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GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS NO RAMO AUTOMOBILÍSTICO: UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE CONDOMÍNIOS INDUSTRIAIS SUPPLY CHAIN MANAGEMENT IN AUTOMOTIVE INDUSTRY: A COMPARATIVE ANALYSIS BETWEEN INDUSTRIAL CONDOS Felipe Vieira Camargo (UESC) [email protected] Carlos Heitor Filgueiras de Souza (UESC) [email protected] Priscila Pereira Suzart de Carvalho (UESC) [email protected] O mercado automobilístico está em uma crescente expansão e para superar a concorrência e os desafios é preciso que as empresas se mantenham competitivas. Assim, novas técnicas relacionadas à Gestão da Cadeia de Suprimentos estão surgindo com inovações do modelo de gestão das empresas. Este presente artigo consistiu basicamente em uma pesquisa elucidando os principais conceitos de Gestão da Cadeia de Suprimentos e as inovações proporcionadas pela indústria automobilística no Brasil, mais precisamente um estudo focado nas fábricas da Ford - Camaçari e GM - Gravataí, comparando nessas plantas industriais a adoção do modelo de gestão condomínios industriais, na qual os fornecedores estão integrados as suas cadeias produtivas, unificando toda a cadeia de suprimentos. Palavras Chaves: Gestão da cadeia de suprimentos, condomínios industriais, indústria automobilística.

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O mercado automobilístico está em uma crescente expansão e para superar a concorrência e os desafios é preciso que as empresas se mantenham competitivas. Assim, novas técnicas relacionadas à Gestão da Cadeia de Suprimentos estão surgindo com inovações do modelo de gestão das empresas. Este presente artigo consistiu basicamente em uma pesquisa elucidando os principais conceitos de Gestão da Cadeia de Suprimentos e as inovações proporcionadas pela indústria automobilística no Brasil, mais precisamente um estudo focado nas fábricas da Ford - Camaçari e GM - Gravataí, comparando nessas plantas industriais a adoção do modelo de gestão condomínios industriais, na qual os fornecedores estão integrados as suas cadeias produtivas, unificando toda a cadeia de suprimentos.

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GESTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS NO RAMO AUTOMOBILSTICO: UMA ANLISE COMPARATIVA ENTRE CONDOMNIOS INDUSTRIAIS

SUPPLY CHAIN MANAGEMENT IN AUTOMOTIVE INDUSTRY: A COMPARATIVE ANALYSIS BETWEEN INDUSTRIAL CONDOSFelipe Vieira Camargo (UESC)[email protected] Heitor Filgueiras de Souza (UESC)[email protected] Pereira Suzart de Carvalho (UESC)[email protected]

O mercado automobilstico est em uma crescente expanso e para superar a concorrncia e os desafios preciso que as empresas se mantenham competitivas. Assim, novas tcnicas relacionadas Gesto da Cadeia de Suprimentos esto surgindo com inovaes do modelo de gesto das empresas. Este presente artigo consistiu basicamente em uma pesquisa elucidando os principais conceitos de Gesto da Cadeia de Suprimentos e as inovaes proporcionadas pela indstria automobilstica no Brasil, mais precisamente um estudo focado nas fbricas da Ford - Camaari e GM - Gravata, comparando nessas plantas industriais a adoo do modelo de gesto condomnios industriais, na qual os fornecedores esto integrados as suas cadeias produtivas, unificando toda a cadeia de suprimentos. Palavras Chaves: Gesto da cadeia de suprimentos, condomnios industriais, indstria automobilstica. The automobile Market is in a significant expansion and to overcome the competition and the challenges, is necessary that the companies to remain competitive. So, new techniques related to Supply Chain Management are come up with innovations of the company management model. This present article basically consisted of a literature research elucidating the main concepts of Supply Chain Management and innovations provided by the automotive industry in Brazil, more precisely a study focused on the Fords factory, located in Camaari and GMs factory located in Gravata, comparing these industrial plants adoption of the industrial parks management model, in which the suppliers are integrated in their productive chain, joining all the supply chain.Key Words: Supply Chain Management, industrial parks, automobile industry.

