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A filosofia moral de Adam Smith face às leituras reducionistas de sua obra:

ensaio sobre os fundamentos do indivíduo egoísta contemporâneo

Adam Smith’s moral philosophy versus the reductionist readings of his work:

essay on the foundations of the contemporary selfish individual

Resumo

A proposta deste artigo é apresentar inicialmente a contribuição da filosofia moral de Adam Smith tendo como eixo o sujeito moral smithiano e suas relações intersubje-tivas na emergência da ordem sócio/econômica do mercado. Em seguida pretende-se mostrar como e quando o sujeito simpático e as suas relações intersubjetivas sofreram revezes ao longo da história da teoria do mercado na releitura de alguns de seus céle-bres herdeiros.

Palavras-chave: Adam Smith; Filosofia moral; Economia.

Abstract

The purpose of this paper is to present initially the contribution of Adam Smith ‘s moral philosophy, having as its axis the Smithian moral subject and its intersubjective relations in the emergence of the socio - economic order of the market. It is then in-tended to show how and when the sympathetic subject and his intersubjective relations have suffered setbacks throughout the history of market theory in rereading some of his celebrated heirs.

Keywords: Adam Smith; Moral philosophy; economy.

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Cadernos

IHUideias

A filosofia moral de Adam Smith face às leituras reducionistas de sua obra:

ensaio sobre os fundamentos do indivíduo egoísta contemporâneo

Angela Ganem Professora/ Instituto de Economia da UFRJ.

ISSN 1679-0316 (impresso) • ISSN 2448-0304 (online) ano 17 • nº 282 • vol. 17 • 2019

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Cadernos IHU ideias é uma publicação quinzenal impressa e digital do Instituto Humanitas Unisinos – IHU que apresenta artigos produzidos por palestrantes e convidados(as) dos eventos promovidos pelo Instituto, além de artigos inéditos de pesquisadores em diversas universidades e instituições de pesquisa. A diversidade transdisciplinar dos temas, abrangendo as mais diferentes áreas do conhecimento, é a característica essencial desta publicação.

UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS

Reitor: Marcelo Fernandes de Aquino, SJVice-reitor: Pedro Gilberto Gomes, SJ

Instituto Humanitas Unisinos

Diretor: Inácio Neutzling, SJGerente administrativo: Nestor Pilz

ihu.unisinos.br

Cadernos IHU ideiasAno XVII – Nº 282 – V. 17 – 2019ISSN 1679-0316 (impresso)ISSN 2448-0304 (online)

Editor: Prof. Dr. Inácio Neutzling – Unisinos

Conselho editorial: MS Rafael Francisco Hiller; Profa. Dra. Cleusa Maria Andreatta; Prof. MS Gilberto Antônio Faggion; Prof. Dr. Lucas Henrique da Luz; MS Marcia Rosane Junges; Profa. Dra. Marilene Maia; Profa. Dra. Susana Rocca.

Conselho científico: Prof. Dr. Adriano Naves de Brito, Unisinos, doutor em Filosofia; Profa. Dra. Angelica Massuquetti, Unisinos, doutora em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade; Profa. Dra. Berenice Corsetti, Unisinos, doutora em Educação; Prof. Dr. Celso Cândido de Azambuja, Unisinos, doutor em Psicologia; Prof. Dr. César Sanson, UFRN, doutor em Sociologia; Prof. Dr. Gentil Corazza, UFRGS, doutor em Economia; Profa. Dra. Suzana Kilpp, Unisinos, doutora em Comunicação.

Responsável técnico: MS Rafael Francisco Hiller

Imagem da capa: painting-799975_1920.pixabay

Revisão: Carla Bigliardi

Editoração: Gustavo Guedes Weber

Impressão: Impressos Portão

Cadernos IHU ideias / Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Instituto Humanitas Unisinos. – Ano 1, n. 1 (2003)- . – São Leopoldo: Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 2003- .

v.

Quinzenal (durante o ano letivo).

Publicado também on-line: <http://www.ihu.unisinos.br/cadernos-ihu-ideias>.

Descrição baseada em: Ano 1, n. 1 (2003); última edição consultada: Ano 11, n. 204 (2013).

ISSN 1679-0316

1. Sociologia. 2. Filosofia. 3. Política. I. Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Instituto Humanitas Unisinos.

CDU 316 1

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Bibliotecária responsável: Carla Maria Goulart de Moraes – CRB 10/1252

ISSN 1679-0316 (impresso)

Solicita-se permuta/Exchange desired.As posições expressas nos textos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores.

Toda a correspondência deve ser dirigida à Comissão Editorial dos Cadernos IHU ideias:

Programa Publicações, Instituto Humanitas Unisinos – IHU Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos

Av. Unisinos, 950, 93022-750, São Leopoldo RS Brasil Tel.: 51.3590 8213 – Fax: 51.3590 8467

Email: [email protected]

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A FILoSoFIA MoRAL DE ADAM SMITH FACE àS LEITURAS REDUCIoNISTAS DE SUA oBRA:

ENSAIo SoBRE oS FUNDAMENToS Do INDIVíDUo EGoíSTA CoNTEMPoRâNEo

Angela GanemProfessora/ Instituto de Economia da UFRJ.

1. Introdução

A proposta deste artigo é apresentar inicialmente a contribuição da filo-sofia moral de Adam Smith tendo como eixo o sujeito moral smithiano e suas relações intersubjetivas na emergência da ordem sócio/econômica do mer-cado. Em seguida pretende-se mostrar como e quando o sujeito simpático e as suas relações intersubjetivas sofreram revezes ao longo da história da teoria do mercado na releitura de alguns de seus célebres herdeiros. E serão estas releituras que oferecerão pistas importantes para a compreensão do indivíduo contemporâneo: individualista, concorrente e absolutamente dis-tante do sujeito simpático smithiano. Esboçá-lo, tendo em vista a forte influ-ência dos fundamentos que provêm da economia não implica isolá-lo na dis-ciplina. Ao contrário, entender o indivíduo em sua complexidade exige derrubar fronteiras, aproximando a economia, sobretudo da filosofia e da psicanálise.

o primeiro eixo trata da contribuição da filosofia moral de Adam Smith. o argumento se baseia na defesa da unidade do sujeito, da obra e da expli-cação da ordem social do mercado pelo autor. A fórmula da mão invisível supera o contrato e afirma que indivíduos em busca de seus interesses priva-dos ao invés de se chocaram, produzem bem estar social. Entretanto, a ideia interessante a sublinhar é que o conceito morfogenético da TSM, a “simpa-tia,” se articula ao conceito básico da Riqueza, o “interesse”, e que juntos fornecem a coesão necessária à emergência e a reprodução da ordem social do mercado.

o segundo eixo aponta para o reducionismo e o empobrecimento de sua obra operado por autores que se consideram seus legítimos herdeiros. Constata-se num primeiro momento (século XIX) o reducionismo de Walras no intento de demonstrar lógico-matematicamente a soberania do mercado microfundado no comportamento individual do “homem econômico racional”. o esforço demonstrativo do autor expressa a tentativa mais ambiciosa dentro

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da HPE de transformar a economia num belo teorema. Já num segundo momento (século XX), é possível resgatar em Hayek a ideia de reler a ordem natural de Smith como uma ordem espontânea em que a história realizaria o autodesenvolvimento do mercado neoliberal. Uma ordem que emerge de regras eleitas que corroboram a ética individualista e a concorrência na socie-dade, esta última baseada na teoria darwiniana da vitória dos mais aptos.

o terceiro eixo trata das consequências desastrosas para a sociedade, para a política e para as subjetividades ditadas pelo apagamento do sujeito simpático smithiano e pela ausência de regras altruístas e de solidariedade. o que se tem observado é a ascensão de uma individualização sem limites reforçada pelo atual desmonte do Estado de Providencia e na defesa do mercado ultraliberal como a melhor forma de organização das sociedades contemporâneas.

2. Adam Smith

o filósofo moral Adam Smith publicou duas obras seminais: a Teoria dos Sentimentos Morais (TSM), em 1759, e a Riqueza das Nações (RN), em 1776. A TSM é um belo tratado de moralidade, uma aguçada análise do comportamento humano e de suas virtudes, do que é bom e deve ser desen-volvido, do que é mau e deve ser descartado, do que merece adequadamen-te aprovação e do que deve ser desaprovado. Seus diálogos com Aristóteles, Epicuro e com os Estoicos atravessaram seu tratado e contribuiram para a sua visão sofisticada do comportamento humano.

Adam Smith fundou a economia política observando-a tanto pela ótica da produção, da acumulação e do excedente como pela ótica do mercado. A primeira ótica está ligada ao caminho aberto por Petty e desenvolvido por Smith e os fisiocratas. Já a leitura pela ótica do mercado remete Smith à história das ideias e a sua importante contribuição na construção do ideário liberal. Dois campos de estudos se abrem na História do Pensamento Eco-nômico: o primeiro campo tendo como eixo central a teoria do valor trabalho, e o segundo campo tendo como conceito central a mão invisível. Neste ulti-mo, o indivíduo é ponto de partida para a explicação da ordem natural do mercado.

Em Smith, a economia pode ser lida como uma teoria do mercado, uma explicação científica para a emergência da ordem liberal. A solução do mer-cado de Smith, em que interesses privados ao invés de se chocarem produ-zem bem estar social é sobretudo a resposta a uma importante questão filo-sófica da modernidade, e mais especificamente, da chamada Revolução Científica Moderna. A questão central sobre a qual se debruçaram os grande sábios modernos era: como explicar a ordem física e a ordem social sem

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recorrer a explicação divina? 1Na ordem física o homem pretendeu desvelar a partir de seu conhecimento uma natureza mitificada porque confundida com a imagem divina e identificada com a cosmogonia aristotélica. Para dar conta deste projeto fez-se necessário, parafraseando Gustav Gusdorf, “ex-pulsar os anjos do céu” e ler as leis do universo, cientificamente. Este proces-so, como é sabido foi inaugurado pelos filósofos modernos, entre eles Galileu e teve seu ápice na sistematização da física moderna de Newton através da descoberta das leis gravitacionais. No campo social, foi necessário enfrentar o desencantamento de uma sociedade laica para entender como ela se constrói por ela mesma e que portanto, é a única responsável pelo seu des-tino. Devemos a um dos primeiros sábios modernos, Maquiavel, a inaugura-ção do realismo: o chão sobre o qual se assentará a preocupação dos filóso-fos morais dos séculos XVI a XVIII. 2

Na ausência de uma explicação divina o indivíduo é ponto de partida, sujeito e objeto do conhecimento. Isto significou um poderoso movimento antropomórfico, antropocêntrico em que o homem como ele realmente é pas-sa a fundamento da sociedade. Fazia–se necessária uma explicação cientí-fica de como os homens e suas paixões, ao invés de se destruírem, vivem em sociedade. 3

