 45 anos, com a intenção de avaliar se haveria diferenças

estatisticamente significativas entre a pressão lábio e pressão da língua, assim como avaliar se essas

diferenças seriam influenciadas por gênero, idade, tipo de má oclusão, e hábitos orais. Observaram

em seus resultados que a pressão labial é maior nos homens do que nas mulheres e não haver

evidências de diferença de pressão labial por idades. Menor pressão do lábio foi relatada em pacientes

classe II primeira divisão do que em pacientes classe I de Angle. No que diz respeito à relação entre

os hábitos orais e pressão dos lábios, afirmaram haver maior pressão lingual em indivíduos com

interposição lingual durante a deglutição do que se comparados à pressão dos lábios de indivíduos

sem selamento labial.

Oliver et al. (2011) estudaram a influência de atrito em mecânicas de deslizamento em

aparelhos autoligados passivos, ativos e interativos. Para o estudo utilizaram diferentes marcas e

avaliaram o atrito em três diferentes espessuras de arcos retangulares: 0,017”x0,022”, 0,017”x0,025”

e 0,019”x0,025”. Concluíram que em mecânicas de deslize com aparelhos passivos o atrito seria

significativamente menor se comparado aos ativos. E em aparelhos ativos, quanto maior a

profundidade (tamanho vestíbulo-lingual) do fio maior seria a resistência ao movimento de deslize.

Prettyman et al. (2012) realizaram um estudo cujo objetivo foi avaliar se as vantagens do

aparelho autoligado seriam percebidas pelos ortodontistas na prática diária e qual tipo de suporte seria

preferido. Relatram que o aparelho autoligado foi preferido principalmente pelo progresso mais

rápido na fase inicial do tratamento e maior intervalo de consultas. Em contrapartida a maioria

preferiu o suporte convencional para acabamento e finalização dos tratamentos e por oferecerem

menor custo e menos consultas de urgências. Concluíram que no geral, ortodontistas preferem o

suporte autoligado ao convencional e quanto mais casos são tratados com autoligados mais os

profissionais apontam preferências por esses suportes.

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Bicalho & Bicalho (2013) inferiram que o número de indicações de extrações visando

correção de más oclusões diminuíram consideravelmente com o passar dos anos. A experiência

clínica estaria mostrando que extração de pré-molares não garantiriam necessariamente estabilidade

do alinhamento dentário a longo prazo, sendo possível tratar pacientes sem exodontias a partir de

análises cuidadosas dos casos. Demonstraram que em casos limítrofes, em que haja dúvidas quanto a

necessidade de extração em apinhamentos moderados, a mecânica oferecida pelos braquetes

autoligados favoreceria o tratamento não extracionista, simplificando a mecânica utilizada e

produzindo efeitos colaterais reduzidos e previsíveis.

Zanelato et al. (2013) inferiram sobre a tendência em Ortodontia em buscar soluções que

permitam o movimento dentário de forma mais simples e eficiente. Consideraram o atrito como

dificultador do movimento e afirmaram ser dever do ortodontista identificar e minimizar esse tipo de

interferência da movimentação dentária. Buscaram diminuir este atrito em biomecânicas de deslize

através de aparelhos autoligados, que têm sendo amplamente utilizados. O deslize estaria presente

nas fases iniciais do tratamento, nas fases de alinhamento e nivelamento e nas mecânicas de

fechamento de espaço.

Neto et al. (2014) realizaram uma revisão de literatura a fim de descrever as características, a

importância e as vantagens dos autoligáveis em Ortodontia. Concluíram que a principal vantagem

dos braquetes autoligáveis seria a otimização do tempo de atendimento clínico, possível graças ao

baixo atrito entre o braquete e o fio, principalmente na fase inicial do tratamento ortodôntico, além

de melhores resultados estéticos, e uso de forças de menor intensidade.

Valentim et al. (2014) descreveram o desenvolvimento de um método para medir as forças

exercidas por lábio e língua sobre o incisivo superior durante posição habitual e deglutição.

Participaram 28 sujeitos (10 do gênero masculino e 18 do gênero feminino), com idades variando

entre 19 e 31 anos (média de 23,2 anos). Concluíram que em posição habitual, o lábio exerceria uma

força maior do que a língua sobre o dente enquanto que durante a deglutição, não tendo sido verificada

diferença entre força de língua e lábio sobre esse dente.

