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CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR LAUREATE INTERNATIONAL UNIVERSITIES CURSO DE NUTRIÇÃO MARKETING NA EPIDEMIA DA OBESIDADE INFANTIL LARISSA MARTINS COSTA RIO DE JANEIRO 2017

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CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR – LAUREATE

INTERNATIONAL UNIVERSITIES

CURSO DE NUTRIÇÃO

MARKETING NA EPIDEMIA DA OBESIDADE INFANTIL

LARISSA MARTINS COSTA

RIO DE JANEIRO

2017

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CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR – LAUREATE

INTERNATIONAL UNIVERSITIES

CURSO DE NUTRIÇÃO

MARKETING NA EPIDEMIA DA OBESIDADE INFANTIL

LARISSA MARTINS COSTA

Orientadora: Profª Patrícia Souza dos Santos

RIO DE JANEIRO

2017

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Curso de Nutrição do

Centro Universitário IBMR/Laureate

International Universities, como

parte dos requisitos para obtenção do

Título de Bacharel em Nutrição

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LARISSA MARTINS COSTA

MARKETING NA EPIDEMIA DA OBESIDADE INFANTIL

Banca examinadora composta para defesa de Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do grau de Bacharel em Nutrição

Aprovada em: ________ de __________________ de ________

Presidente e Orientador: ______________________________________________

Membro Avaliador: ___________________________________________________

RIO DE JANEIRO

2017

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AGRADECIMENTOS

A Deus, idealizador e concretizador dos meus sonhos. Ele é antes de todas as

coisas e por meio Dele tudo subsiste. Sem Ele a vida não faz sentido algum. A Ele

seja toda honra, toda glória e todo louvor.

À minha família, por ser meu porto seguro e ter desde sempre, com muito amor e

paciência, me ensinado o significado de nunca desistir e continuar perseverando

frente às circunstâncias.

À orientadora Patrícia Souza dos Santos, pela sua paciência, disponibilidade, apoio

e colaboração neste trabalho.

À professora Kátia Soares por aceitar o convite de participar da banca deste trabalho

de conclusão de curso.

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“Para que o povo veja e saiba, e todos vejam e saibam que a mão do Senhor

fez isso, que o Santo de Israel o criou. ” Isaías 41:20

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COSTA, Larissa Martins. Marketing na epidemia da obesidade infantil. Rio de

Janeiro, 2017, 30p. Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Nutrição,

Centro Universitário IBMR/ Laureate International Universities.

RESUMO

Atualmente com o desenvolvimento da tecnologia, cada dia mais, o público infantil

tem tido maior acesso aos meios de comunicação. Por causa disto, nos últimos

anos, muito se tem discutido tanto a nível internacional quanto a nível nacional a

respeito do marketing alimentício direcionado às crianças, e suas consequências a

saúde dos pequeninos. Diante do exposto, a presente revisão de literatura teve

como objetivo mostrar a relação entre o marketing de alimentos e a incidência de

obesidade infantil. Para elaboração deste trabalho, utilizou-se como base, pesquisas

e artigos científicos indexados nas seguintes bases de dados: Lilacs, Medline,

Scielo, Pubmed e Periódico Capes, nos idiomas português e inglês, além dos sites

da Organização Mundial de Saúde e do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística. A avaliação das informações mostrou que a presente legislação vigente

no Brasil sobre a veiculação de anúncios publicitários com alto teor calórico, ricos

em gordura, sódio e açúcar dirigidos ao público infantil, por vezes, não é cumprida

por parte das empresas, contribuindo assim, de forma direta para a elevação das

taxas de sobrepeso e obesidade infantil.

