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74 Wolpert, D.M. & Ghahramani, Z. (2000). Computational principies of movement neuroscience. Nat.Neurosci., 3 Suppl, 1212-1217. Wolpert, D.M. & Kawato, M. (1998). Multiple paired forward and inverse models for motor control. Neural Networks, l l , 1317-1329. Zatsiorsky, V.M., Gao, F. & Latash, M. L. (2005). Motor control goes beyond physics: differential effects of gravity and inertia on finger forces during manipulation of hand-held objects. Experimental Brain Research. 162, 300-308. Zatsiorsky, V.M. & Latash, M.L. (2004). Prehension synergies. Exercise and Sport Sciences Reviews, 32, 75-80. Um olhar sobre a natureza da representação mental e suas implicações para a intervenção profissional Andrea Michele Freudenheim e Go Tani Introdução Existe uma infinidade de habilidades motoras humanas. Um critério para discriminá-Ias é a quantidade de processamento cognitivo requerido antes e durante a sua execução (Colley, 1989). As habilidades culturalmente configuradas como, por exemplo, as de expressão - fala e escrita - e as esportivas - nados (crawl, costas, peito e borboleta) - requerem que informações simbólicas sejam interpretadas para produzir seqüências de respostas motoras coordenadas. Já nas habilidades fundamentais - como o andar e o correr - a demanda cognitiva é menor. Assim, quando existe grande envolvimento cognitivo, a ação motora tem início com a decisão sobre o que deve ser alcançado e, depois, há a necessidade de processos mentais que permitam a elaboração de um plano a ser executado, o que envolve uma representação mental. A representação mental é entendida como uma estrutura cognitiva cujas funções são a de definir o padrão de movimento a ser produzido e a de preparar o sistema para que as informações produzidas pelo movimento sejam avaliadas em relação às suas especificações. Esse é o nível de controle motor enfocado no presente capítulo, de forma que, o que se pretende tratar neste trabalho é de pesquisas que tenham como foco a representação mental dos movimentos (Requin, 1992). . Para serem adquiridas, as habilidades com alta demanda cognitiva eXIgem prática extensiva, ou seja, incontáveis repetições de movimentos :nvolvendo o processo de detecção e correção de erros. Nesse sentido, a partir e 1 ,:onhecimentos de controle motor, mais concretamente, daqueles P r e aCIonados à natureza da representação mental que é formada ao longo do rocesso d '. - di id 'I I iltl r_ e pratica, serao rscuti as no presente capítu o a gumas ha~'ll.caçoes da aplicação desses conhecimentos para facilitar a aquisição de I Idades motoras. 75

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Wolpert, D.M. & Ghahramani, Z. (2000). Computational principies ofmovement neuroscience. Nat.Neurosci., 3 Suppl, 1212-1217.

Wolpert, D.M. & Kawato, M. (1998). Multiple paired forward and inversemodels for motor control. Neural Networks, l l , 1317-1329.

Zatsiorsky, V.M., Gao, F. & Latash, M. L. (2005). Motor control goes beyondphysics: differential effects of gravity and inertia on finger forces duringmanipulation of hand-held objects. Experimental Brain Research. 162,300-308.

Zatsiorsky, V.M. & Latash, M.L. (2004). Prehension synergies. Exercise andSport Sciences Reviews, 32, 75-80.

Um olhar sobre a natureza da representaçãomental e suas implicações para a intervenção

profissional

Andrea Michele Freudenheim e Go Tani

Introdução

Existe uma infinidade de habilidades motoras humanas. Um critériopara discriminá-Ias é a quantidade de processamento cognitivo requeridoantes e durante a sua execução (Colley, 1989). As habilidades culturalmenteconfiguradas como, por exemplo, as de expressão - fala e escrita - e asesportivas - nados (crawl, costas, peito e borboleta) - requerem queinformações simbólicas sejam interpretadas para produzir seqüências derespostas motoras coordenadas. Já nas habilidades fundamentais - como oandar e o correr - a demanda cognitiva é menor. Assim, quando existe grandeenvolvimento cognitivo, a ação motora tem início com a decisão sobre o quedeve ser alcançado e, depois, há a necessidade de processos mentais quepermitam a elaboração de um plano a ser executado, o que envolve umarepresentação mental. A representação mental é entendida como umaestrutura cognitiva cujas funções são a de definir o padrão de movimento aser produzido e a de preparar o sistema para que as informações produzidaspelo movimento sejam avaliadas em relação às suas especificações. Esse é onível de controle motor enfocado no presente capítulo, de forma que, o que sepretende tratar neste trabalho é de pesquisas que tenham como foco arepresentação mental dos movimentos (Requin, 1992).. Para serem adquiridas, as habilidades com alta demanda cognitiva

eXIgem prática extensiva, ou seja, incontáveis repetições de movimentos:nvolvendo o processo de detecção e correção de erros. Nesse sentido, a partire1 ,:onhecimentos de controle motor, mais concretamente, daqueles