Jacob & Frenck (2015) avaliaram os resultados clínicos do uso de braquetes autoligáveis, os

quais apresentam baixo atrito e melhor leitura de torque, em pacientes com arcada inferior triangular

(atrésica) e em casos de mordida aberta. Concluíram que o uso desses braquetes na primeira situação

apresentaria importante efeito expansivo dentoalveolar e correção da mordida aberta anterior com

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mecânicas simples. Porém, para se obter bons resultados seria sempre imprescindível um correto

diagnóstico.

Lopes (2015) abordou a necessidade contemporânea relativa à estética e menor tempo de

tratamento. Para isso seria utilizado dentre outras ferramentas de alta tecnologia, a ortodontia digital,

associada ao benefício da autocinese e ancoragem muscular proporcionadas pelo baixo atrito dos

aparelhos autoligados passivos e interativos, ou através da combinação dos sistemas, dependendo da

necessidade mecânica. Isto culminou na alta produtividade nos consultórios tendo menor tempo de

cadeira entre cada paciente, menor número de consultas e melhoria na qualidade de vida do

profissional.

Maltagliati (2015) discutiu fatores determinantes na indicação de extração dentária para a

correção de más oclusões com aparelhos autoligados, através de revisão de literatura e relatos de

casos. Descreveu características predisponentes do perfil facial, sorriso e fatores oclusais que seriam

indicativos de ganho de espaço através de desgastes ou extração, e aquelas características que

geralmente não seriam favoráveis ao ganho prévio de espaço. Concluiu que quando mais de um fator

é favorável ao ganho de espaço há fortes indícios para se obter, porém quando apenas uma

característica é indicativa, a protrusão dos incisivos é fator determinante de ganho de espaço enquanto

fatores de crescimento vertical, mordida aberta anterior seriam fatores predisponentes.

Ursi & Matias (2015) apresentaram princípios gerais que norteariam a mecânica ortodôntica

com autoligáveis. De maneira simples e objetiva, abordaram as características ideais desses

braquetes, uso de diferentes prescrições, posicionamento das peças, mecânicas específicas como o

uso da desarticulação das arcadas, uso de elásticos no início do tratameno, diferentes aplicações no

uso de stops, desgastes interproximais tudo isso para um tratamento ortodôntico de qualidade com

resultados estáveis e eficientes.

3. RELATO DE CASOS CLÍNICOS

Os casos relatados a seguir foram tratados na clínica do curso de especialização em Ortodontia

do Centro Universitário Fluminense – UNIFLU.

O primeiro caso é de M.V.R.B, gênero feminino de 11 anos, procurou tratamento ortodôntico

para corrigir o apinhamento dos incisivos laterais, os quais a incomodava. Analisando a face observa-

se características mesofaciais, perfil reto, pequeno aumento do terço inferior da face. Nos aspectos

intrabucais observou-se dentição mista, classe III de Angle subdivisão esquerda, apinhamento severo

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na arcada superior com os incisivos laterais girovertidos e posicionados por lingual, sem espaço para

erupção dos caninos superiores, atresia maxilar com mordida cruzada do lado direito e incisivos

inferiores retroinclinados por compensação muscular (Fig. 1).

Figura 1: Fotos extra e intraorais iniciais.

Na primeira consulta foi indicada a exodontia dos elementos dentários decíduos

remanescentes. Após este processo, foi montado inicialmente a arcada superior com aparelho

autoligado e inserido o fio termoativado de liga níquel-titânio-cobre (CuNiTi) 0,013” e mantido por

três meses (Fig. 2). O aparelho inferior foi montado posteriormente, lançando-se mão de levantes

oclusais para desarticulação entre as arcadas, e foi seguido a sequência de evolução dos fios

termoativados 0,014”, 0,014”x 0,025”, 0,017”x 0,025” mantidos por aproximadamente dois meses

cada fio (Fig. 3). Após esta fase de alinhamento e nivelamento a paciente encontrava-se preparada

para iniciar a mecânica avançada para tratamento da classe III.

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Figura 2: Montagem do aparelho superior

Figura 3: Evolução da sequência de arcos termoativados. Observa-se melhora da atresia

maxilar.

O segundo caso apresentado foi M.L.S.S.C., gênero feminino, de 14 anos. Paciente de

características faciais padrão II, mesofacial, apresentando apinhamento acentuado com significativo

overjet devido à protrusão dos incisivos superiores, retroinclinacão dos incisivos inferiores, linha

queixo-pescoço diminuída, caracterizando retrusão mandibular e adequado selamento labial (Fig. 4).

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Figura 4: Fotos extra e intra orais iniciais.