Smith apresenta a fórmula ou a lógica do mercado liberal em seu estado mais puro, espontâneo e natural, em que interesses privados ao invés de se chocarem e produzirem a guerra são agraciados por uma mão invisível que os orienta para o bem-estar coletivo. Esta solução de Smith alçou a economia

1 o exercício de voltar ao passado, recuperando o embate travado não campo da história das ideias filosóficas e científicas da modernidade para melhor compreender o nascimento da economia em Smith, foi realizado por inúmeros autores. Cito aqui, Dumont (1977), Hirschman, (1977), Rosanvalon (1977), Vidonne (1986), Bianchi(1987), Dupuy(1992), Deflavard (1995), Redman (1997) Zanine (1997). (Consultar Ganem, 2000)

2 “Maquiavel (1469/1527) é a primeira tentativa no campo da política de ruptura com a explicação divina, apresentando uma teoria política ditada pela práxis de aconselhar o príncipe na difícil tarefa de governar O radicalismo de seu realismo se apresenta na ideia de que os povos constituem seu próprio destino e na noção de interesse associada a raggione de stato, um modo esclarecido de governar. (Ganem, 2000, pp14)

3 Inúmeros autores contribuíram para a construção do ideário e do direito liberal, em especial Locke (1632-1704). A ‘’doutrina da propriedade’’ de Locke fornece o ponto de partida jurídico-institucional, pré-condição pelo direito para que se pudesse pensar a possibilidade de emergência da ordem na sociedade liberal. Ele inclui a propriedade e a herança (seu corolário), como partes dos direitos de natureza, somando-as ao direito à vida, à liberdade e à saúde. Assentando a fonte da propriedade (que se traduz numa acumulação de bens) no trabalho, ele diferencia os homens nas suas qualidades laboriosas, o que definiria uma distribuição desigual dos bens, própria da sociedade capitalista nascente. “Pas de liberalisme sans droit’’será a concepção de seu governo de leis que garantirá a liberdade que reduz ao mínimo a coerção (liberdade negativa) e garantirá a propriedade - pilar da sociedade capitalista e pré-condição de proteção que o estado deve fornecer às esferas privadas do assalto de outros.. (Ganem, 2000)

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ao debate das ideias da modernidade e a definiu dentro do projeto liberal. Nesta explicação, Adam Smith construiu um rico diálogo com os modernos e lançou os fundamentos da economia imbricados com a filosofia moral dos séculos XVII e XVIII. Sua explicação do mercado não se limita ao estudo do “local de trocas” e a economia termina por invadir todo o terreno da socieda-de. Esta ordem social explicada a partir do indivíduo - o homem como ele realmente é - com as suas paixões, sem intencionalidades e/ou desígnios, geram dentro dessa perspectiva, o bem estar coletivo. Esboços da noção de mão invisível demonstram a interlocução de Smith com vários autores.4 Para intérpretes do período, em que pese a teoria dos filósofos contratualistas, a solução de Smith pelo mercado supera a noção do contrato hobbesiana, (considerada a mais acabada explicação da emergência da ordem pelo con-trato), ao mesmo tempo que funda a economia como campo disciplinar.

Adam Smith ficou conhecido por seu trabalho na Riqueza das Nações embora estudos sobre a TSM, mostram a importância de seu tratado moral e a relação que existe entre as duas obras. Smith na TSM revela um sujeito incompleto, atravessado por regras da moralidade, voltado para o outro. o sujeito necessita do outro e dele procura reconhecimento e aprovação de seus atos. Mas será esta a única leitura? Já na segunda metade do século XIX a velha histórica alemã levantou o chamando problema Adam Smith ou das Adam Smith problem, como ficou conhecido em que perguntava: o sujeito moral da TSM é o mesmo indivíduo do interesse da RN? Existe unida-de ou ruptura da obra? A economia nasce rompida ou não com a moral?

Destaco dentro da leitura da unidade e da tentativa de recuperar o sujei-to moral no indivíduo interessado da Riqueza dois autores: G. Marshall e Jean Pierre Dupuy. Marshall, professor de literatura de Yale, lê a TSM como um espaço teatralizado, em que ator e espectador trocam de papeis sendo o ator o que age, sofre, sente e tem o desejo de ser aprovado, admirado, de merecer a simpatia e o espectador, o que observa, que se sensibiliza, que se coloca no lugar do outro, que aprova, que admira e que se simpatiza (Ga-nem, 2000).

4 Mandeville, em The Fable of the Bees, publicada em 1714, veicula ideias marcadamente modernas, ao mesmo tempo que ironiza a sociedade liberal nascente.o paradoxo social século depois apresentado na idéia de que benefícios públicos resultam de ações viciosas, explora a noção de mão invisível, articulando a paixão privada do vício ao resultado coletivo do benefício público. Montesquieu, identificado como um dos precursores do topos liberal, na sua obra mestra, De l’esprit des lois (1748), foi um dos que melhor sistematizou a idéia da mão invisível, associada a uma forma embrionária de mercado: o comércio internacional entre nações. Na teoria do doux commerce, ele defende a idéia do que o comércio suaviza os costumes e promove a paz entre as nações, tese diametralmente oposta à crueza da desigualdade do processo de acumulação primitiva de capital, sublinhada magistralmente por Marx. (Ganem, 2000)

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Em Marshall temos uma relação intersubjetiva, dialógica, empática em que o sujeito smithiano tira a sua substancia do reconhecimento do outro. Ele se liga a si mesmo mediado pelo outro o que significa uma subjetividade construída socialmente. Sem dúvida trata-se de algo mais complexo do que o jogo espelhar de Hume de natureza imitativa (os homens são espelhos uns dos outros). A mediação do outro mostra também como os juízos éticos são formados. Eles nascem da convivência entre os homens pois as normas morais não são concebidas a priori em Smith: elas são produções sociais. E a internalização dessas normas morais fornece a ideia do espectador impar-cial, o tribunal interno de nossa própria consciência.

Unindo as duas obras, Jean Pierre Dupuy, filósofo francês, retoma o conceito de amor que tanto estaria presente na simpatia (TSM) como na no-ção de interesse (RN). Na TSM o amor próprio é construído pela admiração, pelo reconhecimento, pela aprovação: ele é uma virtude. o amor próprio pode também ser associado à prudência e ambos são merecedores de apro-vação. Ao cuidarmos de nossa própria vida e de nossa família, somos mere-cedores de aprovação; ao cuidarmos da comunidade, merecemos aplausos. o ser magnânimo da TSM é um ser especial que cuida do país, e neste caso, merecedor de aplauso.

o homem prudente da Riqueza é um homem adequado5 capaz de me-lhorar a sua própria condição. Ele constrói seu amor próprio pela dignidade com que vive: seus interesses privados não são selvagens. ou seja, seus interesses privados não são interesses egoísticos incompatíveis com o inte-resse pelo outro. Neste sentido, o interesse privado não pode ser confundido com egoísmo ou self interest, movimento reducionista que ocorreu um século após na leitura neoclássica de Smith. Ali ocorre a exclusão de qualquer rela-ção ou preocupação com o outro, ou em uma palavra, a exclusão da morali-dade em seu sentido forte.

Entretanto, mesmo com esta aguda compreensão do que seria um comportamento humano virtuoso, Smith foi crítico à sociedade nascente e mostrou um certo desencanto com sentimentos não louváveis que estavam sendo gestados. Em 1781, cinco anos após publicar a RN, em 1781, Smith introduziu na TSM o capítulo sobre a corrupção nossos sentimentos morais ocasionado pela disposição a admirar os ricos e os poderosos e a desprezar os pobres e os de baixa condição. A realidade pode mostrar a ele que nem sempre os sentimentos são louváveis e nem o mercado funciona a perfeição. Neste caso para o autor faz se necessário a intervenção da justiça, suprema virtude que carrega “regras precisas como a gramática e a geometria”. Smith

5 Sobre o conceito de adequação dentro da leitura unitária da obra, consultar Economia e Filosofia; tensão e solução na obra de Adam Smith ( Ganem, 2002).

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esboçou uma teoria da justiça in Lectures of Jurisprudence que embora pu-blicado, trata-se de um projeto inacabado.

Dentro daqueles autores que fazem a defesa da unidade da obra,6 a moralidade e a ética são resgatadas, a natureza filosófica do autor é respei-tada, o sujeito simpático da TSM se coaduna ao indivíduo interessado da Riqueza na emergência da ordem e o nascimento da economia se faz inte-grado à moral.

Em síntese, podemos afirmar que:1.o sujeito smithiano é perpassado pela moralidade, o que significa que

os homens tomam suas decisões alimentados pela moralidade. o sujeito em Smith não é um prelúdio do HER da teoria neoclássica e nem a ordem do mercado um esboço da Teoria do Equilíbrio Geral de Walras, como sugerido por neo-walrasianos.

2. A TSM e a RN são obras de um filósofo moral. A TSM não é uma obra da imaturidade do filósofo que se transmuda em um realista economista da RN como argumenta Jacob Viner (Ganem, 2000). Ao contrário a RN deve ser lida à luz da TSM.

3. A economia nasce ligada à moral. os dois reguladores se realimen-tam. o espaço disciplinar da economia política em Smith não é recortado e autonomizado em que os indivíduos movidos unicamente por seus interes-ses e dotados de racionalidade onipotente e onisciente, guiados unicamente pelos preços geram a ordem racional do mercado, expressa no equilíbrio geral estável e ótimo (Walras). ou indivíduos ignorantes entre erros e acertos à la popper escolhem as melhores regras, as regras da concorrência da or-dem do mercado neoliberal (Hayek). É o que veremos a seguir.

3. Os herdeiros de Smith: reducionismo e ideologização nas suas ver-sões sobre sujeito e ordem do mercado.

Walras

Em fins do século XIX a Revolução Marginalista centrada no valor- utili-dade e a riqueza definida pela escassez marcaram uma profunda mudança nos rumos da economia, rompendo com a perspectiva dos clássicos (Smith e Ricardo), que viam no valor trabalho a origem da riqueza. Em Walras havia uma intenção clara em estudar a riqueza do ponto de vista de uma ciência pura distante dos valores e sobretudo entendendo-a na troca: uma economia

6 Fazem parte da defesa da unidade da obra de Smith :os biógrafos oficiais, Morrow,1924; Raphael e Macfie, 1976; Heilbroner, 1982; Bianchi, 1987; Dupuy, 1992; Todorov, 1996; Justman,1993; Brown 1997. Consultar Ganem, A- Adam Smith e a explicação da ordem social; uma abordagem histórico-filosófica in Revista de Economia Contemporânea, v4 n2, 2000.