PreaCIonados à natureza da representação mental que é formada ao longo do

rocesso d ' . - di id 'I Iiltl r _ e pratica, serao rscuti as no presente capítu o a gumasha~'ll.caçoes da aplicação desses conhecimentos para facilitar a aquisição de

I Idades motoras.

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A natureza da representação mental

A explicação sobre a natureza da representação mental docomportamento motor está sendo constantemente aperfeiçoada mediante aincorporação de novas idéias e resultados de pesquisa. Em que pesem asdiferenças entre as principais proposições (Adams, 1971; Keele, 1968;Requin, 1992; Rosenbaum, 1985; Schmidt, 1975), há concordância sobre anatureza abstrata da estrutura, por exemplo, um programa, visto como umarepresentação mental que fornece a direção para o desenrolar da ação(Manoel, Freudenheim, Basso & Tani, 2001).

Todavia, essas proposições têm negligenciado uma característicaessencial do comportamento motor humano que é a capacidade de mudançacontínua em direção a níveis de maior complexidade. Por exemplo, aaquisição do nadar, que normalmente ocorre na infância, pode continuar aacontecer ao longo de toda a vida. Caso contrário como explicar a existênciade níveis distintos dessa habilidade ou mesmo a contínua quebra de recordes?A partir desse ponto de vista, o principal problema das teorias deaprendizagem motora propostas por Adams (1971) e Schmidt (1975) não foi asua ênfase a uma representação mental, mas a visão finita do processo deaquisição de habilidades motoras baseada no modelo de Fitts e Posner (1967).Eles desconsideraram o caráter temporário da estabilização de desempenho(automatização) e, como conseqüência, a necessidade de explicar ascaracterísticas da representação mental que permitem a adaptação a novasdemandas (Freudenheim, 1999; Tani, 1995,2005).

Para dar conta dessa natureza dinâmica da aquisição de açõeshabilidosas tem sido proposta a idéia de uma organização hierárquica para umprograma de ação (Manoel & ConnoIly, 1995, 1997; Manoel, Basso, Corrêa& Tani, 2002; Tani, 1995,2005). Nessa visão, a representação mental é tidacomo uma estrutura hierárquica constituída de dois níveis complementares: oda macroestrutura e o da microestrutura (Manoel & ConnoIly, 1995, 1997;Manoel, Basso, Corrêa & Tani, 2002; Tani, 1995, 2005). Segundo essaproposta, em um comportamento motor estabilizado, a interação entre oscomponentes de uma ação é bem definida implicando um padrão geral demovimento (macroestrutura). Essa interação se faz representar em termos detiming relativo, força relativa, tamanho relativo e seqüência de componentes,ou seja, pelos seus aspectos invariantes. Já em relação à microestrutura doprograma, o comportamento não segue um padrão geral, o que implicavariação nos diferentes parâmetros de movimento, cada qual produzindodiferentes efeitos no meio ambiente. Esse aspecto do programa fornece umaconfiguração específica para cada resposta em relação ao seu tempo total deexecução e força total empregada, ou seja, responde pelos aspectos variantesda ação.

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o programa de ação organizado hierarquicamente (PAOH) não é pré-existente. No início da prática, aspectos espaciais e temporais do movimentoestão mal definidos, inclusive na macroestrutura e, portanto, o desempenho éinconsistente e descoordenado. Entretanto, ao longo da prática, à medida quea interação entre os componentes se torna padronizada, a macroestrutura vaise estruturando. Em outras palavras, a macroestrutura emerge da interaçãoentre os diversos componentes e, uma vez estabelecida, passa a restringir amicroestrutura. Nesse contexto, ao menos três tipos diferentes devariabilidade têm sido distinguidos (Tani, 1995; 2005): o primeiro é aqueleinerente ao sistema motor, resultante do ruído no sistema e que não pode sercontrolado; o segundo refere-se à inconsistência no padrão de movimentoresultante da desorganização presente na macroestrutura do programa deação; o último, denominado de variabilidade funcional (Manoel & ConnoIly,1995, 1997), permanece mesmo após a estabilização do desempenho, nosaspectos microscópicos do movimento - esse tipo de variabilidade expressa aredundância do sistema, pois permite que sejam feitos ajustes necessários àsmudanças nas condições de execução, ou seja, é essencial à adaptação. Pensa-se que a variabilidade funcional resulta da formação de programas de açãoflexíveis, organizados em macro e microestruturas.

