headache 2016.4.pdf · headache medicine, v.7, n.4, p.130-131, oct./nov/dec. 2016 131 sociedade...

16
October/November/December 2016 Nº 4 7 VOLUME Headache Medicine Headache Medicine ISSN 2178-7468 EDITORIAL XXX Brazilian Congress of Headache - An outstanding scientific event Marcelo Moraes Valença VIEW AND REVIEW Secondary nummular headache: a literature review Arthur C. Holanda, Marília A. Batista, Raiza R. B. Oliveira, Maria Carolina M. de Oliveira, Carolina A. Asfora, Aída C. S. do Nascimento, Eric C. Arraes, Rafael G.Costa, Marcelo M. Valença ORIGINAL ARTICLE Prevalência de incapacidade por enxaqueca em estudantes de medicina Layanne Cavalcante de Moura, Layanna Bezerra Maciel Pereira, Lucyanna Cavalcante de Moura, Leonardo Halley Carvalho Pimentel SHORT COMMUNICATION A mobilidade da coluna cervical superior pelo flexion-rotation test em indivíduos com disfunção temporomandibular Michele P. Ferreira, César Becalel Waisberg, Paulo César R. Conti, Debora Bevilaqua-Grossi Cefaleia da Diálise Eduardo Sousa de Melo, Rodrigo Pinto Pedrosa, Pedro Augusto Sampaio Rocha-Filho Bruxismo do sono modifica a associação entre disfunção temporomandibular dolorosa e alodínia cutânea em pacientes migranosos Guilherme Vinícius do Vale Braido*, Marco Túlio Faria Oliveira, Leticia Bueno Campi, Paula Cristina Jordani, Giovana Fernandes, Daniela Aparecida de Godoi Gonçalves NEUROIMAGEM EM CEFALEIA Headache as the sole manifestation of a brain abscess Paulo Sergio Faro Santos, Pedro André Kowacs THESIS Bezerra e Silva DW, Silva GA, Queiroz MLS, Barros MMMB OPINIÃO PESSOAL XXX Congresso Brasileiro de Cefaleia, o dilema da medicina baseada em evidência e o SUS Alan Chester Feitosa de Jesus

Upload: others

Post on 12-Jul-2020

4 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Headache 2016.4.pdf · Headache Medicine, v.7, n.4, p.130-131, Oct./Nov/Dec. 2016 131 Sociedade Brasileira de Cefaleia – SBCe filiada à International Headache Society – IHS Rua

October/November/December 2016 Nº 47

VOLUME

HeadacheMedicineHeadacheMedicine

ISSN 2178-7468

EDITORIALXXX Brazilian Congress of Headache - An outstanding scientific event

Marcelo Moraes Valença

VIEW AND REVIEWSecondary nummular headache: a literature reviewArthur C. Holanda, Marília A. Batista, Raiza R. B. Oliveira, Maria Carolina M. de Oliveira,

Carolina A. Asfora, Aída C. S. do Nascimento, Eric C. Arraes, Rafael G.Costa, Marcelo M. Valença

ORIGINAL ARTICLEPrevalência de incapacidade por enxaqueca em estudantes de medicinaLayanne Cavalcante de Moura, Layanna Bezerra Maciel Pereira, Lucyanna Cavalcante de

Moura, Leonardo Halley Carvalho Pimentel

SHORT COMMUNICATION A mobilidade da coluna cervical superior pelo flexion-rotation test em indivíduos com disfunção temporomandibular

Michele P. Ferreira, César Becalel Waisberg, Paulo César R. Conti, Debora Bevilaqua-Grossi

Cefaleia da DiáliseEduardo Sousa de Melo, Rodrigo Pinto Pedrosa, Pedro Augusto Sampaio Rocha-Filho

Bruxismo do sono modifica a associação entre disfunção temporomandibular dolorosa e alodínia cutânea em pacientes migranosos

Guilherme Vinícius do Vale Braido*, Marco Túlio Faria Oliveira, Leticia Bueno Campi, Paula Cristina Jordani, Giovana Fernandes, Daniela Aparecida de Godoi Gonçalves

NEUROIMAGEM EM CEFALEIA Headache as the sole manifestation of a brain abscess

Paulo Sergio Faro Santos, Pedro André Kowacs

THESIS Bezerra e Silva DW, Silva GA, Queiroz MLS, Barros MMMB

OPINIÃO PESSOAL XXX Congresso Brasileiro de Cefaleia, o dilema da medicina baseada em evidência e o SUS

Alan Chester Feitosa de Jesus

Page 2: Headache 2016.4.pdf · Headache Medicine, v.7, n.4, p.130-131, Oct./Nov/Dec. 2016 131 Sociedade Brasileira de Cefaleia – SBCe filiada à International Headache Society – IHS Rua

Headache Medicine, v.7, n.4, p.129, Oct./Nov/Dec. 2016 129

CONTENTS

EDITORIALXXX Brazilian Congress of Headache - An outstanding scientific eventXXX Congresso Brasileiro de Cefaleia - Um evento científico excepcional ................................................................. 132Marcelo Moraes Valença

VIEW AND REVIEWSecondary nummular headache: a literature reviewCefaleia numular secundária: Revisão de literatura .................................................................................................. 133Arthur C. Holanda, Marília A. Batista, Raiza R. B. Oliveira, Maria Carolina M. de Oliveira, Carolina A. Asfora,Aída C. S. do Nascimento, Eric C. Arraes, Rafael G. Costa, Marcelo M. Valença

ORIGINAL ARTICLEPrevalência de incapacidade por enxaqueca em estudantes de medicinaPrevalence of disability by migraine in medical students .......................................................................................... 137Layanne Cavalcante de Moura, Layanna Bezerra Maciel Pereira, Lucyanna Cavalcante de Moura,Leonardo Halley Carvalho Pimentel

SHORT COMMUNICATIONA mobilidade da coluna cervical superior pelo flexion-rotation test em indivíduos comdisfunção temporomandibularThe mobility of the upper cervical spine by flexion-rotation test in individuals withtemporomandibular dysfunction .............................................................................................................................. 145Michele Peres Ferreira, César Becalel Waisberg, Paulo César Rodrigues Conti, Debora Bevilaqua-Grossi

Cefaleia da DiáliseDialysis Headache .................................................................................................................................................. 148Eduardo Sousa de Melo, Rodrigo Pinto Pedrosa, Pedro Augusto Sampaio Rocha-Filho

Bruxismo do sono modifica a associação entre disfunção temporomandibular dolorosa e alodínia cutânea empacientes migranososSleep bruxism modifies the association between painful temporomandibular dysfunction andcutaneous allodynia in migraine patients ................................................................................................................ 150Guilherme Vinícius do Vale Braido, Marco Túlio Faria Oliveira, Leticia Bueno Campi, Paula Cristina Jordani,Giovana Fernandes, Daniela Aparecida de Godoi Gonçalves

