história do euro basket33
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HISTÓRIA DO EUROBASKET
PALMARÉS
ANO MEDALHA DE OURO MEDALHA DE PRATA MEDALHA DE BRONZE ANFITRIÃO
1935 Letónia Espanha Checoslováquia Suiça (Genebra)
1937 Lituânia Itália França Letónia (Riga)
1939 Lituânia Letónia Polónia Lituânia (Kaunas)
1946 Checoslováquia Itália Hungria Suiça (Genebra)
1947 URSS Checoslováquia Egipto Checoslováquia (Praga)
1949 Egipto França Grécia Egipto (Cairo)
1951 URSS Checoslováquia França França (Paris)
1953 URSS Hungria França URSS (Moscovo)
1955 Hungria Checoslováquia URSS Hungria (Budapeste)
1957 URSS Bulgária Checoslováquia Bulgária (Sofia)
1959 URSS Checoslováquia França Turquia (Istanbul)
1961 URSS RSF da Jugoslávia Bulgária RSF da Jugoslávia (Belgrado)
1963 URSS Polónia RSF da Jugoslávia Polónia (Wrocław)
1965 URSS RSF da Jugoslávia Polónia URSS
1967 URSS Checoslováquia Polónia Finlândia
1969 URSS RSF da Jugoslávia Checoslováquia Itália
1971 URSS RSF da Jugoslávia Itália RFA
1973 RSF da Jugoslávia Espanha URSS Espanha
1975 RSF da Jugoslávia URSS Itália RSF da Jugoslávia
1977 RSF da Jugoslávia URSS Checoslováquia Bélgica
1979 URSS Israel RSF da Jugoslávia Itália
1981 URSS RSF da Jugoslávia Checoslováquia Checoslováquia
1983 Itália Espanha URSS França
1985 URSS Checoslováquia Itália Alemanha
1987 Grécia URSS RSF da Jugoslávia Grécia (Atenas)
1989 RSF da Jugoslávia Grécia URSS RSF da Jugoslávia (Zagreb)
1991 RSF da Jugoslávia Itália Espanha Itália (Roma)
1993 Alemanha Rússia Croácia Alemanha
1995 RF da Jugoslávia Lituânia Croácia Grécia (Atenas)
1997 RF da Jugoslávia Itália Rússia Espanha
1999 Itália Espanha RF da Jugoslávia França
2001 RF da Jugoslávia Turquia Espanha Turquia
2003 Lituânia Espanha Itália Suécia
2005 Grécia Alemanha França Sérvia e Montenegro
2007 Rússia Espanha Lituânia Espanha
HISTÓRIA DO EUROBASKET
TODOS OS MEDALHADOS
POS. SELECÇÃO MEDALHA DE OURO MEDALHA DE PRATA MEDALHA DE BRONZE TOTAL
1 URSS 14 3 4 21
2 RSF da Jugoslávia 5 5 3 13
3 Lituânia 3 1 1 5
4 Sérvia e Montenegro 3 0 1 4
5 Itália 2 4 4 10
6 Grécia 2 1 1 4
7 Checoslováquia 1 6 5 12
8 Hungria 1 1 1 3
9 Rússia 1 1 1 3
10 Letónia 1 1 0 2
11 Alemanha 1 1 0 2
12 Egipto 1 0 1 2
13 Espanha 0 6 2 8
14 França 0 1 5 6
15 Polónia 0 1 3 4
16 Bulgária 0 1 1 2
17 Israel 0 1 0 1
18 Turquia 0 1 0 1
19 Croácia 0 0 2 2
Nota: A FIBA considera os títulos conquistados pela RSF da Jugoslávia e da URSS distintos dos da Sérvia e Montenegro/ RF da Jugoslávia e da Rússia, respectivamente.
