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Publicidade Bar Cod Portugal Post - Burgholzstr 43 - 44145 Do PVST Deutsche Post AG - Entgelt bezahlt K25853 ANO XVIII • Nº 202 • Junho 2011 • Publicação mensal • 2.00 € Portugal Post Verlag, Burgholzstr. 43 • 44145 Dortmund • Tel.: 0231-83 90 289 • Telefax 0231- 8390351• E Mail: [email protected] •www. portugalpost.de •K 25853 •ISSN 0340-3718 PORTUGAL POST Entrevista com o deputado Paulo Pisco (PS) “A irresponsabilidade dos partidos da oposição vai custar à Alemanha 15 mil milhões de euros” Será que alguma vez Portugal se verá livre da “Crise”? Pág. 3 Nelson Rodrigues, Partido Socialista e Artur Amorim, do Partido Social Democrata, candidatam-se ao parlamento nas próximas eleições Pág. 9 Nelson Rodrigues Artur Amorim “Os partidos da oposição criaram um problema sério aos por- tugueses, à nossa imagem e credibilidade externa e até ao pro- jecto europeu. Todos viram certamente na Alemanha a forma como a chan- celer Merkel responsabilizou directamente o PSD por esta crise. E não é caso para menos. A irresponsabilidade dos partidos da oposição vai custar à Alemanha, que terá de participar no resgate financeiro, algo como 15 mil milhões de euros. Isto é imperdoável. Mas tam- bém estou convencido que Portugal saberá ultrapassar os seus problemas, como sempre o soube fazer ao longo da sua his- tória já com 900 anos. Fazemos parte de uma nação antiga, forte e orgulhosa. E eu tenho muito orgulho no meu país e na capacidade dos portu- gueses para, nos momentos difíceis, se juntarem para ultra- passar os problemas”. Página 7 Energia do futuro O sol e o vento são os melhores combustíveis que temos. Criam postos de trabalho, fomentam riqueza e não poluem a natureza como outros geradores de energia. Página 17

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Page 1: Maio 2011

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Portugal Post - Burgholzstr 43 - 44145 DoPVST Deutsche Post AG - Entgelt bezahlt K25853

ANO XVIII • Nº 202 • Junho 2011 • Publicação mensal • 2.00 € Portugal Post Verlag, Burgholzstr. 43 • 44145 Dortmund • Tel.: 0231-83 90 289 • Telefax 0231- 8390351• E Mail: [email protected] •www. portugalpost.de •K 25853 •ISSN 0340-3718

PORTUGAL POSTEntrevista com o deputado Paulo Pisco (PS)

“A irresponsabilidade dos partidos da oposição vai custar à Alemanha 15 mil milhões de euros”

Será que algumavez Portugal se verálivre da “Crise”?Pág. 3

Nelson Rodrigues, Partido Socialista e Artur Amorim, do Partido Social Democrata,candidatam-se ao parlamento nas próximas eleições Pág. 9

Nelson Rodrigues Artur Amorim

“Os partidos da oposição criaram um problema sério aos por-tugueses, à nossa imagem e credibilidade externa e até ao pro-jecto europeu. Todos viram certamente na Alemanha a forma como a chan-celer Merkel responsabilizou directamente o PSD por estacrise. E não é caso para menos. A irresponsabilidade dos partidos da oposição vai custar àAlemanha, que terá de participar no resgate financeiro, algocomo 15 mil milhões de euros. Isto é imperdoável. Mas tam-bém estou convencido que Portugal saberá ultrapassar os seusproblemas, como sempre o soube fazer ao longo da sua his-tória já com 900 anos. Fazemos parte de uma nação antiga, forte e orgulhosa. E eutenho muito orgulho no meu país e na capacidade dos portu-gueses para, nos momentos difíceis, se juntarem para ultra-passar os problemas”. Página 7

Energia do futuro

O sol e o vento são os melhores combustíveis que temos. Criam postos de trabalho, fomentam riqueza e não poluem a natureza como outros geradores de energia.Página 17

Page 2: Maio 2011

PORTUGAL POST Nº 202 • Maio 20112

DIRECTOR: MÁRIO DOS SANTOS

REDACÇÃO E COLABORADORESCRISTINA KRIPPAHL: BONAFRANCISCO ASSUNÇÃO: BERLIMFERNANDO A. RIBEIRO: ESTUGARDAJOAQUIM PEITO: HANNOVERLUÍSA COSTA HÖLZL: MUNIQUE

CORRESPONDENTESALFREDO CARDOSO: MÜNSTERANTÓNIO HORTA: GELSENKIRCHENJOÃO FERREIRA: SINGENJORGE MARTINS RITA: ESTUGARDAJOSÉ PINTO NASCIMENTO: DÜSSELDORFKOTA NGINGAS: DORTMUNDMANUEL ABRANTES: WEILHEIM -TECKMARIA DOS ANJOS SANTOS - HAMBURGOMICHAELA AZEVEDO FERREIRA: BONAZULMIRA QUEIROZ: GROß-UMSTADT

COLUNISTASANTÓNIO JUSTO: KASSELCARLOS GONÇALVES: LISBOADORA MOURINHO: ESSENFERNANDA LEITÃO: TORONTOHELENA GOUVEIA: BONAJOSÉ EDUARDO: FRANKFURTJOSÉ VALGODE: LANGENFELDLAGOA DA SILVA: LISBOALUIS BARREIRA, LUXEMBURGOMARCO BERTOLOSO: COLÓNIAMARIA DE LURDES APEL: BRAUNSCHWEIGPAULO PISCO: LISBOARUI MENDES: AUGSBURGRUI PAZ: DÜSSELDORFTERESA COLAÇO: COLÓNIA

ASSUNTOS SOCIAISJOSÉ GOMES RODRIGUES: ASSISTENTE SOCIALCONSULTÓRIO JURIDICOCATARINA TAVARES: ADVOGADAMICHAELA A. FERREIRA: ADVOGADAMIGUEL KRAG: ADVOGADO

FOTÓGRAFOS:FERNANDO SOARESAGÊNCIAS: LUSA. DPAIMPRESSÃO: PORTUGAL POST VERLAG

REDACÇÃO, ASSINATURAS E PUBLICIDADEBURGHOLZSTR.43 - D - 44145 DORTMUNDTEL.: (0231) 83 90 289FAX: (0231) 83 90 351WWW.PORTUGALPOST.DEE MAIL: CORREIO @ FREE.DE

REGISTO LEGAL: PORTUGAL POSTJORNAL DA COMUNIDADE PORTUGUESA NA ALEMANHAISSN 0340-3718 • K 25853PROPRIEDADEPORTUGAL POST VERLAG REGISTO COMMERCIAL HRA 13654

PORTUGAL POSTAgraciado com a medalha da Liberdade e Democracia da

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oltamos a ter eleições após dois anosde termos eleito um parlamento e ,por consequência, um Governo.

Pergunta-se se estas eleições nãoseriam desnecessárias se os partidos daoposição, com mais responsabilidades parao assim denominado PSD, não agissem deforma responsável. Sabemos que o que fezcair o Governo foi a não aprovação do cha-mado PEC (Programa de Estabilidade eCrescimento) no parlamento por todos ospartidos da oposição com o argumentomuito duvidoso da sua dureza, sabendo elesque a reprovação do dito programa faziaaterrar em Portugal o FMI e afins a impormedidas muito mais gravosas, como, aliás,veio a acontecer.

O maior partido da oposição, o PSD, é oprimeiro responsável pela grave situaçãopolítica que o país atravessa. E o PS, quere-mos dizer, o primeiro ministro José Sócra-tes, é o responsável por não ter percebidoque a sua governação sem maioria parla-

mentar correria sempre o risco de cair,quanto mais não fosse pela apetência doPSD pelo poder após vários anos na oposi-ção.

Diz-se até que o próprio líder Pedro Pas-sos Coelho foi pressionado por dirigentes doseu partido a provocar eleições por estaremconvencidos que as ganhariam devido àbaixa popularidade do Governo. Se assim é,isto é, se pensam ganhar as eleições só por-que o Governo não tem a popularidade deoutrora, pode acontecer como àquele caça-dor que dá o tiro no pé por ter má pontaria.

Segundo as indicações que vão surgindona imprensa em Portugal, o PSD está bemlonge de uma vitória eleitoral. Se este par-tido não ganhar as eleições terá de explicarmuito bem explicado por que razão provo-cou eleições arrastando Portugal para umasituação de grave crise política a acrescentarà crise financeira.

Se assim for, também ter-se-á que pedirresponsabilidades a Cavaco Silva por ter de-

mitido o Governo e convocar eleiçõesquando podia muito bem não aceitar a de-missão de José Sócrates e forçar um go-verno de abrangência parlamentar.

Provocado por esta situação, Portugaltem agora tudo: crise financeira, medidas deausteridade impostas por instituiçõesestranhas ao país, soberania perdida, criseeconómica, crise política e, pior de tudo,tem de passar pela vergonha de ser um paísque não se sabe governar e que não encon-tra uma identidade e um rumo para a suaeconomia.

É neste contexto que vamos votar. Mui-tos dos eleitores, irritados com a situação,não saberão a quem dar o voto porque estãodescontentes com o Governo e desconfiadosdo PSD e das trapalhadas do seu líder.

Mas isto não implica que não votemos.A clarificação política do país é muito im-portante neste momento em que Portugalprecisa de uma vez por todas deixar de sero parente mais pobre da Europa.

VA crise que nos atirou para as eleições

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PORTUGAL POST Nº 202 • Maio 2011 Destaque 3

Depois de ouvir, ler, falar e comentarcentenas de vezes, em artigos, noti-ciários, em conversas de café, a pala-vra “crise”, decidi-me a fazer umabreve reflexão sobre crises.

Nos últimos dias, semanas oumesmo meses, todos nós falamos decrise, obviamente, a crise em Portu-gal. Os jornais nacionais e internacio-nais estão cheios de notícias sobre acrise que Portugal atravessa atual-mente. Nunca se ouviu falar tanto dePortugal no estrangeiro como agora,exceto quando Portugal foi notícia nomundo aquando da Revolução deAbril de 1974. E já lá vão 37 anos. Ecomo estamos no mês de Abril, e emvez de escrever de novo sobre a revo-lução dos Cravos, o meu pensamentofoi espontâneo perante a azáfama aque assistimos diariamente de escre-ver, desta vez sobre crises.

“Crise? Qual crise?” Crise econó-mica? Os centros comerciais, espal-hados por todo o nosso país real denorte a sul, como de costume, estãobem movimentados, as pessoas pas-seiam com os saquinhos das compras,a telefonarem aos amigos nos seus I-Phones, como se fosse véspera deNatal. Sabemos bem, que os centroscomerciais são uma colmeia de con-sumo, onde as pessoas são abelhas, aslojas favos e os saldos mel. Portugaldos saldos ou Portugal em saldo? Eisa questão! Nada do que se vê indicaque os tempos são difíceis ou faz su-speitar minimamente a aproximaçãode tempos ainda mais difíceis e com-plicados, por muitos apregoadados.Nestas autênticas catedrais de con-sumo, como também nas catedrais dofutebol, parece que ninguém querouvir ou levar a sério politicos, ana-listas e comentadores públicos dosmais variados quadrantes que, quaseem uníssono, antevêm, a brevíssimoprazo, grandes dificuldades parapagar as contas familiares. O cres-cente aumento de desemprego, redu-ções de ordenados, aumento deimpostos, tudo mais caro desde osalimentos, combustíveis aos medica-mentos. Já nem sabemos se é maisútil comprar o pão de cada dia paramatar a fome ou se devemos compraro remédio santo para nos salvarmosda depressão (não a económica, masa mental).

É a crise financeira a arrastar aeconomia do país, que segundodizem uns, vem de fora para dentro(da poderosa chanceler Angela e do

baixinho napoleão Sarkozy), en-quanto outros não se conformam eapontam o dedo à cumplicidade, neg-ligente ou interesseira, dos primeiros.

Crise! Crise! E mais Crise! A pa-lavra continua a bailar à minha frente,a cantar na minha voz rouca, a provo-car-me a cada minuto que passa e afazer-me lembrar de onde vem estapalavra interessantíssima. Vocêssabem que a origem é grega? Exata-mente, “Crise” vem do grego “Kri-sis” que significa aproximadamente“momento decisivo” ou “momentoperigoso”. Já estão a ver o filme!Lembrem-se da expressão idiomáticaportuguesa “estou grego”. Um bomexemplo deste dito popular, foiquando perdemos a final do campeo-nato europeu em plena praça pública,no chamado “estádio da (sem) luz”frente aos gregos coman-dados por

um ale-mão de nome “Kaiser”

Otto. O Benfica começou a dar “bomexemplo” de poupança ao cortar aLUZ quando os portistas festejavama vitória no campeonato nacional.

“Crise”, quer dizer, em outras pa-lavras, uma situação qualquer quenão se deseja, que perturba e que sequer resolvida o mais rápido possível.É isso, no fundo, uma situação de“crise”. Este (pequeno) masgrande palavrão entrou à desfi-lada, e bem forte no vocabulárioatual dos portugueses e está a serusado a torto e feio, até à exauta-ção, por todas as pessoas, dosmais novos aos mais velhos, dosmais pobres aos mais ricos, aindaque por vezes quem a usa nãosaiba exatamente o que ela im-plica.

Tomem nota meus senhores!“Todas as crises são de cresci-mento”. È assim que temos depensar pela positiva e não dizerconstantemente um para o outro:“Nunca se viu uma crise assim!”.“Nunca se viu?” Mas como é que“nunca se viu?”. Sempre vive-mos em crise! A nossa históriaestá cheia de crises.

Realmente somos pessoas defraca e curta memória. Ainda nemhá trinta anos esteve o FMI emPortugal a estudar (salvar) a crise.E nos tempos do 25 de Abril, noperiodo pós revolucionário

(PREC), os saneamentos, a vinda dosretornados, o fraco investimento eco-nómico, as greves, etc. Tudo isso nãofoi crise? Valha-nos Deus! Somos umverdadeiro país plantado no cu daEuropa, onde as pessoas realmente oufazem de conta, que têm francamentea memória curta. Oh! Portugueses!Assim, nunca nos salvaremos da“crise”.

Sim, a crise económica, a crisesocial, a crise de crescimento, afirma-ção da personalidade, o conflito degerações e agora a crise política (opaís à deriva) está instalada em Por-tugal. E bem instalada e não há sinaisde qualquer alívio a curto prazo. Nin-guém espera uma melhoria efetivaantes de dois ou trêsanos. Al-

gumas dascausas desta situação

vieram claramente de fora. É esta aopinião do Xico esperto. O mal vemsempre dos outros, não de nós pró-prios. É a nossa eterna forma de pôras culpas ao vizinho. E desta vez, nãoé a nossa vizinha Espanha, a culpada!Somos nós os culpados!

Crise, a começar pelos custos dospetróleos e da energia em geral, con-tra cujos aumentos nem sequer aEuropa soube tomar providência atempo. Mas Portugal já estava mal,

muito mal, antes do choque do petró-leo, da crise económica mundial, a fa-lência bancária, etc. A verdade é quea “nossa” crise é em geral muito su-perior à dos outros parceiros euro-peus, caso da Grécia, Irlanda e parabreve a da Espanha e depois a seguira da Itália. E a seguir…. Ninguémsabe ao certo, Ainda é segredo doseconomistas internacionais. Quer istodizer que somos (nós e mais nin-guém) os principais culpados. E bastade discussões pragmáticas e demagó-gicas. Desperdiçámos anos, recursose oportunidades. Perdemoscom a ditadura e a

guerra. Perdemoscom a revolução e a contra re-

volução. Perdemos também com trêsdécadas de facilidade e demagogia.Temos que aprender e perceber quenão podemos constantemente estar àespera que alguém nos venha em So-corro salvar a nação. Não há mais so-luções fáceis e que, de for a não virámão redentora. Só de nós própriosvirá qualquer remédio. E isto não sig-nifica orgulho, nem raça. Muitomenos talento ou história. Significatão simplesmente estudo, persistên-cia, qualidade e organização. E, so-bretudo, trabalho, muito trabalho,porque sem o “pilim” não se morre

mas também não se vive. Nãotraz felicidade mas ajuda a ser-sefeliz.

Como historiador de forma-ção, lembrei-me de algumas me-mórias aprendidas e outrasensinadas. Ora vejamos algumascrises históricas! A escassez dealimentos em Portugal, causadaquase sempre pela guerra, peladoença, pela má governação oupor condições climatéricas anor-mais, como a que ocorreu no rei-nado de D. Dinis e que serviu demote ao famoso “milagre dasrosas” da rainha Isabel (depoissanta), que, como conta a lenda,transformou em rosas o pão quedistribuía aos famintos para nãodesagradar a seu marido. Hoje éo Banco Alimentar Contra aFome que faz milagres.

A crise de 1383 – 1385, porexemplo, certamente a primeiragrande crise nacional após a con-solidação do território, quandodoidivanas do rei D. Fernando

deixou o trono sem successor à mercêdo rei D. João I de Castela. Se nãofosse a grande determinação do Me-stre de Aviz e de D. Nuno Álvares Pe-reira, o novo Santo português, agoraestávamos todos a falar castelhano.Há vozes por aí à solta, dizendo queteria sido melhor para todos nós. Acoisa não foi fácil. Já então haviamuitas pessoas divididas, aliás comoagora. Mesmo entre os que eram con-tra o rei de Castela, nas cortes deCoimbra, reunidas em 1385, unseram a favor do Mestre e os outrosdefendiam o direito ao trono dos fil-hos elegitímos de D. Pedro e D. Inês.Ao fim de mais um mês de discussão,sem resultados, foi preciso D. NunoÁlvares Pereira ameaçar partir aquilotudo à espadeirada para que se to-masse uma resolução. Para grandesmales, grandes remédios! Quegrande homem , que grande cava-leiro, que grande santo! Um verda-deiro mata castelhanos!

Outra crise. As invasões france-sas entre 1898 e 1810. O domínio in-gles que se lhe seguiu, com Beresforda mandar enforcar Gomes Freire e osrestantes “mártires da pátria”.

Crise com a revolução liberal de1820, que deu ao país a primeiraConstituição e marcou o início do fimda monarquia. Crise com a reação deD. Miguel, filho de D. João VI, dandoinício a uma luta pelo poder em 1823que levou o país para a guerra civil.À Guerra seguiu-se uma enorme in-stabilidade política, económica e so-cial, com os poderosos a retalharementre si os despojos do absolutismoenquanto o povo vivia na fome e naignorância, à mercê do banditismo degrupos armadas para quem a Guerranão acabara. Crise a partir de 1846com a revolta da Maria da Fonte e aPatuleia. Nova crise com o ultimatuminglês de 1890 e a depressão econó-mica da década de 90. E para não va-riar, mais uma crise com o regicídiode 1908 e a implantação da Repúblicaem 1910. E depois, o tumulto con-stante dos vários governos republica-nos, o Sidonismo e o brutalassassinato do seu mentor, a partici-pação na Primeira Guerrra Mundial,o golpe de 28 de Maio de 1926 e oEstado Novo, a Guerra nas colónias,os soldados mortos, as famílias de-stroçadas, a emigração…crises, crisese mais crises!

Se continuasse, em breve chega-ria à atualidade e novamente ao con-vívio da crise.

Será que alguma vez Portugal severá livre da “Crise”?

Será que alguma vez Portugal se verá livreda “Crise”?

Portugal e as crises.

Nunca se ouviu falar tanto de Portugal no estrangeiro como agora, exceto quando Portugal foi notícia no mundo aquando da Revo-

lução de Abril de 1974. E já lá vão 37 anos. E como estamos no mês de Abril, e em vez de escrever de novo sobre a revolução dos Cra-

vos, o meu pensamento foi espontâneo perante a azáfama a que assistimos diariamente de escrever, desta vez sobre crises.