NEUROIMAGEM EM CEFALEIAHeadache as the sole manifestation of a brain abscessDor de cabeça como única manifestação de um abscesso cerebral .......................................................................... 154Paulo Sergio Faro Santos, Pedro André Kowacs

THESIS ................................................................................................................................................................. 155Bezerra e Silva DW, Silva GA, Queiroz MLS, Barros MMMB

OPINIÃO PESSOALXXX Congresso Brasileiro de Cefaleia, o dilema da medicina baseada em evidência e o SUSXXX Brazilian Congress of Headache, the dilemma of evidence-based medicine and SUS ......................................... 159Alan Chester Feitosa de Jesus

CAPA: Brain Abscess, Figure 1. Santos and Kowacs, Headache Med. 2016;(7)4:154

Scientific Publication of the Brazilian Headache SocietyVolume 7 Number 4 October/November/December 2016

Headache MedicineISSN 2178-7468

Page 3: Headache 2016.4.pdf · Headache Medicine, v.7, n.4, p.130-131, Oct./Nov/Dec. 2016 131 Sociedade Brasileira de Cefaleia – SBCe filiada à International Headache Society – IHS Rua

130 Headache Medicine, v.7, n.4, p.130-131, Oct./Nov/Dec. 2016

Headache MedicineISSN 2178-7468

A revista Headache Medicine é uma publicação de propriedade da Sociedade Brasileira de Cefaleia, indexada no Latindex e no Index Scholar, publicada pelaTrasso Comunicação Ltda., situada na cidade do Rio de Janeiro, na Rua das Palmeiras, 32 /1201 - Botafogo - Rio de Janeiro-RJ - Tel.: (21) 2521-6905 - site:www.trasso.com.br. Os manuscritos aceitos para publicação passam a pertencer à Sociedade Brasileira de Cefaleia e não podem ser reproduzidos ou publicados,mesmo em parte, sem autorização da HM & SBCe. Os artigos e correspondências deverão ser encaminhados para a HM através de submissão on-line, acesso pelapágina www.sbce.med.br - caso haja problemas no encaminhamento, deverão ser contatados o webmaster, via site da SBCe, a Sra. Josefina Toledo, da TrassoComunicação, ou o editor ([email protected]). Tiragem: 1.500 exemplares. Distribuição gratuita para os membros associados, bibliotecas regionais deMedicina e faculdades de Medicina do Brasil, e sociedades congêneres.

Editor-in-ChiefMarcelo Moraes ValençaVice-Editor-in-Chief

Fabíola Dach Éckeli

Past Editors-in-ChiefEdgard Raffaelli Júnior (1994-1995)José Geraldo Speciali (1996-2002)Carlos Alberto Bordini (1996-1997)

Abouch Valenty Krymchantowsky (2002-2004)Pedro André Kowacs and Paulo H. Monzillo (2004-2007)

Fernando Kowacs (2008-2013)

Editors EmeritiEliova Zukerman, São Paulo, SP

Wilson Luiz Sanvito, São Paulo, SP

International Associate EditorsCristana Peres Lago, Uruguai

Gregorio Zlotnik, CanadáIsabel Luzeiro, Portugal

José Pereira Monteiro, PortugalKelvin Mok, CanadáMarcelo Bigal, USA

Nelson Barrientos Uribe, Chile

Abouch Valenty Krymchantowski, Rio de Janeiro, RJAlan Chester F. Jesus, Aracaju, SEAna Luisa Antonniazzi, Ribeirão Preto, SPAriovaldo A. Silva Junior, Belo Horizonte, MGCarla da Cunha Jevoux, Rio de Janeiro, RJCarlos Alberto Bordini, Batatais, SPCélia Aparecida de Paula Roesler, São Paulo, SPClaudia Baptista Tavares, Belo Horizonte, MGCláudio M. Brito, Barra Mansa, RJDaniella de Araújo Oliveira, Recife, PEDeusvenir de Sousa Carvalho, São Paulo, SPDjacir D. P. Macedo, Natal, RNÉlcio Juliato Piovesan, Curitiba, PRElder Machado Sarmento, Barra Mansa, RJEliana Meire Melhado, Catanduva, SPFabíola Dach Éckeli, Ribeirão Preto, SPFabíola Lys Medeiros, Recife, PEFernando Kowacs, Porto Alegre, RS

Hugo André de Lima Martins, Recife, PEJano Alves de Sousa, Rio de Janeiro, RJJoão José de Freitas Carvalho, Fortaleza, CEJoaquim Costa Neto, Recife, PEJosé Geraldo Speziali, Ribeirão Preto, SPLuis Paulo Queiróz, Florianópolis, SCMarcelo C. Ciciarelli, Ribeirão Preto, SPMarcelo Rodrigues Masruha, Vitória, ESMarcos Antônio Arruda, Ribeirão Preto, SPMario Fernando Prieto Peres, São Paulo, SPMaurice Vincent, Rio de Janeiro, RJMauro Eduardo Jurno, Barbacena, MGPedro Augusto Sampaio Rocha Filho, Recife, PEPedro Ferreira Moreira Filho, Rio de Janeiro, RJPedro André Kowacs, Curitiba, PRRaimundo Silva-Néto, Teresina, PIRenan Domingues, Vitória, ESRenata Silva Melo Fernandes, Recife, PE

Headache MedicineScientific Publication of the Brazilian Headache Society

Editorial Board

Page 4: Headache 2016.4.pdf · Headache Medicine, v.7, n.4, p.130-131, Oct./Nov/Dec. 2016 131 Sociedade Brasileira de Cefaleia – SBCe filiada à International Headache Society – IHS Rua

Headache Medicine, v.7, n.4, p.130-131, Oct./Nov/Dec. 2016 131

Sociedade Brasileira de Cefaleia – SBCe

filiada à International Headache Society – IHS

Rua General Mario Tourinho, 1805 – Sala 505/506 - Edifício LAKESIDE80740-000 – Curitiba - Paraná - PR, Brasil

Tel: +55 (41) 9911-3737www.SBCe.med.br – [email protected]

Secretário executivo: Liomar Luis Miglioretto

Presidente

Mauro Eduardo Jurno

Secretária

Fabíola Dach Éckeli

Tesoureira

Célia Aparecida de Paula Roesler

Departamento Científico

Célia Aparecida de Paula RoeslerEliana Melhado

Fabíola Dach Éckeli Jano Alves de SouzaJosé Geraldo Speziali Luis Paulo QueirózMarcelo Ciciarelli