HISTÓRIA DO EUROBASKET
PRÉMIOS INDIVIDUAIS
ANO MVP MELHOR MARCADOR
JOGADOR PPJ
1935 Não atribuído Registo não oficial
1937 Não atribuído Registo não oficial
1939 Não atribuído Registo não oficial
1946 Não atribuído Paweł Stok (Polónia) 12,6
1947 Não atribuído Otar Korkiya (URSS) 14,8
1949 Não atribuído Hüseyin Öztürk (Turquia) 19,3
1951 Não atribuído Ivan Mrázek (Checoslováquia) 17,1
1953 Não atribuído Ahmed Idilibi (Líbano) 15,9
1955 Não atribuído Miroslav Skerik (Checoslováquia) 19,1
1957 Não atribuído Yalçın Granit (Turquia) 21,3
1959 Não atribuído Radivoj Korad (RSF da Jugoslávia) 28,1
1961 Não atribuído Radivoj Korad (RSF da Jugoslávia) 24,0
1963 Emiliano Rodríguez (Espanha) Radivoj Korad (RSF da Jugoslávia) 26,6
1965 Modestas Paulauskas (URSS) Radivoj Korad (RSF da Jugoslávia) 21,4
1967 Jiří Zedníček (Checoslováquia) Georgios Kolokithas (Grécia) 26,7
1969 Sergei Belov (URSS) Georgios Kolokithas (Grécia) 23,5
1971 Krešimir Dosid (RSF da Jugoslávia) Edward Jurkiewicz (Polónia) 22,6
1973 Wayne Brabender (Espanha) Atanas Golomeev (Bulgária) 22,3
1975 Krešimir Dosid (RSF da Jugoslávia) Atanas Golomeev (Bulgária) 22,9
1977 Dražen Dalipagid (RSF da Jugoslávia) Kees Akerboom (Holanda) 27,0
1979 Mickey Berkowitz (Israel) Mieczysław Młynarski (Polónia) 26,6
1981 Valdis Valters (URSS) Mieczysław Młynarski (Polónia) 23,1
1983 1. Juan Antonio Corbalán (Espanha) Nikos Galis (Grécia) 33,0
1985 Arvydas Sabonis (URSS) Doron Jamchy (Israel) 28,1
1987 Nikos Galis (Grécia) Nikos Galis (Grécia) 37,0
1989 Dražen Petrovid (RSF da Jugoslávia) Nikos Galis (Grécia) 35,6
1991 Toni Kukoč (RSF da Jugoslávia) Nikos Galis (Grécia) 32,4
1993 Christian Welp (Alemanha) Sabahudin Bilalovid (Bósnia-Herzegovina) 24,6
1995 Šarūnas Marčiulionis (Lituânia) Šarūnas Marčiulionis (Lituânia) 22,5
1997 Aleksandar Đorđevid (RF da Jugoslávia) Oded Kattash (Israel) 22,0
1999 Gregor Fučka (Itália) Alberto Herreros (Espanha) 19,2
2001 Predrag Stojakovid (RF da Jugoslávia) Dirk Nowitzki (Alemanha) 28,7
2003 Šarūnas Jasikevičius (Lituânia) Paul Gasol (Espanha) 25,8
2005 Dirk Nowitzki (Alemanha) Dirk Nowitzki (Alemanha) 26,1
2007 Andrei Kirilenko (Rússia) Dirk Nowitzki (Alemanha) 24,0
HISTÓRIA DO EUROBASKET
DÉCADA DE 30
Domínio Báltico nos primórdios da competição
Criada em 1932, a FIBA (acrónimo que designou até 1991 Fédération Internationale de
Basketball Amateur) conseguiu associar o basquetebol aos Jogos Olímpicos de 1936, estatuto
que ainda hoje mantém. Como forma de preparar as Olimpíadas, foi decidida a criação de um
Campeonato da Europa que teria lugar em 1935, na cidade de Genebra, primeira sede da
Federação Internacional.
Essa primeira edição contou com a presença da selecção de Portugal, que foi
derrotada pela congénere espanhola (33-12) no único jogo de qualificação que a prova teve,
facto curioso! Ainda mais pelo facto de o mesmo ter sido arbitrado pelo seleccionador
espanhol, Mariano Manent, tendo este sido inclusivamente elogiado pelos jogadores dos dois
conjuntos após o final da partida.
Com um formato, no mínimo, questionável, a primeira fase lá arrancou com dez
selecções, onde apenas três dos vencedores das suas eliminatórias garantiam presença nas
meias-finais, enquanto a Itália e a Suiça tiveram de disputar mais uma eliminatória. Nas meias-
finais, letões e espanhóis superaram, respectivamente, suíços e checoslovacos. A influência
dos americanos imigrados nos estados bálticos acabou por ser benéfica para a Letónia que
levou de vencida a Espanha na final por 24-18. O também futebolista Jānis Lidmanis e espanhol
Rafael Martin e o italiano Livio Franceschini (ao que tudo indica foi o melhor marcador do
torneio) foram os melhores jogadores da competição.
Dois ano depois (em 1937) foi a vez da Letónia receber o Campeonato, em virtude de
ter ganho a edição anterior, no entanto, e ao contrário do que aconteceu em Genebra, os
anfitriões não tinha pavilhões cobertos, pelo que os jogos foram disputados ao ar livre e num
piso de cimento. As oito selecções participantes foram divididas em dois grupos de quatro
equipas, num formato bem mais organizado, onde os dois primeiros de cada grupo se
qualificavam para as meias-finais. A selecção da Letónia, então campeã em título, não passou
da fase de grupos, enquanto a vizinha Lituânia, estreante em 1937, conseguiu derrotar tudo e
todos, incluindo a Itália do terrível jogador Livio Franceschini numa final decidida por um
ponto de diferença, 24-23 foi o resultado. Destaque ainda para a participação do Egipto,
autorizado pela FIBA Europe a entrar no Campeonato da Europa, numa decisão que abriu um
precedente que nem sempre foi benéfico para a competição.
