jtl v04n02p05
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The Journal of Transport Literature ©2014 | BPTS | Brazilian Transport Planning SocietyTRANSCRIPT
Palavras-Chave: empresas aéreas, estudo de caso, transporte aéreo regional.
Key words: airlines, case study, regional air transportation.
Recommended Citation
Abstract
This research aims an economic analysis of an Brazilian airline: Trip Linhas Aereas. Starting with the company presentation
and its history, then a study of evolution is presented, showing data since your year of birth (1998) until the last record of
economic and statistical yearbooks of the National Civil Aviation Agency (ANAC), 2006. This paper could also provide the
creation of assumptions about adopted policies and predicting future behavior.
Fraga, R. (2010) Estudo de caso: histórico e análise evolutiva da Trip Linhas Aéreas. Journal of Transport Literature, vol. 4, n. 2,
pp. 144-159.
Rafael Fraga*
Resumo
Esta pesquisa visa promover uma análise econômica da empresa a Trip Linhas Aéreas. Iniciando com a apresentação da
empresa e seu histórico, um estudo evolutivo é apresentado, mostrando dados desde seu ano de criação (1998) até os últimos
registros dos anuários estatísticos e econômicos da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), 2006. Assim é possível realizar
suposições sobre políticas adotadas e para prever comportamentos futuros.
This paper is downloadable at www.transport-literature.org/open-access.
■ JTL|RELIT is a fully electronic, peer-reviewed, open access, international journal focused on emerging transport markets and
published by BPTS - Brazilian Transport Planning Society. Website www.transport-literature.org. ISSN 2238-1031.
* Email: [email protected].
Reviews & Essays
Journal of Transport Literature
Submitted 6 Mar 2010; received in revised form 12 May 2010; accepted 31 May 2010
Vol. 4, n. 2, pp. 144-159, Jul. 2010
Estudo de caso: histórico e análise evolutiva da Trip Linhas Aéreas
[A case study of the regional air carrier Trip Airlines]
ISA Software, USA
B T P SB T P SB T P SB T P S
Brazilian Transportation Planning Society
www.transport-literature.org
JTL|RELITJTL|RELITJTL|RELITJTL|RELIT
ISSN 2238-1031
1. Introdução
Através da análise econômica pormenorizada de empresas de grande relevância do mercado
do transporte aéreo pode-se realizar estudos de caso mostrando a evolução ao longo do tempo,
compreendendo melhor a interação do mercado. Esta pesquisa visa contribuir nesta área,
estudando a empresa Trip Linhas Aéreas. Iniciando com a apresentação da empresa e seu
histórico, uma análise evolutiva é apresentada, mostrando dados desde seu ano de criação
(1998) até os últimos registros dos anuários estatísticos e econômicos da Agência Nacional de
Aviação Civil (ANAC), 2006. Assim é possível realizar suposições sobre políticas adotadas e
para prever comportamentos futuros.
2. O Perfil da Empresa
A seguir seguem informações com o perfil da empresa Trip Linhas Aéreas. A maior parte das
informações foi coletadas no próprio website da empresa (www.voetrip.com.br), com dados
do segundo semestre de 2008. Com o início de suas atividades em 1998, a empresa TRIP
(Transporte Aéreo Regional do Interior Paulista) é uma companhia aérea regional brasileira,
pertencente inicialmente um único controlador, o Grupo Caprioli (GC). No início de 2007
(Março) o Grupo Águia Branca adquiriu 50% do capital da companhia após três anos de
pesquisas internas considerando aspectos como as dimensões continentais do Brasil, o
potencial de crescimento do país e a experiência acumulada em prestação de serviços da
Águia Branca, especialmente em transporte de passageiros. Tais estudos tiveram início em
2003, quando a concorrência da aviação começou afetar a rentabilidade do transporte
rodoviário de passageiros em algumas linhas de empresas do grupo, como a Viação Águia
Branco e Salutaris. Naquele momento, o objetivo era apenas se preparar para manter a
competitividade dos serviços prestados.