Pedro André Kowacs

Editor da Headache Medicine

Marcelo Moraes Valença

Vice-Editor da Headache Medicine

Fabíola Dach Éckeli

Diretoria Biênio 2016/2018

Comitês

Comitê de Dor Orofacial

Ricardo Tanus Valle

Comitê de Cefaleia na Infância

Marcos Antônio ArrudaThais Rodrigues Villa

Comitê de Leigos

Claudia Baptista TavaresHenrique Carneiro de CamposJoão José de Freitas Carvalho

Pedro Augusto Sampaio Rocha Filho

Delegado junto à IHS

João José Freitas de Carvalho

Responsáveis pelo Portal SBCe

Elder Machado SarmentoPaulo Sergio Faro Santos

Representante junto à SBED

José Geraldo Speziali

Representante junto à ABN

Célia Aparecida de Paula RoeslerFernando Kowacs

Raimundo Pereira da Silva Neto

Responsável pelas Midias Sociais

Thais Rodrigues Villa

Page 5: Headache 2016.4.pdf · Headache Medicine, v.7, n.4, p.130-131, Oct./Nov/Dec. 2016 131 Sociedade Brasileira de Cefaleia – SBCe filiada à International Headache Society – IHS Rua

132 Headache Medicine, v.7, n.4, p.132, Oct./Nov./Dec. 2016

n this issue we have the opportunity to read articles representingsome of the best studies submitted to the XXX Brazilian Congress ofHeadache held at Ribeirao Preto, Sao Paulo, in October 2016, andselected for oral presentation. The highlight of the congress was theunprecedented quality of the presentations, not only by our Braziliancolleagues but also by the invited guest speakers from abroad. New formsof treatment to combat headache were discussed at great length. Theadvances in technology over the past few years have profoundly impactedthe way we are now treating our patients with headache. This can beclearly seen when we are investigating our patients using sophisticatedneuroimaging techniques, indicating neurostimulation devices, or evenwhen employing state-of-the-art pharmacotherapy such as CGRPantibodies.

During the congress we also had the opportunity to discuss how ourfinancially underprivileged SUS patients can benefit, in the absence ofaccess to these new technologies, using the drugs regularly encounteredin public institutions.

XXX Brazilian Congress of Headache - An outstandingscientific eventXXX Congresso Brasileiro de Cefaleia - Um evento científico

excepcional

I

EDITORIAL

Marcelo ValençaEditor da Headache Medicine

Page 6: Headache 2016.4.pdf · Headache Medicine, v.7, n.4, p.130-131, Oct./Nov/Dec. 2016 131 Sociedade Brasileira de Cefaleia – SBCe filiada à International Headache Society – IHS Rua

Headache Medicine, v.7, n.4, p.145-147, Oct./Nov./Dec. 2016 145

A mobilidade da coluna cervical superior peloflexion-rotation test em indivíduos com disfunçãotemporomandibularThe mobility of the upper cervical spine by flexion-rotation test in individuals withtemporomandibular dysfunction

Michele Peres Ferreira1, César Becalel Waisberg2, Paulo César Rodrigues Conti2, Debora Bevilaqua-Grossi1

1Laboratório LAPOHM, Faculdade de Fisioterapia, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil2Departamento de Prótese, Faculdade de Odontologia, Universidade de São Paulo, Bauru, São Paulo, Brasil

Ferreira MP, Waisber CB, Conti PCR, Bevilaqua-Grossi D. A mobilidade da coluna cervical superior peloflexion-rotation test em indivíduos com disfunção temporomandibular. Headache Medicine. 2016;7(4):145-7

SHORT COMMUNICATION

INTRODUÇÃO

As disfunções da coluna cervical (DCC) têm sido fre-

quentemente descritas em indivíduos com DTM. A

prevalência varia entre 23% a 79%, sendo 91% deles em

condições crônicas. Tem sido sugerido que pessoas que

sofrem com DTM têm duas vezes mais chances de terem

dor cervical do que a população em geral.(1) Apesar de

ainda não ter sido demonstrado uma relação entre causa

e efeito, os sinais e sintomas cervicais parecem estar rela-

cionados com a severidade da DTM. Ou seja, a presença

da sintomatologia cervical pode perpetuar mais do que

predispor o aparecimento da DTM.(2)

A literatura aponta que os níveis superiores da coluna

cervical demonstram ser os mais acometidos nesses paci-

entes.(3) As raízes cervicais C1-C2-C3 convergem com a

entrada das vias aferentes trigeminais da região orofacial,

e esse processo poderia induzir a sensibilização dos

neurônios de segunda ordem, facilitando a entrada de

informações nociceptivas da coluna cervical superior, re-

sultando em sintomas dolorosos orofaciais, ou vice-ver-

sa.(4) Além disso, estudos demonstram que esse segmento

superior da coluna apresenta menor mobilidade através

de análises palpatórias.

Recentemente, um único estudo verificou que mulhe-

res com DTM e cefaleia apresentam maior restrição da

mobilidade do segmento superior da coluna cervical e su-

gerem a avaliação desse segmento nesses pacientes.(5)

Desde então, resultados semelhantes foram observados

apenas em pacientes com cefaleia cervicogênica e sinais

de DTM,(6) estimulando maiores investigações para me-

lhor compreensão da relação da coluna cervical em indi-

víduos com DTM.

OBJETIVOS

Verificar a amplitude de movimento passiva da colu-

na cervical no segmento superior pelo Flexion-Rotation

Test (FRT) em mulheres com Disfunção Temporo-

mandibular (DTM) com e sem relato de dor de cabeça.

MATERIAL E MÉTODOS

Todos os voluntários da pesquisa assinaram o Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido e o trabalho foi apro-

vado pelo comitê de ética em pesquisa com número do

protocolo: 100946/2015.

Quarenta mulheres foram diagnosticadas com DTM

por uma equipe de dentistas especializados de acordo com

o RDC/TMD. Dezesete mulheres foram incluídas no grupo

controle (Tabela 1). Todas as voluntárias foram avaliadas

por um fisioterapeuta experiente que executou o exame

para analisar a mobilidade do segmento C1-C2 da colu-

na cervical superior com o Flexion-rotation Test (FRT)

CROM® (Cervical Range of Motion - Performance

Attainment Associates) (Figura 1).

Page 7: Headache 2016.4.pdf · Headache Medicine, v.7, n.4, p.130-131, Oct./Nov/Dec. 2016 131 Sociedade Brasileira de Cefaleia – SBCe filiada à International Headache Society – IHS Rua

146 Headache Medicine, v.7, n.4, p.145-147, Oct./Nov./Dec. 2016

FERREIRA MP, WAISBER CB, CONTI PCR, BEVILAQUA-GROSSI D

Dada a alta frequência de relato de dor de cabeça, a

amostra de DTM foi estratificada pelo presença de relato

de dor, em DTM com cefaleia (n= 25) e DTM sem cefaleia

(n= 15). Foram aplicados ANOVA one way, seguida por

teste post hoc de Tukay e aplicado o test T-student. O nível

de significância adotado foi de 5%. A análise de relevân-

cia clínica foi conduzida conforme o método descrito por

Armijo-Olivo em 2011, baseado na distribuição do Effect

Size (ES) proposto por Cohen (Tabela 2).