HISTÓRIA DO EUROBASKET
A jogar em casa, a selecção da Lituânia não desperdiçou a oportunidade e revalidou o
título europeu em 1939, antes de ser anexada pela URSS para enfrentar o grande conflito do
século. As oito equipas presentes foram colocadas todas no mesmo grupo, jogando todas
contra todas, naquele que foi considerado um péssimo sistema de competição.
As duas melhores selecções da altura eram a Lituânia e Letónia e não deixaram os
créditos por mãos alheias, acabando com o ouro e prata, respectivamente. O jogo disputado
entre as duas nações bálticas foi de grande tensão, o público da casa enchia o mítico Kaunas
Sports Hall para um encontro carregado de política causado pela iminente anexação russa. O
resultado foi de 37-36 no entanto os letões acusam os seus vizinhos de terem ganho à custo do
génio do “ilegal” Pranas Lubinas. Nascido nos EUA e campeão olímpicos em representação dos
States em 1936, Frank Lubin falsificou a sua identidade e tornou-se lituano, com o nome de
Pranas Lubinas, ajudando o seu novo país a conquistar mais um campeonato. A influência de
Pranas Lubinas (ou Frank Lubin) foi tão grande que ainda hoje o jogador e também treinador é
recordado com saudade na Lituânia, sendo igualmente conhecido como “O Pai do Basquetebol
da Lituânia”. A questão adulteração de passaportes era recorrente nesta época, no entanto as
sanções que a FIBA tinha previsto foram esquecidas devido à tensão provocado pela Segunda
Guerra Mundial.
GÉNIO. Lubin foi o herói da sua geração
HISTÓRIA DO EUROBASKET
DÉCADA DE 40
Renascer após a Guerra
Os efeitos desastrosos provocados pela Segunda Guerra Mundial influenciaram a
realização de eventos desportivos durante a década de 40. O basquetebol não foi excepção,
muitos representantes de várias selecções integraram as forças armadas durante o conflito e
nunca mais voltaram a competir, para além do mapa da Europa ter mudado drasticamente. Os
campeões das três anteriores edições, Lituânia e Letónia, foram anexadas pela URSS que se
tornou a grande potência do basquetebol europeu, intercalando esse domínio com a
Jugoslávia.
A posição neutral da Suiça durante a Guerra levou os dirigentes da FIBA a escolherem
Genebra novamente como cidade anfitriã do Campeonato da Europa de 1946. As dez
selecções em prova foram organizadas em dois grupos de três equipas e um grupo de quatro.
De forma previsível, tendo em conta o baixo nível das outras nações, Hungria, Itália,
Checoslováquia e França atingiram as meias-finais de uma competição inesquecível. O italiano
Giuseppe Stefanini introduziu o lançamento em suspensão no jogo de basquetebol, gesto
elementar e fundamental nos dias de hoje. Para além deste feito, Genebra apadrinhou o
aparecimento do primeiro grande vulto da história do jogo, Ivan Mrázek. Este poste de 1,93 m
revolucionou e dominou o jogo interior até 1961, data em que apareceu Radivoj Korad. A
Checoslováquia acabaria mesmo por se sagrar campeã da Europa derrotando a Itália por 34-
32, na batalha entre as duas grandes figuras do campeonato.
A edição de 1947 mostrou uma URSS sem rival, que vulgarizou os seus adversários em
cada um dos seis jogos que disputou em terras checoslovacas. O número de nações envolvidas
aumentou para 14, que foram divididas em quatro grupos na primeira fase e em dois de
quatro equipas cada na segunda fase. Os vencedores de cada um dos grupos da segunda fase
disputaram a final da competição e os segundos classificados lutaram pela medalha de bronze.
A diferença média de 25 pontos por jogo atesta bem a superioridade soviética, que
contava com jogadores como Otar Korkiya, Stepas Butautas (pai de Ramūnas, treinador da
Lituânia) e ainda Joann Lõssov. Nem a equipa da casa, a Checoslováquia, conseguiu deter o
poder da URSS que venceu o jogo decisivo por 56-37, arrecadando a primeira de 14 medalhas
de ouro da sua história. Paralelamente, a Europa foi surpreendida pela selecção africana do
Egipto que venceu seis dos sete jogos que disputou, terminando com a medalha de bronze.
