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Urbanismo Antropólis – Kevin Lynch Luiza Victória Bica da Rosa Cristina Wayne Brito Gaffrée Silveira 02/2014 Universidade da Região da Campanha Centro de Ciências Exatas e Ambientais Arquitetura e Urbanismo Urbanismo I

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Page 1: Luiza - Kevin Lynch

UrbanismoAntropólis – Kevin Lynch

Luiza Victória Bica da RosaCristina Wayne Brito Gaffrée Silveira

02/2014

Universidade da Região da CampanhaCentro de Ciências Exatas e Ambientais

Arquitetura e UrbanismoUrbanismo I

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Biografia

Kevin Andrew Lynch nasceu em 1918, em Illinois e faleceu em 1984, em Massachusetts.

Professor de planejamento urbano do M.I.T. (Massachusetts Institute of Technology). Estudou arquitetura com Frank L. Wright, fez estudos de psicologia e de antropologia, que o levaram a uma abordagem nova do problema urbano.

Voltou particularmente a atenção para o ponto de vista da consciência perceptiva. Limitando-se voluntariamente ao campo visual, estudou as bases da percepção especifica da cidade e procurou isolar suas constantes, que deveriam integrar qualquer proposta de planejamento.Co-diretor de uma pesquisa sobre “a forma perceptiva da cidade”, utilizou como terreno experimental Los Angeles, Boston e Jersey-City. Participou, como conselheiro, da elaboração de vários projetos de planejamento nos Estados Unidos, particularmente do projeto atual de remodelamento de Boston.

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Principais Obras:

▪ A Imagem da Cidade, 1960;

▪ Site Planning, 1964;

▪ The View from the Road, 1964.

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Estrutura da Percepção Urbana

▪ O urbanismo, arte diacrônica.

Como um fragmento de arquitetura, a cidade é uma construção em grande escala dentro do espaço, um objeto perceptível só através de longas sequências temporais. É por isso que o urbanismo é uma arte diacrônica, mas que raramente pode utilizar as sequências definidas e limitadas das outras artes temporais. As sequências são invertidas, interrompidas, de acordo com as ocasiões e os indivíduos que as percebem.

▪ A cidade nunca totalizável...

A cada instante a cidade compreende mais do que o olho pode ver, mais do que o ouvido pode escutar – disposições e perspectivas que esperam ser exploradas. Nenhum elemento viveu por si próprio; revela-se sempre ligado a seu meio ambiente, à sequência de acontecimentos que o levaram a ele, à lembrança de experiências passadas

▪ ....nem acabada

Os elementos móveis (particularmente seus habitantes) da cidade são tão importantes quanto seus elementos fixos. A cidade não é apenas um objeto de percepção para milhões de pessoas de classe e de caráter muito diferentes; é também o produto da atividade de numerosos construtores que modificam constantemente sua estrutura. Se bem que possa permanecer estável, durante um certo tempo, em seu aspecto geral, ela muda sem cessar nos detalhes. Não há resultado final, só uma sucessão de fases.

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A Imagem da Cidade

▪ Legibilidade

Vamos examinar a cidade americana em seu aspecto visual. Vamos nos fixar principalmente em uma qualidade visual particular: a clareza aparente ou “legibilidade” da paisagem urbana. Queremos designar por este termo a facilidade com que suas partes podem ser reconhecidas e organizadas segundo um esquema coerente.

Exatamente como uma página impressa, se ela é legível, poderá ser apreendida como um conjunto bem unido de símbolos reconhecíveis, assim como uma cidade legível é aquela cujos bairros, ou monumentos, ou vias de circulação são facilmente identificáveis e facilmente integráveis dentro de um esquema global.

▪ A cidade não pode ser

Se bem que a clareza e a legibilidade não sejam certamente as únicas características importantes de uma bela cidade, elas assumem uma importância particular com respeito à escala humana, às dimensões, ao tempo e à complexidade do meio ambiente.

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A Imagem da Cidade

▪ ...separada de sua imagem mental

O dom de estruturar e identificar o meio ambiente é uma faculdade comum a todos os animais móveis. São utilizados para isso: as sensações visuais de cor, forma, movimento ou polarização da luz, assim como o olfato, audição, tato, cinestesia, senso de peso e, talvez, o senso dos campos elétricos ou magnéticos. Apesar de se desconhecer alguns aspectos do problema, optamos de preferência por um processo de organização e de seleção dos dados sensoriais diversos, recolhidos no meio ambiente. Esta faculdade de organização é fundamental para eficácia e até para a sobrevivência das espécies dotadas de movimento autônomo.