Essa concepção sobre a natureza da representação mental superaalguns problemas centrais das concepções anteriores. Em primeiro lugar, aintegração dos processos de seleção e geração envolvidos na execução deações motoras habilidosas. Explica, em segundo lugar, as características deconsistência e flexibilidade dessas ações, sem incorrer nos problemas dearmazenarnento e de novidade. Finalmente, vai além das explicaçõesreferentes à existência e/ou formação do programa motor, pois assume que apartir das estruturas adquiridas, estruturas mais complexas podem serformadas (para mais detalhes vi de Tani, 2005).

Os aspectos invariantes e variantes do PAOH não são sempre osmesmos, pois podem depender, por exemplo, das características da tarefa(aberta/fechada), do nível de proficiência (habilidoso/não habilidoso) e doestágio de desenvolvimento do indivíduo (jovem/maduro) (Tani, 1995,2005).Por esse motivo, as investigações que buscam testar ou que adotam aconcepção de PAOH como pano de fundo, têm sido realizadas comhabilidades distintas. Por exemplo, vários estudos têm testado as proposiçõesdo PAOH mediante a utilização de habilidades gráficas, por exemplo, are~~odução de um padrão gráfico composto de 10 traços num tablet digitalutIlIzando-se de uma caneta sensitiva à pressão. Tani (1995) propôs essatarefa devido à sua validade ecológica, à facilidade de identificação de seusC?mponentes (traços) e à execução do padrão envolver uma interação~Ignlficativa dos mesmos, possibilitando identificar aspectos invariantes~omo o seqüenciamento) e variantes (como o tempo total de movimento),a equados para testar as proposições de PAOH.

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Thomas, J.R. (1980). Acquisition of motor skills: Information processingdifferences between children and adults. Research Quarterly for Exerciseand Sport, 51, 158-173.

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Da pesquisa sobre instrução à intervençãoprofissional

Andrea Michele Freudenheim, Juliana StefanoniIwamizu e Suely Santos

Introdução

o principal desafio dos profissionais do movimento, sejam elesprofessores de educação física, técnicos esportivos ou terapeutas, é o deplanejar experiências de aprendizagem benéficas aos aprendizes. Nessesentido, tomam decisões quanto as metas a serem perseguidas, as informações(instrução e feedback) e a organização da prática necessária para alcançá-Ias.Por auxiliar o aprendiz a compreender o objetivo da tarefa e por orientá-Ioquanto as melhores soluções, a instrução constitui uma característica dedestaque nas situações reais de ensino-aprendizagem (Públio, Tani & Manoel,1995).

Existem vários meios de apresentar a instrução, dentre eles os maiscomuns são o verbal, o visual (fotografias, filmes, demonstrações) e suasassociações (Guedes, 200 I). A forma verbal, ou seja, que envolve a expressãoatravés da fala do instrutor, está presente em quase todas as situações formaisde ensino. Ela pode englobar informações sobre a meta da tarefa, aespecificação da tarefa (o que fazer), o modo de execução da tarefa (comofazer) (Tani, 1989) e sobre a semelhança entre tarefas (Schmidt & Wrisberg,2001). Em situações reais de ensino-aprendizagem, muitas vezes a instruçãoverbal utilizada não contém todas essas informações. Isto ocorre,provavelmente, para não sobrecarregar a limitada capacidade de atenção doaprendiz (Magill, 2000). Informação demais pode - em determinadascondições - ser prejudicial à aprendizagem (Wulf & Weigelt, 1997).