HISTÓRIA DO EUROBASKET
Em 1949, a URSS recusou acolher o Campeonato da Europa, apesar das regras da FIBA
Europe preverem que o último campeão seja o país organizador. Assim sendo, e após a nega
da Checoslováquia, que não estava interessada em receber o torneio duas vezes consecutivas,
o Campeonato da Europa mudou… de continente! Sim, isso mesmo, o Egipto, medalha de
bronze em 1947, aceitou o convite e foi o anfitrião de um campeonato completamente
descaracterizado. A necessidade de viajar de avião, que para além de ser caro não era muito
seguro (nesse mesmo ano, a equipa de futebol do Torino foi vitima de um trágico acidente de
avião), afastou as melhores selecções da Europa, sendo o velho continente representado por
apenas quatro países, França, Holanda, Turquia e Grécia. A Síria e o Líbano, para além do
Egipto, completavam o elenco pobre com apenas sete selecções, de três continentes. Foi uma
espécie de Taça de Mundo (!) que antecedeu a criação do Mundial, que aconteceu um ano
depois.
À imagem do que acontecera em 1939, o formato voltou a ser uma mini-liga entre os
sete países, mesmo depois da insatisfação que esse sistema tinha causado. Abdel Ismail, Walid
Saleh e Gabriel Catafago foram as principais figuras da selecção egípcia que conseguiu a vitória
no torneio, deixando para trás a competitiva França. A Grécia, na altura com pouco expressão
basquetebolística, terminou mesmo assim com a medalha de bronze.
JUMP SHOT. Otar Korkiya (URSS) em busca do gesto perfeito.
HISTÓRIA DO EUROBASKET
DÉCADA DE 50
Hegemonia Soviética
O número de títulos conquistados pela URSS durante as décadas de 50 e 60 foi de tal
forma avassalador que chegou ameaçou a própria competição, sem qual a qual o desporto não
pode viver. As características físicas dos seus jogadores aliadas às inovadoras técnicas de
treino transformaram a URSS num adversário sem rival. A década de 50 marcou ainda a
estabilização do número de selecções participantes e do sistema de competição baseado numa
fase final sem eliminatórias, que caiu em desuso com o passar dos anos.
Em 1951, a França acolheu o EuroBasket no Vélodrome d'hiver, emblemático recinto
fechado da cidade de Paris, com capacidade para 12.000 espectadores. Portugal participou
pela primeira vez no EuroBasket, terminando em 15º num total de 18 países, com três vitórias
em oito jogos. Noutro nível estava a URSS, liderada por Stepas Butautas e Otar Korkiya, não
deu hipóteses à concorrência e venceu todos os jogos das duas fases de grupos e ainda mais
dois, a meia-final contra a Bulgária e a final frente à Checoslováquia, por 44-43, no único jogo
em que os soviéticos foram postos à prova.
Em 1953, Moscovo recebeu a fase final do Campeonato da Europa, acolhendo os jogos
no Estádio Municipal que chegou a albergar 35.000 pessoas em alguns jogos da URSS. O
formato da competição, que envolveu 17 selecções, mudou ligeiramente em relação ao da
edição anterior, desta feita não houve fase de eliminatórias.
Mais uma vez, os soviéticos ganharam com toda a tranquilidade outro Campeonato da
Europa, vencendo, em média, cada um dos dez jogos que disputou por uma diferença de 32
pontos! Anatoly Konev e Otar Korkiya (quem mais podia ser!) foram as grandes figuras desta
selecção da URSS e do próprio campeonato. A Hungria ficou com a prata e a Checoslováquia
com o bronze.
A medalha de prata conquistada em Moscovo foi um trunfo para a Hungria organizar
em 1955 o Campeonato da Europa, na capital Budapeste, local onde a selecção húngara se
imortalizou perante os seus milhares de fãs. A introdução do tempo de ataque de 30 segundos
revolucionou completamente a abordagem dos treinadores ao jogo, que passaram a privilegiar
ataques rápidos em vez de um jogo demasiado pensado, por vezes enfadonho.
Após uma fase de grupos sem surpresas, em que soviéticos, húngaros e checoslovacos
venceram todos os seus jogos, a fase final era ansiosamente esperada pelos adeptos da casa.
HÉROIS NACIONAIS. A selecção húngara exibe o troféu conquistado em 1955
HISTÓRIA DO EUROBASKET
Quem começou melhor foi a União Soviética,
vencendo os seus três primeiros jogos e
aumentando para 41 a série de invencibilidade. No
entanto, a Checoslováquia do genial Miroslav Skerik
causou uma das maiores surpresas da história dos
Campeonatos da Europa, derrotando os gigantes
soviéticos por 81-74 e acabando com o seu estatuto
de intocáveis. Três dias depois foi a vez a Hungria
derrotar a URSS por 68-82 e se assumir como líder
do grupo quando lhe faltava apenas um jogo, apenas uma vitória para se coroar campeã da
Europa. Os húngaros vencerem mesmo a Roménia e passaram a ser considerados verdadeiros
heróis nacionais, destaque para János Greminger, László Hódy e Tibor Zsiros.
