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Volume XIII Issue 3 September 2004 Newsletter of the Portuguese Language Division of the American Translators Association - ATA INSIDE Interview with Sérgio Xavier Ferreira .................................. 1-9 Events ....................................................................................... 2 From the Administrator ............................................................ 3 Canto Legal (on leave) ............................................................. 5 Banking Services in Brazil .................................................... 9 Humor - Etimologia ................................................................. 9 Dicionário do Nordeste ............................................................ 9 O Exame da ATA e Você ........................................................ 10 Unificação da Língua Portuguesa .......................................... 11 IATA & PLD in Toronto ........................................................ 12 Sérgio, muito obrigada por atender o nosso pedido. É muito bom conversar com você, ainda que eletronicamente. Tenho certeza que não conseguirei fazer nem metade das perguntas que nossos associados da PLD gostariam de fazer, mas vamos lá. Começando de maneira biográfica, eu já soube que você é carioca. Como é que tudo começou, e qual a sua formação? Nasci no Rio em 1950. De 1956 a 1961, meu pai trabalhou no Canadá e nos EUA. Foi lá que me alfabetizei e onde fiz toda a “elementary school”, até a quinta série. Quando retornei ao Brasil, aos 11 anos, tive que me alfabetizar de novo, só que agora em português! Da escola pública americana vim para colégio particular, no Rio (Colégios São Bento e Santo Inácio), onde completei o segundo grau. Tenho bacharelado em Comunicação Social pela UFRJ e pós-graduação em Ciência Política no IUPERJ (Universidade Candido Mendes). Obtive duas bolsas de estudos nos EUA: graduação em North American Studies, na Universidade da Califórnia em San Diego (Center for U.S.-Mexican Studies), e uma “fellowship” que obtive em Harvard na área de relações industriais (Harvard Trade Union Program). Continued on page 4 INTERVIEW WITH SÉRGIO XAVIER FERREIRA, Presidential Interpreter in Brazil by Tereza Braga Sérgio Xavier Ferreira is personal interpreter to President Luis Inácio “Lula” da Silva, who took office in January 2003 in a historical election for Brazil. Sérgio agreed to talk to us by e-mail following a request made in person at the Brazilian embassy in Washington by PLD member Bob Feron, head of translation services at the Brazilian Embassy in Washington.

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  • Volume XIIIIssue 3

    September 2004

    Newsletter of thePortuguese Language Division of the

    American Translators Association - ATA

    INSIDEInterview with Sérgio Xavier Ferreira .................................. 1-9Events ....................................................................................... 2From the Administrator ............................................................ 3Canto Legal (on leave) ............................................................. 5Banking Services in Brazil .................................................... 9Humor - Etimologia ................................................................. 9Dicionário do Nordeste ............................................................ 9O Exame da ATA e Você ........................................................ 10Unificação da Língua Portuguesa .......................................... 11IATA & PLD in Toronto ........................................................ 12

    Sérgio, muito obrigada por atender o nosso pedido.É muito bom conversar com você, ainda queeletronicamente. Tenho certeza que não conseguireifazer nem metade das perguntas que nossosassociados da PLD gostariam de fazer, mas vamoslá. Começando de maneira biográfica, eu já soubeque você é carioca. Como é que tudo começou, equal a sua formação?

    Nasci no Rio em 1950. De 1956 a 1961, meu paitrabalhou no Canadá e nos EUA. Foi lá que mealfabetizei e onde fiz toda a “elementary school”, atéa quinta série. Quando retornei ao Brasil, aos 11 anos,tive que me alfabetizar de novo, só que agora emportuguês! Da escola pública americana vim paracolégio particular, no Rio (Colégios São Bento e SantoInácio), onde completei o segundo grau. Tenho

    bacharelado em Comunicação Social pelaUFRJ e pós-graduação em Ciência Política noIUPERJ (Universidade Candido Mendes).Obtive duas bolsas de estudos nos EUA:graduação em North American Studies, naUniversidade da Califórnia em San Diego(Center for U.S.-Mexican Studies), e uma“fellowship” que obtive em Harvard na área derelações industriais (Harvard Trade UnionProgram).Continued on page 4

    INTERVIEW WITH SÉRGIO XAVIER FERREIRA,Presidential Interpreter in Brazil

    by Tereza Braga

    Sérgio Xavier Ferreira is personal interpreter to President Luis Inácio “Lula” da Silva, who took office inJanuary 2003 in a historical election for Brazil. Sérgio agreed to talk to us by e-mail following a requestmade in person at the Brazilian embassy in Washington by PLD member Bob Feron, head of translationservices at the Brazilian Embassy in Washington.

  • 2PLData September 2004

    PLDataVolume XIII - Issue 3 - 2004

    EditorTereza Braga

    Assistant EditorInes N. Bojlesen

    DesignInes N. Bojlesen

    Final proofIsabella Laterman

    PLData is a quarterly publication

    Portuguese Language Division - PLDAdministrator

    Tereza d’Ávila BragaPhone: (972) 690-7730 Fax: (972) 690-5088

    [email protected]

    Assistant AdministratorArlene M. Kelly

    Phone: (617) 698-3216 Fax (617) [email protected]

    SecretaryGladys Wiezel

    Phone: (720)[email protected]

    TreasurerThelma Leoni Sabim

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    Web MasterNelson Laterman

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    The statements made and opinions expressed in thePLData are strictly those of the authors and do not

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    Submissions for publications are invited and may bemailed, faxed or e-mailed to the editor.