▪ Imagem mental da cidade e orientação

Orientar-se é uma operação cujo ele estratégico é a imagem do meio ambiente. Esta imagem é o produto simultâneo da sensação imediata e da experiência passada recolhida pela memória; é ela que permite interpretar a informação e dirigir a ação. A necessidade de reconhecer nosso meio ambiente e o poder de lhe dar uma forma são uma importância prática e afetiva considerável para o indivíduo.

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A Imagem da Cidade

• Imagem da cidade e desenvolvimento do individuoUma imagem exata evidentemente facilita o conforto e rapidez dos nossos

deslocamentos, mas chega a servir como um quadro de referência mais vasto, ser um meio de organizar a atividade, as crenças ou o saber. Uma imagem clara e precisa do meio ambiente constitui um fator de desenvolvimento pessoal.

Uma boa imagem do seu meio ambiente dá a quem a possui um sentimento profundo de segurança afetiva, mas também aumenta a profundidade e a intensidade potenciais da experiência humana.

Contra essa importância atribuída à “legibilidade”, podemos objetar que o espirito humano é maravilhosamente adaptável e que, com experiência, aprendemos a nos orientar no meio ambiente menos ordenado e menos organizado.

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A Imagem da Cidade

É certo que quase todos nós podemos, usando a atenção, aprender a orientar-se por Jersey-City, mas a custo de esforços e dificuldades consideráveis. Mas ainda, esta aglomeração não conta com as vantagens de um meio ambiente legível: satisfações afetivas, quadro de comunicação e de organização conceptual, novas dimensões que este quadro pode trazer para a vida cotidiana.

Sem dúvida nenhuma, a mistificação, a impressão labiríntica, o efeito de surpresa podem ter seu valor. Mas isso só sucede com duas condições. Em primeiro lugar, que não corramos os riscos de perder nosso esquema geral de orientação, de nos perder realmente. A surpresa só pode ocorrer dentro de um quadro geral de referência. Além disso, o elemento labiríntico ou surpreendente deve ter uma forma própria, que o tempo permita explorar, primeiro, depois aprender.

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A Imagem da Cidade

▪ Em prol de uma imagem abertaO observador deve exercer um papel ativo na organização do seu mundo,

exercer um papel criador na construção de sua imagem. Deve poder modificar essa imagem à medida que evoluem suas próprias necessidades. Uma paisagem em que cada pedra tenha sua história pode tornar difícil a criação de novas histórias. Se bem que não estejamos ameaçados dentro do atual caos urbano, estas observações demonstram que a nossa procura não é absolutamente uma ordem definitiva, mas uma ordem aberta, suscetível de desenvolvimento indefinido.

Dentro da imagem do meio ambiente, a análise pode distinguir três componentes: a identidade, a estrutura e a significação. Uma imagem deve, para ser utilizável, ser distinta daquilo que a rodeia, e reconhecida enquanto entidade separada. Em segundo lugar, a imagem deve implicar uma relação do objeto com o observador e com outros objetos. Enfim, o objeto deve ter para o observador uma significação prática ou efetiva.

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A Imagem da Cidade

▪ Imagem e significações

A questão de significação dentro da cidade é complexa. Se pretendemos construir cidades para satisfazer um grande número de indivíduos provenientes de meios extremamente diferentes, ganharemos ao concentrar nossos esforços sobre a clareza física da imagem e ao deixar que as significações se desenvolvam livremente, sem nossa intervenção direta. A imagem de Manhattan pode ser interpretada em termos de vitalidade, potência, decadência, mistério, congestionamento, grandeza; em cada caso, esta imagem poderosa cristaliza e reforça a significação.

Para facilitar a orientação dentro do espaço de comportamento, a imagem deve possuir várias qualidades. Deve ser suficientemente exata do ponto de vista pragmático e permitir que o indivíduo atue à vontade dentro do campo de seu meio ambiente. Deve ser bastante claro e bem integrado para poupar os esforços mentais.

Deve possibilitar um mínimo de segurança, com um número suficiente de pontos de referência que permitam a escolha. A imagem deve ser aberta, adaptável à mudança, e permitir que o indivíduo continue a explorar e organizar a realidade. A importância relativa desses diversos critérios varia segundo os indivíduos e as situações.

