isbn 9788547216429 - forumdeconcursos.com€¦ · 12/09/2011 · 1.5 a ampliação do...
TRANSCRIPT
-
ISBN9788547216429
Sarlet,IngoWolfgangCursodedireitoconstitucional/IngoWolfgangSarlet,LuizGuilhermeMarinonieDanielMitidiero.6.ed.SoPaulo:
Saraiva,2017.1.Direitoconstitucional2.Direitoconstitucional-BrasilI.Marinoni,LuizGuilherme.II.Mitidiero,Daniel.III.Titulo.16-1351CDU342(81)
ndicesparacatlogosistemtico:
1.Brasil:Direitoconstitucional342(81)
PresidenteEduardoMufarej
Vice-presidenteClaudioLensing
DiretoraeditorialFlviaAlvesBravin
Conselhoeditorial
PresidenteCarlosRagazzo
GerentedeaquisioRobertaDensa
ConsultoracadmicoMuriloAngeli
GerentedeconcursosRobertoNavarro
GerenteeditorialThasdeCamargoRodrigues
EdioBrunaSchlindweinZeni
ProduoeditorialAnaCristinaGarcia(coord.)|LucianaCordeiroShirakawaClarissaBoraschiMaria(coord.)|KelliPriscilaPinto|MarliaCordeiro|MnicaLandi|TatianadosSantosRomo|
TiagoDelaRosa
Diagramao(LivroFsico)EdsonColobone
RevisoAdrianaC.Bairrada
ComunicaoeMKTElaineCristinadaSilva
CapaCasadeIdeias
Livrodigital(E-pub)
Produodoe-pubGuilhermeHenriqueMartinsSalvador
ServioseditoriaisSuraneVellenich
-
Datadefechamentodaedio:20-12-2016
Dvidas?
Acessewww.editorasaraiva.com.br/direito
NenhumapartedestapublicaopoderserreproduzidaporqualquermeioouformasemaprviaautorizaodaEditoraSaraiva.
AviolaodosdireitosautoraiscrimeestabelecidonaLein.9.610/98epunidopeloartigo184doCdigoPenal.
http://www.editorasaraiva.com.br/direito -
ParaGabrielleBezerraSalesSarlet,meuamoreminhaparceiranumaluminosajornada,
dedicoapartequemetocanessaobraemconstruo...
IngoWolfgangSarlet
-
SUMRIO
Nota6.Edio
Nota5.Edio
Nota4.Edio
Nota3.edio
Nota2.edio
Apresentao
PrimeiraParte-TeoriadaConstituioedoDireitoConstitucional
1.AConstituioemperspectivahistrico-evolutiva-IngoWolfgangSarlet
1.1Consideraesintrodutrias
1.2OcasodaInglaterraesuaspeculiaridades
1.3OsEstadosUnidosdaAmrica:aviragemdeCoprnicodaevoluoconstitucional
1.4OlegadodaexperinciaconstitucionalnaFrana
1.5Aampliaodoconstitucionalismopelomundoocidental:rumoaomodelodoEstadoConstitucionalcomoparadigmauniversal
1.6ALeiFundamentaldaAlemanha(1949):notassobresuaformao,evoluoecontedo
1.6.1Precedenteseodesmantelamentodaordemconstitucionalpretritaporforadaditaduranacional-socialista
1.6.2Elaborao,contedoeafirmaodaLeiFundamentalde1949
1.6.3Aquedadomuro,areunificaoeaadoodaLeiFundamentalde1949comoConstituioFederaldaAlemanha
2.Classificaodasconstituies-IngoWolfgangSarlet
3.Estrutura,funesecontedodasconstituies-IngoWolfgangSarlet
3.1Asconstituiesesuaestrutura
3.1.1Consideraesdecartergeral
3.1.2Oprembulodasconstituies,comdestaqueparaoproblemadesuaforajurdicanaConstituioFederalde1988
3.1.3Disposiesconstitucionaispermanentes
3.1.4Disposiesconstitucionaistransitrias
3.2Asfunesdaconstituio
3.3Oproblemadocontedodasconstituies
4.Conceitoecaractersticasdodireitoconstitucional-IngoWolfgangSarlet
5.Dopoderconstituinteedamudana(reformaemutao)constitucional-IngoWolfgangSarlet
5.1Notasintrodutrias
5.2Oqueopoderconstituinte?
5.2.1Generalidades
-
5.2.2Anaturezadopoderconstituinte
5.2.3Distinoentrepoderconstituinteformalepoderconstituintematerial
5.2.4Caractersticasdopoderconstituinte
5.3Quemotitulardopoderconstituinte?Oproblemadalegitimidadedopoderconstituinteedaconstituio
5.4Formasdemanifestao(expressoouexerccio)dopoderconstituinte
5.4.1Aspectosintrodutrios
5.4.2Asformasdemocrticasdeexercciodopoderconstituinte
5.4.3Arevoluocomoformadamanifestaodopoderconstituinte
5.5Limitesecondicionamentosdopoderconstituinte?
5.6Generalidadesedistinoentreasdiversasformasdemudanaconstitucional:processosformaiseinformais(mutaoconstitucional)
5.7Opoderdereformadaconstituio
5.7.1Questesterminolgicas
5.7.2Natureza,caractersticasefunesdopoderdereformaconstitucional
5.7.3OpoderdereformanaConstituioFederalde1988
5.7.3.1AdistinoentrerevisoeemendascomomodalidadesdereformadaConstituio
5.7.4Oslimitesdareformaconstitucional
5.7.4.1Consideraesgerais
5.7.4.2Limitesformais
5.7.4.3Limitescircunstanciais
5.7.4.4Oproblemadoslimitesmateriais(asassimchamadasclusulasptreas)
5.7.4.4.1Naturezaesignificadodoslimitesmateriais
5.7.4.4.2Espciesdelimitaesmateriaisaopoderdereforma
5.8Aassimchamadamutaoconstitucionalesuasformasdemanifestao:algumasaproximaes
5.8.1Consideraesgerais:conceitoemodalidadesdemutaoconstitucional
5.8.2Mecanismos(modos)demutaoconstitucional
5.8.3Limitesdamutaoconstitucional:oproblemadasmutaesinconstitucionais
6.Eficciaeaplicabilidadedasnormasconstitucionais-IngoWolfgangSarlet
6.1Algunsaspectosterminolgicoseconceituais
6.2ApresentaoediscussodasprincipaisclassificaesdasnormasconstitucionaisquantosuaeficciaeaplicabilidadeadotadasnoBrasil
6.2.1Asposiesclssicaseasuagradualsuperao
6.3Apreciaocrticadasdiferentesposies
6.4Snteseconclusiva
7.OproblemadaefetividadedasnormasconstitucionaisedaforanormativadaConstituio-IngoWolfgangSarlet
8.Anormaconstitucionalnotempo-IngoWolfgangSarlet
8.1Consideraesgerais
8.2AConstituioeodireitoconstitucionalanterior
8.2.1AConstituiooriginriaeaConstituioanterior
8.2.2Asemendasconstitucionaiseodireitoconstitucional(originrio)anterior
8.3AConstituioeodireitoinfraconstitucionalanterior
9.AConstituioeasrelaescomodireitoestrangeiroeinternacional-IngoWolfgangSarlet
-
9.1Consideraesintrodutrias
9.2RelaesentreodireitoestrangeiroeaConstituio
9.3OdireitointernacionaleaConstituioFederalde1988
10.Linhasmestrasdainterpretaoconstitucional-IngoWolfgangSarlet
10.1Noesgerais
10.2Princpiosdainterpretaoconstitucional
10.2.1OprincpiodaunidadedaConstituio
10.2.1.1Princpiodoefeitointegrador
10.2.1.2Oprincpiodaconcordnciaprticaoudaharmonizao
10.2.1.3Aassimchamadaponderao(oubalanceamento)nocampodainterpretaoeaplicaodaConstituio
10.2.1.4Proporcionalidadeerazoabilidadecomoprincpiosecritriosdeinterpretaoconstitucional
10.2.2OprincpiodasupremaciadaConstituio
10.2.2.1OprincpiodamximaeficciaeefetividadedaConstituio
10.2.2.2OprincpiodaforanormativadaConstituio
10.2.2.3Oprincpiodainterpretao(dasleis)conformeConstituio
10.2.3Oprincpiodadivisodepodereseocorrelatoprincpio(dever)daconformidadefuncional:oproblemadaautorrestrioporpartedajurisdioconstitucionaleasassimchamadascapacidadesinstitucionais
SegundaParte-OSistemaConstitucionalBrasileiro
1.Oconstitucionalismobrasileiroemperspectivahistrico-evolutiva-IngoWolfgangSarlet
1.1OsprimrdioseaCartaImperialde1824
1.2AProclamaodaRepblicaeaimplantaodaFederao:aConstituiodaRepblicadosEstadosUnidosdoBrasilde1891
1.3AConstituiodaRepblicadosEstadosUnidosdoBrasilde1934
1.4OEstadoNovoeaCartade1937(aConstituioPolaca)
1.5AConstituiodosEstadosUnidosdoBrasilde1946
1.6AConstituiodoBrasilde1967eaEC1/1969
1.7BrevesnotassobreaConstituiodaRepblicaFederativadoBrasilde1988
2.Dosprincpiosfundamentais-IngoWolfgangSarlet
2.1Princpiodadignidadedapessoahumana
2.1.1Consideraesgerais
2.1.2Brevesnotassobreaformadepositivao(reconhecimento)dadignidadedapessoahumananaConstituioFederal
2.1.3Funesdadignidadedapessoahumananaarquiteturajurdico-constitucional
2.2PrincpiodoEstadoDemocrticoeSocioambientaldeDireito
2.2.1Noesgerais
2.2.2Oprincpiodemocrticoeasoberaniapopular
2.2.3Oprincpiodopluralismopoltico
2.2.4OprincpiodoEstadodeDireito
2.2.5OprincpiodoEstadoSocioambiental(aconjugaodajustiasocial,darealizaodosdireitoshumanosefundamentaissociaisedaproteodoambiente)761
2.2.6Princpiorepublicano
2.2.7Oprincpiofederativo
2.2.8Oprincpiodasustentabilidade(oudesenvolvimentosustentvel)788
-
3.Teoriageraldosdireitosfundamentais-IngoWolfgangSarlet
3.1Consideraesgerais805
3.1.1Aspectosterminolgicos:direitoshumanose/oudireitosfundamentais?
3.2Osdireitosfundamentaisemperspectivahistrico-evolutivaeasassimdesignadasdimenses(ougeraes)dedireitosfundamentais
3.2.1Consideraespreliminares
3.2.2Apr-histriadosdireitosfundamentais:dosprimrdiosnoodedireitosnaturais(inatoseinalienveis)dohomem
3.2.3Oreconhecimentodosdireitosfundamentaisnaesferadodireitopositivo
3.2.3.1Antecedentes(operodopr-constitucional)
3.2.4Asassimchamadasdimenses(geraes?)dosdireitosfundamentais:atrajetriaevolutivadosdireitosfundamentaisdoEstadoLiberalaoEstadoConstitucionalSocioambiental
3.2.4.1OsdireitosfundamentaisnombitodoEstadoLiberal(aassimchamadaprimeiradimenso)
3.2.4.2OadventodoEstadoSocialeosdireitoseconmicos,sociaiseculturais(aassimchamadasegundadimenso)
3.2.5Atitularidadetransindividualeosassimchamadosdireitosdaterceiradimenso
3.2.6Existemdireitosfundamentaisdequarta,quintaesextadimenso?
3.2.7Asdimenses(geraes)dosdireitosemperspectivacrtica
3.3Oconceitodedireitosfundamentaisnosistemaconstitucionalbrasileiro
3.3.1Aduplafundamentalidadeemsentidoformalematerial
3.3.2Aabertura(expansividade)docatlogoconstitucionaldosdireitosfundamentais:significadoealcancedanormacontidanoart.5.,2.,daCF
3.3.2.1Noespreliminares
3.3.2.2Classificaodosdireitosfundamentaiscombasenocritriodaaberturamaterialdocatlogoconstitucional
3.3.2.3DireitosprevistosnoTtuloIIdaCF
3.3.2.4Direitosfundamentaisdispersosnotextoconstitucional
3.3.2.5Direitossediadosnostratadosinternacionaisdedireitoshumanos
3.3.2.5.1Generalidades
3.3.2.5.2OprocedimentodeincorporaodostratadosdedireitoshumanosnaperspectivadaConstituioFederal
3.3.2.5.3Oproblemadahierarquiadostratadosdedireitosfundamentaisnaordemjurdicainternabrasileira:direitosfundamentaissemhierarquiaconstitucional?
3.4Adupladimensoobjetivaesubjetiva,amultifuncionalidadeeaclassificaodosdireitosegarantiasfundamentais
3.4.1Osdireitosfundamentaisesuadimensosubjetiva
3.4.2Aassimchamadadimensoobjetivadosdireitosfundamentais
3.4.3Multifuncionalidadeeclassificaodosdireitosfundamentaisnaordemconstitucional
3.5Atitularidadedosdireitosegarantiasfundamentais:quemosujeitodosdireitos?