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    Portuguese Language Division is a non-profit organizationand a division of the

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    Alexandria, VA 22314Phone (703) 683-6100 Fax (703) 683-6122

    http://www.atanet.orgwww.ata-divisions.org/PLD

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    Many thanks to our webmasterNelson Laterman

    EVENTSOctober 2004American Translators’ Association annual conference45th Annual Conference. Toronto, Canada, SheratonCentre Hotel. October 13-16, 2004Equivalences 04: Terminologie et traductionAssociation suisse des traducteurs, terminologues etinterprètes. Hotel Ador, Berne, Switzerland. 15 October2004November 2004Languages & The Media, International Conference andExhibitionHotel InterContinental, Berlin, Germany. 3-5 November2004Parrots or Ombudsmen? Advanced Interpreter Training Workshop, Kansas City, KS.For English/Spanish or ASL only. Cosponsored by NAJITand MICATA. Preregistration required. Click here for detailsand PDF to download, or here to register online. November13-14, 2004.“Translating and the Computer 26 – Conferenceand Exhibition”Aslib - The Association for Information Management.London, UK. 18–19 November 2004Workshop on Linguistic Tools and Resources forSpanish and Portuguese IBERAMIA 2004Tonantzintla, Mexico. November 23, 2004Interpreting and Translating - Contributing Factorsto a Fair TrialFIT VII International Forum. Hochschule Magdeburg-Stendal. Magdeburg, Germany. 25-28 November 2004December 2004TAMA 2004, 7th International Conference: Terminologyin Advanced Management Applications. MultilingualContent Integration. Maritim Hotel Cologne, Germany. 29November - 1 December 2004

    http://www.atanet.org/conf2004/http://www.astti.ch/fr/fcolloq.htmlhttp://www.languages-media.com/lang_media_2004/index.htmlhttp://najit.org/KansasCity/KansasCityFINAL.pdfhttp://najit.org/KansasCity/KansasCityFINAL.pdfhttp://www.aslib.com/conferences/index.htmlhttp://ccc.inaoep.mx/%7Ehrl_04/http://www.fit-ift.org/magdeburg/details.htmlhttp://linux.termnet.org/index.py?level=level2&id=74&lang=_enmailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]://www.atanet.orgwww.ata-divisions.org/PLDwww.ata-divisions.org/PLDhttp://najit.org/Orders/KC_Reg.asp

  • 3September 2004PLData

    Administrator’s CornerFROM THE ADMINISTRATOR

    I’m thrilled to bring Sérgio Ferreira to this issueof the PLData. The interview took more than ayear to be put together because of Sérgio’sschedule and globe trotting, so you can imagine howincreasingly hard it became for Ines and I to keepthe secret! But there it is, finally – a chat with Lula’sinterpreter, exclusively for the PLData.

    Stay tuned for what promises to be the best PLDdinner ever during the 45th ATA conference inToronto. I know, there was nothing printed in thepreliminary program, but we have a good excuse:our new PLD Secretary Gladys Wiezel has beenhelping us to plan a great event this year. The wholescoop will be provided soon by broadcast mail and Ihope many of you will join us in an evening of greatfood and live music in the heart of Toronto, veryclose to our hotel.

    June marked the twentieth anniversary of my life inthese States. At this time they are not as United as Iwould have liked, but my love has only grown. I amhappy to say that the immigrant experience has mademe understand this country and finally care for it asintensely as I care for my native Brazil.

    To celebrate, I decided to finally apply for mynaturalization and sometime in the next month or soI will be joining that strange group of world dwellerswho hold dual citizenship, including many of you inthe PLD. I am honored and humbled to exercise thisright. I look forward to adding my independent voiceto all the others that make up this amazing nation.Equally amazing in its resources and diversity, andoften equally polarized, my first homeland shares sovery much with my second, and I feel all the morefortunate for the privilege of having two pátrias.

    I am writing this from Brazil during the IndependenceDay extended holiday weekend, enjoying time with

    family and colleagues. Yesterday Sérgio and Isqueezed a 30-minute get-together into ourschedules in Rio to wrap up our interview, with pen,paper, água mineral and a view of the Sugar Loaf.

    And now I would like my assistant editor Ines, allthe way from the Pacific Northwest, to extend a fewwords to you. She is responsible for the most difficultand hardest work involved in bringing the PLDatato all of us, and we never hear from her! Ines, thefloor is yours.Tereza d’Ávila BragaAdministrator

    NOTE FROM THE ASSISTANT EDITOR

    Working with Tereza has been the highlight of thisexperience! I must however disagree with her about myinput being the “most difficult” work. I believe thatwhatever we do while motivated becomes easy. I havethoroughly enjoyed being Assistant Editor, metinteresting people, shared enlightening experiences andmost of all, learned a lot. As the designer of the newsletterI have moved along from working in the MS Wordenvironment to Adobe PageMaker and now AdobeInDesign.

    My vision for the PLData is that of a newsletter thatconveys, reflects, absorbs and integrates the Portugueseculture as a whole, as well as through its several languageversions wherever it is spoken. To attain these objectivesmore and more we need the input from our readers. Ibelieve this is one of the most challenging goals. Topublish your views, concerns, experiences andknowledge is what will keep our newsletter alive anddoing well. I therefore would like to take this opportunityand invite you to make use of this tool, send us yourstories, questions, concerns, or share experiences thatcan benefit our personal and professional lives.