A sede da empresa localiza-se na cidade de Campinas, São Paulo (Avenida Brasil, 1394),
possuindo seus principais centros de operações nas cidades de Campinas, Curitiba, Cuiabá e
Manaus; além da ligação de Fernando de Noronha com Natal e Recife. A gestão operacional
da Trip é conduzida pela sua atual diretoria, que tem como Presidente José Mario Caprioli dos
Santos. O planejamento estratégico é deliberado pelo Conselho de Administração, que, após a
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entrada do GAP, passa a ter a seguinte composição: Decio Chieppe e Renan Chieppe,
representando o GAP; Antonio Augusto Santos e José Mário Caprioli Santos, representando o
GC. Atualmente a empresa conta com cerca de 350 colaboradores.
As principais diretrizes da Trip são:
Funcionários motivados;
Qualidade no atendimento;
O melhor ambiente de bordo;
Uma administração saudável, para ter a certeza que seu preço seja o mais competitivo.
3. Grupos Controladores
Com sede na cidade de Campinas, São Paulo, o Grupo Caprioli se dedica ao transporte de
passageiros desde a sua fundação em 1926. A sua mais antiga empresa é a Viação Caprioli,
que atua em transporte urbano e intermunicipal naquela região. Já o Grupo Águia Branca,
fundado em 1946, é hoje um dos maiores conglomerados de transporte do país. Com sede em
Cariacica, Espírito Santo, e faturamento superior a 1 bilhão por ano, o Grupo atua em todo o
país nos serviços de transporte de passageiros, comércio e locação de veículos, logística e
saneamento básico.
4. Frota
Atualmente a empresa possui três modelos de aeronaves turbo-hélices pressurizadas. A frota é
constituída por:
Uma aeronave EMBRAER 120 (Prefixo PP-PTA);
Onze aeronaves ATR 42-300 (Prefixos PP-ATV, PP-PTC, PP-PTD, PP-PTF, PP-PTG,
PP-PTI, PP-PTJ, PR-TTE, PR-TTF, PR-TTG, PT-MFE, PT-TTL);
Quatro aeronaves ATR 72-200 (Prefixos PP-PTH, PP-PTK, PR-TTJ, PR-TTH) 02
ATR72-500 (PP-PTL, PP-PTM).
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Turbo-hélices de última geração, fabricados pelas empresas Aeroespatiale (França) e a Alenia
(Itália), que fazem parte do consórcio AIRBUS; a família ATR tornou-se sucesso de vendas
mundial, superando 700 aeronaves em operação atualmente, ultrapassando 7 milhões de horas
voadas, com índices de regularidade e pontualidade de 99% e utilizada em mais de 60
empresas aéreas em todo o mundo. A TRIP Linhas Aéreas reconfigurou suas aeronaves com 5
assentos a menos, para proporcionar mais comodidade, espaço e conforto aos nossos
passageiros.
A Aeronave EMB 120, o Brasília da Embraer, foi um sucesso de vendas mundial,
ultrapassando a marca de 300 equipamentos vendidos em todo o mundo. É amplamente
utilizada como alimentadora, principalmente por grandes companhias aéreas regionais norte-
americanas e européias. Sua performance e seus custos operacionais determinaram a sua
escolha no desenvolvimento das rotas regionais da companhia.
A companhia ainda possui dez encomendas de ATR72-500 a serem recebidas, bem como
cinco Embraer 175.
Tabela 2: Dados Técnicos da Frota
Aeronave ATR 42-300 ATR 72-200 EMB 120
Assentos 46 66 30
Altura Máxima Interna 1,91 m 1,91 m 1,76 m
Velocidade Máxima 470 km/h 470 km/h 582 km/h
Altitude de Cruzeiro 25.000 pés 25.000 pés 33.000 pés
Fonte: Fabricantes da Aeronaves, (2008).
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5. Destinos
Em meados de 2008, a empresa atendia a 56 destinos em todas as regiões do país:
Região Norte: Barcelos (BAZ), Caruari (CAF), Coari (CIZ), Eirunepé (ERN), Fonte
Nova (FBO), Humaitá (HIA), Ji-Paraná (JPR), Lábrea (LBR), Manaus (MAO), Porto
Velho (PVH), Santa Isabel, São Gabriel da Cachoeira (SJL), São Paulo de Olivença
(SPO), Tabatinga (TBT), Tefé (TFF), Vilhena (BVH), Palmas (PMW) , Parintins
(PIN).