3.5.1Consideraesgerais
3.5.2Apessoanaturalcomotitulardedireitosfundamentais:atitularidadeuniversalesuainterpretaonaConstituioFederal
3.5.3Oproblemadatitularidadededireitosfundamentaisporpartedosestrangeirosearelevnciadadistinoentreestrangeiroresidenteenoresidente
3.5.4Oproblemadatitularidadededireitosfundamentaisnoslimitesdavida
3.5.5Pessoasjurdicascomotitularesdedireitosfundamentais
3.6Aaplicabilidadeimediatadasnormasdedireitosegarantiasfundamentais:significadoealcancedoart.5.,1.,daCF
3.7Destinatriosdosdireitosegarantiasfundamentais
3.8Particularescomodestinatriosdosdireitosfundamentais:oproblemadaeficciadosdireitosfundamentaisnasrelaesprivadas
-
3.9Limiteserestriesdedireitosfundamentais1077
3.9.1Consideraesintrodutrias
3.9.2Ombitodeproteodosdireitosegarantiasfundamentais
3.9.3Oslimitesdosdireitosfundamentais
3.9.4Limitesaoslimitesdosdireitosfundamentais
3.9.4.1Noespreliminares
3.9.4.2Proporcionalidadeerazoabilidadecomolimitesdoslimites
3.9.4.3Aassimchamadagarantiadoncleoessencialdosdireitosfundamentais
4.Direitosfundamentaisemespcie-IngoWolfgangSarlet
4.1Odireitovida
4.1.1Brevehistrico:danoodedireitonaturalconsagraocomodireitohumanoefundamental
4.1.2mbitodeproteododireitovida:oconceitodevidaparaefeitosdatutelajurdica
4.1.3Relaododireitovidacomoutrosdireitosfundamentais
4.1.4Atitularidadedodireitovidaeoproblemadoincioefimdaproteojurdico-constitucionaldavidahumana
4.1.5Destinatrios(sujeitospassivos):rgosestataiseparticulares
4.1.6Odireitovidaesuadupladimensoobjetivaesubjetivacomodeverdeproteoecomplexodeposiessubjetivasdecontedonegativoepositivo
4.1.6.1Consideraesgerais
4.1.6.2Dimensessubjetivaeobjetivadodireitovida
4.1.7Limitesdasintervenesnodireitovida:umaanliseapartirdealgunsexemplos
4.1.7.1Consideraesgerais
4.1.7.2Existeumdireitodematar?Ocasodapenademorteedeoutrasintervenessimilares
4.1.7.3Adiscussoemtornodalegitimidadeconstitucionaldainterrupodagravidez
4.1.7.4Oproblemadeumdireitoaosuicdioeadiscussoemtornodaspossibilidadeselimitesdaeutansia
4.2Odireitointegridadefsicaepsquica
4.2.1Consideraesgerais
4.2.2Direitoconstitucionalestrangeiroedireitointernacionaldosdireitoshumanos
4.2.3OdireitointegridadefsicaepsquicanaConstituioFederal
4.2.3.1Observaesgeraiserelaocomoutrosdireitosfundamentais
4.2.3.2Adupladimensosubjetiva(negativaepositiva)eobjetivadodireitointegridadefsicaepsquica
4.2.3.3Titularesedestinatrios
4.2.3.4Intervenesnodireitointegridadecorporal,limiteserestries:acontrovrsiaemtornodeumdireitodisposiodoprpriocorpo
4.2.3.5Ocasodaproibiodatortura,detodoequalquertratamentodesumanoedegradante,incluindoaproibiodaspenascruis
4.3DemaisdireitosidentidadeeintegridadepessoalOdireitoaolivredesenvolvimentodapersonalidadeeosdireitosespeciaisdepersonalidade
4.3.1Osdireitosfundamentaisvinculadosproteodapersonalidadeeoscontornosdeseuregimejurdico-constitucional
4.3.1.1Consideraesgerais
4.3.1.2Direitointernacionaldosdireitoshumanoseconstituiesestrangeiras
4.4Odireitoaolivredesenvolvimentodapersonalidade:suafunocomoclusulageralesuarelaocomosdireitosespeciaisdepersonalidade
4.5Contornosdoregimejurdico-constitucionaldosdireitosdepersonalidade
-
4.6Odireitovidaprivada(privacidadeeintimidade)
4.6.1Consideraesgerais
4.6.2Contedo(mbitodeproteo)dodireitovidaprivada
4.6.3Limiteserestries
4.7Asalvaguardadosigilofiscalebancrio
4.8Inviolabilidadedodomiclio
4.8.1Notciahistricaegeneralidades
4.8.2DireitointernacionaldosdireitoshumanoseevoluoconstitucionalbrasileiraanteriorConstituioFederal
4.8.3ContedoelimitesdodireitoinviolabilidadedodomiclionaConstituioFederal
4.9Ainviolabilidadedacorrespondnciaeosigilodascomunicaesemgeral
4.10Proteodosdadospessoais
4.11Osdireitoshonraeimagem
4.11.1Consideraesgerais
4.11.2Odireitohonra
4.11.3Odireito(prpria)imagem
4.12Direitosdeliberdade
4.12.1AlgumasnotassobreumdireitogeraldeliberdadenaConstituioFederaleosistemaconstitucionaldasliberdadesfundamentais276
4.12.2Liberdadedeexpresso
4.12.2.1Notasintrodutrias:brevemiradasobreaevoluoconstitucionalbrasileirapretritaeodireitointernacional
4.12.2.2AliberdadedeexpressonaConstituioFederal
4.12.3Liberdadedeconscinciaedecrena(liberdadereligiosa)
4.12.3.1Notasintrodutriasebrevemiradasobreaevoluonombitododireitointernacional,direitoconstitucionalestrangeiroeevoluoconstitucionalbrasileira
4.12.3.2AliberdadereligiosaealiberdadedeconscincianaConstituioFederalde1988
4.12.4Liberdadedelocomoo
4.12.4.1Consideraesgeraisereconhecimentonoplanododireitointernacionaledireitoconstitucionalestrangeiro
4.12.4.2Aliberdadedelocomoonaevoluoconstitucionalbrasileirapretrita
4.12.5AliberdadedelocomoonaConstituioFederal
4.12.5.1Consideraesgerais
4.12.5.2mbitodeproteodaliberdadedelocomoo:suadimensoobjetivaesubjetiva
4.12.5.3Titularesedestinatrios
4.12.5.4Limitesdaliberdadedelocomoo
4.12.6Asgarantiasconstitucionaisrelativaspriso:ocasodaprisocivil
4.12.6.1Generalidades
4.12.6.2Aprisocivil:possibilidadeelimitesnaConstituioFederal393
4.12.6.2.1Generalidadeseevoluoconstitucionalpretrita
4.12.6.2.2ContedoembitodeproteodaproibiodaprisocivilnaConstituioFederal
4.12.6.2.3Aprisocivilnocasodeinadimplementovoluntrioeinescusveldeobrigaoalimentar
4.12.6.2.4Acontrovrsiaemtornodaprisocivildodepositrioinfiel
4.12.6.2.5Liberdadedeprofisso
4.12.6.2.6AliberdadedeprofissonaConstituioFederal
-
4.12.6.2.7Liberdadedeassociao
4.12.6.2.8Liberdadedereunio
4.13Direito(s)deigualdade:direitogeraldeigualdade,clusulasespeciaisdeigualdadeepolticasorientadasparaaigualdade
4.13.1Consideraesintrodutrias
4.13.2Daigualdadeformaligualdadematerial
4.13.3Brevesnotasarespeitodarelaoentredignidade,liberdadeeigualdade
4.13.4Contedoesignificadodoprincpiodaigualdadeedo(s)direito(s)deigualdadenaConstituioFederalde1988
4.13.4.1Generalidades
4.13.4.2mbitodeproteo:contedoealcancedoprincpioedodireitogeraldeigualdade
4.13.4.3Metdicadeaplicaodoprincpio(direito)daigualdadeeefeitosdesuaviolaonacondiodedireitosubjetivo
4.13.4.4Igualdade,diferenaeasassimchamadasaesafirmativas
4.14Dosdireitosfundamentaissociais592
4.14.1Aspectosgeraisrelativosaosdireitossociaiscomodireitosfundamentais
4.14.1.1Generalidades:osdireitossociaisnoquadrodaevoluoconstitucionalbrasileira
4.14.2Brevesnotassobreosdireitossociaisnombitododireitoconstitucionalestrangeiro
4.14.3OsdireitossociaiscomodireitosfundamentaiseseuregimejurdiconaConstituioFederal
4.14.3.1Aspectosgerais
4.14.3.2Titularesedestinatriosdosdireitossociais
4.14.3.3Oproblemadaeficciaeefetividadedasnormasdedireitossociais,comdestaqueparaacontrovrsiaacercadaexigibilidadedosdireitossociaiscomodireitosaprestaes
4.14.3.4Oproblemadaproteodosdireitossociaiseoassimdesignadoprincpiodaproibioderetrocesso
4.14.3.5Algumasnotasacercadoproblemadofinanciamentodosdireitossociais,dasclusulasptreaseasEmendasConstitucionaisn.94e95de2016
4.15Dosdireitossociaisemespcie
4.15.1Consideraespreliminares
4.15.2Odireitoao(eagarantiado)mnimoexistencialcomoespciedecategoriatransversal
4.15.3Odireitoproteoepromoodasade
4.15.4Odireitoalimentao
4.15.5Odireitomoradia
4.15.6Odireitoeducao
4.15.7Odireitoaotrabalho
4.15.8Odireitoaolazer
4.15.9Odireitoseguranasocial:previdnciaeassistnciaaosdesamparados
4.15.10Odireitoproteodamaternidade,dainfncia,dajuventudeedoidoso
4.15.11Odireitoaotransporte
4.16Nacionalidade764
4.16.1Consideraesintrodutrias
4.16.2Anacionalidadenombitododireitointernacional,comdestaqueparaosistemadereconhecimentoeproteodosdireitoshumanos
4.16.3Anacionalidadenodireitoconstitucionalestrangeiro
4.16.4Anacionalidadenombitodaevoluoconstitucionalbrasileira
4.16.5OregimedanacionalidadenaConstituioFederalde1988
-
4.16.5.1Consideraesgerais:anacionalidadecomodireitoegarantiafundamental
4.16.5.2Espciesdenacionalidade
4.16.5.2.1Anacionalidadeprimria:obrasileironato
4.16.5.2.2Anacionalidadesecundria:anaturalizaocomoformadeaquisiodanacionalidade
4.16.5.3Distinesentreosbrasileirosnatoseosnaturalizados
4.16.5.4Perdaereaquisiodanacionalidadebrasileira
4.16.5.5Oproblemadaassimchamadaduplanacionalidade
4.16.5.6Umcasoespecial:acondiojurdico-constitucionaldoscidadosportugueses(aassimchamadaquase-nacionalidade)
4.16.5.7OregimejurdicodoestrangeironaConstituioFederal
4.16.5.7.1Aspectosgerais
4.16.5.7.2Aexclusodoestrangeiroporiniciativaestatal:ashiptesesdedeportao,expulsoeextradio
4.16.5.8Ashiptesesdeasiloerefgio
4.16.5.8.1Oasilo
4.16.5.8.2Orefgio
4.17DireitosPolticos
4.17.1Consideraesgerais:osignificadojurdicodademocraciaesuarelaocomosdireitospolticoseosdireitosfundamentaisemgeral
4.17.2Osdireitospolticoscomodireitoshumanosefundamentais
4.17.2.1Consideraesgerais
4.17.2.2Osdireitospolticosnoplanosupranacional(internacionaleregional)
4.17.3Osdireitospolticosnoconstitucionalismobrasileiro
4.17.3.1Constituiesanteriores
4.17.3.2OsdireitospolticosnaConstituioFederalde1988
4.17.3.2.1Consideraesgerais:oregimejurdico-constitucionaldosdireitospolticosnacondiodedireitosfundamentais
4.17.3.2.2Osufrgioeodireitodevoto
4.17.3.2.3Atitularidadedosdireitospolticos
4.17.3.2.4Osufrgiopassivo:condiesdeelegibilidade
4.17.3.2.5Aindaosufrgiopassivo:ascausasdeinelegibilidade
4.17.3.2.6Oscasosdeperda,suspensoereaquisiodosdireitospolticos
4.17.3.2.7Areaquisiodosdireitospolticos
4.17.3.2.8Aregradaanualidadeemmatriaeleitoral(art.16daCF)
4.18Dospartidospolticos
4.18.1Consideraesgerais:posioefunodospartidospolticosnoEstadoDemocrticodeDireito
4.18.2Asdimensesdaliberdadepartidriaeseuselementosestruturanteseconsequncias
4.18.3Ospartidospolticosnodireitoconstitucionalbrasileiropretrito
4.18.4OspartidospolticosnaConstituioFederalde1988
4.18.4.1Anotaespreliminares
4.18.4.2Personalidadejurdicadospartidospolticos,suaautonomiaeliberdadenaCF
4.18.4.3Oproblemadafidelidadepartidriaedacorrelataperdadomandato
4.18.5Aigualdadedeoportunidadesentreospartidospolticos
4.18.5.1Aspectosgerais
-
4.18.5.2Dofinanciamentodospartidos
4.18.5.3Dapropagandaeleitoraledoacessoaosmeiosdecomunicao
5.Direitosfundamentaisprocessuais-LuizGuilhermeMarinonieDanielMitidiero
5.1Direitofundamentalaoprocessojusto
5.1.1Introduo
5.1.2mbitodeproteo
5.1.3Titularidadeedestinatrios
5.1.4Eficcia
5.1.5Conformaoinfraconstitucional
5.2Direitofundamentalcolaboraonoprocesso
5.2.1Introduo
5.2.2mbitodeproteo
5.3Direitofundamentaltutelaadequadaeefetiva
5.3.1Introduo
5.3.2mbitodeproteo
5.4Direitofundamentaligualdadeeparidadedearmas
5.4.1Introduo
5.4.2mbitodeproteo
5.5Direitofundamentalaojuiznaturaleaopromotornatural
5.5.1Introduo
5.5.2mbitodeproteo
5.6Direitofundamentalaocontraditrio
5.6.1Introduo
5.6.2mbitodeproteo
5.7Direitofundamentalampladefesa
5.7.1Introduo
5.7.2mbitodeproteo
5.8Direitofundamentalprova
5.8.1Introduo
5.8.2mbitodeproteo
5.9Direitofundamentalpublicidade
5.9.1Introduo
5.9.2mbitodeproteo
5.10Direitofundamentalmotivaodasdecises
5.10.1Introduo
5.10.2mbitodeproteo
5.11Direitofundamentalseguranajurdicanoprocesso
5.11.1Introduo
5.11.2mbitodeproteo
5.12Direitoassistnciajurdicaintegral
-
5.12.1Introduo
5.12.2mbitodeproteo
5.13Direitofundamentalduraorazoveldoprocesso
5.13.1Introduo
5.13.2mbitodeproteo
5.14Direitofundamentalaoduplograudejurisdio?