RESULTADOS

O presente estudo identificou que a média da amplitu-

de de movimento da coluna cervical superior (C1-C2)

pelo FRT foi significativamente menor no grupo DTM em

relação ao grupo controle (p<0.05), sendo essas dife-Figura 1. Flexion-rotationTest

Page 8: Headache 2016.4.pdf · Headache Medicine, v.7, n.4, p.130-131, Oct./Nov/Dec. 2016 131 Sociedade Brasileira de Cefaleia – SBCe filiada à International Headache Society – IHS Rua

Headache Medicine, v.7, n.4, p.145-147, Oct./Nov./Dec. 2016 147

A MOBILIDADE DA COLUNA CERVICAL SUPERIOR PELO FLEXION-ROTATION TEST EM INDIVÍDUOS COM DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR

renças consideradas clinicamente relevantes. Não foram

observadas diferenças entre os grupos DTM com e sem

cefaleia.

DISCUSSÃO

O segmento da coluna cervical superior tem demons-

trado uma maior restrição da mobilidade articular através

de análises palpatórias em sujeitos com DTM.(3) Adicional-

mente, o FRT foi descrito como útil para identificar a mobi-

lidade desse segmento e auxiliar os diagnósticos de cefaleia

cervicogênica.(6)

Piekartz et al. foram os primeiros a sugerir uma relação

entre presença de CC e sinais ou sintomas de DTM, após

observarem que a intervenção terapêutica na região orofacial

proporcionou um aumento da mobilidade cervical, medida

pelo FRT, além de reduzir os sintomas de dor de cabeça.(7)

Mesmo indivíduos que não foram diagnosticados com uma

DTM clássica, essa associação clínica despertou a atenção

para explorar o segmento superior cervical nos indivíduos

com DTM sem cefaleia. De fato, a literatura aponta uma

menor mobilidade no FRT em indivíduos com CC, porém,

isso nos fez considerar a presença de queixas de dor de

cabeça no indivíduos com DTM, para entender se haveria

uma influência na resposta dos testes clínicos.

No estudo de Grondin et al., todos as mulheres com

DTM apresentaram redução no FRT; contudo, a presença

de cefaleia demonstrou menores valores comparados aos

sujeitos sem dor de cabeça.(4) Interessantemente, em con-

traste, o presente estudo registrou relatos de dor de cabeça

em 65% da amostra do grupo DTM e, apesar de não te-

rem sido diagnosticadas, as queixas foram consideradas

no intuito de observar se a resposta do FRT poderia ser

influenciada pela presença de cefaleia e não pela DTM.

Figura 2. Gráfico da comparação do FRT entre os gruposDiferença significativa comparada com grupo controle (p < 0.05)

No entanto, os dados analisados não demonstraram dife-

renças significativas entre os grupos com e sem cefaleia.

Adicionalmente, estudos afirmam efeitos benéficos nas

DTM's após intervenções terapêuticas direcionadas ao

segmento superior da coluna cervical. Os estudos suge-

rem que a mobilização articular nos níveis superiores da

coluna cervical promovem um efeito de modulação

nociceptiva no complexo trigeminocervical.(8)

CONCLUSÃO

Pacientes com DTM com ou sem relato de dor de

cabeça apresentam menor ADM de rotação passiva do

segmento superior (C1-C2) da coluna cervical.

REFERENCES1. Visscher CM, Boer W, Lobbezoo F, Habets LL, Naeiji M. Clinical

tests in distinguishing between persons with or withoutcraniomandibular or cervical spine pain complaints. Eur J OralSci. 2000;108(6):475-83.

2. Bevilaqua-grossi D, Chaves TC, Oliveira AS. Cervical Spine Signsand Symptoms: Perpetuating Rather Than Predisposing Factorsfor Temporomadibular Disorders in Woman. J Appl Oral Sci2007;15(4):259-64.

3. De Laat A, Meuleman H, Stevens A, Verbeke G. Correlationbetween cervical spine and temporomandibular disorders.Clinical oral investigations. 1998;2(2):54-7.

4. Hu JW, Sun KQ, Vernon H, Sessle BJ. Craniofacial inputs to uppercervical dorsal horn: implications for somatosensory informationprocessing. Brain Res. 2005;1044:93-106.

5. Grondin F, Hall T, Laurentjoye M, Ella B. Upper cervical range ofmotion is impaired in patients with temporomandibular disorders.Cranio. 2015 Apr;33(2):91-9.

6. Ogince M, Hall T, Robinson K, Blackmore AM. The diagnosticvalidity of the cervical flexion-rotation test in C1/2- relatedcervicogenic headache. Man Ther 2007;12:256-62.

7. Von Piekartz H, Ludtke K. Effect of treatment of temporomandibulardisorders (TMD) in patients with cervicogenic headache: a single-blind, randomized controlled study. Cranio. 2011;29:43-56.

8. La Touche R, París-Alemany A, Mannheimer JS, Angulo-Díaz-Parreño S, Bishop MD, Lopéz-Valverde-Centeno A, von PiekartzH, Fernández-Carnero J. Does Mobilization of the Upper CervicalSpine Affect Pain Sensitivity and Autonomic Nervous SystemFunction?in Patients With Cervico-craniofacial Pain? Clin J Pain.2013 Mar;29(3):205-15.

Correspondência

Michele Peres Ferreira

Laboratório LAPOHM, Faculdade de Fisioterapia,Universidade de São Paulo

Ribeirão Preto, SP, Brasil

Recebido: 05 de outubro de 2016Aceito: 20 de outubro de 2016

Page 9: Headache 2016.4.pdf · Headache Medicine, v.7, n.4, p.130-131, Oct./Nov/Dec. 2016 131 Sociedade Brasileira de Cefaleia – SBCe filiada à International Headache Society – IHS Rua

148 Headache Medicine, v.7, n.4, p.148-149, Oct./Nov./Dec. 2016

Cefaleia da DiáliseDialysis Headache

Eduardo Sousa de Melo, Rodrigo Pinto Pedrosa, Pedro Augusto Sampaio Rocha-Filho

Universidade Federa de Pernambuco, Recife, Pernambuco, Brasil

Melo ES, Pedrosa RP, Rocha-Filho PAS. Cefaleia da Diálise. Headache Medicine. 2016;7(4):148-9

SHORT COMMUNICATION

INTRODUÇÃO

A prevalência de pacientes que realizam tratamen-to hemodialítico no mundo vem crescendo. A cefaleiaencontra-se entre os principais transtornos transdiálise.Estima-se uma prevalência de cefaleia da diálise entre27% a 73%.(1-3) Existem poucos estudos que avaliam acefaleia da diálise (CD) e, apesar de sua alta preva-lência, não se sabe seu real impacto e mecanismosfisiopatológicos.

