muros-apiários da região de castelo branco e zona envolvente

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OS MUROS-APIÁRIOS DA REGIÃO DE CASTELO BRANCO E ZONA ENVOLVENTE Apiarian walls in the region of Castelo Branco and around it Francisco Henriques 1 , João Carlos Caninas 2 , Mário Lobato Chambino 3 , José Teodoro Prata 4 e José Joaquim Gardete 5 Palavras-chave: região de Castelo Branco; médio Tejo; muros-apiários; apicultura; mel; cera; História da Apicultura. Key words: region of Castelo Branco; middle Tejo; apiarian walls; beekeeping; honey; beeswax; history of beekeeping. 1 Arqueólogo. Coordenador do Projecto Muros-apiários da Península Ibérica. Associação de Estudos do Alto Tejo. [email protected] . 2 Arqueólogo. Associação de Estudos do Alto Tejo. [email protected] . 3 Licenciado em História. Associação de Estudos do Alto Tejo. [email protected] . 4 Licenciado em História. Professor na Escola Básica Cidade de Castelo Branco. [email protected] . 5 Técnico florestal. Direcção-Geral das Florestas. [email protected] .

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OS MUROS-APIÁRIOS DA REGIÃO DE CASTELO BRANCO

E ZONA ENVOLVENTE

Apiarian walls in the region of Castelo Branco and around it

Francisco Henriques1, João Carlos Caninas2, Mário Lobato Chambino3, José Teodoro Prata 4 e José Joaquim Gardete5

Palavras-chave: região de Castelo Branco; médio Tejo; muros-apiários; apicultura; mel; cera; História da Apicultura.

Key words: region of Castelo Branco; middle Tejo; apiarian walls;

beekeeping; honey; beeswax; history of beekeeping.

1 Arqueólogo. Coordenador do Projecto Muros-apiários da Península Ibérica. Associação de Estudos do Alto Tejo. [email protected]. 2 Arqueólogo. Associação de Estudos do Alto Tejo. [email protected]. 3 Licenciado em História. Associação de Estudos do Alto Tejo. [email protected]. 4 Licenciado em História. Professor na Escola Básica Cidade de Castelo Branco. [email protected]. 5 Técnico florestal. Direcção-Geral das Florestas. [email protected].

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OS MUROS-APIÁRIOS DA REGIÃO DE CASTELO BRANCO E ZONA ENVOLVENTE Francisco Henriques, João Carlos Caninas, Mário Lobato Chambino, José Teodoro Prata e José Joaquim Gardete

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Resumo

Apresenta-se o estado da investigação documental e de campo no que concerne às temáticas

dos muros-apiários, do mel e da cera na bacia do médio Tejo, com maior incidência na margem

direita daquele rio.

Os muros-apiários têm como principal função proteger os cortiços colocados no seu interior, mas

para proteger de quê? As respostas têm sido múltiplas e estão relacionadas com incêndios,

vento, ladrões, animais vários (texugo, saca-rabos, javali, urso) e rigores do clima. Não

descurando todas as hipóteses apresentadas os autores inclinam-se, principalmente, para a

protecção do colmeal relativamente ao urso pardo, no caso das estruturas de paredes mais

elevadas.

Do ponto de vista cronológico as estruturas em causa, em qualquer dos países por onde se

distribuem, não têm sido alvo de estudo rigoroso que permita obter cronologias seguras quanto à

época da sua construção. As hipóteses levantadas remetem a maioria destas estruturas para as

épocas Moderna e Contemporânea.

Monumentalidade é a palavra certa para caracterizar alguns dos muros-apiários documentados

no médio Tejo tendo em conta a sua implantação, sobre precipícios, e, em especial, as suas

dimensões e estado de conservação.

No trabalho de campo foram identificados 71 muros-apiários, em Portugal, maioritariamente

situados na região de Castelo Branco, e em Espanha, sobretudo na região de Alcântara.

Estas estruturas estão sempre implantadas junto de uma fonte de água permanente e

frequentemente no fundo de vales. Estão maioritariamente (95%) orientados a Sudeste, Sul e

Sudoeste (120º – 220º). As suas plantas são sub-circulares / sub-elípticas (71,5%), rectangulares

/ quadrangulares (11,4%), em ferradura (7,1%) e em tridecágono, ou polígono de 13 lados

(1,4%). Na sua construção utilizam os materiais pétreos disponíveis no local, com ou sem

aglutinante. A altura das paredes varia entre 1,5 m e 4 m, pontualmente, e a espessura entre 0,4

m e 1,3 m. A área interna varia entre 57 m2 e 767 m2, tendo a maioria (41.4%) até 250 m2. Para

impedir, ou dificultar, o acesso ao interior alguns muros apresentam beirado no topo, cujo avanço

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para o exterior pode variar entre 0,10 m e 0,40 m. Outros apresentam formas de remate

diferentes. O acesso ao seu interior é na quase generalidade dos casos feito através de uma

porta.

O interior de 75% dos muros-apiários tem um pendor de inclinação elevado a médio, o que

provoca uma acumulação de sedimentos no terço inferior do mesmo e uma quase ausência de

terra nos dois terços restantes. Para vencer o desnível e facilitar o movimento das abelhas na

entrada e saída dos cortiços existem socalcos, em cerca de um terço das estruturas. O interior

de alguns muros-apiários contém estruturas de implantação / fixação de cortiços. Em várias

destas construções observa-se, ainda no interior, uma pequena casa de apoio à actividade

apícola (hospedaria). Esta construção raramente se encontra no exterior.

O mel e a cera aqui intensamente produzidos tornaram-se numa das riquezas da região e,

consequentemente, em bens de troca amplamente regulamentados ao longo dos séculos por

documentos régios e posturas municipais.

Abstract6

We document the state of data and field investigation in what concerns apiarian walls, honey and

beeswax in the middle Tejo basin, more specifically on the left-hand bank of that river.

During the field work 71 apiarian walls were identified in Portugal, mostly in the region of Castelo

Branco, and in Spain, especially in the region of Alcântara.

These structures are always built near a water fountain and frequently at the bottom of a valley.

They are mostly (95%) facing southeast, south and southwest (120º - 220º). Their plans are

subcircular / subelliptical (71.5%), rectangular / square (11.4%), in the shape of a horseshoe

(7.1%) and in the shape of a 13-side polygon. Rocky materials available in the areas, with or

without any sort of glue, are used for their building. The walls height varies between 1,5m and

4m, these last only scarcely, and they are between 0,4m and 1,3m thick. Their internal area

varies between 57m2 and 767m2, but most (41.4%) are up to 250m2 wide. In order to stop or

complicate the access to their interior, some walls have “an elaborate rim” at the top, whose

6 Tradução de Ana Pereira.

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exterior part can measure between 0,10m and 0,40m. Other walls have various rim shapes. The

access to their interior is, almost exclusively, by means of a door.

The interior of 75% of apiarian walls have a high or medium gradient, which causes the

accumulation of sediments on a third of the inferior part of the ground and the almost absence of

earth on the other two thirds. In order to overcome those ground depressions and to enable the

bees’ access in and out the beehives, there are terraces in about one third of those structures.

The interior of some beekeeping walls have got structures to plant / fasten the beehives. In the

interior of many of these buildings we can also find a small house (a sort of an inn) which

provided lodging for the people who worked in beekeeping. Rarely do we find these houses in the

exterior of the buildings.

The main objective of beekeeping walls is to protect the beehives inside them. But the question is

- what from? The answers found have been many and are related to fire, wind, thieves, various

animals (such as badgers, mongooses, wild boars and bears) and the rigours of the weather.

Bearing in mind all these possible answers, the authors are mainly inclined to say that these

buildings were used to protect the beehives from grizzly bears, mostly in what concerns the

structures with higher walls.

In the countries where they can be found, these structures have not been the object of a rigorous

chronological study which would enable us to date their building. Thus, the hypothesis offered

date the building of these structures back to the modern and contemporary epochs.

The right word to characterise some of the apiarian walls documented in the middle Tejo is

monumental. We have to bear in mind the places where they were built (on top of precipices) and

mostly their size and state of preservation.

The honey and the beeswax produced there in big quantities became one of the region’s wealth

and, consequently, trading goods largely regulated by royal documents and municipal laws.

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Introdução

1. O presente texto é uma versão revista e substancialmente aumentada de documentos

publicados pelos autores entre 1999 e 2001 sobre a temática dos muros-apiários e, em especial,

do último que foi dado à estampa, através de Ibn Maruán, revista cultural do Concelho de

Marvão, com o título Muros-Apiários da Bacia do Médio Tejo - regiões de Castelo Branco e

Cáceres (HENRIQUES et al., 2000).

Anteriormente, a revista Raia publicara Muros Apiários do Sul da Beira Interior. Contributos para

a sua Caracterização (HENRIQUES et al., 1999) e, em 2001, a revista O Apicultor republicou

este mesmo trabalho com o título Muros-Apiários da Bacia do Médio Tejo (HENRIQUES et al.,

2001). Em Maio desse ano, como consequência da divulgação do tema naquela revista de ampla

projecção no meio apícola internacional, fomos visitados pelos senhores Luigi Nino Masetti

(França) e Gaby Roussel (Bélgica), investigadores ligados à História da Apicultura (Figura 1),

interessados em conhecerem os muros-apiários da região do Tejo.

Este frutuoso encontro veio proporcionar-nos um conhecimento mais alargado sobre o tema a

nível europeu e uma ligação à APISTORIA7, associação que congrega especialistas

internacionais na área da História da Apicultura.

Entretanto, o nosso entusiasmo pelo tema, e em particular pela vertente patrimonial relacionada

com o inventário e estudo daquelas construções, aliado à constatação do desconhecimento

desta realidade no meio cultural português, motivou o lançamento, através da Associação de

Estudos do Alto Tejo, do projecto Muros-apiários da Península Ibérica. O mel e os ursos, que

colheu a adesão de alguns investigadores em Portugal, com destaque para Dalila Correia,

arqueóloga do Parque Arqueológico do Vale do Côa, e para Joana Camejo Rodrigues e João

Carlos Neves (RODRIGUES & NEVES, 2003), etnobotânica e sociólogo, então ligados ao

Parque Natural da Serra de São Mamede.

Este Projecto veio a receber, em 2003, o Prémio Ford Motor Company para a Conservação e

Ambiente, na categoria Património Histórico.

7 APISTORIA - Société d’Études et de Recherches sur l’Apiculture Traditionnelle. Bordeaux. Esta associação edita Les Cahiers d’Apistoria, dedicados à publicação de estudos, e Le Courrier d’Apistoria com pequenas notícias.

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Figura 1. Gaby Roussel (à esquerda) e Nino Masetti (à direita) durante a visita a um apiário em Espanha. Fotografia gentilmente cedida por N. Masetti.

2. Em várias regiões da Península Ibérica, talvez a partir da Idade Média, foram sendo

construídas estruturas destinadas a proteger os colmeais dos ataques dos mamíferos melíferos

e em particular dos ursos. Tais construções consistem em muros de pedra ou taipa, definindo

recintos fechados (Figura 2) que atingem vários metros de altura e apresentam, muitas vezes,

remates avançados para o exterior para dificultar o acesso ao seu interior. Implantam-se, em

geral, no fundo dos vales, voltados a su-sudeste e junto a linhas de água.

Na sequência de pesquisas documentais e de contactos pessoais foi possível reconhecer a

presença deste tipo de estruturas8 em diversas áreas da Península Ibérica, sobretudo na sua

fachada ocidental, desde o Noroeste (Galiza, Astúrias e Castela Leão) até à Extremadura e à

Andaluzia, passando por todo o interior de Portugal (Minho, Trás-os-Montes, Beiras e Alentejo).

No Norte de Espanha estão bem documentadas construções deste tipo na Galiza Oriental, por

exemplo, em Navia de Suarna (GONZÁLEZ PÉREZ, 1988), em Vilariño de Corso, na Serra de

Ancares, no País do Bibei-Ribeira Sacra do Sil (CES, s/d), no Vale de Rao (YÁÑEZ, 1999), mas

8 Para além dos muros-apiários estão documentados, no Noroeste de Espanha, distintos mecanismos de protecção das colmeias como são os cortinos de peña (NAVES & NAVES, 1988) e os talameiros (TORRENTE, 1999), consistindo estes últimos em torres maciças de pedra, de 2m de lado por 2,5m de altura, às quais se acedia por meio de uma escada e no cimo das quais se colocavam os cortiços.

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também nas províncias litorais, caso da Serra do Candán (Figura 3), em Pontevedra, sendo

igualmente numerosos nas províncias setentrionais de Castela-Leão e nas Astúrias (NAVES &

NAVES, 1988).

Figura 2. Desenho ilustrativo da estrutura de um muro-apiário galego (in GONZÁLEZ PÉREZ, 1998).

Figura 3. Albariza na Serra de Candán (Lalín, Pontevedra) exibindo um espesso beirado. Fotografia gentilmente cedida por Pedro Alonso.

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Estas construções estão igualmente presentes em zonas meridionais de Castela-Leão,

nomeadamente em Las Batuecas (Província de Salamanca) e, já na Província de Cáceres, em

Las Hurdes, na região de Alcântara (Figura 4), na Sierra de San Domingo, atingindo a

Andaluzia, por exemplo, na área da Sierra de Aracena y Picos de Aroche (Província de

Huelva)9. Mas a sua distribuição não se confina ao ocidente peninsular, marcando presença

também em Aragão (Figuras 5 e 6).

Figura 4. Muro com contrafortes (Alcântara, Cáceres), não caracterizado. Fonte: AEAT.

No Sul de França foram identificados mais de sete dezenas destas estruturas no Vale do rio

Roya (Tende, Brigue, Fontan, Saorge), nos Alpes Marítimos (MASETTI, 1995).

No Norte de Itália, igualmente no Vale do rio Roya, foram identificados alguns exemplares em

Realdo e, em 2003, foi observado em Specchia – Taranto (Sul de Itália) um exemplar que

9 Na exposição permanente do Centro de Visitantes do Cabildo Viejo de Aracena (Parque Natural da Sierra de Aracena y Picos de Aroche, Junta de Andalucía) existe foto de um muro-apiário rectangular associada ao seguinte texto: "...El colmenar solía instalarse en la solana abrigada de um cerro cubierto de matorral, dentro de um alto cercado de mampostería (La "Muda") o bien en las inmediaciones de um huerto."

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através da descrição sumária e fotografia parece enquadrável neste tipo de estruturas

(MASETTI, 2003).

Figura 5. Muro com casa de apoio, próximo de Zaragoza. Fotografia gentilmente cedida por Nino Masetti.

Figura 6. Muro de Sastago, 24 km a SO de Bujaraloz (Província de Zaragoza). Fotografia gentilmente cedida por Nino Masetti (2001).

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Também se obteve notícia da possível existência de muros-apiários no norte da Argélia

(Cabília)10 e no Atlas Marroquino11, indicações que, a serem confirmadas, irão alargar o âmbito

geográfico destas estruturas e lançar novas e interessantes problemáticas.

Em Portugal, foram referenciadas estruturas deste tipo, por exemplo, no Gerês (DIAS, 1993), na

Serra Amarela, em Terras do Bouro, nos concelhos de Torre de Moncorvo, Vila Flor, Vinhais e

Bragança (CES, s/d), nomeadamente no Parque Natural de Montezinho12, em Parada do Monte

(Melgaço), no vale do rio Tua e em Boticas13, em Vila Real14, no vale do Côa15, nas Serras da

Estrela16 e do Açor (RAMALHO & MATA, 2004), no distrito de Castelo Branco, no distrito de

Portalegre, nomeadamente no concelho de Nisa e na Serra de São Mamede (RODRIGUES &

NEVES, 2003) e, mais para Sul, na Serra de Portel e no vale do Guadiana (SILVA, 1999).

Em Portugal, até há poucos anos, estas construções eram raramente mencionadas em manuais

ou revistas de apicultura e estavam ausentes em estudos de cariz etnográfico e patrimonial.

Entre as raras referências a muros, que foi possível identificar, contam-se dois artigos

respeitantes a construções situadas na bacia do Tejo (distritos de Castelo Branco e Portalegre)17

e no Alto Minho, publicadas respectivamente por Vasco Paixão (PAIXÃO, 1975) e Paulo Dias

(DIAS, 1993).

Após o ano 2000, esta realidade teve uma evolução significativa, em parte, devido ao projecto

Muros-Apiários da Península Ibérica. O Mel e os Ursos18 que induziu estudos em algumas áreas

do território continental (concelho de Vila Real, Vale do Côa e Parque Natural da Serra de São

Mamede) e maior uma sensibilização para este tipo de estruturas. Assim, dá-se conta do seu

registo em trabalhos universitários19, em estudos de impacte ambiental, em diversas

10 Informação pessoal do Dr. Cláudio Torres (Campo Arqueológico de Mértola). 11 Informação obtida num último contacto com Nino Masetti, em 2005. 12 Informação do arqueólogo Armando Redentor. 13 Informações do arqueólogo Alexandre Lima - EMERITA Empresa Portuguesa de Arqueologia Lda. 14 Trabalhos de equipa de arqueólogas coordenada por Margarida Santos Silva. 15 Os já referidos trabalhos da responsabilidade da arqueóloga Dalila Correia, (Parque Arqueológico do vale do Côa). 16 Informação de José Maria Serra Saraiva, antigo guarda e vigilante da natureza, e membro da Associação dos Amigos da Serra da Estrela. 17 Refira-se a publicação, na revista O Apicultor, nº 21 (Jul/Set. de 1998), p. 33, de fotografia de uma “cilha com apiário da região de Nisa”, correspondente a um dos dois muros-apiário, de planta rectangular, existentes junto ao IP 2 na área de Monte Claro. 18 Este projecto, promovido pela Associação de Estudos do Alto Tejo, tem como principais objectivos: contribuir para a identificação e estudo de estruturas de protecção a colmeais ou apiários de construção antiga e utilização antiga ou actual; caracterizar os muros-apiários do ponto de vista construtivo e a sua comparação inter-regional e intra-regional; discutir a funcionalidade e a periodização dos muros-apiários; formular propostas para a sua protecção e valorização; divulgar os resultados do projecto. 19 Com destaque para o incentivo dado pela Profª Maria de Jesus Sanches (Faculdade de Letras da Universidade do Porto) aos seus alunos para tratarem este tema.

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publicações20 e em iniciativas de valorização rural (Figura 7)21. De forma independente, o tema

tem merecido a atenção de alguns investigadores (DINIS, BASTOS & DINIS, 2009).

Figura 7. Muro-apiário recuperado pela Associação de Apicultores do Nordeste Transmontano (concelho de Vinhais) no âmbito de um projecto Leader. Fotografia cedida por Humberto Vasconcelos.

Vasco Paixão regista este tipo de estruturas no seu manual de apicultura (PAIXÃO, 1974) e

cremos ter sido este autor (PAIXÃO, 1975)22 o primeiro a discutir a problemática da origem do

muro-apiário, em Portugal. Com ele, o muro-apiário passa a objecto de estudo das ciências

sociais.

Noutro manual (ALMEIDA, 1943: 139-140) refere-se que "nas charnecas do Sul encontravam-se

grandes malhadas com muitas centenas de cortiços, que davam milhares de litros de mel. No

Minho e Trás-os-Montes eram vulgares as silhas, isto é, espécie de malhadas rodeadas de altos

muros, que protegiam os cortiços dos ventos e dos ratoneiros. Muitas destas silhas abrigavam

mais de mil cortiços."

20 PIFANO, 2007; CES, s/d; GINJA, 2003. 21 http://www.oapicultor.com/muros%20 apiaticos.htm; CES, s/d; GINJA, 2003. 22 Ver Anexo 2.

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No que concerne aos estudos de carácter etnológico cabe salientar que este tipo de construções

também está ausente em obras de referência e, em particular, nas Construções Primitivas de

Portugal (OLIVEIRA et al. 1988)23.

Contudo, tais construções são referidas em diversos documentos, do século XVI e seguintes,

que registam a demarcação de termos, sob a designação de malhadas de abelhas, malhadas de

colmeias, muro das collmeas ou sylha de collmeas. Cremos que o uso dos muros-apiários como

marcos territoriais poderá explicar-se devido ao seu impacto na paisagem, consequência do seu

tamanho e importância económica.

Cite-se, como exemplo, a referência, em documento datado de 1505 (HORMIGO 1998), a uma

"malhada velha de comeias no fundo do val dalcantara", no limite das terras da Ordem de Cristo,

no Rosmaninhal (Idanha-a-Nova)24, que interpretamos como sendo uma estrutura de protecção

a colmeias e não simplesmente um agrupamento de colmeias. Além disso, o adjectivo "velha"

para além de se aplicar a algo de durável, como é o caso de uma estrutura em pedra, parece

indicar que esta já era considerada antiga no início do séc. XVI.

Num outro documento, respeitante a uma visitação realizada em 10 de Outubro de 1505 pela

Ordem de Cristo ao termo de Idanha-a-Velha, é mencionada uma outra malhada de colmeias

(CASTELO BRANCO, 1998: 15-16), do seguinte modo"... e de hy atravessa direito há ribeira do

Aravil per fundo dos pardieiros que foram de Afonsso Criado e per çima da granja do Aravil; e de

hy se vay per cima da malhada das colmeas de pedro Luis de Alcanfozes ..."

Num terceiro documento, referente à demarcação da fronteira entre Portugal de Espanha, na

área do actual concelho de Penamacor, datado de Novembro de 1537, está escrito o seguinte: “e

entaom vem per rybeiro de Ryo Torto todo acyma partymdo os termos te abaixo do muro das

collmeas de Lourenç’Eanes, a saber, qu he hua cerca que he sylha de collmeas a quall sylha de

collmeas esta defronte donde vem o dyto Ryo Torto e abaixo da dyta sylha de collmeas fazendo

uma volta per o rybeiro abaixo mais de tyro de besta do dyto muro de Lourenç’Eanes ahy deyxa

a demarcaçam o rybeiro…” (CIDHM, 2003: 48).

23 Facto confirmado em contacto estabelecido com o Dr. Benjamim Pereira. 24 Cremos ter identificado esta estrutura no trabalho de campo efectuado em 2003. Trata-se do muro-apiário inventariado com o nome Tapada da Coreta (Anexo 3).

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13

Num outro documento, da segunda metade do século XVIII, relativo à demarcação e

confrontação da ervagem de Oles (entre S. Vicente da Beira e Louriçal do Campo), regista-se “e

dentro da mesma [ervagem] todas as terras que há são de ervas e não há coisa que possa

impedir a pastagem dos gados senão um muro de colmeias...” (CÂMARA MUNICIPAL DE S.

VICENTE DA BEIRA, livro 1767-1785).

Por outro lado, a pesquisa efectuada ao nível da literatura popular, relativa à região de Castelo

Branco, permitiu identificar um muro-apiário (Ciadas) num conto publicado por Jaime Lopes Dias

(DIAS, 1944: 61), intitulado O Muro de Lançarote. Este conto tem como cenário as Campanhas

de Idanha-a-Nova e como protagonistas um touro e sete lobos, que acabam por morrer

aprisionados no interior do muro. O facto de ser designado como muro permite admitir tratar-se

de um muro-apiário e não de um fojo - estrutura destinada à captura de lobos -, embora existam

fojos com uma estrutura similar à destes muros, os chamados fojos de cabrita (ÁLVARES et all.,

2000).

Em relação ao território espanhol é mais numerosa a bibliografia específica sobre esta temática,

principalmente nas regiões onde o urso sobrevive como é o caso da cordilheira cantábrica

(Astúrias e Léon)25. Por outro lado, no decurso da pesquisa de sítios na rede www, identificaram-

se programas de estudo e protecção ao urso pardo em Espanha26 que nos mostram o interesse

que estas construções arcaicas e tradicionais assumem no contexto de projectos naturalistas, de

conservação da fauna silvestre.

Acerca dos muros situados entre as províncias de Cáceres e Salamanca também existem

referências documentais que atestam a sua utilização no séc. XVI. O trabalho Las Batuecas y

Las Hurdes (ROMERO, 1995:94) transcreve alguns trechos das Ordenanzas de La Alberca, que

25 GONZÁLEZ PÉREZ, 1988, NAVES & NAVES, 1988, CHEVET, 1988, YÁÑEZ, 1999, TORRENTE, 1999 e outras referências neste texto. 26 É o caso dos projectos Life de Conservacão do Urso Pardo na Cordilheira Cantábrica e nos Pirinéus, envolvendo entre outras organizações o FAPAS e a ADENA-WWF-León. Estes projectos conservacionistas também contemplam a protecção de apiários, através, por exemplo, do restauro de alguns “cortines tradicionales cada vez más abandonados...” E pretendem ir mais longe quando afirmam que “se está estudiando también la posibilidad de realizar un inventario y cartografar todos los cortines (colmenares) existentes en las zonas de actuación, quizás mediante la colaboración de algún voluntario, doctorando o similar.” Ver também L´ Osu Pardu, em Asturies.com, assinado por Pilar Sánchez Vicente, “... pero l´osu ye un golosu ensin remediu. Lo que más y presta ye garrar por banda un panal y comer tola la miel que pueda. Asina ye que, dende antañu, los asturianos esmolecieronse en proteyer les colmenes com um muru altu (puede llegar hasta los 3 metros). Esta construcción conozse col nome de cortín.”

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foram proclamadas em 17 de Setembro de 1515 para regular a exploração económica daquela

região, e documentam a presença de “corrales zerrados” de abelhas27.

3. Em Portugal estas construções são conhecidas através de designações, de âmbito regional ou

cronológico, como muros, silhas e malhadas (de abelhas ou de colmeias). No capítulo sobre

vocabulário Vasco Paixão (PAIXÃO 1974: 929) define "muro (de cortiços) - apiário ou silha

protegidos por um muro circular munido de uma pequena porta de entrada (Rosmaninhal, Beira

Baixa)”. O termo silha designa, em geral, um alinhamento de colmeias ou cortiços. No foral de

Sarzedas de 1512 o vocábulo surge com este sentido (MIRANDA, 1966).

Na região de Castelo Branco estas estruturas são habitualmente designadas por muros

(PAIXÃO, 1974), termo que passou em alguns casos para a microtoponímia, como são os casos

do ribeiro do Muro Alto e do Muro Caiado, em Idanha-a-Nova, do Muro Alto e da Azenha do

Monte Muro, em Castelo Branco, e do Muro do Romão, em Vila Velha de Ródão. O termo silha

surge uma única vez, na área de Segura (Idanha-a-Nova), para designar uma estrutura de

pedra. No Norte de Portugal tomam a designação de silha ou colmeal (DIAS, 1993: 137) e na

região de Serpa de malhada. Esta última designação surge, igualmente, em documentos

históricos referentes à região de Castelo Branco (HORMIGO, 1998; CASTELO BRANCO, 1988;

ANTUNES, 1950).

Em Espanha tais designações variam consoante as regiões onde se situam. Na Galiza e nas

Astúrias são conhecidas por albariza, abellariza, albiza, albarizal ou cortín e na Extremadura

tomam, entre outras, a designação de colmenar, muro de abejas (Garrovillas), corral zerrado de

abejas (Hurdes, Batuecas).