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pura, voltada para a teoria da alocação dos recursos escassos em fins alter-nativos. Entretanto, Walras não estava só neste projeto. No último quartel do século XIX, Jevons, inglês, o austríaco Menger, e o francês Walras, traba-lhando separadamente, forneceram respostas metodológicas (leia-se provas matemáticas) a uma ciência pautada pelo espelho da física. Ter a física new-toniana como referência significava adotar uma perspectiva mecanicista da natureza e do conhecimento, aceitando os seus critérios de cientificidade, isto é, o rigor cientifico ditado pela matemática. Significava, também, estreitar o raio de ação da Economia, procedendo a um reducionismo no tratamento dos fenômenos econômicos.

A mudança nos rumos da Economia foi de tal ordem que é considerada por muitos autores como uma mudança de paradigma nos termos de Tho-mas Khun, pois se tratava de um afastamento das questões do bem-estar, da distribuição da renda e dos problemas do desenvolvimento, próprios dos clássicos, para se concentrar exclusivamente nas questões do mercado. Fascinados pelos resultados da física e da mecânica, Jevons e Walras, en-tenderam a Economia como análoga à físico-matemática, ideologicamente neutra, fundamentalmente voltada para a determinação dos preços num re-gime de concorrência pura. à redefinição do campo e do método se somou uma precisão quantitativa maior.

A técnica marginal foi o instrumental que definiu o padrão de rigor da revolução metodológica ocorrida na economia no final do século XIX. Cha-mada de Revolução Marginalista, caracterizou-se por centrar nos estudos das variações na margem ou, em outros termos, no cálculo diferencial. Tam-bém foi entendida como uma teoria da maximização porque a melhor posi-ção ou a posição ótima das variáveis expressava o ponto de maximização da função. Mas o termo que se tornou hegemônico foi o de teoria neoclássica, termo utilizado pela primeira vez por Veblen, em 1910, e que definia com propriedade uma nova escola de pensamento econômico inaugurada por aqueles três importantes autores.

Embora existissem diferenças de objetivos e especificidades em cada um desses autores, um denominador comum permaneceu: o uso das técnicas marginais. As diferenças constatadas não comprometeram a ideia que ocorreu uma grande mudança nos rumos da Economia. Jevons, em 1871, publica a Teoria da Economia Política cujo objetivo era fornecer um tratamento matemá-tico ao comportamento humano. Menger, embora não possa ser considerado um marginalista, elaborou uma teoria subjetiva do valor dependente da utilida-de marginal, e tentou desenvolver uma teoria geral baseada na determinação de preços. Já Walras se propôs a estudar as interdependências, as regularida-des e as conexões no mercado, o que lhe possibilitou pensar a economia em termos gerais, como uma ordem social capaz de ser capturada pela matemá-

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tica, definindo-a como voltada essencialmente para a determinação dos preços sob um regime hipotético de concorrência perfeita.

Não deixa de ser curioso como o autor que fundou o modelo central da teoria neoclássica e a referência teórica do pensamento liberal, aquele que forneceu o rigor e a precisão necessários à ideia do mercado auto regulável, tenha sido percebido por alguns autores como um socialista, por defender a necessidade da intervenção do estado para promover reformas. Em uma palavra, Walras, o político, não acreditava que na prática o mercado concor-rencial por si só conduziria à justiça social e propôs medidas concretas para diminuir as desigualdades.

Entretanto a questão teórica que mobilizou Walras e se tornou central para os seus estudos pode ser expressa da seguinte forma: é possível de-monstrar a ordem do mercado como perfeita e eficiente? ou, dito em outros termos, o equilíbrio do mercado existe, é estável e ótimo? Para lograr seu intento lançou mão de conceitos da física como a noção de equilíbrio e apli-cou elementos do método matemático, como a abstração e os instrumentos de cálculo necessários. De posse desses instrumentos empenhou-se na construção de um modelo abstrato que envolvesse todas as relações de troca da economia numa perspectiva geral do mercado. F. Hahn, um dos te-óricos e divulgadores7 da Teoria do Equilíbrio Geral walrasiana afirma com muita propriedade: a TEG é uma resposta abstrata a uma importante questão abstrata: uma economia descentralizada contando somente com os preços pode gerar a ordem? A resposta da TEG é clara e definitiva: nós podemos descrever uma tal economia e suas propriedades. E esta teoria faz mais do que mostrar a possibilidade da ordem numa economia descentralizada. Ela mostra que o equilíbrio possui a seguinte propriedade: não existe nenhuma outra alocação de bens melhor que a do equilíbrio (Hahn in Ganem, 1996).

Em outras palavras, a TEG descreve uma situação onde o interesse privado, egoísta, simplesmente governado pelos preços, pode se harmonizar com uma economia coerente e ordenada. os preços de equilíbrio impõem a ordem num caos potencial. A construção do edifício teórico de Walras pres-supõe o quadro jurídico-institucional do capitalismo, o ideário liberal que su-põe a liberdade como ausência de coerção de outrem e a propriedade como um direito inalienável, garantia da não usurpação de bens acumulados.

A partir desse arcabouço institucional, precondição para se pensar a ordem do mercado, Walras delineia os fundamentos teóricos que sustenta-rão seu modelo axiomático. o primeiro dentre eles é o individualismo meto-dológico, que supõe o indivíduo como ponto de partida explicativo da ordem.

7 F. Hahn escreveu em parceria com o premio Nobel, Kenneth Arrow, um dos manuais mais importantes da TEG. “General Competitive Analysis”, Holden Day, San Fransisco,1971

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No exercício de sua liberdade o indivíduo busca a satisfação de seus interes-ses privados. Auto interessados, isolados, dotados de plena informação, es-ses indivíduos dotados de uma racionalidade onipotente, dão respostas con-sistentes e automáticas aos sinais dos preços. Suas decisões consideradas como livres da moral ou de quaisquer outras injunções valorativas fortalecem a ideia de uma ciência neutra. A esta racionalidade instrumental se somam dois postulados importantes para a viabilização da demonstração: a concor-rência e a busca do equilíbrio.

o sujeito smithiano, complexo, cortado pela moralidade e dependente do outro dá lugar ao chamado Homem Econômico Racional, dotado de deci-sões isoladas, onipotentes, maximizadoras. A racionalidade reduzida a um cálculo, tem como objetivo garantir uma ordem do mercado equilibrada, está-vel e ótima através de um mecanismo de ajuste automático de preços. Em verdade o projeto acabou por se expressar num mito da ordem racional e a demonstração da estabilidade geral uma impossibilidade.8

A economia neoclássica se irmanou ao movimento filosófico que redu-ziu a filosofia à ciência (cientificismo) e esta última ao positivamente dado. Milton Friedman é exemplar no trato da economia como positiva e a razão como instrumental. Esta avançou por todas as áreas da ciência, pensamen-to, sociedade, política, subjetividades e artes. Derivada da lógica utilitária, a racionalidade instrumental reduz o mundo ao princípio da calculabilidade, empobrecendo o pensamento, a razão e as relações intersubjetivas. Na dé-cada de 1940, Adorno escreveu com Horkheimer a sua obra seminal Dialéti-ca do Esclarecimento (1985 [1944]), em que eles avisam que o positivismo assumiu a magistratura de uma razão esclarecida em que nada supostamen-te lhe escaparia. os fenômenos são traduzidos em um sistema de vários signos interligados e o pensamento se transforma em instrumento matemáti-co. A lógica formal na sua expressão máxima, através da matemática, forne-ce o esquema de calculabilidade do mundo; o procedimento matemático torna-se o ritual do pensamento, instaurando-se como necessário e objetivo. Nesse quadro, o desconhecido, o opaco, ou ainda, o inexplicável, tornam-se incógnitas de equações no quadro de teoremas matemáticos. Entretanto, o que aparece como triunfo de uma racionalidade objetiva e a submissão de todo ente ao formalismo lógico tem por preço a subordinação obediente da razão ao imediatamente dado. No quadro do positivismo e da razão esclare-cida, o factual tem a última palavra, o conhecimento se restringe à repetição e o pensamento transforma-se em tautologia (Adorno/ Horkheimer, 1985 [1944]). Voltaremos a este ponto.

8 Consultar Ganem, A. ‘Demonstrar a ordem racional do mercado: considerações em torno de um projeto impossível” in Revista de Economia Política, v16, n2(62)1996.

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Hayek

F.A.Hayek é considerado uma das maiores expressões teórico-ideológi-cas do neoliberalismo. Sua teoria do mercado como ordem espontânea tor-nou-se uma das mais importantes referências teóricas da corrente neoliberal e sem dúvida alguma um veículo eficiente de difusão dos fundamentos da doutrina.

Para Hayek, teoria e ideologia são elementos indissociáveis. Ele foi o principal articulador do colóquio que criou a Sociedade de Mont Pelérin, orga-nização que presidiu por quatorze anos. Hayek, como é sabido, foi o mentor do colóquio de Mont Pelérin, Suíça, em 1947, que contava, entre os seus trinta e sete ilustres participantes, Karl Popper, Lionel Robbins, Milton Fried-man, Machlup, Franz Knigth, Von Mises, Karl Polanyi e Maurice Allais. Sua preocupação era reunir nomes da Europa e dos EUA para formar uma frente de reabilitação intelectual do liberalismo. o colóquio de Mont Pelérin de 1947, tinha como objetivo fundamental, “descobrir meios para enfrentar a crise mo-ral, intelectual e econômica da Europa do pós-guerra, construindo um projeto político-econômico para um povo livre numa grande sociedade.” Como subproduto deste projeto defendia a ideia de desmascarar os inimigos desta sociedade aberta e de determinar as causas da crise europeia através de uma crítica contundente ao fascismo e ao stalinismo.

os inimigos dessa sociedade aberta eram os regimes totalitários do fascismo e do stalinismo. Entretanto, a sua crítica, como a de Popper, 9con-centrou-se no stalinismo, pois o objetivo ideológico de ambos era atingir a construção de uma nova forma de organização da sociedade que não fosse a regida pelo mercado capitalista. Para Hayek, o melhor exemplo do Cami-nho da Servidão é o traçado pelo plano ou desígnio de uma classe operária, uma razão onipotente que entende a sociedade como uma máquina racional ou uma ordem fabricada que constrói pela deliberação de seus sujeitos so-ciais, um devir socialista. Hayek constrói sua crítica a Marx concentrando naquilo que seria o pecado capital da razão: uma razão onipotente oriunda da classe operária que transformaria a sociedade numa máquina racional, uma razão que é capaz de digerir a sua própria complexidade e que constrói pela deliberação de seus sujeitos sociais um devir socialista.

9 Karl Popper escreve nessa mesma época uma crítica ao marxismo. Ambos foram duros com a ideia de um fim da história associado ao que chamaram de profético mundo socialista. Guardadas as diferenças de método, a Miséria do historicismo de 1944 e A sociedade aberta e seus inimigos de 1945, ambos de Popper, e o Caminho da servidão, de Hayek, publicado originalmente em 1946, têm o mesmo alvo: desmontar cientificamente o argumento da possibilidade de uma leitura da história e derrubar a visão profética do socialismo decorrente de supostas leis imanentes. (Ganem, 2009).