    Have a great 45th ATA Conference in Toronto!Ines Bojlesen

    A long- awaited interview, plans forToronto and my two “pátrias”

  • 4PLData September 2004

    INTERVIEW WITH SÉRGIO XAVIER FERREIRA,Presidential Interpreter in Brazil

    by Tereza Braga(Continued from cover)

    Agora um pouco sobre a sua vida profissional. Comose deram os seus primeiros contatos com oPresidente Lula? E o que ocorreu primeiro – seuenvolvimento na política brasileira ou seuenvolvimento com o mundo da interpretação?Conte-nos um pouco, se possível, sobre seutrabalho com Betinho e o IBASE (Instituto Brasileirode Análises Sociais e Econômicas).

    Na verdade o que veio primeiro foi o mundo dainterpretação. Estava no terceiro ano dafaculdade, quando um amigo desde os temposdo Santo Inácio me falou que sua mãe queriaque eu fosse trabalhar comela como intérprete!! Era afamosa Edith Van deBeuque, fundadora e chefeintérprete do primeiro grupode profissionais no Brasil(1951). Assim, comecei “namarra” a acompanhá-la emeventos durante um mês e,de repente, ela me disse queeu estava pronto para fazer meu primeirotrabalho: foi em maio de 1973.

    Nesta profissão é muito difícil conciliar a políticacom o mundo profissional, o que foiespecialmente duro durante o período daditadura militar. Além disso, a maioriaesmagadora dos profissionais sãoconservadores ou alienados do ponto de vistapolítico. Eu entrei para a política através domovimento sindical, então sendo reconstruído(1976-78), dando aula de inglês no Berlitz e meassociando ao sindicato dos professores doRio de Janeiro. Depois me liguei ao movimentopela anistia política e, em 1983, fui trabalharcomo voluntário no IBASE com o Betinho. Lá,já contratado, fui pesquisador e assessorsindical até o começo de 1994, quando fuitrabalhar na FASE, a mais antiga ONG do Brasil,que trabalha com educação popular, dentro de

    uma linha Paulo Freire, além de fazerpesquisas na área de meio ambiente epolíticas urbanas e agrárias. O IBASE foiótimo, pois me dava flexibilidade de horário ede trabalho, permitindo que durante todo esseperíodo pudesse continuar trabalhando comointérprete, fato raro e difícil na nossa profissão.Em 1993, Betinho lançou a campanha “Açãode Cidadania contra a Fome e a Miséria”. Tivea honra de ser escolhido por ele para participarno comitê do Rio, representando o IBASE.

    Meu primeiro contatocom o Lula foi em1992. Ele deu umjantar em home-nagem às ONGsinternacionais queestavam no FórumGlobal durante a ECO(Earth SummitConference), no Rio.Apresentei-me a ele,

    dando a sugestão de ele falar aos mais de100 convidados e me oferecendo para ser seuintérprete. Foi um sucesso! Em 1993, fiz minhaprimeira viagem internacional com ele parauma conferência sobre futuros candidatos daesquerda em diversos países da AméricaLatina. O encontro foi na Universidade dePrinceton, nos EUA.

    Em 1994, meu nome foi sugerido por umamericano sindicalista, Stan Gacek (velhoconhecido meu e do Lula) ao Marco AurélioGarcia, então Secretário de RelaçõesInternacionais do PT, para acompanhar oentão candidato à Presidência em sua viagemaos Estados Unidos. O programa era intenso:Congresso Nacional, Harvard, Wall Street, etc.Creio que, apesar de estar trabalhando comovoluntário (como sempre fiz, no caso dele, até2002), acho que este foi um dos maiores

    Em 1993, Betinho lançou a campanha“Ação de Cidadania contra a Fome e aMiséria”. Tive a honra de ser escolhidopor ele para participar no comitê doRio, representando o IBASE.

  • 5September 2004PLData

    Canto Legal(The Legal Corner)

    Enéas Theodoro is on a well-deserved leave. He will be back for thenext issued of PLData, in full force.

    poderíamos dizer, “aparos”, durante seutrabalho...

    No caso do Brasil, a minha geração começoua trabalhar durante a ditadura militar e qualquerparticipação política era praticamenteimpossível. Isto deixou seqüelas de diferentestipos: medo, ignorância ou indiferença emassuntos políticos e sociológicos, já quepraticamente não existiam conferências comtemas políticos/sociais entre o final da décadade 60 e a metade dos anos 80.

    A alienação a que me refiro se relaciona a umperíodo histórico no Brasil, durante osprimeiros anos na minha profissão, coexistindocom a ditadura militar no país, e que significatudo isto: ausência de partidos políticos reais,censura em todos os meios de comunicação,etc. Não me refiro aos dias de hoje, nem atodos os lugares, nem a todos os intérpretes!

    Outro ponto que contribui para um certoconservadorismo no meio dos intérpretes,principalmente nos países em vias dedesenvolvimento, é que eles fazem parte deuma elite econômica e social que teve oprivilégio de viver e estudar no exterior,oportunidade que poucos tiveram na vidadurante o período a que me refiro, diferentede hoje, quando temos novos emigrantes detodas as classes sociais tentando viver forado Brasil... Creio que em outras profissões –

    desafios na minha carreira profissional, pois eleestava liderando as pesquisas de opinião, bem àfrente do outro candidato: Fernando H. Cardoso...Foi também na campanha de 94 que tive a honrade ir junto com o então candidato visitar a Áfricado Sul, tendo a rara oportunidade de interpretaro Presidente Mandela em suas conversas com oatual Presidente Lula.