1. IntroduoAs empresas esto sendo desafiadas e transformadas devido s adversidades proporcionadas pela intensa concorrncia entre as organizaes na busca por novos mercados. Para uma organizao apresentar resultados satisfatrios do ponto de vista econmico, este sucesso depende de aes relacionadas estratgia competitiva adotada. (DUARTE; PALMEIRA, 2008).O dinamismo do mercado e a necessidade de respostas s mudanas do mercado global tm sido uma temtica debatida desde o incio do milnio como demonstrado por Parra & Pires (2003) e Morri et al. (2000), exigindo das organizaes maior agilidade, confiabilidade, qualidade, custos, flexibilidade e integrao dos recursos produtivos, em razo do aumento de ativos, por um lado, e pelas redues de custos, por outro. Tendo em vista essas caractersticas os fornecedores e os demais integrantes de um canal de distribuio apresentam a necessidade de estabelecer mecanismos de comunicao mais cooperativo e eficiente (MARQUES; ALCNTRA, 2004; ALVES et al., 2008).Desse modo a gesto da cadeia de suprimentos (GCS) ou supply chain management surge como uma importante abordagem estratgica a ser estudada. Vale ressaltar que estudos orientados para o desenvolvimento de abordagens para a cadeia de suprimentos so recentes (MIGUEL; BRITO, 2009; MAIA et al., 2005).Assim, o GCS pode ser entendido como uma rede de entidades que tratam do fluxo bidirecional de informaes e materiais na esfera inter - empresa bem como entre empresas que participam da cadeia, com o objetivo de proporcionar satisfao ao cliente e valorao econmica para todos os elos da cadeia (MAIA et al., 2005). Alm disso, os esforos desprendidos para a cadeia de suprimentos resultam em vantagem competitiva para as empresas participantes, orientando o empenho e os recursos em torno de uma estratgia alinhada, com o intuito de gerar ganhos para todos seus elos e obter a satisfao do cliente final (MIGUEL; BRITO, 2009; MAIA et al., 2005; SILVA; ALCNTRA, 2001).A Indstria Automobilstica (IA) se destaca na aplicao do Supply Chain Management, apresentando significativas contribuies no desenvolvimento de novas abordagens e iniciativas, como o caso da aplicao dos conceitos de condomnios industriais (RODRIGUES; SELLITTO, 2008). Desse modo, esses condomnios so caracterizados por um conjunto de fornecedores da montadora que so instalados dentro das limitaes fsicas da infraestrutura da planta. No Brasil, em especial grandes investimentos foram realizados, sendo partes destes aplicados na atualizao tecnolgicas das plantas existentes, porm o maior montante destinado a instalao de novas plantas levando o pas a possuir algumas das plantas mais modernas do mundo, especialmente em termos de GCS. Praticamente todas as maiores montadoras automobilsticas do mundo possuem plantas fabris no territrio nacional.O presente trabalho utilizou uma metodologia com base em uma pesquisa bibliogrfica em gerenciamento da cadeia de suprimentos, abordando a indstria automobilstica no Brasil e os conceitos de condomnios industriais na IA. Assim, o objetivo deste trabalho consiste em desenvolver um estudo acerca da implantao de condomnios industriais no Brasil explorando a utilizao desse novo conceito de gesto na indstria automobilstica. A seguir, uma anlise por parte dos autores foi realizada identificando as caractersticas de duas montadoras que implantaram condomnios industriais em suas unidades fabris, baseado no trabalho de Venanzi & Silva (2010).2. Gesto da cadeia de suprimentos - supply chain managementA cadeia de suprimentos um subconjunto da cadeia de valor, a qual focada em agregar valor a um servio ou a um produto fsico, enquanto a cadeia de suprimentos preocupada principalmente com a produo, distribuio e vendas de produtos fsicos. (SIMCHI-LEVI; 2000; CARVALHO; LIBOREIRO, 2006).Para Chopra & Meindl (2003), a cadeia de suprimentos tem como finalidade satisfazer as necessidades dos clientes, sendo que as atividades da mesma tm inicio com o pedido do cliente e termina quando cliente satisfeito paga pela compra. A cadeia de suprimentos engloba todos os estgios para que o produto chegue para o seu cliente, sendo que essa cadeia abrange fornecedores, fabricantes, atacadistas/distribuidores, varejistas e por fim o cliente final. A cadeia de suprimentos eficaz e dinmica, pois envolve um fluxo constante de informaes, produtos e recursos financeiros entre os diferentes estgios, sendo que cada estgio da cadeia executa diferentes processos e interage com outros estgios da mesma.Segundo Pires (2004), o gerenciamento da cadeia de suprimentos envolve os processos desde o abastecimento de matria-prima at o ponto de consumo do produto acabado. Atravs das relaes com os fornecedores, a empresa obtm os insumos necessrios a produo de bens e servios, ao menor custo possvel.Para Fleury (1999), cadeia de suprimentos a tentativa de agregar os mltiplos participantes do estgio de distribuio atravs de uma gesto partilhada dos principais processos de negcios que ligam as diversas unidades da organizao e participantes do estgio de distribuio desde o usurio final para o fornecedor inicial de matria prima.Diante desses conceitos percebe-se que a cadeia de suprimentos dinmica envolvendo um processo no qual haver entrada de informaes, dinheiro e produto para cada estgio. Os estgios de uma cadeira de suprimentos so dispostos conforme apresentado na Figura 1.