5.14.1Introduo
5.14.2mbitodeproteo
6.Aesconstitucionais-LuizGuilhermeMarinonieDanielMitidiero
6.1Habeascorpus
6.1.1Introduo
6.1.2mbitodeproteo
6.1.3Titularidade
6.1.4Conformaoinfraconstitucional
6.2Mandadodesegurana
6.2.1Introduo
6.2.2mbitodeproteo
6.2.3Titularidade
6.2.4Conformaoinfraconstitucional
6.3Mandadodeinjuno
6.3.1Introduo
6.4Habeasdata
6.4.1Introduo
6.4.2mbitodeproteo
6.4.3Titularidade
6.4.4Conformaoinfraconstitucional
6.5Aopopular
6.5.1Introduo
6.5.2mbitodeproteo
6.5.3Titularidade
6.5.4Conformaoinfraconstitucional
6.6Aocivilpblica
6.6.1Introduo
6.6.2mbitodeproteo
6.6.3Titularidade
6.6.4Conformaoinfraconstitucional
7.DaorganizaodoEstadoedaRepartiodeCompetncias-IngoWolfgangSarlet
7.1OEstadoFederalnombitodateoriaeprticadasformasdeEstado:noesgeraiseintrodutrias
7.2ElementosnuclearesqualificadoresdoEstadoFederal
7.3OEstadoFederalnaConstituiode1988
-
7.3.1BrevenotciahistricaformasdeEstadoeatrajetriadoFederalismonodireitoconstitucionalbrasileiro
7.3.2Principaisnovidades:ainclusodoMunicpiocomoentefederativoeoaperfeioamentodoassimchamadofederalismocooperativo
7.3.3AFederaocomoclusulaptrea(art.60,4.,I,daCF),osassimchamadosprincpiossensveis(art.34,VII,daCF)eoinstitutodasvedaesconstitucionais(art.19daCF)
7.4OinstitutodaIntervenocomogarantiadaintegridadedaFederao
7.4.1Noesgerais
7.4.2AIntervenonosEstadosenoDistritoFederal
7.4.2.1Pressupostosmateriaisehiptesesdecabimento
7.4.2.2Aspectosdeordemformaleprocedimental
7.4.2.2.1Iniciativadoprocessointerventivo
7.4.2.2.2Competnciaeformadoatointerventivo
7.4.2.2.3Amplitude,prazo,condieseconsequnciasdainterveno
7.4.2.2.4Dointerventoredesuaresponsabilidade
7.4.2.2.5Controlepolticoejurisdicionaldainterveno
7.4.3AintervenonosMunicpios
7.5Noesgerais
7.6Dascompetnciasadministrativas(materiais)dosentesfederativos
7.6.1Aspectosgeraisecompetnciasexclusivas(indelegveis)
7.6.2Competnciasadministrativascomuns(concorrentes)
7.7Dascompetnciaslegislativas
7.7.1CompetnciaslegislativasprivativasdaUnioesuadelegao
7.7.2CompetnciaslegislativasdosEstados
7.7.3CompetnciaslegislativasdosMunicpios
7.7.4CompetnciaslegislativasdoDistritoFederal
7.8Ascompetnciaslegislativasconcorrentes
7.8.1Consideraesgerais
7.8.2Algumasnotassobreo(problemticoecontroverso)conceitodenormasgerais
7.8.2.1AcompetnciasuplementardosEstadosedoDistritoFederal
7.8.2.2AcompetnciasuplementardosMunicpios
7.8.2.3Consideraesdenaturezacrticaluzdoexemplodaproteoambiental
8.Controledeconstitucionalidade-LuizGuilhermeMarinoni
8.1OsurgimentodocontrolejudicialdaconstitucionalidadedasleisnosEstadosUnidos
8.1.1Primeirasconsideraes
8.1.2Asuperioridadedocommonlawsobreosatosdoparlamentoingls
8.1.3ARevoluoGloriosa,de1688,eosignificadodoprincpiodasupremacyoftheEnglishParliament
8.1.4Docontroledosatosdacolniaapartirdodireitoinglsaojudicialreviewestadunidense.MerainversodoprincpiodasupremaciadoparlamentopeloprincpiodasupremaciadoJudicirio?
8.1.5Ossignificadosdesupremaciadoparlamentonasrevoluesinglesaefrancesa
8.1.6Ojudicialreviewdiantedoprincpiodaseparaodospoderes
8.1.7AmatrizjusnaturalistadaConstituioeospoderesconstituinteeconstitudo
8.1.8OcasoMarburyv.Madison.54AdoutrinaMarshall
-
8.1.9Consideraohistrico-crticaacercadosurgimentodosistemaamericanodecontroledifusodaconstitucionalidadedasleis
8.2AevoluodocontrolejudicialdaconstitucionalidadedasleisnaEuropa
8.2.1Primeirasconsideraes
8.2.2Osistemaaustracodecontroledeconstitucionalidade
8.2.3Amanutenodocontroleconcentradoeaexpansodomodoincidental.OsTribunaisConstitucionaisitalianoealemo
8.2.4Compreensodosistemaemqueojuiz,pornopoderdecidiraquestoconstitucional,remete-aparaanlisedaCorteConstitucional
8.3Histriadocontrolejudicialdeconstitucionalidadebrasileiro
8.3.1AConstituioImperial
8.3.2AConstituiode1891
8.3.3AConstituiode1934
8.3.4AConstituiode1937
8.3.5AConstituiode1946
8.3.6AConstituiode1967/1969
8.3.7AConstituiode1988
8.4Dasformasdecontroledeconstitucionalidade
8.4.1Controlejudicialecontrolenojudicial
8.4.1.1Objetodocontrolejudicial
8.4.2Controlepreventivoecontrolerepressivo
8.4.3Controleconcretoecontroleabstrato
8.4.4Controleincidentalecontroleprincipal
8.4.5Controledifusoecontroleconcentrado
8.5Asdiversasfacesdainconstitucionalidade
8.5.1Inconstitucionalidadeformaleinconstitucionalidadematerial
8.5.2Inconstitucionalidadeporaoeinconstitucionalidadeporomisso
8.5.2.1Primeirasconsideraes
8.5.2.2Inconstitucionalidadeporao
8.5.2.3Inconstitucionalidadeporomisso
8.5.2.3.1Instrumentosprocessuaisparacombateraomissoinconstitucional:mandadodeinjunoeaodiretadeinconstitucionalidadeporomisso
8.5.2.3.2Omissototaleomissoparcial
8.5.2.3.3Normaconstitucionalimpositivadedeverdelegislaredireitofundamentalcarentedetutelanormativa
8.6Inconstitucionalidadeoriginriaeinconstitucionalidadesuperveniente
8.6.1Inconstitucionalidadesupervenienteourevogao?Consequnciasprticas
8.6.2Alteraodosfatosemodificaodaconcepogeralacercadodireito
8.7Inconstitucionalidadetotaleinconstitucionalidadeparcial
8.8Inconstitucionalidadediretaeinconstitucionalidadeindireta
8.9Aquestoconstitucionalnoprocessocomum
8.10Adecisonocontroleincidental
8.11Anaturezaprejudicialdaquestodeconstitucionalidade
8.12Legitimadosaarguiraquestoconstitucionalnocontroleincidental
8.13Ocontroledeconstitucionalidadedeofcio
-
8.14Dainexistnciadeprecluso
8.15DeclaraoincidentaldeinconstitucionalidadenosTribunaisEstaduaiseRegionaisFederaisenoSTJ
8.15.1AexignciadequorumqualificadonosTribunais.Encaminhamentoedecisodaquestoconstitucional
8.15.2ASmulaVinculante10
8.15.3Interpretaoconformeedeclaraoparcialdenulidadesemreduodetexto.ExclusividadedoPlenoourgoEspecial
8.15.4Nocabimentodoincidentedeinconstitucionalidade
8.15.5QuestoconstitucionaljdecididapeloSTF
8.15.6QuestoconstitucionaljdecididapeloPlenrioourgoEspecial
8.15.7DeclaraodeinconstitucionalidadenoSTJ
8.15.8ProcedimentodoincidentedeinconstitucionalidadenosTribunais
8.15.8.1Procedimentoprvioperanteorgofracionrio
8.15.8.2ProcedimentoperanteoPlenoouorgoEspecial
8.16Recursoextraordinrio
8.16.1Recursoextraordinrio
8.16.2Repercussogeral
8.16.3AimprescindibilidadedeosprecedentesdaSupremaCorteobrigaremosjuzosinferioresnosistemaemquetodoequalquerjuiztempoderparacontrolaraconstitucionalidade
8.16.4Osprecedentesobrigatrioseaimportnciadafundamentaodasdecises
8.16.5Ratiodecidendieobiterdicta
8.16.6Aindividualizaodosfundamentosdeterminantesouratiodecidendi
8.16.7AeficciavinculantedosfundamentosdeterminantesnoSTF
8.16.8Atributosdaeficciavinculantedosfundamentosdeterminantes
8.16.9Eficciatemporaldarevogaodeprecedenteformadonocontroleincidental
8.16.9.1AquestonosEstadosUnidos
8.16.9.2Diferentesrazesparatutelaraseguranajurdica:decisodeinconstitucionalidadeerevogaodeprecedenteconstitucional
8.16.9.3Efeitosinterpartesevinculantesdadecisodeinconstitucionalidade(nocontroleincidental)edadecisoquerevogaprecedenteconstitucional
8.16.9.4Eficciaprospectivadedecisorevogadoradeprecedenteconstitucionalededecisoproferidaemcontroleincidental
8.16.9.5AfunodoSenadoFederal
8.17Controleincidentalnaaocivilpblicaenaaopopular
8.18Oproblemadocontroleincidentaldainconstitucionalidadeporomisso
8.18.1Primeirasconsideraes
8.18.2Opoderdecontroledifusoabarcaopoderdecontrolaraomissoinconstitucional
8.18.3Situaesemqueafaltadeleifrequentementesupridanaprticaforense
8.18.4Aeficciadosdireitosfundamentaissobreosparticulareseocontroleincidentaldaomissoinconstitucional
8.18.5Oslimitesdojuiznosuprimentodafaltadeleinecessriatuteladedireitofundamental.Ocontroledainconstitucionalidadeporomissocomocontroledainsuficinciadetutela
8.18.6Controledeinconstitucionalidadeporomissotuteladedireitofundamentaldenaturezaprocessual
8.18.7Legitimidadedoraciocniodecisrionosuprimentodetcnicaprocessual
8.19Primeirasconsideraes419
8.20Legitimidade
-
8.20.1Extensodalegitimidade,legitimadosuniversaiseespeciaisecapacidadeparapostular
8.20.2Legitimidade,pertinnciatemticaeinteressedeagir
8.20.3GovernadordeEstadoeAssembleiaLegislativa
8.20.4ConselhoFederaldaOrdemdosAdvogadosdoBrasil
8.20.5Partidopoltico
8.20.6Confederaosindicaleentidadedeclassedembitonacional
8.21Objeto465
8.22Parmetrodecontrole
8.23Procedimento
8.24Procedimentosumrioemsentidoformal
8.25Causadepediraberta
8.26Medidaliminar
8.27Amicuscuriae
8.28Esclarecimentodematriadefatoeinformaesacercadaaplicaodanormaimpugnada
8.29Dadeciso
8.30Primeirasconsideraes552
8.31Legitimidade
8.32Objetoeparmetrodecontrole
8.33Petioinicial
8.34Controvrsiajudicialrelevante
8.35Indeferimentodapetioinicial
8.36Participaonoprocesso
8.37Esclarecimentodematriadefatoeinformaesacercadaaplicaodanormaquestionada
8.38Medidaliminareseusefeitos
8.39Deciso
8.40Eficciaergaomnes
8.40.1Eficciaergaomnesecoisajulgadamaterial
8.40.2Decisodeconstitucionalidadeepossibilidadedeposteriorououtraaodiretadeinconstitucionalidade