Desapontados com a medalha de bronze de 1955, os soviéticos apresentaram-se na
capital da Bulgária com mais uma excelente selecção, encabeçada por Viktor Zubkov e Stasys
Stonkus. Os anfitriões tinham também um excelente elenco em 1957, com jogadores como Ilija
Mirchev, Tsvetko Savov ou Georgi Panov, que faziam sonhar os entusiastas adeptos búlgaros
que enchiam constantemente o Estádio Nacional Vasil Levski para apoiar o seu país. Chegadas
à fase final, a Bulgária, a URSS, a Hungria e a Checoslováquia eram os únicos candidatos ao
título. Contudo, o último dia de competição reservou um Bulgária-URSS, que decidia o
campeonato uma vez que os dois países chegaram ao derradeiro jogo sem qualquer derrota.
No final a vitória sorriu aos russos que venceram por 57-60, perante a desilusão dos 48.000
espectadores da Bulgária. Checoslováquia completou o pódio.
O Campeonato da Europa de Istanbul em 1959 foi último a ser realizado ao ar livre,
após a FIBA ter decidido que a existência de recintos cobertos era a partir daquela data um
requisito obrigatório. Foi também a penúltima edição do EuroBasket decidida sem
eliminatórias, a última aconteceu em 1975. O sistema de competição utilizado envolveu ainda
mais fase de grupos do que o habitual, forem três no total. A URSS não teve, desta feita, que se
preocupar com a selecção da casa que saiu de cena logo na primeira fase de grupos. Os
grandes adversários dos soviéticos voltaram a ser a Hungria, Bulgária, Checoslováquia e
França, que mesmo assim não conseguiram superar a colossal selecção do Norte da Europa,
que contou mais uma vez com o melhor de Viktor Zubkov e com altura (2,14 m) de Ianis
Krouminch.
HISTÓRIA DO EUROBASKET
DÉCADA DE 60
União Soviética, uma máquina de vitórias
A década de 60 é usualmente designada como sendo o início da era moderna do
basquetebol. Até então, as selecções participantes no Campeonato Europa eram escolhidas
com base numa inscrição a que se tinham de submeter, no entanto o número de países
interessados em participar aumentava a cada edição, o que levou a FIBA Europe a criar uma
fase de qualificação para determinar as 16 vagas. Para além desta introdução, em 1963, foi
pela primeira vez designado um MVP, leia-se, melhor jogador do campeonato e em 1965, a
União Soviética inovou ao escolher duas cidades para acolher os jogos desse Campeonato da
Europa. Dois anos depois na Finlândia, o Campeonato da Europa foi pela primeira vez
transmitido pela televisão.
Paralelamente às inovações tecnológicas, os soviéticos continuavam o seu domínio
pela Europa do basquetebol, que teve como expoente máximo os anos 60, quer ao nível da
selecção (cinco campeonatos europeus em outras tantas edições) quer ao nível de clubes, com
os sucessos internacionais do ASK Riga, CSKA Moscow e
Dinamo Tbilisi.
O Campeonato da Europa de 1961 marcou a
entrada em cena do histórico Alexander Gomelsky para
o comando técnico da União Soviética. Durante
praticamente três décadas, Gomelsky bateu-se com
ferozes rivais dos Balcãs como Aleksandar Nikolid, Ranko
Žeravica ou Mirko Novosel, tendo levado muitas vezes a
melhor. O seu estilo de jogo pressionante e de
constante rotação de jogadores tornou a sua selecção
praticamente invencível durante a década de 60. A
ganhar desde 1957 de forma consecutiva, a União
Soviética prolongou em 1961 a sua série de sucessos, potenciada por Viktor Zubkov e pelo
virtuoso base de origem arménia, Armenak Alachachian, não dando hipóteses à talentosa
selecção jugoslava, vergada na final por escassos sete pontos, perante os 12.000 espectadores
que enchiam o Beogradski Sajam em Belgrado. Nos balcânicos brilhavam jogadores como
Radivoj Korad e Ivo Daneu, que nunca chegaram a ganhar um Campeonato da Europa.