Nosso trabalho tem como objetivos determinar afrequência, características, impacto da CD e comparar ocomportamento vascular cerebral nos pacientes com e semo diagnóstico desta cefaleia.

MÉTODOS

Este é um estudo transversal. Foram incluídos 100pacientes submetidos consecutivamente à hemodiálise emduas unidades de hemodiálise na cidade do Recife, Hos-pital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambucoe Clínica Miltirim.

Todos os pacientes foram avaliados por neurologistacom experiência no diagnóstico e tratamento de cefaleiasque os entrevistou e realizou exame clínico e neurológicoantes da realização da sessão de hemodiálise.

Foi utilizado questionário semiestruturado contendodados sociodemográficos, sobre a insuficiência renal crô-nica e seu tratamento, sobre a presença e característicasdas cefaleias apresentadas na vida e sobre a presença ecaracterísticas da cefaleia da diálise. Utilizaram-se tam-bém as escalas Headache Impact Test (HIT-6), Hospital

Anxiety and Depression Scale e Short Form-36 Health

Survey (SF-36).

Foi realizada ultrassonografia Doppler transcranianana primeira e quarta horas de hemodiálise para avalia-ção das artérias cerebrais médias. Foram realizadas re-gressões logística para avaliar o que estava relacionadoao diagnóstico da cefaleia da diálise e ao impacto dascefaleias.

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pes-quisa do Centro de Ciências da Saúde da UFPE (CAAE47077715.3.0000.5208) e obtida assinatura do termode consentimento livre e esclarecido (TCLE) pela popula-ção investigada.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Cem pacientes foram incluídos neste estudo. Estes ti-nham idade média de 51,8 (±13,6) anos, 50 eram mu-lheres, 49 tinham CD.

As características mais frequentes da CD foram o ca-ráter pulsátil, início insidioso, localização bilateral e inícioda dor após a segunda hora de diálise. O padrão maisfrequentemente encontrado foi um padrão equivalente aoda cefaleia tipo tensional. Um estudo prévio encontroucomo padrão mais frequente o padrão migranoso.(3) Otempo de início da dor está de acordo com a literatura.(4)

Foram avaliadas que características dos pacientes es-tiveram relacionadas à CD. As mulheres, os com menoridade, maior escolaridade e maior tempo em programade hemodiálise tiveram significativamente mais cefaleia dadiálise (regressão logística).

Os pacientes com e sem CD foram comparados quantoà qualidade de vida. Os com CD tiveram significativa-mente pior qualidade de vida nos domínios dor (p<0,05,teste de Mann Whitney) e estado geral de saúde (p<0,05,teste de Mann Whitney) do SF-36.

Page 10: Headache 2016.4.pdf · Headache Medicine, v.7, n.4, p.130-131, Oct./Nov/Dec. 2016 131 Sociedade Brasileira de Cefaleia – SBCe filiada à International Headache Society – IHS Rua

Headache Medicine, v.7, n.4, p.148-149, Oct./Nov./Dec. 2016 149

CEFALEIA DA DIÁLISE

Foram avaliadas que características dos pacientes edas cefaleias apresentadas por estes estiveram relaciona-das ao impacto das cefaleias (HIT-6).Ter uma renda fami-liar menor, ter ansiedade e ter a cefaleia da diálise tiveramassociação significativa com um maior impacto da cefaleia(regressão logística).

Dezessete pacientes não realizaram ultrassonografiaDoppler transcraniana porque não apresentavam janelaóssea transtemporal adequada para realização do exame.Foram comparadas as medidas do Doppler transcranianoantes e depois da sessão de hemodiálise entre os que ti-nham ou não cefaleia da diálise. O índice de pulsatilidade,que avalia a resistência dos vasos estudados, foi significa-tivamente menor no grupo com cefaleia da diálise nasartérias cerebrais médias direitas (p=0,01, teste de MannWhitney) e esquerdas (p=0,02, teste de Mann Whitney)antes da hemodiálise e nas artérias cerebrais médias es-querdas após a diálise (p=0,02, teste de Mann Whitney).O estudo do comportamento da vascular cerebral em pa-cientes com CD, até onde temos conhecimento, não ha-via sido reportada. Esses dados sugerem padrão devasodilatação cerebral no grupo da cefaleia da diálise.

O tempo de início da cefaleia em relação à diálise,um menor nível sérico de magnésio pós-diálise(2) e umamaior concentração de peptídeo relacionado ao gene dacalcitonina (CGRP) pré-diálise nos pacientes com CD(5)

em estudos prévios nos sugeriram uma possível participa-ção vascular.

CONCLUSÕES

A CD é frequente, ocorre mais nas mulheres, nos maisjovens, com maior escolaridade e maior tempo em pro-grama de hemodiálise, tem impacto negativo na qualida-de de vida dos pacientes. A avaliação por ultrassonografiaDoppler transcraniano sugere padrão de vasodilataçãocerebral nos pacientes com CD.

Correspondência

Pedro Augusto Sampaio Rocha-FilhoDepartamento de Neuropsiquiatria, CCS

Universidade Federa de PernambucoRecife, Pernambuco, Brasil

Recebido: 5 de outubro de 2016

Aceito: 10 de novembro de 2016

REFERÊNCIAS1. Göksan B, Karaali-Savrun F, Ertan S, Savrun M. Haemodialysis-

related headache. Cephalalgia. 2004;24(4):284-7.

2. Goksel BK, Torun D, Karaca S, Karatas M, Tan M, Sezgin N, etal. Is low blood magnesium level associated with hemodialysisheadache? Headache [Internet]. 2006;46(1):40-5.

3. Antoniazzi AL, Bigal ME, Bordini C a, Tepper SJ, Speciali JG.Headache and hemodialysis: a prospective study. Headache .2003 Feb;43(2):99-102.

4. Sousa Melo E, Carrilho Aguiar F, Sampaio Rocha-Filho PA. DialysisHeadache: A Narrative Review. Headache. 2016; In press.D.O.I.: 10.1111/head.12875

5. Alessandri M, Massanti L, Geppetti P, Bellucci G, Cipriani M,Fanciullacci M. Plasma changes of calcitonin gene-relatedpeptide and substance P in patients with dialysis headache.Cephalalgia. 2006;26(11):1287-93.