Joaquim Peito

Portugal em crise

Nos últimos dias, semanasou mesmo meses, todos nósfalamos de crise, obvia-mente, a crise em Portugal.Os jornais nacionais e in-ternacionais estão cheios denotícias sobre a crise quePortugal atravessa atual-mente. Nunca se ouviufalar tanto de Portugal noestrangeiro como agora,exceto quando Portugal foinotícia no mundo aquandoda Revolução de Abril de1974.

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PORTUGAL POST Nº 202 • Maio 2011Nacional & Comunidades4

A captação das poupanças e inves-timentos dos emigrantes, votomisto, combinando os métodospor correspondência e presencial,e consulados „de nova geração“são prioridades incluídas no ma-nifesto eleitoral do PSD para aárea das comunidades portugue-sas.

„É prioritário o desenvolvi-mento de mecanismos de capta-ção de poupanças e investimentosdos portugueses residentes noestrangeiro, restaurando instru-mentos de poupança (...) e criandooutros que vão ao encontro destemercado“, refere o manifesto,acrescentando que o potencial dosemigrantes, nomeadamente dosempresários, tem sido „clara-mente desaproveitado no esforçode recuperação da economia por-tuguesa“.

A extinção das contas pou-pança-emigrante, o „anunciado esistematicamente adiado“ pro-grama NETINVEST e a formacomo têm sido „ignoradas“ as câ-maras de comércio e as associa-ções empresariais no estrangeirosão, para o PSD, exemplos desse„desaproveitamento“.

Os sociais-democratas consi-deram ainda prioritária a elabora-ção „dos estudos indispensáveis àalteração do sistema de voto dosportugueses no estrangeiro“ e de-fendem a „adopção do sistema devoto electrónico ou de um métodomisto entre o voto por correspon-

dência e o voto presencial“, com oobjectivo de combater a absten-ção.

O PSD defende que as comuni-dades portuguesas devem ser„prioridade absoluta da políticaexterna“, defendendo a reestrutu-ração política do Ministério dosNegócios Estrangeiros com vista aesse fim.

Neste contexto, segundo o ma-nifesto, a reforma da rede consu-lar deverá adoptar „modelosorganizacionais“ que envolvammovimento associativo, iniciativaprivada e organismos públicos derepresentação externa.

„Impõe-se dar início ao pro-cesso de criação dos „Espaços Por-

tugal“, enquanto consulados denova geração, capazes de concen-trar e coordenar efectivamente asmais diferentes vertentes da acçãoexterna“, refere o texto, avan-çando a possibilidade de nestesespaços instalar empresas ou as-sociações empresariais e culturais.

A reforma do ensino do Portu-guês no estrangeiro merece tam-bém a atenção dossociais-democratas, que queremdar continuidade à transferênciada tutela deste sector para o Insti-tuto Camões e apostar no alarga-mento da rede de ensino aospaíses fora da Europa.

Mobilizar os jovens luso-des-cendentes como garante da rela-

ção com a diáspora, aumentar aparticipação dos emigrantes napolítica nacional, aprovando ovoto nas eleições autárquicas, ealargar a nacionalidade portu-guesa aos netos de cidadãos nacio-nais „por mero efeito de vontade“são outras apostas do PSD para aárea da emigração.

O manifesto considera quePortugal necessita de „maior afir-mação internacional“ para melhordefender os interesses políticos,culturais e económicos e sustentaque „é preferível estar de mãosdadas com os milhões de compa-triotas (...) por todo o mundo doque permanecer de costas volta-das“.

PSD aposta na captação de poupanças e investimentos dos emigrantes

Eleições

O líder do PSD, Pedro Passos Coelho.

Foto

: Lus

a

O deputado do PSD Carlos Gon-çalves afirmou que “Portugal podecontar com as comunidades emi-grantes neste momento crítico”.

O deputado lembrou que “ascomunidades emigrantes foramdecisivas em momentos críticos dahistória democrática portuguesa.Foram as remessas que nos mo-mentos de mais aflição foram es-senciais para o país”.

Carlos Gonçalves lamentoutambém que “alguns analistas,mais tarde, quando Portugal viveucom algum desafogo, tenham ditoque as remessas dos emigrantes jánão eram tão importantes. Caiumal”.

O deputado salientou que “osemigrantes têm todos uma histó-ria de superação de dificuldadesindividualmente, fazendo coisasextraordinárias.

Agora temos que fazer um es-forço de conjunto que tem que in-

cluir as comunidades”.Carlos Gonçalves lamentou

que se tenha chegado a uma situa-ção em que “Portugal está emtodas as manchetes no estrangeiropor razões que não caem bemjunto das comunidades”.

O social democrata referiuque, “ao longo dos últimos anos,as comunidades portuguesas játinham dado sinais claros de queo país não ia no bom caminho eforam várias as reacções ao êxodomigratório”.

Houve anos “em que forammais de cem mil portugueses asair, incluindo portugueses comformação, algo que não acontecianos anos 60”, sublinhou o depu-tado do PSD.

“Outra preocupação das co-munidades é o endividamento eparticularmente o endividamentodas famílias. Eles trabalham nou-tros países e sabem que as coisas

não se passam desta forma e nãocompreendiam como era possívelo país sobreviver”, afirmou CarlosGonçalves.

“Faltou uma política de atrac-ção de investimento e poupanças.A única medida que José Sócratestomou nesta matéria foi (decidir)o fim da Conta Poupança Emi-grante, uma medida simbólica”,acusa o deputado social demo-crata.

Carlos Gonçalves afirmou que“as remessas financeiras dosemigrantes continuam a ser im-portantes, embora tenham dimi-nuído, até registarem um ligeiroaumento com a nova emigração”.

O deputado conclui que “osemigrantes já acreditaram emPortugal noutros momentos difí-ceis” e têm “uma ligação senti-mental” que pode ser mais fortedo que as desconfianças afirmadaspelos mercados.

Portugal pode contar com emigrantes neste momento crítico”, diz deputado Carlos Gonçalves

Ajuda externa

Os emigrantes estão preocupa-dos com a situação política e eco-nómica de Portugal, cujos efeitosdizem estar a alastrar à diáspora,e lamentam que o país continue adesprezar o seu potencial comopromotores das exportações por-tuguesas.

„Os governos não se interessa-ram em dinamizar o relaciona-mento entre o país e ascomunidades. Só agora é que sefala seriamente em desenvolver asexportações“, disse Manuel Beja.

O conselheiro na Suíça falavaà Lusa à margem da sessão deabertura do plenário do Conselhodas Comunidades Portuguesas(CCP). Para João Pacheco, dos Es-tados Unidos, Portugal „deve pre-star mais atenção aos cincomilhões que vivem na diáspora“ eque continuam a enviar divisaspara Portugal.

José Miranda de Melo, do Bra-sil, diz que Portugal „vive um mo-mento grave“ e que emigrantes eluso-descendentes devem ser mo-bilizados para servir de elo entrePortugal e os países de acolhi-mento, apontando como exemploo Brasil.

„Se o país encarar o Brasilcomo um mercado importante [oaumento das exportações] poderáser feito mais rapidamente, mas sehouver o mesmo marasmo as coi-sas poderão continuar muito len-tamente e o tempo é pouco paraque possamos não perder essemomento bom que o Brasil atra-vessa“, sustentou.

No mesmo sentido, JoaquimRodrigues, de Angola, vê com„muita apreensão“ a situação por-tuguesa e acredita que os emigran-tes podem dar um grandecontributo para a solução dos pro-blemas.O conselheiro lamenta emparticular que as missões empre-sariais ao estrangeiro „ignorem osempresários portugueses no ter-reno“ que poderiam atuar comofacilitadores de contactos.

A situação política tambémpreocupa os emigrantes, que ape-lam ao entendimento entre as vá-rias forças políticas com vista àestabilidade.

„O que é preciso é um Governoque traga estabilidade e garantaconfiança“, referiu.

Para Manuel Beja, os aconteci-mentos mais recentes estão a pas-sar uma imagem negativa dePortugal na Suíça, onde a comuni-dade está „muito pessimista e cé-tica“ quando ao futuro.Para oconselheiro, a solução passa por„um governo de salvação nacio-nal“.Por seu lado, José Miranda deMelo disse que os governos de sal-vação nacional são para os temposde guerra e defende que o que épreciso é um „governo de salvaçãoeconómica“.

Crise:

Emigrantes preocupa-dos, lamentam que Portugal desperdicepotencial das

comunidades

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PORTUGAL POST Nº 202 • Maio 2011 Nacional & Comunidades 5

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A Capital Europeia da CulturaGuimarães (CEC) 2012 vai ter em-baixadores de âmbito local, nacio-nal e nas comunidades deemigrantes, incluídos numa estra-tégia de divulgação que visa “levar‘Guimarães 2012’ o mais alémpossível e até todos”.

Fonte da Guimarães 2012 re-velou que a Capital Europeia daCultura vai ter “grupos de embai-xadores com a missão de contri-buírem à escala das suas relaçõespara a revelação da Guimarães2012”. Os embaixadores, queserão dados a conhecer na cerimó-nia de apresentação do programada CEC Guimarães 2012, no do-

mingo, estão divididos em quatrogrupos, de “acção local, regional enas comunidades de emigrantes”.

O primeiro grupo, de âmbitolocal, “ é constituído por uma cri-ança por cada uma das escolas dasfreguesias do concelho de Guima-rães”, explicou a mesma fonte.

O segundo grupo, “já de pro-jecção nacional, integra uma per-sonalidade de cinco das regiões dePortugal continental: Norte, Cen-tro, Lisboa e Vale do Tejo, Algarvee Alentejo e ainda embaixadoresdas regiões autónomas da Ma-deira e Açores”, enumerou.

Com a intenção de “fazer aGuimarães 2012 chegar além fron-teiras, o terceiro grupo de embai-xadores engloba “personalidadesdas comunidades portuguesas, es-colhidas pelos membros de cadacomunidade e das cidades comquem Guimarães tem relações degerminação e de cooperação”.

Entre os embaixadores da Gui-marães 2012 vão, também, con-star “personalidades da região deGuimarães que tenham projecçãofora das fronteiras do concelho,projecção nacional”.

Com a criação destes gruposde embaixadores, segundo fontecontactada pela Lusa, a organiza-ção da Guimarães 2012 pretende”promover o compromisso de vá-rios níveis da sociedade local e tor-nar a CEC numa iniciativa deâmbito nacional, com projecçãoalém fronteiras”.

Guimarães 2012:

Capital Europeia da Cultura vai ter embaixadores locais, nacionais eentre as comunidades emigrantes

O deputado socialista PauloPisco alertou para o risco de osportugueses no estrangeiro con-fundirem a forma de voto nas elei-ções legislativas, defendendo anecessidade de uma ampla cam-panha de informação e esclareci-mento junto dos emigrantes.

„Nas últimas eleições legislati-vas muitos portugueses receberamo voto por correio e depois dirigi-ram-se aos consulados no fim-de-semana para o entregar“, dissePaulo Pisco à agência Lusa, adian-tado que isso decorre „da confusãoque existe em alguns eleitores“ porvotarem uma vezes por correspon-dência e outras presencialmente.

Os emigrantes votam por cor-respondência para as eleições le-gislativas e presencialmente paraas europeias, presidenciais e elei-ção do Conselho das Comunida-

des, órgão de consulta do governoem questões de emigração.

Paulo Pisco, que se recandi-data como cabeça de lista do PSpelo círculo da Europa, receia quea proximidade com as eleiçõespresidenciais de Janeiro possalevar os eleitores a pensar que aforma de votação nas legislativasde 5 de Junho é também presen-cial.

“O fato de ter havido há tãopouco tempo eleições presiden-ciais pode induzir as pessoas emerro“, considerou.??O deputadodefende que para evitar que issoaconteça „é necessária uma cam-panha de informação eficaz“ e queesclareça que nestas eleições legis-lativas se vota por correspondên-cia.

Paulo Pisco defende que, noâmbito da referida campanha,

haja uma informação „tão massivaquando possível“ através de todosos meios de comunicação social,nomeadamente através dasemissões internacionais das tele-visões, mas também através dosconsulados.

Paulo Pisco considera que é„preciso uma consciência maisaguda da necessidade desta infor-mação“ e, nesse sentido, questio-nou os ministérios dos NegóciosEstrangeiros e da AdministraçãoInterna, sobre este assunto atravésde um requerimento.

O deputado quer saber quemeios serão utilizados para in-formar os portugueses residentesno estrangeiro sobre a forma devotar nas eleições legislativas de 5de Junho e quais as acções infor-mativas previstas para os consula-dos.

PS quer campanha de informação junto dos emigrantespara evitar confusões sobre forma de voto

O deputado do PS pela Emi-gração Paulo Pisco defendeu nocongresso do PS que Portugal deveolhar com outros olhos para osportugueses no estrangeiro e eli-minar o preconceito de ter emig-rantes espalhados pelo mundo.

“O objectivo principal daminha moção é que possa haveruma forma diferente de encarar ede se relacionar com as nossas co-munidades. E, através desta cons-ciencialização, eliminarpreconceitos, eliminar distancia-mentos e fazer com que haja umarelação mais normal da nossa so-ciedade”, disse o deputado.

Na moção “Vasto Portugal”,que o socialista apresentou nocongresso do PS. Paulo Pisco enu-merou vários pontos que consi-dera que devem ser melhoradosem prol dos portugueses noestrangeiro.

“Quero fazer uma chamada deatenção para a nossa sociedade epara as instituições da rede pú-blica portuguesa relativamente àforma como vêm e como se rela-cionam com as nossas comunida-des”, afirmou.

Para Paulo Pisco, “a diploma-cia portuguesa podia dar tambémum contributo muito importantepara que as comunidades pudes-sem ter um papel muito mais visí-vel, permitindo uma relação demaior proximidade” entre ambas.

Também a administração pú-blica podia ter “uma atitude muitomais informada e muito maiscompetente no seu relaciona-mento com os portuguesesquando eles venhem a Portugal”.

“Considero que existe algumdistanciamento e, em algunscasos, até algum preconceito (comos emigrantes), por isso, defendo

que a própria designação de emi-grante devia ser banida do nossovocabulário”, realçou.

Paulo Pisco lançou ainda algu-mas críticas à RTP e à RTPi porconsiderar que “não desempen-ham a missão de serviço públicoque deveriam relativamente às co-munidades”.

“Defendo uma reforma emprofundidade do conceito deemissão dirigida às comunidades”,acrescentou. O deputado abordaainda a importância dos portugue-ses no estrangeiro para a promo-ção e divulgação da línguaportuguesa e para a internaciona-lização da economia.

O socialista defendeu tambémque sejam tomadas medidas parauma maior participação cívica dosemigrantes e sugere um possívelaumento dos deputados pelos cír-culos da Emigração.

Portugal deve olhar com outros olhospara portugueses no estrangeiro     

Segundo Paulo Pisco, deputado pela emigração

A enóloga Filipa Pato, ven-ceu o Óscar do Vinho pela mel-hor produtora do ano, umadistinção atribuída pela presti-giada publicação gourmetalemã „Feinschmecker“, tor-nando-se na primeira e maisnova mulher portuguesa a rece-ber esta distinção.

Produtora de vinhos da re-gião das Beiras, Filipa Pato, com36 anos e dez anos de experiên-cia na área, foi a melhor das seisenólogas nomeadas para o tí-tulo, por ser a que „mais im-pressionou pela excelência epelo carácter inovador dos seus

vinhos“, refere uma nota divul-gada pela revista alemã.

„Este ano, pela primeiravez, fomos nomeadas seis mul-heres e havia uma candidatamuito forte que faz um vinhode grande referência em Itáliae por isso nunca pensei quefosse ganhar. É um reconheci-mento muito importante parao nosso protejo na Bairradamas também para Portugal“,disse Filipa Pato em entrevistaà agência Lusa.

A sua jovialidade não a in-timida, bem como o facto deser mulher, já que as nomea-

ções para os Óscares do Vinhodeste ano mostram bem que asmulheres estão a dominar cadavez mais as adegas.

„Isso mostra a abertura dosector do vinho para as mulherese não é por acaso que este é umdos sectores mais evoluídos dePortugal. Todo este equilíbrioentre homem e mulher é funda-mental para um vinho equili-brado“, sustentou.

Filha do enólogo Luís Pato, Fi-lipa cresceu a brincar nas vinhas,nos campos e lagares, cujo cheirocaracterístico ainda hoje recordacom nostalgia.

Atribuído por revista alemã

Enóloga portuguesa vence Óscar do Vinho

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Page 6: Maio 2011

Crónica6 PORTUGAL POST Nº 202 • Maio 2011

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epois de prolongar inutil-mente o sofrimento dopaís por vários meses, oGoverno de Lisboa ren-deu-se finalmente à evi-dência e pediu ajuda à

União Europeia (EU) e ao FundoMonetário Internacional (FMI)para garantir o financiamento dopaís. Mais uma vez, o expedientepolítico impediu que a decisãofosse tomada a a tempo e horaspara evitar que o empréstimoviesse com as piores condiçõespossíveis. Algo que, obviamente,não preocupa muito nem os«boys» que lá estão, nem os«boys» que virão, todos com salá-rios, benesses e belas reformas ga-rantidas e cientes de que a contavai ser paga pelos «papalvos» docostume.

A questão premente que se co-loca, é se a UE e o FMI estão real-mente preocupados em ajudar apopulação portuguesa, ou se o ob-jectivo é apenas garantir que osbancos credores – muitos dosquais alemães – não percam o din-heiro que investiram em paísescomo Portugal e a Grécia, mesmo

muito depois de estes conheceremos riscos elevados que corriam. Aexperiência não é encorajadora:sob o pretexto de uma possívelderrocada do sistema financeiromundial no caso de uma bancar-rota, os banqueiros aprenderamque podem fazer o que quiserem,porque os lucros são para eles e oscustos para o contribuinte.

Partindo, porém, do cenáriomais positivo - o de uma vontadepolítica de «dar a volta» a um paísà beira da falência, e garantir umfuturo às suas gerações mais jo-vens, que não esteja limitado àopção da emigração - a UE e oFMI vão ter que fazer algo paraalém de contribuir para que dívidaportuguesa cresça ainda mais nospróximos anos. Se os políticosportugueses, receosos de tomarmedidas que lhes possam custareleições, não se decidirem pelasreformas estruturais cruciais nopaís, então as instituições que têm«a faca e o queijo na mão» de-verão aumentar marcadamente apressão sobre Lisboa. Em vez demais autoestradas – inacreditavel-mente, Portugal é o pais com

FMI e Portugal têm que com-preender que se impõe uma re-conversão imediata da dívidaportuguesa. Não é acumulando dí-vidas que o país vai avançar. Pelocontrário, a próxima crise é-lhemais que certa. Claro que vaihaver resistências em Lisboa: a re-conversão da dívida é consideradadesprestigiante para um país do«primeiro mundo», que Portugalcada vez é menos. Os políticos nopoder vão, mais uma vez, ter medode perder eleições. Mais grave éque, neste particular, podem con-tar com o apoio dos estados ricosda União Europeia, nada interes-sados em reconversões. Isto por-que parte da conta teria que serpaga pela banca dos seus países,que se veria obrigada a renunciarà amortização de uma percenta-gem por definir dos créditos. Mas,para os portugueses, a reconver-são é incontornável. Porque sóassim será possível recomeçar apartir do zero, e dar uma oportu-nidade às gerações vindouras defazerem tudo aquilo que as prece-dentes não souberam ou quiseramfazer.