MESTRE. Gomelsky é, ainda hoje, um exemplo a seguir
HISTÓRIA DO EUROBASKET
Organizado na Polónia, o Campeonato da Europa de 1963 proporcionou aos anfitriões
o seu melhor resultado de sempre, uma medalha de prata. Mais uma vez, a URSS venceu todos
os seus jogos, incluindo uma vitória por 40 pontos sobre a rival Checoslováquia. Os polacos
podem orgulhar-se da magnífica campanha, principalmente da vitória sobre a fortíssima
Jugoslávia na meia-final por 72-83,onde Mieczysław Łopatka e Zbigniew Dregier brilharam. Do
lado soviético, Ianis Krouminch e o Gennadi Volnov foram os que mais se destacaram, no
entanto o primeiro prémio de MVP foi entregue ao espanhol Emiliano Rodríguez.
Doze anos depois, o Europeu voltou à União Soviética, naquilo que foi mais um passeio
da superioridade soviético até ao dia em que defrontaram a Jugoslávia, na mais do que
esperada final. Novamente, Gomelsky levou a melhor sobre Nikolid, lançando mais uma grande
estrela do basquetebol europeu, Modestas Paulauskas, na altura com 20 anos, mostrou uma
capacidade de drible e um trabalho de pés pouco comuns para época. Resultado: foi eleito
MVP na edição de 1965!
O Europeu de Helsínquia em 1967 foi o primeiro a ser televisionado para toda a
Europa, marcando um ponto de viragem no basquetebol. A URSS a vencer de forma
concludente todos os seus jogos da primeira fase. Na meia-final, a União Soviética defrontou e
devastou a Polónia, tendo vencido por 40 pontos de diferença, mostrando um poderio que
parecia roçar a perfeição e que nem a Checoslováquia conseguiu deter no jogo da final, apesar
do equilíbrio que os números demonstram (77-89). Jiří Zedníček foi eleito o MVP da
competição deixando para trás a concorrência soviética. Pela primeira na história, a
organização elegeu um cinco ideal do Europeu que contou com Modestas Paulauskas (URSS),
Mieczysław Łopatka (Polónia), Jorma Pilkevaara (Finlândia), Anatoli Polivoda (URSS) e Emiliano
Rodríguez (Espanha).
Criticado em 1967 após o nono lugar de Helsínquia, Ranko Žeravica foi elevado à
condição de herói depois da medalha de parta nos Jogos de 1968 e da vitória sobre a União
Soviética na fase de grupos do EuroBasket de 1969 em Itália. O jovem Krešimir Dosid ajudou
com os seus 20 pontos nesse jogo a por um ponto final à série de 55 vitórias da URSS em
Campeonatos da Europa, périplo iniciado em 1957. Esta derrota não atemorizou os soviéticos
que acabaram por se vingar e derrotar a Jugoslávia na grande final. Mais uma vez, este êxito
teve o dedo de Gomelsky, que colocou o veterano Gennadi Volnov a defender o irreverente
Dosid, limitando-o a apenas 6 pontos nesse jogo. Os jovens Modestas Paulauskas e Sergei
Belov (MVP da edição e considerado por muitos como o melhor jogador europeu de sempre)
foram os rostos da sétima medalha de ouro consecutiva.
HISTÓRIA DO EUROBASKET
DÉCADA DE 70
Jugoslávia vs. URSS
Os anos 70 e 80 marcaram um domínio repartido entre a Jugoslávia e URSS, apenas
interrompido pelo colapso destes dois grandes impérios, que são ainda hoje são os países com
mais títulos europeus. O desenvolvimento do basquetebol por toda a Europa proporcionou o
aparecimento de outros países, que não os de leste, na luta pelas medalhas, exemplos da
Espanha, Itália, Israel e Holanda.
A edição de 1971 do Campeonato da Europa coroou a URSS e a sua magnífica série de
oito medalhas de ouro consecutivas, feito que dificilmente será alcançado tem em conta a
conjuntura actual. A República Federal da Alemanha assistiu a mais uma intensa disputa entre
Jugoslávia, sem Korad e Daneu, e União Soviética e ao confronto entre Vladimir Kondrashin
(sucessor de Gomelsky) e Ranko Žeravica. O estreante soviético acabou o trabalho do seu
antecessor e conquistou a oitavo medalha de ouro consecutiva. À imagem do que Gomelsky
fez no passado, Kondrashin também preparou uma defesa especial para Krešimir Dosid,
atribuindo esse papel a Alzhan Zharmukhamedov que condicionou o jugoslavo a uma
percentagem de 15% em lançamentos de campo. Apesar da miserável exibição na final,
Krešimir Dosid foi eleito o MVP do torneio, superando, neste particular, Modestas Paulauskas.
Após três medalhas de prata no EuroBasket e um título mundial em 1970, Žeravica
abandonou a selecção jugoslava sendo Mirko Novosel o escolhido para o substituir. Com o
novo técnico no comando, a sorte da Jugoslávia nos Campeonatos da Europa mudou
definitivamente, passando de eterno segundo a tricampeão europeu (1973, 1975 e 1977). A
magnífica geração jugoslava pôs fim ao reinado da URSS, que jamais se conseguiu impor de
forma tão dominadora como havia feito no passado.