Na região do Haute Vallée de la Roya, área de fronteira entre França e Itália, apresentam

também denominações diversas. Em Tende (França) são conhecidos, genericamente, por

naijou28 (recinto fechado). Em Brigue (França) e Realdo (Itália) por caé d’arbinée (literalmente

27 As Ordenanzas de La Alberca aplicavam-se "... tanto al pueblo de La Alberca como a su socampa (dehesas de las Hurdes Y Batuecas)." A seguinte transcrição regista o tipo de estruturas que nos interessam: “Las colmenas - La abundante y continua floración de Batuecas ha sido aprovechada desde antiguo para producir miel. Las colmenas han sido la principal producción del Valle; la abundancia de miel, ha sido la base de la industria artesana del turrón , tan arreigada en La Alberca. Las colmenas eran de dos tipos: "corrales zerados" de carácter permanente y "postureros" o de carácter temporal. Ambos debían situarse "a um tiro de ballesta el uno del otro e a los lados un tiro de piedra" mas como "sobre esto abra muchas diferenças por ser medida yncierta y por evitar enojos e disfrençias que cada un dia se ofrecen ... ordenamos que todo corral zerrado de piedra tenga de termino e de coto ciento y sesenta estades de la medida e marco que esta senalado en la parez e pilar de la casa del concejo ...”. 28 Nino MASETTI (1995) esclarece que originalmente designaria bacia, recipiente para água, sitio fechado destinado a conter líquido, por extensão passou também a designar recinto fechado.

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maison de rucche / casa de abelhas); e por sciamere (da palavra sciamàa - mãe de enxames)

em Saorge, Fontan (França) e Realdo (Itália) (MASETTI, 1995).

Face à diversidade de designações aplicadas a estas estruturas, com carácter marcadamente

regional, tanto em Portugal como em Espanha, considerou-se conveniente adoptar um nome

comum a todas elas. Assim, neste texto como em textos anteriores (HENRIQUES et all. 1999,

2000 e 2001), convencionámos nomear as estruturas em apreço através da palavra composta

muro-apiário. E constatamos que esta designação tem vindo a ser adoptada pelos

investigadores portugueses.

4. Nem sempre os muros-apiários, enquanto bens patrimoniais, foram correctamente

identificados, essencialmente devido à falta de bibliografia adequada. Vejamos o caso do muro-

apiário do Chão das Retortas (Figura 8) que foi integrado, do ponto de vista tipológico, no

domínio das estruturas militares.

As actas das Primeiras Jornadas Regionais de Monumentos Militares29 registam uma

comunicação (RIBEIRO, 1983) intitulada Problemática à Volta do Possível Reduto Militar do

Chão das Retortas, Ortiga. Este trabalho foi a resposta ao desafio lançado pela arqueóloga

Maria Amélia Horta Pereira no sentido de ser analisado um “reduto militar” identificado por si em

1982, aquando da escavação da anta da Casa da Moura (Foz do Rio Frio, Ortiga).

O autor, considerando que o monumento não se enquadrava nas tipologias comuns de

estruturas militares, regista a dificuldade em encontrar uma nomenclatura adequada à

caracterização desta estrutura do ponto de vista funcional. Entretanto, e tendo em conta a linha

defensiva do rio Tejo, admite que neste local pudesse existir um reduto de apoio aos castelos de

Abrantes e Belver ou um posto de vigia do rio. No texto referido, concretiza esta ideia, de que

“considerando o monumento em si, o seu estado de conservação, a fraca forma arquitectónica e

a planta delineada, parece-nos poder remontá-lo ao séc. XVIII, chamando-lhe Fortificação de

Campanha ou Torre de Vigia” (RIBEIRO, 1983:31). Contudo, reafirma que esta estrutura em

nada se enquadra nos monumentos militares em virtude da sua estrutura, da forma e do local de

implantação. Mas, também não encontra “uma explicação plausível para a existência de uma

cerca, com o perímetro de oitenta a noventa metros, sem que nas proximidades se

encontrassem outras estruturas que definissem a função de divisão de propriedade. Tratando-se

29 Realizadas em Castelo Branco de 11 a 13 de Março de 1983.

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de uma diminuta parcela de terreno não se justificam as paredes ali levantadas para tal divisão.”

E mais à frente “pode admitir-se que os vestígios actuais sejam os restos de uma grande

fortaleza, agora desaparecida” (RIBEIRO, 1983:32).

Figura 8. Muro do Chão das Retortas (Mação). Fonte: AEAT, 2008.

Em suma, o autor deste trabalho levanta duas hipóteses explicativas para a funcionalidade desta

estrutura, muro de divisão de propriedades ou fortificação de campanha / torre de vigia, mas

qualquer das hipóteses são pouco consistentes ou satisfatórias e o autor manifesta-o bem.

Duas décadas depois, após a releitura do artigo de João Henriques Ribeiro e após visita ao local,

a estrutura em causa foi identificada como sendo um muro-apiário30.

Os muros-apiários são testemunhos materiais, duráveis, da actividade apícola e podem

corresponder, em muitos casos, a uma longa utilização, durante várias centenas de anos, ou

pelo menos a um uso recorrente. O seu estudo dos pontos de vista estrutural, funcional e

cronológico é pertinente.

30 Agradecemos ao Dr. João Henriques Ribeiro o facto de nos ter facultado toda a informação e no ter acompanhado numa visita ao local.

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5. Na área do médio Tejo, o uso do mel como alimento ou dádiva sagrada remonta a tempos

pré-históricos, como constatou a arqueóloga Primitiva Bueno (BUENO RAMIREZ et al., 2004)

num pote oriundo da escavação do dólmen de Azután (Toledo, Espanha).

O distrito de Castelo Branco, a área que nos interessa mais directamente, ocupou ao longo do

terceiro quartel do séc. XIX (RAMOS & PITA 1997) uma posição cimeira na produção de mel a

nível nacional, sendo apenas ultrapassado pelos distritos de Beja, Portalegre e Lisboa.

No século precedente, nas Memórias Paroquiais de 1758, em resposta à questão nº 15 "quais

são os frutos da terra que os moradores recolhem em maior abundância?" os párocos de várias

localidades do Sul da Beira responderam ser o mel um desses produtos31.

No lugar do Castelejo (Fundão) o vigário, Frei António Carrilho de Mattos, na resposta à

pergunta nº 11, da segunda parte do questionário (relativa ao conhecimento que se pretende da

serra), “se há nela criações de gado ou outros animais ou caça?”, respondeu: “dam pouco fruto

ou nenhum, e somente pastam nellas pello mato, de que constam abelhas, gado de cabello”

(SILVA, 1993:140) e foi o único na região a referir as abelhas. Entretanto, não registou o mel

como sendo um dos principais produtos daquela comunidade.

Estes indicadores de produção dos sécs XVIII e XIX a par das referências a muros-apiários no

séc. XVI permitem admitir a existência de um número muito significativo de estruturas daqjuele

tipo no distrito de Castelo Branco, que justificam o desenvolvimento da pesquisa já realizada.

1. Caracterização dos muros-apiários da região de Castelo Branco e zona

envolvente

Neste capítulo iremos desenvolver uma caracterização dos muros-apiários segundo quatro

vectores principais: a sua posição no terreno; os aspectos estruturais, como a forma, as

dimensões e os materiais utilizados; a sua função; e a cronologia.

Mas antes disso convidamos os leitores a consultarem o Anexo 1 onde podem encontrar a

transcrição de um capítulo de um manual de apicultura do século XVI, o Tratado brebe de la

31 Ver capítulo 2, O néctar dos deuses.

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cultivacion y cura de las colmenas, escrito por Luys Mendez de Torres, que responde a parte

destas questões.

Os 71 muros-apiários que passamos a apresentar (Figuras 9 e 10) estão implantados na bacia

do médio Tejo, entre Gavião (Portugal) e Garrovillas (Espanha). Sessenta e quatro destas

estruturas situam-se na margem direita do rio Tejo e seis na margem esquerda.

Distribuem-se por Portugal (61 exemplares) e Espanha (10 exemplares). O maior número de

muros registados em Portugal resulta de um investimento superior na inventariação destas

estruturas no nosso país.

Quarenta e cinco destes muros são agora divulgados pela primeira vez e vinte e seis foram já

apresentados em trabalhos anteriores (HENRIQUES et al., 1999 e 2000).

Estas estruturas localizam-se junto a pequenas linhas de água que drenam directamente no rio

Tejo ou nas suas diferentes sub-bacias (Alagón, Erges, Aravil, Ponsul e Ocreza). Para além

destes dispõe-se de informações relativas a outras construções, do mesmo tipo, na bacia do

médio Tejo32.

Estes muros-apiários foram identificados com base na microtoponimia, na cartografia militar, em

informações orais e em vários projectos de prospecção arqueológica. Pesquisaram-se topónimos

relativos a muros e silhas, de que são exemplos Muro Alto, Barroca do Muro, Muro do Romão,

Muro da Furada, Péguia do Muro, Azenha do Monte Muro e Silha.

Os microtopónimos foram obtidos através da cartografia ou de informações colhidas junto das

populações locais.

Verificámos que 22 muros (36,6%), em território português, estão registados nas cartas militares

através de um pequeno círculo ou rectângulo ponteado (identificação de ruína). Acerca das

construções situadas em território espanhol não dispomos desta informação. Contudo, deve

referir-se que a forma de representação não está relacionada com a planta do monumento.

32 Por exemplo, em ambas as margens do rio Ponsul, na margem esquerda do rio Ocreza, na margem direita do rio Sever e na margem esquerda do rio Erges. Alguns foram observados mas não caracterizados. Outros, cremos que tenham sido destruídos, como os da margem direita do rio Ponsul, na área de Ródão. Estes últimos estavam implantados em área actualmente ocupada por eucaliptal e em visita de campo no ano de 1999 não foram reencontrados pelos informantes que os haviam conhecido.

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Figura 9. O rectângulo assinala a área de distribuição da maioria dos muros-apiários referidos neste texto, sobre Carta Hipsométrica de Portugal Continental. (Fonte: Atlas do Ambiente).

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Figura 10. Distribuição do muros-apiários da região de Castelo Branco e zona envolvente (Fonte: Carta Hipsométrica de Portugal, Instituto Geográfico e Cadastral). 01 - Muro do Romão (Vila Velha de Ródão); 02 – Parrocha (Castelo Branco); 03 – Cabeço Redondo (Castelo Branco); 04 – Muro Alto (Castelo Branco); 05 – Ponte da Munheca (Castelo Branco); 06 – Rasteira (Castelo Branco); 07 – Moinhos do Conde (Castelo Branco); 08 – Coito do Leitão (Castelo Branco); 09 – Muro do Vaz Preto (Castelo Branco); 10 – Fraga dos Galhardos 1 (Idanha-a-Nova); 11 – Fraga dos Galhardos 2 (Idanha-a-Nova); 12 – Fraga dos Galhardos 3 (Idanha-a-Nova); 13 – Coito dos Caturros (Idanha-a-Nova); 14 – Vale do Gamo (Idanha-a-Nova); 15 – Monte das Piçarras (Idanha-a-Nova); 16 - Marmeleiro (Idanha-a-Nova); 17 – Muro Alto (Idanha-a-Nova); 18 – Febra Amarela (Idanha-a-Nova); 19 – Muro Caiado (Idanha-a-Nova); 20 – Muro do Ti Furriel (Idanha-a-Nova); 21 - Dehesa de la Puente Piedras Albas); 22 - Silha (Idanha-a-Nova); 23 - Ribeira do Vale de Lobo, Idanha-a-Nova); 24 - Los Leones (Piedras Albas); 25 - Alcántara 1 (Alcântara); 26 - Alcántara 2 (Alcântara); 27 – Ribeiro do Cavaleiro (Idanha-a-Nova); 28 – Amieiro (Idanha-a-Nova); 29 – Fervedouro (Idanha-a-Nova); 30 – Casa da Coreta ou de Santo António (Idanha-a-Nova); 31 - Casas do Dr. Tonelo 1 (Idanha-a-Nova); 32 - Casas do Dr. Tonelo 2 (Idanha-a-Nova); 33 - Ciadas (Idanha-a-Nova); 34 - Fonte Ferrenha (Idanha-a-Nova); 35 – Fonte da Pasteira (Idanha-a-Nova); 36 – Guedelha (Idanha-a-Nova); 37 – Muro do Marrafinha (Idanha-a-Nova); 38 – Nave da Azinha (Idanha-a-Nova); 39 – Ribeira do Aravil (Idanha-a-Nova); 40 – Tapada da Coreta (Idanha-a-Nova); 41 – Vale Mosteiro (Idanha-a-Nova); 42 – Vale da Azinheira (Idanha-a-Nova); 43 – Vale Pórros (Idanha-a-Nova); 44 – Samarrudo 1 (Idanha-a-Nova); 45 - Samarrudo 2 (Idanha-a-Nova); 46 – Fonte da Santa Madalena (Idanha-a-Nova); 47 – Muro da Furada (Vila Velha de Ródão); 48 – Muro do Tostão (Vila Velha de Ródão); 49 – Chão das Retortas (Mação); 50 – Sobreiro da Águia ou Horta Redonda (Castelo Branco); 51 – Péguia do Muro (Castelo Branco); 52 – Rei Adão (Gavião); 53 – Lameirão (Nisa); 54 – Brozas (Cáceres); 55 - Garrovillas 1 (Cáceres);56 - Garrovillas 2 (Cáceres); 57 - Garrovillas 3 (Cáceres); 58 - Nunomoral 1 (Cáceres); 59 – Nunomoral 2 (Cáceres); 60 – Tremal (Idanha-a-Nova); 61 – Foz da Ribeira do Lapão (Castelo Branco); 62 – Azenha do Monte Muro (Castelo Branco); 63 – Vareda (Castelo Branco); 64 – Fonte do Farranhão (Idanha-a-Nova); 65 – Veiga das Estacas (Idanha-a-Nova); 66 - Tapada da Foz 1 (Idanha-a-Nova); 67 - Tapada da Foz 2 (Idanha-a-Nova); 68 – Tapada da Foz 3 (Idanha-a-Nova); 69 – Muro Alto 2 (Idanha-a-Nova); 70 – Ribeiro da Pedra Alta (Idanha-a-Nova); 71 – Fainina (Idanha-a-Nova).

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Constatamos que nem todos os pequenos círculos ponteados correspondem a muros-apiários. A

selecção dos ícones com interesse depende de dois outros critérios; a exposição ao Sol e a

implantação topográfica. De facto, durante o trabalho de campo, constatou-se a existência de

ponteados circulares que não correspondem a muros mas a pequenas tapadas agrícolas e a

recintos para gado, também de planta circular (em geral situados no topo de cabeços ou na parte

superior das encostas), estes semelhantes aos existentes em muitas regiões de Portugal (cite-se

como exemplo o concelho de Alcoutim).

Verifica-se que o registo cartográfico dos muros-apiários não tem relação com as dimensões dos

mesmos nem com o seu estado de conservação.

1.1. Implantação

A presença de água é indispensável à produção apícola. Por este facto os muros-apiários

observados situam-se quase sempre a curta distância dos rios e ribeiros que mantêm alguma

água no seu leito, mesmo durante o estio.

Muitos muros implantam-se sobre a confluência de duas linhas de água (Figura 11). Quando

estão mais longe há sempre uma nascente perto, como acontece, por exemplo, com o muro do

Sobreiro da Águia que tem uma nascente no interior.

Dois terços (67,1% [47]) dos muros inventariados situam-se no fundo de vales, no terço inferior

das encostas e junto das linhas de água (Figura 11). A percentagem restante corresponde

àqueles que ocupam o terço superior da encosta (18,6% [13])33, aos que estão implantados em

peneplanície (8,5% [6]) ou aos casos em que não se obteve tal informação (5,7% [4]). Apenas

um muro, do conjunto dos que estão implantados em peneplanície, se situa em Portugal

(Amieiro); todos os restantes estão em território espanhol (Garrovillas 1, 2, 3, Brozas e Los

Leones – Figura 12).

A implantação, no fundo dos vales, facilita a deslocação das abelhas. De facto, quando estas

colectam recursos em cotas superiores às do muro fazem a viagem ascendente, que é mais 33 Muitas destas estruturas também estão junto de linhas de água.

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difícil, sem carga (pólen) e a viagem descendente, mais fácil, com carga. A localização na parte

inferior das encostas também favorece a produção suficiente de mel, num primeiro tempo, para

se auto-reproduzirem e, mais tardiamente, para benefício do apicultor. Tal deve-se ao facto das

cotas mais baixas, perto da linha de água, serem mais temporãs em termos de floração. Esta

floração precoce permite ao enxame angariar alimento suficiente para as larvas constituindo,

deste modo, um exército de obreiras (auto-reprodução). Por sua vez, o enxame que sai tem que

o fazer atempadamente, em termos de floração, para garantir a sua própria sobrevivência,

colectar mel e cera para a sua alimentação no Inverno. Quando o auge da floração atinge a meia

encosta, ou o topo, é então angariado pólen para a produção de mel a ser extraído pelo

apicultor.

Figura11. Muro do Tremal (Idanha-a-Nova) sobre o rio Erges. Fonte: AEAT.

Nos casos documentados é muito variável a cota do assentamento dos muros-apiários.

Entendemos que, nesta região, a altitude, em valor absoluto, não constitue critério para a sua

implantação.

As superfícies, ou encostas, onde assentam os muros, são inclinados, por vezes de forma muito

acentuada. Esta característica proporcionava, entre outras vantagens, (a) abrigo contra o vento,

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(b) uma maior proximidade das fontes do pólen, oriundo da vegetação espontânea que recobre

as encostas e as margens abruptas de cursos de água, (c) um acesso mais próximo aos

afloramentos rochosos de onde provém a pedra utilizada na construção dos muros34, e (d)

evitava que o muro retirasse espaço útil à actividade agrícola.

Figura 12. Muro de Los Leones (Piedras Albas) implantado em peneplanície. Fonte: AEAT.

Na instalação do apiário a exposição solar é outro factor a ter em conta. Em regiões mais frias e

acidentadas é aconselhada a sua instalação em encostas voltadas a Sul e nas regiões mais

quentes em encostas voltadas a Sudeste.

A orientação dos 71 muros-apiários observados está representada do seguinte modo: um muro

está voltado a Este (80º-100º); dezanove estão orientados a Sudeste (121º- 170º); vinte e sete a

Sul (171º-190o); onze a Sudoeste (191º-220o); um a Oeste (251º-270º) e em 12 casos não foi

recolhida informação.

O muro voltado a Oeste (Vale da Azinheira, Idanha-a-Nova) foi utilizado como muro-apiário e

curral para gado. Em época mais recente foi construído um novo curral junto desta estrutura.

34 Muitos muros-apiários estão construídos sobre afloramentos xisto-grauváquicos ou nas suas proximidades, o que permitiu reduzir o esforço/custo no transporte da pedra empregue na sua construção.

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Verificamos então que 95% dos muros, acerca dos quais temos informação para caracterizar

este parâmetro, estão orientados a Sudeste, Sul e Sudoeste (120 a 220º).

Nos muros voltados a nascente as abelhas podem iniciar a actividade mais cedo e terminá-la

também mais cedo diminuindo, assim, o risco de não regressarem a tempo ao cortiço ou à

colmeia. Este risco aumenta nos muros e colmeias voltadas a poente.

1.2. Estrutura

Os muros-apiários inventariados possuem três diferentes tipos de planta: (1) circular (subcircular

/ subelíptica); (2) rectangular / quadrangular; (3) em ferradura.

A forma mais comum é a primeira com 51 exemplares (71,8%). As plantas destas estruturas não

são círculos perfeitos. Os muros de planta rectangular / quadrangular são em número de oito

(11,3%) e são menos abundantes a Norte do Tejo. Os muros de planta em ferradura são cinco

(7,0%) e, por último, existe um muro (1,4%) em forma de polígono com 13 lados. Não obtivemos

esta informação em seis casos (8,5%).

A estrutura do muro é definida por uma parede, em todo o perímetro, formando o que na

linguagem corrente se pode designar como tapada ou cercado. Os materiais péreos usados na

sua construção são os comuns na área, metagrauvaque, xisto ou granito, como elemento únicos

ou em associação com quartzo, seixos rolados em quartzito e mesmo caliça. Também não é raro

observarem-se pequenas pedreiras na envolvente do muro, das quais presumimos ter sido

extraída a matéria-prima usada na sua construção; noutros, parte da matéria-prima terá sido

extraída do seu interior.

Nos muros de metagrauvaque e xisto são raramente utilizados blocos de granito nas ombreiras e

nos lintéis de portas, como é o caso do pequeno muro da Parrocha ou Ciadas. Nalguns muros-

apiários as pedras apresentam grande variabilidade de dimensões, situando-se os blocos de

maior tamanho na base da parede. Noutros casos, como no Muro Alto (Rosmaninhal), observa-

se um aparelho muito regular e certa uniformidade nas dimensões (comprimento e espessura) e

na orientação das lajes utilizadas na sua construção. No muro dos Moinhos do Conde (Figura

13) e no muro da Furada (Figura 14) identificaram-se áreas, limitadas, com pequenas placas de

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xisto dispostas em espinha, envolvidas por aparelho horizontal. Tal solução é idêntica ao

chamado opus spinatum presente em estruturas militares do período muçulmano do Sul de

Portugal, casos do Castro da Cola (CASELLA, 2003:12) ou do Castelo Velho de Alcoutim

(CATARINO, 1997/1998).

Figura 13. Muro dos Moinhos do Conde (Castelo Branco) com estrutura em espinhado. Fonte: AEAT.

Figura 14. Muro da Furada (Vila Velha de Ródão) com estrutura em espinhado. Fonte: AEAT.

As estruturas do muro do Romão (Perais, Vila Velha de Ródão) e do muro da Azenha do Monte

do Muro (Taberna Seca, Castelo Branco) consistem em camadas alternadas de placas de xisto,

ora horizontais ora oblíquas, formando um espinhado de grandes dimensões (Figuras 15 e 16).

As lajes utilizadas nesta construção ocupam toda a largura da parede, sendo perpendiculares a

esta e estando alinhadas a partir da face exterior do muro. Na face interior as placas sobressaem

de forma variável, em função do seu comprimento.

Alguns muros são construídos em pedra seca, outros utilizam elemento ligante e num caso

documentou-se a aplicação de reboco e caiamento na parede exterior (Muro Caiado).

Em todos estes muros observamos reconstruções ou alteamentos. Esta circunstância representa

um interessante desafio para a chamada arqueologia da arquitectura. Em virtude das várias

reconstruções que sofreram ao longo do tempo, ocorrem, num mesmo muro, técnicas de

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construção diferentes, áreas com elemento ligante e outras sem ele ou diferentes modos de

disporem os clastos.

Figura 15. Muro do Romão (Vila Velha de Ródão) com estrutura em espinhado. Fonte: AEAT.

Figura 16. Muro da Azenha do Monte do Muro (Castelo Branco) com estrutura em espinhado Fonte: AEAT.

Os muros mais altos apresentam um ou dois alinhamentos de buracos ao longo do paramento

exterior. Estes alinhamentos estão diferentes alturas e destinavam-se à fixação de andaimes

necessários para a construção da parte superior do muro.

Nos muros do Samarrudo 1, Casas do Dr. Tonelo 1 e 2 e Muro Alto 2 observam-se nichos de

formato paralelipipédico na face interna da cerca, de funcionalidade desconhecida (eventuais

prateleiras). Estes nichos estão situados a menos de um metro de altura em relação ao solo,

próximos da porta e as suas dimensões (comprimento, largura e profundidade) não excedem 50

cm.

É muito variável a altura da parede que cerca o apiário. Há muros em que as paredes ainda hoje

têm mais de 2,5 m de altura como são os casos do Muro Alto [Castelo Branco], dos muros da

Ponte da Munheca, da Rasteira, dos Moinhos do Conde, do Coito dos Caturros, do Vale Gamo,

do Muro Alto [Idanha-a-Nova] e de Ciadas. Verificamos que a maioria dos muros que integram

este grupo se concentram no vale do rio Ponsul, numa área muito limitada. Pontualmente, as

suas paredes podem atingir os 4 m de altura, nas posições onde a estrutura se conserva melhor.

Alguns desses muros foram construídos sobre pequenas ravinas, junto das linhas de água,

aumentando deste modo o desnível (altura) para o exterior.

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As paredes, de alguns dos muros mais altos, apresentam uma ligeira inclinação para o exterior,

tal como é documentado por Paulo DIAS (1993) no Minho.

Os muros mais baixos não excedem 1,5 m de altura. Estes muros não serviram para a protecção

dos cortiços em relação ao urso, talvez por este se encontrar extinto à data da sua construção.

No entanto, poderiam ter servido como obstáculo à entrada de outros intrusos menores ou

decorrer de um hábito de construir recintos para encerrar os cortiços. Em Navia de Suarna, na

Galiza, para termos um termo de comparação, a altura dos muros referidos por Clodio González

(GONZÁLEZ PÉREZ, 1998) varia entre 2 m e 4 m.

Constatamos, por outro lado, que muitos muros seriam originalmente mais altos como se pode

comprovar pelos derrubes presentes em todo o seu perímetro, tanto no lado exterior como no

interior, e pelo aspecto caótico que a superfície do muro apresenta.

A altura dos muros da serra do Gerês varia entre 1 m e 4,72 m e, segundo Paulo Dias, “até ao

desaparecimento do urso nesta região, as silhas eram construídas em parede dupla, com os

muros ligeiramente inclinados para fora” (DIAS, 1993). Nos muros inventariados apenas no Muro

do Tostão se documentou parede dupla, em alguns troços.

Actualmente a legislação portuguesa determina que os muros de delimitação de apiários tenham

uma altura mínima de 2 m, quando implantados junto de vias comunicação ou em terrenos

agrícolas, para evitar o ataque das abelhas a pessoas ou animais.

A espessura dos muros inventariados varia entre 0,4 m e 1,3 m e está relacionada com a altura

da estrutura; os muros mais altos têm valores a variar entre os 0,8 m e 0,95 m. A espessura da

grande maioria dos muros (49 dos 62 para os quais temos este dado) oscila entre os 0,6 m e os

0,9 m e em muitos casos tal dimensão é relativamente uniforme entre a base e o topo. Noutros

casos, verificamos que são mais largos na base que no topo; os melhores exemplos são os

muros de Tostão e dos Moinhos do Conde cujas medidas variam entre 1,3 m na base e 0,6 m no

topo. Em Navia de Suarna a espessura da parede varia, de igual modo, entre 0,6 m e 1 m.

Os muros analisados apresentam grande variabilidade na dimensão da área interna; o menor

tem 57,3 m2 (Samarrudo 1, Figura 17) e o maior 767 m2 (Muro do Vaz Preto, Figura 18).

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Para este parâmetro, distribuímos os muros por três níveis de dimensão, conforme documentado

no Quadro 1. Verificamos que predominam os muros de pequena ou média área, até cerca de

500 m2, aspecto que nos proporciona informação acerca da respectiva capacidade produtiva.

Quadro 1. Área ocupada pelos muros.

Área interna dos muros Nº de muros % de muros Pequena: até 250 m2 30 42,3% Média: de 251 m2 a 500 m2 22 31,0% Elevada: de 501 m2 a 1000 m2 9 12,7% Sem informação 10 14,1%

Em Navia de Suarna (Espanha) os muros-apiários têm áreas menores (12,5 m2 a 113 m2) que os

da bacia do Tejo, aqui mencionados.

A área dos muros determina directamente o número de cortiços que pode comportar e reflecte, a

par da densidade destas estruturas, a capacidade floral da respectiva região.

Figura 17. Muro do Samarrudo 1 (Rosmaninhal, Idanha-a-Nova). Fonte: AEAT.

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Figura 18. Muro do Vaz Preto (Castelo Branco). Fonte: AEAT.