8.40.3Decisodeconstitucionalidadecomefeitosergaomneseimpactodasnovascircunstnciassobreocontroledifuso
8.40.4Efeitostemporaisdarevogaodadecisodeconstitucionalidade
8.41Eficciavinculante
8.41.1Primeirasconsideraes
8.41.2Extensoobjetiva
8.41.3Extensosubjetiva
8.42Reclamao
8.43Modulaodosefeitostemporaisdadecisodeinconstitucionalidade
8.44Efeitosdadecisodeinconstitucionalidadesobreacoisajulgada
8.44.1Leiinconstitucionaledecisobaseadaemleiinconstitucional:efeitosdaleieefeitosdadecisojudicial
8.44.2Incompatibilidadedaretroatividadedadecisodeinconstitucionalidadecomosistemadifuso
8.44.3Coisajulgadaeseguranajurdica
-
8.44.4Retroatividadedadecisodeconstitucionalidadesobreacoisajulgada
8.44.5AimpugnaofundadaemdecisodeinconstitucionalidadenoCPCde2015:Daretroatividadetuteladaobservnciadasdecisesedosprecedentesconstitucionais
8.44.6Daaorescisriafundadaemviolaoliteraldelei(art.485,V,doCPC/73)aorescisriabaseadaemviolaodenormajurdica(art.966,V,doCPC/2015)
8.44.7Atesedequenohinterpretaocontrovertidadenormaconstitucional
8.44.8Nohdistinoentredecisoproferidaemcontroleconcentradoecontroledifusoparaefeitoderescindibilidadedecoisajulgada
8.44.9AprevisodehiptesederescisriabaseadaemulteriordecisodeinconstitucionalidadenoCPCde2015
8.44.10OcasoMetabelv.UnioFederal:anoadmissodeaorescisriabaseadaemulteriorprecedentedoSupremoTribunalFederalmedianteaafirmaodagarantiaconstitucionaldacoisajulgadamaterial
8.44.11Casosemqueseadmiteaorescisriabaseadaemviolaodenormaconstitucional
8.44.12Modulaodeefeitosecoisajulgada
8.45Inconstitucionalidade,nulidade,decisodeclaratriaeproduodeefeitos
8.46Declaraodeinconstitucionalidadetotaledeclaraodeinconstitucionalidadeparcial
8.47Inconstitucionalidadeporarrastamento
8.48Pronnciadeinconstitucionalidadesemdeclaraodenulidade
8.49Omissoparcial,pronnciadeinconstitucionalidadeeisolamentodedeterminadosefeitos
8.50Normaemtrnsitoparaainconstitucionalidade
8.51InterpretaoconformeConstituio
8.52Declaraoparcialdenulidadesemreduodetexto
8.53Primeirasconsideraes755
8.54HistriadomandadodeinjunonoSTF
8.55Escopodomandadodeinjuno
8.56Naturezamandamental?
8.57Legitimidade
8.58Medidaliminar
8.59Pressupostosparaaconcessodomandadodeinjuno
8.59.1Deverdelegislar
8.59.2Moradolegislador
8.59.3Normainsuficienteeomissoparcial
8.59.4Normanoautoaplicvel
8.59.5NormarecepcionadapelaConstituio,ediosupervenientedanormaeencaminhamentodeprojetodelei
8.60Coisajulgadanosmandadosdeinjunoindividualecoletivo
8.61Revisodadeciso?Aquestodosefeitostemporaisdacoisajulgada
8.62Retroatividadeapenasparabeneficiar
8.63Eficcianaturaldacoisajulgada
8.64Eficciadosprecedentes
8.65Omandadodeinjunodiantedapossibilidadedeafaltadeleisersupridanocasoconflitivoconcreto
8.62Primeirasconsideraes842
8.63Escopodaaodiretadeinconstitucionalidadeporomisso
8.64Objetodaomissoinconstitucional
-
8.65Legitimidade
8.66Procedimento
8.67Omissoparcialdeinconstitucionalidade
8.68Medidaliminar
8.69Dadecisonaaodeinconstitucionalidadeporomisso.Crtica
8.70Efeitosdadecisoproferidanaaodiretadeinconstitucionalidadeporomisso.ResponsabilidadedoEstadoporomissoinconstitucional
8.71Primeirasconsideraes894
8.72Modalidades
8.73Requisitosdaarguiodedescumprimentodepreceitofundamental
8.73.1Ausnciadeoutromeioprocessualcapazdesanaralesividadedemodoeficaz
8.73.2Relevnciadofundamentodecontrovrsiaconstitucionalsobreleiouatonormativofederal,estadualoumunicipal,includososanterioresConstituio
8.74Legitimidade
8.75Parmetrodecontrole
8.76Objeto
8.76.1Introduo
8.76.2AtosdoPoderPblico
8.76.3Direitopr-constitucional911
8.76.4Declaraodeinconstitucionalidadededireitomunicipal916
8.76.5Declaraodeconstitucionalidadedosdireitosmunicipaleestadual
8.76.6Controledeatolegislativoemfasedeformao
8.76.7Normadecartersecundrio
8.76.8Decisesjudiciaisearguiodedescumprimentodepreceitofundamental
8.76.9Aquestodaomissoparcial
8.77Procedimento934
8.78Medidaliminar
8.79Decisoeefeitos949
8.80Introduo950
8.81Legitimidade
8.82Objeto
8.83Compreensodosprincpiossensveiscomoparmetroparaadecretaodainterveno
8.84Procedimento
8.85Medidaliminar
8.86Decisoeefeitos
8.87Primeirasconsideraes968
8.88Normaestadualeduplicidadedecontroledeconstitucionalidade
8.89Decisode(in)constitucionalidadedenormaconstitucionalestadual,emfacedaConstituioFederal,emaodiretadeinconstitucionalidadepropostaperanteoTribunaldeJustia
8.90NormaconstitucionaldereproduoeinterpretaoincompatvelcomaConstituioFederal.Cabimentoderecursoextraordinrio
8.91AodeinconstitucionalidadeporomissonosEstados-membros
-
8.92AodiretadeconstitucionalidadenosEstados-membros
8.93Efeitosdadecisoproferidaemsededeaodiretadembitoestadual
8.94Introduo.Hierarquianormativadostratadosinternacionaisdosdireitoshumanos
8.95Significadodesupralegalidadedostratadosinternacionais
8.96Modosdecontroledaconvencionalidadenodireitobrasileiro
8.97Controledesupraconstitucionalidade
8.98OcontroledeconvencionalidadepelaCorteInteramericanadeDireitosHumanos
8.99ObjetoeparmetrodocontroledeconvencionalidadenaCorteInteramericana
8.100OsefeitosdasdecisesdaCorteInteramericanadeDireitosHumanos
Refernciasbibliogrficas
-
NOTA6.EDIO
Novamentetranscorreupoucotempoentreolanamentodaltimaedioeanecessidadederevisare
atualizaraobraparaassegurara tempestivapublicaodestasextaedio.Comoocorreunasedies
anteriores, tambmestafoiobjetodecuidadosaatualizaojurisprudencial,bibliogrficae legislativa,
inclusive com diversas inseres ao longo do texto, destacando-se as mais recentes e importantes
decisesdoSTFrelacionadasaosdiversostpicosdaobra,comdestaqueparaosdireitosfundamentais,
osdireitosprocessuaiseocontroledeconstitucionalidade.
Almdisso, tambmestaedioveioacompanhadadenovidades.Comefeito,almdainserodas
alteraesrelativasaoNovoCdigodeProcessoCivil,foiincludoumnovocaptulosobreospartidos
polticos, bem como um comentrio da nova lei que regulamenta o procedimento do Mandado de
Injuno.
Calha sublinhar, de outra banda, que as atualizaes levadas a efeito alcanam novidades
bibliogrficas, jurisprudenciais e legislativas disponveis at outubro de 2016, tendo a edio sido
fechadaemnovembro.
Assim, renovando o compromisso de manuteno da qualidade e gradual atualizao e
complementao desteCurso deDireito Constitucional, esperamos que sigamerecedor da confiana
nele(eemns)depositadapelopblicoacadmicoeprofissional.
PortoAlegreeCuritiba,novembrode2016.
IngoWolfgangSarlet
LuizGuilhermeMarinoni
DanielMitidiero
-
NOTA5.EDIO
Apresenteedio,comoasanteriores,almderevistaeatualizadanoquedizcomlegislao,doutrina
e jurisprudncia, contempla ao menos um item novo, ainda que modesto na sua formatao,
designadamenteumitemdedicadoaodireitoaotransporte,recentementeagregadoaocatlogodedireitos
sociaisdoart.6.daConstituioFederal.Comoaquartaediofoi lanadanomercadoeditorialno
incio de agosto de 2015, nesse meio tempo no chegaram a ocorrer muitas alteraes e
desenvolvimentossignificativos,demodoque,comosajustesoraefetuados,consideramosquetambm
esta edio alcana os seus objetivos, sem prejuzo do compromisso da gradual mas cuidadosa
ampliaodaobranasprximasedies.
PortoAlegreeCuritiba,dezembrode2015.
IngoWolfgangSarlet
DanielMitidiero
LuizGuilhermeMarinoni
-
NOTA4.EDIO
A quarta edio do presente Curso de Direito Constitucional, ora veiculada pela EDITORA
SARAIVA,maisumavez objetode atenta reviso e atualizao,mediante a inserono apenasde
bibliografia, mas especialmente de jurisprudncia e eventuais inovaes legislativas (atualizaes
limitadasaquiaoperododeatmaiode2015),comovaienriquecida,aexemplodasediesanteriores,
deumnovocaptulo,destafeitaversandosobreosPrincpiosFundamentaisdaConstituioFederalde
1988. Mas no s o captulo como tal novo, mas esta edio tambm distinta, em termos
comparativos,quantoaocontedodonovocaptulo,especialmenteemfaceda inseronosprincpios
fundamentaisdoPrincpiodoEstadoSocioambientaledoPrincpiodaSustentabilidade.Assim,coma
esperanadeseguircorrespondendosexpectativasemantendo-nosfiisaocompromissodepermanente
atualizaoecomplementaodaobra,agradecemosatodosquenostmprestigiadocomsualeiturae
crtica,manifestandoaquiespecialgratidopelaformacomquefomosacolhidospelaequipedaEditora
SARAIVA.
PortoAlegreeCuritiba,4dejunhode2015.
IngoWolfgangSarlet
LuizGuilhermeMarinoni
DanielMitidiero
-
NOTA3.EDIO
Tendoemcontaoesgotamentodemaisumaedio,comalegriaqueanunciamososurgimentodesta
terceiraedio,que,emsintoniacomasmetaspostasquandodasnotasintrodutriasdaedioinaugural,
surgeenrobustecida,atualizadaeamplamenterevista.Comefeito,almdainserodeumcaptulonovo,
versandosobreaOrganizaodoEstado,houvecuidadosaatualizaodajurisprudncia,notadamentedo
STF, assim como atualizao bibliogrfica e legislativa, resultando na insero de dezenas de novos
ttulosnabibliografiadaobra.Registre-se,nesseparticular,quesalvoumaououtraexceoqueainda
podesercontemplada,emtermosgeraisofechamentodasegundaedio,noquedizcomaatualizao
dasfontes,ocorreuemjaneirode2014.