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A Imagem da Cidade

▪ O meio ambiente legível

O que poderíamos chamar de “imagibilidade”, esta qualidade que confere a um objeto físico um forte poder de evocar uma imagem viva em qualquer observador, pode também ser chamado de legibilidade ou, talvez, de visibilidade, em seu sentido forte.

O homem primitivo via-se forçado a melhorar a imagem de seu meio ambiente adaptando sua percepção a uma paisagem dada. Ele podia efetuar pequenas mudanças em seu meio ambiente através de túmulos, sinais ou fogo; mas as modificações visuais significativas se limitavam à disposição das casas e dos recintos sagrados. Só as civilizações poderosas podem começar a agir sobre o conjunto do meio ambiente em uma escala significativa. O remodelamento consciente de um meio físico de grandes dimensões só se tornou possível recentemente; é por esse motivo que o problema da imagibilidade do meio ambiente é novo.

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A Imagem da Cidade

▪ A imagem da metrópole

Estamos edificando uma nova unidade funcional, a região metropolitana, e ainda não entendemos que esta unidade também deve possuir, uma imagem própria.

De qualquer cidade existe uma imagem pública, resultante de numerosas imagens individuais únicas.

Nossa análise limitar-se-á aos efeitos dos objetos fisicamente perceptíveis.

▪ Elementos da imagemO conteúdo das imagens da cidade estudadas até aqui refere-se à análise

concreta de Boston, Los Angeles e Jersey-City pode ser praticamente classificado em cinco tipos de elementos: os caminhos, os limites, os bairros, os nós e os pontos de referência.

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A Imagem da Cidade: Elementos da Imagem

Estas são as vias pelas quais o observador circula de modo habitual, ocasional ou potencial. Para muitas pessoas, estes são os elementos predominantes de sua imagem da cidade; observam a cidade enquanto circulam e organizam ou relacionam os outros elementos do meio ambiente aos caminhos.

• Os caminhos: Ruas, calçadas, passeios, canais

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A Imagem da Cidade: Elementos da Imagem

▪ Os limites: Rios, muros, loteamentos

Estes são os elementos lineares que não servem ou não são considerados como caminhos pelo observador. Constituem pontos de referência laterais, e não eixos de coordenação. Estes limites, ainda que não desempenhem o papel predominante dos caminhos, constituem para muitos cidadãos um importante fator de organização e servem especialmente para mante a coesão de zonas inteiras.

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A Imagem da Cidade: Elementos da Imagem

Os bairros constituem fragmentos da cidade, mais ou menos vastos, concebidos como se estendessem sobre duas dimensões. O observador sente quando penetra em seu interior e os reconhece por sua forte identidade. A maioria dos cidadãos estrutura sua cidade em parte desse modo; a predominância dos caminhos ou dos bairros varia de acordo com as pessoas. Este modo de estruturação parece depender não só dos indivíduos, mas também das cidades.

• Bairros: Personalidade dos bairros

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A Imagem da Cidade: Elementos da Imagem

▪ Estes são os pontos estratégicos da cidade onde o observador pode penetrar, os focos de atividade em torno dos quais o observador gravita. Mas os nós também podem ter sua importância no simples fato de concentrar uma soma de funções ou de caracteres físicos; por exemplo, o bar da esquina ou uma pracinha fechada. Podemos chamá-los de núcleos. O conceito de núcleo está ligado ao de caminho, já que as ramificações são precisamente constituídas pela convergência de uma serie de caminhos. Está igualmente ligado ao conceito de bairro, na medida em que os núcleos constituem os focos de atividade dos bairros, seus centros de polarização. Alguns destes nós encontram-se em quase toda imagem da cidade; em certos casos, constituem seu elemento dominante.

• Nós: Ramificações, cruzamentos, abrigos

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A Imagem da Cidade: Elementos da Imagem

Constituem um outro tipo de ponto de referência; mas o observador não pode penetrar neles, permanecem exteriores a ele. Certos pontos de referência estão afastados: são os que se veem de modo característico sob ângulos e distâncias variadas, e que servem como pontos de referência radiais. Podem encontrar-se também dentro da cidade, ou a uma distância tal que, em todos os casos práticos, simbolizam uma direção constante. Há outras referências que são, pelo contrário, locais, visíveis só dentro de um contexto limitado e segundo certos ângulos. Estes tipos de referência são frequentemente utilizados para a identificação e até a estruturação das cidades; são cada vez mais uteis, à medida que um itinerário vai-se tornando mais familiar.