Alguns muros, os melhor conservados, apresentam remates no topo, constituídos por placas

avançadas para o exterior e/ou para o interior. Em Navia de Suarna o remate avançado é

designado por barbas ou beirado e tinha como função “non deixar entrar os animais que

agatuñan pelas paredes” (GONZÁLEZ PÉREZ, 1998: 26). Utilizaremos o termo beirado para

designar os capeamentos presentes nos nossos muros com tal finalidade.

A medida dos beirados, ou seja, a sua saliência em relação à parede exterior, varia entre 30 cm

e 40 cm, mas também encontrámos quatro muros (Samarrudo 2, Garrovillas 3, Veiga das

Estacas e Ribeiro da Pedra Alta) cujo beirado varia entre os 10 cm e 15 cm. O beirado nem

sempre se conserva em todo o perímetro da estrutura, devido ao seu colapso, como se

comprova nos derrubes. No muro de Alcantara 2 (Figuras 19 e 20) o beirado exterior varia entre

12 cm e 28 cm e o beirado interior entre 10 cm e 15 cm. No Muro Alto (Idanha-a-Nova) o beirado

(Figuras 21 e 22) avança para o interior, de tal forma que as placas se sobrepõem ligeiramente

constituindo uma escadaria contínua.

Também com o objectivo de dificultar, impedir ou dissuadir o acesso ao interior do muro-apiário,

documentámos, junto à aldeia de Rosmaninhal (Idanha-a-Nova), a colocação de tojo (planta

arbustiva) no topo da parede de uma destas estruturas, procedimento que também era comum

na cobertura de muros de protecção a pequenas propriedades agrícolas.

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A principal função da cobertura, capeamento ou remate superior do muro-apiário é garantir a

conservação da parede.

Figura 19. Muro de Alcântara 2, vista geral (Cáceres). Fonte: AEAT.

Figura 20. Muro de Alcântara 2, aspecto do beirado (Cáceres). Fonte: AEAT.

Figura 21. Muro Alto, vista geral (Idanha-a-Nova). Fonte: AEAT.

Figura 22. Muro Alto, aspecto do beirado (Idanha-a-Nova). Fonte: AEAT.

O remate dos muros pode apresentar diversas formas (CASELLA, 2003; HENRIQUES &

CANINAS, 1992). Nos muros-apiários analisados documentaram-se três tipos de cobertura, mais

comuns. O primeiro tipo consiste numa sequência de lajes justapostas, em posição oblíqua,

colocadas sobre a parede (capeamento em espinha, CASELLA, 2003). Nesta circunstância é

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difícil retirar qualquer uma destas placas em virtude da pressão exercida pelas restantes. O

segundo tipo é composto por grandes placas de metagrauvaque, xisto ou granito, justapostas ou

ligeiramente sobrepostas e em posição horizontal (capeamento plano). As placas dispostas

deste modo cobrem toda a largura da parede, e por vezes ultrapassam-na, pressionando-a,

evitando o acesso fácil dos factores erosivos à área mais vulnerável do muro (interior constituído

por pequenas placas ou blocos de pedra com ou sem aglutinante) e protegendo-a da acção

directa da chuva. O terceiro tipo de cobertura consiste no remate arredondado da parede, em

semicírculo (capeamento de lajes colocadas em leque com ou sem reboco). Esta última é uma

técnica comum em muros que delimitam propriedades.

Os muros observados possuem, na quase generalidade dos casos, uma porta de acesso ao

interior. Nos muros em que foi possível medir a altura da porta verificamos que a maioria (60%)

varia entre os 1,2 m e 1,6 m. A largura varia entre 70 cm e 100 cm, em quase 80% dos casos, e

é constante no interior e no exterior do muro. São excepção a esta regra os muros do Romão e o

da Veiga das Estacas em que a largura da porta é inferior no exterior cerca de 20 cm. Isto é, a

entrada alarga do exterior para o interior.

Em Navia de Suarna (Lugo) a porta é baixa e de reduzidas dimensões ”...- en particular nos mais

antigos -, de xeito que o home que queira entrar tem que facelo axionllado. Así non a pode abri-

lo oso, pois como fai máis forza é poñéndose de pé e empurrando coas patas dianteiras, e ó ser

baixa non pode apoiarse nela” (GONZÁLEZ PÉREZ, 1998: 27).

A entrada do muro Samarrudo 1 não é convencional, não tem porta. O acesso faz-se apoiando

os pés em duas lajes fixas no exterior e duas outras no interior da parede do muro (degraus),

sendo facilitado devido à existência, nesse ponto, de um rebaixamento no topo da parede. Os

muros do Tostão e das Casas do Dr. Tonelo 1, embora dotados de portas, têm também degraus

constituídos por lajes de xisto integradas na estrutura.

Em muitos dos muros inventariados observam-se reconstruções acima do lintel da porta ou nos

troços de parede que confinam com as ombreiras. Perante o que se conhece de Navia de

Suarna, é plausível admitir que alguns destes muros tivessem, primitivamente, uma porta baixa

que foi substituída por uma porta de maiores dimensões (ou à dimensão humana) após a

extinção do urso na região. Deste modo, o difícil acesso ao interior do recinto teria sido

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solucionado com o alteamento da porta. Outra hipótese, é a maior vulnerabilidade da estrutura

do muro neste local, com fractura e queda do lintel e posterior restauro da porta e envolvente.

Não se observou uniformidade na orientação das portas. Inventariámos portas orientadas

segundo os oito principais pontos cardeais, mas apenas três muros têm entradas voltadas a

Sudoeste.

Três muros (Vale do Gamo – Figuras 23 e 24, Ponte da Munheca e Ribeiro da Pedra Alta)

possuíam uma outra porta que foi fechada com um pano de pedras semelhante ao resto da

construção. As portas encerradas, ou condenadas, posicionam-se em cotas inferiores às das

portas de utilização mais recente. É lícito admitir que estas últimas tenham sido abertas

posteriormente ou, originalmente, o muro teria duas portas, como acontece com o de Nunomoral

2. A eliminação das portas em níveis inferiores pode estar relacionada com a vulnerabilidade do

recinto, nas duas primeiras estruturas mencionadas, face ao efeito de inundação das cheias dos

cursos de água adjacentes.

Figura 23. Muro do Vale do Gamo, vista geral (Castelo Branco). Fonte: AEAT.

Figura 24. Muro do Vale do Gamo, porta condenada (Castelo Branco). Fonte: AEAT.

O interior dos muros apresenta um grau de inclinação diferenciado. Esse grau não foi mesurado.

Ainda assim, e de modo empírico, dividimos os muros em três grupos: (1) inclinação baixa (2)

inclinação média; (3) inclinação elevada. Os muros de inclinação baixa representam 37,1% dos

casos, os de média inclinação 37,1% e os de elevado pendor 25,7%.

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O interior do muro da Fonte Ferrenha difere de todos os restantes num aspecto; não é plano

(horizontal ou inclinado) mas convexo. Neste caso, os construtores aproveitaram um suave

relevo natural em forma de mama, com formato arredondado, e circunscreveram-na com uma

parede dentro da qual instalaram um muro-apiário.

Há muros que apresentam socalcos no interior; são menos de um terço da totalidade

inventariada. Os socalcos têm uma dupla vantagem: vencem o desnível e facilitam a deslocação

das abelhas na entrada e saída dos cortiços. O número de socalcos em cada muro é muito

variável e, para a sua instalação, os construtores aproveitam, frequentemente, as irregularidades

do terreno. É menos comum observar socalcos com desenvolvimento contínuo entre paredes

opostas porque se encontram geralmente interrompidos, devido à presença de afloramentos ou

irregularidades no terreno. Há muros que apenas apresentam socalcos nos seus dois terços

superiores do espaço útil.

Os cortiços assentam sobre a superfície horizontal do socalco, que é quase sempre revestida

com lajes de xisto ou granito. Os socalcos podem ser estruturados por muros ou escavados no

afloramento. Em alguns muros ainda se observam placas de xisto soltas (Figura 25), sobre as

quais assentavam os cortiços.

Figura 25. Muro da Silha (Segura, Idanha-a-Nova) com suportes lajeados para colocação de colmeias. Fonte: AEAT.

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Nos muros da Fonte de Santa Madalena, da Azenha do Monte Muro, da Veiga das Estacas e da

Tapada da Foz 1 detectámos plataformas onde assentaram cortiços, adossadas à face interna

da parede, no lado mais exposto ao sol (Norte, Este e Oeste), e sobreelevadas, em relação ao

solo. A altura destes patamares varia entre 27 cm e 40 cm e a sua profundidade varia entre 80

cm e 160 cm.

Nos muros da Tapada da Foz 1 e do Muro Alto 2 existem, com a mesma finalidade, espaços

delimitados por placas de xisto fincadas no solo, no interior dos quais se colocavam os cortiços.

Estes compartimentos, que têm cerca de 70 cm de largura, não ocupam áreas de sombra.

Nos muros de Alcântara 1 e de Garrovillas 2 também se observam pequenas caixas, de feição

cistóide, delimitadas por quatro placas de xisto fincadas no solo, na vertical, que serviam para o

encaixe dos cortiços. Estas caixas também não ocupam áreas de sombra.

Em Alcântara 1 as caixas acompanham todo o perímetro interior do muro, com excepção da área

da porta e da parte Sul devido à sombra, em número de 22. Na área vital do muro distribuem-se

em três alinhamentos paralelos (Figuras 26 e 27). Na primeira fila há três caixas, na segunda fila

existem oito e na terceira outras oito. A primeira fila de cortiços estava distanciada da central

6,55 m e esta distancia-se da terceira fila 5,8 m. No total, identificaram-se no interior deste muro

41 bases para cortiços, em forma de caixa. As medidas das caixas variam entre 47 cm x 37 cm

(medidas ortogonais) e 65 cm x 55 cm. A distância entre as caixas varia entre 1,0 m e 2,9 m.

Figura 26. Muro de Alcántara 1, vista geral (Cáceres). Fonte: AEAT.

Figura 27. Muro de Alcántara 1, suportes para cortiços (Cáceres). Fonte: AEAT.

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Em Garrovillas 2 pudemos observar seis destas caixas adossados à face interior da parede

Norte e sete agarradas à metade Sul da parede exterior do recinto.

Há muros que possuem um orifício, no local de cota mais baixa, para escoamento da água

acumulada no interior. Na face exterior, este buraco surge elevado em relação ao solo.

Na generalidade dos muros também se observa a acumulação de terra na parte inferior do

recinto, devido à erosão e ao efeito da gravidade.

Recolhemos informação da utilização do interior do muro da Febra Amarela como horta, há

cerca de 60 anos. Este muro foi então reutilizado para protecção de culturas hortícolas em

relação ao gado criado em regime extensivo na área envolvente. Actualmente, no interior de

alguns destes muros, existem oliveiras, amendoeiras, zambujeiros e diversos tipos de arbustos.

A existência de árvores, não muito altas, ou arbustos, no interior dos muros, era de todo o

interesse para os enxames se fixarem quando da sua saída, enquanto esperam pela rainha. Esta

espera facilita a sua captura. De facto, na região do médio Tejo, nos muros ocupados até há

poucos anos, são ainda visíveis as árvores ou arbustos. Paulo Dias (DIAS, 1993) regista a

mesma característica nos muros da serra do Gerês.

Alguns recintos foram utilizados como apiários até há poucos anos, principalmente na bacia do

Ponsul. São disso prova os vestígios de cortiços e colmeias móveis, abandonadas no seu

interior.

No interior de sete muros encontrámos estruturas de apoio à actividade apícola (casas de

arrumos), para guarda de alfaias melíferas ou de cortiços em desuso. E é provável que tenham

existido construções com função idêntica noutros quatro, tendo em consideração os vestígios

remanescentes que observámos. Eduardo SEQUEIRA (s/d: 240-241) designa estas estruturas

de hospedarias.

As hospedarias observadas são construções de planta rectangular e de área reduzida, inferior a

20 m2. Algumas destas construções definem espaços fechados, em alvenaria, e outras são

abertas, consistindo em simples telheiros adossados à parede interna do muro. A hospedaria

está situada, na maioria dos casos, junto da entrada do muro.

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O acesso ao interior do Muro do Vaz Preto (Figura 28) faz-se através da hospedaria e pensamos

que, no passado, o mesmo aconteceria com o Muro de Alcântara 1 (Figura 29), antes da

abertura de uma nova entrada.

O muro de Garrovillas 3 tem a particularidade de ter tido a hospedaria delimitada ou suportada

por arcos ogivais, hoje em ruína. No remate de um desses arcos, gravada sobre a cal hidráulica,

pode ler-se a seguinte inscrição: “las colmenas modelo de la sociedade perfecta”.

Figura 28. Muro do Vaz Preto, casa de apoio (Castelo Branco). Fonte: AEAT.

Figura 29. Muro de Alcántara 1, casa de apoio (Cáceres). Fonte: AEAT.

Em situações mais raras a casa de apoio podia estar no exterior, mas encostada à parede do

muro.

Alguns destes muros situam-se no interior de arraiais e montes de média ou grande dimensão.

Nas proximidades documentam-se outros elementos marcantes do espaço construído como vias

de comunicação (calçadas), casas de habitação, pontes, pombais, currais de gado e malhadas

de porcos. Em alguns casos, o proprietário do muro não é o dono da propriedade onde aquele se

situa e que o envolve totalmente.

Monumentalidade é a palavra correcta para caracterizar alguns dos muros-apiários

documentados no médio Tejo tendo em conta a sua implantação, sobre precipícios, e, em

especial, devido às suas dimensões e ao estado de conservação.

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1.3. Função

Os muros teriam como função primordial proteger os cortiços colocados no seu interior.

Actualmente, os principais inimigos dos cortiços (ou colmeias) que poderiam exigir este tipo de

construção são os incêndios (ANDRADE, 1988), o vento (ALMEIDA, 1943 e MASETTI, 1995), o

texugo (Meles meles), o saca-rabos (Herpestes ichneumon) e o próprio homem35. No passado o

urso pardo (Ursus arctos) era outro inimigo a considerar. Este mamífero pode mesmo ter

determinado o início da construção destes muros.

Vasco PAIXÃO (1974: 639), no seu Manual de Apicultura, identifica o urso e o texugo entre os

principais inimigos das abelhas. Sobre este último, afirma que “os apicultores nas regiões em

que os texugos abundam, como, por exemplo, nos arredores de Moura, estabelecem as

colmeias dentro de cercas, formadas por muros de taipa ou pedra solta, defendendo assim os

enxames, indirectamente, das suas perniciosas arremetidas.”

No entanto, no caso dos muros em apreço, entende-se que para defender os cortiços dos

texugos e dos saca-rabos não seria necessário dispor de estruturas tão altas e de construção tão

dispendiosa. Restam como inimigos os incêndios, o vento, o homem e os ursos.

Figura 30. Muro da Furada (Vila Velha de Ródão). Fonte: AEAT.

35 O javali pode também ser tido em consideração. Não para se alimentar de mel mas pelo facto de tombar os cortiços / colmeias quando os utiliza para se coçar.

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Na opinião de um especialista em incêndios, a construção dos muros-apiários não teria como

motivação principal a protecção contra incêndios, atendendo à sua implantação, em geral, junto

de cursos de água e no terço inferior das encostas. Um curso de água funciona como barreira

natural à progressão do fogo. Aí, a combustão desenvolve-se a ritmo mais lento, devido ao

coeficiente superior de humidade e à cobertura ripícola das margens.

No entanto, a localização no terço inferior da encosta constitui uma vantagem para a protecção

do apiário em relação à progressão de um incêndio. Podendo, embora, ocorrer em qualquer

ponto da encosta o sentido predominante das chamas é das cotas inferiores para as cotas

superiores, devido às correntes ascendentes. Assim, ao localizar-se na parte inferior da encosta

o muro fica mais protegido da intensidade do calor e das labaredas do que se estivesse a meia

encosta ou no topo. E, mesmo que ocorresse um incêndio junto a um muro-apiário, o fumo e o ar

quente seriam repelidos pelos beirados salientes.

Figura 31. Muro do Samarrudo 2 (Idanha-a-Nova). Fonte: AEAT.

A hipótese da estrutura que delimita os muros-apiários servir para proteger os cortiços do vento,

como defende Eduardo ALMEIDA (1943) e Nino MASETTI (1995), não pode ser excluída,

principalmente, em áreas planas e sem cobertura arbórea que sirva de barreira ao vento. Em

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áreas abrigadas dos ventos dominantes e no fundo dos vales, junto de cursos de água e de

galerias ripícolas que funcionariam como barreiras eficazes, a construção de altos muros a

rodear o apiário seria dispensada. Por este facto defendemos que a protecção contra o vento

não seria a causa primordial da sua construção.

As paredes altas proporcionam, ainda, um microclima no interior do muro-apiário, resultante do

reflexo da luz e do calor proporcionado pelos raios solares, com vantagem em termos de

precocidade da actividade da colmeia principalmente quando da formação de novo enxame.

Alguns autores defendem que os recintos murados serviriam para proteger o colmeal dos

ladrões humanos. Nino MASETTI (1995) regista também esta perspectiva. Em nossa opinião, os

muros altos poderiam ser um elemento dissuasor mas não seria impeditivo do roubo. O homem,

caso quisesse, facilmente os transporia, porque estas estruturas se localizam, maioritariamente,

em locais isoladas ou afastados de lugares habitados. Esta opinião é também partilhada por A.

Roma FÁBREGA (1975).

Figura 32. Muro do Romão (Vila Velha de Ródão). Fonte: Centro Municipal de Cultura e Desenvolvimento de Vila Velha de Ródão.

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Finalmente, a altura dos muros, a par dos beirados, permite encará-los como obstáculos à

entrada do urso pardo (Ursus arctos) no apiário. É a hipótese mais provável tendo em

consideração a existência de estruturas idênticas em zonas onde o urso sobrevive, como é o

caso das Astúrias.

Essa explicação também está documentada em Portugal. Em 1732, o padre D. Jeronymo

Contador d’Argote faz a seguinte descrição de uma silha do Gerês: “... a huma légua da Via

Militar em huma baixa existem humas silhas de pedra marmore muito bem fabricadas, quasi da

altura de sete covados (4,72 metros). Principiaõ em baixo em circuito pequeno, e acabaõ em

mayor ambito, e assim saõ as suas paredes muito inclinadas para fóra, em fórma, que parece

querem cair. O motivo desta fórma de edifício foy para que nenhuma féra, ainda por salto,

pudesse ali entrar. Eraõ estas silhas grande remedio contra os assaltos dos ursos, que

antigamente se creavaõ, discorriaõ por aquellas serras” (DIAS, 1993: 22).

No século XIV, como relata Fernão Lopes na Crónica de D. Fernando36 (1315-1383), o urso era

comum nas serras da Beira e de Riba Côa.

Figura 33. Muro da Fonte de Santa Madalena (Idanha-a-Nova). Fonte: AEAT.

36 “... E por que o çertificarom que em terra da Beira, e per riba de Côa avia boons montes dhussos e porcos em gramde avomdamça...” (LOPES, s/d:267).

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Na tradição local dos povos de Las Hurdes, no norte da província de Cáceres, os muros-apiários

serviam para proteger as colmeias da voracidade dos ursos que até ao século XIX abundavam

naquela região, segundo informação do arqueólogo António González Cordero.

No seu tratado de apicultura A. Roma Fábrega regista ter ouvido a um aldeão de Léon

(Espanha) esta mesma função (FÁBREGA, 1975: 141). Por sua vez Robert Chevet (CHEVET,

1990), especialista em história da apicultura, aponta esta mesma função para os cortins das

Astúrias (Espanha).

Na região do Vale de Roya, nos Alpes Marítimos Franceses, não há notícias de ursos; mas é

provável que tenham existido à altura da construção destas estruturas, tal como existiram na

região vizinha de Tinée (França), na qual o urso perdurou até meados do séc. XIX e em Triora

(Itália) onde há notícias da sua existência nos finais do século XIV (MASETTI, 1995).

Figura 34. Muro do Couto do Leitão (Castelo Branco). Fonte: AEAT.

No distrito de Castelo Branco não foi possível correlacionar os muros-apiários com os ursos a

partir da tradição oral. Contudo, no Dicionario Geográfico, o padre Luis Cardoso regista a

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ocorrência ocasional de ursos na serra da Gardunha37, antes de 1741 (MAPONE, 1975). Na

microtoponímia38 o termo urso surge com alguma frequência e na monografia de Tinalhas o

autor regista o costume de que “se alguém traz o cabelo em pé, desgrenhado, costuma-se

perguntar: - Viste um lobo? Ou: - Viste um urso?” (JORGE, 1996: 238).

Também se obteve uma pista, oral, dando conta que o rei D. Carlos vinha para a região de

Lardosa (Castelo Branco) caçar ursos. Este testemunho carece de demonstração porque,

historicamente, o último urso selvagem foi morto em Portugal em 1670, bem longe daqui. Mas,

se até ao século XIX o urso abundava em Las Hurdes, como escrevemos, é natural que devido

ao seu amplo raio de acção chegasse à região de Castelo Branco que dista daquela cerca de

100 km.

Figura 35. Muro da Parrocha (Castelo Branco). Fonte: AEAT.

Seria pertinente determinar, a nível geral, a representatividade dos muros-apiários na actividade

apícola, como mecanismo de protecção. Curiosamente, Vasco PAIXÃO (1974: 217) defende que

“os muros de pedra solta, porém, não devem ser empregados para esse efeito, por servirem de

37 “... tem seus silhares de colmeias e pastão nella os gados, miudo e grosso, de lãa, e pello,a carne he de especial sabor, e gosto. Traz caça miuda, e grossa, de coelhos, perdizes, javalis, corsos, veados, e rapozas e já houve quem nella vio andar ursos.” (MAPONE, 1975, 16; citando o Dicionário Geogràfico do padre Luiz Cardoso). 38 Citem-se como exemplos lapaduço (ou Lapa do Urso) em Castelo Branco, Covão D´Uço, em Vila Velha de Ródaõ, e Vale do Urso e vale da Ursa, em Proença-a-Nova.

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esconderijo, a vários inimigos das abelhas, como lagartos, sapos, vespas e aranhas.” Estas

características podem ter condicionado um uso generalizado destas estruturas como meios para

proteger os apiários.

Figura 36. Silhas de cortiços, Soalheiras (Idanha-a-Nova). Fonte: AEAT.

1.4. Cronologia39

Os muros-apiários não têm sido alvo de estudo rigoroso que permita determinar cronologias

seguras relativas ao momento da sua construção. As hipóteses que têm sido apresentadas

remetem a generalidade destas construções para as épocas Moderna e Contemporânea.

Vasco PAIXÃO (1975) atribui ao termo muro uma origem oriental. O termo e a respectiva técnica

que designa teriam sido introduzidos na Península Ibérica pelos árabes e judeus (oriundos da

Síria e Palestina mas radicados no Norte de África), quando da invasão no séc. VIII, e

corresponderia primitivamente a um empilhamento de cortiços de forma a constituírem um muro,

à maneira dos apiários egípcios. Com a reconquista cristã “perdeu-se a técnica da sua

montagem, mas ficou o nome, cercando-se hoje os apiários para os defender dos texugos e dos

ratoneiros, quando outrora os «muros» eram somente instalações abertas de cortiços

39 A elaboração deste capítulo teve colaboração de Fernando Branco Correia como co-autor em trabalho anterior (HENRIQUES et al., 2000).

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empilhados” (PAIXÃO, 1975:4). De acordo com esta tesa, a designação muro aplicava-se ao

colmeal e não propriamente à cerca que o envolveria, ou passou a envolver.

Os muros-apiários de Ribeira Sacra do Sil (Galiza - Espanha) ultrapassam os 200 anos de idade,

segundo Manuel CES (s/d), que obteve tal informação através de pessoas idosas da população

local.

Na área do Parque Nacional da Peneda Gerês o autor do desdobrável Trilho Interpretativo das

Silhas dos Ursos (GINJA, 2003) data o talameiro, documentado, dos finais do séc. XV –

princípios do séc. XVI e o muro circular dos finais do séc. XVI.

Na hipótese dos muros-apiários serem estruturas para protecção dos cortiços relativamente ao

urso somos remetidos, no caso de Portugal, para períodos históricos anteriores ao séc. XVII, ou

seja, antes da data canónica (documentada) de 1670 (ANTUNES, 1993), atribuída ao abate do

último urso selvagem em Portugal, que ocorreu na área da Peneda-Gerês40.

Para a região de Monegros (Aragão – Espanha41) Robert CHEVET (2003) refere dificuldade em

datar estas estruturas, mas defende que a maior parte delas são da primeira metade do século

XX, ainda que haja algumas que possam ser mais antigas. Relativamente aos cortins asturianos

refere que “devem ser bem antigos”.

No caso do Vale de Roya (Sul de Franca), Nino MASETTI (1995) defende que a quase

generalidade dos muros-apiários ali existentes datam dos séculos XVI a XIX. Reforça esta

hipótese com a descoberta de duas inscrições lavradas sobre pedra e integradas na estrutura

dos muros de Ru Sec (nº 4) e de Durasca - Groa. No primeiro, está gravada a data 1612 e as

iniciais GHSL (Gesù Hominum Salvator) com uma cruz latina. No segundo, podem ler-se as

iniciais L F e data 1609, apontando L F como prováveis iniciais do proprietário (Lanteri

Francesco?42). Entretanto, e com as devidas cautelas, regista dois muros-apiários que podem

remontar ao século XIV (Nogaré nº 24 e Mergiora nº 42), ambos em Brigue. No alto vale do

Roya, os últimos muros a serem construídos datam da segunda metade do século XIX (1868 e

1895 [?]).

40 Afirma SEQUEIRA (s/d: 237) que os "nossos primeiros monarcas que, em vários forais, determinaram, entre largas medidas de protecção às abelhas, a paga anual pelos foreiros ao senhorio, de um certo número de mãos de urso... muito concorreu para a rápida extinção, no nosso país, do grande carnívoro do velho continente". 41 Para esta região de Espanha ver também CHEVET & RIVAS, 2008. 42 Na época, e ainda hoje, Lanteri era um nome comum em Brigue com ligações à apicultura.

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Para a região de Castelo Branco são escassos os elementos que nos permitam, neste momento,

estabelecer a evolução e a cronologia destas estruturas. Para atingir esses objectivos é

essencial continuar a investigação documental e promover trabalhos de investigação

arqueológica nos recintos que ofereçam condições para o efeito. De qualquer forma, a

diversidade já documentada, quer ao nível do aparelho utilizado, quer das dimensões das

paredes, permite admitir estarmos perante construções atribuíveis a diferentes épocas.

Era grande a importância do mel na Idade Média. Vários historiadores têm encontrado múltiplas

referências à existência de abelhas nos campos do Portugal medieval. E, como se poderá ver,

alguns dos testemunhos mais antigos acerca do aproveitamento das abelhas durante o período

medieval dizem respeito ao território da actual Beira Baixa ou Beira Interior em geral.

Figura 37. Muro Caiado (Idanha-a-Nova). Fonte: AEAT.

Na verdade, há alusões muito concretas à criação de abelhas na Beira, durante o período

islâmico. A apicultura está bem documentada no território de Idanha durante estes séculos. A

respeito do território de Antaniya (a antiga Egitânia), o cronista Ahmad al-Râzî diz, entre outras

coisas, que o "…território desta vila é propício à criação de gado, à caça e à criação de abelhas."

(COELHO, 1972: 43-44).

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Estas actividades, que se encontram documentadas no período islâmico, já existiam, decerto,

em períodos históricos anteriores e tiveram continuidade a partir do momento em que estes

territórios foram integrados na coroa portuguesa.