Figura 1- Estgios da cadeia de suprimentosFornecedores

Fabricantes

Atacadistas/ Distribuidores

Varejistas

Clientes

Fonte: Adaptado de Chopra & Mendel (2003)O objetivo da gesto cadeia de suprimentos (GCS) ser sempre no intuito de satisfazer o cliente, visto que a atividade da GCS se d incio quando o cliente faz o pedido e tem seu trmino quando o cliente recebe o produto e fica satisfeito, num processo onde toda a cadeia de suprimentos dever ser lucrativa para que a mesma seja um sucesso.3. Indstria automobilstica no BrasilA indstria automobilstica caracterizada pela distribuio de quatro categorias de produtos tais quais: carros, comerciais leves, caminhes e nibus. Incorporam-se a esse segmento a indstria de autopeas e mquinas agrcolas automotrizes. Segundo a Associao Nacional dos Fabricantes de Veculos Automotores (ANFAVEA), a partir de 1956 o pas experimentou uma transformao significativa da sociedade e da economia brasileira com a implantao das primeiras plantas fabris na regio do Grande ABC. Desde ento, esse segmento se consolidou como um dos mais importantes para a economia brasileira, requisitando tambm altos investimentos da ordem de US$ 68 bilhes de investimentos no setor desde a dcada de 1990 (PIRES; NETO, 2010). Esses investimentos s aumentaram com o passar dos anos revelando a importncia desse setor no pas como mostrado na Figura 2.Figura 2 Investimentos da IA no Brasil

Fonte: Anurio ANFAVEA (2014)Com forte impacto na economia o setor responsvel por 25% do PIB industrial e 5% do PIB total com faturamento acima de 100 US$ bilhes (ANFAVEA, 2014). Alm disso, assegura milhares de empregos desde os fornecedores de autopeas at os distribuidores de veculos.De acordo com os dados da ANFAVEA o Brasil consta com 29 empresas fabricantes, 500 empresas de autopeas e 5116 concessionrias. No que se refere s plantas industrias para a fabricao dos automveis o pas comporta 61 unidades fabris localizadas em dez estados brasileiros com capacidade para produzir 4,5 milhes de automveis e 109 mil mquinas agrcolas. Alm das j existentes, outras unidades esto em processos de construo ou foram anunciadas para os prximos anos como mostra a Tabela 1.A frota brasileira consta no ano de 2013 de acordo com o anurio de 2014 da ANFAVEA com um total aproximado de 39.695.000 de veculos com a maior porcentagem de veculos no sul e sudeste do pas. Esse total de veculos dividido em: Automveis: 31.339.000; Comerciais leves: 5.647.000; Caminhes: 2.097.000; nibus: 612.000.Atualmente no ano de 2014 foram produzidos no Brasil um total de 3.146.118 (ANFAVEA, 2014) divididos em: Automveis: 2.314.789; Comerciais leves: 658.426; Caminhes: 139.965; nibus: 32.938.Tabela 1 - Unidades industriais e outras - anunciadas/em edificao