Região Centro-Oeste: Cuiabá(CGB), Corumbá(COR), Campo Grande(CGR),
Dourados(DOU), Rondonópolis(ROO), Alta Floresta(AFL), Brasília(BSB), Rio
Verde(RVD), Goiânia(GYN), Araguaína(AUX).
Região Sudeste: Pampulha (PLU), Juiz de Fora - (JDF), Uberaba - (UBA), Uberlândia
- (UDI), Montes Claros - (MOC), Ipatinga - (IPN), Governador Valadares - (GVR),
Araxá - (AAX), Patos de Minas - (POJ), São João Del Rei - (JDR), Diamantina -
(DIA), Campinas (CPQ), São Paulo - Guarulhos (GRU), Riberão Preto (RAO), Vitória
(VIX), Macaé (MEA), Santos Dumont (SDU).
Região Sul: Cascavel (CAC), Curitiba (CWB), Londrina (LDB), Maringá (MGF),
Porto Alegre (POA).
Região Nordeste: Salvador, Vitória da Conquista, Fernando de Noronha (FEN), Natal
(NAT), Recife (REC).
6. Responsabilidade Social
A Trip Linhas Aéreas realiza doações para duas instituições distintas, acompanhando a
aplicação dos investimentos e resultados. Assim, visa a preocupação com o meio ambiente e
com a sociedade em que está inserida, colaborando com a construção de um mundo melhor.
Estas instituições são a Expedicionários da Saúde e o IGMS.
A Expedicionários da Saúde consiste em uma organização brasileira sem fins lucrativos
criada em 2007 por um grupo de médicos voluntários. Tem como objetivo levar a medicina
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especializada e atendimento cirúrgico, à populações indígenas da Amazônia brasileira. É um
serviço complementar aos programas de atendimento à saúde e visa evitar a necessidade de
deslocamento, nem sempre viável, do doente e sua família até centros urbanos. Isso apenas é
possível graças ao Centro Cirúrgico Móvel. Nestas viagens, médicos de várias especialidades
reúnem-se de acordo com as necessidades levantadas. A parceria com profissionais
responsáveis pelos serviços de saúde local garante a inserção do grupo na região. Estes
agentes locais se responsabilizam pela busca de pacientes, transportes, acomodações e
cuidados pré e pós operatórios.
O IGMS é uma organização da sociedade civil de Interesse público que empreende a gestão
de projetos sociais voltados ao “Terceiro Setor” e desenvolve projetos conforme a análise
estratégica de cada corporação e entidade sem fins lucrativos. Tem por fim prestar assessoria
a empresas e organizações para que estas possam crescer entretecidas ao desenvolvimento de
um mundo melhor e atuar na reestruturação filosófica e comportamental da mesma.
7. Análise Evolutiva
Para interpretar a evolução da empresa ao longo de sua história, análises da variação anual de
seus índices e comparações com o mercado foram realizadas. Tais índices foram coletados
nos anuários estatísticos e econômicos da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) desde
o ano de surgimento da empresa (1998) até sua última publicação (2006). Esta análise
evolutiva foi dividida em duas abordagens distintas, a primeira busca interpretações dos
fenômenos de forma interna e a segunda de forma externa.
7.1. Análise Evolutiva Interna
A análise evolutiva interna consiste em analisar apenas as variações anuais dos índices da
empresa, identificando e relacionando como o acréscimo ou decréscimo destes influenciam na
eficiência (lucratividade) da companhia. O gráfico abaixo nos mostra a variação de alguns
destes itens. Como o objetivo desta primeira fase da análise é apenas verificar graficamente a
porcentagem das variações anuais, multiplicações e divisões na base dez foram utilizadas para
agrupar de melhor forma os dados.
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Gráfico 1: Variações de Índices:
Fonte: Anuários Estatísticos e Econômicos, ANAC (2008).
Para melhor visualização, tais dados foram separados em gráficos distintos, agrupando em
índices que apresentam relações diretas uns com os outros. O gráfico abaixo correlaciona o
Fator Aproveitamento (Load Factor) com a quantidade de assentos disponíveis multiplicado
aos quilômetros percorridos (ASK) e a quantidade de passageiros pagantes transportados
multiplicado aos quilômetros voados (RPK). O Fator Aproveitamento utiliza os índices ASK
e RPK, indicando a porcentagem de assentos ocupados em relação a quantidade de assentos
disponibilizados pela companhia.