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Para enfrentar o principal inimigo de uma sociedade livre, o totalitaris-mo, nas suas duas versões do século XX, o stalinismo e o fascismo, Hayek toma como ponto de partida uma crítica filosófica ao racionalismo construti-vista, ou a ideia de uma ordem fabricada, oriunda do desígnio da razão. Contra esta ordem fruto do plano em que bastaria a consciência e a ação revolucionárias para revelar o novo mundo, Hayek parte de regras espontâ-neas e advoga uma Teoria da Evolução Cultural que se define por um proces-so de experimentação dos homens na história e que resulta sempre na esco-lha de regras que reafirmam incondicionalmente a concorrência ou a ordem catalítica do mercado. A única ordem que garante a liberdade e que se cons-titui na melhor forma de organização das sociedades contemporâneas.

Hayek produz uma teoria do mercado que se traduz numa teoria da so-ciedade. Mas para além disso, ele extrapola todos os limites da economia ou de qualquer disciplina stricto sensu para se colocar no plano da filosofia social e da teoria da história. Em que pese a força de seus argumentos teóricos, estes estão intimamente ligados a uma perspectiva ideológica do mercado.

A ordem liberal do mercado, para Hayek, está associada à ideia de or-dem espontânea que tem sua origem, sobretudo, na ordem natural de Adam Smith. Ela é catalítica (katallatein), que significa trocar e se preserva no mito da mão invisível. Sobre a origem desta noção na história das ideias e a sua contraposição à ideia de uma ordem racional, fabricada, ele afirma: “Foi nu-ma reação contra o racionalismo cartesiano que os moralistas britânicos do sec XVIII (...) elaboraram uma teoria social que faz dos resultados não previs-tos das ações individuais seu objeto central, propondo uma teoria geral da ordem espontânea do mercado (...)”. A origem da ideia está na filosofia moral britânica do séc. XVIII de Mandeville. Mas o seu desenvolvimento completo só acontece com Montesquieu (que sofre influencia de Mandevillle), e em particular de David Hume, Josiah Tucker, Adam Ferguson e Adam Smith, este último afirma que uma mão invisível conduz o homem a servir a um fim que não faz parte de suas intenções(...),aliás, a percepção mais profunda do objeto de toda teoria social. (Ganem, 2012 b)

Hayek toma como ponto de partida uma crítica filosófica ao racionalis-mo construtivista, ou a ideia de ordem fabricada, oriunda do desígnio da ra-zão. Sua crítica filosófica dirige-se ao racionalismo de tradição cartesiana em que o espírito humano através do bom uso de um método rigoroso e univer-sal (ta mathema), atinge verdades absolutas e inquestionáveis, sem o recur-so de referências empíricas. Hayek faz uma crítica contundente à ideia da sociedade como produto da razão apontando que a perspectiva racionalista revela desprezo pelo costume, pela tradição e pela história e carrega consigo a concepção de que a moral, a religião, a linguagem, as leis, as regras e as instituições são frutos do desígnio, do plano racional.

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Contra essa ordem fabricada, produzida pelo plano e pelo desígnio e que, portanto, supõe um mundo passível de ser captado pelo conhecimento perfeito, Hayek sugere uma ordem que é eminentemente espontânea, o kos-mos, fruto de homens seguidores de regras. Não fruto de regras apriorísticas inatas ou conhecidas por um espírito humano, mas de regras que seriam transmitidas pela cultura, oriundas da experiência e da tradição

Hayek honra a tradição anglo-saxônica da modernidade que toma o in-divíduo como ponto de partida para a compreensão da lógica dos fenômenos coletivos e marca a sua distância do individualismo metodológico utilitarista cujo controle das escolhas teleológicas, resultados de previsões racionais e de desígnios intencionais se expressa no cálculo maximizador. Como contra-ponto à arrogância da razão cartesiana que exibe um conhecimento pleno dos fatos e permite uma suposta inteligibilidade da sociedade, Hayek se alia à perspectiva epistemológica que parte da radical ignorância dos membros na great society. Deixa também claro que a ignorância, atributo até então desqualificado dos indivíduos é ironicamente sua porta de entrada para con-quistar uma possível liberdade. Em The Constitution of Liberty afirma que somos livres e ignorantes e, portanto, abertos para o imprevisível e para o não determinado, um horizonte infinito de possibilidades. Em uma palavra: o homem para ser livre deve exercer esta liberdade na escolha dos fins Hayek in (Ganem, 2012b)

A perspectiva ontológica de Hayek é a de um homem consciente de suas próprias limitações e, portanto, sabedor de sua ignorância, mas sábio também porque as contorna, experimentado e criando novas ferramentas. o processo de experimentação é um processo rico de aprendizagem e adequa-ção em que cada indivíduo examina os fatos que conhece e a partir daí, adapta-se ao mundo tendo em vista seus próprios fins. Neste ponto é impor-tante frisar que não é necessário o consenso com relação aos fins sendo o único consenso exigido com relação aos meios capazes de servir a uma grande variedade de propósitos. (Ganem, 2012b)

Contra um mundo passível de ser entendido pela razão, Hayek apre-senta um mundo evolucionista ditado por regras selecionadas, abstratas e gerais que guiam os homens num processo de aprendizagem social e coleti-vo que traz como consequência para a sociedade uma progressiva capacida-de para resolver problemas.

Por outro lado, a exigência de regras no funcionamento da ordem cata-lítica do mercado deixam a nu as contradições do seu argumento teórico quando esse é jogado para o plano da história. Nesse plano de compreen-são, teoria, retórica e ideologia conservadora acabam por se irmanar na sua ardorosa defesa ultraliberal da superioridade do mercado como única forma possível de organização das sociedades contemporâneas.

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A evolução cultural seria na verdade similar a um processo de cresci-mento do conhecimento, um processo de aprendizagem social e coletivo que teria nas regras suas guias abstratas. As regras selecionadas, produtos da experiência de gerações são abstratas, mas também devem ser gerais, pois não podem atender a fins particulares e sim respeitar o princípio de aumentar a oportunidade de todos. Nesse sentido, elas reforçam para ele o jogo cata-lítico do mercado, o único capaz de produzir riquezas, pois seus membros terminam sempre por selecionar as regras que são aplicáveis a um número desconhecido e indeterminado de casos.

Quanto mais a sociedade se torna complexa, mais é reafirmado o sen-tido da espontaneidade das regras e mais acertadas as escolhas em torno de regras abstratas e gerais que garantam os meios capazes de servir a uma grande variedade de propósitos. Estas regras abstratas e gerais são para ele as regras da concorrência. Aqui um primeiro movimento importante de subs-tituição das regras morais smithianas por regras concorrências do mercado. o governo nesse caso deve respeitar o fundamento lógico de uma sociedade livre aceitando que a diferença de oportunidades está relacionada com as eficácias individuais desse processo de descoberta constituído pelo merca-do. o intento de tornar as oportunidades de indivíduos iguais produz injusti-ças. Para evitar os efeitos nefastos do racionalismo construtivista, Hayek sugere que o Estado se mantenha na garantia dos direitos negativos do cida-dão: somente as regras de um governo que favorece o funcionamento cata-lítico do mercado aumentariam as chances de todos. ou seja, ética e regras morais são subsumidas às regras da concorrência ditadas pela ordem do mercado.

A analogia biológica de Darwin estaria na ideia da adaptabilidade ou na capacidade de um organismo de enfrentar com êxito os problemas do meio ambiente. Isto levou Hayek a sustentar a ideia de que tanto a evolução bioló-gica como a cultural baseiam-se no mesmo princípio de ensaio e erro. Na evolução cultural teríamos como funciona o processo sem tentar explicar seus resultados ou predizer seu curso. Criticando o que chama de discurso profético de Marx ele dirá que A sociedade não deve ser dirigida para um fim escatológico. (Ganem, 2012b)

Entretanto, a esta altura de sua construção teórica verifica-se um para-doxo no seu raciocínio, muito bem detectado pelo filosófo francês Luc Ferry : “o hiperliberalismo de Hayek é um hiper-racionalismo porque ele pressupõe como Hegel que na história tudo se desenvolve racionalmente e que mesmo as iniciativas aparentemente mais irracionais participam da auto-realização de uma razão: a do mercado(...). À força de preservar os direitos e a liberda-de dos efeitos nefastos do intervencionismo, o liberalismo hayekiano confia tudo à história ou ao autodesenvolvimento do mercado “. Lendo essa asser-

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tiva pelo conceito nuclear de regras constatamos que as regras da concor-rência, serão para Hayek, as exitosas. (Ganem, 2012)

Isto significa que todas as iniciativas dos homens se direcionam para a escolha de regras que participam “necessariamente” da auto realização do mercado. Entendemos que a eleição necessária das regras da concorrência se dá porque mercado para Hayek é um método. Um método tão indispensá-vel como a matemática o foi para Descartes. Em que pese suas críticas ao racionalismo, Hayek se coloca num plano ultra racional de leitura da história e acaba por reeditar o mito da mão invisível como um processo impessoal e inexorável do mercado. Esta ideia do mercado como passado, presente e devir, ou como fim da história fornece, segundo a nossa opinião, os elemen-tos necessários à passagem da teoria à apologia na defesa do mercado co-mo a melhor forma de organização para as sociedades contemporâneas.

Suponho tal como Ferry que Hayek cai na armadilha da razão e termina por reeditar como Laplace e Hegel o mito de descobrir leis imutáveis e eter-nas para a história. Alias, é esse mito da mão invisível como um processo impessoal e inexorável que tem sustentado a apologia e a retórica dos ultra liberais na defesa do mercado como a única forma de organização para as sociedades contemporâneas. Em última análise, a mão invisível é o meio e o fim da Great Society: a própria inteligibilidade das sociedades complexas. (Ganem 2012b)

E foi exatamente este aspecto da inexorabilidade do mercado com a si-multânea euforia do triunfo da democracia liberal como a forma final dos gover-nos que alimentou o debate sobre o fim da história na década de noventa do século passado. Essa discussão que entrou em quase todos os campos do saber, teve como eixo central filosófico à ideia da inexorabilidade do mercado, um processo sem sujeito que expressa o fim da utopia socialista e a sua subs-tituição pela ordem liberal. É como se a humanidade atingisse o ponto final de sua evolução econômica e social ou atingisse a forma final dos governos hu-manos com o triunfo da democracia liberal. As décadas do pós-guerra consoli-daram o capitalismo globalizado, a sociedade de massas, a sociedade de con-sumo e seus excessos na década de 80, mas será a partir da década de 90 do século passado até nossos dias que presenciaremos o avanço da ideologia neoliberal na tentativa de desconstrução do Estado de Providencia e na dete-rioração ética assentada na crença que as saídas são individuais.