Fonte: Anurio ANFAVEA (2014)4. O gerenciamento da cadeia de suprimentos na indstria automobilstica no BrasilSegundo Guarnieri et al.(2009), a Indstria Automobilstica tem convergido para um modelo de GCS, o qual as montadoras assumem o papel de gesto e gerenciamento da cadeia enquanto os fornecedores assumem a funo cada vez mais de agregao de valor. Esse modelo conduz aos conceitos de condomnio industrial.A indstria automobilstica foi responsvel por inovao significativa no que se refere GCS, a implantao dos conceitos de condomnio industrial (MENDES, 2014). No Brasil algumas novas plantas fabris foram instaladas e outras j existentes (Figura 3) passaram por processos de atualizao para trabalhar sobre o conceito de condomnio industrial (PIRES; NETO, 2010). Nesses condomnios, um conjunto de fornecedores alocado na estrutura fsica da empresa montadora, fornecedores estes que so considerados sistemistas, ou seja, fornecedores responsveis por montar um importante sistema do veculo a ser produzido (motor, suspenso), que tambm arcam com os custos da planta produtiva. Assim, devido a proximidade, a montadora abastecida com base em sistemas just in sequence em paralelo a linha de montagem, mas no participando da linha de montagem final (PIRES; NETO, 2010). De acordo com Mendes (2014), a proximidade entre montadora e fornecedor permite a transferncia de mdulos inteiros de veculos, alm de permitir maior agilidade no acesso a informaes, produo e atendimento ao cliente o que gera flexibilidade em alterar o mix de produo.Um ponto chave para o sucesso dessa operao que as montadoras no exigem exclusividade de abastecimento podendo os recursos da montadora utilizados para abastecer outros mercados e tambm menor dependncia da montadora. Essa estratgia permite a utilizao de menor espao fsico da unidade de montagem, e reduo dos custos de produo, estoques e administrao. Alm disso, traz ganhos indiretos como: menor lead time, menos movimentao de partes e especializao dos fornecedores.Figura 3 Novos espaos produtivos na indstria automobilstica no Brasil Fonte: Mendes (2014)1. 2. 3. 4. 5. Anlise e comparao dos condomnios industriais da Ford e da GM5.1.1. Complexo Industrial automobilstico FORD Camaari-BAA Ford tem em seu complexo Industrial automobilstico na Bahia, mais precisamente em Camaari. Segundo dados disponibilizados na pgina virtual da Ford, foram gastos cerca de 2 bilhes de dlares e sua construo durou apenas dois anos. A fbrica possui 4,7 milhes de metros quadrados total, 1,6 milho metros quadrados de rea construda, 230 mil metros quadrados de construes e 7 milhes metros quadrados de preservao ambiental e reflorestamento.As produes dos carros da Ford so feitas com tecnologia de ltima gerao, e ainda de acordo o site da montadora, com potencial de produo de 250 mil veculos ao longo de um ano. Isso equivalente a 912 veculos produzidos diariamente, ou um veculo a cada 1 minuto e 20 segundos. Para chegar a esses nmeros a Ford conta com um quadro de 3.376 empregados. As empresas parceiras e fornecedoras possuem 4990 funcionrios, que somados aos empregados da Ford, d um total de 8366 colaboradores neste complexo industrial de Camaari. Atualmente esse complexo industrial possui 30 fornecedores, onde 26 esto dentro do seu complexo e os 4 fornecedores restantes esto em outro parque industrial. Um dos carros produzidos nesse complexo industrial o Ecosport, que vem sendo produzido em larga escala, visto que em 2009 a Ford alcanou a marca de 500 mil Ecosports vendidos em 6 anos, sendo 51% vendido para o mercado interno e 49% foi exportado. Outros veculos tambm so produzidos nesse complexo, como o Ford Fiesta Hatch e o Fiesta Sedan.5.1.2. Complexo Industrial Automobilstico GM Gravata-RSO complexo industrial da GM em Gravata no Rio Grande do Sul tem 14 anos de funcionamento e segundo os dados do site da GM este complexo j produziu mais de 2,5 milhes de carros. Alm disso, esta planta tem capacidade de produzir at 63 carros por hora contando os turnos matutino, vespertino e noturno. Devido a essa imensa capacidade de produo a fbrica considera a maior do ramo no hemisfrio Sul.A fbrica foi inaugurada em 2000 e incorporou um conceito inovador em montagem de carros ao reunir seus principais fornecedores a sua matriz, montando, portanto um condomnio industrial automobilstico. O resultado deu to certo que inspirou outras companhias em todo o mundo a copiar esse modelo.Segundo o site da GM, o complexo industrial conta com 19 empresas fornecedoras e aproximadamente 8 mil colaboradores, os quais trabalham para a montagem de trs modelos de carros: Onix, Celta e Prisma.Em 2006, informa o site da GM, a capacidade produtiva aumentou de 120 mil para 230 mil, aps incorporar o modelo de carro Prisma a linha de produo, alm disso com a chegada do novo projeto de carro, o Onix, a capacidade ento saltou para 380 mil carros por ano. Isso ocorreu pelo fato de que a General Motors precisava acompanhar o crescimento intenso do mercado nacional.5.1.3. Comparao entre os dois complexosAbaixo, no Quadro 1, so apresentadas anlises comparativas entre os dois complexos industriais, levando em conta os quesitos: Poltica de Recursos Humanos, Processos Logsticos, Gesto de Relacionamento com Fornecedores, Planejamento do Produto, Gesto da Produo e Tipo de Arranjo Fsico.Tabela 2 - Quadro comparativo entre os Condomnios Industriais da Ford e da GMCaractersticas analisadasGM-GravataFORD-Camaari