Para o período islâmico convém referir que o mel e a água-mel / hidromel eram muito apreciados

e, em alguns casos, eram recomendados com fins medicinais (BOS, 1997).

Alguns historiadores actuais têm demonstrado a importância da apicultura durante o período

medieval cristão, salientando mesmo a sua importância a nível do comércio externo com outros

territórios europeus.

"As abelhas, laborando nos seus refúgios naturais ou em colmeias que o homem

estrategicamente colocava, eram penhor de mel, o adoçante por excelência da Idade Média, e

de cera, fundamental para a iluminação, sobretudo numa sociedade religiosa. Mas por entre a

vegetação mais rasteira ou de mais alto porte, mais densa ou mais rarefeita, corriam também os

animais selvagens. Fossem os de grande corpulência – urso, javali, porco montês, lobo – ou os

mais pequenos, onde o coelho se destacava." (COELHO, 1996: 262).

"Entre as actividades recolectoras, destacavam-se ainda a recolha de mel e de cera, quer dos

favos das abelhas selvagens quer das domesticadas…" (MARREIROS, 1996: 440). Esta autora

refere, ainda, vários forais medievais, bem como posturas concelhias que se referem à cera e ao

mel, bem como outros tipos de documentos respeitantes a colmeias e a crestadeiras de cera.

Também refere a existência, na conhecida lei da almotaçaria de 1253, de tabelas que regulavam

as cargas de cera, e lembra que, nos forais dos concelhos de Riba-Côa há constantes

referências à figura do mellitor e do colmenero (ibidem, p. 440).

A produção de mel e cera era importante no Portugal medieval; nos finais do século XIII esses

dois produtos encontravam-se entre os que exportávamos para a Flandres (MARQUES, 1996:

515), saindo também pelas fronteiras terrestres, com o vizinho reino de Leão e Castela

(MARQUES, 1996: 517 e 519).

A estrutura do muro da Febre Amarela (Idanha-a-Nova) encerra uma quantidade apreciável de

materiais arqueológicos datáveis da Época Romana, oriundos do sítio arqueológico contíguo

(HENRIQUES, CANINAS & CHAMBINO, 1993), o que permite supor a sua construção, ou

reparação, em período posterior à ocupação daquele povoado (Figura 38).

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Figura 38. Muro da Febra Amarela (Idanha-a-Nova). Fonte: AEAT.

No muro dos Moinhos do Conde (Castelo Branco) a parede, com aparelho de placas de xisto

horizontais, encerra algumas fiadas de pequenas placas dispostas em espinha, de modo idêntico

ao que se observa no compartimento S do povoado fortificado do Castelo Velho de Alcoutim,

datado do período Medieval (Islâmico) (CATARINO, 1997/98: est. CLXXXI, 2).

A técnica de construção em espinhado, para além de evidenciar uma remota semelhança com o

opus spinatum de época romana, tem variadíssimos paralelos em outras construções medievais,

sobretudo de época islâmica, havendo exemplos em muros da cidade de Saltés (província de

Huelva, Espanha) e no chamado "castro da Cola" (no concelho de Ourique – VIANA, 1960: 224-

225, estampa XVII – 2).

Esta circunstância não deve, porém, levar ninguém a atribuir a esta fase específica do período

medieval a cronologia destas construções. Contudo, não se pode esquecer que algumas

técnicas de construção antigas acabaram por ganhar adeptos e criar raízes em certas zonas

geograficamente mais afastadas dos grandes centros inovadores e, por isso, e por isso com

arcaísmos que perduraram no tempo.

Como se viu anteriormente, três documentos (HORMIGO, 1998, CASTELO BRANCO, 1998 e

CIDHM, 2003), datados de 1505 os dois primeiros e de 1537 o terceiro, relativos à região de

Idanha-a-Nova e Penamacor, referem a existência de malhadas de colmeias, muro de colmeias

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ou silha de colmeias que considerámos serem estruturas de protecção a cortiços. Deste modo,

parece seguro remontar até ao início da modernidade os muros-apiários da região de Castelo

Branco, a uma época de fomento da actividade produtiva e de atribuição de novos forais a

diversas povoações.

Se, por um lado, é plausível remontar a construção destes muros-apiários à Alta Idade Média, ou

mesmo à Época Romana, a, hipotética, sobrevivência do urso pardo até época recente, em

largas parcelas do território português (montanhoso e/ou interior), motivaria a construção (e/ou

manutenção) de muros-apiários, com paredes robustas, até quase à actualidade, documentando

uma longa duração para estes instrumentos de defesa dos apiários.

É provável que os muros mais baixos e sem beirado possam corresponder a um período

histórico em que o urso deixou de ser motivo de preocupação.

2. O néctar dos deuses43

Os rios Tejo e Erges e um arco montanhoso formado pelas serras da Malcata, Gardunha,

Moradal e Talhadas delimitam uma área com características naturais muito peculiares. A Malcata

e a Gardunha dificultam a progressão dos ventos gelados do norte, enquanto a leste, encostada

ao rio Erges, uma barreira montanhosa de menor altitude diminui o impacto dos ventos gelados

de Espanha. Ao longo de séculos, o campo albicastrense, a campina da Idanha e o campo

raiano foram sendo limpos de vegetação para a produção de cereais, mas os limites

circundantes, de relevo mais irregular, permaneceram cobertos de matos rasteiros e algum

arvoredo, o ecossistema propício à criação de abelhas.

No alvor da nacionalidade, os forais medievais de Castelo Branco (1213) (ROXO, 1991), Castelo

Novo (1202) (MAPONE, 1975), S. Vicente da Beira (1195) (PRATA, 2001) e Sarzedas (1212)

(OLIVEIRA, 1987) referiam já o comércio da cera, a par do pão, do vinho e do azeite. Em todos

estes forais, o valor a pagar de portagem, por carga de cera, era de cinco soldos.

A primeira referência ao mel, de que temos conhecimento, surge-nos na colheita devida pelos

concelhos de Sarzedas e S. Vicente da Beira, no reinado de D. Afonso III, em meados do século

43 A elaboração deste capítulo é da responsabilidade de um dos autores (J. Teodoro Prata).

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XIII. Em caso de visita régia, cada um dos concelhos tinha de entregar 1 almude de mel, sal,

manteiga e vinagre; de vinho, 2 moios (Sarzedas) ou 1 moio e 6 almudes (S. Vicente); 100 ovos;

300 pães; 1 vaca, 2 porcos, 5 carneiros, 15 galinhas, 2 leitões e 2 cabritos, estes dois últimos só

pelas Sarzedas. Sal, manteiga e vinagre para as carnes, pão e vinho para acompanhar e os

ovos e o mel para os doces. Segundo os cálculos de Iria Gonçalves (GONÇALVES, 1994), cada

concelho poderia alimentar, por um dia, uma comitiva real composta por 250 a 350 pessoas.

Figura 39. Terrenos cultivados e matagais, na Beira Baixa, em 1864 (Orlando Ribeiro, Le Portugal Central, citado por ANDRADE, 1949).

O comércio do mel e da cera foi regulamentado na reforma dos forais, promovida por D. Manuel I

(DIAS, 1961), datando quase todos de 1510, excepto os de Sarzedas e S. Vicente, que são de

1512. Nestes, foi fixada a mesma norma para o pagamento da portagem pelos produtos

transaccionados: «De cera, mel, Azeite, sevo, unto, Queijos secos, Manteiga salgada, Pez,

Razina, Breu, Sabam alcatram, por carga nove Reais. E quem conprar pêra seu uso atee hum

real de portagem nam pagará».

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Mas o foral de Penamacor acrescentava uma particularidade local, na parte referente às

medidas de peso usadas no comércio: «As medidas meúdas do vinho e asy do azeite e mel sam

do Concelho». Também o foral das Sarzedas referiu uma particularidade local, mas sobre a

produção de mel. No capítulo Montados, regulava a actividade dos apicultores de fora do

concelho: «E per este Respeito nom poderá ninguem de fora do dicto termo tomar silhas pera

colmeias sem licença ou concerto de nossos officiaes. E fazendo se se levará de cada colmeia

quatro Reais por Colmeia e majs nam».

A Sobreira Formosa, pertencente ao mesmo senhorio das Sarzedas, tinha igual norma, pois

possuem características naturais comuns para a prática da apicultura, que são as da charneca,

região onde se insere também todo o concelho de Vila Velha de Ródão e a parte oeste do extinto

concelho de S. Vicente da Beira.

Segundo o Dicionário Morais, publicado em 1789, silha ou silhar era a pedra em que assentava o

cortiço ou designava o conjunto de cortiços de abelhas, dispostos em local apropriado para a

procriação delas e a fabricação do mel. A charneca, coberta de matos rasteiros e relevo

irregular, que permitia a existência de locais soalheiros e abrigados dos ventos gelados do

nordeste, características especialmente adequadas para a apicultura, era pois escolhida por

apicultores de fora para ali colocarem os seus cortiços de abelhas.

Neste século XVI, outro documento nos comprova a prática generalizada da apicultura nesta

região (ROXO, 1890). Em 1550, o Bispo da Guarda e o Mestre da Ordem de Cristo fixaram a

colheita que os lugares da Ordem de Cristo (Castelo Branco, Ródão, Idanha, Segura,

Salvaterra…) deviam ao bispo da Guarda pela Visitação. A vila de Castelo Branco era

frequentemente visitada pelo bispo, em missão religiosa, mas também para fugir aos rigores do

clima na sede da diocese. Por este motivo, ali iniciou a construção da sua residência de Inverno,

em finais deste século.

O concelho de Castelo Branco devia ao bispo da Guarda 2 alqueires de mel, além de trigo,

cevada, vinho, vacas, porcos, carneiros, galinhas, ovos, pimenta, alhos, cebolas, manteiga, cera,

linho, lenha, dinheiro, sal, vinagre e pousadas. Era uma receita alimentar muito semelhante à

receita medieval atrás referida. A alimentação baseava-se ainda no pão, carne, agora temperada

com mais requinte, vinho e doces, para os quais não faltava o mel, em quantidade significativa.

O contributo dos restantes lugares da Ordem de Cristo seria muito semelhante a este.

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Por esses tempos, também no litoral o mel ocupava um papel importante na dieta alimentar. Gil

Vicente, no Auto da Índia, conta-nos que um marido embarcado para a Índia deixara à esposa

«…pera três anos / trigo, azeite, mel e panos» (FIÚZA, 2007). E, nos séculos seguintes, o mel

continuou a ter o papel de adoçante quase exclusivo, apesar da posterior abundância do açúcar

brasileiro. Apenas nos séculos XIX e XX, sobretudo nos meados deste, se deu a grande

mudança na doçaria regional. Por esta razão, não surpreende a abundante informação do século

XVIII, sobre o mel e a cera.

Logo nos inícios do século, a documentação referente às visitações eclesiásticas incidia sobre

um aspecto ainda não focado neste estudo: a larga utilização da cera para iluminação dos

templos, nos ofícios religiosos. Em 1709, fixaram-se os usos e costumes da vigararia de S.

Vicente da Beira44. Desta, o curato do Ninho do Açor recebia, além dos bens para sustento do

cura, «…as velas que sobejam das trevas e serpentina e os pingos da cera de Quinta-Feira

Santa, que tudo se lhe dá de tempo imemorial por obrigação e tem mais de oferta uma galinha

dos esposados que casam e uma quarta de trigo e uma vela de cada baptizado…». No curato do

Freixial do Campo, aplicavam-se as disposições estabelecidas para o Ninho e acrescentou-se

que «…a comenda dá para a igreja toda a cera necessária…». A comenda era da Ordem de

Cristo, que beneficiava dos rendimentos religiosos da paróquia e por isso pagava as despesas

da igreja e o sustento do cura. Semelhantes disposições foram fixadas para a Igreja de S. Pedro

do Salgueiro, em 1750, pelo Visitador Simão da Costa Monteiro. Pelo que conhecemos, estas

regras ou outras semelhantes eram comuns às igrejas da diocese da Guarda.

Poucos anos antes, o Padre Luís Cardoso iniciara os inquéritos aos párocos de todo o Reino, na

tentativa de elaborar um dicionário geográfico. O trabalho foi interrompido pelo terramoto de

1755, no qual se perdeu quase todo o material recolhido. Mas os primeiros dois volumes foram

ainda publicados e deles temos informação de 1741, relativa à serra da Gardunha, na área do

concelho de Castelo Novo (MAPONE, 1975): «…tem seus silhares de colmeias e pastão nella os

gados, miúdo e grosso de lãa, e pello, a carne he de especial sabor e gosto. Traz caça miúda, e

grossa, de coelhos, perdizes, javalis, corsos, veados, lobos e rapozas, e já houve quem nella vio

andar ursos».

44Inquirição às capelas da vila de S. Vicente da Beira, Maço 2108, Câmara Eclesiástica de Castelo Branco, Arquivo Nacional da Torre do Tombo (Lisboa).

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Após o Terramoto de Lisboa, o projecto foi retomado, mas a maioria das informações recolhidas

tinham sido devoradas pelo fogo e as existentes estavam já desactualizadas. O Governo de

Pombal e a Igreja promoveram então a recolha de novas informações junto dos párocos, cujas

respostas ficaram conhecidas por Memórias Paroquiais.

Na parte referente ao rendimento anual a que os párocos tinham direito, em muitos casos, foram

incluídos também os bens destinados ao culto religioso. A título de curiosidade, apresentamos a

lista mais completa que encontrámos nas respostas dos párocos. O tesoureiro da igreja de S.

Tiago, em Penamacor, tinha de renda: 30 alqueires de trigo para hóstias, 10,5 almudes de vinho

cozido para as missas, 116 arráteis de cera para as missas conventuais, 4$000 réis, 2$000 réis

para ensinar a doutrina, 10 arráteis de sabão para lavar a roupa, 4 arráteis de incenso para as

missas conventuais e 7,5 alqueires de azeite para a lâmpada.

Além desta igreja, os lugares que indicaram a cera que a igreja recebia foram: Alcafozes (2

arráteis), Aldeia de Santa Margarida (20 arráteis de cera), Ladoeiro (1 arroba), Oledo (1 arroba),

S. Miguel d´Acha (30 arráteis de cera branca velada), Zebreira (1 arroba de cera branca) (SILVA,

2003); Lardosa (40 arráteis), Louriçal do Campo (cera à parte), Póvoa de Rio de Moinhos (cera

necessária para todo o ano) (SILVA, 2004); Castelo Novo (2 arrobas de cera velada), Orca (20

arráteis), Póvoa da Atalaia (1 arroba), Soalheira (30 arráteis de cera branca), Zebras (12 arráteis)

(SILVA, 1993).

Em termos de equivalência com o sistema métrico decimal, o arrátel corresponde a 0,340 kg e a

arroba a 11 kg. Todas as igrejas, mesmo as dos lugares não indicados, receberiam anualmente

a quantidade de cera necessária ao serviço religioso, certamente em forma de velas (velada).

Tal realidade implicava intenso comércio da cera, comprada aos produtores de colmeias e

transportada para as oficinas, onde era transformada em velas. Estas faziam, depois, a viagem

de retorno e eram vendidas, em todos os lugares onde existissem igrejas e capelas, por serem

imprescindíveis ao culto religioso.

Na região em estudo, os locais identificados com relevo na produção de mel e cera foram os que

constam do Quadro 2. A ordem seguida é a dos ponteiros do relógio.

Como se constata, a produção de mel ombreava com a dos bens essenciais, como os cereais, o

azeite e o vinho. Há a destacar o lugar de Monfortinho, em que o mel era a principal produção.

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Também as margens da ribeira da Baságueda, na serra da Malcata, produziam muito mel, pois o

prior de Penamacor - Santa Maria referiu a existência de malhadas de colmeias, que eram

cercas de resguardo para as abelhas (SILVA, 1988).

Tendo em conta as diferentes fontes consultadas, podemos concluir que a produção de mel

estava concentrada na zona raiana, da Malcata ao Tejo, e na charneca, a oeste, do Tejo às

encostas da Gardunha. Na zona central, de matagais espaços, mais aproveitada para a

agricultura, a produção era mais reduzida.

Conhecemos os produtores de colmeias de Monsanto, pelos registos da cobrança da décima,

imposto que incidia sobre todos os bens e todas as actividades rentáveis45. No ano de 1788,

pagaram décima pelas colmeias: Jozé Ignacio Antunes, Manoel Geraldes Duram, Joze

Fernandes Conde, Francisco Martins Bringuilhe, Manoel de Andrade Barbeiro, Manoel Rodrigues

Pastor e Manoel de Páscua. Este último apenas se dedicava à produção de colmeias e era o

maior apicultor da vila, pagando anualmente $240 réis de décima, o que significa que as suas

colmeias rendiam cerca de 2$400 réis. Os dois vizinhos imediatamente anteriores, além do ofício

que cada um exercia, barbeiro e pastor, apenas se dedicavam mais à criação de abelhas.

Também possuímos informações relativas aos lugares do extinto concelho de S. Vicente da

Beira. Em 1775, 40 famílias do concelho pagaram imposto pela produção de colmeias46. Na

freguesia da sede do concelho, esta actividade ocupava um lugar de destaque, apesar do vigário

não a ter referido, nas Memórias Paroquiais, o que nos permite concluir que a produção de mel e

cera era, em geral, ainda maior do que o referido nestas fontes. Na vila e em todos os montes da

freguesia se criavam abelhas. O Capitão-Mor Francisco Luís Esteves, morador na vila e falecido

em 1764, deixou em testamento47, além de um olival por cima da Azenha Nova, «…metade das

colmeias a sua sobrinha religioza Ângela Maria de Jesus e a outra metade que ficava a Joze

Paulo desta vila...». O Tripeiro era um caso excepcional nesta freguesia, pois 9 dos 13 vizinhos

deste casal produziam colmeias. Estes criadores de abelhas eram seareiros e jornaleiros, gente

humilde, a maioria sem terra própria, que garantiam, na criação de gado e na apicultura, um

ganho suplementar. Mas no Sobral do Campo, mesmo ao lado, alguns dos produtores de

colmeias eram grandes lavradores48

45 Décima, 1788, Caixa 1, Câmara Municipal de Monsanto, Arquivo Distrital de Castelo Branco. 46 Décima, 1775, Maço 18, Câmara Municipal de S. Vicente da Beira, Arquivo Distrital de C. Branco. 47Registos Paroquiais de S. Vicente da Beira. Óbitos, Microfilme 145, Arquivo Nacional da Torre do Tombo (Lisboa). 48Décima, 1775, Maço 18, Câmara Municipal de S. Vicente da Beira, Arquivo Distrital de C. Branco.

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Quadro 2. Produção de mel e cera nas Memórias Paroquiais de 1758.

Localidade Referências

Penamacor

(Santa Maria)

Frutos da terra: abundância de trigo, centeio, milho, feijões, grãos, vinho, azeite, mel, hortaliça e alguma fruta.

As margens da ribeira da Baságueda tinham várias malhadas de colmeias.

Nos montes havia animais selvagens e serviam de pastos para os gados e de sustento para as abelhas.

Penamacor

(S. Tiago)

Frutos da terra: abundância de trigo, centeio, milho, feijões, grãos, vinho, azeite, mel, muita hortaliça e alguma fruta.

Nos montes havia animais selvagens e serviam de pastos para os gados e de sustento para as abelhas.

Penha Garcia Frutos da terra: centeio, trigo, azeite, cera e mel.

A serra da Gardunha49, povoada de sobreiros, produzia sobretudo mel e cera.

Monfortinho Frutos da terra: pão e, em maior abundância, mel.

Salvaterra Os montes Novo e Velho, com azinheiras e sobreiros, produziam muito mel.

Segura Frutos da terra: trigo, centeio, cevada e algum mel.

Rosmaninhal Frutos da terra: abundância de trigo, centeio, cevada e algum mel.

Monsanto

(S. Miguel)

Frutos da terra: abundância de trigo e centeio, alguma cevada, milho e feijão, muito vinho, bastante azeite e algum mel.

Serra Monracha: os matos bravos e as árvores silvestres serviam para a pastorícia de cabras e para colmeias.

Monsanto

(S. Salvador)

Frutos da terra: trigo, feijões, centeio, cevada, milho, azeite e mel, tudo em abundância.

Serra Ramillo: os matos maninhos serviam para colmeias, de que eram povoados. O mel que produzia era branco.

Monforte Frutos da terra: trigo, centeio medianamente, azeite e mel que baste.

Escalos de Baixo Frutos da terra: abundância de centeio, trigo, azeite, feijões e milho, colheita mediana de vinho, cera e mel.

Malpica Frutos da terra: abundância de centeio, trigo, mel e queijos.

Vila Velha de Ródão Frutos da terra: em maior abundância pão, azeite e mel.

Fratel A serra (do Penedo Gordo ou de Vila Velha) era de matos maninhos e ásperos, que só serviam para sustento e criação de abelhas, as quais em algumas partes da dita serra se criavam em abundância.

Sarnadas Frutos da terra: maior abundância de azeite, pão e algum mel.

Sarzedas Frutos da terra: abundância de centeio, pouco trigo e cevada, abundância de feijão preto, azeite, mel, cera e linhos, algumas castanhas, milho grosso e miúdo.

Almaceda Frutos da terra: abundância de centeio e milho grosso, alguma castanha, bastante azeite, mel e ceras, algum feijão branco, pouco trigo e vinho e muito linho galego.

Sobral do Campo Frutos da terra: abundância de centeio e azeite, milho, feijões, linho, vinho e mel.

49 Chamamos Gardunha à serra que separa o vale do Zêzere do campo albicastrense, mas o termo também designa a serra raiana que desce paralela ao rio Erges.

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Nesta época, a alimentação das abelhas estava protegida pelas posturas municipais. Em São

Vicente da Beira, as reuniões do senado da Câmara, de 30 de Abril e 20 de Maio de 1769,

estipularam que «o pastor que for achado em barroca que tenha colmeias terá de coima cem

réis» e «toda a pessoa que roçar matos maninhos ou em terras que não forem próprias ou

arrendadas, junto das colmeias, terá de coima duzentos e cinquenta réis.» Foram dezenas as

posturas estabelecidas nestas reuniões, para as quais foram convocadas «…as pessoas que

têm servido na república e mais povo e procuradores dele, procedendo primeiro aos pregões

públicos para se juntarem para o efeito de se ouvirem sobre as posturas que se determinaram

fazer por as antigas estarem muito confusas e pouco racionáveis para utilidade da

república…»50. Dificilmente, tal volume de legislação municipal seria restrita a este concelho,

pelo que podemos inferir a existência de iguais preocupações, pela protecção dos matos em que

se alimentavam as abelhas, nos outros concelhos, por iniciativa do poder central.

Também o pagamento do imposto da sisa nos dá informações sobre o tema em análise.

Anualmente, cada concelho tinha que pagar ao rei uma quantia fixa, o chamado cabeção. Essa

quantia era dividida pelas freguesias e paga pelos vizinhos, conforme os rendimentos e as

transacções de cada um. No concelho de S. Vicente da Beira51 e, certamente, nos restantes

concelhos, o cabeção devido a Sua Majestade incluía o valor de certa quantidade de cera. Em

1767, um arrátel de cera custava $320 réis e cada freguesia pagou valores correspondentes a:

Vila - vinte arráteis, Louriçal do Campo - dois arráteis; Sobral do Campo - dois arráteis; Ninho do

Açor - um arrátel e meio; Tinalhas - oito arráteis; Freixial do Campo - um arrátel e meio; Póvoa

de Rio de Moinhos - cinco arráteis. Mandava-se o dinheiro ao poder central, mas a cera também

seguia, no dorso das bestas dos almocreves e nas barcas do Tejo. Em Lisboa, o dinheiro pagava

as velas que iluminavam os escrivães das secretarias e o lacre para selar a correspondência.

Anos mais tarde, na 1.ª Invasão Francesa, em Novembro e Dezembro de 1807, o exército

napoleónico chegou a Portugal encharcado, exausto e esfomeado. O General Thiébault deixou

escrito que, na zona das Sarzedas, os soldados entraram nas casas abandonadas pelos

camponeses e saciaram-se nas talhas e nos potes de mel. Mas comeram em tal quantidade, que

ficaram doentes da barriga, tendo vários morrido (THIÉBAULT, 1817).

50Actas de Vereação, Livro 1769-1772, Maço 03, Câmara Municipal de S. Vicente da Beira, Arquivo Distrital de C. Branco. 51Sisa, 1776, Maço 25, Câmara Municipal de S. Vicente da Beira, Arquivo Distrital de C. Branco.

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Com cera se administrava o Reino e se alumiavam os ofícios religiosos. O mel também entrava

no circuito comercial, mas destinava-se sobretudo a ser consumido por quem o produzia. Era um

sinal de riqueza, para quem tinha muito pouca. Neste interior, até os mais abastados

enfrentavam a dureza da natureza, pois nela se vivia e morria. E festejava-se a vida, com

aguardente de mel e filhoses embebidas em calda de mel, coisas divinas à mão do homem.

3. Considerações Finais

Os cercados de pedra ou de taipa, que convencionámos chamar muros-apiários, representam

uma estratégia antiga dos apicultores de várias regiões da Europa e do Mediterrâneo para

protegerem os apiários contra diversos tipos de agressões, entre as quais se perfilam, em

primeiro lugar, os mamíferos melífilos.

Esta solução arquitectónica, consistindo em isolar os apiários com altos muros, não é única,

existindo outros tipos de construções com idêntico propósito, mas será talvez uma das mais

representativas à escala europeia, desde a Península Ibérica até às Ilhas Gregas. Por isso, o

seu estudo e divulgação, pode constituir elo de aproximação entre povos e culturas, pelo menos,

no espaço mediterrânico.

Como mecanismo de protecção aos apiários caiu em desuso, não se tendo conhecimento da

construção de novos muros na actualidade. Por outro lado, em diversas regiões, o conhecimento

do seu uso também desapareceu da memória popular. A par do abandono funcional e do

esquecimento, a localização de muitas destas construções em locais inacessíveis, longe dos

olhares, cada vez mais urbanizados, contribuem para o seu progressivo desaparecimento, por

falta de manutenção e por ignorância acerca do seu interesse.

Por outro lado, pelo menos em Portugal, o tema, inexplicavelmente, também é quase

desconhecido na comunidade científica e técnica, nomeadamente nos domínios do património

cultural. Contudo, o potencial de investigação destas estruturas é apreciável, tendo em conta a

possibilidade de congregarem distintos olhares, como a Arqueologia, a História documental e a

Paleobiologia.

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Na região de Castelo Branco, o inventário dos muros-apiários têm já uma expressão significativa,

faltando ainda percorrer um longo caminho para os conhecer plenamente. Quanto à sua

distribuição territorial, constata-se uma elevada concentração de estruturas na parte Sul do

concelho de Idanha-a-Nova, tal como documentado na Figura 10. Tal padrão pode resultar de

uma maior incidência das prospecções, executadas desde há várias dezenas de anos pelas

equipas da Associação de Estudo do Alto Tejo, mas pode também representar uma boa

aproximação à realidade. De facto, a intensidade da prospecção arqueológica do concelho de

Vila Velha de Ródão, onde estas estruturas são escassas, é equivalente à efectuada para a

parte Sul do território de Idanha. Por outro lado, no espaço situado entre Ródão e a Idanha, nas

freguesias de Malpica do Tejo e de Monforte da Beira, correspondentes ao Sul do concelho de

Castelo Branco, um território insuficientemente prospectado, estas estruturas ainda não foram

identificadas.