    Poderia explicar melhor essa dificuldade de “conciliara vida política com o mundo profissional”? Você querdizer que isso talvez seja mais difícil para nós do quepara profissionais de outros ramos? Aproveito paraperguntar também sobre a correlação entre“conservador” e “alienado”. Você parece mencionaros dois termos como sinônimos...

    Sim, trata-se de algo difícil pela própria naturezado trabalho. O intérprete deve ser neutro, paraque ele possa inspirar confiabilidade durante oseu trabalho. Se ele/ela tem um “highprofile” político, muitos clientes poderãopensar que haverá um “bias” nainterpretação. Isto acontece muito empaíses que têm regimes autoritários,tantos os de “direita” como também osde “esquerda”. No Chile do tempo dePinochet conheci alguns intérpretes,muitos tinham um viés conservador,distorcendo a fidelidade do discurso seeste mostrasse uma conotação maisliberal (no sentido americano do termo).Já num regime de “esquerda”, seja empaíses orientais ou ocidentais, ointérprete “oficial” faz certas censuras, ou

  • 6PLData September 2004

    um médico, engenheiro, economista, porexemplo – a participação política talvez nãogerasse tanta polêmica, mas de qualquermaneira, com a conquista das liberdadesdemocráticas no Brasil, com a eleição de Lula ea realização do Fórum Social Mundial durante 3anos no Brasil, tudo isso contribuiu para oxigenarum pouco o ambiente político entre osintérpretes, forçando-os(as) a ter que pensarpoliticamente também, a acompanhar o assunto,coisa totalmente desnecessária no final dos anos60 até os anos 80. Finalmente, vou te dar umexemplo bem simples: muitos bons intérpretesno Brasil não conhecem a expressão “rank andfile”, termo básico do sindicalismo e na políticaem geral, significando a “base”dos trabalhadores, os que nãosão dirigentes sindicais ou líderespolíticos.

    A maioria de nós, intérpretes aquinos EUA, conhece muito poucosobre interpretação no governobrasileiro. Se o Presidente Lula nãotivesse você como intérprete, como seria escolhidoum outro? É normal na história do Executivobrasileiro ter um intérprete pessoal para o Presidenteda República? Quando o Palácio do Planalto precisade um intérprete para um determinado idioma ouevento, quem o fornece? O Ministério das RelaçõesExteriores tem algum departamento para isso?

    Diferente do Departamento de Estado nos EUA,que tem os seus staff interpreters, no Brasil esteserviço sempre foi terceirizado. Desde 1993, oItamaraty faz licitações com empresas deeventos e, segundo o esquema utilizado, osintérpretes são chamados pela empresaorganizadora de eventos ganhadora da licitação.Durante muitos anos, prevaleceu umaconcepção de chamar exclusivamenteintérpretes que eram da AIIC, o que, por si só,não garante a qualidade do trabalho.

    Antes da lei de licitação, a Fundação Viscondede Cabo Frio do Itamaraty contratava livrementeos intérpretes. Geralmente eram chamados osmais experientes do Rio e de São Paulo, já queem Brasília não havia um grupo de intérpretessuficiente para cobrir a demanda. Na década de

    70, por exemplo, o Presidente Geisel faziaquestão de chamar uma das melhoresintérpretes da história do Brasil, a Ulla Schneider,que hoje trabalha e vive na Europa.

    Não é normal o Executivo ter um intérpretepessoal permanente junto ao Presidente. Creioque trata-se de algo inédito na Repúblicabrasileira: um intérprete profissional ser chamadopara assumir um cargo de confiança e de altonível no Executivo: Assessor Especial doPresidente. São apenas seis os assessoresnomeados e eu sou o único na função deintérprete pessoal.

    Quando há necessidade de maisintérpretes, ou quando se trata deidiomas “exóticos”, geralmente é oCerimonial da Presidência (cujochefe é também do Itamaraty) quesolicita ao Cerimonial do Itamaratyque, por sua vez, pede aoDepartamento de Administração,que então aciona a empresa deeventos. Esta funciona dentro do

    ministério enquanto durar seu contrato (até 5anos, como determina a lei).

    Qual é o apoio, se é que existe algum, que vocêrecebe do Itamaraty? Recebe material para sepreparar? Há ocasiões em que você só fica sabendona hora o assunto que será discutido?

    A vida na Presidência e no governo em geral éintensa!! Há uma sobrecarga de trabalho e porisso preciso “correr atrás” de material,informação, etc. Raramente recebo algummaterial para me preparar e, na maioria dasvezes, só fico sabendo do assunto na horamesmo!!

    Daí a necessidade de o intérprete estar semprebem informado, além de ter uma boa formaçãoacadêmica e vasta cultura geral, sendo assimcomo um “work in progress”...

    Um ponto de bastante interesse para nós é o estilopessoal de preparação de cada intérprete. Qual é a

    ❝Em 1993, fiz minhaprimeira viageminternacional com ele(Lula) .... O encontro foi naUniversidade de Princeton,nos EUA.❞

  • 7September 2004PLData

    melhor forma, a seu ver, de estudar os assuntos dodia, ou mesmo os mais caducos, que voltamregularmente à tona na vida do país e das empresas?Você tem algum exercício favorito para a memória?