Palavras-chave: obesidade infantil, publicidade de alimentos, marketing, controle da publicidade de produtos, comportamento alimentar.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Frequência e percentagem de anúncios veiculados pela televisão durante

dias de semana e sábados ........................................................................................14

Quadro 2. Taxas da obesidade infantil no Brasil .......................................................16

Quadro 3. Produtos anunciados por emissoras de TV, segundo os argumentos e não

conformidades de acordo com o regulamento proposto ......................................19-20

Quadro 4. Regulamentação da publicidade infantil e suas restrições ......................22

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LISTA DE SIGLAS

ANVISA – Agência Nacional de vigilância Sanitária

CGPAN – Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

MS – Ministério da Saúde

OMS – Organização Mundial da Saúde

PNAN – Política Nacional de Alimentação e Nutrição

PNDA - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

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SUMÁRIO

1. Introdução .............................................................................................................9

2. Objetivos .............................................................................................................10

2.1. Objetivo geral ................................................................................................10

2.2. Objetivos específicos ....................................................................................10

3. Material e métodos ................................................................................................11

4. Revisão de literatura ..............................................................................................12

4.1. Marketing no consumo alimentar ...................................................................12

4.2. Marketing nutricional dirigido ao público infantil .............................................12

4.3. Relação entre o marketing e a obesidade infantil ..........................................14

4.4. Obesidade infantil ..........................................................................................16

4.4.1 Prevalência da obesidade infantil .............................................................16

4.4.2 Consequências da obesidade na infância ................................................16

4.5. Aspectos legais do marketing no Brasil ........................................................18

4.5.1 Regulamentação da publicidade de alimentos direcionada às crianças ..18

4.5.2 Comparação da regulamentação da publicidade em outros países ........21

5. Considerações finais ............................................................................................23

6. Referências bibliográficas ....................................................................................25

Anexo 1 ....................................................................................................................30

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1. INTRODUÇÃO

A obesidade infantil é considerada um dos desafios para a saúde pública na

atualidade. No mundo, cerca de 41 milhões de crianças abaixo de cinco anos

apresentam excesso de peso. A projeção é que, em 2025, este número cresça para

75 milhões de crianças acima do peso. A doença está relacionada com aumento do

risco cardiovascular, resistência à insulina, esteatose hepática, problemas

hormonais e psicossociais, além de uma grande probabilidade de ser um adulto

obeso (SAHOO et al., 2015; ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2017).

Dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística – IBGE (2008) apontaram para o crescimento da obesidade,

indicando que 38,8%de crianças entre 5 a 9 anos de idade apresentavam excesso

de peso, sendo a região Sudeste responsável pelo maior índice quando comparada

às outras regiões do país.

Fatores genéticos, ambientais, dietéticos e o estilo de vida estão entre os que

podem contribuir para a elevação das taxas de obesidade. O sedentarismo e o alto

consumo de alimentos ricos em gordura e açúcar estão entre os que têm colaborado

em maior evidência para este aumento (LOBSTEIN et al., 2004; MOREIRA, 2007).

A propagação da publicidade alimentar tem sido preponderante em influenciar

crianças no aumento do consumo destes produtos de alta densidade calórica

(UTTER et al., 2006). Conforme demonstrado por Ishimoto e Maciel (2001), a

prevalência de obesidade infantil tem correlação com a influência da mídia e seus

meios de comunicação, visto que nesta idade elas desconhecem os malefícios de

uma má alimentação, e seus pais tendem a aceitar suas vontades buscando a

facilidade na preparação das refeições.

Atualmente, o marketing de alimentos direcionado ao público infantil está

entre os que mais corroboram para a obesidade infantil, visto que anunciam em

grande quantidade alimentos não nutritivos, ricos em sódio, açúcar e gordura. Por

causa disto, muito se tem discutido a respeito da relação do marketing alimentício e

sua influência negativa na saúde da população, principalmente quando se trata da

saúde das crianças (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2003; HAWKES,

2004).

Diante disto, a presente revisão de literatura visa mostrar a relação entre o

marketing de alimentos e a incidência de obesidade infantil.

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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo geral

Mostrar a relação entre o marketing de alimentos e a incidência de

obesidade infantil.

2.2. Objetivos específicos

Avaliar a influência do marketing no consumo alimentar;

Verificar a prevalência de obesidade infantil;

Relacionar a legislação sobre marketing alimentar e suas

restrições quanto a veiculação de anúncios publicitários dirigidos ao público

entre países diferentes.