Nesse sentido, Sánchez (1986) reconheceu a utilidade de uma brevedescrição verbal nos casos em que o movimento não é muito complexo, ouem que os aprendizes já tenham certa experiência prévia. Posteriormente,Landin (1994) sugeriu que os instrutores usassem dicas verbais para orientaras pessoas a entender o que fazer para desempenhar as habilidades. O autordefine dicas verbais como sendo frases curtas e concisas que servem parachamar a atenção das pessoas para a informação reguladora relevante no

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No estudo de Tani (1998) buscou-se verificar a formação de umPAOH mediante um experimento compreendendo as fases de aquisição,transferência e retenção. Na fase de transferência a tarefa gráfica praticadasofreu mudanças paramétricas relacionadas à microestrutura (tamanho evelocidade) ou mudanças estruturais (padrão gráfico), relacionadas àmacroestrutura do programa de ação. A macroestrutura foi acessada por meiodas medidas de seqüenciamento, tamanho relativo, timing relativo e tempo depausa relativo e a microestrutura pelas medidas de tamanho total, tempo totalde movimento e tempo total de pausa. Trinta e dois sujeitos adultos foramdistribuídos nos seguintes grupos: mudança no tamanho (GT), na velocidade(GV) ou na estrutura da figura a ser reproduzida (GE) na fase detransferência. Em relação à macroestrutura, na fase de transferência, comoesperado, a variabilidade do sequenciamento e do tempo de pausa relativoaumentou somente para o GE. Nas medidas de microestrutura, os resultadosdo tempo total de pausa foram os previstos, ou seja, a variabilidade de GE eGT tiveram aumento significante. Apesar do número grande de tentativas, oestudo não verificou se esse resultado está associado a um comportamentoestabilizado.

Freudenheim e Manoel (1999) deram continuidade a esse estudoinvestigando o processo de estabilização da habilidade motora gráficaproposta por Tani (1998). O experimento compreendeu somente a fase deaquisição em que três estudantes universitárias realizaram 830 tentativas deprática. No 80° bloco foi introduzi da uma modificação na tarefa. Foramutilizadas medidas relacionadas ao desempenho global, à variabilidade damacroestrutura e da microestrutura. Em relação ao desempenho global, houvediminuição do tempo total de pausa e de movimento ao longo das tentativasde aquisição e, frente à modificação da tarefa, houve uma rápida recuperação.Como em Tani (1998), nas medidas de macroestrutura, a variabilidade foimaior no início da prática do que no seu final, e nas medidas demicroestrutura a variabilidade também diminuiu, porém não foi eliminada.Portanto, esses resultados contrariam a visão de que consistência evariabilidade são características mutuamente exclusivas (por exemplo,Adams, 1971; Logan, 1988, 1992), ou seja, o aumento da consistênciaresultante da maior interação entre os componentes da tarefa (macroestrutura)não implica na eliminação da variabilidade relacionada aos componentes emsi (microestrutura).

Ainda, verificou-se uma proximidade entre os momentos de início dospatamares das medidas de desempenho global e os de menor variabilidade damacroestrutura. Esses resultados mostraram como previsto que existe umaassociação entre o aumento da estabilização do desempenho e a formação damacroestrutura. Também se notou que em virtude da variabilidade quepermanece, a configuração de patamares na microestrutura é mais difícil deser identificada. No entanto, por se tratar de um estudo exploratório, realizado

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apenas com três participantes, os resultados apresentados devem serconsiderados com cautela.

Com o intuito de testar esses resultados e, principalmente, paraverificar qual o papel da macro e da microestrutura do PAOH, Freudenheim(1999) desenvolveu dois experimentos que compreenderam uma fase deaquisição (280 tentativas) com modificações da tarefa introduzidas em três deseus blocos de tentativas. Foram utilizadas as mesmas medidas do estudoanterior. Para responder à questão sobre o papel da variabilidade na macro ena microestrutura os sujeitos foram classificados quanto à estabilidade dodesempenho frente à modificação da tarefa, mensurada por meio da diferençaentre o desempenho nos blocos pré e pós-modificação da tarefa (experimentos1 e 2), e entre os blocos pré e modificação da tarefa (experimento 2), em umgrupo com maior (GMA) e outro com menor sensibilidade à modificação datarefa (GME). Esperava-se que o GMA, por apresentar menos estabilidade,apresentasse maior variabilidade nas medidas de macroestrutura e vice-versa,que o GME, por apresentar maior estabilidade, apresentasse menorvariabilidade nas medidas de macroestrutura. No experimento 1, que contoucom 14 universitários, a modificação da tarefa foi paramétrica. Em relação àformação do PAOH, os resultados confirmaram os do estudo anterior, pois aolongo das tentativas houve melhora do desempenho global (medidastemporais) e, tanto a variabilidade na macro como na microestruturadiminuíram. Ainda, estando o desempenho estabilizado, a modificação datarefa afetou somente uma medida correspondente à variabilidade namicroestrutura (variabilidade do tempo total de pausa). Em relação ao papelda macroestrutura, foi detectada diferença na direção prevista, entre o GME eo GMA para a variabilidade do tempo de pausa relativo. Esses resultadosconfirmam o papel da macroestrutura na manutenção da consistência dodesempenho em ações habilidosas.