Poltica de Recursos HumanosPremiao por reconhecimento e desempenho.Contratao de mulheres para reduzir custos.

Processos LogsticosFaz o uso do JIT e do JIT sequenciado conforme a ordem de produo na linha de montagem final.Utiliza o JIT recebendo os conjuntos vindos do Centro de Consolidao de Cargas, coordenados pelo operador logstico da Ford.

Gesto de Relacionamento com FornecedoresRelacionamento transparente e integrado com a montadora.Relacionamento transparente nos processos e com velocidade no fluxo de informaes.

Planejamento do Produto As partes mais complexas do produto geralmente so projetadas na matriz, as demais so projetadas na fbrica.As partes mais complexas do produto geralmente so projetadas na matriz, as demais so projetadas na fbrica.

Gesto da Produo Sistema puxado de produo, grande flexibilidade, eliminao de estoques na linha de montagem final, reduo do lead time e agilidade no processo.Eliminao de estoques, todo ciclo produtivo com durao de um dia, gerenciamento do processo produtivo feito pela montadora.

Tipo de Arranjo FsicoCondomnio industrial.Sistema misto de condomnio industrial e consrcio modular.

Fonte: Adaptado de Venanzi e Silva (2010).Atravs deste quadro acima possvel fazer uma comparao acerca dos complexos industriais adotados pela Ford em Camaari-BA e pela GM em Gravata-RS. Ambas as empresas utilizam a integrao entre a fbrica matriz e os fornecedores escolhidos pela montadora, que trabalham em conjunto objetivando reduzir custos em estoque, transporte e facilitar de um modo geral a gesto da cadeia de suprimentos do processo.Fazendo uma analogia entre a poltica de recursos humanos das montadoras nessas instalaes, percebe-se que a GM est enquadrada nos padres de mercado atual, visto que a mesma oferece premiaes por metas alcanadas e pelo desempenho. A Ford segue os padres da cidade onde est instalada, sendo predominante a mo de obra feminina a fim de reduzir custos.Para os processos logsticos, a GM apropria-se do Just in Time sequenciado onde as peas sero entregues pelo fornecedor j na sequncia onde sero montadas. Os operadores logsticos garantem os suprimentos dos fornecedores e tambm a distribuio dos produtos acabados, ou seja, os veculos. Para realizar as coletas dos suprimentos a empresa se utiliza do Milk Run, onde ir passar de fornecedor em fornecedor at juntar todas as peas necessrias para posteriormente levar para a fbrica. J a Ford obtm seus suprimentos utilizando o Just in Time com centenas de carretas com sadas de So Bernardo do Campo, coordenadas pelo operador logstico, at chegar cidade de Camaari.No relacionamento com os fornecedores a GM possui um relacionamento transparente e integrado. A produo por ser modular, onde as peas podem ser desenvolvidas concomitantemente com outras, torna a produo mais flexvel e aberta a novas tecnologias criadas pela prpria montadora ou pelo fornecedor. A Ford possui um vasto nmero de parceiros, todos instalados no condomnio industrial, o que facilita o fluxo de informaes e a transparncia dos processos.No planejamento do produto da GM, as informaes principais vm da matriz, localizada nos Estados Unidos e dela que geralmente os produtos mais complexos vm, como motores e estamparia, porm a GM de Gravata est se desenvolvendo cada vez mais e tornando-se independente da matriz. O mesmo processo ocorre na Ford.Na gesto da produo a GM espera o pedido para comear a produzir, ou seja, tem o sistema puxado de produo. A linha final de montagem tem um formato adequado para que se economize tempo ao movimentar os automveis e suas peas e tambm ao montar os veculos, evitar