Page 11: Headache 2016.4.pdf · Headache Medicine, v.7, n.4, p.130-131, Oct./Nov/Dec. 2016 131 Sociedade Brasileira de Cefaleia – SBCe filiada à International Headache Society – IHS Rua

150 Headache Medicine, v.7, n.4, p.150-153, Oct./Nov./Dec. 2016

Bruxismo do sono modifica a associação entredisfunção temporomandibular dolorosa e alodíniacutânea em pacientes migranososSleep bruxism modifies the association between painful temporomandibulardysfunction and cutaneous allodynia in migraine patients

Guilherme Vinícius do Vale Braido*; Marco Túlio Faria Oliveira; Leticia Bueno Campi;Paula Cristina Jordani; Giovana Fernandes; Daniela Aparecida de Godoi Gonçalves

Disciplina de Disfunção Temporomandibular e Oclusão, Departamento de Materiais Odontológicos e Prótese,Faculdade de Odontologia de Araraquara-UNESP, SP, Brasil

Braido GVV, Oliveira MTF, Campi LB, Jordani PC, Fernandes G, Gonçalves DAG. Bruxismo do sono modifica aassociação entre disfunção temporomandibular dolorosa e alodínia cutânea em pacientes migranosos.

Headache Medicine. 2016;7(4):150-3

SHORT COMMUNICATION

INTRODUÇÃO

A alodínia cutânea (AC) refere-se à percepção de dorem resposta a estímulos não nocivos, e é considerada umamanifestação clínica da sensibilização central (SC).(1) Apro-ximadamente dois terços dos indivíduos migranosos de-senvolvem AC durante as crises de migrânea (AC ictal).(2)

Estudos prévios demonstraram uma relação de comor-bidade entre migrânea e disfunção temporomandibular(DTM) dolorosa. Ainda, a presença da DTM dolorosa podeaumentar a frequência e a intensidade das crises demigrânea(3) e também a severidade da AC.(4)

Adicionalmente, o bruxismo do sono (BS) associadoà DTM dolorosa parece aumentar o risco para migrâneacrônica.(5) A possível atividade nociceptiva periférica con-tínua, consequente do BS, pode colaborar com a manu-tenção da SC aumentando o risco para DTM dolorosa emigrânea crônica. Assim, nossa hipótese é de que o BSpode interferir na associação entre DTM dolorosa e ACem pacientes migranosos.

PROPOSIÇÃO

Investigar a influência do provável bruxismo do sonona associação entre disfunção DTM dolorosa e alodíniacutânea ictal em pacientes migranosos.

MÉTODO

Realizamos um estudo transversal em uma amostrade 238 indivíduos migranosos que procuraram tratamen-to para dor orofacial na Faculdade de Odontologia deAraraquara – UNESP. O estudo foi aprovado pelo Comitêde Ética em Pesquisa (CAAE 15636913.6.0000.5416) ecada participante assinou um termo de consentimento li-vre e esclarecido.

Todos os indivíduos foram avaliados de acordo comum protocolo padronizado. Três pesquisadores conduzi-ram as avaliações, sendo que o pesquisador responsávelpela avaliação da AC ictal não tinha acesso às informa-ções sobre a presença de BS e DTM dolorosa.

A. Variável Dependente: migrânea foi classifi-cada de acordo com os critérios da Classificação Inter-nacional das Cefaleia, 2° ed. A amostra foi estratificadade acordo com a frequência das crises de migrâneadurante o último mês em: (1) episódica de baixafrequência (< de 5 crises); (2) episódica de frequênciaintermediária (5-9 crises); (3) episódica de alta (10-14dias); e (4) crônica diária (15 ou mais dias). AAC ictalfoi avaliada pelo questionário Allodynia Symptoms

Checklist 12, traduzido e validado para a língua por-tuguesa do Brasil.(6)

Page 12: Headache 2016.4.pdf · Headache Medicine, v.7, n.4, p.130-131, Oct./Nov/Dec. 2016 131 Sociedade Brasileira de Cefaleia – SBCe filiada à International Headache Society – IHS Rua

Headache Medicine, v.7, n.4, p.150-153, Oct./Nov./Dec. 2016 151

B. Variáveis Independentes: DTM foi classifica-da pelo Eixo I do Research Diagnostic Criteria for

Temporomandibular Disorders (RDC/TMD), e o provávelbruxismo do sono pelos critérios clínicos da American

Academy of Sleep Medicine.

C. Variáveis de confusão: o gênero e a idade;presença de obesidade (Índice de Massa Corporal - IMC)e depressão (Eixo II do RDC/TMD).

Critérios de exclusão: ausência total de den-tes (mesmo usando próteses totais convencionais); au-sência parcial de dentes sem uso de prótese; com-prometimento da capacidade de comunicação; usocontínuo de substâncias para alívio da dor ou queatuem no sistema nervoso central; presença de outrascondições dolorosas (como outras cefaleias e fibro-mialgia).

Análise estatística: estatística descritiva e conta-gens de frequência foram utilizados para caracterizar aamostra. Para o para estudo da influência do BS na asso-ciação entre AC e DTM dolorosa foram construídos mo-delos de regressão logistíca uni e multivariado (métodobackward).

RESULTADOS

A AC foi identificada em 79% da amostra compostapor 238 migranosos (63,4% mulheres) (Tabela 1).

BRUXISMO DO SONO MODIFICA A ASSOCIAÇÃO ENTRE DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR DOLOROSA EALODÍNIA CUTÂNEA EM PACIENTES MIGRANOSOS

O modelo de regressão multivariado identificou queo provável BS foi significativamente associado com AC(OR = 2,6)(Tabela 2).

Ainda, encontramos que a associação entre DTM do-lorosa e provável BS aumentou significativamente a chancede AC ictal em migranosos (OR=3,6) (Tabela 3).

Finalmente, o provável BS estava estatisticamente as-sociado com a migrânea episódica de frequência inter-mediária (OR=2,8)e coma migrânea crônica (OR=2,4)(Tabela 4).