No experimento 2, que contou com 15 universitários, a modificaçãoda tarefa foi estrutural. Mais uma vez, os resultados mostraram que odesempenho global melhora ao longo das tentativas de prática e que essamelhora é acompanhada pela diminuição da variabilidade nas medidas demacro e de microestrutura. Mas, diferente do esperado, a modificaçãoestrutural só afetou uma medida de microestrutura (tempo total de pausa).Portanto, mesmo tendo sido estrutural, a modificação da tarefa causou poucoimpacto no desempenho, o que permitiu que os ajustes fossem feitos dentroda faixa de variação presente antes da perturbação, ou seja, via redundânciado sistema. Em relação ao papel da macroestrutura, não foi detectadadiferença entre o GME e o GMA.

Em suma, nos estudos usando habilidades gráficas foram obtidasevidências claras de que a concepção de programa de ação organizadohierarquicamente é uma boa alternativa às concepções correntes sobre anatureza do programa motor.

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Diante dos resultados promissores encontrados com habilidadesgráficas, o estudo de Marinovic e Freudenheim (submetido) teve comoobjetivo investigar a capacidade de adaptação de jogadores habilidosos detênis de mesa. Como pano de fundo foi adotada a concepção de PAOHvisando discriminar melhor o papel dos níveis macro e micro da estrutura.Sete jogadores habilidosos de tênis de mesa realizaram a rebatida de forehanddrive em resposta a bolas lançadas por um robô. O objetivo era atingir umalvo com cinco graduações de pontuação. Da mesma forma que a reproduçãodo padrão gráfico, essa tarefa foi escolhida por possuir alta validade ecológicae a possibilidade de decomposição do movimento. O forhand drive foidecomposto em dois segmentos: fase de balanço para trás (backswing) e parafrente (jorwardswing). Para detalhar a análise, o forwardswing foisubdividido nos sub-componentes pré e pós-contato com a bola. A tarefa foiapresentada nas seguintes condições de bola: I) quicada com efeito parafrente; 2) quicada com efeito lateral; 3) direta com efeito para frente e 4)direta com efeito lateral. Em relação ao desempenho os resultados indicaramque as condições 3 e 4 foram as mais dificeis. Considerando a condição Icomo referência, os resultados mostraram que dessa condição para a 2 ossujeitos somente alteraram a variabilidade do deslocamento total nocomponente pós-contato (medida correspondente à microestrutura), isto é,adaptaram-se por meio da flexibilidade do padrão de movimento adotado, ouseja, via redundância da estrutura subjacente. Por sua vez, da condição I paraas condições 3 e 4, eles alteraram o tempo relativo de pré e pós-contato etodas as medidas correspondentes ao nível micro da estrutura. Essesresultados permitiram concluir que os recursos utilizados por jogadores detênis de mesa para promover a adaptação da rebatida incluem alterações dosaspectos invariantes e dos aspectos variantes e que a natureza da alteraçãodepende da dificuldade imposta pela condição apresentada - somente emcondições mais difíceis (3 e 4), aspectos invariantes são alterados; e que osaspectos invariantes dos componentes mais microscópicos da habilidade (prée pós-contato) tendem a ser menos resistentes às modificações da tarefa doque os aspectos invariantes dos componentes mais macroscópicos (backswingeforwardswing). Em suma, os autores concluíram que, em relação aoforwarddrive, os níveis macro e micro do PAOH têm papel distinto na capacidade deadaptação em comportamentos habilidosos.