Outroaspectoaserdestacadodizrespeitoaopreodaobra,que,emvirtudedealteraesdeordem
grfica, sem reduo do texto (pelo contrrio, houve insero de captulo novo), logrou ser reduzido,
tudo a contribuir para que a obra tenha ainda maior potencial de circulao. Se formos novamente
brindados como esgotamento desta edio, desde logo anunciamos amanuteno do compromisso de
progressiva complementao e aperfeioamento do texto. Assim, nos resta novamente agradecer ao
pblicoleitoreaosmultiplicadoresdaobrapelaconfianadepositada.
PortoAlegreeCuritiba,fevereirode2014.
IngoWolfgangSarlet
LuizGuilhermeMarinoni
DanielMitidiero
-
NOTA2.EDIO
Tendoemcontaoesgotamentodaprimeiraedio,inclusivemedianteumareimpresso,antesmesmo
decompletadoumanodeseulanamento(marode2012),comalegriaqueanunciamososurgimento
desta segunda edio, que, em sintonia comasmetas postas quandodas notas introdutrias da edio
inaugural, surgeenrobustecida, atualizadae amplamente revista.Comefeito, almda inserodedois
captulos novos e atualizados versando sobre a Nacionalidade e os Direitos Polticos, foram
incorporadosaotextodoistpicosadicionais,umdelesdiscorrendosobreaexperinciaconstitucional
alem, com destaque para a Lei Fundamental de 1949 (na parte sobre a constituio em perspectiva
histrica)eoutrodispondosobreodireito(garantia)aoduplograudejurisdio,esseltimoinseridona
partedosdireitosegarantiasfundamentaisprocessuais.Comtaisacrscimos,aobracresceuemtornode
100(cem)pginasemrelaoaotextodaprimeiraedio.Almdisso,houvecuidadosaatualizaoda
jurisprudncia, notadamente doSTF, assim como atualizao bibliogrfica e legislativa, resultando na
inserodedezenasdenovosttulosnabibliografiadaobra.Registre-se,nesseparticular,quesalvouma
ououtraexceoqueaindapodesercontemplada,emtermosgeraisofechamentodasegundaedio,no
quedizcomaatualizaodasfontes,ocorreuemnovembrode2012.
Poroutrolado,buscandocompensaroacrscimoemtermosdevolumedetextoeajustaropreofinal
de modo a torn-lo mais competitivo, foi ampliado o tamanho do volume (aumento da pgina),
assegurandoumnmeromaiordecaracteresporpgina,semquetivessesidonecessriaaexclusode
parte do texto da primeira edio. Em outras palavras, o que se buscou e seguir buscando, um
crescimento e ajuste sustentvel da obra. Se formos novamente brindados com o esgotamento da
segundaedio,desdelogoanunciamosamanutenodocompromissodeprogressivacomplementaoe
aperfeioamento do texto. Assim, resta-nos agradecer de forma entusiasmada ao pblico leitor e aos
multiplicadoresdaobrapelaconfianadepositada.
PortoAlegreeCuritiba,dezembrode2012.
IngoWolfgangSarlet
-
LuizGuilhermeMarinoni
DanielMitidiero
-
APRESENTAO
AmissodeescreverumCursoquepossaostentaressadesignaonosereveladefcilexecuo.
Por um lado, preciso assumir o compromisso de conciliar uma dosagem suficiente de contedo e
densidade,oferecendoaoleitorinformaorelativamenteacessveleatualizada,quepossaorient-lona
suatrajetriaacadmica,noplanodaformaopessoal,mastambmnasuaatividadeprofissional.Por
outro,importaselecionardeformaadequadaosassuntosqueinteressammaisdepertoparacompreenso
do direito constitucional brasileiro. Por mais completo que seja o programa da obra, dificilmente,
considerada a abrangncia do texto constitucional brasileiro, poder ser mantida a mesma densidade
quantoaotratamentodamatria.Essacontingnciasedeveaofatodeoscontedosqueextrapolamos
domnios convencionais do direito constitucional em que inequivocamente se inserem a teoria da
constituio, dos princpios e dos direitos fundamentais, da organizao do Estado e dos poderes
articularem-sefortementecomsubsistemastemticosemquecostumamsermaisdesenvolvidos.Ditode
outromodo,umcursodedireitoconstitucionalnopoderpretendersersimultaneamenteumcursode
direito tributrio,direitoadministrativo,direitoeconmico,direitoprevidenciriooumesmoumcurso
completosobreosdireitosfundamentaisemespcie.Dever,noentanto,serumreferencialadequado
paraquemquiseriralmtambmnessesdomnios.
EssasconsideraesabriramespaoparaduaspeculiaridadesquemarcamonossoCurso.
Aprimeiradelasdiz respeitoseleodocontedo.Comefeito, a exemplodoque severifica em
outroscasos,apresenteobranonasceucompleta,e,mesmoconsiderandoaatualizaoeampliaoa
cadareedio(eapresenteedionoserevelaumaexceo),nosepretendecompleta.Cuida-se,isso
sim,deumtrabalhoprojetadoparaumpermanenteprocessodeampliaoereconstruo,cujaprimeira
ediosurgiucontemplando,naprimeiraparte,algunsdosaspectoscentraisdateoriadaconstituioe
dodireitoconstitucional,deixandoaapresentaoeaanlisedosistemaconstitucionalbrasileiro(aquilo
que se costuma tambmdesignardedireito constitucionalpositivo)para a segundaparte.Almdisso,
convmfrisarqueseguesendonossainteno,porocasiodecadanovaedio,noapenasaperfeioar
-
e atualizar os tpicos ora versados, mas incluir, gradativamente, novos pontos, de modo a buscar a
almejadacompletude,aindaquesesaibaqueestasejamaisumidealdoqueumarealidadepossvel.
Queodestaqueeissojnaprimeiraediovaiparaostemascentraisdateoriadaconstituioedo
direitoconstitucionaleosdireitosfundamentaiseaefetividadedaconstituio(essatambmarazode
ser de uma alentada parte sobre o controle de constitucionalidade e das aes constitucionais) no
representamalgoaleatrio,masconstituemumdosaspectosdiferenciaismedianteosquaissepretende
queopresenteCurso,dealgummodo,possacontribuirparaauxiliarnoaprendizadoemanejododireito
constitucionalnoBrasil.
A segunda observao concerne autoria. Como projeo da nossa preocupao em apresentar
comunidadeacadmicaumtextosuficientementeslido,nosnareadateoriaconstitucional,mascom
particular foco na efetividade da Constituio, pareceu-nos conveniente conjugar esforos demodo a
poderenfrentarcompropriedade todosessesaspectosdoproblema.Dasurgiunossaparceria, como
intento de outorgar tratamento adequado e especfico tanto aos problemas de direitomaterial quanto
queles de direito processual que a Constituio brasileira apresenta. A propsito, para preservar a
identidadedecadaautoredasuarespectivacolaboraoparaaobra,todososcaptulostmgravadosos
nomes de seu autor, assegurando a pronta identificao da responsabilidade pelo texto pelo pblico-
leitor.
Apresentar (nocaso, reapresentar)umCurso comunidadeacadmicabrasileiradadoonvelde
excelnciadeboapartedanossaproduoconstitucionalnoconstituitarefaquesepossaassumirde
modoleviano.Pelocontrrio,issossejustificapelapossibilidadedepodercolaborarcomodebatea
fim de que nossas instituies se fortaleam e o Estado Constitucional viceje forte para alm das
contingnciaspolticas.Poroutrolado,isso,claro,ssejustificasetivermospresentequeadoutrina
temumamissoparaalmdasespecialidadesadeformar,emumespritodeUniversidade,pessoas
preocupadascomo sentidoconstitucional queperpassa todooDireito noEstadoConstitucional.o
nicoobjetivorazovelquesepodeassinalaraumCursodeDireitoConstitucionalrealmentecentrado
napreocupaocomapromoodaConstituio.
Porderradeiro,nopoderamosdeixardeagradecerEditoraSARAIVApeloestmuloepeloapoio
tcnicoparaaproduodestaquartaediodaobra,primeirapelaEditoraSaraiva.Ademais,embora
sendo uma reedio, mantm-se aqui os agradecimentos a todos os que colaboraram (em diversos
-
momentos e com diferentes autores) com a pesquisa bibliogrfica e jurisprudencial que resultou na
primeiraediodaobra,assimcomoarevisodenotas,designadamenteAndreiFerreiradeArajoLima
(acadmicodeDireitonaPUCRS),CarlosEduardoRangelXavier (ProcuradordoEstadodoParan),
ChristianDelgado(MestrandoemDireitonaUFPR),EduardoFrischmannKruter(BacharelemDireito
pelaUFRGSeAssessordeDesembargadornoTJRS),FernandoAndreoniVasconcellos(Doutorandoem
DireitonaUFPR),taloR.Fuhrmann-Souza(MestreemDireitopelaPUCRS),JefersonFerreiraBarbosa
(Mestre emDireito pela PUCRS),LuizHenriqueKrassuski Fortes (Bacharel emDireito pelaUFPR),
MarianaF.Figueiredo(AdvogadadaUnio,MestreeDoutorandapelaPUCRS),PaulaPessoaPereira
(MestrandaemDireitonaUFPR)eRonaldoLuizKochemJunior (AcadmicodeDireitodaUFRGS),
SelmaRodrigues Petterle (Advogada, ProfessoraUniversitria,Mestre eDoutoranda emDireito pela
PUCRS), Tiago Fensterseifer (Defensor Pblico em So Paulo, Mestre e Doutorando pela PUCRS).
Cumpre,ademais,enfatizarqueseguimoscontandocomascrticasesugestesdosleitores,demodoa
permitiroconstanteaperfeioamentodaobra.
PortoAlegre,RS,eCuritiba,PR,4dejunhode2015.
IngoWolfgangSarlet
LuizGuilhermeMarinoni
DanielMitidiero
-
PRIMEIRAPARTE
TeoriadaConstituioedoDireitoConstitucional
-
1
ACONSTITUIOEMPERSPECTIVAHISTRICO-EVOLUTIVADosantecedentes afirmaodo constitucionalismomodernoe doassim chamadoEstadoConstitucional
IngoWolfgangSarlet
1.1Consideraesintrodutrias1
Embora a noo de constituio, compreendida em sentido material, ou seja, como o modo de
organizao da sociedade poltica, seja bem mais antiga, o fato que a ideia de uma constituio
formal,nosentidodeumaconstituiojurdicaounormativa,portanto,comoexpressodeumpoder
constituinte formal, encontrou suaafirmao (terica e prtica) apenasapartir do final do sculo
XVIII.precisamentenessaperspectivaquejseafirmouqueofatodecadaunidadepolticaestarem
umaconstituio(ouserumaconstituio)nosignificaqueeladefatotenhaumaconstituio(formal,
no sentido de uma constituio normativa), de tal sorte que o termo constituio cobre ambas as
realidadesque,contudo,nosoequivalentesemtodaasuaextenso,vistoquenaprimeiraacepo(que
coincidecomadeconstituiomaterial)setratadeumconceitoempricooudescritivodeconstituio,
aopassoquenosegundosentidocuida-sedeumconceitonormativoouprescritivodeconstituio.2
Comissonoseestasustentar,todavia,queantesdaafirmaoeconsolidaodanoomodernade
constituioformal(jurdica)noexistissemdocumentosjurdicosdecunhoconstitucional(emboraem
largamedida distintos do que viriam a ser as constituies escritas no sentidomoderno), consoante,
alis,demonstradeformaemblemticaaexperinciaconstitucionalinglesa.Jportalrazo,mastambm
poraindaconstituirumaviadiferenciadanocontextomaisamplodaevoluoconstitucional,omodelo
ingls tambm ser considerado neste captulo, juntamente com as experincias norte-americana e
francesa que, como amplamente aceito, constituem os dois pilares do constitucionalismo na sua
-
versomoderna,oqual,emseustraosessenciais,seguemarcandooconstitucionalismocontemporneo,
embora emprocesso de permanente reconstruo, a ponto de se chegar a afirmar que, a despeito das
muitase relevantescontribuiesencontradasna literatura,ahistriado constitucionalismomoderno
aindaestsendoescrita,e,portanto,estporserescrita.3Emsentidosimilar,buscandodestacarquea
constituio e o constitucionalismo se caracterizam comoumprocesso evolutivo, h quemdiga quea
constituiopodesercompreendidacomoumaespciedeaquisioevolutiva.4
Nada obstante a existncia, antes do surgimento das constituies jurdicas modernas, de regras
jurdicas, inclusive consolidadas em documentos, regulando as relaes de poder poltico e mesmo
vinculando os titulares do exerccio do poder, tais regras (ainda que integrantes de uma constituio
material) no correspondem noo moderna de constituio normativa, nascida no final do sculo
XVIII,razopelaqual,comoadverteDieterGrimm,nohqueconfundirosfenmenosdajuridificao
edaconstitucionalizao:aconstituionosentidomodernodo termoconstituiumaformapeculiarde
juridificaodopoderedadominaopoltica,vinculadaadeterminadascondieshistricas,quenem
sempreestiverampresentesequepodemvoltarafaltar.5Defato,sealgunsdocumentosjurdicosmais
antigos,comoocasodaMagnaCartaInglesa(1215),masespecialmentedasdeclaraesdedireitos
inglesas do sculoXVII, tm sido considerados antecedentes de uma constituio jurdica no sentido
moderno (no caso peculiar da Inglaterra, at mesmo integrando, ainda hoje, a prpria constituio
histrica, juntamente com outros regramentos), certamente eram em muito distintos da noo de uma
constituio compreendida como lei fundamental de uma comunidade poltica, dotada, entre outras
caractersticas,daqualidadedenormahierarquicamentesuperior.6
Jportalrazo,importatersemprepresenteque,emboraasRevoluesAmericana(1776)eFrancesa
(1789)tenhamdemarcadoomomentoinicialdoconstitucionalismomoderno,7cujahistria,porsuavez,
estintrinsecamenteligadalimitaonormativadopoderpolticoegarantiadedireitosindividuaise
indisponveis,livresdeintervenoestatal,ofatoqueasvertentesdoconstitucionalismo(inclusiveda
noo de constituio jurdica) so mais remotas, podendo ser encontradas j no perodo medieval,
embora com amplo destaque para o constitucionalismo histrico e o pensamento poltico e filosfico
ingls.