    Nunca tive nenhum exercício para a memória.Isto faz parte do mistério da interpretação. Hácoisas fáceis, que a gente acaba esquecendoàs vezes, num determinado instante. Porexemplo, uma vez esqueci como erapoliticamente correto falar dos deficientes físicos(“disabled” versus “ handicapped”), algoaparentemente fácil. Já os temas caducos,desses não me esqueço nunca. Por exemplo, jápassados quase 30 anos do semináriointernacional, não me esqueço da palavra“vinhoto” em inglês, que é “stillage”, palavratotalmente desconhecida em 1976...

    O intérprete precisa sempre se preparar paracada assunto específico e para cada evento. Seviajo com o Ministro da Fazenda do Brasil parauma reunião no FMI, então tenho que pensarno jargão do economês, nos “earmarks”(vinculação de verbas), na “carried interest rate”(taxa de performance), no “distressed debt”, eassim por diante...

    Fale um pouco, por favor, sobre apreparação para coordenar uma equipepara um dia de interpretação.

    Coordenar é algo relativamente novona minha vida. Só comecei em 1992,quando coordenei uma equipe de 50intérpretes. Meu recorde foi em 2003,com 120 intérpretes, durante o FórumSocial Mundial em Porto Alegre!Primeiro é necessário ter umaorganização impecável: nomes dasequipes, salas (inclusive a dosintérpretes), horários, crachás,programa e material distribuídos atodos, de preferência comantecedência. Depois é preciso saberse aquela equipe é a mais indicadapara o evento, se a combinação delínguas está adequada ou não, seserá necessário relay ou não, e onde,

    etc. e tal... Finalmente, o intérprete chefe (chiefinterpreter) deverá ser firme mas sem “perdera ternura” com os/as colegas, com osorganizadores do evento e com os responsáveispelo som, para garantir o máximo de qualidadepossível e um bom ambiente de trabalho.

    Você faz alguma dieta especial ou evita algum tipode alimento, principalmente na véspera de algumtrabalho importante? Costuma fazer algum exercícioespecial de voz? Minha redatora assistente me diz,por exemplo, que cantores (de ópera,especialmente) evitam o leite antes de umaapresentação, pois prejudica a voz.

    Não. Procuro cuidar da saúde preventivamente,faço regularmente exercícios físicos e procuro,quando na cabine, tentar falar o mais baixopossível, para poupar a voz. Nunca quis fazerimpostação de voz, pois acho que o deliveryficaria meio artificial, perdendo a “emoção” deum trabalho ao vivo! Sempre botei meu leite nocafé e nunca tive problemas...

    Você citaria um país onde a qualidade dosintérpretes se destaca como a melhor do mundo?

  • 8PLData September 2004

    Creio que uma das profissõesmais globalizadas do mundotalvez seja a da interpretação.Trata-se de uma profissão quenão se limita a um só país.Pelo contrário, graças àemigração, podemos desen-volver a profissão através dorico intercâmbio entre osprofissionais que passaram aviver em outros países. NoBrasil, a primeira e riquíssimageração de intérpretes era quase que constituídasó por estrangeiros: ingleses, russos, cubanos,franceses, etc., mas também brasileiros quehaviam vivido no exterior, algo fundamental parao exercício da profissão. Sem querer parecerxenófobo, se tivesse que escolher um país,escolheria o Brasil!! Somos mais rápidos, temosmais conhecimento geral (ajudados pelo fato deque do sul vemos o mundo, enquanto nossoscolegas do norte ficam mais eurocêntricos e nãoacompanham o que acontece fora do “norte”...).Já tivemos várias oportunidades de “confronto”entre os profissionais do sul com os do norte, eposso dizer que vencemos bem!

    Você recomendaria a um iniciante na profissãoprocurar antes de mais nada os cursos de formaçãouniversitária para intérpretes?

    Creio que a profissão de intérprete não seaprende na escola! Assim como o samba e ofutebol, não há escola que forme um bomintérprete, pois seria necessário ter um mínimode dom. No entanto, como vivemos num mundoque exige formação universitária mínima, seriamuito difícil hoje alguém entrar no mercado semformação. Com a oportunidade e os recursosnecessários, pode-se fazer a escola de Monterey,nos EUA (já que a universidade de Georgetownfechou as portas para intérpretes) ou as escolastradicionais de Paris e Genebra. No Brasil, atépouco tempo atrás, tínhamos a PUC-RJ e, emSão Paulo, a Alumni, ambas obrigatórias para oiniciante de hoje.

    Você tem opinião sobre a regulamentação daprofissão no Brasil?

    Regulamentação éassunto polêmico, masnão vou fugir destadiscussão: sou contra aregulamentação! Assimcomo o jornalista e oescritor, por exemplo, ointérprete não pode seravaliado ou permitidoexercer a profissãosimplesmente porquecarrega um canudo

    universitário e após ser credenciado por umórgão regulamentador! Isto faz parte de umBrasil arcaico, corporativista, onde se criam doistipos de cidadãos: os que têm profissãoregulamentada (“primeira classe”) e os que nãotêm (“segunda classe”). Sou pela liberdade enão pela asfixia!

    Você poderia apontar sua maior alegria e a suamaior dificuldade no exercício da sua função atualcomo intérprete presidencial?

    Minha maior alegria é ser o que alguns colegaschamam de “a voz do Brasil” – ou “dublê”, comome qualificou uma vez o Presidente ao meapresentar num evento nos EUA. Outra enormealegria é saber que o nosso português estásendo falado em todas as partes por onde andao Presidente. Pela primeira vez em 33 anos o“floor” de Davos, durante o World EconomicForum, ouviu a língua portuguesa!