Utilizando o mesmo pano de fundo, Xavier Filho e Basso (2000)elaboraram um método para viabilizar a observação dos aspectos variantes(microestrutura) e invariantes (macroestrutura) da braçada do nado crawl. Oestudo envolveu a confecção de um carrinho sobre trilhos, com câmerasacopladas, para perseguir os sujeitos durante o nado. Para fins de análise, abraçada foi decomposta em fase aérea e aquática e para possibilitar aobservação da entrada e saída das mãos da água, os punhos foram marcadoscom tinta. Os tempos de cada fase da braçada foram obtidos mediante a

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contagem do número de quadros (software APAS 2000, da Ariel System). Asmedidas consideradas adequadas foram a magnitude e a variabilidade dotempo total de movimento das fases aérea e aquática, do tempo relativo dasfases e do tempo total de movimento para ambos os braços.

Com esse método, Freudenheim, et aI. (2005) buscaram comparar aorganização temporal da braçada do nado crawl de crianças avançadas einiciantes. A hipótese foi de que as avançadas permaneceriam relativamentemais tempo na fase propulsiva da braçada e que apresentariam um timingrelativo mais consistente em comparação as iniciantes, ou seja, que os gruposapresentariam um PAOH diferente entre si. Participaram cinco criançasclassificadas no nível inicial e seis no nível avançado que percorreram dezmetros nadando crawl em velocidade confortável. Os resultados confirmaramque, da mesma forma que na habilidade gráfica de universitários e noforwarddrive de atletas de tênis de mesa, existe consistência e variabilidade nabraçada do nado crawl de crianças. Mais ainda, detectaram que, em relação aobraço direito, as crianças avançadas permaneceram relativamente mais tempona fase propulsiva e apresentaram um timing relativo mais consistente do queas iniciantes. Portanto, verificou-se que a organização da braçada do nadocrawl é distinta entre indivíduos em níveis de habilidade diferentes. Noentanto, como em Tani (1998), não foi verificado se a variabilidade inerentedemonstrada pelo grupo de crianças avançadas está associada a uma maiordisponibilidade para fazer modificações no ciclo de braçadas, seja para ajustare manter a freqüência de braçada ou para lidar com variações na tarefa.

Para verificar o papel da variabilidade na braçada do nado crawl decrianças, Madureira (2006) analisou o efeito da modificação da tarefa emindivíduos com níveis de habilidade distintos. Crianças (42), com média de8,7 anos de idade, com o domínio do nado crawl, participaram doexperimento. Usando o instrumento de análise do nível de proficiência donado crawl, dois grupos de 15 sujeitos cada, em níveis de habilidade distintos,foram formados: grupo das mais e grupo das menos habilidosas. A tarefaconsistiu em nadar 30m nas velocidades lenta, natural e máxima. Foramutilizadas medidas antropométricas, de desempenho, e relacionadas aosaspectos invariantes (macroestrutura) e variantes (microestrutura) da braçada.Os resultados mostraram que as características antropométricas nãointerferem no desempenho das crianças e que elas são capazes de ajustar avelocidade de acordo com a demanda da tarefa. Ainda, que as crianças deambos os grupos mantiveram a organização temporal da braçada do nadocrawl nas medidas correspondentes aos aspectos invariantes ao longo das trêscondições experimentais; mas que, em comparação ao grupo menoshabilidoso, o grupo mais habilidoso apresentou maior consistência em relaçãoaos aspectos invariantes (macroestrutura) da braçada; e que para ambos osgrupos as alterações de desempenho foram efetuadas, exclusivamente, a partirde ajustes dos aspectos variantes das braçadas, portanto, por meio de

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adaptação paramétrica. Em virtude desses resultados o autor concluiu quconsiderando os menos habilidosos e os mais habilidosos come,representantes de momentos distintos de um mesmo processo, a aquisição donadar envolve a formação de representações mentais que asseguram tanto aconsistência (aspectos invariantes) como a flexibilidade (aspectos variantes)da braçada, e que sua complexidade está associada ao nível de habilidade dosnadadores. Sendo assim, a braçada do nado crawl de crianças também seadapta mediante manutenção da macroestrutura e variação da microestruturaou seja, mediante redundância do sistema. No entanto, como o processo deaquisição de habilidades motoras é contínuo em direção a aumento decomplexidade, mesmo as crianças classificadas nesse estudo como as maishabilidosas, apresentam, num âmbito mais geral, nível inicial de habilidade.