A representatividade dos muros-apiários na Região de Castelo Branco é correlativa da

importância que a produção de mel (e de cera) teve no passado desta região, e que se afirma

novamente como um produto endógeno de elevado interesse, no quadro da valorização dos

produtos gastronómicos tradicionais. Os muros-apiários podem, por isso, participar desse

esforço de promoção desta como doutras regiões.

Pela importância económica que tiveram no passado, pelo seu estado de conservação,

implantação, beleza e monumentalidade, considera-se do maior interesse continuar o inventário

sistemático deste tipo de construções.

Os muros-apiários, com características arquitectónicas arcaicas, são certamente testemunhas,

em alguns casos, de uma longa utilização, desde talvez a Idade Média até à actualidade, e

constituem um elemento importante do nosso património construído. Como tal deverão integrar

os inventários de património e estar representados nos instrumentos de ordenamento do

território, com estatuto de protecção adequado. Têm, além disso, manifesto interesse turístico-

didáctico pelo que podem constituir preciosos elementos de apoio ao desenvolvimento e à

valorização das comunidades locais.

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Agradecimentos

Agradecemos as informações e sugestões que nos foram gentilmente prestadas por: Dr. Pedro

Alonso, biólogo (Ecoloxistas en Acción de Galiza), Dr. Antonio González Cordero, arqueólogo

(Museu Arqueológico da Fundación Concha), Dr. Jesús Angel Díez Vázquez, jurista (Junta de

Castilla y Léon), Dr. Roberto Hartasánhez (FAPAS/Astúrias), Dr. Ernesto Díaz, naturalista

(Fundación Oso Pardo), Bibliotecárias da Direcção-Geral das Florestas (Lisboa), Sr. João Barata

(Rosmaninhal), Sr. António Manuel Gardete, apicultor, Engª Manuela Branco (Instituto Superior

de Agronomia), Doutor Francisco Sande Lemos, arqueólogo (Unidade de Arqueologia da

Universidade do Minho), Eng. Luis Carloto Marques, (Associação dos Apicultores do Distrito de

Portalegre), Dr. Benjamim Pereira, etnólogo, Dr. Nelson Rebanda, arqueólogo (Projecto

Arqueológico da Região de Moncorvo), Profª Drª Maria de Jesus Sanches, arqueóloga

(Faculdade de Letras da Universidade do Porto), Engº José Sousa Veloso, Sr. José Louro

Vicente (Associação dos Apicultores do Distrito de Portalegre), Comandante José Augusto Cruz,

bombeiro, Dr. Fernando Real e Dr. António Faustino de Carvalho, arqueólogos (Instituto

Português de Arqueologia), Drª Alexandra Lima, arqueóloga (Associação Profissional de

Arqueólogos), Dr. Armando Redentor, arqueólogo (Parque Natural de Montezinho), Sr. João Dias

Caninas, apicultor, Sr. José Henriques, apicultor; Sr. Joaquim Valente, apicultor, o Dr. João

Henriques Ribeiro, professor; Sr. Nino Masetti, investigador apícola (APISTORIA), Sr. Gaby

Roussel, investigador apícola (APISTORIA), Sr. José Maria Serra Saraiva, antigo guarda e

vigilante da natureza (Associação dos Amigos da Serra da Estrela), Dr. Paulo Ramalho,

antropólogo, Engª Paula Henriques (Aliança Florestal).

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Décima, 1775, maço 18, Câmara Municipal de S. Vicente da Beira, Arquivo Distrital de Castelo

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Beira, Arquivo Distrital de Castelo Branco.

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Anexo 1. Extracto das páginas 21 a 24 do Tratado brebe de la cultivacion y cura de las colmenas compuesto y ordenado por Luys Mendez de Torres. Dirigido al Ilustrissimo señor don Beltran de la Cueba duque de Alburquerque marques de Cuellar & C. Alcalá de Henares, 1586.

Capítulo IV. En que se dize, que tal ha de ser el asiento para las colmenas.

En lo que toca al sitio y lugar del colmenar, es de saber, que las avejas quieren lugar abrigado hazia al

sol: y por esto es bien ponerlas que esten en lugar que les de el sol en saliendo en el invierno, que sien

parte umbria las pusiessen, aunque en el estio lo suffriessen con trabajo y peligro dellas, en el invierno

perecerían. Ansí mismo han de estar guardadas del viento cierzo, porque les haze notable daño en el

invierno. La fundación del colmenar ha de ser en valle, o en parte donde puedan ser guardadas del dicho

cierzo, y puedan campear, sin que les haga daño el ayre: porque quando las avejas vienen cargadas, no

las derribe, o las yele: Tambien se ha de procurar, que siendo valle, no sea lugar abahado, o donde suela

andar niebla: porque los muchos vapores, o niebla, lese s muy dañoso, y com qualquiera destas cosas

las haze enfermar, y no trabajar. Tambien se ha de procurar, que alcancen agua muy cerca, porque es

una de las mas principales cosas de que se haze la miel, fuera de las flores y rocio: y procurese que sea

corriente, y no embalsada, porque la corriente esta mas pura, y limpia de excrementos. Fuera desto, en la

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balsa, viniendo a tomar el agua, caen y se ahogan, y perecen muchas: y en la corriente las ayuda a

levantar. Mas sino uviere agua corriente, sino embalsada, hagan este remédio, Tomen pedazos de

corcho, o ramas de leña menuda, y echenlas en la dicha balsa: porque haziendo esto se assentaran en

los corchos, o leña, y no tendran ningun peligro de ahogarse. El lugar donde se hiziere el colmenar, ha de

ser espacioso, y en ladera, porque quando lloviere no se detenga el agua, por que ultra de que en el

invierno les haze mucho daño, la humidad derriba mucho las tapias. Y procurese de assentar en el las

colmenas en parte donde les de el sol en saliendo, porque alientan mucho com el en el invierno, y las

defiende del frio: y por esta razon cada hilera de colmenas esta una de outra, tanto, quanto no pueda ser

impedimento la sombra de las unas a las otras, y a todas las de el sol a la par: y que esten las colmenas

en las dichas hileras lo mas junto que sea possible, porque estan assi mas abrigadas y se calientan unas

com otras. La estancia dellas ha de ser muy limpia de yerva: porque al tiempo del estio, estando la yerva

seca, puede encenderse el fuego en ella: y tambien porque impide a las avejas, quando vienen cargadas

com su labor. Y assi será bueno antes de assentar las colmenas, rozar la yerva como si fuesse para

hazer heras para trillar el pan. Adviertase tambien, que si uviere necessidad de paredes, assi porque

dentro no puedan entrar ladrones, como porque no entren ossos, se han de hazer de manera, que no

impidan el sol a las colmenas. Tambien es cosa provechosa para las avejas, que aya junto a ellas dos o

três arboles grandes, segun la qualidad de la tierra, con tal que la sombra dellos no pueda empecer, ni

hazer sombra a las colmenas, porque solo sirven los arboles para el tiempo del enxambrar: si alguna

enxambre se sale, se suelen assentar en ellos, y como en juntarse se detienen algo, puede el dueño

ponerlas en cobro, y para que no vayan lexos. Los arboles para este effecto son almendros, enzinas,

azebuches, espinos: y han de estar desmochados, y que no se crien altos, porque com mas facilidad se

pueda en ellos coger el enxambre.

Tambien es cosa muy buena, que en el colmenar aya ruda, plantada junto a las colmenas a la redonda: y

no tan cerca, que les haga sombra o les impida el entrar, y el salor: porque desta yerva huyen todas las

savandijas ponzonõfas, segun dize Cornelio y Dionysio Uticenses. Tambien es cosa necessaria tener una

casa en el colmenar, para el tiempo de la castrazon, para meter la miel que fueren castrando: porque las

avejas muchas vezes no dan lugar a que se haga bien, cargandose sobre los cueros de la miel, y

seguiendelos hasta los pueblos donde la llevan. Y aprovechan tambien, para tener en ella los corchos

bien entrenzados y embarrados, para el tiempo del enxambrar, y para que los ladrones teman, aviendo

casa, que dentro della esta alguien, por miedo de lo qual, dexan muchas vezes de hazer salto.

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Anexo 2. Reprodução fac-similada do texto de Vasco Paixão, intitulado O Muro. Problema para os Historiadores da Linguagem, publicado no Jornal As Abelhas, 208, em 1975. São Mamede de Infesta.

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Anexo III. Inventário dos muros-apiários da região de Castelo Branco e zona envolvente.

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Lista dos muros-apiários citados no texto e na cartografia

Nº referência, designação, localização (província, concelho ou localidade)

01 - Muro do Romão (Vila Velha de Ródão);

02 – Parrocha (Castelo Branco);

03 – Cabeço Redondo (Castelo Branco);

04 – Muro Alto (Castelo Branco);

05 – Ponte da Munheca (Castelo Branco);

06 – Rasteira (Castelo Branco);

07 – Moinhos do Conde (Castelo Branco);

08 – Coito do Leitão (Castelo Branco);

09 – Muro do Vaz Preto (Castelo Branco);

10 – Fraga dos Galhardos 1 (Idanha-a-Nova);

11 – Fraga dos Galhardos 2 (Idanha-a-Nova);

12 – Fraga dos Galhardos 3 (Idanha-a-Nova);

13 – Coito dos Caturros (Idanha-a-Nova);

14 – Vale do Gamo (Idanha-a-Nova);

15 – Monte das Piçarras (Idanha-a-Nova);

16 - Marmeleiro (Idanha-a-Nova);

17 – Muro Alto 1 (Idanha-a-Nova);

18 – Febra Amarela (Idanha-a-Nova);

19 – Muro Caiado (Idanha-a-Nova);

20 – Muro do Ti Furriel (Idanha-a-Nova);

21 - Dehesa de la Puente Piedras Albas);

22 - Silha (Idanha-a-Nova);

23 - Ribeira do Vale de Lobo, Idanha-a-Nova);

24 - Los Leones (Piedras Albas);

25 - Alcántara 1 (Alcântara);

26 - Alcántara 2 (Alcântara);

27 – Ribeiro do Cavaleiro (Idanha-a-Nova);

28 – Amieiro (Idanha-a-Nova);

29 – Fervedouro (Idanha-a-Nova);

30 – Casa da Coreta ou de Santo António (Idanha-a-Nova);

31 - Casas do Dr. Tonelo 1 (Idanha-a-Nova);

32 - Casas do Dr. Tonelo 2 (Idanha-a-Nova);

33 - Ciadas (Idanha-a-Nova);

34 - Fonte Ferrenha (Idanha-a-Nova);

35 – Fonte da Pasteira (Idanha-a-Nova);

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36 – Guedelha (Idanha-a-Nova);

37 – Muro do Marrafinha (Idanha-a-Nova);

38 – Nave da Azinha (Idanha-a-Nova);

39 – Ribeira do Aravil (Idanha-a-Nova);

40 – Tapada da Coreta (Idanha-a-Nova);

41 – Vale Mosteiro (Idanha-a-Nova);

42 – Vale da Azinheira (Idanha-a-Nova);

43 – Vale Pórros (Idanha-a-Nova);

44 – Samarrudo 1 (Idanha-a-Nova);

45 - Samarrudo 2 (Idanha-a-Nova);

46 – Fonte da Santa Madalena (Idanha-a-Nova);

47 – Muro da Furada (Vila Velha de Ródão);

48 – Muro do Tostão (Vila Velha de Ródão);

49 – Chão das Retortas (Mação);

50 – Sobreiro da Águia ou Horta Redonda (Castelo Branco);

51 – Péguia do Muro (Castelo Branco);

52 – Rei Adão (Gavião);

53 – Lameirão (Nisa);

54 – Brozas (Cáceres);

55 - Garrovillas 1 (Cáceres);

56 - Garrovillas 2 (Cáceres);

57 - Garrovillas 3 (Cáceres);

58 - Nunomoral 1 (Cáceres);

59 – Nunomoral 2 (Cáceres);

60 – Tremal (Idanha-a-Nova);

61 – Foz da Ribeira do Lapão (Castelo Branco);

62 – Azenha do Monte Muro (Castelo Branco);

63 – Vareda (Castelo Branco);

64 – Fonte do Farranhão (Idanha-a-Nova);

65 – Veiga das Estacas (Idanha-a-Nova);

66 - Tapada da Foz 1 (Idanha-a-Nova);

67 - Tapada da Foz 2, Idanha-a-Nova;

68 – Tapada da Foz 3 (Idanha-a-Nova);

69 – Muro Alto 2 (Idanha-a-Nova);

70 – Ribeiro da Pedra Alta (Idanha-a-Nova)

71 – Fainina (Idanha-a-Nova).

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Fichas descritivas dos muros-apiários citados no texto e na cartografia

Nº de Referência (corresponde ao nº inscrito figura 10), Topónimo e/ou Lugar (obtidos com

base em informação oral ou a partir da Carta Militar de Portugal), Concelho.

(1) Curso (s) de Água/Bacia Hidrográfica (2.1) Folha da Carta Militar de Portugal (Data) (2.2)

Referência na Carta Militar (informa-se se a estrutura está assinalada na cartografia) (3) Altitude

(4) Coordenadas Geográficas ou Hectométricas (5) Exposição (indica-se a orientação do muro

tomando como referência a posição dos socalcos ou a direcção de maior inclinação) (6) Posição

Topográfica (indica-se se o muro está situado na metade inferior da encosta ou na metade

superior) (7) Outros dados relativos à localização (8) Caracterização do muro (8.1) Planta (8.2)

Aparelho (8.3) Grau de Inclinação (8.4) Diâmetro longitudinal/diâmetro transversal - área (o

diâmetro longitudinal é tomado na direcção perpendicular às curvas de nível; o diâmetro

transversal corresponde ao diâmetro máximo tomado segundo as curvas de nível; trata-se de

medidas interiores) (8.5) Altura. Lados superior / direito / inferior / esquerdo (são medidas

exteriores da altura do muro, tomadas em quatro posições ortogonais segundo o sentido horário)

(8.6) Tipo de cobertura / beirado (9) Porta. (9.1) Orientação (9.2) Altura / largura / espessura (são

medidas interiores; a espessura da porta corresponde à espessura do muro) (9.3) Porta

condenada. (9.4) Orientação (9.5) Altura / largura / espessura (são medidas interiores; a

espessura da porta corresponde à espessura do muro) (10) Outros aspectos construtivos (11)

Comentários e bibliografia.

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1, MURO DO ROMÃO, Vila Velha de Ródão. (1) Ribeirão / Rio Tejo. (2.1) 304(1971). (2.2) Não. (3) 160-170m. (4) 39º 40 ´56´´ N / 07º 33´ 17´´ W. (5) Sudeste, 130º Norte. (6) Encosta inferior. (7) Sobre o Ribeirão. (8.1) Sub-circular, embora apresentando esquinas em ângulo muito aberto, na parte inferior do muro. (8.2) Aparelho de xisto, com argamassa, definido por placas com disposição em espinha. As lajes ocupam todo o volume do muro e estão alinhadas pela face exterior. Na face interior as lajes apresentam-se avançadas umas em relação às outras. Observam-se três a quatro fiadas de lajes oblíquas, alternadas, separadas por fiadas de lajes horizontais. Num sector o muro ruiu e foi restaurado segundo a técnica de ”carril” ou seja com lajes colocadas em posição vertical. (8.3) Média. (8.4) 23m / 21,7m – 392m2. (8.5) 190cm / 205cm / 210cm (incluindo o afloramento; correspondem ao muro apenas 100cm) / 240cm. (8.6) Vestígios de beirado. (9.1) Oeste. (9.2) 130cm / 110cm (interior) - 90cm (exterior) / 70cm, o lintel ou a cobertura da porta foram arrancados. (9.3) Não tem. (10) O muro, na zona envolvente da porta, apresenta aparelho horizontal. Pode dar-se o caso de a porta ter sido aberta ou aumentada, em fase posterior à construção do muro. Não foi documentada nenhuma porta condenada. (11) Este muro é referido na microtoponímia (v. HENRIQUES & CANINAS, 1986).

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2, PARROCHA, Castelo Branco. (1) Afluente do Rio Ponsul / Rio Ponsul. (2.1) 281(1973). (2.2) Não. (3) 310m. (4) 39º 51´ 30´´ N / 07º 21´ 13´´ W. (5) Sudoeste. (6) Encosta superior. (8.1) Sub-circular. (8.2) Xisto com argamassa. (8.3) Média. (8.4) 35,5m de perímetro – 100 m2. (8.5) 180cm / 180cm / 200cm / 210cm. (8.6) Arredondado com lajes dispostas em leque. (9.1) Noroeste. (9.2) 150cm / 100cm / 80cm. (9.3) Não tem. (10) A estrutura integra grandes blocos, principalmente nos níveis inferiores, e pedra miúda. A porta tem ombreiras e lintel de granito. Tem socalcos. (11) Em utilização com colmeias.

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3, CABEÇO REDONDO, Castelo Branco. (1) Afluente da Barroca da Parrocha / Rio Ponsul. (2.1) 281(1973). (2.2) Não. (4) 39º 51´ 14´´ N / 07º 21´ 18´´ W. (5) Sul. (6) Encosta inferior. (8.1) Em ferradura, com a parede arqueada na parte superior. (8.2) Pedra seca de xisto. (8.3) Média. (8.4) 19,3m / 12,6m – 191m2. (8.5) 230cm / ? / ? / 230cm. (8.6) Lajes horizontais justapostas acompanhando o muro. (9.1) Oeste. (9.2) 145cm / 75cm / 80cm. (9.3) Não tem. (10) A espessura do muro, na parte superior, varia entre 110cm na base e 70cm no topo. Há indícios de reconstruções. Tem três socalcos. (11) Em abandono com colmeias e cortiços. Na parte superior passa um estradão de delimitação de eucaliptal.

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4, MURO ALTO 1, Castelo Branco. (1) Ribeiro dos Limos / Rio Ponsul. (2.1) 293 (1973). (2.2) Sim. (3) 210m. (4) 39º 50´ 15´´ N / 07º 21´ 25´´ W (5) Sul. (6) Encosta inferior. (7) Sobre o ribeiro dos Limos. (8.1) Elíptica. (8.2) Xisto com argamassa. (8.3) Elevada. (8.4) 28m / 23m – 506 m2. (8.5) 240cm / 340cm / 230cm / 250cm. (8.6) Lajes horizontais. (9) Não se detectou. (9.3) Não se detectou. (10) Muito destruído em alguns troços. A parede exterior não é perfeitamente curva, formando ângulos muito abertos. Nas cotas inferiores, no lado interior, apresenta grande enchimento. A espessura do muro, em determinado ponto, é de 80cm. Tem socalcos estruturados em muros. No lado poente, junto à parede e aproveitando o afloramento há vestígios de uma construção (hospedaria?). (11) Está abandonado e possui oliveiras no seu interior.

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5, PONTE DA MUNHECA, Castelo Branco. (1) Afluente do Rio Ponsul / Rio Ponsul. (2.1) 281 (1973). (2.2) Sim. (3) 170-180m. (4) 39º 51´ 29´´ N / 07º 20´ 13´´ W (5) Sul. (6) Encosta inferior. (7) Construído sobre um afloramento que define um precipício sobre a linha de água. (8.1) Sub-circular. (8.2) Pedra seca de xisto. (8.3) Elevado (8.4) 26,2m / 27m – 555 m2. (8.5) 250cm / 300cm / 250cm / 330cm. (8.6) Lajes horizontais e em escama na parte superior. (9.1) Norte. (9.2) 135cm / 95cm / 85cm. (9.3) Sim. (9.4) Oeste. (9.5) 110cm / 90cm / 80cm. (10) O muro está degradado na parte inferior. A estrutura integra grandes blocos de xisto-grauvaque, principalmente nos níveis mais próximos do solo. Apresenta cavidades a meia altura do muro. Observam-se pedras avançadas na parede interior. A porta tem ombreiras e lintel de xisto. Tem dois socalcos estruturados em muro de pedra, que o atravessam transversalmente. Para além destes, em fase posterior, foram construídos socalcos de suporte de oliveiras. (11) Está abandonado. Apresenta oliveiras no seu interior e colmeias abandonadas.

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6, RASTEIRA, Castelo Branco. (1) Afluente do Rio Ponsul / Rio Ponsul. (2.1) 281 (1973). (2.2) Sim. (3) 250m. (4) 39º 52´ 03´´ N / 07º 19´ 48´´ W. (5) Sudeste (150ºN). (6) Encosta superior. (8.1) Sub-circular. (8.2) Pedra seca de xisto. (8.3) Média. (8.4) 16,3m / 14,1m – 180m2. (8.5) 300cm / 290cm / 300cm / 260cm. (8.6) Lajes horizontais. (9.1) Norte. (9.2) 140cm / ? / 95cm. (9.3) Não tem. (10) O aparelho construtivo integra pequenos e grandes blocos. Observam-se indícios de possíveis reconstruções. Na face interior, em cota superior, o muro exibe lajes avançadas, muito espaçadas entre si. Apresenta buracos na parede. Observa-se um socalco escavado no solo/rocha. A porta conserva apenas uma ombreira de xisto-grauvaque. (11) Está abandonado e contém oliveiras no seu interior. Situa-se nas proximidades de uma casa. Ao lado, na encosta, existe um caminho estruturado em muro.

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7, MOINHOS DO CONDE, Castelo Branco. (1) Rio Ponsul. (2.1) 281 (1973). (2.2) Sim. (3) 210-230m. (4) 39º 52´ 09´´ N / 07º 19´ 32´´ W. (5) Sudeste (150ºN). (6) Encosta inferior. (8.1) Sub-circular. (8.2) Pedra seca de xisto. (8.3) Elevada. (8.4) ? / 22m – aprox. 379m2. (8.5) ? / 300cm / ? / 250cm. (8.6) Não se conserva. (9) Não se detectou. (9.3) Não se detectou. (10) Muito destruído, principalmente no eixo longitudinal. A espessura do muro, em determinado ponto de amostragem, varia entre 130cm na base e 60cm no topo. Há indícios de reconstruções. Em alguns pontos do muro observam-se trechos de aparelho em espinha definido por pequenas lajes. O muro terá sido destruído para a construção de muros de suporte de oliveiras, principalmente na parte inferior. Na parede do muro observam-se lajes avançadas no interior. Tem socalcos no interior. (11) Está abandonado. Contém oliveiras no interior e alguns cortiços velhos.

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8, COITO DO LEITÃO, Castelo Branco. (1) Ribeira de Alpreade / Rio Ponsul. (2.1) 281 (1973). (2.2) Sim. (3) 260m. (4) 39º 52´ 34´´ N / 07º 20´ 13´´ W. (5) Este. (6) Encosta inferior. (8.1) Sub-circular. (8.2) Pedra seca de xisto. (8.3) Elevado. (8.4) 21m / 18,3m – 302 m2. (8.5) 120cm / 270cm / 200cm / 200cm. (8.6) Beirado dos lados Norte e Este. (9.1) Sul. (9.2) 110cm / 105cm / 95cm. (9.3) Não tem. (10) No interior, existem dois socalcos estruturados em muro de pedra. O muro foi alteado acima do remate, no lado inferior. (11) Está abandonado e contém oliveiras.

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9, MURO DO VAZ PRETO, Castelo Branco. (1) Ribeiro da Nogueira afluente da Ribeira de Alpreade / Rio Ponsul. (2.1) 281 (1973). (2.2) Sim. (3) 240-250m. (4) 39o 56’ 14’’ N / 07 o 19’ 38’’W. (5) 150o N. (6) Encosta inferior. (8.1) Quadrangular. (8.2) Aparelho em granito com elemento ligante. (8.3) Média. (8.4) Medidas dos lados: 3320cm (Norte) / 3260cm (Sul) / 2330cm (Este e Oeste) – 767m2. (8.5) 230cm / 230cm / de 200cm a 220cm / 240cm. (8.6) Grandes blocos de granito formando barbas, para o exterior, em todo o perímetro. A medida do rebordo varia entre 30cm e 35cm. (9.1) NO. (9.2) 180cm / 70cm / 60cm. (9.3) Não tem. (10) Os blocos de maior tamanho estão próximos da base do apiário. A porta de acesso do muro coincide com a porta de entrada para a casa de apoio (hospedaria), que é de planta rectangular (dimensões: 290cm x 550 cm). O acesso ao muro faz-se através da casa de apoio por outra porta. A casa de apoio possui telhado, em mau estado de conservação. O muro contém cinco socalcos divididos por quatro muros. A meio do comprimento de cada um deles existem escadas, em pedra, para facilitar o acesso a cada um deles. Alguns socalcos aproveitam afloramentos. As escadas têm cerca de 60cm de largura. Os socalcos estão muito bem definidos. Comprimento dos socalcos, de Norte para Sul: 500cm, 470cm, 440cm, 430cm, 470cm. A altura dos socalcos varia entre 100cm e 120cm. (11) No interior ainda existem cortiços de formato paralelepipédico. Tendo em conta os cortiços presentes, este muro poderia ter uma capacidade máxima de 300 cortiços.

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10, FRAGA DOS GALHARDOS 1, Idanha-a-Nova. (1) Ribeira do Taveiró / Rio Ponsul. (2.1) 269. (2.2) Não. 11, FRAGA DOS GALHARDOS 2, Idanha-a-Nova. (1) Ribeira do Taveiró / Rio Ponsul. (2.1) 269. (2.2) Não. (3) 320m. (4) 40o 01’ 03’’ N / 07 o 21’ 12’’ W (5) 180o N. (6) Encosta inferior. (7) Sobre uma pequena torrente afluente da Ribeira do Taveiró. (8.1) Sub-circular. (8.2) Aparelho em granito sem elemento ligante. (8.3) Média. (8.4) 22m / 17,5m – 302m2. (8.5) 180cm (altura original, sem derrube) 145cm/190cm/180cm. (8.6) Placas de granito em plano inclinado sem barbas para o interior ou exterior. (9.1) 45 o N. (9.2) ? / ? / 60cm. (9.3) Não tem. (10) O muro apresenta remate nos lados Norte e Oeste. A porta está severamente destruída. Em algumas partes do seu perímetro o muro assentou sobre afloramentos sobrelevados. 12, FRAGA DOS GALHARDOS 3, Idanha-a-Nova. (1) Ribeira do Taveiró / Rio Ponsul. (2.1) 269. (2.2) Não. (3) 320m. (4) 40o 01’ 06’’ N / 07 o 21’ 15’’W (5) 170o N. (6) Encosta inferior. (7) Sobre uma pequena torrente e assente em afloramento granítico. (8.1) Sub-rectangular. (8.2) Aparelho em granito sem elemento ligante. (8.3) Média. (8.4) Medidas dos lados: 1100cm (norte) / 730cm (Este) / 1300cm (Sul) / 570cm (Oeste) – 78 m2. (8.5) 40cm / 110cm / 130cm / 100cm. (8.6) Não foi possível determinar. (9.1) 170o N. (9.2) ? / 55cm / 65cm. (9.3) Não tem. (10) O muro está muito destruído. O derrube existente em redor parece indicar que o muro era mais alto. A parede que limita o lado Sul tem uma dupla curva, uma mais pronunciada que a outra. As esquinas são arredondadas. (11) Ocorrem pequenos fragmentos cerâmicos no interior. 13, COITO DOS CATURROS, Idanha-a-Nova. (1) Afluente do Aravil / Ribeira do Aravil. (2.1) 294 (1972). (2.2) Sim. (3) 190-200m. (4) 39º 48´ 33´´ N / 07º 10´ 27´´ W. (5) Sul. (6) Encosta inferior. (7) Situa-se na confluência de duas linhas de água. (8.1) Sub-circular. (8.2) Xisto com argamassa. (8.3) Baixo. (8.4) ? / 17m – 226 m2 (aprox.). (8.5) 270cm / 280cm / 200cm / 270cm. (8.6) Beirado para o interior e exterior (destaca-se cerca de 40cm em relação à parede). (9.1) Oeste. (9.2) 135cm / 90cm / 70cm. (9.3) Não tem. (10) A porta tem duplo lintel de xisto. A estrutura do muro integra lajes grandes, médias e de pequeníssimas dimensões. O muro apresenta cavidades a meia altura. Não tem socalcos. (11) Está abandonado e não contém árvores no interior.