• Pontos de referência: Edifício, sinal gráfico, acidente geográfico

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Elementos da Imagem

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A Imagem da Cidade

▪ Interconexão dos elementosEsses diversos elementos constituem tão-somente a matéria-prima a partir da qual

a imagem do meio ambiente é elaborada dentro da escala da cidade. Para fornecer uma forma satisfatória, devem integrar-se em uma estrutura comum. Depois de analisar o funcionamento de grupos semelhantes, a lógica manda estudar a interação de pares de elementos heterogêneos.

▪ Conflitos e contrastes

Os elementos de tais pares podem reforçar-se, ressoar de modo a aumentar seu poder recíproco; podem, pelo contrário, entrar em conflito e destruir-se mutuamente. Um ponto de referência gigantesco pode diminuir a pequena região que esta situada em sua base e fazê-la perder sua escala. Bem situada, uma outra referência pode contribuir para localizar, fortalecer um núcleo; colocada fora do centro, pode simplesmente induzir em erro. Uma grande rua, com seu caráter ambivalente de limite e de caminho, pode atravessar um setor inteiro e torná-lo visível, ao mesmo tempo em que perturba sua continuidade.

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Aplicações ao Urbanismo

▪ Meio adaptado ao homem, em vez de homem adaptado ao meio

A cidade deveria ser um mundo artificial, um mundo feito com arte, modelado com vistas a objetivos humanos. Conservamos o hábito ancestral de adaptar-nos ao nosso meio ambiente, mas talvez tenhamos chegado agora a uma nova fase, talvez possamos começar a adaptar o próprio meio ambiente às estruturas perceptivas e aos processos simbólicos que caracterizam o seu humano.

▪ A projeção dos caminhosIntensificar a “imagibilidade” do meio ambiente humano é facilitar sua

identificação e sua estruturação visual. Os elementos examinados – caminhos, limites, pontos de referência, nós e bairros – constituem os materiais que permitem estabelecer estruturas sólidas e diferenciadas na escala humana.

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Aplicações ao Urbanismo

▪ Características especificas dos caminhosOs caminhos, a rede das linhas habituais ou potenciais de deslocamento através do

contexto urbano constituem o meio mais poderoso de dispor o conjunto. As linhas principais de movimento devem poder distinguir-se das vias secundárias graças a alguma qualidade própria: por exemplo, uma textura particular do solo ou das fachadas, um modo especial de iluminação, um conjunto específico de odores ou de sons, um detalhe ou um modo particular de construção.

Essas características devem ser utilizadas de modo a dar ao caminho uma continuidade. Se uma ou várias dessas qualidades são regularmente encontradas em todo o seu percurso, então o caminho pode tornar-se para a representação um elemento continuo e dotado de unidade.

▪ Declive, assimetria, setas

A linha de deslocamento deve ser claramente orientada. Uma rua é sempre orientada para um determinado lugar, percebida como se dirigisse para algum lugar. O caminho reforçará esta impressão perceptiva pelo caráter notável de seus extremos e por uma diferenciação das direções, que dá uma sensação de progressão. O declive muitas vezes é um meio utilizado com este fim, mas há muitos outros. Podemos ainda empregar a assimetria. Também podem ser utilizadas flechas, ou ainda todas as superfícies identicamente orientadas podem ser tratadas segundo uma cor-código.

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Aplicações ao Urbanismo

▪ A imagem melódicaUm último modo de organizar os caminhos adquirirá uma importância crescente

dentro de um mundo de grandes distâncias e altas velocidades. Os detalhes importantes e os traços característicos dispostos ao longo do caminho organizam-se como uma linha melódica, percebidos e imaginados como uma forma que houvéssemos experimentado durante um grande lapso de tempo. Ora, na medida em que esta imagem corresponda a uma melodia global e não a uma serie de pontos separados, poderemos dizer que ela pode ser ao mesmo tempo mais rica e menos exigente.

▪ Pontos de referência A característica essencial de um ponto de referência válido é sua singularidade, o

modo como contrasta com seu contexto – flores ao longo de um muro de pedra, uma superfície brilhante em uma rua cinza, uma igreja entre uma série de lojas. O controle dos pontos de referência e de seu contexto faz-se então necessário: limitação dos signos a superfícies determinadas, alturas-limite para todos os edifícios, com exceção de um.

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Aplicações ao Urbanismo

▪ Veneza

Pontos de referência isolados, a não ser quando dominam o conjunto, geralmente constituem referências mínimas. Para reconhecê-los, é preciso manter uma atenção constante. As ruas enganosas de Veneza podem ser reconhecidas depois de se passar por elas uma ou duas vezes, porque são ricas em detalhes distintivos que se organizam rapidamente em sequências.