Desse modo, o objetivo do estudo de Silva (2008) foi investigar aconsistência (macroestrutura) e a variabilidade (microestrutura) da braçada donado crawl em indivíduos habilidosos, ou seja, de atletas. Participaram 16nadadores, todos voluntários, do sexo masculino, com média de idade de 20anos. Destes, 8 com índice para disputar campeonatos nacionais e 8 comíndice para participar de campeonatos estaduais. Todos nadaram 2 x 50metros a 80%, 90% e 100% da velocidade máxima individual. Para fins deanálise foram utilizadas medidas antropométricas, de desempenho global e deorganização temporal, essas últimas correspondentes à macro e àmicroestrutura da braçada. Não foram detectadas diferenças entre osnadadores dos grupos Nacional e Estadual nas medidas antropométricas, masos do grupo Nacional foram mais velozes nas condições 100% e 90%. Ogrupo Nacional, ao contrário do Estadual, manteve a macroestrutura dabraçada nas três condições, e na condição de 80%, apresentou maiorvariabilidade nas medidas correspondentes à microestrutura que o grupoEstadual. Em conjunto, os resultados permitem concluir que o grupo Nacionalé mais habilidoso que o Estadual - desempenho - e que adaptou seucomportamento a partir da redundância do sistema, enquanto o Estadual o feza partir da modificação da estrutura.

Em síntese, os estudos que focaram o processo de estabilização -formação da estrutura - verificaram que, como esperado, ao longo daaquisição há uma diminuição da variabilidade nos níveis macro e micro doprograma de ação. Mostraram também que o aumento da consistênciaresultante da maior interação entre os componentes da tarefa(macroestrutura), não implica na eliminação da variabilidade relacionada aoscomponentes em si (microestrutura) (Freudenheirn & Manoel, 1999;Freudenheim, 1999). Principalmente, verificaram haver associação entre oaumento da estabilização do desempenho e a formação da macroestrutura eque, em virtude da variabilidade que permanece, a configuração de patamaresna microestrutura é mais dificil de ser identificada (Freudenheim & Manoel,1999). Ainda, nos estudos do nadar em que houve comparação entre sujeitos

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poispode se expli"do eoo,idemndo ° impoelo da modifi"Ç'o da ,.rer. emrelação .0 nível de h,bilid.de do ,ujeilO Por exemplo, embo" ",,,,M.I, emFreudenheim (1999) a modificaçãO da tarefa não teve impacto nod"emp"ho. "",e "nlido, " .j"'" toram por meio da "dondão'" dop,6p,io ,i,tem', 00 "j', da "I",tu" fotm.d., 0' "todo, corn p"ilo, .atletas _ reforçam essa explicação. Nesses, os recursos utilizados para adaptar-se às modificações da tarefa incluíram alterações da macroestrutura (aspectos

i""i,nl") e/ou da mieto""OIU" ("peeIO' "",nl") em ""'0 dadificuldade imposta pela condição apresentada (Marino

vic& Freudenheim -

submetido; Silva, 2008). Diante de modificações fáceis, os ajustes são feitos apartir de a\le"ç'o do' patimetro, (mieto"truIO") da 'ç'o, mas diante demodificações que tomam a tarefa difícil, os ajustes demandam alterações n:

macroestrutura também, pois vão além da capacidade do sistema.Os papéis dos níveis macro e micro da estrutura são diferenciado:

mas não h' oeco,,,tiameote a po,tolada ,,1.ç'OO modir."Ç'O "troto,,1ajuste na m"to"truIU"; modin"Ç'o pa"mólti" . aju,te na mi"o'"truI

U'

O recurso utilizado pode estar associado ao nível de modificação da tare(impaoI

O)e não .pen" à n.tureZ' da modifi"Ç'o ("trUIU'" ou p",mótr'"

Assim. no ,0njunIO, 0' ",ul"do, obtidO' no' "tudo, "0 fevomvei,

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modelo de programa de ação organizado hierarquicamente proposto POrManoel e Connol1y (1995, 1997), Manoel et aI. (2002) e Tani (1995, 2005).