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14, VALE DO GAMO, Idanha-a-Nova. (1) Afluente do Aravil / Ribeira do Aravil. (2.1) 294 (1972). (2.2) Sim. (3) 190-200m. (4) 39º 48´ 40´´ N / 07º 10´ 17´´ W. (5) Sul. (6) Encosta inferior. (7) Situa-se na confluência de duas linhas de água. (8.1) Elíptico. (8.2) Xisto com argamassa. (8.3) Baixo. (8.4) 24,7m / 18,5m – 358 m2. (8.5) 300cm / 290cm / 280cm / 380cm. (8.6) Vestígios de beirado para o exterior. (9.1) Nordeste. (9.2) 135cm / 70cm / 70cm. (9.3) Sim. (9.4) Sudoeste. (9.5) 180cm / 75cm / 50cm. (10) O muro apresenta cavidades a meia altura. Está arruinado no lado inferior. Teve alteamentos ou restauros, sendo visíveis no lado nascente. As portas têm lintel de xisto. Não apresenta socalcos. (11) Está abandonado e não apresenta oliveiras no interior.

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15, MONTE DAS PIÇARRAS, Idanha-a-Nova. (1) Subafluente da Ribeira dos Lentiscais / Ribeira do Aravil. (2.1) 282 (2ª edição, 1971). (2.2) Não mencionado na CMP. (3) 300m. (4) UTM 0656747 – 4418851. (5) 180º. (6) Peneplanície. (8.1) Elíptica. (8.2) Aparelho de xisto de mistura com blocos de quartzo leitoso, de tamanho grande e médio, com elemento ligante (barro) e alguns vestígios de cimento. A estrutura estreita da base para o topo. Os blocos de maior tamanho concentram-se na metade inferior da estrutura. (8.3) Interior mediamente inclinado. (8.4) Diâmetros: 28m e 20,5m, área 450m2. (8.5) A altura interna é 1,90m. (9) Tem porta. (9.1) Oeste. (10) No interior do muro observam-se afloramentos na metade Norte e acumulação de terras na metade Sul. No exterior o revestimento arbóreo e arbustivo é constituído por azinheiras e giestas e no interior do muro por oliveiras. A largura média da parede é 70cm. A moldura da porta (soleira, ombreiras e lintel) é constituída por blocos de granito semi-aparelhados. (11) Estrutura identificada em 17 de Agosto de 1991. Henriques, Caninas, Cardoso (1998).

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16, MARMELEIRO, Idanha-a-Nova. (1) Ribeiro do Marmeleiro / Rio Erges. (2.1) 306A (1971). (2.2) Sim. (3) 220m. (4) 39º 43´ 42´´ N / 07º 00´ 11´´ W. (5) Sudoeste (230ºN). (6) Encosta inferior. (7) Sobre uma linha de água. (8.1) Elíptico. (8.2) Xisto com argamassa. (8.3) Baixo. (8.4) 12,4m / 22,4m – 218 m2. (8.5) 220cm / ? / ? / ?. As restantes medidas são irrelevantes face à destruição do muro. (8.6) Não foi possível identificar o tipo de beirado. (9) Não foi reconhecida. (9.3) Não foi reconhecida. (10) O muro está muito destruído. Na direcção do eixo longitudinal o muro foi arrasado devido à passagem de um corta-fogo associado aos eucaliptais vizinhos. Não é possível determinar a posição da porta. Não se observam socalcos estruturados no seu interior. (11) Está abandonado.

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17, MURO ALTO 1, Idanha-a-Nova. (1) Ribeiro do Muro Alto / Rio Erges. (2.1) 306A (1971). (2.2) Não. (3) 240m. (4) 39º 45´ 00´´ N / 07º 00´ 11´´ W. (5) Sudeste. (140ºN) (6) Encosta inferior. (7) Construído sobre afloramento sobranceiro à linha de água. A montante existe o muro da Febre Amarela. (8.1) Sub-circular. (8.2) Xisto com argamassa. (8.3) Médio. (8.4) 27,2m / 26,5m – 566 m2. (8.5) 290cm / 310cm / 370cm / 310cm. (8.6) Beirado para o interior e exterior; conserva-se em extensão. (9.1) Noroeste. (9.2) 130cm / 80cm / 85cm. (9.3) Não tem. (10) Revela construção cuidada e aparelho muito regular com lajes de xisto estreitas embora de diferentes dimensões. O muro apresenta um cotovelo no lado leste. Tem cavidades a meia altura. A porta possui lintel de xisto. Não se observam socalcos estruturados. Na parte superior, envolvendo a porta, existem vestígios de um possível pombal ou hospedaria. (11) Está abandonado e apresenta oliveiras no interior. Situa-se junto de um antigo caminho de que se conserva um pontão em pedra com quatro “arcos” e passadeira. Esse caminho passava junto de dois monumentos megalíticos (antas 2 e 3 do Zambujo). As duas antas e o muro estão publicados em HENRIQUES, CANINAS & CHAMBINO, 1993.

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18, FEBRA AMARELA, Idanha-a-Nova. (1) Ribeiro do Muro Alto / Rio Erges. (2.1) 306 (1971). (2.2) Não. (3) 310m. (4) 39º 44´ 52´´ N / 07º 01´ 18´´ W. (5) Sul. (6) Encosta inferior. (7) Sobre o ribeiro do Muro Alto; a jusante existe outro muro-apiário, o Muro Alto. (8.1) Sub-circular. (8.2) Aparelho de xisto (blocos e lajes) com argamassa, incluindo blocos de quartzo leitoso, disponíveis no local. O muro é definido por duas paredes justapostas com argamassa e pedra miúda no interior. A estrutura utiliza quantidade apreciável de fragmentos de mós rotativas (moventes e dormentes), de granito, provenientes do povoado romano ou alto-medieval que se situava na área envolvente e que estaria arruinado à data da construção do muro. (8.3) Média / baixa. (8.4) 18m / 22m – 311 m2. (8.5) 110cm (exterior) - 220cm (interior) / 130cm (exterior) -150cm (interior) / 190cm (exterior) / 170cm (exterior). (9.1) SO. (9.2) ? / ? / ?cm. (9.3) Não tem. (10) A espessura do muro, na zona da porta, varia entre 80cm na base e 70cm no topo. Parece haver indícios de reconstruções. Não tem socalcos no interior e apresenta grande acumulação de sedimentos na parte inferior. A porta não se conserva, embora nos tenha sido indicada a sua localização. Encostado à face nascente do muro foi construído um edifício de planta rectangular (tem as seguintes dimensões interiores: 170cm x 350 cm). (11) Este muro, segundo informação do sr. João Barata, de Rosmaninhal, foi utilizado como horta há mais de 60 anos. Desta forma protegiam-se as culturas em relação ao gado. Na encosta ocorrem materiais cerâmicos de cronologia romana/alto medieval. Para nascente do muro a estação arqueológica foi danificada devido à plantação de um eucaliptal. A poente do muro e à mesma cota existe uma casa de planta circular e cobertura em falsa cúpula, muito arruinada. Estas construções são denominadas pufios, nesta zona, e correspondem aos chafurdões do Sul de Portugal. Na outra margem do ribeiro existe um sepultura escavada na rocha e a cotas superiores ocorre cerâmica comum e de construção de cronologia romana. Estes locais estão assinalados em HENRIQUES, CANINAS & CHAMBINO, 1993. Este local é associado na “mitologia” local a zona de confinamento de pessoas contaminadas pela febre-amarela. No entanto há quem também designe o sítio não por Febre Amarela mas por Fevra Amarela.

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19, MURO CAIADO, Idanha-a-Nova. (1) Ribeira da Enxacana / Rio Erges. (2.1) 294 (1972). (2.2) Não. (3) 220m. (4) 39º 47´ 36´´ N / 07º 02´ 32´´ W. (5) SSE 155º Norte. (6) Encosta inferior. (7) Situa-se em frente da confluência do ribeiro da Urtiga com a ribeira da Enxacana. (8.1) Em forma de U fechado, com o lado arqueado nas cotas superiores. (8.2) Aparelho de xisto (blocos e placas) com argamassa (cal hidráulica). Apresenta vestígios de reboco na parte mais elevada, na face externa do muro, (8.3) Média. (8.4) 11,8m / 16,8m – 156 m2, (8.5) 200cm / 190cm / 200cm / 210cm. (8.6) Observam-se vestígios de beirado, voltado para o exterior, na parte inferior do muro. (9.1) SO. (9.2) 160cm / 75-85cm / ? (9.3) Não tem. (10) A espessura do muro, na parte superior, varia entre 65cm (base) e 55cm (topo). Há indícios de reconstruções. No interior, observa-se um socalco aberto no afloramento. A porta não conserva lintel. (11) Este muro já estaria abandonado há cerca de 60 anos segundo informação do sr. João Barata, de Rosmaninhal. Entre a parede recta que delimita a parte inferior do muro e a margem da ribeira, observam-se abundantes traços lineares (de arado?) incisos nos afloramentos xisto-grauváquicos. Estes elementos permitem documentar a forma como o solo era exaustivamente cultivado, provavelmente antes da construção do muro, bem como os efeitos erosivos que incidiram no local, pondo o afloramento à vista.

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20, MURO DO TI FURRIEL, Idanha-a-Nova. (1) Afluente do Ribeiro da Enchacana / Rio Erges. (2.1) 294 (1972). (2.2) Não. (3) 280m. (4) PE 665033. (11) Este muro-apiário situa-se a cerca de 375m das casas do Couto do Bandeira. Foi observado ao longe devido à presença de gado bravo à solta. 21, DEHESA DE LA PUENTE, Piedras Albas. (1) Rio Erges. (2.1) 295 (1971). (2.2) Sim. (3) 210-220m. (4) 39º 48´33´´ N / 06º 59´ 03´´W (5) 210o N. (6) Encosta superior. (8.1) Sub-circular. (8.2) Aparelho em xisto sem elemento ligante. (8.3) Média. (8.4) 17,8m / 18,3m – 255m2. (8.5) 130cm / 170cm / 120cm / 165cm. (8.6) Sem barba. (9.1) Sem porta. É possível que estivesse voltada a Sudeste, em troço de muro actualmente abatido. (9.3) Não tem. (10) A espessura do muro é de 70 cm. A altura do muro é relativamente superior se as medidas forem obtidas na parte interna. Primitivamente deve ter sido mais alto a avaliar pela quantidade de xisto existente na área envolvente da estrutura. Não se observam socalcos mas lajes de xisto onde assentavam os cortiços. Admite-se que pudesse comportar pelo menos quatro filas de cortiços, ou silhas. (11) A Este e a Oeste do muro existem malhadas de porcos. Cada uma daquelas estruturas tem habitáculos para quatro animais. No interior do muro foi observado um fragmento de movente de mó manual, em granito.

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22, SILHA, Idanha-a-Nova. (1) Afluente do Rio Erges / Rio Erges. (2.1) 295. (2.2) Sim. (3) 210m. (4) 39o 48’ 37’’ N / 06 o 59’ 25’’ W (5) 130o N. (6) Encosta inferior. (7) O muro está implantado na zona onde se inicia o encaixe da torrente. (8.1) Sub-circular. (8.2) Aparelho em xisto sem elemento ligante. (8.3) Baixo. (8.4) 22,4m / 17 m – 299 m2. (8.5) 100cm / 140cm / 150cm / 100cm. (8.6) Mantém-se unicamente nos lados Sul e Sudoeste sendo constituído por placas de xisto dispostas obliquamente. Este remate tem uma barba de 10cm. (9.1) Noroeste. (9.2) ? / 100cm / 60cm. (9.3) Não tem. (10) O interior contém vários socalcos que aproveitam as irregularidades do solo provocadas pelos afloramentos rochosos. Os muros, de xisto, que constituem os nove socalcos têm uma altura média de 30cm e 50cm de profundidade (largura). Nenhum deles vai de um extremo ao outro do muro. Em redor não se observa quantidade significativa de pedra derrubada o que permite pressupor que não seria muito mais alto. (11) A Norte e a Nordeste, junto da parede interna do muro, existe uma fila de colmeias, algumas das quais em activas, embora aparentando abandono.

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23, RIBEIRA DO VALE DE LOBO, Idanha-a-Nova. (1) Ribeiro do Vale de Lobo / Rio Erges. (2.1) 295. (2.2) Não. (3) 170-180m. (4) 39o 49’ 08’’ N / 06 o 58’ 57’’ W. (5) 180o N. (6) Encosta inferior. (8.1) Elíptica. (8.2) Aparelho de xisto sem elemento ligante. (8.3) Elevada. (8.4) 12,6m / 15,4 m – 152 m2. (8.5) 155cm / 200cm / 210 - 230cm / 200cm. (8.6) Sem vestígios de barbas; o topo é irregular- (9.1) Norte- (9.2) 165cm / 65cm / 60cm. (9.3) Não tem. (10) O interior contém 10 socalcos, revestidos com placas de xisto, que se destinavam ao assentamento dos cortiços. A altura de cada um deles varia entre 25cm e 90cm, resultando de uma adaptação às irregularidades do solo e afloramentos. Nem todos os socalcos vão de um extremo ao outro do muro. (11) Há restos de cortiços no interior o que permite pressupor um abandono recente. No interior existe uma amendoeira adulta e grandes moitas de alecrim.

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24, LOS LEONES, Piedras Albas. (1) Rio Tejo. (4) 39º 47´03´´ N / 06º 56´ 29´´W. (5) 150o N. (6) Peneplanície. (7) Localizado no meio de um azinhal denso, a Sul da estrada Segura – Piedras Albas e a cerca de 500m a Oeste da última povoação. Situa-se na área de confluência de duas suaves linhas de água. (8.1) Sub-circular. (8.2) Aparelho em xisto sem (?) elemento ligante. (8.3) Baixa. (8.4) Tem 53,6m de perímetro - 229m2. (8.5) 160cm / 190cm / 230cm / 170cm. (8.6) Barba descontínua. (9.1) Sul. (9.2) 190cm / 80cm / 40cm. (9.3) Não tem. (10) No interior do muro, e anexo à parede norte, existe um pequeno telheiro que protege colmeias amontoadas. A altura da porta foi aumentada. Possui porta metálica, fechada com corrente e cadeado. (11) O muro apresenta excelente estado de conservação no lado exterior. Exceptuando o telheiro e o material que abriga a área restante do muro está vazia.

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25, ALCANTARA 1, Alcântara. (1) Rio Tejo. (2.1) 295. (4) 39º 44´ 31´´ N / 06º 53´ 59´´ W. (5) 210o N. (6) Meia encosta. (7) Situa-se cerca de 400m a norte da estrada que liga Segura a Alcântara. (8.1) Elíptica. (8.2) Aparelho em xisto e granito sem elemento ligante. (8.3) Baixo. (8.4) 32m / 27 m – 678m2. (8.5) 160cm / 205cm / 190cm / 180cm. (8.6) Alguns troços do muro possuem barba e sobre as placas que a formam existem outras placas dispostas obliquamente, de forma irregular. Estas últimas ajudam a manter as primeiras através da pressão que exercem sobre aquelas. Tem barbas voltadas para o interior e para o exterior. As barbas interiores medem cerca de 10cm a 15cm e as exteriores variam entre 12cm a 28cm. (9.1) Nordeste. (9.2) 200cm / aberta / 80cm. (9.3) Não tem. (10) A porta parece não ser a original. Admitimos que tenha sido muito alargada. É constituída por placas de xisto e quatro grandes blocos, paralelepipédicos, de granito, dois de cada lado. Em cada um dos lados possui uma placa de xisto com um buraco onde funcionava o gonzo da porta. Junto da entrada, do lado nascente, existe um furdão, uma estrutura de planta circular, em falsa cúpula, com um pequeno nicho no interior. Esta construção tem duas aberturas para o exterior. Uma para o interior do muro-apiário e outra para o exterior do furdão. Exteriormente, tem uma barba em xisto a partir da qual se inicia a “cúpula”, que se mantém coberta de terra. Do lado poente da entrada existe um compartimento de planta rectangular, que funciona como casa de apoio. A parede sul desta construção aproveita o próprio muro, embora seja mais alto. A porta da casa está voltada a Este. Há vestígios de ter existido outra porta voltada a Norte, actualmente fechada com pano de parede. No interior do recinto, na parte oriental, existe um monólito de grauvaque azul com um furo central, de função desconhecida. Poderia ter pertencido a uma primitiva porta e sendo ali colocado numa fase posterior. Exceptuando a área da porta, com dois a três metros para cada um dos lados, e a parte Sul do recinto, devido à sombra, em todo o perímetro interior, anexo ao muro, existem 22 “caixas” de pedra, de planta rectangular. Cada caixa é constituída por quatro placas de grauvaque, dispostas em forma de “cista”, e serviam para o encaixe dos cortiços. Estas “caixas”, suportes para os cortiços, também se distribuem em três alinhamentos paralelas no espaço útil do muro. As medidas das “caixas” variam entre 47cm x 37cm e 65cm x 55cm. A distância entre as “caixas” varia entre 100cm e 290cm. A primeira fila de cortiços estava distanciada da central 655cm e esta distancia-se da terceira fila 580cm. Na primeira fila, a mais próxima da porta, existem três “caixas” para cortiços, na segunda fila existem oito caixas e na terceira outras oito caixas. Identificaram-se 41 bases para cortiços. Ao longo do muro, na face exterior, existem placas de xisto desniveladas, mais sobressaídas. Não parece terem servido como escada. (11) Está abandonado.

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26, ALCANTARA 2, Alcântara. (1) Rio Tejo. (4) 39º 44´ 02´´ N / 06º 53´ 42´´ W. (5) 170o N. (6) Encosta inferior. (7) Situa-se na confluência de duas linhas de água. (8.1) Sub-circular. (8.2) Aparelho em xisto sem elemento ligante. (8.3) Média. (8.5) 175cm / 175cm / 170cm / 200cm. (8.6) Alguns troços de muro ainda apresentam barba. Sobre as placas que formam a barba foram colocadas outras placas de xisto, talvez com o objectivo de as fixar melhor. O tamanho da barba varia entre 30cm e 40cm. (9.1) Nordeste. (9.2) 165cm / 85cm / 70cm. (9.3) Não tem. (10) No interior, junto da porta, existe um telheiro, aberto a sul, com cortiços fora de uso. Na face sul (exterior) do muro observa-se um “arco” de placas de xisto, envolvido por lajes dispostas horizontalmente. Estes “arcos” são comuns em construções situadas na zona antiga de Alcantara. O muro sofreu reconstruções e em alguns troços apresenta acentuados abaulamentos que prenunciam queda iminente. (11) O interior do muro tem 11 cortiços e uma colmeia em actividade, algumas oliveiras e, nas cotas mais altas, azinheiras. Tem porta de madeira fechada a cadeado. Uma parte do espaço interior é utilizada para produção de favas. Na confluência das duas linhas de água existe uma ponte construída em xisto.

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27, RIBEIRO DO CAVALEIRO, Idanha-a-Nova. (1) Ribeiro do Cavaleiro / rio Erges. (2.1) 306-A (2ª edição 1971). (2.2) Não. (3) 237m. (4) 0670816 – 4397015. (5) 170º. (6) Metade inferior. (7) Estrutura implantada junto à confluência de duas linhas de água, o Ribeiro do Cavaleiro, na margem esquerda, e uma outra de menor importância, não identificada na Carta Militar. A área é levemente inclinada com coberto vegetal de esteva, giesta, rosmaninho e carrasqueiros. (8.1) Sub-circular. (8.2) Estrutura em xisto com material pétreo de pequeno e médio tamanho e sem aglutinante. Apresenta-se em muito mau estado de conservação, não preservando em nenhum local do seu perímetro a altura original. Por este facto apresenta derrube em todo o redor, no interior e no exterior, e não se observam vestígios de porta. Na metade inferior tem área de depósito. (8.3) Baixa inclinação no interior. (8.6) Não apresenta. (9) Não se observa. (11) Visitado pela última vez em Agosto de 2009.

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28, AMIEIRO, Idanha-a-Nova. (1) Ribeiro do Palheirão / Ribeiro da Rata / Ribeira do Aravil. (2.1) 294 (2ª edição, 1972). (2.2) Não está assinalado na carta militar. (3) 300m. (4) 0660070 / 4407030. (6) Peneplanície. (11) Última observação: 18.11.00; Henriques, Caninas, Cardoso (2000-2001).

29, FERVEDOURO, Idanha-a-Nova. (1) Ribeiro de Manhel / Rio Tejo. (2.1) 306 (2ª edição, 1971). (2.2) Muro apiário assinalado na Carta Militar como ruínas. (3) 170 – 177m. (4) 0661810 / 4393400. (6) Terço superior da encosta. (7) Implantado no interior de um meandro do ribeiro de Manhel. (11) Henriques, Caninas & Cardoso (2000-2001).

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30, CASA DA CORETA OU SANTO ANTÓNIO, Idanha-a-Nova. (1) Próximo das cabeceiras de duas linhas de água afluentes na margem esquerda do ribeiro Manhel. (2.1) 306 (2ª edição, 1971). (2.2) Encontra-se assinalado na Carta Militar de Portugal. (3) 320m. (4) 0664425 – 4399005. (5) SSE. (6) Peneplanície. (8.1) Estrutura elíptica. (8.2) Lajes de xisto em aparelho horizontal, sem argamassa. (8.3) Interior muito pouco inclinado. (8.4) Diâmetros 11,20m e 14m, área de 123m2. (8.5) 120cm x 130cm x 120cm x 120cm. (8.6) O muro não conserva capeamento especial nem lajes avançadas. No lado SSE apresenta-se coberto por tojo e carrasco para impedir o acesso ao interior. (9) Sim. Não tem lintel e apresenta-se bloqueada por uma porta de tábuas cruzadas, muito tosca. (9.1) SSE. (9.2) ? x 70cm x 60cm. (10) Um troço da parede caiu recentemente. Na parte superior do muro identificaram-se três plataformas paralelas (em cimento e lajes de xisto) que serviram como bases de colmeias até ao verão de 2002. (11) Não corresponde ao modelo formal dos muros-apiários. Pode ter sido originalmente um redil para gado que foi reutilizado como apiário. Henriques, Caninas & Chambino, 2004.

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31, CASAS DO DR. TONELO 1, Idanha-a-Nova. (1) Implantado na margem direita de uma suave linha de água afluente do ribeiro da Marquita (margem direita) e a 50 metros do seu leito. (2.1) 306 (2ª edição, 1971). (2.2) Estrutura implantada na Carta Militar de Portugal. (3) 260m. (4) 0658293 / 4399893 (UTM). (5) 180º. (6) Terço inferior da encosta. (8.1) Possui planta quadrangular com as arestas arredondadas, aproximando-se da forma subcircular (8.2) O aparelho é em xisto, pouco cuidado e sem elemento aglutinante. Observam-se vários vestígios de reconstrução. Actualmente, apresenta derrubes em vários locais do seu perímetro. (8.3) Acentuado. (8.4) 13,30m x 12,80m. Área: 133m2. (8.5) Alturas obtidas no lado exterior e no seguinte sentido: superior 0,75m; direito 1,1m; inferior 1,2m; esquerdo 0,9m. Originalmente, não deve ter sido muito mais alto em virtude do escasso derrube existente no seu perímetro. (8.6) Não apresenta cobertura. (9) Sem vestígios de porta. (10) Espessura da parede: 0,65m. Na face interior da parede, no lado sudeste do muro, apresenta uma concavidade de feição paralelepipédica com as seguintes medidas: largura 0,43m; altura 0,25m; profundidade 0,3m; altura em relação ao solo 0,25m. Na face exterior, no lado Este da construção, existe integrada originalmente na estrutura uma placa de xisto utilizada como degrau, que facilitaria o acesso ao interior. O seu interior não apresenta vestígios de socalcos, embora se observe na parte superior do afloramento um desbaste, em redor da parede. Na cota mais baixa há algum depósito de terras e nas cotas mais altas apresenta afloramentos de xisto. O interior tem cobertura herbácea e uma giesta. (11) Henriques, Caninas e Chambino, 2004.

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32, CASAS DO DR. TONELO 2, Idanha-a-Nova. (1) Implantado na margem direita do ribeiro da Marquita, junto do seu leito, na confluência de uma linha de água, com alguma amplitude, com o referido ribeiro. (2.1) 306 (2ª edição, 1971). (2.2) Estrutura implantada na Carta Militar de Portugal. (3) 260m. (4) 0658510 / 4399773 (UTM). (5) 195º. (6) Terço inferior da encosta. (8.1) Subcircular. (8.2) Aparelho construtivo em xisto e quartzo leitoso (raro). O xisto apresenta-se sob a forma de placas de tamanho médio. O quartzo aparece sob a forma de grandes blocos na base do muro e blocos menores distribuídos pela construção a vários níveis. Utiliza elemento aglutinante (argila). (8.3) O interior do muro tem inclinação acentuada para o ribeiro da Marquita. (8.4) 13,30m x 14,10m. Área: 147m2. (8.5) 1,35m x 1,6m x 2,5 m x 1,55m. (8.6) Possuía remate avançado, constituído por grandes placas de xisto, de que restam vestígios na parte Sudeste e Sul. As placas existentes sobressaem do muro cerca 0,35m. (9) Sim. Ruiu o lintel e a área envolvente. (9.1) Este. (9.2) 0,35m (altura actual) x 0,7m; 0,6m. (10) O único derrube atingiu parcialmente a porta. Observa-se, no leito do ribeiro, que o muro assenta sobre o afloramento xistoso. Em alguns pontos do seu perímetro, o muro pode ter sido um pouco mais alto, em virtude do derrube existente em redor. Espessura da parede 0,5m. Na face interior da parede, no lado Este do muro, e a 0,8m da porta, existe uma concavidade de feição paralelepipédica com as seguintes medidas: largura 0,44m; altura 0,3m; profundidade 0,3m; altura em relação ao solo 0,35m. No interior da estrutura houve aproveitamento dos afloramentos para servirem de assentos aos cortiços. (11) Henriques, Caninas e Chambino, 2004.