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

Para a realização do presente estudo foi efetuada uma revisão bibliográfica, a

partir dos periódicos publicados entre os anos de 2000 a 2017, presentes nas

seguintes bases de dados: Lilacs, Medline, Scielo, Pubmed e Periódico Capes.

Os sites da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Instituto Brasileiro de

Estatística e Geografia também foram utilizados neste trabalho.

Na pesquisa foram empregadas as seguintes palavras-chave no idioma

português e inglês: obesidade infantil (childhood obesity), publicidade de alimentos

(food publicity), marketing, controle da publicidade de produtos (products publicity

control) e comportamento alimentar (feeding behavior).

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4. REVISÃO DE LITERATURA

4.1. Marketing no consumo alimentar

Na atualidade, o marketing voltado aos produtos alimentares tem sido

frequente tema de debate tanto a nível internacional quanto a nível nacional, devido

a elevada frequência e intensidade de publicidade direcionada a alimentos com

baixo valor nutricional e alto valor calórico por intermédio dos meios de comunicação

(ROBINSON et al., 2007).

No mercado consumidor, os alimentos estão entre os que apresentam maior

potencial de investimento em publicidade e marketing por parte das empresas, a fim

de estimular a população para compra de seus produtos. Isto possibilitou o

crescimento da indústria alimentícia e fez expandir as técnicas de processamento,

bem como pesquisas de satisfação do consumidor (ISHYMOTO; MACIEL, 2001).

Do ponto de vista mercadológico, o marketing é definido como um conjunto de

processos com a finalidade de criar, comunicar, entregar e trocar ofertas que tenham

valor para clientes, empresas e para a sociedade. Já a publicidade é uma

ferramenta utilizada pelo marketing que visa promover a venda de produtos, serviços

e a veiculação de ideias (RODRIGUES et al., 2011; SOCIEDADE AMERICANA DE

MARKETING, 2013).

Entre as formas de meios de comunicação utilizadas para persuadir a

população para compra de determinado alimento estão: televisão, cinema, rádio,

outdoors, internet, entre outros. Além de elevar a lucratividade da empresa, tais

elementos são empregados pelo marketing para estabelecer vínculo do produto com

o consumidor sendo capaz de despertar sensações e emoções como a alegria

influenciando assim a compra do mesmo (SANTOS; GROSSI, 2007).

4.2. Marketing nutricional dirigido ao público infantil

O público infantil está entre o mais suscetível aos apelos promocionais

advindos das múltiplas formas de mídias sociais que o marketing utiliza para vender

um determinado produto. Tal recurso possibilita um aumento na divulgação de

alimentos industrializados com alta densidade calórica, ricos em gordura, sal e

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açúcares, influenciando negativamente o estado nutricional das crianças

(DENNISON et al., 2004).

De acordo com McNeal (2000) o comportamento consumidor na infância pode

ser dividido em cinco estágios:

Observação (2 meses): é nesta idade que a criança faz sua primeira

visita a um estabelecimento comercial;

Pedido (2 anos): a criança pede o produto observado através de gestos

ou palavras;

Seleção (3anos e meio): retira sozinho produtos das prateleiras;

Compra assistida (5 anos e meio): realiza sua primeira compra do

produto desejado com auxílio dos pais;

Compra independente (8 anos): realiza a compra do produto por sua

conta, independente da presença dos pais.

O processo de aquisição de uma mercadoria pelo público infantil tem critérios

diferenciados e pode ser influenciado pelos comerciais televisivos, visto que através

daquilo que veem, as crianças formam seus conceitos a partir das características do

produto, tais como: aparência, mágicas, textura, desenhos de heróis, brindes,

diversão (MOURA, 2010).

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), 94,7 % dos

domicílios no ano de 2007 possuíam televisão em seus lares. No Brasil, a maioria

das crianças e adolescentes prefere televisão como forma de entretenimento, e este

público tende a permanecer, em média, de três a quatro horas por dia em frente à

televisão (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2007; UEDA

et al., 2014).