Os nós são percebidos como tais só quando se chega a individualizá-los por meio de uma qualidade específica comum aos muros, solos, iluminação, vegetação ou topografia, que constituem seus elementos. A essência do nó consiste em seu um lugar distinto e inesquecível, que não se pode confundir com nenhum outro.

▪ Diversidade perceptiva de uma mesma cidadeA cidade é construída por um grande número de usuários que pertencem a meios,

temperamentos, ocupações e classes sociais variados. É por isso que o urbanista deve procurar criar uma cidade que seja, tanto quanto

possível, abundantemente provida de caminhos, limites, pontos de referência, nós e bairros, uma cidade que não utilize simplesmente uma ou duas das qualidades de forma, mas seu conjunto. Desse modo, os diferentes observadores encontrarão respectivamente todos os dados perceptivos próprios à sua visão particular do mundo.

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Aplicações ao Urbanismo

▪ Contra a rigidez estruturalNos casos em que só existe um caminho dominante para ir a determinado lugar,

ou quando se conta só com alguns pontos de referência, ou com um conjunto de bairros rigorosamente separados, só há um meio, a não ser que façamos um esforço considerável, de formar uma imagem da cidade. E esta imagem corre o risco de não responder às necessidades de todos.

Tomamos como símbolo de uma boa organização os setores de Boston em que, o habitante dispõe de um ampla gama de caminhos para chegar a seus destinos, todos claramente estruturados e identificados. As mesmas vantagens podem ser encontradas em uma rede de limites que se sobrepõem de modo a que setores grandes ou pequenos possam ser formados, de acordo com os gostos e as necessidades de cada um.

As dimensões crescentes das nossas regiões metropolitanas e a rapidez com que as atravessamos levantam numerosos problemas novos para a percepção. A região metropolitana é a nova unidade funcional do nosso meio ambiente e é desejável que essa unidade funcional possa ser convenientemente individualizada e estruturada por seus habitantes.

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Aplicações ao Urbanismo

▪ Remodelamento e estruturas latentesToda aglomeração urbana que existe e funciona possui uma estrutura e uma

identidade. Quase sempre, há uma imagem poderosa latente no meio ambiente: este é o caso de Jersey-City, com suas barreiras, sua forma de península e o modo como está ligada a Manhattan. Um problema frequentemente colocado ao urbanista é o de remodelar com sensibilidade um meio ambiente que já existe. Nesse caso, precisa descobrir e preservar as imagens fortes, resolver, consequentemente, as dificuldades perceptivas e mostrar, as estruturas e a individualidade latentes no meio da confusão.

▪ A criação “ex nihilo” e suas imposiçõesEm outros casos, o urbanista encontra-se diante da necessidade de criar uma nova

imagem. O problema coloca-se particularmente nas extensões suburbanas das nossas regiões metropolitanas. Ao ritmo atual da construção, não temos mais tempo de permitir o lento ajuste da forma a uma série de pequenos fatores individuais. É por isso que devemos recorrer a um planejamento consciente: a manipulação deliberada do mundo com fins perceptivos.

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Aplicações ao Urbanismo

▪ O plano “visual”

Os novos modelamentos ou remodelamentos deveriam ser inspirados pelo que poderíamos chamar de “plano visual” da cidade ou da região metropolitana: um conjunto de recomendações e de medidas de controle relativas à forma visual considerada do ponto de vista do habitante. A preparação de semelhante plano deveria começar por uma análise da forma existente e da imagem pública da zona em causa.

O objetivo final do plano não é a forma física em si, mas a qualidade da imagem mental que ela suscita nos habitantes. É por isso que seria igualmente útil formar o observador mediante um aprendizado e ensiná-lo a olhar sua cidade, a observar a diversidade e o emaranhado de suas formas.

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Bibliografia

▪ Choay, F.  O Urbanismo: Utopias e Realidades. Uma Analogia. Trad. Dafne Nascimento Rodrigues. São Paulo: Ed. Perspectiva, 2002. 350p.

▪ http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/0/0a/Kevin_A_Lynch.jpg Disponível em: 05/11/2014

▪ http://3.bp.blogspot.com/_BK7Dn7-X7p8/SjKkm1ZjRqI/AAAAAAAAApc/IRJ4FG_Nyk0/s1600-h/Lynch+fig3.jpg Disponível em: 10/11/2014