Comefeito, emquepeseoconstitucionalismo tenhaseconsolidadoapartirdasgrandes revolues
dossculosXVIIeXVIII,formandotrsmodelosque,ressalvadasasdiferenasentresi,asseguraramas
-
basesdasexperinciasconstitucionaisposteriores,nocaso,osmodelosingls,norte-americanoefrancs
(osdoisltimosdefinidoresdoassimdesignadoconstitucionalismomoderno),foinoperodomedieval,
por meio da afirmao dos costumes e tradies (portanto, pelo direito costumeiro), que foram
estabelecidas regras gerais de organizao poltica, j a partir do sculo V.8 O prprio termo
constituio(quejaparecianaobradeAristteles)9erarelacionado,napoca,aumanooemprica,
nonormativa,queresultoudasimplestransposiodadescrionaturaldoprocessodedominaodos
territriosedeseushabitantesedodesenvolvimentohistricodasrelaesdepoderparaalinguagem
jurdicaepoltica,ondepassouaconstituirumconceitotambmnormativo,dodeverser.10Ademais,a
utilizao do termo constituio nos escritos polticos da Antiguidade e mesmo na fase seguinte, do
Medievo,costumavaemmuitoscasosdesignarummododeorganizaopolticaidealdasociedade,
comodo conta as obras doprprioAristteles (ao identificar e propor uma tipologia das formasde
governo),masespecialmenteaficodaRepblica,dePlato,aCidadedeDeus,deAgostinho,entre
outras.11
Com a derrocada gradual domodo de produo e de organizao da sociedade tpicos do perodo
medieval,geralmenteidentificadocomosistemafeudal(emboraasdiferenasimportantesregistradasde
lugarparalugareaolongodotempo),surge,especialmenteaolongodossculosXV,XVIeXVII,mas
com experincias anteriores, como d conta o caso de Portugal, que assumiu aos contornos de uma
unidadeestatalcentralizadaemumterritrioecomoexercciodopoderconcentradonasmosdeum
monarca jno sculoXIII, o assimchamadoEstadomoderno;opoderpoltico, antes fragmentadoem
diversos centros de poder, torna-se centralizado, indivisvel e absoluto, depositado nas mos do
monarca,cujasoberaniaeralegitimada,segundoumasriedeteorias,pelodireitodivino.12
ComaascensodascorrentesfilosficasqueiriamforjaroambientedoIluminismocomdestaque
para os escritos de Thomas Hobbes, John Locke, Jean-Jacques Rousseau e Immanuel Kant13 , a
legitimao e o exerccio do poder foram enquadrados em esquemas racionalistas, de modo que,
especialmente apartir do sculoXVIII, algumasdas consequnciasdessemovimento j semostravam
clarasnocenriojurdicoepolticoeuropeu,inclusivemigrandoparaocenriodascolniasinglesasna
Amrica, em que acabou eclodindo o processo que levou ao surgimento das primeiras constituies
escritasnosentidomodernodo termo.Dentre tantosoutrosaspectosdignosdenota,enfatiza-seaquia
afirmao do primado da lei em detrimento do costume como fonte do direito (movimento de
-
codificao),almdaalteraodaconcepoatentovigentedesoberania,comocentradanafigurado
prncipe,paraumconceitodesoberanianacional,ondealeieraconcebidacomoaexpressomximada
vontadegeral.14
Com o incremento do capitalismo como modo de produo, primeiramente com o incremento e
expanso das relaes comerciais a partir do final da IdadeMdia, e depois por via de seumodelo
industrial oriundo da revoluo econmica na Inglaterra, a burguesia revela-se como o setor mais
avanadoedinmicodasociedade,avultando,cadavezmais,ocontrasteentresuaposioeconmicae
aausnciadesuaparticipaonopoderpoltico.Assim,inevitvelochoquedeinteresses,findandona
ecloso de movimentos revolucionrios que iriam contestar os privilgios da monarquia do antigo
regime,inclusiveemtermosdemovimentosdesecessoporpartedascolnias,noapenasnosEstados
Unidos (1776-1783) e na Frana (1789-1799) seguramente as duas mais importantes para o
constitucionalismo,mastambmnaIrlanda(1783-1784),naBlgica(1787-1790),naHolanda(1783-
1787) e, inclusive, na Inglaterra (1779), que j havia passado por um perodo de intensa agitao
poltico-institucional,inclusiveporumaguerracivil,aolongodosculoXVII.
Embora integrante do ciclo revolucionrio do sculo XVIII, no tendo, portanto, sido um evento
isolado no contexto da poca, a Revoluo Francesa, eclodida em 1789, foi, sem dvida, o mais
profundo e impactante (consideradas as suas propores e repercusso) entre os movimentos
revolucionrios. Alm de ter sido uma revoluo social de massa, mais radical do que as que a
precederamequeaseguiram(exceofeitaaosmovimentosrevolucionriosocorridosnaRssiaena
China, no sculo XX), foi a nica de carter ecumnico, dizer, seus ideais foram concebidos para
revolucionaromundo,diferentementedarevoluonorte-americana,cujoacontecimentocentrou-senos
EstadosUnidosenospasesnelaenvolvidos.15
Consoante anota Horst Dippel, ainda que as consequncias polticas e jurdicas da Revoluo
Francesa tenhamadquiridoproporesmundiais, no foinaFranaque sedeuaorigemdoquehoje
entendemosporconstitucionalismomoderno,mas,sim,nosEstadosUnidosdaAmrica,mediante,ainda
numaprimeira fase,apromulgaodaDeclaraodosDireitosdaVirgnia,em1776.Taldocumento
jurdico, diferentemente do Bill of Rights da Inglaterra (1689), embora em boa parte por influncia
daquele, foi o primeiro a consagrar umadeclarao de direitos estabelecida pelos representantes do
povo, reunidos numa conveno plena e livre, direitos que foram compreendidos como constituindo a
-
base e o fundamento do governo.16Ainda comDippel, a Declarao de Direitos da Virgnia, pelo
menos em seus traos essenciais, serviu demodelo para a Declarao dosDireitos doHomem e do
Cidado, promulgada na Frana, em 16 de agosto de 1789, de modo que, indiretamente, o
constitucionalismonorte-americanoinfluencioutextosconstitucionaisemescalaglobal.17Nestemesmo
contexto, calha relembrar a lio de Thomas Paine, um dos intelectuais norte-americanos (embora
nascidonaInglaterra)maisdestacadosdoperodorevolucionrio,nosentidodequeumaconstituio
noumatodegoverno,masdeumpovoconstituindoumgoverno.Governosemconstituiopoder
semdireito.18Talafirmao,porsuavez, reforaanoodequecomaDeclaraodaVirgnia,de
1776,maisespecialmentecomapromulgaodaConstituiodosEstadosUnidosdaAmrica,de1787,
algodesubstancialmentenovoestavaasurgir.
Noqueconsistemostraoscaractersticosdoconstitucionalismomodernoedostrsgrandesmodelos
queseafirmaramaolongodossculosXVIIeXVIII(Inglaterra,EstadosUnidosdaAmricaeFrana),
ser objeto de ateno logo na sequncia, ainda que existam outras experincias e tradies
constitucionais que, especialmente ao longo do sculo XX, influenciaram a noo contempornea de
constitucionalismo.19De outra parte, importa enfatizar quea incluso da experincia constitucional
inglesaresultaimperiosajpelofatodequeoconstitucionalismo,setomadoemsentidomaisamplo,
abarcaoprocessohistricomarcadopelodesenvolvimentodanoodelimitaojurdicadopoder
poltico, que teve precursores e uma tradio importante na Inglaterra, ainda que no mediante a
adoodeumaconstituioescritatalcomoocorreunaAmricadoNorteenaFrana,20mas tambm
pelo fato de que na Inglaterra radicam elementos tericos importantes que auxiliaram a pavimentar o
terrenoparaaedificaodoconstitucionalismomoderno.Muitoemboranoseverifiqueumconsenso
quantoaesteaspecto,tambmdignodenotaqueparamuitosoInstrumentodeGoverno(Instrumentof
Government) impostodurante aditaduradeOliverCromwell, em1653, perodonoqual amonarquia
estavaalijadadopoder,adespeitodesuatransitoriedade,podeserconsideradocomoodocumentomais
prximodasfunesdeumaconstituioescritanosentidomodernodotermo,almdetersidoanica
constituioescritaqueaInglaterrateve,21tudoareforaraimportnciadainclusodamatrizinglesa
nocontextodaevoluodoconstitucionalismomoderno.
1.2OcasodaInglaterraesuaspeculiaridades
No h, at hoje, uma constituio escrita na Inglaterra, pelo menos, no sentido das constituies
-
escritasque, apartir do finaldo sculoXVIII, passarama caracterizaro constitucionalismomoderno.