No Campeonato de 1973, organizado pela Espanha, a Jugoslávia surgiu de equipa
renovada, para além do novo treinador, Dražen Dalipagid e Dragan Kidanovid estreavam-se em
grandes competições. Após uma primeira fase sem surpresas, chegaram as meias-finais, onde
inesperadamente a União Soviética foi derrotada pela… Espanha do naturalizado de origem
norte-americana Wayne Brabender. A Jugoslávia, que tinha vencido a Checoslováquia na fase
anterior, ficou assim com a tarefa facilitada e não vacilou, derrotando a Espanha no jogo da
final, que significou o primeiro título da sua história. Mais uma vez, o prémio de MVP não foi
entregue a um dos campeões europeus, mas antes a Wayne Brabender.
HISTÓRIA DO EUROBASKET
A jogar em casa, a Jugoslávia apresentou em
1975 uma autêntica equipa de sonho, à qual Novosel
juntou ainda o jovem base Mirza Delibašid. O novo
Pionir Hall recebeu a fase final da competição, onde
a Jugoslávia e a URSS chegaram invictas. O
calendário reservava um confronto no último dia da
competição, já a prever que o título se podia decidir
no último jogo da fase final. Assim aconteceu,
soviéticos e jugoslavos chegaram à quinta e
derradeira jornada com quatro vitórias cada e com a
medalha de prata já garantida. O troféu acabou nas
mãos dos jugoslavos mas, mais do que isso, importa
destacar o admirável espectáculo que ambas as
selecções proporcionaram. Uns (os soviéticos)
liderados por um Sergei Belov na plenitude das suas capacidades e outros por um quarteto
fantástico formado pelo experiente Dosid (novamente eleito MVP) e pelos jovens Dalipagid,
Kidanovid e Delibašid, o resultado foi um 90-84 (incrível resultado para a época) para gáudio
dos efervescentes adeptos dos Balcãs.
Em 1977, o Campeonato da Europa, organizado pela Bélgica, marcou o regresso de
Alexander Gomelsky ao comando da URSS e de Aleksandar Nikolid ao banco da Jugoslávia, a
fazer lembrar os duelos entre ambos durante a década de 60. No entanto, desta feita Nikolid
conseguiu finalmente superiorizar-se a Gomelsky, levando a Jugoslávia ao seu terceiro título
consecutivo. Ao contrário do que normalmente sucedia, tanto a União Soviética como a
Jugoslávia foram derrotadas na fase de grupos pela Itália (com Dino Meneghin, Pierluigi
Marzorati e Carlo Recalcati) e Checoslováquia, respectivamente. Contudo, acabaram por
chegar à final, onde Dražen Dalipagid (MVP) e Dragan Kidanovid dominaram perante a oposição
de Tkatchenko e Belov.
O Campeonato de 1979 em Itália foi uma demonstração de força por parte a União
Soviética, quando todos pensavam que tinha perdido o hábito de vitória, os comandados de
Gomelsky deram uma prova cabal da sua capacidade. Liderados pelos veteranos Belov e
Zharmukhamedov e pelos talentosos Tarakanov e Tkatchenko, a URSS dominou a competição
e venceu de forma esclarecedora a geração de ouro de Israel por 98-76. O atirador israelita
Miki Berkovich foi eleito o MVP do torneio.
ÚNICO. Dosid foi eleito por duas vezes MVP do EuroBasket, feito único até aos dias de hoje
HISTÓRIA DO EUROBASKET
DÉCADA DE 80
Gerações de Ouro
A década de 80 foi marcante pelo aparecimento de alguns dos melhores jogadores da
história do jogo. Dražen Petrovid, Arvydas Sabonis, Nikos Galis, Juan Antonio Corbalán,
Antonello Riva ou Valdis Valters fazem parte dessa restrito lote de jogadores, que fez muitos
aclamarem a década de 80 como a melhor de sempre. A excelência do basquetebol europeu
foi pela primeira vez alvo de atenção por parte da NBA que durante os anos 80 começou a
recrutar jogadores estrangeiros para as suas equipas. A introdução da linha de 3 pontos no
basquetebol trouxe novas tendências ao nível da organização ofensiva das equipas, tal como
tinha acontecido quando surgiu a restrição ao tempo de ataque em meados da década de 50.