Implicações para a intervenção profissional

Em tarefas com grande envolvimento cognitivo, a ação motora temmicio com a intenção para atingir uma meta específica. Posteriormente, arepresentação mental se faz necessária para definir o padrão de movimento aser produzido. Assim, para que o aprendiz adquira um programa de açãocapaz de transformar intenção em ação o ensino deve estar baseado em umaprática com significado, ou seja, pautada na firme intenção por parte doaprendiz de solucionar problemas. Nesse caso, a padronização do movimentoocorre a partir de um processo consciente de elaboração, execução, avaliaçãoe modificação de ações a cada tentativa (Tani, 1995). O processo de aquisiçãopode ser demorado, pois implica em variação de ações até que se chegue a umpadrão de movimento adequado. No entanto, incita o aprendiz aconstantemente organizar e reorganizar seus movimentos. Essa repetição doprocesso de solucionar problemas também pode favorecer a aquisição de umpadrão de movimento ao mesmo tempo consistente e flexível. Ao contrário, aprática que compreende mera repetição de movimentos sem significado podepromover a mecanização os gestos e resultar em perda proporcional deflexibilidade nas ações (Tani, 1999; 1995). Isso posto, não se deve ter - comoé de costume - pressa na aquisição de habilidades motoras, pois a "demora" érecompensada pela adequada utilização e otimização da estrutura formada,

Visando à otimização da estrutura, um aspecto importante é intervircriando condições para que a variabilidade funcional esteja presente em níveisadequados após a estabilização do desempenho. Caso contrário, toda equalquer mudança da tarefa poderá resultar num grande impacto para odesempenho e demandar mudanças estruturais. Nesse sentido, a possibilidadede explorar a variabilidade funcional disponível na estrutura é essencial paraque haja adaptação.

Segundo a concepção de PAOH, na medida em que a macroestruturavai se organizando ela passa a restringir a microestrutura. Por isso o ensino dehabilidades deveria ocorrer, principalmente, mediante o foco narnacrcestrutura da ação. Por exemplo, no caso dos nados, enfatizar a interaçãoentre tronco-braço e braço-respiração, e no caso de habilidades gráficas,enfatizar a relação entre os traços, ou seja, onde um deve começar em relaçãoao término do outro. Assim, ao longo do processo de formação do PAOH, avariabilidade na rnicroestrutura estaria sendo restringida em níveiscompatíveis com a demanda da tarefa. Caso contrário, se o foco principal fora microestrutura da ação, isto é, a parametrização dos componentes, corre-seo risco de detalhar a solução da tarefa antes de o aprendiz ter adquirido opadrão espaço-temporal da ação. Seria como escolher a cor das paredes antes

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d projetar a casa. Ainda, corre-se o risco de diminuir demasiadamente a:riabilidade funcional acarretando na formação de uma estrutura com poucaVapacidade de adaptação. portanto, em virtude da natureza da representação~ental, o ensino deve prover liberdade de ação no que concem

eao nível

micro da estrutura.

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Estudos em controle motor e intervençãoprofissional: perspectiva da reabilitação

Sérgio Teixeira da Fonseca e Marisa Cotta Mancini

Introdução

Recentemente, tem-se observado uma mudança de foco em·reabilitação, na qual a perspectiva da disfunção, ou seja, caracterização eabordagem de doenças e sintomas bem como de suas conseqüênciasnegativas, está sendo substituída pela ênfase no processo de funcionalidade(Jette, 2006; Mancini, 2001; Sampaio et a!., 2005). Funcionalidade de umapessoa inclui todas as funções do corpo, atividade e participação e resulta dainteração dinâmica entre os estados de saúde (doenças, distúrbios, traumas,lesões etc.) e os fatores contextuais (OMS, 2001). Considerando-se este novofoco, reabilitação é um processo voltado para a otimização da funcionalidadee da saúde, bem como para a prevenção ou minimização da incapacidade docliente, mesmo na presença de uma condição de saúde (Stucki, Ewert &Cieza, 2002). Dessa forma, reabilitação compreende a atuação integrada dediversas áreas profissionais, com o objetivo de atender às demandas,necessidades e prioridades do cliente. Tal definição ampliou a perspectivatradicional de que reabilitação seria sinônimo de atenção terciária, incluindotambém neste processo, estratégias de atenção primária e secundária à saúde.

O processo de disfunção (do inglês, disablement) foi caracterizadohistoricamente por modelos como o proposto por Saad Nagi na década de 60,para descrever incapacidade (Nagi, 1965, 1991) e o modelo InternationalClassification of Impairment, Disability and Handicap (ICIDH) publicadopela Organização Mundial de Saúde (OMS, 1980). Estes modelos têm comocaracterística comum conceituar as conseqüências negativas de doenças oupatologias, e ambos admitem uma relação linear e unidirecional entre seuscomponentes (Figura I). Tais modelos foram substituídos pelo modelo daClassificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF),

Agradecimento: Agradecemos à Profa. Daniela V. Vaz, pela leitura e sugestões fornecidaspara a versão final deste capítulo.