-200.000,00
-100.000,00
0,00
100.000,00
200.000,00
300.000,00
400.000,00
500.000,00
600.000,00
700.000,00
800.000,00
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
R eceita de V ôo R $/1000
Des pes a de V ôo R $/1000
R es ultado de V ôo R $/100
As s ento.K m Oferec ido(mil)AS S /K M
P ax.K m Trans portado P g(mil)P AX/K M
Num P ax E mbarcado P g UN
K m V oados K M/10
Horas V oadas *10
C obertura F inanceira % *1000
L ucratividade % *10000
Aproveitamento % *1000
C us to/As s .K m *100000
Y ield R $ *100000
B reak-even % *1000
E tapa Média K m/h *100
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Gráfico 2: Relação entre ASK, RPK e LF.
Fonte: Anuários Estatísticos e Econômicos, ANAC (2008).
Já o gráfico abaixo agrupa os índices: Receita de Vôo, Despesa de Vôo, Resultado de vôo
(fruto da subtração dos dois anteriores) e Lucratividade (que será o índice de eficiência
utilizada no decorrer de toda a análise). Podemos reparar que a Lucratividade da empresa
caminha juntamente com a eficiência de vôo.
Gráfico 3: Relação entre Lucratividade e Resultado de Vôo.
Fonte: Anuários Estatísticos e Econômicos, ANAC (2008).
0,00
50.000,00
100.000,00
150.000,00
200.000,00
250.000,00
300.000,00
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
As s ento.K m Oferec ido(mil)AS S /K M
P ax.K m Trans portado P g(mil)P AX/K M
Aproveitamento % *1000
-100.000,00
-50.000,00
0,00
50.000,00
100.000,00
150.000,00
200.000,00
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
R eceita de V ôo R $/1000
Des pes a de V ôo R $/1000
R es ultado de V ôo R $/100
L ucratividade % *10000
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Outros índices que serão muito comentados durante esta análise serão o Yield e o CASK da
empresa. Yield consiste na receita por passageiro multiplicado aos quilômetros percorridos e
o CASK são os custos multiplicados ao ASK, já mencionado anteriormente. No gráfico
abaixo podemos observar que ambos os índices caminham na mesma direção com exceção
das variações entre os anos de 2003 - 2004 e 2005 - 2006. Estas exceções serão comentadas a
diante.
Gráfico 4: Relação entre Yield e CASK.
Fonte: Anuários Estatísticos e Econômicos, ANAC (2008).
O resultado da divisão entre os quilômetros voados e as horas voadas foi chamado de Etapa
Média. Sua variação anual pode ser observada na linha rosa do gráfico abaixo:
0,00
50.000,00
100.000,00
150.000,00
200.000,00
250.000,00
300.000,00
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
C us to/As s .K m *100000
Y ield R $ *100000
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Gráfico 5: Etapa Média de Vôo
Fonte: Anuários Estatísticos e Econômicos, ANAC (2008).
O agrupamento destes índices apresentados acima gera o gráfico abaixo. Através deste será
realizado as observações da análise interna.
Gráfico 6: Análise Interna
Fonte: Anuários Estatísticos e Econômicos, ANAC (2008).
0,00
100.000,00
200.000,00
300.000,00
400.000,00
500.000,00
600.000,00
700.000,00
800.000,00
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
K m V oados K M/10
Horas V oadas *10
E tapa Média K m/h *100
-100.000,00
-50.000,00
0,00
50.000,00
100.000,00
150.000,00
200.000,00
250.000,00
300.000,00
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
L ucratividade % *10000
Aproveitamento % *1000
C us to/As s .K m *100000
Y ield R $ *100000
E tapa Média K m/h *100
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No gráfico 6 podemos observar que a na grande maioria das variações anuais analisadas, a
Lucratividade da Trip Linhas Aéreas varia em proporção direta com a variação do Fator
Aproveitamento, que determina a ocupação de suas aeronaves. Isso nos mostra a profunda
relação deste aproveitamento com o sucesso da empresa, como observado nas variações entre
os anos de 1999-2000, 2001-2002, 2002-2003, 2004-2005. Já nas variações registradas entre
os anos de 2000-2001 e 2005-2006 o Fator Aproveitamento permaneceu praticamente estável.