4. Os sujeitos hoje

Que novo sujeito está sendo gerado? Que alterações estão ocorrendo nas subjetividades? Porque a necessidade de sujeitos acríticos, flexíveis, precários, abertos e disponíveis para todas as conexões dos fluxos do mer-

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cado industrial e comunicacional? o que significa do ponto de vista ético a crença em saídas individuais?

Para compreender indivíduo egóico e concorrencial e traçar um perfil das sociedades de mercado contemporâneas tomamos os autores da teoria do mercado como referências e estabelecemos diálogos com a filosofia, a sociologia, a política e a psicanálise. Neste sentido recuperamos contribui-ções que fornecem traços significativos dessas sociedades e dos sujeitos. Nelas, indivíduos são interpelados como consumidores e não como cida-dãos; a política é reduzida ao interesse privado, ou ainda negada, diminuída, adulterada, esquecida; a crise do pensamento e da filosofia se manifesta por seu empobrecimento, a arte e a natureza são reduzidas à lógica utilitária, e finalmente, os valores egoístas, as saídas individuais e concorrentes são in-trojetados nas subjetividades definindo um indivíduo egoísta muito distante do sujeito simpático smithiano.

No campo político a ideia de que não há outra saída a não ser a do mercado capitalista auto-regulável como forma de organização das socieda-des contemporâneas se somou à crise da utopia comunista em fins do século passado e gerou num primeiro momento, conformismo, apatia, desinteresse por causas utópicas e sonhos do sujeito coletivo de transformar a própria sociedade. Mas a crise na política não se deveu apenas a sensação de im-possibilidade de construção de projetos de sociedade alternativos, mas nu-ma apatia frente às necessidades de aperfeiçoamento da democracia nas sociedades contemporâneas.

o aniquilamento da política foi certamente uma das mais graves con-sequências do avanço de uma sociedade desprovida de valores éticos hu-manistas, ou seja, de uma experiência humana destituída de sentido. A so-ciedade de massas dessa great society leva, segundo Hannah Arendt (Arendt,1972) à anulação da cultura dando lugar à banalização do entreteni-mento e ao conformismo, o que para a autora é o elemento central que pode levar à destruição da humanidade. Constata-se no isolamento dos indivíduos em seus terrenos privados, a substituição da política pelo vazio do consumo. A política ou ação política para Arendt está ligada a possibilidade de criar algo novo alicerçado em um pensar que compreende, um agir que não é mecâni-co e um julgar com discernimento. o homem banal, ou o filisteu na expressão de Arendt é justamente o contrário: um homem incapaz de agir “politicamen-te” pois seu pensar não compreende e seu julgar não tem discernimento. o resultado desastroso constatado nas sociedades contemporâneas dessa forma de alienação do sujeito é a banalização do mal, a naturalização da violência, a brutalização, e por fim, a fascistização. A política não é mais algo merecedora do aplauso de seres magnânimos smithianos: em seu lugar o que ocorre é a deterioração ética salvo raríssimas exceções.

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No que diz respeito à sociedade vivemos em uma sociedade de consu-midores que significa, para retomar a precisa máxima de Zygmunt Bauman: vivemos em sociedades que os indivíduos são interpelados como consumi-dores e não como cidadãos. Trata-se de uma sociedade em que o ativismo do consumo prospera na condição de apatia política e descompromisso so-cial e que se funda na exaltação do desejo de consumo, crescente, insaciá-vel, volátil, efêmero, evasivo e caprichoso. Vivemos sob a admirável “virtude” dos objetos que trazem a falsa promessa de segurança, pois da atividade do consumo não deve emergir vínculos duradouros: a síndrome consumista en-volve velocidade, excesso e desperdício (Bauman, 2007).

Na contemporaneidade, os comportamentos consumistas, alimentados pelo individualismo e pela concorrência apostam na valorização do aparente, da imagem e do simulacro. o auto centramento desses indivíduos egóicos (mônadas isoladas) se expressa em um narcisismo e uma teatralidade sem limites (uma estetização vazia da existência). As máscaras são os veículos em que os atores se inserem como personagens na cena social (Birman, 2000). Na década de 60 Cristopher Lash em A Cultura do Narcisismo e Guy Debord em A sociedade do Espetáculo prenunciavam a ascensão de indiví-duos egóicos, autocentrados , vazios, voltados para fora em que a cultura da imagem seria apenas a face externa do individualismo exacerbado, da glori-ficação do eu e da estetização da própria existência. Hoje as redes sociais, benéficas na aproximação de pessoas, cumprem também este papel de “ele-var a autoestima narcisista de seus consumidores na medida em que oferece o ego ali exposto como mercadoria” (HAN, 2017)

Esta sociedade de indivíduos consumidores está assentada em uma individualização exacerbada alimentada por um forte componente ideológico: “o que está errado em nossas vidas provém de nossos próprios erros”. os ideólogos do fundamentalismo do mercado10 têm nesta premissa uma de suas mais importantes: indivíduos e sociedades são as próprias vítimas de suas escolhas erradas, de suas opções incompetentes. As regras da concor-rência premiam os vencedores, aqueles que fizeram as escolhas acertadas, tese esta baseada na teoria darwiniana da vitória dos mais aptos e difundida por Hayek. Associada à glorificação de saídas individuais exitosas, temos a falsa noção de liberdade. os membros são embalados pela ideia da liberda-de ligada à livre escolha: uma liberdade sem precedentes para escolher mais do mesmo. Neste sentido o “Homo Eligens” de Bauman é uma irônica cari-

10 o mercado é concebido por Dany Robert-Dufour como um deus pós-moderno que substitui as grandes narrativas simbólicas anteriores: o totem, o pai, a nação, a república , o povo e o proletariado pelas pequenas narrativas de indivíduos egolátricos exibidores de seus objetos de desejo. (Dufour, 2007)

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catura do legendário Homem Econômico Racional da teoria econômica orto-doxa (Bauman, 2007).

Todos estes elementos se unem para fornecer o traço contemporâneo do HER, o “Homem empresário de si”, delineado por vários filósofos entre eles, (Zizek,2006), (Han, 2017), (Safatle, 2016). Dele se exige, cálculo, sabedoria nas escolhas, desempenho, e aptidão para a concorrência. São indivíduos movidos unicamente por seus interesses privados egoístas e detentores de um saber técnico/ racional que sem bem aplicado lhes proporciona a maximização de seus ganhos e a viabilização de seus desejos de consumo. Este Homem Empresário que se auto fabrica é aquele que faz investimentos em si, resulta-dos de boas escolhas (embora predeterminadas) e que no limite se vê como uma mercadoria vendável, adequada aos padrões. São pessoas esvaziadas de sentido humanitário, voltada exclusivamente para o seu desempenho, eficá-cia, produtividade. Ainda dentro desta linha (e traduzido para a teoria dos jo-gos) estes indivíduos se consideram jogadores, dotados de uma inteligência “esperta”, que maximiza rapidamente para poder jogar em outro lugar. Mas em verdade Dufour os considera sujeitos acríticos, precários, instáveis, dóceis e abertos a todas as conexões, esquizóides à la deleuze, tragados emocional e psiquicamente pelas redes e fluxos do Mercado. (Dufour, 2007)

Na outra ponta da sociedade e em sua grande maioria, frutos de socie-dades desiguais, uma massa de excluídos (pobres e imigrantes) que são considerados fracassados, consumidores falhos, inadequados. A ausência de políticas sociais que protejam os indivíduos, o abandono do Estado de suas reponsabilidades sociais produz atualmente um desamparo redobrado e um medo crescente do outro. o apartheid econômico e social bem expres-so na “lógica do condomínio” revela a tensão crescente em nossas socieda-des divididas, profundamente desiguais.

Do “sofrimento” e do medo do desamparo freudianos que provem da de-generescência e da finitude de nossos corpos, das forças insondáveis da natu-reza e das relações ambivalentes com os outros, acrescentemos o medo do desemprego, da violência e da inadequação. A contrapartida nas subjetivida-des contemporâneas é a dilaceração do psiquismo na tentativa de atender à lógica imposta pelo neoliberalismo. Como o horizonte intersubjetivo se encon-tra esvaziado e desinvestido de trocas inter-humanas o que se observa nos terrenos mais recônditos dos indivíduos são depressões, síndromes do pânico e as toxicomanias. Estas doenças psíquicas podem ter origens genéticas, pes-soais, mas a literatura crítica psicanalítica adiciona um elemento explosivo: o “fracasso” do indivíduo na realização do que é esperado pela sociedade me-diante as quais as personas se inscrevem e desfilam no cenário social.

Isto tem significado um crescente consumo de drogas para conter as angústias e depressões na tentativa de capacitar o indivíduo para a concor-

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rência no trabalho, para as mazelas do narcisismo e as mirabolancias do espetáculo, em que o ato de consumir se transforma em ritual de exorcismo dos demônios interiores. A saída pelas drogas é mais uma prova que não existe lugar nem para depressivos nem para panicados, os recalcitrantes trágicos modernos. Para Freud existiriam duas falsas saídas para o para o mal estar da civilização: as drogas e a religião. Hoje temos drogas, fanatismo religioso disputando a ilusão das falsas saídas.

São inúmeras facetas a serem exploradas para a compreensão neces-sária à desconstrução do indivíduo neoliberal contemporâneo que retrata não apenas a crise do sujeito coletivo mas também o apagamento e o eclipsar do sujeito simpático smithiano.

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___________ (2012a); Popper versus Adorno: lições de um confronto histórico, Revista de Economia Política, vol.32, pp 87-109.

___________ ( 2012b); Hayek: do mercado como ordem espontânea ao mercado como fim da história, Revista Política e Sociedade, pp 93-117

HAN, Byung-Chul(2017); Topologia da Violência, Petrópolis: Editora Vozes.

LASH, Cristopher (1983[1979]); A cultura do narcisismo: a vida americana numa era de esperanças em declínio, RJ: Imago.

SAFATLE, Wladimir (2016); O circuito dos afetos: corpos políticos, desamparo e o fim do indivíduo, BH: Autentica Editores.

ZIZEK, Slavoj (2015); Problemas no Paraiso: do fim da história ao fim do capitalis-mo, RJ:Zahar.