PorCristina Krippahl

A reconversão inevitável da dívida portuguesa

Dmaior densidade de autoestradasna Europa - TGVs, aeroportos eoutros elefantes brancos de que opaís não necessita e a cujo luxonão se pode dar, Bruxelas e Wa-shington terão que obrigar o Go-verno a investir no ensino, naformação, na pesquisa e na inova-ção industrial; a eliminar as estru-turas de dependência empresarialdo Estado, um defeito portuguêsque nem sequer o 25 de Abril con-seguiu remediar; a acabar com aburocracia excessiva e a reformarrapidamente a justiça, dois verda-deiros entraves a qualquer pro-gresso económico e social do país.Para começar.

Mas, acima de tudo, a UE, o

Page 7: Maio 2011

PORTUGAL POST Nº 202 • Maio 2011 Entrevista 7

PORTUGAL POST: Como

está organizado o Partido Socialista

da Alemanha?

Paulo Pisco: O PS no estrangeiroestá organizado em secções. Na Ale-manha tem duas secções muito acti-vas, uma na região de Münster e outrana de Estugarda. Há uma terceira emrecomposição, na área de Düsseldorf.Temos também um grupo importantede militantes na região de Hamburgo,mas sem que haja uma secção consti-tuída.

PP: Há a intenção de reforçar

o número de militantes neste país

atraindo mais simpatizantes às suas

fileiras?

P.Pisco: Claro. Os novos militan-tes são vitais para a dinamização doPS na Alemanha. Felizmente, as duassecções que atrás referi têm tido essacapacidade. Os novos militantes, comas suas ideias e vontade, são muitoimportantes para dar força e visibili-dade à acção do Partido Socialista,que é um partido que se constitui pre-cisamente na Alemanha e é um par-tido fundador da nossa democracia. Equanto mais visibilidade tiverem assecções através da realização de ini-ciativas em prol dos portugueses naAlemanha, maior é a sua capacidadede atracção de novos militantes. Gos-távamos de ter muitos mais militantese outras secções em outras regiões daAlemanha.

PP: Depois de escolhida a lista

de candidatos do PS às próximas

eleições legislativas de 5 de Junho,

o que pode dizer sobre os candida-

tos?

P.Pisco: Eu sinto uma grandehonra por ter sido escolhido pelo en-genheiro José Sócrates para encabeçara lista do PS pelo círculo da Europa epor ter sido confirmado pelas secçõesdo PS na Europa que me deram a suaconfiança para representar os portu-gueses no estrangeiro.

A lista do PS pelo Círculo daEuropa é sólida e com candidatoscompetentes e que conhecem bem osproblemas e as expectativas dos por-tugueses na Europa. Em segundolugar na lista está Lurdes Rodrigues,que há muito tempo se dedica à vidapolítica e cívica da nossa comunidadeem França. O terceiro lugar da lista éocupado por Nelson Rodrigues, da re-gião de Münster/Osnabruck. O Nel-son Rodrigues é bem conhecido dosportugueses na Alemanha, pela suaintegridade, pela sua dedicação à co-munidade e pelo seu trabalho social

na Cáritas. É um candidato de grandevalor e já com grande experiência narepresentação política. Por fim, temosigualmente um candidato de grandevalor que vive na Suíça, o Carlos Fer-reira, que é um sindicalista que con-hece bem os problemas dosportugueses, a quem tem ajudadomuito na resolução dos seus proble-mas laborais e sociais.

PP: No âmbito do actual pro-

cesso eleitoral, que iniciativas está

o PS a programar junto dos portu-

gueses no exterior e, concreta-

mente, na Alemanha?

P.Pisco: O PS fará campanha emvários países da Europa com a minhapresença, com a presença dos outroscandidatos e com as iniciativas que assecções e os militantes do PS nos di-versos países decidirem realizar oupara as quais forem/formos convida-dos.

Relativamente à Alemanha, tenhoprevisto fazer duas deslocações. Umapara várias iniciativas na região deOsnabruck e outra na região de Estu-garda. Além disso, o candidato do PSpela Alemanha, o Nelson Rodriguesterá um conjunto de acções próprias,participando em iniciativas da comu-nidade e concertando-se com as sec-ções do PS na Alemanha.

PP: Certamente que as linhas

gerais ou mesmo o programa elei-

toral do partido já deve apontar as

políticas para as comunidades…

P.Pisco: Não sabemos ainda como que poderemos contar relativamenteaos futuros orçamentos de Estado,que vão condicionar as políticas pú-blicas de uma maneira geral. De qual-quer modo, é fundamental preservar eaprofundar, logo à partida, três domí-nios: o ensino do português no estran-geiro, tornando as aprendizagens maissólidas e mais úteis do ponto de vistapessoal e profissional; A moderniza-ção dos serviços consulares, que,como se sabe, melhoraram enorme-mente a sua eficácia no atendimentoatravés da adopção de novos progra-mas que permitem que determinadosdocumentos possam ser obtidos no

próprio momento; e as políticas so-ciais, designadamente o ASIC e oASEC, que são programas para idososcarenciados e excluídos e nos quais oEstado português tem gasto cerca de7 milhões de euros anualmente. E de-pois há um conjunto de áreas em queeu gostaria de ver a sua implementa-ção: entre elas destacaria as políticaspúblicas para a área da economia,com o envolvimento dos empresáriosportugueses no exterior no esforço deinvestimento em Portugal e de inter-nacionalização da economia portu-guesa. A reforma em profundidade daRTP-Internacional, para ir mais ao en-contro das expectativas dos portugue-ses residentes no exterior; umaparticipação dos jovens portuguesesdas comunidades em programas queexistem em Portugal, como no domí-nio das artes, da economia, formaçãoe outros. Gostaria também que as nos-sas estruturas diplomáticas fossemmuito mais activas no reconheci-mento e valorização dos portuguesesque se destacam no mundo empresa-rial, nas artes, no desporto ou noutrosdomínios. O PS considera igualmentefundamental que se dê uma maioratenção aos direitos dos mais idosos,designadamente dando-lhes mais in-formação em matéria de reformas.

PP: Num momento muito com-

plicado em que Portugal está con-

frontado com medidas que irão

custar muito ao país, muitos portu-

gueses residentes no exterior inter-

rogam-se se não teria sido possível

evitar esta situação que muita en-

vergonha quem aqui vive e que nos

coloca de novo numa situação nada

prestigiante?

P.Pisco: Esta crise, que foi irres-ponsavelmente aberta pelos partidosda oposição, poderia ter sido evitada.Desde o inicio que o Primeiro-Minis-tro José Sócrates apelava ao bomsenso dos partidos, que manifestavatoda a abertura para negociar o Pro-grama de Estabilidade e Crescimento(PEC) para que Portugal pudessecumprir os seus compromissos comos seus parceiros europeus. Confessoaqui a minha revolta e a minha indi-

gnação pelo que aconteceu no Parla-mento, em que os partidos da oposi-ção obrigaram a que o PEC lá fossediscutido e votado única e exclusiva-mente para o chumbar. Diziam quenão queriam mais sacrifícios para osportugueses. Ignoraram totalmenteque a actual crise não é só portuguesa,mas também europeia e mundial. Ehoje todos sabemos que os sacrifíciosagora serão a duplicar ou a triplicar,porque a consequência directa foi adegradação da confiança em Portugal,o aumento em flecha dos juros da dí-vida, o que obrigou à intervenção doFMI. Isto é indigno da nossa demo-cracia. Os partidos da oposição cria-ram um problema sério aosportugueses, à nossa imagem e credi-bilidade externa e até ao projectoeuropeu. Todos viram certamente naAlemanha a forma como a chancelerMerkel responsabilizou directamenteo PSD por esta crise. E não é casopara menos. A irresponsabilidade dospartidos da oposição vai custar à Ale-manha, que terá de participar no res-gate financeiro, algo como 15 milmilhões de euros. Isto é imperdoável.Mas também estou convencido quePortugal saberá ultrapassar os seusproblemas, como sempre o soubefazer ao longo da sua história já com900 anos. Fazemos parte de umanação antiga, forte e orgulhosa. E eutenho muito orgulho no meu país e nacapacidade dos portugueses para, nosmomentos difíceis, se juntarem paraultrapassar os problemas.

PP: Como, em seu entender,

podem os portugueses residentes no

exterior contribuir para ajudar

Portugal a enfrentar esta compli-

cada situação?

P.Pisco: Nunca deixando de acre-ditar e de defender Portugal. Continu-ando a fazer os seus depósitos nosbancos portugueses, investindo nopaís. Preferindo visitar o país parafazer férias em vez de outros. Com-prando produtos portugueses. Dandoforça aos seus compatriotas. Manifes-tando a sua solidariedade relativa-mente às freguesias e concelhos deonde são originários, ajudando obrasde natureza social ou outras. Quandose quer ajudar encontram-se sempremuitas formas.

PP: Como avalia o trabalho

nestes últimos dois anos do ainda

Secretário de Estado das Comuni-

dades?

P.Pisco: Avalio de forma positiva.Considero que o Dr. António Bragafez coisas muito importantes e queficam como a uma viragem nas polí-ticas para as Comunidades. Desdelogo, temos de considerar que foi como Dr. António Braga que se operou amudança do ensino do Português noEstrangeiro do Ministério da Educa-ção para o Ministério dos NegóciosEstrangeiros, ficando sob a alçada doInstituto Camões, sob a tutela da Se-cretaria de Estado das Comunidades.

Há décadas que se tentava fazer estamudança, muito importante no pontode vista da afirmação da Língua e daCultura portuguesa. Foi este Governoque o conseguiu. Mais uma vez, se-guindo uma linha de tradição moder-nizadora, operou-se uma reforma emodernização dos serviços consularessem precedentes, de que é exemplo apossibilidade de alguns documentosque antes demoravam meses poderemagora ser obtidos no próprio dia. E de-pois temos os documentos ultra-mo-dernos que são o passaporteelectrónico e o cartão do cidadão.Foram criados os alicerces das pri-meiras políticas públicas na área daeconomia, com a criação do NETIN-VEST, que está integralmente prontopara ser aplicado, e do envolvimentodas comunidades portugueses nas ori-entações de internacionalização daeconomia através da acção do AICEP.Mesmo que ainda não estejam plena-mente implementadas, os alicercesestão lançados. E que dizer da cria-ção, de elevadíssima importância doObservatório da Emigração que, pelaprimeira vez, permite obter dadossobre quantos somos no estrangeiro,onde estamos e quais as nossas ex-pectativas. O Gabinete de EmergênciaConsular, por exemplo, acudiu a al-guns milhares de portugueses que seviram apanhados em situações difí-ceis, seja por causa de conflitos oucatástrofes naturais. Foram tambémassinados inúmeros acordos bilateraisnos domínios da Língua portuguesa,da segurança ou de âmbito social, quemuitas vezes não têm visibilidade,mas são de grande importância paraos portugueses residentes no exterior.E as iniciativas LUSAVOX e Galados Talentos, que premeia os mais ta-lentosos nas comunidades em váriosdomínios? E este enumerar podia irmais longe. Por isso, só posso ter umaavaliação positiva da acção da Secre-taria de Estado das Comunidades e doDr. António Braga

PP: Por último, a situação com

que Portugal se confronta vai con-

tribuir para cortes em todos os mi-

nistérios. Acha que esta situação

terá repercussões nas políticas para

as comunidades?

P.Pisco: Tudo indica que os pró-ximos orçamentos serão de austeri-dade. Recordo que no últimoOrçamento de Estado o Ministériodos Negócios Estrangeiros já teve umcorte de oito por cento no seu orça-mento e que teve repercussões em al-guns projectos no âmbito dascomunidades, embora sem afectar asacções de uma forma genérica, mascausando, é certo, algumas perturba-ções. Acho que é cedo para dizer, masa situação não é fácil. Uma coisa écerta: esta crise era totalmente evitá-vel. Se os partidos da oposição tives-sem tido uma atitude responsável,nem sequer estava agora a respondera este inquérito. Mário dos Santos

Entrevista a Paulo Pisco, deputado e recandidato do PS pelo Círculo da Europa

No seguimento da entrevista que fi-

zemos ao o deputado Carlos Gon-

çalves, do PSD, cabe-nos agora

entrevistar Paulo Pisco que se re-

candidata às eleições antecipadas a

realizar no dia 5 de Junho próximo.

Estas entrevistas com os dois únicos

deputados pelo círculo eleitoral da

Europa contribuirão para um es-

clarecimento junto dos eleitores.

A irresponsabilidade dos partidos da oposição em Portugal vai custar à Alemanha 15 mil milhões de euros

Paulo Pisco, candidato adeputado do PS

Foto

: PP

Page 8: Maio 2011

PORTUGAL POST Nº 202 • Maio 2011Comunidade8

Backnang é um oásis dePaz e Cultura nos arredoresda capital da Mercedes-Benz. Milhares de portu-gueses fixaram-se noConcelho, desde os anos70, atraídos pela indústriade Cerâmica industrialmuito forte nessa época.Foi perante esse élan ecombatividade, a fibra ar-reigada dos portugueses,que surgiu em 1983 o Cen-tro Português. Cresceu einstalou-se numa fábricadesactivada bem no centrodo histórico burgo.

Joaquim Magalhães,presidente da direcção, hádois mandatos, confiou-nos a sua estratégia e a suaexperiência. Nota-se umavontade de vencer, mas asdificuldades são mais quemuitas. Mas escolheram olado bom das coisas: inde-pendência clara e frontaldos três órgãos da direcçãoe lutam todos os dias paravencer.

“Se não fossem as pes-soas que nos visitam e quevêm de longe...“, apontou-

nos Joaquim Alberto Ma-galhães. Que nos focou onúmero de mais de umacentena de associados -inscritos e pagantes- e o ca-lendário de iniciativas quelançam para manter viva achama do Centro. Investi-ram muito no arranjo dassalas da antiga unidade fa-bril. Isso soma dezenas demilhares de Euros, a que sejunta mão-de-obra e mate-rial diversificado gratuitooferecido pelos associados.

“Muita gente sai. Ou vaisaindo. A Juventude nãoquer entrar para nada.Vamos sofrendo „, reflecte.

Deram largos à imagi-nação e criaram um Ran-cho Folclórico e umaequipe de Futebol de Salão.Fazem imensos Torneios:Cartas, Setas, Bilhar. Alu-gam salas e podem confec-cionar Ementas paraAniversários e Baptizados.Organizam as Marchas deS. João e dedicam mesmomuito empenho à celebra-ção da Passagem do Ano. Adeste ano contou com maisde 400 pessoas, disse-nos.

“Estou eu, aqui. E maismeia dúzia. Passamosmesmo sacrifícios. Maisum par de anos, écapaz...Isto está muitoruim“, sublinhou, a não es-conder um realismo muitovivo e activo. F.A.R.

O difícil dia a dia do Centro Português de BacknangO líder do Centro Portuguêsde Backnang, colectividadeinserta na grande coroa deEstugarda, não nos escondea verdade. Mas acredita notrabalho bem feito que temerguidocom os associados erestante direcção

Uma boa notícia tem a vercom a iniciativa culturalrealizada no dia 9 de Abrilpassado na Missão CatólicaPortuguesa de Wiesbadencom uma representação dogrupo de teatro “Quasilu-sos”, de Freiburg, a que as-sistiram jovens alunosresidentes nas cidades deWiesbaden, Mainz e GroßUmstadt.

Foi graças à Dra. ElisaTavares, docente de línguaportuguesa na Universidadede Freiburg, com a colabo-ração das professoras dePortuguês Isabel Lima eCarla Moita, que esta inicia-tiva se concretizou.

As organizadoras disse-rem ao PP que o teatro pode

também ser uma forma decomunicação e um veículode ensino da lingua portu-guesa.

“Acreditamos que é umespaço em que os alunosestão em contacto com dife-rentes formas de expressão. O ensino dentro e fora dasala de aulas não é sufi-ciente no desenvolvimentodas competências dos mes-mos.

Através do teatro comode outras expressões de arteos alunos desinibem-se tor-nam-se mais auto-confian-tes e aumentam a autoestima”, corroboraram asorganizadoras

Maria do Céu

Uma grande e louvável ini-ciativa do banco Montepiodirigida a jovens universitá-rios luso-descendentes comidades entre os 18 e 25 anose que frequentam, pelomenos, o segundo ano deum curso universitário.

Trata-se de um curso deVerão a realizar em Lisboaentre os dias 9 e 16 de Julhopróximo com o intuito devalorizar os conhecimentosdos jovens nas áreas da cul-tura portuguesa, música,sociologia, comunicação e

história de Arte.Todos os jovens que

reúnem as condições esta-belecidas podem viajar atéPortugal para participar nocurso.

Informações sobre can-didaturas podem ser pedi-das ao Escritório deRepresentação do Monte-pio, Schäfergasse 17, 60313Frankfurt/M, Telefone: 069913 947 16 / 17, ou consul-tando o seguinte Sitewww.montepio.0rg.

Boa sorte!

Banco Montepio leva jovensestudantes a Portugal

Portugal está a viver umadas suas mais sentidas cri-ses de sempre ao ponto deentregar a condução dascontas do país a entidadesestrangeiras como condiçãopara um aval a um emprés-timo que salve o país da fa-lência.

Não será exagero nen-hum que a situação quePortugal vive nos toca a nósemigrantes que nos senti-mos até um pouco enver-gonhados quando aimprensa internacional,como seja o caso da alemã,fala como fala de Portugal.Vergonha com pouco deraiva à mistura, não contraa imprensa mas sim contraa forma de como Portugaliniciou o caminho para che-gar a esta situação de misé-ria.

Não é nosso propósitoestar aqui a atribuir culpasa este e àquele. A nós aqui

compete-nos ajudar a quePortugal saia desta crise. E,por pouco que seja, pode-mos fazê-lo. Podemos, porexemplo, aqui consumir ecomprar produtos nacio-nais, como sejam produtosalimentares e todos aquelesMade in Portugal; pode-mos ir mais vezes, conformea nossa carteira, a Portugalpassar férias, podemos ali-ciar os nossos amigos, vizin-hos e colegas de trabalho airem a Portugal fazer fériase a comprarem os nossosprodutos; podemos, emsuma, talvez aumentar oenvio das nossa remessaspara Portugal, etc..

Esta é uma forma deajudar o nosso pais a recu-perar da crise, contribuídopara para o reforço da nossaeconomia.

Será um gesto patrióticojá que nada mais podemosfazer.

Ajudar Portugal numa hora difícil para todos nós

Maio é habitualmente omês dos eventos religiosostendo como referencia asaparições de Fátima. Detodas as iniciativas, talvezseja a de Peregrinação aWerl em Honra de NossaSenhora de Fátima aquelaque mais atrai os crentes.Promovida desde há 39anos, este ano a Peregrina-ção a Werl, que será reali-zada a 7 de Maio, épresidida pelo Bispo D. Se-rafim de Sousa Ferreira eSilva.Convém também lembrarque este ano celebram-se noSantuário de Werl 350 anosde Peregrinações Marianasa àquele Santuário, com re-levantes festejos religiososque se estendem de Abril aOutubro.

Também em Euskir-chen, a comunidade lusalocal dá seguimento à tradi-

ção realizando um dia dedi-cado à Nossa Senhora deFátima, desta vez com pro-cissão realizada no próximodia 7 de Maio na Igreja deST. Martin, pelas 15h00

Deste evento constaainda uma parte recreativaorganizada por uma co-missão de festas em Euskir-chen-Palmersheim, noDorfgemeinschaftshausPalmersheim – Krebsgasse38 / Ecke Rodderbach,pelas 18h00

Além de petiscos portu-gueses tradicionais, grelha-dos, sardinha assada,feijoada e caldo verde,assim como cerveja e vinhoportuguês, a noite seráacompanhada por gruposde dança da zona, como osPALM BEACH GIRLS, oRancho de Bonn/Lohmar eo grupo musical “SEGURA-TE”.