Porém, houve duas observações onde tal variação não foi observada, são estas: entre os anos
de 2003 e 2004 (onde o Fator Aproveitamento cresce, porém a Lucratividade da empresa cai)
e entre 2005 e 2006 (onde o Fator Aproveitamento permanece quase que estável e a
Lucratividade da empresa cai profundamente). Em ambas as exceções, são os únicos casos
onde o Yield varia inversamente ao CASK.
Para tentar explicar esta correlação de fatos, definimos as variáveis:
YIELD = Receita / Número de Passageiros Transportados * Quilometragem Percorrida
Portanto, quando restante das variáveis em questão permanecem constantes, o Yield
decresce a medida que: receita decresce, número de passageiros cresce e
quilometragem percorrida decresce..
CASK = Custos * ASK * Quilometragem Percorrida
Portanto, quando restante das variáveis em questão permanecem constantes, o CASK
cresce quando cada uma das variáveis cresce.
Considerando as variações do gráfico 3 (onde as despesas de vôo caem em ambas as
variações) , uma possível justificativa para o maior crescimento de Yield em relação ao
CASK pode ser o crescimento dos custos de vôo seguido simultaneamente de uma redução
nas receitas. Tal fenômeno pode acontecer por diversas políticas e fatores, uma destas pode
ser a opção de reduzir o repasse dos custos ao preço das passagens, se sujeitando a um
decréscimo na lucratividade para poder manter a fatia de mercado (market share).
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7.2. Análise Evolutiva Externa
Nesta análise é realizada a comparação dos índices registrados pela empresa com o mercado,
para assim poder identificar sua posição. Primeiramente foram coletados dados do mercado
doméstico, realizando uma média simples entre Lucratividade, Aproveitamento, CASK, Yield
e Etapa Média para as seis empresas de maior relevância deste mercado (Tam, Total, Vasp,
Varig, Trip e Gol). Na tabela abaixo estão os registros de 2000, o mesmo foi feito para os
demais anos, entre 1999 e 2006 (o ano de surgimento da empresa, 1998, foi desprezado).
Tabela 2: Dados do Mercado Doméstico.
2000 TAM TOTAL VASP VARIG TRIP GOL MÉDIA
Lucratividade 3.01 -7.61 -1.41 12.34 -6.01 - 0.06467421
Aproveitamento 52.4 67.1 56.8 66.9 32.7 - 55.1999426
CASK 0.1251 1.0180 0.1282 0.1530 0.1906 - 0.323003227
Yield 0.2463 1.4088 0.2226 0.2608 0.5499 - 0.537652727
Etapa Média 508.6883579 381.6502494 605.5403289 665.9515914 390.7043692 - 510.5069794
Fonte: Anuários Estatísticos e Econômicos, ANAC (2008).
A partir destas médias foi realizado a comparação com a empresa Trip Linhas Aéreas e o
mercado, onde pôde-se observar algumas conclusões, como a etapa média da empresa sempre
menor que a média do mercado, e o Yield acima. Tais dados apenas comprovam que trata-se
de uma empresa regional, a qual a comparabilidade deve ser feita com demais empresas
regionais que formam de fato seu mercado relevante. Assim, as mesmas médias foram
realizadas para o mercado regional, utilizando as empresas Abaeté, Pantanal e Rico, da
mesma forma feita para o mercado doméstico. Na tabela abaixo estão os registros de 2000, o
mesmo foi feito para os demais anos, entre 1999 e 2006 (o ano de surgimento da empresa,
1998, foi desprezado).
Tabela 3: Dados do Mercado Regional
2000 ABAETÉ PANTANAL RICO TRIP MÉDIA
Lucratividade -
0.350248358 -
5.320002547 12.43157846 -6.01 2.253775851
Aproveitamento 36.73060976 38.35912204 67.25969361 32.7 47.44980847
CASK 0.847981653 0.226138486 0.209220495 0.1906 0.427780212
Yield 2.300593384 0.559751108 0.355223607 0.5499 1.071856033
Etapa Média 248.5326388 297.4666736 445.2017077 390.7043692 330.40034
Fonte: Anuários Estatísticos e Econômicos, ANAC (2008).