que tenham estoques na linha de montagem (usa-se do JIT sequenciado ) para enfim agilizar o processo e diminuir o lead time. Na Ford, os fornecedores modulares entregam todo o sistema completo, eliminando, portanto os estoques. A sincronizao do trabalho muito grande e exige alto grau de envolvimento entre a montadora e os fornecedores, visto que segundo dados da Ford a mesma produz 250 mil carros por ano. No arranjo fsico, pode-se perceber que a GM apropria-se apenas do Condomnio industrial, integrando os fornecedores a sua fbrica, no entanto a Ford faz uso de um sistema misto de condomnio industrial e consrcio modular, onde os seus fornecedores e parceiros participam diretamente na montagem dos veculos.5. Consideraes finaisAs dificuldades impostas pela forte concorrncia e mercado consumidor mais exigente fizeram com que as empresas passassem a adotar novas estratgias que as ofeream vantagem competitiva. Esses fatores convergem para a adoo de prticas e polticas que orientem maior sinergia entre fornecedores e os demais elos da cadeia produtiva.Desse modo, a indstria automobilstica se caracterizou pela inovao no gerenciamento da cadeia de suprimentos, com a utilizao dos conceitos de condomnios industriais, caracterizados por uma forte integrao entre a montadora e um grupo de fornecedores que se instalam dentro dos limites da empresa. No Brasil, a IA se caracterizou por grandes investimentos e por ser responsvel por 5% do produto interno bruto PIB do pas e um faturamento da ordem de US$ 100 bilhes, alm de assegurar emprego e renda desde seus fornecedores at as lojas de autopeas. Por essa so distribudos quatro categorias de produtos, tais quais: carros, comerciais leves, caminhes e nibus e sendo incorporados a esse segmento a indstria de autopeas e mquinas agrcolas automotrizes. Os investimentos tambm so constantes atingindo a marca de 68 US$ bilhes desde 1994 - 2012, atualizando plantas j existentes e na construo de plantas modernas no pas. Esses investimentos refletem tambm no modo como essas montadoras gerenciam seu processo produtivo. Assim, condomnios industriais esto sendo implantados como um novo modelo de GCS, o qual as montadoras assumem o papel de gesto e gerenciamento da cadeia enquanto os fornecedores assumem a funo cada vez mais de agregao de valor. Com isso os custos operacionais so divididos entre fornecedores e montadora. Essa operao apresenta a vantagem de no se exigir contratos de exclusividade dando maior independncia aos fornecedores.Logo podem ser citados os condomnios industriais da Ford em Camaari BA e GM em Gravata RS. Atravs da comparao observamos que as duas empresas se utilizam de uma forte integrao com seus principais fornecedores caracterstica essencial em se tratando de condomnios industriais. Nesse sentido, a GM adota o conceito de condomnios industriais e a Ford utiliza um conceito misto acrescentando o sistema modular de produo. Alm disso, existe a preocupao das montadoras na eliminao de estoques nas linhas de montagem e produto final acabado, com sistema puxado na GM e com os fornecedores entregando todo o sistema completo na Ford. Portanto esse conceito de GCS apresenta vantagens significativas para as empresas que resultam em vantagem competitiva. Alm dos exemplos citados outros condomnios esto em operao ou em processo de construo como mostrado na Figura 3, demostrando a importncia desse novo conceito e sua aplicao.Referncias bibliogrficasASSOCIAO NACIONAL DOS FABRICANTES DE VECULOS AUTOMOTORES. Estatsticas: dados referentes a 2014. Braslia, DF, 2014.

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