Um estudo realizado por Almeida et al., (2002) mostrou que a categoria de

alimentos é a mais veiculada pelas redes de televisão de canal aberto do país,

sendo a periodicidade dos dias de semana maior quando comparada ao sábado

(Quadro 1 ). Além disso, do total de 1.395 anúncios de alimentos publicitados, 57,8%

estavam no grupo da pirâmide alimentar correspondente a gorduras, óleos, açúcares

e doces, 21,2% por pães, cereais, arroz e massas, 11,7 % representado pelo grupo

de leites, queijos e iogurtes, 9,3 % pelo grupo de carnes, ovos e leguminosas e

houve completa ausência de frutas e vegetais.

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Quadro 1. Frequência e percentagem de anúncios veiculados pela televisão durante

dias de semana e sábados.

Dias de semana Sábados

Categorias Frequência % Frequência %

Alimentos 1.091 22,47 304 22,25

Lojas 634 15,96 225 16,47

Produtos de beleza 442 11,13 6 0,44

Brinquedos 306 7,70 40 2,93

Produtos de higiene 213 5,36 27 1,98

Produtos de limpeza 190 4,78 63 4,61

Utensílios de limpeza 181 4,56 78 5,71

Supermercados 158 3,98 48 3,51

Propaganda

governamental

152 3,83 94 6,88

Carros 138 3,47 134 9,81

Bebidas alcoólicas 134 3,37 167 12,23

Remédios 131 3,30 51 3,73

Vestuário 95 2,39 63 4,61

Jornais/revistas 94 2,37 27 1,98

Alimentos para animais 13 0,33 39 2,86

Total:

3.972

100,00

1.366

100,00

Fonte: adaptada de ALMEIDA et al., 2002

4.3 Relação entre o marketing e a obesidade infantil

O marketing alimentício tem sido reportado como influenciador na escolha,

preferência, consumo e compra de produtos pelo público infantil. Os alimentos

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frequentemente divulgados são aqueles não recomendados por especialistas e que

devem ter seu consumo diminuído por estarem associados ao desenvolvimento de

doenças crônicas não transmissíveis. Em vista disto, em 2003, a OMS considerou a

publicidade de alimentos um dos fatores relacionados à elevação das taxas de

sobrepeso e obesidade infantil (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2003;

INSTITUTO DE MEDICINA, 2006).

Uma pesquisa realizada em 2005 apontou uma associação entre crianças

com excesso de peso e a quantidade de anúncios transmitidos, por hora, na

televisão, mostrando assim a influência desses anúncios sob o consumo de

alimentos de alta densidade energética, e propondo que o número de propagandas

tem relação direta com o excesso de peso em crianças. Além disso, a exposição das

crianças entre 2 a 6 anos a anúncios no tempo entre 10 a 30 segundos se mostrou

capaz de influenciar na preferência, em curto prazo, por esses alimentos

(BORZEKOWSKI; ROBINSON, 2001; LOBSTEIN; DIBB, 2005).

Foi demonstrado, ainda, em outro estudo, a correlação do tipo de publicidade,

ou seja, publicidade saudável ou não saudável com relato de consumo feito pelas

crianças. Dessa forma, ao serem expostas a publicidade não saudável houve um

aumento no relato de consumo desses alimentos (DIXON et al., 2007).

Segundo Harris et al., (2009) a publicidade alimentar foi apontada como

capaz de intensificar em 45% o consumo de um alimento, quando comparada

aqueles que não sofreram exposição, mostrando que o alto consumo de um

determinado produto anunciado seria capaz de levar a ingestão de 94 kcal

adicionais promovendo ao ganho de peso em torno de 4,5 kg por ano.

A associação de um alimento de baixo valor nutricional e rico em densidade

calórica com personagens de desenhos infantis, brindes, promoções tem cooperado

para a elevação do consumo do mesmo contribuindo para o crescimento da

obesidade infantil, bem como outras doenças relacionadas à obesidade que podem

durar a infância, e/ou também permanecerem em idade posterior (ALMEIDA et al.,

2002).