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Page 23: numero 282 - capa 1.indd 1 01/04/2019 09:42:13 · 2. Adam Smith o filósofo moral Adam Smith publicou duas obras seminais: a Teoria dos Sentimentos Morais (TSM), em 1759, e a Riqueza

CADERNOS IHU IDEIAS

N. 01 A teoria da justiça de John Rawls – José NedelN. 02 O feminismo ou os feminismos: Uma leitura das produ-

ções teóricas – Edla Eggert O Serviço Social junto ao Fórum de Mulheres em São

Leopoldo – Clair Ribeiro Ziebell e Acadêmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

N. 03 O programa Linha Direta: a sociedade segundo a TV Glo-bo – Sonia Montaño

N. 04 Ernani M. Fiori – Uma Filosofia da Educação Popular – Luiz Gilberto Kronbauer

N. 05 O ruído de guerra e o silêncio de Deus – Manfred ZeuchN. 06 BRASIL: Entre a Identidade Vazia e a Construção do Novo

– Renato Janine RibeiroN. 07 Mundos televisivos e sentidos identiários na TV – Suzana

KilppN. 08 Simões Lopes Neto e a Invenção do Gaúcho – Márcia

Lopes DuarteN. 09 Oligopólios midiáticos: a televisão contemporânea e as

barreiras à entrada – Valério Cruz BrittosN. 10 Futebol, mídia e sociedade no Brasil: reflexões a partir de

um jogo – Édison Luis GastaldoN. 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de

Auschwitz – Márcia TiburiN. 12 A domesticação do exótico – Paula CaleffiN. 13 Pomeranas parceiras no caminho da roça: um jeito de

fazer Igreja, Teologia e Educação Popular – Edla EggertN. 14 Júlio de Castilhos e Borges de Medeiros: a prática política

no RS – Gunter AxtN. 15 Medicina social: um instrumento para denúncia – Stela

Nazareth MeneghelN. 16 Mudanças de significado da tatuagem contemporânea –

Débora Krischke LeitãoN. 17 As sete mulheres e as negras sem rosto: ficção, história e

trivialidade – Mário MaestriN. 18 Um itinenário do pensamento de Edgar Morin – Maria da

Conceição de AlmeidaN. 19 Os donos do Poder, de Raymundo Faoro – Helga Iracema

Ladgraf PiccoloN. 20 Sobre técnica e humanismo – Oswaldo Giacóia JuniorN. 21 Construindo novos caminhos para a intervenção societá-

ria – Lucilda SelliN. 22 Física Quântica: da sua pré-história à discussão sobre o

seu conteúdo essencial – Paulo Henrique DionísioN. 23 Atualidade da filosofia moral de Kant, desde a perspectiva

de sua crítica a um solipsismo prático – Valério RohdenN. 24 Imagens da exclusão no cinema nacional – Miriam RossiniN. 25 A estética discursiva da tevê e a (des)configuração da

informação – Nísia Martins do RosárioN. 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do

Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS – Rosa Maria Serra Bavaresco

N. 27 O modo de objetivação jornalística – Beatriz Alcaraz Marocco

N. 28 A cidade afetada pela cultura digital – Paulo Edison Belo Reyes

N. 29 Prevalência de violência de gênero perpetrada por com-panheiro: Estudo em um serviço de atenção primária à saúde – Porto Alegre, RS – José Fernando Dresch Kronbauer

N. 30 Getúlio, romance ou biografia? – Juremir Machado da Silva

N. 31 A crise e o êxodo da sociedade salarial – André GorzN. 32 À meia luz: a emergência de uma Teologia Gay – Seus

dilemas e possibilidades – André Sidnei MusskopfN. 33 O vampirismo no mundo contemporâneo: algumas consi-

derações – Marcelo Pizarro NoronhaN. 34 O mundo do trabalho em mutação: As reconfigurações e

seus impactos – Marco Aurélio SantanaN. 35 Adam Smith: filósofo e economista – Ana Maria Bianchi e

Antonio Tiago Loureiro Araújo dos SantosN. 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-

gente mercado religioso brasileiro: uma análise antropoló-gica – Airton Luiz Jungblut

N. 37 As concepções teórico-analíticas e as proposições de política econômica de Keynes – Fernando Ferrari Filho

N. 38 Rosa Egipcíaca: Uma Santa Africana no Brasil Colonial – Luiz Mott

N. 39 Malthus e Ricardo: duas visões de economia política e de capitalismo – Gentil Corazza

N. 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina – Adriana BragaN. 41 A (anti)filosofia de Karl Marx – Leda Maria PaulaniN. 42 Veblen e o Comportamento Humano: uma avaliação

após um século de “A Teoria da Classe Ociosa” – Leonardo Monteiro Monasterio

N. 43 Futebol, Mídia e Sociabilidade. Uma experiência etnográ-fica – Édison Luis Gastaldo, Rodrigo Marques Leistner, Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

N. 44 Genealogia da religião. Ensaio de leitura sistêmica de Marcel Gauchet. Aplicação à situação atual do mundo – Gérard Donnadieu

N. 45 A realidade quântica como base da visão de Teilhard de Chardin e uma nova concepção da evolução biológica – Lothar Schäfer

N. 46 “Esta terra tem dono”. Disputas de representação sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul: a figura de Sepé Tiaraju – Ceres Karam Brum

N. 47 O desenvolvimento econômico na visão de Joseph Schumpeter – Achyles Barcelos da Costa

N. 48 Religião e elo social. O caso do cristianismo – Gérard Donnadieu

N. 49 Copérnico e Kepler: como a terra saiu do centro do univer-so – Geraldo Monteiro Sigaud

N. 50 Modernidade e pós-modernidade – luzes e sombras – Evi-lázio Teixeira

N. 51 Violências: O olhar da saúde coletiva – Élida Azevedo Hennington e Stela Nazareth Meneghel

N. 52 Ética e emoções morais – Thomas Kesselring Juízos ou emoções: de quem é a primazia na moral? –

Adriano Naves de BritoN. 53 Computação Quântica. Desafios para o Século XXI – Fer-

nando HaasN. 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na

Europa e no Brasil – An VranckxN. 55 Terra habitável: o grande desafio para a humanidade – Gil-

berto DupasN. 56 O decrescimento como condição de uma sociedade convi-

vial – Serge LatoucheN. 57 A natureza da natureza: auto-organização e caos –

Günter KüppersN. 58 Sociedade sustentável e desenvolvimento sustentável:

limites e possibilidades – Hazel HendersonN. 59 Globalização – mas como? – Karen GloyN. 60 A emergência da nova subjetividade operária: a sociabili-

dade invertida – Cesar SansonN. 61 Incidente em Antares e a Trajetória de Ficção de Erico

Veríssimo – Regina ZilbermanN. 62 Três episódios de descoberta científica: da caricatura em-

pirista a uma outra história – Fernando Lang da Silveira e Luiz O. Q. Peduzzi

N. 63 Negações e Silenciamentos no discurso acerca da Juven-tude – Cátia Andressa da Silva

N. 64 Getúlio e a Gira: a Umbanda em tempos de Estado Novo – Artur Cesar Isaia

N. 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro: uma alegoria huma-nista tropical – Léa Freitas Perez

N. 66 Adoecer: Morrer ou Viver? Reflexões sobre a cura e a não cura nas reduções jesuítico-guaranis (1609-1675) – Eliane Cristina Deckmann Fleck

N. 67 Em busca da terceira margem: O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimarães Rosa – João Guilherme Barone

N. 68 Contingência nas ciências físicas – Fernando HaasN. 69 A cosmologia de Newton – Ney LemkeN. 70 Física Moderna e o paradoxo de Zenon – Fernando HaasN. 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes, de Joaquim

Pedro de Andrade – Miriam de Souza Rossini

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Page 24: numero 282 - capa 1.indd 1 01/04/2019 09:42:13 · 2. Adam Smith o filósofo moral Adam Smith publicou duas obras seminais: a Teoria dos Sentimentos Morais (TSM), em 1759, e a Riqueza

N. 72 Da religião e de juventude: modulações e articulações – Léa Freitas Perez

N. 73 Tradição e ruptura na obra de Guimarães Rosa – Eduardo F. Coutinho

N. 74 Raça, nação e classe na historiografia de Moysés Vellinho – Mário Maestri

N. 75 A Geologia Arqueológica na Unisinos – Carlos Henrique Nowatzki

N. 76 Campesinato negro no período pós-abolição: repensando Coronelismo, enxada e voto – Ana Maria Lugão Rios

N. 77 Progresso: como mito ou ideologia – Gilberto DupasN. 78 Michael Aglietta: da Teoria da Regulação à Violência da

Moeda – Octavio A. C. ConceiçãoN. 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul – Moa-

cyr FloresN. 80 Do pré-urbano ao urbano: A cidade missioneira colonial e

seu território – Arno Alvarez KernN. 81 Entre Canções e versos: alguns caminhos para a leitura

e a produção de poemas na sala de aula – Gláucia de Souza

N. 82 Trabalhadores e política nos anos 1950: a ideia de “sindi-calismo populista” em questão – Marco Aurélio Santana

N. 83 Dimensões normativas da Bioética – Alfredo Culleton e Vi-cente de Paulo Barretto

N. 84 A Ciência como instrumento de leitura para explicar as transformações da natureza – Attico Chassot

N. 85 Demanda por empresas responsáveis e Ética Concor-rencial: desafios e uma proposta para a gestão da ação organizada do varejo – Patrícia Almeida Ashley

N. 86 Autonomia na pós-modernidade: um delírio? – Mario FleigN. 87 Gauchismo, tradição e Tradicionalismo – Maria Eunice

MacielN. 88 A ética e a crise da modernidade: uma leitura a partir da

obra de Henrique C. de Lima Vaz – Marcelo PerineN. 89 Limites, possibilidades e contradições da formação huma-

na na Universidade – Laurício NeumannN. 90 Os índios e a História Colonial: lendo Cristina Pompa e

Regina Almeida – Maria Cristina Bohn MartinsN. 91 Subjetividade moderna: possibilidades e limites para o

cristianismo – Franklin Leopoldo e SilvaN. 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunida-

de de catadores: um estudo na perspectiva da Etnomate-mática – Daiane Martins Bocasanta

N. 93 A religião na sociedade dos indivíduos: transformações no campo religioso brasileiro – Carlos Alberto Steil

N. 94 Movimento sindical: desafios e perspectivas para os próxi-mos anos – Cesar Sanson

N. 95 De volta para o futuro: os precursores da nanotecnoci-ência – Peter A. Schulz

N. 96 Vianna Moog como intérprete do Brasil – Enildo de Moura Carvalho

N. 97 A paixão de Jacobina: uma leitura cinematográfica – Mari-nês Andrea Kunz

N. 98 Resiliência: um novo paradigma que desafia as religiões – Susana María Rocca Larrosa

N. 99 Sociabilidades contemporâneas: os jovens na lan house – Vanessa Andrade Pereira

N. 100 Autonomia do sujeito moral em Kant – Valerio RohdenN. 101 As principais contribuições de Milton Friedman à Teoria

Monetária: parte 1 – Roberto Camps MoraesN. 102 Uma leitura das inovações bio(nano)tecnológicas a partir

da sociologia da ciência – Adriano PremebidaN. 103 ECODI – A criação de espaços de convivência digital vir-

tual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso – Eliane Schlemmer

N. 104 As principais contribuições de Milton Friedman à Teoria Monetária: parte 2 – Roberto Camps Moraes

N. 105 Futebol e identidade feminina: um estudo etnográfico sobre o núcleo de mulheres gremistas – Marcelo Pizarro Noronha