    A minha maior dificuldade é garantir as melhorescondições possíveis para o meu trabalho, comopor exemplo, ter acesso ao Presidente nomomento em que é necessária a minhapresença, coisa muito difícil nos eventosinternacionais, por causa do exagero dasegurança (por exemplo, Davos, G-8, ou naONU) .

    Conte-nos, por favor, um pouquinho sobre viagense lugares interessantes onde já trabalhou...

    Imagino que você está se referindo a viagenspresidenciais. Sem dúvida, o Oriente Médio,

    Creio que uma das profissõesmais globalizadas do mundo talvezseja a da interpretação. Trata-se deuma profissão que não se limita a umsó país. Pelo contrário, graças àemigração, podemos desenvolver aprofissão através do rico intercâmbioentre os profissionais que passaram

    a viver em outros países.

  • 9September 2004PLData

    Índia e África foram lugares diferentes efascinantes. Na Líbia de Kadafi, acompanheia reunião dentro de uma tenda árabe – nãono meio do deserto e sim no complexo/fortaleza palaciana do líder, em plena Trípoli.Na Índia, no dia da Independência, estivenum palanque à prova de bala com asautoridades máximas da Índia, assistindo aodesfile que incluiu até elefantes...

    Muito grata por essa conversa. Tudo de bom paravocê.Tereza Braga

    De nada. Um abração.Sérgio Xavier Ferreira

    Sincere thanks to my assistant editor InesBojlesen, in Portland, for her initial idea, aswell as to Bob Feron at the embassy inWashington, who was our liaison with Sérgio,and to Liane Lazoski, in Rio, for yourmemories of working with Sérgio.Tereza Braga

    HUMORETIMOLOGIA

    (Source unknown)

    O professor perguntaao aluno:O que é leptospirose?

    O garoto responde na bucha:É uma doença que ataca os usuários delaptop. É transmitida pelo contato com aurina do mouse.

    Banking services in Brazilaccessible via web

    PLD member Tamara Barile, in São Paulo, sentus this this piece of news from Agência Brasil.PLData suggests readers check the followingaddress for more informationhttps://internetcaixa.caixa.gov.br

    Brasileiro no exterior pode abrirconta via web

    Sexta-feira, 18 de junho de 2004 - O ConselhoMonetário Nacional (CMN) autorizou a CaixaEconômica Federal a iniciar o processo de aberturade contas para brasileiros que moram no exterior edesejam enviar dinheiro ao país. Por meio da Internet,os mais de 2 milhões de brasileiros que optarem porter acesso ao serviço poderão abrir uma conta, comose estivessem no Brasil, para fazer remessas derecursos, investir em poupança de longo prazo e teracesso a diversos serviços bancários.

    Inicialmente, a operação de envio de dinheiro doexterior por meio da nova conta, “autorizada apenaspara os natos ou naturalizados com Cadastro dePessoa Física (VPF) válido no Brasil”, será feitaapenas àqueles que têm cartão de crédito VISAemitido no exterior. Posteriormente, a Caixa devefazer parcerias com outras administradoras decartões de crédito para facilitar o acesso à operação,que possibilitará um limite de R$ 10 mil (cerca deUS$ 3 mil) por conta individual.

    Quem já não se encontrouaperreado* ao tentartraduzir um texto donordeste, e de tantoconsultar o dicionárioacabou com dor nas pás**?

    Fred Navarro vem nosacudir com seu Dicionáriodo Nordeste, publicadopela Editora EstaçãoLiberdade Ltda., de SãoPaulo, em 2004. FredNavarro nasceu em Recifemas mora agora em São

    Paulo, e é sócio de uma empresa especializada em texto etradução.

    Vale a pena acrescentar mais este à nossa coleção!

    * aperreado - a palavra vem de “aperrear, ou fazer perseguirpor cães ou perros”. Tem três significados no Nordeste:chateado, com dor de barriga e ansioso.** dor nas pás - dor nas costas, dor na coluna.

    Contributed by Ines Bojlesen

    https://internetcaixa.caixa.gov.br

  • 10PLData September 2004

    These are tips for ATA’s certification from our contributorGiovanna Lester. Gio has worked as a translator andinterpreter since 1980. She is a PLD member, co-administrator of the Interpreters Division, and formerPresident of FLATA, the ATA Chapter in Florida.E-address: [email protected]

    Fatores a considerar:1) Como escolher os textos2) Tempo – quanto temos disponível; como melhor utilizá-lo; como evitar desperdício3) Dicionários – quantos levar; como utilizá-los; quandoevitá-los4) Pânico – como reconhecer; como controlar; como evitar

    1 - A ESCOLHA DOS TEXTOS

    Dedique pelo menos cinco minutos para uma leitura rápidado material em mãos, sendo que o texto obrigatório deveser o último a chamar sua atenção, visto que você não temescolha. Identifique qual dos dois outros textos seria maisfácil para você trabalhar, com base em seu conhecimentodo assunto e na linguagem utilizada. Dentre os dois textosfinais selecionados por você, escolha com base em seu estilopessoal qual será o primeiro em que você vai trabalhar. AATA não determina uma ordem; fica a seu critério.

    Algumas pessoas preferem trabalhar com o texto maisdifícil primeiro e depois ir para o mais fácil. Outras fazemexatamente o oposto. Não é recomendado trabalhar nosdois textos ao mesmo tempo.