Assim sendo, o marketing alimentar se mostrou capaz de influenciar nas

escolhas, preferências e consumo das crianças, utilizando alimentos ricos em

gorduras e açúcares em seu anúncio, e possibilitando sua associação à obesidade

infantil como propõem alguns estudos (RODRIGUES et al., 2011).

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4.4 Obesidade infantil

4.4.1 Prevalência da obesidade infantil

A obesidade é a doença pediátrica com prevalência a nível mundial que se

expande tanto nos países desenvolvidos como nos países em desenvolvimento

(LOPES et al., 2006). De acordo com a Associação Internacional para Estudo sobre

Obesidade (2004), 155 milhões de crianças em idade escolar, em todo o mundo,

estão acima do peso, sendo que, cerca de 30 a 45 milhões de crianças com idades

entre os 5 e 17 anos se encontram neste quadro, e, 22 milhões ou mais de crianças

de idade inferior a 5 anos já são obesas.

Estudos revelaram que a prevalência de obesidade teve seu aumento de 5%

para 12,4% em crianças de 2 a 5 anos, de 6,5% para 17% em crianças de 6 a 11

anos. Na Europa, as taxas de obesidade estão entre 10,6 % (República Checa e

Chipre) e 30% (Polônia) em crianças com 2 anos, entre 7% (Bélgica) e 23,8%

(Grécia) em crianças com 3 anos e entre 11,8% (Romênia) e 32,3% (Espanha) em

crianças com 4 anos de idade (LOPES et al., 2006). No Brasil, o excesso de peso

infantil varia de 25,65% a 38,8% (Quadro 2) (PESQUISA DE ORÇAMENTO

FAMILIAR, 2008).

Quadro 2. Taxas da obesidade infantil no Brasil.

Regiões do Brasil Taxas de excesso de peso

infantil

Centro-oeste (MT, MS, GO e DF) 35,15%

Nordeste (MA, PI, BA, CE, RN, PB, PE, AL e SE) 28,15%

Norte (AC, AM, RR, RP, AP, PA e TO) 26,65%

Sudeste (ES, RJ, SP, MG) 38,8%

Sul (PR, SC, RS) 35,9%

Fonte: adaptada de PESQUISA DE ORÇAMENTO FAMILIAR, 2008

4.4.2 Consequências da obesidade na infância

De acordo com a OMS (2004), a obesidade é caracterizada pelo excesso de

gordura corporal capaz de gerar danos e complicações metabólicas à saúde de um

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indivíduo. Em qualquer idade, pode provocar consequências graves, entretanto, na

infância, essas consequências tendem a ser intensificadas devido à fase de

desenvolvimento físico e psicológico em que as crianças se encontram (COUTO,

2015).

As doenças psicológicas são uma das consequências mais perceptíveis em

crianças obesas, sendo capazes de provocar problemas de inclusão social, baixa

autoestima, distúrbios comportamentais, entre outros. Além disso, a obesidade

também pode potencializar o desenvolvimento de doenças como (SERRA et al.,

2007, STEVENSON et al., 2007, NUNES, 2008):

Apneia do sono

Asma

Diabetes mellitus tipo II

Distúrbios cardiovasculares

Distúrbios gastrointestinais

Distúrbios hepáticos

Gota

Hiperinsulinemia

Hipertensão arterial

Hipertrigliceridemia

Lesões articulares e na pele

Oligomenorréia ou amenorréia

Osteoartrite

Resistência à insulina

Síndrome metabólica

Trombose

O alto índice de obesidade infantil implica no aumento nas taxas de

morbidade e mortalidade, gerando elevação dos custos diretos e indiretos em saúde,

ocasionando assim consequências a nível governamental. Os custos diretos dizem a

respeito das despesas na prevenção, tratamento e reabilitação da doença, nas

internações hospitalares e cirurgias, em compras de medicamentos, em cuidados de

enfermagem, em consultas médicas, entre outras despesas requeridas aos cuidados

da saúde. Os custos indiretos referem-se à qualidade de vida e produtividade

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(representa o valor de produção perdido por ausência no trabalho por causa da

doença, incapacidade e morte prematura) (SANTOS, 2010).