Devido ao bom padrão muscular optou-se pela estratégia não extracionista. Com apenas seis

meses de tratamento após a montagem do aparelho e uso adequado dos fios termoativados pode-se

observar acentuada melhora do apinhamento (Fig. 5). Após a fase de alinhamento e nivelamento a

paciente encontrar-se-á preparada para receber o aparelho propulsor mandibular com o qual será

corrigida a relação de classe II de caninos, overjet e desvio de linha média.

Figura 5: Após os primeiros fios de alinhamento.

O terceiro caso é de A.G.O.A., 20 anos, gênero masculino. A análise facial revelou perfil

aceitável com aumento do terço inferior da face e notável assimetria facial com desvio da mandíbula

para o lado esquerdo. Não há história de traumatismo em côndilo da mandíbula na infância. No

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aspecto intrabucal podemos observar mordida cruzada anterior e no lado esquerdo, com forte desvio

de linha média para o mesmo lado, caninos superiores ectópicos, classe III de Angle subdivisão direita

(Fig.6).

Figura 6: Fotos extra e intrabucais.

Devido ao eficiente selamento labial e visando a expansão dentoalveolar superior, foi

preconizado o tratamento não extracionista com o sistema autoligado com uso de fios de CuNiTi e

levantes oclusais (Fig.7). Após oito meses de tratamento houve considerável expansão dentoalveolar

da maxila e melhora no desvio de linha média (Fig. 8).

Figura 7: Montagem do aparelho superior.

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Figura 8: Após oito meses de tratamento com sistema autoligado com uso de elásticos

de uso precoce.

4. DISCUSSÃO

As extrações de primeiros pré-molares podem provocar grandes mudanças no perfil dos

pacientes, por isso têm sua indicação e devem estar baseada no plano de tratamento individualizado

para cada paciente (HOFFELDER et al., 2003; MALTAGLIATI, 2015).

O desafio do diagnóstico ortodôntico não reside nos casos que declaradamente requerem

extrações, ou naqueles que não as necessitam, mas sim em um extenso grupo conhecido como casos

limítrofes, ou borderlines (BICALHO e BICALHO, 2013). Esses casos considerados limítrofes

muitas vezes são corrigidos com braquetes autoligáveis sem exodontias. A mecânica de baixo atrito

oferecida por esses braquetes promove um alinhamento e nivelamento eficientes além de simplificar

a mecânica ortodôntica e produzir efeitos colaterais reduzidos e previsíveis (URSI e MATIAS, 2015).

A redução do atrito na interface slot/clipe/arco traz como vantagem a utilização de forças

leves, em um ambiente passivo, com fluidez biomecânica, que interagem com as forças geradas pelos

lábios (músculo orbicular), bochechas (m. bucinador), língua e o sistema neuromuscular do paciente,

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produzindo dois efeitos fundamentais para o entendimento da técnica autoligável: autocinese e

ancoragem muscular (LOPES, 2015).

A posição dos dentes é estabelecida por forças que os equilibram mutuamente. E a

movimentação dentária ocorre quando uma força é maior ou durar mais do que a sua força de

neutralização. Sendo a duração da força mais importante do que a sua magnitude. (LAMBRECHTS

et al., 2010; VALENTIM et al., 2014). Visto isso, quando os caninos se encontram em infra-versão e

vestíbulo-versão, se o ortodontista realizar a extração dos primeiros pré-molares, dois a três meses

antes da colocação do aparelho fixo, os caninos sofrem pressão do músculo orbicular dos lábios no

sentido ânterposterior melhorando consideravelmente a posição destes dentes. Montado o aparelho,

o deslizamento do fio no interior do braquete ocorre mais facilmente o que favorece o movimento

distal do canino sem o movimento vestibular dos dentes anteriores (NETO et al., 2014), o que

caracteriza ancoragem muscular. Essas extrações devem ser realizadas no início do tratamento. O

objetivo é transferir todo problema anterior para os espaços deixados pelas extrações e, assim,

promover o alinhamento sem prejudicar o setor anterior através de adaptação fucional posterior. Os

efeitos da adaptação transversal nos braquetes autoligáveis não impedem a utilização de aparelhos

expansores fixos para disjunção palatina (ZANELATO et al., 2013; NETO et al., 2014; LOPES,

2015).