Como convidados esta-rão presentes dois repre-sentantes da Câmara deEuskirchen e a Cônsul-Geral de Portugal em Dus-seldorf.

Euskirchen celebra aparições

de Maio

Comunidade promove festejosem honra de N. Sra. de Fátima

Foto

PP

Mainz e Wiesbaden

Teatro ajuda a promover a língua junto dos jovens

De acordo com nota enviada pela Embaixada de Portu-gal, publica-se lista de estudantes contemplados comBolsas de Estudo 2010/11

1) Patrick Manuel Teubner Gomes - Nota de Abitur 1,2.Linguística. Europeia de Direito. Universidade de Coló-nia. Bolsa “Direcção-Geral dos Assuntos Consulares e dasComunidades Portuguesas”.2) Tiago Schmidt-Riese Nunes - Nota de Abitur 1,4. Psi-cologia. Universidade de Mannheim. Bolsa “Direcção-Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas”.3)Jan Tomás de Pinho Bayer - Nota de Abitur 1,4. Matemática. Universidade Livre de Berlim. Bolsa “Direcção-Geral dos Assuntos Consulares e das

Comunidades Portuguesas”.4) Patrícia Almeida Machado - Nota de Abitur 1,8. Bio-logia. Universidade de Aachen. Bolsa “Direcção-Geral dos Assuntos Consulares e dasComunidades Portuguesas”.5) Sabrina Rodrigues Soares - Nota de Abitur 1,9. Ges-

tão de Empresas. Universidade de Münster. Bolsa “Direcção-Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas”.6) Fábio Oliveira da Silva - Nota de Abitur 2,1. Enge-nharia Mecânica. Universidade KIT de Karlsruhe. Bolsa“Caixa Geral de Depósitos”.

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PORTUGAL POST Nº 202 • Maio 2011 Comunidade 9

A Alemanha conta com cercade 10.200 eleitores recenseados,sendo que nas anteriores eleições, realizadas em Setembro de 2009,votaram cerca de 3254 eleitores. Opartido que arrecadou mais votosfoi o PS, o qual tinha à frente dasua lista Paulo Pisco que volta a li-derar a lista do Partido pelo Cír-culo da Europa.

Partidos Socialista

Nestas eleições, o PS apresentana lista pelo Círculo Eleitoral daEuropa uma conhecida personali-dade da comunidade da Ale-manha: o assistente social NelsonRodrigues, ex-membro do Con-selho das Comunidades Portugue-sas e líder do movimento contra oencerramento do consulado emOsnabrück.

Muitos consideram este ele-mento como sendo um trunfo doPS na lista de candidatos.

Deste modo, a lista do PS éconstituída por Paulo Pisco, Lur-des Rodrigues, França, NelsonRodrigues, Osnabrück, e CarlosFerreira, Suíça.

Sobre a sua candidatura, Nel-son Rodrigues disse ao nosso jor-nal que se candidata porquesonha “com um Portugal mo-derno, que acabe com o compa-drio e onde haja igualdade dedireitos, com uma justiça dife-rente, justa, e que continue a man-ter o direito à saúde e à formação”.

“Desejo dar” – diz ainda o can-didato - “o meu modesto contri-buto a Portugal. Ando na políticadesde jovem, já ocupei diversasfunções. Fui membro activo nafundação da Federação Regionalda FAFA na área consular de Os-nabrück, geri o movimento contrao encerramento do Consulado emOsnabrück e vencemos. O meulema é “quem luta pode ganhar,quem não luta, já perdeu!”. Sem-pre soube estar ao lado daquelesque mais precisam de nós. Profis-sionalmente sou sociólogo e assis-tente social. Trabalho na gerênciadas Cáritas de Rheine. Tenho operfil político para saber defenderdevidamente os interesses daque-les que me elejam”, argumentouNelson Rodrigues ao PORTUGALPOST.

Partido Social Democrata

Também o PSD, que nas elei-ções de 2009 arrecadou 916 votosna Alemanha, volta a apresentarCarlos Gonçalves como cabeça delista. Ex-Secretário de Estado dasComunidades durante o curto go-verno de Santana Lopes, CarlosGonçalves foi, antes de assumir asfunções de deputado, funcionárioconsular em França e é tido comoum grande conhecedor das ques-tões da emigração.

No que se refere aos candida-tos, também o PSD integra ummembro da Alemanha na sua listapela Europa. Trata-se de ArturAmorim, promotor bancário, resi-dente em Ludwigsburg e aindapresidente do PSD Alemanha.

”É com orgulho que aceitei oconvite que me foi dirigido pelaactual liderança do PSD. A minhaprincipal missão reside na defesados legítimos interesses da Comu-nidade Portuguesa residente naAlemanha”, disse Artur Amorimao PP. O candidato aponta aindaalgumas medidas pelas quais sebaterá, como sendo, por exemplo,“a mobilização dos jovens luso-descendentes, o aumento da par-ticipação cívica e política dasnossas Comunidades, desenvolvermecanismos de captação de poup-

anças e investimentos dos Portu-gueses residentes no estrangeiro,o incentivar estratégias de organi-zação empresarial no seio das nos-sas Comunidades numa óptica deaproximação ao tecido industrial ecomercial nacional, o apoio aosportugueses em situações econo-micamente mais difíceis e maisfragilizados socialmente”, etc...?

Convém lembrar que este can-didato, que está em segundo lugarna lista pode ter via verde para oparlamento caso o PSD ganhe aseleições e Carlos Gonçalves sejaindigitado Secretario de Estado.

São os seguintes membros queo PSD apresenta pela Círculo daEuropa: Carlos Gonçalves, resi-dente em Paris.Artur Amorim, re-sidente em Estugarda. SharoltaLazlo, residente em Genebra eCustódio Portásio, residente noLuxemburgo.

Coligação Democrática Unitária

A CDU (coligação PCP – Ver-des), que conseguiu nas últimaseleições 159 votos, não apresentaninguém pela Alemanha. No en-tanto, o mandatário da lista pelapelo Círculo Eleitoral da Europa éum residente na Alemanha. Trata-

se do professor universitário Lu-

ciano Caetano da Rosa, o qual, emdeclarações ao nosso jornal, apelaa todos os eleitores para votaremna CDU e nos seus candidatos,“por outra politica, uma politicade esquerda que tire Portugal dafossa a que o PS, o PSD e o CDS,com a ajuda do PR, conduziram oPaís”.

O mandatário da CDU diz res-peitar as opções dos eleitores semqualquer despeito ou rancor aoelegerem outros candidatos, “maspergunto-me que benefícios ti-

veram até hoje ao elegeram candi-datos do PS e do PSD pelaemigração. O país está como está,após 35 anos de política de direitapraticado pelo PS, pelo PSD e peloCDS-PP e, na actualidade, ajuda-dos pelo PR. Ora, do que o nossoPaís precisa é de uma ruptura coma actual política, e uma política pa-triótica e de esquerda”

O candidatos da CDU pelo cir-culo eleitoral da Europa são: En-carnação de Melo Galvão,residente na Suíça , Raul Fer-nando Gonçalves Lopes, residenteem França. , Maria Vitória PalmaBrito, residente na,Bélgica, Antó-nio Ribeiro Antunes, residente noLuxemburgo.

A título de Informação, os res-tantes partidos com assento parla-mentar conseguiram nas últimaseleições a seguinte votação: CDS156 votos e Bloco de Esquerda 169votos

Os partidos e os candidatos

Eleições 5 de Junho

O Voto é por correspon-dência. Não é necessá-

rio deslocar-se aoconsulado da sua área

Com a realização das eleiçõesantecipadas para o parlamentoportuguês marcadas para o dia5 de Junho, os partidos come-çam a fazer campanha e a divul-garem os seus candidatos pelaemigração.

Só votará se estiver devidamente recen-

seado no consulado dasua áreaNelson Rodrigues, Candidato do

Partido Socialista

Artur Amorim, Candidato do Partido Social Democrata

Conceição Belo, Candidata da Coli-gacão Democrática Unitária

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A organização do PCP na áreaconsular de Dusseldorf comemo-rou no Sábado, dia 16 de Abril, os90 anos da fundação do PartidoComunista Português com umjantar na Associação Portuguesade Neuss. Durante várias horasmuitos membros e amigos doPCP, convidados, como por exem-plo, membros do Conselho dasComunidades Portuguesas, pro-fessores, dirigentes associativos,membros de comissões de pais,conviveram e puderam assistir aimagens das lutas em que o PCPestá e esteve inserido que se “de-senvolvem cada vez mais para tra-var a ofensiva dos sucessivosgovernos contra os direitos dostrabalhadores, das comunidades edo povo português, e contra a eco-nomia e a soberania nacionais”,diz a nota do partido enviada aoPP.

Foram igualmente apresenta-das reportagens e documentaçãoalusivas à participação da organi-zação do PCP da Alemanha naFesta do Avante!. No início foifeita uma intervenção pelo profes-sor Luciano da Rosa, membro doOrganismo de Direcção da Ale-manha, focando a história do PCPe o seu papel na luta pela liber-dade, a democracia e o socialismoem Portugal e fazendo um apelo àparticipação na campanha eleito-ral e ao reforço da CDU “para seconseguir uma mudança políticapatriótica e de esquerda no nossopaís.”, acrescenta a nota.

O jantar-festa culminou com aactuação do Rancho Português deNeuss composto por mais de 20membros. A encerrar todos os pre-sentes cantaram a Grândola VilaMorena, o Hino nacional e oAvante Camarada!

Também no dia 6 de Março aorganização de Hamburgo do PCPjá tinha celebrado os 90 anos doPartido com um jantar em queparticiparam membros e amigosdo PCP.

PCP comemora 90anos de existênciaem Düsseldor

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10 PORTUGAL POST Nº 202 • Maio 2011Comunidades

Nós os emigrantes temosmuito mais consciência na-cional e de Estado do que osnossos parlamentares.Como sabemos as remessasdos emigrantes continua aser a segunda maior fontede divisas logo a seguir aoturismo. Neste momentomais do que nunca há queajudar Portugal conti-nuando a enviar para lá asnossas poupanças, comprarprodutos portugueses e in-vestir de todas as formas nonosso país. Portugal está fa-lido e todos dão a culpabili-dade ao actual governo.Não devemos esquecer, quequase todos os países euro-peus, começando pela Ale-manha, estão altamenteendividados. A razão por-que Portugal entrou nestemisere estado não tem a vercom o nome do primeiro-ministro, que o governa e

do partido a que pertence,há que procurar a razãomuito mais além, como, porexemplo, a situação da po-litica económica internacio-nal; a transferência deempresas de Portugal paraoutros países onde o custoda mão de obra é inferior,que enfraqueceu ainda maisa produção nacional, a con-corrência com o alarga-mento da Europa. Tambémnão devemos esquecer a re-forma de velhice a pagar pordireito, a pessoas que nuncacontribuíram durante todaa sua vida de trabalho paraqualquer fundo estatal. Mas para mim o motor quenos levou tão rapidamente aeste estado foram as chama-das agências de ratings/no-tação, que forçaram o país apedir ajuda elevando osseus custos de financia-mento para níveis insusten-táveis. E, a quando dainviabilização do PEC IV,os juros atingiram o seuauge empurrando-nos paraeste abismo. De forma al-guma as eleições vão contri-buir para melhorar asituação em que o país seencontra, há que unir todasas forças sociais e políticas.Uma coligação entre o PS eo PSD deveria ter sido a so-lução e não mais este ar-rombamento a um cofreque está vazio.

„Se queremos ter uma solução para o problemados países insolventes“, como é o caso da Grécia,Irlanda e Portugal, „então vamos ter que ter umareestruturação da dívida destes países, e os deten-tores das suas obrigações terão que suportar partedas perdas“, afirmou aos jornalistas Ralph Brink-haus, membro do comité de Finanças do Parla-mento alemão por parte da CDU, o partido dachanceler Angela Merkel.

A mesma opinião é partilhada por Lothar Bin-ding, deputado alemão pelo partido social-demo-crata na oposição e membro do comitéparlamentar para o orçamento, para quem „todosos participantes na crise - incluindo os que empre-staram dinheiro aos países insolventes - tem queassumir as responsabilidades pelo que fez“.

Notando que „é difícil“ explicar aos contribuin-tes germânicos porque é que têm que contribuirpara os resgates de outros países da União Euro-peia, ambos os parlamentares defenderam a ne-cessidade da criação de „uma base comum devalores“ relativos à governação económica dos paí-ses, que seria depois usada na Europa como umguia que regulasse o modo como os governos de-verão reger as suas Finanças, de modo a terminarcom a corrupção e erros de julgamento que têmmarcado a governação dos países mais afectadospela crise.

„Mas temos que proceder com cautela. Temosuma espécie de ‘nave espacial’ chamada Bruxelas,mas que perdeu o contacto com as pessoas na ruade todos os países europeus. Por isso é necessárioexplicar correctamente à população o que está emjogo“, acrescentou Brinkhaus.

Já Binding sublinhou que, embora o fim ouuma eventual divisão do euro em duas zonas estejacompletamente fora de questão para todos osgrandes partidos alemães, „é necessária umamaior convergência entre todos os países da zonaeuro“, sendo o facto do IRC irlandês ser dos maisbaixos da Europa um obstáculo a este aumento decooperação, advogando um aumento por parte deDublin da sua taxa de imposto sobre as empresas.

Relativamente ao facto dos detentores de obri-gações poderem vir a sofrer perdas com uma pos-sível reestruturação da dívida dos países comproblemas financeiros, este responsável precisouque esta redução „não significa que percam todo oinvestimento, apenas uma parte. O que queremosevitar é que o fardo do resgate dos países recaiasempre sobre os mais pobres“.

O parlamentar social-democrata explicouainda que a principal preocupação da liderançaalemã não é a perda de competitividade do paíspara outros estados europeus, mas sim para asgrandes economias emergentes.

„Os nossos alvos são a Índia, a China e os ou-tros países emergentes. Se perdermos competiti-vidade, são eles que vão ficar com a nossa quotade mercado. No caso de uma firma alemã perderum contrato, ele não irá para uma outra compan-hia europeia, mas sim uma empresa da China, ouda Índia“, precisou.

1- Neste momento, em quevivemos uma grave crise,devemos ser os maiores emelhores embaixadores donosso país, onde quer quenos encontremos. Promo-ver o país e os nossos pro-dutos, comprar aquilo que éportuguês e, quem puder,investir no país que é o seu- mesmo que estejamos hámuitos anos fora dele -, sãooutras medidas que deve-ríamos adoptar. Depois, emais do que tudo, não nosabstermos de votar quandose realizam eleições.

2 - Quem tem responsabili-dades pela situação que o

país vive é quem esteve àfrente dos seus destinos nosúltimos anos, pois não per-cebeu que estava a meter-senum buraco de onde nãosairia facilmente, apesar detentar fazer-nos crer o con-trário. Ninguém pode vivercom aquilo que não tem eacima das suas possibilida-des e não pode andar, eter-namente, a pagar créditoscom créditos; além do mais,nunca devia ter escondido averdadeira situação do país.

3 - As eleições irão servirpara clarificar a situação eencontrar uma maioria cre-dível e com força para ac-tuar, sendo certo que, quemas ganhar, não vai ter tarefafácil: vai ser necessário termuita coragem para promo-ver as mudanças que se im-põem. Os partidos políticostêm que unir-se se quiseremter credibilidade perante opovo, numa hora tão grave;e o povo vai ter que fazer asua parte, votando emmassa e não abstendo-se.Só com união será possívelandar em frente e não a ‘as-sobiar para o lado’.

1. Os emigrantes portugue-ses, podem fazer o quetodos os portuguesespodem fazer: dizer *não *aesta política que desde háanos, sucessivos governos,dos partidos que nele se re-

É tudo muito complexo.Tem havido má gestão derecursos internacionais, na-cionais e pessoais. Por outrolado, há incompatibilidadeentre metas da EU e progra-mas de desenvolvimentolocal, e há interesses emjogo que não privilegiam asnossas particularidades.Apontar o dedo, criticar einsultar, no entanto, nãonos levará muito longe. Há,sim, que tomar consciênciada gravidade da situação,não repetir erros e olhar emfrente. As eleições são in-contornáveis mas nada re-solverão se não foremacompanhadas de uma ra-dical mudança de ética por

parte da classe política, queestá desacreditada e precisade se reabilitar, agindo comtransparência, competên-cia, responsabilidade, e reu-nindo esforços em vez de osdispersar. Mas todos temosuma parte a fazer como ci-dadãos atuantes nas nossascidades, trabalhos, escolas,associações. Há que sair docomodismo e superar estaamarga sensação de impo-tência através da participa-ção social e política,promovendo união e valori-zando o esforço de cada um.Para além disso, como “re-presentantes” de Portugalalém fronteiras, uma dascoisas a fazer no meio destaavalanche de más notíciasseria divulgar o que temosde bom e único nos ofícios,artes, literatura, cultura,ciência, etc. Dentro e forado país há muitos portugue-ses de valor e a fazer coisasinteressantes e inovadoras.Há que conhecê-los e dar-lhes visibilidade. Só tere-mos a ganhar!

Partidos alemães apoiam reestruturação da dívida portuguesa

É preciso encontrar uma solução para esta crise

Não podemos “assobiar para o Lado”

vezam, em Portugal (e emBruxelas). O país não che-gou de um dia para o outroao estado em que está, nemchegou lá por acaso.

2. A responsabilidade é dapolítica seguida e, respon-dendo já à terceira per-gunta: se das eleiçõesresultar numa mudança depolítica, terão servido para-procurar encontrar soluçõesque viabilizem o país. Masnão se delas resultar sim-plesmente mais um go-verno, „mais do mesmo“.Para já há que votar, assu-miressa responsabilidade, éno mínimo o que cada umpode fazer.

Há que participar nas eleições

Teo MesquitaFrankfurt

Mário dos Céu CamposRavensburg

Maria do Rosário LouresNürnberg

Apontar o dedo, criticar e insultar, noentanto, não nos levará muito longe

Angela NunesEssen

Representantes dos principais partidos germânicosmanifestaram-se a favor de uma reestruturação dadívida dos países em dificuldades.

Portugalem crise

Opiniões

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PORTUGAL POST Nº 202 • Maio 2011 Literatura 11

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Inh. Adélio Oliveira

Pense nas coisas boas e doces da vida. Pense em nós!

Caro/a Leitor/a:Se é assinante,avise-nos se mudou ouvai mudar de residência

.A tradução, realizada pelo fi-lólogo russo Mikhail Travtchetov,estava praticamente acabada epronta a ser editada pela “Leniz-dat”, mas o cerco nazi não só im-pediu a sua publicação, comoroubou a vida ao seu tradutor.

Mikhail Travtchetov nasceuem São Petersburgo, em 1889, de-dicando grande parte da sua vidaao ensino de Literatura nas esco-las soviéticas e à tradução pararusso de autores estrangeiroscomo Pierre Jean de Béranger,Lope de Vega, Calderon de laBarca, Lord Byron e Camões.

Em 1940, Travtchetov ter-

minou a principal obra da suavida: a tradução de portuguêspara russo dos Lusíadas de Ca-mões. O redator dessa edição,professor Alexandre Smirnov,considerou-a “um aconteci-mento na literatura traduzidapara russo”.

O texto da tradução foi ent-regue na tipografia na Prima-vera de 1941, mas a invasão daUnião Soviética pelas hordashitlerianas adiou a sua publica-ção.