4.5 Aspectos legais do marketing no Brasil

4.5.1 Regulamentação da publicidade de alimentos direcionada às crianças

Atualmente, o consumo desmedido de alimentos industrializados, ricos em

gordura, sódio e açúcares, sofre influência das diversas estratégias publicitárias

presentes na televisão, no rádio, no celular, na internet. É por meio desse incentivo

maciço que o público infantil é instigado cada vez mais à ingestão de produtos

potencialmente nocivos à saúde, e que são comumente anunciados nos diferentes

meios de comunicação (HENRIQUES; GONÇALVES, 2013).

O Brasil, em vista à proteção da saúde das crianças incorporou a publicidade

de alimentos em sua agenda regulatória. No campo legislativo, há inúmeros projetos

de lei em processo, dentre eles, publicidade de alimentos no meio escolar, anúncios

de alimentos associados a brinquedos, entre outros (MARTINS, 2014; HARTUNG;

KARAGEORGIADIS, 2017).

Em 1999, o Ministério da Saúde (MS) através da Política Nacional de

Alimentação e Nutrição (PNAN) apresentava sua preocupação com a prevenção e o

controle dos distúrbios nutricionais como instrumento de combate ao sobrepeso e

obesidade. Sendo assim, em 2003, a Coordenação-Geral da Política de Alimentação

e Nutrição (CGPAN) do MS, regulamentou um documento sobre a publicidade de

alimentos dirigida ao público infantil, considerando-a fator significativo de

intervenção do governo brasileiro (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013).

Posteriormente no ano de 2008, a Resolução nº408/2008 do Conselho

Nacional de Saúde (2008), tratou sobre:

Regulamentação da publicidade, propaganda

e informação sobre alimentos, direcionadas ao público em geral e em especial ao público infantil, coibindo práticas excessivas que levem esse público a padrões de consumo incompatíveis com a saúde e que violem seu direito à alimentação adequada. Regulamentação das práticas de marketing de alimentos direcionadas ao público infantil, estabelecendo critérios que permitam a informação correta à população, a identificação de alimentos saudáveis, o limite de horários para veiculação de

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peças publicitárias, a proibição da oferta de brindes que possam induzir o consumo e o uso de frases de advertência sobre riscos de consumo excessivo, entre outros.

Em 2010, a Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária

(2010) publicou uma resolução (RDC nº24/2010) que estabeleceu requisitos

mínimos para promoção de publicidade e propaganda cujo objetivo fosse divulgação

comercial de alimentos com alto teor de açúcar, gordura saturada, gordura trans e

sódio, e se fez obrigatório o uso de alertas sobre perigos do consumo excessivo de

tais produtos.

A fim de verificar se as propagandas infantis estavam condizentes com a

legislação vigente, Henriques et al., (2013) fizeram uma análise no período de 16

dias de programação tendo um total de 1018 propagandas, das quais 132

anunciavam produtos alimentícios direcionados ao público infantil, onde estavam

sendo anunciados pelas emissoras A e B (Quadro 3). Além disso, foram

selecionados cinco artigos do regulamento inserido na Consulta Pública nº71/06,

pela ANVISA (2006) para verificar se estavam de acordo ou não com a

regulamentação.

Quadro 3. Produtos anunciados por emissoras de TV, segundo os argumentos e não conformidades de acordo com o regulamento proposto.