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Mesclando as observações feitas no análise interna com a comparabilidade da empresa com a
média do mercado regional, temos que no ano de 1999 a lucratividade da empresa eleva-se
em relação ao ano anterior (1998), ocupando uma posição acima da média do mercado.
Porém, apesar deste sucesso o Fator Aproveitamento caiu entre 1998 e 1999, uma possível
relação pode ser observada com o crescimento entre Yield e CASK: apesar da variação de
ambos os índices terem o mesmo sentido, o Yield cresce 30% mais que o CASK. Porém o
Yield ainda é mais baixo que a média do mercado regional.
No ano de 1999 para 2000 a Lucratividade e ao Fator de Aproveitamento decrescem, e o
Yield cresce ainda mais que o ASK: cerca de 60% acima. Assim, em 2000 o Fator
Aproveitamento atinge valor muito menor que a média do mercado e Yield ainda é metade da
média do mercado, apesar do alto crescimento.
Em 2001 a Lucratividade da Trip Linhas Aéreas decresce em relação ao ano anterior, mas
ainda permanece acima da média do mercado, e o Fator Aproveitamento permanece estável.
Observa-se que, neste ano, o CASK é mais baixo que a média do mercado.
A partir daí a eficiência da empresa começa a elevar-se até chegar ao ano de maior registro de
lucratividade, em 2003. Em 2002 a lucratividade aumenta atingindo marca superior a média
do mercado. Isso ocorre com Fator Aproveitamento acima da média do mercado regional e
CASK também acima.
Como já citado no parágrafo acima, em 2003 a empresa atinge seu maior registro de
lucratividade, com Fator Aproveitamento e CASK acima da média do mercado. Já em 2004
começa o período de queda da empresa: o CASK sobe muito, fazendo a Lucratividade
despencar, porém continua acima da média do mercado.
No ano de 2005, novamente a Lucratividade decresce com a queda do Fator Aproveitamento,
ainda permanecendo acima da média do mercado com Yield também superior.
No última ano em que a análise é feita, 2006, a empresa encontra-se em sua mais baixa
lucratividade da história, onde a Lucratividade decresce ainda mais em relação ao ano anterior
junto com o Fator Aproveitamento. Neste ano o Yield registrado também cresce em relação a
2005, continuando a ser mais alto que a média do mercado.
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Considerações Finais
Relacionando as observações realizadas pode-se concluir que a empresa registra baixos
índices de etapa média em relação ao mercado doméstico, e também apresenta Yield maior
que a média. Isto a caracteriza claramente como uma empresa regional, logo, a melhor análise
fica por conta da comparação com o mercado regional.
Comparando a empresa com seu mercado relevante, esta apresenta etapa média maior que as
demais, porém o Yield da Trip ainda é maior na maioria dos anos. Curiosamente, em dois dos
três anos consecutivos de grande decadência da Lucratividade (de 2003 a 2006) o Yield da
empresa decresce enquanto o CASK cresce. Isso pode nos mostrar uma tendência de
diminuição no repasse dos custos da empresa para garantir a fatia de mercado.
Nos anos de grande sucesso da empresa, onde apresenta Lucratividade muito maior que a
média do mercado regional, o Yield cresce mais que o CASK em relação aos anos anteriores e
o Fator Aproveitamento também é alto. Isto pode ser observado nos anos de 2002 e 2003.
Portanto, no último ano da análise (2006) a empresa encontrava-se sobre baixíssimos índices
de Lucratividade e em 2007 metade das ações da companhia foram vendidas para o Grupo
Águia Branca. Uma suposta razão pode ser o intuito de alavancar o caixa para continuar
preservando a política de manter preços menores para garantir a posição no mercado, para
então elevar novamente seu Yield, mantendo-o acima do mercado como observado na maioria
dos anos analisados.
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Referências Bibliográficas
Anuários Econômicos 1998-2006, Agência Nacional de Aviação Civil (2008). Disponível em
<http://www.anac.gov.br/empresas/dadosEconomicos.asp> acesso em: Setembro/2008.
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