Andrei Rodosski, professorde língua e literatura portugue-sas da Universidade de São Pe-tersburgo (antigaLeninegrado), citando as pa-lavras da irmã do tradutor, es-creve que “o manuscrito quefora entregue à Editora Leniz-dat desapareceu durante o blo-queio”.

Porém, conservaram-se oscadernos com os rascunhos datradução, que atualmentefazem parte do espólio da Bi-

blioteca Nacional da Rússia,em São Petersburgo. Algunsdos fragmentos da traduçãoforam publicados na obra “Li-teratura Estrangeira. Época doRenascimento”, com ediçõesem 1959 e 1976.

Não obstante ter sido pu-blicada em russo uma traduçãointegral do poema épico camo-niano em 1988, o professorRodosski defende que a versãopoética de Travtchetov nãodeve ser esquecida e mereceser impressa, pois possui gran-des qualidades.

Depois de analisar as virtu-des e defeitos da tradução deTravtchetov, Rodosski conclui:“as qualidades da tradução sãobastante grandes e resta ape-nas lamentar que ela não tenhasido publicada até agora”.

É também de salientar quea Travtchetov traduziu outrasobras do poeta português, no-meadamente os seus sonetos.

O destino do próprio tra-

dutor russo foi tão dramáticocomo o da sua obra. Tendo-se re-cusado a abandonar Leninegrado,tal como fizeram o grande compo-sitor soviético Dmitri Chostako-vitch e numerosos outrosintelectuais, ficou livre do serviçomilitar por questões de saúde, masinscreveu-se como bombeiro noServiço de Defesa Anti-Aérea eAnti-Química da União Soviética.

Entre outras tarefas, os mem-bros desse serviço deviam, nos tel-hados da cidade, vigiar a queda debombas incendiárias lançadaspela aviação alemã, a fim de as re-colher rapidamente e impedir in-cêndios de edifícios.

Em 1942, a revista norte-ame-ricana publica, na capa de um dosseus números, o retrato de Chos-takovitch com o capacete de bom-beiro.

Mikhail Travtchetov faleceuem Dezembro de 1941, quando re-gressava de um turno de vigilâncianoturna. José Milhazes, Agência Lusa

Bloqueio das tropas alemãs a Leninegrado impediu primeira ediçãoem verso dos Lusíadas em língua russaO bloqueio imposto pelas tro-pas alemãs à cidade soviéticade Leninegrado, que começouem 1941 e se prolongou por872 dias, impediu a publicaçãoda primeira edição em versodos Lusíadas, obra épica de Luísde Camões, em russo

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PORTUGAL POST Nº 202 • Maio 2011Cultura Lusófona12

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PublicidadeVerifica-se numa cidade comoMunique uma permanente movida deprojetos culturais inovadores, de pro-jeção global e trazendo a uma cidadealemã uma diversidade de línguas evivências culturais que o público,com poder de compra, interessado eexigente, recebe com interesse cres-cente. As muito clássicas salas deespetáculo enchem sem dificuldade emesmo os espaços alternativos - an-tigas lojas transformadas em cafés, fá-bricas desactivadas, casernas militaresagora ateliês - albergam um públicocurioso.

Mesmo assim, é necessária bas-tante coragem para um grupinho re-strito de artistas dizerem: vamos levarum festival de artes integradas até àAlemanha. Artistas paulistanos, gentenova, com poucas posses mas cheiosde ideias e ideais, resolveram organi-zar pela terceira vez uma semana cul-tural em janeiro último em queintegraram dança contemporânea /performance com música/percussão ecom literatura. Tiveram para isso oapoio da associação „Lusofonia e.V.“

e do pelouro da cultura da cidade deMunique.

O festival PLUSbrasil agiu numalinha conceptual de encontro com oOutro. Este festival englobou três ofi-cinas, uma de dança, duas de percus-são, três peças, inéditas na Alemanha,de dança, um debate sobre „Exclusãocomo norma“ e, para finalizar, umatarde de „Offene Jam“, em clima defesta e de palco aberto para todos,onde se reencontraram os artistas, osparticipantes das oficinas mostraramos resultados do seu trabalho e váriosoutros artistas participaram na e coma música. O encontro com o Outroprocessa-se, por um lado, num inter-câmbio de ensinar e aprender, poisambas as partes ensinam e aprendem,por outro naquele momento comuni-cativo em que o artista em solo ou osartistas em grupos de dois ou mais,através da sua arte, interagem com opúblico. A dança contemporânea, essaarte performativa de mostrar a mate-rialidade do corpo, exige do espetadoruma abertura ao diferente e, do seucérebro, que este apague os estereóti-

pos, que se abra completamente aoOutro, não tentando encontrar senti-dos, mas deixando que estes cheguemsem esforço. Estas peças pediam ino-cência (a inocência dum olhar infantilque nada sabe) e depois reflexãosobre as próprias emoções de quemolha e escuta.

Podem estas peças responder aperguntas que nos assolam? Talvez,mas mais do que isso elas põem-nosquestões que nunca nos haviam pas-sado pela cabeça que, de repente, nosacometem: alguém que vai criandoritmos nos seus instrumentos, ro-dando à volta deles como quem batea massa do pão, outro corpo que secontorce, se deita, cai, levanta, vira eroda contra esses mesmos ritmos, alu-sões a um passado de dependências,de mando e de pau-mandado ou tam-bém reminiscência duma musicali-dade vinda do outro lado do mar e quenão naufragou pois tomou corpo nospróprios corpos martirizados que, porsua vez, gerações mais tarde, atravésda criação artística se concretizamdiante dos nossos olhos. Duos e soloscriaram dramaturgias incisivas, emque os corpos se aproximavam e afas-

tavam em jogo de espelho, num silên-cio opressivo ou com música que-brada pelo quebrar de rimas de pratos.O corpo esgotando pouco a pouco aenergia do quebrar ia-se fazendo aopalco semeado de cacos, em movi-mentos cada vez mais calmos, masacometidos de tristeza.

Que sentido faz trazer a Muniqueartistas de fora, neste caso brasileiros?Este tipo de trocas interculturais -uma das linhas de força do conceito éo intercâmbio com artistas daqui - sig-nificam sempre enriquecimento paraos participantes das oficinas que, secalhar, pela primeira vez ficaram asaber que, para além de samba, exis-tem muitos outros ritmos brasileiros.Depois, os próprios participantes aca-bam por conhecer outros curiosospelos mesmos temas, criando assimnúcleos de interesse e novos públicos.Neste caso concreto de arte da mega-cidade São Paulo, a apresentação forados „exotismos“ samba/carnaval/fu-tebol chama a atenção para a criativi-dade infinda da arte brasileira e paraos seus modos de agir com o Outro. Amudança do espaço será para o artistasempre uma mais-valia que o fará re-

Munique Associação „Lusofonia e.V. apoia projetos culturais, festas e festivais

Ao pegarmos em jornais ou revistas, ao correr os olhos por folhetos dascâmaras ou sítios na Net, tanto aqui como em Portugal ou no Brasil, depa-ramos com uma multiplicidade de eventos culturais, como espetáculos demúsica e teatro, de dança, encontros de literatura e debates, numa multi-plicidade de formatos para a grande diversidade de idades e gostos, deexigência e de indiferença que caracterizam o dia-a-dia, especialmente em

gressar porventura com mais ideias.Festivais - pela etimologia: festas

estivais, de verão - marcam posiçãocontra a globalização exclusiva daeconomia, pois trazem desse mundoglobal produtos culturais nascidos lo-calmente mas aptos a serem visuali-zados neste nosso mundocontemporâneo, sem fronteiras eco-nómicas, mas limitado muitas vezespelos preconceitos que cabe à arte tra-zer à tona e refletir.

Para quem aqui vive apelo à aber-tura de espírito e à curiosidade. Con-tra o nosso dia-a-dia regido portrabalho, ganhar dinheiro e gastá-lo,será talvez um filme, uma peça de tea-tro no meio dum parque, uma perfor-mance na „Fußgängerzone“momentos de reconhecimento. Re-conhecer que existe muitíssimo paraalém da economia e de tudo aquiloque nos dá dores de cabeça. E pode-remos verificar que ali um poema,acolá uma canção nos abanam a letar-gia, nos fazem um pouco melhores ecom vontade de nos juntarmos a ou-tros para mudar o mundo. E essa von-tade já é meio caminho andado...Luísa Costa Hölzl

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PORTUGAL POST Nº 202 • Maio 2011 13

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Sociedade

NOVO

uando, em 2001, o histo-riador alemão SönkeNeitzel se deparou comuma pilha de documentosno Arquivo Nacional Bri-tânico, mal pôde acredi-tar no que via. Ele

acabara de encontrar transcrições deconversas entre soldados alemãesmantidos como prisioneiros durante aSegunda Guerra, registadas secreta-mente. Eram diálogos íntimos entrecamaradas, ignorando que um terceirotudo escutava e anotava minuciosa-mente.

As forças britânicas e norte-ame-ricanas, que mantinham os prisionei-ros alemães, tinham a esperança queas conversas pudessem fornecer infor-mações militares importantes. Maspouco se descobriu sobre arsenais se-cretos. O que as transcrições revelam,na maior parte, é o quotidiano doshomens na guerra, como eles luta-vam, matavam e morriam.

„Para mim, jogar bombas se tor-nou uma necessidade“, lê-se numapassagem. „Dá mesmo um arrepio naespinha, é uma sensação óptima. Tãobom fuzilar alguém.“

Sönke Neitzel e o psicanalista Ha-rald Welzer ficaram tão fascinadoscom as 150 mil páginas de transcri-ções que decidiram estudar esse

estranho material. Os resultados desuas observações foram publicadosno livro Soldaten – Protokolle vomKämpfen, Töten und Sterben (Solda-dos: Atas de sobre lutar, matar e mor-rer).

„Tomamos o cuidado de evitarjulgamentos. Não queríamos apenasmostrar as coisas terríveis que os sol-dados fizeram“, comenta Neitzel. Emvez disso, eles queriam entender ospensamentos desses soldados, e comoeles foram levados a praticar essesactos terríveis.

Ainda assim, os dois pesquisado-res não deixaram de se emocionarcom alguns dos relatos. Em algumaspassagens, depararam-se com histó-rias sobre como os soldados discutiamentre si sobre o gosto pelo assassinato,ou sobre a quantidade de mulheresque haviam estuprado.

Raramente, algum dos participan-tes das conversas expressava qualquerobjecção ou criticava esse ato de sevangloriar. „De certo modo, eramconversas mais ou menos normaisentre dois colegas“, diz Welzer. Aúnica diferença é que o seu trabalhoera a guerra.

Quando Neitzel contou a Welzersobre as transcrições, logo ficou-lheclaro quão raros e valiosos eram aque-les documentos. Embora historiadores

tenham frequentemente a oportuni-dade de estudar memórias de guerraou as cartas que os soldados enviavamà família, estas têm valor limitado,observa Welzer.

„Quando alguém escreve umacarta para a mãe, certamente não co-menta quantas mulheres estuprou.“Essas transcrições, por sua vez, sãouma sensação para o mundo acadé-mico.

„Não temos material comparávelnem mesmo de guerras contemporâ-neas, como a do Afeganistão. Por umlado, conversas desse tipo provavel-mente não estão a ser registadas, poroutro, mesmo que estivessem, não te-ríamos acesso a elas.“

O livro lançado pelos estudiososexamina assuntos relacionados àmentalidade dos soldados envolvidosno combate diário e como eles viam aguerra. Um dos aspectos surpreenden-tes para os autores foi o fato de as ati-tudes dos soldados não variaremmuito segundo a idade, histórico pes-soal ou hierarquia militar.

A dupla está convencida de que asconversas francas entre os combaten-tes alemães da Segunda Guerra tam-bém permitem penetrar namentalidade de soldados envolvidosem outros conflitos. Uma constataçãoperturbadora é que a própria lógica da

guerra é o que os transforma em sereshumanos brutais.

„No primeiro dia, pareceu terrí-vel. Mas aí eu disse para mim mesmo:Que se lixe, ordem é ordem’. No se-gundo e terceiro dias, pensei ‘tantofaz, de qualquer jeito’. No quarto, co-mecei a gostar“, diz uma passagemdos arquivos.

Para Sönke Neitzel, „lutar numaguerra é como um ofício especiali-zado, e quanto melhor os soldados do-minarem essas aptidões, maiores sãosuas possibilidades de sobrevivênciae de sucesso. E eles se definem poresse sucesso“.

Quanto a isso, observa Neitzel,não há muita variação de uma guerrapara a outra. „No fim das contas, umfranco-atirador da Wehrmacht na Se-gunda Guerra e um da Bundeswehrno Afeganistão estão fazendo omesmo trabalho. A arma e uniformesão diferentes hoje, mas o trabalho éo mesmo, é atirar para matar, éexactamente a mesma coisa.“

O historiador está convencidoque, nessas situações, a ideologia nãoentra na cabeça dos soldados: os daWehrmacht não ponderavam sobre aideologia dos nazistas, os da Bundes-wehr hoje provavelmente não re-flectem por um só momento sobre aConstituição alemã.

Uma guerra igual à outra

Segundo Neitzel e Welzer, semdúvida havia nazistas convictos entreos soldados alemães da SegundaGuerra, e essas convicções lhes di-ziam que matar judeus era a coisacerta a fazerem. Esses, noentanto, constituíam uma minoria.

Os pesquisadores também argu-mentam que os actos de violência co-metidos sob o regime nazista nãoforam mais brutais do que os cometi-dos em outras situações. Eles crêemque uma ideologia como o nazismonão é o factor mais importante queleva a atrocidades, mas sim um sis-tema de valores militares que trans-forma homens em assassinos.

Harald Welzer considera fútil oclamor público em relação aos crimesde guerra, pois a lógica da guerratende a gerar crimes. „Em qualquerguerra moderna, acontecem exacta-mente as mesmas coisas que essessoldados alemães da Segunda Guerradiscutiam. A única maneira de se er-radicar isso seria acabar com a guerrainteiramente e substituí-la por umaoutra maneira de os países resolveremsuas diferenças, sem recorrer ao as-sassinato“, finaliza o psicanalista.Autora: Nadine Wojcik Cortesia DW

Conversas entre soldados nazistas revelamlógica secreta da guerra

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PORTUGAL POST Nº 202 • Maio 201114 Histórias da História

dolatrado como herói pormuitos, identificado com oespírito do patrotismo,vencedor dos castelhanos

em numerosas batalhas, sendo asmais conhecidas as da Batalha deAljubarrota e da Batalha dos Ato-leiros, onde usou a técnica do qua-drado, durante as guerras de finaisdo século XIV e início do XV. Mi-litar brilhante, sem ele Portugalpoderia hoje não existir. A vitóriana batalha de Aljubarrota foi o seumomento de glória. Um homemcorajoso e obstinado, que não per-deu uma única batalha. Tinhauma dilatada resistência de sol-dado e para meter medo ao ini-migo, bastava pronunciar o seunome.

Figura tão popular que poucosportugueses desconhecerão o seunome, Nuno Álvares Pereira (1360– 1431), Condestável do exércitoportuguês (generalíssimo), cargoque hoje equivale ao de Ministroda Defesa por decisão de D. João Ie méritos próprios, conseguiutambém ser venerado como santopor uma multidão de crentes, aolongo de mais de meio milénio.

Com mais de meio século deatraso, mais precisamente 580anos, como a voz do povo diz:“mais vale tarde do que nunca”,realizou-se em Roma/Vaticano nodia 26 de Abril de 2009 a eterna-mente aguardada canonizaçãodeste herói nacional.

Era uma vez…Mas quem foi na verdade

Nuno Álvares Pereira? Foi umhomem com várias facetas: gene-ral intrépido, frei humilde, sol-dado corajoso e homem frágil,sempre próximo dos outros. Pornascimento, pertencia a umagrande família. Nascido em 1360,em Cernache do Bonjardim(Sertã), segundo uns, ou da Florda Rosa (Crato), segundo outros,era neto de um arcebispo de Bragae filho de um prior da Ordem doHospital chamado Álvaro Pereira,que teve mais de 32 (trinta e dois!)filhos (obviamente de diversasmulheres) e de D. Iria Gonçalvesde Carvalhal, dama da InfantaDona Beatriz (filha de D. Fer-nando). Famílias tão numerosaseram frequentes nesse tempo emque as mortes prematuras eramtambém abundantes. E o pequenoNuno cresceu na atmosfera dolo-rosa da recente peste negra, queceifara em 1348 quase um terço dapopulação europeia. Criado entregente poderosa, a sua educação foifeita segundo os ideais da cavala-

ria medieval e onde ganhou gostopela leitura, sobretudo pelos livrosde cavalaria « onde a pureza era avirtude que tornara invencíveis osheróis da Távola Redonda » eassim desejou para si « que a suaalma e corpo se conservassemimaculados ». Sonhou e confessouà sua mãe que iria ser um cava-leiro do Santo Graal, que o iria de-mandar, conquistar e depor noaltar da pátria lusitana. Aos 13anos foi apresentado na corte,onde logo se fizeram notar as suasqualidades e o seu génio militar, etornou-se escudeiro da bela rainhaD. Leonor Teles, esposa do rei do“Formoso” e “Leviano” D. Fer-nando.

Aos 16 anos, por imposição dopai e apesar da sua resistência,casou com a jovem minhota D.Leonor Alvim, senhora de grandesterras, de quem teve três filhos,entre eles D. Beatriz, que veio acasar com o príncipe D. Afonso,filho de D. João I, e que viria a sero 1.o duque de Bragança. Porém,logo que enviuvou, recusou osbons ofícios do rei, que queria arr-anjar-lhe outro casamento. E nãohá notícia de que tenha deixadobastardos. Isto, na época, era oque se pode chamar raro.

A crise de 1383 - 1385Com a morte de D. Fernando,

em 1383, a sucessão do trono fica-ria entregue à sua filha D. Beatriz,

mulher de D. João I deCastela e estando emcausa a independêncianacional, gera-se a re-volta popular e todo umprocesso de luta contraas pretensões castelha-nas em que Nuno ÁlvaresPereira vai ter um papelpreponderante. A inde-pendência de Portugalestava em perigo. Poresta altura, Nuno ÁlvaresPereira já era um expe-riente e determinadochefe com grandes quali-dades de estratega mili-tar

Nuno Álvares Pe-reira, foi um dos primei-ros nobres a apoiar aspretensões portuguesasde D. João, mestre deAvis (filho ilegítimo de D.Pedro I de Portugal, masnão da linda Inês de Cas-tro, como por vezes se vêerradamente) à Coroa etornou-se na espada deD. João. Praticamente,toda a sua família estavano campo inimigo, pelolado castalhano; só umdos seus irmãos, Fer-nando, ficou a seu lado. Enão faltaram os apelosfamiliares para que mu-dasse de tenção. Porém,como se sabe, não o fez.Ligou-se a uma causa aque ainda não podere-

mos talvez chamar nacional, masque era certamente o que de maispróximo havia. Deu a sua fideli-dade ao Mestre de Avis, a uma re-volução de futuro muito incerto eforças inicialmente muito débeis.Isto confirmou a capacidade de ojovem Nuno “ter ideias próprias”.Como exímio cavaleiro, sabia quemetade dos erros da vida advémdo facto de se travar o cavalo du-rante o salto. Metaforicamente, eledeixou o cavalo saltar.

Segue-se depois um períodode lutas constantes entre os parti-dários de Castela e os defensoresda independência de Portugal. Asua primeira grande vitória dá-sena Batalha dos Atoleiros, em Abrilde 1384. Apesar da inferioridadenumérica, as tropas portuguesasconseguiram debandar o adversá-rio, utilizando, pela primeira vezem território luso, a táctica doquadrado. A sua senda vitoriosacontinuou por Tomar, Santarém eLisboa, que se encontrava cercada.Passado algum tempo, o soberanode Castela desistiu do cerco e deuordem para a retirada das tropas.