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33, CIADAS, Idanha-a-Nova. (1) Junto da confluência de duas suaves linhas de água. (2.1) 282 (2ª edição, 1971). (2.2) Não está assinalado na Carta Militar de Portugal. (3) 310m. (4) 0659789 / 4421894 UTM. (5) Sul, 170º. (6) Estrutura implantada no terço inferior da encosta, muito bem protegida dos ventos, de todas as direcções. (7) A cerca de 500 metros a Oeste da estrada que liga Toulões a Alcafozes, na curva acentuada que marca o quilómetro 179. A cerca de 40 metros da margem esquerda do ribeiro do Souto. (8.1) Sub – circular. (8.2) Constituído de placas de xisto dispostas horizontalmente, algumas de grande tamanho e ligadas por aglutinante. (8.3) Suave. (8.4) 18m x 17,8m, área de 251m2. (8.5) 2,9m (parcialmente entulhado) x 0m desmoronado, 3,1m x 3m. (9) Sim. (9.1) Sudeste. (9.2) 1,5m x 0,8m x 0,65m. (10) Altura interior: lado Norte 3,10m. Espessura do muro na base 0,7m, no topo 0,30 – 0,40m. Ao longo do seu perímetro observam-se dois níveis de buracos, onde encaixavam estacas para suportar os andaimes durante a sua construção. As placas maiores ocupam o terço inferior da estrutura. A estrutura estreita para o topo. Observam-se várias reconstruções ao longo do seu perímetro. Devido ao coberto vegetal é difícil obter uma visão de conjunto. (11) Não se observam vestígios da utilização recente desta estrutura como apiário. Toda a área envolvente foi preparada com maquinaria pesada para receber eucaliptal, o que afectou significativamente a estrutura do muro. Estrutura em mau estado de conversação, principalmente a Oeste e a Este, devido aos derrubes provocadas pela maquinaria na armação do terreno para plantação e à queda de grandes eucaliptos sobre o muro. A porta é constituída por grandes blocos paralelepipédicos em granito (lintel e ombreiras). Há vestígios de ter existido fecho da porta. É este o muro registado pelos visitadores da Ordem de Cristo, em 1505, no termo de Idanha-a-Velha? (Ver Manuel da Silva Castelo Branco, A Visitação da Cidade de Idanha-a-Velha, Raia, 4, p.13-17, Castelo Branco). O sr. José Pires de Brito (58 anos) refere ter existido um muro junto ao arraial da Pingona (o informante é bom conhecedor de muros apiários). Teria cerca de 1,5 – 1,6m de altura e tinha porta. Lembra-se também de ter sido demolido. A população local refere que foi neste muro que ocorreu o episódio registado pelo Dr. Jaime Lopes Dias com o título O Muro do Lançarote, I, p. 61-64, da sua obra Etnografia da Beira, 1944, mas não conheça o livro. Henriques, Caninas & Chambino, 2004.

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34, FONTE FERRENHA, Idanha-a-Nova. (1) Ribeira da Enchacana / Erges. (2.1) 294 (2ª edição, 1972). (2.2) Estrutura não implantada na Carta Militar de Portugal. (3) 290-300m. (4) 0663667 / 4405293 (UTM). (5) 180º. (6) Terço superior da encosta. (7) Cerca de 140m a Oeste do vértice geodésico de Enchacanas. A Nordeste do Monte da Lomba do Chorão. (8.1) Subcircular. (8.2) Irregular, constituído por placas de xisto de tamanho pequeno e médio. Não utiliza elemento aglutinante (argila). Observam-se vestígios de reconstrução. Em vários locais do seu perímetro apresenta desmoronamentos. (8.4) 25,6m x 19,80m. Área: 398m2. (8.5) 0,75m x 1m x 0,80m x 1m. (8.6) Não tem. (9) Não. (10) As paredes, originalmente, devem ter sido pouco mais altas em virtude do escasso derrube existente. A espessura da parede varia entre 0,6m e 0,8m. O interior do muro apresenta afloramentos e a configuração de uma calote esférica. É abaulado. Este abaulamento interior (convexidade) é conseguido por uma maior resistência da rocha. Apresenta cinco socalcos, por vezes interrompidos por afloramentos. Os socalcos são constituídos por muros de xisto com cerca de 0,35m de altura e 0,6m de profundidade (para assentamento de cortiços). (11) Henriques, Caninas & Chambino, 2004.

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35, FONTE DA PASTEIRA, Idanha-a-Nova. (1) Ribeiro da Pasteira / Rio Tejo. (2.1) 306 (2ª edição, 1971). (2.2) Estrutura implantada na Carta Militar de Portugal com o símbolo de ruínas (rectângulo pontilhado). (3) 230 – 240m. (4) 0655150 / 4392662 (UTM). (5) 140º. (6) Terço inferior da encosta. (7) Implantado na margem direita do ribeiro da Pasteira, 100m a montante da fonte da Pasteira. (8.1) Subcircular. (8.2) O aparelho é constituído por placas de xisto, algumas de grande tamanho. Faz uso de elemento aglutinante (argila). Apresenta desmoronamentos em vários locais do seu perímetro. (8.3) Acentuado. (8.4) 11,5m x 14,80m. Área 135m2. (8.5) 2m x 2,2m x 2m, desmoronado. (8.6) Não apresenta cobertura. (9) Não. (10) A espessura da parede é de 0,6m. O interior do muro não tem socalcos e apresenta vários afloramentos. A altura maior é de 4,4m e verifica-se na margem do curso de água num local em que o muro assenta sobre afloramento. (11) Henriques, Caninas & Chambino, 2004.

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36, GUEDELHA, Idanha-a-Nova. (1) Pequena linha de água afluente da margem direita do ribeiro da Marquita / Aravil. (2.1) 306 (2ª edição, 1971). (2.2) Não está assinalado na Carta Militar de Portugal. (3) 330m. (4) 0659971 – 4398912. (5) SSE. (6) Metade inferior da encosta. (7) Encosta sobranceira a um afluente do ribeiro da Marquita, entre duas torrentes. (8.1) Sub-circular. A parte superior apresenta dois cantos arredondados. (8.2) Blocos de “caliço” (substrato areno-argiloso, muito duro, aflorante nas proximidades) e lajes de xisto. Os blocos de xisto encontram-se na base do muro e em interstícios dos blocos de “caliço”. No lado sudoeste do muro existe um trecho composto exclusivamente por xisto em aparelho horizontal (possível restauro). (8.3) Medianamente inclinado. (8.4) 1730cm x 1800cm; área 244,5m2. (8.5) 0cm x 30cm x 110cm x 0cm. (9) Não. (10) A altura do muro, no interior, lado superior é de 100cm. Está em muito mau estado de conservação. Não se encontraram vestígios da sua utilização como apiário. Não se identificaram socalcos. Tem 60cm (espessura do muro no lado sudoeste, estrutura em xisto) e 95cm (espessura do muro no lado leste, estrutura em “caliço”). (11) Segundo informador este local serviu para protecção de cortiços embora não se recorde de os ter visto no interior. Henriques, Caninas e Chambino (2004).

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37, MURO DO MARRAFINHA, Idanha-a-Nova. (1) Ribeiro da Marosca / Ribeira da Toulica / Ribeira do Aravil. (2.1) 282 (2ª edição, 1971). (2.2) não referenciado na CMP. (3) 280 – 288m. (4) 0664456 - 4415216. (5) Sul (180º). (6) Terço inferior da encosta. (7) No espaço entre o ribeiro da Marosca e a ribeira da Toulica. A cerca de 40m da margem direita do ribeiro da Marosca. (8.1) Subcircular. (8.2) A estrutura é constituída por placas de xisto, blocos de granito, de quartzo leitoso e de grauvaque, sem elemento aglutinante. Apresenta derrube em todo o perímetro. Integram a sua construção elementos pétreos oriundos do núcleo de povoamento vizinho. A largura da parede é de cerca 0,6m. (8.3) Pouco acentuada. (8.4) 21,2m x 24,40m, área 408m2. (8.5) 0,2m – 0,5m – 0,9m – 0,5m. (8.6) Sem cobertura. (9) Não há vestígios de porta. (10) No interior, na metade superior observam-se afloramentos de xisto e na metade Sul algum depósito.Não há socalcos. No lado Norte, adossado à parede, no lado interior, existe uma pequena estrutura de xisto aberta a Este, já muito derruída. Dista da parede do muro 1,3m e tem 2,65m de comprimento. No lado Oeste, exterior do muro, há uma parede perpendicular, adossada às paredes da estrutura, que parece ter também servido para resguardar cortiços do vento Norte. Esta parede tem 4,8m de comprimento. (11) Henriques, Caninas & Chambino, 2004.

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38, NAVE DA AZINHA, Idanha-a-Nova. (1) Ribeiro do Vale dos Gaviões / Rio Tejo. (2.1) 306 (2ª edição, 1971). (2.2) Assinalada na Carta Militar de Portugal. (3) 210 – 220m. (4) 0659240 - 4394189 UTM. (5) Sudoeste (210 º). (6) Terço superior. Toda a área envolvente possui cotas mais elevadas, deste modo encontra-se bem protegido dos ventos em relação a todas as direcções. (7) Num meandro apertado do ribeiro do Vale dos Gaviões. (8.1) Subcircular. (8.2) Construção em xisto assente sobre afloramento. Há áreas de construção onde se observa elemento aglutinante e outras onde não se observa. Originalmente deve ter sido mais alto, pelo derrube existente em todo o redor. (8.3) Suave plano inclinado. (8.4) 22,4m x 16,5m, área de 297m2. (8.5) 0m demolido; 2,2m; 2,6m; 1,7m. (9) Sim, restam vestígios. (9.1) Norte. (9.2) 0m x 0,8m x 0,6m. (10) Largura do muro 0,6m – 0,7m. (11) Não há vestígios de ocupação do muro. O interior possui azinheiras e está quase completamente revestido por afloramentos que, nalguns pontos, chegam a atingir 1,70m de altura. Os afloramentos são de quartzito/grauvaque. Henriques, Caninas & Chambino, 2004. .

39, RIBEIRA DO ARAVIL, Idanha-a-Nova. (1) Aravil. (2.1) 294 (2ª edição, 1972). (2.2) Não. (3) 180-190m. (4) 0655146 – 4404065 UTM. (5) Sul. (6) Terço inferior da encosta. (8.1) Sub-circular? (8.2) Construído com placas de xisto de grandes dimensões, sem aglutinante. A estrutura apoia-se em afloramentos. (8.3) Acentuado. (9) Sim. (9.1) Sudoeste. (10) O conjunto oferece visibilidade difícil devido à vegetação arbustiva (estevas e carrasqueiros) e arbórea que o cobre. A encosta foi surribada para plantio de árvores. Muro-apiário em muito mau estado de conservação. Apenas foi identificado porque observado a partir da margem esquerda da ribeira. Nos extremos superior e inferior conservam-se alguns troços de muro. No interior observam-se alguns socalcos, de reduzido comprimento. (11) Henriques, Caninas & Chambino, 2004.

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40, TAPADA DA CORETA, Idanha-a-Nova. (1) Ribeira da Enchacana / Rio Erges. (2.1) 294 (2ª edição, 1972). (2.2) Não está assinalado na Carta Militar de Portugal. (3) 330 – 340m. (4) 0665178 / 4407740 UTM. (5) Sul, 180º. (6) Terço superior da encosta. (8.1) Sub - rectangular com os quatro cantos arredondados. (8.2) Placas de xisto disformes, de tamanho variável e sem utilizar elemento aglutinante. (8.3) Suave (8.4) 16,5m x 20,8m. Área 270m2. (8.5) 0,8m; 1,4m; 1,5m; 1,3m. (8.6) Cobertura constituída por uma fiada de placas dispostas obliquamente. (9) Sim. (9.1) Este. (9.2) A largura é de 1,3m mas parece ter havido alterações na estrutura na área da porta. (10) A estrutura assenta, em alguns locais do seu perímetro, sobre afloramento xistoso. O muro, originalmente, não seria mais alto devido à ausência de derrube e do tipo de remate. Os afloramentos existentes no interior podem ter servido de socalcos. A porta é denunciada pela interrupção do muro e pela presença de duas placas, uma em cada lado, em posição vertical e assentes no solo. O muro apresenta ruína em alguns troços do seu perímetro. Espessura do muro na base 0,7m, no topo 0,6m. (10). Não se encontraram vestígios da sua utilização como apiário. É provável que seja o muro apiário registado no tombo do Rosmaninhal de 1505 (Chambino, 2000, p.113). (11) Henriques, Caninas & Chambino, 2004.

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41, VALE MOSTEIRO, Idanha-a-Nova. (1) Ribeiro do Vale Mosteiro / Ribeiro do Freixo / Ribeira do Aravil. (2.1) 306 (2ª edição, 1971). (2.2) Encontra-se assinalado na Carta Militar de Portugal. (3) 300m. (4) 0660195 – 4399927. (5) Sul. (6) Terço inferior da encosta. (8.1) Sub-rectangular. (8.2) Aparelho de blocos e lajes de xisto em aparelho horizontal e alguns de quartzo leitoso, com argamassa. (8.3) Suave. (8.4) 1300cm x 1560cm. Área 159m2. (8.5) 120cm x 170cm x 110cm 160cm. (8.6) O muro não conserva capeamento especial nem lajes avançadas. (9) Sim. (9.1) Porta virada a SE. (9.2) 0cm x 120cm x 60cm. (10) Identificou-se uma laje horizontal com furo, saliente do muro, no canto interior NO. Também se observaram três lajes encostadas à base do muro no lado interior Norte (assentos de cortiços?) e vestígios de um possível telheiro. A porta não tem lintel nem ombreiras monolíticas. Não se encontraram vestígios da sua utilização como apiário (pode ter servido como curral). Está arruinado na parte baixa. Não se identificaram socalcos. Foi construído um forno de pão encostado ao lado ocidental / exterior do muro. Nas proximidades existe uma pedreira. A altura interior do muro, lado superior é de 180cm. (11) Henriques, Caninas & Chambino, 2004.

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42, VALE DA AZINHEIRA, Idanha-a-Nova. (1) Ribeiro das Fontainhas / Rio Erges. (2.1) 294 (2ª edição, 1972). (2.2) Assinalado na CMP. (3) 280-290m. (4) 0669220 - 4405550. (5) Noroeste. (6) Metade inferior da encosta. (7) A cerca de 150m a Nordeste de construções modernas utilizadas para fins agrícolas, na margem direita do ribeiro das Fontainhas. A cerca de 160m a Oeste do caminho que liga os vértices geodésicos de Tagueiro a Torregais. (8.1) Subcircular. (8.2) Placas de xisto, sem elemento aglutinante. (8.3) Baixo. (8.4) 17,6m x 21,9m; área 306m2. (8.5) A altura média das paredes é de 1,2m e 0,4m de espessura. (8.6) Placas de xisto em posição oblíqua. (10) No exterior do recinto, no lado Norte, construíram um anexo utilizado actualmente como curral. Há derrubes nos lados Este e Sul. Não se observaram socalcos no interior. Não se observaram vestígios de cortiços ou apoios para os mesmos, embora se tenha tido a confirmação, do proprietário do arraial, que este espaço foi utilizado como apiário, pelo seu pai. (11) Henriques, Caninas & Chambino, 2004.

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43, VALE PÓRROS, Idanha-a-Nova. (1) Ribeiro de Valtamonte / Ribeiro do Freixo / Aravil. (2.1) 306 (2ª edição, 1971). (2.2) Implantado na Carta Militar de Portugal. (3) 220m. (4) 0656846 - 4400025. (5) 140º. (6) Terço inferior da encosta. (8.1) Subcircular. (8.2) O aparelho é em xisto, quartzito e quartzo leitoso. O quartzo e o quartzito apresentam-se sob a forma de grandes seixos rolados, na base do muro. O aparelho restante consiste em placas xisto dispostas de modo relativamente uniforme. Não utiliza elemento aglutinante (argila). Em vários locais do seu perímetro apresenta desmoronamentos. (8.3) Acentuado. (8.4) 19,2m x 16,5m. Área 249m2. (8.5) 1m; 0,9m; 1,2m; 1,3m. (8.6) Não apresenta cobertura. (9) Sim. (9.1) Oeste. (9.2) 0m / 0,65m / 0,5m. (9.3) Observam-se vestígios de porta condenada. (10) As paredes, originalmente, devem ter sido pouco mais altas, em virtude do escasso derrube existente. Espessura da parede 0,5m. O interior do muro apresenta afloramentos. Não há vestígios de socalcos. Na cota mais baixa observam-se depósitos de vertente que atingem o topo da parede, no lado interno. Ruiu o lintel da porta e parte da área envolvente. (11) Henriques, Caninas & Chambino, 2004.

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44, SAMARRUDO 1, Idanha-a-Nova. (1) Subafluente do Rio Aravil. (2.1) 305 (2ª edição, 1973). (2.2) Não está referido na Carta Militar. (3) 255m. (4) 0650296 – 4393868 (erro 4m). (5) 210 º. (6) Terço inferior da encosta. (8.1) Sub-circular. (8.2) Placas de xisto dispostas horizontalmente. (8.3) Acentuado. (8.4) 880cm; 830cm; área 57.3m2. (8.5) 140cm / 160cm / 170cm / 140cm. (8.6) Placas de xisto justapostas obliquamente. (9) A porta é substituída por uma entrada, constituída por um corte na estrutura que diminui a altura do muro neste local e degraus formados com placas de xisto salientes, dois no interior e dois no exterior. No lado interior e exterior os degraus estão à mesma altura do solo, 35cm o primeiro e a 70cm o segundo. (9.1) Este. (9.2) Largura 80cm; altura 60cm no ponto mais alto e 35cm no ponto mais baixo; espessura 67cm; altura do solo interior 100cm. (10) Na face interna do muro, junto da entrada, no lado Norte, e a 90cm do solo observa-se um nicho incrustado na parede com formato paralelepipédico (largura 27cm; altura 30cm; profundidade 50cm). Observam-se quatro socalcos, baixos. Três deles estão parcialmente forrados a lajes de xisto, sobre as quais assentavam os cortiços. A parte inferior do muro não apresenta socalcos. (11) Junto deste muro observa-se uma pedreira. Não apresenta vestígios de ocupação recente. Inédito. Última visita pelos signatários em 12.01.2008.

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45, SAMARRUDO 2, Idanha-a-Nova. (1) Linha de água afluente do Rio Tejo. (2.1) 305 (2ª edição, 1973). (2.2) Não está referido na Carta Militar. (3) 244m. (4) 0650822 – 4393016 (erro 6m). (5) 220º. (6) Terço inferior da encosta. (8.1) Rectangular. (8.2) Xisto. (8.3) Acentuada. (8.4) 14.8m; 11m; área 163m2. (8.5) 1,4m / 1,8m / 1,8m / 1,8m. (8.6) A cobertura da parede inferior do muro é constituída por lajes de xisto salientes cerca de 10 - 15cm, para o exterior; as restantes paredes são cobertas com placas de xisto justapostas obliquamente (capeamento espinhado). (9) Sim. (9.1) Este. (9.2) Não é possível obter medidas da porta, devido ao derrube. (10) Estrutura protegida dos ventos de todas as direcções. O muro apresenta-se em bom estado de conservação excepto na área da porta que apresenta derrube. No interior existem alguns afloramentos e dois socalcos, revestidos a lajes de xisto, no terço superior do muro. Observam-se ainda várias placas de xisto que devem ter servido como base ou tampa de cortiços. Espessura da parede 65cm. A entrada apresenta derrube na ombreira do lado Norte. (11) Junto do muro observa-se uma pedreira. Mas, grande parte da pedra da estrutura deve ter sido originária do seu interior. Em redor do muro, nas cotas mais baixas, observa-se quantidade apreciável de alecrim. Não observável em cotas superiores. Inédito. Última visita pelos signatários em 12.01.08.

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46, FONTE SANTA MADALENA, Idanha-a-Nova. (1) Linha de água subsidiária do Ribeiro de Manhel / Rio Tejo. (2.1) 306 (2ª edição, 1971). (2.2) Registado na CMP. (3) 349m. (4) 0662023 – 4397440 (erro 4m). (5) Sul (180º). (6) Terço inferior da encosta. (8.1) Ferradura / semi-circular de arestas arredondadas. (8.2) Estrutura em xisto As maiores placas e blocos estão na metade inferior da parede. Há áreas do muro que apresentam elemento aglutinante. (8.3) Suave. (8.4) 17,2m; 12,5m; área 338m2. (8.5) 100cm / 140cm / 153cm / 120cm. (8.6) Placas de xisto, de maior tamanho, justapostas e em posição oblíqua. A cobertura do muro observa-se apenas em cerca de 3m do muro, na área sudeste. (9) Sim. (9.1) Virada a Noroeste. (11) Apresenta áreas de desmoronamento. No interior da estrutura e junto da parede recta do muro, na área Nordeste, de cota mais elevada, existe uma superfície de 80cm de largura, sobreelevada, a 27cm do solo, assente em tijoleira e forrada com lajes de xisto, onde no passado assentavam cortiços. No interior observam-se sinais de utilização recente com a presença de vários cortiços abandonados. Espessura da parede, área da porta 63cm; Alturas interiores da parede do muro: 140cm; 120 cm; 100cm e 130cm. Inédito.

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47, MURO DA FURADA, Vila Velha de Ródão. (1) Linha de água afluente do Rio Tejo. (2.1) 304 (2ª edição, 1971). (2.2) Não está assinalado na CMP. (3) 200m. (4) 0625722 - 4394128. (5) 170º. (6) Terço inferior da encosta. (8.1) Subcircular. (8.2) Em xisto. Em algumas áreas uma mesma placa de xisto é colocada transversalmente, em relação ao muro, e atravessa-o do exterior ao interior. Noutras, o aparelho é constituído por placas de xisto dispostos paralelamente em relação à linha do muro entremeado por outras placas dispostas perpendicularmente. No lado exterior observam-se pequenos troços com espinhados. (8.3) Elevado. (8.4) Diâmetros: 21m e 21,55m; área 355m2. (8.5) 140 (parcialmente entulhado por abertura de um caminho) / 255cm / 230cm / 215 cm. (8.6) Não há vestígios de beirado. Observa-se grande quantidade de blocos caídos que podem indiciar a sua existência. (9) Não se observa. (9.1) Estaria voltada a Oeste. (9.2) Espessura: 80-85cm. (10) No interior observam-se afloramentos xistosos. É provável que parte das pedras do muro tenham origem no seu interior. Observam-se várias reconstruções. No interior, no lado Este, parece existirem restos de possível casa de apoio. (11) O interior tem oliveiras, sobreiras e mato de grande porte. Observam-se fragmentos de pote de mel no interior. No exterior observa-se uma pequena rampa que daria acesso à porta.

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48, MURO DO TOSTÃO, Vila Velha de Ródão. (1) Linha de água subafluente do Ribeiro de São Pedro / Rio Tejo. (2.1) 303 (trabalhos de campo de 1946). (2.2) Não está assinalado na CMP. (3) 252m. (4) 0613132 - 4394128. (5) 120º. (6) Terço inferior da encosta. (8.1) Oval. (8.2) Pedra seca de xisto. (8.3) Elevado. (8.4) 20,5m; 46m; 868m2 (aprox). (8.5) 160cm / 85cm / 140cm / ?. (8.6) Beirado com 30cm de dimensão. (9) Sim. (9.1) Norte. (9.2) 160cm / 155cm / 55cm. (10) No interior observam-se afloramentos xistosos e socalcos estruturados em muros. A porta apresenta gonzos em cima e em baixo. Há locais do perímetro do muro em que a parede surge reforçada com outro muro. A estrutura do muro estreita da base para o topo. Observam-se várias reconstruções. Há parcelas do muro onde se observam lajes salientes para atingir o topo. (11) A parte mais baixa do muro parece ter sido acrescentada para dar lugar a uma horta. Por este facto, segundo cremos, o seu diâmetro foi muito aumentado. Em 10 de Dezembro de 2005 constatámos que toda a área envolvente do muro foi revolvida e plantada com eucaliptos.

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49, CHÃO DAS RETORTAS, Mação. (1) Rio Tejo. (2.1) 332 (1969). (2.2) Não. (3) 55m. (4) UTM ED 50: 0581094 - 4370114. (5) Exposto a 220º. (6) Terço inferior da encosta. (7) Implantado cerca de 100m a norte da Linha da CP. (8.1) Rectangular. (8.2) Aparelho em xisto, granito e quartzito. Os elementos rochosos são de pequenas dimensões, salvo raras excepções. No muro, em corte, observa-se uma fiada de blocos do lado exterior e outra do lado interior. (8.3) Suave plano inclinado para o rio Tejo. (8.4) 33m x 2 m; 518m2. (8.5) Destruído x destruído x 120cm x 100cm. (9) Não se observam vestígios de portas. (10) Um grande bloco de quartzito, com mais de 1,5m de altura, integra a parede Norte do muro. A parede Este foi destruída para melhoramento ou abertura de um caminho rural que dá acesso ao rio Tejo. Ao longo do seu perímetro observam-se áreas de derrube do muro. Nas cotas mais baixas do interior do muro observa-se algum depósito. No interior não se observam afloramentos nem socalcos. Espessura da parede 45cm. (11) Antes do incêndio possuía uma ou duas oliveiras no interior e giestas. Actualmente sobram as giestas que já nasceram após o incêndio. RIBEIRO, 1983.

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50, SOBREIRO DA ÁGUIA ou HORTA REDONDA, Castelo Branco. (1) Ribeiro do Tripeiro / Rio Ocreza. (2.1) 279. (2.2) Não. (3) 290-298m. (4) UTM 0617 884 - 4415 113 (erro 6m). (5) Exposta a Sul (180º). (6) Terço superior da encosta. (8.1) Sub-circular. (8.2) Construção em xisto. Constituído por lajes de xisto dispostas horizontalmente e alinhadas em ambas as faces (interior e exterior). As lajes não têm tamanho uniforme, predominando as pequenas e médias. Ao longo da construção observam-se alguns blocos de maiores dimensões que parece servirem para travar as menores. O capeamento do muro é constituído por placas de maior tamanho e também de maior espessura. Estas placas saem alguns centímetros do alinhamento normal da parede para o interior e para o exterior (13cm), à maneira de beirado. (8.3) Suave plano inclinado voltado a Sul. (8.4) Diâmetros do muro: N-S = 10,6m; E-O = 12,5m; 104m2. (8.5) 0,9m x 1,1m x 1,1m x 0,95m. (9) Sim. (9.1) Noroeste. (9.2) Altura 93cm; largura 90cm; espessura 60cm. (10) No interior do muro existe uma nascente que, segundo informante local, mantém água todo o Verão. Ainda se observam três suaves patamares desnivelados para colocação dos cortiços. (11) Este recinto foi sempre usado para colocar colmeias. Actualmente o proprietário mantém o apiário no exterior, por não caber no interior do muro.

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51, PÉGUIA DO MURO, Castelo Branco. (1) Ribeiro do Tripeiro / Rio Ocreza. (2.1) 279. (2.2) Não. (3) 230-240m. (4) UTM ED50 0618606 - 4414677. (5) A sul, 180º. (6) Terço inferior da encosta, junto da linha de água. (7) Confluência da Barroquinha do Muro com o Ribeiro do Tripeiro, na margem esquerda do primeiro dos cursos de água mencionados. (8.1) Muro com planta semi-circular, exibindo pequenas curvas devido ao percurso da linha de água que contorna e à adaptação a afloramentos. (8.2) O aparelho construtivo é muito regular devido à utilização de placas de xisto com espessuras próximas e ao alinhamento exterior das mesmas. Podem ainda ver-se raros blocos de quartzo leitoso. No interior esta regularidade não se observa. A construção é feita com placas perpendiculares à linha do muro, intercaladas com outras paralelas. Alguns blocos / placas são de grande dimensão, principalmente os que estão próximos do solo. Não usa aglutinante. Em todo o perímetro observam-se derrubes, no exterior e interior, o que permite supor que inicialmente seria mais alto. Alguns destes derrubes apresentam têm amplitude significativa. (8.3) Médio a elevado. (8.4) O diâmetro da base é de 52m e o raio, perpendicular a este diâmetro, é de 27m; perfazendo assim uma área de 1102 m2. (8.5) Varia entre 1,7m e 2,20m / 1m / 3m / 2m. (8.6) O muro não apresenta qualquer tipo de cobertura, provavelmente devido aos derrubes. (9) Sim. (9.1) Este. (9.2) Indeterminada (devido ao derrube) / 0,8m / 1,1m. (9.3) Não. (10) Assenta sobre afloramentos em quase todo o perímetro, o lhe proporciona maior altura e menor investimento construtivo. A sua elevada dimensão e a densidade da cobertura arbustiva dificultam uma percepção rápida da sua configuração. A metade Sul do espaço interior do muro tem oliveiras que foram recentemente podadas e arrancado o mato. Na metade Norte abundam carrasqueiros, giestas e outros arbustos. No interior existem afloramentos de metagrauvaque, alguns com mais de 3m de altura. Não se observam socalcos. No terço inferior do espaço interno do muro não se observa depósito de terras. Na entrada, no lado exterior, existe um degrau escavado na rocha. No canto inferior Sudeste parece observar-se uma pequena estrutura de funcionalidade não identificada.