Nada obstante, a Inglaterra j possua os elementos essenciais de ummoderno Estado constitucional,
mesmo antes da declarao de independncia dos EstadosUnidos daAmrica e da promulgao das
ConstituiesdosEstadosUnidos,daFranaedaPolnia,todasnofinaldosculoXVIII,vistoquena
Inglaterrajvigoravaumsistemadelimitesaopoder,umdevidoprocessolegislativoformal,umregime
parlamentardotadodeumarepresentaopopular,emesmoexistiaumconjuntodegarantiaseliberdades
civis,asseguradopormeiodedocumentosjurdicosquase-constitucionais,aindaquedistintodosdireitos
fundamentaisnosentidoatualdotermo.22
SegundoDieterGrimm,sodoisosmotivosprincipaisparaquea Inglaterra,pasque,dopontode
vista econmico e poltico, era o mais liberal do antigo regime, acabasse prescindindo de uma
constituio formal. Um primeiro motivo apontado pelo autor reside no fato de no ter sido
necessria uma ruptura revolucionria para a consolidao das relaes civis em face da dominao
tradicional absolutista, j que, poca do sistema feudal, em contraposio ao que se passava no
continente,oslimitesentreaaristocraciaeaburguesiaeramsignificativamentemaistnues,demodoque
havia tanto o enobrecimento de cidados honrados quanto o exerccio da atividade empresarial por
segmentosdaaristocracia.Almdisso,aindadeacordocomoautor referido,aReformana Inglaterra
no se fez em direo ao fortalecimento do poder monrquico, mas, sim, conduziu a uma gradativa
valorizao do Parlamento, j no sculo VI, quando Henrique VIII tentou assegurar o apoio do
ParlamentomediantesuarupturacomRoma,ouseja,comaIgrejaCatlicaRomana.23
O processo constitucional ingls, de carter cumulativo e evolutivo, transmitido de gerao para
gerao,principioucomodesenvolvimentodasinstituiesfeudaisque,numaprimeirafase,resultouno
fortalecimentodopoderpolticodosbares,mediantea imposio,aoReiJooSemTerra,daMagna
ChartaLibertatum,em1215,documentoque, todavia,veioposteriormentea influenciaraconsolidao
doParlamento,aindaquecontroladopelorei.24Cumpreaverbar,naesteiradaliodeDieterGrimm,
que, diversamente do que passou a ocorrer no continente, onde o absolutismomonrquico dominou o
cenrio especialmente ao longo dos sculos XVI e XVII, na Inglaterra a convivncia de uma
representaodaburguesiaedanobreza,nombitodoParlamento,demarcouummodelodeevoluo
peculiar, visto que ambos os setores no apenas apresentavam interesses em parte comuns, como
detinhamuma representaopoltica.25Oembate entre oParlamento e o podermonrquicoquede
-
certomodomarcouaevoluopoltico-institucionalinglesadeformacrescente,muitoemboravarivel
ganhou contornos mais intensos no sculo XVII, resultando, em 1628, na assim chamada Petio de
Direitos(PetitonofRights),umadeclaraodedireitosqueestabelecialimitaessubstanciaisaopoder
doReiCarlosI.Este,adespeitodoscompromissosassumidosporforadapetiodedireitos,dissolve
diversosParlamentos,impeimpostossemaprviaaprovaopeloParlamento,oqueresultanacriao
deumexrcitopeloParlamentoenoconfrontocomasforasreais,tudoadesembocarnumaguerracivil,
que levou vitria das foras parlamentares e decapitao do rei, em 1649. Todavia, uma vez
instauradaaRepblica,ocomandantedoexrcitoquederrotouasforasmonrquicas,OliverCromwell,
dissolveuoParlamento(1652)einiciouumaespciedeabsolutismo(ouditadura)republicano,almde
promulgar um documento que costuma ser considerado como a primeira verso de uma espcie de
constituioescrita,que,talcomojapontadonaparteintrodutria,foianicaqueaInglaterrajamais
teve (oassimchamado InstrumentofGovernment, de1653) eque esteve emvigorporpouco tempo,
tendoemvistaamortedeCromwell(1658)earestauraodamonarquia,em1660,comoretornodo
exlio de Carlos II, filho de Carlos I.26 O carter efmero da peculiar experincia inglesa de uma
constituioescritaencontraexplicaonofatodeque,comamortedeCromwell,anovaordemlogo
comeou a soobrar, e o Parlamento, em juno com outras foras polticas e sociais, optou pela
restauraodamonarquia,justamenteaformadegovernoquehaviasidoderrubadapelaconstituiode
Cromwell.27
Embora restabelecida a monarquia e a Cmara dos Lordes, que havia sido dissolvida durante a
ditaduradeCromwell,ocontextojeracompletamentediferente,marcadojpelacrescentesupremacia
doParlamento,ondeomonarcagozavadepoderessignificativamentelimitados,aindamaisapartirda
ediodaDeclaraodeDireitos(BillofRights),em1689.28Comefeito,oassimchamadoModelo
Westminster, como era designada a forma de governo inglesa, teve seu ponto culminante no perodo
compreendidoentre1688e1689,quandoforamestabelecidasmudanaspolticaseinstitucionais,como
aconsolidaodasupremaciadoParlamentoemrelaoaoreiesuperioridadedaCmaradosComuns
sobre a Cmara dos Lordes.29 Note-se, todavia, que a Declarao de Direitos, pactuada entre o
ParlamentoeaCoroa,diversamentedarevoluoamericanaeespecialmentedafrancesa,foioresultado
deummovimentoconservadordaordemestabelecida,resultandonaconfirmaodosantigosdireitose
imunidadesquejintegravamatradioinglesa.30Poroutrolado,adespeitodetaiscircunstncias,a
-
DeclaraodeDireitosde1689,comopontoculminantedaassimchamadarevoluogloriosa,podeser
consideradacomoumdosprincipaismomentosconstitucionaisdaInglaterra,vistoquerepresentoua
necessidade de estabelecer, demarcar e limitar, inclusive mediante um texto escrito, os poderes da
legislatura e do monarca.31 Tal evoluo, por sua vez, naquilo que legou ao mundo o modelo
parlamentar e um primeiro sistema de liberdades civis e polticas, pode ser considerada como a
grandecontribuioinglesaaoconstitucionalismoeparaahistriadasinstituiespolticas,muito
emboraaquinosepossaadentrarnosdetalhesdetalmodeloeseusdiversosdesdobramentos,sejapara
aInglaterra,sejaparaoutrasordensconstitucionais.32
Adespeitode sua relevnciaparaaevoluodoconstitucionalismoepelo fatodena Inglaterra ter
sidoengendradooprimeiroEstadodefeioliberal,omodeloinglsconstituiumaviapeculiar,visto
que,almdeno tersidobaseadonadistinoentrepoderconstituinteepoderesconstitudos,no
contempla o princpio da supremacia da constituio, inexistindo, portanto, um controle de
constitucionalidadedosatoslegislativos,notadamenteporforadaadoodoprincpiodasupremacia
parlamentar.Aindaassim,aolongodostempos,importantesmudanasforamdesenvolvidasnombitoda
configuraoinstitucionaldoPoderJudiciriocomorgo independentedaatuaoparlamentar,oque
pode ser ilustrado mediante referncia aprovao, em 1998, pelo Parlamento, da incorporao ao
direitointernodaConvenoEuropeiadeDireitosHumanos,oassimchamadoHumanRightsAct,que
operacomoparmetroparaalegislaoordinriaepodeensejarumadeclaraodeincompatibilidade
emconcretopeloPoderJudicirio.33
Almdisso, em2005, foi aprovadooConstitutionalReformAct, reorganizandooPoder Judicirio
ingls,medianteoqualfoiestabelecidaumaseparaoorgnicaentreoPoderJudicirioeoParlamento,
esvaziandoas funes judiciaisdaCmaradosLordese transferindo funesparaumanovaSuprema
Corte.34Assim,muitoemboraaquise tenhaapresentadooconstitucionalismoinglsdemaneiramuito
esquemtica,oquesepercebeque(tambm)secuidadeummodeloempermanente(re)construo,o
qual,emborasigasubstancialmentedistintodatradiodeumconstitucionalismoescritopelomenosno
sentido de uma codificao de normas formalmente constitucionais e hierarquicamente superiores s
demais35, contemplaelementos importantesdomodernoEstadoconstitucional, e est, almdomais,
pelo menos quanto a alguns aspectos (como d conta, entre outros exemplos, o caso da Conveno
Europeia de Direitos Humanos e oHuman Rights Act), em processo de gradativa aproximao dos
-
demaismodelos, o que emmuito se deve integrao europeia, para alm de outros fatores que so
externosmatrizoriginalinglesa,incluindoaglobalizaodaeconomia,aspectosque,contudo,aquino
serodesenvolvidos.
1.3 Os Estados Unidos da Amrica: a viragem de Coprnico da evoluoconstitucional
NaAmricadoNorte,medianteaDeclaraodeIndependnciadasantigastrezecolniasinglesasea
posterior fundao do Estado Federal, com a promulgao da Constituio de 1787, a formao do
constitucionalismomoderno adquiriu feies paradigmticas.36 Uma das peculiaridades quemarca o
estgio inicialdaevoluoconstitucionalnorte-americana residenacircunstnciadequea criaoda
Constituio (a primeira constituio escrita no sentido moderno do termo) coincidiu com a prpria
formao do pas como nao independente. O constitucionalismo republicano dos Estados Unidos
fundou um novo sistema poltico, apto a garantir a independncia das treze antigas colnias inglesas,
estabelecendo regras gerais de atuao poltica e consagrando direitos naturais da pessoa humana,
especialmentecomnfasenaeliminaodosentravess atividades econmicas,quecaracterizavama
pocadetutelacolonialbritnica.37
Todavia, embora apenasodocumento elaboradopelaConvenodaFiladlfia, em1787, possa ser
consideradocomoaprimeiraConstituiodosEstadosUnidosdaAmricaeostentemesmoottulode
primeira constituio moderna, os constituintes puderam recorrer a precedentes oriundos da prpria
realidadenorte-americana,inclusivedafasecolonial,vistoqueascolnias,aderindoaomovimentoque
semanifestavanaInglaterra,elaboraramdocumentosque,aexemplodaDeclaraodeDireitoseoutros
documentosconstitucionaisingleses,podemserconsideradoscomoantecedentesdaconstituioescrita,
como foi o caso das assim chamadas cartas coloniais (Colonial Charters ou Colonial Forms of
Government).38 Tais documentos, todavia, embora tenham preparado o terreno para as diversas
constituiesaprovadaspelosEstadosoriginriosdasex-colniasacontarde1776,masespecialmente
paraaConstituiode1787,nopodemserequiparadosaumaconstituiojpelosimplesfatodeas
colniasseremdependentesdaInglaterraenoconstituremEstadossoberanos.
Quando,em4de julhode1776,assinadaaDeclaraode Independnciadasantigascolniasda
Inglaterra na Amrica do Norte, tais colnias constituram Estados independentes, soberanos. Pouco
tempodepois,cientesdanecessidadedefortaleceraunioparaenfrentaroinimigocomum,vistoquea
-
guerracontraaInglaterraaindanoestavavencida,osEstadosindependentesratificaram,em1781,os
famosos Articles of Confederation, estabelecendo uma confederao formada pelos treze estados
soberanosoriginadosdasantigascolnias,que,portanto, representouumaformacompostadeEstados,
mas no uma Federao como veio a ser criada logo mais adiante. Foi, entre outras razes, com a
intenodeimprimirunidadeeestabilidadeaosistema,medianteacriao,especialmente,deumPoder
Executivoaptoagerenciaradisputainterna,quefoiconvocadaaConvenodaFiladlfia,que,em1787,
aprovou a primeiraConstituio (jurdica e escrita) no sentidomodernodo termo, alis, a primeira e
nicaConstituioescritaqueosEstadosUnidosdaAmrica,comonaoindependenteesoberana,j
tiveram.39Almdisso,tambmporforadopactoconstituintede1787,foicriadaaprimeiraRepblica
Federativa e Presidencialista no mbito da evoluo poltica e institucional poltico-institucional da
humanidade.Apesar disso, fica o registro de que aConstituio de 1787 no foi o resultado de uma
decisoprviaeplanejada,mas,sim,aformaencontradapelosintegrantesdaConvenodaFiladlfia
para resolver um problema concreto e imediato, qual seja o da estruturao e organizao interna do
poder.40
ConsiderandoqueotextoaprovadopelaConvenode1787foi,antesdeentraremvigor(oqueveio
aocorrer em julhode1788), submetidoaumprocessode ratificaopelosEstadosque integravama
antigaConfederaoeque,portanto,renunciaramsuasoberania,necessriodestacaraimportncia,
para tal ratificao, dos escritos de Alexander Hamilton, James Madison e John Jay, publicados na
imprensadeNovaYork,entreoutubrode1787emaiode1788, sobo ttulodeOFederalista, e que,
juntamente com outras contribuies de relevo, ajudaram a formar, no seu conjunto, no apenas o
substratoe a justificao tericadanovaordemconstitucional,mas tambmaevoluoconstitucional
posterior.41
Importa notar, todavia, que, embora o ttulo de primeira constituio moderna seja atribudo ao
documento elaborado em1787, j desde aDeclarao de Independncia, em1776, quando as antigas
colniasconstituramEstadosindependentes,anoodeconstituioemsentidomodernoe,comela,a
prprianoodeumpoderconstituintejsefaziampresentes,precisamentepelofatodequeosnovos
Estados originrios das colnias experimentaram um processo de formao constitucional que
apresentavaascaractersticasquedepoisvieramaseconsolidarquandodaaprovaodaConstituio
de 1787. Em geral, os novos Estados independentes, mediante processo constituinte democrtico,
-
elaboraramsuaprpriaconstituioe/oudeclaraodedireitos,prevalecendo,emregra,anoodeque
a constituio que precede o governo e constitui, alm disso, a base emedida da legislao, tendo
mesmoasdeclaraesdedireitos sidoou inseridasno textoconstitucional,ouento incorporadaspor
remisso, embora constantes em documento apartado, como foi o caso, por exemplo, da famosa
DeclaraodaVirgnia, de1776, tudo a indicar que a concepode constituiomoderna, ou seja, o
modeloembrionriodeumaordemconstitucional republicanadotadadeconstituioescrita,pode ser
reconduzidaatalmomento,embora,comojfrisado,consolidadalogoadiante,quandodaformaodos
Estados Unidos da Amrica como Estado Constitucional.42 Tudo isso revela que a construo da
Constituio americana se deu mediante um processo que vai pelo menos de 1776 (Declarao de
Independncia) at 1791 (incorporao de uma declarao de direitos ao texto da Constituio de
1787).43 Tal processo veio a ser consolidado posteriormente mediante, entre outros aspectos, a
consolidaodanoodesupremaciadaConstituio,queserobjetodeatenologoadiante.