N. 106 Justificação e prescrição produzidas pelas Ciências Hu-manas: Igualdade e Liberdade nos discursos educacio-nais contemporâneos – Paula Corrêa Henning

N. 107 Da civilização do segredo à civilização da exibição: a famí-lia na vitrine – Maria Isabel Barros Bellini

N. 108 Trabalho associado e ecologia: vislumbrando um ethos solidário, terno e democrático? – Telmo Adams

N. 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular – Celso Can-dido de Azambuja

N. 110 Formação e trabalho em narrativas – Leandro R. PinheiroN. 111 Autonomia e submissão: o sentido histórico da administra-

ção – Yeda Crusius no Rio Grande do Sul – Mário MaestriN. 112 A comunicação paulina e as práticas publicitárias: São

Paulo e o contexto da publicidade e propaganda – Denis Gerson Simões

N. 113 Isto não é uma janela: Flusser, Surrealismo e o jogo contra – Esp. Yentl Delanhesi

N. 114 SBT: jogo, televisão e imaginário de azar brasileiro – Sonia Montaño

N. 115 Educação cooperativa solidária: perspectivas e limites – Carlos Daniel Baioto

N. 116 Humanizar o humano – Roberto Carlos FáveroN. 117 Quando o mito se torna verdade e a ciência, religião –

Róber Freitas BachinskiN. 118 Colonizando e descolonizando mentes – Marcelo DascalN. 119 A espiritualidade como fator de proteção na adolescência

– Luciana F. Marques e Débora D. Dell’AglioN. 120 A dimensão coletiva da liderança – Patrícia Martins Fa-

gundes Cabral e Nedio SeminottiN. 121 Nanotecnologia: alguns aspectos éticos e teológicos –

Eduardo R. CruzN. 122 Direito das minorias e Direito à diferenciação – José Rogé-

rio LopesN. 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias: em busca de

marcos regulatórios – Wilson EngelmannN. 124 Desejo e violência – Rosane de Abreu e SilvaN. 125 As nanotecnologias no ensino – Solange Binotto FaganN. 126 Câmara Cascudo: um historiador católico – Bruna Rafaela de

LimaN. 127 O que o câncer faz com as pessoas? Reflexos na lite-

ratura universal: Leo Tolstoi – Thomas Mann – Alexander Soljenítsin – Philip Roth – Karl-Josef Kuschel

N. 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental à identidade genética – Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Ro-drigues Petterle

N. 129 Aplicações de caos e complexidade em ciências da vida – Ivan Amaral Guerrini

N. 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentável – Paulo Roberto Martins

N. 131 A philía como critério de inteligibilidade da mediação co-munitária – Rosa Maria Zaia Borges Abrão

N. 132 Linguagem, singularidade e atividade de trabalho – Marle-ne Teixeira e Éderson de Oliveira Cabral

N. 133 A busca pela segurança jurídica na jurisdição e no proces-so sob a ótica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass Luhmann – Leonardo Grison

N. 134 Motores Biomoleculares – Ney Lemke e Luciano Hennemann

N. 135 As redes e a construção de espaços sociais na digitaliza-ção – Ana Maria Oliveira Rosa

N. 136 De Marx a Durkheim: Algumas apropriações teóricas para o estudo das religiões afro-brasileiras – Rodrigo Marques Leistner

N. 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psíquico: sobre como as pessoas reconstroem suas vidas – Breno Augusto Souto Maior Fontes

N. 138 As sociedades indígenas e a economia do dom: O caso dos guaranis – Maria Cristina Bohn Martins

N. 139 Nanotecnologia e a criação de novos espaços e novas identidades – Marise Borba da Silva

N. 140 Platão e os Guarani – Beatriz Helena DominguesN. 141 Direitos humanos na mídia brasileira – Diego Airoso da

MottaN. 142 Jornalismo Infantil: Apropriações e Aprendizagens de

Crianças na Recepção da Revista Recreio – Greyce Vargas

N. 143 Derrida e o pensamento da desconstrução: o redimensio-namento do sujeito – Paulo Cesar Duque-Estrada

N. 144 Inclusão e Biopolítica – Maura Corcini Lopes, Kamila Lo-ckmann, Morgana Domênica Hattge e Viviane Klaus

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Page 25: numero 282 - capa 1.indd 1 01/04/2019 09:42:13 · 2. Adam Smith o filósofo moral Adam Smith publicou duas obras seminais: a Teoria dos Sentimentos Morais (TSM), em 1759, e a Riqueza

N. 145 Os povos indígenas e a política de saúde mental no Brasil: composição simétrica de saberes para a construção do presente – Bianca Sordi Stock

N. 146 Reflexões estruturais sobre o mecanismo de REDD – Ca-mila Moreno

N. 147 O animal como próximo: por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais – Caetano Sordi

N. 148 Avaliação econômica de impactos ambientais: o caso do aterro sanitário em Canoas-RS – Fernanda Schutz

N. 149 Cidadania, autonomia e renda básica – Josué Pereira da Silva

N. 150 Imagética e formações religiosas contemporâneas: entre a performance e a ética – José Rogério Lopes

N. 151 As reformas político-econômicas pombalinas para a Ama-zônia: e a expulsão dos jesuítas do Grão-Pará e Mara-nhão – Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

N. 152 Entre a Revolução Mexicana e o Movimento de Chiapas: a tese da hegemonia burguesa no México ou “por que voltar ao México 100 anos depois” – Claudia Wasserman

N. 153 Globalização e o pensamento econômico franciscano: Orientação do pensamento econômico franciscano e Cari-tas in Veritate – Stefano Zamagni

N. 154 Ponto de cultura teko arandu: uma experiência de inclu-são digital indígena na aldeia kaiowá e guarani Te’ýikue no município de Caarapó-MS – Neimar Machado de Sousa, Antonio Brand e José Francisco Sarmento

N. 155 Civilizar a economia: o amor e o lucro após a crise econô-mica – Stefano Zamagni

N. 156 Intermitências no cotidiano: a clínica como resistência in-ventiva – Mário Francis Petry Londero e Simone Mainieri Paulon

N. 157 Democracia, liberdade positiva, desenvolvimento – Stefano Zamagni

N. 158 “Passemos para a outra margem”: da homofobia ao res-peito à diversidade – Omar Lucas Perrout Fortes de Sales

N. 159 A ética católica e o espírito do capitalismo – Stefano Zamagni

N. 160 O Slow Food e novos princípios para o mercado – Eriberto Nascente Silveira

N. 161 O pensamento ético de Henri Bergson: sobre As duas fontes da moral e da religião – André Brayner de Farias

N. 162 O modus operandi das políticas econômicas keynesianas – Fernando Ferrari Filho e Fábio Henrique Bittes Terra

N. 163 Cultura popular tradicional: novas mediações e legitima-ções culturais de mestres populares paulistas – André Luiz da Silva

N. 164 Será o decrescimento a boa nova de Ivan Illich? – Serge Latouche

N. 165 Agostos! A “Crise da Legalidade”: vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre – Carla Simone Rodeghero

N. 166 Convivialidade e decrescimento – Serge LatoucheN. 167 O impacto da plantação extensiva de eucalipto nas cultu-

ras tradicionais: Estudo de caso de São Luis do Paraitinga – Marcelo Henrique Santos Toledo

N. 168 O decrescimento e o sagrado – Serge LatoucheN. 169 A busca de um ethos planetário – Leonardo BoffN. 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalização

do ser: um convite ao abolicionismo – Marco Antonio de Abreu Scapini

N. 171 Sub specie aeternitatis – O uso do conceito de tempo como estratégia pedagógica de religação dos saberes – Gerson Egas Severo

N. 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno-logias digitais – Bruno Pucci

N. 173 Técnicas de si nos textos de Michel Foucault: A influência do poder pastoral – João Roberto Barros II

N. 174 Da mônada ao social: A intersubjetividade segundo Levinas – Marcelo Fabri

N. 175 Um caminho de educação para a paz segundo Hobbes – Lu-cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon

N. 176 Da magnitude e ambivalência à necessária humanização da tecnociência segundo Hans Jonas – Jelson Roberto de Oliveira

N. 177 Um caminho de educação para a paz segundo Locke – Odair Camati e Paulo César Nodari

N. 178 Crime e sociedade estamental no Brasil: De como la ley es como la serpiente; solo pica a los descalzos – Lenio Luiz Streck

N. 179 Um caminho de educação para a paz segundo Rousseau – Mateus Boldori e Paulo César Nodari

N. 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil: entre o reconhecimento e a concretização – Afonso Maria das Chagas

N. 181 Apátridas e refugiados: direitos humanos a partir da ética da alteridade – Gustavo Oliveira de Lima Pereira

N. 182 Censo 2010 e religiões:reflexões a partir do novo mapa religioso brasileiro – José Rogério Lopes

N. 183 A Europa e a ideia de uma economia civil – Stefano ZamagniN. 184 Para um discurso jurídico-penal libertário: a pena como

dispositivo político (ou o direito penal como “discurso-limi-te”) – Augusto Jobim do Amaral

N. 185 A identidade e a missão de uma universidade católica na atualidade – Stefano Zamagni

N. 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-dário aos refugiados – Joseane Mariéle Schuck Pinto

N. 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino, pesquisa e extensão na educação superior brasileira e sua contribuição para um projeto de sociedade sustentá-vel no Brasil – Marcelo F. de Aquino

N. 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razão no campo da prevenção – Luis David Castiel

N. 189 Produções tecnológicas e biomédicas e seus efeitos pro-dutivos e prescritivos nas práticas sociais e de gênero – Marlene Tamanini

N. 190 Ciência e justiça: Considerações em torno da apropriação da tecnologia de DNA pelo direito – Claudia Fonseca

N. 191 #VEMpraRUA: Outono brasileiro? Leituras – Bruno Lima Rocha, Carlos Gadea, Giovanni Alves, Giuseppe Cocco, Luiz Werneck Vianna e Rudá Ricci

N. 192 A ciência em ação de Bruno Latour – Leticia de Luna FreireN. 193 Laboratórios e Extrações: quando um problema técnico

se torna uma questão sociotécnica – Rodrigo Ciconet Dornelles

N. 194 A pessoa na era da biopolítica: autonomia, corpo e subje-tividade – Heloisa Helena Barboza

N. 195 Felicidade e Economia: uma retrospectiva histórica – Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves

N. 196 A colaboração de Jesuítas, Leigos e Leigas nas Universi-dades confiadas à Companhia de Jesus: o diálogo entre humanismo evangélico e humanismo tecnocientífico – Adolfo Nicolás

