margarida de hainault

Upload: luiz-pinheiro

Post on 02-Mar-2018

223 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/26/2019 Margarida de Hainault

    1/2

    Margarida de Hainault, conhecida como "Porete", nascida em 1250, em Valenciennese queimada viva, numa segunda-feira, 1 de Junho de 1310, no lugar de Grve, em Paris.

    Margarida foi uma Beguina. Ela foi influenciada pelos escritos do Pseudo-Dionsio.Ela escreveu sua grande obra O Espelho das Almas Simples, apresentando a teologia negativa do Peudo-Dionisio, como um dilogo em que apresentava o Amor da Alma tocada por Deus, e fazia falar o Amor e a Razo em dilogos alegricos. Margarida orientou toda a pulso do fino amor corts para o Nada, de Deus, de si e do mundo, numa transmutao da lrica ertica no erotismo mstico. Para Porete, no h imagem divina espada, pois qualquer tentativa de definir Deus utiliza de uma forma de linguagempara traduzir o intraduzvel. Distinguindo trs nveis ou graus na via e na vida espiritual, os dos ativos, contemplativose aniquilados, Margarida concebe todo o procde realizao de si como um processo de aniquilamento. A alma deve passar por trs mos: primeiro a do pecado, da qual nasce a vida da graa; depois a da natureza, da sce a vida do esprito; finalmente a do prprio esprito, pela qual passa a viver "divina". O aniquilamento faculta a plenitude de uma Vida divina. Como diz Margarida, indicando as fases do processo, a alma passa das Virtudesao Amor, do Amoradae do Nada Omniclaridade de Deus. A, est a tal ponto repostaem Deus que nnem a ele, o que faz com que Deus seja devolvido liberdade e plenitude do seu ser e viso solitrios, anteriores ao surgimento da alma, o que s possvel mediante avre entrega desta. Nada h agora seno Deus. Essa reunificao divina ainda, num sent, uma experincia da alma e o estado mais nobreque ela pode conhecer na sua existnca terrena, havendo outro, o stimoestado, o Paraso, perfeito sem falha. Nele

    e nas almas sem elas. Em Margarida Porete, a divinizao da alma no s lhe permite verDeus em todas as coisas, mas ser ainda todas elas, encontrar-se por todo o lado, numa infinitizao tambm extensiva. Em sua reflexo, a beguina transfere para a linguagm vernacular uma experincia de Deus concebido no na ordem do poder, mas na ordem do amor/cortesia/caridade.

    A mstica escreveu o livro "O Espelho das Almas Simples e Aniquiladas". Escrito por volta do ano 1290, o livro retrata o percurso mstico at a unio com Deus a partirda linguagem da literatura do amor corts, em forma de dilogo entre a Dama Amor, aAlma Aniquilada e a Razo. Na poca, os exemplares encontrados foram apreendidos e queimados e Porete foi advertida sob a pena de ser presa. Como a religiosa no obedeceu s ordens, foi encarcerada em 1309 e, por um ano e meio, se recusou a colaborar com os inquisidores. Quinze artigos do livro foram retirados de seu contexto

    original e entregues para 21 telogos da Universidade de Paris para avaliao. O livrofoi queimado em 1306, e condenado de novo em Pars em 1309. Margarida Porete foicondenada pela Inquisio em 31 de maio de 1310.

    Em 1 de junho de 1310, Porete foi condenada e queimada em praa pblica, em Paris, como herege relapsa, pois havia sido avisada de que a Igreja no estava de acordo com suas idias.

    PENSAMENTOS DE MARGARIDA PORETE

    "Amor me faz, por nobreza,encontrar esses versos de cano.Aconteceu pela pura Divindade,

    da qual Razo no sabe falar,e por um amigo que eu tenho, sem me,sado porm de Deus Pai e tambm de Deus Filho.Tem nome Esprito Santo,e estou-lhe tanto unida no corao,que me faz viver na alegria. o pas do nutrimentoQue o amigo d se o se ama".

    "De maneira que no posso ser o que devo ser at que seja de novo a onde fui, neste p

  • 7/26/2019 Margarida de Hainault

    2/2

    onto onde me encontrava, antes que sasse dele, to nua como aquele que , to nua coeu era quando era aquela que no era. Eis o que me necessrio obter, sequer o recuperar a posse do que meu, sem o que no terei absolutamente nada".

    "A obra coisa de Deus que a opera em mim. Eu no lhe devo obra alguma, posto que Ele mesmo quem a opera em mim. Se pusera algo meu, prejudicaria sua obra".

    " necessrio que esta alma seja semelhante a divindade, pois ela transformada em Deus, pelo que se mantm sua forma verdadeira, que lhe concedida e dada sem comeo unicamente por aquele que lhe h amado sempre em sua bondade".

    "Oh Amado, Tu me tens possudo em teu amor, para dar-me teu grande tesouro, que dar-te a ti mesmo, Tu, a divina bondade. E se o corao no pode dize-lo, um puro nada-querer o adivinha, Ele, que to alto me tem feito subir, com uma unio de corao a coraue jamais devo revelar".

    "Eu disse: o amarei;minto, eu no estou!Ele o nico que me ama:Ele , eu no sou!E j nada me importa,seno tudo o que Ele quer,seno tudo o que Ele vale,Ele em plenitude:

    dEle recebo plenitude;este o divino coraoe nossos amores leais"

    "Oh, muito preciosa Ester, vs que tendes perdido todo exerccio, e cujo exerccio, por esta perda, no fazer nada, sim, vs sois verdadeiramente preciosa! Pois, em verdade, este exerccio e esta perda se fazem no nada de vosso Amado, e neste nada desfaleceis e permaneceis morta, enquanto que viveis, amada, totalmente em seu querer: aquela sua habitao, e ali onde lhe agrada residir".

    Quem serve, no livre;Quem sente, no est morto;Quem deseja, quer;

    Quem quer, mendiga;Quem mendiga, faltaAo divino contentamento.

    Pensar j nada vale aqui,Nem agir, nem falar.Amor me arrasta to acima- pensar j nada vale aqui Por seus divinos olhares,Que no tenho nenhum desejo.Pensar j nada vale aqui,Nem agir, nem falar.