Fundada e justificada na e pela noo de soberania popular, emblematicamente expressa j no
Prembulo,medianteafamosaexpressoNs,oPovo(WethePeople),aConstituiode1787,como
j sinalado, foi a primeira constituio escrita a consagrar uma Repblica Federativa, alm de
estabelecerumExecutivounipessoalnosdoisplanosfederativos(federaleestadual),exercidoporum
PresidentedaRepblicanaesferadogovernodaUnio,bemcomocolocandoemprticaaseparaode
poderesidealizadaporMontesquieueafirmandoasupremaciadalei(ruleofthelaw).44Muitoembora
o texto original no tivesse previsto um rol de direitos e garantias, que somente viriam a ser
incorporados, em 1791, pormeio das primeiras dez emendas Constituio, denominadas deBill of
Rights,arelevnciadetaisdireitosegarantiasparaafuturaevoluoconstitucionaleaafirmaodos
direitosfundamentaisdapessoanomundoocidentalnopodesersuficientementeenfatizada,aindamais
quandoqualificadapelanoodesupremaciadaConstituio,istosemfalarnoimpactodetaisdireitos,
especialmentemedianteasuainterpretaopelaSupremaCorte,paraavidasocial,econmicaepoltica
dosEstadosUnidosdaAmrica,bastandoaquireferir,emcarterilustrativo,acompreensodaclusula
da equal protection para a superao (ainda que no total) das graves distores na esfera da
discriminao racial.Evidentemente, o elencodedireitos egarantias integradoao texto constitucional
(direitosvidaepropriedade,liberdadedeexpresso,igualdade,liberdadereligiosa,devidoprocesso
legal,entreoutros)apresentavacartereminentementeliberal,sendoresultadodoZeitgeistiluministae
-
liberal-burgus vigente na poca da formao constitucional norte-americana e que, ainda que com
algumavariao, definiu as linhasmestras da primeira grande fase do constitucionalismomoderno.O
hoje ainda praticamente intocado dogma da supremacia da Constituio teve nos Estados Unidos da
Amrica a suamxima expresso, notadamente a partir da incorporao ao constitucionalismo norte-
americano(edelparaomundo)dadoutrinaeprticadocontrolejudicialdeconstitucionalidadedas
leis, prtica que costuma ser reconduzida famosa deciso da Suprema Corte no casoMarbury vs.
Madison,de1803,emfunodoclebrevotodoChiefJusticeJohnMarshall,aoafirmaracompetncia
da Corte para, com base na Constituio, controlar e mesmo fulminar atos dos demais poderes da
Repblica.45
Em sntese, oferecendo uma sumria radiografia das principais diretrizes domodelo constitucional
norte-americano,incorporadaslogoapsodesfechodomovimentodeseparaodametrpoleinglesae
mediante a aprovao da Constituio de 1787 e das emendas de 1791, possvel, tomando por
emprstimoaseleoefetuadaporHartmutMaurer,elencarosseguintesaspectos:(a)soberaniapopular
como fundamentodoPoderdoEstado; (b) agarantiadosdireitos fundamentaispara a salvaguardada
liberdade e igualdade das pessoas diante do poder estatal; (c) a separao dos poderes, limitados e
controlados entre si; (d) a Federao, consubstanciada na criao de um Estado comum, mas com a
manutenodoformatoanteriordeEstadosindividuais,comarepartiodetarefasestataisentreaUnio
eosEstadosfederados.46Odesenvolvimentoposteriordoconstitucionalismonorte-americano,importa
agregar, encontra-se, por sua vez, atrelado atuaomarcante de suaSupremaCorte, que, embora as
diversas fases mais ou menos conservadores ou progressistas, foi decisiva para a reconstruo
permanente da ordem constitucional, alm de influenciar o papel de outras cortes constitucionais no
mundointeiro.
1.4OlegadodaexperinciaconstitucionalnaFrana
Aeradoconstitucionalismomoderno,desdeoparadigmadasconstituiesescritaselaboradaspelos
Estados norte-americanos, culminando na Constituio Federal de 1787, atingiria o incio de sua
escalada,quandodapromulgao,naFrana,daDeclaraodosDireitosdoHomemedoCidado,47
em1789,cujofamosoart.16esboavaonovoconceitodeconstituio,aoestipular,emtomsolene,que
umEstadoquenogarantisseaseparaodospoderesenoassegurasseosdireitosindividuaisnoteria
umaconstituio.Asexignciasdoiderioliberal-burgusforamdelineadasnaDeclaraodeDireitos,
-
documentojurdicoquerepresentavaaomesmotempoummanifestocontraasociedadehierrquicaeos
privilgiosdanobreza,muitoemboraestivesselongedepoderserconsideradoumlibeloemproldeuma
sociedadedemocrticaeigualitria.48OidealeraaformaodeumEstadosecular,queassegurasseas
liberdadesciviseasgarantiasparaaempresaprivada,edeumgovernodecontribuinteseproprietrios,
elevando-seapropriedadeprivadacondiodedireitonatural,sagrado,inalienveleinviolvel.
AclebrefrasedeLusXIV,identificandooEstadocomapessoadomonarcaLtatcestmoie
querepresentavaaquintessnciadoabsolutismomonrquico,foiextirpadadovocabulrioconstitucional
francs,nombitodeumprocessoque,decertomodo,deunovosignificadoaotermoRevoluo.Por
outrolado,precisodestacarqueodesenvolvimentodoconstitucionalismonocontinenteeuropeuinicia
comaRevoluoFrancesade1789,aindaquenosepossadesprezarainflunciadaexperincianorte-
americana especialmente para o momento inaugural do constitucionalismomoderno na Europa, assim
comonodecorrerdaevoluoposterior,oque,contudo,aquinoserabordado.
Em apertada sntese, possvel afirmar que o primeiro impulso rumo a uma primeira constituio
escritanaFranaocorreucomaconvocao,peloReiLusXVI,dosEstadosGerais,umaassembleia
(reunidanodia5demaiode1789)integradaporrepresentantesdastrsordensdasociedadefrancesa,
nocaso,anobreza,ocleroeopovocomum,querepresentavamoassimchamadoTerceiroEstadoe
cuja pauta de reivindicaes inclua a elaboraodeuma constituio escrita, por forada influncia
norte-americana. Mediante presso do Terceiro Estado foi instaurada uma Assembleia Nacional
Constituinte(apartirde17dejunhode1789),queelegeuumcomitencarregadodeelaborarumprojeto
deconstituio(6dejulhode1789),oqual,emprincpio,mantinhaamonarquiahereditria.Todavia,
emfunodarebeliopopularedaassimchamadaquedadaBastilha,fortalezaeprisoreal(14dejulho
de1789),eemvirtudedaexpansodomovimento,aAssembleiaConstituinte,deixandode ladoneste
momentooprojetodeconstituio,dedicou-seaelaborarumaDeclaraodeDireitos,queveioa ser
aprovadaem26deoutubrode1789,estabelecendo,almdaconsagraodanoodedireitosnaturaise
imprescritveis do homem, representados pelos direitos de liberdade, propriedade, segurana e
resistncia opresso (art. 2.), o j referido conceito de constituio, formulado no art. 16 da
Declarao.49
Registre-se que uma das peculiaridades do desenvolvimento constitucional francs, especialmente
quando confrontado com o norte-americano, reside nas caractersticas do Poder Constituinte.
-
Contrariamente ao que sucedeu nos Estados Unidos, a Assembleia Nacional Constituinte na Frana
significavaumarupturacomopassado,nosentidonoapenasdafundaodeumEstado,masdeuma
novaordemestatalesocial,afetandoprofundamenteatombitomaiselementardasociedade.Nesse
sentido,adeclaraodedireitos fundamentaisnoobjetivavaapenasa limitaodopoderdoEstado,
mastambm,esobretudo,aextinododireitofeudaledosprivilgiosdaaristocracia.50
Curialdestacar,apartirdaexperinciaconstitucionalfrancesa,queasimplesdenominaodeEstado
Constitucional no garantia, de per si, do respeito aos elementos essenciais do chamado
constitucionalismomoderno.Defato,osdoisprimeiros textosconstitucionais francesesnodispunham
sobre a independncia do Poder Judicirio, o governo limitado e a proteo da Constituio. Tais
elementos s foram incorporados ao longo do tempo, especialmente aps a instaurao da Quinta
Repblica,em1958.Ademais,comapromulgaodaConstituiodoanoVIII(1799),foramretirados
traos essenciais do constitucionalismo moderno, de modo a concentrar excessivamente o poder nas
mosdoPrimeiro-Cnsul,queoexerceucomoumditadorsobortulodoEstadoConstitucional.51
OPoderJudicirio,objetodedesconfianadosrevolucionrios,equesereflete,decertomodo,atos
diasatuais,foirelegadoameroaplicadordodireitolegislado,detalsorteque,paraaconcretizaoda
mximadeRousseau,segundoaqualaleiaexpressodavontadegeral,apenasaoPoderLegislativo
era dada a competncia de explicitar o sentido das suas prprias prescries, o que, por sua vez,
contribuiuparaqueapenas jnoltimoquarteldo sculoXXoConselhoConstitucional,rgoaque
incumbe,naFrana,ocontroledeconstitucionalidadedasleis,passasseaassumirumpapelmaisefetivo
e mais prximo de uma autntica jurisdio constitucional, capaz de assegurar a supremacia da
Constituio em relao ao direito infraconstitucional, o que tambm aspecto que constitui uma
diferena essencial em relao tradio do constitucionalismo norte-americano e mesmo, na fase
posteriorSegundaGuerraMundial,daexperinciadamaioriadosEstadosqueapostaramnacriaode
TribunaisConstitucionaisdeperfiljurisdicional,comofoiocasodaAlemanha.52
De qualquer sorte, a despeito do perodo de domnio napolenico (a contar de 1799) e, depois da
derrota final de Napoleo emWaterloo (1815), da restaurao damonarquia, a matriz constitucional
francesaengendradanoperodorevolucionriodeixouumlegadopermanenteparaoconstitucionalismo
moderno,atmesmodemodoindireto,vistoqueopensamentopolticofrancstambmteverepercusso
nosEstadosUnidos,ondealgumasideiastiveramrecepoerealizaoprticaempartedistintadaque
-
ocorreu na Frana, como o caso, apenas para mencionar um exemplo clebre, do princpio da
separaodepoderes,que,reconstrudonosEstadosUnidos,foiincorporadogramticaconstitucional
deumasriedeEstadosqueaderiramaomovimentoconstitucional.
1.5 A ampliao do constitucionalismo pelo mundo ocidental: rumo ao modelo doEstadoConstitucionalcomoparadigmauniversal
Umabreveobservaoa respeitodo significadodas trs experincias constitucionais inauguraisdo
constitucionalismomoderno, com destaque para a norte-americana e a francesa,mas sem olvidar que
parte das premissas tericas e mesmo parte das instituies que passaram a integrar a noo de um
Estado Constitucional so oriundas da tradio constitucional inglesa (como, por exemplo, a prpria
doutrinada rule of law, que, no direito constitucional continental, recebeu sentido em parte diverso),
revelaquetodasforamdeterminantesparaaafirmao,nocenriojurdico-constitucionalepolticodo
final do sculoXVIII, dos contornos da noo de um Estado Constitucional, compreendido como um
Estado de Direito, na perspectiva da limitao jurdica do poder, e lanaram as bases da evoluo
posterior.Todavia,oprocessodeafirmaoereconstruodoEstado(Constitucional)deDireito,que
nasceucomoumEstadoLiberaldeDireito,revelaquesetratadeumatrajetriagradual,marcadapelo
surgimentodeoutrasexperinciasconstitucionaisqueexerceramsuainflunciaesodignasdenota,seja
pelas suas peculiaridades, seja pela influncia gerada no que diz com a reconstruo do prprio
constitucionalismo, que, ao longo do sculo XIX, vivenciou um processo de significativa ampliao,
inclusivenaAmricadoSuleCentral.
Por outro lado, especialmente na Europa da primeira metade do sculo XIX, as constituies que
comearam a ser elaboradas nem sempre refletiam os elementos essenciais do constitucionalismo de
matriznorte-americanaedaexperinciafrancesarevolucionriapr-napolenica.Jantesdaelaborao
daprimeiraConstituiofrancesa,em3demaiode1791,aPolniapromulgouaprimeiraConstituio
escritaemsoloeuropeu,seguida,naesteiradasguerrasnapolenicas,deumasriedeconstituiesna
Alemanha,Sua,Itlia,HolandaeEspanha,demodoqueapartirdeentoomovimentoconstitucional
passouaserumfenmenoemprocessodeexpanso,aindaquedemododiferenciado,emmuitoscasos,
davertenteoriginal.53
Aqui,tambmemhomenagemaopapelrepresentado,maisadiante,nocontextodoconstitucionalismo
emgeral, pelaConstituiodaRepblicadeWeimar (1919) epelaLeiFundamentaldaAlemanha,de
-
1949,desedestacaraevoluoconstitucionalalem,desdeoprimeiroquarteldosculoXIX,perodo
noqual, contudo,asdiversasconstituiesdosEstadosalemes, inclusiveaConstituio Imperial,da
Alemanha Unificada, a monarquia seguiu sendo a forma de governo por excelncia, marcada por um
cunhomaisoumenosautoritrio,emboraemgradativasintoniacomoparadigmaliberal,principalmente
a contar dosmovimentos liberais que agitaram especialmente a Frana e a Alemanha emmeados do
sculo XIX.54 Diversamente das matrizes norte-americana e francesa (pelo menos na sua verso
original),asConstituiesalemsdapocanoforamelaboradasporumaAssembleiaConstituinte,mas
em geral outorgadas pelosmonarcas dos diversos estados alemes, na primeira fase, inspiradas pela
Carta Constitucional editad