Em 1385, realizaram-se asCortes de Coimbra. O Mestre deAvis foi aclamado rei de Portugal,tornando-se D. João I. No dia se-guinte à coroação, sua majestadenomeia Nuno Álvares PereiraCondestável do reino - o cargo mi-litar mais importante da nação.Tornou-se um homem muito po-deroso. “Era, sem dúvida, a figuranúmero dois do país”. Um verda-deiro ministro da defesa. D. JoãoI e Nuno Álvares Pereira tornam-se personagens inseparáveis. Aamizade entre os dois ficou nanossa História, como um exemplode sentimentos fortes e de leal-dade. “As duas figuras ilumina-vam-se mutuamente”.

Uma vez terminadas as Cortesde Coimbra, era necessário subju-gar localidades que permaneciamhostis ao rei. Esta tarefa coube aocondestável. Durante este período,Castela foi organizando de novo assuas tropas para nova invasão.

O Castigador de CastelhanosA luta contra os opositores de

D. João I continua e dá-se a ba-talha decisiva de Aljubarrota, em14 de Agosto de 1385. Apesar dadesigualdade de forças entre osdois exércitos “como é que poucomais de 5 mil portugueses, com al-guns ingleses, conseguiram vencer30 mil castelhanos?” A resposta ésimples: Nuno Álvares Pereira do-minava, como ninguém, o campode batalha. A sua estratégia foi ar-dilosa. O condestável dispôs assuas forças em três alas, com umareserva na retaguarda, comandadapor D. João I. A cavalaria castel-hana avançou para o centro dasforças portuguesas. Com grandecoesão, as linhas lusas fecharam-se sobre si mesmas, constituindoum quadrado. A retaguarda ini-miga ficou cortada. D. João avan-

çou imediatamente com os seushomens. Perplexos, os castelhanoscomeçaram a recuar. O pânico ala-strou-se por todo o campo ini-migo. Tendo perdido toda aesperança numa vitória, o rei deCastela fugiu. A partir desta data,o inimigo reduziu as suas opera-ções militares a escaramuças nafronteira. A vitória triunfal em Al-jubarrota marcou o fim definitivoda instabilidade política e a conso-lidação da independência nacio-nal.

Em Outubro de 1385, em Val-verde, alcança nova vitória sobreos castelhanos, e continua a parti-cipar nos sucessivos confrontos,cada vez mais raros, que entre-tanto se verificaram, até que, em1411, Castela reconheceu final-mente a independência de Portu-gal.

Entretanto, Nuno Álvares Pe-reira ficou viúvo em 1388. No anoseguinte, deu início à construçãodo Convento do Carmo. Depois deter dedicado uma vida inteira aoserviço do reino, o condestável de-cidiu abandonar o mundo terrenodepois de ter integrado a armadade 200 navios da expedição aCeuta em 1415, tendo sido a pri-meira conquista da época dos des-cobrimentos marítimos,entendida como acto da recon-quista cristã e o ato de gesta mis-sionária. Foi a última batalha doCondestável e o início da sua se-cond life.

Com 55 anos e riquissímo, dis-tribuiu largos bens pelos seusnetos e pela Ordem do Carmo eprofessou votos em 15 de Agostode 1423, no convento do Carmo,que ajudara a construir, tomandoo nome de frei Nuno de SantaMaria, onde passa os últimos anosda sua vida, entregue à penitência,meditação, renúncia e servindo ospobres. Veio a falecer no dia 1 deAbril de 1431, numa cela austerado mosteiro que tinha mandadoconstruir. O rei D. João I estava àsua cabeceira. Setenta e um anosde vida, portanto.

Santo? Já em vida era conhe-cido como o Santo Condestável ecom o decorrer do tempo, o povocomeçou a prestar culto à sua fi-gura, atribuindo-lhe inúmeros mi-lagres. Havia quem dissesse queaté ressuscitara mortos!!!. Fica-ram assim criadas as condiçõespara que o nome de santo se asso-ciasse ao de condestável. Foi bea-tificado em 1918 curiosamente porum Papa também de nome Bento– Bento XV. A 26 de Abril de 2009realizou-se a canonização e destavez por outro Bento – Bento XVI.

Nuno Álvares Pereira foi umafigura maior da nossa história.Um homem corajoso, caridoso ehumilde que “marcou de maneiramuito prematura a ideia denação”.

Nuno Álvares Pereira consoli-dou o país a que hoje chamamosPortugal.

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D. Nuno Álvares Pereira. O Santo Condestável

Joaquim Peito

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PORTUGAL POST Nº 202 • Maio 2011 15Geschichten aus der Geschichte

Von vielen als Held hoch ver-ehrt, geprägt durch seine Liebezum Vaterland, war Nuno ÁlvaresPereira Sieger über KastiliensHeer in vielen Schlachten, vondenen die bekanntesten die vonAtoleiros und Aljubarrota sind. Indiesen Kriegen zu Ende des XIV.und Anfang des XV. Jahrhundertswandte er die Technik des Vier-ecks an. Er war ein brillianter mi-litärischer Kopf, ohne den esPortugal möglicherweise heute garnicht gäbe. Der Sieg in derSchlacht von Aljubarrota war derHöhepunkt des Ruhms dieses mu-tigen und hartnäckigen Mannes,der nicht eine einzige Schlachtverlor. Als Soldat war er von soausdauernder Widerstandskraft,dass sein bloßer Name genügte,um den Feind in Angst zu verset-zen.

Nuno Álvares Pereira (1360 –1431), Oberbefehlshaber des por-tugiesischen Heeres, ist eine sobekannte Gestalt, dass wohl we-nige Portugiesen seinen Namennicht gehört haben; das Amt, dasheute dem des Verteidigungsmi-nisters entspricht, hatte er durchEntscheidung des Königs DomJoão I. und eigene Verdienste er-halten; aber auch als Heiligerwurde er von vielen Gläubigenmehr als ein halbes Jahrtausendlang verehrt.

Mit mehr als einem halbenJahrtausend, genauer gesagt mit580 Jahren Verspätung, wurdeNuno Álvares Pereira am 26. April2009 im Vatikan in Rom, wiejahrhundertelang erwartet, heilig-gesprochen. Wie sagt doch VolkesStimme?: „Besser spät als nie!“

Es war einmal...Wer aber war Nuno Álvares

Pereira wirklich? Er war ein Mannmit verschiedenen Seiten: ein un-erschrockener General, bescheide-ner Ordensbruder, mutiger Soldatund doch ein mitfühlender Mann,der anderen stets zur Seite stand.Aufgrund seiner Geburt gehörte ereiner großen Familie an. Geboren1360, die einen sagen in Cernachedo Bonjardim (heute Kreis Sertã),andere wieder in Flor da Rosa(heute Kreis Crato), war er Enkeldes Erzbischofs von Braga undSohn eines Priors des Spitalordensnamens Álvaro Pereira, der mehrals 32 (ja, zweiunddreißig!) Kinderhatte (natürlich von verschiede-nen Frauen); seine Mutter warDona Iria Gonçalves de Carvalhal,eine Hofdame der Infantin DonaBeatriz (Tochter des Königs D.Fernando). So zahlreiche Familiengab es seinerzeit oft, denn auchder frühe Tod von Menschen warnur allzu häufig. Der kleine Nunowuchs nach der soeben überstan-denen Schwarzen Pest, die 1348fast ein Drittel der europäischenBevölkerung hinweg gerafft hatte,in einer Zeit voll Jammer und

Elend heran. Aufgewachsen imDunstkreis von Mächtigen, rich-tete sich seine Erziehung an denIdealen der mittelalterlichen Rit-terschaft aus; dabei fand er Ge-schmack am Lesen, vor allem anRitterbüchern, „in denen Reinheitdie Tugend war, die die Ritter derTafelrunde unbesiegbar gemachthatte“ und erwünschte sich fürsich selbst, „seineSeele und seinLeib möchten un-befleckt bleiben“.Er träumte davonund gestand seinerMutter, er wolleRitter des HeiligenGrals werden, erwürde ihn fordern,erobern und ihnauf dem Altar deslusitanischen Va-terlandes niederle-gen. Mit 13 Jahrenwurde er bei Hofevorgestellt, wo sichalsbald seine Fä-higkeiten und seinm i l i t ä r i s c h e sGenie zeigten, so-dass er Knappe derschönen KöniginDona LeonorTeles, der Gemah-lin des Königs D.Fernando, des „Schönen“ und„Leichtsinnigen“, wurde.

Mit 16 Jahren heiratete ertrotz seines Widerstandes auf einMachtwort des Vaters hin diejunge Dona Leonor Alvim aus demMinho, die große Ländereienbesaß; von ihr hatte er drei Kin-der, darunter Dona Beatriz, diespäter Prinz D. Afonso heiratenwürde, den Sohn von König D.João I., der erster Herzog von Bra-gança werden sollte. Indessenlehnte er, nachdem er verwitwetwar, die wohlwollenden Dienstedes Königs ab, der für ihn eineneue Heirat arrangieren wollte. Esist nicht bekannt, dass er uneheli-che Kinder gehabt hätte. Und dasist etwas, was man in jenen Zeitenals selten bezeichnen kann.

Die Krisenzeit von 1383 - 1385

Mit dem Tod von König D.Fernando im Jahre 1383 sollte dieThronfolge auf seine Tochter,Dona Beatriz, die Gemahlin DonJuans I. von Kastilien, übergehen;da damit die Unabhängigkeit Por-tugals auf dem Spiele stand, erhobsich das Volk und es begannenlangwierige Kämpfe gegen diekastilischen Ansprüche, bei denenNuno Álvares Pereira eine füh-rende Rolle zufallen sollte. DieUnabhängigkeit Portugals waralso in Gefahr. Nuno Álvares Pe-reira war bereits ein erfahrenerund entschlossener Heerführerund ein großer Militärstratege.

Er war einer der ersten Adli-gen, die die portugiesischen An-

sprüche von D. João, dem Groß-meister des Ordens von Avis (un-ehelicher Sohn von König D.Pedro I. von Portugal, aber nichtSohn der schönen Inês de Castro,wie manchmal irrtümlich berich-tet wird), auf die Krone unter-stützten; er wurde zu D. JoãosSchwert. Seine gesamte Familie

stand auf der Seite des Feindes,der Kastiliens, nur einer seinerBrüder, Fernando, blieb an seinerSeite. Die Familie drängte ihn wie-derholt, sein Absicht zu ändern.Doch wie bekannt, tat er diesnicht. Er verschrieb sich einerSache, die wir vielleicht noch nichtals national bezeichnen können,die aber sicher dem sehr nahekam. Er hielt dem Großmeistervon Avis, einer Revolution mit un-gewisser Zukunft und anfänglichsehr schwachen Streitkräften, dieTreue. Das bestärkte die Fähigkeitdes jungen Nuno zu „eigenemDenken“. Als bewährter Reiterwusste er, dass die Hälfte der Feh-ler im Leben daher rührt, dass dasPferd im Sprung gezügelt wird. Erjedoch ließ, bildlich gesprochen,das Pferd springen.

Es folgte dann eine Zeit stän-diger Kämpfe zwischen den Par-teigängern Kastiliens und denVerfechtern der UnabhängigkeitPortugals. Seinen ersten großenSieg errang er im April 1384 in derSchlacht von Atoleiros. Trotz zah-lenmäßiger Unterlegenheit konn-ten die portugiesischen Truppenden Gegner in die Flucht schlagenund nutzten dabei – zum erstenMal auf lusitanischem Boden – dieTaktik des Vierecks. Der Feldherrsetzte seinen siegreichen Wegüber Tomar und Santarém bis Lis-sabon fort, das gerade belagertwar. Nach einiger Zeit gab derHerrscher von Kastilien die Bela-gerung auf und ordnete den Rück-zug der Truppen an.

1385 traten in Coimbra die

Cortes (die Versammlung derStände) zusammen. Der Groß-meister von Avis wurde als D.João I. zum König von Portugalausgerufen. Am Tag nach der Krö-nung ernannte Seine MajestätNuno Álvares Pereira zum Ober-befehlshaber des Reiches undübergab ihm damit das wichtigste

militärische Amtder Nation. Erwurde ein sehrmächtiger Mann.“Er war, zweifels-ohne, die Num-mer zwei imLand“, ein wahrerVerteidigungsmi-nister. D. João I.und Nuno ÁlvaresPereira wurdenunzertrennlich.Die Freundschaftder beiden wurdein unserer Ge-schichte zumSinnbild für star-kes Gefühl undLoyalität. “BeideMänner inspirier-ten sich gegensei-tig”.

Nachdem dieVersammlung derCortes in Coimbrazu Ende war,mussten einige

Ortschaften unterworfen werden,die dem König noch feindlich ge-sinnt waren. Das war die Aufgabedes Feldherrn. Inzwischenschickte sich Kastilien an, seineTruppen für eine neue Invasion zusammeln.

Der Bezwinger KastiliensDer Kampf gegen die Feinde

D. Joãos I. dauerte an bis zur ent-scheidenden Schlacht von Alju-barrota am 14. August 1385. Trotzder ungleichen Heeresstärken istdie Frage: „Wie war es möglich,dass wenig mehr als fünftausendMann Portugiesen, dazu einigeEngländer, dreißigtausend Kasti-lier besiegen konnten“? Die Ant-wort ist einfach: Nuno ÁlvaresPereira beherrschte wie kein an-derer das Schlachtfeld. List warseine Strategie. Der Feldherrstellte seine Truppen in drei Flü-geln auf und ließ eine Reserve inder Nachhut, die von D. João I.befehligt wurde. Die kastilischeReiterei rückte gegen die Mitte derportugiesischen Streitkräfte vor.In enger Formation schlossen sichdie portugiesischen Linien zueinem Quadrat. Die feindlicheNachhut war abgeschnitten. So-fort rückte D. João mit seinenMannen nach. Völlig überraschtbegannen die Kastilier zurückzu-weichen. Panik ergriff das gesamtefeindliche Lager. Nachdem alleSiegeshoffnung verloren war, er-griff der König von Kastilien dieFlucht. Von diesem Tag an be-schränkte der Feind seine militä-rischen Operationen auf

Grenzscharmützel. Der trium-phale Sieg von Aljubarrota setzteeinen Schlusspunkt unter die po-litische Instabilität des Landesund festigte seine Unabhängig-keit.

Im Oktober 1385 errang derFeldherr in Valverde erneut einenSieg über die Kastilier und betei-ligte sich weiter an den immer sel-teneren Zusammenstößen, bisKastilien 1411 schließlich die Un-abhängigkeit Portugals aner-kannte.

Inzwischen war Nuno ÁlvaresPereira 1388 Witwer geworden.Im darauffolgenden Jahr beganner mit dem Bau des Karmeliter-klosters „Convento do Carmo“.Nachdem er sich sein Leben langdem Dienste am Reich gewidmenthatte, beschloss der Feldherr, sichvon der Welt zurückzuziehen,nachdem er 1415 eine Flotte von200 Schiffen für das Unterneh-men Ceuta zusammengestellthatte; die Eroberung von Ceutaläutete die Zeit der maritimenEntdeckungen ein und wurde alsAkt christlicher Rückeroberungund missionarische Heldentatverstanden. Es war die letzteSchlacht des Feldherrn und derBeginn seines neuen Lebens.

Mit 55 Jahren enorm reich ge-worden, verteilte er ein großesVermögen an seine Enkel und denKarmeliterorden und legte am 15.August 1423 im Karmelkloster,das er miterbaut hatte, die Ge-lübde ab, nahm den Namen Bru-der Nuno de Santa Maria an undverbrachte dort die letzten Jahreseines Lebens in Buße, Medita-tion, Verzicht und Dienst an denArmen. In einer kargen Zelle desKlosters, das er hatte erbauen las-sen, starb er am 1. April 1431, wäh-rend König D. João I. amKopfende des Bettes stand. NunoÁlvares Pereira war einundsiebzigJahre alt.

Ein Heiliger? Schon zu Lebzei-ten war er als der Heilige Feldherrbekannt und im Laufe der Zeit be-gann das Volk ihn zu verehrenund schrieb ihm unzählige Wun-der zu. Ja, man sagte sogar, erhabe Tote erweckt!!! So waren dieVoraussetzungen gegeben, dasssich der Name Heiliger dem desFeldherrn zugesellte. Im Jahre1918 wurde er seliggesprochen,merkwürdigerweise von einemPapst Benedikt – Benedikt XV.Am 26. April 2009 fand seine Hei-ligsprechung statt, wieder durcheinen Benedikt – Benedikt XVI.

Nuno Álvares Pereira war eineder großen Gestalten unserer Ge-schichte. Ein mutiger, barmherzi-ger und bescheidener Mann, der„sehr früh den Gedanken der Na-tion prägte“. Nuno Álvares Pereirafestigte und sicherte das Land, daswir heute Portugal nennen.

(Übersetzt aus dem Por-tugiesischen von BarbaraBöer Alves)

Dom Nuno Álvares Pereira – Feldherr und HeiligerJoaquim Peito

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PORTUGAL POST Nº 202 • Maio 2011Consultório1616Catarina Tavares

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olor no quarto ou barulhocausado por obras na casado vizinho são factoresque poderão provocaruma diminuição extrema

da qualidade de vida. Por estarazão, o inquilino que se encontreem situações semelhantes, goza daprotecção do direito alemão.Assim, e relativamente ao senho-rio, o inquilino poderá basear-senos direitos que a lei lhe asseguraem tais casos.

As reivindicações relativas adeficiências que se verifiquem emcasas alugadas são, na Alemanha,geralmente coroadas de êxito,dado que o senhorio está obrigadopor lei a alugar ao inquilino umahabitação em estado conformecom a regra e sem quaisquer defei-tos.

Entre as deficiências que a lei

classifica de não serem insignifi-cantes, e para além das que jámencionámos acima, na prática,os defeitos que são frequente-mente objecto de processos judi-ciais são os seguintes: janelas eportas mal vedadas, instalaçõessanitárias inutilizáveis, uma con-centração de substâncias nocivasà saúde, etc.

No caso de existir uma defi-ciência no objecto alugado, nãoterá importância o facto de sesaber se o senhorio é o causadorda mesma, ou se foram circuns-tâncias externas que levaram a talcarência. Assim, o senhorio seráresponsável tanto pelas conse-quências de uma má instalação decanos de água, como por prejuízoscausados pelo mau tempo.

Exceptuam-se naturalmenteos casos em que o dano foi provo-cado pelo comportamento do in-quilino. Nesta situação, este nãopoderá fazer quaisquer exigências

ao senhorio. Muito pelo contrário.Entre outros direitos, caberá aosenhorio o de exigir que o inqui-lino repare os danos que provo-cou.

Ao verificar qualquer deficiên-cia na casa que alugou, o inquilinopoderá exigir em primeiro lugarque a mesma seja reparada. Paratal, deverá dar ao senhorio umprazo adequado (por escrito). Se osenhorio não cumprir o prazo, oinquilino poderá mandar arranjaro dano e exigir em seguida que osenhorio lhe pague as despesas detal reparação.

Em vez de mandar reparar odano, e enquanto a deficiência nãofor removida pelo senhorio, o in-quilino poderá ainda reduzir omontante da renda ou não a pagarna totalidade.

O montante de tal redução darenda depende de cada caso.Quanto maiores forem os impedi-mentos na utilização da casa alu-

gada, tanto mais poderá o inqui-lino descontar da renda. Para seestipular o grau de impedimentosterá de se tomar em conta muitosfactores diversos. Por isso, nãoexistem quaisquer valores geraisrelativos à redução da renda. Paraorientação, existem tabelas paradeficiências verificadas em habita-ções alugadas. Mas, no final decontas, a avaliação depende doque é usual ser pronunciado nassentenças dos tribunais locais.Será assim conveniente que o in-quilino se informe sobre as mes-mas. Se descontar renda demais,correrá o risco de o senhoriopoder rescindir o contrato de alu-guer.