    2 - O TEMPO - 3 horas

    O novo teste tem só três textos, dois dos quais devem serapresentados: um obrigatório – o geral, e um dos outrosdois a escolher. Cada um deles tem em média 250 palavras– ou uma página.

    Como calcular o tempo que você tem disponível e comodistribuí-lo:- Tradução: quanto tempo você demora para traduzir 250palavras? Multiplique este número por dois.- Revisão: o tempo que sobrar será dedicado à revisão domaterial. A revisão deve ser feita com bastante zelo elevando em consideração: • registro: foi mantido o registro do texto original? • regras gramaticais da língua alvo: foram respeitadas

    ou houve infiltração da gramática da língua de origem? • sentenças que exigiram reorganização das palavras: amensagem original foi mantida? No mesmo tom?- Gramática: concordância verbal é um dos erros mais comuns,seguido pela compreensão de expressões idiomáticas.

    Levando o acima em consideração, reserve bastante tempopara a revisão, mas lembre-se (1) que você já é um tradutor,(2) do nível de qualidade do seu trabalho, (3) que o materialdeve ser entregue ainda hoje ;-)

    3 - OS DICIONÁRIOS

    Traga todos que puder trazer: o teste é no estilo “livro aberto”.Lembre-se, no entanto, que não terá tempo nem para abrirtodos eles, menos ainda pesquisar terminologia. A presençados dicionários e glossários impressos (nada eletrônico épermitido na sala) serve mais como ponto de segurançaemocional do que fonte de informação.

    Dicionários devem ser utilizados como tira-teima, não comofonte de sua resposta. Não use mais que 10 segundos porpalavra pesquisando no dicionário durante a tradução: é perdade tempo. Marque o local da dúvida no texto original equeime as pestanas de novo durante a revisão.

    4 - O PÂNICO

    Primeiro de tudo, nem a sua vida nem a sua carreira dependemdo resultado deste teste. Mantenha sua perspectiva: você estáaqui por vontade própria e não por dever nada a ninguém.RELAXE!

    Quando sentir que está perdendo o controle da situação,PARE! Lembre-se que lhe é permitido sair da sala (mas orelógio não pára!!!) para ir ao banheiro, fumar um cigarro,esticar as pernas, etc. Uma boa técnica de relaxamento érespirar fundo e exalar bem d-e-v-a-g-a-r. Aumentar o nívelde oxigênio no cérebro ajuda no controle emocional.

    Não tenha medo de pular uma palavra ou frase especialmentedifícil: enquanto trabalha no resto do documento, a soluçãopode se apresentar de repente. Apenas não se esqueça demarcar no texto original todos os pontos que merecematenção especial na revisão.

    Lembre-se que você tem tempo para fazer a revisão.

    REPRODUÇÃO PROIBIDA

    O EXAME DA ATA E VOCÊ© 2004 – Giovanna L. Lester

  • 11September 2004PLData

    “Litterati” subscriber Rejane Janowitzer recentlyposted an article by Arnaldo Niskier, published inO Globo last August 12th, with the title “Queremassassinar o português”. Arnaldo Niskier isSecretary of Culture for the State of Rio deJaneiro. This is an excerpt touching on the oldissue of unification of our language:

    A lusofonia tem o seu espaço. É lembradacom mais constância, como acaba deacontecer com a visita do presidente Lulaa São Tomé e Príncipe e Cabo Verde. Desculpouumas dívidas, o que prova que não somos tãopobres assim, e prometeu ativar nossas relações,com a remessa de kits culturais e especialistasem ensino superior. Impor a CaboVerde o discutível modelobrasileiro de ensino superior émaldade indesculpável. Ou o quese deseja é testar, em Praia, comprofessores da Universidade deBrasília e da Universidade Federaldo Ceará, uma universidademoderna, renovada, crítica, abertapara o mundo, como ainda nãotemos entre nós? Haverá tambémo emprego inteligente da educaçãoà distância.

    Falou-se na ampliação dos laços que nos ligamà Comunidade dos Povos de Língua Portuguesa(CLP). Isso é dito em ondas sucessivas, comoaconteceu ainda recentemente com aindependência do Timor Leste, que sofre hojeuma incrível pressão da Austrália para deixar oportuguês de lado. A língua é oficial, mas faladapor menos de 4% da população, índice que nãoestá muito longe do que acontece comMoçambique, nação oficialmente integrada àComunidade Britânica. Há muito o que ser feitopara reforço urgente da nossa comunidade, quenão sobreviverá se for mantida apenas por belospoemas e discursos.

    Com a visita oficial de Lula, reacendeu-se a velhaquestão do Acordo Ortográfico de Unificação daLíngua Portuguesa, sonho frustrado doinesquecível acadêmico Antônio Houaiss, quase

    realizado em 1990, com a grande ajuda do senadorJosé Sarney. Foi um movimento que contou como entusiasmo da Academia Brasileira de Letras,especialmente dos imortais Austregésilo deAthayde e Josué Montello. Parou quando somentetrês parlamentos aprovaram o documento querepresentava a alteração de 3% dos 350 milverbetes registrados no Vocabulário Ortográfico daLíngua Portuguesa. Já se vê que não seria muito.Outros países, além de Portugal, Brasil e CaboVerde, não subscreveram o Acordo – e ele deixoude ser implementado. A causa pode também serencontrada em guerras civis que então povoavama comunidade lusófona, das quais a maissangrenta foi certamente a de Angola.