O número de indicações de extrações visando correção de más oclusões diminuíram

consideravelmente com o passar dos anos devido a experiência clínica ter mostrado que extração de

pré-molares não obtém necessariamente estabilidade do alinhamento dentário a longo prazo

(BICALHO e BICALHO, 2013; BUSATO et al., 2006; PROFFIT, 1994). Corroborando essa

afirmativa, Jacok e Frenck (2015) mostraram que através de um adequado diagnóstico, pode-se obter

o bom resultado clínico de autoligáveis por exemplo em mandibulas atrésicas onde haja compensação

da Classe II com labioversão dos incisivos infeirores e inclinação mesial de coroas de caninos, através

de expansão dentoalveolar diminuindo a necessidade de exodontias.

O aparelho autoligado ativo é mais indicado para casos sem extração dental, no qual o atrito

ajuda no controle tridimensional, enquanto o passivo é mais indicado nos casos em que o fio

retangular permanece por mais tempo, como nos casos com extração dentária, pois este gera menor

atrito na mecânica de deslize (NETO et al., 2014; OLIVER et al., 2011). Os suportes autoligados

estão sendo cada vez mais preferidos aos convencionais devido o rápido progresso na fase inicial do

tratamento e maior intervalo de consultas (PRETTYMAN et al., 2012).

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A confiança na análise cefalométrica para definir o plano de tratamento algumas vezes

decorrem em problemas estéticos (SUGUINO et al., 1996). Em qualquer tipo de filosofia de

tratamento, a linha-mestra sempre é a harmonia dos aspectos faciais e a estética, lembrando que os

padrões de beleza variam entre as pessoas e grupos raciais. A nível de exemplo, pacientes com lábios

finos tendem a apresentar maior mudança facial em relação ao movimento dentário se comparado aos

indivíduos com lábios espessos. O ângulo Naso-Labial pode mudar perceptivelmente com

procedimentos ortodônticos e cirúrgicos que alteram a posição ântero posterior ou a inclinação dos

dentes ântero superiores. Em qualquer tempo, todos os procedimentos devem colocar este ângulo na

variação cosmeticamente desejável de 90° a 110°. Ao saber o que pode alterar o perfil do paciente, é

possível prevenir mudanças indesejáveis em decorrência do tratamento ortodôntico (SUGUINO et

al.,1996; ALMEIDA et al., 2008; BRANT et al., 2006).

Discrepâncias de modelo acima de 4mm podem facilmente, ser tratadas sem extrações quando

o paciente tiver perfil reto ou retrognata, altura facial anteroinferior normal ou diminuída, corredor

bucal amplo, sorriso com exposição gengival ou exposição dentária adequada, sobremordida

acentuada e atresia dentoalveolar das arcadas dentárias (MALTAGLIATI, 2015).

Características que favorecem a obtenção de espaço antes do alinhamento, seja por meio de

extração dentária ou de desgastes interproximais, são: perfil convexo, falta de selamento labial, altura

facial anteroinferior aumentada, corredor bucal já preenchido, exposição inadequada dos incisivos

superiores, mordida aberta e protrusão dentária (MALTAGLIATI, 2015). As exodontias continuam

a ser indicadas em casos de acentuado apinhamento severo e comprometimento periodontal, devido

à quantidade de movimentação necessária para a correção do apinhamento; também nos casos em

que se deseja uma melhora no perfil facial de um paciente biprotruso ou uma melhora das relações

inter-arcadas, para a correção da sobressaliência ou da sobremordida (URSI e MATIAS, 2015).

Pacientes com má oclusão de classe II tratados sem extrações no arco inferior, devem receber, se

necessário, desgaste interproximal na região de incisivos inferiores para acomodar o apinhamento

ântero-inferior (BUSATO et al., 2006).

Quando mais de um fator é favorável ao ganho de espaço há fortes indícios para se obter,

porém quando apenas uma característica é indicativa, a protrusão dos incisivos é fator determinante

de ganho de espaço enquanto fatores de crescimento vertical, mordida aberta anterior são fatores

predisponentes (MALTAGLIATI, 2015).

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ALMEIDA Flávia do Bem Castilho LIMA Leonardo Alcântara Cunha LIMA Vinícius Alcântara Cunha LIMA

Célia Alcântara Cunha SILVA Thiago Barros

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5. CONCLUSÃO

Dentre os principais fatores favoráveis a extração de primeiros pré-molares estão o perfil

convexo, protrusão dentária e apinhamento severo. Porém, frente a presença de vedamento labial

passivo e grande apinhamento, o uso adequado de fios CuNiTi eliminam a necessidade de exodontias,

permitindo expressivo ganho transversal, mantendo o equilíbrio facial.

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