No caso de um processo judi-cial, o inquilino terá de provar seo defeito existia à data afirmadapor ele. Assim, será convenientefotografar-se o dano, colocando-seum jornal diário com a data bemvisível ao lado da deficiência em

causa. Desta forma, e se necessá-rio, poder-se-á comprovar em queperíodo o dano persistiu.

Para além dos direitos a remo-ção da deficiência e a redução darenda, o inquilino poderá tereventualmente direito a ser in-demnizado por prejuízos quetenha sofrido em consequência dodefeito em causa. Sob determina-das condições, será mesmo possí-vel proceder-se à rescisão docontrato de aluguer.

ConselhoLogo que der conta de qual-

quer deficiência na casa alugada,ficará obrigado por lei a informaro senhorio. Faça-o por escrito e,de preferência, na presença de tes-temunhas. Mais tarde, se quiserreduzir a renda, só o poderá fazerse tiver efectuado este aviso ao seusenhorio. Além disso, se o não in-formar, correrá o perigo de ficarobrigado a reembolsá-lo pelo pre-juízo.

Bolor, aquecimentos deficientes, barulho incomodativoDireitos do inquilino no caso de carências da habitação alugada

Miguel Krag

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EnergiaPORTUGAL POST Nº 202 • Maio 2011 17

Na Alemanha todo o consumi-dor de energia paga mais 3,53Cêntimos/KWh (líquido) por cadaKWh. Esse dinheiro é destinado asubvencionar os produtores deenergias limpas. Aqui há concor-rência livre entre as grandes pro-dutoras de energia. Assim eu, queaté ao princípio do ano pagavanuma companhia 23,32Cênt/KWh (bruto) passei a pagar,numa outra, 15,8 Cênt/KWh atéum consumo de 3.600 KWh noano.

Na altura em que as instala-ções fotovoltaicas eram (30%)mais caras que hoje, o Estado ale-mão garantia até 51 Cêntimos porKWh às microproduções. Nos úl-timos 20 anos a tecnologia emba-rateceu e por isso já se nãojustifica tão alta subvenção. A pro-moção da microprodução de ener-gia eólica e fotovoltaica é dacompetência regional (das câma-ras municipais).

Assim, há diversos modelosde bonificação da energia que asmicroprodutoras entregam àscompanhias de electricidade. Ospreços são garantidos por 25 anosdas instalações feitas nos telhadosdas casas. Segundo um dos mode-los válidos a partir de 1.01.2011, asinstalações fotovoltaicas com umacapacidade até uma produção de3,5 Gigawatt/p recebem 28,74Cêntimos por Kwh até 30 kWp, re-cebem 27,33 Cênt. por Kwh apartir de 30kWp, 25,86 Cênt. apartir de 100kWp e 21,56 Cênt. apartir de 1 MWp.

No caso do microprodutor seregistar como empresário normal,terá de pagar 19% de impostosobre a venda da energia. Temporém o direito de fazer valer nadeclaração de impostos, durante

20 anos, cinco por cento do custoda aquisição líquida (se optar poruma dívida de IVA) dedutível. Se-gundo dizem técnicos, cada ano devida duma instalação correspondea 0,2% a menos na produção.

O assunto é muito complicado,dependendo o lucro do investi-mento de muitos factores, entreeles o brilho do sol, financia-mento, condições técnicas, segu-ros, juros sobre o capital investido,impostos.

Portugal produz muita energialimpa, sendo exemplar neste sen-tido. O problema está em ter des-perdiçado as suas potencialidadesao apostar quase exclusivamenteem projectos megalómanos e aoapoiar as grandes empresas emdesfavor das pequenas e dos cida-daos. Esquece que a riqueza nacio-nal em países estáveis vem daspequenas e médias empresas (“Degrão a grão enche a galinha opapo!”). Uma microprodução fo-tovoltaica, em cada telhado dePortugal, poderia ser uma apostade investimento importantíssimode cada Governo. Naturalmenteparto do princípio que o que rendena Alemanha, onde há pouco sol,mais renderá num país soalheiro!Trata-se aqui de se pensar numa

nova orientação política que ajudeo cidadão e as famílias a torna-rem-se empresários. Uma tal polí-tica pressupõe a bonificação detais projectos compensada poruma sobrecarga das grandes em-presas ou pela generalidade, comono caso da RFA .

O sistema de concessão de re-gisto e certificação da autoridadecompetente portuguesa não étransparente e pode favoreceruma atitude mafiosa na adjudica-ção. Além disto leva as empresas aprometer aos clientes o que nãopodem garantir por estarem de-pendentes duma burocracia em-perrada dum Estado ineficiente.

Há 10 anos pretendia investirna microprodução de energia foto-voltaica em Portugal. Então total-mente impossível! Actualmente,segundo me foi referido, há a pos-sibilidade de um dia em cada mêsatravés da Internet se solicitar aconcessão de registo de micropro-dução fotovoltaica. Como é quaseimpossível ser-se atendido, umempreiteiro, encarrega sistemati-camente, 40 pessoas de, no pri-meiro minuto de abertura doconcurso, se registarem como can-didatos. Facto é que em três mesesde tentativas apenas uma vez, uma

pessoa conseguiu entrar no sis-tema. O empreiteiro continua mêspor mês, com as 40 pessoas, a ten-tar mas os resultados continuam aser os mesmos. Tudo muito bonitono papel!

As regiões do Sul da Europapodiam vender imensa quanti-dade de energia. Uma política fo-mentadora da microprodução,além de criar mais capacidade deinvestimento e formação de pe-quenas empresas noutros secto-res, realizaria um grande passo nosentido de democratizar a econo-mia nacional. Além disso concor-ria para a estabilidade social epolítica tornando-nos indepen-dentes dos países árabes e daenergia atómica.

O sol brilha democratica-mente para todo o cidadão. É horade nos pormos todos a trabalhar asério para o país e para a uma de-mocratização para todos! Tam-bém as centrais eólicasaproveitam de todos os ventos,venham eles das direitas ou dasesquerdas. O sol e o vento são osmelhores combustíveis que temos.Criam postos de trabalho, fomen-tam riqueza e não poluem a na-tureza como outros geradores deenergia.

Democratizar a Economia através da Microprodução eléctrica

Microprodução de EnergiaFotovoltaica na Alemanha –Um Exemplo de Futuro antecipado

A Alemanha, país de fracos re-cursos em matérias-primas,tem que viver da tecnologia.Para poder manter o bem-estar do povo, antecipa-se aofuturo. A sua vantagem, emrelação a outros povos, estaráno facto de ter de andar, tec-nologicamente, um passo àfrente deles. Tomou a sério adefesa do ambiente, o que alevou a ser pioneira nas tec-nologias fotovoltaicas, hoje jábastante vulgarizadas nomundo.

António Justo

Page 18: Maio 2011

PORTUGAL POST Nº 202 • Maio 201118Agenda

Tome Nota

Citações do mêsEu creio que um dos princípios essenciais da sabedoria é o de se abster das ameaças verbais ouinsultos.Maquiavel , Niccolo

As mulheres bonitas não têm que ter ciúmes dos seus maridos. Estão demasiado ocupadas comos ciúmes que têm dos maridos de outras mulheres.Wilde , Oscar

As informações sobre os eventos a divulgar deverãodar entrada na nossa redacção até ao dia 15

de cada mês Tel.: 0231 - 83 90 289 Fax :0231-8390351 Email: [email protected]

IMPORTANTEÀs associações, clubes, bandas , etc..

Embaixada de PortugalZimmerstr.56 10117 Berlin

Tel: 030 - 590063500Telefone de emergência (fora do horário normal

de expediente): 0171 - 9952844

Consulado -Geralde Portugal em Hamburgo

Buschstr 7 20354 - Hamburgo

Tel: 040/3553484

Vice-Consulado de Portugal em Osnabruck

Schloßwall 2 49080 Osnabruck

Tel:0541/40 80 80

Consulado-Geralde Portugal em Dusseldorf

Friedrichstr, 20 40217 -Dusseldorf

Tel: 0211/13878-12;13

Vice-Consuladode Portugal em Frankfurt

Zeppelinalle 15 60325- Frankfurt

Tel: 069/979880-44;45

Consulado-Geralde Portugal em Stuttgart

Königstr.20 70173 Stuttgart

Tel. 0711/2273974

Conselho das ComunidadesPortuguesas:

Alfredo Cardoso,Telelefone: 0172- 53 520 47

[email protected]

Alfredo StoffelTelefone: 0170 24 60 [email protected]

José Eduardo,Telefone: 06196 - 82049

[email protected]

Maria da Piedade FriasTelefone: 0711/[email protected]

Fernando GenroTelefone: 0151- 15775156

[email protected]

AICEP PortugalZimmerstr.56 - 10117 Berlim

Tel.: 030 254106-0

Federação de EmpresáriosPortugueses (VPU)

Hanauer Landstraße 114-11660314 Frankfurt

Tel.: +49 (0)69 90 501 933Fax: +49 (0)69 597 99 529

Endereços ÚteisMAIO 2011

5.05.2011 – HAMBRURG – Ex-posição de fotografias sobre Por-tugal. Local: Restaurante Aquário,Rambachstr. 4

7.05.2011 – HAMBURGO –Festa do 15º aniversário do grupofolclórico Retalhos de Portugal.Local: Farnhornstieg 10, Ham-burg-Stellingen. A Partir das16h00.

7 /8 .05. 2011 – WERL – Celebra-ções em honra de Nossa Senhorade Fátima. Domingo dia 8 Pero-cissão.

7.05.2011 – EUSKIRCHEN. –Celebrações em honra de NossaSenhora de Fátima. Local: Igrejade ST. Martin, pelas 15h00 Desteevento consta ainda uma parte re-creativa organizada por uma co-missão de festas emEuskirchen-Palmersheim, noDorfgemeinschaftshaus Palmers-heim – Krebsgasse 38 / Ecke Rod-derbach, pelas 18h00

14.05.2011 – CALW- Festa do 25aniversário do Rancho CulturalPortuguês de Calw e. V. Local: Ge-meinndehalle Calw.

21.05.2011 – DORTMUND -Festa do 40º aniversário do Ran-cho Folclórico St. António. Local:D i e t r i c h - K e u n i n g -Haus.Leopoldstr. 50-58. 44147Dortmund. Início: 16h00

27.05. 2011 – HAMBURGO –Concerto de Maria João & MárioLaginha . Info: Karsten Jahnke(Tel. 040 / 41 47 88-35)

28.05. 2011 – HAMBURGO –Concerto de Maria João & MárioLaginha . Info: Karsten Jahnke(Tel. 040 / 41 47 88-35)

28.05.2011 - ESTUGARDA - tado 39° Aniversário da AssociaçãoRecreativa Velhas Glórias Portu-guesas de Stuttgart e.V.Comemoração nas amplas instala-ções da sede: Hauptstätter. Str 122

Animação musical a cargo doDuoMusical, 2.

28.05.2011 – MÜNCHEN - Fadomit der Tuna "Azeituna" (Univer-sidade do Minho) und der Gruppe"Fado Sul".In Portugal hat jede Universitätmindestens eine „Tuna“, eine mu-sikalische Studentenverbindung.Die meist männlichen Fadistas be-singen das Studentenleben sowiedie romantische Liebe in Serena-den, um die Damenwelt zu um-werben. Azeituna ist bohemisch,lebenslustig und freut sich schonauf ihr erstes Gastspiel in Mün-chen.Fado Sul – Das Trio durchschrei-tet die gesamte emotionale Band-breite des Fado von dersprichwörtlichen „saudade“, dersehnsüchtigen Wehmut,über tiefempfundenen Schmerzbis hin zu ekstatischer Freude.Info: Telefon +49 (0)89 448 2274 Breisacherstrasse 22 81667München

Grupo de FadosGerações

Actuações em qualquer parte da

Alemanha e em todosos tipos de eventos

Contacto: 0173-2938194

Page 19: Maio 2011

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+ Miguel TorgaBichosPreço: € 11.50«Querido leitor:São horas de te receberno portaló da minha pe-quena Arca de Noé. Tenssido de uma constânciatão espontânea e tãopura a visitá-la, que épreciso que me liberte do

medo de parecer ufano da obra, e venha delica-damente cumprimentar-me uma vez ao menos.Não se pagam gentilezas com descortesias, e eusou instintivamente grato e correcto (…)»

Manuel AlegrePreço: € 11,50As memórias de in-fância. Os cheiros, asvozes, as emoções deum tempo em que otempo não tem fim eo significado está pre-sente nas mais peque-nas coisas. Todas elasficam sempre, como

marcas na alma, princípios que norteiam avida. A nostalgia dos lugares mágicos da infân-cia. De Alma, vila encantada onde convive tra-dição e subversão, melancolia e audácia,crendices, ideologia e futebol... Pela voz auda-ciosa de quem não receia dar-se a conhecer,chegam-nos ecos de um Portugal divididoentre a República e a Monarquia, um país queera, á época, o mundo de uma criança ex-pectante e atenta. De Alma, partiu toda a suavida.

Eça de QueirósA CIDADE E AS SERRASPreço: 11.50

A Cidade e as SerrasEça de QueirosO romance foi publicado em 1899 (um ano antes damorte de Eça) na Revista Moderna, e saiu em livroem 1901. Pertence à última fase do escritor, quandoEça se afasta do realismo e deixa a crítica dura quefazia à sociedade portuguesa da época.

CONTOS POPULARES PORTUGUESESPreço: 11.50Contos Populares Portugueses sãocontos de todos os tempos e de todasas idades. Uma obra que nos devolveo imaginário e o maravilhoso danossa cultura popular, e de que fazparte, entre outras, «História da Caro-chinha», «A Formiga e a Neve», «O Co-

elhinho Branco», «A Raposa e o Lobo», «O Compadre Loboe a Comadre Raposa» e «Os Dois Irmãos».

A CASA DA RÚSSIAJohn le CarréPreço: 13,50 Publicado em 1989, apresenta os meandos de espionagem e con-tra-espionagem entre o Ocidente e a antiga União Soviética.John le Carré arrasta-nos, uma vez mais, para o seu mundo secretoe faz dele o nosso.Em Moscovo, Leninegrado, Londres e Lisboa, numa ilha da costa doMaine que pertence à CIA, e no coração do próprio Barley Blair, Carré

desenvolve não apenas uma história de espionagem, mas uma alegoria do amor individualconfrontado com atitudes colectivas de beligerância.

TRAVESSIA DE VERÃOTruman CapotePREÇO: 11.50Obra póstuma e inédita, Travessia de Verão é um primeiro romance precocee seguro que mostra o sentido implacável da narração de um dos maioresescritores do século XX. Os seus fraseados imaculados, a sua crua ironia ea sua visão das subtilezas das diferenças de classe anunciam os futurostriunfos de Capote. Digno de um lugar em qualquer estante de um leitor

de Capote, este é, em todos os sentidos, um tesouro perdido e reencontrado.

AVENTURAS DE SHERLOCK HOLMESPreço: 11.50Aventuras de Sherlock Holmes é uma colectânea de 12 con-tos de aventuras publicada em 1892. Os contos foram origi-nalmente publicados na revista Strand Magazine, nos anosde 1891 e 1892.

+ Livros A Fúria das Vinhas – Francisco Moita Flores, € 13,50 Aldeia Nova – Manuel da Fonseca, € 13,50 A Morte de Ivan Ilitch – Lev Tolstoi, € 13,50 A República dos Corvos – José Cardoso Pires, €13,50 As Intermitências da Morte – José Saramago, € 13,50 A Trança de Inês – Rosa Lobato de Faria, €13,50 Aventuras de João Sem Medo – José Gomes Ferreira, €13,50 Aventuras de Sherlock Holmes – Arthur Conan Doyle, €13,50 Balada da Praia dos Cães – José Cardoso Pires, € €15,00 Capitães da Areia – Jorge Amado, €13,50 Contos da Montanha – Miguel Torga, €13,30 Enquanto Salazar Dormia… – Domingos Amaral, € 15,50 Gaibéus – Alves Redol, € 13,50 Gente Feliz com Lágrimas – João de Melo, € 15,50 Histórias Extraordinárias – Edgar Allan Poe, €13.50 Mau Tempo no Canal – Vitorino Nemésio, €15,50Novos Contos da Montanha – Miguel Torga, €13,50 O Anjo Ancorado – José Cardoso Pires, €13,50O Delfim – José Cardoso Pires, €13,50Primeiro as Senhoras – Mário Zambujal, €13,50Saber Emagrecer – Prof.ª Isabel do Carmo, €15,50Travessia de Verão – Truman Capote, €13.50

MúsicaCamané - Do amor e dos dias, €25,00 Deolinda - Dois selos e um carimbo, €25,00 Mariza - Fado Tradicional, €19,80

A Vizinha do Lado O Leão da Estrela A Menina da Rádio O Costa do Castelo

O Grande Elias Aldeia da Roupa Branca

A Canção de Lisboa Rosa de Alfama Ribatejo João Ratão Ala Arriba O Crime da Aldeia Velha Fado História de uma Cantadeira

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Preço de cada filme: € 29,00 (inclusive custos de portes e despacho). Prazo de entrega: 2/3 semanas

Page 20: Maio 2011

PORTUGAL POST Nº 202 • Maio 2011Vidas2020

Pedimos aos leitores que nos en-viam correspondência para estarubrica para não se alongaremmuito nos textos que escrevem.A redacção reserva o direito decondensar e de trabalhar os tex-tos que nos enviam.Obrigado.

Se os senhores aceitarem, voucontar aqui a história de umaamigo meu que eu acho muito in-teressante e até comovedora. Nãovou, como se calcula, divulgar oseu nome, ou melhor, o nome queutilizarei é fictício. Assim, passareiaqui a tratá-lo por Luís.

Devo dizer que ele não sabeque conto partes da sua históriaaqui no PORTUGAL POST. Paraser sincero, também não sei poronde é que ele anda neste mo-mento.

Fomos sempre bons amigos.Posso dizer até que eu era quase oseu único amigo íntimo, a quemele contava tudo sem esconderalgo com o receio de se sentir me-lindrado.

O Luís era (é) uma pessoa bas-tante inteligente. Filho de pais po-bres que ainda vivem emTrás-os-Montes, cedo decidiu-sepor emigrar para a Alemanha,vindo viver com uns tios que cá es-tavam.

O Luís foi crescendo aqui. Osseus tios nunca compreenderamporque é que ele não se dava comos restantes portugueses que vi-viam na cidade onde ele tambémvivia. A sua inclinação era maispara estar só e as suas companhiaseram mais alemãs com quem ele,de resto, se dava bem.

Visitando a escola, o Luís eramuito bom aluno e foi subindo poraí até se doutorar em física na ci-dade de Heidelberg.

Todos, incluindo a sua família,diziam que o seu futuro iria sergrande e muito prometedor. Umpormenor de aparência do Luís éque ele era tido como um rapazmuito interessante e consideradopelas mulheres por ser muito bo-nito, mulheres que, diga-se, quasefaziam fila para atrair as suasatenções. No entanto, ele não davaassim muita importância a isso.

Ele era (é) uma rapaz sosse-gado, deixando transparecer umatranquilidade contagiante. Alto,cerca de 1.88 m. Olhos verdes cla-ros e feições do rosto muito agra-dáveis e que inspirava simpatia aomais dos cépticos. De tudo, o maiscontagiante é o seu sorriso francoe sereno. E é pena que eu não con-siga nem tenha capacidade paradescrever quanto seu seu sorrisoara atrativo. Ninguém fica indife-rente.