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52, REI ADÃO, Gavião. (1) Ribeira do Vale de Carvalho / Rio Tejo. (2.1) 333. (2.2) Não. (4) 39º 27’ 035’’ N, 7º 55’ 357’’ O. (5) Sul. (6) Metade superior da encosta. (7) Junto à ramificação das estradas com destino a Ponte de Sor, Gavião e Nisa; desviado da estrada cerca de 300m. (8.1) Rectangular. (8.2) Em xisto, e tijolo sobre a porta. (8.3) Médio. (8.4) 20m x 15m; 300m2. (8.5) Interior 2,2m; exterior 2,35m. (9) Sim. (9.1) Sul. (9.2) 0,75m de largura. (10) Espessura do muro 0,45m; o remate superior do muro é arredondado. (11) No momento da sua visita, em 24 de Maio de 2001, na companhia de Gaby Roussel e Nino Masetti, foram observados cinco cortiços desocupados. ROUSSEL, 2001.

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53, LAMEIRÃO, Nisa. (1) Ribeira do Figueiró / Rio Tejo. (2.1) 323. (2.2) Não. (4) 39º 31’ 398’’ N, 7º 46’ 475’’ O. (5) Sul. (6) Metade superior. (7) Entre o Km 154 e o Km 155 do IP2, no lado Nordeste. (8.1) Rectangular. (8.2) Granito. (8.3) Suave. (8.4) 18,1m x 19,2m; 347,5m2. (8.5) 3m, altura exterior. (9) Sim. (9.1) Oeste. (9.2) 1,65m x 0,7m x 0,6m de espessura. (10) O remate superior do muro é arredondado. (11) Visitado em 26 de Maio de 2001 por Gaby Roussel, Nino Masetti e F. Henriques. ROUSSEL, 2001.

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54, BROZAS, Cáceres. (4) 39º 37’ 308’’ N - 06º 47’ 033’’ O. (6) Pleneplanície. (7) Estrada 207 entre o Km 35 e o Km 36, no lado Norte. (8.1) Circular. (8.2) Em granito. Encontra-se parcialmente revestido a cal hidráulica. (8.3) Suave. (8.4) Diâmetro 16,78m, área 221m2. (8.5) 3,1m de altura. (8.6) O remate superior do muro é arredondado. (9) Sim. (9.1) Sul. (9.2) 1,3m x 0,88m x 0,73m de espessura. (10) No interior apresenta quatro socalcos, uma pequena árvore e cactos. (11) visitado em 26 de Maio de 2001 por Gaby Roussel, Nino Masetti e F. Henriques. Aquando da visita continha alguns cortiços. ROUSSEL, 2001.

55, GARROVILLAS 1, Cáceres. (3) 381m. (4) 39º 42’ 198’’ N - 06º 31’ 821’’ O. (6) Peneplanície.(8.1) Circular.(8.2) Em xisto.(8.3) Suave. (8.4) diâmetro: 19,1m; 286m2. (8.5) Altura máxima da parede 1,6m; espessura 0,6m.(10) Encontra-se em mau estado de conservação, com paredes demolidas em parte do seu perímetro.(11) Nas proximidades existe uma nascente de água. Visitado em 26 de Maio de 2001 por Gaby Roussel, Nino Masetti e F. Henriques. ROUSSEL, 2001. 56, GARROVILLAS 2, Cáceres. (4) 39º 42’ 129’’ N - 06º 32’ 080’’ O. (6) Peneplanície. (8.1) Circular. (8.2) Em xisto. (8.3) Suave. (8.4) 13,4m; 141m2. (8.5) Altura máxima da parede 1,45m; espessura 0,32m.(9) A entrada é praticada através de um rebaixamento, com 0,45m, no topo da parede, ficando cerca de 1m acima do solo. (10) O nível superior da parede, em parte do perímetro, foi reparado, em tempo recente, com blocos de cimento. Na metade norte do interior do recinto, e adossado à parede, existem seis suportes para cortiços, de planta rectangular, delimitados por placas de xisto cravadas no solo. O mesmo se observa no exterior do recinto, na metade Sul, onde se observam sete suportes também adossados à parede. (11) Visitado em 26 de Maio de 2001 por Gaby Roussel, Nino Masetti e F. Henriques. ROUSSEL, 2001. 57, GARROVILLAS 3, Cáceres. (4) 39º 42’ 235’’ N - 06º 32’ 168’’ O. (6) Peneplanície. (8.1) Ferradura. (8.2) Em xisto. (8.3) Suave. (8.4) Comprimento maior 24,3m; largura maior 22,6m; 475m2. (8.5) Altura máxima da parede 2,4m; espessura 0,6m. (8.6) A cerca de 2m de altura o muro possui um beirado, de placas de xisto, para o exterior com 10 a 15cm de saliência. A cobertura do muro arranca do extremo das placas de xisto do beirado até ao nível da parede no interior, em forma de semicírculo. (10) Tem casa de arrumos em ruína. Desta restam os arcos ogivais que a suportavam ou delimitavam. No topo de um dos arcos está gravada, sobre a cal, a inscrição “las colmenas modelo de la sociedade

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perfecta”. As paredes do muro apresentam avançado estado de ruína em grande parte do seu perímetro. A superfície exterior do muro está parcialmente revestida com cal hidráulica. No interior do muro existem quatro grandes pinheiros, uma oliveira e outra árvore seca com um ninho de cegonha. A entrada, da qual não restam vestígios, estaria voltada para sul. (11) Visitado em 26 de Maio de 2001 por Gaby Roussel, Nino Masetti e F. Henriques. ROUSSEL, 2001. 58, NUNOMORAL 1, Cáceres. (1) Rio hurdano / Rio Alagón / Rio Tejo. (4) 40º 24’ 441’’ N - 06º 73’ 432’’ O. (6) Metade inferior da encosta, junto a uma linha de água. (7) Junto da estrada que dá acesso a Nunomoral, poucas centenas de metros antes. (8.1) Subcircular. (8.2) Em xisto. (8.3) Médio. (10) Encontra-se parcialmente envolvido por arbustos e em muito mau estado de conservação em quase todo o seu perímetro. (11) Visitado em 26 de Maio de 2001 por Gaby Roussel, Nino Masetti e F. Henriques. ROUSSEL, 2001. 59, NUNOMORAL 2, Cáceres. (1) Rio hurdano / Rio Alagón / Rio Tejo.(5) Sul. (6) Metade inferior da encosta, junto a uma linha de água. (8.1) Oval. (8.2) Em xisto. (8.3) Médio. (8.4) Diâmetro maior 29m; diâmetro menor 26,2m; 596m2. (9) Sim, duas. (9.1) Aberta a Oeste e aberta a Este. (10) Tem casa de arrumos, com o telhado abatido, junto da entrada Este; a parede mede 1m de espessura. Tem cerca de 10 socalcos, apenas dois ou três desenvolvem-se de um extremo ao outro do muro. Há afloramentos no interior. No socalco inferior observa-se uma área de depósito. (11) Visitado em 26 de Maio de 2001 por Gaby Roussel, Nino Masetti e F. Henriques. ROUSSEL, 2001. 60, TREMAL, Segura. (1) Rio Erges. (2.1) 295. (2.2) Não. (3) 179m. (4) 0673297 – 4404608. (6) Implantado no terço inferior da encosta, poucos metros acima da linha de água. (8.1) Subcircular. (8.2) Em pedra solta de xisto. (8.3) Médio. (8.4) Diâmetros: N-S = 20m; E-O = 15m, área 235m2. (8.5) 0,2m (entulhado); 0,9m; 1,4m; 2m. (8.6) O muro é coberto por uma fila de placas de xisto imbricadas e inclinadas (capeamento espinhado). (9) Sim. (9.1) Voltada a Este. (9.2) 1,2m; 0,9m; 0,7m. (10) Apresenta derrubes em parte do seu perímetro, nas áreas Sul e Nordeste. Não apresenta socalcos no interior. A espessura da parede é de 60cm, em quase todo o perímetro. As alturas interiores da parede são as seguintes: lado Norte 1,6m; lado Este 1,3m; lado Sul 0,9m; lado Oeste 1m.

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61, FOZ DA RIBEIRA DO LAPÃO, Castelo Branco. (1) Ribeira do Tripeiro / Rio Ocreza. (2.1) 279. (2.2) Não. (4) 0619471 – 4415753. (5) 190º. (6) Meia encosta. (7) Construção implantada na margem esquerda do ribeiro do Tripeiro. (8.1) Sub-oval. (8.2) Alvenaria de xisto. (8.3) Alto, acentuado. (8.6) Apresenta lajes de maior tamanho a revestir o muro formando um beirado com cerca de 30cm. (9) Sim. (9.1) Voltada a Este. (9.2) ? / 1,2m / 1m. (10) O espaço envolvente apresenta cobertura herbácea e arbustiva abundante. A estrutura é caracterizada por paredes altas, em pedra seca, erguidas com recurso a blocos rochosos de grande dimensão. Em troços melhor conservados, exibe perto de 4 – 5m de altura. Tem vários socalcos no interior. A Sudoeste, a estrutura encontra-se abatida. No terço inferior há uma pequena área de depósitos. (11) Observado em 29 de Agosto de 2010.

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62, AZENHA DO MONTE MURO, Castelo Branco. (1) Ribeira da Líria / Rio Ocreza. (2.1) 291. (2.2) Não. (5) 160º. (6) Meia encosta. (7) Margem direita do ribeiro da Líria. (8.1) Planta oval. (8.2) É uma estrutura em xisto com elemento aglutinante O aparelho é essencialmente constituído por três ou quatro bandas de placas de xisto, pouco espessas, posicionadas sub-verticalmente e justapostas. Entre cada uma das bandas existem placas de xisto dispostas horizontalmente. A espessura desta última camada de placas é também variável. Na base do muro as placas estão dispostas na horizontal. Ao longo do seu perímetro observam-se várias reparações que não obedecem ao padrão geral da construção. Encontra-se em ruína. (8.3) Média. (8.4) Diâmetros: N - S = 17,5m; E – O = 20m (área central); E -O = 15m (extremo Sul). Área 240m2 (aprox.). (8.5) N = 1,90m; E = 0,8m; S = 2,2m; O = 1,3m. (8.6) Sem cobertura específica. (9) Não se observam vestígios de porta, ainda que fosse provável que estivesse voltada a Este. (10) O interior está densamente povoado de arbustos (estevas, carrasqueiros, oliveira, rosmaninho). Adossado à parede Norte, no lado interior, observam-se vestígios da casa de arrumos (2,30m) e de um patamar ligeiramente sobrelevado. No interior do muro, no terço Norte, observam-se afloramentos de xisto e no extremo Sul uma faixa com depósito. Medidas da largura da parede 70cm. (11) Encontra-se no interior de uma propriedade plantada com pinheiros mansos. É provável que tenha proprietário diferente do dono do espaço envolvente, situação comum no passado. Estudo de Impacte Ambiental do Aproveitamento Hidroeléctrico de Alvito, 2009.

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63, VAREDA, Castelo Branco. (1) Ribeiro do Vale do Grou / Rio Ocreza. (2.1) 303. (2.2) Não. (3) 170 – 180m. (4) Oeste: 238662 - 309651; Norte: 238680 - 309663; Este: 238687 - 309649; Sul: 238676 – 309634. (5) 150º. (6) Metade inferior da encosta. (7) Implantado no interior de um meandro no ribeiro do Grou, na margem esquerda. A cerca de 750m da foz deste ribeiro no rio Ocreza. Está rodeado, por todos os lados, de cotas mais altas e assim protegido dos ventos de todas as direcções. (8.1) Poligonal de 13 lados desiguais, mas com alguma simetria. (8.2) Estrutura em xisto. Não se observa elemento aglutinante. As placas que o constituem são de uma grande uniformidade em termos de espessura, proporcionando-lhe um aspecto diferente dos restantes. (8.3) Declive interior médio / elevado. (8.4) N - S = 28m; E - O = 26m; área aprox. 572m2. (8.5) Altura exterior do muro da estrutura, em cada um dos 13 lados do polígono: 1,9m (Oeste); 2,3m (Sul); 1,8m; 2m; derrube até ao solo (Este); 2,6m; 1,6m; 1m (Norte), 1,9m; 2,30m, 2m; 1,6m; 1,8m. (8.6) Não se observa uma cobertura inquestionável. Entretanto é possível que algumas das grandes placas que coroam o topo da parede, principalmente no lado Sul, possam ter integrado o capeamento. (9) Sim. (9.1) Voltada a Oeste. (9.2) Com derrube / 1,05m / 0,75m. (10) A entrada está parcialmente destruída e é denunciada pela ombreira do lado Norte. Apresenta derrube em quase todo o perímetro, principalmente no lado Norte. O interior é revestido por densa cobertura arbustiva e oliveiras suportadas por socalcos (sinónimo de que na época da sua plantação já não exercia a função inicial). No interior da metade Norte observam-se alguns afloramentos baixos. No terço inferior há uma área com depósito. (11) Estudo de Impacte Ambiental do Aproveitamento Hidroeléctrico de Alvito, 2009.

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64, FONTE DO FARRANHÃO, Idanha-a-Nova. (1) Ribeiro das Varetas / Rio Tejo. (2.1) 306 (1971). (2.2) Referenciado na CMP como ruína. (3) 209 m. (4) 0656391 – 4392445. (5) Voltado a Sul (186º). (6) Metade inferior. (7) Implantado na confluência do ribeiro da Fonte do Farranhão com o ribeiro das Varetas. (8.1) Sub-circular. (8.2) O aparelho, em alvenaria de xisto, é constituído por placas de espessura relativamente uniforme e aglutinante. As paredes são formadas por duas fiadas de placas de xisto alinhadas, uma do lado interno e outra do lado externo, com preenchimento de material mais fino no interior. Apresenta elevado grau de destruição por desmoronamento das paredes, como é o caso da parede do lado Este, esta provavelmente destruída pela corrente do ribeiro das Varetas. (8.3) Suave inclinação interior. (8.4) N - S = 19,5m; E – O = 15,5m; área = 240m2. (8.5) Altura exterior das paredes 0,5m / sem parede / 1,6m / 1,2m. (8.6) Sem cobertura específica. (9) Não apresenta vestígios de porta. (10) Espessura da parede 0,8m. O interior apresenta fraco revestimento arbustivo à base de rosmaninho. Existem afloramentos de xisto. Não há vestígios de socalcos. A cerca de 10m do limite do muro, para Nordeste, existem construções em pedra seca de xisto de planta rectangular e subrectangular. Algumas integram afloramento na sua estrutura. Em redor do muro observam-se locais de extracção de pedra.(11) Observado em 10 de Abril de 2010.

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65, VEIGA DAS ESTACAS, Idanha-a-Nova. (1) Rio Erges. (2.1) 283 (1974). (2.2) Não mencionado. (3) 220 – 230m. (4) 0677834 – 4414472. (5) 160º. (6) Metade inferior da encosta. (7) Caminho de terra batida que dá acesso a Veiga das Estacas, na margem do Erges. (8.1) Planta em ferradura (imperfeita). (8.2) Estrutura em xisto, com elemento aglutinante; apresenta derrube em vários pontos do seu perímetro. (8.3) Médio. (8.4) Do centro da base ao ponto mais distante 17m; largura da base (da entrada ao lado oposto) 10,7m. (8.5) 0,66m / 1,18m / 2,14m / 1,08m. (8.6) A cobertura da parede é constituída por placas de xisto, de maior tamanho, dispostas obliquamente sobre o corpo do muro, que é também constituído por placas xisto de tamanho inferior, dispostas horizontalmente. As placas de cobertura tendem a extravasar os limites exteriores do muro em cerca de 10 a 16cm (saliência do beirado). (9) Sim. (9.1) Sudoeste. (9.2) 1,38m / face exterior = 0,63m / face interior = 0,8m / 0,6m. (10) Estrutura implantada na cabeceira de uma suave linha de água, que integra. Está preenchida e envolvida por matagal à base de oliveiras abandonadas, carrasqueiros, estevas, oliveiras com 3 a 4m de porte. Adossada à face interna do muro, pelos lados Norte e Este, observa-se um assentamento para cortiços formado por enormes placas de xisto tendo 0,3m de altura e 1,3m de largura. Não há vestígios de casa de arrumos ou hospedaria. As paredes estão desmoronadas em duas pequenas áreas. (11) Observado em 23 de Agosto de 2009.

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66, TAPADA DA FOZ 1, Segura / Idanha-a-Nova. (1) Rio Erges. (2.1) 295 (1971). (2.2) Não está referenciado. (3) 231m. (4) 0672144 – 4407563. (5) Exposto a Sul (200º). (6) Metade superior. (7) Estrutura implantada na cabeceira de uma suave linha de água. (8.1) Planta sub-circular. (8.2) Construção em xisto com disposição horizontal das placas, assente, na maior parte do seu perímetro, sobre afloramentos. A parede apresenta-se abatida, no lado Norte, em cerca de um terço do perímetro. (8.3) Acentuado plano inclinado, com afloramento de xisto nos dois terços superiores e depósito no terço inferior. (8.4) No – S = 14m e E – O = 15,5m; área = 171m2. (8.5) 0,40m (parcialmente abatida) / 1,3-1,6m / 1,6m / e 1,4m. (8.6) O topo actual do muro não apresenta qualquer tipo de cobertura, ainda que num ou noutro sítio se observem placas maiores. No topo do muro, no lado exterior, observam-se algumas placas salientes (20 a 30cm) da estrutura, ainda que de modo não contínuo. Na cobertura da parede, no lado Sul, há uma grande placa de xisto com orifício rectangular. (9) Sim. (9.1) Nordeste (45º). (9.2) 1,1m / 0,6m / 0,65m. (9.3) A porta está voltada a com 110cm de altura, 60cm de largura e 65cm de espessura. (10) O interior do recinto está praticamente limpo de vegetação arbustiva. A espessura da parede é contínua em altura. Adossado à parte interna do muro, no lado Oeste, observa-se um recinto baixo delimitado por placas de xisto fincadas no solo (4m de comprimento por cerca de 0,7m de largura). Na face interna, adossado à estrutura, no lado Norte, observa-se um patamar sobreelevado (0,4m), em xisto, de planta rectangular (2,5m por 1,6m). Não apresenta vestígios de ocupação recente. (11) Observado em 22 de Marco de 2008.

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67, TAPADA DA FOZ 2, Idanha-a-Nova. (1) Rio Erges. (2.1) 295 (1971). (2.2) Não está referenciado. (3) 229m. (4) 0672172 – 4407397. (5) Exposto a Sudoeste (220º). (6) Metade superior. (7) Implantada na cabeceira de uma suave linha de água. (8.1) Sub-circular. (8.2) Construção em xisto com disposição horizontal das placas. A parede apresenta-se abatida em vários pontos do seu perímetro e nalguns pontos assenta sobre afloramento. (8.3) Médio, pouco acentuado. (8.4) N – S = 17m e E – O = 18m; área = 240m2. (8.5) 110cm (parcialmente abatida) / 0,7m / 1,3m / 0,9m. (8.6) Constituída pela justaposição oblíqua das placas. (9) A porta parece ter sido aberta a Oeste, hoje abatida. É provável que para a ombreira Norte tivesse sido aproveitado um afloramento, de xisto, mais alto. (10) O interior apresenta-se quase limpo de arbustos, excepto ao longo de um muro baixo que estrutura um socalco onde crescem arbustos / árvores e encontra-se dividido em três espaços (5,7m [terço Norte], 4m [terço central] e 7,3m [terço Sul), separados por dois muros arqueados que estruturam socalcos. Estes muros, baixos, quase que atravessam o espaço interno de um extremo ao outro do muro, embora exista uma abertura no lado Oeste para passagem. A altura média dos socalcos é de 30 a 40cm. A espessura da parede do muro é de 0,60m. Os poucos afloramentos que se observam situam-se no terço superior da estrutura. Não apresenta vestígios de ocupação recente. (11) Observado em 22 de Março de 2008.

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68, TAPADA DA FOZ 3, Idanha-a-Nova. (1) Rio Erges. (2.1) 295 (1971). (2.2) Não está referenciado. (3) 220m. (4) 0672295 – 4407496. (5) Exposto a Sudoeste (170º). (6) Metade superior. (7) Implantada na cabeceira de uma suave linha de água. (8.1) Planta elíptica. (8.2) Construção em xisto com disposição horizontal das placas. A parede apresenta-se abatida em vários pontos do seu perímetro com destaque para o lado Norte. (8.3) Plano inclinado acentuado. (8.4) N – S = 16,5m e E – O = 18m; área = 234m2. (8.5) 0,8m (parcialmente abatida) / 1,3m / 1,6m / 1,6m. (8.6) Nos sítios onde a altura primitiva do muro se mantém observam-se placas de xisto formando um beirado de cerca de 35cm. (9) Apresenta entrada com vestígios de encaixe de porta. (9.1) A Oeste. (9.2) 1,3m / 0,65m / 0,6m. (9.5) Com afloramentos. (10) O interior está ocupado com arbustos / árvores (zambujeiros). O espaço dividido em quatro parcelas (5,6m [Norte], 2,2m [central, Norte], 2,9m [central, Sul] e 5,8m [Sul), separadas por três muros que estruturam socalcos. Estes muros, com 0,45 a 0,65m de altura, quase atravessam o espaço interno de um extremo ao outro do muro, embora exista uma abertura no lado Oeste para passagem. Apresenta vestígios de ocupação recente. (11) Observado em 22 de Março de 2008.

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69, MURO ALTO 2, Idanha-a-Nova. (1) Ribeiro do Muro Alto / Rio Erges. (2.1) 306 (1971). (2.2) Não. (3) 274m. (4) 0670013 – 4402149. (5) 160º. (6) Metade inferior. (7) Estrutura implantada junto à de confluência de duas linhas de água, em área de eucaliptal e azinheiras. (8.1) Sub-circular. (8.2) Estrutura em xisto com raros blocos de quartzo. O material pétreo é de pequenas e médias dimensões. (8.3) Interiormente tem baixo grau de inclinação e apresenta alguns afloramentos na metade Sul. (8.4) N – S = 17m; E – O = 13,7m; área = 185m2. (8.5) 1,4m – 1,4m – 1,7m – 1,5m. (8.6) Nos sítios onde mantém o capeamento observam-se placas de xisto de maior tamanho, com 0,3m de saliência para o exterior (beirado) e para garantir a sua estabilidade foram sobrepostas por blocos de quartzo leitoso de tamanho médio. (9) Sim. (9.1) 230º. (9.2) Apresenta derrube / largura 1m / 0,55m. (9.3) Não. (9.4) Não. (9.5) Não. (10) A estrutura apresenta razoável estado de conservação, excepto no lado Este, com derrube numa extensão de alguns metros e na área da porta. Na face exterior da parede do muro, junto da entrada, existe uma placa de xisto com orifício para prender animais (burro). Na face interior, no lado Sul, há um nicho incrustado na parede, de volume cúbico (0,3m de altura, 0,3m de largura e 0,3m de profundidade). Ainda no interior, no lado Norte, junto da parede, observa-se um espaço com 0,75m de largura, delimitado por placas de xisto, segregado ao restante espaço do recinto, onde eram colocados cortiços. No exterior do muro, no limite Norte, existe um lagar escavado num afloramento de xisto. (11) Visitado pela última vez em 11 de Setembro de 2009 pelos signatários e pela Engª Paula Henriques (Aliança Florestal).

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70, RIBEIRO DA PEDRA ALTA, Idanha-a-Nova. (1) Ribeiro da Pedra Alta / Rio Erges. (2.1) 295 (1971). (2.2) Não. (3) 250m. (4) 0671126 – 4402632. (5) 190º. (6) Metade inferior. (7) Estrutura implantada junto à de confluência de duas linhas de água (Ribeiro da Pedra Alta (margem direita) e uma linha de água menos importante, não identificada na Carta Militar. A área está ocupada por eucaliptal. Junto das linhas de água mantém-se a cobertura arbustiva de rosmaninho, giesta e carrasqueiro. (8.1) Sub-circular. (8.2) Estrutura em xisto. O material pétreo é de pequeno e médio tamanho. (8.3) Tem grau médio de inclinação interior e apresenta alguns afloramentos. (8.4) N – S = 22,7m; E – O = 24,3m; área = 434m2. (8.5) 0,8m – 1,2m – 1,4m – 0,8m. (8.6) Nalguns ponto a parede conserva beirado com cerca de 0,2m de saliência para o exterior. (9) Sim. (9.1) Norte. (9.2) Apresenta derrube / largura 0,65m / 0,60m. (9.3) Sim. (9.4) Sul. (9.5) 1,2m / largura 0,6m / 0,6m. (10) Apresenta derrubes em três locais do seu perímetro. A estrutura não tem aglutinante. Junto a este muro e sobre o ribeiro da Pedra Alta existe um pontão com talhamares que serve uma via com sulcos. (11) Visitado pela última vez em 11 de Setembro de 2009 pelos signatários e pela Engª Paula Henriques (Aliança Florestal).

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71, FAININA, Idanha-a-Nova. (1) Rio Erges. (2.1) 306-A (2ª edição, 1971). (2.2) Não mencionado na CMP. (3) 208m. (4) UTM 0671525 – 4398370. (6) Terço superior da encosta. (7) Implantado junto da confluência de duas pequenas linhas de água, uma delas profunda e a outra tem uma nascente junto do muro. (8.1) Elíptica. (8.2) Aparelho de xisto com placas de tamanho médio dispostas horizontalmente. Apresenta aglutinante. O tamanho das placas é relativamente uniforme entre a base e o topo. No lado Este apresenta acentuada ruína mas as respectivas placas devem ter sido retiradas para a construção de calçadas para oliveiras. No canto inferior do lado Sudoeste apresenta derrube que pode ter sido provocado pela acção da água das duas linhas de água que aqui confluem. Parte da estrutura assenta directamente sobre o afloramento. As placas de xisto da estrutura estão alinhadas nas faces interna e externa do muro. No interior a altura máxima é 3m. (8.3) Interior mediamente inclinado. (8.4) Diâmetros: 17m e 10,6m, área 150m2. (8.5) 2,5m / 2,5m / 2,5m / 2,3m. (9) Tem porta. (9.1) Noroeste. (9.2) 1,7m / 0,87m / 0,6m. (10) No interior do muro observam-se rosmaninhos, três azinheiras de pequeno porte, afloramentos xistosos, lajes de assentamento e para cobertura dos cortiços e pequenos muros que podiam servir para assentar cortiços. A parte inferior do muro apresenta depósito num curto espaço que não excede os 2m. (11) Estrutura identificado em 3 de Abril de 2009.