Pela segunda vez em 46 anos, a Checoslováquia foi escolhida para organizar o
Campeonato da Europa. A primeira aconteceu em 1947 após terem sido campeões da Europa
um ano antes. O sorteio colocou Jugoslávia e URSS no mesmo grupo durante a primeira fase,
naquilo que seria um aquecimento para a final que os dois conjuntos viriam a disputar alguns
dias depois. Quer num quer noutro jogo, a vitória foi alcançada pela União Soviética, onde
despontava um dos melhores bases europeus de sempre e MVP desta edição de 1981, Valdis
Valters. A Jugoslávia, orientada por um jovem Tanjevid, manteve o núcleo duro onde
permanecia o veterano Dosid, não conseguindo acompanhar a evolução e aparecimento de
novos jogadores da URSS.
O EuroBasket de 1983 em França acolheu o prémio êxito de um país do Sul da Europa,
após praticamente meio século de domínio do norte e leste europeu. A Itália e a Espanha
disputaram uma final pouco esperada tendo em conta a grande selecção da URSS de Gomelsky
e o aparecimento do genial Dražen Petrovid na selecção da Jugoslávia desta vez orientada por
Josip Đerđa. A Itália chegou à final após derrotar a surpreendente Holanda, enquanto a
Espanha eliminou a União Soviética após um encontro impróprio para cardíacos (95-94), onde
Juan Antonio San Epifanio, Fernando Martín e Cándido Sibilio se consagraram como estrelas da
Roja. Na final, os italianos liderados por Renato Villalta, Enrico Gilardi e Romeo Sacchetti
sagraram-se campeões europeus pela primeira vez na sua história derrotando por 105-96 uma
selecção de Espanha recheada de estrelas (a medalha de prata nos Jogos de 1984 é prova
disso), que incluía o MVP do EuroBasket, Juan Antonio Corbalán. Destaque ainda para os 33
pontos por jogo que Nikos Galis conseguiu em representação da Grécia.
HISTÓRIA DO EUROBASKET
A saída de Gomelsky não impediu a consagração daquela que é considerada a melhor
selecção soviética de todos os tempos na RFA no ano de 1985. De Sabonis, de origem lituana a
Volkov, de origem ucraniana, esta equipa era uma
autêntica sociedade das nações, onde estavam
representadas seis repúblicas soviéticas. Orientada
por Vladimir Obukhov, a União Soviética perdeu
apenas um jogo, de novo com a Espanha ainda
durante a fase de grupos, rectificando esse mau
momento com vitórias expressivas sobre a Bulgária
(nos quartos-de-final), Itália (nas meias-finais) e
contra a Checoslováquia na grande final. Esta foi a 14ª e última medalha de ouro da União
Soviética, no entanto a pesada herança deixada pelo Behemoth soviético jamais será
esquecida e muito dificilmente igualada. O festival de ataque proporcionado pela URSS
encantou a Europa, registando uma média de 106,3 pontos por jogo, para a qual Arvydas
Sabonis (MVP em 1985), Valdis Valters e Rimas Kurtinaitis muito contribuíram.
O Campeonato Europeu de 1987 é considerado como um dos melhores de sempre,
aquele onde a imprevisibilidade mais esteve presente. A Grécia após se ter qualificado na
quarta posição do seu grupo nada fazia prever o que acabou por acontecer. Nos quartos-de-
final eliminou a Itália de Riva, nas meias-finais foi a vez da super-talentosa selecção da
Jugoslávia, orientada por Krešimir Dosid ser afastada e na final derrotou a União Soviética, na
mais emocionante final da história do EuroBasket. Foi este o trajecto da Grécia até ao título no
Pavilhão Paz e Amizade de Atenas, apenas possível com um jogador como Nikos Galis, que
marcou nada mais, nada menos do que 37 pontos por partida, sendo obviamente distinguido
com o prémio de MVP.
O último Europeu da década de 80 marcou o regresso aos títulos da Jugoslávia,
conquistado a jogar em Zagreb. Sob o comando de Dušan Ivkovid, a Jugoslávia apresentou uma
selecção tão boa ou até melhor (dizia Dražen Petrovid antes da competição começar!) do que a
da União Soviética em 1985. No entanto, a Jugoslávia teria de provar esse estatuto em campo
e fê-lo com distinção. Com um cinco inicial de sonho constituído por Dražen Petrovid, Žarko
Paspalj, Vlade Divac, Dino Rađa e Jure Zdovc, a Jugoslávia tinha ainda no banco jogadores
como Predrag Danilovid, Stojan Vrankovid, Toni Kukoč, que lhe permitiam uma intensidade de
jogo que a Grécia de Galis, Giannakis e Fassoulas não conseguiu aguentar no jogo da final (98-
77).
DREAM TEAM. Os argumentos ofensivos dos soviéticos encantaram a Europa em 1985.
HISTÓRIA DO EUROBASKET
DÉCADA DE 90