N. 197 Brasil: verso e reverso constitucional – Fábio Konder Comparato

N. 198 Sem-religião no Brasil: Dois estranhos sob o guarda-chu-va – Jorge Claudio Ribeiro

N. 199 Uma ideia de educação segundo Kant: uma possível con-tribuição para o século XXI – Felipe Bragagnolo e Paulo César Nodari

N. 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana: a experiência da ocupação Raízes da Praia – Na-talia Martinuzzi Castilho

N. 201 Desafios éticos, filosóficos e políticos da biologia sintética – Jordi Maiso

N. 202 Fim da Política, do Estado e da cidadania? – Roberto RomanoN. 203 Constituição Federal e Direitos Sociais: avanços e recuos

da cidadania – Maria da Glória GohnN. 204 As origens históricas do racionalismo, segundo Feyerabend

– Miguel Ângelo FlachN. 205 Compreensão histórica do regime empresarial-militar

brasileiro – Fábio Konder ComparatoN. 206 Sociedade tecnológica e a defesa do sujeito: Technological

society and the defense of the individual – Karla SaraivaN. 207 Territórios da Paz: Territórios Produtivos? – Giuseppe CoccoN. 208 Justiça de Transição como Reconhecimento: limites e possi-

bilidades do processo brasileiro – Roberta Camineiro BaggioN. 209 As possibilidades da Revolução em Ellul – Jorge

Barrientos-ParraN. 210 A grande política em Nietzsche e a política que vem em

Agamben – Márcia Rosane JungesN. 211 Foucault e a Universidade: Entre o governo dos outros e o

governo de si mesmo – Sandra Caponi

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N. 212 Verdade e História: arqueologia de uma relação – José D’Assunção Barros

N. 213 A Relevante Herança Social do Pe. Amstad SJ – José Odelso Schneider

N. 214 Sobre o dispositivo. Foucault, Agamben, Deleuze – Sandro Chignola

N. 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-ção – Alejandro Rosillo Martínez

N. 216 A realidade complexa da tecnologia – Alberto CupaniN. 217 A Arte da Ciência e a Ciência da Arte: Uma abordagem a

partir de Paul Feyerabend – Hans Georg FlickingerN. 218 O ser humano na idade da técnica – Humberto GalimbertiN. 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

suas Implicações Éticas: Um Paralelo com Alasdair MacIntyre – Halina Macedo Leal

N. 220 O Marquês de Pombal e a Invenção do Brasil – José Eduar-do Franco

N. 221 Neurofuturos para sociedades de controle – Timothy LenoirN. 222 O poder judiciário no Brasil – Fábio Konder ComparatoN. 223 Os marcos e as ferramentas éticas das tecnologias de

gestão – Jesús Conill SanchoN. 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do

Brasil (1842-1867) – Luiz Fernando Medeiros RodriguesN. 225 O grande desafio dos indígenas nos países andinos: seus

direitos sobre os recursos naturais – Xavier AlbóN. 226 Justiça e perdão – Xabier Etxeberria MauleonN. 227 Paraguai: primeira vigilância massiva norte-americana e

a descoberta do Arquivo do Terror (Operação Condor) – Martín Almada

N. 228 A vida, o trabalho, a linguagem. Biopolítica e biocapitalis-mo – Sandro Chignola

N. 229 Um olhar biopolítico sobre a bioética – Anna Quintanas FeixasN. 230 Biopoder e a constituição étnico-racial das populações:

Racialismo, eugenia e a gestão biopolítica da mestiçagem no Brasil – Gustavo da Silva Kern

N. 231 Bioética e biopolítica na perspectiva hermenêutica: uma ética do cuidado da vida – Jesús Conill Sancho

N. 232 Migrantes por necessidade: o caso dos senegaleses no Norte do Rio Grande do Sul – Dirceu Benincá e Vânia Aguiar Pinheiro

N. 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho: desafios à saúde e segurança – Elsa Cristine Bevian

N. 234 O capital no século XXI e sua aplicabilidade à realidade brasi-leira – Róber Iturriet Avila & João Batista Santos Conceição

N. 235 Biopolítica, raça e nação no Brasil (1870-1945) – Mozart Linhares da Silva

N. 236 Economias Biopolíticas da Dívida – Michael A. PetersN. 237 Paul Feyerabend e Contra o Método: Quarenta Anos do

Início de uma Provocação – Halina Macedo LealN. 238 O trabalho nos frigoríficos: escravidão local e global? –

Leandro Inácio WalterN. 239 Brasil: A dialética da dissimulação – Fábio Konder ComparatoN. 240 O irrepresentável – Homero SantiagoN. 241 O poder pastoral, as artes de governo e o estado moderno

– Castor Bartolomé RuizN. 242 Uma crise de sentido, ou seja, de direção – Stefano ZamagniN. 243 Diagnóstico Socioterritorial entre o chão e a gestão – Dirce

KogaN. 244 A função-educador na perspectiva da biopolítica e da gover-

namentalidade neoliberal – Alexandre Filordi de CarvalhoN. 245 Esquecer o neoliberalismo: aceleracionismo como terceiro

espírito do capitalismo – Moysés da Fontoura Pinto NetoN. 246 O conceito de subsunção do trabalho ao capital: rumo à sub-

sunção da vida no capitalismo biocognitivo – Andrea FumagalliN. 247 Educação, indivíduo e biopolítica: A crise do governamen-

to – Dora Lilia Marín-DíazN. 248 Reinvenção do espaço público e político: o individualismo

atual e a possibilidade de uma democracia – Roberto RomanoN. 249 Jesuítas em campo: a Companhia de Jesus e a questão

agrária no tempo do CLACIAS (1966-1980) – Iraneidson Santos Costa

N. 250 A Liberdade Vigiada: Sobre Privacidade, Anonimato e Vigilan-tismo com a Internet – Pedro Antonio Dourado de Rezende

N. 251 Políticas Públicas, Capitalismo Contemporâneo e os horizon-tes de uma Democracia Estrangeira – Francini Lube Guizardi

N. 252 A Justiça, Verdade e Memória: Comissão Estadual da Verdade – Carlos Frederico Guazzelli

N. 253 Reflexões sobre os espaços urbanos contemporâneos: quais as nossas cidades? – Vinícius Nicastro HoneskoN. 254 Ubuntu como ética africana, humanista e inclusiva – Je-

an-Bosco Kakozi KashindiN. 255 Mobilização e ocupações dos espaços físicos e virtuais:

possibilidades e limites da reinvenção da política nas metrópoles – Marcelo Castañeda

N. 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-nais: O caso de uma comunidade indígena na fronteira da Amazônia Brasileira – Luiz Felipe Barbosa Lacerda e Luis Eduardo Acosta Muñoz

N. 257 Cerrado. O laboratório antropológico ameaçado pela desterritorialização – Altair Sales Barbosa

N. 258 O impensado como potência e a desativação das máqui-nas de poder – Rodrigo Karmy Bolton

N. 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical? – Moysés Pinto Neto

N. 260 Itinerários versados: redes e identizações nas periferias de Porto Alegre? – Leandro Rogério Pinheiro

N. 261 Fugindo para a frente: limites da reinvenção da política no Brasil contemporâneo – Henrique Costa

N. 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metrópole: experiências do ativismo cibernético do grupo Direitos Urbanos no Recife – Breno Augusto Souto Maior Fontes e Davi Barboza Cavalcanti

N. 263 Seis hipóteses para ler a conjuntura brasileira – Sauro BellezzaN. 264 Saúde e igualdade: a relevância do Sistema Único de

Saúde (SUS) – Stela N. MeneghelN. 265 Economia política aristotélica: cuidando da casa, cuidan-

do do comum – Armando de Melo LisboaN. 266 Contribuições da teoria biopolítica para a reflexão sobre

os direitos humanos – Aline AlbuquerqueN. 267 O que resta da ditadura? Estado democrático de direito

e exceção no Brasil – Giuseppe TosiN. 268 Contato e improvisação: O que pode querer dizer auto-

nomia? – Alana Moraes de SouzaN. 269 A perversão da política moderna: a apropriação de con-

ceitos teológicos pela máquina governamental do Oci-dente – Osiel Lourenço de Carvalho

N. 270 O campo de concentração: Um marco para a (bio) políti-ca moderna – Viviane Zarembski Braga

N. 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver? Thoreau e o apelo da natureza – Flavio Williges

N. 272 Interfaces da morte no imaginário da cultura popular me-xicana – Rafael Lopez Villasenor

N. 273 Poder, persuasão e novos domínios da(s) identidade(s) diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-raneidade brasileira – Celso Gabatz

N. 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma: barrar o caráter predatório automático do capitalismo – Acauam Oliveira

N. 275 Tendências econômicas do mundo contemporâneo – Ales-sandra Smerilli

N. 276 Uma crítica filosófica à teoria da Sociedade do Espetáculo em Guy Debord – Atilio Machado Peppe

N. 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura da Subjetividade e de Exploração Social – José Roque Junges

N. 278 Da esperança ao ódio: Juventude, política e pobreza do lulismo ao bolsonarismo – Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco

N. 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada – Luis David Castiel

N. 280 Mistérios da economia (divina) e do ministério (angélico). Quando a teologia fornece um paradigma para a filosofia

política e esta retroage à teologia – Alain GignacN. 281 A Campanha da Legalidade e a radicalização do PTB na

década de 1960. Reflexos no contexto atual – Mário José Maestri Filho

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Angela Ganem. Possui graduação em Economia pela Universida-de Federal Fluminense (1972), mestrado em Economia da Indus-tria e da Tecnologia pela COPPE, Universidade Federal do Rio de Janeiro (1983) e doutorado em Economia pela Universidade de Paris X (1993). Tem experiência na área de Economia, com ênfa-se em História do Pensamento Econômico, Metodologia, Filosofia Econômica e a relação interdisciplinar entre a Economia e as áreas sociais e humanas.

Algumas PublicaçõesGANEM. A. O Mercado como ordem social em A.Smith, Walras e Hayek. Economia e Sociedade (UNICAMP. Impresso), v. 21, p. 143-164, 2012.

_____. Hayek: do mercado como ordem espontânea ao mercado como fim da história. Política & Sociedade (Impresso), v. 12, p. 93-117, 2012.

_____. Karl Popper versus Theodor Adorno:lições de um confronto histórico. Revista de Economia Política (Impresso), v. 32,1, p. 87-108, 2012.

_____. Reflexões sobre a História do Pensamento Econômico Brasileiro. Análise Eco-nômica (UFRGS), v. 56, p. 131-152, 2011.

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