Quando andava na Universi-dade, ele tinha encontrado umarapariga alemã com quem namo-rava. Também ela muito bonita efilha de família abastada com raí-zes em Augsburg.

Os dois namoraram muitotempo, tendo inclusive marcadodata de anúncio do noivado. Con-tou-me ele que os pais dela pun-ham muitos reticências ao seunoivado devido à condição de fa-mília humilde e de “Gastarbeiter”

de onde ele provinha. No entanto,a rapariga não o largava e insistiaque ele é que a levaria ao altar. Porbrincadeira, eu dizia ao Luís queele tinha o futuro assegurado.Como resposta ele encolhia os om-bros num gesto pouco normal emesmo desinteressado.

Conheci também a sua noiva.Impressionou-me a sua beleza e omodo elegantíssimo como se por-tava. Da primeira vez que a vi elaapareceu com um vestido de om-bros de seda preta baço com umdecote bastante sóbrio. À volta dopescoço trazia um colar de pérolasque supus verdadeiras e que con-trastava com a sua pela e o seuvestido.

Os dois eram um par ideal.Ela, como já o disse, amava-omuito, quase cegamente. Por suavez, ele também retribuía o seuamor de uma maneira cândidaque muito me surpreendia. No cír-culo de amizades dela, que eragente da alta e se reunia em clubesde ténis e de golfe, o Luís era vistocom inveja não apenas por sernoivo de uma mulher tão bonita erica como pela sua maneira deestar muito tranquila e semprecom um sorriso nos lábios, istopara alem da sua figura e da suabeleza.

Uma das coisas que sobressaía(sobressai) nele era o sua maneirasimples mas com bom gosto comque se vestia. Diga-se também quequalquer trapo no seu corpo lhe fi-cava sempre bem.

Era muito invejado pelos seusamigos porque diziam que elepodia ter as mulheres que muitobem entendesse. Mas ele não atra-buia muito interesse a isso.

Durante algum tempo perdi osnoivos de vista. Eu, por circuns-tâncias da vida, tive de mudar deemprego e tive que me sujeitar auma vida mais recatada. Apesarde eu ser um dos melhores amigosdo Luís, também não podia entrarno círculo de amizades da suanoiva.

Para ser justo, o Luís não davamuita importância a essa gente. Senão fosse pela noiva estou certoque ele evitaria aquele ambiente.

Depois de não os ver durantemuito tempo, um belo dia recebium telefona da noiva de Luís parame convidar para ir tomar café asua casa. Pensei que o convitetinha sido por iniciativa dele eque, de alguma maneira, queriamque eu continuasse a pertencer àssuas relações, muito embora deforma limitada.

No dia combinado lá fui e fi-quei impressionado pela forma lu-xuosa da casa da rapariga, casa écomo quem diz. Era uma residên-cia grande com um enorme e bemtratado jardim. Entrei e fui guiadopor uma criada para o belo e agra-dável terraço da casa. Achei muito

estranho que Luís não viesse aomeu encontro. A criada lá me in-dicou uma cadeira e perguntou-me se queria tomar alguma coisa.

Pouquíssimos minutos depoisela chegou ao terraço e, mais umavez, pude ver como ela era bonitae sempre elegantemente vestida.Deu-me um beijo e iniciou a con-versa com coisas assim muito for-mais; se eu ia frequentemente aPortugal e se o meu trabalho cor-ria bem... Etc.. Contou-me quetinha pena de nunca ter ido a Por-tugal conhecer o país e a famíliado Luís. Pensei para mim como éque ela reagiria às condições devida lá na aldeia onde os pais doLuís viviam. Pensei, por questõesque a mim não diziam respeito,não lhe perguntar se o Luís nãolhe falava da família e de Portugal.

De repente, o seu rosto alte-rou-se e a sua expressão tornou-setriste com algumas lágrimas quelhe corriam pelos cantos dosolhos. Mas então, que se passa?,perguntei eu.

E contou-me que o Luís era asua fonte de vida, que o amavamuito, mas que nos últimos tem-pos não compreendia certas atitu-des dele, tendo até por duas vezesadiado a data do casamento.

Nos últimos tempos – con-tava-me ela -, o Luís tinha atitudesque ela não conhecia. Não, não erabruto nem tinha maus defeitos.Dizia simplesmente que não que-ria viver naquela casa por quedizia que não era dele e tinha-semudado para um humilde aparta-mento na outra parte da cidade.Claro que ele a visitava quasetodos os dias mas, sempre que osdois saíam, não queria utilizar oscarros dela e preferia o seu OpelCorsa. Enfim, contou-me que oLuís estava a dar-lhe entender quenão queria a forma pomposa nemo ambiente em que a sua família eamizades frequentavam.

„Acho-o tão estranho que àsvezes pergunto a mim própria seele realmente me quer”, disse.

Percebi que a sua intenção eratirar nabos da púcara e tentarsaber se o Luís me falava dela e darelação deles.

Antecipei-me e disse que tudome surpreendia porque pensava etinha a certeza que ele a queriamuito.

Também me deu a entenderque eu deveria convencer o Luís anão repudiar o ambiente socialdela e dos seus.

O tempo passou. Um dia o Luís visitou-me. Saí-

mos e durante o passeio entramosnum café para beber qualquercoisa. Nesse dia não tive a cora-gem de lhe perguntar como iam ascoisas com a sua rapariga nem se-quer lhe disse que ela me tinhaconvidado a ir a sua casa. Ele tam-bém nada me disse se sabia ou não

da minha conversa com ela. Nesse café serviu-nos uma ra-

pariga a quem eu não dei o mí-nimo de atenção mas que repareique o Luís de vez em quando vi-rava o seu olhar na sua direcção.

Não dei grande importância aoassunto. A mulher, que aparen-tava uns trinta e tais, era aquiloque se podia dizer uma mulher ab-solutamente normal e, até para omeu gosto, bastante feia. Era alta,tinha o cabelo cor de areia e quasenão tinha seios. Era magra, muitomagra, e tinha olhos encovados.

Estranhamente, o Luís quandoacabava de beber uma água lá en-comendava outra. E se não erauma água era um café. Sempreque ela nos servia, o Luís lhe sor-ria com os seu olhar doce e bril-hante que, se sabia, podia derreterqualquer mulher. Estava que nãosabia que pensar da forma comoaquela mulher podia chamar a suaatenção ao ponto de quase não darpela minha presença. O seu olhare a sua atenção era para aquelamulher que nada, mas mesmonada, tinha de atractivo.

Ficamos ali naquele café du-rante cerca de duas horas. Quandolhe pedi para continuarmos o ca-minho, disse-me, para meuespanto, que não lhe levasse a mal,mas que ficaria por ali por quequeria ainda tomar mais qualquercoisa. Como sabia como ele era,deixei-o dizendo que lhe telefona-

ria mais tarde.Desde esse dia, estive quase

um ano sem o ver. Quando telefo-nava, não me atendia. Mas sabiaque ele era assim: aparecia e desa-parecia e não o fazia por mal.Também não me sentia muito àvontade para telefonar à suanoiva.

Um dia recebi um email deleconvidando-me para ir almoçar asua casa. Estranhei o facto da mo-rada não ser aquela que eu conhe-cia.

Lá fui e com espanto vi quequem me abria a porta era a tal ra-pariga empregada do café quecontinuava a ser desinteressante efeia e que quase nunca sorria. Sen-tindo que era eu, o Luís veio-medar um abraço que se sentia deamizade profunda. Ele mantinhao seu sorriso contagiante e o seuolhar único. Depois de me cum-primentar dirigiu-se á rapariga,abraçou-a, beijou-a e disse-me:António, apresento-te a Petra,minha mulher. António Afonso

O meu amigo, a sua noiva e a empregada demesa de um café

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Page 21: Maio 2011

Passar o TempoPORTUGAL POST Nº 202 • Maio 2011 21

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CARNEIROAmor: Não viva obcecado com aideia de perder a pessoa que temao seu lado, aproveite antes todosos momentos que tem para estarcom ela. Saúde: Não se desleixe e cuide desi.Dinheiro: As suas economiasestão instáveis, tenha algum cui-dado.

TOUROAmor: Seja mais atrevido e ou-sado nesta área da sua vida. Saúde: O excesso de ansiedadenão é favorável para a sua saúde.Dinheiro: Seja mais equilibradonos seus gastos.

GÉMEOSAmor: Cuidado com os falsosamigos! Cuide melhor do seuamor. Seja o seu melhor amigo!Saúde: Tendência para dores naspernas.Dinheiro: Pode agora compraraquele objecto de que tanto gosta.

CARANGUEJOAmor: Se der ouvidos a terceiros,poderá sair prejudicado. Uma per-sonalidade forte sabe ser suave eleve como uma pena!Saúde: Cuidado com os seus ou-vidos.Dinheiro: Não se precipite epense bem antes de investir assuas economias.

LEÃOAmor: Poderá ter de enfrentar

uma zanga familiar, mas não fiquepreocupado, pois tudo se resol-verá. Aceite os erros dos outros. Saúde: Cuidado com o sistemanervoso. Mantenha a serenidade.Dinheiro: Não se deixe abaterpor uma maré menos positivanesta área da sua vida, pois nemtudo está perdido!

VIRGEMAmor: Se está só, prepare-se, poisé provável que a seta do Cupidoinvada o seu coração. Que a luz dasua alma ilumine todos os quevocê ama!Saúde: Cuidado com o uso exces-sivo de ar condicionado.Dinheiro: Seja prudente nos seusinvestimentos.

BALANÇAAmor: Deverá expressar o quantoama a pessoa que tem a seu lado.Saúde: Deve cuidar melhor dasua mente e do seu espírito, ali-mente-a com pensamentos positi-vos! Dinheiro: Não deixe que os ou-tros tomem decisões ou falem porsi, imponha o respeito no seu localde trabalho.

ESCORPIÃOAmor: Irá viver momentos escal-dantes com a pessoa que ama. Quetudo o que é belo seja atraído parajunto de si!Saúde: Não coma demasiadosdoces.Dinheiro: Não gaste além dassuas possibilidades.

SAGITÁRIOAmor: Liberte-se do passado poiso presente tem muitas coisas boaspara lhe oferecer. Você merece serfeliz!Saúde: Procure fazer uma vidamais saudável. Dinheiro: Cuidado com os gastossupérfluos.

CAPRICÓRNIOAmor: Não tenha receio de dizera verdade por mais que isso lhecuste. Que a determinação e a Luzestejam sempre consigo! Saúde: Cuide dos seus pés.Dinheiro: Poderá planear umaviagem ao estrangeiro, pois assuas economias já lho permitem.

AQUÁRIOAmor: Organize um jantar parajuntar os seus amigos. Tome a ini-ciativa, é você que cria as oportu-nidades!Saúde: A rotina poderá levá-lo aestados depressivos. Saiba evitá-los.Dinheiro: Não se precipite nosgastos.

PEIXESAmor: Procure dar atenção àssuas verdadeiras amizades. Viva asua vida para que o seu exemplopossa servir de modelo aos outros!Saúde: Tenha mais confiança edê mais valor a si próprio.Dinheiro: Cuidado com as intri-gas no seu local de trabalho.

O Fato NovoDiz um político, num comício: — Eu, sim! Eu sou um político incorrupto! Por estes bolsos, nunca passou di-nheiro desonesto! Alguém da assistência: — Ena, comprou um fato novo!

Até que a Morte nos SepareDepois de 50 anos de casamento, o velhote morre e vai para o Céu. Passados uns meses, a velhota também morre e também vai ter ao Céu. Mal chega lá, encontra o velhote e diz-lhe enquanto corre para o abraçar: - Meu amor! Meu querido! - Ei, ei, ei! Chega para lá! O acordo foi «até que a morte nos separe!».

A Sua Esposa não me Agrada NadaUma senhora muito feia está gravemente doente e o marido chama o médico. — A sua esposa não me agrada nada — diz o médico. — Nem a mim, tão-pouco — responde o marido.

Pergunta ComprometedoraUm rapaz está noivo há três anos. — Não achas que já é tempo de casarmos? — pergunta à noiva. — Acho que sim. Mas quem nos quererá?

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PORTUGAL POST Nº 202 • Maio 2011Classificados2222

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“Seit 18Jahren ist die Portugal Post für die über 100 000 in Deutschland lebenden Portugiesenein unverzichtbares Medium, das aktiv das Gemeinschaftsgefühl fördert und als einzige Zeitschrifteinen Überblick gibt über ihre Aktivitäten in den deutschen Städten. Dass die Portugal Post dabeider Hansestadt Hamburg mit ihren speziellen jahrhundertelang gewachsenen Beziehungen zuPortugal besonderes Augenmerk widmet, freut mich natürlich besonders. Die Portugal Post istaber auch für all jene, die sich, wie zum Beispiel die Portugiesisch-Hanseatische Gesellschaft, fürdie Vertiefung der Beziehungen beider Länder einsetzen, eine gute Informationsquelle.

Uly Foerster, Chefredakteur Lufthansa Magazin, Hamburg”

Ein unverzichtbares Medium

Na qualidade de Presidente da Federação de Empresários Portugueses na Alemanha (VPU)venho por este meio agradecer ao PP pelo valioso trabalho prestado ao longo destes anos.Tanto para a VPU como para os inúmeros empresários portugueses na Alemanha o Jornalé um parceiro de enorme valor, mostrando e reforçando a presença empresarial nestepaís."Dr. Simeon Ries. Presidente da VPU -Federação de Empresários Portugueses na Alemanha

Devemos estar informados

Portugal hat unzählige Freunde in Deutschland: Viele haben schon Urlaubgemacht zwischen Minho und Algarve, dort gearbeitet oder studiert. Andereschätzen Pessoa oder Saramago, sind Fans von Mariza oder Madredeus, Figooder Cristiano Ronaldo, lieben Pastéis de Nata oder Bacalhau. Noch wichtiger:viele Deutsche mögen Portugal, weil sie portugiesische Kollegen, Nachbarnoder Freunde haben, weil die Kinder mit Portugiesen zur Schule gehen oderweil der Espresso im nettesten Café oder Restaurant in der Nähe Bica heißt.All diese Menschen sollten eigentlich die "Portugal Post" lesen, um auf demLaufenden zu bleiben und um die Portugiesen in Deutschland noch besserzu verstehen. Am schönsten wäre es aber, wenn die deutschen Freunde Por-

tugals sich mehr mit eigenen Texten und Ideen an der Zeitung beteiligen würden. Dann könnten dienächsten siebzehn Jahre "Portugal Post" noch stärker im Zeichen von Dialog und Miteinander stehen.Dr. Marco Bertoloso Leiter der Abteilung Zentrale Nachrichten beim Deutschlandfunk

O Portugal Post cumpre 18 anos de publicação. Foi um tempo de sucesso, construído na basedum trabalho sério e rigoroso que lhe foi granjeando credibilidade e prestígio. A isenção e plu-ralismo na abordagem dos temas políticos, como instrumento de intervenção democrática, aapologia dos valores cívicos e a motivação e empenho em prol das aspirações e anseios das co-munidades portuguesas, fizeram do Portugal Post um título de referência para a generalidadedos seus leitores, os portugueses residentes na Alemanha. Aí, sempre eles encontraram um am-paro, uma palavra, o respaldo amigo e o conselho avisado para que ultrapassassem as dificul-dades e constrangimentos que sempre afectam quem vive longe da sua terra. Ao jornal, aos

seus leitores e, em especial, ao seu director, Mário dos Santos, os meus melhores votos de sucesso e longa vida.José Lello, deputado do PS e ex-Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas

Trabalho sério e rigoroso

Desde há anos que acompanho a publicação do Portugal Post, que tem sidopara mim uma importante fonte de informação. Considero muito importantehaver um jornal como o Portugal Post na Alemanha principalmente por duasrazoes: 1. Como somos uma comunidade bastante pequena e dispersa por vá-rias partes da país em que vivemos o Portugal Post é um elo de comunicaçãoe de troca de informação entre as várias comunidades; 2. uma vez que os há-bitos de leitura dentro da comunidade variam muito, também entre as gera-ções, o Portugal Post é um contributo importante para manter o contacto com

a língua portuguesa escrita, particularmente para os lusos-descendentes. Para concluir, o Portugal Postconstitui uma plataforma e é o porta-voz da comunidade portuguesa na Alemanha.Dora Mourinho, Socióloga

A universalidade dessa relevante contribuição é reflectida em cada edição, que temartigos escritos por autores representativos vindos de todas as partes da Alemanha.As opiniões divergentes sobre temas actuais e do interesse da comunidade, com cer-teza contribuem para o debate de ideias, divulgando e despertando ao mesmo tempoo espírito crítico dos leitores. Parabéns.Michaela Azevedo Ferreira Advogada, Bonn

O Portugal Post presta um inestimável serviçoà comunidade portuguesa na Alemanha

Glückwunsch

O porta-voz da comunidade portuguesa naAlemanha

Um espaço privilegiado de encontro da comunidade portuguesa na Alemanha

Junte-se a nósPreencha o boletim de

assinatura Veja na página 3

PORTUGAL POST

18 ANOS AO SERVIÇO DA COMUNIDADE PORTUGUESA NA ALEMANHA

Os 18 anos de existência do Portugal Post provam que as comunidades por-tuguesas locais da Alemanha necessitam de iniciativas que, sem ignorar asdiversidades regionais e os interesses locais,  sejam capazes de as projectarpara uma dimensão mais larga, criando pontos de afirmação comum e linhasde actuação coordenada.      Ao longo destas quase duas décadas, o Portugal Post tornou-se o espaço pri-vilegiado de encontro da comunidade portuguesa na Alemanha, próximo das

realidades locais, mas sem perder de vista o todo nacional e internacional. E entre os artigos de qualidadejornalística variada, os comentários por vezes de qualidade surpreendente, as cartas de leitor tão au-tênticas, o programa cultural das associações, os anúncios das pequenas empresas „lusófonas“, desco-bre-se a comunidade portuguesa real, viva e heterogénea, materializada naquelas folhas de papel.O Max-Planck-Gymnasium de Dortmund encontrou no Portugal Post um espaço sempre aberto às questõesda educação e do ensino e a boa vontade de um director bem consciente da importância das políticaseducativas. O nosso agradecimento profundo e os nossos parabéns ao Mário dos Santos, o principal suporte desteprojecto.Margarida de Lima, Professora Max-Planck-Gymnasium

É-me grato prestar homenagem ao“Portugal Post” na data em que com-pleta 18 anos de existência.Sendo o único jornal português publi-cado na Alemanha, as suas responsabi-lidades são duplamente relevantes. Emprimeiro lugar, ao prestar aos leitores– sobretudo à Comunidade Portuguesaresidente neste país – uma informaçãoabrangente, tão completa quanto pos-sível e actualizada sobre as matériasque mais lhes interessam. E em se-

gundo lugar, como reflexo de que a Comunidade Portuguesa na Alemanha está activae tem uma palavra a dizer.O “Portugal Post”, pelo trabalho que ao longo destes anos tem levado a cabo, constituitambém um factor de aglutinação da Comunidade Portuguesa na Alemanha e um vectorde promoção e difusão da nossa Língua e Cultura. Estou certo que continuará a dar umcontributo importante para o reforço do sentimento de Portugalidade dos nossos Com-patriotas.Quero assim felicitar o “Portugal Post” e desejar-lhe uma longa vida e muitos sucessos,com uma crescente expansão e uma cada vez maior qualidade ao serviço da Comuni-dade Portuguesa.José Caetano da Costa PereiraEmbaixador de Portugal na Alemanha

Portugal Post é um vector de promo-ção e difusão da nossa Língua e Cultura

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