Emissoras de TV Produto Argumentos Não conformidades

A Leite acidificado - O produto é essencial

para saúde

- O produto é benéfico

para saúde

- Persuasão das

crianças sobre os pais

- Uso de personagens

Art. 5º II Art. 5º IX Art. 5º XIII Art. 6º

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Fast food - Estímulo ao consumo

excessivo

- O produto é benéfico

para a saúde

- O produto substitui

uma refeição

- Uso de figuras

- Aquisição de brindes

Art. 5º VIII

Art. 5º IX

Art. 5º X

Art. 6º

Art. 9º

Cereal matinal - O produto substitui

alimentos in natura

- O produto é benéfico

para saúde

- O produto pode

substituir refeições

Art. 5º VII

Art. 5º IX

Art. 5º X

Chocolate - O produto é essencial

para saúde

- O produto substitui

alimentos naturais

- Aquisição de brindes

Art. 5º II

Art. 5º VII

Art. 9º

B

Salgadinho tipo snack

- Estímulo ao consumo

excessivo

- Uso de figuras

- Aquisição de brindes

Art. 5º VIII

Art. 6º

Art. 9º

Chiclete - Uso de personagem Art. 6º

A e B

Creme de avelã e cacau

- O produto é benéfico

para saúde

- Uso de personagem

Art. 5º IX

Art. 6º

Biscoito Recheado

- Uso de personagem Art. 6º

Fonte: adaptada de HENRIQUES et al., 2012

Diante do exposto, o estudo citado acima, evidenciou os riscos em que as

crianças estão sendo expostas pelo não cumprimento da regulamentação técnica

pelas empresas do ramo alimentício. Ou seja, as indústrias através dos anúncios

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publicitários continuam promovendo associação dos produtos a personagens

infantis, ofertando brindes mediante aquisição do produto, e não estão transmitindo

mensagens a respeito do perigo do consumo excessivo desses produtos, assim,

acabam colaborando para o aumento das taxas de sobrepeso e obesidade não

apenas no Brasil, mas também em todo o mundo (HENRIQUES et al., 2013).

4.5.2 Comparação da regulamentação da publicidade em outros países

As regulamentações internacionais sobre publicidade alimentar dirigida às

crianças divergem quanto à extensão, aos produtos, e às restrições, utilizando-se o

sistema legislativo ou autorregulamentação. Se por um lado alguns países apoiam

seus regulamentos na proteção a crianças devido aos anúncios abusivos, outros,

entretanto, têm como principal justificativa a preocupação com a influência da

publicidade no aumento das taxas de obesidade infantil (REBOUÇAS, 2008).

Em um estudo realizado por Dantas (2015), alguns países foram selecionados

por se mostrarem mais avançados na regulamentação da publicidade, entre eles

estão:

Alemanha: Proíbe a interrupção de programas infantis para a

propagação de anúncios publicitários; além disso, o país obriga os

anunciantes a não abusarem e nem causarem prejuízos das crianças.

Canadá: Proíbe o uso de personagem, bonecos conhecidos pelo

público infantil. A província de Quebec proíbe publicidade direciona a

menos de 13 anos de idade.

Chile: Proíbe o fornecimento gratuito de alimentos com alto teor

calórico, rico em gordura, sódio e açúcar por menores de 14 anos de

idade.

Dinamarca: Proíbe aquisição de prêmios através da compra de um

produto; utilização de personagens, bonecos, figuras da programação

infantil.

Estados Unidos: A regulamentação é a mais limitada quando

comparada com os outros países, visto que oferece poucas restrições.

França: Dita que os anunciantes incluam mensagens de saúde ou

paguem multa.

Reino Unido: A agência regulatória do governo proibiu a publicidade

alimentar de produtos com alto índice de gordura, sal e açúcar; o uso

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de celebridades infantis para venda de produtos com alto teor calórico;

incentivo a compra desses produtos.

Em outra pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (2004), dos

73 países analisados, 32 possuem restrições quanto à publicidade televisiva ao

público infantil (Quadro 4).

Quadro 4. Regulamentação da publicidade infantil e suas restrições.

Países Restrições

Ásia 10 dos 16 países avaliados na Ásia possuem

regulamentação quanto à publicidade de alimentos

direcionada as crianças.

Austrália Proíbe anúncios durante a exibição de programas

infantis, e restringe a quantidade e frequência dos

anúncios durante a programação infantil

Áustria e Bélgica Proíbem anúncios publicitários antes e depois de

programas infantis.