    Passou-se o tempo, as coisasforam se complicando e aspropostas de maiores alteraçõesganharam corpo, como foi o casodo terrível hífen. Havia 18modificações propostas, hoje são25. E vem a discussão sobre afonética, como esclarece ofilólogo Evanildo Bechara: “Osportugueses querem que semantenha o c na palavra ‘director’para que se possa abrir aacentuação tônica na vogal

    seguinte.” As falas ficarão com pronúnciasdistintas, aliás, como sempre aconteceu.

    A ciência da computação, por uma questão depressa e economicidade, pede essa unificação.Ganhariam sobretudo as comunidades maispobres, com tiragens maiores de livrosimprescindíveis, hoje muito caros. Mas aresistência é grande, como aconteceu com aquelejornalista de Lisboa que colocou na manchete doseu periódico: “Querem assassinar o português.”Não é bem essa a intenção, mas fica provado quenenhuma revolução se faz sem dor.Descomplicando, politicamente, asrelações entre os nossos povosrespectivos, chegaremos maisfacilmente à desejada unificaçãoortográfica. Esse é o fato. Oufacto?

    E a história da unificação da língua portuguesa?...

    Há muito o queser feito para reforço

    urgente da nossacomunidade, que não

    sobreviverá se for mantidaapenas por belos

    poemas e discursos.

  • 12PLData September 2004

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    ORGANIZAÇÕES DE INTERESSE(para pesquisa independente na internet)

    Associação Cultural do Minho de TorontoCanada Portugal Chamber of Commerce50Years in Canada – Celebrating PortugueseCanadiansAlliance of Portuguese Clubs and Associationsin OntarioPortuguese Canadian AccomplishmentsPortuguese VillageDepartment of Spanish and Portuguese,

    University ofTorontoPortugueseWriters inCanada

    ATRAÇÕESwww.torontotourism.comQue tal uma visita à torre mais alta domundo? A capital cultural do Canadános espera em outubro para ocongresso anual da ATA.

    Com mais de 100 idiomas falados naárea metropolitana, Toronto é a 5ªmaior cidade da América do Norte eseu nome quer dizer “lugar deencontro”, na língua indígena dosHurons.

    A uma hora das cataratas do Niágara,Toronto conta com uma enorme ofertade museus, galerias de arte, parques,um magnífico porto e uma ilhaacessível por balsa.

    SEMINÁRIOS/ SESSÕES

    Além do nosso jantar de confraternizaçãoanual (aguardem detalhes – este será omelhor de todos!), os participantes do 45ºcongresso anual da ATA interessados emportuguês terão uma grande variedade detemas e palestras este ano:(favor confirmar todos os horários noprograma definitivo)

    Pre-conference 3-hour seminar onWednesday 10/13, 9:00am, 12:00pmVera Scarpinella – (from São Paulo)

    Administrative Law in Braziland the U.S.: ComprehensiveOverview and Comparison

    Pre-conference 3-hourseminar onWednesday 10/13, 2:00pm –5:00pmFernando Montenegro – (fromthe IMF in Washington)Challenges and Rewards ofTranslating for an InternationalFinancial Institution

    Edna Ditaranto45 min – In’s and Out’s andDo’s and Dont’s of EditingEnglish into Portuguese Texts

    Enéas Theodoro45 min – An InjudiciousCourtship – the U.S. andBrazilian Judiciary Systems

    Arlene Kelly45 min – Anatomy of anAutopsy: Brazilian and U.S.

    Autopsy Reports

    Vera Scarpinella90 min on Thursday – Administrative Lawin Brazil: A Profitable Field for Translators

    Fernando Montenegro90 min on Friday – Journals fromAcronymland: A Senior PortugueseTranslator at an International FinancialInstitution

    Tamara D. Barile - 90 minutes onFriday – Companies and the newBrazilian Civil Code

    Portuguese Language DivisionAnnual Meeting90 min on Thursday 10/14, 3:30pm –5:00pm.

    www.torontotourism.com

  • Venha celebrar! Come celebrate!

    ATA 45th Annual Conference - Portuguese Language Division Celebration Dinner

    Date: Friday, October 15, 2004 at 7:30 pm Place: Caju Restaurant – 922 Queen Street West – Toronto, Canada Menu * Choice of Palmito Salad or Soup of the Day * Choice of 3 Entrées (Frango com Molho de Quiabo, Picanha ou Moqueca de Peixe e Camarão) FRANGO COM MOLHO DE QUIABO: Herb-crusted chicken breast served with polenta, in a ginger and curry okra sauce. PICANHA: Grilled sirloin steak served sliced, with basmati rice, crispy cassava chips, farofa and salsa vinaigrette. MOQUECA: Traditional Bahia stew made with tomato and coconut milk broth, sweet peppers and onions, spiced with malagueta peppers and ginger, served with basmati rice, with fish and shrimp. Band: Mistura Fina (a Bossa Nova trio) Cost: US$35 (tax, gratuity and band included). Beverages and dessert are not included and should be paid at the restaurant. Questions? Please contact Gladys Wiezel at [email protected] Payment: Please make your check payable to Gladys Wiezel and mail it with the form below to:

    Gladys Wiezel 12625 E Evans Circle, #A

    Aurora CO 80014

    ✄ Name: _________________________________________________________ Number of persons attending: _______ Phone: (___) _____________ E-mail: _________________________

    mailto:[email protected]

    Interview with Sérgio Xavier FerreiraEventsFrom the AdministratorCanto LegalBanking services in BrazilO Exame da ATA e VocêE a história da unificação da língua portuguesa?...Toronto nos esperaRegistration form