Page 13: Headache 2016.4.pdf · Headache Medicine, v.7, n.4, p.130-131, Oct./Nov/Dec. 2016 131 Sociedade Brasileira de Cefaleia – SBCe filiada à International Headache Society – IHS Rua

152 Headache Medicine, v.7, n.4, p.150-153, Oct./Nov./Dec. 2016

DISCUSSÃO

Nossos resultados mostraram que a presençaconcomitante de DTM dolorosa e BS aumentou significa-tivamente as chances do indivíduo apresentar AC ictal.Não foram encontrados estudos prévios similares. Entre-tanto, estudos experimentais têm demostrado que con-trações musculares excêntricas provocam hipóxia e libe-ração de substâncias inflamatórias e algogênicas. A pre-sença dessas substâncias em associação com pH reduzi-do pode sensibilizar nociceptores musculares e causarsensibilização periférica, frequentemente encontrada emcasos de DTM dolorosa.(7) É importante considerar queindivíduos com DTM dolorosa frequentemente apresen-tam bruxismo do sono, causando uma sensibilização pe-riférica contínua. Os impulsos nociceptivos vindos de es-truturas do sistema mastigatório podem continuamenteestimular o subnúcleo caudado do nervo trigêmeo, es-trutura de grande importância na fisiopatologia damigrânea, e assim colaboram para um aumento do riscode cronificação da migrânea e desenvolvimento de ACictal.(8) Esta hipótese é corroborada por achados de estu-dos prévios, demonstrando que BS associado à DTM do-lorosa aumenta a chance para presença de migrâneacrônica.(5)

Em nossa amostra a presença isolada de BS não esta-va associada com AC ictal. É importante enfatizar que BSe DTM dolorosa podem estar associadas no mesmo indiví-duo, mas são entidades distintas. Tem sido sugerido queindivíduos com BS e sem dor são capazes de se adaptar àsobrecarga mecânica e são mais resistentes a fadiga.

Nossos resultados são relevantes para o controle daDTM dolorosa e da migrânea em indivíduos apresentandoessa comorbidade. A redução de sensibilização periféricainduzida pelo BS pode contribuir para uma redução signi-ficativa da sensibilização central e melhora de ambas ascondições.

REFERÊNCIAS1. Merskey H, Bogduk N E. IASP Task Force on Taxonomy.

Classification of Chronic Pain. IASP Press. 1994; SecondEdi:240 p.

2. Bigal MEM, Ashina S, Burstein R, Reed MML, Buse D, SerranoD et al. Prevalence and characteristics of allodynia inheadache sufferes: a population study. Neurology. 2008;70(17):1525-33.

3. Gonçalves D a G, Camparis CM, Speciali JG, Franco AL,Castanharo SM, Bigal ME. Temporomandibular disorders aredifferentially associated with headache diagnoses: a controlledstudy. Clin J Pain [Internet]. 2011 Sep;27(7):611-5. Availablefrom: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21368664

BRAIDO GVV, OLIVEIRA MTF. CAMPI LB, JORDANI PC, FERNANDES G, GONÇALVES DAG

Page 14: Headache 2016.4.pdf · Headache Medicine, v.7, n.4, p.130-131, Oct./Nov/Dec. 2016 131 Sociedade Brasileira de Cefaleia – SBCe filiada à International Headache Society – IHS Rua

Headache Medicine, v.7, n.4, p.150-153, Oct./Nov./Dec. 2016 153

BRUXISMO DO SONO MODIFICA A ASSOCIAÇÃO ENTRE DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR DOLOROSA EALODÍNIA CUTÂNEA EM PACIENTES MIGRANOSOS

Correspondência

Guilherme Vinícius do Vale Braido

Disciplina de Disfunção Temporomandibular e Oclusão,Departamento de Materiais Odontológicos e Prótese,

Faculdade de Odontologia de Araraquara-UNESPAraraquara, SP, Brasil

Recebido: 5 de outubro de 2016

Aceito: 20 de outubro de 2016

4. Bevilaqua-Grossi D, Lipton RB, Napchan U, Grosberg B, AshinaS, Bigal ME. Temporomandibular disorders and cutaneousallodynia are associated in individuals with migraine.Cephalalgia [Internet]. 2010 Apr [cited 2012 Jan 5];30(4):425-32. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19614688

5. Fernandes G, Franco AL, Siqueira JTT, Gonçalves DAG CC. Sleepbruxism increases the risk for painful temporomandibulardisorder, depression and non-specific physical symptoms. J OralRehabil. 2012;39(7):538-44.

6. Florencio LL, Chaves TC, Branisso LB, Gonçalves MC, Dach F,Speciali JG et al. 12 item allodynia symptom checklist/brasil:Cross-cultural adaptation, internal consistency andreproducibility | 12 item allodynia symptom checklist/brasil:Adaptação transcultural, consistência interna ereprodutibilidade. Arq Neuropsiquiatr. 2012;70(11):852-6.

7. Svensson P, Graven-Nielsen T. Craniofacial muscle pain: reviewof mechanisms and clinical manifestations. J Orofac Pain. 2001Jan;15(2):117-45.

8. RK. C. The Convergence Hypothesis. Headache. Headache.47((SUPPL. 1)):S44-51.

Page 15: Headache 2016.4.pdf · Headache Medicine, v.7, n.4, p.130-131, Oct./Nov/Dec. 2016 131 Sociedade Brasileira de Cefaleia – SBCe filiada à International Headache Society – IHS Rua

Headache Medicine, v.7, n.4, p.159, Oct./Nov./Dec. 2016 159

Alan Chester Feitosa de Jesus

Membro Efetivo da Sociedade Brasileira de Cefaleia

Chegamos ao final de mais uma edição do nosso

congresso e acredito que o balanço é altamente positivo,

já deixando saudades e crescente expectativa para o pró-

ximo evento.

Sem sombra de dúvidas, o instante de discussão de

casos por renomados especialistas é um momento único e

sempre muito esperado por todos. Entretanto, como em

outros congressos, é natural que aconteçam embates de

ideias e condutas díspares entre os colegas que analisam

a problemática virtual de casos brilhantemente seleciona-

dos. De uma forma geral, acabamos por entender as

nuances de cada conduta, mesmo não concordando com

essa ou aquela escolha, e ao final é cumprida a tarefa de

ampliar ainda mais nosso leque de conhecimentos e alter-

nativas diante de casos complexos, ou apenas pitorescos.

Ora, mas por que condutas tão distintas em casos

pontuais se vivemos a "Era da Medicina Baseada em Evi-

dências"? Por que, apesar de discutirmos um caso de

Migrânea Crônica, em nenhum momento pensamos – e

me incluo neste rol – em usar Toxina Botulínica? Será que

a Medicina Baseada em Evidência não é plenamente apli-

cável à vida real e os protocolos são guias particularmen-

te úteis aos não especialistas? Seria o "toque do chef" dos

ultra especialistas uma consequência natural da árdua de-

dicação aos estudos, além do conjunto de experiência

adquirida dos milhares de pacientes atendidos ao longo

dos anos, ao melhor estilo Saint Exupery?

Diante das divagações anteriores, lembro da exce-

lente palesta do Dr Luiz Paulo Queiroz, que nos brindou

com assertivas referentes às peculiaridades do manejo dos

cefaleicos usuários do SUS.

Claramente saímos de sua aula com o reforço da

ideia de que nós, médicos neurologistas e especialistas

em cefaleias, somos a solução – ou parte dela – dentro de

um contexto de dificuldades, especialmente de falta de

medicamentos ou mesmo da indisponibilidade das me-

lhores opções terapêuticas em alguns casos.