Dinamarca Proíbe a utilização de personagens infantis nos

comerciais.

Itália Apresenta código de autorregulamentação

específica.

Malásia, Paquistão e Tailândia Possuem sistema de pré-avaliação e aprovação

dos anúncios.

Noruega e Suíça Proíbem qualquer anúncio de televisão para

crianças com idade inferior a 12 anos de idade.

Fonte: adaptada de ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2004.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base na pesquisa realizada para elaboração deste trabalho, verificou-se

que na contemporaneidade, a obesidade infantil tem crescido a nível mundial, e se

tornado uma preocupação, por ser uma doença crônica não transmissível associada

ao surgimento de outras doenças capazes de afetar o estado nutricional e a saúde

das crianças.

Além dos fatores genéticos, ambientais, dietéticos e do estilo de vida, o

marketing se mostrou como forte influenciador no crescimento das taxas de

obesidade infantil, visto que nesta fase as crianças são atraídas por aquilo que veem

e ouvem, e acabam sendo induzidas ao consumo de alimentos com alto valor

calórico, ricos em gordura, sódio e açúcar através dos anúncios publicitários.

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária regulamentou sobre os

requisitos mínimos para a promoção de publicidade e propaganda de alimentos de

baixo valor nutricional direcionado ao público infantil. No entanto, pesquisas

revelaram que as indústrias brasileiras não cumprem as normas estabelecidas para

divulgação desses produtos, e acabam colocando em risco a saúde do público,

principalmente o público infantil.

Diante disto, a nível governamental, o maior rigor na fiscalização

desencadearia uma redução do consumo de alimentos obesogênicos e também de

doenças associadas à obesidade, proporcionando uma redução com gastos ligados

ao tratamento e reabilitação da doença, internações e cirurgias, medicação, dentre

outros.

Na esfera familiar resultaria em uma maior economia na renda da família,

além de proporcionar menor risco ao surgimento de doenças crônicas, possibilitando

que estas crianças em sua fase adulta tenham vida sadia.

Além disso, salienta-se a importância do nutricionista no desenvolvimento de

ações de educação nutricional direcionada ao público infantil, a fim de ensinar,

incentivar, motivar os pequeninos sobre hábitos alimentares saudáveis, bem como a

família, visto que os pais exercem influência fundamental na vida das crianças.

Sendo assim, relaciona-se ainda como resultado a maior expectativa de vida

para o menor em sua fase adulta, em virtude do histórico de alimentação adequada

desde a tenra idade até a sua velhice.

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Como ideologia, o marketing, com todo o seu potencial de alcance poderia se

aliar aos padrões corretos de uma boa alimentação, e divulgar alimentos que acima

de tudo sejam benéficos à saúde dos indivíduos, principalmente do público infantil,

pois nesta fase sofrem grande influência daquilo que veem.

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ANEXO 1 – Regulamento inserido na Consulta Pública nº 71/06, ANVISA (2006)

Artigo 4º: Diz respeito aos alimentos ricos em açúcar, gordura e sódio.

Inciso III – Alerta sobre o perigo de consumo excessivo por meio de mensagem;

Inciso IV – Alertar conjuntamente se o alimento possuir dois ou mais desses

nutrientes;

Inciso V – Veiculação de mensagens para produtos com natureza diferente;

Inciso VIb – Especifica formatação da mensagem.

Artigo 5º

Inciso II – Vedado aconselhar que o produto garanta saúde;

Inciso VII – Vedado sugerir que substitua alimentos in natura;

Inciso VIII – Vedado estimular o consumo de tais alimentos;

Inciso IX – Vedado sugerir que este tipo de alimento seja saudável;

Inciso X – Vedado aconselhar que este tipo de alimento substitua refeição;

Inciso XIII – Vedado estimular crianças a convencer seus pais à compra do produto.

Artigo 6º: Vedado utilizar figuras, desenhos, personagens admirados pelo público

infantil.

Artigo 7º: Define o horário de anúncio das propagandas.

Artigo 9º: Vedada divulgação de brindes, prêmios e bonificações.