Nesse átimo percebo então que talvez essas duas dis-

cussões do XXX Congresso Brasileiro de Cefaleia tenham

XXX Congresso Brasileiro de Cefaleia, o dilema damedicina baseada em evidência e o SUS

OPINIÃO PESSOAL

uma ligação direta entre elas: "...vende mais porque é

fresquinho ou é fresquinho porque vende mais"?

Certamente todos nós, médicos brasileiros, em maior

ou menor escala já vivenciamos a realidade do SUS e, de

certa forma, as dificuldades estruturais deste sistema nos

levaram a encontrar alternativas para a investigação

diagnóstica e o tratamento de muitos dos pacientes que

avaliamos. Porém, o fato de conseguirmos efetivamente

lidar com adversidades não deveria ser um limitante ou

justificativa tácita para não lutarmos pela inclusão em pro-

tocolos de dispensação de medicamentos que julguemos

pertinentes ao tratamentos de nossos clientes. Acrescento

aos motivos de diversidade de condutas as particularida-

des de cada região em que atende cada especialista, infe-

lizmente encarada de forma natural num país de dimen-

sões continentais e com população cada vez mais depen-

dente das decisões políticas que interferem na saúde pú-

blica.

Realmente o tema é complexo e somos apenas uma

parte do todo. Porém, somos a parte que tem respaldo na

experiência prática do contato direto com o portador do

problema, e respaldo na literatura médico científica. Fa-

çamos então a nossa "Escolha de Sofia": se acreditamos

na nossa capacidade de improvisar, de realizar combina-

ções magistrais de fármacos e medidas não medica-

mentosas disponíveis ou, se compraremos a difícil peleja

de tentar convencer os órgãos competentes para que

disponibilizem e incorporem as inovações farmacológicas

e tecnológicas da nossa especialidade. Seria gratificante,

além de utópico, pensar em um mundo ideal, em que

faríamos uma escolha terapêutica específica por acredi-

tarmos em sua superioridade e não por esta ser apenas a

única opção disponível.

Recebido: 1º de novembro de 2016

Aceito: 3 de novembro de 2016

Page 16: Headache 2016.4.pdf · Headache Medicine, v.7, n.4, p.130-131, Oct./Nov/Dec. 2016 131 Sociedade Brasileira de Cefaleia – SBCe filiada à International Headache Society – IHS Rua

Headache Medicine, v.7, n.4, p.160, Oct./Nov/Dec. 2016

INFORMATIONS FOR AUTHORS

Headache Medicine is the official scientific journal of the Brazilian

Headache Society (SBCe) and of the Latin American HeadacheAssociation (ASOLAC). It is published quarterly for the purpose ofrecording and disseminating scientific production and contributionsfrom the scientific community in the field of Headache. Submittedpapers considered by the editors to be suitable for publication in thejournal will be evaluated by at least two reviewers and then acceptedor rejected according to the peer review system.

General Remarks

Manuscripts written in English are preferred, but those written inPortuguese and Spanish are also accepted. The full title must bewritten both in English and in Portuguese and the running title islimited to a maximum of 50 characters. It is obligatory to list theinstitution in which the work was carried out as well as the authors'full names without abbreviations and their present position andinstitution. Additionally, information about any possible conflict ofinterest must be disclosed. The full address of the correspondingauthor must include telephone numbers and e-mail. The manuscriptshould be send as a Word file (double spacing, Arial or Times NewRoman, font 12) and must include abstracts in English and inPortuguese, both of up to 250 words and three to five descriptors(keywords and descritores).

References

Headache Medicine adopts the International Committee of MedicalJournal Editors (ICMJE) Uniform Requirements for Manuscripts(URM), available at http://www.icmje.org/manuscript_1prepare.html.The references must be numbered as they appear on the text.

Illustrations and Pictures

CMYK pattern should be used for illustrations and pictures and theminimum resolution is 300 dpi. Only TIFF, JPG or CDR formats willbe accepted. Figures should not be included within the text, but sentas individual files. Tables: Tables should be consecutively numberedusing Arabic numerals and cited in the text in numerical order. The

tables should be as DOC files, instead of image files.

Authors: ll designated authors should qualify for authorship bysufficiently participating in the work in order to accept responsiblefor its contents. Authorship includes substantial contributions in: (a)conception and design, analysis and interpretation of data; (b) draftingor critical review of the intellectual content; (c) approval of the finalversion. Further information on the criteria of authorship credits canbe obtained at www.icmje.org/ethical_1author.html. Participationin the acquisition of funds, compilation of data and generalsupervision of the research team does not justify authorship. Thenumber of authors should follow the guidelines of the NML/NIH/Index Medicus which, depending on the type of contribution, may beincreased at the discretion of the editors.

Original Article

Maximum of 4000 words, including references. Title in Englishand in Portuguese and running title up to 50 characters. Abstract in

English and Portuguese or English and Spanish (up to 250 wordseach). Tables, illustrations and photographs: up to 7. References: upto 30. The text should be divided in sections: Introduction, Methods,Results and Discussion.

View and Review Article

Maximum of 5000 words, including references. Abstract in Englishand Portuguese or English and Spanish (up to 250 words each).Tables, Illustrations and Photographs: up to 7. References: up to100. Title in English and Portuguese and running title up to 50characters. A Review Article should include a synthesis and criticalanalysis of a relevant area and not only a chronologicaldescription of publications. It should be written by a researcherwho has significant contributions in the specific area of HeadacheMedicine.

Clinical Correspondence

Maximum of 1800 words (including references). Number of authors:up to five. Abstract in English and Portuguese or English and Spanish:maximum of 250 words each. Tables, Illustrations and Photographs:up to 2. References: up to 20. Title in English and in Portuguese.Apart from the general remarks, it must have at least one of thefollowing characteristics: (a) be of special interest to the scientificcommunity; (b) be a rare case which is particularly useful todemonstrate disease mechanisms or diagnostic issues; (c) presentsa new diagnostic method or treatment modality. The text should bedivided in Introduction, Case Report and Discussion and mustdescribe only well-defined, non ambiguous, relevant findings.

Letter to the Editor

Maximum of 1000 words (including references). Number of authors:up to four. References: up to seven. Title in English and in Portugueseand running title up to 50 characters. The format is free and apartfrom the General Remarks, it may include a maximum of twoillustrations (photographs, tables, figures).

Thesis Abstract

Title in English and in Portuguese. Maximum of 500 words (includingkeywords). One author and one mentor.

The Image Section

Maximum of 300 words (no Abstract). Title in English and Portuguese.One or two images and up to three authors. Maximum of threereferences.

Corresponding AddressMarcelo M. Valença ([email protected])Editor-in-chief

PublisherTrasso Comunicação Ltda.Rua das Palmeiras, 32 / 1201 - Botafogo22270-070 - Rio de Janeiro-RJ - Brazil